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Privilégios que negam direitos DESIGUALDADE EXTREMA E SEQUESTRO DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA E O CARIBE - Setembro 2015 - RESUMO EXECUTIVO

Privilégios que negam direitos: Desigualdade extrema e ... · A desigualdade ameaça a redução da pobreza e não apenas é ... A brecha entre os mais ricos e os que menos têm

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Privilégios que negam

direitos

DESIGUALDADE EXTREMA E

SEQUESTRO DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA E O CARIBE

- Setembro 2015 -

RESUMO EXECUTIVO

“Acahualinca”. Foto: © Róger Antonio Ramírez Romero | Nicaragua | OXFAM

conteúdo

1. CONCENTRAÇÃO EXTREMA, EXTREMA DESIGUALDADE

- Ingresso, riqueza, terra e patriarcado: pilares da concentração e

desigualdade

2. DESIGUALDADE E SEQUESTRO DA DEMOCRACIA

- Políticas públicas e regras à medida dos mais ricos

3. PRIVATIZAÇÕES, REGULAÇÕES E OUTROS DESAFIOS DO MODELO

4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAR A DESIGUALDADE

- Políticas que promovam a igualdade de gênero

- Políticas Fiscais

5. É HORA DE MUDAR AS REGRAS

5 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

1. CONCENTRAÇÃO EXTREMA, EXTREMA DESIGUALDADE

A desigualdade e a pobreza estão intimamente

ligadas. Mas durante décadas os organismos

multilaterais, os governos e inclusive as agên-

cias de cooperação priorizaram o crescimento

econômico e a luta contra a pobreza como

objetivos de seus debates e políticas, deixan-

do de lado a desigualdade. Em consequência,

as medidas para lutar contra ela não foram

suficientes.

Debater sobre desigualdade e atuar com rapidez

para combatê-la é absolutamente necessário

para enfrentar a pobreza e construir um futuro

mais justo, onde mulheres e homens disfrutem

em igualdade de todos os seus direitos.

Na Oxfam calculamos que se entre 2011 e 2019

a desigualdade na região fosse reduzida em

cinco pontos, cerca de 17,4 milhões de pesso-

as poderiam sair da pobreza. E ao contrário, um

aumento de cinco pontos poderia dar lugar a

uns 18 milhões de novos pobres1.

Mas analisemos em perspectiva. Mesmo de

maneira insuficiente, em 10 anos a pobreza na

América Latina e o Caribe (ALC) diminuiu de ma-

neira considerável: se em 2002 44% da popula-

ção era pobre, em 2012 essa cifra baixou para

28%; uma diminuição de cerca de 61 milhões de

pessoas2. No mesmo período, a desigualdade

na renda per capita também se reduziu, mas

segue sendo a mais alta do mundo.

A desigualdade ameaça a redução da pobreza

e não apenas é lesiva para as pessoas mais

pobres, como também para o conjunto da

sociedade.

Um recente estudo do Fundo Monetário Inter-

nacional (FMI) calcula que se a porcentagem de

“Maquillaje Colorido”. Foto: © Alejandro Alberto Andrade Vera | OXFAM

6 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

renda total que recebem os pobres e a classe média

aumentasse, a economia cresceria. Mas se que o

que aumentasse fosse a porcentagem de renda

que recebem os mais ricos, a economia desse país

encolheria3.

E a desigualdade também se relaciona com a vio-

lência. Não é uma casualidade que a América Latina

e o Caribe seja ao mesmo tempo a região mais de-

sigual do mundo e a mais insegura fora das regiões

em guerra. Um estudo de caso realizado em mais de

dois mil municípios mexicanos identificou um víncu-

lo direto entre a desigualdade e a delinquência.

INGRESSO, RIQUEZA, TERRA E PATRIARCADO:

PILARES DA CONCENTRAÇÃO E DESIGUALDADE

A concentração da riqueza, da terra e da renda é

extrema na região. Em renda per capita, América

Latina e o Caribe é a região mais desigual do mundo

seguido dos países subsaarianos4. Em riqueza e pa-

trimônio, a desigualdade também é muito elevada,

com um índice de Gini de 0.8095 em 2014.

A brecha entre os mais ricos e os que menos têm é

escandalosa. O grupo dos 10% mais pobres têm ní-

veis de renda tão baixos que em 2013 a duras penas

alcançava um limitado 1,3%6 do total regional. No

entanto, o grupo dos 10% com as rendas mais altas

de América Latina ficam com 37%7.

Os dados se tornam ainda mais extremos quando

se revisa a riqueza e o patrimônio. Em 2014 [Gráfico

1], o grupo dos 10% mais ricos da região acumulava

71% da riqueza e patrimônio. A concentração era

tão radical que nesse mesmo ano, 70% da popula-

ção mais pobre conseguiu acumular apenas 10% da

riqueza. E esta tendência não se reduz.

Do ano de 2012 a 2015, a fortuna dos bilionáriosi

da América Latina e o Caribe aumentou ao ritmo de

21% em uma média anual, um crescimento seis ve-

DESIGUALDADE E CONCENTRAÇÃO EM CIFRAS

AMÉRICA LATINA E O CARIBE:

165,000.000milhões de pessoas

EM 2013, VIVIAM EM CONDIÇÕES DE

POBREZA; DESSAS, 69 MILHÕES ERAM INDIGENTES. AMÉRICA LATINA E O CARIBE

É A REGIÃO MAIS DESIGUAL DO MUNDO EM

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.

32 pessoasAPENAS 32 PESSOAS ACUMULAM A MESMA RIQUEZA QUE 50% DA

POPULAÇÃO DA REGIÃO.

mulheresAS MULHERES SÃO A MAIORIA NOS

GRUPOS VIVENDO EM POBREZA E POBREZA EXTREMA.

10%mais ricos

O GRUPO DOS 10% MAIS RICOS DA REGIÃO

ACUMULAVAM EM 2014 PELO MENOS 70,8% DA RIQUEZA E PATRIMÔNIO,

ENQUANTO A METADE MAIS POBRE DA

POPULAÇÃO ACUMULAVA APENAS 3,2%.

2014em

EM 2014, UN GRUPO DE 1% MAIS RICO

POSSUÍA 41% DA RIQUEZA DA REGIÃO,

ENQUANTO QUE 99% RESTANTE REPARTIA OS

60% i. SE ESTA TENDÊNCIA É MANTIDA, EM

APENAS 8 ANOS (2022) UN PEQUENO GRUPO DE

1% MAIS RICOS DA REGIÃO ACUMULARÁ MAIS

RIQUEZA (51%) QUE OS 99% RESTANTE (49%).

i Bilionários: pessoas com fortunas superiores a 1

bilhão de dólares, de acordo com a Forbes. Daqui

em diante, utiliza-se o termo bilionário para referir-

se a pessoas com ativos líquidos superiores a

US$30 milhões, de acordo com UBS 2014 World Ultra

Wealth Report.

7 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

zes superior ao PIB de toda a região – que foi

de 3.5% anual8- e cerca de 6% mais alto que

o crescimento da riqueza do resto do mun-

do. Podemos dizer que uma grande parte do

crescimento econômico está sendo capturado

pelos mais ricos, o que aumenta dramatica-

mente as brechas da desigualdade.

Mas ainda tem mais. Segundo o Relatório da

Ultra Riqueza 2014, os bilionários latino cari-

benhos – pessoas com um patrimônio líquido

superior a 30 milhões de dólares ou mais –

somam já 14.805 pessoas. A riqueza concen-

trada por esse grupo é equivalente ao dinheiro

necessário para eliminar a pobreza monetária

extrema do Brasil, Colômbia, El Salvador, Gua-

temala, Honduras, México, Nicarágua e Peru. Na

Bolívia, a riqueza das 245 pessoas bilionárias

é equivalente a 21 vezes o gasto público em

saúde do país, enquanto que na Nicarágua, a

riqueza dos 245 bilionários equivale a 76 vezes

o gasto público com educação.

gráfico 1.% DA RIQUEZA E O PATRIMÔNIO POR DECIL NA AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2014

Fonte: elaboração própria com base no Credit Suisse, 2014.

80706050403020100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0 0.1 0.4 1 1.7 2.8 4.4 711.9

70.8

Na Oxfam calculamos o rendimento anual da

fortuna de uma pessoa pertencente ao grupo

dos bilionários de cada país para compará-lo

com a renda anual média de uma pessoa per-

tencente aos 20% mais pobres de cada país. Os

resultados são contundentes e mostram a ex-

trema concentração: em Honduras um multimi-

lionário ingressa ao ano em média 16.460 vezes

o que ingressa em média uma pessoa situada

nos 20% mais pobres da população [Gráfico 1].

Com respeito a propriedade agrária, América

Latina ocupa de novo o primeiro lugar no mun-

do; e Caribe, o segundo. Os governos tiveram

dificuldade para definir políticas orientadas

a uma distribuição mais equitativa da terra

e os grandes latifundiários vem exercendo

historicamente pressões para evitar e limitar o

desenvolvimento de reformas agrárias. Somado

a modelos de exploração agrária centrados nos

cultivos extensivos, isto golpeou fortemente as

famílias dedicadas à pequena produção. Po-

8 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

rém, a pior parte leva as mulheres produtoras:

“tem menos terra, pior qualidade de vida e sua

propriedade é muitas vezes insegura”9.

Sim, em todos os âmbitos as mulheres sempre

são as mais excluídas. Não importa se olha-

mos dentro de cada grupo de 25% mais rico ou

pobre, ou dos 10% mais ricos ou mais pobres;

não importa se revisamos a lista dos 1% mais

ricos ou das 101 pessoas mais ricas da Amé-

rica Latina; sequer importa se medimos dentro

da população urbana ou rural.

As desigualdades que afetam as mulheres

interagem umas com as outras e para enfrentá-

-las é necessário repensar e reestruturar todo

o sistema de organização social e econômica.

RÁCIO DO INGRESSO ANUAL PER CAPTA DOS MULTIMILIONÁRIOS/INGRESSO ANUAL PER CAPITA

DO QUINTIL MAIS POBRE 2014 (VALORES CORRENTES EN US$)

gráfico 2.

Fonte: Elaboração própria com base a dados da CEPAL, WEALTH X, Credit

Suisse e Banco Mundial.

Notas: d/ Participação percentual no ingresso nacional do 1º. quintil de

2012 e somente para a área urbana; e/ Participação

percentual no ingreso nacional do 1º. quintil de 2011; f/ Participação per-

centual no ingreso nacional del 1º. quintil de 2006;

g/ Participación porcentual en el ingreso nacional del 1º. quintil de 2010;

h/ Participação percentual no ingreso nacional

do 1º. quintil de 2012; i/ Participação percentual no ingreso nacional do 1º.

quintil de 2009.

Hondu

ras

g/

Urugu

ai

Chile

Argen

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d/Méx

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Cost

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Guatem

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Nicar

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i/

Para

guai

Venez

uela

El S

alva

dor

12,00010,000

8,0006,0004,000

02,000

18,00016,00014,000

1,01

2.6

1,01

8.9

1,68

3.4

1,80

1.4

2,02

5.8

2,84

8.2

2,62

6.1

3,33

8.1

3,84

5.4

3,69

5.3

4,04

6.8

4,40

6.4

4,84

5.8

4,07

9.0

6,43

4.1

7,39

7.8

8,30

6.5 12

,197

.6 16,4

60.3

Sua origem está nas relações desiguais de

poder entre homens e mulheres e os fatores que

incidem em sua perpetuação são de caráter es-

trutural e reproduzem exclusões históricas. Isso

explica porque, por exemplo, mesmo com os

avanços alcançados no acesso e aprendizagens

educativas, as mulheres ainda não disfrutam de

igualdade de condições no mercado de trabalho.

Existem mais mulheres pobres que homens

pobres. E sim, também podemos falar de alguns

avanços como, por exemplo, que a porcenta-

gem de mulheres sem renda própria na região

passou de 42% em 2002 a 32% em 2011. Mas

são avanços frágeis e insuficientes e as bre-

chas são ainda intoleráveis.

9 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

A região não aproveitou sua “década dourada”

para investir em mudanças estruturais. Duran-

te esse período se alcançou avanços sociais,

mas ainda permanecem aspectos importantes

que deveriam ser afrontados – e serão ainda

maiores – em um momento de crescimento

econômico quase nulo onde a desigualdade

pode ser um impedimento para o desenvolvi-

mento e garantia dos direitos.

É necessário, desde já, um sincero compro-

misso dos governos para repensar o modelo

de desenvolvimento, enfrentar a desigualdade

e não perder os objetivos alcançados na luta

contra a pobreza. É uma necessidade impres-

cindível desde o ponto de vista ético, político,

social e econômico. E atendê-la não será fácil,

porque enfrentar a desigualdade significa

garantir os direitos de muitos... reduzindo os

privilégios de uns poucos.

2. DESIGUALDADE E SEQUESTRO DA DEMOCRACIA A extrema concentração da riqueza está de

mãos dadas com a concentração do poder,

que perverte as instituições e os processos

políticos, colocando-os ao serviço das elites e

não da cidadania Isso dá lugar a desequilíbrios

em exercício dos direitos e na representação

política dentro dos sistemas democráticos.

Quando falamos do sequestro da democracia

nos referimos a um processo no qual uma elite

política ou econômica coopta as instituições

democráticas para induzir a geração de polí-

ticas disfuncionais que os permitam manter

suas posições privilegiadas na sociedade. Este

sequestro supõe a perpetua acumulação de

riqueza, renda e poder nas mãos das elites e a

utilização do Estado para o benefício de pou-

cos. O sequestro da democracia é, definitiva-

mente, a perda da qualidade da democracia.

A cidadania assim o percebe. Na Oxfam, desen-

volvemos uma métrica para comprovar a rela-

ção entre a desigualdade de renda e a opinião

cidadã sobre a qualidade da democracia. Os

resultados provam que a desigualdade econô-

mica leva a cidadania a questionar o sistema

democrático: quando aumenta a desigualdade

de renda aumenta também a insatisfação cida-

dã com a qualidade da democracia10, maior é a

percepção de que se governa para o benefício

de grupos poderosos11 e maior é a percepção

de que algumas pessoas e grupos tem tanta

influência sobre as decisões políticas, que os

interesses da maioria são ignorados12.

O sequestro da democracia se expressa de

várias maneiras. Influencia na definição de

políticas, adotando a forma de lobby ilegítimo

e tráfico de influências; corrupção, que se

concreta, por exemplo, no estabelecimento

irregular e não transparentes de contratos, su-

perfaturamento de obras ou venda de terrenos

estatais subavaliados; o clientelismo, que se

manifesta em compra de votos, contratação de

funcionários públicos somente por indicação

política, priorização de políticas assistenciais e

concessão de serviços públicos como favores.

Algumas são ilegais… outras são legais, mas

todas elas são ilegítimas.

As formas de sequestro da democracia as

quais recorrem as elites econômicas e políticas

alcançam também os meios de comunicação,

que são controlados e utilizados, seja para pro-

porcionar as ideias que os favorecem ou para

sancionar aquelas ideias que vão contra seus

interesses.

10 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

POLÍTICAS PÚBLICAS E REGRAS À MEDIDA DOS

MAIS RICOS

Quatros setores são os que maior riqueza

aportam aos bilionários na América Latina, se-

gundo a lista Forbes: telecomunicações (19%),

bebidas (19%), setor financeiro (19%) e as in-

dústrias extrativas (12%). Juntos abrangem o

maior número de bilionários: pelo menos 69%

dos que haviam na região em 2015.

O setor das telecomunicações é paradigmá-

tico. Não apenas é o que mais riqueza soma

dos bilionários da região, senão o que também

concentra quase que em uma única pessoa:

Carlos Slim, o homem mais rico da região e

o segundo mais rico do mundo em 2015. A

fortuna de Slim, calculada em 77.100 milhões

de dólares, é quase 6% do PIB do México em

201413. Um estudo da Organização para a Coo-

peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

concluiu que entre 2005 e 2009 o comporta-

mento monopólico das empresas de teleco-

municações de Carlos Slim se traduziu em uma

perda de bem-estar para os Mexicanos supe-

rior aos 129 milhões de dólares, o que equivale

a cerca de 1,8% do PIB por ano14.

O setor de mineração agrupa a três dos dez

empresários mais ricos da região. Sua fortuna,

assim como o auge do setor, se consolida na

exploração de recursos naturais concedidos

pelo Estado e altamente beneficiados pelo

boom dos preços das matérias primas na dé-

cada passada. Mas também pelos grandes pri-

vilégios concedidos a eles. Entre 2005 e 2010,

as mineradoras em Colômbia pagaram 456 mi-

lhões de dólares anuais de imposto de renda.

Mas ao mesmo tempo, receberam descontos,

deduções e isenções fiscais que representam

925 milhões de dólares. Por cada dólar que as

mineradoras pagaram em impostos, o Estado

Colombiano deixou de arrecadar dois15.

A degradação das regulações ambientais e o

relaxamento das sanções aplicáveis por in-

frações contra o meio ambiente são outras

áreas onde as elites da mineração aplicam sua

influencia com o fim de adquirir e preservar

privilégios. Este é o caso do Peru, onde lobbies

e grupos de poder econômico — em espe-

cial a indústria extrativa —, através de fortes

pressões conseguiram que o governo reverta

regulações ambientais que estabeleceu pou-

cos anos atrás16.

Em seu estudo Política Fiscal: expressão do

poder das elites latino americanas, o Instituto

Centro Americano de Estudos Fiscais (ICEFI)

desnuda os mecanismos utilizados pelas elites

econômicas centro americanas para moldar

as políticas fiscais em seu próprio benefício.

Atuam motivadas por três objetivos: maximizar

ganhos através de tratamentos privilegiados

como as exonerações; socializar custos pri-

vados cobrindo-os com dívidas públicas ou

outras distorções fiscais; e alinhar a políti-

ca fiscal aos seus objetivos empresariais de

expansão, consolidação ou migração a outras

atividades ou setores.

Estas dificuldades das democracias latino

americanas para garantir direitos e dar respos-

ta às demandas cidadãs fazem que a popula-

ção mantenha baixos níveis de confiança nas

instituições e se observem novas formas de

protestos e participação17.

Os sistemas midiáticos plurais e diversos

podem constituir-se em meios efetivos para

lutar contra a desigualdade em ambientes

onde predominam as ideias e o debate público

11 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

liderado por elites políticas e econômicas18. A

redenção de contas e a participação cidadã

também podem ser antídotos para lutar contra

o sequestro da democracia e a desigualdade

econômica.

O controle do financiamento privado dos par-

tidos, las leis anti lobby, a garantia da plura-

lidade e diversidade midiática, a proteção do

direito à livre expressão, a vigilância cidadã

e as mobilizações pacíficas, assim como a

correta aplicação das leis de função pública

são mecanismos fundamentais para combater

o sequestro da democracia.

3. PRIVATIZAÇÕES, REGULAÇÕES E OUTROS DESAFIOS DO MODELO

A privatização dos serviços públicos também

ronda a desigualdade e contribui para a ruptura

do pacto social necessário para enfrentá-la.

Este processo gera segregação relacional e de

resultados na garantia dos direitos e distancia

as classes médias e altas do uso dos serviços

públicos e, portanto, de sua disposição a con-

tribuir com seu financiamento e exigir níveis de

qualidade adequados.

Os interesses privados e os organismos multi-

laterais impulsionaram a ideia da privatização

como resposta a falta de eficiência e qualidade

INFLUÊNCIA NA DEFINIÇÃO

DE POLÍTICAS PÚBLICAS,

LEIS OU MARCO

REGULATÓRIOS

tabela 1.RESUMO DE ALGUMAS DAS DIFERENTES FORMAS DE SEQUESTRO DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

MECANISMOS DE SEQUESTRO DEFINIÇÃO

Fonte: elaboração própria.

EXEMPLOS DE FORMAS QUE ADOPTAM

As elites incidem na orientação e natureza das políti-

cas públicas e da legislação; e determinam priorida-

des sociais e econômicas para seu próprio benefício

econômico ou partidário em detrimento da sociedade

em seu conjunto.

- Tráfico de influências / conflito de interesse

- Lobby ilegítimo

- Financiamento privado dos partidos

CORRUPÇÃOApropriação dos recursos e das propiedades do

Estado com a finalidade de pagar ou conseguir outros

favores, como apoio econômico a um partido político

ou benefícios individuais.

- Assinatura de contratos sem o processo devido e transparente.

- O superfaturamento de obras.

- A entrega ou venda de terrenos do Estado subavaliados.

CLIENTELISMOConsiste no intercâmbio de votos ou apoio político

por favores, acesso ao emprego, bens ou serviços

públicos, entre outros. É o uso dos fundos e das po-

líticas públicas para o benefício político e não para a

garantia dos direitos da cidadania. É a transformação

dos direitos em favores.

- Compra de voto

- Contratações de funcionários públicos tendo como base sua

filiação política e não sobre suas competências.

- Priorização de políticas públicas assistenciais com cunho

político que perpetuam a pobreza ao invés de conduzir a

reformas estruturais com benefício coletivo.

- Outorgamento de serviços públicos de forma personalizada e

como favores.

CONTROLE DOS

MEIOS DE

COMUNICAÇÃO

As elites utilizam os recursos públicos e privados para

comprar os meios e os comunicadores para promover

as ideias que os favorecem ou para sancionar aquelas

ideias que vão contra aos seus interesses.

- Concentração da propriedade dos meios de comunicação.

- Uniformização dos conteúdos informativos dependência econô-

mica da publicidade estatal.

- Ameaças e ataques contra periodistas .

12 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

dos serviços providos pelo Estado. Hoje, a falta

de investimento e de uma aposta pela qualida-

de e a universalização derivou os recursos pú-

blicos a um modelo de gestão privada em que

predominam interesses distantes do princípio

do bem comum. Isso teve como consequência

a má qualidade dos serviços, uma redução da

cobertura e a geração de sociedades fragmen-

tadas onde empresas privadas produzem enor-

mes benefícios sem uma regulação eficiente

dos Estados. Além disso, as classes empobre-

cidas são deixadas à margem não apenas de

um serviço de qualidade, senão também, em

alguns casos, do próprio serviço, já que não

podem pagar por ele.

Estamos diante de um cenário de serviços

públicos para pobres e serviços privados para

as classes médias e ricas, modelo que re-

produz a pobreza e a desigual distribuição de

renda19 [Gráfico 3]. E também é uma ponte para

as classes médias, ao torná-las mais vulne-

ráveis a qualquer choque externo — perda de

emprego, doenças crônicas, incapacidades

ou invalidez, entre outros — colocando-as em

risco de engrossar as listas da pobreza.

Os Estados devem priorizar políticas, garan-

tir recursos públicos suficientes e tornar as

medidas adequadas para assegurar que sejam

fornecidos serviços públicos de qualidade,

como a educação, a saúde, a água e o sanea-

mento. Devem ser, além disso, reguladores do

fornecimento privado destes bens se querem

enfrentar a desigualdade de maneira efetiva.

Os bens públicos, os direitos, não podem

responder a lógica do mercado. As verbas dos

Estados tampouco deveriam ficar submetidas

ao vai e vem dos mercados. A região latino

americana segue sendo tão dependente da

% DE PESSOAS MATRICULADAS EM ESCOLAS PRIVADAS EM PRIMÁRIO POR QUINTIL EM

PAÍSES SELECIONADOS DE AMÉRICA LATINA, 2000, 2011

gráfico 3.

Fonte: Elaboração própria com base a SEDLAC com base em pesquisas de lugares dos países Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica,

México, Peru, Uruguai.

40

20

10

0

70

60

50

30

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

9

2000

13

5

21

8

33

14

24

61

542011

13 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

extração dos recursos naturais como era há 40

anos20 e com a mesma sensibilidade a volatili-

dade dos preços. Em 2011, as exportações de

matérias primas representaram 60% do total

de exportações da ALC, e seu aporte às ver-

bas e orçamentos públicos – a dependência

fiscal – é também muito alto. Venezuela está

no topo: a participação das extrativas nos in-

gressos totais foi de 44,5% durante o período

2010-2013 [Gráfico 4].

Estima-se que em 2012 a produção agrícola

agregada da região ultrapassou os 300 bi-

lhões de dólares, empurrada pelo aumento do

valor das matérias primas agrícolas. A região

é a principal produtora de açúcar, soja e café,

abastecendo mais de 50% das exportações

globais desses produtos21. No entanto, como

no caso da mineração e dos hidrocarbonetos,

a produção de soja e açúcar gera grandes

ganhos de capital, mas cria pouco emprego

e não são ecologicamente sustentáveis a

longo prazo, sobretudo a soja.

A dependência dos recursos naturais e seus

altos preços na primeira década do século XXI

explicam em grande parte os “anos dourados”

pelos quais atravessou a região em matéria

de crescimento econômico. Essa época de

ouro deu margem de manobra a muitos gover-

nos para financiar uma aposta mais decidida

pela política social. No entanto, a recente de-

saceleração do crescimento das economias

latino americanas está também relacionada

com a queda dos preços das matérias primas

e do lento crescimento da China22, grande

importadora dos seus produtos.

E o resultado não tardou em aparecer. Já

se observam em diversos países o impac-

to negativo sobre as finanças públicas da

queda dos preços internacionais de matérias

primas23: menores ingressos tributários e

DEPENDÊNCIA FISCAL DE PAÍSES SELECIONADOS DE AL (% DE INGRESSOS PÚBLICOS),

2010-2013

gráfico 4.

Fonte: Cálculos próprios de Grupo Proposta Cidadã com base a CEPAL.

Venezuela Equador Trinidad e

Tobago

Bolivia México Peru Colômbia

45

40

30

20

10

0

5045

35

25

15

5

4142

3531

2015

14 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

uma ameaça ao equilíbrio fiscal, reduzindo

a capacidade dos Estados para financiar os

programas sociais e atender as necessidades

da cidadania.

O extrativismo supõe altos impactos am-

bientais, não está encadeado com outros

setores de produção, seu impacto nas taxas

de cambio de moeda é alto e não tem capa-

cidade para aumentar o emprego. Mas tem

a capacidade de incidir na elaboração das

políticas que o regulam ou incentivam seu

próprio benefício. Não é tarefa fácil, mas os

Governos latino americanos devem revisar sua

dependência das indústrias extrativas e tomar

medidas para diversificar suas econômicas,

gerando emprego e variar a procedência de

seus recursos fiscais.

A região deve transferir a alta produtividade

dos setores extrativos aos setores de baixa

produtividade — indústria, agricultura e ser-

viços —, o que geraria um círculo virtuoso de

uso do excedente de matéria prima de expor-

tação na diversificação e aumento da produti-

vidade do restante da econômica.

Também deve ter em conta o impacto adverso

do extrativismo no bem-estar das comunida-

des indígenas e rurais e assegurar assim a

comodidade da população orientada ao novo

paradigma de desenvolvimento do Bem Viver.

Se não se assegura esta diversificação através

das políticas de incentivo à pequena e média

empresa, a pequena produção ou outros seto-

res geradores de emprego – e se não realizam

reformas fiscais que comecem a fortalecer os

ingressos provenientes das altas rendas e do

capital – os avanços na luta contra a pobreza

na região estão fortemente ameaçados.

4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAR A DESIGUALDADE

Como se detalha no informe, as políticas

públicas de maior relevância para reduzir a

desigualdade econômica são a política fis-

cal, política de emprego, de proteção social,

políticas para reduzir as desigualdades entre

homens e mulheres; e as políticas para garantir

serviços públicos de qualidade, principalmente

educação, saúde e água e saneamento.

A redução da pobreza que marcou América

Latina durante a década passada se atribui

em grande parte ao aumento dos ingressos

laborais que se deu pelo aumento dos salários

mínimos e a formalização de trabalhadores24. A

importante contribuição do mercado de tra-

balho na redução da desigualdade destaca a

necessidade de refletir sobre a importância

do emprego e dos ingressos como veículo de

melhora nas condições de vida, especialmente

para jovens e mulheres.

Além das políticas macroeconômicas que

propiciem um ambiente favorável para o in-

vestimento e inovação, as intervenções tam-

bém devem acontecer em setores que gerem

encadeamentos e ativem a demanda intensiva

de mão de obra.

A formalização do emprego também tem um

efeito direto sobre as capacidades do Esta-

do de receber entradas fiscais para financiar

políticas sociais redistributivas, o que gera um

processo virtuoso para a criação de Estados

de Bem-Estar. A formalização poderia trazer

consigo outros benefícios sociais, como apo-

sentadoria e seguro de saúde, que ajudam na

diminuição da desigualdade.

As políticas de aumento de salário mínimo con-

15 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

seguiram reduzir, de maneira relativa, a desi-

gualdade de ingressos laborais na maioria dos

países. Mas ainda há tarefas pendentes: de

15 países somente Costa Rica cobria com seu

salário mínimo legal o salário mínimo de sobre-

vivência, com os casos extremos de México,

Venezuela, República Dominicana e Bolívia

que não cobriam nem 50% do salário mínimo

de sobrevivência. Sobressai o caso de Bolívia,

onde apesar de seu aumento sustentado des-

de 2006, o salário mínimo ainda não cobre as

necessidades de sobrevivência [Gráfico 5].

O aumento do salário mínimo pode melhorar

a equidade econômica da região25, mas outro

caminho possível também está na coloca-

ção de limites dos salários máximos. Tanto

no setor público como no privado, os salários

máximos devem ser limitados. Como explicou

Thomas Piketty, em um determinado nível as

diferenças salariais deixam de ter relação

alguma com a produtividade dos trabalhadores

RÁCIO SALÁRIO MÍNIMO LEGAL/SALÁRIO DE SUBSISTÊNCIA, 2011

gráfico 5.

Fonte: Cálculo próprio com base a ILO 2014.

26%41%40% 46% 50%

66%

54%

100%

60%

20%

0%

120%

80%

40%

78% 80%88% 91% 96% 97% 97% 104%

Venez

uela

Repú

blic

a Dom

inic

ana

Bolivia

Nicar

água

Urugu

aiEl

Sal

vado

r

Peru

Chile

Colô

mbi

aPa

ragu

ai

Hondu

ras

Méxic

o

Cost

a Ri

ca

Panam

á

Brasi

l

e passam a responder ao poder de negociação

das cúpulas empresariais, gerando maior con-

centração de renda e de riqueza.

Por outro lado, os sistemas de proteção social

são essenciais na luta contra a desigualdade

na medida em que reduzem a vulnerabilidade

das pessoas diante dos riscos do ciclo de vida,

como a doença, a maternidade, a incapacidade

ou a velhice, que podem significar uma perda

da renda. Também englobam as políticas públi-

cas que atendem às necessidades específicas

das populações mais excluídas e fazem que a

sociedade em seu conjunto seja mais solidária,

igualitária e menos individualista26.

Os sistemas de previdência social na região de-

vem garantir a universalidade e a solidariedade

entre os coletivos e assim diminuir as desi-

gualdades ocasionadas no mercado de traba-

lho. Deve fortalecer o impulso de políticas que

garatam proteção também aos trabalhadores

informais e protejam os direitos das mulheres.

16 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

As pensões solidárias têm mostrado ser efeti-

vas para garantir rendas mínimas aos idosos e

também devem ser reforçadas.

Os sistemas de transferência condicionada de

efetivo, se bem contribuíram para garantir in-

gressos nos lugares mais pobres, são um ins-

trumento limitado na luta contra a desigualda-

de e devem apoiar-se dentro de um esquema

mais amplo que garanta serviços universais de

qualidade, construa consciência de direitos e

enfrente as desigualdades de gênero.

POLÍTICAS QUE PROMOVAM A IGUALDADE

DE GÊNERO

A orientação das políticas públicas laborais e

de proteção nos países da região carece de

uma orientação especifica de gênero em seus

conteúdos. Ao contrário, ressaltam a ideia de

neutralidade sem ter em conta as institui-

ções — formais ou informais — que provocam

discriminação e segregação laboral contra as

mulheres. Ditas instituições operam desde

diversos âmbitos: o lar, centros educativos e o

próprio mercado de trabalho sem reconhecer o

trabalho, remunerado ou não, com os quais as

mulheres aportam à sociedade.

A eliminação de normas e leis tendenciosas

e discriminatórias é ponto central em uma

agenda de gênero que aponte a igualdade no

mercado laboral. Devem-se desenvolver po-

líticas para assegurar um trato igualitário no

trabalho, salários iguais para funções iguais e

que permita a inserção laboral das mulheres

sem as discriminações tradicionais de gênero.

E também é central o trabalho doméstico

e reprodutivo, invisível, não valorizado pela

sociedade e assumido em sua maioria pelas

mulheres, geralmente sem remuneração. Este

é um tipo de trabalho que garante as condi-

ções para o funcionamento do sistema econô-

mico e social, mas que não recebe reconheci-

mento.

A média de horas que as mulheres destinam

ao trabalho não remunerado diariamente oscila

entre pouco mais de quatro horas em Argentina

e algo mais de sete em Guatemala27. As mulhe-

res empregadas parecem suportar uma tripla

jornada de trabalho — trabalho remunerado,

trabalho comunitário e trabalho doméstico e

de cuidado — e muitas se veem empurradas a

exercer atividades terciarias e informais, onde

a flexibilidade de horários as permite cumprir

com todas essas cargas [Gráfico 6].

Os sistemas fiscais devem criar incentivos e

sanções que enfrentem a discriminação das

mulheres no sistema impositivo e assegurem

recursos suficientes para desenvolver políticas

que respondam às necessidades das mulheres.

As políticas de proteção social, como os sis-

temas de previdência social ou os programas

de assistência, devem desenvolver-se também

para cobrir as deficiências do mercado de tra-

balho e redistribuir a carga de trabalho domés-

tico e produtivo não remunerado. O acesso à

terra e ao crédito são dívidas históricas que

implicam reformas integrais inadiáveis.

O Estado deve desenvolver políticas e leis que

enfrentem a desigualdade, sancionando as

empresas que não cumpram as normas assim

como executando políticas que transforme as

relações de poder. Muitas das estruturas de

discriminação e dominação permanecem intac-

tas, apesar de que já foram alcançados gran-

des avanços em matéria de igualdade entre

homens e mulheres.

17 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

POLÍTICAS FISCAIS

Um primeiro passo para combater a desigual-

dade é aumentar a capacidade arrecadató-

ria dos países da região. O incremento28 da

pressão fiscal nos últimos vinte anos é indis-

cutível, todavia, o arrecadamento final não se

aproxima ainda do seu verdadeiro potencial. Se

os países da região29 reduzissem em uns 50%

a diferença entre o arrecadado e o potencial

arrecadatório30. — de hoje até 2020 — pode-

riam gerar-se recursos públicos equivalentes

a 6,6% do PIB do conjunto de vários países

nesse momento.

Devido a este déficit e ao extrativismo, o gasto

e o investimento social se mantem submetidos

à insuficiência da arrecadação e à forte volati-

lidade das fontes de ingressos públicos.

E a baixa pressão fiscal se soma a outro pro-

blema: o desenho injusto e pouco equitativo

da política fiscal. As maiores debilidades estão

gráfico 6.

Fonte: Esquivel Valeria, 2011, EconomIa do Cuidado na América Latina, PNUD, EL Salvador.

NÃO

REM

UNER

ADO

EquadorArgentina Uruguai México Costa Rica Guatemala

4:454:17

1:33

5:14

2:453:07

4:05

7:12

4:48

2:24

0.00

8:24

6:00

3:36

51:12

REM

UNER

ADO

NÃO

REM

UNER

ADO

REM

UNER

ADO

NÃO

REM

UNER

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REM

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ADO

NÃO

REM

UNER

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REM

UNER

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NÃO

REM

UNER

ADO

REM

UNER

ADO

NÃO

REM

UNER

ADO

REM

UNER

ADO

1:42

5:57

2:041:33 1:43

6:15 6:316:53

2:31

6:547:15

2:23

6:255:41

1:421:46

3:23

Mulheres

Homens

no desequilíbrio no esforço fiscal que assu-

mem os distintos atores econômicos, a enorme

quantidade de recursos que saem dos cofres

públicos devido a evasão e ilusão fiscal e o

excessivo viés nos impostos indiretos que taxam

o consumo.

Os impostos ao consumo são essencialmente

injustos porque as pessoas mais pobres têm que

dedicar a maioria, se não o total de sua renda,

ao consumo dos bens mais essenciais. Isso sig-

nifica que esse grupo não tem capacidade para

poupar, nem investir. É por esta razão que os

impostos ao consumo afetam proporcionalmen-

te muito mais aos pobres que aos ricos. Esse

modelo é exatamente o contrário de uma política

tributária justa.

Todavia, mais da metade da arrecadação da

América Latina e o Caribe provem de taxar o

consumo31: mais de oito vezes o que se arrecada

por impostos diretos sobre as propriedades que

CARGA DE TRABALHO POR TIPO DE REMUNERAÇÃO EM HORAS, SEGUNDO SEXO, 2011

18 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

parecem concentrar-se nos setores mais ricos

da população32.

A baixa arrecadação por impostos diretos

é sintomática de políticas deliberadas que

terminaram privilegiando mais os donos do

capital e a riqueza que a maioria dos cidadãos.

Os privilégios fiscais, mal chamados “incenti-

vos fiscais”, terminam sendo fonte de profun-

das iniquidades na região. Na ALC, ser rico sai

barato (fiscalmente). Ser rico significa manter

amplos privilégios, como baixas taxas tribu-

táveis sobre a riqueza ou a propriedade, as

rendas de capital ou ingressos não salariais33.

No Brasil, Colômbia, Guatemala e Venezuela a

renda dos assalariados tem taxas efetivas34 de

tributação que ascendem aproximadamente

ao dobro das que se aplicam sobre os ganhos

de capital35. O resultado é que o esforço fiscal

de uma pessoa com um salário médio na ALC

pode chegar a ser superior ao de uma empre-

sa, especialmente das que se encontram em

setores com alta capacidade de incidir sobre

as políticas públicas, como a mineração, a

indústria petroleira ou o agronegócio. Esses

setores recebem generosos privilégios fiscais,

mas paradoxalmente nem sempre representam

as principais fontes de emprego.

Entretanto, setores econômicos inteiros que

concentram a maioria da força de trabalho da

região, como as pequenas e médias empre-

sas (PME) ou a pequena agricultura, seguem

recebendo um diminuto respaldo por meio de

políticas públicas. O mesmo sucede com políti-

cas fundamentais de combate à desigualdade,

como as políticas de redução das desigualda-

des de gênero.

Os últimos dados disponíveis indicam que

depois de impostos diretos e transferências

públicas monetárias — pensões, subsídios e

transferências em efetivo —36, os países da

OCDE reduzem a desigualdade de ingressos37

quase seis vezes mais do que fazem os países

latinos38. Este baixo desempenho do conjunto

da política fiscal mostra que ALC não usa a po-

lítica fiscal como instrumento de combate das

desigualdades.

E deveria fazê-lo não só dentro, mas também

fora de suas fronteiras. Nas palavras do prêmio

Nobel de economia, Joseph Stiglitz, o desenho

do sistema fiscal internacional é “repulsivo,

injusto e ineficiente”39, o que permite a trans-

ferência artificial de benefícios de grandes

corporações, tirando recursos de países que

aplicam impostos e levando-os aos paraísos

fiscais mediante estratégias de planificação

fiscal agressiva.

Assim é como o imposto sobre a renda cor-

porativa está danificado pela evasão e ilusão

fiscal. Ainda que as cifras sejam escassas,

por natureza própria das operações, a evasão

no imposto sobre a renda corporativa supera

50% da arrecadação teórica em muitos países:

perde-se a metade do que teoricamente po-

deria arrecadar-se por fraude fiscal. Honduras,

um dos países mais desiguais da região, perde

cada ano cerca de 10.000 milhões de Lempiras

(o equivalente a cerca de 450 milhões de dóla-

res) pela evasão e fraude fiscal.

O grande buraco negro das finanças da ALC

são os paraísos fiscais. Os dados filtrados

pelo Consórcio Internacional de Jornalistas

Independentes (ICIJ) evidenciam a dimensão

do problema. O escândalo Swissleaks revelou

que residentes latino caribenhos acumulavam

um total de 52,6 bilhões de dólares nas contas

19 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

do banco HSBC na Suiça entre 2006 e 200740.

Esse montante equivale a 26% do total do

investimento público em saúde do conjunto da

região41 [Tabela 2].

Isso é somente uma pequena foto fixa de ape-

nas um banco, em apenas um paraíso fiscal,

para uma única região e em um único ano. Ape-

nas uma pincelada, mas suficiente para intuir

que não se trata de apenas algumas maçãs

podres, senão um problema sistêmico.

Para reduzir ao mínimo sua contribuição fiscal,

muitas transnacionais também criam compa-

nhias e sofisticadas estruturas corporativas

com numerosas filiais em cascata que é difícil

rastrear e que transferem artificialmente seus

benefícios dos países onde operam aos paraí-

sos fiscais.

A estrutura corporativa de Telefônica revela que

o grupo mantém muitas sociedades holding

interpostas entre a filial que opera no país e a

empresa matriz do grupo na Espanha, o que pa-

rece assinalar que as atividades da companhia

nesses países se canalizam através de socie-

dades holding em paraísos fiscais.

Não é a única empresa a utilizar estas

práticas. Com base em informação

Argentina 3.500 13% 5%

Bolivia 94 8% 2%

Brasil 7.000 7% 5%

Chile 468 5% -

Colômbia 276 1% 1%

Costa Rica 23 1% 0%

Cuba 84 1% -

República Dominicana 34 2% 0%

Equador 198 10% 2%

El Salvador 88 9% 1%

Guatemala 32 3% 0%

Haití 24 21% 2%

México 2.200 6% 1%

Panamá 2.800 149% 23%

Paraguai 46 5% 2%

Peru 141 2% 1%

Uruguai 2.800 97% -

Venezuela 14.800 - -

ALC 52.579 24% 9%

tabela 2.MILHÕES DE US$ LATINO AMERICANOS ESCONDIDOS DO FISCO NAS CONTAS DE HSBC E EQUIVALÊNCIAS, 2006-2007

PAÍS

IMPORTE EM MILHÕES DÓLARES

NAS CONTAS DO HSBC

(2006 E 2007)

IMPORTE NAS CONTAS DO

HSBC COMO % DA DÍVIDA

PÚBLICA DE 2013

IMPORTE NAS CONTAS DO HSBC

COMO % DO INVESTIMENTO

PÚBLICO EM SAÚDE

Fonte: http://www.icij.org/project/swiss-leaks/explore-swiss-leaks-data y datos de deuda e inversión en salud de WDI.

20 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

pública das empresas espanholas que cotizam

na bolsa de valores do IBEX35, Oxfam detectou

810 filiais em paraísos fiscais.

Em 2014, o valor médio das exportações de

ouro bruto em toda ALC para a UE foi a metade

do valor que alcançam as exportações do mes-

mo produto desde paraísos fiscais. Isso apesar

de que alguns países da região figuram entre

os 15 principais produtores e exportadores do

mundo, tal e como revela o estudo que Oxfam

realiza sobre os dados aduaneiros oficiais da

UE.

Segundo a Comissão Europeia e a consultoria

PriceWatehouseCoopers, os país em desenvol-

vimento poderiam incrementar sua arrecada-

ção fiscal sobre os benefícios empresariais em

pelo menos 40% em cinco anos se colocasse

fim aos abusos nos preços de transferência

das grandes empresas42.

Tão generalizadas são estas práticas de plani-

ficação fiscal e tão demolidores são os custos

para todos os países da região e do mundo,

que os organismos internacionais não tive-

ram outro remédio que colocar em andamento

uma reforma fiscal internacional. Em 2013 o

G20 decidiu reduzir a transferência artificial

de benefícios aos paraísos fiscais43 e apostou

pelo projeto BEPS (Erosão da Base Tributável e

Transferência de benefícios em suas siglas em

inglês). Mas esta iniciativa – desigual e pouco

representativa em seu processo– não parece

estar à altura das necessidades especificas da

região, sobretudo as relacionadas com a fisca-

lização das matérias primas, uma espécie de

competição para ver quem promove os maiores

incentivos fiscais ou a tributação nos países

fontes ou residência de capital. A agenda

global atual é insuficiente para os interesses

da ALC.

É primordial estabelecer uma agenda política

de verdadeira cooperação efetiva em matéria

fiscal, a nível regional ou sub-regional, que

resolva a coexistência de múltiplos – e flexíveis

– marcos regulatórios; que os complemente e

aporte maior coerência para chegar a soluções

que não cabem somente no âmbito puramente

nacional.

Porém, mais além da cooperação técnica e os

fracos e insuficientes resultados das admi-

nistrações tributárias nacionais, nenhuma das

instituições regionais ou sub-regionais mos-

traram ainda a coragem ou o compromisso de

incorporar estas questões dentre suas priori-

dades.

Ainda há muito espaço para conseguir um

maior efeito redistributivo da riqueza e maior

OXFAMDETECTADO

EN PARAÍSOS FISCALES

DE LAS PRINCIPALES EMPRESAS

COTIZADAS EN ESPAÑA

(IBEX35)

810subsidiárias

falta por traducir este insert

21 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

igualdade no ingresso e as oportunidades me-

diante a política fiscal. As políticas tributárias

devem ser utilizadas não apenas para arreca-

dar, mas senão para arrecadar de setores ou

pessoas que acumulam maiores ganhos. Isto

implica aumentar a arrecadação dos impostos

de renda, riqueza e patrimônio, e reduzir os im-

postos ao consumo. Para isto será necessário

revisar os privilégios fiscais de alguns setores

assim como reduzir a evasão e a ilusão, e ava-

liar novos impostos ao capital e ao patrimônio.

5. É HORA DE MUDAR AS REGRAS

A redução das desigualdades – econômicas,

sociais e de poder – deve ser uma absoluta

prioridade para os governos e instituições da

América Latina e o Caribe. Todos os recursos e

políticas públicas devem articular-se para al-

cançar esse propósito. a região requere ações

firmes, simultâneas e coordenadas desde dife-

rentes setores que permitam:

Romper com os modelos de concentração de

riqueza, renda e terras, oferecendo dados e

medindo a desigualdade em todas as avalia-

ções de impacto das políticas públicas.

Colocar fim ao sequestro da democracia e

antepor os interesses da maioria aos privilé-

gios de umas elites.

Apostar por um modelo econômico e social

que supere a dependência extrativista, diver-

sificando a matriz produtiva.

Impedir o avanço da privatização dos ser-

viços públicos e reconstruir o pacto social

necessário para garantir uma sociedade de

direitos igualitários e solidaria.

Garantir a igualdade de direitos e poder entre

mulheres e homens desde o desenho até

riquezaa

DOS 101 BILHONÁRIOS DA REGIÃO

SERIA SUFICIENTE PARA ERRADICAR A POBREZA DE EQUADOR, EL SALVADOR, NICARÁGUA, PARAGUAI, PERU E REPUBLICA DOMINICANA.

EM TODOS OS PAÍSES MENOS HONDURAS

O ÍNDICE DE FEMINILIDADE DA POBREZA

EXTREMA ERA SUPERIOR A 100 EM 2013.

Índice de

feminilidade

22%SE ESTIMA QUE AS MULHERES

RECEBEM EM MÉDIA 22% MENOS DE

SALÁRIO QUE RECEBEM OS HOMENS.

méxicono

DADOS OBTIDOS ENTRE 2005 E 2010 MOSTRARAM

QUE O AUMENTO DA DESIGUALDADE EM UM PONTO

PERCENTUAL NO ÍNDICE DE GINI IMPLICOU, EM

ÂMBITO MUNICIPAL, CINCO HOMICÍDIOS A MAIS POR CADA 100.000 HABITANTES.

64%A REGIÃO SOFRE A CONCENTRAÇÃO DE

TERRA MAIS ALTA DO MUNDO, A MORADIA E

A TERRA SIGNIFICA 64% DA RIQUEZA TOTAL.

riqueza total

DESIGUALDADE E CONCENTRAÇÃO EM CIFRAS

AMÉRICA LATINA E O CARIBE:

22 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

a implementação das políticas e as

legislações.

Para alcançar estes objetivos, Oxfam

detalha em seu informe uma série de

ações concretas com as quais governos

e instituições podem e devem compro-

meter-se para combater a desigualdade

e a pobreza. As medidas estão organi-

zadas por âmbito de ação: sequestro

da democracia, igualdade de gênero,

trabalho digno e salário justo, proteção

social efetiva, política fiscal e tributária,

orçamento e gasto, e serviços públicos

universais e de qualidade, em concreto

educação, saúde, água e saneamento.

Estas recomendações técnicas não são

nenhum segredo e continuam sendo

urgentes, mas insistimos que o debate

sobre a desigualdade é essencialmente

político. É hora de enfrentar a captura

do Estado. As democracias devem cum-

prir seu papel de garantir que os con-

flitos de interesses sejam discutidos

na arena pública e que seus resultados

levem a garantir o respeito aos direitos

e o benefício do conjunto da população.

Para acabar com a desigualdade se

necessitam governos com um claro

compromisso com as maiorias, capazes

de desligar-se dos interesses das elites

políticas e econômicas; governos e

cidadania conscientes de que não exis-

tem pobres sem ricos e que a solução a

desigualdade e a pobreza implica olhar

a outra face da moeda: a riqueza.

“La profundidad”. Foto: © Fernanda Cornish | México | OXFAM

23 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

1 Oxfam America calculation, 2015. Source: Revised headcounts from Brookings spreadsheet, “Country HC & HCR

revisions - 05.14”, received July 21, 2014; except China, India, Indonesia headcounts from Laurence Chandy e-mail,

July 22, 2104; 2010 means from Brookings spreadsheet, “Poverty means_2010”, received July 22, 2014; conversion

factors from GDP/capita growth to mean consumption/income growth from Chandy, Ledlie, and Penciakova, “The

Final Countdown: Prospects for Ending Extreme Poverty by 2030,” p. 17; $1.55 (2005 $) poverty line from http://

www.brookings.edu/blogs/up-front/posts/2014/05/05-data-extreme-poverty-chandy-kharas; GDP/capita

projections are IMF World Economic Outlook April 2014 current-dollar PPP figures, adjusted for U.S. CPI inflation in

2010-12.

2 CEPAL 2015 “Panorama social de América Latina y el Caribe, 2014” p. 65

3 IMF 2015 “Causes and Consequences of Income Inequality: A Global Perspective” IMF Staff Dicussion Note.

4 Cálculo próprio com base em World Delopment Indicators 2015 do Banco Mundial

5 Credit Suisse 2014

6 CEPALSTAT

7 CEPALSTAT

8 O PIB dos países da América Latina e Caribe cresceu de 2000 – 2013 a uma taxa média anual de 3.5% http://wdi.

worldbank.org/table/4.1

9 CISEPA, CIRAD, International Land Coalition (2011) La concentración de la propiedad de la tierra en América Latina:

una aproximación a la problemática actual”.

10 Quando realizamos uma análise de correlação o nível de desigualdade econômica medida por Gini e a percepção

de insatisfação com o funcionamento da democracia, se evidencia uma relação positiva nos países latino ameri-

canos de 0.473. Não obstante, encontramos dois valores atípicos a esta análise, estes correspondem a Costa Rica

e Uruguai respectivamente.

11 Quando realizamos uma análise de correlação o nível de desigualdade econômica medida por Gini e a percepção

de insatisfação com o funcionamento da democracia, se evidencia uma relação positiva nos países latino ameri-

canos de 0.473. Não obstante, encontramos dois valores atípicos a esta análise, estes correspondem a Costa Rica

e Uruguai respectivamente.

12 Cuando realizamos a análise de correlação ao nível de desigualdade (GINI) a respeito da percepção das pessoas de

que Algumas pessoas e/ou grupos tem tanta influência que os interesses da maioria são ignorados, encontramos

uma relação positiva de 0.357.

13 Esquivel 2015 para Oxfam México, p. 19

14 Esquivel 2015 para Oxfam México, p.21

15 Garay Jorge 2013 “Minería en Colombia” Contraloría General de la República http://www.rebelion.org/docs/167838.

pdf

16 http://www.oxfamblogs.org/lac/

17 Coorporación Latinobarómetro (2013) “Informe 2013”, Corporación Latinobarómetro: Santiago de Chile

18 OXFAM (2014) Iguales. Acabemos con la Desigualdad Extrema. Es Hora de Cambiar las Reglas, OXFAM GB: Oxford

19 OIT, (2014) Tendencias mundiales del empleo 2014.¿Hacia una recuperación sin creación de empleos?, Ginebra: OIT.

20 Caliari (2014), “Política Fiscal para salir del extractivismo”, en Economía Crítica citando o Fundo Monetário Interna-

cional, FMI.

21 Vergara W., A. R. Rios, P. Trapido, H. Malarín (2014) Agriculture and Future Climate in Latin America and the Ca-

ribbean: Systemic Impacts and Potential Responses, IADB

22 World Bank (2015), “Latin America Treads a Narrow Path to Growth: The Economic Slowdown and its Macro Challen-

ges”, World Bank.

23 O preço do cobre em 2014 foi em média 22% menor que o registrado em 2011; no caso do ouro a variação foi de

-19%, e o da prata -46% e o chumbo -13%. No caso do preço do petróleo, sua queda é recente: a meados de 2014

o preço do barril ultrapassava os 100 dólares o barril,e para jenero de 2015 caiu abaixo dos 50 dólares (Veja por

exemplo a Epifanio Baca e Gustavo Avilla (2015), “El fin del súper ciclo de los commodities y su impacto en los ingre-

sos regionales”;

Disponible en: http://www.propuestaciudadana.org.pe/sites/default/files/publicaciones/archivos/NIA%207-2015.

pdf)

NOTAS

24 | PRIVILEGIOS QUE NIEGAN DERECHOS | RESÚMEN EJECUTIVO

24 Veja CEPAL (2013) Panorama Social de América Latina, Naciones Unidas: Santiago de Chile

25 OIT (2014) Panorama Laboral 2014. América Latina y el Caribe, Lima: OIT / Oficina Regional para América Latina y el

Caribe.

26 OXFAM (2014) Iguales. Acabemos con la Desigualdad Extrema. Es Hora de Cambiar las Reglas.

27 Esquivel Valeria, 2011, Economía del Cuidado en América Latina, PNUD, EL Salvador

28 Cabe assinalar que neste documento, a pressão fiscal, diferente da pressão impositiva, é um conceito mais amplo

que inclue contribuições a segurança e outros ingressos não tributários como as regalias ou licenças de exploração

de recursos naturais.

29 14 em total.

30 Esta cifra corresponde a novos cálculos de Oxfam, baseados em estimações realizadas por investigadores do Fundo

Monetário Internacional, FMI, sobre o esforço fiscal e a capacidade fiscal de vãrios países. As estimações realizas

pelos se encontram disponíveis na seguinte publicação: Ricardo Fenochietto y Carola Pessino (2013), “Understanding

Countries’ Tax Effort”, International Monetary Fund Working Paper, Fiscal Affairs Department, WP/13/244. Disponible

en: http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2013/wp13244.pdf

Fenochietto e Pessino (2013) realizaram uma simulação para estimar a quantidade de ingressos que poderíam

arrecadar se a brecha recadatória se reduz a uns 50% em 2020. Para realizar as estimações se supõe as seguintes

premissas: o PIB (dólares a precios correntes) se expande a mesma taxa de crescimento médio anual registrado no

biênio 2011- 2012 e a capacidade fiscal estimada se mantem constante no tempo.

A capacidade fiscal é calculada pelos autores antes assinalados como o nível máximo de ingressos fiscais que um

país pode obter dado seu nível de PIB per cápta, o nível de abertura comercial, o gasto público em educação como

porcentagem do PIB, a taxa de inflação, o Indice de Gini, a percepção da corrupção, e a participação da agricultura no

PIB. É de esperar-se que as três primeiras variáveis tenham um impacto positivo nos ingressos fiscais, enquanto que

as variáveis restantes exerçam uma influência negativa na arrecadação. O esforço fiscal é a proporção resultante

de dividir os ingressos fiscais anuais (dados de 2011 ; com algumas exceções para 2012-) entre a capacidade fiscal

estimada.

31 Ibíd.

32 Cálculos prõprios com base a OCDE, CEPAL y CIAT (2015), Estadísticas Tributarias de América Latina, Cuadro C.

Disponible em: http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/taxation/revenue-statistics-in-latin-

america-and-the-caribbean-2015_rev_lat-2015-en-fr#page26

33 Como colocações financeiras, interesses de títulos públicos, beneficios de fundos de investimento, ganhos de ca-

pital em bens imóveis e ações etc. As colocações são fundos feitos na banca a prazo, desde sete dias a mais de um

ano, com juros superiores aos das contas de poupança.

34 Depois de exonerações e outros benefícios /incentivos fiscais.

35 BID (2013), Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de desarrollo, gráfico 1.9.

Disponible en: http://www.iadb.org/es/investigacion-y-datos/publicacion-dia,3185.html?id=2013

36 Incluidas prestações em efetivos da previdência social (penssões públicas monetárias).

37 Medição realizada através do Índice de Gini.

38 CEPAL e Instituto de Estudios Fiscales (2015), “Los efectos de la política fiscal sobre la redistribución en América La-

tina y la Unión Europea”, Estudio nº 8, Serie: Estados de la Cuestión, Área: Finanzas Públicas, Eurosocial, págs. 46-47.

Disponible en: http://www.cepal.org/es/publicaciones/37881-desigualdad-concentracion-del-ingreso-y-tributa-

cion-sobre-las-altas-rentas-en

Os país analisados no estudo são: Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Hondu-

ras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

39 http://www.huffingtonpost.com/entry/multinational-corporations-taxes_55d4baede4b055a6dab265d9

40 Swiss Leaks http://www.icij.org/project/swiss-leaks/explore-swiss-leaks-data

41 Banco Mundial

42 Europaid. Transfer Pricing and Developing Countries. Final Report. Julio 2011, http://ec.europa.eu/taxation_customs/

resources/documents/common/publications/studies/transfer_pricing_dev_countries.pdf

43 Centro de Información do G20 (2013) “Anexo fiscal a la Declaración de los líderes del G20 en San Petersburgo”, http://

www.g20.utoronto.ca/2013/2013-0905-tax.html

NOTAS