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0 22222222222 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Administração Trabalho de Conclusão de Curso SATISFAÇÃO NO TRABALHO: ESTUDO EM UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR Autor: Silvanir da Silva de Andrade Orientador: Professora Adrienne de Capdeville Examinador: José Henrique L. C. D. Barreiros Pró-Reitoria de Graduação Curso de Pedagogia Trabalho de Conclusão de Curso Pró-Reitoria de Graduação ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO Autor: Bruna Karoline da Silva Pedro Orientadora: MsC. Silvanete Pereira dos Santos Brasília - DF 2014

Pró-Reitoria de Graduação Curso de pedagogia Trabalho de ... · A educação de jovens e adultos (EJA) é uma oportunidade dada aos cidadãos que por diversos motivos não puderam

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TERMO DE APROVAÇÃO

S

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Administração

Trabalho de Conclusão de Curso

SATISFAÇÃO NO TRABALHO: ESTUDO EM UMA INSTITUIÇÃO

HOSPITALAR

Autor: Silvanir da Silva de Andrade

Orientador: Professora Adrienne de Capdeville

Examinador: José Henrique L. C. D. Barreiros

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Pedagogia

Trabalho de Conclusão de Curso

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de pedagogia Trabalho de Conclusão de Curso

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA

PERSPECTIVA DO LETRAMENTO

Autor: Bruna Karoline da Silva Pedro

Orientadora: MsC. Silvanete Pereira dos Santos

Brasília - DF

2014

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BRUNA KAROLINE DA SILVA PEDRO

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA PERSPECTIVA DO

LETRAMENTO

Monografia apresentada ao curso de graduação em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, com requisito parcial para obtenção do titulo de Licenciado em Pedagogia.

Orientador: Professor MsC. Silvanete Pereira Dos Santos

BRASÍLIA 2014

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ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA PERSPECTIVA DO

LETRAMENTO

Bruna Karoline da Silva Pedro

Resumo:

O presente artigo trata sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores na aprendizagem na educação de jovens e adultos na questão da alfabetização na perspectiva do letramento, destacando os desejos e as dificuldades desses alunos na busca do aprendizado. Esta é uma modalidade de educação importante para a nossa sociedade, pois possibilita aos indivíduos uma nova oportunidade. O artigo se atenta ao fato de analisar como o letramento está inserido na educação de jovens e adultos, visando analisar se os professores da EJA utilizam o letramento na prática da alfabetização e identificar os efeitos do letramento na aprendizagem dos alunos e constatar como o letramento contribui para o processo de alfabetização na EJA. A pesquisa é qualitativa, na qual foram observados os aspectos da realidade vivida pelos alunos e os problemas bem como os fatores que determinam e contribuem para o letramento na EJA. A abordagem usada na pesquisa foi qualitativa, e como instrumento de pesquisa foi utilizado o questionário para os alunos e uma entrevista para os professores.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Letramento. Alfabetização.

Introdução

A educação de jovens e adultos (EJA) é uma oportunidade dada aos cidadãos

que por diversos motivos não puderam cursar a educação básica durante a infância

e/ou adolescência.

Estas pessoas em sua maioria buscam aprender a ler e a escrever, e cabe ao

professor à tarefa de alfabetizar seus alunos. Porém ler e escrever apenas não

basta para que estes indivíduos estejam inseridos na sociedade, pois necessitam do

entendimento sobre o que estão lendo. Este processo denomina-se letramento.

Os indivíduos quando são alfabetizados aprendem a ler e escrever, porém

não essencialmente adquirem a prática da leitura e da escrita, assim não possuem

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capacidade para usá-las em seu cotidiano seja para solucionar problemas ou buscar

informações.

O letramento vai além da leitura e da escrita, é quando a pessoa já esta

envolvida com a sociedade e consegue interpretar o que lê e o que escreve. É o

resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e a escrever, onde o individuo

adquiri condições de se integrar na sociedade. O letramento político ajuda neste

processo de assimilação de conhecimentos como direitos humanos, instituições

políticas, democracia, participação nas tomadas de decisão, diálogo e valores para a

conservação e o uso da democracia.

Existem pessoas que sabem escrever o próprio nome, mas não conseguem

escrever uma carta ou encontrar informações em dicionários, tabelas, catálogos,

conta de luz, bula de remédio nem mesmo conseguem preencher um formulário.

Esta pesquisa constitui-se da perspectiva de que devemos alfabetizar

letrando os alunos da EJA trazendo o apoio do letramento para esse processo de

ensino. Teve como objetivo geral analisar como o letramento esta inserido na

educação de jovens e adultos e como objetivos específicos analisar se os

professores da EJA utilizam o letramento na prática da alfabetização bem como

identificar os efeitos do letramento na aprendizagem dos alunos e constatar como o

letramento contribui para o processo de alfabetização na EJA.

A pesquisa foi realizada em uma escola pública do Distrito Federal, na qual

foram realizadas entrevistas gravadas e aplicação de questionários.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foram observados os aspectos

naturais da realidade vivida pelos alunos e os problemas, bem como os fatores que

determinam e contribuem para o letramento na EJA.

Os instrumentos de pesquisa utilizados para o levantamento dos dados foram:

entrevista e análise documental. A entrevista foi aplicada a 5 educadores da EJA e a

100 estudante. A análise documental foi realizada com base no estudo do Projeto

Política Pedagógico da Escola da escola pesquisada.

1. Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil

Em nosso país a educação de adultos teve inicio com o Brasil Colônia onde a

população adulta tinha uma educação que abrangia os aspectos religiosos mais do

que os educacionais. Já no Brasil Império iniciam-se algumas reformas educacionais

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e surge o ensino noturno. Em 1876 o ministro José Bento da Cunha Figueiredo

através de relatório aponta que existe mais de 200 mil alunos frequentes nas aulas

noturnas.

As aulas noturnas durante muitos anos foram à única forma de educação

para adultos existente no país. No século XX com o desenvolvimento industrial

iniciou-se um processo vagaroso de valorização da educação de adultos, mas essa

valorização causava opiniões diferentes, para uns o objetivo era a aquisição da

leitura e da escrita para a inclusão social e para outros essa alfabetização era para

ampliação dos votos.

A partir de 1940 percebeu-se os altos índices de analfabetismos no país o

que levou o governo criar um fundo destinado á alfabetização da população adulta

analfabeta. Em 1945 com o fim da ditadura de Vargas, teve inicio o movimento de

revigoramento dos princípios democráticos no país. A criação da Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) teve grande

influência para a alfabetização de adultos, já que foi através dela que se iniciaram as

campanhas para acabar com o analfabetismo, pois a UNESCO fez uma solicitação a

todos os países integrantes ( entre eles o Brasil) de educar os adultos analfabetos.

Em 1947 o governo Duntra lançou a 1ª campanha de Educação de Adultos,

sugerindo alfabetizá-los em três meses, oferecendo um curso de primário de duas

etapas de sete meses, a primeira seria a capacitação profissional e a segunda o

desenvolvimento comunitário. Logo após o lançamento dessa campanha a

Associação de Professores do Ensino Noturno e o Departamento de educação

organizaram o 1º Congresso de Educação de Adultos e foram convocados pelo

Ministério da Educação, dois representantes de cada Estado, para participar do

referido congresso.

O Serviço de Educação de Adultos do MEC (SEA) a partir desse congresso

preparou e enviou para as SEAs estaduais, uma serie de publicações sobre o tema

para ser discutido. Segundo Soares (1996) eram: o investimento na educação como

solução para os problemas sociais existentes na sociedade; o alfabetizador

identificado como missionário; o analfabeto visto como causa da pobreza; o ensino

de adultos como uma tarefa fácil; a não necessidade de formação especifica; a não

necessidade de remuneração, devido à valorização do “voluntariado”. Dai então

começa a ação de mobilização nacional visando discutir a educação de jovens e

adultos no país.

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Embora a primeira Campanha não tenha alcançado seus objetivos ela

colaborou para diminuir o preconceito em relação ao processo de educação de

adultos. Após esse fracasso começaram a surgir diversas pesquisas e algumas

teorias. Assim o método de alfabetização de adultos dessa primeira Campanha

recebeu muitas criticas, devido à má remuneração dos professores, as condições

precárias onde aconteciam as aulas, a falta de material didático, a baixa frequência

dos alunos em aula, entre outras (SOARES, 1996).

Com base nas críticas negativas que a primeira campanha recebeu e os

resultados insatisfatórios, surge o enfraquecimento do programa, mas a delegação

de Pernambuco se destaca e vai além das criticas arrumando soluções, Paulo Freire

fazia parte dessa delegação que sugeria uma maior comunicação entre professor e

aluno e um ajustamento do método característico das classes populares (SOARES,

1996).

No final de 1950 e início de 1960 ocorre uma forte mobilização da sociedade

civil para as reformas de base, que colaborou para as mudanças da educação de

adultos, onde surgiu um novo olhar para o analfabetismo e uma nova pedagogia de

alfabetização de adultos que tinha como referência Paulo Freire. O analfabetismo

então que antes era visto como a causa da pobreza passa a ser apontada como o

efeito da pobreza devida a estrutura social não igualitária (SOARES, 1996).

A ideia de Paulo Freire mostrou que o processo educativo precisaria interferir

na estrutura social, onde o aluno seria alfabetizado levando em consideração seu

contexto social. Em 1964 acontece o Golpe Militar e o exilio de Paulo Freire, a partir

disto o governo cria o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).

O MOBRAL era voltado para a população de 15 a 30 anos, e seu objetivo era

a alfabetização funcional, onde ocorria a aquisição de técnicas elementares de

leitura, escrita e cálculo (CUNHA, 1999)

Em 1962, já em vigência da lei n° 4.024/61, de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, foi instituída pelo MEC, a MNCA (Mobilização Nacional contra o

Analfabetismo), pelo decreto n° 51.470/62. Essa Mobilização pretendia escolarizar

indivíduos de até 21 anos de idade e “se possível, até de mais de 21 anos”, e

incorporava as seguintes ações/movimentos:

- Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes, que previa a instalação

de 20.000 classes para jovens de mais de 12 anos.

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- Campanha Nacional de Educação Rural, voltada ao combate do

analfabetismo na zona rural e ao treinamento de professores leigos.

- Campanha de Erradicação do Analfabetismo, que deveria cuidar dos

Centros de Treinamentos dos professores leigos.

- Construção de Prédios Escolares, em um projeto ao qual ficou subordinados

a construção de salas de aula com os recursos orçamentários a ele destinados, e

ainda não aplicados, por Centros-Piloto especificados.

- Campanha da merenda escolar.

Em 1985 o MOBRAL foi abolido e em seu lugar nasceu a Fundação

EDUCAR, que passa a sustentar financeiramente e tecnicamente as ações

existentes para a EJA. Cunha (1999) diz que a década de 80 foi marcada pela

propagação das pesquisas sobre língua escrita com pontos positivos relacionados a

alfabetização de adultos. Em 1988 a Constituição Federal expandiu o dever do

estado para a EJA e garantiu o ensino fundamental obrigatório e gratuito para todos

(SOARES, 2004).

Na década de 90 a EJA ganhou reconhecimento e sendo apontada por ter

importância na cidadania e formação cultural da população devido as conferencias

organizadas pela UNESCO, criada pelo ONU e responsável pela implantação da

educação nos países em desenvolvimento, neste tempo surgi uma mobilização

social das delegações de todo o pais para discutir sobre o assunto.

Após essa mobilização social foram organizados Fóruns Estaduais de EJA

que se espalharam por todo o Brasil, esses fóruns tinham como objetivo discutir

sobre a EJA. Assim a historia da EJA começa a ser publicada em um Boletim da

Ação Educativa que socializa uma agenda de Fóruns e os relatórios das ENEJAs

(SOARES, 2004).

De 1999 a 2000 os fóruns começam a aparecer nas audiências do Conselho

Nacional de Educação para discutir as diretrizes curriculares para a EJA. Os Fóruns

contribuíram muito para a discussão, melhora e aprofundamento da EJA no país

(SOARES, 2004).

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2. Os marcos legais da Alfabetização de Jovens e Adultos

A Constituição Brasileira de 1988 traz sobre a EJA nos artigos:

- art. 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I- ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

- art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I- igualdade de condições de acesso e permanência na escola

- art. 3: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) em seu artigo 37 garante Educação a

Jovens e Adultos que não tiveram acesso, ou que interromperam os estudos no

ensino fundamental e médio na idade adequada. Assegura um ensino gratuito e

oportunidades educacionais considerando as características e interesses dos alunos

assim como as condições de vida e trabalho de cada um, através de cursos e

exames. Os governantes devem providenciar e estimular o acesso e a permanência

dos estudantes na escola por meio de ações e incentivos.

A proposta curricular para a educação de jovens e adultos é um documento

do qual a escola e os professor devem utilizar como base na elaboração de projetos

e propostas a serem desenvolvidas em âmbito escolar. E tem como objetivo

proporcionar um auxílio que oriente a preparação de programas de Educação de

Jovens e Adultos e também o fornecimento de materiais didáticos e a formação de

educadores a ela destinados. Deve ser considerado a dimensões social, ética e

política dos alunos.

A ideia da Educação Popular, referência importante na EJA, enfatiza o valor

educativo do diálogo e da participação, o estudante como sujeito portador de

saberes, que devem ser reconhecidos.

Em 21 de janeiro de 1964, foi instituído o Programa Nacional de

Alfabetização. O artigo 1° da Lei que o criou determinava que os trabalhos seriam

realizados utilizando-se o método de Paulo Freire, sendo o Programa coordenado

pelo próprio professor.

Em 1971 com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei nº 5.692/71 é

implantado o Ensino Supletivo, onde foi dedicado um capitulo para a Educação de

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Jovens e Adultos sendo reconhecida como um direito de cidadania e um grande

avanço para a EJA no Brasil.

O MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado

para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. O programa é uma oportunidade

de ingresso à cidadania e do interesse pela acréscimo da escolaridade. O Brasil

Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com prioridade no

atendimento a municípios que exibem alta taxa de analfabetismo. Tem como

objetivo promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos ou mais,

adultos e idosos e colaborar para a universalização do ensino fundamental no Brasil.

Sua visão conhece a educação como direito humano e a oferta pública da

alfabetização como porta de entrada para a educação e a escolarização das

pessoas ao longo de toda a vida. Sua ação e apoiar e financeiramente os projetos

de alfabetização de jovens, adultos e idosos apresentados pelos estados, municípios

e Distrito Federal.

3. A contribuição de Paulo Freire para a Alfabetização de Jovens e Adultos

O educador Paulo Freire começou a sistematizar seu método de ensino para

a educação de jovens e adultos no final de 1950. Freire era um dos fundadores e

diretores do Serviço de Extensão Cultura da Universidade do Recife e por meio

deste cargo constituiu os primeiros estudos de um novo método de alfabetização,

que foi divulgado em 1958 e apresentado em 1962.

A primeira tentativa da utilização do método teve início na cidade de Angicos,

no Rio Grande do Norte em 1962, com a participação de 300 trabalhadores que

foram alfabetizados em 45 dias. Com o sucesso do método de Freire surgiram vários

movimentos e programas de educação em diversos lugares do país.

Para Freire, a educação é o componente necessário para que a população

adquira o conhecimento para uma possível transformação politica na sociedade. Seu

método tem como meta que uma alfabetização fosse além da técnica, deixando de

ser automática e tomando-se fonte de conscientização e democracia da cultura, que

oferecesse aos cidadãos um conhecimento crítico ao mesmo tempo em que estão

sendo alfabetizados (FREIRE, 2005). Para Freire:

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A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 2006 p. 11).

A alfabetização de adultos não pode ser apenas a memorização de silabas,

palavras ou frases, mas principalmente a reflexão crítica sobre o processo de ler e

escrever em um contexto significativo de compreensão da linguagem e da leitura de

mundo.

O método de Freire para a alfabetização deve partir de palavras e temas

geradores, com isto os educadores devem conhecer e considerar a identidade

cultural dos alunos, pois essa cultura era dada como essencial no processo de

aprendizagem dos educandos, sendo utilizado como ponto de partida para o alcance

de novos conhecimentos (FREIRE, 2005).

Freire (2005) afirma que o indivíduo se torna alfabetizado quando consegue

ter uma postura para intervir sobre o meio em que vive. Por isso, o educador deve

sempre conversar com o educando a respeito de situações existente em seu

cotidiano, para que assim o aluno consiga pensar, discutir, argumentar e procurar

solucionar os problemas existentes em seu meio social. Assim, cabe ao professor

trazer para os momentos de aprendizagens aspectos da cultura dos alunos devendo

estimula-los a serem críticos e participativos na sociedade em que estão inseridos.

Neste contexto, o educador deve sempre guiar os educandos para a reflexão

coletiva e estimular a análise critica da realidade. Assim, pode ser oferecida aos

adultos uma educação que possa possibilitar o pensamento crítico bem como, seu

papel na sociedade, fazendo com que reflitam sobre suas possíveis ações,

permitindo perceber e desenvolver o seu papel social, seus direitos e deveres

perante a comunidade em que vive (FREIRE, 2005).

Para Freire (2005), a educação de adultos proporciona a transformação de

uma consciência ingênua para uma consciência critica. Assim o método valorizou a

conscientização da população sobre a realidade brasileira e destacou a importância

do processo de educação ser de forma dialógica, onde o diálogo é uma ação

humana de interação e não de submissão (FREIRE, 1975).

Segundo Freire (2005), o diálogo exige humildade, amor, fé, esperança e

confiança. Existe diálogo quando estes elementos se relacionam e permite

aprendizagem para ambos os sujeitos envolvidos no processo dialógico.

11

Portanto, a alfabetização e o letramento de pessoas jovens e adultas precisa

ser uma educação dialógica, trazendo problemas presentes nas realidades sociais,

às condições políticas dos alunos em seu contexto real, possibilitando uma ação

crítica de compreensão e prática de uma leitura da palavra conectada a uma leitura

de mundo.

Paulo Freire colabora significativamente com a educação de jovens e adultos

exibindo uma inovação na alfabetização da EJA com a valorização da cultura e do

indivíduo como ser participante no processo da construção do conhecimento. Cada

pessoa desempenha e faz parte da elaboração de uma sociedade democrática.

Freire deixa uma herança para todos os educadores com iniciativa e

consciência de uma pedagogia popular na qual o ato educativo deve revelar uma

educação transformadora da sociedade e confiante na ação pedagógica para a

independência do indivíduo.

No pensamento freiriano, o aluno ao fazer uma leitura crítica de sua realidade,

se tornar capaz de entender os seus direitos e deveres, de se torna independente, e

um processo lento, mas futuramente o sujeito se tornara capaz de resolver seus

problemas, criticar, buscar soluções, e viver na realidade social, politica e econômica

em que se está inserido

Para freire o processo de alfabetização a leitura do mundo antecede a leitura

das palavras, assim os alunos precisam entender a realidade em que estão

inseridos, conversando e pensando a respeito de si mesmos e de tudo o que esta ao

seu redor. O professor ligado a educação popular inicia sua aula partindo de uma

roda de conversa, começando um discurso para que os alfabetizandos possam falar

de forma crítica e emancipadora sobre o seu contexto sociocultural. Partindo desse

processo, os educandos serão capazes de realizar uma releitura de sua existência e

recuperar através da linguagem os seus conhecimentos transformando seu saber,

pelo meio de sua experiência de vida em produções de texto.

O diálogo ente educador e educando é essencial para o processo de ensino

aprendizagem, pois é através dele que se constroem uma relação de confiança

entre professor e aluno. Proporciona também o conhecimento a troca de saberes e

estimula o aluno a querer aprender sempre mais. Não se consegue fazer um diálogo

sozinho, pois resulta em uma educação bancária que o aluno apenas escuta e nele

é depositado o conhecimento. Neste sentido, Freire (2005) diz que a alfabetização

não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de

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dentro para fora, pelo próprio educando e apenas com a colaboração do educador.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se entre

si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2005. p. 78.).

Assim a edificação da relação entre educador e educando se concretiza

quando no processo ensino-aprendizagem o professor faz com que o aluno sinta

que faz parte deste mundo letrado de maneira critica e emancipatória.

4. As práticas sociais de leitura e escrita

Ser alfabetizado hoje em dia tem se mostrado pouco para acompanhar as

demandas da sociedade atual. Saber ler e escrever de forma mecânica não garante

a interação dessa pessoa no meio social é preciso saber mais do que apenas

reconhecer sons e letras, tem que compreender os significados e os usos das

palavras nos contextos distintos.

No Brasil em 1990 começa a usar o termo analfabeto funcional que é

destinado aos indivíduos que apenas sabem ler e escrever, sem conseguir fazer uso

da leitura e da escrita, foi a partir daí que os pesquisadores sentiram a necessidade

do conceito de letramento.

Alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever e letrado é aquele que sabe ler

e produzir textos, dos mais variados gêneros e temas, aquele que compreende o

significado do que esta sendo lido. Assim na sociedade letrada não a espaço para

os analfabetos, pois acabam sendo prejudicados e encontram dificuldades para

disfrutar dos benefícios que a cultura escrita proporciona.

O letramento inicia-se muito antes da alfabetização, ou seja, quando uma

pessoa começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo

social. Como afirma Freire (1989. p.11-12),

[...] A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

O letramento entra no meio acadêmico para tentar dividir os estudos sobre o

impacto social da escrita dos estudos sobre a alfabetização, cujas conotações

13

escolares destacam as competências individuais no uso na prática da escrita

(KLEIMAN, 1995).

Soares (2006), lembra que quando a escrita e introduzida a um individuo, ela

traz diversas consequências a esta pessoa e também ao grupo social em que ela

esta inserida, assim quando aprende a ler e escrever se torna alfabetizado e adquiri

novos conhecimentos nas praticas sociais de leitura e escrita, onde passa a sofrer

os efeitos sociais, culturais, linguísticos, cognitivos, econômicos e como

consequência muda-se o modo de pensar, agir e viver na sociedade.

Soares lembra ainda que uma pessoa pode ser analfabeta e de certa forma

ser letrada, pois este indivíduo, pode se encontrar em uma situação de vida em que

a leitura e a escrita esteja muito presente em seu cotidiano, e demonstrar interesse

em que alguém leia para ele uma carta, cartaz, jornal, revista, avisos e placas. Ele

se encontra envolvido nas praticas sociais de leitura e escrita. Portanto, as grandes

maiorias dos jovens e adultas que ainda não foram alfabetizados são de certa forma

letrados, pois ao longo da vida foram adquirindo conhecimentos através da leitura de

outras pessoal.

5. A compreensão de letramento da Alfabetização de Jovens e Adultos

Na atualidade ser alfabetizado tem se mostrado pouco para atender

apropriadamente as exigências da sociedade Há algum tempo atrás era suficiente

que os indivíduos soubessem apenas assinar o nome ou escrever um bilhete

simples, mas nos dias de hoje ler e escrever de forma mecânica não garante a

inserção dessas pessoas no convívio social.

O termo letramento surgiu a partir da palavra inglesa “literacy” que significa

letrado, pela necessidade de uma nova realidade social, onde além de ser exigido o

domínio da leitura e da escrita deve também fazer o uso adequado e constante de

ambos. Kleiman (2005), diz que o letramento não é alfabetização, mas que são

integrados.

Para Soares (2010), o surgimento desse novo termo e devido à precisão que

a sociedade tem para nomear coisas e objetos para que só assim possam realmente

existir. Contudo, a palavra letramento aparece para diferenciar os indivíduos que não

conseguem fazer o uso correto da leitura e da escrita dos que conseguem

14

corresponder às características exigidas pela sociedade onde solicita o uso das

praticas da leitura e da escrita no cotidiano das pessoas.

Nos anos 70 a organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e

a Cultura (UNESCO) recomendou que os alunos que somente conseguem ler e

escrever sem que consigam fazer o seu uso no cotidiano seja denominado

“analfabetismo funcional” porem somente nos anos 90 a expressão começou a ser

utilizada pela sociedade. Segundo Soares (1998),

À medida que o analfabetismo vai sendo superado, que um número cada vez maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia; não basta aprender a ler e escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com práticas sociais de escrita.

O letramento esta relacionado com o uso da leitura e da escrita na vida social,

e será mais bem aproveitado se o indivíduo que estiver sendo alfabetizado tenha

uma pratica diária e real do que se esta aprendendo. De acordo com Tfoouni (2006).

[...] não se restringe somente àquelas pessoas que adquiriram a escrita, isto é, aos alfabetizados. Buscam investigar também as consequências da ausência da escrita a nível individual, mas sempre remetendo ao social mais amplo, isto é, procurando, entre outras coisas, ver quais características da estrutura social tem relação com os fatos. Pois, a ausência tanto quanto a presença da escrita em uma sociedade são fatores importantes que atuam ao mesmo tempo como causa e consequência de transformações sociais, culturais e psicológicas às vezes radicais.

Para Soares (2010), letrar é mais que alfabetizar é ensinar a ler e escrever

dentro de um contexto onde tenham sentido e faça parte do dia a dia dos alunos não

basta apenas formar palavras é preciso compreender o que se lê, assimilar

diferentes tipos de textos e constituir relações entre eles.

Soares (2010), vai além e diz que um adulto pode ser analfabeto e de certa

forma ser letrado, onde o individuo não aprende a ler nem escrever mas utiliza a

escrita para escrever uma carta através de uma pessoa alfabetizada onde ele dita o

texto e a outra pessoa escreve. Assim ele demostra que conhece de alguma forma

as estruturas e funções da escrita, esse indivíduo não possui as técnicas de

15

decodificação das letras e sons, mas possui certo grau de letramento em decorrer

das experiências de vida.

Os professores precisam tornar os estudantes capazes de compreender que

para ler e escrever de verdade precisa ir além de decodificar sons e letras, mostrar

que devem ser capazes de usar essa aprendizagem no cotidiano para atender as

exigências da sociedade.

A tarefa de alfabetizar letrando significa contribuir para que os alunos estejam

preparados para utilizar qualquer tipo de linguagem em vários tipos de situação,

assim desenvolvendo capacidade, habilidade e desempenho de escrita e leitura das

palavras e do mundo.

Vale lembrar que o letramento não é de responsabilidade exclusiva do

professor de Língua Portuguesa, mas sim de todos os educadores que trabalham

com a turma, e importante que os educadores consigam inserir os alunos em

diferentes ambientes que os levem ao letramento como a musica, dança, teatro,

pintura entre outras, para que assim possibilitem os alunos a terem diferentes tipos

de aprendizagem.

É de responsabilidade dos educadores transformar o aluno alfabetizado em

um indivíduo letrado, este processo é realizado através de vários incentivos como

utilizar diversos tipos de leitura, o uso de atividades de interpretação e compreensão

de texto, variar nas fontes de leitura como revistas, livros, jornais entre outras fontes

de informação escrita.

Assim no processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita deve-se

ensinar aos alunos que o letramento não é a analise da língua portuguesa, mas sim

o seu uso em deferentes contextos e se adequando a diversas situações de

comunicação.

Kleiman (2005, p.16), diz que o letramento é complexo, e envolve muito mais

do que só habilidades, envolve também várias capacidades e conhecimentos, e

alguns nem tem essencialmente relação com a leitura e a escrita, mas sim com a

leitura de mundo, assim afirma que o letramento e iniciado antes mesmo da

alfabetização, pois quando uma pessoa começa a interagir socialmente com outra

pessoa ou com a comunidade utilizando as práticas sociais de letramento.

Para Soares (2010), o nível de letramento está basicamente relacionada às

condições sociais, culturais e econômicas da população, e é imprescindível que

antes de falarmos sobre letramento escolar temos que primeiramente criar

16

condições para que o letramento aconteça, disponibilizando recursos e materiais de

leitura proporcionando aos jovens e adultos condições reais para aprenderem a ler e

escrever bem como, a utilizar tais conhecimentos em seu cotidiano.

Para Soares (2010), o letramento foca em duas dimensões: a individual e a

social. Na dimensão individual o letramento é visto como uma característica pessoal,

onde o indivíduo tem a competência de ler e escrever. Já na dimensão social o

letramento é visto como um elemento cultural, onde existem diversos

acontecimentos sociais que utilizam a língua escrita. Não podemos arriscar analisar

o letramento como um atributo que o indivíduo tem ou não tem, temos que tentar

identificar a prática real das capacidades de leitura e de escrita assim como a

constância do uso social dessa habilidade, para que assim possamos medir os

níveis de letramento, e não facilmente avaliar o nível básico de ser capaz de ler e

escrever.

6. Análise de dados: A perspectiva do letramento na Alfabetização de Jovens e

Adultos em na escola pública pesquisada

Para a realização dessa pesquisa, foram entrevistados 5 professores, 2 do

primeiro segmento 3 do segundo segmento da EJA e 100 alunos. Os professores

participaram separadamente de uma entrevista onde responderam 9 perguntas e os

alunos um questionário com 10 perguntas de múltipla escolha.

A primeira pergunta foi: Qual a sua formação acadêmica? Todos são

formados em pedagogia. E a segunda pergunta “Você possui algum curso de

especialização e/ou curso específico para trabalhar nesta modalidade de ensino?”

Os professores A, C e D tem especialização em educação de jovens e adultos, o

professor B em ensino especial e o professor E, em psicomotricidade.

A formação do professor deve ser um processo contínuo, como diz Paulo

Freire (1996, p.50) ensinar exige consciência do inacabamento. Segundo Nóvoa

(1997, p.26): “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços

de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar,

simultaneamente, o papel de formador e de formando.”.

Afirma ainda Nóvoa (1992), que a formação pode estimular o

desenvolvimento profissional dos professores em sua independência da profissão

17

docente. Portanto, devemos considerar o profissional competente e suas habilidades

de formular respostas às situações problema que requerem decisões difíceis.

Terceira pergunta: Quanto tempo trabalha com a Educação de Jovens e

Adultos? Os professores A, D e E já trabalham com esse modalidade de ensino a

mais de 10 anos e os professores B e C há 5 anos. Todos os professores disseram

que se sentem realizados em seu trabalho, os professores B,D e E acrescentaram

também que é uma grande troca de experiência e que os alunos em sua maioria são

interessados.

Pedro e Peixoto (2006, p. 248), afirmam que a relevância e o interesse

profissional dos professores surgem pelo fato de a ela aparecerem associadas

variáveis tão importantes como a autoestima, o bem-estar físico e mental, a

motivação, o empenho, o envolvimento, o estresse, o abandono, o sucesso, a

realização profissional dos professores”.

Jesus (1996), considera que a natureza do trabalho em si, os aspectos

intrínsecos ao trabalho, sobretudo os decorrentes do processo de ensino-

aprendizagem, quando significativos gratificantes, bem como os fatores afetivos e

humanos, estão essencialmente ligados à satisfação dos professores. Jesus (1996),

considera ainda que o professor motivado e realizado tende também a ter alunos

motivados e ativos.

Quarta pergunta: Quais as dificuldades enfrentadas com a EJA? Todos os

docentes concordaram que a maior dificuldade da educação de jovens e adultos é a

falta de recursos e de materiais como livros didáticos adequados para os adultos.

Os materiais servem basicamente ao aluno e devem ser utilizadas como

referência para fazer comparações, corrigir conceitos e estimular o interesse dos

alunos. Uma de suas funções principais é auxiliar o aluno, possibilitando a

concretização dos conteúdos estudados e assim, a construção do conhecimento

(SCHMITZ, 1993).

A eficácia de um material dependerá da interação entre ele e o aluno,

portanto cabe ao professor estimular a atenção, receptividade e a participação ativa

dos alunos (PILETTI, 2000).

Sendo assim, os materiais didáticos podem colaborar para a melhoria na

qualidade de acolhimento à EJA e para a aprendizagem dos alunos.

Quinta pergunta: Quais as dificuldades que você percebe que os alunos da

EJA enfrentam? Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos alunos da EJA

18

segundo os cinco professores entrevistados foi a falta de tempo para poderem se

dedicar aos afazeres escolares, pois a grande maioria dos alunos trabalha o dia

todo. O professor A destacou também que a maioria tem dificuldade para aprender.

Bossa (2000), diz que ao se preocupar com o problema de aprendizagem,

deve se atentar primeiramente ao ‘processo de aprendizagem’. Assim, devemos

prestar atenção no como se aprende, como essa aprendizagem varia

evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as

alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e ‘preveni-las’.

Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia que ocorre desde o início da vida. A aprendizagem é um processo fundamental, pois todo indivíduo aprende e, por meio deste aprendizado, desenvolve comportamentos que possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem (PORTO, 2009, p. 42).

Sexta pergunta: Qual o seu maior desafio em sala de aula? Os cinco

professores disseram que a dificuldade é conseguir que os alunos assimilem os

conteúdos, os professores B, C e E acrescentaram que a interpretação de texto, a

dificuldade em compreender os comandos das atividades, a leitura e a escrita

também são desafios que precisam encarar todos os dias em sua sala de aula.

De acordo com Klein (2003), o ensino da língua escrita tem por finalidade

transformar o estudante em um falante, leitor e escritor competente. Com o objetivo

de tornar o aluno capaz de se expressar oralmente e por escrito com clareza e

objetividade, bem como ler e interpretar com facilidade.

Sétima pergunta: Como você procura conhecer o aluno e se interagir com

cada um? O professor A, B, D e E, utiliza a roda de conversa e as dinâmicas para

conhecerem melhor os seus alunos e sua história de vida, para que possam

respeitar os limites de cada um. O professor C, disse que sempre que inicia o ano

ele pede para que os alunos façam um relato de suas vidas colocando expectativas

pessoais, onde e como querem chegar, e ao longo do ano conversam sobre o dia a

dia.

Demo (2002), diz que o professor deve se interessar por cada alunos

individualmente, buscando conhecer suas motivações e seus contextos culturais,

estabelecendo com eles um relacionamento de confiança mútua, tranquila. Trata-se

19

sempre de aprender junto, onde a experiência do aluno será sempre valorizada. O

que se aprende na escola deve aparecer na vida. Segundo Lopes (2205, p.2):

É papel do professor, especialmente do professor que atua na EJA, compreender melhor o aluno e sua realidade diária. Enfim, é acreditar nas possibilidades do ser humano, buscando seu crescimento pessoal e profissional.

Oitava pergunta: Explique a(s) sua(s) metodologia(s) de ensino e forma de

avaliação sobre o letramento? Os professores responderam que a metodologia esta

ligada a realidade do aluno e são avaliados através de trabalhos com tema gerador

como propõe Paulo Freire, os professores B e E completaram dizendo que os

conteúdos são materializados, sistematizados e ajustando a realidade dos alunos.

Nona pergunta: Como você trabalha o letramento com os alunos? Todos os

professores disseram que procuram trabalhar com conteúdos integrados com a

realidade vivenciada pelos alunos, utilizar tarefas e exercícios em sala de aula para

fixar os conteúdos, a leitura e a escrita de textos, frases e relatos. Freire (1999, p.

51), afirma que:

A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando seu mundo. Vai dominando a realidade. Vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura.

Freire (2009), diz que os temas geradores devem ser, não só entendidos, mas

pensados, para que ocorra a tomada de consciência dos sujeitos sobre eles. Mais

do que palavras, os temas são objetos de conhecimentos que deverão ser

interpretados e representados pelos aprendizes. Ainda segundo Freire (2009), os

temas geradores podem assumir caráter universal, ou temas mais peculiares,

denominados também de situações-limites.

Foi aplicado um questionário para 100 alunos da instituição em que estudam

no EJA sendo 20 de cada sala. Responderam um questionário de 10 perguntas de

múltipla escolha. Os alunos que tiveram dificuldades para responder foram

auxiliados por mim e pelos professores. Houve a devolução dos 100 questionários.

20

Na primeira questão foi perguntada qual a idade dos participantes, 20% tem

entre 18 a 25 anos, 22% tem entre 26 a 35 anos, 37% tem entre 36 a 50 anos e 21%

tem acima de 50 anos.

Na segunda questão foi perguntado “Qual motivo que o levou a abandonar os

estudos?” 30%responderam que foi o trabalho, 17% casamento, 25% reprovação,

8% não gostavam da escola, 7% desinteresse e 6% para cuidar dos filhos.

De acordo com Oliveira (2012, p.05 apud Campos 2003), os motivos para o

abandono escolar podem ser explicados a partir do momento em que o aluno deixa

a escola para trabalhar; quando as condições de ingresso e segurança são

precárias, os horários incompatíveis com as responsabilidades que se são obrigados

a assumir; evadem por motivo de vaga, de falta de professor, da falta de material

didático e também abandonam a escola por considerarem que a formação que

recebem não se dá de forma significativa para eles.

Um fator impediente relacionado ao desinteresse dos jovens estudantes do

são as consecutivas reprovações, que têm significativo peso na decisão de continuar

ou não os estudos, pois, geralmente, a repetência é seguida pelo abandono escolar

(LOPEZ; MENEZES, 2002, p.26).

Terceira pergunta “O que lhe motivou a voltar a estudar?” 62% responderam

que foi devido ao mercado de trabalho que esta exigente, 28% pelo incentivo da

família e amigos e 10% para elevar a autoestima.

Quarta pergunta “Como você se sente na sala de aula?” 30% se sentem

muito satisfeito (a), 32% com dificuldades 11% Indiferente e 27% inseguros com os

conteúdos estudados.

Oliveira (1996), averiguando os processos de alfabetização de jovens e

adultos, avalia que o retorno escolar é um marco decisivo na retomada do

conhecimento, libertando-os da marca do analfabetismo e dos sentimentos de

inferioridade.

Ceratti (2008), afirma que uma parte significativa da população que abandona

a escola após um tempo reconhece a falta de conhecimento e/ou ensino em suas

vidas, retornando deste modo a escola.

De acordo com Souza (1994) as emoções e as esperanças destes jovens e

adultos depois de vivenciarem um tempo longe da escola e retornarem percebem

que a escola é algo essencial para suas vidas e também um meio para a ascensão

social

21

Oliveira (1996), coloca que o retorno à escola “significa um marco decisivo no

restabelecimento dos seus vínculos com o conhecimento escolar, libertando-os do

estigma do analfabetismo e dos sentimentos de inferioridade” (OLIVEIRA, 1996, p

25).

Quinta pergunta “Já sentiu preconceito de não ser alfabetizado?” 55% dos

alunos responderam que sim, que em algum momento da vida já se sentiram

excutidos socialmente por não serem alfabetizados, e 45% disseram que não. Freire

(1999, p.4) diz:

A educação como prática de liberdade, ao contrario daquela que é a pratica da dominação implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens.

O indivíduo alfabetizado é muito importante em nosso dia a dia, pois a

sociedade em que estamos inseridos nós exige certo grau de entendimento não

somente para o mercado de trabalho, mas á necessário de aprender a ler e escrever

torna-se importante para tantas outras coisas como para o simples fato de fazer

compras, pegar um ônibus, telefonar. Ler e escrever são uma necessidade de

todos, independente da idade, sexo, raça, etnia ou grupo social.

Sexta pergunta “Qual o grau de instrução das pessoas com que convive

diariamente?” 7% responderam que são analfabeto, 21% ensino fundamental I 1º ao

5º ano, 19% ensino fundamental II 6º ao 9º ano, 41% ensino médio e 22% ensino

superior.

Sétima pergunta “Quais as suas maiores dificuldades hoje na sala de aula da

EJA?” 20% tem dificuldade em ler, 22% em escrever, 17% em Cálculo e 41% em

interpretação de textos.

Oitava pergunta “Você já tinha estas dificuldades nas séries anteriores?” 52%

responderam que sim, 22% que não e 26% disseram que já tinham um pouco de

dificuldade.

Freire (2005), diz a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como

uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio educando e

apenas com a colaboração do educador.

22

Nona pergunta “A professora tem alcançado as suas expectativas?” 73% dos

alunos disseram que sim, 22% que não e 18% que alcançaram um pouco. Vieira e

Jesús (2008, p.2) afirmam que:

Destarte, na educação escolar, sobretudo na EJA, o professor não pode operar no vazio. Sabendo-se que os alunos trazem consigo um conjunto de saberes históricos, valores culturais e políticos, crenças, atitudes, comportamentos adquiridos ao longo de suas vidas, nos diversos espaços, a metodologia de trabalho requer um diálogo permanente entre os diversos saberes, o debate de diferentes concepções, análise, síntese e produção de novos conhecimentos.

Freire (1996), diz que o educador deve partir das percepções do aluno, seja

ela qual for, pois partindo dos níveis de percepções e linguagem do mesmo e não da

nossa, procuramos, com eles, atingir um nível de compreensão e expressão da

realidade mais rigorosa.

Décima pergunta “Quais suas expectativas para quando concluir a EJA?” 29%

querem conquistar um emprego melhor, 53% cursar uma faculdade e 18% fazer um

curso técnico. Assim 71% dos alunos que estudam na escola pesquisa pretendem

continuar estudando quando concluírem a EJA.

Conclusão

Com esta pesquisa, verifiquei que os jovens e adultos que não tiveram acesso

à educação e que por vários motivos abandonaram os seus estudos alguns chegam

a fazer as matrículas, mas não conseguiam manter-se estudando, enfrentavam

dificuldades de permanência e aumentando os índices de evasão.

Através de uma entrevista realizada com cinco professores de uma escola

pública do DF, foram destacadas algumas dificuldades enfrentadas na educação de

jovens e adultos da realidade pesquisada, como a falta de recursos adequados para

esse segmento de ensino. Destacaram ainda a falta de tempo e dedicação aos

estudos e a dificuldade de assimilação, interpretação, escrita e leitura dos

estudantes.

Através de um questionário realizado com 100 alunos que estudam no

primeiro e segundo segmento da educação de jovens e adultos da instituição

pesquisada, pude perceber que a grande maioria está em busca de melhoria de vida

por meio dos estudos, 71% dos participantes pretendem cursar uma faculdade ou

23

um curso técnico no futuro. Porém eles mesmos destacam que a interpretação, a

leitura e a escrita ainda são suas maiores dificuldades para concluir a educação

básica.

A pesquisa conclui que a educação de jovens e adultos deve ser uma

educação em que a alfabetização e o letramento andem juntos, transformando os

estudantes jovens e adultos em seres pensantes, trazendo problemas presentes na

realidade social e considerando às condições políticas dos alunos em seu contexto

real, possibilitando uma ação crítica de compreensão e prática de uma leitura da

palavra conectada a uma leitura de mundo.

Pude compreender que o letramento está totalmente inserido na educação de

jovens e adultos da escola pesquisada, que os professores se dedicam a utilizar em

suas aulas uma metodologia que prioriza o letramento, para que assim estes

indivíduos possam adquirir a capacidade para usar a leitura e a escrita em seu

cotidiano seja para solucionar problemas ou buscar informações. Assim o letramento

auxilia no ensino para ajudar a formar cidadãos críticos e pensantes para poderem

ser participativos na sociedade em que estão inseridos.

Percebi que o diálogo é algo que faz toda a diferença neste segmento de

ensino, pois tanto os professores quanto os alunos destacaram que o diálogo entre

educador e educando é essencial para o processo de ensino e aprendizagem, pois é

através dele que se constrói uma relação de confiança entre professor e aluno. O

diálogo proporciona também o conhecimento e a troca de saberes e estimula o

aluno a querer aprender sempre mais.

24

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27

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ALUNO (A)

QUESTIONÁRIO ALUNO (A):

1) Qual sua idade? ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 50 anos ( ) acima de 50 2) Qual motivo que o levou a abandonar os estudos? ( ) Trabalho ( ) Casamento ( ) Reprovação ( ) Mudança de cidade ( )Não gostava da escola ( )Desinteresse ( )outros. Qual?________________ 3) O que lhe motivou a voltar a estudar? ( ) Mercado de trabalho ( ) Incentivo de familiares ( ) Auto estima ( ) Outros. Qual _____________ 4) Como você se sente na sala de aula ? ( ) Muito satisfeito(a) ( ) Com dificuldades ( ) Indiferente ( ) Inseguro com os conteúdos estudados ( ) Outras. Qual?_______________ 5) Já sentiu preconceito de não ser alfabetizado? ( ) Sim ( ) Não 6) Qual o grau de instrução das pessoas com que convive diariamente? ( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental I 1º ao 5º ano ( ) Ensino Fundamental II 6º ao 9º ano ( ) Ensino Médio ( ) Ensino superior

7) Quais as suas maiores dificuldades hoje na sala de aula da EJA? ( ) Ler ( ) Escrever ( ) Cálculo ( ) Interpretação de textos ( ) Outros. Qual? __________________________________________ 8) Você já tinha estas dificuldades nas séries anteriores? ( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco 9) A professora tem alcançado as suas expectativas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco 10) Quais suas expectativas para quando concluir a EJA ( ) Conquistar um emprego melhor ( ) Cursar uma faculdade ( ) Fazer um curso técnico ( ) Outro. Qual? ___________________________________________________

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APÊNDICE B - PERGUNTAS DA ENTREVISTA (EDUCADOR)

PERGUNTAS DA ENTREVISTA (EDUCADOR)

1- Qual a sua formação Acadêmica?

2- Você possui algum curso de especialização e/ou curso específico para trabalhar nesta modalidade de ensino?

3- Quanto tempo trabalha com a Educação de Jovens e Adultos?

4- Quais as dificuldades enfrentadas com a EJA?

5- Quais as dificuldades que você percebe que os alunos da EJA enfrentam?

6- Qual o seu maior desafio em sala de aula?

7- Como você procura conhecer o aluno e se interage com cada um?

8- Explique a(s) sua(s) metodologia(s) de ensino e forma de avaliação sobre o

letramento?

9- Como você trabalha o letramento com os alunos?