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Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o exemplo das expedições Agassiz (1899) e Stanford (1911) ao Brasil. Almir Leal de Oliveira [email protected] Universidade Federal do Ceará Introdução: O trabalho de pesquisa com coleções biológicas (botânica, zoológica e paleontológica) é um grande desafio para o pesquisador da história da ciência. Os historiadores estão pouco habituados a trabalhar registros não escritos em suas pesquisas. Por mais que tenhamos avançado na análise de objetos da cultura material, como no caso de instrumentos científicos, a investigação histórica é muito ligada às fontes escritas. Por um outro lado entendemos que os objetos, as imagens, gestos e práticas sociais estão repletos de significados historicamente construídos e que podem ser objetos e fontes para a indagação. O estudo de coleções zoológicas datadas no tempo, compondo acervos de história natural em museus ao redor do globo é inegavelmente um bom exemplo disso. Fazer perguntas a pequenos animais, coletados a mais de um século, e ouvir respostas que possam ser evidências de uma prática social do conhecimento é uma tarefa difícil e cheia de obstáculos. Transformar este diálogo entre o historiador e estas evidências em história escrita é uma proposta que deve ser levada em consideração. As dificuldades que se apresentam ao pesquisador de coleções científicas são de várias ordens, desde a identificação da origem desse tipo de material empírico, de como ele foi coletado, analisado e disposto nos museus de história natural ao conteúdo científico que podemos atribuir a essas coleções. O desafio aumenta quando se trata de material coletado em um tempo distante, uma vez que estas coleções transitaram entre a coleta e a sua destinação final, por vezes, em diferentes instituições científicas e nem sempre foram preservados os elementos de sua catalogação e do seu trânsito. Além disso, é difícil o reconhecimento do conteúdo dos exemplares (minúsculos animais, pequenas plantas, etc.) exigindo o pesquisador recorrer ao conhecimento de outros campos disciplinares. Outro ponto importante é que a problemática científica que orientou a sua coleta e análise modificou-se com o decorrer do tempo. Sempre exigindo uma postura de inquietação, o

Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o

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Page 1: Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o

Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o exemplo das expedições Agassiz

(1899) e Stanford (1911) ao Brasil.

Almir Leal de Oliveira

[email protected]

Universidade Federal do Ceará

Introdução:

O trabalho de pesquisa com coleções biológicas (botânica, zoológica e paleontológica) é um

grande desafio para o pesquisador da história da ciência. Os historiadores estão pouco habituados a

trabalhar registros não escritos em suas pesquisas. Por mais que tenhamos avançado na análise de

objetos da cultura material, como no caso de instrumentos científicos, a investigação histórica é muito

ligada às fontes escritas. Por um outro lado entendemos que os objetos, as imagens, gestos e práticas

sociais estão repletos de significados historicamente construídos e que podem ser objetos e fontes

para a indagação. O estudo de coleções zoológicas datadas no tempo, compondo acervos de história

natural em museus ao redor do globo é inegavelmente um bom exemplo disso. Fazer perguntas a

pequenos animais, coletados a mais de um século, e ouvir respostas que possam ser evidências de

uma prática social do conhecimento é uma tarefa difícil e cheia de obstáculos. Transformar este

diálogo entre o historiador e estas evidências em história escrita é uma proposta que deve ser levada

em consideração.

As dificuldades que se apresentam ao pesquisador de coleções científicas são de várias

ordens, desde a identificação da origem desse tipo de material empírico, de como ele foi coletado,

analisado e disposto nos museus de história natural ao conteúdo científico que podemos atribuir a

essas coleções. O desafio aumenta quando se trata de material coletado em um tempo distante, uma

vez que estas coleções transitaram entre a coleta e a sua destinação final, por vezes, em diferentes

instituições científicas e nem sempre foram preservados os elementos de sua catalogação e do seu

trânsito. Além disso, é difícil o reconhecimento do conteúdo dos exemplares (minúsculos animais,

pequenas plantas, etc.) exigindo o pesquisador recorrer ao conhecimento de outros campos

disciplinares. Outro ponto importante é que a problemática científica que orientou a sua coleta e

análise modificou-se com o decorrer do tempo. Sempre exigindo uma postura de inquietação, o

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pesquisador que se dedica ao estudo de coleções biológicas depende de uma postura interdisciplinar

para poder desenvolver as suas reflexões.

Entretanto, cada vez mais o estudo das coleções vem despertando o interesse de

historiadores. Em primeiro lugar, porque as coleções de história natural são um registro de uma

prática científica do passado, mas não apenas isso. Elas também registraram e guardam em si,

importantes registros da biodiversidade e das mudanças ambientais pelas quais passamos. Se para as

ciências da vida as coleções biológicas podem ser utilizadas na pesquisa genética, ecológica,

evolutiva, etc. para o historiador da ciência elas são registros de um conhecimento acumulado ao

longo do tempo e que podem oferecer importantes evidências históricas de como diferentes campos

disciplinares se constituíram com problemáticas específicas, inovações metodológicas, enfim, toda

uma historicidade do conhecimento e das suas apropriações sociais e culturais. Além disso, investigar

evidências empíricas do mundo natural pode oferecer ao historiador da ciência uma chance de diálogo

com outros campos disciplinares, além de abrir novas oportunidades para o saber histórico se

posicionar diante de questões ambientais e ecológicas contemporâneas. Esta comunicação pretende

ir nesta direção.

1- Expedições e o trabalho de campo: as viagens de campo de John Casper Branner

ao Brasil:

O objetivo deste trabalho de pesquisa é apresentar elementos metodológicos utilizado no

trabalho de análise de coleções zoológicas de duas expedições ao Nordeste do Brasil na virada do

século XIX para o século XX. Trata-se da Branner-Agassiz Expedition (1899) e da Stanford

Expedition to Brazil (1911), ambas coordenadas pelo geólogo norte-americano John Casper Branner

(1851-1922), professor de geologia da Universidade de Stanford, na Califórnia.

As duas expedições podem ser entendidas como experimentos de campo, uma vez que

tinham um problema definido e hipóteses de trabalho. Elas visavam sobretudo investigar a formação

geológica do litoral do Nordeste a partir de uma problemática evolutiva. Branner estava preocupado

com a origem geológica do litoral, conhecida na geomorfologia do litoral brasileiro como formação

barreira, que caracteriza principalmente o litoral da região Nordeste, onde ele procurava evidenciar a

particular formação dos recifes deste litoral.

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Branner era um pesquisador de campo que tinha uma larga experiência no Brasil. Ele estivera

no aqui a primeira vez em 1874, como assistente de Charles Friederick Hartt (1840-1878), quando

era ainda estudante de geologia na Universidade de Cornell. Em seguida ele trabalhou como geólogo

assistente da Comissão Geológica do Império (1875), quando percorreu o litoral do Nordeste. Nesta

ocasião ele passou dois meses em Fernando de Noronha. Em 1876 Branner trabalhou em uma mina

de ouro em Minas Gerais, como assistente de engenheiro. Familiarizou-se neste período com a

geologia econômica de minas e com o estudo do Paleozoico. Ele retornou aos Estados Unidos, onde

se graduou em geologia (1882), retornando ao Brasil no ano seguinte quando viajou pela Amazônia

e pelo Nordeste, sempre fazendo trabalho de campo, seja estudando fibras vegetais, seja fazendo

estudos geológicos ou entomológicos.

A Branner-Agassiz Expedition (1899) foi planejada em Stanford e contou com a colaboração

de vários professores. Branner havia se integrado à universidade logo após a sua criação, em 1891. O

então presidente da Universidade, David Starr Jordan (1851-1931) era um contemporâneo de Branner

em Cornell e seu colega na Universidade de Indiana desde 1885, onde Branner recebeu seu título de

Ph. D. em geologia (1885) e instruía os alunos no trabalho de campo em geologia, botânica e zoologia.

Familiarizado com a metodologia científica de Jordan, Branner fez parte de um grupo de professores

que desenvolveram uma parceria em pesquisas de história natural. O grupo era liderado por Jordan,

mas também contava com vários pesquisadores de diferentes campos, como entomologistas,

fisiologiatas, ictiologistas, etc. Jordan era um reconhecido ictiologista em 1891. Em 1891 ele já era

considerado um dos maiores naturalistas especializado na identificação de peixes nos Estados Unidos.

Ele constituiu em Stanford um grupo de naturalistas que desenvolviam um trabalho colaborativo e

interdisciplinar de investigação zoológica caracterizado pela defesa do darwinismo, pela pesquisa de

campo, pela divisão dos trabalhos acadêmicos (de campo, laboratorial e de treinamento) e pela

perspectiva trabalho conjunto com outros pesquisadores e instituições. Estavam preocupados,

principalmente, com os estudos da especiação em animais marinhos. Liderados por ele o grupo era

constituído por Branner, Vernon Lyman Kellogg (1867-1937), professor de entomologia, Charles

Henry Gilbert (1859-1928), ictiologista, Harold Heath (1868-1951), professor de embriologia, além

de colaboradores ocasionais, como John Comstock (1849-1931) dentre outros, além de diversos

estudantes. Este grupo criou em 1892, um ano após a criação da universidade, a Hoppkis Marine

Station, a primeira estação de biologia marinha do Pacífico, inspirada na estação de Woods Holl, em

Massachusetts, criada sob inspiração de Louis Agassiz (1807-1873). Queremos destacar aqui que o a

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expedição de 1899 era uma atividade integrada com todo um ambiente científico e fazia parte de um

amplo programa de estudos da biologia marinha desenvolvido por estes professores. Ou seja, não era

uma expedição isolada de estudos naturalistas, mas representava uma atividade a mais de pesquisa de

campo associada a este programa.

A expedição havia sido financiada por Alexander Agassiz (1835-1910), filho de Louis

Agassiz e que tinha uma preocupação científica muito semelhante à do grupo de Stanford, sobre como

a vida marinha se comportava na sua distribuição geográfica e nos seus processos de especiação. O

próprio financiamento da expedição indica que havia uma profunda colaboração entre eles. Temos

poucas informações sobre a equipe que constituiu a expedição. Ao que parece foram apenas Branner

e dois estudantes: Arthur W. Greeley (1875-1904) e C. E. Gilman (?-?). Eles percorreram o litoral

entre Natal em Maceió entre junho e setembro de 1899, visitando estuários, pequenas baias, vilas de

pescadores e outras cidades da costa. Viajavam em pequenos barcos e faziam as suas coletas de campo

nos recifes da costa, mas também nas praias e lagoas. Ao lado de moradores locais, dormiam em

redes nas moradias de pescadores destas localidades. A maioria das informações do roteiro desta

expedição foram encontradas nos álbuns de fotografias feitas por Branner, todas identificadas, o que

nos possibilitou refazer o seu roteiro. A expedição ainda percorreu o estado da Bahia, entre a Ponta

de Areia, no município de Caravelas e o interior do estado, até a divisa com o estado de Minas Gerais,

pelo vale do rio Mucuri. Foi auxiliado pelo diretor da Estrada de Ferro Bahia-Minas, que forneceu

um trem especial para fazer as suas observações e coletas.

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FONTE: Branner-Agassiz Expedition to Brazil, 1899. Recifes de arenito e de corais em Mamanguape. Paraíba.

Courtesy of Department of Special Collections, Stanford University Libraries.

Por sua vez, a Stanford Expedition to Brazil foi realizada entre os meses de abril e julho de

1911. Faziam parte da expedição dois outros professores de Stanford, Edwin Chapin Starks (1867-?),

ictiologista e Harold Heath (1868-1951) fisiologista, além de Fred Baker (1854-1938), malacologista

e membro da San Diego Society of Natural History. A expedição teve quatro assistentes, todos

estudantes em Stanford. O objetivo da expedição era o de continuar a exploração da fauna marinha e

da geologia do litoral do Nordeste do Brasil. Diferentemente da expedição anterior, que explorou a

costa norte-sul deste litoral, em 1911 eles visavam explorar a costa leste-oeste, entre a cidade de Natal

e a foz do rio Amazonas. O grupo partiu de Nova York e fez as suas primeiras prospecções em Belém,

onde visitaram o Museu Paraense e mantiveram contato com Emília Snethlage (1868-1929), que

dirigia o museu. Desta visita resultou na doação pelo Museu de alguns espécimes aos membros da

expedição, que foram incorporados às coleções. Ainda em Belém o grupo realizou a compra de peixes

para as coleções no mercado da cidade. Eles não fizeram neste momento nenhuma coleta em campo

propriamente. Em seguida viajaram ao Ceará, onde coletaram espécies no litoral de Fortaleza.

Também fizeram uma viagem pelo interior até Quixadá, para coleta e observação geológica. Em

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seguida se dirigiram para Natal, a base da expedição. Nota-se que estiveram muito bem instalados,

inclusive participando de audiências com o presidente do estado e outras autoridades. O objetivo

inicial da expedição sofreu alterações sensíveis, e o objetivo inicial não foi realizado, pois queriam

retornar a Belém em um pequeno barco, fazendo paradas no litoral, mas não conseguiram um barco

capaz de percorrer o roteiro. Assim, dedicaram-se à coleta nos estuários, lagoas e rios da região de

Natal. Em junho o grupo se dividiu. Branner foi para a Bahia (Chapada Diamantina), onde tinha

interesses na compra de uma mina de diamantes, e depois visitou amigos no Rio de Janeiro, como

Orville (1851-1915) e Capistrano de Abreu (1853-1927). Fred Baker e um estudante retornaram a

Belém e de lá subiram o Amazonas até Manaus e o Madeira até Porto Velho e Bolívia. O restante do

grupo retornou aos Estados Unidos em julho.

FONTE: Stanford Expedition to Brasil, 1911. Mucuripe, Fortaleza, Ceará. Courtesy of Department of Special

Collections. Stanford University Libraries.

Esta expedição contou com o apoio financeiro e logístico de diversas pessoas. Em primeiro

lugar, do próprio Alexander Agassiz, que prometera a Branner financiar a viagem para que este

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pudesse completar suas pesquisas no litoral do Nordeste, mas a sua morte em 1910, frustrou os planos

de Branner. Outros financiadores foram convidados a participar, como o geólogo Richard Penrose Jr.

(1863-1931), assistente de Branner quando este dirigiu o serviço geológico do Arkansas, em 1887.

Penrose Jr. Era um dos maiores empresários em minas de ouro e cobre nos Estados Unidos no período.

Outro colaborador foi e Herbert C. Hoover (1874-1964), que fora aluno de geologia de Branner e no

período dedicava-se a mineração de ouro na China e na Austrália. Mais tarde seria eleito presidente

dos Estados Unidos (1920). Joaquim Nabuco (1849-1910), então embaixador brasileiro em

Whasington, também colaborou com cartas de apresentação da equipe às autoridades locais, assim

como diversos brasileiros, como o engenheiro Alfredo de Carvalho (1870-1916) no Recife e o

também engenheiro e geólogo Arrojado Lisboa (1872-1932) no Rio de Janeiro (JACKLE, 1966).

Sobre esta expedição há um variado conjunto de fontes, com livros de notas de campo, memórias,

cartas, crônicas, mapas e fotografias, que fazem parte do arquivo de Branner em Stanford (Branner

Papers, Special Collections and University Archives).

Uma primeira consideração que fazemos é o que orientava a perspectiva de trabalho de

campo para Branner. Ele e seus contemporâneos haviam sido treinados na Universidade de Cornell a

partir de rigorosos modelos de observação da natureza. Assim como Hartt, eles foram formados

dentro da metodologia científica de Louis Agassiz, onde as evidências empíricas deveriam ser

coletadas a partir de uma cuidadosa observação da natureza. Roberts, salienta que Agassiz era

“inflexível” no exame das evidências coletadas no trabalho de campo, e as coleções realizadas com

dedicado e persistente trabalho era determinante para comprovar ou rejeitar uma explicação científica.

Ou em outras palavras: “(...) havia um consenso geral entre os homens de ciência americanos que

fundamentos empíricos firmes dariam bases para generalizações fundamentadas concernentes à

história, estrutura e operação dos fenômenos naturais (ROBERTS, 2009, p.82). Além disso, o trabalho

de campo deveria funcionar como um laboratório de experimentação, uma vez que a coleta deveria

ser organizada a partir de uma problemática definida previamente. O trabalho de campo não era assim

aleatório, mas visando esclarecer um problema da história natural. Outra consideração que podemos

fazer sobre a formação científica que orientou os trabalhos de campo das expedições de Branner ao

Brasil neste período era a necessidade da análise morfológica dos exemplares coletados no campo de

serem analisados com o mesmo rigor, geralmente por profissionais especializados e em diferentes

instituições científicas. Branner recebeu assim todo um treinamento de pesquisa de campo que

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exercitou em sua vida profissional, tendo inclusive, publicado um guia de pesquisa de campo em

geologia (BRANNER, 1890), mais tarde publicado em livro didático para uso nas escolas de geologia.

O trabalho de campo era minuciosamente planejado. Como já destacamos aqui os

taxonomistas estavam divididos entre os trabalhos experimentais e os trabalhos de campo, ou, como

um historiador da biologia chamou o debate, entre morfologistas e fisiologistas (ALLEN, 1975). Para

se diferenciarem utilizaram ambos os recursos para que o trabalho de campo pudesse ser valorizado

ao máximo, pois era a partir dele que se tentaria categorizar o isolamento como um fator da seleção

natural. A pesquisa de campo era um experimento científico baseado em uma criteriosa metodologia.

Em linhas gerais o trabalho de campo tinha as seguintes premissas: em primeiro lugar a

escolha a área a ser prospectada deveria ter condições ecológicas homogêneas com ou sem alguma

barreira natural ou tipo de isolamento físico, geográfico. Muitas vezes estudaram os peixes de recifes

de corais ou peixes e moluscos encontrados em estuários ou em piscinas naturais ao longo de um

litoral. Um fator importante era que as condições gerais do ambiente fossem homogêneas, pois,

qualquer alteração ambiental poderia significar um fator de adaptação e, portanto, de isolamento

como um elemento adicional à especiação. Uma segunda e importante definição era o estudo da

distribuição e dispersão das espécies, para que se pudesse situar uma filogenia. Estes estudos, por

fim, relacionavam pesquisa de campo, morfológica, com trabalhos de zoologia comparada em

laboratórios, e ainda estudos embrionários. Após a coleta, que também tinha seus critérios de captura

e conservação, os espécimes eram criticamente revistas nas classificações existentes, trabalho este

feito de maneira colaborativa com diferentes instituições, para indicar as variações morfológicas

associadas aos diferentes ambientes das coletas, inclusive utilizando-se de metodologias estatísticas.

Sobre a coleta em campo os membros da expedição de 1911, sobre a qual temos maiores

informações, utilizaram diferentes estratégia. Especificamente sobre os peixes, eles podiam os

adquirir diretamente de pescadores, como fazia Starks em Natal, onde “ia à praia logo de manhã,

quando os jangadeiros retornavam da pesca e comprava os peixes, que, uma vez selecionados, eram

imediatamente colocados em jarros de álcool. Então ele deitava na rede e lia, porque nós não

usávamos camas nas nossas casas brasileiras” (JENKINS, 1975, p. 75). Em Belém eles fizeram

compra de peixes no mercado local, o que se repetiu em outros locais. Starks e um estudante tinham

câmeras fotográficas, que registravam a experiência de campo. Outra informação sobre a preservação

dos exemplares também vem de Jenkins, que dizia que “assim que as espécies chegavam elas eram

logo colocadas em grandes vasos de vidro com álcool e formol para contribuir com a sua preservação

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até que fossem estudadas pela causa da ciência em um grande museu de história natural” (JENKINS,

1975, p. 74. Nas pequenas vilas que visitavam interagiam diretamente com os moradores, “vivemos

com o povo, dormindo em suas redes e comendo da sua comida” (JENKINS, 1975, p. 96), o que

demostra que o contato com a realidade local era de uma grande imersão. Podemos ver este mesmo

comportamento na expedição de 1899, quando, em pequenos barcos, percorreram o litoral entre Natal

e Recife, guiados por pescadores e interagindo com a cultura destes. Os locais da coleta variavam

desde os estuários de pequenos rios, aos recifes de arenito e de corais na costa, mas também em

mangues, lagoas, dunas, praias, restingas, etc. Os insetos eram coletados às margens dos rios, nas

praias e fora do litoral. Coletaram besouros, formigas, lagartos, cobras e outros animais “aos bilhões”

(JENKINS, 1975, p. 74). Apenas as formigas foram mais de 400 variedades. Alguns moradores,

sabendo do interesse deles, faziam suas próprias coletas e levavam aos pesquisadores, principalmente

os mais curiosos animais, como cobras de duas cabeças, lagartos sem pernas, cobrar em forma de

arco, etc.

A coleta zoológica para estudos científicos estava associada a uma perspectiva de pesquisa

de campo herdeira da história natural dos séculos XVIII e XIX, mas também estava associada a uma

perspectiva taxonômica que procurava identificar a filogenia, ou a história evolutiva destas espécies.

O trabalho de campo seguia rigorosos critérios, como a identificação das condições ambientais,

preparo dos espécimes, registro das características morfológicas, particularidades fisiológicas e

classificação sistemática.

2- Problemas metodológicos do uso de coleções no estudo da história da ciência:

Geralmente o primeiro acesso que podemos ter sobre coleções formadas em expedições são

os resultados bibliográficos publicados em revistas especializadas. Estas publicações são resultantes

de uma análise classificatória das espécies encontradas. Os artigos trazem uma ligeira nota

introdutória sobre o conjunto analisado, indicando os locais de coleta, os responsáveis pelo trabalho

de campo, algumas referências sobre a destinação do material e em seguida a descrição das espécies.

Cada espécime é nomeado seguindo a classificação binomial, indicando se é uma nova espécie e a

indicação a que gênero e família pertence. Estas descrições priorizam a descrição de novas espécies,

situando-as entre famílias, gêneros, subgêneros e subespécies. As descrições das estruturas

morfológicas são bem detalhadas, caracterizando a forma geral do espécime, assim como os detalhes

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do conjunto anatômico que a caracteriza, além da descrição de seus órgãos reprodutivos e por vezes

alguns elementos de seu comportamento. Por vezes, junto da classificação binomial são referenciados

trabalhos anteriores de sistemática que descreveram o mesmo grupo. Algumas classificações trazem

uma ilustração do espécime, especialmente desenhado para a publicação.

FONTE: GILBERT, Charles – Results of Branner-Agassiz Expedition to Brazil. III – Fishes. Proceedingns of

Washington Academy of Sciences, vol. 11, p. 184, Aug. 20, 1900. Brannerella brasiliensis, gen. e sp. nov.,

dos recifes de corais de Maceió; Upeneus caninus, sp. nov. de Pernambuco; Apogon brasilians, sp. nov., dos

recifes de arenito de Mamanguape; Spheroides greeleyi, sp. nov., dos recifes de corais de Maceió.

O primeiro contato com esta bibliografia especializada é muito frustrante para o pesquisador.

São poucas as informações que podem ser levantadas, gerando vários tipos de questionamento: o que

esta classificação significa? Apenas uma nova espécie ou guarda alguma problemática que

desconhecemos? Para um pesquisador não afeito ao trabalho da sistemática (taxonomia) é bastante

frustrante não obter dados mais objetivos sobre o trabalho de campo e das questões teóricas que

nortearam a coleta. As pequenas introduções apenas indicam a forma como a coleção chegou ao

Page 11: Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o

especialista, sendo a maior parte dos artigos composta pela descrição morfológica das espécies,

identificando a estrutura anatômica do animal em estudo, o seu tamanho, comportamento, duração da

vida, relação com outros animais, a diversidade de suas variações, habitats, adaptações ao meio-

ambiente, formas parasitárias encontradas, alimentação, desenvolvimento embrionário e crescimento

do indivíduo, sua distribuição geográfica e a sucessão de formas semelhantes encontradas em outros

animais a partir de registros paleontológicos. Entretanto estas informações podem variar, de acordo

com o taxonomista e com os dados disponíveis para a análise. Assim, a maior parte das informações

encontradas são as descrições da estrutura morfológica do animal, com as suas gradações, para poder

encontrar o seu lugar filogenético, identificando a posição da espécie dentro de um, gênero, família,

ordem, classe. Por vezes estas descrições são acompanhadas também de uma avaliação do

posicionamento da espécie na ordem classificatória, reconsiderando trabalhos anteriores de

sistemática e oferecendo outro lugar de classificação. Quando isso ocorre é possível fazer uma

comparação entre as sistemáticas adotadas e constituir uma historiografia taxonômica daquela

espécie.

Para o pesquisador de coleções biológicas o fundamental neste primeiro contato com a

produção científica das expedições de campo é avaliar qual perspectiva classificatória está sendo

praticada pelos naturalistas e isso envolve uma conceituação do que propriamente eles consideravam

como uma espécie. O conceito de espécie, e toda prática taxonômica, foi profundamente alterada com

a publicação de A Origem das Espécies (1859) por Charles Darwin (1809-1882), o conceito de

espécie foi radicalmente alterado. Da ideia metafísica de espécie como uma entidade a-história,

estática, ao conceito de espécie como uma população variada, evoluindo lenta e gradualmente por

seleção natural e adaptações ao meio-ambiente, o isolamento, seja ele geográfico, mecânico ou

reprodutivo sempre foi considerado um elemento analítico importante para a definição do conceito.

Surgiu desta concepção uma nova prática taxonômica, que tentava situar cada espécie, agora não mais

fixa e sim em transformação, de acordo com o seu lugar evolutivo na grande árvore da vida.

Esta forma de categorizar os organismos vivos se tornou hegemônica entre os taxonomistas

e os biólogos experimentais na segunda metade do século XIX. Por volta de 1900 havia um debate

entre naturalistas sobre como fazer uma taxonomia evolutiva. A polêmica entre lumpers e splitters

(YOON, 2009, pp. 91 e seguintes) evidencia bem o caráter desta conceituação de espécies. Como

aplicar o conceito a uma forma de fazer o trabalho de campo e de classificação das espécies? Todas

as pequenas alterações poderiam ou não identificar novos gêneros e subgêneros? Os “generalistas”

Page 12: Problemas metodológicos no uso de coleções zoológicas: o

(lumpers) procuravam relacionar as espécies, mesmo que separadas, num mesmo gênero, enquanto

os “divisores” preferiam classifica-las em formas distintas de espécies. Ou seja, não havia consenso

entre os taxonomistas em como estabelecer as relações filogenéticas na classificação das espécies.

Uma metodologia adequada dependia, fundamentalmente, de um conceito que estabelecesse melhor

o lugar das variações encontradas na natureza, isoladas ou não geograficamente.

Não cabe aqui aprofundar esta discussão, mas ressaltamos que é fundamental no estudo das

coleções entender que as práticas naturalistas classificatórias precisam ser historicizadas para que

possamos compreender a maneira como abordaram o conceito de espécie e a filogenia. Algumas

plataformas de pesquisa auxiliam nesta fase, como a consulta das bases de dados Biodiversity

Heritage Library (https://www.biodiversitylibrary.org) e a Encyclopedia of Live (http://eol.org ),

ambas com a participação das mais renomadas instituições internacionais de pesquisa em história

natural.

Aliás, contextualizar os debates da disciplina biologia no período em que foram formadas as

coleções é outro aspecto metodológico importante a discutir. Na análise das coleções formadas pelas

expedições aqui tratadas foi fundamental uma revisão da historiografia da biologia. Uma das

dificuldades metodológicas do uso das coleções de espécimes realizadas no passado é que, quando

foram realizadas, as problemáticas científicas do período eram diferentes das problemáticas atuais.

Geralmente associadas a um período onde as ciências biológicas não tinham como paradigma os

critérios de evidência empírica da química e da física, as coleções formadas no início do século XX

foram desprezadas por biólogos experimentais por não seguirem os critérios da genética.

Os historiadores da biologia da década de 1980 (ALLEN, 1978, MAYR, 1982; COLEMAN,

1985) consideraram que o período da virada do século XIX para o século XX fora marcado por uma

oposição entre naturalistas evolucionistas e emergentes modernos biólogos, ou do famoso entre

morfologia e fisiologia. O panorama que traçaram dos naturalistas evolucionistas é o de um perfil

metodológico que só estava preocupado com um conhecimento descritivo, morfológico, ligado ao

trabalho de campo com preocupações meramente quantitativas na descrição das variações da vida e

de sua distribuição geográfica, praticando uma classificação sem problemática, herdeira do

naturalismo cientificista. Por outro lado, a biologia moderna emergente era o setor dinâmico da

disciplina, com seus métodos experimentais, laboratoriais, de estudos fisiológicos, envolvidos na

tentativa de incorporar os parâmetros físico-químicos da construção dos dados empíricos e assim

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validar o campo biológico como científico Allen (1978, pp. 41 e segs.), principalmente contestando

que o darwinismo não poderia explicar mecanicamente os fatores da hereditariedade.

Vários historiadores criticaram essa dicotomia entre morfologia e fisiologia, ou entre uma

antiga história natural descritiva/morfológica e uma fisiologia comprometida com métodos modernos

e experimentais (MAGNUS, 1993; LARGENT, 2009, p. 5-6). Esta oposição entre ciências de campo

e ciências laboratoriais/experimentais muito limitou o olhar investigativo da produção científica dos

trabalhos de campo do período. Uma mudança de abordagem dos historiadores das práticas científicas

também reavalia o lugar das ciências de campo forma de produção de conhecimento socialmente

construído (KUKLICK, KOHLER, 1996), evidenciando que tanto a ciência construída nos ambientes

controlados dos laboratórios, como a ciência construída no campo estão marcadas pelos

condicionantes sociais, de apropriações culturais marcadas pelas relações de poder, identidade e

gênero. Além disso, diante dos desafios contemporâneos da conservação biológica frente às

mudanças ambientais é relevante escrutinar como os cientistas de campo lidaram com as questões

ambientais.

Ainda um outro problema metodológico que encontramos no estudo das coleções zoológica

formadas a partir das pesquisas de campo das expedições de Branner no Brasil foi a dificuldade de

identificar o percurso que elas fizeram depois de chegarem nos Estados Unidos. As coleções

resultantes deste trabalho de campo foram identificadas por diversos taxonomistas em diferentes

instituições e hoje se encontram dispersas em diferentes museus de história natural.

Uma vez nos Estados Unidos estas coleções não ficaram, como poderíamos supor, no Museu

de Zoologia de Stanford. Elas foram encaminhadas para diversos especialistas, distribuídos em vários

estados e instituições científicas e universidades. Impressiona o fato delas ainda estarem preservadas

nestas instituições, pois certamente sofreram com as viagens entre o Brasil e a Califórnia e de lá até

a sua destinação final, o que indica que foram muito bem preparadas e acondicionadas em embalagens

especialmente dedicada a isso. Este material específico para acondicionar coleções de história natural

foi adquirido antes da viagem, em Nova Iorque.

Os peixes formados nas duas expedições foram examinados e classificados por especialistas

do United States Museum of Natural History e do Smithsonian Institution em Wahsington. Parte desta

coleção ficou em Stanford, no Museu de Zoologia e na Hoppkins Marine Station e depois foi

transferido para a California Academy of Sciences, onde se encontram hoje. As novas espécies

encontradas chegam ao número de mais de uma centena, quase todos representantes dos recifes e

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recifes de corais. Parte da coleção na Califórnia Academy of Sciences está totalmente identificada,

inclusive mantendo as várias antigas etiquetas de identificação. Cada espécie tem o seu holótipo (raio

X), as diferentes sistemáticas a que foram submetidas e o status corrente de sua classificação. Alguns

exemplares não estão devidamente identificados.

A coleção de moluscos representa 43 gêneros, 135 espécies e 20 subespécies, dentre estas

33 espécies e 12 subespécies consideradas como novas. Parte deste conjunto ficou na Califórnia, na

sociedade de história natural de San Diego, depois incorporadas pela Marine Biological Association

e hoje estão no Scripps Institution of Oceanography, em La Joya. Outra parte dos moluscos (conchas)

foram incorporados ao acervo da Academia de Ciências Naturais da Philadelphia (1812) e

representam 33 espécies e 12 subespécies novas, de um total de 43 gêneros, 93 espécies e 20

subespécies

Os besouros, formigas e parte das abelhas coletadas forma para a Universidade de Harvard

e hoje se encontram parcialmente identificadas no Museum of Comparative Zoology. William Mann

(1886-1960), o estudante auxiliar da expedição de 1911, publicou 17 artigos sobre formigas em

diferentes periódicos entre 1911 e 1924.

Os répteis e anfíbios coletados na expedição de 1911 inicialmente ficaram no Museu de

Zoologia de Stanford. Posteriormente foram transferidos para a California Academy of Sciences e

duas espécies foram classificadas em 1931 e 1936, quando a academia interrompeu a organização do

setor. Em 1950 foram identificadas 58 espécies numa coleção superior a 660 exemplares. De um

conjunto de 8 exemplares Amphisbeanians (ou répteis escamados cavadores, populares cobras-

cegas), 4 foram considerados espécies novas. Esta coleção completou uma relação de novas espécies

que não era aumentada desde as explorações de Carl Philipp von Martius (1784-1968) em

1831(SCHIMIDT, 1936, p. 28). Os répteis da coleção demostraram uma relação filogenética

importante entre as biogeografias do Nordeste e do Chaco paraguaio e Mato Grosso, indicando que

algumas espécies que habitaram o Nordeste mais tarde colonizaram o Amazonas e o seu interior

(SCHIMIDT, INGER, 1951, p.440).

Muitas outras considerações sobre o trânsito das coleções e as formas de sua identificação

nos museus de história natural podem ser analisadas em outros momentos, assim como a discussão

sobre a identificação dos gêneros espécies e subespécies e os resultados filogenéticos. O que procurei

demostrar aqui é que estas coleções tiveram um trânsito intenso e passível de ser identificado pelo

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pesquisador, assim como as novas problemáticas que o seu estudo suscita, uma vez que ainda são

objeto de interrogações e pesquisa.

3- Conclusões:

O estudo de coleções de história natural coloca diferentes desafios para o historiador da

ciência. O aspecto interdisciplinar talvez seja o maior problema a ser enfrentado, uma vez que as

problemáticas que orientaram a formação destas coleções precisam ser identificadas e interpretadas

sob o ponto de vista da sua historiografia. No caso aqui apresentado a historiografia da biologia tem

renovado o olhar sobre o período, o que coloca o pesquisador em uma postura de constante atenção

para as novas abordagens que se apresentam.

Não menos importante é o entendimento das categorias classificatórias e que estas também

se alteraram com o tempo, enfrentaram problemáticas amplas e a renovação do campo. Para a análise

das coleções biológicas o historiador de formação necessita se familiarizar com as categorias das

ciências da vida e ambientar-se com fontes não escritas, mas que podem trazer dados biofísicos

significativos para o entendimento dos processos ecológicos e ambientais, assim como documentar

historicamente práticas científicas do passado.

O desenvolvimento das tecnologias de análise genética, das mudanças ambientais e a

crescente divulgação em bases de dados de coleções biológicas historicamente constituídas começam

a ser valorizadas como importantes registros da biodiversidade nos estudos ecológicos, evolutivos e

da biologia da conservação. Entretanto, na minha opinião, estas coleções não devem ser abordadas

apenas com o interesse de oferecer dados empíricos de caráter biofísico. Elas carecem do trabalho do

historiador da ciência para reavaliar a sua problemática científica, os seus procedimentos

metodológicos, as suas condições de produção, enfim, o seu lugar social.

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