problematica da habitação

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  • 7/25/2019 problematica da habitao

    1/34

    Raul

    da

    Silva

    Pereira

    Problemtica da

    Habitao em Portugal -1

    Considera seactualmente indispensvel de-

    finir polticas da habitao escala nacio-

    nal, a integrar nas polticas de desenvolvi-

    mento geral de cada pas. Mas uma aco

    deste gnero supe oconhecimento da situa-

    o concreta em matria de alojamento, da

    forma como ela tem evoludo e dos factores

    determinantes dessa evoluo. no sentido

    de esclarecer alguns destes aspectos que se

    faz a anlise da problemtica da habitao

    em Portugal.

    1. O problema da habitao suficientemente rico de impli-

    caes nos mais diversos campos da actividade e do pensamento

    humanos para poder ser abordado sob uma grande diversidade de

    pontos de vista. O seu estudo, mesmo quando referido a uma situa-

    o concreta de contornos bem delimitados, revela-nos um pro-

    blema

    complexo,

    dada a soma de aspectos a considera r: econmi-

    cos,

    sociais, tcnicos, etc.

    O interesse que se lhe dedica provm de se tratar de um pro-

    blemafundamental da existncia humana: o abrigo contra os ele-

    mentos naturais, o conforto, a possibilidade da vida familiar. Por

    isso se justifica que o seu estudo se realize com frequncia num

    sentido prtico, em busca de solues urgentes.

    A universalidade dos seus dados mostra tratar-se de um pro-

    blema de interesse geral, cujas fronteiras geogrficas significam

    apenas diferenas de intensidade ou variedade de aspectos: pases

    ricos e pases pobres, grandes ou pequenos, vivendo segando dife-

    rentes sistemas econmico-sociais, em todos se paga um pesado

    tributo de sacrifcios, que deriva da penria de alojamentos.

    2.

    Nos seus aspectos correntes, o problema da habitao ca-

    racteriza-se pela presena de um, alguns ou todos os factos se-

    guintes:

    a) insuficincia total, regional ou local do nmero de aloja-

    mentos, relativamente ao nmero de unidades familiares;

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    2/34

    b) insuficincia do ritmo da produo de novos alojamentos,

    relativamente ao acrscimo populacional escala do

    pas,

    da regio ou do aglomerado humano e depre-

    ciao das habitaes existentes;

    c) elevado custo dos alojamentos (construdos e (ou) da sua

    fruio, em comparao com .as possibilidades econmicas

    de amplos estratos sociais;

    d)

    insuficincia qua litativa das habitaes para as exigncias

    crescentes em matria de conforto, por vezes mesmo,

    quanto aos mais elementares requisitos que definem uma

    habitao.

    Numa perspectiva mais arapla, o problema da habitao

    subsiste sempre que o homem no consegue obter do seu aloja-

    mento a totalidade de satisfaes que dele deveria conseguir, para

    a sua completa realizao como indivduo e como membro de uma

    famlia e de uma sociedade. Por vezes, a existncia de habitaes

    modernas em q uantidade suficiente no significa, s por si, a reso-

    luo desse problema. preciso evitar os.taudis neufs, como dizia

    recentemente o Ministro da Habitao francs, ao referir-se con-

    cepo defeituosa de muitos dos alojamentos modernos*.

    3. Com vista soluo do problema assim caracterizado, a

    traos muito gerais, tm-se suscitado por toda a parte movimentos

    de vria ndole, que tm de comum o atriburem aos poderes p-

    blicos a faculdade, a convenincia e muitas vezes a obrigao de

    intervirem activamente neste domnio.

    Ora, nos ltimos temipos, a interveno activano>campo habi-

    tacional pressupe providncias para o fomento da construo de

    casas, quer directamente pelos poderes pblicos, quer atravs de

    instituies por eles acreditadas (coimo sejam as sociedades coope-

    rativas), quer pelo auxlio prestado individualmente aos prprios

    moradores ou aos pretendentes s habitaes. Estas providncias

    formam com frequncia, conjuntos unitrios, de textura mais ou

    menos fundamentada no estudo cientfico do problema, e pos^-

    suindo linhas centrais orientadoras. Diz-se, ento, que existe uma

    poltica da habitao.

    Esta poltica condicionada por factores ideolgicos aque-

    les que informam a vida do agregado humano a que ela se aplica.

    E no admira que assim seja, dado que todo um mundo de

    valores aceites por essa sociedade que es t em jogo. Desde o regime

    de propriedade aplicvel aos alojamentos at disposio interna

    de cada habitao e ao tipo de

    amnagement

    do espao

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    3/34

    4. A necessidade de uma poltica da habitao ampla e es*

    clarecida no sofre discusiso nos nossos dias. Ainda no h muito

    tempo que a Organizao Internacional do Trabalho, numa reco-

    mendao aprovada por unanimidade, recordava que a poltica

    do alojamento deveria ser coordenada com a poltica social e eco-

    nmica geral.

    Mas a estruturao de uma poiltica supe, alm de um con-

    junto de princpios em que haver de basear a sua aco, o conhe-

    cimento da realidade sobre a qual ir actuar. A este ltimo as-

    pecto pretende atender o presente artigo, dirigido anlise do

    caso portugus.

    Nele sie t&nt&r estabelecer um balano dos principais dados

    disponveis sobre o problema da habitao em Portugal, comple-

    tado por algumas observaes que visam facilitar posteriormente

    a investigao dos seus diversos asp>ectos.

    Nomeadamente, ,as reflexes feitas ao longo do trabalho inci-dem em grande parte sobre facetas que se prendem directamente

    com a formulao de uma poltica habitacional, cuja necessidade

    no nossio Pas tem sido invocada com interesse crescente e que

    constituir matria para um prximo artigo.

    I Aspectos gerais da anlise de dados estatsticos

    5.

    Muitos aspectos do problema da habitao podem ser

    abordados atravs da anlise de dados estatsticos. E, embora a

    preocupao central deste trabalho incida sobre a realidade por-

    tuguesa, julga-se de alguma utilidade comear por uma referncia

    de mbito mais geral, visto tratar-se de um problema que no

    especificamente portugus, mas sim mundial, conforme j se

    acentuou.

    Um relatrio das Naes Unidas afirma peremptoriamente

    que no existem pases onde no se tenha que enfrentar uma crise

    de alojamento

    1

    . Um autor que estudou o assunto com certa pro-

    fundidade vai ao ponto de afirmar que o problema da habitao,

    to velho como o homem, um problema insolvel

    2

    . E, no en-

    tanto,

    uns e outros se aplicam a estud-lo e a propor-lhe soluesi,

    com tanto maior afinco quanto mais extenso ou insolvel o pn>

    blema se lhes apresenta. talvez nesta persistncia, fruto de uma

    preocupao social e da conscincia das dificuldades a vencer, que

    reside a esperana (ou a certeza?) de que um dia se consiga a so-

    luo.

    Segundo nmeros optimistas de h poucos anos, sofriam

    1

    Rapp ort-Prliminaire sur Ia situation sociale dans le Mo nde

    New York, 1952.

    I

    2

    Adlolfo

    LAMAS

    Ahorro y prsiamo para Ia vivienda familiar

    Mxico, Fondo de Cultura Econmica, 1950, p. 11.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    4/34

    um grave problema de alojamento, pelo menos, 30 milhes de pes-

    soas nos pases industrializados e 150 milhes nos subdesenvolvi-

    dos. O optimismo provm da confisso de que para as regies

    insuficientemente desenvolvidas no se dispe, por assim dizer,

    de qualquer informao de ordem quantitativa que possa dar uma

    ideia das necessidades em matria de alojamento

    *..

    Em vrios pai-

    seis,

    iespecialmente europeus, a ltima guerra agravou o problema,

    A Comisso Econmica para a Europa apurou, num inqurito rear

    lizado em 1947*, junto de dezassete pases europeus, que ficaram

    totalmente destrudos mais de dois milhes e meio de casas e par^

    cialmente quase trs nmeros que depois se verificou estarem

    muito aqum da realidade. Calculou-se, ento, que essas habita-

    es correspondiam a seis anos de construes, ao ritmo de 1939,

    altura em que j existia na Europa um dficit de 13 milhes de

    alojamentos.

    Mas a recuperao acelerada da maior parte dos pases eu-

    ropeus fez com que o agravamento devido s destruies se tenha

    diludo e a situao apresente, em certas zonas, melhorias muito

    apreciveis.

    No aconteceu, porm, assim, nos pases mais pobres. A Eu-

    ropa meridional defronta necessidades avultadas de investimentos

    e os recursos disponveis no tm permitido realizaes decisivas

    no domnio da habitao, embora alguns pases (a Grcia, por

    exemplo) tenham consagrado a este sector uma elevada parcela

    da sua formao de capital fixo.

    Quanto aos pases subdesenvolvidos, que constituem a maior

    parte da frica, da sia e da Amrica Latina, abrangendo 2/3 dapopulao mundial, as providncias tomadas para cobrir a falta

    de alojamentos ou remediar as siuas deficincias no tm conse-

    guido grandes progressos, podendo, por vezes, falar-se mesmo de

    um agravamento da situao. Para isso tm contribudo, em maior

    ou menor escala, o rpido crescimento das populaes, merc das

    elevadas taxas de natalidade e da aco dos novos meios de com-

    bate s doenas; o afluxo aos centros urbanos, derivado do surto

    da industrializao; e a impossibilidade de consagrar uma percen-

    tagem suficientemente elevada do investimento total construo

    de habitaes.

    6. Em Portugal, o primeiro trabalho que permitiu form ar

    uma ideia objectiva sobre os daclos do problema habitacional foi o

    Inqurito scondies dehabitaoda famlia,

    publicado pelo Ins-

    tituto Nacional de Estatstica, como anexo ao IX Recenseamento

    Geral daPopulao (1950). Em relao ao Recenseamento de 1960

    no foi ainda publicado qualquer trabalho em matria de condi-

    es de habitao.

    3

    Rapport Prliminaire (...) cit.

    * Le problme de Phabitat en Europe Gnve, C E. E., 1949.

    S6

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    5/34

    Dos elementos globais ento apurados

    6

    , destaca-se, do ponto

    de vista quantitativo, a existncia de 2275 milhares de fogos e

    2047 milhares de famlias. Nota-se, porm, que apenas 1838 mi-

    lhares de famlias ocupavam um fogo, o que significa existirem,

    naquela data, 209 milhares de famlias habitando' partes de casa,

    quartos alugados, barracas e outras construes de recurso.

    Era m mais de oitooentas mil pessoas que sofriam condies: de alo-

    jamento por vezes muito graves. Estas famlias passado um dec-

    nio, tero sido certamente acrescentadas de mais alguns milhares.

    O Censo de 1960 dir quantos

    6

    .

    A parcela das famlias que, habitando em prdio, ocuparam

    parte de um fogo, relativamente baixa nas zonas rurais, atingia os

    seus valores mximos no distrito de Lisboa: 66550 num total de

    297

    628,

    ou seja 22 %; no distrito do Porto, que se lhe seguia, a

    percentagem era de 13 %. Estas percentagens mais elevadas rela-

    cionam-se, como bvio, com o fenmeno do urbanismo, sendoelucidativa a sua comparao com as correspondentes s cidades

    de L isboa e do Porto (respectivamente 28 % e 18 % ) .

    Quanto s famlias sem habitao e habitando em construes

    provisrias, num total de 13188 para a metrpole (2592 das pri-

    5

    Para maior esclarecimento, poder-se- consultar, daqui em diante,

    o QUADRO I, no qual foram condensados os resultados mais significativos

    do

    Inqurito.

    A Polcia Municipal de Lisboa est a realizar um inqurito s bar-

    racas clandestinas existentes no concelho, abrangendo por enquanto, devido

    escassez dos meios de execuo, apenas as de madeira. Dos

    Anais do Mtv-

    nicpio de Lisboa (1960, p. 396), transcrevemos esta s passagen s elucidativas

    sobre os elementos j recolhidos:

    Em 31 de Dezembro [de 1960] j se encontravam registadas

    20 003 bar racas de m adeira, sendo 4203 destinada s a habitao e 15 800

    a vr ios fi ns ; a s 4203 destinad as a habitao albergam 13 634 pessoas,

    mas na sua maioria 2831 pertencem a indivduos que exploram

    a actual crise de habitao para as classes de fracos recursos, cons-

    truindo e alugando-as imediatamente por importncias que variam entre

    1OO$0O e 20O$0O. Julgamos no exagerar ao afirmar que grande n-

    mero destes aglomerados de barracas constituem focos de doenas con-

    Itagiosas e verdadeiros antros de desmoralizao, onde a promiscuidade palavra sem significado.

    O mapa respectivo d-nosi elementos estatsticos interessantes;

    assim, a naturalidade dos chefes de famlia que ocupam as 4203 bar-

    racas , na sua gramde parte, da provncia (3206); as profisses desses

    chefes de famlia so variadas, constituindo o maior nmero os traba-

    lhadores, os operrios e as domsticas; podemos ainda constatar que

    moram em barracas de madeira 17 funcionrios pblicos, 14 guardaa

    da P . S. P ., 2 soldados da G. N . R, e 113 serven turios da Cm ara

    O inqurito foi considerado concludo em 1961. Segundo os

    Anais do

    Municpio do ltimo ano (p. 423) existiam em 31 de Dezembro findo 5679

    1

    bar-

    rateas destinadas a habitao, onde viviam 19598 pessoas.

    57

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    6/34

    QUADRO I

    Elementos gerais sobre as condies

    d*

    METRPOLE^ CONTINENTE

    E DISTRITOS

    COM MAIS DE

    100 000

    FAMLIAS

    Famlias

    Total

    ocupando constru-

    o provisria, ou

    sem habitao

    ocupando parte de

    um fogo ou prdio

    no destin. a habit.

    do

    total

    do

    total

    Metrpole

    Continente

    Distritos:

    Aveiro

    Braga

    Coimbra

    Lisboa

    cidade de Lisboa

    Porto

    cidade do Porto

    Santarm

    Viseu

    2 274 499

    2 149 444

    125 562

    124 820

    133112

    302 895

    176 318

    253 034

    66 611

    135 038

    150 848

    2 047 439

    1922 336

    112 506

    115 288

    113 649

    303 691

    19 0806

    238 668

    6^017

    122 241

    119 963

    13188

    12 597

    263

    17 4

    20 7

    6 063

    4112

    49 0

    15 1

    656

    77

    0,6

    0,7

    0,2

    0,2

    0,2

    2,0

    2,2

    0,2

    0,2

    0,5

    0,1

    196 087

    176 713

    5 874

    8.178

    5 291

    67 051

    53173

    3 1 0 0 2

    11787

    670 3

    3 429

    9,6

    9,2

    5,2

    7,1

    4,7

    22,1

    27,8

    13,0

    18,4

    5,5

    2,9

    Fonte: Inqurito s condies de habitao da fam lia (anexo ao IX Recenseamento

    88

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    7/34

    de habitao da famlia em Portugal

    50)

    1838 164

    1732 666

    1063 69

    106 936

    108151

    230 577

    133 521

    207176

    52 079

    114 882

    116 457

    ocupando

    do

    total

    89,8

    90,1

    94,6

    92,7

    95,1

    75,9

    70,0

    86,8

    81,4

    94,0

    97,0

    um fogo

    das quais, ocupando

    todo o prdio

    ,

    1 211 704

    1181 626

    85

    827

    75 244

    88

    947

    60 410

    5

    977

    119

    405

    20 741

    84 686

    96 512

    65,9

    65,3

    80,7

    70,4

    77,7

    26,2

    4,5

    57,6

    39,8

    78,7

    82,9

    Famlias com habitao

    em prdio

    Prpria

    Alugada

    em % do total das

    com habitao em

    50,5

    49,6

    64,5

    42,4

    70,3

    18,4

    4,8

    28,4

    12,7

    65,3

    69,5

    40,1

    41,2

    27,4

    48,6

    22,9

    74,2

    90,0

    64,7

    84,2

    24,4

    22,1

    Cedida

    famlias

    n prdio

    9,4

    9,2

    8,1

    9,0

    6,8

    7,4

    5,2

    6,9

    3,1

    10,3

    8,4

    Famlias

    Electri-

    cidade

    ocupando

    dispondo

    Agua

    um fogo

    de

    Casa de

    banho

    sm

    do total das famlia,

    ocupando um fogo

    24,2

    24,5

    33,6

    17,4

    19,0

    60,9

    83,6

    44,6

    83,4

    11,9

    9,7

    17,9

    17,7

    9,4

    8,7

    10,0

    58,9

    85,8

    22,9

    62,8

    10,1

    5,3

    9,6

    9,8

    6,1

    4 ,5

    5,4

    35,3

    49,0

    15,0

    41,3

    4,8

    2,9

    Geral da Populao 1950) I.N.E., 195i.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    8/34

    meiras e 10 596 das siegnndas), as maiores .acumulaes verifica-

    vam-se nos distritos de Lisboa

    (6063,

    sendo 4112 na capital) e de

    Setbal (1923).

    Outro aspecto que merece reflexo a desproporo entre as

    famlias ocupando um fogo e os fogos existentes. Dado que estes

    atingiam 2275 milhares, como se disse, conclui-se que excediam em228 milhares o nmero de famlias existentes e iem 437 milhares

    o das que ocupam um fogo.

    Vrios factores podem contribuir para este desajustamento,

    m as um dos mais impocntanteis reside no p rp rio fenmeno do urb a-

    nismo. De facto, no ba sta que existam casas disponveis; preciso

    que elas se localizem nos agregados populacionais em crescimento

    rpido, onde a procura se avoluma.

    certo que existe outro factor muitssimo importante: o equi-

    lbrio entre os rditos familiares e o nvel dos encargos exigidos

    pelo uso de uma habitao. Como esse equilbrio no existe, per-

    manece sem ser utilizada uma parte dos fogos recm-construdos.

    Mas em sistema de construo privada para aluguer, o desequi-

    lbrio tende a reduzir-se, seno com o abaixamento das rendas,

    pelo menos com a diminuio do ritmo das construes.

    O afluxo s cidades continua, pois, a ser a causa fundamental

    do desequilbrio entre o volume de casas existentes e o das ocupa-

    das* O fenmeno no tem escapado observao de especialistas

    na matria, quando assinalam que, na Europa, uma percentagem

    importante dos alojamentos est desocupada, especialmente em

    Portugal e na Itlia

    7

    . Alguns nmeros permitem documentar me-

    lhor a influncia do urbanismo neste desequilbrio. Assim, no dis-tri to de Viseu havia 150 848 fogos p ara 119

    963

    famlias; no de

    Beja, a mesma relao era de 80 017 pa ra 69278; no de Castelo

    Branco, 97 029 para 80

    898.

    Mas j no distrito de Lisboa as posi-

    es se inve rtem : 302 895 fogos pa ra 303691 famlias; e na ca-

    pital o agravamento manifesto: 176318 contra 190 806.

    Parece, portanto, poder afirmar-se com segurana que a

    maior parte das habitaes desocupadas se localiza nas zonas ru-

    rais ou, pelo menos, fora dos principais aglomerados urbanos.

    E esta observao no deixar de ter interesse quando se

    pensa em termos de planeamento regional do desenvolvimento eco-

    nmico. Pois a existncia de certa margem no utilizada de aloja-

    mentos no ser tambm um factor a considerar na criao de

    plos de crescimento, ou, mais modestamente, na valorizao de

    algumas possibilidades locais?

    O mesmo facto se verifica, p or exemplo, em Frana , onde, em

    certas regies, os alojamentos excedem as necessidades, enquanto

    noutras se verifica o contrrio, devido s assimetrias regionais de

    *

    La situation du logement en Eurape

    Gnve, O. N. U., 1D56, p. 49.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    9/34

    desenvolvimento

    8

    . Mas tambmcertoque se temoperado, atra*

    vs

    dos

    chamados

    pernas

    de

    construireum

    esforo

    de

    racionali-

    zaonadistribuio territoria ldos investimentos urbanos.E no

    deve esquecesseque tais autorizaes constituem um dos instru-

    mentos

    dos

    planos econmicos franceses,

    nos

    quais

    a

    preocupao

    do equilbrio inter-regional

    se tem

    evidenciado progressivamente.Por outro lado,

    a

    integrao

    da

    poltica

    da

    habitao

    na

    pol-

    tica econmica geral permite actuar sobre algumasdasverdadei-

    ras causas do afluxo urbano. Noset ra tajd

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    10/34

    comodidade)

    de

    electricidade, gvu

    e

    casade banho,

    no

    fogos

    ocupadosporumasfamlia.

    Assim, verifica-se que nototal da Metrpole, possuam elec-

    tricidade

    24

    % desses fogos, enquanto 18 % tinham gua

    e

    10

    casadebanho. Como sempre,opanorama urbano mostrasse m uito

    diferente do rura l:nacidade de L isboa aquelas percentagens eram ,

    respectivamente,

    de 84, 86 e 49 e na do

    Porto,

    83, 63 e

    4 1 ;

    em

    compensao,

    o

    distrito

    de

    Viseu,

    que no dos

    menos desenvol-

    vidos, apresentava percentagensde 10, 5 e 3.

    QUADRO n

    Aspecto qualitativo

    da

    habitao

    nas

    zonas urbanas

    da

    metrpole

    (1950)

    CENTROS POPULACIONAIS

    COM

    MAIS

    DE

    20 000 HAB ITANT ES

    Barreiro

    Braga

    Coimbra

    Covilh

    ffivora

    Funchal

    Lisboa

    Matosinhos

    Ponta Delgada

    Porto

    Setbal

    \

    V. Nova

    de

    Gaia

    .,

    Total

    Percentagens referidas ao total

    Famllias ocupando

    um

    fogo

    4 6 3 4

    4 541

    7.077

    3 695

    5 212

    5 382

    133 521

    4 724

    3 525

    52 079

    8 474

    7 604

    240468

    percentagem das que

    dispunham de

    Elec tr ic i -

    dade

    59,2

    72,3

    82,2

    64,9

    54,8

    65,8

    83,6

    67,3

    93,9

    83,3

    41,5

    61,4

    79,2

    gua

    84,7

    70,8

    80.4

    58,8

    64,6

    64,0

    85,8

    37,8

    94,0

    62,8

    55,6

    17,5

    74,9

    Casa

    de

    banho

    24,3

    27,4

    44,1

    28fi

    22,1

    45,4

    49,0

    23,2

    32,3

    41,3

    16,3

    16,1

    42,4

    Fonte : Inqurito s condies de habitao da famlia, cit.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    11/34

    QUADRO

    Aspecto qualitativa da habitao nas zonas rurais da metrdpole

    (1950)

    ALGUNS CONCELHOS*

    Ponte de Sor ....

    Palmeia

    Torres Novas

    Montemor-o-Novo

    gueda

    Idanha-a-Nova ....

    Albufeira

    Torres Vedras ....

    M. de Cavaleiros .

    Cantanhede

    Valpaos ,

    V. N. Famalico .

    Amarante

    Sabugal

    Odemira

    Tondela

    Ponte de Lima ...

    Pombal

    S. Roque do Pico

    V. F. do Campo ..,

    Praia da Vitria ..

    Cmara de Lobos

    Famlias ocupandoum fogo

    5 1 4 3

    5 1 6 3

    9 273

    7 649

    7 1 6 1

    8 591

    4 797

    12 315

    5 686

    9 229

    7 304

    12 437

    9 578

    831

    9 774

    9 268

    9 435

    386

    1345

    2 4 4

    4 673

    3 815

    Total 169 731

    Percentagens referidas aototal.

    na

    sededo

    concelho

    15,2

    14,1

    13,2

    12,1

    11,1

    10,9

    8,4

    7,6

    1,0

    6,3

    5,6

    5,4

    5,3

    5,1

    4,9

    4,y

    k,0

    63,2

    34,1

    10,0

    8,2

    8,1

    Percentagem das que

    dispunhamde

    Electrici-

    dade

    4,6

    12,0

    12,4

    8,9

    29,6

    2,8

    5,3

    9,9

    3 ,8

    14,6

    19

    25,8

    10,6

    1,5

    1,6

    1,3

    2,9

    4,9

    6,7

    39,5

    10,8

    X

    9,7

    Agua

    6,8

    2,5

    7,3

    8,3

    4,4

    0,5

    11,6

    7,6

    4,0

    5,0

    0,9

    8,1

    4,2

    0,4

    3,5

    4,3

    1,8

    3,3

    0,6

    37,0

    24,7

    1,8

    5,5

    Casade

    banho

    1,8

    1,6

    4,7

    3 ,8

    4,6

    0,7

    2,5

    5,9

    1,9

    2,2

    0,9

    6,1

    3,0

    0,5

    1,2

    3,0

    1,0

    1,6

    0,6

    3,7

    4,5

    1,2

    2 ,8

    * Escolheram-se para esta amostra osconcelhosem que aspercentagens de fogos

    nas respectivas sedes so mais baixas, ordenando-os pela ordem decrescente dessas

    percentagens; excluiram-se os concelhos cujas sedes so cidades e preferiram-se os

    quetm maior nmero de foges.

    Fonte: Inquritoscondies de habitaodafamlia, cit.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    12/34

    Tentando profundar um pouco mais a matria, pode ainda

    observar-se que nos centros populacionais com mais de20 000ha^

    bitantes 79 % das casas possuam electricidade, 75 % tinham gua

    corrente e 42 % casa de banho, sendo estas, certamente, as pro-

    pores mais significativas para as zonas urbanas (Vd. QUA-

    DRO II). De resto, no prprio inqurito foi feito o estudo desteagrupamento, tendo sido apresentadas graficamente as respecti-

    vas concluses.

    mais difcil avaliar o nvel das comodidades e condies

    sanitrias da habitao rural. A pulverizao dos agregados ru-

    rais e a diversidade de graus de desenvolvimento tomam qualquer

    amostra menos significativa. Tentou-se, no entanto, o estudo de

    um grupo de 22 concelhos em que escasseiam centros populacio-

    nais de vulto pois, nomeadamente, no incluem cidades; e, com

    poucas excepes, a actividade da populao destes concelhos

    quase exclusivamente agrcola. Os resultados apurados para este

    conjunto, que representa cerca de 8 % das famlias do Pas, foram

    os seguintes, em percentagens a rredondad as: 10 % de famlias

    dispunham de electricidade, 6 % dispunham de gua e 3 % pos-

    suam casa de banho (Vd. QUADRO III).

    A desproporo entre estas percentagens e as calculadas para

    as zonas urbanas flagrante e dolorosa. Mas no surpreende, em

    face do que se conhece sobre as condies de vida das populaes

    rurais.

    Pode mesmo acrescentarnse que uma anlise limitada aos

    pequenos povoados conduziria a resultados ainda mais sombrios.

    Quanto ao grau de independncia dos fogos, relativamente

    aos prdios em que se inserem, considerou^se a proporo das

    famlias que ocupavam completamente um prdio. Essa proporo

    era de 66 % p ara o conjunto da m etrpole, atingindo valores muito

    mais elevado na maior parte dos distritos: por exemplo, 81 % no

    de Aveiro, 78 % .no de Coimbra, 83 % em Viseu. Nos grandes

    centros a percentagem e ra muito menor, como se calcula: 26 %

    no distrito de Lisboa, com 5 %, apenas, na capital; o Porto, mesmo

    na cidade, atingia 40 %, o que mostra uma profunda diferena em

    relao a Lisboa. Note-se que estas percentagens so referidas ao

    total das famlias que ocupavam um fogo, excluindo-se, portanto,

    as sublocaes, as construes provisrias, etc., desse total.

    8. Observem-jse agora alguns dados relativos dimenso dos

    alojamentos. A exemplificao expressa pelo quadro seguinte

    seia-se, uma vez mais, no inqurito referido.

    U

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    13/34

    QUADRO IV

    N. de

    Metrpole (total)

    1 diviso

    2 divises . . . .

    3 divises . . . .

    Cidade de Lisboa

    1 diviso

    2 divises

    . . . .

    3 divises

    . . . .

    Famlias

    divises

    (total) . . . .

    dispondo de 1 a 3 divises

    1

    (1950)

    Famlias

    183 8 164

    220 358

    385 137

    458 463

    133 521

    7 522

    18*99

    28^19

    dos

    totais

    1 0 0

    12,0

    21,0

    24,9

    100

    5,6

    13,9

    21,3

    Famlias com mais

    de duas pessoas

    1 402 671

    140 850

    277 305

    350 314

    10 4324

    4 453

    12 884

    21593

    1

    Exceptuando as que ocupam parte de um fogo.

    Dos nmeros apresentados podem extrair-se algumas concita-

    da interesse. Assim, no conjunto d a metrpole verifica-se qu e:

    a) 12 % das famlias (220 milhares) dispunham apenas de

    1 diviso, nelas se incluindo 141 milhares de famlias com

    mais de 2 pessoas;

    6) 58 % das famlias (1064 m ilhares, englobando mais de

    4 m ilhes de pessoas) ocupavam casas com menos de 4 di-

    vises.

    Na capital, as percentagens apontadas so mais b aix as: 6 %

    das famlias dispem de 1 diviso e 41

    tm menos de 4 divises.

    A observao destes resultados leva a reflectir sobre a ideia

    corrente de que o problema do alojamento no to premente nas

    zonas rurais como nas urbanas. Com efeito, o que se verifica

    que,

    em virtude de certas caractersticas da vida das populaes

    rurais relacionadas com um contacto mais directo com a natu-

    reza a influncia deletria das insuficincias da habitao no

    se faz sentir com gravidade equivalente que se nota nos centros

    urbanos, quando consideradas situaes de alojamento idnticas.

    Uma diferena importante -nos mostrada pela frequncia das

    sublocaes (1/3 destas localizam-se nas cidades de Lisboa e Por-

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    14/34

    to) ,

    das quais deriva um longo cortejo de causas de desagregao

    social e de traumatismos psicolgicos.

    Isto no pode, no entanto, significar menor ateno pelo pro-

    blema no que respeita aos meios rurais, onde constitui, alis, um

    dos indicativos do baixo nvel de vida e de cultu ra das populaes.

    E devido a estas insuficincias

    1

    que a melhoria de qualidade dashabitaes rurais implica a cooperao de auxlios exteriores aos

    recursos dos agregados familiares (tais como subsdios para a

    construo ou beneficiao de casas), embora a soluo mais de-

    sejvel esteja em procurar base4a na elevao do rendimento

    per capita dessas populaes*

    Nas zonas de acentuado urbanismo tambm deve ter-se em

    conta a tendncia para a exiguidade dos alojamentos, tanto no

    nmero de divises como na superfciei. Esta tendncia relacio-

    na-jae com a incidncia do nvel das rendas, fortemente influen-

    ciadas pela dimenso, sobre os oramentos familiares. Em virtude

    de ser muito elevada esta incidncia (relativamente aos novos

    arrendam entos podem citar-se com frequncia incidncias de 30 %

    a 40 % dos oramentos familiares)

    10

    as famlias restringem ao

    mximo a dimenso das suas habitaes. A situao global s no

    se revela muito grave em virtude do peso acentuado que tm

    os arrendamentos antigos, no conjunto das habitaes alugadas.

    Voltando de novo s habitaes rurais em nmero, as de

    maior vulto poderiam repetir-se aqui as consideraes feitas

    anteriormente, a propsito da falta de comodidades dessas habi-

    taes. A exiguidade dimensional apenas mais um aspecto das

    necessidades no satisfeitas, que tanto influenciam a prefernciapela vida urbana e o consequente xodo para as cidades.

    9. Utm ltimo aspecto a referir o da propriedade da ha-

    bitao. O inqurito distingue entre habitao prpria, alugadae

    cedida.

    No conjunto da metrpole a habitao prpria figurava com

    a percentagem muito satisfatria de 51 %, a alugada com 40 %

    e a cedida com 9 %. As percen tagens regionais ou locais muito

    baixas reflectiam, uma vez maijs, os traos caractersticos da vida

    urb an a: no distrito de L isboa apenas 18 % das habitaes eram

    propriedade dos morad ores ; .na capital somente 5 %.

    Dado o pouco relevo da parte correspondente s habitaes

    cedidas, o principal complemento da percentagem de habitaes

    prprias corresponde a casas alugadas: 84 % na cidade do Porto,

    90 % na de Lisboa.

    io No se citam percentagens superiores porque nesse caso, as famlias

    no alugam casaa; so os quartos alugados, partes de casa, bairracas, etc.

    Para exemplificao deste aspecto, compare-se a renda corrente em Lisboa

    de uma casa de trs divises assoalhadas, em regime de renda limitada

    (llli0 0O) com o vencimento de um escriturrio de 2.

    a

    classe (1500 OK>).

    46

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    15/34

    10.

    Como concluso geral dos resultado ante riores podem

    fixar-se certos aspectos positivos e negativos, quer da habitao

    rural quer da urbana.

    Assim, a habitao rural mais abundante, muito menos con-

    fortvel e higinica, mais independente no seu uso (visto rarear

    a sublocao) e mais segura, na medida em que pertence com

    maior frequncia ao seu morador.

    A habitao urbana s tem vantagem ,no aspecto qualitativo:

    mais ampla, confortvel e higinica. Em todos os outros a com-

    parao traduz o drama do alojamento urbano: mais escassa e

    por isiso favorece a promiscuidade; no prpria do morador e

    por isso acarreta um encargo que pesa duramente sobre grande

    parte das famlias*

    II Evoluo recente e situao actual em matria de alojamento

    11. OInqurito scondies dehabitao da famlia oferece,

    sem dvida, uma panormica muito completa sobre o problema

    que ncxs vem preocupando. Mas os seus dados reportam-se a 1950,

    isto , h cerca de doze anos. E o leitor perguntar, naturalmente:

    qual tem sido a evoluo do problema do alojamento a partir da-

    quele ano, e em que situao nos encontramos presentemente?

    Vamos ver de que elementos se dispe para uma anlise mais

    actualizada, ainda que sob um ngulo de observao mais restrito.

    possvel saber-se, anualmente, o nmero de fogos constru-

    dos e a respectiva rea alm de outros elementos com menor

    interesse para esta anlise atravs da

    Estatstica Industrial.

    No existem, porm, dados acerca das demolies; e quanto a este

    aspecto, acrescentaremos que nem sequer se conhece a idade e o

    estado da conservao das construes existentes, por forma a per-

    mitir estabelecer uma estimativa anual do nmero de casas demo-

    lidas.

    Segundo a Estatstica Industrial,o nmero de fogos constru-

    dos na metrpole no decnio 1951-1960 atingiu cerca de 202 milha-

    res, mas a sua distribuio anual no foi uniforme, tendo-se veri-

    ficado uma acelerao do ritmo das construes, especialmente

    entre 1954 (com 16 622 fogos) e 1958 (com 26 405). M as a publi-cao do

    Inventrio de prdios e fogos,

    anexo ao X Recenseamento

    Geral da Populao, veio oferecer-nos dados de maior interesse e

    permitir comparaes directas mais dignas de confiana entre os

    anos de 1950 e 1960, Frisa-se, no entanto, desde j, que os elemen-

    tos actualmente disponveis s permitem comparaes sob o ponto

    de vista quantitativo.

    De acordo com esta ltima fonte, ficamos a saber que o n-

    mero de fogos existentes na metrpole (em milhares) passou de

    2274 para

    2573:

    portanto, houve um acrscimo de 299 milhares.

    Este nmero est em flagrante desacordo com o que se apurou da

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    16/34

    Estatstica

    Indv triaJ,.

    A explic-lo teremos, entre outros motivo,

    o facto de escaparem recolha da estatstica de construo de

    edifcios todos aqueles que so construdos sem licena camarria,

    o que acontece em larga escala, especialmente nas zonas rurais do

    Pas

    n

    . No deixa, no entanto, de se manifestar estranheza pela

    amplitude desta diferena (97 milhares de fogos) que, na reali-

    dade, ser ainda maior, em virtude das demolies ocorridas no

    decnio.

    Comparando os resultados dos dois recenseamentos, elaborou-

    -se o QUADRO V, com a evoluo, escala distrital, do nmero

    de fogos existentes por m il hab itantes ndice habitualmente uti-

    lizado em comparaes internacionais. (Vd. ANEXO 1).

    Este ndice, que no conjunto d a m etrpole, era de 268 em 1950,

    passou para 282, o que representaria um acrscimo de 14 fogos

    por 1000 habitantes. Mas poderemos dizer que se verificou de

    facto

    uma melhoria desta ordem de grandeza?

    A observao escala distrital mostra-nos que a evoluo

    apontada no foi uniforme em todo o Pas, antes se tendo regis-

    tado diferenas muito acentuadas entre as vrias regies. Assim,

    as variaes distritais do nmero de fogos por 1000 habitantes

    vo desde + 37 (Castelo Branco) a t 2 (Bra ga) nico dis-

    trito em que se notou um decrscimo.

    Estas diferenas devem-se no s desigualdade regional do

    ritmo da construo mas tambm, e principalmente, influncia

    das migraes internas. Os distritos da Guarda e de Portalegre

    servem de exemplo, com dois dos maiores acrscimos do nmero de

    fogos, relativamente populao: trata-se de distritos em que apopulao diminuiu entre 1950 e 1960.

    H, portanto, uma realidade que no pode ser esquecida: as

    casas so bens imveis, pelo que de nada serve passarem a existir

    em abundncia em regies que esto a sofrer um processo de des-

    povoamento

    12

    . E desde j se faz esta preveno contra certos ex-

    cessos de optimismo, que s tm em conta as subidas dos ndices,

    sem qualquer preocupao sobre o que eles na verdade significam.

    12. Mas a observao escala dis trita l no esgota a anlise

    deste aspecto do problema: intuitivo que para se dar aumento

    de populao num distrito basta que cresam rapidamente as po-

    pulaes de alguns centros urbanos (no raro, a prpria capital

    do distrito), ainda que se verifique simultaneamente o despovoa-

    1 1

    Inventrio de prdios e fogos

    (Anexo ao X Recenseamento Geral da

    Populao) I. N. E., 1962, p. IX.

    12 Neste aspecto, observa-se que no distrito da Guarda at o concelho

    da Guarda viu diminuir a populao, o que no se verificou com qualquer

    outra capital do distrito. Dos doze concelhos deste distrito apenas um (Aguiar

    da Beira) teve acrscimo de populao no decnio de 1950^-1960.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    17/34

    QUADRO

    V

    Populao

    e

    capacidade

    de

    alojamento

    1960)

    Distritos, centros urbanos

    e zonas rurais

    Popula-

    o

    residente

    (milha-

    res)

    Fogos

    (milha-

    res)

    Fogos

    por

    1000 habitan tes

    Total

    1960

    Varia-

    o

    1950-60

    Ocupa-

    dos

    1960

    Metrpole .

    Continente

    Distritos:

    Aveiro

    Beja

    Braga

    Bragana

    Castelo Branco

    Coimbra

    vora

    Faro

    Guarda

    Leiria

    Lisboa ,

    Cidade

    de

    Lisboa

    Portalegre

    Porto

    Cidade

    do

    Porto

    ...

    Santarm

    Setbal

    Viana do Castelo ...

    Vila Real

    Viseu

    Hhas adjacentes

    913

    8 511

    538

    283

    617

    239

    326

    445

    225

    32

    291

    417

    1422

    8 8

    193

    1216

    3

    48

    385

    283

    333

    498

    621

    2 573

    2 428

    141

    85

    14

    69

    1 9

    146

    69

    1 5

    99

    126

    378

    2

    65

    299

    82

    155

    114

    8

    92

    156

    145

    282

    285

    262

    299

    226

    287

    336

    328

    3 8

    329

    341

    3 3

    266

    246

    336

    246

    263

    322

    296

    282

    276

    313

    234

    14

    13

    -f 2

    24

    2

    9

    37

    24

    8

    18

    35

    21

    17

    19

    35

    6

    26

    29

    18

    16

    12

    8

    21

    260

    263

    243

    277

    211

    259

    305

    292

    291

    300

    294

    277

    254

    240

    314

    232

    249

    295

    274

    252

    250

    273

    217

    Fontes :X

    Recenseamento GeraldaPopulao

    Resultados provveis

    I. N. K,

    1961;

    Inqurito scoiiidiesdehabitao dafamlia, cit.;Inventrio deprdios e fogos

    ao X Recenseamento Ge-ral diaPopulao)., I. N. E., 1962.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    18/34

    mento das zonas rurais. Por isso, a segunda etapa estar na obser-

    vao escala concelhia.

    Com esta finalidade apuraram-se os concelhos do continente

    em que a populao diminuiu no decnio considerado. E para se

    avaliar do interesse deste procedimento basta r dizer

    que,

    enquanto

    os quatro distritos nestas condies (Beja, Faro, Guarda e Porta-

    legre) sofreram uma reduo total de 40 milhares de pessoas, a

    anlise escala concelhia indica 107 milhares, distribudos por

    119 concelhos. A rea territorial que lhes corresponde est indi-

    cada no mapa que adiante se publica.

    A primeira consequncia que se tira, do ponto de vista num-

    rico, est expressa no QUADRO VI e a seguinte: enquanto na

    rea icuja populao diminuiu o nmero de fogos por 1000 habi-

    tantes subiu de 33 unidades, naquela em que a populao aumentou

    a mesma relao subiu apenas de 10.

    QUADRO VI

    Influncia da dinmica, demogrfica na evoluo da capacidade de alojamento

    Onde a populao aumentou:

    156 concelhos, com 76 % da popu-

    lao do Continente

    Onde a populao diminuiu:

    119 concelhos, com 24

    da popu-

    lao do Continente (zonas colo-

    ridas do mapa)

    Variaes em

    1950-60

    (mimares)

    Popula-

    o

    residente

    + 704

    107

    Fogos

    + 245

    + 34

    Fogos por 1000 habitantes

    N.o

    1950

    261

    298

    1960

    271

    33 1

    Varia-

    o

    + 10

    + 33

    Fontes: as mesmas do Quadro V.

    As migraes internas provocam desocupao de casas

    numas regies, enquanto agravam o problema da habi-

    tao noutras.

    No mapa da pgina seguinte esto assinalados os con-

    celhos onde a populao diminuiu entre 1950 e 1960;

    segundo nmeros provveis, a reduo foi de 107 mi-

    lhares de pessoa s no conjunto das rea s coloridas.

    50

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    19/34

    DINMICA DEMOGRFICA NO CONTINENTE

    (Concelhos onde a populao diminuiu em 1950-1960)

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    20/34

    E no restam dvidas de que se for feita a anlise de reas

    menores do que os concelhos nomeadamente, por centros popu-

    lacionais se observar um fenmeno muito mais extenso de

    migrao interna e, portanto, de diferenas no nmero de fogos

    relativamente populao. Por isso se atribui grande importncia

    ao movimento de urbanismo em curso, j referido no Captulo I

    e ao qual voltaremos mais vezes.

    A elevada percentagem da populao ocupada na agricultura

    e a sua baixa produtividade, a par do quase abandono ancestral a

    que tm sido votadas as zonas rurais, provoca uma fuga contnua

    dos campos

    13

    . Em consequncia desta fuga, a concentrao popu-

    lacional na faixa litoral a norte do Sado especialmente no dis-

    trito de Lisboa est a tomar aspectos de grave desequilbrio,

    visto que sobre uma estrutura j de si pouco satisfatria, se vai

    desenvolvendo um processo de acentuao das disparidades regio-

    nais.

    Basta dizer que em quatro concelhos circundantes ou vizi-

    nhos da capital (Loures, Oeiras, Almada e Calcais) o aumento da

    populao no decnio em estudo correspondeu a quase uma vez e

    meia a quebra verificada nos 119 concelhos em que a populao

    diminuiu.

    Do ponto de vista habitacional, interessa considerar este r-

    pido crescimento de necessidades provocado pelo afluxo da popu-

    lao s zonas urbanas, sublinhando quanto so, normalmente, in-

    suficientes os meios de que se dispe para adaptar solues con-

    venientes em curto prazo. A maior parte das pessoas que povoam

    os chamados bairros de lata provm, como j se disse, das zonas

    rurais

    1 4

    .

    E se observarmos em sentido inverso, isto , investigando

    quais as condies de habitao das pessoas vindas para a capital

    em busca de melhoria de vida, verificaremos que mesmo aquelas

    que no habitam em construes provisrias sofrem de graves ca-

    rncias de alojamento

    15

    .

    18

    E o aspecto mais grave que esta fuga no corresponde muitas vezes

    procura de profisses com produtividade mais elevada. Em estudo recente,

    abaixo referenciado, baseado numa amostra de indivduos vindos das zonas

    rurais para a capital, foram realados alguns aspectos de muito interesse,

    eortre os quais a tendncia da deslocao para o sector tercirio de uma

    parte aprecivel dos indivduos vindos das actividades primrias. A falta

    de preparao destes indivduos no lhes permite, com efeito, obter emprego

    nas novas indstrias, salvo como serventes ou em outras funes que no

    exijam qualquer especializao; da, a presso exercida sobre o sector dos

    servios, pletrico de servidores muitas vezes inteis, seno mesmo prejudi-

    ciais (Vd. Joo

    EVANGELISTA,

    O homem do campo nas profisses da cidade

    in

    Revista do Centro de Estudos Dem ogrficos,

    Lisboa^ n. 13, 196 1-62).

    ** Vd.

    f

    por exemplo, a nota 6.

    1 6

    Num inqurito realizado entre 250 indivduos das provncias fixados

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    21/34

    13.

    Vejamos agora o que se passa com os fogos desocupados,

    situao em que se encontram 7,5% dos fogos do Continente

    (QUADRO VII),

    QUADRO VII

    Fogos desocupados

    (1960)

    Alguns distritos, centros urbanos

    e zonas rurais

    Continente

    Total nos centros urbanos

    Total nas zonas rurais

    Distritos:

    Aveiro ,

    Braga

    Coimbra

    Guarda

    Lisboa ,

    Cidade de Lisboa

    Porto

    Cidade do Porto

    Santarm

    Viseu

    Total

    N.o

    Em % dos

    fogos

    existentes

    180 824

    19 625

    161199

    9 768

    8 746

    15 274

    13 335

    14 867

    S621

    14 726

    S898

    1 1 9 5 1

    19 569

    7,5

    3,7

    8,6

    7,0

    6,3

    10,5

    13,5

    6,1

    1,8

    5,0

    4,8

    7,8

    12,6

    para

    a rrendar

    po r outros

    motivo3

    Em

    idos fogos

    desocupados

    35,0

    66,1

    31,2

    35,3

    41,8

    28,6

    22,4

    51,8

    62,0

    54,6

    65,2

    28,3

    28,0

    65,0

    33,9

    68,8

    64,7

    58,2

    71,4

    77,6

    48,2

    38,0

    45,4

    34,8

    71,7

    72,0

    Fonte: Inventrio de prdios e fogos,

    cit.

    na capital, as condies de habitao em que os mesmos se encontravam eram

    as seguintes:

    Casados:

    Em casas alugadas pelos p

    prios 25

    Em partes de casa

    Em casa dos sogros . .

    Em quartos alugados ..,

    Em casa dos pais

    No quartel onde serve

    Como porteiro

    Solteiros :

    Em quartos ou penses 141

    Eim casa dos pais

    Em casa de pessoas de famlia

    No quartel onde servem

    No emprego

    35

    18

    7

    3

    4

    7

    6

    4

    2

    1

    1

    46

    Dos 25 indivduos em casas alugadas pelos prprios apenas 6 dispunham

    de recursos suficientes para viverem sem hspedes. (V. Joo EVANGELISTA,

    O homem do campo nas profisses da cidade, cit.),.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    22/34

    Nos centros urbanos, a taxa de desocupao inferior a me-

    tade da que s verifica nas zonas rur ai s: respectivamente, 3,7 %

    e 8,6 ...Cerca de % dos alojamentos urbanos nestas condies so

    para arrendar, contra % nas zonas rurais.

    Em nmeros absolutos, indicam-se como desocupados quase

    181 milhares de fogos, dos quais cerca de 20 milhares nos centros

    urbanos e 161 nas zonas rurais . Infelizmente, no se dispe de uma

    cifra dos fogos desocupados em 1950, que permita estabelecer a

    evoluo no decnio.

    Estas cifras e sobretudo a comparao das taxas de deso-

    cupao confirmam, por seu lado, o que ficou dito sobre as mi-

    Raes internas. Fica-se, no entanto, com a noo de que o n-

    mero de casas praticamentedesocupadas muito superior ao indi-

    cado, em virtude de existirem famlias com habitao em mais

    de um fogo at porque as pessoas deslocadas de umas para

    outras regies continuam, em grande parte, a ocupar

    nominal-

    mente

    as suas habitaes anteriores.

    A confirmar esta concluso temos o facto de o nmero de

    fogos classificados como ocupados ser superior ao nmero de

    famlias, apesar de existir uma inegvel crise de alojamento...

    14.

    Importa tambm considerar, alm do nmero de fogos,

    as suas dimenses, quer em nmero de divises quer em super-

    fcie. Utilizar-se- apenas o critrio do nmero de divises, nico

    para que existem dados publicados.

    A distribuio dos fogos segundo o nmero de divises em

    1960,

    foi resumida no QUADRO VIII. Nele se observa que o n-

    mero de fogos com uma e duas divises proporcionalmente maior

    nas zonas rurais, o que est de acordo com as observaes feitas

    no n. 8.

    significativo notar que os fogos at trs divises represen-

    tam 58 % do total precisamente a percentagem das famlias

    que ocupavam casas com estas dimenses em 1950.

    Interessaria, no entanto, conhecer, em vez da distribuio di-

    mensional do nmero de fogos existentes, ou mesmo do nmero de

    fogos ocupados, a do nmero de famlias que ocupam um fogo se-

    gundo as dimenses deste, tal como se dispe relativamente ao

    penltimo recenseamento.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    23/34

    QUADRO VIII

    Fogos segundo o nmero de divises

    (1960)

    Alguns distritos, centros urbanos

    e zonas rurais

    Continente

    T otal nos centros urbanos

    Total nas zonas rurais

    Distritos:

    Aveiro

    Braga

    Coimbra

    Lisboa

    Cidade de Lisboa

    Porto

    Cidade do Porto

    Santarm

    Viseu

    Fogos

    2 416 394

    554 501

    2 006 092

    140 304

    139 272

    145 185

    376 618

    200 M9

    297 267

    81102

    153 796

    155 589

    Segundo o n. de divises

    1

    10,4

    9,2

    10,8

    7,5

    14,2

    5,7

    7,7

    1,3

    13,8

    7,0

    11,9

    2

    20,0

    17,4

    21,4

    13,5

    23,3

    15,2

    16,6

    21,9

    18,7

    16,4

    22,3

    3

    27,5

    26,4

    27,7

    25,5

    23,4

    29,7

    30,0

    23,7

    25,3

    34,4

    22,8

    4

    e mais

    42,1

    47,0

    40,1

    53,5

    39,1

    49,4

    45,7

    39,0

    42,2

    43,0

    Fonte:

    Inventrio de prdios e fogos,

    cit.

    15.

    De tudo o que vem sendo exposto, se podem ti ra r as se-

    guintes concluses, vlidas para a evoluo no decnio de 1950-60:

    a) Verificou-se, escala do Continente, intenso movimento

    migratrio interno, especialmente em direco s zonas

    do litoral ia norte do Sado, com despovoamento, em nme-

    ros absolutos, de extensas regies do interior; observado

    o fenmeno escala local, foi geral o afluxo aos centros

    urbanos, mesmo dentro das zonas em despovoamento;

    b) O .nmero de fogos construdos anualmente cresceu bas-

    tante na segunda metade do decnio; mas o inventrio dos

    fogos acusa, mesmo assim, um acrscimo muito superior

    ao nmero das construes, devido, certamente em parte,

    s construes clandestinas;

    c), O nmero de fogos ocupados no revela o dficit global,

    em virtude de parte das famlias figurar com mais de

    um fogo;

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    24/34

    d) conjugao destes aspectos no permite estabeleceir,

    com rigor, a evoluo da situao em matria de aloja-

    mento, peio que

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    25/34

    vises parece, no entanto, suscitar algumas dvidas. Na aplicao

    que dela se faz em seguida, adoptou-se para os fogos com uma

    diviso o critrio das normas -francesas de superlotao (a partir

    de trs pessoas), mantendo-se a regra enunciada para os de duas

    divises, de acordo, alis, com as mesmas normas.Deste modo, consideram-se as famlias com mais de duas pes-

    soas dispondo de uma diviso e com mais de t r s dispondo de du as :

    em 1950 eram, respectivamente, 141 e 193 milhares, a somar aos

    132 apurados anteriormente. O total atinge, assim, 466 milhares

    de fogos.

    No se incluram as famlias com mais de cinco pessoas em

    casas de trs divises, com mais de sete em quatro, etc, por se

    admitir certa compensao no facto de algumas das habitaes j

    consideradas serem susceptveis de ampliao, alm de que, se

    parte das habitaes a construir forem dimensionadas para fam-

    lias numerosas dispondo de mais de duas divises, em condies

    de superlotao crtica, a desocupao dos fogos habitados por

    estas famlias poder reverter, em princpio, a favor de famlias

    menos numerosas que habitem, em condies correspondentes,

    fogos de menor dimenso.

    Temnse tambm a noo de que os fogos, em nmero muito

    elevado, que no dispem de um mnimo de comodidades exigem

    igualmente substituio. Mas, por um lado, grande parte dessas

    habitaes est j includa nos agregados anteriormente conside-

    rados (sem que se conhea o seu nmero), por outro, admite-se

    que muitas delas possam ser objecto de benfeitorias e tambm

    se desconhece quantas estaro nestas condies.

    Alm de tudo isto, deve acentuar-ise que o objectivo presente

    estabelecer, com o possvel sentido das realidades, o rol dasneces-

    sidades mais prementes, em ordem ao estabelecimento de progra-

    mas realizveis. Neste sentido, teramos, segundo os elementos es-

    tatsticos disponveis (relativos a 1950) e os critrios indicados,

    um dficit efectivo de alojamentos da ordem dos 460 milhares,

    dos quais 150 mil com carcter muito u rgente. A guardaremos &

    publicao de dados estatsticos mais actualizados para rectificar

    estes nmeros e -acrescentar-lhes o possvel rigor. Oportunamente

    nos ocuparemos da evoluo das necessidades em matria de alo-

    jamento, nomeadamente do seu crescimento anual, para a deter-

    minao de dficits de reposio.

    Fica, no entanto, desde j expresso quanto so aleatrias as

    previses nesta matria, mormente em pases que atravessem uma

    fase.de rpida industrializao, em virtude das assimetrias do de-

    senvolvimento regional, que podem inutilizar um grande esforo

    na iconstruo de habitaes, pelo que tal esforo ter que ser

    integrado num planeamento regional e urbanstico que permita

    retirar da utilizao do solo o mximo de satisfao para os seus

    habitantes.

    57

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    26/34

    I llAlgumas reflexes sobre a dinmicadoproblema habitacional

    A anlise de alguns elementos sobre a contabilidade nacional

    do nosso Pas, bem como da situao actual e das tendncias no

    que respeita construo e utilizao das habitaes, especial-

    mente na capital, podem ajudar a esclarecer certos aspectos essen-

    ciais da problemtica habitacional, da sua evoluo e das respec-

    tivas incidncias na vida econmica e social portuguesa.

    As consideraes que se seguem baseiam-se na observao de

    algumas estruturas econmicas, sociais e institucionais que con-

    dicionam, quando no determinam, a dinmica do problema. Tra-

    ta-se, portanto, de uma anlise muito diferente da que foi feita

    nos captulos anteriores, revestindo, por vezes, carcter exempli-

    ficativo.

    So quatro as questes a tratar:

    a) uma questo fundamental: casas para habitao dos pr-

    prios ou casas para rendimento?

    17. A formao bruta de capital fixo no sector casas de

    habitao, no trinio de 1958-1960, foi de 6057 milhares de con-

    tos. Durante o mesmo perodo, o produto bruto formado neste

    sector atingiu 6036 milhares de contos, isto , uma verba prati-

    camente igual da formao de capital fixo

    17

    . Esta comparao

    mostra-nos serem da mesma ordem de grandeza o valor dos inves-

    timentos anuais em habitaes e o dos servios que elas prestam

    este, medido pelas respectivas rendas, reais ou imputadas.

    Parece, portanto, legtimo formular a seguinte hiptese: se

    todas as habitaes estivessem em regime de acesso propriedade

    familiar isto , a serem amortizadas pelos prprios moradores

    as amortizaes liquidadas, supostas ao mesmo nvel das rendas

    actuais, chegariam para satisfazer a totalidade dos novos investi-

    mentos, desde que os capitais investidos no prosseguissem qual-

    quer fim lucrativo. Desde j acrescentaremos que a principal difi-

    culdade para a concretizao de tal hiptese reside no volume ele-

    vadssimo de capitais nestas condies que seria necessrio obter,

    at constituir um fundo suficientemente grande para manter por

    si prprio o ritmo dos investimentos;

    e que a hiptese constitui

    um modelo simplificado, visto que, nomeadamente, supe constante

    o total a investir em cada ano.

    Daqui se pode concluir estarmos em presena de um crculo

    vicioso quando se pensa em substituir o arrendamento pela amor-

    tizao. A vultosa verba destinada a rendas de habitaes, nica

    que a maior parte das famlias pode consagrar ao alojamento,

    quase anula a sua possibilidade de investimento na habitao pr-

    17

    Valores a preos correntes Awiurio Estatstico de 1960.

    58

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    27/34

    pria. Por isso, a construo de novas casas vir a ser novamente

    realizada com capitais que prosseguem fim lucrativo, quer esses

    capitais provenham quer no de rendimentos formados no sector

    da habitao. O sistema mantm-se por si prprio...

    Esquematizemos em duas perguntas o que acaba de ser dito,

    mas observando agora escala das famlias.

    ,Ser vivel s famlias recm-constitudas e isto qualquer

    que seja a classe social em que se integram, salvo raras excepes

    disporem da quantia inicial necessria p ara o investimento

    numa habitao que iriam pagando em prestaes na parte res-

    tante?

    Como a resposta a esta pe rgun ta no pode deixar de ser nega-

    tiva, faamos estoutra que lhe completa o sentido: ser vivel s

    famlias, que tiverem de alugar uma casa, disporem de uma par-

    cela do seu oramento, tal que lhes permita constiturem paralela-

    mente um patrimnio

    com vi ta habitao prpria? E a nova

    resposta no ser diferente da anterior.

    Como se v, h uma relao ntima entre estes dois aspectos:

    por um lado, a necessidade premente de construir habitaes; por

    outro, a inteno que admitiremos como hiptese de conferir

    aos seus moradores, em certo prazo, o direito de propriedade sob re

    um patrimnio imobilirio correspondente s necessidades de ha-

    bitao da famlia.

    A existncia generalizada deste patrimnio que no tem

    de traduzir-senecessariamentepor um direito de propriedade sob re

    determinada habitao represe ntaria, uma profunda alterao

    de significado em relao situao que caracteriza actualmentesob os pontos de vista econmico e jurdico, a maior parte dos

    alojamentos das zonas urbanas (90 % em Lisboa) e cerca de

    2

    /

    5

    dos de todo o Pas. Mas a dificuldade de que se reveste de tal

    magnitude que s poder ser vencida atravs de uma unio de es-

    foros

    9

    implicando uma colaborao ntima entre todos os sectores

    validamente interessados

    no problema do alojamento.

    b) a produtividade dos investimentos na hab fiao

    18.

    A percentagem do capital fixo destinado ao sector da

    habitao cerca de 20 % da formao total de capital revela,

    conforme tem sido acentuado repetidas vezes, a preferncia pela

    propriedade urbana como forma de aplicao de capitais, com pre-

    juzo dos empreendimentos agrcolas e industriais, onde os coefi-

    cientes de risco so geralmente superiores.

    A mesma preferncia pela propriedade imobiliria origina,

    com muita frequncia, um luxo espectacular das construes, cujo

    interesse social se tem de considerar nulo, quando no negativo,

    na medida em que reduz, para um dado inveistimento, o nmero

    de pessoas que possvel alojar.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    28/34

    Esta hipertro fia de construes luxuosas no tem passado des-

    percebida aos economistas que se preocupam com a melhor apli-

    cao dos nossos escassos recursos. O que se observa na Alemanha,

    na Franga ou na Sua, por exemplo, d uma sensao de extrema

    modstia em relao io que obsiarvaino nas modernas avenidas

    de Lisboa. A comodidade existe l, mas o tom dominante o de

    um estilo sbrio e funcional, em verdadeiro contraste com o re-

    quinte dos novos edifcios de L isboa

    18

    .

    Estar aqui uma explicao, embora parcial, do escasso n-

    mero de habitaes construdas so nosso Pas, relativamente po-

    pulao?

    19

    .

    De qualquer modo, a distoro apontada pode significar que

    se as decises de construir fosisem deixadas aos futuros locatrios

    (atravs de servios pblicos, cooperativas, etc.) e no a conside-

    raes baseadas exclusivamente numa rentabilidade mxima,

    disputada a reduzido nmero de possveis inquilinos, poder-se-ia

    construir proporcionalmente muito mais habitaes, aumentando,

    assim, a produtividade dos capitais investidos.

    Por outro lado, haveria tambm menor estmulo para a proli-

    ferao das actividades comerciais de distribuio, que tambm

    deve ser considerada entre as ms aplicaes dos investimentos.

    Com efeito, notrio em extensas zonas da capital, por exemplo,

    no se construiriam imveis sem neles ae prever a instalao de

    novos estabelecimentos icomerciais, em vista do rendimento loca-

    tvo que estes podem proporcionar o que, a prazo m ais ou menos

    longo, conduzir a propores absurdas entre o nmero total das

    famlias alojadas e o dos estabelecimentos comerciais que as

    servem.

    O problema de travar esta sobrecarga social no indepen-

    dente da soluo do problema da habitao e a proposio inversa

    igualmente verdadeira.

    Ora, se a reduo do luxo das construes e da hipertrofia de

    servios escassamente reprodutivos permitiria dispor de maior

    nmero de habitaes, no se v motivo para excluir medidas nesse

    sentido do quadro de uma poltica da habitao

    20

    ,

    c) um exemplo de de tinvio de capitais

    19. As iniciativas baseadas em consideraes de natureza

    puram ente financeira podem levar, no campo da habitao, a absur-

    * Xavier PINTADO O esforo de desenvolvimento econmico em Por-

    tugal e nos pases da Europa Meridional in

    Revista do Gabinete de Estudas

    Corporativos, n. & Janeiro-MaTo de 1968.

    " Vd . "Anexo 1.

    a Estaria jneste caso, por exemplo, a criao de grandes armazns,

    redes de cooperativas de consumo, etc. solues com maior produtividade

    que os pases desenvolvidos adoptam em grande esteala.

    6

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    29/34

    dos ainda maiores do que os apontados. o caso, por exemplo, da

    destruio de capitais que se est operando especialmente em

    Lisboa em virtude da demolio de prdios para reconstruo.

    (Efectivamente, a Lei n. 2088, ao estabelecer as condies em

    que pode ser requerido o despejo com fundamento na execuo de

    obras que permitam o aumento do nmero de arrendatrios

    (art. 1.), visava contemplar iniciativas dos quais resultasse me-

    lhoria do aproveitamento do espao urbano, pelo crescimento, em

    altura, das habitaes existentes.

    Mas os resultados que este diploma tinha em vista vm sendo

    sofismados na prtica, visto que tais aplicaes quase s se reali-

    zam mediante a substituio pura e simples de imveis existentes

    com rendas antigas, mas quase sempre@m estado aceitvel de

    conservao

    21

    .

    Os nmeros de que se dispe no que toca a demolies para

    reconstruo obrigam a reflectir sobre o interesse nacional de tal

    prtica. No trinio de 1958-1960 foram demolidos em Lisboa, para

    esse fim, 611 prdios**. Ainda que cada um abrigasse, em mdia,

    apenas cinco famlias hiptese extremamente optimista se-

    riam cerca de 3000 fogos destrudas; ou melhor, teria havido ne-

    cessidadede investir capitis naconstruodecercade3000fogos

    para se obter uma situao idntica anterior,do> ponto de vistu

    quantitativo.

    Mas a explicao do facto no difcil, conforme o municpio

    da capital reconhece: A progressiva valorizao dos terrenos si-

    tuados em zonas j plenamente urbanizadas e as desactualizadas

    rendas quq, geralmente, proporcionam os prdios susceptveis de

    serem ampliados, emprestando soluo de despejo, voluntrio ou

    coercivo, demolio e posterior reconstruo, um maior benefcio

    econmico, pode ter justificado a sua preferncia. A numerosas

    demolies que foram realizadas durante o ano [de 1960] como

    preparativo para a lexecuo de muitos dos projectos aprovados

    (222 prdios demolidos para 207 edificaes projectadas) empres-

    tam fundamento quela presuno

    23

    .

    O que esta contnua demolio representa em perda de capi-

    tais do ponto de vista nacional de difcil estimativa, uma vez

    que se trata de edifcios, embora no sendo novos, ainda assim

    susceptveis de utilizao por vrios anos; no tem, porm, justi-

    ficao num pas que carece de avultados capitais para o seu de-

    senvolvimento.

    E quanto aos dolorosos aspectos sociais de que se reveste o

    xodo, geralmente para fora da capital, dos inquilinos desaloja-

    2 1

    aceitvel e n t e n d a- s e : p e l o me n os , e m t e r m os d a s c on d i e s r e a i s d e

    a l o j a m e n t o d a m a i o x i a d a p o p u l a o .

    2 2

    O s n m e r o s s o : 1 9 5 8 2 3 3 ; 1 9 5 9 1 5 6 ; 1 9 6 0 222 (Anais do

    Municpio de Lisboa

    19 5 8 a 196K>).

    sa

    Anais do Municpio de Lisboa,

    1960 , p . 399 .

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    30/34

    dos,

    mesno que subitamente enriquecidos com indemnizaes,

    temo-los porimpossveis de avaliar. Factos conhecidos poruma

    fcil amostragem obrigam, no entanto, a dizer que atingem uma

    tenso preocupante. A situao actual de parte do inquilinato em

    Lisboa pode caracterizar-se grosso modopor um tri ste dilema: ou

    a renda elevada (geralmente acima das possibilidades do ora-

    mento fam iliar) ou, no o sendo, pa ira sob re o lar a ameaa da

    demolio, a menos que as condies da localizao do prdio no

    permitam que o mesmo seja objecto de substituio por outro

    maior. No vale sequer a pena insistir no sentimento de insegu-

    rana que deste modo se tem gerado na populao de certas zonas

    da capital.

    E j que se falou em xodo para fora da capital, vale a pena

    observar, agora sem considerar os seus motivos, como tem cres-

    cido os chamados dormitrios de Lisboa. Os resultados j conhe-

    cidos do X Recenseamento Geral da Populao so extremamente

    elucidativos a este respeito. Basta reparar no crescimento da po-

    pulao de quatro concelhos, no decnio 1950-1960: Loures, 54 mil

    pessoas ( + 1 0 9 % ) ; Oeiras, 44 mil ( + 8 3 % ) ; Almada, 27 mil

    (+ 62 % ) ; Cascais, 20 mil (+ 4 8 % ) . No total, so cerca de 150 mil

    pessoas, mais de trs vezes e meia o aumento de populao verifi-

    cado na capital.

    d) o desequilbrio na distribuio espacial da populao ur-

    bana.

    20.

    As actuais disparidades de rendas reflectem-se na dis-

    tribuio populacional dentro dos aglomerados urbanos e seus su-

    brbios.

    Com efeito, uma vez que a mudana de residncia origina,

    normalmente, agravamento do oramento familiar, por implicar

    novo arrendamento, as famlias raramente se mudam em virtude

    de variaes na dimenso dos agregados ou na localizao, por

    exemplo, dos locais de trabalho dos seus chefes.

    Neste ltimo caso, resulta da rigidez actual um movimento de

    transporte muito intenso dentro das grandes cidades, com carac-

    tersticas de autntico cruzamento, extensivo s zonas suburba-

    nas,

    que s ser ia possvel reduzir se passasse a exis tir uma base

    objectiva geral na fixao do nvel dos encargos que cada famlia

    deve suportar com a habitao.

    Apenas como hiptese exemplificativa, no custa aceitar que

    a industrializao da margem esquerda do Tejo frente a Lisboa

    venha a originar um movimento fluvial de vaivm dirio de

    pessoas em situao

    oposta

    daquela que hoje predomina, isto ,

    de pessoas que paguem rendas mais antigas em Lisboa ese em-

    preguem nas zonas industriais da outra margem onde, devido a

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    31/34

    essa mesma industrializao, as rendas mostrem tendncia para

    subir. Em condies ideais, parecequeestes dois movimentosde-

    veriam tendera anular-se, trabalhandoemcadauma dasmargens

    as pessoas nela residentes,e aliviando, deste modo,o estrangu-

    lamentoque a travessia representa

    2 4

    . Masdevido comparti-

    mentao

    das

    solues locativas

    cada mudana implica novo

    contrato no sepode enc arar asoluodoproblema.

    Uma palavra deve, agora ser dita sobre o

    custo econmico

    desta acelerao transportadora: agravamento dos problemasde

    trnsito, aumento doconsumode combustveis eequipamentose

    crescimento de servios em parte dispensveis e sempre onero-

    sos

    25

    ;etambm sobreocustosocial,representadoportensespsi-

    colgicas, quandonomesmoporesgotamento fsico, daspessoas

    submetidas a um exagero dirio de transporte.

    Os elementos apresentados deixam transparecer amultiplici-

    dade

    de

    aspectosque se toma necessrio considerar

    ao

    estudar-se

    o problema da habitao. Desdea avaliaodascondiesde alo-

    jamento

    at

    previso

    da

    evoluo

    das

    necessidades

    e ao

    estabe-

    lecimentodedirectrizesdeaco,longoocaminhoa percorrer.

    As relaes que durante esse caminhose v necessidadede

    estabelecer com as restantes caractersticas econdicionalismosdo

    agregado social constituem,sebemquepreocupao relativamente

    recente,

    o

    eixo fundamental

    de uma

    poltica da, hab itao.

    Por

    isso

    se insiste cadavezmaisnacoordenao dessa poltica comapol-

    tica social

    e

    econmica gercl nica forma de corresponder

    extrema complexidadede um problema cuja importnciae gravi-

    dade se torna desnecessrio acentuar.

    No quadro desta coordenao e com o fim deasseguraia

    viabilidadedosprogramasem m atria de alojamento pode haver

    necessidade de alterar as estruturas institucionais quecondicio-

    nam toda a aco. Acabmosde vercomoa existnciade um fim

    2 4

    Note-se, a propsito, que o movimento de passageiros entre Lisboa e

    Camilhas cresceu

    169

    entre 1939 e 19510 e 93 de 1950 a 1958. Os n-

    meros foram os seguintes, em milhares:

    1939 2 372

    1950

    6 301

    1958

    12 315

    2 5

    Estecusto econmico, na realidade maior se considerarmos que em

    muitos casos, o trabalhador que gasta uma hora, e por vezes duias, em trans-

    porte para chegar ao seu trabalho pode dar um rendimento extremamente

    medocre (Vd. Villes et Campagnes C. N. R. S., Lib. Armand Oolin,

    Paris,

    1953),

    63

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    32/34

    lucrativo neste sector conduz a consequncias muito importantes:

    a impossibilidade prtica do acesso habitao prpria; a escassa

    produtividade social dos investimentos imobilirios; as demolies

    injustificadas em face dos pardieiro que ficam; a rigidez da loca-

    lizao do habitat urbano, determinada pela antiguidade do arren-

    damento e pela desvalorizao monetria. E no se falou, sequer,

    das questes respeitantes obteno e ao valor dos terrenos urba-

    nos e da especulao que sobre eles se exerce.

    ^ Em face da realidade que os factos acima exemplificam, ade -

    f inio de uma poltica gera l da habitao pressupe algumas alte-

    raes de estrutura leconomicas e jurdicas, que posisibilitem a

    generalizao de um patrimnio habitacional sem finalidade lu-

    crativa.

    Mas para que tal generalizao seja um facto h que recorrer

    a tcnicas que piermitam manter o valor real desse patrimnio

    sem, no entanto, sancionar m ais valias- injus tificadas; que (atendam

    flexibilidade exigida pela vida moderna, em matria de desloca-

    o do habitat; que possiam suscitar sacrifoiois individuais, s exei-

    quvfis em face de determinadas giairantias colectivas; que, em

    suma, se integrem numa dimenso e numa expectativa nacionais,

    associando reformas de (estrutura a programas de aco.

    De acordo com estas premissas se tentar prosseguir o pre-

    sente trabalho.

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    33/34

    ANEXOS

    ANEXO 1

    Elementos gerais sobre a habitao em alguns pases europeus

    PASES

    Alemanha Ocl

    dental

    ustria

    Blgica

    Dinamarca

    Frana

    Gr-Bretanha ..

    Grcia

    ,.

    Holanda

    Itlia

    Portugal

    Sucia

    Suia

    sobre as habitaes existentes:

    Anos

    N.ode

    fogos

    existen-

    t e s por

    lOOOhab.

    1956

    1951

    1947

    1955

    1954

    1951

    1951

    1956

    1951

    95

    1945

    195

    (A )

    250,6

    309,1

    340,6

    312,0

    324,1

    274,4

    232,7

    244,9

    267,9

    *

    312,8

    276,9

    Percent

    de fogos

    ocupa-

    dos

    (B).

    99,5

    98,2

    99,6

    96,2

    90,9

    99,4

    94,3

    N.o

    m-

    dio

    de

    divises

    P. fogo

    3,9

    3,5

    4,0

    4,4

    2,9

    4,6

    2,4

    5,1

    3,3

    8,6

    3,1

    4,9

    N.o

    m-

    dio

    de pes-

    soas por

    diviso

    (D )

    1,0

    0,9

    0,7

    0,7

    1,0

    0,8

    1,8

    0,8

    1,3

    14

    1,0

    0,8

    sobre

    o

    fomento

    da habitao:

    Percent.

    do capi-

    tal fixo

    aplicado

    em

    ha-

    bitaes

    1957-59

    (B )

    19 - 20

    2 5 - 3 0

    15-17

    2 5

    17- 18

    3 0 - 3 1

    2 0 - 2 2

    28- 29

    19-21

    24-25

    17-24

    N.o e

    fogos

    cons

    trudos

    p.

    1000

    hab.

    1959

    (F )

    9,7

    5,0

    5 ,1

    5 ,8

    7,6 a

    5 ,4

    7 ,4

    6 ,0

    2,9

    9 ,3

    5,4

    Percent.

    dos fo>-

    gos

    cons-

    trudos

    c. aux-

    liode

    i n ve s t

    pbl.

    1957

    (G)

    52

    60-70

    53

    85

    91

    58

    27

    95

    21

    2*

    97

    7

    OBSERVAO:

    A

    interpretao

    dos

    elementos des te Quadro, quando vise

    o por-

    menor, deveite em conta algumas divergncias nos critrios de classificao ei apura-

    mento estatsticos, sendo por isso conveniente a consulta das publicaes abaixo indi-

    cadaa

    Com

    esta preveno julg a-se, porm,

    que a

    sntese apresentada pode ajudar

    a

    formar

    uma

    ideia

    de

    conjunto.

    Fontes : Amvu aire 8 ta tis tique, O.N.U., 1948 a 1960, para as cjolunas A) a F);

    Le Finunoement

    du

    logement

    en

    Europe, O.N.U., 1958,para a coluna G). As permi-

    lagens indicadas

    nas

    1

    colunas

    A) e F)

    foram (calculadas considerando

    a

    populao

    a

    meio

    dos

    anos

    a que

    respeitam

    ou a

    resultante

    dos

    Censos d esses anos.

    H

    que

    notar

    as

    seguintes excepes, assinaladas

    por

    letras:

    a

    construes

    de

    fogos autorizadas;

    b

    282 em 1960 (dados provisrios);

    c

    no existindo no Anurio a

    indicao do n. de fogos ocupados, procedeiu-se a uma estimativa), somandoo n. das

    famlias

    que

    oteupam

    um

    fogo

    com 4/10 do n. das que

    ocupam parte

    um

    fogo

    (supondo, portanto, neste caso,

    uma

    ocupao mdia

    de 2,5

    famlias

    por

    fogo)

    e

    arre-

    dondando o total;

    d

    em 1965; populao em 1946.

    65

  • 7/25/2019 problematica da habitao

    34/34

    ANEXO 2

    Aspeeto qualitativo da habitao em alguns pases europeus

    PASES

    Anos

    Percentagens

    da

    alojamentos dispondo

    de

    Electricidade

    T ota l c id ad es

    campo

    Agua corrente

    Total

    cidades campo

    Casa

    de

    banho

    Total

    cidades campo

    Alemanha Ociden-

    tal *

    ustria

    Blgica

    Dinamarca*

    Frana*

    Gr-Bretanha

    Grcia*

    Holanda ,

    Itlia

    Portugal

    * ,

    Sucia ,

    Suia

    1956

    1951

    1947

    1955

    1954

    1951

    1951

    1947

    1951

    95

    1954

    195

    88,4

    90,7

    95,4

    98,4

    93,0

    88,0

    28,7

    92,4

    82,7

    19,5

    93,7

    88,0

    97,2

    99,5

    95,4

    53,2

    94,8

    91,7

    46,9

    99,6

    100,0

    88,6

    82,7

    96,3

    89,5

    2,9

    72,1

    8,5

    86,2

    95,2

    77,7

    34,2

    48,4

    58,4

    94,0

    12,1

    80,2

    38,8

    86,2

    44,8

    100,0

    75,4

    99,0

    23,0

    86,6

    72,0

    74,0

    95,3

    92,0

    98,9

    72,0

    21,3

    63,5

    34,3

    79,0

    0,6

    26,5

    8,1

    47,0

    77,4

    47,4

    10,6

    8,4

    39,4

    10,4

    62,0

    2,7

    12,3

    34,0

    55,5

    52,6

    15,2

    47,8

    14,9

    65,0

    5,1

    28,6

    22,1

    46,0

    69,6

    43,9

    4,9

    21,9

    4,0

    53,0

    0,1

    2,0

    16,0

    17,3

    Fontes :

    La situation du logement en Europe

    Gnve, O.N.U.,

    1956; no que se

    refere

    aos

    pases assinalados com *

    foi

    feita

    a

    actualizao

    com

    elementos

    do

    Anurio

    Estatstico, igualmente

    das

    Na es Unidas, relativo

    a

    1960.

    As

    percentagens sobre

    Por-

    tugal, colhidas neste Anurio,

    so

    mais baixas

    do que as

    calculadas pelo autor

    e

    cons-

    tantes

    dos

    Quadros

    I, II e III do

    presente trabalho.

    Considera-se aplicvel

    a

    este Quadro

    a

    preveno constante

    da

    Observao

    ao

    Quadro anterior.