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Problemática do ensino/formação do jornalismo em Portugal Construção sócio-histórica da profissão de jornalista Deontologia jornalística

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•Problemática do ensino/formação do jornalismo em Portugal

•Construção sócio-histórica da profissão de jornalista

•Deontologia jornalística

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Problemática do ensino/formação do jornalismo: A fase do domUm dos atributos para a construção e a

afirmação de uma profissão é a transmissão de um conhecimento altamente especializado e sistematizado.

Portugal “arrastou” a problemática do ensino do jornalismo durante muitos anos, de forma controversa e polémica, passando por várias etapas e projectos gorados.

Anos 20/30 (séc. XX) a ideia dominante é que o jornalismo é um dom, nasce-se jornalista como se nasce poeta.

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Problemática do ensino/formação do jornalismo: A fase do domNa década de 30 há duas vertentes na visão

que os jornalistas portugueses tinham do ensino do jornalismo:

1)Criação de uma escola para jornalistas2)Dúvida se era necessário a escola ser de nível

superior ou nãoPara o grupo que defendia a existência de uma

escola, a formação era concebida como “instrumento útil, mas não essencial para o profissionalismo e autonomização do jornalismo” (Sobreira, 2003)

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Problemática do ensino/formação do jornalismo: A fase do domEm 1941, a admissão para os jornais era feita

por “tentativas de experiência” e não dependia prioritariamente das habilitações académicas dos candidatos.

Recomendações pessoais e causar “boa impressão” ao responsável do jornal eram a base para admitir candidatos.

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Problemática do ensino/formação do jornalismo: A fase do domEm suma, nas décadas de 20, 30, 40

privilegia-se a ideia do dom jornalístico, contudo assiste-se já a algum tipo de problematização sobre a necessidade de criar um ensino jornalístico, em Portugal.

É em torno destas questões que vamos encontrar os primeiros projectos e tentativas de ensino/formação do jornalismo.

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A fase da necessidade de uma formaçãoEm 1926 (Sindicato dos Trabalhadores da

Imprensa de Lisboa) e em 1941, o então Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), propuseram a criação de um “Curso de Formação Jornalística”, no entanto, os projectos são gorados, permanecendo a ideia do dom.

Mais uma vez se confirma a ideia de que o jornalista não se faz, mas nasce-se jornalista, pelo que se entendia que a profissão de jornalista não exigia, nem dependia de uma formação profissional especializada.

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A fase da necessidade de uma formaçãoEm 1962, o (SNJ) demonstra intenção de criar uma

Escola de Jornalistas.Também no Porto surge a intenção de criar um

Curso de Jornalismo na Faculdade de Letras.Além destas tentativas e intenções goradas do

(SNJ), há outras iniciativas:- 1º Curso de Formação Jornalística (1962) pelo

Instituto Superior de Estudos Ultramarinos;- Curso de Jornalismo (1966) no Jornal Diário

Popular;- I Curso de Jornalismo (1968) pelo (SNJ), revelando-

se um sucesso e provocando um impacto na opinião pública.

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorEstava, assim, lançada a 1ª pedra para o

reconhecimento do ensino do jornalismo, em Portugal.

EUA e França foram os primeiros países a desenvolver o ensino superior do jornalismo.

Em 1869, os EUA tinham já formação jornalística no ensino universitário

No início do séc. XX, os EUA já tinham mestrados e doutoramentos em jornalismo.

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorEm França (1899) = Escola Superior de

Jornalismo (1924) = Escola de Jornalismo na

Faculdade Católica de Lille Grã- Bretanha (1960) = somente 30% dos

jornalistas tinham formação superior.Portugal, início de 70 (séc.XX) = continuava a

não existir ensino universitário em jornalismo.

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorInício dos anos 70, o (SNJ) nomeou uma comissão

com objectivo de criar e organizar um Curso Superior de Jornalismo.

A criação do Curso Superior de Jornalismo foi fundamentada com base nos seguintes critérios:

- Assegurar uma saber comum (conteúdos)- Desenvolver atitudes em relação à missão de

informar (objectividade, idoneidade, deontologia)- Utilização das técnicas/ciências da informação.

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorEm 1971, foi entregue o “Projecto de Ensino

de Jornalismo em Portugal” ao então ministro de Educação Nacional, Veiga Simão. Estava prevista a criação de um “Instituto Superior de Ciências da Informação” que formasse bacharéis e licenciados em “Ciências da Informação”, ficando aptos para exercer “jornalismo”, “rádio jornalismo”, “tele jornalismo” e “cine jornalismo”.

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorMas, mais uma vez, o projecto não obteve

aprovação das autoridades competentes, devido ao regime político que vigorava.

Significa isto que os jornalistas tiveram que esperar por uma mudança política (queda da ditadura, 1974), para ver nascer em 1979 a 1ª licenciatura em Comunicação Social, no âmbito do Ensino Superior oficial (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL)

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O ensino/formação de jornalistas e o ensino superiorDécadas 80/90 é de assinalar novas orientações

no ensino/formação de jornalistas:- Organismos profissionais que promovem cursos

de reciclagem e actualização (Centro de Formação de Jornalistas (CFJ), 1983, no Porto; Centro Protocolar de Formação de Jornalistas (CENJOR), 1986, Lisboa.

- Observatório de Imprensa, 1994.No domínio da investigação, o jornalismo é

tardio, registando-se, no final da década de 80 e início de 90, as primeiras teses de doutoramento.

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalistaO séc. XIX pode ser considerado o marco na

emergência do campo jornalístico e dos seus profissionais.

Até finais do séc. XVIII = objectivo dos jornais era a propaganda política.

Séc. XX = com desenvolvimento da imprensa vê surgir um novo objectivo nos jornais = a informação.

Paralelamente, a industrialização, a urbanização, a educação de massas e o progresso tecnológico foram peças fundamentais na emergência do campo jornalístico.

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalistaA par da crescente industrialização e

expansão da imprensa, também a conquista de valores, como a liberdade e a democracia governativa, se revelaram factores de suma importância.

Se assistimos a um processo evolutivo em torno do jornal e suas funções, também o jornalista teve que conquistar um espaço próprio no seio das profissões, passando, essencialmente, por duas fases: a fase do não prestígio e a fase do prestígio da profissão.

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalistaTendo em conta países como a Grã-

Bretanha, França, EUA e Portugal encontramos referências em diversos autores que atestam o pouco prestígio da profissão de jornalista, no início do séc. XIX.

Segundo Nelson Traquina, e referindo Léon-Bernard Derosne (1888) há “pedreiros, notários, padeiros, soldados, comerciantes de modas; há, também, de facto, homens que ganham a vida a escrever nos jornais, mas não há jornalistas”.

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalistaPara ultrapassar este desprestígio da

profissão de jornalista, será fundamental o papel do (SNJ) na definição de funções e atribuição da carteira de jornalista.

Nas décadas de 30/40/60, a definição de categoria profissional de jornalista e a atribuição do título profissional de jornalista sofrem alterações significativas, mas só no final de 90, o jornalismo é uma actividade prestigiada na sociedade portuguesa, o que demonstra que os jornalistas conquistaram um espaço próprio, no seio das profissões.

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalistaDe acordo com o Estatuto dos Jornalistas, lei nº

1/99 de 13 de Janeiro, alínea c) do artigo 161 da Constituição da República Portuguesa, são considerados jornalistas:

“Aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa , pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica.”

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Construção sócio-histórica da profissão de jornalista“Não constitui actividade jornalística o

exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza predominantemente promocional, ou cujo objecto específico consista em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições, empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial ou industrial”.

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A deontologia jornalística em PortugalSe na generalidade dos países da Europa a

actividade jornalística demonstrava, desde finais séc. XIX, preocupações com questões de ordem deontológica, em Portugal, só em Setembro de 1976 foi aprovado o 1º código deontológico.

Não obstante a diversidade de conteúdo, podemos encontrar em vários códigos deontológicos palavras como: verdade, rigor, objectividade, independência, responsabilidade, solidariedade e dignidade.

Tentava-se, assim, uma regulamentação e orientação da actividade jornalística.

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A deontologia jornalística em PortugalO 1º código deontológico de 1976 revelava marcas das

circunstâncias históricas em que tinha sido elaborado, carregado de uma dimensão política referente à época ditatorial, por isso, em 1985, foi elaborado o Anteprojecto do novo código deontológico.

O referido anteprojecto foi rejeitado e os jornalistas portugueses tiveram de esperar mais 7 anos pela aprovação do novo Código Deontológico.

O Código actual, aprovado pelo Sindicato dos Jornalistas em 4 de Maio de 1993 está muito diferente do anterior porque houve uma adaptação às novas realidades.