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Lei dos Juizados Especiais (estaduais) - Lei 9.099/95 Apostila do Professor Kanashiro 1 Introdução Apenas a título de iniciação dos estudos dos Juizados Especiais vale a pena fixar o seguinte: - o Poder Judiciário estadual tem comarcas. Geralmente dentro de uma comarca há o prédio da Justiça. A população conhece esse prédio como Fórum da cidade. Trata-se do Judiciário estadual (onde encontramos juízes e servidores estaduais). Ex. Fórum de Ribeirão Preto. - o Poder Judiciário federal tem subseções. Dentro de uma subseção há o prédio da Justiça federal. Nesse prédio há as Varas Federais (onde encontramos juízes e servidores federais). Ex. Vara Federal de Campinas. Imagine que os juizados especiais são outros prédios. Prédio dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais; prédio dos Juizados Especiais federal... A Lei 9.099/95 chama o “Forum”de “Juízo Comum” (art. 66, parágrafo único) Tipos de Juizados Especiais Por primeiro é de se ressaltar que há, basicamente, dois tipos de Juizados Especiais: Juizados Especiais Federais – JEF`s - no âmbito federal e (Lei 12.529/2001) Juizados Especiais da Fazenda Pública Federal Juizados Especiais Cíveis – JEC (Lei 9.099/95) - no âmbito estadual: Especiais Criminais – JECRIM (Lei 12.153/2009). Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual No nosso concurso exige-se o conhecimento dos Juizados Especiais estaduais (JEC e JECRIM) regidos pela Lei 9.099/95. Teoricamente os processos que tramitam nos juizados terminam mais rapidamente... Conteúdo da Lei 9.099/95 A Lei nº 9.099 de 26.09.1995 trata de assuntos de natureza cível e criminal. causas de baixa complexidade (ex. colisão de veículos) - natureza cível causas de baixo valor (até 60 salários mínimos) - natureza criminal infrações de menor potencial ofensivo Competência Absoluta? A título de aprofundamento: ação de ressarcimento decorrente de colisão de veículos. O autor da ação (quem sofreu os danos por culpa de terceiro) pode optar entre propor uma ação num Fórum ou num Juizado Especial Cível. A ação proposta no Fórum seguirá o rito (procedimento do Código de Processo Civil); a ação proposta no JEC seguirá as regras da Lei 9.099/95. Por outro lado, quando se tratar de causas dos Juizados Especiais Federais/Fazenda Pública Federal (lei 10.529/2001) e do Juizado Especial da Fazenda Pública estadual (lei 12.153/2009) o autor da ação não possui opção, pois é obrigatória a propositura da ação num desses juizados especiais, sendo proibido propor a ação numa Vara Federal ou num Fórum.

Processo Civil e Processo Penal Lei 9099_95final

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Lei dos Juizados Especiais (estaduais) - Lei 9.099/95 Apostila do Professor Kanashiro

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Introdução Apenas a título de iniciação dos estudos dos Juizados Especiais vale a pena fixar o seguinte: - o Poder Judiciário estadual tem comarcas. Geralmente dentro de uma comarca há o prédio da Justiça. A população conhece esse prédio como Fórum da cidade. Trata-se do Judiciário estadual (onde encontramos juízes e servidores estaduais). Ex. Fórum de Ribeirão Preto.

- o Poder Judiciário federal tem subseções. Dentro de uma subseção há o prédio da Justiça federal. Nesse prédio há as Varas Federais (onde encontramos juízes e servidores federais). Ex. Vara Federal de Campinas.

Imagine que os juizados especiais são outros prédios. Prédio dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais; prédio dos Juizados Especiais federal... A Lei 9.099/95 chama o “Forum”de “Juízo Comum” (art. 66, parágrafo único)

Tipos de Juizados Especiais

Por primeiro é de se ressaltar que há, basicamente, dois tipos de Juizados Especiais:

Juizados Especiais Federais – JEF`s

- no âmbito federal e

(Lei 12.529/2001) Juizados Especiais da Fazenda Pública Federal

Juizados Especiais Cíveis – JEC

(Lei 9.099/95)

- no âmbito estadual: Especiais Criminais – JECRIM

(Lei 12.153/2009). Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual

No nosso concurso exige-se o conhecimento dos Juizados Especiais estaduais (JEC e JECRIM) regidos pela Lei 9.099/95. Teoricamente os processos que tramitam nos juizados terminam mais rapidamente...

Conteúdo da Lei 9.099/95

A Lei nº 9.099 de 26.09.1995 trata de assuntos de natureza cível e criminal.

causas de baixa complexidade (ex. colisão de veículos)

- natureza cível

causas de baixo valor (até 60 salários mínimos)

- natureza criminal infrações de menor potencial ofensivo

Competência Absoluta?

A título de aprofundamento: ação de ressarcimento decorrente de colisão de veículos. O autor da ação (quem sofreu os danos por culpa de terceiro) pode optar entre propor uma ação num Fórum ou num Juizado Especial Cível. A ação proposta no Fórum seguirá o rito (procedimento do Código de Processo Civil); a ação proposta no JEC seguirá as regras da Lei 9.099/95.

Por outro lado, quando se tratar de causas dos Juizados Especiais Federais/Fazenda Pública Federal (lei 10.529/2001) e do Juizado Especial da Fazenda Pública estadual (lei 12.153/2009) o autor da ação não possui opção, pois é obrigatória a propositura da ação num desses juizados especiais, sendo proibido propor a ação numa Vara Federal ou num Fórum.

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LEI 9.099/95

Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais1

Capítulo II

Dos Juizados Especiais Cíveis

Seções III

Das Partes

(*)2

Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei,

o incapaz,3

o preso,

as pessoas jurídicas de direito público,4

as empresas públicas da União5,

a massa falida6 e

o insolvente civil7.

1 A lei 9.099/95 traz o chamado rito procedimental denominado SUMARÍSSIMO. 2 RESPOSTA e MEMORIZAÇÃO Mundo do setor público: Grupo das Entidades Públicas: pessoas jurídicas de direito público e empresas

públicas. Mundo do setor privado: Grupo dos Coitados: o incapaz, o preso, a massa falida e o insolvente civil 3 INCAPAZ: absolutamente incapaz>ex. menores de 16 anos, pessoas “loucas” (sem o discernimento para compreender a realidade) ou em coma (pessoas que mesmo por causa transitória, não conseguirem

exprimir sua vontade.

Relativamente incapaz>maiores de 16 e menores de 18 anos; gastadoras compulsivas (pródigas), viciadas em álcool ou drogas. 4 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO>União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias, certas fundações Públicas e as Associações Públicas. 5 EMPRESAS PÚBLICAS DA UNIÃO>Caixa Econômica Federal, Correios. 6 MASSA FALIDA>conjunto de bens do falido 7 INSOLVENTE CIVIL>é aquela pessoa que está “falida” (dívidas superiores ao patrimônio).

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(*8)

§ 1o Somente serão admitidas a propor ação9 perante o Juizado Especial:

(Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009)

I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas10;

II - as microempresas, assim definidas pela Lei n.º 9.841, de 5 de outubro de 1999;

III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público,

nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; 11

IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor,12 nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.

(*13)

8 REPOSTA: errado. Em 2009 a Lei 9.099/95 foi alterada permitindo CERTAS pessoas jurídicas serem autoras: ex. microempresas, as OSCIP’s. 9 Trata-se portanto de quem pode ser AUTOR de ações nos JEC’s. 10 CESSIONÁRIO DE PESSOA JURÍDICA: uma pessoa física não pode propor ação de cobrança de um crédito que na sua origem era de uma empresa de médio ou grande porte. A ideia é evitar que pessoas

jurídicas façam uma cessão de créditos a pessoas físicas para que essas proponham ações nos Juizados que, teoricamente, tramitam com mais velocidade. 11 OSCIP>são (entidades privadas) associações ou fundações privadas que fazem um termo de parceria com o Poder Público para executar certas atividades de interesse público. Ex. OSCIP de alfabetização de

adultos, de inclusão digital 12 São as chamadas empresas de microcrédito. Uma espécie de bancos muito mais simples e é claro que emprestam pequenas quantias cobrando juros absurdamente mais justos. Caso alguma pessoa não

efetuem o pagamento do empréstimo essas sociedades de crédito ao microempreendedor podem se utilizar dos Juizados Especiais Cíveis para obter o pagamento do empréstimo. 13 RESPOSTA: não. Somente algumas podem.

Não podem: - empresas de médio porte

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§ 2º O maior de 18 anos poderá ser autor, independentemente de assistência,

inclusive para fins de conciliação.14

(*15)

Art. 9º Nas causas de valor até 20 salários mínimos, as partes comparecerão

pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor SUPERIOR, a

assistência é obrigatória.

§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA16 prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local17.

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.18

- empresas de grande porte

- pessoas jurídicas da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Associação Pública, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) 14 Quando a maioridade era de 21 anos, essa regra tinha importância, pois continha uma exceção

importante, mas agora que a maioridade foi reduzida para 18 anos, não há relevância prática e nem jurídica. 15 RESPOSTA: depende. Causas até 20 salários mínimos é facultativa a presença de advogado. Nas causas de valor SUPERIOR, é obrigatória a presença de advagado.

16 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA: defensoria pública> advogado fornecido pelo Estado, gratuitamente.

17 Nas causas de valor até 20 salários mínimos (facultatividade de assistência de advogado): Ou ambas as partes pessoas físicas estão com advogados

ou ambas as partes pessoas físicas estão sem advogados

18 Decorar. O alerta por parte do juiz é obrigatório; a contratação ou não de advogado é facultativa, por parte das partes.

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(*19)

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado.

(*20)

§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, SEM haver necessidade de vínculo empregatício.

(Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009)

Art. 10. Não se admitirá, no processo,

de intervenção de terceiro21

qualquer forma nem

de assistência.22

Admitir-se-á o litisconsórcio.23

Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.24

19 RESPOSTA: depende. Para atuar nos assuntos “feijão com arroz”: pode; mas para assuntos mais requintados: receber citação, receber dinheiro, dar quitação, desistir da ação, de recursos, é necessário de

procuração escrita constando os poderes especiais necessários. 20 RESPOSTA: não. Basta que a pessoa esteja com a carta de preposição com poderes para fazer acordo,

transigir. Porque essa questão é perigosa? Porque nas ações trabalhistas exige-se, em regra, que o

preposto seja empregado, não bastando o simples conhecimento dos fatos. 21 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: incluir mais pessoas no processo além do autor e do réu. A causa fica

muito mais complexa se se admitisse a entrada de terceiros no processo. 22 ASSISTÊNCIA: pessoa que tem interesse jurídico no resultado da causa. Ex. credor, empregador... 23 LITISCONSORCIO: pode vários autores e/ou vários réus. A causa não fica mais complexa pois a

discussão, a lide, o conflito continua o mesmo. 24 O MP não atua em todos os casos da lei 9.099/95, apenas naqueles em que a lei exigir.

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seção IV

dos atos processuais

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário NOTURNO, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.25

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.26

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.27

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.

(*28)

§ 3º Apenas os atos considerados essenciais29 serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos 30 poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

25 Caiu nos últimos concursos. Ver art. 64 JECRIM

26 Caiu nos últimos concursos. Ver art. 65 JECRIM

27 Caiu nos últimos concursos.Ver art. 65, § 1.º JECRIM 28 RESPOSTA: errado.Os atos essenciais devem ser escritos e guardados. 29 ATO ESSENCIAL: ex. Sentença.

30 Ex. Depoimentos de testemunhas.

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seção v

do pedido

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.31

§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;

II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;

III - o objeto e seu valor.

§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.32

§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.

Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a Secretaria

do Juizado designará a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de 15 dias.

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de pedido e a citação.

Parágrafo único. Havendo , poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença.

31

Código de Processo Civil Dos Requisitos da Petição Inicial

Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu.

32 Caiu nos últimos concursos. 33 PEDIDO CONTRAPOSTO: é uma espécie de contra-ataque do réu (formular pedido). Caso o réu queira

contra-atacar e não se defender está dispensada a contestação (peça defensiva). Nesse caso tanto o

pedido do autor (pedido feito na Secretaria do juizado) quanto o do réu (pedido contraposto) serão analisadas na sentença.

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Seção VI

Das Citações e Intimações

Art. 18. A far-se-á:

I - por , com aviso de recebimento ;

II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao , que será obrigatoriamente identificado;

III - sendo necessário, por , independentemente de mandado ou carta precatória.

§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.

(*34)

§ 2º Não se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

(*35

)

Art. 19. As serão feitas na forma prevista para citação, .

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.

§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação

34 RESPOSTA: correto. 35 RESPOSTA: intimações: sim. Citações: não. Só pelo correio (mão própria) ou por Oficial de Justiça.

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Capítulo III

Dos Juizados Especiais Criminais Disposições Gerais

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados36 ou togados e leigos37,

a conciliação

tem competência para o julgamento e

a execução

das infrações penais de menor potencial ofensivo,

respeitadas as regras de conexão e continência.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.

(*38)

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine

pena MÁXima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,

a reparação dos danos sofridos pela vítima

sempre que possível, e

a aplicação de pena não privativa de liberdade.

36 JUIZ TOGADO: juiz formado em direito e aprovado em concurso público. 37 JUIZ LEIGO: pessoa não necessariamente formada em direito, e cuja escolha não decorre de aprovação

em concurso público, mas de simples processo seletivo. 38 RESPOSTA: Depende. Se inexistir violência, sim o crime de exercício arbitrário das próprias razões

correrá pelo rito da lei 9.099/95. Ex. balconista que pega dinheiro do caixa do bar para cobrir os salários atrasados. Caiu nos últimos concursos.

Com violência que ocasionou lesão de natureza grave no patrão. A pena máxima do crime de lesão grave

já é sozinha de 5 anos, não se tratando mais de infração de menor potencial ofensivo. Tal conduta deverá tramitar pelo rito ordinário constante no Código de Processo Penal.

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Seção I Da Competência e dos Atos Processuais

Art. 63. A COMPETÊNCIA do Juizado será determinada pelo LUGAR em que foi praticada a infração penal.

Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se

em horário noturno

e

em qualquer dia da semana,

conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

(*39)

Art. 65. Os atos processuais serão válidos SEMPRE que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.40

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.

39 Caiu no último concurso: PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS: o processo não é um fim em si mesmo. Não se pode ficar apegados somente nas formalidades dos atos processuais. O processo é

um instrumento para se concretizar o direito das pessoas. O princípio da instrumentalidade do processo

guarda relação com os princípios da informalidade e da simplicidade. Ex. imagine que o juiz criminal do Juizado tenha determinado a intimação do advogado por meio de oficial de justiça (pessoal, portanto), e a

comunicação processual tenha sido feito por e-mail diante da dificuldade de agendamento de data com o advogado. Não era o correto, mas se o advogado cumpriu o que o juiz tinha determinado o ato processual

atingiu sua finalidade não havendo se falar em nulidade. 40 O mesmo exemplo da nota anterior. Descumpriu-se a formalidade da intimação, mas inocorreu prejuízo: não se fala em nulidade do ato. Se houver prejuízo, aí sim o juiz decretará a nulidade do ato.

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§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.

Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.41

Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.42

(*43)

Art. 67. A INTIMAÇÃO far-se-á por correspondência, com Aviso de Recebimento

pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado,

ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.

Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.

Art. 68. Do ato de intimação do AUTOR DO FATO 44e do mandado de citação

do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de , com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado .

41

LEMBRE-SE: estamos no JECRIM e não no JEC: Criminal é Oficial de Justiça (mandado de citação). Citação pelo Correio: nem pensar>só no JEC. Citação por Edital: não no JECRIM nem no JEC. 42

Réu em LINS (Lugar Incerto e Não Sabido): como não cabe citação por edital na Lei 9.099/95, o juiz deve encaminhar o processo para o Fórum (juízo comum) para seguir o rito do Código de Processo Penal (ordinário ou sumário) 43

RESPOSTA: errado. Citação no JECRIM: Oficial de Justiça; já intimação: correio, Oficial de Justiça ou qualquer outro meio idôneo (e-mail, fax, telefone...) 44

AUTOR DO FATO: ex. é o balconista que pegou o dinheiro do caixa do bar relativo ao salário atrasado. Antes da ação criminal (denúncia) propriamente dita há uma fase denominada Preliminar, onde há uma AUDIÊNCIA PRELIMINAR (como ainda não se pode falar em réu, a Lei 9.099/95 utiliza a expressão autor do fato. A vítima é o dono do bar). Nessa audiência preliminar é possível existir um acordo (composição de danos). Se sair o acordo, acaba-se o assunto e não se fala em ação penal. Caso não haja acordo, haverá a ação penal. Agora o balconista é réu (acusado), tanto que será citado. Tanto na audiência preliminar quanto na audiência propriamente dita (o autor do

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Seção III

Do Procedimento Sumariíssimo45

(*46)

Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76

desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, DENÚNCIA ORAL, se

não houver necessidade de diligências imprescindíveis.

(*47)

§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada

com base no referido no art. 69 desta Lei,

,

do quando a materialidade do crime estiver aferida por

boletim médico

ou

prova equivalente.

§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

fato - acusado, respectivamente) o balconista deverá ir acompanhado de advogado, e se não tiver o juiz nomeará um defensor público.

45 O Código de Processo Penal traz regras sobre os ritos: ordinário, sumário e especial. A lei 9.099/95 traz regras

sobre o rito sumaríssimo. (O corretor da lei cochilou e passou um erro de digitação: “sumariíssimo”.

46 RESPOSTA: sim, mas depois precisar ser escrita (reduzida a termo - ver art. 78)

47 RESPOSTA:

TERMO DE OCORRÊNCIA (ou termo circunstanciado): é um "inquérito policial bem simplificado": A denúncia será elaborada com base no TO (TC);

EXAME DE CORPO DE DELITO (provas dos fatos - corpo de delito): não precisa (prescinde) se já há provas (ex. boletim de médico das lesões corporais leves)

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§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida QUEIXA ORAL, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.

Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,

entregando-se cópia ao , que com ela ficará citado e imediatamente cientificado

da designação de dia e hora para a , da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.48

§ 1º Se o não estiver presente49, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei

e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas

testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo 5 dias antes de

sua realização.

§ 2º Não estando presentes50 o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento51.

(*52)

§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei.

Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.

Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.

48

Esse final caiu nos últimos concursos. A ideia era de que antes da denúncia ou queixa há uma fase preliminar em que se realiza uma audiência preliminar com a presença: do Ministério Público, autor do fato, o responsável civil, o ofendido (vítima) e os advogados. Caso não haja acordo (civil ou penal) pula-se para a fase judicial>oferecimento da denúncia (queixa)>audiência de instrução e julgamento. Quem estava na audiência preliminar já sai intimado para o dia da audiência de instrução.

49 Se o autor do fato ( ) não estiver presente na audiência preliminar será citado para comparecer

à audiência de instrução e julgamento. Nessa audiência de instrução e julgamento ou o acusado levar as testemunhas ou pede (requerimento) para o juiz intimá-las , até 5 dias antes da audiência. 50 Não presentes à audiência preliminar (fase preliminar). 51 Intimação para comparecimento à audiência de instrução e julgamento (fase judicial). 52 RESPOSTA: errado. Intima-se no JECRIM de modo amplo: correio – Oficial de Justiça – qualquer outro

meio idôneo. Citação sim é feita de modo restrito (citação pessoal): Oficial de Justiça, por se tratar de assuntos criminais ou no próprio cartório.

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Art. 81. Aberta a audiência53, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,

podendo o Juiz excessivas54

limitar ou excluir as que considerar, impertinentes55

ou protelatórias.56

§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.

§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. 57

53 Audiência de instrução e julgamento (fase judicial). 54 Provas Excessivas: aquelas relacionadas aos fatos, mas em número excessivo. Ex. 3 laudos médicos para comprovar as lesões corporais leves. 55 Provas Impertinentes: aquelas não relacionadas ao fatos (autoria e materialidade da infração). Ex. Num caso de lesões corporais leves: apresentação de documento pelo acusado que demonstra estar a vítima

com o nome negativado nos cadastros proteção ao crédito. 56 Prova protelatória: aquela utilizada apenas para prolongar o processo. Ex. intimação de testemunha que

se encontra no exterior, sendo que há outras no Brasil que também presenciaram o atropelamento. 57 Nos processos que correm seguindo as regras do CPC – Código de Processo Civil bem como do CPP Código de Processo Penal) a sentença deve ter 3 requisitos

Código de Processo Civil

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como

o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

Código de Processo Penal Art. 381. A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura do juiz

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Art. 82. Da decisão de rejeição 58 da denúncia ou queixa e da sentença caberá

, que poderá ser julgada por composta de 3 Juízes em exercício

no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do .59

§ 1º A será interposta no prazo de

10 dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu

defensor60, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

61 § 2º O recorrido será intimado para oferecer escrita no prazo de 10

dias.

58 Rejeição: nem bem começou o jogo e o juiz já terminou o caso. Ex. o fato não é criminoso, ou se é, não

há provas da ocorrência do fato ou da autoria. Diferentemente do art. 82, § 2.º em que o processo foi até

o final (condenando ou absolvendo o acusado). Como o ataque (denúncia/queixa) foi rejeitado, quem recorre são: Ministério Público ou a vítima 59 Note: o recurso das decisões do JECRIM vai para a , e não ao Tribunal de Justiça. 60 Nesse caso tanto o ataque pode recorrer (MP e vítima – setinha para baixo) quando a defesa (réu e seu

defensor- setinha para cima) 61 MEMORIZAÇÃO DO NÚMERO 10: trem (porque parecido o som com “ten”, dez em inglês. 62 10 dias para interpor o recurso e 10 dias para responder ao recurso.

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§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.

§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

§ 5º Se a sentença for confirmada 63 pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

Art. 83. Caberão EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 64

obscuridade,

quando, em sentença contradição

ou acórdão, houver omissão ou

dúVIDA.

§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de

5 dias, contados da ciência da decisão.

§ 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração SUSPENDERÃO o prazo para o recurso.

§ 3º Os erros materiai65s podem ser corrigidos de ofício.

63 Sentença confirmada (pela Turma Recursal): ou seja o recurso de apelação foi desprovido. Quem apelou contra a sentença não obteve sucesso, assim, a sentença foi confirmada.

64

65 ERROS MATERIAIS: ex. Erros de digitação – condeno o réu a seis (60) meses de prisão. Nesse caso o próprio juiz sozinho (sem nenhum requerimento – de ofício) conserta.

Código de Processo Penal

(CPP)

Lei 9.099/95

(JECRIM)

Prazos 2 dias 5 dias

Omissão Omissão

hipóteses

Contradição Contradição

Obscuridade Obscuridade

Ambiguidade Dú

Preparo sem sem

Prazos de outros

recursos

silêncio do CPP

(aplica-se CPC – interrompe)

Código de Processo Civil

(CPC)

5 dias

Omissão

Contradição

Obscuridade

sem

interrompe

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Seção VI Disposições Finais

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 66

a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e

lesões culposas.

(*67)

Art. 89. Nos crimes em que a pena MÍNima cominada for igual (=)ou inferior (-)a 1 ano,

abrangidas ou não por esta Lei,68 o MINISTÉRIO PÚBLICO, ao oferecer a denúncia,

poderá propor a suspensão do processo, por 2 a 4 anos,

não esteja sendo processado

desde que o acusado ou por outro crime

não tenha sido condenado

presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

66 : trata-se da chamada ação penal pública condicionada a representação do ofendido. Primeiro a vítima (ofendido) autorizar (representação); depois o Ministério Público oferece a denúncia. É

muito comum nos casos de atropelamento com lesões corporais leves. 67 RESPOSTA: compete exclusivamente ao MP o oferecimento da suspensão condicional do processo.

O instituto da suspensão condicional do processo é um mecanismo despenalizador. Em vez de prender, o MP oferece um “acordo”. Se o autor do fato (futuro acusado) se comprometer a ficar bonzinho durante um

tempo (período de prova), extigue-se a punibilidade. 68 O instituto da suspensão condicional do processo pode ser aplicado mesmo para infrações que não

sejam de menor potencial ofensivo, ou seja, para crimes com pena máxima superiores a 2 anos, mas desde que a pena mínima seja = ou + a 1 ano.

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(*69)

Art. 89 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - proibição de freqüentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a

ser processado por outro crime

ou

não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier

a ser processado, no curso do prazo, por contravenção,

ou

descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.70

§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.71

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

69 RESPOSTA: sim. O acusado pode aceitar ou n ão (§ 7.º do art. 89).

Se aceitar: inicia-se o período de prova. Se se comportar extingue-se a punibilidade (§ 5). Não vai preso. Se não aceitar: o processo corre normalmente. Ao final pode ser preso caso a sentença julgue procedente

o pedido da denúncia ou queixa. Se a sentença julgar improcedente o pedido: não vai preso. 70 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: além do autor do fato (futuro acusado) não ir preso, também não será

considerado reincidente ou portador de maus antecedentes em relação a outro processo que venha a

sofrer. 71 O direito de punir deve ser exercitado dentro de um prazo predeterminado (prescrição). A prescrição

mata o direito de punir. Assim, enquanto o autor do fato estiver em período de prova (2 a 4 anos) não

corre o prazo prescricional. Se durante o período de prova descumprir algumas das condições, a suspensão será revogado e o processo terá seu seguimento.

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TESTES

PROCESSO CIVIL

(Juizados Especiais Cíveis)

01 -72 Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao procedimento de ações perante os Juizados Especiais.

(A) Admite-se a citação do réu por edital, desde que se encontre em lugar incerto e não sabido.

(B) O comparecimento espontâneo não supre a necessidade de citação pessoal do réu.

(C) As microempresas e os incapazes não podem propor ação perante o Juizado Especial.

(D) Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio

(E) Não se admitirá a intervenção do Ministério Público nas causas de competência do Juizado.

02) 73 A Lei 9.099/95 expressamente dispõe que

A citação far-se-á:

I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria

II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado

III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

IV – por qualquer outro meio idôneos

Está correto apenas o que se afirma em

. (A) I e III.

. (B) III e IV.

. (C) II e IV.

. (D) I, III e IV.

. (E) I, II e III.

72 01 – D (art.10) 73 02 – E (arts. 18 + 19)

03 - 74 Quanto aos atos processuais praticados perante o Juizado Especial, leia as seguintes assertivas.

I. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

II. Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

III. A prática de atos processuais em outras comarcas deverá ser solicitada por meio de oficial de justiça.

IV. As peças do processo, documentos e transcrição magnética que o instruem devem ser conservadas em arquivo próprio do Tribunal de Justiça.

V. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os critérios previstos na Lei n.º 9.099/95.

Está correto apenas o que se afirma em

. (A) I e III.

. (B) III e V.

. (C) IV e V.

. (D) I, III e IV.

. (E) I, II e V.

04)75 Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível, exceto

(A) o nome, a qualificação e o endereço das partes;

(B)os fatos de forma sucinta

(C) os fundamentos de forma sucinta;

(D) o dispositivo de lei

(E) o objeto e seu valor.

74 03 – E (arts. 12, 13, § 1.º + 13) 75 04 – D (art. 14, § 1º)

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PROCESSO PENAL

(Juizados Especiais Criminais)

05 -76 Considere o seguinte crime:

Comunicação falsa de crime ou contravenção (CP, art.340), pena de detenção de um a seis meses ou multa.

Assinale a alternativa que traz a espécie do rito procedimental adotado pela Lei n.º 9.099/95, art. 61) para o processo e julgamento do crime citado.

(A) Ordinário

(B) sumaríssimo.

(C) sumário

(D) bifásico

(E) especial

06 -77 Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61 da Lei n.º 9.099/95,

(A) as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

(B) aquelas assim descritas a critério do órgão do Ministério Público, titular da ação penal pública.

(C) aquelas que estejam sujeitas à aplicação do instituto da suspensão condicional do processo.

(D) aquelas cujo prejuízo material não for superior a 20 (vinte) salários mínimos.

(E) as punidas exclusivamente com multa ou prisão simples.

07 -78 As presenças imprescindíveis, diante do juiz, na audiência preliminar prevista na Lei n.º 9.099/95, são:

76 05 - B (art. 77) Na Lei consta sumariíssimo, mas

tudo indica que foi erro de digitação! 77 06 - A (art. 61) 78 07 - E (Questão de difícil dedução, pois não está

dentro do conteúdo programático o art. 72 que menciona os participantes da audiência preliminar.

Apenas de ter feito o recurso para os alunos no concurso em que caiu essa questão a VUNESP não

aceitou. É bem difícil para quem não é bacharel em

direito matar a questão somente com os artigos exigidos no conteúdo programático do Concurso. Só

(A) autor do fato e vítima, devidamente acompanhados por seus advogados.

(B) autor do fato, vítima, representante do Ministério Público e o responsável civil.

(C) réu, vítima e representante do Ministério Público.

(D) réu, vítima ou seu representante legal, promotor de justiça e o responsável civil.

(E) autor do fato, vítima e seus respectivos advogados, e o representante do Ministério Público.

08 -79 A Lei n.º 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Criminais, determina, com relação aos atos processuais, que

(A) sua prática em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação, exceto por correspondência eletrônica.

(B) atendidos os critérios estabelecidos em lei, serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados.

(C) não é necessário tenha havido prejuízo para que se pronuncie nulidade.

(D) os considerados essenciais serão gravados em fita magnética ou equivalente, dispensadas as notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas.

(E) não poderão ser realizados em horário noturno.

com o art. 78 é duro de matar a questão, pois os

nomes não são os mesmos, compare) “Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.” Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. 79 08 - B (art. )

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09 -80 Nos termos do art. 89 da Lei n.º 9.099/95, em relação ao instituto da suspensão condicional o processo é correto afirmar, exceto

(A) aplica-se nos crimes em que pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 ano.

(B) o instituto pode ser aplicado a infrações que não sejam de menor potencial ofensivo.

(C) o oferecimento não é de competência do juiz, mas sim de competência exclusiva do Ministério Público

(D) o denominado período de prova é de 2 a 4 anos, que uma vez expirado sem revogação extingue-se a punibilidade.

(E) trata-se de ato unilateral, cujo beneficiário não está obrigado a reparar o dano

10 -81 O prazo para a interposição da apelação no JECRIM é de

(A) 2 dias

(B) 5 dias

(C) 10 dias

(D) 15 dias

(E) 48 horas

11 -82 Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e

da sentença caberá

(A) habeas corpus e apelação

(B) embargos de declaração e recurso em sentido estrito

(C) recurso em sentido estrito

(D) apelação

(E) recurso em sentido estrito e apelação

80 09 - A (art.89 ) 81 10 – C (art.82, § 1.º) 82 11 – D (art. 82)

12 -83 O prazo para a interposição de embargos de declaração no JECRIM é de

(A) 2 dias

(B) 5 dias

(C) 10 dias

(D) 15 dias

(E) 48 horas

13 – Cabem embargos de declaração no JECRIM contra sentença que contenha

I – obscuridade

II – contradição

III – omissão

IV dúvida

V – divergência jurisprudencial

Está correto apenas o que se afirma em

. (A) i ao IV

. (B) I ao III

. (C) I ao V

. (D) III ao V

. (E) II e V.

FINAL DA MATÉRIA

83 12 – B (art. 83, § 1.º)