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1 PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO RENATA KOTWICA CABRAL Graduada em Ciências Econômicas pelas Faculdades Metropolitanas Unidas E-mail: [email protected] FERNANDO HENRIQUE TAQUES Mestre em Economia pelo PEPEP-PUC/SP e Professor das Faculdades Metropolitanas Unidas e do Centro Universitário do Senac/SP E-mail: [email protected] ÁREA TEMÁTICA: 8. DESENVOLVIMENTO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR RESUMO: O trabalho em questão analisa o processo de desregulamentação do setor sucroalcooleiro no Brasil, no período compreendido entre 1930 e 2000, durante dois momentos distintos: na fase de intervenção estatal, quando o Estado exercia grande poder sobre os grupos de interesses ligados à indústria do álcool e do açúcar e a fase de liberação do setor à livre concorrência do mercado e a redução de subsídios aos agentes envolvidos, como industriais e produtores. Como resultado, é possível observar que o processo de desregulamentação do setor refletiu de maneira positiva para elevar o crescimento da indústria, tornando-a mais competitiva no mercado interno e apta para concorrer no mercado internacional. Palavras-chave: Etanol, sucroalcooleiro, desregulamentação, cana-de-açúcar. ABSTRACT: The present work examines the deregulation process of sugar and alcohol production in Brazil, since 1930 until 2000 during two distinctive periods: the intense State intervention when it wielded extensive power in the group interests related to the alcohol and sugar industry and the period of free competition on the market, as well as the reduction of subsidies for their producers. As a result , and possible observe que Sector deregulation process reflected in a positive way to raise the Industry Growth, Making -a More Competitive in the internal market and able to compete without international market . Keywords: Ethanol, sugar-alcohol, deregulation, sugar cane. INTRODUÇÃO O etanol, combustível derivado da cana-de-açúcar, tornou-se uma alternativa aos combustíveis fósseis no século XX, pois atende à preocupação com a sustentabilidade e o

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PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

RENATA KOTWICA CABRAL

Graduada em Ciências Econômicas pelas Faculdades Metropolitanas Unidas

E-mail: [email protected]

FERNANDO HENRIQUE TAQUES

Mestre em Economia pelo PEPEP-PUC/SP e Professor das Faculdades Metropolitanas Unidas

e do Centro Universitário do Senac/SP

E-mail: [email protected]

ÁREA TEMÁTICA: 8. DESENVOLVIMENTO RURAL E AGRICULTURA

FAMILIAR

RESUMO: O trabalho em questão analisa o processo de desregulamentação do setor

sucroalcooleiro no Brasil, no período compreendido entre 1930 e 2000, durante dois

momentos distintos: na fase de intervenção estatal, quando o Estado exercia grande poder

sobre os grupos de interesses ligados à indústria do álcool e do açúcar e a fase de liberação do

setor à livre concorrência do mercado e a redução de subsídios aos agentes envolvidos, como

industriais e produtores. Como resultado, é possível observar que o processo de

desregulamentação do setor refletiu de maneira positiva para elevar o crescimento da

indústria, tornando-a mais competitiva no mercado interno e apta para concorrer no mercado

internacional.

Palavras-chave: Etanol, sucroalcooleiro, desregulamentação, cana-de-açúcar.

ABSTRACT: The present work examines the deregulation process of sugar and alcohol

production in Brazil, since 1930 until 2000 during two distinctive periods: the intense State

intervention when it wielded extensive power in the group interests related to the alcohol and

sugar industry and the period of free competition on the market, as well as the reduction of

subsidies for their producers. As a result , and possible observe que Sector deregulation

process reflected in a positive way to raise the Industry Growth, Making -a More Competitive

in the internal market and able to compete without international market .

Keywords: Ethanol, sugar-alcohol, deregulation, sugar cane.

INTRODUÇÃO

O etanol, combustível derivado da cana-de-açúcar, tornou-se uma alternativa aos

combustíveis fósseis no século XX, pois atende à preocupação com a sustentabilidade e o

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meio ambiente. O clima favorável e grandes extensões de terras agricultáveis para o cultivo da

planta viabilizaram a produção deste combustível no Brasil (COPERSUCAR,1989).

Para combater os efeitos da primeira grande crise mundial do petróleo, no início da

década de 1970, onde o preço do barril sofreu aumento de mais de 1000%

(COPERSUCAR,1989), o governo brasileiro criou o programa Proálcool, tentando amenizar

o impacto negativo na economia brasileira na época, pois, à medida que se importava mais

petróleo, a balança comercial mergulhava em profundo déficit, aumentando, dessa forma, a

dívida externa.

Durante o programa de incentivo à produção de etanol, a indústria sucroalcooleira

manteve uma estrutura essencialmente subvencionada pelo governo, que controlava a oferta e

a demanda do insumo e, consequentemente, seus preços. Quando o estado parou de subsidiar

o setor, em decorrência dos altos gastos governamentais, e do baixo retorno dos

investimentos, muitas usinas pequenas faliram e algumas das grandes usinas começaram a

adquirir outras menores no intuito de manterem-se no mercado. Dessa forma, promoveu-se

uma grande reestruturação na agroindústria canavieira e a regulamentação dos preços ficou

aquém do livre mercado da oferta e da demanda.

Considerando que o setor sucroalcooleiro teve grande importância econômica no

Brasil, durante o século XX, ao ponto de ter intervenção estatal por quase sessenta anos e

ainda assim movimentar expressiva quantidade de capital, é um cenário de interesses político-

econômicos que estruturam-se como grupos de poder juntamente ao Estado. Isso começou a

ser modificado quando houve a desregulamentação do setor, a partir de 1990.

Dessa forma, objetivo da pesquisa em questão é analisar a estrutura político-

econômica da indústria sucroalcooleira no Brasil, no período de 1930 até a desregulamentação

estatal do setor na década de 1990 no Brasil e pós-desregulamentação até o ano 2000.

A metodologia empregada consiste em uma abordagem histórica sobre o avanço das

políticas voltadas para a indústria sucroalcooleira. Além disso, faz uso dos indicadores PIB,

produção de álcool e açúcar, preços do álcool, no período entre 1930 e 2000 cujas fontes são

IPEADATA, SECEX e COPERSUCAR.

A pesquisa é descrita em três seções, além da introdução e da conclusão. A primeira

trata da evolução histórica da indústria canavieira no Brasil a partir do governo de Getúlio

Vargas, em 1930, até o início da crise do programa Proálcool, a partir de 1986. A segunda é

destinada à análise do momento pós-desregulamentação do setor, no início da década de 1990,

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quando o setor da cana-de-açúcar passa por uma reestruturação econômica, buscando

compreender os efeitos desse processo sobre o setor.

1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO BRASIL

1.1 O açúcar e seu eixo produtor

A cana-de-açúcar foi, por muito tempo, um importante insumo para o

desenvolvimento da estrutura de produção agrícola brasileira, a qual concedeu ao homem,

além do açúcar como alimento, o etanol como biocombustível que gerou, a partir da década

de 1930, grande mudança na agroindústria nacional e trouxe benefícios para vários ramos da

indústria brasileira, como o setor energético e o automobilístico.

Trazida ao Brasil pelos portugueses no século XVI, a cana-de-açúcar foi cultivada e

sua produção mantida inicialmente na região Nordeste do país, onde as terras eram

agricultáveis e abundantes além do clima propício para o cultivo da planta. Tal foi sua

importância que, por quase dois séculos, a economia agrícola brasileira teve como base o

cultivo da cana-de-açúcar e o comércio do insumo tanto no mercado interno quanto fora do

país.

De acordo com Ferlini (1996, p.10), “a estrutura agrária brasileira nasceu do açúcar.

Para sua produção terras foram doadas, homens deixaram a Europa sonhando com a riqueza,

organizou-se o comércio, o tráfico negreiro ganhou fôlego”.

Sua produção perdurou expressivamente no Nordeste, que se manteve como eixo

produtor até meados do século XX, onde havia grandes engenhos. Entretanto, a distância

entre a região produtora e os locais de abastecimento de açúcar no país, como a região sul,

dificultavam o transporte do insumo e a solução foi instalar os primeiros engenhos no estado

de São Paulo no final do século XIX, trazendo vantagens de preços e de custos baixos de

produção ao Centro-Sul. Ainda assim, até 1920, a produção açucareira do estado de São Paulo

era insuficiente para atender a demanda interna e 80% desta vinha do Nordeste, pois, até

aquele momento, o produto agrícola que gerava grandes ganhos de divisas com exportações

para o Sudeste era o café (MOREIRA, 1989).

Em determinados momentos, houve crises de superprodução em que os países

compradores do insumo não foram capazes de absorver a grande quantidade exportada, como

na crise da quebra da bolsa em 1929, obrigando o governo a adotar medidas intervencionistas

para regular a produção açucareira, tornando-se comprador do excedente e vendendo-o para o

mercado externo a preços competitivos (MOREIRA, 1989).

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Assim, após reivindicações de produtores e senhores de engenho por um órgão

regulador do setor canavieiro, foi criado em 1933, segundo o Decreto nº 22.789, o IAA

(Instituto do Açúcar do Álcool), um órgão que representava os interesses de comerciantes,

produtores, instituições financeiras, estados e ministérios; todos relacionados à produção de

cana-de-açúcar no Brasil.

O IAA detinha o poder de estipular ou sugerir medidas relacionadas à regulamentação

do álcool e açúcar no Brasil. Dentre essas medidas, é possível citar as quotas de produção que

eram estipuladas ao açúcar, pois o governo comprava o produto para garantir o preço no

mesmo patamar e regular os estoques em caso de escassez. Em relação ao álcool, medidas

mais severas foram adotadas: o IAA determinava qual porcentagem da produção de açúcar

seria destinada à produção de álcool e em qual destilaria seria produzido, incluindo as

pertencentes ao Estado. Com o frequente desenvolvimento do setor, o governo declara, em

1942, a indústria alcooleira como um setor de interesse nacional, e cria uma série de estímulos

aos produtores, como estabelecimento de preços mínimos ao produto e um aumento da cota

de adição de álcool à gasolina de 5% para 20% (Decreto-Lei nº 4.722, 1942).

Entretanto, segundo Szmrecsányi e Moreira (1991), essas medidas não foram suficientes para

aumentar a produção alcooleira. Na época, a segunda guerra mundial teve efeito negativo na

importação de alguns insumos necessários para a produção do álcool, como o benzol, além do

revés do desabastecimento de açúcar na região sul do país, obrigando os produtores a

voltarem-se para a produção açucareira, reduzindo, dessa forma, a de álcool.

Durante a segunda guerra mundial, a região Sudeste, principal mercado interno do

país, sofreu significativo desabastecimento de açúcar, pois, o Nordeste, responsável por 50%

do açúcar produzido no Brasil naquela época, teve grande dificuldade de escoamento do

produto, que chegava ao Sudeste via cabotagem. Devido à presença de submarinos alemães e

italianos (nações em guerra) próximos à costa brasileira, reduziu-se as operações de transporte

marítimo e o abastecimento foi prejudicado, pois, alguns navios brasileiros foram

bombardeados. Dessa forma, o IAA determinou que o estado de São Paulo aumentasse a

produção açucareira e, assim, grande parte dos investimentos foi direcionada para a cana-de-

açúcar na região Sudeste, principalmente em São Paulo, que passou a fornecer açúcar para o

sul do país e esse eixo, que já vinha se deslocando gradualmente, do Nordeste para o Centro-

Sul, acabou se acentuando. (BRAY et al, 2000).

Gráfico 1 - Produção de cana-de-açúcar por macrorregião (1931-1951)

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Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (Minagincom)

Concluindo que a intervenção governamental seria algo prejudicial para a indústria,

alguns usineiros paulistas tentaram, no período pós-guerra e no fim do Estado Novo, quando o

presidente Getúlio Vargas foi deposto, a derrubada do IAA e o fim da regulamentação estatal

da produção sucroalcooleira). Por outro lado:

(...) as referidas tentativas deixaram de ser bem sucedidas naquela época devido à

oposição, e à força política, dos produtores de açúcar do Nordeste e do Estado do

Rio, desejosos de manterem a sua lucrativa participação no abastecimento do

crescente, e cada vez mais próspero, mercado consumidor paulista

(SZMRECSÁNYI; MOREIRA,1991, p. 60).

O IAA pôde manter-se no poder devido ao grande aumento das quotas de produção de

açúcar, representado por 26% de ganho no mercado nacional para os usineiros paulistas,

enquanto, por outro lado, a participação do Nordeste reduzia-se em 24% do total, deslocando

o eixo produtivo da economia açucareira para o Centro-Sul (SZMRECSÁNYI e

MOREIRA,1991).

1.2. O governo regulador

No pós-guerra, o consumo interno de açúcar promoveu um aumento significativo na

produção canavieira, decorrente do crescimento populacional, dos processos de

industrialização e do aumento da renda per capita. Para coordenar esse crescimento, manter os

preços e a produção contínua era necessário aumentar as exportações de açúcar ou aumentar a

produção de álcool no Brasil. As vendas para outros países foram bem sucedidas em um

primeiro momento, todavia, isso não se sustentou por um longo prazo, pois, os países

prejudicados com a guerra tentavam reerguer-se e estabilizar as atividades econômicas. Uma

4.800.000

6.800.000

8.800.000

10.800.000

12.800.000

14.800.000

16.800.000

18.800.000

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ns

Centro-Sul Norte-Nordeste

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solução foi incentivar melhorias na produção de álcool, porém, com o baixo preço do

petróleo, na época, e com a criação da Petrobrás e suas refinarias, essa ideia seria descartada

até que as condições fossem mais favoráveis (SZMRECSÁNYI E MOREIRA,1991).

Gráfico 2 - Exportações de açúcar (1945-1968)

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IPEADATA

Dessa forma, o foco manteve-se na produção açucareira, principalmente em

decorrência do aumento do consumo do mercado interno, o que gerou excedentes, trazendo o

Brasil de volta ao grupo dos principais países exportadores do insumo.

Entretanto, segundo Belik (1992), apesar do expressivo desenvolvimento da indústria

canavieira, a cana-de-açúcar nunca teve a mesma quantidade de hectares plantados quanto o

café, o milho ou o arroz no Brasil. Mesmo sendo um dos principais produtos exportados na

década de 1970, o papel da cana era de coadjuvante na economia rural e isso somente alterou-

se com a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool).

Gráfico 3 – Área colhida de milho, arroz e cana de açúcar (1931-1970)

0

200

400

600

800

1.000

1.0

00

to

ns

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Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (Minagincom)

Na década de 1960, um relevante acontecimento no cenário mundial alavancou o

aumento da produção açucareira no Brasil: a Revolução Cubana e o rompimento de relações

dessa nação com os Estados Unidos. Até então, Cuba, que representava um dos maiores

exportadores de açúcar no mercado livre mundial e fornecia o insumo para o país norte-

americano, teve sua maior fonte de divisas fortemente prejudicada, quando alinhou-se

politicamente à ex-União Soviética. Isso gerou uma oportunidade para que a agroindústria

brasileira pudesse entrar nesse mercado restrito e com preços em maiores níveis e mais

estáveis (RAMOS, 2007).

O IAA e o governo resolveram reforçar os incentivos fiscais e creditícios para

aumentar novamente a produção e colocar o país em posição de liderança mundial na

exportação de açúcar1, criando assim uma Divisão de Exportação

2, apesar de já dispor de um

escritório de representação em Londres.

Ao mesmo tempo, com o aumento da produção canavieira, era esperado que a

produção de álcool também aumentasse, pois, este era produzido a partir do melaço, um

derivado da produção do açúcar. No entanto, com a expansão da capacidade da refinaria da

Petrobrás, reduziu-se a utilização do etanol anidro como aditivo à gasolina. Logo,

Szmrecsányi (1991) afirma que a intenção era aumentar a demanda do álcool como matéria-

1 Decreto-lei nº 1.712, de 14 de novembro de 1979. 2 Decreto nº 50.818, de 22 de Junho de 1961.

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

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Milho Arroz Cana-de-açúcar

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prima na indústria química, que poderia ser utilizado para produzir borracha sintética, ou,

ainda, exportar o insumo para os EUA, onde era usado como componente na alimentação

animal.

Gráfico 4 - Principais produtos exportados pelo Brasil (1970-1980)

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Secex (200 anos de comércio exterior)

Nos anos que se sucederam, houve um crescimento no volume das exportações de

açúcar enquanto a indústria canavieira se consolidava no mercado internacional, em

decorrência das políticas de incentivo às exportações realizadas pelos governos militares entre

os anos de 1968 e 1974, que se resumiam a estimular, por meio de subsídios, a exportação do

excedente da produção que não era consumido pelo mercado nacional (SZMRECSÁNYI e

MOREIRA, 1991).

Quando ocorreu a primeira crise do petróleo, em 1973, o açúcar quase sofreu uma

nova crise de superprodução, se não fossem os planos do governo de transformar grande parte

do excedente em álcool combustível.

Tabela 1 - Exportações brasileiras de açúcar (em mil toneladas)

Anos Ktons

1968 1.026

1969 1.099

1970 7.726

1971 1.261

1972 2.535

1973 2.820

16%

13%

9%

7%

7%

Café

Complexo Soja

Minérios

Máqs. e equip.

Açúcar e alcool

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1974 2.357

1975 1.731

1976 1.167

1977 2.455

1978 7.962

Fonte: Elaboração própria a partir de dados extraídos do Ipeadata

Em 1974, a dependência do petróleo importado chegava a 80%. Os custos das

importações desse insumo alcançaram a quantia de U$8,6 bilhões entre os anos de 1974 e

1976, sendo que nos três anos que antecederam esse evento, os gastos do governo com

petróleo vindo do exterior foram de U$1,4 bilhão (VIAN e BELIK, 2003). Acreditava-se que

as reservas mundiais não durariam mais 30 anos e que o álcool poderia, facilmente, substituir

o combustível fóssil, pois, a produção de petróleo no Brasil, na época, era de 160 mil barris

por dia, o que correspondia, somente, a 23% do consumo doméstico (FRENTE

PARLAMENTAR SUCROALCOOLEIRA, 1996).

1.3 A criação do Proálcool

O desequilíbrio na balança comercial suscitou a busca por fontes alternativas ao

combustível fóssil. Devido às duas crises do Petróleo que surgiram em 1973 e 1979, o

governo criou, em 1975, um programa de incentivo à produção de álcool na indústria

canavieira denominado Proálcool. Assim, a cana-de-açúcar cultivada seria destinada em

grande parte à indústria alcooleira, evitando o excesso de oferta do açúcar. Houve uma

elevação dos preços determinada pelo IAA para promover a produção do combustível em

quantidades suficientes para que o programa fosse um meio alternativo de aproveitar a

capacidade ociosa da produção de açúcar (SZMRECSÁNYI e MOREIRA,1991).

Gráfico 5 – Saldo da balança comercial brasileira (1970-1980)

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Fonte: Elaboração própria a partir de dados extraídos do SECEX

Para viabilizar o Proálcool, foi necessário administrar os interesses entre governo,

usineiros, empresários e grandes grupos que estavam ligados ao setor, pois, havia uma

indústria açucareira com capacidade acima da demanda do mercado. De acordo com Shikida e

Bacha (1999), nesse cenário, com o surgimento da indústria sucroalcooleira, seria possível

conciliar a produção de açúcar e álcool ao mesmo tempo.

Como o açúcar tinha grande peso na balança de exportações e ao governo interessava

exportar grandes quantidades desse insumo, foi criado um sistema de estímulos para a

produção do açúcar e do etanol com subsídios, como financiamentos, incentivos de preços,

creditícios e fiscais, para a plantação da cana-de-açúcar e a construção de destilarias

(SHIKIDA e BACHA, 1999).

Partindo desse pressuposto, foram criados alguns instrumentos básicos para a

implementação do Proálcool compostos pela garantia da compra do etanol pela Petrobrás:

criação de linhas de crédito tanto para o produtor rural quanto para a indústria, paridade de

preços com os do açúcar e preços mínimos do insumo no mercado (SHIKIDA e BACHA,

1999).

Esse cenário de crises (do petróleo e do açúcar) favoreceu o surgimento de inovações

na agroindústria brasileira que foram financiadas de forma estratégica pelos setores público e

privado, possibilitando a criação de um novo mercado voltado à produção do álcool. Assim, a

organização institucional da nova indústria sucroalcooleira estava concentrada nas mãos dos

grandes empresários do setor canavieiro, que proveu 25% dos investimentos, e sob

regulamentação do governo, que proveu os 75% restantes, compreendendo o período de 1975

a 1980 (SHIKIDA e BACHA, 1999)

Essa regulamentação do governo era feita através da Comissão Nacional do Álcool

(CNAL), criada em 1979 e composta pelos Ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio,

-4.990

-4.490

-3.990

-3.490

-2.990

-2.490

-1.990

-1.490

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-490

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1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980U

$ m

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Planejamento, Minas e Energia, Interior e Fazenda, que tinha “as funções de incentivar,

encorajar e facilitar a produção” (MOREIRA, 1989). O CNAL era responsável por autorizar a

instalação ou ampliação das destilarias, enquanto ao IAA permaneceu o controle da produção

no país (MOREIRA, 1989).

No início do programa, apenas a frota de carros do serviço público era movida a

álcool. Em seguida, foi a vez dos táxis receberem incentivos para a conversão do motor de

gasolina para etanol. Para o consumidor, o álcool era mais viável economicamente, pois, o

custo do litro era 61% menor que o da gasolina (FRENTE PARLAMENTAR

SUCROALCOOLEIRA, 1996). Mesmo sem o pleno funcionamento do Proálcool, planejava-

se concentrar a produção do álcool em etanol anidro, além de anexar as destilarias antigas às

usinas, aumentando a produção de etanol de 650 milhões de litros para 1,5 bilhões em 1978

(APEC/COPERFLU,1979).

A produção de álcool teve um rápido crescimento em apenas cinco anos devido ao

grande número de incentivos criados pelo governo para promover o insumo e ao pleno

emprego dos recursos investidos na indústria canavieira. Além disso, uma das consequências

dos incentivos estatais foi o aumento da diferença dos volumes produzidos entre as regiões

Nordeste e Centro-Sul. A produção açucareira do estado de São Paulo já alcançava 50% da

produção nacional e os estados vizinhos começaram a expandir a cultura também, reduzindo a

participação do Nordeste na produção total do país (SZMRECSÁNYI e MOREIRA,1991).

Tabela 2 – Produção de álcool no Brasil (1975-1981)

Ano 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981

M. cúbico 580 642 1.388 2.248 2.854 3.676 4.207

Fonte: Elaboração própria a partir de dados extraídos do Ipeadata

Em 1979, quando houve o segundo choque do petróleo e os preços deste insumo

subiram novamente, a dívida externa brasileira estava elevada e a balança comercial ficou

deficitária. Levando em consideração o sucesso da produção de etanol na primeira fase do

Proálcool, o governo aproveitou o choque do petróleo para investir e incentivar a produção de

etanol hidratado, ou seja, o álcool, agora, seria utilizado como combustível alternativo à

gasolina (MOREIRA, 1989).

Para que isso acontecesse, um novo mercado teria que ser criado para o etanol

combustível. Em um primeiro momento, foram feitos acordos entre o governo, que proveria

incentivos fiscais para a fabricação dos produtos e a indústria automobilística, que começaria

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a produzir carros com moto à álcool. Em uma segunda etapa, os preços ao consumidor

deveriam ser atrativos o suficiente, então se estipulou o preço do etanol para 65% do preço da

gasolina (SZMRECSÁNYI e MOREIRA,1991).

Entretanto, com os preços altamente elevados do petróleo no mercado internacional,

na década de 1980, muitos países começaram a investir na extração do insumo. Com o

aumento da produção mundial e consequente excesso de oferta deste insumo, os preços

caíram e, em pouco tempo, se estabilizaram (SILVA e LAPLANE, 1994). Em paralelo, o

Brasil se tornou, aos poucos, autossuficiente em petróleo, reduzindo as importações em mais

de 60% do consumo total. O programa do álcool passou a ficar caro para o país, em

decorrência da grande quantidade de subsídios disponíveis no programa e do excedente da

gasolina, que era exportada a preços inferiores aos do mercado interno (SZMRECSÁNYI e

MOREIRA,1991).

A partir de 1985, a Petrobrás começou a sofrer dificuldades financeiras devido aos

excedentes na produção de etanol, gerando estoques com elevados custos de manutenção,

além da perda parcial do mercado da gasolina, que tinha um alto preço no mercado interno,

para compensar os preços baixos de alguns produtos derivados do petróleo considerados

estratégicos para a indústria, entre eles o óleo diesel, o querosene e o gás liquefeito

(MOREIRA, 1989).

O crescimento da produção interna de petróleo, ao final da década de 1980, somado a

problemas fiscais e o aumento constante dos preços internacionais do açúcar, colaboraram

para a desaceleração econômica do Proálcool. Para agravar a situação, entre 1986 e 1996 o

barril do petróleo chegou a US$ 40, mas, quando atingiu a marca de US$ 30, inviabilizou a

intenção do governo em manter os preços com subsídios e a garantia da compra dos estoques

de álcool pela Petrobras (ANDRADE et al, 2009).

Gráfico 6 – Produção de petróleo e álcool no Brasil (1980-1990)

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13

Fonte: Elaboração própria a partir de dados extraídos do Ipeadata

A garantia de compra dada pelo governo aos usineiros deu a estes a possibilidade para

atuar livremente, ora produzindo açúcar, ora álcool, motivados pela alta dos preços do

mercado internacional. Dessa forma, os estoques de álcool oscilavam e não garantiam

fornecimentos regulares para o mercado interno. Com esse cenário, a produção do álcool

diminuiu, a indústria automotiva desacelerou a fabricação de carros movidos a álcool no país,

e o abastecimento, descontinuado, assustou o consumidor (FRENTE PARLAMENTAR

SUCROALCOOLEIRA, 1996).

Assim, oito anos após a criação do programa, surgiram indícios de que o etanol como

combustível, já não era mais um produto eficiente e competitivo. Tanto que, no final da

década de 1980, o governo brasileiro tentava manter a diferença atraente do preço do álcool

em relação ao da gasolina e, por essa razão, não ajustava os preços. Os produtores,

descontentes, começaram a reclamar das perdas (FRENTE PARLAMENTAR

SUCROALCOOLEIRA, 1996).

Se, por um lado, os recursos públicos investidos no Proálcool diminuíam

significativamente, por outro, a inconstância na produção do álcool contribuiu para sérios

desequilíbrios entre a oferta e a demanda pelo produto. Se a expectativa está vinculada à

credibilidade do Estado, pode-se aferir que tais fatores refletiram-se no comportamento de

agentes econômicos de suma importância para o Proálcool: a indústria automobilística e o

consumidor de álcool combustível (BELIK, 1992).

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990

Petróleo Álcool

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14

Em 15 de março de 1990, a Medida Provisória 151/90 determinou que o Instituto de

Açúcar e Álcool fosse extinto a partir daquela data e que não haveria mais um órgão

regulador que supervisionasse a produção, gerando uma desestruturação do setor.

Esse cenário instalado foi propício para que em 1996 fosse anunciado, através da

Portaria nº 294 do Ministério da Fazenda, a liberação dos preços do álcool anidro a partir de

1º de maio de 1997 e os preços de açúcar e das outras variedades de álcool a partir de 1º de

maio de 1998, ocasionando o fim da regulamentação do setor sucroalcooleiro, que se

submetia agora às regras do livre mercado.

O setor produtor de açúcar e álcool passou, ao longo de décadas, pelo processo de

intervenção do governo como regulador de preços, produção dos insumos e geração de novas

usinas e destilarias. Ao criar o Proálcool, a intenção era, em um primeiro momento, produzir

etanol internamente em quantidade suficiente para diminuir a dependência do petróleo

importado e manter as divisas acumuladas, pois, os altos preços do barril importado reduziam

o estoque de divisas do Brasil. Consequentemente, isso criaria condições favoráveis para se

alcançar outros objetivos da gestão governamental como: aumento do PIB, geração de mais

empregos e redução das desigualdades sociais no país, e a grande estrutura do setor

açucareiro, até então, permitia atingir essas metas, criando oportunidades para desenvolver a

economia brasileira.

2. A INTERVENÇÃO DO ESTADO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO

2.1 A importância do papel estatal

Quando o IAA foi criado, em 1933, sua atribuição era regulamentar o setor

sucroalcooleiro e cumprir algumas funções como assegurar o equilíbrio do mercado de açúcar

conciliando os interesses dos produtores, consumidores e distribuidores de todo o país. Logo,

o órgão coordenou o setor para que os produtores estivessem sob controle dos grupos de

interesses ligados ao Estado. Essa intervenção gerou benefícios aos próprios produtores, pois,

estes solicitavam a criação de uma unidade reguladora do setor (AZEVEDO, 1958).

Segundo Gomes (2005), houve dois momentos durante a história brasileira em que

caracterizou-se um regime de governo predominantemente corporativista: na Era Vargas, de

1930-1945 e 1950-1954, e durante a ditadura militar, de 1964 a 1985, quando o Brasil

vivenciou períodos de regimes autoritários e, no caso da ditadura, extremamente violento,

mas, também passou por expressivo crescimento e desenvolvimento econômico.

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No caso do governo de Vargas, este focou-se no desenvolvimento do parque industrial

brasileiro em prol do crescimento econômico, com a criação da Companhia Siderúrgica

Nacional, construída 1941, incentivada pelo governo norte-americano, em troca de interesses

econômicos que os Estados Unidos tinham no Brasil. Nesse período, o PIB da indústria

cresceu 2 pontos percentuais (IPEADATA, 2014) a mais que o PIB agrícola, mostrando que

houve menos investimentos nessa última área, atendendo aos interesses dos grupos de poder

(BUESCU, 2011).

Gráfico 7 – Variação anual do PIB da indústria x PIB da agricultura (1927-1946)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ipeadata

Mais adiante, houve um segundo momento em que o neocorporativismo 3esteve

caracterizado na política, quando os militares tomaram o poder através de um golpe de Estado

em 31 de Março de 1964. A partir daí, segundo Belik, Paulillo e Vian (2012), as reformas na

área rural feitas pelo novo governo ditador trouxeram grandes resultados para a agricultura,

como aumento da produção, que passou de 63 milhões de toneladas, em 1963, para 216

milhões de toneladas, em 1983 (IPEADATA, 2014), e da eficiência através de melhorias nos

processos produtivos.

Gráfico 8 – Produção de açúcar no Brasil (1963-1986)

3 O neocorporativismo está associado diretamente às mudanças um ambiente democrático que

envolve as relações entre Estado e organizações representativas.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

% a

.a.

Indústria Agricultura

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16

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ipeadata

Isso deveu-se ao fato de haver maior intervenção estatal no setor naquele período, que

consistiu em conceder crédito rural a juros subsidiados e manter a estrutura da propriedade

rural apoiada pelos grupos de interesses, como os produtores de açúcar e álcool, a indústria e

os investidores externos (BELIK, PAULILLO e VIAN, 2012).

2.2 A ditadura de interesses

Ao final da década de 1970, as classes populares, insatisfeitas com o regime militar e o

período Vargas, que excluía essa grande camada da população de decisões políticas, tentaram

acessar bens de consumo que antes somente as classes média e alta tinham permissão por

meio de novas associações ou do ressurgimento de antigas delas e de eleições, por

conseguinte, alguns setores começaram a repensar a antiga questão do controle estatal na

sociedade e na economia (SALLUM JUNIOR, 2003, p. 02).

Na década de 1980, a situação econômica tornou-se crítica, pois, segundo Sallum

Junior (2003), as empresas estatais sustentavam os pilares socioeconômicos para que

houvesse crescimento do país, porém, a produção de altos superávits na balança comercial

para reduzir a dívida, chamado de ajuste externo, contrapunha-se ao desenvolvimento. Esse

ajuste repassava indiretamente seus custos para os trabalhadores assalariados e para as

empresas estatais gerando alta inflação e insignificante crescimento econômico, pois, assim

não trazia ônus aos credores externos. Dessa forma, com ações que iam contra a aliança

63.723

76.611 80.380

103.173

148.651

186.647

50.000

70.000

90.000

110.000

130.000

150.000

170.000

190.000

210.000ki

loto

ns

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17

desenvolvimentista4, o governo militar começou a ganhar opositores, tanto do setor público

quanto o privado, como os grupos de interesses. A dívida externa, na época, aumentava

vertiginosamente, ocasionando uma grave crise política que levou ao fim o regime militar, em

1985.

Tabela 3 – Índice geral de preços e Dívida externa (1981-1987)

Ano 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987

IGP-DI % a.a. 95,20 99,72 210,99 223,81 235,11 65,03 415,83

Dívida externa

(U$ milhões) 73.963 85.487 93.745 102.127 105.171 111.203 121.188

Fonte: Elaboração própria a partir de dados extraídos do Ipeadata

2.3 Fatores políticos da desregulamentação

Assim, inúmeros acontecimentos ao longo do século XX, como as duas grandes

guerras mundiais, as duas crises do petróleo, a criação do Proálcool e uma grande crise fiscal

no final do século, contribuíram para a extinção do principal órgão regulamentador do setor, o

IAA, em 1990, durante o governo do recém-eleito, na época, presidente Fernando Collor de

Mello, que representava uma vertente neoliberal5. Essa mudança de governo foi um dos

pontos que desencadeou a desregulamentação do setor sucroalcooleiro no Brasil

(WATANABE, 2001).

Dessa forma, Baccarin (2005) afirma que as mudanças institucionais realizadas no

cenário político-econômico no início da década de 1990 foram decorrentes do novo viés

político. O objetivo era controlar a inflação e alcançar a estabilidade monetária através de

reformas tributárias para controlar gastos públicos e obter equilíbrio nas contas públicas, além

de promover e facilitar a entrada de capitais estrangeiros. Esse movimento pode ser descrito

como uma mudança para a ótica neoliberal.

No entanto, essa nova ótica deu-se por interesses políticos vindos de grandes grupos,

que possuíam certo poder de influência no governo brasileiro e adotavam o pluralismo como

4 Conceito ligado à proposta de desenvolvimento econômico do país surgido no governo Vargas,

baseado na substituição de importações de bens de consumo que pudessem ser produzidos internamente e nas exportações de produtos primários. Para isso, era necessário criar-se uma aliança que unisse diversos segmentos, menos os grupos hegemônicos, que dominavam o mercado agroexportador (CRUZ, 2004). 5 O neoliberalismo é uma ideologia econômica que surgiu no século XX em objeção a algumas

correntes de pensamento, como o socialismo, o keynesianismo, o desenvolvimentismo latino-americano e as corporações, partindo das ideias liberais dos séculos XVIII e XIX e visando o livre comércio de bens e a autorregulação do mercado, com pouca intervenção governamental na economia (MORAIS, 2001).

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ideologia, praticado pelos Estados Unidos. Nesse cenário, em 1989, houve o Consenso de

Washington, que, segundo Batista (1995), pode ser definido como uma conferência realizada

na cidade de Washington, onde alguns órgãos financeiros internacionais, como o FMI e o

BID, e funcionários do governo norte-americano, ambos especializados em questões latino-

americanas, reuniram-se para discutir a situação econômica dos países latino-americanos. A

intenção era apresentar propostas neoliberais e aplica-las nos aos países que passavam por

graves crises político-econômicas para “conceder cooperação financeira externa, bilateral ou

multilateral” (BATISTA, 1995, p.6).

Assim, quando houve a reforma neoliberal no cenário político, uma das medidas foi a

redução do poder interventor do Estado na economia. Logo, Shikida e Bacha (1999, p. 80),

citam três principais pontos que se relacionam à redução do foco estatal sobre o setor: “a

posição da Petrobras, a extinção de órgãos públicos ligados à agroindústria canavieira e a

alteração do próprio perfil do Estado”. A existência do IAA ainda estava ligada aos interesses

dos produtores do Nordeste, pois, ajudava-os a manter uma situação de equilíbrio com outra

grande região produtora (Centro-Sul), enquanto os grupos de interesses ligados a essa

desejavam o fim do órgão regulador, para que houvesse maior competitividade no setor.

Segundo Schmitter (1974), enquanto os grupos de poder do Nordeste e do Centro-Sul

apoiavam mutuamente o desenvolvimento da indústria sucroalcooleira mutuamente,

identificando um Estado orgânico, ambos tinham interesses antagônicos. Esse processo

provocou uma nova colocação dos produtos sucroalcooleiros no mercado: antes, os

produtores tinham garantida margem mínima de lucro, pois, não havia grande

competitividade. Sua posição no mercado também estava assegurada pelo Estado e não havia

preocupação em investimentos para melhorar a produtividade e reduzir custos, considerando

que os preços eram pré-definidos.

Assim, com a desregulamentação, criou-se aos poucos um ambiente competitivo e ao

mesmo tempo favorável aos grandes grupos de interesses, uma vez que os pequenos

produtores teriam que investir fortemente na produção ou sairiam da concorrência (SHIKIDA,

MORAES e ALVES, 2004). Isso ocasionou diminuição de alguns incentivos do setor, como

subsídios aos produtores de açúcar e álcool, fixação de preços e cotas de produção pré-

estabelecidas.

Mello e Paulillo (2005) separam a organização política das fases pré (1975-1989) e

pós-desregulamentação (a partir de 1990) no Estado de São Paulo de modo que houvesse

características que pudesse diferenciá-las e mostrar o que mudou entre elas. Assim, na fase

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pré-desregulamentação, como demonstrou Schmitter (1974), os grupos de poder eram as

associações de interesses (industriais e fornecedores), com exceção das agências reguladoras

do governo6, que tinham número limitado de grupos, possuíam reconhecimento pelo Estado e

havia grandes barreiras à sua entrada no sistema. Suas funções eram restritas, com pouco

poder de negociação e nenhum poder de decisões políticas. A estabilidade da estrutura era

baixa, em decorrência da divergência dos interesses presentes e o Estado tinha o poder de

centralização, com alto grau de autonomia.

No momento pós-desregulamentação, o Estado perde o poder de interventor, com o

fim dos órgãos reguladores, e passa a não fornecer mais os incentivos financeiros que antes

havia. Quem passou a ter maior controle e poder do setor foram os industriais da região

Sudeste, que detinham os recursos financeiros suficientes para promover ganhos de

produtividade agrícola e industrial, aumento de exportações, redução de custos, além de mais

recursos tecnológicos, mecanização do plantio e colheita, investimento em centros de

pesquisa e novas formas de gestão. A partir dessa época, criou-se em 1997 a União da

Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), uma organização representativa de interesses do setor

sucroalcooleiro do estado de São Paulo no governo federal. Em contrapartida, os produtores

que antes contavam com os financiamentos do Estado, agora se viam com poucos recursos,

mas, ainda possuíam certo poder de representação, pois, carregavam o status público

(MELLO e PAULILLO, 2005).

3 ESTRUTURA PÓS-DESREGULAMENTAÇÃO

A partir de 1990, quando o Estado iniciou o processo de desregulamentação no setor

sucroalcooleiro, houve algumas mudanças político-econômicas. Uma delas, diz respeito à

nova estrutura na cadeia produtiva que deveria se autorregular, ou seja, definir o papel de cada

agente no momento em que não havia mais órgãos que controlavam a produção e os preços.

Assim, a questão principal era a organização do setor de forma que atendesse os interesses

públicos e privados envolvidos e, ao mesmo tempo, garantir que o fornecimento de matéria-

prima fosse o suficiente para a produção e que suprisse a demanda dos consumidores finais,

evitando lacunas na cadeia produtiva (SHIKIDA, MORAES e ALVES, 2004).

Outra questão que surge com a cessão dos subsídios é a diferença entre as duas

maiores regiões produtoras, Centro-Sul e Nordeste, que apresentava pouca variação

6 Órgãos criados pelo governo que fornecem serviços por meio de empresas privadas, mas, que

deveriam ser prestados por empresas públicas, garantindo um preço justo e serviços eficientes (MOTTA, 2003).

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percentual na produção desde então. Com o passar dos anos, na década de 1990, a diferença

da produção entre elas aumenta em 75%, demonstrando que a medida afetou, principalmente,

a região produtora no Nordeste, que recebeu cada vez menos subsídios e teve que se adaptar

ao mercado competitivo, buscando menores custos e melhores tecnologias. Logo, a região

Centro-Sul tornou-se gradativamente mais produtiva, em decorrência de investimentos

realizados nas usinas e na indústria (BELIK, 1992).

Gráfico 9 – Produção de açúcar no Brasil por macrorregião (1985-2000)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ipeadata

O Proálcool foi um exemplo relevante da orquestração de interesses, juntamente ao

Estado, que trouxe aliados importantes de setores, como a indústria automobilística e a

agroindústria, e criou grupos representativos (Coopersucar, ANFAVEA- Associação Nacional

dos Fabricantes de Veículos Automotores), que se posicionaram no mercado de açúcar e

álcool a fim de buscar seus respectivos interesses de subsídios e preços, mesmo que houvesse

interesses antagônicos, como a Petrobrás. Ainda nesse campo, Baccarin (2005) expõe a

questão estratégica do setor sucroalcooleiro, que produz energia a partir do bagaço da cana-

de-açúcar e que, por tratar-se de uma fonte renovável, traz vantagens competitivas ao país no

comércio exterior.

Assim, em 1991, o Ministério da Fazenda resolve desregulamentar os preços, antes

controlados, e cria a Portaria nº 463, divulgando que a partir de maio de 1997 os preços de

190.200.724

281.172.687

72.473.426

59.771.568

30.000.000

80.000.000

130.000.000

180.000.000

230.000.000

280.000.000

To

nela

das

Centro-Sul Nordeste

Δ = +75%

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álcool anidro nas unidades produtoras estariam liberados e a partir de novembro de 1998, os

preços da cana-de-açúcar, fornecida às usinas e destilarias autônomas de todo o país, do

açúcar cristal, do álcool combustível e os outros tipos, nas unidades produtoras também

estariam liberados. Percebe-se notadamente um aumento no preço médio do álcool após as

liberações ocorridas em 1997 e 1998, conforme vê-se na tabela 6.

Tabela 4 – Preço médio do álcool R$/m³ (1990-1999)

Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

R$/m³ 0,01 0,05 0,6 13,5 420 424,7 506,3 638,6 725,8 673,3

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Ipeadata

Nesse âmbito, segundo Almeida (1994), há um enfraquecimento no setor de açúcar e

álcool, essa mudança deveu-se principalmente em decorrência da nova constituição de 1988,

das transformações estruturais através do liberalismo e da internacionalização da economia, e

do processo de reestruturação produtiva, flexibilizando as formas de organização da produção.

Ainda assim, o papel do Estado foi fundamental para o desenvolvimento econômico e social

brasileiro, confundindo-se com a consolidação e a expansão do capitalismo (BRAY,

FERREIRA e RUAS, 2000).

A desregulamentação sucroalcooleira pode ser considerada benéfica ao setor, dado que

“contribuiu para ampliar a eficiência e a competitividade do álcool brasileiro”, de acordo com

Paulillo et al (2007, p.12), fazendo com que os atores envolvidos expandissem suas

competências a fim de desenvolver vantagens técnicas para se posicionarem em um mercado

de livre concorrência.

Assim, foi fundamental o papel do Estado na estruturação do setor sucroalcooleiro ao

longo do século XX no Brasil, e, segundo Belik (1992), os interesses orquestrados no

processo, que compreendem desde os industriais e usineiros até o consumidor final do carro

movido a álcool, contribuíram expressivamente por meio de relações de poder para que o

setor de desenvolvesse. Mas, com a crise econômica e a queda do preço do petróleo, ambos

no fim da década de 1980, Shikida e Bacha (1999, p.18) afirmam que “desapareceu a

justificativa para manter o corporativismo em torno do Proálcool”, ou seja, para o Estado era

pouco vantajoso manter os subsídios ao setor.

Dessa forma, muitas nações, a partir dos anos 1990, como o Brasil, promoveram

mudanças em sua estrutura político-institucional decorrente de crises ou eventos que

favoreceram novas tomadas de decisões. Molina e Rhodes (2002) propõem que isso pode ser

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consequência de um desenvolvimento pós-industrialização, que representaria o declínio de

uma estrutura industrial de base criada pelo antigo modelo de relações manufatureiras na

Europa. Isso caracterizaria algumas relações que surgiram, com tomada de decisões em arenas

políticas de educação, saúde, bem-estar e sustentabilidade, levando a criação do papel de

novos atores, novos grupos de interesses.

CONCLUSÃO

O objetivo principal da pesquisa consiste em analisar o crescimento da economia do

setor sucroalcooleiro no momento pós-desregulamentação, quando o governo deixou de

subsidiar o setor e os preços passaram a ser definidos através da oferta e da demanda, ou seja,

passou a vigorar o livre mercado.

Desde o início da cultura canavieira no Brasil, no século XVI até os dias de hoje, sua

produção tem propiciado grandes receitas aos setores envolvidos, desde os pequenos

produtores de cana-de-açúcar até as indústrias de transformação de álcool e energia, além da

contribuição ao desenvolvimento econômico do país, aumento do PIB, das exportações e

posicionando o açúcar como um dos cinco produtos mais exportados na década de 1970.

A orquestração de interesses entre os grupos de poder comandada pelo Estado foi um

movimento característico de alguns governos, como o de Getúlio Vargas, mas,

principalmente, do setor sucroalcooleiro, por haver um órgão regulador, o IAA, que

administrava os interesses das associações, como os produtores, industriais, a Petrobrás e a

ANFAVEA.

É visto que, a partir do ano de 1990, com o novo governo, agora liberalista, e a nova

constituição, o crescimento expressivo da produtividade do setor, principalmente na região

Centro-Sul, a produção chega a expressivas 281 milhões de toneladas de açúcar no ano 2000.

Em contrapartida, os produtores dotados de menos tecnologia e recursos, com a

desregulamentação, acabam perdendo posicionamento no mercado brasileiro.

Os preços que antes eram controlados pelo Estado, agora estavam suscetíveis a

alterações, dependentes das quantidades ofertadas e demandadas de açúcar e álcool. E isso

teve que ser controlado pelos grupos de interesses, que até então se preocupavam somente

com o processo produtivo, pois, a gestão da distribuição estava pré-estipulada. Assim, quando

houve a liberação dos preços, o aumento foi expressivo, passando de R$ 420/m³, em 1994,

para R$ 673,3/m³, em 1999.

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Quando o Estado tinha um expressivo papel intervencionista, foi fundamental para

firmar as bases do setor sucroalcooleiro e contribuiu para o desenvolvimento de agentes do

processo produtivo que possuíam menos recursos, como alguns pequenos produtores, em

relação aos agentes mais produtivos e eficientes. No entanto, a desregulamentação do setor foi

importante e benéfica para alavancar crescimento à indústria canavieira, torna-la mais

competitiva no mercado interno e apta para concorrer no mercado internacional.

REFERÊNCIAS

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Oficial da União - Seção 1 - 15/3/1990, Página 5359, Brasília.

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e dá outras providências. Diário Oficial da União - Seção 1 - 6/6/1933, Página 11195,

Brasília, DF.

BRASIL. Decreto-Lei nº 4.722, de 22 de Setembro de 1942. Declara a indústria alcooleira de

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24

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