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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de População Celular Gilson Simões Ferreira Júnior Recife, 2011

Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

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Page 1: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de População

Celular

Gilson Simões Ferreira Júnior

Recife, 2011

Page 2: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

Gilson Simões Ferreira Júnior

Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de População Celular

Monografia apresentada ao Departamento de

Matemática da Universidade Federal de

Pernambuco como parte dos requisitos para

obtenção do título de Bacharel em

Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Alex Dias Ramos

Recife, 2011

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1

Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer a meus pais (Ana Patrícia e Gilson Simões) por

todo apoio e incentivo dado, pois sem eles eu não estaria aqui hoje. Gostaria também de

agradecer ao meu orientador (Dr. Alex Dias Ramos) por todo o apoio dado e por todo

aprendizado que ele me proporcionou durante todo este tempo em que estivemos trabalhando

juntos e a todos os professores do Departamento Matemática da UFPE, pelo apoio e

aprendizado que tive com eles durante todo o curso. Quero agradecer também aos amigos

(Ana Clara, Bob Vinícius, Binho, Carlos Papel, Carolina Regina, Clarissa Cozzi, Danillo

Barros, Edgar Amorim, Elaine Araújo, Fábio Badaró, Felipe Luna, Filipe Andrade, Florentino

Gomes, Gabriel Carvalho, Jaime Cesar, João Alves, Katy Wellen, Lemniscata Florêncio, Lília

Albuquerque, Lucas Mesquita, Luiz Silva, Marcílio Ferreira, Renato Teixeira, Ricardo

Eryton, Stéfano Alves, Tatá, Thiago Araújo, Thiago Suzart, Zé), não só por tudo que aprendi

com eles, mas também por tudo que passamos durante todo este tempo de curso, pelas idas e

vindas, autos e baixos, pelas madrugadas acordados, sendo elas estudando ou farrando, nas

quais conseguimos superar com muita dedicação, esforço e estudo. Gostaria também de

agradecer a Tia Nilza Maria (mãe de Edgar Amorim) por todas as noites em que passamos em

sua casa estudando ou embriagados após alguma festa. Peço desculpas a todos os outros

amigos que não foram citados aqui (falta espaço), mas também os agradeço por tudo.

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2

Resumo

Neste trabalho, nós revisitamos um modelo matemático com tempo discreto, o qual foi

proposto por M. Kimmel e D.E. Axelrod [7]. Este modelo matemático é baseado nos

processos de ramificação de Galton-Watson. Ele tem como propósito descrever a dinâmica da

expansão de populações de células a partir da divisão de uma única célula inicial, gerando

desta forma as colônias de várias centenas de células. Claramente, esta fase de crescimento da

população é fortemente influenciada pelos elementos estocásticos, incluindo, entre outros, a

morte celular e a inatividade da célula. Este modelo matemático leva em consideração o

crescimento da célula e a divisão desigual, havendo três possíveis resultados a cada divisão

celular: crescimento e divisão celular contínua, inatividade celular e morte celular. Também,

nos capítulos 1 e 2, fornecemos os resultados básico da literatura para melhor entendimento

do mesmo.

Palavras–chave: modelagem biológica; processo de Galton-Watson; proliferação

celular

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3

Sumário

Agradecimentos 1

Resumo 2

1. Função Geratriz ----------------------------------------------------------------------------------- 4

1.1 Momentos-------------------------------------------------------------------------------------- 6

1.2 Função Geratriz de Momento--------------------------------------------------------------- 6

1.3 Problema de Momento----------------------------------------------------------------------- 7

1.4 Função Geratriz Ordinária ------------------------------------------------------------------ 11

2. Processos de Ramificação ----------------------------------------------------------------------- 14

2.1 Histórico---------------------------------------------------------------------------------------- 14

2.2 O Problema da Extinção---------------------------------------------------------------------- 15

2.3 Distribuições de descendentes--------------------------------------------------------------- 20

2.4 Uma Aplicação do Processo de Ramificação ao Problema das Filas------------------- 24

3. Modelagem da Proliferação Celular ---------------------------------------------------------- 28

3.1 Hipóteses do Modelo ------------------------------------------------------------------------ 29

3.2 Formalização Matemática do Modelo ---------------------------------------------------- 29

3.3 Principais Resultados ------------------------------------------------------------------------ 31

3.4 A Função Geratriz de Probabilidade da ésima geração --------------------------- 32

3.5 Demonstrações dos Teoremas -------------------------------------------------------------- 34

Referências Bibliográficas 42

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4

Capítulo 1

Funções Geratrizes

Neste primeiro capítulo, nós introduzimos algumas definições envolvendo teoria das

probabilidades com o intuito de fazer uma breve revisão sobre o estudo das funções

geratrizes. As definições e resultados aqui apresentados estão baseados no livro de [3] e [9].

Definição 1.1: Diremos que é um experimento aleatório quando repetido diversas vezes em

iguais condições, podem fornecer resultados diferentes

Definição 1.2: Para cada experimento do tipo que estamos considerando, definiremos o

espaço amostral como o conjunto de todos os resultados possíveis de

Definição 1.3: Seja um experimento e um espaço amostral associado ao experimento.

Uma função que associa a cada elemento um número real, é denominado

variável aleatória.

Definição 1.4: Seja uma variável aleatória. Se os possíveis valores de (isto é, o

contradomínio de for finito ou infinito numerável, denominaremos de variável aleatória

discreta.

Definição 1.5: Seja uma variável aleatória discreta. A cada possível resultado com

associaremos um número denominado probabilidade de

. Os números devem satisfazer às seguintes condições:

i) para todo

ii)

A função , definida acima, é denominada função de probabilidade (ou função de

probabilidade no ponto) da variável aleatória A coleção de pares , é

denominada distribuição de probabilidade de

Definição 1.6: Diz-se que é uma variável aleatória contínua, se existir uma função ,

denominada função densidade de probabilidade (fdp) de que satisfaça as seguintes

condições:

i) para todo

ii)

Page 7: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

5

iii) Para quaisquer com teremos

Definição 1.7: Seja uma variável aleatória discreta, com valores possíveis

Seja Então, o valor esperado de

(ou de ), denotado por é definido como

Se a série convergir absolutamente, isto é, se

Definição 1.8: Seja uma variável aleatória contínua com fdp . O valor esperado de é

definido como

Note que esta integral (imprópria) acima pode não convergir, de modo que, diremos que

existirá, se e somente se,

for finita.

Definição 1.9: Seja uma variável aleatória. Definimos a variância de denotada por

ou , da seguinte maneira:

A raiz quadrada positiva de é denominada o desvio padrão de e é denotado por

Sejam e variáveis aleatórias discretas com distribuição de probabilidades dadas por

Page 8: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

6

Observe que o valor esperado e a variância destas duas variáveis aleatórias discretas são as

mesmas

porém estas duas variáveis aleatórias têm

distribuições de probabilidades completamente distintas. Isso levanta uma questão: Se é

uma variável aleatória discreta em um intervalo { e função de probabilidade

, e se sabemos seu valor esperado e sua variância então o

que mais precisamos saber para determinar completamente?

1.1 Momentos

A resposta a pergunta levantada acima, pelo menos no caso que assume valores num

conjunto finito, pode ser dado em termos do momento de . Denotamos o k-ésimo momento

de por e definimos como

Aqui,

1.2 Função Geratriz de Momento

Para ver como ocorre a observação feita anteriormente, nós introduzimos uma nova

variável , e definimos uma função da seguinte forma:

Chamamos a Função Geratriz de Momento de e pensamos nisso como um eficiente

dispositivo para descrever os momentos de . De fato, se derivarmos vezes e em

seguida, calcularmos , obtemos

Page 9: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

7

Exemplo 1.2.1: Suponha agora com intervalo e

para (distribuição binomial). Então

Note que

de modo que e

1.3 Problemas de Momento

Usando a função geratriz de momento, podemos agora mostrar, pelo menos no caso de

uma variável aleatória discreta com intervalo finito, que a sua função de probabilidade é

completamente determinada por seus momentos.

Teorema 1.3.1: Seja uma variável aleatória discreta com intervalo finito { }, e

momento

). Então a série

converge para todo e é uma função infinitamente diferenciável.

Demonstração:

Sabemos que

Se fizermos , então temos

uma vez que, Desde que, para todo temos,

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8

o que mostra que a série do momento converge para todo Uma vez que sabemos que a Série

de Potência é uma soma infinitamente diferenciável, então temos que é infinitamente

diferenciável.

Isto mostra que determina . Inversamente, uma vez que vemos

que determina .

O Teorema 1.3.1 está demonstrado.

Teorema 1.3.2: Seja uma variável aleatória discreta com intervalo finito { },

a função de probabilidade e a função geratriz de momento. Então é unicamente

determinada por e vice-versa.

Demonstração: Sabemos que determina , uma vez que

Faça em e escolha valores distintos de de modo que . Então

escolhendo convenientemente podemos reescrever como

ou em notação matricial,

onde e são vetores colunas e é uma matriz com linhas e

colunas. Podemos resolver esta equação para a matriz isto é,

o que mostra que é uma matriz inversível, isto é, que o determinante da matriz é não

nulo. Podemos sempre arrumar para escolhermos os valores – , uma vez que o

determinante de é o Determinante de Vandermonde

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que é dado por . Este determinante é sempre diferente de 0 se os são

distintos.

O Teorema 1.3.2 está demonstrado.

Note que se nós retirarmos a hipótese de que tem intervalo finito no teorema acima,

então a conclusão não é mais necessariamente verdadeira. Antes de darmos um contra-

exemplo para este caso, daremos algumas breves definições que serão úteis para o nosso

contra-exemplo.

Definição 1.10: A variável aleatória que tome todos os valores reais , tem

uma distribuição normal (ou Gaussiana) se sua função densidade de probabilidade (fdp) for

da forma

Os parâmetros e devem satisfazer às condições e Aqui

empregaremos a notação: terá distribuição se, e somente se, sua distribuição de

probabilidade for dada pela equação Em particular, diremos que tem distribuição

normal padrão se em fizermos e . Isto é, tem distribuição e sua

função densidade de probabilidade (fdp) é dada por

Definição 1.11: Seja uma variável aleatória tal que tem distribuição Neste

caso, dizemos que tem distribuição log-normal. Sua função densidade de probabilidade

(fdp) é dada por

Aqui usamos para denotar o logaritmo neperiano (ou natural) de .

A partir dessas definições, observe que com distribuição log-normal está definida num

intervalo infinito não enumerável (conjunto dos números reais) e assim mostraremos que o k-

ésimo momento de está definido, mas não possui função geratriz de momento. De fato,

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10

Fazendo a substituição então

e, portanto

Fazendo então e, portanto

A ultima igualdade é válido, pois

pela definição 1.6 e 1.10. Logo ,

Agora vamos mostrar que não possui função geratriz de momento. De fato,

Esta ultima igualdade pode ser vista em [5].

Portanto, temos que a variável aleatória possui todos os seus momentos, mas não

possui função geratriz de momento, que é o que queríamos mostrar.

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1.4 Função Geratriz Ordinária

O caso mais especial é quando os são inteiros não negativos, isto é, . Então

podemos provar o teorema 1.3.2 de uma forma mais simples. Neste caso temos

isto é, é um polinômio em . Se fizermos , definimos a função por

então é um polinômio em que contém as mesmas informações que . De fato,

,

A função é muitas vezes chamada de função geratriz ordinária de Note que

, e . Se conhecemos ,

então conhecemos , e se conhecemos , então podemos encontrar as pela

Fórmula de Taylor:

Exemplo 1.4.1: Suponha que sabemos que os momentos de certa variável aleatória discreta

são dados por

,

.

Então temos que a função geratriz de momento é dada por

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Daí, fazendo encontramos a função geratriz ordinária dada por

Portanto deverá ter intervalo , e deverá ter valores

Propriedades

Ambas as funções geratriz de momentos e geratriz ordinária tem muitas

propriedades úteis no estudo das variáveis aleatórias, do qual vamos considerar somente

algumas aqui. Em particular, se é qualquer variável aleatória discreta e , então

enquanto se , então

Em particular, se

, então

)

Se e são variáveis aleatórias discretas e independentes e é a soma

delas, com , , e as funções de distribuição associada, então sabemos que é a

convolução de e , e sabemos que a convolução envolve um cálculo bastante complicado.

Mas, para as funções geratrizes de momento e ordinária, temos uma relação simples

isto é, é simplesmente o produto de e e similarmente para .

Para ver isso, primeiro note que como e são independentes, então e também

são independentes, portanto

Segue que

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e substituindo por encontramos

Exemplo 1.4.2: Se X e Y são variáveis aleatórias discretas independentes no intervalo

e distribuição binomial ( exemplo 1.2.1)

e se , então sabemos que o intervalo de é e tem distribuição

binomial

Portanto podemos facilmente verificar este resultado usando funções geradoras. Pelo exemplo

1.2.2, sabemos que

e portanto

Daí temos que,

,

o que é o mesmo que,

do qual podemos ver que o coeficiente de é justamente

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Capítulo 2

Processos de Ramificação

Nesta seção, nós aplicamos a teoria das Funções Geratrizes para o estudo de um

importante processo chamado Processos de Ramificação.

2.1 Histórico

Até recentemente, pensava-se que a teoria dos processos de ramificação teria origem a

partir do seguinte problema colocado por Francis Galton no Educational Times em 1873.

Problema: Uma grande nação, de que vamos dizer respeito apenas a nós mesmos do

sexo masculino, em número e que cada um tem sobrenomes diferentes, colonizam um

distrito. A regra da população é tal que em cada geração, por cento dos homens adultos

não tem filhos do sexo masculino que chega a vida adulta; por cento dos homens adultos

tem um filho do sexo masculino que chega a vida adulta; por cento dos homens adultos

tem dois filhos do sexo masculino que chegam a vida adulta, e assim por diante até por

cento dos homens adultos que tem 5 filhos do sexo masculino que chegam a vida adulta.

Queremos encontrar (1) qual a proporção dos sobrenomes terá sido extinta após

gerações e (2) quantos casos haverá de mesmo sobrenome sendo realizado por pessoas?

A primeira tentativa de uma solução foi dada pelo Reverendo H. W. Watson. Por causa

de um erro na álgebra, ele concluiu erradamente que o nome de uma família sempre morreria

com probabilidade 1. No entanto, os métodos que ele empregou para solucionar o problema

eram, e ainda é, a base para a obtenção correta da solução.

Heyde e Seneta descobriram mais cedo um comunicado por Bienaymé (1845), que

antecipou Galtos e Watson por 28 anos. Bienaymé mostrou, de fato, que ele tinha

conhecimento da solução correta para o problema de Galton. Para mais detalhes, ver [2].

Uma discussão muito mais ampla da história do processo de ramificação pode ser

encontrada em dois artigos escritos por David G. Kendall [4].

Processos de ramificação têm servido não só como modelos brutos para o crescimento

da população, mas também como modelos para determinados processos físicos, tais como

química nuclear em reações de cadeia.

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2.2 O Problema da Extinção

Passamos agora para o primeiro problema colocado por Galton (isto é, o problema de

encontrar a probabilidade de extinção de um processo de ramificação). Começamos na 0 –

ésima geração com um genitor masculino. Na primeira geração, teremos

descendentes machos com probabilidades Se na primeira geração, há

descendentes, em seguida, na segunda geração, haverá descendentes, onde

são variáveis aleatórias independentes, cada uma com distribuição comum

Esta descrição nos permite construir uma árvore, a árvore medida, para

qualquer número de geração.

Figura 2.2.1. Diagrama de árvore para o exemplo 2.2.1.

Exemplo 2.2.1: Suponha que

. Em seguida, a árvore

medida para as duas primeiras gerações é mostrada na Figura 2.2.1.

Note que usamos a teoria de somas de variáveis aleatórias independentes para atribuir

ramos de probabilidade. Vamos agora determinar algumas dessas probabilidades.

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Nº de filhos

na 1ª Geração

Nº de filhos

na 2ª Geração

Probabilidade do Nº de filhos na 2ª Geração

Aqui usamos para denotarmos a probabilidade de termos

descendentes na segunda geração dado que tivemos descendentes na primeira geração.

Nós agora estudaremos a probabilidade de que nosso processo acabe, ou seja, que em

alguma geração não haja descendente.

Seja a probabilidade de que o processo acabe na ésima geração. É claro que

No nosso exemplo,

e

(veja a figura 2.2.1). Observe que

é preciso acrescentar as probabilidades para todos os caminhos que levam de a ésima

geração. A partir da definição temos

Assim converge para um limite , , e é a probabilidade de que o

processo finalmente acabe. Este é o valor que desejamos determinar. Começamos

expressando o valor em termo dos possíveis resultados na primeira geração. Se houver

descendentes na primeira geração, então para acabar na ésima geração, cada uma destas

linhas devem acabar em – gerações. Uma vez que elas procedem de forma independente,

essa probabilidade é . Portanto

Seja a função geratriz ordinária para

Usando a função geratriz, podemos reescrever a equação (1.1) na forma

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Desde que , pela equação (1.2) vemos que o valor que olhamos satisfaz a equação

Uma solução desta equação é sempre , uma vez que

Este é o lugar onde Watson cometeu seu erro. Ele assumiu que era a única solução para a

Equação (1.3). Para examinar esta questão mais cuidadosamente, primeiro notamos que a

solução da Equação (1.3) representa a interseção do gráfico de

com

Assim precisamos estudar o gráfico de .

Proposição 2.2.1: Seja , então

(i) (ii) é estritamente crescente e convexa para .

Demonstração:

(i) por definição temos que

Logo,

Além disso, temos que

uma vez que E assim fica demonstrado (i).

(ii) Pelo ítem (i) temos que e além disso,

e

Page 20: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

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isto é, para , , pois para todo Portanto para

não negativo, ) é uma função estritamente crescente e convexa em . E assim fica

demonstrado (ii).

A proposição 2.2.1 está demonstrada.

Portando o gráfico de pode intersectar a reta em no máximo dois

pontos. Uma vez que sabemos que a reta deve intersectar no ponto ,

então vemos que existe apenas três possibilidades como mostra a figura 2.2.2.

Figura 2.2.2.

No caso (a) a equação tem raiz com . No caso (b)

tem somente raiz . No caso (c) tem duas raízes onde . Uma

vez que olhamos para uma solução , vemos no caso (b) e (c) que nossa única

solução é 1. Neste caso podemos concluir que o processo morrerá com probabilidade 1.

Da equação (1.4) vemos que

onde é definido como o número esperado de descendentes produzido por um único pai.

Proposição 2.2.2: Seja e definido anteriormente, então

(i) Se então para .

(ii) Se então tem uma única raiz em

A demonstração dessa Proposição pode ser encontrada em [3] e [8].

No caso (a) temos . Já em (b) e em (c) . Assim, nossos

três casos correspondem a , e . Assumimos agora que .

Lembre-se que , = , ,..., e . Podemos

construir estes valores geometricamente, como mostra na figura 2.2.3.

Page 21: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

19

Figura 2.2.3. Determinação Geométrica de

Podemos ver geometricamente, como indicado por e na figura 2.2.3, que os

pontos sempre estarão em cima da reta . Por isso, eles devem convergir

para a primeira interseção da curva e (isto é, para a raiz ). Isto nos

leva ao seguinte teorema.

Teorema 2.2.1: Considere um processo de ramificação com função geratriz para o

número de descendentes de um dado pai. Seja a menor raiz da equação . Se o

número médio de descendentes produzidos por um único pai é então e o

processo morre com probabilidade 1. Se 1 então e o processo acaba com

probabilidade .

Demonstração:

Decorre imediatamente da proposição 2.2.2, pois sabendo que é sempre raiz da

equação e se pelo item (i) para . Então o processo deve

morrer com probabilidade .

Se então tem uma única raiz em , isto é o processo morre com

probabilidade

O Teorema 2.2.1 está demonstrado.

Devemos às vezes querer saber a probabilidade que o processo de ramificação morra

numa geração particular, bem como o limite dessas probabilidades. Seja a probabilidade

de morrer na n-ésima geração. Então sabemos que . Sabemos mais que

onde é a função geratriz ordinária para o número de descendentes produzidos

por um único pai. Isto torna mais fácil para calcular estas probabilidades.

Page 22: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

20

Agora assuma que no máximo dois descendentes podem ser produzidos. Então

.

Neste simples caso a condição gera a equação

No qual é satisfeita para e

. Assim, além da raiz temos a segunda raiz

. O número médio de descendentes produzidos por um único pai é

Assim, se e a segunda raiz é menor que . Se temos uma raiz

dupla . Se , e a segunda raiz é menor que e representa a

probabilidade que o processo acabe.

2.3 Distribuições de descendentes

Até agora consideramos apenas o primeiro dos dois problemas levantado por Galton, ou

seja, a probabilidade de extinção. Agora consideraremos o segundo problema, que é a

distribuição do número de descendentes na n-ésima geração. A forma exata da distribuição

não é conhecida, exceto nos casos muito especiais. Devemos ver, no entanto, que podemos

descrever o comportamento de quando .

Primeiro mostraremos que a função geratriz ordinária da distribuição de pode

ser obtida de para qualquer processo de ramificação.

Lembramos que o valor da função geratriz ordinária no valor para qualquer variável

aleatória pode ser escrita como

Isto é¸ é o valor esperado de um experimento que tem resultado com probabilidade

.

Seja onde cada tem o mesmo valor inteiro para distribuição

com função geratriz ordinária . Seja a função

geratriz de . Então usando uma das propriedades da função geratriz ordinária discutida no

capítulo 1, temos

,

desde que os sejam independentes e todos tenham a mesma distribuição.

Page 23: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

21

Considere agora o processo de ramificação . Seja a função geratriz ordinária de

. Então

Se , então onde são variáveis

aleatórias independentes com função geratriz ordinária comum Assim

,

e

Mas

Portanto,

Assim a função geratriz ordinária de é de é

e assim por diante.

Se diferenciarmos a equação usando a regra da cadeia temos

Colocando e usando o fato que e = o número médio de

descendentes na n-ésima geração, temos

Assim, , e em geral

Assim, para um processo de ramificação com , o número médio de descendentes

cresce exponencialmente a uma taxa .

Page 24: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

22

Proposição 2.3.1: Se então quando

Se então quando .

Se ou 1 então para todo .

Obs: O símbolo ↑(↓) significa convergência monótona não decrescente (não crescente).

Demonstração:

Se então pela proposição 2.2.1. Iterando estas

desigualdades temos

Suponha que existe tal que Mas é continua e podemos ter o limite

através da equação e concluímos assim que Mas é a menor

raiz em [0,1] e assim concluímos que

Se então argumentando analogamente mostramos que

onde Mas, pelas proposição 2.2.2 temos não existe raiz de em

Assim novamente

Se ou então claramente temos que .

A Proposição 2.3.1 está demonstrada.

Proposição 2.3.2: As funções são diferenciáveis e convergentes em . Além disso

para todos os , e para todo ,

Não demonstraremos esta proposição, pois ela necessita de resultados mais avançados e

que não estão no nosso propósito. Para mais detalhes sobre a sua demonstração ver [8].

É claro que mesmo nos casos simples no máximo dois descendentes, não podemos

realizar o cálculo de por este método. No entanto, existem alguns casos especiais em

que isto pode ser feito.

Exemplo 2.3.1: Para o processo de ramificação do exemplo 2.2.1, temos

A probabilidade do número de descendentes na segunda geração concorda com aqueles

obtidos diretamente com a medida da árvore.

Page 25: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

23

O exemplo a seguir é o mais importante, pois é o único não-trivial no qual todas as

iterações de são explicitamente computadas. Este exemplo é chamado o caso linear

fracionário, por causa da forma tomada pela função geratriz.

Exemplo 1.12: Assuma que as probabilidades formam uma série geométrica:

, , – e

– –

– – –

.

A função geratriz ordinária para a distribuição é

.

Disto encontramos

e

Agora para quaisquer dois pontos

A equação tem raízes e 1. Se então ; se , ; se

, . Se temos e então para a fórmula acima torna-se

e portanto torna-se

Iterando isto obtemos

Page 26: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

24

que pode ser resolvido para . A resposta é

Se , então e Então

que após iterar produz

Os coeficientes das potências de dão a distribuição para

2.4 Uma Aplicação dos Processos de Ramificação ao Problema das Filas

Definição 2.1: A Distribuição de Bernoulli é a distribuição discreta de espaço amostral

com probabilidades e

Exemplo 1.13: Considere o processo de filas tal que a cada minuto ou clientes chegam,

independentemente com probabilidade ou , respectivamente. (o número é

chamado à taxa de chegada.). Quando um cliente inicia o serviço ele termina no próximo

minuto com probabilidade (o número é chamado à taxa de serviço). Assim, quando um

cliente começa a ser atendido, ele vai acabar em minutos com probabilidade ,

para .

a) Vamos encontrar a função geratriz ordinária para o número de clientes que

chegam a cada minuto e a função geratriz ordinária para o período de tempo

que uma pessoa gasta em serviço, uma vez que ela começa a ser atendida.

Seja a variável aleatória discreta para o número de clientes que chegam a

cada minuto. Aqui e . Isto é, tem distribuição de Bernoulli e

sua função densidade de probabilidade é dada por

Page 27: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

25

Daí temos que,

Isto é, que é a função geratriz ordinária para o número de clientes que chegam

a cada minuto. Para encontrarmos a função geratriz ordinária , sabemos que quando um

cliente começa a ser atendido, ele vai acabar em minutos com probabilidade

para . Isto é, é uma variável aleatória com distribuição

geométrica e função densidade de probabilidade dada por

Então temos que,

Isto é,

que é a função geratriz ordinária para o período de tempo que uma

pessoa gasta em serviço, uma vez que ela começa a ser atendida.

b) Seja onde os são variáveis aleatórias independentes

com distribuição de Bernoulli e tendo função geratriz ordinária . Assumiremos

que é uma variável aleatória independente de todos os e tendo função geratriz

ordinária . Mostraremos que a função geratriz ordinária para é

e a partir daí consideremos o processo de ramificação de clientes tal que os

descendentes de um cliente são os clientes que chegam quando ele está sendo

atendido e a partir daí, exibiremos a função geratriz ordinária

Por definição temos que, e tem função geratriz ordinária

Daí

Page 28: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

26

Assim concluímos que

Seja o número de clientes que chegam enquanto um

determinado cliente está sendo atendido, onde os são as variáveis aleatórias para os

clientes que chegam a cada minuto. Vimos que a função geratriz ordinária para cada é dada

por

Seja a variável aleatória para o -ésimo cliente que está sendo atendido, então a função

geratriz ordinária é

. Logo, vemos que é a função geratriz

ordinária para o processo de ramificação de clientes que é dada por

Isto é,

que é a função geratriz ordinária para o número de clientes

que chegam enquanto um cliente está sendo atendido.

c) Se iniciarmos o processo de ramificação com a chegada do primeiro cliente então o

período de tempo até que o processo de ramificação acabe será o período de

disponibilidade para o servidor. Vamos encontrar uma condição em termos da taxa

de chegada e da taxa de serviço que vai garantir que existirá um momento em que o

servidor não esteja ocupado. Ou seja, que o processo de ramificação acabe.

Vimos que e pela regra da cadeia temos que

Mas Como , então

Como

, temos

Page 29: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

27

Logo,

Como queremos garantir que exista um momento em que o servidor não esteja ocupado, isto

é, uma condição para que o processo morra com probabilidade então temos que

ou seja, temos que ter que

logo O que é de certa forma intuitiva.

Page 30: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

28

Capítulo 3

Modelagem da Proliferação Celular

As Populações geradas por células individuais são referidas como colônias. O passo

fundamental na expansão de uma população de células é a seguinte: na divisão cada célula

dobra aproximadamente de tamanho e se divide em duas células-filhas de tamanhos

aproximadamente iguais. A célula que da origem a estas células é chamada célula mãe. Duas

observações são feitas sobre esta descrição simplificada da proliferação celular: Primeiro,

nem todas as células são do mesmo tamanho na divisão. Em segundo lugar, as células irmãs

não são exatamente iguais em tamanho no nascimento.

Cada uma das células filhas geralmente segue um “caminho” diferente, independente do

tamanho da sua mãe, de seu próprio tamanho e do percurso escolhido pela outra filha, com

base numa regra puramente aleatória. Com probabilidade , a célula começa a crescer e inicia

uma linhagem, com probabilidade de morrer e não ser mais visível, ou com probabilidade

de torna-se inativa, isto é, continua a existir sem nunca mais crescer ou morrer.

Vamos agora introduzir uma representação esquemática do nosso modelo e algumas

hipóteses que vamos assumir.

Figura1: Uma representação esquemática do modelo do ciclo celular. Uma célula de tamanho quando nasce

cresce para o tamanho onde é uma função crescente e é uma variável aleatória não negativa

com distribuição acumulada . Na mitose a célula se divide em duas células filhas de tamanhos diferentes e

de acordo com a regra , onde é uma variável aleatória em (Independente de ), com

uma distribuição simétrica . Cada uma das células filhas, independentemente do seu tamanho e da outra filha,

começa a crescer com probabilidade , morre com probabilidade , ou se tornar inativa com probabilidade

( ).

Page 31: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

29

3.1 Hipóteses do Modelo

Crescimento da Célula. Uma célula de tamanho no seu nascimento cresce ao tamanho

, onde é uma variável aleatória não negativa com distribuição acumulada G dada. A

função representa o mecanismo de regulação de tamanho; Assume-se ser não-decrescente, o que

significa que as células filhas são em média maiores na divisão. No entanto, os pressupostos

específicos em asseguram que o desvio da média diminui durante o crescimento celular. Por

simplicidade do nosso modelo matemático, presumimos que as células que proliferam têm vidas

idênticas e que as vidas das células inativas são infinitas.

Divisão Desigual. Na mitose a célula-mãe de tamanho Y se divide em duas filhas de tamanhos

diferentes X e Y - X. Assume-se que o tamanho de uma das células filhas é igual a X = UY, onde U

é uma variável aleatória em [0, 1], independente de Y e V, e tem distribuição simétrica H.

Formalmente,

– –

O tamanho da outra filha é .

Proliferação. Cada uma das células filhas geralmente segue um “caminho” diferente, independente

do tamanho da sua célula mãe, do seu próprio tamanho e do percurso escolhido pela outra filha.

Tomando como base uma regra puramente aleatória, a saber: Com probabilidade , a célula começa

a crescer e inicia uma linhagem, com probabilidade de morrer e não ser mais visível, ou com

probabilidade de torna-se inativa, isto é, continua a existir sem crescer ou morrer. No nosso

presente modelo, células inativas são sempre inativas, isto é não existe a possibilidade de que elas

possam voltar a se reproduzir ou até mesmo morrer depois de um determinado tempo.

Observação. Devido à independência assumida de morte celular, inativação e regulação do

crescimento e da divisão desigual, estas quantidades são identicamente distribuídas em colônias de

células provenientes de qualquer tamanho no nascimento. Portanto, uma predição óbvia do modelo

atual é que o tamanho de uma colônia não depende do tamanho do nascimento da célula inicial. Em

particular, isso implica a independência entre o tamanho da colônia e o tamanho do nascimento das

células no interior da colônia, a qualquer momento após o início.

3.2 Formalização Matemática do Modelo

Pressupostos centrais: As seguintes hipóteses são básicas para a descrição rigorosa do modelo

A função (uma função não negativa de um argumento não negativo)

é contínua com primeira derivada contínua e crescente.

Page 32: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

30

A função de distribuição acumulativa (fda) satisfazendo

é absolutamente contínua e não decrescente. Consequentemente existe uma função de densidade

de probabilidade não negativa definida pela distribuição .

A função de distribuição acumulativa (fda) satisfazendo

é absolutamente contínua e não decrescente. Consequentemente existe

uma função de densidade de probabilidade não negativa definida pela distribuição H

satisfazendo

Note que

Observe também que

Isto é, é simétrica em relação à reta

. Assim é uma distribuição simétrica.

Vamos considerar o processo da população obedecendo às hipóteses e pressupostos definidos

anteriormente e iniciado por uma única célula proliferativa com tamanho no nascimento Seja

o número de células proliferativas com tamanho no nascimento não excedendo , presente

na i-ésima geração das células. Similarmente, denota o número de células inativas

correspondentes. As funções contagem e definem o processo. Denotamos por a

função geratriz de probabilidade conjunta de e . A célula inicial é a geração 0, e

assim, por exemplo, onde 1 é a função degrau unitária a 0.

Munido destas informações nós definimos

sendo estas quantidades: a função geratriz de probabilidade, o valor esperado e a variância da

contagem total de células proliferativas e inativas da população na geração respectivamente.

Sejam

Page 33: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

31

o número esperado de células proliferativas e inativas, respectivamente, com tamanho no

nascimento não excedendo , no processo iniciado por uma única célula com tamanho no

nascimento . e serão chamados a função contagem esperada de células proliferativas e

inativas, respectivamente. Elas descrevem a estrutura do tamanho da célula na população.

3.3 Principais Resultados

Teorema 1: As seguintes relações são satisfeitas

Teorema 2: Sob hipoteses e , a seguinte recorrência é satisfeita pela função de

contagem esperada de células proliferativas

Teorema 3: Sob hipoteses e , a seguinte recorrência é satisfeita pela função de

contagem esperada de células inativas

Page 34: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

32

3.4 Função Geratriz de Probabilidade da ésima geração

Começamos assumindo que a célula inicial se divide em duas filhas com tamanhos e .

Cada uma destas células dá inicio o seu subprocesso, ou morre, ou torna-se inativa. Denotamos por

e

a função contagem do sub-processo iniciado pela filha . De acordo com a definição

do processo,

e

são variáveis aleatórias independentes. O mesmo é verdade para

e

Por questões tipográficas escrevemos para denotar com probabilidade. Com um ligeiro

abuso de notação é possível escrever

Denotamos por a função geratriz de probabilidade conjunta de e ,

isto é,

X

Vamos olhar nosso processo separadamente, isto é, achar a função geratriz para o subprocesso

gerado pelas variáveis aleatórias e , e . Ou seja, para os

subprocessos iniciado por cada descendente gerado pela célula mãe.

Seja a função geratriz de probabilidade conjunta das variáveis aleatórias

e . Claramente temos que

e

tem distribuição idêntica a

e respectivamente. Temos que

e

Antes de obtermos a recorrência para a função geratriz de probabilidade, primeiro veremos o

que ocorre com para dados valores de

Page 35: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

33

a) Se e , na primeira geração não houve descendentes proliferativos

e nem descendentes inativos. Então na ésima geração não haverá descendentes

proliferativos nem descendentes inativo,ou seja, e e portanto

b) Se e , houve um descendente inativo na primeira geração e nenhum

descedente proliferativo. Então na ésima geração haverá um descendente inativo e

nenhum proliferativo, ou seja e e portanto

c) Se e , houve um descendente ploriferativo e nenhum descendente

inativo. Então na ésima geração teremos e

e portanto

onde definida em

Note que:

i) Se e a célula morre com probabilidade ou que é

quando a célula não reproduz pois ainda não atingiu um tamanho para reprodução. Logo

ii) Se e a célula se torna inativa com probabilidade e isto é, a filha de tamanho não excedeu o tamanho Logo

iii) Se e então .

Dos itens a), b), c) e i), ii), iii) nós obtemos a seguinte tabela.

( Probabilidade

(0, 1)

(1, 0)

Multiplicando os termos da coluna de pelos valores correnspondentes a estas

probabilidades e somando obtemos

que é a função geratriz de probabilidade conjunta correspondente a das variáveis aleatórias

.

Page 36: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

34

De forma análoga, definindo a função geratriz de probabilidade conjunta das

variáveis aleatórias e e procedendo de mesma forma obtemos que a função

geratriz de probabilidade conjunta correnspondente a das variáveis aleatórias

é

Como as duas células filhas seguem um processo independente uma da outra, então a função

geratriz de probabilidade em e é dada por

isto é,

Das hipóteses descritas, temos que e Logo

pode ser reescrita por

As equações e são as relações para a distribuição do número total de células na

colônia e para a freqüência esperada do tamanho das células. Esta e a Função Geratriz de

Probabilidade.

3.5 Demonstrações dos Teoremas , e

Demostração do Teorema 1:

Primeiro provaremos Por definição temos que

daí,

Mas, por ,

Page 37: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

35

isto é,

Mas, e logo

e assim fica demonstrado o item . Agora vamos demonstrar usando .

Mas sabemos que,

para todo e por hipótese Logo temos,

Para temos

Para temos

Para temos

Para temos

Continuando com essa argumentação podemos provar que é dado por

Note também que

Page 38: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

36

Logo,

Se então e portanto

Assim concluímos a prova de (II).

Agora vamos demonstrar . Sabemos que é o ésimo momento da ésima geração.

Mas,

Vamos obter uma recursão para

Para temos

Para temos

Para temos

Continuando com essa argumentação podemos provar que é dado por

Page 39: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

37

Daí temos;

Note que pela definição temos

Logo temos que ter

e portanto concluímos que

O Teorema 1 está demonstrado.

Demonstração do Teorema

De (A.6)

Seja

e

Embora não explicitamos e são funções de e

Assim reescrevemos como

Derivando parcialmente em função de e fazendo temos,

Page 40: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

38

Mas pela definição

Calculando temos

Observe que,

, uma vez que e = 1

se, e somente se, Analogamente temos que

pois novamente e se, e

somente se, Substituindo estes resultados em (II) ficamos com

Observe que que é se ou se e que

, pois o processo é o mesmo para a célula filha de tamanho

e a célula filha de tamanho no nascimento.

Logo,

O Teorema 2 esta demonstrado.

Demonstração do Teorema 3

Seja . Substituindo em ( temos

Page 41: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

39

Seja

e

Daí fica,

Derivando com relação a e fazendo temos

Mas,

e

, pois

,

pois .

Observe que,

, uma vez que e = 1 se,

e somente se, . Analogamente temos que pois

novamente e se, e somente se,

Substituindo estes resultados em (II) ficamos com

Mas pelo Teorema 2,

daí concluímos que

Page 42: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

40

Observe que , pois estamos supondo que na primeira geração a célula mãe dá origem a

duas células filhas. Para

Por outro lado,

Daí,

Para , temos

Por outro lado,

Daí,

Assuma por indução que,

Daí, por (III)

Page 43: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

41

O Teorema 3 está demonstrado

Definição 5: As funções densidades de contagem são definida por

,

Corolário 1: : Sob hipoteses e , a seguinte recorrência é satisfeita pelas funções

densidades de contagem

para todo e

Demonstração: Vimos no Teorema 3 que

As funções e são absolutamente contínuas em para pois por hipótese

e

satisfazendo é absolutamente contínua.

Derivando em relação a temos,

Mas por definição,

,

, daí

O Corolário 1 está demonstrado.

Page 44: Processo de Ramificação na Modelagem de Proliferação de

42

Referências Bibliográficas

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