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PROCESSO DE REGISTRO DA CORPORAÇÃO MUSICAL NÉLSON BORGES
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DO GRAMA – MG
Lei Municipal nº 213 de 22 de fevereiro de 2006
Desenvolvido de acordo com as normas da Deliberação Normativa do CONEP Nº 02/20121 para o período de ação e preservação
de 1º de dezembro de 2012 a 30 de novembro de 2013.
1 http://www.iepha.mg.gov.br/servicos/icms-cultural - Deliberação para Proteção e Modelos ICMS Patrimônio Cultural.
CORPORAÇÃO MUSICAL NÉLSON BORGES
Processo de Registro
SANTO ANTÔNIO DO GRAMA · MINAS GERAIS · BRASIL · SETEMBRO DE 2013
SUMÁRIO
· Lei Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural
· Introdução
· Histórico do bem cultural e contextualização do mesmo no desenvolvimento histórico do
município
- Histórico do município / Histórico do local de ocorrência
- Histórico do bem cultural
- Depoimentos
· Descrição detalhada do bem cultural
· Registro Audiovisual
· Documentação Fotográfica
· Análise do bem cultural
· Plano de Salvaguarda e valorização
· Inventário
· Anexo I – Documentos legais
· Referências Bibliográficas
· Ficha técnica
CORPORAÇÃO MUSICAL NÉLSON BORGES
Processo de Registro
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LEI MUNICIPAL DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
CORPORAÇÃO MUSICAL NÉLSON BORGES
Processo de Registro
SANTO ANTÔNIO DO GRAMA · MINAS GERAIS · BRASIL · SETEMBRO DE 2013
INTRODUÇÃO
O presente Dossiê de Registro da Corporação Musical Nelson Borges em Santo Antônio
do Grama/MG apresenta um conjunto de informações sobre este município, localizado na
Região da Zona da Mata mineira, Microrregião de Ponte Nova. As informações foram
organizadas e sistematizadas em forma de Dossiê de Registro do Patrimônio Cultural
Imaterial, de acordo com a Deliberação Normativa n° 02/2012 do Conselho Estadual do
Patrimônio Cultural – CONEP - do IEPHA-MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico
e Artístico de Minas Gerais -, para o exercício de 2015. A Prefeitura Municipal de Santo
Antônio do Grama, órgão máximo do poder executivo local, preocupada em zelar por sua
memória e herança cultural, através do Setor de Cultura, torna-se parceira da ARO Arquitetos
Associados Ltda. para promover ações visando à preservação de seu patrimônio cultural,
iniciado no ano de 2005.
Este Dossiê de Registro constitui um esforço nesse sentido. O Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural de Santo Antônio do Grama resolveu analisar e acatar a Proposta de
Registro da Corporação Musical Nélson Borges encaminhada pelo Sr. Marcílio Oliveira
Medeiros, gramense, Turismólogo, conhecedor da história e cultura de sua cidade, que há
vários anos trabalha em prol do reconhecimento do patrimônio e da cultura local, tendo
atuado também em diversas ocasiões como membro do referido Conselho. Assim, cabe a nós
técnicos e representantes públicos a responsabilidade em dar início a preservação deste bem
cultural. Concebida de maneira a esclarecer a real importância da Corporação Musical Nélson
Borges para o município de Santo Antônio do Grama/MG, a presente pesquisa propõe-se a
proceder à instrução do registro para a proteção legal da Forma de Expressão mencionada,
aqui analisada histórica, cultural e socialmente. Para que possamos cumprir essa tarefa em
toda sua extensão é importante que as ações sejam concebidas de forma abrangente e
sistêmica, configurando uma política de patrimônio cultural clara e acessível à comunidade.
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Nesse contexto, destaca-se a atuação do próprio Conselho de Patrimônio que, no intuito
de abarcar o maior número possível de bens culturais a serem protegidos no município
pretende efetivar a implementação de mais esse instrumento de preservação no âmbito da
Legislação municipal, que é o registro dos bens imateriais.
A Corporação Musical Nélson Borges foi o bem cultural escolhido porque, além de
pertencer ao cotidiano da população local, está intimamente ligada à história desta, já que
várias gerações de gramenses foram músicos da banda. Conforme um dos relatos recolhidos
para este trabalho, a Banda funcionou e funciona como um importante meio de socialização
da comunidade local, já que era e é através dela que vários gramenses iniciaram
relacionamentos, construíram família ou adquiriram uma profissão. Portanto, a motivação
para a indicação da proteção da “Corporação Musical Nélson Borges” vem de encontro a um
antigo anseio da comunidade, representada pelo Conselho de Patrimônio, que é o de perpetuar
um de seus bens mais significativos.
É importante mencionar que a “Corporação Musical Nélson Borges” como expressão
que denomina a Banda de Música da cidade de Santo Antônio do Grama tem uma história
recente, que remonta à década de 1980. Entretanto, como forma de expressão do município,
as Bandas de Música remontam ao ano de 1915, de acordo com a documentação histórica
levantada para este trabalho. As Bandas de Música de Santo Antônio do Grama assumiram
outras denominações durante a sua história, como “Corporação Musical Santa Cecília”,
“Banda de Música Padre Cândido” e “Banda Santa Cecília”. Apesar das diversas
nomenclaturas, a forma de expressão se manifesta como uma tradição histórica de
continuidade. Portanto, registra-se que este trabalho de reconhecimento da importância da
tradição imaterial do município recai sobre a forma de expressão das “Bandas de Música”
expressa atualmente na cidade pela Corporação Musical Nélson Borges.
A atuação da Corporação Musical Nélson Borges não se restringe ao território do
município, tendo sido nos últimos anos não só um instrumento de entretenimento e diversão
para a comunidade gramense e da região, mas também, cumpre um importante papel social na
medida em que a Corporação funciona como uma escola de música, principalmente para
crianças e adolescentes, contribuindo para afirmar nestes, desde cedo, não apenas o valor e a
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importância da arte da música, mas também a valorização das tradições culturais de sua terra
natal.
A metodologia do trabalho em questão consistiu de uma pesquisa realizada em quatro
etapas. Na primeira, executada entre os dias 22 e 26 de julho do presente ano de 2013, foi
feito um intenso trabalho de campo, in loco, resultando no levantamento de vasta
documentação primária, gráfica e fotográfica a respeito da história da região do atual
município de Santo Antônio do Grama e da Corporação Musical Nélson Borges na cidade.
Foram realizadas, ainda, com o objetivo de se criar um banco de dados suficiente para
subsidiar o dossiê de registro, entrevistas com membros de várias épocas da Banda de Música
local. A este rol de tarefas acrescentam-se a identificação, a mensuração e a descrição
minuciosas e os registros fotográfico e oral sobre a trajetória histórica de todos os bens
considerados essenciais associados à forma de expressão no município. Esta pesquisa
procurou ser tão abrangente quanto possível, embora pouca documentação escrita relativa aos
bens materiais levantados tenha sido encontrada.
Numa segunda etapa, entre os dias 26 de agosto e 20 de setembro deste ano de 2013,
realizou-se um profundo levantamento bibliográfico em diversas bibliotecas municipais e
universitárias, além de sites especializados, acerca das análises, dos significados, dos sentidos
e da história relativos à forma de expressão em questão. O objetivo foi obter conhecimentos
suficientes para uma composição honesta deste Dossiê de Registro. Nessa etapa também
foram realizadas as transcrições das entrevistas realizadas in loco durante a primeira etapa e a
sistematização dos depoimentos orais recolhidos de pessoas que participaram ou participam
da Corporação Musical Nélson Borges.
Finda essa etapa, iniciou-se uma terceira, realizada no dia 22 de setembro desse ano,
dedicada à complementação in loco, da observação, registro e análise da Corporação Musical
Nélson Borges em ação. Nesse dia, foi realizado um Encontro de Bandas na cidade de Santo
Antônio do Grama. Sendo assim, esse acompanhamento subsidiou a análise e descrição da
forma de expressão em atuação. Além disso, foi realizado o levantamento audiovisual
fotográfico relativo a Corporação Musical Nélson Borges.
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Por fim, a essa etapa segue uma última, compreendida entre os dias 23 de setembro e 25
de outubro do ano corrente, dedicados à produção dos textos que compõem o corpo do
presente Dossiê de Registro, com destaque para a descrição, análise e salvaguarda dos bens
culturais; e ao levantamento e produção dos documentos legais relativos à forma de expressão
em estudo, posteriormente anexados a este Dossiê, com vistas à apreciação do órgão estadual
competente por sua avaliação (IEPHA/MG).
A partir desse trabalho tornou-se possível identificar os valores histórico, social e
cultural relacionados à Corporação Musical Nélson Borges de Santo Antônio do Grama e
assim justificar o reconhecimento e preservação legal da forma de expressão, propondo
medidas complementares para a efetiva conservação deste bem cultural imaterial. Mediante,
sobretudo, os depoimentos dos diversos atores envolvidos nesta forma de expressão, pode-se
perceber que a participação dos mesmos é motivada por esses valores.
Esperamos, nós técnicos da ARO Arquitetos Associados Ltda., os representantes do
Setor de Cultura da Prefeitura de Santo Antônio do Grama, o Sr. Marcílio Oliveira Medeiros;
e, sobretudo, os integrantes antigos e atuais da Corporação Musical Nélson Borges, que
estiveram envolvidos na execução deste Dossiê de Registro, como o Sr. José Henrique
Domingues, o Sr. Ageu Maria Quintilhano e o Sr. Elias Silva Vitorino, estarmos contribuindo
para a reconstrução, preservação e valorização do Patrimônio Cultural desta comunidade
como um todo. Acreditamos, por fim, que a veiculação de parte das informações levantadas
pode contribuir para a salvaguarda destes bens patrimoniais que ajudam conferir identidade ao
povo gramense.
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO BEM CULTURAL E DO SEU LOCAL DE OCORRÊNCIA
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, o município de
Santo Antônio do Grama está localizado na Zona da Mata de Minas Gerais, na microrregião
da cidade de Ponte Nova e possui uma área de 130,2 km². Seu relevo é acidentado,
predominando montanhas e morros, e a cidade está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio
Doce, tendo como principais rios o Ribeirão Santo Antônio e o Córrego do Taquaral. Limita-
se com os municípios de Rio Casca, Urucânia, Jequeri e Abre Campo e possui apenas o
distrito sede. Em sua área rural são encontradas algumas comunidades como Baú, Boa Vista,
Taquaral/Maias, Monsenhor Salgado e Val Paraíso.
A população do município, de acordo com o censo do ano de 2010, feito pelo IBGE, é
de 4.085 habitantes distribuídos nas áreas urbana e rural.
O acesso ao município pode ser feito através da BR-262, até o trevo de Rio Casca, onde
há o acesso à rodovia MG-329 e também pela BR-040, seguindo pela estrada de Ouro Preto e
passando por Ponte Nova. Santo Antônio do Grama encontra-se a 210 km de Belo Horizonte
e distante 920 km da capital federal.
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Localização da Microrregião de Ponte Nova no Estado de Minas Gerais
Fonte: www.ibge.gov.br
Municípios da Microrregião de Ponte Nova
Fonte: www.ibge.gov.br
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HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
O histórico do município será apresentado como histórico do local de ocorrência da
forma de expressão “Corporação Musical Nélson Borges”. Para a construção do histórico do
município foi utilizado como principal fonte o estudo Memória Histórica de Santo Antônio do
Grama, de 1997, já em sua segunda edição2. O autor, José Henrique Domingues, é natural da
cidade. Funcionário público, este dedicou muitos anos à realização das pesquisas para a
construção da obra. Consultou cartórios e registros nos municípios vizinhos e recolheu relatos
de moradores antigos da região. Conforme veremos adiante, o autor também foi músico da
Corporação Musical Nélson Borges durante mais de 30 anos, sendo o seu depoimento,
portanto, considerado fundamental para a elaboração desta pesquisa.
Primórdios da ocupação do município
Em seu relato, José Henrique Domingues destaca que, no início do século XIX, como
em praticamente toda a região das minas, muladeiros, boiadeiros, mascates e tropeiros
utilizavam a área onde hoje se encontra o município de Santo Antônio do Grama como
caminho de ligação entre diversas regiões de Minas, atualmente conhecidas como as cidades
mineiras Abre Campo, Matipó, Manhuaçu, Ponte Nova e Mariana. Com o passar dos tempos,
os viajantes começaram a chamar a região pelo nome de Paragem da Grama.
Essa região foi ocupada, inicialmente, pelo viajante Manoel Felipe da Silva, que fixou
residência no local, ao construir sua choupana num planalto gramado, que se destacava no
meio da mata fechada. Mais tarde, expandiu seus domínios, embrenhando-se na mata e
cultivando a terra ao redor de sua moradia, fato que atraiu outras pessoas para firmarem
residência no local. A partir desse grupo inicial surgiu um núcleo de povoamento, que se
2 DOMINGUES, José Henrique. Memória Histórica de Santo Antônio do Grama. Segunda Edição, Editora Folha de Viçosa. Santo Antônio do Grama, MG, 1997.
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tornou a propriedade agrícola de nome “Fazenda da Grama”, ainda pertencente a Manoel
Felipe. Ela ocupava a margem direita do ribeirão, limitando-se acima pela sesmaria do
Emboque e abaixo pelas terras de Antônio Luiz de Freitas. Depois, essa denominação se
estendeu a todo o lugar, mesmo fora dos limites da fazenda de Manoel Felipe. Ele foi casado
com Antônia Maria de Jesus, com quem teve vários filhos. Em 1846, Antônia Maria
enviuvou-se e a propriedade foi dividida entre os filhos, em inventário procedido na Comarca
de Mariana. O distrito de Santo Antônio do Grama nasceu à sombra desta fazenda com um
pouco mais de terras ao seu redor.
Evolução Eclesiástica
Em 1850, Abre Campo foi elevada à categoria de paróquia, em virtude da lei provincial
n° 471, de 1º de junho daquele ano, se desligando da paróquia de Ponte Nova. Devido ao
importante acontecimento, foram realizadas diversas solenidades religiosas, estando presente
o bispo D. Antônio Viçoso, figura de destaque neta região, na segunda metade do século XIX.
Segundo relatos que passam de geração a geração, colhidos por DOMINGUES (1997), os
moradores da paróquia de Santo Antônio do Grama, impressionados com os eventos que se
realizavam em Abre Campo, com muitas pompas e importância, idealizaram a construção de
uma capela em seu povoado. Aproveitaram a presença do bispo em Abre Campo para pedir
permissão para a construção da referida capela. O bispo concedeu o pedido em 13 de junho de
1850, dia de Santo Antônio, e nesse mesmo ano, Antônio Luiz de Freitas, outro importante
morador da região, doou as terras para a nova construção. A data da autorização para a
construção da capela é considerada, por muitos cidadãos, a data em que os primórdios de
ocupação e povoamento do atual município de Santo Antônio do Grama foram lançados.
As terras de Antônio Luiz de Freitas eram vizinhas às de Manoel Felipe da Silva. Ele é
tido como um dos fundadores do município por ter doado as terras onde se iniciou o núcleo
urbano da cidade. O terreno doado para a construção da capela correspondente à área onde
hoje está situada a Praça Padre Antônio Ribeiro Pinto e a casa paroquial. A capela construída
era de pau-a-pique, cercada de esteira de taquara e coberta de sapé. A primeira missa
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celebrada na capela de Santo Antônio foi realizada pelo Padre Fortunato de Abreu e Silva.
Não são conhecidos mais dados referentes à este dia, nem mesmo a data.
O início do povoado se deu nas proximidades da capela, quando foram sendo
construídas casas, dando origem a um pequeno núcleo urbano. O arraial tornou-se um
significativo ponto de comércio para os viajantes que iam à Ponte Nova, fato que continuou
influenciando a cidade com o advento das estradas de ferro na região. Com o passar dos anos
as terras doadas por Antônio Luiz de Freitas se tornaram pequenas para o arraial que crescia.
Em 14 de maio de 1858, pela Lei Provincial n. 867, o povoado foi incorporado à
paróquia e freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Casca, anteriormente conhecida
como Bicudos e, atualmente, como Rio Casca, também criada pela mesma Lei, e que
pertencia ao município de Mariana.
Com essa mudança de freguesia do povoado de Santo Antônio do Grama, as missas
passaram a ser celebradas pelo Padre Cândido Synfrônio de Castro, de Nossa Senhora da
Conceição do Casca, na capela de Santo Antônio. Ele também exercia funções de médico, já
que no arraial do Grama e proximidades não existia um profissional no exercício da medicina.
A família de Manoel Felipe da Silva continuou presente na história do povoado e, em
1863, seu genro Antônio Lourenço de Lima, doou parte de suas terras para o patrimônio de
Santo Antônio, visando ao aumento de seu território. Nesse mesmo ano foi erguido o primeiro
cruzeiro – feito à foice – no dia de Santa Cruz, para a comemoração da aquisição das novas
terras. Esse cruzeiro foi implantado no centro da nova gleba, onde mais tarde foi construída a
Igreja e a Praça da Matriz.
Em 1868, ainda sob orientação do Padre Cândido Synfrônio de Castro, foi construída no
fundo dessa gleba uma nova capela, com estrutura resistente e coberta por telhas. À sua frente
foi implantado um largo que dá origem à Praça da Matriz, e à própria Matriz que substitui a
capela ali existente.
Pela provisão episcopal, de 27 de novembro de 1886, Santo Antônio do Grama foi
elevada à categoria de paróquia, adquirindo o direito de ter seu próprio vigário instalado em
seu distrito. O primeiro vigário foi o Padre Cândido Synfrônio de Castro, que se tornou figura
histórica, por sua luta e campanha para a construção da Igreja Matriz. Seus esforços
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obtiveram resultados quando a Assembleia Legislativa do Estado aprovou a construção da
Matriz pela Lei n° 3.714, de 13 de agosto de 1889, e foram liberados recursos para a
construção da mesma. Porém, já na época de aprovação dos recursos o Padre Cândido havia
deixado o distrito, sendo substituído pelo Padre José Pinheiro.
Desenvolvimento urbano e administrativo
No final do século XIX o povoado se desenvolveu rapidamente. Houve o crescimento
da lavoura, da população e do comércio. Em 20 de julho de 1868, pela Lei n. 1.550, aprovada
pela Assembleia Legislativa Provincial e pelo Presidente da Província de Minas Gerais, o
povoado de Santo Antônio do Grama foi elevado a Distrito de Paz, sendo desmembrado da
freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Casca, e novamente incorporado, agora como
distrito, ao município de Ponte Nova. Nesse mesmo ano o distrito amplia novamente seu
território com a doação de uma chácara por José Antônio Pereira Salgado e, não se sabe se
nesse mesmo ano, ou no seguinte, José Fernandes da Silva, outro filho de Manoel Felipe da
Silva, permutou quatro alqueires de suas terras da Fazenda da Piedade por três alqueires
situados na divisa das terras do distrito para mais uma ampliação do território.
Em 1869, Antônio Claudiano da Silva promoveu uma lista de subscrição para arrecadar
fundos para aquisição de mais terrenos para aumento do patrimônio de Santo Antônio. Com o
dinheiro arrecadado, comprou três partes das terras que haviam sido de Joaquim José de
Santana. A aquisição destas terras foi um marco no sentido de que, pela primeira vez, o
terreno de Santo Antônio transpõe a margem esquerda do Córrego Grande, hoje Ribeirão do
Grama.
A área adquirida não possui continuidade no território, no que se refere ao terreno onde
já se consolidara o distrito. Entre as duas áreas há terrenos da Fazenda da Grama pertencentes
a Joaquim Gonçalves Gomes. Pouco tempo depois, outro morador antigo da região, Antônio
Claudiano, adquiriu e doou as terras para o patrimônio; Joaquim Gonçalves também doou
suas terras de permeio, que se estendiam pela margem esquerda do Córrego Grande acima,
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desde a barra do Córrego dos Salgados até a antiga sede da mesma fazenda. Esta nova área
resultou no bairro que é conhecido como Rua de Cima.
Em 1870, Joaquim Gonçalves Gomes, proprietário de antigas terras da Fazenda do
Grama, vendeu a Manoel Inácio de Souza duas partes de terras para aumento territorial do
distrito. Essa nova área também se localiza a margem esquerda do Córrego Grande e, desde
então, passou a conformar o bairro Rua da Palhada, onde existe um morro que se destaca na
paisagem. Nesse morro foi construída a Igreja de Santa Efigênia, em 1872, passando o local a
ser conhecido como Morro de Santa Efigênia.
Em 1873, tem-se o registro do primeiro Livro de Notas do Cartório do Distrito, no qual
foram lavradas as primeiras escrituras das transmissões locais. Nele, estão nomeadas as
primeiras autoridades: José Joaquim da Conceição foi o primeiro Juiz de Paz, tendo como
suplentes Manoel Felipe Domingos, Francisco Vieira Frade e Tristão Pereira de Azevedo. O
primeiro Escrivão de Paz foi Carlos José da Silva, que exerceu o cargo até 1910. O
Subdelegado de Polícia foi Joaquim Gonçalves Gomes, sendo seus suplentes Manoel José de
Melo, Caetano José Domingos e Luiz Domingues Gomes.
A Lei n° 2.765, de 13 de setembro de 1881 cria a instrução primária na Freguesia de
Santo Antônio do Grama, com a primeira escola primária do município, voltada para as
meninas. Dona Joana Batista Dias Simim foi a primeira professora e seu marido, Luiz
Antônio Chaves, o primeiro professor dos meninos, poucos anos depois.
Em 1889, com a extinção do regime monárquico, segundo a Lei n° 3.712, de 27 de
julho, o distrito de Santo Antônio do Grama deixou de pertencer à Ponte Nova, passando sua
administração para o então criado município de Abre Campo, que também fora desmembrado
de Ponte Nova. No ano seguinte, em 28 de novembro de 1890, o Decreto Federal n° 255,
ratificou tal transferência ao criar a Comarca de Abre Campo e manter Santo Antônio do
Grama como um de seus distritos.
A última grande ampliação da área urbana de Santo Antônio do Grama ocorreu em
1900. Joaquim Gonçalves Gomes, ainda possuidor do restante das terras localizadas à
margem esquerda do Ribeirão do Grama, divisa das terras públicas, a ocupou, seguindo os
moldes dos logradouros públicos. Ele construiu diversas casas dispostas formando uma
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espécie de praça, que recebeu o nome de Largo dos Bambus. A partir deste largo iniciou-se
uma plantação de bambu, que se estendeu pela área conhecida como pastinho. Com o
falecimento de Joaquim Gonçalves Gomes, em 1899, sua fazenda foi dividida entre os
herdeiros e Francisco Gomes da Silva Júnior; um deles vendeu ao distrito seu terreno, mas
ainda há a área do Largo dos Bambus que é de domínio particular entre os logradouros
públicos. O Conselho Distrital procurou os herdeiros José Adrião Gomes e Raimundo Nonato
Gomes e propôs a venda da área para o patrimônio público. A proposta foi aceita e, assim, se
realizou a última ampliação territorial do Distrito.
O Largo dos Bambus se transformou na Praça Santa Rita, e é a atual Praça Francisco
Luiz Pinto Moreira, onde está localizado o prédio do antigo Cine Gramense. A região do
pastinho continua desocupada em grande parte, sendo uma área disponível para ampliação da
malha urbana do Município. Na época da última aquisição, o Distrito tinha na agropecuária
sua principal fonte geradora de riquezas.
Em 1904, o Distrito publicou seu primeiro jornal, o São Geraldo Magela, fundado pelo
Padre João Batista Coutinho, então vigário da paróquia. O segundo jornal do Distrito surgiu
em 1914, sob o título “Democrata”, sob a direção de seu proprietário, José Fausto de Oliveira
Dias. O “Democrata” Circulou até 1916 quando se transferiu para Ponte Nova com o título
de A Ponte Nova.
Neste período, a partir de 1904, a antiga Igreja Matriz passou por grandes reformas. Foi
nesta época que se angariou fundos para a construção do altar e a Sra. Maria da Conceição
Fonseca doou a imagem do Sagrado Coração de Jesus à Igreja Matriz. Até os dias atuais essa
peça continua exposta na Igreja.
Na área cultural, foi inaugurado, em 1912, o Teatro Santo Antônio, construído pelos
próprios atores, e que hoje se encontra desativado.
A partir de 1913, o distrito de Santo Antônio do Grama passou por uma transformação
econômica devido ao desativamento da parada de trem em Ponte Nova, pela Estrada de Ferro
Leopoldina, o que diminuiu, consideravelmente, o comércio de viajantes, típico da região. O
fim da Primeira Guerra Mundial, seguida da grande depressão também contribuiu para o
atrofiamento econômico dessa região ligada à agricultura.
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Numa tentativa de melhorar o quadro de atraso econômico e social, a população iniciou
um movimento em prol da transferência do distrito de Santo Antônio do Grama, então
pertencente a Abre Campo para o município de Rio Casca. Este desejo se deve ao fato de Rio
Casca ser mais próxima e ter as estradas de acesso mais transitáveis, além de uma estação
ferroviária ativa. Em 1923, o Congresso Mineiro, por meio do art. 6º, n. XVII, da Lei n° 843,
transfere Santo Antônio do Grama do município de Abre Campo para o município de Rio
Casca.
Esta transferência rendeu duas melhorias consideráveis para o distrito de Santo Antônio
do Grama. A primeira foi a iluminação elétrica pública da localidade e a segunda a construção
da estrada asfáltica, ligando Santo Antônio do Grama ao distrito Sede de Rio Casca, o que
melhorou seu acesso, reascendendo os ânimos do comércio deste distrito.
Em 1921, assumiu a Paróquia de Santo Antônio do Grama o Padre Antônio Ribeiro
Pinto. Padre Antônio Pinto é considerado um grande benfeitor da cidade, tendo promovido
diversas melhorias e incentivos em várias áreas, especialmente cultural e social. Sabe-se que
foi fundador do time de futebol da cidade, colaborou para a criação da Banda de Música
“Padre Cândido”, atual Corporação Musical Nélson Borges, e apoiou a fundação de um grupo
de Congado na cidade.
Em 1926, o Padre Antônio Ribeiro Pinto, responsável pela condução de grandes obras
nos templos do Município, iniciou a construção da nova Igreja Matriz. A benção à fachada
principal ocorreu em 1929, realizada pelo Arcebispo D. Helvécio Gomes de Oliveira. Pouco
tempo depois a antiga nave central foi demolida para a construção de uma nova. No dia 24 de
abril de 1938, Padre Antônio celebrou a primeira missa, com as obras ainda incompletas (que
só seriam concluídas em 1940). A benção à nova Matriz ocorreu no dia 15 de dezembro de
1940, realizada pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Reverendíssimo Monsenhor Alípio Odier
de Oliveira.
Finda a construção da Igreja Matriz, iniciou-se a reconstrução da Capela de Santa
Efigênia, que carecia de reparos desde quando um raio derrubou sua torre. A nova Capela foi
então abençoada no dia 24 de setembro de 1944. Desta vez, foi o Padre Antônio Russo Neto
que cuidou de substituir o antigo cruzeiro de madeira do Morro de Santa Efigênia, que se
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encontrava podre e ameaçava ruir e instalar, no mesmo local, um novo cruzeiro em concreto
armado com 33 lâmpadas, representando a quantidade de anos que Jesus passou na terra. A
inauguração e a benção do novo cruzeiro ocorreram no dia 07 de abril de 1957. Ainda durante
o ministério de Padre Antônio Russo Neto, foi inaugurada a Capela de Nossa Senhora
Aparecida, em 12 de outubro de 1960, construída por este Padre e pelo Sr. Luiz Domingues,
que afirmou ter alcançado uma graça da Santa, erguendo a capela no local onde ocorrera o
suposto milagre.
No ano de 1950 foi realizada uma grande comemoração pelo centenário de fundação de
Santo Antônio do Grama. No 1º Livro de Tombo da Paróquia, entre as páginas 325 e 330, foi
feita uma descrição dos festejos:
As comemorações do centenário de fundação de Santo Antônio do Grama tiveram brilho singular, superando as mais otimistas expectativas. As festas tiveram caráter cívico-religioso (...) e dificilmente se farão outras de tamanho esplendor nesta freguesia. (...). Como de costume, a trezena de Santo Antônio começou a primeiro de junho. (...). Dia Treze, as ruas e praças amanheceram festivamente adornadas com bandeiras, faixas e escudos. (...) Pela manhã houve alvorada, ao som de sinos e fogos, tocando a banda de música local e a de Abre Campo, que veio gentilmente prestar o seu magnífico concurso durante todas as festividades. (...) 3
Durante os festejos de centenário de Santo Antônio do Grama, com direito a
inauguração de Marco Comemorativo, tendo em sua placa gravada a seguinte mensagem
Durate et vosmet rebus servate secundis [Perseverai e conservai-vos para um futuro melhor],
os moradores do Distrito iniciaram uma campanha para promover a sua emancipação criando,
inclusive, uma Comissão Pró-Emancipação. Após três anos de espera, em 12 de dezembro de
1953, através da Lei n° 1.039, Santo Antônio do Grama foi elevado à categoria de município,
sendo instalado no dia 1º de janeiro de 1954.
Findo o processo de emancipação, a comissão inicia a organização do novo Município e
designa Carlos Cunha Brandão para ser o Intendente Municipal até se organizarem as
eleições. Ele foi empossado no cargo em 1º de janeiro de 1954 e governou até 1º de janeiro de
3 1º Livro de Tombo da Paróquia – p. 325 a 330 – Inscrição nº 16. Data: junho de 1950.
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1955, quando o primeiro prefeito eleito, José Flaviano Bayão, tomou posse do cargo e
governou por três anos.
Uma das ações de Carlos Brandão, em seu único ano de governo foi contratar a
elaboração de um projeto modernizante, que organizasse de forma racional os vários setores
da sociedade, necessários a uma administração eficiente, aqui personalizado na figura do
planejamento urbano. Para tanto se contrata o arquiteto Archimino Augusto Jaqueira,
soteropolitano, residente em Belo Horizonte-MG. Seu projeto mostrou-se arrojado, seguindo
os preceitos de higiene e organização administrativa, ideias comuns à ideologia republicana,
vigente na política brasileira da época.
Visando proporcionar um incremento na cultura local, em dezembro de 1954, a
prefeitura autorizou a construção do edifício do Cine Gramense, na Praça Santa Rita, hoje
Praça Francisco Luiz Pinto Moreira. Local público que, seguindo sua vocação, abrigaria as
atividades de teatro, salão de festas, bailes e apresentações em geral. Do período de sua
construção até os fins de 1970, a Praça Santa Rita foi um dos espaços de maior convivência
social do novo município. Comparando a proposta do Plano de Urbanização entregue pelo
arquiteto Archimino Jaqueira, em 1954, e a disposição urbana atual do município, percebe-se
que inicialmente algumas das propostas foram adotadas, porém em poucos anos ela foi
abandonada e o projeto engavetado.
No que tange aos aspectos culturais, em 1955, foram iniciadas as atividades da Igreja
Presbiteriana do Brasil em Santo Antônio do Grama e, atualmente, existem dois templos, um
na Fazenda da Alegria, no Córrego do Taquaral e outro no distrito Sede.
O Grupo Escolar Mariano Gomes, localizado à Praça Manoel Dias da Fonseca,
construído em 1958, foi a primeira escola mista no Município. No mesmo ano foram criadas
as escolas rurais nas regiões do Córrego dos Salgados e do Córrego dos Frades. Somente entre
os anos de 1977 e 1982 o ensino de 5ª a 8ª séries foi implantado em Santo Antônio do Grama,
e, em 1884, foi criado o ensino de 2º grau, além da construção do prédio da Escola Antônia
Zanetti.
Melhorias de infraestruturas também foram feitas ao longo dos anos, como a construção
de pontes – por exemplo, a de concreto armado sobre o Córrego dos Salgados, na Rua Padre
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João Coutinho e a Ponte Preta, sobre o Rio Casca, localizada na divisa com Urucânia, na
rodovia sentido Jatiboca –, a execução de calçamento urbano nas Praças Padre Antônio
Ribeiro Pinto e Francisco Luiz Pinto Moreira, em 1967, e a instalação de rede de esgoto na
área urbana.
O Monumento em homenagem ao Padre Antônio Ribeiro Pinto, que tanto contribuiu
para o desenvolvimento de Santo Antônio do Grama, construindo diversos templos, foi
inaugurado em 20 de agosto de 1989.
O Jornal Pró-Grama surgiu em 1994, após uma iniciativa de alguns estudantes da 8ª
série da Escola Estadual Mariano Gomes criarem o Jornal Perereca. Estes estudantes deram
prosseguimento ao projeto do jornal durante o 2º grau que, nesta etapa recebeu o título de
Pró-Grama. O jornal era uma publicação mensal de apoio à cultura gramense e circulou
durante três anos, revivendo os momentos de produção local, como na já distante década de
1910.
Nos últimos anos, até os dias atuais, o município de Santo Antônio do Grama continua
tendo como principal atividade econômica a agropecuária, principalmente em sua zona rural.
Já que na área urbana o setor de serviços é o que concentra a maior parte dos moradores.
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HISTÓRICO DO BEM CULTURAL
“Minas é Musical. Pouco afeito ao meteorismo de sucessos
fabricados em estúdios, seu povo segue a pauta incomum da simplicidade. Sem promover, sem retumbar, Minas reconta suas 438 Bandas de Música registradas e lavra o fato de ser dotada de um terço das Bandas do Brasil. Nas partituras, clava-se a história. Interação de classes e idades buscando o objetivo comum. Na relação de troca, na horizontalidade e condição participativa que oferece, a Banda se torna exemplo de grupo. (...) Nas ações internas e externas da Banda, pratica-se a participação social, degrau confidente da democracia. Representação democrática, a Banda afina seu tom com a vida e seu compasso com a comunidade. É ritmo, tempo, despertar e seguir. É alvorada que faz a manhã ser maior. (...) A Banda não se instala, percorre, passa, chama, pré-dispõe sem dispor ou estabelecer. É movimento que favorece o passo do povo no compasso próprio. Sintonia com a vida. (...) Sendo corporação, a Banda incentiva, favorece, cria vocações musicais, recreação e prática do convívio social. Cumpre sua origem de sinal e bandeira. É marca local, signo da comunidade. Toca a alegria da praça no carnaval e compõe o tom fúnebre da procissão do enterro, na quaresma. Momentos do ano, eventos do povo. No palco do correto ou no desfile das ruas, os componentes da Banda vestem o mesmo uniforme, variam pouco o repertório e seguem o mesmo caminho que tem por marcos a praça e a igreja: o povo e a fé. (...) Nas Bandas antigas, há poeira da história. Nas rachaduras dos instrumentos, a marca do tempo nos conta do século. Nas praças sem alma, o coreto nos cobra atenção. O coreto sem Banda não é presença, é pergunta. (...) Há, no grupo da Banda, a força do encontro, da afinação e da sintonia. Retrato ingênuo da comunidade que vive suas trocas e relações, institucionais. A procura da harmonia aparece nas grandes e pequenas comunidades, parecendo, porém, configurar-se mais próxima no aconchego do interior. (...) Ainda que seja carinhosamente guardada, no interior, como uma joia ou relíquia de família, a Banda necessita de apoio para continuar sendo e fazendo parte da história de Minas. Na composição da história, há instituições em acordes fortes: as que representam iniciativas produtivas sociais e culturais do Estado. Aquelas que buscam estimular, ajudar, participar
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e que se ampliam sem perder os fios do tecido social que veste Minas inteira. No cenário das montanhas, o relevo das Instituições do Estado que precisa manter na linha o trem de Minas. No vagão dos valores, continua a fé de uma gente que sabe ter direito de contribuir e cobrar, esperando ver restaurados e guardados os seus bens: obras e ações, feitos e fatos, jeito e corporações. Na estação da memória, no trilho, a Banda espera.”
4
Antecedentes históricos das Bandas de Música
De acordo com Fernando Binder (2006, p.8) “Banda é um conjunto musical formado
por instrumentos de sopro e percussão”. Na Europa, sua origem remonta à França do século
XVII. No Brasil, as Bandas de Música são fruto de uma tradição musical que vem do Período
Colonial e desde então são consideradas como um rico celeiro de maestros, músicos e gêneros
musicais.
A Funarte – Fundação Nacional de Arte – apresenta uma cronologia dessa manifestação
cultural no Brasil, apresentando os marcos históricos da atuação das Bandas de Música no
país. De acordo com essas informações, as primeiras Bandas de Música surgiram no início do
século XIX no Rio de Janeiro. Elas formadas por barbeiros – escravos em sua maioria -, que
tocavam fandangos, dobrados e quadrilhas, em festas religiosas e profanas. Em 1831 foram
criadas as Bandas de Música da Guarda Nacional, e esta arte se espalhou pelo país, na maioria
das vezes atrelada às funções militares5.
O pesquisador Fernando Binder (2006, p.9), apoiado nos estudos de Vicente Salles,
afirma que as Bandas começaram a ser introduzidas no Brasil a partir de 1808, com a
transferência da corte portuguesa ao Rio de Janeiro:
O grande impulso dado à formação das bandas militares no Brasil começou, como vimos, com a transmigração da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Mas a banda da Brigada Real trazida por D. João VI, em 1808, ainda era arcaica. Em Portugal, a banda de música começou a se modernizar somente em 1814, quando seus soldados regressaram da guerra peninsular, trazendo brilhantes bandas de música, onde
4 Trechos do Texto “História das Bandas de Música”, de Nestor Sant’Anna e Guiomar Murta. Disponível em: <http://www.bandasdeminas.com.br/historia-das-bandas-de-musica-de-minas/>. Acesso em outubro de 2013. 5 Projeto Bandas. Disponível em: [http://www.funarte.gov.br/projeto-bandas-2/]. Acesso em março/2014.
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predominavam executantes contratados, principalmente espanhóis e alemães [...]. A música militar claramente aparecida em bases orgânicas, na metrópole, em 1814, forneceria o modelo para a formação das bandas civis (SALLES, 1985, p. 20, apud BINDER, 2006 p. 9).
Ainda conforme Fernando Binder (2006) “muitos autores vinculam o surgimento das
bandas civis à formação das bandas militares”, sendo que entre estes autores se situa Vicente
Salles, conforme a citação transcrita acima. Em sua pesquisa, Fernando Binder constatou que
Bandas Militares muitas vezes tomavam parte das festas oficiais da monarquia luso-brasileira
(durante o século XIX), tanto em honra à família real e imperial quanto por razões de Estado.
Essa situação teria gerado um tipo de exposição frequente, que por sua vez teria favorecido a
divulgação deste tipo característico de conjunto instrumental - a banda de música - como um
importante elemento simbólico na representação monárquica. A partir de então, a criação e
manutenção das bandas militares atuaram como um importante elemento na disseminação
dessa atividade na sociedade civil, pois foram os fornecedores dos elementos necessários para
a atuação deste tipo de conjunto, como instrumentos, músicos, repertório e ensino (KIEFER,
1997, p. 17 apud BINDER, 2006, p. 10).
Marcos Holler e Débora Costa Pires, também identificaram o século XIX como o
primordial para as Bandas de Música6. Eles escreveram que as bandas foram uma das
instituições musicais mais presentes no Brasil do século XIX. Naquele período, elas faziam
parte de um imaginário no qual tais conjuntos eram símbolos sonoros de poder e status. Este
imaginário dava sentido à atuação das bandas, justificando a existência e criação dos
conjuntos.
As bandas civis encontraram grande proliferação no fim do século XIX, ostentando
nomes iniciados em geral por “Lira”, “Filarmônica”, “Associação”, “Corporação” ou mesmo
“Banda”, com uniformes que lembravam o dos militares e com o uso dos tradicionais quepes.
Data do final do século XIX, do ano de 1896, a fundação da mais famosa de todas as bandas
6 Fonte: HOLLER, Marcos; PIRES, Débora Costa. Atuação das Sociedades Musicais e Bandas Civis em Desterro Durante o Império. Disponível em: http://gpceid.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/volume3/numero1/musica/debora-marcos.pdf. Acesso em março de 2014.
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de música: a do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, fundada por Anacleto de Medeiros,
músico carioca filho de uma escrava liberta.
Já no século XX, de acordo com a Funarte, as bandas de música se transformam em
uma das mais populares manifestações da cultura nacional: onde havia um coreto, existia uma
bandinha, orgulho da cidade. Rara era a localidade que não as possuía. As bandas estavam
presentes em praticamente todos os eventos sociais, sacros e profanos, militares e civis; ainda
hoje são um centro gerador de um vasto repertório de diversos gêneros, como chorinhos,
marchas e dobrados, e nelas formam-se músicos profissionais e amadores7.
As Bandas fazem parte de uma romântica visão da vida nas cidades, nas quais, durante
três séculos de história do Brasil, as comunidades possuíam a tradição de parar para “ver a
banda passar”, trazendo alegria e música para todos. Ainda hoje nas cidades interioranas, as
bandas atuam como única fonte de formação musical disponível para os moradores e
determinante fator de socialização entre os citadinos.
7 Idem.
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HISTÓRICO DA CORPORAÇÃO MUSICAL NÉLSON BORGES
Conforme já foi mencionado, Minas Gerais é o Estado da federação que encerra maior
tradição de bandas, possuindo as mais antigas e concentrando o maior número delas. A cidade
de Santo Antônio do Grama é um exemplo desta tradição. Contando atualmente com
aproximadamente 4 mil habitantes e uma economia voltada para agricultura e pecuária, Santo
Antônio do Grama foi emancipada em 12 de dezembro de 1953 e instalada como cidade em
1° de janeiro de 1954. Antes, porém, dessa época encontram-se registros de intensa atividade
histórica e cultural na localidade, o que a torna uma importante referência na Zona da Mata
mineira.
Já foi mencionado também que a “Corporação Musical Nélson Borges” como expressão
que denomina a Banda de Música da cidade de Santo Antônio do Grama tem uma história
recente, que remonta à década de 1980. Porém, como será apresentado adiante, como forma
de expressão, as Bandas de Música do município remontam ao ano de 1915. As Bandas de
Música de Santo Antônio do Grama assumiram outras denominações durante a sua história,
como “Corporação Musical Santa Cecília”, “Banda de Música Padre Cândido” e “Banda
Santa Cecília”. Apesar das diversas nomenclaturas, a forma de expressão se manifesta com
uma tradição histórica de continuidade, iniciada no início do século XX.
Contradizendo as fontes históricas existentes até a realização desse trabalho, a primeira
Banda de Música da qual se teve notícia na cidade de Santo Antônio do Grama foi a
“Corporação Musical Santa Cecília”. Desta não se tem muitas informações, como data de
fundação, fundador ou registro dos maestros e músicos; foram encontrados apenas alguns
registros no jornal “O Democrata”, que circulou em Santo Antônio do Grama entre 1913 e
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1916 8. Na edição do dia 16 de maio de 1915, o periódico comenta a participação da Banda
nas celebrações do dia 13 de maio:
“Não passou por desapercebida entre nós a grande data de 13 de Maio; pois a correcta Corporação Musical S. Cecília acompanhada de grande massa popular, fez a noite uma bonita passeata, percorrendo as principaes ruas do nosso districto (...)”9
Até então havia um consenso de que a primeira banda fundada na cidade teria sido a
“Banda de Música Padre Cândido”, fundada em 1922, como veremos a seguir. Entretanto,
uma nova fonte histórica revelou que o passado musical da cidade remonta a meados da
segunda década do século XX, quando foi registrada a atividade da “Corporação Musical
Santa Cecília” nos eventos festivos da cidade.
Outra notícia veiculada na edição de “O Democrata” do dia 29 de maio de 1915 traz a
programação da festa do padroeiro, Santo Antônio, daquele ano. Nessa programação existe a
informação de como se daria a participação da Corporação Musical Santa Cecília durante a
Festa de Santo Antônio que seria realizada entre os dias 31 de maio e 13 de junho de 1915:
“No dia 31 do corrente mez, ao meio dia em signal do inicio da trezena haverá repiques de sinos, foguetes, e a banda musical S. Cecília executará algumas peças do seu vastíssimo repertório. (...) As rezas começarão às 7 ½ horas em ponto, tendo todas as noites a presença da Banda S. Cecília. No dia 12 antes de principiar a resa, as 7 horas, a correcta banda irá buscar em sua residência o alferes da bandeira, que em procissão virá para a Matriz trazendo-a. (...) Pela madrugada, haverá alvorada pela correcta banda musical S. Cecília. (...)”.10
A “banda musical Santa Cecília”, pelo que se pode aferir através dos registros acima,
participava das comemorações religiosas e cívicas do então povoado de Santo Antônio do
Grama em meados da década de 1910. Merece destaque a participação desta na festa do
8 O jornal “O Democrata” circulou na cidade de Santo Antônio do Grama entre 23 de novembro de 1913 e 23 de janeiro de 1916. Seu editor e proprietário era o Sr. José Fausto de Oliveira Dias. Em 1916, porém, este mudou-se para Ponte Nova/MG, levando a tipografia e continuando a escrever o semanário nesta cidade. 9 DIAS, José Fausto de Oliveira. 13 de maio. O Democrata, Santo Antônio do Grama, 16 de maio de 1915. 10 DIAS, José Fausto de Oliveira. Imponentíssimos festejos de Santo Antônio de Pádua, padroeiro desse Districto, a realizar-se dia 13 de junho do corrente ano de 1915. O Democrata, Santo Antônio do Grama, 29 de maio de 1915.
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padroeiro da cidade, característica que marcou a existência da forma de expressão no
município durante toda a sua história.
“O Democrata” também registra, no dia 6 de junho de 1915, uma notícia da tentativa de
criação de uma nova banda musical na cidade, através da iniciativa de Francisco Lino e do
Coronel Theophilo S. do Couto. Entretanto, pelo que foi possível investigar, essa nova banda
nunca foi criada.
Não se sabe qual foi o destino que teria seguido a Corporação Musical Santa Cecília, que,
conforme os registros históricos demonstraram, existia na cidade no ano de 1915. Em 1922,
nova empreitada em direção à formação de uma banda de música foi iniciada, dessa vez
idealizada pelo dinâmico Padre Antônio Ribeiro Pinto e oficialmente criada em 19/02/1922
por uma comissão de homens ilustres. Tal grupo se reuniu, pela primeira vez, no salão da
escola da professora D. Elisa Soares. O Livro de Tombo da Paróquia traz o relato do
movimento inicial desses homens ilustres, registrando que:
Aos 19 dias do mês de fevereiro reuniram-se pela primeira vez no salão da Escola da Professora D. Elisa Soares, para se tratarem da criação de uma banda musical (...). Foi deliberado, em vista da falta de instrumentos, fazer uma compra dos mesmos, fazendo para isto uma lista de duzentos homens que foram os auxiliares, e serão também festeiros perpétuos das Festas da Semana Santa. Foram escolhidos: Presidente: Revmº Padre Antônio Ribeiro Pinto; Diretor: Cel. Nicolau; Vice-Presidente: Olympio José Bayão; Secretário: Benigno do Couto; Tesoureiro: Capitão Braga; Fiscal: Vitalino de Paula Gomes; Maestros: João Henrique de Oliveira e seu auxiliar Enídio de Sena. 11
Sabe-se que a nova banda foi denominada “Banda de Música Padre Cândido” 12. Pelo
registro existente no livro de tombo acima reproduzido, ficamos sabendo também que a banda
contou, para a sua fundação e manutenção, com a doação de instrumentos dos homens ilustres
da cidade, que formaram uma comissão para adquirir tais instrumentos.
11 Fonte: 1º Livro de Tombo da Paróquia – p. 25 e 26 – Inscrição nº 23 data: 19 de fevereiro de 1922. 12 Padre Cândido Synfrônio de Castro foi o primeiro vigário de Santo Antônio do Grama no período de 1886 até 1888, sendo nomeado novamente para a localidade entre 4 de janeiro de 1892 a 6 de maio de 1898. De acordo com o livro “Memória Histórica de Santo Antônio do Grama”, o Padre Cândido teria lutado pela transformação e elevação do local, sendo um religioso progressista. Conta-se que foi o Padre Cândido quem ensinou o povo do Grama a calçar sapatos. Possivelmente por ser uma personalidade reconhecida no local, a Banda fundada em 1922 pelo Padre Antônio Ribeiro Pinto resolveu homenagear o vigário, dando a ela o seu nome.
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Formada a nova banda, esta iniciou suas atividades ainda no ano de 1922. O início das
atividades da Banda de Música Padre Cândido foi registrado no 1° Livro de Tombo da
Paróquia de Santo Antônio:
No dia 1º de outubro, a Festa do Santíssimo Sacramento (...) às 8 horas missa pelo Pe. Antônio Pinto, às 10 horas missa pelo vigário Francisco Antônio de Carvalho, em seguida as irmandades em forma de procissão acompanhadas de grande massa popular e a Banda de Música dirigiram-se a residência do Cel. Nicolau Pinto Moreira para lá trazer o estandarte da “Banda Pe. Cândido”, oferecido pelo jovem Sr. Sebastião José de Oliveira. Ao chegar, depois de formar circuitos em fileiras, na frente da dita Fazenda a senhorita Guiomar do Couto fez a entrega do estandarte a dita banda e imediatamente foi confiado a Reverendíssimo Pe. Álvaro, para levá-lo até a Matriz. Às 2 horas da tarde deu início procissão do Santíssimo Sacramento que percorreu todas as ruas deste arraial e sendo dada a benção em todos os altares, onde a afinada Banda Musical Pe. Cândido executara o Hino nacional, com estridentes sons, ao entrar a procissão foi celebrado do Te-Deum e bênção do SS. Sacramento. Foi encerrada a Festa com a bênção do dito estandarte, que foi entregue ao Diretor da banda Cel. Nicolau Pinto Moreira, que levou-o para o recinto da banda. 13
Através do registro acima descrito, ficamos sabendo que foi realizada uma grande
solenidade para a entrega e bênção do Estandarte da Banda Padre Cândido, inaugurando suas
atividades na cidade. Nas palavras do padre Antônio Ribeiro Pinto, que escreveu o registro, a
“afinada Banda Musical” participara de todos os momentos, acompanhando também a
procissão religiosa e procedendo à solenidade de entrega e bênção do Estandarte. O registro
também ressalta a participação do Coronel Nicolau Pinto Moreira, que além de ser o primeiro
diretor da Banda, foi responsável por guardar o estandarte desta e por adquirir os
instrumentos, juntamente com o Padre Antônio Ribeiro Pinto.
Apesar da participação ativa da comunidade e das autoridades locais para a fundação da
banda de música Padre Cândido, ressalta-se o grande esforço e trabalho empreendido pelo
Padre Antônio Ribeiro Pinto. O Padre Pinto, como é conhecido pela comunidade local,
também foi um homem que muito incentivou a cultura e a religiosidade do povo gramense.
13 1º Livro de Tombo da Paróquia – p. 35 e 36 – Inscrição nº 42 data: 1º de outubro de 1922
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História do Padre Antônio Ribeiro Pinto14
Antônio Ribeiro Pinto nasceu no dia 2 de abril de 1879, em Rio Piracicaba/MG. Sua mãe,
Fábia Maria de Jesus, era filha de escravos. O menino foi criado pela família da tia, irmã de
sua mãe, D. Maria Augusta e seu esposo, o músico Mansueto.
Com cerca de 6 anos de idade, Antônio foi com sua mãe e seus tios para a localidade de
Abre Campo. Lá estudou numa escola regular. Posteriormente, foi enviado para Alvinópolis
para iniciar os estudos sacerdotais, sob orientação do Padre Antônio Nicolau. Esses estudos
foram financiados por Mansur Daiher, Manoel da Cunha e outros amigos da família que
habitavam em Abre Campo. Iniciou os estudos com 21 anos de idade. Dois anos depois,
apresentou-se ao Seminário de Mariana, onde teve dificuldades em iniciar os estudos devido à
sua origem escrava e negra. Entretanto, os superiores obtiveram autorização para admiti-lo no
seminário visto que ele demonstrava claramente possuir sinais da vocação sacerdotal.
Ordenou-se padre em 9 de abril de 1912, com trinta e três anos de idade. A primeira
missa foi celebrada em Abre Campo, em gratidão aos benefícios que teria recebido daquela
terra. Sua primeira paróquia foi a da cidade de Rio Casca, onde permaneceu até 1917.
Posteriormente foi nomeado para a freguesia de José Pedro, hoje Ipanema, onde viveu até
meados de 1921.
Em 1º de maio de 1921 tomou posse da freguesia de Santo Antônio do Grama. Pe. Pinto
participou ativamente da vida social de Santo Antônio do Grama. Fundou o time de futebol,
colaborou para a criação da Banda de Música Padre Cândido, apoiou a fundação do Congado,
dentre outras atividades importantes para o desenvolvimento social e cultural da localidade.
Nessa época, de acordo com relatos, Padre Antônio Ribeiro Pinto estava viciado em álcool, o
que fez com que fosse afastado da freguesia de Santo Antônio do Grama no ano de 1925.
14 DOMINGUES, José Henrique. Memória Histórica de Santo Antônio do Grama. Segunda Edição, Editora Folha de Viçosa. Santo Antônio do Grama, MG, 1997.p. 66-77; Gramenses Homenageiam o Padre Antônio Ribeiro Pinto. Disponível em: <http://www.santoantoniodograma.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=379:gramenses-homenageiam-padre-antonio-ribeiro-pinto&catid=7:noticias&Itemid=93>. Acesso em 26 de setembro de 2013.
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Porém, em 1º de novembro de 1926, o Padre Antônio retornou à Paróquia depois de um forte
apelo popular da cidade dirigido ao Bispo, Dom Helvécio, solicitando o retorno do pároco.
Um dos maiores feitos do padre, porém, foi a construção da Igreja Matriz, entregue à
cidade no dia 20 de outubro de 1940. A festa de inauguração da Igreja teve a presença das
bandas de Rio Casca e da banda de música local. Em seguida prosseguiu a construção da
Capela de Santa Efigênia, entregue à comunidade em 1944. Construiu também a casa que se
situa a direita da Igreja Matriz, que foi utilizada durante muito tempo como sede da Banda
Padre Cândido, e também a nova Casa Paroquial, situada na rua de baixo, onde atualmente se
encontra o Ginásio Gramense.
Apesar do vício da bebida, Padre Antônio teve uma vida ilibada como sacerdote. Devoto
de Nossa Senhora das Graças, Padre Antônio propagou a fé e a devoção à Virgem da Medalha
Milagrosa. Em meados da década de 1940, quando passou a conceder a “Bênção Ritual” aos
enfermos, aos quais distribuía a “Medalha Milagrosa”, Padre Antônio já recebia na cidade de
Santo Antônio do Grama numerosas romarias dos que, junto a ele, vinham implorar graças
espirituais, favores e curas a Nossa Senhora das Graças.
FOTO 01: Padre Antônio Ribeiro Pinto ao lado de uma escultura de Nossa Senhora das Graças.
Fonte: Memória Histórica de Santo Antônio do Grama, p. 76.
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No dia 02 de fevereiro de 1947, Padre Antônio renunciou repentinamente à Paróquia de
Santo Antônio do Grama, num episódio que até hoje não fora completamente esclarecido. A
partir daí fixou residência em Urucânia, onde cresceu sua fama de “milagreiro” e passou a
receber grande multidão, vinda de todas as partes do país e do exterior para receber a sua
bênção, ouvir conselhos e até mesmo confessar-se.
Padre Antônio faleceu no Hospital de Nossa Senhora das Dores de Ponte Nova, no dia 22
de julho de 1963, quando possuía 84 anos de idade. Foi sepultado em Urucânia. Em 1975, seu
corpo foi exumado e os restos mortais foram transferidos para o Santuário de Nossa Senhora
das Graças de Urucânia, que Padre Antônio havia ajudado a construir nos seus últimos anos
de vida.
Padre Antônio Pinto recebeu e continua a receber várias homenagens póstumas nas
cidades da região: em Urucânia, a sua casa foi transformada em museu municipal e a rua onde
esta se localiza passou a se chamar Rua Padre Antônio Pinto. Em Rio Casca, foi erigido um
monumento com o busto do sacerdote na Praça José Ribeiro da Costa. E em Santo Antônio do
Grama, em 1989, foi construído um busto em homenagem ao Padre Antônio Ribeiro Pinto. As
festividades do dia foram abrilhantadas pela Banda de Música, homenageando o vigário que
foi o responsável pela sua criação. Nessa ocasião a banda já se chamava Corporação Musical
Nélson Borges.
Em junho de 2013, na véspera de completar 50 anos de falecimento de Padre Antônio,
Santo Antônio do Grama homenageou mais uma vez o padre benfeitor da localidade,
inaugurando uma escultura construída pelo escultor Marcos Antônio Sales, em pedra sabão,
erigida em um pedestal localizado em frente à Igreja Matriz. A Corporação Musical Nélson
Borges esteve presente para homenagear seu fundador e incentivador.
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FOTO 02: Gramenses Homenageiam Padre Antônio Ribeiro Pinto. Disponível em:
<http://www.santoantoniodograma.mg.gov.br/fotos/6-homenagens-e-inauguracao-da-escultura-do-padre-antonio-ribeiro-pinto/category/60/pagina-60>. Acesso em Setembro de 2013.
As atividades da Banda de Música entre os anos 1920 e 1950
Entre as décadas de 1920 e 1950, a Banda permaneceu em atividade, entretanto, existem
poucos relatos históricos de sua atuação nesse período. Segundo conta José Henrique
Domingues em Memória Histórica de Santo Antônio do Grama, a Banda teve como maestros
e músicos de renome os Srs. Antônio Conrado, José Serafim, Etelvino Leão e Lourenço de
Paula Braga.
Outro relato importante a respeito desse período nos vem através do Sr. Antônio
Francisco Zacarias 15. Antônio Zacarias, como é conhecido na comunidade, nasceu no dia 05
de janeiro de 1926. No ano de 1938, quando tinha 12 anos de idade, foi convidado pelo então
Maestro José Ângelo de Oliveira (conhecido como Juquita de Deta) para participar da Banda
de Música gramense.
15 Antônio Francisco Zacarias. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG
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Não foram encontradas referências sobre a atuação do Maestro Juquita na Banda de
Música Padre Cândido, porém, sabe-se que o músico teve uma atuação marcante no local,
atuando como Clarinetista e maestro. O Sr. Antônio Zacarias contou que aprendeu a tocar seu
instrumento musical, um Bombardino, com o Maestro Juquita. José Henrique Domingues
(1997) apresenta o músico Juquita como uma grande personalidade local, que depois de atuar
na música gramense, teria participado de bandas em várias cidades de Minas Gerais.
FOTO 03: O Maestro Juquita tocando o Saxofone Reto (si bemol).
Fonte: Memória Histórica de Santo Antônio do Grama, p. 170.
O Sr. Antônio Zacarias conta que, após Juquita, foi maestro da banda o músico conhecido
como Etelvino Leão, que teria atuado no início da década de 1940. Não foram encontradas
referências a respeito da atuação de Etelvino Leão, porém, de acordo com o relato do Sr.
Antônio Zacarias, ele “era muito educado e comunicativo. Tocava contrabaixo. Ele ensinava
tudo muito bem e tudo era muito fácil”. O Sr. Antônio Zacarias se recorda também que
quando conheceu o Maestro Etelvino Leão este era um homem de aproximadamente 40 anos
de idade, enquanto ele próprio deveria ter aproximadamente uns 14 anos de idade.
O Sr. Antônio Zacarias informou que esteve participando da Banda até os 17 anos de
idade, sendo que com esta idade mudou-se para Belo Horizonte/MG em busca de trabalho. De
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acordo com o seu relato, na época em que se mudou, no ano de 1943, Etelvino Leão ainda era
o maestro.
De acordo com registro existente no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia, sabe-se que a
Banda de Música encontrava-se inativa no ano de 1947. O Padre Antônio Russo Neto, que
assumiu a paróquia em 1947 após a renúncia do Padre Antônio Ribeiro Pinto, relatou que
“desde o começo de mil novecentos e quarenta e sete, e tendo mesmo se agravado a situação,
devido à divergências entre músicos, motivadas por opiniões politico-partidárias diferentes, a
banda desorganizou-se” 16. Além dos motivos observados pelo novo pároco, supõe-se que a
saída do Padre Antônio Ribeiro Pinto também pode ter influenciado a “desorganização” da
Banda de Música naquele período, já que o Padre Pinto era o dinâmico idealizador e
organizador da manifestação naquele período. A paróquia de Santo Antônio, através do Padre
Pinto, era responsável por manter financeiramente as atividades da banda, realizando o
pagamento do ordenado dos maestros, com a manutenção dos instrumentos e também com o
pagamento de alguma contribuição aos músicos da banda. No 1° Livro de Tombo da Paróquia
o Padre Pinto registrou em várias ocasiões, especialmente quando havia alguma celebração
importante na comunidade, os valores que eram repassados como contribuições à “Banda de
Música” 17. Possivelmente, na ausência do Padre Pinto, essas contribuições deixaram de ser
direcionadas à Banda, que não teve condições de continuar com as suas atividades.
Porém, no ano de 1950, quando foram realizadas as Comemorações do Centenário de
existência de Santo Antônio do Grama, a banda já tinha voltado a funcionar. O Sr. Antônio
Zacarias, por exemplo, afirmou que nesta época já havia retornado ao município, e que teria
participado das apresentações da Banda na ocasião. Nessa época, de acordo com as memórias
informadas pelo Sr. Antônio Zacarias, a Banda voltou a ser chamada de “Banda Santa
Cecília”. Não foram encontradas referências a respeito da nova mudança de nomeação da
banda musical de Santo Antônio do Grama. Fato é que a participação desta nas
comemorações do centenário da localidade foi registrada. De acordo com o Primeiro Livro de
Tombo da Paróquia,
16 Fonte: 1º Livro de Tombo da Paróquia – p. 309 a 311 – Inscrição nº 11 data: 1948
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As comemorações do centenário de fundação de Santo Antônio do Grama tiveram brilho singular, superando as mais otimistas expectativas. As festas tiveram caráter cívico-religioso (...) e dificilmente se farão outras de tamanho esplendor nesta freguesia. (...). Como de costume, a trezena de Santo Antônio começou a primeiro de junho. (...). Dia Treze, as ruas e praças amanheceram festivamente adornadas com bandeiras, faixas e escudos. (...) Pela manhã houve alvorada, ao som de sinos e fogos, tocando a banda de música local e a de Abre Campo, que veio gentilmente prestar o seu magnífico concurso durante todas as festividades. (...)18
O Sr. Antônio Zacarias afirmou que neste período a Banda estava sob a responsabilidade
do Maestro conhecido como “Flores Barbeiro”, reconhecido pelo ofício que executava. Não
foram encontradas referências do citado maestro.
Através do Livro “Memória Histórica de Santo Antônio do Grama”, de José Henrique
Domingues, conforme já foi mencionado, sabe-se que nesse período um dos Maestros da
Banda Padre Cândido foi o músico Lourenço de Paula Braga. De acordo com os relatos do
livro citado, Lourenço Braga foi Maestro apoiado pelo pároco padre Antônio Russo Neto, que
atuou na paróquia de Santo Antônio entre os anos de 1941 a 1967. Entretanto, Lourenço veio
a falecer na década de 1950.
FOTO 04: Lourenço Braga, provavelmente na década de 1950.
Fonte: Acervo do Setor de Cultura da Prefeitura de Santo Antônio do Grama.
17 Exemplos dessas contribuições são citadas nas páginas 154, 158, 165 e 191 do referido Livro de Tombo. 18 Fonte: 1º Livro de Tombo da Paróquia – p. 325 a 330 – Inscrição nº 16 data: junho de 1950
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No Livro “Memória Histórica de Santo Antônio do Grama” encontramos a informação de
que após o falecimento de Lourenço Braga (em data desconhecida durante a década de 1950),
a Banda “Padre Cândido” ficou um longo período sem maestro, o que provocou sua extinção.
A banda somente foi reativada no primeiro mandato do Prefeito Afrânio Pinto Moreira
(1963 – 1967). Em visita à Rio Casca, o pai deste, Sr. Glicério Moreira, encontrou-se com um
antigo morador da cidade do Grama, o Sr. Nélson de Carvalho Borges, um músico,
compositor, fotógrafo e alfaiate que naquele momento estava residindo em São Pedro dos
Ferros/MG. Ao perceber que o antigo conhecido passava por dificuldades financeiras,
Glicério ofereceu ao amigo a oportunidade de reger a banda da cidade, em troca de uma
residência fixa em Santo Antônio do Grama.
Sendo assim, estima-se que no período entre 1963 e 1967 o Maestro Nélson Borges
iniciou o trabalho de reativação da Banda de Música de Santo Antônio do Grama. A banda
convocada e regida por Nélson Borges chegou a ter 60 integrantes, realizando seus ensaios na
própria residência do maestro, um sobrado à Rua Dr. Vicente Bretas Cupertino. Há registros
documentais de que banda teve grandes incentivos na gestão do Prefeito Francisco Moreira
Salgado (1967-1971).
A atuação de Nélson Borges
Nélson de Carvalho Borges é Natural de Alvinópolis/MG, tendo nascido no dia 14 de
outubro de 1989. De acordo com registros de cartório19, é filho de Manoel Borges de
Carvalho e Maria dos Anjos Borges. Casou-se no dia 25 de julho de 1914 em Santo Antônio
do Grama, com Josina de Sant'Ana, que era gramense.
Sabe-se que durante a sua vida, além de músico, Nélson Borges foi alfaiate. Em uma
edição do jornal “O Democrata” datada do dia 7 de dezembro de 1913 existe o anúncio de
uma propaganda da Alfaiataria de Nélson Borges.
19 Cartório do Registro Civil de Santo Antônio do Grama/MG; Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas de Alvinópolis/MG.
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FOTO 05: Anúncio da Alfaiataria de Nélson Borges veiculado no jornal “O Democrata”.
Fonte: DIAS, José Fausto de Oliveira. Alfaiataria Borges. O Democrata, Santo Antônio do Grama, 7 de dezembro de 1913.
Infelizmente, poucas informações biográficas de Nélson Borges ficaram registradas.
Portanto, não se sabe o período em que este teria residido na cidade, nem quais motivos o
teriam levado a se mudar de Santo Antônio do Grama. Não foram encontrados registros
também a respeito da formação musical do maestro. As fontes orais consultadas para este
trabalho, entretanto, afirmam que Nélson Borges marcou época na regência da Banda de
Música de Santo Antônio do Grama que naquela época era conhecida como “Banda Santa
Cecília”.
O Sr. Antônio Zacarias, por exemplo, afirmou que Nélson Borges teria residido, durante
sua vida, nas cidades de Governador Valadares, Caratinga e Raul Soares, em Minas Gerais.
Afirmou também que o povo de Santo Antônio do Grama gostava muito de Nélson Borges e
de sua esposa, a Sra. Josina.
José Henrique Domingues, o já mencionado autor de “Memória Histórica de Santo
Antônio do Grama” se formou músico da Banda de Santo Antônio do Grama durante o
período de atuação do maestro Nélson Borges. Ele afirmou nas linhas do seu livro que
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Nélson Borges, além de músico e compositor, era também fotógrafo e Alfaiate. Organizou uma famosa banda de música, na década de 1960, composta de músicos discípulos seus que eram a Prata da Casa, e entre eles está o autor dessas linhas, que tocava bombardino. Dentre os seus alunos sobressaíram-se os pistonistas João Bosco Russo, que se tornou músico profissional da Banda Militar de Brasília, João Pereira de Oliveira e Francisco Dias Azevedo; o clarinetista Siro Ferreira de Oliveira, o trombonista Antônio Novais e o baixista Nilton Rafael Gomes, grandes batalhadores pela manutenção da banda de música local. (DOMINGUES, 1977, p. 166)
O autor, porém, deu o maior testemunho de atuação do maestro durante seu relato oral
para a realização deste trabalho. José Henrique Domingues afirmou no ano de 1967, quando
retornou de seus estudos em um Seminário na cidade de Juiz de Fora/MG, o Maestro Nélson
Borges estava formando uma nova Banda de Música na cidade:
O Sr. Nélson Borges que formava os músicos. Formava e ele era compositor também. Os ensaios obrigatórios eram realizados três vezes por semana. Mas a gente geralmente ia todos os dias, ia quando podia. Tudo acontecia na casa de Nélson Borges (...)20
O Sr. José Henrique aprendeu noções de música no seminário. Porém, aprendeu a ler
partituras e a tocar o instrumento do Bombardino com o Sr. Nélson Borges.
De acordo com o relato de José Henrique, a Banda Musical, na época de atuação de
Nélson Borges tinha o apelido de “Furiosa”, a “Furiosa do Sr. Nélson”. A Banda de Música
Santa Cecília, nesse período, atuava principalmente nos eventos religiosos realizados na
cidade.
20 José Henrique Domingues. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Abre Campo/MG.
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FOTO 06: Nélson Borges, em novembro de 1973. Fonte: Acervo pessoal de João Tavares Rabello.
José Henrique também afirmou que o Maestro Nélson Borges era um homem muito
enérgico e exigente. Tinha um ouvido afinado e conseguia perceber qualquer desvio de
melodia dos músicos durante a execução das marchas e dobrados. De acordo com o relato do
autor de “Memória Histórica”,
Ele era um maestro muito enérgico. Ele era muito exigente e exigia a perfeição. (...) Ele tinha aquela formação antiga, que falava na hora, em qualquer lugar. Então se a gente tivesse tocando (...), e isso aconteceu, lá no coreto, e se a gente desafinava, ele chegava para a gente e falava assim: você desafinou! Você desafinou! Os músicos envermelhavam e ficavam com uma vergonha. Ele tocava sax, às vezes ele vinha e parava perto do músico. Eu sei que os músicos ficavam com vergonha. (...) E eu lá no bombardino não ganhava muitos elogios dele. ‘Você tem o sopro fraco!’ Ele sempre arranjava um jeito para procurar defeito na gente, sabe? Eu aprendi muito com ele. (...) 21
Os anos se passaram e no início da década de 1970, Nélson Borges, que se encontrava em
idade avançada, deixou a regência da banda. Faleceu em 29 de julho de 1977 no Hospital
21 Idem.
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Nossa Senhora da Conceição (Rio Casca), depois de sofrer um acidente doméstico. Sua
esposa, a Sra. Josina, de acordo com o relato oral fornecido pelo Sr. Jesus Gomes Pereira22,
teria se mudado para Belo Horizonte na ocasião da morte do marido, onde ela também
faleceu, em data desconhecida.
Décadas de 1970 e 1980
De acordo com os relatos orais, Nélson Borges teria deixado a regência da então “Banda
Santa Cecília” entre os anos de 1973 e 1975. Nessa época, a regência da banda foi assumida
pelo músico Mouzart Mayrink. Desse período infelizmente não foram encontrados registros.
O Sr. Antônio Zacarias informou que Mouzart foi um músico formado durante o período de
Nélson Borges, que posteriormente teria se tornado Maestro. Porém não foi possível
comprovar essas informações.
Já mencionamos anteriormente que até o início da década de 1960, a Paróquia de Santo
Antônio foi responsável por administrar e financiar a Banda de Música local, conforme as
informações dos registros encontrados e das entrevistas realizadas. A partir da década de
1960, o apoio da administração municipal passou a ser fundamental para o funcionamento e
atuação da Banda de Música de Santo Antônio do Grama. Sendo assim, a década de 1960
inaugurou uma nova época de atuação da Banda, que, a partir de então, alternou entre
momentos de intensa atividade e inatividade de acordo com o “sistema” político em poder no
município. Essa característica ficou mais marcante e evidente a partir da década de 1960.
Durante a década de 1970 foram prefeitos os Srs. José Salgado Bayão (1971-1972),
Afrânio Pinto Moreira (1973-1976) e José Flaviano Bayão (1977-1982). É reconhecido que o
Prefeito Afrânio Moreira foi um grande incentivador da Banda de Música de Santo Antônio
do Grama, pois ele teria contribuído para a reativação da mesma durante o seu primeiro
mandato como prefeito (entre os anos de 1963 e 1967, quando foi contratado Nélson Borges).
Sendo assim, supõe-se que Afrânio Moreira tenha sido responsável pela contratação do
Maestro Mouzart Mairink durante os anos de 1973 e 1976. Já entre os anos de 1977 e 1982,
22 Jesus Gomes Pereira. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG.
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quando não há qualquer registro a respeito da atuação da Banda, é possível que ela tenha
permanecido desativada e só tenha retornado às atividades no ano de 1983, quando Afrânio
Pinto Moreira retornou para um terceiro mandato como Prefeito Municipal (1983-1988).
Dessa maneira, em 1983, o Prefeito Afrânio trouxe para reger a Banda Santa Cecília o
maestro Ageu Maria Quintilhano. Ageu foi um músico que também atuou de forma
determinante durante sua época na regência da Banda. A regência de Ageu foi marcada pela
revelação de muitos talentos musicais e pela integração das mulheres pela primeira vez na
banda. O maestro também foi responsável pela formação de um conjunto musical
carnavalesco, não mais existente, pela composição do dobrado “Menina dos Meus Olhos” e
de uma valsa em homenagem à D. Quinha, antiga moradora local. Segundo DOMINGUES
(1997), no período de regência de Ageu “a banda compunha-se de 38 integrantes com
conhecimento regular de teoria musical e de um repertório de, aproximadamente, 60 peças
musicais de padrão culto, entre dobrados, marchas, música popular, música sacra e valsas”.
As aulas e ensaios eram noturnos e praticamente diários, acontecendo numa residência à Rua
Dr. Vicente Bretas Cupertino, nº 102, mesmo local onde residia o maestro.
Aparecida Maria de Souza Salgado e Geraldo Luzia de Carvalho (conhecido como Gegê)
são músicos atuais da Banda que aprenderam a tocar instrumento e começaram a participar da
Banda durante a regência de Ageu, nos anos de 1984 e 1986, respectivamente. Os músicos,
que foram entrevistados para a realização desse trabalho23, foram unânimes em reconhecer a
qualidade do trabalho de Ageu, que além de Maestro e Professor, se tornou amigo de ambos.
Foi também durante a regência de Ageu e comandados por ele que os músicos da Banda,
vários deles discípulos de Nélson Borges, resolveram homenagear o antigo Maestro dando seu
nome à banda, que oficialmente passou a chamar “Corporação Musical Nélson Borges”. De
acordo com o relato oral fornecido por Ageu, a decisão, que marcaria definitivamente a
história da Banda de Santo Antônio do Grama, passou pelo seguinte processo: Dona Quinha,
instrumentista que tocava Bandolin, conseguiu recuperar um acervo de partituras pertencentes
23 Aparecida Maria de Souza Salgado. Entrevista concedida em: 23 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG; Geraldo Luzia de Carvalho. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG.
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à Nélson Borges, que continha músicas compostas por ele e por outros compositores. De
acordo com o relato de Ageu,
A Dona Quinha conseguiu recuperar isso para mim. Um belo dia ela chegou e disse: Ageu, eu consegui recuperar um acervo de Nélson Borges, se você tiver interesse. Eu disse, é claro que eu interesso, eu quero conhecer a obra dele e também ter as partituras para a banda ensaiar. Então ela me deu uma caixa lotada de partituras. Eu levei a caixa e comecei a pesquisar. Então eu vi o valor que este homem tinha. O valor que ele tinha como músico e arranjador. Começamos a tocar muito as músicas dele. Os músicos passaram a gostar do repertório. Alguns já até conheciam, como é o caso do José Henrique, porque ele já tocava com ele antes. João Pereira também começou a pedir alguns dobrados daquela época, então a banda passou a ensaiá-los.24
De acordo com o relato de Ageu, após estudar e passar a tocar as músicas compostas por
Nélson Borges, reconhecendo o valor que este possuía como músico, teve a ideia de trocar o
nome da Banda. Assim, ele se reuniu com os músicos, dentre eles José Henrique Domingues,
que havia sido músico na época de Nélson Borges, para ver se estes concordavam com a
ideia. Como todos concordaram, o nome da Banda foi então trocado de “Banda Santa Cecília”
para Corporação Musical Nélson Borges. Ageu contou que naquela época existiam várias
bandas com o nome de “Santa Cecília” no estado. Mudar o nome da Banda de Santo Antônio
do Grama seria uma forma de reconhecer o trabalho valoroso do Maestro Nélson Borges e ao
mesmo tempo firmar a identidade da banda de música da cidade como uma coisa única
daquela localidade.
A história da Bolsa de Nélson Borges
Daí em diante surgiu uma brincadeira entre os músicos da banda: o maestro Ageu
colocou algumas partituras que haviam sido compostas por Nélson Borges em uma espécie de
“embornal” de tecido jeans e pendurou-o no quadro da sala onde a Corporação Musical
ensaiava. Passou a dizer que a “bolsa” teria pertencido a Nélson Borges. Sendo assim, os
músicos passaram a reverenciar o objeto que teria pertencido ao Maestro inspirador da banda.
24 Ageu Maria Quintilhano. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Ponte Nova/MG.
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A partir de então, essa brincadeira ficou na memória de várias gerações de músicos que
passaram pela Corporação Musical na década de 1980, como o já citado José Henrique
Domingues, o Sr. Geraldo Luzia de Carvalho, a Sra. Aparecida Maria de Souza Salgado e o
Sr. João Pereira de Oliveira, que deram o relato oral para a elaboração desse trabalho. Até a
realização dessa pesquisa, não se sabia qual teria sido o paradeiro da Bolsa e até os músicos
atuais, sabendo da existência de partituras compostas por Nélson Borges, estavam à procura
da Bolsa.
FOTO 07: Cópia da partitura do dobrado “União” composto por Nélson Borges.
Fonte: acervo de Aparecida Maria de Souza Salgado.
O Sr. João Pereira de Oliveira contou, emocionado, que o Maestro Ageu confiou a ele a
guarda da “Bolsa de Nélson Borges”, que continha várias partituras de composições do
Maestro25. Porém, após passar por um problema de saúde que o teria privado da memória, o
Sr. João Pereira de Oliveira foi expulso de casa pela esposa, que nunca mais devolveu seus
pertences. Sendo assim, a “Bolsa de Nélson Borges” nunca mais foi vista. O assunto, porém,
ainda causa comoção nos músicos mais antigos da Corporação Musical.
25 João Pereira de Oliveira. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG.
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Final da década de 1980 até os dias atuais
De acordo com o depoimento de Ageu, o Prefeito eleito para o mandato de 1988 a 1992,
Expedito Pereira Lima, não entrou em acordo com o Maestro para a manutenção de seu
salário e do aluguel da sua residência em Santo Antônio do Grama. Sem ter como se
sustentar, Ageu precisou mudar de cidade em busca de emprego e naquela época a banda foi
extinta, interrompendo um período de rica atuação da Corporação.
Na gestão do Prefeito José Geraldo Salgado (1993/96), contudo, a Corporação foi
reativada, através da contratação de Aguimar Gomes da Silva, um músico natural de Rio
Casca, como regente. Durante quase quatro anos, a banda retornou às suas atividades normais,
com ensaios diários no antigo Cine Gramense, localizado à Praça Francisco Luiz P. Moreira.
Neste mesmo período, a Prefeitura concedeu um lote para a construção da Sede Social da
Banda de Música e do Centro Cultural Gramense, que, posteriormente, foi cedido para a
construção da sede do bloco carnavalesco Ressaca (não mais existente).
A construção do galpão ficou inacabada até o início dos anos 2000, quando foi concluída
para funcionar como quartel do Destacamento da Polícia Militar em Santo Antônio do Grama,
que funciona até os dias de hoje no local. Ao final da gestão de José Geraldo Salgado,
Expedito Pereira Lima foi reeleito, desativando novamente a banda durante dois mandatos
consecutivos (1997-2000 e 2001-2004).
Foi somente quando Jéferson Russo Miranda assumiu a Prefeitura de Santo Antônio do
Grama no ano de 2005 que a Corporação Musical Nélson Borges voltou à sua rotina de
ensaios e apresentações, com a aquisição de novos instrumentos pelo poder público. Em 2006,
o Maestro Aguimar reassumiu a regência da Corporação Musical, então formado por 28
integrantes de diversas faixas etárias.
Entretanto, um fato inusitado marcou a segunda passagem de Aguimar pela Corporação
Musical Nélson Borges. No dia 05 de dezembro de 2009, durante uma apresentação da Banda
na Escola Municipal São Domingos Sávio (em Santo Antônio do Grama), Aguimar sofreu um
enfarte fulminante e morreu na hora. Os músicos e o público presente naquela ocasião narram
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com tristeza e comoção o ocorrido, contando que a Banda estava executando o Hino Nacional
Brasileiro quando o Maestro caiu entre os presentes.
Foto 08: O Maestro Aguimar entre as jovens Edvirges Aparecida Salgado e Taciana de Souza Baião, em
uma apresentação durante o dia 7 de setembro. Fonte: acervo de Aparecida Maria de Souza Salgado.
Apesar da tristeza e do descontentamento, a Banda seguiu em frente. Em 2009 também
ocorreu a criação oficial da Corporação Musical Nélson Borges, através da Lei Municipal nº
385, de 23 de fevereiro de 2009. A Banda foi oficialmente criada como uma entidade de
direito público, integrada por subordinação ao Setor de Educação e Cultura, com as seguintes
atribuições: I – ensinar, difundir e preservar a cultura musical no município; II – apresentar-se
publicamente em ocasiões de festividades cívicas, religiosas e culturais, mediante solicitação
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário 26.
No início de 2010, assumiu o maestro João Batista Bifano, natural de Matipó/Minas
Gerais. Este atuou durante os anos de 2010, 2011 e 2012.
26 Art. 2° da Lei N° 385, de 23 de fevereiro de 2009, que “Dispõe sobre a criação da Corporação Musical Nélson Borges”.
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Em 2013 assumiu a regência da Banda o Maestro Elias Vitorino da Silva, natural de
Ponte Nova/MG. Atualmente, a Banda conta com 27 integrantes, sendo a maioria crianças e
jovens, e tem participado dos acontecimentos festivos, civis e religiosos da cidade, além de
Encontros de Bandas e atividades culturais diversas realizadas em cidades vizinhas,
representando o município de Santo Antônio do Grama.
Em acréscimo a suas apresentações, a Banda cumpre importante função social, com aulas
gratuitas de música com periodicidade praticamente diária, acompanhando o calendário
escolar, e prática musical junto a diversas crianças e jovens do município.
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DEPOIMENTOS
José Henrique Domingues
Nasceu em Santo Antônio do Grama, em 28/05/1945. Estudou em um Seminário em Juiz de
Fora/MG até o ano de 1966. Estudou português, francês, grego, latim, inglês. Em 1967
retornou para Santo Antônio do Grama. Foi aí que entrou na banda, tocando Bombardino até
o ano de 1996. Durante a sua vida profissional, tentou ser fotógrafo. Depois passou a ser
professor particular. Ajudava os jovens a prepararem-se para os exames de admissão ao
ginásio, tendo ajudado várias figuras importantes da cidade.
Depois disso, a partir de 1969, trabalhou no Minascaixa como faxineiro. Foi aprovado em um
concurso dessa mesma instituição, onde trabalhou até o ano de 1991, quando a Minascaixa foi
liquidada. Atualmente é aposentado.
José Henrique Domingues escreveu um livro sobre a cidade, que é usado como referência
para toda a história do município.
Sr. José Henrique foi músico na época do Sr. Nélson Borges. José Henrique aprendeu música
com Nélson Borges (1967). Antes dele foi Lourenço Braga. Depois dele foi Etelvino Leão.
Quem levou Nélson Borges para Santo Antônio do Grama foi o Sr. Glicério, pai de Afrânio
(ex-prefeito). O Sr. Nélson Borges vivia em Raul Soares. Encontrou com o Sr. Glicério em
Rio Casca. Lá, o Sr. Glicério o convidou para vir morar em Santo Antônio do Grama. Ele era
alfaiate. O Sr.Glicério ficou de arrumar uma colocação para o Sr. Nélson Borges no grama,
através da influência do filho que era Prefeito. O Sr.Nélson Borges concordou, mas precisava
de uma casa para morar, porque o salário não dava para pagar o aluguel. Sendo assim o
Afrânio destinou uma casa para o Sr. Nélson Borges (onde era a Telemig).
Então ele já tinha a casa e um trabalho na prefeitura.
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De acordo com o Sr. José Henrique, o Sr.Nélson Borges foi nascido em Santo Antônio do
Grama. A banda estava desativada antes da vinda de Nélson Borges. Ele começou na época
do Afrânio como prefeito, em 1967. Afrânio tomou posse em 1963.
Acredita que foi na época de 1965 a 1967. Quando o Sr. José Henriques voltou do seminário,
em 1967, ele estava formando a banda.
“Ele era um maestro muito enérgico. Ele era muito exigente e exigia a perfeição”. Naquela
época a banda chegou a ter 60 membros.
“Ele era muito exigente. Ele tinha aquela formação antiga, que falava na hora, em qualquer
lugar. Então se a gente tivesse tocando, vamos supor, a gente tocava muito durante a missa,
nos leilões da Igreja Católica, porque a banda sempre foi vinculada à Igreja Católica. Tinha
a Missa dia de domingo, a missa era às 10 horas, e tocava mais nas coroações do mês de
maio. No mês de maio havia a missa a noite, a missa às 7 horas, e a coroação era mais ou
menos ali pelas 8 horas. Após a coroação, havia os leilões, ao lado da Igreja. Tinha um
coreto, aí ficavam lá as prendas e a banda lá, porque de quando em quando tocavam os
dobrados. Lembro-me que as vezes arrematavam laranja, as crianças arrematavam laranjas,
e era um corre-corre, uma criança querendo tomar a laranja da outra, e a banda tocando. A
gente tocava dobrados. (...)”
“Voltando ao assunto do Sr. Nélson, ele era assim: se a gente tava tocando, e isso aconteceu,
se a gente estivesse tocando lá no coreto, e se a gente desafinava, ele chegava para a gente e
falava assim: - você desafinou! Você desafinou! Os músicos envermelhavam e ficavam com
uma vergonha. Ele tocava sax, às vezes ele vinha e parava perto do músico, eu sei que os
músicos ficavam com vergonha, e ele vinha mesmo. Então os músicos tinham muito medo
dele. E acabou sobrando eu lá no bombardino, mas eu não ganhava muitos elogios dele. -
Você tem o sopro fraco! Ele sempre arranjava um jeito para procurar defeito na gente, sabe?
Eu aprendi muito com ele. Agora tem um outro lá que foi meu colega, é João Pereira. João
foi grande músico, João tocava Piston. (...)”
“O bombardino faz contracanto, sabe? Então você tem que prestar muita atenção. Na música
a gente fala ‘enrabado’. Dá enrabada quando vai todo mundo junto, por exemplo, se está
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todo mundo junto, aí toca o trombone, aí toca a clarineta, o trombone pode acompanhar
aquilo aí, você vai acompanhando. Mas o bombardino não tem jeito, porque ele vai sozinho.
Aí eles tocam e você faz a resposta, aí toca uma resposta. Por isso que é muito difícil você
encontrar um bombardinista. Você fica sozinho, você tem que prestar atenção para dar
aquelas respostas bem em cima. Você não pode adiantar nem pode atrasar.(...)”
“A banda sempre dependia muito dos prefeitos. Se tinha um prefeito que não tinha interesse,
a banda parava. Outro vinha e reativava. (...)”
“(...) tanto é que eu conheci a minha esposa no dia 7 de setembro. Eu estava tocando, me
lembro muito bem, foi até com o Nélson Borges, no Mariano Gomes [escola]. Em 1969, na
parte da manhã. Aí tocando lá, tocamos o Hino Nacional, até um amigo meu me dizer que
tinha uma professora olhando muito para mim. Quando estávamos saíndo, o meu amigo me
disse: ela continua olhando. Aí surgiu o namoro e o casamento. Eu contei essa história,
porque ela lecionava lá em Santo Antônio do Grama, na época não havia professoras
formadas lá no Grama, suficientes para completar o magistério. Aí tinha que buscar
professora fora, sabe? Na época então eu a conheci lá em Santo Antônio do Grama. Ia uma
rural daqui com várias professoras, sabe? Aí ela foi também, foi no dia sete de setembro de
1969. E eu devo a minha felicidade ao meu bombardino. (...)”
“Ela [a banda] tinha o apelido de ‘Furiosa’, a Furiosa do Sr. Nélson. (...)”
“Todas as festas da Igreja tinha Alvoradas. A gente sempre começava lá no cemitério. Ia nas
quatro praças da cidade e a gente ia tocando. Tocava dobrados e na semana santa. O Sr.
Nélson Borges que formava os músicos. Formava e ele era compositor também. Os ensaios
obrigatórios eram realizados três vezes por semana. Mas a gente geralmente ia todos os dias,
ia quando podia.(...)"
“Em Santo Antônio do Grama, a socialização dos jovens se dava em duas entidades: no
futebol e na banda. Lá que a gente arranjava namorada, inclusive eu arrumei, foi na banda
de música. E no futebol também havia casos de pessoas que jogavam futebol e tocavam na
banda. (...) o fator de socializaçao era o futebol e a banda de música. (...) quando nós
tocávamos sempre ficava o público ali, eu tinha o meu público. Os meus fãs eram Dona
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Quinha, Bebém, Taninho. Geralmente quem gostava de bombardino é quem tocava violão,
sabe? Porque ele é grave. E dona Quinha porque ela tocava bandolim. (...)”
“Todos os maestros que eu tive o prazer de conhecer foram unânimes em reconhecer e
elogiar o povo de Santo Antônio do Grama. O povo do Grama possui musicalidade, o povo
do Grama gosta muito de música, carnaval, danças. (...) mas então o povo do Grama sempre
amou a banda de música. Até hoje as pessoas falam: você tocou bombardino, então eu fiquei
marcado em Santo Antônio do Grama como bombardinista. As vezes as pessoas me
encontram e falam: toquei na banda com você. As vezes eu nem me lembro mais, sabe? (...)”
“Nós temos que incentivar a banda porque isso é um meio de evitar o mau caminho dos
jovens, as drogas e o crime. Os jovens estando ali eles estão trilhando o caminho do bem.
Aprendem hierarquia, porque a banda de música tem hierarquia, que é o maestro, aprendem
autoridade, socialização, amizade, conforme o caso, amizade sincera e eterna. A
socialização, o respeito às tradições, de tudo isso a banda é escola. É uma escola cívica. Na
banda a gente aprende a importância do civismo. A pessoa aprende muito a ser patriota.
Enfim, a base é a socialização, a pessoa fica conhecida e reconhecida no lugar. Na minha
época, conforme eu repito, era o futebol e a banda. Então eu penso assim, nós estamos
vivendo muitos problemas, tanto crime, tantas drogas, então se voltar para esse lado, de
cultura e de esporte, eu acho que é um meio muito bom para os jovens trilharem o caminho
do bem. (...)”
“Os dobrados eram compostos pelos maestros. Eles davam os nomes aos dobrados de acordo
com a inspiração. O Nélson Borges contava que, tinha um dobrado, ‘Borboleta Azul’, que
quando ele estava escrevendo a borboleta pousou sobre o papel e manchou a partitura aí ele
deu o nome de borboleta azul. Uma marcha muito bonita, sabe? (...)”
“O Sr. Nélson não gostava de fanfarra. Ele dizia que fanfarra não tem arte. Quem é músico
não gosta de fanfarra. (...) o Sr.Nélson não gostava que o músico dele tocava na fanfarra.”
“Na época da festa o padre dava uma gratificação, o padre entregava para o Sr. Nélson e
aquilo tinha hierarquia. Aí o Sr. Nélson ganhava um dinheirinho, o bombardinista ganhava
um pouquinho mais, o pistonista e o centrista era quase nada. Festa da Semana Santa, São
Sebastião, e outras festas religiosas. (...) O padre retirava o dinheiro da arrecadação da
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festa. Ele dava para o Sr. Nélson e este distribuía o montante entre os músicos. Isso
aconteceu até o tempo de Mozart. (...)
O bombardino do Sr. José Henrique foi reformado por um especialista e atualmente, com
mais de 80 anos de existência, ele funciona normalmente. Existem mais alguns instrumentos
da mesma época que precisam ser reformados. Estão guardados na prefeitura.
João Pereira de Oliveira
O Sr. João Pereira de Oliveira nasceu em Santo Antônio do Grama em 23/11/1953.
Começou a tocar na Corporação Musical com o Maestro Nélson Borges, quando tinha apenas
treze anos de idade (no ano de 1967) até o ano de 1978.
Ele tocou na banda na época de Nélson Borges. Tocava piston. Tocou até três anos
depois que Nélson Borges faleceu. Depois tocou com Ageu. Não tocou com Mozart.
O Sr. João Pereira não guarda todas as lembranças da Corporação Musical, pois depois
de adoecer no final da década de 1980, perdeu a memória e a esposa o expulsou de casa. E
não devolveu os seus pertences. Fez tratamento em São Paulo, pois em Ponte Nova não havia
recursos para tratar a sua doença. Uma bolsa com partituras escritas por Nélson Borges ficou
sob a guarda do Sr. João Pereira, mas a antiga esposa se recusa a devolvê-la.
Conta que o Maestro Ageu que pendurou o embornal de Nélson Borges na parede da
sala de onde a banda ensaiava para homenagear o músico. Também foi dele a ideia de mudar
o nome da banda para Nélson Borges. “Dá uma saudade na gente falar daquilo. (...)”.
Contou, emocionado, durante o depoimento.
Antônio Francisco Zacarias
O Sr. Antônio Francisco Zacarias nasceu em Santo Antônio do Grama em 5 de janeiro de
1926. É um dos músicos mais antigos da Banda que ainda estão vivos nos dias atuais. De
acordo com o seu depoimento, ele atuou na banda por mais de 35 anos, tendo dela participado
entre os anos de 1938 a meados da década de 1970.
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Estava com 12 anos de idade quando começou a aprender seu instrumento, um
Bombardino. Aprendeu a primeira letra de música com o Maestro Juquita. Na época, a Banda
sempre participava das Festas do mês de maio, Festa do Rosário e Festa de Santo Antônio.
Informou que quem doou os primeiros instrumentos para a Corporação foi o Sr. Nicolau Luiz
Pinto Moreira, conhecido como Coronel Nicolau.
“Eu gosto muito da música, gosto mesmo. Mas hoje, o rapaz de hoje, eles não respeitam a
pessoa idosa. Nós respeitávamos. Nós não dávamos um piado na rua com os instrumentos
(...).”
“Padre Antônio gostava muito de ver a Banda tocar. Todos os domingos, ele assistia as
apresentações. Ele gostava muito de um dobrado que se chamava Artur Bernardes. Era um
dobrado muito difícil de executar, cheio de contracantos. Os músicos não gostavam de tocar
porque era um dobrado pesado. Então o padre chegava e perguntava: por que vocês não
tocaram o meu dobrado? Então os músicos entravam novamente em formação para atender o
padre (...).”
“Nélson Borges já havia morado no Grama quando o pai do prefeito Afrânio, o Sr. Glicério,
o convidou para vir morar na cidade. Ele chegou de volta no Grama já de bastante idade. O
próprio Nélson Borges me convidou para voltar a tocar na Banda. Eu toquei com ele mais ou
menos uns 3 anos. Ele continuou com a Banda aí morreu. (...) O povo do Grama gostava
muito de Nélson Borges. A esposa dele se chamava Josina. (...)”
Aparecida Maria de Souza Salgado
Aparecida Maria de Souza Salgado é natural de Piedade de Ponte Nova e nasceu no dia
23/09/1963. Veio morar em Santo Antônio do Grama em 1984. É casada com Hipólito Baião
Salgado e possui duas filhas: Edvirges Aparecida Salgado e Taciana de Souza Baião, que
também já participaram da Corporação Musical Nélson Borges e eventualmente ainda
participam das atividades da Banda.
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De acordo com o depoimento de Aparecida, ela começou a participar da Corporação
Musical Nélson Borges no ano de 1984, tocando o Sax Alto. Atualmente ela toca o Sax
Tenor.
Nessa época, o prefeito Afrânio resolvera reerguer a Banda, que havia ficado desativada
durante um período. Foi contratado para ser Maestro o Sr. Ageu Maria Quintilhano, que
permaneceu na Banda até 1989. A Sra. Aparecida Maria contou que tocou até o ano de 1990,
mas após a saída do Maestro Ageu a Banda não teve outro maestro fixo até a contratação de
Aguimar Gomes da Silva, em meados da década de 1990.
“Depois veio João, que era maestro em Raul Soares. Ele ficou até o final de 2012.
Atualmente não tenho tempo de ir aos ensaios, por isso não estou apresentando com a
Banda”.
Aparecida Maria conta que gostava de participar dos encontros de bandas em outras
cidades. Já foi em Caputira, Manhumirim, Caratinga, Santa Cruz do Escalvado. A depoente
afirma que a sua participação na Banda foi muito marcante em sua vida. “Para mim todos os
momentos foram marcantes, é difícil de falar”, afirmou.
Geraldo Luzia de Carvalho “Gegê”
Geraldo Luzia de Carvalho, conhecido como “Gegê” nasceu em 13/12/1962, na cidade de
Jequeri/MG. Mudou-se para Santo Antônio do Grama no ano de 1968, quando tinha 6 anos de
idade, 1968. Ele começou na Banda no ano de 1986, tocando Piston e permanece na
Corporação Musical até os dias atuais.
Casado com Eunice Mesquita Braga Carvalho.
De acordo com o depoimento de Gegê, ele aprendeu a tocar o seu instrumento com o
Maestro Ageu Maria Quintilhano. Os ensaios eram realizados de segunda à sexta-feira, na
residência do Maestro Ageu, que era localizada na Rua Dr. Vicente Bretas Cupertino.
“Eu não tinha conhecimento, mas sempre admirei o trabalho dos músicos. Quando Ageu
começou a ensinar, eu me inscrevi para participar e comecei a tocar. Aprendi usando o livro
ABC”.
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Gegê contou que a Banda sempre tocou no carnaval de Santo Antônio do Grama. A
Banda Carnavalesca se chamava “Estrela Dalva”. Era a mesma formação da Corporação
Musical Nélson Borges, mudando apenas o nome da banda. Não se recorda se o nome já era
Nélson Borges quando entrou na Banda, mas se recorda do embornal com as partituras do
músico que ficavam penduradas na parede da sala de aula.
De acordo com o depoente, os principais eventos dos quais a Corporação participa são
festas religiosas, Sete de Setembro e o Mês de Maio.
No início da década de 1990, Gegê ficou afastado da Banda, pois se mudou para outra
cidade a trabalho, retornando no início da década de 2000, época em que era Maestro o Sr.
Aguimar. Ele conta que nesse período os ensaios da Corporação não eram tão frequentes, pois
o Maestro Aguimar morava na cidade de Matipó/MG. Além disso, ele tinha a saúde frágil,
com problemas cardíacos e usava muitos medicamentos.
Na época do Maestro João, de acordo com Gegê, o trabalho da Corporação Musical era
“meio devagar”. Apesar disso, Gegê conta que sempre auxiliou o Maestro, inclusive tocando
em algumas ocasiões na Banda do município de Raul Soares/MG, da qual João é o atual
regente.
Gegê conta que infelizmente, atualmente não está tendo tempo de participar dos ensaios,
pois tem apenas uma folga de trabalho por semana, que sempre cai em dias diferentes.
Entretanto, sempre que há alguma apresentação da Corporação nesses dias de folga ele
participa. Ele informou que às vezes ele até participa dos ensaios, mas pelo impedimento
imposto pelo trabalho ele não consegue participar da apresentação para a qual ensaiou. Gegê
contou que se houvesse alguma maneira de ele ser remunerado pelo seu trabalho na Banda,
ele abandonaria o seu trabalho e se dedicaria exclusivamente à Corporação Musical Nélson
Borges.
“O meu sonho era ficar na frente da Banda direto. Eu gosto demais, mas não tenho tempo.
Tem dia que eu desanimo porque a gente não é valorizado. Mas eu sou apaixonado com a
Banda, se eu pudesse eu ajudaria sempre. (...)”
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Ageu Maria Quintilhano
Nasceu em São Paulo/SP no dia 7 de setembro de 1954. Os pais eram de Ponte
Nova/MG, mas se conheceram e se casaram na cidade de São Paulo. Então, em 1959 a família
se mudou para Ponte Nova. A partir daí Ageu Quintilhano sempre residiu nessa cidade. Sua
formação musical adveio de participação em Bandas de Música. Começou a se formar em
música na banda de Ponte Nova, que se chama Corporação Musical Sete de Setembro.
Começou tocando clarinete, em 1968. Ainda tem o primeiro clarinete, que também foi o
primeiro instrumento musical que possuiu na vida, presente de seu pai. Aprendeu a tocar o
instrumento com o Maestro Paulo Vidoti.
Marcou época na banda de Santo Antônio do Grama.
Introduziu mulheres na banda. Anteriormente só tinha homens. Estudou com a banda
mesmo, mas não fez nenhuma graduação. Na época que tirou a carteira da OMB (Ordem dos
Músicos do Brasil) fez alguns cursos em BH para preparar para o exame da ordem. Quando se
tira a carteira não precisa fazer a academia, conservatório. Depois disso tudo que aprendeu foi
por conta própria.
Já foi alfaiate, já trabalhou com outros ofícios. Mas sempre quis trabalhar com música.
Atualmente trabalha com música. Porém, investiu o dinheiro que adquiriu com a música
na compra de alguns imóveis, que atualmente estão alugados. Trabalha durante a noite em
boates e casas noturnas.
“Foi um período muito bom lá em Santo Antônio do Grama. Foi um trabalho que eu posso
dizer assim, foi feito 100% com amor. Tudo que você faz com amor as coisas fluem melhor. E
era uma beleza lá. A gente comemorava os meus aniversários e os aniversários dos
integrantes, terminava o ensaio e a gente ia comemorar. Tornou-se uma amizade, eu procurei
não fazer aquela barreira entre professor e aluno. Não existia isso lá. Eu penso assim, se eu
sou professor e tenho a ciência de ensinar, e você tem a paciência de aprender, ninguém é
superior a ninguém. Isso foi bom demais para a gente. (...) é claro que teve alguma coisinha,
sempre tem, mas a gente resolvia sem problemas. A gente resolvia facilmente. Era aquela
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coisa, o rapaz queria ser o primeiro piston da banda, então chamava a atenção dos outros.
Outra hora era alguém que queria encontrar com a namorada na hora da banda sair. Aí eu
tinha que chamar a atenção. (...). eu sinto claramente que o pessoal de Santo Antônio do
Grama comenta com muito carinho a época que eu estive lá. (...)”
“Foi na época do prefeito Afrânio, de 1983 a 1988. E um pouco do prefeito Expedito. A
banda estava parada. Eu lembro que (...) tinha um instrumental, e alugaram a casa que era
perto da ponte. Lá era a sede da banda e eu morava lá. (...)”
“Dona Quinha, instrumentista que tocava Bandolin, conheguiu recuperar um acervo de
Nélson Borges. O acervo era o seguinte: tinha músicas dele e de outros compositores. A dona
Quinha conseguiu recuperar isso para mim. Um belo dia ela chegou e disse: Ageu, eu
consegui recuperar um acervo de Nélson Borges. Se você se interessar. Eu disse, é claro que
eu interesso, eu quero conhecer a obra dele e também ter as partituras para a banda ensaiar.
Então ela me deu uma caixa lotada de partituras. Então eu levei e comecei a pesquisar.
Então eu vi o valor que este homem tinha. O valor que ele tinha como músico e arranjador.
Começamos a tocar muito as músicas dele. Os músicos passaram a gostar do repertório.
Alguns já até conheciam, como é o caso do José Henrique, porque ele já tocava com ele
antes. João Pereira também começou a pedir alguns dobrados daquela época, então a banda
passou a ensaiá-los. Aí me veio uma ideia: uma pessoa dessa merece que a gente coloque o
nome dele na Corporação. E ai eu conversando com o José Henrique, ele disse que era uma
ótima ideia. Então nós resolvemos colocar Corporação Musical Nélson Borges. Naquela
época era Banda Santa Cecília. Mas existem tantas, esse nome é muito chavão para colocar
em nome de banda de música. Então nós achamos melhor colocar Nélson Borges porque
estaria homenageando uma pessoa que fez muito para a música de Santo Antônio do Grama.
E aí todos concordaram. Aí a gente tinha uma brincadeira lá que tinha uma sacola, uma
bolsa jeans e nós tivemos a ideia de colocar na sacola que a bolsa pertenceu ao Maestro
Nélson Borges. E era uma pessoa que eu não conheci,mas pelo que as pessoas me falavam
dele ele era parecido comigo, em algumas coisas de comportamento, porque eu sou meio
piegas (...) e me disseram que ele era assim também. (...) Talvez seja pela força da música, a
força da música que faz a gente ser assim. A gente lida com a emoção. (...) A emoção é
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fundamental no trabalho musical. Foi muito bom o período que eu estive no Grama. Foi
assim marcante. Compus também algumas coisas lá. Tem muitas histórias boas de lá. Tive
amigos, paixões, etc. (...)”
Elias SilvaVitorino
Elias Silva Vitorino é o atual regente da Corporação Musical Nélson Borges, contratado
no início do ano de 2013. É natural de Ponte Nova/MG e nasceu no dia 29/10/1973. Sua
formação musical aconteceu através da participação em Bandas, desde a infância, nas cidades
de Ponte Nova/MG e Betim/MG.
Trabalha com vários repertórios musicais. Elias trabalha com repertório mais popular,
pois é mais fácil. Gosta muito de musicas clássicas, mas no momento como a formação é
nova e tem muitos músicos iniciantes, ele prefere trabalhar com música popular por ser de
mais fácil aprendizagem por parte dos alunos.
“A banda que não toca dobrado não é banda. Tem que manter a tradição. (...) O dobrado é
um estilo de marcha, feito especialmente para bandas. Dobrados, valsas e marchas
animadas. (...) Atualmente a banda tem 21 músicos que já tocam. Aprendendo, tem 11 alunos,
que já estão entrando na banda. O processo de aprendizagem depende de vários fatores.
Alguns alunos aprendem com mais facilidade. Alguns dedicam mais tempo, estudam nos
horários da banda e treinam em casa, por isso acabam aprendendo mais rápido. Além disso,
a frequência nos ensaios também é importante no processo de aprendizagem.
(...) A banda precisa de uma sede, um espaço só para a Banda. Por exemplo atualmente estão
utilizando o espaço do clube. Porém, em dias de terça-feira não podem ensaiar porque o
clube fica ao lado da Câmara Municipal e o barulho atrapalha as reuniões na câmara.
(...) A Prefeitura de Santo Antônio do Grama dá um ótimo suporte para o trabalho da banda,
é difícil encontrar lugares que seja assim. Essa questão é muito importante. Por isso eu estou
batalhando e cobrando muito dos alunos, porque a atual prefeita gosta e apoia muito a
iniciativa. (...)”
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“Em 2013 já tocaram em festas religiosas e no encontro de Bandas de Santa Cruz do
Escalvado. No segundo semestre de 2013 a agenda está cheia. Encontro de bandas,
apresentações culturais e festas religiosas da cidade. (...)”
“Eu sou um maestro rígido, mas se for rígido demais, se falar demais, o menino acaba saindo
da banda. Mas disciplina isso não escapa não. Quando eu assumi a disciplina nessa banda
aqui não era fácil não. Tem as dificuldades, os horários, mas tudo conversado tem jeito. (...)”
“A música é minha vida. Se não fosse a música eu não estaria nem vivo aqui hoje. (...) Eu
agradeço a minha mãe por ter me colocado em uma banda. Porque eu nem pensava em
entrar em Banda. A minha mãe é que me pediu para entrar na Banda. Então eu comecei a
gostar e até hoje estou aqui.”
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DESCRIÇÃO DETALHADA DO BEM CULTURAL
A Banda de Música “Corporação Musical Nélson Borges” caracteriza-se por ser uma
Banda Civil, composta basicamente por instrumentos de sopro e instrumentos de percussão.
Possui a sua frente um Maestro, que é o regente. Os músicos iniciam sua atividade na Banda
tomando aulas de música e teoria musical, e após um período de aprendizagem que varia de
pessoa para pessoa, começam a atuar nas diversas apresentações da Corporação Musical. O
repertorio é variado, sendo composto basicamente por marchas, dobrados, valsas, músicas
populares e eruditas. Tem por objetivo atingir o maior número de pessoas de uma
coletividade, sem qualquer distinção. É formada por integrantes acima de 7 anos de idade,
sem distinção de sexo.
Adota-se o termo músico quando nos referimos a qualquer pessoa ligada diretamente
à música, em caráter profissional ou amador, exercendo alguma função no campo de música,
como a de tocar um instrumento musical, cantando, escrevendo arranjos, compondo, regendo,
ou dirigindo um grupo coral ou algum grupo de músicos, como orquestras, bandas, big
band de Jazz, ou ainda lecionando, trabalhando no campo de educação, em terapia musical.
Sendo assim, os executantes da forma de expressão, a partir do momento que adquirem a
prática de um instrumento musical, podem ser considerados músicos.
Com relação aos integrantes da Banda, através dessa pesquisa ficou esclarecido que, até o
início da década de 1980, eram admitidos apenas homens para se tornarem músicos da Banda.
Foi somente a partir da regência do Maestro Ageu Maria Quintilhano (1983 a 1989) que foi
admitida a participação de mulheres na Corporação Musical. De acordo com o depoimento
concedido pelo próprio Ageu, quando iniciou o seu trabalho no município, ele abriu as
inscrições “para quem quisesse participar, homens, mulheres e crianças”. A partir de então e
até os dias atuais, a composição da banda é variada, apresentando crianças, jovens e adultos,
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homens ou mulheres. De acordo com as informações orais obtidas durante este trabalho, sabe-
se que durante a segunda regência do Maestro Aguimar Gomes da Silva (2006 a 2009), a
banda possuía 28 integrantes, divididos em instrumentos de sopro (70%) e instrumentos de
ritmo (30%), sendo que a banda já chegou a ter mais de 40 integrantes. A composição por
sexo e a faixa etária era variada, com adultos e adolescentes (como as filhas da Sra.
Aparecida, as estudantes Taciana e Edwiges) em diferentes níveis de aprendizagem. Esta é,
inclusive, uma característica que bem representa a Corporação Musical Nélson Borges, a
participação harmônica de pessoas de idades variadas.
Os principais instrumentos musicais da Corporação Musical Nélson Borges consistem em
clarineta, saxofone alto, saxofone tenor, saxofone soprano, trompete, trombone, bombardino,
e percussão. A percussão é composta por caixas, pratos, bumbos, surdos, tarol. Já os
instrumentos são divididos em duas categorias: as “madeiras” (clarinetas, saxofones) e os
“metais” (trompetes, trombones). Essas categorias também são chamadas de “naipes” pelos
músicos e regentes da Banda.
O repertório é diversificado, variando de acordo com a solenidade. Sabe-se, através dos
relatos orais dos membros mais antigos da Banda, que o repertório tradicional da Corporação
Musical era composto essencialmente por Dobrados e Marchas, muitas vezes compostos pelos
próprios maestros que estavam na regência da Banda. Estima-se que as formações primitivas
de bandas em Santo Antônio do Grama, mais especificamente a Banda de Música Padre
Candido e a Banda Santa Cecília, mesclavam dobrados ao repertório sacro tradicional,
apresentando-se tanto em celebrações religiosas, como Semana Santa ou Corpus Christi,
quanto em festejos “profanos”. Com o passar do tempo, porém, o repertório da Banda foi
incorporando novas composições musicais, passando a apresentar, além dos tradicionais
dobrados e marchas, sambas, versões de temas famosos da MPB ou música internacional.
Desde o início de sua história, iniciada pela então chamada “Corporação Musical Santa
Cecília” e depois pela “Banda Padre Cândido” ainda nas décadas de 1910 e 1920, a Banda de
Música de Santo Antônio do Grama mantém a tradição de participação nos eventos religiosos,
ligados à Igreja Católica, mais especificamente à Paróquia de Santo Antônio, além de manter
sua participação em diversos eventos festivos e comemorações cívicas que são realizadas na
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cidade. Assim, nos tempos de maior atividade, a banda animava e celebrava a festa do
Padroeiro da cidade, a Semana Santa, as comemorações do Mês de Maria, inaugurações de
edifícios públicos, desfiles de 7 de Setembro, procissões religiosas, carnavais, dentre outros
eventos e ocasiões de encontro da população gramense. Esse padrão ainda se mantém nos dias
atuais, já que os principais momentos de atuação da forma de expressão no município ainda
são notadamente as comemorações civis e religiosas do município, além de eventos culturais
diversos.
As apresentações da Corporação Musical Nélson Borges não estão restritas a uma
ambiência específica. A Banda rotineiramente se apresenta na comunidade local, sendo as
áreas de maior ocorrência os espaços ligados à Igreja Católica, as praças da cidade e os
espaços onde ocorrem celebrações públicas e tradicionais do município. Conforme foi
demonstrado, a Corporação Musical Nélson Borges é uma das principais atrações culturais da
cidade e indicativa da efervescência da cultura local. Entretanto, a Corporação Musical
Nélson Borges ainda não tem uma sede própria. Durante o ano de 2013, a Banda funciona
provisoriamente no prédio do Centro Social Comunitário Glycério Pinto Moreira, localizado
na Rua Vicente Bretas Cupertino, n° 458. Os lugares ligados à forma de expressão no
município serão apresentados adiante.
A Banda também manifesta sua imaterialidade, ou seja, sua música, a forma de expressão
em destaque, nos eventos das cidades vizinhas. A Sra. Aparecida Maria de Souza Salgado,
membro da banda desde 1984, conta que a Corporação Musical também participou e continua
a participar de eventos fora do município, nas cidades de Oratórios, Caputira, Urucânia, Ponte
Nova e Jequeri, por exemplo. Dessa maneira, além dos eventos fixos, como Carnaval, Semana
Santa ou Sete de Setembro, a Corporação Musical também possui um agenda móvel de
apresentações, dependendo dos convites que recebe ocasionalmente, variando o público de
cada apresentação conforme o evento.
Em acréscimo a suas apresentações, a Banda cumpre importante função social, com aulas
gratuitas de música com periodicidade praticamente diária, acompanhando o calendário
escolar, e prática musical junto a diversas crianças e jovens do município. Essas aulas
ocorrem de segunda-feira à quinta-feira, em horários matutinos, vespertinos e noturnos, para
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atender a disponibilidade dos músicos que ainda são estudantes e aqueles que trabalham.
Segundo Elias Vitorino, o papel social exercido pela Banda é significativo: “O que uma
criança de uma cidade do interior tem para brincar? Tem o pião, a bola, mas a banda
representa uma alternativa relevante pelo que pode proporcionar uma formação de caráter,
oferecendo uniforme, viagens e a oportunidade de aprender música”, relata. Segundo ele, “na
banda não se ganha, mas se geram os meios para se ganhar”27.
Atualmente, com a regência do Maestro Elias Silva Vitorino, a Banda conta com 27
músicos, sendo a maioria crianças e jovens, e tem participado dos acontecimentos festivos,
civis e religiosos da cidade, além de Encontros de Bandas e atividades culturais diversas
realizadas em cidades vizinhas, representando o município de Santo Antônio do Grama. Além
disso, salienta-se que existem 6 pessoas na fase de aprendizagem.
Tabela 1 – Composição atual da Corporação Musical Nélson Borges
Músicos Instrumento Ana Elisa Custódia dos Santos Clarineta Ariane Aparecida Teixeira Ribeiro Clarineta Augusto César Herculano Saxofone alto Bárbara Miranda dos Reis Ventura Clarineta Daniele Barbosa Ribeiro Saxofone alto Davisson Jesus Martins Oliveira Bumbo Dieison Santos Barboza Trombone Douglas Silva Teixeira Bombardino Elivélton Lucas Santos Barboza Trompete Éverton da Cruz Silva Tarol Felipe Surdo Francisco Augusto dos Santos Clarineta Geraldo Luzia de Carvalho Trompete Gustavo Fernandes Lemos Trompete José das Graças Silva Tuba Josemar Batista de Freitas Saxofone tenor Lucas de Jesus Silva Bateria Márcia Cristina Fernandes Oliveira Saxofone soprano Marcus Aurélius Leão Lanna Saxofone alto Maria Aparecida de Jesus Silva Trompete Maria das Graças Zinato Prato Mariany Ribeiro Silva Clarineta Priscila Barbosa Ribeiro Saxofone alto Rafael Gomes de Souza Clarineta Rafaela Gomes Ferreira Saxofone soprano
27 Elias da Silva Vitorino. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Santo Antônio do Grama/MG.
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Táisson Antônio Amorim Moreira Trombone Vinícius Vieira de Souza Prato
Aprendizes Brenda Helena Frade Ribeiro Cláudia Maria Gomes Silva Domingues Dulce Maria Silva Domingues Leandro Barbosa Ribeiro Maria da Conceição Domingues Maria Helena Teixeira Ribeiro
Fonte: Setor de Cultura de Santo Antônio do Grama
A Corporação Musical possui um uniforme de gala, com camisa em estilo militar na cor
verde e calça preta, e variações que dependem da ocasião, por exemplo, a camisa amarela de
malha utilizada no carnaval. De acordo com os depoimentos orais fornecidos para este
trabalho, ficou evidenciado que os uniformes da Banda variam de acordo com a Gestão
Municipal que está em vigência, sendo que cada administração procura imprimir sua marca
nos uniformes da Banda, seja pelo destaque de uma cor que a represente ou por uma
logomarca. No ano de 2013, porém, a Banda adotou como uniforme uma camisa de cor azul,
que representa a cor do município presente em sua bandeira e em seu brasão.
FOTO 09: Detalhe para o Uniforme adotado pela Corporação Musical Nélson Borges no ano de 2013.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22/09/2013.
Com relação aos recursos financeiros utilizados pela Corporação Musical, pudemos ver
que no início de sua história, durante a primeira metade do século XX, a Corporação era
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mantida através de recursos provenientes da Paróquia de Santo Antônio. Os recursos que a
financiavam eram adquiridos através de doações, cachês e contribuições arrecadadas em suas
apresentações, ligadas ao calendário religioso da cidade, além de outras celebrações para as
quais era convidada a se apresentar, e assim, angariar fundos para aquisição dos recursos
como instrumentos. A partir da segunda metade do século XX, entretanto, essa base de
financiamento passou a ser o poder público, através da atuação da Prefeitura Municipal. Nesse
período, conforme demonstramos, o financiamento da Prefeitura foi essencial para manter a
Corporação Musical em funcionamento, financiando o salário do maestro, os instrumentos,
uniformes e demais suportes. Nos períodos nos quais a Prefeitura se afastou dessa
responsabilidade, a Corporação Musical deixou de atuar.
Atualmente, a parceria com a Prefeitura continua sendo essencial para manter a Banda,
pois o pagamento do Maestro, o financiamento das viagens, uniformes e instrumentos
continua sendo proporcionados pelo poder público municipal. Essa participação do poder
público municipal está sendo realizada de maneira satisfatória. Conforme descrição do atual
Maestro, Elias Vitorino, “a Prefeitura de Santo Antônio do Grama dá um ótimo suporte para o
trabalho da Banda, é difícil encontrar lugares que sejam assim.”28
Ao considerarem-se as funções de músico como de relevante interesse público, estes não
podem ser remunerados; a exceção do maestro, cujo cargo é de livre nomeação pelo Prefeito
Municipal e pode ser pago pelo trabalho prestado.
Lugares ou Sedes utilizadas pela Corporação Musical Nélson Borges ao longo de sua
história
Conforme mencionamos anteriormente, a “Corporação Musical Nélson Borges” não
possui sede própria. Ao longo de sua história, as atividades de ensaio e organização da
Corporação Musical aconteceram em diversos espaços do município, públicos e privados.
Durante um período de sua história, foi comum o uso das residências dos próprios maestros
28 Idem.
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como sede e local para ensaios e guarda dos instrumentos. Porém, outros espaços públicos,
foram utilizados pela Banda de Música da cidade para estas finalidades.
De acordo com as fontes orais consultadas, a sede da “Banda Padre Cândido” nas décadas
de 1920 a 1940 foi uma casa localizada na Praça Padre Antônio Ribeiro Pinto, n° 57. O
imóvel foi construído nessa época pelo Padre Antônio Ribeiro Pinto - era uma espécie de casa
de apoio da Paróquia, entretanto, nunca foi casa paroquial. Em frente a essa casa eram
celebradas missas durante a construção da Matriz. Há indícios de que tenha sido sede da
Banda Santa Cecília também na década de 1950, pois a mesma era mantida pela Paróquia.
FOTO 10: Fotografia de uma homenagem ao Padre Antônio Ribeiro Pinto realizada no ano de 1945,
mostrando o povo da cidade e a Banda de Música posicionados em frente à Igreja Matriz. A casa que teria sido a primeira sede da Banda encontra-se do lado direito da Igreja Matriz. Fonte: Arquivo da Prefeitura de Santo Antônio do Grama. Data: 23/09/1945
Na década de 1960, a sede passou a funcionar na Rua Dr. Vicente Bretas Cupertino, s/nº
(entre o nº 234 e 262). O casarão pertencia ao Sr. Glycério Pinto Moreira, pai do então
prefeito Afrânio Pinto Moreira e foi cedido para residência do maestro Nélson Borges e sede
da Banda. Entretanto, o Sr. Nélson Borges construiu uma residência própria na cidade,
localizada na Praça Manoel Dias da Fonseca. Não foi possível esclarecer, entretanto, se o
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maestro Nélson Borges continuou utilizando o imóvel cedido pelo Sr. Glycério como sede da
Banda ou se transferiu esta para o seu novo endereço. Sabe-se que no ano de 1977, o terreno
onde se localizava a primeira residência de Nélson Borges foi doado para a construção da
central de telefonia da Telemig e o antigo Casarão onde morou Nélson Borges foi demolido.
Atualmente o local pertence à Telemar e continua funcionando como central da telefonia fixa
no município.
FOTO 11: O último imóvel da esquerda foi a casa construída por Nélson Borges, localizada na Praça
Manoel Dias da Fonseca. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama. Data desconhecida.
A partir de 1983/1984, quando Afrânio Pinto Moreira reassumiu o Executivo municipal e
trouxe o maestro Ageu, a prefeitura alugou o imóvel da Rua Dr. Vicente Bretas Cupertino, n°
102, para residência do maestro e sede da banda, que ficou por lá até 1989. O imóvel, porém,
também já foi demolido.
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FOTO 12: O imóvel ao centro da imagem corresponde à residência de Ageu durante sua permanência no
município à frente da Corporação Musical Nélson Borges. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama. Data desconhecida.
Na gestão do Prefeito José Geraldo Salgado, a banda funcionou no prédio do Antigo
Cinema “Cine Gramense”, na Praça Francisco Luiz Pinto Moreira, n° 45. O maestro nessa
época era Aguimar Gomes da Silva, que residia em Rio Casca.
FOTO 13: Prédio do Antigo Cine Gramense, em 1994, quando era utilizado como Sede da Banda.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama. Data: 1994.
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A Corporação Musical Nélson Borges chegou a funcionar também no subsolo do Centro
Comunitário no primeiro ano da gestão do prefeito Expedito Pereira Lima (1997), mas o
funcionamento da Corporação Musical não foi adiante durante os dois mandatos consecutivos
do Sr. Expedito, ficando a banda paralisada até o ano de 2005, quando assumiu a Prefeitura de
Santo Antônio do Grama o prefeito Jéferson Russo Miranda.
De 2005 a 2012 a banda não teve sede própria, usando espaços públicos que
ocasionalmente eram cedidos para seu funcionamento. Funcionou numa sala e depois num
salão da Escola Municipal São Domingos Sávio - Rua João de Souza Brandão, n° 199.
Posteriormente (2011 e 2012), voltou a usar os espaços do prédio do Antigo Cinema,
dividindo o espaço com outras atividades culturais que lá tomavam lugar.
Atualmente, no ano de 2013, a Banda funciona provisoriamente no prédio do Centro
Social Comunitário Glycério Pinto Moreira, localizado na Rua Vicente Bretas Cupertino, n°
458.
FOTO 14: Fachada frontal do Centro Social Comunitário.
Fotógrafo: Anna Flávia C.Oliveira / Data: Fev./2010
Um fato interessante é que na gestão do Prefeito José Geraldo Salgado (1993-1996), foi
doado um lote na Rua João de Souza Brandão, nº 426 para a construção de uma Sede para a
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Corporação Musical Nélson Borges. A Prefeitura construiu no local o barracão do bloco
carnavalesco Ressaca, que existiu na cidade naquela época; depois da extinção do bloco, o
local foi reformado para ser o quartel do Destacamento local da Polícia Militar. Não foi
possível apurar quais foram os motivos que levaram a essa mudança de planejamento por
parte da Prefeitura Municipal. Curiosamente, é o mesmo local que está prometido para ser
adaptado para funcionar como sede definitiva da Corporação Musical Nélson Borges a partir
do ano de 2014, quando a Polícia Militar será transferida para um novo endereço.
Mapa do município de Santo Antônio do Grama com delimitação do distrito sede, área
de ocorrência da Forma de Expressão Corporação Musical Nélson Borges
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Mapa do distrito sede de Santo Antônio do Grama com marcação dos espaços e lugares
associados à forma de expressão Corporação Musical Nélson Borges (em anexo)
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2° Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama – o “Concerto da Primavera”,
edição de 2013
Pelo segundo ano, a cidade de Santo Antônio do Grama realizou um Encontro de Bandas
na cidade. Este foi realizado no dia 22 de setembro de 2013. Neste dia, a Corporação Musical
Nélson Borges brindou os gramenses com uma bela apresentação realizada na Praça
Francisco Luis Pinto Moreira, também conhecida como Praça da Rodoviária, no centro da
cidade.
Coincidentemente, o dia 22 de setembro é o dia em que tem início a Primavera. O dia, um
domingo, foi um dia típico de primavera, com muito sol, céu azul e calor. Na Praça foi
montada uma estrutura para receber os músicos e a população local, com uma tenda para
proteger do sol e cadeiras para que todos pudessem se sentar e desfrutar da boa música
executada pelas tradicionais bandas de música, ilustrando um acontecimento muito conhecido
dos mineiros desde tempos remotos.
Além da Corporação Musical Nélson Borges, estiveram presentes a Filarmônica Santa
Cruz do Escalvado (da cidade de mesmo nome), a Corporação Musical Lira Nossa Senhora do
Amparo (de Amparo do Serra/MG) e da Corporação Musical Santíssima Trindade (de Ponte
Nova/MG). Os músicos bem vestidos, uniformizados, disciplinados e com instrumentos
afinados proporcionaram um espetáculo musical aos presentes.
O “Concerto da Primavera”, como foi nomeado o Encontro de Bandas, começou com a
apresentação das Bandas presentes pelo apresentador oficial do evento. Depois disso, a
Prefeita Municipal, Sra. Alcione Ferreira de Albuquerque Lima, deu as boas vindas aos
presentes e agradeceu a presença das bandas e dos convidados. Em seu pronunciamento de
abertura do evento, a Prefeita Municipal confirmou que a Corporação Musical Nélson Borges,
depois de mais de vinte anos, voltará a ter sua sede própria, o que possibilitará o
aperfeiçoamento dos músicos e a abertura de novas vagas para o ensino da música,
especialmente para as crianças e jovens do município, prometendo para muito breve um novo
encontro de bandas para marcar a inauguração da sede.
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A primeira apresentação da tarde foi realizada pelos “donos da casa”, a Corporação
Musical Nélson Borges. Vale lembrar que o Evento foi pensado pelos organizadores como
uma forma de celebrar a abertura do Processo de Registro da Corporação Musical Nélson
Borges como Patrimônio Imaterial de Santo Antônio do Grama. Sendo assim, os músicos e o
Maestro apresentaram-se de forma impecável. A Corporação Musical Nélson Borges também
estreou, na ocasião, um novo uniforme com a cor presente na Bandeira e no Brasão do
município, o azul. Tudo foi preparado com muito zelo para o Concerto da Primavera.
A Corporação Musical Nélson Borges, regida pelo Maestro Elias Silva Vitorino
apresentou repertório composto de composições tradicionais e populares, uma mistura de
ritmos e estilos que tem sido marca da banda gramense nos últimos anos. Vários músicos que
ingressaram na banda neste ano fizeram no encontro sua primeira apresentação. Além disso, a
Corporação Musical Nelson Borges encantou o público presente e emocionou os mais antigos
através da execução de um dobrado, subgênero musical tradicionalmente executado pela
banda e que marcou várias gerações de músicos que passaram por ela. A apresentação da
Corporação Musical Nélson Borges, assim como das demais bandas presentes foi breve,
porém marcante. Essa foi uma característica muito positiva do Encontro: começou no horário
estabelecido e não se prolongou durante as apresentações, mostrando profissionalismo dos
organizadores e respeito pelo público participante.
Em seguida, foi a vez da Filarmônica Santa Cruz do Escalvado fazer sua apresentação,
com o brilhantismo que lhe é peculiar, regida pelo maestro Rodrigo Carvalho da Silva.
Depois, foi a Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Amparo, regida pelo Maestro
“Leco”, que, se apresentando pela primeira vez na cidade, foi veementemente aplaudida pelo
público. Para fechar com chave de ouro, o maestro José Paulo Gomides conduziu mais uma
belíssima apresentação da Corporação Musical Santíssima Trindade.
O “Concerto da Primavera” foi uma celebração onde as tradicionais Bandas de Música da
região demonstraram que a música ainda é uma expressão da arte que mais toca e sensibiliza
o ser humano. Além disso, celebrou o momento importante que vive a Corporação Musical
Nélson Borges, que se verá valorizada e reconhecida através de seu registro como patrimônio
imaterial de Santo Antônio do Grama. Nada mais merecido depois de uma trajetória de quase
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um século de atividade, em que a história cultural e social da cidade foi marcada pela
participação da Banda de Música.
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REGISTRO AUDIOVISUAL
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DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
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Corporação Musical Nélson Borges. Corporação Musical Nélson Borges em
setembro de 1986. Fonte: Acervo do Sr. Geraldo Luzia de
Carvalho. Data: setembro/1986.
Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Corporação Musical Nélson Borges durante a década de 1980. À frente do grupo está o Sr.
Ageu Maria Quintilhano, maestro da Corporação Musical entre 1983 e 1989.
Fonte: Acervo do Sr. José Henrique Domingues. Data: década de 1980.
Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação durante a Festa de Santo Antônio do ano de 2012, em Santo Antônio do Grama.
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: junho de 2012. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação durante a Festa de Santo Antônio do ano de 2012, em Santo Antônio do Grama.
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: junho de 2012. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges no ano de 2012. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: janeiro de 2012. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação durante o dia 7 de setembro de 2013, em Santo Antônio do Grama.
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: 7 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação durante o dia 7 de setembro de 2013, em Santo Antônio do Grama.
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: 7 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação durante o dia 7 de setembro de 2013, em Santo Antônio do Grama.
Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Data: 7 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação durante a 84ª Semana do
Fazendeiro em Viçosa/MG. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo
Antônio do Grama Data: 20 de setembro de 2013.
Viçosa/MG.
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24
Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação durante a 84ª Semana do
Fazendeiro em Viçosa/MG. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo
Antônio do Grama Data: 20 de setembro de 2013.
Viçosa/MG.
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25
Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação durante a 84ª Semana do
Fazendeiro em Viçosa/MG. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo
Antônio do Grama Data: 20 de setembro de 2013.
Viçosa/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação durante a 84ª Semana do
Fazendeiro em Viçosa/MG. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de Santo
Antônio do Grama Data: 20 de setembro de 2013.
Viçosa/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Sr. José Henrique Domingues, autor de
“Memória Histórica de Santo Antônio do Grama” e músico da Banda durante mais de 30 anos, em sua residência em Abre Campo/MG.
Apresenta o Bombardino, instrumento que tocou durante suas atividades na Banda.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de julho de 2013.
Abre Campo/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Vista interna do Centro Social Comunitário Glycério Pinto Moreira, que em 2013 está sendo
utilizado como sede para as atividades de ensaios e aulas da Corporação Musical Nélson
Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Elias Vitorino, atual maestro da Corporação Musical preparando o local para o ensaio da
Banda. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013.Santo Antônio do Grama/MG.
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Vista de uma das salas do Centro Social Comunitário Glycério Pinto Moreira que está sendo utilizado para depósito de guarda dos instrumentos da Corporação Musical Nélson
Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013.Santo Antônio do Grama/MG.
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Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013.Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Ensaio da Corporação Musical Nélson Borges. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 24 de julho de 2013.Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Praça Francisco Luis Pinto Moreira preparada
para o Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Praça Francisco Luis Pinto Moreira preparada
para o Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Praça Francisco Luis Pinto Moreira preparada para o Encontro de Bandas de Santo Antônio do
Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Praça Francisco Luis Pinto Moreira preparada para o Encontro de Bandas de Santo Antônio do
Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Músicos da Corporação Nélson Borges se preparando para a apresentação, instalando as estantes com as partituras e os instrumentos.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Músicos da Corporação Nélson Borges e equipe da Prefeitura de Santo Antônio do Grama preparando o espaço para o Encontro de
Bandas. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Músicos da Corporação Musical Nélson Borges e equipe da Prefeitura de Santo Antônio do
Grama preparando o espaço para o Encontro de Bandas.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Músicos da Corporação Musical Nélson Borges se preparando para a apresentação no Encontro
de Bandas. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Músicos da Corporação Musical Nélson Borges se preparando para a apresentação no Encontro
de Bandas. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Músicos da Corporação Musical Nélson Borges se preparando para a apresentação no Encontro
de Bandas. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Músicos da Corporação Musical Nélson Borges se preparando para a apresentação no Encontro
de Bandas. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Maestro Elias Vitorino confere afinação dos instrumentos com os músicos momentos antes
da apresentação. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Maestro Elias Vitorino confere afinação dos instrumentos com os músicos momentos antes
da apresentação. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação oficial do Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Autoridades municipais são convidadas a receber os convidados e as Bandas presentes no
Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Discurso da Prefeita Municipal Sra. Alcione Ferreira de Albuquerque Lima durante a
apresentação do Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Encerramento da apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de
Bandas de Santo Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Encerramento da apresentação da Corporação Musical Nélson Borges durante o Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama. A Prefeita
Alcione entrega o certificado de participação para o Maestro Elias Vitorino.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Filarmônica Santa Cruz do Escalvado, da cidade de Santa Cruz do
Escalvado/MG no Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Filarmônica Santa Cruz do Escalvado, da cidade de Santa Cruz do
Escalvado/MG no Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Apresentação da Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Amparo, da cidade de
Amparo do Serra/MG no Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges.
Apresentação da Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Amparo, da cidade de
Amparo do Serra/MG no Encontro de Bandas de Santo Antônio do Grama.
Fotógrafa: Sara Aredes. Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação da Corporação Musical
Santíssima Trindade, da cidade de Ponte Nova/MG no Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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Corporação Musical Nélson Borges. Apresentação da Corporação Musical
Santíssima Trindade, da cidade de Ponte Nova/MG no Encontro de Bandas de Santo
Antônio do Grama. Fotógrafa: Sara Aredes.
Data: 22 de setembro de 2013. Santo Antônio do Grama/MG.
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ANÁLISE DO BEM CULTURAL
A banda é som. Música. Melodia. É o ritmo cadenciado das marchas e dobrados, ou o breque gostoso de sambas e maxixes, ou ainda o embalo dolente das valsas. E que compassa o coração da gente para segui-la pelas ruas, ou nos chama para praça. E ao som das harmonias criadas por aqueles instrumentos às vezes um pouco desafinados, manejados por mãos duras e calejadas, somos transportados para um espaço mágico, onde as pessoas sorriem, se integram, aplaudem e se emocionam. (GRANJA, 1984: 79-80)
A Corporação Musical Nélson Borges, inserida no contexto das “Formas de Expressão”,
é uma manifestação cultural da cidade de Santo Antônio do Grama ligada à música. Diversas
são as apropriações que dela fazem os gramenses, podendo ser citadas as facetas ligadas à
memória, identidade, reconhecimento, socialização, história e valorização de parte da cultura
imaterial do município. Ao atravessar gerações de músicos, a Corporação Musical Nélson
Borges mantém seu compromisso em formar valores humanos entre seus integrantes,
transmitindo toda a vivacidade das referências culturais de sua cidade de origem através das
harmonias por ela transmitidas.
As filarmônicas das cidades interioranas são o centro de atividade musical mais
importante de uma região. A elas muito se deve de estímulo e de aperfeiçoamento dos
modestos artistas que residem longe das cidades grandes. Há localidades que possuem mais
de uma banda, abrigando homens de várias categorias sociais como médicos, barbeiros,
advogados, padeiros, etc. todos reunidos em torno de um ideal comum – a música.
Conforme já mencionamos, as Bandas de Música brasileiras são fruto de uma tradição
musical que vem dos tempos do Período Colonial. Percorrendo as histórias das diversas
Bandas de Música espalhadas pelo território nacional, observamos que as bandas de música
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têm sido um rico celeiro de maestros, músicos e gêneros musicais29. Durante três séculos de
sua história, o povo parava para ver a banda passar, trazendo, além da música, alegria. Toda
cidade possuía uma bandinha que se apresentava principalmente nos coretos e eram o
principal entretenimento local, participando de movimentos políticos, acontecimentos
religiosos, cívicos e sociais – tradição mantida até os dias de hoje30.
A maravilhosa confraternização que provoca a execução de uma banda de música sugere
dizer que uma cidade sem banda vive pela metade. São atrações que embalam as velhas e as
novas gerações. São escolas de arte e de cultura populares, revestidas de total espontaneidade.
A Bahia dá um excelente exemplo realizando todos os anos festivais de bandas de
música, inclusive no recôncavo. Em Valença, território fluminense, até a década de 1950, o
Cine Teatro Glória – hoje não mais existente, como a maioria dos cinemas – promovia a
Sessão da Banda. A cada semana a arrecadação do cinema de um dia destinava-se à
Sociedade Musical Progresso de Valença, banda quase centenária daquela cidade.
No Rio Grande do Norte, os saberes e os ofícios se confundem com diversas formas pelas
quais as pessoas se expressam: através da literatura, da música, das artes plásticas, das artes
cênicas e do lúdico. Os acordes, as notas e a ufania do instrumental toado pelas bandas de
música de Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Apodi, Florânia, Patu, Portalegre, Santana do
Matos, Campo Grande e Caicó.
Fazendo referência às Bandas de Música protegidas pelo Registro no país podemos citar a
“Banda Daki”, de Juiz de Fora/MG. Uma banda carnavalesca que foi criada em 1972, e desde
então renova o espírito de alegria de milhares de pessoas em Juiz de Fora e visitantes nos
sábados de carnaval.
No Rio de Janeiro/RJ, em janeiro de 2004, a Banda de Ipanema tornou-se primeiro bem
imaterial registrado no município. Várias Bandas de Música, carnavalescas, grupos folclóricos
e bandas de todos os gêneros são registrados todos os anos. No estado do Piauí, na cidade de
Parnaíba, temos o exemplo da Banda Municipal de Parnaíba, que desde o ano de 2007 está
protegida pelo registro municipal. Já no Mato Grosso do Sul, na cidade de Ponta Porã, sob
29 COSTA, Manuela Areias. Música e História: um estudo sobre as bandas de música civis e suas apropriações Militares. Tempos Históricos, volume 15, 1º semestre de 2011. p. 240-260.
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registro municipal a Banda de Música do 11° Regimento de Cavalaria passa a integrar o
conjunto do patrimônio cultural daquele município.
Entretanto, “em nenhum outro lugar a canção de Chico Buarque é tão vivenciada como
em Minas Gerais” 31. De acordo com informações disponíveis no site do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG, o estado possui as mais
antigas e concentra o maior número de bandas. O IEPHA/MG informa que em alguns
municípios mineiros esta tradição está assegurada por meio do registro como patrimônio
imaterial e apresenta alguns exemplos de cidades do Estado que proporcionaram a proteção
dessa rica manifestação cultural. Abaixo seguem alguns exemplos apresentados pelo Instituto:
- Banda Lira da Mantiqueira – Foi criada oficialmente em 1998, na cidade de Andradas,
por meio de um decreto. Porém há relatos que, no século XIX, houve uma imigração em
massa de italianos, tendo entre eles um musicista chamado Feliciano Constantino de Morais,
mais conhecido como Professor Xanico, que se juntou a outros músicos e formaram a
primeira banda que consta na história do município.
- Banda Musical Amantes da Lira – Fundada em 1º de agosto de 1981, em Guiricema, por
um grupo preocupado com a perda de cultura no município, que resolveu retomar os trabalhos
de uma banda surgida no começo do século XX, que até então estava estagnada. Seus
componentes mantêm uma escola de música gratuita para crianças - as que se destacam são
convidadas para participar da Amantes da Lira.
- Banda Santa Cecília, de Rio Pomba – Fundada em 1º de janeiro de 1934, sua história
começa ainda no período colonial, onde diversas atividades artístico-literárias tiveram palco
em Rio Pomba, estando em primeiro plano a música. Com sede própria, a Santa Cecília
possui uma escola de música. A banda conta com uma média de 20 integrantes, sendo a
maioria crianças e jovens, e tem participado dos acontecimentos festivos, civis e religiosos da
30 IEPHA/MG informa: pra ver a banda passar... Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/banco-de-noticias/1105-iephamg-informa-pra-ver-a-banda-passar>. Acesso em outubro de 2013. 31 “A Banda” é uma canção de 1966 composta e interpretada pelo músico brasileiro Chico Buarque. Foi lançada no primeiro álbum do cantor, “Chico Buarque de Hollanda”. IEPHA/MG informa: pra ver a banda passar... Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/banco-de-noticias/1105-iephamg-informa-pra-ver-a-banda-passar>. Acesso em outubro de 2013.
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cidade, além das edições do Encontro e Confraternização de Bandas, realizado pela Prefeitura,
e dos encontros regionais e estaduais de bandas.
- Corporação Musical Lira Nossa Senhora do Desterro - Fundada em 20 de janeiro de
1994, a Corporação é fruto do desejo comum da comunidade do município que amava a
música e se uniu para resgatar a tradição das bandas de música em Desterro do Melo, que já
contou com a Corporação Musical Euterpe Melense, a Sociedade Musical São Vicente de
Paulo e Lira Basílico Véspoli.
- Corporação Musical Antônio de Freitas Carvalho – Composta por 29 integrantes cujas
idades variam de 10 a 70 anos, a Corporação, do município de Cristina, faz importante
trabalho de resgate musical. Em 2007 o maestro João César da Silva conseguiu financiamento
para um projeto de digitalização e organização do acervo de partituras que pertenceram às
antigas bandas da cidade.
- Sociedade Musical Santa Cecília, de Sabará – Considerada uma das mais antigas e
tradicionais de Minas Gerais, foi fundada em 22 de novembro - dia de Santa Cecília – do ano
de 1781. Durante o período oitocentista seus integrantes formaram uma corporação musical
com uma orquestra de cordas e um coral. Os membros executavam peças litúrgicas nos
templos e participavam de eventos oficiais. Entre as suas apresentações, destacam-se uma
realizada durante a visita de Dom Pedro I a Sabará e uma na inauguração de Belo Horizonte,
em 1897. Desde sua criação, a Santa Cecília é voltada para o ensino e divulgação da música,
em especial a colonial mineira.
Através das características apresentadas acima, podemos afirmar que a forma de
expressão representada pela Corporação Musical Nélson Borges de Santo Antônio do
Grama/MG guarda muitas semelhanças com as Bandas de Música espalhadas pelo território
mineiro. Uma dessas características é a atuação determinante das comunidades locais nas
ações de conservação, resgate e manutenção das atividades da forma de expressão em seus
municípios. Em Santo Antônio do Grama podemos dizer que a forma de expressão foi
sustentada durante praticamente um século pela força e amor da comunidade local, que não
deixou a Banda de Música morrer, apesar dos períodos de inatividade que esta apresentou
durante sua história.
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Podemos destacar também a atuação social das Bandas de Música, através do ensino
gratuito da música que oferecem para seus munícipes. Essa ação reforça não apenas o caráter
social da atividade das Bandas de música, mas, sobretudo a importante ação de transmissão
dos saberes necessários para que a forma de expressão se perpetue.
Outra característica da atuação das Bandas de Música mineiras é a presença delas nos
acontecimentos festivos, civis, religiosos e culturais de seus municípios, assim como nos
momentos mais importantes da história local. Em Santo Antônio do Grama a Corporação
Musical Nélson Borges sempre manteve essa característica, sempre esteve presente nos
momentos mais marcantes da vida social da comunidade.
Durante a realização deste trabalho muito se pôde observar da importância que a forma
de expressão adquiriu no município através de seus anos de existência. É difícil existir uma
família no município que não tenha um membro que não tenha sido músico da Corporação
Musical ao longo de sua história. A Banda de Música de Santo Antônio do Grama marcou a
história de muitas pessoas da comunidade. Vários depoimentos colhidos para este trabalho
foram realizados com muita emoção e sentimento. Muitos músicos antigos realçaram o papel
que a Banda de Música teve em suas vidas, especialmente por proporcionar a socialização,
diversão, união e expressão dos valores locais.
Exemplos da importância da Corporação Musical nas vidas de indivíduos que dela
fizeram parte foram dados por João Pereira de Oliveira e José Henrique Domingues. O Sr.
João Pereira que contou, emocionado, a respeito do paradeiro da “Bolsa de Nélson Borges”,
cuja história foi mencionada anteriormente. O Sr. João Pereira foi um músico muito atuante
durante as décadas de 1970 e 1980, que, emocionado, relatou que sente muitas saudades da
época que era músico da Corporação Musical Nélson Borges.
Já o Sr. José Henrique Domingues, Bombardinista da Banda durante mais de 30 anos
(entre as décadas de 1970 a 1990) contou que conheceu a sua esposa, a Sra. Estela Matutina
Comissário (já falecida) em uma apresentação do dia 7 de setembro no ano de 1969:
Eu estava tocando, me lembro muito bem, foi até com o Nelson Borges, no Mariano Gomes [escola]. Em 1969, na parte da manhã. Aí tocando lá, tocamos o Hino Nacional, até um amigo meu me dizer que tinha uma professora olhando muito para mim. Aí tocamos, e tudo mais. Quando estávamos saindo, o meu amigo me disse:
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ela continua olhando. Aí surgiu o namoro e o casamento. (...) Foi no dia sete de setembro de 1969. E eu devo a minha felicidade ao meu bombardino.32
Além disso, o Sr. José Henrique Domingues, que também é autor de um livro sobre a
história da cidade de Santo Antônio do Grama, ressaltou o valor da Banda de Música para a
comunidade local:
Em Santo Antônio do Grama, a socialização dos jovens se dava em duas entidades: no futebol e na banda. Lá que a gente arranjava namorada, inclusive eu arrumei, foi na banda de música. E no futebol também havia casos de pessoas que jogavam futebol e tocavam na banda. (...) o fator de socialização era o futebol e a banda de música. (...) Todos os maestros que eu tive o prazer de conhecer foram unânimes em reconhecer e elogiar o povo de Santo Antônio do Grama. O povo do Grama possui musicalidade, o povo do Grama gosta muito de música, carnaval, danças. (...) mas então o povo do Grama sempre amou a banda de música.33
Conforme pudemos observar através dos relatos apresentados e do histórico da forma de
expressão, o valor da Corporação Nélson Borges para o município de Santo Antônio do
Grama é inegável e inestimável. A banda sempre esteve presente nos momentos mais
importantes de celebração e socialização local, como foi o caso da Comemoração do
Centenário da Cidade (celebrado em 1950), diversas ocasiões de Celebração do Padroeiro,
eventos cívicos como o sete de setembro, homenagens a personalidades locais, como as
homenagens em honra ao Padre Antônio Ribeiro Pinto, etc. Nos dias atuais, a Corporação
Musical mantém esse padrão de atuação, estando presente nas comemorações civis e
religiosas da cidade, contribuindo para valorizar a cultura e aumentar a autoestima da
comunidade local, que se vê representada através dos acordes da Banda de Música da cidade.
Finalmente, pode-se dizer que mesmo com as devidas ressalvas, as Bandas de Música no
Brasil e em Minas Gerais não perdem seus espaços como manifestações culturais, pois é
nobre o município que mantém uma Banda em seu poder, podendo ter a garantia de que todos
os seus eventos sejam solenemente abertos por estas.
32 José Henrique Domingues. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Abre Campo/MG. 33 José Henrique Domingues. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Abre Campo/MG.
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PLANO DE SALVAGUARDA E VALORIZAÇÃO
A proteção do patrimônio imaterial tem sido alvo de inúmeras discussões no mundo
inteiro, principalmente após 2002, período em que o Brasil, como um dos pioneiros no
assunto, já tinha promulgada sua legislação específica referente a essa categoria de bens
culturais (Decreto 3.551 de 04 de agosto de 2000). Porém, apesar desse pioneirismo, a
salvaguarda dos bens imateriais ainda é uma questão cuja solução ainda está longe de ser
consenso, já que se trata de uma área que envolve diretamente uma interdependência com o
patrimônio material cultural e natural, além das relações humanas e os cotidianos das
comunidades com a tradição.
O reconhecimento de um bem de natureza imaterial como patrimônio cultural, por meio
do Registro, atribui a ele valor representativo da cultura e da identidade de um povo. Ao
chancelar determinada manifestação cultural com esse título, o Conselho do Patrimônio
Cultural, a Prefeitura Municipal e os agentes envolvidos na manifestação assumem tanto a
responsabilidade de acompanhar os possíveis desdobramentos e reflexos desse ato sobre o
bem quanto o compromisso com a sua preservação.
Tal compromisso se traduz na sua divulgação e valorização, e também na
recomendação de ações para sua salvaguarda. Tais recomendações destinam-se a todos que,
direta ou indiretamente, desempenham algum papel na gestão e organização do bem cultural
registrado, inclusive os órgãos municipais que recebem atribuições para recriação da forma de
expressão e outros que podem de alguma maneira, contribuir para a sua continuidade.
A pesquisa desenvolvida para este registro comprovou que a tradição das Bandas de
Música existe há aproximadamente 100 anos em Santo Antônio do Grama. As Bandas de
Música, embora assumissem diversas nomenclaturas com o passar dos anos, representam uma
forma de expressão tradicional que teve como base o gosto pela música, reforçado pela
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comunidade gramense que sustentou essa forma de expressão por todo um século. Diante
dessa constatação, não se pode falar em extinção. Apesar de alguns aspectos da forma de
expressão terem sofrido alterações ao longo dos anos, essas transformações fazem parte do
caráter dinâmico e imaterial da manifestação, que se transformou, recriou-se e atualizou-se,
acompanhando a dinâmica da história. E se não há razão para preocupações com o
desaparecimento da Corporação Musical Nélson Borges, existe, porém, uma série de medidas
que devem ser adotadas para sua preservação.
O século XX foi berço de muitas transformações em todos os aspectos da vida
cotidiana das comunidades, tanto no que diz respeito à vida social como à vida privada dos
indivíduos. Com o avanço do sistema capitalista e da globalização, a massificação cultural foi
sendo disseminada por todo o mundo, chegando também ao interior do Brasil. A invasão da
cultura de massa foi garantida principalmente pela televisão, que foi ficando cada vez mais
popular a partir da segunda metade do século XX. Este fato, juntamente com outros fatores,
causou uma crescente desvalorização de manifestações da cultura popular, fazendo com que
elas ficassem fadadas ao esquecimento e à extinção. Na maioria das cidades do interior, as
manifestações culturais foram ficando mais escassas com o passar dos anos e grande parte da
população jovem migrou para as grandes cidades, o que dificultou, sobremaneira, a
continuidade das tradições culturais. Porém, ao final do século XX e com o advento do século
XXI, iniciaram-se movimentos preservacionistas em prol da cultura regional, quase
esquecida, alertando para a importância de se resgatar as raízes da cultura popular brasileira.
Estes movimentos tocaram o setor público que, em detrimento da cultura massificada,
começou a valorizar as manifestações regionais encontradas no interior do Brasil.
Mesmo com o intenso processo de desvalorização da cultura popular tradicional, a
Corporação Musical Nélson Borges permaneceu ativa na cena cultural do município de Santo
Antônio do Grama. Vale dizer que apesar da crescente massificação cultural e o advento da
internet, os jovens continuam fazendo parte desta forma de expressão.
Contudo, mesmo com toda vitalidade desta forma de expressão, foram verificados
alguns problemas que podem interferir na maneira como a forma de expressão é conduzida e
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no modo como a comunidade local vive, experimenta e se apropria da tradição cultural. Sendo
assim, elencamos abaixo os principais problemas verificados:
1. Problemas relacionados à manutenção das atividades da Corporação Musical
Nélson Borges independentemente de questões relacionadas à política local em
Santo Antônio do Grama;
2. Problemas relacionados à manutenção da forma de expressão: questões ligadas aos
suportes materiais utilizados pela forma de expressão, tais como roupas,
acessórios, instrumentos;
3. Problemas relacionados à inexistência de uma sede fixa, particular e adaptada para
o bom funcionamento das atividades da Corporação Musical Nélson Borges;
4. Problemas relacionados à falta de organização interna da Corporação Musical no
tocante à agenda, catalogação de participantes, de bens, de horários de aulas, de
participação dos músicos, etc;
5. Problemas relacionados à inexistência de um arquivo de documentação da
Corporação Musical Nélson Borges, onde sejam catalogados documentos
históricos, além de arquivados os registros visuais e audiovisuais das
apresentações da forma de expressão nos dias atuais;
6. Problemas relacionados à adoção de iniciativas para promover a divulgação e a
valorização da Corporação Musical entre a comunidade gramense;
7. Problemas relacionados à falta de retorno/incentivo para a participação dos
músicos na Corporação Musical Nélson Borges.
Apesar de terem sido detectados esses problemas ao longo da realização dessa pesquisa
existem ações que podem contribuir para a salvaguarda da Corporação Musical Nélson
Borges, garantindo sua fruição para as gerações futuras e afirmando a identidade cultural do
município. A seguir, listaremos novamente os problemas detectados de forma mais
explicativa, juntamente com as ações propostas e suas justificativas para a salvaguarda da
forma de expressão:
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1. Durante a pesquisa histórica da Corporação Musical Nélson Borges, foi verificado que a
forma de expressão foi sustentada pela Paróquia de Santo Antônio, desde sua criação até o
início da década de 1960. Após esse período, o principal responsável pela manutenção da
Corporação Musical no sentido do financiamento das atividades passou a ser o poder público
municipal. A partir de então foi constatado que a Banda ficou inativa durante alguns períodos
e que a motivação dessa inatividade teria sido a falta de interesse do poder público em manter
o funcionamento da mesma. Faz-se necessário, nesse sentido, o empreendimento de um
trabalho de conscientização da administração para que os futuros gestores municipais tenham
em mente o compromisso assumido com o Registro da Corporação Musical Nélson Borges e
possam continuar contribuindo para a manutenção de suas atividades. É pouco provável que
os músicos e a própria comunidade gramense deixem essa tradição morrer, pois ao longo de
quase um século a tradição se mantém firme e sustentada pelo amor que a comunidade local
devota à música. Porém, com o financiamento e a gestão da Prefeitura a Corporação Musical
pode melhor se estruturar para trabalhar de forma efetiva na continuidade e permanência da
forma de expressão.
2. A Salvaguarda da Corporação Musical Nélson Borges também depende da manutenção,
traduzida pelo financiamento, de atividades e suportes que são essenciais para a recriação da
forma de expressão. Os relatos dos representantes da manifestação foram enfáticos sobre as
necessidades na confecção de uniformes, compra ou manutenção de instrumentos, viagens
para apresentações em outras cidades, transporte, alimentação para os músicos, dentre outras
atividades. A Prefeitura nos últimos anos contribuiu de forma fundamental para a manutenção
da Corporação Musical, fornecendo instrumentos, uniformes e financiando as viagens para
apresentações em outras cidades, além de manter o pagamento do salário do regente. Porém,
medidas devem ser tomadas no sentido de manter essa contribuição ou até mesmo
incrementá-la. Por este bem registrado, o município irá receber divisas que podem e devem
ser repassadas para que a manifestação mantenha a sua recriação. Nesse sentido, é
extremamente necessário que o poder público contribua efetivamente com as despesas de
transporte, alimentação, além de outros gastos associados aos uniformes, troca e manutenção
de instrumentos etc. Devem ser organizadas, também, atividades de análise e vistoria dos bens
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e instrumentos da Banda, para analisar se estão precisando de reparos, ou algum tipo de
restauração. Esta ação garantirá a manutenção e conservação dos equipamentos, que
proporcionam a manifestação da perfeita forma de expressão da Banda, ou seja, a boa música.
Uma importante ação de manutenção da forma de expressão que está ligada não ao poder
público, mas aos próprios músicos, é a questão do comportamento destes em relação aos
suportes materiais de expressão da Corporação Musical, ou seja, da relação dos músicos com
os instrumentos, uniformes e demais suportes materiais. Durante a observação realizada para
este trabalho, verificou-se, em um dos ensaios da Corporação Musical, que alguns
alunos/músicos estavam adotando um comportamento prejudicial à conservação dos
instrumentos e demais suportes materiais. Foi verificado que alguns alunos estavam apoiando
os pés nas estantes das partituras, oferecendo um sobrepeso prejudicial ao equipamento. Foi
citado também pelo Maestro que um problema recorrente é o uso de “chicletes” enquanto
utilizam os instrumentos, o que danifica o objeto. Deve ser realizado um trabalho de
sensibilização com os alunos e músicos da Corporação Musical para que estes aprendam a
fazer o uso consciente dos instrumentos, para que, consequentemente, os gastos com
manutenção dos mesmos sejam minimizados. O mesmo comportamento deve ser observado
para outros materiais, como uniformes e partituras. É importante mencionar que o poder
público arca com a aquisição e manutenção dos instrumentos e demais materiais, estando
estes objetos apenas emprestados aos músicos. Deve-se então salientar a responsabilidade da
conservação de um bem público que deve ser usado em benefício da comunidade. O próprio
regente da Banda pode ministrar cursos de capacitação e conscientização sobre a melhor
forma de manusear e ensiná-los a conservar os instrumentos utilizados pela Banda.
3. Outra questão fundamental para a Salvaguarda do bem está relacionada a não existência
de uma sede própria para a Corporação Musical Nélson Borges. É muito importante salientar
a necessidade da existência de uma Sede para a Corporação Musical, equipada de forma a
atender as necessidades do bom funcionamento desta. A sede poderá ser utilizada para vários
fins, como para local de guarda dos instrumentos e demais materiais, local de ensaios e aulas
de música, espaço para confraternização entre os membros da Corporação, local para
recebimento de visitantes e acolhimento de Bandas de outras localidades, etc. Um exemplo
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prático de como a existência de uma sede própria facilitaria a manutenção da forma de
expressão é o fato de que, atualmente, a Banda se reúne na sede de um clube que se localiza
ao lado da Câmara Municipal. De acordo com o depoimento do atual Maestro, às terças-
feiras, dia de reunião na Câmara Municipal, a Corporação Musical não pode se reunir para ter
ensaios ou aulas, já que o barulho provocado pela manipulação dos instrumentos causa
incômodo às reuniões dos vereadores locais. Isso causa dificuldades e certo constrangimento,
pois utilizando espaços cedidos para aulas e ensaios, os músicos acabam ficando presos aos
horários em que esses espaços estão disponíveis, que muitas vezes coincidem com o horário
de trabalho dos mesmos. Sendo assim, a Corporação Musical não têm liberdade para reunir-se
em momentos convenientes para a participação da maioria de seus membros. Salienta-se
também que a sede para a Corporação Musical Nélson Borges será um elemento organizador,
do ponto de vista prático, das atividades da mesma. Quando a sede definitiva da Corporação
Musical Nélson Borges for preparada, deve ser realizado um minucioso levantamento de
todos os bens e equipamentos necessários para a sede da Banda, para que esta possa ter um
bom ambiente de trabalho quando for se instalar na sua nova sede. Itens como materiais de
escritório, impressora, telefone, bebedouros, sanitários, materiais para as aulas, cadeiras,
estantes para partituras, itens de segurança como equipamentos de prevenção e combate a
incêndios, armários, dentre outros, devem ser considerados como prioritários. O Conselho
Municipal do Patrimônio Cultural deve fiscalizar essa atividade e cobrar a sua realização da
por parte do poder público municipal.
4. No tocante a organização, retomando o raciocínio apresentado anteriormente, um espaço
próprio viabilizaria a organização das atividades da Banda. A sede também viabilizaria a
existência de uma secretaria própria, que serviria de centro de convergência para todas as
atividades e informações úteis às atividades da Corporação Musical Nélson Borges, sempre
tendo em vista que facilitar o trabalho da Banda é manter viva a tradição no município. A
organização traduz-se também em manter uma agenda de apresentações, de horários de aulas,
um catálogo com os dados dos músicos atuais e antigos, etc, enfim, a documentação,
organização e sistematização das atividades práticas da banda. A organização do calendário
de apresentações da banda de acordo com o calendário de eventos da cidade teria por objetivo
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priorizar as apresentações da Banda nos eventos em Santo Antônio do Grama, pois caso não
haja uma organização desse calendário, pode acontecer da banda se comprometer em um
evento fora do município e deixar de se apresentar dentro da sua própria cidade. A
organização dos documentos pertinentes à Corporação Musical Nélson Borges, tais como
Leis, Regimento Interno, fotografias, partituras, relação dos nomes dos alunos e ex-alunos,
dentre outros, facilitaria também o acesso da população aos mesmos;
5. O Dossiê de Registro é o primeiro passo para se documentar a memória da Corporação
Musical Nélson Borges de Santo Antônio do Grama. Daqui em diante, o registro histórico e
toda a documentação da Banda precisam ser tomados como uma das prioridades para que a
salvaguarda do bem seja eficaz e baseada no sentido da tradição. Muitas lacunas e
dificuldades encontradas para a realização da pesquisa do Dossiê de Registro são devidas à
falta do hábito de se registrar os principais acontecimentos da manifestação cultural desde os
seus primeiros momentos. Nesse sentido, houve omissão tanto da Prefeitura Municipal quanto
dos responsáveis pela Corporação Musical ao longo de sua história. A maioria das
informações levantadas baseia-se tradição oral dos músicos da cidade, especialmente daqueles
mais idosos. Porém, muito se perdeu com a morte de alguns deles. Apesar disso, verificou-se
que várias pessoas da comunidade local, pelo grande envolvimento da comunidade com a
Corporação Musical ao longo de sua história, detêm documentos, partituras e fotografias da
forma de expressão, faltando, portanto, um trabalho de conscientização da importância desse
acervo e ações para que ele seja identificado, catalogado e arquivado, para que sirva de
memória histórica da Corporação. Deverá ser mobilizada uma busca, com a população local,
de documentos, fotografias, filmagens (registros audiovisuais), dentre outros materiais
relacionados para que o acervo documental da banda seja organizado com a maior riqueza de
detalhes, possibilitando a preservação do mesmo e a catalogação dos anos de história da
Corporação Musical. Deve-se também organizar as partituras da Corporação, pois não estão
arquivadas de forma adequada. No sentido de documentar e facilitar o acesso ao patrimônio
imaterial, conforme recomenda a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial da UNESCO 34, é necessário dar continuidade ao registro audiovisual das
34 Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage. Paris, 17 october 2003.
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apresentações da Corporação Musical Nélson Borges, além de e incentivar outras formas de
documentação e registro da manifestação. Além disso, próprios músicos devem ser
incentivados a manter um registro de todas as suas atividades. Em acréscimo, sugere-se que
sejam criadas formas de registrar todas as atividades da Banda, como a elaboração de atas,
livro de registro de atividades, organização de uma agenda, para que a memória das ações e
decisões relacionadas à Corporação Musical seja registrada. A ideia de manter uma secretaria
própria poderia contribuir significativamente para esse processo;
6. No sentido de contribuir para a promoção, difusão e valorização Corporação Musical
Nélson Borges, sublinha-se que existe uma tradição da Banda, que é sempre atender ao
convite para apresentações em cidades vizinhas. Seria motivo de constrangimentos para a
Corporação não atender a um convite de uma Banda que compareceu à festa realizada em
Santo Antônio do Grama. A ida da Banda para outras cidades em ônibus próprio ou da
Prefeitura Municipal, por exemplo, mostraria o quanto o poder público municipal valoriza as
manifestações de cultura popular existentes em sua cidade. Além disso, a visita a outro
município é uma oportunidade para reafirmar a identidade do grupo, da manifestação cultural
e do próprio município. Nesse ponto, deve ser salientada uma ação positiva que vem sendo
adotada pelas últimas administrações em exercício, inclusive a atual. A Banda de Santo
Antônio do Grama atende sempre que possível aos convites recebidos para atuar em outras
localidades, pois a Prefeitura sempre disponibiliza o transporte necessário. É importante
ressaltar a importância dessa ação e reforçá-la como um meio de salvaguarda da forma de
expressão para que ela não deixe de ser realizada. Visando também a divulgação e valorização
da forma de expressão, devido à natureza histórica e cultural da Corporação Musical Nélson
Borges em Santo Antônio do Grama, seria interessante a produção de uma cartilha educativa
contendo a história da forma de expressão no município e realçando a importância de
preservá-la. O material pode conter informações sobre os seus integrantes, antigos maestros,
os momentos mais marcantes de sua história, os “causos” que ela suscitou na comunidade, as
histórias dos casais e das famílias que nasceram através da socialização permitida pela banda,
as mudanças e permanências ocorridas na manifestação ao longo dos anos etc. Esta
publicação poderia conter depoimentos dos integrantes mais antigos e também dos mais
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jovens; fotos de apresentações e de antigos integrantes; seus principais momentos; as histórias
das músicas que marcaram a comunidade, entre outros vários assuntos importantes. Além do
caráter informativo que essa publicação viria a possuir, destaca-se também a função
documental, já que não existe no município nenhum estudo dessa natureza anterior a
produção desse dossiê de registro. Sublinha-se que o conteúdo da cartilha deverá ser discutido
previamente com os representantes da Corporação Musical Nélson Borges e a comunidade,
priorizando-se aquilo que eles considerarem mais adequado para constar na publicação. A
reunião de fotos, depoimentos, “causos”, entre outros, deve ser também feita junta à
população. Esta ação certamente valorizaria e atentaria para a importância histórica, social e
cultural da banda de música em Santo Antônio do Grama. E, para além disso, a produção
desta cartilha deixaria orgulhosa a população da cidade, aguçando o interesse dos jovens em
participar da Corporação Musical e conhecer mais afundo suas atividades. Dando
continuidade às ações de divulgação e valorização, para que todas as ações elencadas acima
sejam possíveis, é necessário que antes seja feito um longo trabalho de Educação Patrimonial,
enfatizando a importância deste rico patrimônio imaterial de modo a promover, estimular e
garantir condições adequadas para a permanência e a vitalidade da Corporação Musical
Nélson Borges. Isto permitirá que a população se identifique com a manifestação cultural em
foco e, consequentemente, orgulhe-se de tê-la na cidade. Estas ações devem ser conjuntas
com as escolas locais para que a população mais jovem tenha contato com parte da história de
sua cidade, da qual a Corporação Musical faz parte. Importante também se faz a realização de
periódica divulgação das atividades da Banda entre a comunidade local, bem como o
planejamento de atividades que visem à promoção, divulgação e transmissão dos locais,
horários e datas das possíveis apresentações da banda, bem como faça matérias periódicas
com o Maestro, ex-alunos e com os atuais alunos, no sentido de incentivar e perpetuar a
manifestação na esfera municipal, bem como colher depoimentos com a população local sobre
a representatividade histórico-cultural da mesma para Santo Antônio do Grama.
7. Através das pesquisas e entrevistas realizadas, verificou-se também que existe atualmente
uma demanda entre os músicos, que é a necessidade de um retorno financeiro ou incentivo
para que estes permaneçam em atividade na Corporação Musical, além daquele já
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representado pelo ensino gratuito da música. A Corporação Musical Nélson Borges, de acordo
com sua Lei de Criação, “não tem fins lucrativos em suas aulas, atividades e demonstrações,
constituindo-se em trabalho social e cultural de Santo Antônio do Grama” 35. Além disso, a
mesma lei determina que “é vedada a cobrança, pela Corporação Musical Nélson Borges, por
suas apresentações no interior ou fora do município, de qualquer remuneração (...)” 36. Sendo
assim, não é permitido o pagamento de salários ou contribuições financeiras, por parte do
poder público de Santo Antônio do Grama aos músicos da Banda. Porém, recomenda-se que
os responsáveis pela Banda estudem uma maneira apropriada para recompensar os jovens por
sua dedicação à Banda, que perpasse o ensino gratuito de música. Uma sugestão seria a
realização de momentos de confraternização entre os membros da Banda e suas famílias, para
que estes se sentissem motivados a continuar com o trabalho prestado.
Finalizando, para que este programa de Salvaguarda funcione, será necessária uma
avaliação periódica das ações propostas, verificando-se os reflexos positivos e negativos.
Embora essa seja uma questão que não se limita apenas ao patrimônio imaterial, mas ao
patrimônio cultural de forma geral, o caráter dinâmico das manifestações vivas torna essa
preocupação ainda mais latente. O momento da avaliação também se configurará como uma
oportunidade para que novas ações sejam propostas de acordo com as necessidades do
momento.
35 Art. 7° da Lei n° 385, de 23 de fevereiro de 2009. 36 Art.3° § 1° da Lei n° 385, de 23 de fevereiro de 2009.
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CRONOGRAMA DAS MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO E SALVAGUARDA
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INVENTÁRIO
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ANEXO I – DOCUMENTOS LEGAIS
· Cópia da proposta de registro dirigida ao Conselho Municipal.
· Cópia da ata de reunião do Conselho Municipal autorizando a instauração do processo.
· Cópia do parecer do Setor.
· Ata do Conselho com avaliação do estudo prévio e decisão FINAL.
· Cópia da divulgação que dê possibilidade de manifestação quanto ao registro.
· Cópia de eventuais manifestações (se houver).
· Decreto homologação do Registro
· Cópia termo de abertura do respectivo Livro de Registro
· Cópia da inscrição do bem no livro de registro.
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ANEXO II – DOCUMENTOS DIVERSOS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 1989.
BINDER, Fernando Pereira. Bandas militares no Brasil: difusão e organização entre 1808-
1889. 2006. 132 f. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Estadual Paulista, São
Paulo, 2006.
Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage. Paris, 17 october 2003.
COSTA, Manuela Areias. Música e História: um estudo sobre as bandas de música civis e
suas apropriações Militares. Tempos Históricos, volume 15, 1º semestre de 2011. p. 240-260.
DOMINGUES, José Henrique. Memória Histórica de Santo Antônio do Grama. Segunda
Edição, Editora Folha de Viçosa. Santo Antônio do Grama, MG, 1997.
Diretrizes para a proteção do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG.
GRANJA, Maria de Fátima. A banda: Som e Magia. Dissertação (Mestrado em Sistema de
Comunicação) – Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1984.
Inventário nacional de referências culturais: manual de aplicação. Apresentação de Célia
Maria Corsino. Introdução de Antônio Augusto Arantes Neto. – Brasília: Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTONIO DO GRAMA. Plano de Inventário do
Município de Santo Antônio do Grama. Santo Antônio do Grama, 2006.
SALLES, Vicente. Sociedade de Euterpe: as bandas de música no Grão-Pará. Brasília:
Edição do Autor, 1985.
TINHORÃO, José Ramos. Música popular de índios, negros e mestiços. Petrópolis: Vozes,
1972.
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TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Editora
34, 1998.
Fontes orais:
· Ageu Maria Quintilhano. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Ponte
Nova/MG.
· Antônio Francisco Zacarias. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo
Antônio do Grama/MG.
· Aparecida Maria de Souza Salgado. Entrevista concedida em: 23 de julho de 2013 em
Santo Antônio do Grama/MG.
· Elias da Silva Vitorino. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Santo
Antônio do Grama/MG.
· Geraldo Luzia de Carvalho. Entrevista concedida em: 24 de julho de 2013 em Santo
Antônio do Grama/MG.
· Jesus Gomes Pereira. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo Antônio
do Grama/MG.
· João Pereira de Oliveira. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Santo
Antônio do Grama/MG.
· José Henrique Domingues. Entrevista concedida em: 22 de julho de 2013 em Abre
Campo/MG.
Documentos:
Acervo da Prefeitura de Santo Antônio do Grama/MG.
Acervo do Setor de Cultura da Prefeitura de Santo Antônio do Grama/MG.
Acervo pessoal de João Tavares Rabello, Santo Antônio do Grama/MG.
Acervo de Aparecida Maria de Souza Salgado, Santo Antônio do Grama/MG.
Acervo do Sr. Geraldo Luzia de Carvalho, Santo Antônio do Grama/MG.
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Acervo do Sr. José Henrique Domingues, Santo Antônio do Grama/MG.
Cartório do Registro Civil de Santo Antônio do Grama/MG;
Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas de
Alvinópolis/MG.
DIAS, José Fausto de Oliveira. 13 de maio. O Democrata, Santo Antônio do Grama.
PARÓQUIA DE SANTO ANTÔNIO. 1º Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio.
Sites:
· “História das Bandas de Música”, de Nestor Sant’Anna e Guiomar Murta. Disponível
em: <http://www.bandasdeminas.com.br/historia-das-bandas-de-musica-de-minas/>.
Acesso em outubro de 2013.
· Gramenses Homenageiam o Padre Antônio Ribeiro Pinto. Disponível em:
<http://www.santoantoniodograma.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=
article&id=379:gramenses-homenageiam-padre-antonio-ribeiro-
pinto&catid=7:noticias&Itemid=93>. Acesso em 26 de setembro de 2013.
· IEPHA/MG informa: pra ver a banda passar... Disponível em:
<http://www.iepha.mg.gov.br/banco-de-noticias/1105-iephamg-informa-pra-ver-a-
banda-passar>. acesso em outubro de 2013.
· www.ibge.gov.br
· www.almg.gov.br
· www.santoantoniodograma.mg.gov.br
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FICHA TÉCNICA
Equipe responsável pela realização do dossiê de registro: ARO Arquitetos Associados Ltda
CAU MG 26.721-0 CNPJ 04.544.819/0001-70
Inscrição Municipal 167.155.001-0 Av. Portugal, 2.085/loja 14, Pampulha, Belo Horizonte - MG, CEP 31.555-000
TeleFax (31) 3491.1118/9157.9071 e-mail [email protected]
Levantamento e elaboração
Sara Glória Aredes Moreira Historiadora / Mestre em Ciências Sociais
RG MG-12.502.882
Colaboração/Agradecimentos Equipe Técnica da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Santo Antônio do Grama Assessor de Cultura da Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Grama -
Marcílio Oliveira Medeiros Apoio
Ariádne Mendes Estagiária RG. M-9.243.721 Viviane Braga Arquiteta Urbanista CAU-MG 41.893-5
Orientação e revisão Andrea Zerbetto Arquiteta Urbanista CAU-MG 26.721-0
Coordenação Geral Rodrigo Torres Arquiteto Urbanista CAU-MG 30.408-5
Belo Horizonte 31, de outubro de 2013.
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______________________________________________
Valéria Gomes Palardo
Responsável pelo Setor de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Santo Antônio do Grama
______________________________________________
Vilma Auxiliadora Frade dos Reis
Presidente do Conselho de Patrimônio Cultural de Santo Antônio do Grama
______________________________________________
Sara Glória Aredes Moreira
Historiadora / Mestre em Ciências Sociais – RG 12.502.882
Responsável pelo levantamento e a elaboração
__________________________________________
Andréa Zerbetto
Arquiteta Urbanista – CAU-MG 26.721-0
Responsável pela orientação e a revisão geral