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1849 Autuação de uma razões e traslados de um processo criminal em que são partes a Justiça autora e réus Manoel Francisco Armandes e José Benguela, aquele por si e este por seu Senhor Francisco Ferreira Armandes, os quais vou atuar para seguir seus devidos termos, e tudo é como abaixo melhor se declara. Autos Crimes de recurso entre partes: Manoel Francisco Armandes, aquele por si e este por seu escravo Jose Benguela, presos na cadeia desta Vila – Presos recorrentes. A justiça como authora O escrivão: Terra AUTUAÇÃO. Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quarenta e nove, vigésimo oitavo da Independência do Império Constitucional do Brasil, nesta Vila de Piumhi, Comarca do Rio Grande, Província de Minas Gerais, em o Cartório de mim Tabelião ao diante nomeado e assinado, sendo ali aos trinta e um dias do mês de março do dito ano, por parte dos réus recorrentes, Manoel Francisco Armandes e José Benguela, aquele por si, e este por seu Senhor Francisco Ferreira Armandes me foi entregue umas razões de recurso crime em que mostram nelas recorrerem da sentença crime contra eles proferida por este Juízo, para o Juiz de Direito desta Comarca, acompanhada, as ditas razões, do traslado do processo crime contra os mesmos instaurados, pedindo-me, requerendo-me tudo lhes aceitar para o fim de ser autuado e correr seus devidos e competentes termos, o que eu Tabelião tudo lhes aceitei como sou obrigado mormente pela obrigação de meu ofício de que trato isso na forma que o diz este presente, autuou e autuado tenho as referidas razões e traslados para poder seguir seu devido feito, e a todo tempo constar de que faço a presente autuação de ditas peças, que tudo dei por autuado na forma requerida e tudo é o que adiante segue. Do que para que conste faço a presente atuação. Eu Joaquim Inácio Terra, Tabelião Público do Judicial, de Notas e execuções e mais anexas do Segundo Ofício desta Vila e seu Termo que o escrevi e assino: Joaquim Inácio Terra. Manoel Ferreira Armandes, por si, e Francisco Ferreira Armandes, por seu escravo José de Nação Benguela, fundados na salutar disposição da Lei de 3 de dezembro de 1841, recursão para VSª da injusta pronuncia proferida contra os recorrentes pelo 1º subdelegado do Juiz Municipal deste Termo em Sumário que procedeu pelas mortes por envenenamento perpetrada na família de Floriano Antônio da Silva no dia 18 de fevereiro, próximo passado, como passa a expor com o acatamento e respeito possível. MM. injusta a pronuncia por ser fundada na prova de presunção, a qual não pode prevalecer sem ferir a genérica disposição do art. 36 do Código Penal, pois oito foram as testemunhas do

Processo Envenenamento 1849 Word (1)

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Transcrição de processo ocorrido em piumhi em 1849.

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  • 1849

    Autuao de uma razes e traslados de um processo criminal em que so partes a Justia

    autora e rus Manoel Francisco Armandes e Jos Benguela, aquele por si e este por seu Senhor

    Francisco Ferreira Armandes, os quais vou atuar para seguir seus devidos termos, e tudo

    como abaixo melhor se declara.

    Autos Crimes de recurso entre partes:

    Manoel Francisco Armandes, aquele por si e este por seu escravo Jose Benguela, presos na

    cadeia desta Vila Presos recorrentes.

    A justia como authora

    O escrivo: Terra

    AUTUAO. Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quarenta e

    nove, vigsimo oitavo da Independncia do Imprio Constitucional do Brasil, nesta Vila de

    Piumhi, Comarca do Rio Grande, Provncia de Minas Gerais, em o Cartrio de mim Tabelio ao

    diante nomeado e assinado, sendo ali aos trinta e um dias do ms de maro do dito ano, por

    parte dos rus recorrentes, Manoel Francisco Armandes e Jos Benguela, aquele por si, e este

    por seu Senhor Francisco Ferreira Armandes me foi entregue umas razes de recurso crime em

    que mostram nelas recorrerem da sentena crime contra eles proferida por este Juzo, para o

    Juiz de Direito desta Comarca, acompanhada, as ditas razes, do traslado do processo crime

    contra os mesmos instaurados, pedindo-me, requerendo-me tudo lhes aceitar para o fim de

    ser autuado e correr seus devidos e competentes termos, o que eu Tabelio tudo lhes aceitei

    como sou obrigado mormente pela obrigao de meu ofcio de que trato isso na forma que o

    diz este presente, autuou e autuado tenho as referidas razes e traslados para poder seguir

    seu devido feito, e a todo tempo constar de que fao a presente autuao de ditas peas, que

    tudo dei por autuado na forma requerida e tudo o que adiante segue. Do que para que

    conste fao a presente atuao. Eu Joaquim Incio Terra, Tabelio Pblico do Judicial, de Notas

    e execues e mais anexas do Segundo Ofcio desta Vila e seu Termo que o escrevi e assino:

    Joaquim Incio Terra.

    Manoel Ferreira Armandes, por si, e Francisco Ferreira Armandes, por seu escravo Jos de

    Nao Benguela, fundados na salutar disposio da Lei de 3 de dezembro de 1841, recurso

    para VS da injusta pronuncia proferida contra os recorrentes pelo 1 subdelegado do Juiz

    Municipal deste Termo em Sumrio que procedeu pelas mortes por envenenamento

    perpetrada na famlia de Floriano Antnio da Silva no dia 18 de fevereiro, prximo passado,

    como passa a expor com o acatamento e respeito possvel.

    MM. injusta a pronuncia por ser fundada na prova de presuno, a qual no pode prevalecer

    sem ferir a genrica disposio do art. 36 do Cdigo Penal, pois oito foram as testemunhas do

  • processo, entre elas formaram um enredo de ouvir uns dos outros que reunindo os ditos e

    explorando sua origem e, mas no do boato espalhado pela 7 e 12 testemunha, sendo a

    primeira informante, todas as mais testemunhas pelos seus depoimentos convencem ainda

    mesmo aos que as no conhecem do exaltado grau de fanatismo que as dominam, pois elas

    so convencidas da existncia de feiticeiros, como que haja um outro ente invisvel e por

    consequncia crdito algum podem de seus depoimentos e por serem dominados da

    ignorncia a exagerao de seus ditos nada deixam a desejar, pois elas divugam a m vontade

    que notam os recorrentes depondo ora malefcios, ao mesmo tempo a compra do veneno na

    Vila da Formiga e a prova ou experincia deles aplicada a testemunha informante Prudncio

    Crioulo sem que houvesse motivos ou antecedente de inimizade.

    Aplicao de um pratinho de fumo dissolvido em gua dado a beber para ir contra, o que nem

    um elefante resistiria, convence que no pode os seus juramentos ter o devido crdito.

    Os olhos ainda ao menos perspicazes alcanam a impossibilidade de serem os recorrentes

    autores de to atroz delito, pois o fato de ter o primeiro recorrente perto de sessenta anos de

    idade sem ter em toda a carreira de sua mocidade esta mancha e de ser irmo Germano da

    assassinada e tio dos filhos da mesma, tambm mortos pelo mesmo envenenamento, so

    outros tantos documentos que comprovam a impossibilidade de ser autor ou cumplice de um

    tal delito.

    A regular-se pela presuno de serem as vtimas envenenadas pelos recorrentes, no outra

    mais forte existe a favor dos mesmos, que ningum ignora que se os recorrentes tivessem a

    desdita de intentarem assassinato ao inimigo Floriano em ocasies outras que a de ora disso

    realizassem sem ser com sacrifcio de toda a famlia a qual lhe corre pelas veias .

    MM. inegvel que a famlia de Floriano Antnio da Silva pereceu envenenada, mas tambm

    inegvel que os recorrentes no foram aplicar veneno nem deram a outrem que isso o ferisse,

    pois os mesmo chefe da famlia isso o declara e querendo se fazer um juzo que fosse dado

    veneno a algum escravo para o aplicar na comida ou angu como diz uma das testemunhas,

    este no comeria e por conseguinte resta-nos algum escravo para que dele se suspeitar de ser

    o praticante do delito, o que no aconteceu por que todos tiveram a mesma sorte.

    Quem duvidara que na colheita com que fizeram a comida fosse entre elas uma outra erva

    venenosa, por negros, que nos matos a onde residiam as vitimas no se pode ter criaes de

    gado e carneiros pelo motivo de morrerem de erva, a qual vegeta em todo lugar neste Pas, e

    por consequncia no impossvel que existisse alguma perto, entre as couves ou outra planta

    de que se servissem em aquele dia.

    Quem contestara que no paiol ou moinho de onde veio o fub do qual se fez o angu estivesse

    misturado alguma partcula de erva de ratos, mesmo posta de propsito para extino dessa

    praga que tanto flagelam os lavradores, e ainda na folha desta tivesse modo um outro inseto

    venenoso que milhares deste h que difcil enumer-los.

    O Juiz a que executando o seu nobre e elevado ofcio fez todas as diligncias para descobrir os

    delinquentes ou delinquente afim de serem punidos com severidade to nefando delito no

    pode colher outra a prova dessa a que fica relatada, escrupuloso pelo assombro extraordinrio

  • desse atentado pronunciou-se os recorrentes como autores de semelhante delito. Ora

    convencidos de sua inocncia recorrem ao Ilustrado Juiz de Direito desta Comarca o qual

    pesando as provas, dando a elas o merecimento de presuno das testemunhas do Sumrio e

    as suas inconsistncias convenceram o seu Paternal Corao que quando maior a figura do

    delito mais plena devem ser a prova que convena o delinquente, lanando com essas

    reflexes suas benficas vistas no citado art. 36 do Cdigo Penal, dando provimento aos

    recorrentes, que nisso faz a Justia.

    Manoel Ferreira Armandes

    Francisco Ferreira Armandes

    Petio de recurso: Manoel Francisco Armandes e Jos Benguela, aquele por si, e este por seu

    Senhor Francisco Ferreira Armandes, fundados na salutar disposio da Lei de 3 de Dezembro

    de 1841, recurso para V. S. da injusta pronuncia proferida contra os recorrentes pelo 1

    Substituto do Juiz Municipal deste Termo em Sumario que procedeu pelas mortes por

    envenenamento efetuada na famlia de Floriano Antnio da Silva no dia 18 de fevereiro

    prximo passado, como passa a expor com o acatamento e respeito possvel.

    Sim, MM. injusta a pronuncia por ser fundada na prova de presuno a qual no pode

    prevalecer sem ferir a genrica disposio do art. 36 do Cdigo Penal, pois oito foram as

    testemunhas do processo entre elas formaro um enredo de ouvir , umas das outras que

    reunindo ditos, e explorando sua origem, e no do boato espalhado pela 1 e 12

    testemunhas, sendo a primeira informante, todas as mais testemunhas pelos seus

    depoimentos convencem ainda mesmo aos que as no conhecem do exaltado grau de

    fanatismo que as dominam pois elas so convencidas da existncia de feitiarias como que

    haja um outro ente invisvel, e por consequncia crdito algum podem merecer seus

    depoimentos por serem dominados de ignorncia, exagerao de seu ditos nada deixam a

    desejar , pois elas divulgam a m vontade que notam os recorrentes de pronto, ora malefcios

    e ao mesmo tempo a compra de veneno na Vila da Formiga ou experincia deles aplicada a

    testemunha informante, por demais crioulo , sem que houvesse motivos ou antecedentes de

    inimizade. Aplicao de um palmo de fumo dissolvido em gua e dado a beber para ser de

    contra, o que nem um elefante resistiria, convence que no podem os seus juramentos ter o

    devido crdito. Os olhos ainda os menos perspicazes alcanam a impossibilidade de serem os

    recorrentes autores de to atroz delito, pois o fato de ter o primeiro recorrente perto de 60

    anos de idade sem ter em toda a carreira de sua mocidade esta mancha, e de ser irmo

    Germano da assassinada e tio dos filhos da mesma, tambm mortos pelo mesmo

    envenenamentos, so outros tantos documentos que comprovam a impossibilidade de ser

    autor ou cmplice de um tal delito. A regular pela presuno de serem as vitimas

    envenenadas pelos recorrentes, outra mais forte existe a favor dos mesmos, qual , e que

    ningum ignora, que se os recorrentes tivessem a desdita de intentarem o assassinato ao

    inimigo Floriano, buscariam outra que a ora realizaram sem ser com o sacrifcio de toda a

    famlia a qual lhe corre pelas veias.

  • MM inegvel que a famlia do infeliz Floriano Antnio da Silva perecesse envenenada, mas

    tambm inegvel que os recorrentes no foram aplicar veneno nem deram a outra para que

    isso fizesse, pois o mesmo chefe da famlia o declara e querendo fazer se fazer um juzo que

    fosse dado veneno a algum escravo para aplicar na comida ou angu como diz uma das

    testemunhas este no comeria e por conseguinte restaria algum escravo para que dele se

    suspeitasse ser o autor do delito o que no aconteceu, porque todos tiveram a mesma sorte,

    quem duvidava que na colheita das ervas com que fizeram a comida fosse entre elas uma

    outra erva venenosa de uns musgos, a que nos matos a onde residiam as vitimas no podem

    ter criaes de gado e carneiros pelo motivo de morrerem de erva a qual vegeta em todo lugar

    neste pais, e por consequncia no impossvel que existisse algum p dela entre as couves

    ou outra planta de que se servissem em aquele dia.

    Quem contestara que no paiol ou moinho de onde veio o fub do qual se fez o angu estivesse

    misturado alguma partcula de erva de ratos, mesmo posta para extino dessa praga que

    tanto flagelam os lavradores, ou ainda na falta desta tivesse modo um outro inseto venenoso

    que milhares destes h que difcil enumera-los.

    O juiz a que exercendo seu nobre e elevado oficio fez todas as pesquisas e diligencias para

    descobrir os delinquentes ou delinquente a fim de serem punidos com severidade por to

    nefando delito, e no pode colher outra por ora, se no a que fica relatada escrupuloso pelo

    assombro extraordinrio desse processo ou atentado, pronunciaram-se os recorrentes como

    autores de seu delito, ora convencido de suas inocncias recorrem ao Ilustrado Juiz de Direito

    desta Comarca a qual pesando as provas, dando a elas o merecimento de presunes das

    testemunhas do sumrio nas suas inconvenincias convencero os seu paternal corao que

    quanto maior a figura do delito mais plena h de ser a prova que convena o delinquente,

    lanando com essas reflexo suas benficas vistas ao citado art. 36 do Cdigo Penal, dando

    provimento aos recorrentes, que nisso faz a justia.

    Manoel Ferreira Armandes

    Francisco Ferreira Armandes (crioulo Jose Benguela)

    Fiel cpia ou traslados de recurso criminal dos rus, pessoas (ou presos) recorrentes Manoel

    Francisco Armandes e Jose Benguela este por seu senhor Francisco Ferreira Armandes, cujos

    recorreram da sentena criminal contra eles proferida pelo Juzo Municipal desta Villa para o

    Miritissimo Doutor Juiz de Direito desta Comarca como melhor se v da petio de recurso,

    despachos, informao e termo de dito recurso que tudo se acha no respectivo

    processo crime folhas cinquenta e oito e verso, cuja petio e despachos, informao e

    termo, termo de remessa e traslados das peas pedidas em dita petio dos recorrentes, seu

    teor e forma da maneira seguinte:

    PETIO DE RECURSO f. 58 Ilustrssimo Senhor primeiro substituto do Juiz Municipal: dizem

    Manoel Francisco Armandes e Francisco Ferreira Armandes, presos na cadeia desta a saber, o

    primeiro suplicante por si e o segundo por seu escravo Jose Benguela, presos e pronunciados

  • pelas mortes perpetradas em casa de Floriano Antnio da Silva e como esteja sustentada a

    pronuncia contra os suplicantes com a devida vnia, recorrem da mesma sustentao para o

    Senhor Doutro Juiz de Direito da Comarca, requer que informando o respectivo escrivo

    destas, dentro dos dias da Lei, se tome por Termo o recurso nos autos e sede traslados do

    auto de corpo de delito, interrogatrios, depoimentos das testemunhas e informantes,

    pronuncia, sendo dado o referido traslado marcado pela Lei. = Pede a Vossa Senhoria mandar

    que o escrivo informe o dia da intimao da referida pronuncia sustentada, estando dentro

    dos dias da Lei, se tome por Termo o seu recurso: Manoel Ferreira Armandes e Francisco

    Ferreira Armandes.

    DESPACHO Informou o respectivo Escrivo. Piumhi vinte de maro de mil oitocentos e

    quarenta e nove - Rodrigues Barbosa.

    INFORMAO Meritssimo Senhor Juiz Municipal Primeiro substituto tenho a informar a

    Vossa Senhoria que os rus Manoel Francisco Armandes e Jos Benguela, escravo de Francisco

    Ferreira Armandes foram intimados da sentena contra eles proferida por Vossa Senhoria no

    dia quinze do corrente ms, o quanto tenho a informar. Villa de Piumhy, vinte de maro de

    mil oitocentos e quarenta nove, eu o Escrivo do Segundo Ofcio o escrevi e assino: Joaquim

    Incio Terra.

    DESPACHO Tornem por o recurso e desse os traslados requeridos, juntando esta aos autos.

    Piumhi, vinte de maro de mil oitocentos e quarenta e nove. Rodrigues Barbosa.

    TERMO DE RECURSO Termo de recurso como abaixo melhor se vai declarar. Aos vinte dias do

    ms de maro de mil oitocentos e quarenta e nove, vigsimo oitavo da Independncia do

    Imprio Constitucional do Brasil, nesta Villa de Piumhy, Comarca do Rio Grande, Provncia de

    Minas Gerais, na cadeia desta Villa, sendo ali foi ainda eu Escrivo adiante assinado para o

    feito de lavrar o presente termo de recurso, e presente os rus recorrentes, Manoel Francisco

    Armandes e Francisco Ferreira Armandes , aquele por si, e este por seu escravo Jose Benguela,

    por eles, na presena das testemunhas abaixo nomeadas e assinadas, me foi dito que

    recursam e recursado tem na forma de sua petio da sentena criminal contra eles proferida

    por este Juzo para o Meritssimo Juiz de Direito desta comarca a fim de serem absolvidos

    como esperam, tudo na forma de sua dita petio retro, que fizera servindo como parte

    essencial deste termo. E como assim o disseram e recursaram de que dou f, comigo as

    testemunhas assinantes abaixo: Joaquim Incio Terra tabelio vitalcio do segundo oficio e

    Execues que o escrevi e assino: Joaquim Incio Terra, Manoel Ferreira Armandes, Francisco

    Ferreira Armandes, foi presente Joo Antnio Barcelos, Jos Luciano da Costa.

    PROMOO Ilustrssimo Senhor Juiz Municipal, primeiro substituto, levo ao conhecimento

    de Vossa Senhoria que o traslado de que faz meno a petio dos recorrentes, Manoel

    Ferreira Armandes e Francisco Ferreira Armandes, este por seu escravo Jose Benguela, no me

    foi possvel dar o dito traslado nos dias nos dias que me ordena a Lei, e por isso fao a Vossa

    Senhoria a presente promoo, levando os autos a concluso, a fim de Vossa Senhoria na

    forma da Lei conceder-me mais cinco dias alm dos que me so concedidos, pois alm de ser

    volumosa a escrita de dito traslado, h outros muitos similar em meu cartrio . Vossa Senhoria

  • porm mandar o que for do costume nesta justia. Vinte de maro de mil oitocentos e

    quarenta e nove: o Escrivo do segundo Oficio escrevi e assino: Joaquim Incio Terra.

    CONCLUSO Aos vinte dias do ms de maro de mil oitocentos e quarenta e nove, vigsimo

    oitavo da Independncia do Imprio do Brasil, nesta vila de Piumhy, Minas e Comarca do Rio

    Grande no Cartrio de mim Tabelio adiante nomeado e assinado, sendo ali fao estes autos

    crimes conclusos ao Meritssimo Juiz Municipal, Primeiro Substituto desta Vila e Termo para

    na forma da promoo retro, os deferir como for de Lei nesta Justia ao costume daquele. Para

    constar fao o presente termo de concluso. Joaquim Igncio Terra, tabelio Vitalcio que o

    escrevi.

    DESPACHO Na forma da promoo, Vila de Piumhy, Vinte de maro de mil oitocentos e

    quarenta e nove, Rodrigues Barbosa: nada mais continha na dita pea aqui nas margens

    apontadas, que todo o seu contedo transcrito, os quais dos prprios autos e deles das j

    citadas folhas para aqui transcrever, e segue o auto de delito, interrogatrios, testemunhas e

    informantes e juramentados, o que de tudo dou f, nesta Vila de Piumhi Minas e Comarca do

    Rio Grande aos Vinte dias do ms de maro de mil oitocentos e quarenta nove, vigsimo oitavo

    da independncia o Imprio do Brasil, eu Joaquim Incio Terra, tabelio Vitalcio do Segundo

    Ofcio o escrevi e o assino: Joaquin Incio Terra.

    AUTO DE DELITO OU EXAME Auto de corpo de delito ou exame feito nos cadveres,

    abaixo nomeados, que manda por onde o Delegado de Polcia desta Vila e seu Termo,

    fez chegar a sua notcia que na noite do dia dezoito corrente ms e ano para dezenove

    morreram repentinamente as mesmas no termo desta Vila, hoje aqui so os corpos

    presentes para serem sepultados, tudo com melhor abaixo se vai declarar: Ano do

    nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quarenta e nove,

    vigsimo oitavo ano da Independncia do Imprio do Brasil, nesta Vila de Piumhi,

    Comarca do Rio Grande, Provncia de Minas Gerais, aos vinte dias do ms de fevereiro

    do dito ano, em a Matriz desta Villa, sendo ali foi vindo o delegado de policia deste

    Termo com a Alada no Crime e Policia na forma da Lei o Cidado brasileiro Alferes

    Antnio Jose Rodrigues Barbosa junto comigo escrivo de seu cargo adiante nomeado

    e assinado para o feito de se proceder o exame nos cadveres que se acham

    presentes para o qual fim igualmente se acham presentes os peritos nomeados,

    notificados e professos: Igncio Gonalves de Barros e Joaquim Carvalho ao quais o

    Delegado deferiu o juramento dos Santos Evangelho em um livro deles, em que

    puseram suas mos direitas, cada um jurou sob o cargo do qual lhes encarregou que

    bem e fielmente, sem dio, suspeita, calunia ou malcia, jurando de bem procederem

    no presente auto de exame, declarando tudo quanto possas observar nos cadveres

    que se acham presentes, bem examinando qual motivo de suas mortes, se natural ou

    envenenadas, ou qualquer outra causa que possa observar em ditos corpos, em vista

    do repentino tempo em que tantos faleceram, o qual sendo por eles, peritos, recebido

    o juramento, assim, se passou ento a conferir na forma encarregada e entrando eles

  • no dito exame, na presena de testemunhas por mim notificadas: Antnio Caetano de

    Souza e Manoel Rodrigues da Costa, do Delegado e de mim escrivo. Disseram e

    declararam achar no corpo da morta Maria Quintina de Jesus, mulher de Floriano

    Antnio da Silva, pelos sinais caractersticos que apresenta e pelas observaes que

    eles, peritos, fizeram ter sido morta com veneno vegetal ou mineral, o qual resultou na

    morte repentinamente; disseram mais, que da mesma forma entrando no exame de

    um filho da mesma de nome Joo, acharam ter sido este morto pela mesma forma a

    cima dito; disseram mais que entrando no exame de outra filha da mesma morta de

    nome Vitalina, acharam ter sido esta morta pela forma que ficou dito; disseram mais

    os peritos entrando no exame de outro filho da mesma morta de nome Hiplito,

    acharam ter sido morto pela mesma forma acima dito; disseram mais os peritos

    entrando para exame doutra filha da mesma morta, de nome Flausina, acharam ter

    sido esta igualmente morta pela mesma forma acima dito; disseram mais os peritos

    entrando mais no exame de outro filho da mesma morta de nome Henrique, acharam

    ter sido morto na mesma forma acima dito; disseram mais os peritos entrando mais

    no exame de outro filho da mesma morta de nome Belarmino, acharam ter sido

    morto na mesma forma acima dito; disseram mais os peritos entrando mais no

    exame do cadver de um escravo, da mesma morta e do mesmo marida desta de

    nome Floriano Antnio da Silva, de nome deste escravo Ado, acharam ter sido este

    morto pela mesma forma j

    dito; disseram mais os mesmos peritos, que entrando mais no exame do cadver de

    um escravo dos mesmos de nome Eva, acharam ter sido morto na mesma forma j

    dito; disseram mais os mesmos peritos, que entrando mais no exame do cadver de

    um escravo dos mesmos, acharam ter sido a qual de nome Josefa morta pela mesma

    forma j dito; disseram mais, que entrando mais no exame do outro escravo de nome

    Maria, acharam ter sido esta assassinada pela mesma forma acima j dito; pois que

    todos os sinais dos mortos aqui relatadas mostram ser envenenadas , por terem ficado

    as pessoas brancas, com beios pretos e grossos, artrias pretas e inchadas: as pontas

    e depois o pescoo mais grosso que a cabea, unhas pretas, e todos mais sinais, como

    fosse da experincia feita com colher de prata, deixando nela deixando nela melhor

    conhecimentos do que dito fica. Que deste veneno resultou a morte repentina em

    todos, este j relatado, disseram que nada mais tinham a declarar. E que sendo tudo

    isso feito e examinado em presena das testemunhas, do delegado e de mim escrivo,

    mandou o mesmo lavrar e apresentar teor de delito ou exame de evidncia o qual

    depois de ser por mim lido e se achado conforme suas aprovaes, assinam o

    delegado, peritos, testemunhas, o que de tudo dou f tendo. Eu, Escrivo visto todos

    os cadveres na forma j dito, em nmero de onze mortos, sendo uma me, seis filhos

    desta, e quatro escravos da mesma. Assim como ser verdade todo o respondido em

    dito exame. Eu Joaquim Incio Terra, Tabelio Vitalcio do segundo Ofcio desta Vila e

    Termo o escrevi e assino: Joaquim Incio Terra, Rodrigues Barbosa, o perito Incio

  • Gonalves Barros, o perito Joaquim Carvalho, foram presente Antnio Caetano de

    Souza, Manoel Rodrigues da Costa.

    INTERROGATRIO (interrogatrio Manoel Ferreira Armandes): Interrogatrio

    feito a um preso por indcios que constam haver entre partes sobre os vrios

    assassinatos perpetrados no Termo desta Vila como abaixo se declara: aos

    vinte e um dias do ms de fevereiro de mil oitocentos e quarenta e nove,

    vigsimo oitavo da Independncia do Imprio do Brasil nesta Vila de Piumhy,

    Minas e Comarca do Rio Grande em a casa da Cmara e Sala dela onde se

    achava presente o Delegado de Polcia desta Vila e Termo. O cidado

    brasileiro Alferes Antnio Jos Rodrigues Barbosa junto comigo escrivo,

    adiante assinado, para efeito de fazer o presente interrogatrio. E presente um

    preso livre de ferros e de qualquer coao e s foi preso para certas

    averiguaes dos assassinatos perpetrados neste Termo. Pelo dito delegado

    foi perguntado ao dito preso, qual o seu nome? Respondeu chamar Manoel

    Ferreira Armandes. Foi perguntado se sabe porque est preso? Respondeu

    que no sabe. Foi mais perguntado: se sabe que em sua vizinhana ou vizinho

    tenham sido mortos onze pessoas, e qual ou quem seria perpetrador de

    semelhante delito? Respondeu ele, respondente, que sabe por ouvir dizer,

    estando na Lagoa distante desta Vila duas lguas. Que houve essas mortes

    em casa de um vizinho dele, que seu cunhado, cujo ele, respondente, mora

    distante do mesmo meia lgua. E que no sabe qual o motivo dessas mortes.

    Foi mais perguntado: qual o motivo porque vindo ele, respondente, no dia de

    ontem, vinte do corrente ms, acompanhando a esses corpos para esta Vila,

    disse em caminho a um escravo de Francisco Ferreira Armandes, que tambm

    vinha, que voltasse e que no entrasse nesta Vila, o que assim praticou o dito

    escravo? Respondeu que no disse tal a esse escravo, e que antes viu

    Joaquim Gonalves, Incio Jose Gonalves e Jos Pedro, escravo de Joaquim

    Jos Lucas dizerem a esse dito escravo, em caminho quando acompanharam

    ontem, vinte do corrente ms, esses corpos para esta Vila, que dito negro

    voltou, pois que Antnio Vicente tinha as c com esse preto, e tomaram uns

    sacos que trazia o mesmo, e voltou para trs o dito escravo de Armandes

    distante desta vila meia lgua e que este negro veio acompanhando os mortos

    desde a casa dos mesmos, na distncia desta seis lguas. Foi mais

    perguntado: que visto ele, respondente, ter dito que esse negro tem inimizade

    com Antnio Vicente? Qual o motivo? Por que assim o diz, no tendo Antnio

    Vicente parte nas mortes? E sim deixando estes seu marido, pai e senhor que

    seu Floriano, e que assim mais declarasse porque sendo este aqui o

    queixoso, no fala ele, respondente, neste e sim naquele? Respondeu que

    falou em Antnio Vicente porque este queixasse que dito escravo de Francisco

    Ferreira Armandes, de nome Jos da Nao, matara com malefcios a uma sua

    escrava. Disse que quanto a Floriano nada tem a dizer e que este seu

  • cunhado. Foi mais perguntado: se tem amizade ou inimizade com Floriano, pai,

    marido e senhor dos mortos, e caso tenha amizade ou inimizade declarasse o

    tempo dela, assim como a que atribui ele, respondente, tantas mortes em uma

    s casa? Pois que bem pode assim pensar, ainda sendo uma sua irm e outros

    seus sobrinhos, outros escravos destes? Respondeu que a trs anos mais ou

    menos tem tido inimizade com ele, seu cunhado Floriano, por causa de

    criaes em roas, e que a pouco tempo esta se tem ateado a ponto de se

    no cumprimentarem quando se encontram. E que quanto as mortes ele,

    respondente, no sabe a que atribuir, e s contaram lhe que esses mortos

    ficaram com as pernas bambas e tontearam, ficaram sem fala e morreram.

    Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Assina suas respostas com o

    Delegado, depois de ser por mim lidas, podendo emend-las se quiseres. Eu

    Joaquim Incio Terra, Tabelio que escrevi declarando, mais, ele,

    respondente, que a inimizade se tem ateado por parte de seu cunhado e que

    no por parte dele, respondente. O escrivo a que a escrevi. Terra Rodrigues

    Barbosa. Manoel Ferreira Armandes.

    INTERROGATRIO (interrogatrio de Incio Jos Gonalves)

    Interrogatrio de um preso para o efeito de serem feitas vrias indagaes a

    respeito de uns assassinatos perpetrados no Termo desta Vila como a baixo se

    declara.

    Aos vinte e um dias do ms de fevereiro de mil oitocentos e quarenta e nove,

    vigsimo oitavo da independncia do Imprio do Brasil, nesta Vila de Piumhy,

    Minas e Comarca do Rio Grande, na casa da Cmara, sala dela, onde se

    achava presente o Delegado de Polcia deste Termo, o cidado Alferes Antnio

    Jos Rodrigues Barbosa, junto comigo Escrivo para o feito de se proceder no

    presente interrogatrio. E sendo presente um preso, livre de ferros e de

    qualquer coao, pelo dito Juiz lhe foi perguntado: qual o seu nome?

    Respondeu ele chamar-se Incio Jos Gonalves. Foi mais perguntado: o

    motivo porque est preso? Respondeu que tem visto dizer que foi por causa de

    uns corpos mortos, que vieram ontem para esta vila. Foi mais perguntado: se

    sabe donde vieram esses corpos, quantos foram eles, porque morreram eles, e

    como foram as mortes feitas? Respondeu que esses corpos vieram da

    Fazenda da Boa Esperana, vizinho dele, respondente, meia lgua, e que ali

    morreram onze pessoas, e que esta mortandade ele julga ser por comerem um

    porco, cujo, ele respondente, viu ser enterrado esse porco depois de morrem

    as ditas onze. Foi mais perguntado: qual o motivo porque ele, respondente,

    vindo no dia de ontem para esta vila acompanhando esses corpos mortos?

    Disse a um escravo de Francisco Ferreira Armandes que voltasse para trs e

    que no entrou nesta Vila? Respondeu que no disse tal a esse negro. Foi

    mais perguntado: se esse Antnio Vicente parte ou tem alguma sentimento a

  • respeito a essas mortes, visto dizer que esse escravo teria de vir aqui por

    respeito dele Antnio Vicente? Respondeu que tem ouvido dizer os seus

    vizinhos que ele negro feiticeiro e por isso Antnio Vicente tem zanga com

    esse preto, que isto tem ouvido dizer por uma filha do mesmo Antnio Vicente,

    e a outros mais que no se lembra, e que este Antnio Vicente no parte nas

    mortes que para aqui vieram, e sim deve ser parte o que perdeu a esses, que

    Floriano Antnio da Silva. Foi mais perguntado: aonde estava quando

    aconteceu essas mortes? Respondeu que estava em sua casa distante do

    lugar meia lgua e que vindo a saber de semelhante caso achou nove mortos

    e dois quase morrendo, os quais ele assistiu a morrer, e que sabe que esse

    escravo de Francisco Ferreira Armandes, que se diz ser feiticeiro, no dia das

    mortes j a tarde passou no terreiro dessa casa, e logo a noite morreram eles.

    Foi mais perguntado: o que havia a dizer a respeito a ter um preso, que como

    ele se acha preso, dito neste mesmo ato, o qual Manoel Francisco Armandes,

    que ele, respondente, em caminho fora quem disse a esse negro que voltasse.

    Respondeu que tal no disse. Foi mais perguntado: se tem amizade ou

    inimizade com Floriano Antnio da Silva? Respondeu que este tem inimizade

    com ele por causa de uma compra de terras e que por nada mais e que antes

    obrigado ao mesmo e seu compadre. Nada mais desse e nem lhe foi

    perguntado. Assino suas respostas com o mesmo Juiz por no saber escrever

    a seu rogo assino: Jose Antnio de Melo, eu Joaquim Incio Terra, Tabelio do

    Segundo Oficio o escrevi: Rodrigues Barbosa por Incio Jos Gonalves, Jose

    Antnio de Melo.

    INTERROGATRIO(interrogatrio de Jos de Nao Benguela)

    Interrogatrio feita a um preso para certas averiguaes sobre onze mortes

    feitas neste Termo como abaixo se l: aos vinte e um dias do ms de fevereiro

    de mil oitocentos e quarenta e nove, vigsimo oitavo da independncia do

    Imprio do Brasil, nesta Vila de Piumhy, Minas, Comarca do Rio Grande, na

    casa da Cmara e sala dela, onde se achava presente o Delegado de Polcia

    desta Vila e Termo e primeiro substituto do Juiz Municipal, o mesmo cidado

    Alferes Antnio Jos Rodrigues Barbosa, junto comigo Escrivo para o efeito

    de ser feito o presente interrogatrio, e mandando vir, o dito Juiz, da cadeia

    para a sua presena um preso, perguntando o Juiz qual o seu nome e se era

    forrou ou cativo? Respondeu: chamar-se Jos de Nao Benguela e que

    escravo de Francisco Ferreira Armandes, a que visto ser cativo nomeou logo, o

    dito Juiz, um curador, o qual foi logo juramentado e acompanhado o dito preso

    de seu curado, o qual Elias Jos de Oliveira, e livre o mesmo preso de

    qualquer coao, pelo Juiz lhe foi perguntado: se sabe porque est preso?

    Respondeu que no sabe. Foi mais perguntado, se sabe que houve umas

    mortes em casa de Floriano Antnio da Silva, que seria ou quem seria os

    assassinos delas? Respondeu: que sabe por ele ser chamado em sua casa por

  • ele Floriano, que morreram em casa dele onze pessoas, e que no sabe de

    que morreram, e que s viu morrer cinco pessoas, as quais queixavam de

    tonteiras, cerraram os dentes e morriam. Foi mais perguntado: se sabe,

    procurou, ou por ouvir dizer se essas mortes foram naturais ou mortes por

    qualquer modo, assim, como veneno, ou outra qualquer causa, visto dizer que

    morriam repentinamente? Respondeu que no sabe, nem ouviu dizer por

    ninguem de que morreram, e s sabe que almoaram taioba, e que tambm l

    almoou um homem e foi para sua casa e l tambm morreu, e estes morreram

    c. Foi mais perguntado qual o motivo que ele, respondente, vindo

    acompanhando eles, corpos, para esta Vila desde a casa dos mesmos na

    distncia de seis lguas a esta Vila, retirado daqui meia lgua e voltou, como

    j afirmaram os dois interrogados que como ele, respondente, foram presos?

    Respondeu: que voltou por ser aconselhado por Jos Pedro, escravo de

    Joaquim Jos Sousa, Manoel Francisco Armandes e Joaquim Gonalves e seu

    compadre Incio tambm disse que no viesse, visto dizerem aqueles assim.

    Perguntado mais: se quando chegou na casa e viu essa gente morta comeu

    alguma coisa? Respondeu: que no, pois quem poderia comer vendo o dono

    da casa dizer que aquela comida estava matando sua gente. Foi mais

    perguntado: a distncia da casa dele, respondente, a casa dos mortos, ditos

    onze? Respondeu que distam trs ou quatro distancia de tiro de espingarda.

    Foi perguntado mais, se tem amizade ou inimizade com o dono da casa em

    que morreram essas pessoas? Respondeu que tem amizade, e muita, com

    Floriano por ser este cunhado de seu senhor. Foi mais perguntado: se no tem

    dado alguma coisa a comer ou beber a alguns brancos fundando-se em que

    aquilo faz amansar? Respondeu que nunca fez tal, nada sabe a tal respeito. E

    dada a palavra a seu curador para a que tivesse a dizer: disse que nada tinha a

    dizer. E nada mais foi dito e nem perguntado. Assina o Juiz, e pelo interrogado

    o seu curador depois de ser este por mim lido, eu Joaquim Incio Terra,

    Tabelio do segundo ofcio o escrevi: Rodrigues Barbosa, o curador Elias Jose

    de Oliveira.

    INTERROGATRIO (interrogatrio de Francisco da Nao Cambinda).

    Interrogatrio de um preso que se vai proceder para o efeito de ser feito vrias

    observaes sobre onze mortes feitas no Distrito desta Vila como tudo abaixo

    se vai declarar: Aos vinte e hum dias do ms de fevereiro de mil oitocentos e

    quarenta e nove, vigsimo oitavo da Independncia do Imprio do Brasil, nesta

    Vila de Piumhi, Minas e Comarca do Rio Grande, em a casa da cmara e sala

    dela, onde se achava presente o Delegado de Polcia desta Vila e Termo, o

    Cidado Alferes Jos Rodrigues Barbosa, junto comigo escrivo para o feito de

    ser interrogado um preso, o qual um escravo cativo, e sendo este preso

    perante e acompanhado de seu curador Elias Jos de Oliveira, livre de ferros e

    de qualquer coao, pelo dito Juiz foi perguntado qual o seu nome?

  • Respondeu chamar-se Francisco da Nao Cambinda, e que escravo de

    Ana Rosa Pereira. Foi mais perguntado: se sabe por ver ou ouvir dizer que

    morreram envenenadas ou por outro qualquer modo onze pessoas da casa de

    Floriano Antnio da Silva? Respondeu que sabe por ver e assistir que

    morreram essas pessoas, mas que no sabe de que morreram, se doena de

    Deus, ou o que ser, e s viu estarem estrebuchando, vomitando, morrendo, e

    que tambm no sabe se seria veneno, e que as pessoas brancas daquele

    lugar dizem que era veneno. Foi mais perguntado: declara ter visto e diz que

    assistiu se tambm morreu criao da casa por comer os vmitos das que

    morreram? Respondeu que ouviu dizer por vrias pessoas que depois de

    morrer a gente da casa tambm morrera um co e um pato. Foi mais

    perguntado: se tinha alguma inimizade com o dono da casa, dito Floriano, ou

    se ouviu dizer que outro vizinho tem? Respondeu que no tem inimizade com

    ele e que ele seu padrinho, e que se tem com outros no sabe. Foi

    perguntado mais: se tem ouvido dizer que pelos vizinhos da casa h pretos que

    usam dar ervas ou frutas venenosas aos senhores dizendo que para

    amansar? Respondeu que no sabe. Foi perguntado mais: se no dia vspera

    ao dia dessas mortes ele, respondente, passou no fundo da casa do dito

    Floriano, por este repreender a ele, respondente, ficara bastante mal satisfeito,

    ou fazendo promessas de ameaa. Respondeu que s disse que passaram s

    aquela vez. Nada mais disse e foi perguntado. Assina suas respostas seu

    curador com o mesmo Juiz. Eu Joaquim Incio Terra, tabelio do Segundo

    Ofcio que o escrevi: Rodrigues Barbosa, o curador Elias Jos de Oliveira.

    1 TESTEMUNHA. Domingos Antunes de Arajo Branco, casado, morador no

    Termo desta Vila, natural desta mesma Freguesia, de idade diz ter quarenta

    anos mais ou menos, que vive da lavoura de roa, testemunha a quem o

    interino Delegado de Polcia deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em

    um livro deles em que ps sua mo direita, sob o cargo do qual ele encarregou

    que bem e fielmente, sem dio, suspeita, calnia e malcia, jurava dizer a

    verdade do que soubesse e perguntado a ele fosse em vista do auto de exame

    delitos, a folha uma e duas deste processo, recebido por ele, testemunha,

    assim o prometeu o cumprir. E perguntado pelo Delegado a ele, testemunha,

    se sabe por ver ou por ouvir dizer de que produziu as repentinas mortes as

    pessoas relatadas em dito auto, qual a forma delas, com qual instrumento ao

    qualquer outra forma, o dia das mesmas e o lugar e hora. Respondeu que sabe

    por ouvir de Joo Crioulo, escravo que foi ou de Manoel da Costa de Oliveira

    que morreram todas essas pessoas como conta no auto de exame, em casa de

    Floriano Antnio da Silva distante desta Vila seis lguas na noite do dia

    dezoito do corrente e dezenove e que este dito Joo Crioulo disse a ele,

    testemunha, que morreram todas com veneno comprado na Vila de Formiga

    por quinze mil reis. Foi mais perguntado: declaras qual o modo ou forma que

  • foi dado o veneno, assim com a quem foi comprado, quem deu queles que

    morreram e porque, como foi cometido to horroroso atentado? Respondeu

    que o j dito Joo dissera a ele testemunha que Manoel Ferreira Armandes foi

    quem comprou esse vidro com veneno para matar essa famlia toda, e que a

    causa tem ouvido dizer por Joaquim Gonalves que dito Armandes tem

    inimizade com Floriano, dono da famlia morta. Foi perguntado mais: Se ele,

    Armandes, vizinho de Floriano e se no dia dessas mortes iria Armandes

    nessa casa, indo mesmo a cavalo, ou se estava ausente desse lugar?

    Respondeu que no dia das mortes o dito Armandes foi na casa de Floriano, e

    que ali apeou do cavalo e entrou para dentro da casa, no sabe porque isto,

    mas dizes o dito Joo que vira entrar ou apear nessa casa das mortes, e que

    so vizinhos, Armandes de Floriano, pouco mais de um quarto de lgua, e que

    desta casa vira Armandes por adiante vindo para a Lagoa distante desta Vila

    duas e meia lguas. Foi perguntado se sabe quando ou estando o dito

    Armandes na Lagoa o que ali deveria ou iria fazer, ou se tem ali amizade ou

    costume de estar? Respondeu que Armandes tem no tal lugar chamado Lagoa,

    tem costume de ir ali, que tem sua sogra em dito lugar, e que Joo Crioulo

    dissera a ele, testemunha, que tambm ouvira dizer a quem no recorda que

    Manoel Ferreira Armandes quando chegou na lagoa dissera que de sbado

    para domingo, dito dia em que com efeito houveram essas mortes, que ele por

    ali esperava passar Floriano toda a famlia morta, e como de fato passaram os

    mortos, porm que passaram os mortos ele, testemunha, sabe de cincia, e

    sobre Armandes por ouvir dizer, como j disse. Foi perguntado mais: se sabe

    por ver ou por ouvir dizer que dito Armandes tenha por costume ou seja

    homem de matar, que por qualquer coisa ele assassina, por esse e com outros

    modos ou por danos pessoais, ainda mesmo sem ser o que aqui examinado

    e feito auto de exame? Respondeu que sabe por ver ou por ouvir dizer por

    Prudncio Crioulo, escravo da famlia da Dona Francisca Frana, a seis meses

    mais ou menos estando ele, testemunha, com dito Armandes e muitas pessoas

    mais, passa o dito crioulo a cavalo, disse Armandes: aquele crioulo muito

    tratante, pois no me paga aquelas seis cadveres, o que respondeu o crioulo:

    agora que se lembra disso, no se lembra quando me queria matar com

    veneno, ao que Armandes nada respondeu. Foi perguntado mais: se este

    Armandes tem amizade com seus vizinhos outros e se tem s inimizade com o

    vizinho Floriano? Respondeu que sabe por mais dizer que s inimigo de

    Floriano, de um irmo de nome Joo Ferreira e que se tem outras inimizades

    no sabe. Foi mais perguntado: se s tem visto ou ouvido falar nestas mortes

    que fora s aquele Armandes, pois a forma delas demonstra ter havido algum

    ajuste contrato, por ameaa ou qual quer outra forma? Respondeu que s tem

    ouvido dizer o que tem deposto. Foi mais perguntado: se no ouviu falar que

    esse Aramandes veio acompanhando esses corpos para a Vila, mandara um

    preto cativo que tambm vinha sendo este de um vizinho da casa das mortes,

    que voltou para trs, sendo o escravo pessoa que nele tivesse Armandes ------

    Jurisdio. Respondeu que o mesmo Joo disse a ele, testemunha, que

  • Armandes quando chegaram os carros com os ditos corpos na Lagoa, onde

    estava Armandes, disse a Jos de Nao, escravo de Francisco Ferreira

    Armandes, que vinha acompanhando os mortos que voltasse para trs, e que

    o dito preto assim mesmo veio vindo, porm distante desta Vila meia lgua

    voltou, o dito negro no chegou nesta Vila. Foi mais perguntado: qual o motivo

    de assim acontecer, pois no sendo o escravo da casa de Armandes ou de

    Floriano? Que deveria ou faria sua entrada assim como se ele, negro, tem por

    costume reunir com ele, Armandes, ou qualquer outro para fazer casos tais ou

    seria quem fez este, visto ele dizer volta pra trs, e ele assim praticas?

    Respondeu que s sabe do dito, volta pra trs, nada mais. Foi mais

    perguntado: se o monjolo ou moinho dessa casa distante da morada, que

    estando ali s poria no fub veneno visto dizer que foi no angu? Respondeu

    que o monjolo no terreiro perto da casa, e que este trabalhava para todos na

    roda dos vizinhos, e que Francisco Ferreira Armandes dissera a ele,

    testemunha, que examinou o fub e que nada achou que pudesse atribui

    veneno. Foi mais perguntado: se ele, testemunha, tem amizade ou inimizade

    com esse Floriano e com Manoel Ferreira Armandes? Respondeu que no tem

    eles amizade e nem inimizade de forma alguma. Nada mais disse e nem lhe

    foi perguntado, e por no saber escrever a seu rogo assino: Jose Pereira

    Martins e o Delegado, depois de por mim lido seu juramento eu Joaquim Incio

    Terra, Tabelio Vitalcio o escrevi: Rodrigues Barbosa, Domingos Antunes de

    Arajo a rogo - Jose Pereira Martins, Francisco Ferreira Armandes.

    2TESTEMUNHA (informante): (Francisco Ferreira Armandes) branco, casado,

    fazendeiro, natural e morador nesta freguesia, de idade de trinta e dois anos

    mais ou menos, que veio esclarecer, nossa testemunha informante, a quem o

    Delegado de Polcia encarregou que bem e fielmente, sem dio ou suspeita lhe

    informar o que souber e perguntado a ele for, em vista do auto de exame ou

    delito constante no presente sumrio, o que assim prometeu cumprir e ser. Foi

    perguntado pelo Delegado se sabe de ver ou por ouvir dizer que houveram

    repentinamente as mortes relatadas no auto de corpo de delito? Qual a forma

    delas? Com que instrumento ou qualquer outra forma das mesmas e o lugar,

    hora, data e acontecimento? Respondeu que sabe por ver que morreram em

    cada de Floriano Antnio da Silva onze pessoas, sendo a mulher do dito

    Floriano, seis filhos destes e quatro escravos dos mesmos, e que sabe

    morreram repentinamente com veneno, isto julga ser veneno ou feitio por que

    os sinais e caractersticas que tomaram todas os mortos, por ficarem com a

    lngua preta, gengiva pretas e unhas. E que o dia de semelhante

    acontecimentos foi o dia dezoito do ms de fevereiro, e que destes mortos

    ficaram vivos dois filhos, Hiplito e Vitalina, at o outro dia, e que julga ter sido

    por da a estes grandes dores. Foi perguntado mais, visto julgar se veneno qual

    a forma que seria dado a tantos que morreram? Respondeu que julga ter sido

  • dado na panela da comida e que tem ouvido dizer por Incio Gonalves,

    Joaquim Congo, escravo de Joaquim Severiano, que o tal Ferreira Armandes

    tinha veneno em um vidrinho e que deste deu a Prudncio, escravo de Dona

    Francisca Frana, e que este soprando o dito vidro na boca, logo principiou a

    babar e feriu a boca, e indo este Prudncio a senzala de um escravo dele,

    testemunha, de nome Jos de Nao Benguela, este deu quele fumo desfeito

    em gua e ficou bom do incmodo e que isto tambm dissera a ele,

    testemunha, o dito seu escravo, e que sabe mais por ouvir da boca de Felipe

    de tal, morador na Vil, que este ouviu de Antnio Jos Dias que o dito

    Armandes comprara na Vila de Formiga veneno. Foi mais perguntado: se este

    seu escravo que diz ter dado o fumo como logo reconheceu ser veneno,

    tratando de dar contra? Respondeu que julga ter o escravo conhecido ser

    veneno pois que tambm tem ouvido dizer que o dito seu escravo feiticeiro, e

    que isto tem ouvido dizer por vrios escravos cativos, tambm por Antnio

    Vicente Machado e pelos escravos deste, que dito escravo dele, testemunha,

    dera ao escravo Joaquim, daquele Machado, dera-lhe umas flores dizendo que

    era para amansar o seu senhor. Foi mais perguntado: se declara para o fim

    que aquele Armandes comprou o veneno, assim como se foi ele quem o

    introduziu na casa dos mortos, se foi s ou se tambm houve ajuste com outro

    para assim praticarem? Respondeu que no sabe o fim para que se comprou o

    veneno, e s ouviu dizer que foi comprado, e que tambm no sabe se houve

    ajuste com outro para a introduo dele. Foi mais perguntado: se este

    Armandes amigo ou inimigo daquele Floriano ou se tem este outros inimigos?

    Respondeu que so estes muito inimigos, isto por causa de criaes em roas

    de Armandes, tambm pela compra da fazenda que fez Floriano, onde houve

    essas mortes, e que estas criaes so de Floriano. Foi mais perguntado: se

    Armandes vizinho de Floriano, se no dia dessas mortes Armandes viera em

    casa de Floriano, ocultamente ou se estava ausente? Respondeu que vizinho

    de mais de meio quarto de lgua, e que no sabe que Armandes viera a casa

    de Floriano, e que antes sabe que dois dias antes do acontecimento Armandes

    veio para as partes da Lagoa para a casa da sogra de Modesto Armandes. Foi

    mais perguntado: se o dito Armandes na Lagoa dissera que por aqueles dois

    dias esperou por ali passar Floriano e sua famlia morta? Respondeu que no

    sabe. Foi mais perguntado: se o dito Armandes tem mais inimizades naquele

    lugar ou se s tem com Floriano? Respondeu que no sabe. Foi mais

    perguntado: se dito Armandes vindo acompanhando os corpos dos mortos para

    esta Vila mandara um preto cativo que tambm vinha que voltasse para trs e

    se viu qual o motivo? Respondeu de que ouviu falar pelos pretos Joaquim

    Congo, Antnio Crioulo e Miguel escravos estes de Joaquim Severiano

    Anacleto e Francisco do Corguinho que Armandes dissera a um escravo dele,

    testemunha, de nome Jos Benguela que voltasse para trs, pois que Floriano

    tinha ido passar por casa de Antnio Vicente e que poderia ser dito escravo

    culpado por causa das flores que este dera ao dito escravo daquele Antnio

    Vicente. Foi mais perguntado: declarar se amigo ou inimigo ou parente das

  • partes? Respondeu que irmo de Manoel Ferreira Armandes, senhor do ru

    presente Jos Benguela e que cunhado de Floriano por ser irmo da falecida

    mulher deste, e que tambm desse com Floriano, e com este Armandes no

    tem amizade por causa de criaes em roas, e nada mais disse e nada mais

    lhe foi perguntado. Assino suas informaes com o Juiz e as partes que so

    presentes, e pelo cativo assina seu curador, eu Joaquim Incio Terra, Tabelio

    que o escrevi Rodrigues Barbosa Francisco Ferreira Armardes o curador

    de Jos Benguela Elias Jos de Alosio Manoel Francisco Armandes a

    rogo de Incio Jose Gonalves Francisco Joo Ribeiro.

    3 TES TEMUNHA - Joaquim do Congo Testemunha Informante, escravo de

    Antnio Vicente Machado, testemunha informante a quem o Delegado de

    Polcia lhe encarregou que bem e fielmente informasse com s conscincia o

    que lhe fosse perguntado em vista do auto de delito deste sumrio, o que

    assim prometeu cumprir. E foi perguntado pelo dito Juiz: se sabe por ver ou

    ouvir dizer que houve onze mortes na casa de Floriano Antnio da Silva, qual

    seria a causa delas e com que instrumento seriam mortos, se com veneno ou

    qualquer forma? Respondeu que sabe por ver os mortos nesta Vila, que houve

    essas mortes, porm que no sabe a forma delas. Foi mais perguntado: se no

    lugar dessas mortes, isto onde moram eles h pessoas ou escravos que

    costumam dar ervas venenosas aos senhores dizendo que para amansar?

    Respondeu que sabe por experimentar que perto do terreiro dessa gente, que

    morreu, tem um escravo de Francisco Ferreira Armandes, retirado meio quarto

    de lguas que passando pela casa dele, testemunha, deu a ele, testemunha,

    cachaa a beber em uma (boceta) vasilha cuja tinha dentro, junto com a

    cachaa, uma fruta redonda, e que ele, testemunha, bebendo a dita cachaa

    dali a duas ou trs semanas sentiu as juntas e depois as mos doendo a ponto

    de no poder trabalhar para seu senhor, e que isto ainda dura, e que tambm

    deu a ele, testemunha, umas razes dizendo que pusesse no pote de gua que

    era para amansar o Senhor, o que ele, testemunha, nunca deu a ningum e

    nem ps no pote, e que foram descobertas essas razes por seu senhor em

    sua senzala, e que da tal bebida ficou tambm com o corpo manchado, e

    quase sem sentimentos a ponto de no viajar quatro lguas por semelhante

    caso ou enfermidade que ela lhe causou. E dada a palavra ao curador nada

    tem a perguntar por parte de seu curatelado, e por este na qualidade de

    curador do ru presente Manoel Ferreira Armandes foi oferecida a procurao,

    requereu ao Meritssimo fosse a mesma juntada aos autos, a que assim lhe foi

    deferido. Nada mais foi dito e nem perguntado. Assinam, depois de por mim ser

    este lido, o Juiz, as testemunha a seu rogo, o curador e mais partes presentes,

    eu Joaquim Incio Terra, Tabelio que escrevi Rodrigues Barbosa a rogo

    de Joaquim de Nao Congo: Eduardo Loureno de Almeida - o curador de

    Jos Benguela e de Francisco Combinda: Elias Jos de Oliveira Manoel

  • Ferreira Armandes A rogo de Incio Jos Gonalves Francisco Joo

    Ribeiro.

    4 TESTEMUNHA (Testemunho de Antnio Vicente Machado) Antnio

    Vicente Machado, casado, fazendeiro, morador deste distrito, desta mesma

    Vila, natural da freguesia de Santo Amaro, de idade de quarenta e nove anos,

    que vive de lavoura de roa, testemunha a quem o Delegado de Polcia deferiu

    o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles em que ps a sua mo

    direita sob o cargo do qual lhe encarregou, que bem e fielmente, sem dio feito,

    calnia ou malcia, jurou dizer a verdade do que soubesse e perguntado a ele

    fosse, em vista do auto de delito deste sumrio, o que sendo por ele recebido

    prometeu assim cumprir. E sendo perguntado pelo Delegado: se sabe por ver

    ou por ouvir dizer que morreram em casa de Floriano Antnio da Silva onze

    pessoas, constantes em dito auto, qual a forma dessas mortes, se

    assassinados com algum instrumento, ervas venenosas ou veneno vegetais ou

    minerais, e se assim qual a forma que seria dado esse veneno a tantas

    pessoas que morreram, assim como o dia, ms e ano dessas mortes?

    Respondeu que tem ouvido dizer a maioria das pessoas que houve em casa de

    dito Floriano essas mortes, e que assim mais ouviu dizer que um fulano,

    Pacheco, no dia dessas mortes almoou em casa desse Floriano, retirou para

    sua casa distancia de lgua e meia mais ou menos e que chegado as horas

    que morrero esses tambm morreu o dito Pacheco, ficando com a lngua,

    dentes ou gengivas pretas, cujo foi sepultado na Capela do Porto Real, e que o

    dia foi dezoito de Fevereiro do corrente ano, e que igualmente verificara nesse

    dia tambm ouvir dizer que Jos Benguela, escravo de Francisco Ferreira

    Armandes, e Francisco Cambinda, escravo de Ana Pereira passaram no

    fundo da casa de Floriano e que latindo com estes um co, no outro dia

    amanhecera morto. Foi mais perguntado: por quem ouviu dizer? Respondeu

    que foi por Floriano, disse mais, por ouvir dizer o seus escravos, vindos estes a

    acompanhar o enterro dos mortos, que Joaquim Cobra, escravo de Antnio

    Severiano, dissera a esses escravos dele, testemunha, que Manoel Ferreira

    Armandes comprou veneno e deu a Jos Benguela para este por na gua em

    casa de Floriano, e que tambm ouviu dizer que dito Manoel Ferreira

    Armandes dera veneno a uma escrava de Francisco Ferreira Armandes, de

    nome Mariazinha, para tambm por em casa de Floriano, e que ouviu mais

    dizer que o dito Armandes dera a um escravo de Floriano para ali o por, e que

    isto ouviu de Joaquina, mulher de Fancisco de Paula Rodrigues, e que tambm

    o mesmo Paula dissera a ele, testemunha, que ouviu pelos moradores da

    Lagoa dizerem que o veneno custou dezesseis mil reis, e outras que no

    recorda, disseram que este Armandes comprou ou mandou comprar o veneno

    na Vila da Formiga. Foi mais perguntado: se na vizinhana dos mortos h mais

    pessoas que usem de semelhantes casos ou se s estes? Respondeu que

    sabe por ouvir dizer que Jos Benguela, vizinho da casa de Floriano, tambm

    usa esses venenos, pois que os tem dado a um escravo dele, testemunha, deu

  • umas flores e disse a esta escrava que essas flores tomando faria dormir e

    resultara a morte, e que a mulher de Francisco de Paula Arajo disse a ele,

    testemunha, que o dito Benguela matara ao primeiro senhor com razes

    venenosas, e que falando nisto o Manoel Lino, este dissera que era verdade e

    que todos os presentes sabiam disso, e que o senhor do dito Benguela,

    Francisco Ferreira Armandes, disse este que a mulher dele, dito senhor,

    dissera a ele que aquele negro foi quem matou seu pai, dito primeiro senhor, e

    que este mesmo dissera a ele, testemunha, que poderia ter sido feito por seu

    dito escravo Benguela, e que tambm ouviu dizer mais, que este Benguela por

    inimizade dera a mulher de Anacleto uma xcara de caf e que esta ficou doida

    ou desvairada do juzo, e que conversando com o dito Floriano, muito antes

    dessas mortes, sobre isto disse este que era a prpria verdade, e que estes

    dois nicos que tem ele, testemunha, ouvido falar, que deram veneno naquele

    dito lugar, sendo o dito Jos Benguela e Manoel Ferreira Armandes, pois que

    este Armandes dissera a ele, testemunha, e Joo Pedro de Arajo, seu genro,

    a mulher de Francisco Paula de Arajo que Manoel Ferreira Armandes foi a

    causa das dores de uma escrava desta, por querer desta certa coisa que ela

    no quis, e que por isto deu lhe biscoitos, que destes resultou a doena e que o

    acontecido dos biscoito foi Jose Paula de Arajo que disse assim ter

    acontecido, e que disse mais Francisco de Paula Rodrigues que este negro

    Benguela foi a causa de adoecer um irmo dele do mal de Lzaro de que

    resultou lhe a morte, por causa de dvida, por uma arroba de algodo. E que

    Joaquim Vaz dissera a ele, testemunha, que encontrando este negro bbado

    em um caminho ele levara duas bolsas grandes, uma para o lado de um brao,

    e outra para o outro lado, ambas debaixo dos braos, e que de supor se

    dentro destas guarda ele seus venenos. E que tambm tem ouvido dizer que

    Manoel Ferreira Armandes tambm dera a Prudncio, escravo que ou foi de

    Francisco Frana, veneno e que este era to forte que sem que este acabasse

    de beber quase morreu, e que este dito Benguela por ser tambm mestre de

    venenos, deu contra ao dito Prudncio, que no morreu. Foi mais perguntado:

    se estes dois referidos, Armandes e Benguela, so amigos ou inimigos de

    Floriano, marido, pai e senhor dos mortos, assim como se Armandes tambm

    vizinho destes? Respondeu que sabe por ouvir de toda vizinhana daquele

    lugar que Armandes inimigo de Floriano, vizinho de quarto de lgua, e que o

    dito Benguela tambm disse a ele, testemunha, o dito Floriano que o no gosta

    por no querer que ele fosse em seu quintal, e que dizendo ao dito Benguela

    que ele no passasse em seu quintal, este disse que no passava mais l. Foi

    mais perguntado: se ele, testemunha, amigo ou inimigo de alguma dessas

    partes aqui mencionadas? Respondeu que nunca foi amigo nem inimigo de

    Manoel Ferreira Armandes, porm que sempre, antes, lhe quis mais bem do

    que odi-lo, e que o dito negro consentiu sempre que em sua casa fosse, que

    depois que deu as flores ao escravo dele, testemunha, no o quis mais em sua

    casa, e quanto a Floriano no amigo e nem inimigo. Nada mais disse e nem

    lhe foi perguntado por parte da Justia. E dada a palavra ao curador mais

  • partes presentes o que se h presos neste ato, livre de ferros e de qualquer

    coao, pelo curador foi perguntado a testemunha: se ouve exames por

    cirurgies ou prticos que examinassem as flores que diz que dera ao escravo

    dele, testemunha, se foram concludas se eram ou no flores venenosas, assim

    como no caf e biscoito e veneno que disse que Manoel Ferreira dera a

    Prudncio, escravo de Frana? Respondeu que no sabe. Foi mais

    perguntado: declara qual a testemunha que viu das ditas flores dadas por Jose

    Benguela a sua escrava? Respondeu que s foi dito pela escrava. Nada mais

    foi perguntado por parte alguma. Assinam depois de ser este por mim lido, o

    Juiz, a testemunha, o curador, e assim, digo, o curador e as mais partes

    presentes, eu Joaquim Incio Terra, Tabelio que escrevi Rodrigues

    Barbosa Antnio Vicente Machado o curador de Jose Benguela e Francisco

    Candido Elias - Jose de Oliveira Manoel Ferreira Armandes a rogo de

    Incio Jos Gonalves Bonifcio Rodrigues da Costa.

    5 TESTEMUNHA Testemunho de Joaquim Cabra escravo de Antnio

    Severiano da Costa morador no Termo da Formiga, morador na Fazenda do

    Corguinho do mesmo Termo, de idade de quarenta anos que vive de trabalhar

    em roa para seu senhor, testemunha informante a quem o Delegado de

    Polcia encarregou com boa e s conscincia, sem dio lhe informar sobre o

    auto de delito e exame deste sumrio, o que lhe fosse perguntado, e sendo

    perguntado pelo dito Juiz: se sabe que houve onze mortes na casa de Floriano

    Antnio da Silva, de que morreram essas pessoas, qual a forma, com que

    instrumento seriam mortos, se por ervas venenosa, venenos vegetais ou

    minerais, ou qual seria a forma de que resultou tantas mortes? Respondeu que

    sabe que houve nessa casa essas mortes, porm que no sabe de que

    morreram. E foi mais perguntado pelo Delegado, verbalmente, muitas outras

    perguntas que julgou serem necessrias ao caso presente e sendo estas

    verbais, a todas s respondeu que nada sabia deste caso, pelo que no foram

    aqui escritas, nada mais foi perguntado, nem dito por parte alguma, para

    constar lavro o presente em que se assinam o Juiz, o curador, mais partes

    presentes, eu Joaquim Incio Terra, Tabelio que escrevi: Rodrigues Barbosa,

    a rogo de Joaquim Cabra - Bonifcio Rodrigues da Costa, o curador de Jos

    Benguela e de Francisco Cambuida, Elias Jose de Oliveira, Manoel Ferreira

    Armandes, a rogo de Inacio Jos Gonalves Bonifcio Rodrigues da Costa.

    6 TESTEMUNHA (Testemunho de Joaquim Pinto da Cunha) Joaquim

    Pinto da Cunha, branco, casado, lavrador, natural da Freguesia de Formiga,

    morador neste Termo, de idade de trinta e dois anos, mais ou menos, que veio

    de sua dita lavoura, testemunha, a quem o Delegado de Polcia deferiu

    juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles, em que ps sua mo

  • direita, sob o cargo do que lhe encarregou que bem e fielmente, sem dio,

    calnia ou malcia, jurar dizer o que soubesse e perguntado lhe fosse, em vista

    do auto de delito ou exame deste sumrio, o que assim prometeu cumprir. E

    perguntado pelo Delegado se sabe por ver ou por ouvir dizer que houve onze

    mortes na casa de Floriano Antnio da Silva, constantes no dito auto, qual a

    forma porque morreram, se instrumento perfurante, ervas venenosas, ou

    veneno vegetal ou mineral, e quem seria o perpetrador de semelhantes mortes,

    o dia delas e hora? Respondeu que sabe por ouvir dizer que morreram essas

    pessoas constantes o auto, de veneno que tomaram, porm no sabe a forma

    por que tomaram, e que o dia foi em dia do ms, e que as horas foi a noite que

    principiaram a morrer, e que na fazenda tem ouvido falar no monjolo do

    Ferreira, e que a famlia que morreu sabe que a de Floriano. Foi mais

    perguntado: se este Floriano tem inimigos seus vizinhos, se estes costumam

    usar, de darem venenos? Respondeu que tem ouvido dizer que tem inimigos e

    so Manoel Ferreira Armandes e Incio Jos Gonalves, e que tem ouvido

    dizer que este Manoel Ferreira dera veneno a Prudncio, escravo de Francisca

    Frana, e que este mesmo Prudncio disse a ele, testemunha, hoje no

    caminho, que aquele Armandes deu a ele veneno a beber na cachaa e que s

    ps na boca, no engoliu, feriu a boca e que Manoel Antnio da Silva disse ao

    Prudncio, j dito, que este Armandes tem ou ia comprar veneno, e que este

    Silva tambm disse naquele ato, ao mesmo Prudncio, que estava pronto a

    depor sobre isto, disse mais, que aquele Prudncio disse que era veneno

    porque logo no mesmo ato inchou a lngua e pegou a babar, e logo o escravo

    de Francisco Ferreira dera a Prudncio um palmo de fumo defeito em gua e

    ficou muito incomodado, e que este um ru que se acha presente, Jos

    Benguela, escravo do j dito Francisco Ferreira. Foi mais perguntado: se este

    Manoel Ferreira vizinho perto da casa de Floriano, e se esse dia das mortes

    estava ali? Respondeu que vizinho de meia lgua, pouco mais ou menos, e

    que esse dia ouviu dizer que Manoel Ferreira viera em um sbado, vspera do

    acontecimento dessas mortes, de sua casa para a Lagoa. Foi mais perguntado:

    se sabe que este Armandes vindo de dita Lagoa para esta Vila acompanhando

    os corpos dos mortos, no caminho mandara o dito preto Jose Benguela voltar

    para trs, e se assim qual o motivo? Respondeu que s sabe que este

    Armandes acompanhando os mortos e que demais no sabe. Foi mais

    perguntado: se ele, testemunha, amigo ou inimigo de alguma das partes?

    Respondeu que dar-se com todos. E dado a palavra ao curador e

    procuradores, mais partes presentes, pelo curador e procurador foi perguntado

    a testemunha: visto que jurou que Floriano inimigo de seu cunhado Manoel

    Ferreira, qual a causa da inimizade? Respondeu que no sabe a causa. Nada

    mais foi perguntado por parte alguma. Depois de ser este por mim lido assinam

    o Juiz, a testemunha, o curador e procurador, e mais partes. Eu Joaquim Incio

    Terra, Tabelio que escrevi. Rodrigues Barbosa, Joaquim Pinto da Cunha, o

    curador de Jos Benguela e de Francisco Cambuda: Elias Jos de Oliveira,

  • Manoel Ferreira Armandes, a rogo de Incio Jos Gonalves, Bonifcio

    Rodrigues da Costa.

    7 TESTEMUNHA testemunho de Prudncio Crioulo, escravo de Maria

    Anglica Frana, morador no Termo desta Vila, natural desta mesma

    Freguesia, de idade de trinta anos mais ou menos, que vive de trabalhar para

    sua Senhora. Testemunha a quem o Delegado encarregou que com boa e s

    conscincia informar o que sabe por ver ou por ouvir dizer, de que morreram as

    pessoas relatadas no auto de delito e exame deste sumrio, o que assim

    prometeu fazer. E foi perguntado pelo Delegado: o que produziu a morte

    dessas pessoas, se com instrumento perfurante ou se ervas venenosas, ou

    venenos vegetais ou minerais, e quem ou por que forma foi dado a tantas

    pessoas? Respondeu que ouviu dizer que morreram essas pessoas em casa

    de Floriano e que no sabe a forma delas, e que sabe que Manoel Ferreira

    Armandes vizinho dessa casa, de meia lgua, e que esse Armandes h um

    ano, pouco mais ou menos, em boa harmonia e amizade com ele, testemunha,

    deu veneno a ele, testemunha, em cachaa, e que este veneno ele,

    testemunha, s ps na boca e logo ficou com corpo muito abatido, e desandou

    a suar e babar muito, e que Laudina mulher de Jos Benguela, ambos

    escravos de Francisco Ferreira deu a ele testemunha um pedao de fumo

    desfeito em gua quente, que ele tomou, em lhe dizendo esta Laudina hora o

    Senhor compadre porque estima a gente e quer matar para nos dar trabalho. E

    fora feito pelo Sr. Delegado mais algumas perguntas verbais, e como a tudo

    no soubesse informar, foi dispensada a inscrio delas no presente sumrio.

    E dada a palavra ao curador e procurado, por este foi perguntado a mesma

    declarar quando foi a essa cozinha que diz chamado Manoel Ferreira

    Armandes, quando ps a tal bebida na boca, quais as testemunhas que

    assistiram a esse ato entre eles dois? Respondeu que s estavam eles dois,

    mais ningum. Foi mais perguntado: quando babou se foi antes ou depois de

    tomar o fumo dissolvido? Respondeu que antes de tomar o fumo principiou a

    babar e que depois de tomar no babou mais, e que o fumo foi que lhe deu

    melhora. Foi perguntado mais:

    que declare sobre o que disse a testemunha Joaquim Pinto da Cunha, ter

    tomado um palmo de fumo dissolvido e com isso ficou bom? Respondeu que

    tomou o palmo de fumo dissolvido em gua quente. Foi mais perguntado: se

    quer bem ou mal a Manoel Ferreira Armandes? Respondeu que depois do caso

    j dito no deseja mal a Manoel Ferreira Armandes, porm que tambm no

    deseja bem. Nada mais foi perguntado e nem dito. E para que conste lavro a

    presente informao, a qual depois de ser por mim lida assinam: o Juiz, o

    curador, mais partes presentes. Eu Joaquim Incio Terra, Tabelio Vitalcio o

  • que escrevi: Rodrigues Barbosa, a rogo de Prudncio Crioulo Bernardo Jos

    de Carvalho, o curador de Jos Benguela e de Francisco Cambinda Elias

    Jose de Oliveira, Manoel Ferreira Armandes, a rogo de Incio Jose Gonalves

    Silvrio Alves Pereira.

    8 TESTEMUNHA (testemunho de Antnio da Costa Marques) - Antnio da

    Costa Marques, branco, casado, fazendeiro, morador no Termo da Formiga,

    natural da Freguesia de Campo Belo, de idade de quarenta e dois anos,

    testemunha a quem o Delegado de Polcia deferiu o juramento dos Santos

    Evangelhos, em um livro deles, em que ps sua mo direita na forma da Lei,

    sob o cargo do qual lhe encarregou que bem e fielmente sem dio feito, calnia

    ou malcia, jurar dizer a verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse, em

    vista do auto de exame e delito deste sumrio. Prometido por ele, assim, o

    juramento cumprir, e perguntado em vista de dito feito: se sabe por ver ou

    ouvir dizer que morreram essas pessoas relatadas no auto, com que foram

    mortas, se com instrumento perfurante, ervas venenosas, venenos vegetais ou

    minerais, ou qualquer outra forma, porque foram repentinas as mortes a

    tantos? Respondeu que sabe por ver e ser vizinho, que em casa de Floriano

    Antnio da Silva indo ele, testemunha, a chamado deste, achou cinco pessoas

    mortas, quatro fora de si, com um cansao, e destes trs morreram antes de

    meia noite, e um morreu j quando era dia, os outros dois durante o outro dia e

    que isto foi na noite do dia dezoito para dezenove do passado ms de

    fevereiro, e que os sinais caractersticos que tomaram os mortos indicava ser

    veneno, porque tinham antes de morrer muita secura, e depois de mortos

    pretejaram os beios, incharam, tambm pretejaram as unhas, antes de morrer

    tambm tinham grande cansao e aflio e que desconfia ter sido tomado este

    veneno em comida, porque um pobre de nome Joo Pacheco que almoou

    nessa casa foi para sua casa e l chegou morreu pela mesma forma destes, e

    que no faz um juzo seguro sobre a forma por que foi dado este veneno. Foi

    mais perguntado: se nos vizinhos dessa casa, o dono da casa tem algum ou

    alguns inimigos e se estes so acostumados ou se praticaram to horroroso

    atentado, enviando por qualquer forma o veneno naquela casa para ali

    tomarem os donos da casa, como de fato com ele morreram? Respondeu que

    os inimigos que tem o dono da casa, dos que ele, testemunha, conhece so

    Manoel Ferreira Armandes e Incio Jos Gonalves Garies, porm que s tem

    ouvido dizer que Manoel Ferreira Armandes dissera que tinha um vidro com

    veneno que o trouxe de Formiga, que com este havia de ir acabando com

    alguns inimigos, pois que assim era mais seguro, pois que chumbo e faca era

    mais perigoso, onde destes nomeou Floriano Antnio da Silva, Joo Ferreira e

    Francisco Ferreira, isto disse a ele, testemunha, Manoel Antnio, morador no

    Pntano, e que nesta ocasio, que Manoel Antnio assim o disse, tinha subido

    da casa de Manoel Ferreira Armandes, que ento eram negociantes de

  • cachaa juntos, depois se apartaram. Foi mais perguntado: se este Armandes

    pessoa de moral tal, que costuma a praticar tais atos, ainda mesmo com

    outra qualquer pessoa ou se porta de maneira a que se no possa atribuir que

    seria quem introduziu o veneno que tomaram os mortos quando eram vivos.

    Respondeu que s sabe que Manoel Ferreira Armandes a um ano, mais ou

    menos, deu a Prudncio certa bebida, em casa de um escravo de Francisco

    Ferreira, e que este logo que ps na ponta da lngua a tal bebida ficou muito

    mal, com um fogo por dentro e tonteira e mandou chamar a duas testemunhas,

    as quais foram Incio Jose Gonalves e Francisco Gonalves, estes chegando

    ao dito lugar acharam o dito Prudncio dizendo que tomou veneno, que Manoel

    Ferreira Armandes lhe tinha dado, estava babando muito, neste ato Jose

    Benguela desmanchou um pedao de fumo e deu ao dito Prudncio, com o

    qual melhorou, e que quanto a moral de Armandes acha ter capacidade para

    praticar a estes semelhantes. Foi mais perguntado: seria s este que introduziu

    o veneno? Respondeu que no, julga ter sido entrado outra mais pessoa. Foi

    mais perguntado: se ele, testemunha, amigo ou inimigo de qualquer das

    partes. Respondeu que no tem inimizade com algumas das partes. E dada a

    palavra ao curador, mais partes presentes, pelo curador foi perguntado: que

    declara qual exame de cirurgies ou pessoas hbeis que confirmasse ser

    veneno no dito crioulo Prudncio, que diz s puser na boca? Respondeu que

    julga no ter havido exame. Foi mais perguntado: qual a causa de Floriano com

    Manoel Ferreira? Respondeu que tem ouvido dizer que a inimizade tem sido

    por causa de porcos de Floriano em roas de Manoel Ferreira, e que tambm

    por dvidas de terras. Foi mais perguntado: se Manoel Antnio inimigo do dito

    Armandes? Respondeu que sabe que foram amigos e passaram a inimigos e

    isto tem ouvido dizer que foi por motivos particulares. Foi mais perguntado: se

    no dia dessas mortes se o dito Armandes esteve em casa de seu cunhado

    Floriano? Respondeu que ouviu dizer que vspera do dia das mortes,

    Armandes estava ou veio para a Lagoa e que no foi a casa de Floriano, pois

    que l no ia, pois que no dia sbado, vspera desse dia, Inocncio lhe dissera

    a ele, testemunha, que Armandes estava na Lagoa. Foi mais perguntado: se

    assistiu quando diz Prudncio estava incomodado com tal cheiro da garrafa?

    Respondeu que no estava. Perguntado: se viu ou assistiu Manoel Ferreira

    Armandes dar veneno a alguma pessoa? Respondeu que ainda no assistiu a

    tais atos. E nada mais foi perguntado por parte alguma, e depois de ser este

    por mim lido, assinam: o Juiz, testemunha, procurador, curador e partes

    presentes, eu Joaquim Incio Terra, Tabelio vitalcio o escrevi Rodrigues

    Barbosa, Antnio da Costa Marques, o curador de Jos Benguela e de

    Fancisco Cambinda Elias Jos de Oliveira, Manoel Ferreira Armandes, a rogo

    de Incio Jos Gonalves Silvrio Alves Pereira.

  • 9 TESTEMUNHA (testemunho de Joo Francisco Vidal) Joo Francisco

    Vidal, branco, casado, fazendeiro, morador no Termo da Formiga, natural de

    So Joo Del Rei, de idade de cinquenta e tantos anos, que vive de lavoura de

    roa, testemunha a quem o Delegado Polcia deferiu o juramento dos Santos

    Evangelhos em um livro deles, na forma da Lei, sob o cargo do qual lhe

    encarregou que bem e fielmente sem dio feito, malcia e calnia jurasse dizer

    a verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse em vista do auto de delito e

    exame do presente sumrio, e recebido por ele, testemunha, o dito juramento,

    assim prometeu cumprir, e perguntado pelo Delegado: se sabe por ver ou por

    ouvir dizer quem seria o perpetrador dos delitos constantes em dito auto, se

    foram assassinadas com instrumento perfurante, veneno de qualquer espcie,

    vegetal ou mineral, e se assim quem tal cometeria assim como a forma, por

    que seria dado? Respondeu que sabe que morreram essas pessoas, isto sabe

    por se vizinho do dono da casa Floriano Antnio da Silva, que sendo por este

    chamado foi a dita casa e que ali achou oito mortos e trs agonizando, e que

    isto foi no dia dezenove de fevereiro do corrente ano, as oito horas do dia mais

    ou menos que ali chegou, e achou neste estado que j disse e que estes

    mortos e moribundos ou que estavam agonizando demonstraram estarem

    envenenadas, pela experincia que fez lhe com uma espora de prata, e que viu

    dos que estavam agonizando um deles lanar muito sangue preto. Foi mais

    perguntado se estes mortos estavam de sade, ou seja, andavam doentes que

    fosse por molstia que morressem no por veneno? Respondeu que estavam

    todos de sade no dias dezoito de Fevereiro, e que nesse dia alguns foram a

    roa buscar milho e que neste mesmo dia a noite principiaram a morrer, e no

    seguinte dia morreram todos, que constam do auto de delito e exame, e que

    no sabe a forma porque foi introduzido o veneno. Foi mais perguntado: se

    aquele dono da casa, dito Floriano, tem de seus vizinhos algum inimigo que

    possa-se atribuir ser este ou estes? Respondeu que s sabe que vive mal com

    Manoel Ferreira Armandes e Incio Jos Gonalves, e que no tem seno

    ouvido dizer pelo mesmo Floriano que desconfia ser introduzido o veneno em

    sua casa por Manoel Ferreira Armandes, e que julga ter sido posto o veneno

    naquela casa em o fub ou j estaria no angu, porque indo ele, testemunha,

    com uma sua filha no dia das mortes, quando para aquela casa foi esta sua

    filha deu a uns patinhos comer do fub ou angu e destes um deles retirando-se

    para a gua morreu repentinamente. Foi mais perguntado: se este Armandes

    tem por costume praticar estes atos, ou se pelo contrrio pessoa que se

    ocupa em sua vida domstica tratando de sua famlia e no de intrigas ou atos

    tais em que nestas circunstncias se possa a ele atribuir semelhantes

    atentados e casos to horrorosos? Respondeu que consta a ele, testemunha,

    que este Manoel Ferreira Armandes tem um vidro, que esteve com Manoel

    Antnio que se diz ser veneno que tem em dito vidro, e que tambm consta

    que desse vidro o dito Armandes dera a Prudncio Crioulo, escravo de Dona

    Francisca Frana, e que isto lhe dissera Francisco Gomes de Mendona, que

    dito escravo no chegou a tomar o tal veneno, e que s ps na boca e que

  • assim mesmo ficou muito mal, e que certa pessoa que no se recorda dera ao

    crioulo um pedao de fumo com o qual melhorou. Foi mais perguntado: se

    naquele lugar h mais pessoas que costumam a dar veneno? Respondeu que

    no sabe que haja outra qualquer pessoa que assim tenha praticado. Foi mais

    perguntado: se sabe que vindo os corpos mortos para esta Vila vinha ali

    acompanhando a estes vrias pessoas, onde vinha dos rus presentes o dito

    Armandes e tambm Jos Benguela, e que este Armandes mandara a Jose

    que voltasse para trs, e se assim, qual o motivo, se teria neste preto jurisdio

    ou se desconfiava de alguma coisa? Respondeu que ouviu dizer que mandou

    Armandes ao preto Jos que voltasse era por causa de dvidas com Antnio

    Vicente. Foi mais perguntado: se o preto deste Armandes, ou porque se

    temia de se os incomodar? Respondeu que este preto de um irmo de

    Armandes, de nome Francisco Ferreira. Foi mais perguntado: se este Jos

    Benguela tambm costumado a fazer coisas tais. Respondeu que Floriano

    disse a ele, testemunha, que no dia vspera das mortes passaram dentro do

    ptio do dito esse Jos Benguela junto com Francisco Cambinda, e que indo

    ele, Floriano, repreender estes antes que eles passassem por ali, estes

    responderam que desse licena s passaram por ali aquela vez, que indo eles

    andando, mais adiante, perto da porta do monjolo, um co latiu com eles, e que

    no outro dia amanheceu este co morto, dentro de casa, debaixo de um tear

    onde estava deitado e que neste dia a noite principiou a morrer a famlia do

    mesmo Floriano, e nada mais foi perguntado por parte da Justia. E dada a

    palavra as partes e curador presentes, pelo curador e procurador foi

    perguntado: qual a causa da inimizade de Floriano com seu cunhado

    Armandes? Respondeu que sabe que a tempos tiveram dvidas por causa de

    porcos de Floriano em a roa de Armandes, e que se esta ainda dura no

    sabe. Foi mais perguntado: se o dito Armandes no dia dessas mortes, ainda

    mesmo na vspera que foi sbado, se esteve em casa de seu cunhado

    Floriano ou em outro lugar? Respondeu que sabe ou consta-lhe que a muito

    ele no vai a essa casa, e que tambm consta que estava ou veio para a

    Lagoa. Foi mais perguntado se tem visto o dito Armandes dar veneno a alguma

    pessoa? Respondeu que nunca viu dar veneno. Foi mais perguntado: se

    Manoel Antnio inimigo de Armandes? Respondeu que no sabe. Foi mais

    perguntado: se sabe por ouvir dizer se houve exame em dito crioulo Prudncio,

    que diz cheirar ou por na boca a gua do tal vidro, que comprove ser veneno,

    ou ataque de qualquer enfermidade? Respondeu que sabe e consta-lhe que o

    dito Prudncio estava de sade, mas que no consta que se fez exame algum

    sobre o veneno. E nada mais foi perguntado e nem dito, depois de ser por mim

    este lido assinam: o Juiz, testemunha, partes presentes e curador. Eu Joaquim

    Incio Terra, Tabelio do Segundo Ofcio que escrevi. Rodrigues Barbosa,

    Joo Francisco Vidal, o curador de Jose Benguela e Francisco Cambinda -

    Elias Jos de Oliveira, Manoel Ferreira Armandes, a rogo de Incio Jose

    Gonalves Bonifcio Rodrigues da Costa.

  • 10 TESTEMUNHA (testemunho de Joo Manoel da Silva), Joo Manoel da

    Silva, branco, casado, lavrador, natural desta Freguesia de Piumhi, morador no

    Termo da Formiga, de idade de quarenta anos mais ou menos, que vive de sua

    lavoura de roa. Testemunha a quem o Delegado de Polcia deferiu o

    juramento dos Santos Evangelhos, e um livro deles, na forma da Lei, sob o

    cargo do qual lhe encarregou que bem e fielmente, sem dio, suspeita, calnia

    ou malcia, jurasse e dizer a verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse

    em vista do auto delito deste sumrio, o que sendo por ele recebido, assim o

    prometeu cumprir e sendo perguntado pelo delegado: se sabe que em casa de

    Floriano Antnio da Silva morreram da famlia deste onze pessoas, o dia, a

    hora das mesmas mortes e com que instrumento seriam mortos, se

    perfuramento, veneno de ervas, vegetais ou minerais e se assim quem o

    introdutor desse veneno aquela casa, e assim como se este Floriano tem de

    seus vizinhos inimigos que tenham isto praticado ou costumam a praticar tais

    atos? Respondeu ele, testemunha, que sabe por ver os mortos que morreram

    da famlia deste Floriano, ouviu pessoas, que esta mortandade foi em dia do

    ms passado, de Fevereiro, e que tem ouvido dizer a muitas pessoas que

    foram mortas com veneno, e que tem ouvido dizer, por Antnio da Costa

    Marques, que o introdutor desse veneno foi Manoel Ferreira Armandes, e que

    isto diz que por causa de inimizade de Armande com Floriano, e que isto

    disse a ele, testemunha, o mesmo Floriano e outros mais que se no recorda, e

    que este Armandes vizinho de Floriano a rumo direito, pouco mais de um

    quarto de lgua, e que no sabe se tem praticado tais atos com outros, e que

    s ouviu dizer por Manoel Antnio de Souza que Manoel Ferreira Armandes

    tinha ido buscar o veneno na Vila de Formiga para dar a Antnio Camarada e a

    outras pessoas mais. Foi mais perguntado: se s este Armandes quem tem

    inimizade naquele lugar com Floriano e se tendo outros inimigos tambm esses

    na vizinhana? Respondeu que s tem ouvido falar que naquela vizinhana

    Floriano s tem inimizade a Manoel Ferreira Armandes, e que tambm tem

    uma inimizadezinha com Incio Jose Gonalves, mas que no tem ouvido dizer

    que naquele lugar haja outra pessoa que usa de venenos, exceo deste

    Armandes. Foi perguntado mais: se sabe que este Armandes vindo

    acompanhando esses corpos mortos para esta Vila, j perto desta Vila fez

    voltar para trs um ru, que aqui com ele se acha preso, de nome Jos

    Benguela, dizendo lhe no chegasse nesta Vila e se esse preto vizinho

    tambm da casa dos mortos, e se assim qual a causa dessa volta? Respondeu

    que sabe que este preto voltou para trs, porm que no sabe a causa, e que

    sabe que este preto vizinho da casa dos mortos, e que no dia seguinte ao dia

    que sepultam nesta vila esses corpos, ele, testemunha, encontrou com esse

    preto de volta, porm se aqui chegou no sabe, e que aqui perguntou a ele,

    testemunha, Antnio da Costa e Francisco Machado por ele, o que ele,

    testemunha, imediatamente disse que o tinha encontrado, e estes subiram logo

  • a prender ele, e dizem que prenderam ao dito nas Araras, distante desta Vila

    lgua e meia. Foi mais perguntado: se tem amizade ou inimizade com algumas

    das partes presentes, ou qualquer outro, interessado na deciso da causa,

    presente? Respondeu que tem com todos amizade, e nada mais disse nem lhe

    foi perguntado por parte da Justia. E dada a palavra ao procurador, curador e

    mais partes presentes: pelo procurador e curador foi perguntado: que a

    testemunha declare qual a causa da inimizade de Floriano com seu cunhado

    Armandes, assim como, se dito Armandes no dia das mortandade ou na

    vspera esteve em casa de seu cunhado Floriano ou em outro lugar?

    Respondeu que ouviu dizer que essa inimizade por causa de criaes de

    porcos de Floriano em roas de Armandes, e que de mais no sabe. Foi

    perguntado: se tem visto o dito Armandes dar veneno a alguma pessoa, assim

    como, se Manoel Antnio de Souza inimigo do mesmo Armandes?

    Respondeu que nunca viu Armandes dar veneno a pessoa alguma, e que

    tambm no sabe se Souza inimigo de Armandes, e nada mais foi

    perguntado e nem dito, o qual juramento depois de por mim lido assinam: o

    Juiz, a testemunha, o curador e as partes. Eu Joaquim Incio Terra, Tabelio

    que o escrevi Rodrigues Barbosa, Joo Manoel da Silva, o curador de Jos

    Benguela e de Francisco Cambinda - Elias Jos de Oliveira, Manoel Ferreira

    Armandes, a rogo de Incio Jose Gonalves Eduardo Loureno de Almeida.

    11 TESTEMUNHA (testemunho de Jos Francisco da Silva) Jos

    Francisco da Silva, Alferes da Guarda Nacional, branco, casado, fazendeiro,

    natural desta Freguesia, morador do Distrito desta Vila, de idade de quarenta e

    sete anos, que vive de sua lavoura. Testemunha a quem o Delegado de Polcia

    deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles , em que ps

    sua mo direita, sob o cargo do qual encarregou que bem e fielmente, sem

    dio, suspeita, calnia, ou malcia jurasse dizer a verdade do que soubesse e

    perguntado lhe fosse em vista do auto de delito e exame deste sumrio, o que

    sendo por ele recebido, assim, o juramento cumprir. E perguntado pelo

    Delegado: se sabe por ver ou por ouvir dizer que morreram as pessoas

    constantes de dito auto, qual a causa dessas mortes, assim como, o dia, ms,

    hora e lugar de to horroroso atentado, qual a forma dos assassinatos, se por

    instrumento perfurante, ou outra forma, ervas venenosas de qualquer espcie,

    venenos vegetais ou minerais, se assim qual a forma que foi introduzido esse

    veneno, e quem o introdutor dele, assim como, se esse dono da casa tem

    inimigos, e se estes usam praticar casos tais, ou se praticaram estes?

    Respondeu que sabe que morreram da famlia de Floriano Antnio da Silva

    onze pessoas, e que tambm morreu um vizinho deste, de nome Joo

    Pacheco, o qual esteve nesta casa de Floriano e ali almoou e foi para sua

    residncia e l morreu, e que este foi sepultado no cemitrio da Mata, no

    Distrito do Porto Rial (hoje IGUATAMA O primitivo nome do loc