Processo Falência

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Anotações acerca da matéria de Direito Empresarial III, processo de falência

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  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 1

    # DIREITO EMPRESARIAL III: Falncias e recuperao de empresas

    Prof. Orlando Celso da Silva Neto - [email protected] - [email protected]

    - Disciplina jurdica das empresas em crise = Microssistema jurdico

    - Avaliao: 2 PROVAS (1 Semana de Outubro e ltima semana de novembro) e 1 TRABALHO (novembro) - 6

    a 8 questes objetivas e 1 a 3 questes discursivas

    - Livros: PAULO TOLETO E CARLOS ABRO No tenho

    - FABIO COELHO - vol. 3 - TENHO

    - MANOEL BEZERRA FILHO - TENHO

    # AULA 1

    # EMPRESA EM CRISE - e objeto da falncia

    - Regimes jurdicos da empresa em crise na Lei 11.101: falncia e recuperao (judicial e extrajudicial) S

    EXISTEM ESSAS TRS SOLUES.

    - A lei 11.101 no exclui a aplicao subsidiria de outras leis, p.ex. Cdigo Civil, CPC, quando necessrios

    compreenso e aplicao de determinado instituto.

    - Princpio propulsor da falncia: no procedimento falimentar busca-se a arrecadao dos bens da empresa e

    o pagamento dos credores de modo proporcional, para que ocorra justia na distribuio do patrimnio do

    devedor, satisfazendo-se, ao mximo, e na medida do possvel, os anseios dos credores.

    - NEM TODA FALNCIA UM MAL: a falncia o processo capaz de retirar os maus agentes econmicos do

    mercado. Por isso, nem toda falncia representa um mal. Empresas atrasadas, insuficientes e mal

    administradas devem mesmo falir, porque inviveis e prejudiciais ao sistema econmico. Sua permanncia no

    mercado traz mais malefcios do que aqueles advindos de sua falncia.

    *** Assim, a recuperao da empresa NO deve ser vista como um valor jurdico a ser buscado a

    qualquer custo. Pelo contrrio, as ms empresas devem falir para que as boas no se prejudiquem.

    - A reforma de 2005 no alterou os fundamentos da lei falimentar anterior. A crise da empresa continua

    sendo vista como essencialmente litigiosa, demandando por isso constante presena do Poder Judicirio em

    cada passo dos seus desdobramentos.

    -> SUPER-ENDIVIDAMENTO = aquela pessoa fsica que tem tantos compromissos financeiros que no

    consegue manter o mnimo existencial, tem mais de 70% da sua renda comprometida. Nesse caso, no existe

    forma especfica para se recuperar. No direito civil, o regime de insolvncia muito ruim, no resolve os

    problemas dos credores e do insolvente. Diante disso, necessrio um regime especial para tratar das

    situaes de crise, especialmente quando se tratar de pessoas jurdicas.

    - Existe uma razo de cunho econmico-social para a recuperao da empresa, e no apenas para

    beneficiar os controladores da empresa, existe um grupo enorme de detentores de interesses (consumidores,

    funcionrios, credores, empreendedores, investidores, etc.) na melhora da empresa (stake holders).

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 2

    - A crise fatal de uma grande empresa significa o fim de postos de trabalho, desabastecimento de

    produtos ou servios, diminuio na arrecadao de impostos e, dependendo das circunstncias, paralisao

    de atividades satlites e problemas srios para a economia local, regional ou, at mesmo, nacional. Por isso,

    muitas vezes o direito se ocupa em criar mecanismos jurdicos e judiciais de recuperao da empresa.

    -> CRISE

    - Aspecto Econmico da Crise da empresa = RETRAO CONSIDERVEL NOS NEGCIOS, piora geral nos

    negcios. P.ex. diminuio nas exportaes, reduo de pedidos, diminuio das vendas.

    - Aspecto Financeiro da Crise da empresa = INCAPACIDADE DE HONRAR OS SEUS COMPROMISSOS, FALTA DE

    LIQUIDEZ = IMPONTUALIDADE = Falta de dinheiro em caixa para pagar suas obrigaes. P.ex. atraso nos

    pagamentos do fornecedor, dos empregados.

    - Aspecto Patrimonial da Crise da empresa = ASPECTO ESTTICO (para analisar este ponto deve-se congelar

    em um dia especfico) = INSOLVNCIA (insuficincia de ativo para satisfazer o passivo) = empresa com passivo

    (obrigaes e exigibilidades) maior do que o ativo (seu patrimnio, contas a receber, ou seja, todo o conjunto

    de bens e direitos da empresa) = a empresa deve mais do que tem = s se tem uma crise patrimonial quando

    isso ameaar a continuidade da empresa.

    -> NORMALMENTE, quando uma empresa busca os regimes jurdicos da Lei 11.101 porque ela j est

    sofrendo com os 3 aspectos da crise (econmica, financeira e patrimonial). Caso contrrio, iria buscar alguma

    soluo de mercado, como p.ex. a venda de bens.

    -> SOLUO JUDICIAL X SOLUO DE MERCADO PARA A SITUAO DE CRISE DA EMPRESA

    - Porque recorrer ao judicirio? Porque s vezes vivel o mercado trazer a melhora e por vezes isso

    invivel.

    - INVIVEL = ningum no mercado vai aparecer para salvar a empresa invivel, pois no existem mecanismos

    para salv-la (no h soluo de mercado). Neste caso necessria a soluo judicial por meio da FALNCIA.

    Na falncia h a transferncia dos ativos (conjunto de bens e direitos) dessa empresa invivel para uma

    terceira pessoa capaz de melhor administrao e, assim, continuar gerando riquezas. Essa medida assegura o

    princpio da preservao da empresa = pega o que tem de melhor, cria-se um muro e inicia-se do zero com um

    novo administrador.

    * INVIVEL = SEM SOLUO DE MERCADO = SOLUO JUDICIAL NA MODALIDADE DA FALNCIA = as

    empresas inviveis devem ser retiradas do mercado.

    - VIVEL = quando a empresa vivel possvel uma SOLUO DE MERCADO (modificao de gesto, injeo

    de investimento, reorganizao, etc.), muitas vezes por motivos de investimentos futuros, ainda que

    inicialmente tenha prejuzos.

    * Soluo de mercado = outros empreendedores e investidores dispem-se a prover os recursos e adotar

    as medidas de saneamento administrativo necessrios estabilizao da empresa, porque identificam nela

    uma oportunidade de ganhar dinheiro.

    * Em outros casos, mesmo sendo a empresa vivel necessria a interveno do judicirio, citam-se os

    dois casos mais comuns:

    1) Idiossincrasia valorativa = o dono/scios/acionistas acham que a empresa vale mais do que o

    mercado investidor diz que ela vale, com isso afastam o investimento e, consequentemente, inviabiliza-se a

    soluo de mercado = para esses casos recorre-se RECUPERAO JUDICIAL;

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 3

    2) Segurana jurdica = a empresa vivel, mas os investidores esto inseguros em investir, por

    isso no possvel uma soluo de mercado, ento, recorre-se RECUPERAO JUDICIAL para dar segurana

    jurdica ao negcio e afastar os riscos da negociao, por meio de um plano de recuperao = com isso

    viabiliza-se a negociao da empresa em crise.

    * VIVEL = SOLUO DE MERCADO OU RECUPERAO JUDICIAL = PRINCPIO DA CONSERVAO DA

    EMPRESA VIVEL = deve-se tenta manter e recuperar aquelas empresas que ainda tm condies de se

    reerguer e continuar com a sua atividade empresarial.

    # FALNCIA - o afastamento do controlador do devedor, com transferncia dos ativos para um terceiro.

    Nem toda falncia um mal, mas s vezes um mal necessrio.

    - Art. 75 da Lei 11.101 = traz o fim almejado pela Falncia, obedecidos os princpios da celeridade e da

    economia processual. Na prtica estes princpios so descumpridos!!

    Art. 75. A falncia, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangveis, da empresa.

    Pargrafo nico. O processo de falncia atender aos princpios da celeridade e da economia processual.

    - Art. 79 da Lei 11.101 = a falncia tem preferncia sobre todos os outros processos. Na prtica isso no

    ocorre!!

    Art. 79. Os processos de falncia e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer

    instncia.

    -> CONCEITO: Ulhoa Coelho trata a falncia como uma EXECUO CONCURSAL, ao invs de existirem

    diversas execues contra determinado devedor, isso se resolve tudo na falncia, pois todos os crditos,

    inclusive aqueles no vencidos, se consideram vencidos com a decretao da falncia e sero executados na

    ordem de preferncia de acordo com a natureza dos crditos, com tratamento igualitrio dentro da sua classe

    (crditos tributrio, trabalhistas, direitos reais, quirografrios, etc.), concorrendo-participando todos os

    credores.

    - Se o devedor tem menos bens que os necessrios ao integral cumprimento das suas obrigaes, deve-se

    adotar a EXECUO CONCURSAL. Se a regra fosse a execuo individual, quem propor antes receber antes,

    violando as regras de crditos preferenciais e tratando de forma desigual crditos de mesma categoria.

    - EXECUO CONCURSAL = TRATAMENTO PARITRIO DOS CREDORES, com preferncia aos mais

    necessitados, efetivando as garantias legais ou contratuais, e assegurando iguais chances aos credores de

    mesma categoria.

    - O Administrador Judicial pega todo o patrimnio do devedor, avalia e aliena os ativos, aps isso vai

    comear a pagar os credores de acordo com a ordem de preferncia (p.ex. trabalhistas antes dos

    quirografrios, sem garantia).

    - FALNCIA = processo judicial de execuo concursal do patrimnio do devedor empresrio, que,

    normalmente, uma pessoa jurdica revestida da forma de sociedade limitada ou annima. Para os no

    empresrios sem meios de honrar a totalidade de suas obrigaes, o direito destina um processo diferente de

    execuo concursal, que a insolvncia civil (CPC - arts. 748 e ss.).

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    -> PRINCIPAIS DIFERENAS ENTRE FALNCIA E INSOLVNCIA CIVIL:

    * Falncia: O empresrio ainda tem possibilidade de utilizar a recuperao (judicial ou

    extrajudicial), cujo plano de recuperao deve ser aprovado pela MAIORIA dos credores, suspendendo a

    execuo concursal. Na falncia, se pagos mais da METADE dos crditos dos quirografrios, o que no for

    pago est extinto (art. 158, II, da Lei 11.101). Mesmo que depois do encerramento falncia o patrimnio seja

    reconstrudo, os credores existentes na poca da falncia NO podero pleitear a satisfao do crdito.

    * Insolvncia civil: O no empresrio, em insolvncia civil, para pedir a suspenso da execuo

    concursal, precisa da anuncia de TODOS os credores (art. 783 do CPC). As obrigaes do no empresrio

    insolvente s se extinguem com o pagamento INTEGRAL do devido (art. 774 do CPC). Mesmo depois do

    encerramento do processo de insolvncia, se o patrimnio for reconstrudo, os credores existentes na poca

    da insolvncia PODERO pleitear a satisfao integral do passivo, salvo se decorrido o prazo de 5 anos do

    encerramento do processo de insolvncia (art. 778 do CPC).

    -> PRESSUPOSTOS PARA A INSTAURAO DA FALNCIA:

    a) devedor sociedade empresria (em geral, sociedade limitada ou annima);

    b) insolvncia (impontualidade injustificada, execuo frustrada ou prtica de ato de falncia);

    c) sentena declaratria da falncia.

    A) MBITO DE INCIDNCIA DEVEDOR SUJEITO A FALNCIA (aqueles que esto sujeitos lei 11.101)

    - Art. 1 = essa lei regula o empresrio individual e a sociedade empresria = denominados DEVEDORES pela

    Lei.

    - Empresa = empresrio individual (MEI - microempreendedor individual) e a sociedade empresria (S.A,

    LTDA, em nome coletivo, em comandita simples, e em comandita por aes). So aqueles que exploram

    atividade econmica de forma empresarial (atividade economicamente organizada, desenvolvida

    profissionalmente, com habitualidade, voltada produo ou circulao de mercadorias ou servios, com

    propsito de lucro investimento de considervel capital, contratao expressiva mo de obra e emprego de

    tecnologia sofisticada) art. 966 do Cdigo Civil.

    - Nem tudo empresa, existem atividades econmicas no empresariais (so de natureza meramente

    civil ou geralmente profisses regulamentadas e liberais) = essas atividades NO se beneficiam dos regimes

    jurdicos da Lei 11.101 (p.ex. escritrios de advocacia), devendo recorrer s regras de insolvncia do CPC. -

    Engenheiros podem se organizar como empresa ou no.

    *** TAMBM NO SO EMPRESA: as associaes, fundaes, sociedades simples (pois adquirem

    personalidade jurdica com o registro no Cartrio de pessoas jurdicas, art. 114, da Lei 6015/73),

    produtores rurais no registrados na Junta Comercial, cooperativas (art. 982 do Cdigo Civil, so

    consideradas empresas simples = Lei 5.764/71), aqueles que exercem profisso intelectual, cientfica,

    literria ou artstica (salvo se o exerccio dessas profisses constituir elemento da empresa). Para esses

    casos aplica-se a insolvncia civil.

    - Empresa irregular (sem registro do ato constitutivo na junta) e empresa de fato (no possui sequer ato

    constitutivo contrato social) = ambas exercem atividade empresarial e, independentemente de no

    possurem personalidade jurdica, PODEM ter a falncia decretada (art. 97, da Lei 11.101). Contudo, sofrem

    diversas restries, p. ex., NO PODEM requerer a recuperao judicial, pois no conseguem comprovar a sua

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    regularidade (art. 51, V, da Lei 11.101), entre outras: impossibilidade de participao em licitaes pblicas;

    responsabilidade ilimitada e solidria dos scios; impossibilidade de obteno de CNPJ (Cadastro Nacional de

    Pessoa Jurdica) e responsabilizao tributria por esse descumprimento e pelos que lhe so correlatos, como

    impossibilidade de emisso de nota fiscal; impossibilidade de cadastro junto ao INSS (Instituto Nacional de

    Seguridade Social) e sanes disso advindas; inexistncia de autonomia entre o patrimnio da pessoa jurdica

    e de seus scios; impossibilidade de adoo de forma de microempresa. etc.

    - Art. 2 - Hipteses em que NO se aplica a Lei 11.101, embora exeram atividade econmica empresarial:

    -> EXCLUSO ABSOLUTA = NUNCA podem pedir ou ter requerido a recuperao judicial (NUNCA SE APLICA A

    LEI 11.101):

    * Empresa Pblica - capital 100% do Estado = Caixa, correios. - Como tem participao do Estado, por

    causa dos interesses do Estado que devem ser tutelados sob seu controle.

    * Sociedade de Economia Mista - maioria do capital com direito a voto do Estado (controlada direta ou

    indiretamente por pessoa jurdica de direito pblico Unio, Estado ou Municpio) = BB. - Como tem

    participao do Estado, por causa dos interesses do Estado que devem ser tutelados sob seu controle. - O

    professor critica isso, pois existem interesses particulares tambm.

    * Cmaras ou prestadoras de servios de compensao e de liquidao financeira aqui a liquidao das

    obrigaes segue os regulamentos do Banco Central (art. 194 da Lei 11.101) = em nenhuma hiptese pode ser

    decretada a falncia cabendo proceder de acordo com o disposto no regulamento adotado pelo respectivo

    servio de compensao e liquidao financeira.

    * Entidades FECHADAS de previdncia complementar - esto sujeitas unicamente liquidao

    extrajudicial (Lei Complementar n. 109/01, art. 47). Nenhum credor dessa entidade pode requerer em juzo a

    decretao de sua falncia. Pode apenas executar o crdito que titula, mediante a penhora de bens da

    devedora.

    -> EXCLUSO RELATIVA = SE APLICA SUBSIDIARIAMENTE O RITO DA FALNCIA DA LEI 11.101:

    * Sociedade operadora de plano de sade (Lei n. 9.656/98 ANS) - sujeitam- -se falncia quando, no

    curso da liquidao extrajudicial decretada pela ANS Agncia Nacional de Sade Suplementar, verifica-se

    que o ativo da massa liquidanda no suficiente para pagar mais da metade dos crditos quirografrios, as

    despesas administrativas e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidao extrajudicial ou se

    houver fundados indcios de crime falimentar (Lei n. 9.656/98, art. 23 e Med. Prov. 2.177-44/01).

    * Sociedade seguradora (art. 26 do Decreto-Lei n. 73/66 - SUSEP) e entidade ABERTA de previdncia

    complementar (art. 73 da Lei Complementar n. 109/2001) - esto sujeitas a procedimento especfico de

    execuo concursal, denominado liquidao compulsria, promovida pela Susep Superintendncia de

    Seguros Privados, autarquia federal responsvel pela fiscalizao da atividade securitria. Nestes casos, a

    falncia, na nica situao cabvel, ser sempre requerida pelo liquidante nomeado pela Susep.

    * Instituio Financeira Pblica ou Privada (Lei n. 6.024/74 liquidao extrajudicial Banco Central),

    sociedades empresrias arrendadoras dedicadas explorao de leasing (Res. BC n. 2.309/96 Banco

    Central), Administradoras de Consrcio (Lei n. 5.768/71, art. 10 - SUSEP) e Sociedades de Capitalizao (Dec.-

    Lei n. 261/67, art. 4 - SUSEP) - Quando se encontram no exerccio regular da atividade financeira, sujeitam-se

    decretao da falncia como qualquer outro empresrio. Mas, se o Banco Central ou a SUSEP decreta

    interveno ou liquidao extrajudicial de certa pessoa jurdica, esta no pode mais falir a pedido de credor.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 6

    H possibilidade tambm de interveno e posterior decretao da falncia (quando o risco j estiver

    contido).

    * Cooperativa de crdito (Lei n. 5.764/71) possibilidade de interveno do BANCO CENTRAL e posterior

    decretao da falncia (quando o risco j estiver contido).

    * * OUTRAS ENTIDADES LEGALMENTE EQUIPARADAS S ANTERIORES!!!

    -> Todas as atividades acima mencionadas possuem RISCO SISTMICO OU CAPTAM RIQUEZAS PBLICAS

    (interesse pblico geral social e econmico) = SO ATIVIDADES ESPECFICAS E DE RELEVANTE INTERESSE

    SOCIAL E CONMICO.

    *** Assim, NO podem ser exercidas por qualquer um, pois as consequncias da crise destas

    atividades pode afetar todo o sistema financeiro (e no apenas relaes intersubjetivas). Deste modo, a Lei

    11.101 no suficiente para tutelar estas situaes de crise, so necessrios modelos mais incisivos, que

    dependem da interveno do Estado, da a necessidade de leis especficas.

    *** Nos casos de insolvncia, possvel aplicar SUBSIDIARIAMENTE a Lei 11.101, MAS APENAS

    NO TOCANTE FALNCIA, desde que exista previso nas medidas especficas (art. 197 da Lei 11.101) e se

    trate de atividade relacionada no rol de excluso relativa.

    B) HIPTESES DE DECRETAO DA FALNCIA (ART. 94 DA LEI 11.101):

    - NO necessrio ao requerente da quebra demonstrar o estado patrimonial de insolvncia da empresa,

    para que se instaure a execuo concursal falimentar.

    - NO se livra da execuo concursal a empresa que demonstrar eventual superioridade do ativo em

    relao ao passivo.

    - Exige a lei 11.101 a insolvncia jurdica, que se caracteriza, no direito falimentar brasileiro, pela

    impontualidade injustificada (art. 94, I), pela execuo frustrada (art. 94, II) ou pela prtica de ato de falncia

    (art. 94, III) = INSOLVNCIA PRESUMIDA.

    - Demonstrada uma destas hipteses, ser decretada a falncia, mesmo que a sociedade empresria

    tenha patrimnio lquido positivo, com ativo superior ao passivo. Se no ficar demonstrado nenhum destes

    fatos, no ser decretada a falncia, ainda que o passivo da empresa devedora seja superior ao seu ativo.

    1) Impontualidade injustificada do devedor (art. 94, inciso I, da Lei 11.101) = fixao de valor mnimo para

    pedir a falncia = obrigao lquida documentada em ttulo(s) judicial ou extrajudicial protestado, cujo valor

    deve ser superior a 40 salrios mnimos na data do pedido = a simples impontualidade marcada pelo

    protesto no enseja a falncia, precisa atingir o valor mnimo.

    - Para instruir o pedido de falncia, trata-se do PROTESTO ESPECIAL, ou seja, deve ser feito no

    estabelecimento do devedor, com a identificao da pessoa da empresa que recebeu no tempo-certido de

    protesto (SMULA 361 DO STJ A notificao do protesto, para requerimento de falncia da empresa devedora,

    exige a identificao da pessoa que a recebeu. a nica smula do STJ feita aps a Lei 11.101 de 2005, todas as

    demais falam da lei antiga).

    - Credores diversos podem requerer a falncia em conjunto e unir seus crditos para alcanar o limite de 40

    salrios mnimos (art. 94, 1, da Lei 11.101) = litisconsrcio ativo.

    - Se no atingir o mnimo legal de 40 salrios mnimo, o credor no pode requerer a falncia, mas pode

    mover a execuo judicial individual.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 7

    - NO CONFIGURA IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA (art. 96 da Lei 11.101): uma nica ou poucas dvidas

    no significam crise, alm de que pode ter sido a empresa que resolveu no pagar (dvida prescrita,

    inexistente, nula = obrigao inexigvel). Por fim, deve-se lembrar nesse caso da ordem de preferncia dos

    crditos.

    Impontualidade JUSTIFICADA = Art. 96. A falncia requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, no ser decretada se o requerido provar: I falsidade de ttulo; II prescrio; III nulidade de obrigao ou de ttulo; IV pagamento da dvida; V qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigao ou no legitime a cobrana de ttulo; VI vcio em protesto ou em seu instrumento; VII apresentao de pedido de recuperao judicial no prazo da contestao, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII cessao das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falncia, comprovada por documento hbil do Registro Pblico de Empresas, o qual no prevalecer contra prova de exerccio posterior ao ato registrado.

    - STJ - RESP = BOA DECISO:

    FALNCIA - REQUERIMENTO - PEQUENO CREDOR - LICITUDE - INDEFERIMENTO - SUBSTITUIO DO PROCESSO EXECUTIVO - ABUSO INEXISTENTE 1. O Ordenamento jurdico pe disposio do credor lesado por inadimplemento de comerciante, dois caminhos, absolutamente lcitos, a saber: a) o primeiro linear e barato que requerer a declarao da falncia materializada pelo inadimplemento. Esta via, apesar de mais cmoda, mais arriscada. De fato, se o devedor por descuido ou falta de dinheiro, no pagar no prazo assinalado, instaura-se o processo falimentar e a nota promissria perde a fora executiva, para tornar-se reles ttulo quirografrio, despido de qualquer preferncia; b) a segunda via a cobrana executiva. Para percorr-la, o credor obrigado a localizar bens do devedor, indic-los penhora, pagar o oficial de justia, para que efetue a citao e, depois, para que consume a penhora. Depois, com o processo suspenso, o exeqente obrigado a esperar o julgamento dos embargos. Por ltimo, decorridos vrios anos, compelido a despender mais dinheiro, para os editais de praa ou leilo. Como se v, este segundo caminho consideravelmente lento e dispendioso. Obrigar o pequeno credor a segui-lo colocar o Poder Judicirio a servio do mau pagador, em patente injustia. 2 - Para obviar a declarao de falncia o comerciante solvente e decente deve resgatar seus ttulos, no prprio dia do vencimento. Em caso de protesto, honra a obrigao imediatamente, ou informa ao oficial de protesto, os motivos que justificam o no pagamento. Por exigir decncia de todos os comerciantes, o Direito Positivo enxerga na inadimplncia um sinal inconfundvel de insolvncia. 3 - Em constatando que o comerciante "sem relevante razo de direito" no pagou, no vencimento, obrigao lquida, constante de ttulo que legitime ao executiva, cumpre ao juiz declarar a falncia. No lhe lcito furtar-se declarao, a pretexto de que o credor est usando o pedido de falncia, como substitutivo da ao de execuo. (STJ. REsp 515.285/SC, Rel. Ministro CASTRO FILHO, Rel. p/ Acrdo Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/04/2004)

    2) Execuo Frustrada (impontualidade qualificada) (art. 94, II, da Lei 11.101) = sociedade empresria

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 8

    executada por qualquer quantia lquida, no paga, no deposita e no nomeia penhora bens suficientes

    dentro do prazo legal = TRPLICE OMISSO.

    - Se est sendo promovida contra a sociedade empresria uma execuo individual, isso significa que ela no

    pagou, no vencimento, obrigao lquida, certa e exigvel (CPC, art. 586). Por outro lado, se no nomeou bens

    penhora, sinal de que talvez no disponha de meios sequer para garantir a execuo. Esses fatos

    denunciam a insolvabilidade da executada e possibilitam a decretao da falncia.

    - Pede-se a suspenso do processo de execuo, pega uma certido narrativa, escreve os fatos e faz o

    pedido de falncia (uma ou duas pginas). O pedido de falncia NO se faz nos autos da execuo individual.

    - NO precisa fazer o protesto do ttulo em que se baseia a execuo individual.

    - NO necessrio que o ttulo objeto da execuo tenha valor mnimo.

    *** As hipteses 1 e 2 possuem causas pr-caracterizadas ou pr-existentes.

    3) Atos Falimentares = art. 94, III, da Lei 11.101 = NO daro ensejo falncia se esses atos estiverem

    previstos no plano de recuperao judicial. So causas que caracterizam ou comprovam o processo de

    requerimento de falncia.

    - Atos de falncia = comportamentos normalmente praticados pela sociedade empresria que se encontra em

    insolvncia econmica, isto , com ativo inferior ao passivo (patrimnio lquido negativo) = presuno

    absoluta.

    - Nas falncias os acionistas geralmente NO recebem o capital investido, so os ltimos a receber. Ou seja, se

    a falncia ocorrer os acionistas vo ficar sem nada. Diante da crise, ento, a legislao cria meios para salvar a

    empresa.

    - NO interessa se a sociedade empresria tem ou no ativo superior ao passivo; NO se exige para a

    decretao da falncia, a demonstrao do estado patrimonial de insolvncia. suficiente a prova de que o

    devedor praticou ato de falncia, basta isso para a instaurao da execuo concursal:

    a) Liquidao precipitada de ativos, meio ruinoso ou fraudulento de pagamentos = os acionistas no podem

    fazer isso para tentar salvar a empresa e resguardar parte do patrimnio, pois prejudicial massa-

    coletividade de credores, de tal modo que ensejam e justificam o pedido de falncia da empresa, por

    exemplo:

    - Liquidao precipitada de ativos = a empresa pode vender o que ela tem, a preocupao maior

    com o ativo permanente (conjunto de bens e direitos da empresa, geralmente divididos entre ESTOQUE -

    mercadorias para comercializao, e ATIVO PERMANENTE - instalaes, terreno, mquinas, etc = so os bens

    indispensveis explorao da atividade). Neste caso, se a empresa em crise comea a vender os ativos

    permanentes de forma PRECIPITADA (fora de condies normais de mercado, seja em funo do tempo muito

    rpido de venda, em funo do volume-quantidade, ou em funo do baixssimo valor), sem fazer reposio,

    estar cometendo ato de falncia.

    - Meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamento = FRAUDE (aquilo que no espelha a

    realidade) e MEIO RUINOSO (meio que cause prejuzo massa falida, ainda que ocorra antes da decretao de

    falncia, vez que a situao de crise j est instalada e a sentena pode retroagir para atingir estes atos). P.ex.

    contratao de novos emprstimos para quitar os anteriores, sem perspectiva imediata de recuperao

    econmica da empresa, ou aceita pagar juros excessivos, comparativamente aos praticados no mercado.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 9

    b) Realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar

    credores, negcio simulado ou alienao de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou no =

    NEGCIO SIMULADO (SIMULAO) E ALIENAO DE PARTE OU TOTALIDADE DO ATIVO = simulao (ato que

    no corresponde realidade, p.ex. compra e venda simulada para afastar bem de execuo judicial ->

    presume-se o prejuzo, pois o ato simulado por si s causa prejuzo massa de credores); alienao de parte

    ou totalidade do ativo a terceiro (esse elemento deve ser conjugado ao conceito de fraude aos credores,

    seno no haver causa para falncia).

    c) Transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de todos os credores e sem

    ficar com bens suficientes para solver seu passivo = CONTRATO DE TRESPASSE (1.143 a 1.145 do Cdigo Civil)

    = ALIENAO DO ESTABELECIMENTO = Pode ser desconstituda pela sentena da falncia = Alienao

    irregular de estabelecimento, pois no teve consentimento de todos.

    d) Simulao da transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislao ou a

    fiscalizao ou para prejudicar credor = MODIFICAO DE SEDE FSICA. P.ex. mudana de sede social no

    contrato social-estatuto que no corresponde realidade. lcita a mudana por motivos da proximidade de

    fornecedores ou consumidores, melhor infraestrutura logstica, etc.

    e) D ou refora GARANTIA REAL a credor por dvida contrada anteriormente (pr-existente) sem ficar com

    bens livres e desembaraados suficientes para saldar seu passivo = DVIDA PR-EXISTENTE QUIROGRAFRIA.

    Estar elevando de classe um crdito, sem justificativa.

    * NO se permite a constituio/reforo de garantia real (hipoteca, penhor, cauo de ttulos,

    etc.) POSTERIORMENTE constituio do crdito = indevida elevao de categoria do crdito.

    * NO se verifica o ato de falncia se a constituio da obrigao e a concesso da garantia real

    so concomitantes.

    f) Ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,

    abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domiclio, do local de sua sede ou de seu principal

    estabelecimento = DEVEDOR FUJO (o representante legal da sociedade devedora est em local incerto e no

    sabido) = Abandono do estabelecimento empresarial. - Isso mais voltado ao empresrio individual que no

    se encontra em seu estabelecimento.

    * NO ato de falncia se a empresa devedora constituiu procurador com poderes e recursos

    suficientes para responder pelas obrigaes sociais.

    g) Deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de recuperao judicial

    (reorganizao da pessoa jurdica, por meio de um plano aprovado pelos credores e homologado pelo juiz).-

    NO pode deixar de cumprir sem justificativa qualquer das obrigaes assumidas no plano de reorganizao.

    Verificado o inadimplemento, a qualquer tempo, caracteriza-se o ato de falncia.

    -> Todos estes atos ensejam o pedido de falncia quando tentam-prejudicam o concurso de credores

    (universo de pessoas com quem ela tem relao). Mas, so atos de difcil comprovao, em comparao com

    os item 1 e 2.

    -> As hipteses de atos falimentares se caracterizam ou se comprovam no processo de requerimento de

    falncia (durante o seu trmite). - Por isso bem mais complicado do que os itens 1 e 2, o professor acredita

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 10

    que 99% das falncias so pedidas com base na impontualidade e na execuo frustrada e no nestes atos

    falimentares.

    C) PROCESSO DE FALNCIA CULMINA NA SENTENA DECLARATRIA DE FALNCIA

    - O requerimento de falncia inicia um processo judicial, mas no inicia o processo de falncia (este s inicia

    quando h a sentena de procedncia decretando a falncia).

    - Fase processual pr-falimentar = requerimento de falncia + defesa + sentena que decreta a falncia ->

    neste processo apenas o requerente participa.

    - Com a decretao da falncia em sentena INICIA O PROCESSO DE FALNCIA PROPRIAMENTE DITO -> aqui

    todos os credores vo participar.

    - S haver processo de falncia propriamente dito se a sentena for PROCEDENTE, no sentido de

    decretar a falncia. - No caso de IMPROCEDNCIA no haver processo de falncia.

    - So 3 fases: FASE PR-FALIMENTAR, que pode ser litigiosa ou no litigiosa (procedncia) => FASE DO

    PROCESSO DE FALNCIA => FASE DE REABILITAO (Ulhoa Coelho)

    - Na primeira, correspondente ao pedido de falncia, o objeto do processo verificar a presena

    dos pressupostos materiais de instaurao do concurso falimentar: devedor que explora atividade

    econmica e insolvncia jurdica (impontualidade injustificada, execuo frustrada ou ato de falncia).

    Atendidos estes pressupostos, o juiz profere sentena instaurando o concurso de credores e inaugurando a

    segunda fase do processo falimentar, cujos objetivos principais so a realizao do ativo, a verificao e

    satisfao do passivo. A terceira fase do processo falimentar tem por objeto a reabilitao do falido.

    # FASE PR-FALIMENTAR verificar os dois pressupostos materiais da decretao da falncia =

    empresarialidade da sociedade devedora e a insolvncia jurdica. - Se no se verificarem os pressupostos da

    decretao da falncia, o juiz proferir sentena denegatria.

    1) REQUERIMENTO (Pedido de falncia):

    -> COMPETNCIA (art. 3 da Lei 11.101) = juzo com competncia falimentar do local onde se encontra o

    principal estabelecimento do devedor.

    - Por isso nem sempre vai ser a sede, vai ser aquele estabelecimento onde so tomadas as

    principais decises negociais, o gerenciamento = aquele em que se encontra concentrado o maior volume

    de negcios da empresa; o mais importante do ponto de vista econmico. Estar provavelmente mais

    prximo aos bens, contabilidade e aos credores da sociedade falida.

    - P.ex. BRF tem frigorficos em vrios locais, mas as decises so tomadas pelo conselho em So

    Paulo. Em Santa Catarina, o professor mencionou que Florianpolis tem uma vara especializada.

    - A execuo, no caso de trplice omisso, e o pedido de homologao de plano de recuperao

    extrajudicial no geram preveno.

    - JUZO FALIMENTAR UNIVERSAL = TODAS as aes referentes aos bens, interesses e negcios

    da massa falida sero processadas e julgadas pelo juzo perante o qual tramita o processo de execuo

    concursal por falncia (LF, art. 75), salvo as seguintes hipteses:

    1) Aes no reguladas pela Lei de Falncias em que a massa falida for autora ou

    litisconsorte ativa; P.ex. uma pessoa colidiu no carro da empresa. A massa valida pode propor ao de

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 11

    indenizao. Nesse caso, a massa falida vai demandar no juzo competente conforme as regras do CPC. Se a

    massa falida for r, o juzo competente o da falncia (regra geral).

    2) Aes que demandam quantia ilquida, independentemente da posio da massa falida

    na relao processual, tambm no so atradas pelo juzo universal da falncia, caso j estivessem em

    tramitao ao tempo da decretao desta; nesse caso, elas continuam se processando no juzo ao qual haviam

    sido distribudas. Ou seja, nesses casos o juzo falimentar no atrai as aes j em trmite.

    3) As execues tributrias, que, segundo o disposto no art. 187 do CTN, no se sujeitam a

    nenhum concurso de credores, nem ha-bilitao na falncia; a mesma regra excludente da universalidade

    aplica-se aos crditos no tributrios inscritos na dvida ativa, segundo a Lei n. 6.830/80;

    4) Reclamaes trabalhistas, para as quais competente a Justia do Trabalho, em razo de

    norma constitucional;

    5) Aes de conhecimento referente obrigao ilquida de que parte ou interessada a

    Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal, hiptese em que a competncia da Justia Federal

    (CF, art. 109, I);

    -> LEGITIMIDADE ATIVA (quem pode realizar o PEDIDO DE FALNCIA) = normalmente o CREDOR, pois a

    falncia tem-se revelado um eficaz instrumento de cobrana.

    - OBS: O Estado como credor nunca pede a falncia, o governo federal no quer se responsabilizar pela

    demisso de pessoas, etc. pega mal na poltica.

    - AUTOFALNCIA (art. 105 da Lei 11.101) = falncia requerida pelo DEVEDOR. Quando a situao de crise

    no pode ser resolvida por outros meios. - uma FASE NO LITIGIOSA (quase voluntria - no tem

    contencioso arts. 105 a 107), apenas o devedor busca a falncia. - uma forma bem rara de falncia, pois o

    devedor tem dificuldade em aceitar que ele falhou, bem como na situao de crise visa tirar algum proveito

    desta situao. - De acordo com a letra do art. 105 a autofalncia seria uma obrigao do devedor (no

    faculdade), contudo, no h nenhuma sano para o caso de descumprimento deste dever.

    - Requerimento de Falncia (art. 97 da Lei 11.101):

    1) EMPRESRIO INDIVIDUAL (tambm os seus sucessores em caso de morte = cnjuge suprstite,

    herdeiros, inventariante = tambm ser uma fase no litigiosa, com rito parecido com a autofalncia) faz o

    requerimento quando estiver insolvente e considerar que no atende os requisitos para pleitear a

    recuperao judicial. Se no fizer o pedido no sofre punio ou qualquer consequncia, uma faculdade.

    2) ACIONISTA/SCIO MINORITRIO = aquele que no tem poder de deciso = ou mesmo pelo

    acionista majoritrio mesmo que no tenha obtido aprovao da assembleia/reunio. Isso geralmente no

    ocorre, pois a conflito de interesses entre scios/acionistas dificulta o requerimento de falncia, sempre

    existe o "some daqui" (dissoluo parcial como forma de preservao dos interesses). Haver litigiosidade =

    o pedido de falncia observa um procedimento judicial tpico, isto , contencioso.

    3) CREDOR = QUALQUER CREDOR PODE REQUERER A FALNCIA, MESMO QUE O SEU CRDITO

    NO ESTEJA VENCIDO, DESDE QUE AO MENOS UMA DAS HIPTESES DE FALNCIA ESTEJA CARACTERIZADA

    (impontualidade, execuo frustrada, atos falimentares) = essa lgica foge da regra individualista do CPC,

    onde o interessado somente pode pleitear direito prprio (art. 6) = este entendimento NO PACFICO, mas

    para o professor o melhor (AI 751 de 1976 do TJSC) = essa a hiptese de 99% das falncias, mas existem

    requisitos para o pedido:

    - Se o CREDOR for DOMICILIADO NO ESTRANGEIRO, somente se legitima ao pedido de

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 12

    falncia do devedor se prestar cauo destinada a cobrir as custas do processo e eventual indenizao do

    requerido, caso venha a ser denegada a falncia (art. 97, 2, Lei 11.101).

    - Se o credor sociedade empresria, precisar comprovar a sua REGULARIDADE

    REGISTRAL na junta comercial e cartrio de pessoas jurdicas (certido atualizada) para requerer a falncia do

    devedor (art. 97, 1, Lei 11.101). - Para derrubar essa regularidade deve passar 10 anos sem qualquer ato de

    registro.

    - O ttulo NO precisa estar vencido = Se o credor fosse obrigado a aguardar o vencimento

    do ttulo, para somente ento se legitimar ao pedido de falncia, poderia ser tarde demais para a tutela dos

    seus direitos.

    - Quando o pedido se fundar na impontualidade injustificada ou na execuo frustrada, o

    credor com ttulo no vencido poder utilizar o ttulo executivo de outro credor para comprovar.

    - Nesta hiptese haver LITIGIOSIDADE, com a possibilidade de defesa do devedor = Nesse

    caso, o pedido de falncia observa um procedimento judicial tpico, isto , contencioso.

    -> PEDIDO INICIAL:

    1) Requerimento por IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA (art. 94, I, da Lei 11.101) - Juntar os protestos

    conforme a Smula 361 do STJ ( obrigatrio instruir o pedido com o ttulo acompanhado do instrumento de

    protesto) => O requerimento bem simples, com a assinatura do advogado, pede o pagamento da dvida, a

    citao para defesa e a decretao da falncia. - Comprovao objetiva = prova pr-constituda.

    * Cpia autenticada do ttulo admitida apenas se ele estiver juntado aos autos de outro processo

    judicial.

    2) Requerimento por EXECUO FRUSTRADA (art. 94, II, da Lei 11.101) obrigatrio instruir o pedido

    com Certido Narrativa do Cartrio mostrando a trplice omisso do devedor na ao de execuo => O

    requerimento bem simples, com a assinatura do advogado, pede o pagamento da dvida, a citao para

    defesa e a decretao da falncia. - Comprovao objetiva = prova pr-constituda.

    3) Requerimento por ATOS FALIMENTARES (art. 94, III, da Lei 11.101) - Aqui vai ser necessrio o credor

    produzir provas complexas durante o trmite processual, a comprovao no objetiva, no h prova pr-

    constituda. Deve-se descrever os fatos, juntar as eventuais provas existentes e especificar as que sero

    produzidas no decorrer do processo.

    4) Requerimento de AUTOFALNCIA (art. 105 da Lei 11.101) Petio inicial expondo os fatos que

    levaram ao estado de crise, acompanhada dos documentos requeridos por lei. O artigo 105 traz o rol de

    documentos que devem ser juntados. Se faltar algum documento o juiz mandar emendar (art. 106 da Lei

    11.101). Se estiver tudo em ordem o juiz decreta a falncia, observando o artigo 99 da Lei 11.101. Ulhoa

    Coelho diz que vencido o prazo para a emenda sem adequada manifestao do requerente, o juiz deve

    sentenciar a quebra, mesmo que no instruda corretamente a petio inicial. - Segue o rol de documentos

    obrigatrios:

    Art. 105. O devedor em crise econmico-financeira que julgue no atender aos requisitos para pleitear sua recuperao judicial dever requerer ao juzo sua falncia, expondo as razes da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: I demonstraes contbeis referentes aos 3 (trs) ltimos exerccios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observncia da legislao societria aplicvel e compostas obrigatoriamente de: a) balano patrimonial; b) demonstrao de resultados acumulados;

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 13

    c) demonstrao do resultado desde o ltimo exerccio social; d) relatrio do fluxo de caixa; II relao nominal dos credores, indicando endereo, importncia, natureza e classificao dos respectivos crditos; III relao dos bens e direitos que compem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatrios de propriedade; IV prova da condio de empresrio, contrato social ou estatuto em vigor ou, se no houver [empresa irregular], a indicao de todos os scios, seus endereos e a relao de seus bens pessoais; V os livros obrigatrios e documentos contbeis que lhe forem exigidos por lei; VI relao de seus administradores nos ltimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereos, suas funes e participao societria.

    *** No pedido de autofalncia, o juiz s NO vai decretar a falncia quando o devedor

    desistir ANTES da sentena, ou seja, uma retratao tempestiva, mesmo que estejam preenchidos os

    requisitos para a autofalncia. A desistncia solicitada depois da sentena ineficaz.

    -> JUZO DE ADMISSIBILIDADE (art. 98 da Lei 11.101) - se o juiz admitir a inicial mandar citar o devedor para

    CONTESTAR no prazo de 10 dias, contados da juntada do AR ou do mandado, tal qual no CPC.

    * Na contestao, podem ser alegadas as seguintes matrias de defesa:

    - Pleitear a recuperao judicial no prazo da contestao (art. 95 da Lei 11.101). O professor

    entende que esta alegao pode ocorrer a qualquer momento antes da sentena da falncia, a fim de

    preservar a empresa. - Pode fazer um tpico para explicar que este pedido est sendo organizado e que

    depois vai apresenta-lo.

    - No prazo da contestao o devedor tambm pode fazer o "DEPSITO ELISIVO" (na

    prpria contestao ou em petio autnoma) o deposito da importncia em atraso Com isso, AFASTA-

    SE A DECRETAO DE FALNCIA, isto , desfigura a impontualidade injustificada, a frustrao da execuo ou

    o interesse do credor na instaurao do concurso (art. 98, pargrafo nico, da Lei 11.101):

    "Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei

    (impontualidade e execuo frustrada), o devedor poder, no prazo da

    contestao, depositar o valor correspondente ao total do crdito, acrescido de

    correo monetria, juros e honorrios advocatcios, hiptese em que a

    falncia no ser decretada e, caso julgado procedente o pedido de falncia, o

    juiz ordenar o levantamento do valor pelo autor".

    - Apesar do disposto no artigo acima, a Doutrina (Ulhoa Coelho) entende que o

    depsito elisivo tambm cabe quando o requerimento fundado em ato de

    falncia.

    - Se o pedido estiver fundado na impontualidade do devedor, e for solicitada a suspenso do

    processo pelo requerente ou de comum acordo com o devedor, importar necessariamente na extino do

    feito, pois a suspenso descaracteriza a impontualidade (Ulhoa Coelho).

    - 10 dias para defesa + possibilidade do depsito elisivo (elide-impede a falncia) = a

    jurisprudncia interpreta o art. 98 acima e entende que o depsito pode ser feito at a sentena, de modo

    que, em caso de sentena que reconhea as dvidas (procedncia), o depsito se converte em pagamento ao

    credor, ao invs de efetuar a decretao da falncia = EM CASO DE DEPSITO ELISIVO VIRA UMA AO DE

    COBRANA, pois a instaurao do concurso universal dos credores est impossibilitada (equivale o depsito

    ao reconhecimento do pedido).

    - Nos casos de falncia pela impontualidade injustificada, o devedor tambm poder alegar na

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 14

    contestao (art. 96 da Lei 11.101):

    * Falsidade do ttulo;

    * Prescrio;

    * Nulidade de obrigao ou ttulo;

    * Pagamento da dvida;

    * Qualquer outro fator que extingue ou suspende a obrigao ou no legitime a cobrana

    do ttulo;

    * Vcio em protesto;

    * Cessao das atividades empresariais em perodo anterior aos 2 ltimos anos.

    *** Apesar da Lei 11.101 mencionar que estas matrias s podem ser alegadas na defesa

    da falncia por impontualidade, o professor acredita que estas matrias podem ser alegadas na defesa da

    falncia por execuo frustrada ou por atos falimentares, no que couber e desde que os argumentos j no

    tenham sido analisados pelo juzo da execuo, evitando dupla anlise (Este o entendimento do STJ).

    *** Alm disso, analisando o rol do art. 96, percebe-se que pode ser alegada em defesa

    nos casos de IMPONTUALIDADE, em suma, quaisquer relevantes razes de direito.

    -> PARTICIPAO DO MINISTRIO PBLICO: a Lei 11.101 NO prev a obrigatria interveno do MP.

    possvel que ela ocorra, somente quando instaurar o concurso de credores e houver conflito entre os

    interesses de trabalhadores, fisco, sujeitos vulnerveis e bancos, empresrios, etc. Nesse caso o MP age como

    fiscal da lei. Na prtica comum o juiz remeter os autos da falncia ao MP para parecer, logo aps a

    manifestao do requerido. Assim o MP j se familiariza com a situao para decidir se posteriormente vai

    atuar ou no.

    -> SENTENA DE FALNCIA - feita a admissibilidade o juiz vai julgar:

    - SENTENA DE IMPROCEDNCIA = no declara a falncia e extingue o requerimento de falncia.

    * NO declarada a falncia = deciso terminativa = cabe APELAO segue as regras previstas no CPC.

    * Para o credor que faz o pedido de falncia de m-f (DOLO, p.ex. dvida inexistente), o juiz fixar na

    sentena que julga improcedente o pedido, uma indenizao em favor do requerido (art. 101 da Lei 11.101) -

    ser condenado a indenizar.

    * Na improcedncia pelo depsito elisivo, a sucumbncia do devedor, pois se no fizesse o depsito,

    certamente iria quebrar. J na improcedncia pelas razes da contestao, a sucumbncia do credor, pois a

    defesa foi acolhida. Isso importa porque a parte sucumbente que vai arcar com as despesas do processo e

    os honorrios advocatcios.

    * NO CABE DECRETAO PARCIAL DA FALNCIA = ou a falncia decretada ou denegada, no existe

    meio-termo.

    - SENTENA DE PROCEDNCIA = declara a falncia e inicia o processo de falncia.

    * Declarada a falncia = deciso interlocutria = cabe AGRAVO DE INSTRUMENTO ou EMBARGOS DE

    DECLARAO (art. 100 da Lei 11.101) as demais regras do recurso de agravo seguem o disposto no CPC =

    prazo de 10 dias, juntar documentos necessrios, apresentar petio ao juzo da falncia no prazo de 3 dias

    contados da interposio do agravo, pode pedir efeito suspensivo ao Tribunal.

    * A sentena que decreta a falncia possui NATUREZA CONSTITUTIVA, apesar de a lei mencionar

    sentena declaratria, uma vez que cria novas situaes jurdicas.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 15

    * CONSTITUTIVA = cria um novo regime jurdico, aplicvel a todas as relaes do falido com seus

    credores (no apenas relao com o credor que requereu a falncia), alm de importar no imediato

    desapossamento do falido e de seus bens, que passam a ser administrados judicialmente (administrador

    judicial controla temporariamente os bens), declara um termo legal (perodo suspeito - onde certos atos da

    falida podero ser objeto de auditoria pelo administrador judicial, podendo em comprovada a suspeita, serem

    declarados ineficazes e atingidos pela sentena da falncia) e outras providncias.

    - Natureza Constitutiva da sentena que decreta a falncia = ela cria um novo regime jurdico para

    diversos direitos = opera-se a dissoluo da sociedade empresria falida, ficando seus bens, atos e negcios

    jurdicos, contratos e credores submetidos a um regime jurdico especfico, o falimentar, diverso do regime

    geral do direito das obrigaes. - Execuo Concursal = todos os dbitos do devedor so exigidos por meio de

    um processo uno, via concurso de credores.

    * Para que serve a falncia? art. 75 da lei 11.101 = A falncia, ao promover o afastamento do devedor de

    suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos,

    inclusive os intangveis, da empresa.

    -> CONTEDO DA SENTENA (Art. 99 da Lei 11.101 e Art. 458 do CPC) = REQUISITOS QUE DEVEM CONSTAR

    NA SENTENA DE FALNCIA:

    *** De acordo com o art. 458 do CPC, a sentena declaratria da falncia deve, como qualquer sentena

    judicial, conter: a) relatrio, com a suma do pedido e da resposta, e o registro das principais ocorrncias da

    fase pr-falimentar; b) os fundamentos adotados para exame das questes de fato e de direito; c) dispositivo

    legal que embasa a deciso.

    *** De acordo com o art. 99 da Lei 11.101, a sentena dever conter:

    I conter a sntese do pedido, a identificao do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus

    administradores = RELATRIO;

    II IMPORTANTE - O JUIZ fixar o termo legal da falncia, sem poder retrotra-lo (retroagir) por mais de 90

    (noventa) dias contados do pedido de falncia, do pedido de recuperao judicial ou do 1o(primeiro)

    protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido

    cancelados;

    *** O TERMO LEGAL SOMENTE PODE RETROAGIR 90 DIAS PARA ATINGIR TODO E QUALQUER NEGCIO

    JURDICO SUSPEITO FEITO PELA DEVEDORA. SE AS CONDIES DO NEGCIO FOREM IRREGULARES, PODE SER

    DECRETADA A SUA INEFICCIA. Esse perodo serve de referncia para a auditoria dos atos praticados pela

    falida, a fim de investigar se ocorreram irregularidades.

    *** Os 90 dias podem ser contados da petio inicial de falncia (se fundado o pedido em ato de falncia

    ou autofalncia) OU do pedido de recuperao judicial OU do 1 protesto por falta de pagamento (se fundado

    o pedido em impontualidade injustificada ou execuo frustrada) = CONCLUSO, efetivamente poder

    retroagir muito mais que 90 dias, especialmente se for contar a partir do 1 protesto.

    *** Esse perodo de RETROAO = TERMO LEGAL = um perodo suspeito, onde as negociaes da

    falida sero alvo de auditoria pelo administrador judicial.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 16

    *** Fixao em carter provisrio = caso o juiz no tenha ainda os elementos para a determinao do

    termo legal, dever fix-lo provisoriamente na sentena declaratria da falncia. Adotar, para tanto, as

    poucas informaes sobre o devedor e o volume da massa de que dispuser naquele momento.

    III ordenar ao falido que apresente, no prazo mximo de 5 (cinco) dias, relao nominal dos credores,

    indicando endereo, importncia, natureza e classificao dos respectivos crditos, se esta j no se encontrar

    nos autos, sob pena de desobedincia;

    IV explicitar o prazo para as habilitaes de crdito, observado o disposto no 1o do art. 7o desta Lei;

    * O juiz vai dizer na sentena qual o prazo para que os credores habilitem o seu crdito.

    V ordenar a suspenso de todas as aes ou execues contra o falido, ressalvadas as hipteses previstas

    nos 1o e 2o do art. 6o desta Lei;

    * O juiz faz isso porque a falncia um meio de execuo concursal, de modo que os crditos das aes e

    execues em trmite somente sero exigveis por meio do concurso de credores na falncia, devendo o

    credor proceder a sua habilitao junto ao administrador judicial. Contudo, a falncia no avoca a execuo.

    * Se o administrador judicial NEGAR a habilitao, cabe IMPUGNAO desta deciso pelo credor. Essa

    impugnao um incidente ao processo de falncia.

    VI proibir a prtica de qualquer ato de disposio ou onerao de bens do falido, submetendo-os

    preliminarmente autorizao judicial e do Comit, se houver, ressalvados os bens cuja venda faa parte das

    atividades normais do devedor se autorizada a continuao provisria nos termos do inciso XI do caput deste

    artigo;

    VII determinar as diligncias necessrias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas (p.ex.

    comunicar registro de imveis, tabelionatos, etc. para que se abstenham de praticar atos), podendo ordenar a

    priso preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da

    prtica de crime definido nesta Lei;

    * E ESSA COMPETNCIA CRIMINAL?

    IX nomear o administrador judicial, que desempenhar suas funes na forma do inciso III do caput do art.

    22 desta Lei sem prejuzo do disposto na alnea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;

    X determinar a expedio de ofcios aos rgos e reparties pblicas e outras entidades para que

    informem a existncia de bens e direitos do falido;

    XI pronunciar-se- a respeito da continuao provisria das atividades do falido com o administrador

    judicial ou da lacrao dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;

    XII determinar, quando entender conveniente, a convocao da assemblia-geral de credores para a

    constituio de Comit de Credores, podendo ainda autorizar a manuteno do Comit eventualmente em

    funcionamento na recuperao judicial quando da decretao da falncia;

    OBSERVAES IMPORTANTES:

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 17

    -> A jurisprudncia entende que a sentena de falncia, se for o caso, tambm deve se pronunciar acerca da

    situao dos scios-acionistas da falida (p.ex. indisponibilidade de bens, etc.).

    -> A jurisprudncia tambm permite, ainda que no tenha sido pedida a falncia de uma empresa coligada,

    que seja decretada a sua falncia, caso a sua empresa controladora esteja falida = Possibilidade de ESTENDER

    a falncia para empresas que estavam em conluio com a falida = DECISO DO STJ (coligao entre

    sociedades logo abaixo).

    -> PUBLICIDADE DA SENTENA (art. 99, incisos VIII, XIII e pargrafo nico, e art. 191, todos da Lei 11.101) = O

    juiz ordenar a publicao de edital contendo a ntegra da deciso que decreta a falncia e a relao de

    credores.

    * Isso quer dizer que no apenas o dispositivo da sentena, mas seu inteiro teor transcrito no Dirio

    Oficial. Ademais, se j constar dos autos a relao dos credores, tambm dela ser feita a publicao junto

    com a sentena.

    * Se a massa falida comportar, a sentena ser publicada tambm em jornal ou revista de circulao

    regional ou nacional (LF, art. 191).

    * O juiz ordenar na sentena a intimao do MP e o envio de comunicao s Fazendas (Federal, Estados

    e Municpios) em que a falida possuir estabelecimento ou filial para que tomem conhecimento da falncia

    (art. 99, XIII).

    * O juiz ordenar na sentena que o Registro Pblico de Empresas (Junta Comercial), em que a sociedade

    empresria falida tem seus atos constitutivos arquivados, proceda anotao da falncia no registro do

    devedor, para que conste a expresso "Falido", a data da decretao da falncia e a inabilitao de que trata o

    art. 102 desta Lei. A junta comercial disponibilizar as informaes na rede mundial de computadores (art.

    196).

    - PULEI (Ulhoa Coelho): ADMINISTRAO DA FALNCIA (p. 245), ADMINISTRADOR JUDICIAL (p. 247),

    ASSEMBLEIA DOS CREDORES (p. 251) e COMIT (p. 253) Professor no falou em aula

    # EFEITOS DA SENTENA QUE DECRETA A FALNCIA Efeitos em relao ao patrimnio e personalidade

    jurdica do falido/sociedade falida. - Geralmente quem entra em falncia a sociedade.

    - Principal efeito = Falncia = dissoluo total judicial da sociedade empresria = desfaz todos os vnculos

    existentes entre os scios ou acionistas e inaugura o processo judicial de terminao da personalidade jurdica

    da sociedade.

    * Falnia = dissoluo (encerra a pessoa jurdica = sentena que decreta a falnia), liquidao (resolve as

    pendncias obrigacionais - realizao do ativo e satisfao do passivo = ocorre durante o proceso falimentar,

    administrador judicial vende os bens e paga os credores) e a partilha (ditribuiom entre os scio do

    patrimnio remanescente = feita a liquidao se sobrar recursos eles sero divididos entre os scios de forma

    proporcional contribuio de cada um).

    - Scios = Como regra, a falncia da sociedade NO atinge o patrimnio pessoal dos scios-acionistas,

    EXCEES (quando a falncia atinge total ou parcialmente os bens dos scios):

    * Responsabilizao pessoal (art. 82) - CAPUT (a responsabilizao conforme leis especficas - CC, CTN,

    CLT, etc. se realiza nos prprios autos da falncia) e 2 (INDISPONIBILIDADE AD CAUTELAM - nos prprios

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 18

    autos da falncia, em relao aos atos suspeitos e que podem implicar em risco de dilapidao de bens -

    uma medida cautelar incidental). Art. 82, 1

    o Prescrever em 2 (dois) anos, contados do trnsito em julgado da sentena de

    encerramento da falncia, a ao de responsabilizao prevista no caput deste artigo.

    - A falncia duma sociedade limitada ou annima NO impede o scio ou acionista de continuar

    participando das demais sociedades empresrias de que faz parte, que ele constitua nova sociedade ou

    ingresse noutra existente, de qualquer tipo, SALVO se foi condenado por crime falimentar (sentena

    transitada em julgado). Somente o empresrio individual falido que fica impedido, enquanto no

    reabilitado, de administrar sociedade empresria.

    - Parte da jurisprudncia entende que no intuito de proteo aos credores, possvel estender a

    responsabilidade aos scios por qualquer ato suspeito, ainda que no se enquadrem nas leis especficas. -

    uma AMPLIAO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL (indo alm das previses respectivas).

    * Extenso a empresas relacionadas (GRUPO ECONMICO) - art. 82 + entendimento jurisprudencial

    (Nancy Andrighi - STJ)

    PROCESSO CIVIL. FALNCIA. EXTENSO DE EFEITOS. SOCIEDADES COLIGADAS. POSSIBILIDADE. AO AUTNOMA. DESNECESSIDADE. DECISO INAUDITA ALTERA PARTE. VIABILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. Em situao na qual dois grupos econmicos, unidos em torno de um propsito comum, promovem uma cadeia de negcios formalmente lcitos mas com intuito substancial de desviar patrimnio de empresa em situao pr-falimentar, necessrio que o Poder Judicirio tambm inove sua atuao, no intuito de encontrar meios eficazes de reverter as manobras lesivas, punindo e responsabilizando os envolvidos. 2. possvel ao juzo antecipar a deciso de estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas na hiptese em que, verificando claro conluio para prejudicar credores, h transferncia de bens para desvio patrimonial. Inexiste nulidade no exerccio diferido do direito de defesa nessas hipteses. 3. A extenso da falncia a sociedades coligadas pode ser feita independentemente da instaurao de processo autnomo. A verificao da existncia de coligao entre sociedades pode ser feita com base em elementos fticos que demonstrem a efetiva influncia de um grupo societrio nas decises do outro, independentemente de se constatar a existncia de participao no capital social. 4. Na hiptese de fraude para desvio de patrimnio de sociedade falida, em prejuzo da massa de credores, perpetrada mediante a utilizao de complexas formas societrias, possvel utilizar a tcnica da desconsiderao da personalidade jurdica com nova roupagem, de modo a atingir o patrimnio de todos os envolvidos. 5. Recurso especial no provido. (STJ. REsp 1259018/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/08/2011)

    -> Hipteses em que os scios PARTICIPAM da falncia, mesmo quando no so responsabilizados

    pessoalmente pelas excees acima:

    * Dever de colaborao (art. 104) os scios tem o dever de colaborar com a falncia (p.ex. assinar,

    depositar, comparecer, prestar, auxiliar, etc.).

    * Direito de Fiscalizao (art. 103) - scios tem o direito de fiscalizar o andamento da falncia, p.ex. para

    ver se vai sobrar um dinheirinho para eles.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 19

    * Ao de Integralizao (art. 1.052 do Cdigo Civil) - os scios podem ser responsabilizados pela massa

    falida pelo capital no integralizado. um processo de conhecimento que segue o rito ordinrio, pode ter

    execuo com penhora dos bens dos scios.

    1) DESAPOSSAMENTO (efeito imediato - principal efeito para o professor = Art. 75 da Lei 11.101) a

    empresa falida perde a propriedade/titularidade de seus bens e direitos (PATRIMNIO - aspecto objetivo). O

    scio no.

    * Isso acontece mediante um ato chamado ARRECADAO, que realizado pelo ADMINISTRADOR

    JUDICIAL DA FALNCIA. o ato de constrio judicial de todos os bens de propriedade da falida, mesmo que

    no se encontrem em sua posse, e todos os bens na posse dela, ainda que no sejam de sua propriedade.

    Estes ltimos sero oportunamente restitudos aos seus proprietrios.

    * Ao final, feito um AUTO DE ARRECADAO, do qual constar o termo de inventrio dos bens do falido

    e o laudo de avaliao. o documento principal da falncia que vai ser usado para o pagamento do passivo

    (aspecto subjetivo). Este auto deve conter (art. 110 da Lei 11.101):

    a) Meno aos livros contbeis e fiscais encontrados, bem como a softwares de gesto, bancos de

    dados, etc., com meno a dados importantes (estado nos quais encontrados os livros, incio e fim das datas

    de escriturao, alteraes, pginas faltantes, etc.);

    b) Parecer do Administrador Judicial quanto a adequao-idoneidade da documentao

    encontrada; - Importante para apurar crime falimentar.

    c) PRINCIPAL = Lista dos bens mveis encontrados no estabelecimento, incluindo aqueles que

    sero removidos (dinheiro, ttulos, etc.), bem como aqueles que, de propriedade do falido, encontram-se na

    posse de terceiros, e aqueles que de terceiros, encontram-se na posse do falido; - Os terceiros neste caso

    podem fazer um pedido de RESTITUIO, comprovando a sua propriedade, de modo que estes bens sero

    apartados da massa falida objetiva.

    d) Lista de imveis, vistoriados (presencialmente) ou cuja propriedade se constata por

    documentos;

    e) Avaliao dos bens do falido, feita pelo administrador judicial ou declarao deste de que no

    pode avali-los, por impedimento fsico ou tcnico. Em caso de impedimento/indisponibilidade tcnica, deve

    requerer ao juzo contratao de auxiliar (que ser pago pela massa falida, quando tiver dinheiro).

    f) Se o representante legal do falido estiver presente, dever assinar o termo, manifestando sua

    concordncia, discordncia ou observaes.

    g) comum a presena do oficial de justia.

    ** Aps a arrecadao, os bens so de responsabilidade do administrador judicial.

    ** Massa falida objetiva o conjunto de bens e direitos do falido, que sero alienados para pagar a massa

    falida subjetiva (dbitos).

    PONTOS ESPECFICOS:

    -> art. 1030 do CC - o empresrio individual que falir, ser desconstitudo das demais sociedades que faa

    parte, passando todo o seu ativo a fazer parte da massa falida.

    -> NO ARRECADADO (no faz parte da massa falida): os bens j penhorados por ordem judicial em aes

    autnomas, com leilo designado (por uma razo de economia processual).

    - Contudo, o produto do leilo destes bens j penhorados passa a integrar a massa falida (coitado

    do cara que entrou com a execuo). - Nos casos de execuo fiscal existe jurisprudncia que determina que o

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 20

    produto fique com a fazenda pblica para pagar os dbitos fiscais, pois entende que o crdito da fazenda no

    participa do concurso de credores. Assim, somente se restar algum saldo depois do pagamento da fazenda,

    que ele vai integrar a massa falida (esse entendimento no unanime).

    -> Bens perecveis, perigosos e coisas do gnero sero arrecadados, mas o administrador vai pleitear a sua

    VENDA RPIDA.

    -> Na falncia de companhias securitizadoras emitentes de Certificado de Recebveis Imobilirios (CRI) em

    regime fiducirio, os ativos correspondentes a cada empreendimento compem um patrimnio separado e

    no integram a garantia dos credores participantes do concurso falimentar.

    -> A propriedade industrial abrange as patentes de inveno ou de modelo de utilidade e os registros de

    desenho industrial e de marca. Como bens incorpreos integrantes do patrimnio da sociedade empresria,

    devem ser arrecadados na falncia desta e vendidos judicialmente, como os demais elementos do

    estabelecimento empresarial.

    # INEFICCIA DOS ATOS REALIZADOS NO TERMO FALIMENTAR (perodo suspeito)

    - Atos realizados no perodo de crise que antecede a falncia para amealhar ilicitamente bens aos

    scios/acionistas = termo falimentar = perodo suspeito = podem ser atingidos pela decretao de falncia =

    so atos INEFICAZES (no produzem efeitos) perante a massa. No nulo ou anulvel, ineficaz.

    - O termo legal DEVE ser fixado na sentena que decreta a falncia = um requisito obrigatrio = retroage

    para atingir os atos suspeitos.

    - Estes atos independem de intuito fraudulento, isto , mesmo que o ato tenha sido realizado sem fraude,

    ser objetivamente ineficaz se comprometer a realizao do ativo ou frustrar o tratamento paritrio dos

    credores (LF, art. 129).

    - Art. 129 da Lei 11.101 = SO INEFICAZES EM RELAO MASSA FALIDA (rol taxativo):

    1) Pagamento de dvidas NO vencidas, realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio

    extintivo do direito creditcio.

    - Neste caso, o que fulmina a eficcia do ato perante a massa falida a circunstncia de no ter a obrigao,

    poca do pagamento, o atributo da exigibilidade. H, ento, um tratamento privilegiado a um credor

    especfico, prejudicando os demais (inexiste tratamento paritrio). - Se no houver a devoluo voluntria do

    pagamento massa falida, o administrador judicial vai entrar com uma ao autnoma de restituio.

    * DICA: possvel colocar uma clusula no termo de quitao do negcio dizendo que, caso o ato seja

    declarado ineficaz, os scios-acionistas respondero objetivamente em relao ao total da dvida, com o seu

    patrimnio prprio.

    2) Pagamento de dvidas vencidas e exigveis, dentro do termo legal, mas o pagamento ocorre de forma

    diversa do acordado/contratado.

    - P.ex. era para pagar em dinheiro, mas foi pago com dao em pagamento (entrega de uma coisa) =

    ineficcia.

    - No interessa a boa-f e a ausncia de prejuzo, neste caso o devedor est se desfazendo de patrimnio, o

    pagamento de forma diversa do acordo pela empresa em crise, presume-se prejudicar os demais credores. Os

    bens no podem ser apartados do patrimnio social para satisfazer um nico credor, isso compromete todos

    os demais credores.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 21

    3) Constituio de direito real de garantia dentro do termo legal, tratando-se de dvida contrada

    anteriormente.

    - A Doutrina chama essa hiptese de falsa preferncia.

    - Declarada ineficaz a garantia, o credor entrar no concurso de credores como credor quirografrio.

    - Se a garantia real ocorreu no ato em que se contraiu a dvida (p.ex. emprstimo + hipoteca), no h

    problemas. Sendo coincidentes o surgimento da obrigao e a constituio da garantia real, no h ineficcia

    desta ltima, mesmo se realizados os atos no termo legal.

    - Para se declarar ineficcia da garantia real, ela deve ser constituda posteriormente realizao do ato

    jurdico, entende-se que um crdito que era quirografrio e que virou privilegiado com a garantia real,

    prejudica o concurso de credores;

    4) Prtica de atos a ttulo gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretao da falncia.

    - No se enquadram nessa regra as doaes de valor nfimo, feitas, p.ex., em benefcio de entidades

    culturais ou assistenciais ou mesmo para fins de promoo da imagem institucional, como as de brindes de

    fim de ano. Para definir se o ato gratuito de valor nfimo, deve-se adotar o critrio de comparao da

    despesa realizada graciosamente perante as prticas de mercado.

    5) Renncia herana ou a legado, at 2 (dois) anos antes da decretao da falncia.

    6) Venda ou transferncia de estabelecimento comercial feita sem o consentimento expresso/tcito ou o

    pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, no tendo restado ao devedor bens suficientes

    para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, no houver oposio dos credores, aps serem

    devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de ttulos e documentos.

    - Esse um ato falimentar = TRESPASSE ILCITO.

    - A simples venda de um bem imvel da empresa NO considerado trespasse, portanto, no pode ser

    atingido pela ineficcia. Agora se este ato for comprovadamente ilcito (simulao, conluio e cause prejuzo

    massa) cabvel ao revocatria.

    7) Os registros no CRI de direito real de constituio de garantia ou de transferncia de propriedade

    imobiliria entre vivos, por ttulo oneroso ou gratuito, ou a averbao relativa a imveis, realizados aps a

    decretao do sequestro ou da falncia, salvo se tiver havido prenotao anterior.

    * necessrio o registro para configurar a ineficcia, mesmo que j lavrada a escritura ou instrumento

    particular.

    * Ato registrrio tardio ser ineficaz perante a massa falida (aquele feito aps a decretao da falncia ou

    medida de sequestro).

    8) Reembolso, conta do capital social, quando o acionista dissidente no foi substitudo, em relao aos

    credores da sociedade falida anteriores retirada (art. 45, 8, Lei 11.101) = o acionista dever restituir

    massa falida o valor recebido a ttulo de reembolso, quando no se verificar a sua substituio na empresa,

    para satisfao dos credores existentes data do exerccio do direito de retirada (que comporo, para esse

    efeito, um quadro em separado),

    *** SOMENTE OS ATOS DESCRITOS ACIMA (ROL TAXATIVO) PODEM SER DECLARADOS INEFICAZES. Alm

    disso, esses atos:

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 22

    a) Devem ser praticados no termo legal ou em outro perodo fixado por lei (2 anos);

    b) Tenha o contratante conhecimento ou no do estado de crise do devedor (independe de boa-f do

    credor);

    c) Tenha o devedor inteno ou no de fraudar os credores (independe de boa-f do devedor);

    - O elemento comum o prejuzo ao concurso de credores, ainda que NO haja prejuzo ao devedor.

    - O ato ineficaz NO produz efeitos perante terceiros.

    - Basta uma simples petio nos autos da falncia requerendo a declarao de ineficcia. Ento, outra simples

    deciso nos autos vai dizer: ... decreto este ato ineficaz = DECISO DECLARATRIA DE INEFICCIA = Desta

    deciso, cabe AGRAVO DE INSTRUMENTO PELO DEVEDOR.

    - ESTE ROL TAXATIVO = no cabe analogia para estender a outros atos que no os previstos no art. 129.

    - TODOS ESTES ATOS SO MAIS SIMPLES DO QUE UMA AO REVOCATRIA.

    - A AO REVOCATRIA (ao judicial autnoma - independente dos autos da falncia) utilizada quando h

    m-f (conluio) e/ou prejuzo massa falida = neste caso haver ampla produo de provas.

    Art. 129 ineficcia objetiva (porque independente de perquirio sobre as intenes dos sujeitos) = atos

    que, praticados com ou sem fraude, no produziro efeitos perante a massa falida = declarao de

    ineficcia.

    Art. 130 ineficcia subjetiva (porque dependente dessa perquirio) = o legislador preferiu assentar um

    conceito largo o suficiente para coibir qualquer prtica fraudulenta = ao revocatria.

    # AO REVOCATRIA

    - Art. 130 da Lei 11.101 = ATOS INEFICAZES SUBJETIVOS = depende da vontade dos agentes

    * Prejuzo aos credores = EFETIVO PREJUZO MASSA FALIDA

    * Inteno de prejudicar (elemento volitivo)

    * Conluio

    * No h limitao temporal expressa = os atos podem ter sido praticados a qualquer tempo antes da

    falncia

    * AO FALIMENTAR AUTNOMA E ESPECFICA para declarar a ineficcia subjetiva

    - Art. 129 da Lei 11.101 = ATOS INEFICAZES OBJETIVOS = independe da vontade dos agentes

    * Prejuzo aos credores PRESUMIDO (no h necessariamente efetivo prejuzo).

    * No h necessidade de inteno de prejudicar

    * No h necessidade de conluio

    * Limitao temporal (s aqueles que ocorrem dentro do termo legal ou dentro do prazo de 2 anos antes da

    decretao da falncia)

    * Via de regra, Ulhoa Coelho diz que feita em ao prpria ou exceo (em processo incidente ao

    falimentar), haja vista a necessidade de se reunir e produzir provas. Mas, conforme o caso, pode ser

    dispensada a ao:

    - Declarao incidental nos prprios autos da falncia quando j existem provas suficientes (faz o pedido

    por simples petio e o juiz declara a ineficcia por mero despacho)

    - Alegao como defesa = para o credor receber o bem que est em posse da massa falida.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 23

    -> ATENO = comum que tanto as aes versando sobre a declarao da ineficcia objetiva (art. 129 da Lei

    11.101), quanto as aes versando sobre declarao da ineficcia subjetiva (art. 130) sejam chamadas de ao

    revocatria. Mas, a revocatria propriamente dita a do art. 130 da Lei 11.101, a do art. 129 ao

    declaratria (incidental aos autos da falncia).

    - Art. 130 = QUALQUER ATO praticado pelo devedor que se enquadre nas condies do art. 130 passvel de

    revogao (declarao de ineficcia), mesmo que NO previsto no rol taxativo do art. 129.

    EX: empresa devedora tem imvel de R$ 250.000, ento ela faz uma dao em pagamento ao credor de R$

    100.000 e depois recebe por fora (de forma extra contbil) mais R$ 150.000 = Este ato apesar de no previsto

    no rol do art. 129, causa prejuzo ao conjunto de credores.

    - DEVE EXISTIR PROVA CONCRETA DA FRAUDE - isso que difcil (RESP 706262 deciso no julgou o

    mrito):

    PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL [...] DIREITO FALIMENTAR. AO

    REVOCATRIA. ALIENAO DO IMVEL SEDE DA MASSA FALIDA DENTRO

    DO PERODO SUSPEITO. [...]

    3. O juzo singular, com base em laudo pericial, considerou flagrante a

    existncia de fraude a invalidar a alienao do imvel sede da falida

    recorrente, aplicando espcie o art. 53 da Lei de Falncias (antigo artigo

    130), uma vez que o valor da compra e venda do imvel foi,

    comprovadamente inferior metade do seu valor venal, sendo certo que a

    adquirente, ora recorrente, tinha cincia da situao financeira da

    alienante, haja vista a existncia de vrios protestos por ocasio da data da

    escritura de aquisio.

    4. O Tribunal, a seu turno, indo mais alm, concluiu que a venda do imvel

    sede da falida dentro do termo legal caracterizou dilapidao do seu

    patrimnio, atingindo a garantia dos credores. Por isso aplicou espcie o

    art. 52, VIII, do mesmo diploma legal ento vigente, consectariamente

    afirmando que no havia nem bens suficientes a solver o passivo nem a

    anuncia dos credores.

    (STJ. REsp 706262/SP, Rel. Ministro RAUL ARAJO, Rel. p/ Acrdo Ministro

    LUIS FELIPE SALOMO, QUARTA TURMA, julgado em 28/06/2011)

    - Competncia: o Juzo competente para a ao revocatria o da falncia.

    - Legitimidade ativa: administrador judicial (normalmente), MP, qualquer credor, ou o conjunto de credores.

    - Legitimidade passiva: todos os que praticaram do ato e/ou que se beneficiaram com isso, salvo os terceiros

    contratantes de boa-f, que no tinham conhecimento da fraude, o que configura ineficcia subjetiva (REsp

    1119969 - o STJ entende que no h litisconsrcio passivo necessrio, o autor que escolhe quem colocar no

    polo passivo). Em caso de morte, os herdeiros e legatrio tem legitimidade passiva.

    - Rito: ordinrio - ampla produo de prova.

    - Petio Inicial: deve descrever qual o ato que se busca declarar ineficaz, como teria ocorrido a prtica

    simulada/fraudulenta, o efetivo prejuzo e o conluio.

    - Prazo para a propositura da ao revocatria = PRAZO DECADENCIAL = 3 anos a contar da decretao da

    falncia.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 24

    - Prazo Prescricional = no h nada na doutrina e na jurisprudncia, mas o professor acredita que so 10 anos,

    ou seja, a revogao s pode retroagir 10 anos da data da sentena.

    - Procedncia = julgada procedente autoriza a incluso na massa falida dos bens correspondentes ao ato

    ineficaz.

    - RECURSO = da deciso da ao revocatria cabe APELAO.

    -> NO EXISTE CONTRADIO entre o art. 130 e 136, pois o art. 136 se refere tanto aos casos do art. 130,

    quanto aos casos do art. 129.

    * Consequncia da ao revocatria e da declarao de ineficcia (art. 135 e 136) = o bem volta para o

    patrimnio da massa, acrescidos das perdas e danos, retornando tudo ao estado anterior.

    * Nos casos do art. 129, o contratante de boa-f, ainda volta a fazer parte do concurso de credores, no

    caso do art. 130 NO (m-f = perdeu playboy).

    Art. 136. Reconhecida a ineficcia ou julgada procedente a ao revocatria, as partes

    retornaro ao estado anterior, e o contratante de boa-f ter direito restituio dos

    bens ou valores entregues ao devedor. -> Na ao revocatria exige-se o conluio e a

    inteno de prejudicar, motivo pelo qual inexiste contratante de boa-f. Contudo na

    declarao de ineficcia, pode existir boa-f, motivo pelo qual entende-se que esse

    dispositivo refere-se a ambas as hipteses.

    - Art. 137 = Durante o processo, para impedir prejuzos maiores, o juiz pode comunicar os registros pblicos

    para impedir que seja efetuado qualquer registro (venda, gravame, etc.) = poder geral de cautela.

    - Ainda em relao a isso, o juiz pode determinar o sequestro dos bens do patrimnio do devedor que

    estejam em poder de terceiros.

    - Art. 138 = possvel a revogao do ato, ainda que praticado com base em deciso judicial (pois o judicirio

    pode ser usado para legitimar formalmente a fraude - p.ex. por meio de acordos em audincias de

    conciliao, etc.). Neste caso, fica rescindida a deciso que motivou o ato.

    # EFEITOS DA FALNCIA SOBRE OS CONTRATOS VIGENTES DO FALIDO (arts. 117 a 122)

    - Contrato Bilateral X Contrato Unilateral

    * Bilateral = aquele que tem sinalagma (correspondncia entre obrigaes e direitos das partes). P.ex.

    compra e venda, locao, arrendamento mercantil.

    * Unilateral = as obrigaes recaem exclusivamente sobre uma das partes, esse o conceito da

    doutrina. Para o professor no contrato unilateral h uma diferena no tempo e modo de cumprir a obrigao;

    normalmente, uma parte cumpre sua obrigao antes que a outra faa, e no que apenas uma das partes tem

    obrigao. P.ex. doao, emprstimo, fiana, depsito, etc.

    - A Lei 11.101 AUTORIZA a RESOLUO dos CONTRATOS BILATERAIS NO CUMPRIDOS e dos CONTRATOS

    UNILATERAIS, por deciso do administrador judicial, devidamente autorizado pelo Comit de credores. Se a

    falncia no tiver Comit, o administrador decide sozinho. Essa deciso DEFINITIVA (nenhum outro credor

    poder se insurgir contra). NO H RESOLUO AUTOMTICA, depende de deciso.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 25

    * Existe uma FACULDADE para desconstituir a relao contratual desinteressante para a massa, ou seja,

    deve a resciso do contrato reduzir ou evitar o aumento do passivo ou revelar-se necessria manuteno do

    ativo. Para isso, necessrio que nenhuma das partes tenha iniciado o cumprimento das obrigaes

    assumidas (no contrato bilateral) ou que seja unilateral o contrato.

    * UNILATERAL = se resolvem pela falncia, salvo se resolver cumpri-los em proveito da massa (art. 118

    da Lei 11.101). EX: emprstimo vinculado aquisio de um bem alienado fiduciariamente. Se o saldo

    devedor for inferior ao valor do bem, vale a pena cumprir o contrato.

    * CONTRATO BILATERAL COM EXECUO INICIADA POR QUALQUER DAS PARTES = NO poder ser

    resolvido. Nesse caso, se o falido no cumpriu com a sua obrigao, o credor dever simplesmente habilitar o

    seu crdito e participar do concurso de credores. Agora, se a falida era credora, o administrador judicial deve

    diligenciar o recebimento do crdito (ao de cobrana/execuo).

    * Esses contratos (bilaterais no cumpridos e unilaterais) s podem ser cumpridos pelo administrador

    judicial se o cumprimento proporcionar reduo do passivo, evitar seu aumento ou for necessrio

    preservao do ativo.

    - Art. 117 da Lei 11.101 = Resoluo dos contratos bilaterais NO consequncia/efeito necessrio da

    decretao da falncia, cabendo ao administrador judicial ou ao comit de credores (se houver) OPTAR por

    sua CONTINUIDADE ou RESCISO, dependendo daquilo que for melhor para a massa.

    * Ou seja, os contratos bilaterais no so AUTOMATICAMENTE resolvidos pela falncia, mas os rgos da

    falncia (isto , o administrador judicial autorizado pelo Comit, quando existente) possuem a FACULDADE de

    desconstiturem a relao contratual desinteressante para a massa.

    * Execuo iniciada por qualquer uma das partes = NO cabe resciso dos contratos.

    *** P.ex. 01 = compra e venda, comprador falido, mercadorias no entregues, pagamento j efetuado de

    forma antecipada:

    - Resolver o contrato = direito de exigir a devoluo do dinheiro, mas o vendedor poder ser indenizado.

    - No resolver o contrato = direito de exigir as mercadorias.

    *** P.ex. 02 = compra e venda, comprador falido, mercadorias no entregues, pagamento parcialmente

    efetuado:

    - Resolver o contrato = direito de exigir a devoluo do dinheiro, mas o vendedor poder ser indenizado.

    - No resolver o contrato = direito de exigir as mercadorias E credor dever habilitar seu crdito.

    COLAR EXEMPLOS CADERNO ISA

    - O contratante pode INTERPELAR o administrador judicial para que este se posicione quanto ao

    cumprimento ou no do contrato. O silncio do administrador judicial, no prazo de 10 dias, importar a

    resoluo do contrato, assegurado ao contratante reclamar, por ao prpria, a indenizao a que tem

    direito, constituindo o valor apurado crdito quirografrio.

    - Da mesma fora, se o administrador judicial decide expressamente NO cumprir o contrato, o contratante

    tem ao de indenizao contra a massa (p.ex. vai gastar muito para readaptar aquela mercadoria), passando

    a ser credor quirografrio.

    - Essa tutela NO se aplica aos contratos unilaterais, nesse caso NO h direito de interpelao, e o

    contratante NO pode pleitear indenizao.

  • Acadmicos: Isabella e Marcelo 26

    - SALVO as hipteses acima, o contrato deve ser cumprido pela falida, nos mesmos termos em que seria caso

    no houvesse sido decretada a quebra, podendo a massa exigir o cumprimento das obrigaes contratadas.

    - OBS IMPORTANTE: Se as partes pactuaram CLUSULA DE RESOLUO POR FALNCIA OU MERO PEDIDO DE

    FALNCIA, esta vlida e eficaz, no podendo os rgos da falncia desrespeit-la. Assim, o contrato se

    rescinde no por fora do decreto judicial, mas pela vontade das partes contratantes, que o elegeram como

    causa rescisria do vnculo contratual. Nesse caso afastam-se as regras falimentares em prestgio autonomia

    da vontade, desde que no se ultrapasse os limites dos direitos titularizados pelas partes. (ULHOA COELHO).

    * DIVERGNCIA DOUTRINRIA: Parte da doutrina entende que o texto da Lei diz que os contratos no se

    resolvem automaticamente com a falncia, por isso no podem os contratos modificar o texto legal e

    disciplinar de outra forma. Nesse caso, a clusula NO vlida = Requio, Ricardo Tepedino.

    - Art. 119, I = COMPRA E VENDA MERCANTIL (contrato bilateral) - FALNCIA DO COMPRADOR - direito do

    vendedor de cancelar a entrega das mercadorias (right of Stoppage in transitu).

    * Comprador no pagou nada do preo e vendedor ainda no despachou as mercadorias = aplicam-se as

    regras acima, o administrador vai decidir se cumpre ou no o contrato. O vendedor apenas pode interpelar e

    aguardar a deciso (resoluo ou cumprimento do contrato).

    * Falncia do comprador aps o vendedor ter despachado as mercadorias = aqui o vendedor pode

    cancelar a entrega se NO houve pagamento ou se NO houve ainda o recebimento, desde que no tenha

    havido a revenda sem fraude por tradio simblica (feita, p. ex., com base em fatura ou conhecimento de

    frete) = right of Stoppage in transitu (art. 119, I). O vendedor pode sustar a entrega, mas dever interpelar o

    comprador falido e/ou aguardar a deciso do administrador judicial, igualmente a opo acima.

    * Vendedor entregou as mercadorias nos 15 dias anteriores ao pedido de falncia = direito restituio

    se as mercadorias no haviam sido pagas pelo comprador falido e desde que no tenha ocorrido a alienao

    (LF, art. 85, pargrafo nico). A revenda das mercadorias pelo prprio comprador falido antes da decretao

    da falncia ou a venda judicial obstam a restituio em espcie, que se operar, nesse caso, em dinheiro.

    * Vendedor que fez entrega das mercadorias ANTES do perodo dos 15 dias antecedentes ao pedido de

    falncia, ou posteriormente ao pedido de falncia = Se a entrega ocorreu, por exemplo, no vigsimo dia

    anterior distribuio do pedido de falncia, resta-lhe unicamente o caminho da habilitao do crdito. Se a

    entrega ocorreu posteriormente ao pedido de falncia, somente poder habilitar o crdito. Considera-se que,

    nessa segunda situao, se o vendedor tinha j meios de saber da condio em que se encontrava o

    comprador requerido em pedido de falncia , e, mesmo assim, no exerceu o direito de sustar a entrega,

    ento ele no foi vtima da m-f dos representantes legais daquela; desse modo, no se justifica a

    restituio.

    *