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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL – PROJETO DE PRODUTO OS PROCESSOS PRODUTIVOS NO DESIGN DE JOIAS: COLEÇÃO FUNDADORES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Diego Giordani Testa Santa Maria, RS, Brasil 2012

PROCESSO JÓIAS

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PROCESSO JÓIAS

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS

    CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL PROJETO DE PRODUTO

    OS PROCESSOS PRODUTIVOS NO DESIGN DE JOIAS: COLEO FUNDADORES

    TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

    Diego Giordani Testa

    Santa Maria, RS, Brasil 2012

  • OS PROCESSOS PRODUTIVOS NO DESIGN DE JOIAS: COLEO

    FUNDADORES

    por

    Diego Giordani Testa

    Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industrial,

    Habilitao em Projeto de Produto,

    da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),

    referente Disciplina Trabalho de Concluso de Curso II.

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Gustavo Martins Hoelzel

    Santa Maria, RS, Brasil

    2012

  • FICHA CATALOGRFICA

    Testa, Diego Giordani, 1986-

    Os processos produtivos no Design de Joias: Coleo Fundadores Santa Maria, RS:

    UFSM, 2012.

    98 p.: Il. (Trabalho de Concluso de Curso Desenho Industrial, Habilitao

    Projeto de Produto, Universidade Federal de Santa Maria).

    1. Design de Joias 2. Processos produtivos 3. Tecnologia e Materiais

    2012 Todos os direitos autorais reservados a Diego Giordani Testa. A reproduo de partes ou do todo deste trabalho s poder ser com autorizao por escrito do autor. Endereo: Rua Appel, n. 420, Bairro Centro, Santa Maria, RS, 97015-030 Fone (0xx) 55 3307 4618; E-mail: [email protected]

  • Universidade Federal de Santa Maria Centro de Artes e Letras

    Curso de Desenho Industrial Projeto de Produto

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia

    OS PROCESSOS PRODUTIVOS NO DESIGN DE JOIAS: COLEO FUNDADORES

    elaborada por

    Diego Giordani Testa

    como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Desenho Industrial

    COMISSO EXAMINADORA:

    Carlos Gustavo Martins Hoelzel, Dr. (Presidente/Orientador)

    Fabiane Vieira Romano, Dra. (UFSM)

    Ronaldo Martins Glufke, Ms. (UFSM)

    Santa Maria, 15 de maro de 2012.

  • Aos meus pais, por tudo, sempre.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente agradeo aos meus pais, pelo

    carinho e dedicao, pelo apoio incondicional as minhas

    escolhas e por todo o suporte emocional e financeiro.

    Ao professor Carlos Gustavo Martins Hoelzel

    por todas as oportunidades, ensinamentos, puxes de

    orelha, conversas e aprendizados.

    s amigas e colegas Caroline Mller e Daiane

    Brondani, pelos anos de convvio, pelas trocas de

    conhecimentos, e pela disposio de ajudar sempre.

    Ao Centro Tecnolgico de Soledade por todo o

    apoio tcnico execuo deste trabalho. Em especial, a

    Juliano Tonezer da Silva, Coordenador do Centro, a

    Edmundo Abreu e Lima, a Jonas Fitz e a Hislie Ferreira.

    Agradeo tambm ao Joalheiro Sr. Breno Fitz e famlia,

    pelo espao cedido em seu ateli e pela ajuda no

    acabamento das peas.

    Aos professores, que sempre estiveram

    dispostos para ajudar, ensinar e oportunizar meu

    crescimento acadmico, profissional e pessoal.

    Por fim, mas no menos importante, aos

    familiares e amigos, pelo amor, carinho, dedicao e

    pacincia durante tantos anos.

  • "Jamais sonhariam aqueles casais

    aorianos, que da semente que lanavam ao

    solo nasceria o esplendor desta cidade."

    Desconhecido.

  • RESUMO

    Trabalho de Concluso de Curso Curso de Desenho Industrial Projeto de Produto

    Universidade Federal de Santa Maria

    OS PROCESSOS PRODUTIVOS NO DESIGN DE JOIAS: COLEO FUNDADORES

    AUTOR: DIEGO GIORDANI TESTA ORIENTADOR: CARLOS GUSTAVO MARTINS HOELZEL

    Data e Local da Defesa: Santa Maria, 16 de maro de 2012.

    O presente trabalho tem por objetivo estudar o sistema de produo do produto joia, por

    meio do desenvolvimento de uma coleo, considerando um processo vivel de

    produo. Para isto, primeiramente foram identificadas e descritas s tipologias

    caractersticas da joalheria e foram estudados os processos produtivos, as tecnologias e

    os materiais empregados na produo joalheira. A coleo foi desenvolvida observando

    um segmento de mercado especifico, identificado por meio de pesquisa analisada,

    utilizando tcnicas e tecnologias de ponta. Todo o processo foi orientado por um modelo

    de desenvolvimento projetual embasado nas metodologias de Baxter (2000), Lbach

    (2001), Munari (1998) e Olver (2003). As peas foram confeccionadas na cidade de

    Soledade/RS com o auxilio e apoio tcnico do Centro Tecnolgico de Pedras, Gemas e

    Joias do Rio Grande do Sul (CTPJRS) e parceiros.

    Palavras-chaves: Design de joias, processos produtivos, tecnologias e materiais.

  • ABSTRACT

    Monograph Course of Industrial Design Product Design

    Federal University of Santa Maria

    MANUFACTURING PROCESSES IN JEWELRY DESIGN: FOUNDERS COLLECTION

    AUTHOR: DIEGO GIORDANI TESTA SUPERVISOR: CARLOS GUSTAVO MARTINS HOELZEL

    Date and Place of the Defense: Santa Maria, March 16, 2012.

    The present work has the objective to study the production system of jewelry through

    the development of a collection, considering a viable process of production. For this,

    were identified and described the characteristic jewelrys types as manufacturing

    processes, materials and technologies used to produce jewelry. The collection was

    developed by observing a specific market segment, identified through research and

    using edge techniques and technologies. The whole process was guided by a

    development model grounded in the methodologies of Baxter (2000), Lbach (2001),

    Munari (1998) and Olver (2003). The pieces were made in the city of Soledade / RS with

    the help and technical support of the Technology Center to Rocks, Gems and Jewels of

    Rio Grande do Sul (CTPJRS) and partners.

    Key-words: Jewelry Design, manufacturing processes, materials and technologies.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - METODOLOGIA DE MUNARI. FONTE: ADAPTADO DE MUNARI (1998). ................................................ 4

    FIGURA 2 - METODOLOGIA DE BAXTER. FONTE: BAXTER (2000). .................................................................................. 6

    FIGURA 3 - METODOLOGIA DE LBACH. FONTE: LBACH (2001). .................................................................................. 7

    FIGURA 4 - PROCESSO CRIATIVO. ..................................................................................................................................................... 8

    FIGURA 5 - PROCESSO PRODUTIVO. ................................................................................................................................................ 9

    FIGURA 6 - MODELO DE PROCESSO. ............................................................................................................................................. 10

    FIGURA 7 - ARTESANIA. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2011A). ........................................................................................ 17

    FIGURA 8 - PRODUO INDUSTRIAL. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2011B). ............................................................. 18

    FIGURA 9 - CENTRO TECNOLGICO DE PEDRAS, GEMAS E JOIAS DO RIO GRANDE DO SUL. ............................ 21

    FIGURA 10 - SCANNER TRIDIMENSIONAL MVEL. FONTE: KONICA MINOLTA (2012). ..................................... 23

    FIGURA 11 - PROTOTIPADORA DIGITALWAX 008 E ESTUFA PARA CURA. ............................................................... 23

    FIGURA 12 - GRAVADORA A LASER. ............................................................................................................................................. 24

    FIGURA 13 - PLOTER DE CORTE A LASER. ................................................................................................................................ 25

    FIGURA 14 - EQUIPAMENTO DE CORTE COM JATO D'GUA. ............................................................................................ 25

    FIGURA 15 - CABOCHEIRA. ............................................................................................................................................................... 26

    FIGURA 16 - BANCADA DE LAPIDAO COM CATRACA, E ESTAO DE CORTE. ................................................... 27

    FIGURA 17 - ESTAO DE FUNDIO POR CERA PERDIDA. ............................................................................................. 27

    FIGURA 18 - ACABAMENTO MANUAL E A MQUINA. FONTE: ALZAMORA (2005). .............................................. 33

    FIGURA 19 - NOMENCLATURA DE UM MODELO DE GEMA LAPIDADA. FONTE: ALZAMORA (2005). ........... 40

    FIGURA 20 - LAPIDAO DO TIPO CABOCHO. FONTE: KOROVIN (2001). ............................................................... 41

    FIGURA 21 - LAPIDAO DO TIPO FACETADA. FONTE: KOROVIN (2001)................................................................. 42

    FIGURA 22 - LAPIDAO TIPO MISTA. FONTE: COSTA [20--]. ......................................................................................... 42

    FIGURA 23 - FORMAS MAIS COMUNS NA LAPIDAO. FONTE: KOROVIN (2001). ................................................ 43

    FIGURA 24 - EXEMPLOS DE FORMATOS EXISTENTES. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2012). .............................. 43

    FIGURA 25 - PBLICO-ALVO. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2011C). .............................................................................. 47

    FIGURA 26 - PAINEL SEMNTICO REFERENTE AOS CONCEITOS. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2011D) ..... 48

    FIGURA 27 - MAPA SEMNTICO DO TEMA PORTO ALEGRE. ............................................................................................ 49

    FIGURA 28 - MAPA SEMNTICO DO MONUMENTO .............................................................................................................. 50

    FIGURA 29 - PAINEL DE REFERENCIAL TEMTICO. FONTE: GOOGLE IMAGENS (2011E). ................................ 50

  • FIGURA 30 - ESBOOS INICIAIS. ..................................................................................................................................................... 51

    FIGURA 31 - ESTUDOS DE MODULARIDADE. ........................................................................................................................... 52

    FIGURA 32 - ESTUDOS DE COMPOSIES. ................................................................................................................................ 53

    FIGURA 33 - ESTUDOS DE FORMAS E TENTATIVAS DE INCORPORAO DE GEMAS. .......................................... 54

    FIGURA 34 - MODELAGEM COM PAPEL, PLASTICO E LATO. VERIFICAO DE FORMAL. ............................... 55

    FIGURA 35 - MONUMENTO AOS AORIANOS. FONTE: BLOG RENE HASS (2009). ................................................. 56

    FIGURA 36 - MOVIMENTO, RITMO E PLANOS. ......................................................................................................................... 56

    FIGURA 37 - GEOMETRIZAO, MODULOS E VAZADOS. .................................................................................................... 57

    FIGURA 38 - NOVAS GERAES. ..................................................................................................................................................... 58

    FIGURA 39 - ESBOO PARA BROCHE. .......................................................................................................................................... 59

    FIGURA 40 FERRAMENTAS E MODELO EM CARA. ............................................................................................................. 59

    FIGURA 41 - PRIMEIRA VERSO DOS MODELOS DIGITAIS................................................................................................ 60

    FIGURA 42 - MODELOS EM PAPEL. ............................................................................................................................................... 60

    FIGURA 43 - TESTE PARA COLOCAO DE GEMAS. .............................................................................................................. 61

    FIGURA 44 - VISTAS DO MODELO DIGITAL. .............................................................................................................................. 61

    FIGURA 45 - DETALHE POSTERIOR E BASE PARA BROCHE. ............................................................................................ 62

    FIGURA 46 - ESBOOS DOS PINGENTES. .................................................................................................................................... 62

    FIGURA 47 - TESTE DE COLOCAO DE GEMAS. .................................................................................................................... 63

    FIGURA 48 - VISTAS DO MODELO DIGITAL. PINGENTE N 1. ........................................................................................... 63

    FIGURA 49 - VISTAS DO MODELO DIGITAL. PINGENTE N 2. ........................................................................................... 64

    FIGURA 50 - ESBOO PARA PULSEIRA. ....................................................................................................................................... 64

    FIGURA 51 - MODELO SEGMENTADO E SIMPLIFICAO. .................................................................................................. 65

    FIGURA 52 - MODELAGEM DIGITAL DA PULSIERA. .............................................................................................................. 65

    FIGURA 53 - MODELAGEM DIGITAL DO BERO PARA A GEMA. ...................................................................................... 66

    FIGURA 54 - ELO DE UNIO E FECHO TIPO BOIA................................................................................................................... 66

    FIGURA 55 - ESBOOS PARA BRINCO. ......................................................................................................................................... 67

    FIGURA 56 - MODELO EM PAPEL. .................................................................................................................................................. 67

    FIGURA 57 - TESTE PARA COLOCAO DE GEMAS. .............................................................................................................. 67

    FIGURA 58 - MODELAGEM DIGITAL DO BRINCO. ................................................................................................................... 68

    FIGURA 59 - ESBOO INICIAL E INICIO DA MODELAGEM DO ANEL. ............................................................................ 68

    FIGURA 60 - CORTE COM CERRA. .................................................................................................................................................. 69

    FIGURA 61 - TRABALHO MANUAL EM CERA. ........................................................................................................................... 69

    FIGURA 62 - PRIMEIRO MODELO DO ANEL FINALIZADO. ................................................................................................. 70

    FIGURA 63 - CORTE EM CHAPA DE CERA E PEAS SOLDADAS. ...................................................................................... 70

    FIGURA 64 - LATERAIS DO ANEL. .................................................................................................................................................. 71

    FIGURA 65 - MODELO EM CERA FINALIZADO. ........................................................................................................................ 71

    FIGURA 66 - PROTOTIPADORA EM OPERAO. LASER SOLIDIFICANDO A RESINA. ............................................ 72

    FIGURA 67 - MODELOS PROTOTIPADOS. ................................................................................................................................... 73

  • FIGURA 68 - MONTAGEM DA RVORE DE FUNDIO E PARTES. .................................................................................. 73

    FIGURA 69 - PREPARAO DO REVESTIMENTO. ................................................................................................................... 74

    FIGURA 70 - PROCESSO DE FUNDIO. ...................................................................................................................................... 75

    FIGURA 71 - LIMPEZA DA RVORE DE FUNDIO E SEPARAO DAS PEAS. ....................................................... 76

    FIGURA 72 - PROCESSO DE LAPIDAO. .................................................................................................................................... 77

    FIGURA 73 - PROCESSO DE ACABAMENTO. .............................................................................................................................. 78

    FIGURA 74 - ANEL COM GEMA. ....................................................................................................................................................... 80

    FIGURA 75 - ANEL COM GEMA. ....................................................................................................................................................... 81

    FIGURA 76 RENDER DO ANEL EM METAL PURO. ............................................................................................................... 82

    FIGURA 77 - PINGENTE N1. ............................................................................................................................................................ 83

    FIGURA 78 - PINGENTE N1. ............................................................................................................................................................ 84

    FIGURA 79 - PINGENTE N2. ............................................................................................................................................................ 85

    FIGURA 80 - PINGENTE N2. ............................................................................................................................................................ 86

    FIGURA 81 - RENDER DOS BRINCOS. ........................................................................................................................................... 87

    FIGURA 82 - RENDER DO BROCHE. ............................................................................................................................................... 88

    FIGURA 83 - RENDER DA PULSEIRA. ............................................................................................................................................ 89

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 - TIPOS DE ACABAMENTOS EM METAIS. FONTE: ADAPTADO DE INFOJOIA (2011). .................... 38

    QUADRO 2 - CLASSIFICAO. FONTE: ADAPTADO DE MANUAL TCNICO DE GEMAS (2009). ....................... 39

    QUADRO 3 - TIPOS DE CERA PARA MODELAGEM DE JOIAS. FONTE: ADAPTADO DE ALZAMORA (2005). 44

    QUADRO 4 - CONCEITOS. ................................................................................................................................................................... 48

  • LISTA DE REDUES

    AGITPROP Revista Brasileira de Design

    CAD Computer Aided Design (Desenho Auxiliado por Computador)

    CNC Controle Numrico Computacional

    CTPJRS Centro Tecnolgico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul

    DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral

    IBGM Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MDT Monografias, Dissertaes e Teses

    PLT Extenso de arquivos DWG convertidos para impresso, no

    editvel e visualizados apenas em programas especficos. Formato

    de arquivo reconhecido nas mquinas plotter.

    SINDIPEDRAS Sindicato das Indstrias de Joalheria, Minerao, Lapidao,

    Beneficiamento e Transformao de Pedras Preciosas do Rio Grande

    do Sul

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UPF Universidade de Passo Fundo

  • SUMRIO

    Resumo ............................................................................................................................................................. vii

    Abstract............................................................................................................................................................ viii

    Lista de Figuras ............................................................................................................................................... ix

    Lista de Quadros ............................................................................................................................................ xii

    Lista de Redues ........................................................................................................................................ xiii

    Captulo 1 ........................................................................................................................................................... 1

    Introduo ......................................................................................................................................................... 1

    1.1. Objetivos ............................................................................................................................................... 2

    1.1.1. Objetivo geral ............................................................................................................................. 2

    1.1.2. Objetivos especficos ............................................................................................................... 2

    1.2. Justificativa ........................................................................................................................................... 2

    1.3. Mtodo ................................................................................................................................................... 3

    1.3.1. Plano de desenvolvimento projetual ................................................................................. 8

    Captulo 2 ......................................................................................................................................................... 11

    As Joias .............................................................................................................................................................. 11

    2.1. Tipologia: classificao quanto a produo ........................................................................... 12

    2.1.1. Artesanal: Joia de Autor/Joia-Arte ................................................................................... 12

    2.1.2. Experimental: Nova Joia/Joia Contempornea ........................................................... 13

    2.1.3. Industrial: Joia Comercial .................................................................................................... 14

    2.2. Produo joalheira .......................................................................................................................... 16

    2.2.1. Processo artesanal de manufatura Artesania ........................................................... 16

    2.2.2. Processo industrial - Produo seriada .......................................................................... 18

    Captulo 3 ......................................................................................................................................................... 21

    Tecnologias e Materiais .............................................................................................................................. 21

  • 3.1. Tecnologias disponveis no CTPJRS .......................................................................................... 22

    3.2. Materiais.............................................................................................................................................. 28

    3.2.1. Metais para joalheria ............................................................................................................. 28

    3.2.1.1. Tipos de acabamentos em metais ................................................................................ 32

    3.2.2. Gemas .......................................................................................................................................... 38

    3.2.2.1. Lapidao ............................................................................................................................... 39

    3.2.2.2. Principais tipos de lapidao ......................................................................................... 41

    3.2.3. Cera para modelagem ............................................................................................................ 43

    Captulo 4 ......................................................................................................................................................... 45

    Processo Projetual ........................................................................................................................................ 45

    4.1. Definio do consumidor .............................................................................................................. 45

    4.1.1. Segmento de mercado ........................................................................................................... 46

    4.1.2. Pblico-alvo ............................................................................................................................... 47

    4.2. Inspirao ........................................................................................................................................... 47

    4.2.1. Conceito ...................................................................................................................................... 48

    4.2.2. Tema............................................................................................................................................. 49

    4.3. Geraes, experimentaes e modelos .................................................................................... 51

    4.3.1. Broche ......................................................................................................................................... 59

    4.3.2. Pingentes .................................................................................................................................... 62

    4.3.3. Pulseira ....................................................................................................................................... 64

    4.3.4. Brinco .......................................................................................................................................... 66

    4.3.5. Anel ............................................................................................................................................... 68

    4.4. Prottipos ........................................................................................................................................... 72

    4.5. Resultados .......................................................................................................................................... 79

    4.6. Planejamento da produo .......................................................................................................... 90

    Captulo 5 ......................................................................................................................................................... 91

    Consideraes Finais ................................................................................................................................... 91

    Referncias Bibliogrficas ......................................................................................................................... 93

    Anexo A. Desenhos Tcnicos .................................................................................................................... 97

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

    Nos anos 90, fatores importantes surgem marcando a indstria joalheira

    nacional. O processo de abertura econmica expe o mercado brasileiro de jias a

    concorrncia externa. Tal fator exigiu dos joalheiros nacionais um reposicionamento

    rpido a fim de aumentar a competitividade perante os novos concorrentes (IBGM, 2003

    apud BENZ e MAGALHES, 2008). Segundo o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais

    Preciosos IBGM, em relatrio apresentado em 2010, o Setor em Grandes Nmeros, o

    Brasil responsvel pela produo de um tero do volume das gemas do mundo e o

    dcimo segundo produtor de ouro. Apesar disto, representa pouco mais de 1% das

    exportaes mundiais de joias.

    A qualificao profissional e o investimento nos recursos tecnolgicos foram,

    e ainda se apresentam como formas de tornar as empresas brasileiras mais

    competitivas. Devido capacitao, as joias brasileiras deixaram em pouco tempo de ser

    cpias para ser referncia, o Brasil est sendo reconhecidos mundialmente por seu

    design diferenciado (ANDRADE, 2008).

    Neste contexto, este profissional deve ser capaz de antecipar as tendncias de

    design, de identificar os desejos e as necessidades do pblico-alvo, de avaliar tanto o

    valor material da pea como o seu valor cultural, possuir o conhecimento tcnico de

    fabricao e a habilidade de adequar o produto ao uso (ANDRADE, 2002 apud BENZ e

    MAGALHES, 2008). Isso permite que a indstria eleve a qualidade de seus produtos,

    gerando demanda e ampliando a produo. Dentro da indstria, o design agrega valor ao

    produto, e a fidelidade ao modelo, garantida pela tecnologia, considerada fator de

    qualidade (GOLA, 2008).

    Para este trabalho ser estudado o processo de desenvolvimento de uma

    coleo de joias, desde a criao at produo considerando um processo industrial em

    baixa escala, com base no design bem como os segmentos do mercado joalheiro

    brasileiro, as tecnologias disponveis e os processos produtivos.

  • 2

    1.1. OBJETIVOS

    1.1.1. Objetivo geral

    Desenvolver uma coleo de joias, com base em um design de produto de

    joalheria, voltado para um segmento de mercado especfico, considerando um processo

    vivel de produo.

    1.1.2. Objetivos especficos

    Como objetivos especficos para este trabalho tm:

    Reconhecer as etapas da criao produo das joias;

    Identificar uma tipologia caracterstica da joalheria;

    Reconhecer processos e tecnologias de produo joalheira com nfase em metais e

    gemas;

    Identificar a segmentao de mercado no contexto da joalheria no cenrio brasileiro;

    Sistematizar uma produo em baixa escala com base em design envolvendo

    diferentes tecnologias de projeto e produo.

    1.2. JUSTIFICATIVA

    A justificativa apresentada para a elaborao deste trabalho a identificao

    da demanda da indstria joalheira nacional por um profissional com os conhecimentos

    exigidos na criao e produo de joias, no mbito industrial.

    Tal profissional, o designer de joias, tem por tarefa a pesquisa e a definio da

    criao, envolvendo todos os aspectos a ela relacionados, tais como o contexto onde ela

    esta inserida, o potencial produtivo e o pblico a quem se destina. Ele trabalha com o

    auxilio de uma metodologia de projeto de produtos na resoluo de uma demanda

    especfica gerada por um mercado especfico (LLABERIA, 2009).

  • 3

    Para auxiliar neste processo, o estudo das capacidades produtivas de

    grande importncia, pois define limites a serem seguidos pelo projetista. preciso

    conhecer as tecnologias e as tcnicas disponveis a fim de que projeto possa ser

    executado posteriormente.

    1.3. MTODO

    Para a elaborao deste trabalho, aps analisadas vrias metodologias de

    projeto voltadas ao design, verificou-se a necessidade de adaptar uma metodologia que

    fosse mais adequada ao projeto. Optou-se pela utilizao de quatro autores como

    referncia metodolgica. So eles: Bruno Munari (1998), Elizabeth Olver (2003), Bernd

    Lbach (2001) e Mike Baxter (2000).

    Em seu livro Das coisas nascem coisas, Bruno Munari (1998) desenvolve

    um raciocnio por meio de um esquema que vai desde a proposio do problema at a

    soluo final. Segundo o autor, o designer no deve logo procurar pela ideia que ir

    resolver o problema. preciso seguir uma srie de passos, como uma receita, que

    podem variar de acordo com o projeto, ou caso o projetista acredite ser preciso

    aperfeioar o processo.

    Parte-se de um problema, o qual deve ser primeiramente definido e

    segmentado em subproblemas. Aps, inicia-se uma coleta de dados a fim de entender

    todas as partes do problema. Estes dados devem ser analisados e ento feita outra

    coleta de dados referente aos materiais e tecnologias a disposio do designer para o

    projeto em questo. So ento realizadas experimentaes com os materiais e

    tecnologias para dar inicio aos esboos de solues ou partes de solues e com elas a

    construo de modelos. Estes modelos passam por uma verificao e o modelo aprovado

    passa ento por um detalhamento. Esta fase chamada de desenho de construo servir

    para dar todas as instrues a respeito da confeco do prottipo. Na Figura 1 se verifica

    um esquema detalhado do processo metodolgico retirado do livro do autor.

  • 4

    Figura 1 - Metodologia de Munari. Fonte: Adaptado de Munari (1998).

    J Elizabeth Olver (2003), divide sua metodologia em 10 passos. Inicia-se

    com o desenvolvimento de projeto (desarrollo del diseo), o qual consiste na

    compreenso dos problemas e no encontro de solues. A segunda etapa chamada de

    inspirao (inspiracin). Esta inspirao aquilo que estimula o projetista, sua fonte de

    motivao. Segue-se com a realizao de esboos (hacer bocetos) que pode tanto ser

    estudos rpidos, rascunhos de uma ideia ou at mesmo desenhos mais acabados. O

    quarto passo descrito por Olver como instrues de projeto (instrucciones de diseo).

  • 5

    Aqui descrito tudo o que deve ser considerado durante o projeto, desde o conceito, os

    custos, os materiais, o pblico-alvo, os processos produtivos, entre outros.

    A quinta etapa de projeto o conceito (concepto), que representa a ideia por

    trs do projeto. O conceito aquilo que se pretende passar para o consumidor. Como

    sexta etapa tem-se a chuva de ideias (lluvia de ideas). Nesta fase todas as opes so

    consideradas ao mximo. Na stima etapa temos a investigao (investigacin), que

    consiste em estudar novas formas de soluo, ampliando os conhecimentos do projetista

    e melhorando o projeto.

    Olver define como passo oito as amostras e provas (muestras y piezas de

    pruebas). Constroem-se modelos e realizam-se testes com os materiais com o qual se

    pretende trabalhar a fim de comprovar sua qualidade e funcionalidade.

    O penltimo passo do processo a confeco de modelos (hacer modelo).

    Aqui so construdos modelos com materiais distintos a fim de verificar a forma, a

    proporo, encontrar solues tcnicas e com isso desenhar mais detalhadamente a

    pea criada. A ltima etapa do processo descrito por Olver a fabricao (fabricacin),

    resultando na pea final acabada. Todas estas etapas so registradas atravs de um

    dirio grfico e de um caderno de esboos, onde o desenhista realiza suas anotaes de

    ideias, pensamentos e analises.

    Para Baxter (2000), a organiza~o das atividades de projeto sempre algo

    complexo. Ele divide o processo em quatro etapas. A primeira delas uma explora~o

    de ideias para um teste de mercado. Uma ideia apresentada a um grupo de

    consumidores em potencial a fim de verificar a potencialidade do projeto. Caso seja

    aprovado, parte-se para a prxima etapa, que consiste em especificar a oportunidade e o

    projeto. Nesta fase entra o chamado projeto conceitual, onde so gerados conceitos para

    verificar qual atende de melhor forma a proposta de projeto.

    Num terceiro momento o conceito escolhido passa por uma nova verificao

    de mercado e segue para a configura~o do projeto. Nesta etapa, novas alternativas s~o

    consideradas e so executados alguns ajustes tcnicos envolvendo materiais e processos

    de fabricao. De acordo com as mudanas realizadas torna-se necessrio retroceder

    etapas e realizar ajustes. Aps todos os ajustes conferidos, realiza-se outra verificao de

    mercado. Com a terceira etapa aprovada inicia-se a quarta e ultima fase, na qual so

    feitos os desenhos detalhados do produto e de seus componentes, desenhos para a

    fabricao e a produo do prottipo. Com a aprovao final do prottipo, inicia-se a fase

    de produo do produto.

  • 6

    Figura 2 - Metodologia de Baxter. Fonte: Baxter (2000).

    O ultimo autor consultado foi Lbach (2001). Ele fala sobre o processo de

    design como um processo criativo e, ao mesmo tempo, de resoluo de problemas. O

    designer industrial, segundo o autor, o respons|vel por encontrar uma solu~o do

    problema, concretizada em um projeto de um produto industrial, incorporando as

    caractersticas que possam satisfazer as necessidades humanas, de forma duradoura. O

    processo projetual dividido em quatro etapas, as quais ele chama de fases do processo

    de design. So elas: analise do problema, gerao de alternativas, avaliao das

    alternativas e realizao da soluo do problema (Figura 3).

  • 7

    Figura 3 - Metodologia de Lbach. Fonte: Lbach (2001).

    Na primeira etapa, o problema e os objetivos so definidos e, recolhem-se as

    informaes necessrias, atravs de uma srie de analises incluindo analise da

    necessidade, desenvolvimento histrico, analise de mercado, analise de materiais e

    processos de fabricao, entre outras para a resoluo do problema. Na etapa seguinte,

    de gerao, define-se o conceito que guiar o projeto e ento se inicia a gerao de

    alternativas para a soluo do problema.

    Na terceira etapa de projeto, o autor prope a avaliao das alternativas

    geradas na fase anterior. Neste momento realizam-se testes com modelos e ento se

    escolhe a melhor soluo. Caso necessrio, ajustes podem ser feitos as alternativas

    selecionadas. Por fim a ultima etapa consiste na materializao da alternativa escolhida.

    Realiza-se o detalhamento do projeto, onde so definidos os desenhos tcnicos e de

    representaes, o modelo final e o relatrio final.

  • 8

    1.3.1. Plano de desenvolvimento projetual

    Aps analisadas as quatro metodologias acima descritas, foram separados as

    etapas mais interessantes a serem aplicadas neste projeto, e descartadas etapas que no

    se mostraram necessrias ou que se repetiam de uma metodologia para outra.

    Para o processo criativo (Figura 4) foi elaborado um esquema contendo

    partes das metodologias de Munari e Olver. Inicia-se o processo com a problematizao.

    So ento coletados dados referentes ao problema e tambm quanto as questes de

    materiais e tecnologias. O projeto continua com a fase de inspirao, onde surgem o

    tema da coleo e os conceitos que guiaro o projeto. Parte-se ento para a fase de

    instrues de projeto com a descrio do pblico-alvo, dos materiais, dos processos

    produtivos Por fim realiza-se a fase intitulada de experimentaes. Nesta fase inicia-se a

    gerao de alternativas com o desenvolvimento de esboos, modelos e verificao dos

    mesmos.

    Figura 4 - Processo Criativo.

    Aps a fase de experimentaes inicia-se a etapa intitulada de processo

    produtivo (Figura 5). A primeira fase desta etapa chamada de configuraes do

    projeto, onde so apresentadas as peas finais, com descrio de possveis variaes de

    materiais e de processos produtivos. A seguir realizado o projeto detalhado com a

    descrio das montagens e seus componentes, criao dos modelos digitais e dos

    desenhos tcnicos. A fase de teste serve para a confeco dos modelos finais para

    verificao e ajuste, caso necessrio, e para a produo de moldes.

  • 9

    A penltima fase a apresentao da coleo, onde as peas so fotografadas

    juntamente com a modelo. Por fim tem-se o planejamento de produo, que consiste na

    descrio do processo produtivo.

    Figura 5 - Processo Produtivo.

    Na Figura 6 apresentado um esquema visual elaborado com as fases de

    projetos descritas.

  • 10

    Figura 6 - Modelo de Processo.

  • CAPTULO 2

    AS JOIAS

    O homem sempre buscou individualidade. Desde os primrdios, estamos

    sempre procura de destaque e diferenciao de nossos semelhantes. Antes mesmo de

    descobrir e utilizar metais preciosos, pedras e outros elementos que hoje so

    amplamente utilizados, o homem j era capaz de criar artefatos para adornar seu corpo.

    Remotamente reconhecida por seus materiais preciosos, a joalheria se

    destaca em nossas sociedades como objeto de grande valor agregado. Traz consigo

    diversas simbologias e significados. A joalheria acompanha rituais de passagem,

    ressalta status na sociedade e em muitos grupos vem carregada de forte simbologia

    religiosa (LLABERIA, 2010).

    Antes de us-las como peas de adorno, os homens atribuam aspectos msticos s pedras, ao ouro e prata. Mesmo com a reviso desses conceitos primitivos, permaneceu a simbologia desses materiais ao serem referenciais quanto condio dominante do Estado e dos integrantes da classe nobre, atravs de coroas, brases e moedas cunhadas (CORBETTA, 2007, p. 13).

    Gola (2008) tambm ressalta que as joias, como portadoras de valores, tanto

    pode representar algo admirvel, poderoso, mstico, como ser sinal de riqueza material.

    De mesmo modo, pode ainda carregar definies negativas, representando a futilidade.

    Em vrias culturas encontramos referncias da utilizao dos ornamentos

    pessoais como amuletos, artefatos estes que eram, e ainda hoje so, carregados com uma

    aura de misticismo e poder. De acordo com Pompei (2011) o amuleto considerado um

    escudo contra influncias malficas. Na cultura popular, ele deve ser usado junto ao

    corpo, protegendo e atraindo a sorte. Os amuletos so comuns a vrias sociedades e

    pocas, o que muda so os smbolos utilizados.

    A jia pode revisitar sua prpria histria, repensar a poca dos ornamentos, da tradio, do uso para diferenciao de posies sociais ou sexuais, da poca das funes mgico-religiosas. Pode ser o palco para tratar da relao do homem e sua propriocepo, da sensibilidade, do tato, sua relao com o

  • 12

    corpo. Pode ser auto-referente e discutir seus prprios meios, o brilho, o reflexo dos metais, o peso, a dureza de materiais [...] (NOVA JIA, 2007).

    2.1. TIPOLOGIA: CLASSIFICAO QUANTO A PRODUO

    Ao estudar mais afundo percebemos certas diferenas que tornam necessria

    certa distino entre os tipos de joias. Esta distino se d, em sua maior parte, por conta

    da forma como essa joia foi concebida.

    Durante as pesquisas foram identificadas trs classificaes bsicas na

    joalheria: joia-arte ou de autor, joia contempornea e joia comercial. Nem sempre a

    distino entre essas classes facilmente percebida ou aceita, no entanto, para este

    trabalho, sero adotadas essas trs divises.

    2.1.1. Artesanal: Joia de Autor/Joia-Arte

    H uma grande confuso na classificao de joia de autor e joia-arte. Alguns

    autores fazem diferenciao entre estas duas nomenclaturas enquanto outros as

    utilizam como sinnimos. Segundo Llaberia (2009) a Jia de Autor e a Jia de Arte

    poderiam ser classificadas, em teoria pelo menos, de modo diferente entre si, consciente

    de que ser muitas vezes de difcil delimita~o na pr|tica.

    Em outro texto a autora (Llaberia, 2010) fala que na joia de arte o criador

    artista incorpora sua fora de trabalho, mesma fora que ele demonstra em outros

    trabalhos artsticos de sua autoria. Esta jia seria por ele idealizada e produzida, sendo

    exposta ou comercializada em galerias e museus.

    Segundo a designer Cathrine Clarke (2011) na joalheria de arte, o artista em

    geral supervisiona a elaborao manual de cada projeto inovador, feito por um arteso

    de sua escolha que, se for preciso, crie suas prprias ferramentas para a realizao das

    peas.

    [...] jias de arte so peas inventivas, compostas a partir de idias especficas, enaltecendo caractersticas nicas. Hoje, para criar a jia-arte, so necessrios smbolos engenhosos com os quais se possa ter um envolvimento mais efetivo. Joalheria artstica, assim como escultura e pintura, revelam com clareza o estilo de quem a concebe e a usa (Clarke, 2011).

  • 13

    Campos (2007) identifica a joia de autor como sendo aquela produzida por

    seu prprio criador. Ela afirma que muitas vezes no h nem mesmo um projeto prvio e

    que durante o trabalho e a experimentao com o material que o artista acaba por

    desenvolver a sua obra.

    [...] jia de autor, caracterizado pela expresso e linguagem pessoal de seu criador, independente do mercado, enquanto objetivo do seu trabalho, mas muitas vezes com uma inteno de venda, j que muito dos autores tem na joalheria sua principal fonte de renda, incluindo-se no mercado de jias exclusivas como as da Alta Joalheria. Esta jia tem seu espao no mercado junto ao pblico que prestigia e valoriza a jia criada por um artista conhecido, tendo a ela agregado o valor de uma assinatura (marca), alm de evidenciar uma pesquisa formal aprofundada (LLABERIA, 2010, p. 3).

    Nota-se que tanto a joia-arte quanto a joia de autor surgem de uma

    motivao por parte do designer/artista, e no seguem uma tendncia de mercado.

    Ambas trabalham com a ideia de joia exclusiva, e com tcnicas de produo artesanais

    da ourivesaria tradicional1.

    O criador destas joias no est preocupado se elas estaro inseridas nas

    tendncias vigentes. Sua criao visa o bom design, um design que ir resistir ao tempo.

    Sua grande preocupao so os valores formais (CORBETTA, 2007).

    2.1.2. Experimental: Nova Joia/Joia Contempornea

    O site Zona D (2011) diz que a jia hoje pode e deve revisitar conceitos,

    inovar sendo: diferente, inteligente, engraada, inesperada, provocante e mais do que

    nunca, bela. A jia contempornea valoriza o ato criativo expressivo e insufla um novo

    sentido ao ornamento. um meio eficaz e sutil de express~o. A pesquisa formal e a

    experimentao de materiais, sejam eles nobres ou no, justamente a proposta da

    joalheria contempornea. A comercializao no o intuito desta nova joia. Llaberia

    1 D valor artstico a metais considerados preciosos, segundo as culturas e as pocas, no importando se os objetos com eles confeccionados sejam jias, armas, baixelas ou objetos utilit|rios. (GOLA, 2008) a arte de trabalhar os metais nobres por meio de vrias tcnicas (filigrana, batido,

    cinzelado, burilado, torcido, repuxado, canelado, etc.). Pode-se utilizar outros materiais como o marfim, a madreprola, o coral, as gemas e a laca, entre

    outros. Inclui-se tambm na ourivesaria a prataria, a joalharia e outras artes que produzem objetos feitos em materiais preciosos (INFOPEDIA, 2011).

  • 14

    (2009), diz que esta nova joalheria remete a pesquisas, inquietaes, reflexes e

    posies de quem a idealizou [...].

    Sobre a joia contempornea, o site Padova Cultural (2008) diz:

    Jia-escultura [...] uma experincia de grande originalidade surgida da afirmao de individualidade que se reconhece em um estilo anticomercial e antidecorativo, baseado na pureza das formas, na disposio do material, no equilbrio das propores e uma constante experimentao de novas tcnicas e materiais. (PADOVA CULTURA, 2008, traduzido pelo autor2)

    O valor da pea no aqui ditado pelo material da qual ela feita e sim pela

    criatividade e originalidade de seu criador. Segundo a Revista Brasileira de Design

    AGITPROP (2011), diante da diversidade de materiais a jia como expresso artstica

    no se prende ao que entendido como luxo. O ouro assim como o ferro, a madeira, a

    fibra de buriti so igualmente preciosos para a confec~o de adornos.

    primeira vista a joalheria moderna e contempornea parece caracterizada pela variedade de estilos e pelo design muitas vezes sem organicidade. Entretanto, atravs disso chega-se ao conceito de que as jias devem ser admiradas parte das gemas e metais nas quais so produzidas. Acima de tudo, deve ser considerado seu valor artstico. Com tal propsito, a criao do designer passa a ter completa liberdade de expresso, na qual pode misturar metais nobres com trabalhos artesanais, com gemas brutas ou at sintticas. Atingir harmonia e beleza este o propsito. A espressividade do artsta criador no tem limites; a ele dada liberdade total; no h industria conduzindo sua criao para a ultima tendncia ditada pela linha de jias do momento (CORBETTA, 2007, p. 91).

    2.1.3. Industrial: Joia Comercial

    De acordo com Llaberia (2009) a joia comercial, tambm conhecida como joia

    industrial, reflete um novo conceito de joia. Estas so criadas com base em parmetros

    de mercado, tendncias de consumo, avaliao de custos, tecnologias de produo e

    materiais. A produo seriada, as inovaes tecnolgicas, as novas tcnicas e a mistura

    de materiais so algumas das caractersticas observadas neste novo segmento, com

    demandas crescentes de mercados antes privados destes objetos. Krupenia (1997 apud

    2 Gioielli-scultura [...] una originalissima esperienza scaturita dallaffermarsi di spiccate individualit{ che si riconoscono in uno stile anticommerciale e

    antidecorativo, basato sulla purezza delle forme, la misura della materia, lequilibrio delle proporzioni e una costante sperimentazione di nuove

    tecniche e materiali.

  • 15

    REBELLO, 2007), diz que a orientao da joalheria comercial o marketing, e as

    decises de design so tomadas com base em pesquisas direcionadas para vendas e para

    o mercado.

    Paralelamente ao mundo da jia artstica, estava o mundo da jia comercial, que, nos anos 1970, instigava as mulheres - e, de maneira inovadora, os homens - a usarem adornos, em uma poca empobrecida de ouro. Pedras menos preciosas, negligenciadas at ento, assumiram posio de destaque - como o caso dos cristais, do olho de tigre, do coral, do lpis-lazli, do onix preto - e compuseram as ideias fundamentais das jias daquela dcada. O ouro texturado ainda era popular, assim como designs mais coloridos, feitos com esmalte (GOLA, 2008, p. 122).

    Na joalheria comercial a criao voltada para o consumidor, sendo este o

    responsvel por ditar as diretrizes de projeto. J na joalheria artstica, o artista joalheiro

    cria a partir de sua prpria linguagem de expresso artstica, sem considerar o mercado,

    as tendncias ou os desejos e necessidades do pblico. Criar uma jia de produ~o

    industrial, envolvem os mesmos parmetros que definem a criao e o projeto de um

    celular, de uma caneta, de um relgio ou de um carro, consideradas as devidas

    especificidades como reas de conhecimento tcnico (LLABERIA, 2009).

    V-se aqui um distanciamento das tcnicas tradicionais de ourivesaria com a

    incluso de etapas de maquinofatura. Isto no significa que o ourives se torna

    dispensvel no processo de produo, j que ainda so necessrias algumas etapas de

    manufatura na confeco dos modelos para a reproduo industrial.

    Este tipo de joia vem satisfazer a um pblico especfico, consumidor de joias

    de uso cotidiano, com preos mais acessveis possibilitados pela reproduo em larga

    escala. O designer raramente ter seu nome vinculado produo, diferentemente de

    uma joia de autor onde a assinatura indispensvel. Llaberia (2009) lembra que quando

    se fala em produo e consumo em massa em relao ao design de joias, trata-se

    principalmente dos projetos voltados para a indstria de folheados e bijuterias3 que

    trabalham com a estimativa de produ~o em larga escala.

    3 Consideram-se metais folheados (ou chapeados de metais preciosos) os artefatos de metal que apresentem uma ou mais faces recobertas por metais

    preciosos, seja por meio de soldadura, laminagem a quente ou por processo mecnico semelhante. Os artefatos de metais comuns incrustados de metais

    preciosos tambm considera-se folheados ou chapeados de metais preciosos, salvo disposio contrria.

    Consideram-se bijuterias os pequenos objetos de adorno pessoal (ex.: anis, braceletes ou pulseiras, colares, broches, brincos, correntes de relgio,

    berloques, pendentes, alfinetes ou pregadores de gravata, abotoaduras (botes de punho), medalhas e insgnias religiosas ou outras) que no

    contenham prolas (tanto naturais como cultivadas), pedras preciosas, semi-preciosas, sintticas ou reconstitudas, ou que s contenham metais

    preciosos, folheados ou chapeados de metais preciosos (IBGM MANUAL OPERACIONAL DAS EXPORTAES DE GEMAS, JIAS E AFINS, 2000).

  • 16

    A jia, cuja nobreza distinguida enquanto modelo absoluto e transcendente, encontra na industrializao a possibilidade de seu desdobramento em sries, extrapolando o seu carter de objeto de casta, nico e singular. atraves da difuso serial que a joalheria alarga seu potencial de abrangncia, tornando-se acessvel a todos, por direito. Essa popularizao, que percorre todas as cores do prisma social, acompanha os mesmos movimentos adotados pela moda, entre a alta costura e o prt--porter4 (CAMPOS, 2007).

    2.2. PRODUO JOALHEIRA

    Uma parte importante no desenvolvimento dos objetos est relacionada com

    o modo de produ~o. Segundo Paim (2009), devemos levar em considera~o como os

    objetos so feitos e como a sua realizao, enquanto processo consciente, produz

    sentido, seja o objeto industrial ou artesanal.

    Para este fim, foram observados os sistemas de produo existentes na

    joalheria, e dividiram-se os processos em dois tipos principais: um processo artesanal de

    manufatura, utilizado principalmente na joalheria de arte, de autor e contempornea, no

    qual predominam as tcnicas de produo tradicional da ourivesaria; e um processo

    industrial, onde a joia tratada como produto industrial de produo seriada, com

    predomnio das tcnicas de produo de maquinofatura, com auxilio, em menor grau,

    das tcnicas tradicionais.

    2.2.1. Processo artesanal de manufatura Artesania

    A produo artesanal como o prprio nome diz a produo de um objeto

    artesanalmente pelo artista-arteso (tambm chamado artista-joalheiro). Este arteso,

    utilizando seus conhecimentos tcitos e sua habilidade com os materiais, adquiridos

    com anos de estudos e experincia profissional, cria e desenvolve suas peas. Estas

    sero de certo modo nicas, pois mesmo que o artista-joalheiro reproduza seu trabalho,

    elas possuiro algumas diferenas bsicas, fruto do trabalho artesanal de produo.

    4 Pronto para vestir, do ingls: ready to wear. Diz-se de roupa de qualidade que, embora geralmente assinada por estilista, fabricada em srie, ao

    contrrio da chamada roupa de alta-costura (AULETE ONLINE, 2011).

  • 17

    Llaberia (2009) diz que este joalheiro [...] concebe suas criaes a partir do

    repertrio pessoal e se utiliza em geral de tcnicas da ourivesaria tradicional,

    aprendidas hoje em pequenos ateliers e escolas de cursos livres de joalheria prtica,

    conhecida como trabalho de bancada.

    Figura 7 - Artesania. Fonte: Google Imagens (2011a).

    Destaca-se que ao falar em produo artesanal no significa dizer que o

    produto final de joalheria pode ser reconhecido como artesanato. Paim (2009), em

    resenha do livro A theory of craft do escritor Howard Risatti, considera que a

    modalidade n~o industrial de produo do design recorre ao trabalho manual, no ao

    artesanato, cuja matriz criativa se alimenta da experincia na oficina ou estdio. Neste

    contexto o termo artesania mais bem empregado, j que este engloba tanto a

    concepo quanto a criao do objeto.

    A artesania feita em pequena escala, cada pea diferente entre si, o que

    segundo critrios industriais as torna imperfeitas. Com a prtica, o arteso pode atingir

    um nvel esttico aproximado ao da mquina (PAIM, 2009).

    Segundo Takamitsu e Menezes (2010), o processo artesanal de criao ainda

    muito utilizado pelas micro e pequenas empresas. Segundo as autoras:

    Este consiste na representao da pea atravs de um esboo inicial, que pode ou no vir acompanhado de perspectivas, vistas e desenho tcnico com as especificaes de fabricao da jia. Aps a finalizao da etapa de criao o projeto encaminhado para um ourives produzir a pea. um processo eficaz na produo de peas exclusivas e de pequena tiragem, pois muito mais manual e artstico onde o talento do ourives para produzir a pea o elemento crucial do sucesso do resultado almejado (TAKAMITSU E MENEZES, 2010).

  • 18

    2.2.2. Processo industrial - Produo seriada

    Segundo Paim (2009), a indstria que transformou o mundo gerando

    imensas riquezas, reduziu drasticamente a atuao da artesania, estabeleceu a distino

    entre o designer e o operrio, e promoveu a substituio do trabalho manual pela

    m|quina.

    Desta forma, o que antes era produzido pelas mos hbeis do ourives, agora

    fica a cargo do designer e da tecnologia, que ir reproduzir de forma precisa os artefatos

    projetados pelo designer. O trabalho artesanal, contudo, no se torna totalmente

    obsoleto. Llaberia (2009) confirma o distanciamento do tradicional trabalho do ourives,

    mas diz que este profissional ainda indispensvel na produo dos prottipos que

    serviro de moldes para a produo industrial.

    O designer , na indstria, o responsvel pelo projeto dos prottipos que

    serviro de modelos para a futura produo. Estes prottipos seguem tcnicas e

    procedimentos industriais propcios repetio em larga escala. A produo industrial

    resultante do trabalho do designer extensa, padronizada e uniforme (PAIM, 2009).

    Segundo Clarke (2011), o designer de jias, usando a computa~o ou assistindo o

    modelador, produz prottipos para a seria~o das peas, manualmente acabadas.

    Figura 8 - Produo industrial. Fonte: Google Imagens (2011b).

    Llaberia (2009) comenta que embora este processo envolva tambm etapas

    de manufatura, a base est| no sistema de produ~o industrial, onde diversos

    profissionais atuam na execuo das diferentes fases de desenvolvimento do projeto.

  • 19

    A tecnologia digital proporciona a obteno de resultados antes impossveis

    atravs dos mtodos tradicionais da ourivesaria. O designer cria as joias de alta

    tecnologia e as reproduz em larga escala, em tempo otimizado e custos reduzidos

    (ALEANDRI, 2011). Ainda assim, o designer, inserido no sistema de produo, de

    fundamental importncia, pois ser ele o profissional responsvel pela melhor utilizao

    da tecnologia na criao de peas esteticamente adequadas condizentes com os

    materiais, ferramentas, tcnicas, custo e mo de obra disponvel.

    Isso exige deste profissional a aquisio de novos conhecimentos. Antes, o

    designer desenhava a joia e o modelista era encarregado de traduzir o desenho em

    uma pea. Para isso, ele utilizava de seus conhecimentos adquiridos com o tempo e com

    a prtica para de certa forma interpretar o trabalho do designer. Com a introduo da

    tecnologia no design de joias, o designer acumula funes. Exige-se dele que conhea

    mais afundo o processo produtivo, o trabalho com os materiais a tecnologia empregada

    e os elementos tcnicos da produo joalheira (BENZ e MAGALHES, 2010).

  • 20

  • CAPTULO 3

    TECNOLOGIAS E MATERIAIS

    Fundado em 2006, o Centro Tecnolgico de Pedras, Gemas e Joias do Rio

    Grande do Sul (CTPJRS) uma parceria entre o Ministrio da Cincia e Tecnologia

    (MCT), do Municpio de Soledade/RS e a Universidade de Passo Fundo (UPF). A sede

    administrativa do centro localiza-se na cidade de Soledade e financiada pela UPF,

    Prefeitura Municipal de Soledade e pelo Sindicato das Indstrias de Joalheria,

    Minerao, Lapidao, Beneficiamento e Transformao de Pedras Preciosas do Rio

    Grande do Sul (SINDIPEDRAS). Recentemente o CTPJRS firmou um protocolo de

    cooperao com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nas reas de

    ensino, pesquisa e extenso.

    Figura 9 - Centro Tecnolgico de Pedras, Gemas e Joias do Rio Grande do Sul.

    A ideia base do Centro Tecnolgico a contemplao de toda a cadeia

    produtiva do setor de gemas e joias, desde a minerao ao beneficiamento e

    comercializao dos produtos. Segundo Silva e Hartmann (2010) o Centro Tecnolgico

    tem em sua miss~o a atua~o em trs frentes: qualifica~o profissional,

    desenvolvimento de pesquisa cientifica e tecnolgica e transferncia de tecnologia

    agregada { presta~o de servios especializados para o setor de Gemas e Jias.

  • 22

    Neste contexto, o Centro Tecnolgico de Soledade vem auxiliar neste trabalho

    com o apoio tcnico. O centro participar da etapa de produo das peas, desde a

    prototipagem at as questes de fundio, lapidao e acabamentos. Para isto, o centro

    oferece acesso a suas instalaes, maquinrios e pessoal treinado.

    Neste captulo sero verificadas as tecnologias disponveis no Centro

    Tecnolgico de Soledade que podem vir a auxiliar no desenvolvimento da coleo, bem

    como os principais materiais utilizados produo de joias, focando a pesquisa em metais

    e gemas.

    3.1. TECNOLOGIAS DISPONVEIS NO CTPJRS

    Atravs de analise do setor, o Centro Tecnolgico de Soledade percebeu a

    necessidade de investir em tecnologia de ponta. Segundo o censo realizado pelo

    CTPGJRS (SILVA e HARTMANN, 2010) o setor de gemas e joias na regio de Soledade/RS

    possui um parque tecnolgico defasado em mais de 10 anos.

    Hoje o Centro conta com uma gama de tecnologias de ponta a sua disposio,

    possibilitando assim o cumprimento de seus objetivos de transferncia de tecnologias

    atravs da prestao de servios para o setor. Abaixo sero apresentados os

    equipamentos e processos encontrados no CTPGJRS de Soledade, disponveis para

    utilizao na realizao deste trabalho. Todas as informaes foram retiradas do livro

    Tecnologias para o setor de Gemas, Joias e Minerao organizado por Silva e Hartmann

    em 2010.

    Digitalizador tridimensional porttil (Scanner Konica Minolta - Vivid 9i)

    O digitalizador um scanner 3D que utiliza um laser (classe II) para captar

    imagens tridimensionais de objetos reais e reproduzir virtualmente estes objetos. Com

    esta tecnologia possvel obter de forma precisa detalhes de superfcies, relevos,

    texturas e inclusive objetos inteiros. Esta tcnica, que j empregada em diversas outras

    reas, ainda pouco utilizada no segmento de gemas e joias, sendo a sua maior aplicao

    comercial, atualmente, no setor de anlise de diamantes.

  • 23

    Figura 10 - Scanner Tridimensional Mvel. Fonte: Konica Minolta (2012).

    Impressora 3D (Prototipagem rpida por adio)

    A impressora 3D um equipamento de prototipagem rpida que trabalha

    com o auxlio do sistema CAD5. Atravs deste sistema possvel confeccionar prottipos

    de qualquer tipo de objetos projetado via software CAD com alta qualidade, rapidez e

    pouca interveno humana. O processo consiste na diviso em mltiplas camadas do

    modelo virtual para que o equipamento ento reconstrua o modelo adicionando

    material, camada por camada.

    No setor de gemas e joias esta tecnologia pode contribuir significativamente,

    pois os prottipos podem ser fabricados com material especfico para ser utilizado

    diretamente na fundio das peas fundio por cera perdida.

    Figura 11 - Prototipadora Digitalwax 008 e estufa para cura.

    5 Computer Aided Design Projeto Assistido por Computador.

  • 24

    Gravadora a laser (Tipo galvonomtrico)

    O processo de gravao a laser permite a reproduo de qualquer imagem

    digital sobre a superfcie de um material por meio da queima do mesmo por um raio de

    energia concentrada na forma de calor (laser).

    Figura 12 - Gravadora a Laser.

    Esta tecnologia demonstra grande potencial produtivo j que apresenta como

    vantagens a alta velocidade e a repetibilidade.

    Corte a laser

    Ao utilizar uma mquina de corte a laser do tipo plotter que trabalho nos

    eixos X e Y e possui rea de gravao de 1250x600 milmetros, possvel realizar cortes,

    gravaes e marcaes em materiais como madeira, couro, acrlico, MDF, tecidos, pedras

    preciosas, entre outros.

    As imagens a serem gravadas, cortadas ou marcadas so provenientes de

    fontes digitais. Os desenhos so primeiramente vetorizados em software DRAW e

    exportados como arquivos de extenso PLT6 para serem lidos pelo software do

    equipamento de corte.

    6 PLT a extenso de arquivos DWG convertidos para impresso, no editvel e visualizados apenas em programas especficos. Formato de arquivo

    reconhecido nas mquinas plotter.

  • 25

    Figura 13 - Ploter de corte a laser.

    M|quina de corte e recorte a jato d|gua

    O corte a jato d|gua, utilizando o comando CNC7, permite recortar formas

    bidimensionais em diversos materiais, tais como, gemas, metais, vidros, mrmores,

    granitos, porcelanatos, etc., que podem chegar espessura de at 150 milmetros. O

    equipamento utiliza compressores para aumentar a presso de gua e assim utiliza-la,

    juntamente com um abrasivo mineral granulado, para cortar o material. Como vantagens

    so citadas a preciso, a boa qualidade de corte, a repetibilidade e a produo de

    qualquer tipo de formato de gemas desejado.

    Figura 14 - Equipamento de corte com jato d'gua.

    7 Controle Numrico Computacional.

  • 26

    Este processo tambm torna possvel a reproduo de formas complexas e

    vazadas, no passiveis de produo manual e/ou inviveis financeiramente para serem

    produzidas por outros processos.

    Cabocheira

    Esta mquina utilizada para produzir lapidaes do tipo caboches, onde a

    gema apresenta superfcie superior em forma de domo arredondado e superfcie inferior

    plana. Este tipo de lapidao geralmente aplicada em gemas opacas.

    Figura 15 - Cabocheira.

    Lapidao com catracas mecnicas

    Esta bancada para lapidao possui um brao mecnico acoplado a uma

    catraca com regulagens milimtricas que auxiliam os processos de calibragem,

    facetamento e polimento. O brao mecnico com catracas confere maior preciso a todo

    o processo, possibilitando um controle de qualidade mais rgido e reduzindo o tempo de

    trabalho.

  • 27

    Figura 16 - Bancada de lapidao com catraca, e estao de corte.

    Estao para fundio por cera perdida

    Esta estao consiste em toda a aparelhagem utilizada no processo de

    fundio por cera perdida. Para o processo so utilizados: um forno para a cura do

    revestimento; um forno para a fundio onde a liga metlica preparada; um

    equipamento de vcuo utilizado na extrao das bolhas de ar no preparo do

    revestimento e no processo de derrame do metal incandescente dentro do revestimento;

    um tanque com jato d|gua para limpeza das peas; uma prensa para preparo dos

    moldes de borracha e uma injetora para a replicao das peas; uma bancada de ourives

    com todas as ferramentas utilizadas no ajuste e acabamento das peas; uma politriz

    utilizada para o polimento das peas.

    Figura 17 - Estao de fundio por cera perdida.

  • 28

    3.2. MATERIAIS

    Nesta sesso sero estudados os materiais utilizados na confeco de joias.

    Primeiramente ser feito um levantamento de metais utilizados na fundio de joias,

    suas propriedades e caractersticas mais significativas e os tipos de acabamentos mais

    utilizados. Em seguidas ser feito um estudo das gemas. Sero levantados dados

    referentes aos tipos de gemas e questes relacionadas ao processo e tipos de lapidao.

    Por fim sero apresentados os tipos de ceras mais utilizados para modelagem, tanto dos

    modelos, quanto para os prottipos finais e replicas para reproduo utilizando moldes

    de borracha.

    3.2.1. Metais para joalheria

    Vrios so os metais e as ligas utilizados na joalheria. Sua escolha depender

    do tipo de joia que se est produzindo, do pblico-alvo para quem se projeta e das

    capacidades produtivas disponveis. Alm destes fatores, ao conhecer os diferentes

    metais, seus benefcios e suas qualidades originais, o projetista poder escolher de

    forma mais precisa o metal a ser utilizado em cada criao.

    De acordo com o site Heartjoias (2012), dentre os metais e ligas mais

    utilizados na joalheria destacam-se o ouro, a platina, a prata, o rdio e o titnio, ditos

    metais preciosos, e o cobre, e o lato, como matria prima menos nobre, utilizados em

    ligas como outros metais a fim de conferir melhores propriedades fsicas ou na indstria

    de semijoias e bijuterias, devido ao baixo custo. A seguir sero apresentadas as

    principais caractersticas e propriedades dos metais e ligas acima listados. Estas

    informaes esto presentes em Curso de Tecnologias de Materiais, escrito por Patricio

    Alzamora (2005).

    Cobre

    Metal de cor avermelhada, ponto de fuso de aproximadamente 1083 C e

    peso especfico de 8,89 gramas por centmetros cbicos. extremamente malevel e

    dctil, o que possibilita que ele seja facilmente trabalhado e transformado em chapas,

  • 29

    fios, ou tubos. Suas maiores utilizaes na joalheria so: componente em banhos e

    elemento em ligas de bronze, lato, prata e ouro.

    Lato

    Possui cor amarela (plida), ponto de fuso 940 C e peso especfico de 8,5

    gramas por centmetro cbico. uma liga metlica composta de cobre (65 a 80%) e

    zinco. Possui timas qualidades para utilizao na joalheria, apresentando

    caractersticas compatveis e similares s ligas de metais preciosos. Como vantagens

    apresenta baixo custo, elevada resistncia trao, aceita banho, de fcil acabamento

    industrial, obtm brilho com facilidade. Muito utilizado pela indstria de bijuterias e

    semijoias.

    O lato pode ser normalmente trabalhado com as tcnicas de joalharia,

    podendo ser serrado com serra de ourives e tambm se soldado com solda de prata.

    Depois de trabalhado no apresenta uma camada protetora podendo oxidar quando

    exposto ao ar e/ou ao vapor d|gua.

    Liga 88 ou estanho-chumbo

    Composta por 88% de estanho, 6% de antimnio e 4% de chumbo, tem ponto

    de fuso entre 270 e 310 C e peso especfico de 10 gramas por centmetros cbicos

    aproximadamente, uma liga de cor cinzenta no muito reflexiva. Devido ao seu baixo

    ponto de fuso muito utilizada em processo de baixa fuso, sendo injetado diretamente

    em moldes de silicone, o que facilita o processo produtivo. Possui baixo custo o que se

    adequa a peas baratas. Como pontos negativos destaca-se seu peso especfico (peas

    pesadas), mole, deformando facilmente e tambm relativamente quebradia.

    Platina

    Metal precioso de cor branca, ponto de fuso de 1773 C, peso especfico 21,4

    gramas por centmetro cbico. Entre os metais preciosos, considerado o mais duro e

    nunca perde o brilho ao longo dos tempos, o que lhe confere um valor especial. No sofre

  • 30

    desgaste, e o seu extremo nvel de durabilidade lhe garante grande resistncia e

    longevidade. totalmente hipoalergnico.

    No entanto, requer habilidades e ferramentas especiais para se trabalhar,

    geralmente sendo utilizada em liga com ouro ou irdio, metais que melhoram suas

    caractersticas de trabalho. No um metal suscetvel a problemas como a corroso.

    Ouro

    Metal nobre muito utilizado na joalheria. Possui uma cor amarelada, ponto de

    fuso de aproximadamente 1060 C e peso especfico de 19,5 gramas por centmetro

    cbico. Se fosse usado puro, por ser muito macio, deformaria e desgastaria fcil. Por isso

    prioriza-se a utilizao de ligas, que conferem melhores propriedades e, de acordo com o

    material ligado, assume novas tonalidades e cores. Uma das caractersticas mais

    marcantes do ouro puro o fato dele no sofrer oxidao. J em contato com outros

    metais pode oxidar levemente.

    O ouro branco uma liga composta por ouro amarelo, paldio e prata. O

    paldio, metal de cor acinzentada, muito mais duro que o ouro. Por isso acrescenta-se

    a prata que, alm de amolecer a liga, tambm barateia um pouco o custo. A liga resulta

    em uma cor acinzentada forte, por isso as peas produzidas com ela levam um banho de

    rdio, que d vida e luz ao ouro branco.

    Prata

    Assim como o ouro, a prata considerada um metal nobre, mas em

    comparao seu preo muito mais baixo. Em seu estado puro apresenta caractersticas

    de maleabilidade e ductilidade. Possui colorao branca lustrosa, ponto de fuso de 960

    C e peso especfico de 10,53 gramas por centmetro cbico.

    Este metal, assim como o ouro, tambm mais utilizado em forma de liga, o

    que proporciona caractersticas mais adequadas, tais como, fluidez e dureza superficial.

    A liga mais comum o cobre, que torna a prata mais resistente e mantm sua cor

    original, mas tambm acelera a oxidao (primeiro adquirindo uma colorao

    amarelada e posteriormente formando uma camada preta).

  • 31

    comum encontrar este metal recoberto por um banho de rdio, que

    dificulta o escurecimento, mas a tonalidade da pea muda (adquire uma colorao

    parecida com a do ouro branco). O banho em prata pura retarda um pouco processo de

    oxidao, alm de conferir um brilho diferenciado a pea.

    Rdio

    Com ponto de fuso de 2237 C e peso especfico de 12,45 gramas por

    centmetro cbico, o rdio um metal da famlia da platina. O banho de rdio (tambm

    conhecido por Galvanoplastia) muito utilizado para conferir acabamentos s joias,

    frequentemente aplicado ao ouro, prata, e metais de outras ligas, dando-lhes uma

    superfcie branca brilhante como a da platina e protegendo a joia contra arranhes e

    aparecimento de manchas. Por no ser um metal muito abundante, o processo de

    aplicao do banho de rdio em joias pode ser muito caro.

    Titnio

    O titnio um metal muito resistente e difcil de cortar, leve (cerca de um

    tero do peso do ouro) e resistente corroso. Este metal possui peso especfico de 4,5

    gramas por centmetro cbico e ponto de fuso de 1668 C. No encontrado em estado

    elementar na natureza, apenas ligado a outros elementos. Possui ponto de solda

    extremamente alto (cerca de 1600 a 1800 C) o que inviabiliza sua solda na joalheria.

    Costuma ser fixado por meio de cravao, garras, rebites, parafusos, etc. Outra

    caracterstica atraente do titnio a possibilidade de obteno de diversas cores. Este

    material comea a ser utilizado na produo de joias apenas recentemente e vem

    ganhando popularidade.

    Zamac

    composta por zinco (87,8%), cobre (0,9%), magnsio (0,025%) e alumnio

    (10,8 a 11,15%). Tem uma cor acinzentada clara, ponto de fuso de 343C e peso

    especfico de aproximadamente 07 gramas por centmetro cbico. Possui um timo grau

    de dureza e uma alta fluidez, resultando em peas leves e resistentes. Tambm utilizada

  • 32

    em processos de baixa fuso, de baixo custo, mas no aceita trabalho mecnico

    posterior fundio, pois quebra. Aceita banhos.

    3.2.1.1. Tipos de acabamentos em metais

    Ao longo do tempo as joias vm sofrendo constantes evolues tanto em

    termos de conceito e design quanto em questes tcnicas. Neste contexto os

    acabamentos surgem cada vez mais inovadores, esteticamente bonitos e tecnicamente

    mais sofisticados.

    Alzamora (2005) divide em dois tipos o processo de acabamento: o

    acabamento manual e o acabamento em massa (Figura 18). No primeiro, o tratamento

    realizado pea a pea. um tipo de acabamento muito utilizado em joalheria artesanal

    ou em prottipos que iro entrar em produo. De acordo com o tipo de acabamento

    desejado utilizada um tipo especifico de ferramenta, ou processo. Para acabamentos

    polidos realiza-se o atrito das peas em rodas ou discos abrasivos, ou ferramentas de

    mo (limas e lixas), que desgastam progressivamente a superfcie conferindo-lhe brilho.

    Pode-se tambm utilizar jato de areia ou fibras abrasivas a fim de conferir um

    acabamento fosco.

    J o segundo processo consiste na utilizao de maquinrio especifico para a

    tarefa, reduzindo o tempo de trabalho necessrio em produes de grande escala. A

    mquina movimenta uma carga ao redor das peas fazendo com que elas sejam

    desgastadas e polidas pelo atrito. Esta carga pode ser tanto um material abrasivo (como

    se fosse a areia e a gua do mar desgastando e polindo as pedras na praia), ou tambm

    materiais duros (pequenas esferas ou pinos de ao) que batem contra a superfcie das

    peas, alisando-as por brunimento.

  • 33

    Figura 18 - Acabamento manual e a mquina. Fonte: Alzamora (2005).

    Os tipos de acabamentos mais comuns encontrados na joalheria so as

    texturas, os relevos e as salincias, mas tambm existem as aplicaes de esmaltes ou

    resinas a superfcie do metal. A fase de acabamento uma das ultimas etapas do

    processo de fabricao da joia. No Quadro 1 so apresentados alguns exemplos de

    acabamentos que podem ser feitos nas joias. Cada acabamento confere caractersticas

    distintas as peas.

  • 34

    ACABAMENTOS TIPOS DE TEXTURA EXEMPLO

    Polido

    Superfcie completamente lisa e

    brilhante como um espelho.

    Acabamento realizado com a

    utilizao de escovas. BRNER

    Escovado Acabamento realizado com escovas abrasivas.

    Tipos

    Diamantado

    Feito com ferramenta com ponta

    diamantada. Superfcie com uma

    fina textura, aparentando um

    cravejado de diamantes.

    MASTER

    Com Brilho

    Obtido com escovas com cerdas

    de ao. Superfcie apresenta

    ranhuras com brilho.

    Acetinado

    Acabamento com brilho

    intermedirio entre o alto brilho

    (polido) e o fosco (escovado).

    Feito por meio da utilizao de

    esmeril diamantado. Pode variar

    de intensidade.

    COSTANTINI

    Adiamantado

    Diamantado

    Textura realizada na superfcie do

    metal que consiste em pequenos

    buracos, dando a aparncia de um

    cravejado de diamantes.

    MASTER

    Anodizao

    Processo eletroltico aplicado a

    metais como o titnio e o nibio,

    que produz uma camada de oxido

    sobre a superfcie. A espessura da

    camada determina a cor que ela

    ir adquirir.

    MIRIAM MIRNA KOROLKOVAS

  • 35

    Craquelado

    Chapa metlica montada de forma

    irregular com pedaos de metal

    sobrepostos. Acabamento com

    aspecto de pequenas rachaduras

    (solo seco).

    DESCONHECIDO

    Esmaltao

    Acabamento vtreo. O metal

    colorido com a utilizao de

    esmaltes a base vtrea e xidos

    metlicos, que derrete com calor

    grudando no metal.

    KENZO

    Filigrana

    Aparncia rendada. Feita com fios

    extremamente finos, cortados,

    torcidos, entrelaados e soldados,

    produzindo desenhos delicados e

    elaborados.

    MIRANDOURO

    Folheado /

    Chapeado

    Apresentam uma ou mais faces

    recobertas de metais preciosos,

    por soldadura, laminagem a

    quente ou outro processo

    mecnico semelhante. Este um

    processo um pouco restrito. Seu

    efeito o mesmo do processo de

    galvanoplastia. HEFESTOS

  • 36

    Galvanoplastia

    (banho de

    revestimento)

    Processo de deposio de um

    metal sobre o outro atravs de um

    banho qumico (eletrlito) e

    aplicao de uma corrente

    eltrica. Utilizado principalmente

    para melhorar a aparncia

    superficial de objetos de metal.

    CEDRICK GIBBONS

    Gravao

    Corroso do metal feita com

    ferramentas especficas ou mesmo

    produtos qumicos, criando

    desenhos ou inscries.

    GOLDBACKER

    Granulao

    Superfcie recoberta total ou

    parcialmente por microesferas de

    metal precioso.

    COSTANTINI

    Incrustao

    Consiste na aplicao de metais

    macios, como o ouro e a prata, no

    interior de superfcies mais duras,

    normalmente de ferro, ao e

    bronze.

    _____________

    Jateado Superfcie levemente fosca obtida

    com o jateamento de areia.

    ROSEGARDEN

  • 37

    Laca japonesa

    Tcnica japonesa de difcil

    aplicao. Necessita muito tempo,

    dedicao, habilidade e pacincia.

    Consiste na aplicao cor com

    urushi.

    Urushi uma espcie de resina

    vegetal utilizada para revestir

    objetos da arte tradicional chinesa

    e japonesa.

    LGIA ROCHA

    Martelado

    Batidas com um martelo resultam

    em uma superfcie com textura de

    amassado.

    DWR

    Oxidado

    Utilizando de produtos qumicos

    ou naturais atribui-se a superfcie

    do material outra tonalidade.

    ARATA FUCHI

    Repuxado/

    Repouss

    Acabamento em alto relevo

    cunhado com o auxilio de

    pequenos embutidores e

    martelos.

    DESCONHECIDO

    Resina

    A resina derretida e colocada na

    pea. Para solidificao a pea e

    colocada em forno aquecido. Ideal

    para joias e bijuterias com partes

    coloridas.

    CARO

  • 38

    Riscado

    Acabamento superficial riscado.

    Dependendo da ferramenta

    utilizada os riscos sero

    uniformes ou irregulares.

    KATZ

    Tessuto

    Textura com aparncia de teia

    e/ou trama de um tecido. O nome

    vem do italiano (tessuto = tecido).

    ADRIANA DELOGU

    Quadro 1 - Tipos de acabamentos em metais. Fonte: Adaptado de INFOJOIA (2011).

    3.2.2. Gemas

    Gemas so cristais naturais ou sintticos. Segundo o Manual Tcnico de

    Gemas (2009) desenvolvido pelo IBGM e pelo Departamento Nacional de Produo

    Mineral (DNPM), os materiais gemolgicos naturais s~o aqueles inteiramente formados

    pela natureza, sem interferncia do homem. Eles se dividem em org}nicos (de origem

    animal ou vegetal) e inorgnicos (no caso dos minerais e das rochas). O Quadro 2

    apresenta as diversas nomenclaturas, utilizadas de acordo com as suas origens e

    formaes.

  • 39

    NOMENCLATURA DESCRIO

    Gemas Naturais Substncias naturais orgnicas ou inorgnicas, utilizadas principalmente como adorno pessoal.

    Materiais Ornamentais Minerais ou rochas naturais utilizados principalmente para colees, esculturas, decoraes de interiores e como acabamento arquitetnico.

    Gemas Artificiais So aquelas criadas e fabricadas pelo homem. No existe um correspondente natural.

    Gemas Sintticas Produtos cristalizados, cuja fabricao, foi ocasionada pelo homem. Suas propriedades fsicas, qumicas e estrutura cristalina correspondem essencialmente s das gemas naturais.

    Gemas Compostas So corpos cristalinos ou amorfos, compostos por duas ou mais partes unidas por mtodos artificiais. Seus componentes podem ser tanto gemas naturais, sintticas ou artificiais, como tambm vidro.

    Gemas Revestidas Gemas que tiveram sua superfcie recoberta por uma fina camada, colorida ou no, que pode ser de mesma composio qumica ou no.

    Imitaes

    So fabricados pelo homem a fim de reproduzir o efeito ptico, a cor e/ou a aparncia das gemas naturais ou sintticas, sem possuir suas propriedades fsicas, qumicas ou sua estrutura cristalina.

    Gemas Reconstitudas So aquelas produzidos pelo homem por meio da fuso parcial ou aglomerao de fragmentos de gemas.

    Gemas Simulantes Gemas naturais, artificiais ou sintticas que devido a sua aparncia (cor, brilho) simulam gemas naturais de maior valor ou mais conhecidas.

    Produtos Gemolgicos Cultivados

    So aqueles produzidos pela natureza com interveno parcial do homem.

    Quadro 2 - Classificao. Fonte: Adaptado de Manual Tcnico de Gemas (2009).

    A escolha das gemas e das lapidaes que iro fazer parte da joia depender

    do tipo de joia que est sendo produzida, e consequentemente ao pblico a quem esta

    pea destina, alm da questo dos recursos tcnicos disponveis (ALZAMORA, 2005).

    3.2.2.1. Lapidao

    Segundo Costa [20--], a tcnica de preparo da gema que tem por objetivo

    dar forma e aperfeioar qualidades pticas e estticas, tais como brilho, refrao,

  • 40

    transparncia e cor. Postal (2009) diz que este beneficiamento pode ser feito por trs

    tipos de processos: manual, mecanizado ou automatizado.

    O processo manual um processo de relativa complexidade e o resultado

    depende da habilidade do lapidrio. O processo consiste em quatro etapas. A primeira,

    de corte ou serragem, consiste no corte da pedra bruta com o auxilio de uma cerra

    diamantada. Nesta etapa o lapidador remove todo e qualquer defeito da pedra, deixando

    apenas as partes aproveitveis na lapidao. A segunda etapa a de calibragem, onde a

    gema desgastada tomando forma. Est forma muito semelhante forma a qual a

    gema assumira no fim do processo. Os principais tipos de lapidao sero vistas mais

    adiante. Na terceira etapa intitulada de facetamento, o lapidador cria facetas que iro

    definir a forma final da gema. Por fim na etapa de polimento, a gema ganha seu brilho

    com a utilizao de um disco de polir (POSTAL, 2009).

    Do processo manual para o processo mecanizado a diferena que neste

    segundo caso, utiliza-se um brao mecnico ajustvel para realizar as etapas de

    calibragem, facetamento e polimento, o que confere maior preciso a todo o processo em

    menor tempo (POSTAL, 2009).

    J no processo automatizado a lapidao ocorre com o mnimo de

    interveno humana. Todo o processo executado por equipamento e software

    especficos, sendo necessrio apenas algum para colocar a pea no equipamento,

    realizar a inverso (aps um lado lapidado, a gema virada para ser lapidada do outro

    lado) e retirar a gema pronta (POSTAL, 2009).

    Aps a lapidao as partes de uma gema recebem nomes especficos. Abaixo,

    na Figura 19, apresentado um esquema indicativo com os nomes dados a cada parte.

    Figura 19 - Nomenclatura de um modelo de gema lapidada. Fonte: Alzamora (2005).

  • 41

    3.2.2.2. Principais tipos de lapidao

    Existem diferentes tipos e formas de lapidaes, desde padres tradicionais

    at configuraes exticas. Costa [20--] divide a lapidao em trs