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932 TRIBUNAL DE CONTAS DE ESTADO DE SANTA CATARINA D IRETORIA DE C ONTROLE DA A DMINISTRAÇÃO E STADUAL I NSPETORIA 3 D IVISÃO 7 PROCESSO N o : RLA 09/00519398 UNIDADE GESTORA: CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A. - AGÊNCIA REGIONAL DA CRICIÚMA INTERESSADO: ANTONIO MARCOS GAVAZZONI DIRETOR PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S . A . RESPONSÁVEIS: ENALDO DOS SANTOS GERENTE DA AGÊNCIA REGIONAL - PERÍODO DE 17/07/2007 A 31/12/2010 EDUARDO PINHO MOREIRA DIRETOR PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S . A . NO PERÍODO DE 16/01/2007 A 07/08/2008 ASSUNTO: AUDITORIA DE ATOS DE PESSOAL RELATÓRIO DE REINSTRUÇÃO Nº TCE/DCE 00276/2011 Senhor Coordenador, Tratam os autos de auditoria de Atos de Pessoal realizada na Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição S/A., com audiência procedida dos responsáveis e respectivas justificativas encaminhadas para a análise e reinstrução. 1. INTRODUÇÃO Em cumprimento ao que determinam a Constituição Estadual (art. 59, inciso IV), a Lei Complementar 202/00 (art. 1º, incisos V e IX) e o Regimento Interno deste Tribunal (Resolução n°. TC 06/01 art. 46, inciso VI), a Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição foi auditada pela Diretoria de Controle da Administração Estadual - DCE, deste Tribunal de Contas, com base no Planejamento de Auditoria (fl. 03/05), Matriz de Planejamento (fls. 07/09) e Matriz de Procedimentos (fls. 10 e 11), autorizados pela Presidência desta Casa em 31/07/2009 (fl. 03) e efetuados por meio do Ofício n.º TCE/DCE/AUD. 11.275/2009 (fl. 06).

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TRIBUNAL DE CONTAS DE ESTADO DE SANTA CATARINA

D IRET OR I A DE CONT R OL E DA ADM I NI ST R AÇ ÃO EST ADUAL

INS PET ORI A 3

D IV I S ÃO 7

PROCESSO No: RLA 09/00519398

UNIDADE GESTORA:

CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A. - AGÊNCIA

REGIONAL DA CRICIÚMA INTERESSADO: ANTONIO MARCOS GAVAZZONI – DIRETOR

PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S .A .

RESPONSÁVEIS: ENALDO DOS SANTOS – GERENTE DA AGÊNCIA

REGIONAL - PERÍODO DE 17/07/2007 A 31/12/2010 EDUARDO PINHO MOREIRA – DIRETOR

PRESIDENTE DA CELESC DISTRIBUIÇÃO S .A . NO

PERÍODO DE 16/01/2007 A 07/08/2008

ASSUNTO: AUDITORIA DE ATOS DE PESSOAL

RELATÓRIO DE REINSTRUÇÃO Nº

TCE/DCE – 00276/2011

Senhor Coordenador,

Tratam os autos de auditoria de Atos de Pessoal realizada na

Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição S/A., com audiência

procedida dos responsáveis e respectivas justificativas encaminhadas para a

análise e reinstrução.

1. INTRODUÇÃO

Em cumprimento ao que determinam a Constituição Estadual (art.

59, inciso IV), a Lei Complementar 202/00 (art. 1º, incisos V e IX) e o

Regimento Interno deste Tribunal (Resolução n°. TC 06/01 – art. 46, inciso VI),

a Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição foi auditada pela

Diretoria de Controle da Administração Estadual - DCE, deste Tribunal de

Contas, com base no Planejamento de Auditoria (fl. 03/05), Matriz de

Planejamento (fls. 07/09) e Matriz de Procedimentos (fls. 10 e 11), autorizados

pela Presidência desta Casa em 31/07/2009 (fl. 03) e efetuados por meio do

Ofício n.º TCE/DCE/AUD. 11.275/2009 (fl. 06).

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A auditoria executada no período de 10/08/2009 a 14/08/2009, na

Agência Regional de Criciúma da CELESC Distribuição, abrangeu a verificação

dos atos de pessoal relativos ao exercício de 2008, com eventual distensão em

relação ao exercício de 2009.

Os presentes autos tratam apenas de auditoria dos atos de pessoal,

enquanto que os registros contábeis, as questões financeiras e outros atos da

gestão administrativa do mesmo período fazem parte do processo RLA

09/00540087, em tramitação nesta Casa.

Devido a restrições apontadas na conclusão do Relatório de

Instrução (fls. 708/711), foi procedida audiência dos responsáveis em

cumprimento ao Despacho do Relator (fl. 713), com a remessa de justificativas

e documentos de fls. 723 a 925, pelos mesmos.

Conforme documento de fl. 927, o processo foi encaminho para a

reinstrução, considerando o atendimento dos Ofícios de Audiência nº 18.573 e

18.574 de 10/12/09, com posterior juntada dos documentos de fls. 929 e 930.

2. DA REINSTRUÇÃO

O Relatório de Instrução traz em sua conclusão de fls. 707 a 711, a

sugestão para que seja procedida a AUDIÊNCIA dos responsáveis à época, Sr.

Enaldo dos Santos - Gerente da Agência Regional da CELESC Distribuição de

Criciúma/SC e do Sr. Eduardo Pinho Moreira - ex-Diretor Presidente da

CELESC Distribuição S/A, para a apresentação de justificativas a respeito das

seguintes irregularidades:

3.1. DE RESPONSABILIDADE DO SR. EDUARDO PINHO MOREIRA: 3.1.1. Pela previsão (e efetivação) da cedência de empregado da Estatal à Fundação Celos de Seguridade Social no plano de cargos e salários da Companhia, sem amparo legal, implantado em maio/2007, eis que a legislação que trata sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de economia mista a entidade de caráter privado, em afronta ao princípio da legalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal/88. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (item 2.7 do presente relatório); 3.1.2. Remuneração do empregado Evacir Bolan da CELESC à Fundação Celos de Seguridade Social, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação Celos. Tal pagamento caracteriza ato de má gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia, ferindo o art. 153 da Lei 6.404/76. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.7. do presente relatório).

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3.2. DE RESPONSABILIDADE DO SR. ENALDO DOS SANTOS: 3.2.1. Pagamento de horas extras em excesso ao permitido por lei - restrição de ordem legal, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, bem como às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e 2007/2008, respectivamente (item 2.5.1. do presente relatório). 3.2.2. Descumprimento do item 5.4.3 da Instrução Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos, haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de semana por mês. Tal ato, além de afrontar Normativa Interna da Companhia, também infringe o art. 67 da CLT, através do qual é assegurado ao empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas – que deverá coincidir com o domingo (item 2.5.2 do presente relatório); 3.2.3. Descumprimento de normas da própria Companhia – Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., vez que em 44 (quarenta e quatro) situações não foi respeitado o interregno de 3 meses entre uma convocação e outra; somente poderia ter sido convocado outro empregado para trabalhar em área de risco se não houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado credenciado ou convocado para aquele mês; e, foram convocadas 9 (nove) chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de forma habitual. Tal ato se caracteriza como ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.5.3. do presente relatório); Sugere-se, ainda, seja RECOMENDADO ao Presidente da Companhia que ofereça cursos de atualização jurídica aos empregados lotados no Departamento Jurídico da Agência Regional de Criciúma, o que se faz necessário para um bom desempenho do profissional e para o resultado dos processos em que a Companhia é parte (item 2.6. do presente relatório). Também sugere-se o ENCAMINHAMENTO de ofício à Delegacia Regional do Trabalho, visando que proceda a fiscalização da Companhia, quanto ao descumprimento do período mínimo de descanso (11 horas) entre uma jornada de trabalho e outra, previsto no art. 66 da CLT.

O Relator do processo, em Despacho de fl. 713, expressa o

entendimento de que na presente etapa processual é impertinente a

determinação ou recomendação para a adoção de providências por parte da

Unidade, cujos aspectos deverão ser apreciados no momento em que for

julgado o mérito.

Quanto à comunicação de determinado fato à Delegacia Regional do

Trabalho, também, sugerida na conclusão do referido relatório, entendeu o

Relator de não ser pertinente neste momento, devendo-se aguardar a

manifestação dos Responsáveis.

Por último, o Relator determina a realização de audiência dos

Responsáveis para que apresentem justificativas quanto aos itens 3.1 e 3.2 e

respectivos subitens.

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Seguido a ordem apresentada na conclusão do Relatório de

Instrução e considerando as justificativas encaminhadas pelos Responsáveis,

passa-se a análise de reinstrução:

2.1. Pela previsão (e efetivação) da cedência de empregado da Estatal à Fundação Celos de Seguridade Social no plano de cargos e salários da Companhia, sem amparo legal, implantado em maio/2007, eis que a legislação que trata sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de economia mista a entidade de caráter privado, em afronta ao princípio da legalidade previsto no art. 37 da Constituição Federal/88. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (item 2.7, fls. 706/708).

Foi observado durante a auditoria realizada na Agência Regional de

Criciúma, que o funcionário Evacir Bolan, além das atividades normais de um

assistente administrativo, cargo para o qual foi contratado pela Agência

Regional de Criciúma, também prestava atendimento e orientação aos

participantes da CELOS, ativos e aposentados, em tudo o que se refere aos

benefícios e assistências por ela concedidas, de acordo com os regulamentos

e leis específicas.

Em análise ao Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de

Cargos e Salários – PCS - da CELESC, que tem como objetivo principal

organizar e formalizar a estrutura funcional da empresa, verificou-se que o

serviço desempenhado pelo Assistente Administrativo à Fundação CELOS está

previsto dentro das atividades a serem desempenhadas pelo empregado.

O documento de fl. 362 traz as atividades desempenhadas pelo

empregado Evacir Bolan, de onde se destaca: “Prestar atendimento e

orientação aos participantes da Celos, ativos e aposentados, em tudo o que se

refere aos benefícios e assistências concedidas, de acordo com os

regulamentos e leis específicas”.

Em consulta ao site da Fundação CELOS (documento de fl. 403 e

404), observou a instrução que o empregado da CELESC está relacionado

dentre os prepostos da CELOS, o que demonstra que se está diante do

instituto da cessão de empregado/servidor público à entidade privada.

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A disposição de servidores, no âmbito estadual, foi regulamentada

pelo Decreto Estadual n.º 1.344, de 14 de janeiro de 2004. Dispõe o art. 1º do

referido Decreto, in verbis:

Art. 1º Havendo imperiosa necessidade de serviço ou indicação para provimento de cargo comissionado, o servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Desta forma, verifica-se que o instituto da cessão de servidores é

cabível apenas entre os órgãos da administração direta e entidades da

administração indireta, não se aplicando a entidades de natureza privada,

como é o caso da Fundação CELOS.

Ao analisar a ficha financeira do empregado Evacir Bolan (exercício

de 2008) – fl. 407, constatou-se que tais serviços são remunerados única e

exclusivamente pela CELESC, sem nenhum ressarcimento pela Fundação

CELOS, o que representa mais uma irregularidade.

Nesse escopo, concluiu a Instrução que são três as ilegalidades

encontradas em relação aos serviços prestados pelo empregado Evacir Bolan

à Fundação CELOS: a) cessão do empregado Evacir Bolan da CELESC à

Fundação CELOS de Seguridade Social sem amparo legal; b) previsão da

cedência de empregado da Estatal à Fundação CELOS no plano de cargos e

salários da Companhia, sem amparo legal, eis que a legislação que trata sobre

o assunto não prevê a possibilidade da cessão de empregado de sociedade de

economia mista a entidade de caráter privado; c) remuneração do empregado

cedido pela Estatal, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação CELOS.

Tais irregularidades, de responsabilidade do Sr. Eduardo Pinho

Moreira, afrontaram o princípio da legalidade, previsto no art. 37 da

Constituição Federal, tratando-se de ato de liberalidade praticado pelo

Administrador Público à custa da Companhia, vedado pela alínea “a” do §2º do

art. 154 da Lei 6.404/76.

Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 891/898).

O Sr. Eduardo Pinho Moreira inicia suas justificativas com a

conceituação de alguns termos utilizados no Catálogo de Cargos da Celesc

Distribuição (fls. 892/894). Acredita que a conclusão pelo “instituto da cessão”,

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relatada pela Instrução, ocorreu devido à interpretação equivocada, por culpa

da própria Empresa, que na atualização do Plano de Cargos e Salários de

2007 não apresentou de forma clara a inclusão nas atribuições do Cargo de

Assistente Administrativo o mecanismo de atendimento aos empregados da

empresa participantes da CELOS.

Com base nos conceitos e atribuições do Cargo de Assistente

Administrativo relatados, argumenta que todos os empregados da Celesc

Distribuição, ocupantes desse cargo, podem exercer as inúmeras atividades

elencadas, entre as quais, a de prestar atendimento e orientação aos

participantes da CELOS, o que, no seu entender, não caracteriza o “instituto da

cessão”, como preconizaram na Instrução. Ressalta que essa atividade é

apenas uma dentre tantas executadas pelo referido empregado que, além de

não ser a principal, é realizada de forma muito esporádica, não deixando

dúvidas de que presta o seu labor única e exclusivamente para a empregadora

Celesc Distribuição S/A.

Informa que todos os empregados da Agência Regional de Criciúma

– ARCRI - são associados à Fundação Celesc de Seguridade Social – CELOS,

bem como é sabido que a Fundação CELOS possui portal na internet com

todos os caminhos de acessos a todos os usuários cadastrados, porém é

notório que há empregados que possuem maior dificuldade para lidar com o

mundo cibernético e o acesso fácil aos portais da internet. Assim, é natural que

exista na ARCRI, bem como nas demais Agências Regionais da Empresa por

todo o Estado, um empregado que, no exercício de suas atribuições de

Assistente Administrativo da empregadora e patrocinadora Celesc, realize de

forma muito esporádica dentre suas funções, também a de prestar atendimento

e orientação aos participantes da CELOS, que nada mais são que empregados

da Celesc Distribuição S.A.

Dessa forma, alega que é imprescindível reconhecer que entre as

atividades e tarefas do Assistente Administrativo, algumas possam ter relação

com a CELOS, o que efetivamente possui estreita relação com suas atividades,

uma vez que são do interesse dos empregados como participantes

contribuintes conforme legislação específica, e a Empresa como patrocinadora

legal da Fundação.

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Encerra suas justificativas alegando que o Assistente Administrativo

tão somente colabora com alguns participantes empregados da Empresa em

caso de eventual dúvida. Não se trata, pois, de disposição do empregado para

a CELOS, já que se trata de mera colaboração e, sem qualquer prejuízo de

suas ocupações funcionais.

Quanto à inclusão das atividades questionadas no Catálogo de

Cargos anexo ao Plano de Cargos e Salário de 2007, informa que a Diretoria

de Gestão Corporativa – DGC, em seu posicionamento através do documento

1289/10 assim se posicionou: “Caso haja entendimento e incorra em erro

manter esta atividade sendo desempenhada por empregado da Celesc, o

DPGP se compromete a excluí-la das atividades do Assistente Administrativo

na atualização do Catálogo de Cargos”.

Análise das justificativas apresentadas.

A Instrução apontou três ilegalidades em relação aos serviços

prestados pelo Assistente Administrativo Evacir Bolan, da Agência Regional de

Criciúma, sendo duas questionadas neste item: a) cessão do mesmo à

Fundação CELOS de Seguridade Social sem amparo legal; e, b) previsão da

cedência de empregado da Estatal à Fundação CELOS no plano de cargos e

salários da Companhia, sem amparo legal.

As justificativas apresentadas se resumem ao entendimento

expresso de que o Assistente Administrativo tão somente colabora com alguns

participantes da Fundação CELOS por serem empregados da Celesc e em

caso de eventual dúvida, o que, segundo o Responsável, não se trata de

disposição de empregado à CELOS, pois se refere à mera colaboração e sem

qualquer prejuízo de suas ocupações funcionais.

Observa-se, também, nas suas argumentações a afirmação de que

existe um empregado em todas as Agências Regionais da Celesc espalhadas

pelo Estado (no total de 16), que no exercício de suas atribuições de Assistente

Administrativo realizam, de forma esporádica, a prestação de atendimento e

orientação aos empregados participantes da Fundação CELOS.

A CELESC Distribuição S/A., como empresa patrocinadora legal da

Fundação Celesc de Seguridade Social – CELOS, tem suas atribuições legais

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restritas aos repasses relativos a contrapartida correspondente a cada

empregado participante da Fundação e a cessão de empregado para exercer o

cargo de Diretor da mesma, quando solicitado. Os benefícios concedidos por

meio da Fundação são de responsabilidade da mesma e não da CELESC.

Assim, a orientação sobre os direitos dos empregados e o uso dos benefícios

concedidos, é atribuição da Fundação CELOS, pois para isto ela foi criada.

Observando as argumentações de fl. 925, onde consta relato de que

“o objetivo de manter esta relação com a Fundação, é orientar os empregados

e seus aposentados sobre informações pertinentes aos benefícios concedidos

por meio desta, tais como: previdência complementar, assistência médica e

odontológica e pecúlio”, benefícios administrados pela Fundação CELOS, não

se pode concordar com a justificativa de que se trata de mera colaboração e

sem qualquer prejuízo das ocupações funcionais do referido empregado.

A prestação de serviços à Fundação CELOS, por empregado da

CELESC, já foi objeto de análise em outras auditorias realizadas nas Agências

Regionais da CELESC, como observado nas Agências de Regionais de

Chapecó e de Tubarão e registrado no Processo nº APE – 07/00399500, em

tramitação nesta Casa, onde foi sugerida a regularização do apontado. Nessas

auditorias foi observado, inclusive, horários pré-definidos para tais

atendimentos, como por exemplo: “as segunda, quartas e quintas feiras pela

manhã”, portanto, dentro do expediente normal de trabalho na Companhia.

Dessa forma, fica caracterizada a prestação de serviços à Fundação

CELOS, entidade privada, e sem amparo legal conforme questionado pela

Instrução. Sendo ilegal tal atividade, esta situação se agrava quando justificado

pelo responsável que o fato ocorre em todas as Agências Regionais da

CELESC Distribuição. Inclusive com o conhecimento do Responsável quando

confirma que o Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de Cargos e

Salários da CELESC, inclui entre as atividades desempenhadas pelos

Assistentes Administrativos, a de “prestar serviços aos participantes da Celos,

ativos e aposentados, em tudo que se refere aos benefícios e assistências

concedidas, de acordo com os regulamentos e leis específicas”.

Independentemente de ser atividade esporádica ou de mera

colaboração, conforme justificativas do Responsável, trata-se de atividade de

responsabilidade da Fundação CELOS e não atribuição de empregado da

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CELESC. No mínimo, conforme relata a instrução, deveria haver o

ressarcimento financeiro pela prestação de tais serviços, por parte da

Fundação CELOS.

Ao proceder dessa forma, o Administrador deixou de exercer as

atribuições que a lei e o estatuto lhe conferiram para lograr os fins e no

interesse da companhia, conforme previsto no art. 154, da Lei nº 6.404/76, o

que caracteriza ato de liberalidade à custa da Empresa, vedado pelo parágrafo

segundo, letra “a”, do mesmo artigo citado.

Permanecem, assim, as irregularidades relativas à prestação de

serviços, por empregado da CELESC Distribuição, no atendimento e orientação

aos participantes da Fundação CELOS, inclusive aposentados que não

possuem mais ligação com a empresa, em relação aos benefícios e

assistências concedidos por aquela, bem como a previsão de tais atividades no

Catálogo de Cargos, parte integrante do Plano de Cargos e Salários da

Empresa, sem amparo legal.

Tais irregularidades afrontam o princípio da legalidade, previsto no

art. 37 da Constituição Federal e ao disposto no art. 154, caput e § 2º, letra “a”,

da Lei nº 6.404/76. A prática de tal ato, com grave infração a norma legal, deixa

o responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira, sujeito a multa prevista no art. 70,

inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000.

2.2. Remuneração do empregado Evacir Bolan da CELESC à Fundação Celos de Seguridade Social, sem ressarcimento de tais valores pela Fundação Celos. Tal pagamento caracteriza ato de má gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia, ferindo o art. 153 da Lei 6.404/76. Também se trata de ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.7, fls. 706/708).

A Instrução aponta irregularidades em relação aos serviços

prestados pelo empregado Evacir Bolan à Fundação CELOS, conforme

verificado em inspeção in loco e relatado no item anterior. Além das

irregularidades na cessão de empregado a referida Fundação e da previsão

desta cedência no Plano de Cargos e Salário da Empresa (item 2.1 deste

relatório), foi questionada a remuneração do empregado Evacir Bolan sem

qualquer ressarcimento por parte da Fundação CELOS.

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Justificativas apresentadas pelo responsável (fl. 898).

O Responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira apresenta as seguintes

justificativas:

Para esse ponto em especial, considerando todo o discorrido no item anterior e de que a Empresa entende que o “instituto da seção” não está caracterizado na situação do empregado Evacir Bolan, não se faz necessário o ressarcimento do respectivo salário como preconizam os Analistas Fiscais de Controle Externo.

Análise das justificativas apresentadas.

Registra a Instrução (fls. 707/708) que, no âmbito estadual, a

disposição de servidores foi regulamentada pelo Decreto Estadual nº 1.344, de

14 de janeiro de 2004. Dispõe o art. 1º do referido Decreto, in verbis:

Art. 1º Havendo imperiosa necessidade de serviço ou indicação para provimento de cargo comissionado, o servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Desta forma, verificou-se que o instituto da cessão de servidores é

cabível apenas entre os órgãos da administração direta e entidades da

administração indireta, não se aplicando a empresas/entidades de natureza

privada, como é o caso da Fundação CELOS.

No mesmo Decreto citado observa-se a seguinte disposição - § 2º

do art. 1°: “§ 2º O ônus da remuneração do servidor cedido caberá ao órgão ou

entidade de destino ou mediante ressarcimento”.

O Responsável justifica apenas que já discorreu sobre o tema no

item anterior (2.1) e, como entende que não ficou caracterizado a situação de

cedência de empregado à referida Fundação, não se faz necessário o

ressarcimento de salário.

A análise sobre a cessão de servidor público da Administração

Estadual consta do item anterior (2.1), onde ficou demonstrado, com

fundamento no art. 1º do Decreto Estadual nº 1.344/2004, que tal fato só é

cabível apenas entre órgãos e entidades pertencentes à mesma Administração.

Contudo, cabe ressaltar que a cessão de servidores para entidade

de previdência complementar de seus empregados foi tema de consulta

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942

formulada a este Tribunal pela própria CELESC, autuada no Processo nº CON

– 03/06370824, com o seguinte entendimento constante do item 6.2.3, da

Decisão nº 4038/2003:

6.2.3. A cessão de servidores de empresas públicas ou de sociedades de economia mista para outros órgãos ou entidades da Administração Pública e para entidade de previdência complementar de seus empregados, de qualquer esfera administrativa, somente se deve operar com o compromisso da entidade cessionária em promover o ressarcimento à entidade cedente das despesas com remuneração e encargos sociais do servidor cedido, para não caracterizar desvio de finalidade para a qual foi criada a entidade e preservar os interesses dos acionistas minoritários;

A decisão indicada foi clara ao afirmar que a cessão de servidor, no

caso consultado, somente deve operar com o compromisso da entidade

cessionária em promover o ressarcimento à entidade cedente das despesas

com remuneração e encargos sociais do servidor cedido.

Posteriormente, este Tribunal, ao apreciar o Processo APE –

04/03395216 – Atos de Pessoal do exercício de 2003, através do Acórdão nº

1403/2005, decidiu em seu item 6.4: “Determinar à CELESC que atente para o

cumprimento do disposto no item 6.2.3 da Decisão n. 4038/2003, exarada na

Sessão Ordinária de 26/11/2003 no Processo n. CON-306370824”.

Assim, embora não oficializada a cessão do empregado da CELESC

Distribuição à Fundação CELOS, mas caracterizada a prestação de serviços à

Fundação, caberia, segundo entendimento deste Tribunal acima exposto, o

ressarcimento dos valores relativos à remuneração do empregado Evacir

Bolan, por parte da Fundação CELOS.

Tal procedimento caracteriza ato de má gestão do Administrador,

gerando despesas desnecessárias à Companhia, com descumprimento do

Dever de Diligência, previsto no art. 153 da Lei nº 6404/76, bem como deixou

sua administração de exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe

conferiram para lograr os fins e no interesse da Companhia, conforme disposto

no art. 154 da mesma Lei citada.

Além da prática de ato com grave infração a norma legal, relatado no

item anterior (2.1), deixou o responsável Sr. Eduardo Pinho Moreira de cumprir,

injustificadamente, decisão deste Tribunal de Contas em processo de consulta

da própria CELESC, estando sujeito à multa prevista no art. 70, da Lei

Complementar nº 202/2000.

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2.3. Pagamento de horas extras em excesso ao permitido por lei - restrição de ordem legal, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, bem como às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e 2007/2008, respectivamente (item 2.5.1, fls. 683/690).

O serviço extraordinário está regulamentado pela Consolidação das

Leis do Trabalho - CLT, que determina a obrigatoriedade do registro em cartão-

ponto ou fichas de controle individualizadas, que demonstrem o início e o fim

de cada jornada diária.

Sua remuneração deve ser calculada conforme normas constantes

nos Acordos Coletivos de Trabalho – ACT’s que, por sua vez, devem obedecer

aos ditames da CLT.

Os serviços extraordinários na Agência Regional de Criciúma são

regulamentados através de Instruções Normativas e Acordos Coletivos,

dividindo o serviço extraordinário em: horas extras com 50% e 100% de

remuneração por dia trabalhado, adicional noturno, adicional de periculosidade

e de excesso, serviço de sobreaviso.

A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, no art. 58, define a

duração normal do trabalho dos empregados até 8 (oito) horas diárias. Acerca

do regime de horas extras o artigo 59 da CLT dispõe o seguinte:

“Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 02 (duas), mediante acordo escrito entre o empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.”

Nesse passo, o procedimento para a remuneração das horas

extraordinárias, exercidas pelos empregados da Agência Regional de Criciúma,

está definido no Acordo Coletivo de Trabalho 2006/2007, cláusula 24,

reproduzida pelo Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008, cláusula 28, nos

seguintes termos (fls. 98 e 99):

Para os empregados que venham a ser convocados formalmente pelas respectivas chefias para prorrogação da jornada de trabalho, a Celesc fica autorizada a manter, alternativamente, como forma de pagamento, um Sistema de Compensação de Horas Extras, com horas creditadas por opção do empregado. Parágrafo Primeiro – A compensação de que trata o “caput” desta Cláusula será negociada entre o empregado e sua chefia imediata, conforme critérios e procedimentos estabelecidos na Instrução Normativa I – 132.0043, observando as seguintes condições: a) o Sistema de Compensação de Horas Extras terá como limite máximo 40 (quarenta) horas de saldo para crédito ou para débito;

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b) as horas incluídas no Sistema de Compensação de Horas Extras deverão ser compensadas trimestralmente ou pagas nos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro de cada ano, sendo referentes ao trimestre anterior, ficando expressamente proibida a transferência e/ou acúmulo do saldo existente, seja positivo ou negativo; c) havendo desligamento de empregado com saldo no Sistema de Compensação, o valor será incluído ou deduzido no cálculo da respectiva rescisão, até o limite de crédito da rescisão. d) não poderão ser creditados dias de férias e/ou licença prêmio no Sistema de Compensação de Horas Extras; e) as horas de sobreaviso não serão objeto de compensação, sob qualquer hipótese. Parágrafo Segundo – A Celesc manterá a sua sistemática de remuneração de horas extraordinárias, inclusive quanto às horas a serem compensadas, assim expressa: a) com 100% (cem por cento) do valor da hora normal, o trabalho exercido em domingos e feriados; b) com 50% (cinqüenta por cento) o valor da hora normal, o trabalho exercido aos sábados ou que ocorra em dias úteis além da jornada normal de trabalho; Parágrafo Terceiro – Os empregados que trabalham em regime de turnos de revezamento obedecerão ao regulamento próprio constante no Terceiro Termo Aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho 2001/2002, firmado em 14/03/2002. Parágrafo Quarto – A presente Cláusula será revista 6 (seis) meses após sua implantação na Empresa, ressalvado o disposto nos Parágrafos Segundo e Terceiro, podendo resultar essa revisão em Termo Aditivo ao presente Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre a Celesc e o STIEEC.

Ocorre, entretanto, que, conforme se pode verificar na Tabela 3 (fls.

684/688), vários empregados da Agência ultrapassaram o limite de 40 horas

mensais permitido pelos acordos coletivos no decorrer do ano de 2008, bem

como o limite de 2 horas diárias previsto no art. 59 da CLT (fls. 155/198).

Na referida tabela, percebe-se, principalmente, que dos 217

(duzentos e dezessete) empregados da Regional, 82 (oitenta e dois) realizaram

horas extras de forma continuada (19,35%).

Sobre o elevado número de horas extras realizadas pelos

empregados da Companhia, ressaltou a Instrução as recomendações

constantes do Acórdão nº 1403/2005, de 18/07/05, deste Tribunal de Contas,

referente ao Processo APE - 04/003395216 - Atos de Pessoal do exercício de

2003, que deveriam estar sendo observadas pela Companhia a partir daquela

data.

Observou que a liberdade dada aos empregados da Agência em

realizar serviços extraordinários além do permitido resulta em acréscimos na

remuneração, ultrapassando, muitas vezes, o salário normal, conforme se pode

verificar na tabela abaixo, a título de exemplo.

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Tabela n. 4: valor recebido por alguns empregados a título de horas extras no mês de janeiro/2008.

Nome do empregado Remuneração – R$ Valor percebido a título de horas extras – R$

Gilmar Desidério 1.771,95 3.153,64

Antonio Desidério 1.807,57 2.691,69

Antônio da Conceição 1.899,78 3.790,48

Dorildo Julio Henrique 1.771,95 2.436,09

Emilio Fortunato 2.460,70 2.725,86

Luiz Carlos Fernandes 2.364,68 2.909,45

Vitorino Calores Machado 1.541,53 1.884,17

Sérgio L de Souza 1.423,58 2.326,38

Afranio M da Rosa 1.409,49 1.771,98

Mario C Leitão 1.214,06 3.000,08

Sergio Luiz Mota 1.121,17 2.079,91

Roberto F de Souza 1.166,69 1.747,64

Rogério de A Silva 1.526,27 2.259,17

Jaziel Menezes Campos 1.481,38 2.385,11

Valdemar da Silva 1.226,20 1.462,48

Cleber B Silva 1.166,69 1.549,02

Diego M Nesi 1.226,20 1.545,05

Antonio Carlos de Luca 1.771,95 2.220,45

Total 28.351,84 41.938,65

Além disso, a continuidade deste procedimento dá oportunidade aos

empregados de requererem direitos trabalhistas com consequências

desfavoráveis à Empresa, nos termos da súmula n. 291 do TST, in verbis:

Súmula Nº 291 do TST. HORAS EXTRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A supressão, pelo empregador, do serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares efetivamente trabalhadas nos últimos 12 (doze) meses, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão.

Como se não bastasse, em muitos casos, conforme pode-se verificar

nos controles de frequência dos empregados (fls. 200/255), também não foi

respeitado o intervalo interjornada previstos nos arts. 66 e 67 da CLT.

Trata-se, portanto, de restrição de ordem legal, com infringência aos

artigos 58, 59, 66 e 67 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Além

disso, também há a afronta às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos

2006/2007 e 2007/2008, respectivamente.

Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 725/731).

O responsável, Sr. Enaldo dos Santos, Chefe da Agência Regional

de Criciúma, apresenta um longo arrazoado de fls. 725 a 731, utilizando a

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frente e verso das folhas, para justificar as ponderações efetivadas na

conclusão do Relatório de Instrução nº 193/2009. Alega que a Agência de

Criciúma desenvolve suas atividades da mesma forma que as outras Agências

da CELESC, em consonância com a filosofia da empresa, buscando cumprir a

legislação e as normas vigentes.

Salienta que todo trabalho da Agência tem como premissa maior a

excelência do atendimento ao consumidor, e para tanto, busca o efetivo

cumprimento dos padrões estabelecidos pela Agência Reguladora – ANEEL

através das Resoluções 24/2000, 456/2000, 505/2001, 615/2002 e 061/2004,

entre outras, destacando que a não obtenção de índices ali estabelecidos torna

a empresa sujeita as penalidades financeiras revertidas à própria ANEEL, ou

ao cliente.

Elenca obrigações da empresa por ser distribuidora de energia

elétrica bem como as dificuldades de manutenção das redes de distribuição

onde decorre uma grande demanda de serviços quando em eventos advindos

da incidência de intempéries climáticas, como no caso de fortes ventos,

enchentes, frio e calor intensos e descargas atmosféricas, cujas atividades

decorrentes apresentam proporções volumosas de serviços. Por tais motivos, o

atendimento ao consumidor não pode se restringir aos horários estabelecidos

para o cumprimento da jornada diária do funcionário.

Indica a quantidade de empregados executores de horas extras no

ano de 2008, com pagamentos conforme estabelecido em Acordo Coletivo de

Trabalho e seus Termos Aditivos, para afirmar que não há nenhuma

irregularidade que possa ensejar em penalidade ao Chefe da Agência, já que a

situação em questão é agravada pelo fato de ser limitado o número de

eletricistas na Agência, e a falta de um deles por motivo de férias, de licença-

prêmio, auxílio-doença, e para cumprimento dos turnos de revezamento, induz

a necessidade de convocação de outro profissional, e em sequência, leva ao

pagamento obrigatório de horas extras excedentes. Alega, ainda, que “qualquer

mudança no quadro de pessoal, ou na política de gestão da empresa, não será

decisão da Regional, mas da Diretoria da empresa, já que tais questões

ultrapassam as competências do Chefe da Agência”.

Quanto às medidas tomadas na tentativa de minimizar o impacto da

execução de horas extras e consequente sobrecarga dos empregados, informa

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que foram suprimidos turnos de revezamento na modalidade interrupto e

imposto o mínimo de um final de semana de folga absoluta no mês, sem

prorrogações de desligamentos, além de atuar-se intensivamente na

manutenção preventiva com equipe de manutenção em linhas energizadas

(Linha Viva), o que logicamente não resulta em atividade fora do turno normal.

Contudo, a demanda de trabalhos apontadas através de inspeções na baixa e

alta tensão, é muito intensa e a necessidade de intervenção torna-se iminente.

Análise das justificativas apresentadas.

Os questionamentos efetuados pela Instrução destacam a realização

contínua de serviços extraordinários por vários empregados da Regional de

Criciúma, ultrapassando o limite de 40 (quarenta) horas mensais permitido

pelos acordos coletivos (cláusula acima transcrita) no decorrer do ano de 2008,

bem como o limite de 2 horas diárias previsto no art. 59 da CLT, oportunizando

aos mesmos a obtenção de vantagens financeiras permanentes através de

requerimentos junto a Justiça do Trabalho, nos termos da súmula nº 291 do

TST.

As justificativas apresentadas são no sentido de que a Agência de

Criciúma desenvolve suas atividades da mesma forma que as outras Agências

da CELESC, em consonância com a filosofia da empresa, buscando cumprir a

legislação e as normas vigentes. Salienta que todo trabalho da Agência tem

como premissa maior a excelência do atendimento ao consumidor, e para

tanto, busca o efetivo cumprimento dos padrões estabelecidos pela Agência

Reguladora – ANEEL. Para atingir tais objetivos reconhece que a situação em

questão é agravada pelo fato de ser limitado o número de eletricistas na

Agência, o que gera o pagamento obrigatório de horas extras excedentes.

Tais alegações não justificam os questionamentos da instrução, haja

vista que afrontam às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos 2006/2007 e

2007/2008, respectivamente, e infringem as normas legais ditadas pelos artigos

58, 59, 66 e 67 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Alega, ainda, que as modificações no sistema de horas extras

utilizados na Companhia, não podem ser fruto de uma resolução autônoma e

nem regionalizada, mas sim de uma decisão tomada pela Diretoria.

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Quanto a esta alegação cabe registrar as normas constantes do item

5.1.2, da Instrução Normativa da própria Celesc nº I-132.0043: “Em vista da

natureza diferenciada de um órgão para outro e das reais necessidades de

horas extras, cabe essencialmente à chefia imediata, gerenciar as horas extras

de forma criteriosa e com o menor dispêndio possível”.

Observa-se, assim, que não se trata de modificação no sistema de

horas extras normatizado pela Companhia, mas sim de gerenciá-lo de forma

criteriosa e com o menor dispêndio possível.

Ressalte-se que os apontamentos relativos aos serviços

extraordinários em excesso e continuados praticados pela Celesc, tanto pela

Administração Central como pelas Agências Regionais, constam de relatórios

de auditorias de vários exercícios, com recomendação expressa constante do

Acórdão nº 1403/2005, de 18/07/2005 - Processo APE-04/03395216, nos

seguintes termos:

6.3 Recomendar à CELESC a adoção de providências visando: 6.3.1. À realização de concurso público no intuito de suprir a carência de pessoal existente na Companhia, evitando, assim, o pagamento excessivo de horas-extras (item 3.1 a 3.6 do Relatório DCE); 6.3.2. Às modificações necessárias no sistema de registro de frequência dos empregados, para facilitar a averiguação das horas ordinárias e extraordinárias efetivamente laboradas. 6.4. Determinar à CELESC que atente para o cumprimento do disposto no item 6.2.3 da Decisão nº 4038/2003, exarada na Sessão Ordinária de 26/11/2003 no Processo nº CON - 306370824. 6.5. Determinar à Diretoria de Controle da Administração Estadual - DCE, deste Tribunal, que adote providências visando à verificação do atendimento das recomendações e determinação constantes dos itens 6.3 e 6.4 desta deliberação, procedendo à realização de diligências, inspeção ou auditoria que se fizerem necessárias.

Permanece assim a restrição de ordem legal no pagamento de horas

extras em excesso, com infringência aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, além de contrariar normas

acordadas nas cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho

2006/2007 e 2007/2008, respectivamente, e recomendação deste Tribunal.

2.4. Descumprimento do item 5.4.3 da Instrução Normativa I-

132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos, haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de semana por mês. Tal ato, além de afrontar Normativa Interna da Companhia, também infringe o art. 67 da CLT, através do qual é assegurado ao empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas – que deverá coincidir com o domingo (item 2.5.2).

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A Instrução, ao analisar as escalas de sobreaviso e seu controle de

horas, expõe às fls. 690 e 691 sobre sua origem e toda a regulamentação. Na

sequência, a Instrução relata alguns casos de sobreaviso verificados in loco,

através da elaboração da Tabela 5 (fls. 691/692), para concluir:

“Em uma primeira análise às escalas de sobreaviso, constantes às

fls. 536/560, verificou-se que a Agência Regional está seguindo o disciplinado

pela Instrução Normativa n. I-132.0018, ou seja, na elaboração das escalas

nenhum dos empregados constou em mais de 3 (três) escalas consecutivas,

que somam 180 horas. Entretanto, em análise às horas de sobreaviso

efetivamente prestadas pelos empregados constatou-se que o empregado

Sérgio Martins Barcelos extrapolou o limite de 180 horas nos meses de março

e maio. Nesse passo, conclui-se que não foi respeitado pela Agência Regional

o item 5.4.3 da Instrução Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado

Sérgio Martins Barcelos, vez que nos meses de março e maio, ambos do

exercício de 2008, o funcionário realizou horas de sobreaviso de forma

continuada, ou seja, em mais de 3 escalas consecutivas, de forma que não foi

garantida ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final de

semana por mês, em afronta, também, ao art. 67 da CLT”.

Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 731/733).

O responsável, Sr. Enaldo dos Santos, após transcrever itens da

Instrução Normativa I-132.0018 que disciplina o sobreaviso na CELESC, traz

observações sobre o cargo ocupado pelo empregado Sérgio Martins Barcelos à

época e sobre as horas registradas conforme escalas, salientando que todas

as convocações tiveram a confirmação acordada com o empregado, e que o

mesmo mostrou-se sempre solícito, disponibilizando-se quando oportuno,

principalmente diante das necessidades apresentadas na emergência e da

responsabilidade com toda a sociedade intrínseca ao cargo exercido.

Para o mês de março/2008, justifica que os sobreavisos foram

efetivamente executados nos períodos de 01 à 03/03, de 07 à 10/03 e 28 à

31/03. Devido à necessidade ficou, também, de sobreaviso das 18 horas do dia

14 até às 24 horas do dia 15/03/2008, contudo, o mês de março de 2008 teve

cinco finais de semana. Justificativa idêntica é apresentada para o mês de

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maio/2008 com feriado junto ao final de semana, anexando cópias das escalas

relativas aos meses questionados.

Ressalta a excepcionalidade do caso, haja vista, tratar-se de apenas

um caso, ocorrido em 2 meses durante o ano todo, além de o próprio relatório

afirmar que a elaboração das escalas realizadas pela Agência Regional de

Criciúma, seguir o disciplinado pela referida Instrução Normativa.

Análise das justificativas apresentadas.

Questiona a Instrução o descumprimento do item 5.4.3 da Instrução

Normativa I-132.0018, relativamente ao empregado Sérgio Martins Barcelos,

haja vista que nos meses de março e maio, ambos do exercício de 2008, não

foi garantido ao empregado a liberdade de locomoção em pelo menos um final

de semana por mês.

Conferindo as escalas de sobreaviso juntadas pelo Responsável às

fls. 835 e 836 e as justificativas apresentadas, observa-se que o empregado

Sérgio Martins Barcelos não consta escalado para o final de semana, dias 22 e

23 de março (fl. 835) e para o final de semana, dias 17 e 18 de maio (f. 836),

cumprindo, assim, o limite de 3 (três) escalas consecutivas previsto na

Instrução Normativa I-132.0018, item 5.4.3 e o descanso de pelo menos um

final de semana de cada mês, previsto no art. 67, da Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT.

Portanto, as justificativas e documentos apresentados pelo

responsável sanearam a irregularidade apontada neste item.

2.5. Descumprimento de normas da própria Companhia –

Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., vez que em 44 (quarenta e quatro) situações não foi respeitado o interregno de 3 meses entre uma convocação e outra; somente poderia ter sido convocado outro empregado para trabalhar em área de risco se não houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado credenciado ou convocado para aquele mês; e, foram convocadas 9 (nove) chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de forma habitual. Tal ato se caracteriza como ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia, em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76 (Item 2.5.3).

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A Instrução, após definir conceitos e discorrer sobre a legislação

pertinente ao adicional de periculosidade (fls. 693/694), apresenta tabelas que

retratam a carga horária de trabalho exercida pelos empregados da Agência

em atividade de risco, por setor da Regional (fls. 695/705), especificando as

irregularidades observadas, para concluir pelo descumprimento de normas da

própria Companhia - Instrução Normativa I-134.0010 - no que se refere aos

itens 5.7.2, 5.7.4 e 5.7.7, vez que na maioria dos casos não foi respeitado o

interregno de 3 meses entre uma convocação e outra, onde somente poderia

ter sido convocado empregado para trabalhar em área de risco se não

houvesse possibilidade do serviço ser executado por outro empregado

credenciado ou convocado para aquele mês, bem como a convocação de

chefias para a realização de trabalho em condições de periculosidade, sem a

caracterização da situação de emergência, vez que foram convocados de

forma habitual.

Justificativas apresentadas pelo responsável (fls. 733/737).

Alega o responsável, Sr. Enaldo dos Santos, que os casos

elencados pelo relatório, que em tese ferem a normativa da empresa, na

realidade se justificam pela natureza do serviço prestado, bem como pela

emergência do atendimento das ocorrências, lembrando-se que se trata de

serviços que colocam em risco a segurança dos consumidores, e até mesmo

do sistema elétrico da empresa, não podendo prevalecer a normativa interna

em detrimento a segurança dos consumidores.

Observa que os casos que se enquadram na ausência do interregno

de 3 meses entre uma convocação e outra (alínea “d”, do item 5.8.1, da I-

134.0010), foi devidamente cumprida pelo Chefe da Agência Regional de

Criciúma quando o mesmo solicitou ao Diretor da Área autorização para as

referidas convocações, com as devidas liberações, devido a impossibilidade de

manter o referido interregno constantes de cada requerimento encaminhado,

nos termos da Instrução Normativa citada.

Sobre a convocação dos ocupantes de chefias para a realização de

trabalho em condições de periculosidade, alega que há distinção entre as

funções de chefe de divisão e de chefe de supervisão. O chefe de divisão está

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hierarquicamente superior ao chefe de supervisão, enquanto a Instrução

Normativa veda o direito à percepção do adicional de periculosidade quando o

empregado desempenhar função superior ou igual a de chefe de divisão.

Ao especificar os casos de convocação de chefias indicados no

relatório, informa que somente o Sr. Jânio Canela e o Sr. Célio Bolan eram

chefes de divisão na época dos fatos, ainda assim, estavam os mesmos

autorizados pelo Diretor da Área, conforme documento em anexo, reiterando a

ausência de responsabilidade do Chefe da Agência. Já os outros funcionários

relacionados pela instrução eram chefes de supervisão, portanto não possuíam

função superior ou igual a chefe de divisão, estando autorizados a serem

convocados nos termos da Instrução relacionada.

Ressalta que o Manual de Procedimentos que trata da autorização

do empregado para executar serviços em eletricidade e/ou instalações elétricas

e pagamento do adicional de periculosidade, analisado pelo Tribunal de Contas

com fundamento na I-134.0010, foi devidamente revogado pela Deliberação nº

84/2009 e substituído pela Instrução Normativa I-134.0016, que eliminou as

restrições apontadas no relatório da Instrução.

Comenta as alterações ocorridas (fls. 735 a 737), e conclui:

“Assim, verifica-se que o procedimento tomado pelo Chefe da Agência de Criciúma não era específico dessa Regional, mas era procedimento padrão de todas as Agências Regionais e da Administração Central, comprovando que não havia nenhuma ilicitude em sua ação, mas sim, preocupação com o desempenho das atividades desenvolvidas pela empresa. Tanto pode-se constar que a própria normativa interna fora modificada, exatamente para se adequar a realidade dos fatos, e as normas trabalhistas, que em momento algum foram desrespeitadas, quanto ao pagamento do adicional de periculosidade”.

Análise das justificativas apresentadas.

Argumenta o responsável que, segundo a Instrução Normativa I-

134.0010, item 5.8.1, letra d, cabe à chefia de Departamento ou Agência

Regional solicitar ao Diretor da Área a liberação da exigência quando há a

impossibilidade de manter o interregno entre as convocações do mesmo

empregado, entendimento reforçado pela Deliberação nº 344, de 27/12/2005,

que preconiza que os empregados que recebem o adicional de periculosidade

na modalidade convocável só poderão ser requisitados pelo Diretor da área.

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Alega, ainda, que o procedimento tomado pelo Chefe da Agência de

Criciúma não era específico dessa Regional, mas era procedimento padrão de

todas as Agências Regionais e da Administração Central, comprovando que

não havia nenhuma ilicitude em sua ação. Informa, também, que esta

disposição constante da I-134.0010 foi devidamente revogada pela Deliberação

nº 84/2009 e substituída pela I-134.0016.

Sobre as justificativas acima, cabe esclarecer que, de fato, os

questionamentos efetuados pela instrução não são específicos da Regional de

Criciúma, haja vista os apontamentos das mesmas irregularidades constantes

das inspeções realizadas nas Agências de Chapecó e Tubarão, bem como na

Administração Central, juntadas nos Processos nºs. APE 07/00399500 e APE

07/00399410, em tramitação nesta Casa.

Observa-se que, conforme justificativa do Responsável, cabe à

Chefia da Agência Regional solicitar a liberação das exigências na convocação

para a modalidade convocável, para o Diretor da Área autorizar o ato. Quem

provoca o procedimento, indicando o empregado para a convocação, é o Chefe

da Agência.

No caso específico da Agência Regional de Criciúma, a Instrução

relatou as seguintes situações:

a) Adicional de periculosidade convocável pago durante todo o ano

de 2008, o que descaracteriza a situação de emergência prevista no item 5.7.7,

do Manual de Procedimentos, com desrespeito ao item 5.7.2 do mesmo

Manual que determina a existência de um interregno de 3 meses entre as

convocações.

Esta situação foi verificada nos pagamentos aos empregados: Jorge

Luiz Freitas, Jânio Canela e Celso Bolan (fl. 695); Jorge Luiz dos Santos e

Emerson M. Custódio (fl. 697); Janio Venturini, Ariovaldo Machado, Rogério de

Souza Soares, Arlei Eusébio, Estácio Antonio Fagundes Neto, Laerte de

Oliveira, Sandro Pedroso, Edilson Medeiros Nazário, Mário Euclides Zeferino,

Márcio Dal Farra e Mateus B. Brum (fls. 697/698; Clóvis Luiz Caporal (fl. 699);

Júlio César Silveira, Rildo D. Liberato Machado, Ariel Antônio Pereira, Nivaldo

Comin e Ruben M. de Oliveira (fl. 700); Nério Kejelin, Roberto dos Santos, José

Roberto dos Santos, Maurício Casagrande, Donizete Medeiros Prudência,

Eduardo Luiz Ferraro, Salvador da Silva e Márcio José Peruchi (fl. 701);

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Amilcar Daniel Cesa, Humberto Roberg e Zulnei Casagrande (fl. 702); Itamar

da Silva Selau, Ivone Souza C. C. de Faria, Sergio Martins Barcelos, Rogério

dos Santos, Jorge Ricardo Bernardino, Cesar Furlaneto, Adilson José Feltrin e

Marcelo de V. Oliveira (fls. 703/704); Wamilton Silva, Luiz Carlos de Souza,

Luiz Carlos Alves, Pedro Acácio dos Santos e Cristiano C. Constantino (fls.

704/705).

As justificativas apresentadas não eliminam as exigências para as

convocações para atividades de risco com direito ao adicional na modalidade

convocável, definidas no Manual de Procedimentos – Instrução Normativa I-

134.0010. Conforme o referido Manual, estão previstos os pagamentos do

referido adicional na modalidade fixo – código 215, para quem trabalha

diariamente em área de risco, e o adicional na modalidade de convocável –

código 278, para os empregados convocados para executar, quando

necessário, serviços em área de risco.

Portanto, o adicional na modalidade convocável corresponde a uma

excepcionalidade com a caracterização de situação de emergência e o

interregno de 3 meses entre as convocações do mesmo empregado e não a

atividade permanente, conforme verificado in loco, permanecendo a

irregularidade apontada.

b) Empregados que, apesar de estarem ocupando cargos de chefia,

receberam adicional de periculosidade convocável durante todo o exercício de

2008, em desacordo com o que disciplina o item 5.7.7 do Manual de

Procedimentos da Companhia – código I-134.0010: Janio Canela e Celso

Bolan (fl. 695); Laerte de Oliveira (fl. 697); Arlei Antonio Perego (fl. 700); Nerio

Kejelin (fl. 701); Amilcar Daniel Cesa e Humberto Roberg (fl. 702); Sérgio

Martins Barcelos (fl. 703); e Luiz Carlos de Souza (fl. 704).

Alega o responsável que há distinção entre as funções de chefe de

divisão e de chefe de supervisão. O chefe de divisão está hierarquicamente em

nível superior ao chefe de supervisão, enquanto a Instrução Normativa veda o

direito à percepção do adicional de periculosidade quando o empregado

desempenhar função superior ou igual a de chefe de divisão.

Esta justificativa confere com o disposto na referida Instrução. Houve

um equívoco na interpretação das funções de chefe de divisão e chefe de

supervisão. Sendo a função de chefe de divisão superior a de chefe de

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supervisão e, a Instrução Normativa I-134.0010 especificar em seu item 5.7.7

que não devem ser convocadas chefias, cujo nível hierárquico seja igual ou

superior à Divisão, fica saneada a restrição quanto a estas convocações.

Contudo, o próprio Responsável informa que “somente o Sr. Jânio

Canela e o Sr. Célio Bolan eram chefes de divisão na época dos fatos,...”.

Mesmo com autorização do Diretor da Área, o recebimento do adicional de

periculosidade convocável durante todo o exercício de 2008, descaracteriza a

excepcionalidade das convocações, solicitadas pelo Chefe da Agência, o que

afronta o que disciplina o item 5.7.7, da referida Instrução Normativa.

A informação de que as disposições constantes da I-134.0010 foram

devidamente revogadas pela Deliberação nº 84/2009 e substituída pela I-

134.0016, não saneiam as restrições, haja vista tratar-se de revogação

posterior a ocorrência dos fatos apontados.

Permanece assim a irregularidade na convocação dos Chefes de

Divisão Senhores Jânio Canela e Célio Bolan.

c) Empregados que foram convocados para realizarem trabalho de

risco quando haviam outros empregados com o mesmo cargo que poderiam ter

realizado o trabalho, desrespeitando o item 5.7.4 do aludido Manual de

Procedimentos que disciplina: “só deverá ser convocado para trabalhar em

condições de periculosidade quando houver impossibilidade do serviço, objeto

da convocação, ser executado por profissional credenciado, ou outro que foi

convocado para aquele mês”.

Nessa situação foram relacionados os seguintes empregados:

Ariovaldo Machado, Rogério de Souza Soares e Mário Euclides Zeferino (fls.

697/698); Clóvis Luiz Caporal (fls. 698/699); José Roberto dos Santos e Marcio

José Peruchi (fl. 701); Zulnei Casagrande (fls. 702/703); Rogério dos Santos,

Jorge Ricardo Bernardino e Adilson José Feltrin (fls. 703/704).

Sobre este questionamento, o Responsável alega apenas que as

disposições constantes do item 5.7.4, também foram revogadas pela

Deliberação nº 48/2009. Contudo, observa-se que a revogação ocorreu no ano

de 2009, posteriormente aos fatos questionados.

Conforme o exposto, as justificativas do Responsável não eliminam

os questionamentos efetuados pela Instrução.

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Assim, permanecem as irregularidades apontadas no item 2.5.3 do

Relatório Instrução nº 193/09 (fls. 693/705) pelo descumprimento de normas da

própria Empresa previstas no Manual de Procedimentos - Instrução Normativa

I-134.0010, itens 5.7.2, 5.7.4 e 5.7.7, na concessão do adicional de

periculosidade convocável, por convocar continuamente os mesmos

empregados, inclusive chefias, transformando o “convocável” em permanente

(fixo), deixando de conceder o adicional fixo, código 215, nos termos do art.

149, § 4º, da CLT e Decreto nº 93.412/86, para favorecer certos empregados

da Regional com o adicional convocável, bem como na convocação para

realização de trabalho de risco quando haviam outros empregados com o

mesmo cargo que poderiam ter realizado o trabalho.

Tratam-se de atos com grave infração a norma legal, infringindo o

princípio da economicidade previsto no art. 70, da Constituição Federal, art.

149, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e Decreto nº 93.412/86,

estando o responsável Sr. Enaldo dos Santos sujeito a multa prevista no art.

70, inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000.

2.6. DAS RECOMENDAÇÕES

A Instrução sugere na conclusão do Relatório de Instrução,

recomendar ao Presidente da CELESC a observação constante do item 2.6 e o

encaminhamento de ofício à Delegacia Regional do Trabalho comunicando fato

observado na auditoria, relativo ao descumprimento de período mínimo de

descanso entre uma jornada de trabalho e outra, previsto no art. 66 da CLT.

Seguindo o entendimento do Relator do processo, expresso no

Despacho de fl. 713, ratifica-se o exposto pela instrução para ser apreciado

nesta fase processo, ou seja: RECOMENDAR ao Presidente da Companhia

que ofereça cursos de atualização jurídica aos empregados lotados no

Departamento Jurídico da Agência Regional de Criciúma, o que se faz

necessário para um bom desempenho do profissional e para o resultado dos

processos em que a Companhia é parte, conforme relatado às fls. 705/706,

item 2.6, do relatório de instrução.

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Quanto à comunicação de determinado fato à Delegacia Regional do

Trabalho, sugerida na conclusão do referido relatório, observa-se que o

responsável não justificou o fato questionado, permanecendo a restrição

apontada. Contudo, considerando a alegação de que o fato relatado é

agravado pelo limitado número de eletricistas na Agência Regional de Criciúma

e, considerando a recomendação deste Tribunal para a adoção de providências

visando à realização de concurso público no intuito de suprir a carência de

pessoal existente na Companhia (Acórdão nº 1403/2005, item 6.3.1), entende

esta reinstrução, neste momento, em reiterar tal recomendação, alertando o

Ordenador de Despesa para a possibilidade de fiscalização por parte da

Delegacia Regional do Trabalho, haja vista a infringência à norma constante da

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, por parte da Companhia, na

realização de horas extras em excesso, impedindo os empregados ao direito

de período mínimo de descanso entre uma jornada de trabalho e outra (art. 66

da CLT).

3. CONCLUSÃO

Considerando que foi efetuada a audiência dos Responsáveis,

conforme consta nas fls. 714 e 715 dos presentes autos;

Considerando que as justificativas e documentos apresentados são

insuficientes para elidir na sua totalidade as irregularidades apontadas pelo

Órgão Instrutivo, constantes do presente Relatório;

Considerando os apontamentos das mesmas irregularidades

constantes das inspeções realizadas nas Agências Regionais de Chapecó e

Tubarão, bem como na Administração Central da CELESC, juntadas nos

Processos nºs. APE 07/00399500 e APE 07/00399410, em tramitação nesta

Casa;

Considerando o que mais dos autos consta, sugere-se:

3.1. Conhecer do Relatório de Auditoria realizada na Agência

Regional da CELESC Distribuição de Criciúma, com abrangência sobre Atos de

Pessoal relativos ao exercício de 2008, com eventual distensão em relação ao

exercício de 2009, para considerar irregulares os atos a seguir discriminados,

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com fundamento no art. 36, parágrafo 2º, alínea “a”, da Lei Complementar nº

202/2000, conforme tratado no presente processo.

3.2. Aplicar aos Responsáveis abaixo relacionados, com fundamento

no art. 70, inciso II, da Lei Complementar nº 202/2000 c/c o art. 109, inciso II,

do Regimento Interno, as multas pelas irregularidades praticadas, fixando-lhes

o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação deste Acórdão no DOTC-e -

Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Contas, para comprovarem ao Tribunal

o recolhimento das multas ao Tesouro do Estado, ou interpor recursos na forma

da lei, sem o que, fica desde logo autorizado o encaminhamento das dívidas

para cobrança judicial, observado o disposto nos arts. 43, II, e 71 da Lei

Complementar n. 202/2000.

3.2.1. Ao Sr. Eduardo Pinho Moreira, CPF nº 117.829.276-20, ex-

Diretor Presidente da CELESC Distribuição S.A., face a(o):

3.2.1.1. previsão (e efetivação) da cedência de empregado da

Estatal à Fundação Celesc de Seguridade Social - CELOS no plano de cargos

e salários da Companhia, sem amparo legal, eis que a legislação que trata

sobre o assunto (Decreto Estadual n. 1.344/2004) não prevê a possibilidade da

cessão de empregado de sociedade de economia mista à entidade de caráter

privado, pois afronta o princípio da legalidade previsto no art. 37 da

Constituição Federal/88 e o disposto no art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76,

conforme item 2.1 do presente relatório;

3.2.1.2. ausência de ressarcimento da remuneração paga ao

empregado Evacir Bolan da CELESC pela prestação de serviços à Fundação

Celesc de Seguridade Social – Fundação CELOS, o que caracteriza ato de má

gestão do Administrador, gerando despesa desnecessária à Companhia e

ferindo o disposto art. 153 da Lei 6.404/76, bem como por haver deixado de

exercer suas atribuições que a lei e o estatuto lhe conferiram para lograr os fins

e no interesse da Companhia, conforme disposto no art. 154 da mesma Lei

citada, conforme item 2.2 do presente relatório.

3.2.2. Ao Sr. Enaldo dos Santos, CPF nº 600.597.459-91, Gerente

da Agência Regional da CELESC Distribuição de Criciúma, face a(o):

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3.2.2.1. pagamento de horas extras em excesso, com infringência

aos artigos 58, 59, 66 e 67, todos da Consolidação das Leis do Trabalho –

CLT, e às cláusulas 24 e 28 dos Acordos Coletivos de Trabalho 2006/2007 e

2007/2008, respectivamente, conforme item 2.3 do presente relatório;

3.2.2.2. descumprimento de normas da própria Companhia –

Instrução Normativa I-134.0010 - na concessão do adicional de periculosidade

convocável, no que se refere aos itens 5.7.2., 5.7.4. e 5.7.7., com afronta ao

princípio da economicidade previsto no art. 70 da Constituição Federal, art.

149, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e Decreto nº 93.412/86,

o que caracteriza ato de liberalidade do Administrador, à custa da Companhia,

em desconformidade com o art. 154, § 2º, “a” da Lei 6.404/76, conforme Item

2.5 do presente relatório.

3.3. Recomendar à CELESC Distribuição S.A., que ofereça cursos

de atualização jurídica aos empregados lotados no Departamento Jurídico da

Agência Regional de Criciúma, o que se faz necessário para um bom

desempenho do profissional e para o resultado dos processos em que a

Companhia é parte, conforme item 2.6 do presente relatório;

3.4. Reiterar a recomendação constante do item 6.3.1 do Acórdão nº

1403/2005 e alertar o Diretor Presidente da CELESC Distribuição S.A. para a

infringência à norma constante da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

(art. 66), na realização de horas extras em excesso, impedindo os empregados

ao direito de período mínimo de descanso entre uma jornada de trabalho e

outra, conforme item 2.6 do presente relatório.

É a reinstrução.

DCE/INSP.3/DIV.7, em 4 de maio de 2011.