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PROCESSO PENAL II PROF. MARCELO LEONARDO PRIMEIRA PROVA: 27/09 06.08.13 Livros devem ser posteriores à reforma do Código de Processo Penal de 2008. Alguns autores: Manual de processo penal e execução penal - Guilherme de Souza Nucci* Curso de Processo Penal - Eugenio Pacceli Direito processual penal - Auri Lopes Júnior Fernando Tourino Gustavo Henrique Badarô Nestor Távola Paulo Rangel RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL O processo penal é um veículo para viabilizar a aplicação do direito penal, que cuida das relações da vida em sociedade, protegendo certos bens jurídicos considerados relevantes. Porém, para aplicar o direito penal aos casos concretos precisa-se do instrumental processual penal. A relação processual penal é triangular, se passando entre um autor, um juiz e um réu. O autor é o titular do direito de ação (penal, neste caso). Ele exerce o direito de ação dirigindo- se ao juiz, aquele que é revestido de jurisdição e a propõe contra ao réu, atribuindo-lhe a prática de infração penal. O réu pode se opor à acusação do autor mediante a defesa. Isso é denominado sistema acusatório. Na relação processual penal se considera a existência de três sujeitos processuais (autor, juiz e réu) que exercem três funções distintas (exercício do direito de ação, jurisdição e defesa). Nota-se que o autor e o réu são sujeitos parciais (partes processuais: quem faz o pedido ou contra quem se faz o pedido), ao passo que o juiz é o sujeito independente e imparcial, equidistante das partes. No caso da ação penal pública, a titularidade da ação pertence ao Ministério Público (art. 24 do CPP). Denomina-se denúncia a petição inicial da ação penal pública. Todo autor, quando vai exercitar seu direito de ação, faz uma petição inicial dirigida ao juiz.

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PROCESSO PENAL II

PROF. MARCELO LEONARDO

PRIMEIRA PROVA: 27/09

06.08.13

Livros devem ser posteriores à reforma do Código de Processo Penal de 2008.

Alguns autores:

Manual de processo penal e execução penal - Guilherme de Souza Nucci*

Curso de Processo Penal - Eugenio Pacceli

Direito processual penal - Auri Lopes Júnior

Fernando Tourino

Gustavo Henrique Badarô

Nestor Távola

Paulo Rangel

RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL

O processo penal é um veículo para viabilizar a aplicação do direito penal, que cuida das

relações da vida em sociedade, protegendo certos bens jurídicos considerados relevantes.

Porém, para aplicar o direito penal aos casos concretos precisa-se do instrumental processual

penal.

A relação processual penal é triangular, se passando entre um autor, um juiz e um réu.

O autor é o titular do direito de ação (penal, neste caso). Ele exerce o direito de ação dirigindo-

se ao juiz, aquele que é revestido de jurisdição e a propõe contra ao réu, atribuindo-lhe a

prática de infração penal. O réu pode se opor à acusação do autor mediante a defesa.

Isso é denominado sistema acusatório. Na relação processual penal se considera a existência

de três sujeitos processuais (autor, juiz e réu) que exercem três funções distintas (exercício do

direito de ação, jurisdição e defesa). Nota-se que o autor e o réu são sujeitos parciais (partes

processuais: quem faz o pedido ou contra quem se faz o pedido), ao passo que o juiz é o

sujeito independente e imparcial, equidistante das partes.

No caso da ação penal pública, a titularidade da ação pertence ao Ministério Público (art. 24

do CPP). Denomina-se denúncia a petição inicial da ação penal pública. Todo autor, quando vai

exercitar seu direito de ação, faz uma petição inicial dirigida ao juiz.

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No que tange à ação penal privada, o direito de ação é do ofendido ou representante legal do

ofendido; é denominado querelante. A petição inicial do querelante tem o nome de queixa.

Não é adequado dizer que um sujeito vai à delegacia de polícia fazer uma queixa. Queixa é

uma terminologia que se refere à petição inicial do querelante e é sempre dirigida ao juiz. Ao ir

a uma delegacia de polícia, usando a terminologia correta, um sujeito pode: levar uma notícia

de infração penal, requerer a abertura de inquérito policial ou fazer uma representação nos

casos de ação penal pública condicionada.

Quando se usa a expressão juiz, refere-se ao órgão do Poder Judiciário revestido de jurisdição,

trata-se de termo bem amplo e abrange tanto um juiz singular (que proferirá uma decisão

monocrática) quanto um juízo (órgão colegiado).

Réu é sinônimo de acusado; na ação penal pública, é chamado de denunciado; na ação penal

privada, é chamado de querelado.

Para o direito processual penal o réu é aquele contra a quem foi proposta a ação penal. Nunca

se deve vincular o réu ao sujeito ativo da infração penal, na medida em que há réu inocente.

Quem pode ser réu? Quem tem legitimidade passiva para figurar na relação processual penal.

Apenas o ser humano (vivo) pode ser réu. A morte é causa de extinção de punibilidade.

Maioridade penal: 18 anos (Art. 228 da CF/88). Não é necessária a capacidade para ser réu; o

insano mental responde a processo penal, é réu, mas se resta comprovado sua incapacidade,

ele é absolvido e a ele é aplicada medida de segurança.

Após 98, com a entrada em vigor da Lei de Crimes Ambientais, houve a previsão da

possibilidade de ação penal contra pessoa jurídica (art. 3º) em caso de crimes ambientais.

Dessa forma, hoje pode ser réu também a pessoa jurídica. Responsabilidade penal da pessoa

jurídica - opinião a favor: livro do Galvão, opinião contra: Sheila Jorge Sales.

Esse tema de “relação processual penal” possui um livro bom: a defesa de tese do prof. Hélio

Tornáquio.

09.08.13

SUJEITOS PROCESSUAIS

AUTOR – ação penal

Legitimidade ativa para a causa – Titular

Legitimidade ativa para o processo

Capacidade postulatória (Advogado)

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Litisconsórcio ativo

Ação penal pública – MP – denúncia.

Ação penal particular – ofendido – queixa.

Queixa: decadência de 6 meses.

Pode haver litisconsórcio ativo e passivo em ação penal privada, isto é, pode haver vários

autores e vários réus.

A princípio, não há litisconsórcio ativo em ação penal pública, uma vez que quem a propõe é o

MP. Vários promotores não se traduzem em litisconsórcio, todos representam o MP.

Assistente do MP é a vítima ou familiar da vítima (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão)

que acompanha a ação penal pública. Este será representado por um Procurador (advogado).

O advogado não é assistente de acusação, mas sim a vítima.

A maioria dos autores entende que o assistente do MP não é parte, apenas assiste ao MP,

logo, não significa que haja litisconsórcio ativo em ação penal pública (seria apenas uma

intervenção de terceiro).

Na ação penal pública, portanto, pode se interpretar que seja possível litisconsórcio ativo caso

se entenda que o assistente do MP é parte; caso contrário, se interpreta que não é possível.

MINISTÉRIO PÚBLICO

O ministério público - Hugo Nigro Mazini

Há duas origens possíveis do MP: procuradores em Roma; procuradores do rei na França.

Antes de 88, os membros do MP representavam a União em juízo e defendia seus interesses

(por isso eram chamados procuradores da república).

Os membros do MP federal continuam a ser chamados de procuradores da república, embora

não defendam a União em juízo, papel da AGU, criada pela Constituição de 88, justamente

para separar as funções (deixou de ser atribuição do MPU).

O MP ficou, após 88, com outras atribuições, além de titular da ação penal.

Organização

Promotor de justiça – membro do MP em 1º grau.

Procurador de justiça – membro do MP em 2º grau.

AGE – órgão de defesa do estado em juízo.

Procuradoria de justiça – órgão do MP no estado.

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O MP tem autonomia administrativa, financeira e não submisso a nenhum dos três poderes,

mas está ligado ao Poder executivo. Alguns autores dizem que o tratamento da CF/88 é de um

quarto poder.

Art. 128 da CF/88: mesmas garantias e vedações aos membros do MP que os da magistratura.

Independência funcional: cada membro do MP exerce com independência as suas atribuições.

Ministério Público da União está organizado na Procuradoria Geral da República, cujo chefe é o

Procurador geral da República e se divide em:

MP federal: Procuradores da República que oferecem processos na Justiça Federal

MP do trabalho: Procuradores do Trabalho que atuam perante o MTE (Ministério do trabalho e

do emprego) e a Justiça do Trabalho.

MP Militar (federal): Procuradores militares que atuam junto à Justiça militar federal.

MP do DF: Promotor de Justiça do DF perante a Justiça do DF.

Ministério público dos estados está organizado na Procuradoria geral de Justiça, cujo chefe é o

Procurador Geral de Justiça.

Carreira

Garantias e Vedações: as mesmas dos juízes.

Os chefes são nomeados pelo chefe do Executivo de uma lista tríplice feita por votação pelos

membros de carreira.

Divide-se em dois níveis:

Procurador de justiça atua perante os tribunais estaduais.

Promotor de justiça – perante a justiça estadual (comarcas e varas).

13.08.13

Funções: art. 129 da CF.

- Funções do MP no processo penal:

I. Ação penal pública: PARTE (autor). Art. 129, I CF; art. 24 c/c art. 257, I CPP.

II. Ação penal privada propriamente dita: FISCAL DA LEI. Art. 257, II CPP.

III. Ação penal privada subsidiária. Crime é de ação pública. PARTE SECUNDÁRIA. Pode

assumir o papel de parte principal se o querelante negligenciar. Art. 5º, LIX CF; art. 29

CPP.

Disso, conclui-se que não há processo penal sem a intervenção do MP.

ASSISTENTE DO MP: art. 268/273 CPP.

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Ofendido, representante legal ou familiar (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).

Não pode haver intervenção oficial do assistente do MP em sede de inquérito policial, mas tão

somente na ação.

Inquérito

policial

Denúncia

(MP)

Recebimento

da denúncia

(JUIZ)

Citação

(RÉU)

Audiências Julgamento

(JÚRI)

Sentença Recursos Trânsito

em

julgado

Execução

penal

O assistente do MP pode intervir a partir do Recebimento da denúncia pelo juiz (instauração

da ação penal pública) até o trânsito em julgado (fim da ação).

Petição de admissão do assistente do MP. Procuração do ofendido; certidões. Pedido > parecer

do MP > decisão do juiz.

Caso de inadmissão do assistente do MP: abuso de poder. Essa decisão de inadmissão é

irrecorrível (art. 273), portanto, o advogado deverá entrar com Mandado de Segurança.

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Observação:

Atos jurisdicionais do Juiz estão classificados em (processo civil):

1. Despacho: sem conteúdo decisório. Sempre irrecorríveis.

2. Decisão interlocutória: decide uma matéria incidental ou prejudicial no curso do processo,

sem por termo ao processo. Contra decisão interlocutória cabe agravo. No processo penal, ao

invés de agravo se tem o Recurso em sentido estrito. Há decisões interlocutórias recorríveis e

irrecorríveis no processo penal; as recorríveis estão elencadas no art. 581 CPP.

Pronúncia é a decisão que manda o réu para julgamento pelo júri. Trata-se de espécie de

decisão interlocutória. Ela era erroneamente denominada sentença de pronúncia, mas esse

erro foi corrigido no Código e agora se chama decisão de pronúncia.

Decretação de prisão preventiva é outra espécie de decisão interlocutória. O art. 315 CPP

chamava esse ato do juiz de despacho; em 2011, o CPP foi alterado para dizer que se trata de

decisão.

A decisão interlocutória que indefere a decretação de prisão preventiva é recorrível; ao passo

que a decisão interlocutória que defere a decretação da prisão preventiva é irrecorrível. Para

libertar o réu, o advogado terá de propor habeas corpus.

Admissão ou não do assistente do MP é decisão interlocutória irrecorrível. Para conseguir a

admissão do assistente, o advogado deverá impetrar mandado de segurança. Art. 270: não

cabe mandado de segurança se o suposto assistente for corréu (filho mandou matar o pai).

3. Sentença: põe termo ao processo com ou sem resolução de mérito. Contra sentença cabe

apelação.

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O assistente do MP pode entrar no curso do processo, apenas lembrar que os atos

anteriormente praticados não serão repetidos.

Art. 430 CPP diz que a requisição de admissão do assistente do MP só pode se dar 5 dias antes

do julgamento do júri.

Sentença absolutória: assistente do MP pode entrar na fase de recurso, por exemplo; art. 598

§ único: assistente do MP pode se habilitar como tal e entrar com apelação se o MP não

recorrer; prazo de 15 dias após fim do prazo do MP (5 dias). Se, contudo, o assistente do MP já

estava habilitado no processo, o seu prazo é de 5 dias assim como as demais partes e

simultâneo ao do MP. Se os dois entram com a apelação, a do assistente não será conhecida. A

razão de ser do prazo maior de 15 dias é para o caso de o assistente do MP não estar

habilitado no processo como representante da vítima.

Sentença condenatória: assistente do MP pode entrar com recurso para aumento de pena? Há

duas correntes: a majoritária diz que a ação penal é pública e o interesse particular do

assistente do MP é tão somente quanto à indenização. No juízo cível, o transito em julgado da

sentença condenatória garante a indenização (título executivo), basta entrar com ação de

execução. Nota-se que quem na doutrina entende que o assistente do MP está no processo

apenas para tutelar seu direito à indenização, isto é, para conseguir uma sentença

condenatória, afirma que ele não tem interesse em recorrer para aumento de pena, função

restrita ao MP.

A corrente contrária é minoritária e entende que o assistente do MP é litisconsorte ativo

facultativo (mas a maioria entende que ele é um terceiro interveniente).

23.08.13 – Pegar início da aula

Recursos do A.M.P

1. Sentença absolutória – apelação MP – 05 dias – AMP apelação

2. Impronúncia - apelação MP – 05 dias – AMP apelação

3. Extinção punibilidade [art. 271, 584, § 1º, 598] – R.S.E [581, VIII] – MP – 05 dias – AMP

R.S.E (15 dias) STF: 5 dias.

QUERELANTE

Autos – Ação penal privada

1) Ofendido: maior de 18 anos capaz.

2) Representante legal – menor de 18 anos incapaz

3) Morte do ofendido – sucessores [C.A.D.I]

4) Pessoa jurídica

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5) Curador especial

Procurador por poderes especiais.

Adv. – art. 44. Nome do QUERELADO [erro no código]. Menção ao fato criminoso.

Causas de extinção da punibilidade:

Decadência – art. 38 CPP – prazo de 6 meses para propor a ação penal privada.

Renúncia – art. 49 e 59 – ato unilateral de renunciar ao direito de queixa. A ação penal privada

é voluntária e disponível. A renúncia pode ser expressa ou tácita [atos incompatíveis com a

propositura da ação penal].

Perdão – desistência da ação penal privada já proposta. Ato bilateral: o querelante oferece ao

querelado o perdão, e este aceita ou não.

Perempção – art. 60 – na ação penal privada, propriamente dita, pode haver perempção se o

ofendido deixa de promover o andamento do processo por mais de 30 dias.

PEGAR AULA

03.09.13

DO ACUSADO

DIREITOS

(art. 5º, 63 da CF/88).

1. de defesa

2. defensor

O acusado, mesmo ausente, foragido, revéu, tem defensor.

3. contraditório

Paridade de armas entre as partes. O acusado tem direito de ter acesso

4. silêncio

Direito de permanecer calado e de não se autoincriminar. No sistema americano, é o chamado

direito de Miranda.

5. comunicabilidade

Direito de ter assistência da família e do advogado.

Art. 21 do CPP. Esse artigo e seu parágrafo único estão revogados pela Constituição de 88.

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Art. 136 da Constituição, inciso IV. Até mesmo no Estado de defesa é vedada a

incomunicabilidade do preso, quiçá no funcionamento normal do Estado Democrático de

Direito.

6. Não autoincriminação

Na esfera civil, a recusa de realização de exame de DNA leva à presunção de paternidade.

Se, contudo, na esfera penal, o réu se nega a realizar DNA em caso de homicídio; não se

presume a culpa, é direito dele não o fazer.

O acusado não é obrigado a participar da reconstituição do crime, por exemplo.

7. Devido Processo Legal

8. duplo grau de jurisdição

O pacto de São José da Costa Rica passou a integrar o Direito brasileiro mediante o Dec.

678/1992.

Art. 8º prevê as garantias judiciais. Direito de recorrer da sentença condenatória para Tribunal

superior.

Esse tratamento do acusado enquanto sujeito de direitos é próprio do sistema acusatório.

DEFENSOR

- constituído: art. 266, CPP.

É aquele que foi escolhido pelo réu para fazer a sua defesa. A constituição do defensor se dá

por meio de procuração, que não precisa dar poderes especiais.

A redação fazia sentido porque o interrogatório era o primeiro ato da instrução.

O advogado pode ser habilitado a atuar como defensor do acusado até mesmo no dia da

audiência.

Art. 3º CPP. Interpretação analógica da lei processual penal.

- dativo:

É aquele nomeado pelo Juiz para representar réu carente ou ausente, foragido.

- defensor público:

A CF/88 estabelece que é dever do Estado dar assistência jurídica gratuita àquele que

comprovar ausência de condições.

Nas comarcas nas quais houver Defensoria Pública, o juiz deverá indicar ao réu um defensor

público. Na ausência do órgão, indicará um advogado de sua confiança.

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A lei de organização da defensoria pública de MG prevê número maior de defensores do que

realmente existem; a má remuneração em MG faz com que não haja tanta procura pela

carreira.

Até a Constituição de 88, era um ônus do advogado aceitar a nomeação dativa e exercê-la

gratuitamente. Após a mudança constitucional, restou evidente que é dever do Estado

fornecer defesa a todos e, com isso, o Estado tem de pagar os honorários dos advogados

nomeados defensores dativos.

Em MG há um convênio entre o Estado e OAB; abre-se edital para que o advogado se inscreva

para a nomeação dativa. A OAB faz uma lista dentre os habilitados que se inscreveram. Dentre

os nomes na lista, o juiz escolhe.

Há previsão de que o réu pode fazer a sua própria defesa, desde que corretamente habilitado

(tem de ser advogado).

DIREITO DE DEFESA

Oposição do réu ao acolhimento da acusação. Há atos de defesa praticados pelo próprio réu

[sua versão dos fatos contada em audiência] e do seu defensor.

No processo penal, informante presta declarações, testemunha presta depoimento e

interrogatório se refere apenas a réu.

O direito ao silêncio era, originalmente no CCP, muito mal disciplinado. Com a reforma de

2003, estabeleceu-se que, no interrogatório, o juiz deve esclarecer ao acusado que ele tem

direito ao silêncio e que não lhe causará nenhum prejuízo. Antes o silêncio significava

concordância com os fatos alegados.

É necessário ressaltar que o silêncio pode causar sanções administrativas; bem verdade, é

vedado que haja efeitos de natureza penal para quem opte pela não autoincriminação.

ALEGAÇÕES FINAIS DE DEFESA

I. Defesa indireta ou processual (direito processual penal).

Preliminares: um processo deve estar em conformidade com o devido processo legal; caso

contrário, poderá ser nulo (ou ainda o ato processual poderá ser nulo). Qualquer nulidade ou

falta de pressupostos processuais deve ser alegada em sede de alegações preliminares, que

pode até mesmo levar à extinção do processo, sem julgamento de mérito. Ex.: audiência sem

presença de defensor (ato nulo, deve ser renovado); cerceamento de defesa (não houve

intimação do acusado); prescrição; competência do juízo; legitimidade das partes; etc.

II. Preliminar de mérito (direito penal). Traduz-se na ocorrência de qualquer causa de extinção

da punibilidade, como: prescrição, pagamento dos tributos (em execução fiscal).

III. Defesa direta ou de mérito (direito penal).

A. Absolvição – art. 386.

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1. Negativa da materialidade (do fato). Fato inexistente ou não há prova da ocorrência

fato.

2. Negativa de autoria.

3. Atipicidade. Fato não é crime ou inexistência de dolo.

4. Causas de exclusão de ilicitude (antijuridicidade). Art. 23 do CP.

. Legitima defesa

. Estado de necessidade

. Exercício regular de direito

. Estrito cumprimento do dever legal

5. Causas de exclusão da culpabilidade

. Falta de consciência da ilicitude

. Inexigibilidade de conduta diversa

. Coação moral irresistível

6. Insuficiência de provas para a condenação: in dubio pro reu.

B. Condenação menos gravosa

1. Circunstância atenuante (parte geral do CP).

2. Causa especial de diminuição de pena (específica a cada crime).

3. Desclassificação. Ex.: crime de roubo, mas não houve violência do réu: desclassifica

o crime para furto.

4. Substituição de pena de prisão por pena restritiva de direitos.

5. Suspensão condicional da pena (sursis).

6. Pena mínima: conforme as circunstâncias judiciais, pede-se a fixação da pena no

mínimo legal.

Em sede de alegações finais de defesa, vigora-se o chamado princípio da eventualidade. É

possível a cominação de pedidos alternativos, ainda que sejam, entre si, contraditórios.

Conclui-se que o direito de defesa é amplo e que mais de uma tese de defesa pode ser

alegada, conforme as peculiaridades do caso concreto e a estratégia do advogado.

06.09.13

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DO JUIZ

Sujeito processual que exerce a jurisdição.

. INDEPENDÊNCIA: juiz deve ser independente. Para tanto, há um rol de garantias (art. 94, 95

da CF/88).

. IMPARCIALIDADE: art. 252 e 254, CPC. A imparcialidade é garantida pela existência de causas

de impedimento ou suspeição.

. JUIZ SINGULAR X JUÍZO COLEGIADO

Juiz singular = uma pessoa física (monocrático).

Juízo colegiado = turmas, câmaras, etc. Art. 253.

. JUIZ TOGADO X JUIZ LEIGO

Juiz togado: de carreira (aqueles que fizeram concurso).

Juiz leigo: há duas situações. Nas auditorias militares, que funcionam em conselhos, há juízes

leigos (oficiais do exército, da polícia militar, com patente superior ao réu). Nos triburais do

juri, os jurados são juízes leigos.

Art. 448. As hipóteses de suspeição e impedimento são as mesmas para os juízes leigos.

Art. 449.

. JURISDIÇÃO

Traduz-se em dever, poder e atividade.

Dever:

O juiz está proibido de se negar a prestar jurisdição, uma vez provocado. Ainda que a lei tenha

lacuna, deve ser suprida pelas demais fontes do direito.

Poder:

Exercício de poder dado ao juiz por delegação de funções do Estado.

Atividade:

Os atos jurisdicionais constituem a própria atividade do juiz.

Eles estão classificados em: despacho, decisão interlocutória ou sentença. O juiz também

pratica atos administrativos, como requerer força policial, limitar o número de partícipes de

uma audiência, fiscalização do serviço do foro, etc.

. COMPETÊNCIA – art. 69 e ss.

São sete critérios de determinação de competência no processo penal.

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Regra geral: foro do lugar do cometimento da infração. O código penal adotou a teoria do

resultado para terminar o lugar de cometimento da infração: será o lugar do resultado do

crime. Se foi apenas tentativa, o último ato.

É comum a utilização de diversos dos critérios para a determinação de competência do juiz.

Ex.: homicídio doloso na praça da Liberdade. Pelo lugar da infração: comarca de BH. Pela

natureza da infração, tribunal do juri. Pela distribuição, chega-se à vara.

1. Lugar da infração – regra geral.

2. Prevenção – art. 83.

Falhando o critério do lugar da infração (crime na divisa), torna-se prevento o juiz que primeiro

praticou um ato jurisdicional relativo ao caso (obviamente que dentre os juízes

potencialmente competentes), mesmo que anterior ao oferecimento da denúncia (ex.: decreta

prisão preventiva).

Utiliza-se a prevenção para definir o foro do lugar da infração nos casos de crime permanente

e crime continuado. Art. 71.

3. Domicílio do réu – art. 72.

Este critério só é utilizado se for desconhecido o lugar da infração.

Domicílio é o lugar onde a pessoa reside com o ânimo de permanecer.

Em casos em que o réu tem diversos domicílios, vale-se do critério da prevenção entre os

possíveis.

Caso se trate de ação penal privada, o querelante pode optar pelo foro do lugar da infração ou

no domicílio do réu.

4. Natureza da infração – art. 74

Art. 5º, inciso 30. Natureza da infração determina a competência de tribunal do juri.

Crimes eleitorais são julgados pela justiça eleitoral; crimes militares julgados pela justiça

militar: competência fixada pela natureza da infração.

5. Distribuição – art. 75

Em comarcas com um único juiz, não há distribuição. Em comarcas com diversas varas de

mesma competência, passa-se pela distribuição.

10.09.13

Em algumas comarcas, como BH, há varas especializadas em inquérito policial. Na fase do

inquérito, o processo fica nessas varas e, com o seu encerramento, há a distribuição.

6. Conexão e continência – arts. 76 a 80

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O direito civil dá um conceito de conexão e continência que será distinto do conceito

processual penal. O CPP diz que há conexão nas hipóteses mencionadas no art. 76.

I. Conexão temporal; por concurso de pessoas; etc.

II. Ex.: Conexão entre crime de homicídio (ex.: matou a testemunha) e contra o

patrimônio.

III. Ex.: Conexão entre crime de furto e de receptação.

O art. 77 trata das hipóteses de continência (uma coisa contida em outra).

Um fato que contém várias infrações, ex.: acidente de avião em que houve x mortos e y

feridos. Uma só infração pela qual responde mais de uma pessoa.

Art. 79 – unidade de processo e de julgamento nas hipóteses de conexão e continência. Há

exceções a essa regra, isto é, separação do processo e julgamento ou somente do julgamento;

pode ser uma separação obrigatória ou facultativa.

I. Crime comum conexo com crime militar. A justiça comum julga o crime comum e a

justiça militar, o outro.

II. Crime praticado por maior em concurso com menor. O menor infrator receberá

tratamento previsto pelo Juizado da Infância e Juventude e o outro pela justiça

comum.

§ 1º: art. 152 – suspensão do processo em razão de doença mental superveniente de um réu.

Caso de separação obrigatória do processo – ficará suspenso aquele sob o qual houve causa

superveniente e os demais permanecerão.

Art. 80 – estabelece uma possibilidade de separação facultativa por decisão fundamentada do

juiz, embasada em motivo relevante para a justiça.

Os fundamentos da unidade processual nos casos de conexão e continência são: economia

processual; facilidade na produção de provas; garantia de não contradição entre decisões

judiciais.

Ex.: processo no qual há réu preso e outros em liberdade. Processo contra réu preso tem que

ter prioridade e encerrar no prazo máximo legal. Nesse caso, o juiz pode separar os processos

embasando-se nisso.

Art. 78.

Inciso I: Crime de estupro conexo com homicídio. Crime de ocultação de cadáver conexo com

homicídio. O primeiro é de competência de juiz singular, ao revés, o homicídio é de

competência do júri. Prevalece a competência do júri.

Inciso II: jurisdição de mesma categoria.

Crime de roubo em BH e o produto do roubo (conexão) foi objeto de receptação em Betim. A

pena do roubo é maior que a da receptação. Competência da comarca de BH.

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Crimes de furto em três residências em BH. Venda do produto do furto em Betim (crime de

receptação). A pena de ambos os crimes é a mesma; mas a competência será de BH (maior

número de infração).

Nos demais casos (mesmo número de infrações e mesma gravidade), estabelece-se a

competência pelo critério da prevenção.

Inciso III: Crime de competência do Tribunal conexo com crime de competência da primeira

instância. Prevalece a competência do Tribunal.

Inciso IV: Crime de tráfico de drogas (vara especializada de tóxicos) conexo com crime de furto

(justiça comum). Prevalece a competência da vara especializada. Crime de competência

estadual conexo com crime de competência federal. A justiça federal é uma especialização em

razão da matéria e, assim, prevalece a competência federal.

Essa regra só não é observada no caso de justiça militar com justiça comum e juizado da

infância e juventude e justiça comum (exceções do art. 79).

7. Prerrogativa de função (em razão da pessoa) – art. 84 a 87.

Foro privilegiado definido na Constituição para as chamadas ações penais originárias (ação

penal que na sua origem é proposta em um Tribunal).

O capítulo VII do CPP prevalece apenas naquilo que não contrariar a CF/88; os demais

dispositivos estão revogados.

Crime comum: definidos no código penal e legislação extravagante penal. Crime de

responsabilidade: previsto no art. 85 da CF/88 e os mencionados na Lei 1079/50.

Nas hipóteses elencadas na Constituição de competência de cada um dos Tribunais há diversas

que se referem à competência em razão da pessoa.

Ex.: governador do Estado que praticar crime será julgado no STJ (art. 105 da CF/88).

O entendimento jurisprudencial majoritário é de que o STF só tem competência originária em

ações penais originárias nos casos de prerrogativa em razão da função. Nesses casos, quase

sempre opta pelo desmembramento dos processos conexos que não há a prerrogativa. Há

algumas poucas exceções na história, como o caso do mensalão, no qual não houve o

desmembramento.

Vários dispositivos do CPP referem-se ao Tribunal de apelação, que não mais existe. Deve-se

compatibilizar o Código com a atual organização judiciária (significa tribunal de 2ª instância da

justiça ordinária, isto é, Tribunal de Justiça ou TRF). Outra terminologia ultrapassada: prefeito

do DF. Hoje se tem governador do DF.

Ainda na competência por prerrogativa de função, é possível que as Constituições estaduais

ampliem a competência de tribunais estaduais (TJ’s), desde que não contrariem a CF/88;

devem ser consultadas nessa matéria.

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Art. 96 da CF/88. Competência dos TJ’s. Tribunal de justiça julga prefeitos, juízes. Na

Constituição de MG, por exemplo, prevê que compete ao TJMG julgar os deputados estaduais.

Essa regra não está na CF/88, mas o estado pode definir uma competência por prerrogativa de

função na sua respectiva constituição estadual.

Em resumo: para resolver problemas de competência, consulta-se:

1. Constituição Federal

2. Constituição Estadual

3. Lei Federal Ordinária que trate de matéria processual penal (art. 21 da CF/88) – é

competência da União legislar sobre direito penal.

4. Código Processual Penal

5. Lei de Divisão e Organização Judiciária Estadual (trata das comarcas de cada estado, diz

qual número de varas, o território de atuação de cada comarca e cria varas

especializadas em comarcas).

6. Regimento interno dos Tribunais (em se tratando de competência de tribunal). Em

MG, há sete câmaras criminais, com 5 desembargadores cada.

O STF e o STJ podem ter competência originária ou competência recursal.

1. Competência originária – STF (art. 102); STJ (art. 105). Dentre os casos nos quais a ação

é diretamente proposta nesses tribunais, há os casos de ação penal originária que são,

majoritariamente, sobre prerrogativa de função; de habeas corpus e de revisão

criminal (sentença penal condenatória transitada em julgado).

2. Competência recursal – inciso II: ordinária (RHC). Inciso III: STF – recurso extraordinário

(matéria constitucional); STJ – recurso especial (matéria de direito federal).

Essa ideia (competência originária e recursal) se repete para os demais tribunais do país. TRF’s

– art. 108. Tribunais de Justiça (recurso das decisões de juízes de direito; competência

originária na CF/88 e Constituição estadual).

13.09

PROCEDIMENTOS

Ao se falar sobre procedimentos, a primeira coisa a se pensar é a necessidade de justiça.

A lei valoriza ao máximo a oralidade, sendo que a audiência pode, inclusive, ser gravada (e se

for, não precisa ter nenhuma documentação escrita). Isso garante a agilidade na audiência e

evita mal entendidos. O CPP tem capítulos integralmente novos sobre o assunto, que se inicia

no art. 394.

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PROCEDIMENTO COMUM:

1. Ordinário. crimes com pena de prisão máxima igual ou superior a 4 anos. Art. 394, I.

2. Sumário: crimes com pena de prisão menor que 4 e maior que 2 anos. Praticamente

para crimes de pena máxima de 3 anos. Ex.: homicídio culposo. Art. 394, II.

3. Sumaríssimo: crimes de competência do juizado especial criminal infrações

penais de menor ofensivo. Lei 9099/95 (art. 61: são todas as contravenções penais e

crimes com penas de até 2 anos) – competência do JESP criminal. Art. 394, III. A Turma

Recursal do juizado especial (grosso modo, espécie de 2ª instância) é composta por

três juízes de primeira instância designados pelo TJ. Minas Gerais tem uma das

melhores estruturas de Juizado Especial Criminal do Brasil (regionalização e

interiorização do JESP).

PROCEDIMENTO ESPECIAL:

No CPP:

I – crimes de competência do júri → art. 406/497.

II – crimes de responsabilidade de funcionário público → art. 513/518

III – crimes contra a honra → art. 519/523

IV – crimes contra a propriedade imaterial → art. 524/530-I

Na legislação especial:

A lei especial criminal quase sempre traz disposições de direito processual.

A Lei 8.038/90 regula a tramitação das ações penais originárias (instâncias superiores) →

procedimento especial (art. 1º/12).

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Arts. 394 a 405.

Procedimento ordinário crime com pena igual ou superior a 4 anos.

I. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA

Art. 41. A primeira coisa que deve vir na denúncia ou queixa é a narrativa do fato criminoso;

isso garante o direito de defesa do réu, na medida em que ele tem conhecimento do fato do

qual está sendo acusado. Deve haver a individualização do crime.

Em seguida, deve haver a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa

identifica-lo (o desejável é a identidade civil, mas, quando desconhecida esta, a identidade

física será suficiente) art. 259 CPP. Deverá ainda conter a classificação do crime, o que

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significa que deve estar indicado em artigo da lei penal; isso serve para saber qual o juízo e

qual o procedimento.

Finalmente, quando necessário, também deve estar indicado qual o rol de testemunhas (até 8

testemunhas no procedimento ordinário, 5 no sumário e 3 no sumaríssimo).

Tem-se inépcia da inicial quando os requisitos do art. 41 não são cumpridos.

II. DECISÃO JUDICIAL

Oferecida a denúncia ou a queixa, vai à decisão do juiz, que pode proferir uma decisão de

recebimento (art. 396) ou uma decisão de rejeição (art. 395).

a. Recebimento da denúncia ou queixa: juiz ordena a citação do acusado → CPP, art.

396. Se o juiz recebe a denúncia ou queixa, o procedimento prossegue, sendo que o

magistrado ordena a citação do réu para aviar resposta à acusação.

A citação será o primeiro momento que determina a suspensão do processo.

Se a decisão é de recebimento, não cabe qualquer recurso, o réu deve contestá-la por

meio de habeas corpus.

b. Rejeição da denúncia ou queixa: art. 395.

I – inépcia → inobservância dos requisitos do art. 41.

II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal

III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.

É preciso que o autor ao oferecer a petição inicial instrua essa petição com

documentos que faça com que o juiz possa fazer o juízo de admissibilidade da queixa

ou denúncia. A decisão que rejeita a denúncia ou queixa leva o processo para o

arquivo. Contra esta decisão cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I).

20.09

III. RESPOSTA À ACUSAÇÃO

O réu é citado para oferecer resposta à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias → CPP, arts.

396 e 396-A.

Anteriormente, a resposta à acusação era denominada defesa prévia.

A resposta à acusação deve conter as alegações, requerimento de produção de provas e rol de

testemunhas (até 8 no procedimento ordinário).

Se não há argumento para a absolvição sumária do acusado, os defensores, estrategicamente,

resumem a resposta escrita à negação da denúncia, a fim de que a acusação não conheça seus

argumentos antecipadamente.

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Crítica ao recebimento da denúncia antecipado → o procedimento previsto no CPP possibilita

a ocorrência de decisão judicial (recebimento da denúncia) anterior à manifestação processual

do acusado. O certo seria que este se manifestasse antes do recebimento da denúncia (ampla

defesa e contraditório).

Para impedir que o acusado facilitasse a prescrição da ação, bastaria prever que o prazo

prescricional seria interrompido pela propositura da ação penal condicionada ao seu

recebimento. Atualmente, a prescrição é interrompida pelo recebimento da denúncia.

IV. DECISÃO JUDICIAL

a) Retificação do recebimento da denúncia ou queixa

b) Absolvição sumária → CPP, art. 397

c) Designação de audiência de instrução e julgamento → segundo o artigo art. 400, a

AIJ deve se realizar em até 60 dias.

V. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Antes, os processos tinham no mínimo três audiências: uma para interrogatório do acusado,

uma para oitiva das testemunhas da acusação e uma para oitiva das testemunhas da defesa.

Roteiro da AIJ → CPP, arts. 400 e 401

I – declarações do ofendido (vítima);

II – testemunhas de acusação (arroladas na denúncia ou queixa);

III – testemunhas de defesa (arroladas na resposta à acusação);

IV – esclarecimentos dos peritos;

V – acareações (art. 229) ou reconhecimento de pessoas e coisas (art. 226);

Ocorre acareação quando o declarante é ouvido na presença de outro declarante;

VI – interrogatório do acusado → anteriormente era o primeiro ato da instrução;

VII – pedido de diligências finais (art. 402) → surgimento da necessidade de produção

de provas em virtude do que ficou constatado na instrução do processo;

VIII – alegações finais orais → prazo para acusação e prazo para a defesa → 20 minutos

(dependendo da complexidade do caso, prorrogável por mais 10 minutos);

IX – sentença;

Primeiro se produz a prova de acusação, depois a de defesa.

Se a testemunha da acusação ausentar-se, o MP pode desistir de sua oitiva, para que se

proceda à inquirição das testemunhas de defesa, ou insistir em sua oitiva. Neste último caso, a

AIJ será suspensa.

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VI. MEMORIAIS

Art. 403, § 3º.

Traduzem-se em alegações finais escritas → prazo de 5 dias para acusação e defesa.

VII. SENTENÇA

Deve ser prolatada em até 10 dias.

Se o réu estiver preso, o processo deve ser fechado dentro do prazo legal (soma dos prazos

para a realização dos atos processuais). Ultrapassado esse prazo, o réu deve ser posto em

liberdade (relaxamento da prisão ilegal por excesso de prazo).

CPP, art. 394, §4º → esse roteiro de procedimento é a regra geral do processo penal pátrio.

PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Procedimento sumário crimes com pena máxima de 4 anos.

Arts. 531 a 540.

Diferenças para o ordinário:

Rol de testemunhas → até 5 testemunhas.

AIJ deve ser marcada para os próximos 30 dias.

Na AIJ, não há fase para o requerimento de diligências finais.

Não é permitido substituir as alegações finais orais por memoriais (alegações finais por

escrito).

Carta precatória

Na disciplina dos procedimentos ordinário e sumário, deve-se sempre ter em vista o que

foi disposto no art. 222.

A precatória é expedida para que a testemunha residente em outra comarca, diversa da

que corre o processo, seja inquirida.

Ao expedir a carta precatória, o juiz marcará prazo para o seu retorno, sendo que as partes

devem ser intimadas da expedição.

As partes são responsáveis pelo cumprimento da precatória.

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Carta rogatória → CPP, art. 222-A

A rogatória é destinada à jurisdição estrangeira para inquirição de testemunhas →

depende de relações diplomáticas entre os países → a expedição de carta rogatória deve

ser justificada, demostrando a sua imprescindibilidade. Ademais, as custas da rogatória

(tradutor oficial) são antecipadas, sendo que a parte que arrolou a testemunha residente

no estrangeiro deve pagá-las.

Bibliografia indicada → Aury Lopes Júnior → Curso de Direito Processual Penal, vol. único.

24.09.13

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

Lei 9.099/95 – criação de juizados especiais criminais (estaduais e federais)

Infrações de menor potencial ofensivo: contravenções e crimes cuja pena seja no máximo

de 2 anos, cumulado ou não com pena de multa.

Lei 11.203/2006: nova redação ao art. 61.

Procedimento:

I. FASE POLICIAL

Não há inquérito policial. Termo circunstanciado de ocorrência – TCO (art. 69); trata-se de

um BO (boletim de ocorrência) mais elaborado.

Se a pessoa que praticou uma infração penal de menor potencial ofensivo for chamada e

se comprometer a comparecer em juízo, ela não será sujeita à prisão em flagrante.

O comparecimento a juízo é imediato. Ex.: juizado especial criminal no Mineirão.

No TCO, tem-se: o registro sumário do fato, identificação dos envolvidos (autor do fato e

vítima) e termo de compromisso de comparecer a uma audiência preliminar em dia e hora

determinado no juizado especial criminal.

Aquele que pratica a infração penal de menor potencial ofensivo é chamado autor do fato,

não se pode referir a ele como acusado, indiciado, etc.

A instituição de juizados especiais criminais se traduz em justiça consensual em sede de

direito penal. A ideia de conciliação no processo penal é nova e, hoje, há três hipóteses de

solução consensual no juízo criminal: composição civil dos danos, transação penal e

suspensão condicional do processo.

II. AUDIÊNCIA PRELIMINAR – SOLUÇÃO CONSENSUAL

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1. Composição civil dos danos: acordo que pode acontecer entre o autor do fato e a

vítima e resulta em extinção da punibilidade e encerramento do caso sem nem existir

processo – solução consensual (art. 74). Pode ser aplicado aos crimes de ação penal

privada ou pública condicionada à representação;

2. Transação penal: a CF/88 (art. 98, I) já previa essa possibilidade de solução

consensual (era a única) e veio prevista no art. 76 da Lei; trata-se de acordo entre o

autor do fato (assistido pelo seu defensor) e o Ministério Público em torno de

aplicação imediata de uma pena de multa ou pena restritiva de direito, para que não

se instaure o processo. O juiz homologa o acordo, o autor do fato cumpre os termos da

transação penal e não há processo. A transação penal só pode se dar para réu

primário. Se ele praticar nova infração penal de menor potencial ofensivo, não haverá

a possibilidade de transação penal, a não ser que já tenha se passado 5 anos da prática

da primeira infração. A transação penal, contudo, não gera efeitos civis; a vítima, se

quiser indenização, terá de propor ação própria. Essa é uma das críticas que se faz à

transação penal, já que seria mais fácil resolver tudo consensualmente de uma vez.

3. Suspensão condicional do processo: art. 89. Este instituto, embora esteja na Lei

9099, se aplica a todas as infrações de todos os juízos (justiça comum, tribunais, etc.) e

em qualquer procedimento, desde que a pena mínima cominada seja igual ou inferior

a 1 ano (aqui, não importa a pena máxima). Trata-se de acordo entre o réu e o

Ministério Público, em que se propõe ao réu que ele cumpra algumas obrigações por 2

anos, para que não haja instauração de processo penal e, findos estes, extingue-se o

assunto e o réu preserva a sua primariedade. Suspensão condicional da pena (sursis) é

um instituto diferente, previsto no CP.

4. Projetos de lei hoje em trâmite preveem um quarto instituto de solução consensual.

Trata-se de um acordo entre o réu e o MP, em torno da aplicação de uma pena

privativa de liberdade, sem processo penal. É uma das alternativas para desafogar a

justiça de tantos processos penais. Já é utilizado em diversos países.

A lei Maria da Penha estabelece uma exceção à aplicação da Lei 9.099, determinando

que nos casos de violência doméstica não se aplica a referida lei.

II. NÃO HÁ SOLUÇÃO CONSENSUAL: MP pode oferecer denúncia.

Se não teve composição civil dos danos e nem transação penal, etc., na audiência preliminar, o

MP avaliará se é caso de ação penal e a proporá, e esta seguirá o procedimento sumaríssimo.

Desde o final da audiência preliminar, o MP já pode fazer a denúncia, que na audiência será

oral (reduzida a termo), mas pode ser escrita. O réu já recebe uma cópia da denúncia e isso já

é considerado a sua citação e informando a data da audiência de instrução e julgamento e para

trazer eventuais testemunhas.

III. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 81.

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1. Defesa oral – o advogado do autor do fato fará uma defesa oral.

2. Decisão de recebimento ou rejeição da denúncia – logo em seguida, após a defesa

oral, o juiz decide pelo recebimento ou não da denúncia.

3. Declarações do ofendido.

4. Inquirição das testemunhas de acusação, até o máximo de 3, que vieram arroladas

na denúncia ou queixa.

5. Inquirição das testemunhas de defesa, até o máximo de 3, que foram trazidas para a

audiência de instrução e julgamento pelo autor do fato. Se quer a intimação das

mesmas, tem que requerer em juízo.

6. Interrogatório

7. Debates orais

8. Sentença

Trata-se de maior concentração de atos processuais penais para que o procedimento

sumaríssimo fosse mais rápido. Tudo isso é feito nessa única audiência. Na grande maioria dos

casos, os casos se encerram na audiência preliminar, com a feitura de acordo. São poucos

casos que vão para a audiência de instrução e julgamento e este preza pela oralidade e

concentração dos atos.

No que tange ao recurso, o procedimento sumaríssimo possui algumas particularidades.

No art. 82, a referida lei prevê:

1. Cabimento de apelação.

Se há rejeição da denúncia ou queixa, há extinção do processo; nesses casos, no

processo penal da justiça comum, cabe o recurso em sentido estrito (art. 58, I CPP).

Porém, se o juiz do juizado especial criminal rejeita a denúncia ou queixa, cabe

apelação, assim como no processo civil. Contra a sentença final cabe também

apelação. O prazo para interposição de apelação é de 10 dias e deve se dar via petição

escrita (não pode a termo), na qual já vêm tanto o recurso quanto as razões de

apelação.

Ao revés, o CPP prevê para o processo penal da justiça comum que a interposição de

apelação pode se dar via petição escrita (protocolo de petição apelando) ou a termo

(lavratura de termo de apelação no balcão da secretaria, com assinatura pelo

escrivão). Ele prevê primeiramente a manifestação de inconformismo. São 5 dias para

a interposição da apelação (apenas o recurso, juiz verificará a tempestividade,

cabimento, etc.). Se o juiz aceita a apelação, abre-se o prazo de 8 dias para a

apresentação das razões de apelação.

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Aqui, ao invés do recurso ser julgado por um tribunal, vai para a chamada Turma

recursal do juizado especial criminal, composta por 3 juízes. Turma recursal é

regionalizada. A turma recursal funciona como 2ª instância

Embargos declaratórios à sentença e ao acórdão. Art. 83.

No CPP, art. 382 e 619, o prazo é de 2 dias. Na lei do juizado, é de 5 dias, seguiu a linha

do processo civil.

27.09 – PEGAR? Ver se teve aula.

01.10.13

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

Cap. I (arts. 503 a 512) foi revogado pela Lei de Falências.

I) Procedimento especial para CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Arts. 513 a 518 do CPP.

Pode haver julgamento antecipado da lide em se tratando de matéria exclusivamente de

direito.

Art. 514 – defesa preliminar – 15 dias.

Defesa preliminar é aquela que se dá antes do juiz aceitar a queixa ou denúncia. Consagra o

direito de defesa e contraditório e deveria ser aplicado a todo procedimento, mas hoje no

ordinário a defesa só se dá após a apresentação da queixa ou denúncia.

Súmula 330 do STJ: é desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP na

ação penal instruída por inquérito policial. Se houve prévio inquérito policial e o funcionário

público dele teve conhecimento, não é preciso se cumprir o art. 514. Marcelo Leonardo acha

essa súmula.

Art. 518 – no mais, observam-se as regras do procedimento ordinário, a única particularidade

é a defesa preliminar.

II) Procedimento especial para CRIMES CONTRA A HONRA

Arts. 519 a 523 do CPP.

Cap. III se refere apenas aos crimes de calúnia e injúria, mas analogicamente adota-se este

procedimento também no caso de difamação.

Art. 520 – prévia audiência de conciliação. Único dispositivo do CPP que prevê audiência de

conciliação. Oferecida a queixa, o juiz deve mandar intimar para uma audiência de tentativa de

conciliação o querelante e o querelado.

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É muito comum a retratação nessa fase e, com isso, a extinção da punibilidade. É possível até o

estabelecimento de indenização na conciliação.

Art. 523 – exceção da verdade – querelado produz prova de que o que disse sobre o

querelante é verdade.

Na calúnia, é sempre possível a oposição da exceção de verdade; na difamação, cabe apenas

caso se trate de ofensa a funcionário público e em razão de suas funções; na injúria, não cabe

exceção da verdade em nenhuma hipótese.

A exceção da verdade assemelhasse ao instituto da reconvenção do processo civil.

No mais, o rito segue a previsão conforme a sua pena (pela qual se estabelece se o

procedimento será ordinário, sumário ou sumaríssimo).

III) Procedimento especial para CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

Arts. 524 a 530 I.

Prévia medida cautelar preparatória da ação penal, para que se faça uma prova pré-

constituída da materialidade da infração. Aqui, o autor não pode requerer a abertura de

inquérito policial, mas sim de medida cautelar preparatória da ação penal.

Pretenso autor deve requerer medida cautelar; juiz então ordenará uma busca e apreensão

dos objetos que constituem prova da materialidade da infração; haverá então a realização de

perícia cujo resultado será prova ou não do cometimento do crime. Caso constitua prova do

crime, o autor pode então entrar com a ação penal.

Prazo decadencial para a propositura da ação penal é menor que o geral, apenas de 30 dias

contados da homologação do laudo pericial.

A prova da materialidade da infração é uma condição de procedimentabilidade específica

desses crimes.

Art. 164 e ss. do CP tratam destes crimes.

IV) Procedimento especial para CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

CF/88, art. 5º, XXXVIII → cláusula pétrea

Arts. 406 a 497. Foi objeto de reforma da Lei 11.689/2008. O Tribunal do Júri é competente

para julgar os crimes dolosos contra a vida (consumados ou tentados).

Origem histórica do Tribunal do Júri: surgiu na Inglaterra após a Magna Carta de 1215. Uma

das conquistas democráticas da época foi o de o próprio povo julgar determinados crimes.

É uma instituição muito valorizada nos EUA.

No Brasil, desde a Constituição de 1824, houve previsão constitucional do Tribunal do Júri.

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Hoje a forma de seleção e composição do Poder Judiciário é republicana, por meio de

concurso. Na Assembleia Constituinte de 88, foi trazida a discussão sobre a extinção do

tribunal do júri. A Constituição de 88 trouxe o tribunal do júri no âmago do art. 5º (inciso

XXXVIII) e, portanto, o tratou como cláusula pétrea (não pode ser objeto de emenda).

Ao júri é assegurado: o sigilo dos votos e a soberania dos veredictos.

Soberania dos veredictos do Tribunal do Júri: a decisão de mérito dos jurados, para absorver

ou condenar, não podem ser reformada por Tribunal. É possível, contudo, mandar o réu a

novo júri, em razão de nulidade processual ou de decisão manifestamente contrária à prova

dos autos. Havia uma terceira hipótese (recurso de protesto por novo júri) que foi extinta em

2008.

A Constituição de 37 (Estado Novo) não previa a soberania dos veredictos do Júri; o CPP, de

1941, em sua redação original, não previa a soberania dos veredictos. O CPP foi alterado após

a Constituição de 46.

Em 2008, alterou-se todo o capítulo do CPP relativo ao Tribunal do Júri para que houvesse um

aprimoramento do instituto.

Procedimento está dividido em duas fases:

Primeira fase: Denúncia – Pronúncia.

Na primeira fase, há instrução feita perante o juiz (colhimento de provas).

Pronúncia é a decisão interlocutória do juiz que envia o processo para julgamento do Júri →

juízo de admissibilidade da denúncia exarado pelo juiz sumariante.

Segunda fase: Pronúncia (transitada em julgado) – Julgamento pelo Júri (sentença).

Em Belo Horizonte, tem-se duas varas de Júri. Em cada vara, há um juiz sumariante (preside o

sumário, nome antigo para a instrução) e um juiz presidente. A primeira fase do procedimento

corre toda perante um juiz sumariante. Com o trânsito em julgado da pronúncia, o processo

passa a ser presidido pelo juiz presidente do Júri, que prolata a sentença ao final do

julgamento. Numa comarca do interior, só tem um juiz de direito que será o juiz sumariante e

o juiz presidente no Tribunal do Júri.

PRIMEIRA FASE:

(bem semelhante ao procedimento ordinário)

1) Oferecimento da denúncia ou queixa, segundo as regras do art. 41. Aponta até 8

testemunhas.

2) Recebimento (art. 406) ou rejeição (art. 396) da denúncia ou queixa.

3) Citação do réu.

4) Resposta à acusação por escrito. 10 dias. Conteúdo: art. 406, § 3º (art. 396 A).

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5) Rol de testemunhas de até 8.

6) Manifestação do MP (art. 409) em 5 dias sobre: preliminares e documentos. Essa

manifestação não é prevista para o procedimento ordinário e só acontecerá aqui se a defesa

tiver juntado documentos ou arguido preliminar.

7) Audiência de instrução:

A. Declarações do ofendido (tentativa de homicídio, por exemplo).

B. Oitiva das testemunhas de acusação.

C. Oitiva das testemunhas de defesa.

D. Esclarecimentos de perito.

E. Acareações e/ou reconhecimento de pessoas ou coisas.

F. Interrogatório (do réu).

G. Debates – alegações finais orais.

8) Decisão judicial

A. Pronúncia: art. 413. Decisão interlocutória que faz um juízo de admissibilidade da

acusação. São necessários dois requisitos: prova da materialidade de crime doloso

contra a vida; indícios suficientes de autoria. § 1º.

Juiz pronuncia o acusado. É a única das quatro espécies que faz com que o julgamento

do júri aconteça.

Não é sentença, pois não encerra o processo, mas tão somente a primeira fase.

No proferimento de decisão de pronúncia, o juiz deve fazer a classificação legal do

fato, que pode ou não ser aquela dada na denúncia. Ele entende que há um crime na

categoria de doloso contra a vida consumado ou tentado e deverá indicar a quais tipos

penais se refere o fato.

Juiz deve, por fim, decidir pela prisão ou liberdade do denunciado, de acordo com os

requisitos do art. 312.

Art. 478, I.

Contra a decisão de pronúncia cabe recurso em sentido estrito (art. 581, IV).

B. Impronúncia: art. 414.

Contra a impronúncia cabe recurso de apelação (art. 416), isso porque ela tem

natureza de sentença (encerra o processo).

Impronúncia resulta em arquivamento.

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C. Desclassificação: art. 419. Se o juiz entende que não há crime doloso contra a vida

consumado ou tentado, realiza a desclassificação. Ex.: desclassificação de tentativa de

homicídio para lesão corporal.

D. Absolvição sumária: art. 415.

Contra a absolvição sumária cabe recurso de apelação (art. 416), pois ela encerra o

caso.

SEGUNDA FASE: PROCEDIMENTO ESPECIAL DO JÚRI

Art. 422. Acusação e defesa devem apresentar previamente o rol de testemunhas (não pode

haver testemunha chave surpresa, o conteúdo do testemunho até pode).

Antes, tinha-se libelo: peça de acusação do MP e contrariedade: peça de defesa. A reforma de

2008 acabou com essas duas peças.

Art. 479. Antecedência mínima para juntada de documentos.

Art. 427. Desaforamento.

I. FORMAÇÃO

Do conselho de sentença. Art. 453/472.

- Presenças: pregão para verificar a presença das pessoas necessárias para o

julgamento. Cláusula de imprescindibilidade da testemunha (no momento em que a

testemunha é arrolada) → a ausência da testemunha arrolada com esta cláusula pode

adiar o julgamento

- Jurados: sorteio de 25 pessoas. Toda comarca tem uma lista anual geral de jurados.

10 dias antes do julgamento o juiz realiza sorteio de 25 nomes. Para a sessão de

julgamento acontecer, o quórum mínimo é de 15 jurados.

- Conselho de sentença: sorteio de 7 jurados dos 25 para compor o conselho. As partes

podem recusar até 3 jurados sem justificar o motivo da renúncia. Obviamente que se

for legalmente impedido, será afastado. As mesmas hipóteses que impedem o juiz de

julgar, impedem os jurados de votar (causas de impedimento) → a quantidade de

jurados impedidos não é computado para efeitos de atingimento de quórum

necessário (15).

- Compromisso dos jurados: art. 472. Incomunicabilidade → os jurados não podem

conversar entre si e nem com terceiros (diferente do sistema anglo-saxão, no qual os

jurados debatem entre si para chegar a uma decisão). O projeto do novo CPP prevê a

supressão dessa incomunicabilidade.

Hoje, a quebra da incomunicabilidade pode gerar a nulidade do júri.

II. INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO

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Art. 473/475. Produção de provas.

a. Declarações do ofendido.

b. Depoimento das testemunhas de acusação máximo 5.

c. Depoimento das testemunhas de defesa máximo 5 para cada réu.

Os jurados podem fazer perguntas às testemunhas por intermédio do juiz.

d. Acareações e esclarecimentos do perito.

e. Leitura de peças: antes de 2008, se as partes requeressem ao juiz a leitura de peças

do processo, o juiz deveria acatar. Após a reforma, a leitura de peças foi

veementemente limitada (art. 473, §3º).

f. Interrogatório do acusado.

III. DEBATES: alegações orais feitas na sessão de julgamento.

Art. 476/481.

a. Acusação. 1 hora e 30 min (um réu). Dois ou mais réus: acrescido de uma hora. 2

horas e 30 min.

b. Defesa. 1 hora e 30 min (um réu). Dois ou mais réus: 2 horas e 30 min.

Pode haver segunda fase de debates, facultativa. Depende exclusivamente da vontade

do MP de fazer réplica.

c. Réplica. 1 hora (um réu). Dois ou mais réus: 2 horas.

d. Tréplica. 1 hora (um réu). Dois ou mais réus: 2 horas.

Nas ações com mais de um réu, os prazos para réplica e tréplica são contados em

dobro.

08.10.13

IV. JULGAMENTO

a. Quesitos

Art. 483 → simplificação dos quesitos

juiz → questionário → quesitos:

I – materialidade

II – autoria / participação

III – absolvição

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Se o veredito decidir pela não absolvição (condenação), formular-se-á quesitos sobre

agravantes e atenuantes.

b. Votação

Cédulas de votação → sim / não

c. Sentença:

Absolvição: sentença curta, que não exige elevada fundamentação.

Condenação: a condenação em si está justificada pela votação dos jurados e é tarefa

do juiz fazer a aplicação da pena: sistema trifásico.

Todos saem devidamente intimados da sentença (5 dias para apelação).

Apelação:

5 dias. Art. 593, III. Hipóteses de retorno do réu a julgamento no tribunal do júri

A. Ocorrência de nulidade, acolhida pelo tribunal de justiça, e isso pode acontecer

quantas vezes forem necessárias. O advogado tem de apontar na hora a nulidade,

protestando contra o ato nulo.

Nulidade de ordem pública e de caráter absoluto.

A parte que deu causa a nulidade não pode alega-la.

Não há limite para este tipo de apelação. Nesse caso, caberá apelação todas as vezes

que ocorrer nulidade;

B/C. Sentença do juiz – TJ pode reformar a sentença.

D. Mérito – TJ pode cassar a decisão de mérito dos jurados se for manifestadamente

contrária à prova dos autos.

As alíneas “b” e “c” se referem à sentença proferida pelo juiz togado. Nesse caso, o

Tribunal pode proceder à devida ratificação da sentença (§§1º e 2º).

DESAFORAMENTO DO JÚRI

Art. 427 → deslocamento do julgamento perante o júri de uma comarca para outra.

Em principio, o réu deverá ser julgado na comarca do local da infração. Entretanto, algumas

situações excepcionais podem motivar o desaforamento do julgamento para outra comarca.

V. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS: LEI ESPECIAL – PEGAR ESSA PARTE.

Lei 11.343/2006.

Art. 54 e 55.

Lei 8.038/90.

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15/10/13

PROVAS

TEORIA GERAL

As provas obtidas por meios ilícitos não podem ser usadas (CF/88). Meio lícito é um conceito

amplo que pode ser entendido como aquilo que é permitido por qualquer lei. Art. 5º, LVI.

Art. 157, CPP: diz qual o destino da prova ilícita, além de conceitua-la.

Reserva de jurisdição: somente por decisão judicial fundamentada é que se pode ter a quebra

de determinados sigilos.

Forma legal de produzir as provas: se a prova não for produzida em conformidade com a

previsão do CPP, será considerada ilícita.

Lei 9296: interceptação telefônica.

PRINCÍPIOS

Liberdade quanto à produção de provas, desde que obtidas por meios lícitos.

Perícia de engenharia: só pode ser feita por engenheiro com registro no CREA + ART (Anotação

de Responsabilidade Técnica). Se não tiver, deve-se arguir a ilicitude da prova.

Art. 157, § 4º: vetado. Juiz que tomar conhecimento da prova ilícita fica impedido de julgar a

causa. Para o Marcelo Leonardo, isso deveria ter sido mantido, uma vez que pode afetar o

entendimento do juiz. A razão do veto foi a suposta dificuldade de substituição do juiz. Mas,

ainda assim, o juiz pode alegar suspeição por foro íntimo se não quiser julgar.

Há três sistemas de valoração das provas (art. 155, 2º).

A) Hierarquia legal das provas: confissão tinha um valor superior, ainda que houvesse

diversas outras provas em sentido contrário. Nos últimos tempos, isso não tem mais

sido adotado.

B) Convicção íntima: se o julgador entendeu pela condenação ou absolvição, pode

fazê-lo baseado na sua convicção íntima. Vigora para tribunal do júri.

C) Livre convencimento: pressupõe decisão judicial fundamentada. As provas têm o

mesmo valor (plano horizontal).

CPP/REFORMA

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Foi preciso adaptar o CPP às diversas premissas da Constituição, a exemplo do art. 155.

Art. 197: valor da confissão: igual das demais provas.

Art. 192.

Art. 155. Ressalva para a prova cautelar ou não repetível: é única, não é controvertida, e, por

isso, pode ser usada.

A princípio, o ônus da prova é da acusação. Não existe inversão do ônus da prova no CPP como

no CPC.

Uma audiência para o interrogatório antigamente era o primeiro ato da instrução. O CPP teve

uma primeira mudança em 2003, quando a lei disse que precisava de ter a presença no

interrogatório do acusador e do defensor. Houve outra mudança em 2008, e o interrogatório

passou a ser o último ato de instrução na audiência de instrução e julgamento, não sendo mais

uma audiência em ato em separado.

22/10/13

MEIOS DE PROVA – art. 158 e ss.

1. PERÍCIAS

Art. 161.

Infração que deixa vestígios (sinais materiais no corpo de delito) em um ser de qualquer

natureza que sofreu alteração pelo cometimento do crime (pessoa, cadáver, documento,

animal, pedra, etc). Quando o crime deixa sinais, tem-se o exame de corpo de delito, que pode

ser direto (pessoa ferida vai ao IML para ser avaliada) ou indireto (pessoa ferida é mandada

para o hospital).

Perícia feita por perito oficial pode ser feita apenas por um perito. As partes podem indicar

assistente técnico, formular quesitos e pedir esclarecimentos do perito em audiência. Art. 159.

Recomenda-se fazer a perícia de óbito até no máximo 6 horas após a morte. Nos casos de

lesão corporal, não se pode contar apenas com o exame de corpo de delito, deve ter também

exames complementares específicos, já que não se pode supor que as lesões vão causar danos

por certo tempo, é preciso ter certeza.

2. PALAVRA DO RÉU

2.1. Interrogatório: réu tem direito a ser assistido por defensor ao ser interrogado,

além de poder se reunir previamente com o mesmo, inclusive para ser orientado a

permanecer em silêncio. O CPP prevê uma exceção: interrogatório por

videoconferência para evitar a condução do preso e sua eventual fuga. Entretanto,

essa medida perdeu a força porque o interrogatório passou a ser a última medida; a

AIJ é o último ato processual. Art. 185: é possível o interrogatório por vídeo-

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conferência. Contudo, isto não tem aplicação, pois houve uma mudança maior que foi

no procedimento. O interrogatório por video-conferência cercearia o direito de defesa

do acusado? O defensor ficaria ao lado do preso ou ao lado do juiz?

Depois que passou a ser possível a acusação e a defesa fazerem perguntas ao réu,

surgiu um debate se o advogado do co-réu pode fazer perguntas ao réu.

2.2 Silêncio: réu pode optar pelo silêncio, direito constitucionalmente previsto. Por

ocasião do interrogatório pode se ter o silêncio e a confissão do réu.

2.3 Confissão: se o réu confessa, em geral, não se discute mais a autoria do crime.

2.4 Retratação

Retratação da autoria: na fase de instrução, o indiciado confessa sua participação no

crime, mas depois, em audiência, se retrata, alegando violência ou coação policial.

3. PALAVRA DO OFENDIDO

O réu, assim como o ofendido (vítima), quando é ouvido presta declaração, pois não é

obrigado a dizer a verdade. Caso contrário é o da testemunha que presta depoimento e se

compromete com a verdade, sob pena de incorrer no crime de falso testemunho.

Na reforma de 2008, procurou-se buscar corrigir essa deficiência e estabelecer os direitos da

vítima no processo penal. O art. 201 não se limita a tratar da palavra da vítima, também

tratando dos direitos da vítima no processo penal.

A lei instituiu um direito da vítima de ser comunicada se um acusado está preso ou está solto.

Art. 201: assegura várias garantias à vítima no processo. § 6º exibição da pessoa do ofendido x

do réu/acusado.

Parágrafo quinto: programas de proteção à vítima.

Parágrafo sexto: proteção da vida privada, intimidade, imagem e honra do ofendido. Pela

primeira vez tem-se um dispositivo que se de um lado ele procura preservar a garantia da

honra da vítima, por outro isso está criando um cerceamento de liberdade de imprensa e

instituindo um meio de censura.

A palavra do ofendido vai ser analisada livremente pelo juiz, assim como a do réu.

Conflito entre palavra do réu e palavra da vítima:

É muito comum nos crimes clandestinos, dos quais são exemplos os crimes sexuais, os

tribunais admitirem que a condenação seja baseada exclusivamente na palavra da vítima,

desde que esta seja coerente e verossímel. Crimes clandestinos são crimes que não têm

testemunha.

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Aceita-se a palavra da vítima como o único meio de prova a ensejar a condenação, desde que

seu depoimento seja coerente, sua narrativa dos fatos não seja eivada por contradições e não

haja motivos para duvidar da idoneidade da vítima.

Há uma jurisprudência forte nos tribunais brasileiros em aceitar a palavra da vítima como meio

de prova.

4. TESTEMUNHAS

A prova testemunhal é historicamente a prova mais utilizada nos processos criminais em geral.

É raríssimo haver um processo criminal sem inquirição de testemunhas.

Art. 202 e ss. Em regra, o depoimento é recolhido oralmente. As pessoas mencionadas no art.

221 podem optar em testemunhar por escrito.

Se a testemunha estiver fora da jurisdição do juiz do processo, será ouvida mediante

expedição de carta precatória. Juiz deve estabelecer prazo razoável para que a precatória seja

devolvida, de tal forma que não ocorra atraso no processo em razão disso. Art. 222.

Testemunha pode ser ouvida por carta rogatória se morar fora do país. Art. 222 A.

Deve-se fazer uma demonstração de que o depoimento (por carta precatória ou rogatória) é

necessário para o esclarecimento da causa. O requerente arca com os custos disso.

Recusa da testemunha de prestar depoimento: art. 206.

Proibição de depor: art. 207. Segundo o estatuto da OAB, o advogado é proibido de depor,

sem cabimento da ressalva.

Suspeita sobre a testemunha: falta de credibilidade da testemunha deve ser alegada antes do

colhimento de seu depoimento. Isso é a chamada contradita.

Com a reforma de 2008, passou-se a admitir que as partes formulem perguntas diretamente

para a testemunha. Quando a audiência é gravada, é mais ágil; quando tem que ser digitado, o

juiz dita para o escrivão o que foi dito.

Se uma testemunha for intimada para comparecer, não compareceu e nem justificou a

ausência, o juiz marca outra data e conduz a intimação coercitivamente. É a chamada

condução coercitiva.

A pessoa intimada a depor, deve prestar o depoimento. Só o acusado tem o direito de exercer

o silêncio.

5. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Art. 226 e ss. Para que o reconhecimento de pessoas e coisas seja lícito, deve ser feito nos

termos do CPP.

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É possível o reconhecimento por fotografia, desde que a regra seja seguida (misturar a foto

com outras e pedir para o ofendido ou testemunha apontar o suspeito livremente).

6. ACAREAÇÃO

Art. 227. Duas pessoas divergem quanto fato essencial do processo: juiz pode chama-las para

ouvi-las uma diante da outra.

7. DOCUMENTO

Art. 231 e ss. Art. 479.

A produção da prova documental no processo penal pode se dar no final, não precisa ser no

início.

Preferencialmente deve ser juntada a cópia autenticada do documento, mas se a cópia simples

for juntada e ninguém questionar, pode ser admitida.

A grande diferença entre prova documental no processo penal e prova documental no

processo civil é a grande liberdade dada para a apresentação de documentos.

Art. 231: há exceções, tais como no art. 479, no tribunal do júri. Eventualmente podem ser

juntados documentos novos na fase da apelação.

8. INDÍCIOS

Art. 239.

Indício é uma circunstância conhecida que se relaciona com alguma desconhecida que se

deseja provar, deduzindo-a. Não é prova direta, mas indiciária.

Três referências no CPP que o juiz pode decidir com base em prova indiciária: art. 413, 312 e

126; decretação de prisão preventiva, concessão de medida cautelar, etc.

Art. 413 e 312: indícios de autoria e prova da materialidade podem levar ao julgamento pelo

tribunal do júri.

Não se pode dizer que prova indiciária vale menos que outra prova. Mas até em função das

dúvidas que se tem sobre a prova indiciária, é importante chamar a atenção para o fato que as

decisões podem ser dadas exclusivamente sobre provas indiciárias. Um exemplo é a

pronúncia. Outro é sobre prisão preventiva (art. 312). Outro exemplo é o art. 126.

Ademais, o juiz pode condenar o réu com base exclusivamente em prova indiciária.

DA BUSCA E APREENSÃO

Apesar de estar no capítulo de meios de prova, trata-se de medida cautelar através da qual se

pode obter uma prova.

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O mandato de busca só pode ser emitido por juiz (art. 5º, X CF/88).

SEGUNDA PROVA: SÓ CAI PROCEDIMENTOS.

25.10

NULIDADES

Muitas vezes se aproveitará o ato viciado. A noção geral é de instrumentalidade das formas:

evita-se o formalismo excessivo e busca-se aproveitar o máximo possível os atos.

1. Princípio do prejuízo – art. 563.

Nenhum ato será declarado nulo se do ato não resultar em nenhum prejuízo às partes.

O ato foi feito em desconformidade com a previsão legal (irregular).

2. Princípio art. 565.

Ninguém pode alegar a própria torpeza.

Parte está presente na audiência na qual o ato nulo foi praticado: ela está concorrendo para a

nulidade. Por isso, tem que mostrar seu protesto no momento em que ocorre a nulidade,

senão concorre com ela.

Se a observância da formalidade do ato só é de interesse da parte contrária, não pode alega-la.

A parte só pode alegar nulidade que causou prejuízo a ela mesma. Réu não pode alegar

nulidade que causou prejuízo ao autor e vice-e-versa.

3. Art. 566.

É preciso que o ato processual que se seja declarar nulo seja relevante para a causa, que influa

na decisão da causa.

4. Princípio da finalidade

Se o ato processual foi praticado de forma irregular, mas atingiu a sua finalidade, deve ser

aproveitado.

Ex.: finalidade do ato de citação: dar conhecimento ao réu do processo e a oportunidade de

apresentar defesa. Se é feito de forma irregular mas atinge essa finalidade, é aproveitado.

Quando se fala em nulidade, do ponto de vista doutrinário, faz-se uma distinção entre:

Ato inexistente: aquele que não chegou a nascer juridicamente por faltar requisito essencial.

Ato anulável: aquele que existe, tem vício, e, se vier a ser alegado, é anulado.

Ato nulo: é aquele que nasce com defeito e desde o início seus efeitos não valem.

Esta classificação não foi adotada pelo CPP.

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A classificação do CPP é:

Nulidade absoluta ou insanável: as demais nulidades elencadas no Código que não houver

menção de saneamento são nulidades absolutas, por exclusão.

Nulidade relativa ou sanável: elenca expressamente as nulidades sanáveis e diz a forma para

que sejam sanadas.

Rol numerus clausus: art. 564, I, II, III (a/p), IV e parágrafo único.

Art. 568. Nulidade por ilegitimidade do representante da parte: sanável. Solução: juntada de

procuração que ratifica os atos praticados anteriormente pelo procurador no processo.

Não confundir com ilegitimidade da parte (art. 564, II). Nulidade absoluta.

Art. 569. Nulidade relativa (“poderão ser supridas a todo o tempo”). A parte final está

revogada: desde a CF/88, não existe mais ação penal ex officio, a ação penal nas contravenções

penais não mais começam com portaria ou ato de prisão em flagrante. Toda ação penal se

inicia com oferecimento da denúncia ou queixa, conforme requisitos do art. 41 do CPC. Se não

cumpriu os requisitos, esta nulidade é relativa, pode ser corrigida até a sentença final.

Art. 570. Nulidade relativa (...“estará sanada...”). Os atos de comunicação processual (citação,

intimação ou notificação) viciados podem ser aproveitados se o interessado comparecer em

juízo. O comparecimento espontâneo supre a deficiência do ato de comunicação processual.

Art. 571. A lei define o momento processual próprio para uma nulidade relativa ser arguida. Se

não for arguida no momento correto, ocorre preclusão: a parte não pode mais alegar a

nulidade, seu silêncio sanou a nulidade.

Art. 564, I c/c art. 567. A jurisprudência diz que se a incompetência decorre de desrespeito a

norma constitucional, trata-se de incompetência absoluta: anula-se o processo inteiro.

Ex.: crime previdenciário que correu na justiça estadual. Pela Constituição, crime

previdenciário com dano a INSS (autarquia federal), é julgado pela justiça federal. Assim, o

processo é integralmente nulo.

Ao revés, diante de um problema de competência territorial (deriva de norma de organização

judiciária estadual): crime praticado na comarca de Barbacena e processo correu na de Santos

Dumont. Segue-se a previsão do art. 567.

Art. 564, II. Nulidade absoluta.

Art. 564, III.

a. Nulidade absoluta.

b. Nulidade absoluta.

c, segunda parte: revogado pelo CCB. Não há mais curador para o menor de 21 anos, o maior

de 18 anos já tem plena responsabilidade civil, não precisa de curador até os 21.

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Ausência de defensor (item c): nulidade absoluta.

d.

e.

f. decisão de pronúncia*. Peça de acusação: libelo – revogado.

h. testemunhas arroladas na forma do art. 422, não existe mais libelo.

p. Tribunais de apelação = tribunais de 2ª instância (TJ ou TRF).

Sobre o assunto nulidades, ler: “Nulidades no processo penal”. Cândido Rangel Dinamarco e

mais dois autores.

29.10.13

SENTENÇA

Art. 381, ss. CPP.

Juiz exerce atos administrativos e atos de poder de polícia quando limita o número de pessoas

em audiência, comanda a audiência, etc. Mas os atos do juiz que importam ao processo são os

ligados à atividade jurisdicional e se dividem em:

DESPACHO: ato do juiz que não tem conteúdo decisório. Ex.: cite-se; marca data de audiência;

etc. O Código emprega a terminologia de forma indiscriminada e muitas vezes incorreta.

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: ato do juiz que decide uma matéria incidental ou prejudicial, no

curso do processo, sem por termo ao mesmo. No direito processual civil, contra decisão

interlocutória sempre cabe agravo. No direito processual penal, há decisões interlocutórias

recorríveis e irrecorríveis. Ex.: decisão interlocutória de decretação de prisão preventiva:

irrecorrível. Contra ela cabe apenas ação de habeas corpus. Decisão interlocutória de

indeferimento de prisão preventiva: recorrível. Cabe recurso em sentindo estrito. A decisão

que admite ou inadmite o assistente do MP é irrecorrível. Único remédio para pugnar esta

decisão é impetrar mandado de segurança.

SENTENÇA: ato do juiz com conteúdo decisório que põe termo ao processo, com ou sem

julgamento do mérito. Cabe apelação.

Quando, na nova disciplina legal do tribunal do júri, o CPP trata das decisões proferidas pelo

juiz na primeira fase do procedimento do júri, ele corretamente se refere à pronúncia

enquanto decisão. Ao revés, no capítulo de nulidades, designa a pronúncia de sentença. Isso

porque este não foi reformado recentemente e aquele sim.

Art. 416. Contra sentença de impronúncia cabe apelação. A impronúncia é sentença, pois põe

termo ao processo, resulta em seu arquivamento.

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A sentença de mérito será condenatória quando julga a ação penal procedente e absolutória

quando julga a ação penal improcedente.

Requisitos da sentença – art. 381.

Incisos I e II: compõem o chamado relatório da sentença. Identificação das partes, pedido da

acusação e defesa.

Inciso III: motivação ou fundamentação de fato e de direito da sentença. Art. 93, IX da CF/88.

Apenas despachos não precisam de fundamentação, decisão e sentença sim, sob pena de

nulidades.

Fundamentação de fato: exame probatório. Juiz formará sua convicção sobre os fatos através

da análise da prova. O Brasil adota a teoria do livre convencimento (provas tem valor abstrato

idêntico e são pesadas conforme o caso concreto).

Em alguns recursos a lei veda a análise de fatos, podendo apenas alegar-se questões de

direito. Ex.: recurso especial.

Fundamentação de direito: necessidade de o juiz evocar a lei, sua interpretação e aplicação

(conhecimentos de doutrina e jurisprudência) ao caso concreto. Juiz tem de dar aos fatos a

classificação legal adequada.

Inciso IV: indicar especificamente os dispositivos do CPP.

Inciso V: parte dispositiva da sentença que contém a absolvição ou condenação. Apenas a

parte dispositiva forma coisa julgada.

A data da sentença é considerada, para fins de prazo, a data da publicação.

O recurso em face da sentença só pode se dar para recorrer contra a parte dispositiva da

sentença e não sobre os motivos. Ex.: réu é absolvido por ausência de provas. Não pode

recorrer para ser absolvido por outros motivos.

Embargos declaratórios – art. 382 e 619 (acórdão).

Recurso é pedido de reforma da parte dispositiva da decisão judicial baseado em

inconformismo da parte vencida. Neste sentido, os embargos declaratórios não tem natureza

jurídica recursal, apesar de assim serem chamados na prática forense.

Nos embargos declaratórios, a parte faz um pedido de declaração do juiz acerca da sentença,

por conter obscuridade, omissão ou contradição. Trata-se de esclarecimentos do juiz sobre sua

decisão pelo fato de a parte não tê-la entendido.

É possível interpor embargos declaratórios em face de acórdãos (2ª instância).

Bem verdade, pode ocorrer eventualmente modificação da decisão em virtude de suprimento

da contradição, omissão ou obscuridade. Esses são chamados de embargos declaratórios com

efeitos infringentes ou modificativos.

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Em muitos casos, se interpõe embargos declaratórios contra decisão interlocutória, assim

como contra sentença, por analogia, apesar de não haver previsão legal.

Art. 382. O prazo para interposição de embargos declaratórios é de 2 (dois) dias no processo

penal, contados da respectiva intimação. Ao revés, no processo civil é de 5 dias. O prazo para

embargos de acórdãos do STF é de 5 dias, tanto para processo penal quanto civil. No Juizado

especial criminal, o prazo é de 5 dias (art. 83 da Lei 9.099/95).

Se a sentença foi proferida na audiência de instrução e julgamento, as partes saíram intimadas

da audiência.

O defensor público e o MP têm de ser intimados pessoalmente. O defensor constituído deve

ser intimado via publicação no D.O.U. Quanto à sentença, tanto o defensor quanto o réu

devem ser intimados, sendo que o réu deverá ser intimado pessoalmente (por oficial de

justiça). É muito comum haver uma diferença de data entre a intimação do réu e do seu

defensor; nestes casos, o prazo para interpor embargos declaratórios ou apelação conta a

partir da intimação do último, seja do defensor ou do réu.

Nova definição jurídica do fato (nova classificação legal):

O juiz é que tem a jurisdição, o poder de dizer o direito; ao longo do caso, houve uma

classificação legal dada ao fato, na fase do inquérito, pelo delegado, na defesa, pelo réu e na

acusação pelo autor (se for denúncia, classificação do MP). O juiz é quem vai dar a palavra final

e pode dar uma nova classificação legal.

Art. 383. Nova definição jurídica ao fato narrado (mesmo fato). Emendatio libeli.

Art. 384. Mudança no fato. Mutatio libeli.

Obs.: libelli → acusação; mutatio → mudança; emendatio → correção.

Quando o réu é citado para se defender, na denúncia contra ele oferecida há uma narrativa do

fato e uma classificação legal do fato pelo MP. Ele se defende contra os fatos narrados na

denúncia ou queixa e não somente contra a classificação dada.

O juiz pode dar ao fato nova definição jurídica. Desde que o fato seja o mesmo, não há

problema. O que não pode acontecer é uma condenação de alguém por fato pelo qual não foi

acusado (ofensa à ampla defesa). Se o fato que o juiz entende que aconteceu é o mesmo que

está narrado na denúncia ou queixa, o juiz pode mudar a classificação legal a ele dada, seja

para desclassificá-lo ou agravá-lo.

Ex.: Réu denunciado por furto e sair condenado por roubo. Não tem qualquer problema se o

fato narrado na denúncia for o mesmo admitido na sentença.

Diz-se que deve haver uma correlação entre o fato objeto da imputação e o fato objeto da

condenação, isto é, entre a conduta narrada na denúncia e o fato reconhecido na sentença.

Se há mudança no fato, a ordem das providências a serem tomadas é outra; o juiz não pode

sumariamente condenar o réu a fato diverso do narrado na denúncia ou queixa.

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Juiz reconhece mudança do fato objeto da acusação porque no curso da instrução surgiu uma

prova de circunstância elementar que não estava prevista na exordial.

Abertura de vista ao MP (prazo de 5 dias) para que realize aditamento da denúncia. Acrescenta

na denúncia o fato que não estava narrado na exordial.

Se o juiz recebe o aditamento, réu pode fazer nova defesa e arrolar novas testemunhas.

Nova audiência de instrução e julgamento e, por fim, sentença.

Obs.: súmula 453 do STF → não se aplica mutatio libelli à segunda instância, pois impossível a

reabertura da instrução → o Tribunal deverá absolver tecnicamente o réu por falta de

condição da condenação.

Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que

o MP tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma

tenha sido alegada, desde que provada nos autos.

As qualificadoras e as causas especiais de aumento de pena devem ser previstas na denúncia.

Já as agravantes, por serem genéricas, podem ser reconhecidas pelo juiz, mesmo que não

sejam alegadas.

Sentença absolutória

Ao absolver o acusado o juiz deve mencionar explicitamente qual o fundamento da absolvição,

indicando o inciso correspondente do art. 386.

A sentença absolutória, dependendo do fundamento, impede a propositura de ação cível pelo

mesmo fato. Se a absolvição fundar-se na ausência de provas para a condenação, poder-se-á

ajuizar ação cível, buscando a produção de provas que não foram obtidas no juízo penal.

Art. 386 → o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que

reconheça:

I – estar provada a inexistência do fato;

II – não haver prova da existência do fato

III – não constituir o fato infração penal;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22,

23, 26 e §1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua

existência;

VII – não existir prova suficiente para a condenação.

Os incisos I e II relacionam-se com materialidade do delito.

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O inciso III relaciona-se com a tipicidade da conduta.

Os incisos IV e V relacionam-se com a autoria do delito.

No inciso IV, o réu pode ter um álibi provando que não estava no local do crime quando

ocorreu. No inciso V, não existe prova de autoria.

O inciso VI relaciona-se com as causas de exclusão da antijuricidade (ilicitude) e da

culpabilidade. Na reforma de 2008, colocou-se no texto do código algo que a doutrina e a

jurisprudência admitiam, que é a parte final do inciso VI. Onde houver fundada dúvida de uma

das causas de exclusão, dever-se-á absolver o réu.

O inciso VII é reflexo da adoção do princípio in dubio pro reo.

Parágrafo único → na sentença absolutória, o juiz:

I – mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade → não era a regra no DPP pátrio → eventual

apelação interposta pelo MP não terá efeito suspensivo, sendo que o réu poderá ser colocado

em liberdade;

II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;

III – aplicará medida de segurança, se cabível.

Apenas quando o réu for absolvido pela inimputabilidade aplica-se a medida de segurança.

Não se condena inimputável (haverá absolvição imprópria) e não se aplica medida de

segurança ao condenado.

O parágrafo único se refere a efeitos da sentença absolutória. Na redação de 1941, se o réu

estivesse respondendo ao processo preso e fosse absolvido, para ele ser posto em liberdade

era preciso esperar o trânsito em julgado da sentença absolutória. Se contra a sentença

absolutória o MP tivesse interposto apelação, a apelação tinha efeito suspensivo, não se

podendo conceder a liberdade. Em relação ao julgamento do tribunal do júri, se o réu fosse

absolvido pelo júri, ele só seria posto em liberdade se a absolvição fosse por unanimidade. Em

1973, houve uma mudança no Código e ela veio estabelecer que se o réu fosse primário de

bons antecedentes, assim reconhecido na sentença, ele poderia apelar em liberdade. Se o juiz

entendesse que o réu não era primário e nem de bons antecedentes, expedir-se-ia o mandado

de prisão. Em 1973 vigorava o art. 594 e 595, hoje revogados. Para apelar, o réu tinha que se

recolher na prisão. Se o réu fugisse, considerava-se deserta a apelação. Hoje a interposição da

apelação não fica condicionada à prisão. A sentença absolutória produz efeito imediato e a

apelação à sentença absolutória não tem efeito suspensivo.

Sentença condenatória:

A fundamentação para absolver é uma fundamentação que faz análise da prova e reconhece

uma daquelas 7 hipótese que faz prever a absolvição do réu. Se não se tem um daqueles 7

casos, tem-se uma fundamentação para condenar. No caso da sentença condenatória, é

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preciso haver uma segunda fundamentação quanto à aplicação da pena. Muitas vezes

defronta-se com sentença condenatória sem a fundamentação fática de aplicação da pena.

Essa sentença é nula, por falta de fundamentação.

Método trifásico: fundamentação da pena envolve o método trifásico. Pena-base: art. 59. O

juiz tem de se reportar às oito circunstâncias judiciais analisando a prova produzida nos autos.

O réu tem direito de saber a fundamentação dessas circunstâncias. Segundo: aplicação das

atenuantes e ou agravantes, que são genericamente previstas no art. 60 a 62 do CP. Em uma

terceira operação, as causas especiais de aumento ou diminuição de pena, que são aplicáveis

segundo a parte especial do código. Cada uma destas operações tem de estar justificada, além

da aplicação. Deve-se, ainda, especificar o regime inicial de cumprimento da pena.

Na reforma de 2008, acrescentou-se o inciso IV ao art. 387 em homenagem à vitima. Já se

admite na sentença condenatória o juiz fixar o valor mínimo do dano causado pelo crime. Essa

lei é de caráter processual, podendo ser aplicada desde logo. É preciso que a acusação tenha

feito pedido e tenha existido contraditório. A jurisprudência do STJ entende que, não tendo

havido pedido na inicial de indenização, nem tendo havido debate sobre isso no processo, não

se poderá surpreender o réu com o valor da condenação. Deve-se fazer o pedido, para não

violar o Princípio da Demanda.

O juiz deve ser inerte e não deve atuar sem ser demandado. V: essa alusão de medida de

segurança não vigora mais com o Código Penal, pois só cabe medida de segurança em

sentença absolutória.

Parágrafo primeiro: casos de prisão provisória: prisão por pronúncia, flagrante, temporária,

preventiva e sentença condenatória recorrível. Para que o juiz mantenha o réu preso, ele

precisa justificar, sendo, portanto, três fundamentações: uma para condenar, outra de

aplicação e outra para manter o réu preso. Parágrafo único: o juiz decidirá

fundamentadamente. Na condenação, se houver ordem de prisão ou ordem para a

manutenção da prisão deve-se ter fundamentação.

Parágrafo segundo: detração em direito penal. Tempo de prisão consta para quaisquer efeitos.

Prisão administrativa não tem mais no código de processo penal.

Em relação à sentença condenatória, então, tem de se ter três fundamentações diferentes.

Antes da reforma, o réu respondia ao processo em liberdade e se ele não fosse preso ele não

poderia recorrer. Hoje, o réu pode apelar sem o recurso à prisão e o seu recurso pode ser

julgado mesmo o réu estando foragido.

Proferida a sentença, deve haver a intimação da sentença, para que possa correr o prazo da

apelação, que é de 5 dias no CPP. AIJ: não precisa de intimação. Se houver a sentença na AIJ,

todos já estão notificados. Se o juiz profere a sentença no gabinete e o escrivão junta a

sentença aos autos, dever-se-á haver a publicação. Deve-se fazer a intimação pessoal do MP e

do Defensor Público constituído. A defesa e acusação pode ser publicada também em diário

oficial de justiça.

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Se há sentença condenatória, o réu deve ser pessoalmente intimado, sendo intimado o

defensor e o réu. O réu deve ser intimado por mandado, ou por carta precatória, ou por edital

de intimação.

A jurisprudência dos tribunais brasileiros historicamente consagrou que se o réu ao ser

intimado da sentença escreve “apelo ou recorro”, deve-se importar em manifestação de

recurso e deve-se fazer informar o defensor dativo.

A apelação pode ser feita por: petição ou termo de apelação.

Recomendação das corregedorias: toda vez que o oficial de justiça intimar o réu preso por

sentença condenatória, deve-se levar junto um termo de apelação. O termo de apelação

estará pronto e será absolutamente tempestivo.

A lei manda fazer a intimação pessoal do defensor público.

RECURSOS

Recurso é pedido de reforma ou modificação da decisão judicial, baseado no inconformismo

da parte vencida, manifestado no próprio processo em que foi proferida a decisão, dirigido ao

magistrado que a exarou ou a órgão judiciário de instância superior, que adia a formação da

coisa julgada.

O que é recurso? É pedido de reforma ou modificação da decisão judicial, baseado no

inconformismo da parte vencida, dirigido ao próprio juiz que proferiu a decisão ou a órgão de

jurisdição superior, adiando a coisa julgada. Diante deste conceito de recurso, tem-se três

institutos a serem examinados:

1 – embargos declaratórios

2 – habeas corpus

3 – revisão criminal

O CPP trata no capítulo sobre recursos de três institutos, que, na essência, não possuem

natureza jurídica de recurso. É preciso fazer uma leitura crítica do CPP. Em relação aos

embargos declaratórios à sentença, estão previstos no art. 382, no próprio capítulo sobre a

sentença. Os embargos declaratórios a acórdãos aparecem no art. 619. Em ambos os casos, os

embargos devem ser interpostos no prazo de dois dias, sejam à sentença ou à acordão. A parte

apenas pede que o tribunal o juiz declare a sentença. Não se está pedindo propriamente a

reforma ou modificação da decisão. Pode se ter excepcionalmente efeitos modificativos. O

julgamento dos embargos declaratórios acaba modificando o julgado. Boa parte da doutrina

sustenta que os embargos declaratórios não têm natureza jurídica de recurso, sendo mero

pedido de declaração de sentença.

Em segundo lugar, está no capítulo relativo aos recursos a disciplina do Habeas Corpus. Art.

647 e seguintes. Habeas corpus, contudo, não tem natureza de recurso. Habeas corpus é uma

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ação constitucional com finalidade de tutela de bem jurídico (a liberdade de locomoção).

Habeas corpus é instrumento adequado para atacar decisão judicial que ordenou prisão. Dá-se

origem a um processo próprio. Excepcionalmente habeas corpus pode atacar decisão judicial,

mas nem por isso ele fica descaracterizado de sua natureza jurídica de ação.

Em último lugar, tem-se a revisão criminal, mencionada no art. 621 do CPP. A revisão criminal

também não é recurso, ela tem natureza jurídica de ação. Grosso modo, trata-se de ação

rescisória do processo civil que tem natureza de ação autônoma de impugnação de coisa

julgada (ataca sentença penal condenatória transitada em julgado) e também não é recurso.

Art. 621: revisão criminal tem cabimento limitado. A lei admite em casos excepcionais a

revisão criminal. Só cabe revisão criminal contra sentença condenatória transitada em julgado.

Sentença absolutória é coisa julgada intransigível. Não cabe revisão criminal contra sentença

absolutória, sendo que uma pessoa processada por um fato não pode ser processada pelo

mesmo fato. A revisão criminal só tem cabimento quando das situações dos incisos do art.

621. São as duas grandes hipóteses de revisão criminal instituídas para corrigir o erro

judiciário. Em relação à revisão criminal, não existe prazo no processo penal. É diferente do

prazo da ação rescisória do processo civil. No processo penal admite-se até a revisão criminal

do réu que foi condenado e já cumpriu a pena. A revisão criminal pode ser proposta até pelos

familiares do réu que já morreu, para se ter uma reparação da memória, além da indenização

que pode resultar para o Estado. A única exigência para se entrar com revisão criminal é a

certidão do trânsito em julgado.

Princípio do duplo grau de jurisdição: pode ser deduzido da constituição federal, na medida em

que ela organiza o poder judiciário em graus de jurisdição, sempre estabelecendo na justiça

comum ou especial a previsão de um órgão com competência para prever as decisões de um

órgão de competência inferior. A constituição adotou o duplo grau de jurisdição na medida em

que desta forma organizou o poder judiciário. Para o processo penal, pode-se mencionar o

duplo grau de jurisdição presente na convenção americana de D. H., que integra o

ordenamento jurídico pátrio pelo decreto 678/92. Do ponto de vista de finalidade, há uma

razão de natureza psicológica para que se permita a parte vencida no processo recorrer. É

muito mais fácil ela se conformar com a decisão desfavorável caso seja ratificada por decisão

de outro órgão. Há também o argumento que os tribunais são compostos de juízes mais

experientes que podem orientar a uniformização da justiça.

É claro que os tribunais também podem errar. É famosa a frase de Nelson Hungria de que o

STF tem o privilégio de errar por último. Eventualmente pode-se ter uma decisão em primeira

instância correta e uma de segunda instância contrária. É claro que quando se fala em

irrecorribilidade, enfrenta-se a natural oposição de se falar em celeridade na prestação

jurisdicional. A medida que se tem juízes escolhidos pelo critério do concurso público, há quem

diga que se o juiz decidiu, está decidido, de modo a terminar o processo mais rápido. É

conveniente que o juiz de primeiro grau saiba que suas decisões devem ser revistas. Isto tudo

envolve o problema da irrecorribilidade das decisões judiciais, como que para evitar o

problema ditatorial dos juízes. Evidentemente, tem de se por limites na possibilidade de

recursos. Daí porque na evolução do processo penal brasileiro tem se defendido muito a

limitação do cabimento do recurso e em reformas recentes tenha se extinguido alguns

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recursos criminais. O “protesto por novo júri”, por exemplo, acabou em 2008. No processo

penal tem-se até menos recursos do que no processo civil. Apenas algumas decisões

interlocutórias cabem recurso, sendo que há decisões interlocutórias irrecorríveis no processo

penal.

Decorre da própria organização do Poder Judiciário pátrio.

Princípio previsto no art. 8º, item 2, alínea “l”, da Convenção Americana de Direito Humanos.

EFEITOS:

1. DEVOLUTIVO

Devolve-se o exame da matéria recorrida ao órgão recursal (autoridade de instância superior).

No recurso em sentido estrito, a matéria é primeiramente devolutiva a quem a julgou em

primeira instância. Vale ressaltar que a matéria apreciada será a discutida no recurso. Ex.:

recurso discutindo a quantum da pena, não sobre a condenação. Importante na apelação

contra tribunal do júri.

2. SUSPENSIVO

Suspendem-se os efeitos da decisão recorrida. Pode ser total ou parcial.

Art. 584. Interposto recurso em sentido estrito o julgamento é suspenso, mas a prisão não é

(efeito suspensivo parcial).

Art. 596. Réu ao ser absolvido é imediatamente posto em liberdade.

3. EXTENSIVO

Só ocorre no direito penal. Ex.: dois réus condenados; o primeiro, intimado da sentença

condenatória, entrou com apelação; o outro, não recorreu, deixou a sentença transitar em

julgado. Se o tribunal absolve o primeiro réu em sede de apelação, em razão de circunstância

objetiva (falta de materialidade da prova, por exemplo). Neste caso, o tribunal deve dar à

sentença efeito extensivo ao corréu, para também absolvê-lo.

Art. 580 CPP.

REQUISITOS PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS

Quando do julgamento de um recurso, há um exame da presença dos requisitos objetivos e

subjetivos que se traduzirá em uma decisão de conhecimento ou não. Se o tribunal conhece o

recurso, pode lhe dar provimento ou não (julgamento de mérito).

I. SUBJETIVOS:

a) Interesse em recorrer

Vinculado à utilidade da reforma para o recorrente (parte vencida) → sucumbência.

Desconformidade entre o que foi pedido e o que foi decidido. Podemos ter uma

sucumbência parcial ou total (pedido negado por inteiro). A parte só tem interesse em

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recorrer se foi vencida no feito e a reforma lhe trará uma utilidade. Ex.: condenação

com pena prescrita → réu recorre para ter sentença absolutória. Marcelo Leonardo

entende que o tribunal deve reconhecer a apelação, mas alguns entendem que não,

porque não haverá diferença na prática.

b) Legitimidade para recorrer

É preciso que a lei tenha dado à parte recorrente o direito ao recurso → tem de ser

parte legítima para recorrer. Há alguns recursos que apenas a defesa pode interpor, e,

assim, o MP seria ilegítimo para fazê-lo. O assistente do MP pode recorrer sozinho de

algumas decisões judiciais (as que põe em perigo seu direito à indenização dos danos

decorrentes do crime); mas, em alguns casos, ele não tem legitimidade para recorrer.

II. OBJETIVOS

a) Cabimento

É preciso que a lei tenha dito que a decisão é recorrível. Se é irrecorrível, não é cabível

recurso.

O requisito do cabimento pode ser abrandado pela regra da fungibilidade (art. 579),

isto é, aproveitar um recurso pelo outro. A decisão é recorrível, mas a parte entrou

com a espécie recursal incorreta: tribunal conhece do recurso, como se fosse o

adequado, desde que os demais requisitos subjetivos e objetivos tenham sido

preenchidos, sobretudo o prazo para interposição.

b) Regularidade formal

O CPP prevê duas formas de interposição dos recursos criminais, quais sejam,

mediante petição ou termo. Alguns podem ser interpostos de ambas as formas e

outros apenas por petição.

A apelação e o recurso em sentido estrito podem ser interpostos tanto por petição

quanto por termo.

No processo penal, há dois momentos na interposição do recurso: o momento de

recorrer e o momento de apresentar as razões de recurso. O primeiro se traduz tão

somente numa manifestação de inconformismo. Recebido o recurso, será aberta vista

dos autos, com novo prazo, para que apresente as razões do inconformismo.

A petição para interposição de recurso é bem simples, coisa de um parágrafo, apenas

demonstrado o inconformismo.

Termo é um documento firmado pelo escrivão criminal. O réu ou advogado comparece

no balcão da secretaria para lavratura de termo recursal.

As corregedorias de justiça recomendam que o oficial de justiça, ao intimar réu preso

de sentença condenatória, deve levar juntamente o termo, para que réu já demonstre

seu inconformismo.

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No caso de apelação contra sentença do Juizado Especial Criminal, a parte recorre e já

apresenta as razões do recurso concomitantemente (art. 82 da Lei 9.099).

“Cota do réu”: réu lança no mandato de intimação “ciente, apelo da sentença” ou

“ciente, recorro”. Isso se trata de manifestação inequívoca do réu de que queria

recorrer. O entendimento é de que diante dessa manifestação o juiz deve abrir vista ao

defensor para apresentação das razões recursais. Atenua-se o requisito regularidade

formal em prol da ampla defesa.

Recurso especial (STJ) e recurso extraordinário (STF) → recursos interpostos apenas

por petição. Esta deve atender requisitos formais especiais.

Em matéria de recurso especial e recurso extraordinário, o processo penal ainda é

regulado pela Lei 8.038/90 (Lei de tramitação de ações e recursos nos Tribunais

Superiores) → ver art. 26.

c. Tempestividade

O recurso há de ser interposto dentro do prazo processual para tanto.

Na apelação, o prazo para apelar é de 5 dias; interposto o recurso, se o juiz o recebe,

abre-se vista ao recorrente e ao recorrido, sendo o prazo de 8 dias para razões e

contrarrazões de apelação.

O requisito da tempestividade recursal deve ser analisado apenas no primeiro prazo:

prazo para recorrer. Se eventualmente as razões forem apresentadas fora do prazo,

isso não impede o conhecimento do recurso.

Claro que na apelação ao Juizado Especial Criminal o prazo é de 10 dias para tudo,

logo, a tempestividade deve ser observada.

Contagem de prazo: não entra o primeiro dia do ato de intimação e entra o último dia.

Se cair o prazo final no fim de semana ou feriado, prorroga-se para o dia útil

subsequente. Prazo inicial só pode começar em dia útil. Fim de semana no meio do

prazo conta normalmente.

d. Preparo

Preparo é o prévio pagamento das custas. Só é exigido nas ações penais privadas.

Na ação penal pública, não se exige preparo, sendo que não há custeio do processo

durante o seu andamento (o réu, se condenado, paga as custas apenas no final do

procedimento; se absolvido, cabe ao Estado pagar as custas).

Art. 222-A → carta rogatória → na ação penal pública é o único caso de custeio para a

realização do ato.

ESPÉCIES RECURSAIS – VISÃO GERAL

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I. APELAÇÃO

Art. 593.

Cabe contra sentença

Pode ser por petição ou termo

Pode ser interposta por réu ou por MP.

Prazo de 5 dias para interpor; prazo de 8 dias para arrazoar.

593, III – apelação contra decisão do júri

OBS:

Apelação no Juizado Especial Criminal

Contra sentença;

Lei 9.099/95, art. 82, §1º;

Interposta por petição;

Prazo de 10 dias para interpor;

Não há prazo para arrazoar (razões apresentadas com a interposição do recurso).

II. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Art. 581.

Cabe contra decisões interlocutórias recorríveis.

Pode ser interposto por termo ou petição.

Apenas pode ser interposto nas hipóteses do art. 581, I ao XXIV.

Pode ser interposto pelo réu ou MP.

Prazo de 5 dias para interpor; prazo de 2 dias para arrazoar.

III. EMBARGOS INFRIGENTES

Art. 609, parágrafo único.

Cabe contra acórdão (que julgou apelação ou recurso em sentido estrito). É interposto no

Tribunal.

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Com base em voto vencido a favor do réu. Caso de decisão tomada por maioria e não

unanimidade.

Pode ser interposto apenas por petição.

Recurso privativo do réu. Se for interposto pelo MP, não será conhecido por ilegitimidade em

recorrer.

Prazo de 10 dias para recorrer.

IV. CARTA TESTEMUNHÁVEL

Art. 639.

Contra decisão que não recebe o recurso em sentido estrito.

Prazo de 48 horas para interpor.

V. RECURSO ESPECIAL

Art. 105, III CF/88 e art. 26 da Lei 8.038/90.

Violação de norma federal.

Pode ser interposto apenas por petição.

Interposto ao STJ.

Prazo de 15 dias para interpor.

Exame de admissibilidade. Não admitido → agravo de instrumento no prazo de 5 dias. No

processo penal é de 10 dias.

VI. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

CF, art. 102, III; Lei 8.038, art. 26.

Violação de norma constitucional.

Interposto apenas por petição.

Interposto ao STF.

Prazo de 15 dias para interpor.

Exame de admissibilidade. Não admitido → agravo de instrumento no prazo de 5 dias.

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VII. AGRAVO DE INSTRUMENTO

Lei 8.038/90, art. 28.

Contra decisão que inadmite REsp ou RE;

Prazo de 5 dias para interpor.

Qual o recurso a ser interposto no caso de não admissão de outro recurso? Depende. Se o

recurso não admitido for uma apelação, cabe recurso em sentido estrito. Se o recurso não

admitido for um recurso em sentido estrito, cabe carta testemunhável. Se o recurso não

admitido for um recurso especial ou extraordinário, cabe agravo de instrumento.

VIII. AGRAVO DE EXECUÇÃO

Lei 7.210/84 (LEP), art. 197.

Contra decisão interlocutória proferida pelo juízo da execução penal. Qualquer decisão

proferida pelo juízo da execução penal, não só as recorríveis. Geralmente são decisões acerca

de progressão de regime, saída temporária, livramento condicional, etc.

Prazo de 5 dias para interpor (não está na lei, jurisprudência que fixou).

Recurso sem efeito suspensivo.

IX. AGRAVO REGIMENTAL

Contra decisões monocráticas de relator/presidente do Tribunal;

Previstos nos regimentos internos dos Tribunais.

Habitualmente, prazo de 5 dias para interpor, mas depende do RI.

OBS: embargos declaratórios não são recursos.

Protesto por novo júri (art. 607 do CPP). Este recurso foi revogado em 2008.

11.11.13

ESPÉCIES RECURSAIS – VISÃO DETALHADA

I. APELAÇÃO

1. Cabimento (art. 593).

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Sentença condenatória/absolutória

Decisões definitivas

Decisão do júri → soberania do veredicto

a) nulidade

b e c) sentença

d) mérito

2. Tempestividade:

5 dias da intimação da sentença (AIJ / julgamento do Júri)

Art. 370

MP → intimação pessoal

Defensor Público → intimação pessoal

Defensor constituído → publicação no DJe

Acusado → intimação pessoal → edital de intimação (lugar incerto e não sabido)

Art. 593, I, II e III: 5 dias.

Prazos: apelar: 5 dias.

Razões de apelação: 8 dias. Recurso de apelação

Vista para apelante para oferecimento das razões de apelação (8 dias)

Vista para apelado para oferecimento das contrarrazões (8 dias)

Art. 600, §4º → oferecimento das razões no Tribunal → vista no Tribunal.

3. Efeitos:

Devolutivo

Devolve o exame da matéria objeto da sentença ao órgão competente para julgar o recurso →

todo recurso tem este efeito → o efeito devolutivo ocorre nos limites do que foi pedido na

apelação → leva-se em conta a petição de apelação;

Obs.: na apelação contra sentença do Júri deve-se indicar a alínea que fundamenta o recurso.

O mais indicado é indicar todas as alíneas, a fim de que o efeito devolutivo se torne amplo.

Suspensivo

Antigamente, a regra era que a apelação interposta pelo MP contra sentença absolutória tinha

efeito suspensivo. Hoje, não há mais essa regra.

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Obs.: apelação contra sentença absolutória por inimputabilidade (aplicação de medida de

segurança) não tem efeito suspensivo.

Arts. 594 e 595 revogados expressamente em 2008 → exigência do réu se recolher à prisão

para interposição de apelação contra sentença condenatória.

Art. 387, parágrafo único → na sentença, o juiz decide, fundamentadamente, se o réu pode ou

não recorrer em liberdade → hipóteses autorizadoras da prisão preventiva (art. 312) →

ressalte-se que o não cumprimento do mandado de prisão não interfere no direito à

interposição de recurso (sem efeito suspensivo).

Em regra, REsp e REx não têm efeito suspensivo.

STJ → sentença condenatória que decide que o réu pode recorrer em liberdade → interposição

de recurso → ao confirmar a sentença, o Tribunal pode ordenar a prisão do réu, mesmo que

haja interposição de novo recurso → Súmula 267

STF → entendimento diverso → in casu, deve-se aguardar o trânsito em julgado da sentença

para se expedir o mandado de prisão.

Extensivo → art. 580

Sentença transitada em julgado para um réu; o corréu interpõe recurso; absolvição pelo

Tribunal fundada na ausência de materialidade do crime → deve-se aplicar o efeito extensivo

do recurso.

Analogicamente, aplica-se o efeito extensivo ao habeas corpus.

Vedação da reformatio in pejus

Ao julgar o recurso, não se pode agravar a situação do réu.

Proibição da reformatio in pejus indireta → se houve sentença anulada, não se pode agravar a

situação do réu na prolação de nova sentença (não se pode aplicar pena superior àquela

anteriormente fixada).

II. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

1. Cabimento:

Rol taxativo de decisões interlocutórias – art. 581, I a XXIII.

2. Tempestividade:

Prazos: recorrer: 5 dias.

Razões: 2 dias.

Efeito devolutivo é primeiro ao próprio juiz que proferiu a decisão recorrida. Possibilidade de

juízo de retratação: manutenção da decisão recorrida, remetendo o processo ao tribunal ou

reforma da decisão.

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Primeiramente, o efeito devolutivo do recurso em sentido estrito se dirige ao juiz que

exarou a decisão. Este pode: a) manter a decisão → remessa para o Tribunal; b) reformar

(juízo de retratação) → nesse caso, o recorrido pode recorrer da decisão advinda da

retratação.

III. EMBARGOS INFRINGENTES

1. Cabimento:

Art. 609, parágrafo único. Acórdão de tribunal com decisão não unânime (maioria) – 2ª

instância (TJ ou TRF). Voto vencido favorável ao réu.

Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu,

admitem‑se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de dez

dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do artigo 613. Se o desacordo for parcial, os

embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou

turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária.

Nos embargos infringentes discutem-se apenas as matérias sobre as quais há divergência.

Limita-se à matéria divergente entre os votos.

Recurso privativo da defesa.

2. Tempestividade:

Prazo → 10 dias

Embargos infringentes no STF: art. 333 do regimento interno.

4 votos vencidos favoráveis ao réu: pode entrar com embargos infringentes na ação penal.

Lei 8038/90: disciplina os processos perante o STF e STJ.

Não existe embargos infringentes no STJ (falta previsão).

3ª prova: 3/12: matéria – prova, nulidade, sentença e recurso.

IV. CARTA TESTEMUNHÁVEL

Cabível fundamentalmente contra o não recebimento de outro recurso – art. 639. Art. 640:

prazo de 48 horas. Deve ser protocolada perante o escrivão diretamente, que a receberá e a

remeterá ao tribunal em 5 dias.

Há mais de um recurso cabível contra decisão que nega recurso: Recurso em sentido estrito

cabe contra decisão que nega seguimento a apelação (prazo de 5 dias). Carta testemunhável

cabe contra decisão que nega seguimento ao RSE. Agravo de instrumento cabe contra decisão

que nega seguimento a REsp ou REx (5 dias).

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V. RECURSO ESPECIAL

Cabível em 3ª instância, STJ.

Art. 105, III CF/88 c/c art. 26 da lei 8.038/90.

Prazo de 15 dias.

Exclusivamente matéria de direito. É vedada a discussão da justiça/injustiça da decisão do

tribunal e é vedado o pedido de reexame de prova. Não cabe também discussão de matéria de

fato, pois envolve exame de prova.

Cabível tão somente para se discutir violação de lei federal; ilegalidade na interpretação ou

aplicação do CPP e do CP.

A CF/88 deseja que a análise de prova se encerre na 2ª instância e que o STJ dê uma

interpretação uniforme da legislação federal. REsp deve ser excepcional.

Cabe contra decisão do TJ ou TRF.

No mesmo prazo, recurso extraordinário, se cabível, quando houver violação de direito

constitucional, perante os respectivos presidentes, em petições distintas, cada uma delas

divididas em três partes.

“Prequestionamento”: a parte deve colocar exclusivamente questão de direito que deve ter

sido anteriormente levantada e submetida à apreciação do tribunal.

Se o acórdão for omisso em relação a questão de direito já levantada, cabem embargos

declaratórios para viabilizar o recurso especial. A parte deve procurar primeiro o tribunal para

que ele se manifeste sobre a questão.

No caso de juizado especial federal ou estadual, o recurso da decisão de primeiro grau é

dirigido às turmas recursais. STJ já afirmou que não julga REsp de acórdão das turmas

recursais.

O art. 102 não delimita contra decisão de quem pode haver recurso extraordinário, ao

contrário do art. 105. Assim, contra acórdão de turmas recursais cabe recurso ao STF, mas não

ao STJ. Mas na verdade a vontade do legislador foi que as causas dos juizados especiais, por

serem mais simples, acabassem na 2ª instância.

Súmula 203 do STJ.

Súmula 7 STJ: a pretensão de simples reexame de provas não enseja recurso especial.

Quando o recurso especial se baseia no art. 105, III da CF/88, a parte deve indicar qual

dispositivo legal foi violado (a lei federal e o artigo).

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VI. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Contra TJ, TRF ou turma recursal de juizado, pois o art. 102 não prevê a limitação do art. 105.

Prazo comum de 15 dias – art. 26 da lei 8.38/90.

Prequestionamento de questão de direito constitucional. Deve ser indicado qual dispositivo

constitucional.

Apenas questão de direito constitucional.

(a) A violação deve ser direta, frontal e não meramente reflexa, implícita, conforme

jurisprudência do STF.

(b) alegação de inconstitucionalidade de lei federal

(c) foi acrescentado para dirimir controvérsia de competência entre STF e STJ. Não tem

aplicação no Direito penal.

Com a emenda 45, o parágrafo 3º foi acrescentado: o recorrente deverá demonstrar a

repercussão geral do caso como condição da admissibilidade do REx. Apenas no CPC há regras

de repercussão geral o que fez alguns alegarem que em matéria de direito penal não caberia

essa exigência, mas o STF disse que cabe.

VII. AGRAVO DE INSTRUMENTO

Art. 28 da lei 8.038/90.

VIII. AGRAVO DE EXECUÇÃO

LEP, art. 197.

Os diversos incidentes da execução penal são objeto de decisão judicial (art. 12) -> cabe

agravo. Prazo por analogia com o RSE (5 dias), processamento igual. O art. 197 diz que não

tem efeito suspensivo. Alguns advogados usam HC com pedido liminar de suspensa da decisão

recorrida ou MS.

IX. AGRAVO REGIMENTAL

Regimento interno STJ e STF. Prazo de 5 dias.

OBS: embargos declaratórios não são recursos.

Protesto por novo júri (art. 607 do CPP). Este recurso foi revogado em 2008

Habeas corpus: art. 647 do CPP -> ação constitucional para tutela da liberdade individual de

locomoção

Embargos declaratórios: art. 682 e 619, que é pedido de declaração de uma decisão judicial

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REVISÃO CRIMINAL

Também não é recurso. É ação autônoma de impugnação da coisa julgada. Dá origem a um

processo novo, tendo como pressuposto exatamente o contrário do que há nos recursos. O

recurso adia a coisa julgada. A revisão criminal é ação sobre a coisa julgada. Ela é feita para

desconstituir uma ação condenatória transitada em julgado. A certidão do trânsito em julgado

da condenação é que vai reconhecer o trânsito em julgado. Ela só cabe contra sentença penal

condenatória. Não é possível propor sentença penal contra sentença absolutória transitada em

julgado, que é imutável.

No direito processual civil, o instituto gênero da revisão é a ação rescisória. Para a propositura

da ação rescisória deve-se observar um prazo decadencial. No caso da revisão criminal, não há

prazo (art. 622). A revisão criminal pode ser proposta até mesmo depois da morte do réu.

Art. 626, parágrafo único: na revisão criminal, não há reformatio in pejus.

Caput do art. 626: trazem as hipóteses de revisão:

a) Alterar a classificação da infração

b) Absolvição do réu

c) Redução da pena

d) Anular o processo (prova nova demonstrando nulidade de caráter absoluto).

Art. 630: referência ao direito à indenização. A revisão criminal será proposta no respectivo

tribunal (seja ele de justiça, federal, ou, originariamente, no STJ e no STF). O regimento interno

é que indicará qual órgão julgar. O TJMG diz que o grupo de câmaras dos tribunais reunidos

que julgará a revisão criminal. Se foi em ação originária do tribunal de justiça (por exemplo,

julgar um juiz), quem julga é a Corte Superior, que é o órgão máximo do TJMG.

Art. 621: são poucas as hipóteses em que é cabível a revisão criminal.

I – decisão manifestamente ilegal, contrária ao texto da lei. Ex: aplicação de lei nova

retroativamente.

Se se teve um pedido de revisão criminal e ele foi negado, só se pode haver nova revisão

criminal se houver prova nova.

II – condenação contrária a evidência dos autos. Demonstra-se a falsidade da prova,

sustentando o erro do judiciário decorrente da condenação fundamentada em prova falsa.

Justificação judicial: prevê a possibilidade de fazer uma prova judicial de determinado fato

(interpretação analógica do CPC).

III – prova nova de inocência. Ex: réu condenado de homicídio que a vítima apareceu viva.

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Art. 630, parágrafo 2o, alínea a: princípio de que ninguém pode se beneficiar da própria

torpeza.