Processo Penal Teóricas.docx

  • Upload
    ritamom

  • View
    248

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    1/99

    1

    Processo Penal

    AULA DE 11/02Nas duas primeiras semanas as aulas de sexta vo ser prticas e no vai haver aulas prticas.Vamos comear por conceitos bsicos e por noes da marcha do processo.

    Fases do processo penal:Primeira fase:Inqurito: dirigido pelo MP com apoio da PJ. a fase em que se faz investigao e isso consisteem percias, aferio de provas atravs de reconstituio do facto, interrogatrio detestemunhas...

    Segunda fase: O MP vai fazer a investigao e depois:1. ou acusa2. ou arquivaSe acusa h instruo, que diferente de um julgamento. Quem pode julgar o juiz ou umcolectivo de 3 juzes ou um tribunal de jri.

    Entre o julgamento e a acusao, o arguido pode pedir a instruo. Isto acontece porque gravoso e lesivo fazer parte de um processo criminal, restritivo de diretos. Tem de se justificar,por a submisso a julgamento criar uma leso, tem de haver base suficiente, tem de haverindcios suficientes. Pressuposto da acusao, artigo 283, n 1 e n 2.

    Terceira fase: Julgamento. O julgamento de processo penal no a audincia de discusso e julgamento, todoo julgamento excepto o que houve que antecipar porque nas fases anteriores s se discute se hou no base para levar o arguido a julgamento. Descobrem-se provas para saber se h indciossuficientes para o levar a julgamento. Se no houver base suficiente o arguido pode pedir ao juizpara no ser submetido a julgamento por no haver base suficiente, atravs da instruo.

    Isto gera alguma repetio: as testemunhas ouvidas em inqurito tm de ser ouvidas em julgamento.O MP age em todas as fases. A prova produzida em todas as fases. H elementos do processocom regime geral, independentemente da fase em que ocorrem. necessrio distinguir o estudoesttico e geral dos elementos do processo e depois a marcha de processo.

    AULA DE 14/02

    Noes bsicas e gerais:

    O que o processo penal?O processo penal a actividade dirigida jurisdio penal - na realidade o processo algo queconflui na actividade, mas no s. No um procedimento administrativo e identificado comuma garantia fundamental dos cidados porque no h pena sem juzo, artigo 29, n 1 CRP -primeira garantia: s se podem aplicar penas e medidas de segurana atravs de sentena, ostribunais tm a jurisdio penal.Entender bem isto: quando se diz que o processo penal a actividade dirigida jurisdio penal,isto abrange: jurisdio = dizer o direito, mas o processo penal no abrange s a fase declarativaem que se diz o direito, tambm abrange as fases executivas - apesar de haver necessidade deorganizao de servios administrativos para executar penas e medidas de segurana privativas

    da liberdade, a execuo tem de ser ordenada pelo tribunal. O ltimo livro do cdigo o dasexecues. O processo a actividade dirigida jurisdio em sentido amplo, no abrange s afase declarativa.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    2/99

    2

    s vezes h processos penais em que no h interveno do tribunal, por exemplo, quando umprocesso arquivado sem interveno do tribunal, pelo MP. Ento pode ser dirigido jurisdioou no - no verdade. Nem todo o processo penal chega ao tribunal, o processo pode terminarantes, mas a jurisdio penal o fim que orienta o processo. Quando se diz que o processo uma actividade dirigida ao processo penal, ela o seu fim.

    Quando se diz quea finalidade do processo a jurisdio penal, o que significa? Que o processopenal est dirigido para punir os criminosos? Se assim fosse, quando o processo chega ao final eno h condenao, h absolvio, falhava algo - isto nas fases declarativas. Mas estas novisam perseguir os criminosos nem investigar os crimes na primeira fase. A sentena absolutria um fim to legtimo como a sentena condenatria e no frusta o processo, realiza-o dedeterminada maneira.Meco: ainda no se sabe se houve um crime. O fim da fase do MP no acusar o sujeito dapraxe, o fim saber se ter ou no sido praticado o crime, ele vai decidir sobre a acusao, artigo262, n 1 CPP. Todo o processo penal tem a direco para a verdade, no para perseguir ocriminoso e conseguir acusar o arguido. Oarguido no um criminoso, o criminoso s surge notrnsito em julgado da sentena condenatria, at l so arguidos e no sabemos se so ou noculpados, mas por haver provas que apontam para essas pessoas, elas so chamadas aoprocesso para prestar esclarecimento. O processo visa o caso julgado, esclarecer uma dvida quesurgiu socialmente, no local prprio, com os meios prprios, decidir se algum deve sercondenado ou no, se cometeu o crime ou no e qual a medida da pena. O processo penalinstaura-se para averiguar e esclarecer a dvida, chamando ao processo quem devia participar nadiscusso e no final acabar com a dvida,visa averiguar a dvida social consistente sobre aprtica de um crime. Nas fases executivas diferente - j h algum condenado e o processo visapunir o criminoso e executar a punio.

    O direito substantivo em causa em cada caso pode implicar mudanas substantivas no processo.Pode haver uma sentena no fim de um processo juridicamente impecvel em que o juiz decideque no crime aquilo que ou vice-versa ou decide mal a medida da pena - esta sentena injusta, mas processualmente inatacvel porque o processo correu bem, mas o juiz no soube

    resolver a questo material injusto substantivamente e justo processualmente.Ou o contrrio: um juiz pode condenar o rapaz do Meco num guardanapo de papel num caf, semter havido processo - mais grave forma de invalidade processual. O juiz tambm pode no ter feitoas coisas como deve ser na audincia de julgamento - houve injusto processual, mas a decisoest bem escrita. Punir no o mesmo que julgar e punir no o mesmo que processar justa ouinjustamente. Pode acontecer que haja meios de prova eficazes mas proibidos porque os fins no justificam os meios, ver o artigo 126 CPP. Ver artigo 188 tambm. Uma sentena que se baseieem meios de prova como a tortura ou em escutas proibidas pode ser impecvel do ponto de vistada justia penal, mas em termos de direito processual no est bem. Vigora oprincpio doacusatrio: ningum pode ser condenado por um crime pelo qual no tenha sido acusado, no sefez o que era processualmente necessrio para se chegar a uma sentena justa. O fim de declarara pena justa no significa que no haja exigncias de justia processual para chegar l, nosignifica que o processo jurdico foi realizado. O facto de o processo correr bem no significa quea justia seja alcanada e vice-versa.

    O direito penal direito constitucional aplicado:Isto significa que o processo penal direito constitucional aplicado. Dentro dos domnios de direitoque vo fiscalizao concreta do TC est o processo penal em maioria porque o processo penal de "extrema importncia para as pessoas honestas" (FERRI) no processo penal no hcriminoso, h arguido e ningum est livre de ser arguido no processo penal. Pode haver vriosindcios a apontar para determinada pessoa, arguido pode ser toda a gente.

    O processo penal tem meios agressivos prprios que no tem o processo civil: intromisso nastelecomunicaes... Mas em ateno importncia social de saber se houve crime ou no h oartigo 204 e depois o artigo 202: para fins do prprio processo e para chegar a uma soluo, podehaver pena de priso (preventiva), pela importncia de saber se houve crime ou no. No processo

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    3/99

    3

    penal temos em jogo direitos essenciais das pessoas por causa do que pode acontecer nadeciso final porque no processo penal que se aplicam medidas restritivas da liberdade eporque o prprio processo em ateno importncia da justia penal pode restringir direitosfundamentais como a liberdade e a privacidade. o lugar por excelncia onde se percebe arelao entre o Estado e os cidados.

    Os livros depois das noes gerais tm os princpios fundamentais do processo penal. No osvamos estudar agora.

    Modelos e princpios do processo penal:Processo civil:A estrutura essencial do processo civil uma implicao do direito civil substantivo porque dentrodo direito civil substantivo h o princpio do dispositivo, que passa para o processo e o facto de terde haver um autor diferente do tribunal implicao desse princpio. O ru est em posioparitria, o que advm do facto essencial de as pessoas nas relaes privadas estarem emposio de igualdade. No processo civil o juiz est calado at que algum se arrogue um direito, edepois vou estar em posio de paridade com outro que tambm est em posio de igualdadecomigo.

    Nodireito o penal: No h isto, h uma audincia de julgamento, mas o direito penal no disponvel, o MP no tempretenso punitiva, no h aquilo de o juiz ter de estar espera, quem comete o crime deve serpunido, o direito penal no disponvel.O nico que tem a esfera jurdica em jogo o arguido - a sentena pode absolver ou condenar oarguido, o MP no sofre consequncias, nem os assistentes. Vigora oprincpio da adeso, artigo71 CPC.

    No processo penal, ao contrrio do processo civil, a estrutura triangular do processo no essencial.

    O processo pode ser estruturado:1. num modelo inquisitrio2. num modelo acusatrio.A escolha da organizao da maneira a ou da maneira B no decorre do direito substantivo, aestrutura acusatria porque esta a estrutura que assegura maior justia processual. Em vez dehaver um ambiente de confessionrio, h um ambiente de disputa perante um juiz - isto umaescolha feita ao longo de muitos sculos pela experincia.

    Modelo acusatrio:A acusao feita por um particular e uma vez acusado, o processo seguido o processo civil.Este era o modelo em Roma. O juiz no se mexe, espera passivamente que um terceiro faa umaacusao.

    Modelo inquistrio:Quando as sociedades crescem, surgem novas formas de organizao da criminalidade e o medode acusar. Quando isto acontece h uma mudana e este esquema deixa por punir os crimesmais graves e contra a comunidade: aspectos como a corrupo ou de criminalidade organizada,essa criminalidade fica por punir. O processo transformou-se. Em vez de o questor estar esperada acusao e julgamento, eram nomeados juzes para eles prprios irem procura dos vestgios.O juiz j no esperava que um cidado da comunidade viesse acusar, ele ia procura, ver setinha sido cometida uma infraco. O impulso j no cabe ao particular. Em vez de ser umprocesso acusatrio um processo inquisitrio. Se esse magistrado verificasse que havia provasde infraco, chamava o infractor a juzo, ele j no era chamado a juzo por acto de umparticular. Aqui o processo altera-se completamente.

    Este modelo inquisitrio entrou em crise porque o arguido mais objecto do processo que umsujeito processual e por isso o seu direito de defesa est carcomido e est a ser julgado por uma

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    4/99

    4

    pessoa que j se convenceu que havia prova suficiente para o levar a julgamento - tudo seconjuga para a diminuio do seu direito de defesa. A investigao na altura pouco cientfica epor isso a melhor forma que tnhamos para punir a pessoa era atravs da confisso e havia queusar os meios necessrios para ela confessar (tortura). Nos finais do antigo regime, doabsolutismo, o processo de estrutura inquisitria estava em crise. O arguido no era uma pessoaque estava no processo para se defender e para chegar soluo da questo, era um objecto doprocesso.

    Modelo misto:Surgiu na sequncia da revoluo francesa um processo misto, que teve como motivo assegurarque o juiz deixasse de ser o polcia que depois julga o arguido. Deixou de ser o juiz que julga a terde investigar. O juiz deve estar passivo e deve haver outrem que lhe submeta o processo. Essealgum no uma pessoa do povo, organizou-se uma nova magistratura, que se tornou o rgooficial para promover a acusao. um processo acusatrio porque o juiz deixou de conhecer exofcio. Tem de haver algum que promova o processo e acuse perante ele, eliminado aparcialidade. Criou-se o MP para promover a acusao - um processo acusatrio em que quemacusa no so os particulares, uma magistratura formada para esse efeito. Com isto o arguido eo MP discutem o caso perante o tribunal equidistante. um acusatrio novo com elementos domodelo inquisitrio.Acusatrio: o tribunal est a espera de quem acuse, mas o juiz no fica a espera do particular, deuma acusao facultativa.Inquisitrio: h obrigatoriedade de promoo do processo, o juiz era obrigado a investigar.No novo modelo, o MP est obrigado a acusar, a promover o processo.Princpio do inquisitrio: ele no fica espera de ningum para acusar. E um processo acusatrio com um aspecto doprocesso inquisitrio. O MP obrigado a acusar e no est dependente de ningum. O MP nofica condicionado pela queixa de ningum e obrigado a promover o processo penal: princpiosdo inquisitrio e da legalidade. Em casos excepcionais o MP est condicionado a que o ofendidolhe faa queixa, por exemplo: artigo 143, n 3 CP. Mas a regra, artigo 48 CPC, que o MP temlegitimidade para promover o processo.

    Houve outro aspecto do processo inquisitrio que passou para o novo modelo que oprincpio daverdade material. O processo misto acusatrio quanto estrutura, mas por exemplo acusatrioquanto prova, tem caractersticas de inquisitrio quanto ao movimento processual. Para saberse acusatrio ou inquisitrio temos de ver ponto por ponto.Hoje estamos, embora com evoluo grande desde o princpio do sculo XIX, num processo deestrutura mista resultante da evoluo muitas vezes conturbada. um processo de estruturaacusatria: artigo 32 CRP.H um princpio de acusao: o tribunal ou os tribunais que apaream no percurso no podemconhecer de nada, julgar sem acusao, nem saltar fora da acusao: artigo 309 CPP - nula adeciso de pronncia quando altera substancialmente a acusao, se o juiz de instruo seafastar substancialmente da acusao, a deciso nula. Artigo 379, n 1, b), para a sentenanula.Princpio da acusao: o juiz no julga sem acusao nem pode conhecer de factos que alteramsubstancialmente a acusao - tem estrutura acusatria, mas de tipo moderno. No se espera queos cidados faam a acusao, h o MP que tem a funo de exercer a aco penal, artigo 219,n 1 CRP.

    Tambm h elementos que vieram do modelo inquisitrio:Quanto promoo do processo: oficial porque o MP se mexe ex ofcio, no est dependentede impulso pelos particulares: artigo 48 CPP e sujeito legalidade penal (no h crime sem lei) e legalidade processual (dever de proceder). O MP no est condicionado, no tem de esperarpela queixa de ningum para promover o processo nem tem escolha de oportunidade depromover o processo.Quanto promoo do processo, o modelo misto tem aspectos do modelo inquisitrio.

    Na prova:

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    5/99

    5

    O modelo tambm tem aspectos inquisitrios quanto prova. Mesmo em julgamento, o juiz deinstruo tem poder e dever de investigar e mesmo em julgamento o juiz tem dever de investigar:artigo 340 CPP.

    AULA DE 17/02

    O processo penal a actividade dirigida jurisdio penal, entendida em sentido amplo,abrangendo o processo declarativo e o executivo.O fim do processo penal no punir nem perseguir o criminoso, apurar a verdade. O processopenal nasce de uma dvida sobre a existncia de um crime e o seu fim o esclarecimento dessadvida. No um meio de perseguio. O processo penal o frum para se discutir o problemade saber se foi ou no cometido um crime.

    Modelo Acusatrio:O processo inicia-se atravs de uma acusao. O tribunal no se mexe, espera que algum, umterceiro, faa uma queixa. O tribunal espera que lhe vo propor uma aco e em princpio est

    equidistante.Antigamente era um particular que ia a tribunal propor o problema.

    Modelo Inquisitrio:O processo inicia-se porque o tribunal procede investigao e havendo um crime faz aacusao. Surgiu no baixo imprio e passou para o direito cannico e no comeava por umaacusao, mas por uma inquisio, uma investigao oficiosa, do prprio juiz. O arguido estsozinho perante o tribunal, no havendo uma discusso e o tribunal estava activamente implicadona acusao. Havia dificuldades no direito de defesa.

    Hoje - Modelo Misto:H um modelo misto. Foi um processo que surgiu na revoluo francesa e tem elementos dos

    dois modelos. Na parte da estrutura do processo, o processo acusatrio, porque necessriauma acusao de terceiro e isto imposto pela CRP, no artigo 32, n 5, 1 parte. No o juiz quevai fazer a acusao. O juiz espera que algum venha acusar o arguido para ele dirimir o litgio.No entanto, quem deduz acusao no em princpio um particular, mas o MP. O MP no estcondicionado por uma queixa do particular e est, em princpio, obrigado a promover o processo.Por o MP no estar dependente da vontade dos particulares para agir e por estar obrigado a agir,o processo aproxima-se do modelo inquisitrio.Quanto prova, h iniciativa probatria do juiz, mesmo do juiz de julgamento e o modeloaproxima-se do modelo inquisitrio.

    MARCHA DO PROCESSO:O processo penal tem vrias formas como o processos civil.Processo comum:Tem uma forma de processo sumrio: caso de algum que bebe mais sujeito ao teste dobalo: o processo mais simplificado, no h inqurito, no h instruo, h logo julgamentoporque foi apanhado em flagrante delito e h indcios suficientes para ele ir a julgamento - verartigo 355 CPP. S se pode levar algum a julgamento se houver indcios suficientes. Quando hflagrante delito aplica-se o processo sumrio.

    Processo abreviado:

    Processo sumarissimo:Estes so os de processo comum.

    H ainda processos por:Crime pblico:

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    6/99

    6

    Artigo 48 CPP. O MP no est dependente de queixa nem de ningum - princpio da oficialidade - a razo pela qual os crimes em princpio so pblicos.

    Crime semi-pblico:Mas h casos excepcionais em que o MP est limitado e no pode iniciar o processo sem haverqueixa do ofendido ou de quem o represente ou substitua: ofensa integridade fsica simples,ofensas sexuais, crimes contra o patrimnio simples. Exemplo: artigo 143, n 2 CP - o MP ficacondicionado e no pode iniciar o processo sem queixa - ver tambm o artigo 49 CPP.

    Crime particular:H ainda casos em que no s necessrio uma queixa inicial, necessrio que essas pessoasfaam acusao particular: artigo 50 CPP.

    No processo sumrio por flagrante delito podemos ir directamente a julgamento (ver acima)porque j h indcios suficientes para ir. Para algum ser julgado tem de haver indcios suficientes,o simples facto de ser julgado em processo penal restritivo para a esfera jurdica das pessoas,no o mesmo sermos rus numa aco de condenao e num processo penal. O processo nopode comear na petio inicial, o processo antecipa-se at se ter determinado se h fundamentopara levar algum a julgamento.

    O processo penal divide-se em processo preliminar e no prprio julgamento.

    PROCESSO PRELIMINAR:No processo preliminar, procede-se procura recolha de meios de prova para saber se hindcios suficientes para ir a julgamento ou no. Consiste em duas fases: a fase de inqurito e afase de instruo.A marcha de processo est condicionada por esta barreira.

    I - FASE DE INQURITO:

    a fase em que se descobrem os meios de prova para saber se deve haver acusao. Tem umaestrutura simples. Comea pela necessidade natural de investigar uma coisa que no se sabe sefoi crime, mas que pode ter sido crime, nasce do surgimento de uma dvida. Aconteceu algo (6midos desapareceram) e pode ter sido cometido um crime e necessrio investigar. Tem dehaver uma suspeita de que houve um crime.Noticia de infraco: h uma notcia de infrao perante a qual possvel ter havido um crime, hum juzo de suspeita. Com base nessa notcia o MP profere um despacho de abertura deinqurito.Porqu o MP? Surge o problema da possibilidade de crime, necessrio investigar. Quem vai tirara concluso de saber se h ou no indcios para levar a julgamento o MP, o MP no vai fazer aacusao, para acusar vo-se fazer um conjunto de diligncias (actos de inqurito) com os quaisse pretende tentar descobrir as provas para o MP saber se acusa ou no: ver artigo 262 CPP.O MP ou acusa ou arquiva. Na fase de inqurito praticam-se os actos de inqurito, de que soexemplos: a reconstituio dos factos (artigo 150 CPP), a procura e interrogatrio detestemunhas, percias.

    No fim o MP decide ou que h prova bastante para levar a julgamento ou que no h indcios decrime.

    Competncia:ver artigo 267 CPP O inqurito da competncia do MP, mas h actos do inqurito praticados por um juiz deinstruo (artigos 32, n 4 CRP e 268 e 269 CPP) e pelos rgos policiais (artigo 270 CPP). O juiztem de autorizar buscas domicilirias, autorizar escutas, ordenar o levantamento do sigilobancrio, artigos 268 e 269. Mesmo durante o inqurito, as aces que se prendem com direitosfundamentais tm de ser autorizadas pelo juiz de instruo.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    7/99

    7

    Em muitos inquritos o grande actor a polcia, que actua a ttulo de delegao. O MP mantm adireco do inqurito porque no se trata de uma investigao policial, o que est em jogo saberse h ou no indcios suficientes para acusar e por isso a investigao tem de ser dirigida peloMP.

    uma fase inquisitria, o MP no est dependente de particular nem para dar abertura aoinqurito nem para desenvolver o inqurito. Ver artigo 267 CPP: princpio da necessidade. O MPno pode delegar nos rgos de polcia criminal certos actos que constituem o cerne da suaactividade: ver o artigo 53

    (Em julgamento a testemunha inquirida por quem a apresentou e depois h contra interrogatrio.Se aqui se suscitarem perguntas que no tinham sido suscitadas h lugar a outro interrogatrio. uma pura estrutura contraditria, a prova produzida em discusso.)

    No inqurito, a testemunha chamada e interrogada por quem pratica o acto, ou o MP ou apolcia e no esto presentes mais nenhumas pessoas, na fase de inqurito os actos sopraticados inquisitoriamente pelo MP, ele faz o necessrio para investigar e os actos tm estruturaunilateral.

    uma fase escrita. Os interrogatrios so feitos oralmente e reduzidos a escrito, (artigo 275CPP). reduzido a auto, o MP ou a polcia pergunta e depois reduzem a escrito. Os actos noso verdadeiramente praticados por escrito mas so reduzidos a escrito. As declaraes orais soreduzidas a escrito e a deciso vai-se basear no no depoimento oral mas no que foi reduzido aescrito.

    uma fase pblica, desde 2007, artigo 86, n 1: o juiz de instruo ou MP podem determinar, sehouver justificao, a existncia de segredo de justia, mas se no houver justificao para isso oprocesso ser, em princpio, pblico. - o que que isto significa artigo 86, n 6 CPP: o segredo epublicidade e o segredo e a publicidade so do processo. O que proibido no falar sobre ocaso, falar sobre o que acontece no processo, segredo da justia, no do facto.

    O MP mantm a direco do inqurito porque ele que tem o poder, por fora da estruturaacusatria, de decidir pela acusao ou pelo arquivamento.

    Artigo 283: os indcios suficientes so pressuposto da acusao. A frmula deste artigo equivoca. pressuposto da acusao e da pronncia: ver artigo 308.

    Portanto, havendo indcios suficientes, o MP acusa. Chegou concluso de que h indcios deque foi cometido um crime.No havendo indcios, h arquivamento (artigo 277).

    H alternativas acusao: h indcios suficientes para ir a julgamento, mas o MP no leva a julgamento, escolhe asuspenso do processo: artigo 281, n 1 e 2 - o processo fica suspenso e oarguido fica sujeito s regras de conduta do artigo. uma alternativa acusao: o processo ficasuspenso e se ele cumpre as exigncias o processo suspenso, seno cumprir as exigncias decomportamento, vai a julgamento.

    Encerramento:A fase de inqurito pode terminar, para os crimes pblicos, de duas formas:

    - ou com o arquivamento do processo pelo MP por considerar que no h indciossuficientes para ir a julgamento, (artigo 277 CPP)

    - ou com uma acusao do arguido por parte do MP (artigo 283 CPP)

    H ainda a alternativa j mencionada da suspenso do processo.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    8/99

    8

    AULA DE 18/02

    II - FASE DA INSTRUO:No caso de crimes pblicos (o MP no est dependente de queixa para agir) h a instruo, emque se discute perante um juiz a concluso a que o MP chegou. No um recurso, mas umaimpugnao. Algum est descontente com a concluso que o MP tirou e vem pedir ao juiz queprofira uma deciso diferente.O MP retira determinada concluso do inqurito e a lei permite uma discusso judicial daconcluso do MP para se ver se se vai ou no a julgamento. H outras pessoas que intervmnesta fase para alm do MP. O MP toma uma posio e depois o arguido pode tomar outraposio e impugnar a deciso do MP dizendo que no h indcios suficientes para ir a julgamento,pedindo ao juiz para arquivar o processo e para no ir a julgamento.

    Artigo 68: uma das grandes faculdades que a lei d ao assistente tomar uma posiorelativamente acusao ou arquivamento pelo MP e pedir ao juiz de instruo que altere essadeciso. O assistente pode tambm requerer a instruo quando o MP acusou e ele quer acusar

    por factos substancialmente diferentes: o MP acusou por furto simples e o assistente diz que ofurto foi qualificado. Pode requerer a condenao quando o MP decidiu pelo arquivamento ourequerer uma acusao por factos substancialmente diferentes.

    Assim: podem requerer a instruo:- o arguido - os assistentes

    Em relao ao arguido, a instruo um acto de defesa processual; em relao ao assistente, ainstruo um acto de acusao em sentido material.

    Finalidade:Artigo 286: a instruo tem a finalidade de confirmar ou no a deciso do MP e decidir se hindcios para levar o arguido a julgamento ou se no h indcios e o processo arquivado. umafase jurisdicional, aqui discute-se perante o juiz se h ou no indcios suficientes.

    uma fase facultativa, que tem que ser requerida, ver artigo 286, n 2: a fase da instruo noexiste automaticamente, tem de ser requerida: artigo 287, n 1.

    uma fase contraditria: artigo 289. uma fase pblica com objectivo varivel.

    Contedo:A instruo tem um contedo que est previsto no artigo 289. A instruo formada pelos actosinstrutrios que o juiz entenda e um debate instrutrio - isso significa que a instruo se podereduzir ao debate. H o debate instrutrio, que obrigatrio e os actos de instruo que o juiz

    entender. partida, o juiz na instruo decide os actos que deva praticar: artigo 290.Actos instrutrios (eventuais) + debate instrutrio (obrigatrio).

    Artigo 180 CP: crime de difamao: o ponto essencial saber se houve difamao ou se cabe naliberdade de imprensa. Pode no haver discusso de matria de facto. Pode haver actos deinstruo ou no haver.Artigo 359 (?) CPP: o objecto do processo fixa-se a volta do final do inqurito, a partir da podehaver alteraes de pormenores, mas no alteraes substanciais.

    Os actos praticados no inqurito s se repetem se for necessrio, no se repetem sempre. H umcontraditrio mitigado.

    O debate instrutrio no igual audincia de julgamento. H uma caracterstica indispensvelda audincia de julgamento que no se d no debate instrutrio que a produo de prova. Odebate uma discusso para saber se h ou no indcios suficientes e se o arguido deve ou noir a julgamento. Ele baseia-se nos actos de instruo e no inqurito. Artigo 298: o que se discute

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    9/99

    9

    no debate e a base da pronncia saber se do inqurito e da instruo resultam indciossuficientes da prtica do crime. A lei diz no artigo 291, n 3 que os actos de prova praticados nafase de inqurito s se vo repetir se no se tiverem respeitado as formalidades legais ou se arepetio for indispensvel para atingir os fins da instruo.

    No debate vai haver uma deciso final sobre se h indcios suficientes ou no para levar o arguidoa julgamento.Artigo 308 n 1 e 2: Se ele entende que resultam indcios suficientes h julgamento, se entendeque no, h despacho de no pronncia.O despacho de pronncia deve indicar os meios de prova para julgamento. Feito o debate oral econtraditrio sobre o que est para trs, o que resulta do inqurito e da instruo, chega-se concluso de que h indcios e vai-se a julgamento ou de que no h indcios e h um despachode no pronncia.

    O juiz est limitado quanto aos factos por que se pronuncia (artigo 309 no pode saltar para fora) -ou ele concorda com um dos assistentes ou com o MP, mas no pode saltar fora dos factos. +Artigo 1, n 1, f): alteraes substanciais. Quando h uma alterao substancial de facto o juiz nopode conhecer do facto. Artigo 303: quando na instruo se descobrem factos que alteramsubstancialmente a acusao o processo no volta para trs para o MP para ele alterar aacusao, o processo segue, mas no se pode tomar em conta os factos que alteramsubstancialmente a acusao.

    Requerimento de instruo:O requerimento de instruo do arguido um acto de defesa. Ser uma contestao? No, umacto de defesa processual, o arguido pede para no ser julgado.O requerimento de instruo do assistente uma acusao.Exemplo: no caso do Meco o MP arquiva e admitindo que houve constituio de arguido o MPchega concluso de que no houve indcios e arquiva. Os pais so assistentes e requereminstruo por homicdio simples e dizem que querem que se repita a percia e sejam ouvidascertas pessoas e que h indcios suficientes. O juiz ouve as testemunhas, chega ao fim do debate

    instrutrio e chega concluso de que h indcios. O juiz de instruo pode pronunci-lo.A acusao que existe o requerimento de abertura de instruo porque promove o andamentodo processo contra uma pessoa e delimita o seu objecto.Eles requerem a condenao por homicdio simples e o juiz diz que ele deve ser condenado porhomicdio qualificado, no estando no requerimento. O juiz no pode conhecer desses factos:artigo 309. A nica acusao que existe nestes casos o requerimento de instruo. O legisladorno lhe chama acusao, ele s chama acusao promoo directa do julgamento. Orequerimento de instruo no promoo directa do julgamento, primeiro h instruo e sdepois h julgamento.

    Artigo 287, n 2: a lei exige que o essencial da acusao tambm esteja no requerimento deinstruo.

    Encerramento:A fase de instruo termina com a deciso instrutria, prevista nos artigos 307 e 308, em que o juiz emite um despacho de pronncia ou um despacho de no pronncia.

    FASE DE JULGAMENTO: todo o processo, excepto o que se discutiu para resolver o problema dos indcios suficientes. no julgamento que o arguido pode apresentar contestao.

    Artigo 355: a mesma testemunha pode ter sido ouvida na fase de inqurito e na fase de instruoe voltar a ser ouvida em julgamento por causa da estruturao do processo. As provas produzidasna instruo tm como fim saber se h indcios para ir a julgamento e tendo produzido o seu fimmorreram. A prova documental no repetida porque j foi apresentada. A prova produzida noinqurito e instruo no tem como fim a deciso final, tem como fim saber se h indcios.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    10/99

    10

    Nestas fases ouvido pelo MP ou pela polcia de forma inquisitria. Na audincia de julgamento ouvido publicamente de forma contraditria para se determinar se o facto fica ou no provado. Halguma repetio. Isto indispensvel para filtrar quem deve ir a julgamento ou no paraassegurar que a prova produzida de forma pblica. Esta fase de julgamento no uma espciede apndice aquilo que a polcia tinha conseguido estabelecer no inqurito. O que se fez noinqurito que tinha como efeito saber se se justificava ou no ir a julgamento.

    Caractersticas gerais da fase de julgamento:A finalidade a sentena final, a jurisdio em sentido estrito, dizer o direito.Em princpio todas as decises judiciais no processo penal so sempre recorrveis.O final da fase de julgamento a sentena em primeira instncia.

    Estrutura do tribunal:Singular: um juizColectivo: 3 juzesJri: tem que ser requerido, seno for no funciona e nas audincias o tribunal composto pelos 3 juzes do tribunal colectivo e por 4 jurados, compondo 1 nico tribunal. H funes que s cabemao presidente do tribunal: artigo 311. H funes que num tribunal colectivo e num tribunal de jriso s do presidente, mas o resto atribudo ao jri, funciona colectivamente. Pode requerer oMP, o arguido, o assistente.

    AULA DE 21/02Instruo: tem cariz impugnatrio, mas no puramente impugnatrio, porque no final o juizdecide no s se a deciso do MP est certa ou errada, decide ainda sobre se vai a julgamento.Tem cariz impugnatrio, mas para no s, pede-se ainda ao juiz que se pronuncie sobre o fundoda questo que ele ir a julgamento ou no.

    tem carcter facultativo, tem de ser requerida pelo arguido ou pelo assistente. A instruo no

    tem de existir sempre, podemos passar directamente do inqurito para o julgamento, quando oMP julgou e nem o arguido nem o assistente impugnaram.

    JULGAMENTO:No igual ao processo civil.O julgamento tem como finalidade a sentena em primeira instncia ou acrdo (se for de umtribunal colectivo) e tem o seu centro na audincia de julgamento.O julgamento no tem s a audincia de julgamento, ainda composto por actos preliminares daaudincia de julgamento que so os actos necessrios para o processo que no puderam serantecipados.

    ESTRUTURA: Actos Preliminares

    - despacho liminar: artigo 311- contestao: artigo 315- outros: artigos 316 e ss.

    Audincia- actos introdutrios

    - chamada e abertura: artigo 329- exposies introdutrias: artigo 339

    - produo de prova: artigo 341- alegaes orais: artigo 360

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    11/99

    11

    - ltimas alegaes e encerramento: 361

    Sentena- deliberao: artigo 365- elaborao: artigo 372, n 1 e 2- estrutura: artigo 374 e ss- leitura: artigo 372, n 3 e atigo 373

    ACTOS PRELIMINARES:- Despacho liminar (artigo 311) - Contestao (artigo 315)- Outros: artigo 316 ss.

    Comea com um despacho: artigo 311. Isto assemelha-se ao processo civil: um despacho cujosentido inicial um saneamento do processo, tem como ncleo o saneamento do processo. O juiztem poderes diferenciados consoante o processo tenha passado pela instruo ou no. Se nohouver razes para rejeio, o juiz marca data para julgamento.

    A seguir h contestao: artigo 315. O arguido pode pedir instruo, mas a instruo no omesmo que a contestao. Se quiser, o arguido apresenta a sua contestao. Se ele requereu ainstruo no h repetio na contestao. Na instruo ele quis evitar que houvesse julgamento;na contestao ele quer evitar uma sentena desfavorvel.

    AUDINCIA DE JULGAMENTO:A audincia de julgamento um acto muito complexo que pode ser muito demorado. Muitas vezesquando so crimes imputados a arguidos a que se imputam associaes criminosas, a lei permiteque vrios arguidos sejam julgados ao mesmo tempo. Na acusao tm que vir descritos osfactos imputados a cada pessoa, a prova tem de ser produzida em relao a cada arguido paranenhum deles ser condenado por factos dos outros. Uma audincia de julgamento pode durarmuito ou pouco, consoante os factos em causa.

    Como se passa uma audincia?A lei estabelece que nem toda a violao de regras processuais tem o mesmo regime deinvalidade. O regime normal a irregularidade que tem de ser invocada pelos interessados noprprio acto. Nem sempre acontece assim, costuma acontecer assim em relao produo deprova.

    A audincia tem 4 partes: actos introdutrios:- chamada e abertura: artigo 329- exposies introdutrias: artigo 339 - suposto fazer uma exposio introdutria. Factos

    que se prope provar: quem tem de se propor provar factos no o arguido, por causa doprincpio da presuno de inocncia. Ver artigo 53, n 1. Quem se prope a provar quem acusa:o MP ou outra pessoa.

    produo de prova: Artigo 341 - em primeiro lugar, ouve-se o arguido. Muitas vezes os advogados dizem que nofalam enquanto a acusao no apresentar provas. Para o legislador o arguido na audincia de julgamento a personagem principal e ele o ltimo a falar na audincia e pode falar emqualquer momento da audincia: ver artigo 343, N 1.O arguido tem direto a prestar declaraes em qualquer momento da audincia. No h emPortugal o sistema do "plea", em que se pergunta ao arguido que posio que toma, a que elepode responder culpado ou no culpado. No sistema do plea, se ele se declarar culpado no hproduo de prova, h logo determinao de pena. Se ele se declarar no culpado, h produode prova.Em Portugal h a confisso integral e sem reversas (artigo 344) mas pouco usada e nodispensa o juiz de interrogar o arguido porque ele tem de apreciar a veracidade da confisso. O

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    12/99

    12

    juiz no obrigado a saltar para a deciso final, s salta se a confisso no lhe suscitar dvidas eisto s pode ocorrer para crimes com pena menor a 5 anos. A confisso do arguido apreciadalivremente pelo tribunal. O juiz pode no ficar convencido e ordenar a produo de prova. Hmuitas razes para se mentir na confisso e h desconfiana perante a confisso, pelo que o juizmantm o poder de apreciar a coerncia da confisso.

    H uma ordem:Primeiro o MP, o assistente e o lesado apresentam prova.Depois o arguido e o responsvel civil (por exemplo a seguradora) apresentam prova.

    A produo de prova no arbitrria. A prova produz-se segundo a ordem indicada na peaprocessual respectiva - ver o artigo 348. Se a acusao tem vrios crimes ou vrios conjuntos depessoas e as testemunhas falam de casos diferentes de maneira intercalada, isso estraga aprova. A ordem das testemunhas importante em funo dos factos que h para relatar e que seespera que a acusao tenha demonstrado ou que tenha deixado perigosamente em dvidacontra ns.Terminada a prova, h lugar a alegaes orais.

    alegaes orais de advogados e do MP: artigo 360As alegaes so sempre orais e versam sobre matria de facto e de direito. Aqui mostra-se oaspecto dialgico do processo. Cada um l a prova e mostra as concluses que tirou, resultantesdo que ficou provado ou no.

    ltimas declaraes e encerramento: artigo 361O tribunal depois pergunta a cada um se tem mais alguma coisa para acrescentar ou no. Depoiso tribunal retira-se para tomar a deciso.

    SENTENA:Deliberao: artigo 365

    Elaborao: artigo 372, n 1 e 2Estrutura: artigo 374 e ss

    Leitura: artigo 372, n 3, 373 - lida por smula, o tribunal chega e diz que factos noforam provados ou que em face da prova produzida se provou que os arguidos cometeram ocrime. Com isto acaba o julgamento em primeira instncia.Artigo 399 CPP, recorribilidade das decises do tribunal.

    Destacar estudo dos elementos do processo, o necessrio para que o processo funcione: sujeitosdo processo, que fazem o processo praticando actos de processo, agindo no processo, oprocesso visa a demonstrao da realidade e necessria a produo de prova, por vezes necessrio tomar medidas restritivas de liberdade e o processo hoje em dia no derivado deconvivncia nacional e frequentemente necessrio estabelecer relaes com autoridadesestrangeiras, depois h o objecto do processo; e depois da marcha do processo. S depois deestudarmos os elementos do processo em geral que vamos ver como tudo encaixa na marchado processo.

    O CPP est dividido em duas partes sem epgrafe e cada parte em livros. Esto regulados oselementos do processo em geral na primeira parte e isto assim porque no se podiam estudaros pressupostos e deixar o resto para a marcha porque a prova necessria em vrias fases,assim como as medidas de coaco. Tem de se perceber o regime geral dos actos processuais.Artigo 48: tem um pressuposto processual que a legitimidade, a seguir tem uma disposio quevisa descrever a posio do MP no processo (artigo 53).

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    13/99

    13

    Hipteses prticas:1. As fases preliminares existem para se apurar se haver ou no indcios suficientes parahaveracusao e prosseguir para a fase de julgamento. nas fases preliminares que o MP, emalgumas situaes com colaborao de outras entidades, determina se h ou no indciossuficientes para levar o arguido a julgamento. Artigo 283.

    2. O inqurito a primeira fase preliminar do processo penal. Surge uma dvida relativamente existncia ou no de um crime e o MP vai proceder recolha de provas, nomeadamente atravsde peritagens, reconstituio dos factos, interrogatrio de testemunhas, de modo a verificar se hou no indcios de crime. Ver artigo 262

    3. Compete ao MP, por fora da estrutura acusatria do processo, a ele que cabe decidir emrelao acusao e portanto ele que dirige os actos para apurar se deve ou no haveracusao, auxiliado pelos rgos policiais e o juiz de instruo (artigo 268), que vai ser necessriopara autorizar a prtica de actos de que resulta uma violao de direitos fundamentais,nomeadamente: buscas domicilirias, colocao de escutas, intercepes de comunicaes,intercepes de correspondncia... Artigo 263

    5. No inqurito o MP vai recolher indcios para apurar se houve ou no crime e para acusar daprtica do crime, caso haja indcios suficientes, nomeadamente atravs de reconstituio defactos.

    6. O inqurito pode terminar por o MP considerar que no h indcios suficientes para levar oarguido a julgamento, e nesse caso, h o arquivamento do processo ou por considerar que hindcios suficientes para levar a julgamento e, nesse caso, o MP acusa o arguido da prtica docrime. Artigo 276 e 279. Tambm pode haver suspenso do processo.

    7. No, os assistentes, se considerarem que h indcios suficientes da prtica de crime, podempedir instruo, acusando o arguido, a nica acusao que vai haver no processo. Artigo 287, n

    1, b), quanto acusao: artigo 287, n 2, penltima parte.8. A instruo uma fase eventual antes do julgamento que o arguido pode requerer comomaneira de evitar ir a julgamento, caso tenha havido acusao, apresentando ao juiz os seusargumentos em como no existem indcios suficientes para ser levado a julgamento. Tambmpode ser requerido pelos assistentes e nesse caso tambm uma acusao, sendo que estespedem que o arguido seja levado a julgamento por existncia de indcios suficientes ou que oarguido seja acusado por outro crime. Pede-se ao juiz para submeter a causa a julgamento. Temo fim de comprovar ou no a deciso do MP e de decidir sobre se a causa vai ou no a julgamento.

    9. No, uma fase eventual, que se inicia com um requerimento ou do arguido, quando tenhahavido acusao ou do assistente quando no tenha havido acusao ou quando houve mas oassistente discorda substancialmente dos factos.

    10. Ao juiz de instruo criminal: artigo 288.

    11. A instruo constituda pelos actos de instruo e pelo debate: artigo 289. O que se faz nodebate instrutrio no o mesmo que na audincia de julgamento. No se faz a mesma coisa. Oque indispensvel haver no debate instrutrio o debate oral e contraditrio sobre a existnciade indcios suficientes e na audincia de julgamento isto no se faz porque para haver julgamento j se sabe que h indcios suficientes. Artigo 298

    12. Termina com o despacho de pronncia ou de no pronncia pelo juiz de instruo, ver artigo307, artigo 308.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    14/99

    14

    13. No, a fase de julgamento no corresponde s fase de julgamento. H ainda a contestao,o saneamento do processo, todo o processo menos o que houve que antecipar.

    14. Actos introdutrios, produo de prova, alegaes orais, alegaes finais e encerramento.

    AULA DE 25/02A LEI PROCESSUAL PENAL

    FONTESConstituio processual penal: o direito processual penal direito constitucional aplicado porqueesto em causa direitos das pessoas em face ao Estado.Em particular o artigo 32 da CRP. Ver o n 1 e 2 e o 8. Trata de garantias do processual penal.O n 1 tem carcter aberto: no pode ser tomado letra, no quer dizer que tudo o que garantemelhor o arguido est garantido neste nmero. No se pode ao abrigo deste nmero dizer que oarguido no tem prazo para contestar porque assim que ele protegido. Esta clusula permite,

    para alm das garantias asseguradas nestes nmeros, a exigncia de que o processo sejaequitativo e justo e a criao de garantias no nominadas, como o direito ao recurso. A disposiosobre o recurso foi assim conseguida. Um processo que no assegure o direito ao recurso no um processo justo e o TC disse que a garantia ao processo equitativo englobava o direito aorecurso. O processo penal no pode tomar medidas provocadoras do actividade criminosa que sequer provar (um agente, na busca de provas, no pode incentivar ao crime, instigando algum acomprar substncias ilcitas com o prpsito de descobrir quem as vende)- quando isto ocorre aprova anulada com base no princpio do processo equitativo.A estrutura do processo sumrio no suficiente para garantir um processo equitativo em crimescom penas de priso elevadas. H garantias no nominadas na CRP, no h aplicao analgicade garantias, trata-se de uma clusula que permite uma constante crtica fundamental ao sistema,saber se o processo penal garante ou no um processo justo e equitativo.

    Fontes internacionais:DUDH: artigo 8 e artigo 16, n2 CRP + artigo 10 e 11, n1 DUDHCEDH: artigo 6Nos termos do artigo 449, n1 G)

    Lei ordinria:O processo penal faz parte da reserva relativa de competncia da Assembleia da Rpublica:artigo 165, n 1, c). Toda a matria tem de ser objecto de lei da a$ssembleia, excepto se forconcedida autorizao ao governo.Cdigo de processo penal: tem como antecedentes uma discusso quanto posio do juiz deinstruo e do MP no inqurito.Acrdos de fixao de jurisprudncia: artigo 445. H acrdos de fixao de jurisprudnciaquando h decises que se contradizem sobre a mesma questo de direito e no domnio damesma legislao. H decises sobre a mesma questo em que o resultado contraditrio. Istod lugar a um recurso especial extraordinrio que o previsto no artigo

    No se consegue identificar um caminho de evoluo nas reformas do CPP. A legislaoprocessual est sob constante alterao, o que levanta o problema da aplicao da lei no tempo.

    Interpretao e integrao:A interpretao em processo penal segue os trmites gerais, no tem parmetros interpretativosprprios. A presuno de inocncia no um parmetro interpretativo. Quando em processopenal h dvida razovel ento em matria de facto vamos decidir em favor do arguido. Toda aquesto que, produzida a prova, ficar em dvida deve ser decidia a favor do arguido, mas esteprincpio s funciona na matria de facto, no na interpretao. No vigora a presuno de

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    15/99

    15

    inocncia na interpretao, no temos de escolher o regime mais razovel dentro dos oferecidospela norma.

    Lei penal no igual a lei processual penal. Como se distinguem? A lei penal a que estabeleceos crimes e as penas e vigora o princpio da tipicidade e da proibio da analogia, no podendohaver lacunas. Na lei processual penal no assim, h lacunas, que so suprveis,nomeadamente atravs de analogia: artigo 4. As lacunas que se verificarem suprem-se poranalogia, por normas do CPC que se harmonizem com o processo penal e atravs dos princpios.Artigo 319: trata da fases o julgamento - o MP poder fazer isto no inqurito? Se houver umapessoa nestas condies no inqurito ou na instruo pode ser resolvido da mesma forma? Huma lacuna. A primeira forma de resolver atravs de analogia. No h razo para que nopossa ser usada.A remisso para o processo civil pode ser complicada. Muitas vezes h dvida de saber sepodemos recorrer ao processo civil. s vezes surge a dvida de saber se o legislador ao no terregulado determinado instituto quis que o instituto no existisse ou se quis fazer remisso para oprocesso civil, como acontece em matria de prazos. Em alguns sectores h proibies deanalogia. Por exemplo: artigo 399 - princpio da recorribilidade, mas h casos em que no permitido recorrer. Se no est prevista a irrecorribilidade na lei, o acto recorrvel.Medidas de coao: priso preventiva - restrio da liberdade com fins processuais. Sorestritivas de direitos e tm de estar previstas na lei. Artigo 191. A lei processual penal permiterestries a direitos fundamentais em matria de penas e medidas de coaco e em matria deproduo de prova.

    Aplicao da lei no tempo:O processo no um acto, uma actividade. O processo no se esgota num momento e podecomear quando est em vigor uma lei e acabar quando est em vigor outra.

    Regra:A lei nova aplica-se aos processos futuros e aos actos posteriores do processo que comeouanteriormente entrada em vigor da lei nova: artigo 5, n 1, aplica-se a todos os processos que se

    iniciarem depois de a lei nova entrar em vigor e aos processos iniciados antes, mas s aos factosposteriores. O princpio o daaplicao imediata. Nunca se aplica aos actos anteriores: isto aregra.

    Na lei penal h o ponto de referncia da prtica do crime e os princpios da no retroatividade dalei penal menos favorvel e da retroactividade da lei favorvel. No processo penal no interessa ofacto criminoso. H aplicao imediata, o processo regulado pela lei em vigor no momento doprocesso.

    Excepes: Este princpio tem excepes, na sua maioria no sentido de aplicao da lei antiga - no socasos de retroactividade, so casos de ultra-actividade.A primeira excepo est prevista no artigo 5: n 2 - a nova lei no se aplica aos processosanteriores. Temos uma lei em vigor que prev que a priso preventiva no pode exceder 3 anos.H uma nova lei que aumenta o limite para 5 anos - esta lei no se aplica aos processos antigos,aplica-se a lei anterior: h ultra-actividade.

    H outra excepo no artigo 5, n 2: a quebra de harmonia e unidade dos actos processuais.Recurso em matria de facto: a lei pode permitir ou no. Para o tribunal superior poder deterinarse um litgio est bem ou mal julgado tem de ver a prova. A prova tem de ficar registada, tem deficar registado ou gravado tudo o que se passou seno o juiz no sabe se a prova foi ou no bemapreciada. O recurso em matria de facto exige que a audincia seja registada. Fechou-seaudincia no dia anterior lei que permitia recurso. No dia em que se leu a sentena j erapermitido, mas no pode haver, porque h quebra de harmonia. Foi realizada audincia sem

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    16/99

    16

    registo da matria de facto no se pode aplicar a nova lei que permite recurso em matria defacto.

    Artigo 32, n 9 CRP: prof l letra. O prof entende que se l literalmente e aceita excepo aoprincpio de aplicao imediata em todos os casos de competncia.

    Leis processuais materiais: a categoria foi adoptada pela doutrina e defende que a certas leisprocessuais estes princpios de aplicao no tempo no se aplicam. Aplica-se a lei penal.Prescrio: pode aplicar-se a lei penal porque so institutos substantivos. Em relao a condiesde procedibilidade (queixa, acusao particular) o prof no admite porque se a lei exige queixa,no h queixa no pode haver processo, no pode haver processo no ganha sentena e assimno pode haver pena.

    AULA DE 28/02

    O PROCESSO:

    Elementos: sujeitos objecto actos processuais Prova Medidas de coaco Relaes com autoridades estrangeiras

    O processo uma realidade muito complexa.Sujeitos processuais:so aqueles que so indispensveis por terem a possibilidade de fazerem oprocesso andar para a frente porque promovem o processo ou porque decidem. O tribunal temuma funo decisria e conformadora do andamento do processo. Os outros sujeitos tm funo

    propulsora e conformadora do processo, delimitam a sua realidade. H a funo de promoo doMP e a funo de contestao do arguido. Os sujeitos processuais no so os nicos queparticipam no processo, que tm uma funo orientadora do prprio processo. As testemunhas eos peritos colaboram, mas no so sujeitos principais, no promovem nem decidem.

    Sujeitos:- Tribunal - MP - Arguido - Assistentes- Partes civis

    H uma discusso de saber se aos sujeitos que no so os tribunais se podem considerar partesou no.Prof: no processo penal h partes distintas dos tribunais. H quem diga que no h partes ou quea nica parte o arguido.No processo penal h partes em sentido semelhante ao do processo civil? Parte para o processocivil aquele que titular da relao controvertida em si. Ento, neste sentido, em sentidomaterial, no processo penal s h uma parte - o arguido. No sentido restrito, o arguido parte,mas o MP no funciona assim: artigo 53 - os critrios de deciso do MP so iguais ou diferentesdos impostos ao tribunal? O MP no tem interesse na causa e imparcial, pelo que se pode dizerque no uma parte. No est l para acusar nem defender ningum, mas para encontrar averdade e promover o processo. O fim do MP igual ao do tribunal e o critrio de interveno noprocesso tambm .Pode haver outra definio de parte para alm daquela de que parte quem titular da relaomaterial controvertida. Nesse sentido o MP no parte, em sentido material. Mas isso nodescreve bem a posio do MP. O MP tem funo de promoo e o juiz tem uma funo de

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    17/99

    17

    decidir. H dois magistrados (ou mais) por causa da estrutura acusatria do processo. Pode-seusar a expresso parte para fazer a distino. Tomando a srio a estrutura acusatria, o juiz toimportante como o MP. So magistrados na mesma qualidade, mas um tem uma funo depromover o processo e outro a funo de decidir. Um tem a funo de pedir a justia e outro de aservir. Se usar a palavra parte no em sentido material, mas em sentido formal - para designarquem tem o poder de provocar o exerccio da jurisdio, quem promove o processo, ento o MPno parte em sentido material, mas em sentido formal. As funes de cada um no se misturame ambos so magistraturas e importantes para o processo, tm a mesma finalidade e o mesmocritrio, mas tm funes diferentes no processo.

    Parte tem dois sentidos:1. sentido material: parte aquele que tem em jogo no processo a sua esfera jurdica: s o

    arguido parte neste sentido2. sentido formal: quem no processo pode promover a jurisdio. Neste sentido o MP parte,

    apesar de no ter a esfera jurdica em jogo, porque promove a justia.

    Partes civis: pessoas que no processo pedem indemnizaes por responsabilidade civil baseadasem ilcito penal. Quando se pede indemnizao no processo penal aparece no processo penaluma aco civil e partes civis.

    COMPETNCIA:Jurisdio: significa dizer o direito. a declarao do direito realizada pelos tribunais nos casosque lhe so submetidos e a execuo das suas decises. Jurisdio penal: actividade deadministrao da justia penal exercida pelos tribunais: artigo 202 CRP.A jurisdio una e exercida pelos tribunais: artigo 202 CRP. unidade da funo jurisdicionalno corresponde a unidade da estrutura dos tribunais: artigo 209 CRP. A jurisdio penal s cabeao Tribunal Constitucional, aos tribunais militares em tempo de guerra e aos tribunais judiciais.

    A competncia uma parcela da jurisdio que compete a cada tribunal, corresponde ao poder de

    um tribunal.Princpio da jurisdio:O princpio da jurisdio determina a estrutura do processo como a temos hoje. Entende-se comoreserva de jurisdio, s os tribunais podem ser titulares de jurisdio. Para cumprir o conceito de jurisdio no basta entregar o poder a um rgo chamado tribunal, tem de ser atribudo a umrgo com as caractersticas que a CRP exige dos tribunais. O facto de dizermos que a jurisdio um princpio fundamental do estado de direito e do processo no quer dizer que para o processopenal s necessrio o princpio da jurisdio. Tambm no queremos um processo penal emque s haja jurisdio. A reserva de jurisdio no pe em causa a combinao com a estruturaacusatria, ela s exige "cada macaco no seu galho". A jurisdio no pode caber a outrem senoos tribunais. Isto no significa que os tribunais s servem para a aco penal.

    Qual o limite exterior da jurisdio? No processo penal actual em que h 3 fases, este problemas se levanta na fase de inqurito.

    Em 1945 o legislador deu funes materiais ao MP e entregou-lhe a investigao. O juiz ficou um juiz garante. No ps 25/04 esta atribuio da investigao ao MP foi considerada uma mola domecanismo repressivo. O exerccio da aco penal e a entrega do poder de investigao ao MPfoi considerado um mecanismo da represso.Em 1945 havia um juiz garante das liberdades porque o MP que estava encarregue dainvestigao.

    Em 1946 o modelo era de juiz investigador ou juiz polcia, o juiz est l para investigar. A instruocompetia-lhe a ele.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    18/99

    18

    Em 82 o legislador constituinte acrescentou uma segunda parte ao artigo 32, n 4: o modelo de juiz investigador a competncia da investigao do juiz, mas ele pode delegar a competncia. Oinqurito preliminar continua a ser inconstitucional porque a CRP diz que o juiz pode delegar, nodiz que o inqurito pode ficar entregue polcia ou agentes de autoridade. Esta situao manteve-se at ao CPP de 1987, que voltou a dar poder de investigao ao MP e o juiz durante o inquritos pode intervir em relao a actos que se prendam com direitos fundamentais. Os actos deinquritos so do MP (artigo 287) e alguns do juiz (artigos 288 e 289). Artigo 270: os rgos depolcia intervm a ttulo de delegao + artigo 55.Artigo 219.Concluso: o artigo 32, n 4 foi sujeito a uma interpretao invertida.

    A delimitao da jurisdio sofre uma hesitao em relao posio do juiz na investigao pr-acusatria e hoje o sistema que a investigao do juiz se limita a actos que se prendem comdireitos fundamentais.Suspenso provisria do processo: uma das alternativas do legislador acusao e pronncia. H duas alternativas:- arquivamento em caso de dispensa de pena (artigo 74 CP e 148)- suspenso provisria do processo.

    So casos diferentes da acusao porque o caso no vai a julgamento.Artigo 74: deciso de sentido condenatrio. Ele declarado culpado, mas o juiz no lhe aplicanenhuma pena. Ele no tem pena, mas acusado. Artigo 375, n 3: se chegarmos deciso finale houver dispensa de pena h uma sentena condenatria. Quando h um caso em que se prevna lei a dispensa de pena, o processo no vai adiante: artigo 280, n 1 para o inqurito, n 2 paraa instruo.Artigo 50 CP: pena suspensa suspende-se a pena e o processo na fase executiva. Havia quemdissesse que os casos de arquivamento e suspenso como so alternativas a acusao o juiz notem de intervir, quem intervm o MP. Isso foi declarado inconstitucional porque se chamou ateno para as consequncias para o arguido destas decises. O TC disse que nestes casos a jurisdio tem de ter um papel. O juiz tem de dar concordncia. O juiz de instruo tem de poderintervir.AULA DE 04/03O Principio do juiz natural ou legal juiz sabedor que nos d garantias de que a deciso serbem tomada. Em vez de eu determinar o juiz a decidir, nomear algum para tal deciso. Esteprincpio garante a independncia do tribunal o juiz tem de ser determinvel segundo regras,impedindo que terceiros possam intervir sobre a jurisdio atravs da predeterminao do juiz quevai tomar conta do processo numa determinada situao (e, atravs disso, interferir na decisofinal). Garantia do juiz natural uma garantia plstica .

    Na CRP:

    Garantia plstica vertentes consagradas:

    Proibio de tribunais extraordinrios ou de excepo:Art. 209, n 4 e art. 213 CRP - No h competncia exclusiva para certos tipos de crimesArt. 211, n 1 CRP - Jurisdio penal em Portugal s pertence aos tribunais penais, a no

    ser os militares em casos previstos (em tempo de guerra).Em Portugal s na vigncia de estdo deguerra possvel a constituio de tribunais militares para o julgamento de crimes de naturezaestritamente militar. Para julgamento de crimes de natureza estritamente militar em tempos de pazso competentes os tribunais comuns, mas na sua composio h juzes militares.

    Reserva de lei anterior na delimitao da competncia

    reserva de lei anterior ao facto: artigo 32,n 9 CRPO problema da aplicao da lei sobre competncia no tempo

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    19/99

    19

    A interpretao restritiva do artigo 32, n 9 CRP. Professor defende, quase isoladamente,este ponto quanto a este artigo, deriva uma reserva de lei anterior, por isso, nesta matria decompetncia vigora o princpio da aplicao da lei vigente no incio do processo. A competnciafixa-se consoante a competncia vigente no incio da aco excepo ao art. 5.

    Art. 32, n 9 CRP a regras que limitam a competncia so aquelas que estiverem vigentes nomomento em que o processo se inicia excepo ao art. 5, n 1. Em matria de competnciaaplica-se sempre a lei do incio do processo. Esta uma posio quase isolada na doutrina.(Pgina 20 do Acrdo sobre o juiz natural no podemos suprimir a 2 parte do art. 32, n 9 Aplicar sempre e s a norma vigente quele momento, segundo Moutinho)

    A reserva de lei anterior ao facto uma vertente do estabelecido no artigo 32, n 9 - acompetncia tem de estar fixada em lei anterior. Daqui deriva a reserva de lei anterior e emtermos de aplicao da lei no tempo em matria de competncia vigora o princpio da aplicaoda lei vigente no incio do processo. O prof entende que isto o que a CRP quer dizerabsolutamente.A competncia fixa-se no momento em que se prope a aco ( uma regra subsidiria deaplicao da lei no tempo em relao ao artigo 5: aplica-se o artigo 5 e em matria decompetncia entra o artigo 38). Mas em processo civil h duas excepes. Esta regra geral aplica-se ao processo penal e o artigo 32, n 9 assume essa regra e torna-a absoluta. As regras quedelimitam a competncia so as que estiverem vigentes no momento em que o processo se inicia- h uma excepo regra do artigo 5, n 1. O prof est sozinho nesta teoria. A doutrina e jurisprudncia entendem que se houver uma nova lei sobre competncia aplica-se a regra doartigo 5, n 1 e os processos esto a saltar. O prof entende que isso contrrio ao artigo 32, n 9da CRP.

    Proibio de desaforamento: excepo do que acontece com os tribunais excepcionais, isto tambm se aplica quandoalgum (poder executivo, ambas as partes, acto administrativo do Governo, quem quer que seja)v pegar num processo pendente em Tribunal e atribui-lo a outro juiz.

    O desaforamento a subtrao de uma causa ao tribunal onde ela corre. A probio dedesaforamento significa que nenhuma causa pode ser subtrada ao tribunal cuja competnciaesteja fixada em lei anterior. excepo dos tribunais excepcionais, isto aplica-se quandoalgum, seja quem for, v pegar num processo pendente num tribunal, pegar nele entreg-lo aoutro. Em termos normais isto no sucede, mas em termos normais tambm no h tribunais deexcepo. Artigo 32, n 9 CRP.

    Dvidas: esta proibio aplica-se tambm nas seguintes situaes?

    Problema do artigo 16, n 3 e n 4 CPP:artigo 14, n 2, al. b) - O julgamento pode serpor tribunal singular, colectivo ou de jri. A lei aceita, entre outros critrios, paradelimitao da competncia, um critrio quantitativo - 16, n 2, al. b). Quando eu querosaber qual a pena mxima, o que fao ir ao cdigo penal ver a pena mxima. Ex: Furtosimples 203 CP tribunal singular; furto qualificado (204, n 1 CP) tribunal singular;204, n 2 CP tribunal colectivo. H ainda critrios qualitativos: artigo 16, n 3 e 4.Artigo 16, n 2, b) e artigo 14, n 2, b).

    Exemplo: furto simples (artigo 203 CP) e furto qualificado (artigo 204 CP).Crime de furto simples: competente o tribunal singular, de acordo com o artigo 16, n 2,

    b) CPP.Crime de furto qualificado na sua primeira qualificao (artigo 204, n 1 CP): competente

    o tribunal singular - artigo 16, n2, b)Crime de furto qualificado na segunda qualificao (n 2): competente o tribunal

    colectivo: artigo 14, n 2, b)

    Olhmos para o critrio do limite mximo da pena aplicvel.Mas, por cima disto h ainda o artigo 16, n 3 e o artigo 16, n 4: vm dizer que os casos

    de furto qualificado, segunda qualificao (n 2) que seriam da competncia do tribunal colectivo,

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    20/99

    20

    podem ser julgados por tribunal singular se o MP entender que no deve ser aplicada penasuperior a 5 anos. Este artigo vem permitir que, estando perante um crime com pena mximaacima dos 5 anos, que seria da competncia do tribunal colectivo de acordo com o artigo 14, n 2,b), o MP possa, em funo das circunstncias do caso, prevendo que a pena fique abaixo dos 5anos em concreto, determinar a competncia do tribunal singular. Foi entendido que o juiz dotribunal singular no podia recusar esta competncia e da o n 4.O caso abstractamente da competncia do tribunal colectivo, mas o MP entende que de julgarno tribunal singular e este no pode nem declarar-se incompetente nem aplicar pena superior a 5anos. O MP vai determinar que no o tribunal colectivo que competente para aquele caso,mas o tribunal singular. Houve dezenas de acrdos, mas o artigo 16, n 3 e n 4 estabilizou-seporque era apenas a determinao da pena abstracta e no em concreto, mas este argumentono vale. Neste caso o MP tem uma grande margem de apreciao sobre o objecto do processo.Tem como consequncia a manipulabilidade por parte do MP de determinar o juiz.

    Problema da competncia por conexo (artigo 31): normalmente, a regra : a cada causa oseu processo. Tm de haver certas conexes entre os crimes para poderem ser julgados nomesmo processo e a lei admite que eles sejam julgados pelo mesmo tribunal e estabelececritrios para eles poderem ser julgados pelo mesmo tribunal, quando um seria em Lisboa eoutro no Porto. Para se organizar um processo conjunto tem de se admitir que todos oscrimes sejam julgados pelo mesmo Tribunal art. 24, 25, 26, 27, 28 e ss

    Artigo 24 e 25 - quando h estas conexes a lei manda organizar um processo nico, o do artigo29.Pode acontecer que se os crimes fossem julgados sozinhos, fossem julgados em tribunaisdiferentes - para obstar a isto existe o artigo 28.Competncia material: artigo 27. Esta conexo no necessria, pode acontecer que sejaprefervel que os processos sejam julgados em separado, nomeadamente para evitar asconsequncias do artigo 30, no obrigatrio seguirem juntos, para no se prejudicar oconhecimento de todos os crimes. Em Itlia levantou-se um problema com os processos da mfia,que so processos gigantes e apareceu a necessidade de separar processos e por vezes osprocessos separados davam lugar a absolvies. Comeou-se a dizer que as separaes muitasvezes so modos de entregar o processo a tribunais diferentes, que a escolha se julgamentosseparados se pode basear na escolha do tribunal, e isto deu origem ao artigo 31, b) - gera oproblema de os processos seguirem separados mas os juzes serem os mesmos. Odesaforamento proibido. Isto tem outro nvel de discusso: no domnio da regulamentao dacompetncia exigir um certo automatismo. H uma deciso do MP que tem margem grande deapreciao, h uma deciso de base que no sobre competncia, que sobre o objecto doprocesso, mas que tem como consequncia uma manipulabilidade do processo.

    Garantia aberta: Distribuio: pode ser competente determinado tribunal de determinada comarca. preciso saberpara que juzo vai o processo. Esta repartio interna dentro do tribunal j no a competncia, j distribuio e se aplicssemos isto letra, j no era um problema de competncia, era dedistribuio. Mas h um acrdo (Acordo TC n 614/03) que esclarece que distribuio tambmse aplica o juiz natural porque o que se quer evitar na distribuio a escolha do juiz. O facto de o juiz natural no ter guarda chuva na CRP, significa que ele fruto de um princpio e impede-se atodos os nveis que haja interferncia de terceiros na escolha do tribunal.

    DA JURISDIO COMPETNCIA: Jurisdio = dizer o direito. a declarao do direito realizada pelos tribunais nos casos que lheso submetidos e a execuo das suas decises. Jurisdio penal: actividade de administraoda justia penal exercida pelos tribunais: artigo 202 CRP.A jurisdio compreende toda a funo jurisdicional de um determinado pas.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    21/99

    21

    H diviso da jurisdio em vrias parcelas. Acompetncia a parcela de jurisdio que competea cada tribunal. Em processo penal isto tem dois nveis. Os critrios de repartio de competnciapenal, tendo o correspondente nas outras jurisdies (cvel) tem terminologias e critriosdiferentes.No uma lei que pega em toda a jurisdio e a divide. A primeira diviso faz-se na CRP. Ostribunais judiciais so os tribunais comuns. A jurisdio penal divide-se pelas vrias ordens detribunais na CRP.A lei do funcionamento dos tribunais distribui a competncia pelos tribunais, mas a j competncia.

    Falta de jurisdio:A competncia a parcela de jurisdio atribuda a cada tribunal, mas a jurisdio tem vriasespcies: a penal, a civil, a administrativa...Uma deciso jurisdicional tomada por um rgo que no um tribunal uma deciso inexistente,assim como a deciso de um tribunal que no tenha qulaquer parcela de jurisdio penal e tomeuma deciso jurisdicional em matria penal. Isto diferente da incompetncia: a incompetnciarespeita s distribuio da jurisdio de dada espcie pelos vrios tribunais.

    Quando um crime julgado por um tribunal militar sem ser crime militar no h um problema decompetncia, h um problema de falta de jurisdio: o julgamento inexistente. No hpossibilidade de trnsito em julgado.A CRP divide a jurisdio por ordens de tribunais e a violao destas regras falta de jurisdio ed lugar a inexistncia jurdica.Dentro de cada ordem jurisdicional a lei divide a jurisdio entre os tribunais dando lugar competncia - a falta de competnciad lugar incompetncia. O vcio da incompetncia podeser sanado e ficada sanado com o trnsito em julgado da deciso tomada por tribunalincompetente.

    A lei orgnica dos tribunais judiciais v as coisas da perspectiva dos tribunais e pretende repartir acompetncia em matria cvel e penal.

    No vamos estudar a perspectiva da lei da organizao judiciria mas do CPP, que sodiferentes, mas no se contrariam, tm de se compatibilizar.

    Critrios de determinao da competncia dos tribunais:1. material2. territorial3. funcional4. internacional

    CPP: h 3 critrios de determinao da competncia: a competncia material ou funcional(tratados simultaneamente) e competncia territorial. O cdigo no tem regra para a competnciainternacional, mas tem de haver competncia dos tribunais portugueses para isso, devido sregras do cdigo penal dos princpios da universalidade...Artigos 20 e 22. H competncia internacional dos tribunais portugueses nas no resulta do CPP.

    Recurso: em termos de competncia, os tribunais so diferentes porque um intervm em primeirainstncia e outro para julgar o recurso. Em processo penal isto multiplica-se porque h maistribunais a intervir. No pode ser o mesmo tribunal de instruo e o de julgamento para fugir estrutura inquisitria em que o arguido chega a julgamento e est condenado. Tem de ser umrgo a julgar e um rgo diferente a realizar as iniciativas probatrias. Artigos 13, 14 e 16: afuno que l est julgar.

    Competncia funcional:H um critrio que a funo exercida no processo, o processo o mesmo, com o mesmo crime,os mesmos arguidos, mas h dois tribunais com funes diferentes: um pratica actos de instruo,outro de julgamento, outro de recurso. H determinao de competncia de vrios tribunais paraas vrias fases do processo. O critrio o da fase:

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    22/99

    22

    - inqurito e instruo: artigo 17- julgamento: artigos 13 a 16- recurso

    A competncia funcional normalmente uma competncia por fases, h interveno de tribunaisdiferente em fases diferentes, mas dentro da mesma fase pode haver tribunais diferentes aexercer funes diferentes. H poderes que em qualquer fase do processo so exercidos porcerto rgo, por exemplo o habeas corpus.

    A competncia funcional delimita a jurisdio dos diferentes tribunais marterialmente competentesdentro do mesmo processo e segundo as suas fases ou graus e para a prtica de determiandosactos dentro de cada fase ou grau de jurisdio.Exemplos:Para um crime punvel com pena at 5 anos: o juiz de instruo tem competncia funcional paraproceder instruo, decidir quanto pronncia e exercer as funes relativas ao inqurito (artigo17); o tribunal singular tem competncia funcional para julgar o processo em 1 instncia (artigo16, n 1, c) e as seces do tribunal da relao tm competncia para os recursos.Para um crime em que arguido um juiz de direito: so funcionalmente competentes as secesdo tribunal da relao para os actos de inqurito, para a instruo e para o julgamento (artigo 12,n 2, a) e b) e as seces criminais do STJ so funcionalmente competentes para os recursos(artigo 11, n 3, b).A competncia funcional abarca a competncia em razo da hierarquia e a distribuio decompetncia entre tribunais do mesmo grau nas diferentes fases do processo.Competncia no:

    inqurito e instruo: artigo 17 julgamento: artigos 13 a 16recurso: exemplos: artigos 12, n 3, b); 11, n 4, b)execuo: artigo 470penas e medidas de segurana privativas da liberdade: artigo 18 + artigo 91 LOFTJOutras:

    habeas corpus: artigos 2201, n 1; 222, n 1tribunais colectivos: presidente e tribunal: exemplos - artigos 331 e 338

    Competncia material:No respeita a critrios qualitativos do processo civil, respeita a duas solues gerais: adiferenciao dos tribunais em razo da matria de processo.H dois grandes critrios de determinao da competncia:

    A. competncia em razo da matria (ratione materiae)B. competncia em razo das pessoas (ratione personae)

    - Competncia em razo da matria: Critrio: gravidade do crime. H dois critrios para apurar a gravidade do crime:1. critrio qualitativo: prende-se com a natureza do crime - artigo 13, n1; artigo 14, n1 e n2,

    a); artigo 16, n 2, a)2. critrio quantitativo: prende-se com a gravidade da pena aplicvel - artigo 13, n2; artigo

    14, n 2, b); artigo 16, n2, b) + artigo 15

    H assim dois critrios de atribuio de competncia em razo da matria: qualitativo equantitativo.Artigo 13, n 1 e artigo 14, n 1: critrio qualitativo - a lei diz que estes crimes como tm estaqualidade so graves, por isso podem ser julgados por tribunal colectivo ou jri, se for requerido.Artigo 14, n 2, a): os crimes dolosos ou agravados pelo resultado, so independentemente dapena aplicvel, julgados por tribunal colectivo. Artigo 16, n 2, a): h crimes que, pela qualidade,mesmo que punidos com pena maior a 5 anos, so da competncia do tribunal singular, por

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    23/99

    23

    serem pouco importantes - h um critrio qualitativo, que o primeiro que temos de aplicar.Primeiro temos que ver se o crime cabe aqui.

    Seno couber aplica-se o critrio quantitativo: para tribunal de jri: artigo 13, n2: tem competnciapara julgar os processos que, no devendo ser julgados pelo tribunal singular e tendo ainterveno do jri sido requerida pelo Ministrio Pblico, pelo assistente ou pelo arguido,respeitarem a crimes cuja pena mxima, abstractamente aplicvel, forsuperior a 8 anos de priso

    Critrio qualitativo: depende da natureza do crimeCritrio quantitativo: depende da gravidade da pena aplicvelPelo critrio quantitativo que se mede a gravidade do crime. Para o prof Lobo Moutinho,prevalece o critrio qualitativo.

    Pergunta: qual o tribunal competente para julgar um crime de homicdio a pedido da vtima,previsto no artigo 134 CP?A pena inferior a 5 anos. A competncia cabe ao tribunal colectivo por fora do artigo 14, n2, a).Segundo o critrio quantitativo seria o tribunal singular porque a pena mxima inferior a 5 anos(artigo 16, n2, b), mas este crime est previsto no artigo 14, n2, a) porque um crime doloso decujo o tipo faz parte a morte de uma pessoa, por isso seria da competncia do tribunal colectivo.Dvida: o artigo 16, n2, a) diz "que no sendo julgados pelo tribunal singular": s serve para oartigo 16, n1,a) ou para o artigo 16, n3 ou n4. Primeiro aplica-se o critrio qualitativo e s depoiso quantitativo. O critrio qualitativo prevalece sempre.

    Crime de homicdio por negligncia: artigo 137. O MP usa um critrio quantitativo para decidir sedeve ou no fazer julgar crimes no tribunal singular que partida seriam julgados no tribunalcolectivo. Primeiro critrio qualitativo - se cabe mas categorias est resolvido. Critrio quantitativodepois.

    - Competncia em razo das pessoas: H certos casos em que a determinao da competncia se faz em razo do crime objecto doprocesso, e casos em que se faz em funo do arguido para evitar que o juiz possa recear julgarcertas pessoas, como magistrados, polticos - a competncia para o processo no a normal.

    Presidente da repblica: artigo 11, n 7, a) e artigo 11, n 3, a) Quando o arguido o presidente,as vrias funes cabem ao STJ. A lei olha matria para determinar a competncia, mas no matria crime, matria arguido. H uma competncia em razo da matria, mas a matria acausa arguido. A causa pode ser o crime que vai ser julgado ou a pessoa do arguido que vai ser julgada porque uma questo de repartio de competncia e a competncia distribui-se emfuno do arguido nestes casos para que o pblico olhe para o julgamento e diga que no hrazes para desconfiar da imparcialidade e objectividade da deciso, no por o juiz no sercapaz de julgar estes casos, para gerar a confiana do pblico. A lei olha para o arguido e atribuia competncia a um tribunal superior, em certos casos.

    AULA DE 07/03Qual a operao que medeia entre a jurisdio e a competncia?O primeiro passo dado pela CRP, que faz uma diviso de jurisdies.

    Faz diferena dizer que h falta de jurisdio e falta de competncia? Sim, num caso hincompetncia noutro h falta de jurisdio.

    Critrios de repartio da competncia pelos tribunais judiciais:

    1. MATRIA:H dois critrios de competncia material:

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    24/99

    24

    2. ratione personae: diz respeito pessoa do arguido e interfere em todas as funes3. ratione materiae.

    Na maioria dos casos a competncia material interessa para que funo? Interessa para saber seo titular de cargo poltico ou o magistrado so julgados por tribunais superiores, para delimitar acompetncia em funo da natureza dos processos ou da qualidade dos arguidos.

    A competncia material, sobretudo para o julgamento em primeira instncia, determina-se emfuno da natureza ou da gravidade do crime. O critrio quantitativo atende gravidade da penaaplicvel ao crime, o critrio qualitativo atende espcie do cirme ou natureza de algum dosseus elementos.Os artigos 14 e 16 do CPP fazem aplicao destes critrios.

    H outros dois critrios:1. qualitativo: deriva da qualidade do crime: artigo 13, n1; artigo 14, n1 e n2, a); artigo 16, n 2,

    a)2. quantitativo: deriva da gravidade da pena: artigo 13, n 2; artigo 14, n 2, b); artigo 16, n 2, b)

    + artigo 15.Artigo 15: para delimitao da competncia material em razo da gravidade da pena aplicvel solevadas em conta todas as circunstncias que possam elevar o mximo legal da pena a aplicar noprocesso. Deve atender-se s circunstncias que possam elevar o mximo da pena a aplicar aoprocesso, s circunstncias modificativas agravantes. H circunstncias que fazem parte do tipode crime (artigo 72, n 2 CP) e essas, agravantes ou atenuantes, j so consideradas na fizaoda penalidade. O que importa considerar para o artigo 15 so as circunstncias que no fazemparte do tipo de crime, mas alteram a pena aplicvel.S a estas circunstncias se refere o artigo 15. S devem ser consideradas para determinao dapena aplicvel, as circunstncias modificativas agravantes O artigo manda atender ao mximolegal da pena a aplicar no processo. Atende-se ao mximo legal da pena que pode ser aplicadaao arguido no processo. O mesmo processo pode ter por objecto vrios crimes e do concursopode resultar que a pena a aplicar ao arguido deve ser superior que aplicvel por cada um dos

    crimes em concurso. o caso do concurso de crimes em que a pena a aplicar tem como limitemximo a soma das penas concretamente aplicadas a cada um dos crimes em concurso: artigo78, n 2 CP e artigo 14, n 2, b) CPP.

    Do critrio quantitativo resulta:1. que o tribunal de jri competente para o julgamento de de crimes cuja mxima aplicvel for

    superior a 8 anos de priso;2. que o tribunal colectivo competente para o julgamento de crimes cuja pena mxima aplicvel

    for superior a 5 anos de priso;3. que o tribunal singular competente para o julgamento dos crimes cuja pena mxima aplicvel

    for igual ou inferior a 5 anos de priso.Em funo deste critrio, o tribunal singular no pode aplicar enas quantitativamente superiores a5 anos de priso; os tribunais colectivos s podem julgar os processos em que seja aplicvel penasuperior a 5 anos e os tribunais de jri os processos em que seja aplicvel uma pena superior a 8anos de priso. O critrio para delimitar quantitativamente a competncia material dos tribunais a pena mxima abstractamente aplicvel.Prof Germano Marques da Silva: h a regra de que quem pode o mais pode o menos e portantose o tribunal colectivo pode aplicar pena de priso superior a 5 anos, pode tambm aplicar umapena inferiorO processo sumrio sempre da competncia do tribunal singular.

    Competncia do tribunal singular:Artigo 16, n1:a competncia fixada neste artigo fixada segundo um critrio residual. Cabem nacompetncia dos tribunais singlares os crimes que no caibam na competncia de tribunais deoutra espcie. Cabe-lhe o julgamento de todos os crimes punveis com pena diferente da pena depriso ou a que se aplique medida de segurana.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    25/99

    25

    Artigo 16, n2, a): adopta-se o critrio qualitativo. um critrio perigoso porque no possvelestabelecer com antecedncia quais os crimes em relao aos quais a apreenso de prova nooferece grande dificuldade. Esto abrangidos os crimes contra a autoridade pblica que podemser punidos isoladamente com penas de mximo superior a 5 anos e em concurso com penas at25 anos.Tambm da competncia deste tribunal o julgamento de crimes que devam ser julgados emprocesso sumrio.

    Competncia do tribunal colectivo:O tribunal colectivo de 1 instncia pode ser tribunal de competncia genrica ou de competnciaespecializada. Compete-lhe julgar os processos previstos no artigo 14.

    Competncia do tribunal de jri:O jri no tem competncia automtica, tem de ser requerido. Quando se requer o jri que selana o processo de seleco de jurados. O tribunal de jri s intervm quando a sua intervenofor requerida pelo MP, pelo assistente ou pelo arguido: artigo 13 CPP.O requerimento para interveno do tribunal de jri irretratvel (artigo 13, n4) e deve ter lugarno prazo para a deduo de acusao, quando for do MP ou do assistente, e no prazo pararequerimento da instruo, quando for do arguido. Havendo instruo, o requerimento do asistenteque no tenha deduzido acusao e do arguido devem ter lugar no prazo de 8 dias a contar dapronncia (artigo 13, n3).Compete ao tribunal do jri julgar os processos previstos no artigo 13, n1 e n2.Exceptuam-se da sua competncia os crimes de terrorismo e os que se refiram a criminalidadealtamente organizada (artigo 137 LOSJ e artigo 207, n1 CPP).

    Ressalva do artig 13, n2: "no devendo ser julgados pelo tribunal singular": possibilidade que oartigo 16, n3 d ao MP de atribuir competncia ao tribunal singular relativamente a alguns crimesque, atendendo pena aplicvel em abstracto, seriam da competncia do tribunal colectivo e aos

    crimes previstos no artigo 16, n2, a), mesmo que punveis com pena de mximo superior a 5anos de priso.

    (competncia das Relaes, do STJ e dos tribunais de execuo de penas: pp 178-182).

    O critrio qualitativo prevalece sempre sobre o critrio quantitativo.Na interpretao do professor, no h mais que nos preocupar com o processo sumrio, por issoriscam-se as ressalvas do artigo 14 e do artigo 16, n 2.Apesar de no ser sistematicamente correcto, o legislador esclareceu no artigo 14 que quando hconcurso de crimes no olhamos para a pena mxima de cada crime, mas para a pena mximado concurso de crimes. O problema : admitindo que A est a ser julgado por furto simples (artigo203) e por outro crime de furto simples (artigo 203), a pena at 3 anos. O que deriva do artigo que para determinar a competncia material neste caso no se olha para o limite mximo de cadacrime, mas para a pena mxima da cumulao de crimes. Na altura de atribuio de competncia,como as penas por cada um dos crimes podem ir at 3 anos e h dois crimes em concurso, temosde contar com limite de 6 anos porque em abstracto aquela pena pode ir at 6 anos e nesse casoos crimes de furto (que sozinhos eram da competncia do tribunal singular), passam a ser dacompetncia do tribunal colectivo. Este concurso de crimes se for julgado em concurso tem de serda competncia do tribunal colectivo. Isto tambm se aplica em concreto porque a soluo doartigo 16, n 3 a mesma. Neste caso tambm se aplica o mesmo raciocino. Para determinaodo critrio quantitativo temos de entrar em linha de conta com o concurso de infraces.

    Livro do prof germano:Fixao da competncia pelo mtodo da determinao concreta:Artigo 16, n 3: o MP pode sujeitar a julgamento em tribunal singular os arguidos em processos aque, em abstracto correspondia uma pena mxima superior a 5 anos de priso, mesmo em caso

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    26/99

    26

    de concurso de infraces (artigo 14, n 2, b), se entender que no deve ser aplicada ao casoconcreto uma pena de priso superior a 5 anos.Artigo 16: o MP pode fixar definitivamente a competncia do tribunal porque o artigo atribui aotribunal singular a competncia naquela hiptese.

    O artigo 16, n 3 foi objecto de polmica quer no que respeita sua interpretao quer quanto sua constitucionalidade, mas a jurisprudncia do TC no sentido da sua conformidade com aCRP.Tem-se argumentado que as normas do artigo 16, n 3 e n 4 violam os princpios do juiz natural,da jurisdio, da legalidade e da iguladade, mas o TC tem considerado em jurisprudnciaconstante que nenhum dos prinpios violado.O artigo 16, n 3 e 4 permite ao MP decidir, sem possibilidade de controlo judicial, que a pena aaplicar num caso concreto h-de ser inferior que abstractamente prevista na lei.Tem-se discutido se o tribunal singular pode controlar a deciso do MP ao recorrer ao artigo 16, n3. No nos casos em que a competncia do tribunal colectivo ou do jur definidaqualitativamente e no apenas quantitatavamente. O mP s pode recorrer faculdade do artigo16, n 3 nos casos dos crimes previstos no artigo 14, n2, b). Se o MP no respeitar o pressupostodo uso daquela faculdade o tribunal h-de declarar-se incompetente.

    2. TERRITRIO: O elemento de conexo normal no processo civil o domiclio do ru. No processo penal no , o lugar do crime: artigo 19, n 1. O elemento de conexo o local do crime.O lugar do crime precisa de regulamentao especial em certos casos:

    - pode acontecer que A sequestre uma pessoa em Lisboa e leva a vtima para o Porto.Esteve em Lisboa uma semana, depois em Santarm, na Goleg e no Porto. No Porto foilibertada. Aqui o crime permanente e por isso o cdigo diz que o que interessa o localonde se praticou o ltimo acto ou onde cessou a consumao: artigo 19, n 3.

    - Tambm levanta problemas o caso de as pessoas serem levadas para o hospital SantaMaria ou outro e o ofendido acaba por morrer l. A consumao deu-se em Santa Maria.Se no houvesse mais nada, regia o n 1 e o crime tinha-se como cometido no stio onde avtima tinha morrido. Isto no corresponde a ratio da norma porque o objectivo facilitar aprova. artifiosa a deslocao, por isso h o artigo 19, n 2. Neste caso em vez de seassumir o critrio da consumao, o lugar da actividade, da prtica da aco ou daomisso.

    - H ainda regras subsidirias no artigo 20.

    Livro do prof Germano Marques da Silva:Conceito de competncia territorial:A competncia territorial delimita a jurisdio dos tribunais da mesma espcie segundo a sua

    localizao no territrio.O critrio geral para determinao da competncia territorial o elemento da ligao do objectodo processo com o territrio em que cada tribunal exerce jurisdio.

    Critrios legais para determinao da competncia territorial:A) Regras gerais:

    1. Lugar da consumao do crime:A regra geral para determinao da competncia do tribunal territorialmente competente paraconhecer de um crime o da rea onde se tiver verificado a consumao: artigo 19, n 1. A razo justificativa a da mais fcil recolha de prova.

  • 8/10/2019 Processo Penal Tericas.docx

    27/99

    27

    No entanto, muitas vezes a consumao do crime ocorre em lugar muito diverso e distante dolocal em que os actos de execuo foram praticados: num crime de homcidio a vtima vem amorrer no hopital situado em lugar distante daquele onde os actos de execuo foram praticados.Artigo 19, n 2: se se tratar de um crime que compreenda como elemento do tipo a morte de umapessoa, competente o tribunal em cuja rea o agente actuou ou devia ter actuado (se setratasse de uma omisso).

    Se o crime se consuma por um s acto que se prolonga no tempo competente o tribunal ondetiver cessado a consumao: artigo 19, n 3. o caso dos crimes permanentes em que aexecuo e consumao perduram enquanto no for posto termo violao permanente dointeresse penalemente tutelado. A execuo em tais crimes tem uma aco e uma omisso, e aexecuo e a consumao s cessam atravs de uma aco devida que termine a omisso doagente do crime - por exemplo: o crime de sequestro do artigo 158 CP.

    Se o crime se consuma por actos sucessivos ou reiterados competente o tribunal em cuja rease tiver praticado o ltimo acto: artigo 19, n 3. Os factos sucessivos e os factos reiterados sodiferentes da pluralidade de crimes do mesmo agente. Nos factos sucessivos e nos factos

    re