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ADVO ADVO ADVO ADVOCACIA ACIA ACIA ACIA TRABALHISTA TRABALHISTA TRABALHISTA TRABALHISTA Francisco João Lessa – OAB 4686-SC Rua Princesa Izabel, 264 – sala 23 – Centro – Joinville –CEP 89201-270 – Fone-fax (47) 3025.1231 – [email protected] Exmo. Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública. Comarca de Joinville. Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville – SINSEJ , pessoa jurídica de Direito Privado Interno com sede em Joinville na Rua Lages, n. 84, Centro, CEP 89201- 205 CNPJ 84.705.227/0001-22, neste ato representada por seu Diretor-Presidente, Sr. Ulrich Beathalter, brasileiro, ca- sado, servidor público municipal no cargo de professor, RG 53832504-SSP-SC, CPF n. 017.141.239-79, residente em Join- ville na Rua Osmar Galdino Fagundes, 160, Bairro Paranagua- mirim, CEP 89231-775, por seus procuradores, que atendem no endereço acima timbrado, vem até esse Eg. Juízo de Direito Estadual, na condição de substituto processual (CF/88, art. 8º, III), para propor a presente Ação Civil Ordinária com Pedido de Antecipação dos Efeitos da Tutela Jurisdicional , em face do Município de Joinville , pessoa jurídica de Di- reito Público Interno com sede em Joinville na Av. Hermannn August Lepper, 10, Centro, CEP 89221-000, de CNPJ n. 83.169.623/0001-10, pelo que passa a expor, comprovar e re- querer: I – Da substituição processual Não obstante toda a polêmica já havida em torno da matéria, onde no mais das vezes se procurava restringir as hipóteses de substituição processual, hoje se encontra debelada a di- vergência, vez que o Supremo Tribunal Federal, por sua com- posição plena, por unanimidade, em brilhante acórdão da la- vra do Min. Néri da Silveira assentou sobre a matéria o se- guinte entendimento: (...) 18. O art. 8º, III, da Carta Magna em vigor, todavia, confere ao sindicato “a defesa dos direitos e interes- ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive

Processo professores a termo

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processo dos professores contrtados a termo

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Page 1: Processo professores a termo

ADVOADVOADVOADVOCCCCACIAACIAACIAACIA TRABALHISTATRABALHISTATRABALHISTATRABALHISTA

Francisco João Lessa – OAB 4686-SC Rua Princesa Izabel, 264 – sala 23 – Centro – Joinville –CEP 89201-270 – Fone-fax (47) 3025.1231 – [email protected]

Exmo. Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública.

Comarca de Joinville.

Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville – SINSEJ, pessoa jurídica de Direito Privado Interno com sede em Joinville na Rua Lages, n. 84, Centro, CEP 89201-205 CNPJ 84.705.227/0001-22, neste ato representada por seu Diretor-Presidente, Sr. Ulrich Beathalter, brasileiro, ca-sado, servidor público municipal no cargo de professor, RG 53832504-SSP-SC, CPF n. 017.141.239-79, residente em Join-ville na Rua Osmar Galdino Fagundes, 160, Bairro Paranagua-mirim, CEP 89231-775, por seus procuradores, que atendem no endereço acima timbrado, vem até esse Eg. Juízo de Direito Estadual, na condição de substituto processual (CF/88, art. 8º, III), para propor a presente Ação Civil Ordinária com Pedido de Antecipação dos Efeitos da Tutela Jurisdicional, em face do Município de Joinville, pessoa jurídica de Di-reito Público Interno com sede em Joinville na Av. Hermannn August Lepper, 10, Centro, CEP 89221-000, de CNPJ n. 83.169.623/0001-10, pelo que passa a expor, comprovar e re-querer: I – Da substituição processual

Não obstante toda a polêmica já havida em torno da matéria, onde no mais das vezes se procurava restringir as hipóteses de substituição processual, hoje se encontra debelada a di-vergência, vez que o Supremo Tribunal Federal, por sua com-posição plena, por unanimidade, em brilhante acórdão da la-vra do Min. Néri da Silveira assentou sobre a matéria o se-guinte entendimento:

(...) 18. O art. 8º, III, da Carta Magna em vigor, todavia, confere ao sindicato “a defesa dos direitos e interes-ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive

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em questões judiciais ou administrativas”. Essa norma, em cotejo com a do art. 5º, XXI, da mesma Lei Maior, revela-se de caráter especial, afastando qualquer óbi-ce ou condição estabelecida na norma geral. 19. Daí resulta que o sindicato, constituindo-se em entidade associativa de atuação específica no campo das relações trabalhistas, para a defesa dos “direitos e interesses coletivos e individuais” da categoria por ele representada, “inclusive em questões judiciais ou administrativas”, não dependa da expressa autorização de seus filiados para representá-los em juízo. No par-ticular, portanto, o sindicato recebeu tratamento dis-tinto do conferido “às entidades associativas” em ge-ral, pelo art. 5º, XXI, da Constituição, que a elas atribui “legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”, “quando expressamente autorizadas. (...)

Ora, sendo o Supremo Tribunal Federal o guardião da Consti-tuição Brasileira, dando a Corte a última palavra acerca da interpretação do conteúdo da Lei Fundamental, não se há mais que falar em limites e exigências ao exercício da substituição processual, mas aplicá-la, como quis o consti-tuinte de 1988. O Juiz do Trabalho do TRT da 3ª Região, José Roberto Freire Pimenta, tratando do tema destaca com muita propriedade:

Tais fundamentos —refere-se ao acórdão do STF— de nos-sa mais alta Corte de Justiça são claramente contrá-rios ao entendimento de aquele preceito constitucional —art. 8º, III— teria apenas autorizado a representação pelo sindicato nos moldes antes previstos pelo art. 513, a, da CLT. Ao contrário, dão-lhe a amplitude ne-cessária para a consecução dos objetivos almejados pe-lo legislador constituinte.

Vai mais longe o magistrado das Minas Gerais, lecionando que o direito processual moderno, nos países mais desenvol-vidos, tem como uma de suas preocupações fundamentais a sua eficácia, ou seja, procura ser ele um instrumento ágil e prático na solução justa dos litígios. Inserido em uma so-ciedade de massas, não basta ao processo da atualidade de-cidir com segurança; é preciso decidir rápido e de forma a alcançar o maior número possível de conflitos e litigantes, de modo mais simples e econômico. Por seu turno o renomado processualista Celso Agrícola Bar-bi, atualizando seus comentários ao art. 6º do Código ‘Bu-zaid’, ante a promulgação da Carta Política de 1988, avali-ando aspectos da vida moderna em relação ao direito e à e-dição desmedida de normas por parte do Estado, donde deriva

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infinito número de violações com conseqüentes demandas com envolvimento de grande número de indivíduos, conclui que a sistemática tradicional do dispositivo já não mais se reve-lava suficiente. Salientou:

Essas violações originavam ações com centenas de auto-res, ou então centenas de ações iguais, corresponden-tes a outros tantos atores, o que criava dificuldades para os advogados e juízes, tumultuava o andamento dos processos ou aumentava grandemente o número destes, submetidos ao Judiciário, já normalmente sobrecarrega-do.

Sensível a este problema, a Constituição Federal de 1988 modificou substancialmente a colocação tradicional do pro-cesso e ampliou grandemente os casos de substituição pro-cessual.

Logo, não há como negar-se, no caso concreto, a prerrogati-va do sindicato profissional substituir processualmente o conjunto dos servidores municipais de Joinville, inclusive àqueles do Hospital Municipal São José,e não apenas em re-lação aos seus associados, cuja relação encontra-se anexa, por cautela, mas em relação ao conjunto da categoria repre-sentada, de acordo com a decisão também do Col. Supremo Tribunal Federal, expressa no RE 210029/RS, em acórdão da lavra do eminente Ministro Carlos Velloso, cujo trecho que importa ao destaque, abaixo transcrevo:

Essa é a tendência, parece-me clara, da jurisprudência da Corte Suprema, tendência que se amolda à observada em Direito Processual Comparado, de legitimar, como substituto processual, as entidades sindicais, porque hoje se percebe que o serviço que elas podem prestar aos seus associados, aos seus filiados, à sua catego-ria e também à Justiça é realmente inestimável. E não só se observa essa tendência relativamente às entida-des sindicais, às entidades associativas, mas também ao Ministério Público, o qual, hoje, está legitimado para as ações civis públicas de defesa de direitos ho-mogêneos, numa relação de consumo. No tocante a direi-tos individuais e sociais indisponíveis, a legitimação decorre da Constituição (C.F. art. 127), como decorre da Constituição a legitimação para a ação civil públi-ca para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coleti-vos (C.F. art. 129, III).1

Portanto, o requerimento do sindicato demandante, desde já, é para que a substituição processual na presente demanda se dê em relação aos membros da categoria profissional repre-sentada, independentemente de sua filiação à entidade.

1 O grifo é meu

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II – Dos fatos e do direito

A categoria dos servidores públicos municipais de Joinville realizaram uma greve entre os dias 9 de maio a 17 de junho este ano de 2011, em defesa de reivindicações postas ao mu-nicípio requerido para a data-base 1º de maio, devidamente estabelecida em lei. Para a solução do conflito foi aprovada a Lei Municipal n. 6.954, de 22 de junho de 2011, bem assim um termo de acordo (documentos inclusos). O artigo segundo e parágrafos da referida lei local estipu-lou as condições de reposição/compensação dos dias não tra-balhados, os descontos dos mesmos e restituição de valores eventualmente descontados. Destaco a cabeça do art. 2º, pois importante para a conti-nuidade da argumentação:

Art. 2º Fica o servidor público municipal autorizado a repor/compensar os dias não trabalhados em face da pa-ralisação iniciada em 09 de maio do corrente ano, por efetiva prestação de serviço à municipalidade, confor-me disciplinado nos parágrafos seguintes, realizando o Poder Público, o desconto em quatro vezes (25% em cada mês), dos dias não trabalhados e não compensados, com início em setembro/2011.

Nota-se pela redação do dispositivo, de iniciativa do Exe-cutivo Municipal em face de sua natureza jurídica, que não há qualquer exceção no tratamento dos servidores que parti-ciparam da greve, relativamente à autorização de reposi-ção/compensação dos dias não trabalhados. Ocorre que para um segmento de professores, que não foram excluídos pela lei acima, não está sendo oferecida a opor-tunidade da reposição ou compensação, e já na folha de pa-gamento de junho foi aplicado o desconto das horas de greve do período. Estes professores são conhecidos como aqueles do ‘Termo’, e a remuneração desta contratação precária ocorre na folha de pagamento no código 055. Em 14 de abril último o departamento jurídico do sindicato autor enviou ofício à Secretaria de Gestão de Pessoas e ao Núcleo de Recursos Humanos da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Joinville, onde se pedia cópia do contrato de uma professora abrangida por esta forma de con-tratação.

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Assim foi a resposta feita pela Sra. Secretária de Gestão de Pessoas e pela Coordenadora do Núcleo de Gestão de Pes-soas da Secretaria de Educação:

Em primeiro momento, esclarecemos que o conceito de Termo de Responsabilidade difere-se do conceito de Contrato Temporário. O Termo de Responsabilidade é um documento que o pro-fessor efetivo —concursado— pode assinar caso deseje assumir o compromisso de dar mais aulas do que seu mó-dulo permite, dentro do máximo de 36 horas aulas dadas mais 8 horas aulas atividades semanais, estando ciente de que nos dias de atestados e afastamentos oficiais, não serão pagas as horas do Termo. O Termo é assinado pelo professor quando: há um pro-fessor afastado ou existe uma vaga em aberto onde não há professor concursado para assumir. Segue documento da servidora.

Não vejo nas explicações oficiais transcritas qualquer mo-tivo para que ao professor contratado pelo denominado ‘Ter-mo de Responsabilidade’ não seja dada a oportunidade de re-por ou compensar os dias de greve, nem autorização para os descontos dos dias de greve antes de setembro, como estipu-la o artigo segundo acima destacado. Pelo contrário, se a lei municipal não os excepcionou com relação ao tratamento dos servidores que participaram do movimento de greve, a eles se aplicam todos os regramentos ali contidos, por força do ordenamento isonômico do art. 5º do Estatuto Constitucional Nacional, salvo melhor juízo. Se o professor do ‘Termo de Responsabilidade’ assume ho-ras/aula para substituir professores afastados ou mesmo em vagas em aberto, não há razão para tratamento diferenciado. Ou seja: para os representantes oficiais que responderam ao ofício citado, para o professor concursado que exerce o ‘Termo’ há duas categorias de tratamento: uma completa para as horas de efetivo e outra precária para o segundo caso. Não me parece que haja justiça e isonomia neste tratamento, muito menos legitimidade e legalidade, até porque as cita-das autoridades deixaram d fundamentar legalmente sua prá-tica. A respeito do preceito isonômico constitucional, leciona Celso Antônio Bandeira de Mello:

Ao cabo do quando se disse, é possível afirmar, sem receio, que o princípio da igualdade consiste em asse-

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gurar regramento uniforme às pessoas que não sejam en-tre si diferenciáveis por razões lógicas e substanci-almente (isto é, à face da Constituição), afinadas com eventual disparidade de tratamento. Não há nele, garantia alguma de que pessoas diferenci-adas de outras façam jus a tratamento normativo idên-tico ao que a estas foi dispensado quando tal diferen-ciação se haja estribado em razão que - não sendo in-compatíveis com valores sociais residentes na Consti-tuição - possuam fomento lógico na correlação entre o fator de discrímen e a diversidade de tratamento que lhe foi conseqüente. O que se visa com o receito isonômico é impedir favo-ritismos ou perseguições. É obstar agravos injustifi-cados, vale dizer que incidam apenas sobre uma classe de pessoas em despeito de inexistir uma racionalidade apta a fundamentar uma diferenciação entre elas que seja compatível com os valores sociais aceitos no Tex-to Constitucional". (Princípio da Isonomia: Desequipa-rações Proibidas e Desequiparações Permitidas, in Re-vista de Direito Público, p. 01-83)

Nessa mesma diretriz, Hely Lopes Meirelles colabora:

O que a Constituição assegura é a igualdade jurídica, ou seja, tratamento igual, aos especificamente iguais perante a lei. A igualdade genérica dos servidores pú-blicos não os equiparam em direitos e deveres e, por isso mesmo, não os iguala em vencimentos e vantagens. Genericamente, todos os servidores são iguais, mas po-de haver diferenças específicas de função, de tempo de serviço, de condição de trabalho, de habilitação pro-fissional e outras mais, que desigualem os generica-mente iguais. Se assim não fosse, ficaria a Adminis-tração obrigada a dar os mesmos vencimentos e vanta-gens aos portadores de iguais títulos de habilitação, aos que desempenham o mesmo ofício, aos que realizam o mesmo serviço embora em cargos diferentes ou em cir-cunstâncias diversas. Todavia, não é assim, porque ca-da servidor ou classe de servidor pode exercer as mes-mas funções (v.g., de médico, engenheiro, escriturá-rio, porteiro etc.) em condições funcionais ou pesso-ais distintas, fazendo jus a retribuições diferentes, sem ofensa ao princípio isonômico. Até mesmo a organi-zação da carreira, com escalonamento de classes para acesso sucessivo, com gradação crescente dos vencimen-tos, importa diferenciar os servidores sem os desigua-lar perante a lei. É uma continência da hierarquia e da seleção de valores humanos na escala dos servidores públicos. (Direito Administrativo Brasileiro, 26. ed., Malheiros Editores, 2001, p. 446).

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Por estas razões é que me parece, salvo melhor entendimen-to, que aos professores do ‘Termo’ aplicam-se de forma ple-na as regras constantes da Lei Municipal n. 6.954, de 22.6.2011. Em outras palavras, a estes professores deveria o município requerido oportunizar a compensação/reposição, na forma da lei, e somente iniciar os descontos dos dias parados caso eventualmente já não houvessem completado a compensa-ção/reposição dos dias de greve até setembro de 2011, tam-bém na forma da mesma lei Esclareço as folhas de pagamento dos paradigmas contém des-contos diferenciados porque estes profissionais assumem até 36 horas/aula por mês, mais 8 horas/atividade, e ainda por-que a folha de pagamento do setor de educação de Joinville fecha no dia dez de cada mês e é paga no quinto dia útil do mês subsequente, razão pela qual houve desconto dos dias de greve na folha de junho e poderá ocorrer ainda na folha de julho. III – Da antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional

Como logo acima ventilado, o ponto dos servidores da educa-ção de Joinville se fecha no dia dez de cada mês e seu pa-gamento é realizado no quinto dia útil do mês subseqüente. Em vista deste fato é que se solicita a urgência da deci-são, mesmo que se saiba, como é público e notório, da so-brecarga desse Poder Judiciário. De qualquer modo, pelos elementos fáticos e jurídicos ora apresentados, parece-me se encontrarem presentes os requi-sitos necessários e imprescindíveis à antecipação da tute-la, quais sejam a prova inequívoca das alegações lançadas nesta peça vestibular, e o fundado receio de dano irrepará-vel, ou de difícil reparação, ao patrimônio jurídico-material dos servidores substituídos. Quanto ao primeiro requisito —prova inequívoca— está ele nos termos da lei municipal tão citada, bem assim na com-provação dos descontos realizados em folha de pagamento com relação aos dias de greve, para o que junta os comprovantes das professoras Marlene Marques de Lima Caetano e Melene Bárbara da Silva. Sobre o dano irreparável ou de difícil reparação, este é requisito que se pode encontrar a olho nu, pois não havendo a aplicação isonômica da lei os professores a ‘Termo’ so-frerão o desconto dos dias de greve sem a oportunidade de reposição/compensação, com graves conseqüências ao orçamen-to pessoal e familiar, haja vista para o caráter essencial-

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mente alimentar dos vencimentos do servidor, normalmente a única fonte de renda de que dispõem. Logo, cabe a esse Poder Judiciário, em meu entender, deli-berar em sede de antecipação da tutela, em caráter liminar, para determinar que o Município de Joinville trate os pro-fessores a ‘Termo’ pelo regramento completo da lei munici-pal referida, em tratamento isonômico pleno com o contrato do concurso, oportunizando a compensação/reposição dos dias de greve, inclusive com a restituição dos descontos em Fo-lha suplementar. Ademais, que aos mesmos seja elastecido o prazo para repo-sição até o mês de novembro de 2011, inclusive, haja vista para o período já transcorrido no pós-greve, movimento que encontrou seu final em 17 de junho de 2011, e que os outros servidores que aderiram ao movimento iniciaram a compensa-ção/recuperação em 20 de junho. Sobre a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional’já asseverou o festejado processualista Cândido Rangel Dina-marco, em estudo revestido da procedência de estilo:

Para chegar ao grau de probabilidade necessário à an-tecipação, o juiz precisará de uma instrução que lhe revele suficientemente a situação de fato, não é o ca-so de chegar às profundezas de uma instrução exaurien-te, pois esta se destina a propiciar grau de certeza necessário para julgamento definitivo, não provisório como na antecipação da tutela. Tratar-se-á de uma cog-nição sumária dimensionada segundo o binômio represen-tado: a) pelo menor grau de imunidade de que se reves-te a medida antecipatória em relação à definitiva e b) pelas repercussões que ela terá na vida e patrimônio dos litigantes.

Persiste o estudioso concluindo que ‘O reduzido nível de imunidade das decisões concessivas de tutela antecipada (sua provisoriedade) não é motivo para descuidar das ativi-dades instrutórias inerentes à indispensável cognição sumá-ria. A probabilidade exigida pela lei ao falar em prova i-nequívoca significa que até a algum grau de investigação o juiz deve chegar. Decidirá à luz dos documentos que estejam nos autos e, fazendo valer seus poderes instrutórios, de ofício ou a requerimento determinará a realização das ati-vidades probatórias que em cada caso sejam convenientes. Aplicam-se as regras ordinárias sobre distribuição do ônus da prova (art. 333), embora não precise o autor levar o ju-iz a níveis absolutos de convicção sobre os fatos constitu-tivos. A propósito do instituto processual da antecipação da tute-la jurisdicional, tenho para mim como pedagógica ao extremo

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a leitura feita pelo destacado Professor Luiz Guilherme Ma-rinoni:

A tutela antecipatória permite perceber que não é só a ação (o agir, a antecipação) que pode causar prejuízo, mas também a omissão. O juiz que se omite é tão nocivo quanto o juiz que julga mal. Prudência e equilíbrio não se confundem com medo, e a lentidão da justiça e-xige que o juiz deixe de lado o comodismo do procedi-mento ordinário no qual alguns imaginam que ele não erra para assumir as responsabilidades de um novo ju-iz, de um juiz que trata dos “novos direitos” e que também tem que entender para cumprir a sua função sem deixar de lado a sua responsabilidade social que as novas situações carentes de tutela não podem, em casos não raros, suportar o mesmo tempo que era gasto para a realização dos direitos de 60 anos atrás, época em que foi publicada a célebre obra de Calamandrei, sistema-tizando as providências cautelares.

Por estas razões, os pedidos que abaixo são elencados e pa-ra os quais requer-se provimento. IV – Do pedido

a) Pelo exposto requer-se seja recebida a presente petição inicial, tendo o sindicato autor como substituto processual de todos os professores contratados a ‘Termo’, independen-temente de sua filiação aos quadros da entidade, por força da combinação do ordenamento dos incisos III e V do art. 8º da Constituição Federal de 1988. b) Diante de tudo o que foi exposto, requer a entidade sin-dical autora, que diante da presença dos elementos do art. 273 do CPC e do art. 461 do mesmo Diploma Legal, conceda esse Eg. Juízo Estadual a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, em caráter liminar, independentemente da ou-vida da parte contrária, para os seguintes fins: b.1) Para que o Município de Joinville se abstenha de rea-lizar o desconto em folha de pagamento dos professores a ‘Termo’, em razão dos dias de greve; b.2) Para o caso dos descontos já efetuados em folha, em razão da greve, que sejam as quantias restituídas aos pro-fessores a ‘Termo’, no prazo de setenta e duas horas, em folha suplementar; b.3) Que de imediato, a partir do cumprimento do mandado judicial, o município requerido autorize os professores a ‘Termo’ a fazerem a compensação/recuperação dos dias de

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greve, até o mês de novembro de 2011, inclusive, haja vista que o restante da categoria iniciou a compensa-ção/recuperação em 20 de junho último, e que até o final do período não haja qualquer desconto em folha de pagamento em razão da greve;2 b.4) A citação do requerido, na pessoa de seu representante para, querendo, apresentar resposta à presente ação no pra-zo legal, se quiser; b.5) Por fim, decretação da procedência do pedido, sendo definitivamente determinada a isonomia de tratamento dos professores a ‘Termo’ com o restante dos servidores que a-deriram à greve, especialmente com relação ao direito de compensar/recuperar os dias de greve, devendo os esmos rea-lizarem a referida compensação/recuperação até o mês de no-vembro de 2011, quando então poderá o município requerido iniciar o descontos dos dias não recuperados/compensados, nos termos do art. 2º da Lei Municipal n. 6.954, de 22 de junho de 2011; b.6) Condenação do requerido em custas processuais e hono-rários advocatícios, este fixados com suporte no parágrafo 3º do art. 20 do Código de Processo civil. V – Das provas

A entidade sindical autora comprova o alegado através da documentação ora acostada a esta petição inicial, e também por todos os meios em direito permitidos, sem exclusão de nenhum, e em especial pela juntada de novos documentos e depoimento das partes e de testemunhas, caso necessário, bem assim como exames periciais e vistorias. VI – Do valor da causa

Atribui-se à causa o valor de R$ 5.000,00, meramente para os efeitos processuais, uma vez que neste momento é impos-sível fixar um valor específico e determinado para a causa (CPC/art. 286, II).

Termos em que, pede deferimento. Joinville, 29 de julho de 2011.

Francisco João Lessa OAB 4686-SC

2 Para o restante da categoria os descontos dos dias de greve não compensados/recuperados terão início

em setembro