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PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO - LÍQUIDO Prof a Dr a Elenice Schons Prof Dr André Carlos Silva Capítulo 4. Hidrociclones

PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

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Page 1: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

PROCESSOS DE SEPARAÇÃO

SÓLIDO-LÍQUIDO

Profa Dra Elenice Schons

Prof Dr André Carlos Silva

Capítulo 4.

Hidrociclones

Page 2: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Introdução

⚫ Ciclones: são equipamentos com inúmeras

aplicações nos diferentes campos tecnológicos.

⚫ Ex.: limpeza de gases, classificação de partículas etc.

⚫ Há também grande utilização desses

equipamentos nos processos de separação

sólido-líquido e classificação de minérios,

quando são chamados de hidrociclones.

Page 3: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Aplicação na classificação de partículas

(diâmetros entre 5 e 200μm), sendo utilizados

em dois processos: classificação e

desaguamento.

⚫ Aplicações típicas:

⚫ purificação de óleos de refrigeração na indústria

⚫ separação de produtos minerais

⚫ regeneração de lamas de perfuração

Page 4: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Utiliza o efeito de centrifugação como principal

agente de classificação de partículas minerais.

⚫ Constituído basicamente:

⚫ Parte cilíndrica

⚫ Parte cônica

⚫ Três orifícios: um para a entrada da polpa chamado

injetor (inlet), e outros dois orifícios para a saída

(apex e vortex).

Page 5: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO
Page 6: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Bateria de hidrociclones

Page 7: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Equipamento desprovido de partes móveis

onde a alimentação da polpa, no aparelho,

é realizada sob pressão criando um fluxo

descendente em espiral ao longo das

paredes internas.

⚫ Outro fluxo ascendente é criado pela

formação de uma região de baixa pressão

na parte central do aparelho.

Page 8: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Parte do líquido contendo as partículas da

fração fina é descarregada através de um

tudo cilíndrico fixado no topo do hidrociclone.

⚫ Este tubo apresenta um prolongamento

exterior ao equipamento e é chamado de

coletor de overflow ou vortex finder.

Page 9: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ A fração grossa das partículas e o líquido

remanescente deixam a parte circular do

equipamento em direção à seção cônica e,

posteriormente, para o orifício de underflow ou

apex.

⚫ Seção cônica: finalidade de recuperação de

energia cinética para manutenção dos níveis de

velocidade dentro do equipamento.

Page 10: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Principal diferença geométrica entre ciclones

utilizados como classificadores e desaguadores:

tamanho da abertura do apex

⚫ Reduzindo-se o tamanho do apex:

favorecimento na saída de partículas sólidas

no underflow, em relação à água.

Page 11: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Uma boa operação de desaguamento exige

que a descarga do UF seja do tipo cordão,

diferente do tipo spray, usada na

classificação.

Page 12: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Para se obter o desaguamento deve-se

estrangular o apex: como a seção do

orifício é reduzida, o mesmo acontece com a

capacidade de vazão através dele.

⚫ Como as partículas só podem sair pelo UF,

parte da água já não pode passar e deve sair

pelo OF.

Page 13: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Em termos operacionais: trabalha-se com

pressões menores para que não seja afetada

a partição.

⚫ Produtos com até 75% de sólidos: podem

ser obtidos no underflow dos ciclones

desaguadores.

Page 14: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Desvantagem na aplicação no

desaguamento:

⚫ presença de grandes forças cisalhantes no

interior do equipamento o que pode contribuir

para a quebra de agregados (principalmente,

flocos) reduzindo a eficiência de operações

subsequentes ou aumentando o custo de

beneficiamento com a dosagem adicional de

reagentes floculantes.

Page 15: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ Forças que atuam no ciclone: força

centrífuga e força de arraste (fluxo de

polpa que se dirige ao vortex).

⚫ Força centrífuga: direciona as partículas

de encontro à parede interna do ciclone.

Page 16: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ As partículas maiores (maior massa)

tendem a seguir o fluxo descendente

dirigindo-se ao apex.

⚫ Há, para as partículas menores, o

predomínio da força de arraste sobre a

força centrífuga de tal modo que estas se

dirigem para o vortex.

Page 17: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

Page 18: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Hidrociclones

⚫ A distribuição de fluxos no hidrociclone tem

simetria circular, com exceção da região

tangencial ao duto e suas imediações.

⚫ A velocidade do fluxo de líquido em qualquer

ponto interno do ciclone pode ser decomposta

em três componentes:

⚫ Velocidade tangencial (v)

⚫ Velocidade radial (u)

⚫ Velocidade axial (w)

Page 19: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Quando partículas sólidas são alimentadas no

hidrociclone próximo à parede da seção

cilíndrica, estas sofrem dispersão radial devido

à intensa turbulência causada pela alimentação.

⚫ Por esta razão, a seção cilíndrica é considerada

uma seção de separação preliminar; a

separação propriamente dita ocorre na seção

cônica do equipamento.

Page 20: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Seja uma partícula sólida situada em

qualquer ponto do fluxo em um hidrociclone,

que está sujeita a duas forças:

⚫ Aceleração (gravitacional ou centrífugo)

⚫ Arraste exercido pelo líquido sobre as partículas

Page 21: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Nos hidrociclones pode-se negligenciar o efeito do

campo gravitacional diante do campo centrífugo, tendo

influência sobre as partículas apenas as forças de

arraste e centrífuga.

⚫ O movimento das partículas ocorre nas direções

tangencial e vertical e oposto às forças de arraste e

centrífuga, o que resulta no valor das componentes de

velocidade naquelas direções ser igual à velocidade do

fluxo nas componentes v e w.

Page 22: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Uma vez que a força centrífuga atua na direção

radial, a partícula seguirá o fluxo radial de

líquido e sofrerá uma elutriação centrífuga.

⚫ Se a ação da força centrífuga sobre a partícula

excede a força de arraste, esta se moverá

radialmente para fora; se a força de arraste

excede a força centrífuga, a partícula se moverá

radialmente para a parte interna do

equipamento.

Page 23: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Como as força de arraste e centrífuga são

determinadas pelos valores de u e v,

respectivamente, seus valores relativos em

cada região de separação são decisivos na

determinação da eficiência do hidrociclone.

Page 24: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Estudo dos hidrociclones

⚫ Para as diferentes configurações existentes,

deve-se estabelecer as equações que

fornecem:

⚫ a relação entre as propriedades físicas do

sistema

⚫ dimensões do equipamento

⚫ diâmetro de corte

⚫ queda de pressão

⚫ eficiência global de coleta

Page 25: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO
Page 26: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Movimento das partículas

suspensas

⚫ Para que a mudança na relação de

diâmetros (DO/DU) não afete a partição: deve-

se trabalhar com pressões inferiores

àquelas necessárias para uma boa

classificação.

⚫ Prática operacional do desaguamento:

baixar a pressão de alimentação e reduzir o

diâmetro do apex

Page 27: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Redução do diâmetro do

apex

⚫ Adota-se os seguintes mecanismos:

⚫ Inserção dentro do orifício do apex, com diâmetro

adequado (ciclones da AKW)

⚫ Dispositivos de regulagem do diâmetro mediante ar

comprimido (ciclones da Krebs)

⚫ Apex de borracha (apertáveis por braçadeiras)

Page 28: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Diâmetro de corte: determinado pelas

dimensões do hidrociclone.

⚫ Classificação em granulometrias finas:

requer a utilização de hidrociclones com

pequenos diâmetros.

Page 29: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Quanto maior o diâmetro do hidrociclone:

⚫ maior será o corte granulométrico da

classificação, porque esses equipamentos

proporcionam menor aceleração às partículas

⚫ Ou seja:

a força de aceleração é inversamenteproporcional ao diâmetro do hidrociclone

Page 30: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Área do Inlet (AI): determina a velocidade

de entrada e, consequentemente, a

velocidade tangencial, que também varia

com o raio da seção cilíndrica.

𝑨𝑰 = 𝟎, 𝟎𝟓 × 𝑫𝟐

⚫ D: diâmetro do hicrodiclone

Page 31: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

velocidade tangencial (Vt) é

aproximadamente igual à velocidade de

entrada (Ve) na seção cilíndrica do

equipamento

Page 32: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Comprimento da seção cilíndrica e ângulo

de cone: são os parâmetros que afetam o

tempo de residência da polpa no

hidrociclone.

⚫ Comprimento da seção cilíndrica (Lc) igual

ao seu diâmetro (D):

⚫ o aumento de Lc eleva o tempo de residência e,

em consequência, se obtém uma classificação

mais fina.

Page 33: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Diâmetro de hidrociclone em relação ao

diâmetro das partículas (Lopes, 1998):

Diâmetro do hidrociclone

(D) (cm)

Diâmetro das partículas

(m)

0,63 – 1,27 2 - 10

1,27 – 10,16 10 - 20

10,16 – 30,48 20 - 60

40,64 – 76,20 60 -70

Page 34: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Diâmetro do vortex finder: situa-se entre 35

e 40% do diâmetro interno do hidrociclone.

⚫ Aumento do diâmetro do apex: diminui o

diâmetro de classificação.

⚫ A relação inversa é mais limitada, pois as

partículas maiores só podem ser descarregadas

pelo apex.

Page 35: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ A capacidade da alimentação do hidrociclone

é uma das variáveis mais importantes, junto

com os limites de separação. Pode ser

expressa por:

𝑸𝒗 = 𝟗, 𝟓 × 𝟏𝟎−𝟑 𝑷𝑫𝟐

⚫ Onde:

⚫ Qv: vazão da alimentação (m3/h)

⚫ P: pressão (kPa)

⚫ D: diâmetro do ciclone (cm)

Page 36: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

Page 37: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Variáveis operacionais

⚫ Os hidrociclones são agrupados em famílias.

⚫ Uma família de hidrociclone consiste de

um conjunto de específico de equipamentos

que mantêm entre si uma proporção

constante e exclusiva de suas principais

dimensões geométricas com o diâmetro da

parte cilíndrica.

Page 38: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Principais relações geométricas nas

famílias de hidrociclones (Vieira, 2006):

Família Da/Dc Do/Dc I/Dc L/Dc

Rietema 0,280 0,340 0,400 5,00 15-20o

Bradley 0,133 0,200 0,330 6,85 9o

Demco I 0,217 0,500 1,000 4,70 25o

Demco II 0,244 0,313 0,833 3,90 20o

Krebs 0,267 0,159 - 5,87 12,7o

Mosley I 0,154 0,214 0,571 7,43 6o

Mosley II 0,160 0,250 0,571 7,71 6o

Dc: diâmetro da região cilíndrica; Da: diâmetro da alimentação

Do: diâmetro do OF; I: comprimento do OF no interior do equipamento

L: comprimento total do hidrociclone; : ângulo da região cônica

Page 39: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Eficiência do hidrociclone

⚫ Determinada pela curva de partição: % de

sólidos no UF X tamanho da partícula

Page 40: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO
Page 41: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Eficiência total (ET)

𝑬𝑻 =𝑾𝒔𝒖

𝑾𝒔𝒂=𝑪𝒘𝒖 ×𝑾𝒖

𝑪𝒘𝒂 ×𝑾𝒂

Onde:• ET: eficiência total (adimensional)

• Wsu: vazão mássica de sólidos no UF (kg/s)

• Wsa: vazão mássica de sólidos na alimentação (kg/s)

• Cwu: concentração mássica no UF (adimensional)

• Cwa: concentração mássica na alimentação (adimensional)

• Wu: vazão mássica no UF (kg/s)

• Wa: vazão mássica na alimentação (kg/s)

Page 42: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Eficiência total (ET)

⚫ No hidrociclone:

⚫ parte da massa sólida não é separada devido à ação

centrífuga, pois o equipamento também age como um

divisor do escoamento, tal como uma conexão T em

tubulações, ou seja, a corrente inicialmente

alimentada dá origem às outras correntes: do

underflow e do overflow.

⚫ A esse fenômeno dá-se a denominação de efeito T,

correlacionando-o diretamente com a razão de

líquido (RL).

Page 43: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Razão de líquido (RL)

𝑹𝑳 =𝑸𝒖(𝟏 − 𝑪𝒗𝒖)

𝑸𝒂(𝟏 − 𝑪𝒗𝒂)

Onde:• RL: razão de líquido (adimensional)

• Qu: vazão volumétrica no UF (l/s)

• Qa: vazão volumétrica na alimentação (L/s)

• Cvu: concentração volumétrica no UF (adimensional)

• Cva: concentração volumétrica na alimentação (adimensional)

Page 44: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Eficiência total reduzida

(ET’)

⚫ Enquanto a eficiência total considera todas as

partículas coletadas no underflow,

independentemente do que os levou a serem

separadas, a eficiência total reduzida admite

apenas aquelas coletadas no underflow pelo

efeito do campo centrífugo.

⚫ Desta forma, a influência da divisão de fluxo

(efeito T) deve ser desconsiderada e subtraída

da eficiência total (ET).

Page 45: PROCESSOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

Eficiência total reduzida

(ET’, adimensional)

𝑬𝑻′ =𝑬𝑻 − 𝑹𝑳

𝟏 − 𝑹𝑳