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BOLETIM BIMESTRAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL / N.º83 / MARÇO/ABRIL 2015 / ISSN 1646-9542 83 MARÇO/ABRIL 2015 Distribuição gratuita. Para receber o boletim PROCIV em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt Educação para o risco Um desafio de futuro

PROCIV # 83 (março/abril de 2015)

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Já se encontra disponível para consulta a versão digital do Boletim PROCIV n.º 83, da ANPC, de março/abril de 2015. Este número aborda como tema central A Proteção Civil e a Educação para o Risco. Em destaque apresenta o Centro de Coordenação Operacional Nacional – organização e funcionamento.

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BOLETIM B IMESTR AL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO C IV IL / N .º 83 / MARÇO/ABR IL 2015 / I S SN 16 46 -9542

83MARÇO/ABRIL

2015

Distribuição gratuita.Para receber o boletim

PROCIV em formato digital inscreva-se em:www.prociv.pt

E d u c a ç ã o p a r a o r i s c o U m d e s a f i o d e f u t u r o

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Quando a edição deste número do PROCIV chegar às mãos do leitor ter-se-á já assinalado por todo o país o Dia da Proteção Civil de 2015. A efeméride comemora-se desde 1990 em todo o mundo a 1 de março, tendo Portugal instituído a mesma em 2008 por despacho do Ministro da Administração Interna.

Por estes dias, serão múltiplas e variadas as iniciativas re-alizadas pelos diversos agentes de proteção civil e entidades públicas e privadas que, aos mais diversos níveis, se envolve-ram ativa e empenhadamente em conjunto com os cidadãos nesta ampla jornada que visa sensibilizar para o que é a prote-ção civil. Esse é o espírito que gostamos de ver vivo e celebra-do por todos quantos se revêm na ideia e espírito da proteção civil, que, aliás, está bem plasmado na essência do lema por nós escolhido e prosseguido – “Todos Somos Proteção Civil”. Ao longo dos anos temos assistido ao enraizamento no seio da sociedade portuguesa das temáticas e preocupações rela-cionadas com a proteção civil e a edificação e consolidação de uma cultura de prevenção e segurança. É sinal do despertar da consciência cívica e do amadurecimento coletivo para os gran-des temas e problemas que hoje podem, a qualquer momento, comprometer o nosso bem-estar individual e vida em socieda-de, como sejam a ocorrência de acidentes graves ou catástro-fes. Essa evolução tem, em grande medida, sido alcançada por via da ação fundamental e do papel estruturante da Escola no que toca à educação e formação, intelectual e cívica, das nossas crianças e jovens.

Para marcar este dia, realizámos nas instalações da sede da ANPC, em Carnaxide, uma sessão solene à qual nos deu a honra de presidir Sua Excelência a Ministra da Administração Inter-na, Professora Doutora Anabela Rodrigues. Como tema cen-tral da sessão escolhemos este ano o tema: “A Proteção Civil e a Educação para o Risco”, tendo sido feita a apresentação públi-ca da iniciativa que culminou na produção do “Referencial de Educação para o Risco”, projeto que envolveu a Direção-Geral da Educação, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e a Autoridade Nacional de Proteção Civil, e que se encontra já em discussão pública. Estamos convictos que esta iniciativa, a materializar nas escolas desejavelmente já no próximo ano letivo, terá consequências importantes na consciencialização das nossas crianças e jovens para estas matérias, inculcando-lhes o ‘bichinho’ da atenção com a segurança. Estamos a ma-terializar o que a sabedoria popular sempre nos transmitiu na forma de provérbio: ‘de pequenino é que se torce o pepino’. Não temos dúvida que este é o caminho.

Apraz-me ainda assinalar que neste início do ano tivemos o grato prazer de receber Sua Excelência a Ministra da Administração Interna, a 10 de fevereiro, na sede da Autori-dade Nacional de Proteção Civil, onde num primeiro contacto presencial com a realidade da nossa missão e atribuições teve ocasião de participar no briefing técnico-operacional do Cen-tro de Coordenação Operacional Nacional, bem como numa reunião de trabalho onde foram apresentadas as principais linhas estratégicas que orientam hoje a atividade desta Auto-ridade Nacional.

Este PROCIV procurou, na linha da sua tradição editorial, apresentar ao leitor a missão e atividades desenvolvidas pelo que consideramos ser mais um importante parceiro institu-cional da ANPC, como é o Corpo Nacional de Escutas, cuja co-laboração ativa e empenhada no contexto do sistema nacional de proteção civil é de realçar e enaltecer.

O tema principal deste número é, contudo, o Referencial de Educação para o Risco, pois trata-se de um assunto da maior relevância estratégica pelo que de importante e inovador visa em relação à dinamização e consolidação de uma cultura de proteção e segurança centrada na Escola, com a ambição de se alargar e vir a incluir a toda a comunidade educativa nesse propósito.

Este é o segundo número do PROCIV de 2015, em que se co-meça a materializar a nova periodicidade da publicação que passa agora a bimestral e com aumento do número de pági-nas.. Com estas opções contamos poder enriquecer ainda mais cada número do PROCIV, procurando que a sua divulgação e atratividade sejam cada vez maiores, com a utopia de procurar chegar a todos pois ... TODOS SOMOS PROTEÇÃO CIVIL.!

E D I T O R I A L

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Número 83, março/abril 2015

EDIÇÃO E PROPRIEDADE – AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL

AV. DO FORTE – 2794-112 CARNAxIDE | TEL.: 214 247 100 | [email protected] | www.PROCIV.PT

REDAÇÃO E PAgINAÇÃO – DIVISÃO DE COMUNICAÇÃO E SENSIBILIzAÇÃO | IMAgENS: ANPC, ExCETO qUANDO ASSINALADO.

IMPRESSÃO – SILTIPO – ARTES gRáFICAS | TIRAgEM – 2000 ExEMPLARES | ISSN – 1646-9542

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Francisco Grave PereiraPresidente da ANPC

Dia da Proteção Civil

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O CNE - Corpo Nacional de Escutas

é uma associação de educação não-formal, cuja finalida-de é a educação integral de crianças e jovens de ambos os sexos. O movimento tem como base o voluntariado adulto, em conformidade com as finalidades, princípios e métodos concebidos pelo fundador do escutismo – Ro-bert Baden-Powell – e vigentes na Organização Mundial do Movimento Escutista, segundo a doutrina da Igreja Católica.

Neste quadro, o CNE, enquanto movimento defensor dos valores humanos e de uma inserção comunitária ativa pelo exercício, em termos de voluntariado, de responsa-bilidades cívicas, assume, junto do Sistema Nacional de Proteção Civil, um papel de significativa cooperação.Deste posicionamento e das qualidades e características intrínsecas do movimento e da respetiva estrutura e or-ganização internas decorre o estatuto atribuído ao CNE, em diversas Diretivas do Sistema Nacional de Proteção Civil, de entidade colaborativa.O papel do CNE, não sendo o de agente de proteção ci-vil, concentra-se assim nas ações de segunda linha ou de apoio de retaguarda, como as desenvolvidas, por

exemplo, em teatros de operação no âmbito de diversos DECIF`s - Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais ou Operações Fátima.No entanto, mais do que fazer parte de Diretivas Nacio-nais que contemplam um papel específico em casos de catástrofe ou de calamidade, o CNE, sendo uma asso-ciação que integra quase 60.000 crianças e jovens, tem ainda como missão de grande relevância a divulgação de informação e a formação dos seus associados, atra-vés de oportunidades educativas concretas, em diversos conceitos integrantes da proteção civil e segurança, no sentido da promoção de uma cultura de cidadania e se-gurança. Neste contexto, considerando que o conceito de Prote-ção Civil está presente desde da fundação do Escutismo, evidenciado na publicação do seu fundador, "Escutismo para Rapazes", nos últimos dez anos, fruto da excelente relação institucional com a ANPC, o CNE tem vindo a desenvolver diversas ações de sensibilização e formação junto dos seus jovens e voluntários adultos. Destaca-se a "Semana Nacional de Proteção Civil do CNE", atividade que se tem caracterizado por uma dinâmica de sensibili-zação, através do jogo, para inúmeros conceitos relacio-nados com a Proteção Civil e, em particular, com a se-gurança em atividades escutistas, bem como se trata de um momento onde os nossos jovens têm a possibilidade de interagir com as diversas Entidades que compõem a estrutura da proteção civil nacional.

Por tudo isto e muito mais, faz para o CNE sentido dizer "Nós somos proteção civil!"

Todos somos Proteção Civil

Fotos: Ricardo PernaNuno Perestrelo

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Everjets assina contrato para a operaciona-lidade da frota KAMOV

Foi assinado a, 6 de fevereiro, entre a ANPC e a empre-sa Everjets, o contrato para a aquisição dos serviços de operação dos meios aéreos pesados para missões do Ministério da Administração Interna, envolvendo os 6 helicópteros KAMOV. O contrato contempla ainda a gestão da continuidade da aeronavegabilidade e a manutenção desses meios aé-reos, tendo sido adjudicado à Everjets pelo valor de € 46.077.120,00, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, por um período de 4 anos.

260 anos do Terramoto de 1755 assi-nalado com ações de sensibilização

A Câmara Municipal de Lisboa vai assinalar os 260 anos do Terramoto de 1755 com várias ações de sensibilização sobre os fenômenos sísmicos.O programa “Lisboa, Cidade + Resiliente + Segura – 260 Anos do Terramoto de 1755”, foi apresentado nos Paços do Concelho de Lisboa, com uma intervenção do Diretor Nacional de Planeamento de Emergência da ANPC, José Oliveira na sessão de abertura. Envolver os cidadãos no conhecimento dos riscos da cidade e mostrar como agir perante catástrofes e desastres, é temática central nas atividades propostas. Ao longo deste ano, a Câmara de Lisboa vai organizar um conjunto de atividades alusivas à memória do Ter-ramoto de 1755, desde simulações, formação de equipas de segurança e de voluntários da Proteção Civil, confe-rências, palestras, wokshops, exposições e percursos a zonas emblemáticas com referência ao terramoto.A apresentação do programa “Lisboa, Cidade + Resilien-te + Segura – 260 Anos do Terremoto de 1755” contou ainda com o lançamento do livro “Catástrofes e Gran-des Desastres”, da autoria de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, com o apoio da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), que pretende sensibilizar o público infanto-juvenil para a temática dos riscos.O Terramoto de 1755 ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na Zona da Baixa, e atingin-do ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um maremoto, que pode ter atingi-do a altura de 20 metros, e de múltiplos incêndios, com mais de 10 mil mortos.

Ministra da Administração Interna visita ANPC

A Ministra da Administração Interna, Anabela Rodri-gues, acompanhada pelo Secretário de Estado Admi-nistração Interna, João Almeida, visitou a 10 de feverei-ro, a sede da Autoridade Nacional de Proteção Civil.Destaca-se a participação da Ministra da Administra-ção Interna no Briefing Técnico-Operacional do Centro de Coordenação Operacional Nacional, realizado no Comando Nacional de Operações de Socorro, e a reu-nião de trabalho com o Presidente, Diretores Nacio-nais e Comandante Nacional, onde foram analisados os principais projetos em curso e apreciadas as linhas estratégicas que orientam hoje a atividade desta Auto-ridade Nacional.

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ANPC conclui estudos de Identifica-ção e Caracterização de Riscos à Es-cala Distrital

A Autoridade Nacional de Proteção Civil realizou, no passado dia 14 de janeiro, a cerimónia de entrega aos Co-mandantes Operacionais Distritais dos resultados dos “Estudos de Identificação e Caracterização de Riscos à Escala Distrital”, os quais servirão de base à revisão dos Planos Distritais de Emergência de Proteção Civil. Os estudos, elaborados com co-financiamento comunitá-rio, através do Programa Operacional de Valorização do Território, vêm permitir eliminar lacunas de informa-ção referentes à caracterização territorial, à tipificação e hierarquização dos riscos e à identificação de elementos vulneráveis (incluindo informação de base espacial), assegurando a aplicação de uma metodologia de análi-se homogénea a nível distrital. Em paralelo, os estudos contemplam a definição de estratégias para a mitigação dos riscos e a identificação de ocorrências-tipo e de ce-nários operacionais de sustentação ao planeamento de emergência, concorrendo assim para o objetivo de pre-venir os riscos coletivos e para a minimização dos efei-tos de acidentes graves ou catástrofes.Desenvolvidos ao longo de ano e meio, os “Estudos de Identificação e Caracterização de Riscos à Escala Distri-tal” incluem a identificação, caracterização e avaliação metódica dos riscos naturais, tecnológicos e mistos que condicionam a segurança das comunidades, melhoran-do o conhecimento dos perigos que afetam o território, da sua localização, alcance e dos seus efeitos potenciais. Como ponto de partida, foi realizada uma caracteriza-ção dos aspetos biofísicos (orografia, hidrografia, cli-ma, sismicidade, uso do solo) e socioeconómicos (aná-lise da população residente e flutuante e da estrutura económica) mais significativos no distrito, bem como das principais infraestruturas relevantes para as ope-rações de proteção e socorro (redes de transporte e tele-

comunicações, sistemas de abastecimento de água e de produção, armazenamento e distribuição de energia e combustíveis, instalações dos agentes de proteção civil e equipamentos de utilização coletiva, entre outras). Por seu turno, a identificação e caracterização dos riscos suscetíveis de afetar o território distrital incidiu sobre fenómenos de génese natural (nevões, ondas de calor, ondas de frio, secas, cheias e inundações, galgamentos costeiros, sismos, movimentos de massa em vertentes e erosão costeira), tecnológica (acidentes rodoviários, fer-roviários, fluviais e aéreos, acidentes no transporte de mercadorias perigosas, incêndios urbanos e em centros históricos, acidentes industriais que envolvam subs-tâncias perigosas, colapsos de estruturas e emergências radiológicas) e mista (incêndios florestais e cheias e inundações causadas por rutura de barragens).Os estudos agora concluídos irão dotar a ANPC de ins-trumentos de avaliação e caracterização territorial sus-cetíveis de induzir melhorias qualitativas nos processos de gestão de operações de emergência, aumentando a eficiência de intervenção do sistema integrado de ope-rações de proteção e socorro e contribuindo decisiva-mente para uma maior fundamentação técnica e cien-tífica da revisão dos Planos Distritais de Emergência de Proteção Civil, a concluir durante o presente ano.

"incluem a identi-ficação, caracteri-zação e avaliação metódica dos riscos naturais, tecnoló-gicos e mistos que condicionam a segu-rança das comuni-dades, melhorando o conhecimento dos perigos que afetam o território, da sua localização, alcance e dos seus efeitos po-tenciais".

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Exposição e Demonstração de Capacidades dos principais Agentes de Proteção Civil do distrito – Viseu

Teve lugar no passado dia 26 de Fevereiro, no Campus do Instituto Politécnico de Viseu, uma Exposição e De-monstração de Capacidades dos principais Agentes de Proteção Civil do distrito à qual assistiram centenas de estudantes. A iniciativa decorreu no âmbito das come-morações do Dia da Proteção Civil 2015, em ligação com o tema central proposto pela ANPC: “A Proteção Civil e a Educação para o Risco”. A organização esteve a cabo do Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu, contando com a colaboração da Associação Académica do IPV.

3ª Reunião da Sub-Comissão da Platafor-ma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes

A ANPC acolheu, a 24 de fevereiro último, a 3ª reunião da Sub-Comissão da Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes, na qual foi discutida a operacio-nalização e calendarização das iniciativas a concretizar no período 2015-2017, de acordo com o plano de ativida-des aprovado em outubro passado pela Comissão Nacio-nal de Proteção Civil (CNPC), enquanto Plataforma Na-cional para a Redução do Risco de Catástrofes (PNRRC). Em concreto, prevê-se a implementação de seis grandes linhas de trabalho que, no seu conjunto, deverão con-tribuir para potenciar a implementação de medidas de mitigação do risco e de aumento da resiliência das co-munidades. As temáticas das atividades abrangem as seguintes áreas: segurança das estruturas de ensino e hospitalares; bolsas de peritos em avaliação de danos pós-sismo; campanha cidades resilientes; boas práticas de redução do risco e aumento da resiliência nas infra-estruturas críticas do sector privado; gestão do risco de cheia; adaptação às alterações climáticas. A Sub-Comissão, cuja coordenação é assegurada pela ANPC, reúne cerca de 30 entidades da administração central e autarquias, do sector privado e do meio aca-démico e funciona como estrutura executiva da CNPC, destinada a apoiar a implementação de ações desenvol-vidas no quadro da PNRRC.

CDOS de Setúbal realiza exercício de deci-são

O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal promoveu no dia 10 de fevereiro um exercício de decisão – designado “PROCIV I.15”, que pretendeu testar a resposta a condições meteorológicas adversas nos mu-nicípios de Palmela, Alcácer do Sal e Grândola.O cenário qteve por base um episódio generalizado de condições meteorológicas adversas. Tratou-se de um exercício em sala, que contou com a participação dos Oficiais de Ligação ao Centro de Coordenação Operacio-nal Distrital (CCOD) de Setúbal.Este exercício de decisão teve como principais objetivos promover a sensibilização das várias entidades que po-dem ser chamadas a integrar o CCOD, praticar procedi-mentos de coordenação institucional de nível distrital, face a uma situação de emergência, identificar eventu-ais constrangimentos ao nível dos mecanismos de coor-denação e testar os procedimentos operacionais decor-rentes do Plano de Emergência Distrital e aplicáveis ao cenário em causa.

Agrupamento do Algarve dinamiza Equi-pas de Reconhecimento e Avaliação de Si-tuação (ERAS) de nível municipal

O Agrupamento do Algarve da ANPC lançou pela pri-meira vez um programa de formação de Equipas de Re-conhecimento e Avaliação de Situação. Aconteceu nos dias 20 e 22 de janeiro, em Faro e Lagos respetivamente, com duas ações de sensibilização destinadas a Agentes de Proteção Civil, Serviços Municipais de Proteção Civil e demais Entidades e Serviços Cooperantes no âmbito do Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socor-ro (SIOPS), com o objetivo de enquadrar especialistas de diversas áreas enquanto potenciais elementos para constituição de ERAS.

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Vai decorrer de 14 a 18 de março, em Sendai, Japão, a 3ª Confe-rência Mundial para a Redução do Risco de Catástrofes. Esta conferência é organizada pelas Nações Unidas e tem por ob-jetivo principal avaliar e rever a implementação do Quadro de Ação de Hyogo 2005-2015, o qual havia sido adotado na ante-rior Conferência Mundial, realizada em 2005, para materiali-zar um conjunto de ações destinadas a aumentar a resiliência das comunidades face à ocorrência de catástrofes. Na sequência da avaliação que agora terá lugar, a 3ª Conferên-cia Mundial irá também permitir adotar a estratégia pós-2015

para a redução do risco de catástrofes e identificar modalidades de cooperação baseadas nos compromissos para im-plementação do Quadro de Ação pós-2015. Ao longo dos 5 dias de Conferência, é esperada em Sendai a participação de cerca de 5 mil delegados de diversos sectores, designadamente representantes governamentais, pontos focais no âmbito do Quadro de Ação de Hyogo e representantes de governos locais, do sector académico e de entidades pri-vadas. Os assuntos a debater abordam as diversas vertentes da redução de risco de catástrofes, tais como a redução de riscos em áreas urbanas, as estratégias de investimento público para a redução de catástrofes, a governança na gestão do risco, a reconstrução pós-catástrofes e a cooperação internacional para a gestão do risco. Está prevista a realização de diversas sessões temáticas de cariz técnico, de 5 mesas-redondas ao nível ministerial e de um conjunto de reuniões bilaterais e multilaterais destinadas a reforçar parcerias para a gestão do risco de catástrofes.

16 e 17 de março, Barcelona, EspanhaMEETING OF THE EXPERT GROUP ON FOREST FIRES

Realização da 34ª reunião do Grupo de Peritos em Incên-dios Florestais da União Europeia, o qual reúne peritos dos diversos Estados-Membros. A reunião servirá de plataforma de discussão de algumas iniciativas de ca-rácter técnico desenvolvidas pela Comissão Europeia no âmbito dos incêndios florestais, as quais se destinam principalmente a contribuir para o cálculo de índices de risco à escala europeia e para a uniformização da in-formação relativa à avaliação de danos, nomeadamente áreas ardidas, tirando partido das novas tecnologias de informação e dos sistemas de informação geográfica.

Japão organiza Conferência Mundial das Nações Unidas Avaliação do Quadro de Ação de Hyogo 2005-2015

24 e 25 de março, Bruxelas, BélgicaWORKSHOP “INSIDER THREATS TO CRITICAL IN-FRASTRUCTURE PROTECTION”

Seminário organizado pela Comissão Europeia, com a participação dos pontos de contacto junto da UE para a Proteção de Infraestruturas Críticas e de elementos das forças e serviços de segurança dos Estados-Membros. Se-rão discutidos, de forma alargada, os riscos que o emer-gir de novas ameaças (surgidas após os ataques como os ocorridos recentemente em França e em Bruxelas) pode-rão colocar às infraestruturas críticas, com efeitos em termos de perda de serviços vitais e de afetação do fun-cionamento dos sectores estratégicos da sociedade. O evento reunirá especialistas provenientes dos setores da energia e transportes que contribuirão para a identi-ficação de necessidades de reforço da resiliência nestes sectores.

Agen-dar 17 e 18 março 2015, Bruxelas, Bélgica

REUNIÃO COMITÉ DE PROTEÇÃO CIVIL

5 a 12 de março 2015, Neuhaussen, Alemanha ; Cope-nhaga, Dinamarca CURSOS DE FORMAÇÃO NO ÂMBITO DO MECANISMO DE PROTEÇÃO CIVIL DA UNIÃO EUROPEIA: - OPERA-TIONAL MANAGEMENT COURSE

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DIA DA PROTEÇÃO CIVIL – 2015A Proteção Civil e a Educação para o Risco

Todos os anos se assinala a 1 de março o Dia da Proteção Ci-vil, efeméride instituída a nível mundial pela Organização Internacional de Proteção Civil (OIPC) e a nível nacional por despacho do Ministro da Administração Interna. Este ano, a Autoridade Nacional de Proteção Civil escolheu como tema central – “A Proteção Civil e a Educação para o Risco”. “…utilizar o conhecimento, a inovação e a educação para esta-belecer uma cultura de segurança e resiliência a todos os níveis. As escolas são lugares indicados para criar valores coletivos e permanentes. Por isso as escolas são o espaço apropriado para criar uma cultura de prevenção e resiliência face aos desas-tres”. in, Ação de Hyogo 2005-2015, prioridade 3.Um dos maiores desafios que se podem colocar a um sis-tema educativo é o de promover e manter valores que fa-voreçam a vida em comunidade e a aceitação da diferença e que encorajem uma cidadania ativa. A escola tem um papel sempre crescente no desenvolvimento das capaci-dades de aprendizagem da criança e do jovem e na dota-ção dessas crianças e jovens de instrumentos para uma vida cultural rica, inclusiva, de cidadania plena.O ambiente escolar é um terreno propício para implemen-tar os mecanismos que conduzirão a cidadãos melhor preparados, a sociedades mais resilientes, à minimiza-ção nos custos das catástrofes quer no âmbito humano, quer no âmbito económico e da perda de recursos.E as matérias de proteção e prevenção são de facto integradoras, porque envolvem a forma como nos organiza-

mos nas nossas famílias, no nosso prédio, no bairro, nas nossas organizações, no nosso território, face a contex-tos de grande mudança e geradores de crises profundas, como são as situações de catástrofe.Todos temos a nossa individualidade, a nossa história de vida e percurso. Mas é inseridos na comunidade que nos realizamos e por isso o investimento que fazemos a ní-vel individual, o conhecimento que temos, só faz sentido se traduzido em benefício da sociedade, construindo-a, cuidando do que é de todos, participando.A temática da prevenção é por demais importante para a todos preocupar e é consensual na comunidade interna-cional que a proteção de pessoas e bens e a salvaguarda do ambiente são valores inerentes a este modo civiliza-cional que todos defendemos.É neste sentido que a noção de Proteção Civil se tem vin-do a desenvolver e a desbravar terreno.

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Relançando um breve olhar nas últimas décadas, verifi-ca-se uma preocupação crescente a nível internacional (ONU), comunitário (UE) e nacional (Autoridade Nacio-nal de Proteção Civil e Serviços Municipais de Proteção Civil), na implementação de uma Cultura de Prevenção, envolvendo toda a sociedade e desenvolvendo diversas parcerias conducentes a mudanças de comportamento:– Em 1 de março de 2006 a OIPC escolhe o tema A Proteção Civil e a Escola.– Em outubro de 2006 Kofi Annan, secretário-geral das Nações Unidas, para assinalar O Dia Internacional para a Redução das Catástrofes, escolheu como tema A Redução das Catástrofes começa na Escola.– A 1 de março de 2008 a OIPC escolhe o tema A Proteção Civil e as Técnicas de Primeiros Socorros – os Gestos que Salvam, com particular incidência sobre aprendizagens de técnicas de socorrismo desde o Pré-escolar.– Em outubro de 2011, no Dia Internacional para a Re-dução de Catástrofes fixado pelas Nações Unidas para incentivar cidadãos e governos a fazerem parte de estra-tégias de preparação e reação a catástrofes, escolhe-se naquele ano o tema Como incentivar Crianças e Jovens à participação?– A 1 de março de 2013 a ANPC escolhe o tema O Cidadão: Primeiro Agente de Proteção Civil, com o enfoque na ci-dadania ativa em matéria de segurança.– A 1 de março de 2014 a OIPC retoma o enfoque no tema Cultura de Prevenção para uma Sociedade mais Segura.

As nossas crianças e jovens podem ser importantes agen-tes de mudança, não só pela aquisição de competências, mas como transmissores à sua família de uma cultura de prevenção, sendo assim parceiros poderosos dos agentes institucionais de proteção civil.Ciente desta realidade, a ANPC aceitou o desafio de criar um Referencial de Educação para o Risco, em parceria com o Ministério da Educação e Ciência (Direção-Geral da Educação (DGE) e Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares (DGEstE), e que estará brevemente exposto para debate e reflexão sob a forma de “consulta pública”, ten-do como premissa que a inserção nos curricula escolares de matérias no âmbito da proteção civil e da redução dos riscos é fundamental.

Pode-se aprender prevenção e medidas de proteção como se aprende matemática, inglês ou qualquer outra maté-ria, bastando para isso articular, integrar (muitos dos temas já existem nos curricula dos diferentes níveis de ensino) e criar condições para que, transversalmente às diferentes áreas curriculares e extracurriculares, estas temáticas sejam tratadas.Em 2011 o Ministério da Educação, através do seu Con-selho Nacional de Educação, publica a Recomendação nº5/2011, Educação para o Risco: “Vivemos numa socie-dade que é sistematicamente confrontada com notícias sobre a presença do risco, desde riscos naturais aos que resultam diretamente da ação humana, sendo certo que se interligam fortemente. Quer sejam as ameaças ao am-biente, os perigos de confronto militar, a crise económi-ca e financeira, as ameaças à saúde e falta de segurança, a generalização de epidemias à escala mundial, todas estas ameaças ajudam a configurar o que atualmente

"Pode-se aprender prevenção e medidas de proteção como se aprende matemática, inglês ou qualquer ou-tra matéria, bastan-do para isso articular, integrar (muitos dos temas já existem nos curricula dos diferen-tes níveis de ensino) e criar condições para que, transversalmen-te às diferentes áreas curriculares e extra-curriculares, estas temáticas sejam tra-tadas.".

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© R. Santos

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designamos como uma “sociedade de risco”…Conhecer e agir neste paradigma de “sociedade de risco” exige novas competências pessoais, fundadoras de uma cidadania mais ativa, participada e informada, que deve ser adqui-rida desde o inicio do percurso escolar.”, in recomenda-ção nº5/2011, Diário da República,2ªsérie, 20 de outubro de 2011. A escola é um espaço por excelência da formação de cada indivíduo e será aí que têm de ser criados os alicerces para uma cidadania ativa, responsável e participativa, envolvendo cada criança, cada jovem e respetivos educa-dores, em atividades criativas e aliciantes que façam com que cada um se interesse, de forma ativa e responsável, pela segurança de todos e de cada um.

Se os nossos alunos e comunidade educativa…– Compreenderem a importância de adquirir comporta-mentos de prevenção e proteção – o que fazer ou não fazer perante cada risco;– Forem sensibilizados para os problemas que temos num território, mas igualmente motivados no desvendar de soluções participadas e coletivas para esses problemas;– Conseguirem trabalhar em interação e confiança, per-cebendo que podemos fazer mais para reduzir o risco de catástrofes provocadas por sismos, inundações, incên-dios, matérias perigosas, etc.;– Tomarem consciência dos seus deveres perante situa-ções de riscos coletivos, acidentes graves ou catástrofes;– Revelarem comportamentos e atitudes adequados em situações de emergência;– Compreenderem a importância da Proteção Civil face aos riscos;– Conhecerem o funcionamento da Proteção Civil imple-mentada na sua região e país…

… conseguiremos uma sensibilização desde os primeiros anos de vida sobre os riscos e as vulnerabilidades e este é o caminho mais eficaz para a prevenção.Por todo o país, ao longo do mês de março, os Comandos Distritais de Operações de Socorro da ANPC, e os Ser-viços Municipais de Proteção Civil, desenvolvem várias iniciativas de sensibilização, promovendo simulacros, exposições e jornadas de reflexão, destacando o papel ati-vo e comprometido que a escola pode e deve ter na cria-ção de uma cultura de segurança e resiliência.

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"Cerimónia come-morativa do Dia da Proteção Civil orga-nizado pela ANPC, presidida pela Minis-tra da Administra-ção Interna".

legendas das fotos. 1 - Presidente da ANPC, Major-gene-ral Francisco Grave Pereira; 2 -Ministra da Ad-ministração Inter-na. Prof.ª Doutora Anabela Rodrigues; 3 - Dr.ª Paula Almei-da (CDOS Setúbal)

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No âmbito da reforma do Sistema de Proteção Civil, após os grandes incêndios florestais, ocorridos em 2003 e 2005, foi criado, através do Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho, um importante sistema composto por um conjunto de estruturas, normas e procedimentos que asseguram que todos os agentes de proteção civil, identificados na Lei de Bases da Proteção Civil, atuam, no plano operacional articuladamente sob um comando único, sem prejuízo da respetiva dependência hie-rárquica e funcional, o qual assumiu a designação de Sistema Integrado de Operações de Socorro (SIOPS). A arquitetura deste sistema, acenta em dois pilares paralelos e que se interligam, e que, correspondem à coordenação institucional e ao comando operacional.

A coordenação institucional é assegurada, a nível nacio-nal e a nível distrital, pelos centros de coordenação ope-racional (CCO), que assumem a designação, respetiva-mente de Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON) e Centro de Coordenação Operacional Distrital (CCOD), e que integram representantes de entidades, cuja intervenção no domínio de uma operação de proteção e socorro se justifique. Em termos globais as atribuições destes centros passam por assegurar a coordenação dos recursos e do apoio logístico das operações de socorro, emergência ou assistência realizadas por todas as orga-nizações integrantes do SIOPS. Para cumprimento de tal desiderato, asseguram, a recolha de informação estraté-gica relevante para as missões de proteção e socorro, in-formando e divulgando, por todos os agentes em razão da ocorrência e do estado de prontidão, informações de caráter estratégico essenciais à componente de comando operacional tático. Como estrutura de coordenação, tem ainda o dever de informar permanentemente a autorida-de política respetiva, de todos os factos relevantes que possam gerar problemas ou estrangulamentos no âmbi-to da resposta operacional.Em particular, cabe ao CCON a responsabilidade de assegurar que todas as entidades e instituições de âmbito

nacional imprescindíveis às operações de proteção e so-corro, emergência e assistência previsíveis ou decorren-tes de acidente grave ou catástrofes se articulam entre si, garantindo os meios considerados adequados à gestão da ocorrência em cada caso concreto. Para o efeito, o CCON integra representantes da ANPC, das Forças Armadas, da Guarda Nacional Republicana, da Polícia de Segurança Pública, do Instituto Nacional de Emergência Médica, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, do Ins-tituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e de outras entidades que cada ocorrência em concreto venha a justificar, estando identificados cerca de 60 pontos de contacto permanente de outras entidades que pela sua capacidade operacional, técnica ou científica possam ser úteis na resolução de uma determinada emergência. Cabe ao presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil a coordenação do CCON, podendo este fazer-se substituir nas suas faltas e impedimentos, pelo Coman-dante Operacional Nacional, cabendo à ANPC assegurar os recursos humanos, materiais e informacionais, ne-cessários ao seu funcionamento. O CCON dispõe de um regulamento de funcionamento, aprovado por Declara-

O Centro de Coordenação Operacional Nacional Organização e funcionamento

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ção da Comissão Nacional de Proteção Civil, o qual esta-belece as normas e procedimentos de atuação.O CCON tem como principal missão integrar, monito-rizar e avaliar toda a atividade operacional quando em situação de acidente grave ou catástrofe, assegurando a ligação operacional e a articulação nacional com os agen-tes de proteção civil e outras estruturas operacionais no âmbito do pleaneamento, assistência, intervenção e apoio técnico ou científico nas áreas do socorro e emer-gência. Para que tal missão seja possível, é fundamen-tal garantir, que as entidades e instituições integrantes acionam, no âmbito da sua estrutura hierárquica, os meios necessários aos desenvolvimento das operações bem como os necessários e adequados meios de reforço, função que é igualmente assegurada pelo CCON.Outra vertente fundamental prende-se com o papel que tem na difusão de comunicados e avisos às populações e às entidades e instituições, incluindo os orgãos de co-municação social, perante a eminência ou ocorrência de acidente grave ou catástrofe. Sendo uma estrutura de coordenação composta na sua totalidade por elementos técnicos e operacionais, tem igualmente como função, assegurar o fluxo da informação estratégica com os ser-viços de proteção civil das Regiões Autónomas, nomea-damente na eminência ou em caso de acidente grave ou catástrofe e ainda decorrente da avaliação da situação, propor à Comissão Nacional de Proteção Civil que for-mule junto do Governo pedidos de auxílio a outros pa-íses e a outras organizações internacionais através dos orgãos competentes. Desempenha ainda um papel im-portante no desencadeamento das ações consequentes às declarações das situações de alerta, de contingência e de calamidade, previstas no âmbito da Lei de Bases da Proteção Civil.Independente da eminência ou ocorrência de acidente grave ou catástrofe, o CCON reune ordinariamente to-das as terças-feiras às 10:30, no Comando Nacional de Operações de Socorro da ANPC, podendo reunir extra-ordináriamente quando superiormente determinado. Neste briefing semanal, são apresentadas e as analisadas as principais situações de proteção e socorro verificadas na semana anterior, para alêm de toda a atividade ope-racional daí decorrente e projetadas eventuais medidas de antecipação ou reação perante eventuais riscos que possam via a afetar a população, na semana seguinte. Sem prejuízo das responsabilidades próprias da ANPC, tais medidas de antecipação ou reação podem passar pela emissão de avisos à população e/ou pela emissão de Co-municados Técnico Operacionais que para alêm de con-terem um conjunto de determinações operacionais para o conjunto dos agentes de proteção civil, podem quando tal se entende necessário, determinar a elevação do esta-do de alerta das entidades que integram o SIOPS, e que correspondem ao incremento do estado de prontidão das forças e dos mecanismos prepatórios tendo em vista uma resposta, pronta e adequada às ocorrências em causa.

A realização do briefing do CCON é precedida da realiza-ção, às quartas-feiras em todos os distritos, do briefing do Centro Distrital de Operações de Socorro, e onde para além da avaliação distrital se incorporam as decisões es-tabelecidas pelo patamar nacional, na estreita e coorde-nada articulação do sistema.Constituem-se como motivos adicionais de reunião do CCON ou do CCOD quando se encontre declarada a situ-ação de alerta, contingência ou calamidade, ou quando previsto nos planos de emergência e operacionais, como é o caso da Diretivas Operacionais Nacionais e em con-formidade com o previsto nos níveis do alerta especial para o SIOPS, no contexto da realização de exercícios e treinos ou por decisão do Ministro da Administração Interna no caso do CCON ou do Presidente da ANPC, no caso dos CCOD.Face à sua composição e natureza, o CCON e a nível dis-trital os CCOD, funcionam igualmente, como um impor-tante grupo de coordenação institucional, constituin-do-se também como uma plataforma fundamental no domínio da coordenação bilateral entre agentes de prote-ção civil e entre estes e as restantes instuições presentes, com responsabilidades em áreas específicas e de gran-de relevância (redes de transportes, telecomunicações, energia, água, etc.), na resolução de situações pontuais tendo em vista a minimização dos constrangimentos provocados pela ocorrência de acidentes graves ou catás-trofes. Refera, como exemplo desta boa articulação, o pa-pel relevante desempenhado pelo CCON, e por inerência dos CCOD dos distritos mais afetados, quando do episó-dio de meteorologia adversa ocorrido no início do mês de Janeiro de 2009, e do qual resultou num valor recorde de ocorrências [cerca de 9.500], na resolução das situações relacionadas com as falhas de energia e numa rápida bus-ca de soluções para a resolução de todas as situações, de-correntes do elevado nível de afetação ocorrido.

"(...) estando identificadas cerca de 60 pontos de con-tacto permanente de outras entidades que pela sua capa-cidade operacional, técnica ou científica possam ser úteis na resolução de uma determinada emer-gência".

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Realizar-se-á a 17 e 18 de abril de 2015, no Departamento de Ci-ências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Uni-versidade de Coimbra, um simpósio internacional tendo como público-alvo todos quantos estudam e se preocupam com as problemáticas resultantes dos desastres naturais e consequen-tes impactos e dinâmicas sociais.

Desde a alvorada da humanidade foram inúmeras as ocorrências de catástrofes naturais que, não só provoca-ram a perda de vidas, propiciaram incalculáveis vagas de feridos, além de severas destruições a nível económico, ambiental e do tecido sociocultu-ral. Numa perspetiva ainda mais globalizante, estes acidentes de-terminaram a extinção e evolução das espécies e terão moldado a face da Terra povoando o imaginário coletivo. No panorama nacional a memória histórica conduz-nos, inevitavelmente, ao terramoto e subsequente maremoto ocorridos a 1 de novembro de 1755, dia com mar-cante significado religioso. Mais recentemente, a erupção do vulcão dos Capelinhos que, entre outras consequências, levou à emigração de muitos açorianos, ou as derrocadas que assolaram, já neste século, a ilha da Madeira questionando o planeamento urbanístico do território. Ainda na atualidade, assistimos praticamente em tempo real às devastações causadas por maremotos na Indonésia, e na Tailândia, por terramotos no Irão, no Haiti e no Japão e presenciámos a evolução do vulcão da ilha do Fogo e o drama das populações.Os desastres naturais, enquanto fenómenos, desenca-deiam uma multiplicidade de interpretações e respos-tas dependendo do espaço social e cultural atingido. A Antropologia assume a perspetiva de que um desastre natural se traduz na combinação de um evento poten-cialmente destrutivo que atinge uma população exposta e vulnerável. Desta combinação ocorrem danos e perdas, que impõem processos de descontinuidade na vida quo-tidiana, por interrupção ou destruição, resultando desse evento uma tensão individual ou do grupo e uma desor-ganização social. Assim, é fundamental refletir sobre a interação social, analisar o impacto, as consequências

imediatas e as mudanças socioculturais que daí advêm.A observação antropológica sobre as catástrofes naturais fornece uma análise privilegiada conferida pela visão abrangente e integradora e pela sua abordagem meto-dológica pluridisciplinar. Nas suas várias vertentes tem dado contributos na prevenção, na compreensão dos fe-nómenos e do seu impacto social, no realojamento das populações, no entendimento das representações sociais sobre as catástrofes assim como na identificação de víti-mas. Nas situações de emergência a Antropologia possui instrumentos essenciais para a antecipação das conse-quências nefastas e específicos ao nível das investigações

exigidas nestes contextos.Este Simpósio, convoca diferentes do-mínios da Antropologia, promovendo o diálogo e evidenciando a complemen-taridade das suas preocupações perante uma ambiência de desastre natural. Tal desígnio será ancorado no programa de conferências nas áreas da: Antropologia Social e Cultural – Why Anthropology is necessary in understanding disaster por Susanna M. Hoffman, con-sultora internacional de diversas insti-tuições no estudo das catástrofes natu-rais e do seu impacto nas populações;

– Antropologia Forense, Identification of victims in mass casualty incidents: resilience and religious concerns por Tzipi Kahana, da Division of Identification and Forensic Scien-ces, da Polícia de Israel.;– Antropologia Biológica, Bioarchaeological responses to natural disasters and epidemics in Byzantine and Post-Byzan-tine Greece (6th-17th c. AD) por Chryssi Bourbou, do Minis-tério da Cultura da Grécia.Contará ainda com oradores nacionais e estrangeiros que partilharão as suas experiências profissionais e com a exposição fotográfica "Tsunami em Banda Aceh [2004/2005]: fotografia e memória", com imagens inédi-tas de Luís Costa, da Universidade de Coimbra, captadas no decorrer de uma missão humanitária.Esta reunião científica inscreve-se na programação da XVII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, ce-lebrando UC 725 Anos: Tempo de encontro(s) e dos 130 anos da criação da primeira cátedra de Antropologia em Portugal. Professora Doutora Ana Luisa Santos

International Symposium on Anthropology and Natural Disasters

"A Antropologia assume a pers-petiva de que um desastre natural se traduz na combinação de um evento potencialmente destrutivo que atinge uma população exposta e vulnerável. Desta combinação ocorrem danos e perdas, que impõem processos de des-continuidade na vida quotidiana, por interrupção ou destruição, resultan-do desse evento uma tensão individu-al ou do grupo e uma desorganização social".

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