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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA PRODUÇÃO DE HgORGÂNICO EM SEDIMENTOS TROPICAIS A PARTIR DO Hg 0 : EXPERIMENTOS EM MICROCOSMOS Márcia Cristina Bisinoti Campinas Julho/2002 i

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

PRODUÇÃO DE HgORGÂNICO EM SEDIMENTOS

TROPICAIS A PARTIR DO Hg0: EXPERIMENTOS EM

MICROCOSMOS

Márcia Cristina Bisinoti

Campinas

Julho/2002

i

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

PRODUÇÃO DE HgORGÂNICO EM SEDIMENTOS

TROPICAIS A PARTIR DO Hg0: EXPERIMENTOS EM

MICROCOSMOS

Márcia Cristina Bisinoti

Orientador: Prof. Dr. Wilson de Figueiredo Jardim

Dissertação apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Estadual de

Campinas - SP - UNICAMP, como parte

dos requisitos para a obtenção do título

de Mestre em Química, na área de

Analítica.

Campinas

Julho/2002

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À Deus o autor da vida, que me escolheu comofilha muita amada. Se não fosse por Ele a história de minha vida não existiria.

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À meus queridos pais Hilário e Maria Améliaque me deram a vida e são os verdadeirosresponsáveis por eu estar aqui.À meu querido irmão Márcio, pois nos momentos em que me senti triste edesanimada, consegui recuperar minhas forças, pois o amo muito.

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AGRADECIMENTOS

��Em especial ao Prof. Dr. Wilson Jardim, pela orien ação segura, paciência, amizade

dedicação e palavras de incen ivo, que sempre me fizeram prosseguir.

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��Ao professor Dr. Pedro Sérgio Fadini por toda a paciência e pelas dicas preciosas

��Aos professores Domingues (Bioquímica), Tuca, Anne Hélène, Célio, Duran Ivo,

Jarbas e Lauro Kubotta, por todo auxílio para realização deste traba ho.

��Ao órgão financiador FAPESP (Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São

Paulo) pela bolsa concedida e incentivo financeiro fornecido.

��Aos assessores científicos da FAPESP pelo apoio durante a execução deste traba ho

��Aos amigos do LQA (Laboratório de Química Ambiental) e GIA (Grupo de

Ins rumen ação e Automação): Andrea, Carlos Furtado, Carlos Fidélis, Daniela,

Canela, Celeste, Claudete, Claúdia, Edna, Efigênia, Eme som (Simone), Eraldo,

Eliane, Fabiano, Flávia, Fernanda Almeida, Fernanda, Fernandão, Fernandinho,

G slaine, Gilberto, Gilmar, Heronides Isadora, Ismael, Jackson Márcia (Ivo), Marco,

Mariângela, Ma eus, Patrícia, Sérgio, Silvia, Xao-Lin pela convivência agradável que

torna o trabalho ma s prazeroso,

��A Edna por todas as sugestões.

��Ao Ismael pela figura 3 1

��A Patrícia pelas análises realizadas.

��Aos pro essores da UEL, em espec a a Maria Jose a, Sônia Gimenez Dilson, Dionísio,

Rení e Galão por todo apoio e incen ivo.

��Ao pessoal da CPG, especialmente à Bel e o And é, pela competência em lidar com a

parte burocrática.

��A todos os funcionários do IQ, em especial ao Fon ana, Marcos, Mario, pessoal do

almoxarifado, central analítica e patrimônio.

��Ao Instituto de Química pelas facilidades e oportunidades.

��Ao Altair, pelo companheirismo e apoio nos momentos em que mais precisei.

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��Ao pessoal do Grupo de Oração Beraká da UNICAMP que se realiza todas as 3as

feiras das 12:30 as 13:30 hs no CB-1 ao pessoa do Grupo de Oração Nau em Alto Mar

que se realiza todas as 4

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as feiras das 20:45 as 21:15 no CB-14 e ao pessoal da pasto al

universitária, por toda a amizade e companheirismo.

��A todos meus amigos de Londrina e ao pessoal do Grupo de Oração Vida e Paz.

��Aos meus amigos (as) Eliane, Irene, Gilvane e Fabiana (Lins), Geraldo (Bragança),

Carlos (Bragança), Rogério (SJRP), Ede son (Várzea Paulista), por toda a amizade e

companheirismo.

��A família do Wilson e Wesley que me acolheram em Campinas.

��A minha prima Raquel pela ajuda.

��Aos pro essores Elzi e Malridez e a Devaner e Ero ildes, que colaboraram para que

eu pudesse estudar.

��A m nhas tias e em especial a Aparecida, Lourdes Cristina e Maria.

��A minhas p imas e em especial a Eliane, Gislaine e Simone.

��Enfim, à todos aqueles que diretamen e ou indiretamente contribuíram para este

trabalho.

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Currículo

Formação superiorBacharelado em Química – Universidade Estadual de Londrina – UEL. 1996-1999.

Resumos em congressos:1. Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N.; Mourinõ, R. O; Oliveira, G.R; Bisinoti, M.C.;

Paschoal, F.M.M.; Interação de íons Cu (II) com amostras do Lago Igapó de

Londrina, 21ª Reunião da SBQ, Maio/1998, Poços de Caldas, M.G.; resumo aceito

para apresen ação de painel.t

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2. Bisinoti, M.C.; Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N.; Determinação de Parâmetros físico-

químicos nas amostras de água da Rede Hidrográfica de Londrina VII Encontro de

Iniciação Científica, UEM/1998, Maringá.; resumo aceito para apresentação oral.

3. Bisinoti, M.C.; Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N.; Paschoal, F.M.M.; Influência da

Urbanização sobre os recursos Hídricos, VI Encontro de Química da Região Sul,

UEM/1998, Maringá.; resumo aceito para apresen ação de painel.

4. Bisinoti, M.C.; Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N.; Paschoal, F.M.M.; Figueiredo, E.S.;

Paes, M.A A; Lobo, R. R. Metais na Bacia Hidrográfica de Londrina-Pr, XXII Reunião

Anual da Sociedade Brasileira de Química Maio/1999, Poços de Caldas, M.G.; resumo

aceito para apresen ação oral.

5. Bisinoti, M.C.; Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N.; Figueiredo, E.S.; Paes, M.A A;

Lobo, R. R. Estudo Comparativo sobre a Interação da Matéria Orgânica com Íons Cu

(II) entre dois compartimentos: Sedimento e Água na Bacia Hidrográfica do Rio

Tibagi, XXII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química Maio/1999, Poços de

Caldas, M.G.; resumo aceito para apresen ação de paine .

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6. Bisinoti, M.C.; Yabe, M. J. S.; Gimenez, S. M. N. Influência de Metais na Rede

Hidrográfica de Londrina – Pr VIII Encontro de Iniciação Científica, UNIOESTE/1999,

Cascável.; resumo aceito para apresen ação oral.t

t

7. Bisinoti, M.C; Gimenez, S.M.N.; Kamizake, N.K.K. Efeitos do pH na disponibilidade de

nutrientes para mudas de alfaces cultivadas em solução nutritiva, XVI Semana da

Química, 25/08/1999, Londrina, Pr, apresen ação oral.

8. Bisinoti, M. C.; Yabe, M. J. S.; Solci, M. C.; Martins, L. D.; Paschoal, F. M. M.; Fontes

de íons Potencialmente Contaminantes da Rede Hidrográfica de Londrina-Pr, 10º

ENQA, agosto/setembro/1999, Santa Maria, RS.

9. Bisinoti, M. C. e Jardim, J. F. Determinação de mercúrio orgânico em amostras

ambientais, apresentado na XXIV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química,

Maio/2001, Poços de Caldas, MG; resumo aceito para apresentação de painel.

10. Bisinoti, M. C. e Jardim, J. F. A metilação de mercúrio a partir do substrato Hg (0)

em condições aeróbias e anaeróbias, apresentado no 11º ENQA, setembro/2001,

Campinas, SP, resumo aceito para apresentação de painel e oral em seção

coordenada.

11 Bisinoti, M. C., Rossi, A V.; Rath, S. e Kubota, L. T. Dificuldades das aulas de

química analítica clássica: constatações e diretrizes para ações reparadoras,

apresentado no 11º ENQA, setembro/2001, Campinas, SP, resumo aceito para

apresentação de painel.

12 Bisinoti, M. C. e Jardim, J. F. Determination of organic mercury in water and

sediments of Amazonian lakes, apresentado na 6th International Conference of

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mercury as Global Pollutant, october/2001, Minamata, Japan, resumo aceito para

apresentação de painel.

13 Bisinoti, M. C. e Jardim, J. F. Avaliação da eficiência da análise de mercúrio orgânico

em água e sedimento, apresentado no IX Encontro de Química da Região Sul,

novembro de 2001, Londrina, PR, resumo aceito para apresentação de painel.

14 Bisinoti, M. C. e Jardim, J. F. Problemas analíticos encontrados na avaliação das

taxas de metilação abióticas de Hg (0), apresentado no XXV Reunião Anual da

Sociedade Brasileira de Químical, maio de 2002, Poços de Caldas, MG, resumo

aceito para apresentação de painel

Cursos

Como Redigir Artigos Científicos Entidade: Departamento de Bioquímica da Universidade

Estadual de Londrina, no Período: set/1999 Carga horária: 16 hs

Especiação Iônica de Nutrientes e Metais Pesados em Soluções Aquosas Entidade:

Instituto Agronômico de Campinas/IAC Período: 27 e 28/08/2000 Carga horária: 16

horas.

Introdução ao Spring: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/ INPE Período: 06 a

10/05/2002 Carga horária: 40 horas.

Prêmio

Contemplada com uma Láurea Acadêmica devido ao excelente desempenho durante a

graduação, com média acumulada de 9,3.

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RESUMO

PRODUÇÃO DE HgORGÂNICO À PARTIR DO Hg0 EM SEDIMENTOS

TROPICAIS: EXPERIMENTOS EM MICROCOSMOS

Este trabalho teve por objetivo estimar a produção de Hgorgânico a partir de Hg0 em

água e sedimento sob condições aeróbias e anaeróbias. A quantificação de Hgorgânico

em água e sedimento foi realizada a partir da adaptação e melhoria de procedimentos

conhecidos, seguidos da quantificação por Espectrometria de Fluorescência Atômica do

Vapor Frio (CVAFS). Foram montados seis microcosmos com água e sedimento, sendo

que quatro deles permaneceram em condições bióticas e dois em condições iniciais

abióticas. Para cada condição, foi mantido um meio aeróbio e outro anaeróbio, os quais

foram contaminados com 0,1 % (m/m) de Hg0. Realizou-se o acompanhamento de pH,

EH, Carbono Orgânico Dissolvido, Mercúrio Dissolvido Gasoso, Hgreativo, Hgtotal e

Hgorgânico na fase aquosa do microcosmo. Foi realizado no início e final do

experimento a determinação de Hgtotal, Hgorgânico e análise elementar (CHN) no

sedimento. O estudo de interferentes mostrou que a extração de Hgorgânico na

presença de 0,0 a 20,0 ng L-1 de Hg2+, 700 ng L-1 de Hg0 e 0,0 a 30,0 mg L-1 de ácido

húmico, não geram artefatos positivos. Os testes de recuperação de metilmercúrio

variaram entre 90,0 e 110,0% para as amostras de água e entre 57 e 110% para as

amostras de sedimento. A taxa de produção de Hgorgânico foi maior em meio biótico e

condição anaeróbia, apresentando um valor de 617 �g kg-1 dia-1 no sedimento em base

seca. A avaliação abiótica da produção de Hgorgânico não foi possível devido às

alterações nas características do microcosmo. Determinou-se também Hgorgânico em

amostras de águas coletadas na Bacia do Rio Negro em campanha realizada em Janeiro

de 2002. Observou-se que em águas brancas na Bacia do Rio Negro, a concentração de

Hgorgânico é da ordem de 2,5% do estoque de Hgtotal frente a 10% para águas

pretas. Conclui-se que o Hg0 pode ser um bom substrato para a produção de

Hgorgânico em ambientes tropicais.

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ABSTRACTPRODUCTION OF ORGANIC MERCURY FROM Hg0 IN TROPICAL

SEDIMENTS: MICROCOSMS EXPERIMENTS

The goal of this work was to evaluate the production of organic mercury from the Hg0 in

water and sediment under aerobic and anaerobic conditions. The quantification of

organic mercury in water and sediment was accomplished by the adaptation and

improvement of well-known procedures, followed by the quantification using Cold Vapor

Atomic Fluorescence Spectrometry (CVAFS). Six different microcosms containing water

and sediment were prepared, four of which were kept in biotics conditions and two in

abiotics conditions. For each condition, one of the microcosm was maintained under

aerobic and the other under anaerobic condition, and both were contaminated with

0,1% (w/w) of Hg0. In the aqueous phase of the microcosms, the following parameters

were monitored: pH, EH, Dissolved Organic Carbon, Gaseous Dissolved Mercury,

Reactive Mercury, Total Mercury and Organic Mercury. At the beginning and the end of

the experiment in the sediment, Total Mercury, Organic Mercury and Elementary

Analysis (CHN) were measured and compared. The study of the interferents showed

that the extraction of organic mercury in water samples containing 0.0 at 20.0 ng L-1 of

Hg2+, 700 ng L-1 of Hg 900 and 0.0 at 30.0 ng L-1 of humic acid, does not produce

positive artifacts. Average recovery values of methylmercury varied between 90.0 and

110.0% for water samples, and between 57.0 and 110.0% for sediment samples. The

production rate of organic mercury was larger under both biotic and anaerobic condition

where the sediment produced 617 �g kg-1 day-1 (dry sediment). The evaluation of the

production of organic mercury in abiotic condition was not possible due to drastic

changes in the characteristics of the microcosm. The organic mercury was measured in

water samples of Negro river basin collected in January/2002. Moreover, it was

observed that in white waters in the Negro river basin, the concentration of organic

mercury reaches 2.5% of Hgtotal compared with 10% for black waters in the same

basin. It can be concluded that the Hg0 can be a good substrate for the production of

organic mercury in tropical environments.

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ÍNDICE

Lista de figuras................................................................................. xxv

Lista de tabelas................................................................................. xxix

Lista de abreviaturas......................................................................... xxxi

1. Introdução..................................................................................... 3

2. Revisão bibliográfica....................................................................... 6 2.1 O elemento mercúrio................................................................................. 6 2.2 O metilmercúrio ......................................................................................... 7 2.2.1 Conseqüências de repercussão ambiental........................................................ 8 2.3 Mercúrio em ambientes naturais.................................................................. 9 2.4 O ciclo do mercúrio..................................................................................... 10 2.5 Metilação e desmetilação..................................................................... 12 2.5.1 Aspectos gerais.............................................................................................. 12 2.5.2 Mecanismos de formação de metilmercúrio....................................................... 13

2.5.3 Metilação abiótica............................................................................................ 15 2.5.4 Produtos da desmetilação................................................................................ 16 2.5.5 Desmetilação................................................................................................... 16 2.5.6 Fatores que influenciam a metilação................................................................. 17 2.6 Métodos analíticos para quantificação de metilmercúrio................................. 23

2.6.1 Extração de metilmercúrio e mercúrio inorgânico............................................. 23 2.7 O mercúrio e a Bacia do Rio Negro, Amazônia............................................. 263. Parte experimental......................................................................... 31 3.1 Instrumentos e materiais utilizados............................................................. 31 3.2 Soluções e reagentes................................................................................. 32

3.2.1 Soluções e reagentes empregados para determinação de mercúrio total e reativo........................................................................................................ 32

3.2.2 Soluções e reagentes empregados para determinação de Hgorgânico em águas e sedimentos..................................................................................... 33

3.2.3 Soluções e reagentes empregados para determinação de carbono orgânicototal........................................................................................................... 34

3.3 Desenvolvimento experimental................................................................... 343.3.1 Limpeza das vidrarias destinadas às análises das várias formas de mercúrio

em água e sedimento.................................................................................. 34 3.3.2 Frascos, coleta e preservação das amostras destinadas à determinação de

carbono orgânico total................................................................................. 36 3.3.3 Quantificação de mercúrio reativo e total....................................................... 36

3.3.4 Quantificação de metilmercúrio por CVAFS .................................................... 38 3.3.5 Quantificação de mercúrio orgânico em amostras de águas, utilizando o

metilmercúrio como modelo......................................................................... 39 3.3.5.1 Estudos dos interferentes.................................................................. 40

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3.3.5.2 Análise de Hgorgânico em amostras de água coletadas em campanha para a Bacia do Rio Negro, Amazônia, no período de 24/01/02 a 04/02/02.......................................................................................... 42

3.3.6 Quantificação de Hgorgânico em amostras de sedimentos, utilizando o metilmercúrio como modelo......................................................................... 43

3.3.7 Recuperação de Hgorgânico em amostras de águas e sedimentos.................... 443.3.8 Quantificação de carbono orgânico................................................................. 443.3.9 pH.............................................................................................................. 453.3.10 EH (Potencial redox).................................................................................... 453.3.11 Análise elementar no sedimento................................................................... 453.3.12 Determinação do teor de umidade nos sedimentos........................................ 453.3.13 Quantificação de CO2................................................................................... 46

3.4 Experimentos em microcosmos................................................................... 463.4.1 Microcosmos exploratórios em condições bióticas............................................ 473.4.2 Condições bióticas......................................................................................... 483.4.3 Condições abióticas....................................................................................... 48

4. Resultados e discussões................................................................. 51 4.1 Métodos de quantificação utilizados........................................................... 51 4.1.1 Cálculo do limite de detecção......................................................................... 54 4.2 Extração e recuperação de Hgorgânico de amostras de águas..................... 56 4.3 Estudos dos interferentes.......................................................................... 60

4.3.1 Avaliação da eficiência de extração de mercúrio orgânico, na presença de Hg2+......................................................................................................... 60

4.3.2 Avaliação da eficiência de extração de mercúrio orgânicoem uma amostracontendo Hg0............................................................................................ 62

4.4 Quantificação do mercúrio orgânico em amostras de sedimentos, utilizandoo metilmercúrio como modelo................................................................... 62

4.4.1 Determinação de mercúrio orgânico em amostras de sedimentos.................. 65 4.4.2 Avaliação do efeito da extração de mercúrio orgânico em águas na presença

de Hg2+ e ácido húmico............................................................................. 674.5 Resultados dos microcosmos.................................................................... 68

4.5.1 Microcosmos preliminares em condições bióticas.......................................... 68 4.5.2 Microcosmos finais em condições bióticas.................................................... 72

4.5.2.1 Variação dos parâmetros na fase aquosa dos microcosmos 3 e 4............... 76 4.5.3 Resultados dos microcosmos em condições abióticas.................................... 80 4.6 Normalização dos resultados dos microcosmos........................................... 83 4.6.1 Normalização com relação a massa de sedimento seco................................. 83 4.6.2 Normalização com relação a quantidade de carbono orgânico presente no

sedimento.............................................................................................. 85 4.7 Taxa de produção de Hgorgânico............................................................... 86 4.8 Análise de Hgorgânico em amostras de água coletadas em expedição na

Bacia do Rio Negro, Amazônia, no período de 24/01/02 a 04/02/02............ 90

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4.8.1 Resultados obtidos de Hgorgânico nas amostras coletadas no IgarapéArupiaú.................................................................................................... 91

4.8.2 Resultados obtidos de Hgorgânico nas amostras coletadas no Lago Iara........ 92 4.8.3 Resultados obtidos de Hgorgânico nas amostras coletadas no Rio Branco e

Lago Araçá............................................................................................... 95 4.8.4 Recuperação do metilmercúrio adicionado nas amostras coletadas na Bacia

do Rio Negro............................................................................................ 96 4.8.5 Porcentagem de Hgorgânico encontrado nas amostras de água da Bacia do

Rio Negro................................................................................................. 975. Conclusões.................................................................................... 99

6. Perspectivas para trabalhos futuros................................................. 103

7. Referências bibliográficas............................................................... 105

8. Ensaios de proficiência do LQA para determinação de Hgtotal........... 132

xxiii

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Ciclo do mercúrio em ambientes naturais......................................... 14

Figura 2.2 Reações de metilação que ocorrem em ambientes aeróbios e

anaeróbios.................................................................................... 17

Figura 3.1 Diagrama do sistema para detecção de Hg0 usando espectrofotômetro

de fluorescência atômica do vapor frio............................................ 42

Figura 3.2 Ilustração de montagem dos microcosmos em meio aeróbio e

anaeróbio...................................................................................... 51

Figura 4.1 Curva analítica para quantificação de mercúrio reativo, por redução de

Hg2+ com cloreto estanoso, utilizando-se frasco extrator (LD = 0,2

ng L-1 como descrito no item 4.1.1).................................................... 57

Figura 4.2 Curva analítica para quantificação de MDG, obtida por injeção de 0,0;

10,0; 20,0; 30,0; 40,0; 50,0; 60,0; 70,0; 80,0; 90,0 e 100,0 �L de

vapor saturado de mercúrio (0), a 26 ºC, como descrito por Dumarey

et alii (1985).................................................................................... 58

Figura 4.3 Resposta do CVAFS frente à adição de 0,5; 1,0 e 1,5 mL de cloreto de

bromo 0,2 mol L-1 na destruição de 0,0; 5,0; 10,0; 20,0 e 30,0 ng L-1

de metilmercúrio (tempo de reação de 30 minutos)............................ 59

Figura 4.4 Curva analítica para quantificação de metilmercúrio, por oxidação com

BrCl e redução com cloreto estanoso, utilizando-se frasco extrator

(LD=2,0 ng L-1, calculado como descrito em 4.1.1).............................. 60

Figura 4.5 Recuperação de metilmercúrio na fase orgânica, teste de evaporação do

CH2Cl2, à temperatura ambiente..................................................... 62

Figura 4.6 Estudo da recuperação de mercúrio orgânico, a partir da adição de 0,0;

5,0; 10,0; 15,0 e 20,0 ng L-1 de metilmercúrio, em uma amostra de

água natural do Rio Negro.................................................................. 64

xxv

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Figura 4.7 Relação entre as respostas de Hgorgânico nas amostras de água do Rio

Negro, para adição de 0,0; 5,0; 10,0; 15,0 e 20,0 ng L-1 de

metilmercúrio, frente ao padrão analítico........................................... 65

Figura 4.8 Estudo da interferência de Hg2+ no processo de extração de mercúrio

orgânico com cloreto de metileno em água para adição de 0,0; 5,0;

10,0 e 20,0 ng L-1 de Hg2+. As determinação foram realizadas em

duplicata. (a) Resposta da concentração de Hg2+ extraível pela fase

orgânica. (b) Resposta da concentração de Hg2+ que permaneceu na

fase aquosa....................................................................................... 67

Figura 4.9 Relação entre as respostas de Hgtotal na fase aquosa de amostra de

água ultrapura, para adição de 0,0; 5,0; 10,0 e 20,0 ng L-1 de Hg2+,

frente ao padrão analítico de Hg2+ nas mesmas concentrações........... 67

Figura 4.10 Curva analítica para quantificação de metilmercúrio, após destruição

com cloreto de bromo e redução com cloreto estanoso, utilizando-se

frasco lavador (sendo � e a duplicata de cada ponto)....................... 69

Figura 4.11 Estudo da recuperação de mercúrio orgânico, após extração do

metilmercúrio adicionado no sedimento (� e são os valores de

replicatas)..................................................................................... 70

Figura 4.12 Relação entre as respostas de Hg orgânico extraído no sedimento do

Lago Calado, para adição de 0,00; 0,25; 0,50; 1,00 e 2,00 ng de

metilmercúrio, frente ao padrão analítico......................................... 70

Figura 4.13 Correlação entre a concentração de a) Hg orgânico e b) Hgtotal, com

relação a profundidade, em sedimento do Lago Iara........................ 71

Figura 4.14 Estudo da recuperação de Hg2+ na fase orgânica em amostra de água

deionizada após adição de ácido húmico e Hg2+............................... 74

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Figura 4.15 Variação das concentrações das espécies de Hg na fase aquosa dos

microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente , para as condições

aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias

(relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados

com sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical) contmainados

com 0,1 % (m/m) de Hg0 .............................................................. 81

Figura 4.16: Variação das concentrações das espécies de Hg no sedimento dos

microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente , para as condições

aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias

(relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados

com sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical) contmainados

com 0,1 % (m/m) de Hg0 .............................................................. 82

Figura 4.17 Formação de a) Hg orgânico e b) Hgreativo em função do tempo para

a fase aquosa dos microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente,

para as condições aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0)

e anaeróbias (relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram

montados com sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical)

contmainados com 0,1 % (m/m) de Hg0 ........................................... 83

Figura 4.18 Comportamento dos parâmetros a) MDG e b) perda instantânea de

mercúrio gasoso por evasão em função do tempo para a fase

aquosa dos microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente, para

as condições aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e

anaeróbias (relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram

montados com sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical)

contmainados com 0,1 % (m/m) de Hg0 ........................................ 84

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Figura 4.19 Comportamento dos parâmetros a) EH e b) pH em função do tempo

para a fase aquosa dos microcosmos, após 33 e 29 dias

respectivamente, para as condições aeróbias (relação água:

sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação água: sedimento

seco de 6,2:1,0). Esses foram montados com sedimentos do Lago

Iara – AM (região tropical) contmainados com 0,1 % (m/m) de Hg0

.................................................................................................... 84

Figura 4.20 Comportamento dos parâmetros a) carbono orgânico dissolvido e b)

Hg total em função do tempo para a fase aquosa dos microcosmos,

após 33 e 29 dias respectivamente, para as condições aeróbias

(relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação

água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados com

sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical) contmainados com

0,1 % (m/m) de Hg0 ..................................................................... 85

Figura 4.21 Distribuição dos valores normalizados de Hgorgânico no sedimento

com relação a carbono orgânico........................................................ 92

Figura 4.22 Variação dos parâmetros determinados em vários pontos do Igarapé

Arupiaú, sendo OD, oxigênio dissolvido; T, temperatura; COT,

carbono orgânico total e CO2, dióxido de carbono........................... 97

Figura 4.23 Variação das espécies de Hg ao longo do Igarapé Arupiaú................... 98

Figura 4.24 Variação temporal na concentração de Hgorgânico e matéria orgânica

(COT), no Lago Iara........................................................................ 99

Figura 4.25 Variação temporal de todos os parâmetros analisados no Lago Iara..... 99

Figura 4.26 Variação da concentração das espécies de Hg analisadas no Lago Iara

para a) perfil temporal e b) perfil espacial, para coleta realizada em

Janeiro/2002................................................................................. 100

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 Emissões de mercúrio para o ambiente.......................................... 30

TABELA 4.1Valores obtidos na leitura de 10 brancos de Hgorgânico e

parâmetros da curva analítica obtida para o mesmo dia.................. 61

TABELA 4.2 Dados obtidos no experimento de extração de Hgorgânico após

adição de metilmercúrio à uma amostra de sedimento do Lago

Calado (LC) e dados obtidos para uma curva analítica com os

mesmos padrões......................................................................... 69

TABELA 4.3 Concentrações das duplicatas de Hgtotal e Hgorgânico em

sedimentos oriundos de vários lagos brasileiros. Resultados de

duplicatas realizadas.................................................................. 64

TABELA 4.4 Concentrações de alguns parâmetros na fase aquosa do

microcosmo no início e final do experimento, 27 e 23 dias para o

meio aeróbio e anaeróbio, respectivamente................................. 76

TABELA 4.5 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento do microcosmo

no início e final do experimento, 27 e 23 dias para o meio aeróbio

e anaeróbio, respectivamente..................................................... 77

TABELA 4.6 Concentrações de alguns parâmetros na fase aquosa do

microcosmo no início e final do experimento 33 e 29 para o meio

aeróbio e anaeróbio, respectivamente......................................... 79

TABELA 4.7 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento do microcosmo

no início e final do experimento 33 e 29 dias para o meio aeróbio e

anaeróbio, respectivamente.......................................................... 80

TABELA 4.8 Concentrações de alguns parâmetros na fase aquosa do

microcosmo no início e final do experimento, 35 e 33 dias para

meio aeróbio e anaeróbio, respectivamente............................... 87

TABELA 4.9 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento do microcosmo

no início e final do experimento, 35 e 33 dias para meio aeróbio e

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anaeróbio, respectivamente.......................................................... 88

TABELA 4.10 Valores normalizados de Hgtotal e Hgorgânico no sedimento......... 90

TABELA 4.11 Porcentagens de Hgorgânico com base no Hgtotal e produção de

Hgorgânico na fase aquosa e sedimento dos microcosmos............ 93

TABELA 4.12 Taxa de metilação em águas naturais e sedimentos registrados na

literatura................................................................................... 94

TABELA 4.13 Valores encontrados para para amostras coletadas no Rio Branco,

dia 30/01/02 as 12 h e 22:05 h................................................... 101

TABELA 4.14 Valores encontrados para o Lago Araçá para amostras coletadas

no dia 31/01/02 as 22:05 h........................................................ 101

TABELA 4.15 Porcentagens de recuperação do metilmercúrio (10 ng L-1)

adicionado nas diversas matrizes de água analisadas................... 102

TABELA 4.16 Porcentagens de Hgorgânico frente ao estoque de Hgtotal para

águas da Bacia do Rio Negro...................................................... 103

TABELA 4.17 Concentração e porcentagem de metilmercúrio em águas naturais

e sedimentos, da Amazônia, registrados na literatura................... 104

TABELA 4.18 Valores obtidos de Hgtotal para as amostras certificadas de peixe

analisadas no LQA..................................................................... 142

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LISTA DE ABREVIATURAS

BPM - Bactérias Produtoras de Metano

BRS - Bactérias Redutoras de Sulfato

CG - Cromatografia Gasosa

CVAAS - Espectrofotometria de Absorção Atômica do Vapor Frio

CVAFS - Espectrofotometria de Fluorescência Atômica do Vapor Frio

Cond - Condutividade

COT - Carbono Orgânico Total

COD - Carbono Orgânico Dissolvido

ECD - Detector de Captura de Elétrons

EPA - Agência de Proteção Ambiental

ETAAS - Espectrometria de Absorção Eletrotérmica

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FIA - Análise por Injeção em Fluxo

HTCO - Oxidação Catalítica a Alta Temperatura

Hg - Mercúrio

Hgreativo - Mercúrio reativo

Hgtotal - Mercúrio total

Hgorgânico - Mercúrio orgânico

ICPAES - Espectrometria de Emissão Atômica acoplada a uma fonte de

Plasma Induzido

ICPMS - Espectrometria de Massa acoplada a uma fonte de Plasma Induzido

IDMS - Diluição Isotópica/ Espectrometria de Massa

LD - Limite de Detecção

LQA - Laboratório de Química Ambiental

MDG - Mercúrio Dissolvido Gasoso

MIPAES - Micoondas acoplado a Espectrometria de Emissão Atômica acoplado

a uma fonte de Plasma Induzido

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MRC - Materiais Referência Certificados

OD - Oxigênio Dissolvido

T - Temperatura

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1 Introdução

Aspectos relacionados à toxicidade do mercúrio têm despertado a atenção da

comunidade científica nestas últimas décadas. Este interesse está relacionado

principalmente ao potencial tóxico do metal para a biota e seres humanos, e também ao

seu ciclo biogeoquímico, envolvendo a distribuição, bioacumulação, transformação e

transporte no ambiente.

O primeiro caso de contaminação de pessoas, causado diretamente por mercúrio

foi constatado na Baía de Minamata, Japão, onde a Chisso Co., uma fábrica de

acetaldeído que usava mercúrio como catalisador, tinha parte deste metal convertido

em metilmercúrio durante o processo, e posteriormente lançava-o como resíduo nas

águas da baía. Oficialmente foi reconhecido que 2252 pessoas foram diretamente

contaminadas pelo metilmercúrio, sendo que dentre elas ocorreram 1043 óbitos (Smith

e Smith, 1975). As conseqüências da contaminação ficaram mundialmente conhecidas

como a “Doença de Minamata”.

O desenvolvimento de métodos analíticos para a determinação de metilmercúrio

em sedimentos não é trivial, devido aos problemas relacionados à amostragem, à

extração e ao método de quantificação final utilizado. Entre os procedimentos mais

empregados para extração e separação de metilmercúrio de mercúrio inorgânico estão a

acidificação, a digestão alcalina ou ainda a destilação seguida por uma ou duas etapas

de separação, entre elas extração com solvente, troca iônica, destilação ou

derivatização alcóolica. A quantificação do metilmercúrio, pode ser realizada por

detector de captura de elétrons, fluorescência, emissão, massas ou absorção atômica.

A metilação acidental pode ser observada durante a etapa de extração de

metilmercúrio das diferentes matrizes (água, sedimento, solo, vegetação, biota, e

outros). Esta é dependente do processo de extração, bem como da quantidade de

mercúrio inorgânico, metilmercúrio, matéria orgânica, sulfato, atividade microbiológica,

salinidade, metais pesados, temperatura, pH e outras características da amostra.

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Para avaliar as conseqüências da contaminação ambiental é necessário validar o

método e isto é geralmente feito pela técnica da adição de padrão, ou mais

recentemente usando a diluição isotópica/espectrometria de massa (IDMS). A exatidão

é estabelecida por comparação com materiais referência certificados (MRC).

Infelizmente, ainda há muito pouco material certificado para metilmercúrio.

A determinação de mercúrio total não é suficiente para o entendimento da

ecotoxicologia deste metal no meio aquático. Nos sedimentos, o metilmercúrio é

consideravelmente mais tóxico que o mercúrio inorgânico, apesar de representar apenas

cerca de 1,5% do mercúrio total. Particulados ricos em Hg2+, são transportados para o

sedimento onde o metal pode ser metilado por bactérias que reduzem sulfato (BRS). Em

adição à metilação do Hg2+, as bactérias presentes no sedimento podem também

desmetilar o metilmercúrio, via reação reversa. Ambas, BRS e bactérias produtoras de

metano (BPM) estão envolvidas neste processo. O balanço das reações de metilação e

desmetilação, determinam se um ambiente em particular atuará como fonte ou

sumidouro de metilmercúrio. A degradação microbiológica de metilmercúrio pode

ocorrer por dois caminhos principais, normalmente por clivagem do metil produzindo

CH4, ou por desmetilação oxidativa produzindo CH4 e CO2. A bactéria que degrada

metilmercúrio por esta última via pode ter a capacidade de reduzir Hg(II) para Hg0

volátil. Não é conhecido se a redução está associada às condições favoráveis de

potencial redox (Oremland et alii, 1991).

Por outro lado, a desmetilação do metilmercúrio tem sido bem caracterizada. Esta

reação ocorre com bactérias as quais possuem resistência aos organomercurias e é

devida a presença de um operador mer contendo o gene lyase Hgorgânico. A lyase

mercurial quebra a ligação carbono-mercúrio do metilmercúrio, produzindo metano e

Hg2+. Este mecanismo de decomposição do metilmercúrio, ocorre no ambiente natural

(Robinson e Tuovinen, 1984).

A metilação abiótica de Hg, tem sido observada especialmente na presença de

ácidos húmicos e fúlvicos em solos. Matilainen et alii (1991), observaram que para

alguns sedimentos a metilação anaeróbia ocorre mais rápida que a aeróbia; para outros

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sedimentos a metilação foi similar em ambas as condições. Para Gilmour e Henry (1991)

e Gilmour et alii (1992), a metilação do mercúrio é favorecida sob condições anaeróbias

e dependente da ação das bactérias sulfato-redutoras, sendo portanto dependente da

quantidade de SO42- presente.

Para o entendimento do ciclo do mercúrio é de extrema importância o

conhecimento da produção de metilmercúrio no ambiente. Na literatura, há vários

trabalhos sobre produção de metilmercúrio a partir de Hg2+, porém muito pouco se

conhece a respeito da produção de metilmercúrio a partir do substrato Hg0. Devido a

estas constatações o principal objetivo deste trabalho foi a realização de um estudo que

elucidasse o potencial de produção de Hgorgânico, a partir de Hg0, em sedimentos

tropicais, por meio de experimentos em microcosmos sob condições aeróbias e

anaeróbias. Para o desenvolvimento deste estudo foram seguidas as seguintes etapas:

��A adaptação de um procedimento de extração de Hgorgânico, em água e sedimento,

utilizando o metilmercúrio como modelo.

A determinação de Hgorgânico em sedimentos e o possível enriquecimento da

coluna d’água com Hg0 em amostras incubadas sob diferentes condições redox

usando a espectrometria de fluorescência atômica do vapor frio (CVAFS), como

método analítico final.

��

��A montagem de experimentos em microcosmos sob condições bióticas e abióticas.

��A quantificação de Hgorgânico em amostras de água e sedimento, provenientes de

amostras coletadas na bacia do Rio Negro, na Amazônia.

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2. Revisão Bibliográfica

2 1 O elemento mercúrio. .

O mercúrio é considerado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), como um

dos elementos mais perigosos, devido a sua característica de acúmulo e persistência no

ambiente e biota. Alguns aspectos importantes sobre as propriedades físico-químicas do

mercúrio, o tornam um elemento muito utilizado, e consequentemente, ocorrências de

intoxicações humanas e contaminação ambiental são inevitáveis. O mercúrio é

neurotóxico e seu efeito tóxico depende da forma química, da dose, do tempo de

exposição e da taxa de administração. Existem fortes diferenças com relação as

espécies e sexo quanto à neurotoxicidade das várias formas de mercúrio (EPA, 1997).

O uso do mercúrio e seus compostos no passado, pela indústria, bem como seu

uso difundido na agricultura devido à aplicação dos organomercuriais, tem resultado em

sérios problemas de contaminação da superfície das águas e sedimentos (Heaven et alii,

2000). O mercúrio metálico é usado no Brasil em indústrias de cloro-soda, lâmpadas

elétricas, pilhas, tintas, farmacêutica, explosivos, couro, madeira, têxtil; em artigos

dentários, aparelhos elétricos, produção de produtos químicos, catalisadores para

materiais plásticos, garimpo e outros. Em 1989, no Brasil, o lançamento de mercúrio

para o ambiente, foram na ordem de 210 toneladas, concentrando-se essencialmente

nas atividades garimpeiras. Estas contribuíram com 168 toneladas, correspondendo a

80% das perdas, seguidas pelas indústrias de cloro-soda com 17 toneladas (8% das

perdas) (Ferreira e Appel, 1991).

A química do mercúrio é complexa, devido à dificuldade de predizer o

comportamento dos poluentes de mercúrio no ambiente natural. O sedimento age como

sumidouro e fonte potencial de Hg e uma vez contaminado pode causar risco à vida

aquática por muitos anos. Dependendo da condição física, química ou biológica, os

compostos de Hg no sistema aquático podem ser interconvertido e passar do sedimento

para a fase aquosa, ser acumulado pela biota aquática, ser perdido para a atmosfera,

ser transportado com material particulado para novos locais ainda não contaminados

(Kudo, 1992; EPA, 1997).

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O mercúrio pode ser encontrado na natureza na forma metálica, monovalente ou

divalente. A natureza e reações destas espécies determinam a solubilidade, mobilidade

e toxicidade em ecossistemas aquáticos, bem como o seu potencial para a metilação. O

mercúrio metálico é líquido e tem uma pressão de vapor alta, tendo uma baixa

solubilidade em água e lipídeos. Na presença de oxigênio pode ser facilmente oxidado a

Hg2+ (EPA, 1997).

Os sais mais importantes são cloreto de mercúrio HgCl2, chamado de sublimado

corrosivo muito tóxico, cloreto mercuroso Hg2Cl2, calomelano, ocasionalmente ainda

usado na medicina, fulminato de mercúrio Hg(CNO)2, detonador usado em explosivos, e

sulfeto de mercúrio HgS, de cor vermelha, usado como pigmento em tintas (Nascimento

e Chasin, 2001).

2.2. O meti mercúr ol i

Algumas vezes, o termo genérico metilmercúrio é usado para representar os

compostos monometilmercuriais. Em alguns casos, a identidade exata desses compostos

não é conhecida, exceto que contêm o cátion metilmercúrio associado tanto a um

simples ânion como o cloreto, ou a moléculas de alta massa molar, tais como proteínas

(WHO, 1990).

Poucos dados sobre as características físico-químicas do CH3HgCl estão

disponíveis. A temperatura de volatilização deste não é conhecida porém, a temperatura

de decomposição é de 700 ºC (Baeyens e Leermakers, 1989). O CH3HgCl é

relativamente estável em água de chuva, na neve e em águas de rios. Sua solubilidade

em água é maior que a do cloreto mercuroso em aproximadamente três ordens de

grandeza, devido à alta solubilidade do cátion metilmercúrio em água. Algumas espécies

de mercúrio são solúveis em solventes apolares, entre eles o mercúrio elementar e os

alquilmercuriais (Nascimento e Chasin, 2001).

Os sintomas decorrentes da exposição ao metilmercúrio são principalmente de

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origem neurológica e consistem em distúrbios visuais como escotomas (visão turva) e

redução do campo visual, ataxia (sem coordenação para andar), parestesia

(insensibilidade na pele), neurestenia (dor nos nervos), perda da audição, disartria

(dificuldade na articulação das palavras), deterioração mental, tremor muscular,

distúrbio da motilidade e, nos casos de exposição grave, paralisia e morte. Verificou-se

que certas regiões do cérebro são particularmente sensíveis aos efeitos tóxicos do

metilmercúrio, a saber, o córtex cerebral (especialmente o córtex visual) e a camada

granulosa do cerebelo. O metilmercúrio é particularmente prejudicial ao

desenvolvimento de embriões, os quais são cinco a dez vezes mais sensíveis que os

adultos (Goodman e Gilman, 1991; EPA, 1997).

A exposição ao metilmercúrio geralmente ocorre por ingestão, sendo

absorvido rapidamente e eliminado lentamente se comparado às outras formas de

mercúrio. O metilmercúrio no corpo é considerado relativamente estável e é lentamente

desmetilado para a forma inorgânica em ratos. Nos seres humanos, o metilmercúrio tem

tempo de meia-vida biológico relativamente longo de 44 a 80 dias, e sua excreção

ocorre via fezes, leite materno e urina, além disto o metilmercúrio é lipofílico e

apresenta tempo de meia-vida no ambiente de 6-8 anos (EPA, 1997; WHO, 1990).

O interesse em estudar o metilmercúrio se deve principalmente a sua capacidade

de ser bioacumulado (através da adsorção em corpos superficiais, na ingestão de

alimentos, principalmente de peixes, bem como sua entrada antrópica no ambiente), em

até um milhão de vezes ao longo da cadeia alimentar aquática, o que causa uma grande

preocupação ambiental quanto à ecotoxicologia do mercúrio (Vázquez et alii, 1999).

2.2.1. Conseqüências de repercussão ambiental

Em 1863 ocorreu o primeiro caso relatado de óbito, por intoxicação, de dois

químicos interessados em determinar o número de oxidação do composto

dimetilmercúrio. Houve considerável publicidade a respeito desse assunto, sendo que a

comprovação da causa entre a classe médica ocorreu somente em 1940 (Nascimento e

Chasin, 2001). O segundo caso relatado de contaminação por metilHg ocorreu em

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Minamata e ficou conhecido como a doença de Minamata (McApline e Shukuro,

1958; Smith e Smith, 1975; Tamashiro et alii, 1985; De Andrade e Bueno, 1989;

Harada, 1995).

Na década de 70, no Iraque, Paquistão, Gana e Guatemala ocorreram vários

casos de contaminação de agricultores e seus familiares, que utilizavam grãos tratados

com fungicidas a base de metil e etilmercúrio na confecção de pão caseiro. No caso

particular do Iraque mais de 6.900 pessoas foram hospitalizadas e pelo menos 459

morreram. Em 1969, nos Estados Unidos, a intoxicação de seres humanos resultou da

ingestão de carne de porcos alimentados com grãos tratados com fungicidas

organomercuriais (Goodmam e Gilman, 1991).

Além destes, muitos outros casos de contaminação com Hg encontram-se

registrados na literatura, e estes vão desde a quebra de termômetros em hospitais e

lares até à contaminação de lagos e rios por atividades industriais, principalmente de

indústrias de cloro-álcali. Um relato que ilustra esses acidentes ocorreu em Sorocaba

(62 km de São Paulo), na Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA) em que um vazamento

de mercúrio contaminou dez adolescentes com idade entre 13 e 17 anos. O mercúrio

tinha vazado de um reator elétrico desativado, avariado por saqueadores de sucata de

cobre (Nascimento e Chasin, 2001).

2 3 Mercúrio em ambientes naturais. .

Os fatores químicos têm importante papel na determinação da taxa de adsorção e

sedimentação do Hg no sistema aquático. A distribuição do mercúrio é fortemente

correlacionável com o conteúdo de carbono orgânico, argila, ferro, fósforo e enxofre dos

sedimentos. Os agentes orgânicos complexantes solúveis em água, tais como humatos e

fulvatos, podem quelar as espécies solúveis e insolúveis na água; os últimos precipitam-

se diretamente da solução para o sedimento. Grande quantidade de mercúrio é

adsorvida no húmus, em pH ácido, favorecendo a formação de metilmercúrio. Em pH

básico, maior quantidade de mercúrio é adsorvida pela fração mineral. Os complexos

solúveis de mercúrio são adsorvidos pelo material particulado orgânico e inorgânico e

9

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removidos pela sedimentação, em cursos hídricos aeróbios. Entretanto nos sedimentos

anaeróbios, os compostos de mercúrio precipitados geralmente são convertidos a

sulfeto mercúrico (HgS), o que, pela sua baixa solubilidade, reduz a possibilidade de

serem transferidos para a coluna d’água (Stein et alii, 1996).

Em ambientes aeróbios a matéria orgânica pode oxidar o Hg0 para Hg2+, enquanto o

processo inverso é observado em ambientes anaeróbios e especialmente na presença de

ácido húmico. Os agentes oxidantes típicos na água são oxigênio, nitrato, nitrito,

hidróxido férrico, fosfato férrico, sulfato, enxofre, dióxido de carbono e bicarbonato

(Stein et alii, 1996). A matéria fina em suspensão tem grande capacidade de adsorver o

mercúrio dissolvido. A capacidade de adsorção do mercúrio é exponencialmente

proporcional à média da área superficial específica das partículas em suspensão com

tamanho menor que 60 �m. Em condições aeróbias, parte do HgS presente no

sedimento pode ser oxidado a sulfato, muito mais solúvel, mas este processo é muito

lento e depende do potencial redox. Uma oxidação enzimática pode levar a uma

liberação mais rápida dos íons Hg2+ (Nascimento e Chasin, 2001).

Os sedimentos de rios, lagos e do mar, poluídos com mercúrio, são perigosos porque o

mercúrio confinado pode permanecer ativo para a metilação por cerca de 100 anos,

mesmo quando a fonte é eliminada. A persistência do metilmercúrio nos peixes é

relativamente alta porque ele é metabolizado muito lentamente. A meia-vida do

metilmercúrio em peixes ocorre em função da espécie, variando geralmente de um a

três anos. A forte ligação do metilmercúrio com os tecidos do peixe não é destruída pelo

cozimento ou fritura (Nascimento e Chasin, 2001).

2.4. O ciclo do mercúr oi

O interesse no entendimento do ciclo do mercúrio tem aumentado recentemente,

como resultado de observações das elevadas concentrações de mercúrio em peixes de

lagos naturalmente ácidos e acidificados, que carecem de fontes antrópicas de mercúrio

(Akielazek e Haines, 1981). Mais de 85% do mercúrio total em peixes de águas doces e

algas estão na forma de metilmercúrio, indicando que a formação do metilmercúrio é o

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processo chave regulador do conteúdo de mercúrio na biota aquática (Steffan et alii,

1988).

Muito pouco se conhece a respeito da transferência do mercúrio nas interfaces da

atmosfera, outro componente do ciclo do mercúrio de extrema importância em

ambientes aquáticos. Embora pouco estudado, o processo de volatilização resulta em

um decréscimo significativo na quantidade de mercúrio disponível para metilação. A

volatilização de mercúrio pode ocorrer pela formação do dimetilmercúrio ou pela

redução do íon mercúrio a mercúrio elementar. A formação do dimetilmercúrio ocorre

em pH maior que 7, sendo que as perdas de dimetilmercúrio a pH baixos seria

insignificante (Fagerstrom e Jernelov, 1972). A redução do mercúrio inorgânico a Hg0

volátil é um mecanismo primário usado pelas bactérias resistentes a mercúrio. Estes

organismos podem compor uma grande porção da população bacteriana aquática

nativa, sugerindo que a volatilização por redução pode ser um importante aspecto do

ciclo do mercúrio em ecossistemas aquáticos (Mason et alii, 1995; Bloom et alii, 1999).

A Figura 2.1, ilustra um esquema do ciclo do Hg na natureza, indicando as

reações que podem ocorrer no sedimento, água e atmosfera. É importante observar a

influência das bactérias e da luz solar no ciclo do Hg.

CH 4 + C 2H 6 (CH 3) 2HgLuz

(Hg0Luz

Atmosfera

ÁguaPeixes

Hg 2+

Mariscos

Hg0 CH 3 Hg +

Bactéria

(CH 3 ) 2 Hg

Hg 2+Hg 22+ Hg0

Hg 2+

Bactéria

Bactéria Bactéria

Bactéria

Hg0 CH 3Hg +

Sedimento

CH 3HgSCH 3

Figura 2.1 Ciclo do mercúrio em ambientes naturais (adaptado de Mason et alii, 1994).

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2 5 Metilação e desmetilação. .

i2.5.1 Aspectos gera s

A metilação do mercúrio inorgânico, em águas e sedimentos, constitui a etapa

chave do ciclo do Hg em sistemas aquáticos e é de extrema importância em ambientes

remotos e contaminados. Em particular, fatores como elevada atividade bacteriana,

principalmente de bactérias sulfato-redutoras, sobre condições ácidas e alta

concentração de carbono orgânico dissolvido são muito importantes para a metilação

(WHO, 1990; Gilmour e Henry, 1991; Gilmour et alii, 1992 e Compeau e Bartha, 1985).

A metilação pode ainda ocorrer através de processos químicos. O ecossistema aquático

presente na Amazônia apresenta estas condições especiais favorecendo as taxas de

metilação de mercúrio (Kehrig e Malm, 1999). Estudos têm demonstrado que para a

mesma espécie de peixe tomada da mesma região, um aumento na acidez da água e no

valor de COD resulta em maior nível de mercúrio no peixe, indicando maior metilação. A

maior acidez e níveis de COD aumentam a mobilidade do mercúrio no ambiente, sendo

mais fácil a entrada na cadeia alimentar (Pak e Bartha, 1998;

http://www.usgs.gov/themes /factsheet/146-00/~).

A disponibilidade de Hg0 para organismos aquáticos pela atividade mineradora é

limitada primeiramente pela sua taxa de oxidação a Hg2+ e então pelo equilíbrio entre a

metilação de Hg2+ a metilmercúrio e a desmetilação/volatilização, processos

normalmente mediados pela atividade microbiana. Muitos estudos sobre a metilação de

Hg têm sido realizados em ambientes temperados e boreais e têm demonstrado que a

metilação ocorre em solos, águas e sedimentos. O último tem recebido uma atenção

especial, devido à formação de metilmercúrio ter sido primeiramente demonstrada em

sedimentos (Jensen e Jernelöv, 1969) e a metilação ser mais intensa que em outros

sítios, no ambiente aquático. Estudos de Canela e Jardim (1997), mostraram que a

oxidação do Hg0 em águas ricas em oxigênio ocorre relativamente rápida (horas a dias).

Este processo, o qual parece ter sido ignorado na literatura ambiental, pode

efetivamente diminuir a taxa de volatilização do Hg0 e manter uma maior concentração

do mercúrio em ambientes aquáticos, podendo causar a formação do metilmercúrio, na

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presença de mercúrio metálico. Elevadas concentrações de cloro catalisam a oxidação

do Hg0 pelo oxigênio, resultando em taxas de 10% por hora, em águas naturais

(Lalonde et alii, 2001).

Etudos realizados por Sellers et alii (1996), demonstraram que o metilmercúrio

pode ser fotodegradado na superfície das águas, sendo este um processo abiótico e de

primeira ordem com relação à concentração de metilmercúrio e a intensidade da

radiação solar. A luz solar no comprimento de onda de 290-400 nm pode ser absorvida

por muitos compostos orgânicos encontrados nas águas, incluindo ácidos húmicos e

fúlvicos e proteínas, podendo transformar o metilmercúrio em Hg2+ e Hg0 ou o Hg2+ em

Hg0 (Nriagu, 1994). É importante observar que existe uma diferença entre os processos

de fotodegradação do metilmercúrio do processo de fotoredução do Hg elementar,

como descrito em Amyot et alii (1994). A fotoredução do Hg0 ocorre primeiramente

através da redução do mercúrio inorgânico (Hg2+) (Costa e Liss, 2000), sendo o fluxo de

Hg0 para a atmosfera um importante mecanismo pelo qual o mercúrio é perdido dos

lagos. A fotodegradação do metilmercúrio pode ou não produzir Hg0. O trabalho de

Sellers et alii (1996) demonstraram que a fotodegradação do metilmercúrio é o processo

mais importante em águas do epilímnio de lagos quando comparada à desmetilação

biológica que pode ocorrer no escuro.

O metilmercúrio pode ainda interagir com elementos de outros ciclos, como por

exemplo do ciclo do S, sendo que a principal reação a qual descreve esta interação,

encontra-se ilustrada na equação 1:

2 CH3Hg+ + 2 H2S (CH3)2Hg CH3HgSCH3 + HgS + 2 H2 (1)

2 5 2 Mecanismos de formação de metilmercúrio. .

O mercúrio inorgânico pode ser metilado em condições aeróbias e anaeróbias por

dois mecanismos principais: o biológico por microorganismos e fungos, principalmente

pela reação com a metilcobalamina, e o químico, ou abiótico, o qual pode ocorrer por

três caminhos principais: via reação de transmetilação se outros compostos do metal

metilado, tais como estanho ou espécies de (CH3)4Pb estiverem presentes; por meio da

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radiação ultravioleta na presença destes ou outros compostos orgânicos doadores do

grupo metila, ou ainda por reação com os ácidos fúlvicos e húmicos, doadores do grupo

metila ou ainda em uma mistura de acetaldeído, Hg2+ e NaCl (Nascimento e Chasin,

2001).

A formação biológica enzimática do metilmercúrio, foi inicialmente descrita como

ocorrendo em sedimento orgânico e anaeróbio. Os estudos iniciais, indicavam que o

metilmercúrio era formado a partir de Hg2+ por microorganismos anaeróbios

dependendo da disponibilidade de metilcobalamina (Landner, 1971). A metilcobalamina

é capaz de transferir o grupo metila para o íon Hg2+. Ela transfere o grupo metila como

um íon carbânion e um radical metila, para produzir o metilmercúrio e o (CH3)2Hg em

condições tanto aeróbias quanto anaeróbias. A metilcobalamina pode estar disponível

em quantidades significativas no ambiente, porque é uma coenzima produzida pelas

bactérias tanto aeróbias quanto anaeróbias. Contudo, estudos mais recentes

demonstram que a metilação do mercúrio ocorre principalmente como processo

microbiano aeróbio. A taxa de metilação do sistema aeróbio aquoso é maior que a do

correspondente sistema anaeróbio (Filipelli e Baldi, 1993).

A Figura 2.2, ilustra as principais reações de metilação que ocorrem em condições

aeróbias e anaeróbias:

Condições anaeróbias Condições aeróbias

Hg (0) Hg22+ Hg2+

Biotransferência de grupo CH3 Transferência química de grupo CH3

(CH3)2Hg+

CH3Hg

CH3Hg+

pH 4,5

H+ CH4

Figura 2.2 Reações de metilação que ocorrem em ambientes aeróbios e anaeróbios.

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O metilmercúrio é extremamente tóxico para algumas espécies de bactérias.

Porém, a taxa de síntese biológica do metilmercúrio é determinada principalmente pela

composição das espécies microbianas e o tamanho e atividade da população natural

capaz de metilar o mercúrio. Esta capacidade é observada em muitas espécies de

bactérias, entre elas, citam-se Aerobacter aerogenes, Aeromonas, Bacillus mega erium,

Candida albicans, Chromobacterium, Clost idium cochlearium, Clostridium

hermoaceticium e Clost idium sticklandii, Enterobacter aerogenes, Escherichia coli,

Kleipsiella pneumoniae, Mycobacterium phlei, Pseudomonas sp. e Saccheromyces

cerevisiae (Ramamoorthy et alii, 1982; Yamada e Tonomura, 1972; Pan-Houn e Imura,

1982; Yannai et alii, 1991; Hamdy e Noyes, 1975; Pak e Bartha, 1998).

t

r

r

l2.5.3 Meti ação abiótica

A metilação abiótica tem sido observada na presença de ácidos húmicos e

fúlvicos, sendo o ácido húmico um agente metilante ambiental de grande importância

(Weber, 1998). A formação abiótica de metilmercúrio pelas substâncias húmicas,

aumenta com o aumento da temperatura e da concentração de mercúrio, podendo

ocorrer sob condições aeróbias e anaeróbias.

A metilação abiótica pode ocorrer de várias maneiras

��Via metilcobalamina não enzimática o mercúrio em solução aquosa pode ser

metilado abioticamente. Em extratos livres de células de bactéria estritamente

anaeróbica, Methanobacterium omelianskii, foi observada transferência não

enzimática dos grupos metila da metilcobalamina para os íons Hg2+. A metilação não

enzimática dos íons Hg2+ demonstrada em laboratório não é comprovada em

condições ambientais;

��Via material húmico o mercúrio inorgânico depositado no solo pode ser metilado

abioticamente. Os ácidos fúlvicos e húmicos podem também doar grupos metila para

o Hg2+ e, portanto, serem uma fonte adicional de metilmercúrio no ecossistema;

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��Via reação de transmetilação o metilmercúrio pode ser formado quimicamente

através de uma reação de transmetilação envolvendo derivados metílicos de

estanho. Pode, também, ser produzido quimicamente no sedimento pela reação de

transalquilação, entre mercúrio inorgânico e compostos etílicos e metílicos de

chumbo lançados no mesmo corpo d’água.

O metilmercúrio não se liga fortemente com a matéria orgânica do sedimento como

os íons Hg2+. Portanto, o metilmercúrio pode ser dessorvido das partículas do sedimento

numa proporção relativamente elevada. A taxa de remobilização influencia a

bioacumulação nos organismos aquáticos. Isto significa que, em geral, concentrações

muito baixas de metilmercúrio são encontradas em sedimentos, mesmo naqueles com

Altas concentrações de mercúrio inorgânico (Nascimento e Chasin, 2001).

2.5.4 Produtos da Desmetilação

O principal produto observado na desmetilação em sedimento aeróbio é CH4, já

em sedimento anaeróbio é CO2, sugerindo a existência de um mecanismo oxidativo

prévio para a formação do CO2 a partir do metilmercúrio (Oremland et alii, 1991). Por

outro lado em sedimento abiótico em condições anaeróbias não é observado formação

de CO2 ou CH4, demonstrando a natureza biológica do processo (Oremland et alii, 1991;

Oremland et alii, 1995; Compeau e Bartha, 1984). No entanto, o metilmercúrio pode ser

formado à partir de Hg iônico e divalente (Yamada e Tonomura, 1972), bem como de

compostos de Hgorgânico e mercúrio metálico, possivelmente através da formação do

Hg2+. O dimetilmercúrio pode ser sintetizado à partir de metilmercúrio ou Hg iônico

(Craig e Moreton, 1983). A pH menor que 5 o dimetilmercúrio é termodinâmicamente

instável e decompõe-se formando metilmercúrio (Fagerström e Jernelöv, 1972).

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2.5.5 Desmet açãoil

. .

A decomposição biótica ou abiótica de espécies metiladas de Hg é um importante

processo para a regulação do conteúdo de Hgorgânico em sedimentos e águas. A

degradação do metilmercúrio ocorre predominantemente por mediação microbiológica,

bactérias aeróbias e anaeróbias como ilustrado na reação (2) (Robinson e Tuovinen,

1984). A desmetilação bacteriana tem sido demonstrada em sedimentos (Oremland et

alii, 1991; 1995) e em águas (Xun et alii, 1987; Winfrey e Rudd, 1990). A degradação

de metil e fenil mercúrio por algas presentes em água doce tem sido demonstrada

(Ullrich et alii, 2001). Bactérias do gênero Pseudomonas, resistentes ao metilmercúrio,

induzem à desmetilação deste composto a Hg0 volátil. A degradação microbiana do

metilmercúrio a Hg0 e metano tem sido observada nos sedimentos de lagos e rios e na

coluna d’água.

H+

CH3Hg+ Hg0 + CH4 (2)Bactéria

A decomposição fotolítica aparece significativamente em mecanismos de

decomposição abiótica. Em experimentos realizados por Akagi et alii (1977) foram

demonstrados que o HgS em solução aquosa é fotometilado na presença de íons

acetato. Em trabalho mais recente realizado por Sellers et alii (1996), foi demonstrado

que o metilmercúrio é decomposto fotolíticamente na superfície das águas, sendo este

processo uma etapa importante no ciclo aquático do Hg. O impacto total da

fotodegradação no ciclo do Hg na água não é ainda totalmente entendido (Xun et alii,

1987).

2 5 5 Fatores que influenciam na metilação

A metilação é influenciada por fatores tais como temperatura, concentração de

bactérias presentes no meio, pH, tipo de solo ou sedimento, concentração de sulfeto e

condições de óxi-redução do meio e de variações sazonais (Villas Bôas, 1997). A

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metilação máxima acontece no intervalo de EH de +0,1 a 0,2 V, sendo o metilmercúrio

mais estável em condições neutras a ácidas e o (CH3)2Hg em condições básicas. Este

tipo de reação não é exclusivo de ambientes tropicais, podendo ocorrer em todos os

tipos de climas.

Atividade bacteriana��

��

A eficiência da atividade microbiológica depende principalmente da atividade e

estrutura da comunidade bacteriana (Macalady et alii, 2000), disponibilidade de Hg e

nutrientes e da abundância de receptores de elétrons como sulfato (Choi e Bartha,

1994; Matilainen, 1995). Em baixas concentrações, o sulfato estimula tanto a redução

quanto a metilação (Compeau e Bartha, 1985; Gilmour et alii, 1992). Compeau e Bartha

(1985) reportaram que o potencial de metilação das BRS são maiores quando o sulfato

é limitado e outros substratos orgânicos estão disponíveis, podendo serem usados no

lugar do sulfato, que pode ser esperado pelo efeito inibitório.

EH (Potencial redox)

A metilação de mercúrio pode ocorrer em ambientes aeróbios e aneróbios.

Trabalhos realizados em culturas de bactérias mostraram que a metilação ocorre mais

rápida sobre condições aeróbias (Hamdy e Noyes, 1975; Ramamoorthy et alii, 1982),

mas em ambientes naturais, as taxas de metilação são maiores em sedimentos e águas

anaeróbias. Outros trabalhos demonstram que a metilação de mercúrio ocorre

principalmente em condições anaeróbias (Olson e Cooper, 1976; Compeau e Bartha,

1984; Matilainen et alii, 1991). A taxa de metilação e a estabilidade de metilmercúrio

parecem ser maiores sobre condições anaeróbias (Olson e Cooper, 1976), onde as taxas

de metilação foram menores sob condições aeróbias, provavelmente devido à redução

da atividade das bactéria sulfato-redutoras anaeróbias.

Alguns trabalhos demonstraram que a desmetilação é similar em condições

aeróbias e anaeróbias (Matilainen et alii, 1991), porém a maioria dos estudos têm

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demonstrado que a degradação do metilmercúrio é maior sobre condições aeróbias e

elevado valor de EH (Olson e Cooper, 1976; Compeau e Bartha, 1984; Ramlal et alii,

1986; Oremland et alii, 1991).

Matéria orgânica��

A concentração de carbono orgânico dissolvido é uma variável importante

para o entendimento da especiação de mercúrio no ambiente natural. Complexos de

mercúrio com DOC, facilitam seu transporte e acúmulo no ecossistema aquático (Driscoll

et alii, 1995; Silva-Forsberg et alii, 1999). Taxas de conversão do Hg inorgânico para

metilmercúrio são geralmente bem maiores quando o sedimento contem substâncias

orgânicas (Jackson, 1986). Em trabalhos realizados por Olson e Cooper (1976) e

Furunati e Rudd (1980), foi demonstrado que o aumento na formação de metilmercúrio

em água e sedimento foi maior quando a concentração de matéria orgânica era maior, o

que pode ser atribuído ao efeito estimulante de nutrientes orgânicos sobre a atividade

microbiana (Gilmour e Henry, 1991). Além disto, a concentração de metilmercúrio

aumenta com o aumento da matéria orgânica lábil (Bloom e Effler, 1990; Regnell et alii,

1997; Canavan et alii, 2000).

A função do ácido húmico na metilação de mercúrio também não é clara. Por um

lado o carbono orgânico pode aumentar a metilação através do estímulo da atividade

dos microorganismos heterotróficos, ou através da metilação abiótica direta de Hg por

substâncias húmicas e fúlvicas, por outro lado as substâncias húmicas podem reduzir a

disponibilidade de Hg2+ em ambientes tropicais (Rocha et alii, 2000). No entanto, a

metilação de Hg pode ser inibida na presença de elevadas concentrações de COD,

devido ao aumento na complexação do Hg com outros ligantes orgânicos, reduzindo a

disponibilidade do Hg para as bactérias, particularmente em pH neutro.

O COD apresenta um efeito inibitório sobre a disponibilidade de Hg2+ para a

metilação biótica para pH menor que 5, isto foi demonstrado em trabalho realizado por

Barkey et alii (1997), sendo atribuído à competição dos íons H+ com Hg2+ nos sítios de

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ligação do COD. Para valores de pH entre 5 e 7 a disponibilidade Hg2+ é maior, o que

vai de acordo com a explicação acima.

pH��

��

Os dados sobre o efeito da acidez na metilação de mercúrio em sedimentos são

conflitantes. Fagerstrom e Jernelov (1972), observaram maior formação de

metilmercúrio em sedimentos entre pH 5 e 7, sendo que esta decresce com o aumento

do pH (Akielazek e Haines, 1981; Bijorkland e Johansson, 1984; Wren e MacCrimmon,

1983). No entanto, Backer et alii (1983), observaram a metilação em sedimentos

enriquecidos por nutrientes a pH 5,5 e 6,5, mas não a pH 3,5 e 4,5, sendo que

nenhuma diferença foi observada sobre a atividade de metilação, em sedimentos do Rio

Ottawa entre pH 5 e 6. Mais recentemente em trabalhos realizados por Ramlal et alii

(1985), foram observados decréscimo na metilação de mercúrio em sedimento com o

aumento no pH no intervalo de 4,5 a 7,0. Em trabalho realizado por Xun et alii (1987),

foi proposto que a baixos valores de pH, podem ocorrer trocas de Hg2+ com H+,

podendo proporcionar maior quantidade de Hg2+ livre, o qual pode também atravessar a

membrana das células das bactérias mais efetivamente, causando maior formação de

metilmercúrio. Por outro lado pode ocorrer ligação do Hg2+ com sulfeto livre, diminuindo

desta maneira a metilação de mercúrio.

As chuvas ácidas podem diminuir o pH das águas doces superficiais, aumentando

a probabilidade de metilação. Em diversos trabalhos (Xun et alii, 1987; Bloom et alii,

1991) foi demonstrado que em águas de lago a concentração de metilmercúrio aumenta

com o decréscimo do pH. No trabalho de Xun et alii (1987) foi demonstrado que a

produção de metilmercúrio foi 7 vezes maior em pH ácido (4,5) que em pH mais

elevado (8,5).

Salinidade

O efeito do Cl- sobre a disponibilidade do Hg2+ em sistemas naturais é complexo.

As baixas concentrações de Cl- aumentam a permeabilidade do Hg2+ através da

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membrana e provocam maior toxicidade para a bactéria. Um estudo realizado por

Barkay et alii (1997), demonstraram que para experimentos utilizando o bioindicador

mer-lux em uma solução 1 mM de Cl-, ocorre um decréscimo na disponibilidade de Hg e

que para uma solução 10 mM de Cl- ocorre um decréscimo na transferência de Hg2+

através da superfície da membrana, o qual foi atribuído a um aumento proporcional de

cargas negativas HgCl3-/ HgCl42- em soluções experimentais. Estes resultados, sugerem

que a disponibilidade de Hg2+ para metilação devem ser reduzidas em ambientes

marinhos e estuários, quando comparados ao sistemas de água doce (Olson e Cooper,

1976; Blum e Bartha, 1980; Compeau e Bartha, 1987).

�� Sulfeto e sulfato

Durante as queimadas ocorrem modificações químicas no solo e água, e estas

influenciam a disponibilidade de mercúrio inorgânico ou outros constituintes químicos

necessários a metilação. Acredita-se que as queimadas liberem uma fração significante

de mercúrio disponível, sulfato ou carbono lábil, sendo que desta forma podem

estimular os processos de metilação. No entanto, estudos realizados por Krabbenhoft et

alii (2000), demonstraram que durante as queimadas as concentrações de sulfato e

sulfeto nas superfícies das águas aumentaram 2,4 e 7,0 vezes respectivamente. Benoit

et alii (1999) demonstraram que o sulfeto pode ter controle sobre a especiação de

mercúrio na superfície aquosa e que em determinadas concentrações pode aumentar

potencialmente a disponibilidade do mercúrio para a metilação por formação de

espécies de sulfeto com carga zero.

A concentração de sulfeto exerce uma função principal na produção de

metilmercúrio devido às bactérias sulfato redutoras. Alguns estudos demonstram que a

produção de metilmercúrio é inibida em solos, sedimentos e culturas de bactérias na

presença de elevadas concentrações de sulfeto (Yamada e Tonomura, 1972; Hintelmann

et alii, 2000). Também reduções significativas na concentração de metilmercúrio em

peixes foram observadas em um estudo realizado num aquário por adição de sulfeto,

FeS ou FeS2. Por outro lado, uma relação inversa tem sido observada em estudos mais

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recentes (Craig e Moreton, 1983; Compeau e Bartha, 1983, 1987; Benoit et alii, 1999;

King et alii, 2002).

Na presença de sulfeto, o Hg forma HgS (Craig e Batlett, 1978) que é insolúvel e

desta forma é minimizada a quantidade de Hg2+ disponível para a metilação (Kannan et

alii, 1998; Gilmour e Henry, 1991). Por outro lado, elevadas concentrações de Hg2+ em

sedimentos contendo sulfeto, indicam que a solubilidade do Hg é aumentada na

presença de excesso de ânion, devido à formação de complexos solúveis de sulfeto

(Gagnon et alii, 1996; Ravichandran et alii, 1999). No entanto, a escassez de uma

relação entre a concentração de Hg2+ e a produção de metilmercúrio, sugere que o

metilmercúrio pode não ser a principal espécie a ser metilada. A formação de

polisulfetos e complexos com matéria orgânica pode contribuir para a solubilidade do Hg

em ambientes contendo espécies de enxofre orgânica (Ravichandran et alii, 1998; Jay et

alii, 2000).

Muitos estudos têm ainda sugerido que na presença de elevadas concentrações

de sulfeto, o metilmercúrio pode ser convertido a dimetilmercúrio volátil (Craig e

Moreton, 1984; Baldi et alii, 1995). O dimetilmercúrio hidrofóbico produzido pode

difundir através da coluna d’água e ser perdido para a atmosfera, causando

potencialmente uma redução no conteúdo de Hgorgânico em sedimentos (Craig e

Moreton, 1983). Segundo Gilmour et alii (1992), a produção de metilmercúrio em

sedimentos é maior em ambientes anaeróbios na presença de sulfato, devido às

bactérias sulfato redutoras.

Temperatura��

Em trabalhos realizados por Korthals e Winfrey (1987), Watras et alii (1995) e

Hintelmann e Wilken (1995), as taxas de metilação em sistemas aquáticos apresentam

picos durante os meses de verão. As variações sazonais na concentração de

metilmercúrio têm sido atribuídas aos efeitos da temperatura, porém são provavelmente

atribuídos a mudanças sazonais, disponibilidade de nutrientes e condições redox. Wright

e Hamilton (1982) demostraram que a produção de metilmercúrio a 4ºC foi 50 a 70%

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do valor observado a 20ºC, indicando que a produção de metilmercúrio pode decrescer

significantemente no inverno. Korthals e Winfrey (1987) demonstraram que a

temperatura e as condições redox são fatores que influenciam muito a metilação, sendo

que a temperatura é responsável por 30% desta variação, pois o aumento na

temperatura causa um aumento na atividade microbiana.

2 6 Métodos analíticos para quantificação de metilmercúr o. . i

. .

Com o objetivo de determinar a concentração das duas espécies mercuriais de

maior importância ambiental (Hg2+ e metilmercúrio), há quatro etapas diferentes a

serem consideradas individualmente:

1- Extração das espécies mercuriais da amostra ambiental (solo, sedimento, água ou

biota) mantendo a integridade das espécies na amostra.

2- Pré-concentração das espécies mercuriais dos extratos (preservando a identidade

destes compostos) para conseguir concentração acessível condizente com o limite de

detecção da técnica utilizada.

3- Separação do metilmercúrio do mercúrio inorgânico, mantendo suas concentrações

originais relativas.

4- Quantificação de cada espécie separada.

Todas as quatro etapas causam risco de contaminação, perdas, degradação ou

interconversão entre as espécies mercuriais (Uría e Sanz-Medel, 1998; Falter, 1999).

2 6 1 Extração de metilmercúrio e mercúrio inorgânico

��Extração e pré-concentração

A literatura apresenta três tipos de extração das espécies de mercúrio em amostras ambientais

1 – Digestão ácida e extração com solvente: Este tipo de digestão foi sugerido

primeiramente por Westöö (1967), como um método de extração de metilmercúrio em

alimentos em meio HCl e benzeno como solvente (Westöö, 1967; 1968). São

necessárias várias etapas para se conseguir uma solução contendo apenas

metilmercúrio em benzeno. Várias modificações nestes método foram propostas, como

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por exemplo, o uso de meio ácido contendo CuSO4 (Bloom et alii, 1997), NaCl (Bulska et

alii, 1991), KBr (Horvat et alii, 1990), ácido iodoacético (Lansens et alii, 1990) ou pré-

concentração do metilmercúrio em algodão de sulfídrila (Lee e Mowrer, 1989) usando

extrações sucessivas com solventes orgânicos como benzeno (Filipelli, 1987; Lee e

Mowrer, 1989), tolueno (Beauchemin et alii, 1988; Morison e Weber, 1997), ciclohexano

(Bin et alii, 1998), clorofórmio (Talmi e Norwell, 1976) ou diclorometano (Thibaud e

Cossa, 1989; Bloom, 1989; Hintelmann et alii, 1997). O benzeno não é apropriado para

extrações de concentrações de metilmercúrio menores que 0,5 ng L-1 devido o

coeficiente de partição para metilmercúrio entre o benzeno e a água ser baixo (Lee e

Mowrer, 1989). Vários autores recomendam uma re-extração do benzeno ou tolueno na

fase aquosa por utilização de cisteína ou tiossulfato de sódio (Westöö, 1967; 1968 e

Beauchemin et alii, 1988).

2 – Extrações alcalinas: tratamentos com KOH-metanol ou NaOH-cisteína

(Bloom, 1989; Lansens et alii, 1990) têm sido utilizados para a extração de

metilmercúrio de sedimentos. Este tipo de extração apresenta problemas por ser mais

difícil conseguir uma solução na forma pura quando comparada à extração ácida.

Maiores problemas são detectados nas etapas subseqüentes (pré-concentração,

separação e detecção) para amostras que apresentem níveis elevados de matéria

orgânica, sulfitos ou íons férrico (Horvat et alii, 1993).

3 – Pré-concentração e volatilização ácida: Uma alternativa é evitar a extração

com solventes orgânicos por produção de derivados voláteis dessas espécies (Horvat et

alii, 1993). A destilação, em fluxo de ar ou nitrogênio à 150 ºC, de uma amostra sólida

homogeneizada em H2SO4 com excesso de NaCl é fortemente recomendada para a

separação não-cromatográfica de Hg2+ e metilmercúrio (Horvat et alii, 1988).

Horvat et alii (1993), fizeram uma avaliação dos três métodos de extração em

dois sedimentos certificados. Os autores concluíram que a destilação do metilmercúrio

em uma solução de H2SO4 8 mol L-1 contendo KI à 145 ºC em fluxo de nitrogênio a 60

mL min-1 foi o mais eficiente no isolamento e pré-concentração do metilmercúrio do

sedimento. Por outro lado, investigações recentes mostram que a destilação usada para

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separar o metilmercúrio de amostras de água e de sedimento geram falsos positivos de

metilmercúrio. A magnitude deste artefato é dependente da quantidade e do tipo de

matéria orgânica presente na amostra. Para a etilação de metilmercúrio antes da

detecção final por Espectrometria de Fluorescência Atômica (AFS) foi observado que o

sulfeto é o maior interferente para a reação de etilação (Horvat et alii, 1993).

��Técnicas de separação das espécies mercuriais

a) Não-cromatográficas

As separações não-cromatográficas podem ser usadas com sucesso para separar

uma ou duas das espécies em uma dada amostra. Este é o caso para o Hg2+ e o

metilmercúrio. A separação do Hg2+ e o metilmercúrio é geralmente feido por extração

líquido-líquido pelo uso de ácidos halogenados e solventes orgânicos e geralmente tem

sido determinado em modo “off-line” para a detecção final como mercúrio com o uso do

CVAAS (Rezende et alii, 1993).

Os sistemas de análise por injeção em fluxo (FIA) são os mais adequados para

este tipo de separação. Então a conduta diferencial do Hg2+ e metilmercúrio versus os

agentes redutores (Hg2+ pode ser reduzido por SnCl2 e o metilmercúrio não pode ser

reduzido desta maneira) (Cossa et alii, 1995). A utilização de minicolunas de fibras de

sulfídrilas (Lee e Mowrer, 1989; Jian e McLeod, 1992) são muito boas para separações

não-cromatográficas de Hg2+ e espécies metiladas de mercúrio. No sistema FIA estas

colunas retêm o metilmercúrio, sendo que o Hg2+ não é retido podendo ser determinado

por CVAAS. O mercúrio orgânico retido na coluna é então liberado com HCl 3 mol L-1,

oxidado para mercúrio inorgânico (em um fluxo em meio ácido contendo KBr/ KBrO3)

(Jian e McLeod, 1992), reduzido e detectado por AFS. Estas colunas não são disponíveis

comercialmente e a eficiência da extração para o metilmercúrio em benzeno é de 65 %

(Lee e Mowrer, 1989).

Ainda pode ser utilizado a foto-oxidação (Morita et alii, 1990), primeiramente

somente o Hg2+ é detectado pelo CVAAS convencional e em seguida o mercúrio

orgânico presente é foto-oxidado para mercúrio inorgânico e o conteúdo total de

mercúrio é determinado, sendo o metilmercúrio calculado por subtração.

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b) Cromatográficas

A técnica cromatográfica é a mais empregada devido aos baixos limites de

detecção alcançados. A cromatografica gasosa (CG) é a mais empregada para a

especiação de mercúrio e organomercuriais, usando fase estacionária consistindo de

colunas de comprimentos variáveis (15 - 30 m e 0,3 – 0,75 cm de d. i.). A quantificação

pode ser realizada por CVAAS, ETAAS, CVAFS, MIPAES, CV-MIP-AES, ICPAES, ICPMS

(Tseng et alii, 1997; Wilken e Falter, 1998; Díez e Bayona, 2002).

2.7. O mercúrio e a Bacia do Rio Negro, Amazônia

A bacia do Rio Negro, ocupa uma área de 690.000 km2, de um total de 5.500.000 de

km2 da Amazônia Legal, sendo uma área relativamente preservada, tanto do ponto de

vista da exploração dos recursos vegetais quanto minerais. Essa bacia tem ainda a

característica impar da predominância de águas pretas, com alto teor de carbono

orgânico dissolvido (até 20 mg C L-1) e baixos valores de pH, com média em torno de

4,5 mas podendo chegar a 3,8. Do ponto de vista do entendimento dos processos

envolvidos nas diferentes etapas do ciclo biogeoquímico do mercúrio, esta região

apresenta também outros compartimentos ambientais representativos da maior parte da

Amazônia, tais como alguns rios e lagos de águas brancas, com valores de pH em torno

de 7,0 e solos de diferentes tipos, com variados tipos de vegetação, bem como áreas

desmatadas. Do ponto de vista de regime hídrico, a bacia do Rio Negro apresenta 4%

de sua área total inundada durante o período da seca, alcançando 20% durante as

cheias (Jardim et alii, 2000).

Além disso, a bacia do Rio Negro representa aproximadamente 10% da área do

território nacional e seus recursos naturais são importantes diante da demanda mundial

por água, biodiversidade e minérios. Os altos teores de mercúrio encontrados em

sedimentos, peixes e cabelos humanos na Amazônia Brasileira inicialmente foram

atribuídos à atividade garimpeira, nas quais o uso indiscriminado de Hg para

amalgamação resulta na contaminação de ecossistemas locais (Pfeiffer et alli, 1993;

Clearly et alii, 1994; Akagi et alii, 1995; Malm et alii, 1995). Entretanto, resultados

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recentes mostraram que altas concentrações de Hg em solos, peixes e cabelos humanos

são também encontrados em regiões nas fontes antrópicas não são conhecidas (Roulet

et alii, 1998, 1999; Guimarães et alii, 1999; Forstier et alii, 2000; Fadini e Jardim, 2001;

Jardim e Fadini, 2001). A Tabela 2.1 ilustra alguns dados sobre emissão de mercúrio na

região Amazônica.

TABELA 2.1 Emissões de mercúrio para o ambiente (adaptado de Fadini, 1999).

Local Emissão Natureza da

emissão

Referências

Região Amazônica 70 – 170 t ano-1 Mineração e Queima

de Floresta

Nascimento e

Chasin, 2001

Região Amazônica 5000 t Mineração de ouro

nos últimos 30 anos

Veiga, 1999

Bacia do Rio

Amazonas

96 a 128 t ano-1* Mineração de ouro Pfeiffer e Lacerda,

1988

Região Amazônica 2000 a 3000 t Mineração de ouro

nos últimos 30 anos

Malm, 1998

Região Amazônica 2-9 t ano-1 Queima de floresta Roulet, 1996

Região Amazônica 710 t no ano de

1991

Queima de floresta Veiga et alii, 1994

* Dado inferido a partir da produção oficial de ouro, podendo estar subestimado em até 8 vezes.

A corrida do ouro na Amazônia causou a contaminação por Hg da Bacia

Amazônica em cerca de 1000 toneladas, apenas no lado brasileiro nos últimos 10 anos.

Aproximadamente 2 g de Hg são usados na produção de 1 g de Au, dos quais 50 % são

introduzidos nos rios por meio de suspensões em efluentes, contaminando desta

maneira sedimentos de rios e águas próximas das zonas de mineração, além da

contaminação de peixes carnívoros da região e os outros 50 % são lançados para

atmosfera (Pfeiffer et alii, 1993).

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Poucos estudos têm considerado a geoquímica do metilmercúrio na Amazônia

(Guimarães et alii, 1995; 1998; 2000). A presença e produção de metilmercúrio

determina o potencial tóxico do aumento de entradas antrópicas de Hg no sistema

aquático, desde o bioacúmulo de Hg em peixes e seu efeito tóxico as populações

humanas ribeirinhas que é devido às forma metilada deste metal (Clearly et alii, 1994;

Akagi et alii, 1995; Lebel et alii, 1997, 1998).

A inundação sazonal na Amazônia corresponde ao enriquecimento de nutrientes

estimulando a produtividade desses ecossistemas terrestres/aquáticos. Essas

inundações são responsáveis pelo aumento nos produtos de biodegradação com CO2,

CH4 e H2S. O ciclo biogeoquímico de uma região inundada é dependente da

decomposição da matéria orgânica das macrófitas e tipos de folhas das florestas as

quais controlam a disponibilidade de matéria orgânica e nutrientes. Detritos orgânicos

são também fatores importantes na cadeia alimentar de rios da Amazônia. Numerosos

estudos têm demonstrado que a inundação de solos nas florestas são responsáveis pelo

aumento e produção de metilmercúrio em camadas ricas em matéria orgânica (Porvari e

Verta, 1995; Kelly et alii, 1997). A decomposição de tecidos frescos de plantas sobre

condições anaeróbias aumenta a produção de metilmercúrio. Trabalhos recentes sobre a

produção de metilmercúrio em incubações “in situ” com 203Hg mostram que durante o

período de cheias a superfície dos solos de florestas de Igapó produzem 10 vezes mais

metilmercúrio que em sedimentos de rios (Guimarães et alii, 1998)

A matéria orgânica nas águas pretas da bacia do Rio Negro, onde segundo

Küchler et alii (1994) 40-50% do carbono orgânico dissolvido é composto por

substâncias húmicas, possui aspectos importantes no ciclo biogeoquímico desses

sistemas aquáticos. Primeiro via complexação, transporte e disponibilização do mercúrio

para o meio aquoso; segundo, regulando a redução do Hg2+ a Hg0. Se por um lado a

presença de substâncias húmicas em águas pretas mostram-se responsáveis pelas altas

concentrações de mercúrio na coluna d’água, por outro lado, ao complexarem com

Hg2+, diminuem a concentração deste substrato para eventual metilação. Em lagos de

água preta as altas concentrações de substâncias húmicas geram um controle

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fotoregido que desfavorece a conversão do Hg2+ a Hg0 e sua posterior liberação para a

atmosfera, sendo que por outro lado as substâncias húmicas posuem a capacidade de

gerar o Hg0 (Silva, 2002, comunicação pessoal).

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3 Parte experimental

3 1 Instrumentos e materiais utilizados.

3.1.1 Espectrofotômetro de absorção atômica do vapor frio (CVAAS), marca Buck

Scientific, modelo 400-A, acoplado a um sistema de análise por injeção em fluxo,

desenvolvido conforme Pasquini et alii (1988).

3.1.2 Espectrofotômetro de fluorescência atômica do vapor frio, CVAFS-2 Mercury

Analyzer.

3.1.3 Seringa para injeção de vapor saturado de mercúrio, tipo “gas-tight”, de 10, 25 e

100 �L, marca Hamilton.

3.1.4 Frasco gerador de vapor saturado de mercúrio, construído segundo Dumarey et

alii (1985).

3.1.5 Mesa agitadora orbital, marca Cientec, modelo CT145.

3.1.6 Condutivímetro, marca Hanna, modelo HI 8733.

3.1.7 Destilador construído em quartzo, para destilação sub-ebulição de ácido

clorídrico, marca Marconi, modelo MA075.

3.1.8 Analisador de carbono orgânico, marca Shimadzu, modelo TOC 5000.

3.1.9 Analisador elementar, marca Perkin Elmer, modelo 2400, para determinações de

carbono, hidrogênio e nitrogênio em solos.

3.1.10 Purificador de água marca Millipore MilliQ plus.

3.1.11 Areia recoberta por ouro (AFS-24), marca Brooks Rand, para pré-concentração

de mercúrio.

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3.1.12 Bomba de ar portátil, marca Krypton Air, modelo 400.

3.1.13 Potenciômetro, marca ATI ORION, modelo PerpHect 370.

3.1.14 Eletrodo redox de platina, marca ORION, modelo 96-78-00.

3.1.15 Ultra-som, marca Bransonic, modelo 2210 e frequência de 47 kHz � 6%.

3.1.16 Temporizador marca Chron Trol, modelo XT.

3.1.17 Medidores de vazão de gás marca Oxicamp para medição preliminar e phase

separations Lts., modelo MFS GAS 3 A para ajuste fino.

3 2 Soluções e reagentes.

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��

��

3.2.1 So uções e reagentes empregados para determinação de mercúrio

total e reativo

Soluções de referência de íons Hg2+ Soluções referências de Hg2+ na

concentração de 1000 �g L-1 e 1000 ng L-1 são preparadas diariamente, a partir da

diluição adequada da solução estoque marca Merck, de concentração igual a

1,0 g L-1. Estas soluções padrão contêm ainda 50 �L/100,0 mL de uma solução 0,5

% m/v de íons Cr2O72- (Cinética Química) e 1,0 mL/100,0 mL de HCl concentrado

destilado sub ebulição (Mallinckrodt).

Solução de cloreto estanoso 10% (m/v) Obtida a partir da pesagem de cloreto

estanoso (Aldrich) 10 % (m/v) preparado em HCl concentrado destilado sub ebulição

(Mallinckrodt ) 10 % (v/v). Este foi purgado antes da sua utilização com N2 livre de

Hg. A solução foi usada como solução carregadora na determinação de Hg por

CVAAS e na determinação de Hg por CVAFS.

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. . .

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��

��

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Solução de cloreto de bromo 0,2 mol L-1 (Bloom e Crescelius, 1983) Preparada

por dissolução de 11,0 g de KBrO3 (Alfa-Aesar) e 15,0 g de KBr (Alfa-Aesar) em 200

mL de água destilada, seguida de cuidadosa e lenta adição de 800 mL de HCl

(Mallinckrodt), destilado sob condições sub ebulição em destilador de quartzo. A

solução foi usada na determinação de Hgtotal e orgânico.

3 2 2 Soluções e reagentes empregados para determinação de Hgorgânico

em águas e sedimentos

Solução padrão de metilmercúrio Preparada diariamente a partir da diluição

adequada da solução estoque marca Specpure, de concentração igual a 1,0 g L-1.

Tampão de acetato de potássio 2 mol L-1 Preparado pela adição de 98,0 g de

KC2H3O2 grau analítico (Mallinckrodt) e 60,0 mL de ácido acético glacial (Synth) para

um volume final de 500,0 mL com água ultra-pura (milliQ).

Solução de HCl 10,0 % (v/v) saturada em KCl Preparada por adição de HCl em

água na proporção 10 % (v/v) e adição de KCl (Aldrich) até saturação.

Solução de HCl 6,0 mol L-1 Preparada por adição de 50,0 mL de HCl concentrado

destilado sub-ebulição em um volume de 50,0 mL de água purificada pelo sistema

milliQ.

Diclorometano (Mallinckrot) saturado em água ultra-pura (milliQ)

Solução de hidroxilamina 30 % (m/v) Preparada por diluição de 30,0 g de

cloridrato de hidroxilamina (Mallinckrodt) em 100,0 mL de água ultra-pura (milliQ) e

empregada para neutralizar o excesso de BrCl na determinação de mercúrio total e

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orgânico por CVAFS. Esta solução é purgada por 1 hora pela passagem de N2 livre de

mercúrio.

3 2 3 Soluções e reagentes empregados para a determ nação de carbono

orgânico total

. . i

. . l

Solução estoque de carbono total de 1000 mg L-1 Preparada pela dissolução

de 2,125 g de biftalato de potássio p.a., seco em estufa a 110 ºC por 2 horas, em

um litro de água destilada.

Solução estoque de carbono inorgânico de 1000 mg L-1 Preparada pela

dissolução de 3,500 g de bicarbonato de sódio p.a, seco em estufa a 110 ºC por 2

horas, e 4,410 g de carbonato de sódio p.a., seco a 270-290 ºC por 1 hora, em um

litro de água destilada desaerada.

3 3 Desenvo vimento experimental

3.3.1. Limpeza das vidrarias destinadas às análises das várias formas de

mercúrio em água e sedimento

Uma etapa fundamental para o sucesso das quantificações das várias formas de

mercúrio em concentrações da ordem de ng L-1 ou menos, consiste na cuidadosa

descontaminação das vidrarias a serem utilizadas. O processo de descontaminação das

vidrarias é um procedimento extremamente demorado e o qual exige cuidados

especiais. Inicia-se o mesmo pela lavagem das vidrarias ao menos cinco vezes com

água ultrapura (milliQ). A seguir as vidrarias são mantidas por 48 horas imersas em

solução de HCl 4,0 mol L-1 de alta pureza a 70 ºC, são novamente lavadas por pelo

menos cinco vezes com água ultrapura (milliQ) e, então, mantidas em um banho de HCl

20 % (v/v) até o momento de sua utilização. Antes da utilização é necessário lavar as

vidrarias ao menos cinco vezes com água ultrapura (milliQ). Neste procedimento de

limpeza, o HCl de alta pureza utilizado na preparação das soluções de limpeza, BrCl e

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preenchimento dos frascos é obtido a partir da destilação por sub-ebulição do HCl em

destilador de quartzo.

A limpeza das garrafas de Teflon destinadas à análise de Hgorgânico é bem mais

trabalhosa, pois exige uma lavagem exaustiva. As garrafas são lavadas com água

ultrapura e deixadas por 48 horas em banho de HCl 4,0 mol L-1 de alta pureza a 70 ºC.

Em seguida são enxaguadas com água ultrapura abundante e levadas para estufa a

120 ºC por 2 horas. Depois, recebem adição de BrCl 0,2 mol L-1 e após 48 horas, são

então lavadas com água ultrapura e mantidas em um banho de ácido clorídrico 20 %

(m/v). Antes de serem usadas as garrafas são enxaguadas com água ultrapura e secas

em sala limpa classe 100.

Quanto ao material de confecção dos recipientes de coleta de água, garrafas de

polietilenotereftalato (PET) comercializadas como embalagem de água mineral também

foram empregadas com sucesso na coleta de amostras destinada às determinações de

Hgreativo, Hgtotal e Hgorgânico (Fadini e Jardim, 2000). A limpeza destas garrafas

consiste simplesmente no descarte da água mineral, remoção do rótulo e lavagem por

cinco vezes com água ultrapura. A seguir as garrafas são colocadas na capela de fluxo

laminar para secagem. Estas são então embaladas em três sacos de polietileno. Durante

todo o procedimento de coleta foram utilizadas luvas longas de polietileno. As garrafas

foram lavadas várias vezes com a amostra e preenchidas abaixo da superfície da água

em coletas manuais. As coletas foram efetuadas na proa da canoa, de preferência

contra a corrente. O motor de combustão interna foi desligado quando ainda distante do

ponto de coleta e a embarcação foi movida a remo.

Durante as coletas na fase aquosa do experimento em microcosmo também

foram utilizadas luvas de polietileno e os materiais necessários para a coleta foram

retirados de um banho de HCl 20% (v/v). Para as determinações envolvendo

metilmercúrio foram utilizadas luvas de nitrila.

35

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3.3.2 Frascos coleta e preservação das amostras destinadas a determinação

de carbono orgânico total

,

i i

i

��

��

Frascos de vidro com capacidade de 30 mL e tampas de polietileno revestidas

com membrana de PTFE foram empregados, exibindo ausência de contaminação

quando avaliados através de brancos de campo contendo água de alta pureza. Os

frascos eram previamente lavados com água de alta pureza e secos em estufa a 110 ºC.

As amostras de água transportadas de Manaus - AM para Campinas - SP foram

preservadas pela adição de H3(PO)4 10 % (v/v) até pH 3,0.

3.3.3 Quantif cação de mercúr o reativo e total

O mercúrio reativo e total, neste trabalho, foi quantificado pela técnica

da Espectrofotometria de Fluorescênc a Atômica do Vapor Frio.

Mercúrio reativo

Um volume de 100 mL de amostra foi colocado em um frasco, do tipo lavador

provido de válvula de quatro vias, que recebeu a adição de 2 mL de solução de cloreto

estanoso 10% (m/v) em HCl 10% (v/v) previamente purgado por 30 minutos com

nitrogênio livre de Hg, a uma vazão de 500 mL min-1.

O frasco contendo a amostra foi purgado com argônio a uma vazão de 300 mL

min-1 por 15 minutos, sendo o gás efluente levado até uma coluna de quartzo ou vidro

(55x4 mm d.i.) contendo 0,36 g de areia recoberta por ouro (AFS-24 da BrooksRand).

Mercúrio total

A determinação de mercúrio total foi feita pela adição ao frasco lavador de 100

mL da amostra previamente oxidada pela adição de 10 mL L-1 de uma solução de

cloreto de bromo 0,2 mol L-1. À temperatura ambiente, esta solução causa a oxidação

das formas orgânicas de mercúrio em 30 minutos (Szakácss et alli, 1980), deixando o

metal disponível para a redução pela ação do cloreto estanoso. Em seguida foram

adicionados 4 mL L-1 de solução de cloridrato de hidroxilamina 30 % (m/v) para a

36

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redução do excesso de cloreto de bromo, o qual ataca as colunas contendo areia

recoberta por ouro. A amostra é então colocada em frasco extrator como descrito no

procedimento de quantificação de mercúrio reativo descrito acima.

Quantificação de mercúrio dissolvido gasoso (MDG)��

��

A quantificação de MDG foi realizada pela adição de 100,0 mL da amostra em

uma garrafa de água mineral de 500 mL, construída do tipo de um frasco extrator. A

amostra é purgada com Ar livre de Hg por 30 minutos e o Hg0 aí dissolvido é coletado

em uma coluna contendo areia recoberta por ouro adaptada na saída, sendo que antes

desta há uma coluna de cal sodada, para retenção dos vapores de umidade. A

quantificação é feita por CVAFS.

Descrição do método de CVAFS

O método de CVAFS (Figura 3.1) é baseado no aquecimento de uma coluna de

areia recoberta por ouro, enrolada por um fio de níquel-cromo (R = 1,2 �), o qual

quando submetido a uma tensão de 10 V, por um período de 45 segundos, libera o

mercúrio até então aí adsorvido, para o interior da cela de absorbância do

espectrofotômetro.

O gás utilizado como arraste (argônio comum), é purificado através de sua

passagem por uma coluna (coluna de limpeza), consistindo de um tubo de quartzo,

preenchido com areia recoberta de ouro, fechado nas extremidades por lã de vidro, ao

qual está enrolado um fio de níquel-cromo.

Diariamente esta coluna é submetida a cerca de cinco ciclos de

aquecimentos/esfriamentos, pela aplicação de uma tensão de 10 V ao fio de níquel-

cromo, para limpeza da areia recoberta por ouro. Durante o processo de limpeza, um

fluxo de Ar é mantido através da coluna.

Além da coluna de limpeza, o sistema contem a coluna extratora (utilizada para

a amalgamação do Hg0 extraído das amostras) e a coluna analítica. O temporizador é

utilizado para programar o tempo de aquecimento (45 segundos) e resfriamento (2

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minutos). Com auxílio dos conectores elétricos a coluna extratora é aquecida e os

vapores de Hg0 são amalgamados na coluna analítica; logo após, a coluna extratora é

esfriada. A seguir, a coluna analítica é aquecida e o conteúdo de Hg0 é quantificado no

CVAFS e um novo ciclo de operação é iniciado.

CVAFS

Ventilador

Temporizador

Coluna analítica Coluna extratora

Coluna de limpeza

Conectoreselétricos

Argônio

Varivolt

Figura 3.1. Diagrama do sistema para detecção de Hg0 usando espectrofotômetro de

fluorescência atômica do vapor frio.

3.3.4 Quantif cação de meti mercúr o por CVAFSi l i

A quantificação de metilmercúrio foi realizada por CVAFS, utilizando BrCl

0,02 mol L-1. Foram testados a adição de 0,5; 1,0 e 1,5 mL de solução de cloreto de

bromo para um intervalo de concentração de metilmercúrio de 0,0 a 30 ng L-1.

Realizou-se um estudo com os tempos de 15 e 30 minutos de repouso da

amostra, após a adição da solução de cloreto de bromo 0,2 mol L-1, para poder inferir

qual o tempo necessário para que houvesse a completa destruição do metilmercúrio

adicionado. Em seguida a amostra recebe a adição de 4 mL L-1 de solução de cloridrato

de hidroxilamina 30 % (m/v). Aguardam-se 5 minutos e então a amostra é colocada em

um frasco extrator contendo 2 mL de solução de cloreto estanoso 2% (m/v), e

quantificada por CVAFS.

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3 3 5 Quant ficação de Hgorgânico em amostras de água, utilizando o

metilmercúrio como modelo

. . . i

As várias formas de Hgorgânico são quantificadas em amostras de água por uma

adaptação da técnica descrita por Bloom (1989) consistindo na etilação em fase aquosa

à pH 5,0 com tetraetilborato de sódio, a partir da tomada de uma alíquota de 60,0 mL

de amostra e adição de 5,0 mL de solução de HCl 10,0 % (v/v) saturada em KCl. A

amostra recebe 40 mL de diclorometano e é agitada em centrífuga a 1500 rpm por 1

hora. Logo após adiciona-se 1,0 mL de solução tampão acetato (pH 4,5), agita-se em

centrífuga à 3000 rpm por 30 minutos e faz-se a separação da camada orgânica da

aquosa, sendo a camada orgânica transferida para uma matriz contendo 5,0 mL de

água milliQ. A fase orgânica é eliminada através de aquecimento a 45 ºC, sendo os

resíduos de diclorometano eliminados por passagem de um fluxo de N2 livre de

mercúrio. Logo após, realiza-se uma etapa de derivatização com NaBH4 a partir da qual

a amostra é quantificada por cromatografia gasosa ou líquida.

A adaptação proposta consiste na tomada de uma alíquota de 100,0 mL da

amostra em um frasco de Teflon de 500 mL. Em seguida são adicionados 5,0 mL de

solução de KCl saturada em HCl 10,0 % (m/v), 40 mL de cloreto de metileno

(Mallinckrodt) saturado em água milliQ e 1,0 mL de solução tampão acetato (pH 4,5). A

amostra é agitada por 14 horas em mesa agitadora orbital a 150 rpm. A camada aquosa

é decantada e a fase orgânica contendo o cloreto de metileno é transferida para um

outro frasco de Teflon, através de um funil de separação, contendo 100,0 mL de água

ultrapura. A amostra é então purgada com N2 (purificado através de sua passagem por

uma coluna que consiste de um tubo de quartzo, preenchido com areia recoberta por

ouro) para remover o cloreto de metileno, à temperatura ambiente.

O Hgorgânico da amostra original é então transferido para uma matriz de alta

pureza (água ultrapura). Neste ponto, faz-se a destruição do Hgorgânico por adição de

1,0 mL de cloreto de bromo 0,02 mol L-1 e aguarda-se 30 minutos para a reação se

processar. O excesso de cloreto de bromo é reduzido por adição de 400 �L de

hidroxilamina 30 % (m/v). Após 5 minutos de repouso a amostra é transferida para um

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frasco extrator, com adição de 2,0 mL de cloreto estanoso e borbulhado por 15 minutos,

sendo os vapores de mercúrio adsorvidos em uma coluna de areia recoberta por ouro

como descrito na quantificação de mercúrio reativo. A quantificação de Hgorgânico é

realizada em CVAFS como descrito no item 3.3.3.

Em seguida, realizou-se um teste nas mesmas condições, alterando-se o volume

de amostra de 100 para 300 mL. Realizou-se, também um teste de recuperação para a

adição de 10 ng L-1 de metilmercúrio.

O procedimento foi estabelecido após uma série de tentativas de se melhorar a

extração, no menor tempo possível e maior recuperação. Para isto, realizou-se testes de

recuperação de metilmercúrio por centrifugação das amostras por 30, 60 e 90 min a

1500 e 3000 rpm; sonicação por 10, 20 e 30 minutos e agitação em mesa agitadora

orbital por 30 min, 2 h e 14 h a 150 rpm.

Um estudo da secagem da fase orgânica foi realizado por aquecimento desta a

45oC, a 35oC e à temperatura ambiente por passagem de N2 livre de mercúrio na

amostra. Para eliminar os problemas com a perda do cloreto de metileno durante a

extração, foi realizado um teste por saturação do cloreto de metileno com água

ultrapura antes deste ser adicionado na amostra.

Além disto tentou-se utilizar colunas Sep-Pak para pré-concentrar o Hgorgânico.

Realizou-se testes variando-se a velocidade de vazão da bomba peristáltica, bem como

utilização de metanol e diclorometano como eluente.

3.3.5.1. Estudo dos interferentes

�� Avaliação da eficiência de extração de Hgorgânico na presença de Hg2+

O teste consistiu na contaminação das amostras de água ultrapura com 0,0; 5,0;

10,0 e 20,0 ng L-1 de Hg2+, sendo que para alíquotas de 100,0 mL de água foram

adicionados 0; 500; 1000 e 2000 �L de uma solução padrão de 1000 ng L-1 de Hg2+,

preparadas como descrito no item 3.2.1. A determinação de Hgorgânico nestas

amostras de água foi feita de acordo com o item 3.3.5. Para este teste foi analisado a

fase aquosa e a orgânica.

40

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Avaliação da eficiência da extração de Hgorgânico em águas na presença

de Hg2+ e ácido húmico

��

��

O procedimento para avaliação do efeito de Hg2+ e ácido húmico na extração de

Hgorgânico de amostras de água consistiu na realização de oito ensaios. Os dois

primeiros ensaios consistiram de dois brancos nas concentrações de 10,0 e 30,0 ng L-1

de ácido húmico; em outros dois ensaios foram adicionados 10,0 e 30,0 ng L-1 de Hg2+.

O quinto ensaio consistiu na adição de 10,0 ng L-1 de ácido húmico e 10,0 ng L-1 Hg2+.

No sexto ensaio foi adicionado 30,0 ng L-1 de ácido húmico e 30,0 ng L-1 de Hg2+. No

sétimo foi adicionado 10,0 ng L-1 de ácido húmico e 30,0 ng L-1 de Hg2+ e no oitavo

houve adição de 30,0 ng L-1 de ácido húmico e 10,0 ng L-1 de Hg2+. Estas concentrações

foram preparadas a partir da retirada de alíquotas de solução padrão de ácido húmico

100 ng L-1 e de solução padrão de Hg2+ na concentração de 1000,0 ng L-1. As amostras

foram deixadas em repouso por 12 horas para que houvesse o equilíbrio entre o Hg2+ e

o ácido húmico e analisadas de acordo com o item 3.3.5.

Avaliação da eficiência de extração de Hgorgânico na presença de Hg0

Foi realizado um teste utilizando água ultrapura (milliQ) e para tal foi necessário

a contaminação desta com uma concentração aproximada de 700 ng L-1 de Hg0

(concentração máxima encontrada nos microcosmos). Considerando a dificuldade para

pesar 700 ng de Hg0 e que o preparo de uma solução concentrada para posterior

diluição não seria possível devida a volatilidade do Hg0 e não ser totalmente solúvel em

água, foi feito um experimento, o qual aparentemente é a melhor maneira de conseguir

obter a concentração desejada de MDG na água: transferiram-se 2,4831 g de Hg (0)

para uma garrafa de PET e esta foi tampada. A tampa continha dois orifícios, aos quais

foram introduzidos borrachas de silicone. Um dos orifícios recebeu a passagem de N2

(livre de Hg), a uma vazão mínima e o outro encontrava-se conectado a uma segunda

garrafa de água mineral de 1 L contendo 800 mL de água ultrapura. A passagem de N2

foi mantida, a uma vazão mínima, por 10 minutos e, em seguida, determinou-se a

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concentração de MDG na segunda garrafa contendo os 800 mL de água. Logo após fez-

se a extração do Hgorgânico e a quantificação foi realizada por CVAFS.

3.3.5.2 Anál se de Hgorgânico em amostras de água coletadas em

campanha para a Bacia do Rio Negro, Amazônia, no per odo de

24/01/02 a 04/02/02

i

í

��

As amostras de água foram coletadas em garrafas de água mineral pré-lavadas

com água ultrapura conforme já descrito no item 3.3.1 e, em seguida, realizou-se a

extração do Hgorgânico. A fase orgânica foi armazenada em frascos de vidro

(descontaminados segundo o item 3.3.1.) com batoques revestidos com fita veda-rosca

(Teflon). Os frascos de vidro foram congelados e transportados para o Laboratório de

Química Ambiental (LQA) da Unicamp, onde as amostras foram analisadas o mais rápido

possível.

Realizaram-se testes de perdas de metilmercúrio durante o transporte e efeito de

matriz por adição de metilmercúrio na fase orgânica e nas amostras de água antes de

realizar a extração.

Descrição dos locais de coleta

Realizaram-se duas coletas no Lago Iara (típico lago de água preta), sendo uma

de perfil espacial (superfície, 1 metro e 3 metros), e a outra de perfil temporal (9; 12;

17:40; 23:50; 6:35 e 12 h, durante os dias 27 e 28/01/02), todas na superfície do lago.

O Igarapé Arupiaú, localizado próximo ao Lago Iara, apresentava aparentemente uma

transição entre águas pretas e brancas, durante o seu percurso. Com o objetivo de

avaliar a dinâmica do Hgorgânico em águas pretas e brancas, realizou-se uma coleta de

perfil espacial (superfície), em quatro pontos ao longo do Igarapé, no sentido foz/

nascente. Foi ainda realizada uma coleta no Lago Araçá (água branca, apenas no

horário das 22:05 h) e no Rio Branco (rio típico de água branca), coleta de perfil

temporal, sendo uma amostra coletada às 12 h e a outra às 22:05 h.

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Além do Hgorgânico foram determinados nestas amostras os parâmetros: pH,

temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido (OD), COT e CO2. A determinação de

pH, temperatura, condutividade e oxigênio dissolvido foram realizados em campo por

utilização de eletrodos calibrados no local. As amostras para análise de COT foram

preservadas com H3PO4 10% (v/v) e congeladas.

3 3 6 Quant ficação da Hgorgânico em amostras de sedimentos, utilizando o

metilmercúrio como modelo

. . . i

A quantificação de Hgorgânico em sedimentos foi realizada por adaptação da

técnica descrita por Hintelmann et alii (1997) a qual consiste na adição de 5,0 mL de

solução de HCl 6,0 mol L-1 a um tubo de Teflon contendo 0,5-2,0 g de sedimento úmido.

Agita-se por 30 minutos em centrífuga a 3000 rpm. Em seguida adicionam-se 15,0 mL

de cloreto de metileno e faz-se agitação por 1 hora. Finalmente, em 2,0 mL da fase

orgânica são adicionados 45 mL de água MilliQ. A amostra é aquecida a 45 ºC e

purgada com N2 por 30 minutos para remoção do solvente. Adicionam-se então 50 �L

de tampão NaAc e analisa-se a solução por etilação isotérmica em CG-AFS. Para análise

por CG-ECD faz-se adição de 1,0 mL de tolueno e agita-se por 15 minutos, em seguida

por 15 minutos em centrífuga a 3000 rpm; a camada de tolueno é transferida para um

vial fechado e armazenada a 4ºC até o momento de análise.

O método atual adapatado para a análise de Hgorgânico de sedimento consiste

na adição de 5,0 mL de uma solução de HCl 6,0 mol L-1 em uma garrafa de Teflon,

contendo 0,5-2,0 g de sedimento úmido. A mistura é então sonicada por 15 minutos em

banho de ultra-som. Em seguida são adicionados 10,0 mL de CH2Cl2 e agita-se em

agitador orbital por 14 horas a 150 rpm.

Em seguida, realiza-se a separação da camada orgânica da aquosa, sendo a

camada orgânica transferida para um recipiente contendo 100 mL de água milliQ. Neste

ponto, segue-se conforme descrito no item 3.3.5.

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Para a otimização do método, realizou-se testes de recuperação por

centrifugação da amostra por 30 e 60 min a 1500 e 3000 rpm; sonicação por 10, 20 e

30 minutos e agitação em mesa agitadora orbital por 2 e 14 h a 150 rpm.

3.3.7. Recuperação de Hgorgânico em amostras de águas e sedimentos

i

��

A investigação da eficiência dos dois métodos descritos em 3.3.5 e 3.3.6 na

extração do Hgorgânico, foi realizada por meio de testes de recuperação de

metilmercúrio na forma de Hgorgânico nas amostras de sedimento e água disponíveis

no Laboratório de Química Ambiental (LQA). Os sedimentos eram provenientes da

Amazônia, sendo os locais Lago Calado (águas brancas), Lago Iara (analisado por

profundidade de 2 em 2 cm, de águas pretas), Lago Araçá (águas brancas), e também

do Rio das Pedras, localizado próximo a Campinas - SP. As amostras de água eram

provenientes do Rio Negro (Amazônia).

As amostras de sedimento do Lago Calado foram contaminadas com 0,25, 0,50;

1,00 e 2,00 ng de metilmercúrio e as amostras de água do Rio Negro foram

contaminadas com 2,5; 5,0; 10,0 e 20,0 ng L-1 de metilmercúrio. As amostras de

sedimento dos Lagos Araçá, Iara e Rio das Pedras foram contaminadas com 1,00 ng de

metilmercúrio. Em todas as amostras foi preparado um branco como controle.

3.3.8. Quantif cação de carbono orgânicoPara quantificação do teor de carbono foi utilizado equipamento marca Shimadzu,

modelo TOC 5000, que utiliza a técnica de oxidação catalítica a alta temperatura

(HTCO). Este equipamento apresenta detecção de CO2 por meio de um detetor de

infravermelho não dispersivo, e uma construção e operação permitindo a quantificação

de carbono total, inorgânico e orgânico.

Quantificação do teor de carbono orgânico dissolvido (COD)

Para a determinação de COD, realizou-se uma filtração das amostras com filtros e

0,45 �m.

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3.3.9. pH

. . .

i

Determinou-se o pH das amostras de água dos dois microcosmos empregando-se

um pHmetro (ATI ORION – PerpHect 370) com calibração do pH no intervalo entre 4,0

– 7,0.

3.3.10. EH (Potencial redox)

A determinação do potencial redox foi realizada por imersão de um eletrodo

redox de platina(ORION - 96-78-00) na amostra de água. A calibração deste é realizada

por leitura de um tampão redox de sulfato ferroso e férrico de amônio (+475 mV, para

a cela Ag, AgCl, KCl (4,0 mol L-1)/solução de sulfato ferroso e férrico de amônio/Pt, a

25 �C).

3 3 11 Análise elementar em sedimentos

As determinações de carbono (C), hidrogênio (H), e nitrogênio (N) (análise

elementar) total e orgânico nos sedimentos foram feitas através de um Analisador

Elementar (Perkin Elmer – 2400).

Para a análise elementar total, uma massa de aproximadamente 0,2500 g da

amostra foi deixada na estufa, em placa de petri, a 50 �C, por 24 horas. Em seguida a

amostra foi homogeneizada e analisada.

Para a determinação de carbono orgânico, uma massa de aproximadamente

0,2500 g da amostra foi deixada na estufa, em placa de petri, a 50 �C, por 24 horas. Em

seguida a amostra recebeu 2,0 mL de HCl 1,0 mol L-1 e foi homogeneizada. As amostras

foram colocadas em estufa por 24 horas para evaporação do ácido e, em seguida,

analisadas.

3.3.12. Determ nação do teor de umidade nos sedimentos

O teor de umidade em sedimentos foi determinado por pesagem de

aproximadamente 20,0000 g de sedimento homogeneizado e úmido em vidro de

45

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relógio. Estes foram levados à estufa por 14 horas a 105 ºC. Em seguida realizou-se as

pesagens das massas secas até peso constante.

3.3.13. Quantificação de CO2

.

A determinação de CO2 foi realizada de acordo com o método descrito por

Guimarães (1990) e aperfeiçoado por Almeida (1998). Os resultados foram expressos

em mol L-1.

3 4 Experimentos em microcosmos

Montagem dos microcosmos

Em todos os experimentos a homogeneização do sedimento em presença de Hg0

foi realizada por agitação com um bastão de vidro por 2 horas. As amostras de água e

sedimento utilizadas estavam disponíveis no laboratório. Os microcosmos foram

montados em recipientes de vidro com tampa de plástico, sendo que nesta foram feitos

dois orifícios aos quais foram conectados duas mangueiras de silicone. Uma das

mangueiras funcionou como entrada de ar e a outra como saída. Para o experimento

em condições anaeróbias foi introduzido nitrogênio e para o experimento em condição

aeróbia foi introduzido oxigênio, ambos livres de mercúrio e à vazão de 300 mL min-1. O

sistema apresentava um orifício de saída com mangueira conectada a um frasco

contendo solução de permanganato de potássio 1 % (m/v), para oxidação do Hg0

liberado.

Um esquema dos microcosmos montados encontra-se ilustrado na Figura 3.2. Foi

realizado um acompanhamento de MDG, Hgreativo, Hgorgânico, Hgtotal, carbono

orgânico total (COT), pH e potencial redox, na fase aquosa, diariamente, por abertura

do microcosmo e utilização de um frasco de 100 mL de Teflon e Hgtotal, Hgorgânico e

C, H e N total nos sedimentos (somente no primeiro e no ultimo dia). No orifício de

saída do microcosmo que estava conectado ao frasco de permanganato de potássio foi

colocada uma coluna contendo areia recoberta por ouro por 15 e 30 minutos e foi

determinada a quantidade de Hg0 liberado.

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Figura 3.2 Ilustração de montagem dos microcosmos em meio aeróbio e anaeróbio.

3.4.1. M crocosmos exploratórios em condições bióticasi

Microcosmos são experimentos feitos em laboratório tentando reproduzir as

condições reais encontradas na natureza. Inicialmente pretendia-se trabalhar com

experimentos em microcosmos na relação água: sedimento seco de 4,0:1,0, porém isto

não foi possível devido a umidade no sedimento ser muito variada e sua quantificação

era realizada imediatamente após a montagem do microcosmo, não sendo portanto

possível trabalhar exatamente com a relação pré-estabelecida.

a) Meio aeróbio (micro 1)

O experimento consistiu da adição de 497,4 g de sedimento úmido (teor de

umidade de 83%) do Lago Araçá, e incubação deste por adição de 0,5152 g de Hg0, ou

seja 0,1 % (m/m) de Hg0 no sedimento. Em seguida foram adicionados 1359,0 g de

água do Rio Negro, proporcionando uma relação água:sedimento seco de 3,3:1,0.

47

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b) Meio anaeróbio (micro 2)

Adição de 548,1 g de sedimento úmido (teor de umidade de 83%) do Lago Araçá

e incubação deste por adição de 0,5254 g de Hg0, ou seja 0,1 % (m/m) de Hg0 no

sedimento. Em seguida foram adicionados 1338,3 g de água do Rio Negro,

proporcionando uma relação água:sedimento seco de 2,9:1,0.

3.4.2 Condições bióticas

a) Meio aeróbio (micro 3)

O experimento consistiu da adição de 507,6 g sedimento úmido (teor de umidade

de 71%) do Lago Iara (coletado em Fevereiro de 2001) e incubação deste por adição de

0,5700 g de Hg0, ou seja 0,1 % (m/m) de Hg0 no sedimento. Em seguida foi adicionado

2320,7 g de água ultrapura, proporcionando uma relação água:sedimento seco de

6,4:1,0.

b) Meio anaeróbio (micro 4)

Adição de 504,2 g de sedimento úmido (teor de umidade de 71%) do Lago Iara

(coletado em Fevereiro de 2001) e incubação deste por adição de 0,5213 g de Hg0, ou

seja 0,1 % (m/m) de Hg0 no sedimento. Em seguida foram adicionados 2239,5 g de

água ultrapura, proporcionando uma relação água:sedimento seco de 6,2:1,0.

3.4.3 Condições ab óticasi

Os microcosmos em condições aeróbias e anaeróbias foram montados com água

e sedimento autoclavados por 45 e 160 minutos respectivamente, a 120 ºC e

1 Kgf cm-1. Todos os materiais foram autoclavados nas mesmas condições por 20

minutos e, em seguida, mantidos em banho de álcool iodado.

Um esquema ilustrativo do experimento montado encontra-se na Figura 3.2, com

uma pequena alteração que foi a introdução de uma coluna (anterior ao frasco

contendo água ultrapura) contendo algodão autoclavado, com o objetivo de reter

microorganismos presentes na linha de ar (N2 ou ar atmosférico). Estas colunas de

48

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algodão foram substituídas a cada 3 dias. Existem filtros especiais com este objetivo,

porém a relação custo/benefício não é satisfatória e as colunas com algodão possuem a

mesma eficiência desses filtros.

Para a coleta das amostras de água foi avaliado a possibilidade de se montar um

sistema em que a água fosse coletada por uma bomba, sem a necessidade a abertura

dos microcosmos, evitando desta maneira a entrada de microorganismos. Por outro lado

este sistema causaria um grande problema que seria a evasão forçada de Hg0 para o ar.

Devido a esta restrição optou-se por abrir os microcosmos com uma freqüência menor

que a utilizada para os experimentos em condições bióticas e realizar um

acompanhamento da quantidade de microorganismos na fase aquosa.

Ambos experimentos foram montados com água: sedimento seco na relação

5,4:1,0 e 5,2:1,0 respectivamente, para as condições aeróbias e anaeróbias. As massas

pesadas de água, sedimento úmido e Hg0 foram de 1601,1; 382,4 (teor de umidade de

80%); 0,3418 e 1871,3; 425,9 (teor de umidade de 80%) e 0,4220 g respectivamente

para as condições aeróbias (micro 5) e anaeróbias (micro 6).

49

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50

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4 Resultados e d scussõesi

. i4 1 Métodos de quant ficação utilizados.

Quando se trata da determinação de Hg, um dos problemas enfrentados diz

respeito à contaminação com Hg atmosférico. Neste trabalho foi necessária a utilização

de uma sala limpa (classe 100), a qual tem como função apresentar um ambiente mais

limpo para a determinação de Hg nas diferentes formas, nos níveis de concentração de

ng L-1.

A determinação de MDG; Hgreativo, Hgtotal e também da calibração com vapor

saturado de Hg0 do equipamento (CVAFS), como descrito por Dumarey et alii (1985), já

vinham sendo realizadas no laboratório. Optou-se por utilizar o mesmo tipo de

procedimento.

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 20,00,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

180,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�4,25595�3,52173B�8,49691�0,37392

R�SD�N�P0,99615�6,31473�6�<0.0001

Res

post

a an

alíti

ca/ m

V

Concentração de Hg2+/ ng L-1

Figura 4.1 Curva analítica para quantificação de mercúrio reativo, por redução de Hg2+

com cloreto estanoso, utilizando-se frasco extrator (LD=0,2 ng L-1,

calculado como descrito em 4.1.1).

51

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0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,120,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�7,4747� 5,86068B�4077,52424�99,06362

R�SD�N�P0,99735�10,38988�11�<0.0001

Res

post

a an

alíti

ca/ m

V

Quantidade de Hg (0)/ ng

Figura 4.2 Curva analítica para quantificação de MDG, obtida por injeção de 0,0; 10,0;

20,0; 30,0; 40,0; 50,0; 60,0; 70,0; 80,0; 90,0 e 100,0 �L de vapor

saturado de Hg0 a 26 ºC, como descrito por Dumarey et alii (1985).

As Figuras 4.1 e 4.2 ilustram duas maneiras diferentes de calibrar o CVAFS,

sendo, a redução do Hg2+ com cloreto estanoso em frasco extrator e a outra por injeção

de vapor saturado de Hg0 diretamente na coluna de areia de ouro, respectivamente.

Neste trabalho, utilizam-se o primeiro procedimento (Figura 4.1) para a quantificação de

Hgreativo e Hgtotal, e o segundo procedimento (Figura 4.2) para a quantificação de

MDG.

O CVAFS quantifica apenas Hg0. A literatura cita a quantificação de Hgorgânico

utilizando a cromatografia como método de quantificação final. A utilização de um

oxidante forte para a destruição do metilmercúrio e posterior redução deste para Hg0,

com cloreto estanoso, tornaria possível a quantificação do Hgorgânico por CVAFS.

Segundo Baeyens et alii (1996), o Cl2 destrói o metilmercúrio, e o cloreto de bromo

(KBr/KBrO3 em meio ácido) produz Cl2 “in s tu”. Além disto, Jian e McLeod (1992)i

52

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propuseram um método utilizando um sistema FIA acoplado ao CVAFS para a separação

de mercúrio inorgânico de metilmercúrio por utilização de uma coluna contendo

sulfídrila e algodão, a seguir, o Hgorgânico era eluído desta por passagem de HCl

3 mol L-1 e oxidado com BrCl para Hg2+, sendo posteriormente reduzido com SnCl2 e

quantificado por CVAFS. O método proposto apresentava limite de detecção de 6 ng L-1,

com possibilidade de quantificar Hgorgânico por CVAFS. Com base nos trabalhos acima,

tentou-se quantificar metilmercúrio em CVAFS, após oxidação deste com BrCl e redução

com cloreto estanoso. Os resultados obtidos encontram-se ilustrados na Figura 4.3.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0-50,0

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

Res

post

a an

alíti

ca/

mV

0,5 mL de BrCl 0,02 mol L-1

1,0 mL de BrCl 0,02 mol L-1

1,5 mL de BrCl 0,02 mol L-1

Concentração de metilmercúrio/ ng L-1

Figura 4.3 Resposta do CVAFS frente à adição de 0,5; 1,0 e 1,5 mL de cloreto de

bromo 0,2 mol L-1 para oxidação de 0,0; 5,0; 10,0; 20,0 e 30,0 ng L-1 de

metilmercúrio (tempo de reação de 30 minutos).

A Figura 4.3 indica que a melhor quantidade de cloreto de bromo para oxidação

do metilmercúrio, no intervalo entre 0,0 a 30,0 ng L-1, é 1,0 ou 1,5 mL para

53

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quantificação por CVAFS. A utilização de 1,0 mL de BrCl foi escolhida por causar menor

problema de contaminação (Figura 4.4).

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

0,0

40,0

80,0

120,0

160,0

200,0

240,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�11,88114�6,70804B�7,07291�0,40451

R�SD�N�P0,99352�9,76985�6�<0.0001

Res

post

a an

alíti

ca/

mV

Concentração de metilmercúrio/ ng L-1

Figura 4.4 Curva analítica para quantificação de metilmercúrio, após oxidação com BrCl

e posterior redução com cloreto estanoso, utilizando-se frasco extrator

(LD=2,0 ng L-1, calculado como descrito em 4.1.1).

Devido a problemas com a reprodutibilidade entre as medidas, foi necessário

utilizar um redutor prévio para redução do excesso de cloreto de bromo. O BrCl influi na

eficiência da coluna de areia recoberta por ouro, sendo necessário a utilização de uma

solução de cloridrato de hidroxilamina 30,0 % (m/v) (Figura 4.4), na proporção de 400

�L para cada 1,0 mL de cloreto de bromo 0,2 mol L-1. O possível aumento de

contaminação pela introdução de mais um reagente foi eliminado pela purga do

cloridrato de hidroxilamina por 1 hora com N2 livre de mercúrio, antes de sua utilização.

Durante este trabalho, as extrações de Hgorgânico em amostras de água e

sedimento fornecem o chamado “Hgorgânico”, devido às leituras serem feitas no

CVAFS, não sendo assim possível a especiação das várias formas orgânicas do mercúrio.

54

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As extrações utilizando o metilmercúrio funcionaram muito bem (itens 4.2 e 4.3),

podendo este ser utilizado como modelo.

4 1 1 Cálculo do limite de detecção. .

O limite de detecção, para a quantificação de Hgorgânico, em água utilizando o

metilmercúrio, como modelo, foi calculado de acordo com a equação 3, sendo os

valores necessários para o cálculo listados na tabela 4.1. O limite apresentou um valor

de 1,8 ng L-1 para um volume de amostra de 100 mL, o que representa 0,9 pmol L-1.

MBranco + 3 �branco = 13,88114 + 7,09291 x (3)

TABELA 4.1 Valores obtidos na leitura de 10 brancos de Hgorgânico e parâmetros da

curva analítica obtida para o mesmo dia.

Brancos Resposta/ mV

1 20,98

2 21,36

3 22,10

4 23,48

5 20,56

6 20,63

7 20,59

8 25,10

9 26,10

10 19,96

Média (MBranco) 22,09

Desvio padrão (�branco) 2,11

Equação da reta y = 13,88114 + 7,09291 x

4.2 Extração e recuperação de Hgorgânico de amostras de águas

55

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Como mencionado no item 3.3.5, os primeiros testes de extração de Hgorgânico

foram realizados em amostra de água, devido esta ser uma matriz mais simples que o

sedimento, e também por ser necessário o desenvolvimento deste método para a

determinação de Hgorgânico na fase aquosa do microcosmo e em possíveis amostras

ambientais a serem analisadas.

A determinação de Hgorgânico em águas partiu de uma adaptação do método

descrito por Bloom (1989). Estas adaptações foram necessárias devido à não

recuperação do metilmercúrio adicionado antes do processo de extração. O primeiro

teste realizado para a adaptação do método foi a avaliação da possível perda do

metilmercúrio, durante a secagem da fase orgânica. Uma recuperação de metilmercúrio

de 99,6 % foi obtida para o arraste do diclorometano sem aquecimento, apenas por

passagem de N2 livre de Hg (Figura 4.5).

0,0 5,0 10,0 15,0 20,00,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�1,60933�8,22155B�11,6216�0,67129

R�SD�N�P0,99503�10,61397�5�4,19957E-4

Resp

osta

ana

lític

a/m

V

Concentração de metilmercúrio/ ng L-1

Figura 4.5 Recuperação de metilmercúrio na fase orgânica, teste de evaporação do

CH2Cl2 à temperatura ambiente.

Os testes realizados, alterando-se o tempo e a velocidade de centrifugação, não

foram satisfatórios devido aos baixíssimos valores de recuperação do metilmercúrio (5-

10%). Dos testes realizados utilizando ultra-som e centrífuga, os valores de recuperação

56

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foram menores que 10% do metilmercúrio adicionado. Dos testes realizados utilizando

mesa agitadora orbital, a agitação por 14 horas foi a que apresentou melhor valor de

recuperação, no intervalo entre 57-110%. Apesar deste teste ter apresentado bons

resultados, não foi possível recuperar todo o cloreto de metileno após a separação da

camada orgânica da aquosa. Porém, a utilização de cloreto de metileno saturado em

água resolveu este problema, ainda causando elevação no valor das recuperações de

metilmercúrio.

A alteração do volume utilizado para extração de Hgorgânico, na amostra de

água natural de 100 para 300 mL, mantendo-se constante o volume dos reagentes

utilizados no método atual, não causou problemas quanto à eficiência de extração do

Hgorgânico. A recuperação de metilmercúrio foi de 95 % para o padrão de 10 ng L-1.

Esta alteração no método, foi muito importante devido a baixa concentração do

Hgorgânico encontrado em águas naturais.

Nos testes realizados para pré-concentrar metilmercúrio em colunas Sep-Pak, o

principal problema foi a falta de reprodutibilidade entre as medidas. Guimarães também

não obteve sucesso nas tentativas realizadas para pré-concentrar metilmercúrio em

colunas Sep-Pak (Guimarães, 2002, comunicação pessoal).

Recuperação de metilmercúrio em amostras de água natural��

A realização de testes de recuperações de metilmercúrio como Hgorgânico, em

água ultrapura e em amostras de águas naturais, apresentou reprodutibilidade nas

extrações realizadas em amostras de água ultrapura, com quantidades conhecidas de

metilmercúrio adicionadas. Foram testadas amostras de água do Rio Negro, que haviam

sido coletadas em uma expedição feita em 1998, para observar se o método era

aplicável em amostra de água natural, por recuperação de quantidades conhecidas de

metilmercúrio adicionados nestas amostras.

57

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0,0 5,0 10,0 15,0 20,00,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

180,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�6,92533�5,00506B�7,6088�0,40866

R�SD�N�P0,9957�6,46151�5�3,3816E-4

Resp

osta

ana

lític

a/m

V

Concentração de metilmercúrio/ ng L-1

Figura 4.6 Recuperação de Hgorgânico, a partir da adição de 0,0; 5,0; 10,0; 15,0 e

20,0 ng L-1 de metilmercúrio, em uma amostra de água natural do Rio

Negro.

A Figura 4.6, mostra que houve linearidade na recuperação de metilmercúrio no

intervalo entre 0,0 à 20,0 ng L-1, indicando que modificado é adequado para aplicações

em amostras de água natural do Rio Negro.

58

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0,0 25,0 50,0 75,0 100,0 125,0 150,0 175,00,0

25,0

50,0

75,0

100,0

125,0

150,0

175,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA� 0,88796�3,88567B� 0,97277�0,03848

R�SD�N�P0,99766�4,7679�5�1,35703E-4

Res

post

a an

alíti

ca d

a am

ostra

/mV

Resposta analítica do padrão/ mV

Figura 4.7 Relação entre as respostas de Hgorgânico nas amostras de água do Rio

Negro, para adição de 0,0; 5,0; 10,0; 15,0 e 20,0 ng L-1 de metilmercúrio,

frente ao padrão analítico.

A Figura 4.7, mostra relação linear entre as respostas analíticas, sendo nas

ordenadas, a recuperação de mercúrio orgânico em amostra de água do Rio Negro

(Figura 4.6) e da curva analítica, nas abcissas, ambas obtidas por adição de 0,0; 5,0;

10,0; 15,0 e 20,0 ng L-1 de metilmercúrio. A inclinação da curva, apresentada na Figura

4.4, foi de 0,97, indicando que a recuperação do metilmercúrio adicionado foi de 97%,

validando o procedimento (Miller e Miller, 1993).

59

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4.3 Estudos dos interferentes

. .4 3 1 Avaliação da eficiência de extração de Hgorgânico, na presença de

Hg2+.

Foi feito um teste de extração de Hg2+, para verificar se a presença deste,

causava falso positivo na determinação de Hgorgânico. Após a realização do

procedimento de extração foram analisadas as fases orgânica e a aquosa. Observou-se

que a leitura na fase orgânica (Figura 4.8 a), foi praticamente constante para as adições

de 0,0; 5,0; 10,0 e 20,0 ng L-1 de Hg2+, indicando que este não é extraível para a fase

orgânica. Escolheu-se esta faixa de concentração de Hg2+, pois sabe-se que a

concentração de Hgtotal encontrada em águas naturais raramente excede 10,0 ng L-1.

Pela Figura 4.8 b, observa-se que o Hg2+ permaneceu na fase aquosa, pois foi

possível reproduzir uma curva de recuperação. Pode–se concluir com base nas Figuras

4.8 a e b que o Hg2+ não causa falso positivo na extração de Hgorgânico de uma

amostra de água.

A relação entre as respostas analíticas, obtidas para a determinação de Hg2+ na

fase aquosa com o da curva analítica de Hg2+, obtida no mesmo dia (Figura 4.9),

apresenta um coeficiente linear de 0,99, confirmando que este permanece na fase

aquosa.

60

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0,0 5,0 10,0 15,0 20,00,0

50,0

100,0

150,0

200,0R

espo

sta

anal

ítica

/ mV

Concentração de Hg2+/ ng L-10,0 5,0 10,0 15,0 20,0

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Y = A + B * XA�1,138�S a = 5,14124B�10,28166�S b = 0,44876

R�SD�N�P0,9981�6,63731�4�0,0019

Res

post

a an

alíti

ca/m

V

Concentração de Hg2+/ ng L-1

a bFigura 4.8 Estudo da interferência de Hg2+ no processo de extração de Hgorgânico

com cloreto de metileno em água para adição de 0,0; 5,0; 10,0 e 20,0 ng L-1

de Hg2+. As determinações foram realizadas em duplicata. (a) Resposta da

concentração de Hg2+ extraível pela fase orgânica. (b) Resposta da

concentração de Hg2+ que permaneceu na fase aquosa.

0,0 40,0 80,0 120,0 160,0 200,00,0

40,0

80,0

120,0

160,0

200,0

240,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�-9,52988�9,6788B�1,27357�0,09596

R�SD�N�P0,99437�11,85129�4�0,00563

Res

psot

a an

alíti

cana

fase

aqu

osa/

mV

Resposta analítica do padrão/ mV

Figura 4.9 Relação entre as respostas de Hgtotal na fase aquosa de amostra de água

ultrapura, para adição de 0,0; 5,0; 10,0 e 20,0 ng L-1 de Hg2+, frente ao

padrão analítico de Hg2+ nas mesmas concentrações.

61

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4 3 2 Avaliação da eficiência de extração de Hgorgânico em uma amostra

contendo Hg

. .

. i

,

0

Considerando que os microcosmos, seriam montados com sedimentos incubados

por Hg0, foi necessário avaliar se esta espécie interferia na determinação de Hgorgânico

na fase aquosa.

A concentração de MDG na garrafa, contendo água ultrapura foi de 687,2 ng L-1.

Este valor foi muito próximo do valor trabalhado nos microcosmos que para o primeiro

dia, maior valor (item 4.7.1), foi de 700 ng L-1. A quantidade de Hg0, transferida para a

fase orgânica durante a extração foi menor que o limite de detecção do método,

1,8 ng L-1, excluindo desta forma, problemas de formação de artefatos positivos.

4 4 Quant ficação de Hgorgânico em amostras de sedimentos, utilizando o

metilmercúrio como modelo

Foram realizados, vários ensaios com o objetivo de adaptar o método de

Hintelmann et alii (1997), para determinação de Hgorgânico em sedimentos por CVAFS.

Em todos os ensaios foram realizados testes de recuperação, pela adição de 1,0 ng de

metilmercúrio à amostra de sedimento e à uma amostra de água ultrapura que sofreu

todo o processo de extração (branco). As determinações foram realizadas em duplicata

e os sedimentos utilizados para os testes eram do Lago Calado (LC), coletados em

expedição para Amazônia em 1998.

Dos testes realizados, o que apresentou melhor recuperação do metimercúrio

adicionado foi a sonicação do sedimento com HCl por 15 minutos, e em seguida após a

adição do cloreto de metileno, agitação em mesa agitadora orbital por 14 horas (Tabela

4.2).

Os resultados da Tabela 4.12 podem ser melhor ilustrados através das Figuras

4.10 e 4.11.

62

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TABELA 4.2 Dados obtidos no experimento de extração de Hgorgânico após adição de

metilmercúrio à uma amostra de sedimento do Lago Calado (LC) e dados

obtidos para uma curva analítica com os mesmos padrões.

Amostras Resposta/ mV Curva Resposta/ mV

LC 0,0/ 0,0* Branco (1) 0,0/ 0,0*

LC+ 0,25 ng de

metilmercúrio39, 7/ 35,2 2,5 ng L-1 de

metilmercúrio37,6/ 43,1

LC + 0,50 ng de

metilmercúrio76,1/ 86,1 5,0 ng L-1 de

metilmercúrio82,6/ 87,6

LC+ 1,00 ng de

metilmercúrio135,5/ 139,6 10,0 ng L-1 de

metilmercúrio142,2/ 147,6

LC+ 2,00 ng de

metilmercúrio221,0/ 226,0 20,0 ng L-1 de

metilmercúrio231,5/ 252,8

*Valor ajustado.

0,0 5,0 10,0 15,0 20,00,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�13,13225�9,67779B�11,4189�0,93888

R�SD�N�P0,99001�14,84505�5�0,0012

Res

post

a an

alíti

ca/

mV

Concentração de metilmercúrio/ ng L-1

Figura 4.10 Curva analítica para quantificação de metilmercúrio, após oxidação com

cloreto de bromo e posterior redução com cloreto estanoso, utilizando-

se frasco lavador (• e são os valores de replicatas).

63

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0,0 0,5 1,0 1,5 2,00,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA� 13,07625�8,61754B� 108,517�8,36024

R�SD�N�P0,99121�13,2187�5�9,87259E-4

Res

post

a an

alíti

ca/

mV

Quantidade de metilmercúrio/ ng

Figura 4.11 Recuperação de Hgorgânico, após extração do metilmercúrio adicionado

no sedimento (sendo � e a duplicata de cada ponto).

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Y = A + B * XParameter�Value�ErrorA�1,13259�1,54946B�0,92593�0,01166

R�SD�N�P0,99976�2,2104�5�<0.0001

Resp

osta

anal

ítica

doH

gorg

ânic

o ex

traí

do/

mV

Resposta analítica do padrão/ mV

Figura 4.12 Relação entre as respostas de Hgorgânico extraído no sedimento do Lago

Calado, para adição de 0,00; 0,25; 0,50; 1,00 e 2,00 ng de

metilmercúrio, frente ao padrão analítico.

64

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Os resultados ilustrados na Figura 4.12, demonstram que a recuperação do

metilmercúrio adicionado no sedimento, foi de 93,0%, indicando que o método pode ser

aplicável à determinação de Hgorgânico em amostras de sedimento. Convém ressaltar,

que a extração de Hgorgânico é dependente da quantidade de matéria orgânica, sulfeto

e pH do sedimento (Horvat et alii, 1993), e portanto para cada sedimento analisado

torna-se necessário realizar um teste de recuperação de metilmercúrio, para avaliação

do efeito de matriz na determinação de Hgorgânico na amostra.

4.4.1 Determ nação de Hgorgânico em amostras de sedimentosi

Foi determinado Hgorgânico, em amostras de sedimento disponíveis no LQA,

sendo estas do Lago Iara coletadas nas profundidades de 0-2, 8-10, 14-16, 30-32, 40-

42 e 48-50 cm, apresentado nas Figuras 4.13 a e b, enumerados de 1 à 6,

respectivamente. Foi também determinado a concentração de Hgtotal nestas amostras

para efeito de comparação.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

6

5

4

3

2

1

Concentração de Hgorgânico/ �g kg-1

Segm

ento

s do

tes

tem

unho

230,0 240,0 250,0 260,0 270,0 280,0 290,0 300,0

6

5

4

3

2

1

Segm

ento

s do

tes

tem

unho

Concentração de Hgtotal/ �g kg-1-1

a b

Figura 4.13 Correlação entre a concentração de a) Hgorgânico e b) Hgtotal, com a

profundidade, em sedimento do Lago Iara.

Analisando a Figura 4.13 a e b, observa-se um comportamento inverso entre o

Hgtotal e orgânico nas diferentes profundidades do sedimento do Lago Iara. Segundo

65

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Backer et alii (1983), a quantidade de Hgorgânico presente no sedimento está

relacionada a quantidade de Hg inorgânico, oxigênio dissolvido, pH, matéria orgânica e

outras características deste sedimento.

As porcentagens de Hgorgânico comparadas às quantidades de Hgtotal

presentes, para as profundidades de 0-2, 8-10, 14-16, 30-32, 40-42 e 48-50 cm foram

0,92; 0,23; 0,82; 0,50; 0,52 e 1,24 %, respectivamente, confirmando que menos de

1,5% do mercúrio presente nos sedimentos encontra-se na forma de Hgorgânico. As

porcentagens de recuperação de metilmercúrio, para as várias profundidades analisadas

do Lago Iara, situaram-se no intervalo de 94,6 a 110,0 %.

Foram feitas determinações de Hgorgânico e total, em amostras de sedimento do

Lago Calado e no Lago Araçá; ambos localizados na Amazônia e no sedimento do lago

da Fazenda Rio das Pedras, localizado na região de Campinas - SP. Os valores médios

de concentrações encontram-se listados na Tabela 4.3.

TABELA 4.3 Concentrações das duplicatas de Hgtotal e Hgorgânico em sedimentos

oriundos de vários lagos brasileiros.

Amostras Hgtotal/ �g kg-1 Hgorgânico/ �g kg-1 % Hgorgânico

Lago Calado (3) 127,0/134,0 0,13/ 0,15 0,10

Lago Calado (4) 150,0/156,0 2,68/ 2,69 1,79

Rio das Pedras 110,0/ 125,0 1,34/1,45 1,27

Lago Araçá 180,0/193,0 < 0,03 < 0,02

Em cada sedimento analisado, foi realizado um teste de recuperação por adição

de 1,00 ng de metilmercúrio, obtendo-se recuperações de 57,0 a 97,0 %.

Nota-se que o Lago Calado, apresentou diferenças entre os dois pontos

analisados (3 e 4). Isto pode ser explicado pelo fato que o sedimento foi coletado em

dois locais diferentes, podendo as características destes serem diferentes, favorecendo

ou não a produção de Hgorgânico.

66

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4.4.2 Aval ação do efe to da extração de Hgorgânico em águas na presença

de Hg

i i2+ e ácido húmico

O sedimento do Rio das Pedras apresentou recuperação de 57,0 % do

metilmercúrio adicionado, e cabe ressaltar que este sedimento apresentava cor escura,

com elevada concentração de matéria orgânica, provavelmente devido à presença de

ácidos húmicos. Surgiu uma dúvida quanto a eficiência da extração do Hgorgânico na

presença de ácido húmico e Hg2+, vista a possibilidade de formação de complexos entre

o Hg2+ e o ácido húmico e que estes fossem passíveis de extração na fase orgânica.

Após a realização dos oito testes descritos no item 3.3.5.3, ficou claro que o

mercúrio inorgânico em presença de ácido húmico, não interfere na extração de

Hgorgânico do sedimento (Figura 4.14), indicando, como já testado anteriormente, que

o Hg2+ (linha verde) não é transferido para a fase orgânica. As linhas preta e vermelha

indicam que para concentrações de 10 e 30 mg L-1 de ácido húmico em presença de

Hg2+ não há formação de complexo que seja extraído para fase orgânica e quantificado

como Hgorgânico.

67

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0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

500,0

10 mg L-1 ácido húmico

30 mg L-1 ácido húmico sem ácido húmico

Res

post

a an

alíti

ca/

mV

Concentração de Hg/ ng L-1

Figura 4.14: Recuperação de Hg2+ na fase orgânica em amostra de água deionizada

após adição de ácido húmico e Hg2+.

Os ácidos húmicos compreendem de 85-90 % da matéria orgânica em solos e 60-

80 % da matéria orgânica dissolvida em superfícies de águas doces. Em torno de 90 %

da matéria orgânica nas águas dos oceanos representam húmus de origem planctônica.

De todos os ácidos húmicos, os ácidos fúlvicos são os mais solúveis devido a maior

contribuição dos grupos carboxílicos e oxi-fenólicos em suas estruturas. Estes grupos

provêem a formação de complexos estáveis com metais, como Hg2+ (Baeyens et alii,

1996). De acordo com o resultado da Figura 4.14, pode-se concluir que os complexos

de Hg2+ com ácido húmico permanecem na fase aquosa.

4.5 Resultados dos m crocosmosi

i li i i4.5.1 M crocosmos pre m nares em condições biót cas

Nos experimentos em microcosmos, o sedimento contaminado com Hg0 funciona

como fonte deste elemento para o enriquecimento da coluna d’água. Para os

68

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microcosmos preliminares a fase aquosa foi composta por água do Rio Negro que pode

conter elementos essenciais para a oxidação do Hg0 (fosfatos, cloreto, sulfato, e outros)

e em seguida facilitando a produção de Hgorgânico.

Fica evidente por meio dos dados da Tabela 4.4, que para a fase aquosa do

microcosmo ocorreu oxidação do Hg (0) adicionado, e que este foi transformado em

Hg2+ e Hgorgânico, para as condições aeróbias e anaeróbias. Vários trabalhos na

literatura, indicam que ocorre produção de metilmercúrio à partir de Hg2+, tornando

possível a formação de Hgorgânico neste experimento. É interessante destacar que o

pH sofreu um decréscimo o COD um aumento em condições aeróbias e anaeróbias.

Segundo Oremland et alii (1991), o maior produto da desmetilação de metilmercúrio em

condições anaeróbias é o CO2, sugerindo a existência de um mecanismo oxidativo prévio

para a formação de CO2 à partir de metilmercúrio. Convém ressaltar que de acordo com

as Tabelas 4.4 e 4.6, para a condição anaeróbia a concentração de COD aumentou,

indicando que deve ocorrer uma competição entre a formação de Hgorgânico e sua

degradação. Para o sedimento a produção de Hgorgânico foi mais intensa em meio

anaeróbio, indicando que a metilação deve ser favorecida em condições anaeróbias.

69

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TABELA 4.4 Concentra ções de alguns parâmetros na fase aquosa dos microcosmos no

início e final do experimento, 27 e 23 dias para meio aeróbio e anaeróbio,

respectivamente.

Ínicio

Final

AeróbioAnaeróbio

(micro 2) (micro 1)

pH 5,60 � 0,01 3,70 � 0,02 4,30 � 0,01

EH/ mV 389 � 2 381 � 2 277 � 2

COD(a)/ mg L-1 1,3/1,3 2,7/2,7 13,7/ 13,5

Hgtotal/ ng L-1 2,01 � 0,03 1285 � 18 1654 � 67

Hgreativo/ ng L-1 0,39 � 0,01 59,3 � 3,3 10,4 � 0,7

Hgorgânico/ ng L-1 < 2,0 76,0 � 0,2 111,4 � 6,8

MDG/ ng L-1 - 14,0 � 0,2 0,83 � 0,02

%Hgorgânico - 5,9 6,7

Hgtotal no KMnO4/

ng L-1 2,01 � 0,01 900 � 1 760 � 1

Perda de Hg0 por

evasão/ ng h-1- 0,25 � 0,02 0,23 � 0,02

(a) Resultados em duplicata.

As Tabelas 4.4 e 4.5, ilustram que a produção de Hgorgânico foi maior em meio

anaeróbio do que aeróbio. Através das Tabelas 4.4 e 4.5, observa-se que a soma de

MDG+Hgreativo+Hgorgânico, não é igual ao valor de Hgtotal, isto está relacionado com

a presença de partículas do sedimento na fase aquosa do microcosmo (partículas eram

observadas na fase aquosa do microcosmo). Estas partículas possivelmente causam a

formação de complexos de Hg com ácidos húmicos (AH) e ácidos fúlvicos (AF), que são

70

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quantificados como Hgtotal. Devido a este fator, a concentração de Hgtotal não fecha o

balanço de massa ([Hgtotal] = [Hg2+] + MDG + [Hgorg]+ [Hg – AH e AF). O complexo

formado entre Hg – AH e AF ajudam a manter o mercúrio em solução e facilita seu

movimento através do sistema aquático resultando na contaminação de cadeias

alimentares e populações humanas longe do local de garimpo, possibilitando a presença

de metilmercúrio e mercúrio total em sistemas sem contaminação antrópica.

TABELA 4.5 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento dos microcosmos no

início e final do experimento, 27 e 23 dias para meio aeróbio e anaeróbio,

respectivamente.

ÍnicioFinal

AeróbioAnaeróbio

(micro 2) (micro 1)

C total(a)/ % 2,7/2,6 2,5/2,4 2,6/2,5

H total(a)/ % 1,3/1,2 1,4/1,4 1,3/1,2

N total(a)/ % 0,5/0,4 0,7/,06 0,8/0,7

Hgtotal/ mg kg-1 180 � 21 1507 � 266 1640 � 54

Hgorgânico/ mg kg-1 < 0,3 0,50 � 0,01 2,4 � 0,1

% Hgorgânico - 0,03 0,40(a) Resultados em duplicata.

De acordo com Villas Bôas (1997) a metilação é máxima para o intervalo de EH de

+ 100 a +200 mV e com base na tabela 4.4 o EH para a condição anaeróbia esteve

próximo deste intervalo (+277 mV) favorecendo a formação de Hgorgânico nestas

condições quando comparado ao experimento em condição aeróbia.

71

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Na Tabela 4.5, observa-se que a produção de Hgorgânico foi maior em meio

anaeróbio (0,40%) em comparação com o meio aeróbio de 0,03%. Em estudos

realizados por Oremland et alii (1991), a desmetilação de metilmercúrio em sedimentos

é mais rápida em meio aeróbio do que anaeróbio, indicando que a metilação deve ser

mais intensa em condições anaeróbias. O resultado obtido neste experimento está de

acordo com os resultados obtidos nos trabalhos realizados por Olson e Cooper (1976),

Compeau e Bartha (1984), Craig e Moreton (1985), Jackson (1988) e Matilainen et alii

(1991).

4.5.2 M crocosmos finais em condições biót casi i

A partir dos resultados preliminares, apresentados no item 4.5.1 e observação de

que ocorre produção de Hgorgânico à partir de Hg0, foram montados os microcosmos 3

e 4, para que fosse melhor investigado o comportamento do Hg0 no microcosmo em

função do tempo, pelo acompanhamento quase que diário dos parâmetros pH, EH, COD,

Hgtotal, Hgreativo, MDG, Hg0 evasivo e Hgorgânico.

Comparando os resultados para o sedimento dos microcosmos (Tabelas 4.5 e

4.7) observam-se grandes diferenças. Estas podem estar relacionadas ao tipo de

sedimento e água utilizados na montagem do microcosmo (para o experimento do item

4.5.3; sedimento do Lago Araçá e água do Rio Negro e para o experimento do item

4.5.4; sedimento do Lago Iara e água ultrapura) e/ou a proporção água:sedimento

utilizado na montagem do microcosmo. Para a fase aquosa e sedimento a produção de

Hgorgânico foi maior para o meio anaeróbio.

72

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TABELA 4.6 Concentrações de alguns parâmetros na fase aquosa dos microcosmos

no início e final do experimento, 33 e 29 dias para meio aeróbio e

anaeróbio, respectivamente.

ÍnicioFinal

AeróbioAnaeróbio

(micro 3) (micro 4)

pH 6,90 � 0,02 5,10 � 0,01 5,80 � 0,03

EH/ mV 479� 1 481� 1 279 � 1

COD(a)/ mg L-1 1,3/1,3 1,9/1,7 13,4/ 13,5

Hgtotal/ ng L-1 < 0,02 3710 � 162 5401 � 323

Hgreativo/ ng L-1 < 0,02 125,2 � 8,2 169,2 � 7,1

Hgorgânico/ ng L-1 < 2,0 113,5 � 4,7 232,9 � 1,4

MDG/ ng L-1 - 40,8 � 0,3 9,1 � 0,2

%Hgorgânico - 3,1 4,3

Hgtotal no KMnO4/

ng L-1 2,10 � 0,01 1400 � 3 951 � 1

Perda de Hg0 por

evasão/ ng h-1 - 0,11 � 0,01 0,10 � 0,01

(a) Resultados em duplicata.

A formação de Hgorgânico no sedimento do microcosmo aeróbio e anaeróbio

(Tabela 4.7), foram muito próximas e relativamente baixas. Estes valores indicam que

ocorre a formação de Hgorgânico a partir de Hg0 em condição aeróbia, tanto na fase

aquosa quanto no sedimento. Segundo Compeau e Bartha (1984) os ambientes

aquáticos com potencial redox positivo e baixos valores de pH favorecem a metilação a

73

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partir de Hg2+, isto explica a formação de Hgorgânico na fase aquosa do microcosmo

aeróbio o qual teve um decréscimo no pH no final do experimento.

TABELA 4.7 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento dos microcosmos no

início e final do experimento, 33 e 29 dias para meio aeróbio e

anaeróbio, respectivamente.

Ínicio

Final

Aeróbio Anaeróbio(micro 3) (micro 4)

C total(a)/ % 9,5/9,7 9,5/9,4 9,6/9,5

H total(a)/ % 1,3/1,2 1,4/1,4 1,3/1,2

N total(a)/ % 0,5/0,4 0,7/0,6 0,8/0,7

Hgtotal/ mg kg-1 90,1 � 1,0 1221 � 87 938 � 85

Hgorgânico/ mg kg-1 5,2x10-3� 0,1x10-3 0,50 � 0,01 0,60 � 0,01

% Hgorgânico 0,06 0,40 0,70

(a) Resultados em duplicata.

74

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Hgtotal Hgorgânico Hgreativo MDG0

255075

100125150

100020003000400050006000

3710

±162 5401 ± 323

113,

4,7 23

2,9

±1,

4

125,

8,2

169,

7,1

40,8

±0,

3

9,1

±0,

2

Conc

entr

ação

das

esp

écie

s de

Hg/

ng

L-1 Aeróbio Anaeróbio

Figura 4.15 Variação das concentrações das espécies de Hg na fase aquosa dos

microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente, para as condições

aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação

água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados com

sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical) contaminados com 0,1 %

(m/m) de Hg0.

Por meio da Figura 4.15, observa-se que a produção de Hgorgânico foi mais

elevada em meio anaeróbio, o que já havia sido observada para o experimento em

microcosmo preliminar (item 4.5.1). A quantidade de Hgreativo esteve muito próxima,

porém a quantidade de MDG foi maior em condição aeróbia para o último dia de

experimento (Figura 4.15).

75

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Hgorgânico0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

250,0

500,0

750,0

1000,0

1250,0

1500,01221 ± 87

Hgtotal

0,60 ± 0,010,50 ± 0,01

938 ± 85125,6 ± 8,7

Conc

entr

ação

das

esp

écie

s de

Hg/

mg

kg-1

Aeróbio Anaeróbio

Figura 4.16: Variação das concentrações das espécies de Hg do sedimento dos

microcosmos, após 33 e 29 dias respectivamente, para as condições

aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias

(relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados com

sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical) contaminados com 0,1

% (m/m) de Hg0.

4.5.2.1 Var ação dos parâmetros na fase aquosa dos microcosmos 3 e 4i

As Figuras de 4.17 a 4.20 ilustram o comportamento dos parâmetros

determinados, durante o tempo em que os microcosmos permaneceram montados

comparando o comportamento para as condições aeróbias e anaeróbias.

Com relação a Figura 4.17 (a) observa-se que a produção de Hgorgânico ocorreu

entre 12 e 15 dias (300 a 400 horas), esta produção foi máxima até o 19o dia. É

importante destacar que neste mesmo intervalo de tempo a produção de Hgreativo

(Figura 4.17 b) foi diminuindo, o que indica, que o Hg2+ estava sendo transformado em

Hgorgânico. Este comportamento está de acordo com trabalho realizado por Matilainen

et alii (1991) a metilação ocorre em fase aquosa tendo como substrato a espécie Hg2+.

76

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Ainda com relação a Figura 4.17 (a) observa-se que a produção de Hgorgânico

na fase aquosa, foi mais intensa em meio anaeróbio

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800

0,0

40,0

80,0

120,0

160,0

200,0

240,0

280,0 aeróbio anaeróbio

Hgo

rgân

ico/

ng

L-1

Tempo/ horas0 100 200 300 400 500 600 700

40,060,080,0

100,0120,0140,0160,0180,0200,0220,0240,0

aeróbio anaeróbio

Hg

reat

ivo/

ng

L-1

Tempo/ horas

a bFigura 4.17 Formação de a) Hgorgânico e b) Hgreativo em função do tempo para a

fase aquosa dos microcosmos sob condições aeróbias (relação água:

sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação água: sedimento seco

de 6,2:1,0). Esses foram montados com sedimentos do Lago Iara – AM

(região tropical) contaminados com 0,1 % (m/m) de Hg0.

Comparando as Figuras 4.18a e 4.18b, observa-se um comportamento similar,

pois com o aumento da concentração do MDG na fase aquosa o Hg0 passa do

sedimento para a fase aquosa e desta para a atmosfera, tornando possível um aumento

na evasão de mercúrio do microcosmo. O comportamento de MDG e perda de Hg0 por

evasão de mercúrio do microcosmo foi similar para as condições aeróbias e anaeróbias

77

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-100 0 100 200 300 400 500 600 700-100,0

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

aeróbio anaeróbio

MD

G/

ng L

-1

Tempo/ horas0 100 200 300 400 500 600 700

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2 aeróbio anaeróbio

Perd

a in

stan

tâne

ade

Hg0 p

or e

vasã

o/ng

h-1

-1

Tempo/ horas

a bFigura 4.18 Comportamento dos parâmetros a) MDG e b) perda de mercúrio gasoso

por evasão, em função do tempo para a fase aquosa dos microcosmos

sob condições aeróbias (relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e

anaeróbias (relação água: sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram

montados com sedimentos do Lago Iara – AM (região tropical)

contaminados com 0,1 % (m/m) de Hg0.

0 100 200 300 400 500 600 700

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

500,0

Aeróbio Anaeróbio

E H/

mV

Tempo/ horas

0 100 200 300 400 500 600 7004,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

Tempo/ horas

Anaeróbio Aeróbio

pH

a bFigura 4.19: Comportamento dos parâmetros a) EH e b) pH em função do tempo para

a fase aquosa dos microcosmos sob condições aeróbias (relação água:

sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação água: sedimento seco

de 6,2:1,0). Esses foram montados com sedimentos do Lago Iara – AM

(região tropical) contaminados com 0,1 % (m/m) de Hg0.

78

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Através da Figura 4.19 (a), nota-se que o sedimento utilizado estava aeróbio e

que sofreu uma variação de + 470 a + 505 mV. Para a condição anaeróbias observa-se

que ocorreu variação entre + 196 a +315 mV. O pH (Figura 4.19 b) diminuiu nos 14

primeiros dias e foi aumentando lentamente até o 27o dia chegando no final do

experimento ao valor de 5,1. Observou-se portanto um decréscimo no valor de pH de

6,9 a 5,1. Segundo Compeau e Bartha (1984) um ambiente com valores de potencial

redox positivo e baixos valores de pH favorecem a metilação a partir de Hg2+. Neste

experimento os valores de potencial redox são positivos e os valores de pH são baixos,

o que justifica a produção de Hgorgânico na fase aquosa e sedimento deste

experimento.

-100 0 100 200 300 400 500 600 700

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0 Anaeróbio Aeróbio

Conc

entr

ação

de

COD

/ m

g L-1

Tempo/ horas

80 160 240 320 400 480 560 640

0,0

1000,0

2000,0

3000,0

4000,0

5000,0 Aeróbio Anaeróbio

Hgt

otal

/ ng

L-1

Tempo/ horas

a bFigura 4.20: Comportamento dos parâmetros a) COD e b) Hgtotal em função do

tempo para a fase aquosa dos microcosmos sob condições aeróbias

(relação água: sedimento seco de 6,4:1,0) e anaeróbias (relação água:

sedimento seco de 6,2:1,0). Esses foram montados com sedimentos do

Lago Iara – AM (região tropical) contaminados com 0,1 % (m/m) de

Hg0.

Na Figura 4.20 observa-se que a concentração de COD teve um pequeno

aumento para a condição anaeróbia e diminuiu para a condição aeróbia. Já o

79

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comportamento do Hgtotal (Figura 4.20 b) devido ao comportamento do Hgreativo e

orgânico sofreu um aumento até o 13º dia e em seguida permaneceu praticamente

constante (condição aeróbia). Para a condição anaeróbia observa-se que a concentração

de Hgtotal continuou aumentando com o tempo até o final do experimento. É

interessante notar que o Hgorgânico começou a ser produzido no microcosmo quando a

quantidade de Hgtotal era máxima.

É importante destacar que ocorre a formação de Hgorgânico à partir de Hg0, este

resultado é de extrema importância para o entendimento do ciclo do Hg. Isto indica que

o Hg0 lançado através da atividade garimpeira pode ser um bom substrato para a

produção de metilmercúrio. Segundo Lacerda et alii (1992) cerca de 1500 a 3000

toneladas de mercúrio já foram lançadas na Amazônia nos últimos 15 anos pela

atividade garimpeira, com cifras de lançamento anual da ordem de 40 a 130 toneladas.

4.5.3 Resultados dos m crocosmos em condições abióticasi .

Estes experimentos merecem atenção especial devido a dificuldade de se

trabalhar em condições estéreis sem alterar as características do sistema. Em

trabalhos realizados por Weber (1998), a metilação abiótica foi observada na

presença de ácidos húmicos e fúlvicos, sendo esta com menor intensidade quando

comparada a metilação biótica. Estes microcosmos permaneceram em condições

abióticas por 12 dias, em seguida foi possível quantificar a presença de bactérias

sulfato redutoras*. A Tabela 4.8 lista os resultados obtidos na tentativa de se

trabalhar em condições abióticas parciais.

80

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TABELA 4.8 Concentrações de alguns parâmetros na fase aquosa dos microcosmos no

início e final do experimento, 35 e 33 dias para meio aeróbio e anaeróbio,

respectivamente.

ÍnicioFinal

AeróbioAnaeróbio

(micro 5) (micro 6)

pH 5,10 � 0,02 4,60 � 0,01 4,40 � 0,01

EH/ mV 474 � 1 473 � 1 272 � 2

COD(a)/ mg L-1 331/331 207/206 149/ 149

Hgtotal/ ng L-1 < 0,02 1531 � 1 1642 � 1

Hgreativo/ ng L-1 < 0,02 208,2 � 1,4 133,9 � 0,1

Hgorgânico/ ng L-1 < 2,0 150,4 � 3,1 223,5 � 11,1

MDG/ ng L-1 - 7,0 � 0,8 7,1 � 0,1

%Hgorgânico - 9,8 13,6

Hgtotal no KMnO4/

ng L-12,3 � 0,0 1300� 1 1100� 1

Perda de Hg0 por

evasão/ ng h-1- 0,11 � 0,01 0,05 � 0,01

(a) Resultados em duplicata.

Comparando a Tabela 4.8 com as Tabelas 4.4 e 4.6 observa-se que a

concentração de COD em experimento estéril apresentou um valor 300 vezes maior

comparado ao experimento em condição biótica. Segundo Matilainen et alii (1991) a

metilação abiótica de Hg é observada na presença de ácidos húmicos e fúlvicos e isto

explica a produção de Hgorgânico nestes experimentos.

81

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TABELA 4.9 Concentrações de alguns parâmetros no sedimento do microcosmo no

início e final do experimento, 35 e 33 dias para meio aeróbio e anaeróbio,

respectivamente.

Ínicio

Final

AeróbioAnaeróbio

(micro 5) (micro 6)

C total(a)/ % 9,5/9,7 9,2/9,4 8,8/8,9

H total(a)/ % 1,8/2,0 1,7/1,5 1,7/1,8

N total(a)/ % 0,5/0,7 1,1/1,2 0,6/0,8

Hgtotal/ mg kg-1 0,09 � 0,4x10-2 943 � 63 1144 � 43

Hgorgânico/ mg kg-1 5,2x10-3� 0,2x10-3 0,70 � 0,01 1,00 � 0,03

% Hgorgânico 0,06 0,08 0,09

(a) Resultados em duplicata.

Por meio da Tabela 4.8, observa-se que a quantidade de Hgreativo é maior em

condição aeróbia. Isto pode ser explicado pois, no final do experimento a concentração

do COD permaneceu em torno de 207 mg L-1 para a condição aeróbia, enquanto que

para a condição anaeróbia foi de 149 mg L-1. Considerando que a quantidade de Hgtotal

(Figura 4.23) para as duas condições aeróbia e anaeróbia foram muito próximas, quanto

menor a concentração de COD, provavelmente maior a interação de Hg2+ com a matéria

orgânica, e portanto menor a quantidade de Hgreativo disponível. Convém ressaltar que

de acordo com Nascimento e Chasin (2001) o Hg2+ se liga fortemente com a matéria

orgânica do sedimento.

Observa-se na Tabela 4.9 que a produção de Hgorgânico foi maior em meio

anaeróbio. Nascimento e Chasin (2001), mostraram que mecanismos abióticos em

82

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sedimentos anaeróbios podem formar até 21 �g kg-1 de metilmercúrio, enquanto a

metilação bioquímica sob condições similares pode formar até 288 �g kg-1.

Através destes experimentos em microcosmos foi possível demonstrar que a

oxidação das espécies de Hg é dependente das características da água ou sedimento,

sendo mais intensa na presença de sedimentos que apresentem maior concentração de

matéria orgânica (sedimento do Lago Iara, Rio Negro). Dois mecanismos diferentes são

observados para a fase aquosa dos microcosmos, sendo estes, o primeiro dependente

da atividade microbiana, principalmente das bactérias sulfato-redutoras, em condição

biótica e meio anaeróbio, enquanto que no segundo, em meio abiótico parcial prevalece

o mecanismo oxidativo por ação da matéria orgânica, provavelmente dos ácidos

húmicos e fúlvicos.

4 6 Normalização dos resultados dos microcosmos.

. .

Com o objetivo de comparar os resultados nos microcosmos sob condições

bióticas e abióticas parciais, foi realizado a normalização de alguns dos resultados

obtidos.

4 6 1 Normalização com relação a massa de sedimento seco

O cálculo de normalização do Hgtotal e Hgorgânico, foi realizado com relação a

massa de sedimento seco utilizada em cada microcosmo:

A Tabela 4.10 ilustra os valores obtidos para normalização de Hgtotal e

Hgorgânico.

83

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TABELA 4.10 Valores normalizados de Hgtotal e Hgorgânico no sedimento.

Condições MicrosHgtotal

mg kg-1 sedsecoHgorgânico/ mg kg-1

sedseco

Aeróbia 2 1890 0,6

Anaeróbia 1 1640 2,4

Aeróbia 4 3401 9,8

Anaeróbia 3 2790 17,9

Aeróbia 5 2684 2,1

Anaeróbia 6 3500 3,2

Antes de discutir os resultados obtidos na normalização, convém ressaltar que os

microcosmos 1,2,3 e 4, foram trabalhados com água e sedimento diferentes. Nos micros

1 e 2, o sedimento utilizado era procedente do Lago Araçá (coleta de 1998) e a água

utilizada era procedente do Rio Negro (coleta de 1996), para os micros 3 e 4, o

sedimento foi procedente do Lago Iara (coleta de 2001) e utilizou-se água ultrapura.

Para os microcosmos 5 e 6, a água e o sedimento utilizado foram os mesmos utilizados

nos microcosmos 3 e 4. Com base nestes resultados foi possível fazer dois tipos de

comparações, primeiro da produção de Hgorgânico em condição biótica para um

experimento com sedimento de água branca (Lago Araçá) e outro com sedimento de rio

de água preta (Lago Iara) e uma segunda comparação entre dois experimentos com

sedimento de lago de água preta, porém um mantido sob condição biótica e o outro sob

condição abiótica parcial. Os resultados normalizados são para o último dia de

experimento, e convém lembrar que estes permaneceram montados por períodos

diferentes.

Com base na Tabela 4.10, observa-se que para os microcosmos 3, 4, 5 e 6, a

produção de Hgorgânico foi maior em condição biótica, o que demonstra a ação da

atividade microbiológica na produção de Hgorgânico. Comparando os experimentos em

84

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condições bióticas e abióticas parciais, observa-se que a produção de Hgorgânico foi

mais intensa sob condicões anaeróbias. Para os experimentos 5 e 6, a concentração de

Hgorgânico foi menos intensa, isto esta relacionado provavelmente ao sedimento ter

permanecido por apenas 12 dias em condições abióticas, à partir de quando foi possível

detectar bactérias sulfato-redutoras, que são responsáveis pela produção de Hgorgânico

em ambiente naturais. Comparando os dois experimentos trabalhados em condições

bióticas é possível dizer que quanto maior a concentração de Corgânico no sedimento

maior a produção de Hgorgânico, indicando a importância deste componente.

4.6.2 Normalização com relação a quantidade de carbono orgânico presente

no sedimento.

A metilação é dependente de inúmeros fatores e entre eles a matéria orgânica, o

que indica que neste experimento ela pode ser um dos fatores determinantes na

explicação de ocorrência de maior produção de Hgorgânico. Para avaliar a influência

deste fator na produção de Hgorgânico, realizou-se uma segunda normalização apenas

para o Hgorgânico com relação a concentracão de carbono orgânico presente no

sedimento.

85

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1 2 3 4 5 6

01020304050

100

150

200

36

23

188

103

56

25

Micro 6Micro 5

Micro 4Micro 3

Micro 2

Micro 1

Con

cent

raçã

o de

Hgo

rgân

ico/

mg

kg-1 c

arbo

no o

rgân

ico

Figura 4.21 Distribuição dos valores normalizados de Hgorgânico no sedimento com

relação a carbono orgânico.

Os valores normalizados para Corgânico (Figura 4.21), mostram que a produção

de Hgorgânico é maior em condição biótica quando o sedimento apresenta maior

concentração de Corgânico. Convém ressaltar que a produção de Hgorgânico tanto para

condição aeróbia quanto anaeróbia no experimento em condição biótica, foi

aproximadamente 4 vezes maior para sedimento que apresenta maior concentração de

Corgânico. Esta produção de Hgorgânico foi proporcional à quantidade de Corgânico

presente nestes sedimentos. Para os microcosmos 1 e 2 (Corgânico = 2,5 %), 3 e 4

(Corgânico = 9,5%), conclui-se portanto que a concentração de Corgânico no

sedimento pode ser um dos principais fatores responsáveis pela produção de

Hgorgânico para sedimentos do Lago Iara e Lago Araçá.

4 7 Taxa de produção de Hgorgânico.

Com base nos valores normalizados foi possível discutir o comportamento dos

microcosmos. A partir dos resultados da Tabela 4.10 foi possível calcular a produçãode

86

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Hgorgânico no sedimento do experimento e estes resultados encontram-se ilustrados na

Tabela 4.11.

TABELA 4.11 Porcentagens de Hgorgânico com base no Hgtotal e produção de

Hgorgânico no sedimento dos microcosmos.

Sedimento

Porcentagem de Taxa de produção Hgorgânico/% de Hgorgânico

(base seca)/ �gkg-1 dia-1

Micro 1 0,03 22,2

Micro 2 0,20 104,3

Micro 3 0,30 280,0

Micro 4 0,70 617,2

Micro 5 0,07 60,0

Micro 6 0,09 97,0

Os resultados da Tabela 4.11, mostram que a porcentagem de Hgorgânico no

sedimento foram maiores para a condição anaeróbia (micros 2, 4 e 6). Este resultado

pode ser explicado devido a ação das bactérias sulfato-redutoras em condições

anaeróbias.

87

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TABELA 4.12 Taxa de metilação em águas naturais e sedimentos registrados na

literatura.

Tipo de amostra/ região Taxa de metilação e porcentagem de

metilmercúrio Referência

Água/sedimento com adição de 0,7�g Hg g-1

(período de 21-38 dias) - aeróbio

Água = 66,5 %

Sedimento = 11,3%

Guimarães et alii, 2000

Água/sedimento com adição de 0,7�g Hg g-1

(período de 21-38 dias) - anaeróbio

Água = 44,1 %

Sedimento = 4,2 %

Guimarães et alii, 2000

Rio Tapajós – sedimento – estação seca 0,2-0,42% Guimarães et alii, 2000

Rio Minamata – Japão Contaminados com203HgCl2 Sedimento (28 dias)

0,83- 1,39 ng g-1 dia-1 Ikingura et alii, 2000

Sedimento do Lago Ontário, Canadá, enriquecido

com sulfato e contaminado com 0,2% de Hg

inorgânico (18 horas).

2,1 ng g-1 dia-1 Hintelmann et alii, 2000

Sedimento do Lago Ontário, Canadá, enriquecido

com sulfeto e contaminado com 0,2% de Hg

inorgânico (18 horas).

0,3 ng g-1 dia-1 Hintelmann et alii, 2000

Sedimento do Lago Ontário, Canadá, enriquecido

com cloreto e contaminado com 0,2% de Hg

inorgânico (18 horas).

1,4 ng g-1 dia-1 Hintelmann et alii, 2000

Estuário Scheldt, com adição de 1 �g Hg(NO3)2

por litro de sedimento1-2% do Hg2+ Leermakers et alii, 1993

Sedimentos anaeróbios autoclavados (0,05 g para

20 mL) foram contaminados com 10 ng de Hg2+

(como HgCl2)

9,6% do Hg2+, correspondente a 959 pg de

metilmercúrioWeber et alii, 1998

Sedimento do Rio Madeira, acima do Rio Mutum-

Paraná 15-24 h incubados com 2�g de 203Hg para

100 mL de amostra

6,2 (5,1 – 7,3) x 10-5

% g-1h-1

Guimarães et alii, 1995

Rio Madeira, acima da queda do Rio Teotônio 15-

24 h incubados com 2�g de 203Hg para 100 mL de

amostra

1,5 (1,4 – 1,6) x 10-3

% g-1h-1

Guimarães et alii, 1995

Tio Mutum-Paraná 15-24 h incubados com 2�g de203Hg para 100 mL de amostra

1,0 (0,84 – 1,2) x 10-2

% g-1h-1 Guimarães et alii, 1995

Rio Jamari (aproximadamente 500 m do

reservatório Samuel) 15-24 h incubados com 2�g

de 203Hg para 100 mL de amostra

6,6 (3,2 – 10) x 10-1

% g-1h-1

Guimarães et alii, 1995

Solos da Flórida (20 mL) foram contaminados

com 1 �g de 203Hg2,30 – 48,60, ng g-1 dia-1 Vaithiyanathan et alii,

1996

88

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Continuação da tabela 4.12 Sedimento do Gulf breeze, na Flórida com spike

de 20 ng de Hgtotal. 12 % dia-1 Stordal e Gill,

1995

Sedimentos do Lago do norte de Wisconsin

contaminado com 1,2 ng de Hg por g de

sedimento.0,1 a 0,4 �g/ m2 dia Gilmour e Riedel,

1995

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 7, 25ºC

e não esterilizado.

96,0 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 7, 25ºC

e esterilizados.

0,7 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 2, 25ºC

e não esterilizado.

3,4 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 14, 25ºC

e não esterilizado.

< 3,0 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 2, 60ºC

e não esterilizado.

5,0 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 7, 60ºC

e não esterilizado.

15,7 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 7, 60ºC

e esterilizado.

3,0 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

89

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Sedimentos anaeróbios de água salgada de Nova

Jersey, EUA. Estes foram contaminados com 10

g/g de HgCl e mantidos por 3 dias em pH 14, 60ºC

e não esterilizado.

< 3,0 ng g-1 sed seco dia-1 Berman e

Bartha, 1986

Sedimento do Lago Iara em meio aeróbio e

condição biótica com 0,1% (m/m) de Hg (0).280,0 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

Sedimento do Lago Iara em meio aeróbio e

condição ““abiótica”” com 0,1% (m/m) de Hg (0).60,0 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

Sedimento do Lago Araça em meio aeróbio e

condição biótica com 0,1% (m/m) de Hg (0).22,2 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

Sedimento do Lago Araçá em meio anaeróbio e

condição biótica com 0,1% (m/m) de Hg (0).104,3 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

Sedimento do Lago Iara em meio anaeróbio e

condição biótica com 0,1% (m/m) de Hg (0).617,2 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

Sedimento do Lago Iara em meio anaeróbio e

condição ““abiótica”” com 0,1% (m/m) de Hg (0).97,0 �g kg-1 sed seco dia-1 Este trabalho*

* Os resultados aqui apresentados são para produção de Hgorgânico e não de metilmercúrio.

A Tabela 4.12 mostra que a produção de Hgorgânico neste trabalho foi bem

maior que os valores apresentados na literatura, isto pode ser explicado pois os

resultados apresentados na literatura são para incubações realizadas com Hg inorgânico

em concentrações da ordem de 10 �g, já neste trabalho foi utilizado Hg0 na

concentração de 0,1% (m/m). Um outro fator é que os valores apresentados na

literatura são para produção de metilmercúrio enquanto neste trabalho é para

Hgorgânico e também que os sedimentos utilizados são de locais diferentes.

4.8 Determinação de Hgorgânico em amostras de água coletadas em

expedição para a Bacia do Rio Negro, Amazônia, no per odo de

24/01/02 a 04/02/02

í

Os resultados obtidos nesta campanha representam os primeiros valores obtidos

de Hgorgânico para esta bacia, bem como a aplicação do método desenvolvido neste

projeto em amostras naturais.

90

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4.8.1 Resu tados obtidos de Hgorgânico no Igarapé Arupiaú l

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

21,0

24,0

27,0

30,0

33,0

CO2/ mol L-1

COT/ mgl L-1

pHCondutividade/ �S

OD/ mg O2 L-1

T Hgorganico/ ng L-1

Parâ

met

ros

dete

rmin

ados

Figura 4.22 Variação dos parâmetros determinados em vários pontos do Igarapé

Arupiaú, sendo OD, oxigênio dissolvido; T, temperatura; COT, carbono

orgânico total e CO2, dióxido de carbono.

A Figura 4.22 ilustra o comportamento de vários parâmetros determinados em

quatro pontos coletados, durante o percurso do Igarapé Arupiaú. Convém ressaltar que

na Bacia do Rio Negro são raros os Igarapés que apresentam águas brancas. O Igarapé

Arupiaú apresentava cor preta para os pontos 1 e 2 e cor branca para os pontos 3 e 4.

Devido a este motivo esta coleta teve como objetivo avaliar as características deste

Igarapé e a possível transição entre a água preta e branca para desta forma inferir a

respeito da dinâmica do Hgorgânico neste Igarapé. Os resultados ilustrados indicam que

houve um comportamento similar entre COT e Hgorgânico. O parâmetro pH ilustrou que

os pontos 3 e 4 foram os que mais se aproximaram das características de águas

brancas, com pH de 5,7 e 5,9 (pH 7,0 e 4,5 para água branca e preta,

respectivamente).

91

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Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

0,00,30,60,91,21,51,85,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

Hgtotal Hgreativo Hg.orgânico

Espé

cies

de

Hg/

ng L

-1

Figura 4.23 Variação das espécies de Hg ao longo do Igarapé Arupiaú.

A Figura 4.23, ilustra que a concentração de Hgreativo e Hgorgânico decrescem

conforme o Igarapé é percorrido do ponto 1 ao 3. O ponto 3 apresenta características

intermediárias entre águas branca e preta, indicando que o estoque de Hgorgânico é

diferente para águas brancas e pretas. Na Figura 4.23, não foi apresentado os

resultados para o ponto 4, pois ocorreu um problema de contaminação, provavelmente

devido ao motor de popa.

4.8.2 Resu tados obtidos de Hgorgânico no Lago Iara l

O lago Iara é um lago típico de águas pretas, rico em matéria orgânica e pH

ácido (4,8), estas características são excelentes para a metilação (Baeyens et alii, 1996).

A Figura 4.24 ilustra que não ocorre correlação entre COT e Hgorgânico, para o perfil

temporal no Lago Iara, isto pode ser explicado devido a concentração de Hgorgânico ser

resultado dos processos de metilação e desmetilação que variam rapidamente em

ambientes naturais devido serem governados por uma série de fatores; entre eles: pH,

microorganismos, temperatura, salinidade, matéria orgânica, luz solar e outros.

92

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9h 12h 17:40 h 23:50 h 6:35 h 12 h0,00,30,60,91,21,51,8

5,0

10,0

15,0

20,0 Hgorg/ ng L-1

COT/ mg L-1

Figura 4.24 Variação temporal na concentração de Hgorgânico e matéria orgânica

(COT), no Lago Iara.

9h 12h 17:40 h 23:50 h 6:35 h 12 h0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,05,5

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0 Hg.orgânico/ ng L-1

CO2/ mol L-1

OD/ mg L-1 T pH Condutivida/�S COT/ mg L-1

Parâ

met

ros

dete

rmin

ados

Figura 4.25 Variação temporal de todos os parâmetros analisados no Lago Iara.

A Figura 4.25 ilustra o comportamento temporal dos vários parâmetros

analisados no Lago Iara e indica que não ocorreu uma variação significativa entre os

parâmetros avaliados.

93

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9h 12h 17:40 h 23:50 h 6:35 h 12 h

0,40,60,81,01,21,41,61,82,06,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

Hgtotal HgreativoHg-orgânico

Espé

cies

de

Hg/

ng

L-1

-3

-2

-1

0

0,0 0,4 0,8 1,2 1,6 4 6 8 10 1

Hgtotal Hgreativo Hgorgânico

Concentração das espécies de Hg/ ng L-1

Prof

undi

dade

/ m

a b

Figura 4.26 Variação da concentração das espécies de Hg determinadas no Lago Iara

para a) perfil temporal e b) perfil espacial, para coleta realizada em

Janeiro/2002.

A Figura 4.26 ilustra, que a concentração de Hgreativo é menor que a

concentração de Hgorgânico tanto para o perfil espacial quanto temporal. Por meio

da figura 4.26a, observa-se que a concentração de Hgorgânico aumenta durante a

noite tendo um pico máximo às 23:50 h, este resultado está de acordo com os

resultados apresentados por Sellers et alii (1996) que demonstraram que o

metilmercúrio pode ser fotodegradado na superfície das águas, sendo este um

processo abiótico e de primeira ordem com relação à concentração de metilmercúrio

e a intensidade da radiação solar. A luz solar, pode transformar o metilmercúrio em

Hg (II) e Hg0. Devido a este motivo, esperava-se que a concentração de Hgorgânico

fosse maior durante a noite. Os resultados para o perfil espacial (Figura 26 b)

mostram que a concentração de Hg é menor na superfície do lago e aumenta com a

profundidade, indicando que este deve estar sendo fotodegradado na superfície das

águas. Convém ressaltar que estes resultados são exploratórios e inéditos para a

Bacia do Rio Negro, necessitando portanto de serem confirmados em nova

expedição.

94

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4.8.3 Resultados obtidos de Hgorgânico no Rio Branco e Lago Araçá

��Rio Branco

TABELA 4.13 Valores encontrados para Rio Branco, para amostras coletadas no dia

30/01/02 as 12 h e 22:05 h.

RioBranco

TOC/

mg L-1

pH T/�C

Cond/

�S

OD/

mg L-1

CO2/

�mol L-1

Hgtotal/

ng L-1

Hgreat/

ng L-1

Hgorg/

ng L-1

%

Hgorg

12:00 h 1,9 7,3 30,5 29,1 4,9 124,0 3,4 1,6 0,07 2,1

22:05 h 1,7 7,4 29,6 29,6 6,4 128,0 3,7 1,8 0,13 3,5

O Rio Branco é um rio típico de águas brancas cujo valor de pH é ao redor de

7,0, a condutividade por volta de 30,0 �S cm-1 e TOC 1,5 mg L-1. De acordo com a

literatura, estas características não são ideais para a metilação, portanto espera-se que

concentração de Hgorgânico nestas águas não seja elevada.

Analisando a Tabela 4.13, observa-se que a concentração de Hgorgânico é

relativamente baixa (aproximadamente 0,1 ng L-1 quando comparada a concentração

encontrada em rios de águas pretas como o Lago Iara).

��Lago Araçá

Os resultados obtidos para o Lago Araçá encontram-se listados na Tabela 4.14.

TABELA 4.14: Valores encontrados para amostras coletadas no Lago Araçá para no dia

31/01/02 as 22:05 h.

LagoAraçá

COT/

mg L-

1

pH

T/

�C

Cond/

�S

OD/

mg L-1

CO2/

�mol L-

1

Hgtotal/

ng L-1

Hgreat/

ng L-1

Hgorg/

ng L-1

%

Hgorg

12:00h

4,3 6,5

29,9

7,7 4,3 21,6 7,4 0,6 0,27 3,6

O lago Araçá, é um lago de águas brancas, porém nesta campanha apresentou

influência das águas pretas, o que pode ser observado através dos valores de Hgtotal

95

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(próximo ao valor encontrado para o Lago Iara – água preta) e COT, que apresenta um

valor intermediário entre os valores encontrados para águas branca e preta.

4.8.4 Recuperação do meti mercúr o adicionado nas amostras coletadas na

Bacia do Rio Negro

l i

Considerando que a determinação de Hgorgânico não pode ser feita logo após a

coleta, preocupou-se com a possibilidade de perda do Hgorgânico durante o transporte

das amostras para o laboratório, sendo que para isto foram realizados testes de

recuperação do metilmercúrio adicionado as amostras e no diclorometano (solvente que

compõe a fase orgânica). Os valores obtidos para este teste encontram-se ilustrados na

Tabela 4.15.

TABELA 4.15 Porcentagens de recuperação do metilmercúrio (10 ng L-1) adicionado

nas diversas matrizes de água analisadas.

AmostrasRecuperação do metilmercúrio

adicionado/ %

Rio Branco 95,9

Lago Iara (27/01/02 – 14 h) 89,4

Lago Araçá 91,4

Igarapé (Ponto 3) 80,8

Adição na fase orgânica 80,9

Os resultados ilustrados na Tabela 4.15 indicam que não houve perda de

Hgorgânico durante o armazenamento e transporte dos extratos contendo esta espécie,

pois a recuperação do metilmercúrio adicionado foi cerca de 81-96 %.

96

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4.8.5 Porcentagem de Hgorgânico encontrado nas amostras de água da Bacia

do Rio Negro

A Tabela 4.16 ilustra a porcentagem de Hgorgânico para os reservatórios

aquáticos analisados durante a expedição para a Bacia do Rio, em Janeiro de 2001.

TABELA 4.16 Porcentagens de Hgorgânico frente ao estoque de Hgtotal para águas na

Bacia do Rio Negro.

Pontos de

amostragem

Hgtotal

/ ngL-1

Hgorgânico

/ ngL-1 %Hgorgânico

Igarapé (Ponto 1) 7,8 1,30 17,0

Igarapé (Ponto 2) 6,6 0,90 14,0

Igarapé (Ponto 3) 7,3 0,20 3,0

Lago Iara 10,3 1,20 11,0

Lago Araçá 7,4 0,27 3,6

Rio Branco 3,4 0,07 2,0

Através da Tabela 4.16, observa-se que o estoque de Hgorgânico foi maior em

reservatórios de águas pretas, devido este apresentar características essenciais para a

metilação (pH ácido e COT elevados). Estes valores apresentados são para Hgorgânico e

segundo Coquery et alii, 1997, o metilmercúrio corresponde a menos que 5% do

mercúrio total em águas marinhas e estuarias, porém em águas doces e de rios a

concentração de metilmercúrio possa chegar a 30% da concentração do Hgtotal (Kudo

et alii, 1982).

97

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TABELA 4.17 Concentração e porcentagem de metilmercúrio em águas naturais e

sedimentos registrados na literatura.

Tipo de amostra/ região Metilmercúrio/ ng L-1 Referência

Rio Tapajós, Brasil (água

filtrada)0,02-0,03 (< 5% Hgtotal) Roulet et alii, 2000

Rio Tapajós, Brasil (água

filtrada) - Igapó 0,07-0,24 (3-22% Hgtotal) Roulet et alii, 2000

Rios no Sul da Flórida < 0,03-52% Hgtotal Kannan et alii, 1998

Águas de lagos

anaeróbios58% Hgtotal Gilmour e Henry, 1991

Água doce da Califórnia 25-80% Hgtotal Gill e Bruland, 1990

Águas de Lagos no

Nordeste de Wisconsin,

região de Vilas County

4-53% Hgtotal Watras et alii, 1995

Igarapé (Ponto 1) 1,3 (17,0% Hgtotal) Este trabalho*

Igarapé (Ponto 2) 0,9 (14,0% Hgtotal) Este trabalho*

Igarapé (Ponto 3) 0,2 (3,0% Hgtotal) Este trabalho*

Lago Iara 1,5 (11,0% Hgtotal) Este trabalho*

Lago Araçá 0,3 (3,6% Hgtotal) Este trabalho*

Rio Branco 0,1 (2,0% Hgtotal) Este trabalho*

* Estes resultados são para Hgorgânico e não metilmercúrio.

Os resultados listados na Tabela 4.17 mostram que a concentração de

metilmercúrio em águas pode chegar a 53% da concentração de Hgtotal. Os valores

encontrados para rios da Bacia do Rio Negro chegaram a apresentar o valor máximo de

17%, estando bem abaixo dos valores encontrados para lagos e rios de outros países.

98

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5 Conclusões

Este estudo contribuiu para o entendimento de uma das etapas de maior

importância no ciclo do Hg que é a produção de Hgorgânico em água e sedimento à

partir de Hg0 além de gerar resultados inéditos de Hgorgânico para alguns lagos e rios

da Bacia do Rio Negro, Amazônia.

Dois métodos foram adaptados para a determinação de Hgorgânico em amostras

de água e sedimento utilizando o CVAFS como método de quantificação e metilmercúrio

como composto modelo nas determinações. O estudo de interferentes mostrou que a

extração de Hgorgânico na presença de 0,0 a 20,0 ng L-1 de Hg2+, 700 ng L-1 de Hg0 e

0,0 a 30,0 mg L-1 de ácido húmico, não geram falsos positivos. Os testes de

recuperação para todas as matrizes apresentaram valores que tornaram os

procedimentos adequados para as determinações de Hgorgânico em amostras naturais.

Para as amostras de água este valor variou de 90-110% e para as amostra de

sedimento 57-110%.

Os resultados apresentados através dos microcosmos em condições bióticas

indicam que o Hg0 é transformado em Hgorgânico rapidamente quando em condições

aeróbias ou anaeróbias, sendo mais intenso nesta última. Através dos resultados obtidos

pode-se inferir que a produção de Hgorgânico em condições aeróbias e anaeróbias deve

seguir um mecanismo simples de oxidação do Hg0 pelo oxigênio ou bactérias e em

seguida a sua transformação para Hgorgânico.

A produção de Hgorgânico no sedimento foi mais intensa para as condições

anaeróbias, em todos os experimentos em microcosmos realizados. A produção de

Hgorgânico em condições anaeróbias e meio biótico foi de 617 �g kg-1 sed seco dia-1.

Conclui-se que a taxa de produção de Hgorgânico foi maior em sedimento contendo

maior teor de carbono orgânico.

Foi verificado também a dificuldade em se trabalhar em condições estéreis, sem

alterar as características do sedimento de maneira que fosse possível comparar os

resultados da produção de mercúrio orgânico em condições bióticas e abióticas. Conclui-

se que é praticamente impossível trabalhar em condições estéreis sem alterar as

100

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características do meio, pois ao autoclavar o sedimento a concentração de carbono

orgânico total na fase aquosa aumentou em torno de 330 vezes, facilitando a produção

de Hgorgânico.

Convém ressaltar que na Amazônia (região tropical), as águas do Rio Negro

apresentam valores baixos de pH, além de altas concentrações de matéria orgânica e

alta densidade de microorganismos. Estas condições encontradas no Rio Negro são

ideais para produção de Hgorgânico a partir de Hg0 conforme apresentado neste

trabalho.

Conclui-se, frente aos resultados obtidos que a produção de Hgorgânico ocorre à

partir do Hg0 em condições aeróbias e anaeróbias em água e sedimento. Além disto,

observou-se que em águas brancas na Bacia do Rio Negro, a concentração de

Hgorgânico é da ordem de 2,5% do estoque total de Hg frente a 10 % para águas

pretas nesta mesma bacia. Este resultado é de extrema importância para auxiliar no

entendimento do ciclo do Hg na natureza, uma vez que o metilmercúrio

(aproximadamente 70 % do Hgorgânico) constitui a etapa chave para o entendimento

do ciclo do Hg.

101

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102

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6. Perspectivas para trabalhos futuros

Com este trabalho foi demonstrado que o mercúrio metálico em água e

sedimento pode ser transformado em Hgorgânico sob condições aeróbias e anaeróbias.

Além disto, observou-se que em águas brancas na Bacia do Rio Negro, a concentração

de Hgorgânico é da ordem de 2,5% do estoque total de Hg frente a 10 % para águas

pretas nesta mesma bacia. Para melhor esclarecimento dos fatores que influenciam a

formação de Hgorgânico a partir de Hg0 poderiam ser realizados:

��Intensificar trabalhos de campo, realizando outras campanhas na Bacia do Rio

Negro, e desta maneira conhecer mais detalhadamente qual o estoque de

Hgorgânico nos rios da Amazônia e seus impactos na população.

��Realizar um acompanhamento da variação sazonal do Hgorgânico na Bacia do Rio

Negro, procurando entender o papel do regime hídrico na metilação deste metal.

��Avaliar a influência da luz solar na produção de Hgorgânico em águas pretas e

brancas na Bacia do Rio Negro.

��Avaliar a produção de Hgorgânico a partir dos substratos Hg0 e Hg2+, em

microcosmos.

103

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8. Ensaios de proficiência do LQA para determinação de Hgtotal

Visando avaliar a fidedignidade dos resultados gerados de Hgtotal quantificados

por utilização do CVAAS neste trabalho, o LQA participou de um programa de

proficiência de Hg realizado pela Canadian Food Inspection Agency.

Em janeiro de 2002, recebemos quatro amostras de peixes certificadas, enlatadas

e enumeradas de 308 a 311. Estas latas foram abertas com auxílio de um abridor de

latas novo. Durante todo o procedimento de extração e quantificação do Hgtotal foram

tomados todos os cuidados necessários para que não houvesse contaminação das

amostras. Em maio de 2002 recebemos mais quatro amostras de peixe certificadas,

enlatadas e enumeradas de 312 a 315.

Conforme sugerido, a determinação de Hgorgânico foi realizada em triplicata e

em dois dias diferentes. O método para digestão das amostras foi obtido através do site

do próprio programa (www.inspection.gc.ca) e consistiu na pesagem de 0,1 – 0,5 g de

amostra. Em seguida foi adicionado 5 mL da solução ácida (500 mL de HNO3 e 2000 mL

de H2SO4). Os erlenmayers foram levados ao aquecimento a 60 ºC por 2 horas até a

digestão ter sido completa (digestão deve estar clara). Logo após os erlenmayers foram

retirados do aquecimento e então resfriados. Lentamente foram adicionados 15 mL de

KMnO4 6% (m/v) com agitação contínua em um banho de gelo e em seguida os

erlenmayers foram mantidos por 2 h em repouso. O excesso de permanganato de

potássio foi titulado pela adição de H2O2 30 % (v/v) até a solução ficar clara. Em

seguida foram adicionados 21 mL de água destilada para cada tubo. O volume foi

ajustado para 50 mL e as leituras de Hgtotal foram determinadas por utização de um

sistema FIA acoplado ao CVAAS, descito segundo Pasquini et alii (1988).

O LQA foi enumerado pela Agência como laboratório de número M101. Os

resultados da calibracão foram enviados pela Agência na forma de relatório. Este

apresentava o valor dos z-escores para cada amostra de cada laboratório (participaram

desta calibração 44 laboratórios) e estes foram interpretados da seguinte maneira:

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a) � z� <= 2 Satisfatório

b) 2< � z� <= 3 Questionável

c) � z� > 3 Insatisfatório

Os resultados obtidos para as amostras analisadas no LQA, encontram-se

ilustrados na Tabela 9.1.

TABELA 9.1 Valores obtidos de Hgtotal para as amostras certificadas de peixe

analisadas no LQA.

Amostras � z�

308 2,696

309 1,901

310 1,108

311 1,930

312 0,429

313 -1,688

314 0,198

315 1,125

133