Produção de Mudas em Espécies Lenhosas

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  • Documentos 130

    Ivar WendlingLeonardo Ferreira DutraFernando Grossi

    Produo de Mudasde Espcies Lenhosas

    Colombo, PR2006

    ISSN 1517-526X

    Novembro, 2006Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa FlorestasEmbrapa FlorestasEmbrapa FlorestasEmbrapa FlorestasEmbrapa FlorestasMinistrio da Agricultura e do AbastecimentoMinistrio da Agricultura e do AbastecimentoMinistrio da Agricultura e do AbastecimentoMinistrio da Agricultura e do AbastecimentoMinistrio da Agricultura e do Abastecimento

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa FlorestasEstrada da Ribeira, km 111 - CP 31983411-000 - Colombo, PR - BrasilFone / Fax: (41) 3675-5600Home page: www.cnpf.embrapa.brE-mail: [email protected] reclamaes e sugestes Fale com o Ouvidor:www.embrapa.br/ouvidoria

    Comit de Publicaes da Unidade

    Presidente: Luiz Roberto GraaSecretria-Executiva: Elisabete Marques OaidaMembros: lvaro Figueredo dos Santos, Edilson Batista de Oliveira,Honorino Roque Rodigheri, Ivar Wendling, Maria Augusta DoetzerRosot, Patrcia Pvoa de Mattos, Sandra Bos Mikich, Srgio Ahrens

    Supervisor editorial: Luiz Roberto GraaRevisor de texto: Mauro Marcelo BertNormalizao bibliogrfica: Elizabeth Cmara Trevisan

    Lidia Woronkoff

    Fotos: Arquivo Embrapa FlorestasEditorao eletrnica: Mauro Marcelo Bert

    1a edio - 1a impresso (2006): 1000 exemplares

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou emparte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao - CIPEmbrapa Florestas

    Wendling, Ivar.

    Produo de mudas de espcies lenhosas [recurso eletrnico/ Ivar Wendling, Leonardo Ferreira Dutra, Fernando Grossi. -Dados eletrnicos. Colombo: Embrapa Florestas, 2006.

    1 CD-ROM. - (Documentos / Embrapa Florestas, ISSN1517-526X ; 130)

    1. Muda - Produo. 2. Espcie florestal. 3. Reproduovegetal. 4. Viveiro florestal. I. Dutra, Leonardo Ferreira. II.Grossi, Fernando. IV. Ttulo. V. Srie.

    CDD (21. ed.) 634.9562

    Embrapa 2006

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 3

    Ivar WendlingEngenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador daEmbrapa Florestas.

    [email protected]

    Leonardo Ferreira DutraEngenheiro Agrnomo, Doutor, Pesquisador da

    Embrapa [email protected]

    Fernando GrossiEngenheiro Florestal, Doutor, Professor da

    Universidade Federal do [email protected]

    Autores

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 5

    Apresentao

    O objetivo principal desta publicao servir de material didtico de apoio aosCursos de Viveiro e Produo de Mudas realizados pela Embrapa Florestas eUniversidade Federal do Paran.

    A presente publicao a segunda verso, atualizada e ampliada com basenas principais questes e demandas levantadas durante os 20 cursos jrealizados, de 2002 at julho de 2006.

    Com esta publicao, os autores objetivam tambm a prestao de umahomenagem pstuma ao pesquisador e engenheiro florestal Mrcio PinheiroFerrari, o qual teve importante participao no lanamento da semente queresultou nesta srie de cursos j realizados.

    Srgio GaiadChefe de Pesquisa e Desenvolvimento

    Embrapa Florestas

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas6

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 7

    Sumrio

    1 PLANEJAMENTO DAS INSTALAES PARA PRODUO DE MUDAS ...... 09

    1.1 Instalao de um viveiro ............................................................ 10

    1.1.1 Tipos de viveiro ............................................................... 10

    1.1.2 Escolha do local ............................................................... 10

    1.1.3 rea do viveiro ................................................................ 11

    1.1.4 Instalaes necessrias ..................................................... 11

    1.1.5 Ferramentas, mquinas, equipamentos e outros materiais

    necessrios ................................................................. 12

    1.1.6 Recipientes ..................................................................... 12

    1.1.7 Substratos ...................................................................... 12

    1.1.8 Adubao de cobertura das mudas ..................................... 16

    1.1.9 Parmetros de qualidade das mudas ................................... 17

    1.1.10 Pragas, doenas e ervas daninhas .................................... 17

    1.1.11 Transporte das mudas para plantio ou venda ..................... 19

    2 TCNICAS DE PRODUO DE MUDAS................................................. 20

    2.1 Propagao sexuada ................................................................. 20

    2.1.1 Quebra de dormncia e teste de germinao ........................ 20

    2.1.2 Semeadura em canteiros ................................................... 21

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    2.1.3 Semeadura direta nos recipientes ....................................... 22

    2.1.4 Desbaste, repicagem, irrigao e dana ............................... 22

    2.1.5 Rustificao, seleo e podas de formao .......................... 24

    2.2 Propagao vegetativa .............................................................. 24

    2.2.1 Estaquia .......................................................................... 25

    2.2.2 Miniestaquia .................................................................... 26

    2.2.3 Mergulhia ........................................................................ 28

    2.2.4 Enxertia .......................................................................... 29

    2.2.5 Micropropagao ............................................................. 33

    3 LITERATURA COMPLEMENTAR ........................................................... 50

    4 ANEXO ............................................................................................. 52

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 9

    Produo de Mudas deEspcies LenhosasIvar WendlingLeonardo Ferreira DutraFernando Grossi

    1 PLANEJAMENTO DAS INSTALAES PARA PRODUO DE MUDAS

    O local destinado produo de mudas uma rea com caractersticasprprias, destinada produo, ao manejo e proteo das mudas atque tenham caractersticas adequadas para serem transplantadas nolocal definitivo (praas, jardins, pomares, reflorestamentos, etc.), resistirs condies adversas do local de crescimento e apresentar um bomdesenvolvimento.

    O xito de um projeto, quer tenha a finalidade de ornamentao,produo de frutos, florestas ou arborizao, depende diretamente daqualidade das mudas produzidas e do sistema de produo a ser adotado,se sexuado ou assexuado, e esta depende de condies adequadas, quersejam de instalaes e manejo. No caso da propagao assexuada, sonecessrias condies mais controladas para a fase inicial do processo,como casa de vegetao com umidade e temperatura controladas. Nocaso da propagao sexuada, as estruturas para proteo das mudas nafase inicial, em geral, so mais simples.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas10

    1.1 Instalaes de um viveiro1.1.1 Tipos de viveiro

    Quanto sua durao, os viveiros podem ser classificados em temporrios epermanentes, e quanto a proteo do sistema radicular, em viveiros com mudasde raiz nua e em recipientes.

    Os viveiros temporrios destinam-se produo de mudas em determinado localdurante apenas certo perodo e, cumprindo as finalidades a que se destinaram,so desativados. Esses viveiros so de instalaes simples, geralmente dentroda rea de plantio (reflorestamentos, pomares frutferos, grandes projetospaisagsticos etc.), visando reduo de custos de transporte das mudas emelhor adaptao das mesmas s condies climticas do local.

    Os viveiros permanentes tm por finalidade produzir mudas durante muitosanos, e por isso, requerem planejamento muito mais cuidadoso, uma vez quesuas instalaes so mais sofisticadas e onerosas, para suportar maior perodode produo de mudas. Geralmente, esse tipo de viveiro instalado prximoaos centros consumidores de mudas, razo pela qual possuem maioresdimenses que o viveiro temporrio. A rea do viveiro dividida em reas parabenfeitorias, de produo de mudas e de crescimento ou viveiro de espera, queobjetiva conduzir as mudas at atingirem tamanhos adequados para objetivosespecficos (arborizao urbana, praas, jardins, pomares, florestas etc.).

    As mudas de razes nuas so aquelas que no possuem proteo para o sistemaradicular no momento do plantio. A semeadura feita diretamente noscanteiros e as mudas so retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado deevitar danos s razes, insolao direta, vento, evitando-se o ressecamento dasrazes e a morte das mudas.

    As mudas produzidas em recipientes apresentam o sistema radicular protegido,ou seja, envolto em um substrato que o recipiente contm. Os recipientes,quando biodegradveis (palha, papel, embalagens hidrossolveis), podem serplantados com as mudas. Porm, para embalagens no biodegradveis, oprocedimento correto para o plantio o de retirar a muda da embalagem paraliberar as razes e facilitar o pegamento.

    1.1.2 Escolha do local

    Na escolha do local para instalao do viveiro, os principais pontos a seremconsiderados so:

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 11

    1) disponibilidade de gua em qualidade e quantidades satisfatrias;

    2) facilidade de acesso;

    3) proximidade da rea de plantio e/ou comercializao;

    4) boa disponibilidade de mo-de-obra;

    5) local bem arejado e ensolarado;

    6) solo com boa drenagem;

    7) localizao meia encosta;

    8) a rea deve ser plana ou com at 3% de declividade;

    9) a rea deve ser livre de ervas daninhas de difcil controle e deplantas que promovam o sombreamento das mudas.

    1.1.3 rea do viveiro

    A rea necessria para instalao de um viveiro depende do nmero e tipo deplantas a serem produzidas, do tamanho das embalagens a serem utilizadas,do percentual de germinao da semente ou de enraizamento, das perdasprovenientes das selees, da repicagem (quando for o caso) etc.

    Num viveiro bem planejado, a rea produtiva, ou seja, a rea dos canteiros ou derecipientes, dever possuir sempre em torno de 50% a 60% da rea total, sendoo espao restante destinado a caminhos, ruas, estradas, galpes, construesem geral e rea para preparo do substrato e enchimento das embalagens.

    1.1.4 Instalaes necessrias

    O tipo e tamanho da infraestrutura necessria para a instalao de um viveirovaria de acordo com o objetivo a que se prope. Algumas estruturas, como ascasas de vegetao (estufa) e as casas de sombra (sombreadas) oferecemcondies climticas controladas para o crescimento das mudas, o que extremamente importante, principalmente para as espcies mais sensveis aofrio e ao calor. Entre as principais instalaes, pode-se citar:

    casa do viveirista;

    galpo semi-aberto para trabalho em dias chuvosos;

    tanque ou caixa dgua para irrigao;

    depsito para insumos;

    almoxarifado para ferramentas e equipamentos;

    local de produo (sementeiras e/ou embalagens);

    casa de vegetao e casa de sombra.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas12

    1.1.5 Ferramentas, mquinas, equipamentos e outros materiais necessrios

    Variam de acordo com a tecnologia utilizada, mtodos de propagao, local,espcies a serem produzidas, tamanho do viveiro etc.

    1.1.6 Recipientes

    Devido s limitaes inerentes ao sistema de produo por raiz nua, o sistemade produo de mudas em recipientes , sem dvida, o mais utilizadoatualmente para espcies lenhosas.

    Existem diversos tipos de recipientes disponveis no mercado ou que podemser confeccionados com certa facilidade, destacando-se: canudos de bambuou laminado de madeira, latas e copos descartveis, sacos e tubetes deplstico. Os tubetes ou potes plsticos rgidos apresentam algumas vantagensem relao aos demais tipos de recipientes, a saber: menor dimetro(ocupando menor rea no viveiro), menor peso, reutilizao, maiorpossibilidade de mecanizao das operaes de produo de mudas e reduoconsidervel no custo de transporte e distribuio das mudas. Contudo, ossacos plsticos ainda so recipientes muito usados em funo de seu menorpreo, estruturas e tecnologias no adaptadas ao uso de tubetes.

    O tamanho do recipiente varia em funo da espcie a ser produzida, do tamanhofinal que a muda dever atingir e do tempo de permanncia das mesmas no viveiro.

    1.1.7 Substratos

    A principal funo do substrato sustentar a muda e fornecer condies adequadaspara o desenvolvimento e funcionamento do sistema radicular, assim como osnutrientes necessrios ao desenvolvimento da planta. Este substrato deve ser isentode sementes de plantas invasoras, pragas e fungos patognicos, evitando-se assima necessidade de sua desinfestao. Desse modo, devido estrutura e tecnologianecessrias para a produo de um substrato de qualidade, grande parte dosviveiros comerciais adquire seus substratos de empresas especializadas. Contudo,em caso de formulao prpria, deve-se dedicar especial ateno adequadacompostagem do material orgnico e desinfestao do solo, em funo da presenade patgenos e sementes de plantas invasoras.

    Existem diversos tipos de substratos, dentre os quais citam-se: terra de subsolo,composto orgnico, vermiculita, areia, esterco animal, serragem, casca de rvoresdecompostas, moinha de carvo etc. Atualmente, encontram-se no mercadosubstratos esterilizados, livres de pragas e doenas, formulados especialmente para

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 13

    a produo de mudas, tais como: composto orgnico, hmus, espuma fenlica (paraenraizamento de estacas e cultivo hidropnico) e fibra de coco, entre outros.

    Recomenda-se que seja feita a mistura de dois ou mais materiais para a formulaodo substrato, visando a uma boa aerao, drenagem e fornecimento de nutrientes deforma adequada. O tipo de material e a proporo de cada um na composio dosubstrato variam de acordo com a disponibilidade local, custo e tipo de muda a serproduzida. A seguir, encontram-se relacionados exemplos de formulao desubstratos. Porm, ressalta-se que cada formulao dever ser testada nas condiesde cada local de produo e devidamente ajustada, caso haja necessidade.

    Exemplos de substratos para mudas produzidas por semente:

    Exemplos de substratos para mudas de propagao vegetativa:

    - 80% de composto orgnico - 20% de moinha de carvo (1 a 3 mm)

    - 33% de casca de pnus semi-decomposta e moda - 33% de hmus - 34% de casca de arroz carbonizada

    - 60% de terra de subsolo peneirada - 40% de casca de arroz carbonizada

    - 25% de casca de p nus sem i-decomposta e m oda - 25% de casca de arroz carbonizada - 25% de verm icu lita fina - 24% de turfa ou hmus - 1% de solo vermelho

    - 60% de terra - 40% de areia mdia

    Na Tabela 1, so apresentados grupos de substratos, com suas vantagens edesvantagens, possibilitando a tomada de deciso sobre qual substrato usar,de forma isolada ou em misturas. De modo geral, pode-se recomendar quesejam feitas misturas de materiais de grupos diferentes, o que resulta emmelhoria das caractersticas e/ou propriedades do substrato obtido. O tipo demistura, bem como a proporo de componentes dos diferentes grupos,devem ser feitas objetivando o ajuste das caractersticas e/ ou propriedadesfsicas, uma vez que as qumicas (fertilidade), normalmente, podem serfacilmente modificadas somente com prticas de adubao.

    As caractersticas e/ou propriedades fsicas e qumicas dos substratos sovariveis em funo de sua origem, mtodo de produo/obteno, proporesde seus componentes, entre outras caractersticas. No Tabela 2, apresentadauma relao das caractersticas e/ou propriedades fsicas e qumicas de algunssubstratos para produo de mudas. Na Tabela 3, apresentada a escala devalores para interpretao de caractersticas e/ou propriedades fsicas equmicas de substratos usados para produo de mudas florestais. Caso hajapossibilidade, todo substrato utilizado no viveiro dever ter suas caractersticase/ou propriedades fsicas e qumicas analisadas, o que embasa melhor aformulao de misturas e adubaes.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas14

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  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 15

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    204

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas16

    Caractersticas Nveis Baixo Mdio Alto Adequado

    Fsicas Densidade global (g cm-3) Porosidade total (%)

    - macroporosidade (%) - microporosidade (%)

    Capacidade mx. de reteno de gua (mL 50 cm-3) Qumicas Relao C total / N total pH em CaCl2 0,01 M P resina (mg dm-3) K trocvel (mmolc dm-3)

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    Tabela 3. Escala de valores para interpretao de caractersticas e/ou propriedadesfsicas e qumicas de substratos usados para produo de mudas florestais.

    Recomenda-se a adio de nutrientes no substrato para promover osuprimento dos elementos necessrios, economizando-se tempo no processode produo das mudas. Sua formulao e dose so variveis em funo dotipo de substrato utilizado e da espcie a ser produzida; recomendada arealizao de uma anlise qumica do substrato, e caso haja necessidade dese proceder a correo da acidez do substrato (pH < 5,0) e elevar o nvel defertilidade, pode-se consultar as tabelas de recomendao de adubao.

    1.1.8 Adubao de cobertura das mudas

    Adubaes peridicas em cobertura (aps a germinao das sementes ouenraizamento das estacas) quase sempre so necessrias para permitir aproduo de mudas de boa qualidade e em tempo menor. So realizadasquando o substrato utilizado de baixa fertilidade ou apresenta baixaconcentrao de nitrognio (N) e potssio (K), muitas vezes omitidos naadubao do substrato por apresentarem altos ndices salinos, que podemprovocar grandes perdas das mudas recm-germinadas. Esta adubao podeser feita via fertirrigao (gua de irrigao) ou pela aplicao individual nasuperfcie do substrato.

    Existem diversas formulaes de adubao; a mais adequada depender daplanta, da fertilidade do substrato, do manejo empregado para a produo dasmudas, da fase de produo das mudas etc. Como sugesto, pode-se utilizar

    Fonte: Gonalves e Poggiani (1996).

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 17

    25 gramas de sulfato de amnio + 60 gramas de cloreto de potssio, diludos em10 litros de gua, a qual dever ser ajustada em funo do sistema de manejoadotado. Essa soluo suficiente para adubar 3 m2 de canteiro (em torno de 300mudas). Esta adubao tambm pode ser utilizada na formulao de p, ou seja,pela aplicao de 0,05 gramas por planta da mistura acima, sem a gua.

    1.1.9 Parmetros de qualidade das mudas

    A classificao das mudas em termos de qualidade de fundamentalimportncia em virtude da melhor adaptao e crescimento daquelas commelhor padro de qualidade no plantio definitivo. Os principais parmetrosque indicam a boa qualidade de uma muda so:

    - uniformidade de altura entre as mudas do lote;

    - dimetro do colo;

    - rigidez da haste principal (dimetro de colo);

    - aspecto visual vigoroso (sem sintomas de deficincia, tonalidade dasfolhas);

    - ausncia de estiolamento;

    - ausncia de pragas e doenas na folha, no caule e nas razes;

    - ausncia de plantas invasoras no substrato;

    - sistema radicular e parte area bem desenvolvida (raiz pivotante noenrolada e fixada no solo, fora do recipiente);

    - relao parte area/sistema radicular.

    1.1.10 Pragas, doenas e ervas daninhas

    interessante realizar tratamentos preventivos como a desinfestao do solodo canteiro ou substrato a ser utilizado no preenchimento dos recipientes, afim de evitar a ocorrncia de pragas, doenas e a competio por ervasdaninhas. Para tanto, utiliza-se mtodos qumicos e/ou, mecnicos. Dentre osmtodos qumicos, cita-se a aplicao de herbicidas, fungicidas e inseticidase, para os mecnicos, tm-se a catao manual, o revolvimento do solo, aaplicao de gua quente, a exposio ao sol, a inundao, entre outros.

    Ressalta-se a grande importncia da escolha do local adequado para ainstalao do viveiro, o que evita ou diminui problemas relacionados compragas e doenas. O correto manejo dirio do viveiro tambm de fundamentalimportncia na reduo da ocorrncia de problemas, devendo-se evitarexcessos de irrigao, adubao e radiao direta logo aps a germinao.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas18

    Dentre as pragas mais comuns, encontram-se a lagarta-rosca, formiga cortadeira,grilos, besouros, cochonilhas, paquinhas, pulges e formigas. Contudo, nomanejo adequado do viveiro, normalmente no se verifica muitos danos;entretanto, se o nvel de infestao for elevado, torna-se necessrio o combate.

    As doenas que mais comumente ocorrem nos viveiros so: tombamento,podrido de razes, ferrugens e manchas foliares. Quando o nvel de danos semostrar significativo, torna-se necessrio o controle pela aplicao defungicidas, utilizando-se dose de acordo com recomendaes dos fabricantes.

    Tanto em termos de pragas quanto de doenas, recomenda-se consultar umprofissional capacitado quando da sua ocorrncia, visando ao adequadocontrole, caso haja necessidade.

    1.1.10.1 Tombamento ou Damping-off

    a doena mais comum em viveiros, causada por fungos que atacam o colodas mudas originadas de sementes no estgio inicial de germinao. umadoena que em poucos dias chega a causar a morte de todas as mudas epode aparecer em qualquer poca do ano; sua intensidade depende dascaractersticas do substrato e das condies climticas (chuva, insolao).

    A infestao e proliferao favorecida pela grande densidade de mudas noscanteiros, pela utilizao de esterco no curtido no substrato, pelo excessode umidade e pela compactao dos solos. O tombamento tambm pode serdisseminado de um canteiro para outro, por meio de ferramentas ou pelarepicagem das mudas.

    A adubao orgnica com esterco deve ser abandonada quando o mesmono estiver bem curtido. Quando no houver substituto, curti-lo no mnimodois meses antes da semeadura.

    O tombamento mais severo em viveiros que so excessivamente regados.Um lote de mudas saudveis pode apresentar um severo tombamento aps 1ou 2 dias de chuva. Uma boa medida, quando aparecem os primeiros casosde tombamento, diminuir a rega.

    Como medidas preventivas ao aparecimento do tombamento, pode-se recomendar:

    - a escolha adequada do local;

    - a desinfestao do solo com fungicidas;

    - tratamento da semente com produtos registrados para essa finalidade;

    - seleo do substrato e material de cobertura.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 19

    1.1.10.2 Podrido das Razes

    um problema comum e, alm de danificar o sistema radicular, tambm responsvel pelo tombamento das mudas no seu estgio inicial decrescimento. O ataque ao sistema radicular manifesta-se atravs de clorose,atrofia e murcha da parte area e, por vezes, morte da muda.

    1.1.10.3 Ferrugem Fusiforme

    As folhas apresentam-se com aspecto ferruginoso, provocando um baixocrescimento ou morte das mudas. O combate pode ser feito por meio depulverizaes com fungicidas recomendadas para seu controle.

    1.1.10.4 Amarelecimento ou Clorose

    So termos utilizados para descrever problemas de crescimento, queresultam no amarelecimento ou embranquecimento das folhagens. Todas asplantas verdes esto sujeitas a clorose, podendo causar reduo nocrescimento ou mortalidade das mudas. Os agentes mais comunscausadores de clorose so:

    - falta ou excesso de nutrientes para as plantas;

    - nveis txicos de produtos qumicos nas folhas ou no solo;

    - presena de pragas sugadoras da seiva, deixando a muda clortica;

    - fungos, bactrias e nematides que causam danos s razes, provocando clorose na parte area;

    - a falta ou excesso de umidade; a alta ou a baixa temperatura do solo

    ou ar podem causar clorose

    1.1.11 Transporte das mudas para o plantio ou venda

    No transporte, as mudas devem ser protegidas por lonas ou outro tipode cobertura, de forma a evitar danos provocados pelo vento, chuva epelo sol.

    No caso de mudas produzidas em tubetes o seu transporte para o plantiopode ser feito na forma de rocambole, onde as mudas so acondicionadasem filme plstico em pacotes de cinqenta ou mais mudas, dependendo dotamanho do tubete, com a raiz aderida ao substrato. Este processo evita otransporte do tubete para o campo, reduzindo a incidncia de patgenos narea de produo das mudas.

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    2 TCNICAS DE PRODUO DE MUDASA produo de mudas de espcies lenhosas pode ser realizada pelos mtodossexuado e assexuado. O primeiro refere-se produo de mudas por meio desementes, e o segundo, por propagao vegetativa (partes da planta), taiscomo: estaquia, enxertia, mergulhia, encostia, diviso de rizomas, bulbos etouceiras. Mais recentemente, devido ao avano das tecnologias eequipamentos, muitas espcies so propagadas pela tcnica damicropropagao, que a propagao vegetativa a partir de pequenosfragmentos da planta (explantes), realizada em condies asspticas.

    2.1 Propagao sexuadaO principal insumo para o processo sexuado de produo de mudas asemente. A boa qualidade das mudas depende da aquisio de sementes deprodutores idneos e credenciados junto aos rgos governamentaiscompetentes (MAPA, Secretarias de Agricultura etc.), para se obter garantiada qualidade das sementes. Com a dificuldade de se encontrar sementes dealgumas espcies no mercado, pode-se proceder a coleta dessas em plantasmatrizes previamente selecionadas, observando-se certos critrios deinteresse para o objetivo pretendido (crescimento, formato da copa e tronco,produo de sementes, flores e frutos etc.).

    Aps a obteno das sementes, estas devem ser armazenadas num lugaradequado, conforme indicao do produtor, o que permitir manter seu podergerminativo por mais tempo. Sementes que facilmente perdem seu podergerminativo devem ser semeadas logo aps a coleta.

    2.1.1 Quebra de dormncia e testes de germinao

    Sementes de algumas espcies apresentam dormncia, ou seja, quandosemeadas no germinam ou ento germinam irregularmente. Nestes casos, preciso quebrar a dormncia para que as sementes germinem em maiornmero e em menor tempo, garantindo uma produo de mudas uniformes ede boa qualidade. Existem vrios mtodos para quebra de dormncia, sendoque os mais comuns so:

    a) Escarificao mecnica: consiste em atritar as sementes contrauma superfcie spera (lixa). indicado para sementes duras,como por exemplo o pau-ferro, o guapuruvu, o louro, a nogueira,o pessegueiro, o coqueiro, a aroeira etc.

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    b) Embebio em gua: coloca-se as sementes em gua temperatura ambiente at que se encharquem e se tornem comvolume maior, o que pode levar de 1 a 4 dias, dependendo daespcie. Ex.: timbava, candeia, goiabeira, canela, jacarand,ara etc.

    c) Imerso em gua fervente: consiste em colocar as sementes emgua a 80o C. Ex.: flamboyant, chuva de ouro, accias, angicovermelho, ips, paineira rosa, palmeiras etc.

    d) Estratificao: consiste em dispor as sementes entre camadas deareia mida por perodos de at 6 meses. Ex.: fedegoso,pessegueiro, erva-mate etc.

    e) Escarificao cida: consiste em imergir as sementes em cidosulfrico comercial. Ex.: pau-ferro, guapuruvu, chuva de ouro,barbatimo, carne de vaca, flamboyant, corticeira-do-banhado etc.

    Para se ter certeza da viabilidade (poder de germinao) das sementes,podem-se realizar testes de germinao rpidos. Esses testes podem serrealizados de diversas maneiras, sendo que a mais comum a semeadura deum determinado nmero de sementes em um local prprio, a fim de sedeterminar o nmero de sementes viveis e, conseqentemente, seupercentual de germinao.

    Dependendo das condies climticas, da disponibilidade de mo-de-obra eda quantidade e qualidade das sementes disponveis, a produo de mudasatravs de sementes pode ser feita em canteiros para posterior repicagem,em canteiros para plantio com raiz nua e em recipientes por meio desemeadura direta.

    2.1.2 Semeadura em canteiros

    Existem duas variantes do processo de semeadura em canteiros, ou seja, asemeadura em canteiros para plantio de mudas com raiz nua e a semeaduraem canteiros para posterior repicagem em embalagens individuais.

    A semeadura em canteiros para produo de mudas com raiz nua feitadiretamente na terra e as mudas permanecem nos canteiros at o plantiodefinitivo. de fcil mecanizao, pois no so utilizadas embalagens. Asmudas assim produzidas podero ter custo menor, pois sero eliminadasdiversas operaes que demandam mo-de-obra para enchimento deembalagens, encanteiramento etc.

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    Na prtica, recomenda-se que a profundidade de semeadura no ultrapasseduas vezes o dimetro da semente. Aps o semeio, recomendada acolocao de uma cobertura morta (serragem, capim, sombrite etc.) sobre ocanteiro, o que proteger as sementes. Para o caso de sementes achatadasou muito pequenas, recomenda-se o peneiramento de uma fina camada deterra sobre as sementes, alm da cobertura. A colocao de um sombrite recomendada para evitar a exposio das mudas ao excesso de insolao,chuvas fortes, ventos, pssaros etc.

    Recomenda-se a semeadura em canteiros para posterior repicagem emembalagens individuais quando se desconhece a capacidade de germinaodas sementes da espcie, as sementes apresentam dormncia e no seconhece o mtodo mais adequado para sua quebra, as sementes forem muitopequenas (ex.: quaresmeira) ou muito grandes (ex.: abacate) para o caso deproduo em recipientes pequenos e tambm quando as sementesapresentarem baixo poder germinativo.

    2.1.3 Semeadura direta nos recipientes

    Este processo usado, principalmente, para sementes de dimenses mdias,que apresentam germinao rpida e uniforme, ou para espcies que notoleram a repicagem. As vantagens desse mtodo so: eliminao danecessidade de confeco dos canteiros para semeadura e posteriorrepicagem; dispensa do sombreamento para as mudas recm-repicadas;reduo do prazo para produo das mudas; formao de mudas maisvigorosas; diminuio das perdas por doenas e produo de mudas comsistema radicular de melhor qualidade.

    Nesse processo tambm recomendada a proteo das sementes comcobertura morta (serragem, capim etc.) e, ou sombrite para evitar aexposio das mudas ao excesso de insolao, aos impactos das gotas dechuva, principalmente nos primeiros dias aps a germinao.

    2.1.4 Desbaste, repicagem, irrigao e dana

    Em torno de 30 a 50 dias aps a emergncia (varivel em funo da espciee condies de manejo), quando as mudas atingirem em torno de 5 a 10 cmde altura, realiza-se um desbaste, por meio do arranquio ou corte, deixando-se somente uma muda por recipiente. No caso de semeadura em canteiros,um espaamento adequado entre as mudas deve ser mantido, distribuindo-asde forma uniforme pelo canteiro.

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    A repicagem o processo de seleo e transferncia das mudas daembalagem ou sementeira para os sacos plsticos, tubetes ou canteiros.Deve ser feita preferencialmente em dias nublados ou chuvosos, evitando-serealiz-la nas horas mais quentes dos dias ensolarados, devido fragilidadedas mudas a temperaturas elevadas. Previamente repicagem, deve-se tomaro cuidado de molhar bem o substrato das mudas a serem transplantadas. Asmudas repicadas devem ser protegidas do excesso de insolao comsombrite 50% por, pelo menos, sete dias ou at o seu pegamento. Caso sejanecessrio, a rea foliar e o sistema radicular devem ser reduzidos,considerando-se sempre as caractersticas de cada espcie.

    A irrigao um dos fatores de maior importncia do viveiro. O excesso e afalta dgua podem comprometer qualquer uma das fases de formao dasmudas. A irrigao em excesso pode lixiviar os nutrientes solveis(especialmente o N e K), reduzir a aerao, favorecer a ocorrncia de doenas,dificultar o desenvolvimento das razes, tornar as mudas suculentas e poucoresistentes seca e, finalmente, resulta no gasto desnecessrio de gua.

    A escolha do equipamento adequado associa-se ao manejo do sistema comoum todo, onde devem ser considerados, dentre outros fatores, o tipo desubstrato e recipientes utilizados pelo produtor, a espcie escolhida para aproduo de mudas, a fase em que a muda se encontra (germinao,incluindo repicagem, crescimento ou rustificao), a poca do ano em que seest produzindo e a regio onde est instalado o viveiro (temperatura eregime de chuvas). Assim, em regies de calor intenso, normalmente, aexigncia das mudas por gua em qualquer fase de desenvolvimento maiorque em regies de clima mais frio. Por outro lado, alguns tipos de substratos,por terem menor capacidade de reteno de gua, exigem que se apliquemais gua a cada irrigao, ou que se aumente a freqncia da mesma.

    importante ressaltar que para cada etapa de formao das mudas, e paradiferentes tipos de recipientes, existem diferentes sistemas de irrigao, combicos de diferentes vazes, presso de trabalho e rea de recobrimento.Existem no mercado empresas especializadas que prestam assessoria e ajudamo produtor a determinar o melhor equipamento para o seu sistema deproduo.

    A dana das mudas consiste na mudana de lugar para evitar que as razespenetrem no solo, no caso de mudas produzidas em recipientes em contatocom o solo e para a padronizao das mudas por tamanho.

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    2.1.5 Rustificao, seleo e podas de formao

    Antes de serem plantadas no local definitivo, as mudas devem sofrer umprocesso de rustificao que consiste em induzir uma maior resistncia dasmudas aos fatores ambientais adversos do campo, tais como: secas, elevadainsolao, baixa fertilidade do solo etc. Pode ser realizado de diversasmaneiras, entre as quais a mais recomendada a diminuio na irrigao, acolocao das mudas em pleno sol e a reduo ou mesmo suspenso daadubao.

    Antes de serem encaminhadas para o plantio definitivo, deve haver umprocesso de seleo das mudas. Os principais critrios adotados para estaseleo no viveiro ou mesmo na compra de mudas de terceiros, variam deacordo com a espcie utilizada e a finalidade a que se destina a muda(arborizao urbana, plantio de pomar, jardim, floresta etc.). Caractersticascomo um sistema radicular bem desenvolvido e agregado ao substrato, rigidezda haste, nmero de pares de folhas, aspecto nutricional (sem sintomas dedeficincia) e boa sanidade (ausncia de pragas e doenas) so essenciaispara todas as espcies.

    As podas de formao so necessrias para mudas destinadas a formao depomares frutferos, arborizao, reflorestamentos etc. Nas mudas frutferas, apoda deve seguir os padres de cada espcie, definidos em normas tcnicaspara conduo da cultura; para o caso de mudas destinadas arborizaourbana, necessita-se realizar podas de conduo que visem a formao deuma muda retilnea com a copa de, pelo menos 1,8 m acima do solo.

    2.2 Propagao vegetativaA propagao vegetativa, tambm conhecida como propagao assexuada ouclonagem, consiste na produo de mudas ou novas plantas a partir de partesou rgos da planta (ramos, gemas, estacas, folhas, razes e outros), sendodenominada de reproduo assexuada. uma antiga tcnica, capaz dereproduzir as plantas selecionadas em grande quantidade, usada nafloricultura, horticultura, fruticultura e na silvicultura. A razo principal para seempregar essa tcnica que se obtm indivduos com as mesmascaractersticas da planta-me (florescimento, crescimento, forma, produoetc.). Outras vantagens da propagao vegetativa em relao sexuada que, nesta ltima, nem sempre se consegue obter sementes e, muitas vezes,as sementes so atacadas por pragas e doenas, apresentam baixo podergerminativo, aliada produo de flores e frutos mais tardiamente e um maiorporte das plantas, etc.

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    Existem vrios mtodos para a propagao vegetativa de plantas, dentre osquais cita-se a estaquia (microestaquia e miniestaquia), a enxertia, aseparao por bulbos, a diviso de touceiras, rizomas e a propagao pormeio de cultura de tecidos, cada qual com sua finalidade especfica. Adefinio do mtodo varia de acordo com os objetivos da tcnica, da espcieenvolvida, da poca do ano, da habilidade do executor, do tipo e quantidadede material disponvel e das condies ambientais, entre outros fatores.

    2.2.1 Estaquia

    A estaquia o processo de propagao no qual pores das hastes (caules,ramos), folhas ou razes so colocadas sob condies propcias aoenraizamento (leitos de enraizamento), dando origem a uma nova planta.

    O tipo de estaca a ser usado varia de espcie para espcie e, s vezes, emfuno da poca do ano. Diversas espcies apresentam folhas comcapacidade de originarem plantas completas, tais como: begnia, gloxnia,lngua-de-sogra, violeta africana, pepermia, sedum, camlia, ficus, etc.

    As estacas de razes so um tipo pouco comum, sendo as razes seccionadasaps a coleta, em pedaos de 5 a 15 cm de comprimento e enterradas nosubstrato a uma profundidade de 2,5 a 5 cm. A dificuldade do processo estna coleta das razes e nos danos causados planta-me. A propagaovegetativa por estaca radicular pode ser feita em cerejeira, pessegueiro,goiabeira, caquizeiro, ip, manac, quiri, etc.

    As estacas caulinares podem ser herbceas, lenhosas ou semilenhosas, o quevaria em funo do local de coleta e do tipo de planta. Dentre os tipos de caule,o que possui maior capacidade de enraizamento o herbceo, e quanto maisherbcea e nova for a estaca, maior ser sua capacidade de enraizamento.

    Em alguns casos, a poca do ano em que se procede a coleta das estacas de grande importncia para o enraizamento. Para as espcies de difcilenraizamento, a poca indicada para a coleta das estacas aquela quecoincide com o repouso vegetativo ou com a estao de crescimento,enquanto que para as espcies de fcil enraizamento, as estacas podem sercolhidas em qualquer poca do ano.

    As estacas lenhosas so normalmente coletadas aps a queda das folhas, ouno incio da nova brotao, que compreende o perodo de menor atividademetablica da planta. Porm, existem plantas lenhosas que so facilmentepropagadas por estaquia em qualquer poca do ano, como por exemplo, ocrton, o hibisco e o ficus.

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    Para realizar a estaquia, corta-se um ramo novo, de 7 a 15 cm decomprimento, retirando-se as folhas da metade inferior e cortando-se orestante das folhas pela metade. O corte da base dever ser feito em formade bisel (cunha), para facilitar o enraizamento. Aps a preparao da estaca,promove-se a estaquia em recipiente ou sementeira em local adequado.

    2.2.2 Miniestaquia

    A tcnica de miniestaquia uma variao da estaquia convencional. Consistena utilizao de brotaes de plantas propagadas pelo mtodo de estaquiaconvencional como fontes de propgulos vegetativos. Numa seqnciaesquemtica desta tcnica, inicialmente, faz-se a poda do pice da brotaoda estaca enraizada, e em intervalos variveis em funo da poca do ano, doclone/espcie, das condies nutricionais, entre outras, h emisso de novasbrotaes, que so coletadas e colocadas para enraizar.

    A coleta de miniestacas nas mudas podadas realizada de forma seletiva, emperodos a serem definidos conforme o vigor das brotaes, colhendo-setodas aquelas que se enquadram nos padres de miniestaca, ou seja, de 3 a 6cm de comprimento, contendo de um a trs pares de folhas, recortadas pelametade. Aps serem coletadas, as miniestacas so acondicionadas emrecipientes com gua, para que possam chegar ao local de enraizamento emperfeitas condies de turgor.

    As miniestacas so colocadas para enraizamento em casa de vegetao comumidade relativa acima de 80%, seguindo posteriormente para a casa desombra, para uma pr-adaptao s condies de menor umidade relativa e,finalmente transferidas para pleno sol para rustificao e posterior plantio. Osperodos de permanncia das miniestacas em casa de vegetao dependem dapoca do ano, do clone/espcie envolvido e do seu estado nutricional.

    2.2.2.1 Medidas para aumentar o enraizamento em plantas

    Existem muitas variaes quanto capacidade de enraizamento e posteriorformao de mudas entre as espcies de plantas. No geral, as plantasherbceas e arbustivas so mais fceis de enraizar do que as lenhosas(rvores frutferas, florestais e algumas ornamentais), embora existamexcees.

    Para plantas de difcil enraizamento, de forma geral, pode-se lanar mo dealguns tratamentos para aumentar os ndices de enraizamento, ou seja:

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    - escolha da poca adequada: geralmente as plantas lenhosasapresentam maiores ndices de enraizamento na sada do inverno, ouseja, antes de lanarem brotaes novas;

    - tratamentos na planta-me que vai fornecer as estacas a seremenraizadas. Ex.: adubaes e irrigaes adequadas, sombreamento,anelamento, toro etc.;

    - coleta de estacas mais prximas base e ao tronco da planta quantopossvel;

    - melhoria das condies de enraizamento: usar substrato poroso,manter a umidade acima de 80%, promover sombreamento, mantera temperatura entre 20 e 30 0C;

    - aplicao de hormnios para enraizamento;

    - deixar de 1 a 3 pares de folhas recortadas ao meio nas estacas;

    - diminuir ao mximo o tempo entre a coleta das estacas e suacolocao no substrato, bem como realizar seu transporte em caixasde isopor, panos ou embalagens umedecidas;

    - enterrar, pelo menos, um entren (espao entre dois nsconsecutivos) no substrato;

    - no usar estacas muito velhas e duras;

    - fazer subcultivos (estaquia e enxertia consecutiva).

    Se aps estes tratamentos e cuidados os resultados forem insatisfatrios,deve-se utilizar outros mtodos de propagao, tais como: enxertia, mergulhiae cultura de tecidos.

    2.2.2.2 Tratamentos com fitorreguladores de enraizamento (hormnios)

    O tratamento com hormnios um mtodo eficiente para obteno de razesem estacas, principalmente em plantas de difcil enraizamento, aumentando avelocidade de formao de razes, o nmero e a qualidade das razes formadas,bem como a uniformidade de enraizamento.

    Dentre os hormnios mais comumente usados no processo de enraizamentode estacas, est o cido indolbutrico (AIB). A concentrao utilizada variade acordo com a espcie, com variaes de 20 a 10.000 mg L-1

    (miligramas por litro, antigo ppm - partes por milho) ou mg kg-1, sendo asmaiores concentraes utilizadas para estacas de enraizamento mais difcil.

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    A aplicao do hormnio pode ser feita na forma de p, misturado com talcoou na forma lquida, dissolvido em lcool etlico a 95%, acrescentando-seainda gua para completar a concentrao desejada.

    Para a aplicao da soluo de hormnio, deve-se mergulhar cerca de 2,5 cmda base das estacas na soluo, por um perodo que varia de alguns segundos(estacas herbceas) a alguns minutos (estacas lenhosas), possibilitando apenetrao do hormnio.

    Existem no mercado hormnios enraizadores prontos para o uso, emconcentraes pr-definidas, na forma de cidos ou sais em p, como:Hormex, Rootone, Hormodin, Seradix etc.

    Assim que as estacas estiverem preparadas, devem ser tratadas comhormnios e, logo em seguida, colocadas nos recipientes ou canteiros deenraizamento.

    2.2.3 Mergulhia

    A mergulhia um processo de multiplicao vegetativa no qual um ramo posto a enraizar quando ainda faz parte da planta-me, sendo destacadodesta somente aps o enraizamento. Por ser um processo rpido depropagao e por fornecer mudas enfolhadas, utilizado com bons resultadosna obteno de plantas ornamentais. Por ser um processo de baixorendimento e necessitar de muita mo-de-obra, recomendado para apropagao de plantas de difcil enraizamento por meio da estaquia.

    Como regra geral, recomenda-se a utilizao de ramos com menos de um anopara fazer a mergulhia. A poca indicada para a sua realizao o princpio daprimavera.

    Na mergulhia area, com o objetivo de facilitar o enraizamento, fazem-seincises, anelamentos ou tores no ramo a ser propagado. O pontolesionado coberto com um substrato umedecido, que pode ser musgo,substrato orgnico ou qualquer outro formado pela mistura de materiais queproporcionem uma boa aerao, umidade e temperatura moderada, envoltopor tecidos ou plsticos.

    recomendada a realizao da mergulhia area em ramos de at um ano, noqual eliminam-se as brotaes laterais em cerca de 15-30 cm antes da gematerminal. A mergulhia deve ser feita na poca em que as plantas estejam emplena atividade de crescimento.

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    No ponto lesionado pode-se aplicar hormnio de enraizamento (AIB, naconcentrao de 1.000 mg L-1). Cuidado especial deve ser tomado para manteruma boa umidade do substrato envolto no galho, por meio de irrigaes.

    O tempo necessrio para realizar a separao da planta-me do ramo quesofreu a mergulhia depende da espcie, sendo de aproximadamente dois a trsmeses. A melhor forma de determinar a poca de remoo do ramo que sofreumergulhia observar a formao de razes atravs do plstico transparenteutilizado para envolver o substrato.

    2.2.4 Enxertia

    A enxertia obtida por meio da unio entre duas plantas (enxerto ou cavaleiroe porta-enxerto ou cavalo). O enxerto sempre representado por uma parte daplanta que se pretende multiplicar, ao passo que o porta-enxerto que recebeo enxerto e geralmente uma planta jovem, com boa taxa de crescimento,proveniente de sementes ou de estacas, bastante rstica e resistente a pragase doenas.

    A enxertia um mtodo muito empregado na propagao de plantas; noentanto, para se ter xito, torna-se necessrio respeitar alguns princpiosbsicos, tais como: utilizao de plantas da mesma famlia ou gnero;observar a poca ideal de enxertia, que varivel em funo da espcie e tipode enxerto empregado; promover um contato ntimo entre as cascas vivas;utilizar fitilho para promover o contato entre enxerto e porta-enxerto; o tipo deenxertia (varivel em funo da planta envolvida), a experincia e cuidados dooperador.

    Para fazer a ligadura da parte enxertada recomendvel usar uma fita depolietileno de 1,2 cm de largura, que de fcil aquisio e praticidade de uso,alm de possuir as caractersticas de elasticidade e evitar o ressecamento daparte enxertada.

    Durante a enxertia, deve-se cuidar para que os enxertos no ressequem,deixando-os em gua limpa ou panos midos. As operaes devem serefetuadas rapidamente, realizando-se um nico corte, evitando o acmulo deresduos na lmina. A amarrao deve ser realizada ao longo de todo ocomprimento de unio, certificando-se de que no haja deslocamento daspartes envolvidas. Em torno de 20 a 40 dias aps a enxertia, dependendo dascondies locais e da espcie, retira-se o fitilho. Dever-se efetuar a poda dosramos do porta-enxerto para promover a dominncia apical no enxerto,deixando-se somente o broto crescer.

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    Vrios so os processos de enxertia, os quais podem ser agrupados em trsgrupos ou categorias distintas: borbulhia, garfagem e encostia.

    2.2.4.1 Borbulhia ou enxerto de gema

    o processo que consiste na justaposio de uma nica gema sobre umporta-enxerto enraizado. As borbulhas podem ser destacadas com um poucode lenho, tornando-as mais resistentes e a extrao mais simples.

    A enxertia por borbulhia normalmente realizada a uma altura de 5 a 20 cmdo nvel do solo, de acordo com a espcie, podendo ser realizada tambm emqualquer ponto da planta. Uma condio essencial para se efetuar a borbulhia que o porta-enxerto esteja soltando a casca.

    Normalmente, a borbulhia realizada em plantas jovens ou em ramos maisfinos de plantas maiores (de 0,5 a 2,5 cm de dimetro, geralmente o dimetrode um lpis). Existem diversas modalidades de enxertia por borbulhia, sendo aborbulhia em T normal e em T invertido as principais.

    Na borbulhia em T normal corta-se o cavalo com o canivete bem afiado eesterilizado (lcool) no sentido transversal; depois no sentido perpendicular demodo a formar um T. O escudo ou gema retirado segurando-se o ramo emposio invertida. Segura-se o escudo pelo pecolo, levanta-se a casca com odorso da lmina e introduz-se a borbulha, cortando-se o excesso e,posteriormente, procede-se a amarrao.

    No T invertido procede-se de modo semelhante ao anterior, diferindo-se,principalmente, apenas na forma de colocao da borbulha, que invertida(Figura 1).

    2.2.4.2 Garfagem

    o processo que consiste em se soldar um pedao de ramo destacado(enxerto ou garfo) sobre outro vegetal (porta-enxerto) de maneira a permitir oseu desenvolvimento. O garfo difere da borbulha por possuir normalmentemais de uma gema.

    A poca normal da garfagem para as plantas de folhas caducas se d noperodo de repouso vegetativo (inverno) e nas folhas persistentes,dependendo da espcie, na primavera, vero e outono.

    Principalmente para espcies com maior dificuldade de pegamento, recomendadaa colocao de um saco plstico amarrado com barbante na base do porta-enxerto, o que promove melhores condies ambientais e maior proteo.

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    Como na borbulhia, tambm existem diversos tipos de garfagem, sendo agarfagem em fenda cheia a mais comumente empregada. Essa consiste emdecepar o porta-enxerto a uma altura determinada do solo (em torno de 10 a20 cm) e, com um canivete, faz-se uma fenda de 2 a 4 cm, perpendicular aosentido do dimetro, justapondo o enxerto (com forma de cunha) com ocavalo, de forma que haja coincidncia dos dimetros ou que pelo menos umdos lados seja coincidente. Por fim, amarra-se com fitilho (Figura 2).

    Faz-se um corte no cavalo em forma de "T"

    Retira-se a gema da espcie que se

    quer propagar (enxerto)

    Acomoda-se a gema, com cuidado, no corte em "T" do cavalo ...

    ... e amarram-se bem os dois com a ajuda de um fitilho de plstico, apertando bem a gema...

    ...ficando assim a amarrao.

    15 - 30 dias aps, entorta-se a ponta do cavalo ou corta-se acima do local enxertado, para que o enxerto cresa reto. Mantm-se apenas o enxerto no cavalo

    Figura 1. Enxertia por borbulhia.

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas32

    Figura 2. Enxertia por garfagem.

    Corta-se o ramo do cavalo em 10 a 20 cm de altura

    Abre-se uma fenda de 2 a 4 cm no cavalo

    Com uma lmina bem afiada, corta-se o ramo a ser enxertado em bisel, resultando no enxerto

    Encaixa-se o enxerto no cavalo, de modo a coincidir as cascas

    Com um fitilho de plstico ...

    .... fixa-se as 2 partes, de modo que fiquem bem unidas

    Envolve-se o enxerto e o cavalo com um saco de plstico transparente.

    Quando as folhas j estiverem crescidas, transplante

  • Produo de Mudas de Espcies Lenhosas 33

    2.2.5 Micropropagao

    A micropropagao, ou propagao vegetativa in vitro, uma das aplicaesda cultura de tecidos de mais larga utilizao. Destina-se principalmentequelas espcies que so de difcil propagao pelos mtodos convencionais,permitindo a obteno de grande nmero de plantas sadias e geneticamenteuniformes em curto perodo de tempo. De modo geral, a micropropagao deespcies lenhosas mais difcil que a de espcies herbceas, devido perdada capacidade morfogentica dos tecidos.

    Sua aplicabilidade est baseada na teoria da totipotncia, a qual estabeleceque qualquer parte do vegetal, por menor que seja, tem capacidade deoriginar uma nova planta, desde que sejam fornecidas as condiesadequadas. Com base nesta teoria, pode-se inferir que qualquer espcievegetal tem a capacidade de ser micropropagada, a partir de qualquer parte daplanta. Contudo, na prtica, muitas espcies so difceis de seremmicropropagadas e so chamadas de recalcitrantes.

    As respostas das plantas s tcnicas de micropropagao so variveis emfuno da espcie, variedade e/ou cultivar, poca de coleta, tipo de explanteutilizado e condies de cultivo. Portanto, cabe ao tcnico descobrir qual apoca mais adequada para coleta dos explantes e as condies que devem seroferecidas a estes, para que expressem seu potencial para a micropropagao.

    A tarefa exige experimentao intensa, at que se obtenham resultadossatisfatrios. Porm, uma vez estabelecida, permite o desenvolvimento deprotocolos que tem por objetivo tornar a operao prtica e rotineira para umadada espcie. Portanto, um protocolo nada mais do que uma seqncia deprocedimentos a serem aplicados para que de uma determinada espcie e/oucultivar obtenha-se um mximo aproveitamento do material vegetal disponvel.

    Dentre as diferentes tcnicas de cultivo in vitro, a micropropagao a partir departe de segmentos de rgos ou tecidos meristemticos, com induo deorganognese direta , at hoje, a mais indicada comercialmente, pelo fato depermitir menor ocorrncia de variaes genticas em relao ao explante original.

    A induo da multiplicao de explantes cultivados in vitro d-se atravs dainterao entre o potencial inerente do explante utilizado e osfitorreguladores. Quando nesta multiplicao ocorre a formao direta de umaou mais gemas, esta chamada de organognese direta. E quando antes daformao de uma nova gema ocorre a formao de calos, esta chamada deorganognese indireta.

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    Num sistema comercial de micropropagao, o objetivo a multiplicao omais fiel possvel do material original (clonagem), para que sejam mantidas ascaractersticas comerciais deste material. Assim, para a manuteno destafidelidade, importante que se evite a organognese indireta, pois a formaode calo pode dar origem a instabilidades genticas indesejveis que viro a semultiplicar durante o processo de micropropagao, vindo a produzirindivduos com caractersticas diferentes do original (off types). Este fato comum, principalmente, em indivduos com nvel de ploidia elevado, como nocaso de cultivares de bananeira.

    Comercialmente, a micropropagao empregada em diversos pases. Agrande maioria dos laboratrios comerciais surgiu agregado aos viveiros decompanhias produtoras de mudas, com o objetivo de fornecer materialpropagativo livre de doenas, de acordo com as necessidades internas, ou deacelerar os mtodos convencionais de propagao vegetativa. Poucasempresas utilizam a produo de mudas in vitro para abastecer viveiros deterceiros.

    No Brasil, a aplicao comercial da micropropagao recente. A maioria dostrabalhos realizada por grupos em instituies pblicas de pesquisa euniversidades. Entretanto, poucas so as empresas que atual na rea, como soos casos de algumas empresas que produzem orqudeas e outras reflorestadoras,que tm empregado a micropropagao de rvores selecionadas.

    2.2.5.1 Aplicaes da micropropagao

    Uma das utilizaes da micropropagao a obteno de plantas livres devrus, por meio da cultura de pices caulinares e meristemas, superandoproblemas de contaminao patognica. Uma variao da cultura de picecaulinar para limpeza clonal a microenxertia. Outra indicao desta tcnica para a recuperao de rvores adultas selecionadas.

    Como tcnica de propagao rpida e em grande escala, a micropropagaotem sido empregada em programas de melhoramento gentico vegetal. Amicropropagao uma tcnica que mantm a identidade gentica dogentipo. Entretanto, dependendo da espcie, pode ser mais prtico eeconmico utilizar outros mtodos de propagao vegetativa.

    A principal aplicao prtica das tcnicas de micropropagao tem sido naproduo comercial de plantas, possibilitando sua multiplicao rpida e emperodos de tempo e espaos reduzidos.

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    Para justificar a utilizao da propagao in vitro, deve-se levar emconsiderao que o clone a ser propagado deva ser resultado de algum tipo deseleo. Alm disso, a variabilidade gentica entre espcies e diferentes clonesda mesma espcie pressupem o ajuste da metodologia para cada clone.Finalmente, devem-se buscar alternativas que tornem a micropropagao umprocesso barato, acessvel e economicamente vivel. A utilizao debioreatores, embriognese somtica, entre outras tcnicas, aliadas a reduode carboidratos no meio de cultura, aumento da intensidade luminosa com luznatural e promoo de trocas gasosas entre o ambiente in vitro e ex vitro,certamente tornaro a micropropagao uma tcnica amplamente empregada.

    Outras aplicaes da cultura de tecidos

    - Preservao e intercmbio de germoplasma

    - Hibridao interespecfica e intergenrica (cultura de embries e fuso deprotoplastos)

    - Obteno de plantas haplides

    - Variao somaclonal e induo de mutaes

    - Florescimento e fertilizao in vitro

    - Transformao de plantas

    - Seleo in vitro

    2.2.5.2 Fases da micropropagao

    Fase 0 - Tratamento e preparo das plantas-matrizes para coletas dos explantes

    Nesta etapa, o preparo adequado das matrizes determinar, em grande parte,o sucesso da aplicao da tcnica.

    As matrizes fornecedoras de explantes devem ser mantidas nas melhorescondies de limpeza e fertilidade possvel. Para tal, recomenda-se que sejamcultivadas em condies controladas, onde possam receber tratamentofitossanitrio e nutrio mineral adequada. A parte area deve tambm,dentro do possvel, ser mantida seca.

    Os tratamentos fitossanitrios tm por objetivo manter os agentesmicrobianos externos, fitopatognicos ou no, nos nveis mais baixospossveis, enquanto os internos (endofticos) devem ser totalmenteeliminados. Para tal, so utilizados agentes antimicrobianos de contato esistmicos, respectivamente.

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    Uma vez reduzida a carga exgena, e eliminada a carga endgena de agentesmicrobianos, aumentam as chances de estabelecimento dos explantesintroduzidos no meio de cultivo in vitro.

    No caso de plantas de grande porte, onde seu cultivo direto sob condiescontroladas difcil, podem ser adotados mtodos intermedirios depropagao vegetativa antes da introduo do material in vitro. Estastcnicas tm por objetivo reduzir o porte do material a ser micropropagadopara que este possa vir a receber o devido tratamento nutricional efitossanitrio.

    Para as espcies arbreas, a prtica normalmente adotada consiste em induzira produo de brotos rejuvenescidos atravs de podas drsticas da copa ouatravs do resgate e rejuvenescimento pela enxertia seriada. A primeira podeser aplicada para espcies que apresentam boa capacidade de brotao, e asegunda para aquelas que no apresentam esta caracterstica. Em ambos oscasos, o porte do material a ser utilizado ser reduzido, permitindo assim seucultivo sob condies controladas.

    Quanto nutrio das matrizes, devem-se procurar formulaes que venhama favorecer o crescimento e vigor vegetativo, mantendo-se adequadas asrelaes NPK de acordo com as caractersticas de cultivo de cada espcie e/ou cultivar. Uma planta adequadamente nutrida apresentar um melhordesempenho durante as etapas da micropropagao, em funo de um melhorbalano hormonal endgeno.

    Fase 1 - Seleo de explantes, desinfestao e estabelecimento in vitro

    Seleo de explantes

    Diversos tipos de explantes (desde uma clula at um rgo, como uma folha,uma flor ou um fruto) podem ser utilizados para iniciar a propagao in vitro.Na seleo dos explantes, devem ser considerados aspectos como o nvel dediferenciao do tecido utilizado e a finalidade da micropropagao.

    Gemas apicais tendem a apresentar maior capacidade de crescimento do quegemas axilares que esto sob efeito da dominncia apical, fato comum emplantas herbceas ornamentais e olercolas. Em contrapartida, geralmenteocorre o contrrio em espcies arbreas. Normalmente, devido ao pequenonmero de gemas apicais disponveis ou a sua maior sensibilidade adesinfestao, necessria a utilizao de gemas axilares ou de outros tiposde meristemas, como os florais.

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    O maior nvel de assepsia possvel deve ser mantido durante a coleta,utilizando-se instrumentos limpos ou at esterilizados. O material vegetalcoletado deve ser colocado em sacos plsticos, para evitar o dessecamento,devidamente identificados e imediatamente levados ao laboratrio. Caso acoleta seja feita em locais distantes do laboratrio, importante que aintegridade dos tecidos seja garantida, mantendo-os midos e baixatemperatura. Podem-se manter os explantes em frascos tampados contendogua autoclavada ou solues diludas (0,05%) de hipoclorito de sdio.

    O tamanho do explante depende do objetivo da micropropagao. Paraeliminar microorganismos sistmicos como vrus, bactrias ou micoplasmas,quanto menor o explante isolado, ou quanto mais isolado das regiessubjacentes vascularizadas, maior a chance de sucesso. Mesmoconsiderando microorganismos contaminantes superficiais, o fato de levarmenos tecido para condies asspticas reduz a quantidade destes.

    Por outro lado, o tamanho do explante tambm determina suas possibilidadesde sobrevivncia e capacidade de crescimento. Se o objetivo forsimplesmente propagao, mais adequado iniciar as culturas com pices ousegmentos caulinares que contm gemas axilares, pois, em geral, explantesmuito pequenos no crescem ou demoram muito a faz-lo.

    Caso o objetivo seja obter plantas livres de doenas, deve-se procurar otamanho do explante ideal que esteja livre do microorganismo e, ao mesmotempo, consiga se estabelecer e crescer, depois de isolado.

    pices e gemas laterais isolados de plntulas germinadas in vitro, embries outecidos da semente so tambm utilizados como explantes iniciais demicropropagao. Entretanto, como um embrio ou plntula resultado derecombinao gnica, constitui-se de um novo gentipo. Esse fato limita oemprego desta tcnica em funo da variabilidade dos gentipos e asdiferenas entre os tecidos de uma plntula e de um meristema isolado detecido menos juvenil. Contudo, a utilizao deste tipo de explante apresentavantagens do ponto de vista experimental, na determinao de um protocolode micropropagao. A grande disponibilidade de explantes sem contaminaoe a pronta capacidade de crescimento e resposta aplicao defitorreguladores dos tecidos juvenis permitem a conduo de inmeros testes.

    Desinfestao

    A cultura de tecidos compreende um conjunto de tcnicas que so realizadassob rigorosa assepsia. Qualquer microorganismo que entrar em contato com

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    o meio de cultura ter condies de se desenvolver e, como conseqncia,inviabilizar a cultura. So determinantes os pr-tratamentos aplicados naplanta-matriz para o sucesso desta etapa, principalmente no que se refere amicroorganismos endgenos.

    A contaminao em laboratrios de cultura de tecidos dependente daespcie de planta a ser trabalhada, das condies ambientais locais, dotreinamento dos tcnicos e das medidas de assepsia seguidas na rotinalaboratorial.

    Os microorganismos esto presentes tanto nos propgulos, que seroutilizados para a retirada de explantes, como no ambiente onde a cultura serconduzida.

    Vrias substncias com ao germicida so utilizadas para fazer adesinfestao dos explantes. Os mais comuns so o etanol e os compostos abase de cloro, como o hipoclorito de sdio e de clcio. Outros agentesdesinfestantes utilizados so cloreto de mercrio, cido clordrico, o cloretode benzalcnio, perxido de hidrognio (gua oxigenada), nitrato de prata,formaldedo e xido de etileno.

    As concentraes das solues desinfestantes, assim como as combinaesdos princpios ativos desinfestantes e os tempos de exposio variambastante. O etanol geralmente utilizado a 70%, com tempo de exposiodos tecidos, em geral, variando de dezenas de segundos a alguns minutos. Asconcentraes mais comuns de cloro ativo vo de 0,5% a 2% com tempo deexposio de 10 a 20 minutos. O processo de desinfestao realizado emcmara de fluxo laminar, utilizando vidraria previamente esterilizada.

    Aps a desinfestao, procede-se lavagens sucessivas com gua destiladaautoclavada, geralmente trs, para remoo dos resduos de cloro.

    Tambm podem ser utilizados fungicidas e bactericidas durante adesinfestao ou incorpor-los ao meio de cultura de isolamento. Um dosfungicidas de mais ampla utilizao foi o Benomyl, visto possuir amploespectro de ao e ser pouco txico s culturas nas concentraesnecessrias para controlar fungos. Entretanto, o fungicida Benlate 500 teveseu ingrediente ativo (Benomyl) proibido no Brasil pelo Ministrio da Sadeem 2003. Em funo disso, produtos do grupo dos benzimidazis, o mesmodo Benomyl, como Carbendazim, Thiabendazol, Thiofanato metlico podemser empregados como substituto deste.

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    Os antibiticos so utilizados para controlar contaminaes bacterianasendgenas. Depois de eliminados os microorganismos superficiais, osexplantes podem ser transferidos para meio de cultura contendo antibitico.Vrios antibiticos so utilizados em cultura de tecidos, a exemplo de:cefatoxima, ampicilina, estreptomicina, rifampicina, kasugamicina,carbenicilina, cefalosporinas, neomicina, canamicina, cloranfenicol,tetraciclinas, dentre outros. Dentre estes, alguns so mais e outros menostxicos aos tecidos vegetais.

    Alternativa recente o emprego do PPM (Plant Preservative Mixture). umbiocida de amplo espectro de ao em concentraes de 0,5 a 2 mL L-1

    combinado ou no com antibiticos com a metade de sua concentrao. Podeser usado para reduzir a contaminao de bactrias e fungos em cultura detecidos de plantas, e em altas concentraes para reduzir contaminaesendgenas.

    Estabelecimento in vitro

    Nesta etapa, a manipulao do explante determina sua sobrevivncia. Oisolamento dos explantes deve ser realizado em cmara de fluxo laminar ecom destreza para evitar, principalmente, a desidratao dos tecidos. Osinstrumentos devem ser flambados aps imerso em etanol absoluto e devemser utilizados somente quando estiverem frios. Para evitar seu uso aindaquente, recomenda-se trabalhar um conjunto de instrumentos.

    Um problema comum durante o isolamento de explantes a oxidao decompostos fenlicos que so liberados pelas clulas danificadas com o corte.Este particularmente mais intenso e srio no isolamento de explantes deespcies lenhosas.

    A utilizao de substncias antioxidantes (cido ascrbico, cido ctrico, PVP)pode ser feita aps a desinfestao, num ltimo enxge demorado; fazendoo trabalho de isolamento de explantes em recipiente contendo a soluo ou;adicionando-as ao meio de cultura, por esterilizao a frio. O carvo ativadoadicionado ao meio tambm eficiente no controle da oxidao, poisescurece o meio e absorve compostos fenlicos presentes no gar ouformados durante a oxidao dos compostos fenlicos. A transfernciafreqente dos explantes outra medida eficaz e fcil de ser adotada parareduzir os efeitos da oxidao.

    Diversas formulaes de meios de cultura tm sido utilizadas no incio docultivo. No h formulao padro, mas o meio de Murashige e Skoog (MS),

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    suas modificaes e diluies tm apresentado resultados satisfatrios paradiversas espcies. Entretanto, formulaes especialmente desenvolvidas paraespcies lenhosas tm sido empregadas. Pode ser interessante fazer um pr-condicionamento dos explantes, inoculando-os em meio nutritivo semfitorreguladores.

    Em caso de adio de fitorreguladores, as citocininas podem ser adicionadas emconcentraes de 0,05 a 1 mg L-1. Auxinas e giberelinas so empregadas commenor freqncia nesta etapa da micropropagao e em baixas concentraes.As auxinas podem ser empregadas em concentraes de 0,01 a 0,1 mg L-1.

    Fase 2 - Multiplicao dos explantes mediante sucessivos subcultivos

    Nesta fase, o principal objetivo produzir o maior nmero de plantas possvel,no menor tempo. No basta conseguir somente altas taxas de multiplicaoem alguns explantes, e sim uma taxa mdia satisfatria com o mnimo devariao. A qualidade e homogeneidade das partes areas produzidas tambmso importantes, pois vai determinar o sucesso na fase de enraizamento.

    Diversos meios so utilizados na fase de multiplicao. muito comum a utilizaoda mesma composio bsica no isolamento e na multiplicao. As variaes maisfreqentes dizem respeito composio de macronutrientes, principalmente a fontede nitrognio utilizada e o balano entre os ons nitrato e amnio.

    As concentraes de citocininas para multiplicao esto entre 0,1 a 5,0 mgL-1. A definio do tipo e da concentrao tima de citocinina para amultiplicao constitui-se em passo importante. O excesso de citocinina nomeio de cultura txico, causando entufamento e falta de alongamento dasculturas, encurtamento dos entrens e vitrificao, levando a sriosproblemas na fase de enraizamento.

    Embora nem sempre sejam necessrias no meio de multiplicao, as auxinasso utilizadas para estimular o crescimento das partes areas. Asconcentraes de auxina so baixas se comparadas com as das citocininaspara manter um balano auxina/citocinina menor que 1. Normalmente soadicionadas concentraes menores do que 0,5 mg L-1.

    O perodo de incubao mais comum entre repicagens de quatro semanas,entretanto, este muito varivel entre espcies.

    A taxa de proliferao das brotaes nem sempre permanece constante porperodos longos. Uma variao nesta taxa comum em culturas de brotaesde plantas lenhosas, onde a taxa de multiplicao tipicamente baixa durante

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    as primeiras passagens, porm aumenta medida que o material cultivadotorna-se rejuvenescido. s vezes, a taxa de multiplicao sobe at ummximo e ento diminui em subculturas sucessivas.

    Em algumas espcies, o decrscimo na taxa de propagao aps vriossubcultivos pode exigir a eliminao da citocinina do meio por uma ou duaspassagens, a reduo na concentrao usada ou ainda a substituio do BAPpor outro composto, tal como a cinetina.

    Na cultura de tecidos de algumas espcies, foi constatado que as mesmastornam-se habituadas citocinina. Isto resulta em multiplicao excessiva debrotos em meios livres desse hormnio, porm os brotos produzidos sopequenos e do origem a poucas razes adventcias de modo que as plantasso difceis de se estabelecerem ex vitro.

    As giberelinas, especialmente o GA3 so usadas eventualmente na fase demultiplicao. O efeito mais conhecido deste fitorregulador, o alongamento departes areas, explorado in vitro quando estas no esto em condies deserem individualizadas para o enraizamento, devido ao seu tamanho.Entretanto, nesta fase, geralmente no se consegue estimular uma respostauniforme de alongamento em todas as partes areas.

    Alm do aspecto de eficincia, a fase de alongamento antieconmica pordemandar mo-de-obra adicional que no resulta em multiplicao, e sim,num simples ajuste das culturas. Neste sentido, deve-se buscar a otimizaodo balano entre auxinas e citocininas para a induo de partes areasalongadas e adequadas para o processo de enraizamento. Em geral, emespcies herbceas, concomitante com a multiplicao, ocorre oalongamento. Contudo, em espcies lenhosas, normalmente o cultivo deexplantes em meio de cultura para alongamento pode ser necessrio.

    As condies de cultura utilizadas nesta fase so, de maneira geral,semelhantes s fornecidas na fase inicial da cultura in vitro.

    Esta etapa caracteriza-se pela formao de razes adventcias nas partesareas provenientes da multiplicao. O enraizamento de espcies herbceas geralmente mais fcil do que lenhosas e quanto mais juvenil for o materialvegetal. Partes areas pequenas no enrazam bem e necessitam de uma faseintermediria de alongamento.

    O enraizamento pode ser realizado tanto in vitro quanto ex vitro. No caso deenraizamento in vitro, as razes so induzidas em meio de cultura, sobcondies de laboratrio, e as plantas transplantadas para substrato em casa-

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    de-vegetao. Quando o enraizamento ocorre ex vitro, as partes areas somanipuladas como microestacas e todo o processo se d em substrato. Aopo por um dos sistemas depende da qualidade das partes areas obtidasna multiplicao, da espcie, do gentipo e da infra-estrutura adequada. Demaneira geral, o enraizamento ex vitro mais eficiente, proporcionando aformao de sistema radicular melhor formado, e mais prtico e econmico doque o enraizamento in vitro.

    As auxinas (ANA, AIB e AIA) so utilizadas geralmente em concentraes daordem de 0,1 a 1 mg L-1 para enraizamento in vitro, enquanto que para ainduo do enraizamento ex vitro so utilizadas concentraes de 1.000 a6.000 mg L-1 de AIB. Dependendo do grau de juvenilidade do material, noh necessidade de tratamento com fitorregulador.

    Fase 3 - Aclimatizao

    A aclimatizao ou aclimatao um dos processos indispensveis para aobteno de uma planta micropropagada. Consiste num conjunto de tcnicasque visa adaptar as plantas a um meio ambiente muito diferente daquele ondeela foi formada, no interior de um recipiente, onde so criadas condiesambientais peculiares no que se refere ao substrato composto do ar e gua,luminosidade, entre outros. uma fase intermediria de adaptao qual aplanta submetida para, posteriormente, passar s fases de desenvolvimentono campo.

    A regra para se aumentar a taxa de crescimento e/ou evitar danos ou mortes plntulas durante a aclimatizao aquela em que as condies depropagao devem ser lentamente aproximadas das condies onde asplantas sero aclimatadas (casa de vegetao). Pr-tratamentos de reduode umidade relativa nos recipientes de cultura, como a retirada das tampasainda na sala de incubao, podem ser aplicados para aumentar asobrevivncia durante a aclimatizao. Outras tcnicas de pr-adaptaoso a reduo ou eliminao da fonte de acar do meio de enraizamento eaumentar a concentrao de CO2 e a intensidade luminosa no ambiente deincubao.

    Na aclimatizao, o principal meio de controle ambiental nos estgios deaclimatizao conseguido com elevao da umidade relativa do ar (UR),em particular, no incio do processo. A elevada UR geralmente conseguidapela cobertura com filme plstico sob sombrite, juntamente comnebulizao freqente.

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    2.2.5.3 Meios de cultura

    Preparo

    O meio da cultura deve suprir tecidos e rgos cultivados in vitro com nutrientesnecessrios ao crescimento. Basicamente, o meio da cultura fornece macro emicronutrientes e um carboidrato (normalmente a sacarose) para substituir ocarbono que a planta normalmente fixa da atmosfera pela fotossntese. Paraprop