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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES
PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA NA COPERCAMPOS, SAFRAS 2008-2010
MARCOS SCHLEGEL
PELOTAS RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES
PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA NA COPERCAMPOS, SAFRAS 2008-2010
MARCOS SCHLEGEL
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Silmar Teichert Peske, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para obtenção do título de Mestre em Ciências.
PELOTAS RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
2012
Dados de catalogação na fonte:
(Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)
S339p Schlegel, Marcos Produção de sementes de soja na
Copercampos, safras 2008-2010 / Marcos Schlegel; orientador Silmar Teichert Peske. - Pelotas, 2012. 37f.; il.- Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012.
1.Glycine max 2.Eficiência 3.Comercialização
4.verticalização I.Peske, Silmar Teichert (orientador) II.Título. CDD 633.34
PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA NA COPERCAMPOS, SAFRAS 2008-2010
AUTOR: Marcos Schlegel, Engo Agro
ORIENTADOR: Prof. Silmar Teichert Peske, Ph.D.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ Prof. Silmar Teichert Peske, Dr.
___________________________________________________ Prof. Francisco Amaral Villela, Dr.
___________________________________________________ Prof. Nilson Lemos de Menezes, Dr.
___________________________________________________ Lilian Vanussa Madruga de Tunes
DEDICATÓRIA
A Deus, pela companhia constante. A minha mãe, Hermínia Colusso Schlegel, e meu pai, Martin Roberto Schlegel, pela vida, pelo exemplo e incentivo pela busca de conhecimento. A minha esposa, Alessandra Giacomin Schlegel e sua família, a minha filha, Karina Schlegel, e meu filho, Carlos Eduardo Schlegel, pelo amor, apoio e inspiração. Ao meu irmão, Fabrício Schlegel, e minha irmã, Paula Schlegel. Ao colega, Diretor Executivo, Engo Agro Laerte Isaias Thibes Júnior e demais diretores e gerentes e, em especial, ao Diretor Executivo Ivar Antônio Machado (in memoriam). Ao Departamento Técnico da COPERCAMPOS e seus membros, pelo companheirismo e apoio constante.
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de
Pelotas (UFPEL) e a todos os professores do curso de mestrado que não se
restringem à instituição de ensino e em outras regiões buscaram pessoas dispostas
a participar na produção científica trocando experiências e conhecimento.
A todos os colegas da Cooperativa COPERCAMPOS, pelo trabalho
constante em equipe.
A todos os colegas do curso, pela amizade, troca de experiências e
convivência durante o período do curso.
Aos produtores associados da COPERCAMPOS, em especial aos
produtores multiplicadores de sementes, pela convivência e colaboração para a
produção de sementes de alta qualidade.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Limpeza do saca-pedras da colhedora na troca de cultivares .......... 20
Figura 2. Limpeza do graneleiro da colhedora na troca de cultivares .............. 21
Figura 3. Limpeza do pescoço e plataforma da colhedora na troca de cultivares 21
Figura 4. Casa de vegetação do Laboratório de Análises de Sementes onde
se realiza controle de qualidade em bandejas com areia .................. 23
Figura 5. Testes de germinação em bandejas com areia................................. 23
LISTA DE TABELA
Página
Tabela 1. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção bruta recebida, beneficiada, aprovada e comercializada pela Copercampos na safra 2008/2009 .................................................. 25
Tabela 2. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção bruta
recebida, beneficiada, aprovada e comercializada pela Copercampos na safra 2009/2010 .................................................. 26
Tabela 3. Mercado de sementes de soja na Cooperativa por empresa obtentora .. 28 Tabela 4. Quantidades de sementes de soja comercializadas convencionais
e transgênicas ................................................................................. 29 Tabela 5. Total de sementes de soja comercializada pela cooperativa na
forma verticalizada e licenciamento ................................................. 30 Tabela 6. Quantidades de sementes de soja convencionais e transgênicas
comercializadas na Copercampos nas safras 2008/09 e 2009/10 .. 31 Tabela 7. Total de sementes de soja comercializada pela cooperativa na
forma verticalizada e licenciamento nas safras 2008/09 e 2009/10 32
RESUMO
SCHLEGEL, Marcos. Produção de sementes de soja na COPERCAMPOS, safras 2008-2010. 2012. 48f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de sementes. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, RS. O planejamento dos campos de produção de sementes é de fundamental importância, sendo a eficiência na condução e aproveitamento dos campos, nos processos envolvidos desde o plantio, beneficiamento, armazenamento até a comercialização e pós vendas, fundamentais para o sucesso da empresa que pretende se manter e/ou crescer no mercado tão exigente em qualidade. O estudo foi realizado na empresa Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos – COPERCAMPOS, localizada no município de Campos Novos – SC, com sementes de soja produzidas e comercializadas nas safras 2008/2009 e 2009/2010 na forma de licenciamento e verticalizada, tendo como objetivo avaliar os índices de eficiência na produção de sementes de soja da empresa, cujos campos de produção de sementes são conduzidos pelos cooperantes mediante contrato de cooperante assinados por ambas as partes e acompanhados pelo técnico da cooperativa desde o planejamento, escolha da cultivar, plantio, manejo, inspeções de campo até a colheita. A escolha dos cultivares são definidas com as empresas parceiras mediante demanda de mercado de sementes de soja e acerto de contrato com a obtentora. Os parâmetros obtidos de produção, beneficiamento, aprovação e comercialização mostraram valores bastante úteis para a cooperativa. Com base nos resultados chegou-se as seguintes conclusões: 1- o percentual de eliminação dos lotes de sementes por baixa qualidade é inferior a 5%; 2- a sobra de sementes beneficiadas representa mais de 5% do total da semente produzida, 3- apenas três cultivares respondem por mais de 55% do total das sementes produzidas; e 4 a forma de produção verticalizada adotada pelos obtentores ultrapassa a 50% do total da semente produzida. O presente trabalho teve o objetivo de avaliar a eficiência de produção, beneficiamento e comercialização de sementes de soja na Copercampos – Cooperativa regional Agropecuária de Campos Novos.
Palavras chaves: Glycine max, eficiência, comercialização, verticalização
ABSTRACT
SCHLEGEL, Marcos. Production of soybean seeds in the Coopercampos – crop years of 2008 to 2010. 2012, 48f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de sementes. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, RS. The planning of the seed production fields is very important, being the efficiency in the conduction and use of the fields, processing, storage, until marketing and post-sales, fundamental to the company progression that wants to maintain and/or grow in a market so demanding in quality. The study was conducted at the company Agricultural Regional Cooperative of Campos Novos - COPERCAMPOS, located in the municipality of Campos Novos - SC, with soybean seeds produced and marketed in the crop years of 2008/2009 and 2009/2010, in the form of licensing and verticalized. The aim was to evaluate the efficiency in the production of soybean seeds of the company, where the fields of seed production are conducted. The cultivars choice is set with the partner companies by market demand of soybean seeds and contract settlement with the breeder. The parameters obtained from production, processing, approval and marketing have shown useful values for the cooperative. Based on the results, it was reached the following conclusions: 1 - the elimination percentage of the seed lots by low quality is less than 5%, 2 - the leftover of seeds processed represents more than 5% of the total seeds produced, 3 - only three cultivars account for more than 55% of the total seeds produced and 4 - the form of verticalized production adopted by breeders exceeds 50% of the total seed produced. Keywords: Efficiency, marketing, verticalization, soybean
SUMÁRIO
Página
BANCA EXAMINADORA .................................................................................... 2 DEDICATÓRIA .................................................................................................... 3 AGRADECIMENTOS ........................................................................................... 4 LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 5 LISTA DE TABELA .............................................................................................. 6 RESUMO ............................................................................................................. 7 ABSTRACT ......................................................................................................... 8 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 12 2.1 A CULTURA DA SOJA ................................................................................... 12 2.2 A IMPORTÂNCIA DA SEMENTE ................................................................... 12 2.2.1 Efeitos do ambiente sobre a formação da semente .............................. 13 2.3 ARMAZENAMENTO E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES....................... 14 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 17 3.1 PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA ....................................................... 17 3.2 PLANEJAMENTO DOS CAMPOS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES ......... 19 3.3 COLHEITA DOS CAMPOS DE SEMENTE DE SOJA ................................... 19 3.4 BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO .................................................. 22 3.5 ANÁLISE DE SEMENTES E CERTIFICAÇÃO .............................................. 22 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 24 5. CONCLUSÕES ................................................................................................ 33 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 34
1 INTRODUÇÃO
No processo de produção de sementes de soja, França Neto et al. (1994), a
qualidade do produto final pode ser influenciada por diversos fatores, que podem
ocorrer no campo antes e durante a colheita e durante todas as etapas da produção,
como durante a secagem, o beneficiamento, o armazenamento, o transporte e a
semeadura. Tais fatores abrangem extremos de temperatura durante a maturação,
flutuações das condições de umidade ambiente, incluindo secas, deficiência na
nutrição das plantas, ocorrência de insetos, além da adoção de técnicas
inadequadas de colheita, secagem e armazenamento.
O planejamento dos campos de produção de sementes é de fundamental
importância sendo a eficiência na condução e aproveitamento dos campos, nos
processos envolvidos desde o plantio, beneficiamento, armazenamento até a
comercialização e pós-vendas, fundamentais para o progresso da empresa que
pretende se manter e/ou crescer no mercado.
Na cadeia de produção de sementes de soja de alta qualidade a
comercialização é tão importante quanto a produção, sendo que estimativa de
demanda por semente e por cultivares se constitui em meta fundamental em uma
empresa profissionalizada de sementes de soja, que, além de buscar fornecer
semente de alta qualidade, deve também estar atenta a expectativa de demanda
pelos clientes por determinadas cultivares. A entrada no país de novas empresas
obtentoras de cultivares tem exigido por parte dos produtores de sementes maior
atenção a demanda de mercado, nichos estes por arquitetura de planta e ciclos
diferenciados conforme a região do país. Estar atento ao mercado se torna um
diferencial, pois além de melhorar a participação no mercado terá também maior
aproveitamento e assim, com menos custo de produção, evitando-se perdas e
sobras de sementes.
Na cadeia produtiva da soja observa-se que os produtores e comerciantes
de sementes desempenham importante papel, pois os agricultores que produzem
grãos industriais necessitam de sementes de alta qualidade para manter as
vantagens agronômicas e elevar os rendimentos. Atualmente, a indústria de
sementes está em um processo significativo de evolução, em resposta aos novos
11
11
desafios, promovendo simultaneamente a conservação e gestão da diversidade
genética (RISSO, 2010).
Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo avaliar os índices de eficiência
na produção de sementes de soja da empresa Cooperativa Regional Agropecuária
de Campos Novos – COPERCAMPOS, localizada no município de Campos Novos -
SC nas safras 2008/2009 e 2009/2010, tanto na forma de produção em
licenciamento como na forma de produção verticalizada.
.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A CULTURA DA SOJA
A soja constitui uma espécie de grande interesse socioeconômico, em
função dos teores elevados de proteína (em torno de 40%) e óleo (em torno de
20%). A soja pertence à classe das dicotiledôneas, família Fabaceae. A espécie
cultivada é a Glycine max Merril. A soja é considerada um dos principais
componentes econômicos para o agronegócio brasileiro, sendo produzida em
diversas regiões do país, sob as mais variadas condições edafoclimáticas.
Atualmente, ocupa uma área de 24,1 milhões de hectares e produção de
75,3 milhões de toneladas com produtividade média de 3,1 t.ha-1 (CONAB, 2011).
Além de sua importância econômica, a soja é responsável pela posição de destaque
do país no cenário mundial da produção de alimentos, sendo o segundo maior
produtor desta cultura.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA SEMENTE
Tudo começa pela semente e por isso a sua fundamental importância para a
agricultura. Produção com alta qualidade e quantidade somente são obtidas com
sementes de elevada qualidade, associadas a técnicas e práticas agrícolas que
propiciem as melhores condições para um adequado desenvolvimento da cultivar.
A resposta ao uso de sementes de alta qualidade fisiológica está
comprovada em diferentes culturas, não sendo exagero afirmar que sementes com
alta germinação e vigor podem repercutir em maior produtividade (SEED NEWS,
2010).
O uso de sementes de soja com baixo vigor pode resultar na obtenção de
populações de plantas inadequadas, o que resultará na redução da produtividade.
Em muitas situações, poderá haver a necessidade da ressemeadura e tal prática
está associada ao aumento do custo de produção e menor produtividade (FRANÇA
NETO; KRZYZANOWSKI, 2004).
13
13
A temperatura e a umidade elevada na colheita são as principais causas de
redução de qualidade das sementes.
2.2.1 Efeitos do ambiente sobre a formação da semente
Todos os seres vivos resultam da interação do seu genoma (todos os genes)
com o meio ambiente. Em se tratando de cultivos agrícolas, o efeito do ambiente
sobre a expressão dos genes é ainda mais importante, pois cada cultivar possui uma
base genética adaptada a determinadas condições ambientais. A primeira grande
decisão do agricultor deve ser pela escolha de cultivares adaptadas às condições
ambientais da sua lavoura (ou região), bem como do nível tecnológico de que ele
dispõe. A busca por informações deve ser permanente, pois ocorre lançamento de
novos cultivares a cada ano. A escolha de cultivares adaptados diminui a
possibilidade de perdas devido ao ambiente, embora elas possam acontecer assim
mesmo devido anomalias climáticas e quebra de resistência a algumas doenças.
Os efeitos negativos do ambiente, sobre a formação da semente, podem ter
diferentes origens e podem ser diretos ou indiretos. Os efeitos diretos agem sobre a
semente e os indiretos atuam sobre as partes vegetativas, dessa forma acabam
refletindo sobre a semente.
Os macronutrientes e micronutrientes interferem na produção e na qualidade
fisiológica das sementes.
Elevadas temperaturas com déficit hídrico reduzem a atividade das enzimas
que atuam no processo de fotossíntese, também aumentam a perda de água para a
atmosfera, fazendo com que a planta tenha que fechar seus estômatos, o que
restringe a entrada de CO2. Isto reduz a formação de sacarose nas folhas. Como,
praticamente, toda a sacarose transportada para a semente é resultado da
fotossíntese realizada após a floração, a elevada temperatura pode diminuir
drasticamente a produção de amido e outros carboidratos nas sementes.
Com relação à luminosidade, ocorre o mesmo raciocínio aplicado à
temperatura, pois quanto menos ensolarados forem os dias, menor a taxa
fotossintética, menor a produção de sacarose e menor o acúmulo de reservas.
O solo seco também age sobre a diminuição da produção, pois diminui o
fluxo de massa que carrega os nutrientes do solo para as raízes e a taxa
14
14
fotossintética. Em solo seco, a planta necessita manter seus estômatos fechados,
para evitar a desidratação. Dessa forma, além de absorver menos nutrientes, a taxa
fotossintética é reduzida pela escassez de CO2 no interior das folhas. O estresse
hídrico também diminui a deposição de amido nas sementes.
As plantas daninhas competem com os cultivos por luz, macro e
micronutrientes, e, insetos, fungos e bactérias podem diminuir a área fotossintética,
além de causar o abortamento de flores e sementes. Todos estes fatores contribuem
para a diminuição da produção e da qualidade fisiológica de das sementes.
Estresses ocorridos nas plantas antes da maturidade fisiológica agem sobre
a diminuição da massa seca das sementes, peso de mil sementes, vigor, viabilidade
e qualidade visual e, estresses que ocorrem após a maturidade fisiológica, agem
mais sobre a redução de vigor e viabilidade (acelerando a deterioração), do que
sobre o peso de 1000 sementes e massa seca.
O efeito de todos estes estresses depende muito de sua intensidade. Além
disso, há variabilidade genética em todas as espécies para as respostas aos
estresses do ambiente.
O máximo de vigor é atingido na maturidade fisiológica, pode-se dizer que a
colheita, secagem e armazenagem sob temperaturas adequadas, de forma
cuidadosa auxiliam na manutenção de uma semente de qualidade, e para tanto,
semente se faz no campo.
2.3 SECAGEM E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
A operação de secagem de sementes é uma etapa fundamental no
recebimento de sementes e sua correta aplicação assegura menores perdas
qualitativas durante as etapas de beneficiamento e armazenamento até a utilização
final na semeadura das sementes (VILLELA et al., 2010).
Segundo estudo realizado por Costa et al. (1994) no estado do Paraná, as
áreas com temperaturas amenas (≤ 22 oC), são mais propícias à produção de
sementes de soja. Estudos com sementes produzidas no Brasil demonstraram que
as sementes provenientes do Sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
possuem o melhor padrão de qualidade (COSTA et al.,2003).
15
15
De modo geral, a qualidade das sementes decresce a partir da maturidade
fisiológica, dependendo das condições climáticas, principalmente, temperatura e
umidade relativa do ambiente em que ficam expostas, até atingir o momento de
colheita (GARCIA et al., 2004).
Estudos realizados por Hamer e Peske (1997) concluíram que as sementes
entre 14 e 18% de umidade apresentam menor ocorrência de danificação mecânica
e o menor percentual de perdas durante a colheita. Com umidade de colheita entre
11,4 e 19%, a danificação é aceitável e as perdas permanecem inferiores a 3%. A
combinação da baixa umidade das sementes e alta rotação do cilindro resulta em
maior danificação mecânica das sementes.
Costa (2005) afirmou que sementes colhidas com grau de umidade superior
a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes e, se colhidas
com teores abaixo de 12%, estão suscetíveis ao dano mecânico imediato.
Segundo Peske, Lucca Filho e Barros (2006), o objetivo do beneficiamento
de sementes é obter a máxima qualidade de um lote de sementes, submetendo-o,
desde a sua recepção na Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) até a
embalagem e distribuição, a operações específicas em cada uma das etapas.
As sementes que chegam a UBS podem vir misturadas com vários materiais
indesejáveis como material inerte, sementes de plantas daninhas, de outras
espécies, sementes mal formadas e sementes fora do padrão. A pré-limpeza
consiste na remoção dos materiais de tamanho menor, maior e mais leves que as
sementes, utilizando a máquina de ar e peneiras com alta capacidade operacional.
Nesta etapa do beneficiamento é importante o rendimento do que a qualidade,
considerando-se a necessidade de passar na pré-limpeza toda a semente recebida
no dia (PESKE; LUCCA FILHO E BARROS, 2006).
Algumas vantagens de proceder à colheita das sementes com alta umidade
e realizar a secagem artificial são: a) possibilidade de planejar a colheita; b)
possibilidade de colher mais horas por dia e mais dias por safra; c) menor perda de
sementes por deiscência/degrane natural; d) colheita de sementes de qualidade
potencialmente superior (PESKE, LUCCA FILHO e BARROS, 2006).
A classificação de sementes de soja, nos últimos anos, tornou-se uma
necessidade comercial na produção de sementes de alta qualidade (PESKE; LUCCA
FILHO e BARROS, 2006).
16
16
Num lote de sementes de soja, as sementes de diferentes tamanhos
distribuem-se segundo uma curva normal, independentemente das dimensões
características das sementes de cada cultivar, local e ano de produção. As sementes
incluídas na faixa de tamanho médio no lote apresentam similaridade quanto à
qualidade fisiológica e qualidade superior ou semelhante às sementes pertencentes
às demais classes de tamanho (PESKE, LUCCA FILHO e BARROS, 2006).
Os fatores que afetam a qualidade de sementes de soja são danos
mecânicos, deterioração por umidade, danos causados por percevejos, danos
causados por seca e altas temperaturas, danos de secagem e danos de geada.
Motivado pelo não aproveitamento de campos para produção de sementes,
devido à contaminação, baixa qualidade de sementes, entre outros fatores, a área
inscrita para produção de sementes de soja excede à área efetivamente colhida.
Além disso, o aproveitamento de sementes de soja no beneficiamento varia
de 65 a 75%, dependendo da cultivar, ano, local de produção e UBS.
Para um adequado planejamento das áreas de produção afim de atingir às
necessidades de comercialização, por cultivar, é fundamental analisar a eficiência
das diferentes etapas do processo, em diferentes safras.
O presente trabalho teve o objetivo de avaliar a eficiência de produção,
beneficiamento e comercialização de sementes de soja na Copercampos –
Cooperativa regional Agropecuária de Campos Novos.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado na empresa Cooperativa Regional Agropecuária de
Campos Novos – COPERCAMPOS, localizada no município de Campos Novos – SC
(planalto sul de SC), com sementes de soja produzidas e comercializadas nas safras
2008/2009 e 2009/2010, na forma de licenciamento e verticalizada.
3.1 PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA
Os campos de produção de sementes de soja da COPERCAMPOS estão
localizados no planalto sul do Estado de Santa Catarina nos municípios de Campos
Novos, Curitibanos e Campo Belo do Sul. A área total dos cooperantes e agricultores
parceiros é de 55.000 hectares, sendo que em torno de 22.000 hectares é destinado
à produção de sementes de soja. Os campos de produção de sementes estão
situados numa altitude entre 850 a 1.050 metros.
18
18
A COPERCAMPOS é a segunda maior cooperativa do Estado de Santa
Catarina. A produção de cereais é expressiva no município de Campos Novos e
região, atuando com armazéns, lojas agropecuárias, postos de combustíveis,
supermercados, granjas de suínos, indústria de rações, indústria de fertilizantes e
unidades de beneficiamento de sementes. São 40 filiais distribuídas no estado de
Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul com 1058 associados e 700
funcionários.
Com produção de 45 mil toneladas por ano, a Copercampos produz
sementesde soja, feijão, trigo, aveia preta, aveia branca, azevém, nabo forrageiro,
ervilhaca, capim sudão e milheto .
19
19
A cooperativa produz sementes de soja de 20 cultivares, com produção de
25.000 toneladas para atender a demanda dos agricultores da região (8%), clientes
dos estados do PR, MS, SP, RS e PY (30%) e parceiros Nidera, Syngenta e
Coodetec (62%).
Além da produção de sementes de soja, a cooperativa produz sementes de
trigo (5.000 toneladas), feijão (500 toneladas), aveia preta (4.000 toneladas),
azevém (300 toneladas), aveia branca, ervilhaca, nabo forrageiro, capim sudão e
milheto.
3.2 PLANEJAMENTO DOS CAMPOS DE SEMENTE DE SOJA
Os campos de produção de sementes são conduzidos pelos cooperantes
mediante contrato de cooperante e acompanhados pelo técnico da cooperativa,
desde o planejamento, escolha da cultivar, semeadura, manejo, inspeções de
campo até a colheita.
Com o contrato de cooperante, o multiplicador é obrigado a entregar a
semente na cooperativa, bem como a produção destinada para consumo sempre
respeitando as decisões do responsável técnico e preservando a qualidade das
sementes. No final da comercialização, o multiplicador recebe uma bonificação de
6% a 15% dependendo da cultivar.
A escolha das cultivares é definida com as empresas parceiras, mediante
demanda de mercado de sementes de soja e acerto de contrato. Previamente, estas
cultivares são testadas no Campo Experimental da cooperativa em uma área de 36
hectares, onde realizam-se os ensaios de valor de cultivo e uso (VCU), ensaios de
manejo e produtividade e dia de campo, anualmente no mês de março.
3.3 COLHEITA DOS CAMPOS DE SEMENTE DE SOJA
Os campos de produção de sementes de soja são avaliados desde a
semeadura até a colheita, sendo esta realizada com teor de água preferencialmente
entre 12% e 16%.
O momento da colheita é definido pelo produtor juntamente com o técnico
responsável, avaliando aspecto visual, inspeção de colheita e previsão do tempo.
20
20
Para as cultivares de maior demanda realiza-se previamente o teste de tetrazólio e
na recepção o teste de dano mecânico com a solução de hipoclorito de sódio.
Com base na expectativa de oferta e demanda por sementes e por cultivares
específicas contratadas é tomada a decisão sobre quais os campos de sementes
terão prioridade e quais serão descartados.
A colheita é realizada com colhedoras dos cooperantes, sendo que em torno
de 70% do total de semente é colhida por colhedoras axiais visando redução no
dano mecânico e maior rendimento.
O campo de produção de semente só é liberado para colheita mediante
inspeção pré-colheita efetuada pelo técnico responsável. Na inspeção, o técnico
também acompanha se a colhedora, graneleiro e caminhões foram devidamente
limpos, a fim de evitar mistura de cultivares ou outras espécies. Nas Figuras 1, 2 e 3
são mostrados as limpezas efetuadas no saca-pedra, no graneleiro, no pescoço e
plataforma de uma colhedora utilizada para efetuar a colheita da COPERCAMPOS.
Figura 1. Limpeza da colhedora – saca-pedra
21
21
Figura 2. Limpeza da colhedora – graneleiro
Figura 3. Limpeza da colhedora – esteira e plataforma
22
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3.4 BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO
As sementes colhidas nas filiais de Curitibanos e Campo Belo do Sul são
recebidas nas respectivas filiais e, posteriormente, levadas para a sede em Campos
Novos onde estão as linhas de beneficiamento de sementes.
São três unidades de beneficiamento de sementes com capacidade total de
6.000 sacos de 40 kg por dia. Todas as linhas de beneficiamento possuem sistema
de pré-limpeza, silos reguladores de fluxo, máquina de ar e peneiras, separadores
em espiral, mesa de gravidade e padronizadores por tamanho.
Os lotes de sementes são de 12.000kg, sendo 300 sacos de 40kg e
armazenados em palets na forma de pilha e em blocos. Os armazéns tem
capacidade para armazenar 800.000 sacos de sementes de 40kg.
No período de armazenamento, as temperaturas são baixas dispensando o
resfriamento de sementes.
3.5 ANÁLISES DE SEMENTES E CERTIFICAÇÃO
As análises de germinação e pureza física de sementes para
comercialização são realizadas pelo laboratório de sementes da cooperativa e a
certificação é própria da cooperativa com o devido credenciamento no RENASEM e
seguindo as normas e padrões da lei No 10.711, de 5 de agosto de 2003.
Durante a fase de armazenamento são realizados testes adicionais a análise
oficial para acompanhar a qualidade das sementes. São conduzidos testes de
germinação em bandejas com areia em casa de vegetação (Figuras 4 e 5) e teste de
tetrazólio. Busca-se germinação superior a 90% e vigor superior a 75% pelo teste
envelhecimento acelerado, devido bonificação adicional em contratos com os
parceiros.
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23
Figura 4. Casa de vegetação para teste de germinação em areia
Figura 5. Testes de germinação em bandejas com areia
Foram analisados os dados referentes à área inscrita, produção colhida,
quantidade beneficiada e quantidade comercializada na Copercampos nas safras
2008/09 e 2009/10.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Coopercampos produziu, no ano agrícola de 2008/09 com 30 cultivares de
soja, sendo na média, pouco mais de 500 hectares por cultivar (Tabela 1).
A média do rendimento por hectare foi de 1600 kg.ha-1, entretanto, 68% da
produtividade do ano de 2008/09 estava entre 900 e 2300 kg.ha-1 (Tabela 1)
evidenciando que há cooperantes que utilizam alta tecnologia de secagem e colheita
para produção de sementes, enquanto outros confiam na ocorrência de condições
climáticas favoráveis da região, na época de colheita.
Em relação ao descarte de sementes na operação de beneficiamento,
constatou-se que no ano de 2008/09 a média foi de 25%, sendo que 68% das
cultivares apresentaram um descarte entre 9 e 41%. Este descarte pode ser
considerado normal de acordo com Baudet e Peske (2006), entretanto há uma
tendência de em algumas cultivares ocorrerem maiores descartes que outras, como
foi o caso da cultivar BRS 232, que apresentou descarte de 80% para ser
comercializado para indústria alimentícia por ser soja convencional (Tabela 1).
As sementes uma vez beneficiadas, são analisadas quanto à qualidade
física e fisiológica para efeitos de comercialização. Neste sentido, verifica-se na
Tabela 2 que 2,61% dos lotes de sementes apresentaram qualidade inferior aos
padrões mínimos para comercialização. Entretanto, mais de 70% das cultivares
tiveram toda sua produção aprovada para comercialização. O descarte nesta fase da
produção de sementes acarreta grandes prejuízos, pois a semente já foi beneficiada
e embalada, sendo necessário o seu encaminhamento para grãos.
Em relação a área inscrita, algumas cultivares apresentam produtividades
altas e outras baixas, pois a cooperativa sempre inscreve campos a mais devido
demanda de mercado e instabilidades climáticas.
25
25
Tabela 1. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção bruta recebida e beneficiada pela Copercampos na safra 2008/2009
Cultivar
Área Inscrita
(ha)
Produção bruta
recebida(t) Produtividade
(t.ha-¹)
Produção beneficiada
(t) Eficiência
(%)
CD 236 RR 130 290,94 2,24 231,72 80
CD 239 RR 152 454,62 2,99 372 82
CD 208 335 292,02 0,87 200,72 69
CD 233 RR 59 121,92 2,07 74,76 61
CD 235 RR 365 877,8 2,4 754,84 86
CD 226 RR 836 570,9 0,68 370,08 65
CD 231 RR 456 707,58 1,55 307,92 44
CD 214 RR 455 1136,64 2,5 740,16 65
CD 225 RR 630 445,68 0,71 330 74
CD 202 510 1217,46 2,39 1008,16 83
CD 215 210 417,54 1,99 348,28 83
CD 213 RR 305 462 1,51 384,28 83
EMBRAPA 48 152 334,44 2,2 269,32 81
BRS 184 405 715,62 1,77 548,6 77
BRS 232 2379 5111,7 2,15 1032 20
BRS 258 261 545,88 2,09 375 69
BRS 282 602 1045,08 1,74 792,96 76
BRS 284 225 384,48 1,71 301,28 78
BRS 245 RR 145 394,52 2,72 337,8 86
BRS 255 RR 150 151,08 1,01 120 79 DON MARIO 5.8 I RR 660 287,7 0,44 245,12 85
BMX TITAN RR 763 426,6 0,56 354,48 83 DON MÁRIO 7.0 I RR 498 911,94 1,83 283,4 31 BMX POTÊNCIA RR 334 841,14 2,52 732,88 87
NK 7059 RR 1330 2866,08 2,15 2362,3 82
NK 7054 RR 1166 2049,12 1,76 1405,92 69
SYN 3358 RR 903 1747,62 1,94 1467,52 84
NA 4990 RG 620 1370,88 2,21 1133,96 83
NA 5909 RG 848 1922,22 2,27 1526,56 79
A 6411 RG 512 1340,34 2,62 1158,64 86
Total 16296 26.042,40 19.570,70
Média 546,5 981,4 1,6 652,4 75
Desvio Padrão 0,7 16
26
26
Tabela 2. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção aprovada e comercializada pela Copercampos na safra 2008/2009
Cultivar Produção
beneficiada (t) Produção
aprovada (t) Eficiência(%) Comercialização
(t) Eficiência(%)
CD 236 RR 231,72 231,72 100 205,28 89
CD 239 RR 372 372 100 121,68 33
CD 208 200,72 200,72 100 165,96 83
CD 233 RR 74,76 74,76 100 13,76 18
CD 235 RR 754,84 754,84 100 231,08 31
CD 226 RR 370,08 370,08 100 270,88 73
CD 231 RR 307,92 307,92 100 87,8 29
CD 214 RR 740,16 608,16 82 608,16 100
CD 225 RR 330 330 100 167,04 51
CD 202 1008,16 1008,16 100 1008,16 100
CD 215 348,28 336,28 97 336,28 100
CD 213 RR 384,28 384,28 100 384,28 100 EMBRAPA 48 269,32 233,32 87 233,32 100
BRS 184 548,6 548,6 100 520,64 95
BRS 232 1032 1008 98 957,6 95
BRS 258 375 375 100 24,4 7
BRS 282 792,96 780,96 98 718,4 92
BRS 284 301,28 301,28 100 301,28 100
BRS 245 RR 337,8 337,8 100 294,36 87
BRS 255 RR 120 120 100 120 100 DON MARIO 5.8 I RR 245,12 245,12 100 245,12 100 BMX TITAN RR 354,48 354,48 100 159,88 45 DON MÁRIO 7.0 I RR 283,4 283,4 100 225,04 79 BMX POTÊNCIA RR 732,88 732,88 100 732,08 100
NK 7059 RR 2362,3 2362,3 100 2362,3 100
NK 7054 RR 1405,92 1405,92 100 1405,92 100 SYN 3358 RR 1467,52 1467,52 100 1467,52 100
NA 4990 RG 1133,96 1133,96 100 1133,96 100
NA 5909 RG 1526,56 1430,56 94 1430,56 100
A 6411 RG 1158,64 961,2 83 961,2 100
Total 19.570,70 19.061,20 16893,9
Média 652,4 635,4 97,39 563,1 88,6
Desvio Padrão 4,98 29,58
27
27
Quanto à comercialização das sementes constata-se que no ano de
2008/09, 11,4% das sementes não foram vendidas, percentual esse alto, mesmo
considerando que o planejamento foi realizado com dois anos de antecedência.
Mesmo assim, praticamente a metade das cultivares tiveram 100% de suas
sementes comercializadas (14 entre 30).
A cultivar A 6411 RG apresentou variação da cor do hilo e em testes de
peroxidase. Verificou-se sementes as diferenças e por isso uma menor eficiência.
Como discutido anteriormente, os parâmetros obtidos de produção,
beneficiamento, aprovação e comercialização mostram valores bastante úteis para a
cooperativa fazer as devidas correções de rumo com base nos avanços científicos e
tecnológicos.
No ano agrícola de 2009/10, em relação a área inscrita, houve aumento
superior a 3000ha em relação ao ano anterior, mostrando a alta expectativa com o
negócio sementes (Tabela 3). Todavia, a produção bruta praticamente dobrou em
relação à safra 2008/09.
Em relação à produção bruta recebida na UBS constata-se que a média de
produtividade foi inferior a 2t.ha-1, significando uma apreciável rejeição de área
inscrida para produção de sementes ou condenação de lotes de sementes na
processo de recepção das sementes na UBS. Considerando uma produtividade
média de 2,8t.ha-1, o descarte de sementes, em relação à área inscrita pode ser
estimado em 30%.
Analisando o aproveitamento dos campos inscritos junto ao MAPA entre os
dois anos de produção, verifica-se o aproveitamento médio de 1.600kg.ha-1 na safra
2008/2009 e de 1.960kg.ha-1 na safra 2009/2010 (Tabelas 1 e 3), significando um
aumento superior a 350kg.ha-1, o que resultou num menor custo da produção de
sementes. Estes dados são bastante variáveis entre as cultivares devido às
acentuadas variações na demanda de mercado nos últimos anos. A cultivar BMX
Potência RR apresentou maior aproveitamento nas duas safras devido alta demanda
de mercado (Tabelas 1 e 3).
28
28
Tabela 3. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção bruta recebida, beneficiada pela Copercampos na safra 2009/2010.
Cultivar
Área Inscrita
(ha)
Produção bruta
recebida(t) Produtividade
(t.ha-¹)
Produção beneficiada
(t) Eficiência
(%)
DON MÁRIO 5.8 I RR 210 584,58 2,78 383,4 66 DON MARIO 7.0 I RR 165 297,54 1,8 235,6 79 BMX ENERGIA RR 419 867,48 2,07 560 65 BMX POTÊNCIA RR 933 3009,36 3,23 2473,2 82 BMX FORÇA RR 507 463,62 0,91 384,4 83
NA 5909 RG 4208 8359,08 1,99 6218,48 74
A 6411 RG 1770 2897,4 1,64 2221,2 77
NS 4823 1243 2258,28 1,82 1989,32 88
A 7321 RG 179 353,88 1,98 310 88
CD 202 605 462,96 0,77 255 55
CD 235 RR 140 264,42 1,89 189,8 72
CD 236 RR 1469 1403,58 0,96 1131,4 81
CD 239 RR 115 339,96 2,96 166 49
CD 206 RR 491 1576,56 3,21 1280,6 81
5 D 688 RR 514 1308,54 2,55 926,2 71
Embrapa 48 140 277,26 1,98 216,4 78
BRS 184 165 253,92 1,54 216,4 85
BRS 232 235 459,78 1,96 259,2 56
BRS 282 230 780,84 3,39 561,6 72
BRS 284 275 600,06 2,18 460,8 77
BRS 295 RR 70 206,46 2,95 160,2 78
SYN 3358 RR 4342 9564,18 2,2 6587,5 69
RA 518 RR 678 1270,44 1,87 284,28 22
RA 728 RR 208 466,98 2,25 324 69
Total 19311 37860,18 27470,98
Média 804,6 1597 1,96 1158,1 72,5
Desvio Padrão 1 15
29
29
Tabela 4. Área inscrita de sementes de soja por cultivar com produção aprovada e comercializada pela Copercampos na safra 2009/2010
Cultivar Produção
beneficiada (t) Produção
aprovada (t) Eficiência
(%) Comerciali-
zação (t) Eficiência
(%)
DON MÁRIO 5.8 I RR 383,4 383,4 100 355,48 93
DON MARIO 7.0 I RR 235,6 235,6 100 227,6 97
BMX ENERGIA RR 560 560 100 314,84 56
BMX POTÊNCIA RR 2473,2 2437,2 99 2437,2 100
BMX FORÇA RR 384,4 384,4 100 381,38 99
NA 5909 RG 6218,48 6218,48 100 6218,48 100
A 6411 RG 2221,2 2209,2 99 2209,2 100
NS 4823 1989,32 1989,32 100 1989,32 100
A 7321 RG 310 310 100 307,04 99
CD 202 255 255 100 148,4 58
CD 235 RR 189,8 189,8 100 76,48 40
CD 236 RR 1131,4 1131,4 100 1131,4 100
CD 239 RR 166 166 100 42,12 25
CD 206 RR 1280,6 1280,6 100 1280,6 100
5 D 688 RR 926,2 926,2 100 926,2 100
Embrapa 48 216,4 216,4 100 88,12 41
BRS 184 216,4 216,4 100 48,8 23
BRS 232 259,2 259,2 100 144,4 56
BRS 282 561,6 561,6 100 475,48 85
BRS 284 460,8 420,8 91 128,64 31
BRS 295 RR 160,2 100,2 63 87,44 87
SYN 3358 RR 6587,5 6350 96 6350 100
RA 518 RR 284,28 284,28 100 83,72 29
RA 728 RR 324 324 100 103,84 32
Total 27470,98 27085,48 99 25452,34
Média 1158,1 1142,1 98,6 1064,8 93,97
Desvio Padrão 7,8 30,6
Em relação ao descarte no processo de beneficiamento das sementes,
verifica-se que houve um descarte de 27,5% (Tabela 3), sendo 2,5 pontos
percentuais maior do que no ano anterior, entretanto ainda dentro de limites
aceitáveis.
A comercialização das sementes no ano de 2009/10 apresentou uma média
de 93,97% (Tabela 4) da produção aprovada para a venda, porém salienta-se que
sete cultivares apresentaram menos de 50% de suas sementes comercializadas,
significando que um grande número de cultivares tiveram todas suas sementes
comercializadas.
30
30
Em relação as sobras de sementes merece registro que são separadas e
destinadas à indústria. Nesse caso, a Cooperativa recebe um ágio em torno de 15 a
30%. Mesmo assim, o ideal é que não ocorra sobra de sementes devido aos custos
com beneficiamento e sacaria.
Comparando as sobras de sementes beneficiadas nos anos de 2008/09 e
2009/10, observa-se que no ano 2008/2009 a sobra foi de 2.068 toneladas, sendo
10,8% em relação ao total de sementes aprovadas e na safra 2009/2010 a sobra foi
de 1.633 toneladas, sendo 6% em relação ao total de sementes aprovadas.
Em relação ao percentual de participação dos obtentores na produção de
sementes da cooperativa, observa-se que nos dois anos agrícolas houve grandes
mudanças, evidenciado pela EMBRAPA que em 2008/09 tinha 18,7% de
participação reduzindo para 3,8% em 2009/10 e a Brasmax que em 2008/09 tinha
8% e em 2009/10 aumentou para 14,5% (Tabela 5). Essas mudanças são normais
em função do desempenho das cultivares e a entrada no mercado de novos
materiais.
Tabela 5. Total de sementes de soja comercializadas na Cooperativa por empresa obtentora nas safras 2008/09 e 2009/10
Obtentor Safra 2008/2009 Safra 2009/2010
T % T %
COODETEC 3.600 21,3 3.605 14,1
EMBRAPA 3.170 18,8 973 3,8
BRASMAX 1.362 8,1 3.717 14,5
NIDERA 3.526 20,9 10.724 42,0
SYNGENTA 5.236 31,0 6.350 25,0
Com a entrada no país das cultivares transgênicas tolerantes ao herbicida
Roundup Ready, ocorreu nas últimas safras, grande migração do uso das cultivares
convencionais para as cultivares RR, destacando a empresa Nidera que dobrou sua
produção de uma safra para a outra passando de 20,9% para 42% (Tabela 6). A
tendência é que nas próximas safras não seja cultivada soja convencional na região,
por questões principalmente econômicas. Foram comercializadas na safra
2008/2009, soja convencional para indústria, a sobra de sementes que foi aprovada
31
31
e não foi comercializada, sendo 526 toneladas e mais 4.000 toneladas da cultivar
BRS 232 que não foram classificadas (Tabela 5). Neste nicho de mercado, a
cooperativa recebeu 20% a mais no preço. Na safra 2010/2011, estima-se uma
produção de apenas 600 toneladas de semente de soja convencional,
correspondendo em torno de 2% do total de semente produzida e aproximadamente
30.000 toneladas de soja RR, representando 98%.
Devido à presença de sementes adventícias em lotes de semente de soja
convencional e a demanda de mercado ter diminuído muito, nas próximas safras a
cooperativa não vai produzir sementes de soja de cultivares convencionais.
Em termos de cultivares de soja convencional e transgênica, constata-se
que na safra 2008/09 praticamente 75% era transgênica e em 2009/10 esse
percentual aumentou para 96% (Tabela 6). Esta tendência pode ser considerada
normal devido à adoção pelo agricultor dos avanços tecnológicos que reconhece na
soja transgênica e seus benefícios.
Tabela 6. Quantidades de sementes de soja convencionais e transgênicas comercializadas na Copercampos nas safras 2008/09 e 2009/10]
Soja Safra 2008/2009 Safra 2009/2010
T % T %
Convencional 4.266 25,2 1.034 4,1
Transgênica 12.628 74,8 24.419 95,9
Com a entrada de novas empresas obtentoras no país, o mercado ficou mais
competitivo e as ações comerciais por parte de algumas empresas foi a venda direta
através da produção verticalizada. Devido a este crescimento, a cooperativa passou
a atender esta forma de produção (Tabela 7).
Para a safra 2010/2011, a previsão de produção verticalizada é de 19.890
toneladas, sendo 65% do total produzido e 10.710 toneladas (35%) na forma de
licenciamento.
32
32
Tabela 7. Total de sementes de soja comercializada pela cooperativa na forma verticalizada e licenciamento nas safras 2008/09 e 2009/10
Semente Safra 2008/2009 Safra 2009/2010
T % T
Verticalizada 9.814 58,1 18.543 72,7
Licenciada 7.080 41,9 6.909 27,1
O negócio de sementes de soja contempla a verticalização da
comercialização das cultivares e/ou o licenciamento. Neste sentido, em 2008/09
praticamente 42% a produção era licenciada, entretanto, na safra 2009/10, reduziu
para 27%. Essa tendência adotada pelos obtentores parece ser normal, devido ao
baixo retorno obtido pelo Royalty no licenciamento de cultivares.
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos chegou-se as seguintes conclusões no
período de produção de sementes nas safras 2008/09 e 2009/10:
1- A eficiência na comercialização foi de 94%;
2- A eficiência no beneficiamento foi de 75%;
3- A forma de produção verticalizada adotada pelos obtentores ultrapassa a
60% do total da semente produzida;
4- O percentual de eliminação dos lotes de sementes por baixa qualidade é
inferior a 5% e
5- Apenas três cultivares respondem por mais de 55% do total das sementes
produzidas.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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