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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Produção de polímeros termoplásticos
vulcanizados utilizando pó de pneu tratado
com PECVD
Antônio Pedro Andrade da Cunha Ponciano Gomes
2017
PRODUÇÃO DE POLÍMEROS TERMOPLÁSTICOS
VULCANIZADOS UTILIZANDO PÓ DE PNEU
TRATADO COM PECVD
Antônio Pedro Andrade da Cunha Ponciano Gomes
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadoras:
Renata Antoun Simão
Bluma Guenther Soares
Rio de Janeiro
Agosto de 2017
iii
Gomes, Antônio Pedro Andrade da Cunha Ponciano
Produção de Polímeros Termoplásticos Vulcanizados
Utilizando Pó de Pneu Tratado com PECVD/ Antônio Pedro
A. da C. P. Gomes – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2017.
XI, 70 p.: il.; 29,7 cm
Orientadoras: Renata Antoun Simão; Bluma Guenther
Soares.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia de Materiais, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 56-59.
1-Termoplásticos Vulcanizados. 2-Tratamento por
plasma. 3-Pó de pneu. 4-Polipropileno
I. Simão, Renata Antoun. II. Soares, Bluma Guenther. III.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,
Curso de Engenharia de Materiais.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.
PRODUÇÃO DE POLÍMEROS TERMOPLÁSTICOS VULCANIZADOS
UTILIZANDO PÓ DE PNEU TRATADO COM PECVD
Antônio Pedro Andrade da Cunha Ponciano Gomes
Agosto/2017
Orientadoras: Renata Antoun Simão
Bluma Guenther Soares
Curso: Engenharia de Materiais
O acúmulo de pneus inservíveis representa hoje um dos maiores desafios encontrados
na área de gestão de resíduos sólidos. Isso ocorre devido à grande dificuldade para
reciclar esses materiais em função de sua característica estrutura molecular. Com
objetivo de resolver essa questão, vêm sido estudadas diversas formas alternativas de
utilização destes pneus inservíveis, entre elas a mistura do seu pó com polímeros
termoplásticos, o que gera um material com propriedades de um elastômero e capaz de
ser reprocessado como um termoplástico. A este material é dado o nome de
termoplástico vulcanizado (TPV). Porém, um dos grandes problemas encontrados neste
material é a falta de adesão entre seus componentes, o que gera um produto de
propriedades mecânicas pobres.
Este trabalho segue a linha de pesquisa de aumento de adesão entre matriz/reforço,
através do tratamento superficial das cargas com a técnica de “plasma enhanced
chemical vapor deposition” (PECVD). O pó de pneu no experimento foi tratado com os
gases hexafluoreto de enxofre (SF6), metano e ar atmosférico. Os resultados
demonstraram que o tratamento com os gases de metano e SF6 foram eficientes em
aumentar as propriedades mecânicas das misturas enquanto que o tratamento com
plasma de ar atmosférico gerou corpos de prova com propriedades inferiores as das
misturas não tratadas.
Palavras-chave: Pó de pneu, TPV, PECVD, propriedades mecânicas, caracterização.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
PRODUCTION OF THERMOPLASTIC VULCANIZATES UTILIZING TIRE
POWDER TREATED WITH PECVD
Antônio Pedro Andrade da Cunha Ponciano Gomes
August/2017
Advisors: Renata Antoun Simão
Bluma Guenther Soares
Course: Materials Engineering
The accumulation of unusable tires represents today one of the greatest challenges in
solid waste management. This occurs because of the great difficulty found in recycling
these materials because of their characteristic molecular structure. With the goal of
solving this matter, many alternative ways of utilizing these unusable tires have been
studied, among them is the mixture of tire rubber powder with thermoplastic polymers,
creating a material with properties of an elastomer and capable of being reprocessed like
a thermoplastic. This material is named thermoplastic vulcanizates (TPV). However,
one of the major problems found in this material is the lack of adhesion between its
components, creating a product with poor mechanical properties.
This work follows the line of study of increasing the adhesion between the matrix and
its reinforcement, through the surface treatment its aggregates with the technique of
plasma enhanced chemical vapor deposition (PECVD). The tire rubber was treated with
the gases sulfur hexafluoride (SF6), methane and atmospheric air. The results showed
that the treatments with methane and SF6 were efficient in increasing the mechanical
properties of the mixtures while the treatment with atmospheric plasma generated
specimens with lower properties then the non treated samples.
Key words: Tire rubber powder, TPV, PECVD, mechanical properties, characterization
vi
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a minha família por sempre me apoiar e encorajar a ser
melhor nos momentos mais difíceis da vida.
Aos meus amigos e colegas que sempre me fizeram rir e aprender cada vez mais.
A UFRJ pela oportunidade de participar de um grupo tão dedicado tanto em
ensinar como em aprender cada vez mais.
A professora Renata Antoun Simão por ter me recebido em seu laboratório e me
ensinado não só na parte acadêmica, como também que para que um trabalho mostre
frutos, é necessária dedicação e coragem para seguir em frente nos momentos de
dificuldade.
A professora Bluma Guenther Soares pelo auxílio e orientação durante o
desenvolvimento do meu trabalho de conclusão de curso.
A Jackson Belmiro, Márcia Soares Sader, Felipe Sampaio Alencastro, Jennifer
Paola Flórez Cristancho, José Roberto e Gabriel Cardoso por toda a ajuda,
conhecimento e amizade nos últimos anos.
A todos os professores do departamento de engenharia metalúrgica e de
materiais pelo conhecimento e pelo tempo.
vii
Sumário
CAPITULO I- INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1
CAPITULO II – OBJETIVOS ......................................................................................... 4
Objetivos Gerais ........................................................................................................... 4
Objetivos Específicos ................................................................................................... 4
CAPITULO III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 5
Polímeros ...................................................................................................................... 5
1) Plásticos ............................................................................................................. 6
2) Elastômeros ........................................................................................................ 8
3) Propriedades Térmicas ....................................................................................... 9
4) Propriedades Mecânicas .................................................................................. 10
Elastômero Termoplástico e Termoplástico vulcanizado ........................................... 12
Plasma Enhanced Chemical Deposition – PECVD ................................................... 15
CAPITULO IV- MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................... 17
Pneus ........................................................................................................................... 17
Polipropileno ............................................................................................................... 18
Preparação do pó de pneu ........................................................................................... 20
5) Separação granulométrica ................................................................................ 20
6) Densitometria ................................................................................................... 22
7) Tratamento de PECVD .................................................................................... 24
Preparação dos corpos de prova .................................................................................. 27
1) Mistura e Moagem ........................................................................................... 27
2) Injeção .............................................................................................................. 28
Caracterização ............................................................................................................. 29
1) Termogravimetria e Termogravimetria Derivada ............................................ 29
2) FTIR ................................................................................................................. 31
3) Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) .................................................. 32
viii
4) DMA ................................................................................................................ 35
5) MEV ................................................................................................................. 37
Ensaio de Tração ......................................................................................................... 38
CAPITULO V–RESULTADOS .................................................................................... 39
CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO ................................................................................... 53
CAPÍTULO VII – TRABALHOS FUTUROS ............................................................... 55
Bibliografia ..................................................................................................................... 56
Anexos ............................................................................................................................ 60
ix
Lista de imagens
Figura 1: Descarte indevido de pneus .............................................................................. 2
Figura 2: Exemplos de aplicações para pneus inservíveis ................................................ 3
Figura 3: Exemplos de aplicações de materiais poliméricos ............................................ 5
Figura 4: Exemplo de interação molecular de termoplásticos .......................................... 6
Figura 5: Exemplo de interação molecular de termorrígidos ........................................... 7
Figura 6: Modelo de deformação de um elastômero aonde as linhas são as cadeias e os
pontos são as ligações cruzadas. (A – em repouso; B – tensionado)................................ 8
Figura 7: Resposta mecânica de acordo com o volume livre (Vs) por temperatura ......... 9
Figura 8: Resposta mecânica de materiais viscoelásticos a variação de velocidade de
ensaio (esquerda) e temperatura (direita) ....................................................................... 10
Figura 9: Fenômeno de reptação .................................................................................... 11
Figura 10: Comparação do ciclo de vida de um elastômero tradicional contra o de um
TPE ................................................................................................................................. 12
Figura 11: Esquematização de um TPV ......................................................................... 12
Figura 12: Curva de DMA de um TPV. Podemos observar a presença de duas
temperaturas de transição vítrea, a do elastômero (esquerda) e do termoplástico (direita)
[7] ................................................................................................................................... 13
Figura 13: Comparação a resposta mecânica entre termoplásticos, elastômeros e
termoplásticos vulcanizados [7] ..................................................................................... 14
Figura 14: Reator indutivo de PECVD ........................................................................... 16
Figura 15: Diagrama de constituintes de um pneu ......................................................... 18
Figura 16: Monômero de polipropileno ......................................................................... 18
Figura 17: Equipamento ro-tap (esquerda) e pó de pneu separado por granulometria
(direita) ........................................................................................................................... 20
Figura 18: Picnômetro utilizado para a medida da densidade do pó de pneu ................ 22
Figura 19: Esquematização do reator indutivo utilizado (esquerda) [17], foto do reator
(direita) e porta amostras (abaixo) .................................................................................. 24
Figura 20: Moinho de facas utilizado (esquerda) e a mistura de polipropilenocom pó de
pneu moída (direita)........................................................................................................ 27
Figura 21: Mini injetora usada e corpos de prova fabricados......................................... 28
x
Figura 22: Exemplo de curva TG com aquecimento constante e três constituintes A B e
C ..................................................................................................................................... 29
Figura 23: Curva DTG em comparação a curva TG [6] ................................................. 30
Figura 24: TGA utilizado durante o experimento .......................................................... 30
Figura 25: aparelho de FTIR utilizado nas medidas ....................................................... 31
Figura 26: Exemplo de curva fluxo de calor/temperatura obtida em uma medida de DSC
(Tg – Temperatura de transição vítrea, Tc – Temperatura de cristalização e Tm –
Temperatura de fusão) .................................................................................................... 32
Figura 27: DSC utilizado nos ensaios............................................................................. 34
Figura 28: Exemplo de curva obtida em um ensaio DMA ............................................. 36
Figura 29: Equipamento de TGA utilizado .................................................................... 36
Figura 30: Esquema de funcionamento de um MEV ..................................................... 37
Figura 31: Equipamento utilizado para realizar o ensaio de tração (esquerda) e método
utilizado para determinar o limite de escoamento do material (direita) ......................... 38
Figura 32: Curvas TGA e DTG do pó de pneu tratado (esquerda) e do pó de pneu não
tratado com plasma (direita) ........................................................................................... 39
Figura 33: Efeito do aumento da quantidade de negro de carbono no espectro obtido
[26] ................................................................................................................................. 41
Figura 34: Espectros de FTIR obtidos dos pós de pneu tratados.................................... 41
Figura 35: FTIR com a correção de linha de base .......................................................... 42
Figura 36: Curvas de tensão/deformação dos corpos de prova ensaiados ...................... 43
Figura 37: Gráficos barra dos resultados obtidos ........................................................... 44
Figura 38: Curvas DSC do segundo aquecimento .......................................................... 45
Figura 39: Curvas de módulo de armazenamento e de tangente de delta das amostras . 47
Figura 40: Sobreposição das curvas de módulo de armazenamento e tangente δ .......... 48
Figura 41: Aumento de 60x, 1) não tratado, 2) SF6, 3) metano, 4) ar atmosférico ........ 49
Figura 42: Aumento de 200x, 1) não tratado, 2) SF6, 3) metano, 4) ar atmosférico ...... 51
Figura 43: 1) não tratado (aumento de 1000x), 2) SF6 (aumento de 1000x), 3)
metano(aumento de 1000x), 4) ar atmosférico (aumento de 5000x) .............................. 52
xi
Lista de tabelas
Tabela 1: Produção brasileira de pneus nos últimos anos [3]........................................... 1
Tabela 2: Propriedades do polipropileno utilizado no projeto ....................................... 19
Tabela 3: Sequência de peneiras utilizadas e granulometrias retidas ............................. 21
Tabela 4: Densidades calculadas para duas massas distintas de pó de pneu .................. 23
Tabela 5: Parâmetros utilizados em cada tratamento ..................................................... 25
Tabela 6: Parâmetros de injeção utilizados .................................................................... 28
Tabela 7: TGA em atmosfera de N2 do pó de pneu não tratado .................................... 40
Tabela 8: TGA em atmosfera de N2 do pó de pneu tratado com plasma de SF6 ........... 40
Tabela 9: Resultados médios obtidos através das curvas tensão deformação (LE* –
Limite de escoamento).................................................................................................... 43
Tabela 10: Entalpia de fusão das misturas de polipropileno com pó de pneu ................ 46
Tabela 11: Temperaturas de pico das curvas tangente ................................................... 48
1
CAPITULO I- INTRODUÇÃO
Os materiais conhecidos popularmente como borrachas podem ser encontrados
nas mais diversas aplicações, tais como solas de sapato, mangueiras, o-rings e pneus de
carros. Porém, devido à natureza desses materiais, eles não podem passar pelos
processos tradicionais de reciclagem, gerando assim grandes volumes de resíduos
sólidos de difícil gestão [1, 2]. Entre os produtosque causam grande impacto ambiental,
destacam-se os pneus automotivos devido ao considerável volume produzido e
descartado anualmente, como apresentado na Tabela 1.
Tabela 1: Produção brasileira de pneus nos últimos anos [3]
A reciclagem de pneus é um dos maiores desafios para a gestão de resíduos
sólidos em razão de sua composição complexa. Seu acúmulo em regiões de risco, como
lixões a céu aberto, rios e terrenos baldios, pode gerar um passivo ambiental, ou seja,
danos ao meio ambiente, cuja recuperação é custosa e difícil. [1, 2]
O descarte em locais indevidos pode, inclusive, afetar a polução local,pois:
• São foco de proliferação de diversas espécies de insetos e animais transmissores
de doenças.
• Sua queima, proposital ou não, leva à liberação de diversos voláteis na forma
gasosa prejudiciais à saúde, assim como de material oleoso, que ao entrar em
contato com o lençol freático torna suas águas inservíveis para o consumo
humano.
• Quando enterrados podem causar deslizamentos e, conseqüentes mortes e perdas
materiais.
2
Em função desses riscos, existe a legislação brasileira No 416/2009 de
CONAMA que regulamenta a produção, a coleta e o destino final dos pneus produzidos
e importados para o país. Nela, é definido como pneu inservível o “pneu usado que
apresente danos irreparáveis em sua estrutura não se prestando mais à rodagem ou à
reforma. ”
De acordo com a mesma legislação fica definido que “Destinação
ambientalmente adequada de pneus inservíveis: procedimentos técnicos em que os
pneus são descaracterizados de sua forma inicial, e que seus elementos constituintes
são reaproveitados, reciclados ou processados por outra(s) técnica(s) admitida(s) pelos
órgãos ambientais competentes, observando a legislação vigente e normas
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos.”
Apesar dessa legislação, o quantitativo de pneus descartados de forma
inadequada no país ainda é muito grande (figura 1). Estima-se que o número desse
montante se encontre entre 100 milhões de unidades e 400 milhões de unidades. [1]
Figura 1: Descarte indevido de pneus
Por isso é necessário encontrar novas formas remover este material de zonas de
risco e encontrar uma nova aplicação para ele [1]. Diversas aplicações já foram adotadas
(figura 2), entre elas:
• Incorporação de partículas de pneu no asfalto, aumentando seu tempo de vida e
melhorando suas propriedades.
• Reutilização dos pneus em moveis e decorações.
3
• Utilização como material combustível para produções industriais, tais como
cimento, cal, papel e celulose.
• Reprocessamento, através de um processo de desvulcanização no qual são
quebradas as ligações cruzadas entre as moléculas.
• Fabricação de compósitos de pó de pneu com matriz termoplástica.
Figura 2: Exemplos de aplicações para pneus inservíveis
Como foi mencionado no último item, as partículas de pneu podem ser
incorporadas em uma matriz termoplástica. Isso gera um material com propriedades de
um elastômero que, ao contrário das borrachas tradicionais, pode ser reprocessado
diversas vezes. Materiais com esta propriedade são conhecidos como TPE ou
elastômeros termoplásticos e, devido a sua combinação de propriedades elastômericas e
o fato de serem reprocessáveis, têm encontrado aplicação cada vez maior no mercado
mundial de elastômeros.
Neste trabalho, será analisada a possibilidade de melhoraria das propriedades
mecânicas e térmicas dos termoplásticos vulcanizados de polipropileno, através do
tratamento das partículas de pneu com a técnica de deposição química de vapor assistida
por plasma (PECVD) com os gases hexafluoreto de enxofre, metano e ar atmosférico.
A utilização do tratamento com a técnica de PECVD foi selecionada devido a
sua capacidade de funcionalizar, recobrir ou realizar uma ablação na superfície dos
materiais, sem afetar suas propriedades, causando pouco impacto ao meio ambiente,
diferentemente de processos químicos tradicionais. [4]
4
CAPITULO II – OBJETIVOS
Objetivos Gerais
O objetivo deste trabalho é o aumento da adesão entre as partículas de pneu e a
matriz de polipropileno e a análise das alterações físicas e químicas sofridas pelo pó de
pneu e suas misturas após o tratamento com a técnica de PECVD. Os grânulos de pneu
foram tratados com os gases hexafluoreto de enxofre (SF6), metano (CH4) e com ar
atmosférico, através da técnica de PECVD, com o intuito de alterar as propriedades
superficiais das partículas e melhorar sua adesão à matriz.
Objetivos Específicos
• Aumento da adesão entre as partículas de pó de pneu tratadas com plasmas de
SF6, metano e ar atmosférico, à matriz de polipropileno.
• Caracterização química do pó de pneu tratado para análise de mudanças na
estrutura química do material.
• Análise térmica do pó de pneu tratado para averiguar se o tratamento afeta a
estabilidade térmica do material.
• Comparação entre os resultados obtidos para determinar quais gases foram os
mais eficientes no aumento da adesão.
5
CAPITULO III - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Polímeros
De acordo com a literatura “um polímero é uma macromolécula composta por
muitas (dezenas de milhares) de unidades de repetição denominadas meros, ligadas por
ligação covalente” (S. V. CANEVAROLO, Ciência dos polímeros 3a edição, pag. 21).
Como mencionado por Canevarolo os materiais poliméricos são moléculas
compostas por uma grande quantidade de unidades de repetição conhecidas como
meros. Devido ao grande número de meros existentes, as combinações possíveis são
infinitas, criando a possibilidade de produzir materiais com propriedades físicas e
químicas de acordo com as necessidades de determinadas aplicações. [5]
A versatilidade dos polímeros pode ser observada pela expressiva quantidade de
materiais poliméricos presentes no mercado hoje, que vão desde aplicações simples,
como a fabricação de decorações ou recipientes para líquidos, até aplicações complexas,
como a fabricação de arcabouços biodegradáveis ou revestimentos anticorrosivos para
tubos, como pode ser visto na figura 3.[5]
Figura 3: Exemplos de aplicações de materiais poliméricos
6
Dentre os polímeros podemos destacar:
1) Plásticos
Podem ser moldados em diversos formatos e são sólidos em sua temperatura de
utilização. Podem ser subdivididos em:
a) Termoplásticos
Possuem esse nome devido à sua capacidade de serem moldados em diversas
formas quando expostos a altas temperaturas e pressões moderadas. Alguns exemplos
mais conhecidos desses materiais são o polietileno (PE) e o polipropileno (PP).
Os termoplásticos podem ser remoldados diversas vezes após seu uso em
determinada aplicação, contanto que o material não tenha sofrido danos ou
contaminações extensivas em suas cadeias. [5]
Esse fenômeno ocorre em função das fracas forças intermoleculares entre as
cadeias poliméricas dos termoplásticos, figura 4. A interação entre as cadeias dos
termoplásticos se dá por ligações secundárias, como a interação dipolo-dipolo, dipolo-
dipolo induzido, as forças de dispersão e as ligações de hidrogênio, que, por possuírem
baixa energia, podem ser facilmente rompidas com o aumento da energia térmica do
sistema ou pela adição de solventes possibilitando a movimentação das
cadeias e, consequentemente, a sua remodelagem e solubilização. [5]
Figura 4: Exemplo de interação molecular de termoplásticos
7
b) Termorrígidos
São materiais plásticos moldáveis, só que, diferentemente dos termoplásticos,
durante o primeiro processo de moldagem, estes passam por um processo de reticulação
no qual suas cadeias formam ligações primárias entre si, conhecidas como ligações
cruzadas, exemplificado na figura 5, gerando um material rígido e insolúvel. [5]
Este material não poderá mais ser remoldado, pois as temperaturas necessárias
para quebrar as ligações cruzadas também levariam a quebra das ligações covalentes das
cadeias poliméricas e a degradação do polímero. [5]
Assim, os termorrígidos são caracterizados por possuírem alta rigidez, serem
insolúveis e não recicláveis. Entre os exemplos mais conhecidos deste material estão às
resinas epóxi e o fenol-formaldeído. [5]
Figura 5: Exemplo de interação molecular de termorrígidos
8
2) Elastômeros
São materiais poliméricos capazes de sofrer grandes deformações, apresentando
rápida e total recuperação de seu formato original. [5]
As grandes deformações são possibilitadas pela sua estrutura molecular,
composta de cadeias lineares e flexíveis que permitem que as moléculas se rearranjem
com facilidade com a aplicação de um esforço mecânico. [6]
As cadeias poliméricas possuem uma pequena quantidade de ligações cruzadas
formadas durante o processo de cura do material que permitem que este retorne ao seu
formato original após a aplicação de um esforço mecânico e a conservação de suas
propriedades mecânicas mesmo em altas temperaturas (figura 6). [6]
Outra característica importante para os elastômeros é que sua temperatura de
transição vítrea ocorre muito abaixo de sua temperatura de utilização, para garantir que
as cadeias do material possuam mobilidade suficiente para se rearranjar durante a
aplicação de um esforço mecânico. [6]
Devido a presença de ligações cruzadas, os elastômeros, como os termorrígidos,
não podem ser remodelados em altas temperaturas tampouco serem solubilizados, o que
inviabiliza o processo de reciclagem. [5]
Figura 6: Modelo de deformação de um elastômero aonde as linhas são as cadeias e os pontos
são as ligações cruzadas. (A – em repouso; B – tensionado)
9
3) Propriedades Térmicas
As propriedades térmicas de um material polimérico são de grande importância
na seleção de seu método de fabricação e em sua aplicação. As propriedades destes
materiais podem passar de um comportamento rígido e frágil a um estado de fluido
viscoso dependendo da temperatura a qual é exposto, como observado na figura 7. [6]
Dentre as propriedades térmicas dos polímeros se destacam a temperatura de
transição vítrea (Tg), a temperatura de cristalização (Tc) e a temperatura de fusão (Tm).
[6]
A temperatura de transição vítrea representa a temperatura média na qual as
cadeias da fase amorfa do polímero adquiram mobilidade e se tornam capazes de sofrer
alterações em sua conformação. Abaixo desta temperatura o material apresenta caráter
rígido e frágil (estado vítreo) e acima dela caráter borrachoso ou viscoso. [5]
A temperatura de cristalização também é um valor médio de uma faixa de
temperatura na qual as cadeias poliméricas são capazes de se rearranjar em uma fase
cristalina. [5]
A temperatura de fusão é o valor médio da faixa de temperatura na qual os
cristais presentes no polímero passam pelo processo de fusão. Apenas polímeros
semicristalinos apresentam este fenômeno. [5]
Figura 7: Resposta mecânica de acordo com o volume livre (Vs) por temperatura
10
4) Propriedades Mecânicas
Uma das características mais marcantes dos materiais poliméricos é sua resposta
a aplicação de esforços mecânicos, como a deformação ou a aplicação de tensão, que
diferentemente de grande parte dos materiais de engenharia, apresentam comportamento
viscoelástico. [6]
A viscoelasticidade é caracterizada por combinar duas respostas distintas a
aplicação de um esforço mecânico, os materiais se comportam como um fluido viscoso
(efeito similar à de um amortecedor) em conjunto com uma resposta elástica típica de
sólidos hookeanos (comportamento característico de molas). [6]
Como está representado na figura 8, o comportamento viscoelástico é fortemente
dependente da temperatura em que o material está sendo utilizado e da taxa de aplicação
de cargas ou taxa de deformação. [5]
Figura 8: Resposta mecânica de materiais viscoelásticos a variação de velocidade de ensaio
(esquerda) e temperatura (direita)
Esta resposta dos polímeros ocorre devido ao mecanismo de movimentação de
suas cadeias, também conhecido como reptação. A movimentação das cadeias ocorre
dentro de uma região tubular delimitada pelos pontos de emaranhamento ao redor da
molécula, figura 9. Por isso a resposta mecânica dos polímeros está relacionada com o
tempo de relaxação (𝜏) em determinada temperatura, ou seja, o tempo necessário para
que as cadeias se reorganizem devido a aplicação de um esforço mecânico no material.
[6]
11
𝑡𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≫ 𝜏 Comportamento viscoso (fluido viscoso)
𝑡𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≈ τ Comportamento visco elástico (patamar borrachoso)
𝑡𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≪ 𝜏 Comportamento elástico (vítreo)
Figura 9: Fenômeno de reptação
12
Elastômero Termoplástico e Termoplástico vulcanizado
Os elastômeros termoplásticos (TPE) são materiais poliméricos com
propriedades elastoméricas a baixas temperaturas e que quando são aquecidos adquirem
a capacidade de escoarem e serem remodelados como os termoplásticos [7]. Esta
propriedade permite que, diferentemente dos elastômeros tradicionais que geram
material não reaproveitáveis, os TPE possam ser reutilizados no processo de fabricação
reduzindo assim custos de produção e o impacto ambiental, exemplificado na figura 10.
Figura 10: Comparação do ciclo de vida de um elastômero tradicional contra o de um TPE
Entre esses materiais existem os termoplásticos vulcanizados, ou TPV. Os
materiais que compõem esta classe são compósitos bifásicos de matriz termoplástica
com um reforço de borracha vulcanizada esquematizado na figura 11. [7]
Figura 11: Esquematização de um TPV
13
Devido a incompatibilidade termodinâmica entre o elastômero e o termoplástico
esses materiais apresentam duas temperaturas de transição vítrea, a do elastômero e a do
termoplásticocomo está demonstrado na figura 12. [7]
Figura 12: Curva de DMA de um TPV. Podemos observar a presença de duas temperaturas de
transição vítrea, a do elastômero (esquerda) e do termoplástico (direita) [7]
Esta morfologia bifásica permite que a baixas temperaturas o material transfira
as cargas aplicadas para o reforço de borracha vulcanizada, que após a deformação
retorna a seu formato original, dando ao termoplástico propriedades semelhantes às de
um elastômero. Em temperaturas acima da temperatura de fusão do termoplástico, a
mistura perde sua coesão e o material pode ser remodelado. [7]
Quanto maior a proporção de elastômero nos termoplásticos vulcanizados menor
é a tendência que eles apresentem o fenômeno de empescoçamento, que ocorre devido a
deformação permanente sofrida pelos termoplásticos presentes na mistura, figura 13.
Composições com maiores quantidades de elastômero tendem a apresentar uma redução
do limite de resistência do material. [7]
Os TPVs podem ser produzidos de duas formas distintas, a primeira sendo o
processo de vulcanização dinâmica criada pelos franceses Dr. A. Y. Coran e R. Patel. O
processo consiste na mistura de uma borracha virgem em uma matriz termoplástica,
durante o processo de mistura é então adicionado o agente de cura, gerando um material
14
com uma fina dispersão de partículas de borracha curadas, apresentando boa adesão
entre o elastômero e a matriz, provendo boas propriedades mecânicas ao material. [7]
Figura 13: Comparação a resposta mecânica entre termoplásticos, elastômeros e
termoplásticos vulcanizados [7]
A segunda forma de fabricação de TPVs se dá pela dispersão direta de partículas
te elastômero previamente vulcanizado na matriz termoplástica, este método apresenta
algumas dificuldades como a aglomeração das partículas de borracha e a baixa adesão
entre as partículas de elastômero e a matriz termoplástica, o que leva a diminuição das
propriedades mecânicas do produto final. [7]
A baixa adesão e dispersão ocorrem devido à elevada tensão interfacial entre a
carga e a matriz. Combinações de elastômeros e termoplásticos com energias
superficiais e polaridades semelhantes, como os TPVs de polipropileno com borracha
etileno-polipropileno-dieno (EPDM), apresentam boas propriedades mecânicas. No
entanto este não é o caso para grande parte das combinações possíveis de termoplásticos
e elastômeros, que geram materiais com baixos limites de resistência e deformação. [7]
Este problema normalmente é resolvido adicionando a mistura um polímero
funcionalizado para melhorar a adesão entre os constituintes [8, 9] ou pela adição de
compatibilizantes químicos. [8, 10, 11]
15
Plasma Enhanced Chemical Deposition – PECVD
A técnica de PECVD é uma variante da técnica tradicional de deposição de
química em vapor, na qual uma câmara é preenchida com gases voláteis específicos e
aquecida até uma temperatura na qual reações químicas entre o gás e o substrato são
favorecidas, formando assim filmes finos de alta pureza e qualidade ou funcionalizando
a superfície do material. Na técnica de PECVD as reações químicas ocorrem devido as
reações das espécies reativas em um plasma criado a partir de um gás precursor na
superfície do substrato. [12]
Nos processos de PECVD são utilizadas as descargas luminescentes ou “glow
discharges”, neste tipo de descarga o grau de ionização do gás (quantidade de
moléculas que se ionizam) é muito pequeno alcançando valores muito inferiores a 1%.
O plasma é formado em baixas pressões através da aplicação baixas energias na forma
de campos elétricos, magnéticos ou micro-ondas causando a formação das espécies do
plasma por colisões elásticas ou pela absorção de feixes eletromagnéticos, permitindo
que as descargas ocorram em temperaturas relativamente baixas. [12]
A formação do plasma no sistema indutivo utilizado se dá pela colisão entre um
elétron livre acelerado por um campo magnético e uma molécula de gás, o que pode
causar diversos fenômenos [13] entre eles:
• A ionização dos constituintes do plasma (e + A → A+ + 2e)
• A excitação de um dos átomos de um constituinte do plasma (e + A → A* + e
→ A + e + fóton)
• O choque elástico entre o elétron e a molécula do gás (e + A → A + e)
Podem também ocorrer interações entre os íons formados e as moléculas de gás
presentes no sistema:
• O choque elástico entre o íon e as moléculas de gás (A1+ + A2 → A1
+ + A2)
• A transferência de cargas do íon para a molécula de gás (A1+ + A2 → A1 + A2
+)
16
Diversos processos físicos e químicos podem ocorrer durante o tratamento com
plasma [14] como a formação de filmes poliméricos na superfície do substrato,
sputtering e o ataque químico do substrato, esse processo irão variar dependendo dos
gases utilizados e dos parâmetros de pressão, fluxo e energia do sistema.
Figura 14: Reator indutivo de PECVD
CORDEIRO [14] demonstrou melhorias nas propriedades mecânicas de
compósitos de polipropileno com diversas fibras de madeira após o tratamento com
plasma de SF6. O autor constatou o ataque as fibras através da incorporação de flúor na
superfície do material, aumentando a compatibilidade química entre sua carga e a matriz
termoplástica.
CARNEIRO [19] também apresentou melhorias nas propriedades mecânicas em
compósitos de fibra de coco com Polihidroxibutirato (PHB) após a exposição das
partículas ao plasma de ar atmosférico, aumentando sua rugosidade devido ao etching e
ao sputtering causados pelo plasma.
Neste trabalho foram seguidas estas linhas de pesquisa para averiguar se o
tratamento de pó de pneu com plasma de diversos gases é capaz de modificar as
propriedades superficiais dos grânulos de pneu e assim melhorar a adesão e a dispersão
das partículas no compósito, melhorando suas propriedades mecânicas, e possivelmente,
realizando alterações físico químicas no material.
17
CAPITULO IV- MATERIAIS E MÉTODOS
Pneus
Como mencionado anteriormente o acumulo de pneus é um grande problema na
área de rejeitos sólidos devido à produção mundial em grande escala em conjunto com
sua composição complexa de diversos materiais que dificultam a sua reciclagem. [1, 2]
Sua utilização como carga elastomérica na produção de TPVs tem sido utilizada
uma vez que é uma matéria prima de fácil obtenção e baixo custo.
Pneus são constituídos de diversos materiais com funções específicas para seu
funcionamento. Os principais constituintes de um pneu são:
• Elastômeros – presentes na banda de rodagem e nas paredes laterais (flanco),
essas duas regiões requerem elastômeros com propriedades diferentes. Os
elastômeros da banda de rodagem ficam em contato direto com o solo e devem
possuir boa resistência ao desgaste enquanto que o material presente nas paredes
laterais/flanco devem ser compostos por elastômeros de maior flexibilidade.
• Fibras de aço – Se encontram presentes na carcaça, na cinta de aço e no talão e
sua função é de prover resistência ao pneu.
• Tecidos – Materiais como poliéster e nylon estão presentes na carcaça de lona e
são responsáveis por reter o ar comprimido dentro da câmara.
Como cargas de adição normalmente são utilizados o negro de carbono e sílica
precipitada para melhorar as propriedades mecânicas e de condutividade térmica,
também são adicionados óleos minerais para atuarem como plastificantes e outros
materiais que atuam como antioxidantes. [15]
Os grânulos de pneu utilizados foram fornecidos pela empresa Crystone Pneus
(Petrópolis), o material foi gerado durante o processo de raspagem dos flancos e das
bandas de rolagem de pneus usados destinados a um processo de remodelagem. O
pó de pneu foi utilizado na mesma forma em que foi recebido da empresa.
18
Figura 15: Diagrama de constituintes de um pneu
Polipropileno
O polipropileno é um homopolímero termoplástico utilizado em uma grande
quantidade de aplicações como recipientes, partes plásticas de carros, tecidos,
equipamentos de laboratório. Dentre suas principais características estão a baixa
densidade, baixo custo, resistência a fadiga, resistência química e boa processabilidade.
Devido a essa combinação de fatores o polipropileno é o segundo maior polímero
sintético consumido no mundo. [16]
Figura 16: Monômero de polipropileno
Neste trabalho foi utilizado para a produção dos corpos de prova o polipropileno
Teldene® H26ML fornecido pela empresa MMS plásticos, suas propriedades mecânicas
e térmicas estão na tabela 2.
19
Tabela 2: Propriedades do polipropileno utilizado no projeto
Propriedades Condições Métodos Valor Unidade
Densidade 23 oC ISO 1183 0,9 g/cm3
MeltFlow Rate 230 oC/2,16 Kg ASTM D 1238 –
13 25 g/(10 min)
Mecânicas
Módulo de Flexão ISO 178 1500 MPa
Tensão na Fratura 50 mm/min ISO 527 23 MPa
Tensão no Limite de
Escoamento 50 mm/min ISO 527 32 MPa
Deformação na Fratura 50 mm/min ISO 527 >50 %
Deformação no Limite de
Escoamento 50 mm/min ISO 527 13 %
Izodentalhado 23 oC ISO 180 4,1 KJ/m2
Térmicas
HeatDeflectionTemperature 0,45 MPa não
recozido ISO 75B 94 oC
VicatSofteningTemperature A50 (50oC/h –
10N) ISO 306 152 oC
20
Preparação do pó de pneu
5) Separação granulométrica
O material recebido se encontrava em diversas granulometrias sendo necessária
a sua separação em faixas de tamanho ideais para serem utilizados na fabricação dos
compósitos.
De acordo com a patente USS 6,262,175 B1 [9] o tamanho ideal de partículas
para a fabricação se encontra na faixa de tamanhos entre 150 µm e 840 µm (peneiras
Tyler 100 mesh e 20 mesh respectivamente). Granulometrias menores que 150 µm não
são normalmente utilizadas devido aos altos gastos energéticos e econômicos para
serem obtidas e partículas maiores que 840µm tendem a gerar compósitos com baixas
propriedades mecânicas.
Para realizar a separação dos grânulos foi utilizado o equipamento ro-tap no
Laboratório de Tecnologia Mineral (PEMM/COPPE) representado na figura 17, este
equipamento é amplamente utilizado no processo de peneiramento de partículas sólidas
em uma ampla faixa de tamanhos.
Figura 17: Equipamento ro-tap (esquerda) e pó de pneu separado por granulometria (direita)
21
A sequência de peneiras utilizadas no peneiramento do pó de pneu pode ser
observada na tabela 3.
Tabela 3: Sequência de peneiras utilizadas e granulometrias retidas
Abertura da peneira (µm) Granulometria das partículas
retidas (µm)
4000 Partículas > 4000
2000 2000 < Partículas < 4000
1000 1000 < Partículas < 2000
850 850 < Partículas < 1000
500 500 < Partículas < 850
300 300 < Partículas < 500
150 150 < Partículas < 300
Fundo Partículas < 150
Foram selecionados os grânulos de na faixa de tamanho entre 150µm e 300µm
para a realização dos tratamentos. Os grânulos passaram por um processo de separação
magnética após o peneiramento para a remoção de partículas metálicas que poderiam
estar presentes.
22
6) Densitometria
Após a separação o pó de pneu foi submetido a uma análise de densidade para
podermos calcular a massa necessária de material para ser utilizada na mistura do
material. As medidas de densidade foram realizadas no picnômetro de gás AccuPyc II
1340 (micromeritics), figura 18.
Figura 18: Picnômetro utilizado para a medida da densidade do pó de pneu
O picnômetro de gás é um equipamento de alta precisão capaz de medir o
volume real de uma amostra devido a injeção de um gás inerte (nitrogênio ou hélio)
através da variação de pressões decorrentes do processo. Este método se mostra mais
eficiente para a medição de volume do que o método de Arquimedes em um líquido
devido à maior capacidade de permeação dos gases nos poros das amostras.
O equipamento consiste de duas câmaras de volume conhecido, a primeira sendo
a câmara de expansão e a segundo a câmara da amostra. As duas câmaras são
conectadas por uma válvula.
Antes da análise a amostra passa por uma etapa de purga para a remoção de
gases contaminantes e umidade da câmara. Após a purga a câmara de amostra é isolada
da câmara de expansão e é pressurizada até uma pressão P1 (17 psig). Em seguida a
válvula que conecta as duas câmaras é aberta e ocorre uma queda para a pressão P2. O
volume do sólido pode ser então calculado pela equação:
23
𝑉𝑠 = 𝑉𝑎 −𝑉𝑒
𝑃1
𝑃2− 1
Aonde:
P1 = Pressão da câmara daamostra pressurizada
P2 = Pressa da câmara da amostra conectada a câmara de expansão
Vs = Volume do sólido
Va = Volume da câmara da amostra
Ve = Volume da câmara de expansão
Obtendo o valor do volume do sólido e com o valor da massa, o equipamento
calcula o valor da densidade da amostra. Para cada amostra utilizada o aparelho realiza
diversas medidas. Na tabela 4 podemos observar a densidade calculada para dois corpos
de prova distintos (amostra 1002 e 1003):
Tabela 4: Densidades calculadas para duas massas distintas de pó de pneu
Amostra Densidade (g/cm3) Desvio Padrão
1002 - Medida 1 1,2099 ± 0,0031
1002 - Medida 2 1,2080 ± 0,0012
1002 - Medida 3 1,2084 ± 0,0016
1002 - Medida 4 1,2059 ± 0,0009
1003 - Medida 1 1,2090 ± 0,0017
1003 - Medida 2 1,2090 ± 0,0017
1003 - Medida 3 1,2067 ± 0,0005
1003 - Medida 4 1,2072 ± 0,0007
Os valores médios para a densidade em cada corpo de prova foramaproximados então
para 1,21 g/cm3.
24
7) Tratamento de PECVD
O tratamento das amostras foi realizado em um reator de plasma indutivo
construído no Laboratório de Superfícies e Filmes Finos (COPPE/PEMM) [17]. O pó de
pneu foi inserido em um porta amostra de vidro borossilicato que foi rotacionado
durante o tratamento, expondo assim todo o material ao plasma e garantindo um
tratamento uniforme em todas as partículas, figura 19.
A fonte de energia utilizada no reator foi uma fonte RF (13,56 MHz) acoplada a
um sistema de adaptação para o controle da impedância do sistema. A rede de adaptação
é então ligada a uma bobina indutiva que envolve a câmara externa do reator e gera o
campo magnético necessário para a formação do plasma.
O sistema de geração de vácuo é composto por uma bomba mecânica presente
em uma das extremidades da câmara externa e o fluxo de gás de trabalho, localizado na
outra extremidade do reator, é controlado com uma válvula manual. A pressão do
sistema é controlada com o uso de um medidor de pressão.
Figura 19: Esquematização do reator indutivo utilizado (esquerda) [17], foto do reator
(direita) e porta amostras (abaixo)
25
Devido às dimensões do reator utilizado foi necessário repetir cada tratamento
do pó diversas vezes para ser obtida a quantidade necessária de material para realizar a
mistura com polipropileno no termo misturador.
Foram utilizados como gases de trabalho o ar atmosférico, SF6 e o metano, os
parâmetros utilizados em cada tratamento se encontram na tabela 5.
Tabela 5: Parâmetros utilizados em cada tratamento
Gás de trabalho Potência (W) Pressão de
trabalho (mbar)
Pressão de base
(mbar)
Tempo
(minutos)
Ar atmosférico 60 2x10-1 4x10-2 20
SF6 80 2x10-1 4x10-2 20
Metano 60 2x10-1 4x10-2 20
Durante os tratamentos foi observada a formação de um filme de cor alaranjada
na superfície do vidro do reator, possivelmente devido a liberação de voláteis de baixa
massa molecular.
a) SF6
Como foi provado por CORDEIRO [14] o tratamento com plasma de SF6 é
capaz aumentar a adesão entre um reforço de fibras de madeira e uma matriz de
polipropileno ao incorporar átomos de flúor à superfície do material. Neste trabalho
partículas de pneu foram tratadas com plasma de SF6 para tentar reproduzir os
resultados obtidos no tratamento com fibras de madeira.
A potência de 80W foi utilizada para prover energia o suficiente para que os íons
de flúor incidissem sobre a superfície e possivelmente quebrassem as ligações químicas
na camada superficial do material e incorporasse o flúor reativo presente no plasma ao
material.
26
b) Metano
A utilização de um gás precursor de hidrocarbonetos, como metano, na técnica
de PECVD pode levar a formação de filmes de carbono amorfo com propriedades
poliméricas, conhecidos como PLC, ou “polymer like carbon”. [18]
O tratamento com plasma de metano foi utilizado para a deposição de filmes de
PLC na superfície das partículas de pó de pneu formando um recobrimento sobre o
material. Devido à estrutura química dos filmes de PLC, compostos principalmente por
ligações de carbono sp2, esse material possui alto caráter apolar. [18]
Devido a essas propriedades acredita-se então que a deposição de um filme fino
de PLC sobre o pó de pneu poderia reduzir a tensão superficial entre as partículas e a
matriz de polipropileno, melhorando então a adesão entre a carga e a matriz. [7, 8]
c) Ar atmosférico
O plasma de ar atmosférico foi utilizado devido a sua atuação no aumento da
rugosidade das amostras por conta dos efeitos de etching e sputtering característicos
desta técnica [19]. O aumento da rugosidade pode causar o aumento da adesão entre a
matriz e a carga devido ao efeito de ancoramento mecânico.
27
Preparação dos corpos de prova
Os corpos de prova foram preparados com 70% de fração mássica de pó de pneu
e 30% de polipropileno, essa proporção foi selecionada de acordo valores encontrados
na literatura. [20]
1) Mistura e Moagem
As misturas de polipropileno com pó de pneu foram realizadas em um
equipamento Brabender Plastograph 2 hands no Instituto de Macromoléculas
(IMA/UFRJ).
O equipamento consiste em uma câmara metálica com três termopares
independentes para o controle da temperatura e um par de roscas (rollers) utilizadas
para cisalhar e misturar os materiais desejados. Antes do processo de mistura a câmara
metálica é aquecida até uma temperatura desejada (acima da Tm do termoplástico e
abaixo da temperatura de degradação da borracha) e os materiais são então inseridos na
câmara, o termoplástico é fundido devido às altas temperaturas e devido a ação dos
rollers ocorre a mistura física da matriz e da carga desejada (pó de pneu).
As misturas foram realizadas na temperatura de 180oC com uma rotação de 60
RPM durante cinco minutos. Após a mistura foram obtidas as massas de termoplástico
vulcanizado, para a utilização deste material na injetora foi necessário realizar sua
moagem. Para a moagem foi usado um moinho de facas modelo SL – 30, figura 20.
Figura 20: Moinho de facas utilizado (esquerda) e a mistura de polipropilenocom pó de pneu
moída (direita).
28
2) Injeção
O processo de injeção foi realizado em uma mini injetora Thermo Scientific
HAAKE™ no Instituto de Macromoléculas (IMA/UFRJ), apresentada na figura 21, os
parâmetros de injeção utilizados se encontram na tabela 6. Não foram utilizadas
temperaturas mais elevadas para evitar a perda de voláteis do pó de pneu.
Tabela 6: Parâmetros de injeção utilizados
Temperatura de
injeção (oC)
Temperatura do
molde (oC)
Pressão de
injeção (bar)
Pressão de
recalque (bar)
190 30 450 250
Os flocos de TPV foram mantidos cerca de 1 minuto na câmara de aquecimento
antes de serem injetados para garantir a fusão completa do material antes de ser
injetado. Foram produzidos corpos de prova no formato de alteres para o ensaio de
tração e retangulares para o ensaio de DMA.
Os corpos de prova produzidos apresentaram bom acabamento final, figura 21,
nenhuma dificuldade de fabricação foi observada durante o processo.
Figura 21: Mini injetora usada e corpos de prova fabricados
29
Caracterização
1) Termogravimetria e Termogravimetria Derivada
O ensaio de termogravimetria consiste em analisar a variação de massa de um
material em função da temperatura/tempo enquanto a amostra é aquecida a uma taxa
pré-determinada, em uma atmosfera selecionada pelo operador. A figura 22 mostra uma
curva típica de um ensaio de TGA. [21]
Esta técnica é amplamente utilizada uma vez que é possível analisar propriedades como:
• Desidratação
• Oxidação
• Combustão
• Temperatura de degradação (estabilidade térmica)
• Composição mássica de cada constituinte
Figura 22: Exemplo de curva TG com aquecimento constante e três constituintes A B e C
Na termogravimetria derivada (DTG) as curvas são traçadas a partir da primeira
derivada da curva TG em função do tempo (dM/dt) ou da temperatura (dM/dT), neste
gráfico os patamares de perda de massa são substituídos por picos representando cada
processo térmico, observada na figura 23, que ocorre em uma determinada temperatura.
[21]
30
Figura 23: Curva DTG em comparação a curva TG [6]
As análises de termogravimétricas feitas nos pós de pneu não tratado e no
tratado com plasma de SF6, para averiguar se o material passou por um processo de
degradação durante o tratamento de PECVD. As medidas foram realizadas em um TA
Instruments TGA Q50, figura 24. A faixa da temperatura analisada foi de 23oC até
700oC em uma atmosfera de nitrogênio (fluxo de 50 ml/minuto) com uma taxa de
aquecimento de 10oC/minuto.
Figura 24: TGA utilizado durante o experimento
31
2) FTIR
A espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) consiste
na incidência de um feixe eletromagnético de comprimentos de onda dentro da faixa do
infravermelho sobre uma amostra sólida, liquida ou gasosa. [22]
A técnica se baseia na existência das frequências de vibrações naturais das
ligações covalentes nas quais, ao absorverem energia de frequência específica, se
movimentam em determinados padrões (estiramento simétrico, estiramento assimétrico,
dobramento angular, torção, balanço e rotação). [22]
Desta forma ao direcionarmos um feixe, de intensidade conhecida, de diversos
comprimentos de onda sobre um material suas ligações irão absorver apenas
comprimentos de onda específicos de acordo com as ligações químicas presentes.
Permitindo assim à análise da composição química do material. [22]
Os espectros dos pós de pneu foram realizadas em um equipamento Thermo
Scientific iS50 FT-IR, figura 25, através do método ATR com um cristal de diamante na
faixa de 400 – 4000 cm-1.
Figura 25: aparelho de FTIR utilizado nas medidas
32
3) Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
A técnica de calorimetria exploratória diferencial é amplamente utilizada na área
de polímeros para detectar fenômenos termicamente ativados como a fusão, a formação
de cristais ou a passagem do material pela temperatura de transição vítrea [21].
Podemos observar uma curva típica de DSC na figura 26.
Figura 26: Exemplo de curva fluxo de calor/temperatura obtida em uma medida de DSC (Tg –
Temperatura de transição vítrea, Tc – Temperatura de cristalização e Tm – Temperatura de
fusão)
As amostras analisadas pela técnica passam por dois processos de aquecimento,
o primeiro aquecimento revela o histórico termomecânico adquirido pelo material
durante sua fabricação ou utilização como a cristalização induzida pela aplicação de
tensões. O material é então fundido, apagando seu histórico termomecânico, e a amostra
é resfriada. Logo em seguida o corpo de prova é aquecido novamente e pode ser
observado na curva obtida as propriedades do material. [21]
Transição Vítrea (Tg)
A temperatura de transição vítrea pode ser observada na curva de DSC como
uma mudança da linha de base do material. Como a Tg ocorre em uma faixa de
temperatura normalmente o valor estabelecido para ela é o valor médio da faixa de
temperatura aonde ocorre o fenômeno.
33
Temperatura de cristalização (T c)
A temperatura de cristalização pode ser identificada como um pico exotérmico
(transição de primeira ordem) e como na Tg é um fenômeno que ocorre em uma faixa de
temperaturas, a temperatura tomada como Tc é a temperatura do ponto de inflexão do
pico endotérmico.
Temperatura de fusão (Tm)
O processo de fusão dos cristais pode ser observado como pico endotérmico
(transição de primeira ordem) e a temperatura normalmente definida como a Tm do
material é a temperatura do ponto de inflexão do pico.
Através do pico de fusão cristalina é possível a obtenção do grau de
cristalinidade do material pode então ser definida através do cálculo:
Calculando a área do pico obtemos:
∫ 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 ∗ d𝑇 =𝐽 ∗ 𝐾
𝑔 ∗ 𝑠
Dividindo pela taxa de aquecimento:
𝐽∗𝐾
𝑔∗𝑠
𝐾
𝑠
=𝐽
𝑔= Δ𝐻𝑚
Aonde ΔHm é a entalpia de fusão do material. Podemos calcular o grau de
cristalinidade do material dividindo a entalpia de fusão hipotética calculada (supondo
100% de cristalinidade):
𝑋 = (Δ𝐻𝑚
Δ𝐻𝑚0 ) ∗ 100
As medidas de DSC foram realizadas em um equipamento NETZSCH DSC
204F1 Phoenix no Instituto de Macromoléculas (UFRJ), figura 27. Os ensaios foram
realizados com o intuito de analisar se o pó de pneu tratado apresentaria alguma
alteração na cristalinidade do polipropileno.
34
As medidas foram realizadas em atmosfera de nitrogênio para evitar a oxidação
do material durante o ensaio, o recipiente utilizado foi um cadinho de alumínio furado
na superfície e as amostras analisadas foram cortadas diretamente dos corpos de prova
de tração não utilizados. O ciclo térmico consistiu em quatro etapas:
• O primeiro aquecimento até a temperatura de 200oC com taxa de aquecimento
de 10oC/minuto
• O primeiro resfriamento até -50oC com a taxa de resfriamento de 30oC/minuto
• O segundo aquecimento até a temperatura de 200oC com taxa de aquecimento de
10oC/minuto
• O segundo resfriamento até 20oC com a taxa de resfriamento de 30oC/minuto
Os resultados obtidos foram analisados no software da NETZSCH Proteus®, e as
áreas medidas dos picos foram delimitadas de acordo com a primeira derivada da curva.
Os cálculos da cristalinidade foram realizados considerando um valor de entalpia de
fusão de 104 J/g para o polipropileno homopolímero. [20]
Figura 27: DSC utilizado nos ensaios
35
4) DMA
A técnica de análise térmica dinâmico-mecânica consiste no estudo da resposta
mecânica de um material a aplicação de um esforço mecânico dinâmico em uma faixa
de temperatura pré-determinada. Ela é utilizada para obter dados precisos de módulo de
elasticidade, módulo de cisalhamento, temperatura de transição vítrea e a temperatura
de fusão de um determinado material e seus constituintes. [21]
Quando um material visco elástico é exposto a uma tensão senoidal (dentro do
limite de elasticidade linear) ele irá sofrer uma deformação em resposta a este esforço.
Materiais perfeitamente elásticos apresentam uma deformação instantânea em relação à
aplicação desta carga, ou seja:
σ(t) = σo ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∗ 𝑡)
휀(𝑡) = 휀𝑜 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∗ 𝑡)
Em um material viscoso a resposta a aplicação de carga está fora de fase com a carga
aplicada no material (π/2):
σ(t) = σo ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜔 ∗ 𝑡)
휀(𝑡) = 휀𝑜 ∗ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔 ∗ 𝑡 +𝜋
2)
Os materiais viscoelásticos apresentam tanto caráter elástico quanto viscoso, ou
seja, sua resposta a aplicação de um esforço mecânico se encontra entre a resposta de
um material puramente elástico e um material puramente viscoso. Podemos então
definir como o módulo de elasticidade de um corpo de prova viscoelástico como:
𝐸∗ = 𝐸′ + 𝑖𝐸′′
𝐸′ = (𝜎𝑜
𝜖𝑜) cos 𝛿
𝐸′′ = (𝜎𝑜
𝜖𝑜) 𝑠𝑒𝑛 𝛿
36
Aonde E’ é o módulo de armazenamento (parcial elástica), E’’ é o módulo de
perda (parcial viscosa) e δ e o deslocamento da fase. A temperatura de transição vítrea
pode ser obtida encontrando o valor máximo da tangente δ, figura 28, aonde:
tan 𝛿 =𝐸′′
𝐸′
Figura 28: Exemplo de curva obtida em um ensaio DMA
As medidas de DMA foram realizadas em um aparelho NETZSCH DMA 242,
figura 29, no LCPM (COPPE/UFRJ). Foi utilizado o ensaio de flexão em 3 pontos em
corpos de prova retangulares de dimensão 40x10x3 mm para a obtenção dos resultados.
A frequência de ensaio foi mantida em 1Hz, a temperatura de varredura foi de -100oC a
110oC a uma taxa de aquecimento de 2oC/min.
Figura 29: Equipamento de TGA utilizado
37
5) MEV
O microscópio eletrônico de varredura (MEV) consiste de um equipamento
capaz de gerar uma imagem de uma amostra através da utilização de um feixe de
elétrons, diferentemente dos microscópios tradicionais que utilizam a luz visível para
analisar um material. Isso possibilita que o MEV seja capaz de apresentar resoluções
muito superiores as de um microscópio óptico. [21]
O funcionamento do MEV se dá pela incidência de um feixe de elétrons sobre
uma amostra. Ao interagir com os átomos da superfície o feixe de elétrons causa uma
serie de respostas como a geração de elétrons secundários, a emissão de elétrons retro
espalhados, emissão de raios-x característicos. [21]
A análise da topografia das amostras é realizada através da detecção de elétrons
secundários emitidos pela superfície da amostra, figura 30.
As amostras isolantes devem ser recobertas por um material condutor capaz de
suportar as baixas pressões e a incidência do feixe de elétrons, isso é necessário, pois
amostras isolantes acumulam carga eletrostática durante a obtenção das medidas,
impedindo a incidência do feixe de elétrons e a obtenção da imagem. [21]
Neste trabalho foi utilizado um equipamento do modelo VEJA 3 TESCAN para
a obtenção das imagens. A energia dos feixes de elétrons utilizados foi de 15 KeV. As
amostras foram recobertas com ouro através da técnica de sputtering.
Figura 30: Esquema de funcionamento de um MEV
38
Ensaio de Tração
A resposta mecânica de um material compósito pode ser correlacionada com a
adesão das fases presentes devido à transferência de cargas entre a matriz e o reforço
[10].
O aumento da adesão entre as partículas de pó de pneu e a matriz de
polipropileno
levaria a um aumento da tenacidade do material, aumentando a deformação sofrida em
relação ao material não tratado. [10, 20]
Os corpos de prova utilizados para os ensaios de tração estão de acordo com a
norma ASTM D638-14 (tipo V). Foram realizados cinco ensaios para cada um dos
tratamentos realizados.
Os ensaios foram realizados em uma máquina universal de ensaios mecânicos
INSTRON 5567, figura 31, a velocidade de travessão utilizada foi de 50 mm/min, a
temperatura durante o ensaio era de 23oC e a umidade de 70%.
Devido às dimensões dos corpos de prova utilizados não foi possível utilizar um
extensômetro para medir a deformação durante os ensaios, os resultados obtidos foram
calculados em razão da distância entre as duas pinças do equipamento de tração.
O limite de escoamento do material foi definido através da interseção de duas
linhas tangentes, uma tangente a região elástica da curva e outra tangente a região de
deformação plástica, próxima a fratura do material, figura 31.
Figura 31: Equipamento utilizado para realizar o ensaio de tração (esquerda) e método
utilizado para determinar o limite de escoamento do material (direita)
39
CAPITULO V–RESULTADOS
As imagens e tabelas contendo os resultados obtidos nos ensaios se encontram
em maior resolução no anexo do trabalho.
TGA e DTG
A figura 32 apresenta as curvas de TGA e DTG do pó de pneu não tratado e do
pó de pneu tratado com plasma de SF6. Devido a presença de plastificantes,
antioxidantes, óleos, elastômeros, negro de carbono e outros aditivos inorgânicos a
análise das curvas de TGA e DTG de pneus são dificultadas pela sobreposição das
reações de degradação que ocorrem durante o processo. [23, 24]
Figura 32: Curvas TGA e DTG do pó de pneu tratado (esquerda) e do pó de pneu não tratado
com plasma (direita)
Podemos observar um pequeno pico na curva DTG próximo a temperatura de
103oC característico do processo de desidratação, após o tratamento com plasma não é
possível observar o pico de evaporação de água.
A perda de massa que ocorre até cerca de 300oC – 340oC [23, 24] está
relacionada a evaporação de voláteis presentes no material. Para estimar a massa de
voláteis nas amostras foi utilizada a faixa de temperaturas de 105oC até 300oC.
Os dois picos presentes nas temperaturas de 350oC e 425oC estão relacionados
com o processo de degradação dos elastômeros presentes no pó de pneu e de acordo
com a literatura correspondem principalmente a presença de NR (350oC) e SBR
40
(425oC). Porém as temperaturas máximas dos picos encontradas diferem das
encontradas na literatura (NR – 378oC e SBR – 463oC) [25], possivelmente por
diferenças na composição química dos elastômeros analisados ou devido a degradações
sofridas pelo material em sua aplicação anterior.
Tabela 7: TGA em atmosfera de N2 do pó de pneu não tratado
Temperatura (oC) Processo Perda de massa (%)
103 Desidratação 0,10
105–300 Evaporação de voláteis 9,86
350 Degradação 1 21,09
425 Degradação 2 29,69
--------- Massa restante 39,26
Tabela 8: TGA em atmosfera de N2 do pó de pneu tratado com plasma de SF6
Temperatura (oC) Processo Perda de massa (%)
103–300 Evaporação de voláteis 8,41
350 Degradação 1 17,91
425 Degradação 2 32,36
--------- Massa restante 41,32
Comparando as tabelas 7 e 8 podemos observar que houve perda de massa dos
voláteis (de 9,86% para 8,41% da massa total) e uma perda de massa na faixa de
temperatura do primeiro pico de degradação (de 21,09% para 17,91%).
Podemos concluir então que ao serem expostas as temperaturas e pressões dos
tratamentos de PECVD o pó de pneu passou por um processo de perda de aditivos e de
degradação de suas cadeias poliméricas, prejudicando assim as propriedades mecânicas
das misturas.
A massa restante pode ser atribuída ao negro de fumo e as cargas inorgânicas
presentes no material.
41
FTIR
A leitura do espectro de FTIR das amostras é dificultada pela presença do negro
de fumo no pó de pneu, cujas partículas são fortes absorvedoras da radiação
infravermelha [26] mascarando assim o espectro do material e impedindo a obtenção de
uma leitura eficiente, figura 33. Na figura 34 observamos os espectros obtidos de cada
amostra analisada
Figura 33: Efeito do aumento da quantidade de negro de carbono no espectro obtido [26]
Figura 34: Espectros de FTIR obtidos dos pós de pneu tratados
42
Figura 35: FTIR com a correção de linha de base
Nas curvas apresentadas na figura 35 foram realizadas as correções dos
espectros obtidos através da subtração da curva de base, com o uso do software Omnic.
Podemos identificara presença de um pico largo em torno de 3600 – 3000 cm-1 típico da
presença de grupos hidroxila (OH). Os picos entre 3000 – 2800 cm-1 são característicos
das ligações C-H e podem ser observados em grande parte dos materiais poliméricos
orgânicos. [22]
Comparando os espectros não foi possível observar nenhuma diferença
significativa, possivelmente devido à forte sobreposição do sinal devido à presença de
negro de carbono na borracha.
43
Ensaio de Tração
Nas figuras 36, 37 e na tabela 9 estão apresentadas as curvas típicas para o
ensaio de tração dos corpos de prova analisados e seus resultados, os resultados obtidos
e as curvas de cada ensaio de tração realizado podem ser observados no anexo.
Figura 36: Curvas de tensão/deformação dos corpos de prova ensaiados
Tabela 9: Resultados médios obtidos através das curvas tensão deformação (LE* – Limite de
escoamento)
Médias
Modulo de Young
(MPa) Deformação
LE (%) Tensão LE
(MPa) Deformação
na Fratura (%) Tensão na
Fratura (MPa)
Não tratado
376,71 ± 52,24 8,33 ± 0,3 6,26 ± 0,64 57,47 ± 2,60 10,24 ± 0,73
SF6 380,34 ± 7,88 8,58 ± 0,27 7,29 ± 0,18 37,07 ± 3,72 11,29 ± 0,32
Metano 375,71 ± 20,22 8,69 ± 0,28 7,06 ± 0,18 41,64 ± 2,77 10,63 ± 0,40
Ar atmosférico
391,79 ± 17,9 7,97 ± 0,36 6,62 ± 0,19 39,12 ± 2,24 10,14 ± 0,23
44
Figura 37: Gráficos barra dos resultados obtidos
Observa-se que os corpos de prova produzidos com pó de pneu tratado com
plasma de SF6 e metano apresentam um aumento na tensão e na deformação no limite
de escoamento. Os corpos de prova tratados com ar atmosférico também apresentaram
um aumento na tensão no limite de escoamento, porém a deformação no limite de
escoamento se demonstrou inferior à dos corpos de prova não tratados, figura 37. Os
corpos de prova de pneu tratado apresentaram também maior homogeneidade dos
resultados do que os não tratados.
O módulo de Young permaneceu inalterado em todos os corpos de prova
analisados, porém como no caso da tensão no limite de escoamento as amostras tratadas
apresentaram menor dispersão dos valores.
Todos os corpos de prova tratados apresentaram redução no limite de
escoamento em relação aos corpos de prova não tratados, acredita-se que o material
tenha sofrido um processo de degradação e perda de voláteis devido a longa exposição
às pressões e temperaturas do tratamento de PECVD.
Os resultados obtidos diferem dos encontrados na literatura [10, 20] em que o
aumento da adesão entre o pó de pneu e o polipropileno levam a uma redução do limite
de escoamento e a um aumento na deformação resistida pelo material.
45
DSC
Figura 38: Curvas DSC do segundo aquecimento
Ao analisamos as curvas referentes ao segundo aquecimento dos corpos de
prova, não foi possível observar a mudança de inclinação na linha de base característica
do processo de transição vítrea do polipropileno. Todas as misturas apresentaram o pico
de fusão cristalina dentro de faixa de (160,85±0,53)oC característica do polipropileno.
Na curva de segundo aquecimento a área dos picos de fusão foi calculada para
cada mistura. Podemos observar que os valores de entalpia de fusão das amostras não
sofreram grandes alterações, figura 38, indicando que o tratamento das partículas de
pneu não causou modificações no processo de cristalização do polipropileno na mistura,
tabela 10. Esses resultados estão de acordo com os resultados obtidos dos ensaios
tração.
46
Tabela 10: Entalpia de fusão das misturas de polipropileno com pó de pneu
Corpo de prova Temperatura de
fusão (oC)
Entalpia de
fusão (J/g)
Cristalinidade (%)
Não tratado 160,3 25,86 24,87
SF6 161,2 24,14 23,21
Metano 161,4 23,74 22,83
Ar atmosférico 160,5 24,70 23,75
47
DMA
Ao analisarmos as curvas podemos constatar que não houve alterações no
comportamento termomecânico das amostras após o tratamento com plasma, como visto
nas figuras 39, 40 e na tabela 11, o módulo de armazenamento e as temperaturas de
transição vítrea permaneceram inalterados após o tratamento de PECVD.
As curvas de módulo de armazenamento apresentam três patamares distintos,
apresentando pontos de inflexão próximos as temperaturas de -90oC, -60oC e -7oC.
Observando a curva de tangente δ encontramos picos nas temperaturas de -56oC e 5oC.
É possível que exista um pico próximo a temperatura de -90oC mas que ele tenha sido
sobreposto pelo fenômeno que ocorre na faixa de temperatura de -56oC.
De acordo com a literatura as temperaturas de -56oC e 5oC correspondem
respectivamente as temperaturas de transição vítrea de um dos elastômeros presentes no
pó de pneu e do polipropileno [20].
Acredita-se que o ruído observado a partir da temperatura de 40oC esteja ligado
a fenômenos térmicos dos aditivos e cargas presentes no material.
Figura 39: Curvas de módulo de armazenamento e de tangente de delta das amostras
48
Figura 40: Sobreposição das curvas de módulo de armazenamento e tangente δ
Tabela 11: Temperaturas de pico das curvas tangente
Corpo de prova Tg – Pico 1 (oC) Tg – Pico 2 (oC)
Não tratado -56,0 5,0
SF6 -55,4 1,8
Metano -55,8 3,5
Ar atmosférico -56,0 6,2
49
MEV
As imagens apresentadas nas figuras 41, 42 e 43 mostram as superfícies de
fratura dos corpos de prova tracionados. No anexo se encontram as imagens com as
medidas das partículas e vazios presentes.
Figura 41: Aumento de 60x, 1) não tratado, 2) SF6, 3) metano, 4) ar atmosférico
50
Na figura 41 podemos observar que as partículas de pó de pneu presentes na
mistura se encontram distribuídas pela matriz de polipropileno e não formaram
aglomerados como esperado de uma mistura entre dois materiais de energia superficial
dissimilares. [7]
Todos os corpos de prova apresentam um caráter frágil semelhante em suas
zonas de fratura. As partículas de pó de pneu presente no material não romperam
durante o ensaio de tração, mostrando que a não houve aumento suficiente da adesão
entre os grânulos de pneu e a matriz de polipropileno que possibilitasse uma
transferência de cargas eficiente entre os materiais.
51
Figura 42: Aumento de 200x, 1) não tratado, 2) SF6, 3) metano, 4) ar atmosférico
Na figura 42 está apresentado o aumento de 200x na superfície da fratura dos
corpos de prova. Podemos confirmar que as partículas de pneu se encontram inteiras e
que o polipropileno sofreu deformação plástica, indicando a falta de adesão entre os
materiais.
As superfícies apresentam também grande quantidade de vazios, de tamanho
correspondente com o das partículas de pneu adicionadas a mistura, característicos de
misturas de baixa adesão.
Partícula de pneu
Polipropileno
Partícula de pneu
Polipropileno
Polipropileno
Partícula de pneu
Partícula de pneu
Polipropileno
52
Durante a microscopia não foi possível observar defeitos como poros ou
inclusões nos corpos de prova, indicando que os parâmetros de fabricação selecionados
para o processamento das misturas foram eficientes.
Na figura 43 podemos ver a falta de adesão entre as partículas individuais de pó
de pneu com a matriz de polipropileno devido à presença de vazios entre o as partículas
de pneu e a matriz termoplástica.
Figura 43: 1) não tratado (aumento de 1000x), 2) SF6 (aumento de 1000x), 3) metano(aumento
de 1000x), 4) ar atmosférico (aumento de 5000x)
53
CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO
Neste trabalho foram fabricados termoplásticos vulcanizados com 70% em peso
de pó de pneu em sua composição. Os grânulos de pneu utilizadas nas misturas foram
tratados com os plasmas de metano, SF6 e ar atmosférico para aumentar a adesão entre
as partículas e a matriz. As misturas produzidas apresentaram bom acabamento
superficial e boa distribuição das partículas.
As curvas de TGA e DTG do pó de pneu mostraram a degradação do pó de pneu
tratado com plasma. A degradação do material ocorreu em razão da temperatura,
pressão e tempo do tratamento utilizado.
Os espectros de FTIR se mostraram ineficientes para o estudo de possíveis
alterações na estrutura do material em função do forte efeito das cargas de negro de
fumo presentes no pó de pneu.
As curvas de DMA não mostraram alterações significativas nas propriedades
termo mecânicas do material após o tratamento com plasma e os ensaios de DSC não
demonstraram mudanças na cristalinidade do polipropileno.
Os corpos de prova produzidos com pó de pneu tratado com plasma de SF6 e
metano apresentaram um aumento na tensão e na deformação no limite de escoamento
do material possivelmente devido à redução da tensão superficial entre as partículas de
pneu e o polipropileno após o tratamento.
As misturas de pó de pneu tratado com plasma de ar atmosférico demonstraram
uma redução na deformação no limite de escoamento, provavelmente pela incorporação
de átomos de oxigênio durante o tratamento, aumentando a polaridade da superfície, e
por consequência, reduzindo a adesão entre a matriz e as partículas de pneu.
Todas as misturas de pó de pneu tratado apresentaram uma redução na
deformação na fratura, em razão da degradação sofrida pelo material observada nas
curvas de TGA e DTG.
O módulo de Young de todas as amostras não apresentou nenhuma alteração,
porém é relevante destacar que as amostras tratadas com plasma apresentaram maior
homogeneidade dos resultados do que as amostras não tratadas.
54
Conclui-se assim que o tratamento do pó de pneu com plasma de metano e de
SF6 pode ser capaz de melhorar as propriedades mecânicas das misturas de pó de pneu
com polipropileno, enquanto que o tratamento com ar atmosférico se demonstrou
ineficaz neste quesito.
É possível também que o pó de pneu tenha sofrido alterações em sua estrutura
química não observadas, o que pode afetar suas propriedades como absorção e difusão
de líquidos polares e apolares, características necessárias para válvulas e vedantes.
55
CAPÍTULO VII – TRABALHOS FUTUROS
• Realização de tratamentos de PECVD com diferentes paramentos de tempo,
potência e pressão
• Fabricação de corpos de prova com diversas proporções mássicas
• Ensaio de compressão
• Ensaio de dureza
• Ensaios de absorção em líquidos polares e apolares
• Análise química com a técnica de XPS
56
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[26] LLTVLNOV V. M., Spectroscopy of Rubbers and Rubbery Materials. 1 ed.,
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60
Anexos
61
62
63
Não tratado CP
Modulo de Young (MPa)
Deformação LE (%)
Tensão LE (MPa)
Deformação na Fratura (%)
Tensão na Fratura (MPa)
A1 344,89 9,22 5,91 73,59 0,26
A2 382,85 7,99 6,20 53,04 10,15
A3 354,88 8,04 5,81 54,51 9,85
A4 458,75 7,87 7,81 50,05 11,30
A5 342,16 8,54 6,1 56,17 9,68
64
SF6 CP
Modulo de Young (MPa)
Deformação LE (%)
Tensão LE (MPa)
Deformação na Fratura (%)
Tensão na Fratura (MPa)
S1 382,14 8,20 7,08 31,33 10,77
S2 385,34 8,72 7,32 41,00 11,48
S3 367,57 8,50 7,13 38,71 11,34
S4 378,90 8,94 7,5 38,43 11,59
S5 387,75 8,55 7,42 35,73 11,27
65
Metano CP
Modulo de Young (MPa)
Deformação LE (%)
Tensão LE (MPa)
Deformação na Fratura (%)
Tensão na Fratura (MPa)
M1 377,11 8,44 6,90 42,00 10,42
M2 365,29 8,81 6,97 44,61 10,66
M3 404,28 8,37 7,37 41,60 11,31
M4 382,01 8,78 7,06 37,14 10,34
M5 349,85 9,03 7,00 42,87 10,41
66
Ar atmosférico CP
Modulo de Young (MPa)
Deformação LE (%)
Tensão LE (MPa)
Deformação na Fratura (%)
Tensão na Fratura (MPa)
T1 414,63 7,41 6,48 37,01 9,84
T2 398,97 7,92 6,58 39,22 10,32
T3 373,08 7,95 6,45 41,90 9,95
T4 398,29 8,28 6,92 40,69 10,35
T5 373,99 8,29 6,67 36,77 10,22
67
DMA – SF6
DMA – Não tratado
68
DMA - Metano
DMA - Ar atmosférico
69
Não tratado -200x
SF6 -200x
70
Metano -200x
Ar atmosférico -200x