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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO GEOGRÁFICA – MARIA FRAN CO GARCÍA
PRODUZINDO TEXTOS A PARTIR DA
DESCONSTRUÇÃO DE TEXTOS:
Caminhando para a Construção do Conhecimento
Leandro Gondim de Oliveira1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho resulta da proposta da pesquisadora Maria de Franco
García, professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da UFPB, em
termos como trabalho de encerramento da disciplina Metodologia da Investigação
Geográfica a desconstrução de uma tese de doutorado.
Assumido o compromisso de realizar esta atividade, cada discente ficou
responsável por desconstruir uma tese que contribuísse com nossa dissertação de
mestrado; os referenciais teóricos discutidos na disciplina contribuíram para elucidar o
assunto tratado, e alguns desses textos foram alvos do exercício de desconstrução, nos
aproximando e nos preparando um pouco mais para esta nova experiência. Este trabalho
é o resultado final do conhecimento adquirido durante a disciplina, e a segunda
experiência deste autor com o exercício da desconstrução.
O objetivo deste exercício é para que nós discentes pudéssemos fazer um
aprofundamento do texto desconstruído, entender como o autor construiu o texto, como
utilizou os diversos conceitos base para justificar seu objeto de estudo.
1 Bacharel e Licenciado em Geografia. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPB – [email protected]
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Será seguida uma ordem na desconstrução, começando com o título da obra, o
autor, a forma do trabalho (tese, artigo, livro, etc.), objeto pesquisado pelo autor, a
metodologia, o método, os conceitos e as considerações finais.
Na metodologia irei expor de que forma e quais caminhos o autor trilhou para
construir sua tese. Neste capítulo teremos dois subtópicos: as fases e os procedimentos.
No primeiro, irei falar brevemente das fases que identificamos na tese. No segundo, irei
debater como o autor desenvolveu cada fase de seu trabalho.
No método, irei discutir como Abranches Jr. analisou o objeto de estudo de seu
trabalho, como ele entende o objeto, que processos utilizou e suas conclusões. Nos
conceitos, discutirei quais foram utilizadas pelo autor e de que fonte ele bebeu.
E finalizando este trabalho, colocarei minhas considerações sobre esta
metodologia de análise de textos, pois assim a considero; minhas considerações sobre a
tese de doutorado e Nilton Abranches Jr.; as referências que utilizei para melhor
desconstruir a tese; e por fim, as referências que o autor utilizou para construir sua tese.
1. TÍTULO DA OBRA : Geografia Agrária e Ambiente no Nordeste do Brasil
2. AUTOR : Nilton Abranches Júnior
3. FORMA : Tese de Doutorado
4. OBJETO PESQUISADO: O Rural Nordestino e a Relação Sociedade e Natureza
5. METODOLOGIA
A Tese de Abranches Jr. tem por objetivo contribuir com os estudiosos do
rural nordestino brasileiro, e de analisar como os mesmos compreendem a realidade da
relação entre homem e ambiente ou sociedade e natureza, utilizando como base as
teorias relativas ao desenvolvimento rural e o conhecimento sobre construções
ambientais.
Para isso, Abranches Jr. procura entender como a visão de mundo dominante
do ocidente foi estabelecida. Com isso, ele analisa a história da ciência, como também
da ciência geográfica, atribuindo as construções ambientais como objeto de estudo da
Geografia, e que essas construções é resultado da relação entre sociedade e natureza.
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Também coloca que a forma de como cada grupo cultural entende a natureza
irá determinar a escolha dos processos de desenvolvimento da sociedade. Deste modo,
as construções ambientais e os processos de desenvolvimento é o alicerce teórico-
metodológico da tese.
Procurando valorizar a produção nacional, Abranches Jr. pensou em utilizar os
artigos de Geografia Agrária publicados em periódicos nacionais e Anais dos Encontros
Nacionais de Geógrafos como fonte de pesquisa.
O principal questionamento de Abranches Jr. é se existe no Nordeste, pos se
tratar de uma área onde os fatores naturais influenciam a sociedade de forma tão
evidente, uma quantidade maior, ou até mesmo dominante, de trabalhos com uma visão
mais conciliadora entre sociedade e natureza ou homem e ambiente, diferente da visão
antropocêntrica que ele próprio constatou ao analisar os artigos publicados na Revista
Brasileira de Geografia.
���� Fases
a) Homem e Natureza no Pensamento Científico: Análise da visão dicotômica
da relação sociedade e natureza no mundo ocidental, na qual o homem estaria
numa posição exterior e acima da natureza, justificando seu controle e
manipulação. Abranches procura neste capítulo, tendo como referência a
Revolução Científica, entender como essa visão foi construída e se reproduz até os
dias atuais.
b) As Escolhas, os Recortes e as Formas: Explicação do autor sobre suas
escolhas para a construção da tese, os recortes espaciais e temporais necessários
para seu trabalho e o porquê da escolha das formas de como ele trabalhou.
c) Geografia Ciência das Construções Ambientais: Análise da construção do
ambiente a partir da relação sociedade e natureza e ratificação da Geografia como
ciência das construções ambientais.
d) As Construções Ambientais nas Propostas de Desenvolvimento Rural:
Discussão de como idéias pré-modernas e modernas permanece e influenciou a
Geografia, passando pelos modelos de desenvolvimento rural e a proposta de
desenvolvimento sustentável.
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e) O Ambiente Rural Nordestino: Análise do rural nordestino a partir dos
artigos selecionados para análise, buscando identificar visões antropocêntricas,
ecocêntrica ou eco-antropocêntricas.
���� Procedimentos
a) Análise sobre como era entendido a relação sociedade e natureza em três
momentos: o primeiro momento, o qual ele intitulou de “O Mundo Pré-
Científico”, antes da revolução científica, discutiu a visão aristotélica sobre o
entendimento da natureza, do mundo e do universo, em que tudo era resultado da
criação de Deus e a Terra era considerada um ser vivo. No segundo momento, o
qual o autor intitulou de “O Mundo Eurocêntrico”, é discutido a visão de mundo
ocidental formada a partir do pensamento desenvolvimentista capitalista e a Terra
era considerada como uma máquina a ser explorada pela sociedade, sendo esse o
ponto da separação entre sociedade e natureza, o “início da dicotomia”. No
terceiro momento, o autor trata das construções ambientais, e que o pensamento e
modo como cada grupo cultural escolhe o modo de se desenvolver cria diferentes
construções ambientais, além de propor uma nova visão integradora de ambiente,
a qual ele chama de eco-antropocêntrica.
b) Discussão do suporte teórico-metodológico do trabalho, passando pela
sistematização da Geografia; início da divisão dos trabalhos e surgimento da
dicotomia Geografia Física e Humana; a visão do país sobre o Nordeste, a escolha
do rural nordestino como espaço geográfico de análise de sua tese; justificativa da
escolha da Revista Brasileira de Geografia como fonte para entender a Geografia
Agrária; seleção dos artigos que tratavam do rural nordestino.
c) Análise da relação sociedade e natureza na história da Geografia; discussão do:
pensamento de Ratzel e a corrente determinista ambiental; Paul Vidal de La
Blache e o Possibilismo; questões ambientais no pensamento neopositivista e no
pensamento marxista; e abordagem do ambiente na Geografia Agrária.
d) Discute as construções ambientais nas propostas de desenvolvimento rural.
Debate afirmando que na pós-modernidade permanecem idéias pré-modernas e
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modernas, como que adormecidas. Como isso refletiu na Geografia
contemporânea. Discussão sobre as propostas de desenvolvimento rural
produtivistas e a resposta a esse modelo através do desenvolvimento sustentável,
provocando uma ruptura com a forma dicotômica de se relacionar com a natureza.
e) Análise do rural nordestino a partir dos artigos selecionados, em que ele divide
em três partes. Na primeira parte, trabalhos de caráter antropocêntrico e
dicotômico entre sociedade e natureza, mas que consideram a influência da
natureza na organização do trabalho do homem e conseqüentemente na
organização do espaço agrário nordestino. Na segunda parte, os trabalhos também
com visão antropocêntrica e dicotômica, mas em que a sociedade interfere no
espaço pelo domínio da natureza através dos planos, tecnologia e ferramentas
criada pelo homem. Na terceira parte, os trabalhos que tentam compreender a
relação sociedade e natureza a partir de uma visão mais integradora, procurando
romper com a forma dualista de entender o ambiente, compreendendo essa relação
como uma via de mão dupla.
6. MÉTODO : Acredito que o autor trabalha com o método dialético, pois ele tenta
visualizar quadros dinâmicos da realidade, procurando fazer uma análise da totalidade.
Como foi dito anteriormente, Abranches Jr. tenta trazer uma contribuição para
os estudiosos do rural nordestino, analisando como eles entendem a realidade da relação
sociedade e natureza ou homem e ambiente, utilizando como referência as teorias
concernentes ao desenvolvimento rural e a noção sobre construções ambientais.
Pensando neste viés, ele procura entender como se estabeleceu a visão do
mundo ocidental, examinando a história da ciência, da Geografia e atribuindo como
objeto de estudo geográfico as construções ambientais, resultante da relação
sociedade/natureza. Mas, segundo Abranches Jr., o entendimento dessa relação e o
modo que ela se dá variam de acordo com a visão cultural que cada grupo social tem da
natureza, determinando a escolha dos processos de desenvolvimento da sociedade.
O autor também frisa a importância de conhecer a visão de mundo antes da
Revolução Científica, entendendo que todo conhecimento é construído a partir do
conhecimento anterior. Para ele, a visão de que o homem encontra-se exterior a natureza
e acima dela ganhou força pouco a pouco após a Revolução Científica.
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Essa dicotomia no entendimento da relação sociedade/natureza acabou criando
a noção de que o homem tem o domínio, o controle sobre os fatores naturais. Utilizando
o pensamento de Pepper (1996), Abranches Jr. (2008) alerta que esse modo de pensar
apenas atendeu as elites econômicas e que acabou se tornando um senso comum para a
sociedade.
Por isso, a Revolução Científica é para o autor um marco na estruturação do
conhecimento ocidental e de sua visão de mundo, e foi usada como referência sobre a
construção dessa visão.
Deste modo, Abranches Jr. divide o primeiro capítulo da tese “1. Homem e
Natureza no Pensamento Científico” em três sub-capítulos: O mundo Pré-Científico; O
Mundo Eurocêntrico; e As Construções Ambientais.
No sub-capítulo “1.1 - O Mundo Pré-Científico”, ele discute sobre a ótica
aristotélica sobre o entendimento da natureza, do mundo e do universo, que dominou o
mundo ocidental desde o século IV a.C. até o século XVII. A obra de Aristóteles tinha
uma grande abrangência, alcançando todas as áreas do conhecimento e o mesmo foi
responsável por organizar todo o conhecimento existente no século IV a.C., além de
criar novas áreas de conhecimento, como a biologia.
Outro ponto importante é que
O conhecimento produzido por Aristóteles apresentava certa
simplicidade lógica que estava diretamente ligada ao senso comum, o
que permitiu sua fácil e rápida absorção. Sem falar que a cosmologia
aristotélica servia perfeitamente aos objetivos da Igreja, já que além
de estar baseada no visível e próximo ao senso comum, permitia o
desenvolvimento de uma teologia baseada na separação entre Terreno
e Celestial. (Abranches Jr., 2008, p.8).
Segundo Abranches Jr. (2008), talvez esses tenham sido os motivos que levou
a permanência da visão aristotélica por tanto tempo. Ele ainda discute que na visão de
mundo da época, tudo que existe era resultado, foi criado por um ser superior, que seria
Deus, responsável pela criação do Universo. Tentava se explicar todos os fenômenos da
superfície terrestre através de explicações teológicas.
Entretanto, o autor coloca que a forma de pensar da época era repleta de visões
humanas impostas à natureza, e a interpretação dos fenômenos naturais era feita de
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forma metafórica. Nessa visão metafórica, a terra era considerada um ser vivo, um
corpo vivo que respirava, transpirava, etc., e responsável pela existência da vida.
Essa visão orgânica da Terra serviu como uma proteção contra a exploração da
natureza. Abranches Jr. considera que essa forma de pensar contribuiu para uma melhor
interação entre homem e natureza numa perspectiva de conservação.
Entretanto, o autor ainda afirma que pesquisadores como Pepper (1996)
entendem essa análise metafórica da Terra como uma visão antropocêntrica, embora
diferente daquela visão dominante no mundo ocidental. Aqui, a visão foi se moldando a
partir da Revolução Científica, onde o homem estava no centro de toda e qualquer fala
ou tomada de decisão. Essa visão foi se estruturando a mesmo tempo que o capitalismo
ia se consolidando e se firmando na estrutura política e econômica da época.
As novas atividades que surgiam, a forma de se produzir, entre outros fatores,
contribuíram para alterar a forma como a sociedade se relacionava com a natureza e a
própria natureza, fazendo também com que a visão organicista e a análise metafórica da
natureza não mais atendessem as necessidades dessa nova forma de produção imposta
pelo capitalismo (Abranches Jr., 2008).
Apesar dessas mudanças não terem ocorrido repentinamente, mas sim de
maneira gradual, foi chegando num ponto em que uma nova visão de mundo tivesse que
ser criada para conciliar o pensamento desenvolvimentista capitalista, que ainda lutava
contra o pensamente metafórico da visão anterior impregnado no interior do
pensamento da sociedade. E foi nesse contexto de tensões que surgiu a Revolução
Científica, como alternativa a visão anterior, criando uma nova visão e um novo
paradigma na relação entre sociedade e natureza, e que se tornou dominante no mundo
ocidental até e que permanece até os dias atuais.
Abranches Jr. intitulou essa nova visão de mundo de Visão Eurocêntrica, a
qual foi explicada no subtítulo “1.2 O Mundo Eurocêntrico” de seu trabalho. Segundo o
autor, essa nova visão não mais via a Terra como um ser orgânico, mas sim como uma
máquina, e que estaria sempre inerte e insensível sobre as ações do homem sobre a
natureza.
As idéias de Copérnico de que a Terra girava em torno de seu próprio eixo
acabou com a visão Geocêntrica e o domínio das idéias de Aristóteles que já perdurava
por mais de dois mil anos. Kepler aprofundou as ideais de Copérnico ao criar um
modelo geométrico do universo, no qual o Sol seria a fonte principal de energia do
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sistema, porém, suas idéias também eram influenciadas pela teologia, pois o Soltinha
uma função metafísica, era considerado o templo da divindade (Abranches Jr., 2008).
Essa forma de entender a natureza que o homem começou a fazer
diferenciação entre ele e o seu entorno e a visão organicista não teve como sobreviver a
toda essa pressão, pois nessa na nova visão nenhuma parte da natureza era considerada
intocável ou proibida.
Abranches Jr. (2008) cita o pensamento de Bacon, o qual diz que natureza tem
a obrigação de servir a humanidade e que o homem deve desvendar todos os segredos
que até então eram desconhecidos. Dessa forma, a natureza se torna escrava da
humanidade e deve ser explorada em benefício da sociedade, que irá moldá-la da
maneira que bem entender.
A partir dessa forma de pensar e ver o mundo, acaba existindo uma distinção
na forma de ver a natureza e a sociedade. Abranches Jr. (2008) ainda comenta que o
modelo mecanicista e o pensamento que a Terra funciona como uma máquina foi
reforçada e que o mundo poderia ser entendido dividindo as suas partes, pois nesse
pensamento a matéria é infinitamente divisível. Porém, segundo os pensadores da
época, a mente humana, por não ser um corpo físico, não podia ser fragmentada,
colocando o homem num patamar superior a natureza.
Abranches Jr. (2008) comenta que essa visão é ensinada hoje na maioria das
escolas do mundo ocidental, e já conquistou uma tamanha credibilidade que já é aceita
como verdade e já faz parte do senso comum das pessoas. Mas o autor questiona isso:
Essa nova visão que aos poucos foi suplantando o organicismo, é
aquela que hoje é ensinada nos bancos escolares da maioria dos
estabelecimentos de ensino do mundo ocidental, seja em qual grau de
complexidade se esteja falando. Ao longo dos tempos conquistou
tamanha credibilidade que seus pressupostos são assumidos como
sendo a verdade, e por isso praticamente inquestionáveis e facilmente
entendidos, parecendo fazer parte do senso comum. Uma realidade
onde a matéria é composta de átomos, e as cores só ocorrem a partir
do reflexo das ondas de luz de diferentes tamanhos, contribuição a
Ciência que deram Einstein e Bohr quando em 1905 descobriram os
fótons. Como fica a percepção dos diferentes tons de azul e verde que
estão presentes no cotidiano dos habitantes dos ensolarados trópicos?
Quantos microns de um comprimento de uma onda variam a
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percepção das diferentes tonalidades de branco existente na cultura
dos esquimós? Será que tudo que tem existência pode ser explicado
através das micro-partículas estudadas pela física e pela química?
Seria o mundo tão simples ao ponto de ser entendido através de
minúsculas partes? A complexidade das relações sociais parece
contradizer as afirmações da Ciência Moderna e parcialmente
responder as questões acima. (Abranches Jr., 2008, p.17-18)
O autor que dizer que não podemos entender a sociedade de uma maneira tão
simples como dividir as partes, pois o intelecto humano, as relações sociais são
complexas ao ponto de se diferenciar uma da outra, como culturas de povos diferentes.
Entretanto, a visão anterior, orgânica e metafórica, não saiu de foco por
completo no cenário científico, pois ela continuou se segurando, como um ponto de
tensão dentro da sociedade, uma tensão interna, que se externava em alguns momentos,
como:
[...] em algumas variações do Romantismo, do transcendentalismo
americano, dos filósofos naturais alemães e na filosofia de Karl Marx.
No século XX reaparece na teoria holística de Smuts assim como no
movimento ecológico dos anos de 1970. (Abranches, 2008, p.18).
Abranches Jr. (2008) utiliza o pensamento de Pepper (1996) onde diz que o
universo está em movimento contínuo, que a realidade é multidimensional e cada coisa
possui efeito sobre a outra, para então poder afirmar que a separação existente hoje
entre sociedade e natureza é criação da nossa própria mente influenciada pelas idéias
mecanicistas, que é o alicerce da ciência moderna.
É neste ponto que o autor coloca que esses princípios talvez seja a
oportunidade de recobrar uma análise holística do ambiente, ou seja, um ambiente
indivisível, mas sim, um todo. Abranches Jr. (2008) ainda utiliza o pensamento de
Whatmore (2004) que refletindo sobre o modo como se dá a relação entre homem e
ambiente, deveríamos encontrar uma nova maneira de se fazer Geografia.
Para Abranches Jr. (2008) “[...] a forma de se relacionar com o ambiente, a
forma como se encara a natureza, e ainda a posição que o homem ocupa nessa relação
[...] que estabelece escolhas diferentes feitas por grupos sociais distintos” (p.19). E essa
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forma com que cada grupo cultural se relaciona com o ambiente é responsável por
diferentes construções ambientais.
Neste o ponto, o autor pega a deixa para o subtítulo “1.3 – As Construções
Ambientais”. O autor inicia sua discussão afirmando que a temática sobre a relação
homem e ambiente parece já ser bastante mastigada, visto as grandes catástrofes
naturais que vem ocorrendo no planeta, como também os discursos políticos de caráter
ambientalista, porém, ineficaz.
Abranches Jr. (2008) explica que além do mundo físico, material, também
existe o mundo não físico, psicológico, presente na mente do homem. Ele utiliza o
pensamento de Simmons (1993), no qual diz que a forma de como nos relacionamos
com os elementos não humanos depende da forma de como pensamos e do que
acreditamos.
Um dos grandes problemas para o autor é que a partir da Revolução Científica
houve uma separação definitiva entre homem e natureza, havendo então um
desencantamento na relação sociedade e natureza, explicando esse dualismo entre
homem e natureza. A firmação da visão fragmentada da natureza e a nova posição do
homem, superior a natureza, ajudou para ela fosse apropriada e colocada a serviço da
humanidade.
Apesar dessa visão reducionista da natureza ser dominante, não significa dizer
que ela é a única existente, pois diversas construções ambientais existem no mundo,
diferente dessa visão dominante do ocidente. Abranches Jr. (2008) coloca um conceito
sobre ambiente a partir do pensamento de Simmons (1993), onde “ambiente pode ser
entendido como sendo um artefato oriundo de processos mentais, estando por isso quase
que inseparável da existência do próprio homem” (p.21-22).
Visualizando desta forma, homem e ambiente são inseparáveis, mesmo que o
homem não consiga compreender a complexidade dessa relação. E é na tentativa de
entender essa relação que aparece diversas construções ambientais, resultantes da
relação sociedade e natureza (ABRANCHES JR., 2008).
Baseado nessas premissas, Abranches Jr. (2008) admite a existência de vários
tipos de construções ambientais, umas com característica mais antropocêntrica e outras
ecocêntricas, reforçando a dualidade homem/ambiente. O autor então propõe uma nova
via nas construções ambientais, com uma visão mais integradora entre homem e
natureza, uma visão monística do ambiente, ou seja, o ambiente sendo tratado como
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uma unidade na qual existiria um equilíbrio entre homem e natureza. A essa nova visão
integradora do ambiente o autor chamou de eco-atropocêntrica.
Para Abranches Jr., a Geografia é a mais indicada para trabalhar com essa
visão. Para ele, a Geografia,
Através de suas interfaces tem se apropriado, muitas vezes, de
métodos e conceitos tanto das Ciências Naturais quanto das outras
Ciências Sociais, conseguindo dentro de seu arcabouço teórico
produzir um variado “vocabulário” que resultou na “tradução” de
diferentes construções ambientais. Essas experiências de trabalho nas
zonas de interface talvez lhe atribuam condições de trabalhar com as
propostas mais conciliadoras no trato das relações entre homem e
ambiente, permitindo que venham à tona idéias ressurgentes de
períodos anteriores. Talvez seja por isso também que tanto Simmons
(1993) quanto Peet (1998) definam que Geografia seja a Ciência das
Construções Ambientais [...]. (ABRANCHES, 2008, p.24)
Abranches Jr. termina esta discussão comentando que as construções
ambientais ajudaram a entender como a Geografia se posicionou frente às questões
ambientais e coloca o pensamento de Whatmore (2005) que “[...] é a partir do
entendimento da interface entre os mundos natural e social que a Geografia construiu
sua identidade enquanto Ciência.” (p.26).
No segundo capítulo da tese, Abranches Jr., discute sobre o suporte teórico-
metodológico de seu trabalho. Ele inicia afirmando que o estudo da relação homem e
meio fundamentou o pensamento geográfico desde o século XIX, período da
sistematização da Geografia, e que foi definida como objeto de estudo da mesma,
permanecendo no eixo principal de suas discussões até os dias atuais. Segundo o autor:
Foi vista através das relações do homem com seu meio, da sociedade
com a natureza, ou ainda a partir dos estudos do meio-ambiente, tendo
como resultado um grande número de trabalhos. Nesse contexto tratou
à questão ambiental de forma dicotômica, impregnada de
reducionismos e determinismos tão próprios a modernidade,
separando homem e natureza em mundos distintos. (p.26)
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Nesse momento, para Abranches, a partir da divisão interna dos trabalhos, a
Geografia dividiu e separou os estudos sobre homem e meio a partir de duas áreas
específicas: Geografia Física e Geografia Humana. O autor entende que a Geografia
Agrária, subárea da Geografia, trabalhou com uma visão unificadora entre homem e
meio. Para o autor, com a criação da Revista Brasileira de Geografia, trabalhos
vinculados a Geografia Agrária foram bastante contemplados, visto que a agricultura
desempenhava importante papel na economia brasileira.
Abranches observou que o enfoque dos trabalhos foi mudando com o passar
do tempo. No início, o eixo estava em torno da relação da agricultura com seu enfoque
físico, que era o meio. Depois, apareceu uma visão mais conservacionista, repensando o
manejo do uso do solo, procurando formas de amenizar a degradação do solo para não
prejudicar a capacidade de produção. Posteriormente, nas décadas de 60 e 70, época de
desenvolvimento tecnológico, o ambiente poderia ser modificado de acordo com as
necessidades do planejamento econômico.
Esse modelo modernizador estimulou a produção intensiva e em larga escala,
principalmente para exportação e abastecimento urbano, ganhou-se o entendimento que
poderíamos resolver problemas a partir da inserção dos insumos industriais.
Como conseqüência as temáticas ligadas à degradação ambiental
ganharam importância no cenário nacional. Problemáticas relativas à
poluição dos solos, subsolo e rios, assim como a eutrofização de
açudes e córregos se mostraram presentes na produção mais recente da
Geografia Agrária brasileira. (ABRANCHES, 2008, p.29)
Entretanto, para Abranches Jr. a abordagem no trato do ambiente continuou a
mesma, com uma ótica antropocêntrica na forma de entender a relação sociedade e
natureza. Também afirma que o processo de desenvolvimento é resultado das escolhas e
a forma que a relação sociedade e natureza é encarada por esses modelos
desenvolvimentistas, e esse modo de encarar que é responsável pelas diferentes
construções ambientais, sejam elas de caráter antropocêntrica, ecocêntrica ou eco-
antropocêntrica.
Desse modo, ele considera que as construções ambientais como um dos
elementos marcante na história do pensamento geográfico em suas diferentes fases. Por
isso, o autor escolheu o ambiente como o conceito principal nas discussões de seu
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trabalho a partir dele procurou entender a produção da Geografia Agrária nacional
“identificando os reducionismos, os determinismos, as dicotomias e também as
tentativas de integração natural-social” (p.30).
Abranches Jr. também analisa que a agricultura sempre teve um papel
importante na economia do país, modificando o espaço geográfico brasileiro, cabendo
ao Estado o papel de gestor do território e que o mesmo criou órgãos para supervisionar
e promover seus principais produtos (café, soja, etc.); essa atitude do Estado refletiu nos
trabalhos publicados na RGB nas décadas de 40 e 50.
Então Abranches Jr. procurou analisar como a região Nordeste foi entendida
pelo país, e entendeu que ela foi vista como a Região Problema Nacional, marcada por
fortes adversidades naturais, retratadas inclusive em livros literários, como Os Sertões
de autoria de Euclides da Cunha, livros didáticos, jornais, etc.
Afirma ainda que a maior parte dos estudos o Nordeste é tratado a partir do
fenômeno das secas, que não deixa de ser um fator natural marcante na região. Mas
Abranches Jr. coloca que a seca não é responsável pela pobreza de vários nordestinos.
Comenta sobre a economia açucareira, que por sua característica de uma
estrutura fundiária de difícil acesso a terra e que as tomadas de decisão e o poder
estavam nas mãos de poucas pessoas, não se adequou ao novo cenário nacional,
perdendo sua importância econômica nacional e acarretando a transferência do eixo
econômica para o Centro-Sul. Com isso, os investimentos se concentraram mais nesse
novo eixo, o que ocasionou um desenvolvimento desigual.
É bem verdade que novos órgãos foram criados para tentar solucionar essa
questão, como a SUDENE – Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste.
Entretanto:
Entretanto, nem todas as áreas foram beneficiadas, da mesma forma,
pelo planejamento produtivista patrocinado pelo poder central. Áreas
que apresentaram maiores potencialidades, entendidas a partir de
recursos naturais, tanto enquanto disponibilidade de água como no que
diz respeito à fertilidade do solo, assim como a facilidade ao acesso a
infra-estrutura de circulação e escoamento da produção,foram às
privilegiadas. (ABRANCHES Jr., 2008, p.33)
14
Para entender como a Geografia Agrária vinha abordando as questões relativas
ao rural nordestino brasileiro, o autor se apóia na discussão sobre construções
ambientais, as escolhas de desenvolvimento resultante da visão de mundo de cada grupo
cultural e as publicações da RGB, apesar de que no início de suas publicações estava
muito vinculada ao pensamento do Estado Nacional, mas que com o passar do tempo foi
se modificando.
Abranches escolheu as publicações da RGB porque ter sido um periódico com
uma grande diversidade de artigos e autores de diversas regiões do país, além de suas
publicações terem sido feitas de forma regular e ininterrupta entre os anos de 1939 a
1995 que coincide com o período de aceleração da modernização do país durante o
período pós 2ª Guerra Mundial, que refletiu nos trabalhos publicados na RGB.
Abranches Jr. pré-selecionou 126 artigos, os quais representam a totalidade
das publicações na RGB sobre Geografia Agrária. Deste, apenas dezesseis (ver tabela)
abordavam o espaço agrário nordestino. Ele também adverte que não existem artigos
que versem do rural nordestino de todos os Estados, e que há uma má distribuição entre
os existentes, estando às produções concentradas nos estados da Paraíba, Pernambuco e
Bahia. Para o autor, este fato representa a importância que tais estados têm nas questões
agrárias do Brasil.
Autor Título RBG
BOTELHO, C. de C. Aspectos geográficos da zona cacaueira da Bahia
ano 16, n2, 161-212,1954
BRITO, S. R. DE & GUIMARÃES, L. S. P.
Conseqüências sociais da seca no nordeste
ano 41, n4, 90-99, 1979
De CARLI, G. Civilização do açúcar no Brasil ano 2, n3, 349-371,
1940
CORRÊA, R. L. A.
A Colônia Pindorama: uma modificação na paisagem agrária dos tabuleiros alagoanos
ano 25, n4, 479-484,1963
DUARTE, A. C.
Irecê: uma área agrícola insulada no sertão baiano,
ano 25, n4, 453-464, 1963.
GRABOIS, J. et al.
Reordenação espacial e evolução da economia agrária: o caso das terras altas de transição agreste-mata do norte de Pernambuco,
ano 54, n1, 121-169, 1992
15
GRABOIS, J.; SILVA, M. J.
O brejo de Natuba – estudo da organização de um espaço periférico
ano 53, n2, 33-62, 1991
GUERRA, I. A. L. T. O cacau na Bahia ano 14, n1, 81-100,1952
LAROCHE, R. C.
Ecossistemas e impactos ambientais da modernização agrícola do vale do São Francisco
ano 53, n 2, 63-77, 1991
MARQUES, J. S.
Estrutura Agrária do Estado de Pernambuco
ano 33, n2, 137-148, 1971
MULLER, K. D.
Pindorama: modelo europeu agrícola de assentamento, litoral nordestino,
ano 57, n4, 17-122, 1995.
PROST, G. O cariri semi-árido transformado pelo agave,
, ano 30, n2, 21-57, 1968.
PROST, G.
O agreste de Esperança – a fronteira cariri-agreste de Esperança,
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VALVERDE, O. O uso da terra no leste da Paraíba
ano 16, n1, 49-91, 1955
Quadro 1: Artigos selecionados para análise Fonte: Tese de Doutorado de Nilton Abranches Júnior, pp. 37-38.
A partir daqui o autor trabalhou da seguinte forma:
Após a seleção dos textos foi realizada uma leitura crítica de todos os
artigos selecionados enquanto fonte, seguida de resumo, fichamento e
resenha, com a finalidade de se encontrar as características
fundamentais de cada artigo, fator importante para o desenvolvimento
da pesquisa. Assim, pode-se perceber não somente a dominância da
construção ambiental no trato com o ambiente, mas definir as
características comuns dos artigos. (ABRANCHES Jr., 2008, pp.37-
38)
16
Abranches Jr. tentou analisar os artigos por ordem cronológica para facilitar o
entendimento e identificar o pensamento ambiental de cada época no contexto da
Geografia Agrária. O autor entendeu que não existe ligação direta entre o trato com o
ambiente e o tempo, pois ele encontrou relações com artigo produzidos na década de 50
e outros produzidos na década de 90.
Ainda segundo o autor, não foi encontrado nenhum artigo com característica
ecocêntrica, ou seja, onde a natureza é o centro de qualquer questão ou discussão. Aliás,
em sua dissertação de mestrado, Abranches Jr. já tinha identificado à predominância de
trabalhos antropocêntricos na Geografia Agrária brasileira.
E essa visão antropocêntrica está presente não só na Geografia, mas em toda a
Ciência Moderna, pois com a ruptura entre homem e natureza, aquele passou a entender
e a produzir o espaço de forma a dominar a natureza. Pensando neste viés, e que as
propostas de desenvolvimento são condicionadas a essa visão, Abranches Jr. analisando
os textos produzidos pela Geografia Agrária brasileira, identifica três grupos distintos:
Levando-se em consideração a dominância antropocêntrica no
pensamento geográfico, o que sugere uma abordagem dicotômica
entre sociedade e natureza, pode-se perceber a existência de trabalhos
que percebem a dicotomia através da interferência da natureza na
produção da agricultura e na organização do espaço agrário. Assim a
natureza, através de algumas características – como disponibilidade de
água, topografia e fertilidade dos solos – possibilitou a ocupação
primeira de determinados espaços em relação a outros, influenciando
na configuração territorial de determinadas áreas. Outros, porém,
trabalharam essa mesma dicotomia a partir da supremacia do trabalho
do homem modificando o ambiente biofísico e criando uma nova
organização do espaço e um conseqüente novo ordenamento do
território. Esses trataram à natureza enquanto recurso e o meio
ambiente enquanto palco para a atividade humana. Mostrando-se
preocupados exclusivamente com a produção e a produtividade,
fizeram a apologia ao modelo modernizador de base produtivista,
pondo de fato a natureza a serviço da sociedade. Existem ainda
aqueles que perceberam uma lógica de reciprocidade entre ambiente
biofísico e sociedade. (ABRANCHES Jr., 2008, pp. 40-41)
17
Mediante esta constatação, o autor dividiu os textos em três grupos, e os
analisou no capítulo cinco de sua tese, a partir de três sub-capítulos: “A Natureza e a
organização do espaço rural nordestino”, “A produção reconfigurando o ambiente rural
nordestino” e “Uma outra construção ambiental rural”.
No terceiro capítulo de sua tese, Abranches Jr. faz uma discussão sobre a
Geografia ser a Ciência das Construções Ambientais. Como vimos anteriormente, essas
construções são resultantes do modo como à sociedade se relaciona com a natureza.
A Geografia tem analisado ao longo de sua história a relação sociedade e
natureza, mesmo que com ênfase diferenciada. Essa relação, manifestada no ambiente,
tem sido um dos fundamentos dessa ciência e um dos componentes de sua identidade
espacial (ABRANCHES, 2008).
Baseado no pensamento de Simmons (1993) de que o ambiente é construído a
partir das relações entre as sociedades e os meios em que estão inseridas e o
conhecimento cultural de cada grupo, Abranches Jr. (2008) afirma que a Geografia pode
ser concebida como Ciência das Construções Ambientais.
Analisando o pensamento de Peet, o autor confirma o que relatou
anteriormente, que o desenvolvimento da sociedade em sua quase totalidade teve um
caráter antropocêntrico, onde a sociedade molda, altera a natureza da maneira que bem
entender. Ele também utiliza o pensamento de Reclus que
[...] constatou no final do século XIX, que o domínio da natureza
sobre os homens vai diminuindo na medida em que a sociedade
evolui. Dessa maneira, cria formas de adaptar e transformar a
sociedade em que vive. No ímpeto da transformação o homem altera o
ambiente e imprime formas a paisagem deixando visível seu poder
transformador [...]. (ABRANCHES, 2008, p.43)
Mas a contribuição de Reclus não se restringe a constatação do poder de
transformação que o homem possui. Ele também questiona que deveríamos ter uma
relação mais harmônica com a natureza, levando-o a se preocupar com a conservação do
ambiente. Através dessa relação harmoniosa o homem deveria se adaptar ao meio e suas
exigências (ABRANCHES, 2008).
Sobre as limitações que a natureza impõe a sociedade o autor destaca o
pensamento de Ratzel. De acordo com o pensamento Ratzeliano, o homem estava
18
relativamente sujeito a natureza. Ratzel destaca que a natureza distribui seus recursos de
forma desigual pela superfície terrestre, dificultando o desenvolvimento da sociedade.
Entretanto, isso não quer dizer que a sociedade é dominada pela natureza, pois para ele
as adversidades é um fator para que o homem evolua e se adapte a todas essas
dificuldades.
O entendimento do ambiente como recurso ganhou força e acabou se tornando
dominante no pensamento desenvolvimentista da época. A radicalização do pensamento
de Ratzel resultou naquilo que chamamos de Determinismo Ambiental (PEPPER, 1996
e PEET, 1998 apud ABRANCHES, 2008).
Abranches Jr. discute que o Determinismo Ambiental revela uma visão mais
ecocêntrica, resultando em modo diferente de construir o ambiente, além de questionar
que essa corrente pode ter sido responsável pela criação da dicotomia Geografia Física e
Humana.
O autor também discute sobre o Possibilismo Ambiental, corrente criada por
Paul Vidal de La Blache e que era visto como a principal alternativa ao Determinismo
Ambiental (PEET, 1989 apud ABRANCHES, 2008). No Possibilismo, a natureza
oferecia possibilidades para a sociedade evoluir, e que a superação das adversidades
naturais dependeria do nível cultural de cada grupo social.
Gomes (2005) também é de opinião que a cultura e desenvolvimento
caminham juntos. Comenta que enquanto no determinismo o homem era apenas um
elemento entre os demais, com Vidal de La Blache ele será o mestre de todos os outros
elementos, podendo se adaptar à natureza e transformá-la para seu proveito. Porém, ele
afirma que
[...] não há lugar para acreditar [...] em uma capacidade de adaptação
e de transformação ilimitada do homem em relação às condições do
meio. Tudo depende de sua herança cultural e instrumental, mas,
enquanto “mestre” da natureza, o homem tem a capacidade virtual de
se opor a ela parcialmente. Assim, o discurso de Vidal se parece às
vezes com uma descrição da luta aberta entre cultura e natureza.
(GOMES, 2005, p.201).
19
Seria uma luta de sobrevivência, na qual o homem entendia que sua missão
estaria no controle da natureza, e para isso, ele teria que buscar suas armas na própria
cultura (GOMES, 2005).
Para Oliveira (2007) essa forma de analisar o ambiente era nada mais do que
uma máscara do possibilismo, pois foi comentado que o desenvolvimento de uma
sociedade dependeria do nível cultural de um determinado grupo social. Oliveira então
conclui que estaríamos diante de um novo tipo de determinismo, só que ao invés de ser
ambiental, seria um determinismo cultural.
Abranches Jr. conclui que o ambiente veio sendo tratado pela Geografia a
partir de construções ambientais antropocêntricas, como a base física da atividade
humana e ecocêntricas, como sendo resultado da relação da sociedade com seu entorno,
visão que vem sendo resgatada pela Geografia contemporânea a partir de uma nova
ótica, onde o homem volta a fazer parte do ambiente e se aproxima mais da natureza.
A partir dessa discussão, o autor analisa as construções ambientais na
Geografia Agrária. Influenciada pelas idéias do positivismo, as questões ambientais
quase que desaparecem do eixo teórico geográfico. Novamente a natureza é vista como
recurso, e era desse modo que o meio rural era visto pela Geografia Agrária.
O desenvolvimento do Marxismo também não deu destaque às questões
ambientais. Na verdade, a visão reducionista da natureza continuou, era vista como
capital. Para autor, a Geografia Agrária abordou o ambiente de duas formas: com uma
abordagem interrelacionista e uma abordagem dualista.
Na abordagem interrelacionista, apesar do caráter antropocêntrico na análise
dos processos de produção da paisagem, se percebe abordagens da interação de fatores
físicos e humanos, na procura de entender como os fatores naturais podem influenciar
na organização da sociedade.
Na abordagem dualista, o caráter antropocêntrico é mais extremado, havendo
uma maior separação entre homem e meio, sendo a natureza vista como recurso. As
preocupações ambientais sobre o meio rural surgiam apenas com o intuito de preservar
por mais tempo essa fonte de recursos.
No quarto capítulo de sua tese, Abranches Jr. discute as construções
ambientais nas propostas de desenvolvimento rural. Ele inicia o debate afirmando que
na pós-modernidade permanecem idéias pré-modernas e modernas, como que
adormecidas. Para o autor, as construções ambientais da pós-modernidade são
20
caracterizadas pela convivência em seu interior dessas idéias adormecidas de períodos
anteriores.
Isso também se reflete na Geografia Contemporânea. Temas e conceitos de
uma fase mais positivista da Geografia que tinham sido abandonados vêm sendo
resgatados, e a convivência entre diferentes construções ambientais, antropocêntricas e
ecocêntricas, abriram espaço para uma nova forma que Abranches Jr. chama de eco-
antropocêntrica.
Essa nova forma de visualizar o ambiente pode abrir uma discussão sobre uma
aproximação entre a Geografia Física e a Geografia Humana, dando a “[...] Geografia
um papel mais definido entre as demais ciências, e quem sabe um maior peso durante as
discussões de processos de tomada de decisões, entre eles os de Planejamento e Gestão
do Território.” (ABRANCHES, 2008, p.63).
Neste ponto, Abranches Jr. comenta que entender os modelos de
desenvolvimento produtivistas é essencial para compreender o papel da Geografia.
Ressalta que modelos de desenvolvimento que visam exclusivamente o crescimento
econômico não resolveram os problemas da humanidade, e nem tão pouco os de
crescimento zero resolveriam. Ele aponta que o conceito de desenvolvimento
sustentável, que em seu íntimo acolhe propostas de desenvolvimento onde haja
integração do crescimento econômico e da conservação do ambiente, do local com o
global, do saber popular com o conhecimento científico, seja uma alternativa híbrida, ou
seja, que trabalhe com todos esses fatores de forma harmônica.
Baseado nisso, o autor discute as propostas de desenvolvimento rural
produtivistas, onde a separação entre homem e ambiente é evidente, pois a natureza é
vista como fonte de recursos. A agricultura ganhou importante papel, sendo responsável
pelo abastecimento das cidades, além de ter a missão de acumular capital através da
produção de excedentes para o desenvolvimento econômico.
Outro fato relevante é que para o contínuo crescimento econômico seria
necessário modernizar a agricultura. Acontece que essa modernização visando o
desenvolvimento beneficiou apenas certa elite e a elite rural, se caracterizando como
uma proposta de desenvolvimento não-democrática, já que apesar do crescimento, a
distribuição da renda não era feita de forma igualitária. Essa modelo produtivista
extremou ainda mais a visão antropocêntrica no trato com o ambiente.
Com o crescimento dos problemas ambientais e sociais, a sociedade começa a
questionar o modelo de desenvolvimento vigente, abrindo espaço para modificações no
21
relacionamento entre homem e ambiente. Novas propostas eram apresentadas,
colocando em cheque o modelo produtivista.
Outras teorias surgiam, procurando levar em conta o saber das populações
locais nas propostas de desenvolvimento, pois vários pesquisadores começaram a
perceber que soluções vindas do saber popular em algumas situações tinham mais
eficácia em resolver determinados problemas do que aquelas propostas pelo saber
científico.
O objetivo dessas propostas é o de encontrar uma forma de se alcançar o
desenvolvimento sustentável, conciliando produção e ecologia, fazendo com que a
produção se torne ecologicamente sustentável. Entretanto, para isso é necessário uma
ruptura com a forma de se relacionar com a natureza (WILBANKS, 1994 apud
ABRANCHES, 2008), ou seja, uma crítica ao modelo produtivista desenvolvimentista.
Trabalhar com o conceito de desenvolvimento sustentável requer trabalhar
com o princípio da harmonia na relação sociedade e natureza. Por este fato, se torna
difícil das ciências naturais trabalharem com este conceito. Talvez a Geografia por sua
experiência no trato entre as questões sociais/naturais, alem do trabalho em escalas de
diferentes abrangências – local/global – possa atender melhor a essas questões
(WILBANKS, 1994, COOPER e VARGAS, 2004 apud ABRANCHES, 2008).
O mais importante é lembrar que o desenvolvimento sustentável é uma ruptura
com a modernidade e sua forma de desenvolver, pois aqui se busca apenas o pleno
desenvolvimento econômico, enquanto que no desenvolvimento sustentável se procura
uma inter-relação entre as questões ambientais, econômicas, sociais, culturais e
políticas.
No quinto capítulo de sua tese Abranches Jr. vai tratar do ambiente rural
nordestino. Ao analisar os artigos selecionados que versavam sobre o meio rural
nordestino, o autor identificou que a maioria tinham uma característica antropocêntrica,
ou seja, o homem no centro das discussões.
Entretanto, o autor identificou duas abordagens distintas:
Uma que apesar de preservar a separação entre homem e natureza,
admite uma certa sujeição do homem aos condicionantes da natureza,
representados pelos fatores água, topografia e solos, que
possibilitaram ou dificultaram a ocupação do território nordestino e a
organização desse espaço rural. Outra que reforça a separação social /
22
natural, que tem como objetivo principal mostrar como o homem
transforma as paisagens, imprimindo suas marcas, e transforma
espaços com condições adversas em espaços de produção, pondo a
natureza para “funcionar” segundo as necessidades da sociedade, ou
ainda suprindo suas “deficiências”. (ABRANCHES, 2008, p.90)
Apesar da concentração de trabalhos antropocêntricos, Abranches Jr. também
encontrou trabalhos com uma visão integradora entre sociedade e natureza, ou seja, com
um caráter eco-antropocêntrico, o que seria para o autor o caminho para o novo
paradigma. Contrariando o que o autor encontrou nas produções nacionais, não foi
constatado nenhum trabalho com caráter ecocêntrico sobre o nordeste. Considerando
que a idéia de desenvolvimento rural está presente em todos os artigos selecionados, ele
dividiu este capítulo de sua tese em três partes.
Na primeira parte ele reúne os trabalhos de caráter antropocêntrico e
dicotômico entre sociedade e natureza, mas que consideram a influência da natureza na
organização do trabalho do homem e conseqüentemente na organização do espaço
agrário nordestino.
Apesar dos artigos considerarem a influência da natureza, Abranches Jr.
constata que ela é considerada como fonte de recursos, pois não existe uma preocupação
com a conservação do ambiente.
Na segunda parte, Abranches Jr. reúne os trabalhos também com visão
antropocêntrica e dicotômica, mas em que a sociedade interfere no espaço pelo domínio
da natureza através dos planos, tecnologia e ferramentas criada pelo homem.
Ele identifica que o eixo norteador dos trabalhos foi a luta contra as
adversidades naturais e a busca da otimização de suas potencialidades, além das
questões vinculadas a base técnica da produção. O incentivo do Estado na organização
da produção e inserção de novas tecnologias também é uma questão discutida nos
trabalhos.
Na terceira parte o autor reuni os trabalhos que tentam compreender a relação
sociedade e natureza a partir de uma visão mais integradora, procurando romper com a
forma dualista de entender o ambiente, compreendendo essa relação como uma via de
mão dupla.
Apesar de alguns trabalhos iniciarem suas discussões com uma ótica
ecocêntrica, no decorrer do texto acaba se configurando numa abordagem integradora,
23
um diálogo entre as duas áreas da Geografia, ou ainda mais que um diálogo, o trabalhar
em conjunto.
O problema não só seria por adversidades naturais, mas também pela forma
que o homem se relaciona com o ambiente. Aqui homem e meio estão mais integrados,
se procura entender a temática rural de forma harmoniosa, não privilegiando nem o
homem, nem a natureza, se configurando em abordagens eco-antropocêntricas.
Abranches Jr. finaliza seu trabalho recapitulando as questões principais
levantadas em sua tese, como a forma da sociedade se relacionar com a natureza e a
transformação dessa forma de se relacionar a partir da revolução científica, na qual o
homem passa a ser o centro das discussões e dominador da natureza, permanecendo até
a contemporaneidade.
Discute que essa forma de entender resultou em dois tipos distintos de
construções ambientais: uma com visão antropocêntrica, na qual o homem estava no
centro das discussões; e outra com visão ecocêntrica, onde o cerne da discussão estava a
natureza o ambiente biofísico.
Comenta também o surgimento da visão eco-antropocêntrica, com o objetivo
de romper com o dualismo homem/meio imposto pelo pensamento moderno. O eixo
central seria a busca do equilíbrio na relação sociedade e natureza.
Reafirma que a Geografia, por ser uma ciência que estuda a relação sociedade
e natureza seria a ciência das construções ambientais. Entretanto, para melhora
entendimento desta ótica eco-antropocêntrica seria necessário um maior diálogo entre
suas subáreas: Geografia Física e Humana.
Discute que a Geografia Agrária analisou o meio rural a partir de diferentes
construções ambientais, levando em conta em boa parte dos trabalhos analisados pelo
autor as questões da natureza. Afirma que os planos de desenvolvimento rurais são
ineficazes, pois é comprovada o aumento da pobreza no campo, como também das
cidades.
Para Abranches Jr. o Desenvolvimento Sustentável passa a se constituir como
sendo uma alternativa viável de desenvolvimento espacial. E por propor a busca
constante pelo equilíbrio entre sociedade e natureza parece ser uma temática cara ao
estudo da Geografia.
O autor constata que a maior parte dos trabalhos selecionados que foram
publicados na Revista Brasileira de Geografia possuem uma característica
antropocêntrica, mesmo o nordeste apresentando particularides naturais tão marcantes.
24
Abranches Jr. conclui dizendo que a Geografia teve sua sistematização no
período da modernidade, e que é reproduzido até hoje em seu contexto características
dessa época, permitindo a existência de dualismos e deteminismos em suas discussões.
E a relação sociedade e natureza não é exceção. A natureza ficou em posição inferior,
predominando uma forma antropocêntrica no pensamento geográfico.
7. CONCEITOS:
I. Cosmos: Organismo Vivo (MERCHANT, 1992 apud ABRANCHES, 2008)
II. Ambiente:
1. Artefato oriundo de processos mentais, estando por isso quase que inseparável
da existência do próprio homem (SIMMONS, 1993 apud ABRANCHES, 2008).
2. É o resultado dessa relação, construído ao longo do tempo e depositário de
camadas sucessivas e superpostas de cultura. (ABRANCHES, 2008)
III. Antropocentrismo: visão de mundo cujos valores principais estão baseados nas
relações humanas, sendo o homem o centro de toda e qualquer discussão, já que o
conceito de valor é na realidade uma criação humana. (PEPPER, 1996 apud
ABRANCHES, 2008).
IV. Geografia:
1. Parte do conhecimento que descreve, classifica e explica a distribuição dos
fenômenos naturais e humanos no espaço acessível aos homens e as atividades que
eles controlam. (SIMMONS, 1993 apud ABRANCHES, 2008).
2. O estudo das relações da sociedade com o ambiente natural2. (PEET, 1998 apud
ABRANCHES, 2008)
V. Desenvolvimento Rural Integrado: forma de desenvolvimento no qual o
planejamento do desenvolvimento rural não pode ser feito independente do
planejamento do desenvolvimento urbano, mas sim de forma complementar. (LEA e
CHAUDRI apud ABRANCHES, 2008)
2 Segundo Simmons (1993:6), utilizamos tanto a tecnologia para modificar nosso entorno que é praticamente impossível utilizar a expressão meio ou ambiente natural. A sociedade contemporânea vive num mundo tecnológico e nunca conheceu um meio ou ambiente natural.
25
VI. Desenvolvimento Sustentável:
1. Forma de desenvolvimento em a sociedade deve suprir as necessidades do
presente sem comprometer as futuras gerações de suprir as suas necessidades.
(Clube de Roma)
2. Forma de desenvolvimento em que se tenta resolver a contradição entre
produção e ecologia, fazendo com que a produção se transforme em
ecologicamente sustentável. (MERCHANT, 1992 apud ABRANCHES, 2008)
3. Forma de desenvolvimento que existe uma mediação entre questões sociais,
econômicas, ecológicas e políticas, com especial preocupação com a qualidade de
vida das classes menos favorecidas. (WILBANKS, 1994 apud ABRANCHES,
2008)
4. É um modo de pensar, de viver, de governar e de se fazer negócios. É uma linha
condutora que guia as escolhas de hoje com o objetivo de preservar opções de
escolha para amanhã, baseado no equilíbrio dos três elementos que formam a
triangulação: proteção ambiental, desenvolvimento social e desenvolvimento
econômico. (COOPER e VARGAS, 2004 apud ABRANCHES, 2008)
VII. Rotação de terras primitivas: denominação de agricultura nômade ou itinerante, e
aqui no Brasil, por sistema de roças. (VALVERDE, 1955)
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exercício de desconstrução nos permite viajar ao longo do texto
desconstruído, de modo a entender suas partes para entender o todo, e visualizar a forma
como o autor construiu seu trabalho. Este trabalho nada mais é do que um diálogo feito
com o texto desconstruído, e uma tentativa de deixar nossa contribuição e entendimento
do trabalho de Abranches Jr.
Como foi dito anteriormente, esta foi a segunda experiência deste autor com o
exercício de desconstrução. Entendo a desconstrução como um procedimento
metodológico que nos permite uma outra forma de interpretação de um texto,
absorvendo novos significados.
Sobre a tese de Abranches Jr., a caracterizo como um trabalho importante para
aqueles que buscam entender de forma mais aprofundada a história da Geografia, a
relação sociedade e natureza e o rural nordestino.
26
Poucos são os trabalhos que versam sobre como a Geografia se desenvolveu
como ciência. Considero necessário conhecermos mais sobre a história dessa ciência
para podermos entender qual o papel dela hoje, no mundo contemporâneo.
Compreender como a relação sociedade e natureza foi entendida no passado é
importante, pois o ambiente é construído a partir dessa relação e é dever da Geografia
entender este processo.
O rural nordestino já teve um importante papel econômico no Brasil, e
entender os processos e fatos históricos do nosso país é relevante para entendermos sua
situação hoje e as futuras transformações que esse espaço venha sofrer.
9. REFERÊNCIAS
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