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Proerd Rio Branco - Crianças e Adolescentes de Bem Com a Vida

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É o primeiro estudo realizado sobre o Programa Educacional de Resistência às Drogas na Cidade de Rio Branco - Acre - Brasil.

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PROERD RIO BRANCO

Crianças e adolescentes De bem com a vida

Reginâmio Bonifácio de LimaJosé dos Reis Anastácio

Rio Branco Acre2007

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Proerd Rio Branco: Crianças e adolescentes de bem com a vida

Coleção: Proerd Acre.

Copyrigth © 2007 - @ Polícia Militar do Acre & LIMA, Reginâmio B.

Editoração Eletrônica/Capa LIMA, Reginâmio B.Imagens para a Capa Foto DARE América e Bandeira do Acre Cores Oficiais do Proerd (Preto, Vermelho e Branco)Idéia Original/Produção/Execução Diretoria de Ensino e Instrução/PMAC

Governador do Acre Arnóbio Marques de Almeida JúniorComandante da PM Cel. PM Romário Célio Barbosa GonçalvesCoordenador do Proerd Acre TC. PM José dos Reis Anastácio Adjunto ao Proerd durante a pesquisa Ten. PM Luiza; Asp. Of. PM

Eliana, Sgt. PM Sheila

Pesquisador Responsável Reginâmio Bonifácio de LimaBolsistas Colaboradores Thaylinne Cavalcante de Andrade Regineison Bonifácio de LimaRevisão Ortográfica Maria Iracilda G. C. BonifácioRevisão Geral José Luciano Sousa de Araújo Sheila Maria de Araújo Leite José Adriano da Silva Souza Eliana Maia de AndradeDiagramação: Anderson F. Silva

ISBN: 978-85-907581-0-5

É permitida a reprodução parcial desta obra.Agradecemos citar a fonte.

Foi feito o depósito legalImpresso no Brasil

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“A educação é para a criança o que o cultivo é para o solo.Como é necessário limpar o terreno das ervas daninhas, dos espinheiros, das pedras, para dar-lhes condições dereceber a semente e produzir frutos, da mesma forma é

indispensável a educação para corrigir os defeitos, endireitaras tendências, preparar o espírito para produzir bons frutos e atos virtuosos. Se no coração virgem dos jovens for semeada

boa semente, com toda certeza a colheita será boa”.(autor desconhecido)

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O Proerd é o cumprimento do papel constitucional da Polícia Militar que é a preservação da ordem pública (Art. 144, CF), através do policiamento ostensivo e da prevenção às práticas que venham a ferir os direitos constitucionais dos cidadãos. Trata-se de um programa que tem por objetivo cultivar nas crianças, nos adolescentes e nos pais a conscientização dos efeitos e conseqüências do uso e abuso indevido das drogas e também das práticas de violência, além de estimular seus alunos a buscarem alternativas positivas que os levem a ficar de bem com a vida.

Através de uma parceria que envolve Polícia, Escola e Família, o programa é desenvolvido neste tripé, em que os parceiros buscam atuar juntos para alcançar seus objetivos.

Atualmente o Proerd atua com os currículos de 4ª e 6ª séries, “Curso de Pais” e a disciplina “Noções de Prevenção às Drogas e Relacionamentos Interpessoais Proerd”, aplicada aos cursos de formação de praças da Polícia Militar do Acre.

A Coordenação do programa Proerd, através de seu quadro de policiais, percebendo a necessidade de verificação da eficiência e eficácia do Programa, que já existe há 8 anos no Acre, resolveu indicar o Policial e Mentor Proerd Reginâmio Bonifácio de Lima para efetuar a referida pesquisa.

O resultado da mesma foi satisfatório para esta instituição, não havendo interferência direta ou indireta nos resultados. Percebemos, para nossa altivez, que o programa é eficiente e estamos, a partir dos resultados da pesquisa, buscando a nossa eficácia. Descobrimos muitos pontos positivos em nossa atuação e alguns pontos a crescer.

Queremos convidar a todos vocês para continuarem em nossas páginas e serem bem vindos em nosso programa, contribuindo assim efetivamente para que nossas crianças e adolescentes estejam realmente de bem com a vida.

Novembro de 2007.

Coordenação Proerd do Acre

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................. 09

Capítulo ICONHECENDO O PROGRAMA PROERD DA 4ª SÉRIE .................................................................................... 17Bases teórico-metodológicas e formação policial .................... 17As lições do Proerd ...................................................................... 19Objetivo do Proerd da 4ª série ...................................................... 21Princípios-chave ......................................................................... 22&ULWpULRV�SDUD�R�GHVHQYROYLP HQWR�GR�FXUVR��������������������������������������0 HWDV�H�2 EMHWLYRV����������������������������������������������������������������������������

Capítulo II AS DROGAS ............................................................................. 29Noções preliminares sobre drogas ............................................ 29As drogas mais comumente utilizadas no Brasil ...................... 35Álcool ......................................................................................... 35Alucinógenos .............................................................................. 35Anfetaminas ................................................................................ 36Antidepressivos .......................................................................... 36Barbitúricos ................................................................................ 36Cafeína ....................................................................................... 37Cocaína ....................................................................................... 37Inalantes ...................................................................................... 37Cannabis Sativa ..........................................................................38Narcóticos .................................................................................. 38Nicotina ...................................................................................... 38Tranqüilizantes ........................................................................... 39

Capítulo III PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA PMAC ....................... 41Policiamento Escolar ................................................................ 41Polícia da Família ...................................................................... 43Sites com informações úteis para educadores e comunidade ............................................................................... 48

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Capítulo IV PANORAMAS DO PROERD EM ALGUNS ESTADOSDO BRASIL ............................................................................... 51Estudos sobre a eficiência do Proerd em outros Estadosbrasileiros ..................................................................... 51

Capítulo VO PROERD NO ESTADO DO ACRE ...................................... 63) DWRV�H�IHLWRV�GR�3URHUG�QR�$ FUH�������������������������������������������...���������Teoria do programa e relações de causalidade ......................... 65Fortalecendo as ações do Proerd .............................................. 67Proerd e estratégias Preventivas .............................................. 71

Capítulo VIO PROERD EM RIO BRANCO .............................................. 75Quadro operacional do Proerd: Rio Branco em destaque ..................................................................................... 75Visão da Polícia Militar do Acre sobre o Proerd e seus Policiais Instrutores ........................................................... 77Visão das escolas sobre o Proerd e seus Policiais Instrutores ................................................................................. 80Avaliando o Programa Proerd .................................................. 86Policiais Proerd e suas redes sociais ............................................. 86Processo auto-avaliativo do Proerd ............................................. 90Aprendizado dos objetivos Proerd ............................................... 97Ex-alunos Proerd e Processos Criminais .................................... 100Alunos do Ensino Médio e suas práticas sociais ......................... 102

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ...................... 111Considerações .......................................................................... 111Sugestões .................................................................................. 117

REFERÊNCIAS ..................................................................... 121

ANEXOS ................................................................................. 123

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APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO

¹ Droga é qualquer substância que não seja alimento e que altera o funcionamento do corpo e da mente (Conceito utilizado pelo Proerd).² Ação Destrutiva direcionada a uma pessoa, animal ou coisa (Conceito Proerd).

A Polícia Militar verificou, nos últimos anos, um grande aumento na violência urbana da Capital acreana, bem como a prática do consumo de drogas por parte de crianças e adolescentes. Essa triste realidade se repete em diversos estados do País, causando e acentuando problemas no âmbito da sociedade.

Alguns estudos apontam que a eliminação do problema das drogas seria uma missão dada como impossível. Sabemos que é bem certa a possibilidade de nossos jovens e adolescentes terem algum tipo de contato com drogas. Por isso, faz-se necessário que desenvolvamos meios, formas e estratégias para como lidar com essa situação extremamente propícia para a entrada dos jovens no mundo das drogas e da criminalidade.

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Portanto, se faz necess"rio, mais do que nunca, adotarmos a política da prevenção, atacar as causas ao invés das conseqüências. Para isso, acreditamos que agir na formação do jovem através da educação, no momento mais propício e de forma eficaz, é uma das possíveis saídas para esse problema tão grave e que atinge todas as camadas sociais. Equipar os jovens e adolescentes com os conhecimentos necessários para que compreendam quais os malefícios que o uso de drogas pode lhes trazer, e, portanto, tenham uma maior consciência acerca do assunto e de suas escolhas, pode ser um caminho promissor a ser seguido.

A pesquisa foi realizada tendo como pressuposto inicial a atuação dos policiais Proerd nas salas de 4ª séries do Ensino

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Fundamental, ensinando sobre prevenção ao uso de drogas e à prática de violência²; a pretensa assimilação desses alunos com relação conteúdo e à ideologia do programa; e a interação escola-Polícia-família, no ambiente escolar.

A partir dessas relações presumivelmente estabelecidas, fomos a campo pesquisar como se configurou o tripé escola-Polícia-família na vida das crianças que cursaram o Proerd e atualmente estão na adolescência.

Procuramos os órgãos parceiros que atuam com crianças e Adolescentes: o Ministério Público Estadual foi consultado através da 1ª Promotoria de Justiça Cível, sob responsabilidade do Promotor Francisco José Maia Guedes; o Juizado da infância e da Juventude, através da Meritíssima Juíza Luana Claudia de Albuquerque Campos; a Secretaria de Estado de Educação, através da professora Maria Corrêa da Silva, dentre vários organismos que respondem direta ou indiretamente a esses órgãos. Muitos de nossos parceiros foram consultados, mas sem registro de atividades oficiais, dado o fato de muitas das atividades necessárias para a primeira fase da pesquisa já terem sido atendidas, embora muitos tenham colaborado para a segunda fase.

A pesquisa, inicialmente, seria desenvolvida em apenas uma etapa, o que aqui chamamos de primeira fase, visando identificar as relações sociais dos ex-alunos Proerd, bem como o tripé Polícia/Escola/Família que envolve o programa – sempre com o objetivo de verificar a eficiência e a eficácia do Proerd. Contudo, verificamos a necessidade de colocar em prática um estudo sobre como estão atualmente os não alunos Proerd, por isso, num segundo momento iremos investigar as relações sociais desses discentes.

Existem atualmente dezenas de milhares de alunos nas instituições de ensino em toda a cidade de Rio Branco, por isso, há a necessidade de a pesquisa ser realizada por amostragem. Ao mesmo tempo, a amostragem não poderia ser pequena demais para não interferir na relação direta com o resultado final. Em todas as instâncias estudamos no mínimo 10% dos alunos de cada instituição, o que pressupostamente garantiria algum grau de tecnicidade à pesquisa.

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A pesquisa realizada junto às escolas de Ensino Fundamental contemplou cerca de 90% dos alunos das quartas séries das instituições escolhidas para análise.

Ao estudarmos os alunos das escolas de Ensino Médio, aplicamos questionários a, no mínimo, 10% dos estudantes daquelas instituições de ensino. Em todas as escolas, os questionários, as entrevistas, as análises, as relações sociais, as idéias e as conjunturas, sempre levaram em consideração prioritariamente os alunos do turno Vespertino, por acreditarmos que estão na média escolar em relação ao dos turnos matutino e noturno no que se refere à independência financeira. Eles não são tão independentes quanto os do turno da noite, nem tão dependentes dos pais quanto os da manhã; suas vivências intra-familiares são tão complexas quanto as dos outros turnos, todavia, os alunos do vespertino têm mais “relacionamentos amorosos” de caráter lascivo que os da manhã e menos que os da noite; bem como sua independência para tomar decisões e assumir riscos pode estar diretamente associada a sua idade, nem tão jovens e nem tão maduros.

Mas não é fácil encontrar ex-alunos Proerd. Muitos arquivos do programa foram perdidos por causa da chuva que rompeu o telhado da sala em que estavam, outros não puderam ser encontrados pelo fato de a Sede da Coordenação do Programa já ter mudado mais de quatro vezes em menos de oito anos. Por isso, muito do que temos aqui teve que ser “garimpado” nas diversas instituições parceiras do Proerd, em especial, nas escolas das redes estadual e municipal de ensino.

Para termos idéia de quem são e onde estão os ex-alunos do Proerd, precisamos ir às escolas que foram atendidas pelo programa nos anos de 1999, 2000 e 2001. Os alunos atendidos pelo Proerd nesses anos deveriam estar na Universidade, no terceiro ano do Ensino Médio e no segundo ano do Ensino Médio, respectivamente³.

³ Para essa pesquisa foram considerados apenas os alunos aprovados, haja vista a possibilidade de análise de reprovações em quaisquer séries que sejam poderia nos fornecer dados ainda mais complexos e de ampliações de conjecturas com abrangência de dificuldades que poderiam desviar o foco da pesquisa. Com isso, não estamos dizendo que esses alunos sejam menos importantes que os outros, antes, estamos afirmando que nesta pesquisa em particular as conjecturas traçadas, pelo pouco tempo disponível para estudos e reduzido número de pessoal, nos levam a observar as possibilidades dentro do que seria o padrão nos estudos, embora estejamos conscientes das reais possibilidades de desvios.

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Temos consciência de que nem todos os alunos concluíram o Ensino Médio, aliás, pelo histórico brasileiro, é possível que um quinto dos alunos atendidos pelo Proerd na quarta série não tenha sequer concluído o Ensino Fundamental. E que, vários tenham deixado o ensino regular para fazer parte de algum tipo de programa de aceleração do aprendizado.

A pesquisa foi feita por amostragem. Buscamos conhecer melhor a clientela atendida para uma pretensa busca no sistema de informação da Secretaria de Estado de Educação, com fins a verificar a possibilidade de esses alunos estarem cursando alguma das séries da rede pública de ensino. Além da rede pública, a rede privada foi representada pela Fundação Bradesco que foi a única instituição privada a ser atendida pelo Proerd nos três primeiros anos de implantação do programa.

Dentre as escolas atendidas, selecionamos duas das três que foram atendidas no ano de 1999, sendo elas: Ilka Maria de Lima e Raimundo Gomes de Oliveira, totalizando três turmas com 78 alunos.

Das escolas atendidas no ano de 2000, selecionamos nove escolas para realizar a pesquisa, sendo elas: Ilka Maria de Lima, Raimundo Gomes de Oliveira, Áurea Pires, Maria Raimunda Balbino, Flaviano Batista, Raimundo Hermínio de Melo, Mozart Donizeti, Luíza Batista de Souza, Mário de Oliveira. Juntas, totalizaram 23 turmas com 652 alunos.

Das escolas atendidas no ano de 2001, selecionamos sete escolas para realizar a pesquisa, sendo elas: Mário de Oliveira, Salgado Filho, Antônia Fernandes de Freitas, Clínio Brandão, Frei Thiago Maria Matiolli, Fundação Bradesco, Georgete Eluan Kalume. Juntas, totalizaram 19 turmas com 567 alunos.

O total da clientela de Ensino Fundamental atendida por esta pesquisa é de 45 turmas e 1.297 alunos. Vale ressaltar que esse número de alunos é apenas uma pequena amostra. O Proerd atendeu muito mais alunos que esse número nos anos indicados, entretanto, por se tratar de uma pesquisa por amostragem, convencionamos escolher escolas das diversas regionais riobranquenses que tivessem em comum a clientela de alunos Proerd de 4ª série.

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Para verificar os relacionamentos sociais dos ex-alunos, precisávamos traçar uma estratégia que englobasse o maior número possível de alunos, ao mesmo tempo que pudesse servir de referência para outros estudos e análises, por isso optamos por entrevistar os alunos do Ensino Médio das escolas da rede pública de ensino. Sabemos que esse método exclui os alunos que não estão estudando no momento, contudo, seria inviável tentar encontrar um por um em respectivas residências, nos 184 bairros riobranquenses, por isso, nos dispusemos a estudar os alunos que ainda permanecem na escola. É certo que isso vai influenciar diretamente o resultado da pesquisa, tendo em vista que a clientela não atendida não estará sendo pleiteada neste momento, pois havia necessidade de delimitar o “corpus” da pesquisa.

Alguém deve se perguntar o porquê de estarmos atendendo apenas os ex-alunos Proerd. Nesse primeiro momento, esse é o nosso foco. Todavia, na segunda fase da pesquisa estudaremos os alunos do Ensino Médio de todas as instituições públicas.

Ainda pode haver um outro questionamento sobre o porquê de não atendermos nas pesquisas as instituições privadas. A resposta é simples, porém não muito agradável. Dentre as diversas instituições consultadas, tanto públicas quanto particulares, um policial devidamente identificado se apresentava e falava da possibilidade de estudar “os relacionamentos sociais dos alunos” da instituição. Nas escolas públicas bastava conversar com a equipe gestora para logo poder marcar uma, duas, ou mais entrevistas com os alunos, e após a pesquisa “sem interferência direta da escola”, mostrávamos os resultados parciais. Na maioria das escolas particulares foi um pouco diferente. Não bastava uma “conversa” com a equipe gestora e apresentação de ofícios, portarias, recomendações e currículo comprovado do pesquisador, queriam ter acesso antecipado a tudo que seria feito para aprovar ou reprovar itens, o que comprometeria gravemente a pesquisa e maquiaria os resultados naquela instituição. Por isso, resolvemos não aplicar a pesquisa nas escolas particulares.

Queremos ressaltar que algumas instituições particulares nos receberam de muito bom grado e foram extremamente corteses e

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afeitos à possibilidade de consulta aos seus alunos, mas como elas eram minoria, optamos por não atuar pesquisando o ensino particular em nossa Capital.

As escolas públicas parceiras nas pesquisas de Ensino Médio foram: Colégio Estadual Barão do Rio Branco, João Aguiar, Alcimar Nunes Leitão, Humberto Soares da Costa, José Rodrigues Leite, Heloisa Mourão Marques, Henrique Lima, Instituto de Educação Lourenço Filho, Leôncio de Carvalho, Berta Vieira de Andrade, Lourival Pinho, Glória Perez, Armando Nogueira, Escola José Ribamar Batista, Luiza Carneiro Dantas e Lourival Sombra. Totalizando 1.601 alunos, das redes estadual e municipal de Ensino Médio, que totalizam cerca de 11% dos alunos atendidos por essas instituições.

Esperamos, para a segunda fase da pesquisa, contar com o Colégio de Aplicação – que é parceiro do Proerd há muitos anos. Entretanto, nesse momento, preferimos não incluí-lo na pesquisa por uma questão de método, o que não causa qualquer demérito à referida instituição, tão somente precisamos de um período maior de tempo para atuar com mais profundidade em nossos objetivos; e com algumas escolas particulares que resolvam participar da próxima fase de execução da pesquisa.

No presente trabalho, temos como objetivo contribuir para conscientização dos jovens e adolescentes sobre os malefícios causados pelo consumo de drogas, além de demonstrar estatisticamente a relação entre o PROERD e os seus ex-alunos, para saber um pouco mais sobre a influência do programa na vida destes. Sabemos que é na escola que nossas crianças e adolescentes adquirem uma formação e preparação para o convívio social, sendo que é no ambiente escolar e familiar que suas personalidades são formadas. Para tanto, acreditamos ser fundamental uma atuação junto às instituições escolares como também no âmbito familiar. Nossa ação ocorre, especialmente, nas escolas e na família, e tal ação requer um conjunto de elementos necessários ao bom desenvolvimento das atividades no interior das escolas.

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Pimenta, Ribeiro e Silva (2005) resumem bem quais as metas do Proerd a longo Prazo:

Para além do papel ostensivo e repressivo da Polícia, o programa está voltado para o papel educativo e preventivo da mesma Polícia.

As metas principais do Proerd, em longo prazo, são a redução do uso de drogas, da violência e dos atos de vandalismo. De modo secundário e não explícito, enquanto necessidade peculiar à Polícia Militar do Brasil, objetiva-se reconstruir positivamente a imagem do policial, resgatando assim a imagem da instituição PM. Logo, o programa visa angariar a confiança e a credibilidade da comunidade em relação à Polícia.

A PM tem entendimento da exploração pela mídia dos atos negativos praticados por alguns de seus policiais, mas acredita que a criança na faixa etária atingida pelo programa tem, via de regra, um grande fascínio e respeito pelo cidadão fardado. O policial PROERD, uma vez em sala de aula, apresenta-se como um orientador, um amigo próximo. Cria-se, portanto, a possibilidade de redução de outros problemas locais afetos à segurança, uma vez que ao interagir com a comunidade local, o policial pode conhecer melhor seus problemas e suas possíveis soluções.

Assim, com o apoio das instituiçe�õs responsáveis, através do estabelecimento de parcerias, buscamos oferecer à comunidade um trabalho que contribua para a construç�áo de uma convivência social mais sadia, demonstrando, através de dados, as relaçe�õs estabelecidas nas diversas conjunturas que envolvem o programa Proerd. As ações suscitadas nessa pesquisa visam a uma reflexão acerca do programa, começando por sua metodologia, percebendo Proerd enquanto parte da Polícia Militar do Acre. O foco, nessa pesquisa, foi interagir com as escolas; com outros policiais, ouvindo o que a Polícia Militar tem a dizer de seu programa preventivo de maior abrangência na Capital; percebendo os anseios e as vivências dos Policiais que atuam no Proerd; construindo valores a partir das sociabilizações vivenciadas; e, por fim, verificando em todas essas fases se o programa Proerd é ou não é eficiente em seu intuito de manter as crianças e os adolescentes longe das drogas e da violência.

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CONHECENDO O PROGRAMA PROERD DA 4ª SÉRIE

CAPÍTULO ICAPÍTULO I

Bases teórico-metodológicas e formação policial

O problema das drogas nunca foi tão alarmante para nossa sociedade como tem sido nos dias de hoje. Diante desse problema, surgiu o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), desenvolvido pela Policia Militar, a fim de prevenir o uso e abuso de drogas entre crianças e adolescentes no Ensino Fundamental.

Nesse programa educativo, através de 17 lições aplicadas uma vez por semana por um Policial Militar devidamente credenciado e fardado, são abordados aspectos tais como o reforço da auto-estima, pressão dos colegas e da mídia para o uso de drogas, as gangues e resolução de conflitos sem recorrer à violência. A 17ª lição é uma formatura com a participação dos pais e professores, onde as crianças recebem um certificado de participação. O curso é desenvolvido com crianças e adolescentes de 4ª série do Ensino Fundamental.

O Proerd também atua na 6ª série do Ensino Fundamental e com um curso de capacitação com os pais, chamado de “Curso de Pais”. Em ambos se busca atuar para a melhor convivência familiar, informando sobre atuações consideradas violentas e como o relacionamento com as drogas pode ser prejudicial não só ao usuário, mas também a todos que estão a seu redor. O Proerd procura mostrar possibilidades de uma vida saudável sem a necessidade do uso de drogas ou substâncias psicotrópicas. Da mesma forma, o foco de combate são as drogas e não os usuários delas. Estes são tidos como pessoas que almejamos informar sobre os malefícios que uma vida de dependência pode trazer, bem como, as possibilidades de se manter longe das drogas e da possível

4 Este sub-capítulo foi copiado em sua quase totalidade do livro do Instrutor Proerd e dos sites das várias Polícias Militares espalhadas pelo Brasil. As informações aqui contidas são de direito do Proerd Brasil e podem ser acessadas pelo público a qualquer tempo.

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conseqüente violência. O programa possui como material did�Ýtico o “Livro do

Estudante”, “Livro dos Pais” e o “Manual do Instrutor” auxiliando os respectivos cursandos e os Policiais Proerd no desenvolvimento das liçe�õs. O Proerd consiste em uma aç�áo conjunta entre o Policial Militar devidamente capacitado, chamado Policial Proerd, professores, especialistas, estudantes, pais e comunidade, no sentido de prevenir e reduzir o uso indevido de drogas e a violência entre estudantes, bem como ajudar os estudantes a reconhecerem as presse�õs e a influência diária para usarem drogas e praticarem a violência, e a resistirem a elas.

O Proerd é mais um fator de proteção desenvolvido pela Polícia Militar para a valorização da vida, contribuindo, assim, para o fortalecimento da cultura da Paz e a construção de uma sociedade mais saudável, feliz e principalmente, mais segura.

Os Instrutores são Policiais Militares especialmente treinados para tal atividade, diante de sua conduta profissional, ética e moral que, além de estimular as habilidades das crianças para resistirem às pressões ao uso de drogas, estreitam o relacionamento policial-comunidade, dentro da filosofia da Polícia Comunitária, a qual visa a defesa da vida, a integridade física e a dignidade da pessoa humana. Todos os policiais do Proerd passam por um curso de qualificação rigoroso com a orientação/supervisão/instrução de policiais militares na função de Masters, de policiais militares na função de Mentores, de pedagogos, psicólogos, membros de conselhos anti-drogas, membros da secretaria de educação, além de palestrantes convidados.

Os Instrutores Proerd são voluntários, cuidadosamente selecionados e exaustivamente treinados. Cada Instrutor prepara reuniões com professores e pais para orientar sobre os objetivos e conteúdo do currículo, incluindo como reconhecer sinais de uso de drogas e como melhorar a comunicação familiar. 5 O Proerd Brasil tem três níveis de acesso: o primeiro é o de Instrutor, que lida diretamente com as crianças, os adolescentes e os pais, em sala de aula; após o período mínimo de um ano os Instrutores podem participar do curso de Mentores, que além de participar em sala de aula, atuam na supervisão e orientação dos Instrutores, os Mentores formam os Instrutores; os Masters são policiais que organizam e auxiliam na formação de cursos de Instrutores e de Mentores. Todos os policiais Proerd, independentemente de sua titulação, atuam em sala de aula incentivando as crianças a ficarem longe das drogas e fazerem escolhas que sejam boas para elas e para os seus semelhantes.

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Para fazer parte do corpo de Instrutores Proerd, os policiais necessitam ser formados pelos Cursos Especiais de formação de Instrutores Proerd, D.O.T. (DARE Officer Trainning), ministrados Diretoria de Ensino e Instrução da PMAC, em parceria com os Centros de Capacitação das Polícias Militares do Brasil.

Após o período mínimo de um ano de aplicação de lições do currículo Proerd nas escolas, os Instrutores Proerd possuidores do D.O.T., poderão freqüentar o Curso Especial para Mentores ("Mentor Officer Trainning" - M.O.T.), que habilita esses profissionais a ministrarem aulas nos Cursos Especiais de formação de Instrutores PROERD (D.O.T.).

A primeira equipe de policiais Proerd formada no Brasil, ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 28 de agosto de 1992. Nesse período, 29 policiais militares foram formados como instrutores do Proerd, tendo sido treinados por uma equipe de 05 policiais do Departamento de Polícia de Los Angeles e 02 da cidade de San Diego. O programa D.A.R.E foi adaptado para a aplicação no Rio de Janeiro, com a participação da Secretaria de Estado de Educação do referido Estado. A partir de então, decidiu-se que o programa D.A.R.E. no Brasil seria chamado de PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência).

Pouco tempo depois, a Polícia Militar do Estado de São Paulo em acordo firmado com o D.A.R.E. lnternational, órgão oficial que coordena o programa em nível internacional, recebeu a incumbência de instalar e operacionalizar o Centro Nacional de Treinamento PROERD do Brasil, dessa forma, podendo ampliar o programa para todo o território nacional.

Os ensinamentos proporcionados pelo Proerd fortalecem a atitude positiva das crianças em relação às autoridades e o respeito às leis para um melhor convívio comunitário; desmistificando a idéia, comumente veiculada pela propaganda, de que para se obter sucesso devem se experimentar drogas e “vencer” a qualquer custo.

O programa estimula a parceria entre Polícia, comunidade e escolas, sendo a participação de todos essencial para o bom

6 Informações obtidas no site do Proerd de São Paulo.

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Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série

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8 Retirado do site da PMPE.

andamento das atividades desenvolvidas. Estas parcerias são muito importantes, e somam-se a outros programas de prevenção existentes que objetivam trazer ao cidadão uma vida útil e saudável.

As lições do Proerd

Os assuntos abordados em sala de aula e seus respectivos objetivos nas 17 lições que compõem o currículo do Proerd na 4ª série do Ensino Fundamental são os seguintes:· Lição 1 – Introdução ao Programa: conscientizar os estudantes quanto à importância dos encontros;· Lição 2 – Compreendendo os efeitos das drogas que alteram o funcionamento do corpo e da mente: Compreender os efeitos básicos das drogas que alteram a mente e o corpo assim como os nocivos que podem resultar do mau uso da drogas; · Lição 3 – Considerando as Conseqüências: Identificar as conseqüências do uso de drogas e sensibilizar para os benefícios para uma vida sadia; · Lição 4 – Mudando as idéias sobre o uso de drogas: Identificar as quatro fontes e tipos pressão dos companheiros e comparar as estimativas da extensão do uso de drogas entre os adolescentes com os relatórios de pesquisas nacionais, fazendo-os refletir sobre uma atitude que pensam ser a correta;· Lição 05 – Maneiras de dizer não: sensibiliza os estudantes para recusa de ofertas indesejáveis;· Lição 06 – Fortalecendo a auto-estima: Sensibilizar para as qualidades e sentimentos próprio e de seus companheiros:· Lição 07 – Ser seguro: um estilo de resposta: conscientizar para a possibilidade de não se influenciar pelo ambiente social, principalmente quando o assunto é drogas;· Lição 08 – Lidando com as tensões sem usar drogas: Sensibilizar para os sentimentos positivos e negativos do ser

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humano e maneiras para podermos gerenciá-los; · Lição 09 – Reduzindo a violência: Identificar formas de lidar com sentimentos negativos para solucionar uma solução problema.Lição 10 – Combatendo a influência dos meios de comunicação na violência e no uso de drogas: Reconhecer a influencia dos meios de comunicação quando mostram o cigarro, álcool e outras drogas, e ainda, as demonstrações de violência;· Lição 11 – Tomando decisões e assumindo riscos: Avaliar os riscos em situações envolvendo o uso de drogas, gangues e uso de armas;· Lição 12 – Dizendo sim para as alternativas positivas: Identificar e vivenciar alternativas positivas para que possam desenvolver novas habilidades, fazer novas amizades e manter-se afastado das drogas e da violência;· Lição 13 – Modelos positivos: Identificar as maneiras utilizadas por alunos mais experientes para ficar longe das drogas e participar de uma variedade de atividades positivas, além de socializar o conhecimento;· Lição 14 – Resistindo à violência e à pressão das gangues: identificar as conseqüências negativas das gangues e da violência dos grupos e propiciar uma reflexão sobre as formas de evitar o envolvimento;· Lição 15 – Resumindo as lições Proerd: avaliar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes do PROERD de maneira lúdica e descontraída;· Lição 16 – Tomando uma decisão: Os estudantes irão tomar uma decisão positiva para ficar livres das pressões do uso de drogas e evitarem a violência, colocando seu compromisso no livro do estudante e lendo-o em voz alta;· Lição 17 – Formatura Proerd: Oferecer uma celebração que visa socializar com outros alunos e familiares os conhecimentos adquiridos.

8 Retirado do Manual do Instrutor Proerd da 4ª série

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Conhecendo o Programa Proerd da 4ª Série

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Objetivo do Proerd da 4ª série

O objetivo deste documento é estabelecer, em termos amplos, os princ�ñpios centrais, como conteúdo, principais atividades e

amateriais, do curso Proerd para a 4 série. Ele também tem a intenç�áo de permitir que o Policial-Instrutor Proerd compreenda:

1. Quais idéias, valores e habilidades são mais importantes a

para os alunos da 4 série aprenderem;2. Os pressupostos e princípios sobre como eles melhor aprenderão o conteúdo selecionado;3. Os pressupostos e princípios sobre as práticas que mais provavelmente irão promover o aprendizado desejado;4. As razões para usar o “Proerd: Uma Visão de Suas Decisões” como um manual que contém todo o currículo; e como todo o conteúdo, objetivo e atividades estão “colados” por este organizador;5. Que este curso tem continuidade no curso para adolescentes, sob o título “Investindo em Sua Própria Vida”.

O Policial-Instrutor deve ter a compreensão de como essas idéias, habilidades e atividades de aprendizagem se inter-relacionam ao longo das lições para formar um fluxo contínuo de aprendizado.

Princípios-chave

1. Programas de prevenção bem sucedidos enfatizam o seguinte conteúdo:· Os riscos sociais, legais e físicos bem como as conseqüências de curto prazo decorrentes do uso de cigarro, álcool, maconha, inalantes e outras drogas ilícitas;· As crenças comuns dos alunos sobre a extensão do uso de substâncias pelo seu grupo são geralmente distorcidas, porém, podem ser examinadas reflexivamente e mudadas através da

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compreensão da real extensão desse uso por seu grupo;· Diálogo, afirmação, estratégias de negação e outras práticas de resistência são centrais para se poder lidar com o desejo e as pressões para fazer uso de drogas;· Estratégias de prevenção ao uso de drogas bem sucedidas necessitam de:

q envolvimento dos pais e líderes comunitários;q intervenções dos agentes ao longo dos anos;q atividades que os alunos vejam como realistas e

envolventes;q tempo suficiente para discussões e aprofundamento na

sala de aula que ampliem sua prática cotidiana.

2. Perspectivas e modos de aprendizado dos alunos do Ensino Fundamental:

a· Alunos da 4 sér ie querem assumir mais responsabilidades nas tomadas de decisões pessoais tendo como parâmetro adultos que eles valorizam.· Eles querem falar e examinar situações realistas e problemáticas.· Estes estudantes são pré-adolescentes que querem ser tratados com respeito.· Eles querem relações seguras e o apoio dos adultos.· Por terem históricos pessoais, sociais e culturais distintos, eles aprendem de modos diversos. Por isso, as atividades educacionais precisam fornecer pontos de diversidade e múltiplas oportunidades de aprendizado.

a· Alunos de 4 série podem desenvolver habilidades comunicativas, sociais, assertivas e de resolução de problemas que lhes possibilitem resistir às pressões para fazer uso de drogas ou se envolver em atividades de intimidação ou brigas.

3. Teorias e pesquisas sobre o desenvolvimento infantil mostram a

que alunos da 4 série:

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· São capazes de compreender as perspectivas dos outros, pois são menos egocêntricos;· São capazes de integrar diversas variáveis em relações causais;· São capazes de compreender e usar as regras da lógica;· São entusiastas, curiosos e têm um desejo de explorar;· Estão começando a aceitar responsabilidades pelo comportamento;· Aprendem a cooperar e gostar de Tomadas de Decisão em grupo;· Gostam de falar e expressar idéias;· Buscam orientação e reforço tanto do seu grupo quanto de adultos importantes.

4. Teorias e pesquisas sobre aprendizado ativo e estratégias de ensino que apóiam tal aprendizado demonstram que:· A experiência de vida dos alunos e o contexto cultural no qual estão inseridos formam seu conhecimento e definem a maneira que vêem seu mundo e o sentido que dele fazem;· Novos conhecimentos científicos e habilidades devem estar articulados com o contexto cultural dos alunos possibilitando o avanço da aprendizagem;· Experiências práticas, tanto concretas quanto abstratas, estimulam o desenvolvimento e a aprendizagem de novos conceitos;· Mediações com o seu grupo e com adultos importantes estimulam o conhecimento de novas idéias e a reflexão sobre elas;· Os alunos especiais devem ter acesso às atividades e aos conteúdos de maneira a garantir que todos sejam respeitados e incluídos;· A diversidade social e cultural, econômica e política deve ser respeitada, apoiada e valorizada.

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Critérios para o desenvolvimento do curso

Com base nas pesquisas e teorias resumidas acima, um conjunto de critérios foi formado para orientar o desenvolvimento e a organização dos aspectos-chave deste programa educacional. Enquanto o currículo do curso tem a intenção de ser essencialmente o mesmo para todo o país, as estratégias e os materiais podem ser adaptados para o contexto cultural e social de cada escola conforme as necessidades específicas. Isto significa que os Instrutores podem precisar, em certas ocasiões, selecionar materiais e atividades alternativas, assim como métodos que acreditem sejam mais apropriados para seus alunos, desde que permaneçam coerentes com os propósitos e critérios deste projeto.

Uma característica central e peculiar deste plano de curso é o Livro do Estudante “Proerd: uma Visão de Suas Decisões”. As informações, os conhecimentos científicos e as atividades contidas em suas lições são todas projetadas para construir coletivamente capacidades de resolução de problemas sociais e pessoais relacionados com o uso e abuso de substâncias, bem como para garantir que possam agir em nome de seus melhores interesses diante das situações expostas. Tentamos possibilitar aos alunos acesso a essas capacidades de maneira atraente, usando situações problemáticas que pareçam reais aos seus olhos. A intenção é que os alunos analisem essas situações, busquem e usem as informações disponíveis, discutam com profundidade, uns com os outros, as alternativas dessas situações e ações que podem escolher com responsabilidade. Além de extensas discussões, existem amplas oportunidades de “experimentar” maneiras de lidar com as pressões de amigos e com os sentimentos internos de querer ser aceito como uma pessoa “maneira”.

Coerente com os objetivos deste programa, os seguintes critérios foram estabelecidos para possibilitar o desenvolvimento das liçe�õs, de maneira a permitir o entendimento delas pelos alunos:· Informações baseadas em pesquisas: As informações sobre

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tabaco, álcool, maconha e inalantes devem ser obtidas através dos resultados das mais recentes pesquisas quando os grupos ou classes estiverem resolvendo problemas.

· Guiado por problemas: O eixo norteador dos conteúdos e das atividades dos alunos é uma situação problemática, tipicamente uma na qual a pressão para o uso de drogas esteja sendo exercida.

· Interativo: Os alunos se envolvem ativamente na solução de problemas, através de discussões profundas, do pensamento crítico e da encenação de papéis com outros alunos.

· Estrutura em espiral: Os conhecimentos científicos e as habilidades devem ser revisados ao longo das 10 lições, de modo que as habilidades sejam introduzidas, revistas e praticadas em situações problemáticas cada vez mais complexas.

· Aprendizado ativo: As atividades devem refletir o envolvimento constante dos alunos, através de profundas discussões com toda a classe, mediadas pelo Instrutor, encenação das habilidades e dos conhecimentos científicos, e da solução de problemas – Tomada de Decisão – em pequenos grupos de aprendizado cooperativo.

· Professor(a) como parceiro(a): Por haver uma grande quantidade de aulas que envolvem os alunos em atividades de aprendizado ativo em pequenos grupos, o envolvimento direto do(a) professor(a) da turma é um aspecto essencial para o efetivo aproveitamento das lições.

Metas e Objetivos

A meta que engloba todo o Proerd é de reduzir/eliminar o uso de álcool, cigarro e outras drogas pelos jovens, bem como o seu

acomportamento violento. O Proerd de 4 série é o primeiro do

acurrículo Proerd no Brasil; os cursos restantes são o de 6 e o de pais. a a

O curso da 6 série é integralmente relacionado com o curso da 4 . a a

Os objetivos gerais dos programas de 4 e 6 séries estão voltados ao

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desenvolvimento das capacidades necessárias aos alunos para que tomem as rédeas de suas vidas (autonomia), com ênfase especial à resistência ao uso e abuso de substâncias.

Os objetivos gerais são os seguintes:

1. Os alunos compreenderão os riscos e efeitos físicos e emocionais do uso de álcool, cigarro, maconha e inalantes sobre seus cérebros e corpos em desenvolvimento, e os riscos de ordem legal desse uso.2. Os alunos irão comparar e contrastar as crenças comuns de seu grupo na sala de aula com os dados recentes sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas (ATOD), e, onde surgir dissonância, revisar suas compreensões e crenças sobre quantos de seu grupo não usam álcool, tabaco e outras drogas.3. Os alunos irão expandir seus conhecimentos sobre a variedade de ações positivas que podem praticar em suas escolas e comunidades (comportamento pró-social) para que não se envolvam com o uso de álcool, tabaco e outras drogas.4. Os alunos irão compreender o que são estratégias de negação, habilidades de comunicação saudável, afirmação e resistência, e poderão aplicar essas habilidades de maneira adequada no desenvolvimento das várias situações da vida real.

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AS DROGAS

CAPÍTULO IICAPÍTULO II

Noções preliminares sobre drogas

Preliminarmente, podemos apresentar o conceito cl�Ýssico do Proerd acerca de droga, afirmando que é “Qualquer substância que n�áo seja alimento e que afeta o funcionamento do nosso corpo e da nossa mente”. Para a Organização Mundial de Saúde, droga é “Qualquer substância qu�ñmica ou a mistura delas (a exceç�áo daquelas necessárias para a manutenção da nossa saúde, como por exemplo, a água e o oxigênio), que altera a função biológica e possivelmente sua estrutura”.

É certo o fato de as drogas terem sua utilidade médica, contudo, aqui iremos tratar de maneira pontual as formas não medicamentosas de aplicação e consumo. Muitas crianças e adolescentes têm um envolvimento inicial com as drogas, fazendo uso e abuso das mesmas por curiosidade, auto-estima fragilizada, insegurança, pouca resistência às frustrações, falta de identidade, pressão do grupo, conflitos familiares, falta de carinho e diálogo, dentre tantos outros motivos.

Desde a antiguidade se faz uso de drogas, Livros como a Bíblia, o Código de Hamurábi, a Ilíada, a Odisséia, já mencionavam alguns dos tipos de substâncias que causam ações psicotrópicas, entorpecente e/ou de dependência.

Os sumérios, na região onde atualmente estão situados o Irã e Iraque, há mais de 4.000 anos a.C. faziam uso da “planta da alegria”, como chamavam a papoula e o ópio, para terem uma tradução do contato com os deuses. Também o povo Cita (habitantes da Europa Oriental, aqueciam pedras para queimar o cânhamo (maconha) e inalar os vapores produzidos dentro de suas tendas. Na Grécia, as festas a Dionísio, no Nilo, as festas a Baco, ambos deuses do vinho, eram homenagens a esses deuses que tinham concedido aos humanos essa bebida que era considerada uma dádiva dos deuses.

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A utilização ou ingestão dessas drogas há muito conhecidas pela humanidade, podem ser feitas de diversas formas, dentre as quais podemos destacar: a forma oral, nasal, inalável, injetável, colírio e supositório.

De acordo com as leis brasileiras, as drogas são tipificadas como lícitas ou permitidas, como é o caso da cafeína, tabaco, álcool, dentre outros; e, ilícitas ou não permitidas, como é o caso da maconha, cocaína, crack, dentre outros.

As drogas têm origens distintas. Muitas são colhidas diretamente da natureza, outras são semi-sintéticas e outras, sintéticas. Nos três casos citados as drogas afetam nosso organismo causando alterações. Essas alterações podem ser Psicotrópicas, produzidas por: estimulantes (anorexígenos, cocaína), calmantes (ansiolíticos, opiáceos, inalantes), e perturbadores (mescalina, THC, psicocibina, lírio, “LSD25-êxtase”, anticolinérgicos). Também existem alterações biológicas ocasionadas pelos danos à saúde física, afetando os aparelhos cardiovascular, respiratório, digestivo, sexual, além de afetarem diretamente ao sistema nervoso central, o que pode causar sérias lesões ao corpo, podendo até levar à morte. As alterações psicológicas vão desde a diminuição da atenção, memória e concentração, passando por alterações bruscas de humor, bem como, perda da noção do tempo e do espaço, produzindo uma progressiva diminuição da auto-estima pela insegurança e depressão ocasionadas pela ausência ou abstinência. As alterações sociais são perceptivas não apenas pelo prejudicado desempenho afetivo, profissional e social, mas também pelo rompimento dos vínculos sociais com as pessoas que não usam drogas e que para o dependente, são pessoas que não o compreendem, não conhecem a situação que ele está passando e que, por isso, não podem ajudá-lo (SENAD, 2006).

As alterações produzidas nos usuários podem ser físicas e psíquicas, causando síndrome da abstinência, tolerância e sinergismo.

Existem milhares de tipos de drogas o que impossibilita a sua nominação. No Acre, as drogas mais utilizadas por crianças e adolescentes são: álcool, tabaco, cafeína (dentre as lícitas); e, maconha, cocaína e cola de sapateiro (dentre as ilícitas).

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Quanto aos usuários, podemos dizer que há quatro tipos distintos, sendo eles: os experimentadores ou usuários ocasionais, os usuários moderados, os usuários habituais, e os usuários dependentes.

Quanto ao uso das drogas em geral, de acordo com o I Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrp�ôicas no Brasil (CEBRID, 2001), percebemos dados preocupantes, obtidos a partir da pesquisa que foi realizada nas 107 cidades do Brasil com mais de 200.000 habitantes:

· Estima-se que 11,2% da população brasileira seja dependente de álcool e que 9,0% seja dependente de tabaco;· 19,4% da populaç�áo fizeram uso na vida de drogas, diferentes de �Ýlcool e tabaco;· A maconha é a droga ilícita mais utilizada, apontando o fato de 6,9% dos entrevistados já terem utilizado maconha alguma vez na vida e 1,0% se considerar dependente dela; · O solvente é a segunda droga il�ñcita mais utilizada, representando um total de 5,8% dos entrevistados já terem utilizado maconha alguma vez na vida;· Os benzodiazepínicos (ansiolíticos) tiveram o uso de 3,3%, ao menos uma vez na vida, chegando o nm�øero de dependentes a 1,1% dos entrevistados;

Ao compararmos esses dados obtidos pelo CEBRID, quanto à relação uso/dependência com as faixas etárias especificadas, enfatizando o chamado período da adolescência que vai dos 12 aos 17 anos, percebemos uma amostra do problema enfrentado por nossos adolescentes:

· 52,2% dos adolescentes do sexo masculino e 44,7% do sexo feminino já utilizaram álcool alguma vez na vida, sendo que, o número de dependentes é de 6,9% entre os usuários do sexo masculino e 3,5% do sexo feminino;· 15,7% dos adolescentes do sexo masculino e 16,2% do

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sexo feminino já utilizaram tabaco alguma vez na vida, sendo que, o número de dependentes é de 2,2% entre os usuários de ambos os sexos;· 3,4% dos adolescentes do sexo masculino e 3,6% do sexo feminino já utilizaram maconha alguma vez na vida, sendo que, o número de dependentes é de 0,9% entre os usuários do sexo masculino e 0,4% do sexo feminino;· 0,4% dos adolescentes do sexo masculino e 2,2% do sexo feminino já utilizaram benzodiazepínicos alguma vez na vida, sendo que, o número de dependentes é de 0,2% entre os usuários de ambos os sexos;· 3,3% dos adolescentes do sexo masculino e 3,7% do sexo feminino já utilizaram orexígenos alguma vez na vida;· 3,0% dos adolescentes do sexo masculino e 3,8% do sexo feminino já utilizaram solvente alguma vez na vida;· 1,2% dos adolescentes já utilizaram anticolinérgicos alguma vez na vida;· 1,1% dos adolescentes já utilizaram opiáceos alguma vez na vida;· 0,5% dos adolescentes já utilizaram cocaína alguma vez na vida;· 0,3% dos adolescentes já utilizaram crack alguma vez na vida;· 0,1% dos adolescentes já utilizaram merla, barbitúricos ou heroína alguma vez na vida;· 6,2% dos adolescentes da Região Norte afirmaram já haver caído em decorrência do uso de bebidas alcoólicas;· 3,0% dos adolescentes da Região Norte afirmaram já haver discutido, agredido alguém ou se machucado em decorrência do uso de bebidas alcoólicas;

Percebemos, ainda que a produção, distribuição e a

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comercialização das drogas existem para servir a uma necessidade

de mercado: medicamentos, solventes e bebidas. Mas também

existe a produção das drogas chamadas ilícitas. Em termos de saúde

pública, existem alguns dados importantes a serem analisados:

- No BRASIL, em 1996, 7,9% do PIB, ou seja, cerca de

28 bilhões de dólares (Sec. Saúde/SP, 1996);

- Custo no SUS das patologias relacionadas ao uso de

tabaco é de 01 bilhão de reais (Chuitt. In Bucher, 1992);

- São gastos 100 milhões de reais por ano com

internações decorrentes do uso de álcool;

- No Acre, 27% das brigas domésticas se dão por causa

de drogas (bebida, maconha);

- Nos casos de violência, 37,36% dos adolescentes

infratores estavam drogados no ato da infração (CDHEP,

2000).

A legislação brasileira também traz identificação,

determinação, exposição de parecer e comentário acerca de

substâncias consideradas drogas e psicotrópicos, bem como, sua

comercialização, uso, abuso e a relação das drogas com crianças e

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adolescentes. Dentre as muitas leis, podemos destacar as seguintes:

· Constituição Federal

Art. 5 XLIII e LI Art. 144 *1 II entorpecentes e

Art. 227 *3 VII Art. 243 drogas afins

· Código Penal

Art. 28 II (embriaguez)

· Estatuto da Criança e do adolescente

Art. 10

· Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro)

Art. 77

· Decreto 98.961/90 (Expulsão de est. Cond. por Tráfico

de Drogas)

· Lei 8.257/91 (Culturas Ilegais de Psicotrópicos)

· Lei 11.343/06 (institui o SISNAD, prescreve medidas

para prevenção às drogas, reinserção social e repressão ao

tráfico)

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As drogas mais comumente utilizadas no Brasil

Gostaríamos de apresentar aqui algumas das drogas mais utilizadas. Para tanto, em sendo grande o número de “nomes fantasia”, resolvemos fazer a apresentação a partir das nomenclaturas produzidas pelas várias instituições que tratam do assunto, tais quais, CEBRID, SENAD, MS, CONAD, dentre outros.

Álcool Nome: cerveja, destilados e vinhos; Origem: grão e frutas;

Quantidade média ingerida: 350 ml, 45 ml, 90 ml; Forma ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, quebra das inibições, euforia, depressão, diminuição da consciência; Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): estupor, náusea, inconsciência, ressaca, morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: moderado; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: obesidade, impotência, psicose, úlceras, subnutrição, danos cerebrais e hepáticos, morte; Utilização médica: nenhuma.

AlucinógenosNome: DMT, escopolamina, LSD, mescalina, noz-moscada,

psilocybina, STP; Origem: sintética, mimendro (planta), cactus, moscadeira, cogumelo; Quantidade média ingerida: variável, 5mg, 150-200mg, 350mg, 400 mg, 25mg; Forma ingestão: oral, inalável, injetável, nasal; Efeitos a curto prazo (quantidade média): alteração da percepção, especialmente visual, aumento da energia, alucinações, pânico; Duração: variável; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): ansiedade, alucinações, exaustão, psicose, tremores, vômito, pânico; Risco de dependência psicológica: baixo; Risco de dependência física: nenhum Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: aumento de ilusões e de pânico, psicose; Utilização médica: o LSD e a psilocybina foram testados no tratamento do alcoolismo, drogas, doenças mentais e enxaquecas.

9 Informações em domínio público obtidas do Site Antridrogas.

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AnfetaminasNome: benzedrina, dexedrina, methedrina, preludin;

Origem: sintética; Quantidade média ingerida: 2,5-5mg; Forma ingestão: oral, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): aumento da atenção, excitação, euforia, diminuição do apetite; Duração: 1-8 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): inquietação, discurso apressado, irritabilidade, insônia, desarranjos estomacais, convulsões; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: nenhum; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: insônia, excitação, problemas dermatológicos, subnutrição, ilusões, alucinações, psicose; Utilização médica: na obesidade, depressão, fadiga excessiva, distúrbios do comportamento infantil.

AntidepressivosNome: tofranil, ritalina, tryptanol; Origem: sintética;

Quantidade média ingerida: 10-25mg; Forma ingestão: oral, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): alívio da ansiedade e da depressão, impotência temporária; Duração: 12-14 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): náusea, hipertensão, perda de peso, insônia; Risco de dependência psicológica: baixo; Risco de dependência física: nenhum; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: estupor, coma, convulsões, insuficiência cardíaca congestiva, danos ao fígado e aos glóbulos brancos, morte; Utilização médica: na ansiedade ou supersedação, distúrbios do comportamento infantil.

BarbitúricosNome: doriden, hidrato de cloral, fenobarbital, nembutal,

saconal; Origem: sintética; Quantidade média ingerida: 400mg, 500mg, 50-100mg; Forma ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, euforia, diminuição da consciência, tontura, coordenação prejudicada, sono; Duração: 4-8 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): discurso "borrado", mal articulado, estupor, ressaca, morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto

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Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: sonolência excessiva, confusão, irritabilidade, graves enjôos pela privação; Utilização médica: na insônia, tensão e ataque epilético.

CafeínaNome: café, chá, refrigerantes; Origem: grão de café, folhas

de chá, castanha; Quantidade média ingerida: 1-2 xícaras, 300ml; Forma ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): agitação, irritabilidade, insônia, perturbações estomacais; Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): agitação, insônia, enjôo; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: agitação, irritabilidade, insônia, perturbações estomacais; Utilização médica: na supersedação e dor de cabeça.

CocaínaNome: cocaína; Origem: folhas de coca; Quantidade média

ingerida: variável; Forma ingestão: nasal, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): sensação de auto-confiança, vigor intenso; Duração: 4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): irritabilidade, depressão, psicose; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: danos ao septo nasal e vasos sanguíneos, psicose; Utilização médica: anestésico local.

InalantesNome: aerossóis (éter), colas, nitrato de amido, óxido nitroso;

Origem: sintética; Quantidade média ingerida: variável; Forma ingestão: inalável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, euforia, coordenação prejudicada; Duração: 1-3 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): estupor, morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: nenhum; Tolerância: possível; Efeitos a longo prazo: alucinações, danos ao cérebro, aos ossos, rins e fígado,

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morte; Utilização médica: dilatação dos vasos sanguíneos, anestésico leve.

Cannabis SativaNome: haxixe, maconha, thc; Origem: cannabis, sintética;

Quantidade média ingerida: variável; Forma ingestão: inalável, oral, injetável; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, quebra das inibições, alteração da percepção, euforia, aumento do apetite; Duração: 2-4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): pânico, estupor; Risco de dependência psicológica: moderado; Risco de dependência física: moderadoTolerância: não; Efeitos a longo prazo: fadiga, psicose; Utilização médica: na tensão, depressão, dor de cabeça, falta de apetite.

NarcóticosNome: codeína, demerol, metadona, morfina, ópio, percodan;

Origem: papoula de ópio, papoula de ópio sintética; Quantidade média ingerida: 15-50mg, 50-150mg, 05-15mg, 10mg; Forma ingestão: oral, injetável, nasal; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, alívio da dor e da ansiedade, diminuição da consciência, euforia, alucinações; Duração: 4 horas

Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): estupor, morte; Risco de dependência psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: letargia, prisão de ventre, perda de peso, esterilidade e impotência temporária, enjôos pela privação; Utilização médica: na tosse, na diarréia, analgésico, combate à heroína.

NicotinaNome: cachimbos, charutos, cigarro, rapé; Origem: folhas de

tabaco; Quantidade média ingerida: variável; Forma ingestão: inalável, oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): relaxamento, contração dos vasos sanguíneos; Duração: 1/2-4 horas; Efeitos a curto prazo (grandes quantidades): dor de cabeça, perda de apetite, náusea; Risco de dependência

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psicológica: alto; Risco de dependência física: alto; Tolerância: sim; Efeitos a longo prazo: respiração prejudicada, doença pulmonar e cardiológica, câncer, morte; Utilização médica: nenhuma (usado em inseticida).

Tranquilizantes

Nome: dienpax, librium, valium; Origem: sintética;

Quantidade média ingerida: 5-30 mg, 5-25 mg, 10-40 mg; Forma

ingestão: oral; Efeitos a curto prazo (quantidade média): alívio

da ansiedade e da tensão, supressão das alucinações e da agressão,

sono; Duração: 12-24 horas; Efeitos a curto prazo (grandes

quantidades): sonolência, visão perturbada, discurso "borrado",

reação alérgica, estupor; Risco de dependência psicológica:

moderado; Risco de dependência física: moderado

Tolerância: não; Efeitos a longo prazo: destruição de células

sanguíneas, icterícia, coma, morte; Utilização médica: na tensão,

ansiedade, psicose, no alcoolismo.

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PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA PMAC

CAPÍTULO IIICAPÍTULO III

A Polícia Militar do Acre tem como estrutura principal o trabalho de prevenção. Embora atualmente percebamos a real necessidade de atuar repressivamente, muitas das atuações da PMAC são preventivas.

As Companhias de Rádio Patrulha, Policiamento de Moto, Policiamento a Cavalo, Policiamento Ostensivo a Pé, Policiamento de Bicicleta, Policiamento de Trânsito, Companhia de Policiamento Escolar, Proerd, Polícia da Família, Diretoria de Ensino, Setor de Inteligência, são alguns dos vários organismos da PMAC que atuam preventivamente, embora, também o façam em forma de repressão, quando assim é necessário.

Dentre os policiamentos preventivos executados pela Polícia Militar no Acre, três foram mais citados pelos alunos, funcionários e professores das escolas existentes em nossa Capital. São Eles: Proerd, Policiamento Escolar e Polícia da Família. Quanto ao Proerd, por ser objeto principal dessa pesquisa e estar contido em todos os capítulos, não o citaremos nesse momento, nos ateremos apenas ao Policiamento Escolar e à Polícia da Família.

Policiamento Escolar

O Policiamento Escolar tem sido de fundamental importância para a segurança nas escolas e faculdades de Rio Branco. Embora seu efetivo seja pequeno, os policiais da Companhia Escolar atuam não apenas no policiamento ostensivo, mas também efetuando palestras e atividades lúdicas que atraiam a atenção dos estudantes para os preceitos de bom relacionamento interpessoal, respeito ao próximo, cidadania e como estar longe das drogas e da violência. O Policiamento Escolar atua principalmente com o público alvo de adolescentes jovens e adultos no ambiente escolar.

10 As informações aqui expostas foram cordialmente cedidas pela Coordenação da Companhia Independente de Policiamento Escolar. Sendo essas informações de conhecimento público e direito autoral de seus idealizadores. Portanto, as apresentamos com a ressalva de que o texto não foi construído pelo Proerd, e sim, pela CIPE.

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Em outubro de 2003, devido ao crescimento de violência e drogas nas escolas, sensibilizados pelo quadro apresentado, o atual governador, Binho Marques, na época Secretário de Educação, em conjunto com o Comandante da Polícia Militar, Cel. PM Leandro Rodrigues, Maj. PM Francimar e o Secretário de Segurança Fernando Melo, chegaram ao consenso em relação à necessidade de implementação de uma Polícia voltada para atender às necessidades da comunidade escolar, firmando, assim, a parceria. Criou-se, então, de fato, a Cia. Escolar com um efetivo de apenas 12 homens, instalados na Polícia Comunitária. Somente no dia 25 de maio de 2005, foi criada de direito a Companhia Independente de Policiamento Escolar – CIPE. A Companhia Independente de Policiamento Escolar conta hoje com um efetivo de 37 homens, que foram capacitados com curso específico para a área, e maioria do efetivo tem nível superior ou está cursando. Hoje a CIPE tem sede na Secretaria de Estado de Educação.

Aproximar a Polícia Militar da Comunidade é a proposta do trabalho realizado pela Companhia Independente de Policiamento Escolar (CIPE) nas escolas públicas e particulares de Rio Branco - Acre. A Companhia escolar utiliza o diálogo e a valorização da harmonia nas relações humanas, nos Direitos Humanos, bem como dentro de perspectivas da filosofia de Polícia comunitária, objetivando a interação entre Polícia – comunidade. A Companhia Independente de Policiamento Escolar – CIPE conta com um Núcleo na SEE, na qual, além de cumprir com a missão constitucional de realizar o policiamento ostensivo preventivo e repressivo, também ministra palestras educativas nas escolas sobre prevenção às drogas, violência, Polícia Comunitária e Civismo.

A Companhia Independente de Policiamento Escolar realiza atividades nos três turnos de funcionamento das escolas (Manhã, Tarde e Noite), com o policiamento ostensivo e preventivo visando a segurança da comunidade escolar. A CIPE atende as escolas da rede estadual (rural: 98; urbana: 90), municipal (rural: 17; urbana: 35) e particular (41), totalizando 281 escolas, além das unidades de ensino superior: UFAC, FIRB/FAAO, UNOPAR, IESACRE, UNINORTE, FACINTER, SINAL, entre outras. Atende de acordo

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com os diagnósticos apresentados e as demandas das escolas, como também palestras preventivas sobre o uso indevido e abusivo de drogas, álcool, violência e cidadania, além de prestar apoio às outras Companhias na condução de cidadãos detidos.

Através da política de capacitação de recursos humanos adotada pelo Comando da CIPE, os policiais militares absorvem conhecimentos técnicos profissionais, e por conseqüência, adquirem a confiança dos alunos passando a influenciar também na formação do futuro cidadão. A Companhia escolar utiliza o diálogo e a valorização da harmonia nas relações humanas, nos Direitos Humanos, bem como dentro de perspectivas da filosofia de Polícia comunitária, objetivando a interação entre Polícia e comunidade.

Para que fosse possível a realização desse trabalho foi estabelecida uma parceria entre a Polícia Militar e a Secretaria de Estado de Educação – SEE, através da celebração de um Convênio firmado entre as partes, através do qual foram disponibilizados materiais e equipamentos necessários para execução dessas atividades.

Polícia da Família

Grande parte da atuação da Polícia da Família aqui apresentada tem como base o relatório anual de atividades referentes ao ano de 2006, entregue dia 31 de dezembro de 2006 à Secretaria de Justiça e Segurança Pública, pela Coordenadora Geral, Delegada de Polícia Civil Maria Lúcia Barbosa Jaccoud, e, Pelo Coordenador, Capitão PM Eudinez Pinheiro Ferreira.

A Polícia da Família atende 41 bairros em suas 03 bases. O contingente inicial era de 196 policiais, atualmente esse número não passa de 82. As bases foram assim divididas:

A Base do bairro Vitória atende às seguintes localidades: Conj. Edson Cadaxo, São Francisco, Conj. Oscar Passos I, Conj. Oscar Passos II, Vitória, Jardim Eldorado, Chico Mendes, Ouricuri, Loteamento Jaguar, Parque dos Sabiás, Loteamento São Jorge, Loteamento Panorama, Invasão da Embratel, Placas, Residencial

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Santa Cruz e Apolônio Sales.A Base do Jorge Lavocat atende às seguintes localidades:

Wanderley Dantas, Raimundo Melo, Xavier Maia, Vila Nova, Loteamento Novo Horizonte, Adalberto Sena, Defesa Civil, Tancredo Neves, Alto Alegre, Montanhês, Jorge Lavocat, Irineu Serra e Santa Helena.

A Base do Santa Cecília atende os bairros: Albert Sampaio, Dom Moacir, Santa Cecília, Vila Acre, Vila da Amizade, Belo Jardim I, Belo Jardim II, Mauri Sérgio, Areial, Santa Inês, Loteamento Santo Afonso e Loteamento Rosa Linda.

De acordo com informações obtidas na Base do Vitória, o atual efetivo da Polícia da Família pode ser assim descrito:

* Agente de Polícia exercendo a função de Escrivãs Ad Hoc.

Mesmo com um efetivo reduzido e, ano a ano, sendo cada vez minimizado, a Polícia da Família mostra números de sua atuação e os atendimentos executados desde que foi implantada até fins de 2006, haja vista o ano de 2007 ainda não ter se encerrado, não tivemos acesso aos dados do referido ano.

BASE 2003* 2004 2005 2006 TOTAL

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A Polícia da Família é um modelo de policiamento que segue a mesma filosofia da Polícia Comunitária, tendo sido idealizada em setembro de 2003, seguindo diretrizes estabelecidas pela Senasp – Secretária Nacional de Segurança Pública –, para desenvolver um trabalho integrado envolvendo Policiais Civis e Militares, com suas atividades voltadas prioritariamente para a prevenção.

Inicialmente, o Projeto foi idealizado para funcionar em três Bases localizadas nos bairros: Vitória, Jorge Lavocat, Stª Cecília, estendendo suas atividades aos bairros circunvizinhos, no total de 35 (trinta e cinco), com possibilidade real de expansão para outras localidades. Entretanto, sem os investimentos necessários, o Projeto parou no Piloto das Bases, estando, infelizmente, sem previsão de novos postos de atuação.

A escolha das áreas contempladas para implantação deste projeto foi orientada pelos índices de criminalidade, priorizando-se bairros considerados críticos na escolha da instalação das bases.

A Polícia da Família é considerada de baixo custo, uma vez que o policiamento é realizado a pé, através de visitas domiciliares, possibilitando assim uma parceria bastante frutífera, policial e comunidade. Os primorosos resultados podem ser comprovados

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pelas estatísticas, que apontam para a diminuição da violência nos pontos de sua atuação.

Apesar, de aparentemente desenvolver serviço de cunho social, a Policia da Família prestigia a participação da comunidade por entender ser a melhor forma de combate a qualquer ação criminosa. Assim, é importante salientar que o policial da família, além de exercer a atividade policial, também interage com a comunidade participando ativamente como agente de transformação e inclusão social.

Insta ressaltar que, a Polícia da Família representa uma conquista da nova concepção de Segurança Pública, aquela que tomou consciência de que seu papel é estar a serviço da sociedade, com as autoridades tendo uma maior interação com a comunidade a que presta seus serviços, e assim responderem satisfatoriamente ao público atendido.

A escolha do trabalho policial preventivo e integrado à comunidade tem mostrado efeitos extremamente positivos. Nos três anos de trabalho desenvolvido pela Polícia da Família, os índices estatísticos das áreas atendidas diminuíram drasticamente, especialmente os de crimes considerados graves, como por exemplo, os de crimes contra a vida.

Contudo, notou-se uma leve regressão no trabalho desempenhando, em virtude da descontinuidade e diminuição do efetivo. Por tratar-se de organismo apenas existente de fato, a Polícia da Família sofre interferências diretas no efetivo que a compõe, sendo comuns serviços extras ou estranhos às atividades desempenhas nas Bases, especialmente em relação aos Policiais Militares. Verificou-se uma redução do efetivo desde a sua implantação até hoje em mais de cinqüenta por cento.

Das atividades planejadas para este ano, parte foram prejudicadas pelo acima exposto, ficando pendente a implementação dos Conselhos, compostos por membros da Comunidade. Apesar de já existir um contato permanente entre presidentes de bairros e a Polícia da Família, é imprescindível a criação destes Conselhos, especialmente para que existam reuniões regulares para planejamento das atividades a serem efetuados

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mensalmente e para o aperfeiçoamento dos serviços prestados, já que sempre se busca a excelência do que é feito.

Não foi possível a apresentação de palestras preventivas em todas as Escolas que se encontram na região abrangida pela Polícia da Família, em virtude da saída de parte do efetivo que compunha as equipes de apresentação, quer seja em decorrência de novos concursos, ou de transferência para outras unidades.

Os projetos de música, desenvolvidos em parceria entre as Escolas e a Polícia da Família, depois de uma breve interrupção por falta de recursos, está sendo retomado, em virtude de convênios celebrados entre a Senasp, o estado do Acre e o município de Rio Branco, ficando a execução a cargo da Polícia da Família.

Um grande obstáculo a ser superado nas áreas de atribuição da Polícia da Família é a falta de atividades para crianças e adolescentes, atividades aqui entendidas lato sensu, tanto voltadas para a cultura, desporto, recreação, preparação, formação e inclusão no mercado de trabalho.

Oportuno se torna dizer que o êxito do trabalho desenvolvido pela Polícia da Família dá-se pelas parcerias com outros órgãos da administração pública em todas as esferas, de outros poderes, e mesmo da iniciativa privada, que tem colaborando enormemente para que o trabalho aqui desempenhado se tornasse referência de bom atendimento e melhor eficácia.

A manutenção deste programa e sua expansão devem se mostrar como preocupação primeira de todos os seguimentos da Segurança Pública, em demonstração de que estamos comprometidos com seus novos ideais, com ações voltadas para a prevenção e que temos consciência desse desafio ético de servir à comunidade, tendo como foco principal o cidadão.

A responsabilidade pelo desempenho e ampliação da Polícia da Família é de todos nós, e, por isso, precisamos estar dispostos e atentos, a fim de que essa iniciativa, hoje funcionado com grande êxito, não venha a sofrer qualquer esmaecimento, mas seja aperfeiçoada e ampliada sua competência, sempre objetivando a promoção da justiça e tornando a Segurança Pública, efetivamente, direito e responsabilidade de todos conforme preceituado no artigo

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144, caput, da Constituição Federal do Brasil.Por fim, é necessário informar a necessidade premente de

institucionalização da Polícia da Família, para que a mesma possa existir de direito, facilitando o planejamento e execução das ações.

Sites com informações úteis para educadores e comunidade

· ABRAFAM – Associação Brasileira de Apoio às Famílias de Drogadependenteswww.impacto.org/abrafam

· Amor-Exigente – (para pais e familiares de usuários de drogas)www.amorexigente.org.br

· Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – Links Nacionaiswww.abaids.org.br

· Alcoólicos Anônimoswww.alcoolicosanonimos.org.br

· ABRATECOM – Associação Brasileira de Terapia Comunitáriawww.abratecom.org.br

· CAPSad – Centro de Atenção Psicossocialwww.saude.gov.br

· CONEN's - Conselhos Estaduais de Entorpecenteswww.obid.senad.gov.br

· Corpo Humano. Canal Kidswww.canalkids.com.br

· CUIDA – Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicoswww.uniad.org.br/cuida

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· Fumantes Anônimoshttp://www.nicotine-anonymous.org/publications_portuguese.asp

· Hospital Israelita Albert Einsteinwww.einstein.br/alcooledrogas

· INCA – Instituto Nacional do Câncerwww.inca.org.br

· Narcóticos Anônimos Centralwww.na.org.br

· OBID – Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogaswww.obid.senad.gov.br

· Saúde do Adolescente – Canal do Ministério da Saúdehttp:// saude.gov.br/saude/área.cfm?id_area=241

· SENAD – Secretaria Nacional Antidrogaswww.senad.gov.br

· UNIAD – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogaswww.uniad.org.br

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PANORAMAS DO PROERD EM ALGUNS ESTADOS DO BRASIL

CAPÍTULO IVCAPÍTULO IV

Estudos sobre a eficiência do Proerd em outros estados brasileiros

O sucesso do programa Proerd depende de um perfeito entrosamento entre a escola, a família e a Polícia. Na falta de algum destes parceiros o programa se torna inviável. Há a necessidade de aprimoramento tanto das ações desenvolvidas pela escola, quanto pela família e pela Polícia Militar.

Dados apresentados pela Polícia Militar do Paraná, que atesta pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do Paraná, indicam a necessidade de formação continuada para os policiais Instrutores daquele estado, que atuam como educadores sociais:

O curso de formação de Instrutores do PROERD (80 horas aula) já não fornece mais elementos suficientes para o desempenho das atividades em sala de aula; [de mesma forma os policiais entrevistados] consideram a informação teórica importante para a complementação de sua formação; julgam que é importante a formação continuada; possuem a necessidade em conhecer com profundidade temas de prevenção, psicologia infantil e do desenvolvimento, didática outros (Proerd Paraná, 2005).

O Proerd é um programa que se caracteriza pela atuação social preventivo, objetivando prevenir o uso de drogas e a prática da violência por

nossas crianças, conscientizando-as da necessidade de desenvolver as suas potencialidades para se tornarem cidadãos conscientes e capazes de contribuir, de maneira concreta e plena, para o sonho de uma sociedade sem drogas e sem violência, que seja mais justa, sadia e feliz.

Pelo fato de ter como meta a anulação da prática do uso de drogas, ou pelo menos, a diminuição substancial do número de

II Curso de Capacitação Sobre a Oferta e Demanda de Drogas. Brasília, 2005.

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usuários de drogas, que são os principais fomentadores da relação venda/consumo, buscamos obter resultados que jamais foram alcançados por organismos brasileiros de prevenção ao uso e ao tráfico de drogas. Com a aplicação desse programa, a Polícia Militar busca também, no menor tempo possível, contribuir efetivamente para a formação de novos jovens, mais seguros, firmes e decididos em relação aos malefícios causados pelas drogas e, portanto, conscientes das suas escolhas quanto à utilização ou não de drogas. Em médio e em longo prazo estimamos, tendo como base as experiências internacionais, que nossos jovens, e não apenas nossos policiais, serão os multiplicadores de valores, noções de cidadania e de técnicas que estimulem a não aceitação do convite formulado pelo agente do crime.

De acordo com o Proerd em São Paulo, várias pesquisas já foram elaboradas naquele estado quanto à prevenção e também à eficiência do programa Proerd. Em seu site estão contidos alguns dados que podem nos dar uma noção mais precisa quanto ao Proerd:

A eficiência deste programa é comprovada mundialmente através de pesquisas científicas e no Brasil não é diferente. A USP – Universidade de São Paulo elaborou uma pesquisa científica em 2004, que foi coordenada pela Dra. Sueli de Queiroz, pesquisadora do “Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e outras Drogas” (GREA), e após todos os trabalhos, ficou evidenciado que o PROERD alcançou a média de 95% de aprovação aqui no Brasil. Tal pesquisa só veio confirmar a eficiência do programa aqui no Brasil como nos diversos países em que é aplicado, mostrando com isto, que a Polícia Militar vem desenvolvendo o PROERD com extrema seriedade e profissionalismo (Proerd São Paulo, 2007).

Pelo fato de ser um programa eminentemente preventivo e estratégico, o Proerd visa a educar as crianças em seu meio natural de convívio social e aprendizado – a escola de sua comunidade.

A atuação conjunta de policiais fardados e professores no ambiente da sala de aula contribuem para o aumento da expectativa de alcançar as crianças na 4ª série do Ensino Fundamental, mostrando-lhes os efeitos das drogas e ensinando-lhes as habilidades necessárias e motivação para se manterem longe desse mal.

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O programa também busca oferecer aos estudantes uma chance de ver os adultos como amigos e pessoas em quem eles podem confiar, permitindo, assim, que as crianças desenvolvam atitudes positivas em relação à família, à comunidade em que vivem e à sociedade em geral.

A revista interativa PedagoBrasil (2007) trouxe em uma de suas edições a publicação de um artigo intitulado “Policiais vão às escolas e ensinam crianças a se manterem longe das drogas”, fazendo menção ao trabalho executado pelo Programa Proerd no estado de Sergipe.

Para a Secret�Ýria Municipal da Educaç�áo de Aracaju, Rosângela Santana, um dos problemas que mais afetam e preocupam os professores s�áo as drogas, que acabam gerando violência no espaço escolar. Ela afirma que a utilizaç�áo de drogas "� “ �um problema muito sério que afeta o próprio aluno em seu desenvolvimento escolar, a família, os professores e gera conflitos em curto prazo para a sociedade" (PedagoBrasil, 2007).

Ainda, conforme a revista, j�Ý se tornou uma cena comum e muito pouco agrad�Ývel a inserç�áo do comércio e consumo de drogas entre crianças e adolescentes. Essa aç�áo criminosa acaba gerando crimes entre os prp�ôrios alunos e desafia o trabalho dos órgãos que têm como responsabilidade evitar este comércio paradoxal, ao mesmo tempo tão sutil e flagrante. A revista, que enfatiza açe�õs pedagógicas e psicológicas, a aç�áo do Proerd é descrita como um programa auxiliar na reduç�áo do consumo de drogas, atuando na perspectiva de mostrar que há coisas boas da vida a serem escolhidas.

O Proerd (Programa Educacional de Resistência às drogas e a

violência) chega para suprir necessidades onde a aç�áo ostensiva da

Pol�ñcia Militar n�áo consegue ser eficiente no combate imediato as drogas, em uma sociedade onde a curiosidade de crianças e adolescentes impera. A PM sentiu a necessidade de inserir-se no próprio universo do aluno, a sala de aula, e fazer valer uma frase bastante conhecida entre a garotada: "Drogas? Estou fora".

(...) � “ �uma filosofia pedagógica que se aproxima do objetivo

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principal da Pol�ñcia Comunit�Ýria: aproximar o público alvo dos policiais a fim de trabalhar o policiamento preventivo. "Não se evita a violência e o consumo de drogas apenas com o policiamento ostensivo nas ruas da cidade e nas portas dos colégios, com viaturas modernas e armas potentes. Pode também ser realizado preventivamente, com um giz, uma cartilha e bastante criatividade e senso de humor elevado", garante uma das coordenadoras do projeto, major Dielle Viana. (...)

Estimativa do Proerd mostra que 80% dos crimes urbanos

cometidos no Brasil possuem ligaç�áo com o consumo exagerado de entorpecentes.Em virtude disso, o trabalho preventivo em Sergipe cresce gradativamente. Em 2003, somente em Aracaju, 2755 alunos dos ensinos público e privado foram contemplados com as aulas dos policiais militares.

No segundo semestre, os Instrutores do Proerd chegaram em munic�ñpios do interior do Estado (...).

Para o desenvolvimento do projeto s�áo necessários apenas quatro pré-requisitos: interesse da rede de ensino, material didático (cartilhas, crachás, caixinha de perguntas), autorização dos pais e agendamento das aulas. No caso do Policial Monitor, não pode beber nem fumar, e a conduta moral têm que ser exemplar.

Para a garotada, o Proerd é muito mais que uma instruç�áo em sala de aula, mas um exemplo de vida. "Os policiais me ensinam a eu não deixar me influenciar pelas pessoas que querem que eu consuma drogas", diz o estudante da Escola Carvalho Neto, localizada no Bairro América, Manoel Vítor, 14 anos.Quando perguntado qual a sensação de receber aulas de um policial fardado ele é enfático. "No inicio foi difícil, mas, hoje me sinto muito bem. Já vi meninos usando drogas, vou tentar passar o que eu aprendi aos meus amigos", declara Manoel Vítor. Já para Marcela Renilda dos Santos, aluna do colégio Tancredo Neves, há muito não se divertia tanto em sala de aula. Os policiais desenvolvem atividades como teatro, poesia, música, dança, jogral, a fim de destacar o grau de envolvimento da criança com o aprendizado.

Os professores do ensino fundamental acreditam que as aulas são providenciais para a formação das crianças. "O objetivo das escolas é dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelos policiais militares", disse a professora da 4ª série, Sandra Augusta de Oliveira Lobo, ressaltando que a metodologia usada pelo monitor é muito eficiente, dinâmica e envolve os alunos de tal maneira que eles não se sentem constrangidos com a presença do policial fardado. "O engraçado é que cai por terra o estereótipo que nós temos sobre a atividade policial", garante a professora.

Como se pode notar, a atividade do Proerd está em todo o

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Brasil, com o intuito primordial de manter as crianças de bem com a vida. Para isso, são necessárias parcerias como as efetuadas em Aracaju e em outras cidades de Sergipe.

Uma peculiaridade do Proerd é o fato de sua implementação ser padronizada em todo o território nacional. Isso não implica o engessamento do programa, haja vista, os regionalismos serem respeitados. Contudo, percebemos uma interação entre os policiais dos vários estados brasileiros com conduta ilibada e possibilidade real de aprimoramento para melhoria do serviço e aperfeiçoamento para que possam chegar cada vez mais perto da meta de manter crianças e adolescentes longe das drogas.

Estudos realizados por instituições de ensino superior em diversas localidades do Brasil dão conta da importância do Proerd. Estados como São Paulo, Acre, Paraná, Santa Catarina, dentre outros, têm estudos que comprovam a importância do programa em âmbitos específicos de prevenção às drogas e à violência, além de elevar a auto-estima dos alunos.

Como forma de mostrar os estudos realizados sobre o Proerd pelo Brasil, resolvemos expor, nas linhas abaixo, o resumo de três dissertações de mestrado que enfatizam a atividade do programa. A primeira foi escrita por Jandicleide Evangelista Lopes, a segunda por Deise Rateke, e a terceira por Dalton Gean Perovano.

Em estudo realizado por Jandicleide Lopes foram analisadas as representações de prevenção ao abuso de drogas e a produção dessas representações feitas pelas professoras das salas de aulas referentes ao treinamento do PROERD, em 2003. Lopes estudou a concepção dos Instrutores Proerd do Paraná sobre sua formação. No estudo de caso que realizou, ela constatou que as policiais do Proerd envolvidas na ação de educar de forma social, estavam mais interessadas em repassar o conteúdo do currículo que, mesmo, interagir e buscar melhorar o tipo de abordagem. Para a autora, no discurso do Proerd em Curitiba, as drogas sempre são vistas como algo negativo e a possibilidade de seu uso é iminentemente estimulada a ser rechaçada.

(...) Como referencial teórico utilizou-se a teoria da Representação Social de

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MOSCOVICI em articulação com a perspectiva Histórico-Social de VIGOTSKY sobre a produção de sentido, para poder se apreender o movimento entre o concebido e o vivido e suas implicações nas práticas cotidianas. Por meio dessa abordagem foi possível verificar como o professor pensa a prevenção (o conteúdo das representações) e situa esse conhecimento no cotidiano escolar (a prática advinda das representações e que instituem, ao mesmo tempo, estas representações) como, também, verificar o movimento de produção dessas representações na dialética do individual/social. Embora diversos trabalhos abordem o tema da prevenção ao abuso de drogas, não encontramos trabalhos que explicitassem as representações e sua produção, principalmente na perspectiva de professores que participam de um programa como esse. A pesquisa desenvolveu-se em uma escola pública estadual de um bairro da cidade de Curitiba, constituindo-se em um estudo de caso. A metodologia, numa perspectiva de análise qualitativa, se constituiu de observação direta em sala de aula dos treinamentos do PROERD, análise documental das apostilas do programa, do projeto político pedagógico da escola pesquisada, além de entrevistas semi-estruturadas com as cinco professoras, onde se coletaram informações acerca dos dados pessoais, referentes à formação profissional, experiências profissionais, sobre a percepção das mesmas a respeito do PROERD, das drogas, e da prevenção na escola. O tratamento dos dados se deu pela análise de conteúdo proposta por BARDIN. O resultado nos mostra que a prevenção ao abuso de drogas não se apresenta como foco principal de intervenção dessas professoras [Policiais Proerd], pois elas estão bastante envolvidas em repassar o conteúdo do currículo básico e não se consideram competentes para lidar com esta temática [drogas]. No entanto, as imagens associadas às drogas e a prevenção estão sempre ligadas à concepção sempre negativa. Elas possuem informações sobre a questão do uso e do abuso de drogas, porém elas desconsideram o tripé sujeito-droga-contexto social. Tudo isto faz parte da representação que elas possuem do indivíduo usuário de substâncias. A representação de prevenção ao abuso de drogas das professoras orienta ações voltadas para o combate às drogas, realizadas ou não por elas. Elas não estão sendo estimuladas a ultrapassarem este tipo de abordagem. Pelo contrário encontram respaldo no próprio discurso e prática do PROERD. A ausência de um espaço para interlocução a respeito da temática em questão na escola inviabiliza uma superação deste paradigma. (grifo nosso).

O resumo do trabalho de Lopes mostra a necessidade urgente

12 As representações sociais de prevenção ao abuso de drogas dos professores do ensino fundamental: um estudo de caso. UFPR, 2003.14 A Escola Pública e o Proerd: tramas do agir policial na prevenção às drogas e às violências. UFSC, 2006.15 Concepção dos Instrutores do programa educacional de resistências às drogas e à violência sobre a sua formação. UFPR, 2006.

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de melhor qualificação dos policiais Proerd. Não tentamos aqui julgar todo o Brasil pelo Paraná, tendo em vista a diversidade de formação entre os policiais, sejam eles Instrutores, Mentores ou Masters. Contudo, convém fazermos uma reflexão: “Se no Paraná, que tem um Centro de Formação atuando em parceria com Santa Catarina, os policiais Proerd não se sentem seguros do que estão fazendo, não seria hora de rever os conceitos e tentar corrigir as falhas?”.

Os estudos de Lopes estavam certos, havia a necessidade premente de melhor qualificação tanto do conteúdo do programa quanto da formação dos policiais Instrutores do Proerd e essa parceria entre a Universidade Federal do Paraná e Proerd deu certo.

Três anos depois, em 2006, Perovano fez um outro estudo sobre o Proerd Paraná. Ele buscou explorar o olhar dos Policiais Proerd sobre si mesmos, suas concepções de formação e a necessidade de melhorar a prática pedagógica desse profissional.

A dissertação intitulada "Concepção dos Instrutores do programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - Proerd sobre a sua formação", caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo, que tem por fim estudar o policial militar do que atua no Proerd do Paraná, através do olhar sobre si mesmo, suas concepções de formação e a necessidade de melhorar a prática pedagógica desse profissional. O trabalho procurou demonstrar que os Instrutores do PROERD, a partir de sua formação inicial, possuem necessidades e expectativas que poderão contribuir para o aumento de seu nível profissional. Foi realizada a comparação de teorias e práticas da educação para a constituição desse profissional, pois a formação desse educador exige um saber profissional específico, assim como procurou demonstrar quais estratégias de ensino serão necessárias e poderão contribuir para a melhora na compreensão e aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem do educador do Proerd e de seus educandos (...). No trabalho foram enfocados aspectos acerca de educação preventiva, políticas públicas sobre drogas, formação de educadores sociais e, assuntos que encontram comum ligação com os temas principais, como adolescência, família, formação de professores, e outros. O trabalho teve como premissa que o educador do PROERD percebe que a sua formação inicial não alcança as necessidades cotidianas para a sua prática docente, pelas lacunas no seu conhecimento profissional, necessitando de conhecimentos

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psicopedagógicos, do conteúdo didático e da leitura teórica do contexto social. (grifo nosso).

O Proerd Paraná aperfeiçoou seus policiais e melhorou a qualidade de seu programa, tanto que se tornou referência nacional. A partir dos estudos realizados, os Policiais Proerd foram considerados educadores sociais, o que os qualifica não apenas como Policiais Militares empenhados em suas funções, mas como cidadãos que atuam em busca de melhores condições sociais de convívio para todos.

Também foram realizados, em Santa Catarina, estudos sobre o Proerd. Deise Rateke investigou e buscou compreender o que torna a Polícia Militar responsável por implementar um Programa de combate às drogas e às violências. Em seu trabalho ela não julgou o Proerd, antes, achou necessário problematizar seu currículo.

(...) O objetivo que orientou minhas ações nesse período foi

compreender o que torna a Polícia Militar responsável por implementar, nas escolas públicas, um Programa de combate às drogas e às violências. E ainda, nos espaços escolares, alinhavar os significados expressos nas formas como a comunidade escolar tecia suas impressões sobre o cotidiano deste Programa. Como um Estudo de Caso, a abordagem se pauta num recorte etnográfico e qualitativo, onde os meus olhares estiveram atentos ao rigor do trabalho de campo e da construção dos referenciais que animaram os esforços para construir as sínteses explicativas. Tais sínteses contemplam as observações implicadas no âmbito do empírico e as trocas dialógicas com os sujeitos envolvidos nesse estudo. A partir dessa experiência, assumi como perspectiva para construir as reflexões desta pesquisa considerar as drogas, e as violências, fenômenos plurais, cujas práticas e manifestações são tecidas por uma multidimensionalidade de aspectos que são, a um só tempo, visíveis, ambíguos, dispersos, escondidos, fluídos, de cores e sinuosidades que não permitem uma apreensão conceitual única e universal. Nesse movimento fui tecendo a minha dimensão pesquisadora, curiosa e em parceria com os fios que tramaram a pesquisa, mesclando os registros pela interlocução com a minha trajetória e pela convivência com a comunidade observada: uma comunidade inserida em duas escolas públicas, de Ensino Fundamental, localizadas no entorno da favela. Mergulhada nesse cenário, organizei as explicações em torno de como, e porque, o PROERD se consolidou como um Programa de prevenção às drogas e à violência.

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Nessa trajetória de ir a campo, estudar o conteúdo das fontes documentais, conversar com os profissionais da escola e da instituição militar, observar, com olhos implicados, os sem-fins do cotidiano, fui conhecendo, aos poucos, o enredamento provocado pela ambigüidade das tramas do agir policial. A pesquisa evidenciou, entre outros aspectos, que há, na proposta do Programa, um interesse pastoral, disciplinador e racional, guiado por uma crença na sua missão salvacionista para “tirar” os meninos e as meninas do mundo do mal. Como um Programa preventivo, é atravessado por um agir de controle das crianças e jovens, ordenando modelos adequados de conduta social. Paradoxalmente, nesse universo muitos policias militares, como aqueles que foram partícipes dessa pesquisa, evidenciaram o desejo de criar alternativas educacionais para provocar mudanças na realidade com a qual convivem, e a qual afirmam não tolerar. Mostram-se como “pastores” ávidos por construir uma afetividade que os faça se sentirem especiais diante da comunidade onde atuam. Ao invés de julgar o Programa, nessa dissertação assumi como responsabilidade ética problematizar as dinâmicas entrelaçadas nos sentidos de prevenção que ele anuncia, enfatizando a crítica aos fundamentos epistemológicos do currículo PROERD. (grifo nosso).

Rateke partiu de um estudo das escolas na favela, atuou diretamente buscando conhecer o Proerd, e, por fim, tentou mostrar os pontos fortes do programa e os pontos a crescer.

Em vários estados brasileiros se pode ver a eficiência do Proerd e como esse programa tem se destacado em meio a outras dezenas de programas de prevenção às drogas e à violência.

No vizinho estado de Rondônia, o Proerd também é destaque. Na 8ª semana nacional anti-drogas, realizada naquele estado, com o tema: Rondônia pela paz e pela Vida, o Proerd não apenas se fez presente, mas também foi homenageado.

Na abertura da 8ª Semana Nacional anti-drogas, que teve início hoje, 19, às 8h30 no auditório da OAB em Porto Velho, Rondônia e prossegue até o dia 26 deste mês, O Proerd – Programa de Combate e Resistência às Drogas da Polícia Militar de Rondônia, recebeu o diploma “Mérito pela Valorização da Vida”, outorgado pelo gabinete Institucional da Presidência da República, através da Secretaria Nacional anti-Drogas. A entrega foi feita ao major PM Cleudemir Holanda de Castro, diretor do programa em Rondônia, pelo secretário chefe da Casa Civil do governo do estado, major PM Antiógenes Borges Lessa (PMRO, 2007).

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As Polícias Militares de Pernambuco e do Distrito Federal têm dados levantados sobre suas atuações no que concerne ao Proerd.

Em ambas as Polícias, assim como nas outras estudadas até o presente momento, os altos índices de violência relacionados com o uso e o tráfico de drogas, sempre constam como fatores que são preponderantes para as atividades consideradas de risco, e, portanto, necessitam de ação política preventiva atuante de forma primária que seja eficaz. Com isso, foram implementados alguns programas sociais de caráter preventivo, como o Proerd, no qual o policial atua como um educador social.

A PMPE apresentou dados da Universidade de São Paulo, segundo os quais a implantação do Proerd vem alcançando os resultados esperados no comportamento das crianças, fazendo com que elas fiquem “menos briguentas; mais calmas e disciplinadas; mais participativas; mais questionadoras e críticas; e ainda, voltadas para a cidadania e para ajudar o próximo” (PMPE, 2007).

Ao mesmo tempo, projeta-se que com a percepção mútua entre comunidade/Polícia, resultante da implantação do Proerd “o policial será visto como referência ética pela comunidade; a comunidade legitimará e confiará nos operadores de segurança” (PMPE, 2007).

De forma geral, podemos dizer que os eixos norteadores das atividades exercidas pelo programa Proerd com os alunos das 4ª séries do Ensino Fundamental, são:

• Auto-revelação: construir confiança nos relacionamentos pessoais;

• Intuição: identificar reações emocionais (próprias e das outras pessoas);

• Auto-aceitação: reconhecer suas falhas e virtudes; • Responsabilidade pessoal: assumir responsabilidade

sobre suas ações;• Assertividade: declarar sentimentos sem raiva ou

passividade; Dinâmica de grupo: trabalhar de forma cooperativa;

16 Informações obtidas do Site da Polícia Militar de Rondônia.

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• Solução de conflitos: saber solucionar conflitos interpessoais, “lutando” limpo com as outras pessoas.

• Autoconsciência: observar-se e reconhecer os seus próprios sentimentos;

• Tomada de decisão pessoal: examinar e reconhecer as conseqüências de suas próprias ações;

• Lidar com sentimentos: compreender o que existe por trás dos sentimentos e lidar com situações que envolvam medo, ansiedade, raiva e tristeza;

• Lidar com tensão: aprender técnicas de relaxamento; • Empatia: reconhecer as diferenças com que as pessoas

enxergam cada situação e que comportamentos adotam; • Comunicação: tornar-se um bom comunicador: saber ouvir,

falar de sentimentos, questionar; Dados como os anteriormente expostos mostram a atuação do

Proerd em vários estados da Federação. Muitas são as atividades meritórias e dignas de destaque, entretanto, para não perdermos o foco dos estudos ao qual nos propusemos e corrermos o risco de apenas citar outros estados, preferimos afirmar existirem atuações múltiplas do Proerd em todo o Brasil; contudo, aqui mostramos apenas algumas das dezenas de performances do programa e estudos realizados sobre o mesmo.

Diante dos dados apresentados pelos vários estudos realizados acerca do Proerd, chama a atenção o fato de todos abordarem um ponto comum: o Proerd é um programa que tem seu valor, todavia, há a necessidade social de aprimoramento tanto de seu conteúdo quanto de seus policiais Instrutores.

17 Dados obtidos junto à Polícia Militar de Pernambuco

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O PROERD NO ESTADO DO ACRE

CAPÍTULO V

Fatos e feitos do Proerd no Acre

O Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD – é a versão brasileira do programa norte-americano DARE – Drug Abuse Resistance Education, surgido em 1983, numa parceria entre o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Distrito Escolar daquela cidade. Este esforço cooperativo foi guiado por dados estatísticos que mostraram alta eficiência em programas de prevenção baseados na tomada de decisões, estabelecimento de valores, resolução de problemas e estilos de vida positivos.

Da Califórnia o programa D.A.R.E. se expandiu para todos os estados norte-americanos e para mais de quarenta países. No Brasil, o programa foi implantado em 1992, pelo D.A.R.E. – AMÉRICA e D.A.R.E. – BRASIL, contando, hoje, com 03 cursos: Proerd para 4ª

ae 6 séries do Ensino Fundamental e Curso Proerd para Pais. Atualmente, é um programa executado pelas Polícias

Militares e Corpos de Bombeiros Militares, estando subordinado ao Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, conforme Regimento Interno da Câmara Técnica de Estratégias de Prevenção às Drogas e à Violência, de 02 de novembro de 2004. No Acre o Proerd é executado pela Polícia Militar, através de sua Diretoria de Ensino e Instrução, na Capital; e, pelos Batalhões, Companhias, Pelotões e Grupamentos, no Interior do Estado, sendo que, os policiais do Proerd nessas localidades respondem legalmente a seus comandantes diretos e no que se refere ao programa, respondem à Coordenação do Proerd na Capital.

No estado do Acre, o Proerd foi implantado no ano de 1999. Desde esse tempo, a PMAC tem seu programa de prevenção reconhecido e prestigiado, seja através de premiações ou de menções públicas. O Proerd-Acre foi regulamentado pela Diretriz

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nº 001/3ª EM/PM/01, conforme Portaria nº 023/3ª EM/PM/01, tendo como referências legais a Constituição da República Federativa do Brasil – 1988; a Constituição do Estado do Acre – 1989; o Decreto Lei Federal nº 6.368/76, regulamentado pelo Decreto n.º 78992/76.

Em junho de 2002, a PMAC, através do CONEN, foi agraciada pela SENAD, com o certificado “Valorização da Vida”, com o título de melhor programa, no Estado do Acre, aplicado na prevenção do uso e abuso de drogas ilícitas – o Proerd.

Quatro meses depois, em outubro de 2002 a Exmª Srª Maria Eunice Abdanur, secretária da Embaixada Americana no Brasil, em visita oficial a Rio Branco-AC, agendou compromisso com o Comandante-Geral da PMAC, Cel. PM Alberto Camelo, com a finalidade de enaltecer o brilhante trabalho que vem sendo realizado por profissionais da Polícia Militar no combate ao uso e abuso de drogas.

Em dezembro de 2002, foi enviada à Polícia Militar, uma Carta de Recomendação pelo Governador em exercício, Sérgio de Oliveira Cunha (Petecão), parabenizando e agradecendo o empenho, a dedicação e o incansável trabalho desenvolvido pelos Proerdianos da Polícia Militar do Estado do Acre.

Em setembro de 2007, a Câmara de Vereadores de Rio Branco, homenageou o Proerd com o uma Moção de Louvor, “pela dedicação voltada a tornar nossas crianças e adolescentes menos vulneráveis às drogas e à violência, e pela compreensão de que a prevenção através da formação é a forma mais eficaz de proteger nossa sociedade”. Essa Moção foi apresentada pelo Vereador Pascal Khalil e assinada por todos os vereadores presentes.

O trabalho educativo realizado pelo Proerd/PMAC tem alcance social fenomenal. Como resposta aos benefícios advindos desse trabalho, a sociedade acreana vem reconhecendo as ações do programa e solicitado incessantemente a presença dos Policiais Proerd para proferirem palestras em diversos locais da cidade. O aumento da demanda de procura pelo Programa, muitas vezes, nos impossibilita em atender aos pedidos, tendo em vista que temos

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somente 23 policiais Proerd na Capital.O reconhecimento de nossa comunidade é refletido através

dos inúmeros elogios feitos pelos pais dos alunos atendidos pelo o Programa.

A Policia Militar, juntamente com as parcerias, já diplomou mais de 46.600 crianças e adolescentes no Proerd no período de 1999 a 2006.

Anualmente, para o início das atividades letivas é realizada uma reunião com os gestores das escolas das quatro redes de ensino (Federal, Estadual, Municipal e Particular), onde é exposta a responsabilidade das parcerias. É realizada, ainda, uma reunião com professores/gestores sobre as atividades desenvolvidas na sala de aula.

As escolas, sejam elas públicas e/ou particulares, podem participar das ações do Proerd, procurando o Quartel do Comando Geral da Policia Militar, ou entrando em contato com o Departamento de Ensino e Instrução, pelo telefone (68) 3227 - 1569.

Teoria do programa e relações de causalidade

Existem algumas teorias utilizadas pela Polícia Militar do Acre para a aplicação do programa Proerd. Muitos jovens se envolvem cotidianamente com atos violentos e com o tráfico e consumo de drogas. A Polícia Militar apresenta-se como principal instituto na punição do crime e na prevenção, valendo-se das rondas ostensivas. Entretanto, é sabido que a sociedade não gosta da repressão, tanto por sua ineficiência em grande parte dos casos quanto pela necessidade do uso da força. Por isso, a saída encontrada pela PMAC foi de adotar programas preventivos como o Proerd, que educam para prevenir e como efeito posterior, e em um primeiro momento não intencional, promove a reaproximação entre sociedade e Polícia.

O Fluxograma a seguir, mostra de forma simplificada, a relação que direciona a teoria do programa.

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Fonte: Diretoria de Ensino da PMAC.

A escola é uma parceira fundamental na aplicação do Programa. Após a Diretoria de Ensino e Instrução da PMAC divulgar o calendário anual de atividades aos diretores e gestores de escolas, estes solicitam o atendimento de suas escolas pelo programa. Pelo fato de o número de Instrutores ser reduzido, a Polícia faz um sorteio para saber que escolas serão atendidas, de acordo com o efetivo de cada município. Assim, escola e Polícia põem em prática o protocolo de intenções firmado pelo Comando da Polícia Militar com a Secretaria Estadual ou Municipal de Educação. No caso das escolas particulares, o protocolo de intenções é assinado com cada instituição. A partir de então, escola e Proerd

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organizam o cronograma de aulas para receberem o policial Instrutor.

Fortalecendo as ações do Proerd

Os índices de violência em todo o Estado do Acre são preocupantes, se considerarmos o número de habitantes e os tipos de ocorrência, essa situação se reflete no número de jovens menores de 26 anos que se encontram detidos no sistema penitenciário estadual.

Diante do crescente poder de atração das drogas, que iludem e enganam nossas crianças e adolescentes, as organizações governamentais relacionadas direta e indiretamente a segurança pública têm se empenhado de várias formas, a fim de coibir as ações criminosas, que de uma forma assustadora destroem nossa sociedade.

Todas essas ações têm apresentado efeitos positivos, porém, não bastam, face à ousadia e sofisticação do crime organizado em nível internacional e nacional. Além disso, os problemas que envolvem a questão das drogas não podem ser tratados apenas através da repressão policial, pois esta só consegue reduzir a oferta. É preciso também, através da prevenção, diminuir a demanda pelas drogas, para aumentar as chances de sucesso no enfrentamento do problema.

O estado do Acre tem 71,90% de sua extensão territorial composta por áreas de fronteira com a Bolívia e o Peru, países reconhecidamente exportadores de tóxicos. Essa situação o coloca na rota do narcotráfico internacional, deixando a juventude acreana ainda mais propensa ao perigo das drogas. O conhecimento dessa realidade conduz os órgãos responsáveis pela Segurança Pública do Acre à adoção de medidas de repressão qualificada e metodologias diferenciadas, pautadas na prevenção, capazes de atrair os jovens para a sociabilidade construtiva e solidária.

Segundo pesquisas realizadas pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas) o contato inicial dos

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adolescentes com as drogas é cada vez mais precoce, entre 10 e 14 anos de idade, constituindo-se no ponto de partida para o envolvimento de jovens com a criminalidade.

O Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) consiste em um esforço cooperativo da Polícia Militar, Escola e Família, para oferecer atividades educacionais em sala de aula, a fim de prevenir ou reduzir o uso de drogas e a violência entre crianças e adolescentes. Visa, sobretudo, a difundir uma cultura de paz e de valorização da vida, capacitando-os para promover tais valores em seu ambiente de convívio social.

O programa é pautado numa metodologia lúdico-educativa direcionada a crianças de 9 a 12 anos de idade, a fim de formar no jovem uma personalidade resistente à influência de traficantes, no momento mais propício e de forma eficaz, antes do contato inicial com as drogas. A metodologia do PROERD visa à formação de uma personalidade resistente à oferta de drogas e à prática da violência entre as crianças e adolescentes, mediante um trabalho educativo em conjunto com a escola, professores e familiares, estreitando a parceria entre a Polícia e a comunidade.

Ao final do semestre letivo, a equipe do Proerd, juntamente com a direção das escolas, organiza a cerimônia de formatura das turmas concludentes em local definido em comum acordo. O evento consiste na entrega do certificado de participação Proerd (modelo em anexo) e leitura das melhores redações elaboradas pelos alunos sobre o que aprenderam com o PROERD e alguns prêmios aos alunos destaques.

Através de atividades lúdico-educativas, os Instrutores promovem a interatividade entre o grupo de alunos, fortalecendo a amizade e o companheirismo, além de estimular o bom relacionamento com os professores e os familiares, com noções de ética e cidadania que orientam sobre os malefícios do envolvimento com grupos de gangues e atividades ilícitas. Vale ressaltar que a presença de policiais no estabelecimento escolar, em contato direto com os alunos, professores, pais de alunos e a comunidade em geral já é um fator que inibe a aproximação de gangues e traficantes, além de facilitar a resolução de pequenos conflitos no local.

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Atualmente, o Proerd vem atuando não só com crianças que estejam matriculados na 4ª série do Ensino Fundamental, mas também com um novo currículo para adolescentes de 6ª série, com o intuito de solidificar os conhecimentos anteriormente adquiridos. Um outro foco de atuação do programa, atualmente, é o currículo para os pais, objetivando fortalecer os laços familiares e despertar os mesmos para a importância de construirmos uma sociedade mais justa e humana.

Atualmente, são 35 Instrutores (Policiais Militares rigorosamente selecionados e capacitados para o trabalho), que ministram as 17 lições que compõem o programa para alunos regularmente matriculados na 4ª série do Ensino Fundamental de Escolas Públicos e particulares em todo o Estado; e 5 qualificados a trabalharem com o currículo para 6ª série e dos pais, número insuficiente para atender a essa nova demanda de pais e da 6ª série.

A Coordenação do Proerd funciona no Departamento de Ensino e Instrução da Polícia Militar do Acre, apresentando carência de estrutura, tecnológica, logística e de transporte, para o desenvolvimento de suas atividades. À medida que o Proerd amplia o número de escolas e alunos atendidos, cresce a necessidade da formação de um banco de dados informatizado, que possibilite o controle e acompanhamento das ações do Proerd – especialmente no interior do Estado.

No período de 1999 a 2006, o Proerd atendeu 46.600 alunos participantes no Estado do Acre. A cada ano, além do interesse pela continuidade do programa, aumenta também o número de diretores que solicitam a aplicação do Proerd em seus estabelecimentos de ensino, tanto do currículo de 4ª série como do de 6ª série e dos pais, tendo em vista a melhoria no comportamento dos alunos participantes do programa, e a melhoria no relacionamento entre pais e filhos, aspecto observado por professores e familiares.

Esses registros, no entanto, ainda não estão disponíveis como fonte de informação científica para um estudo oficial acerca da dinâmica da violência antes e após a intervenção do Proerd nas escolas onde o programa é aplicado. Isso se deve à falta de estrutura apropriada e de equipamentos de informática específicos para a

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equipe Proerd. Vale ressaltar que os equipamentos e materiais permanentes

ora pleiteados, têm como objetivo não apenas otimizar o trabalho realizado pelos Instrutores nas escolas, mas também formar um banco de dados informatizado, onde a Coordenação poderá acompanhar as atividades desenvolvidas pelo programa na capital e especialmente no interior, através da elaboração de referências estatísticas e estudos sobre a evolução e desempenho do Proerd no Estado do Acre.

Desde sua implantação no Estado do Acre, em 1999, a equipe de Instrutores Proerd visita as escolas da capital e dos municípios do interior do Estado, conscientizando a comunidade escolar acerca da importância do trabalho preventivo ao consumo de drogas junto às crianças, levando como alternativa a proposta de ministrar o programa para os alunos pertencentes à 4ª e à 6ª série do Ensino Fundamental e currículo dos pais. O programa atende especialmente a este grupo devido ao fato da maioria dos alunos estarem na faixa etária de 9 a 12 anos de idade e no período de adolescência, época em que muitos jovens usuários tiveram contato inicial com as drogas através de ofertas de colegas ou traficantes. Esta é uma das estratégias adotadas pelo Proerd em âmbito nacional no combate ao uso abusivo de entorpecentes.

No período de implantação do programa, apenas um número pequeno de escolas públicas contavam com Instrutores Proerd. A partir de 2001, as escolas particulares também aderiram ao programa, ampliando a demanda de escolas e o número de crianças atendidas e a partir de 2007 passamos atender alunos de 6ª série e também os pais com cursos especifico.

Até o ano de 2009, o Proerd espera atender 90% das escolas do Acre, com especial atenção às escolas localizadas em municípios fronteiriços, apesar das dificuldades de locomoção em determinadas épocas do ano. Com o objetivo de ampliar o atendimento em todo o estado, foi realizado, em 2006, o 3º Curso de Formação de Instrutores Proerd. Apesar do acréscimo de novos Instrutores, ainda necessitamos capacitar no mínimo mais 35 Instrutores e atualizar os demais nos novos currículos. Vale salientar

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a rotatividade dos Policiais, que por motivos diversos são desligados.

Proerd e estratégias Preventivas

Faz-se necess�Ýrio adotarmos a política da prevenção, atacarmos as causas ao invés das conseqüências. Para isso acreditamos que agir na formação do jovem, através da educação, no momento mais propício e de forma eficaz, é uma das possíveis saídas para eliminar esse problema t�áo grave e que atinge todas as camadas sociais. Equipar os jovens e adolescentes com os conhecimentos necessários para que compreendam quais os malefícios que o uso de drogas pode lhes trazer, e, portanto, tenham uma maior consciência acerca do assunto e de suas escolhas, pode ser um caminho promissor a ser seguido.

Dentre algumas estratégias adotadas pela pol�ñtica de combate às drogas, nota-se que as principais medidas sempre estiveram centradas na repress�áo. Porém, têm-se constatado que tais medidas não tem tido tanta eficácia e que, por sua vez, são bem mais dispendiosas do que as ações centradas na prevenção.

Podemos apontar, também, a quest�áo do tratamento que é oferecido aos dependentes das drogas como uma das medidas que têm sido adotadas pelo modelo atual de combate. Porém, n�áo é interessante nos limitarmos a medidas paliativas ao lidarmos como um problema t�áo complexo como este, do qual só temos uma certeza: � “ �preciso haver informação e orientação.

Nessa linha de pensamento é que atua o Proerd da Pol�ñcia Militar do Estado do Acre, tendo por finalidade trabalhar junto à comunidade escolar na prevenç�áo ao uso e abuso de drogas, bem como evitar o envolvimento dos alunos em situaçe�õs de violência.

Dos 22 municípios que compe�õm o Estado do Acre, o Proerd já atendeu a vinte deles, não tendo chegado a apenas dois munic�ñpios – Jord�áo e Marechal Thaumaturgo. O programa possui em todo o estado 71 policiais qualificados a trabalhar com crianças que estejam regularmente matriculadas na 4� ë �e na 6ª série das escolas,

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estaduais, municipais, federal e particulares. Atualmente 36 Instrutores est�áo aplicando o currículo do Proerd nas escolas. Além dos alunos, o Proerd também atua com o “Curso de Pais” e a disciplina “Noçe�õs de Prevenção às Drogas e relacionamentos interpessoais/Proerd”, para Policiais Militares em curso de formação. A atuaç�áo dos Policiais Instrutores ao desenvolverem esse trabalho visa a formar, nos alunos, defesas para as poss�ñveis abordagens de pessoas envolvidas com drogas e violência. Outro objetivo é mostrar-lhes alternativas saud�Ýveis que os façam se relacionarem melhor com seus pares e com a sociedade em geral.

Durante a aplicaç�áo do Proerd, nota-se que h� Ý �realmente dedicação das crianças e adolescentes em aprender e em conseqüência disso ocorre o envolvimento da família. A abrangência do programa vai muito além da sala de aula, ele forma valores e atinge a prp�ôria família dos alunos, levando a mensagem esperança e construç�áo de uma vida melhor e mais saud�Ývel.

Todas as informaçe�õs são levadas às crianças e adolescentes para que possam construir, juntamente com o policial Instrutor, o conhecimento acerca das tem�Ýticas que visam mantê-los de bem com a vida. E todo esse processo que envolve o programa Proerd é levado aos alunos sem ônus para fam�ñlia.

O Proerd tem seus objetivos geral e específicos pré-definidos e padronizados em todo o Brasil, concomitantemente a estes e, em muitos dos casos, indissociados desses o Proerd do Acre almeja:

a) Conscientizar as crianças e os adolescentes passando-lhes orientações referentes às drogas, suas conseqüências e seus males;

b) Auxiliar aos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, mediante as explanações e exposições sobre o uso e abuso de drogas, bem como a reconhecerem e resistirem às pressões diretas ou indiretas que possam influenciá-los a experimentar o álcool, cigarro, maconha, inalantes, outras drogas ou mesmo se engajarem em atividades violentas;

c) Oferecer estratégias preventivas que favoreçam o desenvolvimento da auto-estima e da resistência em jovens que

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poderiam correr o risco de se envolverem com as drogas e atividades ilícitas;

d) Gerar oportunidade de debates e discussões com a comunidade escolar e com os pais visando acentuar uma conscientização quanto à problemática das drogas;

e) Obter condições para qualificar o Instrutor Proerd objetivando o enriquecimento do trabalho de modo que ele possa não só oferecer palestras, mas também participar de amplos debates e discussões abrangendo o tema;

f) Prover os Policiais Instrutores do Proerd de uma quantidade mínima de recursos e materiais didáticos que lhes permitam realizar palestras educativas para os adolescentes;

g) Fornecer suporte técnico e didático para os Instrutores.h) Assegurar a qualidade do programa mediante recursos

lúdicos que promovam maior interatividade com os alunos, bem como, tornar as atividades realizadas em sala de aula mais atrativas e motivadoras para as crianças.

i) Promover a conscientização da sociedade em geral a respeito de sua responsabilidade, como também, garantir seu apoio para o combate às drogas;

j) Divulgar o trabalho desenvolvido pela PMAC em parceria com as Secretarias de Segurança e de Educação junto à comunidade.

De acordo com a Constituiç�áo Federal do Brasil, em seu artigo 227, “é dever do Estado, juntamente com a fam�ñlia e a sociedade em geral, assegurar às crianças e adolescentes os direitos e as garantias fundamentais do ser humano”. Também a Constituição Estadual, em seu artigo 210, parágrafo único, prevê que “O direito à proteç�áo especial, conforme a lei, abranger�Ý, dentre outros aspectos, à criação de programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependentes de entorpecentes e drogas”.

Em conformidade com tais dispositivos legais, como também com o objetivo de contribuir para o alcance da superação do problema das “drogas”, a PMAC, juntamente com as Secretarias de Educaç�áo Estadual e Municipal, e ainda a maioria das escolas particulares de Rio Branco, vem desenvolvendo o Proerd.

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Esse programa veio em tempo oportuno, tendo em vista o uso abusivo de drogas por crianças e adolescentes e a relaç�áo direta desses fatores com a violência e a criminalidade. Além da gravidade, a quest�áo das drogas também afeta, infelizmente, todos os setores sociais, raças, credos e opçe�õs filosóficas.

Combater tal problema deve ser prioridade dentro dos planos de Segurança Pb�ølica. Dada a complexidade e amplitude do problema, acreditamos ser necessária uma aç�áo conjunta de todos os setores responsáveis pela conjuntura do conv�ñvio social.

Várias são as ações que já vêm sendo efetivadas no sentido de atender às pessoas que j� Ý �tiveram algum contato com o mundo das drogas. Porém, essas pessoas, basicamente, s�ô�têm se preocupado em realizar um atendimento ps�ô-contato com drogas, esquecendo que evitar tal contato, talvez, possa ser a atitude mais adequada. Dessa forma, assegurar o atendimento à criança e ao adolescente bem antes de estabelecerem um contato inicial, pode ser um caminho promissor na luta contra a dependência qu�ñmica.

Por possuir natureza ld�øico-educativa, a execuç�áo plena do Proerd requer por parte dos Policiais Militares Instrutores a utilizaç�áo de objetos de premiações para serem utilizados nas diversas atividades e dinâmicas desenvolvidas com os alunos, a fim de que as liçe�õs sejam ministradas de acordo com a metodologia aplicada no programa.

O Proerd-AC atende a todas as redes de ensino em que haja o atendimento a crianças e adolescentes, e, quando solicitado, atende a outras instituiçe�õs, sempre prevenindo os cidad�áos sobre envolvimento com as drogas e situaçe�õs de violência.

Assim, com o apoio das instituições responsáveis, através de estabelecimento de parcerias, buscamos oferecer à comunidade um trabalho que contribua para a construção de uma convivência social mais sadia.

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O PROERD EM RIO BRANCOCAPÍTULO VICAPÍTULO VI

De todas as cidades acreanas onde o Proerd atua, Rio Branco é onde o programa tem sido implementado com maior projeção. Um dos motivos para essa realidade é o fato de a Coordenação Estadual ter sede na Capital do Acre. Outro fator é a vontade de agir desses pequenos, mas abnegado grupamento de policiais que aplicam o programa em suas várias formulações. Ainda podemos destacar o fato de os policiais atuarem exclusivamente no Proerd, não cumprindo escalas em outros tipos de policiamento – exceto nos casos de atividades que reúnam grande aglomerado de pessoas e necessite de reforço de efetivo policial, como Carnaval, Expoacre, shows, etc.

Quadro operacional do Proerd: Rio Branco em destaque

A Coordenação do Proerd em Rio Branco responde por toda a atividade do programa no estado do Acre, servindo como base de apoio para os Policiais Proerd que atuam nos diversos municípios acreanos.

O Proerd acreano conta atualmente com um Coordenador Estadual, que é o Chefe da Diretoria de Ensino e Instrução, um Master (que atualmente está exercendo suas funções no município de Tarauacá), 11 Mentores, sendo que, destes, 09 estão na Capital; e 59 Instrutores, sendo que 15 destes atuam a partir de Rio Branco. Dos 71 policiais Proerd, 24 atuam na Capital, sendo 09 Mentores e 15 Instrutores.

Os Policiais Proerd em Rio Branco dão suporte para o bom andamento do programa no interior do Estado, sendo as localidades de Porto Acre, Bujari, Senador Guiomard, Humaitá, Campinas atendidas diretamente por policiais da Capital. Há, também,

18 O Proerd Acre tem em seus quadros 71 policiais aptos a atuar, contudo, apenas 35 estão atuando, enquanto 36 estão executando outros serviços para a Polícia Militar. Dos 35 policiais Proerd em atividade, 24 atuam a partir da Capital.

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policiais que são escalados para se deslocarem de Rio Branco e aplicarem o programa no interior.

Os policiais Proerd dos municípios, na medida do possível, se deslocam para aplicar o programa em localidades vizinhas, onde, pela distância, seria inviável enviar alguém da Capital para suprir as necessidades. Esses abnegados policiais saem de suas cidades no interior do Estado e se deslocam para outros centros em municípios vizinhos para verificar a ação e a interação do programa Proerd junto ao maior número de crianças possível.

O intento da Polícia Militar é ter ao menos um Instrutor Proerd em cada município acreano. Mas enquanto isso não ocorre, os policiais da Capital dão suporte ao programa nas demais localidades.

De acordo com demonstrativo de atividades do Proerd de 1999 até 2006, observamos um aumento considerável no número de Instrutores, embora, muitos deles, depois de formados, tenham se afastado do Proerd por falta de condições de trabalho, motivos de caráter particular ou afastamento a pedido dos Instrutores. Vários Instrutores nunca assumiram a função de Policiais Proerd de fato, embora o tenham sido de direito.

Em 2007, o Acre conta com 71 Policiais Instrutores, sendo que, desses, 35 estão atuando no programa e 36 não. Dos 35 policiais que atuam em todo o estado, 24 estão na Capital e 11 no interior. Ainda não foram concluídos os trabalhos letivos este ano, por isso, não é possível mensurar turmas e escolas atendidas.

Tabela: Demonstrativo das atividades Proerd por exercício – 1999/2006.

ANO

Policiais Proerd na

Capital

Policiais Proerd no Interior

Total de alunos

atendidos

Total de escolas

atendidas*

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* Várias escolas têm duas ou menos turmas de 4ª série, o que dificulta o deslocamento do policial para mais de uma escola por período do dia.

** Atuaram apenas no segundo Semestre.

Visão da Polícia Militar do Acre sobre o Proerd e seus Policiais Instrutores

O Proerd é o maior programa de prevenção às drogas desenvolvido pela Polícia Militar do Acre. O programa está presente em quase todos os municípios acreanos, contudo, percebemos que grande parte da corporação policial não conhece o programa, sua finalidade ou sua atuação.

Além de atuar com 4ª série, 6ª série e Escola de Pais, o Proerd inovou, criando o curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família – Proerd”, que foi aplicado no Curso de Formação de Cabos (CFC) da PMAC, no ano de 2007. O curso foi produzido em forma de palestras, num total de 12 horas/aula com os alunos-cabos da Capital e do interior do estado. A aceitação foi tão boa que o curso se tornou disciplina efetiva dos cursos de formação de praças na Corporação, a ser implementado em todos os cursos em tempo oportuno.

O curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família” foi direcionado ao efetivo da Polícia Militar presente no CFC 2007, oferecendo meios sócio-educativos para a redução do uso e abuso de drogas, buscando uma maior satisfação por parte do Policial em realizar seu trabalho e melhorar seu relacionamento funcional e familiar. Dessa forma, a Corporação Policial Militar foi beneficiada com um efetivo mais satisfeito com sua profissão, sua família e, consequentemente, com sua vida, melhorando a qualidade dos serviços prestados à sociedade.

Com a aplicação do programa, buscamos promover a conscientização dos Policiais Militares quanto aos malefícios que

19 As afirmativas aqui produzidas têm como base um estudo realizado com Policiais Militares da Corporação Policial Militar que cursaram o CFC 2007. Esses policiais são provenientes de várias Organizações Policiais Militares do Acre e responderam a um questionário proposto que foi devidamente autorizado pelo Diretor de Ensino da PMAC.

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as drogas causam na sociedade e no indivíduo. As atividades foram conduzidas no sentido de trabalhar habilidades que permitissem aos policiais resistir às ofertas e pressões ao uso de drogas e à prática de violência, no intuito de reduzir a demanda pela utilização de drogas junto à classe Policial Militar. Dessa forma, procuramos despertar nos policiais a consciência de sua participação na formação da personalidade de seus filhos e parentes próximos.

O objetivo geral do curso foi de promover a valorização do Policial Militar no ambiente de trabalho e na família, através de palestras, debates e dinâmicas de grupos, conteúdos relativos à prevenção às drogas, ao tratamento do usuário e ao relacionamento familiar do policial. Especificamente, intentamos identificar aspectos que fortalecessem a função Policial Militar e o relacionamento familiar; refletir os danos físicos, econômicos e sociais do uso e abuso de drogas, bem como demonstrar os benefícios de uma vida saudável. Outros pontos relevantes do curso foram: analisar o comportamento dos juvenis e adolescentes para melhor ajudá-los a resistir às pressões ao possível uso drogas; perceber os meios de obtenção de ajuda dentro e fora da Corporação com fins ao eventual tratamento do uso e abuso de entorpecentes; e, identificar as condições que promovem a violência intra-familiar, apresentando maneiras para evitá-la.

Alguém poderia se perguntar o porquê desse curso ser aplicado a Policiais Militares. É certo que vários são os problemas que, de maneira direta, prejudicam a vida e a função do Policial Militar em suas atividades diárias. Dentre eles podemos destacar o envolvimento com processos judiciais e criminais, doenças relacionadas ao estresse na função Policial, envolvimento com drogas lícitas e ilícitas, dívidas cumulativas, fragmentação familiar, pensões alimentícias, homicídios e suicídios. Dentre os diversos problemas que atingem os Policiais Militares, dois nos chamaram a atenção por acreditarmos que podemos contribuir para a minoração dos mesmos. São eles: o uso abusivo do álcool/psicotrópicos, e o número expressivo de suicídios cometidos por Policiais Militares nos últimos anos. Essas temáticas, que atingem diretamente a Instituição Policial Militar do Estado do Acre, nos levaram a refletir

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sobre a necessidade de atuação interna da Corporação para minimizar, e, em última instância, erradicar, essas situações degradantes aos seres humanos que exercitam a função Policial Militar.

Após o curso, fizemos um estudo com os policiais militares, onde eles deveriam responder um questionário informando o que pensam e que conhecimentos tinham ou adquiriram antes e após o contato com o Proerd.

A primeira pergunta diz respeito ao pretenso contato anterior que alguém da família do policial tenha apresentado com o programa Proerd. O resultado a que se chegou foi que apenas 49% dos policiais do curso CFC têm conhecimento do fato de alguns de seus familiares haverem sido alunos ou tido contato com o Proerd, enquanto 51% dos policiais afirmou não ter conhecimento de seus familiares haverem cursado o Proerd.

A segunda pergunta dava conta de como esses policiais viam os policiais do Proerd antes de conhecê-los no CFC. De acordo com as respostas obtidas, 63% dos policiais acreditavam que o Proerd é um “projeto” (e não um “programa”) que atua fazendo palestras para crianças. 23% dos policiais não conheciam as atividades de prevenção às drogas e à violência executadas pelo Proerd; enquanto 14% dos policiais acreditavam que os policiais Proerd são policiais que atuavam em um projeto que só existia no papel, e esses policiais continuavam no projeto porque queriam ficar longe das ocorrências relacionadas ao serviço operacional executado nas ruas de Rio Branco.

Quando indagados sobre o que pensam do Proerd, atualmente, 73% desses mesmos policiais afirmaram que o programa é muito importante, enquanto 22% afirmam ser muito bom e dinâmico, e, 5% afirmam que o programa ajuda com informações sobre o tratamento de dependentes químicos.

É interessante que os policiais do CFC afirmaram que o Proerd traz benefícios para a Polícia Militar do Acre. Quando foi pedido para que elencassem quais os benefícios que o programa traz, quase dois terços desses policiais afirmaram que após o envolvimento com o programa, eles melhoraram o relacionamento

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familiar, enquanto um terço afirmou que o programa auxilia no fortalecimento dos valores morais e éticos concernentes ao bom convívio no relacionamento entre policiais, ajudando inclusive os policiais que necessitam de tratamento ou que pretendem se manter longe das drogas.

Quando perguntamos aos policiais em que especificamente o programa Proerd lhes ajudou, para constar nos relatórios com fins a esse conjunto de palestras se tornar uma disciplina do CFAP, metade desses policiais afirmou que o Proerd é importante porque os ajudou a melhorar o relacionamento no ambiente de trabalho, enquanto a outra metade afirmou ter melhorado o relacionamento com a família e com a comunidade, mantendo-os de bem com a vida.

Com isso, podemos perceber que ainda há muito o que se fazer em termos de Proerd em Rio Branco. Dentro da própria Corporação Policial Militar, muitos ainda são os policiais que não conhecem o programa e não sabem sobre as atividades por ele realizadas.

Os alunos cabos do CFC 2007 tiveram uma experiência com o Proerd e aprovaram, contudo, outros policiais precisam conhecer o programa para aprender mais sobre prevenção às drogas e à violência, bem como, a valorização da sociedade como um todo, a começar pela família.

Visão das escolas sobre o Proerd e seus Policiais Instrutores

No intuito de alcançar a eficácia, bem como medir sua eficiência, a equipe Proerd, através de sua Coordenação, elaborou e executou uma pesquisa junto às escolas públicas das redes municipal e estadual de Ensino Fundamental. A pesquisa ficou restrita à área pública por termos encontrado dificuldades técnicas de atendimento a nossas necessidades em algumas instituições

20 As afirmativas aqui produzidas têm como base um estudo realizado com Diretores de escolas públicas estaduais e municipais de Ensino Fundamental, além de Equipes Gestoras e Professores de 4ª séries que atuaram nas escolas durante o período de aplicação do Programa Proerd. Esses servidores são provenientes de quinze instituições de ensino atendidas pelo Proerd e responderam a um questionário proposto que foi devidamente autorizado pela Secretaria de Estado de Educação.

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particulares que não disponibilizaram seus dados ou “dificultaram o acesso”. Não estamos com isso dizendo que a rede de ensino particular em nossa cidade não quis participar da pesquisa. Temos excelentes parceiros que atuam conosco há anos e pretendemos continuar com eles por décadas, todavia, não conseguiríamos o percentual necessário de informações para a pesquisa apenas com nossos “parceiros incondicionais”. Por isso, optamos atuar apenas na rede pública.

Dito isto, entramos em contato com a Secretaria de Estado de Educação, com as Gerências de Ensino Fundamental e Médio, com os diretores das escolas, equipes gestoras e professores, informando o intuito de averiguar as ações do programa, buscando conhecer como as escolas vêem o Proerd, bem como, sua eficiência e eficácia.

O grau de aceitabilidade da pesquisa superou nossas expectativas, com 100% das escolas nos atendendo de bom grado. Assim sendo, nessa fase específica da pesquisa foi aplicado um questionário com 32 perguntas, muitas delas propositadamente parecidas para percebermos as informações com maior precisão. O universo de escolas pesquisadas representa pouco mais de um terço das escolas públicas atendidas pelo Proerd em todas as regionais da Capital. O critério para a escolha foi o fato de ter havido e ainda haver turmas de 4ª série do Ensino Fundamental; ter recebido o programa pelo menos três vezes, o que mostraria uma continuidade dos trabalhos; e vontade de colaborar para a melhoria do Proerd em Rio Branco.

Todos que responderam o questionário semi-aberto atuam ou atuaram quando da execução do programa Proerd de 4ª série em suas escolas, sendo que, cerca de um terço atuou indiretamente e dois terços atuaram diretamente. Um terço dos entrevistados faz parte da equipe gestora da escola e dois terços são professores.

Quando indagados sobre a necessidade de programas de prevenção na localidade e na escola, quase totalidade dos entrevistados afirmou que seria bom, porque é preciso investir no futuro dos jovens, embora 2% acreditem que a situação não vai mudar; 98% das escolas acreditam que o Proerd é muito importante para a comunidade escolar. O Proerd é o único programa de

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prevenção às drogas e à violência presente em 92% das escolas; 8% das escolas são atendidas pelo Proerd e pelo DAE.

Em 70% das escolas, a aceitação do Programa é excelente, o que espelha o empenho de seus policiais em manter o alto padrão do programa com a comunidade escolar, em 30% das escolas a aceitação é boa e muito boa, não sendo constatado nenhum índice de desabono ao programa. De mesma forma, a receptividade da maioria absoluta dos alunos é excelente com relação ao programa. Com esses dados e resultados agora comprovados, a comunidade escolar anseia por expandir a ação do Proerd em suas escolas.

O Proerd prima pelo ideal de uma vida saudável, longe das drogas e da violência. Um percentual de 86% dos diretores, coordenadores e professores disseram ter notado a diminuição de atos agressivos no comportamento dos alunos que estudaram o programa. De acordo com a maioria absoluta dos entrevistados, seria ótimo se esse dado pudesse ser repetido através da aplicação do programa também nas 6ª séries e com os pais dos alunos, a comunidade escolar e a comunidade em geral ganhariam mais segurança e menos atos violentos.

Não estamos afirmando que o programa é a solução para os males e mazelas da sociedade, mas é um alerta, uma conversa franca, uma possibilidade de esclarecimento sobre as diversas práticas cotidianas que envolvem ou não a atividade de drogas e violência. A partir daí, o aluno toma sua decisão cotidianamente por fazer ou não uso de drogas, agir ou não violentamente. Mas esses atos agora serão conscientes de uma possível escolha contrária. O que não ocorre atualmente, em muitos casos, com crianças e adolescentes que não foram esclarecidos sobre esses fatos.

Antes do Proerd em mais da metade das escolas de Ensino Fundamental havia utilização esporádica de drogas, principalmente de cigarro, por professores, funcionários e alunos dentro das escolas. E em dois terços delas havia a utilização constante ou esporádica de drogas, principalmente cigarro e bebida, por professores, funcionários e alunos nas imediações das mesmas.

Após a implantação do Proerd nas escolas, 58% das escolas não apresentaram utilização de drogas, principalmente cigarro, por

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professores, funcionários e alunos dentro das escolas. Entretanto, em quase um terço delas, constatou-se que os funcionários, professores e alunos saem da escola para fumar fora dos portões, e em casos extremos, para “tomar uma” antes ou após o expediente.

Esses dados demonstram que não basta fazer um trabalho com as crianças, é necessário que a Polícia Militar, através da Polícia da Família, da Companhia Escolar, do Proerd, e de outros pelotões, atue com palestras, seminários e exposições sobre prevenção também com os funcionários e professores, além da comunidade em geral. De igual forma, é preciso que a Secretaria de Educação, a SECIAS e a Secretaria de Saúde atuem no sentido de promover um ambiente saudável para as crianças. Não basta proibir. Não basta baixar portarias. Existem várias leis sobre o assunto. É necessário tentar resolver o problema com propostas e discussões, auxiliando e não apenas determinando.

É fato que o Proerd atua em mais 80% das escolas públicas da Capital, embora seu objetivo seja atuar em 100%, não temos policiais suficientes para pôr em prática o programa em todas as escolas, tampouco, o Proerd para a 6ª série e para pais. Temos policiais formados, prontos para implementarem todos os programas, mas não adianta pôr em prática o que seria o complemento e deixar a base, a 4ª série, sem ser atendida.

Percebemos que para os agentes que atuam nas escolas, o fato de ter um parceiro com quem possam contar aumentou a expectativa quanto a seminários, oficinas, palestras e expressões de combate ao uso de drogas e prática de violência. Várias escolas que não comemoravam a semana anti-drogas, atualmente o fazem. É comum ver exposições e cartazes em murais alertando sobre a problemática. Isso demonstra que as escolas estão despertando para o que é uma tendência nacional, o fato de informar as crianças sobre os efeitos e as conseqüências de substâncias psicoativas.

A maioria absoluta dos entrevistados informou que o Proerd funciona em seus ideais de manter as crianças longe das drogas e da violência, seu conteúdo é adequado para as crianças, embora acreditem que há a necessidade de adequação da metodologia. 44% dos profissionais da educação que foram entrevistados acreditam

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que há a necessidade de adequação da metodologia aplicada. Vale ressaltar que a metodologia atualmente atualizada tem base no construtivismo e foi formulada especificamente para esse programa no Brasil por volta de 1992, de mesma forma há uma outra metodologia que está sendo testada em outros estados da nação, o chamado programa Proerd par 4ª série em 10 lições. Baseado na metodologia construtivista-interacionista, formulada para o programa em 2005. Contudo, essa ainda está em fase de teste em nosso estado.

Por ser um programa padrão das Polícias Militares do Brasil e registrado internacionalmente, não dá para mesclar o melhor de um com o melhor de outro programa Proerd. São dois os programas de 4ª série: o de 17 lições, menos dinâmico, porém com um acompanhamento maior por parte do policial que atua mais tempo nas escolas; e o de 10 lições, mais interativo, mais dinâmico, porém aplicado em um bimestre letivo. A sociedade precisará escolher ganhar em interação ou em atuação presencial do Policial Proerd nas escolas.

De acordo com as escolas, as aulas do Proerd têm duração média de uma hora e quinze minutos, o que equivale a quase dois tempos letivos em algumas escolas, e são aplicadas por um policial devidamente fardado com o “uniforme de passeio e instrução”. O policial além de atuar nas salas de aula, interage com os professores, funcionários e alunos das escolas, tanto que para os entrevistados, 50% dos funcionários que “fumavam seu cigarrinho” dentro das escolas diminuíram consideravelmente o uso do cigarro, bem como os alunos ficaram menos violentos.

Para os entrevistados quase todos os policiais são assíduos, pontuais e estão bem qualificados. Os que não se encontram nessa situação, a Coordenação do programa tomou providências para melhor qualificar seus profissionais e atender melhor a sociedade. Um fato que vale ressaltar é que normalmente, ao ler documentos de instituições militares, sempre que um militar foge ao que foi estabelecido como regra ele é punido. Não é essa a metodologia utilizada nacionalmente pelo Proerd. A necessidade de boa auto-estima e bem estar das crianças está concomitantemente ligada à

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necessidade de boa auto-estima e bem estar do policial, assim sendo, o policial responde por seus atos e busca voluntariamente melhorar para que todos fiquem bem com isso. Caso ele persista na atitude de desacordo com o grupo, é convidado a sair, haja vista que o objetivo primordial é manter “nossas crianças de bem com a vida”, dentro do lema “servir e proteger”.

A maioria absoluta dos policiais, na opinião das escolas, tem um excelente domínio de conteúdo ou domínio muito bom. Eles não repetem as instruções “como papagaios”, mas conhecem o assunto que estão expondo. Isso reflete diretamente no domínio de classe, que não é função do Policial Proerd, mas dos professores, e que, de acordo com as escolas, a maioria absoluta dos policiais têm desenvolvido um trabalho muito bom, primando pela excelência.

Todos os Policiais Proerd atuam em várias escolas ao mesmo tempo, com a média de três escolas. De acordo com os entrevistados a maioria absoluta dos policiais interage em todos os âmbitos da escola, e quando perguntados sobre que nota dariam para os policiais que passaram por suas instituições de ensino, 43% das instituições atribuíram nota máxima aos policiais que por elas passaram, ficando em 9,5 a média da nota dos policiais Proerd. Esse fato é um dado que muito nos orgulha, uma vez que buscamos a excelência e a cada dia tentamos atuar de forma mais eficiente.

O leitor deve estar se perguntado: “E os pontos negativos do Proerd, não têm?”. Sim, a pesquisa realizada nas escolas seis meses atrás apontou erros e distorções que já foram corrigidos. O Comando da Polícia, a Coordenação do programa e os Policiais Proerd buscam a cada dia melhorar sua eficiência em busca da eficácia. Algumas escolas reclamaram da baixa qualidade dos livros dos estudantes – esses foram trocados, outras do domínio de classe por parte de alguns policiais – já os treinamos novamente e os acompanhamos nas escolas. Ainda, algumas escolas pediram modificações na metodologia e expansão do currículo para o 3º ciclo e para a comunidade – já está em fase de teste o currículo de 10 lições, o currículo da 6ª série e o “curso de pais”. Algumas escolas pediram maior interação do policial com os funcionários das escolas – já estamos readequando a escala e a carga horária diária para que o

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policial possa ter mais tempo para atuar na escola. E, por fim, pediram que os resultados fossem divulgados “sem maquiagem” ou “censura” – aqui os disponibilizamos para toda a sociedade, e por ser um relatório escrito, logo, conciso, não apareceram as informações individuais dos mais de três mil alunos e 100 professores, mas essas podem ser obtidas na Coordenação do Proerd.

Avaliando o Programa Proerd

Policiais Proerd e suas redes sociais

Efetuamos uma pesquisa entre os Policiais Proerd que se fizessem voluntários para conhecer um pouco mais suas redes sociais de atuação. A pesquisa foi realizada no mês de junho de 2007, na Coordenação do Proerd Acre. Após a aplicação de questionário em forma de gráfico, tivemos a grata surpresa de 60% do efetivo total do Proerd ser voluntário. A porcentagem poderia até ser maior se alguns policiais não estivessem viajando, em missão ou de férias.

O objetivo desse estudo foi verificar como os policiais constituem seus relacionamentos nos diferentes aspectos de suas vidas. Para isso, os policiais deveriam pensar nas pessoas que são importantes para si atualmente, pessoas que fazem parte de suas relações neste momento de suas vidas.

Partindo dessa premissa, eles deveriam desenhar, no mapa que lhes foi entregue, quais as pessoas que fazem parte da suas redes. Sendo que, cada pessoa do sexo feminino seria representada por um círculo, e, cada pessoa do sexo masculino, seria representada por um quadrado. Não era necessário colocar nomes, só representá-los pelos círculos ou quadrados. Esse trabalho com círculos e quadrados não foi aleatório. Antes de colocar as pessoas no mapa, existiam algumas regras que deveriam ser seguidas, para nos ajudar no conhecimento de seus relacionamentos: o policial deveria predispor seu título de Mentor ou Instrutor no centro do círculo, conforme tabela anexa, e no

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primeiro círculo deveria colocar as pessoas que são de suas relações mais íntimas, em quem ele confia mais, com quem realmente sabe que pode contar, pessoas que são de sua confiança e de quem mais gosta. No segundo círculo, deveria colocar aquelas pessoas que considera importantes, mas não sente tão próximas. De mesma forma, no terceiro círculo, deveria colocar as pessoas que considera que fazem parte de suas relações, mas que não são tão importantes ou que estão mais distantes neste momento de sua vida.

Os três círculos eram inter-secionados por duas transversais que planejavam os espaços na horizontal e na vertical, de forma que cada um dos espaços fosse contemplado com parte dos três círculos. Os espaços foram divididos em: família, amigos, comunidade e escola/trabalho.

Quando da análise dos questionários um dado ficou latente: houve uma diferença muito grande entre as respostas dos Instrutores e dos Mentores. A análise inicial seria para verificar como se comportavam os Policiais Proerd em suas redes sociais, mas pela relação díspar encontrada, esse tema será dividido conforme as respostas, ou seja, analisaremos os Mentores, os Instrutores e, por fim, uma análise geral, análise essa que havia sido a única planejada anteriormente.

Pelo mapa das redes sociais, percebemos que Instrutores e Mentores trabalhando a mesma carga horária, nas mesmas atividades, na mesma cidade, diferenciam de forma geral o modo como se relacionam com a sociedade. Não se intenta aqui afirmar que os Mentores agem de um jeito e os Instrutores agem de outro, mas simplesmente nominar as atividades mais desenvolvidas por cada grupo específico.

A relação familiar de Instrutores e Mentores se mostra firmada, com relacionamentos contínuos, tanto nas relações mais íntimas quanto nas de menor grau de compromisso. A família, como sendo a base da sociedade, está relativamente bem assistida em ambos os grupos. Mesmo com uma carga alta de estresse proporcionada pela atividade Policial Militar no exercício de sua

21 As identidades dos entrevistados foram preservadas. Não há como identificar quem respondeu qual questionário.

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função, esses policiais militares têm demonstrado uma boa interação familiar, tanto com sua família nuclear (pai, mãe, irmãos, filhos) quanto com seus familiares de convívio mais próximo. Percebemos, todavia, que as relações ocasionais dos Mentores se dão três vezes mais fortes que entre os Instrutores, o que se poderia, em tese, representar como os Mentores interagindo mais com seus parentes mais distantes; ou, pelo fato de os Mentores serem um pouco mais velhos que os Instrutores e, em geral, estarem há mais tempo na Polícia, terem adquirido “certa estabilidade” e poderem se relacionar mais com seus parentes distantes.

A relação com os amigos mostra-se díspar logo no início, nas relações mais íntimas e prossegue por toda a rede social dos grupos. Os Mentores demonstraram relacionar-se mais com seus amigos que os Instrutores, o que é um dado preocupante. Se produzirmos as somas das relações entre ambos os grupos e dividirmos pelos graus, ainda assim, perceberemos que os Mentores têm quase o dobro de convívio em seus relacionamentos com os amigos. O que não prova que os Instrutores tenham menos amigos, mas sim, que eles estão muito preocupados com outras atividades, a ponto de deixarem os amigos um pouco mais distantes de si. De forma específica, pela jovialidade dos Instrutores que são em média, cinco anos mais jovens que os Mentores, e têm em seu círculo um número maior de solteiros que no círculo de Mentores, esperávamos que o número de “amizades estáveis” demonstrada pelos Instrutores fosse maior que a demonstrada pelos Mentores, fato que não ocorreu. Esse “espelho” produzido no mapa de redes sociais pode ser um índice de alto nível de estresse vivenciado pelos Instrutores.

A relação com a comunidade demonstra equiparação no que concerne as relações mais íntimas entre Instrutores/comunidade e Mentores/comunidade. Todavia, nas relações de menor grau de compromisso e nas relações ocasionais, percebemos que os Mentores têm mais sólida relação com seus vizinhos. Talvez isso se dê pela estabilidade adquirida no vínculo de vivência na localidade e pela não necessidade de “correr tanto” dos Mentores em busca de relações sociais mais estáveis.

As relações escola/trabalho demonstraram equiparação nas

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relações mais íntimas, com um pequeno aumento do número de relações ocasionais por parte dos Mentores. Entretanto, um dado que surpreende é o fato de nas relações de menor grau de compromisso, os Instrutores demonstrarem maior interação nas escolas e no trabalho que os Mentores. Isso pode demonstrar um alto grau de busca por melhor se relacionar, por parte dos Instrutores. O fato de a maioria dos Instrutores estar há menos de dois anos no Proerd e a maioria dos Mentores estar há mais de cinco anos deveria, em tese, demonstrar uma maior interação entre os Mentores, as escolas e a Polícia, o que só ocorreu ligeiramente nas relações ocasionais.

O fato de os Mentores demonstrarem estar, de certa forma, afastados das relações com as escolas e trabalho não transparece descaso por parte dos mesmos, já que suas relações, de forma geral, são mais fixas nesse item que nos itens amigos e comunidade. Contudo, há a necessidade de os Mentores interagirem mais com as escolas e com outros setores da Polícia Militar, haja vista que eles devem ser o “espelho dos Instrutores”.

Em contrapartida, os Instrutores atuam mais do que deveriam na relação escola/trabalho, o que é preocupante. As relações escola/trabalho dos Instrutores são maiores que as relações familiares, de amizades e comunitárias. Esse pode ser o fator que faz os Instrutores não interagirem tão firmemente nos demais grupos de suas redes sociais. O altíssimo índice de relações sociais na escola/trabalho pode ser um ponto que culmine no fator de estresse entre os Instrutores Proerd. Fato que, em se mantendo o quadro, a longo prazo, pode dificultar suas relações sociais de forma geral, ocasionando “doenças sociais” como estresse, ansiedade e depressão.

Vale ressaltar que as respostas aqui obtidas são um “espelho” do momento vivenciado pelos policiais. O fato de determinadas respostas serem produzidas em um momento não quer dizer que será sempre assim, antes, com as interações sociais cotidianamente estabelecidas, essas relações podem variar conforme as proposições de cada indivíduo para sua vida pessoal.

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Processo auto-avaliativo do Proerd

O Proerd é um programa das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, por isso, faz parte dos quadros e funcionalidades dessas instituições. Como muitas instituições públicas não têm o caráter auto-avaliativo, sua eficiência fica comprometida por uma funcionalidade que nem sempre é a mais adequada – esse não é o caso do Proerd. Brena Pimenta, Bruno Ribeiro e Talita Silva (2005), ao avaliar o Proerd do Distrito Federal fizeram algumas considerações válidas que servem como alerta para as demais instituições e que, no caso do Proerd Rio Branco, veio a somar e corroborar com nossos anseios de melhorar a eficiência do programa constantemente. Brena, Bruno e Talita, afirmam que:

Diante das dificuldades de gestão da informação já constatadas e apresentadas anteriormente, é de se esperar que o PROERD, por não contar com uma base de dados concluída e uma burocracia especializada para produzir e armazenar estatísticas, também não pode gerar um processo auto-avaliativo que alcance o sucesso necessário para a melhoria do programa (2005, p.47).

Diante da afirmativa dos autores, tomamos de empréstimo seu questionário de aplicação do Proerd como um dos quatro modelos auto-avaliativos dos Policiais Proerd em Rio Branco. Foram aplicados questionários sobre as redes sociais, o conhecimento dos objetivos geral e específico de cada lição Proerd de 4ª série, as relações dos policiais no ambiente escolar e a que se segue, que é sobre como esse policiais avaliam o próprio programa que conduzem no decorrer dos semestres letivos com atividades periódicas de aulas, formaturas, encontros com a Coordenação Administrativa e cursos de formação – o Proerd Rio Branco ainda não colocou em prática a Coordenação Pedagógica, embora já existam planos e pessoas qualificadas para isso.

Foram aplicados questionários aos policiais que atuaram no segundo semestre de 2007 (45% do total). Percebemos que a idade dos Policiais Proerd varia bastante, embora a concentração seja de

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policiais com idade entre 27 e 30 anos. Dentre todos os entrevistados, dois terços dos são do sexo masculino e um terço do sexo feminino.

O perfil religioso do efetivo do Proerd é fortemente marcado por cristãos (evangélicos e católicos praticantes). Esses Instrutores foram formados em 2000, 2003 e a maioria em 2006.

Policiais Proerd por Religião

Católica

31%

Evangélica

61%

Outras

8%

No Proerd da cidade de Rio Branco não existe nenhum Master. A única Master acreana é a Capitã Socorro que atua na cidade de Tarauacá. Dois terços dos Policiais Proerd entrevistados em Rio Branco são Instrutores e atuam diretamente nas salas de aula das escolas executando o Programa, enquanto os Mentores se dividem entre o trabalho em sala de aula, Coordenação do programa na cidade, logística, palestras e atendimento de convites para preparar outros policiais.

Quando perguntados sobre as principais motivações que levam o Policial Militar a se voluntariar ao Proerd, a partir de uma pré-observação de quais seriam as principais motivações, foram estruturadas as seguintes alternativas:

· Acredita que o programa ajuda na melhoria da imagem da PM perante a comunidade;

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· Acredita que a prevenção é mais importante que a repressão;

· Tem motivação de ordem religiosa;· Já enfrentou problemas com drogas e violência na família;· Gosta de trabalhar com crianças e jovens.

Somamos o maior número de apontamentos como sendo o de preferência apontado a partir de todas as respostas dos Instrutores e verificamos que a maior parte dos Instrutores acredita que a prevenção é mais importante que a repressão, em segundo lugar o Instrutor acredita que o programa ajuda na melhoria da imagem da PM perante a comunidade.

Os Policiais Proerd responderam sobre seus relacionamentos com as escolas, sendo elas particulares ou públicas. Para eles o seu relacionamento com as escolas particulares é ótimo (64%), embora apareçam alguns relacionamentos considerados regulares (18%). O relacionamento com as escolas públicas é tido como ótimo (71%), e não aparecem relatos de relacionamentos regulares ou ruins.

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Relacionamento com as escolas da

Rede Pública

Ótimo

71%

Bom

29%

Ruim

0% Regular

0%

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Relacionamento com as escolas

particulares

Ótimo

64%

Bom

18%

Regular

18%

Ruim

0%

Fonte: Questionário com Policiais Proerd.

Mais da metade dos policiais afirmou que o envolvimento da família com o Proerd é insatisfatório. Esse é possivelmente um dos obstáculos ao alcance dos objetivos principais do Proerd. Os policiais afirmaram que as famílias interagem no dia da formatura do Proerd, mas que grande parte delas não faz o acompanhamento dos alunos durante o curso, nem participa das reuniões de pais que são realizadas pelo programa na escola.

Os policiais afirmaram que apenas às vezes (43%) há uma correspondência entre o conteúdo do livro do estudante Proerd e o conteúdo trabalhado pelos professores das escolas. Raramente (36%) os professores dão continuidade na construção de um conhecimento a partir do conteúdo trabalhado em sala de aula pelo Policial Proerd.

Dentre as dezessete lições (dezesseis em sala e uma formatura), três destacam-se na opinião dos entrevistados como sendo as que eles consideram aquelas em que há maior apreensão de conteúdo por parte das crianças.

A opinião dos entrevistados aponta as lições 3, 6, e 10, respectivamente, como as de melhor absorção por parte dos alunos.

A lição 03 é aplicada buscando construir com os alunos o processo de aprendizagem iniciado pelas duas lições anteriores. Nessa lição o Instrutor atua como um mediador em sala de aula,

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articulando as formulações propostas e interagindo a partir das experiências dos alunos e das aulas anteriores.

Com a lição 06, os alunos são estimulados a elogiarem seus colegas de sala, há uma página específica para isso onde vários colegas podem elogiar uns aos outros. No final da aula o aluno faz um elogio a si mesmo, onde valoriza suas qualidades que considera relevantes. Com isso, as crianças fortalecem sua auto-estima por observarem que os colegas as vêem de modo elogioso, havendo um fortalecimento dos laços de amizade na turma.

A lição 10 foi a terceira destacada pelos Policiais Proerd. Nela os estudantes são estimulados a desenvolver habilidades necessárias para analisar como os meios de comunicação podem influenciar o modo como as pessoas pensam, sentem e agem com relação à violência e ao uso de drogas. Com isso, o policial objetiva que os alunos sejam capazes de reconhecer a influência dos meios de comunicação quando mostram o cigarro, álcool e outras drogas e ainda, as demonstrações de violência.

Os policiais foram convidados a discorrer sobre o que eles consideram ser os maiores problemas do Proerd. Esse é um dado importante, por ser uma rica fonte de informação. A opinião desses Instrutores em muito reflete o que já se percebeu em reuniões com a comunidade escolar e com a sociedade. Foram excluídas as opiniões díspares e registradas as regularidades, os problemas apontados são tanto de ordem interna (coordenação, estrutura física, carga de trabalho e assistência aos alunos) quanto de ordem externa (financiamento, parcerias e família). Percebemos em seus escritos que existem alguns obstáculos que impedem o pleno funcionamento do programa e diminuem consideravelmente sua eficiência.

Na opinião dos policiais entrevistados, os maiores problemas do Proerd são a falta de valorização e de apoio por parte da PM, falta de material adequado para trabalhar os conteúdos e os programas a serem desenvolvidos, além da falta de estrutura adequada para a Coordenação Estadual do Programa. Isso não quer dizer que esses ítens não sejam contemplados, mas que, na opinião dos instrutores, poderia ter uma maior valorização e melhoria de estrutura e logística.

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M aiores Problemas do Proerd

Falta de

material

24%

Falta de

Valorização

por parte da

PM

28%

Falta de

estrutura

adequada

14%

Falta de

Efetivo

10%

Logística

10%

Curos de

aperfeiçoa

mento

7%

Falta de

recursos

financeiros

7%

Fonte: Questionário com Policiais Proerd.

Sequencialmente, os policiais foram inquiridos sobre a importância de alguns elementos para o Proerd da PMAC. Eles deveriam atribuir nota de 1 a 10 para cada item – nota 1 para o valor real considerado mínimo e nota 10 para considerada de valor máximo. Os Instrutores foram orientados a atribuir notas de acordo com o valor real do elemento ou da instituição para o Proerd, e não o valor que esses deveriam ter.

Todas as notas atribuídas pelos Instrutores a cada item da pesquisa foram somadas em seus respectivos grupos e divididas pelo número de policiais atribuidores. Assim sendo, chegou-se à conclusão de que para o Proerd PMAC funcionar adequadamente da forma que vem sendo executado o trabalho, vários fatores contribuíram positiva e negativamente, sendo a soma deles responsável por grande parte das interlocuções ou falta delas realizadas no Proerd.

Para os Policiais Proerd, três fatores merecem destaque por não estar havendo a devida relação de cooperação mútua, o que dificulta o trabalho e faz com que a logística e a atuação do programa fique aquém das necessidades: a Embaixada dos Estados Unidos que atua auxiliando o Proerd em vários Estados da

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Federação, quase nada tem feito para execução direta do programa no Acre, de mesma forma a pouca divulgação do programa e de suas realizações é apontada como uma necessidade premente que não tem sido executada a contento e, ainda, a atuação do Governo Federal nas políticas públicas de prevenção foi apontada como abaixo das expectativas dos policiais. Todos esses itens tiveram nota inferior à média 5,0 estabelecida como minimamente regular.

Fonte: Questionário para Policiais Proerd

Em contrapartida, os policiais afirmam que três itens se destacam para o bom desempenho do programa na cidade de Rio Branco. Esses itens não alcançaram nota de excelência, contudo apontam para a possibilidade de melhorias e ajustamento de atividades para uma atuação mais eficiente. Dentre os pontos citados pelos policiais, destacam-se o livro do estudante Proerd da quarta série que mesmo necessitando de revisão, é apontado como um forte auxílio para que o programa tenha uma boa receptividade; a Coordenação do Proerd que em sua forma administrativa foi cotada como um ponto forte, embora tenha a crescer o fato de necessitar implantar a parte pedagógica da Coordenação; e o curso

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Importância para o Proerd da PMAC Pontuação

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de formação de Instrutores, que tem auxiliado na formação dos policiais que atuam no programa. Esses foram considerados os pontos fortes do programa em Rio Branco.

Os relatos dos Policiais Proerd estão na mesma direção que o resultado das entrevistas com alunos, comunidade escolar e sociedade em geral que foram demonstrados em outros capítulos, pois apontam deficiência nas parcerias e no apoio institucional, bem como uma necessidade de continuidade do programa para as séries posteriores.

Aprendizado dos objetivos Proerd

Os policiais Proerd são constantemente instigados a palestrar sobre assuntos relacionados a drogas e à violência. São tantos os pedidos para palestras, oficinas, estudos e exposições que não conseguimos atender a todos.

O efetivo policial precisa ser ampliado para que possamos atender a todas as turmas de 4ª séries, 6ª séries e Curso de Pais. Contudo, temos focalizado principalmente no atendimento das turmas de 4ª séries, por entender que elas são a base do atendimento do Programa.

Não é difícil um Policial Proerd ser convidado para palestrar e precisar executar a palestra em menos de 24 horas do tempo em que foi comunicado. Isso nos aguçou o pensamento quanto à real possibilidade de os policiais terem apreendido não apenas o conteúdo, mas os objetivos do programa.

Por sugestão da Coordenação do Proerd Acre, fizemos um questionário a ser respondido pelos Policiais Proerd que estivessem interessados em demonstrar o quanto tinham apreendido com relação aos objetivos do Programa.

A tarefa consistia em, após uma manhã de trabalho, com o cansaço e a fadiga decorrentes deste, dissertar sobre o objetivo geral do Programa e sobre o objetivo de cada uma das 17 lições do Proerd, além de descrever de forma sucinta, mas com conteúdo substancial, os passos de uma das lições do programa.

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Para executar essa tarefa todos os policiais foram pegos de surpresa, não poderiam fazer uso de suas fichas individuais, do Manual do Instrutor (livro que regulamenta e norteia todas as lições Proerd), de lembretes, nem se comunicar com outros colegas. Os policiais só poderiam fazer uso de uma caneta e do livro do estudante (o livro que é dado aos alunos da quarta série), e teriam o tempo de 45 minutos para concluir todos os tópicos, ou seja, teriam 19 questões a serem respondidas “de cor” em seus objetivos, com o tempo de pouco mais de dois minutos para cada uma delas.

Queríamos saber se os policiais eram capazes de dizer sem muitas dificuldades quais os objetivos de cada lição, e mais que isso, se estavam preparados para expor uma das lições sem ter previamente se preparado.

Dos 23 policiais Proerd em Rio Branco, apenas 17 se encontravam na localidade, sendo que 04 estavam em trânsito, não podendo permanecer muito tempo ou responder o questionário. Sobraram 13 que voluntariamente responderam o questionário, sendo 09 Instrutores e 04 Mentores. No cabeçalho do questionário constavam as seguintes informações:

Conceitos para comparação:10 pontos (excepcional): Você deveria ser promovido no Proerd.9,1 a 9,9 pontos (excelente): Você é um Policial Proerd padrão.7,5 a 9,0 pontos (muito bom): Você é um policial acima da média – há alguns pontos a crescer.5,0 a 7,4 pontos (bom): Você tem muitos pontos a crescer – continue firme.Abaixo de 4,9 pontos (insuficiente): Sugiro rever seus conceitos e um pouco mais de atenção.

Essa foi uma forma de incentivar os policiais a participarem e, ao mesmo tempo, de fazer com que tivessem um parâmetro de como estão com relação aos objetivos do programa.

Após terem respondido o questionário, este foi corrigido por dois professores que analisaram os objetivos do programa de 4ª série contidos no Livro do Instrutor Proerd e chegaram às seguintes conclusões:

· Com exceção de um dos entrevistados, todos os policiais

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alcançaram índices de acerto dos objetivos do programa e das lições com média igual ou superior a 75%, o que demonstra uma atuação muito boa em relação ao conhecimento “de cor” dos objetivos do programa. · Todos os Mentores obtiveram índices de aprovação acima de 80%, o que na média geral elevou o patamar dos Mentores para 85, 6% do total de questões ou nota média de 8,56, no total de 10.· As notas entre os Instrutores variaram de insuficiente a excepcional. Um dos Instrutores conseguiu definir e processar todos os objetivos do programa e expor uma das lições com eficiência de 100%, contudo, pela variação das notas, a média dos Instrutores ficou em 84,7% dos objetivos gerais.

Entre os Mentores, o que chama a atenção é o equilíbrio e a constância entre eles, mantendo um padrão e uma estrutura, inclusive de acertos e pontos a crescer, haja vistas terem se equivocado quanto a alguns conceitos, mas os equívocos não se concentrarem nas mesmas questões. Entre os Instrutores o que chama a atenção é a variante, quase metade deles alcançou média superior a 92,5%, enquanto outros variaram em muito as notas. Os pontos a crescer dos Instrutores ficaram centralizados nas lições 06, 10, 13 e 17, o que pode configurar falta de atenção ao responder ou falha na formação dos mesmos.

Quanto a essa fase da pesquisa com os policiais, podemos dizer que eles alcançaram a meta. Uma educação continuada seria de grande valia para aperfeiçoá-los ainda mais, além de corrigir alguns pontos a crescer existentes. A experiência foi válida e teve como balanço um saldo positivo e de expectativas para as novas etapas da pesquisa. Os Policiais Proerd se demonstraram muito capazes e de memorável aplicação no ensino e nas relações com o propósito do programa.

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Ex-alunos Proerd e Processos Criminais

Após o levantamento inicial da lista de ex-alunos Proerd nas escolas da rede pública de ensino, constatamos que dos 1.297 alunos pesquisados, 124 passaram por algum tipo de processo criminal. Seja no Juizado da Infância e da Juventude, Juizado Especial Criminal ou Vara Criminal.

Na relação direta entre a lista dos alunos escolhidos para a amostragem e os resultados obtidos, percebemos que 9,56% das crianças e adolescentes pesquisadas que estudaram o Proerd nos anos de 1999, 2000 e 2001 particaram algum tipo de infração que levou a processos criminais.

Sem o intuito de criminalizar alguma área da cidade ou tachar alguma escola, afirmamos que as ações do Proerd surtiram efeito. Percebemos que 90,44% dos ex-alunos Proerd não tiveram infrações relatadas ou tipificadas. Contudo, isso não é o suficiente. Não basta dizer que as drogas matam, é preciso ensinar o valor da vida.

Neste sub-capítulo, iremos priorizar as ações produzidas pelos adolescentes, que representam 9,56% do total pesquisado. Isso não quer dizer que as ações dos 90,44% não sejam importantes, mas sim, que há a necessidade de tipificar o que foi produzido pelos alunos que agiram como infratores. Em tempo oportuno, iremos enaltecer a atitude dos alunos que escolheram ficar longe das drogas e da violência.

Em algumas localidades específicas o índice de infrações e ocorrências registradas é maior que em outras. Para não se fazer o reconhecimento das escolas ou das áreas, escolhemos não citar aqui, nem colocar nos anexos para que preservemos as identidades dos adolescentes. Entretanto, três pontos se destacam e precisam ser mencionados para que se tenha noção das conjunturas e necessidades percebidas:

22 Os dados levantados dão conta de uma pesquisa por amostragem realizada em parceria entre quinze escolas da Capital, o Juizado da Infância e da Juventude e a Polícia Militar. Muitas das informações produzidas foram omitidas para preservar a identidade das crianças e dos adolescentes – embora providências legais estejam sendo tomadas. Escolhemos pôr neste trabalho apenas as informações consideradas relevantes e que não causem constrangimentos aos adolescentes que são ex-alunos Proerd.

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· O primeiro ponto é o fato de os ex-alunos Proerd terem se mantido longe das drogas e da violência, ficando apenas alguns deles a praticar atos infracionais. O número de adolescentes infratores é quase o mesmo em todas as escolas pesquisadas.· O segundo ponto destaca o fato de onde o Poder Público tem menor índice de atuação concreta, o poder paralelo tenta se estabelecer. Na localidade conhecida como “Baixada da Sobral” foi constatada a maior necessidade de atuação do Poder Público através de políticas inclusivas. Essa área em que vive cerca de um sétimo da população riobranquense não dispõe de agências bancárias, correios. O mercado não funciona, apenas uma praça está em condições reais de uso, o Centro da Juventude, conhecido como “SEJA” está à beira da falência, com apenas 05 funcionários, as famílias têm renda inferior a da média da cidade, e as condições de moradia estão aquém da necessária. Nesse setor, moram e convivem um quarto dos adolescentes ex-alunos Proerd que praticaram ocorrências de infração.· O terceiro ponto tem a ver com quebra de paradigmas. As localidades onde se encontram as escolas Clínio Brandão (bairro Floresta) e Ilka Maria (bairro Moçinha Magalhães), conhecidas da imprensa policial não registraram nenhum ex-aluno Proerd cometendo delito ou qualquer outro ato infracional. Percebemos que não são apenas os rapazes que cometem

infrações, mas também as garotas. Das infrações, 55,65% foram produzidas por rapazes; e 44,35%, produzidas por garotas. A diferença básica está na quantidade das infrações. Enquanto as garotas tiveram registradas, em média, 1,63 infrações, sendo que apenas duas adolescentes responderam por mais de cinco infrações; entre os rapazes, o número médio de infrações é de 2,04, sendo que oito adolescentes responderam por mais de cinco infrações, dois deles responderam por mais de quinze infrações.

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O fato a ser ressaltado é que dos 124 adolescentes que responderam por 231 atos infracionais, 71 adolescentes, ou seja, 57,26% não registraram reincidência, 34,68% dos adolescentes reincidiram até cinco vezes, e, 8,06% reincidiram mais de cinco vezes. Das 231 ocorrências registradas as garotas respondem por 38,96% delas e os rapazes por 61,04% delas.

Não há grande diferença na tipificação das infrações praticadas por rapazes e garotas. Os processos aos quais eles mais responderam foram: Furto e Roubo (16,13%), Tráfico de Entorpecentes e Entorpecentes para uso pessoal (10,48%), Lesão Corporal (6,45%), Tentativa de Homicídio (5,65%), Termo Circunstancial de Ocorrência (8,87%), e Porte de Arma de Fogo (3,23%). Esses processos aos quais responderam quando agrupados correspondem a 50,84% dos processos, ficando os outros 49,16% tipificados como ameaça, receptação, reclamação cível, extorsão, remissão judicial, infração de dano, homicídio, falsidade ideológica, desacato, internação provisória, carta precatória criminal, violação de domicílio, dano, difamação, dentre outros.

Alunos do Ensino Médio e suas práticas sociais

Durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2007, realizamos a aplicação de questionários em todas as escolas públicas de Ensino Médio de Rio Branco, com exceção do Colégio de Aplicação. Antes de aplicar o questionário, conversamos com os diretores e/ou coordenadores das escolas explicando os objetivos da pesquisa e as especificações da amostragem a ser colhida. Todas as escolas tiveram cerca de 11% de seus alunos respondendo o questionário, escolhemos apenas os alunos do turno vespertino pelos motivos especificados na introdução. A gestão da escola deveria escolher turmas fechadas que considerasse os alunos que mais representassem a escola, ou seja, nem as turmas mais eufóricas/bagunceiras, nem as mais quietas/estudiosas.

Os diretores e coordenadores marcavam o dia da aplicação do questionário e só tomavam pleno conhecimento de todas as questões e assuntos, alguns minutos antes da aplicação dos

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questionários, para que não interferissem no resultado. Para nossa grata surpresa, todos os gestores, coordenadores e professores acolheram muito bem a iniciativa da Polícia Militar e trataram muito bem o policial/professor que estava na pesquisa.

Um dado interessante que vale ressaltar antes de irmos aos resultados da pesquisa, é o fato de o pesquisador sempre se apresentar como professor a serviço de uma parceria entre a Polícia Militar do Acre e a Secretaria de Estado de Educação. Os adolescentes foram bem receptivos e responderam os questionários em um tempo médio de 25 minutos. Enquanto nos apresentávamos, percebemos que os alunos respeitam a Polícia, embora façam chacota de situações onde os policiais “se dão mal” em ocorrências. Demonstraram respeitar principalmente os policiais da COE (embora tenham comentado insatisfação em algumas atuações), a Polícia da Família (por atuar perto da casa de alguns deles), o Proerd (os alunos falaram dos policiais como se fossem amigos deles) e a Companhia Escolar (as moças, entre suspiros, se reportavam aos policiais como “caras legais” e os rapazes, como a concorrentes desleais).

Após vários comentários sobre os professores – e seu descaso com a educação – e sobre a Polícia - a maioria deles sobre a pretensa falta de honestidade dos policiais –, os alunos responderam um questionário contendo 38 questões de múltiplas escolhas, onde foram convidados a responder as questões sem se identificar e tendo liberdade de não responder as questões que não achassem conveniente, embora todos fossem convidados a responder a todas as questões. No cabeçalho do questionário estava escrito:

Este questionário destina-se a fornecer dados sobre a importância do Proerd para a sociedade riobranquense, servindo de base para a elaboração de um programa de esclarecimento aos jovens, portanto, sua sinceridade é muito importante. Não se preocupe pois você não poderá ser identificado, uma vez que responderá colocando "X" nos parênteses, sem escrever nenhuma palavra.

Sua contribuição será muito importante.

O questionário foi aplicado principalmente aos alunos do

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segundo ano. De cada quatro entrevistados, um era do primeiro ano, um do terceiro e dois do segundo, porque queríamos alcançar prioritariamente os alunos que não eram recém-chegados à escola, nem estavam saindo da mesma, para termos contato com a maioria no próximo ano, quando da continuação da pesquisa.

Foram aplicados pouco mais de mil e seiscentos questionários, com 38 questões e uma média de três e meia variantes por questão. O que ao final da pesquisa deu um total de 214.400 variantes, ou seja, uma tese de doutorado – o que não pretendemos fazer no momento.

O modelo de cálculo e tabulação foi pensado pelo historiador Reginâmio Bonifácio de Lima em parceria com o professor de matemática Cleverson Redi do Lago – que por vários anos foi policial do Proerd. Resolvemos pôr em destaque apenas as possibilidades e as projeções que se apresentassem em maior destaque.

Neste momento, vamos demonstrar os dados referentes aos alunos do Ensino Médio que se apresentaram como sendo ex-alunos Proerd. Do total de mais de 1600 alunos, 590 se apresentaram como alunos Proerd.

Neste trabalho, apresentaremos os dados com algumas considerações. As análises mais aprofundadas serão produzidas na continuação deste trabalho que almejamos ficar pronta em meados de 2008. De antemão, informamos aos críticos de plantão, que estamos afeitos à possibilidade de conjecturas e postulações sobre o que são ou o que representam esses dados, mas não trataremos sobre o que poderia ter sido ou o que os alunos que não responderam o questionário poderiam ter dito.

Para concluir este prelúdio, ratificamos que este trabalho é uma amostragem. Foram ouvidos entre 11% e 12% de todos os alunos do Ensino Médio das escolas públicas da Capital. A metodologia utilizada para a coleta dos dados foi a aplicação de questionários e realização de entrevistas. Todavia, ainda não concluímos todas as entrevistas, por isso, para não prejudicar os resultados da continuação dos relatos, seu teor só será revelado no

23 O referido policial é Professor de História e Teologia, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, além de atuar como Instrutor na PMAC.

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próximo trabalho, em 2008. Foram ouvidos alunos, gestores, autoridades e policiais sobre o assunto. Entretanto, momentaneamente, neste primeiro trabalho que têm como objetivo verificar a eficiência e a eficácia do Proerd, apresentaremos apenas os dados referentes aos alunos Proerd que estão no Ensino Médio. O estudo completo será apresentado em tempo oportuno.

Dentre os alunos entrevistados, 38,87% afirmaram ser ex-aluno Proerd, tendo estudado o programa na 4ª série do Ensino Fundamental. Destes, 43% são do sexo masculino e 57% do sexo feminino.

Quase metade dos entrevistados (47%) afirmou pertencer a alguma religião evangélica, seguidos dos católicos (28%) e dos que disseram não professar nenhuma religião (18%). As outras religiões somadas representam 7% dos adolescentes entrevistados. Grande parte dos adolescentes católicos disse ir à igreja cerca de uma vez por semana, alguns disseram que não costumam freqüentar a igreja. Dentre os evangélicos, percebemos que eles costumam ir às reuniões de sua denominação religiosa de duas a três vezes por semana.

Quase todos os adolescentes disseram morar em casa própria com as famílias às quais pertencem, embora que 8% tenha dito morar de aluguel.

Mais grave que o problema da falta de moradia é o da desagregação da família nuclear – aquela constituída por pai, mãe e filhos. Menos da metade (48%) disse morar com os pais. Quase um terço dos adolescentes (32%) disse morar apenas com a mãe, enquanto 6% moram apenas com o pai, e outros 6% afirmaram morar com os avós. Os que disseram morar com outras pessoas que não são seus parentes diretos somam 8%.

Quando indagados sobre como consideram a forma que os pais ou responsáveis os tratam, a grande maioria (82%) disse que seus pais são camaradas: escutam os seus pedidos, conversam, autorizam umas coisas e proíbem outras; 10% afirmaram que seus pais são mandões: vivem proibindo e não aceitam conversar; 8% disseram que seus pais são liberais: deixam fazer tudo o que eles quiserem. Nos dois últimos casos percebemos situações extremas

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que não são boas para os adolescentes nem para as famílias nas quais eles estão inseridos.

Perguntamos se os adolescentes já tinham ouvido falar em Proerd, o interessante é que, pela falta de atenção, ou pela escolha equivocada 8% dos alunos que disseram ter estudado o Proerd, afirmaram nunca ter ouvido falar nesse programa.

Dentre o universo de alunos que estudaram o Proerd perguntamos a eles como qualificariam a importância do programa para a sociedade. A grande maioria (78%) afirmou ser muito importante, um quinto (21%) afirmou ser importante, e, 1% disse não ser necessário.

Em seguida, foram indagados se acreditavam que os ensinamentos do Proerd influenciaram-nos para ficar longe das drogas e da prática da violência. Grande parte dos Proerdianos (77%) afirmou que foram muito influenciados pelos ensinamentos do Proerd; cerca de um quinto (19%) afirmou ter sido pouco influenciado; e, alguns alunos (4%) disseram que os ensinamentos do Proerd não os influenciaram.

Um dos objetivos do programa Proerd é fortalecer a auto-estima dos alunos, por isso perguntamos se eles se consideravam com boa auto-estima. A grande maioria (81%) disse que sim; um grupo de alunos (15%) disse ainda estar tentando se encontrar; enquanto 4% afirmaram não ter boa auto-estima.

Se cruzarmos esses dados com o da questão posterior, temos uma relação direta de falta de valorização pessoal com a confusão típica da idade e casos de depressão. Apenas uma maioria simples (57%) dos alunos disse ser feliz; um quinto (22%) disse ser feliz a maior parte do tempo; alguns alunos (16%) disseram ser mais ou menos felizes; e 5% disseram ser infelizes. Em momento oportuno, trabalharemos essas relações com as práticas sociais estabelecidas.

A partir de todos esses dados, análises e declarações expostos no decorrer de todo o trabalho, começamos a responder sobre a eficiência e a eficácia do Proerd.

Percebemos que 5% dos Proerdianos entrevistados disseram fumar cigarro todos os dias, o que, legalmente falando, os torna dependentes da nicotina; 10% fumam apenas em festas; quase um

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quarto (23%) já fumou, mas parou; e, a maioria (62%) disse nunca ter fumado.

Quando perguntamos sobre onde eles fumaram o primeiro cigarro, os alunos deram respostas bem variadas: um quarto (25%) disse ter fumado seu primeiro cigarro na escola; pouco mais de outro quarto (28%) disse ter fumado na rua; quase um quinto (19%) disse ter fumado pela primeira vez em casa; 18% fumaram pela primeira vez na casa de amigos; e, 10% fumaram pela primeira vez em bares e/ou danceterias.

O interessante é que em mais da metade dos casos (57%) o primeiro cigarro foi oferecido por um amigo ou por uma amiga; embora uma parte dos alunos (17%) tenha resolvido comprar para experimentar; os namorados também têm influenciado (12%) principalmente às meninas; enquanto que 8% aceitaram cigarro de desconhecido; e 6% aceitaram cigarro de parentes.

Percebemos que a maior influência para fumar não vem de casa, nem dos pais, uma vez que a maioria dos adolescentes tem pais não fumantes (53%); quanto aos amigos não fumantes, esse número é de apenas 22%. E estamos falando de adolescentes Proerdianos. A maioria deles (52%) demonstrou que alguns de seus amigos são fumantes; um quinto (20%) afirmou que a maioria de seus amigos são fumantes; e 4% demonstraram que todos os seus amigos são fumantes.

Quanto aos pais e sua relação com o fumo, em 11% dos lares o pai e a mãe fumam; em mais de um terço (36%) apenas o pai ou a mãe fumam; e na maioria (53%) dos lares não existem fumantes.

Saindo um pouco da relação com o tabagismo e passando para a relação com o álcool, temos a projeção de que 5% dos adolescentes que estudaram o Proerd usam bebidas alcoólicas cinco dias por semana, o que os torna dependentes do álcool; quase metade deles (42%) afirmou beber em festas, inclusive alguns dos que se disseram evangélicos; pouco mais da metade (53%) dos adolescentes afirmaram não fazer uso de bebidas alcoólicas, embora alguns (18%) já tenham ingerido bebida algumas vezes.

Esses adolescentes Proerdianos tiveram seu primeiro contato com as bebidas alcoólicas quando iam visitar a casa de seus amigos

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(36%), ou em suas próprias residências (27%); pouco mais de um quinto (21%) disse ter experimentado bebida alcoólica pela primeira vez em bares e danceterias; 9% afirmaram ter usado bebida pela primeira vez na rua; e, 7% afirmaram ter usado pela primeira vez na escola, nas festas e programações existentes.

Metade (50%) dos adolescentes afirmou ter recebido o convite para utilizar bebidas, por parte dos amigos; um quarto (25%) recebeu o convite dos parentes; enquanto 14% compraram; 8% receberam do namorado; e, 4% aceitaram bebida de estranho.

Pouco mais de um terço (38%) dos adolescentes disse que poucos de seus amigos bebem; outro terço (36%) afirmou que a maioria de seus amigos bebe; 15% afirmaram que nenhum de seus amigos bebe; e, 11% afirmaram o fato de todos os seus amigos beberem.

Quase metade dos adolescentes (46%) afirmou que seus pais não bebem socialmente; em 17% dos entrevistados há a afirmativa de que pai e mãe bebem socialmente; um quarto (25%) afirmou que apenas o pai bebe; e 12% afirmaram que quem bebe é a mãe.

Quase dois terços (63%) dos alunos afirmou que os pais não fazem uso constante de bebidas; 6% afirmaram que pai e mãe fazem uso freqüente, ao menos cinco dias por semana, de bebidas alcoólicas, o que configura dependência alcoólica; 18% afirmaram que apenas a mãe faz uso freqüente de bebida alcoólica; 13% afirmaram que apenas o pai faz uso freqüente de bebida alcoólica.

A grande maioria (75%) dos Proerdianos conhece alguém que faz uso de substâncias entorpecentes ilícitas, como maconha, cocaína, crack, merla, cola de sapateiro, e etc. Eles afirmaram que quase metade de seus amigos (44%) não usa substâncias ilícitas; embora pouco mais de um terço (38%) afirme que alguns de seus amigos consumam essas substâncias; 15% afirmaram que a maioria de seus amigos consome substâncias psicoativas ilícitas; e, 3% afirmaram que todos os seus amigos consomem.

Quase metade (49%) dos adolescentes disseram ter sido convidados a fazer uso de substâncias entorpecentes ilícitas e 17% deles utilizaram ao menos uma vez – o que mostra a curiosidade

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e/ou a fragilidade dos conceitos propalados por alguns alunos. Dentre os entrevistados, 6% disseram já ter experimentado maconha; 6% afirmaram já ter experimentado cocaína; 2% afirmaram já ter experimentado crack; 2% afirmaram já ter experimentado merla; e, 1% afirmou já ter experimentado cola de sapateiro.

Pouco mais de um terço (38%) disse fazer uso dessas drogas ilícitas na casa de amigos; outro terço (37%) afirmou utilizar na rua; 20% afirmaram fazer uso com os amigos na escola; enquanto 5% disseram utilizar em casa.

Na grande maioria dos casos (75%) o oferecimento se deu por parte de um amigo; 8%, por parte de namorado; 6%, por parte de um parente; 6%, por parte de um desconhecido; 5% afirmaram ter comprado para utilizar.

Dentre os vários alunos, a grande maioria disse estar bem informada sobre as drogas lícitas (72%) e sobre as ilícitas (64%); 19% afirmaram estar pouco informados sobre as drogas lícitas e 23% sobre as ilícitas; cerca de 9% dos alunos disseram estar desinformados sobre as drogas lícitas e 13% sobre as ilícitas. Esse último dado se configura impreciso ou intrigante, uma vez que alunos que passaram quatro meses estudando sobre drogas, violência e como se manterem longe delas, afirmaram estar desinformados. Em momento oportuno detalharemos esses dados.

Dentre os 590 adolescentes entrevistados, a grande maioria dos alunos (82%) afirmou que gostaria de obter maiores informações sobre o assunto “drogas”.

Quando indagados sobre com quem aprenderam grande parte do que sabem sobre o assunto “drogas”, quase metade (44%) dos alunos afirmou que aprenderam com a programação assistida pela televisão; quase um quinto (18%) afirmaram que aprenderam com o Policial Proerd, na quarta série; 14% afirmaram ter aprendido com os pais; outros 14% afirmaram ter aprendido com os professores; 5% aprenderam com livros e com revistas; e, 5% disseram que aprenderam com os amigos.

Perguntamos aos alunos se na escola de Ensino Médio em que

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O Proerd em Rio Branco

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estudam atualmente, existe alguém que venda drogas, a resposta que obtivemos foi que a grande maioria dos alunos (84%) não sabe informar; contudo, 9% afirmaram que existem colegas que vendem drogas na escola; 3% afirmaram que estranhos entram na escola e fazem “a entrega” da droga; 2% afirmaram que professores vendem para os alunos; e, outros 2% afirmaram que funcionários da escola vendem drogas para os alunos.

Quando perguntamos se eles já sentiram vontade de utilizar algum tipo de drogas a resposta foi que mais da metade (52%) não sentiu vontade de utilizar drogas; um quinto (22%) sentiu vontade de utilizar cigarros; 19% sentiram vontade de utilizar bebidas alcoólicas; 3% sentiram vontade de utilizar maconha; 2% sentiram vontade de utilizar cola de sapateiro; 1% sentiu vontade de utilizar cocaína; e, outro 1% sentiu vontade de utilizar merla.

Os assuntos aqui abordados foram propositadamente postos em forma de dados tabulados. Não é nosso intuito, neste momento, fazer as devidas análises, uma vez que elas serão feitas no próximo trabalho.

De forma geral, podemos dizer que boa parte dos alunos que estudaram o Proerd e atualmente se encontram no Ensino Médio, continuam se mantendo longe das drogas e da violência.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Considerações:

Diante do exposto, percebemos que o Proerd é o maior programa de prevenção às drogas e à violência nas escolas riobranquenses. É o segundo maior programa de prevenção às drogas de Rio Branco, só perde para o programa preventivo encadeado pela própria Polícia Militar através de seus vários setores e organizações policiais militares em conjunto. Ao perceber todos os programas preventivos da PMAC: Polícia da família, policiamento escolar, rádio-patrulha, policiamento de trânsito, policiamento ostensivo a pé, etc., a Polícia Militar desempenha muito bem seu papel preventivo, ainda que com carência de efetivo, material e de estrutura logística mais apropriada. Também percebemos que, muitas vezes, esses mesmos organismos da PMAC são utilizados mais para a repressão que para a prevenção.

O Programa Proerd é o maior programa preventivo da PMAC em número de atendimentos diretos nas escolas, o que não quer dizer que é melhor ou pior que os outros, apenas tem seu efetivo empenhado em cumprir o papel designado pelo programa e, por atuar em sala de aula, atinge uma maior quantidade de crianças e adolescentes que fazem parte de seu público-alvo.

Ao longo dos vários meses de pesquisa, constatamos a diversificação dos currículos do Proerd, a partir do ano de 2006. Nosso intuito, neste trabalho, foi o de estudar toda a estrutura envolvida no programa Proerd de 17 lições para a 4ª série, bem como suas inter-relações, para verificarmos a eficiência e a eficácia do programa.

Atualmente o Proerd preparou seus policiais para atuarem nos currículos de 17 lições da quarta série (que é o currículo básico aplicado pelo Proerd/Acre), de 10 lições da quarta série (que

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substituirá o de 17 lições até 2010, em todo o Brasil), de 6ª série (chamado de reforço do Proerd), “Curso de Pais” (aplicado aos familiares dos alunos das 4ª e 6ª séries). O Proerd/Acre também criou o curso “Vivendo Melhor no Trabalho e na Família – Proerd”, que visa a promover a valorização do Policial Militar no ambiente de trabalho e na família, através de palestras, debates e dinâmicas de grupos, conteúdos relativos à prevenção às drogas, ao tratamento dos usuários e ao relacionamento familiar do policial. Esse curso foi aprovado pelos policiais e recomendado pela Coordenação do Centro de Formação e Aprimoramento Policial – CFAP – para tornar-se disciplina nos cursos de formação da PMAC.

Em se tratando de prevenção às drogas e à violência, atuando diretamente nas escolas de Ensino Fundamental, de primeiro e segundo ciclos em Rio Branco, o Proerd é o maior programa da Capital, atingindo anualmente cerca de dois terços das escolas que atendem à clientela de 4ª série. Em segundo lugar está o Departamento de Apoio ao Estudante – DAE, que de forma ainda muito tímida atende 8% das escolas pesquisadas.

Atualmente o Proerd Rio Branco tem desempenhado um papel além do que lhe foi outorgado pela 001/3ª EM/PM. Isso ocorre não pelo esnobismo dos policiais, mas pela real necessidade de se investir em prevenção. Os policiais têm elaborado palestras, estudos, análises, projetos, cursos e oficinas com o intuito de interagir com a sociedade e lhe proporcionar uma melhor resposta aos anseios.

Mesmo com todas essas atividades, percebemos que há uma publicidade em torno da “marca Proerd”, há uma publicidade, uma vez que muitas pessoas já ouviram falar em Proerd, mas há pouca informação sobre o programa. A publicidade produzida até o momento não teve a capacidade de mostrar o real funcionamento do programa, através de sua metodologia, formação policial, diálogo com as crianças. As pessoas não têm conhecimento em profundidade sobre o que é o programa Proerd, embora, seja notório o entusiasmo que elas passam ao falar do assunto: quase sempre de forma sorridente, admirando o trabalho, mas discorrendo de forma superficial sobre a experiência exposta por alguma criança.

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É necessário dar maior visibilidade ao programa. Mostrar os pontos positivos e os pontos a crescer, expondo as coisas boas existentes sem esquecer reais necessidades que estão envoltas nas atividades do programa.

A integração de conteúdos visando a forma mais coesa de aplicação dos mesmos tem sido o foco do Proerd, sempre buscando alcançar melhoramentos com a meta de identificar a maneira mais eficaz de agir no relacionamento Polícia/escola/família.

De forma geral, percebemos que os policiais Proerd estão bem preparados para agir. Não apenas por serem técnicos em segurança pública ou por terem passado por um curso de formação com mais de 80 horas/aula. Esse preparo vem, principalmente, de suas escolhas de vida. Escolhas essas que estão envoltas na busca por melhores condições para si, para os familiares e para a sociedade em geral. Uma dessas escolhas de vida dos policiais é o anseio pelo aperfeiçoamento pessoal, tanto que, demonstram conhecimento técnico geral, e a grande parte dos Policiais em Rio Branco têm conhecimento específico em outras áreas de formação.

Constatamos que a maioria absoluta dos Policiais Proerd de Rio Branco têm nível superior, embora essa não seja a realidade do interior do Estado (que pouco é assistido pela UFAC). Enquanto o Proerd Rio Branco conta com um efetivo formado por Doutor, Especialistas, Bacharéis, Graduados, e com nível Médio.

Muito foi feito pelos policiais do Proerd, mas ainda há muito que se fazer. Não apenas por esses policiais abnegados, mas por toda a sociedade. Polícia, escola e família precisam caminhar juntas; precisam unir as forças para que as crianças sejam melhor atendidas.

Desde o início, tivemos o intuito de mostrar as principais relações sociais que envolvem o Proerd e seus parceiros, objetivando verificar na prática o funcionamento do programa e como estão os adolescentes que por ele passaram.

A grande maioria dos adolescentes que estudaram o Proerd não fuma cigarro (85%), não consome bebidas alcoólicas (53%), e nunca experimentou drogas ilícitas (83%), a maioria (52%) disse não ter sentido vontade avassaladora ou premente de usar drogas. Isso é muito bom. Mostra a eficiência do programa Proerd

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relacionado a um ambiente familiar receptivo, a amigos verdadeiros, à crença em um Deus que cuida, e tantos outros fatores.

O Proerd é um programa importante, mas sem as parcerias, pouco ou quase nada pode fazer. Os ideais de manter as crianças e os adolescentes longe das drogas e de bem com a vida foram em parte cumpridos. É possível afirmar, veementemente, que vale à pena investir em prevenção.

Mas ainda existem os que não foram alcançados, e o problema está justamente aí. Dentre os alunos que fizeram o Proerd, vários têm problemas com as drogas. Estamos falando de alunos que usam cigarros sempre que vão a festas (10%); que fazem uso de bebida alcoólica (42%) quase sempre que saem para se divertir; ou que “curtem um barato” quando saem com os amigos.

Percebemos que 5% dos ex-alunos Proerd são dependentes da nicotina contida nos cigarros. Também 5% são dependentes do álcool contido nas bebidas alcoólicas. Neste momento, ainda não cruzamos os dados para saber se são 5% dos alunos que fumam e bebem, ou se são 10% que fumam ou bebem.

Para os ex-alunos Proerd parece não ter ficado claro o que são drogas na prática, uma vez que ao se reportar ao assunto drogas, quase sempre estão falando das consideradas ilícitas. Quase nunca falaram do cigarro ou da bebida alcoólica como sendo droga, talvez por que os usem, ou talvez porque não acreditem na prática que esses sejam drogas de fato. Grande parte dos ex-alunos Proerd se manteve distante das drogas ilícitas, mas utilizam as lícitas, cigarro e bebida alcoólica, em quantidade superior a que estimávamos encontrar. Isso demonstra, talvez, a necessidade de o programa Proerd ajustar o foco para melhor atuar junto às crianças e aos adolescentes.

Vários dados poderiam ser melhor explicitados, mas preferimos ressaltar apenas dois nesse momento: a influência dos amigos e da família em mais da metade dos casos de uso de cigarro e bebidas; e, o fato de entre os entrevistados, 25% afirmarem fumar o primeiro cigarro na escola, 7% afirmarem beber álcool pela primeira vez na escola, e, 20% terem utilizado substâncias ilícitas pela primeira vez na escola. É como se a escolas não estivessem

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percebendo a relação entre os alunos e as drogas. Eles fazem uso dentro das dependências das mesmas.

E aqui vamos relacionar as informações dadas pelos alunos com as coletadas nas escolas de Ensino Fundamental. Para os gestores, diretores, coordenadores, educadores, professores ou qualquer outro nome dado às pessoas que estão diretamente envolvidas com a relação aluno-ensino-aprendizagem no ambiente escolar, que responderam o questionário Proerd, em quase um terço das escolas havia a utilização constante ou esporádica de drogas, principalmente cigarro e bebida, por professores, funcionários e alunos nas imediações das mesmas. E, após a implantação do Proerd nas escolas, 58% das escolas não tem utilização de drogas, principalmente cigarro, por professores, funcionários e alunos dentro das escolas. Sendo que, em quase um terço delas, constatou-se que os funcionários, professores e alunos saem da escola para fumar fora dos portões.

Essas são informações coletadas nas escolas, não inventamos, temos todos os dados para comprovar a veracidade. Então fica uma dúvida: “Se a Polícia, a educação, os gestores, os coordenadores sabem qual é e onde está o problema, por que não o resolvem? Os temas transversais sobre cidadania, saúde, drogas, relações interpessoais têm sido postos em prática no ambiente escolar? Até que ponto escola e família têm caminhado juntas? Ou, em última instância, que providências têm sido tomadas quanto a esses assuntos?”.

São adolescentes que na grande maioria se consideram bem informados sobre as drogas, mas que afirmam saber da existência de outros alunos (9%), estranhos (3%), e, até, funcionários e professores (4%) vendendo drogas em suas escolas. O problema está no desejo associado à disponibilidade de aquisição. Dos que não usam drogas 48% já sentiram algum dia vontade de utilizar. Isso não quer dizer que eles vão utilizar, mas que precisamos mostrar para todos as reais possibilidades de viver sem drogas. Porque como disse certo pensador anônimo: “Não basta dizer que as drogas matam. É preciso ensinar o valor da vida!!!

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Os Policiais Proerd têm tentado fazer isso. Contudo, pelas muitas adversidades e pelo próprio percurso pelos quais passam os sujeitos que fazem parte da relação de vivência e convivência com o Proerd, esses objetivos nem sempre são alcançados.

Verificamos o Programa Proerd, desde como se efetua um curso de formação, passando pela “visita” às salas de aula, às escolas, às autoridades, a Coordenação do programa e aos policiais que fazem parte do programa.

A conclusão a que chegamos nos faz perceber que o programa é eficiente, embora tenha algumas deficiências a serem sanadas. Sua eficiência está principalmente na ideologia e na força de vontade de seus policiais em contribuir para que as crianças e os adolescentes fortaleçam sua auto-estima e obtenham conhecimentos básicos para resistir às pressões quando do convite para a utilização de drogas e convite à prática de violência.

O programa Proerd em Rio Branco não é eficaz. Alguns pontos foram verificados e achados em falta, muitas vezes não por ausência, mas por presença em pequena quantidade. A título de exemplo, podemos citar o programa Proerd da 6ª série, que escolhemos não analisar a fundo, por causa de sua descontinuidade: a Polícia Militar tem um efetivo de meia dúzia de policiais muito bem qualificados, as escolas querem o programa, as experiências anteriores lograram êxito, mas falta material logístico e didático para que o programa seja posto em prática.

A eficácia de um programa está em sua forma plena. Não do que é, mas do que, dentro de sua realidade, pode ser. O Proerd Rio Branco pode ser muito melhor que a forma atual em que se apresenta. Para tanto, sugerimos algumas possibilidades que podem tornar o programa mais eficiente e mais próximo da eficácia.

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Sugestões:

Diante do exposto, dividimos nossas sugestões em assuntos pontuais que estão agrupados nos seguintes tópicos: Serviço Policial Proerd, Curso de formação, Coordenação Proerd, Livro do estudante, Divulgação do Programa, Atuação do Governo do Estado e Comando da Polícia Militar.

Verificamos que o programa Proerd é eficiente, e, para ficar ainda mais próximo da tão almejada eficácia, sugerimos:

Serviço Policial Proerd· Que os policiais Proerd no exercício da função Policial Militar trabalhem exclusivamente no programa, excetuando ocasiões de necessidade premente; · Que cada policial atenda 10 turmas, totalizando 20 horas/aula na escola e 10 horas/aula de orientação à disposição do Proerd (reuniões, palestras, cursos, serviços internos, Mentorações e congêneres);· Que ajustem o foco para que as crianças e os adolescentes entendam cigarro e bebidas alcoólicas como sendo drogas.

Curso de formação· Que os policiais Proerd sejam qualificados em curso de capacitação e atualização de currículos Proerd 4ª série, 6ª série e “Curso de Pais”, para atuarem como Educadores Sociais; · Que seja feito um curso de Instrutores para aumentar o efetivo do programa em, no mínimo, 15 policiais para a Capital e, o dobro disso para o interior, para que o programa possa ser aplicado em todos os municípios acreanos; · Que o protocolo de intenções, assinado com a Secretaria de Educação, contemple a formação em nível superior dos policiais Proerd, além de curso de especialização voltados para o ensino/educação, para os policiais que já têm o nível superior.

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Coordenação Proerd· Que a Coordenação Administrativa, determine aos Mentores que auxiliem diretamente na mentoração das lições que estiverem em andamento, bem como, que assistam aos Instrutores em suas eventuais dificuldades e efetuem cursos de aperfeiçoamento;· Que seja apontado um tempo padrão para a aplicação das lições Proerd em cada currículo;· Que se coloque em prática a Coordenação Pedagógica do Proerd, já criada, mas nunca implantada;· Que a Coordenação planeje o Calendário Semestral de Atividades, seguindo os das Secretarias Municipal e Estadual de Educação, a saber: atividades escolares no início de março até julho, e, de agosto a novembro e que possa, no decorrer de todo o ano, agir com planejamentos e outras atividades relacionadas ao programa.

Livro do estudante· Que seja confeccionado o livro do estudante de todos os currículos (4ª série, 6ª série e Curso de Pais), com a devida antecedência para que não prejudique o ano letivo;· Que o livro do estudante da 4ª série seja reformulado e as “questões confusas” sejam reelaboradas.

Divulgação do Programa· Que se dê visibilidade às ações do Proerd;· Que na página da PMAC, constante na internet, sejam postas as localidades, dias e horários das formaturas do Proerd;· Que haja uma formatura única por semestre;· Que as parcerias sejam postas em prática e convidadas novas instituições para serem parceiras do Proerd.

Governo do Estado· Que apóie e destine recursos para que sejam providenciados

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os cursos de qualificação/capacitação e atualização dos Instrutores para o novo currículo a ser implantado até 2010 em todo o Brasil;· Que providencie, juntamente com o Comando da PMAC, um espaço mais amplo e adequado para o funcionamento da Coordenação do programa Proerd no Acre;· Que aumente as parcerias firmadas com o Proerd/PMAC, auxiliando o programa em seus erários e custos necessários ao bom andamento e à execução de forma plena.

Comando da Polícia Militar· Que providencie cursos de qualificação/capacitação e atualização dos Instrutores para o novo currículo a ser implantado até 2010 em todo o Brasil;· Que promova o encontro de Instrutores de todo o estado, haja vista muitos Instrutores não terem passado por nenhum curso de aperfeiçoamento desde sua formação;· Que providencie, juntamente com o Governo do Estado, um espaço mais amplo e adequado para o funcionamento da Coordenação do programa Proerd no Acre;· Que ponha à disposição do Proerd, três viaturas moto, para serviço diário, e, uma viatura carro (em que caibam, ao menos, seis policiais), para serviços de Coordenação, viagens e atividades relativas ao Proerd na área metropolitana atendida.

O Proerd é um grupamento da PMAC. Não é nem deve ser visto como uma Polícia diferente. Não existem várias Polícias Militares no Acre, antes, uma única que se desdobra nos diversos contornos do serviço policial, sempre vislumbrando “Servir e Proteger”.

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2º Curso de Capacitação sobre a redução da oferta e da demanda de drogas. Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2005.BALLONE, G.J. Abuso Sexual Infantil, in. PsiqWeb. Internet. Disponível em <http://www.virtualpsy.org/infantil/abuso.html>. Acesso em 10 de junho de 2006.BUENO, Gláucia da Mota. Adolescência, sexualidade e gravidez. Disponível em <www.psikeweb.com.br>. Acesso em 20 de maio de 2006.CRUZ, Bianca Sales; SILVA, Luana Carla Torres da. A contribuição do Proerd no combate a violência no cotidiano da escola de Ensino Fundamental Clínio Brandão. Rio Branco: UFAC, 2004. Monografia submetida ao Departamento de Educação, UDAC, Rio Branco. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 197 maiores cidades do país: 2001 / E.A Carlini ... [et al.]. São Paulo: CEBRID Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP Universidade Federal de São Paulo, 2002.LOPES, Jandicleide Evangelista. As representações sociais de prevenção ao abuso de drogas dos professores do ensino fundamenta l : um es tudo de caso . Disponíve l em <http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200326540001016001P0>. Acesso em 15 de junho de 2007. Manual do Instrutor Proerd. Tradução: Ademir Roberto Sander Alves da Silva e Tânia Regina Candemil. DF: mimeo, 2006.Méri to pela Valor ização da Vida . Disponível em

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REFERÊNCIAS:REFERÊNCIAS:

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PEROVANO, Dalton Gean. Concepção dos Instrutores do programa educacional de resistências às drogas e à violência sobre a sua f o r m a ç ã o . D i s p o n í v e l e m <http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20064340001016001P0>. Acesso em 15 de junho de 2007. Polícia Militar de Pernambuco; Secretaria de Defesa Social; Gerência Geral de Articulação Institucional e Integração Comunitária. Nossos jovens de bem com a vida. Recife: PMPE, 2007.RATEKE, Deise. A escola pública e o Proerd: Tramas do agir policial na prevenção às drogas e à violência. Disponível em<http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=2006941001010015P7>. Acesso em 15 de junho de 2007.Site Antridrogas. Disponível em <javascript:history.go(-1)javascript:history.go(-1)>. Acesso em 15 de junho de 2006.Site Antridrogas. Disponível em <javascript:history.go(-1)javascript:history.go(-1)>. Acesso em 15 de junho de 2006.

Parcerias durante a Pesquisa

Ação Social da PMACBiblioteca Pública EstadualCIOSPCompanhia de Policiamento EscolarConselho Tutelar de Rio BrancoEscolas das redes públicasGerência de Ensino Médio da SEEGraf-setGrupo de Pesquisa Sobre Terras e GentesJuizado da Infância e da JuventudeKarinas CópiasMinistério Público EstadualPMACPolícia da FamíliaProerd BrasilProerd das Diversas Polícias do BrasilSecretaria Estadual de EducaçãoSecretaria Municipal de EducaçãoUniversidade Federal do Acre

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Referências

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ANEXOS

GOVERNO DO ESTADO DO ACREPOLÍCIA MILITAR

3ª EM/PM

Portaria n� í �023/3ª EM/PM/01Instituição do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à

Violência – PROERD/PMAC.

O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Acre, no uso de suas atribuições legais e, de acordo com o Decreto nº 3.466, de 25 de abril de 2001, c/c o Art. 10 da Lei Complementar nº 15, de 10 de dezembro de 1987.

R E S O L V E:

Art. 1º - Instituir o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – PROERD, no âmbito da Polícia Militar do Estado do Acre, de acordo com a Diretriz nº 001/3ª EM/PM, de 18.10.01.

Art. 2º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Registre-se;Publique-se; eCumpra-se.

Rio Branco-AC, 18 de outubro de 2001.

Alberto Camelo de Oliveira – Cel PMComandante Geral da PMAC

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