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Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr. Heronides Adonias Dantas Filho Profª Drª. Kelly das Graças Fernandes Dantas.

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Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira

Prof. Dr. Heronides Adonias Dantas Filho

Profª Drª. Kelly das Graças Fernandes Dantas.

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2

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

FACULDADE DE QUÍMICA

Disciplina: QUÍMICA AMBIENTAL

Pré-requisito: QUÍMICA GERAL

Carga Horária: 60 horas

Crédito: 04 (quatro)

SÚMULA

A química ambiental explora a relação entre a química e o meio ambiente do ponto de

vista químico. Uma nova abordagem e estrutura didática alternativa tornam a aprendizagem

mais flexível. A disciplina aborda novos problemas ambientais na perspectiva mundial

como o efeito estufa, a contaminação do ambiente pelo mercúrio e tenta relacioná-los com

os problemas regionais. A disciplina foi estruturada em cinco partes: ar e energia,

substâncias tóxicas, água e contaminação de solos e sedimentos por resíduos tóxicos e

concluindo uma visualização sobre o cenário futuro da química ambiental na Amazônia. Os

capítulos serão abordados de forma individual e independente sem perder de vista o

contexto geral. A bibliografia recomendada abrange os tópicos propostos e a bibliografia

complementar aborda alguns assuntos de suma importância para a química ambiental e que

requerem um estudo mais específico de seu conteúdo.

Page 3: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

3

SUMÁRIO Pág.

CAPÍTULO 1 - QUÍMICA ATMOSFÉRICA

1.1. - Regiões da atmosfera 8

1.2. - Unidades de concentração ambiental para gases 11

1.3. - A camada de ozônio 12

1.3.1. - A química da camada de ozônio 13

1.3.2. - A dissociação das moléculas de ozônio 18

1.3.3. - O buraco de ozônio e outros locais de depleção de ozônio 20

1.3.4. - As substâncias químicas que causam destruição de ozônio 23

1.3.5. - Consequências biológicas da redução de ozônio na estratosfera 28

1.4. - Química e poluição atmosférica 31

1.4.1. - Unidades de concentração para contaminantes atmosféricos 38

1.4.2. - Ozônio urbano: O fenômeno do smog fotoquímico 39

1.4.3. - Particulados na poluição do ar, controle do NOx e SO2 41

1.4.4. - Chuva ácida 46

1.4.5. - Os efeitos da chuva ácida sobre os ecossistemas e a saúde 51

1.4.6. - Poluição dos veículos 60

1.5. - O efeito estufa, aquecimento global e mudanças climáticas 62

1.5.1. - O mecanismo do efeito estufa 64

1.5.2. - Os gases que provocam o efeito estufa 67

1.5.3. - Emissões de CO2, e suas conseqüências ambientais 68

1.5.4. - Outras substâncias que afetam o aquecimento global 74

1.5.5. - Dados sobre o aquecimento global 77

1.5.6. - Medidas para a redução das emissões de gases de efeito estufa 81

1.6. - Recursos energéticos - Fontes Alternativas de Energia 84

1.6.1. - Energia hidrelétrica 86

1.6.2. – Álcool 88

1.6.3. - Energia nuclear 90

1.6.4. - Energia solar 92

Page 4: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

4

Pág.

1.6.5. – Biogás 95

1.6.6. – Biodiesel 96

1.6.7. - Energia eólica 101

1.7. - Resolução 382-06 CONAMA - Limites máximos de emissão de

poluentes atmosféricos

104

1.8. - Problemas selecionados da química atmosférica

108

CAPÍTULO 2 - QUÍMICA DA ÁGUA

2.1. - As águas naturais 114

2.1.1. - A molécula da água 115

2.1.2. - O ciclo hidrológico 120

2.1.3. - Águas subterrâneas, do mar, dos rios e lagos 123

2.1.4. - Disponibilidade de recursos hídricos no mundo e no Brasil 126

2.1.5. - Química de oxidação-redução em águas naturais 131

2.1.6. - O nitrogênio em águas naturais 134

2.1.7. - A química ácido-base em águas naturais 138

2.1.8. - O alumínio em águas naturais 147

2.2.9. - Parâmetros de qualidade da água 149

2.2. - A purificação da água poluída 165

2.2.1. - A contaminação de águas superficiais e subterrâneas 167

2.2.2. - A purificação da água potável 172

2.2.3. - Carbono ativado 176

2.2.4. - Mecanismo de produção de clorofórmio em água potável 178

2.2.5. - A contaminação de águas de superfície através de nutrientes 180

2.2.6. - O tratamento de águas residuárias e esgoto 184

2.2.7. - O tratamento do cianeto em águas residuárias de mineração 195

2.2.8. - Oxidação da amônia e uso de métodos de oxidação avançados 200

2.3. - Resolução 357-05 CONAMA - Classificação de rios e Portaria

518-04 do MS (Padrões de potabilidade)

204

2.4. - Problemas selecionados da química da água 215

Page 5: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

5

CAPÍTULO 3 - QUÍMICA DO SOLO

Pág.

3.1. - Formação do solo 221

3.1. - Resíduos tóxicos e a contaminação de solos 224

3.2. - A natureza dos resíduos tóxicos 227

3.3. - Substâncias tóxicas 229

3.3.1. - Substâncias orgânicas 229

3.3.1.1.- Pesticidas 230

3.3.1.2.- Inseticidas organoclorados 232

3.3.1.3.- A história do DDT 234

3.3.1.4.- Princípios de toxicologia 236

3.3.1.5.- Outros tipos de inseticidas modernos 238

3.3.1.6.- Herbicidas 240

3.3.1.7.- PCBs 241

3.3.1.8.- O efeito da dioxina, furano, e PCBs sobre a saúde humana 243

3.3.1.9.- Hidrocarboneto polinuclear aromático (PAH) 244

3.4. – Problemas selecionados de Química do Solo 245

CAPÍTULO 4 - CENÁRIO FUTURO

4.1. - O futuro da química ambiental, a química verde 250

4.2. - Biotecnologia aplicada na preservação ambiental 253

4.2.1. - Biorremediação de ambientes contaminados 259

4.2.2. - Fitorremediação de ambientes contaminados 268

4.3.3. - Biofiltros, plásticos biodegradáveis

4.3.4 – Problemas selecionados do Capítulo cenário futuro

277

REFERÊNCIAS 279

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6

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7

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PROFª. DRª. SIMONE DE FÁTIMA PINHEIRO PEREIRA

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9

1.1. - Regiões da atmosfera tmosfera é uma fina camada que envolve alguns planetas, composta basicamente

por gases e poeira, retidos pela ação da força da gravidade. Podemos definir-la

como sendo uma fina camada de gases sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa a

Terra pela força da gravidade.

Visto do espaço, o planeta Terra aparece como uma esfera de coloração azul

brilhante. Esse efeito cromático é produzido pela dispersão da luz solar sobre os gases

atmosféricos. Outros planetas do sistema solar também possuem atmosfera. Não existe um

limite definido entre o espaço exterior e a atmosfera, presume-se que esta tenha cerca de

mil quilômetros de espessura, 99 % da densidade está concentrada nas camadas mais

inferiores, cerca 75 % está numa faixa de 11 km da superfície, à medida que se vai subindo,

o ar vai se tornando cada vez mais rarefeito perdendo sua homogeneidade e composição.

Na exosfera, zona em que foi arbitrado limítrofe entre a atmosfera e o espaço

interplanetário, algumas moléculas de gás acabam escapando à ação do campo

gravitacional.

O estudo da evolução térmica segundo a altitude revelou a existência

de diversas camadas superpostas, caracterizadas por comportamentos

distintos, como sua densidade vai diminuindo gradualmente com o aumento

da altitude, os efeitos que a pressão atmosférica exerce também diminuem

na mesma proporção (Internet 1, 2011).

Quanto mais próxima do solo, mais concentrados são os gases

que formam a atmosfera e quanto mais alto, ela vai ficando mais

diluída (Figura 1). Na realidade, não existe um limite ou fronteira no

final da atmosfera, ela vai ficando cada vez mais tênue, até que

praticamente deixa de existir. A pressão atmosférica depende do

número de partículas que chocam com as paredes de uma superfície.

Dessa forma, a pressão atmosférica que depende diretamente da

concentração dos gases diminui com a altitude (Internet 2, 2011).

Outras propriedades físicas também se modificam ao longo da atmosfera. Bastante

característica é a variação de temperatura. Inicialmente, ela vai diminuindo conforme

A

A atmosfera se inicia sobre o solo e oceanos e acaba no espaço

Page 10: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

10

aumentamos a altitude. Posteriormente ela volta a aumentar com a altitude e depois inverte

novamente. A variação de temperatura é resultado de interações entre moléculas e energia,

que ocorrem de forma diversa nas diferentes alturas.

Figura 1. Camadas da atmosfera

Fonte: Adaptado de mynasadata.larc.nasa.gov.

Para facilitar o estudo dos fenômenos que acontecem na atmosfera, ela foi

dividida em camadas. E essas camadas são definidas pelas inversões nas

variações de temperatura. A troposfera é a camada mais próxima do solo e

sua altura chega até próximo de 12 km e concentra 85 % da massa da

atmosfera. É nesta camada que ocorrem os fenômenos climáticos (chuvas,

formação de nuvens, relâmpagos).

Segundo Manahan (2000) quase todos os gases liberados no ar, sejam eles

substâncias “naturais” ou “poluentes”, são totalmente oxidados e seus

produtos finais ao longo do tempo são depositados na superfície da terra.

Uma das principais características é que ela é um ambiente oxidante, fenômeno que se

explica pela presença de alta concentração de oxigênio diatômico, O2. Os aviões de transporte de cargas e passageiros voam nesta camada a cerca de 8 km

de altitude, o pico mais alto do planeta, o monte Everest, chega a 9 km de altitude. As

É na troposfera que ocorre a

poluição do ar.

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11

temperaturas nesta camada podem variar de 40 °C até -60 °C. Quanto maior a altitude

menor a temperatura.

Depois, inicia-se a estratosfera, onde está situada a

famosa camada de ozônio. A estratosfera contém

aproximadamente 19,9 % da massa total da atmosfera. A

estratosfera compreende a região entre 12 e 50 km de

altitude, onde ocorrem reações vitais para a conservação

da camada de ozônio. As temperaturas variam de -5 °C a

-70 °C. Na estratosfera localiza-se a camada de ozônio,

que funciona como uma espécie de filtro natural do

planeta Terra, protegendo-a dos raios ultravioletas do Sol. Aviões supersônicos e balões de

medição climática podem atingir esta camada. A estratosfera é definida como a região

situada entre as altitudes nas quais a temperatura tende a apresentar inversões. A altura

exata na qual termina a troposfera e começa a estratosfera varia com a estação e com a

latitude (Baird, 2002).

A mesosfera tem início no final da estratosfera e vai até 80 km acima do solo. A

temperatura na mesosfera varia entre -10 °C até -100 °C. A temperatura é extremamente

fria, pois não há gases ou nuvens capazes de absorver a energia solar. Nesta camada ocorre

o fenômeno da aeroluminescência.

A termosfera tem início no final da mesosfera e vai até 500 km do solo. É a camada

atmosférica mais extensa. É uma camada que atinge altas temperaturas, pois nela há

oxigênio atômico, gás que absorve a energia solar em grande quantidade. As temperaturas

na termosfera podem atingir os 1.000 °C.

Exosfera é a camada que antecede o espaço sideral. Vai do final da termosfera até

800 km do solo. Nesta camada as partículas se desprendem da gravidade do planeta Terra.

As temperaturas podem atingir 1.000 °C. É formada basicamente por metade de gás hélio e

metade de hidrogênio. Na exosfera ocorre o fenômeno da aurora boreal e também

permanecem os satélites de transmissão de informações e também telescópios espaciais

(Internet 3, 2011).

Para efeitos deste livro serão discutidos apenas os fenômenos relacionados à

estratosfera e troposfera.

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12

1.2. - Unidades de concentração ambiental

para gases concentração dos componentes gasosos são geralmente expressos como o

volume do analito/volume total da amostra e leitura direta. Muitos instrumentos

são calibrados nessas unidades. Geralmente a concentração dos gases em

química atmosférica é dada em moléculas por centímetro cúbico. A concentração relativa é

expressa em: fração molar -"parte por milhão, bilhão, trilhão" valores ppm, ppb, ppt - para

gases, esta unidade de concentração relativa expressa o número de moléculas de um

poluente (i.e., o "soluto" em linguagem química) que estão presentes em um milhão ou

bilhão ou trilhão de moléculas no ar.

Para medir partículas em suspensão, unidades alternativas com base na massa do

analito/volume total pode ser utilizado tanto para gases e material particulado, como para

concentrações típicas. Pode ser expressa da seguinte forma: g.m-3 para atmosfera superior

e mg.m-3 para atmosfera inferior.

A conversão entre ppm e mg.m-3 é feita usando a seguinte relação que requer a massa

molecular relativa do composto e o volume molar do gás, (para uma conversão aproximada

isso pode ser considerado como sendo 24,0 litro para todos os gases a 20 ºC e 1 atm de

pressão).

Concentração (ppm) = Concentração (mg.m-3) x 24,0

Massa molecular relativa

Outras medidas:

A camada de ozônio é medida em unidade Dobson

Uma unidade Dobson (UD) equivale à espessura de 0,01 mm (0,001 cm) de ozônio puro

com a densidade que ele possuiria se estivesse submetido à pressão do nível do mar (1

atm) e 0 oC de temperatura (Baird, 2002).

A

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13

1.3. - A camada de ozônio camada de ozônio é a região da estratosfera que

protege a Terra contra os efeitos nocivos da

radiação ultravioleta da luz solar, impedindo que

tal radiação chegue à superfície e cause danos a humanos e

outras formas de vida (Figura 2).

Na rarefeita estratosfera, na faixa dos 25 mil metros,

logo acima da altitude do cruzeiro dos aviões supersônicos,

paira ao redor da Terra uma tênue camada de um gás muito

importante no equilíbrio ecológico do planeta: o Ozônio. O ozônio é um gás de fórmula

molecular O3, presente em pequenas concentrações em toda atmosfera. A quantidade deste

gás é ínfima se considerarmos a composição de toda a atmosfera, e o tempo de vida de suas

moléculas, em constante processo de formação e dissociação, extremamente curto.

Paradoxalmente, é nessa existência efêmera que reside o papel fundamental do ozônio na

manutenção da vida.

Lá, a molécula de oxigênio atmosférico mais abundante,

absorve uma parte das radiações ultravioleta, UV, proveniente

do sol, e se quebra em dois átomos livres de oxigênio, que

imediatamente se reagrupam com moléculas de O2 para formar

ozônio (O3). A instável molécula de ozônio, por sua vez,

absorve outra parte das radiações UV e se quebra novamente

em O2 e O, reiniciando o ciclo. A quantidade de ozônio em

latitudes onde predominam climas temperados é de 350 DU;

trópicos 250 DU, regiões subpolares 450 DU. Nessas reações, a

chamada camada de ozônio absorve a maior porção daquela faixa de invisíveis radiações,

evitando assim que atinjam os seres vivos que habitam a superfícies. Assim como o Efeito

Estufa, também este é um fenômeno atmosférico natural, apropriado à sobrevivência das

atuais formas de vida que, de outro modo só seria possível debaixo das rochas e em águas

profundas. Os seres vivos se encontram estreitamente condicionados a uma filtragem

permanente daquela faixa de radiação solar (Internet 4, 2011).

A

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14

Figura 2. Variação da concentração de ozônio e temperatura com a altitude

Fonte: Adaptado de Baird, 2002.

A produção de ozônio alcança um máximo onde o produto da intensidade da radiação

UV-C e concentração de O2 é máximo. Essa densidade máxima de ozônio acontece acerca

de 25 km sobre áreas tropicais, de 21 km sobre latitudes intermediárias, e de 18 km sobre

regiões subárticas. Consequentemente, a maioria do ozônio é localizada na região entre 15

e 35 km, nas camadas inferiores e médias da estratosfera, conhecida informalmente como a

camada de ozônio (Figura 3).

1.3.1. - A química da camada de ozônio O sol emite o espectro da radiação eletromagnética, parte desta radiação chega ao

planeta. Radiação solar é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em

particular aquela que é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. Cerca de

metade desta energia é emitida como luz visível na parte de frequência mais alta do

espectro eletromagnético e o restante na do infravermelho próximo e como radiação

Page 15: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

15

ultravioleta. A radiação solar fornece anualmente para a atmosfera terrestre 1,5 x 1018 kWh

de energia (Spiro & Stigliani, 2009).

Figura 3. Intensidade da radiação UV e parte da região visível

Fonte: Adaptado de Baird, 2002.

O espectro eletromagnético (Figura 4) é o intervalo completo da radiação

eletromagnética que contém as ondas de rádio, as microondas, o infravermelho, os raios X,

a radiação gama, os raios violeta e a luz visível ao olho humano. De forma geral, os vários

tipos de ondas eletromagnéticas diferem quanto ao comprimento de onda, fato esse que

modifica o valor da freqüência, e também da forma com que elas são produzidas e

captadas, ou seja, de qual fonte elas originam e quais instrumentos são utilizados para que

se possa captá-las. No entanto, todas elas possuem a mesma velocidade, ou seja, v = 3,0 x

108 m/s e podem ser originadas a partir da aceleração de cargas elétricas.

O espectro da luz visível vai de 400 nm (luz violeta) a cerca de 750 nm (luz

vermelha), nesta faixa se encontram as radiações que podemos ver, um exemplo do

espectro na natureza é o arco-íris. Um arco-íris aparece quando a luz branca do sol é

interceptada por uma gota d'água da atmosfera (Spiro & Stigliani, 2009).

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16

Figura 4. O espectro eletromagnético

Fonte: Adaptado de antonine-education.co.uk, 2011 e arpansa.gov.au, 2011.

Parte da luz é refratada para dentro da gota, refletida no seu

interior é novamente refratada para fora da gota. A luz branca é

uma mistura de várias cores. Quando a luz atravessa uma

superfície líquida - no caso, a gota da chuva - ou sólida

(transparente), a refração faz aparecer o espectro de cores: violeta,

anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Mas o arco-íris não

existe realmente. Ele é uma ilusão de ótica cuja posição aparente

depende da posição do observador. Todas as gotas de chuva

refratam e refletem a luz do sol da mesma forma, mas somente a luz de algumas delas

chega ao olho do observador. Mas o arco-íris não existe realmente. Ele é uma ilusão de

ótica cuja posição aparente depende da posição do observador (Internet 5, 2011).

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17

A radiação infravermelha (IR) está acima de 750 nm. A radiação infravermelha na

atmosfera, é a responsável pelo efeito estufa aquecendo assim a superfície da Terra e

camada inferior da atmosfera, graças ao efeito estufa foi possível o desenvolvimento da

vida no planeta. A radiação ultravioleta (UV) vai de 50 a 400 nm (1 nm = 10-9m) e é a

radiação que é filtrada pela camada de ozônio. A região do espectro eletromagnético

ambientalmente importante é a faixa que vai de 200-400 nm (Baird, 2002).

O oxigênio molecular O2 absorve radiação entre 70 e 250 nm, sendo assim, é o

responsável pela absorção de parte da radiação UV-C. Acima da estratosfera a

concentração de moléculas de O2 é tão pequena que a maioria do O2 está presente na forma

atômica devida ação da radiação UV-C. Na estratosfera a intensidade de radiação UV-C é

menor e a concentração de O2 é maior. Devido a este fato grande parte do oxigênio atômico

formado em menor quantidade na estratosfera tende a colidir com O2 não dissociado.

Moléculas seletivamente absorvem luz, a radiação ultravioleta compreendida entre

220 e 320 nm é absorvida principalmente por moléculas de ozônio, que se distribui pela

estratosfera. Então o O3, auxiliado em menor extensão pelo O2, é responsável pela absorção

de toda a radiação UV-C e parte da UV-B.

A faixa da radiação UV-C vai de 200 a 280 nm. O O2 acima da estratosfera filtra a

maior parte da radiação UV de 120 a 220 nm; o restante da luz nessa região é filtrada pelo

O2 da estratosfera. Além do O2 presente na estratosfera outros constituintes do ar como o

N2 filtram a radiação UV que fica abaixo de 120 nm. Dessa maneira radiações UV menores

que 220 nm não atingem a superfície terrestre, as radiações entre 220 e 240 nm são

absorvidas em parte pelo O2. A faixa da radiação que vai de 220 a 320 nm são absorvidas

pelas moléculas de ozônio, O3, que estão espalhadas pela média e baixa estratosfera

(Dessler, 2000).

O ozônio auxiliado pelo O2 filtra toda a radiação UV na faixa de 220 a 290 nm que se

sobrepõe a região de 200 a 280 nm (UV-C); na faixa de 290 a 320 nm pode absorver apenas

uma fração da luz, de 10 % a 30 % dessa radiação chega à superfície da terra. Portanto, não

é totalmente efetivo como filtro na região de 280 a 320 nm (UV-B).

A faixa da radiação UV-A vai de 320 a 400 nm, como nem o O2 nem o O3 absorvem

nesta faixa de comprimento de onda a maior parte desta radiação chega à superfície da

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18

terra. Este é o tipo menos prejudicial do ponto de vista biológico da radiação UV. O NO2

absorve este tipo de radiação, mas se encontra em baixas concentrações (Baird, 2002).

A reação fotoquímica que ocorre quando a radiação UV entra em contato com o

oxigênio é dada pela equação; E = h ou E = hc / λ sendo λ = c

Onde h é a constante de Planck (6,626218 x 10-34 J s) e c é a velocidade da luz (2,997925 x

108 m s-1). hc é 119.627 kJ mol-1 nm. Quanto mais curto o comprimento de onda da luz

maior será a energia transferida à matéria quando absorvida.

O2 2 O ΔHo = 495 kJ mol-1 Oxigênio diatômico oxigênio atômico

Calculando o valor do comprimento de onda tem-se;

λ = 119.627 kJ mol-1 nm / 495 kJ mol-1 = 241 nm (UV-C 200-280)

Qualquer molécula de O2 que absorva um fóton de luz de 241 nm ou menos terá um

excedente de energia suficiente para se dissociar. O2 + fóton UV (l < 241 nm) 2 O

Quando uma reação é iniciada por energia em forma de luz ela é chamada de reação

fotoquímica (Figura 5).

Figura 5. O processo de formação do ozônio

Fonte: Pereira, 2011.

Page 19: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

19

Reação de criação do O3

O2 + fóton (λ < 241 nm) O2* 2 O

ou O2 + calor

O + O2 O3 + calor

Esta reação representa a origem de todo o ozônio da estratosfera. O3 não é o gás de

maior abundância ou até mesmo a espécie dominante de oxigênio; sua concentração

relativa nunca excede 10 ppm. Assim o termo "camada de ozônio" é inapropriado. Talvez

“tela de ozônio” seria um termo mais conveniente. Uma terceira molécula, tal como N2, que

será designada por M, é necessária para retirar a energia térmica gerada na colisão entre

oxigênio atômico e O2, que produz o ozônio. Então a reação anterior é escrita de forma

mais real como:

O + O2 + M O3 + M + calor

A liberação do calor por essa reação resulta na temperatura mais elevada da

estratosfera que é a do ar acima e abaixo dela sendo este fenômeno chamado inversão de

temperatura (Baird, 2002).

1.3.2. - A dissociação das moléculas de ozônio As moléculas de ozônio têm a capacidade de absorver radiação UV-C e UV-B, então

essa absorção leva o O3 ao seu estado excitado O3*, e este por sua vez sofre a reação de

dissociação

O3 + fóton UV ( < 320 nm) O2* + O*

O ozônio na estratosfera é constantemente formado e decomposto durante o dia por

uma série de reações que se processam simultaneamente, de acordo com o ciclo de

Chapman (Figura 6).

Recentemente, a camada de ozônio vem sendo bastante afetada pela ação de algumas

substâncias químicas voláteis que, ao chegarem à estratosfera, perturbam o frágil equilíbrio

de sua composição. Pela interferência dessas substâncias, as reações normais do ciclo do

oxigênio na camada de ozônio vêm sendo gradativamente reduzidas, resultando em um

perigoso aumento dos níveis de radiação UV sobre a superfície. Por razões climatológicas

Page 20: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

20

peculiares ao Pólo Sul, a redução tem sido mais drástica sobre o continente antártico (o

buraco de ozônio), mas atinge quase todo o planeta (Internet 6).

Figura 6. Resumo esquemático das reações de produção e destruição não-catalítica de

ozônio na estratosfera (ciclo de Chapman) Fonte: Adaptado de Baird, 2002.

Segundo Baird (2002) existem espécies de radicais livres (X) que reagem com o O3

removendo um átomo de oxigênio de sua estrutura, esta então reage com átomos de

oxigênio para produzir O2 e novamente X, tratando-se então de um processo catalítico. Esta

reação também ocorre naturalmente, mas a presença de X aumenta a eficiência da reação.

Os principais catalisadores da degradação do ozônio são o cloro e o bromo atômico,

presentes em gases sintéticos usados em refrigeração. Cada átomo de cloro pode decompor

cataliticamente milhares de moléculas de ozônio. Ocorre lentamente na camada entre 15 a

25 km onde ocorre a maior quantidade de ozônio (estratosfera).

O processo catalítico da destruição do ozônio obedece ao seguinte mecanismo:

X + O3 XO + O2

XO + O X + O2

O3 + O 2 O2 reação global; X=catalisadores

Segundo Mecanismo Catalítico da Destruição do Ozônio

X + O3 XO + O2

X’ + O3 X’O + O2

XO + X’O X + X’ + O2

2O3 3 O2 reação global; X=catalisadores

Page 21: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

21

1.3.3. - O buraco de ozônio e outros locais de

depleção de ozônio Segundo Connell (2005) a camada de ozônio corresponde à região da atmosfera onde

há maior concentração de moléculas de ozônio - cerca de 10 ppmv (partes por milhão em

volume). Ela situa-se na estratosfera, região da atmosfera situada entre 15 e 50 km de

altitude. Nela, a concentração de ozônio chega a 10 ppmv, servindo como um gigantesco

“filtro solar” natural. Embora tenha todo este poder de bloquear a radiação UV é uma

camada muito rarefeita e se for colocada ao nível do mar, a uma temperatura de 0°C, ela

ficará com apenas 3 mm de espessura.

A camada de ozônio é estudada continuamente desde 1956 por instrumentos de solo e

mais recentemente por satélite. No final da década 1970 descobriu-se uma queda acentuada

no ozônio estratosférico na região Antártica, entre as latitudes 60 °S e 90 °S, durante a

primavera austral (Figura 7).

O fenômeno é conhecido como “buraco de ozônio”. Estudos mostraram um

decréscimo da camada de ozônio em todas as latitudes. Considera-se que existe um

“buraco” na camada de ozônio quando há menos de 220 DU (unidades Dobson) de ozônio

entre a superfície e o espaço (Figura 8).

Figura 7. Buraco de ozônio sobre a Antártida

Fonte: NASA, 2000.

http://www.esrl.noaa.gov/gsd/outreach/education/samii/SAMII_Activity3.html

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22

Cabe mencionar que a palavra “buraco” não é precisa, já que o que acontece é a

redução da camada de ozônio, sem que se chegue a produzir uma falta total do mesmo.

A redução da camada de ozônio sobre a Antártida foi observado pela primeira vez

entre 1980 e 1984. Apesar de já haverem dados que indicavam sua diminuição (40 %

menos) desde 1976, foi na década de 80 que o seu crescimento se fez maior.

Figura 8. Espessura da camada de ozônio na Terra

Fonte: NASA, 2005

http://www.newworldencyclopedia.org/entry/Image:IM_ozavg_ept_200006.png

Entre 1978 e 1987, o “buraco” cresceu tanto em largura como em extensão (60 %

menos), quando em 1985 a British Antartic Survey possibilitou o conhecimento formal da

situação. Em 1988, o buraco diminuiu radicalmente, mas em 1987 e entre 1989 e 1995 o

buraco cobria o continente antártico por inteiro e parte do oceano Atlântico. Desde 1996, a

Antártida começou a dar sinais da formação de um novo “buraco” na camada de ozônio.

A destruição da camada de ozônio acontece durante o inverno do hemisfério sul

(verão no hemisfério norte), ou seja, a baixas temperaturas. Observa-se que o buraco se

torna maior na primavera. Isto se deve a que, no inverno, as correntes de ar na baixa e

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média estratosfera favorecem a subida e o transporte de poluentes (especialmente os CFCs)

ao hemisfério sul, caindo sobre as regiões antárticas.

Desde 1957 pesquisadores observaram um decaimento na camada de ozônio sobre a

Antártida nos meses de setembro a novembro (primavera). Na década de 70 ocorreu um

súbito decaimento. Até a metade da década de 80 as perdas eram de mais de 50 %; com um

tamanho equivalente ao continente Norte Americano (Baird, 2002) (Figura 9).

Figura 9. A variação anual do tamanho do buraco de ozônio na Antártida.

Fonte: Adaptado Baird, 2002.

A depleção na camada de ozônio ocorre como resultado, principalmente, da poluição

do cloro. A depleção do ozônio também ocorre em áreas temperadas em uma taxa de 3

%/ano a partir da década de 80. Ocorre no inverno e na primavera elevando-se a 9 % desde

1970 a 1994 nas regiões setentrionais de latitude intermediária.

A perda mundial da camada de ozônio resulta em uma menor proteção da vida na

superfície da terra devido à presença do componente ultravioleta prejudicial na luz solar. O

aumento da depleção não-polar acontece em média latitude. Cálculos indicam que a

extensão do incremento da radiação UV após a década de 80 foi de 6-14 % em regiões de

média e alta latitude.

Além da Antártida outros lugares apresentam problemas de redução da camada de

ozônio. O buraco na camada de ozônio acima do Ártico chegou a nível recorde segundo

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informações da Organização Meteorológica Mundial (OMM). A diminuição na camada

acima da área chegou a 40 % durante o inverno no hemisfério norte. O recorde anterior era

de 30 %. Segundo a OMM, os danos na região polar do hemisfério sul (Antártida) estão

diminuindo com o tempo, com a recuperação da camada no local. A depleção parcial do

ozônio no Ártico é mais severa que na Antártida (Connell, 2005).

1.3.4. - As substâncias químicas que causam

destruição de ozônio Os compostos químicos que causam a depleção do ozônio não possuem um

sumidouro troposférico - não possuem um processo natural de remoção, como a

dissolução pela chuva ou oxidação pelos gases atmosféricos. Após alguns anos sendo

transportados pela troposfera esses compostos:

Difundem-se na estratosfera

Sofrem decomposição fotoquímica por meio da radiação UV-C

Consequente liberação dos átomos de halogênios

As principais substâncias que promovem a destruição da camada de ozônio são

produtos sintéticos fabricados pela indústria química e denominados

"clorofluorcarbonetos", CFC. O leque de aplicações é bastante amplo, indo desde

atividades essenciais, como conservação de alimentos em geladeiras e frigoríficos, até

futilidades descartáveis como bandejas de isopor em embalagens de alimentos vendidos em

supermercados.

Nos frigoríficos, freezers, geladeiras, e frigobares, o CFC é o "gás de geladeira"

(Freon ou Frigen) e sua função é absorver o calor na placa do congelador (onde se forma

gelo) e liberá-lo pelo radiador atrás, do lado de fora do aparelho. Nos ar condicionado de

parede, centrais e de automóveis, o princípio de funcionamento é o mesmo, e é o CFC,

também o agente que promove a troca de calor. Quando bem fabricados e corretamente

utilizados, estes aparelhos mantêm o gás em circuito fechado, não havendo vazamento para

a atmosfera. Quando vão para conserto ou são sucateados, a tubulação é aberta, o gás

escapa, e sobe até atingir a camada de ozônio. A destruição que lá ocorre é muito grande.

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25

Cada molécula de CFC destrói centenas de milhares de moléculas de ozônio, até ser

neutralizada, entre 75 e 110 anos mais tarde. Nos ar condicionado de carros, sujeitos a

condições adversas, as ocasiões em que ocorre a liberação de CFC são ainda mias

freqüentes, pois, além dos casos de colisões, há vazamento contínuo de gás pelas

mangueiras e conexões (Internet 7, 2011).

CFCs são adicionados sob pressão a embalagens em lata, conhecidas tanto pelo nome

"spray", quanto de "aerossol", para expelir ininterruptamente o seu conteúdo enquanto se

mantém apertado o botão existente no topo.

O CFC escapa junto com o produto cada

vez que o spray é usado. A apresentação

em spray tornou-se muito comum em

produtos de uso pessoal, doméstico,

inseticidas e outros, difundida muito além

dos casos em que seu emprego possa ser

considerado necessário, como em certos medicamentos para uso humano e veterinário.

O Brasil é a quinta nação que mais diminuiu o uso dos CFC's (clorofluorcarbonos) e

outros gases na última década, sob influência do Protocolo de Montreal, documento que

completa 20 anos em 2007 e que definiu metas para redução de gases que destroem a

camada de ozônio do planeta. Entre 1995 e 2005, o país cortou suas emissões dos principais

agentes de destruição do ozônio (Potencial Destruidor de Ozônio, unidade usada para medir

os possíveis danos à camada de ozônio). Desde novembro de 1989 está proibida no Brasil a

venda de sprays que contenham CFCs e, desde então, é comum encontrar nas embalagens

um selo padrão em que os fabricantes afirmam que seus produtos não agridem a camada de

ozônio.

Mas não se pode constatar que a produção industrial de CFCs para este fim tenha

diminuído, não se tem notícia de fiscalização e análise de conteúdo dos sprays, e é

surpreendente que todos os produtos que até bem pouco tempo continham CFC tenham se

adaptado à troca deste produto por outro propelente em suas fórmulas, sem modificações

perceptíveis em suas características usuais. Ao contrário dos CFCs, outras substâncias

propelentes tendem a reagir com o produto dentro da lata, alterando-o. Algumas são tóxicas

e inflamáveis. Portanto, é difícil substituir o CFC em todas as aplicações.

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Os CFCs não sofrem nenhum decaimento da troposfera, migram para a estratosfera

média e superior. A decomposição estratosférica dos CFCS está mostrada na Figura 10.

Figura 10. Mecanismo de destruição do ozônio através dos CFCs

Fonte: Adaptado de esrl.noaa.gov, 2011.

Outra fonte de liberação de CFCs na atmosfera são as espumas sintéticas flexíveis

utilizadas em estofamentos de carros, poltronas, colchões, tapetes é isolamento térmico de

paredes de refrigeradores, e as espumas sintéticas rígidas (geralmente brancas, como

isopor) largamente empregadas em isolamento térmico na construção civil, em embalagens

de equipamentos eletrônicos, bandejas, pratos e copos descartáveis, caixa de ovos e

embalagens de comida pronta para levar. O CFC escapa durante a confecção destes

produtos, quando é adicionado para conferi-lhes a consistência e porosidade características,

e depois, quando vão para o lixo e começam a fragmentar-se (Internet 4, 2011).

Segundo Baird (2010) outras substâncias semelhantes aos CFCs também contribuem

para a destruição da camada de ozônio. Entre as principais estão o tetracloreto de carbono e

o metilclorofórmio, usados como solventes em lavagens a seco e no ramo farmacêutico, e

os "halons", usados em alguns extintores de incêndio, que contêm bromo e são dez vezes

mais destruidores de ozônio o que os CFCs.

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O CFC emitido na superfície não sofre qualquer processo natural de remoção, sendo

assim chega quase que inalterado a estratosfera, onde tende a migrar para a parte superior

onde há radiação solar UV-C para sofrer fotodecomposição, o qual liberará átomos de

cloro. Os CFCs não absorvem componentes da luz solar com comprimentos de onda maior

que 290 nm e necessitam de comprimentos de onda menores que 220 nm para a fotólise.

A degradação do ozônio no ambiente antártico ocorre na região mais baixa da

estratosfera que converte todo cloro presente na forma inativa (HCl, ClONO2) para a forma

ativa de cloro atômico (Internet 8, 2011).

As reações que ocorrem na formação das nuvens estratosféricas polares (NEPs) são:

ClONO2(g) + H2O(aq) HOCl(aq) + HNO3(aq)

HCl(g) H+ (aq) + Cl- (aq)

Cl-(aq) + HOCl(aq) Cl2 (g) + OH-(aq)

HCl(g) + ClONO2 (g) Cl2 (g) + HNO3(aq) reação global.

Ativação do cloro sobre a superfície das partículas H2O HCl (g) → H+

(aq) + Cl- (aq)

H2O (aq) + ClONO2 (g) → HOCl (aq) + HNO3 (aq)

Cl- (aq) + HOCl (aq) → Cl2 (g) + OH- (aq)

Cl2 (g) + radiação → 2 Cl (g)

H+ (aq) + OH- (aq) → H2O (aq)

Durante o inverno o cloro na forma inativa se acumula em cristais de gelo, se

convertendo em cloro atômico pela ação da luz solar na primavera (Figura 11).

Pesquisas realizadas mostram que esse acúmulo de compostos de cloro ocorre numa

fina camada aquosa que está presente na superfície de cristais de gelo

Durante o inverno no hemisfério sul, observa-se a formação de um vórtice

(redemoinho), que é uma área onde o ar tem uma movimentação quase circular ou espiral,

que isola o ar de seu interior, impedindo que se combine com o ar do seu entorno. Isso

possibilita a formação de nuvens polares estratosféricas (NEP), que se encontram a 20 km

de altura e que estão formadas por gelo puro (-80 ºC). Aqui, o cloro e o bromo são

“armazenados” em compostos estáveis. As partículas de gelo captam o vapor de água e

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absorvem os compostos nitrogenados, precipitando-se a níveis mais baixos da atmosfera,

“desnitrificando” e desidratando o ar na estratosfera. O resultado é o NO2 “capturado” nas

nuvens em forma de ácido nítrico. Em certas ocasiões, as nuvens ficam tão pesadas que

caem da estratosfera, arrastando o ácido nítrico e causando a desnitrificação, que, por sua

vez, favorece a dissociação do ozônio.

Com o aumento de temperatura na primavera polar ocorre o desaparecimento das

nuvens estratosféricas polares (NEPs) e o vórtice do buraco de ozônio.

Figura11. Acúmulo do Cl2 sobre a superfície dos cristais sobre as NEPs

Fonte: Adaptado de Baird, 2002.

HNO3 + UV NO2 + OH-

Então ocorre a inativação do cloro

Cl + CH4 → HCl + CH3

ClO + NO2 → ClONO2

Outros compostos que causam a destruição do ozônio:

CCl4 - solvente usado na produção dos CFCs, - limpeza a seco

CH3CCl3 - limpeza metálica (ocorre declínio na troposfera, contribui com a metade

do cloro da estratosfera)

Óxido nítrico (NO) cataliticamente decompõe o ozônio

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NO + O3 NO2 + O2

NO2 + O NO + O2

O3 + O 2 O2 reação global

Hidroxila (OH-) cataliticamente decompõe o ozônio - catálise ocorre na alta

estratosfera (>45 km)

OH- + O3 HOO + O2

HOO + O OH- + O2

O3 + O 2 O2 reação global

A OH- é formada da reação do O* com metano ou água

O* + H2O 2OH-

O* + CH4 OH- + CH3

Pequenas quantidades do metano na troposfera causam a destruição do ozônio.

Cl* e Br* funcionam como um catalisador tipo X

Formação de Cl*

CH3Cl + UV-C Cl* + CH3

cloreto de metila cloro atômico

OH- + CH3Cl Cl* + outros produtos

Cl* + O3 ClO + O2

ClO + O* Cl* + O2

O3 3 O2 reação global

1.3.5. - Consequências biológicas da redução

de ozônio na estratosfera A diminuição da camada de ozônio implica uma menor proteção contra os raios

ultravioletas o que acarreta por sua vez, sérias consequências não apenas para a saúde

humana, mas também para o rendimento das culturas agrícolas, para os ecossistemas

marinhos e até para a duração de materiais plásticos de construção (usados, por exemplo,

nos parques infantis) (Internet 9, 2011). O aumento da incidência de radiação UV

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aumentaria a taxa de mutações nos seres vivos, atingindo especialmente o fitoplâncton.

Para o homem, haveria aumento do índice de câncer (especialmente de pele) e de cataratas

(Crosby, 1998).

A exposição aos raios UV pode ainda causar outros

problemas como a diminuição do sistema imunológico.

Ao nível da agricultura, os alimentos mais afetados são

a aveia, o pepino e os pimentões. Em relação aos

ecossistemas marinhos o aumento da incidência dos

raios ultravioletas pode destruir as minúsculas plantas

unicelulares, isto é, o plâncton que forma a base da

cadeia alimentar, o que pode resultar numa diminuição

do estoque de peixe no mar. Além disto, as emissões de CFCs contribuem para o

aquecimento da Terra, devido, por um lado,

à maior penetração da luz solar que aquecerá

a camada inferior da atmosfera e, por outro

lado, devido à distribuição do calor na

atmosfera ao nível das camadas superiores

que favorece o arrefecimento da estratosfera

conduzindo à formação de nuvens que

facilitam a destruição da camada de ozônio.

A redução do ozônio atmosférico permite que mais radiação UV-B alcance a

superfície terrestre, isto leva a conseqüências danosas para as formas de vida. Além de

câncer de pele, alterações no sistema imunológico, interferências no crescimento das

plantas e animais, a radiação é absorvida pelo DNA, que então pode sofrer reações danosas

(Internet 9, 2011).

A destruição do DNA em fitoplâncton (plantas microscópicas organismos similares)

no oceano causa a redução do O2, pois estes organismos produzem cerca de 30 % do

oxigênio atmosférico e são a base da pirâmide alimentar marinha.

Estima-se que, para cada 1 % de diminuição da camada de ozônio ocorrerá um

aumento de 1 a 2 % na incidência de câncer maligno de pele. Foi observado que a

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incidência de câncer de pele se relaciona de forma logarítmica com a exposição à radiação

ultravioleta.

A grande maioria dos casos de câncer de pele afeta um em cada grupo de quatro

pessoas (não estão inclusos os casos de melanomas malignos) em algum momento de suas

vidas. A zona de maior efeito da absorção da luz solar ocorrerá por volta de 300 nm

(Crosby, 1998).

As radiações ultravioletas que atingem a superfície terrestre são responsáveis pelo

surgimento de cânceres cutâneos que atingem muitos indivíduos, cuja freqüência tem

aumentado nos últimos anos. Além disso, os raios UV são causadores de queimaduras e

envelhecimento precoce. Pesquisas têm mostrado que a radiação UV danifica o DNA e o

material genético, oxida os lipídios e produz perigosos radicais livres, causa inflamação,

rompe a comunicação celular, modifica a expressão dos genes em resposta ao estresse e

enfraquece a resposta imune da pele. O uso de protetores solares tem o objetivo de reduzir a

quantidade de radiação UV a ser absorvida pela pele humana, servindo como uma barreira

protetora (Figura 12).

A córnea e o cristalino reduzem em 99 % a luz UV antes de chegar à retina. Com o

tempo a radiação UV-B absorvida origina compostos químicos reativos que atacam as

moléculas estruturais e podem produzir cataratas (Figura 13). Um aumento de 10 % na

radiação UV-B resulta num aumento de 6 % nos casos de cataratas entre pessoas de 50

anos. A exposição UV-B leva a uma supressão do sistema imunológico humano, ocorre um

aumento das doenças infecciosas.

Outros efeitos não humanos:

Interfere com a eficiência da fotossíntese.

Todos os organismos que vivem nos primeiros 5 metros ou sob a superfície de corpos

d’água clara correm risco pela incidência da radiação UV e do buraco de ozônio.

Teme-se que a produção de plantas microscópicas chamadas fitoplâncton próximo da

superfície dos oceanos possa sofrer um risco significativo pelo aumento da radiação

UV-B; Em recentes pesquisas observou-se que a diminuição da população de sapos e

outros anfíbios e o aumento das deformidades nos sapos que sobreviveram tem sido

relacionado com o aumento dos níveis de radiação UV (Crosby, 1998).

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Figura 12. Efeito do protetor solar sobre a pele

Fonte: Adaptado de nidaria.com, 2011

Figura 13. Olho com catarata

Fonte: http://www.daviddarling.info/encyclopedia/C/cataract.html

1.4. - Química e poluição atmosférica Troposfera é a camada da atmosfera onde vivemos e pode ser considerada

como um local onde, permanentemente, ocorrem reações químicas. Ela absorve

uma grande variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes, tanto A

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naturais como industriais, que se podem dispersar, reagir entre si, ou com outras

substâncias já presentes na atmosfera (Internet 6, 2011).

Segundo Lisboa e Schirmer (2008) o estudo das reações químicas da troposfera é

relativamente difícil. Uma das maiores dificuldades são as baixas concentrações que muitos

compostos apresentam, baixas o suficiente para sua medição e monitoramento, mas altas o

bastante para reagirem entre si de modo a alterar (mesmo que em pequena proporção) a

composição química natural do ar (Tabela 1).

Tabela 1. Concentrações de gases no mundo

Gás Pré- concentração

troposférica (1750) Recente concentração

troposférica Tempo de vida

atmosférica (anos) Concentração em ppm

Dióxido de carbono (CO2) 2806 388,57 ~ 1004 Concentração em ppb

Metano (CH4) 7008 18709/17459 124 Óxido Nitroso (N2O) 27010 3239/3229 1144 Ozônio troposférico (O3) 251 344,1 horas-dias Concentração em ppt

CFC-11 (triclorofluorometano) (CCl3F)</< td> zero 2429/2409 45

CFC-12 (CCl2F2) zero 5359/5339 100 CF-113(CCl2FFClF2) zero 769/769 85 HCFC-22(CHClF2) zero 2179/1909 12 HCFC-141b(CH3CCl2F) zero 229/199 9,3 HCFC-142b(CH3CClF2) zero 229/199 17,9 Halon 1211 (CBrCIF2) zero 4,39/3,89 16 Tetracloreto de carbono (CCl4) zero 889/869 26 Metil clorofórmio (CH3CCl3) zero 8,99/8,69 5 Hexafluoreto de enxofre (SF6) zero 6,999,11/6,569,11 3.200 Outros Halocarbonos zero Varia com a substância

partes por milhão (ppm); partes por bilhão (ppb); partes por trilhão (ppt)

Fonte: Baird, 2002

A química da troposfera compreende tanto o ar não contaminado (apenas com seus

constituintes químicos naturais) quanto o ar altamente poluído.

Se você olhar para a fumaça que sai de uma chaminé, verá que em poucos dias do ano

ela sobe verticalmente. Na maior parte das vezes ela se inclina, porque o ar ao redor da

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chaminé está em movimento. Mesmo quando parece haver apenas uma brisa próxima ao

solo, nas camadas mais altas o vento pode ser bem mais forte.

A poluição que sai das chaminés é levada pelo vento.

Uma parte dela pode permanecer no ar durante uma

semana ou mais, antes de se depositar no solo. Nesse

período ela pode ter viajado muitos quilômetros.

Mesmo um vento fraco de 16 km/h poderia

transportá-la para além de 1600 km em cinco dias.

Quanto mais a poluição permanece na atmosfera,

mais a sua composição química se altera,

transformando-se num complicado coquetel de poluentes que prejudica o meio ambiente.

Em Los Angeles, Estados Unidos, em 1978, algumas indústrias suspenderam por 23

dias a queima de carvão e petróleo, e as atividades escolares externas tiveram de ser

canceladas. Entretanto, uma legislação posterior, que visava reduzir a emissão de poluentes

dos escapamentos dos carros (a maior fonte dessa poluição), melhorou a situação. 1984 foi

o primeiro ano, desde 1955, em que nenhuma medida de emergência precisou ser tomada.

A poluição não é, portanto, um resultado inevitável do progresso industrial. Se nós a

controlarmos todos poderemos desfrutar de uma vida mais saudável.

O homem foi o responsável por uma

poluição ambiental de formas tão variadas que

uma simples enumeração dos fatores individuais

se torna impossível. As fontes de emissão de

poluentes primários e dos componentes

secundários podem ser as mais variadas possíveis

(Internet 10, 2011).

A maior parte da poluição do ar é produzida

como resultado da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Esses

combustíveis foram formados durante milhares de anos a partir de plantas e animais

mortos. Os depósitos se formavam e eram finalmente cobertos por outras rochas e

comprimidos.

Eles permaneceram praticamente intactos até a metade do século XIX.

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Desde, então, é usado em quantidades cada vez maiores para mover veículos, aquecer

edifícios nos países frios e fundir metais como o ferro. Quando o combustível é queimado,

não libera apenas energia, mas muitos produtos químicos, incluindo enxofre e nitrogênio

contidos no material orgânico. Essas substâncias são dois dos mais importantes

ingredientes na chuva ácida.

Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de acordo com a sua origem em:

a) Poluentes Primários - Estão presentes na atmosfera na forma em que são emitidos

como resultado de algum processo. Os principais poluentes desta categoria são tanto

sólidos, como líquidos e gasosos, ou mesmo radiações. Citamos como poluentes primários;

partículas finas, partículas grosseiras, compostos de nitrogênio, óxidos de carbono,

compostos de enxofre, compostos halogenados, compostos orgânicos, entre outros.

b) Poluentes Secundários - São produzidos na atmosfera pela reação entre dois ou

mais poluentes primários, ou pela reação com constituintes normais atmosféricos, com ou

sem foto-ativação. Os poluentes secundários são: oxidantes, névoas ácidas, smog etc.

Também podem ser classificados de acordo com o estado físico em:

a) Gases e vapores - CO, CO2, SO2, NO2

b) Partículas sólidas e líquidas - Poeiras, fumos, névoas e fumaças

E de acordo com a composição química em:

a) Poluentes orgânicos - hidrocarbonetos, aldeídos e cetonas

b) Poluentes inorgânicos - H2S, HF, NH3

Os agentes poluentes atmosféricos, segundo o seu estado físico, podem se apresentar

sob várias formas:

Poeiras - São pequenas partículas sólidas, com diâmetro de 0,1 a mais de 100

microns, originada de parcelas maiores, por processos mecânicos de desintegração, como

lixamento, moagem, etc., ou poeiras naturais como o pólen, esporos, etc. Exemplos:

Partículas de rochas, de metais, de cimento, etc. Pode também ser definido como um

aerossol de partículas sólidas

Fumos - São partículas sólidas com diâmetro inferiores a um mícron, formadas pela

condensação de vapores de materiais sólidos, geralmente metais, e consequentemente

solidificação. Normalmente este mecanismo é acompanhado de oxidação. Os fumos são

inorgânicos. Exemplo: Fumos de óxidos de chumbo, de zinco, etc.

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Fumaça - São partículas, geralmente, mas não obrigatoriamente, sólidas em

suspensão no ar, e oriundas da combustão incompleta de materiais orgânicos. As fumaças

industriais de importância são formadas por partículas com diâmetros inferiores a meio

mícron.

Neblina - A neblina é constituída de partículas líquidas de pequeníssimas dimensões,

em suspensão no ar, originadas de um processo mecânico de subdivisão, como a

nebulização.

Nevoeiro - São também partículas líquidas de pequeníssimas dimensões, em no ar,

mas resultante da condensação de vapores.

Vapores - É a forma gasosa de substâncias que se encontram sob a forma líquida ou

sólida a 25 oC de temperatura e a uma atmosfera de pressão.

Gases - São substâncias que se encontram em estado gasoso a temperatura de 25 oC e

sob uma atmosfera de pressão. Os gases são fluídos sem forma própria e que possuem a

tendência de ocupar qualquer espaço inteira e uniformemente.

Aerossol - São substâncias sólidas ou liquidas de tamanho microscópico, em

suspensão no meio gasoso, sob forma particulada.

Névoa Fotoquímica - São produtos de reações fotoquímicas, geralmente combinadas

com um valor de água

Os poluentes mais comuns estão apresentados na Tabela 2 e incluem o:

Dióxido de Enxofre - Combustões domésticas, usinas termelétricas, refinarias de

petróleo, olarias, usinas de aço e ferro.

Material Particulado - Emissões de veículos, combustões domésticas, usinas de gás,

geração de eletricidade, incineradores, fábricas de cimento, refinarias de petróleo, fornos de

cal, fábricas de cerâmica, fundições, estufas e carvão.

Hidrocarbonetos - Emissões de veículos, refinarias de petróleo (Internet 11, 2011).

Óxidos de Nitrogênio - Emissões de veículos, fábricas de acido nítrico, usinas

termoelétricas, usinas de ferro e aço, fábricas de fertilizantes.

Enxofre e nitrogênio são subprodutos indesejáveis na queima dos combustíveis,

sendo geralmente lançados diretamente na atmosfera onde se acreditava que se dispersavam

sem riscos. Hoje sabemos que não é assim, Eles se convertem rapidamente em dióxido de

enxofre e óxidos de nitrogênio, os quais podem ser julgados prejudiciais ao meio ambiente.

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Tabela 2. Os principais poluentes, sua origem e efeitos

Poluente Descrição Origem Efeito

Dióxido de enxofre (SO2)

• composto gasoso, composto de enxofre e oxigênio

• queima de carvão usinas e indústrias • caldeiras e processos industriais • fogões de queima de carvão • refinarias • aquecedores

• irritação dos olhos • morte da vida aquática • danos nos pulmões • reage na atmosfera, resultando na precipitação ácida • deteriorização de edifícios e estátuas • danos nas florestas

hidrocarbonetos/ Compostos orgânicos voláteis (VOCs)

• composto de hidrogênio e carbono .

• operações de limpeza a seco. • oficina de pintura auto • fábricas de produtos químicos • as emissões de auto • serviço de estações • instalações de resíduos

Ozônio (O3) • gás poluente

• escapamento de veículo

• danos nos pulmões • irritação dos olhos • problema no trato respiratório

Material particulado / Aerossol (PM10, PM2.5)

• partículas muito pequenas de fuligem, poeira ou outras materiais, incluindo gotículas de líquidos

• motores diesel • usinas • indústria siderúrgica, moinhos de farinha • poeiras transportadas pelo vento • fogões a lenha

• danos nas culturas agrícolas • danos nos pulmões • redução da visibilidade • danos em edifícios e estátuas (descoloração) • irritação dos olhos

Óxido de nitrogênio (NOX)

• vários compostos gasosos composto de nitrogênio e oxigênio

• veículos • caldeiras industriais • processos industriais • usinas • aquecedores residenciais e comerciais • fogões de queima de carvão • gás natural

• danos nos pulmões • formação da chuva ácida, prejudicando florestas, edifícios, estátuas e • formas de ozônio e outros poluentes (smog)

Monóxido de carbono (CO)

• gás incolor e inodoro

• veículos movidos a gasolina • fontes de interior incluem querosene ou fogão a lenha • limpeza a seco

• dores de cabeça, redução da agilidade mental, e morte • danos ao coração • smog

Chumbo (Pb) • elemento metálico

• veículos com aditivo de gasolina com chumbo • usinas • refinarias de metal

• dano cerebral, danos nos rins • culturas contaminadas e pecuária • smog

Fonte: Adaptado de geog.arizona.edu, 2011.

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38

As quantidades lançadas na atmosfera são espantosas: cerca de 24 milhões de

toneladas de dióxido de enxofre por ano na América do Norte e 44 milhões de toneladas na

Europa. É o suficiente para encher completamente cerca de 150 super petroleiros. A maior

parte do enxofre vem das fábricas e usinas termelétricas (Internet 12, 2011).

A quantidade de dióxido de nitrogênio produzida é menor, mas mesmo assim chegam

a 22 milhões de toneladas na América do Norte e 15 milhões de toneladas na Europa

Ocidental.

A maior parte dos óxidos de nitrogênio provém da emissão dos motores dos veículos.

À medida que o tráfego aumenta em até 20 % ao ano na Europa, é provável que o problema

se agrave, a menos que se tomem providências imediatas.

Uma parte da poluição rapidamente se precipita ao solo, antes de ser absorvida pela

umidade do ar. Depositam-se nas árvores, edifícios e lagos, geralmente na área onde foi

produzida. É chamada precipitação seca. Estes depósitos se formam e mais tarde se

combinam com a água da chuva, transformando-se em ácidos. O resto da poluição pode

permanecer no ar por mais de uma semana e é transportada pelo vento a longas distâncias.

Durante esse período, as substâncias químicas reagem com o vapor d'água na

atmosfera, transformando-se nos ácidos sulfúrico e nítrico diluídos. Estão prontos, então

para se transformar em chuva ácida. Esses ácidos também reagem com outras substâncias

químicas na atmosfera formando poluentes secundários. Destes, o ozônio é um dos mais

perigosos, pois prejudica a vegetação (Internet 13, 2011).

Além dos principais constituintes do ar (N2, O2, gases nobres, etc.), as principais

espécies químicas presentes no ar não-poluído são as seguintes: óxidos inorgânicos (CO,

CO2, NO2, SO2), oxidantes (O3, H2O2, OH-, O2H-, NO3), redutores (CO, SO2, H2S),

orgânicos (alcanos, sendo o metano o mais abundante entre as espécies orgânicas); alcenos,

arilas, carbonilas, nitratos orgânicos, etc. espécies fotoquimicamente ativas (NO2,

formaldeído), ácidos (H2SO4), bases (NH3), sais (NH4HSO4) e espécies reativas (como os

radicais livres) (Tabela 3).

Segundo Manaham (2001) os materiais particulados (sólidos e líquidos) também

estão presentes e funcionam geralmente como suporte (meio) para reação entre as espécies

químicas. Além disso, dois constituintes de máxima importância em se tratando de química

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atmosférica são a radiação solar (predominantemente na região do ultravioleta do espectro)

e o radical hidroxila (Internet 6, 2011).

Tabela 3. A composição da troposfera

Composto Percentual (em volume) Nitrogênio 78,08 Oxigênio 20,95 Argônio 0,93 Dióxido de carbono 0,04 Neônio 1,82.10-3

Hélio 5,24.10-4

Metano 1,60.10-4 Criptônio 1,14.10-4 Òxido nitroso 3,00.10-5 Monóxido de carbono 1,20.10-5 Xenônio 8,70.10-6 Amônia 10-8 - 10-7

Outras espécies importantes também estão presentes em concentrações inferiores a 10-7 % em volume Fonte: Manaham, 2000

1.4.1. - Unidades de concentração para

contaminantes atmosféricos Segundo Duffy e Vanloon (2010) as partículas são geralmente menores que 1,5

micrômetros. As unidades de medida para os poluentes atmosféricos mais utilizados são:

Para poeira, o número de partículas por unidade de volume de ar, é muito usado a unidade

"mmpc" (milhões de partículas por pé cubico de ar). No caso de medidas de névoas,

neblinas e fumos pode-se usar "mg/m3 "(miligrama por metro cúbico) isto é, peso por

unidade de volume. Gases e vapores são medidos em "ppm" (partes por milhão)

Em resumo:

Microgramos por metro cúbico relaciona a massa de contaminante com o volume de

ar que o contém (peso por unidade de volume). A unidade mais utilizada é µg/m3.

Utilizada para névoas, neblinas e fumos.

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Partes por milhão (ppm) está baseada em medidas de volume, representando o

volume de contaminante contido em 1 milhão de volumes de ar. Utilizada para gases

e vapores

mmpc (milhões de partículas por pé cúbico de ar): para poeiras - partículas por

unidade de volume.

1.4.2. - Ozônio urbano: O fenômeno do smog

fotoquímico Segundo Lisboa e Schirmer (2008) “Smog” fotoquímico é o termo utilizado para

designar a concentração de ozônio em baixas atmosferas (troposfera) decorrente da reação

entre diferentes poluentes emitidos antropogenicamente.

A palavra “smog” na verdade é a junção

das palavras inglesas “smoke” (fumaça)

mais “fog” (neblina), cujo processo de

formação compreende inúmeros compostos

e reações induzidas pela presença de luz

solar.

Os principais ingredientes na formação do

“smog” são os compostos orgânicos

voláteis (VOC), os óxidos de nitrogênio (ambos originados principalmente a partir da

combustão incompleta de combustíveis fósseis) e a luz solar (Figura 14).

Os compostos orgânicos voláteis (VOC) incluem a maioria dos solventes,

lubrificantes e combustíveis em geral, sendo comumente emitidos por indústrias químicas e

petroquímicas (fontes fixas) e por veículos automotores (fontes móveis) (Internet 6, 2011).

De modo geral, são compostos orgânicos com elevada pressão de vapor (sendo

facilmente vaporizados às condições de temperatura e pressão ambientes), apresentando

valores da constante da Lei de Henry superiores a 10-5 atm.m3.mol-1 (ou KH > 4,1.10-4 a 25 oC) e com pesos moleculares inferiores a 200 g.mol-1.

Estes compostos compõem uma lista considerável de compostos químicos (mais de

600), onde quase um terço destes constitui-se substâncias tóxicas. A maior parte dos VOC

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participa de reações fotoquímicas da atmosfera, embora alguns destes compostos voláteis

tenham reatividade química negligenciável. Os VOC mais reativos são os dotados de

duplas ligações (C=C), dada a sua capacidade de reagirem com os radicais livres (Baird,

2002).

Figura 14. O smog fotoquímico

Fonte: adaptado de geog.arizona.edu, 2011.

Os VOC e NOX reagem na atmosfera, principalmente quando ativados pela radiação

solar, formando um conjunto de gases agressivos, os “oxidantes fotoquímicos”: VOC +

NO* + O2 + luz solar → mistura de O3, HNO3 e compostos orgânicos.

Dos oxidantes fotoquímicos presentes na atmosfera, o ozônio é o que está em maior

quantidade (70 a 80 %). Também são fotoxidantes o peroxiacetilnitrato (PAN),

peroxibenzolnitrato (PBN), acroleína, acetilperóxido, peróxido de hidrogênio, benzopireno,

aldeídos, cetonas, etc. O PAN é o mais conhecido de uma série homóloga, obtida

substituindo o radical R por CH3 ou C2H5 ou C6H5 etc. Ex de PAN CH3-(CO)-O-O-NO2

(internet 6, 2011).

A velocidade de formação do oxidante fotoquímico depende de fatores como

concentrações dos VOC e NOX, temperatura ambiente (elevada), intensa radiação solar, etc.

(Baird, 2002). O ozônio é um oxidante poderoso, podendo atacar moléculas orgânicas.

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Entretanto, ele não está só nem é o mais reativo. Como comentado, a presença de

hidrocarbonetos permite converter o NO em NO2 sem o consumo de ozônio, permitindo a

sua acumulação. O ciclo fotolítico do NO2 é apresentado na Figura 15.

Figura 15. Ciclo Fotolítico do NO2

Fonte: Adaptado de Lisboa e Schirmer (2008)

As reações químicas deste processo, considerando que o hidrocarboneto é um radical

peroxílico RO2 (onde R é um grupo alquila) são:

RO2 + NO NO2 + RO

NO2 + hv NO + O

O + O2 + M O3 + M

RO2 + O2 + hv RO + O3

1.4.3. - Particulados na poluição do ar,

controle do NOx e SO2 Segundo Baird (2011) os gases NO2 e NO também são bastante importantes nas

reações atmosféricas. Genericamente designados como NOX, alcançam a atmosfera a partir

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de processos naturais (tal como processos biológicos) e, principalmente, emissões

antropogênicas. As reações do nitrogênio na atmosfera estão mostradas na Figura 16. Nesse

caso, praticamente todas as emissões antropogênicas de NO2 são provenientes da queima de

combustíveis fósseis, tanto de fontes fixas (indústrias) quanto móveis (veicular). Na Tabela

4 estão mostradas importantes formas de óxido de nitrogênio na atmosfera.

Figura 16. Reações do nitrogênio na atmosfera

Fonte: Adaptado de jan.ucc.nau.edu, 2011.

Tabela 4. Importantes formas de óxido de nitrogênio na atmosfera

Óxido de nitrogênio Estado de oxidação do nitrogênio N2O +1 NO +2 NO2 +4

HNO3, N2O5 +5 NO3 +6

Fonte: Adaptado de jan.ucc.nau.edu, 2011.

Segundo Lisboa (2007) o NO é originado na câmara de combustão de veículos,

favorecido pelas elevadas temperaturas que aí se encontram: N2 + O2 → 2NO

Conforme já mencionado anteriormente, os NOX são componentes importantes na

formação do “smog” fotoquímico. A conversão de NO a NO2 é relativamente rápida na

baixa atmosfera. O NO2, por sua vez, na absorção de luz com comprimento de onde abaixo

de 398 nm, sofre fotodissociação a NO: NO2 + hν → NO + O

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Acima de 430 nm, apenas moléculas excitadas são formadas: NO2 + hν →NO*2

Entre 398 e 430 nm, quaisquer um dos dois processos pode ocorrer. O dióxido de

nitrogênio absorve eficientemente a radiação no ultravioleta e é visível como “névoa

marrom” característica dos episódios de smog fotoquímico (Internet 14, 2011).

Na estratosfera, o dióxido de nitrogênio reage com radicais hidroxila formando ácido

nítrico: HO* + NO2 → HNO3

Essas mesmas moléculas de HNO3 podem ser oxidadas por radicais HO* ou mesmo

sofrerem reações fotoquímicas:

HO* + HNO3 → H2O + NO3

HNO3 + hν → HO* + NO2

Esse ácido nítrico é removido por precipitação ou mesmo reage com gases de

natureza básica da atmosfera (como a amônia). O principal processo responsável pela

eliminação de NOx da atmosfera leva à conversão de óxidos em ácido nítrico (HNO3) que

depois é eliminado na forma de nitratos, na chuva ou em partículas (Stoker e Seager, 1981).

Reação de eliminação do NO2.

2NO2 + H2O→ HNO3 + HNO2

3NO2 + H2O→ 2HNO3 + NO2

As equações anteriores são muito lentas para explicar a taxa de eliminação observada.

As equações seguintes apresentam este mecanismo de eliminação mais rápido (Internet 6,

2011).

2NO2 +O3 → N2O5 +O2

N2O5+ H2O→2HNO3

Variação típica das concentrações de NO e NO2, HC, aldeídos e oxidantes, durante o

dia de uma cidade afetada pelo smog está mostrada na Figura 17.

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Figura 17. Composição química de uma atmosfera urbana

Fonte: Adaptado de Lisboa e Schirmer (2008)

Os valores máximos das concentrações de HC, NO e NO2 ocorrem no começo da

manhã. As maiores concentrações de oxidantes e aldeídos ocorrem após o meio dia, uma

vez que as concentrações de NO, NO2 e HC caem a um nível mínimo → São precursores na

formação de O3.

Rocha (2004) sugere que as atividades humanas são responsáveis, sobretudo pela

emissão de grandes quantidades de enxofre para a atmosfera, na forma de materiais que

possuem enxofre em sua estrutura. De modo geral, as espécies sulfuradas mais importantes

presentes na atmosfera são o COS, CS2, SO2, SO42-, (CH3)2S, H2S (estes dois últimos

altamente odorantes).

A maioria destes compostos entra na atmosfera como resultado da atividade humana,

sendo o SO2 o mais abundante, decorrente da queima de combustíveis fósseis (carvão) e

demais atividades industriais. O ciclo do enxofre está apresentado na Figura 18.

Praticamente todo (CH3)2S provém dos oceanos e da degradação biológica da matéria

orgânica; o H2S provém da degradação da matéria orgânica e da atividade vulcânica sendo

facilmente convertido a dióxido de enxofre através da seguinte reação global:

H2S + 3/2O2 → SO2 + H2O

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Figura 18. O ciclo do enxofre

Fonte: http://www.profpc.com.br/ciclo_enxofre.htm

Independentemente do processo envolvido, grande parte do SO2 do ar é oxidado a

ácido sulfúrico e sais de sulfato (como o sulfato de amônia). O SO2 é convertido a sulfato

através de dois tipos de oxidação: a catalítica e a fotoquímica (Lisboa e Schirmer, 2008).

Segundo Andrews et al. (2004) na fase gasosa o dióxido de enxofre é oxidado pela

reação com o radical hidroxila através de uma reação intermolecular.

SO2 + OH- → HOSO2- que é seguido por:

HOSO2- + O2 → HO2

- + SO3

Na presença de água, o trióxido de enxofre (SO3) é rapidamente convertido em ácido

sulfúrico: SO3 (g) + H2O (l) → H2SO4 (l)

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Quando as nuvens estão presentes, a taxa de perda de SO2 é mais rápida, fenômeno

que pode ser explicado pela química da fase gasosa. Isto é devido as reações que ocorrem

nas gotículas da chuva (Internet 15, 2011).

O dióxido de enxofre se dissolve na água (mecanismo semelhante ao que ocorre com

o dióxido de carbono), se hidrolisa em uma série de reações de equilíbrio:

SO2 (g) + H2O SO2·H2O

SO2·H2O H+ + HSO3-

HSO3- H+ + SO3

2-

Grande parte da oxidação do SO2 para ácido sulfúrico ocorre em meio aquoso e não

em fase gasosa, devido à rapidez daquele processo. Em atmosferas poluídas, os processos

de oxidação predominantes envolvem o ozônio e o peróxido de hidrogênio, resultantes das

reações induzidas pela radiação solar (“smog” fotoquímico). Nesses casos, a velocidade de

oxidação do SO2 é ainda maior (Internet 15, 2011).

Devido aos diferentes números de oxidação em que os compostos de enxofre podem

se apresentar, este ciclo torna-se um pouco complexo, entretanto, a maioria das fases deste

ciclo se processam por meio do SO2 (Dióxido de Enxofre) e H2S (Sulfeto de Hidrogênio),

sendo que a emissão natural desses compostos é feita por meio de vulcões e pela

evaporação de águas oceânicas onde se encontram fitoplânctons (emissão na forma de

dimetilsulfeto) (Rocha et. al., 2004).

1.4.4. - Chuva ácida Segundo Domenech (1997) a chuva ácida é um fenômeno que surgiu

com a crescente industrialização do mundo, em relação direta com a

poluição do ar, manifestando-se com maior intensidade e maior

abrangência nos países desenvolvidos (Figura 19).

Durante a primeira metade do século XX observou-se aumento

significativo da acidez das águas de chuva em várias regiões do planeta.

Essa acidez foi associada, predominantemente, à presença de ácidos

fortes (sulfúrico e nítrico) e ácidos orgânicos (acético e fórmico),

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originados da oxidação de compostos de enxofre, nitrogênio e carbono, provenientes de

processos industriais e da queima de combustíveis fósseis (Cowling, 1982; Fornaro, 1991).

Figura 19. Chuva ácida

Fonte: Adaptado de envis.tropmet.res.in, 2011.

Porém, o termo "chuva ácida" surgiu pela primeira vez no século XIX. Já nessa época

constatou-se que a composição química da precipitação era influenciada pela queima de

carvão, decomposição de matéria orgânica, direção dos ventos, proximidade do mar,

quantidade e freqüência de chuva. Observou-se, ainda, que as chuvas ácidas causavam

prejuízos às plantas e materiais, além da primeira associação desses efeitos com a presença

de ácido sulfúrico (Cowling, 1982).

Não obstante, tal fenômeno começa a manifestar-se também em pontos isolados, em

países como o Brasil. Na própria natureza, o vapor d’água pode se combinar com gases

atmosféricos diversos, como por exemplo, com o dióxido de carbono (CO2): neste caso, o

vapor d’água atmosférico se tornará ligeiramente ácido, pois será formado o ácido

carbônico (H2CO3), conforme a equação a seguir:

CO2 + H2O H2CO3

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Assim, a chuva, ainda isenta de poluentes gerados pelo homem, pode apresentar-se

ligeiramente ácida.

O dióxido de nitrogênio reage com OH- para formar o ácido nítrico:

NO2+OH-→ HNO3 conforme demonstrado anteriormente.

Entretanto o dióxido de nitrogênio é somente um dos poluentes a causar os problemas

da chuva ácida, sendo o mais pesquisado de todos. O dióxido de enxofre expelido pelas

chaminés das fábricas, carros e termoelétricas também contribui para o fenômeno da chuva

ácida (Internet 6, 2011).

Há um grande número de reações aquosa que oxidam

enxofre a partir do S(IV) a S (VI), levando à formação

de ácido sulfúrico. As reações de oxidação mais

importantes são com o ozônio, peróxido de hidrogênio e

oxigênio (reações com o oxigênio são catalisadas por

ferro e manganês nas gotículas de chuva presentes nas

nuvens). A deposição ácida pode ser dividida em

deposição úmida e deposição seca.

A deposição úmida de ácidos ocorre quando qualquer forma de precipitação (chuva,

neve, etc.) remove os ácidos da atmosfera e os deposita na superfície da Terra. Isto pode

resultar da deposição de ácidos produzidos na chuva ou pela precipitação que remove os

ácidos das nuvens. A remoção por via húmida de ambos os gases (SOx e NOx) e aerossóis

são de importância para a deposição úmida.

A deposição ácida também ocorre por deposição seca na ausência de precipitação.

Pode ser responsável por 20 a 60 % da deposição ácida total. Isto ocorre quando partículas

e gases se depositam no solo, plantas ou outras superfícies. Uma parte da poluição do ar

imediatamente liberada por uma fonte emissora não vem a contribuir para a formação das

precipitações ácidas. Denomina-se de precipitação seca à parcela da poluição atmosférica,

gerada por um veículo ou uma indústria, que não chega a interagir com o vapor d’água do

ar, mas precipita-se geralmente nas proximidades do local onde foi produzida (Baines,

1993). Ocorre que estes depósitos de poluentes posteriormente são carreados pela água da

chuva, e, de acordo com sua composição, poderão se converter em ácidos da mesma forma

que se reagissem com o vapor d’água atmosférico (Internet 6, 2011).

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As emissões de fumaça das usinas termelétricas à base de carvão, das indústrias de

celulose, das refinarias, dos veículos automotores, assim como qualquer poluente gasoso

lançado na atmosfera, contribuem para a formação de chuva ácida. Essa forma de poluição

é tão violenta que muitas árvores e lagos estão morrendo, edifícios e monumentos estão

sendo destruídos e, em alguns casos a saúde das pessoas está sendo seriamente prejudicada.

A chuva ácida é uma das muitas agressões contra o meio ambiente causada pelo

modo de vida moderno que desfrutam os habitantes dos países mais industrializados.

Compostos de enxofre e nitrogênio são os principais componentes desta chuva, que

pode se manifestar tanto no local de origem, como a centenas de quilômetros de distância.

Um exemplo disto; é a mineração de carvão em Criciúma, em Santa Catarina, que é

responsável pela chuva acidificada pelo enxofre emanado do carvão depositado, que se

mistura às formações de nuvens, em suspensão no ar. Esta chuva quando transportada pelos

ventos vai cair, por exemplo, no parque nacional de São Joaquim, também em Santa

Catarina, situado a muitos quilômetros de distância.

Nos gases produzidos por fábricas e motores (em especial quando há queima de

carvão mineral) são liberados para a atmosfera óxidos de enxofre (SO2) os quais reagem

com o vapor da água produzindo ácido sulfúrico (H2SO4), que é diluído na água da chuva e

dando origem a chuva ácida, com pH muito ácido.

Continuando no ritmo atual de poluição do ar,

nos próximos 30 anos a chuva ácida causará

maiores alterações na química dos solos do que

as florestas tropicais poderiam suportar. Este

fenômeno pode ser reduzido pela instalação de

equipamentos que evitem as emissões gasosas,

principalmente de compostos de enxofre e

nitrogênio.

No Brasil, a mata atlântica é extremamente afetada pela chuva ácida, uma vez que muitos

centros urbanos e industriais se localizam próximos ao litoral. Em Cubatão (São Paulo)

vários programas de reflorestamento têm acontecido nos últimos anos, a fim de proteger as

encostas cuja vegetação foi destruída.

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Quando a água do mar, dos lagos ou do solo se evapora, o vapor não é ácido nem alcalino.

É neutro. Entretanto, esse vapor d'água combina-se com gases como dióxido de carbono,

encontrado na atmosfera, transformando-se num ácido fraco. A chuva tem um pH entre 5 e

6 (o pH 7 é neutro). O pH (índice utilizado para medir acidez: quanto menor mais ácido),

medido para a maioria das chuvas ácidas, assume valores inferiores a 4,5 (o pH de uma

chuva normal é de 5,0).

Este tipo de chuva, quando freqüente provoca acidificação do solo, prejudicando

também plantas e animais, a vida dos rios e florestas. Da mesma forma as edificações

presentes na área são afetadas. Um lago que tem seu pH reduzido a 4,5, por doses repetidas

de chuva ácida, impossibilita condições de vida para vários organismos. Um pH 2,0 iguala-

se ao pH do suco de limão. Ela pode dissolver rochas e criar cavernas calcárias

espetaculares, desfiladeiros e formações rochosas, num processo que normalmente leva

milhares de anos.

Fenômenos naturais podem aumentar a

acidez da chuva. Quando vulcões entram em

erupção violenta, lançam muitos gases na

atmosfera. Alguns deles se combinam com o

vapor d'água e se precipitam sob forma de

chuva ácida, entretanto os efeitos das

erupções geralmente se fazem sentir por

pouco tempo (Internet 16, 2011).

Uma parte da poluição rapidamente se precipita ao solo, antes de ser absorvida pela

umidade do ar. Depositam-se nas árvores, edifícios e lagos, geralmente na área onde foi

produzida. É chamada precipitação seca. Estes depósitos se formam e mais tarde se

combinam com a água da chuva, transformando-se em ácidos.

O resto da poluição pode permanecer no ar por mais de uma semana e é transportada

pelo vento a longas distâncias. Durante esse período, as substâncias químicas reagem com o

vapor d'água na atmosfera, transformando-se nos ácidos sulfúrico e nítrico diluídos. Estão

prontos, então para se transformar em chuva ácida.

Segundo O'Neill (1993) esses ácidos também reagem com outras substâncias

químicas na atmosfera formando poluentes secundários. Destes, o ozônio é um dos mais

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perigosos, pois prejudica a vegetação. Quando a precipitação ácida ocorre sob a forma de

neve, os problemas para o meio ambiente são retardados, mas podem ser muito piores

posteriormente. Durante o inverno, a neve se acumula no solo, retendo seus ácidos. Na

primavera, quando a neve derrete, há um súbito fluxo de água que corre pelo chão até os

rios e lagos. Eventualmente, ácidos que ficaram retidos por seis meses são liberados em

poucas semanas. Estas correntezas ácidas, como são chamadas, são particularmente

prejudiciais para plantas e animais.

Os óxidos de nitrogênio são mais difíceis de serem estudados, mas em 1986

iniciaram-se as negociações para um acordo internacional, com a finalidade de reduzir a

poluição gerada por esses óxidos.

1.4.5. - Os efeitos da chuva ácida sobre os

ecossistemas e a saúde Por volta de 1661, cientistas da Grã-Bretanha descobriram que a poluição industrial

podia afetar a saúde das pessoas e as plantas das redondezas. Como o crescimento

industrial nos séculos XVIII e XIX aumentou o dano na saúde das pessoas e ao meio

ambiente.

Entretanto, ninguém pensava que a poluição pudesse ser transportada para muito

longe. Então em 1881, um cientista norueguês descobriu um fenômeno que ele chamou de

precipitação suja, o qual ocorria na costa oeste da Noruega, onde não havia indústria

poluidora. Ele suspeitou que viesse da Grã-Bretanha.

Hoje os cientistas provam, sem sombra de dúvida, que a

poluição é conduzida pelo ar a grandes distâncias. Se

alguma prova adicional fosse necessária, seria fornecida

pelo acidente na usina nuclear de Chernobyl, que produziu

chuva radioativa em áreas da Europa Oriental e Ocidental.

Os efeitos dessa chuva radioativa sobre o ambiente podem

perdurar por dezenas de anos.

A poluição do ar provoca efeitos adversos à saúde humana não somente por inalação

direta, mas também por rotas indiretas de exposição, como contaminação de águas potáveis

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53

ou alimentos e mesmo absorção pela pele. Os efeitos diretos da poluição do ar sobre a

saúde humana variam de acordo com a intensidade e a duração da exposição e também com

a própria condição de saúde da população

exposta, sendo alguns setores da população

mais vulneráveis a poluição do ar como, por

exemplo, crianças e idosos. Com efeito, a

concentração de alguns poluentes em áreas

urbanas poluídas tem sido suficientemente alta

para provocar deficiência de funções

pulmonares e cardiovasculares, efeitos

neurocomportamentais e até aumento de mortalidade (WHO, 1994; Saldiva et al., 1995).

Doenças como bronquite, asma e rinite, entre outras, surgem e se intensificam pela

alta concentração de dióxido de enxofre no ar, que também aumenta a possibilidade de

doenças cardiovasculares. Em regiões frias a situação se agrava, uma vez que pode haver

uma intensificação nos processos de inversão térmica (Internet 17, 2011).

O grau de acidez (pH) do solo e da água provoca o

desequilíbrio das espécies, tanto da flora quanto da fauna.

As concentrações de dióxido de enxofre no ar, em muitas

regiões estão bem acima do limite máximo permitido pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) (Brena, 2008 e

Rocha et. al., 2004).

Em certas florestas, as árvores têm idades que podem

variar de 150 a 300 anos (ou muito mais). Espécimes

maduras produzem muitas sementes durante longo período,

e contribuem assim para a perpetuação da floresta.

Entretanto, após o ataque das precipitações ácidas e outros

poluentes, as árvores muito débeis ou que sucumbem

deixam de produzir descendentes. Devido a isso, florestas

maduras que levaram séculos para se formar têm o seu

futuro comprometido por várias gerações subseqüentes

(Figura 20).

A chuva ácida provoca mutações genéticas e

alterações moleculares nas plantas e

desmatamento de florestas.

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54

A maior tragédia ocorrida, devida à alta concentração de poluentes atmosféricos, foi

na cidade de Londres em dezembro de 1952. Nessa ocasião somaram-se fatores de intensa

emissão de compostos contendo enxofre (queima de carvão) e condições atmosféricas

desfavoráveis para a dispersão de poluentes, o que provocou a formação de densa camada

de poeira, neblina e gases com alto teor de ácidos. Em torno de 4.000 pessoas morreram

após inalar essa "mistura corrosiva" (Fornaro, 2006).

Figura 20. Efeito da chuva ácida sobre uma floresta alemã

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-chuva-acida/

Segundo Coelho et al. (2011) até os anos 60 a chuva ácida não era reconhecida como

uma ameaça séria para as florestas. A primeira evidência foi encontrada nos Sudetos, uma

cadeia de montanhas entre a Polônia e a República Tcheca importante na produção de

madeira. Alguns pinheiros apresentavam ramos muito finos e outros estavam morrendo.

Em meados dos anos 70 houve um acentuado agravamento desses problemas. Constatou-se

que morriam lotes inteiros de árvores, enquanto outros sequer chegavam a se desenvolver.

Atualmente, quase 40 % da floresta está morta ou em extinção. Extensas áreas que já foram

cobertas pela floresta são atualmente campos abertos.

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55

Não passou despercebido que os Sudetos estão situados na direção dos ventos que

sopram de uma região cuja dependência do linhito é intensa e que, quando queimado, libera

bastante enxofre. O uso dessa substância aumentou de 30 milhões de toneladas,em 1950,

para 100 milhões de toneladas em 1980.

Nem todas as regiões se encontram tão seriamente afetadas, mas atualmente há

informações vindas de todas as partes do mundo sobre árvores prejudicadas. É fácil

reconhecer uma árvore morta, mas na maioria dos casos a morte não se deve diretamente a

chuva ácida, que as enfraquece e elas morrem derrubadas pelo vento, ou atacadas por

insetos e fungos. As árvores corníferas correm risco maior, embora as árvores decíduas

sejam igualmente afetadas (Internet 18, 2011).

Em áreas afetadas pela chuva ácida, os animais e as plantas enfrentam, ainda, outras

dificuldades. Os solos contêm naturalmente pequenas quantidades de minerais tóxicos

como alumínio, cádmio e mercúrio. Normalmente não causam problemas sérios, mas á

medida que a acidez do solo aumenta, intensificam-se as reações químicas que permitem a

absorção desses minerais pelas plantas. As plantas são, então, contaminadas e qualquer

animal que se alimente delas absorverá os tóxicos, que permanecerão em seus corpos. Os

minerais nocivos são também lixiviados do solo para os rios e lagos, onde podem matar

peixes e outros seres vivos. O problema se agrava quando a poluição deposita ainda mais

minerais no solo. Em certas regiões da Polônia, descobriu-se que as colheitas continham 10

vezes, mais chumbo do que o limite considerado aceitável (Internet 18, 2011).

Cerca de 90 % da água dos rios e lagos passou previamente pelo solo. Com a

capacidade do solo para neutralizar os ácidos está diminuindo, e a acidez da chuva está

aumentando, a acidez da água nos rios e lagos também está aumentando. Os lagos também

recebem a água da chuva que cai diretamente da atmosfera, não havendo possibilidade de

reduzir a acidez dessa água pela ação do solo. Desde 1950, a situação tornou-se,

certamente, pior nas áreas mais sensíveis da América do Norte e Europa, embora haja

indícios de que as condições estão se estabilizando.

Um lago em condições naturais tem pH ao redor de 6,5 e pode manter uma grande

variedade de plantas, insetos e peixes. Além disso, há inúmeros animais, incluindo aves,

que se nutrem do farto alimento encontrado nesses lagos. A chuva ácida reduz o pH dos

lagos com graves conseqüências ao meio ambiente (Internet 19, 2011).

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56

Quando o pH de um lago diminui (com o aumento do nível de acidez), os peixes

encontram maior dificuldade para se reproduzir com êxito. Um caso clássico de poluição de

lagos aconteceu no Lago Erie (Figura 21). A poluição dos lagos Érie em Ortário atingiu tal

grau de gravidade que, seriam necessários 500 anos para se restabelecer as condições

iniciais de pureza caso se evitasse o lançamento imediato de poluentes no lago.

Figura 21. Grandes lagos afetados pela chuva ácida

Fonte: http://www.pcrush.com/product/GPS-Maps-and-Applications/179315/Garmin-BlueChart-Lake-Erie-Lake-St.-Clair-Digital-Map; http://www.omya.com/C125728900639D06/vwWebPagesByID/E9973499A64F7B07C1257363005B5B93

.

No lago Érie, antes de desaparecerem todos os peixes, verificou-se que esse lago

continha quatro vezes a mais a quantidade de mercúrio que era considerada como o nível

tóxico. Foi necessário um grande empenho dos dois países (Estados Unidos e Canadá) e

alguns milhares de doláres para que o lago Érie voltasse a vida.

A acidez é maior na primavera quando a neve derrete. Esta também é a época em que

os ovos dos peixes eclodem, nascendo filhotes. Eles são incapazes de tolerar os altos níveis

de acidez e morrem. Não é somente o ácido que os mata, mas também os minerais tóxicos

como o alumínio, que são lixiviados dos terrenos circunvizinhos para a água responsáveis

pela poluição (Internet 10, 2011).

As bases ajudam a neutralizar ácidos. O calcário moído é uma base capaz de reduzir a

acidez quando aplicado em lagos, rios ou solo. A isso denomina calagem. É o que se usa

com mais frequência para diminuir a acidez de lagos. A quantidade necessária para corrigir

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57

a acidez e atingir um pH adequado (6,5) varia de acordo com o tamanho e o grau de acidez

do lago.

Conforme o caso, cerca de 4 toneladas por hectare serão necessárias para elevar o pH

de 5,5 para 6,5. Depois da aplicação espécies de plantas e animais poderão retornar

prontamente ao lago. Com os metais tóxicos são arrastados para o fundo, os peixes poderão

se reproduzir com êxito. As únicas espécies afetadas serão as que vivem no fundo do lago,

onde os metais se acumulam. Para evitar que os problemas se repitam, a calagem deve ser

feita em intervalos de dois a cinco anos. Contudo, manter lagos em condições favoráveis

leva tempo e é muito dispendioso, principalmente em regiões remotas. Mas, o prejuízo

causado pela chuva ácida é tão grande que a calagem nunca solucionará o problema.

Calcula-se que seriam necessárias mais de 300 mil toneladas de cal por ano, ao custo de 25

milhões de libras esterlinas, para neutralizar os ácidos somente no sul da Noruega (Internet

10, 2011).

Nos peixes a chuva ácida provoca diminuição da

biodiversidade, especialmente em sistemas de

água confinados, tais como rios e lagos. Altos

níveis de acidez interferem especialmente com a

respiração dos peixes pequenos e embriões,

causando danos nas guelras. A chuva ácida

também causa falha no sistema reprodutor em

peixes e outros animais aquáticos. Durante a

época de acasalamento, peixes fêmeas em lagos

ácidos podem deixar de liberar óvulos ou suas células reprodutivas. Alguns peixes também

sofrem descalcificação óssea, ou a falta de cálcio, que pode levar a deformidades

esqueléticas. As aves que comem esses peixes também sofrem as consequências, pois os

minerais tóxicos tornam-se ainda mais concentrados em seus corpos. As cascas de seus

ovos tornam-se mais frágeis e podem se quebrar, e quando os filhotes nascem, seus ossos

podem estar deformados.

A chuva ácida pode também pôr em perigo pássaros não aquáticos, levando-os a pôr

ovos com defeito (perda de cálcio com aumento da porosidade) e também podem deixar de

chocar os ovos devido aos danos causados nas árvores onde as aves constroem seus ninhos.

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58

As chuvas ácidas afetam as aves indiretamente, através da cadeia alimentar.

Caramujos e insetos são a fonte de alimento da maioria das aves. Os caracóis são sua

principal fonte de cálcio, um mineral essencial na formação de cascas de ovos. Caracóis

dependem do solo de onde retiram sua fonte de cálcio, mas em áreas de chuva ácida, o

cálcio é lixiviado e o solo fica empobrecido deste elemento. Embora os pássaros sejam

capazes de se alimentar de aranhas e insetos, tais fontes são muito pobres em cálcio,

causando deformações nos ovos.

Nas plantas terrestres e aquáticas a chuva ácida causa danos em igual proporção.

Ocorre um crescimento mais lento das árvores, danos nas folhas, bem como a degradação

do solo da floresta. A chuva ácida dissolve os nutrientes do solo e a lixiviação dos

nutrientes para os corpos hídricos podendo causar eutrofização, ao mesmo tempo ele libera

o alumínio e outras substâncias tóxicas no solo e em rios e lagos causando mortandade nos

peixes e alterações significativas na qualidade da água. As plantas no ecossistema aquático

também sofrem os efeitos da chuva ácida. Alguns tipos de algas crescem desordenadamente

em ambientes ácidos, o que representa uma ameaça para outras espécies, reduzindo a

quantidade de oxigênio disponível e espaço.

Nos anfíbios como rãs e salamandras, que muitas vezes se reproduzem em poças

temporárias, que podem concentrar a acidez da chuva, se observou danos aos ovos e

espécies jovens. No entanto, sapos adultos podem tolerar água ácida melhor do que as

salamandras. Rãs podem sobreviver em águas com níveis de pH de 4, salamandras não

podem sobreviver quando os níveis de acidez forem abaixo de pH= 5.

Os crustáceos e insetos, como as lagostas não são encontradas em águas ácidas com

pH é inferior a 5. Diminuindo o número de lagostas também ameaça a existência de

animais, como a maioria das espécies, que se alimentam deles. A maioria dos insetos

depositam seus ovos na água ou na superfície das folhas, sendo muito vulneráveis aos

efeitos negativos da chuva ácida. Baixos níveis de pH podem matar os embriões dentro dos

ovos, bem como as larvas recém-eclodidas.

Quando a precipitação ácida ocorre sob a forma de neve, os problemas para o meio

ambiente são retardados, mas podem ser muito piores posteriormente. Durante o inverno,

em países de clima frio, a neve se acumula no solo, retendo seus ácidos. Na primavera,

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quando a neve derrete, há um súbito fluxo de água que corre pelo chão até os rios e lagos

(Internet 19, 2011).

Eventualmente, ácidos que ficaram retidos por seis meses são liberados em poucas

semanas. Estas correntezas ácidas, como são chamadas, são particularmente prejudiciais

para plantas e animais.

O excesso de nitrogênio lançado pela chuva ácida em determinados lagos também

pode causar crescimento excessivo de algas, e conseqüentemente perda de oxigênio,

provocando um significativo empobrecimento da vida aquática.

A ingestão de água potável acidificada, por longos períodos, pode causar a doença de

Parkinson e de Alzheimer, a hipertensão, problemas renais e, principalmente em crianças,

danos ao cérebro. Estima-se que nos EUA a chuva ácida é a terceira maior causa de

doenças pulmonares.

Em algumas regiões, respirar ar puro implica ameaças a saúde, especialmente para os

mais velhos e os que sofrem de asma, ou outros problemas respiratórios, ou, ainda, para

aqueles que têm um problema cardíaco. Na Alemanha, as concentrações de dióxido de

enxofre na atmosfera tornaram-se tão perigosas, que as pessoas são aconselhadas a não

saírem de casa.

Segundo VanLoon & Duffy (2010) a identificação de uma fonte de poluição

atmosférica depende dos padrões adotados para definir os agentes poluidores e seus efeitos

sobre homens, animais, vegetais ou materiais outros, assim como dos critérios para medir

os poluentes e seus efeitos. Essas alterações provocam no homem distúrbios respiratórios,

alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso, e em órgãos vitais, e câncer. Em cidades

muito poluídas, esses distúrbios agravam-se no inverno com a inversão térmica, quando

uma camada de ar frio forma uma redoma na alta atmosfera, aprisionando o ar quente e

impedindo a dispersão dos poluentes.

A discussão sobre a qualidade do ar, sempre tem uma conclusão em comum: é

impossível controlar as fontes de poluição.

Outros fatores a considerar são de natureza social (pressão de grupos), ambientais

(sinergismos ou antagonismos) e mesmo pessoal como suscetibilidade de indivíduos ou

grupos, e vários outros.

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Ao olhar para as diversas construções, especialmente as antigas, nota-se muito bem

que os materiais de construção estão se dissolvendo. Eles desgastam-se naturalmente pela

ação do tempo, mas isso leva muitos anos, geralmente alguns séculos. A chuva ácida

acelera o processo.

Muitas das pedras usadas na construção de estátuas e edifícios são constituídas por

carbonato de cálcio (granito, calcário) que sofre dissolução na presença do cátion H+,

traduzida pela seguinte equação química:

CaCO3+H+ Ca2++HCO3-+H+ Ca2+ + H2O + CO2(gás).

Em 1984, a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque,

Estados Unidos, teve, de ser parcialmente desmontada

para restauração, porque a poluição ácida corroeu a

estrutura metálica e o revestimento de cobre. Milhões de

dólares foram gastos para recuperar o seu antigo

resplendor.

Os países escandinavos reconheceram que a chuva ácida

era uma das causas principais da acidificação de seus

lagos. Muita pesquisa tem sido desenvolvida para mostrar

as relações significativas entre as precipitações de

dióxido de enxofre e os danos ambientais. Aceitando essa

evidência, a maioria dos países concorda em reduzir suas

emissões. Alguns, entretanto, mostram muita má vontade

e afirmam causa de fato um grande malefício ao meio

ambiente.

O enxofre pode ser removido do combustível antes de ser queimado e vendido para a

indústria como subproduto. Isso realmente melhoraria as perspectivas de emprego nas áreas

de mineração, mas somente se o carvão ainda pudesse ser vendido por um preço elevado.

Alternativamente, o enxofre pode ser removido da fumaça antes que esta seja lançada na

atmosfera. Pode-se fazer isso utilizando dispositivos chamados dessulfurizadores, que são

instalados nas chaminés. Sua função é borrifar cal sobre a fumaça.

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1.4.6. - Poluição dos veículos As fontes de emissão de poluentes primários e dos componentes secundários podem

ser as mais variadas possíveis. A emissão de gases tóxicos por veículos automotores é a

maior fonte de poluição atmosférica.

Nas cidades, esses veículos são responsáveis por 40 % da poluição do ar, porque

emitem gases como o monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o dióxido

de enxofre, derivados de hidrocarbonetos e chumbo. As refinarias de petróleo, indústrias

químicas e siderúrgicas, fábricas de papel e cimento emitem enxofre, chumbo e outros

metais pesados, e diversos resíduos sólidos.

Os motores dos veículos produzem óxidos de nitrogênio e outros poluentes. Os gases

emitidos pelos motores dos carros podem ser purificados usando gasolina sem chumbo e

adaptando um conversor catalítico. Esses dispositivos convertem 90 % dos gases nocivos

presentes nos escapamentos em dióxido de carbono, nitrogênio e vapor d'água, bem menos

prejudiciais.

Uma alternativa seria desenvolver motores de

combustão branda que são eficientes e poluem

menos. Os motores a diesel são mais econômicos

porque consomem menos combustível do que os

motores a gasolina. Entretanto produz mais

fumaça, duas vezes mais óxido de nitrogênio e seis

vezes mais dióxido de enxofre.

Estudos sobre as emissões veiculares são

relativamente recentes. Em 1982, a Organização

Mundial de Saúde (WHO, 1982) publicou os resultados do estudo "Rapid Assessment of

Sources of Air, Water and Land Pollution". Não temos informações sobre a situação

reinante na Europa antes do acordo das nações da União Européia, de 1991, a partir de

quando foram emitidas as prescrições para motores novos. A Legislação brasileira é

calcada na européia, o que se explica pela preponderância das montadoras de veículos

Diesel, oriundas da Europa (Scania, Volvo e Mercedes Benz) no mercado nacional (Internet

21, 2011).

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O motor Diesel é dito de "ignição por compressão", o que quer dizer que a mistura

combustível é inflamada quando uma nuvem de óleo é injetada pela bomba de alta pressão

no ar quente contido no cilindro. Ao contrário, no motor do ciclo Otto a ignição é

desencadeada pela centelha que salta entre os eletrodos da vela de ignição. O combustível

do ciclo Otto utiliza derivados leves do petróleo (naftas leves, propano, butano, etc.), gás

natural, gás de água (gerados em gasogênio), álcool e outras substâncias gasosas ou que

possam ser facilmente vaporizadas antes de entrar no cilindro do motor.

No Brasil, que tem consumo de combustíveis automotivos praticamente centrados no

óleo diesel (cerca de 1/3 dos usos de derivados), devido à estrutura do sistema de

transportes coletivos de passageiros e de carga, o número de cetano variou entre amplos

limites, a partir da alta de preço do petróleo na década de 70, refletindo o esforço de

acomodação da balança comercial. A partir do início da década de 90 houve um movimento

de melhoria da qualidade do diesel motivado pela legislação sobre a qualidade do ar. Em

1986, o Ministério Nacional do Meio Ambiente instituiu o PROCONVE, que visava

regulamentar a emissão de poluentes oriundas dos automóveis, já na fabricação.

A emissão de CO2 dos automóveis deve

ser calculada através do balanço de carbono

envolvendo o combustível consumido e as

emissões de CO e HC.

Uma forma simplificada para se

elaborar o balanço de carbono consiste em se

recorrer ao número de cetano, como principal

indicador de qualidade do óleo. A

metodologia do ensaio de cetano parte da referência ao n-hexadecano (C16H34) como o

combustível diesel de excelência (o mais facilmente inflamável por compressão) e ao alfa-

metil-nafteno (C11H10) como o de mais difícil inflamação.

Os hidrocarbonetos emitidos pelo motor Diesel, referidos genericamente como HC,

compreendem o combustível original não queimado e outros hidrocarbonetos resultantes do

termocraqueamento dele, bem como outras substâncias resultantes de reações químicas

com o oxigênio no motor. A legislação não obriga a discriminação desses vários

hidrocarbonetos. Também os diferentes óxidos de nitrogênio que compõem o NOx não são

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discriminados na determinação do nível de emissão, não sendo possível apresentar índices

específicos para eles.

Assuntos como aquecimento global e efeito estufa fazem, cada vez mais, parte de

nosso cotidiano, embora poucas atitudes assumam uma forma prática e eficiente de

combate a estes males, que podem extinguir a vida como a conhecemos. O que poucos

sabem, ou fingem ignorar, é que os 700 milhões de veículos existentes no planeta são

grandes responsáveis pela situação em que nosso planeta se apresenta (Internet 21, 2011).

1.5. - O efeito estufa, aquecimento global

e mudanças climáticas lguns gases da atmosfera, principalmente

o dióxido de carbono (CO2), funcionam

como uma capa protetora que impede que

o calor absorvido da irradiação solar escape para o

espaço exterior, mantendo uma situação de equilíbrio

térmico sobre o planeta, tanto durante o dia como

durante a noite. Sem o carbono na atmosfera a

superfície da Terra seria coberta de gelo. A essa

particularidade benéfica da camada de ar em volta do

globo se dá o nome de "efeito estufa" (Baird, 2002).

A importância do efeito estufa pode ser mais bem compreendida quando se observa

as condições reinantes na Lua. Lá não há uma atmosfera e, portanto nenhum efeito estufa;

por isso as temperaturas variam de 100 °C durante o dia a -150 °C durante a noite.

O efeito estufa na Terra é garantido pela presença do dióxido de carbono, vapor de

água e outros gases raros. Esses gases são chamados de raros porque constituem uma

parcela muito pequena na composição atmosférica, formada em sua maior parte por

nitrogênio (75 %) e oxigênio (23 %).

A

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64

O efeito estufa gerado pela natureza é, portanto, não apenas benéfico, mas

imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra. Se a composição dos gases raros

for alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjuntamente.

Segundo Moreira (2009) Três conceitos, diferentes entre si, se referem ao clima terrestre:

efeito estufa, aquecimento global e mudança climática. Efeito estufa refere-se ao fenômeno

natural que acontece devido a um aumento nas concentrações dos chamados gases de efeito

estufa (GEE) na atmosfera. Aquecimento global é a elevação da temperatura média da

Terra, causada possivelmente pelo efeito estufa ou pela atividade solar. Já a mudança do

clima é definida, de acordo com os relatórios publicados pelo IPCC4 - Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas - como: “Mudança no estado do clima que

pode ser identificado (estatisticamente) por mudanças na variabilidade de suas

propriedades, e que persistem por um período extenso, de décadas ou mais. Essa mudança

se refere a qualquer mudança no clima ao longo dos tempos, devido à variabilidade natural

ou ao resultado das atividades humanas” (IPCC, 2007).

A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a

quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de

uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis

e do desflorestamento. A derrubada de árvores provoca o

aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera

pela queima e também por decomposição natural. Além

disso, as árvores aspiram dióxido de carbono e produzem

oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa

também menos dióxido de carbono sendo absorvido.

Existe um consenso de que o aumento do efeito estufa só não é maior atualmente

porque uma grande parte de CO2 é dissolvida nos oceanos e extraída pela vegetação. Sem

esses mecanismos reguladores, há muito o ser humano já teria sozinho, desequilibrado

totalmente o clima da Terra (Figura 22).

O envelope de ar que cobre a Terra contém basicamente nitrogênio (78 %) e oxigênio

(21 %). Embora insignificante em quantidade, algo como 0,03 % do total, o CO2 é

importante porque absorve e retém calor, que de outra forma, escaparia para o espaço,

mantendo constante a temperatura do planeta. As atividades humanas, porém vêm

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aumentando a concentração de CO2 e de outros gases no ar, o que desequilibra a harmonia

e provoca a elevação da temperatura global. É o chamado efeito estufa. Acredita-se que a

temperatura pode subir até 4,5º C em cinqüenta anos. Alguns destes gases também reagem

com o vapor de água da atmosfera, tornando a chuva ácida. Ela pode contaminar lençóis de

água e oceanos (2/3 das chuvas caem sobre eles).

Figura 22. Representação esquemática do efeito estufa

Fonte: Gazzoni e Estevão, 2011

http://www.biodieselbr.com/i/credito-de-carbono/efeito-estufa.jpg

1.5.1. - O mecanismo do efeito estufa Segundo Lima (2011) na dinâmica atmosférica há uma troca energética entre os

constituintes presentes nesta e que ocorre por diferentes processos físicos (mistura de gases

por ventos e processos meteorológicos, difusão, convecção, radiação, processos

fotoquímicos, etc.), devido a algumas características do meio, tal como distribuição de

constituintes com a variação da densidade e da temperatura em função da altura, latitude,

época do ano, etc.

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Tão importante quanto estes processos atmosféricos é o processo de transferência

radiativa de energia na atmosfera, sendo a principal fonte de energia radioativa atuante

nesta, aquela de origem solar. Uma parte desta energia é absorvida pelos gases presentes na

atmosfera, outra parte atravessa a camada da superfície, atingindo a superfície da Terra e

ainda outra parte é refletida de volta para o espaço. Este processo gera um aquecimento da

atmosfera, o qual está envolvido com o fenômeno conhecido como efeito estufa. De forma

simplificada, a radiação que chega à atmosfera terrestre é reemitida em todas as direções,

sendo que parte desta, que atinge a superfície terrestre, é parcialmente absorvida por esta

(radiação no infravermelho). Desta forma, a superfície terrestre é aquecida não somente

pela insolação direta, mas também por aquela radiação reemitida pela atmosfera.

A superfície terrestre absorve parte de toda a radiação recebida de diferentes origens,

aquecendo-se e reemitindo parte desta energia para atmosfera. No balanço desta troca

térmica há a produção de vapor d' água e convecção de calor pelos gases na atmosfera

(Figura 23).

O aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera adjacente, por este processo é

um fenômeno normal, cujas características tais como sua periodicidade, podem ser

observadas e estimadas se as condições de equilíbrio energético na atmosfera forem

mantidas substancialmente inalteradas em uma determinada escala de tempo.

Entretanto, quando este equilíbrio é prejudicado, como pelo aumento na atmosfera da

presença de gases que modificam a sua condição de transparência e de reabsorção do calor

emitido pela superfície terrestre, tal como, por exemplo, o dióxido de carbono (gás presente

como resultado de queimadas e de queima de combustível fóssil), há um desequilíbrio de

temperatura com o aumento desta na região atmosférica adjacente à superfície terrestre.

Dos 342 watts/m² que penetram a atmosfera, 235 watts/m² são absorvidos pela

atmosfera e superfície e deve ser reemitido para o espaço. 155 watts/m² são refletidos de

volta para a superfície terrestre causando o efeito estufa.

De toda radiação proveniente do sol que incide sobre a Terra, cerca de 50 % alcança a

superfície e é absorvida (região visível), 20 % é absorvida por pelos gases da estratosfera,

O3, O2 (ultravioleta) e CO2 e H2O (infravermelho). O restante é refletido como radiação

infravermelha na forma de calor.

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Alguns gases presentes no ar podem absorver temporariamente radiação

infravermelho em um comprimento de onda específico, portanto nem toda radiação

infravermelha emitida pela superfície sai da atmosfera.

A absorção da radiação infravermelha ocorre por gases que ocorrem naturalmente na

atmosfera, que são principalmente o CO2, vapor de água, metano, óxido nitroso e ozônio.

Derivados de halogênios também causam esse efeito, mas sua origem está ligada a

atividade antropogênica.

Figura 23. Mecanismo do efeito estufa

Fonte: Adaptado de environment-clean-generations.blogspot.com, 2011.

Estima-se que, se a taxa atual de aumento desses gases no planeta continuar pelo

próximo século, as temperaturas médias globais subirão 0,3oC por década, com uma

incerteza de 0,2 oC a 0,5 oC por década (Cotton & Pielke, 1995), de modo que, no ano

2100, o aquecimento global estaria compreendido na faixa de 1,0 a 3,5 oC (European

Comission, 1997).

A mudança na radiação líquida média no topo da troposfera, decorrente de uma

alteração na radiação solar ou infravermelha, é designada forçante radiativa

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68

Segundo Moreira (2009), sabe-se hoje que as fontes dos gases de efeito estufa podem

se originar em qualquer parte do planeta, motivo pelo qual há uma grande dificuldade em

determinarmos, de forma correta, o local de origem destes gases. Deste modo, ao nos

debruçarmos sobre a problemática da alteração do clima, notamos que uma das facetas da

preocupação global reside no fato de que as emissões dos gases de efeito estufa provêm de

múltiplos e diversos locais.

1.5.2. - Os gases que provocam o efeito estufa Segundo Santos (2006) a atmosfera, camada de ar que envolve o planeta Terra, é

constituída por vários gases. Os principais são o Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2) que,

juntos compõem de 99 % da atmosfera. Outros gases encontram-se presentes em pequenas

quantidades. Dentre estes, estão os gases de efeito estufa (GEE) como, dióxido de carbono

(CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor d’água (H2O). Estes gases são

assim denominados, por terem a capacidade de reter o calor na atmosfera, do mesmo modo

que o revestimento de uma estufa para cultivo de plantas. O efeito estufa é um fenômeno

natural.

É importante ressaltar que as previsões de mudanças climáticas, associadas às ações

antrópicas, não se referem propriamente ao efeito estufa que é uma propriedade natural da

atmosfera, mas sim à intensificação deste efeito, quando, pelas atividades antrópicas, gases

estufa são lançados na atmosfera, reforçando o bloqueio à saída da radiação infravermelha

para o espaço. A questão é se a injeção destes gases na atmosfera, pela ação do homem,

promoveria o aquecimento do planeta (Steinke, 2007).

O vapor d’água e o dióxido de carbono têm a propriedade de permitir que as ondas

eletromagnéticas que chegam do Sol atravessem a atmosfera e aqueçam a superfície

terrestre e dificultar a saída da radiação infravermelha emitida pela Terra. Isto impede que

ocorra uma perda demasiada de calor irradiado para o espaço, especialmente à noite,

mantendo, assim, a Terra aquecida.

De acordo com Cortez (2004), o aumento da utilização de combustíveis fósseis

(derivados de petróleo, carvão, turfa, gás natural) libera CO2 aumentando a sua

concentração na atmosfera com consequente aumento da temperatura mundial (Figura 24).

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69

As queimadas e a destruição das florestas também contribuem para o aumento do

CO2 na atmosfera. Na prática, pela queima dos combustíveis fósseis e das florestas, libera-

se carbono que a natureza havia estocado ao longo do tempo. Uma planta, durante o seu

processo de crescimento, captura CO2 da atmosfera pela fotossíntese e também acumula

carbono, sendo que a partir de sua maturidade passa a mantê-lo estocado, porque se

mantém em equilíbrio dinâmico na absorção e liberação de CO2.

Figura 24. Variação da temperatura global período 1860-2000.

Fonte: Adaptado de Baird, 2002.

1.5.3. - Emissões de CO2, e suas conseqüências

ambientais Os processos envolvendo o CO2 atmosférico são

uma função complexa de processos geoquímicos e

biológicos. A concentração de gás carbônico na

atmosfera aumentou de aproximadamente 280 ppmv em

tempos pré-industriais para 370 ppmv em 2001, um

aumento de 32 % (IPCC, 2001 e Blasing e Jones, 2003).

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Segundo Lisboa (2007) grande parte do aumento da contribuição antropogênica para

o CO2 atmosférico se deve aos combustíveis fósseis, onde material animal e vegetal

contendo carbono foram cobertos por depósitos geológicos, até então ser oxidado nos

motores a combustão interna. Como resultado da absorção da energia infravermelha, principalmente por CO2 e

água, apenas radiação entre 8-13 µm escapam da atmosfera eficientemente. Esta região é

chamada de janela.

As concentrações normais do monóxido de carbono (CO) na atmosfera são de,

aproximadamente 0,1 ppm. Muito do CO está aí presente como intermediário da oxidação

do metano. As emissões antropogênicas contribuem com cerca de 6 % do total de CO

presente no ar, principalmente como resultado da queima de combustíveis fósseis a partir

de fontes fixas e móveis. Em horários de congestionamento ou de pico, por exemplo, as

concentrações de CO no meio urbano podem atingir até 100 ppm (Manahan, 2000).

O dióxido de carbono (CO2) é o gás mais associado ao aquecimento global, pela

grande absorção da radiação infravermelha. A concentração de CO2 na atmosfera tem

aumentado ao longo dos anos (Figura 25).

Figura 25. Evolução da concentração de CO2 na atmosfera

Fonte: Baird, 2002

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71

As moléculas de CO2 presentes no ar (nas concentrações atuais)

absorvem praticamente metade da radiação infravermelha térmica

na região com comprimento de onda entre 14 e 16 µm, acrescido

de parcelas em regiões compreendidas entre 12 e 14 e 16 a 18

µm. Sozinho, o CO2 chega ser responsável por quase 50 % do

calor retido na atmosfera da Terra, daí o motivo de tanta

preocupação na contenção da concentração desse gás.

O CO2 Absorve as radiações solares provocando um aumento da

temperatura da Terra; é essencial ao processo de fotossíntese e tem uma alta solubilidade

em água.

As principais reservas de carbono da natureza são a biota, o solo e os oceanos. A

biota que consiste em toda vida sobre a superfície da Terra, dominada em termos de

volume, pela vida vegetal, absorve 102 Gt (Gigatonelada = 1 bilhão de toneladas), de

carbono por ano do CO2 liberado durante a fotossíntese, isto representa cerca de 14 % do

teor total de CO2 da atmosfera. Em contrapartida a biota devolve anualmente cerca de 30 Gt

de carbono à atmosfera. A decomposição bacteriana de matéria vegetal morta acrescenta

mais 50 Gt de carbono ao CO2 devolvido à

atmosfera. Há, portanto certo equilíbrio no

carbono trocado entre a biota terrrestre e a

atmosfera, sendo retidas por ano talvez 2

Gt de carbono na biota terrestre.

Nos oceanos o CO2, também é

absorvido da atmosfera em decorrência de

processos tanto químicos, como

biológicos. O dióxido de carbono é recebido em solução sob a forma de íons de bicarbonato

de, enquanto os fitoplânctons são sorvedores de dióxido de carbono em decorrência da

fotossíntese. Um total de 92 Gt de carbono por ano é absorvido da atmosfera desta maneira.

Das águas superficiais, perto de 90 Gt de carbono são devolvidas à atmosfera a cada ano.

Por processos físicos e biológicos: liberação de dióxido de carbono diretamente das águas

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marinhas por difusão em decorrência da respiração dos fitoplânctons, ficando cerca de 2 Gt

retidas anualmente nos oceanos.

Quando se fala em mudança climática e em aquecimento global, refere-se ao

incremento, além do nível normal, da capacidade da atmosfera em reter calor. Isto vem

acontecendo devido a um progressivo aumento na concentração dos gases do efeito estufa

(GEE) na atmosfera nos últimos 100 anos. Tal aumento tem sido provocado pelas

atividades humanas que produzem emissões destes gases. Este aumento no efeito estufa

poderá ter conseqüências sérias para a vida na Terra (Fláquer & Alves, 2007).

Entre os GEE que estão aumentando de concentração, o dióxido de carbono, CO2, é o

que tem maior contribuição para o aquecimento global. Suas emissões representam

aproximadamente 55 % do total das emissões mundiais de GEE. O tempo de permanência

do gás carbono na atmosfera é, no mínimo, de cem anos. Isto significa que as emissões de

hoje têm efeitos de longa duração, podendo resultar em impactos no regime climático ao

longo de séculos. Por sua vez, a quantidade de metano emitida para atmosfera é bem

menor, mas seu poder estufa (potencial de aquecimento) é vinte vezes superior ao do CO2

(Moreira, 2003). O CO2 responderia por mais da metade de um aumento de 1º C.

Em termos de reações químicas, o dióxido de carbono possui baixa reatividade, tanto

por sua baixa concentração na atmosfera, quanto pela baixa reatividade fotoquímica. A

única reação fotoquímica que o CO2 sofre é a fotodissociação do CO2 pela radiação

ultravioleta na estratosfera: CO2 + hν → CO + O. O ciclo do CO2 é um dos mais

importantes, pois é o que garante a existência da vida na Terra (Figura 26).

A decomposição do corpo de animais mortos também participa do ciclo, pois nesse

processo os microorganismos oxidam a matéria orgânica, liberando CO2.

As fontes de liberação de CO2 envolvem a exalação deste gás pelos vulcões; a falta de

temperatura de rochas, principalmente as carbonáticas; a queima de combustíveis fósseis, a

respiração dos seres vivos e a oxidação da matéria orgânica. Segundo Moreira (2009) a

biosfera é um grande reservatório de carbono que participa do ciclo de carbono global em

conjunto com os oceanos e a atmosfera.

As florestas desempenham um importante papel para o equilíbrio do carbono global

pelo fato de retirarem da atmosfera parte do carbono existente na atmosfera, via

fotossíntese. O desmatamento das florestas pelo corte libera parte da biomassa original

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(folhas vivas, toras, raízes, húmus, folhas mortas) que ao ser queimada lança CO2 na

atmosfera.

Figura 26. Ciclo do carbono

Fonte: Adaptado de windows2universe.org, 2011.

Este desequilíbrio tem consequências diretas na biosfera, como o aumento do nível do

mar, resultante de um aumento de seu volume, por dilatação térmica em função de seu

aquecimento, e por um gradual derretimento das calotas polares terrestres. Este

aquecimento do mar, por sua vez, diminuirá a sua capacidade de absorção de dióxido de

carbono, contribuindo, no mínimo, para a manutenção do desequilíbrio térmico da

atmosfera adjacente à superfície terrestre até que outro fenômeno consiga interromper ou

reverter este efeito.

Além dessa consequência quanto à absorção do CO2, um aquecimento do mar

modificará a distribuição alimentar deste, afetando suas cadeias alimentares. Outra

consequência do aumento da temperatura próximo à superfície terrestre é o aumento de

vapor d' água nesta região, aumentando a precipitação pluviométrica e a umidade relativa

do ar, o que propicia a proliferação de determinadas doenças e pragas, enchentes,

desmoronamentos e outros problemas.

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O desequilíbrio energético do efeito estufa, com um aumento de temperatura

atmosférica na região adjacente à superfície terrestre pode também modificar as fases

processuais de cultivos agrícolas, e exigir uma

readaptação das culturas às novas condições

térmicas existentes e/ou a uma readaptação

alimentar, em função da impossibilidade de

manutenção de determinados cultivos.

O aumento da temperatura altera o ciclo das

chuvas em diversos continentes, porque o ciclo

de evapotranspiração (evaporação da água mais

a transpiração das plantas) será acelerado. Em uma região pode ocorrer o agravamento e

intensidade de tempestades e do período de enchentes, furacões, tufões e nevascas. Em

Nova Orleans, o furacão Katrina devastou a cidade (Figura 27).

Figura 27. Nova Orleans depois da passagem do furacão Katrina

Fonte: amistadresource.org, 2011

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As áreas mais devastadas pelo furacão Katrina foram Louisiana, Mississippi e

sudoeste do Alabama. Deixou um prejuízo de dezenas de bilhões de dólares em danos

materiais e mais de mil vidas perdidas, foi o maior desastre natural da história dos EUA.

Ao mesmo tempo, outras regiões podem estar submetidas às vigorosas secas, com

índices pluviométricos inferiores ao que seria normal na mesma época e estação do ano.

Portanto, o grande desafio é investigar se o aumento global da temperatura média da

atmosfera já afetou as condições climáticas regionais e locais e em que ordem de

magnitude.

De forma geral, o termo “variabilidade climática” é utilizado para as variações de

clima em função dos condicionantes naturais do planeta e suas interações, daí a

denominação de variabilidade natural do clima. Já as “mudanças climáticas” seriam as

alterações na variabilidade natural do clima devido às atividades humanas. Desta forma, é

necessário identificar se está ocorrendo alteração na variabilidade natural para se poder

afirmar que está havendo mudança climática (Steinke, 2007).

1.5.4. - Outras substâncias que afetam o

aquecimento global Além do CO2 outros gases são responsáveis pelo efeito estufa e o aumento da sua

concentração na atmosfera também contribui para o aquecimento global (Tabela 5).

Tabela 5. Outros gases causadores do efeito estufa

Gases Concentração atual (ppb)

Aumento (%)

Tempo de residência (anos)

Eficiência relativa no aquecimento global

Instantâneo 100 anos CO2 365000 0,4 50-200 1 1 CH4 1720 0,5 12 21 9 N2O 312 0,3 120 206 320 CFC-11 0,27 0 50 12400 12500 Halon-1301 0,002 7 65 16000 19000 HCFC-22 0,11 5 12 11000 3300 HFC-134a 0,002 15 9400 3000

Fonte: Baird, 2002

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O vapor d’água é o mais abundante causador do efeito estufa. Moléculas de água

absorvem energia térmica infravermelha devido à oscilação do ângulo H-O-H. O pico de

absorção está em 6,3 µm. Então grande parte da radiação emitida entre 5,5-7,5 µm é

absorvida pelas moléculas de água.

Segundo Tubelis e Nascimento (1986), as fontes naturais do vapor d’água são as

superfícies de água, gelo e neve, a superfície do solo, as superfícies vegetais e animais. A

passagem para a fase de vapor é realizada pelos processos físicos de evaporação e

sublimação, e pela transpiração. Segundo Ometto (1981), o vapor d’água é um dos dois

constituintes variáveis do ar atmosférico, chegando a ter até 4 % em volume.

Tubelis e Nascimento (1986) citam que este volume e extremamente variável e que

esta variabilidade provém da extrema facilidade com que consegue mudar de fase, nas

condições atmosféricas reinantes. Essas mudanças de fase são acompanhadas por liberação

ou absorção de calor latente, que associadas com o transporte de vapor d’água pela

circulação atmosférica, atuam na distribuição do calor sobre o globo terrestre. Por

apresentar estas características o vapor d’água é considerado o mais importante gás-estufa,

além disso, com a ação do efeito estufa a atmosfera se tornará mais quente contendo uma

quantidade maior de vapor d’água em decorrência de índices mais altos de evaporação.

Segundo Sousa (2011) o metano é o segundo gás-estufa em importância, absorve em

7,7 µm, produzido durante a decomposição anaeróbica. As principais fontes de metano são

arrozais, pântanos, animais domésticos ou não, cupins, gás natural e outros meios

anaeróbicos (Figura 28). A taxa de metano na atmosfera aumenta 1 % ao ano, sendo pouco

conhecidas as causas deste aumento. Algumas delas podem ser o aumento dos rebanhos

domésticos, a expansão de cultura de arroz e principalmente os vazamentos de gás natural

ou aterros. A permanência do metano na atmosfera é pequena (menos de 10 anos), sendo

consumido na atmosfera e em menor escala no solo (Internet 22, 2011).

O metano tem um potencial de aquecimento global de 63 vezes em um período de 20

anos, ou seja, 1 kg de metano nesse período produzirá 63 vezes o aquecimento global de 1

kg de dióxido de carbono, portanto o metano é 20 vezes mais potente que o dióxido de

carbono. As emissões globais de metano provenientes dessa fonte são estimadas em cerca

de 25 milhões de toneladas por ano (IPCC, 1995), correspondendo a 7 % das emissões

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totais de metano. A maior parte do metano oriundo das atividades agropecuárias no Brasil é

devido à criação de gado (Figura 29).

Figura 28. Fontes globais de emissão de metano

Fonte: Adaptado de USEPA, 2000.

http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/sustentabilidade/producao-de-metano-em-bovinos-e-sua-contribuicao-para-o-aquecimento-global-video-slides-e-artigo-57061n.aspx

No Brasil, 68 % da pecuária são representadas por bovinos (87 % de corte e 13 % de

leite, aproximadamente), com pouco mais de 163 milhões de animais em 1998 (IBGE,

2000), sendo considerado o maior rebanho bovino do mundo com fins comerciais.

Ruminantes manejados extensivamente podem ter suas emissões reduzidas por meio da

melhoria da digestão fermentativa no rúmen, administrando-se dietas a base de uréia e de

proteínas e fornecendo nutrientes vitais.

Como gás-estufa o óxido nitroso é ainda mais potente que o metano, e sua eficácia é

cerca de 230 vezes superior à do CO2. O óxido nitroso é produzido nos solos, acredita-se

virem dos solos 90 % das emissões de N2O. É grande a possibilidade de o N2O concorrer

para o aquecimento global, por ser um absorvente eficaz de radiação infravermelha e

permanecer muito tempo na atmosfera. O principal meio de dissipação deste óxido é a luz

ultravioleta estratosférica, que o destrói, porém essa dissipação e bastante lenta podendo

demorar até 150 anos. De maneira geral pouco se sabe sobre a quantidade real de N2O que

existe e quais seriam seus efeitos sobre o aquecimento do planeta. É produzido pelo ciclo

do nitrogênio e absorve em 8,3 µm.

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Os CFCs que absorvem na região de 8 a 13 µm e o ozônio troposférico (O3) que

absorve entre 9 e 10 µm também contribuem com o aquecimento global.

Figura 29. Fontes de emissão de metano no Brasil

Fonte: MCT, 2004.

http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/sustentabilidade/producao-de-metano-em-bovinos-e-sua-contribuicao-para-o-aquecimento-global-video-slides-e-artigo-57061n.aspx

1.5.5. - Dados sobre o aquecimento global Em média cada pessoa em países industrializados libera anualmente 5 toneladas de

CO2 a partir de combustíveis fósseis. Na Tabela 6 é apresentada uma lista dos países que

mais emitem CO2.

Aumentos recentes na concentração de gases traço na atmosfera, devido à atividade

antrópica, têm levado a um impacto no balanço de entrada e saída de radiação solar do

planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da terra.

A contribuição brasileira para o aquecimento global (fontes de CO2) está apresentada

na Figura 30.

Ao mesmo tempo em que constitui uma atividade potencialmente influenciável pela

mudança do clima, a agricultura também contribui para o efeito estufa, com emissões de

gases como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), óxido

nitroso (N2O) e óxidos de nitrogênio (NOx) (Lima, 2000). Estima-se que 20 % do

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incremento anual da forçante radiativa global são devidos ao setor agrícola considerando-se

o efeito dos gases metano, óxido nitroso e gás carbônico (baseado em IPCC, 1996),

excluída a fração correspondente às mudanças do uso da terra relacionadas com as

atividades agrícolas (15 %).

Tabela 6. Contribuição dos países na emissão de CO2 (anual)

País Bilhões de toneladas de CO2 por ano1

Fração do total mundial de CO2 emitido

Meta de redução

EUA 5,36 17 % X China 3,43 10,87 % -

Indonésia 2,85 9 % -

Brasil 1,70 5,39 % -

Rússia* 1,60 5 % 0*

Japão 1,23 3,9 % 6 % Índia 0,97 3 % -

Alemanha 0,84 2,66 % 8 %

Malásia 0,82 2,61 % -

Canadá 0,59* 1,86 % 6 % 1: Inclui emissões causadas por desmatamentos -: Esses países ratificaram o protocolo, mas não possuem metas de redução **: A Rússia tem como meta apenas estabilizar suas emissões para, em uma segunda etapa, possivelmente estabelecer uma meta de redução. É bom lembrar que as porcentagens de emissões de cada país nem sempre correspondem à parceria real de sua responsabilidade no aquecimento global, já que existem diferenças de população e desenvolvimento econômico, entre outros fatores Fonte: Adaptado de blogecovida.blogspot.com, 2011 e Baird, 2002

O metano e o óxido nitroso são os principais gases emitidos pelo setor agropecuário,

e contribuem com 15 % e 6 %, respectivamente, para a forçante radiativa global (Cotton &

Pielke, 1995). As fontes agrícolas de gases de efeito estufa são o cultivo de arroz irrigado

por inundação, a pecuária, dejetos animais, o uso agrícola dos solos e a queima de resíduos

agrícolas.

O cultivo de arroz irrigado por inundação, a pecuária doméstica e seus dejetos, assim

como a queima de resíduos agrícolas promovem a liberação de metano (CH4) na atmosfera.

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Estima-se que 55 % das emissões antrópicas de metano provêm da agricultura e da

pecuária juntas (IPCC, 1995).

Figura 30. Contribuição brasileira para o aquecimento global Fonte: Adaptado de blogecovida.blogspot.com, 2011.

Os solos agrícolas, pelo uso de fertilizantes nitrogenados, fixação biológica de

nitrogênio, adição de dejetos animais, incorporação de resíduos culturais, entre outros

fatores, são responsáveis por significantes emissões de óxido nitroso (N2O).

A queima de resíduos agrícolas nos campos libera, além do metano (CH4), também

óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO). Os

processos envolvendo o CO2 atmosférico são uma função complexa de processos

geoquímicos e biológicos. A concentração de gás carbônico na atmosfera aumentou de

aproximadamente 280 ppmv em tempos pré-industriais para 370 ppmv em 2001, um

aumento de 32 % (IPCC 2001 e Blasing e Jones 2003).

A conservação de florestas e recuperação de áreas desmatadas é de suma importância

para a mitigação da mudança climática, pois através de atividades de plantio de árvores e

reflorestamento é possível diminuir a concentração do CO2 da atmosfera, uma vez que as

árvores promovem o “seqüestro” desse gás através do processo da fotossíntese - processo

pelo qual a árvore produz o seu próprio alimento.

Na fotossíntese, as plantas absorvem o CO2 da atmosfera e conforme crescem

armazenam o carbono em suas folhas, troncos, galhos e raízes. Um metro cúbico de

madeira armazena quase uma tonelada de CO2, sendo cerca de 50 % da biomassa vegetal é

constituída de carbono. As florestas são os grandes sumidouros de CO2 do planeta.

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Dos 8.511.960 km2 do Brasil, quase 2,9 milhões eram cobertos pela floresta

Amazônica até o final da década de 60. Hoje, a extensão florestal do país foi reduzida a

cerca de 2.200.000 km2. Mesmo com essa redução, o Brasil ainda é o responsável por 27,5

% de todas as florestas tropicais do mundo. De maneira geral a Amazônia teve seu

desmatamento acentuado a partir de 1980. Em 1975 foi estimado que 29.000 km2 tinham

sido desmatados, passando para 125.000 km2 em 1980 e 400.000 km2 em 1988, ou seja, 69

% dos desmatamentos ocorreram a partir de 1980.

O desmatamento leva a liberação de grandes quantidades de carbono proveniente da

biomassa na atmosfera da terra, onde se transforma no dióxido de carbono, que é o gás

responsável por quase metade de efeito estufa. Além disso, são liberadas grandes

quantidades de outros gases causadores do efeito estufa como o metano e o óxido nitroso.

A atual liberação de carbono proveniente de qualquer tipo de floresta tropical deve

ser comparada ao total de emissões de carbono provenientes da queima de combustíveis

fósseis no mundo inteiro (principalmente nos países menos desenvolvidos), estimadas em

5,6 bilhões de toneladas métricas em 1989. Portanto, as florestas tropicais são responsáveis

por 30 % da concentração de dióxido de carbono na atmosfera global, concentração que por

sua vez é responsável por metade do aquecimento global.

Quando outros gases-estufa emitidos pelo desmatamento das florestas tropicais são

levados em consideração, como o metano e o óxido nitroso, a contribuição geral do

desmatamento das florestas para o aquecimento global pode ser estimada entre 18 a 19 %,

talvez mais. Além disso, a contribuição dos desmatamentos para a concentração de CO2

parece estar crescendo mais do que a dos combustíveis fósseis. Extrapolando essa

tendência, no início do próximo século as florestas tropicais poderiam alcançar um pico de

5 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono, diminuindo a partir dai, pois não

haveria mais florestas para serem destruídas.

Deste total de dióxido de carbono, liberado na atmosfera pela queima das florestas

tropicais, atualmente a floresta Amazônica representa 32,1 % ou seja, o maior percentual

entre todas as florestas tropicais do mundo. Kirchhoff (1992) afirma que as queimadas em

todo mundo representam 25 % do CO2 produzido por todas as fontes de produção, sendo as

queimadas da região tropical responsáveis por apenas 11,2 %, deste total de combustíveis.

A percentagem de 30 % do CO2, produzido pelas florestas tropicais representa metade do

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aquecimento global, enquanto que para o outro autor as queimadas contribuem de maneira

global para o efeito estufa, porém não de forma expressiva.

1.5.6. - Medidas para a redução das emissões

de gases de efeito estufa Medidas para a redução das emissões de gases de efeito estufa

1. Pecuária

Herbívoros ruminantes, como bovinos, ovinos, bubalinos e caprinos produzem

metano através da fermentação entérica, um processo digestivo que ocorre no rúmen.

As emissões globais desse gás geradas a partir dos processos entéricos são estimadas

em 80 milhões de toneladas anuais, correspondendo a 22 % das emissões totais de metano

geradas por fontes antrópicas (USEPA, 2000).

A produção de metano dá-se também a partir dos dejetos animais, principalmente

quando manipulados na forma líquida, em condições de anaerobiose.

2. Agricultura

Não praticar desmatamento e queimadas em florestas. Pelo contrário, deve-se efetuar o

plantio de mais árvores como forma de diminuir o aquecimento global.

Uso de técnicas limpas e avançadas na agricultura para evitar a emissão de carbono.

Os solos são um importante reservatório de carbono ativo, orgânico e inorgânico, e

desempenham um importante papel no ciclo do carbono global. A agricultura tem

sido responsável por significativas perdas de carbono pelo solo, através de práticas

agrícolas de baixa sustentabilidade ambiental. Entre essas práticas, citam-se a aração

excessiva, gradeação e desmatamentos, que expõe os solos a processos de erosão e

compactação e, por conseguinte, à redução dos níveis de matéria orgânica no solo.

Outros fatores como: a fertilização inadequada, a queima de restos culturais e o

cultivo intensivo das terras, contribuem para o aumento dessas perdas.

Em contraste, práticas agrícolas que restauram a capacidade dos solos como reservatório de

carbono incluem: reflorestamento, cultivo de culturas perenes (culturas extrativistas,

como seringueira, cacau, castanhas, fruticultura, etc.), uso adequado de fertilizantes

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químicos e adubos orgânicos, pastagens bem manejadas, agrofloresta e práticas de

conservação do solo (Embrapa, 1999).

Entre as ações e estratégias possíveis de ser empregadas como contribuição à redução de

gases de efeito estufa destaca-se:

recuperar áreas degradadas, com o objetivo adicional de fixar carbono atmosférico;

adotar política agrícola orientada para a conversão de terras degradadas ou

abandonadas para uso florestal e regeneração de florestas, assim como para propiciar

meios e recursos para a adoção de boas práticas agropecuárias e tecnologias;

incentivar atividades agroflorestais sustentáveis, como alternativa de exploração de

floresta de forma não predatória e que, ao mesmo tempo, favoreçam o estoque de

carbono nos solos e na vegetação;

desenvolver tecnologias que integrem objetivos de produtividade e redução das

emissões de gases;

fomentar o desenvolvimento de pesquisa para a compreensão dos processos que

influenciam o fluxo de gases entre sistemas agropecuários e a atmosfera;

promover a melhoria de informação técnica, social e econômica, que subsidiem o

delineamento das características dos sistemas de produção agrícola e animal

geradores de gases traço, permitindo ações de monitoramento.

Mudanças no cultivo do arroz em campos inundados

melhoramento vegetal - desenvolvimento de novas cultivares, seleção e geração de

plantas de arroz com baixas taxas de emissões de metano.

aceleração da decomposição de metano através da oxidação por breves interrupções

da inundação.

modificação do manejo de fertilização, de forma que se opte pela adição de material

orgânico compostado, onde a matéria orgânica facilmente mineralizável encontra-se

já de composta e humificada.

Mudanças no processo de queima de biomassa na agricultura

Leva à produção de metano, óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio (NOx) e

monóxido de carbono (CO), além do dióxido de carbono (CO2). O fogo libera

carbono da biomassa durante a combustão e acentua diretamente a liberação de

carbono do solo do qual a vegetação foi queimada.

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No Brasil é freqüente a queima de cana-de-açúcar na pré-colheita e, em menor escala,

a queima dos resíduos da cultura do algodão, para controle fitossanitário.

Embora ocorra liberação de CO2 durante a queima da cana-de-açúcar, as emissões

desse gás não são consideradas como uma emissão líquida ao longo do tempo por

esses sistemas, pois, no ciclo seguinte da cultura, o CO2 emitido é reabsorvido

(Internet 2, 2011).

3. Mudanças nos processos tecnológicos

Diminuir o uso de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, querosene) e aumentar o uso

de biocombustíveis (exemplo: biodíesel) e etanol.

Os automóveis devem ser regulados constantemente para evitar a queima de

combustíveis de forma desregulada. O uso obrigatório de catalisador em escapamentos

de automóveis, motos e caminhões.

Instalação de sistemas de controle de emissão de gases poluentes nas indústrias.

Ampliar a geração de energia através de fontes limpas e renováveis: hidrelétrica,

eólica, solar, nuclear e maremotriz. Evitar ao máximo a geração de energia através de

termoelétricas, que usam combustíveis fósseis.

Sempre que possível, deixar o carro em casa e usar o sistema de transporte coletivo

(ônibus, metrô, trens) ou bicicleta.

Colaborar para o sistema de coleta seletiva de lixo e de reciclagem.

Recuperação do gás metano nos aterros sanitários.

Usar ao máximo a iluminação natural dentro dos ambientes domésticos.

Construção de prédios com implantação de sistemas que visem economizar energia

(uso da energia solar para aquecimento da água e refrigeração).

4. Mudança de comportamento e aplicação de modelos de desenvolvimento sustentável.

Os protocolos como o de Kyoto tentam regulamentar e minimizar os efeitos das

emissões atmosféricas no mundo.

Cada país industrializado tem sua cota de redução de suas emissões de CO2, baseadas

na quantidade registrada em 1997.

Países em desenvolvimento como Brasil, México, Índia e China podem acumular

créditos de carbono caso reduzam emissões, que podem ser vendidos.

Page 85: Profª. Drª Simone de Fátima Pinheiro Pereira Prof. Dr

85

Por exemplo, se a França, que tem como meta 8 %, conseguir diminuir 5 %, ela pode

comprar do Brasil créditos equivalentes à quantidade de gás carbônico

correspondente aos 3 % restantes.

O primeiro período de compromisso de limitação e redução de emissões vai de 2008

a 2012.

Para a redução de emissão de outros gases de efeito estufa será calculada a

equivalência em dióxido de carbono, para efeito de quantificação.

Os signatários que não conseguirem atingir sua meta não sofrerão sanções ou multas.

1.6. - Recursos energéticos - Fontes

Alternativas de Energia o conjunto de meios com os quais os países do mundo tentam atender às suas

necessidades de energia. As principais fontes energéticas são o petróleo e o gás

natural, o carvão, os combustíveis sintéticos, energia nuclear, energia solar,

biomassa e energia geotérmica.

O petróleo cru e o gás natural são encontrados em quantidades comerciais em

reservas sedimentais situadas em mais de 50 países de todos os continentes. As maiores

jazidas se encontram no Oriente Próximo, onde se concentram mais da metade das reservas

conhecidas de petróleo cru e quase um terço das reservas conhecidas de gás natural.

O carvão é um termo genérico para designar uma grande variedade de materiais

sólidos com um alto conteúdo de carbono. A maioria é queimada em centrais térmicas para

gerar vapor d'água destinado a impulsionar os geradores elétricos. Também se usa parte do

carvão nas fábricas para proporcionar calor aos prédios e aos processos industriais; Uma

variedade especial de carvão de alta qualidade é transformada em coque metalúrgico para a

fabricação de aço.

Os combustíveis sintéticos são fabricados a partir de substâncias existentes na

natureza. Os dois combustíveis sintéticos mais utilizados são o gasóleo e aqueles fabricados

a partir do carvão.

É

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86

A energia nuclear é gerada através da fissão de átomos de urânio. O calor deste

processo de fissão é empregado para impulsionar uma turbina que gera eletricidade. O

reator nuclear e o equipamento de geração elétrica são apenas parte de um conjunto de

atividades interrelacionadas. A produção de um fornecimento seguro de eletricidade a partir

da fissão nuclear exige processos industriais muito complexos e interativos, e

conhecimentos muito especializados.

A energia solar não é apenas uma tecnologia energética, mas também um termo que

se aplica a diversas tecnologias de energias renováveis. Sua característica comum é que, ao

contrário de quase todas as demais, é inesgotável. Este tipo de energia se divide em três

grandes grupos: aplicações para calefação e refrigeração, geração de eletricidade e

produção de combustíveis a partir da biomassa, que incluem formas diferentes, entre elas os

combustíveis de álcool, o esterco e a lenha.

A energia geotérmica se baseia no fato de que a Terra fica mais quente quanto mais

profundamente se perfura. A energia geotérmica pode originar-se de vapor de água

encontrado em grandes profundidades sob a superfície terrestre. Fazendo com que chegue

até a superfície, pode mover uma turbina para gerar eletricidade. Outra possibilidade é o

aquecimento de água pelo bombeamento através de rochas quentes profundas. Ainda que

essa fonte de energia seja uma teoria ilimitada, na maior parte das áreas habitadas do

planeta as rochas aquecidas estão situadas em camadas profundas demais, fazendo com que

não seja rentável perfurar poços para sua utilização.

Sabe-se que o aumento na concentração dos gases causadores do efeito estufa, como

o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) tem acarretado sérias mudanças climáticas

no planeta. Efeitos como o aumento da temperatura média global, as alterações no perfil

das precipitações pluviométricas e a elevação do nível dos oceanos poderão ser

catastróficos frente à contínua tendência de aumento da população mundial (Peterson e

Hustrulid, 1998; Shay, 1993). Nesse sentido, a inserção de combustíveis renováveis em

nossa matriz energética precisa ser incentivada para frear as emissões causadas pelo uso

continuado de combustíveis fósseis.

As principais pesquisas estão voltadas para o desenvolvimento de novas fontes de

energia que possam substituir os combustíveis não renováveis (petróleo e carvão mineral).

Vamos conhecer algumas dessas fontes de energia alternativa.

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87

1.6.1. - Energia hidrelétrica É a energia obtida pela queda da água para um nível inferior, provocando o

movimento de rodas hidráulicas (aproveitamento mecânico) ou turbinas. A energia

hidrelétrica exige a construção de represas, canais de desvio de rios e a instalação de

grandes turbinas e equipamentos para gerar eletricidade (ver Geração e transmissão de

eletricidade). A preocupação com o ambiente vem concentrando atenções nessa fonte de

energia renovável.

Há algumas centrais baseadas na queda natural da água, quando a vazão é uniforme.

Estas instalações se chamam de água fluente. A energia hidrelétrica representa cerca de um

quarto da produção total de eletricidade no mundo e sua importância vem aumentando. Em

alguns países, foram instaladas centrais pequenas, com capacidade para gerar entre um

kilowatt e um megawatt. Muitas nações em desenvolvimento estão utilizando esse sistema

com bons resultados.

No Brasil, a energia hidrelétrica tem um papel preponderante, haja vista, o grande

potencial hidráulico que o país. A Amazônia assume a função de grande produtor de

energia no quadro nacional, onde a princípio a formação de represas e grandes açudes tinha

objetivos voltados para a reserva de água potável, irrigação, perenização de rios, entre

outros. Hoje somente na Amazônia Brasileira, existem 6 (seis) usinas hidrelétricas em

operação cujos reservatórios formados situam-se em diferentes áreas e apresentam

características ambientais peculiares. Uma quantidade considerável de represas, que se

apresentam nas mais variadas dimensões, sendo que, nas últimas décadas, a formação de

grandes reservatórios artificiais foi voltada basicamente à geração de energia elétrica

(Eletrobrás, 1992).

Para Tundisi et al. (1993) a presença de reservatórios na região Amazônica,

reconhecida como a maior reserva de florestas tropicais do planeta, tem gerado muita

polêmica, pois há questionamento quanto ao planejamento dessas obras, principalmente

pelo fato de os reservatórios terem encoberto vastas áreas florestais, desperdiçando muita

madeira e ocasionando possíveis perdas de patrimônio genético, além dos prejuízos a

qualidade da água.

O estudo ecológico desses ecossistemas é de grande importância porque após a

construção dá-se o seccionamento no curso natural dos rios, ocorrendo assim à formação de

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88

águas paradas. Estes obstáculos ocasionam as mais importantes transformações nas bacias

hidrográficas e ainda sérios impactos no meio físico, biológico e sócio-econômico (Santos,

2003).

Entre os problemas ambientais mais comuns podemos destacar: mudanças na

hidrologia, qualidade da água, sedimentologia, vida aquática, aumento na evaporação

produzindo mudanças climáticas, deslocamento de populações humanas e o aumento de

doenças endêmicas. O sistema aquático formado passa por um período de enorme

instabilidade e periódicas transformações, nos reservatórios da região Amazônica esta fase

pode durar muitos meses ou anos, em função das condições do lago formado (grande

extensão, tempo de residência e quantidade de fitomassa inundada (Evangelista, 1993).

As grandes usinas hidrelétricas, assim como todo grande empreendimento criado para

atender a necessidade do desenvolvimento, trazem uma série de retornos à sociedade. Paiva

(1983) cita: a produção de energia elétrica, estocagem de água, criação de áreas de

recreação, aumento da descarga mínima, controle de descargas, aumento da produção de

fitoplâncton, melhoria do potencial pesqueiro e economia de recursos naturais.

A construção de grandes barragens e a conseqüente formação de reservatórios, em

geral, provoca sérias alterações no meio ambiente, com efeitos positivos ou negativos. Daí

a necessidade de se realizarem estudos prévios das possíveis repercussões ecológicas do

barramento de rios, tendo em vista a utilização múltipla das represas e as medidas de

conservação da flora e fauna dos respectivos sistemas hidrográficos, além das medidas de

proteção do novo ecossistema aquático implantado.

A Usina Hidrelétrica Tucuruí cuja etapa inicial foi construída e é operada pela

Eletronorte e está situada no rio Tocantins, no estado do Pará com coordenadas geográficas

de 3º 45’ de latitude sul e 49º 41’ de longitude oeste (Figura 31).

De propriedade da Eletronorte, a usina Hidrelétrica de Tucuruí é quarta maior do

mundo em potência instalada. Capaz de produzir 4.245 MW de energia atende a 87 % do

mercado de energia elétrica do Pará. Para aumentar a capacidade energética da usina, as

obras de Tucuruí foram retomadas em 1998. Estão sendo instaladas mais onze unidades

geradoras de 375 Mega Watts cada uma totalizando 8.375 MW. Toda a infra-estrutura

necessária à retomada das obras, tais como canteiro de obras industrial e vias de transporte,

já está disponível. É importante ressaltar que a complementação de Tucuruí não provocará

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novos impactos ambientais. A segunda casa de força se utilizará do mesmo reservatório já

implantado há mais de 17 anos. Não haverá necessidade de se aumentar a área alagada,

nem de se derrubar florestas ou deslocar populações (Internet 23, 2011).

Figura 31. Represa de Tucuruí

Fonte: Acervo fotográfico do LAQUANAM

1.6.2. - Álcool O álcool vem sendo usado em substituição à gasolina e outros combustíveis derivados

do petróleo. No Brasil, a cana-de-açúcar tornou-se a principal fonte de produção de álcool

hidratado. Para tanto muitas usinas foram implantadas em vários Estados brasileiros.

Todas as atividades ligadas à pesquisa, à produção e à distribuição do álcool em

nosso país são coordenadas pelo Programa Nacional do Álcool - o Proálcool.

O Brasil ocupa uma posição privilegiada na produção de álcool, pois é o primeiro

produtor mundial de cana-de-açúcar e de mandioca.

A principal vantagem do uso do álcool como combustível é a redução das

importações de petróleo pelo país.

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90

O Proálcool foi um programa bem-sucedido de

substituição em larga escala dos derivados de petróleo.

Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência

externa de divisas quando dos choques de preço de

petróleo. De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6

milhões de veículos a álcool hidratado. Acrescido a isso,

o Programa substituiu por uma fração de álcool anidro

(entre 1,1 % a 25 %) um volume de gasolina pura

consumida por uma frota superior a 10 milhões de

veículos a gasolina, evitando, assim, nesse período,

emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões de

toneladas de carbono (contido no CO2), a importação de

aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo e,

ainda, proporcionando uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares.

O Programa Nacional do Álcool ou Proálcool foi criado em 14 de novembro de 1975

pelo decreto n° 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, visando o

atendimento das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis

automotivos. De acordo com o decreto, a produção do álcool oriundo da cana-de-açúcar, da

mandioca ou de qualquer outro insumo deveria ser incentivada por meio da expansão da

oferta de matérias-primas, com especial ênfase no aumento da produção agrícola, da

modernização e ampliação das destilarias existentes e da instalação de novas unidades

produtoras, anexas a usinas ou autônomas, e de unidades armazenadoras.

No entanto, a utilização desse combustível também traz desvantagens, pois grandes

áreas, antes reservadas à produção de alimentos, estão sendo destinadas ao cultivo da cana-

de-açúcar. Além disso, a produção de álcool está provocando sérios desequilíbrios nos

ecossistemas de rios, uma vez que neles são lançados resíduos altamente tóxicos como o

vinhoto (Internet 24, 2011).

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1.6.3. - Energia nuclear É a energia liberada durante a fissão ou fusão

dos núcleos atômicos. As quantidades de energia

que podem ser obtidas mediante processos

nucleares superam em muito as que se pode obter

mediante processos químicos, que só utilizam as

regiões externas do átomo.

O átomo é formado por um pequeno núcleo, carregado positivamente, rodeado de

elétrons. O núcleo, que contém a maior parte da massa do átomo, é composto de nêutrons e

prótons, unidos por intensas forças nucleares, muito maiores que as forças elétricas que

ligam os elétrons ao núcleo. O número de massa A de um núcleo expressa o número de

núcleos (nêutrons e prótons) que o núcleo contém; o número atômico Z é o número de

prótons, partículas com carga positiva. A energia de ligação de um núcleo é a intensidade

com que as forças nucleares mantêm ligados os prótons e nêutrons. A energia de ligação

por núcleon, isto é, a energia necessária para separar do núcleo um nêutron ou um próton,

depende do número de massa A.

A fusão de dois núcleos leves libera milhões de elétronvolts (MeV). Também se

libera energia nuclear quando se induz a fissão de um núcleo pesado.

A procura da tecnologia nuclear no Brasil começou na década de 50, com o pioneiro nesta

área, Almirante Álvaro Alberto, que entre outros feitos criou o Conselho Nacional de

Pesquisa, em 1951, e que importou duas ultra-centrifugadoras da Alemanha para o

enriquecimento do urânio, em 1953.

A decisão da implementação de uma usina termonuclear no Brasil aconteceu de fato

em 1969, quando foi delegado a Furnas Centrais Elétricas SA a incumbência de construir

nossa primeira usina nuclear. É muito fácil concluir que em nenhum momento se pensou

numa fonte para substituir a energia hidráulica, da mesma maneira que também após alguns

anos, ficou bem claro que os objetivos não eram simplesmente o domínio de uma nova

tecnologia. Estávamos vivendo dentro de um regime de governo militar e o acesso ao

conhecimento tecnológico no campo nuclear permitiria desenvolver não só submarinos

nucleares, mas armas atômicas. O Programa Nuclear Paralelo, somente divulgado alguns

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anos mais tarde, deixou bem claro as intenções do país em dominar o ciclo do combustível

nuclear, tecnologia esta somente do conhecimento de poucos países no mundo.

Em junho de 1974, as obras civis da Usina Nuclear de Angra 1 estavam em pleno

andamento quando o Governo Federal decidiu ampliar o projeto, autorizando Furnas a

construir a segunda usina.

Mais tarde, no dia 27 de junho de 1975, com a justificativa de que o Brasil já

apontava escassez de energia elétrica para meados dos anos 90 e início do século 21, uma

vez que o potencial hidroelétrico já se apresentava quase que totalmente instalado, foi

assinado na cidade alemã de Bonn o Acordo de Cooperação Nuclear, pelo qual o Brasil

compraria oito usinas nucleares e obteria toda a tecnologia necessária ao seu

desenvolvimento nesse setor.

Angra 1 encontra-se em operação desde 1982 e fornece ao sistema elétrico brasileiro

uma potência de 657 MW. Angra 2, após longos períodos de paralização nas obras, inicia

sua geração entregando ao sistema elétrico mais 1300 MW, o dobro de Angra 1 (Internet

25, 2011). Os tipos de energia elétrica consumida no Brasil estão mostrados na Figura 32.

Figura 32. Distribuição da matriz energética brasileira

Fonte: http://www.nuctec.com.br/educacional/enbrasil.html

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93

1.6.4. - Energia solar Energia radiante produzida no Sol como resultado de reações nucleares de fusão,

chega a Terra através do espaço em blocos de energia chamados fótons, que interagem com

a atmosfera e a superfície terrestre.

A intensidade da radiação solar na borda

exterior da atmosfera, caso se considere

que a Terra está a certa distância média do

Sol, é chamada de constante solar e seu

valor é de 1,37 × 106 erg/s/cm2, ou cerca

de 2 cal/min/cm2. Mesmo assim, esta

quantidade não é exatamente constante, já

que parece haver cerca de 0,2 % de

variação a cada 30 anos. A intensidade de

energia real disponível na superfície

terrestre é menor do que a constante solar, por causa da absorção e da dispersão da radiação

que origina a interação dos fótons com a atmosfera. A absorção natural de energia solar

acontece na atmosfera, nos oceanos e nas plantas. Além disso, esta energia pode ser

captada, de modo artificial, com o uso de dispositivos que recebem o nome de coletores

solares. A energia, uma vez absorvida, é empregada em processos térmicos, fotoelétricos ou

fotovoltaicos. Pode ser convertida em energia elétrica sem nenhum dispositivo mecânico

intermediário.

A superfície terrestre recebe constantemente a radiação solar e o fluxo da radiação

térmica. Os dois tipos de radiação contribuem para a formação do clima, mas apenas uma

fração da radiação solar é que pode ser convertida pela fotossíntese em energia potencial. A

luz solar que atinge a terra pode ser medida através do pireliômetro ou solarímetro, e em

condições favoráveis corresponde a apenas 67% do total que sai do sol. A sua distribuição é

alterada à medida que passa através das nuvens, vapor d'água, da vegetação, dos gases e

poeira atmosféricos fazendo assim com que haja uma enorme variação do fluxo de

incidência da radiação solar no diversos ecossistemas, influenciando dessa maneira na

distribuição dos organismos sobre a superfície terrestre. Como foi dito, a radiação ao

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penetrar na atmosfera é atenuada por vários fatores, a camada de ozônio é responsável por

"interromper" grande parte dos raios ultravioletas letais aos seres vivos.

A atmosfera ainda reduz amplamente a luz visível e a radiação infravermelha de

forma que a energia que chega a superfície compreende 10 % de raios ultravioletas, 45 %

de luz visível e 45 % de infravermelho. Dentre todas as radiações a luz visível é a que

menos sofre a atenuação, sendo que é possível ocorrer fotossíntese em dias nublados ou

embaixo d'água até certa profundidade. A sombra fresca observada em florestas decorre da

absorção da radiação visível e dos raios infravermelhos pela folhagem. A clorofila absorve

a luz azul e vermelha, enquanto que a água presente nas folhas absorve a energia térmica

dos raios infravermelhos. Já as radiações térmicas provem de qualquer superfície ou objeto

que esteja com a temperatura acima do zero absoluto, incluindo solo, água, vegetação,

assim também como as nuvens. É possível encontrar o seu valor numa determinada região

através do radiômetro.

O fluxo de radiação térmica incide a toda hora e de todas as direções na superfície

terrestre, enquanto que a radiação solar é direcional e está presente somente numa

determinada hora do dia. Vale ressaltar que a biomassa absorve com maior facilidade a

radiação térmica, contudo é a radiação solar que é assimilada pelos organismos.

A diferença entre o fluxo de radiação que sobe (radiação térmica) e o fluxo que desce

(radiação térmica e solar) é chamada de radiação líquida, e esta é dissipada na evaporação e

geração de eventos térmicos, passando então para o espaço em forma de calor. E qualquer

fator que atrase esse processo, tem conseqüências significativas no aumento da temperatura

terrestre. Da energia solar total que entra na biosfera apenas 0,8 % é direcionada para a

fotossíntese, enquanto que 0,2 % são dissipadas em vento, ondas e correntes de ar; 23 %

são dissipadas na evaporação e precipitação; a maior parte. 46%% são convertidas

diretamente em calor enquanto os restantes 30 % é refletida. Apesar de ser tão pequena a

parte que é convertida em alimento, o restante dos processos é importante para criar um

ambiente apropriado para a vida, como controle da temperatura, ciclo d'água e fenômenos

meteorológicos.

Quase todas as fontes de energia - hidráulica, biomassa, eólica, combustível fóssil e

energia dos oceanos - são formas indiretas de energia solar. Além disso, a radiação solar

pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluidos

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95

e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser convertida

diretamente em energia elétrica, por meio de efeitos sobre determinados materiais, entre os

quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico.

O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes,

denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da radiação

solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e

aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o

auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção.

A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da

radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores

(Figura 33). Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro

caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de

dois metais, em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são

convertidos em energia elétrica, por meio do uso de células solares.

Figura 33. Conversão da energia solar em elétrica

Fonte: Adaptado alternative-energy-news.info, 2011.

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Além dos processos térmicos descritos anteriormente, a radiação solar pode ser

diretamente convertida em energia elétrica, por meio de efeitos da radiação (calor e luz)

sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre esses, destacam-se

os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro se caracteriza pelo surgimento de uma

diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, quando tal junção está a uma

temperatura mais elevada do que as outras extremidades dos fios. Embora muito

empregado na construção de medidores de temperatura, seu uso comercial para a geração

de eletricidade tem sido impossibilitado pelos baixos rendimentos obtidos e pelos custos

elevados dos materiais.

Para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal obstáculo tem sido o

custo das células solares. Atualmente os custos de capital variam entre 5 e 15 vezes os

custos unitários de uma usina a gás natural que opera com ciclo combinado. Contudo, nos

últimos anos tem-se observado redução nos custos de capital. Os valores estão situados na

faixa de US$ 200 a US$ 300 por megaWatt-hora e entre US$ 3 e US$ 7 mil por quilowatt

instalado (Internet 26, 2011).

1.6.5. - Biogás Na tentativa de reduzir os fortes riscos e ameaças de escassez de energia que, por

ventura, podem até paralisar o país, têm-se buscado várias técnicas e métodos alternativos

para geração de energia, como a utilização de subprodutos agro-industriais que, na

atualidade, são descartados no meio ambiente.

Pretendemos mostrar que essas pesquisas, que estão em pleno desenvolvimento, de

uma maneira geral ajudam na busca do desenvolvimento sustentável, utilizando como

material energético os rejeitos agro-industriais, sendo uma alternativa de geração viável.

Tal viabilidade pode ser constatada não só pelo fato da produção de energia, mas, sobretudo

pelo ponto de vista do meio ambiente.

Na atualidade, os diversos tipos e características dos subprodutos existentes têm, em

alguns casos, se tornado um grande problema sócio-econômico-ambiental. Como já citado

anteriormente, nossas pesquisas visam à utilização desses subprodutos agro-industriais, na

forma de biogás, como combustível alternativo em unidades co-geradoras.

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Permite-se destacar que muitos subprodutos, quer sejam sólidos, líquidos ou gasosos,

podem ser utilizados com combustível, sem que para tal sejam previamente transformados

em biogás.

Dentre os vários tipos de subprodutos agro-industriais existentes, se estudam, até o

momento, somente aqueles provenientes de agro-indústrias de laticínios, como o lodo

anaeróbio, o soro, a gordura, e uma massa pastosa (quase idêntica ao iogurte).

O processo industrial característico dos laticínios produz um rejeito primário que é

colocado em um biodigestor industrial, gerando um lodo anaeróbio e um biogás primário.

Esse biogás possui um poder calorífico médio de 5600 kcal/kg.

Sem deixar de lado a importância do biofertilizante para o meio agrícola, ressalta-se

que o biogás produzido possui 24,28 % de CO2; 74,30 % de CH4; 0,12 % de O2; 1,30 % de

H2, ocasionando um poder calorífico médio de 6200 kcal/kg.

Portanto, o biogás secundário, produzido a partir da mistura lodo anaeróbio com

esterco bovino fresco, possui poder calorífico maior que o biogás primário (Avelar et al.,

2000).

1.6.6. - Biodiesel Segundo Ramos et al., (2011) por definição, biodiesel é um substituto natural do

diesel de petróleo, que pode ser produzido a partir de fontes renováveis como óleos

vegetais, gorduras animais e óleos utilizados para cocção de alimentos (fritura).

Quimicamente, é definido como éster monoalquílico de ácidos graxos derivados de lipídeos

de ocorrência natural e pode ser produzido, juntamente com a glicerina, através da reação

de triacilgliceróis (ou triglicerídeos) com etanol ou metanol, na presença de um catalisador

ácido ou básico (Schuchardt et al., 1998; Zagonel et al., 2003; Ramos, 1999). Embora essa

tenha sido a definição mais amplamente aceita desde os primeiros trabalhos relacionados

com o tema, alguns autores preferem generalizar o termo e associá-lo a qualquer tipo de

ação que promova a substituição do diesel na matriz energética mundial, como nos casos do

uso de: (a) óleos vegetais in natura, quer puros ou em mistura; (b) bioóleos, produzidos

pela conversão catalítica de óleos vegetais (pirólise); e (c) microemulsões, que envolvem a

injeção simultânea de dois ou mais combustíveis, geralmente imiscíveis, na câmara de

combustão de motores do ciclo diesel (Ma e Hanna, 1999).

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98

O Brasil, apesar de não ser um grande emissor de

gases poluentes, vem promovendo medidas

condizentes com essa nova conjuntura, através do

desenvolvimento e da atualização periódica de

inventários nacionais sobre o tema (Ministério da

Ciência e Tecnologia, 2002). No momento em que

o mercado de carbono estiver regulamentado, esses

inventários terão uma importância vital para que o

país possa conquistar espaço e usufruir dessa nova

estratégia de redistribuição de riquezas e de

inclusão social.

Sabe-se que as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto somente poderão ser

alcançadas pelo uso sustentado da biomassa para fins energéticos. No entanto, recentes

levantamentos demonstram que apenas 2,2 % da energia consumida no mundo são

provenientes de fontes renováveis (Pessuti, 2003), o que evidencia um extraordinário

potencial para a exploração de outras fontes. Considerando-se apenas a biomassa

proveniente de atividades agroindustriais, ou seja, resíduos agrícolas, florestais e

agropecuários, calcula-se que o potencial combustível desse material seja equivalente a,

aproximadamente, 6.587 milhões de litros de petróleo ao ano (Staiss e Pereira, 2001).

Diante de todo esse potencial, tem havido

uma crescente disseminação de projetos e de

ações voltados para o uso de óleos vegetais e

de resíduos urbanos e agroindustriais para a

geração de energia, particularmente por meio

de projetos de co-geração (CENBIO, 2003).

Por se tratar de uma fonte de energia

renovável e por seu uso sustentado não

provocar danos ao meio ambiente, a biomassa tem atraído muita atenção nos últimos

tempos (Ministério da Indústria e do Comércio, 1985; Ministério da Ciência e Tecnologia,

2002; US Department of Energy, 1998).

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Dentre as fontes de biomassa prontamente disponíveis, os óleos vegetais têm sido

largamente investigados como candidatos a programas de energia renovável, pois

proporcionam uma geração descentralizada de energia e um apoio à agricultura familiar,

criando melhores condições de vida (infra-estrutura) em regiões carentes, valorizando

potencialidades regionais e oferecendo alternativas a problemas econômicos e sócio-

ambientais de difícil solução.

A utilização de óleos vegetais in natura como combustível alternativo tem sido alvo

de diversos estudos nas últimas décadas (Nag et al., 1995; Piyaporn et al., 1996). No Brasil,

já foram realizadas pesquisas com os óleos virgens de macaúba, pinhão-manso, dendê,

indaiá, buriti, pequi, mamona, babaçu, cotieira, tingui e pupunha (Barreto, 1982; Ministério

da Indústria e do Comércio, 1985; Serruya, 1991) e nos testes realizados com esses óleos

em caminhões e máquinas agrícolas, foi ultrapassada a meta de um milhão de quilômetros

rodados (Ministério da Indústria e do Comércio, 1985). No entanto, esses estudos

demonstraram a existência de algumas desvantagens no uso direto de óleos virgens: (a) a

ocorrência de excessivos depósitos de carbono no motor; (b) a obstrução nos filtros de óleo

e bicos injetores; (c) a diluição parcial do combustível no lubrificante; (d) o

comprometimento da durabilidade do motor; e (e) um aumento considerável em seus custos

de manutenção.

Em termos ambientais, a adoção do biodiesel, mesmo que de forma progressiva, ou

seja, em adições de 2 % a 5 % no diesel de petróleo (Ministério da Ciência e Tecnologia,

2002) resultarão em uma redução significativa no padrão de emissões de materiais

particulados, óxidos de enxofre e gases que contribuem para o efeito estufa (Mittelbach et

al., 1985). Sendo assim, sua difusão, em longo prazo, proporcionará maiores expectativas

de vida à população e, como conseqüência, um declínio nos gastos com saúde pública,

possibilitando o redirecionamento de verbas para outros setores, como educação e

previdência. Cabe aqui ainda ressaltar que a adição de biodiesel ao petrodiesel, em termos

gerais, melhora as características do combustível fóssil, pois possibilita a redução dos

níveis de ruído e melhora a eficiência da combustão pelo aumento do número de cetano

(Gallo, 2003).

De uma forma geral, pode-se afirmar que monoalquil-ésteres de ácidos graxos podem

ser produzidos a partir de qualquer tipo de óleo vegetal, mas nem todo óleo vegetal pode

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100

(ou deve) ser utilizado como matéria-prima para a produção de biodiesel. Isso porque

alguns óleos vegetais apresentam propriedades não ideais, como alta viscosidade ou alto

número de iodo, que são transferidas para o biocombustível e que o tornam inadequado

para uso direto em motores do ciclo diesel. Portanto, a viabilidade de cada matéria-prima

dependerá de suas respectivas competitividades técnica, econômica e sócio-ambiental, e

passam, inclusive, por importantes aspectos agronômicos, tais como: (a) o teor em óleos

vegetais; (b) a produtividade por unidade de área; (c) o equilíbrio agronômico e demais

aspectos relacionados com o ciclo de vida da planta; (d) a atenção a diferentes sistemas

produtivos; (e) o ciclo da planta (sazonalidade); e (f) sua adaptação territorial, que deve ser

tão ampla quanto possível, atendendo a diferentes condições edafoclimáticas (Ramos,

1999).

Além da soja, várias outras oleaginosas, que ainda se encontram em fase de avaliação

e desenvolvimento de suas cadeias produtivas, podem ser empregadas para a produção do

biodiesel (Parente, 2003). A região norte, por exemplo, apresenta potencial para uso de

dendê, babaçu e soja; a região nordeste, de babaçu, soja, mamona, dendê, algodão e coco; a

região centro-oeste, de soja, mamona, algodão, girassol, dendê e gordura animal; a região

sul, de soja, colza, girassol e algodão; e a região sudeste, de soja, mamona, algodão e

girassol (Campos, 2003; Peres e Junior, 2003). Várias dessas oleaginosas já tiveram as suas

respectivas competitividades técnica e sócio-ambiental demonstradas para a produção de

biodiesel, restando, na maioria dos casos, um estudo agronômico mais aprofundado que

ratifique os estudos de viabilidade.

Vários estudos têm demonstrado que a substituição do diesel de petróleo por óleos

vegetais transesterificados reduziria a quantidade de CO2 introduzida na atmosfera. A

redução não se daria exatamente na proporção de 1:1, pois cada litro de biodiesel libera

cerca de 1,1 a 1,2 vezes a quantidade de CO2 liberada na atmosfera por um litro de diesel

convencional. Todavia, diferentemente do combustível fóssil, o CO2 proveniente do

biodiesel é reciclado nas áreas agricultáveis, que geram uma nova partida de óleo vegetal

para um novo ciclo de produção. Isso acaba proporcionando um balanço muito mais

equilibrado entre a massa de carbono fixada e aquela presente na atmosfera que, por sua

vez, atua no chamado efeito estufa. Portanto, uma redução real no acúmulo de CO2 somente

será possível com a diminuição do uso de derivados do petróleo. Para cada quilograma de

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101

diesel não usado, um equivalente a 3,11 kg de CO2, mais um adicional de 15% a 20%,

referente à sua energia de produção, deixará de ser lançado na atmosfera. Foi também

estimado que a redução máxima na produção de CO2, devido ao uso global de biodiesel,

será de, aproximadamente, 113-136 bilhões de kg por ano (Peterson e Hustrulid, 1998).

A utilização de biodiesel no transporte rodoviário e urbano oferece grandes vantagens

para o meio ambiente, tendo em vista que a emissão de poluentes é menor que a do diesel

de petróleo (Masjuk e Sapuan, 1995; Clark et al., 1984). Chang et al. (1996) demonstraram

que as emissões de monóxido e dióxido de carbono e material particulado foram inferiores

às do diesel convencional, enquanto que os níveis de emissões de gases nitrogenados (NOx)

foram ligeiramente maiores para o biodiesel. Por outro lado, a ausência total de enxofre

confere ao biodiesel uma grande vantagem, pois não há qualquer emissão dos gases

sulfurados (e.g., mercaptanas, dióxido de enxofre) normalmente detectados no escape dos

motores movidos a diesel.

Outro aspecto de interesse ambiental está relacionado com as emissões de compostos

sulfurados. Sabe-se que a redução do teor de enxofre no diesel comercial também reduz a

viscosidade do produto a níveis não compatíveis com a sua especificação e que, para

corrigir esse problema, faz-se necessária a incorporação de aditivos com poder lubrificante.

Consumada a obrigatoriedade na redução dos níveis de emissão de compostos sulfurados a

partir da combustão do diesel, a adição de biodiesel em níveis de até 5% (B5) corrigirá esta

deficiência viscosimétrica, que confere à mistura propriedades lubrificantes vantajosas para

o motor.

Trabalhos já desenvolvidos no Brasil na década de 80, quando foram utilizados vários

óleos vegetais transesterificados, também demonstraram bons resultados quando utilizados

em motores de caminhões e tratores, tanto puros quanto em misturas do tipo B30

(Ministério da Indústria e do Comércio, 1985). Mais recentemente, foram realizados testes

no transporte urbano da cidade de Curitiba com ésteres metílicos de óleo de soja (Laurindo,

2003). Cerca de 80 mil litros de biodiesel foram cedidos pela American Soybean

Association (EUA) e testados na forma da mistura B20, apresentando resultados bastante

satisfatórios em relação ao controle. Os testes foram realizados em 20 ônibus de diferentes

marcas durante três meses consecutivos, no primeiro semestre de 1998; ao final dos

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trabalhos, os resultados obtidos mostraram uma redução média da fumaça emitida pelos

veículos de, no mínimo, 35% (Laurindo e Bussyguin, 1999).

O caráter renovável do biodiesel está apoiado no fato de as matérias-primas utilizadas

para a sua produção serem oriundas de fontes renováveis, isto é, de derivados de práticas

agrícolas, ao contrário dos derivados de petróleo. Uma exceção a essa regra diz respeito à

utilização do metanol, derivado de petróleo, como agente transesterificante, sendo esta a

matéria-prima mais abundantemente utilizada na Europa e nos Estados Unidos. Isso

significa que a prática adotada no Brasil, isto é, a utilização do etanol, derivado de

biomassa, torna o biodiesel um produto que pode ser considerado como verdadeiramente

renovável (Zagonel, 2000). Assim, por envolver a participação de vários segmentos da

sociedade, tais como as cadeias produtivas do etanol e das oleaginosas, a implementação do

biodiesel de natureza etílica no mercado nacional abre oportunidades para grandes

benefícios sociais decorrentes do alto índice de geração de empregos, culminando com a

valorização do campo e a promoção do trabalhador rural. Além disso, há ainda as demandas

por mão-de-obra qualificada para o processamento dos óleos vegetais, permitindo a

integração, quando necessária, entre os pequenos produtores e as grandes empresas

(Campos, 2003).

O Brasil deve produzir 2,4 bilhões de litros de biodiesel em 2011, contra 400 milhões

de litros em 2007. A produção nacional do biocombustível fechou este ano em 1,6 bilhão

de litros. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP). "O mercado de biodiesel

no Brasil está consolidado. O estado do Pará desponta como grande produtor de biodiesel a

partir do dendê (Internet 27, 2011).

1.6.7. - Energia eólica Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em

movimento (vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética

de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também

denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para

trabalhos mecânicos como bombeamento d’água.

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103

Assim como a energia hidráulica, a energia

eólica é utilizada há milhares de anos com as

mesmas finalidades, a saber: bombeamento de

água, moagem de grãos e outras aplicações que

envolvem energia mecânica. Para a geração de

eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no

final do século XIX, mas somente um século

depois, com a crise internacional do petróleo

(década de 1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o

desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial.

A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em

1976, na Dinamarca. Atualmente, existem mais de 30 mil turbinas eólicas em operação no

mundo. Em 1991, a Associação Européia de Energia Eólica estabeleceu como metas a

instalação de 4.000 MW de energia eólica na Europa até o ano 2000 e 11.500 MW até o

ano 2005. Essas e outras metas estão sendo cumpridas muito antes do esperado (4.000 MW

em 1996, 11.500 MW em 2001). As metas atuais são de 40.000 MW na Europa até 2010.

Nos Estados Unidos, o parque eólico existente é da ordem de 4.600 MW instalados e com

um crescimento anual em torno de 10 %. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12 % da

energia gerada pelo vento, com uma capacidade instalada de mais de 1.200GW

(Windpower; Ewea; Greenpeace, 2003; Wind Force, 2003).

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou que o Brasil já atingiu 1

gigawatt por hora (GWh) de energia eólica - a geração só vem crescendo e atualmente os

ventos estão produzindo 1,073 GWh. O volume se aproxima do potencial da Usina Angra 2

(que tem capacidade de 1,35 GWh), e pode abastecer uma cidade com 1,5 milhão de

habitantes. O mapa do potencial eólico no Brasil está mostrado na Figura 34.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o aumento reflete a

procura dos últimos anos por energia limpa, já que a força dos ventos é menos poluente que

outras fontes. Isso fez com que os custos de geração, como a instalação e a compra de

equipamentos diminuíssem, tornando a alternativa mais competitiva. A energia eólica não

emite gás (do efeito estufa), não usa água doce nem para limpeza, nem para resfriamento, e

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a instalação de uma usina causa um impacto ambiental muito pequeno, que em dois ou três

anos, é recuperado (Internet 28, 2011).

Figura 34. Atlas do potencial eólico brasileiro Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-s0Zm8Sl_i24/Ti35OP-

31NI/AAAAAAAAAEY/_8iRag3Qm4A/s1600/atlas.png.

A Central Eólica de Prainha - CE: localizada no Município de Aquiraz - CE, é o

maior parque eólico do País, com capacidade de 10 MW (20 turbinas de 500 kW). O

projeto foi realizado pela Wobben Windpower e inaugurado em abril de 1999. As turbinas

utilizam geradores síncronos, funcionam com velocidade variável e com controle de

potência por pitch (ângulo de passo das pás) (Figura 35).

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Figura 35. A Central Eólica de Prainha - CE Município de Aquiraz - CE

Fonte: Acervo fotográfico do LAQUANAM

1.7. - Resolução 382-06 CONAMA -

Limites máximos de emissão de poluentes

atmosféricos m padrão de qualidade do ar define legalmente um limite máximo para a

concentração de um componente atmosférico que garanta a proteção da saúde e

do bem estar das pessoas. Os padrões de qualidade do ar são baseados em

estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em níveis

que possam propiciar uma margem de segurança adequada.

Segundo Lisboa e Kawano, (2007) o nível de poluição do ar é medido pela

quantificação das substâncias poluentes presentes neste ar. Considera-se poluente qualquer

substância presente no ar e que pela sua concentração possa torná-lo impróprio, nocivo ou

U

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ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à

flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da

comunidade.

Segundo Lisboa e Kawano (2007) a determinação sistemática da qualidade do ar deve

ser, por problemas de ordem prática, limitada a um restrito número de poluentes, definidos

em função de sua importância e dos recursos materiais e humanos disponíveis. De uma

forma geral, a escolha recai sempre sobre um grupo de poluentes que servem como

indicadores de qualidade do ar, consagrados universalmente: dióxido de enxofre (SO2),

poeira em suspensão, monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio

(NO2). A razão da escolha destes parâmetros como indicadores de qualidade do ar está

ligada à sua maior freqüência de ocorrência e aos efeitos adversos que causam ao meio

ambiente.

A Resolução CONAMA Nº 382, de 26/12/2006, estabelece os limites máximos de

emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas. A resolução estabelece uma base de

referência nacional nas emissões de poluentes atmosféricos, como óxidos de nitrogênio,

óxidos de enxofre, monóxido de carbono e material particulado. Além disso,

instrumentaliza os órgãos ambientais para aprimorar o controle desse tipo de poluição.

Com a aprovação da resolução, as emissões geradas nos processos de combustão

externa de óleo combustível, de gás natural, de bagaço de cana-de-açúcar e de derivados da

madeira serão limitadas. Também haverá limites para emissão de poluentes provenientes

das turbinas a gás para geração elétrica e de processos de refinarias de petróleo. O mesmo

acontecerá para as emissões geradas a partir da fabricação de celulose, da fusão secundária

de chumbo, da indústria de alumínio primário, dos fornos de fusão de vidro, da indústria do

cimento portland, da produção de fertilizantes, de ácido fosfórico, de ácido sulfúrico e de

ácido nítrico. Os limites também serão aplicados aos poluentes gerados por indústrias

siderúrgicas integradas e semi-integradas e usinas de pelotização de minério de ferro.

A resolução ainda permite que sejam estabelecidos limites para novas fontes fixas, a

partir da revisão dos tipos de fontes e poluentes. Ela também define padrões mais rígidos na

concessão de licenças para empresas que atuam em setores onde há geração de emissões de

chumbo, que trabalham com celulose, e para indústrias siderúrgicas.

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De acordo com o artigo 1º do CONAMA 382/2006 os limites máximos de emissão

são fixados por poluentes e por tipologia de fonte (Figura 36).

Figura 36 - Estrutura do limites máximos de emissão do CONAMA 382/2006.

Fonte: Lisboa e Kawano, 2007

Tabela 7 - Limites máximos de emissão para processos de geração de calor a partir da

combustão externa de óleo combustível.

Fonte: Lisboa e Kawano, 2007

A Resolução não define ainda limites máximos de emissão por poluentes.

Futuramente ao serem elaborados limites de emissão para outras fontes específicas (ou por

poluentes), pretende-se que estes sejam incluídos como novos anexos nesta Resolução.

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Como exemplo dos limites estabelecidos por esta Resolução tem-se as Tabelas 7 e 8, com

os limites definidos respectivamente para processos de combustão externa de óleo

combustível e derivados de madeira.

Tabela 8 - Limites de emissão para processos de geração de calor a partir da combustão de

derivados da madeira.

Fonte: Lisboa e Kawano, 2007

De acordo com o CONAMA 382/2006, a critério do órgão ambiental licenciador,

para processos de combustão externa de derivados de madeira com potência de até 10 MW,

alternativamente aos limites da Tabela 8, poderá ser aceito o monitoramento periódico de

monóxido de carbono. Neste caso, o limite máximo de emissão para este poluente será o

estabelecido na Tabela 9.

Tabela 9 - Limites de emissão de CO para processos de geração de calor a partir da

combustão de derivados da madeira.

Fonte: Lisboa e Kawano, 2007

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1.8. - Problemas selecionados de química

atmosférica 1. A parte da Terra na qual os humanos vivem e donde eles extraem a maioria dos seus

alimentos, minerais e combustíveis é conhecido como:

a) Ambiente

b) Geosfera

c) Atmosfera

d) Biosfera

2. O processo através do qual, as plantas fixam energia solar e carbono do CO2 atmosférico

na forma de energia da biomassa, representado por (CH2O), é conhecido como:

a) Fixação

b) Carbonização - solar

c) Transpiração

d) Fotossíntese

3. Quando uma mistura de gases entra em contacto com uma superfície líquida, a

solubilidade de referido gás no líquido:

a) É proporcional à temperatura do líquido;

b) É proporcional à pressão parcial do gás em contacto com o líquido;

c) É proporcional à pressão total exercida pela mistura de gases;

d) Nenhum.

4. Qual é o produto gasoso formado na combustão completa de um combustível fóssil?

a) Gás carbônico

b) Monóxido de carbono

c) Carbono

d) Nitrogênio

5. Qual é o gás que na atmosfera contribui majoritariamente para o efeito estufa?

a) Hidrogênio

b) Nitrogênio

c) Gás carbônico

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d) Monóxido de carbono

6. Qual destes fenômenos causa uma redução na camada de ozônio?

a) Aumento da queima de combustíveis fósseis;

b) Aumento do smog fotoquímico em cidades;

c) Aumento da temperatura do mar devido ao efeito estufa;

d) Aumento do uso de substâncias químicas em refrigeradores e aerossol.

7. Qual dos fenômenos evidencia um provável efeito estufa?

a) Aumento da seca em regiões de África;

b) Aumento de área de gelo nas regiões polares do Sul;

c) Crescimento defeituoso das folhas de árvores da Europa do norte;

d) Diminuição do banco de peixe no Oceano Atlântico.

8. O padrão de qualidade do ar para monóxido de carbono (baseado em 8hr de medida) é 9

ppm. Quando este padrão é expresso em mg/m3 a 1 atm e 25 0C, o seu valor será:

a) 0,01 mg/m3

b) b) 37 mg/m3

c) c) 0,009 mg/m3

d) d) 10,3 mg/m3

9. A atmosfera terrestre é uma camada de gases que cercam o planeta Terra e se mantém

por gravidade da Terra. Qual dos gases seguintes é proporcionalmente maior?

a) Oxigênio

b) Nitrogênio

c) Hidrogênio

d) Gás carbônico

10. Qual dos seguintes fenômenos é a razão para a preocupação da redução das

concentrações de ozônio da estratosfera?

a) Câncer adicional devido a radiações UV adicionais que alcançam a superfície da terra;

b) Aumento de ozônio na troposfera, que é um risco para a saúde dos humanos;

c) O efeito de radiação de UV que alcança a superfície da terra em cianobactérias, bactérias

das quais várias espécies de planta economicamente importantes dependem para a retenção

de nitrogênio;

d) Todas as alternativas.

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11. A causa global da degradação da camada de ozônio é associada com:

a) A presença de clorofluorcarbonetos e relacionado à halocarbonetos que servem de fonte

de gases de cloro;

b) Um aumento dos gases de efeito estufa;

c) Um aumento da radiação UV solar;

d) A presença de óxidos que servem de fontes de oxigênio.

Respostas

1. b) Geosfera

2. d) Fotossíntese

3. b) É proporcional à pressão parcial do gás em contacto com o líquido.

4. a) Gás carbônico

5. c) Gás carbônico

6. d) Aumento no uso de substâncias químicas em refrigeradores e aerossol

7. a) aumento da seca em partes de África

8. d) 10,3 mg/m3

9. b) Nitrogênio

10. d) Todas as alternativas

11. a) A presença de clorofluorcarbonetos e relacionado a halocarbonetos que servem de

fonte de gases de cloro.

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Perguntas para a fixação do conhecimento

1. A parte do geosfera que entra em contacto direto com a atmosfera é:

a) Camada exterior

b) Manto mais baixo

c) Manto superior

d) Nenhuma

2. A camada da geosfera que é a mais afetada pela atividade humana é:

a) Litosfera

b) Manto superior

c) Manto mais baixo

d) Camada exterior

3. A zona relativamente fina da atmosfera, geosfera e hidrosfera que é capaz de suportar a

vida é conhecida como:

a) Troposfera

b) Biosfera

c) Ambiente

d) Litosfera

4 Qual dos seguintes fatores não contribui para o efeito estufa?

a) Desflorestamento

b) Reflorestamento

c) Uso de combustíveis fósseis como fonte de energia

d) a & b

5. Uma degradação global do ambiente pode resultar em:

a) Super população

b) Existência de grandes áreas cobertas por florestas naturais

c) Agricultura intensiva

d) Proteção da vida selvagem

6. Comparando as concentrações descentralizadas humanas, qual dos seguintes fatores

constitui vantagem da urbanização com respeito ao ambiente?

a) Reduzir a pressão sobre os recursos naturais e aumentar a eficiência energética

b) Maior exigência das infra-estruturas básicas por pessoa

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c) Conversão das principais terras agrícolas em parques de estacionamento e ruas

d) Rápida industrialização e aumentado do parque automóvel

7. As principais emissões que causam as chuvas ácidas em muitas partes o mundo são:

a) Oxigênio e dióxido de carbono

b) Dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio

c) metano e dióxido de carbono

d) monóxido de carbono e dióxido de carbono

8. Hoje, a principal fonte de smog na maioria das regiões é:

a) Fertilizantes e praguicidas usados nas práticas agrícolas modernas

b) Gases poluentes que evaporam de grandes correntes de água

c) Disposição insegura de poluentes orgânicos voláteis

d) Combustão da gasolina em automóveis

9. Qual dos seguintes fatores não é um efeito do smog?

a) Torna difícil a respiração

b) Causa dores de cabeça

c) Pode causar morte

d) Nenhum

10. A exposição da Pirita ao ar conduz à formação de:

a) Enxofre

b) Ácido sulfúrico

c) Ácido nítrico

d) Ácido clorídrico

Fonte: Tessema, 2011