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Prof. Drª Marília Brasil Xavier
REITORA
Profª. Drª. Maria das Graças Silva
VICE-REITORA
Prof. Dr. Ruy Guilherme Castro de Almeida
PRÓ-REITOR DE ENSINO E GRADUAÇÃO
Profª. M.Sc. Maria José de Souza Cravo
DIRETORA DO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
Prof. M.Sc. Antonio Sérgio Santos Oliveira
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E INFORMÁTICA
Prof. M. Sc. Rubens Vilhena Fonseca
COORDENADOR DO CURSO DE MATEMÁTICA
COORDENADOR DO CURSO DE MATEMÁTICA MODALIDADE A DISTÂNCIA
APRESENTAÇÃO.
O mundo acadêmico é um mundo totalmente diferente daquele universo, que você
está habituado a freqüentar. Novas experiências, novos conhecimentos, novas disciplinas,
congregam um mesmo novo mundo de ideias, pessoas e desafios a se conhecer. Pensando
nisso, construímos este módulo para você, aluno da graduação do curso de matemática,
modalidade à distância, que começará a se preparar para assumir um dos ofícios mais
importantes: a docência.
Nesse enfoque, o papel de um universitário, tanto como discente quanto como
docente, exigirá um domínio do instrumento de maior poder que pode haver para o ensino:
a comunicação. Esta possui um elemento fundamental para sua aplicação que é a
linguagem.
Dessa forma, essa disciplina objetivará a desenvolver, com você, as mais diversas
formas de comunicação e expressão, sejam elas orais ou escritas. Com isso você terá um
domínio sobre a linguagem, aperfeiçoando seus conhecimentos e tornando sua
aplicabilidade mais eficiente.
Você deve saber que a importância da comunicação na docência mostra-se a partir
do momento em que o professor enfrenta a diversidade de seres humanos representados
por seus alunos. Saber abrir um canal comunicativo de forma que cada um desses indivíduos
possa interagir, portando-se não só como meros receptores passivos, mas atores
participativos no universo da sala de aula é papel primeiro do professor. E essa é nossa
intenção. Esperamos alcançá-la.
Boa Sorte!
Um Bom Trabalho! Conte Conosco!
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
PLANO DE CURSO 10
1. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 13
1.1. A comunicação 13
1.2. Um breve histórico da língua portuguesa 13
1.2.1. História da língua portuguesa no Brasil 16
1.3. Concepção da linguagem 17
1.4. A linguagem: a língua, a fala e a escrita 18
NÍVEIS DE LINGUAGEM 23
1.5. Linguagem literária e não – literária 31
1.6. Funções da linguagem 35
2. CONCEPÇÕES DE LEITURA 40
2.1. O que é ler? 41
2.2. Afinal o que é leitura ? 41
2.3. Concepçoes de leituras e métodos 43
2.4. Leitura como processo de interação entre leitor e texto 44
2.5. Compreendendo o processo de leitura em suas várias dimensões 47
2.6. Conceituação de texto 55
2.7. Textualidade 56
2.7.1. Sócio-comunicativa 56
2.7.2. Semântica 57
2.7.3. Formal 58
2.8. Tipologia textual 59
2.9. Polissemia e ambigüidade 70
2.9.1. Polissemia 70
2.9.1.1. Significante e significado 71
2.9.2. Ambigüidades 73
2.10. Por que alguns leitores têm dificuldades de compreender textos diversos? 77
2.11. Para melhor entender um texto conceitos básicos de pragmática 80
SABOR E SABER: MATEMÁTICA E VIDA 82
SABER O SABOR DO SABER 84
3. A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO 87
3.1. Pela fala transmutamos o significado em sentidos 87
3.2. Princípios gerais de oratória 92
3.3. Para trabalhar a oratória 93
3.4. Caminhos para a prática da oratória 94
3.5. Orientações sobre como apresentar tipos de discursos 95
3.6. Orientações sobre os tipos de discurso 96
3.7. Cuidados com a voz 97
3.8. Elementos importantes na formação de um orador 98
4. DOCUMENTOS INFORMATIVO-REFERENCIAIS E OFICIAS 108
4.1. Fichamento 109
4.2. Resumo 117
4.3. Resenha 125
4.4. Correspondências e atos oficiais 129
4.5. Requerimento 136
4.6. Ofício 139
4.7. Memorando 141
4.8. Ata 143
4.9. Procuração 147
4.10. Currículo 148
4.11. Carta comercial 153
4.12. Exposição de motivos 154
4.13. Abaixo-assinado 157
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 158
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA – MODALIDADE Á DISTÂNCIA
DICIPLINA: COMUNICAÇÃO EM LINGUAGEM PORTUGUESA NA DOCÊNCIA DOCENTE: IZILDA NAZARÉ DE ALMEIDA GOMES ROSANA SIQUEIRA DE CARVALHO CARGA HORÁRIA: 80h/a
PLANO DE CURSO EMENTA
Comunicação Oral e Escrita. Estudo de texto. Compreensão, Interpretação e Análise Gramatical baseada em textos. Ênfase na Redação Oficial e Criativa. I. OBJETIVO GERAL
Formar um leitor crítico com competência textual para a compreensão e produção de textos
orais e escritos enfatizando a linguagem da Matemática. II. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Utilizar o processo de elaboração de textos, orais e escritos;
Compreender que o processo de leitura se realiza a partir do diálogo entre leitor e objeto lido, seja este escrito, sonoro, em gestos, numa linguagem de conhecimento;
Analisar características e funções do texto;
Identificar os elementos responsáveis pela textualidade como a estruturação, a coerência, a coesão, a clareza e a concisão dos textos narrativos, descritivos e dissertativos;
Analisar intertextualmente o texto, considerando os vários pontos de vista.
III. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE I – LINGUAGEM E COMUNICAÇAO Conteúdo
História, concepção e níveis básicos de linguagem.
Conceitos e diferenças de linguagem literária e não-literária.
Funções básicas da linguagem: conativa, denotativa, emotiva, metalinguística, fática e poética.
UNIDADE II – CONCEPÇÕES DE LEITURA Conteúdo
Conceituação do ato de “ler”; concepção, compreensão, método e aplicação do processo leitura.
Grupos de leitura: informação, consulta, ação, reflexão, distração, linguagem poética.
Conceituação de texto, estudo da textualidade e da tipologia textual (narração, descrição e dissertação).
Estudo da polissemia e da ambigüidade como elementos de diversificação comunicativa dentro da linguagem.
Elementos para a compreensão de um texto e conceitos básicos da pragmática: pressuposição e inferência.
UNIDADE III – A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO Conteúdo
A fala como transmutadora de sentidos e dos significados a serem interpretados.
Princípios gerais da oratória: escolha de assuntos, determinar objetivos, verificação das circunstâncias de apresentação e seleção de informações.
O trabalho da oratória: O que se deve buscar, onde deve aplicar e o que se pode conseguir com o uso correto da palavra.
Estudo da aplicação da prática da oratória e orientações sobre apresentação de discursos e os tipos de fala (informativas, persuasivas, debates).
Cuidados com a voz e os tons a serem utilizados: grave e solene; conversação formal; emocional.
Elementos importantes na formação de um orador: dicção, timbre, intensidade, entonação, tom da voz, gestos e postura.
UNIDADE IV – DOCUMENTOS INFORMATIVO REFERENCIAIS E OFICIAIS Conteúdo
Formas básicas de se leitura e organização das idéias de um texto: fichamento, resumo e resenha.
Confecção e apresentação de documentos oficiais: correspondências e atos oficiais; requerimentos; ofícios; memorando; procuração; currículo; carta comercial; exposição de motivos; abaixo assinado; ata;
IV. METODOLOGIA
O curso será desenvolvido predominantemente de discussões à distância por meio de e-mail e telefone, porém o mesmo contará com 2 (dois) momentos presenciais, ou seja, com a presença da tutoria.
Utilizar-se-ão leituras de textos, trabalhos de grupos, seminários e atividades individuais.
AVALIAÇÃO PESO
- Por meio de trabalhos individuais, em grupo, seminários ou debates, que realizar-se-ão em dois momentos
1.º MOMENTO: - A 1.ª avaliação realizar-se-á a partir do estudo e resultado das atividades referentes as I e II unidades do conteúdo programático da disciplina as quais deverão ser encaminhadas ao tutor.
2,0
2.º MOMENTO: - A 2.ª avaliação realizar-se-á a partir do estudo das unidades III e IV do conteúdo programático da disciplina, sendo esta aplicada no segundo encontro presencial.
8,0
Oi! Eu sou o Cartesiano. Tudo bem? Eu serei o seu guia neste
módulo de Língua Portuguesa e comunicação na Docência. Assim,
toda vez que aparecer terei uma novidade para discutir com
você.
Será que já se preocupou? Eu terei que estudar língua
portuguesa?
Mas os conceitos abordados nesse módulo, não são tão
complexos assim. Dessa forma, procure sempre seguir as
instruções antes de cada unidade e se você tiver dúvidas, Eu
(Cartesiano) estarei aqui lhe auxiliando. Ok?! Vamos lá!!
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
13
1. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Ao final desta unidade, você estará apto a:
- Definir linguagem e seus níveis;
- Reconhecer as características dos diferentes níveis de linguagem
- Diferenciar linguagem literária e não-literária;
- Apto a utilizar a linguagem matemática.
1.1 A comunicação
ATIVIDADE
1) Leia o texto localizado no site: http://sistemas.uepa.br:8888/matematicaead acerca do
processo de educação, linguagem e produção de conhecimento, de autoria de Jayme
Ferreira Bueno, retirado da REVISTA EDUCACIONAL. Educação, Linguagem e
Produção do Conhecimento v. 02 n. 4 jul./dez. 2001. Posteriormente, iremos discutir a
idéias apresentadas no texto.
Conversar
Vamos começar pela história da língua portuguesa. Assim
você descobre as transformações que a nossa língua sofreu
com o tempo.
1.2. Um breve histórico da língua portuguesa
A língua portuguesa tem a origem a modalidade falada do latim, desenvolveu-se na
costa oeste da Península Ibérica (atuais Portugal e região espanhola da Galiza, ou Galícia)
incluída na província romana da Lusitânia. A partir de 218 a.C., com a invasão romana da
península, e até o século IX, a língua falada na região é o romance, uma variante do latim
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
14
que constitui um estágio intermediário entre o latim vulgar e as línguas latinas modernas
(português, castelhano, francês, etc.).
Durante o período de 409 d.C. a 711, povos de origem germânica instalam-se na
Península Ibérica. O efeito dessas migrações na língua falada pela população não é
uniforme, iniciando um processo de diferenciação regional. O rompimento definitivo da
uniformidade linguística da península irá ocorrer mais tarde, levando à formação de línguas
bem diferenciadas. Algumas influências dessa época persistem no vocabulário do português
moderno em termos como roubar, guerrear, etc.
A partir de 711, com a invasão moura da Península Ibérica, o árabe é adotado como
língua oficial nas regiões conquistadas, mas a população continua a falar o romance.
Algumas contribuições dessa época ao vocabulário português atual são arroz, alface, alicate
e refém.
No período que vai do século IX (surgimento dos primeiros documentos latino-
portugueses) ao XI, considerado uma época de transição, alguns termos portugueses
aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais precisamente o seu antecessor, o
galego-português) é essencialmente apenas falado na Lusitânia.
No século XI, com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-
português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Os árabes são expulsos
para o sul da península, onde surgem os dialetos moçárabes, a partir do contato do árabe
com o latim. Em galego-português são escritos os primeiros documentos oficiais e textos
literários não latinos da região.
À medida que os cristãos avançam para o sul, os dialetos do norte interagem com os
dialetos moçárabes do sul, começando o processo de diferenciação do português em
relação ao galego-português. A separação entre o galego e o português se iniciará com a
independência de Portugal (1185) e se consolidará com a expulsão dos mouros em 1249 e
com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar o país. No século XIV surge a
prosa literária em português, com a Crônica Geral de Espanha (1344) e o Livro de
Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelona.
Muitos linguistas e intelectuais defendem a unidade linguística do galego-português
até a atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o português modernos seriam
parte de um mesmo sistema linguístico, com diferentes normas escritas (situação similar à
existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas
palavras têm ortografias distintas). A posição oficial na Galiza, entretanto, é considerar o
português e o galego como línguas autônomas, embora compartilhando algumas
características. Outras informações sobre o galego moderno podem ser obtidas no Instituto
de Língua Galega da Universidade de Santiago de Compostela, organismo partidário de
uma ortografia galega bastante influenciada pelo castelhano, ou em uma página sobre o
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
15
reintegracionismo, movimento que defende a adoção de uma ortografia próxima do galego-
português antigo e do português moderno.
Entre os séculos XIV e XVI, com a construção do império português de ultramar, a
língua portuguesa faz-se presente em várias regiões da Ásia, África e América, sofrendo
influências locais (presentes na língua atual em termos como jangada, de origem malaia, e
chá, de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o número de italianismos e
palavras eruditas de derivação grega, tornando o português mais complexo e maleável. O
fim desse período de consolidação da língua (ou de utilização do português arcaico) é
marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.
No século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáticas que definem a
morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase moderna: em Os Lusíadas, de Luis de
Camões (1572), o português já é, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, muito
próximo do atual. A partir daí, a língua terá mudanças menores: na fase em que Portugal foi
governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorpora palavras castelhanas
(como bobo e granizo); e a influência francesa no século XVIII (sentida principalmente em
Portugal) faz o português da metrópole afastar-se do falado nas colônias.
Nos séculos XIX e XX o vocabulário português recebe novas contribuições: surgem
termos de origem greco-latina para designar os avanços tecnológicos da época (como
automóvel e televisão) e termos técnicos em inglês em ramos como as ciências médicas e a
informática (por exemplo, check-up e software). O volume de novos termos estimula a
criação de uma comissão composta por representantes dos países de língua portuguesa,
em 1990, para uniformizar o vocabulário técnico e evitar o agravamento do fenômeno de
introdução de termos diferentes para os mesmos objetos.
O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 170 e 210 milhões de
pessoas. O português, oitava língua mais falada do planeta (terceira entre as línguas
ocidentais, após o inglês e o castelhano), é a língua oficial em sete países: Angola (10,3
milhões de habitantes), Brasil (151 milhões), Cabo Verde (346 mil), Guiné Bissau (1 milhão),
Moçambique (15,3 milhões), Portugal (9,9 milhões) e São Tomé e Príncipe (126 mil).
O português é uma das línguas oficiais da União Européia (ex-CEE) desde 1986,
quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul
(Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português será ensinado como língua
estrangeira nos demais países que dele participam. Em 1994, é decidida a criação da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que reunirá os países de língua oficial
portuguesa com o propósito de uniformizar e difundir a língua portuguesa e aumentar o
intercâmbio cultural entre os países membros.
Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresenta-se, como
qualquer língua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
16
mais ou menos acentuada quanto à pronúncia, a gramática e ao vocabulário. Tal
diferenciação, entretanto, não compromete a unidade do idioma: apesar da acidentada
história da sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a língua portuguesa
conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades.
1.2.1 História da língua Portuguesa no Brasil.
No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta em 1500), o
tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani)
foi usado como língua geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos
padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi
proibida por uma Provisão Real; mas, a essa altura, já estava sendo suplantado pelo
português em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos
jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Da língua
indígena o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju,
tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.
Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas
contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos propagou-
se também à Europa, veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria
(vocabulário ligado à religião e à cozinha afro-brasileiras), e do quimbundo angolano
(palavras como caçula, moleque e samba).
Um novo afastamento entre o português americano e o europeu aconteceu quando a
língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português
(principalmente por influência francesa) durante o século XVIII, mantendo-se fiel,
basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação
ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país
pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte,
ocasionando um ―re-aportuguesamento‖ intenso da língua falada nas grandes cidades.
Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de
imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas
modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as
regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.
No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português
aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento
unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter
formas diferentes nos dois países (comboio é trem, autocarro é ônibus, pedágio é
portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
17
romântico do início do século intensificaram a literatura nacional expressa na variedade
brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em
1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as
peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou
literariamente a norma brasileira.
A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da
portuguesa, o que surpreende em se tratando de um país tão vasto. A comparação das
variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva à conclusão de que aquelas
representam em conjunto um sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou
do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados
em algum dialeto do Brasil.
A insuficiência de informações rigorosamente científicas sobre as diferenças que
separam as variedades regionais existentes no Brasil não permite classificá-las em bases
semelhantes às que foram adotadas na classificação dos dialetos do português europeu.
Existe, em caráter provisório, uma proposta de classificação de conjunto que se baseia -
como no caso do português europeu - em diferenças de pronúncia (basicamente no grau de
abertura na pronúncia das vogais, como em pegar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e
na cadência da fala). Segundo essa proposta, é possível distinguir dois grupos de dialetos
brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades: amazônica e
nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense, mineira e sulina.
1.3. Concepções da linguagem
Desde os primórdios da humanidade, o homem usa os elementos comunicativos com
intuito de se manter caminhando sobre a terra. A partir dessa necessidade de sobrevivência,
esse homem ―criou‖ mecanismos para que pudesse estabelecer uma interligação com os
outros homens.
Assim, as relações mantidas entre os membros de uma sociedade fundamentam-se no
ato comunicativo que significa tornar comum aos demais indivíduos o que se pensa, sente
ou deseja.
As ilustrações abaixo podem representar elementos da
linguagem?
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
18
42
x2 + 14x + 9 = 0
Para comunicar-se, o homem utiliza elementos diversos: sons, gestos, cores,
sensações...A essa capacidade humana, por meio da qual se manifesta algo aos
informantes de seu grupo, chamamos LINGUAGEM.
É notório ressaltar que é a partir da linguagem que o homem adquiri conhecimento do
mundo, desenvolve-se naturalmente por meio de suas experiências, vivencias comunitárias
e observações e ainda faz da aprendizagem algo significativo, haja vista que o ato de
apreender a ler e a escrever deve começar a partir de uma compreensão mais abrangente
do ato de ler o mundo, coisas que os seres humanos fazem antes de ler a palavra.
Dessa forma, você vive em mundo permeado pela linguagem (verbal, não verbal ou
mista), que nos norteia na decifração das diversas significações.
1.4 A linguagem: a língua, a fala e a escrita
Desde a antigüidade clássica, a origem da linguagem sempre foi elemento de
discussão e inquietação para o homem. Assim, saber como essa linguagem surgiu, como
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
19
banto sudanês
camito semítico
dravídico australiano
munda polinésico
caucásico
indo europeu
uralo altaico
indo chinês
era utilizada, como foi transmitida de gerações em gerações tem sido um dos muitos
questionamentos feitos por lingüistas, filósofos e sábios. No entanto, afirmar-se com
exatidão qual seria a forma primária da linguagem, no sentido de oralidade, ainda é uma
incógnita.
Atualmente, os linguistas dividem as línguas existentes no mundo em quatro grandes
áreas separadas conforme a região geográfica do planeta que ocupem:
I. Línguas da África
II. Línguas da Ásia e Oceania
III. Línguas da Eurásia (Europa e Ásia)
IV. Línguas das Américas {Norte/Sul}.
Apresentação de conceitos acerca de linguagem, língua, dialeto:
Segundo Duböis at alii (1996, p. 387), linguagem é a ―capacidade especifica à
humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que
coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma
função simbólica e de um centro nervoso, geneticamente, especializado.‖
Esse sistema de signos vocais sempre é usado por uma determinada comunidade de
fala (grupo social ou comunidade linguística), a qual constitui uma língua particular. Assim, a
linguagem possui problemas que devem ser estudados a partir das diversas relações
desenvolvidas entre: a língua e sociedade, o sujeito e a linguagem, etc.
Conforme ressalta Campos (1998), a linguagem humana é o ato de comunicar
ideias, palavras, expressões, pensamentos, culturas e personalidades. Assim, é
pela maneira de comunicar ―a palavra‖, que o homem vive e consegue viver em
sociedade, pois é através da comunicação intermediada pelas várias formas de
LINGUAGEM, que ele se manifesta, se impõe, se transforma e muda o mundo ao
seu redor. Por isso, linguagem é necessária para a sobrevivência da humanidade,
porque ela é inata, imprescindível, indispensável, inerente a todo e qualquer
falante, o qual não possua nenhum problema físico-psicológico. Desta forma,
desde os princípios dos séculos o homem usa a linguagem para se manter
caminhando sobre a Terra, desenvolvendo mecanismos que facilitem e
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
20
proporcionem um relacionamento vantajoso e algumas vezes harmônico como os
outros povos.
Ainda sobre a perspectiva linguística, temos a concepção de Sausurre (1991) que
define a linguagem como uma propriedade comum a todos os homem e
dependente de sua faculdade de simbolizar idéias e, apresenta dois elementos
básicos: a langue (língua) e a parole (fala)1. A língua é, portanto, uma parte da
linguagem, mas uma parte essencial. O pesquisador define língua como produto
social, coletivo, abstrato, inerente a uma comunidade e independente do indivíduo
enquanto a fala é a faculdade de falar, o ato inato, instintivo, como base biológica,
o ato individual, de vontade e inteligência, ato livre, concreto, ato de criação.
Dialeto: é variedade regional de uma língua, ou parte linguisticamente
determinada de uma região, diferenciada de outras regiões. Dialetos ou Patoás: é
um dialeto social reduzido a certos signos (fatos fonéticos ou regras combinatórias)
utilizado somente numa área reduzida e numa comunidade determinada, em geral,
―rural.‖ (Dubois, 1993, p. 562)
Leia o trecho abaixo e reflita acerca do papel do homem na comunidade.
O HOMEM É UM SER SOCIAL
―O homem, como um ser social, precisa se comunicar e viver em comunidade, que é onde
troca seus conhecimentos e suas experiências. Estes, por sua vez , irão levá-lo a assimilar e
compreender o mundo em que vive, dando-lhe meio para transformá-lo.‖
Ao acumular as experiências de sua comunidade, o homem vai construindo uma cultura
própria que é transmitida de geração para geração. Para transmitir sua cultura e para suprir sua
necessidade de buscar a melhor expressão de suas emoções, suas sensações e seus sentimentos,
o homem se viu diante de certos desafios: um deles foi o de criar e desenvolver uma maneira de
comunicar-se com seus semelhantes.
Distanciou-se, então, ainda mais dos outros animais, pois foi o único que conseguiu criar
símbolos e signos de vários tipos (linguísticos, picturais e gráficos), com o intuito de comunicar-se.
Nessa comunicação ele utiliza vários mecanismos de Linguagem. Mas, o que é linguagem?
(CARVALHO, R. S. e GOMES, I. N. C)
Segundo Duböis at alii (1996, p. 387), linguagem é a ―capacidade especifica à
humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que
1 Dicotomia Langue vs. Parole.
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
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coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma
função simbólica e de um centro nervoso, geneticamente, especializado.‖
Esse sistema de signos vocais sempre é usado por uma determinada
comunidade de fala (grupo social ou comunidade linguística), a qual constitui uma
língua particular. Assim, a linguagem possui problemas que devem ser estudados
a partir das diversas relações desenvolvidas entre: a língua e sociedade, o sujeito
e a linguagem, etc.
Conforme ressalta Campos (1998:45), a linguagem humana é o ato de comunicar
ideias, palavras, expressões, pensamentos, culturas e personalidades. Assim, ―é
através da palavra‖, que o homem vive e consegue viver em sociedade, pois é
por meio do processo de comunicação, intermediado pelas várias formas de
LINGUAGEM, que o homem se manifesta, se impõe, se transforma e muda o
mundo ao seu redor. Por isso, a linguagem é necessária para a sobrevivência da
humanidade, porque ela é inata, imprescindível, indispensável, inerente a todo e
qualquer falante, o qual não possua nenhum problema físico-psicológico. Desta
forma, desde os princípios dos séculos o homem usa a linguagem para se manter
caminhando sobre a Terra, desenvolvendo mecanismos que facilitem e
proporcionem um relacionamento vantajoso e algumas vezes harmônico como os
outros povos.
Dentro do processo de comunicação a Linguagem é vista por Esteves (1997)
como uma forma de agir e interagir, isto é, usando a linguagem um falante
poderá não somente transmitir o que está pensado, mas também conseguir agir
sobre os outros falantes, modificando o comportamento desses.
Um dos princípios básicos do processo discursivo (visa evidenciar o princípio da
ocorrência da linguagem) está pautado no dialogismo – sem a existência de uma
outra pessoa, não pode ocorrer comunicação e interação -, sendo que inserido no
processo ‗comunicação‘, verificamos a existência de vários elementos
enunciativos (vários tipos de linguagem). Cada elemento enunciativo pode gerar
diversas e distintas formas de interação, por exemplo, a fala, os gestos, o
desenho, a pintura, a gravura, a dança, a música, o código Morse, o código de
trânsito, as cores manifestam comunicação.
Com base no que foi ressaltado anteriormente, temos a divisão clássica ou
tradicional da constituição da linguagem, ou seja, linguagem verbal, não-verbal
ou mista. Conforme essa visão podemos conceber que a linguagem verbal é
aquela que usa o verbo (palavra) no enunciado enquanto a linguagem não-verbal
seria aquela que utiliza as imagens (o não-verbo) para desenvolver uma
enunciação discursiva.
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
22
De acordo com Geraldi (1987) a linguagem verbal está vinculada ao processo de
argumentação discursiva, isto é, toda vez que se usa a palavra, está se
trabalhando com o argumento verbal. Por isso, Geraldi concebe o processo de
argumentação da seguinte foram:
―Há argumentação toda vez que um locutor, por seu discurso, procura inferir sobre os julgamentos, as opiniões, as preferências de seu interlocutor (...) aquele que argumenta pretende interferir sobre as representações do outro com o alvo de modificá-lo‖
Ele criou o esquema abaixo:
Dentro da língua temos a língua oral ou falada e a língua escrita que apresentam
algumas características especificas que serão estudadas nos diversos textos,
posteriormente. Kato (1987: 41) diz que há dois pontos de partida na pedagogia de línguas:
a) a fala e a escrita, consideradas como dois códigos distintos e autônomos, de tal forma que aprender a ler e escrever é mesmo que aprender uma língua estrangeira; b) a escrita considerada como o retrato da fala padrão, de forma que se acredita que para se aprender ler e escrever é preciso aprender a fala padrão.
Há uma grande e nítida distinção entre os recursos usados dentro da linguagem oral e
da escrita, mas há também elementos constituivos que são comuns a ambas. Veja como Jô
Soares faz essa distinção com humor:
Exemplo:
Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como fala.
Pois é. U portuguêis é muito fáciu, porqui é um língua qui a genti iscrevi ixatamente cumu si fala.
Num é cumu inglêis qui dá até vontdi de ri quandu a genti discobri cumu é qui iscrevi algumas
palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão purexemplu . Qué coisa doida? Num bate
nada cum nada. Até nunespanhol qui parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom Qui minha língua é
o purtuguêis. Quem soubé falá sabi escrevê.
LINGUAGEM (VERBAL / NÃO-VERBAL) LÍNGUA FALADA OU ESCRITA
DIALETO
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NÍVEIS DE LINGUAGEM
O código que você usa para se comunicar é a língua portuguesa. Embora esse código
pareça sempre igual, você já deve ter percebido que, dependendo do assunto de que
tratamos, do local onde estamos, do interlocutor com quem falamos e também do meio que
utilizamos para nos comunicar, empregamos a língua de formas bastante diferentes.. Essa
pequena variação deve-se ao uso que cada indivíduo faz das palavras da
língua,combinando-as de modo diferente.Damos o nome de ―fala‖ à utilização particular,oral
ou escrita, que cada um faz da língua, ou seja, cada indivíduo do grupo social, ao utilizar o
código de comunicação que é a língua, estará praticando um ato da fala.
Observe que, ao contar uma anedota a um colega, você usa uma linguagem muito
diferente daquela que emprega quando vai falar com seu professor. Ao escrever uma carta,
sua linguagem também é diferente daquela que usa ao falar ao telefone.
E os exemplos poderiam se multiplicar: você utiliza um tipo de linguagem quando vai
visitar um parente num hospital e outro tipo ao comentar com seus amigos, o último show de
sua banda preferida.
Enfim, embora utilizemos um mesmo código - a língua portuguesa – para nossos atos
de comunicação, o uso que fazemos dele varia de acordo com alguns fatores. Esses vários
usos que fazemos da língua denominam-se níveis de linguagem.
É importante você perceber que não há um nível considerado ―o nível correto‖. O que
importa é a adequação da linguagem à situação. Por exemplo, num discurso de formatura
não utilizamos uma linguagem extremamente coloquial, repleta de gírias; devemos utilizar o
nível formal-culto, é como o próprio nome indica, o nível de fala utilizada, em situações
formais, pelas pessoas escolarizadas.é a linguagem que caracteriza-se por maior rigor no
uso do vocabulário e pela obediência às regras ditadas pela norma culta. Mas esse tipo de
linguagem pode ser empregado numa festa; em conversa com os amigos; sem problema
algum é a fala que a maioria das pessoas utiliza no dia-a-dia,sobretudo em situações
informais.
Sabemos, que a utilização da língua não se esgota nesses dois níveis de fala. Existem
ainda outros níveis.
Há também um nível de fala que chamamos de ―nível técnico ou profissional‖, como a
linguagem dos economistas, dos advogados, dos médicos,dos matemáticos,etc.
O texto abaixo está repleto de termos usados por pessoas ligadas ao ramo da
informática. Observe:
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GUERRA AO SPAM
Os spammers estão na mira do UOL. Quem usava um servidor próprio de e-mail para
enviar mensagens em massa via Speedy descobriu que a porta 25, usada pelo servidor
SMTP, foi bloqueada. Como resultado, só e-mail enviados via servidor UOL, vigiado pelo
provedor, chegam ao destinatário.
(O Estado de S. Paulo, 5 ago. 202. p. 112. Suplemento de Informática.)
Você observou que a linguagem utilizada torna o texto incompreensível para quem
não está habituada a utilizar a linguagem da informática.
Uma atividade que usa uma linguagem bastante específica, é o esporte. Quem não se
interessa por futebol, por exemplo, terá certa dificuldade para a compreensão precisa deste
texto:
Aos 38, Guilherme , que havia entrado no lugar do lateral-esquerdo Gilberto, cruzou e
encontrou Ânderson Lima sozinho na área, numa falha de marcação do lateral Diego.
Ânderson armou o chute e soltou uma bomba, empatando para o Grêmio.
Você já observou, que algumas expressões do futebol por sua grande popularidade
extrapolam o uso estritamente esportivo e passam a fazer parte do vocabulário normal das
pessoas em várias situações da vida. Acredito que você já tenha ouvido alguém dizer que
foi ―jogado para escanteio‖, isto quer dizer que seu namorado(a), amigo(a) lhe abandonou?,
a outra expressão é : ― ele driblou a crise ?‖ temos também, ― não entra de sola‖ , ― se me
derrubares é pênalti‖, e muitas outras que não devemos esquecer como ―os clichês, as
redundâncias ou impropriedades, como ―correr atrás do prejuízo‖ ou ―elo de ligação‖, tão
comuns nas linguagens utilizadas pelos comentaristas desse esporte.
(Lopes,Marcos Rogério > Palmeiras erra muito e pára no Grêmio.In:
O Estado de S.Paulo, l2 ago.2002. p. E8.)
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25
Agora, você irá estudar a linguagem matemática e suas
características.
Toda linguagem apresenta traços que a caracterizam, assim você deve estar
pensando: quais seriam os elementos textuais que comporiam a linguagem matemática? A
resposta para esse questionamento será dada a partir da leitura dos dois textos abaixo:
TEXTO 01- ATENTAR PARA A LINGUAGEM MATEMÁTICA2
Diariamente, convivemos com vários tipos de linguagem, tais como: corporal, de mímica, de
barras, cultas, inculta, artística, gráfica, cada uma com suas característica e sus modos de expressão.
A matemática também possui uma linguagem própria que se apresenta com seus termos, símbolos,
tabelas, gráficos entre outros. E um dos objetivos de ensino da matemática, segundo os Parâmetros
Nacionais (PCN‘s), é a aprendizagem dessa linguagem para se comunicar matematicamente.
Com toda linguagem, a linguagem matemática é um movimento na história das civilizações.
História época em que ela era prolixa e ambígua, por exemplo: Egito antigo, a variável (ou incógnita)
era ―ahá‖, que significava ―montão‖ (no sentido de muitos). Já os europeus e árabes escolheram a
palavra ―coisa‖ para designar quantidades desconhecidas. Euclides utilizava figuras (linguagem
geométricas) para estudar questões de aritmética ou álgebra; Diofanto, na Grécia antiga, escrevia
SS2x5Mu6, correspondente ao que hoje escrevemos 2x4+5x-6.
Até o século XVI, a linguagem matemática não utilizava a vírgula (decimal), nem os sinais de
vezes, maior, menor e igual. Também o ―x‖, era escrito AAAAAAA ou Aqqcc, sendo que indicador de
―quadrado‖ e c de ―cubo‖; assim como 2+3 era escrito 2 plus 3.
Com o objetivo de tornar-se mais precisa, a linguagem matemática evoluiu, pois tanto como a
palavra, muitas vezes, são ambíguas. No entanto, a história da matemática mostra-nos que não foi
sem dificuldades que os matemáticos conseguiram formas de traduzir questões de linguagem vulgar
para a linguagem matemática, e vice-versa.
Nas salas de aula, alunos e professores também enfrentam dificuldades para entender e para
explicar o significado da linguagem matemática repleta de símbolos próprios. Mas foi justamente o
simbolismo que internalizou a linguagem matemática, possibilitando que a matemática fosse
compreendida sem equívocos pelos matemáticos de qualquer país e que se tornasse uma
indispensável ferramenta para outras ciências.
2 LORENZATO, Sérgio. Para aprender matemática. São Paulo, autores associados, 2006.
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Nos dias atuais, a linguagem matemática caracteriza-se por ser resumida e precisa, além de
possuir expressões, regras, vocábulos e símbolos próprios. Exemplos disso são as fórmulas
matemáticas, que se tornam estigmas para muitos; elas são resultados de processos históricos e o
significado de cada um de seus símbolos precisa ser conhecido para que possam ser compreendidas
e empregadas corretamente. Cada fórmula representa uma síntese final de um processo e, por isso
mesmo, pode ser enigmática para aqueles que tentam começar seus estudos por ela, se tornando um
convite à memorização sem nexo. É o caso de a2
+ b2= c
2, que facilmente evoca ―Pitágoras‖ ou ―o
quadrado da hipotenusa e o quadrado dos catetos‖, mas que dificilmente nos remete à ideia básica
de que essa propriedade é válida para triângulos e somente para triângulos que possuam um ângulo
reto.
Sumariamente, pode-se dizer que a linguagem matemática escrita foi inicialmente influenciada
pela retórica, como mostra o exemplo seguinte, escrito há cerca de 5000 mil anos: ―somei a superfície
e o lado do meu quadrado e obtive 45‖. Atualmente, escrevemos isto assim: x2 + x = 45. Durante sua
evolução, a linguagem matemática também se utilizou da forma sincopada; nessa fase, o que, hoje,
escrevemos 6 + √10, era escrito 6.p.R.10 (lembre-se de que p vem de plus e R de raiz).
Atualmente, como simbólica, ela se apresenta bem resumida, mas conserva a precisão, como
mostra o exemplo seguinte: x є Q /0 x 1 (significando todos os infinitos números racionais que
sejam maiores que zero e simultaneamente menores que um).
Os símbolos mais frequentes, além dos números, são: vírgula, +, _, x, =, ≠, <,>,%, ( ), mas
existem muitos outros , tais como: √, ǝ , log, ʃ , sen, , , , , ∞, , , , !, cada um com seu preciso
significado.
A linguagem matemática também empresta da língua materna alguns termos, tais como: grupo,
anel, ideal, área, semelhante, áureo, enumerável, limite, imaginário, raiz. Cada vocábulo exprime uma
ideia bem definida, por exemplo: dois polígonos são semelhantes se tiverem às medidas dos lados
correspondentes proporcionais e os ângulos correspondentes congruentes. Note que o conceito de
semelhante de polígonos impõe claramente duas rígidas condições; já a linguagem popular, da qual
nos utilizamos diariamente, não exige vigor.
Essa diferença entre linguagem popular e linguagem matemática pode explicar, em parte, a
dificuldade que algumas pessoas têm para distinguir, por exemplo: perpendicular, de ortogonal;
superfície de área; poliedro, de polígono; trapézio, de quadrilátero; círculo, de circunferência; número,
de numeral, entre outros.
Ao lado da evolução da simbologia e dos termos utilizados para o registro, também evoluíram
as concepções, os nexos; assim, por exemplo, o ―x‖, inicialmente concebido como representante
apenas de um valor desconhecido, passou, séculos mais tarde, a representar também uma variável.
Desse modo, o estático foi substituído pelo movimento, como se fora uma foto substituída por um
filme.
Referente ao nexo, é importante lembrar que ele é fundamental ao raciocínio; sem ele, não
haverá compreensão e toda linguagem matemática se tornará inútil. Nós, professores, devemos
prestar atenção ao fato de que é possível fazer do simbólico mesmo sem conhecer o nexo
correspondente. É o caso das crianças que reconhecem um numeral, por exemplo: 7, meramente
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27
como uma marca relacionada à porta da sua casa ou apartamento ou à camisa do jogador preferido,
mas não conseguem relacionar o numeral com a quantidade de elementos ou unidades (sete), ou
com a posição em uma sequência ordenada (sétimo). Também é o caso dos alunos que empregam
corretamente uma fórmula, mas não sabem interpretar o resultado obtido.
Mesmo dentro da matemática, a linguagem se apresenta com diferentes nuanças. Tomemos,
por exemplo, o produto (a +b) (a+ b), isto é, (a + b)2, qual, quando alunos. Decoramos ser igual a (a
2
+ 2ab + b2), na linguagem simbólica algébrica; na linguagem retórica algébrica, (a + b)
2 seria assim
escrito: ―o quadrado da adição de dois números é igual ao quadrado do primeiro, mais duas vezes o
primeiro vezes o segundo, mais o quadrado do segundo‖. Particularizando, na linguagem simbólica
aritmética, teríamos (2 + 5)2 = 2
2 + 2.2.5 + 5
2. Esta mesma verdade seria apresentada pela linguagem
operacional aritmética assim:
Este exemplo mostra a versatilidade da linguagem matemática que apresenta uma mesma
propriedade vista por diferentes óticas. Essa riqueza e beleza matemática podem passar
despercebidamente a alguns alunos, levando a concluir que cada linguagem se refere
essencialmente a um distinto assunto (fatoração, produto, binômio, área).
Na sala de aula, tanto a apresentação como o uso da linguagem matemática deve ser
gradativo e respeitar estágio de evolução dos alunos. Isso significa aceitar que os alunos inicialmente
se exprimam através de sua linguagem para, depois, apresentar os termos já consagrados pela
linguagem matemática e, finalmente, os símbolos, matemáticos. Um exemplo dessa gradação são as
diferentes linguagens seguintes, referentes a um mesmo assunto: ―as três pontas dão meia roda‖, ―os
três ângulos juntos dão meia circunferência‖, ―a soma dos três ângulos dá 180º‖, ―a soma das
medidas dos ângulos internos de qualquer triângulo é 180º‖, ― + + =180º‖.
Sempre que nos deparamos com símbolos sem significado para nós, eles nos causam
sensações desagradáveis: que tal as palavras APИMETИKA e c, encontradas na escritura russa
e na esquimó, respectivamente?
a b
a b fig. 5
a2 ab ab b2
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28
O exemplo que se segue nos mostra a concretude presente na interpretação da noção de
ângulo, feita por uma criança de 09 anos quando indagada por outra sobre o que é ângulo: ‖é quando
as duas pontas se encontram e formam um bico‖.
Na revisão de assuntos numa 5ª série, quando à classe foi perguntado o que era preciso
lembrar para calcular a área de um triângulo, após trocas de opiniões, os alunos concordaram que a
fórmula b.h/2 ―esconde‖ muita coisa. Por exemplo: ―tem que saber tabuada, incluindo a de multiplicar
e dividir; tem que lembrar que é uma medida deitada e outra em pé e ainda ver a unidade de medida
antes de dar a resposta‖.
Há diferença entre linguagem oral e linguagem escrita da matemática. Por exemplo, elas
podem dificultar a escrita correta de ―uma dezena e oito unidades‖, expressão que, quando ouvida,
leva alguns alunos a escreverem ―108‖.
Ao lado das dificuldades que a linguagem matemática pode oferecer, existem também as
inerentes à própria língua materna, tanto pelo léxico como pela semântica, conforme ilustram os
exemplos seguintes: um professor explicou três vezes como calcular o menor múltiplo comum de dois
números, mas os alunos se mostram em dúvida até que um deles disse: ‖Entendi que pego os
múltiplos e separo o menor deles, mas o que quer dizer comum?‖. Outro exemplo é o do menino que
passava com pai no zoológico e pediu-lhe comprasse um dos bichos para ser levado para casa; a fim
de justificar a impossibilidade de atendimento do pedido, o pai lembrou ao filho que aquele animal
exigia uma especial alimentação; isto foi suficiente para a criança, com pureza e simplicidade, dizer:
‖então, vamos levar este‖, apontando para uma jaula na qual se lia ―não dê comida ao animal‖.
Quanto menor for a idade das crianças, maior deverá ser o cuidado com a linguagem
empregada em sala de aula: assim, se o objetivo for propiciar aos alunos a percepção da diferença
entre as noções de perímetro e de área, devemos realçar, para perímetro, as ideias de percorrer,
linha, adição, medida em m; e, para área, as idéias de varrer, superfície, multiplicação e medida em
m2. .
Enfim, a linguagem matemática devido às suas características atuais, é muito útil; no entanto,
ela pode tornar-se um forte complicador para a aprendizagem da matemática e, por isso, demanda
especial atenção do professor. Uma sugestão que pode auxiliar alunos e professores é a organização
de um glossário de termos e símbolos, conforme este forem aparecendo nos estudos.
TEXTO 02 - A LINGUAGEM MATEMÁTICA
A Matemática é uma das ciências mais antigas da humanidade, pois por meio de suas
descobertas e modelos de ensino-aprendizagem da matemática é que você tem acesso, hoje, a
diferentes conhecimentos adquiridos pelo homem nos primórdios da humanidade.
Dessa forma, essa ciência tem características especiais, entre as ciências compartilhadas
globalmente; essas características vêm do fato que muitos autores, como Koch (2002), a consideram
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29
como uma disciplina autônoma, por outros como SAVIANI3 a concebem enquanto linguagem
universal para o conhecimento científico.
O fato é que cresce o impacto de seus métodos gerais e precisos na formulação e obteção de
resultados em quase todas as ciências e na tecnologia, em geral. Tradicionalmente, a matemática
tem servido como ferramenta que permite chegar rapidamente a resultados científicos, de outra forma
difíceis e obscuros; mais recente e mais profunda a sua capacidade de fornecer diretamente uma
visão interna da própria natureza do fenômeno.
Não por acaso os filósofos e matemáticos sempre andaram muito próximos, afinal, ao longo
dos séculos, a matemática tem sido e continua sendo um instrumento científico indispensável para a
expansão do conhecimento do homem e suas atividades. E, se antes a matemática se aplicava mais
frequentemente à física e a engenharia, hoje suas possibilidades se estenderam irreversivelmente a
áreas como economia, administração, biologia, química, medicina e as ciências do meio ambiente.
Esse fato se deve em grande parte ao amadurecimento científico da matemática, ao advento dos
computadores, que possibilitaram o desenvolvimento e a aplicação de eficientes métodos de análise
e resolução Matemática.
Segundo Savianni (1985) a linguagem matemática não utiliza somente números, expressos,
frações para se comunicar, ela recorre ao auxílio de inúmeros recursos linguísticos para poder
desenvolver esse processo comunicativo, dessa forma, um recurso usado na linguagem produzida
pelo homem é denominada de simbólica.
Essa forma de expressão se manifesta por meio de raciocínio lógico, comparação,
memorização, relação com elementos contidos e/ou no mundo e nas proposições teóricas dos
cientistas.
Um claro exemplo deste fato está na Tabela de símbolos matemáticos, a qual refere-se a um
conjunto de símbolos comumente utilizados nas expressões. Uma vez que os matemáticos estão
familiarizados com estes símbolos, eles não são explicados de cada vez que são usados. Assim, a
tabela que se segue lista muitos símbolos comuns, conjuntamente com os seus nomes, pronúncias e
campo da matemática com que se relacionam. Adicionalmente, a segunda linha contém uma
definição informal e a terceira um curto exemplo.
Símbolos lógicos e a linguagem matemática
Ao longo dos anos, os matemáticos foram criando símbolos, com a finalidade de exprimir com
clareza e brevidade sua linguagem escrita.
Com tempo, o conjunto de símbolos foi se ampliando e a matemática adquiriu uma linguagem
própria, de caráter universal.
Hoje, pessoas do mundo todo, independentemente de sua nacionalidade, utilizam os mesmos
símbolos matemáticos. Por exemplo, a sentença:
3 SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo, Cortez 1985.
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Agora, você irá por em prática os conteúdos discutidos nos
itens anteriores.
Atividades sobre os textos: Atentar para a
linguagem matemática e a linguagem matemática.
1) Explique em no máximo quatro parágrafos o significado e a importância dos números
amigos?
2) Retire dos dois textos vocábulos ou expressões que caracterizem a linguagem
matemática.
3) Redija dois textos explicativos sobre uma equação matemática, sendo que o primeiro
seja direcionado a um leitor proficiente, com uma linguagem culta, porém sem
rebuscamento, para um leitor sem conhecimento cientifico, um leitor comum e o
segundo a um leitor de textos científicos (um especialista na área).
4) Explique a idéia principal do texto 01 e do 02.
5) Quais são as dificuldades do professor quanto ao ensino e aprendizagem da
matemática?
Vou pensar
6) O que caracteriza a linguagem matemática.
Agora, você irá estudar a linguagem literária e não literária
e como distinguir uma da outra.
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1.5. Linguagem literária e não – literária
A linguagem literária é rica em figuras (palavras de sentido figurado), comparações,
em que as palavras adquirem sentidos mais amplos do que geralmente possuem.
Na linguagem literária há uma preocupação na escolha e disposição das palavras, que
acabam dando vida e beleza a um texto.
Na linguagem literária conta muito a escolha do tema e a originalidade de expressão.
A linguagem não - literária é objetiva, preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a
palavra num sentido utilitário, sem preocupação artística. Geralmente, recorre à ordem
direta (sujeito, verbo, complementos).
Observe a linguagem nos textos a seguir:
Ex.: Texto 01 No hospital da cidade de Marabá, em plena
Amazônia, uma menina da qual se conhece apenas o primeiro nome, Rosália, dá entrada na emergência. Ela está em coma, tem vestes rasgadas, o rosto dilacerado [...] Rosália tem apenas 13 anos. Ela havia sido aliciada por dois homens a entrar clandestinamente no garimpo de Serra Pelada. Em troca de algum dinheiro, iria manter relações sexuais com dois garimpeiros. Isso fora o combinado.
Mas os fatos se sucederam de forma diferentes. Ao entrar no garimpo – onde até então não era permitida oficialmente a entrada de mulheres –, Rosália foi forçada a manter relações sexuais com mais de 30 homens, num só dia. Completamente desfigurada, em coma e com violenta hemorragia interna, ela foi lavada às pressas para o hospital de Marabá. Não houve jeito. Quatro horas depois, a pequena adolescente morria, deixando atrás de si mais do que a história de uma criança prostituída e sexualmente violentada na Amazônia brasileira.
A história de Rosália, uma menina das ruas de marabá, registrada pelo posto policial da cidade, no fundo é idêntica à de dezenas de milhares de outras meninas e meninos do Brasil entregues à prostituição. Com maior ou menor grau de violência, suas histórias constituem um dos aspectos mais cruéis e dolorosos da geração de rua do país, uma das mais comuns brutalidades a que está exposta essa infância marginaliza.
REPORTAGEM especial, Revista Afinal, São Paulo, 13 out. 1987. p. 32.
Ex.: Texto 02 Pequena crônica policial
Mário Quintana
Jazia no chão, sem vida, E estava toda pintada ! Nem a morte lhe emprestara A sua grave beleza ..... Com fria curiosidade, Vinha gente a espiar-lhe a cara, As fundas marcas da idade, Das canseiras, da bebida ..... Triste da mulher perdida Que um marinheiro esfaqueara ! Vieram uns homens de branco, Foi levada ao necrotério; E quando abriam, na mesa O seu corpo sem mistério, Que linda e alegre menina
Você deve ter notado que os textos acima tratam do mesmo tema, porém os autores
utilizam linguagens diferentes. Qual o tipo de linguagem é usada em cada exemplo? Antes
de prosseguir a leitura, anote no espaço abaixo o seu entendimento.
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ANOTAÇÕES
AGORA OBSERVE:
No texto 1, o autor preocupou-se relatar um crime contra uma
adolescente, usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupação
artística.
No texto 2, o autor trata do mesmo tema, mas com preocupação literária,
artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com sua maneira própria de
se expressar, utiliza uma linguagem lírica e serve-se ainda de eufemismos que
acabam por atenuar a figura trágica da vítima, fortalecendo o lirismo (Jazia no
chão, sem vida,/ E estava toda pintada !/ Nem a morte lhe emprestara/ A sua
grave beleza).
Atividades
A partir dos textos I e II, abaixo, produza dois textos expondo as suas opiniões sobre o
amor, sendo que você deverá escrevê-los em duas modalidades: a primeira literária e a
segunda não literária.
TEXTO I
TERNURA
(Vinicius de Moraes)
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
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Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o
olhar
[ extático da aurora.
Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa",
Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.
TEXTO II
ONDE ESTÁ O AMOR?
Estamos à procura do amor e não o encontramos! Afinal, onde
está mesmo o amor? O amor é muito fácil de ser encontrado, pois reside
nas coisas mais simples que possamos imaginar. No sorriso de uma
criança, lá está o amor. No cantar dos passarinhos, lá está o amor. Na
beleza da natureza, lá está o amor. Na música, lá está amor. Na
solidariedade com o próximo, lá está o amor. Na partilha do dízimo, lá
esta o amor. No perdão, lá está o amor. No cuidar dos idosos, dos
doentes, dos deficientes, dos meninos de rua, lá está o amor. Na
preocupação com o avanço da prostituição infantil, lá está o amor. Na
erradicação do analfabetismo, lá está o amor. Na visita aos hospitais,
aos asilos, aos orfanatos, aos presídios, aos cemitérios, lá está o amor.
Nas religiões, lá está o amor. No combate aos vícios mortais, lá está o
amor. Na sinceridade das pessoas, lá está o amor. Na família – por
excelência – é o lugar propicio onde o amor deve estar
permanentemente. Viram como é fácil encontrar o amor ? Agora, que o
amor já foi encontrado, é só colocá-lo em prática. Basta acreditar na sua
força divina que as coisas boas que nós esperamos, começam a
acontecer naturalmente. E por que não vamos sempre ao encontro do
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amor ? Porque somos egoístas, mesquinhos. Preferimos ignorar o amor
que existe, e assim deixamos de espalhar o bem em favor de uma vida
melhor para todos.
Podemos fazer o que quiser, mas se não tivermos amor no
coração, de nada adianta. O amor não suporta briga, confusão, calúnia,
inveja, perseguição. O amor é paciente, compassivo, misericordioso.
Mas nada neste mundo é mais rejeitado do que o amor! Em razão disso,
vemos a humanidade mergulhada n o sofrimento, na angústia, na
penúria. Apesar de ser incompreendido, o amor não se curva diante das
adversidades, das atrocidades, das injustiças, da própria morte. Quando
nascemos, a nossa inocência se transforma no amor mais puro que
existe, pois somos obra de deus. Ninguém nasce embrutecido,
predestinado para matar, para roubar. Depois, aos poucos, começa um
duelo sem fim para sufocar o amor. E o amor resiste, não se entrega.
Sabe que a batalha é árdua, mas a vitória acontecerá fatalmente. O
amor trabalha incessantemente pela conversão dos maus, dos
perversos, na esperança, na esperança de transformá-los para
ganharem o Reino dos Céus.
Não precisamos olhar apenas para o Oriente médio – região
dominada pelo terror – para ver o que estão fazendo com o amor. Em
muitas famílias não é diferente, onde o amor também está em crise, não
encontrando espaço para amor, mas mesmo assim não desiste jamais
de sua missão, até implantar a paz, o entendimento, a reconciliação.
Este é o papel do amor! Perdemos muito tempo nesta vida sem valorizar
o amor. Quando nos dermos conta, estamos doentes, alquebrados, sem
forças para desfrutar das belezas desta terra, que ao longo da nossa
existência o amor nos preparou com tanto carinho e que não soubemos
aproveitar. Jogamos tudo fora! Fomos simplesmente estúpidos,
ignorantes, pensando que o poder, a prepotência, a arrogância, a
ganância, o dinheiro, a posição social, superassem o amor, a humildade.
Apesar dos pesares, de uma coisa podemos ter absoluta certeza: o amor
sofre, mas será sempre imbatível, vitorioso. Podem os sanguinários, os
carrascos, os torturadores, os fanáticos, os ―homens-bombas‖ fazerem o
que quiserem, mas o amor triunfará, pois é próprio Jesus cristo que
transformará este mundo de horror, de medo, de incertezas, num mundo
verdadeiramente repleto de amor e muita paz. Isso é possível, sim!
Façamos a nossa pare já, para começarmos a colher os resultados de
um novo advento que está a caminho!
Ferrari, Hugo Antonio. Onde está o amor ?. In: O Liberal. Belém, 04/09/2006.
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1.6. Funções de linguagem
Veremos a seguir, as seis funções básicas da linguagem. Entretanto, como afirma o
linguista Roman Jakobson, ―dificilmente lograríamos (...) encontrar mensagens verbais que
preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas
diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de
uma mensagem depende basicamente da função predominante‖. (JAKOBSON, Roman.
Linguística e comunicação. São Paulo, Cultrix, s.d.).
Isto é, em uma mesma mensagem verbal podemos reconhecer sempre mais de uma
função. Por outro lado, em toda mensagem prevalece uma das seis funções.
Atenção ao esquema sobre funções na próxima página. Ele
pode ajudar você a compreender melhor às funções da
linguagem.
a) FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA: O objetivo do emissor é influenciar o
comportamento do receptor levando a adquirir o produto. Sua intenção de comunicação
é persuadir o ouvinte ou leitor, fazendo-o mudar de ideia, provocando uma mudança em
seu comportamento, é uma função muito presente em nosso cotidiano.
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Ex.: propagandas de televisão, jornais, revistas e outdoor.
Apesar de não possuir nenhuma chamada escrita, a imagem em si carrega a mensagem,
apelativa ao espectador (o esquilo matando a sede com coca-cola, no deserto)
b) FUNÇÃO REFERENCIAL OU DENOTATIVA: É mais a comum das funções da
linguagem, que se volta para informação, para o próprio contexto. A intenção é transmitir
ao receptor dados da realidade de uma forma direta e objetiva, com palavras
empregadas em seu sentido denotativo. Quando isso ocorre, fica caracterizada a função
referencial ou denotativa.
Na função referencial, normalmente prevalece o texto escrito em terceira pessoa, como
nos casos de trabalhos científicos e noticiários jornalísticos. Isso significa que o texto
estará concentrado no referente, ou seja, naquilo de que se fala (a terceira pessoa
gramatical).
IMPORTANTE: O texto possui caráter inteiramente
informativo, é racional, desprovido de qualquer carga
subjetiva, percebe-se que por parte do produtor textual
não há preocupação com a reação do destinatário.
Ex.: Reportagens de textos (jornais e revistas).
No dia-a-dia, filhos de camponeses fazem uma matemática peculiar, ligada às
necessidades reais. Durante o plantio, desenvolvem noções de geometria ao traçar e dividir
canteiros. Fazem estatística e cálculo ao contar e separar sementes. Finanças, ao
estabelecer preços para a produção. Lidam com volume e proporção ao estipular
quantidades de adubo. Observam regularidades no crescimento e no formato das plantas.
Tudo ao seu modo, com linguagem própria e pouca formalidade.
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Na escola, essas crianças costumam levar um choque. A Matemática que lhes é
imposta mais parece grego. Trata dos mesmos temas, mas despreza a informação que vem
de casa. Tudo em nome do cumprimento de um currículo ultrapassado, abstrato, baseado
numa formalização proposta há mais de 2000 anos. O resultado não poderia ser outro. O
aluno cria aversão à disciplina, não vê utilidade no que é ensinado e, claro, vai mal.
Se você conhece esse fracasso, não se culpe — nem responsabilize o estudante.
"O equívoco é do modelo, não das pessoas", afirma o professor Luiz Márcio Imenes,
engenheiro civil, mestre em Educação Matemática e autor de livros didáticos. Segundo ele,
os erros são históricos. O principal deles: gastar 95% do tempo das aulas fazendo
continhas. "O ensino deve estar voltado à resolução de problemas", enfatiza. Felizmente,
muita gente boa está mudando esse quadro.
Há pelo menos duas décadas, educadores de todo o mundo, organizados no
chamado Movimento de Educação Matemática, criam estratégias, propõem currículos com
enfoques diferentes para os conteúdos, pedem a reintegração da geometria ao programa e,
sobretudo, a adoção de uma abordagem ligada ao cotidiano e vinculada às demais áreas do
conhecimento. Essa aproximação se consegue com o alinhamento da didática a idéias
como a do Programa Etnomatemática, formulado por Ubiratan D’Ambrósio, professor
emérito da Universidade Estadual de Campinas e professor de pós-graduação na
Universidade de São Paulo (USP), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na
Universidade Estadual Paulista.
Para D’Ambrósio, a sabedoria da criança do campo (ou da favela, ou de um bairro
rico) nunca pode ser desprezada. "Quando respeita esse conhecimento, o professor cria
vínculo, faz um pacto com o aluno e ergue uma ponte entre a realidade cultural e o ensino
formal, preparando o terreno para a formação do espírito científico", compara.
c) FUNÇÃO EMOTIVA: Expressa emoções, as reações de surpresa, ódio, impaciência,
decepção e sentimento do emissor (eu), também é usado o pronome e verbos na
primeira pessoa (eu, me, mim, comigo, meu minha).
Ex.:
―Vivi momentos de uma intensa beleza à noite, quando fazia passeios à proa do navio. (...) Numa
dessas noites, assisti pela primeira vez na vida a um espetáculo quase irreal, que muitos velhos
marujos ainda não tiveram a felicidade de ver: um arco-íris de lua. Em plena lua cheia, chovendo
ao sul, um fantástico arco-íris no céu...‖. (KLINK, Amyr. Cem dias entre o céu e o mar. 25 ed. Rio
de janeiro, José Olympio, 1985, p. 15.)
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d) FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: É a função presente no ato de falar sobre a linguagem,
ocorre metalinguagem quando se dá uma definição ou quando se explica ou se pede
explicação sobre o conteúdo da mensagem. Por extensão, fala-se em metalinguagem
quando um filme tem por tema o próprio cinema, uma peça teatral tem por tema o teatro.
Ex.:
“– Como é isso, seu Alexandre? – perguntou o cego. – A cascavel meteu o rabo entre as pernas?
Cascavel não tem pernas.
– Está claro que não tem – respondeu Alexandre. – Quando a gente diz que uma criatura mete o
rabo entre as pernas, quer dizer que ela se encolhe, capionga4, percebe?‖ (RAMOS, Graciliano.
O estribo de prata. In Alexandre e outros heróis Editora Record – Rio de Janeiro, 1981, p. 41)
e) FUNÇÃO FÁTICA: Em alguns casos percebe-se que a preocupação do emissor é
manter o contato com o destinatário, prolongando uma comunicação ou então testando o
canal de comunicação com frases do tipo ―vejam bem‖ ou ―folha...‖ ou ―compreende?‖.
Essa preocupação com o contato caracteriza a função fática da linguagem.
Ex.: ―- Olá! Como Vai? – perguntou o homem de olhos empapuçados.‖ (Graciliano Ramos).
f) FUNÇÃO POÉTICA: Quando a intenção do emissor está voltada para a própria
mensagem, quer na seleção e na combinação das palavras quer na estrutura da
mensagem, ocorre a função poética. Como afirma Roman Jakobson, a função poética
―coloca em evidência o lado palpável, material dos signos‖.
Ao selecionar e combinar de maneira particular e especial às palavras, o poeta procura
obter alguns elementos fundamentais da linguagem poética:
- o ritmo;
- a sonoridade;
- o belo e inusitado das imagens.
Ex.:
Poeminha do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho!
(Mário Quintana)
4 Capionga: indivíduo que tem defeito em uma das vistas.
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Atividades
1) Tanto a imagem como a poesia possuem um slogan mundialmente famoso: ―beba Coca-
Cola‖. Baseado em ambos, responda às seguintes questões:
a) Comente as funções da linguagem predominantes tanto na figura quanto no poema.
b) Você concordaria com a afirmação de que o poema ―Beba Coca-cola‖ é uma
―antipropaganda‖? Justifique sua resposta.
2) Aula de Matemática
Pra que dividir sem raciocinar Na vida é sempre bom multiplicar E por A mais B Eu quero demonstrar Que gosto imensamente de você Por uma fração infinitesimal, Você criou um caso de cálculo integral E para resolver este problema Eu tenho um teorema banal Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade Está resolvida a questão Prá finalizar, vamos recordar Que menos por menos dá mais amor Se vão as paralelas Ao infinito se encontrar Por que demoram tanto os corações a se integrar? Se infinitamente, incomensuravelmente, Eu estou perdidamente apaixonado por você
Antonio Carlos Jobim / Marino Pinto
No poema de Jobim predomina quais funções de linguagem:
a) referencial e metalinguística;
b) poética e emotiva;
c) poética, conativa e apelativa;
d) metalinguística, emotiva e fática;
e) fática, poética e denotativa.
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RESUMO
A língua portuguesa tem sua origem no tronco lingüístico latino, porém ao longo dos
séculos, passou por várias transformações, findando o uso do português arcaico durante o
século XVI, com o advento do que é considerada a fase moderna na língua.
O ―português‖ vai ser trazido para o Brasil durante essa fase, onde vai sofrer
influências de línguas nativas (o principal é o tupi) e das línguas de escravos negros (ioruba
e quimbundo), dando início a um caminho divergente aquele seguido pelo português
lusitano.
Sobre seu significado e importância, como língua, o português serve como principal
instrumento de comunicação das sociedades que o utilizam. A habilidade ímpar do ser
humano em decifrar signos faz da linguagem (escrita e falada) o meio supremo para a
interação entre indivíduos. No caso da língua portuguesa, esta tem diversidades grandes
especialmente no que concerne a seus níveis e funções.
Essas diferenças podem ser percebidas a partir do tipo de linguagem utilizada,
sendo esta literária ou não literária. A primeira é cheia de significações e comparações, e as
palavras adquirem um sentido mais abrangente. A segunda é um texto objetivo, utilitário.
Também existem as funções da linguagem, onde estão presentes as mensagens do
texto, e que abrangem a diversidade de signos que um texto pode ter. São elas: conativa,
denotativa, emotiva, metalingüística, fática e poética.
Quanto a relação entre linguagem e matemática, são analisadas as inferência e
interferências entre língua portuguesa e linguagem matemática, seja como forma de
trabalhar a comunicação dentro da sala de aula entre aluno e professor de matemática, seja
utilizando a linguagem da matemática para reavaliar a engenharia da produção de textos.
2. CONCEPÇÕES DE LEITURA
Ao final desta unidade, você estará apto a:
- Explanar as concepções de leitura e métodos;
- Compreender os processos de leitura;
- Utilizar com habilidade os recursos discursivos em situações práticas.
- Estabelecer comparação entre as várias formas de leitura.
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Oi! Tudo bem com você?
Hoje, começamos uma nova unidade e iremos
trabalhar o processo de leitura.
2.1. O que é ler?
Ler não é uma atividade simples como muitos pensam. Ler não é somente reconhecer
e valorizar as letras, as sílabas, as palavras de um texto. Pelo contrário, ler é muito mais que
isso. Ler é ver, é decodificar, é inferir, predizer, é levantar hipóteses, é confirmá-las ou negá-
las, é manipular pistas linguísticas do texto, é deduzir. Leitura, portanto, é uma atividade
bastante complexa, porque nela se envolvem, interativamente, vários tipos de
conhecimentos e de habilidades. A leitura exige muito trabalho intelectual do leitor, por isso
dizemos que a compreensão de um texto depende do desempenho intelectual do mesmo,
que passa a ter papel ativo durante esta atividade, interagindo com o seu interlocutor
(escritor), constantemente, na tentativa de reconstruir o sentido do texto que está lendo.
Kleiman (1989) nos alerta de que o ato de ler deve ultrapassar a mera decodificação,
extração de informações do material escrito em si, pois se escrever é externar, materializar
o pensamento para o trabalho dos interlocutores na produção conjunta do sentido do texto,
ler passa a ser a atividade de construção desta significação (o leitor ativa seus
conhecimentos prévios e testa-os para a confirmação), ou seja, o leitor atribui sentido à
materialidade produzida, opera com pistas e constrói hipóteses de acordo com suas
experiências anteriores de leitura.
2.2. Afinal o que é leitura?
A etimologia da palavra leitura se familiariza com o verbo ―colher‖ no sentido de
juntar os frutos no cesto. O verbo no latim ‖legere‖ que originou a palavra ler em português
significa reunir, juntar, colher, apanhar. Desse modo, assemelha-se a pelo menos um dos
sentidos do grego que é o de ―contar‖, na dupla acepção de ―somar‖ e ―narrar‖.
Mas como uma palavra não é definida apenas pela sua etimologia, faz-se
necessárias explicações no campo semântico para a formação de uma ideia mais completa.
O que é leitura? É uma pergunta com alto grau de complexidade, o que envolve uma
infinidade de possibilidades de respostas.
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Para conceituar leitura, não basta consultar num dicionário o significado da palavra;
visto que ler envolve várias coisas como: práticas e experiências do leitor (o que chamamos
de conhecimento prévio). Assim ler é considerar aquilo que envolve o mundo do leitor.
O conceito de leitura é polissêmico, isto é, possui vários sentidos. E entre os
numerosos sentidos a leitura como decodificação dos signos linguísticos é um dos sentidos
mais restritos que existe. Em resumo, é comum associar a leitura a um processo de
decodificação de textos, frases, palavras, em sons ou sequências de sons.
A leitura, no seu sentido amplo é ―a atribuição de sentidos‖. O que nos mostra que ler
nem sempre está ligado aos domínios do código linguístico, visto que se pode dar sentido
tanto a um texto escrito como a um oral.
Podemos ler qualquer manifestação da linguagem. A leitura é acompanhada pela
diversidade da linguagem, essa está presente na poesia, nas obras artísticas, nos animais,
nos jornais, na expressão corporal e gestual, nas pichações, nas latinhas de refrigerante
Podemos ler as mais variadas situações do cotidiano, um ambiente, uma pessoa; desde que
esses elementos façam algum sentido para nós. A leitura de um texto escrito também
funciona assim. Se o texto for interessante e se ligar as nossas experiências, o ato de ler vai
além da decifração dos sinais e deixa de ser um gesto puramente mecânico.
Ler se torna um processo complexo, visto que os problemas que o envolvem são os
mais variados, de ordem semânticos, culturais, filosóficos e inclusive, fonéticos.
A leitura é muito importante na vida das pessoas, porquanto é através dela que o
leitor adquire conhecimento. A leitura é sinônimo de entretenimento, diversão e também
uma fonte de prazer. Quando estamos sozinhos ou até mesmo solitários, a leitura também é
sinônimo de companheirismo. É a leitura que transmite as informações necessárias para o
cotidiano como escrever um recado, ler as instruções de um eletrodoméstico, ler um livro de
poesia, enfim, ter acesso ao mundo letrado. Quem lê bastante apresenta um vocabulário
mais rico, compreende melhor a estrutura gramatical e as normas ortográficas da língua
portuguesa. Além disso, os bons leitores têm melhores chances de escrever bem, já que a
leitura fornece a matéria-prima para a escrita.
Ler também é uma forma de libertar-se, de olhar o mundo por um novo ângulo, de
conquistar autonomia.
―Uma vez alfabetizada, a maioria das pessoas se limita à leitura com fins
eminentemente pragmáticos, mesmo suspeitando que ler significa interar-se com o mundo,
sendo também uma forma de conquistar autonomia, de deixar de ler pelos olhos de outrem‖.
(Martins, 1988, p. 23)
Um bom livro, uma boa leitura molda a nossa vida e influencia fortemente o nosso
comportamento e nossa forma de ver o mundo. E não é exagero dizer que aqueles que
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adquirem conhecimentos têm mais oportunidades de se lançar a este mundo tão competitivo
e excludente.
2.3. Concepções de leitura e métodos
Analisaremos agora as concepções de leitura, além dos diversos métodos para a
leitura e compreensão de um texto.
a) CONCEPÇÃO CLÁSSICA
A leitura consiste em emprestar voz às palavras, identificando todas as letras,
pronunciando corretamente todas as sílabas e as palavras. Isso equivale dizer que ler
consiste em dominar perfeitamente os mecanismos de base, que caracterizam a
combinatória do bê-á-bá. (Daniel Coste, 1874:40)
Admitindo-se tal concepção, acredita-se que, durante a leitura, os olhos percorrem
linearmente o enunciado, em um movimento uniforme e contínuo, da esquerda para a direita
identificando cada elemento da escrita. A compreensão seria a última etapa desse processo.
b) CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA
Estudos de Fisiologia e de Psicologia da Percepção já comprovaram que nem sempre
ler é um processo linear e contínuo, já que os olhos param e voltam atrás. Isso ocorre
porque os olhos são guiados pela busca de sentido. Estudos referentes à leitura,
desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento, confirmam que a leitura é uma
atividade de reconstrução de sentido, guiada pelo processo de compreensão. A
compreensão de sentido permeia todo o processo de leitura. Neste caso, a compreensão é
a base e não a consequência da leitura.
Para Lajolo (1982: 59), ler não é decifrar, como se o sentido de um texto fosse um jogo
de adivinhações. Ler é ser capaz de atribuir um significado ao texto, partindo do próprio
texto, de tal modo que cada leitor consiga relacioná-lo a todos os outros significados, seja
capaz de reconhecer nele o tipo de leitura que o autor pretendia e possa, depois, dono da
própria vontade, entregar-se à leitura ou rebelar-se contra ela.
c) OUTRAS CONCEPÇÕES TEXTO/LEITURA
―Um texto quer que alguém o ajude a funcionar‖. (Umberto Eco)
―A leitura do mundo sempre precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a
continuidade da leitura daquela‖. (Paulo Freire)
―Ler é está atento e observar o mundo que nos cerca‖ (Anita Andreatti)
Portanto, a leitura é um processo cognitivo (mental) que opera com a memória, com o
conhecimento e com a capacidade do leitor de fazer inferência.
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A leitura exige muito trabalho intelectual do leitor, por isso dizemos que a compreensão
de um texto depende do desempenho intelectual do leitor que passa a ter um papel ativo,
durante a leitura. Ele interage com o seu interlocutor (escritor) constantemente, na tentativa
de (re)construir o sentido do texto.
2.4. Leitura como processo de interação entre leitor e texto
A atividade de leitura consiste na interação à distância entre o leitor e o autor. O leitor
constrói, e não apenas recebe, um significado global para o texto; ele procura pistas ,
formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões. Porém, não há reciprocidade
com a ação do autor, que busca, essencialmente, a adesão do leitor, apresentando para
isso, da melhor maneira possível, os melhores argumentos, a evidência mais convincente de
forma mais clara possível, organizando e deixando nos textos pistas formais a fim de facilitar
a consecução de seu objetivo.
Mediante a leitura estabelece-se uma relação entre leitor e autor que tem sido definida
como de responsabilidade mútua. Decorre disso que ir ao texto com ideias preconcebidas,
inalteráveis, com crenças imutáveis, dificulta a compreensão quando estas não
correspondem àquelas que o autor apresenta, pois nesse caso o leitor nem sequer
consegue reconstruir o quadro referencial através das pistas formais.
O autor deve ser informativo, claro e relevante. Deve deixar pistas suficientes no seu
texto a fim de possibilitar ao leitor a reconstrução do caminho que ele percorreu. Já o leitor
deve acreditar que o autor tem algo relevante a dizer no texto, e que dirá de forma clara e
coerentemente.
Abaixo, você verá um exemplo de interatividade:
Leitura como processo cognitivo e interativo
Leitura é um ato de interação (entre aquele que lê e aquele que escrevi).
Leitura enquanto ato cognitivo = é atribuição, compreensão de sentidos envolve o sistema cognitivo.
Leitura = concepção (memória; estabelece relações, cria oportunidades, dá pistas, dicas, etc.)
Leitura = concepção (leitura de mundo – ideologia; a leitura de mundo antecede a palavra).
Leitura = aparato teórico metodológico (sentido acadêmico)
Leitura = aprendizagem do código escrito (decodificar, alfabetizar, soletrar, ler em voz alta, etc)
POESIA MATEMÁTICA (Millôr Fernandes)
As folhas tantas
Do livro de matemática
Um quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
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Por uma incógnita
Olhou-a com o seu olhar inumerável
E viu-a do ápice a base
Uma figura impar
Olhos rombóides, boca trapezóide
Corpo octogonal, seios esferóides
Fez da sua vida
Uma vida
Paralela à dela
Até que se encontraram
No infinito
―Quem és tu?‖ indagou ele
Com ânsia radical
Eu sou a soma dos quadrados dos catetos
Mas pode me chamar de Hipotenusa
E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde às almas
irmãs,
Primos entre si.
E assim se amaram
Retas, curvas, círculos e linhas senoidais
Nos jardins da quarta dimensão
Escandalizaram os ortodoxos das formulas
euclidianas
E os exegetas do universo finito
Romperam convenções newtonianas e
pitagóricas
E enfim, resolveram se casar
Constituir um lar
Em uma perpendicular
Convidaram os padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz
E fizeram planos, equações e diagramas para o
futuro
Sonhando com a felicidade
Integral
E diferencial
E se casaram e tiveram uma secante e três
cones
Muitos engraçadinhos.
Atividades
Você não sabe o que paródia? Não acredito! Espere
um momento irei lhe ajudar auxiliado pelo meu
amigo Aurélio.
Bem, ele diz que paródia é uma versão cômica de
uma situação literária. Agora que você sabe o
significado de paródia, mãos a obra!
Segundo Massoud Moisés (1985:388), paródia é o nome que se dá a toda
composição literária que imita o tema ou a forma de uma obra séria, quer explorando
aspectos cômicos, quer expondo aspectos satíricos. Seu objetivo é ridicularizar um estilo ou
uma tendência dominante.
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Entre paráfrase, paródia e estilização os limites são assim estabelecidos: a paráfrase
caracteriza-se com um desvio mínimo, a paródia como desvio total e a estilização como um
desvio tolerável. (Sant‘Anna, 1985:38).
A seguir um exemplo de paródia de Oswald de Andrade (1981:41)
CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Coimbra, julho de 1843 Gonçalves Dias. In Primeiros Cantos, 1846
Trad. do texto de Goethe: Manuel Bandeira
CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA
Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo
Oswald de Andrade. In Pau-Brasil, 1925
1) Com base na Poesia Matemática, desenvolva uma paródia.
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AGORA VOCÊ LERÁ SOBRE O PROCESSO DE LEITURA
2.5. Compreendendo o processo de leitura em suas várias dimensões
Frank Smith (1986) psicolinguísta norte-americano, estudando a leitura, mostra que
gradativamente os pesquisadores da linguagem passam a considerá-la como um processo,
no qual o leitor participa com uma aptidão que não depende basicamente de sua
capacidade de decifrar sinais, mais de sua capacidade de dar sentido a eles, compreendê-
los e do que está sendo lido. Mesmo em se tratando da escrita, esse procedimento está
mais ligado a experiência pessoal, a vivência de cada um do que ao conhecimento
sistemático da língua.
Desta feita, a leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual for) e começa antes do
contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero codificador passivo
ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convive
passa a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a
um texto implica sempre levar em conta a situação de um texto e de seu leitor. E a noção de
texto aqui também é ampliada, não mais fica restrita ao que está escrito, mais se abre para
englobar diferentes linguagens.
Considerando as colocações acima, a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com
o objeto lido - seja escrito, sonoro, seja em gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse
diálogo é referenciado por um tempo e um espaço; uma -situação; desenvolvido de acordo
com os desafios e as respostas que o objeto apresenta, em função de expectativas e
necessidades, do prazer das descobertas e do reconhecimento de vivências do leitor.
Também o sustenta a intermediação de outro(s) leitor (es). Aliás, o papel do educador na
intermediação do objeto lido com o leitor é cada vez mais repensado; se, os discentes lerem
para/e ou pelo educando, ele passará a ler com, certamente ocorrerá o intercâmbio da
leitura favorecendo, a ambos, trazendo novos elementos para um e outro.
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Assim, o significado da palavra "leitura", em todos estes sentidos, depende de tudo
que está ocorrendo - não somente do está sendo lido, mas do porquê de um determinado
leitor estar lendo.
O mundo da leitura tem muitas facetas. Ler é uma atividade voluntária inserida num
projeto individual e/ou coletivo. Na diversidade de situações sociais com que se defronta, o
leitor deve mobilizar estratégias adequadas, de acordo com sua intencionalidade no ler.
Ironicamente, a única estratégia ensinada pela escola - a oralização de escrita revela-se
pouco eficaz em todas as situações de leitura do mundo contemporâneo. É importante
tentar então precisar a que correspondem estas diferentes situações de leitura.
José Juvêncio Barbosa (1992) distingue, nas situações possíveis, seis grandes grupos:
leitura de informação, leitura de consulta, leitura para ação, leitura de reflexão, leitura de
distração e leitura da linguagem poética.
a) LEITURA DE INFORMAÇÃO - é a situação de comunicação por excelência, que
aparece cada vez mais que uma mensagem é visada a fim de, complementar uma
lacuna no nosso conhecimento sobre aspectos da vida cotidiana, por exemplo. É a
leitura informativa dos jornais, revistas, instruções diversas, coletas de dados para fins
utilitários, normas, regimentos, etc. Atividade do leitor aqui é tomar conhecimento do
conteúdo da mensagem, sem preocupação de registro duradoura da informação. Esse
tipo de mensagem requer uma leitura rápida e precisa' sem qualquer envolvimento
afetivo pessoal.
Exemplo:
SOMOS AMAZÔNIDAS Por João Augusto de Oliveira*
Nada contra culturas e valores outros; muito pelo contrário, se possível fosse, deveríamos
conhecê-las todas.
No entanto, temos que primeiro conhecer, exaltar e gostar das coisas que esta nossa
portentosa Amazônia nos oferece, como que um presente dos céus.
Devemos não só apreciar, mas difundir as qualidades e variedades de nossos alimentos,
representados pelos inigualáveis frutos, peixes, mariscos, carnes, quelônios, etc. Nossas
verdadeiras ―especiarias‖, como o açaí, a bacaba, o tucumã, o bacuri, o cupuaçu, a pupunha, o
piquiá, a mandioca, esta nos oferecendo a substancial farinha (de diversos tipos), subprodutos
como o tucupi, a croeira e o polvilho. E, ainda, o tacacá, a maniçoba e o pato no tucupi.
Por que não assumir os hábitos gostosos e puros da vida cabocla, mesmo não nos
distanciando do atual, do moderno, já que muitos consideram ser caboclo um atraso ?
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Vamos nos posicionar contra esta postura preconceituosa existente contra nós. Até as
lendas e estórias da Amazônia, são tratadas pejorativamente. De outras ―paragens‖, vem com o
nome pomposo, solene e respeitável de mito. Aqui são estórias ―pra boi dormir‖.
Até o nosso açaizeiro foi homenageado no maranhão, com o município de Açailândia. E
nós aqui? nos lembramos tão pouco da nossa história ......
Sabemos, sim, que muitas homenagens prestamos para figuras que nada tem a ver
conosco, com exceções. Não fora nossos compositores, cantores, artistas, historiadores,
jornalistas e escritores, a memória do Pará e da Amazônia estariam muito pior. Por isso,
lamentamos a todo instante esta conduta de desamor pelas nossas coisas, e proclamamos o
orgulho de ser caboclos.
Enquanto nós não apercebemos de onde estamos, o que representamos e o que somos,
―levas‖ de estrangeiros se ―embrenham‖ pela Amazônia às vezes de forma ilegal estudando,
pesquisando, passeando, admirando as coisas fantásticas que temos.
Em uma reunião, alguém começar a narrar uma daquelas estórias ―fantásticas‖, como a da
matinta pereira, boto, cobra d‘água, cobra grande, etc, ou coisas da região, é o melhor ―remédio‖
para desmanchar ―roda‖, pois começam a sair de ―fininho‖, com desculpas das mais
esfarrapadas.
Mas se o papo versa sobre chimarrão ou saci pererê, olha! Aparece tanta gente para
dissertar sobre os pampas, que causaria inveja a qualquer gaúcho.
Sabem quantos de nós se ―atreve‖ a dizer que gosta de mingau, ou que com ele foi ―criado‖
? e que quando criança comeu chibé ? nenhum. Salvo as honrosas exceções, claro.
Vamos nos assumir, com orgulho, porque o mundo sempre esteve de ―olho‖ na gente, e
muitos dariam tudo para estar em nossos lugares.
*O autor é membro da Academia Paraense de Jornalismo
b) LEITURA DE CONSULTA - É utilizada todas as vezes que procuramos uma informação
pontual num conjunto complexo de informações: dicionário, enciclopédia, guias de
endereços, catálogos etc. Muitas vezes a leitura de informação pode tornar esse
aspecto, desde que procuremos uma informação precisa, sem dar importância para o.
restante do conteúdo da notícia ou da informação. É um tipo de leitura muito particular,
que exige uma exploração visual específica e seletiva, dissociada da compreensão
global do texto. Toda a atenção perceptiva obedece à intenção de localizar informação
visada.
Ex.: Atlas, enciclopédias, dicionários.
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c) LEITURA PARA AÇÃO - É extremamente frequente e mecânica; antecede,
orienta ou modifica um comportamento ou ação; necessariamente, não exige
uma formulação mental, bastando que o leitor coordene leitura e ação. Como a
compreensão da mensagem deve se traduzir numa atuação, trata-se de uma
leitura rápida seletiva, de lançar os olhos. É a leitura de placa de sinalização, e
avisos, de instrução. É também a leitura de cartazes de rua, das receitas de bolo,
dos manuais técnicos de montagem etc.
Ex.: Placas de Trânsito, ou placas de advertência.
d) LEITURA DE REFLEXÃO - É uma leitura mais densa, caracterizada por momentos de
apreensão do conteúdo do texto e momento de pausa na leitura. O ato de ler toma uma
forma silenciosa, integral, com retornos constantes para retomada de ideias já
desenvolvidas. É uma leitura de "estagio, normalmente relacionada ao trabalho
intelectual e aos estudos superiores: teses, obras filosóficas, literárias, etc‖.
Ex.:
―Muitos pensam que a pesquisa científica é uma atividade puramente racional, na qual o
objetivismo lógico é o único mecanismo capaz de gerar conhecimento. Como resultado,
os cientistas são vistos como insensíveis e limitados, um grupo de pessoas que
corrompe a beleza da Natureza ao analisá-la matematicamente. Essa generalização,
como a maioria das generalizações, me parece profundamente injusta, já que ela não
incorpora a motivação mais importante do cientista, o seu fascínio pela Natureza e seus
mistérios. Que outro motivo justificaria a dedicação de toda uma vida ao estudo dos
fenômenos naturais, senão uma profunda veneração pela sua beleza? A ciência vai
muito além da sua mera prática. Por trás das fórmulas complicadas, das tabelas de
dados experimentais e da linguagem técnica, encontra-se uma pessoa tentando
transcender as barreiras imediatas da vida diária, guiada por um insaciável desejo de
adquirir um nível mais profundo de conhecimento e de realização própria. Sob esse
prisma, o processo criativo científico não é assim tão diferente do processo criativo nas
artes, isto é, um veículo de autodescoberta que se manifesta ao tentarmos capturar
nossa essência e lugar no universo.‖
(GLEISER, Marcelo. A dança do universo. São Paulo: Cia. das Letras, p. 17)
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51
e) LEITURA DE DISTRAÇÃO - Contrariamente à leitura de reflexão ou de busca de
informação, o objetivo aqui é o relaxamento, a aventura, o passar o tempo. É a leitura
que coloca em jogo uma disponibilidade afetiva, emocional e encontra certa resistência,
herdada de uma sólida tradição escolar, por se tratar de uma leitura sem objetivos
culturais ou educativos. É a leitura do puro prazer, mais exige do leitor um domínio
perfeito do ato de ler; o leitor não deve despender esforço algum para sua efetivação.
Ela pode tomar a forma da leitura para espantar o tédio das salas de espera, dos
percursos das viagens e etc. É a leitura desinteressada.
Ex.:
Quadrinhos geralmente são considerados como leituras voltadas somente para a
distração, como os da turma da Mônica
(de Maurício de Souza).
A série de livros ―Comédias da vida privada‖, de Luís Fernando Veríssimo, se enquadra
na literatura de humor, sendo esta considerada como leitura de distração.
f) LEITURA DA LINGUAGEM POÉTICA - É aquela em que o leitor, além de visar o
conteúdo veiculado pelo texto, busca se deleitar com a sonoridade das palavras. É, por
exemplo, a leitura da poesia cujo prazer do conteúdo está ligado também ao prazer da
forma, a dimensão musical das palavras ou do texto. Uma primeira leitura em silêncio
permite ao leitor elaborar o conteúdo que orienta a entonação, ritmo e sonoridade. O ato
de ler toma uma forma; lenta a fim de tomar possível seja uma vocalização efetiva seja
uma pronúncia interior acentuada.
Ex.:
Poema em linha reta
Fernando Pessoa
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
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52
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida
Retirado de ―O Guardador de rebanhos e outros poemas‖, Cultrix, 1993, p.193)
Você tem como herança também o hábito de distinguir, nas diversas situações de
leituras, aquelas consideradas mais "nobres", vistos como as que atendem as verdadeiras
finalidades do ler, daquelas consideradas suspeitas por seu caráter utilitário ou alienante ou
não consideradas nem mesmo como leitura.
É preciso ter presente, entretanto, que a leitura é sempre uma elaboração da
informação, variando somente a intenção que o leitor deposita numa situação e noutra. É
em uma função do que o leitor projeta que ele seleciona as informações mais adequadas
para concretizar o seu projeto, quer se trate de um jornal, poema, legenda de um filme, tese,
revistas, ou receitas de cozinha, ler é uma atividade que se inscreve num interior do projeto;
é por isso que a leitura é flexível, múltipla, sem uma hierarquia preestabelecida que defina
uma leitura melhor de que as outras. Aprender a ler é aprender a explorar um texto, lenta ou
rapidamente, dependendo da intenção do leitor.
Uma situação de aprendizagem privada da relação que a leitura tem com o projeto ou
intenção do leitor deixa de lado a característica fundamental da leitura: a intencionalidade do
leitor.
Atividades
1) De acordo com a visão de Juvêncio Barbosa (1992) no texto ―compreendendo o
processo de leitura em suas várias formas‖, há seis grandes grupos de diferentes
situações de leitura. Explique e exemplifique pelo menos três desses grupos, utilizando
como base, além do material utilizado em sala, outras referências bibliográficas..
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53
2) Que tipo de leitura está ocorrendo quando um professor de matemática está preparando
uma aula? Justifique sua resposta utilizando outras referências bibliográficas além do
material utilizado em sala de aula.
Texto complementar
A VIDA EM SOCIEDADE
Na vida em sociedade, dependemos uns dos outros para viver e também para evoluir, seja
do ponto de vista material ou espiritual. Assim, quem vive em sociedade – como você – não
pode isolar-se, alienar-se: precisa estar bem integrado no mundo.
Para isso, o primeiro passo é informar-se, entender o mundo em que vivemos. Só depois de
entendê-lo é que poderemos opinar sobre as coisas e tentar mudar o que você acha errado.
Mas o mundo é tão complexo e há tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo! Por isso,
para entendê-lo, precisamos observar tudo o que ocorre à nossa volta e, principalmente ler,
ler de tudo:
a. Textos informativos em jornais e revistas (eles nos dizem como o mundo é);
b. Textos opinativos, neles estão expressos opiniões sobre o que acontece no mundo;
c. E também textos ficcionais, como romances e poemas, que são fruto da imaginação
humano (eles nos apresentam um mundo fictício, imaginário, mas que nos faz refletir sobre
o mundo real).
Lendo todos os tipos de texto, nos informamos e nos educamos a ter nossas próprias idéias
e opiniões sobre o mundo. Com o hábito da leitura, desenvolvemos também a capacidade
de produzir nossos próprios textos. Assim, ficará mais fácil transmitir nossas idéias e
opiniões para os leitores ou ouvintes.
Quem não tem ideia, quem não tem opinião, não tem o que falar!
Você irá ler, agora, um texto do jornalista Gilberto Dimenstein.
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PAZ SOCIAL
Está provado que a violência só gera mais violência. A rua serve para a criança
como uma escola preparatória. Do menino marginal esculpisse o adulto marginal,
talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de
vida:
Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto
abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em
que todos são, em menor ou maior escala, vítimas. São vítimas de uma sociedade
que não consegue garantir um mínimo de paz social.
Paz social significa poder andar na rua sem sei' incomodado por pivetes. Isso
porque num país civilizado não existe pivete. Existem crianças desenvolvendo suas
potencialidades. Paz é não tel medo de seqüestradores. E nunca desejar comprar
uma arma para se defender ou querer se refugiar em Miami. É não considerar
normal a idéia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança.
Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a
rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro
do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender
chiclete ou pedir esmola.E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país
de Terceiro Mundo.
(DIMENSTEIN
5, Gilberto. O cidadão de papel - o Infância, a adolescência e os Direitos 'Humanos no Brasil. 16a
edição. São Paulo Ática, 1999 p 53)
5 Gilberto Dimenstein
Um dos jornalistas brasileiros de maior renome internacional. Formado na Fundação Cásper
Líbero, atua como colunista da Folha de S.Paulo e é integrante do Conselho Editorial do jornal. Foi diretor da sucursal de Brasília, chefe da Agência de Notícias e tem passagens pelo Jornal do Brasil, Correio Brasiliense, pela Revista Visão e pelo jornal Última Hora. Hoje atua também como comentarista da rádio CBN.
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Sobre o texto
Você diria que o texto "Paz social" é Informativo, opinativo ou fruto da fantasia humana? Por quê? 2.6. Conceituação de texto
É muito importante, para compreender o processo
de leitura, a compreensão do que vem a ser o
objeto lido, ou seja, o texto. Mas, o que vem a ser
um texto? Você sabe?
O termo “texto” tem sido conceituado de maneiras
diversas. Ele pode ser tomado em duas acepções: o
sentido lato e o restrito. a) Em sentido lato: texto é toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser
humano - um romance, um poema, um filme, uma pintura, uma escultura - isto é,
qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos. Em se
tratando de linguagem verbal, tem se o discurso, atividade comunicativa de um locutor,
numa situação de comunicação determinada.
b) Em sentido estrito: qualquer passagem falada ou escrita, capaz de formar um todo
significativo independente de sua extensão (Koch, 1996) unidade linguística básica, já
que as pessoas têm para dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas.
São textos (Val, 1991).
2.7. Textualidade:
Textualidade é o conjunto de características que faz de uma seqüência
lingüística um texto e não um amontoado aleatório de frases ou palavras. A
seqüência é percebida como um texto quando aquele que a recebe é capaz de
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56
compreendê-la como uma unidade significativa global. Essa unidade é garantida.
Através dos fatores pragmáticos (unidade sócio-comunicativa), semânticos
(coerência) e formais (coesão), como veremos a seguir:
2.7.1. Sócio-comunicativa:
Antes de qualquer coisa, um texto é uma unidade de linguagem em uso, cumprindo
uma função identificável num dado jogo de atuação sócio-comunicativa. Tem um
papel determinante em sua produção e recepção de uma série de fatores
pragmáticos. Eles são cinco: intencionalidade, aceitabilidade, situcionalidade,
informatividade e intertextualidade.
a) A INTENCIONALIDADE (emissor): concerne ao empenho do produtor em construir um
discurso coerente. Coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa
determinada situação sócio comunicativa. A meta pode ser: informar, ou impressionar,
ou alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender etc. E é ela que vai orientar a confecção
do texto.
b) A ACEITABILIDADE (receptor): que concerne à expectativa do recebedor de que o
conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e
relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do
produtor.
c) A SITUCIONALIDADE (contexto): que diz respeito aos elementos responsáveis pela
pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do
texto à situação sócio comunicativa. Por exemplo, as placas de trânsito que são mais
apropriadas à situação específica que são usadas, do que um longo texto explicativo e
persuasivo que os motoristas sequer tivessem tempo de ler.
d) A INFORMATIVIDADE: O interesse do recebedor pelo texto vai depender do grau de
informatividade de que o último é portador. Um discurso menos previsível, por exemplo,
é mais informativo, porque a sua recepção, embora mais trabalhosa, resulta mais
interessante, mais envolvente. Entretanto, se o texto se mostrar inteiramente - inusitado,
tenderá a ser rejeitado pelo recebedor, que não conseguirá processá-lo. Assim, o ideal é
o texto se manter num nível mediano de informatividade, no qual se alternam
ocorrências de processamento imediato, que falam do conhecido, com ocorrência de
processamento mais trabalhoso, que trabalham a novidade.
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e) A INTERTEXTUALIDADE: Concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto
depende do conhecimento de outro(s) texto(s). De fato, "um discurso não vem ao mundo
numa inocente solicitude, mas constrói-se através de um já dito em relação a qual ele
toma posição. Inúmeros textos só fazem sentido quando entendidos em relação a outros
textos, que funcionam como seu contexto, isso é verdade tanto para a fala coloquial em
que se retomam conversas anteriores, quanto para os pronunciamentos políticos ou o
noticiário dos jornais, que requerem o conhecimento de discursos e notícias já
divulgadas, que são tomados como ponto de partida ou são respondidos‖.
2.7.2. Semântica:
A segunda propriedade básica do texto é o fato de ele construir uma unidade
semântica. A unidade semântica constitui um todo significativo, ou seja, a relação textual
existente entre as unidades lexicais proporciona as orações mantenham entre si uma lógica
que irá se manifestar desde o vocábulo até parágrafo desenvolvendo entre um paralelismo
formal, estrutural, sequencial de enredo.
Para tanto é necessário que se estabeleça também o processo da coesão e coerência
textuais.
A COERÊNCIA, fator responsável pelo sentido do texto, resulta da configuração que
assumem os conceitos e relações subjacentes à superfície textual. É considerado o fator
fundamental da textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Um discurso é
aceito como coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o
conhecimento de mundo do recebedor. Essa questão é fundamental. O texto não significa
exclusivamente por si mesmo. Seu sentido é construído não só pelo produtor como também
pelo recebedor, que precisa deter os conhecimentos necessários à sua interpretação. O
produtor do discurso não ignora essa participação do interlocutor e conta com ela. É fácil
verificar que grande parte dos conhecimentos necessários à compreensão dos textos não
vem explícita, mas fica dependente da capacidade de pressuposição e inferência do
recebedor.
2.7.3 Formal:
Finalmente o texto se caracteriza por sua unidade formal material. Seus constituintes
linguísticos devem se mostrar reconhecivelmente integrados, de modo a permitir que ele
seja percebido como um todo coeso. COESÃO, portanto, é o modo como os
componentes da superfície textual (as palavras e frases que compõem o texto) encontram-
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58
se conectados entre si numa seqüência linear, por meio de dependências de ordem
gramatical.
EXEMPLO:
O HOMEM PRODUTOR DE TEXTOS6
Algumas pessoas vivem dizendo: "Xi, não consigo escrever nada..." ou Minha maior dificuldade
é produzir texto... Também, a gente faz só uma redação por mês na escola!‖. O que elas não
percebem é que, ao falar essas coisas, estão produzindo texto‖.
No seu dia-o-dia, você produz textos o tempo todo: conversando com familiares enquanto toma
o café da manhã; com seus colegas ao chegar à escola; com seus professores durante as aulas;
mais tarde, ao fazer uma tarefa escolar; com seus amigos e amigas, quando fala sobre música, um
filme, um jogo, uma brincadeira, um problema pessoal!...
E mais: produzimos textos antes mesmo de aprendermos a língua escrita. Porque, como você já
percebeu os textos podem ser orais ou escritos. Não seria exagero afirmar que a maior parte dos
textos que produzimos são orais. Numa sociedade como a nossa, que valoriza muito a palavra
escrita, chegamos até a nos esquecer disso.
Atividades pense e responda
1) Algumas sociedades são ágrafas, ou seja, não têm a escrita. Você conhece algum povo
ágrafo? Esse povo produz textos?
2) Pense na sua história e na história da humanidade. O que veio primeiro: a fala ou a
escrita?
3) Por que a maior parte das sociedades valoriza tanto a palavra escrita? Dê a sua
opinião, escrevendo um pequeno texto expositivo.
4) Em que situações do seu dia-a-dia você produz textos orais? E textos escritos?
6 NICOLA, José de. & TERRA, Ernani. Práticas de linguagem: literatura e produção de textos, Vol. I.
São Paulo: Scipione, 2000.
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59
2.8. TIPOLOGIA TEXTUAL
Após você ter estudado o conceito de texto e ter
uma noção do que vem a ser textualidade,
finalmente posso lhe mostrar os tipos de texto
presentes na língua.
Há três tipos básicos de texto: descrição,
narração e dissertação. Resumidamente, é
possível definir esses tipos assim:
a) Descrição: é a caracterização de pessoas, lugares, objetos.
b) Narração: é o relato de fatos que envolvem personagens e que acontece num
determinado tempo e espaço.
c) Dissertação: é a forma de expressar opinião a cerca um assunto.
Detalhadamente, essas tipologias caracterizam-se da seguinte forma:
a) A descrição é a expressão verbal das sensações, ou seja, para descrever algo ou
alguém é necessário usar os sentidos (visão, audição, olfato, paladar, e tato), assim
você percebe a realidade e interpreta por meio da linguagem verbal. Portanto, é
muito importante despertar os sentidos e a imaginação para descrever de maneira
eficiente.
A descrição é também a reeducação dos nossos sentidos, das possibilidades de
percepção. É desenvolver a sensibilidade de aprender as características mais
marcantes e de estabelecer comparações, sensibilidades e imaginação. Leia a
descrição do conceito de aritmética no exemplo abaixo:
Ex.:
Aritmética Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A aritmética é um ramo (ou o antecessor) da matemática que lida com as
propriedades elementares de certas operações sobre numerais.
As operações aritméticas tradicionais são a adição, a subtracção, a
multiplicação e a divisão, embora operações mais avançadas (tais como as
manipulações de percentagens, raiz quadrada, exponenciação e funções
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60
logarítmicas) também sejam por vezes incluídas neste ramo. A aritmética desenrola-
se em obediência a uma ordem de operações.
A aritmética de números naturais, inteiros, racionais (na forma de fracções) e
reais é tipicamente estudada por crianças da escola, que aprendem algoritmos
manuais para a aritmética. Na vida adulta, no entanto, muitas pessoas preferem
utilizar ferramentas como calculadoras, computadores ou o ábaco para realizar
cálculos aritméticos.
O termo aritmética também é usado em referência à teoria dos números. Isto
inclui as propriedades dos inteiros relacionados com a primalidade, a divisibilidade e
a solução de equações em inteiros, bem como a pesquisa moderna que tem surgido
deste estudo. É neste contexto que se pode encontrar coisas como o teorema
fundamental da aritmética e funções aritméticas.
Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Aritm%C3%A9tica
b) Narrar é contar histórias, inventar tramas, mistérios personagens, fatos. Você pode
narrar o que sonhou ou vivenciou na realidade ou na imaginação. Narrando, você
torna-se o senhor de tudo que compõe esse universo fascinante que é o ―contar‖.
Contar e ouvir histórias são atividades humanas muito antigas. Sherazade conseguiu
salvar da fúria de um rei que matava todas as suas esposas no dia seguinte à noite
de núpcias, contando histórias que despertavam no homem um fascínio tão grande
que ele necessitava ouvir o desfecho que Sherazade só revelava no dia seguinte.
Dessa maneira, ela conseguiu adiar a sua morte por muito tempo até chegou o
momento em que o rei já estava apaixonado por ela e não poderia mais matá-la. Leia
o exemplo de narração abaixo:
Ex.:
Primeira aventura de Alexandre Graciliano Ramos Naquela noite de lua cheia estavam acocorados os vizinhos na sala pequena de Alexandre:
seu Libório, cantador de emboladas, o cego preto Firmino e Mestre Gaudêncio curandeiro,
que rezava contra mordedura de cobras. Das Dores benzedeira de quebranto e afilhada do
casal, agachava-se na esteira cochichando com Cesária.
— Vou contar aos senhores... principiou Alexandre amarrando o cigarro de palha.
Os amigos abriram os ouvidos e Das Dores interrompeu o cochicho:
— Conte, meu padrinho.
Alexandre acendeu o cigarro ao candeeiro de folha, escanchou-se .na rede e perguntou:
— Os senhores já sabem porque é que eu tenho um olho torto?
Mestre Gaudêncio respondeu que não sabia e acomodou-se num cepo que servia de cadeira.
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— Pois eu digo, continuou Alexandre. Mas talvez nem possa escorrer tudo hoje, porque essa
história nasce de outra, e é preciso encaixar as coisas direito. Querem ouvir? Se não querem,
sejam francos: não gosto de cacetear ninguém.
Seu Libório cantador e o cego preto Firmino juraram que estavam atentos. E Alexandre abriu
a torneira:
— Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não ignoram. A nossa
fazenda ia de ribeira a ribeira, o gado não tinha conta e dinheiro lá em casa era cama de gato.
Não era,Cesária?
— Era, Alexandre, concordou Cesária. Quando os escravos se forraram, foi um desmantelo,
mas ainda sobraram alguns baús com moedas de ouro. Sumiu-se tudo.
Suspirou e apontou desgostosa a mala de couro cru onde seu Libório se sentava:
— Hoje é isto. Você se lembra do nosso casamento, Alexandre?
— Sem dúvida, gritou o marido. Uma festa que durou sete dias. Agora não se faz festa como
aquela. Mas o casamento foi depois. É bom não atrapalhar.
— Está certo, resmungou mestre Gaudêncio curandeiro. É bom não atrapalhar.
— Então escutem, prosseguiu Alexandre. Um domingo eu estava no copiar, esgaravatando
unhas com a faca de ponta, quando meu pai chegou e disse:
— "Xandu, você nos seus passeios não achou roteiro da égua pampa?" E eu respondi: —
"Não achei, nhor não." — "Pois dê umas voltas por aí, tornou meu pai Veja se encontra a
égua." — "Nhor sim." Peguei um cabresto e saí de casa antes do almoço, andei, virei, mexi,
procurando rastos nos caminhos e nas veredas. A égua pampa era um animal que não tinha
agüentado ferro no quarto nem sela no lombo. Devia estar braba, metida nas brenhas, com
medo de gente. Difícil topar na catinga um bicho assim". Entretido, esqueci o almoço e à
tardinha descansei no bebedouro, vendo o gado enterrar os pés na lama. Apareceram bois,
cavalos e miunça, mas da égua pampa nem sinal. Anoiteceu, um pedaço de lua branqueou
os xiquexiques e os mandacarus, e eu. me estirei na ribanceira do rio, de papo para. o ar,
olhando o céu, fui-me amadornando devagarinho, peguei no sono, com o pensamento em
Cesária. Não sei quanto tempo dormi, sonhando com Cesária. Acordei numa escuridão
medonha. Nem pedaço de lua nem estrelas, só se via o carreiro de Sant'lago. E tudo calado,
tão calado que se ouvia perfeitamente uma formiga mexer nos garranchos e uma folha cair.
Bacuraus doidos faziam às vezes um barulho grande, e os olhos deles brilhavam como
brasas. Vinha de novo a escuridão, os talos secos buliam,as folhinhas das catingueiras
voavam. Tive desejo de. voltar para casa, mas o corpo morrinhento não me ajudou. Continuei
deitado, de barriga para cima, espiando o carreiro de Sant'lago. e prestando atenção ao
trabalho das formigas. De repente. conheci que bebiam água ali perto. Virei-me, estirei o
pescoço e avistei lá embaixo dois vultos malhados, um grande e um pequeno, junto da cerca
do bebedouro. A princípio não pude vê-los direito, mas firmando a vista consegui distingui-las
por causa das malhas brancas. — "Vão ver que é a égua pampa, foi o que eu disse. Não é
senão ela. Deu cria no mato e só vem ao bebedouro de noite." Muito ruim o animal aparecer
.àquela hora. Se fosse de dia e eu tivesse uma corda, podia laçá-lo num instante. Mas
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desprevenido, no escuro, levantei-me azuretado, com o cabresto na mão, procurando meio
de sair daquela dificuldade. A égua ia escapar, na certa. Foi aí que a idéia me chegou.
— Que foi que o senhor fez? Perguntou Das Dores curiosa.
Alexandre chupou o cigarro, o olho torto arregalado, fixo na parede. Voltou para Das Dores o
olho bom e explicou-se:
— Fiz tenção de saltar no lombo do bicho e largar-me com ele na catinga. Era o jeito. Se não
saltasse, adeus égua pampa. E que história ia contar a meu pai? Hein? Que história ia contar
a meu pai, Das Dores?
A benzedeira de quebranto não deu palpite, e Alexandre mentalmente pulou nas costas do
animal:
— Foi o que eu fiz. Ainda bem não me tinha resolvido, já estava escanchado. Um desespero,
seu Libório, carreira como aquela só se vendo. Nunca houve outra igual. O vento zumbia nas
minhas orelhas, zumbia como corda de viola. E eu então... Eu então pensava, na tropelia
desembestada: — "A cria, miúda, naturalmente ficou atrás e se perde, que não pode
acompanhar a mãe, mas esta amanhã está ferrada e arreada." Passei o cabresto no focinho
da bicha e, os calcanhares presos nos vazios, deitei-me, grudei-me com ela, mas antes levei
muita pancada de galho e muito arranhão de espinho rasga-beiço. Fui cair numa touceira
cheia de espetos, um deles esfolou-me a cara, e nem senti a ferida: num aperto tão grande
não ia ocupar-me com semelhante ninharia. Botei-me para fora dali, a custo, bem maltratado.
Não sabia a natureza do estrago, mas pareceu-me que devia estar com a roupa em tiras e o
rosto lanhado. Foi o que me pareceu. Escapulindo-se do espinheiro, a diaba ganhou de novo
a catinga, saltando bancos de macambira e derrubando paus, como se tivesse azougue nas
veias. Fazia um barulhão com as ventas, eu estava espantado, porque nunca tinha ouvido
égua soprar daquele jeito. Afinal subjuguei-a, quebrei-lhe as forças e, com puxavantes de
cabresto, murros na cabeça e pancadas nos queixos, levei-a. para a estrada. Ai ela
compreendeu que não valia a pena teimar e entregou os pontos. Acreditam vossemecês que
era um vivente de bom coração? Pois era. Com tão pouco ensino, deu para esquipar. E eu,
notando que a infeliz estava disposta a aprender, puxei por ela, que acabou na pisada baixa e
num galopezinho macio em cima da mão. Saibam os amigos que .nunca me desoriento.
Depois de termos comido um bando de léguas naquele pretume de meter o dedo no olho,
andando para aqui e para acolá, num rolo do inferno, percebi que estávamos perto do
bebedouro. Sim senhores. Zoada tão grande, um despotismo de quem quer derrubar o
mundo — e agora a pobre se arrastava quase no lugar da saída, num chouto cansado. Tomei
o caminho de casa. O céu se desenferrujou, o sol estava com vontade de aparecer. Um galo
cantou, houve nos ramos um rebuliço de penas. Quando entrei no pátio .da fazenda, meu pai
e os negros iam começando o ofício de Nossa Senhora. Apeei-me, fui ao curral, amarrei o
animal no mourão, cheguei-me à casa, sentei-me no copiar. A reza acabou lá dentro, e ouvi a
fala de meu pai: — "Vocês não viram por aí o Xandu?" — "Estou aqui, nhor sim, respondi cá
de fora" — "Homem, você me dá cabelos brancos, disse meu pai abrindo a porta. Desde
ontem sumido!" — "Vossemecê não me mandou procurar a égua pampa?" —"Mandei, tornou
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o velho. Mas não mandei que você dormisse no mato, criatura dos meus pecados. E achou
roteiro dela?" — "Roteiro não achei, mas vim montado num bicho. Talvez seja a égua
pampa., porque tem malhas. Não sei, nhor não, só se vendo. O que sei é que é bom de
verdade: com umas voltas que deu ficou pisando baixo, meio a galope. E parece que deu
cria: estava com outro pequeno." Aí a barra apareceu, o dia clareou. Meu pai, minha mãe, os
escravos e meu irmão mais novo, que depois vestiu farda e chegou a tenente de polícia,
foram ver a égua pampa. Foram, mas não entraram no curral: ficaram na porteira, olhando
uns para os outros, lesos, de boca aberta. E eu também me admirei, pois não.
Alexandre levantou-se, deu uns passos e esfregou as mãos, parou em frente de mestre
Gaudêncio, falando alto, gesticulando:
— Tive medo, vi que tinha feito uma doidice. Vossemecês adivinham o que estava amarrado
no mourão? Uma onça-pintada, enorme, da altura de um cavalo. Foi por causa das pintas
brancas que eu, no escuro, tomei aquela desgraçada pela égua pampa.
Texto extraído do livro “Alexandre e outros heróis”, Editora Record –
Rio de Janeiro, 1981, pág. 11.
c) Dissertar é opinar, é ter uma postura crítica perante o mundo, é refletir e discutir
sobre questões impostas pela vida em sociedade. A dissertação é composta de um
tema (assunto), que será analisado e discutido por argumentos que defendem
uma tese (idéia a ser discutida). A condição básica para se elaborar uma boa
dissertação é o conhecimento do assunto a ser abordado, pois sem esse
conhecimento fica muito mais difícil arranjar argumentos que convençam o leitor da
sua tese, já que a dissertação é também um texto persuasivo, ou seja, que tem a
intenção de convencer o leitor de algo.
Preste atenção!
A dissertação apresenta normalmente três partes: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
a) introdução - breve comentário do tema; esboço das idéias que serão discutidas no
desenvolvimento;
b) desenvolvimento - parte mais longa do texto na qual as idéias serão expostas e
discutidas; argumentação;
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64
c) conclusão – parte final do texto; idéias e argumentos apresentados na introdução e no
desenvolvimento amarram-se e formam um resumo coerente.
Ex.:
HISTORIA DA MATEMÁTICA
Por volta dos séculos IX e VIII A.C., a matemática engatinhava na Babilônia. Os babilônios e os egípcios
já tinham uma álgebra e uma geometria, mas somente o que bastasse para as suas necessidades práticas, e
não de uma ciência organizada. Na Babilônia, a matemática era cultivada entre os escribas responsáveis pelos
tesouros reais.
Apesar de todo material algébrico que tinham os babilônios e egípcios, só podemos encarar a matemática
como ciência, no sentido moderno da palavra, a partir dos séculos VI e V A.C., na Grécia. A matemática grega se
distingue da babilônica e egípcia pela maneira de encará-la.
Os gregos fizeram-na uma ciência propriamente dita sem a preocupação de suas aplicações práticas. Do
ponto de vista de estrutura, a matemática grega se distingue da anterior, por ter levado em conta problemas
relacionados com processos infinitos, movimento e continuidade. As diversas tentativas dos gregos de
resolverem tais problemas fizeram com que aparecesse o método axiomático-dedutivo.
O método axiomático-dedutivo consiste em admitir como verdadeiras certas preposições (mais ou menos
evidentes) e a partir delas, por meio de um encadeamento lógico, chegar a proposições mais gerais.
As dificuldades com que os gregos depararam ao estudar os problemas relativos a processos infinitos
(sobretudo problemas sobre números irracionais) talvez sejam as causas que os desviaram da álgebra,
encaminhando-os em direção à geometria.
Realmente, é na geometria que os gregos se destacam, culminando com a obra de Euclides, intitulada
"Os Elementos".
Sucedendo Euclides, encontramos os trabalhos de Arquimedes e de Apolônio de Perga. Arquimedes
desenvolve a geometria, introduzindo um novo método, denominado "método de exaustão", que seria um
verdadeiro germe do qual mais tarde iria brotar um importante ramo de matemática (teoria dos limites).
Apolônio de Perga, contemporâneo de Arquimedes, dá início aos estudos das denominadas curvas
cônicas: a elipse, a parábola, e a hipérbole, que desempenham, na matemática atual, papel muito importante.
No tempo de Apolônio e Arquimedes, a Grécia já deixara de ser o centro cultural do mundo. Este, por
meio das conquistas de Alexandre, tinha-se transferido para a cidade de Alexandria. Depois de Apolônio e
Arquimedes, a matemática grega entra no seu ocaso.
A 10 de dezembro de 641, cai a cidade de Alexandria sob a verde bandeira de Alá. Os exércitos árabes,
então empenhados na chamada Guerra Santa, ocupam e destroem a cidade, e com ela todas as obras dos
gregos. A ciência dos gregos entra em eclipse.
Mas a cultura helênica era bem forte para sucumbir de um só golpe; daí por diante a matemática entra
num estado latente.
Os árabes, na sua arremetida, conquistam a Índia encontrando lá um outro tipo de cultura matemática: a
Álgebra e a Aritmética.
Os hindus introduzem um símbolo completamente novo no sistema de numeração até então conhecido: o
ZERO. Isto causa uma verdadeira revolução na "arte de calcular".
Dá-se início à propagação da cultura dos hindus por meio dos árabes. Estes levam à Europa os
denominados "Algarismos arábicos", de invenção dos hindus. Um dos maiores propagadores da matemática
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65
nesse tempo foi, sem dúvida, o árabe Mohamed Ibn Musa Alchwarizmi, de cujo nome resultaram em nossa
língua as palavras algarismos e Algoritmo.
Alehwrizmi propaga a sua obra, "Aldschebr Walmakabala", que ao pé da letra seria: restauração e
confonto. (É dessa obra que se origina o nome Álgebra). A matemática, que se achava em estado latente,
começa a se despertar.
No ano 1202, o matemático italiano Leonardo de Pisa, cognominado de "Fibonacci" ressuscita a
Matemática na sua obra intitulada "Leber abaci" na qual descreve a "arte de calcular" (Aritmética e Álgebra).
Nesse livro Leonardo apresenta soluções de equações do 1º, 2º e 3º graus.
Nessa época a Álgebra começa a tomar o seu aspecto formal. Um monge alemão. Jordanus Nemorarius
já começa a utilizar letras para significar um número qualquer, e ademais introduz os sinais de + (mais) e -
(menos) sob a forma das letras p (plus = mais) e m (minus = menos).
Outro matemático alemão, Michael Stifel, passa a utilizar os sinais de mais (+) e menos (-), como nós os
utilizamos atualmente. É a álgebra que nasce e se põe em franco desenvolvimento. Tal desenvolvimento é
finalmente consolidado na obra do matemático francês, François Viete, denominada "Algebra Speciosa".
Nela os símbolos alfabéticos têm uma significação geral, podendo designar números, segmentos de retas,
entes geométricos etc.
No século XVII, a matemática toma nova forma, destacando-se de início René Descartes e Pierre Fermat.
A grande descoberta de R. Descartes foi sem dúvida a "Geometria Analítica" que, em síntese, consiste
nas aplicações de métodos algébricos à geometria.
Pierre Fermat era um advogado que nas horas de lazer se ocupava com a matemática.
Desenvolveu a teoria dos números primos e resolveu o importante problema do traçado de uma tangente
a uma curva plana qualquer, lançando assim, sementes para o que mais tarde se iria chamar, em matemática,
teoria dos máximos e mínimos.
Vemos assim no século XVII começar a germinar um dos mais importantes ramos da matemática,
conhecido como Análise Matemática.
Ainda surgem, nessa época, problemas de Física: o estudo do movimento de um corpo, já anteriormente
estudados por Galileu Galilei. Tais problemas dão origens a um dos primeiros descendentes da Análise: o
Cálculo Diferencial.
O Cálculo Diferencial aparece pela primeira vez nas mãos de Isaac Newton (1643-1727), sob o nome de
"cálculo das fluxões", sendo mais tarde redescoberto independentemente pelo matemático alemão Gottfried
Wihelm Leibniz. A Geometria Analítica e o Cálculo dão um grande impulso à matemática.
Seduzidos por essas novas teorias, os matemáticos dos séculos XVII e XVIII, corajosa e
despreocupadamente se lançam a elaborar novas teorias analíticas. Mas nesse ímpeto, eles se deixaram levar
mais pela intuição do que por uma atitude racional no desenvolvimento da ciência.
Não tardaram as consequências de tais procedimentos, começando por aparecer contradições. Um
exemplo clássico disso é o caso das somas infinitas, como a soma abaixo:
S = 3 - 3 + 3 - 3 + 3...........
supondo que se tenha um nº infinito de termos.
Se agruparmos as parcelas vizinhas teremos:
S = (3 - 3) + (3 - 3) + ...........= 0 + 0 +.........= 0
Se agruparmos as parcelas vizinhas, mas a partir da 2ª, não agrupando a primeira:
S = 3 + ( - 3 + 3) + ( - 3 + 3) + ...........= 3 + 0 + 0 + ......... = 3
O que conduz a resultados contraditórios.
Esse "descuido" ao trabalhar com séries infinitas era bem característicos dos matemáticos daquela época,
que se acharam então num "beco sem saída'.
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66
Tais fatos levaram, no ocaso do século XVIII, a uma atitude crítica de revisão dos fatos fundamentais da
matemática. Pode-se afirmar que tal revisão foi a "pedra angular" da matemática. Essa revisão se inicia na
Análise, com o matemático francês Louis Cauchy (1789 - 1857), professor catedrático na Faculdade de Ciências
de Paris.
Cauchy realizou notáveis trabalhos, deixando mais de 500 obras escritas, das quais destacamos duas na
Análise: "Notas sobre o desenvolvimento de funções em séries" e "Lições sobre aplicação do cálculo à
geometria".
Paralelamente, surgem geometrias diferentes da de Euclides, as denominadas Geometrias não
euclidianas.
Por volta de 1900, o método axiomático e a Geometria sofrem a influência dessa atitude de revisão crítica,
levada a efeito por muitos matemáticos, dentre os quais destacamos D. Hilbert, com sua obra "Fundamentos da
Geometria" ("Grudlagen der Geometrie" título do original), publicada em 1901. A Álgebra e a Aritmética tomam
novos impulsos.
Um problema que preocupava os matemáticos era o da possibilidade ou não da solução de equações
algébricas por meio de fórmulas que aparecessem com radicais.
Já se sabia que em equações do 2º e 3º graus isto era possível; daí surgiu a seguinte questão: será que
as equações do 4º graus em diante admitem soluções por meio de radicais?
Em trabalhos publicados por volta de 1770, Lagrange (1736 - 1813) e Vandermonde (1735-96) iniciaram
estudos sistemáticos dos métodos de resolução. À medida em que as pesquisas se desenvolviam no sentido de
achar tal tipo de resolução, ia se evidenciando que isso não era possível.
No primeiro terço do século XIX, Niels Abel (1802-29) e Evariste de Galois (1811-32) resolvem o
problema, demonstrando que as equações do quarto e quinto grau em diante não podiam ser resolvidas por
radicais.
O trabalho de Galois, somente publicado em 1846, deu origem a chamada "teoria dos grupos" e à
denominada "Álgebra Moderna", dando também grande impulso à teoria dos números.
Com respeito à teoria dos números não nos podemos esquecer das obras de R. Dedekind e Gorg Cantor.
R. Dedekind define os números irracionais pela famosa noção de "Corte". Georg Cantor dá início à chamada
Teoria dos conjuntos, e de maneira arrojada aborda a noção de infinito, revolucionando-a.
A partir do século XIX a matemática começa então a se ramificar em diversas disciplinas, que ficam cada
vez mais abstratas.
Atualmente se desenvolvem tais teorias abstratas, que se subdividem em outras disciplinas.
Os entendidos afirmam que estamos em plena "idade de ouro" da Matemática, e que nestes últimos
cinquenta anos tem se criado tantas disciplinas, novas matemáticas, como se haviam criado nos séculos
anteriores.
Esta arremetida em direção ao "Abstrato", ainda que não pareça nada prática, tem por finalidade levar
adiante a "Ciência".
A história tem mostrado que aquilo que nos parece pura abstração, pura fantasia matemática, mais tarde
se revela como um verdadeiro celeiro de aplicações práticas.
FONTE: “LISA - BIBLIOTECA DA MATEMÁTICA MODERNA : OLIVEIRA, ANTÔNIO MARMO DE.‖
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67
IMPORTANTE:
Todo texto apresenta características próprias formais e
estruturais, mas geralmente nos vestibulares avaliam o aluno
considerando os seguintes pontos:
interpretação dos fatos e dos dados;
relação entre os fatos;
argumentação;
adequação do tema e ao tipo de texto;
coerência;
coesão;
clareza;
respeito às regras gramaticais ditadas pelo padrão culto
da língua.
Vamos exercitar agora o que
você aprendeu.
1) Utilizando como referência o texto a seguir, construa uma narração e uma dissertação
envolvendo o tópico ―A importância da linguagem no ensino de matemática‖.
COMUNICAÇÃO NA SALA DE AULA
A comunicação é um elemento importante na vida dos seres humanos. Esta
afirmação, válida em termos genéricos, ganha especial destaque no contexto educativo.
Ensinar e aprender são atos eminentemente comunicativos, que envolvem agentes, entres
os quais, destacam-se professores e alunos. Além de a comunicação ser um meio mediante
o qual se ensina e aprende, é também uma finalidade desse mesmo ensino, uma vez que se
espera que os alunos adquiram competências comunicativas que, no caso da Matemática,
se aliam a outras competências como a resolução de problemas ou o raciocínio.
Segundo Menezes (2000b), a comunicação na aula de matemática assume, ainda,
uma importância suplementar uma vez que esta disciplina dispõe de uma linguagem própria,
permitindo comunicar idéias com precisão, clareza e economia.
Desta forma, torna-se necessário promover atividades que estimulem e impliquem a
comunicação oral e escrita, levando o aluno a verbalizar os seus raciocínios, a explicar, a
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68
discutir, a confrontar processos e resultados. O professor, como principal, como principal
responsável pela organização do discurso da aula, tem aí um papel fundamental, o de
colocar questões e proporcionar situações que favoreçam a ligação da Matemática com a
realidade, estimulando a discussão e a partilha de idéias.
Nas práticas dos professores a linguagem desempenha um papel importante, pois
(...) ela é uma realidade central e dominante nas escolas e nas aulas. A importância do
estudo dos discursos da aula de Matemática advém do relevo que a linguagem assume na
interação comunicativa.
(...) Trabalhar a partir das representações dos alunos não consiste em fazê-las
expressarem-se, para desvalorizá-las imediatamente. O importante é dar-lhes regularmente
direitos na aula, interessar-se por elas, tentar compreender suas raízes e sua forma de
coerências, não se surpreender se elas surgirem novamente, quando as julgávamos
ultrapassadas. Para isso, deve-se abrir um espaço de discussão, não censurar
imediatamente as analogias falaciosas, as explicações animistas ou antropomórficas e os
raciocínios espontâneos, sob pretexto de que levam a conclusões errôneas.
(PERRENOUND, 2000, p. 28).
Bachelard (1996) apud PERRENOUND, sustenta que o professor que trabalha a
partir das representações dos alunos tenta reencontrar a memória do tempo em que ainda
não sabia, colocar-se no lugar dos aprendizes, lembrar-se de que, se não compreendem,
não é por falta de vontade, mas porque o que é evidente para o especialista parece opaco e
arbitrário para os aprendizes. De nada adianta explicar cem vezes a técnica de desconto a
um aluno que não compreende o principio da numeração em diferentes bases.
Portanto, é importante trabalhar a partir das concepções dos alunos, dialogar com
eles, ajudá-los a fundamentar suas representações prévias, a incorporar novos elementos
às já existentes, reorganizando-as se necessário.
A oralidade, na escola, assume papel de mediação necessária para a superação do
senso comum em busca de conhecimento argumentado. Ela permite e/ou instiga o aluno à
elaboração do pensamento, ampliando sua competência lingüística, construindo novos
sentidos e elaborando novas formas de socialização (escrita e leitura). Aliar oralidade à
escrita é uma forma inteligente de promover o desenvolvimento da criança
(ALLEMBRANDT, apud GONÇALVES & RIOS, 1997).
A formulação de perguntas ocupa um lugar de destaque no discurso da aula de
Matemática, sendo aplicadas em situações diversificadas e com vários intuitos. A arte de
questionar tem sido muito usada nas escolas como um meio ao qual o professor deve e
pode recorrer para aumentar e melhorar a participação dos alunos. E os benefícios do
questionamento são apontados por alguns investigadores (...) o questionamento permite ao
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69
professor detectar dificuldades de aprendizagem, ter feedback sobre aprendizagens
anteriores, motivar o aluno e ajuda-lo a pensar.
(...) há dois objetivos que o professor pode ter em vista ao orientar seus alunos para
uma indagação ou uma sugestão: primeiro, auxilia-lo a resolver o problema que lhe é
apresentado; segundo, desenvolver no estudante a capacidade de resolver futuros
problemas por si próprio. (...)
O que a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinha
amanhã.
Portanto, o único tipo positivo de aprendizado é aquele que caminha à frente do
desenvolvimento, servindo-lhe de guia; deve voltar-se não tanto para as funções já
maduras, mas principalmente para as funções em amadurecimento. Continua sendo
necessário determinar o limiar mínimo em que, digamos, o aprendizado da aritmética possa
ter início, uma vez que este exige grau mínimo de maturidade das funções. Mas devemos
considerar, também, o limiar superior; o aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não
para o passado (...).
O modelo proposto (...) para a resolução de problemas é fundamentado em quatro
passos: compreensão; elaboração do plano; execução do plano e avaliação. Para que a sua
implementação seja bem sucedida, deve estar apoiada, em todas as fases, num adequado
questionamento do professor. Eis algumas das muitas perguntas sugeridas (...): Qual é a
incógnita? Quais são os dados? Trata-se de um problema plausível? Conhece algum
problema com a mesma incógnita? Utilizou todos os dados? È possível verificar o resultado?
É possível utilizar o resultado ou o método em algum outro problema? Estas perguntas têm,
num certo sentido, o efeito de conduzirem o aluno, ajudando-o (...) de uma forma discreta,
mas estruturada.
É importante lembrar que decodificando a simbologia matemática através da
linguagem verbal, o aluno terá maior facilidade de entender um determinado conceito e,
tendo esta compreensão, muitas vezes, ele poderá preferir o uso de notações que
representam conceitos, uma vez que o uso destas permitem (sic) comunicar idéias com
precisão, clareza e economia.
ZUCHI, Ivanete. A importância da linguagem no ensino da Matemática (Comunicação na aula de Matemática).
In: Educação Matemática em Revista, nº. 16. ano 11, pp. 53-55.
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2.9. Polissemia e ambigüidade
Seu nome é Cartesiano, certo?
Mas cartesiano não é o nome de um gráfico
matemático?
Isso mesmo!
Sim, mas ele também possui outros significados.
Além de pertencer à linguagem matemática você
pode chamar de cartesiano um indivíduo que siga a
doutrina filosófica de Descartes. Ou utilizar como
meu nome. Ou seja, o termo “cartesiano”, possui
diversas acepções.
A capacidade de uma palavra possuir vários
significados, é chamada de polissemia. Atente
para a conceituação deste elemento lingüístico.
2.9.1 Polissemia
O autor Perini (1995, pp. 250-251), em sua Gramática descritiva do português, faz
alusão à polissemia como sendo uma propriedade essencial à sobrevivência de uma língua:
A polissemia é uma propriedade fundamental das línguas humanas,
que sem ela não poderiam funcionar eficientemente. Seria impraticável dar
um nome separado a cada ―coisa‖, incluindo aquelas que nunca vimos. Ao
nos depararmos com um objeto nunca visto – digamos um novo modelo de
bicicleta – ficaríamos sem recursos para dominá-lo. Mas não é assim que a
linguagem e a mente trabalham. Ao encontrar um objeto novo, tentamos
imediatamente ―reconhecê-lo‖, encaixando-o em alguma categoria já
existente na memória (e na língua). Ao vermos um animal desconhecido, em
geral tendemos a chamá-lo pelo nome de um animal já conhecido; assim,
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71
chamamos formiga aos representantes de milhares de espécies diferentes de
insetos; e assim uma criança diz ―cocó‖ ao ver pela primeira vez um avestruz.
A polissemia confere às línguas humanas a flexibilidade de que elas precisam
para exprimirem todos os inumeráveis aspectos da realidade.
Consequentemente, a maioria das palavras são polissêmicas em algum grau.
Palavras não polissêmicas são raras e frequentemente são criações
artificiais, como os termos técnicos das ciências: fonema, hidrogênio,
pâncreas, etc. nestes casos, a polissemia é realmente um inconveniente; mas
o discurso científico, em sua procura de univocidade semântica, difere
enormemente da fala normal das pessoas. Nesta, a polissemia é
indispensável. (p. 22)
Em sua gramática, Perini atribui à polissemia um papel essencial no processo de
renovação do vocabulário de uma língua – ela garante a necessária economia e a
flexibilidade para expressar a multiplicidade de significados necessários à comunicação
humana. Podemos até mesmo ampliar seu comentário, lembrando que, também na
linguagem científica, inúmeros termos têm origem em extensões metafóricas de expressões
do uso comum, como buraco negro (na física), paciente (na medicina), etc.
2.9.1.1. Significante e significado
A lingüística, além da parte sonora, está carregada de um significado, uma
idéia. Portanto, o signo lingüístico constitui-se de duas partes: o Significante que é o
lado material (os sons da língua falada ou as letras na língua escrita), e o Significado
que é o lado imaterial, ou seja, a idéia que é transmitida pelos fonemas (sons ou
pelas letras).
a) ―Comprei uma geladeira nova!‖
b) ―Minha namorada está uma geladeira comigo!‖
Note que o mesmo signo (geladeira) tem dois significados diferentes
dependendo do contexto em que aparece na frase ―a‖, geladeira significa um móvel
destinado a manter seu interior em baixa temperatura, na frase ―b‖, geladeira pode
significar frieza, desprezo, ausência de sentimentos. Deduzimos então, que o
significante ―geladeira‖ tem mais de um significado. No caso ―a‖, signo está
empregado em sentido denotativo.
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72
Exemplos ilustrativos simples de significante e significado:
Ex1.:
Ele ocupa um alto posto na empresa
Abasteci meu carro no posto da esquina.
Aqui, vemos que na primeira frase o vocábulo posto significa cargo hierárquico
dentro de uma empresa, enquanto no segundo exemplo, o mesmo vocábulo possui
o significado de lugar onde se abastece veículos, o que indica dois significados
diferentes para a mesma palavra, dependendo do contexto.
Ex2:
Os convites eram de graça.
Os fiéis agradecem a graça recebida.
Fenômeno similar acontece à palavra graça, que na primeira frase significa
gratuitamente, grátis, enquanto na segunda tem o sentido de pedido ou desejo
realizado.
Ex3:
Não dá para comparar água com vinho. (ser possível)
Quem dá aos pobres, empresta a Deus. (fazer doação de algo)
Dá pena ver o estado daquele homem. (provocar)
Deu com a cara na porta. (bater)
Ela deu uma boa explicação. (apresentar)
A palavra dá pode possuir diversos significados como podemos ver acima: o
primeiro exemplo vem no sentido de impossibilidade. O segundo carrega o sentido
de doar, ceder. A terceira frase traz a idéia de provocar. O quarto exemplo possui o
significado de bater e a última frase traz a palavra no sentido de apresentação. Isso
mostra que, dependendo do contexto, um vocábulo pode possuir não só dois, mas
diversos significados.
Ex4:
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73
O carro cortou a rua rapidamente.
Vagner se cortou com a faca.
Podemos observar que a palavra cortou possui um significado diferente para cada
frase. Na primeira está no sentido de passar, enquanto na segunda carrega o
significado de ferir-se.
Ex5:
O molho do macarrão estava horrível.
O molho de chaves caiu no bueiro.
A palavra molho também possui mais de um significado. No primeiro exemplo,
aparece com o sentido de tempero de macarrão, enquanto na segunda frase refere-
se a conjunto de chaves.
2.9.2. Ambiguidades
Ambigüidade é a característica das sentenças que apresentam mais de um
sentido. Um bom teste para saber se uma sentença tem mais de um sentido
consiste em propor para ela duas reformulações diferentes, inventando em seguida
uma situação em que a primeira reformulação é verdadeira e a segunda é falsa.
Tomemos como exemplo a manchete abaixo do jornal Folha de São Paulo, de
17/10/96.
Ladrões inovam no ataque a mulheres em carros.
Primeira reformulação: Os ladrões descobrem novas maneiras de atacar mulheres
motoristas.
Segunda reformulação: Ladrões que atacam de carro descobrem novas maneiras
de atacar mulheres.
Imagine que essa frase fosse usada em 1940, quando pouquíssimas
mulheres dirigiam. A primeira reformulação seria falsa, a segunda poderia ser
verdadeira. Pode-se concluir então que a manchete em questão é ambígua.
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74
Os fatores lingüísticos da ambigüidade são muitos. Alguns, porém são mais
freqüentes:
A sentença aceita duas análises sintáticas diferentes:
Ex:
Ambulante vende clandestino no centro (FSP, 02/08/98)
[―Ambulante vende clandestinamente...‖ / ―Clandestino é vendido no centro‖]
Um mesmo pronome aceita dois antecedentes:
Ex:
Duquesa de York diz que nobreza quer manchar sua imagem (Hoje em Dia –
BH, 20/01/96).
[―...manchar a imagem da duquesa...‖/ ―... manchar a imagem da nobreza‖]
Uma mesma palavra tem dois sentidos diferentes.
Um mesmo operador se aplica de duas maneiras diferentes aos demais
conteúdos da sentença:
Ex:
Palmeiras só empata com Bahia pelo Brasileiro-96 (FSP, 11/08/96)
[―O palmeiras não vai além do empate...‖ / ―A única ocasião em que o palmeiras
empatou com o Bahia até hoje foi durante o campeonato brasileiro de ‗96‘‖]
Uma mesma seqüência de palavras pode ser ou não interpretada como uma
frase feita.
Ex.:
A – O Senhor Guimarães caiu das nuvens.
B – Ficou surpreso com alguma coisa?
A – Não, caiu das nuvens mesmo. O avião em que ele voava sofreu uma pane.
Além dos fatores que chamamos aqui de lingüísticos, a ambigüidade aparece
freqüentemente quando usamos as sentenças de maneira indireta (por exemplo:
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75
para fazer ironia). Todos nós já passamos pela situação de não saber se
determinada coisa nos foi dita ―sem indiretas‖ ou ironicamente.
Atividade
1) Primeiro faça a leitura deste texto, de Paulo Leminski:
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida
regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjetivo adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético
de nos torturar com um aposto. Casou-se com uma regência.
Foi feliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas
expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski7
7 Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná. Em
1964, já em São Paulo, SP, publica poemas na revista "Invenção", porta voz da poesia concreta
paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento "Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo Leminski foi um estudioso da língua e cultura
japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.
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76
Como podemos observar, a presença da polissemia está contida no texto de
Paulo Leminski. Construa com suas palavras um comentário crítico identificando a
ambigüidade.
2) Veja estes títulos de jornais, e compare em seguida com o conteúdo da matéria.
Analise
a) quais são as interpretações sugeridas pelo título
b) quais dessas interpretações prevalecem.
PELÉ CRITÍCA FUTEBOL MOVIDO POR DINHEIRO
Budapeste (APF) – O dinheiro destruiu a beleza, o atrativo e o lado espetacular do
futebol, pois os patrocinadores de hoje só exigem eficiência e gols, Pelé comentou ontem
em Budapeste.
―Os jogadores de hoje já não jogam por prazer. Não tem nada a ver com Puskas, a estrela
dos anos ‗50‘ que eu considero meu mestre ...‖
[A Tarde, Salvador, 16/09/94
TIME PEGA FLAMENGO SEM CINCO TITULARES
da reportagem local
O São Paulo não terá cinco titulares contra o flamengo amanhã, no Morumbi. Axel, Pedro
Luís, Djair e Belletti, suspensos, e Aristizábal, na seleção colombiana. ―Temos bons
reservas, mas o time sentirá falta de entrosamento‖, disse o técnico Parreira, que ainda não
definiu os substitutos.
[Folha de São Paulo, 1996.]
AGROTÓXICOS plantação de fumo será investigada
SAÚDE APURA CAUSAS DE SUICÍDIOS NO SUL
Carlos Alberto de Souza
Da Agência Folha em Porto Alegre
O ministério da saúde deve realizar um Inquérito epidemiológico para apurar as causas das
mortes por suicídio na região do Vale do Rio Pardo (RS).
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77
Há suspeita de que a contaminação por agrotóxicos organofosforados esteja associada a 21
suicídios ocorridos em 95 em Venâncio Aires, uma das cidades do Vale, a maioria delas
envolvendo agricultores que plantavam fumo.
Folha de São Paulo, 1996
São muitas as piadas que tiram proveito da ambigüidade. Quando isso acontece, rimos geralmente da personagem que, contrariando todas as evidencias, e contrariando o bom-senso, escolheu a interpretação menos apropriada.
3) Vejas as piadas transcritas a seguir, e procure explicar quais são as duas
interpretações em jogo.
1. Indivíduo A – Não deixe sua cadela entrar em minha casa. Ela está cheia de pulgas.
Indivíduo B – Diana, não entre nessa casa. Ela está cheia de pulgas.
2. Individuo A – A primeira coisa que faço quando acordo de manhã é tocar a campainha para
chamar a criadagem.
Indivíduo B – Você tem criados?
Indivíduo A – Não, mas tenho a campainha.
3. A mulher entra numa loja de roupas femininas, chama o vendedor e pergunta:
- Senhor, posso experimentar este vestido na vitrine ?
O vendedor responde:
- será que a senhora não preferiria experimentar no provador?
4. Qual dos alunos sabe onde está Deus? Perguntou o professor.
- No banheiro de casa! Responde o Joãozinho, levantando o dedo.
- No banheiro de sua casa, Joãozinho???
- É sim professor! Todos os dias a mamãe bate na porta do banheiro e pergunta:
- Meu Deus, você ainda está aí?
5. O oxigênio, disse o professor, é essencial à vida! Não pode haver vida sem ele; o oxigênio foi
descoberto há pouco mais de um século.
- Puxa! Disse Carlinhos – e como é que o pessoal se virava antes de sua descoberta?
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2.10. Por que alguns leitores têm dificuldades de compreender textos?
Pesquisas realizadas por Amaral & Patrocínio (1998) no âmbito .do aprendizado da
leitura diagnosticaram que a incompreensão de textos por parte de alguns leitores podem
ser basicamente decorrente de três erros: a extrapolação, a redução e a contradição. O
primeiro como o próprio nome indica é um erro provocado pelo distanciamento do contexto,
o leitor acaba por acrescentar idéias que não correspondem àquela apresentada pelo texto.
Ao extrapolar os limites elo texto, o leitor faz outras associações, evoca outros elementos,
que são criados a partir elo que foi lido. São deflagradas a imaginação e a memória. O texto
é abandonado. A extrapolação é concebida como um exercício de criatividade inadequada
porque leva o leitor a perder ele vista o contexto em questão. Geralmente, o processo de
extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações analógicas:uma idéia
lembra outra semelhante. É o que popularmente chamam de "viajar no texto". Reconhecer
os momentos. de extrapolação, sejam analógicos ou lógicos, significa conquistar maior
lucidez, maior capacidade de compreensão objetiva do texto, do contexto que está em
questão. Essa clareza é necessária e criadora: significa, inclusive, uma liberdade maior de
imaginação e de raciocínio, porque os "vôos" para fora elos textos tornam-se conscientes,
por opção, serão realizados por um projeto intencional e não mais por incapacidade de
reconhecer os limites de texto, nem por incapacidade de distinguir as próprias idéias
apresentadas por um texto lido. O leitor procurará não expandir o sentido do texto para fora
dos limites deste.
O segundo é o que chamamos de redução ou particularização indevidas. Neste caso,
ao invés de o leitor sair do contexto, ao invés de acrescentar outros elementos ao sentido do
texto, ele faz o inverso: concentra-se apenas numa parte; num detalhe, num aspecto do
texto dissociando-o do contexto. A redução consiste em privilegiar um elemento ou uma
relação, que é verdadeiro mais não é suficiente diante do conjunto, ou então que se torna
falso parque passa a ser descontextualizado. O leitor prende-se, deste modo, a um aspecto
menos relevante em relação. ao conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações
principais, ou antes, quebrando este conjunto, fracionando indevidamente esse aspecto,
isolando-a do contexto. Ao reconhecer os processos de redução, a leitor poderá reduzir as
informações, condensando-as e restringindo-se ao que é fundamental, ao núcleo
informativo, vindo a perceber a tema em questão.
O terceiro erro, segundo os estudiosos é o mais grave numa interpretação de texto; a
contradição é provocada por uma leitura desatenta do texto, pela não percepção de algumas
relações, pela incompreensão de um raciocínio pelo esquecimento de uma idéia, pela perda
de uma passagem no decorrer da leitura, pela inferência de uma, conclusão contraria àquela
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apresentada pelo texto etc. Como esse erra tende a ser mais facilmente reconhecida, por'
apresentar idéias apostas às idéias expressas pelos textos, as testes de interpretação
muitas vezes são organizadas Com uma espécie de armadilha: uma alternativa apresenta
muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras do texto, mas com um sentido
contrário. Um leitor desatento e/ou ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, par
ser a mais "parecida" com o texto.
Marcuschi(2001) apresenta alguns exemplos para ilustrar a forma como o leitor
estabelece a contradição em sua leitura.
A obtenção de informações através da linguagem não se faz pela compreensão de.
cada elemento individual, ou seja, a. decodificação de um texto não se dá exclusivamente
pela simples soma de seus elementos. Além disso, o significado não é computado somente.
através dos elementos explícitos no texto. Geralmente, a informação literal de um texto não
exprime tudo o que o autor quer comunicar.
No processo da comunicação através da linguagem, é necessário que o leitor (ou
ouvinte) acrescente ao texto uma série de conhecimentos que já possui, de forma a poder
estabelecer uma ligação ou uma ponte entre os elementos lingüísticos realmente presentes,
integrando as informações e dando coerência ao enunciado. É como se o leitor estivesse a
todo tempo lendo nas entrelinhas. Para entender a linguagem, é preciso inferir diversas
informações que não estão mencionadas explicitamente, mas que são absolutamente
imprescindíveis para o entendimento da mensagem.
A compreensão da linguagem é, então, um verdadeiro jogo entre aquilo que está
explicito no texto - que é em parte percebido, em parte previsto – e entre aquilo que o leitor
insere no texto por conta própria, a partir de inferências que faz, baseado no seu
conhecimento extralingüístico.
O estabelecimento de inferência, bem como as formulações de previsões são
processos que fazem parte de linguagem em geral, e, portanto, estão presentes tanto na
compreensão da fala quantos da escrita (Fulgêncio: 1952, 28). No entanto, sem perder de
vista essa observação, estamos considerando Somente o ponto de vista do leitor, nesse
aspecto, evidentemente, desenvolve o mesmo trabalho do ouvinte.
O estabelecimento de inferências pode ser observado nos seguintes exemplos:
1. Diálogo
A: - Me empresta um vestido,
B: Aonde você vai?
Esse diálogo só tem coerência se inserimos Ulna ponte entre as duas sentenças, que
e a inferência baseada no conhecimento da função da roupa. E só essa inferência de que
"A" vai usar a roupa para sair para algum lugar é que permitirá a coesão à lógica do diálogo.
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É a capacidade que o leitor tem de fazer inferências que permite ao escritor não
colocar no texto toda a informação necessária a.sua compreensão, Quando alguém diz que
"Áustria está trabalhando", seu interlocutor pressupõe a informação de que "Áustria trabalha
';e possivelmente deve saber qual o local do trabalho. Daí poder concluir que‖ Áustria está
na Universidade Federal do Pará", como mostram esses exemplos, o processo de
estabelecimento de inferências tem como conseqüência a geração de conhecimentos novos
com bases nas informações do texto e nos conhecimentos já possuídos anteriormente. Essa
informação adicional, elaborada pelo leitor, passa igualmente a fazer parte do seu conjunto
de conhecimentos; como acontece com as informações transmitidas literalmente no texto. A.
capacidade inferencial é de tal falha inerente à compreensão da linguagem que o leitor,
quando memoriza as informações recebidas, incorpora a esse elenco também a informação
inferida, sem nem mesmo perceber que essa informação não estava explícita no texto.
Portanto, não é possível ler um texto valendo-se apenas de informação visual (IV).
Assim, defende-se a leitura enquanto processo ativo de constatação de sentido e o
leitor enquanto sujeito ativo, que contribui, para esta reconstrução com sua inteligência e
seu saber prévio, sujeito capaz de desdobrar os níveis de significação literal, desvelar
sentidos ocultos, descobrir as potencialidades dos signos. Enfim, o leitor é visto como
alguém capaz de criar significados surpreendentes, significados autorizados pelo texto.
2.11. Para melhor entender um texto: conceitos básicos de pragmática
Você já passou por uma situação em que reconhece e compreende as palavras de um
texto, mas se mostra incapaz de perceber satisfatoriamente o sentido do texto como um
todo. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o texto nem sempre fornece todas as
informações possíveis. Há elementos implícitos que precisam ser recuperados pelo
ouvinte/leitor para a produção do sentido. A partir de elementos presentes no texto,
estabelecemos relações com as informações implícitas.Por isso, o leitor/ouvinte precisa
estabelecer relações dos mais diversos tipos entre os elementos do texto e o contexto, de
forma a interpretá-lo adequadamente. Algumas atividades são realizadas com esse objetivo.
Entre elas estão as produções de pressuposições, inferências, implicaturas, como podemos
ver abaixo:
a) Pressuposição - É o conteúdo que fica à margem da discussão, é o conteúdo
implícito.Assim, a frase "Pedro parou de fumar" veicula a pressuposição de que Pedro
fumava antes; "Pedro passou a trabalhar à noite" contém a pressuposição de que antes ele
trabalhava de dia, mas contém também a pressuposição de que ele não trabalhava.
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81
A pressuposição é marcada lingüisticamente pela presença dos verbos parar de
passar a, dependendo da ênfase colocada em passar a ou em à noite.
b) Inferências - são informações previsíveis que não precisam ser explicitadas no
momento da produção do texto; são também chamadas de subentendidos. O exemplo
seguinte ajuda a entender esta noção: "Maria foi ao cinema e assistiu a um filme sobre
dinossauros‖. Lendo esta frase, você recupera, os conhecimentos relativos ao ato de Ir ao
Cinema: no cinema existem cadeiras, tela, bilheteria; há uma pessoa que vende bilhetes,
outra que os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a projeção, etc. Enfim, isto não
precisa ser dito explicitamente. Se assim não fosse, que extensão teriam nossos textos para
fornecer, sempre que necessário; todas estas informações? Daí a importância das
inferências na interação verbal. Se quiséssemos dizer que Maria não conseguiu ver o filme
até o final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a pessoa vê o filme inteiro.
Além disso, não precisaríamos dizer que ela voltou do cinema, porque também é uma
informação óbvia. .Implicatura - É sentido derivado, que atribuímos a um enunciado depois
de constatar que seu sentido literal é irrelevante para a situação. Se Perguntarmos: "Qual é
a função de Pedro no jornal?" E ouvimos "Pedro é o filho do chefe", podemos depreender
dessa resposta que Pedro não tem função nenhuma que Pedro não faz nada ou que Pedro
não precisa fazer nada.
Atividade
Neste sentido, a atividade feita a partir do texto ―SABOR E SABER:
MATEMÁTICA E VIDA‖ terá o objetivo de mostrar o trabalho mental desenvolvido
por você durante o processamento do texto. Durante o preenchimento das lacunas,
você (enquanto leitor) movimentará os olhos (idas e vindas) e deverá, por meio de
seu conhecimento, inferir termos desconhecidos por meio dos índices textuais da
predição, fazendo continuamente a auto-avaliação de suas escolhas (coloque-se na
posição de escritor e leitor), para recuperar a coerência perdida do texto.
1) Das 14 palavras dadas apenas 10 enquadram-se coesa e coerentemente ao contexto;
principalmente- inferior - grupo - científico - isto é - quando - assim - conhecimento -
atividade - também - entanto - superior - matemático - contudo.
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2) Descreva alguns pressupostos contidos na frase abaixo:
"O mundo necessita de solidariedade"
3) O que a autora deixou subtendido no último parágrafo do texto?
SABOR E SABER: MATEMÁTICA É VIDA
Olga Guimarães Germano Pedagoga Professora do CAP/UERJ Como a numeração escrita existe não só dentro da escola,mas
também fora dela, as crianças têm oportunidade de
elaborar conhecimentos acerca deste sistema de
representação muito antes de ingressar na primeira série
Produto cultural, objeto de uso cotidiano, o sistema de
numeração se oferece à indagação infantil
desde as páginas dos livros, a listagem de preços,
os calendários as regras, as notas da padaria,
os endereços das casas .....
Lerner e Sadovsky
Sábio, em suas raízes etimológicas, significa ―aquele
que degusta‖. Ser sábio não é ter acumulado
conhecimento num grau superlativo;
é haver desenvolvido a capacidade erótica de sentir
o gosto da vida. Sapiência é ―nada de poder, uma
pitadinha de saber e o máximo possível de sabor‖.
Roland Barthes
A nossa vida é permeada pela matemática _________________ acordados,
geralmente o nosso primeiro ato é ler as horas. Vivemos fazendo cálculos. Quantas medidas
de café preciso colocar? Quanto tempo levo para chegar à escola? Quantas pessoas vêm à
festa?
De quantos salgadinhos vou precisar? Quanto vou gastar? Quanto mede o seu
terreno? Qual a temperatura? Quem é maior?
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E vamos nos perdendo nas contas dos quantos e quanto.
A vida é um desafio e os desafios matemáticos são parte de nossa vida.
Ensinar matemática também é um desafio, _________________ para quem viveu,
como aluno, a Matemática da regras, mecanismos, do estudar-para-passar. Quem de nós
não tem a história para contar sobre os medos, as noites de insônia para decorar a tabuada,
as fórmulas ou os teoremas ?
Lembro-me bem do sofrimento à época do exame de admissão, em que me preparava
para o Instituto de Educação. Saber de cor e salteado a definição: ―Dez unidades de uma
ordem formam uma unidade de ordem imediatamente _________________ .‖ O que isso
significava, no _______________ só vim a descobrir, mais tarde ...... resolvia todas as
contas e os exercícios de ―componha‖ e ―..... componha‖.
Hoje, com as pesquisas, já se tem uma visão de que saber Matemática implica fazer
matemática, ______________, (re)construir conceitos que a humanidade levou milênios
para construir. A memorização é apenas uma parte da compreensão. ...... utilizamos, na
vida, para guardar o que tem significado para nós, como o telefone da pessoa amada, um
poema, uma receita, uma letra de música. Ela é importante em todas as áreas do
_______________, pois favorece a rapidez, a economia de tempo e raciocínio, mas é o fim
do caminho, não o início.
Temos discutido, em nossa escola, como fica a memorização quando dela se precisa,
onde ficam as técnicas e se, na era dos computadores, é necessário chegar-se ao
algoritmo. Não temos respostas: também estamos construindo esse conhecimento.
Fala-se muito em ambiente alfabetizador e matematizador. Muitos professores vêm
estudando e avançando em relação a práticas sociais de leitura e escrita, transformando o
seu ______________ pedagógico e confirmando o que os pesquisadores têm de aberto
acerca dessas aprendizagens ______________ em relação aos conhecimentos
matemáticos, talvez pelo pouco acesso a materiais escritos sobre as pesquisas há pouco
divulgadas, esses mesmos professores ainda se sintam inseguros e recorram aos livros
didáticos e aos exercícios mimeografados, contrariando o que Piaget coloca como
conhecimento lógico ______________ estabelecimento de relações que o sujeito cria em
interação com os objetos.
________________, o ambiente matematizador é aquele que provoca o pensamento,
propiciando a troca de conhecimentos e o debate de idéias, levando o aluno a levantar
hipóteses, elaborar estratégias, explicá-las, isto é, falar como fez, que caminhos percorreu
(metacognição), confronta-las, voltar atrás e até mudar de opinião. E todas essas ações
ocorrem em relação a diferentes materiais, como por exemplo:
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jogos (boliche, varetas, baralhos, dominós, trilhas, dardos, etc), acompanhados ou
não de dados;
jogos, usando somente dados (dois ou três), convencionais ou inventados pelo
professor;
calendários diversos;
álbuns de figurinhas;
balança, fita métrica;
régua, compasso;
diferentes registros: tabelas gráficos, etc.;
volantes de Quina, Mega Sena e outros;
dobraduras;
folhetos de preços;
figuras planas e espaciais;
botões, palitos, chapinhas, semente, fichas coloridas.
E no meio de tudo, os números, escritos em suas mais diversas representações, em
seus diferentes usos sociais: datas, endereços, medidas, códigos, preços, sempre como
objeto de reflexão.
O jogo em _____________ aproxima as pessoas e desenvolve a autonomia, que deve
ser um dos objetivos de toda a escola, além de discutir a ética. Dividindo idéias, multiplica-
se o conhecimento. È o lúdico na sala de aula, mas não é a brincadeira e é preciso que isso
fique bem claro para o professor e para os alunos. Nunca deve ser usado para ―pré-encher‖
o tempo; ao contrário, tem de ser planejado pelo professor de acordo com seus objetivos de
ensino e deve regularmente, de forma a dar chance a todos, e a cada um, de construir seus
conhecimentos. Há que se ter regras de conduta, organizadas e compartilhadas pela turma,
além das regras específicas de cada jogo. ―A concepção de Vigotsky‖ sobre as relações
entre desenvolvimento e aprendizado, e particularmente sobre a zona de desenvolvimento e
a relação do indivíduo com seu ambiente sociocultural e com sua situação de organismo,
que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie‖
(Oliveira, 1993).
O que vamos apresentar a seguir é um jogo, o ―jogo do compra-e-vende‖.
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SABER O SABOR DO SABER
Pensando num projeto voltado á área de Matemática, planejamos a criação de um
supermercado, o que certamente viria ―recheado‖ de atividades significativas e saborosas.
Saborosas porque provocam aprendizagem, e aprender tem de ser gostoso, tanto quanto
ensinar. Nem um nem outro podem ser ações sofridas.
Com o objetivo de avançar no raciocínio lógico-matemático, nos conceitos das quatro
operações e no uso das cédulas e moedas do nosso sistema monetário, criamos o projeto
de um shopping. O CAP/shopping, nome escolhido por votação pelos alunos da série,
ocupava uma sala de escola, onde ―funcionavam‖ uma papelaria, um salão de cabeleireiro e
um supermercado, no qual vou me deter.
Uma estante, algumas carteiras empilhadas duas a duas, outras em fila formando
corredores e pronto: como num passe de mágica, a sala se transformara. Para dar suporte
financeiro a ―clientes especiais‖, pensamos em um Banco, que se resumia a uma caixa de
papelão com divisórias para guardar as cédulas (mimeografadas e coloridas por eles como
as originais) e uns potes com as moedas verdadeiras, separadas pelos valores.
Visitamos um mercado do bairro para compreender sua organização e seu
funcionamento. Fizemos levantamento de preços em mercados próximos ás casas das
crianças e organizamos várias listas para facilitar o acesso de todos. Nas paredes, muitos
cartazes de propaganda e de promoções criados por eles.
Quantos textos diferentes estavam sendo trabalhados!
O sucesso do shopping correu o mundo – o nosso mundo, a escola – e o que fora
planejado para as turmas de Classes de Alfabetização foi aproveitado por professores de
outras séries, havendo um cronograma para seu uso. Íamos às compras duas ou três vezes
por semana, com tempo suficiente para que todos pudessem comprar, vender, fazer troco
em cálculos mentais e exercitar a sua lógica. Não estávamos preocupados com os
resultados, nem com sua utilização do algoritmo, pois o que experimentávamos transcendia
as questões de certo e errado.
Bem, cada criança tinha um talão com dez cheques mimeografados. Como eles eram
ainda pequenos, antes de irmos ao mercado, preenchíamos o cheque em sala, com a
quantia de depósito e retirada igual para todos. Nesse preenchimento, muitas discussões e
aprendizagens: escrita da quantia, com números e letras, colocação da data e assinatura de
seu nome em uma situação de uso social. Como o movimento de troca é sempre
incentivado, quem já sabia preencher ajudava os outros.
O mundo necessita de solidariedade. Nesses pequenos atos é que ela vai se
constituindo. Entende-se, inclusive, que as pessoas são diferentes e têm saberes diferentes,
mas que todas têm o mesmo valor. ―As crianças que se entusiasmam explicando suas
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próprias idéias irão, a longo prazo, muito mais longe do que aquelas que podem somente
seguir as regras de alguém e reagir diante de problemas não familiares, dizendo: Eu não sei
como fazer porque ainda não aprendi isso na escola‖. (Kamii, 1993)
Não gostava de aprender nem de ensinar Matemática e não sou especialista na área,
mas percebi que, se há tempo já trabalhava de forma mais atraente e produtiva em Língua
Portuguesa, investindo no saber de cada aluno e fazendo avançar, por que em Matemática,
ainda trabalhava empiricamente, misturando .... práticas com novas práticas ? Faltava-me a
fundamentação teórica e fui em busca disso. Comecei a estudar as pesquisas na área e
trocava experiências com colegas, discutíamos e fui ousando desmitificar o ensino da
matemática, passando a agir de forma mais consciente e consistente. Teoria e prática, uma
realimentando a outra. Também eu construía o meu conhecimento.
Nesse sentido, fico sempre imaginando que o governo deveria investir muito mais nos
cursos de formação de professores, em cursos de atualização também, como uma das
saídas prováveis para a formação de cidadãos críticos, pensantes e autônomos e,
consequentemente, para a excelência da educação, devolvendo à sociedade uma escola
pública, gratuita de qualidade.
BIBLIOGRAFIA
KAMII, Constance. A criança e o número. Campinas, Papirus, 1992.
_______________. Aritmética: novas perspectivas. Campinas, Papirus, 1993.
OLIVEIRA, Marta Khol. Vigotsky – Aprendizado e desenvolvimento sócio-histórico. São
Paulo, Scipione, 1993.
PARRA, Cecília & SAIZ, Irma . Didática da matemática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996.
RESUMO
A linguagem é um processo, no qual o leitor participa com uma aptidão que não depende
basicamente de sua capacidade de decifrar sinais, mais de sua capacidade de dar sentido a eles,
compreendê-los, interpreta-los. Mesmo em se tratando da escrita, esse procedimento está mais ligado a
experiência pessoal, a vivência de cada um do que ao conhecimento sistemático da língua. Assim, o
processo de leitura não se restringe somente ao texto, mas vai além, partindo do leitor, que assume um
papel interativo, deixando de ser mero codificador ou receptor passivo.
A própria noção de texto é ampliada, não mais fica restringida ao que está escrito, mais engloba
uma diversidade maior de linguagens. Ele pode ser tomado em duas acepções: Em sentido lato, onde
assume-se como qualquer manifestação de capacidade de expressão humana, e em sentido estrito,
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onde qualquer construção falada ou escrita, capaz de formar um todo significativo, pode ser considerada
um texto.
Textualidade é o conjunto de características que dá a unidade significativa global ao texto. Essa
unidade é garantida, através dos fatores pragmáticos (unidade sócio comunicativo) semânticos
(coerência) e formais (coesão).Já sobre os tipos de texto, considera-se básicos a descrição
(característica de pessoas, lugares, objetos), narração (relato de fatos que envolvem personagens, numa
delimitação espaço-temporal) e dissertação (expressão de opinião).
Você sabe como planejar o discurso para a arte da
oratória com eficácia e segurança?
Não se desespere! Porque, nessa unidade, iremos
estudar a arte da oratória; dessa forma, você
aprenderá a construir uma boa oratória.
3. A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO
3.1. Pela fala transmutamos o significado em sentidos8
É pela atividade da fala que se dá o exercício da ação na e pela linguagem – ação
comunicativa que se configura pelas formas da língua. Em outras palavras, é pela linguagem
que conseguimos verbalizar (léxico) nosso pensamento por meio da fala. Logo é
impossível dissociar a linguagem do pensamento.
É pela fala que o homem ―toma a palavra”. Ou seja, a cada ato de fala estamos
criando novas representações da língua, assim temos que saber interagir com o outro para
haver o processo de discursivização (negociação das idéias).
A fala, portanto não deve ser considerada um sistema objetivo, em terceira
pessoa, mas como um empreendimento individual (cf. Gusdorf, p. 35). Sendo, portanto,
caracterizada como um processo de mão dupla-recíproco.
Tomar a palavra implica saber devolvê-la, pois se assim não o for não teremos o
princípio da interatividade entre os sujeitos envolvidos no ato de comunicação.
Marco Túlio Cícero (Marcus Tullius Cícero) nascido em Arpino, em 106 a.C., foi um
filósofo, orador, escritor, advogado e político romano.
Cícero nasceu numa antiga família do Lácio. O pai proporcionou aos dois filhos, Marco, o
mais velho, e Quinto, uma educação muito completa, sendo Marco Túlio entregue aos cuidados do
8 GUSDORF, Georges. A palavra: função – comunicação – expressão. Lisboa: Edições 70, 1952, pp. 35-94.
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célebre senador e jurista romano Múcio Cévola. Viveu, durante as guerras civis num período
especialmente turbulento da história de Roma.
Cícero é, com Demóstenes, o melhor expoente da oratória clássica. Pela sua voz, postura,
gênio, paixão e capacidade de improvisação está dotado para o exercício da eloqüência. São famosos
os seus discursos contra Verres, em prol da Lei Manilia, contra Catilina, em favor de Milão e de
Marcelo e contra Marco António. É autor de diversos tratados filosóficos sobre o Estado, o bem, o
conhecimento, a velhice, o dever, a amizade, etc., que transmitem a tradição do pensamento grego.
As suas próprias idéias sobre a arte da oratória, assim como uma história desta, expressam-se em
tratados escritos de forma dialogada, como De Oratore, Brutus, Orator, etc. Até nós chegam quase
um milhar de cartas de Cícero sobre temas variados que constituem um valioso conjunto documental.
Cícero desenvolve a prosa latina até a levar à sua perfeição, do mesmo modo que Virgílio e Horácio
o fazem com a poesia.
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM E DA FALA
A linguagem é caracterizada por trazer consigo designação, precisão, decisão:
simultaneamente consciência e conhecimento da realidade humana; já a fala caracteriza-se
por ser a essência do mundo. Ou seja, ―a cada frase orienta-nos num mundo que atrás não
nos é dado tal qual, de forma definitiva, mas que aparece construído palavra por palavra,
com a expressão mais insignificante a dar o seu contributo para a obra de reconstrução
permanente‖.. (Gusdorf, p. 37).
Daí se dizer que são as palavras que fazem as coisas e os seres, que definem em
relações segundo as quais se constitui a ordem do mundo (cf. Gusdorf, p. 38). Estar no
mundo, significa estar em contato com uma gama de palavras que colocam cada coisa no
seu lugar, no contexto situacional que lhe é próprio. A ordem social é definida por um código
de designação corretas, onde qualquer discordância se apresenta com um sinal de
desequilíbrio. A linguagem, portanto põe as coisas em perspectiva segundo o significado de
cada uma.
A língua pela atividade de fala é dinâmica, logo falar é transmutar significados
em sentidos – a cada uso condensamos o sentido dos vocábulos. Falar é flexibilizar os
sentidos, descongelar o vocabulário e colocá-lo no fluxo de uma nova ordenação, com
fito de estruturar os conteúdos num dado contexto, para se criar novas unidades
significativas.
Em síntese, falar é designar adequadamente os conhecimentos do mundo
biosocial de acordo com o modelo contextual. Logo, cabe a cada um assumir por sua
conta e risco a sua linhagem, pela procura da palavra adequada.
Se falar é designar, o discurso “não é mais do que um testemunho do ser, pelo
que cabe a cada um fazer com que esse testemunho seja autêntico”. Não são as
palavras que mentem, mas sim o homem. (cf. Gusdorf, p. 43)
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Assim, a palavra manifesta seu poder sobre a realidade humana. Por meio dela
o homem dá significado a si e às coisas.
Demóstenes de Atenas (384 a.C. - 322 a.C.) foi um orador e político grego. Com vinte e sete
anos iniciou sua carreira de orador e logo conseguiu destaque.
Sua vida como orador e político foi dedicada à defesa de Atenas que se via ameaçada por Filipe
II da Macedônia. Contra o líder macedônio Demóstenes escreveu inúmeros discursos que ficaram
conhecidos como Filípicas. O objetivo era conclamar os cidadãos atenienses e arregimentar forças
contra a Macedônia antes que fosse tarde demais. Em 338 a.C., Demóstenes participou da batalha de
Queronéia — na qual Atenas foi derrotada pela Macedônia e marcou o início do domínio de Filipe e
depois de Alexandre, o Grande, sobre a Grécia.
O SUJEITO E SUAS AÇÕES LINGÜÍSTICAS
O sujeito e suas ações lingüísticas – aqui o trabalho do sujeito se constitui no fio
condutor da reflexão. Uma das características da linguagem é a reflexividade, isto é, o poder
de remeter a si mesma.
As ações lingüísticas que praticamos nas interações em que nos demandam
esta reflexão, pois compreender a fala do outro e fazer-se compreender pelo outro tem
a fórmula do diálogo: quando compreendermos o outro, fazemos corresponder à sua
palavra uma série de palavras nossas quando nos fazemos compreender pelo outro,
sabemos que as nossas palavras eles fazem corresponder uma série de palavras
suas. (Bakhtin, 1977).
Melhor dizendo, ―falo para me dirigir ao outro, para me fazer compreender. A fala
aqui é como traço de união‖ no dizer de Gusdorf (p. 47). Mas para que o outro me
compreenda, é preciso que a minha linguagem seja a sua – que ela dê ao outro,
precedência sobre mim, que seja mais inteligível quanto ela é ainda por cima denominador
comum. Ou seja, preciso despojar-me de mim para colocar-me no lugar do outro para que
ambos possam ser construtores conhecimento.
Se entendermos a linguagem como um mero código, e a compreensão como
decodificação mecânica, a reflexão pode ser dispensada; se a entendermos como
uma sistematização aberta de recursos expressivos cuja concretude significativa se
dá na singularidade dos acontecimentos interativos, a compreensão já não é mera
decodificação e a reflexão sobre os próprios recursos utilizados é uma constante em
cada processo.
Como as ações lingüísticas se dão na relação entre eu e tu, a interação verbal funciona
como um jogo. Dado que a fala se realiza entre os homens, as ações que com ela
praticamos incidem sempre sobre o outro, pois através deles representamos e
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apresentamos a nossos interlocutores uma certa construção da realidade e com isso
interferimos sobre seus julgamentos, opiniões, referências.
Armand Jean Du Pleiss, Cardeal de Richelieu, duque e político francês (Paris, 1585 - idem,
1642) e primeiro-ministro de Luís XIII de 1628 a 1642; foi arquiteto do absolutismo real na
França e da liderança francesa na Europa. Foi consagrado Bispo de Luçon em 1607. Seu poder de
oração o consagrou orador do clero nos Estados Gerais de 1614, passando a fazer parte do conselho
da regente Maria de Médici por volta de 1616. Tornou-se cardeal em 1622. Foi temporariamente
excluído após a ascensão ao poder de Luís XIII, mas em 1624 já contava com a confiança do rei,
entrando no Conselho do rei, de que rapidamente se tornou a personagem principal. Pelo resto de suas
vidas, os dois trabalharam juntos. Foi tão reconhecido, que se tornou um dos personagens principais
do romance ―Os três mosqueteiros‖, de Alexandre Dumas.
Portanto, “a tarefa de tomar a palavra exige de nós que passemos da
materialidade das palavras ao seu significado em valor. A nossa liberdade concreta
afirma-se à medida de nossa capacidade de promover em conjunto a expressão e a
comunicação na linguagem que nos manifesta”. (Gusdorf, p. 54).
Assim, a verdadeira comunicação é realização de unidade, ou seja, unidade de
cada um com o outro, mas conjuntamente unidade de cada um consigo próprio, modificação
da vida pessoal no encontro com outrem. Eu não comunico enquanto não fizer esforços para
libertar o sentido profundo do meu ser.
Se for verdade que a língua fornece o quadro para o exercício da fala, deve-se
reconhecer também que a língua apenas existe na fala que a assume e a promove. A
linguagem instituída define um campo de compreensão. A comunicação é a relação que se
estabelece entre dois sujeitos situados nesse campo, fornecendo-lhes um domínio comum
de referência, pano de fundo relativamente ao qual a sua relação momentânea se destaca
em primeiro plano.
A EXPRESSÃO E A AUTENTICIDADE DA COMUNICAÇÃO
A função expressiva da fala humana está em equilíbrio com sua função
comunicativa; ela comanda certos aspectos essenciais da nossa experiência. Ao evocar o
sujeito desprende-se, desvela-se, ―tira o véu‖, para que a comunicação seja edificada e,
assim, garante seu ponto de vista sobre o objeto.
Segundo Turazza, expressar-se por meio da fala é ―tirar a venda‖. O conhecimento
lingüístico deve ser compartilhado pelo outro, pois ao descobrir a pessoa do outro eu,
também me descubro no outro.
A função da comunicação é a revelação das pessoas, daí se dizer, portanto que a
fala é a evocação que se encontra em equilíbrio com a invocação. Melhor dizendo, é o grau
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de dialogismo entre os homens – nascemos num mundo de discursos preexistentes e os
sistemas de referências (ou de universos discursivos) que eles revelam são incorporados
pelo falante, constituindo o material concreto da consciência do sujeito.
Neste sentido, “falar, escrever, exprimir-se, é fazer obra, é ultrapassar a crise,
recomeçar a viver, mesmo quando só se acredite fazer reviver o sofrimento. A
expressão tem valor de exorcismo porque consagra a resolução de não renunciar”.
(Gusdorf, p. 64).
Ou seja, não deixar aprisionar-se por um universo lingüístico estabilizado – próprio
dos espaços das ciências matemáticas, das ciências da natureza, das tecnologias industriais
... Mas se permitir conhecer um lugar não estabilizado logicamente, próprio dos espaços
sócio-históricos, dos rituais ideológicos, dos discursos filosóficos, dos enunciados políticos,
da expressão cultural e estética, etc.
O primeiro tipo constitui em uma linguagem desvalorizada porque é próprio da comunidade
reduzir o valor ao estado de objeto; linguagem cerceada, que se tornou simples
denominador comum – aqui o indivíduo não se desvela, mas se oculta; não há crítica nem
reflexão, ao contrário, do universo lingüístico discursivo não estabilizado em que o homem
convive com ambigüidades equívocas, contradições. E é no contexto destas construções
que se produzem as ideologias enquanto elaborações sistemáticas das experiências, das
necessidades, das aspirações, selecionando, hierarquizando, estruturando seus
componentes.
Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, Holguín, 13 de Agosto de 1926), famoso por seus discursos com horas de duração, é o presidente da República de Cuba e uma das personalidades políticas internacionais mais conhecidas, carismáticas e polêmicas. Para seus defensores, Castro representa o herói da revolução social e a garantia de repartição equitável da riqueza no país, devido a sua política socialista. Seus adversários, internos e externos, no entanto, consideram-no o líder de regime ditatorial baseado numa política de partido único e numa polícia repressiva de estado, no que diz respeito à liberdade de expressão e à aplicação de penas duras a presos políticos.
“A fala é, para o homem o começo da sua existência, a afirmação
da sua pessoa na ordem social e na ordem moral. Antes da fala
existe apenas o silêncio da vida orgânica, que não é, aliás, um
silêncio de morte, porque toda vida é comunicação e mesmo
desde antes do nascimento o embrião encontra-se incluído no
ciclo biológico materno.” (Gusdorf, p. 81)
É pela fala/discurso que se cria o cenário para vida humana. Construir o cenário é
agir/transformar o mundo. A fala é neste caso, a afirmação do homem como pessoa que
atua em diferentes papéis sociais.
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ELOQÜÊNCIA
Na eloqüência desaparece o grau de reciprocidade. Ela é assimétrica, não tem troca
nem reflexão. Só um detém o uso da palavra e, devido a situação privilegiada, exerce sobre
a massa um poder de fascinação temível, fortalecido pelas receitas de uma técnica milenar.
A eloqüência ocorre na oratória e, pressupõe um orador que fala para um ―homem
da multidão‖ que é logo enfraquecido, manobrável pelo jogo de palavras do orador que é
visto como um encenador da sua própria consciência, logo, o que diz e como diz é suspeito.
Pode haver oradores honestos, mas a arte da arte da oratória é desonesta.
José Carlos do Patrocínio, nascido em 1854, no Rio de janeiro, filho de um cônego e uma
escrava, José do Patrocínio era farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político.
Lutava pela abolição. Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade
Brasileira Contra a Escravidão. Em 1883 articula a Confederação Abolicionista,
congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redige e assina,
juntamente com André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, Patrocínio não se limita a
escrever: também prepara e auxilia a fuga de escravos e coordena campanhas de angariação
de fundos para adquirir alforrias pela promoção de espetáculo ao vivo, comícios em teatros,
manifestações em praça pública etc. Em Setembro de 1887, à frente do periódico ― A Cidade
do Rio‖, intensifica a sua atuação política. Foi nele que Patrocínio saudou, após uma década
de intensa militância, a 13 de Maio de 1888, o advento da Abolição.
Ei! Ei! Preste bastante atenção. A partir da
próxima página. Você vai aprender os
fundamentos da oratória e a melhor maneira
de colocá-la em prática.
3.2. Princípios gerais de oratória
De acordo com Polito (2000) para se fazer uma boa oratória é necessário que
você fique atento para os seguintes passos:
Escolha do assunto – de preferência optar por um assunto que o auditório ainda não
tenha ouvido falar (assunto atual);
Determine os objetivos – ao falar você tem alguns objetivos a alcançar, bem como:
a) informar;
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b) persuadir e motivar, ou seja, canalizar o trabalho para a obtenção de argumentos,
provas, análise de objeções e de pontos que possam ser refutados;
c) entreter – presença do espírito de humor e ironia. Informações que não exigem
grande esforço de entendimento do público (tocar a emoção dos ouvintes);
d) promover-se – transmitir informações que de modo sutil ressaltem seus princípios
morais, honestidade e interesse pelo próximo.
Conheça os ouvintes, pois a apresentação do orador deverá estar de acordo com o
auditório. Assim, é necessário que ao se preparar à apresentação o orador entre em
sintonia com a platéia, pois, só conseguirá sensibilizá-la. Em outras palavras falar o que
ela deseja ouvir; o orador precisa ainda conhecer o mecanismo de escuta-la e não
simplesmente ouvi-la.
Verifique o local e as circunstâncias da apresentação; alguns cuidados com o local e
com as circunstâncias que cercam a apresentação ajudam a indicar o melhor caminho
para alcançar um bom resultado diante do público. Polito (idem) elenca a importância de
se considerar os seguintes itens abaixo:
a) O tamanho do auditório – uma platéia mais numerosa exigirá do orador mais
gesticulação e intensidade de voz;
b) O local – verificar as condições de acesso, abrangência e acomodação das pessoas
previstas para o encontro são fatores que poderão influenciar na receptividade dos
ouvintes;
c) Os recursos disponíveis – todo o material, utensílios e instalações, tudo deve estar
em perfeitas condições e locais apropriados;
d) O apoio da apresentação – diz respeito ao pessoal da assistência técnica e
informações;
e) as últimas observações – confirmar se o programa inicialmente não foi alterado;
nome, cargo, hierarquia das pessoas a serem mencionadas ou se haverá alguma
alteração, de última hora;
Faça a pesquisa e escolha das informações.
Após os procedimentos anteriores, a pesquisa completará o levantamento das
informações. Para a pesquisa são necessários os critérios abaixo:
Comece a pesquisa e a montagem pelo assunto central;
Não censure, todas as informações poderão ser úteis;
Recorra aos próprios conhecimentos;
Converse com outros especialistas;
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3.3. Para trabalhar a oratória
a) Deve buscar
O dom da palavra;
Persuadir;
Esclarecer idéias e conceitos.
b) Onde aplicar
Vida particular;
Vida profissional;
Vida na política
c) Por meio da palavra, você pode:
Criar amigos ou inimigos;
Induzir alguém a comprar um determinado produto ou faze-lo desistir;
Simpatizar com as nossas idéias;
Tomar determinadas atitudes;
Informar com precisão (corretamente);
Defender;
Comunicar idéias;
Realizar discursivos políticos;
Falar em um jantar, homenagem, recepção ou despedida.
IMPORTANTE: A oratória é muito valiosa tanto para
o triunfo social quanto para promover o próprio
trabalho.
3.4. Caminhos para a prática da oratória
a) ATIVIDADES DE EXPRESSÃO CORPORAL:
Expresse a fala com segurança e determinação;
Ritme a fala com a respiração;
Fique sempre atento para que não sature o público;
Procure ser sintético, considerando sua fala, isto é, fale muito com poucas
palavras;
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Projete a voz com um volume audível ao público;
Realize leituras,
Amplie seu vocabulário desenvolvendo discursos sobre diversos assuntos;
Pronuncie as palavras com clareza, dando destaque as que terminam com ―s‖ e
―r‖;
Eleve o tom da voz nas palavras enfáticas;
Procure sempre falar com desembaraço e adquira um vocabulário fluente e
preciso.
b) CUIDADOS EM EMPREGAR VÍCIOS DE LINGUAGEM, COMO:
Apresentar argumentos sem tranqüilidade;
Repetição contínua de frases como ―entendeu?‖, ―né?‖, ―compreendeu?‖, ―tá‖ e
―percebeu?‖;
Confundir o ―l‖ com o ―r‖;
Discursar sem modulação de voz;
Excessos de arcaísmos, estrangeirismos e gírias;
Utilizar palavras irônicas;
Falar com gracejos ao longo do discurso;
Falar ao mesmo tempo ou interromper uma pessoa;
Pausar por um tempo excessivo o discurso;
Omitir os encontros consonantais;
Aproximar-se dos rostos dos ouvintes ao discursar.
3.5. Orientações sobre como apresentar tipos de discursos
a) AGRADECIMENTOS AO ORADOR: observar que esse momento é quando você
está assistindo palestras ou conferências, tendo que, no final do evento em
questão, comentar o desempenho do orador e agradecer sua presença.
Procure abreviar o tempo do discurso – 30 a 60 segundos é o ideal;
Faça referências somente à fala do orador;
Mantenha atenção ao discurso do orador para saber quais pontos foram
abordados por ele;
Elogie a clareza, a precisão, etc. do discurso do orador;
Agradeça pelos momentos que passaram pelas informações úteis que
compartilharam pelas notícias de interesse grupal, etc.
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b) AGRADECIMENTOS A UMA HOMENAGEM: atente a essas regras,
principalmente se você é um homenageado em determinado evento, por
determinado grupo ou categoria da sociedade.
Expresse sua divida ao grupo que homenageando ou presenteando,
procurando compartilhar com o todo grupo;
Agradeça novamente;
Ao brindar faça uma referência e espontaneamente devolva a homenagem ao
auditório, falando palavras claras e breves de amizade, carinho e afeto;
Agradeça novamente e sente-se.
E seu eu não for o homenageado, mas estiver fazendo
uma homenagem?
Uma homenagem, de forma simplificada, pode seguir os seguintes passos9:
Conquiste a simpatia e a benevolência do publico;
Faça um histórico das atividades ligadas à vida do homenageado;
Fale das qualidades do homenageado, revele seu nome e o motivo da
homenagem;
Encerre com mensagem de otimismo, desejando ao homenageado muitas
conquistas e realizações
3.6. Orientações sobre os tipos de discurso
a) DISCURSOS INFORMATIVOS – EXPOSIÇÃO
Coordene suas próprias idéias – estabeleça o plano de exposição;
Procure inteirar-se do assunto
Utilize-se de dados expressivos para o público;
Analise descritivamente cada item da sua exposição;
Lembre-se que o público não conhece profundamente o assunto quanto você;
Ao descrever o desconhecimento, compare-o a elementos familiares ao
auditório.
9 Retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 178.
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b) DISCURSOS PERSUASIVOS
Ao iniciar o assunto, não seja hostil e comece com observações de assentimento
geral;
Prove seu ponto de vista com exemplos conhecidos do público;
Emocione o auditório com determinação nas palavras;
Concilie apelo comovente e causa legítima;
Inicie com um conteúdo sério em sua fala e encerre com algo que deixe o
público persuadido.
c) DEBATES
Procure responder as perguntas com cuidado;
Ouça a pergunta e apanhe cuidadosamente a intenção e o conteúdo do que foi
perguntado. Nem todas as perguntas contêm a indagação que parecem conter.
Uma forma de avaliar a intenção de uma pergunta é conhecer sua audiência;
Responda a pergunta que lhe foi feita, para não desrespeitar a platéia;
Apresente fatos diretamente e resumidamente;
Responda perguntas controvertidas com convicção de sua opinião, não tente
divergir;
Atenda ao maior número de pessoas possível. Não deixe que alguém
monopolize o período de perguntas e respostas.
3.7. Cuidados com a voz
A voz depende do sistema nervos que ordena, coordena, dá sentido aos sons
produzidos pelo organismo e às condições emocionais.
Comumente você associa vozes mais graves a seriedade, responsabilidade, tristeza
ou amargura. As vozes agudas expressam euforia, nervosismo, infantilidade. Vozes débeis
transmitem a sensação de insegurança ou timidez.
A voz rouca e grave é considerada defeituosa pela classe médica, mas é usada com
sucesso pelos sedutores. A voz nasal é usada para dar um clima intimista.
Um bom uso da voz pode facilitar a capacidade de expressão da pessoa, que pode
por meio de sua fala e com uma boa voz, realizar-se profissionalmente.
Os textos seguintes foram classificados de acordo com os tons de vozes:
a) TOM GRAVE E SOLENE: voz grave, baixa e vagarosa
Ex.: Um discurso em um ritual fúnebre, como um velório.
b) TOM DE CONVERSAÇÃO FORMAL: tom natural, voz modulada em velocidade.
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Ex.: o discurso de uma exposição em uma aula de matemática
―O futuro deve ser uma fronteira aberta a invenção do homem. É isso que eu entendo
por uma sociedade aberta.‖ (Celso Furtado)
c) TOM EMOCIONAL: Exige que a voz seja mais alta e mais rápida.
Ex.: discursos de generais
―Soldados ! Do alto desta pirâmide, 40 séculos os contemplam‖. (Napoleão
Bonaparte)
―Independência ou morte‖ (D. Pedro I)
3.8. Elementos importantes na formação de um orador
b) A VOZ10: O aparelho fonador é uma adaptação de partes dos parelhos digestório
e respiratório. Portanto, quando você fala, não apenas ele, mas todo o organismo
passa a funcionar e a expressar, por meio da voz, seu comportamento físico e
emocional. Por isso, a voz identifica o que ocorre no nosso interior. Ela se revela
se estamos alegres, tristes, apressados, calmos, nervosos, hesitantes, convictos.
Para usar a voz de maneira correta e apropriada na comunicação, é preciso
conhecer bem suas características e seu funcionamento.
c) A RESPIRAÇÃO11: A boa voz depende fundamentalmente de uma respiração
adequada. Sem respirar bem não é possível falar bem.
A respiração é constituída de duas fases distintas: a inspiração e a expiração.
Na inspiração, os pulmões se enchem de ar, as costelas se elevam, o diafragma (um
músculo localizado embaixo dos pulmões) desce, e a caixa torácica se alarga. Na expiração
ocorre o inverso. O diafragma sobe, as costelas descem, e o ar que sai dos pulmões, como
conseqüência deste processo, é usado na fonação.
10 Texto retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 42.
11 Texto retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. pp.
43-44.
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A respiração correta para falar é realizada com a região abdominal, como faem as
pessoas quando estão dormindo. Veja a seguir um exercício para treinar e melhorar a
respiração:
fique em pé, distribuindo naturalmente o peso do corpo sobre as duas pernas, e
com a postura um pouco relaxada;
posicione a cabeça como se estivesse equilibrando um pequeno livro;
coloque as mão sobre o abdômen, sem forçar – elas servem apenas para que você
se conscientize do procedimento correto ao respirar (na produção da fala, o
abdômen devera estar o mais relaxado possível; observe como durante o processo
de inspiração o abdômen se eleva);
Atenção: a caixa torácica deverá ficar
praticamente imóvel. Se ela se expandir, a inspiração
para falar não estará correta.
Expire com os lábios levemente cerrados, produzindo um fluxo de ar contínuo, e
observe como o abdômen se contrai;
Repita este exercício várias vezes até desenvolver a respiração na região
abdominal e usar corretamente o diafragma;
Depois de conseguir o domínio da técnica da respiração, repita o exercício e, ao
expirar, pronuncie as vogais a,e,i,o,u, uma de cada vez.
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Procure praticar essa técnica para que possa usá-la naturalmente ao falar.
d) DICÇÃO: é a qualidade suprema da voz falada. No discurso as palavras devem
ser pronunciadas de forma clara, precisa, completa e compreensível. Deverão ser
observadas rigorosamente a regras de acentuação, uma vez que a não
observância delas poderá expor o orador ao ridículo, contribuindo ainda para em
entendimento imperfeito da idéia, do assunto exposto. A respiração destaca-se
nesse processo, o qual compreende a Inspiração, a pausa e a expiração. O orador
não deve respirar no meio das palavras ou deixar os pulmões se esvaziarem
demais.
ATENÇÃO:
1) É comum notar-se que a maioria daqueles que usam a palavra em público suprime o
final de determinadas palavras compridas e de pronúncia complexa. Eis um defeito que
empobrece um discurso, tira-lhe o brilho e provoca observações entre o auditório.
2) Somos julgados pela forma como pronunciamos as palavras. Uma boa dicção pode ser
um ―cartão de visitas‖, a imagem de uma pessoa bem preparada, ou seja, pode
aumentar a credibilidade do orador, pois a boa pronúncia, sem atropelos durante a fala,
é um indicativo de domínio do assunto tratado pelo orador.
a) TIMBRE: Qualidade distinta da voz no que diz respeito às alturas (Volume) e
intensidade (Energia)...
Não fale de boca fechada;
Não fale com o nariz;
Não fale com o fundo da garganta
Não fale com a flor dos lábios.
b) INTENSIDADE OU VOLUME: É o grau de energia da pronúncia, ou seja, a força da
voz; é a potência com que o som é produzido. O volume ideal de voz é aquele
ajustado ao ambiente onde será realizado o discurso. O orador não deve usar um
volume elevado se estiver falando em um lugar pequeno para poucas pessoas,
nem reduzido se estiver diante de uma platéia considerável em um ambiente
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101
grande e se microfone. É importante atentar para o local onde será realizada a
oratória e utilizar a intensidade da fala de acordo com o mesmo.
IMPORTANTE: Cada pessoa possui uma velocidade no seu discurso
que depende de diversos fatores como respiração, articulação das
idéias, nível de dificuldade de pronuncia e dicção. É interessante para o
orador que encontre seu nível de velocidade do discurso e o harmonize
com o volume de sua fala, de forma a tornar o discurso mais
interessante, sem fazer com que o espectador peca o interesse por
uma fala muito lenta e/ou baixa ou sinta-se irritado com um discurso
muito alto e/ou rápido.
c) ENTONAÇÃO: é a música ou o ―colorido‖ da linguagem. É a ênfase da voz em
certos vocábulos, onde a pronúncia ganha relevo ou certo destaque. Esse elemento
contribui decisivamente para o êxito de um discurso. Sabemos que uma voz tediosa
e pouco interessante cansa o público. O ato de baixar e levantar o tom de voz faz
com que o discurso seja agradável ao público. A ênfase da voz quando usada de
uma forma apropriada transmite, ao ouvinte a idéia exata do que se deseja
comunicar. Muitos discursos são interpretados erroneamente porque o orador não
coloca ênfase em suas palavras e deixa a interpretação a critério do ouvinte.
Vamos fazer um pequeno exercício agora. Analise a
frase a seguir
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Observe como o sentido da mensagem seria
modificado se o destaque fosse dado a palavras
diferentes
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leia as frases ditas pelo cartesiano, mudando o volume de
voz nas palavras destacadas e faça pausas expressivas
antes e depois de pronunciá-las.
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal
ATENÇÃO:
1) Pronunciar uma palavra com maior ou menor intensidade serve para destacá-la dentro
de uma frase. Apesar de este recurso ser utilizado com mais freqüência em palavras, é
possível pronunciar com maior veemência uma frase inteira para destacar a mesma no
contexto de uma mensagem que se queira passar.
2) O recurso de se pronunciar uma palavra pausadamente, sílaba por sílaba, também serve
como ferramenta para destacar uma palavra ou uma frase. No caso da frase, este
recurso é ainda mais eficiente que o anterior.
3) Uma boa forma de se destacar uma palavra dentro de uma frase é o de utilizar pausas
antes e depois da palavra que se deseja enfatizar. Uma pausa na fala antes, e outra logo
em seguida à palavra em questão faz com que a mesma seja destacada de forma
natural.
IMPORTANTE:
O SOTAQUE
Segundo o Dicionário Aurélio, o sotaque é ―a pronúncia característica de um
indivíduo de uma determinada região‖. E de fato a pronúncia da língua carregada de
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103
elementos de influencia da região ao qual o falante pertence é chamada de ―sotaque‖.
Porém algo é importante ressaltar: todos nós carregamos um sotaque, pois todos temos
maneiras singulares de expressar-nos através de nossa língua mãe, formas estas que
variam de acordo com as influências lingüísticas das regiões as quais pertencemos. Mas
não conseguimos perceber essas singularidades em nosso modo de falar.
Por estarmos habituados não só pela nossa fala, mas pela dos indivíduos ao
nosso redor, temos a tendência de carregar nossa forma de falar como a forma ―correta‖ e a
de outras regiões como ―errado‖, ou ―carregada de sotaque‖. Esse típico comportamento
etnocêntrico12 advém do fato de não termos consciência de nossa cultura, de utilizarmos
nossos hábitos como referência, sem a empatia necessária para nos colocar no lugar do
outro e ver como este outro, esse diferente nos enxerga. No caso da língua, para nós o
outro possui o sotaque, enquanto para o outro somo nós que carregamos sotaque. Para um
nordestino, o sulista tem sotaque, e vice-versa, para o sulista, é o nordestino que possui
uma forma diferente de utilizar a língua.
Tendo em vista essas diferenças, nos defrontamos então com o seguinte
problema: é válido mudar o modo de falar porque uma determina situação exige, porque
convivemos com pessoas que possuem um modo de falar diferente? Essa questão não
possui uma resposta do tipo sim ou não, pois o falante da língua e neste caso nós, deve
pensar em uma série de fatores antes de chegar a uma resposta. Assim, abaixo é listado
uma série de questões para se refletir sobre o uso do sotaque:
1) Quando o sotaque deve ser eliminado: alguns fatores devem ser pensados antes de
se pensar em eliminar o sotaque:
A compreensão da pronúncia: nestes casos o sotaque às vezes é modifica
bastante a língua, havendo a impressão de que o falante está utilizando outra língua.
Neste caso, muito provavelmente o sotaque deverá ser mudado para haver uma
maior facilidade da comunicação.
O efeito da avaliação dos ouvintes: pelos motivos acima avaliados, pode haver
problemas por parte do ouvinte em aceitar uma forma diferente de falar, podendo
incorrer em diversas conseqüências como, por exemplo, a zombaria, o que pode
dificultar a comunicação. Se for este o caso talvez seja melhor modificar o sotaque.
A possibilidade de resistência dos ouvintes: pode ocorres quando ouvintes
entenderem que o sotaque do orador é uma forma de prepotência, arrogância.
Exemplo: caso o orador pertença a regiões mais ―badaladas pela moda‖, ou
12
Etnocentrismo: tendência do ser humano julgar os valores de outras sociedades e culturas diferentes
através das referências de sua própria sociedade, tomando seus valores e costumes culturais como o ideal, o que
é correto.
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privilegiadas de alguma forma, pode sofrer algum tipo de resistência de ouvintes que
pertençam a regiões não tão privilegiadas, independente do que se tenha a falar.
2) Apesar de a mudança ser importante em determinadas situações, deve-se tomar
cuidado para que, ao modificar a forma de falar, o discurso não saia forçado,
comprometendo a naturalidade e a espontaneidade da comunicação.
3) Apesar de haver essa possibilidade de mudanças, se o orador não sentir-se
confortável com elas, independente de qualquer consideração, então talvez o melhor
caminho seja manter seus regionalismos, de forma a tornar a comunicação sempre
mais fluida.
d) TOM DA VOZ: é responsável pela dinamização do discurso. Deve ser dinâmico,
claro e seguro.
e) GESTOS: indica em parte as idéias. Os gestos devem ser:
Natural: se ajusta as idéias e as palavras do orador;
Fácil: espontâneo, não planejada;
Usada moderadamente: cada gesto deve ter um significado. Não repita o
mesmo gesto duas vezes.
f) POSTURA: refere-se a atitude que você tem em frente ao outro. Também retrata
a posição corporal assumida em uma palestra ou no dia-a-dia, envolve os pés,
as mãos, o corpo, a cabeça etc.
a) sente-se comodamente na cadeira, com o busto ereto para deixar os pulmões
completamente livres;
b) evite dobrar os braços e fechar as mãos, dificultando a circulação do sangue.
Deixe os braço soltos e as mãos abertas para que a tensão possa esvair-se
pela ponta dos dedos.
c) ao levantar-se para falar, respire profundamente e ande com calma,
respirando normalmente, balançando lentamente os braços. Não deixe para
arrumar a roupa ou os cabelos nesta ocasião;
d) inspire bastante ar e solte-o levemente pela boca. Assuma a posição correta
do orador.
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105
Alguns conselhos para posicionar-se corretamente:
sinta os pés firmes no chão, não muito afastados um do outro e com os joelhos levemente flexionados, as mãos caídas naturalmente ao lado do corpo, punhos fechados, mas não crispados;
mantenha o busto bem posto, ombros para trás, cabeça erguida permitindo ampla ventilação dos pulmões para bem falar;
relaxe todos os músculos, principalmente os do maxilar, o que dá uma sensação de bem estar;
deixe a boca levemente aberta como se fosse pronunciar letra ―A‖, enquanto olha calmamente toda a platéia (sem fixar o olhar em alguém em especial) durante alguns segundos;
evite toda a atividade que distraia o público, como colocar os pés sobre uma cadeira ou balançar-se para frente e para trás ou de lado;
mostre-se relaxado.
IMPORTANTE:
COMO USAR BEM O MICROFONE
Ao aprender a usar corretamente o microfone, você aproveitará o eu potencial e o
transformará em um ótimo colaborador para sua voz e para sua comunicação.
Cada tipo de microfone tem sua sensibilidade e requer uma distância apropriada da
boca para ser bem aproveitado. De maneira geral, não deixe o microfone muito baixo,
porque dessa forma ele não captará convenientemente o som da usa voz. Por outro lado, se
o deixar muito próximo da boca, além de estourar o som, ele poderá se transformar em
obstáculo entre você e o público, impedindo que os ouvintes vejam seu semblante.
Como eu disse, cada microfone deve ser usado a uma distância apropriada, mas
como orientação geral, sugiro que seja mantido a uns 10 centímetros da boca. A partir
desse ponto, você irá se aproximar ou se afastar, de acordo com a sua sensibilidade.
A melhor altura do microfone é um pouco abaixo da boca, mais ou menos na direção
do queixo.
O grande segredo para o bom uso do microfone é falar sempre olhando sobre ele.
Assim, se você se dirigir às pessoas que estão no fundo da sala, à sua frente, posicione-se
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106
naturalmente diante do pedestal, olhando sobre o microfone. Se falar com os ouvintes que
estão em uma das extremidades da sala, bastará um leve giro do corpo para que o
microfone fique entre você e a parte do público a quem deseja dirigir as palavras. E assim,
sempre posicionado para falar olhando sobre o microfone, estará se valendo
convenientemente desse extraordinário recurso da comunicação, sem que a platéia note
qualquer intenção de você estar usando alguma técnica. Na verdade, quando a técnica é
bem utilizada, o público nem percebe que existe microfone no ambiente.
RETIRADO DE: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. pp. 67-68.
Atividade
1) Tendo como base seus conhecimentos dos capítulos anteriores, o que você aprendeu
sobre oratória e utilizando como referência um dos textos sobre a linguagem
matemática, realize um seminário que aborde a questão da linguagem e matemática.
Este seminário deverá ser realizado em grupo (cada grupo composto de 4 a 5
integrantes). A avaliação da oratória, dos vários tipos de discurso, etc, será realizada
através deste seminário.
2) O ―r‖ no final de vocábulos é uma das letras mais suprimidas na hora da fala. Tendo isso
em mente e o que você aprendeu sobre dicção, faça a atividade abaixo como forma de
melhorar sua pronúncia.
A tabela abaixo é formada por duas colunas a da
direita com substantivos e a da esquerda com verbos,
ambos terminados em ar, er, ir, or.
SUBSTANTIVOS VERBOS
AR AR
Mar Caçar
Lar Dar
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107
Colar Viajar
Bar Doar
Lugar Tramar
ER ER
Lazer Fazer
Repórter Vencer
Ester Cozer
Mulher Comer
Colher Colher
IR IR
Emir Rugir
Elixir Sair
Vizir Erigir
Samir Tingir
Jurandir Cerzir
OR OR
Cobertor Repor
Ventilador Decompor
Televisor Por
Flor Expor
Amor Impor
Pronuncie as palavras desta relação em pares, na
ordem em que está, depois alterne a posição dos
substantivos e verbos dentro da mesma terminação
sempre acrescentando novos.,
Pronuncie em voz alta o substantivo e em seguida o
verbo, cinco vezes cada par. Por exemplo: mar-caçar,
cinco vezes, depois lar-dar cinco vezes e assim por
diante.
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108
Repita esta operação até conseguir repetir o “r” final
dos verbos com a mesma naturalidade que com que
fala você fala o “r” final dos substantivos.
RESUMO
É pela fala que exercitamos a linguagem, sendo esta ação a comunicação, que se
constrói pelas formas da língua. Ou seja, é pelo ato da fala que verbalizamos nosso
pensamento. Sendo assim a dissociação entre linguagem e pensamento faz-se impossível.
A linguagem e fala ao mesmo tempo são diferentes e complementam-se. A primeira
caracteriza-se por abranger designação, precisão, decisão: é objetiva em relação à
realidade humana; já a segunda traz consigo a essência do mundo. Em outras palavras, a
―fala‖ concebe ao ser humano construir um universo de significados diversos, próprio a
partir de cada palavra utilizada, fugindo a um mundo já pré-concebido. A função expressiva
e a função comunicativa da fala humana estão em equilíbrio. Através da expressão, o
sujeito realiza a comunicação, garantindo assim seu ponto de vista sobre o objeto lido,
interpretado, re-significado.
Para seguir a atividade da fala, como oratória, alguns elementos fazem-se extremamente
importantes: informar; persuadir e motivar (argumentação para se alcançar o
convencimento); entreter (discurso e postura marcados por forte presença do espírito);
promover-se (informar de maneira que, sutilmente, o orador ressalte seus princípios
morais, honestidade e interesse)
Meus parabéns, agora você está pronto para fazer sua
apresentação, utilizando-se da arte da oratória com
qualidade e técnica!
Você sabe como produzir textos de referência e
textos dentro da redação oficial?
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
109
Não se preocupe! Agora, iremos estudar os vários
tipos de documentos de referência e oficiais; por
isso, preste bem atenção nos conceitos, pois este é
um assunto muito importante para sua futura
profissão! 4. DOCUMENTOS INFORMATIVO-REFERENCIAIS E OFICIAIS
Ao final desta unidade, você estará apto a:
- Identificar e classificar os documentos oficiais;
- Elaborar documentos oficiais dentro das normas técnicas;
- Propiciar aos discentes a habilidade para a produção e/ou elaboração de textos
técnicos e informativos, utilizando com precisão a linguagem técnica, clara e
objetiva.
Começaremos pelos textos informativo-referenciais.
Estes textos podem ser três tipos: fichamento,
resumo e resenha. Preste atenção à sua construção.
4.1. Fichamento
É um recurso de memória imprescindível – sobretudo na elaboração de projetos de
monografias (trabalhos de pesquisa, como aqueles realizados para a conclusão de cursos
de nível superior). É usado também em seminários e aulas expositivas. Para monografia,
usa-se o fichamento após a leitura reflexiva e crítica de um texto, respondendo os itens
abaixo e anotando, em cada informação, a página do documento lido e o nome do autor.
Aconselha-se utilizar, frases e palavras próprias, cuidando-se, porém, de reproduzir com
fidelidade o significado do que o autor expressa. Anote apenas o que for essencial. As fichas
padronizadas para este tipo de documentação medem 22,5x15,5 cm, normalmente; você
pode, contudo, escolher outro tamanho que melhor lhe convenha.
(Veja modelo abaixo. Tema: Metodologia do Ensino; Delimitação ou Assunto enfocado:
Educação Pré-escolar; Pontos-chaves explorados: Conceito, objetivos, características,
etc.)
Ficha do documento Metodologia Educação Pré-escolar
SOUZA, Paulo N.P – Piaget e a Pré-escola, SP, Pioneira, 1983, 180 p. Sumário: Este livro contém: -
Importância da Ed. Pré-escolar (p9) - Objetivos (p.15)
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110
Ficha do documento Metodologia
Educação Pré-escolar - Justificativa -
A educação pré-escolar é necessária pelos seguintes motivos: - a criança de 4 a 6 anos
precisa de estimulação para que se desenvolva. (Paulo N.P. Souza, Piaget e a pré-escola – p.9)
- No mundo atual a mulher é chamada a colaborar no trabalho fora de casa e precisa
deixar a criança na escola. (Gilda Rizzo – Ed. Pré-escolar – p.9)
Daqui para baixo começa o fichamento da obra
Ficha 1 Metodologia do Ensino - Conceito* -
Método é o meio que se usa para fazer com que o homem se relacione de forma mais adequada com o mundo natural e com o mundo cultural.
Método de Ensino: ação educativa da transformação consciente e racional, socioeconômica e política da sociedade.
Ficha 2 Metodologia - Caracterização do Método do Ensino* -
Finalidade de atingir um projeto preestabelecido - > processo ordenado, uma integração do pensamento e da ação.
Reação (imprescindível exigindo planejamento e replanejamento)
Ficha 3 Metodologia - Importância do Método -
Transmissão e assimilação cognitiva de forma coerente;
Organização de acordo com a realidade do educando.
Ficha 4 Metodologia - Objetivos do Método -
Motivar e orientar o educando para assimilação do saber veiculado no processo escolar e na relação com os meios: natural, cultural, socioeconômico, etc
Ficha 5 Metodologia - Determinantes para Escolha do Método -
A realidade vital da escola (educando e educador) assim como a realidade sócio cultural em que está inserida.
Não há necessidade de seguir dogmaticamente a definição geral do método.
Ficha 6 Metodologia - Problema -
Um dos problemas da metodologia é o planejamento preestabelecido sem que se conheça a realidade da classe, ou seja, seu meio cultural. O planejamento deve ser reciclado de acordo com o educando.
Variedades de fórmulas didático- metodológicas;
Situações didáticas transmitidas sem qualquer conexão com o mundo social.
Ficha 7 Metodologia - Contextualização -
"Toda situação didática ...a met. contextualizada nasce e renasce da própria situação didática (...) envolvendo a totalidade das contradições e problemas do mundo real (p.89). A contextualização da metodologia se apoia "numa" perspectiva histórica e na dialética dos fatos fenômenos educativos (p.90) e no exame de fatores empíricos científicos e sociais que caracterizam a ação docente."
Ficha 8 Metodologia - Subsídios -
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111
a) os resultados das pesquisas no campo da psicologia da aprendizagem (p.89); b) a lógica presente na estruturação da matéria de conhecimento (conteúdo curricular); c) a finalidade formativa da educação (categoria funcional) d) as diferentes realidades do processo E-A.
Ficha 9 Metodologia Método de Ensino - Valor e Limites - Subsídios
O método de ensino tem valor relativo e se constitui apenas num instrumento de relação entre o sujeito e o objeto da educação ... O método de ensino é limitado por condições subjetivas (do educador/educando) e objetivas (matéria, ambiente escolar, etc ...) p.90
Ficha 10 Metodologia - Papel -
Espera-se que a Metodologia: a) evite a rotina pedagógica e a superficialidade do processo E-A. (p.90) b) trabalhe a realidade educativa de forma totalizante; c) desvele a essência da realidade sócio-educativa, identificando suas causas e contradições; d) assegure uma postura crítica e criativa (p.95) do futuro educador, principalmente quando ...
Ficha 10 Metodologia - Papel -
Cont. ... o sistema social está em contradição com o pressuposto epistemológico da teoria de conhecimento que sustenta sua metodologia (p.94) a) facilite a assimilação crítica da matéria de ensino pelo aluno e o confronto desta com as
necessidades da clientela escolar (p.90)
Ficha 11 Metodologia - Contradição -
Contradições objetivas e subjetivas (vetor principal do processo de ensino e do processo de aprendizagem que conduz à praxes pedagógica
a contradição é, sem dúvida, o elemento gerador que leva a ação didática. Contradição (no ensino) é o que se manifesta entre as tarefas propostas ao aluno durante o processo de ensino e o nível real dos seus conhecimentos, hábitos e atitudes.
Método da "contradição" é aquele que a) possibilita ao prof. E ao aluno uma postura consciente e crítica frente ao "contraste entre o tipo de sociedade e de cultura representado pelo aluno (p.92) b) possibilita ao aluno o desenvolvimento .
Ficha 11 Metodologia - Contradição -
Da "capacidade de uma visão prospectiva da realidade e a produção de uma atitude criadora e consciente participação na evolução das relações sociais."
IMPORTANTE!!! Leia o texto do começo ao fim, localizando e anotando à margem ou em papel à parte, para fins de fichamentos, os dados acima em negrito. Utilize quantas fichas forem necessárias. (*)Conceito = "é ", o que significa "consiste em"; Características = o que marca mais em si; Importante = porque, na medida que, visto que ...; Objetivos: para que, visa ª.., busca a; Determinantes = é o que determina, o que leva em conta, o que leva em consideração.
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112
Atividade
1) Execute um fichamento do texto ―Matemática e os caminhos da arte‖ de Manoel
Teixeira.
Matemática e os caminhos da arte
Manoel L. C. Teixeira
De abril a maio de 1996 aconteceu no MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro – a exposição Matemática Realidade e Estética produzida pelo Instituto de
Investigação Científica de Matemática Discreta da Universidade de Bonn na Alemanha. Na
exposição foram mostradas réplicas de obras de artes de artistas famosos feitas no
computador, comparando-se essas imagens que são o resultado direto do desenvolvimento
algorítmico, com diversas reproduções da moderna arte construtivista.
Em 1907 nasceu uma nova tendência nas artes plásticas, como reporta o Jornal do
Brasil.
Nova tela de Picasso lança arte cubista
Em julho de 1907, o pintor espanhol Pablo Picasso concluiu a tela lês Demoiselles
d‘Ávignon que rompe completamente com o impressionismo, estilo que ele adotava até
então e que nada tem em comum com as escolas já conhecidas de artes plásticas. O novo
estilo é, então chamado de cubismo e adotado por outros artistas, como Georges Braque e
André Lhote, que planejam uma exposição em Paris. O que surpreende no quadro, o qual
retrata cinco mulheres nuas, é a decomposição das formas humanas naturais em traços de
aparência geométrica e o rompimento com as leis da perspectiva. Ao contemplar-se a tela,
percebe-se que as figuras retratadas aparecem como se fossem observadas sob vários
ângulos ao mesmo tempo.
Assim como na arte cubista, lidamos no dia-a-dia com as linhas, as retas e os
planos. Podemos numa sala de aula de matemática criar um clima de interação com os
alunos, fazendo-os vivenciar o processo de criação artística.
Essa ação poderia romper com o preconceito de que a genialidade na pintura ou nas
artes em geral é um dom que poucos humanos são capazes de desenvolver. Acreditamos
que se houvesse, de fato, propostas de implementação de ateliês nas escolas,
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113
estimularíamos a auto-estima, a liberdade criativa e o exercício de uma profissão. Alem de
estarmos contribuindo para minorar o preconceito em relação à vida e à profissão artística,
conheceríamos mais detalhadamente a história das grandes tendências da arte mundial.
A idéia de uma escola com ateliês é mais abrangente e de difícil realização a curto
prazo. Podemos propor para a nossa sala de aula mudanças que sejam possíveis na
atualidade. O ateliê de Matemática vem ao encontro dos nossos planos de mudanças no
ensino dessa matéria. Estamos recriando a Didática Especial da Matemática, disciplina que,
por longos anos, viveu deitada em berço esplendido. Não está na ordem do dia das
discussões de educadores matemáticos a sua inserção em debates e pesquisas visando
possíveis mudanças. Isso parece estar longe de ocorrer e alguns fatores podem ter gerado
essa situação. O primeiro diz respeito ao fato dessa disciplina ter sua origem nas
Faculdades de Educação. Ela já existia mesmo antes da reforma do ensino de 1969 que
criou as essas Faculdades. Ela é do tempo das Faculdades de Filosofia, às quais as
disciplinas pedagógicas, o curso de pedagogia e a licenciatura de matemática estavam
vinculados. Outro fator é que poucas Faculdades no Brasil fazem pesquisa em ensino. Elas
estão preocupadas em dar aulas e exercer a oratória da teoria transformadora, respaldada
em uma prática extremamente conservadora e arcaica voltada para a famosa transmissão
do conhecimento e com todos os outros males do ensino tradicional. Por incrível que
pareça, são os educadores matemáticos oriundos dos Institutos de Matemática que estão
levando adiante no Brasil a pesquisa no ensino dessa disciplina. A questão da urgência de
mudanças, a diminuição nos níveis de rejeição por parte dos alunos em relação à
matemática, a grande massa de excluídos do mercado de trabalho, questões de estima
pessoal e traumas irreversíveis são para nós motivos suficientes para propormos a
Matemática e o Caminho das Artes como mais uma opção para mudarmos o atual estado do
ensino da matemática.
Um pouco da História da Educação Matemática no Brasil
São poucos os Educadores Matemáticos com título de doutor nas Faculdades de
educação do País. Com raras exceções, eles existem em maior número nos Institutos de
matemática. Os matemáticos puros, em sua maioria doutores, apesar de existirem em
pequeno número na sua área do conhecimento, em determinado momento optaram pela
educação matemática. Foram esses matemáticos que iniciaram em todo o país a volta dos
encontros, congressos, etc. e também, com sua sensibilidade para as questões da
educação, vêm ajudando a sedimentar o campo da Educação Matemática no Brasil.
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114
É preciso ter muita sensibilidade e acreditar na educação como uma das forças de
transformação e desenvolvimento da sociedade para abraçar essa causa, de pouca
credibilidade junto aos governadores e à população como um todo.
Precisamos produzir novas propostas para o ensino a fim de mudarmos esse quadro
tão adverso. Nos últimos anos a educação Matemática tem conseguido apontar alguns
caminhos nesse sentido. As tendências pedagógicas começaram a aflorar dentro e fora da
escola, na chamada educação informal. Temos como exemplo a etnomatemática, programa
que se propõe a pesquisar a matemática feita por outros grupos sociais que não os
institucionalizados pelos diversos sistemas de ensino.
Nosso trabalho de pesquisa tem como ponto de referência a tendência
pedagógica representada pela etnomatemática. O grupo social a ser explorado é o dos
artistas plásticos interessados em fazer os transversionamentos entre a matemática e as
artes.
A matemática Concreta: uma arte possível
O professor que participou do movimento da educação Matemática no país, e que
continua a acompanha-lo, tem conhecimento sobre os matemáticos, psicólogos, filósofos e
outros profissionais que contribuíram para o desenvolvimento dessa área emergente. Zolton
Dienes é, certamente, um desses matemáticos e tem uma coleção de livros editados sobre
assuntos que vão desde a educação infantil até o ensino médio. Ele é muito conhecido
pelos blocos lógicos, os quais tornaram-se ponto de referência quando o assunto é material
concreto. Visitando a obra de Jean Piaget, podemos construir caixas e mais caixas de jogos
e materiais concretos, para abrilhantar as aulas de matemática em qualquer nível de ensino.
A arte de Lygia Clark foi mostrada no MAM – Museu de Arte moderna do Rio de
Janeiro – no segundo semestre de 2000 em uma exposição chamada Objetos Sensoriais. O
público manipula as obras, experimentando muitas outras formas de contato com objetos,
assim como os matemáticos que, utilizando sua criatividade, criam objetos, jogos com os
quais os alunos interagem para aprenderem a lidar com a matemática de forma lúdica.
Esses matemáticos não são por acaso artistas como a Lygia Clark? Quando poderemos
experimentar a criatividade possibilitada pelo conhecimento matemático, com o intuito de
transformar a condição do estudante? Os alunos criando as suas obras de arte, juntamente
com os professores, os quais podem passar pelo prazer de criar jogos e quadros, fariam a
ligação entre a arte e a matemática.
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
115
A arte de Hélio Oiticica
O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) tinha sua sede em um casarão
antigo e muito charmoso na rua Luís de Camões,68 no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Por lá passaram cientistas e professores famosos que fizeram a matemática florescer no
Brasil, como ramo do conhecimento de importância vital para o desenvolvimento e
sedimentação do saber científico desde o início da era moderna até os dias de hoje.
Naquele casarão do século passado os sábios matemáticos pesquisavam as áreas de
Análise real, Análise funcional, equações Diferenciais, Geometria Diferencial, Topologia e
muitas outras.
O movimento modernista de 22 aconteceu em uma época de grandes avanços nas
áreas técnica e científica. Na revolução industrial, que estava em andamento, a invenção de
máquinas para substituir os trabalhadores nas fábricas e produzir bens materiais,
garantindo, assim, o lucro do investidor. A lei era minimizar os custos e maximizar os
ganhos.
O movimento modernista no Brasil, assim como a Revolução Industrial iniciada no
início do século passado na Europa, foi o berço de transformações sociais e culturais que
marcaram a sociedade e continuam se desdobrando em novos movimentos e
manifestações.
Atualmente o IMPA não existe mais na Luís de Camões, com suas salas de aulas e
boxes onde trabalhavam os pesquisadores. O local entrou em reforma e agora abriga o
Centro de Arte Hélio Oiticica, inaugurado em setembro 1996.
Grande parte dos trabalhos desse grande artista brasileiro ficou em exposição nos
anos de 1996 e 1997. Sua obras, assim como o cubismo, o construtivismo e o
abstracionismo, têm suas bases na matemática. Os labirintos, os parangolés e outros
objetos são criados com a intenção de fazer o público interagir com a produção artística. O
dentro, o fora, a fronteira, o ato de rolar em superfícies sem sair dela são de contingências
de uma arte que se propõe a abolir padrões preestabelecidos ou ideais de uma obra.
Nos movimentos das artes plásticas que tem sua origem na matemática, o modelo
mais usado é o geométrico. Podemos dizer que o abstracionismo tem uma relação estreita
com a matemática através da linguagem, se diferenciando, desse modo, do cubismo e do
construtivismo. Alguém que contempla a pintura abstrata pode reagir com estupefação ou
criticar a obra, dizendo que ela não faz sentido, chegando a afirmar que esse tipo de arte
pode ser feito por qualquer um e que é uma bobagem sem nada de excepcional. A análise
de tais imagens, depende do momento pelo qual se está passando e do ângulo do qual ela
é observada. O deciframento da pintura ou da linguagem artística é análogo ao modelo
lógico usado na Matemática. Esse modelo se sustenta pela linguagem formal, termos
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116
primitivos, axiomas, definições, teoremas e etc. A linguagem matemática é muito abstrata,
cada um dos seus símbolos traz inúmera facetas que não podem ser totalmente afastadas
da realidade para se entender o abstracionismo utópico matemático e o abstracionismo
concreto da arte.
Os diálogos platônicos são exemplos do uso, em estado embrionário, dessa lógica
utópica. As argumentações do mestre, feitas de modo convincente com o uso de falas bem
elaboradas e um encadeamento lógico perfeito, devem ser ouvidas atentamente para se
chegar a alguma conclusão. Essa é a verdade inquestionável dita por alguém a quem
supostamente é conferido o poder do saber, ao discípulo resta a contemplação da oratória
do mestre. O mestre formula e também responde as perguntas.
Como Lygia Clark, Helio Oiticica tem sua arte valorizada pela presença dinâmica do
público. A contemplação é substituída pela interação, suas obras apontam os diversos
caminhos matemáticos que podemos experimentar. A roupagem usada por atores, no caso
da obra de Helio Oiticica, nos remete a questões topológicas. Vestindo mangas, coletes,
camisas e panos coloridos, vamos dos parangolés aos conteúdos topológicos. Nos labirintos
percorridos no Centro de Arte Helio oiticica, estamos sempre na parte, no deserto, estamos
sempre no todo. Essas comparações nos remetem à questão abordada no texto? Geometria
e Topologia, qual arte produzir ou levar ao cidadão?
“Todo homem é um artista”
Essa frase cunhada por Joseph Beuys, mas que, segundo o artista plástico Nuno
Ramos, Helio Oiticica assinaria em baixo. Como podemos tomar aquela afirmação ao pé da
letra, se as condições dessa realidade ser deslumbrada está longe de acontecer? Nossa
participação no processo de formação de professores e alunos nos direciona para a tarefa
de construir um saber que possa considerar os pares arte e ciência, linguagem artística e
matemática, diálogo e ação, contemplação e concretude, entre outros, sendo todos esses
pares os alicerces do homem em transformação.
Todos podem ser artistas? Alguns são gênios da pintura e das artes em geral e
outros não. A relação entre a parte e o todo é estabelecida pela diferença, pela
desigualdade. A diferenciação entre gênios e não gênios é fortalecida por relação de poder,
assim como o mercado e os leiloes de obras de arte, com toda as implicações sociais e
históricas que marcaram a produção artística. Nessa mesma perspectiva, podemos associar
ao fazer matemático a produção dos gênios e não gênios. A quem interessa manter essa
relação de desigualdade? Chegamos a um estado de ruptura dessas relações arcaicas que
privilegiam determinadas classes sociais em detrimento de ouras. O nosso olhar e atuação
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117
sobre essas questões poderá fazer com que acreditemos aos poucos que ―todo homem é
um artista‖.
O sentido da arte matemática
Pesquisa bibliográfica sobre a historia da arte e sobre os principais movimentos
artísticos. Pesquisas em jornais e revistas sobre o tema do trabalho. Entrevistas com artistas
plásticos, professores e estudantes sobre o estado da arte e as concepções de arte e
matemática. Visitas a museus e análise de obras dos mais diversos movimentos artísticos.
Apresentação de uma proposta didática de utilização da arte no ensino da matemática.
Estes são alguns ingredientes que o educador matemático deve utilizar para se sentir, de
fato, um professor pesquisador.
As linguagens musical, poética, alfabética, ideográfica ... São tantas as
possibilidades de expressão do ser humano que, a cada instante, nos surpreendemos com
as vinculações diretas ao seu modo de produção. No fazer de cada individuo está a
representação da sua relação com a sociedade, a cultura e a história dos motivos da sua
produção artística, poética, etc.
Produzimos porque vivemos em sua sociedade, somos regidos pelos
acontecimentos da nossa contemporaneidade. Procuramos dar sentido às nossas
indagações, nossos problemas e nossas alegrias. Enfim, a todas as formas de nos
situarmos no mundo.
São as linguagens que permitem o desenvolvimento dos processos de comunicação
entre os povos. Essas tentativas de diálogo são conhecidas há milênios. A linguagem
numérica existe desde os primórdios da civilização, mas o entendimento teórico do que
significa o número 7 é de difícil compreensão para muitos. A evolução que ocorreu desde a
antiguidade no conceito de número natural é sem dúvida muito importante, mas, desde o
início do século XX, não houve mudanças nesse conceito. Achamos que é o momento de se
pensar nas possibilidades de modificarmos um pouco a concepção do número. Precisamos
utilizar a linguagem ideográfica e abordar as questões do conhecimento e da associação
desta linguagem com outras, produzidas por diferentes povos e culturas. É nas relações
entre as partes e o todo, a arte e a matemática, a poesia e a ideografia, que poderemos
construir alternativas para a arte de fazer matemática.
Conclusão
É possível se fazer transversionamentos na linguagem matemática e na linguagem
artística? Esse é o nosso questionamento. A arte matemática é a raiz de várias escolas das
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118
artes plásticas. A Etnomatemática é o referencial teórico, as relações entre a cultura
matemática e a cultura artística possibilitarão a criação de quadros, objetos, ou jogos no
Ateliê de matemática, construindo uma prática pedagógica crítica e transformadora.
4.2. Resumo
É um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a
suas idéias principais. Em princípio, o resumo é uma paráfrase e pode-se dizer que dele não
devem fazer parte comentários e que engloba duas fases: a compreensão do texto e a
elaboração de um novo. A compreensão implica análise do texto e checagem das
informações colhidas com aquilo que já se conhece. (Medeiros, 2000).
* CONCEPÇÕES DE RESUMO
RESUMO é a ―apresentação concisa das idéias de um texto‖ (Norma NBR 6028, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas).
RESUMO é uma apresentação sintética e seletiva das idéias de um texto, ressaltando
a progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais idéias do autor do
texto.
CARACTERÍSTICAS:
COERÊNCIA: As idéias apresentadas devem ser coerentes e não contraditórias
COESÃO: Os elementos da frase devem estabelecer os nexos entre as partes do texto
IMPORTANTE:
– O RESUMO deve considerar o contexto, transmitindo uma informação de forma clara e
eficaz. Se o autor objetiva alcançar o entendimento e a compreensão do leitor.
– O RESUMO se relaciona com outros textos (hipertextos): existe um texto anterior que dá
origem ao RESUMO. Esse texto será apresentado como uma paráfrase, propondo uma
problematização.
REDAÇÃO DE RESUMO: CARACTERÍSTICAS FORMAIS
Sendo um TEXTO CONCISO, o resumo deve ser redigido:
Em linguagem objetiva, suprimindo palavras desnecessárias (adjetivos e advérbios)
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119
Evitando a repetição de frases inteiras do texto original (a serem sintetizadas e não
transcritas).
Respeitando a ordem em que as idéias ou fatos são apresentados.
Assim, são suas características formais:
Extensão: de 8 a 15 linhas
Um só parágrafo
3ª pessoa singular, 3ª pessoa plural, 1ª pessoa singular.
Frases pouco extensas
Terminologia específica
Ordem direta das frases
Linguagem denotativa
O QUE DEVE INFORMAR O RESUMO?
Tratando-se do resumo de uma pesquisa iniciada, em andamento ou concluída, ele deve
informar:
A natureza da pesquisa realizada
Os resultados parciais ou finais
As conclusões ou novos direcionamentos.
ENFIM, PARA QUE SERVE UM RESUMO?
partilhar um saber – uma referência
fornecer informação
apresentar provas ou evidências
explicitar seus objetivos
explicitar sua metodologia
apontar para uma conclusão
COMO PARTILHAR O SABER?
Partindo de uma informação do conhecimento da comunidade. Isso ocorre na introdução,
quando o autor negocia com o leitor, estabelecendo o nível do entendimento para, então,
expor informações novas. Essas devem deixar claras suas referências, isto é, o tema a ser
resumido. Devem situar o leitor com relação à área de estudo.
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120
NORMAS TÉCNICAS DO RESUMO
Papel tamanho A4, (210mm x 297mm).
Margens:
superior: 3cm,
esquerda: 3cm,
direita: 2,5cm,
inferior: 2,5cm.
Fonte: Times New Roman, tamanho 12.
Recuo do Parágrafo: 2cm. (1a linha)
Nomes: Autor, nome completo, um espaço abaixo do título, justificado sem parágrafo
(recuo), identificado (formação, e-mail) por uma nota de rodapé.
Orientador, logo após o autor, na linha seguinte, justificado, sem parágrafo (recuo) ,
titularidade precedendo o nome e identificado (instituição e outras informações) por nota de
rodapé. Deixar um espaço (enter) entre o nome do Orientador e o início do texto. Após o
final do texto (máximo 1 página) depois de 1 espaço ( enter ) listar palavras chave
(sugestão: 3).
Agora, veremos como construir o resumo de um
texto passo a passo, conforme LUFT.
1º. Passo: Vamos realizar a leitura do texto.
Leia o texto, com objetivo de estabelecer uma interação leitor-texto, sem marcar nada, a fim
de que não se perca a idéia em geral.
O homem e a natureza
A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não
fosse perigosamente pretensiosa.
Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas
que situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no
equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança
que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio
entre seres e coisas. A aquisição de características como a linguagem, raciocínio lógico,
memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um
ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins.
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121
Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo
conhecido deve prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das
pessoas com poder decisório no mundo.
Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir.
Rio de Janeiro, Difel, 1977.
2º. Passo: Vamos analisar o texto.
A partir de elementos observados no texto, exponha seu ponto de vista pessoal,
demonstrando compreensão do enredo. Tenha sempre em mãos um dicionário para que
possa procurar o significado das palavras desconhecidas, resolvendo os problemas de
vocabulário.
O homem e a natureza
A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse
perigosamente pretensiosa.
Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam
corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele
uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi feito
para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição de
características como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática, noção de tempo e
capacidade de acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas
mais bem dotado para determinados fins.
Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve prestar-
lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo.
Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.
1. Ingênua: em que não há malícia; simples; inocente.
2. Pretensiosa: que tem vaidade exagerada; convencida; presunçosa.
3. Homo Sapiens: Palavras da língua latina que significam ―homem racional‖. As ―doutrinas‖ de que
fala o texto referem-se à teoria da evolução.
4. Incidem: caem; incorrem.
5. Equívoco: erro; engano.
6. Permuta: troca
7. Pragmática: aquilo que é prático, útil.
8. Confere: dá, concede, outorga.
9. Vassalagem: sujeição; submissão.
3º. Passo: Vamos destacar as partes mais importantes do texto para realizar a análise.
Grife apenas a idéia central do texto e as partes que são relacionadas à essa idéia central.
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122
O homem e a natureza
A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse
perigosamente pretensiosa.
Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que
situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no
equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança
que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio
entre seres e coisas. A aquisição de características como a linguagem, raciocínio lógico,
memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um
ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins.
Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve
prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder
decisório no mundo.
Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.
4º. Passo: Vamos realizar a elaboração do esquema. Você precisa ter uma visualização do
plano das idéias desenvolvidas pelo texto.
Para elaborar seu esquema, baseie-se nas frases ou palavras grifadas na etapa anterior.
Esquema:
1. Idéia central: Dizer que a natureza existe para servir o homem é ingênuo e pretensioso.
2. Justificativa: - Homem: ponto mais alto da evolução
- Equívoco: homem é finalidade da criação
- Na natureza existe permuta e equilíbrio entre os seres.
3. Conclusão: As características específicas do homem não o fazem um ser
superior de quem a natureza deva ser dependente.
5º. Passo: produção escrita do resumo.
Produza um rascunho do resumo, sempre baseando-se no esquema. Releia o texto,
eliminado ou acrescentando palavras, de maneira a alcançar um texto claro e conciso.
Reescreva-o, observando os seguintes aspectos:
1. A existência de uma idéia central;
2. Relação lógica entre as partes;
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123
3. Frases curtas, claras e precisas;
4. Correção gramatical.
Rascunho
É ingênuo e pretensioso pensar que a natureza existe para servir o homem. Embora seja o
ponto mais alto da evolução. O homem não constitui a finalidade da criação, pois na
natureza o que existe é permuta e equilíbrio entre os seres. Por isso, mesmo dotado de
características específicas, o homem não é um ser superior de quem a natureza deva ser
dependente.
Texto definitivo
É extremamente ingênuo, além de pretensioso imaginar que a natureza exista para servir o
homem. Embora o mesmo seja o ponto mais alto da evolução, não constitui a finalidade da
criação, já que natureza o que existe, na natureza, é permuta e equilíbrio entre os seres. Por
isso, mesmo dotado de características específicas e incomuns, o homem não é deve
considerar-se superior, a quem a natureza deva ser dependente.
Atividade
2) Com base no texto ―FAZ DE CONTA: UMA BANCA DE REVISTAS NA SALA DE
AULA‖, faça um resumo acerca das idéias principais nele discutidas.
FAZ DE CONTA: UMA BANCA DE REVISTAS NA SALA DE AULA
Cristina Maria Rocha Clemente Ribeiro
Professora de Matemática e Ciências do CAP/UERJ
Pense em seu dia-a-dia, com todos seus afazeres, desde que você acorda: onde você
―vive‖ a Matemática? Ela está presente em quase todas essas situações que você pensou,
não é? Na escola, no entanto, a Matemática tem sido desvinculada desse cotidiano, sendo
considerada mais um saber escolar. Em conversas, os alunos poderão relatar diversas
situações de suas vidas em que a Matemática está presente: nos jogos com seus colegas,
nas compras de mercado de suas casas, na leitura das horas etc.
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124
Como, então ensinar matemática na escola? Como aproximar a Matemática vivida e a
escola? E como mostrar a importância desse aspecto da matemática sem esquecer os
outros?
Nas primeiras séries do ensino fundamental devemos ter como objetivo a formação de
conceitos básicos da Matemática: o número, as operações, a forma/espaço e as medidas.
Uma das estratégias escolhidas e utilizadas na segunda série de 1997, no CAP, para atingir
alguns desses objetivos foi esse projeto, em que, através da realidade do cotidiano, como a
compra e venda de revistas num jornaleiro transformada em faz-de-conta, os alunos
pudessem pensar diferentes estratégias de cálculo, fazer estimativas e desenvolver a
capacidade para resolver problemas.
O projeto Faz-de-conta foi apresentado aos alunos e surgiram outras idéias por eles
propostas. Combinamos que todos trariam moedas para o caixa dos jornaleiros. Comprei as
revistas a partir das preferências da maioria da turma e recolhemos, entre as pessoas,
revistas usadas, mas atuais. Escrevemos para a revista Ciência Hoje das Crianças, pedindo
uma doação de revistas para compor a banca com maior variedade, no que fomos
prontamente atendidos.
O projeto tem acontecido duas vezes por semana: caixas de papelão são ―a nossa
banca‖. Metade da turma fica trabalhando na banca; são sorteados dois ―jornaleiros‖, para
garantir a total interação na resolução dos cálculos (mental e por escrito, se necessário). A
outra metade da turma fica resolvendo problemas, em dupla, criados a partir do próprio
desenvolvimento dos trabalhos da banca.
VOCÊ SE BANCA?
Durante a realização das atividades, os alunos têm tido a oportunidade de pensar
sobre as quantidades, os valores das moedas (R$ 0,01 a R$ 1,00) e os conceitos das
operações: adição,subtração, multiplicação e divisão.
Um dia desses, observei Bruno escolhendo duas revistas, uma de R$ 1,30 e outra de
R$ 2,50. E perguntei:
- Quanto você tem Bruno?
Bruno contou as moedas e respondeu:
- Quatro reais e setenta centavos.
- Você pode pagar, calcular o que sobra pra você e me explicar?
- Sim. Um real mais dois, três reais, trinta centavos mais cinqüenta dá oitenta. Então
vou gastar três reais e oitenta.
- E vai sobrar quanto?
- Se eu gastar três e oitenta, pra chegar a quatro reais faltam vinte centavos ... mais
setenta, fico com noventa centavos.
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125
Nessa situação-problema, Bruno pôde usar suas estratégias de cálculo mental para
chegar a uma solução sem o uso do algoritmo. Teve também a oportunidade de refletir
sobre os conhecimentos que já tinha, utiliza-los no trabalho de cálculo mental e avançar
nessa construção, proporcionando assim uma melhor interação com esse objeto de
conhecimento, a Matemática.
Vejamos outra situação, com outras intervenções da professora.
João Pedro escolheu duas revistas, cada um de R$ 1,30. Sem se preocupar com
quanto iria gastar, entregou todo o seu dinheiro para os ―jornaleiros‖. Nesse momento,
perguntei:
- João Pedro, quanto você precisa pagar?
- Não sei.
- É tudo o que você tem? Já cotou?
- Não. Vou contar agora ....
- Você precisa entregar tudo para os ―jornaleiros‖?
- Não. Vou pagar .... Um mais um, dois reais; trinta mais trinta, sessenta centavos.
Então só vou dar dois e sessenta.
- E quanto você tem? Vai sobrar?
João Pedro conta as moedas e diz:
- três reais e vinte. Vai sobrar.
- Quanto?
- Dois e sessenta para chegar a três, são quarenta centavos; mais vinte, dá sessenta
centavos.
Os ―jornaleiros‖ têm a função de contar e conferir se o total pago pela criança é a
soma dos preços das revistas compradas, já que não há a necessidade de ―dar o troco‖.
Nas situações descritas acima, a professora fez as intervenções antes de os
jornaleiros receberem as moedas. ―O aluno deve ser capaz não só de repetir ou refazer,
mas também de re-significar em situações novas, de adaptar, de transferir seus
conhecimentos para resolver novos problemas‖ (Roland Chamay)
BIBLIOGRAFIA Carraher, T.N. Aprender pensando. São Paulo, vozes, 1984.
Carretero, M. Construtivismo e educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997.
Coll, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre, Artes Médicas,
1997.
Dante, l. R. Didática da resolução de problemas de Matemática, São Paulo, Àtica, 1991.
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126
4.3. Resenha (do latim: ―resignare‖: relatar minuciosamente). Resenha ou recensão
constitui trabalho de síntese, análise resumida e arrolamento de produções científicas.
AS RESENHAS PODEM SER:
DESCRITIVAS: apresentadas sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador;
CRÍTICAS: formulam julgamento sobre o texto, contendo apreciações, notas e correlações
estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.
PARA FAZER UMA RESENHA CRÍTICA RECOMENDA-SE SEGUIR OS SEGUINTES
PASSOS:
Faça uma leitura atenta;
Faça um resumo da obra como um todo, apresentando o fio do raciocínio lógico do
autor;
Acrescente à análise da obra um juízo crítico (imparcial, sem juízo de valor pessoal) do
conteúdo e da exposição da obra;
Não use o mesmo critério de crítica para todas as obras lidas. Uma obra científica é
diferente de uma obra de arte. Cada uma delas privilegia um aspecto da realidade e
exprime as impressões do autor sobre sua visão dessa realidade;
Observe que o escopo da crítica é servir aos direitos e interesses da verdade. Caso
você detecte algum erro na obra ou discorde do ponto de vista do autor, não basta
mostrar a verdade. É preciso buscar, por meio de exemplos, comprovações.
IMPORTANTE:
Na resenha crítica é preciso conciliar a função crítica com a síntese requerida pela
natureza da resenha. Em geral, a crítica costuma deter-se em apenas alguns aspectos da
obra, ou seja, aqueles mais relevantes.
QUALIDADES DA RESENHA CRÍTICA Justiça no apreciar - mostrar tanto os aspectos positivos como as deficiências do
trabalho.
Apreciação segundo as exigências da verdade.
Clareza na exposição.
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127
Precisão nos termos e na síntese.
Fidedignidade ao texto analisado.
IMPORTANTE:
A referência bibliográfica sempre precederá o texto resenhado.
TÉCNICAS PARA RESENHAR UM ARTIGO OU UM LIVRO
Faça uma leitura atenta (enquanto se lê, anote os tópicos importantes, o
desenvolvimento geral do assunto, as obras citadas com mais freqüência, as provas
aduzidas, as conclusões).
A leitura da obra deve ser completa: não basta percorrer o índice. Não seja nem prolixo
nem minucioso demais.
Faça uma breve anotação - muitas vezes uma palavra evocativa é suficiente. As
transcrições longas demais demandam muito tempo.
A RESENHA CRÍTICA DE UM TEXTO DEVE CONTER (CONFORME A ABNT)
RESPECTIVAMENTE:
Referência bibliográfica: autor, título, local da edição, editora, data da publicação, número de páginas;
Credenciais do autor: dados relevantes sobre o autor (nacionalidade, formação universitária, títulos, livro ou artigo publicado).
Resumo da obra: apresentação sucinta das idéias principais da obra e do ponto de vista do autor. (De que trata o texto? Qual sua característica principal?). Descrição do conteúdo dos capítulos ou parte da obra.
Conclusões da autoria: indicação das conclusões a que o autor chegou.
Quadro de referências do autor: indicação do modelo teórico.(Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico utilizado? Qual o método utilizado?)
Crítica do resenhista: apreciação e julgamentos do resenhador sobre o conteúdo, forma e as contribuições do autor sobre o tema.(Qual a contribuição da obra? As idéias são originais? Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Como é a linguagem adotada no texto? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes? Como situa a obra em relação às correntes científicas, filosóficas, econômicas, históricas etc?).
Indicações do resenhista: A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a especialistas, estudantes, grande público etc?
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128
FINALIDADES DE UMA RESENHA:
Iniciar o universitário na produção científica;
Treinar o aluno para a pesquisa e elaboração de trabalhos monográficos.
A seguir, vou mostrar a você um esquema explicativo
de como elaborar uma resenha passo-a-passo
(segundo Elizabeth Teixeira).
Passo 1
Leitura Dirigida
Momento 1: leia o texto sem marcar nada. Para identificar a idéia/mensagem central. Não sublinhe, não marque o texto, não anote nada, simplesmente leia do início ao fim. Ao final pergunte-se; qual é a idéia/mensagem principal do texto / E as secundárias ? do que trata o texto ? se você não conseguir responder a essas perguntas, leia de novo. Se responder, passe para o segundo momento.
Momento 2: leia para destacar os trechos significativos e representativos da idéia central e informações complementares. Agora sublinhe, marque, faça os destaques dos parágrafos significativos.
Passo 2
A resenha
Momento 1: faça uma folha de rosto para o seu fichamento. Momento 2: Comece escrevendo a bibliografia do texto segundo as normas da ABNT. Momento 3: Comece fazendo um resumo, sintetizando o conteúdo do texto. Exemplo: O texto trata do tema meio ambiente. O autor defende a idéia que ............... Segundo o autor ............. Para o autor ........... O autor também refere que ............. . Momento 4: Faça as transcrições para o seu fichamento dos trechos que marcou, que sublinhou. Após cada trecho coloque o número da página entre parênteses. Exemplo: O autor refere que: ―o meio ambiente deve ser preservado‖ (p. 34), ―a natureza precisa de cuidados tanto quanto os seres humanos‖ (p. 35).... Momento 5: faça agora os seus comentários sobre o que entendeu, como entendeu o texto. Escreva sua opinião, seu entendimento sobre as idéias contidas no texto. Exemplo; A meu ver o texto ............ Entendo que o meio ambiente deve ..............Acredito que a natureza ............ Penso
TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias Cientificas.
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129
A seguir, um exemplo de resenha:
LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1992. Cap. 2.
Considerando LUCKESI (1992),a educação pode ser discutida em sua conexão com
a sociedade a partir de três dimensões, que passaremos a tratar a seguir. Cada dimensão
tem características específicas e o autor garante que ainda estão presentes no atual
contexto educacional. Concordamos com essa afirmativa, pois temos presenciado as três
posturas em diversos ambientes de ensino.
A primeira dimensão é apresentada pelo autor com a denominação de Redentora.
Nessa dimensão a escola é ativa em relação à sociedade (escola sociedade). Essa ação
da escola é para integrar os elementos à sua estrutura, ao todo social. Nessa perspectiva,
caberá à educação: adaptar o individuo ao meio; reforçar os laços sociais; configurar e
manter o corpo social; curar as mazelas sociais; recuperar a harmonia perdida; restaurar o
equilíbrio; reordenar o social; regenerar os que estão à margem da sociedade.
Entendemos que tais atribuições dadas à educação colocam-se na posição de
salvadora e realmente redentora dessa sociedade conturbada e confusa. O alvo dessa
educação são as crianças. O principal mentor intelectual é Comênio e sua obra sobre a
didática. Tais características são evidentes na educação tradicional e na escolanovista.
3) Agora, faça um fichamento do texto ―Sabor e saber: a matemática é vida”, e logo em
seguida, faça uma resenha crítica do mesmo, utilizando como instrumento de trabalho
o que foi aprendido nesta unidade.
A partir de agora, vou mostrar a você os documentos
oficiais, que servirão como meios de comunicação
utilizados em situações que exijam certo grau de
formalidade.
4.4. Correspondência e atos oficiais
CONCEITO: Redação oficial é o meio pelo qual se procura estabelecer relações de serviço
na administração pública. Para que tais relações obtenham efetividade, traçam-se normas
de linguagem e padronização no uso de fórmulas e estética para as comunicações escritas.
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130
A linguagem é burocrática; o código verbal é o mesmo e as palavras são as mesmas,
mas a redação se reveste de certas formalidades que são peculiares ao meio. A redação
oficial tem como objetivo racionalizar. o trabalho e diminuir o custo.
Por isso, procura disciplinar o uso de expressões e fórmulas, aconselhando
determinados fechos em lugar de outros que se apresentam demasiadamente prolixos e
melosos. Você deve evitar, portanto:
Para os devidos fins.
- De ordem superior.
- Chamo a atenção de V. Sa.
- Reporto-me ao seu oficio em referência.
- O assunto em epígrafe.
A preocupação principal deveria ser com uma linguagem sóbria e clara, isenta de
pleonasmos, circunlóquios, juízos de valor, repetições, chavões, clichês, frases forçadas e
sem nenhum proveito.
A prática não se constitui em aprendizado seguro para redigir com eficiência, ou seja,
alcançar o objetivo previamente estabelecido, visto que ela pode contribuir para a fixação de
formas inadequadas de comunicação. Há necessidade de procurar continuamente novos
caminhos, aplainar os já trilhados para se alcançar eficácia na correspondência oficial ou
particular.
Como sua preocupação principal é com a objetividade e a precisão da comunicação, é
considerada, em sentido amplo, como redação técnica.Na redação literária, há o
aproveitamento artístico da linguagem, exploram-se conotações e a criatividade do escritor;
na redação oficial (redação técnica), a linguagem assume caráter pragmático, utilitário.
Na redação oficial, as palavras têm significados precisos, caracterizadores de idéias
ou fatos. De um lado, a ausência de preocupação com a precisão vocabular, na maioria das
vezes, gera equívocos, conflitos, prejuízos; de outro lado, o uso do código fechado favorece
uma comunicação clara e objetiva.
Para racionalizar o trabalho e aumentar a eficácia, são estabelecidas fórmulas e
determinam-se regras de elaboração do texto e para sua apresentação gráfica.
PRINCÍPIOS DE REDAÇÃO OFICIAL
São os seguintes os princípios de redação oficial, conforme estabelecido João Bosco
Medeiros (2003):
1. Adoção de formatos padronizados.
2. Uso da datilografia, ou digitação.
3. Emprego da ortografia oficial.
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131
4. Clareza, precisão e sobriedade de linguagem.
5. Imparcialidade e cortesia.
6. Concisão na elucidação do assunto.
7. Transcrição dos dispositivos da legislação citados.
8. Margem esquerda de 20 espaços e direita de 10 espaços.
9. Parágrafos com entrada de 05 (cinco) espaços.
10. Espaço interlinear de 11/2para o texto.
11. Espaço simples (um) para citações ou transcrições.
12. Espaço duplo entre parágrafos.
13. Numeração dos parágrafos: não são numerados o primeiro e o fecho.
14. Cabeçalho ou timbre é a dizer impresso na folha a ser usada para a digitação da
mensagem.
15. Uso de diplomacia, mas sem chegar ao servilismo.
16. Inferior para superior redige: Solicitamos seja enviado ou providenciado.
17. Superior para inferior: solicito envie ou providencie.
18. A ementa deve ser clara e concisa; localiza-se no alto, à direita.
19. Toda referência elementos constantes de outros documentos deve ser feita
citando-se a página ou folha onde se encontra.
EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO
A Instrução Normativa n° 4, de 6-3-1992 estabelece que o emprego dos pronomes de
tratamento deve obedecer aos seguintes princípios:
"Vossa Excelência‖, em comunicações dirigidas às seguintes autoridades, listadas
abaixo:
a) do Poder Executivo:
Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Secretário-Geral da Presidência da República;
Consultor-Geral da República;
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;
Secretários da Presidência da República;
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132
Procurador-Geral da República;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
Chefes de Estado-Maior das Três Armas;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais;
b) do Poder Legislativo:
Presidente, vice-presidente e membros da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal;
Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União;
Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Municipais;
c) do Poder Judiciário:
Presidente e Membros do Supremo Tribunal FederaI;
Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;
Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;
Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;
Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho;
Juizes e Desembargadores;
Auditores da Justiça Militar.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é
Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal;
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo
respectivo:
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133
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
No envelope, o endereçamento das comunicações Vossa Excelência obedecerá à
seguinte forma:
Excelentíssimo Senhor
Jarbas Passarinho
Ministro da Justiça
70.064-000 Brasília/DF
dirigi das às autoridades tratadas por
Excelentíssimo Senhor
Senador João Guimarães
Senado Federal
70.160-000 Brasília/DF
Excelentíssimo Senhor
Antônio Pinheiro
Juiz de Direito da 10a Vara Cível
Rua ABC, n° 123
01010-000. São Paulo/SP
Fica abolido o uso do tratamento Digníssimo às autoridades arroladas acima. A
dignidade é um pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
desnecessária a sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para os particulares. O
vocativo adequado é Senhor seguido do cargo do destinatário:
Senhor Chefe da Divisão de Serviços Gerais.
No envelope deve constar:
Ao Senhor
Paulo Antunes
Rua ABC, n° 123
70.123-000 Curitiba/PR
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134
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo
ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para
particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Não
deve ser usado indiscriminadamente. Seu emprego deve restringir-se apenas às
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso
universitário de doutorado. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada, por força da tradição,
em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor.
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica,
são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:
Santíssimo Padre.
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos
Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e
Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores,
Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para os sacerdotes, os
clérigos e demais religiosos.
FECHOS PARA COMUNICAÇÕES
A Instrução Normativa NQ4, de 6-3-1992, estabelece também normas para fechos de
comunicações:
"O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de marcar o fim
do texto, a de saudar o destinatário. Os modelos, para fecho que vinham sendo utilizados
foram regulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de julho de 1937, que estabelecia
cerca de quinze padrões diferentes. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, esta IN
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de
comunicação oficial‖:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
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135
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
―Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras,
que atendem a rito e tradição próprios."
IDENTIFICAÇÃO. DO SIGNATÁRIO
(QUEM ASSINA A CORRESPONDÊNCIA) –
Segundo a Instrução Normativa nº. 4, somente as comunicações assinadas pelo
Presidente da República não precisam trazer o nome e o cargo; as demais devem trazer o
nome e o cargo da autoridade que as expede, sob a assinatura. Exemplos:
(espaço para assinatura)
FULANODETAL
Ministro da Justiça
(espaço para assinatura)
FULANO DE TAL
Diretor do Departamento de Serviços Gerais da
Secretaria da Administração Federal
NORMAS GERAIS
A Instrução Normativa nº. 4 estabelece ainda que na redação dos atos e
comunicações oficiais devem ser evitados:
1. repetições de palavras e utilização de palavras cognatas, como:
- designação, designada; .
- compete, competente;
2. uso de palavra ou expressão de sentido duplo;
3. utilização de expressões locais ou regionais;
4. uso de palavras ou expressões estrangeiras, exceto se indispensáveis (em razão do
uso consagrado, ou que não tenham exata tradução). Nesses casos, as palavras ou
expressões devem ser sublinhadas, grafadas em itálico ou negrito, ou entre aspas.
Exemplos:
- ad referendum, ad referendum, ad referendum, "ad referendum";
- royalties. royalties, roya1ties, "royalties".
Se for necessário fazer remissão a texto legal, deve-se observar que a referência
seja completa, com número da lei, data não abreviada. Exemplo:
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136
Lei n2 6.515, de 26 de dezembro de 1977.
Nas referências posteriores, indicam-se apenas o número e o ano:
Lei n2 6.515, de 1977; ou Lei n2 6.515/77.
4.5. Requerimento
É uma petição uma autoridade para que se faça justiça ou se dê o que a lei concede
ou autoriza a pedir.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O REQUERIMENTO
Observe-se que o requerimento é redigido num só parágrafo e que a redação é curta e
objetiva.
O fecho ocorre em novo parágrafo.
Chama-se requerente (requeredor) quem faz o requerimento, o pedido, a solicitação.
Redige-se o requerimento sempre na terceira pessoa; deve-se, pois, evitar o uso dos
pronomes eu ou nós.
Na invocação deve constar o título funcional da pessoa a quem é endereçado o pedido;
não se menciona, porém, o nome nem se utiliza nenhuma fórmula de saudação
O tratamento adequado é:
Ilmo. Sr. V.Sa. (mais comum)
Exmo. Sr. V. Exa. (altos dignitários)
Os juízes de Direito costumam exigir o tratamento por extenso.
Usa-se, normalmente a expressão ―nestes termos‖ (todos os termos do requerimento
incluídos, com ênfase no fecho). Também aparece ―nesses termos‖ (ênfase no todo).
Já se usam também as fórmulas:
Neste termos ou simplificando
pede deferimento Pede deferimento
Considera-se inadequada a abreviação: N.T.
P.D
Aparecem: E. (espera) e A. (aguarda).
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137
Se houver menção de rua, deve-se dizer: residente, morador ou sito ―na rua‖ tal e não ―à
rua‖ tal.
Não existe um modelo específico de requerimento a
ser seguido. Você verá dois: um padrão e o utilizado
pela UEPA
MODELO 1
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
138
MODELO II
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ CCSE – PROTOC. Nº. _________
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ ASSUNTO: _________________
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO Data:___/___/___ Hora: _______
REQUERIMENTO ESCOLAR
Ilustríssimo(a) Sr(a) ( ) Direção do CCSE
( ) Coordenador (a) do Curso
( ) Coordenador (a) do Núcleo de Atendimento ao Usuário (Sec. Acadêmica)
( ) Coordenador (a) da Especialização ( ) Mestrado
( ) Chefe do Deptº. de _______________________
( ) professor (a): ____________________________
( ) COAF/CCSE
Nome: ____________________________________________________________________
Curso:___________________________ Nº. de matrícula:__________________________
Série: ___________ Turma: ____________ Turno: ___________ Bloco: ______________
Endereço: _________________________________________ Fone: _________________
Vem requerer a V. Sª., nos termos do Estatuto e regimento geral da UEPA, que se digne a
conceder, o citado abaixo:
Categoria: ( ) Aluno ( ) Militar ( ) Visitante Civil ( ) Ex-Aluno concluído no _____semestre/
_______ ( ) Desistente / jubilado no _____ semestre / _________
( ) Declaração de matrícula ( ) Exame Médico
( ) Declaração de aprovação escolar ( ) Guia de transferência ____ via
( ) Declaração de Conduta escolar/idoneidade ( ) Histórico Escolar
( ) declaração de freqüência ( ) aulas ( ) provas ( ) Prorrogação de exercício domiciliar
( ) Ficha individual atualizada ( ) Reabertura de Matrícula
( ) Contagem de créditos em disciplina ( ) Reconsideração de despacho/parecer
( ) Colação de grau na Secretaria ( ) Solicitação de alojamento
( ) Cancelamento de curso, sem retorno ( ) Solicitação de vaga
( ) Documentos ( ) empréstimo ( ) devolução ( ) Trancamento de Matrícula
( ) Diploma de curso ____ via ( ) utilização do espaço físico do CCSE/UEPA
( ) Exercício domiciliar ( ) Visita médica ( ) hospitalar ( ) domiciliar
( ) Abono de faltas ( ) Outros (especificar) ________________
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
139
ESCLARECIMENTO / JUSTIFICATIVAS
Belém, de de 20 Assinatura do requerente
Observações: CCSE – PROTOCOL. Nº. ___________
ASSUNTO: ______________________
Data ____/____/____ Hora: _________
Recebido por _____________________
Atividade
1) Conforme os modelos expostos no item acima, redija um requerimento à coordenação
de matemática, solicitando prova de segunda chamada para a primeira avaliação da
disciplina Comunicação e Docência.
4.6. Ofício
É o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades e titulares
de unidades do Distrito federal ou ainda destes para com a Administração federal e
empresas privadas.
ESTRUTURA
designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;
denominação do ato - OFÍCIO;
numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;
vocativo - Senhor e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;
texto - exposição do assunto;
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
140
fecho - Atenciosamente, seguido de vírgula;
assinatura;
nome;
cargo;
destinatário - tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/ estado.
IMPORTANTE:
01. Se o ofício tiver mais de uma folha, numerar as subseqüentes com algarismos
arábicos, no canto superior direito, a partir do número dois.
02. O destinatário deve figurar sempre no canto inferior esquerdo da primeira página.
(modelo retirado do Manual de Comunicação Oficial do Governo do Distrito Federal)
Exemplo:
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO
| |
<- 1
OFÍCIO | <- 2
No ........ - GAB/SEA Brasília, .......de................... de...... . | <- 3
Senhora Superintendente, | <- 4
Esta Secretaria tem acompanhado e avaliado sistematicamente as necessidades de capacitação dos Recursos Humanos dos Quadros de Pessoal da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Distrito Federal, constatando que é imprescindível neste momento a implementação de um programa que contribua significativamente para a valorização do servidor, visando re-estimulá-lo para o exercício de suas funções.
Ao ensejo do início das ações desse Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos, especificamente no que se refere ao treinamento e aperfeiçoamento dos servidores, fazemos algumas sugestões visando colaborar para o pleno êxito do projeto. Mediante avaliação situacional dos órgãos e entidades da administração, bem como o que consta dos relatórios de auditoria do controle interno e externo, conclui-se que existe uma grande necessidade de capacitação dos servidores dos diversos Quadros de Pessoal que compõem a Administração Pública do Distrito Federal, uma vez que os treinamentos até então realizados não obtiveram pleno êxito por não estarem voltados diretamente para as atribuições dos servidores.
Assim sendo, sugere-se que a Identificação das Necessidades de Treinamento, voltadas para a área de Recursos Humanos, que está sendo realizada sob coordenação desse Instituto, considere as dificuldades inerentes ao desempenho de cada função, no sentido de se obter subsídios para a capacitação dos servidores de todas as carreiras, conforme especificidade das atribuições.
Alguns projetos de ordem prioritária, devido às mudanças ocorridas no âmbito do Quadro de Pessoal do Governo do Distrito Federal, poderão ser implantados de forma emergencial, como uma Política de Desenvolvimento Gerencial, através da definição e implementação de estratégias gerenciais, que busquem uma prática de ação dinâmica e eficaz entre as diversas áreas das instituições, considerando os diferentes níveis hierárquicos. Sugere-se, ainda, a
| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |
<- 5
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
141
elaboração de um projeto para o treinamento introdutório dos servidores recém-nomeados, com o objetivo de proporcionar a esses servidores um processo de ambientação, integração e acesso às informações necessárias ao bom desempenho de suas funções.
Desta forma, gostaríamos de contar com o apoio de Vossa Senhoria, no sentido de desenvolver, implantar e implementar os programas e projetos para a Administração Pública do Distrito Federal, conforme Programa de Valorização do Servidor, estabelecido no Plano de Governo do Distrito Federal.
| |
Atenciosamente, | <- 6
Assinatura
Nome por extenso
Cargo
| |
<- 7,8,9
Senhora
Nome por extenso
Cargo
NESTA
4.7. Memorando
É ―uma forma de correspondência entre autoridades de um mesmo órgão ou entre
diretores e chefes ou vice-versa. Serve para comunicações internas sobre assuntos
rotineiros. Caracteriza-se, portanto, pela simplicidade, concisão e clareza. Pode ser
considerado um ofício em miniatura‖ (Medeiros, 2000: 294).
ESTRUTURA designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;
denominação do ato - MEMORANDO;
numeração / ano, sigla do órgão emissor, local e data, na mesma direção do número;
destinatário - PARA, seguido de dois pontos;
texto - exposição do assunto;
fecho - Atenciosamente, seguido de vírgula;
assinatura;
nome;
cargo.
IMPORTANTE:
I. O memorando pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível hierárquico
diferente.
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
142
EXEMPLO:
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS
|
|
|
<- 1
MEMORANDO
No ...... - DESEP Brasília, .... de ............ de ...... .
|
|
<- 2
<- 3
PARA: ASTEC | <- 4
ASSUNTO: Informe
Comunicamos a Vossa Senhoria que, após estudo e análise do documento PLANEJAMENTO
E EXECUÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO elaborado por essa Assessoria, a nova sistemática
de trabalho será aplicada em caráter experimental, em atendimento à sua solicitação.
Cada unidade orgânica que compõe este Departamento recebeu um exemplar do documento
para acompanhar e avaliar sua aplicação.
Este Departamento necessita de um prazo de três meses, ou seja, agosto, setembro e
outubro, para proceder à validação do material e apresentar sugestões para sua reformulação
e implantação definitiva.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
<- 5
Atenciosamente, | <- 6
Assinatura
Nome por extenso
Cargo
|
|
|
<-
7,8,9
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
143
Atividade 5) A partir do que você aprendeu sobre memorando, escreva um como se você fosse o
coordenador do seu curso, para o reitor de sua universidade, comunicando a implantação
de um fictício novo programa didático para curso.
4.8. Ata
É ―um resumo escrito do que se disse ou se fez em circunstâncias mais ou menos
solenes.‖ (Medeiros: 2000 p.262)
A ata é um registro em que se relata o que se passou numa reunião, assembléia ou
convenção. Há os seguintes tipos de ata: a ordinária e a extraordinária.
A ata ordinária é a que resulta de reuniões estabelecidas em estatutos, ou
convocadas com regularidade. A extraordinária ocorre fora das datas costumeiramente
previstas.
A ata deve ser assinada pelos participantes da reunião em alguns casos (conforme o
estatuto da empresa), pelo presidente ou secretário, sempre. Para sua lavratura, devem ser
observadas as seguintes normas:
1. Lavrar a ata em livro próprio ou em folhas soltas. Deve ser lavrada de tal modo que
impossibilite a introdução de modificações.
2. Sintetizar de maneira clara e precisa as ocorrências verificadas.
3. na ata do dia, são consignadas as retificações feitas à anterior.
4. O texto será digitado ou manuscrito, mas sem rasuras.
5. O texto será compacto, sem parágrafos ou com parágrafos numerados, mas se fará uso
de alíneas.
6. se manuscrito, nos casos de erros constatados no momento de redigi-la, emprega-se a
partícula corretiva ―digo‖.
7. Quando o erro for notado após a redação de toda a ata, recorre-se à expressão: ―em
tempo‖, que é colocada após todo o escrito, seguindo-se então o texto emendado: Em
tempo: na linha onde se lê ―bota‖, leia-se ―pata‖.
8. Os números são grafados por extenso.
9. Quando ocorrem emendas à ata ou alguma contestação oportuna, a ata só será
assinada após aprovadas as correções.
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
144
10. Há um tipo de ata que se refere a atos rotineiros e cuja redação tem procedimento
padronizado. Nesse caso, há um formulário a ser preenchido.
11. A ata é redigida por um secretário efetivo. No caso de sua ausência, nomeia-se outro
secretário (ad hoc) designado para essa ocasião.
Devem constar de uma ata:
1. Dia, mês, ano e hora da reunião (por extenso)
2. Local reunião.
3. Pessoas presentes (com suas respectivas qualificações)
4. Declarações do presidente e secretário.
5. ordem do dia.
6. Fecho.
7. Assinaturas de presidente, secretário, participantes.
ESTRUTURA:
Localizadores temporais: dia, mês, ano e hora da reunião (escrito por extenso).
Espaço da reunião: local (sede da instituição, rua, número, cidade)
Nome e sobrenome das pessoas, com respectivas qualificações.
Declarações do presidente e do Secretário.
Assuntos tratados (ordem do dia).
Fecho.
Assinatura do presidente, secretário e participantes da reunião.
Exemplos de livro de atas
1 – Termo de Abertura
Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 (um) a 100 9cem),
por mim rubricadas, e se destina ao registro das Atas das reuniões da Diretoria da
Sociedade _________________, com sede, nesta capital, na rua
________________________________, nº. ___________. A minha rubrica é a seguinte:
_______________________________________________.
Porto Alegre, ________________________________________________.
Presidente _______________________________________________.
(Assinatura)
(Nome em letra de forma)
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
145
2 – Termo de Encerramento
Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 (um) a 100
(cem), que rubricadas pelo Presidente __________________________, se destina ao
registro das Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade ___________________,
conforme se lê no Termo de Abertura.
Porto Alegre, ________________________________________.
Presidente ___________________________________________.
(Assinatura)
(Nome em letra de forma)
3 – Modelos de Ata
MODELO 1
EMPRESA XMLC
CGC Nº. ...............
Ata da Assembléia geral Ordinária realizada no dia ........ de ................. de 20....... .
Aos ............ dias do mês de ...................... de 20 ........ às 15 h, na sede social da
companhia, na Rua ......................., nº. ..............., São Paulo, SP, reuniram-se em
Assembléia geral Ordinária os Acionistas da XMLC representando a totalidade do capital
Social com direito a voto, conforme consta do Livro de Presença de Acionistas. Assumiu a
presidência, na forma dos estatutos Sociais, o Diretor – Presidente, que convidou para
secretariá-lo o Sr. ............................... . Instalada a Assembléia Geral Ordinária, o Sr.
Presidente informou que a Administração da Companhia estava representada por sua
pessoa, justificando a ausência do Conselho Fiscal por ser o mesmo de funcionamento não
permanente e não se achar em exercício. Em seguida, mandou proceder à leitura dos
seguintes documentos: Relatório da Diretoria, Balanço Geral e demonstrações Financeiras,
referentes ao exercício social encerrado em ............... de ............ de 20 ......., publicados no
Diário Oficial do estado de São Paulo, no dia .............. de ....................... de 20 .......... . O
representante Acionista Z propôs a seguinte Ordem do Dia: (a) aprovação das
Demonstrações Financeiras relativas ao exercício social findo em ............... de
.......................... de 20..........; (b) fixação dos honorários da Diretoria; (c) aprovação da
correção da expressão monetária do capital Social, mediante aumento do valor nominal das
ações; (d) destinação dos lucros acumulados no fim do período. Dando início aos trabalhos,
o Sr. Presidente colocou em discussão e, em seguida, em votação: o relatório da Diretoria, o
balanço geral e as Demonstrações Financeiras referentes ao exercício encerrado em ..........
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
146
de .................. de 20 ........., verificando-se sua integral aprovação, por unanimidade.
Colocada em discussão e votação, foi a proposta aprovada por unanimidade. Nada mais
havendo a tratar e ninguém querendo fazer uso da palavra, o Sr. Presidente interrompeu os
trabalhos para a lavratura da presente ata, que foi lida e aprovada, sendo assinada por
todos os presentes. Presidente ..........................; Secretário ............................; Acionistas:
............................ .
MODELO 2
.......................... dias do mês de .................... do ano de ..............., nesta cidade, na Avenida
............................, sob a Presidência do Sr. ........................................................., tendo como
Secretário o Sr......................................................, presentes os Srs.
...................................................... e .............................................., realizou-se a 15a sessão
ordinária do ano. Lida pelo Sr. Secretário, a Ata da sessão anterior foi aprovada sem
restrições. O expediente constou da leitura de cartas, ofícios e pareceres recebidos,
respectivamente, de .........., ............ e ........... Na ordem do dia, foi unanimente aprovado o
Parecer no ......................................................... .
A seguir, o Sr. Presidente declarou encerrada a sessão e convocou os presentes para a
próxima reunião, no dia .................., às ................ horas. Eu,
........................................................ Secretário, lavrei a presente Ata, que assino com o
Sr. Presidente e demais participantes.
Assinaturas:
Atividade
1) Com base no que você aprendeu sobre ata, monte um grupo, imagine que seu grupo
seja o conselho de diretoria, onde deve haver o diretor, os supervisores dos
respectivos níveis (ensino infantil, fundamental e médio) e o pedagogo. Elabore uma
ata respectiva a uma reunião deste conselho, onde você deve mostrar os resultados
da reunião para projetos e objetivos para o ano letivo do suposto colégio.
4.9. Procuração
É instrumento pelo qual uma pessoa recebe de outra poderes para, em nome
dela, praticar atos ou administrar haveres.
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
147
ESTRUTURA:
denominação do ato - PROCURAÇÃO;
texto
qualificação do outorgante e do outorgado;
objeto da procuração e substabelecimento quando for o caso;
local e data;
assinatura;
nome.
IMPORTANTE:
01. A procuração pode ser por instrumento particular, se passada de próprio punho ou
digitada, e por instrumento público, se lavrada em cartório.
02. Deixa de haver exemplificação de procuração por instrumento público por ser específica
de cartório.
03. A assinatura deve ser reconhecida em cartório.
EXEMPLO:
PROCURAÇÃO
Por este instrumento particular de procuração, eu, ....................................................., portador
da Carteira de Identidade no ................................, CPF no ........................................., residente
............................................................., na cidade ......................................., nomeio e constituo
meu bastante procurador o Sr. ......................................................................, portador da
Carteira de Identidade no .................................., CPF no ....................................... e residente
....................................................., na .................................................... para o fim específico de
................................................................, estando, para tal fim, autorizado a assinar recibos e
documentos e a praticar todos os atos necessários ao fiel desempenho deste mandato.
Brasília, ........ de ...................... de .......... .
Assinatura
Nome por extenso
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
148
Atividade 1) Faça uma procuração, de parcos poderes, encaminhada à coordenação de matemática,
para que um procurador possa matricular você no ano letivo corrente. (o procurador
pode ser um colega ou um parente).
4.10. Currículo
É o conjunto de informações sobre as atividades realizadas durante toda a sua vida.
Envolve dados pessoais, profissionais e acadêmicos. Assim, não há uma única forma de
fazer um currículo, há diversas maneiras; desde os preestabelecidos, como o currículo
Lattes, até os profissionais feitos por empresas. O currículo deve ser um panorama de suas
qualificações, aperfeiçoamento, gostos e características, às vezes, dependendo da empresa
e dos objetivos: não pode ser longo demais, nem muito sucinto.
O que geralmente se recomenda, é que o informante tenha mais de um e adapte ao
perfil da empresa com a instituição.
IMPORTANTE:
Tenha sempre um currículo completo e um resumido.
Geralmente empresas pedem (solicitam) currículos mais informativos, sucintos, porém,
direcionais. Já Instituições ou Centros Acadêmicos exigem currículos mais completos.
Um outro dado relevante na leitura de um currículo está pautado nos princípios da
clareza, objetividade, verdade e sedução.
Sim, verdade e sedução também são importantes, pois se um informante diz em seu
currículo que fala/domina bem a língua inglesa, sendo assim, um falante proeficiente,
poderá ocorrer um feito: na hora da entrevista, ser abordado com perguntas em inglês. Por
isso, não passe esse mico, apresentando em seu currículo coisas coisas que não sabe
fazer.
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
149
Dessa mesma forma, um currículo também tem que ser sedutor, no sentido de seduzir
pelas qualificações encontradas.
Não adianta folhas de papel perfumadas, papel multicolorido, não importa tais coisas e
sim suas habilidades e se você está preparado para cargos, se é responsável e está
disposto/preparado a aprender.
Importantíssimo: Um currículo deve ser bem redigido.
Ex.:
MODELO 1
Currículo Profissional Resumido (uma lauda)
1- Dados pessoais – Eu sou Adriano Henrique Pessoa, solteiro, 26 anos, formado em
Engenharia Computacional, e faço jornalismo na USP.
2- Experiências profissionais – Trabalhei sete anos na FITEL, como gerente de produção e
tenho desenvolvido minhas habilidades nas seguintes empresas, exercendo os
seguintes cargos:
Em 2006 (atualmente) coordenei na FIAT .....
3- Cursos e Eventos
4- Formação acadêmica
Assinatura
Local e data
MODELO 2
Currículo Profissional Resumido (só entra o mais atual)
1- Dados Pessoas
Nome:
Sexo:
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
150
Nacionalidade: Naturalidade:
Telefone: E-mail:
2- Formação Acadêmica
Curso: Licenciatura Plena em matemática (cursando)
Instituição: Universidade do Estado do Pará (UEPA)
Início: 2006 Término: Cursando
3- Formação Profissional
Empresa/Instituição
Segmento: área industrial, comércio, etc.
Cargo/Função:
Entrada: dd/mm/aaaa Saída: dd/mm/aaaa
4- Cursos realizados
5- Eventos Participados
- Curso:.....
Carga Horária
Local
Período
- Evento ......
Carga Horária
Local
Período
MODELO 3
Currículo Profissional Completo
DADOS PESSOAIS
Nome: : Adriano Henrique Corrêa
Sexo: : Masculino
Nacionalidade: : brasileira
Estado Civil: : Solteiro
Bairro: : São José
Cidade: : São Caetano do Sul-SP
País: : Brasil
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
151
Telefone: : 42388096
Celular: : 91129632
Fax: : 42324505
Data de Nascimento: : 02/03/1975
Trabalhando atualmente: : Não
Faixa Salarial Atual: : A combinar
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Empresa: : Equiparium Indústria e Comércio Ltda
Segmento: : Indústria
Porte: : Pequena - até 200 funcionários
Origem: : Nacional
Cargo: : 1/2 Oficial Ferramenteiro
Nível do Cargo: : Operacional
Área de Atuação: : Industrial
Data de Entrada: : 07/04/1995
Data de Saída: : 24/05/2002
Atividades Desenvolvidas: :
Auxílio ao ferramenteiro na construção e manutenção de estampos;
Construção de dispositivos; Operação de diversas máquinas no setor
de ferramentaria e usinagem; Construção e manutenção de moldes
plásticos.
Empresa: : Madalinco Indústria e Comércio Ltda
Segmento: : Mineração, Metalurgia e Siderurgia
Porte: : Média - entre 200 e 700 funcionários
Origem: : Nacional
Cargo: : Ajustador Mecânico
Nível do Cargo: : Operacional
Área de Atuação: : Industrial
Data de Entrada: : 10/08/1989
Data de Saída: : 10/01/1994
Atividades Desenvolvidas: :
Auxílio ao ferramenteiro na construção e menutenção de estampos;
Construção de dispositivos; Operação de diversas máquinas no setor
de ferramentaria e usinagem.
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
152
FORMAÇÃO ACADÊMICA
2º Grau / Técnico:
Curso: : Administração de Empresas
Instituição: : E.E.P.S.G "Maria Trujilo Torloni
Ano de Início: : 1991
Ano de Término: : 1994
IDIOMAS
Outros Cursos: :
Ajustador Mecânico - SENAI; Automobilística - SENAI; Mecânica de
Aviões - Escola de Mecânica Aeronáutica; Mecânica de Automóvel -
SENAI; Mecânica Diesel.
Minicurrículo: :
Tenho conhecimento no setor de metalúrgia e usinagem, tendo
operado diversas máquinas dentro deles, como: prensas, tornos,
fresas, retífica, plaina, injetora. Auxílio, criação e manutenção de
moldes plásticos e estampos. Construção de dispositivos
Existe uma variante do currículo, chamado ―currículo lattes‖, bastante utilizado no
universo acadêmico (como em universidades e centros de pesquisa). Esta variante se
assemelha bastante ao currículo comum, porém sua ênfase maior deve ser na experiência
acadêmica do candidato, geralmente voltada para as áreas de ensino e pesquisa.
Este currículo possui um modelo único, e só pode ser feito através de um ―software‖
especial, chamado ―Lattes‖, que está ligado à base de currículos do CNPQ (...), instituição
federal que organiza os subsídios à pesquisa no Brasil. Este programa de computador pode
ser acessado dentro da página do CNPQ na internet: www.cnpq.br.
4.11. Carta comercial
É um documento utilizado para transmitir ou trocar informações de uma empresa
para outra.
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
153
Mas eu não sei como escrever uma carta comercial
Não se preocupe. É só observar o exemplo a seguir.
Timbre 5 espaços (5x1) Índice e número DPV/25 3 espaços (3x1) Local e data São Paulo, 27 de julho de 1998 5 espaços (5x1) Referência Ref.: Notícia sobre o lançamento do livro “Manual da secretária” 3 espaços (3x1) Invocação Sr. Vieira: 2 espaços (2x1) Meus dois livros – Técnicas da redação e correspondência – receberam de sua
parte atenção ímpar e você fez publicar em sua gazeta recensão das mais agradáveis. Já, agora, estou enviando-lhe um exemplar do meu mais recente lançamento – manual da secretária – para não exigir-lhe elogios, mas como gratidão pelas sugestões que você sempre me apresenta. 2 espaços (2x1) Falemos um pouquinho do livro 2 espaços (2x1) Diferencia-se dos textos convencionais sobretudo porque foge á exposição de um receituário que atenderia a situações específicas, mas deixaria a secretária em apuros diante de situações novas. A abordagem de meu texto valoriza a prática argumentativa, o uso do raciocínio, da reflexão.
Cumprimento Final Envio-lhe abraço, na esperança de revê-lo brevemente. 2 espaços (2x1) Atenciosamente 3 espaços (3x1)
Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância
154
Assinatura João Bosco Medeiros 3 espaços (3x1) Anexos Anexos: press-release e livro manual da secretária. Iniciais JBM/MS 3 espaços (3x1)
Atividade 1) Baseado no exemplo acima, imagine-se sendo um editor de livros didáticos,
pretendendo que a crítica de determinado jornal fale de um livro de Matemática
publicado pela sua editora. Escreva uma carta comercial a este crítico, indicando o
produto e dizendo por que ele deveria falar de seu produto.
4.12. Exposição de motivos Definição
Exposição de Motivos é a correspondência por meio da qual os secretários e autoridades de
nível hierárquico equivalente expõem assuntos da Administração do Distrito Federal para
serem solucionados por atos do Governador.
Estrutura
1. designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;
2. denominação do ato - EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS;
3. numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;
4. vocativo - Excelentíssimo Senhor Governador, seguido de vírgula;
5. texto:
5.1. apresentação do assunto;
5.2. alegações e fundamentos;
5.3. parecer conclusivo sobre o assunto focalizado;
6. fecho - Respeitosamente, seguido de vírgula;
7. assinatura;
8. nome;
9. cargo;
Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação
155
10. destinatário - tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/ estado.
Observações
1. Se a exposição de motivos tiver mais de uma folha, numerar as subseqüentes com
algarismos arábicos, no canto superior direito, a partir da número dois.
2. Entende-se por autoridade de nível hierárquico equivalente: Vice-Governador,
Secretários, Procurador-Geral e Chefe da Casa Militar.
3. Quando a exposição de motivos tratar de assuntos que envolvam mais de uma
Secretaria, esta deverá ser assinada pelos Secretários envolvidos.
4. Além do caráter informativo, a exposição de motivos pode propor medidas ou submeter
projeto de ato normativo à apreciação da autoridade competente.
5. O destinatário deve figurar sempre no canto inferior esquerdo da primeira página.
Ex.:
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO
| |
<- 1
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS | <- 2
No............. - GAB/SEA Brasília, .........de..................de........ . | <- 3
Excelentíssimo Senhor Governador, | <- 4
Submeto a Vossa Excelência a minuta de Decreto, em anexo, que institui no âmbito do Distrito Federal o Sistema Integrado de Controle de Processos - SICOP. O sistema, objeto da proposição, tem por finalidade assegurar o desenvolvimento das atividades a seguir elencadas:
1 Cadastro e controle das informações de processos protocolados junto aos órgãos integrantes do Complexo Administrativo do Distrito Federal.
2 Atualização imediata da informação acerca do cadastramento e tramitação de processos.
3 Descentralização do cadastramento e tramitação de processos em relação ao Sistema de Comunicação Administrativa/SEA, para os respectivos setoriais onde se
| | | | | | | | | | |
<- 5
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encontrem.
4 Agilidade e precisão relativas às informações sobre processos.
Vale ressaltar que o Sistema Integrado de Controle de Processos, através da Subsecretaria de Modernização e Organização Administrativa desta Secretaria, já se encontra devidamente implantado e em pleno funcionamento, carecendo, todavia, do instrumento jurídico competente para que lhe seja conferida a legitimidade necessária. Releva observar que a presente minuta encontra-se em conformidade com os demais atos da espécie, não existindo óbices legais que impeçam sua edição. Destarte, submeto à superior consideração de Vossa Excelência a minuta de ato que consubstancia a proposta em epígrafe.
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Respeitosamente, | <- 6
Assinatura Nome por extenso
Cargo
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<- 7,8,9
Excelentíssimo Senhor Nome por extenso Cargo NESTA
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<- 10
4.13. Abaixo-assinado
É documento subscrito coletivamente e contendo pedido, reivindicação,
manifestação de protesto ou solidariedade.
MODELO DE ABAIXO-ASSINADO
Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito de Manaus Os abaixo-assinados, brasileiros, residentes e domiciliados na rua das Flores, bairro da paz, nesta cidade de Manaus, solicitam de V.Exª, a instalação de coletores seletivos de lixo, a fim de atender ao projeto comunitário de reciclagem de plásticos, alumínio e vidros.
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Na certeza de sermos atendidos, encaminhamos esse documento em três folhas numeradas e assinadas por todos os moradores, e em duas vias que serão protocoladas em seu Gabinete. Nomeamos o morador José de Jesus Silva, fone 200-0101, como nosso representante, caso V.Exª necessite de outras informações. Manaus, ...de......de 2004
Nome identidade endereço Rubrica
José de Jesus Silva 0X0.0X0 Seseg/AM Rua das Flores, 01
Maria da Dores Souza 001.999 SESEG/AM Rua das flores, 03
Etc. Etc. Etc.
RESUMO
A instrumentalização da língua, a partir de sua flexibilidade, serve à criação de diversos
tipos de texto e voltados às mais variadas situações:
O fichamento é um recurso utilizado na elaboração de projetos de monografias. É usado
também em seminários e aulas expositivas.
O resumo é um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um
texto a suas idéias principais.
A resenha é um trabalho de síntese, análise resumida e arrolamento de produções
científicas. Pode ser descritiva ou crítica;
A Redação oficial é o canal para se estabelecer relações de serviço na administração
pública, cuja eficiência vem através de normas de padronização para as mensagens
escritas.
O requerimento é uma petição a autoridades para que se faça justiça ou se dê o que a
lei concede ou autoriza a pedir.
O ofício é o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades e
titulares de unidades do Distrito federal ou ainda destes para com a Administração
federal e empresas privadas.
O Memorando é um tipo de correspondência entre autoridades de um mesmo órgão.
Serve a comunicações internas sobre assuntos rotineiros.
A ata é um resumo escrito das ações em circunstâncias mais ou menos solenes. É um
tipo de registro, que pode ser dividido em ordinária e extraordinária.
A procuração é o meio pelo qual uma pessoa recebe de outra, poderes para, em nome
dela, praticar atos ou administrar haveres.
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O currículo é um conjunto de informações que monta o perfil de um individuo
A carta comercial é um documento utilizado para transmitir ou trocar informações de
uma empresa para outra.
A exposição de motivos é a correspondência pela qual secretários e autoridades de
nível hierárquico equivalente expõem assuntos da Administração do Distrito Federal
para serem solucionados por atos do Governador.
O abaixo-assinado é um documento subscrito coletivamente e contendo pedido,
reivindicação ou manifestação de protesto ou solidariedade.
Foi um prazer trabalhar com você. Espero que
tenha aprendido bastante sobre a linguagem e
a comunicação. Até breve.
REFERÊNCIA
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BLIKSTEIN, I.. Técnicas de Comunicação Escrita. 6ª edição. São Paulo, Ática, 1998.
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