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Prof. Filipe Maux WWW.IAPCURSOSONLINE.COM 1 REQUISITOS OU ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Embora inexista absoluto consenso na doutrina a respeito de quais seriam, de fato, os elementos ou requisitos que compõem os atos administrativos, sem dúvida, para fins de concursos públicos, deve-se ter em mente a posição amplamente majoritária, abaixo exposta, inclusive porque dispõe de expressa base legal (art. 2º da Lei 4.717/65 - Lei da Ação Popular). À luz dessa corrente majoritária, são 5 (cinco) os elementos ou requisitos dos atos administrativos, quais sejam: a) competência ou sujeito; b) finalidade; c) forma; d) motivo; e) objeto. a) Competência (ou Sujeito) Sob o ângulo do sujeito, seria este o agente público a quem a lei atribui competência para a prática de um dado ato administrativo. Já sob o enfoque da competência, em si, esta poderia ser definida como a possibilidade ou o dever legal de agir, atribuído a um dado agente público, para fins de atender à finalidade prevista na lei. Dito de outro modo, seria o conjunto de poderes legalmente atribuídos a um agente público, por meio dos quais deve-se satisfazer a interesses públicos. Como somente a lei pode atribuir competências, trata-se de elemento sempre vinculado dos atos administrativos. Significa dizer: jamais pode haver discricionariedade em relação ao elemento competência. Vícios de competência: i) excesso de poder, ii) usurpação de função e iii) função de fato. i) Excesso de poder = órgão ou agente público que, a princípio, seriam competentes, extrapolam os limites de suas atribuições, legalmente estabelecidas. O agente age fora dos limites de suas atribuições legais. Ex: autoridade que seria competente para aplicar a pena de suspensão a um servidor público, aplica a de demissão, para a qual era incompetente. Possibilidade de convalidação? Regra geral, sim. Exceções: incompetência em razão da matéria[1] e competência exclusiva[2]. ii) Usurpação de Função = O agente nunca foi investido em cargo, emprego ou função. Não possui sequer vínculo jurídico-funcional com a Administração. Conduta constitui crime (art. 328 do CP). Consequência: ato é inexistente. Para fins de responsabilização civil, não são imputáveis à Administração Pública. Não se aplica a teoria da aparência. iii) Função de fato = agente foi investido em cargo, emprego ou função. Porém, há alguma ilegalidade no procedimento de investidura. Ex: não preenche os requisitos do cargo (idade mínima, grau de escolaridade, etc). Consequência: ato é válido (ou, ao menos, seus efeitos são validados em relação a terceiros de boa-fé) Para fins de responsabilização civil, são imputáveis à Administração Pública. Aplica-se a teoria da aparência (fundamentos: boa-fé dos administrados, princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança legítima, presunção de legitimidade dos atos administrativos). b) Finalidade Corresponde ao objetivo perseguido com a prática do ato. É um dos aspectos em que se subdivide o princípio da impessoalidade, estudado no início de nossa primeira aula, e que está exposto na Apostila I. A finalidade pode ser subdividida em duas vertentes: Finalidade geral ou mediata = sempre equivale à satisfação do interesse público. Todo ato administrativo deve atender a um interesse público. É inconcebível imaginar que um ato administrativo seja praticado com vistas a satisfazer interesses estritamente privados. Finalidade específica ou imediata = é aquela explicitamente imposta na lei. A própria leitura do preceito legal em que se fundamento o ato evidencia o que se objetiva com a prática do ato. Ex: concessão de licença a servidor para tratamento de saúde (art. 19, I, DL 220/75). Note-se que a lei deixa claro qual a finalidade dessa licença, vale dizer: permitir que o servidor recupere-se e volte a trabalhar. Não há outra possibilidade. Vício de Finalidade: desvio de finalidade (ou desvio de poder) = o agente público até age dentro de suas competências, mas pratica o ato visando a um fim diverso daquele previsto em lei.

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REQUISITOS OU ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Embora inexista absoluto consenso na doutrina a respeito de quais seriam, de fato, os elementos ou requisitos

que compõem os atos administrativos, sem dúvida, para fins de concursos públicos, deve-se ter em mente a

posição amplamente majoritária, abaixo exposta, inclusive porque dispõe de expressa base legal (art. 2º da Lei

4.717/65 - Lei da Ação Popular).

À luz dessa corrente majoritária, são 5 (cinco) os elementos ou requisitos dos atos administrativos, quais sejam: a)

competência ou sujeito; b) finalidade; c) forma; d) motivo; e) objeto.

a) Competência (ou Sujeito)

Sob o ângulo do sujeito, seria este o agente público a quem a lei atribui competência para a prática de um dado

ato administrativo.

Já sob o enfoque da competência, em si, esta poderia ser definida como a possibilidade ou o dever legal de agir,

atribuído a um dado agente público, para fins de atender à finalidade prevista na lei.

Dito de outro modo, seria o conjunto de poderes legalmente atribuídos a um agente público, por meio dos quais

deve-se satisfazer a interesses públicos.

Como somente a lei pode atribuir competências, trata-se de elemento sempre vinculado dos atos administrativos.

Significa dizer: jamais pode haver discricionariedade em relação ao elemento competência.

Vícios de competência: i) excesso de poder, ii) usurpação de função e iii) função de fato.

i) Excesso de poder = órgão ou agente público que, a princípio, seriam competentes, extrapolam os limites de

suas atribuições, legalmente estabelecidas. O agente age fora dos limites de suas atribuições legais.

Ex: autoridade que seria competente para aplicar a pena de suspensão a um servidor público, aplica a de

demissão, para a qual era incompetente.

Possibilidade de convalidação?

Regra geral, sim.

Exceções: incompetência em razão da matéria[1] e competência exclusiva[2].

ii) Usurpação de Função = O agente nunca foi investido em cargo, emprego ou função. Não possui sequer vínculo

jurídico-funcional com a Administração. Conduta constitui crime (art. 328 do CP).

Consequência: ato é inexistente.

Para fins de responsabilização civil, não são imputáveis à Administração Pública.

Não se aplica a teoria da aparência.

iii) Função de fato = agente foi investido em cargo, emprego ou função. Porém, há alguma ilegalidade no

procedimento de investidura.

Ex: não preenche os requisitos do cargo (idade mínima, grau de escolaridade, etc).

Consequência: ato é válido (ou, ao menos, seus efeitos são validados em relação a terceiros de boa-fé)

Para fins de responsabilização civil, são imputáveis à Administração Pública.

Aplica-se a teoria da aparência (fundamentos: boa-fé dos administrados, princípios da segurança jurídica e da

proteção à confiança legítima, presunção de legitimidade dos atos administrativos).

b) Finalidade

Corresponde ao objetivo perseguido com a prática do ato.

É um dos aspectos em que se subdivide o princípio da impessoalidade, estudado no início de nossa primeira aula,

e que está exposto na Apostila I.

A finalidade pode ser subdividida em duas vertentes:

Finalidade geral ou mediata = sempre equivale à satisfação do interesse público. Todo ato administrativo deve

atender a um interesse público. É inconcebível imaginar que um ato administrativo seja praticado com vistas a

satisfazer interesses estritamente privados.

Finalidade específica ou imediata = é aquela explicitamente imposta na lei. A própria leitura do preceito legal em

que se fundamento o ato evidencia o que se objetiva com a prática do ato.

Ex: concessão de licença a servidor para tratamento de saúde (art. 19, I, DL 220/75). Note-se que a lei deixa

claro qual a finalidade dessa licença, vale dizer: permitir que o servidor recupere-se e volte a trabalhar. Não há

outra possibilidade.

Vício de Finalidade: desvio de finalidade (ou desvio de poder) = o agente público até age dentro de suas

competências, mas pratica o ato visando a um fim diverso daquele previsto em lei.

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Ex 1: servidor que comete uma indisciplina e que é removido ex officio como forma de punição; note-se: o servidor

em questão realmente praticou uma infração administrativa, de modo que deveria, de fato, ser punido. A

autoridade que removeu era a competente para adotar tal providência. No entanto, o ato utilizado – remoção – não

se presta a essa finalidade (punir), e sim tem por objetivo proporcionar uma melhor reorganização dos recursos

humanos dentro da Administração Pública. Assim sendo, mesmo que, eventualmente, o órgão para o qual o

servidor tenha sido removido esteja apresentando uma carência em seus quadros funcionais, o ato terá sido

praticado em desvio de finalidade/poder. Será um ato nulo.

Ex 2: desapropriação realizada para beneficiar ou prejudicar o proprietário do bem, a depender do valor da

indenização. No exemplo anterior, o ato até atendeu ao interesse público, embora não tenha observado a

finalidade prevista em lei (e mesmo assim seria nulo). Neste segundo exemplo, sequer houve atendimento do

interesse público. A intenção é deliberada em perseguir ou favorecer o proprietário do bem a ser desapropriado. A

violação ao princípio da impessoalidade é ostensiva. Logo, também há aqui, com ainda maior razão, desvio de

finalidade/poder.

O desvio de finalidade jamais admite convalidação. Atos que incidam nesse vício serão nulos, insuscetíveis de

convalidação.

c) Forma

Existem duas possíveis acepções para o elemento forma.

Uma primeira, mais restrita, nos termos da qual a forma consiste na maneira pela qual o ato é exteriorizado. Seria

o revestimento externo do ato.

A segunda, mais ampla, abarca também todas as formalidades que integram o processo de formação do ato,

incluindo sua própria publicação em meio oficial.

Em regra, os atos administrativos devem adotar a forma escrita.

Exceções: atos verbais (ordens de superior hierárquico a seus subordinados) e gestos, apitos, sinais luminosos e

placas utilizados na ordenação do trânsito.

É elemento vinculado ou discricionário?

Atualmente, o tema é controvertido.

Há duas posições:

1ª) Doutrina tradicional (Hely Lopes Meirelles) – sempre elemento vinculado. Não admite discricionariedade;

2ª) Doutrina mais moderna – pode ser elemento discricionário, desde que a lei não exija forma determinada.

Hoje em dia, esta deve ser a posição a ser adotada em concursos públicos, porque conta com expresso amparo

legal, seja na área federal (art. 22 da Lei 9.784/99[3]), seja na esfera aqui do Estado do RJ (art. 19 da Lei

5.427/09[4]).

Vício de forma:

Em regra, é passível de convalidação, salvo se a forma prevista em lei constituir elemento essencial à validade do

ato.

Exemplo 1: Ato de punição de servidor deve ser precedido de processo administrativo disciplinar (PAD) ou, no

mínimo, de sindicância, assegurado o contraditório e a ampla defesa, sob pena de nulidade. A realização de

prévio PAD é da essência do ato de punir, de modo que, se não for observado, o ato é nulo, por vício de forma.

Exemplo 2: Ato expedido mediante resolução, quando o correto, por força de lei, seria por meio de portaria. Neste

segundo exemplo, a forma é um mero revestimento externo. Um mero nomen iuris atribuído ao ato. Não há

qualquer modificação de seu conteúdo.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, em hipóteses como esta, ocorre simples irregularidade, a qual, no

entanto, em nada prejudica direitos e garantias dos administrados. A previsão legal, nestes casos, tem em mira

tão somente padronizar procedimentos, em âmbito interno, vale dizer, dentro da própria Administração Pública.

Assim, acaso sejam descumpridos tais comandos, haveria, em tese, repercussão apenas no plano interno, isto é,

mediante sanção disciplinar aplicável ao servidor que inobservou o preceito de lei[5], mas em nada repercutiria na

validade do ato, em si.

d) Motivo

São as razões de fato e de direito que impõem ou ao menos autorizam a prática do ato administrativo. É a causa

imediata do ato.

Exemplo 1: aposentadoria compulsória de um servidor público, nos termos da Constituição da República.

Razão de fato: servidor atingir 70 anos de idade;

Razão de direito: art. 40, § 1º, II, CF/88.

Exemplo 2: Desapropriação por utilidade pública.

Razão de fato: conveniência e oportunidade da transferência do bem para o domínio público, como forma de

viabilizar a construção de uma escola, de uma creche, de um hospital público, de um parque, etc;

Razão de direito: art. 5º, DL 3.365/41.

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O motivo pode se apresentar como elemento vinculado ou discricionário do ato, se a lei assim estabelecer.

Exemplo 1: concessão de licença paternidade. Motivo é vinculado = nascimento de filho de servidor.

Exemplo 2: lei hipotética que proíba comportamentos públicos ofensivos à “moralidade”. O ato que pretender

aplicar essa norma terá por motivo um dado comportamento tido por “imoral”. Todavia, como a moralidade

constitui um conceito jurídico indeterminado, a avaliação do caso concreto, em ordem a aferir se é aplicável ou

não tal norma, constitui juízo de discricionariedade da autoridade competente. Nesse exemplo, o motivo será,

portanto, discricionário.

Vício de motivo:

Deriva de duas situações.

1ª) Motivo inexistente – a razão de fato alegada pela Administração para praticar o ato sequer ocorreu no plano

fático. Nesse caso, o ato é nulo, de pleno direito, sem possibilidade de convalidação.

Ex: demissão de servidor público por inassiduidade habitual (art. 19, inciso VI, DL 220/75). Verifica-se,

posteriormente, que o servidor não havia faltado ao trabalho uma vez sequer ao longo de doze meses.

2ª) Motivo inidôneo, ilegítimo ou inadequado – a razão de fato alegada pela Administração Pública, embora

verdadeira, não se revela apta a legitimar a prática do ato. O ato também é nulo, de pleno direito, sem

possibilidade de convalidação.

Ex: demissão de servidor público estadual, aqui do RJ, por violação a um dos deveres referidos no art. 39 do DL

220/75. O fato pode até ter ocorrido, ou seja, o servidor realmente violou um dos deveres ali listados, porém, tal

descumprimento não é causa legal de demissão, e sim de mera repreensão (art. 49 do DL 220/75).

e) Objeto

Equivale ao conteúdo material do ato. Corresponde ao efeito jurídico imediato que o ato produz. É a alteração que

o ato acarreta na ordem jurídica.

Exemplo 1: ato de suspensão disciplinar de um servidor = objeto é própria suspensão.

Exemplo 2: ato de autorização de uso de bem público = objeto é a própria autorização.

Exemplo 3: ato de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária = objeto é a própria

desapropriação.

Pode se apresentar como elemento vinculado ou discricionário, se a lei assim estabelecer.

Vício de objeto:

Além dos casos previstos na legislação civil (objeto impossível e objeto vedado em lei), a doutrina administrativista

aponta duas outras hipóteses:

1ª) Objeto não previsto em lei.

Ex: servidor estadual aqui do RJ suspenso por período superior a 180 dias (art. 50, § 1º, DL 220/75).

2ª) Objeto diverso daquele que a lei estabelece para a situação fática de que se estiver tratando.

Ex: deferimento de autorização de uso de bem público, para um caso em que a lei prevê que a entrega do bem,

necessariamente, se dê mediante permissão de uso de bem público.

MOTIVAÇÃO

Não é um sexto elemento dos atos administrativos! Mas, dada a importância de que se reveste, merece um estudo

individualizado.

Motivação é a exposição, por escrito, das razões de fato e de direito (motivo) que deram ensejo à prática do ato.

Que fique claro: motivação e motivo não se confundem.

Este último, como acima visto, corresponde a um acontecimento verificado no plano fático que, por se amoldar a

uma dada norma jurídica que impõe ou ao menos autoriza a atuação da Administração Pública, gera a prática de

um dado ato administrativo. Motivação, por sua vez, equivale à demonstração fundamentada, por escrito, das

mencionadas razões fáticas e de Direito que conduziram à realização do ato.

Importante: a motivação integra o elemento forma dos atos administrativos. Com efeito, sempre que a motivação

for obrigatória (e geralmente o será), caso deixe de ser apresentada, o ato será passível de anulação, por vício de

forma (e não de motivo!)

A motivação deve anteceder ou, no mínimo, ser concomitante à edição do ato.

Regra geral: necessidade de motivação (art. 2º, caput e parágrafo único, VII c/c art. 50, ambos da Lei federal

9.784/99 e art. 2º, caput, §1º, VI c/c 48, da Lei estadual do RJ 5.427/09).

O rol destes dispositivos deve ser visto como exaustivo?

Há duas posições doutrinárias:

1ª) Minoritária (José dos Santos Carvalho Filho): trata-se de rol exaustivo; são numerus clausus.

2ª) Majoritária (Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Di Pietro): trata-se de rol exemplificativo. Confiram-

se, a propósito, as palavras da Prof. Di Pietro, ao comentar o art. 50 da Lei 9.784/99:

“(...)tem-se que considerar a enumeração contida no dispositivo como o mínimo a ser necessariamente

observado, o que não exclui a mesma exigência em outras hipóteses em que a motivação é fundamental para fins

de controle da legalidade dos atos administrativos.”

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Exceções à necessidade de motivação? Exemplo doutrinário: nomeação e exoneração de ocupantes de cargos

em comissão e funções de confiança. As leis, em geral, afirmar que tais cargos são de “livre” nomeação e

exoneração, aí residindo, portanto, a expressa base legal para se dispensar a motivação.

Fundamentos (para o dever, como regra, de motivação dos atos administrativos):

- princípio da publicidade (art. 37, caput, CF/88) = dever de transparência na administração pública; afinal,

fundamentar nada mais é do que dar publicidade às razões que ensejaram a prática do ato.

- princípio da indisponibilidade do interesse público;

- cidadania como fundamento da República (art. 1º, inciso II, CF/88) = no sentido de que a motivação permite que

se exerça um controle popular dos atos da Administração Pública. Somente melhor conhecendo as razões que

conduziram à prática do ato é que se pode realizar tal controle de forma eficiente.

DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO

Conforme anteriormente exposto, os atos vinculados são aqueles em que a lei, taxativamente, de forma fechada,

estabelece a única opção administrativa possível, sem qualquer margem de liberdade para o agente público.

Ou seja, uma vez constatada a hipótese fática prevista na norma legal, inexiste espaço para avaliações subjetivas,

para juízos de conveniência e oportunidade. O agente público competente está obrigado, está vinculado a praticar

o ato, tal qual previsto em lei.

Os exemplos foram oferecidos, mas não custa rememorá-los: concessão de licença-maternidade a uma servidora

pública; aplicação da pena de demissão ao servidor público federal, por abandono de cargo (art. 52, inciso V, DL

220/75); concessão de licenças em geral, desde que cumpridos todos os requisitos legais (salvo algumas

exceções, como a licença para tratar de assuntos particulares).

Já por atos discricionários, devemos entender aqueles nos quais a lei previamente estabelece um espaço de

atuação ao agente público, nos limites do qual será legítima a escolha da alternativa que, diante das

circunstâncias do caso concreto, melhor atenda ao interesse público, melhor cumpra a finalidade prevista na lei, à

luz de critérios de conveniência e oportunidade.

Constituem exemplos: remoção ex officio de um servidor público por necessidade de serviço (para melhor

distribuição dos recursos humanos no âmbito de um dado órgão público); concessão de autorização para uso de

bem público; concessão de licença para trato de assuntos particulares em favor de um servidor público;

desapropriação de terreno, por utilidade pública, para construção de uma creche; escolha, dentre as hipóteses

estabelecidas em lei, da sanção aplicável em vista de uma dada infração administrativa, etc.

A propósito do estudo dos atos discricionários, convém abordar o conceito de mérito administrativo. Este

corresponde, justamente, a esse espaço de atuação, a essa certa margem de liberdade, previamente delimitada

em lei, no âmbito da qual o agente público competente poderá, à luz de critérios de conveniência e oportunidade,

avaliar a situação concreta e, assim, definir, dentre as opções legitimamente apresentadas, aquela que melhor

atenda ao interesse público.

Quando existe discricionariedade?

Importante! Posição doutrinária mais moderna:

Existe discricionariedade tanto quando a lei expressamente confere certa liberdade de atuação ao agente público,

valendo-se de expressões como “poderá a Administração”, “a critério da Administração”, e análogas, ou ainda

quando a lei se vale dos chamados conceitos jurídicos indeterminados, também chamados de conceitos de valor,

em relação aos quais, diante do caso concreto, caberá ao agente público avaliar se a hipótese se amolda, ou não,

ao conteúdo da norma legal.

Ex: demissão de servidor público por “incontinência pública escandalosa” (art. 52, inciso II, DL 220/75). Ora, o que

vem a ser, efetivamente, uma conduta escandalosa? Somente o caso concreto permitirá que se faça essa

avaliação, segundo juízo discricionário da autoridade competente para aplicar a penalidade em questão.

Limites:

A discricionariedade deve ser exercida nos termos da lei.

Daí se pode afirmar que um primeiro limite, claro, é a própria lei. Só haverá discricionariedade dentro das balizas

expressamente delimitadas pelo legislador. Se o agente público competente extrapolar esses limites, o ato deixará

de ser discricionário e passará a ser arbitrário. Escapa-se do campo da discricionariedade e adentra-se no terreno

da arbitrariedade (abuso de poder).

Exemplo: o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do RJ – DL 220/75, em seu art. 50, § 1º, prevê que a pena de

suspensão não poderá exceder de 180 dias. Existe, portanto, discricionariedade no que se refere ao período a ser

estabelecido diante do caso concreto (30, 45, 60, 90 dias, etc). Mas, se a suspensão for aplicada pelo prazo de

190 dias, é claro que o ato será nulo, visto que terá extrapolado os limites legais.

Podemos apontar, ainda, como mecanismos aptos a estabelecer limitações à discricionariedade administrativa, os

princípios da razoabilidade/proporcionalidade, a teoria dos motivos determinantes e a teoria do desvio de

poder/finalidade.

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[1] Ex: ato que seria de competência do Secretário de Fazenda do Estado do RJ, é praticado pelo Secretário de

Urbanismo. A incompetência, aqui, é em razão da matéria. Logo, não há possibilidade de convalidação.

[2] São aquelas em que a lei deixa claro que somente uma autoridade pública é a competente para a prática do

ato. As competências exclusivas não admitem sequer delegação e avocação.

[3] Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei

expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização

e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de

autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.

[4] A redação do art. 19 da Lei 5.427/09 é rigorosamente idêntica à acima transcrita, mas, inclui um § 5º, de

seguinte teor: “A Administração Pública poderá disciplinar, mediante decreto, a prática e a comunicação oficial dos

atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos técnicos exigidos na legislação específica, em

especial os de autenticidade, integridade e validade jurídica.”

[5] No exemplo, em tese, a utilização da resolução, ao invés da portaria configuraria a violação do dever previsto

no art. 39, VII, do DL 220/75 (“observância das normas legais e regulamentares”).

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Em relação ao tema aqui tratado, parece-me relevante destacar, antes de mais nada, que o presente trabalho não

ambiciona esgotar o estudo do assunto “princípios da Administração Pública”, e sim oferecer aos alunos um

conteúdo mínimo capaz de subsidiar o acompanhamento das aulas.

Faz-se essa ressalva, uma vez que, dependendo da obra doutrinária a ser consultada, haverá menção a outros

princípios, aqui não comentados. A opção, respeitados os objetivos dessa apostila, é por tratar dos princípios

constitucionais expressos (aqueles referidos no art. 37, caput, da Constituição/88), dada a sua preponderância

natural, e também de outros dois princípios extremamente relevantes, quais sejam: o princípio da supremacia do

interesse público (sobre o privado) e o princípio da indisponibilidade do interesse público, os quais, juntos, formam

o que se denomina de regime jurídico administrativo.

Refira-se, ainda, que, ao longo das demais aulas, ao serem abordados determinados assuntos, serão feitas

referências a outros princípios de grande importância, os quais se relacionam, contudo, a temas específicos do

Direito Administrativo[1].

Princípios: noção

Antes de se analisar, propriamente, os princípios de maior importância para o Direito Administrativo, parece

conveniente estabelecer o que se deve entender por princípio.

Seguem-se, abaixo, duas passagens doutrinárias, as quais se propõem a apresentar o núcleo fundamental desse

conceito.

Confiram-se:

“Os princípios são ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido

lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua estrutura. Os princípios

determinam o alcance e o sentido das regras de um dado subsistema do ordenamento jurídico, balizando a

interpretação e a própria produção normativa.” (MARCELO ALEXANDRINO e VICENTE PAULO)

“Princípios são proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas e institutos

subsequentes de uma disciplina. São os alicerces, os fundamentos da ciência e surgem como parâmetros para a

interpretação das demais normas jurídicas.” (FERNANDA MARINELA)

Princípio da Supremacia do Interesse Público (sobre o privado)

Trata-se de princípio implícito, uma vez que não está radicado em algum dispositivo da CRFB/88.

Noção básica: determina a existência de um patamar de superioridade do interesse público sobre o particular; em

havendo pontos de tensão, ou mesmo genuíno confronto direto entre tais interesses, deve-se atribuir, em regra,

prevalência ao interesse público.

Como ensina CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, trata-se de princípio inerente ao próprio convívio social,

à própria noção de sociedade, como condição de sua existência.

Limites: respeito aos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, observância do princípio da legalidade, do

devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa, entre outros. Não tem, portanto, caráter absoluto.

Também não está presente em toda e qualquer atuação da Administração Pública, e sim, tão só, naquelas em que

o Estado atua de forma imperativa, ou seja, valendo-se do atributo da imperatividade de seus atos, manifestando

o chamado “poder de império”. Vale dizer: a Administração Pública cria, unilateralmente, obrigações aos

particulares, condicionando, restringindo, disciplinando o exercício de direitos e atividades privadas.

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Exemplos de manifestação concreta desse princípio: modalidades de intervenção do Estado na propriedade

privada (desapropriação, tombamento, requisição administrativa, ocupação temporária, servidão e limitação

administrativa), exercício do poder de polícia, presunção de legitimidade dos atos administrativos, cláusulas

exorbitantes dos contratos administrativos, entre outros.

Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

É a outra face em que se desdobra o regime jurídico administrativo. Se, de um lado, o Estado possui uma série de

prerrogativas próprias, de privilégios assegurados pelo Direito, por outro, também sofre diversas limitações,

restrições no seu proceder.

Referidas restrições derivam, basicamente, da imperiosa observância do princípio da legalidade – só é lícito à

Administração Pública agir se houver expressa autorização legal –, bem como da ideia de que os agentes públicos

são meros gestores da coisa pública, e não genuínos “donos”, proprietários (daí a impossibilidade de disporem

dos bens e interesses públicos).

Também deriva desse princípio a necessidade da existência de mecanismos de controle dos atos da

Administração Pública, seja de forma direta, pelo povo, seja, ainda, por meio de órgãos e entidades

institucionalmente destinadas a tanto (ex: Controladoria-Geral da União, Tribunais de Contas, Ministérios Públicos,

etc).

À luz do princípio da indisponibilidade, é vedado aos agentes públicos renunciar a direitos atribuíveis aos entes

públicos, salvo se houver expressa autorização legal (ex: isenções fiscais, anistias, “perdões” de dívidas, etc.),

uma vez que, nesse caso, presume-se que a própria sociedade, através de seus representantes legitimamente

eleitos, consentiu com tal renúncia.

É válido acentuar que o princípio ora analisado está presente em toda e qualquer atuação da Administração

Pública, seja nos casos em que houver incidência exclusiva ou predominante de normas de ordem pública (regime

jurídico de Direito Público), seja nas hipóteses em que o Estado agir desprovido de suas prerrogativas especiais

(regime jurídico predominantemente de Direito Privado).

[1] Exemplo: ao se abordar o ponto “serviços públicos”, será comentado o princípio da continuidade dos serviços

públicos, o qual tem grande importância nesse tópico do programa.

Direito Administrativo - Poderes Administrativos - Poder normativo, poder hierárquico e poder disciplinar

PODERES ADMINISTRATIVOS

Introdução

O denominado “regime jurídico administrativo” tem apoio em dois princípios fundamentais. A supremacia do

interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público.

Do primeiro princípio – supremacia do interesse público sobre os interesses privados – surge um conjunto de

prerrogativas de Direito Público necessárias para que o Estado possa atingir seus objetivos.

São estes os denominados poderes administrativos.

NOÇÃO CONCEITUAL

“(...)conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o

fim de que o Estado alcance seus fins”. (JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO)

Poder Hierárquico

A ideia de hierarquia pressupõe diferentes níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos, dentro de uma

mesma pessoa jurídica.

· Logo, não há hierarquia entre:

- diferentes pessoas jurídicas;

Ex. inexiste hierarquia entre a União e suas autarquias e fundações públicas.

- os Poderes da República;

Ex. não há hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e órgãos do Poder Judiciário.

- a Administração Pública e os administrados.

Acentue-se: embora exista supremacia do interesse público sobre os interesses privados, não há hierarquia da

Administração Pública sobre os administrados. São conceitos distintos!

· Prerrogativas inerentes ao poder hierárquico:

- dar ordens (poder de comando) = envolve não apenas ordens diretas (verbais e escritas), como também a

edição de atos ordinatórios (ordens de serviço, portarias, instruções-normativas, circulares internas, etc).

A essa prerrogativa corresponde o dever de obediência dos respectivos subordinados, exceto em se tratando de

ordem manifestamente ilegal. Ver, a propósito, art. 39, inciso VIII, do Decreto-lei n.º 220/75, que dispõe sobre o

Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro.

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- fiscalização = possibilidade de acompanhamento constante das atividades dos subordinados.

- controle = é uma consequência lógica da fiscalização. De nada adiantaria apenas fiscalizar, se não houvesse a

possibilidade de corrigir eventuais desvios, por exemplo. Diz respeito à possibilidade de manter, revogar, anular ou

convalidar os atos dos subordinados. Diz-se se tratar de controle irrestrito, permanente e automático,

independendo de lei que expressamente o preveja. Abrange tanto aspectos de mérito – conveniência e

oportunidade dos atos controlados –, quanto de legalidade. Além disso, pode ser exercido de ofício ou mediante

provocação.

- aplicação de sanções = aqui entendida somente como penalidades dirigidas a servidores públicos que tenham

cometido infrações funcionais. Apenas tais reprimendas guardam conexão com o poder hierárquico. Quer-se com

isso dizer que não têm origem no poder hierárquico as sanções decorrentes do exercício do poder disciplinar,

aplicadas a particulares, ou do poder de polícia.

Ex. 1: multa aplicada em concessionário de serviço público por violação a contrato administrativo. Fundamento no

poder disciplinar, e não no poder hierárquico = não há hierarquia entre o concessionário e o poder concedente.

Ex. 2: multa aplicada a particular por colocação à venda de produtos impróprios ao consumo. Fundamento no

poder de polícia, e não no poder hierárquico = não há hierarquia entre a Administração Pública e os

administrados.

- delegação e avocação de competências;

A delegação pode ser conceituada como ato administrativo de natureza discricionária, passível de revogação a

qualquer tempo, através do qual uma autoridade transfere a outra a execução (e não a titularidade!) de parcela de

suas competências, em caráter temporário.

A avocação, por sua vez, consiste em ato discricionário, por meio do qual uma autoridade necessariamente

superior chama para si o exercício temporário de certas atribuições de um subordinado, também em caráter

temporário, excepcionalmente, e mediante fundamentação.

Na esfera federal, referidos institutos encontram-se disciplinados nos arts. 11 a 15 da Lei 9.784/99, ao passo que,

aqui no Estado do RJ, o tema está previsto nos arts. 10 a 13 da Lei estadual 5.427/09.

Poder Disciplinar

Destina-se à punição daqueles que possuam algum vínculo jurídico específico com a Administração Pública.

São, basicamente, duas situações:

- servidores públicos que pratiquem infrações funcionais = fundamento imediato (direto) é o poder disciplinar, mas,

de forma mediata (indireta), nesse caso, a punição também se baseia no poder hierárquico, anteriormente

estudado;

- particulares que possuam algum vínculo jurídico específico com a Administração Pública.

Ex: concessionário/permissionário de serviço público que viola o contrato administrativo; deve ser punido com

fundamento no poder disciplinar. Nesse caso, o contrato é o vínculo jurídico específico que une o particular à

Administração Pública, e que, consequentemente, legitima a aplicação da sanção.

Obs: é corriqueiro a doutrina afirmar que as pessoas abraçadas pelo poder disciplinar encontram-se submetidas à

chamada “disciplina interna da Administração”. Logo, caso venham a se deparar com essa expressão em uma

prova de concurso, saibam que o examinador estará fazendo referência ao poder disciplinar.

Poder Regulamentar

Espécie de poder normativo, cuja competência é atribuída, de forma privativa, ao Chefe do Poder Executivo e que

é exercido sob a forma de Decretos.

Afirma-se que se trata de espécie do gênero poder normativo, porquanto não apenas o Chefe do Executivo possui

atribuição para editar atos administrativos normativos. Há diversos órgãos e entidades da Administração Pública

direta e indireta que, do mesmo modo, produzem atos dessa natureza, vale dizer, dotados de generalidade e

abstração.

Ex: Secretaria da Receita Federal (edita Instruções Normativas, Portarias), Ministros de Estado (art. 87, II, CF/88),

Autarquias (BACEN, Agências reguladoras, etc).

No entanto, a doutrina tradicional afirma que o exercício do poder regulamentar é de atribuição privativa do Chefe

do Poder Executivo, e, quando tal autoridade o exerce, o faz, sempre, através da edição de Decretos.

Comporta as seguintes subespécies:

- decretos de execução ou regulamentares:

Base constitucional: art. 84, IV, CF/88;

São regras gerais e abstratas, visando a dar fiel execução a uma lei cuja aplicação demande, de algum modo,

participação da Administração Pública, seja explicitando seu conteúdo, seja pormenorizando suas disposições,

porém, jamais, inovando o ordenamento jurídico, i.é, sem criar ou ampliar direitos, ou ainda instituir obrigações ou

restrições a seus destinatários.

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Pode-se exemplificar o exercício do poder regulamentar até mesmo com base no programa do concurso para

Oficial de Cartório. Da leitura de tal conteúdo, verifica-se que o Decreto-Lei 220/75, que estabelece o “Estatuto dos

Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro”, apresenta como regulamento o

Decreto 2.479/79.

Prosseguindo, é de se mencionar que os regulamentos têm função uniformizadora, no sentido de padronizar os

procedimentos a serem adotados no cumprimento da lei regulamentada (princípio da isonomia).

A competência para expedição desses decretos não é passível de delegação (art. 84, p.ú, CF/88).

Sujeita-se a controle pelo Poder Legislativo (art. 49, V, CF/88), na hipótese de o decreto exorbitar/extrapolar o

poder regulamentar, bem como pelos Poderes Executivo e Judiciário, sob o ângulo da legalidade.

- decretos autônomos:

São aqueles que retiram fundamento de validade diretamente da Constituição, e não de lei. Por isso, seriam atos

normativos primários.

A CF/88, no texto original, não contemplava qualquer hipótese de regulamento autônomo. Todavia, a EC 32/2001

introduziu duas hipóteses (art. 84, VI, a e b). São elas:

· Organização e funcionamento da administração federal, desde que não implique aumento de despesas nem

criação ou extinção de órgãos públicos;

· Extinção de cargos ou funções, quando vagos.

São matérias sujeitas à chamada “reserva de administração”, vale dizer, as alíneas “a” e “b” do inciso VI do art. 84

da CF/88 não podem ser tratadas por lei, e sim, tão somente, pelo Poder Executivo, através de Decretos do

Presidente da República.

O p.ú. do art. 84 da CF/88 admite delegação nesses casos.

Poder de Polícia

Conceito legal: art. 78 do CTN.

“Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito,

interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à

segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades

econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à

propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

De forma mais sintética, podemos afirmar que o poder de polícia constitui o poder do Estado de condicionar ou

restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades privadas, em prol do interesse público.

Fundamento:

Para se bem compreender o que justifica, ou seja, o que fundamenta a existência do poder de polícia, há que se

trabalhar com a seguinte ideia básica:

Exercício de direitos individuais (interesses particulares)

X

Bem-estar de toda a coletividade (interesse público)

Ex: a princípio, todos têm direito de dirigir veículos. Mas, em benefício da convivência em sociedade, é necessário

estabelecer normas mínimas de boa conduta no trânsito, como limitações de velocidade, restrições ao

estacionamento em locais destinados a pedestres, imposição de pressupostos para se adquirir licença para dirigir,

etc.

Segundo ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, o fundamento do poder de polícia consiste na denominada

“supremacia geral” que o Estado exerce sobre todos os cidadãos

Para melhor apreensão da idéia, eis a lição do referido mestre:

“O poder expressável através da atividade de polícia administrativa é o que resulta de sua qualidade de executora

das leis administrativas. É a contraface de seu dever de dar execução a estas leis. Para cumpri-lo não pode se

passar de exercer autoridade – nos termos destas mesmas leis – indistintamente sobre todos os cidadãos que

estejam sujeitos ao império destas leis. Daí a ‘supremacia geral’ que lhe cabe.

O poder, pois, que a Administração exerce ao desempenhar seus encargos de polícia administrativa repousa

nesta, assim chamada, ‘supremacia geral’.”

Competência:

Entre os entes federativos, a regra é a de que aquele que possua competência para legislar sobre uma dada

matéria, também o será no que tange ao exercício do poder de polícia, a respeito desta mesma atividade.

É preciso, no ponto, investigar as regras atinentes à repartição constitucional de competências entre as pessoas

federativas, a fim de que se identifique a qual delas (ou a quais delas, em caso de competências concorrentes) se

atribuiu o poder-dever de praticar atos de polícia.

Os dispositivos fundamentais da Constituição a respeito do tema são os arts. 21, 22, 23, 24, 25 e 30. Não convém,

nesse trabalho, esmiuçar o estudo de tais dispositivos, sob pena de se alongar por demais a exposição.

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Polícia administrativa x polícia judiciária:

A principal distinção que se deve estabelecer entre a polícia administrativa e a polícia judiciária repousa no fato de

que, enquanto aquela tem por objeto infrações de natureza estritamente administrativa, esta última objetiva

subsidiar a propositura de eventual ação penal. Recai, portanto, sobre ilícitos penais (crimes e contravenções

penais).

Além disso, a polícia administrativa é de competência de inúmeros órgãos e entidades integrantes da

Administração Pública direta e indireta das três esferas (federal, estadual e municipal), ao passo que a polícia

judiciária é exercida por corporações especializadas, quais sejam, as polícias civil e federal, via de regra.

É válido acentuar, contudo, que a polícia militar também exerce função de polícia administrativa, quando atua na

vigilância ostensiva das áreas públicas, visando a assegurar o bem jurídico “segurança pública” à população.

Características/Atributos do Poder de Polícia:

- discricionariedade;

- autoexecutoriedade; e

- coercibilidade;

Examinemos, um a um, referidos atributos.

Discricionariedade:

Significa que, em regra, haverá algum espaço de atuação, atribuído por lei à autoridade competente, em se

tratando do exercício do poder de polícia.

Ex: identificação dos melhores local e momento para a realização de uma dada fiscalização; escolha de horários

em que o estacionamento de veículos é permitido num dado local; determinação da pena a ser imposta, dentre

aquelas estabelecidas em lei, em vista do cometimento de uma dada infração administrativa, etc.

Mas, nem sempre haverá discricionariedade no exercício do Poder de Polícia. É perfeitamente possível que a lei

não deixe qualquer margem de atuação ao agente público, determinando, portanto, que sua conduta seja uma só,

diante subsunção dos fatos à norma legal.

Ex: concessões de licenças em geral (para construir, para exercício de atividades profissionais, para dirigir) =

preenchidos os requisitos legais, o particular tem direito subjetivo à expedição da licença. Sua emissão é,

portanto, ato vinculado.

Autoexecutoridade:

Consiste na ideia de que os atos administrativos, que materializam o poder de polícia, podem ser executados pela

Administração Pública sem a necessidade de prévia autorização judicial, ao menos em regra.

A doutrina ensina que a autoexecutoridade pode estar presente em duas hipóteses: i) por expressa base legal; ii)

em situações emergenciais, nas quais a não realização do ato possa colocar em risco a coletividade (ex:

demolição de prédio que ameaça ruir; internação de pessoa com doença contagiosa)

Embora a regra seja a presença do atributo autoexecutoriedade, nem todos os atos exarados com base no poder

de polícia o possuem.

Ex: aplicação de multa = é autoexecutório; no entanto, caso não seja paga, a Administração Pública tem de se

valer dos meios próprios de cobrança, via Poder Judiciário (execução fiscal), para satisfazer seu crédito.

Daí chega-se à seguinte conclusão: a imposição da multa é autoexecutória. Mas a cobrança da multa, se não for

paga no vencimento, não é autoexecutória.

Coercibilidade:

Caracteriza-se pela possibilidade de imposição aos particulares dos atos de polícia, independentemente de sua

vontade, e, inclusive, mediante uso da força pública (coativamente).

Sobre o tema, confira-se o que ensina JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO:

“A Polícia Administrativa, como é natural, não pode curvar-se ao interesse dos administrados de prestar ou não

obediência às imposições. Se a atividade corresponder a um poder, decorrente do ius imperi estatal, há de ser

desempenhada de forma a obrigar todos a observarem os seus comandos.

Diga-se, por oportuno, que é intrínseco a essa característica o poder que tem a Administração de usar a força,

caso necessária para vencer eventual recalcitrância.”

Fases da Atividade – o denominado “Ciclo de Polícia”:

1ª) Ordem de polícia = é a própria lei e, se for o caso, os regulamentos que estabelecem as limitações ao

exercício dos direitos individuais;

2ª) Consentimento de polícia = necessidade, quando houver, de prévia anuência da Administração Pública para a

prática de atividade e/ou uso de bens privados.

Se materializa através das licenças e autorizações.

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Exemplo 1: licença para dirigir; licenças para exercer profissões regulamentadas, as quais são expedidas pelos

respectivos Conselhos de Fiscalização Profissional (CRM, CREA, etc.)

Exemplo 2: autorização para portar arma de fogo.

3ª) Fiscalização de polícia = engloba todos os procedimentos de verificação do adequado cumprimento das

ordens de polícia; afinal, a partir do momento em que existe a ordem de polícia, passa a ser necessário fiscalizar o

seu efetivo cumprimento.

Exemplos: blitz policial para prevenir acidentes de trânsito, em busca de motoristas alcoolizados, bem assim de

veículos em situação irregular; diligências em restaurantes para aferir as condições de higiene na preparação e

armazenamento dos alimentos, verificação de seus prazos de validade, etc.

4ª) Sanção de polícia = a partir da constatação de eventual inobservância das ordens de polícia, podem ser

aplicadas medidas repressivas (sanções) ao particular, dentre as previstas em lei.

Exemplos: multas em geral; apreensão e destruição de mercadorias impróprias ao consumo, cassações de

licenças, interdições de estabelecimentos, dentre outros.

Poder de polícia originário e delegado:

Poder de polícia originário = é aquele exercido pelos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios)

diretamente, isto é, através dos órgãos integrantes de suas respectivas Administrações Públicas diretas.

Poder de polícia delegado = é aquele exercido pelas entidades integrantes da Administração Indireta.

Possibilidade de delegação a pessoas jurídicas de direito privado?

Em se tratando de pessoa da iniciativa privada (empresa particular), não há dúvidas: é inviável a delegação (STF,

ADI 1.717/DF, rel. Min. Sydney Sanches, julgado em 07/11/2002).

A discussão remanesce em relação às pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública

indireta = Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas de Direito Privado.

Doutrina majoritária: não é possível a delegação. A prática de atos de império não pode ser atribuída a PJ de

direito privado.

Marcelo Alexandrino E Vicente Paulo assim resumem a posição doutrinária prevalente:

“A orientação tradicional na doutrina – a nosso ver, majoritária, ainda hoje – é pela invalidade de tal delegação.

Afirma-se que o exercício de atividades de polícia tem fundamento no poder de império e que este não pode ser

exercido por nenhuma pessoa que tenha personalidade jurídica de direito privado, nem mesmo se for uma

entidade integrante da administração pública.”

Aqui no RJ, contudo, existe a forte doutrina do Prof. José dos Santos Carvalho Filho, para quem nada impede que

haja a delegação do exercício do poder de polícia a uma pessoa jurídica de direito privado, observadas as

seguintes condições: a) a pessoa jurídica seja integrante da Administração Pública indireta; b) a competência

delegada deve ter sido conferida por lei; e c) a competência deve se limitar à prática de atos fiscalizatórios.

Na jurisprudência, existe 1 julgado do STJ (REsp. 817.534/MG, rel. Min. Mauro Campbell, 2ª Turma, em

04/08/2009), entendendo pela possibilidade, no que tange aos atos de polícia que não sejam dotados de

coercibilidade, quais sejam: a fiscalização de polícia e o consentimento de polícia.

Limites ao exercício do poder de polícia:

- princípio da legalidade;

O conteúdo deste princípio foi acima exposto. Não há necessidade de reprisar os comentários. Basta dizer que o

agente público competente não poderá, evidentemente, aplicar uma pena que não esteja prevista em lei, ou ainda

que exceda os limites estabelecidos em lei.

Exemplo: supondo que um agente de fiscalização sanitária se depare com uma infração hipotética cuja pena,

prevista em lei, seja a multa, variando esta de R$ 1.000,00 até R$ 50.000,00, a depender da gravidade da

conduta, a ser aferida no caso concreto. É óbvio que, em situações dessa natureza, o fiscal não poderá aplicar

uma pena aquém ou principalmente acima das balizas legais (R$ 70.000,00, por exemplo), sob pena de violar

frontalmente o princípio da legalidade.

- princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Os princípios acima são sempre tratados conjuntamente pelos doutrinadores. Alguns procuram diferenciá-los.

Outros dizem que a proporcionalidade estaria embutida na razoabilidade.

Seja como for, a idéia básica que se busca evidenciar com os princípios em questão é a da vedação do excesso,

especialmente quando se trata de cercear direitos de outras pessoas. As leis devem ser aplicadas pelas

autoridades competentes com bom senso, sensatez, sem exageros, mormente em se tratando de impor sanções a

alguém, como no caso do exercício do poder de polícia.

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, ao comentar o princípio da razoabilidade, assinala:

“Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a

critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com senso normal de pessoas equilibradas e

respeitosas das finalidades públicas que presidiram a outorga da competência exercida.”

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QUESTÕES

PRINCIPIOS DA ADM PÚBLICA

Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: DPE-MG Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) -

2019 - DPE-MG - Defensor Público

Analise as afirmativas a seguir.

I. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é permitida a instauração de processo administrativo

disciplinar com base em denúncia anônima, desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou

sindicância.

PORQUE

II. À administração se impõe o poder-dever de autotutela.

A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta.

A) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I.

B) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II justifica a I.

C) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.

D) A afirmativa I é falsa e a II é verdadeira.

Ano: 2019 Banca: Crescer Consultorias Órgão: Prefeitura de Monte Alegre do Piauí - PI Prova: Crescer Consultorias - 2019 - Prefeitura de Monte Alegre do Piauí - PI - Advogado Princípios são normas de um alto grau de abstração, diferente das regras, as quais possuem uma dimensão concreta. Sobre os princípios administrativos, assinale o item correto: I. Via de regra, não é possível ao magistrado interferir no âmbito do mérito do ato administrativo, sendo indevida a sua manifestação acerca da conveniência e oportunidade dos atos administrativos. II. Constitui exceção ao princípio da legalidade a expedição de medidas provisórias. III. O patrimonialismo pode ser elencado como uma espécie de ofensa à moralidade administrativa. A) Apenas o item I está correto. B) Apenas os itens I e II estão corretos. C) Apenas os itens II e III estão corretos.

D) Todos os itens estão corretos.

Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2019 - TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de

Registros - Remoção

No âmbito da atuação pública, faz-se necessário que a administração pública mantenha os atos administrativos,

ainda que estes sejam qualificados como antijurídicos, quando verificada a expectativa legítima, por parte do

administrado, de estabilização dos efeitos decorrentes da conduta administrativa. A interrupção dessa expectativa

violará o princípio da

A) legalidade.

B) confiança.

C) finalidade.

D) continuidade.

E) presunção de legitimidade.

Ano: 2019 Banca: IF-PA Órgão: IF-PA Prova: IF-PA - 2019 - IF-PA - Administrador

O aplicativo Whatsapp, comprado por Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, tem sido largamente utilizado nas

organizações, como forma de comunicação mais ágil, se consolidando como forma poderosa de comunicação

oficial, inclusive no Poder Judiciário, onde está sendo utilizado para realizar citações judiciais. Segundo a revista

EXAME, publicada esta semana, o IBGE constatou que 95% dos brasileiros que têm celular já utilizam o

Whatsapp, inclusive para comunicar assuntos do trabalho. Enunciado baseado na Revista EXAME – Janeiro de 2019 – disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/como-suaempresa-pode-prevenir-o-mau-uso-do-whatsapp/ Sobre o processo de comunicação no Whatsapp nas empresas públicas, considere a hipótese abaixo: Carlos captura um print tratando de questões internas e sigilosas, porém lícitas de seu setor, na instituição federal onde presta serviço, e envia para um cidadão que declaradamente é inimigo pessoal da autoridade máxima do órgão. Pode-se dizer que à luz dos princípios expressos no art. 37, da Constituição Federal, o ato de Carlos afronta: A) a eficiência, somente. B) a publicidade e a legalidade. C) a moralidade e a transparência.

D) a probidade e a boa fé.

E) a legalidade, a moralidade e a impessoalidade.

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PODERES ADMINISTRATIVOS

Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: SEMEF Manaus - AM Prova: FCC - 2019 - SEMEF Manaus - AM - Auditor Fiscal

de Tributos Municipais

O regular exercício de poder de polícia pela Administração pública

A) depende de ratificação pelo Poder Judiciário dos atos de intervenção e de interdição, considerando que

excedem o âmbito da limitação de direitos e da supremacia do interesse público.

B) implica instituição de obrigações aos administrados para melhor atendimento do interesse público, vedada a

imposição de proibições sem previsão expressa em lei, dado o princípio da livre iniciativa.

C) insere-se dentre as funções típicas executivas, com a possibilidade de, nessa matéria, edição de atos

administrativos e normativos de natureza originária.

D) sujeita-se a controle repressivo por parte do Legislativo e do Judiciário, incidente em caso concreto, sob pena

de não caracterização de dano ou prejuízo específico.

E) admite delegação à iniciativa privada de alguns aspectos, a exemplo das atividades meio, que não afetam

direitos diretamente.

Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RS Prova: VUNESP - 2019 - TJ-RS - Titular de Serviços de Notas e de

Registros - Provimento

A respeito do poder de polícia, assinale a alternativa correta.

A) A existência de autonomia entre as entidades federativas impede que um Município exerça poder de polícia

sobre atividade realizada pela União.

B) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a indelegabilidade do poder de polícia impede que as atividades

materiais de verificação do cometimento de infrações sejam executadas por pessoas jurídicas de direito privado.

C) As penas de multa, quando forem resultado do exercício do poder de polícia, são autoexecutáveis.

D) O poder de polícia tem como destinatários todos os particulares submetidos à autoridade do Estado, não se

aplicando aos vínculos formados em relação de sujeição especial com o poder público.

E) Poder de polícia, em sentido amplo, representa o exercício de função administrativa que, fundada em lei,

restringe e condiciona o exercício de direitos e atividades privadas.

Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: Prefeitura de São José - SC Prova: IESES - 2019 - Prefeitura de São José - SC

- Agente de Fiscalização em Posturas

É exercido pelo agente público sem margem da liberdade, porque a legislação define previamente todos os

aspectos relacionados com a expedição do ato. Assinale a alternativa correta a qual poder administrativo esse

texto se refere:

A) Poder disciplinar.

B) Poder de tutela.

C) Poder discricionário.

D) Poder vinculado.

Os poderes da Administração Pública consistem em prerrogativas especiais e instrumentos que o

ordenamento jurídico confere ao Estado para que este cumpra suas finalidades institucionais para a busca

do interesse público. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta.

A) O disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração indireta, que se sujeitam à Administração central

para fins de processamento dos processos disciplinares instaurados contra seus servidores

B) A faculdade que tem o Estado de limitar e/ou condicionar o exercício dos direitos individuais, a liberdade e a

propriedade, tendo como objetivo o interesse público, denomina-se poder hierárquico

C) O poder regulamentar consiste na possibilidade dos chefes do Executivo de explicarem e detalharem as leis

para a sua correta execução ou de expedirem os decretos autônomos sobre matéria ainda não disciplinada em lei

D) O poder hierárquico impõe hierarquia entre a administração direta e as entidades que integram a administração

indireta

Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Salvador - BA Prova: FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -

Agente de Fiscalização Municipal

O Decreto nº 29.921/18, editado pelo Prefeito Municipal de Salvador, regulamenta os dispositivos da Lei Municipal

nº 8.915/15 e dispõe sobre a Política Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e institui o

Cadastro Municipal de Atividades Potencialmente Degradadoras e Utilizadoras de Recursos Naturais - CMAPD,

no Município.

Pela leitura acima, diante da natureza e do objeto do citado decreto, é correto afirmar que o mesmo foi editado

pelo Prefeito com base no poder administrativo

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A) hierárquico, haja vista que, na qualidade de Chefe do Poder Executivo, tem a prerrogativa de promover

inovação no ordenamento em matérias de interesse local.

B) legislativo, na medida em que, como autoridade pública máxima em nível municipal, a ele cabe editar os atos

infraconstitucionais tendentes a tutelar o meio ambiente.

C) regulamentar, que é a prerrogativa de direito público que o autoriza a editar atos gerais e abstratos para

complementar a lei e permitir a sua efetiva execução.

D) disciplinar, eis que a ele cabe a gestão administrativa e legislativa em nível municipal, devendo praticar os atos

normativos necessários para o atendimento do interesse público.

E) avocatório, haja vista que, na qualidade de Chefe do Poder Executivo, tem a prerrogativa de trazer para si a

competência para disciplinar as matérias de interesse local que configurem direitos fundamentais.

Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Campinas - SP Prova: VUNESP - 2019 - Prefeitura de

Campinas - SP - Agente Administrativo

Considere o seguinte caso hipotético:

A Prefeitura do Município “X” contrata diretamente agentes administrativos, sem qualquer concurso público,

cometendo um ato ilegal.

Diante do exposto, é correto afirmar que essa Prefeitura Municipal praticou um ato

A) que não poderá ser considerado como administrativo em razão da ilegalidade.

B) administrativo que poderá ser anulado pela própria administração em razão da ilegalidade.

C) administrativo que não poderá ser invalidado pela própria administração, mas somente pelo Poder Judiciário.

D) administrativo que, por não ser oportuno e conveniente, poderá ser revogado pelo Poder Judiciário.

E) administrativo que poderá ser revogado pela própria administração em razão da ilegalidade.

Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: Prefeitura de São José - SC Prova: IESES - 2019 - Prefeitura de São José - SC

- Agente de Fiscalização em Posturas

Assinale a alternativa correta que corresponde aos requisitos do ato administrativo:

A) Revogação, cassação, contraposição e termo final.

B) Normativos, ordinatórios, negociais, enunciativos e punitivos.

C) Sujeito, objeto, forma, motivo e finalidade.

D) Sujeito, ilegalidade do objeto, desvio de poder e ato simples.

Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Manaus - AM Prova: FCC - 2019 - Prefeitura de Manaus - AM -

Auditor Fiscal de Tributos Municipais

Um particular apresentou requerimento a determinado órgão da administração estadual. Passados 60 dias sem

que a Administração pública tenha emitido decisão a respeito, o requerente

A) deve pleitear ao Judiciário provimento jurisdicional que supra a ausência de manifestação da Administração

pública.

B) pode considerar deferido seu pedido, independentemente da natureza do ato administrativo pleiteado.

C) pode requerer ao Poder Judiciário o suprimento da decisão administrativa em sendo vinculada a natureza do

ato administrativo pleiteado.

D) deve considerar indeferido seu pedido, não sendo possível ao Judiciário suprir a ausência de decisão

administrativa.

E) pode requerer ao Poder Judiciário que imponha à Administração pública o dever de praticar o ato, não sendo

permitindo que decisão judicial substitua a decisão administrativa.

Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: IDAM Prova: IBFC - 2019 - IDAM - Assistente Técnico

A administração pública pode revogar ato próprio discricionário, ainda que perfeitamente legal,

simplesmente pelo fato de não mais o considerar conveniente ou oportuno. A respeito da teoria dos atos

administrativos, assinale a alternativa correta.

A) A competência é elemento do ato administrativo e advém diretamente da lei, sendo intransferível e

improrrogável, salvo a previsão legal de delegação ou avocação

B) A anulação de ato administrativo fundamenta-se na ilegalidade do ato, enquanto a revogação funciona como

uma espécie de sanção para aqueles que deixaram de cumprir as condições determinadas pelo ato

C) Motivo e motivação são sinônimos em matéria de atos administrativos, referindo-se ambos aos elementos

fáticos que justificam a existência do ato administrativo, os quais, nos atos discricionários, não estão sujeitos ao

controle judicial

D) Ato administrativo praticado fora dos padrões de legalidade e que exorbite os limites definidos e previstos em

lei é denominado ato discricionário