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FORMAÇÃO HISTÓRICO TERRITORIAL BRASILEIRA Prof: Luciano Henrique 3°ano/ 1°tri Parte 2 GE150207 Durante os séculos XVII e XVIII, ocorreu um maior povoamento do interior, com as bandeiras, a mineração, a penetração pelo vale do rio Amazonas (que estudaremos melhor logo adiante) e a expansão da pecuária no Vale do São Francisco e no Sertão do Nordeste. Mas a grande maioria da população continuou próxima ao litoral, ocorrendo de fato a formação de "ilhas" de povoamento no interior. Algumas dessas "ilhas" duraram pouco tempo, esvaziando-se depois — como ocorreu na região das minas após o esgotamento das jazidas de ouro e diamantes. A expansão territorial nesse período foi notável: no início do século XIX, na época da Independência (1822), a área do país se aproximava do tamanho atual, faltando apenas alguns acertos que ocorreriam posteriormente (no século XIX e início do século XX) no sul, com o Uruguai e com o Paraguai, e no norte e oeste, com a Bolívia, o Peru e a Guiana Francesa. O bandeirismo, ou bandeirantismo, foi um movimento de penetração para o interior originário principalmente de São Paulo e que contribuiu para a expansão dos domínios territoriais portugueses no continente. Ocorreu basicamente no século XVIII e foi motivado pela busca de metais preciosos e, principalmente, pela caça de indígenas para serem aprisionados e vendidos como escravos. Os bandeirantes penetraram sertão adentro, atacaram aldeias, exterminaram, aprisionaram e escravizaram enorme número de indígenas: um total entre 400 mil e 500 mil indivíduos. Do ponto de vista do povoamento, esse fenómeno foi despovoador e não povoador, pois provocou uma desertificação humana em áreas onde havia anteriormente inúmeras aldeias indígenas, sem substituí-las por povoações brancas. Em todo caso, as bandeiras serviram para que o europeu conhecesse melhor o território, já que cada expedição representou uma soma de novos conhecimentos sobre a terra, que foram importantes para a penetração posterior rumo ao oeste. Nos séculos XVII e XVIII, deu-se a ocupação do Sertão nordestino e do Vale do rio São Francisco, por meio da criação de gado. A pecuária desenvolveu-se no sertão semi- árido e vale superior e médio do São Francisco devido à necessidade de abastecer a Zona da Mata nordestina, área próxima ao litoral, onde se cultivava a cana-de-açúcar desde o século XVI. O tipo de povoamento foi, e continua sendo até hoje, ralo, com baixas densidades demográficas, já que a pecuária praticada é extensiva e usa pouca mão-de-obra. No século XVIII, ocorreu a mineração busca aos metais e pedras preciosas — na porção central do país, que corresponde atualmente aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Muita gente deslocou-se, então, para aquela área e de um momento para outro surgiram ou cresceram várias cidades ou vilas: Vila Rica (atual Ouro Preto), São João del-Rei, Sabará, Nossa Senhora do Carmo (atual Mariana), Barbacena, Vila Boa (atual Goiás, ex-capital do estado de Goiás), Cuiabá, Cáceres e muitas outras. Com o esgotamento dos veios auríferos, já no final do século, ocorreu um refluxo de boa parte dessa população, que se dirigiu para outras partes de Minas Gerais, para São Paulo e para o Rio de Janeiro. Fale conosco www.portalimpacto.com.br

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FORMAÇÃO HISTÓRICO TERRITORIAL BRASILEIRA Prof: Luciano Henrique 3°ano/ 1°tri Parte 2

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Durante os séculos XVII e XVIII, ocorreu um maior povoamento do interior, com as bandeiras, a mineração, a penetração pelo vale do rio Amazonas (que estudaremos melhor logo adiante) e a expansão da pecuária no Vale do São Francisco e no Sertão do Nordeste. Mas a grande maioria da população continuou próxima ao litoral, ocorrendo de fato a formação de "ilhas" de povoamento no interior. Algumas dessas "ilhas" duraram pouco tempo, esvaziando-se depois — como ocorreu na região das minas após o esgotamento das jazidas de ouro e diamantes.

A expansão territorial nesse período foi notável: no início do século XIX, na época da Independência (1822), a área do país já se aproximava do tamanho atual, faltando apenas alguns acertos que ocorreriam posteriormente (no século XIX e início do século XX) no sul, com o Uruguai e com o Paraguai, e no norte e oeste, com a Bolívia, o Peru e a Guiana Francesa.

O bandeirismo, ou bandeirantismo, foi um movimento de penetração para o interior originário principalmente de São Paulo e que contribuiu para a expansão dos domínios territoriais portugueses no continente. Ocorreu basicamente no século XVIII e foi motivado pela busca de metais preciosos e, principalmente, pela caça de indígenas para serem aprisionados e vendidos como escravos. Os bandeirantes penetraram sertão adentro, atacaram aldeias, exterminaram, aprisionaram e escravizaram enorme número de indígenas: um total entre 400 mil e 500 mil indivíduos.

Do ponto de vista do povoamento, esse fenómeno foi despovoador e não povoador, pois provocou uma desertificação humana em áreas onde havia anteriormente inúmeras aldeias indígenas, sem substituí-las por povoações brancas. Em todo caso, as bandeiras serviram para que o europeu conhecesse melhor o território, já que cada expedição representou uma soma de novos conhecimentos sobre a terra, que foram importantes para a penetração posterior rumo ao oeste.

Nos séculos XVII e XVIII, deu-se a ocupação do Sertão nordestino e do Vale do rio São Francisco, por meio da criação de gado. A pecuária desenvolveu-se no sertão semi- árido e vale superior e médio do São Francisco devido à necessidade de abastecer a Zona da Mata nordestina, área próxima ao litoral, onde se cultivava a cana-de-açúcar desde o século XVI. O tipo de povoamento foi, e continua sendo até hoje, ralo, com baixas densidades demográficas, já que a pecuária praticada é extensiva e usa pouca mão-de-obra.

No século XVIII, ocorreu a mineração — busca aos metais e pedras preciosas — na porção central do país, que corresponde atualmente aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Muita gente deslocou-se, então, para aquela área e de um momento para outro surgiram ou cresceram várias cidades ou vilas: Vila Rica (atual Ouro Preto), São João del-Rei, Sabará, Nossa Senhora do Carmo (atual Mariana), Barbacena, Vila Boa (atual Goiás, ex-capital do estado de Goiás), Cuiabá, Cáceres e muitas outras. Com o esgotamento dos veios auríferos, já no final do século, ocorreu um refluxo de boa parte dessa população, que se dirigiu para outras partes de Minas Gerais, para São Paulo e para o Rio de Janeiro.

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s áreas localizadas ao sul do trópico de Capricórnio tornaram-se efetivamente povoadas a partir do século XIX, com a chamada colonização moderna. Havia já, desde o século XVII, especialmente próximos ao litoral, alguns núcleos de origem paulista ou açoriana; havia também, na região dos pampas gaúchos, algumas áreas ocupadas por criadores de gado de origem espanhola. Mas a maior parte dos três atuais estados sulinos do Brasil, especialmente nas áreas florestais, permanecia sem a presença de cidades ou vilas. A colonização moderna foi feita por imigrantes, principalmente colonos de procedência alemã, italiana e eslava.

No final do século XIX e início do século XX, ocorrem as frentes pioneiras, movimentos de desbravamento e povoamento de áreas novas, começando por São Paulo. A atividade econômica principal que serviu de base a esse pioneirismo foi a cultura do café. Devido ao aumento das exportações, ao crédito bancário facilitado para novas plantações e ao esgotamento dos solos de algumas áreas, o café deu origem a uma verdadeira marcha do Vale do Paraíba até a região de Campinas; daí estendeu-se para oeste, até Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, e, posteriormente, para o n‘orte do Paraná. Esse percurso ficou conhecido como a "marcha do café" e criou uma série de novas cidades em áreas até então pouco povoadas.

A expansão ferroviária, na mesma época, foi importante para esse pioneirismo, já que as principais cidades acabaram sendo fundadas ao longo dos trilhos das ferrovias Paulista, Araraquarense, Noroeste ou Sorocabana.

Outro aspecto das frentes pioneiras do século XX, além do impulso cafeeiro, foi a colonização por imigrantes nos três estados sulinos, da qual resultou um fato singular: essa colonização teve por base a pequena formação territorial e organização político-espacial propriedade; como as famílias eram muito numerosas, a parte que cabia a cada um na divisão da herança não compensava a exploração. Assim, a solução foi a procura de novas áreas por grande número de descendentes, para evitar a divisão das propriedades.

O território brasileiro ocupa atualmente cerca de 47% da área atual da América do Sul e está localizado em sua porção centro- oriental. No globo terrestre (veja no mapa no canto inferior direito), ele ocupa cerca de 1,6% da superficie total e 5,7% das terras emersas.

Para finalizar, a partir de 1940 ocorreu o que se chamou de marcha para o Oeste. Foi um movimento de ocupação do Centro-Oeste, inicialmente favorecido pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que chegou até Corumbá, e pela compra, por particulares, de grandes lotes de terras que ficavam à espera de valorização pela ação do Estado (construção de estradas, cidades, etc.). Depois, com a construção de Brasília (1957-60) e de estradas ligando essa cidade ao Acre, a Fortaleza, a Belém, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte, o crescimento populacional tornou-se mais intenso nessa região. Portanto, o território atual do Brasil não foi uma dádiva da natureza, como se estivesse há milhares de anos "à espera" do colonizador para, posteriormente, constituir um país independente. Nosso território é fruto da ação do homem, ao cabo de um longo processo de povoamento, conquista territorial e miscigenação (cruzamentos entre brancos, índios e negros), que exigiu sacrifícios, conflitos e tratados diplomáticos e em que o grande prejudicado foi o indígena. E a ocupação desse território até hoje é incompleta, pois a maioria da população ainda vive próxima ao litoral, e em áreas muito grandes do interior, especialmente na Amazônia, predominam baixíssimas densidades demográficas.

Índios Kaingang da reserva de Nonoai (RS). Nessa região, ocorreram conflitos entre os indígenas e os barracos que invadiram suas terras

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