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Indaial – 2021 FUNDAMENTOS DE ZOOTECNIA E MELHORAMENTO ANIMAL Profª. Marina Oliveira Daneluz 1 a Edição

Profª. Marina Oliveira Daneluz

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Indaial – 2021

Fundamentos de Zootecnia e melhoramento animal

Profª. Marina Oliveira Daneluz

1a Edição

Page 2: Profª. Marina Oliveira Daneluz

Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:

Profª. Marina Oliveira Daneluz

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

D179f

Daneluz, Marina Oliveira

Fundamentos de zootecnia e melhoramento animal. / Marina Oliveira Daneluz – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

178 p.; il.

ISBN 978-65-5663-940-6ISBN Digital 978-65-5663-936-9

1. Evolução das espécies. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 590

Page 3: Profª. Marina Oliveira Daneluz

apresentaçãoOlá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Fundamentos de

Zootecnia e Melhoramento Animal. Vamos abordar diversos temas, como os princípios da evolução nas diferentes espécies animais, adaptações dos animais de produção ao meio ambiente em que eles estão inseridos, bem como os princípios anatomofisiometabólicos gerais dos animais domésticos de interesse da Agronomia.

Na Unidade 1, faremos uma introdução sobre como ocorreu a evolução das espécies com as principais teorias da evolução. Desse modo, abordaremos conceitos zootécnicos com o intuito de facilitar o entendimento do conteúdo no decorrer das unidades. Abordaremos, também, como foi o processo de domesticação dos animais de produção até chegarem aos exemplares zootécnicos que conhecemos hoje. Trataremos, ainda, da origem das espécies zootécnicas, salientando as funções e formas de criação das principais espécies. Finalizaremos estudando as principais raças das diferentes espécies comercializadas no Brasil, destacando suas principais características.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos temas de bioclimatologia e melhoramento animal, avaliando a ação que o ambiente tem sobre os animais domésticos, o processo de aclimatação, ressaltando a forma como os animais mantêm a homeotermia e fazem a regulação da temperatura corporal, voltando para as principais espécies de interesse produtivo. Também serão abordados tópicos sobre tendências evolutivas dos animais domésticos no processo de domesticação. Por fim, veremos quais são os principais tipos de cruzamento para a formação de raças.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos os princípios anatomofisio-metabólicos gerais dos animais domésticos de interesse para a Agronomia, abordando os sistemas digestório e excretor, reprodutivo e endócrino, assim como sistema respiratório e sistema circulatório.

Bons estudos!

Profª. Marina Oliveira Daneluz

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Page 5: Profª. Marina Oliveira Daneluz
Page 6: Profª. Marina Oliveira Daneluz

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

Page 7: Profª. Marina Oliveira Daneluz

sumário

UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS ................... 1

TÓPICO 1 — EVOLUÇÃO E SELEÇÃO NATURAL DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS ......... 31 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 32 TEORIA DE LAMARCK ................................................................................................................... 33 TEORIA DE DARWIN ....................................................................................................................... 44 TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO ......................................................................................... 5RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 6AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 7

TÓPICO 2 — CONCEITOS DE IMPORTÂNCIA ZOOTÉCNICA ............................................... 91 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 92 ESPÉCIE, RAÇA E LINHAGEM ..................................................................................................... 9

2.1 ESPÉCIE .......................................................................................................................................... 9 2.2 RAÇA ............................................................................................................................................ 102.3 LINHAGEM ................................................................................................................................... 10

3 GENÓTIPO E FENÓTIPO .............................................................................................................. 114 MUTAÇÃO GÊNICA E CROMOSSÔMICA ............................................................................... 115 HIBRIDAÇÃO .................................................................................................................................... 12RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 13AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 14

TÓPICO 3 — DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS ......................................... 171 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 172 A HISTÓRIA DA DOMESTICAÇÃO .......................................................................................... 173 CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES DA DOMESTICAÇÃO .............................................. 184 GRAUS E FORMAS DE DOMESTICAÇÃO ............................................................................... 19RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 21AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 22

TÓPICO 4 — ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS .......................................................... 251 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 252 FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS ............................................................................................................ 25

2.1 BOVINOS ....................................................................................................................................... 262.2 OVINOS ......................................................................................................................................... 272.3 CAPRINOS .................................................................................................................................... 282.4 EQUINOS ...................................................................................................................................... 282.5 SUÍNOS .......................................................................................................................................... 302.6 AVES ............................................................................................................................................... 30

3 SISTEMAS DE CRIAÇÃO ............................................................................................................... 303.1 SISTEMA EXTENSIVO ................................................................................................................ 313.2 SISTEMA SEMI-INTENSIVO ...................................................................................................... 313.3 SISTEMA INTENSIVO ................................................................................................................. 32

4 CLIMATOLOGIA ZOOTÉCNICA ................................................................................................. 33

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RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 34AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35

TÓPICO 5 — RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS ......................................................................................... 371 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 372 BOVINOS DE LEITE ........................................................................................................................ 373 BOVINOS DE CORTE ...................................................................................................................... 404 EQUINOS ............................................................................................................................................ 425 SUÍNOS ............................................................................................................................................... 456 AVES ..................................................................................................................................................... 47LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 49RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 53AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 54

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 56

UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL ................................ 59

TÓPICO 1 — AÇÃO DO AMBIENTE SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS........................ 611 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 612 FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM NO BEM-ESTAR ANIMAL ..................... 61

2.1 TEMPERATURA ......................................................................................................................... 622.2 UMIDADE RELATIVA DO AR .................................................................................................. 632.3 RADIAÇÃO SOLAR DIRETA .................................................................................................... 64

3 VARIAÇÕES NATURAIS DIRETAS ............................................................................................ 654 VARIAÇÕES NATURAIS INDIRETAS ....................................................................................... 655 VARIAÇÕES ARTIFICIAIS ............................................................................................................. 66RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 67AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 68

TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS .............................................. 711 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 712 HOMEOTERMIA E REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ............................. 713 MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO DA ACLIMATAÇÃO ...................................................... 74

3.1 MECANISMOS NÃO EVAPORATIVOS ................................................................................. 753.2 MECANISMOS DE EVAPORAÇÃO ......................................................................................... 763.3 MECANISMO DE ADAPTAÇÃO PELA SUPERFÍCIE CUTÂNEA ..................................... 77

4 ADAPTAÇÕES DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES (AVES, BOVINOS E SUÍNOS). .................. 784.1 ADAPTAÇÃO DAS AVES AO ESTRESSE TÉRMICO ............................................................. 794.2 ADAPTAÇÃO DOS BOVINOS AO ESTRESSE TÉRMICO .................................................... 804.3 ADAPTAÇÃO DOS SUÍNOS AO ESTRESSE TÉRMICO ....................................................... 81

RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 83AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 84

TÓPICO 3 — TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS ................................... 871 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 872 A ORIGEM DAS ESPÉCIES .......................................................................................................... 873 VARIAÇÕES NAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS ........................................................................... 884 SELEÇÃO NATURAL ....................................................................................................................... 905 O PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO NO COMPORTAMENTO DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO .................................................................................................. 91

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5.1 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO ................. 925.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO ...................... 925.3 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO ........... 92

6 DIFICULDADES SURGIDAS CONTRA HIPÓTESE DE DESCENDÊNCIA COM MODIFICAÇÕES ................................................................................. 94RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 95AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96

TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS ............................................................................. 991 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 992 SISTEMAS DE CRUZAMENTO .................................................................................................. 1003 CRUZAMENTO SIMPLES ............................................................................................................ 1014 CRUZAMENTO CONTÍNUO ....................................................................................................... 1015 CRUZAMENTO ROTACIONADO .............................................................................................. 1016 CRUZAMENTOS DE RAÇAS EM BOVINOS .......................................................................... 102

6.1 CRUZAMENTOS BOVINOS DE CORTE ............................................................................... 1026.2 CRUZAMENTOS EM BOVINOS DE LEITE........................................................................... 105

LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 108RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 110AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 111

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 113

UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA ............. 115

TÓPICO 1 — SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR .............................................................. 1171 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1172 SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR - GENERALIDADES ............................................. 117

2.1 ANATOMIA DO TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DOS RUMINANTES – PARTICULARIDADES ............................................................................................................... 1212.1.1 Componentes do estômago dos ruminantes ................................................................ 1222.1.2 FISIOLOGIA DA DIGESTÃO EM RUMINANTES ..................................................... 125

2.2 TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DOS NÃO RUMINANTES – PARTICULARIDADES ANATOMOFISIOLÓGICAS ........................................................ 1272.3 ANATOMIA DO TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DE AVES –

PARTICULARIDADES ANATOMOFISIOLÓGICAS ......................................................... 1292.4 GLÂNDULAS ANEXAS AO SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................ 132

2.4.1 FÍGADO .............................................................................................................................. 1322.4.2 PÂNCREAS ........................................................................................................................ 133

RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 134AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 135

TÓPICO 2 — SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO ...................................................... 1371 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1372 PRINCÍPIOS ANATOMOFISIOLÓGICOS DO SISTEMA REPRODUTIVO ................... 137

2.1 MACHOS .................................................................................................................................... 1372.2 FÊMEAS ....................................................................................................................................... 139

3 PRINCÍPIOS ANATOMOFISIOLÓGICOS DO SISTEMA ENDÓCRINO ......................... 1413.1 HIPÓFISE ..................................................................................................................................... 1413.2 GLÂNDULA TIREOIDE ............................................................................................................ 142

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3.3 GLÂNDULA PINEAL ............................................................................................................... 1423.4 GLÂNDULA SUPRA RENAL .................................................................................................. 1423.5 PÂNCREAS ................................................................................................................................. 1433.6 GÔNADAS .................................................................................................................................. 144

RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 145AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 146

TÓPICO 3 — SISTEMA RESPIRATÓRIO..................................................................................... 1491 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1492 SISTEMA RESPIRATÓRIO – GENERALIDADES ................................................................... 149

2.1 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO DOS MAMÌFEROS – PARTICULARIDADES ........................................................................................................... 1492.2 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO DAS AVES – PARTICULARIDADES ........ 150

RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 153AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 154

TÓPICO 4 — SISTEMA CIRCULATÓRIO ................................................................................... 1571 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1572 SISTEMA CIRCULATÓRIO – GENERALIDADES.................................................................. 1573 FUNÇÕES DO SANGUE ............................................................................................................... 159RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 160AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 161

TÓPICO 5 — SISTEMA LOCOMOTOR........................................................................................ 1631 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1632 SISTEMA LOCOMOTOR – GENERALIDADES ...................................................................... 163

2.1 OSTEOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR ........................................................................ 1632.2 ARTROLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR ....................................................................... 1652.3 MIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR ............................................................................. 166

3 SISTEMA LOCOMOTOR – PARTICULARIDADES DAS AVES ......................................... 1674 MOVIMENTO DE LOCOMOÇÃO ............................................................................................. 168LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 169RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 173AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 174

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 176

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UNIDADE 1 —

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as fases da evolução natural das espécies e a forma como os animais foram selecionados ao longo dos anos;

• entender os conceitos de mutação, hibridação e pré-adaptação das espécies de interesse zootécnico;

• compreender a forma de domesticação que ocorreu nas espécies domésticas;

• entender e conhecer as diferentes origens das espécies zootécnicas;• conhecer as raças e demais grupamentos zootécnicos, a fim de perceber

as diferenças raciais existentes nas espécies domésticas de interesse para Agronomia.

Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO E SELEÇÃO NATURAL DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

TÓPICO 2 – CONCEITOS DE IMPORTÂNCIA ZOOTÉCNICA

TÓPICO 3 – DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

TÓPICO 4 – ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

TÓPICO 5 – RAÇAS E DEMAIS GRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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TÓPICO 1 — UNIDADE 1

EVOLUÇÃO E SELEÇÃO NATURAL

DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os principais pontos relacionados à evolução das espécies e às teorias de seleção dos animais, lembrando que não é possível tratar desse assunto sem resgatarmos algumas questões da história para facilitar o entendimento e o avanço que ocorreu em cada etapa.

Devemos considerar que a evolução e a seleção dos animais sempre foram temas que chamaram a atenção do ser humano, e compreendê-las por muito tempo foi um enigma. Até os dias atuais, não se sabe ao certo como ocorreu, o que existem são linhas de estudiosos, que, com base na ciência, descrevem suas teorias fundamentadas em observação e estudos biológicos.

Sabendo dessa trajetória, iremos percorrer, então, algumas principais teorias, como a de Lamarck, a de Darwin e, por fim, conheceremos a respeito da teoria sintética da evolução.

2 TEORIA DE LAMARCK

Jean-Baptiste Antoine de Monet Lamarck (1744-1829), segundo os historiadores da biologia, foi o primeiro cientista a explicar a sistemática da evolução dos seres vivos, embora hoje já saibamos que suas teorias estavam incorretas. Ele baseou sua teoria em duas leis, uma delas é a “Lei do uso e desuso” e a outra é a “Lei da herança de características adquiridas”. Para ele, os organismos estavam se transformando constantemente em indivíduos cada vez mais complexos.

Sobre a lei do uso e desuso, ela parte do princípio de que as partes do corpo utilizadas com frequência hipertrofiam, enquanto as que são pouco utilizadas atrofiam. A outra lei parte da ideia de que as características adquiridas durante a vida do indivíduo poderiam ser passadas para sua prole.

ATENCAO

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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Com o conhecimento que temos atualmente, é possível perceber que, em uma constatação, Lamarck estava certo a respeito da influência do meio sobre as espécies, porém, ele não conseguiu explicar de que forma isso ocorria. Sua teoria estava correta quanto à hipertrofia no caso de utilizamos muito, por exemplo, o tecido muscular, contudo, essa característica não é transmitida aos descendentes. Além disso, sabemos que a evolução não tem o objetivo de deixar os organismos cada vez melhores e mais complexos.

3 TEORIA DE DARWIN

Charles Darwin (1809-1882) foi um naturalista e cientista que publicou algumas obras sobre a teoria da evolução. Sua teoria é fundamentada na ancestralidade comum e na seleção natural dos indivíduos e espécies.

A ancestralidade comum é referente às espécies que sofreram mudanças no decorrer do tempo, levando ao surgimento de novas espécies, porém, todas elas partiram de ancestrais em comum, por isso a similaridade de alguns órgãos e sistemas.

No caso da teoria da seleção natural, ela é fundamentada na ideia de que os indivíduos da mesma espécie apresentam características distintas entre si, as quais são passadas para as próximas gerações. Essas características conferem aos indivíduos vantagem de sobrevivência, proporcionando a eles maior probabilidade de se desenvolver e se reproduzir, passando essa característica aos seus descendentes. Portanto, Darwin considerou a seleção natural como principal mecanismo de evolução de espécie ao longo dos anos.

Para compreendermos melhor, um exemplo de seleção natural diz respeito ao tamanho do pescoço das girafas, ou seja, elas se reproduzem entre si e geram girafas com pescoços longos ou curtos; consequentemente, as girafas que têm pescoço mais longo se adaptam melhor ao meio, pois possuem acesso mais fácil ao alimento, logo, elas se reproduzem com maior sucesso, passando essa característica ao longo das gerações.

FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DA TEORIA DE DARWIN EM RELAÇÃO ÀS GIRAFAS

FONTE: <https://shutr.bz/2WhIkXO>. Acesso em: 8 jul. 2021.

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TÓPICO 1 — EVOLUÇÃO E SELEÇÃO NATURAL DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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4 TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO

Os questionamentos que a Teoria de Darwin deixava sobre a explicação para a origem da diversidade tornaram possível a chegada à teoria sintética da evolução, também chamada de Neodarwinismo. Ela foi elaborada por diversos pesquisadores que, diferente de Darwin, já possuíam o conhecimento de genética.

A teoria sintética da evolução considera que a diversidade ocorre por meio das mutações e combinações gênicas, as quais são selecionadas pela seleção natural para determinar se irão se estabelecer como características adaptativas.

Não se preocupe! Ainda nesta unidade estudaremos o que são mutações e combinações gênicas.

ESTUDOS FUTUROS

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Neste tópico, você aprendeu que:

• A evolução dos animais foi um tópico estudado por muitos cientistas há anos, que, com observações e pequenos experimentos, criavam suas hipóteses e teorias.

• Algumas teorias criadas no passado foram esclarecidas e sabe-se, atualmente, que não estavam certas, porém, desde a Teoria de Lamarck, já era possível observar a interferência do ambiente no indivíduo.

• O advento da genética facilitou a explicação da origem das espécies, principalmente da diversidade existente entre elas, pois foi o que impulsionou vários trabalhos de estudiosos sobre a teoria sintética da evolução.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 A evolução e seleção dos animais ao longo dos anos foi um assunto que sempre interessou ao ser humano, principalmente aos cientistas, uma vez que os organismos vivos muitas vezes eram vistos como criação de uma força paranormal. Com isso, foram surgindo teorias no decorrer dos anos, conforme foram acontecendo avanços nas diferentes áreas da ciência. A respeito da descrição da teoria da evolução aceita atualmente, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Teoria de Lamarck, que é baseada nas leis de uso e desuso e na lei da herança de características adquiridas.

b) ( ) Teoria de Darwin, que é baseada na seleção natural dos animais e na ancestralidade comum de todas as espécies.

c) ( ) Teoria de Darwin com relação à seleção natural dos animais e a teoria sintética da evolução, que justifica a diversidade devido às alterações genéticas dos indivíduos.

d) ( ) Teoria sintética da evolução, que concorda com o que foi descrito por Darwin sobre a seleção natural do animais e acrescenta a origem da diversidade por mutações e combinações gênicas.

2 Charles Darwin foi um naturalista que desenvolveu sua teoria da evolução por meio de observação dos seres vivos em uma viagem de navio que durou 5 anos e trouxe um grande avanço para os conhecimentos da ciência. Com base na Teoria de Darwin, analise as sentenças a seguir:

I- Organismos com variações favoráveis têm maiores chances de deixarem descendentes, uma vez que existe a possibilidade de mais tempo de vida.

II- O uso frequente de um determinado órgão ou estrutura resulta na hipertrofia, enquanto o desuso prolongado resulta na atrofia.

III- Todas as espécies possuem ancestralidade comum, por isso são semelhantes entre si.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.b) ( ) Somente a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As teorias da evolução foram fundamentais para a compreensão atual da real evolução e seleção das espécies e indivíduos da atualidade. Sabe-se que muitas espécies surgiram no decorrer da evolução e não conseguiram sobreviver. De acordo com os princípios da teoria sintética da evolução, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

AUTOATIVIDADE

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( ) A teoria sintética da evolução também é chamada de Neodarwinismo, pois utiliza alguns princípios da teoria de Darwin com alguns novos conceitos.

( ) A teoria sintética da evolução considera que a diversidade se dá através das mutações e combinações gênicas

( ) A teoria sintética da evolução faz referência que todas as espécies possuem uma ancestralidade em comum.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.b) ( ) V - V - F.c) ( ) F - V - F.d) ( ) F - F - V.

4 Considerando que Charles Darwin desenvolveu a teoria da evolução por meio de observações realizadas sobre os seres vivos, sabe-se que ele foi responsável por um grande avanço para os conhecimentos da ciência. Segundo ele, algumas características conferem aos indivíduos maior vantagem de sobrevivência e de reprodução, ocorrendo, assim, a seleção natural. Descreva um exemplo de como ocorre a seleção natural proposta por Darwin.

5 Sabe-se que a evolução e a seleção dos animais sempre foram assuntos de interesse ao ser humano, especialmente aos cientistas. As teorias da evolução estudadas foram fundamentais para a compreensão atual da evolução e da seleção das espécies e indivíduos da atualidade. Disserte sobre as principais teorias de seleção e evolução.

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TÓPICO 2 — UNIDADE 1

CONCEITOS DE IMPORTÂNCIA ZOOTÉCNICA

1 INTRODUÇÃO

Agora, no Tópico 2, abordaremos alguns conceitos que serão fundamentais para o entendimento dos próximos tópicos, assim como diversas áreas a serem aplicadas em zootecnia e melhoramento animal.

Vale lembrar que existe mais de um conceito para a mesma palavra, logo, as definições são convenções, não sendo caracterizadas por verdades absolutas. Em vista disso, traremos conceitos de diferentes bibliografias para facilitar o entendimento do conteúdo.

Iniciaremos, assim, abordando a respeito de espécie, raça e linhagem, para, em seguida, estudarmos sobre genótipo e fenótipo, mutação gênica e cromossômica, e, por fim, veremos sobre hibridação.

2 ESPÉCIE, RAÇA E LINHAGEM

As definições de espécie, raça e linhagem, na prática, podem ser facilmente confundidas, portanto, é muito importante sabermos diferenciá-las.

2.1 ESPÉCIE

A definição de espécie é muito discutida em diferentes áreas de conhecimento. Para o estudo da zootecnia, é importante trazermos o conceito amplo, biológico e genético, a fim de facilitar a compreensão do termo.

O conceito amplo de espécie, voltado para a área de produção de animais, define como sendo um grupo de indivíduos semelhantes entre si e potencialmente capazes de se cruzarem e produzirem descendentes férteis (NARDI et al., 2006).

Biologicamente, o conceito de espécie está na mesma linha, porém, enfatiza a espécie como comunidade de populações, em isolamento reprodutivo, e que interagem ecologicamente com as populações que ocupam a mesma área geográfica e não pertencem à mesma espécie (SILVA, 2019).

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Do ponto de vista genético, segundo Baker e Bradley (2006), espécie é o grupo de populações naturais de cruzamento geneticamente compatíveis entre si e isolados geneticamente de outros grupos, ou seja, a principal característica é o isolamento genético.

2.2 RAÇA

Raça é outro conceito muito importante para a zootecnia e para pecuária, uma vez que é a principal forma como são divididas as diferentes espécies animais. Como descrito anteriormente, também existem diversas definições.

O conceito amplo de raça consiste no grupo de indivíduos ou animais da mesma espécie com características hereditárias somáticas comuns (NARDI et al., 2006), em outras palavras, é o conjunto de indivíduos de uma espécie com características transmitidas hereditariamente, semelhantes e definidas; tais características tornam esse grupo diferente dos demais indivíduos da mesma espécie.

Em zootecnia, raça é o conjunto de animais com características morfológicas comuns, que são agrupados de acordo com a aptidão produtiva (leite, carne, lã etc.). Refere-se ao agrupamento de animais selecionados natural ou artificialmente, e feito cruzamentos, adquirindo características semelhantes a serem transmitidas para os descendentes.

As raças possuem um padrão ou modelo racial, ou seja, as características definidas por criadores e profissionais habilitados responsáveis por mantê-los e melhorá-los, de acordo com o melhoramento genético e produtivo dos animais, por exemplo, a conformação de carcaça e produção de leite.

2.3 LINHAGEM

As linhagens são os agrupamentos que estão dentro da divisão de raças, trata-se, portanto, de grupos de animais selecionados para expressarem algumas aptidões. São selecionadas e refinadas para demonstrar um desempenho específico, por exemplo, em uma criação de suínos, uma característica desejada é que as fêmeas tenham um temperamento mais dócil, além de boa produção de leite para criar os leitões com maior eficiência, logo, pode-se fazer uma seleção das fêmeas daquela raça e desenvolver uma linhagem com base nessas características.

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TÓPICO 2 — CONCEITOS DE IMPORTÂNCIA ZOOTÉCNICA

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3 GENÓTIPO E FENÓTIPO

Genótipo e fenótipo são termos utilizados na genética, sendo essencial seu entendimento para a compreensão do melhoramento animal.

O genótipo, então, faz referência à constituição genética de um indivíduo, isto é, a soma de todos os seus genes, e está associado com a hereditariedade. Desse modo, apresenta características mais sólidas, as quais sofrem alterações apenas quando ocorrem mutações. Enquanto o fenótipo é a interação do genótipo do indivíduo com o ambiente, logo, está exposto a constantes alterações.

As alterações genotípicas só podem ser detectadas a partir de análises moleculares, enquanto as alterações fenotípicas, na maioria das vezes, são observáveis.

4 MUTAÇÃO GÊNICA E CROMOSSÔMICA

A mutação é definida por alteração repentina no genótipo de um indivíduo, sem relação com os ascendentes, mas passível de ser herdada pelos descendentes (NARDI et al., 2006). Essas mutações permitem a variabilidade entre as espécies.

Já a mutação gênica consiste na modificação estrutural da informação genética, podendo ser causal, quando ocorre por um erro espontâneo durante a replicação do material genético, ou então, induzida por agente mutagênico de origem eletromagnética, química, biológica ou, mesmo, modicada em laboratório. As mutações ocorrem durante o processo de duplicação de um gene, em que surge um novo alelo, podendo ser pela perda, inserção ou substituição de um ou poucos nucleotídeos do DNA do indivíduo.

A mutação cromossômica é uma alteração genética no cromossomo que resulta em partes rearranjadas do cromossomo, pode resultar no número anormal de cromossomos individuais ou números anormais de conjuntos de cromossomos.

O genótipo está relacionado às informações presentes no genoma do animal, ou seja, no DNA. Já o fenótipo faz referência à combinação entre o genótipo do indivíduo e o meio no qual ele se desenvolve.

IMPORTANTE

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

5 HIBRIDAÇÃO

A hibridação consiste no acasalamento entre indivíduos de espécies ou raças diferentes, biologicamente compatíveis entre si, é um método utilizado para ampliar a variabilidade nos programas de melhoramento animal.

A hibridação pode ser classificada como intraespecífica e interespecífica. No primeiro caso (hibridação intraespecífica), ela ocorre entre indivíduos da mesma espécie, porém, com indivíduos de raças diferentes, para promover variabilidade de características desejáveis, por exemplo, a raça bovina Girolando foi criada do cruzamento de bovinos da raça Holandesa e Gir, em busca de obter animais produtivos como os holandeses e rústicos como o Gir.

Pode ser classificada como interespecífica quando é realizada com indivíduos de diferentes espécies. Esses cruzamentos normalmente não são possíveis ou resultam em indivíduo infértil, como é o caso do cruzamento da égua com o jumento, resultando no nascimento da mula, que não é capaz de produzir descendentes.

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RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que:

• As definições de espécie, raça e linhagem podem ser parecidas, porém, precisam ser devidamente diferenciadas e compreendidas.

• Todos os indivíduos possuem sua carga genética, o genótipo, e expressam com interferência do meio ambiente por meio do fenótipo.

• Mutações gênicas e cromossômicas são modificações estruturais que permitem a variação dos indivíduos.

• Hibridação é o acasalamento de indivíduos de raças ou espécies diferentes para aumentar a variabilidade nos programas de melhoramento animal.

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1 Para a compreensão dos parâmetros zootécnicos dos animais, é muito importante fazer a conceituação de alguns termos que são utilizados em melhoramento animal, visto que facilita a compreensão dos processos mais complexos. Com relação ao conceito de ‘espécie’, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É o grupo de indivíduos com características comuns, capazes de cruzarem e produzirem descendentes.

b) ( ) É o grupo de indivíduos semelhantes entres si, isolados reprodutivamente/geneticamente, e são capazes de cruzamento e produção de descendentes férteis.

c) ( ) É a comunidade de populações que interagem ecologicamente com outras espécies na mesma área geográfica.

d) ( ) É a comunidade de populações que interagem ecologicamente com outras espécies na mesma área geográfica e se reproduzem.

2 Mutação gênica consiste na cópia e no armazenamento da informação genética com acidentes e erros aleatórios, alterando a sequência nucleotídica e o material genético do indivíduo. Sobre hibridação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Mutação é definida por alteração repentina no genótipo de um indivíduo e é revertida com o passar do tempo.

( ) A mutação ocorre no genótipo e fenótipo do animal.( ) As mutações são responsáveis pela variabilidade entre as espécies animais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.b) ( ) V - F - V.c) ( ) F - V - F.d) ( ) F - F - V.

3 A mutação genética é responsável por causar alterações nos indivíduos, não estando relacionada aos seus ancestrais. Sobre as causas dessas mutações, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As causas são genéticas, as mutações ocorrem por uma adaptação a determinada característica que está dificultando o desenvolvimento e expansão da espécie.

b) ( ) As causas não são conhecidas, uma vez que elas ocorrem ao acaso.

AUTOATIVIDADE

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c) ( ) Pode ocorrer por um erro espontâneo durante a replicação de material genético ou ser induzida por agente mutagênico, que pode ser de origem eletromagnética, química ou biológica.

d) ( ) A causa é chamada de causal, por se tratar de um erro espontâneo durante a replicação das fitas material genético.

4 O genótipo de um indivíduo faz referência à constituição genética dele, ou seja, é a soma de todos os seus genes, estando, portanto, associado à hereditariedade. Ele apresenta características mais sólidas, que sofrem alterações somente quando ocorrem mutações, não possuindo influências externas. De que maneira o fenótipo de um indivíduo está relacionado com o seu genótipo?

5 O acasalamento entre indivíduos de espécies ou raças diferentes, biologicamente compatíveis entre si, é chamado de hibridação. Diversos cruzamentos são feitos para melhorar os animais produzidos pelo mercado, sejam melhoramento de características morfológicas ou de produção. Considerando essas informações, disserte sobre a hibridação entre as espécies zootécnicas, citando exemplos práticos de cruzamentos

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TÓPICO 3 — UNIDADE 1

DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

1 INTRODUÇÃO

No Tópico 3, abordaremos como foi o processo de domesticação dos animais de produção, percorrendo a história de domesticação, características, condições, graus e formas que permitem com que ela ocorra.

O processo de domesticação consiste na contínua associação entre o homem e os animais, os animais domésticos são os que estão sob domínio do homem através das gerações. Domesticação é o processo em que o homem, ao longo do tempo, alterou geneticamente os animais de acordo com as características desejadas (MARTINS; SANTOS; SILVESTRE, 2019).

A domesticação teve início há muitos anos, contudo, com os avanços, ela também sofreu modificações, sendo assim, além de domesticados, os animais foram selecionados pelo ser humano de acordo com as características físicas, morfológicas e emocionais.

2 A HISTÓRIA DA DOMESTICAÇÃO Os primeiros animais a serem domesticados foram os cães, porém, os

ovinos foram os primeiros animais de produção domesticados, há cerca de 11.000 anos. Após 500 anos, ocorreu a domesticação dos caprinos (MARTINS; SANTOS; SILVESTRE, 2019). Em seguida, os bovinos, em consequência da procura de alimento proteico por parte do ser humano, também foram domesticados (OLIVEIRA et al., 2011). Ainda segundo o mesmo autor, os próximos animais domesticados foram os suínos, os burros, os cavalos, os búfalos e os camelos.

Devemos considerar que os hábitos humanos, no decorrer dos anos, foram mudando, e aos poucos os costumes nômades foram deixados para trás, dando espaço para priorizar o sedentarismo. Dessa forma, ocorreu o aumento das populações, necessitando de uma maior produção de alimentos, os quais precisavam ser produzidos a longo prazo, sem esgotar os recursos naturais, como era feito anteriormente (WEISS; BRADLEY, 2001).

Os ovinos, caprinos e bovinos foram domesticados em busca de alternativas para a alimentação humana e para força de tração para os serviços pecuários. Depois, os equídeos, juntamente aos bovinos, foram responsáveis pela

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

mecanização da agricultura, o que se encaixou com as novas necessidades do ser humano, que deixava de ser nômade e necessitava de alimento animal disponível e melhorias do solo.

A domesticação dos animais possibilitou que o ser humano tivesse o alimento sempre disponível, sem o risco e as incertezas da caça, além disso, passou a utilizar o esterco dos animais como adubo, aumentando e melhorando a produção de produtos agrícolas, e utilizando os animais como força de tração, puxando arados e fazendo melhorias dos solos (DIAMOND, 2018).

3 CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES DA DOMESTICAÇÃO

Para que seja possível a domesticação de um animal, é necessário que ele possua algumas características, as quais devem ser hereditárias, sendo elas: sociabilidade, mansidão, fecundidade em cativeiro, função especializada e facilidade de adaptação ambiental (OLIVEIRA et al., 2011).

A sociabilidade é uma característica fundamental e deve fazer parte do instinto do animal, para que ele busque a vida conjunta, em rebanhos e bandos. Essa característica permitiu que esses animais se aproximassem do ser humano e se deixassem, através de manejos e insistência, amansar. Sendo assim, a mansidão é outro fator importante, visto que deve ser uma característica hereditária, caso contrário, os descendentes dos animais já domesticados deveriam passar por todo o processo de domesticação novamente, e não é o que ocorre, visto que os descendentes já nascem com a ausência ou controle do instinto selvagem natural de seus ancestrais.

A reprodução dos animais em cativeiro é fundamental para a perpetuação da espécie domesticada, uma vez que, sem essa fecundidade, não há como passar a característica abordada anteriormente, de mansidão hereditária.

Sobre a função especializada, ela está relacionada ao motivo no qual o animal será útil ao ser humano. Nas espécies de animais de interesse zootécnico, podemos citar a destinação para produção de carne, leite ou lã, ou, ainda, para tração ou transporte.

Outra característica fundamental é facilidade de adaptação, visto que essa adaptabilidade não está relacionada apenas aos primeiros animais que foram domesticados, mas sim que animais domesticados estão em constante mudança de ambiente, pois a forma de vida do ser humano também está sempre mudando.

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TÓPICO 3 — DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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Com o passar dos anos, a domesticação gerou alterações nas diferentes espécies animais, tanto morfológicas como fisiológicas e psicológicas. Tais alterações estão relacionadas à expressão do fenótipo, como foi descrito no tópico anterior. Além disso, essas mudanças são atribuídas tanto à seleção natural (mutação gênica ou cromossômica) quanto à seleção artificial exercida pelos humanos.

4 GRAUS E FORMAS DE DOMESTICAÇÃO

A domesticação ocorre em diferentes graus e formas. Os animais podem ser considerados domesticados, porém, por falta de outra alternativa, estão apenas aprisionados e servindo de alguma forma ao ser humano, não sendo uma domesticação, mas sim um sistema de cativeiro.

Devemos notar que, antes da domesticação de fato, ocorre a troca do ambiente natural do animal por um local limitado, muitas vezes considerado prisão ou cativeiro. Nesse momento, o animal é tirado de sua liberdade e o ser humano determina qual espaço será destinado a ele. Nesse momento, o ser humano ainda não consegue obter nada do animal, apenas faz a restrição do ambiente em que o animal ocupa.

Em seguida, torna-se necessário amansar o animal, então, é quando o ser humano passa a ter um certo domínio sobre ele, pois o animal se sujeita. Nesse período, a convivência entre ambos passa a ser pacífica, e o ser humano consegue moldar algumas atitudes do animal, o qual passa a prestar alguns serviços.

Já a domesticação de fato é a última forma. Nessa forma, a espécie (e não somente o indivíduo) se submete ao ser humano, assim, eles estabelecem uma reação de simbiose.

No geral, os mamíferos que foram domesticados apresentaram aumento da variabilidade de cor, pedomorfose (alteração filogenética em que os indivíduos adultos apresentam características antes observadas em indivíduos jovens), redução no tamanho do cérebro, maior docilidade e maturação sexual precoce (OLIVEIRA et al., 2011).

INTERESSANTE

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

A simbiose consiste na associação/convivência a longo prazo entre indivíduos de duas espécies, sendo que essa relação, normalmente, é benéfica para ambas (NARDI et al., 2006). Com isso, percebe-se que a domesticação faz referência à hereditariedade, inata de algumas espécies.

IMPORTANTE

A forma como os animais foram domesticados ao longo dos anos se deu por meio do amansamento gradual das espécies e, posteriormente, pelo adestramento. Além disso, algumas espécies não identificavam o ser humano como um predador, com isso, acabavam se aproximando das habitações humanas em busca de abrigo e restos de comida, e acabaram despertando a curiosidade do ser humano, que percebeu nessa aproximação algumas vantagens, decidindo, então, aprisionar os animais e controlar a reprodução deles.

Cabe destacar que a domesticação de outros animais, de instinto mais selvagem e agressivo, pode ter ocorrido com a necessidade da força.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo de domesticação das espécies animais ocorreu de forma gradual ao longo da história.

• Para que seja possível o processo de domesticação, os animais precisam apresentar algumas características e condições.

• Existem diferentes graus e formas de domesticação de animais de produção, e elas são estabelecidas de acordo com a espécie.

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1 O processo de domesticação consiste na contínua associação entre o humano e os animais. Os animais domésticos são os que estão sob domínio do ser humano ao longo das gerações (OLIVEIRA et al., 2011). A respeito desse assunto da ordem cronológica em que as espécies foram domesticadas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Cães, gatos, bovinos, ovinos, caprinos, cavalos, burros, suínos e búfalos.b) ( ) Ovinos, bovinos, cães, caprinos, búfalos, suínos, cavalos, burros e

camelos. c) ( ) Cães, ovinos, caprinos, bovinos, suínos, burros, cavalos, búfalos e

camelos. d) ( ) Ovinos, caprinos, bovinos, suínos, burros, cavalos, búfalos e camelos.

2 Os primeiros animais foram domesticados há cerca de 11.000 anos. A domesticação ocorreu por mudanças de hábitos do ser humano, que nas eras mais primitivas possuía comportamento nômade e, no decorrer dos anos, passou a adquirir um perfil mais sedentário, fazendo com que surgisse a necessidade de estocar e cultivar os próprios alimentos. Sobre a domesticação dos animais de produção, analise as sentenças a seguir:

I- O processo de domesticação consiste na associação entre o humano e os animais, sendo que os animais domesticados são selecionados de acordo com as características desejadas pelo ser humano.

II- A domesticação de todas as espécies animais ocorreu como forma alternativa à caça de alimentos proteicos.

III- Qualquer animal pode ser domesticado, é necessário apenas paciência e diferentes abordagens para atingir os objetivos da domesticação, pois alguns animais terão temperamentos mais difíceis que outros.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.b) ( ) Somente a sentença I está correta.b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.d) ( ) Somente a sentença II está correta.

3 Para conseguir realizar a domesticação dos animais, é preciso que eles tenham algumas características, como sociabilidade, mansidão, fecundidade em cativeiro, função especializada e facilidade de adaptação ambiental. De acordo com as características da domesticação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Sociabilidade se refere ao instinto do animal em buscar o coletivo, ou seja, viver entre bandos e rebanhos da mesma e de diferentes espécies.

AUTOATIVIDADE

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( ) Mansidão é uma característica que pode ser moldada, muitos animais domesticados não apresentavam mansidão, ela não é de caráter hereditário.

( ) A facilidade de adaptação se refere à alteração de ambiente, sendo essa facilidade necessária no início do processo de domesticação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.b) ( ) V - F - V.c) ( ) F - V - F.d) ( ) F - F - V.

4 A domesticação altera o comportamento e os hábitos dos animais, e essas mudanças, ao longo dos anos, gera alterações nas diferentes espécies animais, tanto morfológicas como fisiológicas e psicológicas. Disserte sobre como a genética explica essas alterações que ocorrem ao longo dos anos.

5 A domesticação não consiste apenas no processo de prender o animal e ele servir de alguma forma ao homem, ainda que, por muitos, essa seja considerada uma forma de domesticação. Disserte sobre o grau e as formas de domesticação dos animais de produção.

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TÓPICO 4 — UNIDADE 1

ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

1 INTRODUÇÃO

Conforme observamos nos tópicos anteriores, a domesticação das principais espécies de animais de produção teve início com os ovinos, seguido dos caprinos, bovinos, suínos, burros, cavalos, búfalos e camelos.

Dentro da mesma espécie, os animais foram selecionados de acordo com as suas aptidões, sendo elas zootécnicas, produtivas ou econômicas.

A aptidão zootécnica diz respeito a uma característica do animal voltada para produção, sendo hereditária e, portanto, transmitida aos seus descendentes. A aptidão produtiva é de natureza fenotípica, logo, está relacionada ao ambiente em que o animal está inserido. Já a função econômica é a parte em que o ser humano explora economicamente a partir da produção fisiológica dos animais.

2 FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS

As funções de interesse zootécnico variam conforme a espécie, raça, sexo e com o tipo de exploração. De acordo com a fisiologia, podem ser classificados em: de crescimento, de locomoção, de reprodução e de lactação. A respeito da produção, são divididos em:

• produção de alimentos;• matéria-prima para indústria manufatureira;• força motriz;• adubo orgânico;• função afetiva.

É importante diferenciar tipo zootécnico de tipo étnico, uma vez que tipo zootécnico se refere à conformação exterior correspondente com a utilização comercial do animal, enquanto tipo étnico se refere ao tipo racial, ou seja, fisionomia e características exteriores e hereditárias de uma raça.

ATENCAO

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Não é possível discorrer de forma simples acerca das funções zootécnicas dos animais de produção em geral, então, para facilitar a didática e a compreensão do conteúdo, abordaremos o tema de acordo com a espécie, com base em Costa (2000).

2.1 BOVINOS

Os bovinos foram criados e selecionados ao longo dos anos para diferentes funções, como leite, corte e tração, além disso, algumas raças de animais foram criadas associando animais com aptidão leiteira e para carne, resultando em animais com atributos intermediários, tanto com relação à qualidade da carne quanto com relação à produção de leite.

No caso dos animais destinados à produção leiteira, eles apresentam conformação em forma de cunha, isto quer dizer que, quando visualizados de lado, a linha inferior é descendente da frente para trás. De frente, as linhas das paletas se abrem para baixo, e de cima, as linhas são estreitas na frente e se afastam nos quartos posteriores. Além disso, não são animais musculosos, possuem ângulos e costelas salientes, com bom desenvolvimento das glândulas mamárias. Podemos observar, a seguir, tais características:

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DE UMA FÊMEA BOVINA PRODUTORA DE LEITE

FONTE: <https://shutr.bz/3zQ2oy6>. Acesso em: 8 jul. 2021.

Os bovinos destinados ao corte possuem o corpo cilíndrico e compacto, com membros anteriores e posteriores bem desenvolvidos, não possuem saliências nas costelas, região sacra e base da cauda, são animais mais musculosos. A linha superior deve ser retilínea e larga, desde o pescoço até a base da cauda, conforme podemos observar adiante, ressaltando as características de cobertura das costelas e membros posteriores bem desenvolvidos.

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TÓPICO 4 — ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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FONTE: < https://shutr.bz/3iaOoJq >. Acesso em: 8 jul. 2021.

Bovinos com função de tração possuem o corpo compacto, forte e com musculatura desenvolvida, principalmente na região do dorso e dos quartos posteriores, a região que exerce maior força de tração. Além disso, são animais com temperamento dócil.

2.2 OVINOS

Os ovinos possuem função zootécnica de: lã, leite, corte e misto. Os animais criados para produção mista, normalmente apresentam carcaças de boa qualidade, com lã de espessura, comprimento e qualidade inferior, utilizada em tecidos grosseiros. Além disso, a produção de leite é de alto teor de gordura, porém, em menor quantidade.

Quanto aos ovinos criados com o objetivo de produção de lã, eles apresentam porte físico menor em relação aos demais. Possuem corpo cilíndrico e envolto por densa cobertura de lã, sendo que a lã pode ser fina, média ou forte, dependendo da raça criada. Os animais de corte e pele são deslanados, possuindo pelos curtos e o corpo com porte superior aos demais, além de maior deposição de carne.

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE UM MACHO BOVINO DESTINADO À PECUÁRIA DE CORTE

Cabe destacar que os sistemas de criação que utilizam animais de função mista são melhorados constantemente com a realização de cruzamentos, visando às características de interesse.

ATENCAO

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

FIGURA 4 – REBANHO DE OVINOS DESTINADOS À PRODUÇÃO DE LÃ, APRESENTANDO ALTA DENSIDADE DE LÃ POR TODO O CORPO

FONTE: <https://shutr.bz/3CTlh5n>. Acesso em: 8 jul. 2021.

2.3 CAPRINOS

A função zootécnica dos caprinos é dividida em animais destinados ao leite, ao corte, à comercialização de pele e para criação mista. A criação mista se refere ao leite e à carne, normalmente possuem baixa capacidade para ambas as aptidões, sendo sempre realizados cruzamentos com animais de maior aptidão para uma das duas especializações.

Os caprinos com aptidão leiteira, assim como os bovinos, possuem formato de cunha, além do aspecto descarnado e úbere desenvolvido e globuloso. Já com aptidão de corte, eles apresentam corpo comprido, bem desenvolvido e com massas musculares aparentes, as costelas são arqueadas, garupa ampla e comprida e com boa cobertura muscular.

No caso dos caprinos criados para comercialização de pele, eles não são selecionados por conformação de corpo, mas sim pela característica do pelo que deve ser brilhoso, fino e uniforme, além disso, possuem maior valor os que possuem pelos cacheados e enovelados.

2.4 EQUINOS

Os equinos foram criados e selecionados basicamente para duas funções, para montaria, esporte ou tração, sendo que algumas raças foram desenvolvidas com aptidão mista, possuindo características intermediárias entre animais de montaria e tração.

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TÓPICO 4 — ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DE CAVALOS SENDO UTILIZADOS PARA MONTARIA

FONTE: <https://shutr.bz/3m9GAZs>. Acesso em: 9 jul. 2021.

Equinos de montaria são cavalos de porte leve, com corpo compacto e estrutura bem definida, apresentando energia e inteligência. O cômodo do cavaleiro durante a montaria também foi um fator que influenciou a seleção desses animais.

FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DE UM EQUINO DESTINADO À PRATICA DO HIPISMO

FONTE: <https://shutr.bz/3zZkFtf>. Acesso em: 9 jul. 2021.

Já os cavalos de tração possuem o corpo mais robusto, ossatura forte e musculatura bem desenvolvida. Não apresentam tanta agilidade quanto os animais de montaria, porém, são mais fortes.

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DE EQUINOS SENDO UTILIZADOS COMO TRAÇÃO

FONTE: <https://shutr.bz/39J8YvN>. Acesso em: 8 jul. 2021.

2.5 SUÍNOS

Os suínos foram selecionados ao longo dos anos visando o interesse em seu produto, a carne, e subprodutos comercializados na cadeia de produção de suínos. Sua aptidão zootécnica é para banha, carne magra, carne e toucinho.

Animais criados para a produção de banha são animais com corpo largo, profundo, simétrico, baixo e compacto. Enquanto os de carne magra possuem o porte bem equilibrado ou com os quartos posteriores predominantes. Os animais selecionados com o objetivo de carne e toucinho são suínos de conformação intermediária entre os anteriores.

2.6 AVES

As aves são selecionadas com função zootécnica de postura e corte, sendo que as aves de postura são selecionadas não somente pela quantidade de ovos que produzem, mas também pelas suas características.

Com relação às aves de corte, elas possuem a conformação mais robusta e com maior deposição de carne, além de serem maiores e com melhor conversão alimentar. Muitas raças que eram destinadas apenas para uma função, foram melhoradas por meio de cruzamentos genéticos e possuem dupla aptidão.

3 SISTEMAS DE CRIAÇÃO

O sistema de criação atual é classificado em extensivo, semi-intensivo e intensivo. A escolha de qual sistema utilizar depende de alguns fatores, como o objetivo da produção, a área disponível, o capital investido e a disponibilidade de mão de obra.

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TÓPICO 4 — ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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3.1 SISTEMA EXTENSIVO

São identificados pela utilização exclusiva de pastagens, nativas ou cultivadas, como única fonte de alimento aos animais, sendo eventualmente fornecida suplementação mineral (CEZAR et al., 2005). O sistema é utilizado quando existem grandes extensões de terras, mão de obra escassa e pouco capital investido nos animais, uma vez que o capital investido na terra é alto.

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA EXTENSIVO DE PRODUÇÃO DE OVINOS

FONTE: <https://shutr.bz/2ZtJyjV>. Acesso em: 5 jul. 2021.

Nesse sistema, os recursos naturais são utilizados ao máximo e não há o investimento em tecnologias de melhoramento animal, os animais levarão mais tempo para chegar a produzir o seu potencial, visto que não recebem suplementação e tecnologia para intensificar a produção. Esse tipo de sistema é mais utilizado em criações de bovinos, ovinos e caprinos.

3.2 SISTEMA SEMI-INTENSIVO

No sistema semi-intensivo, assim como no extensivo, as pastagens ainda são consideradas a base da alimentação dos animais, porém, não é a única alimentação. É fornecido também suplementação proteica e energética, como aveia, milho, farelo de soja, farelo de algodão e outros alimentos concentrados (CEZAR et al., 2005).

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA SEMI-INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

FONTE: <https://shutr.bz/3F2PJf5>. Acesso em: 5 jul. 2021.

Esse sistema é o intermediário entre o extensivo e intensivo, sendo adotado em propriedades com menor extensão de terra, onde normalmente há maior preocupação e investimento em melhoramento genético e técnicas reprodutivas, necessitando de maior capital investido e mais mão de obra. O fornecimento de outras fontes de alimento tem por objetivo aumentar a produção, seja aumentando o leite, carne ou lã.

3.3 SISTEMA INTENSIVO

Esse sistema também é denominado confinamento. Os animais são criados encerrados em piquetes, galpões ou currais, recebem a alimentação completa e água em cochos. É utilizado principalmente em propriedades com pequenas extensões de terras, porém, o investimento é alto, tanto no custo com as instalações quanto com a alimentação de mão de obra necessária.

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

FONTE: <https://shutr.bz/3CT6jfB> Acesso em: 9 jul. 2021.

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TÓPICO 4 — ORIGEM DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

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Quanto ao investimento em tecnologia, normalmente são aplicados melhoramentos genéticos e em tecnologias de reprodução, além de manejo nutricional aplicado de acordo com a categoria animal que está sendo criada. Nesse caso, o sistema intensivo é utilizado para criação de bovinos, ovinos, caprinos, equinos e suínos, normalmente, de alto valor zootécnico, permitindo que os animais expressem o melhoramento realizado em cada espécie.

4 CLIMATOLOGIA ZOOTÉCNICA

A climatologia zootécnica é o estudo do comportamento dos animais diante das alterações no clima ao qual ele está submetido, sendo que essas variáveis não dizem respeito apenas à temperatura ambiental, mas também à pressão atmosférica, à umidade relativa do ar, aos ventos, à luminosidade, à radiação solar, entre outras. Com isso, podemos perceber que a climatologia nada mais é do que o estudo do fenótipo do animal.

Devemos observar que todo o animal está em constante troca com o ambiente ao qual está exposto, portanto, de acordo com as alterações do ambiente, o animal precisa de ajustes fisiológicos para se adaptar ao meio. A adaptabilidade consiste na habilidade que o animal possui de se ajustar ao ambiente com a perda mínima de peso, mantendo a taxa reprodutiva e a alta imunidade, a longevidade natural e baixa taxa de mortalidade.

Na próxima unidade, abordaremos os mecanismos de adaptação de aclimatação nas diferentes espécies.

ESTUDOS FUTUROS

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RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que:

• Os animais apresentam diferentes funções zootécnicas, as quais são classificadas de acordo com a espécie.

• Os bovinos são criados para diferentes funções zootécnicas, sendo leite, corte e tração e alguns animais foram selecionados para ter dupla aptidão.

• Os ovinos possuem função zootécnica de lã, leite, corte e misto, e os caprinos de pele, corte e leite; para ambas as espécies também há raças com aptidões mistas.

• Equinos, suínos e aves também possuem mais de uma função zootécnica, sendo importante determinar a função buscada de acordo com o objetivo do sistema de produção.

• Os sistemas de criação podem ser divididos em extensivo, semi-intensivo e intensivo, e cada um possui as suas características conforme o objetivo de produção, área disponível e capital investido.

• Climatologia é o estudo do comportamento dos animais diante das alterações do clima ambiental.

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1 As funções de interesse zootécnico variam de acordo com a espécie, raça, sexo e com o tipo de exploração. Os bovinos são animais que podem ser criados para diferentes funções, sendo que cada raça possui suas características em conformidade com a finalidade em que foram cruzadas ao longo dos anos. Sobre a função zootécnica dos bovinos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Os bovinos são utilizados com função zootécnica voltada para produção de leite, corte e couro. Os animais selecionados para produção de leite possuem bom desenvolvimento de úbere, os selecionados para corte, alta hipertrofia muscular, e os selecionados para qualidade do couro apresentam resistência a ectoparasitas.

b) ( ) Os bovinos são utilizados com função zootécnica voltada para produção de leite, corte e tração, sendo que alguns animais apresentam dupla aptidão. De acordo com a sua finalidade, eles possuem características morfológicas desejáveis.

c) ( ) Bovinos de dupla aptidão são os preferencialmente criados nos sistemas de produção, uma vez que são selecionados para terem as melhores características de ambas as aptidões.

d) ( ) Bovinos destinados à tração são animais grandes e fortes, porém, apresentam temperamento agressivo, sendo difícil a domesticação.

2 As funções de interesse zootécnico dos ovinos consistem na produção de lã, leite e corte. De acordo com as funções de interesse, são realizados os esquemas de melhoramento genético das características dos animais. Sobre a função zootécnica dos ovinos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Os ovinos criados para produção de lã são animais maiores, envoltos de boa camada de musculatura e densa cobertura de lã forte.

b) ( ) Os ovinos criados para corte são menores do que os destinados a outras funções, são desprovidos de lã e possuem pelos curtos.

c) ( ) Os animais criados para dupla aptidão, normalmente apresentam carcaças de boa qualidade, boa produção de leite e lã de qualidade inferior.

d) ( ) Animais de função mista são os mais submetidos a programas de melhoramento genético, uma vez que os sistemas de criação dão preferência para mais de uma renda produtiva do animal.

3 Equinos, suínos e aves são selecionados de acordo com a sua função zootécnica. Os programas de melhoramento animal são realizados constantemente com esses animais em busca de sempre melhorar os padrões e chegar a animais cada vez mais produtivos e rentáveis. Considerando essa temática, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

AUTOATIVIDADE

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( ) Os equinos são animais destinados para montaria, esporte ou tração, e diferente das outras espécies, não possuem animais com aptidão mista, pois são perfis morfológicos completamente diferentes.

( ) Os suínos são selecionados de acordo com as características de sua carcaça, tendo aptidão para banha, carne magra, carne e toucinho.

( ) As aves são selecionadas pela quantidade e qualidade dos ovos e para corte, sendo que muitas raças têm dupla aptidão, sendo satisfatórias em ambas as funções.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.b) ( ) V - F - V.c) ( ) F - V - F.d) ( ) F - F - V.

4 As funções de interesse zootécnico variam conforme espécie, raça, sexo e com o tipo de exploração, sendo de crescimento, locomoção, reprodução e lactação. No que diz respeito à produção, são divididos em produção de alimentos, matéria-prima para indústria manufatureira, força motriz, adubo orgânico e função afetiva. Embora sejam palavras muito semelhantes, não devemos confundir tipo zootécnico de um animal com o tipo ético. Desse modo, disserte sobre a diferença entre tipo zootécnico de um animal e o tipo ético.

5 O sistema de criação atual é classificado em extensivo, semi-intensivo e intensivo, a escolha de qual sistema utilizar depende de alguns fatores, como o objetivo da produção, área disponível, capital investido e disponibilidade de mão de obra. Disserte sobre o sistema de criação de animais de produção.

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TÓPICO 5 — UNIDADE 1

RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS –

CARACTERES RACIAIS

1 INTRODUÇÃO

Estudamos anteriormente que raça se refere ao grupo de indivíduos ou animais de mesma espécie, os quais possuem características hereditárias somáticas comuns. Independentemente da espécie em questão, sempre quando há definição de uma raça, é elaborado um padrão racial e criado um livro genealógico, o qual será mantido pela Associação de Criadores da Raça.

O padrão racial é estabelecido para determinar quais são os parâmetros

raciais que serão obrigatórios para a ração, não sendo registrados animais que estejam foram desses padrões. Essa é uma forma de manter as características e a qualidade da raça.

Neste tópico, estudaremos as principais raças criadas no Brasil, de acordo com a sua espécie.

2 BOVINOS DE LEITE

As raças mais exploradas no Brasil destinadas à bovinocultura leiteira são as raças europeias Holandesa e Jersey, e também as raças zebuínas Gir e Guzerá. Além dessas, as quais são bem estabelecidas, são utilizadas vacas mestiças, ou seja, são resultado do cruzamento de raças europeias com zebuínas, em diferentes e variados graus de sangue, assunto que estudaremos na próxima unidade.

Quanto à raça Holandesa, ela é a mais conhecida e difundida no país, sendo que os maiores rebanhos estão localizados no Sul e Sudeste. Possui três variedades, sendo Frísia, Crominga e Mosa, Reno e Yessel (M.R.Y) (NEIVA, 2000).

Durante os estudos, abordaremos as principais raças criadas no Brasil, podendo ter variações de acordo com a região.

ATENCAO

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

A variedade Frísia, no Brasil, é conhecida como a “holandesa preta e branca”, enquanto a variedade M.R.Y. são os animais de pelagem nas cores marrom e branca.

No Brasil, a variedade Frísia é a mais criada, sendo caracterizada por uma pelagem branca e preta com zonas bem demarcadas e separadas, o formato da cabeça é subcôncavo, os olhos são salientes, o focinho é grande e com narinas abertas, chifres finos, pescoço longo e delgado. São animais de grande estatura, com costelas arqueadas e estrutura óssea forte (NEIVA, 2000).

FIGURA 11 – VACA DA RAÇA HOLANDESA, COM PELAGEM BRANCA E PRETA E COM MECHAS BEM DELIMITADAS

FONTE: <https://shutr.bz/3EZPJwl>. Acesso em: 5 jul. 2021.

Já no caso da Jersey, trata-se de uma raça taurina selecionada para produção leiteira aliada ao alto teor de gordura no leite. A raça é criada em todo o Brasil, com maior concentração no sudeste e sul (NEIVA, 2000).

Os animais da raça Jersey são menores quando comparados com os animais da raça Holandesa. A pelagem é parda, variando de claro a escuro, podendo haver manchas brancas na região do peito, ventre e úbere. A cabeça é larga e curta, com perfil côncavo, órbita ocular saliente, chifres finos, curtos e achatados, o pescoço é médio, sendo mais delicado nas fêmeas e musculoso nos machos (NEIVA, 2000).

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TÓPICO 5 — RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS

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FONTE: <https://shutr.bz/3m5Gl1M>. Acesso em: 8 jul. 2021.

A raça Gir é uma raça zebuína, no Brasil é utilizada principalmente nas regiões áridas e semiáridas. A pelagem varia de pardo a vermelho, com manchas que não são bem delimitadas e não possuem a coloração uniforme. A cabeça é larga com perfil ultraconvexo, as orelhas médias e pendulares, os chifres são pretos, médios e achatados (MARTINEZ et al., 2005).

FIGURA 13 – VACA DA RAÇA GIR, COM PELAGEM VERMELHA

FONTE: <https://shutr.bz/39LZzDW>. Acesso em: 8 jul. 2021.

Vejamos agora a respeito da raça Guzerá, uma raça zebuína caracterizada por possuir pelagem cinza, que varia de claro a escuro, podendo haver tons pardos e prateados. Possuem a cabeça alta, com perfil subcôncavo e chifres grandes em forma de lira.

FIGURA 12 – VACA DA RAÇA JERSEY, COM PELAGEM PARDA CLARA

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

FIGURA 14 – VACA DA RAÇA GUZERÁ

FONTE: <https://shutr.bz/3CQE2X2>. Acesso em: 9 jul. 2021.

3 BOVINOS DE CORTE

As raças de bovinos de corte podem ser divididas de acordo com a sua origem em taurinos, que possuem origem europeia, e zebuínos de origem asiática (EUCLIDES FILHO, 1999). As raças europeias ainda podem ser subdivididas entre britânicas e continentais.

Devemos observar que as raças zebuínas são consideradas raças adaptadas, possuem porte médio, pouca deposição de gordura na carcaça e baixa qualidade de carne quando comparada com as demais, porém, maior rusticidade. As raças britânicas condizem com animais pequenos, com alta deposição de gordura na carcaça e alta qualidade de carne devido ao marmoreio da carne. Já as raças continentais possuem porte grande, baixa deposição de gordura e carne de qualidade mediana, pois sua característica é hipertrofia muscular.

No Brasil, são criadas diversas raças, as principais são:

• Nelore.• Angus.• Brahman.• Tapabuã.• Hereford.

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TÓPICO 5 — RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS

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FONTE: <https://shutr.bz/2ZviUqS>. Acesso em: 5 jul. 2021.

Nelore é a raça predominante nos rebanhos do Brasil, representando cerca de 80% da toda produção de carne no território brasileiro. São animais de porte médio a grande, apresentam boa adaptação ao clima brasileiro devido a sua rusticidade. Além disso, por conta de seu couro mais espesso, possuem maior resistência a parasitas. Apresentam pelagem branca ou em tons de cinza.

A raça Angus é britânica, conhecida por produzir uma carne macia e saborosa, reconhecida mundialmente, sendo, inclusive, uma raça em expansão. Os animais dessa raça possuem a variação de Aberdeen e Red, que não possuem diferença quanto à conformação, mas quanto à pelagem, o Red Angus possui pelagem avermelhada, e o Aberdeen, pelagem preta, sendo que a coloração vermelha é recessiva e a preta dominante. Como características da raça, é uma de boa rusticidade e precoce, permitindo a abate do animal jovem com bom acabamento de carcaça.

FIGURA 16 – BOVINOS DA RAÇA ANGUS, COM A VARIAÇÃO RED À DIRETA DA IMAGEM E ABERDEEN À ESQUERDA

FONTE: <https://shutr.bz/3FaoAar>. Acesso em: 8 jul. 2021.

FIGURA 15 – BOVINO DA RAÇA NELORE, DESTINOS À PECUÁRIA DE CORTE

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Brahman é uma raça asiática e possui como diferencial boa adaptação ao clima brasileiro. Foi uma raça criada através de cruzamentos de outras raças com o objetivo de ter animais com bom volume de carcaça e rústicos. Desse modo, eles apresentam tolerância ao calor e a temperaturas baixas, além de resistência a ectoparasitas. A pelagem desses animais é branca, podendo também ser acinzentada e vermelha. Essa raça possui aparência muito semelhante ao Nelore.

A raça Tabapuã foi criada no Brasil, é caracterizada por animais com bom desenvolvimento de musculatura, mansidão e boa habilidade materna, além disso, os animais dessa raça não possuem chifres. A pelagem é predominantemente em cor branca, podendo ter algumas regiões acinzentadas.

A raça Hereford é uma das mais famosas destinadas para a produção de carne, são animais de pastejo e engorda fáceis em pastagens de qualidade inferiores, ou seja, não possuem tanta exigência nutricional. Possuem pelagem vermelha e a cara branca é um caráter dominante, que transmite aos produtos oriundos de cruzamentos, independentemente de qual seja a raça utilizada.

FIGURA 17 – BOVINO DA RAÇA HEREFORD

FONTE: <https://shutr.bz/3FaoZtt>. Acesso em: 8 jul. 2021.

4 EQUINOS

A importância da criação de equinos está relacionada com as principais funções desempenhada por eles. Os equinos são destinados à prática de esportes, uso militar, agropecuária e para transporte.

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FONTE: <https://shutr.bz/3mbpIlr> Acesso em: 5 jul. 2021.

Segundo Carvalho (2020), as principais raças criadas no Brasil são:

• Bretão.• Árabe.• Puro-sangue Inglês.• Mangalarga.• Brasileiro de hipismo.• Campolina.• Crioula.

Os da raça Bretão são animais de tração, eles possuem porte médio, comportamento manso e de fácil manejo. Possuem pelagem alazão ou castanho e suas variações. No Brasil, a raça é muito utilizada em provas de atrelagem, de volteio, sela e trabalho florestal.

A raça Árabe é considerada a mais antiga do mundo e é um animal multifuncional, visto que apresenta bom desempenho no trabalho de campo e boa resistência, sendo utilizado em provas esportivas, como corridas e enduros. São animais esbeltos, e possuem como principal característica erguer a cauda, que fica como se fosse uma bandeira.

FIGURA 18 – CAVALO DA RAÇA ÁRABE

Recentemente, os equinos estão sendo utilizados para terapias com crianças e adultos com problemas físicos e mentais, na equoterapia (CARVALHO, 2020).

ATENCAO

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

O cavalo Puro-sangue Inglês possui porte médio a grande, além de um temperamento ativo e corajoso. Tais animais são muito velozes a médias distâncias, sendo muito utilizados em provas de velocidade e salto. As pelagens aceitas são: castanha, alazã, negro e tordilho.

A raça Mangalarga é caracterizada pela boa andadura, resistência e docilidade, destinada principalmente ao trabalho de campo e esporte. Possui uma marcha cômoda, denominada marcha trotada. São aceitas todas as pelagens, com exceção da albina e pintada.

Já a raça Brasileiro de hipismo se destaca por ser de animais leves, ágeis e de grande porte. São muito utilizados em esportes hípicos. É a raça mais utilizada nos haras da Polícia Militar pela sua agilidade e temperamento.

No caso da Campolina, trata-se de uma raça brasileira na qual os animais possuem grande porte, são ágeis, resistentes e com andadura confortável. Muito utilizados em provas de marcha e para cavalgadas. A pelagem pode ser alazã, castanha, preta, tordilha, pampa e baia, a mais predominante.

FIGURA 19 – CAVALO DA RAÇA CAMPOLINA

FONTE: <https://shutr.bz/3COItBy>. Acesso em: 8 jul. 2021.

A raça Crioula possui silhueta harmônica e bastante equilíbrio. Os animais apresentam rusticidade, resistência, facilidade de adaptação e temperamento dócil. São destinados ao trabalho do campo, passeios de lazer e provas de morfologia e funcionalidade. A pelagem desses animais é bem diversa, não sendo permitido apenas pintada e albina total.

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5 SUÍNOS

Os principais suínos criados no Brasil são de raças estrangeiras, enquanto as raças nacionais possuem importância para propriedades que executam a suinocultura de subsistência (XAVIER et al., 2010). As principais raças criadas no país são Duroc, Large White, Landrace, Pietrain e Hampshire, seguida das nacionais Piau e Moura.

A raça Duroc é a de maior importância econômica no Brasil, pois ela se adapta muito bem na criação em confinamento e também ao ar livre. Esses animais possuem pelagem avermelhada, podendo variar até dourado, têm a cabeça pequena em relação ao corpo, orelhas ibéricas, voltadas para frente e para baixo, com uma leve curvatura e possuem coloração vermelho-cereja ou vermelho-pinhão. A raça possui grande precocidade, fecundidade e rusticidade.

FIGURA 20 – SUÍNO DA RAÇA DUROC COM PELAGEM AVERMELHADA

FONTE: <https://shutr.bz/39IGfYf>. Acesso em: 5 jul. 2021

Os de raça Large White são muito utilizados para criações de animais confinados, visto que sua pele clara não possui boa resistência quando expostos ao sol, pois causam eritemas, inflamações, hemorragias cutâneas e exsudações cerosas. Possuem boa prolificidade e desenvolvimento. Eles têm a cabeça medianamente larga entre as orelhas e um pouco longa, orelhas asiáticas grandes e pelagem branca.

Uma das mais modernas é a raça Pietrain, por isso possui menos produção de tecido adiposo. É conhecida como a “raça dos quatro quartos” devido à alta deposição muscular nas paletas. Esses animais possuem cabeças relativamente pequenas, orelhas asiáticas e pelagem oveira, ou seja, branca com manchas pretas ovais.

IMPORTANTE

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Já os suínos da raça Landrace apresentam baixa rusticidade, porém, as fêmeas têm boa prolificidade e possuem ótima produção leiteira. A cabeça é moderadamente comprida, larga entre as orelhas, as quais são célticas e compridas. A pelagem é branca, o que acaba sendo um problema para criações extensivas.

FIGURA 21 – SUÍNO DA RAÇA LANDRACE COM PELAGEM BRANCA

FONTE: <https://shutr.bz/2XXPwZv>. Acesso em: 8 jul. 2021.

A raça Hampshire se caracteriza por animais de tamanho médio, precoces, rústicos, vigorosos e ativos. Adaptam-se bem aos sistemas semiconfinado e confinado. A cabeça é de tamanho médio, larga entre os olhos, orelhas asiáticas de tamanho médio e a pelagem é faixada, ou seja, preta com faixa branca da região das cruzes até os cascos.

FIGURA 22 – SUÍNOS DA RAÇA HAMPSHIRE

FONTE: <https://shutr.bz/3F22JBS>. Acesso: 8 jul. 2021.

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TÓPICO 5 — RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS

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No caso da Piau, trata-se de uma raça nacional, e entre as raças nacionais é a que passou pelo maior programa de melhoramento genético. Os animais apresentam pelagem branca com manchas pretas (oveiras) bem definidas e distribuídas uniformemente pelo corpo. A cabeça desses suínos é de tamanho médio, eles possuem a testa achatada entre os olhos e orelhas ibéricas.

Os suínos da raça Moura são criados principalmente no sul do país. São animais rústicos e as fêmeas possuem boa produção leiteira. A cabeça é média, as orelhas de ibéricas a célticas e a pelagem é formada de uma mistura de pelos brancos e pretos, sendo que o couro do animal é preto.

6 AVES

Sabe-se que a criação de galinhas visa à produção de ovos ou ao fornecimento de carne, dessa forma, existem raças de galinhas poedeiras e de galinhas para abate (FIGUEIREDO et al., 2003). As principais raças poedeiras são:

• Paraíso Pedrês.• Silver-Spangled. • Hamburgs.• Leghorn.• Sex Link.• Australorp.

Enquanto as raças para abate são:

• Gigante de Jersey. • Plymouth Rock Barrada.• New Hampshire.

Sobre a Paraíso Pedrês, trata-se de uma galinha caipira brasileira; após anos de melhoramento genético, hoje é uma ave grande, adaptada ao clima, com grande rusticidade, possui plumagem marrom ou cinza e branca. Além de alto potencial para produção de ovos, também apresenta boa conversão alimentar e ganho de peso.

A raça Silver-Spangled Hamburgs possui plumagem branca com a presença de pintas pretas, é uma galinha de porte médio e possui boa produção de ovos. Enquanto as galinhas Leghorn são aves pequenas, de plumagem branca e crista vermelha. No Brasil, é a raça mais utilizada para poedeiras confinadas.

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

FIGURA 23 – GALINHA DA RAÇA LEGHORN

FONTE: <https://shutr.bz/3kM4rPG>. Acesso em: 8 jul. 2021.

Galinhas da raça Sex Link são caracterizadas pelo porte médio e plumagem marrom claro ou escuro, é uma linhagem híbrida, ou seja, perde suas características a cada geração.

No caso da Australorp, as galinhas são pequenas e com boa produção de ovos, assim como boas características de ganho de peso. A plumagem é preta e a crista é vermelha, além disso, possuem boa rusticidade. Já a raça Gigante de Jersey é caracterizada por galinhas pesadas que possuem plumagem preta.

Por fim, a raça Plymouth Rock Barrada, popularmente conhecida por Carijó, possui plumagem branca acinzentada, apresenta bom ganho de peso em pouco tempo e é considerada de alta rusticidade.

FIGURA 24 – GALINHA DA RAÇA PLYMOUTH ROCK BARRADA

FONTE: <https://shutr.bz/3oc0IwV>. Acesso em: 8 jul. 2021

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CONFINAMENTO PARA BOVINOS LEITEIROS: HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS

Vania Corrêa Mota Alessandro Torres Campos

Flávio Alves DamascenoEverton Augusto de Melo Resende

Creuza Pedroso do Amaral RezendeLuiz Ronaldo de Abreu

Teodora Vareiro

Introdução

O regime de confinamento para a exploração de carne e leite é prática comum recorrente e necessária em muitos países como: Estados Unidos, Israel, Japão, entre outros. A principal razão para o uso desse sistema nesses países ocorreu devido às áreas limitadas e altos custos de terras próximas às áreas metropolitanas, bem como o potencial limitado e a estacionalidade das pastagens para sustentar altas produções com rebanhos geneticamente melhorados (NOVAES, 1993).

No Brasil, os sistemas de confinamento de bovinos ainda têm pouco significado em relação à produção total, a qual é tradicionalmente dependente do desenvolvimento das pastagens na época da estação chuvosa (MOREIRA; PRADO, 2010; PRADO; PRADO, 2010). Em contraste, os países recordistas em produção de leite têm no confinamento a forma mais racional de exploração (PASSETTI et al., 2016).

Certamente, os sistemas de confinamento em muito se diferenciam daqueles em que os animais têm acesso a pastagens (ROTTA et al., 2010). No sistema de confinamento, as vacas são alimentadas no cocho e necessitam de instalações confortáveis e funcionais, que proporcionam um ambiente melhor em termos de conforto térmico, para diminuir o estresse animal e, consequentemente, aumentar o seu bem-estar e sua capacidade produtiva (REZELMAN, 1993).

No entanto, com os sistemas de confinamento para bovinos leiteiros, surgem novas dificuldades, como a elevação do custo de produção e a necessidade de mão de obra especializada, mas também aparecem novas oportunidades para manejar esse rebanho com conforto para permitir altas produções de leite sem implicar os aspectos reprodutivos e de saúde total dos animais (PEREIRA et al., 2010). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica dos confinamentos para bovinos leiteiros, bem como descrever sucintamente os tipos de confinamentos existentes no momento, dando maior ênfase para as características construtivas de cada sistema.

LEITURA COMPLEMENTAR

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Confinamento para bovinos leiteiros: histórico

A partir de 1946, a tendência da grande maioria dos produtores de leite era a manutenção de seus animais em algum tipo de confinamento. Todavia, os galpões para criação de bovinos tiveram seu início muito antes de 1880, nesse período já existiam indícios desse tipo de construção que era utilizado para armazenar a colheita e o gado. Esta prática de utilização de celeiros era suficiente para iniciar uma nova tendência em direção a construir galpões para animais cada vez maiores, para o armazenamento de toda a colheita e de todo o gado sob o mesmo teto, e isso continuou até os galpões se tornarem cada vez mais extensos, com dimensões maiores de 25 m (HEAD, 1996).

Entretanto, os conflitos durante a Segunda Guerra Mundial motivaram muitos agricultores a manter seus rebanhos em galpões. Nesse período, as fazendas eram historicamente baseadas na criação a pasto, porém, com o inverno, devido à neve e ventos que prejudicavam os animais, os produtores foram forçados a melhorar o sistema de criação utilizado. Essa época se tornou um marco histórico, que fornece um ponto de referência para a mudança na indústria de laticínios, pois a mecanização tornou-se popular em muitas indústrias, e para produtos lácteos não foi exceção (REZELMAN, 1993).

Na década de1950, os agricultores começaram a fornecer às vacas uma área de descanso chamada loose housing. Este método de manejo cresceu e se tornou popular, mas muitas propriedades de Minnesota e Wisconsin não aderiram à prática, devido a adições frequentes de cama necessárias para manter as vacas limpas. E, nesse período, muitas fazendas aderiram ao confinamento durante todo o ano, usando pasto apenas para alimentar novilhas de reposição e vacas secas (PEREIRA et al., 2010).

O sistema de confinamento tie stall foi facilmente adaptado aos estados de Minnesota e Wisconsin, em parte devido à tradição de silos verticais e descarregadores de silo que se tornou a solução tradicional para o armazenamento e a entrega de alimentos para os animais (REIS; COMBS, 2001).

Em meados do século XX, muito resultados de estudos fornecidos aos produtores de leite sobre instalações animais eram recomendadas para galpões com área de cama, onde todos os animais poderiam descansar. No entanto, pesquisadores e engenheiros procuravam alternativas para o rebanho diferente desse processo. Devido a isso, o free stall foi criado (MISA, 2007). Com isso, os galpões do tipo free stall tornaram-se altamente recomendado por especialistas e se espalharam por vários países.

No Brasil dos anos 1980, a Embrapa Gado de Leite decidiu desenvolver sistemas de produção de leite no intuito de disponibilizar metodologias orientadas para a instalação e avaliação de modelos físicos como instrumento de pesquisa, de tal modo que, entre 1982 e 1985, cerca de 20 sistemas de produção de leite foram instalados nas cinco regiões fisiografias do Brasil, dentre elas, destaca-se

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TÓPICO 5 — RAÇAS E DEMAIS AGRUPAMENTOS ZOOTÉCNICOS – CARACTERES RACIAIS

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a instalação em 1983, no Distrito Federal, em uma área de 100 ha cedida pela Embrapa Hortaliças, de um modelo de produção de leite com rebanho Holandês em regime de confinamento. Esse sistema representava um esforço para assegurar a presença desta unidade de pesquisa no Centro-Oeste (EMBRAPA, 2006).

No início de 1990, a Embrapa Gado de Leite instala um modelo físico de sistema de produção com um rebanho de gado Holandês em confinamento total, no Campo experimental de Coronel Pacheco. O sistema contava com o uso de tecnologias arrojadas para condições médias brasileiras, com animais de alto potencial genético para produção de leite e confinados em galpões do tipo free stall (EMBRAPA, 2006).

Em meados de 1994 a 1997, em parceria com oito unidades de pesquisa da Embrapa e de cinco empresas estaduais, foi criado o projeto "Modelos Físicos de Sistema de produção de Leite", totalizando 18 sistemas de produção, sendo quatro em confinamento free stall, que tinha como objetivo demonstrar a viabilidade econômica de sistemas inovadores de produção a produtores que queriam evoluir, e, a partir de 1998, com o encerramento do projeto, os modelos físicos passaram a ser administrado pela gerência do Campo Experimental de Coronel Pacheco (EMBRAPA, 2006).

Com a ajuda da Embrapa, alguns produtores aderiam ao sistema de confinamento, e o modelo free stall logo ganhou destaque, sendo construído em várias regiões. O modelo tie stall também foi construído em algumas propriedades, porém com menor relevância.

No ano de 2001, em Minnesota, surge uma alternativa ao sistema loose housing, o chamado compost barn. O compost barn surgiu devido à procura de produtores da região por um sistema que visasse mais o bem-estar dos animais e que fossem mais sustentáveis. Esse sistema possui uma área de cama que é revolvida no mínimo duas a três vezes ao dia, para manter a aeração aeróbia da compostagem. Desde então, instalações compost barn têm sido usadas em várias partes dos Estados Unidos e em outros países tais como o Japão, China, Itália, Holanda, Israel e, recentemente, no Brasil (HERRERO, 2012).

No Brasil, o sistema compost barn iniciou na fazenda Santa Andrea em Itararé – SP. Existem controvérsias, em que produtores de Piracicaba – SP afirmam que o sistema compost barn iniciou em 2012 naquela região.

A principal particularidade do sistema compost barn é o processo de compostagem aeróbia da cama, que é induzida pela constante homogeneização dos dejetos animais associados à aeração da cama orgânica. Segundo Herrero (2012), os proprietários da fazenda Santa Andrea investiram na produção leiteira, com sistema compost barn devido ao menor custo de instalação e melhor conforto e bem-estar animal. O sucesso foi tão grande que, no final de 2014, o número de instalações compost barn teve um crescimento superior à 30 instalações no

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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS ESPÉCIES ZOOTÉCNICAS

Brasil. No caso de Minas Gerais, algumas instalações compost barn já podem ser encontradas nas cidades de Sete Lagoas, Patrocínio, São João Del Rey, Santa Juliana, Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Juiz de Fora e Três Corações.

Esse crescimento muito significativo ocorreu devido às instalações compost barn serem mais ecologicamente corretas e economicamente viáveis para os produtores de leite brasileiros que buscavam alternativas para aprimorar e modernizar suas instalações de produções. Produtores de leite de vários países têm discutido diversos conceitos sobre as instalações compost barn em revistas técnicas especializadas, fóruns, congressos, indicando um enorme interesse sobre esse novo sistema de alojamento animal. Apesar do aumento da popularidade do sistema compost barn no Brasil, o conhecimento científico sobre o sistema é escasso, necessitando, portanto, de mais estudos que possam auxiliá-los no processo de tomada de decisão e planejamento.

FONTE: Adaptado de <https://www.pubvet.com.br/artigo/3864/confinamento-para-bovinos-leiteiros-histoacuterico-e-caracteriacutesticas>. Acesso em: 11 jul. 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, você aprendeu que:

• Cada raça possui suas características zootécnicas.

• As principais raças de bovinos de leite são: Holandesa, Jersey, Gir e Guzerá e de bovinos de corte Nelore, Angus, Brahman, Tapabuã e Hereford.

• As principais raças de equinos são: Bretão, Árabe, Puro-sangue Inglês, Mangalarga, Brasileiro de Hipismo, Campolina e Crioula.

• As principais raças de suínos são: Duroc, Large White, Landrace, Pietrain, Hampshire, Piau e Moura.

• As principais raça de galinhas são: Paraíso Pedrês, Silver-Spangled Hamburgs, Leghorn, Sex Link, Australorp, Gigante de Jersey, Plymouth Rock Barrada e New Hampshire.

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

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1 Raça é o agrupamento de indivíduos ou animais de uma mesma espécie com características hereditárias somáticas comuns. Independentemente da espécie, é necessário que sejam definidas as características zootécnicas da raça e sejam estabelecidos os padrões da raça. Sobre a importância do padrão racial, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O padrão racial é o guia de características de cada raça, responsável por garantir que os animais registrados tenham características em comum, e que com o decorrer do tempo, tais características não mudem.

b) ( ) O padrão racial é utilizado para estabelecer o livro genealógico da raça e guardar as informações zootécnicas dos animais que iniciaram a raça.

c) ( ) Para o padrão social, utiliza-se a Associação de Criadores da Raça, com a finalidade de direcionar os melhoramentos genéticos necessários para agregar valor à raça.

d) ( ) O padrão racial é um livro que guarda as informações dos cruzamentos realizados para chegar às características desejadas da raça.

2 Entre as raças utilizadas na bovinocultura de leite, podemos citar a Gir e a Guzerá, que não são as mais utilizadas, porém, apresentam bons resultados quando são necessários animais mais rústicos. A respeito dessas raças, analise as sentenças a seguir:

I- A raça Gir e a raça Guzerá são raças zebuínas.II- A raça Gir é uma raça criada principalmente nas regiões Sudeste e Sul,

locais que apresentam temperaturas extremas em algumas épocas do ano, de modo que essa raça possui boa adaptação.

III- A raça Guzerá possui pelagem cinza, que varia de claro a escuro, podendo haver tons pardos e prateados. Os animais possuem a cabeça alta, com perfil subcôncavo e chifres grandes em forma de lira.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.b) ( ) Somente a sentença I está correta.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A principais raças de suínos criados no Brasil advêm de raças estrangeiras, enquanto as raças nacionais possuem importância às propriedades que executam a suinocultura de subsistência. A raça Large White é caracterizada por animais que apresentam um alto rendimento de carcaça, possuindo uma ótima conversão alimentar, um alto ganho médio diário de peso e uma ótima qualidade de carcaça. Sobre o exposto, avalie as asserções a seguir:

AUTOATIVIDADE

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I- A raça Large White é bastante utilizada para criações de animais confinados, e não é indicada para criações extensivas ou semi-intensivas.

PORQUE

II- A pele clara não possui boa resistência quando exposta ao sol, causando eritemas, inflamações, hemorragias cutâneas e exsudações cerosas.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa da primeira.

b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa da primeira.

c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.

d) ( ) As duas asserções são proposições falsas.

4 A produção de carne bovina no Brasil possui um papel muito importante na economia. A prática tende a ser bastante rentável, desde que alguns cuidados sejam tomados, um desses cuidados é com relação à raça a ser trabalhada, tal conhecimento é fundamental para entender o quanto as características dos animais impactam a produção. Disserte sobre a classificação das raças de bovino de corte de acordo com a sua origem.

5 A importância da criação de equinos está relacionada com as principais funções que eles desempenham. Os equinos são destinados à prática de esportes, uso militar, na agropecuária, para transporte e, mais recentemente, sendo utilizado para terapias, na equoterapia. Algumas raças têm bom desempenho em mais de uma função, como é o caso da raça Árabe. Disserte sobre essa raça.

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REFERÊNCIASBAKER, R. J.; BRADLEY, R. D. Speciation in mammals and the genetic species concept. Journal of Mammalogy, [s. l.], v. 87, p. 643-662, 2006.

BURNS, G. W.; BOTINO, P. J. Genética. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-gan, 1996.

CARVALHO, R. B. Características e importância econômica de algumas raças equinas criadas no brasil. 2020, 50f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bachare-lado em Agronomia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2020.

CEZAR, I. M. et al. Sistemas de produção de gado de corte no Brasil: uma descrição com ênfase no regime alimentar e no abate. Campo Grande: Embrapa, 2005.

COSTA, R. S. Tópicos de Zootecnia Geral. Mossoró: Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Gráfica Tércio Rosado – ESAM, 2000.

DIAMOND, J. M. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. 21. ed. Rio de Janeiro: Record, 2018.

EUCLIDES FILHO, K. Melhoramento genético animal no brasil: fundamentos, história e importância. Campo Grande: Embrapa, 1999.

FIGUEIREDO, E. A. P. et al. Raças e linhagens de galinhas para criações comer-ciais e alternativas no Brasil. Concórdia: Embrapa, 2003.

NARDI, A. B. et al. Dicionário: Termos Técnicos-Científicos de Medicina Veteri-nária. Medvep, [s. l.], v. 4, n. 13, p. 228-236, 2006.

NEIVA, R. S. Produção de Bovinos Leiteiros. Lavras: UFLA, 2000.

MARTINEZ, M. L. et al. Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro - Resultado do teste de progênie - 13°Grupo. Juiz de Fora: Embrapa, 2005.

MARTINS, A. M. F.; SANTOS, V. A. C.; SILVESTRE, A. M. D. A história do melhoramento genético. História da Ciência e Ensino, [s. l.], v. 20-especial, p. 106-114, 2019.

OLIVEIRA, A. F. M. et al. O processo de domesticação no comportamento dos animais de produção. Medicina Veterinária e Zootecnia, Londrina, v. 5, n. 31, ed. 178, art. 1204, 2011.

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SILVA, L. N. Conceitos de espécie em livros didáticos de Biologia. 2019, 170f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Educação Matemática) – Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2019.

WEISS, H.; BRADLEY, R. S. What Drives Societal Collapse? Science, [s. l.], v. 291, p. 609-610, 2001.

XAVIER, E.G. et al. Suínos: Produção. [s. l.]: Editora e Gráfica Universitária – UFPEL, 2010. (GEASPEL Série Cadernos Didáticos, v. 1).

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UNIDADE 2 —

BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO

ANIMAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a bioclimatologia, estudo do clima, seus elementos e sua relação com o bem-estar animal, proporcionando melhores situações ambientais aos animais e permitindo que eles desempenhem sua expressão plenamente;

• conhecer quais fatores ambientais influenciam no bem-estar animal;• verificar os tipos e tendências evolutivas dos animais domésticos, no

que tange ao melhoramento animal;• conhecer os tipos de cruzamentos existentes e as raças formadas a partir

deles.

Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – AÇÃO DO AMBIENTE SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

TÓPICO 2 – ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

TÓPICO 3 – TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

TÓPICO 4 – TIPOS DE CRUZAMENTOS – RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os principais aspectos relacionados à ação do ambiente sobre as espécies domésticas. Devemos compreender que os fatores pertencentes ao ambiente afetam diretamente o comportamento dos animais, e estes, por sua vez, se comportam como um sistema termodinâmico em constante troca de energia com o ambiente.

Desse modo, os fatores externos do ambiente, sejam relacionados ao clima, temperatura ou umidade, produzem variações internas nos animais, influenciando no processo da troca de energia.

Os ajustes fisiológicos dependentes de diferentes ações do ambiente sobre

os animais domésticos são direcionados pela percepção do ambiente. Por isso, abordaremos os principais fatores que influenciam na relação termodinâmica existente entre ambiente e animal. Para isso, iniciaremos avaliando a ação do ambiente.

2 FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM NO BEM-ESTAR ANIMAL

Entre os fatores do ambiente, os quais apresentam influência direta no

bem-estar animal, estão os climáticos e edáficos. O fator mais importante é o clima, como “sucessão habitual das condições do tempo na região” (MEDEIROS; VIEIRA, 1997, p. 5).

O ambiente em que os animais se encontram é influenciador de

comportamentos fenotípicos, isto é, a forma como o animal desempenha sua herdabilidade genética e sua carga genótipica para realizar sua função fisiológica. Mais especificamente, conforme destacado por Alves, Silva e Karvatte (2019, p. 208), ambiência animal é “o conjunto de condições e influências externas que atuam direta ou indiretamente sobre os animais sem, necessariamente, o envolvimento de fatores genéticos”.

TÓPICO 1 —

AÇÃO DO AMBIENTE SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

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Sendo assim, ambiência, dentro desse conceito, pode ser entendida como espaço físico e social no qual o animal está inserido, além da presença do ser humano (ALVES; SILVA; KARVATTE, 2019). Para fins de estudo, nos sistemas de produção animal, podemos dividir a ambiência em:

• térmica;• lumínica; • acústica;• aérea.

Os fatores climáticos atuam diretamente sobre os animais domésticos, isso ocorre por meio de seus agentes, conforme veremos a seguir, com destaque para os mais importantes: temperatura, umidade do ar e a radiação solar direta.

2.1 TEMPERATURA

O componente do clima de maior ação sobre as espécies domésticas é, sem dúvidas, a temperatura. Animais domésticos são (em sua maioria) homeotérmicos, isto é, possuem habilidade de controlar a própria temperatura corporal dentro de faixa estreita, quando expostos a grandes variações de temperatura.

Todos os fatores são fundamentais para atingir o máximo de potencial produtivo de cada espécie, contudo, ressaltaremos os térmicos e lumínicos.

ATENCAO

Nesse âmbito, cabe ressaltar que a temperatura interna é constante, independente da temperatura do ambiente, justamente porque essas espécies possuem tal aparelho termorregulador.

IMPORTANTE

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TÓPICO 1 — AÇÃO DO AMBIENTE SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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A temperatura do ar é sentida pelo animal por meio da condução, isto é, caso a temperatura se eleve, há um ganho de calor de fonte externa ao organismo, desse modo, quando a temperatura do ar aumenta, o animal recebe calor do ambiente, e quando o contrário ocorre, ele tende a perder calor em contato com ar mais frio.

Os bovinos, por exemplo, são excelentes representantes da categoria dos homeotérmicos, eles tentam manter a temperatura corporal dentro de uma faixa de temperatura na termoneutralidade – zona de conforto – na qual o organismo tem condições fisiológicas de sobrevivência (SILANIKOVE, 2000).

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA TERMORREGULAÇÃO EM BOVINOS

FONTE: Bungenstab et al. (2019, p. 213)

2.2 UMIDADE RELATIVA DO AR

A umidade relativa do ar é a relação existente entre a quantidade de vapor de água contida no ar, na atmosfera, e a quantidade máxima que pode suportar (em determinada temperatura) sem que ocorra a precipitação (chuvas). Esse fator influencia a ambiência dos animais justamente porque a umidade relativa do ar, quando elevada, diminui a capacidade dissipativa de calor do organismo dos animais por meios evaporativos.

Quanto à evaporação, é a troca de calor que ocorre por meio das mudanças do estado líquido (água) para o estado gasoso, sendo esse processo carreador de calor para fora do organismo animal. Nas diferentes espécies, a evaporação pode ocorrer de maneiras distintas. Nos suínos, ocorre principalmente pelo trato respiratório, por exemplo. Já nos equinos, ocorre maior evaporação pela pele.

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O mecanismo pelo qual ocorre a evaporação depende da pressão de vapor d’água. À medida que aumenta a umidade relativa do ar, a perda de calor por evaporação diminui. Portanto, a umidade excessiva causa atraso na evaporação, o que prejudica a liberação do calor, resultando em redução na termólise e aumentando o estresse térmico dos animais.

2.3 RADIAÇÃO SOLAR DIRETA

A radiação solar é fonte primária de energia para os processos biológicos e meteorológicos que ocorrem na superfície. Consiste no processo de transferência de energia entre dois corpos sem haver, necessariamente, um meio de conexão entre eles. Esse é o principal processo de troca de energia entre a Terra e o Sol, influenciando diretamente na ambiência dos animais. A seguir, podemos observar o processo de absorção da atmosfera terrestre das luzes ultravioleta UVA, UVB e UVC do sol.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DO VETOR DE RADIAÇÃO UV

FONTE: <https://shutr.bz/3CTE6oT>. Acesso em: 20 jul. 2021.

Entre o ambiente e o animal, está presente a radiação trocada. Ela depende dos tipos de exposição à radiação, podendo chegar de maneira direta (por meio da pelagem ou pelo, 50 a 70% do total em um ambiente aberto) ou difusa (retransmissão de calor de radiação). A forma como essas trocas ocorrem, definem se a situação comprometerá a estabilidade e homeostasia corporal, tornando o ambiente incompatível com a vida, especialmente em climas tropicais.

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TÓPICO 1 — AÇÃO DO AMBIENTE SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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3 VARIAÇÕES NATURAIS DIRETAS

O clima, sendo “a sucessão habitual das condições do tempo na região” (MEDEIROS; VIEIRA, 1997, p. 5), é o mais importante dos fatores que atuam sobre os animais. No que tange às variações diretas, conceituamos como consequências da ação direta dos elementos climáticos.

Nesse caso, os componentes do clima condicionam o funcionamento fisiológico dos organismos animais, por isso são considerados como diretos.

4 VARIAÇÕES NATURAIS INDIRETAS

Variação naturais indiretas são as consequências consideráveis da criação ou manejo dos animais, ou seja, o solo no qual submetemos a produção de comida que será direcionada aos animais; o pH do solo e a fertilidade; a presença de endo e ectoparasitas; e a qualidade dos alimentos fornecidos aos animais.

FIGURA 3 – BOVINOS DE CORTE EM SISTEMA DE CONFINAMENTO NO BRASIL

FONTE: <https://shutr.bz/3zVA5yE>. Acesso em: 20 de jul. 2021.

As principais variações naturais diretas são: temperatura do ar, radiação solar e umidade, isto é, esses fatores, quando apresentam variação, alteram consideravelmente o organismo animal.

ATENCAO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

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Os fatores citados são de suma importância, pois impactam diretamente na realidade na qual os animais são submetidos, ou seja, na realidade em que serão desempenhadas suas características fenotípicas, as quais afetarão o desenvolvimento e comportamento, de acordo com cada espécie de interesse.

5 VARIAÇÕES ARTIFICIAIS Esse tipo de variação refere-se aos itens sob responsabilidade do ser

humano, pois, trata-se da intervenção humana alterando a forma como os animais serão afetados.

Geralmente, esses tipos de variações decorrem de alterações de instalações

(principalmente construções destinadas à criação intensiva), alimentação (alimentos mais palatáveis, melhor digestibilidade) e em relação à sanidade (prevenção de doenças com manejos, vacinação e outros cuidados). Esses fatores, quando controlados pela ação humana, são variáveis artificiais que modulam a resposta do organismo animal ao longo do tempo.

Não se preocupe! Ainda nesta unidade estudaremos o efeito das variações e a forma como os animais se adaptam às alterações climáticas.

ESTUDOS FUTUROS

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Inúmeros fatores ambientais influenciam na resposta e no comportamento fisiológico dos animais, especialmente a temperatura, a radiação solar e a umidade relativa do ar.

• A temperatura é o fator mais influente no bem-estar animal, pois afeta o aparelho termorregulador do organismo, provocando alterações na fisiologia geral.

• Existem três tipos de variações do ambiente e sua influência sobre os animais domésticos: naturais diretas, naturais indiretas e variações artificiais.

• Variações naturais diretas são consequências da ação dos elementos climáticos, enquanto variações naturais indiretas estão relacionadas às consequências nas criações, por meio de mecanismos indiretos (fertilidade do solo, pH do solo, saúde animal) e, por fim, variações artificiais são de responsabilidade humana (consequência dos atos praticados na intervenção do organismo animal).

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Com base nos estudos a respeito da ação do ambiente sobre os animais domésticos, no que se refere às variações que influenciam o organismo animal, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Variações naturais diretas são aquelas resultantes da ação de elementos como temperatura, radiação solar e umidade relativa do ar, elementos considerados climáticos.

b) ( ) Variações naturais diretas são aquelas resultantes da ação de elementos cuja intervenção humana afeta o organismo animal, como o método de criação, o tipo de exploração e o ambiente no qual os animais são submetidos.

c) ( ) Variações naturais indiretas são aquelas resultantes da ação de elementos considerados climáticos, como a temperatura, a radiação solar, o vento, a umidade e a incidência de chuvas na região.

d) ( ) Variações naturais indiretas são aquelas resultantes da ação direta e exclusiva humana, que interferem no processo de produção, alimentação, manejo dos animais, como as instalações, alimentos fornecidos aos animais e também os manejos sanitários, com prevenção de doenças.

2 Existem três tipos de variações referentes ao ambiente e aos animais, os quais podem afetar a produtividade, bem como a homeostasia do organismo. Sobre os tipos de variações, analise as sentenças a seguir:

I- Variações naturais diretas decorrem da intervenção humana direta, por meio de alterações de estrutura, especialmente, e nutrição fornecida a diferentes tipos de criações.

II- Variações naturais indiretas se referem a mudanças e diversidade de solo, fertilidade e qualidade de forragem, que afetam indiretamente a produtividade e o comportamento do organismo dos animais.

III- Variações naturais diretas são aquelas decorrentes principalmente de fatores climáticos, que afetam o equilíbrio homeotérmico e as demais funcionalidades animais. São os principais representantes dessa categoria: umidade relativa do ar, temperatura, velocidade de vento e radiação solar.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.b) ( ) Somente a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

AUTOATIVIDADE

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3 A temperatura é o fator mais influente no bem-estar animal. Sobre a temperatura do ambiente e um dos principais elementos climáticos relacionados ao impacto nos organismos animais, classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) A temperatura é o elemento climático que mais influencia no bem-estar animal, pois altera o comportamento e funcionamento do aparelho termorregulador animal e, com isso, a homeostasia do organismo.

( ) A temperatura é o elemento humano que mais influencia no bem-estar animal, porque ela é resultado das intervenções de controle de clima e estruturas nas quais os animais são submetidos.

( ) A temperatura é percebida pelos animais por meio da condução, de modo que, para cada aumento e ganho de calor de fonte externa ao organismo, há ganho de temperatura por parte do animal, que recebe calor do ambiente. Quando o contrário ocorre, ele perde calor em contato com o ar frio.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.b) ( ) V - F - V.c) ( ) F - V - F.d) ( ) F - F - V.

4 A umidade relativa do ar é um dos fatores climáticos que afetam a homeostasia, ou seja, a manutenção do equilíbrio físico e químico dos animais, isto porque afeta, em grande parte, a dissipação de calor do organismo animal. Sobre esse fator climático importante, explique de que modo ele afeta o controle da homeostasia.

5 As variações que ocorrem no ambiente, podendo afetar a fisiologia dos animais, são divididas de acordo com o comprometimento e tipo de intervenção existente em relação ao ambiente. Sabemos que existem variações naturais (diretas ou indiretas) e variações artificiais. Sobre as variações artificiais, disserte sobre as principais formas de afetar o ambiente e os animais.

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a aclimatação dos animais domésticos. Então, observaremos que a adaptação dos animais ao clima relaciona-se às mudanças funcionais, estruturais e comportamentais desses organismos vivos, com intuito de sobreviver e reproduzir no ambiente, para manter, assim, sua produtividade. Nesse contexto, a adaptação pode ser biológica ou genética, o que definirá o tipo de adaptação é a forma como ela ocorrerá.

Na adaptação biológica, existem alterações morfológicas, anatômicas,

que ocorrem nos animais para que eles possam se adequar e sobreviver em uma determinada realidade climática. A adaptação genética ocorre nas características de adaptabilidade (com cruzamentos e seleção natural), para que os animais consigam sobreviver a alterações de clima.

Com relação à adaptabilidade, precisamos conhecer o conceito de

aclimatização. Ele se refere a ajustes fisiológicos adaptativos que o organismo faz com intuito de melhorar a tolerância a exposições de ambientes estressantes (sejam eles de condições climáticas, de manejo ou outros). A aclimatação, por sua vez, refere-se à alteração adaptativa em decorrência de uma variável climática, como vimos anteriormente: temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar.

Agora, estudaremos como essa adaptação ocorre por meio de termorregulação e alterações fisiológicas, como a superfície cutânea, para compreendermos, de fato, o processo de aclimatação. Em seguida, conheceremos as principais adaptações nas espécies de interesse da produção animal (aves, suínos e bovinos).

2 HOMEOTERMIA E REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL

Para que os processos nos organismos mantenham o funcionamento normal, eles precisam ocorrer em uma temperatura adequada (ROCHA; MORAES, 2017). Isso porque todos os processos dependem do funcionamento de enzimas, ou seja, reações que variam de acordo com o gradiente de temperatura.

TÓPICO 2 —

ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Diante disso, tanto a hipotermia (temperatura corporal abaixo do esperado fisiológico) quanto a hipertermia (temperatura altamente elevada) podem prejudicar o funcionamento do organismo animal. Nesse caso, o organismo utiliza seu mecanismo termorregulador para que as funções não sejam comprometidas.

Quanto às estratégias dos organismos para regular a temperatura do corpo, elas também definem a classificação dos animais como homeotérmicos ou endotérmicos, e pecilotérmicos ou ectotérmicos. Os animais ectotérmicos variam a temperatura corporal de acordo com o ambiente, mas controlam essa variação por métodos de comportamento. Um conhecido exemplo dessa categoria é o lagarto, pois ele fica exposto ao sol pela manhã, e no restante do dia se esconde para evitar que seu corpo superaqueça.

FIGURA 4 – LAGARTO VERDE EUROPEU (LACERTA VIRIDIS)

FONTE: <https://shutr.bz/3ofPGXj>. Acesso 15 jul. 2021.

A segunda categoria, os endotérmicos, se refere aos animais que conseguem manter a temperatura corporal constante, mesmo na presença de variações de temperatura do ambiente. Com essa capacidade, esses animais (considerados homeotérmicos) podem viver em uma ampla variedade de ambientes, além disso, podem ficar ativos em estações do ano, como o inverno.

A termorregulação, então, é conceituada, segundo Baker (1989) para controlar a variação da temperatura, sendo uma adaptação evolucionária que permitiu aos animais homeotérmicos a manutenção de suas funções fisiológicas, sem que estas fossem prejudicadas, apesar das variações térmicas do ambiente.

IMPORTANTE

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TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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No entanto, nesse contexto é importante que esses animais façam a ingestão de maior quantidade de calorias provenientes da dieta, para suprimir as necessidades metabólicas que demandam o controle da energia, ao contrário dos ectodérmicos, que são capazes de sobreviver sem alimentos por um período de tempo, afinal seu organismo não tem tanta demanda de energia para manutenção.

Conforme ressaltado por Dantas et al. (2012, p. 5), “em condições naturais, o ambiente térmico é bastante complexo, porque a radiação, a velocidade do vento, a temperatura e a umidade do ar modificam-se no tempo e no espaço”. Tais fatores interagem entre si e alteram o funcionamento fisiológico e comportamental dos animais, em resposta à manutenção do equilíbrio térmico, a homeotermia.

Os sistemas de termorregulação dos animais garantem a sobrevivência

destes, além da garantia do funcionamento fisiológico e metabólico necessário para o desenvolvimento nas fases de crescimento, lactação, reprodução, entre outros. Adicionalmente, conforme destaca Garcia-Ispierto et al. (2005), atualmente já sabemos que os processos utilizados pelo organismo animal (para manter a regulação da temperatura) é o que afeta significativamente o desempenho dos animais submetidos a temperaturas diferentes da zona de conforto térmico esperada.

Ainda de acordo com Takahashi, Biller e Takahashi (2009), os mecanismos de defesa do animal, contra os diferentes cenários encontrados ao longo da variação de temperatura do ambiente, estão de acordo com o cenário enfrentado, ou seja, em situação de elevação de temperatura, uma série de mecanismos serão ativados, no caso, os mais significativos são:

• vasodilatação periférica; • aumento da frequência respiratória; • mudanças de comportamento dos animais (nesse caso, ocorre a inibição do

apetite e menor consumo de alimentos); • alterações endócrinas e metabólicas, visando a diminuição do metabolismo e,

com isso, a diminuição da produção de calor.

Devemos notar que a temperatura corporal é regulada pelo sistema nervo-so central, por meio do hipotálamo, regulando com impulsos nervosos e transmissão de informações, utilizando neurônios termosensíveis. De acordo com Takahashi, Biller e Takahashi (2009), existem três tipos de neurônios termosensíveis: os que monitoram a temperatura cerebral ou central, situados na área pré-óptica do hipotálamo; os situados na pele, que possuem receptores para frio e calor; e os que estão em inúmeros pontos, em vários locais das vísceras. Juntos, esses neurônios controlam e auxiliam a regulação da temperatura corporal.

IMPORTANTE

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Ao mesmo tempo, os animais perdem temperatura pela evaporação e têm a elevação da temperatura corporal. Já no cenário oposto, os mecanismos são outros, de modo que se percebe vasoconstrição periférica, a fim de diminuir a perda de temperatura para o ambiente, por convecção e irradiação, além de termogênese mediante tremores e piloereção. Ocorre a redistribuição por todo o corpo, principalmente pelo fluxo de sangue que transfere o calor para as partes mais frias, resfriando as partes mais quentes (TAKAHASHI; BILLER; TAKAHASHI, 2009).

Na sequência, veremos quais são os mecanismos de adaptação utilizados

para manter a regulação térmica, como função primordial para a manutenção das funções fisiológicas.

3 MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO DA ACLIMATAÇÃO

Para manter a adaptação frente ao ambiente, os animais desenvolveram mecanismos de adaptabilidade. Tais mecanismos são acionados quando a zona de conforto térmico é afetada.

Desse modo, primeiramente, vamos conceituar a zona de conforto térmico, que é dependente de inúmeros fatores e variáveis (ligados aos animais e ao ambiente). Sobre variáveis animais, temos grande influência do peso, idade, tamanho do grupo, estado fisiológico e genética, enquanto as variáveis do ambiente são temperatura, umidade relativa e radiação solar.

Os animais possuem mecanismos para perder ou absorver calor para o ambiente. Esses mecanismos podem ser divididos em duas categorias: mecanismos não evaporativos e mecanismos evaporativos.

No caso de mecanismos de adaptação não evaporativos, estão a convecção, condução e radiação. Para que eles ocorram, deve haver um diferencial de temperatura entre o ambiente e o organismo animal. Já os mecanismos

Por que estudamos esse conceito no estudo da adaptabilidade? Porque quando a temperatura do ambiente está acima da zona de conforto térmico, o animal precisa se comportar fisiologicamente, com o objetivo de perder calor para o ambiente. Ao contrário, quando a temperatura está abaixo da zona de conforto, o animal necessita utilizar o mecanismo de termogênese, para produção de calor. Em ambas as situações, o organismo utiliza energia para a produção e outras necessidades fisiológicas.

ATENCAO

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TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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A radiação, por sua vez, é uma transferência de energia de um organismo a outro que ocorre por ondas eletromagnéticas. Com relação à radiação, uma superfície pode ser apresentada de três formas distintas:

• refletindo a energia incidente;• absorvendo a energia; • transmitindo a energia.

evaporativos, também conhecidos como latentes, incluem perda de calor por evaporação de água, ou seja, respiração e sudação (mudança do estado da água de líquido para gasoso). Na sequência, conheceremos sobre cada um dos mecanismos.

3.1 MECANISMOS NÃO EVAPORATIVOS

Como vimos, a condução, a convecção e a radiação representam os mecanismos não evaporativos, e eles ocorrem quando o organismo animal apresenta uma diferença de temperatura para o ambiente em que está inserido.

No caso da condução, mecanismo para adaptação e aclimatação dos animais domésticos, ocorre pelo contato de uma superfície com outra. Então, como um exemplo prático, podemos imaginar um bovino submetido à alta temperatura, ele irá procurar locais com temperatura mais baixa para entrar em contato, por exemplo, poças de água ou lama. Essas superfícies permitirão a perda de calor do corpo para a superfície com temperatura inferior.

Já o mecanismo de convecção ocorre pelo movimento de líquido ou gás, retirando calor de uma região, ou seja, na presença de corrente de fluido líquido ou gasoso, absorve energia térmica em uma superfície e se desloca para outro local, misturando-se com porções mais frias do fluido, transferindo, dessa forma, a energia térmica.

É importante ressaltar que a convecção pode ser natural ou passiva à medida que ocorre deslocamento do fluido por diferença de densidade, e pode ser ativa ou forçada, quanto ao deslocamento do fluido – através de bombas, ventiladores, ventos ou turbulências.

ATENCAO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

3.2 MECANISMOS DE EVAPORAÇÃO

Nesse contexto, a evaporação é a transferência de moléculas de água ao ar por meio de vapor, sendo um mecanismo importante, permitindo a dissipação de calor que pode ocorrer na pele e vias respiratórias.

Esse tipo de mecanismo, em temperaturas muito elevadas, é o mais eficiente em termos de regulação. A maior parte da dissipação por calor ocorrerá pela sudação, ou seja, perda de água pelo suor, saliva e secreções respiratórias, sendo transformada em vapor de água.

Mesmo na zona de termoneutralidade ocorre a perda de calor por

evaporação, pela ocorrência de difusão de água pela pele (sudorese) e vapor de água nas vias respiratórias.

A respeito da sudorese, devemos saber que a superfície cutânea representa a mais extensa linha de contato entre o ambiente e o organismo animal, esse contato ocorre por meio de estruturas como pelos, lã, glândulas sudoríparas e sebáceas. No caso de aves, por penugens e penas. A sudorese ocorre, então, pelas glândulas sudoríparas presentes na pele, na maior parte das espécies, com exceção dos suínos e caninos, pois tais glândulas são pouco desenvolvidas.

Pela ordem de importância de utilização do mecanismo sudorese para controle da termorregulação, temos esse recurso ocorrendo em equinos, asininos, bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e, em menor instância, suínos.

FIGURA 5 – CAVALO COM A CABEÇA DE FRENTE, ESPUMOSO, SUADO COM ARNÊS FRONTAL

FONTE: <https://shutr.bz/3kP5AWt>. Acesso em: 20 jul. 2021.

Os animais domésticos que mais suam, pela ordem decrescente de importância desse mecanismo de termorregulação, são os equinos, asininos, bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e os suínos. Além disso, existem sensíveis diferenças entre as raças desses animais.

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TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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Sobre as vias respiratórias, as alterações que ocorrem na frequência respiratória dos animais são causadas para realizar a perda de calor para o ambiente (pela via da respiração). Inúmeros autores têm descrito tal mecanismo como sendo uma das primeiras respostas do organismo animal a um aumento de temperatura do ambiente (GAYÃO, 1992; SANTOS, 2003). Tal modificação é conhecida clinicamente como hiperpneia.

3.3 MECANISMO DE ADAPTAÇÃO PELA SUPERFÍCIE CUTÂNEA

A superfície cutânea é composta pela epiderme e todos os anexos já citados anteriormente, como glândulas, pelos, penas e penugens.

FIGURA 6 – AVES DE PRODUÇÃO DE CORTE

FONTE: <https://shutr.bz/3zRAt0W>. Acesso em: 20 jul. 2021.

O tipo de pelo e pelagem afeta diretamente o controle e a adaptação climática, porque o isolamento térmico, a eficiência da evaporação e as dimensões de estruturas anexas à pele são totalmente influenciadoras na forma como ocorre a perda ou ganho de calorias do ambiente para o organismo. Com relação aos pelos, o comprimento, a espessura, a inclinação e o diâmetro influenciam no controle da temperatura corporal.

Na próxima unidade, abordaremos os tipos e as tendências evolutivas dos animais que alteram o funcionamento dos mecanismos vistos até o momento.

ESTUDOS FUTUROS

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

A presença de penas altera a forma como o animal dissipa calor.

ATENCAO

O calor conduzido sobre as fibras de pelo é maior do que o conduzido pelo ar, portanto, quanto maior o número de fibras presentes na superfície corporal, maior a quantidade de energia conduzida. Em contrapartida, superfícies com fibras finas e menos numerosas têm uma limitação da passagem de calor. Veremos, a seguir, algumas adaptações que as espécies de interesse zootécnico apresentam como forma de regulação da temperatura, de acordo com as características de pelos, fibras e outras formas de controle de organismo animal, afetando a eficiência do processo de termorregulação.

4 ADAPTAÇÕES DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES (AVES, BOVINOS E SUÍNOS).

O estresse térmico causado por temperaturas acima da zona de neutralidade afeta mais os animais quando comparamos ao estresse pelo frio (que acomete mais recém-nascidos).

Conforme observamos anteriormente, os processos de termorregulação

são ativados quando a temperatura do meio está abaixo da temperatura crítica inferior ou acima da temperatura crítica superior, ou seja, fora da faixa de conforto térmico. Então, à medida que a temperatura do meio ambiente fica abaixo ou acima dos limites, o animal não consegue manter a temperatura do organismo, entrando em estado de hipo ou hipertermia, caracterizando, assim, uma situação de estresse e desgaste para o organismo.

Confira o vídeo Termorregulação e Manutenção da Homeostase (2017), reali-zado pela Universidade Federal Fluminense. O vídeo apresenta de maneira didática o que estudamos até o momento.

Disponível em: https://bit.ly/2WsWsOc. Acesso em: 21 jul. 2021.

DICAS

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TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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Diante de tamanha importância da termorregulação e da temperatura do ambiente, abordaremos as principais adaptações em relação ao estresse gerado por elevadas temperaturas, tanto nas espécies bovinas como suínas e avícolas.

4.1 ADAPTAÇÃO DAS AVES AO ESTRESSE TÉRMICO Para produção de ovos, a temperatura adequada é de 21 a 26 ºC, no

ambiente em que as aves são expostas. A partir de 26 ºC, já ocorrem perdas significativas na produção dos ovos, podendo ocasionar até prostração das aves (TAKAHASHI; BILLER; TAKAHASHI, 2009). Ainda de acordo com os mesmos autores, são observados efeitos mais contundentes de estresse térmico pelo calor, em relação ao consumo e ingestão alimentar dos frangos, com intuito de reduzir o calor interno.

Outro mecanismo de adaptação das aves é o aumento da frequência respiratória, como uma maneira de dissipar calor por evaporação. Após a terceira semana de vida dos frangos, o efeito do estresse térmico é mais prejudicial, especialmente porque nessa fase, de acordo com Takahashi, Biller, Takahashi (2009), as aves estão em processo de crescimento, de modo que o metabolismo está acelerado.

FIGURA 7 – PRODUÇÃO DE POEDEIRAS NA ARGENTINA

FONTE: <https://shutr.bz/3m7J3E2>. Acesso em: 15 jul. 2021.

Para frangos e poedeiras, a temperatura crítica é 25 ºC, então, a partir dessa temperatura, as aves ingerem maior quantidade de água, buscando diminuir a temperatura corporal.

ATENCAO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Ainda em situação de estresse térmico em decorrência de elevadas temperaturas, o sistema cardiovascular das aves faz a redistribuição do sangue, diminuindo a perfusão para funções básicas em até 44% (TAKAHASHI; BILLER; TAKAHASHI, 2009). As aves mantêm as asas afastadas como outro mecanismo adaptativo, além do aumento do fluxo de sangue para tecidos periféricos, como cristas e pés, aumentando a troca de calor com ambiente.

Podemos notar, então, que essa espécie não desempenha muitos processos

adaptativos de termorregulação, o que define a importância da intervenção humana para o processo produtivo, pois é necessário adequar o ambiente em que esses animais estão instalados, a fim de diminuir o estresse calórico e, com isso, as perdas decorrentes da variação de temperatura.

4.2 ADAPTAÇÃO DOS BOVINOS AO ESTRESSE TÉRMICO De acordo com Takahashi, Biller e Takahashi (2009), os bovinos apresentam

algumas particularidades quando estão sob efeito de estresse calórico. Uma das apresentações clínicas mais comuns são o aumento da frequência respiratória, facilmente perceptível na ausculta respiratória, além de aumento da temperatura corporal, redução de consumo, sudorese excessiva e apresentação de quadro de alcalose respiratória, em decorrência da liberação excessiva de gás carbônico, sendo comum em animais com estresse devido a altas temperaturas.

Sobre o comportamento, esses animais podem apresentar inquietação,

irritabilidade e não raramente, língua pra fora da boca, na tentativa de dissipar calor pelo ofego. Em sistemas de pasto, eles buscam sombras para amenizar a incidência da radiação solar. Segundo os autores Takahashi, Biller e Takahashi (2009, p. 43), “como modificações comportamentais para a termorregulação, o animal em altas temperaturas diminui o tempo gasto com o pastejo, aumentando o tempo de ócio. Além disso, modifica os horários de pastejo, alimentando-se mais na parte da manhã e à noite”.

FIGURA 8 – VACAS DE ORIGEM HOLANDESA

FONTE: <https://shutr.bz/3zRH23D>. Acesso em: 15 jul. 2021.

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TÓPICO 2 — ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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É importante ressaltar que a cor da pelagem dos bovinos, bem como características de morfologia, afeta diretamente a forma como as trocas térmicas podem ocorrer, por meio de convecção, radiação e perdas cutâneas pela evaporação.

FIGURA 9 – ANIMAIS DA RAÇA HEREFORD COM PELAGENS DIFERENCIADAS

FONTE: <https://shutr.bz/2Y2uF7m>. Acesso em: 20 jul. 2021.

Conforme destaca Silva (2000), os bovinos adaptados para sistemas extensivos de regiões tropicais, devem apresentar pelame de coloração clara, curta e grossa, além de bem assentados sobre a epiderme pigmentada, para que a convecção e evaporação cutânea sejam favorecidas, protegendo, ainda, a epiderme contra a radiação.

4.3 ADAPTAÇÃO DOS SUÍNOS AO ESTRESSE TÉRMICO

Conforme explicam Takahashi, Biller e Takahashi (2009), os suínos, por apresentarem grande quantidade de tecido adiposo e sistema termorregulador aquém do desempenhado pelas demais espécies, têm mais dificuldade de manter a termorregulação, sendo mais suscetíveis a mortes por hipertermia.

As diferentes raças dessa espécie também se diferem de acordo com a perda de calor pelas glândulas sudoríparas. Animais de origem europeia apresentam diâmetro menor de glândulas, ao contrário dos zebuínos, por exemplo, que têm glândulas maiores e mais eficientes. Por isso, em situação de estresse calórico, os zebuínos sustentam os níveis basais fisiológicos por mais tempo quando comparados com as raças europeias. Estudaremos essas especificidades na sequência da unidade.

ESTUDOS FUTUROS

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Trabalhos de avaliação do consumo e ganho de peso médio diário de suínos em crescimento, demonstraram que animais submetidos ao estresse calórico, somado a altas taxas de umidade relativa do ar, apresentaram decréscimo no consumo de alimento e, consequentemente, taxas de ganho de peso menores aos demais grupos (RENAUDEAU; GOURDINE.; PIERRE, 2011), especialmente porque a espécie suína não possui muitos mecanismos de adaptabilidade quando comparada com as demais espécies.

Quando a temperatura do ambiente ultrapassa o limite do conforto térmico, os suínos tendem a alterar o padrão comportamental, procurando se proteger das fontes de calor, se afastando uns dos outros, para diminuir o aumento da temperatura pelo contato.

FIGURA 10 – SISTEMA DE CRIAÇÃO DE SUÍNOS

FONTE: <https://www.shutterstock.com/image-photo/curious-pigs-pig-breeding-farm-swine-1231609630>. Acesso em: 19 jul. 2021.

Existe também outro mecanismo dos suínos para diminuir o estresse calórico, trata-se da perda de calor por transpiração, mas com restrição em decorrência da pouca quantidade de glândulas sudoríparas na pele dessa espécie, sendo menos eficiente do que as demais, nessa situação. Portanto, é recomendável a presença de reservatórios de água dentro das baias, para que a aspersão direta amenize a temperatura ambiente e corporal (TAKAHASHI; BILLER; TAKAHASHI, 2009).

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RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem diferentes formas de adaptabilidade dos animais em relação ao controle das variáveis climáticas.

• As formas de aclimatização dos animais são classificadas de acordo com a maneira de dissipação do calor ou frio, podendo ocorrer pelas vias evaporativas ou não evaporativas.

• Existem diferentes mecanismos de termorregulação presentes nas diferentes espécies, especialmente as de fundo produtivo, como aves, suínos e bovinos, com suas particularidades.

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1 As formas de aclimatização dos animais são classificadas de acordo com a maneira de dissipação do calor ou frio. Com base nos estudos obtidos até o momento, a respeito dos conceitos de aclimatação, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É a alteração adaptativa resultante de variações climáticas, como temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar.

b) ( ) As variações naturais diretas são aquelas resultantes da ação de elementos considerados climáticos, como a temperatura, a radiação solar, vento, umidade e incidência de chuvas na região.

c) ( ) São ajustes fisiológicos resultantes da ação de ambientes estressantes.d) ( ) As variações naturais indiretas são resultantes da ação direta e exclusiva

humana, que interfere no processo de produção, alimentação e manejo dos animais.

2 Os mecanismos não evaporativos de adaptação ao ambiente utilizados pelos animais são: condução, convecção e radiação. Sobre as definições dos mecanismos não evaporativos de adaptação ao ambiente utilizados pelos animais, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Condução.II- Convecção.III- Radiação.

( ) Mecanismo que ocorre pelo movimento de líquido ou gás, retirando calor de uma região.

( ) Mecanismo que ocorre pelo contato de uma superfície com outra.( ) Mecanismo de transferência de energia de um organismo a outro por

ondas eletromagnéticas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I - III - II.b) ( ) II - I - III.c) ( ) I - II - III.d) ( ) III - II - I.

3 Sobre a incidência de altas temperaturas no ambiente em que os animais estão inseridos, acompanhados pela alta umidade do ar e radiação solar, são agentes causadores de estresse térmico. Sobre esse estresse, algumas alterações são observadas na espécie bovina. Sobre as principais alterações que ocorrem no organismo desses animais, assinale a alternativa CORRETA:

AUTOATIVIDADE

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a) ( ) Aumento da frequência respiratória, aumento de temperatura corporal e busca por água para consumo.

b) ( ) Sudorese excessiva e aumento do consumo de alimentos. c) ( ) Aumento do consumo de alimentos e água, acompanhado de aumento

de sudorese e frequência respiratória aumentada.d) ( ) Sudorese excessiva, comportamento de procurar outros animais para

se juntar e diminuição do consumo de água.

4 Há alguns fatores pertencentes ao ambiente que afetam diretamente o comportamento dos animais. Com relação ao comportamento dos bovinos, apresente as principais apresentações de comportamento e sinais clínicos de animais sob efeito do estresse térmico.

5 Há um estresse gerado por elevadas temperaturas, tanto nas espécies bovinas como suínas e avícolas. Sobre a apresentação das mudanças causadas pelo estresse térmico em aves, disserte sobre três modificações fisiológicas que essa espécie manifesta em situação de temperatura elevada.

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No Tópico 3, abordaremos os tipos e as tendências evolutivas das espécies de interesse produtivo. Estudaremos, assim, a origem das espécies e as variações existentes. Desse modo, observaremos de que maneira o processo de seleção têm ocorrido ao longo dos anos.

Ademais, abordaremos a questão de domesticação das espécies pelo ser

humano, e como isso altera o comportamento animal, além disso, veremos as dificuldades que surgem contra a hipótese de descendência com modificações.

2 A ORIGEM DAS ESPÉCIES A forma como ocorre a evolução e o surgimento das espécies sempre foi

um tema de grandes debates no meio científico, mobilizando diversos estudos acerca das teorias de surgimento.

Dessa maneira, sobre a origem das espécies, há pouco tempo a maior parte

dos estudiosos da corrente naturalista apontavam que as espécies eram criadas separadamente, por meio de produções imutáveis. Ao contrário, alguns ainda admitiam que as espécies advinham de formas já existentes no mundo, e por intercorrência do tempo, a cada geração, modificavam-se.

Na Unidade 1, nós pudemos acompanhar as teorias básicas de origem das espécies, portanto, vimos que Jean-Baptiste Antoine de Monet Lamarck (1744-1829), mais conhecido como Lamarck, foi o primeiro cientista a explicar a evolução dos seres vivos, embora suas teorias estivessem incorretas. Ele baseou sua teoria em duas leis, uma delas foi a “Lei do uso e desuso”, em que partes do corpo em desuso eram atrofiadas pela evolução, e a outra foi a “Lei da herança de características adquiridas”, para ele, os organismos estavam se transformando constantemente em indivíduos cada vez mais complexos.

Estudamos, também, a teoria de Charles Darwin (1809-1882), que defendia

a seleção natural dos indivíduos, acreditando que todas as espécies sofrem mudanças ao longo dos anos, gerando o surgimento de espécies novas a partir dos ancestrais já superados.

TÓPICO 3 —

TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS

DOS ANIMAIS

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Além da teoria Darwinista, conhecemos a respeito do surgimento do Neodarwinismo, que demonstrava uma evolução frente à teoria de Charles Darwin, já com alguns conhecimentos básicos em genética e, com isso, desenvolveram uma teoria sintética de evolução, por meio de mutações e combinações gênicas para seleção natural, sendo, então, uma teoria complementar.

Sabemos, portanto, que a origem das espécies, por ser um tema de grande

importância, movimenta inúmeros debates. Considerando isso, na sequência, veremos as principais variações das espécies, elucidando o processo de seleção natural e modificações que ocorrem nos organismos vivos com o passar dos anos.

3 VARIAÇÕES NAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS

Ao compararmos indivíduos pertencentes à mesma variedade ou subvariedade, conforme destacado por Darwin, no livro A origem das espécies (2014), notamos que os animais domésticos se diferem mais uns dos outros do que os indivíduos pertencentes à mesma espécie ou variedade em estado selvagem.

FIGURA 11 – CHARLES DARWIN

FONTE: <https://shutr.bz/3iiCuNw>. Acesso em: 20 jul. 2021.

Ainda nesta unidade estudaremos sobre os diferentes tipos de cruzamentos e alterações existentes no processo de evolução das espécies.

ESTUDOS FUTUROS

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TÓPICO 3 — TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS

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As variações da forma típica ou comum de uma espécie têm efeito nos hábitos ou nas capacidades dos indivíduos. Isso acontece porque mesmo as variações singelas (como mudanças de coloração de pelagens) podem afetar a segurança dos animais em vida selvagem, modificando seus hábitos e comportamentos. De acordo com Wallace (1859, p. 236), “por outro lado, se qualquer espécie produzir uma variedade com poderes ligeiramente aumentados de conservar a existência, esta, com o tempo, inevitavelmente deve adquirir uma superioridade numérica”.

A variedade seria, hipoteticamente, substituir a espécie, assim, seria mais

perfeitamente desenvolvida e organizada, para melhor adaptação e manutenção da segurança ao longo dos anos, prolongando a permanência de determinada espécie e raça. As variedades não retornam à forma original, pois têm tendência de manter e procriar por meio dessas características distintas e diferenciadas para a sobrevivência (WALLACE, 1859).

Os animais domésticos apresentam variações, pois não estão em vida selvagem. Eles têm alimento fornecido, são frequentemente submetidos em sistemas confinados, para proteger-se das intempéries climáticas, e, além disso, contra os ataques de predadores. Metade dos seus sentidos apurados para fuga e sobrevivência na natureza são facilmente descartáveis, inutilizados.

Devemos notar, ainda, que todas as variações têm chance importante

de prosperar, sendo destinadas aos descendentes, para que os animais se adaptem ao ambiente. Há muitos anos, Wallace (1859) apontou que os animais produtivos ganharam características e variações de acordo com o interesse para o qual estavam sendo utilizados, por exemplo, suínos com maiores adaptações e variabilidade para ganho de massa muscular e peso, carneiros com pernas mais curtas e, assim, sobrevivendo a relevos distintos ao redor do mundo, cães da raça Poodle, que jamais existiriam em condições selvagens, entre outros casos que podemos facilmente entender em relação às variações.

Para aprofundarmos nossos estudos, cabe destacar que as variações existem especialmente para manter a existência para além da espécie original, para possibilitar a propagação de indivíduos adaptáveis a mudanças que ocorrem na Terra.

IMPORTANTE

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

O livro A origem das espécies (2014), obra de Charles Darwin, impressiona os leitores ao abordar de maneira muito minuciosa a maneira como as variabilidades genéticas e a seleção natural dos animais ocorrem. Vale conferir a leitura!

DICAS

4 SELEÇÃO NATURAL

A seleção natural tem origem na teoria proposta por Darwin, já vista anteriormente. É uma forma de seleção baseada na permanência de indivíduos que se procriarão e perpetuarão seus genes para além dos anos, através de forma sobrevivência.

FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO DO VETOR DE SELEÇÃO NATURAL

FONTE: <https://shutr.bz/39PGh0o>. Acesso em: 20 jul. 2021.

A seleção natural ocorre nos grupos de animais de tal maneira, que persistem e procriam-se os animais mais adaptados e preparados para sobreviver. Dessa forma, chamamos de natural porque a própria existência do organismo vivo, frente ao ambiente que lhe é imposto, seleciona os mais aptos para a vida naquela região.

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TÓPICO 3 — TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS

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5 O PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO NO COMPORTAMENTO DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO

Para conceituar a ideia de domesticação, devemos considerar que existem inúmeras definições na literatura. A palavra é proveniente do latim, em que domus significa casa. Os animais domésticos são os que estão sob controle e domínio do ser humano por gerações (OLIVEIRA et al., 2011). Adicionalmente, Gillespie (2002) definiu a domesticação como a adaptação do comportamento do animal para se ajustar às necessidades humanas.

De acordo com Oliveira et al. (2011), os animais de produção inicialmente

domesticados, foram ovelhas e cabras, no Oriente Médio e na Ásia. Segundo o mesmo autor, a escolha por animais que apresentavam comportamento de fuga ou agressão definiu as espécies a serem escolhidas para tal feito.

FIGURA 13 – REBANHO DE OVELHAS PASTANDO EM UM PRADO SELVAGEM NA POLÔNIA

FONTE: <https://shutr.bz/3F2JrfK>. Acesso em: 16 jul. 2021.

Alguns anos depois, a domesticação de bovinos também começou a ser praticada em decorrência da procura do ser humano por alimento de origem proteica (SIMM et al., 1996). Posteriormente, suínos, burros e equinos foram sendo domesticados ao longo dos anos, e mais recentemente, os búfalos, principalmente no Sudeste da Ásia, em primeira ocorrência.

Sabe-se que a domesticação resultou na perda de comportamentos das

espécies, em decorrência da substituição de novos animais de produção, à medida que foram sendo domesticados.

Conforme mostra Oliveira et al. (2011), algumas características definem

o animal que pode ser agrupado e domesticado, ou seja, pela presença de alguns atributos, como sociabilidade (ser capaz de viver em grupos), mansidão (ausência de instinto selvagem), fecundidade em cativeiro (perpetuar a espécie em condições de cativeiro), função especializada (produção de leite, carne e lã) e

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

possuir facilidade de adaptação ao meio ambiente em que está inserido. Espécies animais que apresentam essas características são representantes de animais facilmente domesticáveis.

Os efeitos oriundos do processo de domesticação são avaliados pela

comparação em estudos de espécies domésticas e selvagens, em condições similares. Nesse âmbito, diferenças podem ser encontradas no que tange a alterações morfológicas, fisiológicas e comportamentais, como veremos adiante.

5.1 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO

Mudanças de caráter morfológico podem incluir alterações no tamanho e conformação do corpo, padrão de crescimento e diminuição de algumas vísceras, por exemplo. Conforme destacado por Oliveira et al. (2011), a ausência de pressão de seleção natural e pressão de predadores, na maior parte das espécies domésticas, a cabeça e o tamanho do cérebro diminuíram, ficando os órgãos do sentido menos aguçados do que quando comparado a espécies selvagens.

5.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO

Nos aspectos fisiológicos, em relação ao processo de domesticação, Setchell (1992) relatou alterações no funcionamento endócrino e no ciclo reprodutivo de animais de produção, como bovinos, ovinos e suínos. Também a maturidade sexual precoce pode ser alterada, em decorrência da domesticação.

5.3 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS PROVENIENTES DA DOMESTICAÇÃO

Efeitos comportamentais advindos da domesticação referem-se à sensação de medo reduzida e a melhorias na capacidade de sociabilidade entre animais. Um ponto importante a ser destacado em relação a alterações comportamentais refere-se à libido e ao comportamento sexual. Oliveira et al. (2011) apontam que animais domésticos pararam de apresentar rituais sexuais e comportamento expressivo, sexualmente.

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TÓPICO 3 — TIPOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS ANIMAIS

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Ademais, Setchell (1992) destaca que os animais selvagens possuíam uma atividade reprodutiva bem delimitada em relação às épocas do ano em que se têm melhores condições de forragens e alimentos, o que não se perpetua nos dias atuais, em que temos animais em espécies com ciclos recorrentes (poliéstricos anuais).

Com relação ao comportamento materno, não há tanta exigência por

parte da criação materna quando se compara aos animais selvagens. Além disso, ressaltamos a ausência de vínculo materno-fetal em decorrência da retirada precoce dos filhotes, como em sistemas de produção de leitões, e em gado leiteiro, em que filhotes são separados em pouco tempo da mãe, logo após o nascimento.

FIGURA 14 – VACA COM BEZERRO

FONTE: <https://shutr.bz/39OAic5>. Acesso em: 20 jul. 2021.

Sobre o comportamento alimentar, a realidade dos animais domésticos não é a mesma para os selvagens, que passam a maior parte do tempo caçando e dispendendo energia na busca por alimentos (OLIVEIRA et al., 2011). Assim, o comportamento dos animais domesticados é otimizado em relação aos selvagens, sendo desnecessária a busca por alimentos. Ademais, a dieta dos animais criados

As mudanças comportamentais nos animais domésticos, em relação à reprodução, ocorreram devido ao manejo de escolha de reprodutores e acasalamentos dirigidos, com isso, não foi permitido que os animais escolhessem o parceiro sexual, gerando essa limitação no comportamento.

ATENCAO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

pelo ser humano é fornecida de maneira estável ao longo do ano, respeitando os limites e necessidades básicas para que o animal desempenhe sua função produtiva adequadamente.

Já no comportamento social, destaca-se a presença de um comportamento

naturalmente condicionado ao convívio humano ao convívio com animais de diferentes espécies, sendo organizados com uma hierarquia social estável (OLIVEIRA et al., 2011). Os animais sociáveis são naturalmente mais fáceis de domesticar, menos sensíveis ao estresse psicológico e aceitam melhor o domínio humano, como parte de uma estrutura hierárquica natural.

6 DIFICULDADES SURGIDAS CONTRA HIPÓTESE DE DESCENDÊNCIA COM MODIFICAÇÕES

Algumas objeções foram colocadas frente ao Darwinismo e suas

evidências do surgimento de sucessão por ancestrais, ideia que guiava sua teoria evolutiva (descendência com modificação). Como vimos, para Darwin, as espécies apresentam ancestrais comuns e sofrem modificações ao longo do tempo, ocasionando o surgimento de novas espécies (sem deixar a “carga” trazida dos ancestrais). No entanto, surgiram algumas dificuldades de entendimento dessa teoria.

Tais dificuldades foram agrupadas em grandes grupos que relacionavam

a teoria do Darwinismo com as seguintes questões:

• Se as espécies são derivadas de outras espécies, por que não se encontram inúmeras formas de transição entre as espécies? Por que na natureza não existem exemplares em diferentes fases ou processos evolutivos em uma mesma espécie?

• A seleção natural possibilita a produção de uma parte de órgãos insignificantes, como caudas de alguns animais até a produção de órgãos tão mais importantes, como os olhos?

• O instinto animal pode ser adquirido e modificado ao longo dos anos por meio da seleção natural?

• Como explicar os cruzamentos entre espécies em que são produzidos descendentes estéreis, ao passo que variedades cruzadas dentro de uma mesma espécie se tornam fecundas?

As dificuldades de Darwin para entender a noção de descendência com modificação e as noções de hereditariedade têm sido debatidas incessantemente ao longo dos anos.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem teorias distintas que tentam explicar o surgimento e a origem das espécies, com suas particularidades.

• Variações existem nas espécies domésticas em decorrência do processo evolutivo, e apresentam alterações em relação ao comportamento dos animais, além de questões morfológicas e fisiológicas.

• O processo de domesticação surgiu na tentativa de utilizar animais com fins produtivos, por meio de uma série de necessidades humanas, e as espécies selecionadas para serem domesticadas apresentavam facilidades em relação às espécies consideradas predadoras e selvagens.

• Existem dúvidas em relação à teoria da modificação de descendência evolutiva proposta por Darwin.

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1 Existem teorias distintas que tentam explicar o surgimento e a origem das espécies, com suas particularidades. Com base no que foi estudado até o momento, no que se refere à teoria Darwinista sobre origem das espécies, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Teoria que defende a descendência com modificações, oriunda da seleção natural, e as novas espécies surgem por meio de modificações dos seus ancestrais.

b) ( ) Teoria que aborda o uso e desuso, em que parte do organismo não utilizado acaba por atrofiar e, com isso, perde sua utilidade.

c) ( ) Teoria que aborda a lei da herança de características adquiridas, em que organismos estão em constantes alterações e, naturalmente, sofrem mudanças com o passar dos anos.

d) ( ) Trata-se da teoria sintética de evolução, que ocorre por meio de mutações e combinações gênicas para realizar a seleção natural

2 Sobre a domesticação, é importante ressaltar seu impacto em alterações significativas nos animais, em relação ao funcionamento morfológico, fisiológico e comportamental. Sobre essas modificações e as definições conceituais, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Alterações morfológicas.II- Alterações fisiológicas.III- Alterações comportamentais.

( ) Alterações de presença de chifres em alguns bovinos, por exemplo, de modo que hoje existem raças mochas e raças com chifres.

( ) Alterações de ciclicidade e estacionalidade reprodutiva.( ) Sociabilidade alterada, regida pela hierarquia social existente entre ser

humano e animais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I - III - II.b) ( ) II - I - III.c) ( ) I - II - III.d) ( ) III - II - I.

3 Com relação ao comportamento social dos animais, destaca-se a presença de comportamento social, naturalmente condicionado ao convívio com o ser humano e com animais de diferentes espécies, sendo organizados como uma hierarquia. Sobre tal afirmação, assinale a alternativa CORRETA:

AUTOATIVIDADE

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a) ( ) Animais sociáveis são naturalmente mais fáceis de domesticar, são menos sensíveis ao estresse psicológico e aceitam melhor o domínio humano.

b) ( ) Animais sociáveis são naturalmente mais difíceis de domesticar, porque não aceitam facilmente o convívio humano, em decorrência da existência hierárquica, somente entre seu grupo.

c) ( ) A sociabilidade animal depende de fatores específicos de cada tipo de animal, sendo mais difícil em ovinos e caprinos, e mais facilmente aplicável em búfalos.

d) ( ) Animais sociáveis são naturalmente mais difíceis de domesticar, são menos sensíveis ao estresse psicológico e não aceitam facilmente a intervenção humana.

4 A domesticação é um processo de adaptação de uma população selvagem às condições de cativeiro, somada a mudanças genéticas ao longo das gerações. Cite as principais alterações e modificações provenientes desse processo.

5 A seleção natural tem origem na teoria proposta por Darwin. Conceitue e explique o que é a seleção natural que ocorre nos animais domésticos.

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

O melhoramento animal, ainda que seja estudado há anos, tem sido explorado com a necessidade de melhorias genéticas impostas pelo mercado consumidor, os grandes responsáveis pela expansão dos estudos genéticos nas diferentes espécies de animais domésticos (EUCLIDES FILHO, 1999).

Existem duas ferramentas para que o melhoramento genético possa ser

promovido em qualquer espécie animal: seleção e cruzamento. A seleção é o processo em que os animais de uma geração que irão se tornar pais na próxima, são escolhidos para que procriem e gerem filhos. O cruzamento, por outro lado, é o resultado do acasalamento entre raças diferentes em uma mesma espécie, com fins comerciais. O cruzamento, nesse sentido, é um elemento complementar do processo de seleção (EUCLIDES FILHO, 1999).

Para que possamos entender a questão do cruzamento, precisamos ter em mente alguns conceitos de genética e melhoramento animal. O primeiro deles é a herdabilidade, trata-se da medição do grau de correspondência entre fenótipo e valor genético, que é, segundo Euclides Filho (1999), a capacidade de influenciar a próxima geração após cruzamento.

TÓPICO 4 —

TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A

PARTIR DE CRUZAMENTOS

O cruzamento, então, refere-se ao acasalamento entre indivíduos pertencentes a raças diferentes da mesma espécie, recebendo essa nomenclatura de acordo com o processo e a forma como ocorre. É importante observarmos que cruzamento sem seleção adequada resulta em problemas genéticos, e ao invés de contribuir com melhorias para determinada espécie, pode acarretar perdas significativas no caminho. Portanto, os dois processos precisam existir concomitantemente.

IMPORTANTE

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

Nesse contexto, a expressão genotípica, proveniente de um acasalamento, sofre alterações do ambiente em que as progênies estão inseridas, tendo o fenótipo uma variável importante dessa interação.

ATENCAO

Outro conceito a ser ressaltado é a questão da acurácia da seleção. Ao promover a “seleção, é importante ter-se uma estimativa da segurança que se terá ao se adotar determinado procedimento” (EUCLIDES FILHO, 1999, p. 16)

A variabilidade genética, por sua vez, é conceituada como a capacidade

da promoção de seleção e, com isso, o melhoramento genético, conforme destaca Euclides Filho (1999), à medida que se organiza um processo de seleção eficiente, perpetuando pelas gerações, reduzindo a variabilidade genética, como resultado de homozigose.

Por falar em homozigose, esse é o processo genético em que o indivíduo

recebe genes idênticos dos pais para determinada característica, ao contrário do heterozigoto, que ocorre quando o indivíduo recebe um gene da mãe e um diferente do gene herdado do pai. Com isso, indivíduos homozigóticos têm pares de alelos idênticos (AA, aa, BB, bb, VV e vv), e heterozigóticos possuem pares de alelos distintos (Aa, Bb e Vv).

2 SISTEMAS DE CRUZAMENTO

Existem alguns tipos de sistemas de cruzamentos utilizados em produção animal, o sistema de cruzamento específico e o sistema de cruzamento contínuo. Veremos, na sequência do tópico, os tipos de cruzamentos de maior importância na área zootécnica.

Antes, precisamos conhecer o conceito de heterose, para que a compreensão

do tipo de cruzamento fique evidente em nossos estudos. Sendo assim, a heterose se refere à situação em que os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais, além disso, a heterose pode ser individual, materna ou paterna.

No caso da heterose materna, é a heterose na população, atribuída ao

uso de mães cruza (AB) ao invés de mãe de uma das raças parentais. Esse tipo de heterose se manifesta em filhos de mães cruza. A heterose individual é a melhoria da performance no animal individual em relação à média de seus pais.

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TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

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Já a heterose paterna é a vantagem de usar pais cruza ao invés de pais puros, para gerar melhorias na progênie, como melhor qualidade de sêmen, fertilidade e virilidade, entre outros aspectos importantes para machos.

O objetivo primordial dos cruzamentos é a heterose e/ou a complemen-tariedade. De acordo com Euclides Filho (1999), existem três sistemas principais: cruzamento simples; cruzamento contínuo; cruzamento rotacionado ou alternado.

3 CRUZAMENTO SIMPLES

O cruzamento simples é definido como o sistema de acasalamento que envolve somente duas raças, com a primeira geração de mestiços, o que chamaremos de F1. Consiste, então, no cruzamento de duas raças, uma materna (A) e outra terminal (B), com o objetivo de produzir mestiços (AB), os quais se destinam todos para o abate.

4 CRUZAMENTO CONTÍNUO

Conhecido também como cruzamento absorvente, o cruzamento contínuo possui como principal objetivo substituir uma raça ou grupo genético por outro, com o uso contínuo de uma delas. Dessa forma, o objetivo é substituir uma raça por outra pelo uso contínuo da segunda. São produzidos animais “puros por cruza” ou PC. Esse método não tem a finalidade de explorar a heterozigose, mas trocar a raça B pela A

5 CRUZAMENTO ROTACIONADO

É aquele em que a raça do pai é alternada a cada geração e pode ser estabelecido com duas ou mais raças. Cada um desses sistemas pode ser conduzido com diferentes tipos de cruzamentos. No cruzamento rotacionado, alterna-se a

A complementariedade é uma vantagem proveniente do acasalamento de raças em sequências especificamente calculadas, maximizando características desejáveis e minimizando o impacto daquelas indesejáveis ou não esperadas.

ATENCAO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

cada nova geração a raça do pai, que pode variar de duas ou mais raças. Nesse tipo de cruzamento, é importante utilizar raças semelhantes em relação ao peso de progênies nascidas, tamanho de animais e outras características desejáveis.

6 CRUZAMENTOS DE RAÇAS EM BOVINOS

Falaremos, agora, sobre os tipos de cruzamentos em raças de bovinos, uma das espécies em que o melhoramento genético tem sido desenvolvido incansavelmente.

O melhoramento genético animal nos bovinos, segundo Euclides Filho

(1999), teve grande repercussão e fomento por parte governamental por meio da criação de raças experimentais em 1915, estabelecendo a criação de gado exótico. Em meados de 1940, o desenvolvimento de uma nova raça nacional com grande grau de rusticidade, aliado à adaptação dos animais, era requerido pelo sistema de produção, e assim, se constituiu a criação das raças Canchim e Ibagé (EUCLIDES FILHO, 1999).

A partir desse momento, no decorrer dos anos, inúmeros cruzamentos

e raças foram sendo testadas para desempenhar melhorias em indicadores produtivos e econômicos, tanto na pecuária de leite quanto na pecuária de corte.

6.1 CRUZAMENTOS BOVINOS DE CORTE

Historicamente, com relação ao cruzamento nos bovinos, foram ampliados os programas de avaliação e seleção dentro dos rebanhos de corte e leite. Nos animais de produção de carne, o critério de seleção a ser explorado era de peso à desmama ao ano e aos dois anos de idade, conforme ressaltado por Euclides Filho (1999), e, mais tarde, os cruzamentos começaram a objetivar o peso à desmama e sobreano como sendo indicadores mais importantes no processo de seleção. Ainda nesse cenário, as raças de origem europeia começam a desempenhar participação maior.

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TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

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FONTE: <https://shutr.bz/3D0v3m3>. Acesso em: 16 jul. 2021.

Na bovinocultura de corte, como mostra Euclides Filho (1999), a escolha dos cruzamentos deve ser precedida de conhecimento para os fins que se objetivam, ou seja, entender quais características são desejáveis para a progênie.

Sobre as características gerais, os bovinos de corte são divididos em: raças

britânicas, raças europeias, raças zebuínas e raças europeias adaptadas ao clima tropical (EUCLIDES FILHO, 1999).

As raças britânicas são raças em que os animais Abeerden Angus e Hereford, por exemplo, são os representantes mais conhecidos. Para Euclides Filho (1996), são raças que em ambiente propício, apresentam boa taxa de sobrevivência e taxas de crescimento produtivo e reprodutivo suficientes para produzir carcaças de ótima qualidade. São raças de grande expressão de qualidade de carne e apresentam precocidade sexual.

FIGURA 16 – EXEMPLAR DA RAÇA ABERDEEN ANGUS

FONTE: <https://shutr.bz/3odWbtU>. Acesso em: 16 jul. 2021.

FIGURA 15 – UM BOI MESTIÇO DA RAÇA CANCHIM COM NELORE

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

No caso das raças europeias, o grupo se caracteriza pelo alto potencial de crescimento e conversão de alimentos, alto peso de abate e carcaças com pouca gordura. São raças em que os mais conhecidos do grupo são Devon e Charolês. Esses animais apresentam grande exigência de energia para manutenção, por apresentarem peso adulto médio de 700 a 800 quilos.

FIGURA 17 – EXEMPLAR DA RAÇA CHAROLÊS

FONTE: <https://shutr.bz/3mbZ5MV>. Acesso em: 16 jul. 2021.

Existem raças europeias adaptadas ao clima tropical, são consideradas “crioulas” da América do Sul, e de acordo com Euclides Filho (1996), pelo método de seleção natural ao qual foram submetidos, transformaram-se animais que associam características comuns a raças europeias e de algumas zebuínas, principalmente relacionadas à adaptação dos animais. Também chamados animais sintéticos, os representantes dessa categoria são Canchim, Brangus, Braford e Santa Gertrudis.

FIGURA 18 – EXEMPLAR DA RAÇA SANTA GERTRUDIS

FONTE: <https://shutr.bz/3F2D387>. Acesso em: 16 jul. 2021.

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TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

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O gado Santa Gertrudis, por exemplo, é um exemplar de cruzamento entre as raças Shorthorn e Brahman, de origem no Texas, o qual apresenta pelagem avermelhada.

Já os da raça zebuína, são, em comparação com os das raças anteriormente citadas, os que menos desempenham crescimento e apresentam piores índices de desempenho produtivo, principalmente por sua carne não ter tanto acabamento e gordura de marmoreio quanto às europeias e britânicas. Ao contrário, apresentam excelente adaptabilidade aos cenários mais difíceis possíveis e boa habilidade materna, sendo muito tolerantes ao estresse térmico e a relevos acidentados (EUCLIDES FILHO, 1996).

Os representantes mais conhecidos dessa categoria são os animais da raça

Nelore, Gir, Tabapuã, Guzerá e Brahmam.

FIGURA 19 – EXEMPLAR DA RAÇA NELORE, ZEBUÍNA

FONTE: <https://shutr.bz/39R8TWU>. Acesso em: 16 jul. 2021.

Existem inúmeros cruzamentos de bovinos de corte no Brasil, especialmente os que foram resultado da tentativa de melhorias genéticas por meio de processos de acasalamento em raças diferentes.

6.2 CRUZAMENTOS EM BOVINOS DE LEITE

No cenário de produção de bovinos de leite, a preocupação com a criação e produção movimentaram os debates e processos de melhoramento animal nessa espécie. Conforme ressaltado por Euclides Filho (1999), no final da década de 1940, iniciou-se, em Uberaba, na Fazenda Experimental de Criação, um trabalho de seleção para leite, de um rebanho puro indiano, sem muitas preocupações de caracterização fenotípica ou racial. Assim, surgiram os primeiros exemplares de zebu-leiteiro, na tentativa de melhorar o desempenho dos animais.

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

FIGURA 20 – ANIMAIS LEITEIROS GIR E GIROLANDO MEIO-SANGUE

FONTE: <https://shutr.bz/3m7SXFv>. Acesso em: 16 jul. 2021.

A partir da década de 1970, com base nos estudos, surgiram os programas

de criação de mestiços leiteiros no Brasil, e posteriormente, outros programas de raças europeias, como Holandês e Jersey. Existem categorizações de bovinos de fundo leiteiro, também nas mesmas categorias citadas anteriormente.

Os bovinos de leite de origem europeia são, por exemplo, os animais da

raça Holandês, Jersey e Pardo Suíço. A mais conhecida e difundida no Brasil, sem dúvidas, é Holandês.

FIGURA 21 – GADO HOLANDÊS

FONTE: <https://shutr.bz/3F1gTTN>. Acesso em: 16 jul. 2021.

As raças zebuínas leiteiras, por sua vez, são comuns em alguns estados do Brasil, como em Minas Gerais, sendo o Gir Leiteiro o representante mais expressivo da categoria.

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TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

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FONTE: <https://shutr.bz/3kUtv6U>. Acesso em: 16 jul. 2021.

Algumas raças mestiças também são utilizadas na produção de leite,

resultado de cruzamentos de rebanhos meio sangue europeu e meio sangue zebuíno, como é o caso dos animais Jersey com Gir Leiteiro, os Girsey. Alguns cruzamentos de europeus entre si, como o Holandês e Jersey, deram origem ao Jersolando, também é uma raça que tem movimentado o comércio e mercado de produção de leite.

Existem inúmeras raças de bovinos, tanto de leite quanto de corte, sendo

utilizadas por meio de cruzamentos e melhoramentos genéticos, visando melhorar a produtividade e eficiência técnica desses animais, para potencializar os ganhos e identificar nichos de mercado em cada área de exploração (carne ou leite).

FIGURA 22 – GIR LEITEIRO

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UNIDADE 2 — BIOCLIMATOLOGIA E MELHORAMENTO ANIMAL

LEITURA COMPLEMENTAR

CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DA RAÇA BOVINA CRIOULO LAGEANO POR MARCADORES MOLECULARES RAPD

Álvaro Spritze

Introdução

No Brasil, o primeiro rebanho de bovinos, trazido por colonizadores, foi desembarcado em São Vicente, no ano de 1534 (LIMA et al., 1990). Depois chegaram mais bovinos na costa de Pernambuco e posteriormente, na Bahia (MARIANTE; CAVALCANTE, 2000). De São Vicente partiram grupos de bovinos levados por colonizadores para os campos sulinos, para Goiás, para o Vale de São Francisco (Minas Gerais e Bahia) e chegaram até os campos do Piauí e Ceará.

Os bovinos desembarcados em Pernambuco e Bahia, migraram para os sertões nordestinos, norte de Minas e oeste da Bahia, encontrando rebanhos originários de São Vicente (PRIMO, 1993). Os três núcleos, São Vicente ao sul, Salvador ao centro e Recife, ao norte, se constituíram nas zonas importadoras de gado de origem portuguesa, que se reproduzia livremente, sem a interferência humana (MARIANTE; CAVALCANTE, 2000). Quase todas as raças crioulas locais tiveram como ancestrais os bovinos de Portugal, a Barrosã, a Mirandesa, a Minhota, a Alentejana e a Arouquesa (MARIANTE; CAVALCANTE, 2000).

Exposto a um processo de seleção natural durante várias gerações, o gado crioulo adaptou-se às condições locais e desenvolveu características que o permitiram sobreviver a uma oferta de alimentos geralmente pobre em nutrientes. A origem do Gado Crioulo na América Latina, possivelmente, é dos antigos bovinos Hamíticos, caracterizados por chifres longos, domesticados no Egito há aproximadamente 4000 anos a.C., e introduzidos no sul da Espanha procedentes da África do Norte. A introdução de bovinos no Rio Grande do Sul, de acordo com Araújo (1990), foi realizada pelos jesuítas, com o propósito de abastecer os povos das Missões. Posteriormente, com a invasão das Missões pelos Bandeirantes, os bovinos capturados tinham por destino a região de Franca, em São Paulo, de onde surgiu a denominação de bovino Franqueiro.

Diversos exemplares foram posteriormente transferidos para várias regiões do Brasil, onde foram cruzados com rebanhos lá existentes, formando as raças Curraleiro, Franqueiro, Junqueira, Mocho Nacional, Caracu, Pantaneira. Supõe-se que muitos animais tenham se extraviado das tropas ao longo do caminho, sendo que na região do Planalto Catarinense embrenharam-se nas matas e, com o tempo, passaram a formar rebanhos nos campos de Lages. Com a colonização do Planalto Catarinense, os colonos trouxeram o gado Franqueiro,

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TÓPICO 4 — TIPOS DE CRUZAMENTOS - RAÇAS FORMADAS A PARTIR DE CRUZAMENTOS

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que, provavelmente, cruzou com bovinos ali existentes, originando o gado conhecido como Crioulo Lageano, que até o início do século passado era a raça predominante nos campos de Lages.

O bovino Crioulo Lageano foi, por longo tempo, o principal esteio da bovinocultura das regiões fisiográficas dos Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul e do Planalto Catarinense (MARIANTE; CAVALCANTE, 2000). A partir do final do século passado, esses bovinos passaram a ser cruzados com animais de raças europeias e zebuínas.

Admite-se que os bons resultados obtidos com os cruzamentos favoreceram as importações de reprodutores de outras raças, causando o desaparecimento quase que total dos bovinos Crioulos. Atualmente, a população desses bovinos encontra-se reduzida a um efetivo que não ultrapassa 500 animais, e mais de 80% da população pertence a um só criador. Trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia e pela Universidade Federal de Santa Catarina, em colaboração com alguns criadores particulares, evidenciaram vantagens na exploração da raça Crioulo Lageano, não só como raça pura como também em cruzamentos, nas condições de criação extensivas do Planalto Sul-brasileiro (MARIANTE; TROVO, 1989).

O bovino Crioulo Lageano, criado na Fazenda Canoas, localizada no Município de Ponte Alta, próximo a Lages, é extremamente adaptado à região. É rústico, com porte avantajado, maturidade sexual tardia e alta prolificidade. Apresenta mais de 40 tipos de pelagens diferentes, e a predominante é a africana, com lombo e barriga brancos e manchas vermelhas ou pretas no costilhar, e pelos vermelhos ou pretos circundando os olhos. Alguns animais apresentam traços de zebu, enquanto outros de Franqueiro ou de gado africano (PAYNE, 1970).

A caracterização genética é importante para os programas de conservação de recursos genéticos animais, pois avalia a distância entre as populações em estudo e pode auxiliar na escolha dos animais a serem utilizados na conservação, ex situ e in situ, mediante a estimativa de índices de similaridade entre os indivíduos analisados. Além disso, possibilita a indicação de acasalamentos ou cruzamentos que favorecerão a manutenção da máxima variabilidade genética, e evita esforços na manutenção de amostras que geneticamente seriam similares (EGITO et al., 2001).

FONTE: Adaptado de: <https://www.scielo.br/j/pab/a/Vg6MVhqpfqmNZzRQYCQSYrv/format=p-df&lang=pt>. Acesso em: 21 jul. 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem diferentes tipos de cruzamentos utilizados visando melhorias genéticas nas diferentes espécies.

• Existem alguns tipos de cruzamentos sendo praticados ao longo dos anos, setorizados de acordo com o grau de envolvimento de sangue dos animais.

• Os principais cruzamentos animais são simples, contínuos e rotacionados, que levam em consideração os graus de heterose e herdabilidade para objetivar melhores características da progênie.

• Na bovinocultura de leite e de corte, o melhoramento genético é praticado especialmente atrás de sistemas de cruzamentos diversos, conforme o interesse de produção, se leite ou carne.

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

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1 Com relação aos tipos de sistemas de cruzamento existentes, é importante que todos eles levem em consideração a herdabilidade. Sobre tal característica e o que conceitua esse importante indicador de melhoramento genético, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A herdabilidade mede o grau de correspondência entre fenótipo e valor genético, o que influencia na próxima geração.

b) ( ) A herdabilidade é a superioridade média dos produtos de cruzamento em relação à média dos pais.

c) ( ) Utiliza-se a Associação de Criadores da Raça Holandês com a finalidade de direcionar os melhoramentos genéticos necessários para agregar valor à raça.

d) ( ) Trata-se de um armazenamento de informações sobre os cruzamentos realizados para chegar às características desejadas da raça.

2 Entre as raças utilizadas na bovinocultura de leite, podemos citar a Holandês e a Jersey, pois são as mais utilizadas e apresentam excelente desempenho em produção de leite. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:

I- As raças Holandês e Jersey são raças zebuínas.II- A raça Holandês é criada principalmente na região do Sudeste e Sul,

pois suporta melhor as regiões frias, e está dentro da categoria de raças europeias de leite.

III- A raça Jersey possui pelagem amarelada, que varia de claro a escuro, e se encaixa na categoria de animais de leite, os zebuínos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.b) ( ) Somente a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As principais raças de bovinos de corte utilizadas são divididas em categorias de acordo com sua origem. Sobre o exposto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:

I- A raça Nelore é uma das representantes da categoria dos zebuínos, e apresenta grande grau de adaptação em relação às demais

PORQUE

II- É mais resistente a variações de relevo e a mudanças climáticas, especialmente estresse térmico.

AUTOATIVIDADE

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Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa da primeira.

b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa da primeira.

c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.

d) ( ) As duas asserções são proposições falsas.

4 Sobre os tipos de cruzamentos de animais, alguns pontos devem ser considerados para que o objetivo do cruzamento seja alcançado. Um deles é a acurácia na seleção dos animais. Sobre esse tópico, discorra a respeito de sua importância no cruzamento.

5 Sobre a heterose, importante conceito referente ao processo de melhoramento genético, sabe-se que é um ponto impactante. Existem três tipos de heterose de interesse: a individual, paterna e a materna. Diferencie cada um deles.

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REFERÊNCIAS

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115

UNIDADE 3 —

PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS

GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

DE INTERESSE DA AGRONOMIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender anatomicamente e fisiologicamente os sistemas digestório e excretor, e suas particularidades;

• conhecer anatomicamente os sistemas reprodutivo e endócrino, bem como seu funcionamento fisiológico;

• entender anatomicamente e fisiologicamente os sistemas respiratório, circulatório e locomotor;

• entender a anatomia e fisiologia dos animais domésticos e compreender a interrelação entre os sistemas.

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR

TÓPICO 2 – SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO

TÓPICO 3 – SISTEMA RESPIRATÓRIO

TÓPICA 4 – SISTEMA CIRCULATÓRIO

TÓPICO 5 – SISTEMA LOCOMOTOR

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os estudos acerca do sistema digestório e do sistema excretor dos animais de interesse. O estudo da anatomia animal é de suma importância para que possamos atuar como profissionais na área de agronomia.

Independentemente da área a ser escolhida para desempenhar a profissão, noções básicas da anatomia animal serão necessárias para realizar as intervenções, sugestões e orientações de maneira mais adequada possível, respeitando as particularidades de cada espécie.

Portanto, inicialmente, estudaremos os sistemas digestório e excretor, ou seja, sistemas de grande importância na área de produção animal. Para isso, veremos as espécies distintas sumarizadas em três grandes grupos: ruminantes, herbívoros não ruminantes e aves.

2 SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR - GENERALIDADES

O sistema digestório dos animais de produção possui generalidades comuns a espécies de interesse em nosso material teórico. Conforme destacado por Konig (2016, p. 307), “é um sistema responsável pela trituração e quebra dos alimentos em fragmentos menores, para que possam ser utilizados como fonte de energia e crescimento para renovação celular”.

Sendo assim, os órgãos que compõem esse sistema são capazes de receber

alimentos, degradá-los mecanicamente e digeri-los quimicamente, para depois absorvê-los. Ao final do processo, o organismo elimina e excreta o que não foi absorvido (KONIG, 2016).

De maneira geral, os componentes anatômicos do sistema digestório são:

boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glândulas acessórias (glândulas salivares, pâncreas e fígado) e ânus.

TÓPICO 1 —

SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

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Algumas variações podem ocorrer em relação às espécies no que diz respeito ao formato da língua, à presença de dentes incisivos superiores e inferiores e lábios. O grau de abertura da boca, por exemplo, varia de acordo com o hábito alimentar da espécie em questão. Por isso, em animais que capturam presas, a boca se abre de maneira mais eficiente e pronunciada do que espécies herbívoras.

NOTA

A boca tem a função de apreensão, em todas as espécies, além de ser responsável pela mastigação, salivação e formação inicial do bolo alimentar. De acordo com Konig (2016), a boca inclui os lábios, a cavidade oral, línguas, dentes e glândulas salivares.

FIGURA 1 – CAVALO SE ALIMENTANDO

FONTE: <https://shutr.bz/3uq8RPp>. Acesso em: 23 jul. 2021.

Os lábios dos animais emolduram a boca e compõem as margens laterais rostrais do vestíbulo. Eles são estruturas que auxiliam no momento da preensão do alimento, além de propiciar a comunicação dos animais. Nos equinos, por exemplo, os lábios têm formato adaptado para que possam introduzir alimentos na boca, o que deixa essa estrutura mais móvel e sensível (KONIG, 2016).

Mais um componente importante da cavidade oral é a dentição. A

estrutura dos dentes varia de acordo com as diferentes espécies e se desenvolve conforme o grau de utilização. Os bovinos, por exemplo, não possuem dentes incisivos superiores, apenas inferiores, o que os diferencia das demais espécies que possuem nas duas regiões, como cães, gatos, equinos e ovinos.

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TÓPICO 1 — SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR

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FONTE: <https://shutr.bz/2ZxkBEf>. Acesso em: 24 jul. 2021.

A faringe é mais um componente do sistema digestório. É a cavidade pela qual passam o ar e o material ingerido. Conforme destacado por Konig (2016, p. 327), “a qual se conecta ao esôfago pela cavidade oral e a cavidade nasal à laringe”. A importância da faringe dá-se à medida que é um elemento fundamental na deglutição do bolo alimentar.

Quanto ao processo de deglutição realizado pela faringe, ele está dividido

em duas fases, sendo que a primeira é o ato voluntário da mastigação e a passagem do bolo para a parte oral da faringe. A segunda fase, por sua vez, ocorre quando o bolo toca a mucosa da faringe e desencadeia os reflexos da deglutição (KONIG, 2016).

O esôfago é a continuação do canal alimentar da faringe em direção

ao estômago. Penetra no estômago por meio de um orifício chamado cárdia. Conforme destaca Konig (2016), o esôfago está dorsalmente posicionado à traqueia e percorre o mediastino, passando dorsalmente ao fígado até se unir ao estômago.

Já o estômago é o órgão seguinte do trajeto do alimento, localizado entre

o esôfago e o intestino delgado. Existem diferenças entre as espécies de produção, podendo ser monogástricos ou poligástricos. Além disso, equinos e suínos têm estômago unicavitário composto, de modo que a maior parte do estômago é revestida por mucosa glandular, e outra parte por mucosa aglandular (KONIG, 2016).

FIGURA 2 – DENTES INCISIVOS INFERIOR EM BOVINO

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FIGURA 3 – ESQUEMA GRÁFICO DA REPRESENTAÇÃO DE ÓRGÃOS DE EQUINO

FONTE: <https://shutr.bz/2ZHVuii>. Acesso em: 24 jul. 2021.

Ruminantes, por sua vez, apresentam estômago pluricavitário composto por três pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso) e um estômago glandular (abomaso).

O intestino delgado, porção seguinte do trato digestório, possui três seções:

• duodeno;• jejuno; • íleo.

Devemos considerar que a principal função do intestino delgado é digerir e absorver os alimentos, desse modo, a capacidade absortiva ocorre por meio da mucosa, com células colunares, “que realizam a absorção, produzem muco e regulam sistema endócrino, além de controlar a secreção pancreática e funcionamento muscular da vesícula e paredes do intestino. O duodeno é a primeira porção do intestino delgado e se estende até o jejuno” (KONIG, 2016, p. 354).

Animais, no geral, apresentam estômago unicavitário simples, com exceção dos ruminantes que têm suas particularidades em relação ao estômago, as quais estudaremos no próximo tópico.

ESTUDOS FUTUROS

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Tanto o ducto pancreático quanto o biliar se abrem no duodeno, por isso, é uma porção de extrema importância na anatomia. O jejuno é a parte mais extensa e que apresenta maior mobilidade. Já o íleo é a porção cranial e mais curta do intestino delgado, que faz ligação com a próxima secção.

O intestino grosso, por sua vez, é divido em:

• ceco; • colo;• reto.

A primeira porção, ceco, é importante nas espécies equinas, por possuir uma grande capacidade e por ser importante no processo digestório dessa espécie. O colo, formado por colo ascendente, transverso e descendente, compõe a segmentação dessa porção intestinal. Por fim, o reto dos animais é a última porção do trato digestório, responsável pela excreção e saída pelo canal anal.

Com relação às glândulas anexas ao sistema digestório, temos o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas como importantes reguladores da função endócrina e digestória.

2.1 ANATOMIA DO TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DOS RUMINANTES – PARTICULARIDADES

Iniciaremos nossos estudos com o entendimento do sistema dessa espécie de interesse, que movimenta debates acerca da importância na cadeia produtiva de leite, carne e lã. Dentre os principais representantes da categoria, temos os bovinos e ovinos. Essas espécies têm particularidades tanto em relação à anatomia quanto à fisiologia, o que influencia diretamente a forma como a digestão e absorção ocorrem nesses animais.

Sobre a realidade dos ruminantes, estes possuem apresentação anatômica referente aos compartimentos dos estômagos diferenciada das demais espécies. A presença de três pré-estômagos caracteriza esses animais como seres poligástricos.

Veremos a função dos órgãos endócrinos no decorrer dessa unidade, a fim de entendermos o processo endócrino dos animais de maneira geral e não apenas em um sistema particular.

ESTUDOS FUTUROS

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FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE BOVINO

FONTE: <https://shutr.bz/3inLFwu>. Acesso em: 23 jul. 2021.

O estômago dos ruminantes é formado por quatro cavidades que preparam o alimento, para que assim, seja direcionado ao estômago glandular. Veremos cada um dos componentes na sequência.

2.1.1 Componentes do estômago dos ruminantes O processo de evolução proporcionou aos ruminantes a capacidade

de aproveitamento (de maneira funcional) dos carboidratos de origem fibrosa como fonte energética da dieta, além de compostos nitrogenados como fonte de proteína (VALADARES FILHO; PINA, 2006). Tal capacidade ocorre em decorrência da presença dos quatro compartimentos estomacais nessas espécies, ou seja, rúmen, retículo, omaso e abomaso, além da relação de simbiose que existe entre microrganismos presentes ao longo dessas câmaras: fungos, protozoários e bactérias, que caracterizam a flora ruminal.

Conforme destaca Oliveira, Santos e Valença (2019, p. 116), o estômago multicavitário deriva do estômago simples, de modo que “os três primeiros compartimentos possuem epitélio de revestimento aglandular com mucosa

Os microrganismos habitam preferencialmente os três primeiros compartimentos dos ruminantes, e ali desempenham funcionalidade fermentativa, ocorrendo a síntese de energia, nutrientes e vitaminas.

ATENCAO

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absortiva”. E o abomaso é semelhante ao estômago dos não ruminantes, apresentando “epitélio com glândulas secretoras em sua mucosa e produção de muco e substância hormonais e endócrinas”.

O primeiro compartimento dos ruminantes que abordaremos será o rúmen. Esse órgão é considerado um dos quatro proventrículos que possuem mucosa aglandular e são responsáveis pela destrução enzimática de carboidratos complexos, especialmente a celulose, fonte de boa parte da dieta dos ruminantes.

FIGURA 5 – COMPARTIMENTOS DO ESTÔMAGO DOS RUMINANTES

FONTE: <https://shutr.bz/3Fgh6mj>. Acesso em: 24 jul. 2021.

Segundo Konig (2016, p. 344), “a aparência do rúmen é semelhante a um saco grande e lateralmente comprimido, que preenche boa parte da metade esquerda do abdômen dos ruminantes. Possui inúmeras curvaturas e inflexões, que caracterizam anatomicamente este órgão”. Dessa forma, ele tem epitélio aglandular, isto é, apenas com presença de papilas ruminais. Tais estruturas são formações de tecido mole da lâmina própria, aumentando a superfície epitelial com eficiência, proporcionando melhor absorção e aproveitamento dos nutrientes.

O retículo, próxima câmara subsequente ao rúmen, é uma estrutura

menor, se posiciona perto da junção gastroesofágica e acima do processo xifoide do esterno.

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Como o bovino não é seletivo quanto à alimentação, ingerindo, portanto, corpos estranhos, esse compartimento apresenta grande importância, pois, pela questão da gravidade e peso, os corpos estranhos acumulam-se no retículo e não progridem aos demais compartimentos, na maioria das vezes (KONIG, 2016).

IMPORTANTE

A mucosa do retículo é aglandular e possui semelhança à mucosa do rúmen. Sua caracterização de favo a diferencia dos demais compartimentos. Possui musculatura muito eficiente em relação à movimentação do bolo alimentar, o que favorece e permite a regurgitação nos ruminantes, processo de ruminação.

FIGURA 6 – MUCOSA DO RETÍCULO

FONTE: <https://shutr.bz/39TWJMZ>. Acesso em: 24 jul. 2021.

O omaso, por sua vez, tem formato de esfera achatada e se comunica com retículo pelo orifício retículo-omasal. Ele caracteriza-se pela presença de lâminas paralelas que, de acordo com Konig (2016, p. 346), “possuem comprimentos e tamanhos diferentes e dividem o lúmen desse órgãos”. Essas lâminas possuem papilas curtas e são importantes camadas delgadas de musculatura, facilitando a contração do omaso, para num primeiro momento pressionar o alimento pelo canal omasal para recessos omasais e, num segundo momento, descarregar o conteúdo desidratado do omaso para abomaso.

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FONTE: <https://shutr.bz/3F8YSCQ>. Acesso em: 24 jul. 2021.

Chegando ao último compartimento e ao estômago glandular dos ruminantes, temos o abomaso. Ele é revestido por mucosa glandular, diferentemente dos demais pré-estômagos vistos até o momento, e possui glândulas pilóricas e glândulas gástricas, que auxiliam o processo de digestão química dos alimentos.

O restante do trato é semelhante às demais espécies, de modo que as principais diferenças para ruminantes estão relacionadas ao fato de serem animais poligástricos.

2.1.2 FISIOLOGIA DA DIGESTÃO EM RUMINANTES

Com relação à fisiologia da digestão nos ruminantes, podemos observar que a presença de estômago multicavitário precedendo o abomaso permite melhor aproveitamento dos carboidratos fibrosos, além disso, sedem espaço para a flora de microrganismos fundamentais para o processo digestório.

FIGURA 7 – OMASO DE BOVINO

Cabe ressaltar que a posição e o tamanho do abomaso dependem diretamente do tipo de espécie, idade e outros fatores fisiológicos (como a gestação), que alteram e deslocam o órgão.

IMPORTANTE

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O pH ideal das regiões dos pré-estômagos apresenta, nesse aspecto, conforme Oliveira, Santos e Valença (2019, p. 116) “condições ideais entre 5,5 e 6,8, de acordo com o compartimento avaliado”.

A movimentação do trato digestório sobre o alimento ingerido,

basicamente, exerce função de propulsão do alimento ao longo do trato e retenção do alimento em sítios específicos, para que ocorra a digestão, absorção ou armazenamento.

Nos ruminantes, tudo começa na boca, pela mastigação. A saliva produzida funciona como substância responsável pela mistura e homogeneização, mas também para tamponamento do ambiente digestivo. O processo de ruminação presente nessas espécies conduz o bolo alimentar do retículo para o rúmen, e dali para a boca, tornando possíveis a moagem e a mistura com salivação.

Fisiologicamente, na região do rúmen ocorre a digestão dos carboidratos não fibrosos e do amido. Há também a fermentação de açúcar e acetato, formando ácidos graxos voláteis, além de aproveitamento de proteína microbiana.

Os três primeiros compartimentos, em síntese, realizam a digestão mecânica

dos alimentos e redução enzimática pela fermentação dos microrganismos. No omaso há, ainda, a absorção de água, e no abomaso, que se assemelha ao estômago das demais espécies, ocorre a secreção de enzimas que realizarão o processo de digestão química dos alimentos.

Conforme ressaltado por Oliveira, Santos e Valença (2019, p. 124),

“os hormônios liberados pelo trato digestivo dos ruminantes são gastrina, colesticoquinina (CCK), secretina, motilina, enteroglucagon e peptídeo YY, responsáveis pela digestão química dos alimentos”, lembrando que o que não é aproveitado pelo organismo será excretado ao final do trato digestório, assim como nas demais espécies estudadas.

Conforme o alimento chega ao rúmen, o maior compartimento sofre influência da microbiota ruminal. A presença de protozoários, fungos e bactérias auxilia no aproveitamento dos nutrientes e altera a composição dos alimentos ingeridos, aproveitando aquelas substâncias que lhes são de interesse, realizando, então, a digestão microbiana, a qual é fundamental no suprimento de nutrientes para o animal, especialmente o substrato para produção de energia.

ATENCAO

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2.2 TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DOS NÃO RUMINANTES – PARTICULARIDADES ANATOMOFISIOLÓGICAS

Os principais representantes de interesse em nossos estudos, na

categoria dos herbívoros não ruminantes, são os equinos. Conforme estudamos anteriormente, algumas particularidades dessa espécie são importantes de serem destacadas, como a capacidade dos lábios e língua na captação do alimento, além de grande mobilidade maxilar. Como destacou Konig (2016), uma das particularidades do equino é ter uma cartilagem fortalecendo a estrutura da língua.

A anatomia do trato digestório nesses animais caracteriza-se pela

apresentação monogástrica, isto é, apenas um compartimento estomacal. De acordo com Konig (2016, p. 333), “o equino e suíno apresentam estômago unicavitário composto, onde a maior parte da mucosa é glandular e uma pequena parte cranial de mucosa aglandular”. Tal característica diferencia essas espécies das demais.

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE UM EQUINO

FONTE: <https://shutr.bz/3igXtk3>. Acesso em: 26 jul. 2021.

Para saber mais sobre o processo digestório dos nutrientes em bovinos, é interessante ler o artigo Desenvolvimento e fisiologia do trato digestivo de ruminantes, de Oliveira, Santos e Valença (2019).

Disponível em: https://bit.ly/3mfiWLg.

DICAS

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O estômago desses animais apresenta-se em tamanho pequeno, quando comparado ao restante do tamanho do corpo. A capacidade desse compartimento fica entre 5 a 15 litros. Ademais, o esfíncter do cárdia (entrada do estômago) é muito desenvolvido nessa espécie, e esse fato somado à posição oblíqua do esôfago impede que o equino vomite o alimento (KONIG, 2016).

Há também outra particularidade dessa categoria de animais, trata-se da

presença de ceco muito desenvolvido na porção do intestino grosso, possuindo uma capacidade de até 30 litros e medindo cerca de 1 metro. Sua importância dá-se por ser o responsável pela digestão de carboidratos complexos, como a celulose. O alimento ingerido chega ao colo por movimentos peristálticos. Além disso, problemas nesse órgão podem gerar distúrbios nos equinos, como impacto, distensão e síndrome cólica (KONIG, 2016).

FIGURA 9 – CECO BOVINO DESTACADO EM REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

FONTE: <https://shutr.bz/3zX9zoj>. Acesso em: 26 jul. 2021.

O ceco equino possui flora de protozoários e bactérias, semelhante ao rúmen do bovino. Essa região é caracterizada por zona de anaerobiose e pH neutro, em que esses microrganismos auxiliam no processo de transformação do carboidrato da dieta em ácidos graxos voláteis (substâncias altamente energéticas).

Por fim, a eliminação das fezes e excreção é realizada ao final do intestino

grosso, pelo reto e pelo ânus, que se comunicam com o meio externo por meio de orifício.

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TÓPICO 1 — SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR

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2.3 ANATOMIA DO TRATO DIGESTÓRIO E EXCRETOR DE AVES – PARTICULARIDADES ANATOMOFISIOLÓGICAS

As aves são espécies de interesse produtivo muito significativo, e suas particularidades as diferenciam das demais espécies. O processo de digestão nesses animais é complexo, sendo referência básica de estudos as espécies domésticas, em especial do gênero Gallus, ao qual pertencem os galos e galinhas popularmente conhecidos.

Conforme destacado por Santos et al. (2012, p. 3), “o aparelho digestório é o organismo fundamental para manutenção da vida, sendo adaptado ao longo de anos através do processo evolutivo”, desse modo, permite o desenvolvimento e a sobrevivência de diversas espécies.

A cavidade oral das aves já se diferencia das demais por apresentar a forma

de apreensão diferente, ou seja, por meio da preensão por bicagem. Além de o bico desses animais facilitar a questão de leveza para voo (por ser menos pesado que os dentes), possui formato adaptado pelo alimento que essa espécie consome. A ave apreende o alimento e ele permanece por tempo quase que irrisório dentro da cavidade, deglutindo em seguida.

FIGURA 10 – APARÊNCIA DO BICO DE GALINHAS

FONTE: <https://shutr.bz/3onIRmS>. Acesso em: 26 jul. 2021.

Se você tem curiosidade sobre o processo digestório e absortivo de nutrientes e alimentos no trato digestório de equinos, realize a leitura do artigo O estômago equino: agressão e mecanismos de defesa da mucosa, de Aranzales e Alves (2013).

Disponível em: https://bit.ly/3B47Tek.

DICAS

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

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Referente às particularidades anatômicas, nas aves podemos observar a presença de outras estruturas, as quais veremos sequência.

FIGURA 11 – ANATOMIA BÁSICA DO SISTEMA DIGESTIVO DE AVES

FONTE: <https://shutr.bz/3orNlZL>. Acesso em: 26 jul. 2021.

O esôfago desses animais é dividido anatomicamente em porção cervical e porção torácica (SANTOS et al., 2012). Popularmente conhecido como papo, o inglúvio é uma bolsa sacular situado exatamente entre as transições das regiões do esôfago em cervical e torácica, responsável por armazenar alimento quando o estômago muscular está repleto.

Já o estômago dessa espécie possui uma região aglandular (proventrículo)

e uma porção muscular (moela), situados um atrás do outro no plano mediado. Conforme mostra Santos et al. (2012), o proventrículo possui aspecto comprido e alongado, cranialmente à cavidade torácica. O ventrículo, por sua vez, ou moela (popularmente conhecida), possui aspecto arredondado e oco, com paredes extremamente grossas.

Como as aves não possuem dentes, a principal função do estômago muscular é triturar o alimento que foi ingerido e apreendido pelo animal.

O proventrículo tem como principal funcionalidade a realização da digestão química, por meio de secreções gástricas e glândulas mucosas secretoras de pepsina, gastrina e pepsinogênio, que auxiliam no aproveitamento dos alimentos ingeridos.

ATENCAO

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FONTE: <https://shutr.bz/3D0sJvz>. Acesso em: 26 jul. 2021.

Com relação às porções intestinais, as aves apresentam conformação e divisões similares às demais espécies, no que se refere ao intestino delgado, ou seja, apresentam três estruturas previamente estudadas: duodeno, jejuno e íleo.

O intestino grosso finaliza-se com a presença do colón, o segmento final, e

desemboca na cloaca. O ceco das aves é responsável pela absorção de água, pela digestão de celulose e lignina, além de sintetizar vitaminas do complexo B e K.

Uma diferença nessa espécie animal, em comparativo com as demais, dá-

se pela importância e funcionalidade da cloaca, órgão responsável pela excreção e também por compartimentar excretas do aparelho urinário, reprodutivo e intestinal das aves, além de ser responsável pela reabsorção de água e manutenção da pressão do sangue.

Vimos que os animais pertencentes à essa categoria apresentam diferenças quando comparados aos bovinos, equinos e demais herbívoros. Todas essas diferenças são resultantes do processo de evolução e adaptação ao ambiente em que estão inseridos.

FIGURA 12 – MOELA DE AVE

Para saber mais sobre o processo digestório dos nutrientes em aves, realize a leitura do artigo Fisiologia da digestão e da absorção em aves, de Rutz et al. (2015).

Disponível em: https://bit.ly/3ioHMqX.

DICAS

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2.4 GLÂNDULAS ANEXAS AO SISTEMA DIGESTÓRIO

Observamos até o momento que o sistema digestório é composto por estruturas especificamente adaptadas para o processo digestivo e nutricional dos animais. Existem, ainda, outras glândulas anexas que possuem atuação no processo digestório.

Para tanto, estudaremos duas glândulas intimamente ligadas ao sistema

digestório, ou seja, o fígado e o pâncreas.

2.4.1 FÍGADO

Segundo Konig (2016, p. 364), “o fígado é a maior das glândulas do organismo e possui duas funções principais: exócrina e endócrina. No que se refere a sua atividade exócrina, esta refere-se à produção de bile, armazenada e concentrada na vesícula biliar, para posteriormente ser eliminada no duodeno”. A função endócrina, por sua vez, está relacionada com a liberação de substâncias que realizam a digestão e auxiliam no metabolismo de gorduras, carboidratos e proteínas.

FIGURA 13 – FÍGADO DE BOVINO

FONTE: <https://shutr.bz/3CRSG0i>. Acesso em: 26 jul. 2021.

O fígado dispõe-se diferentemente de acordo com as espécies, possuindo tamanho e peso variável. A posição anatômica do sistema venoso do trato gastrointestinal, conforme Konig (2016, p. 366), “faz com que todos os produtos provenientes da digestão que são lançados na corrente sanguínea passem pelo fígado antes de adentrar à circulação”. Com isso, a importância do fígado ocorre por ser o grande depósito de glicogênio do organismo, além de funcionar como órgão hematopoiético.

A vesícula biliar é um órgão com formato de bolsa e situa-se em uma

fossa na face visceral do fígado, sendo muito desenvolvida em espécies como os bovinos e ovinos, mas é inexistente no equino. Sua principal função é armazenar

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TÓPICO 1 — SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR

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a bile e liberar ela no intestino delgado (duodeno) quando necessário (KONIG, 2016), e realizar a digestão de gorduras, emulsificando lipídeos e facilitando ação de enzimas digestivas, vindas do pâncreas.

Quanto à secreção biliar, ela pode ter dois trajetos distintos: nos animais

que não possuem a vesícula, equinos, por exemplo, ela pode ir diretamente para o duodeno, e apresenta-se mais fluida; a bile nos animais que possuem a vesícula é mais viscosa e pode ser armazenada nessa bolsa ou no duodeno.

2.4.2 PÂNCREAS

Trata-se de outra glândula importante relacionada ao sistema digestório, uma vez que produz hormônios reguladores das concentrações de glicose no organismo, isto é, insulina e glucagon.

O produto exócrino do pâncreas tem participação importante no processo

digestório, sendo o suco pancreático. Ele é transportado até o duodeno por um ou mais ductos, dependendo da espécie abordada. O suco pancreático é fundamental para o processo digestório porque ele está relacionado com a redução de proteínas, carboidratos e gorduras. A parte endócrina, como mencionamos anteriormente, produz insulina e glucagon, que regulam os níveis de substâncias no sangue.

No decorrer da unidade, estudaremos mais detalhes sobre a função endócrina de órgãos como o fígado e o pâncreas.

ESTUDOS FUTUROS

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Neste tópico, você aprendeu que:

• O sistema digestório dos animais domésticos apresenta uma complexidade de acordo com a necessidade de adaptação ao processo de evolução, apresentando também diferenças quanto às espécies.

• O trato digestório é, de maneira geral, composto pela cavidade oral, e se prolonga desde a boca até o ânus, incluindo glândulas anexas.

• Animais ruminantes apresentam características de funcionalidade e anatomia distinta das demais espécies, caracterizando-se por serem animais poligástricos, cujo rúmen representa uma grande câmara de fermentação para digestibilidade de carboidratos não fibrosos.

• As demais espécies de herbívoros não ruminantes também apresentam certa complexidade de sistema digestório, especialmente os equinos e as funcionalidades de ceco para digestibilidade de celulose, assim como as aves, com a presença de outras estruturas não existentes nas demais espécies, como o papo e a moela.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 A produção de substâncias que regulam a função digestória é fundamental para que os animais possam desempenhar seu papel produtivo. Sobre a função da bile, produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Lubrificar a mucosa intestinal.b) ( ) Emulsionar as gorduras.c) ( ) Estimular a secreção gástrica.d) ( ) Provocar a contratilidade da vesícula biliar.

2 Com relação ao trato gastrointestinal das aves, existem órgãos envolvidos no processo digestório específicos dessa espécie. Com base nesses órgãos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Pâncreas, jejuno e cloaca.b) ( ) Moela, papo, pró-ventrículo e cloaca.c) ( ) Cloaca, moela e jejuno.d) ( ) Papo, vesícula biliar e moela.

3 Sobre o trato gastrointestinal dos ruminantes, existem estruturas envolvidas no processo de ruminação. Com base nas estruturas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Rúmen e retículo.b) ( ) Retículo e abomaso.c) ( ) Rúmen e boca.d) ( ) Boca, rúmen e retículo.

4 As aves são animais de grande importância para os sistemas de produção animal no Brasil e no mundo. Sobre essa espécie, ela apresenta algumas particularidades em relação à anatomia, diferente das demais espécies. Discorra sobre a funcionalidade da moela e pró-ventrículo nas aves.

5 Os ruminantes são animais que apresentam características distintas em relação ao trato digestório. Isso porque são considerados animais poligástricos, ou seja, possuem três pré-estômagos antes de o alimento chegar ao estômago químico. Frente a essa constatação, cite os compartimentos que compõem os estômagos dos bovinos e a funcionalidade de cada câmara.

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos algumas particularidades referen-tes ao sistema reprodutivo e endócrino, nas espécies de interesse produtivo. Res-saltaremos a funcionalidade reprodutiva de machos e fêmeas e a endocrinologia de maneira geral, voltada para todas as espécies. Observaremos, neste momento, que poucas são as particularidades referentes a essas espécies.

2 PRINCÍPIOS ANATOMOFISIOLÓGICOS DO SISTEMA REPRODUTIVO

Agora, abordaremos as particularidades de machos e fêmeas, separadamente, no que se refere ao sistema reprodutivo, de maneira geral, em que noções básicas podem ser absorvidas.

2.1 MACHOS

O aparelho reprodutivo masculino tem como função primordial a produção de gametas masculinas e a introdução e liberação desses gametas no trato reprodutivo da fêmea, para manutenção da espécie e reprodução. Nos mamíferos, o aparelho reprodutivo do macho é composto por testículos, órgãos acessórios (glândulas seminais, bulbouretrais e próstata), epidídimo, ducto deferente, uretra e pênis.

TÓPICO 2 —

SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO

Cabe ressaltar que as variações de tamanho e conformação ocorrem de acordo com a espécie estudada, sendo diferente em alguns aspectos. Porém, de maneira geral, são muito semelhantes em relação à funcionalidade.

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

As gônadas masculinas, ou testículos, conforme destacado por Konig (2016), são os órgãos que originam embriologicamente no início da diferenciação sexual, pós-fecundação. Sua principal funcionalidade está na produção de espermatozoides e hormônios que controlam o trato reprodutivo. Além disso, as gônadas masculinas possuem particularidade de migração para fora da cavidade abdominal, processo esse nomeado descida testicular, a fim de preservar a produção de gametas a uma temperatura inferior à da cavidade abdominal, que pode ser prejudicial para a sobrevida dos gametas masculinos.

FIGURA 14 – TESTÍCULOS DE MACHO BOVINO

FONTE: <https://shutr.bz/3kTmeV0>. Acesso em: 26 jul. 2021.

O epidídimo é o local em que os espermatozoides produzidos alojam-se à medida que amadurecem, antes de serem ejaculados. Ele é uma estrutura firmemente acoplada ao testículo, formando uma rede de túbulos contorcidos e alongados, unidos por tecidos conectivos. Ele é composto por cabeça, corpo e cauda. “No ducto do epidídimo, os espermatozoides amadurecem e o fluido testicular é absorvido, e nesse processo, os espermatozoides sofrem as últimas alterações antes de serem ejaculados” (KONIG, 2016, p. 416).

O criptorquidismo caracteriza-se pela incapacidade de descida testicular, e acredita-se que seja uma condição hereditária em animais, por isso, a reprodução desses animais é desaconselhável.

INTERESSANTE

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TÓPICO 2 — SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO

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Já o ducto deferente é a continuação do ducto do epidídimo, trata-se de um tubo muscular que, por meio de contrações, promove a impulsão dos espermatozoides do epidídimo para a uretra no momento da ejaculação.

Com relação às glândulas genitais acessórias, elas estão situadas na

extensão da parte pélvica da uretra e são responsáveis pelo volume do ejaculado, ou seja, o meio de transporte dos espermatozoides, e dão características distintas de volume, concentração e características no ejaculado de cada espécie.

Tanto o touro quanto o garanhão, ambos possuem o conjunto completo

de glândulas acessórias, enquanto o cachaço, por exemplo, possui as glândulas vesiculares, bulbouretrais e próstata. As glândulas genitais acessórias possuem cápsulas de tecido mole, e segundo Konig (2016, p. 424), “são ricas em fibras musculares e lisas, que são inervadas pelo sistema nervoso autônomo e desencadeiam o estímulo para expelir a secreção das glândulas”.

O pênis é o órgão copulador, formado por porção de musculatura e pela

glande. O prepúcio constitui-se de partes externas e internas ligadas ao pênis, contendo glândulas para lubrificação, podendo assumir formas distintas de acordo com a variação anatômica existente. Existem duas formas de tipo de pênis, o fibroelástico, presente em ruminantes e suínos, e o musculocavernoso, como nos garanhões.

A diferença entre os dois tipos está relacionada ao tipo de tecido que

constitui o órgão e a necessidade aporte sanguíneo para ereção. Os animais com pênis do tipo fibroelástico necessitam de pouco sangue adicional para que o pênis fique ereto, já nos animais que apresentam o tipo musculocavernoso, há uma demanda muito maior de sangue para alcançar a ereção (KONIG, 2016).

O processo de produção de gametas masculinos é chamado

espermatogênese, tal processo é regulado por uma série de mecanismos, incluindo fatores endócrinos, os quais veremos de maneira sucinta no decorrer desse material de estudo. De maneira geral, o controle endócrino, de acordo com pulsos hipotalâmicos e ação diretamente no parênquima testicular, altera a forma como a regulação dos hormônios envolvidos no processo de espermatogênese ocorre.

2.2 FÊMEAS Para Konig (2016, p. 429), “os órgãos genitais femininos são constituídos

de maneira semelhante aos do macho, sendo divididos em órgãos que são responsáveis pela produção dos gametas e outros pelo transporte e armazenamento dos gametas”.

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

Os órgãos envolvidos no sistema reprodutivo da fêmea são: ovários, tubas uterinas, útero, vagina e vulva. Os principais objetivos do sistema reprodutor feminino são: produzir gametas femininas e a liberação para que sejam fertilizados junto ao gameta masculino, fornecendo um ambiente para o desenvolvimento e crescimento do embrião, e expelir o feto.

Nos ovários, há o amadurecimento do óvulo para que ele possa ser ovulado e encontre o gameta masculino. Conforme destacado por Konig (2016, p. 431), “possui vasos sanguíneos, nervos, fibras musculares e tecido conectivo. Além disso, possui estruturas fundamentais para o processo reprodutivo, que são folículos e corpos lúteos em diferentes estágios de maturação”.

As tubas uterinas, por sua vez, também podem ser chamadas ovidutos,

e são as estruturas que recebem e transportam os ovócitos para o útero. Elas conduzem o esperma para que ele possa fecundar o óvulo, e a fecundação ocorre nessa região (KONIG, 2016).

O útero varia de acordo com as diferentes espécies, em tamanho, posição e

formato. Além disso, variações significativas podem ser percebidas com o passar da idade das fêmeas. De maneira geral, ele é composto por cornos uterinos, corpo e cérvice. Possui camadas espessas que protegem o ambiente intrauterino e são responsáveis também pela produção hormonal nas fêmeas. A mucosa da cérvice também é responsável pela produção de secreção que formam tampão mucoso, vedando essa região, o qual será expelido posteriormente no momento do parto (KONIG, 2016).

A vagina é a parte do trato reprodutivo das fêmeas que se encontra

dentro da pelve, sendo o envoltório no qual o pênis copula, além de servir posteriormente como canal de via de parto. Já a vulva é composta por dois lábios que se apresentam diferentemente em cada espécie. Nas éguas, por exemplo, possui comissura dorsal aguda e comissura ventral arredondada, ao contrário da maior parte das fêmeas de outras espécies.

Ao contrário do sistema reprodutivo masculino, que possui ligação com sistema urinário, o feminino difere-se nesse cenário. Os ovários são responsáveis pela produção de gametas femininos e pela produção de hormônios. O tamanho e a forma dos ovários variam de acordo com as espécies, mas a funcionalidade é a mesma para todos.

ATENCAO

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TÓPICO 2 — SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO

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3 PRINCÍPIOS ANATOMOFISIOLÓGICOS DO SISTEMA ENDÓCRINO

Estudaremos, nesse momento, os principais órgãos endócrinos envolvidos

na regulação do organismo das espécies domésticas de interesse em nosso estudo.

De acordo com Konig (2016, p. 569), “as glândulas endócrinas são, de maneira geral, órgãos sem ductos que produzem substâncias denominadas hormônios”, sendo liberadas no sistema circulatório e transportadas até os órgãos receptores.

Os hormônios são substâncias que se ligam aos seus receptores, os quais

se encontram nos sítios de destino de atuação, sejam para intensificar ou suprimir a atividade de algum tecido, célula ou órgãos.

Sendo assim, os órgãos endócrinos de interesse podem ser divididos da

seguinte maneira, “hipófise, tireoide, glândula pineal, glândula suprarrenal. Alguns órgãos têm funções exócrinas e também endócrinas (testículo, ovário, pâncreas, placenta), enquanto outros órgãos têm função endócrina secundária à sua função principal, como o rim e o fígado” (KONIG, 2016, p. 569).

3.1 HIPÓFISE A hipófise desempenha importante função endócrina, também conhecida

como glândula mestre do organismo. Está localizada abaixo do hipotálamo e possui duas partes, adenohipófise (anterior) e neuro-hipófise (posterior). Ela é responsável pela secreção de aproximadamente oito hormônios, que regulam quase todas as funções do organismo.

No caso da adenohipófise, ela é formada por tecido glandular e é

responsável pela produção de hormônios importantes, tais como:

• somatotropina (STH), envolvida no crescimento do corpo;• adenocorticotropina (ACTH), que controla a secreção de hormônios como os

da glândula supra renal;• tirotropina (TSH), que estimula a ação da glândula tireoide;• hormônio folículo estimulante (FSH), que estimula crescimento e secreção de

estrógenos em folículos, e espermatogênese em testículos;• hormônio luteinizante (LH), que estimula amadurecimento e luteinização e

secreção de progesterona pelo corpo lúteo, nos ovários.

Já a neuro-hipófise é composta por tecido nervoso, sendo responsável pela produção de vasopressina (ADH), que regula o balanço hídrico e de sódio, hormônio antidiurético que controla absorção de água nos rins, além de ocitocina, que promove contratilidade muscular no útero e glândula mamária. Esses dois

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

hormônios são armazenados na neuro-hipófise e ficam prontamente disponíveis, assim que solicitados pelo organismo, por meio de impulsos nervosos para os órgãos de atuação.

3.2 GLÂNDULA TIREOIDE

Localizada na região dois lados e ventral à traqueia em sua parte mais cranial, às vezes se sobrepõe à laringe e está presente em todos os mamíferos domésticos, com exceção do suíno. Desse modo, ela compõe-se de um lobo esquerdo e um lobo direito conectados caudalmente por uma faixa de tecido conectivo (KONIG, 2016).

Os hormônios produzidos por essa glândula são de grande importância,

uma vez que controlam a taxa de metabolização, crescimento, temperatura corporal, metabolismo de carboidratos e níveis de cálcio no organismo animal. A tireotropina (THS), hormônio sintetizado pela adenohipófise, regula sua atividade pela secreção de T3 e T4.

3.3 GLÂNDULA PINEAL

Essa glândula pertence ao diencéfalo. Trata-se de órgão cuja estrutura assemelha-se à uma pinha, e o tamanho varia de acordo com as diferentes espécies, apresentando variações. De acordo com Konig (2016, p. 571), “as células endócrinas da pineal produzem melatonina, cuja atividade possui efeito gonadotrófico importantes para a sazonalidade dos ciclos reprodutivos, especialmente para a espécie equina (fotoperíodo positivo) e ovina (fotoperíodo negativo)”.

Nos equinos, a melatonina possui efeito andigonadotrófico, portanto, a

produção de melatonina é inibida pelo fotoperíodo, de forma que o aumento da duração de luz diária faz com que a produção de melatonina abaixe, diminuindo seu efeito inibitório sobre a atividade gonodal. Ao contrário, nos ovinos a melatonina também é suprimida pela luz do dia, de maneira que a diminuição do período de luz diária aumenta a liberação de melatonina. Porém, nessa espécie, “a melatonina intensifica a função gonadotrófica, ao contrário das éguas” (KONIG, 2016, p. 571).

3.4 GLÂNDULA SUPRA RENAL

As glândulas suprarrenais são pares e estão localizadas cranialmente ao rim, de formato achatado e de coloração amarelada. Cada glândula possui região cortical e medular. A região cortical produz hormônios, os corticoides, que

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TÓPICO 2 — SISTEMA REPRODUTIVO E ENDÓCRINO

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regulam tanto o equilíbrio de carboidratos (glicocorticoides) quando o equilíbrio mineral (mineralocorticoides). A atividade do córtex da supra-renal, segundo Konig (2016, p. 577) “é regulada pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Já a medula da supra-renal produz adrenalina e noradrenalina, que estimulam o nervoso simpático e influência na pressão sanguínea, respectivamente”.

Entre os glicocorticoides importantes, está o cortisol, hormônio que possui efeito sobre os glicídios, lipídeos e proteínas. No que diz respeito ao metabolismo de glicídios, o cortisol atua aumentando a gliconeogênese e síntese de glicogênio. Além disso, inibe a utilização da glicose pelas células e estimula o armazenamento de glicogênio, estimulando uma hiperglicemia. No metabolismo de proteínas, causa catabolismo proteico, isto é, estimula a degradação da proteína e aumento do nitrogênio urinário. No metabolismo de lipídeos, por sua vez, estimula a lipólise, quebra das gorduras, facilitando a ação dos hormônios glucagon e adrenalina. O cortisol também tem efeito antialérgico e anti-inflamatório, estabilizando a membrana celular e impedindo a saída de enzimas hidrolíticas, diminuindo hiperemia e inflamação.

3.5 PÂNCREAS

A porção endócrina do pâncreas age por meio das ilhotas pancreáticas, estruturas responsáveis pela secreção de substâncias pelas células alfa que produzem glucagon e células beta que produzem insulina, afetando diretamente o metabolismo de carboidratos pela ação de ambas (KONIG, 2016).

Insulina e glucagon são antagônicos, isto é, ao passo que a insulina tem

ação hipoglicemiante, diminuindo a quantidade de glicose no sangue e no fígado, promovendo formação de glicogênio, o glucagon, por outro lado, faz o efeito adverso. Desse modo, o glucagon age aumentando a glicemia, ou seja, é um hormônio hiperglicêmico que estimula a conversão de glicogênio em glicose no fígado e estimula a conversão de proteínas em glicose.

O córtex secreta um mineralocorticoide, aldosterona, sendo de extrema im-portância na regulação do volume e pressão sanguínea, assim como na concentração do equilíbrio eletrolítico do sangue. A aldosterona é responsável pela retenção do sódio e água, além de eliminação de potássio.

ATENCAO

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

3.6 GÔNADAS

Estudamos, anteriormente, que tanto testículos quanto ovários possuem função endócrina, ou seja, produção de hormônios. A ação endócrina está sob controle do eixo hipotalâmico-hipofisário, que de acordo com Konig (2016), sintetizam respectivamente na fêmea estrogênios e no macho, andrógenos.

As células internas e externas do ovário da fêmea produzem os

estrogênios que estimulam a secreção de outros hormônios, os quais regulam o ciclo estral das espécies, desencadeando comportamentos específicos de acordo com a fase do ciclo. Especialmente o estrógeno traduz visivelmente características de cio nas espécies domésticas, enquanto a progesterona secretada pelo corpo lúteo preparará o útero para o recebimento do embrião pós-fecundação.

No macho, o principal hormônio secretado pelas gônadas é a testosterona,

que confere as características típicas masculinas aos animais, sendo sintetizado pelas células intersticiais no interior do tecido conectivo do testículo. Assim como nas fêmeas, o controle da secreção de testosterona é regulado pelo eixo-hipotalâmico hipofisário, que controla a secreção de hormônio folículo estimulante e luteinizante, para que estes estimulem a secreção da testosterona.

Podemos notar, então, que o processo endócrino anatomo-fisiológico é

complexo e desempenha papel fundamental na regulação dos diferentes tipos de sistemas no organismo, desde os mais simples, para manutenção da vida, até a reprodução. Dessa forma, estudar esse sistema atrelado ao funcionamento nas diferentes espécies permite a compreensão do funcionamento dos próximos sistemas que avaliaremos adiante.

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RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que:

• O sistema reprodutivo do macho e da fêmea apresentam particularidades que definem a forma como ocorrerá o desenvolvimento sexual dos animais.

• As estruturas do sistema feminino são: ovários, tubas uterinas, útero, vagina e vulva. E as estruturas do sistema reprodutor masculino são: testículos, epidídimo, ducto deferente, glândulas anexas, pênis e prepúcio.

• O sistema endócrino é composto por glândulas com funcionalidade complexa e de grande abrangência ao redor do organismo, influenciando na atuação e organização física dos diferentes sistemas.

• As glândulas endócrinas de maior interesse são: hipófise, tireoide, supra-renal, pineal, gônadas e pâncreas.

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1 Há um hormônio proteico que circula livre no sangue porque é solúvel no plasma; promove o crescimento de todos tecidos do organismo que são capazes de crescer. Com base em qual hormônio é esse, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) ATCH.b) ( ) Aldosterona.c) ( ) Renina.d) ( ) GH.

2 Considerando os estudos sobre a reprodução dos machos e a funcionalidade dos órgãos, analise as sentenças a seguir:

I- O pênis é o órgão responsável pela deposição de sêmen.II- A produção de espermatozoides (função exócrina) e a produção de

esteroides (função endócrina) são duas das principais funções do epidídimo.

III- A função dos corpos cavernosos é fazer o transporte e maturação dos espermatozoides.

IV- Ampolas deferentes são responsáveis por encher de sangue e produzir a ereção.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.b) ( ) Somente a sentença I está correta.c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O trato reprodutivo das fêmeas é composto por estruturas que possuem funcionalidade anatômica e também hormonal. Sobre a anatomia e fisiologia reprodutiva das fêmeas, analise as sentenças a seguir:

I- Os ovários são as gônadas produtoras de gametas femininos. II- A produção de gametas dá-se especialmente nas tubas uterinas e no corpo

uterino.III- A vagina é o órgão responsável pela liberação do óvulo. Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.b) ( ) Somente a sentença I está correta.c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

AUTOATIVIDADE

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4 Sobre o cortisol, é uma secreção endócrina secretada pela glândula adrenal, além disso, possui efeito hiperglicêmico. Discorra sobre os efeitos do cortisol no organismo animal, no que se refere à ação sobre gorduras, proteínas e carboidratos.

5 Durante nossos estudos, vimos que o pâncreas é um importante órgão endócrino secretor de dois hormônios reguladores das concentrações de glicose no organismo: insulina e glucagon. Diferencie a atuação de ambos os hormônios.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o estudo do sistema respiratório dos animais de produção. O sistema respiratório desempenha um papel fundamentalmente importantes para a manutenção da vida, ou seja, a troca de gases entre o ar e o sangue. Desse modo, iremos estudar as estruturas envolvidas em tal sistema e o processo fisiológico para que, por meio da respiração, ocorra a oxigenação dos tecidos.

2 SISTEMA RESPIRATÓRIO – GENERALIDADES O sistema respiratório compreende um conjunto de órgãos que permite

a troca gasosa entre o organismo vivo e o ambiente. Organizaremos este tópico dividindo os estudos sobre os mamíferos e sobre as aves, para facilitar o entendimento do tema.

2.1 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO DOS MAMÌFEROS – PARTICULARIDADES

Nos mamíferos em geral, esse sistema é dividido em vias respiratórias compostas por “nariz externo, cavidade nasal, porção nasal da faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões e o local de trocas gasosas, composta por bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos” (KONIG, 2016, p. 377).

A maior parte do sistema respiratório é composto por mucosa respiratória,

responsável por produzir muco (KONIG, 2016). Parte da cavidade nasal possui mucosa olfativa, o que permite o sentido de olfato nos animais.

O mecanismo do sistema respiratório começa na inspiração, a qual é

acompanhada de partículas de poeira que serão filtradas antes do ar chegar aos pulmões. Nos pulmões, o oxigênio se propaga no sistema circulatório. Em contrapartida, o dióxido de carbono presente no sangue venoso se propagada para do ar. Depois, por meio do sistema circulatório, ocorre o transporte do oxigênio para as células do corpo e o retorno aos pulmões, de sangue rico em gás carbônico e pobre em oxigênio, que será eliminado pela expiração.

TÓPICO 3 —

SISTEMA RESPIRATÓRIO

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Para saber mais sobre o sistema respiratório de bezerros e sua importância na sanidade desses animais, sugerimos a leitura do artigo O sistema respiratório na sanidade de bezerros, de Gonçalves (2009).

Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/7922.

DICAS

Segundo Konig (2016), a função do sistema respiratório não se limita apenas à troca gasosa. O nariz apresenta receptores olfativos que fornecem informações para o animal sobre o ambiente, proporcionando orientação e proteção contra substância nocivas. A cavidade nasal e as conchas aquecem e umedecem o ar, além de filtrar corpos estranhos. A laringe é responsável por proteger a traqueia, regular a inspiração e expiração de ar, além de desemprenhar função essencial para a vocalização, juntamente com a língua.

2.2 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO DAS AVES – PARTICULARIDADES

As aves possuem um aparelho respiratório altamente especializado.

Assim como o dos mamíferos, ele pode ser dividido conforme a sua localização, ou seja, em vias superiores e vias inferiores, sendo que as vias superiores são compostas por: narinas, cavidade nasal e laringe. Já as vias inferiores por: traqueia, siringe, brônquios, sacos aéreos e pulmões. Além de desempenhar a função de trocas gasosas com a captação de oxigênio e liberação de gás carbônico, é a forma como as aves liberam calor e como elas vocalizam (MACARI; GIVISIEZ, 2002).

Devemos observar que as aves possuem um pulmão rígido e pouco

distensível, o qual é ligado aos sacos aéreos, uma estrutura especializada e de grande capacidade. O fluxo de ar é unidirecional, ocorrendo a troca gasosa entre os parabrônquios e os capilares, e também em contracorrente entre os capilares aéreos e sanguíneos (PÉREZ, 2004).

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TÓPICO 3 — SISTEMA RESPIRATÓRIO

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A siringe é o órgão fonador das aves, formado por membranas vibratórias. Os sacos aéreos são estruturas interligadas aos pulmões das aves, elas recebem o ar inalado pelas aves, no total, as aves de importância na produção animal possuem nove sacos aéreos, divididos em craniais (dois cervicais, um clavicular e dois torácicos craniais) e caudais (dois torácicos caudais e dois abdominais).

FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO DAS AVES

FONTE: <https://shutr.bz/39TmhKc>. Acesso em: 26 jul. 2021.

As aves apresentam maior eficiência na obtenção de oxigênio do que os mamíferos, uma vez que os pulmões recebem ar fresco tanto no processo de inspiração quanto no de expiração (SCHMIDT-NIELSEN, 2002). Segundo o mesmo autor, o processo respiratório das aves ocorre em dois ciclos, o primeiro ciclo consiste na inspiração de pequena quantidade de ar que passa pelos pulmões, pois a maior parte do ar passa diretamente para os sacos aéreos posteriores, já na expiração, todo o ar fresco passa pelos pulmões.

A traqueia das aves é grande e os pulmões possuem pequenas ramificações, nos parabrônquios ocorrem as trocas gasosas, além disso, eles permitem a “passagem contínua de ar até os sacos aéreos” (SCHMIDT-NIELSEN, 2002, p. 401).

ATENCAO

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

O segundo ciclo ocorre quando esse ar que passou pelos pulmões é direcionado para os sacos aéreos anteriores, que posteriormente será eliminado para o meio exterior.

ATENCAO

Durante o mecanismo de respiração (na inspiração) ocorre aumento do volume corporal da ave, tanto torácico quanto abdominal. Cabe ressaltar que, diferente dos mamíferos, as aves não possuem diafragma, portanto, o processo de respiração ocorre pela movimentação dos músculos das costelas e esterno, que expandem e contraem a cavidade corporal.

O aumento de volume corporal que ocorre na inspiração resulta na diminuição da pressão nos sacos aéreos, permitindo a entrado do ar pelos pulmões nos sacos aéreos. Na expiração, ocorre a diminuição do volume corporal, logo, aumenta a pressão nos sacos aéreos, forçando a saída do ar novamente pelos pulmões.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A principal função do sistema respiratório é fazer a troca de gases entre o ar e o sangue, ele é o sistema responsável por transportar oxigênio para os pulmões e distribuir para o organismo dos animais, além de eliminar o gás carbônico para o ar.

• O sistema respiratório dos mamíferos pode ser dividido em trato respiratório superior, composto por nariz, seios paranasais, porção nasal da faringe e trato respiratório inferior, composto por laringe, traqueia e pulmões.

• O sistema respiratório das aves também pode ser dividido por trato respiratório inferior e superior, porém, possui algumas estruturas diferente, ou seja, a siringe e os sacos aéreos.

• Existem diferenças e particularidades do sistema respiratório de aves e mamíferos, tanto anatomicamente quanto no seu mecanismo.

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1 O sistema respiratório desempenha um papel imprescindível para a manutenção da vida, isto é, a troca de gases entre o ar e o sangue. Embora apresentem a mesma função em mamíferos e aves, existem algumas particularidades que os diferem. Sobre o contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O sistema respiratório dos mamíferos é composto por narinas, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia e pulmões

( ) O sistema respiratório das aves é comporto por narinas, cavidade nasal, laringe, traqueia, siringe, brônquios, sacos aéreos e pulmões.

( ) Com relação à formação, ambos apresentam a mesma estrutura anatômica, o que difere entre eles um sistema mais eficiente de troca gasosa presente nas aves.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - F.b) ( ) V - F - F.c) ( ) F - V - V.d) ( ) V - F - V.

2 O sistema respiratório compreende um conjunto de órgãos que permite a troca gasosa entre o organismo vivo e o ambiente, porém, a função do sistema respiratório não se restringe apena a isso. Com base no exposto, analise as sentenças a seguir:

I- A língua é um importante componente do sistema respiratório, pois, é a primeira estrutura que faz a seleção e filtração de partículas.

II- O sistema também é responsável por fornecer orientação e proteção contra substâncias nocivas, isso ocorre por meio do olfato.

III- A cavidade nasal e a conchas desempenham um papel de aquecimento e umidificação do ar, além de filtrar corpos estranhos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.b) ( ) Somente a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 As aves possuem um aparelho respiratório altamente especializado, ele é composto pelas vias superiores e vias inferiores, sendo que as vias superiores são compostas pelas narinas, cavidade nasal e laringe, enquanto

AUTOATIVIDADE

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as vias inferiores são compostas pela traqueia, siringe, brônquios, sacos aéreos e pulmões. Desse modo, analise as sentenças relacionadas ao sistema respiratório de aves:

I- Além da função de trocas gasosas, o sistema respiratório das aves permite a troca de calor com o meio e a vocalização das aves pela siringe.

II- Em comparação com os mamíferos, as aves apresentam uma eficiência maior em relação à obtenção de oxigênio, pois os pulmões recebem ar fresco no processo de inspiração e no de expiração.

III- Os sacos aéreos são estruturas interligadas aos pulmões das aves, eles recebem o ar inalado pelas aves após a oxigenação que ocorre nos pulmões.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

4 O sistema respiratório se difere entre os mamíferos e as aves, essa diferença não está relacionada apenas com as estruturas anatômicas, mas também com relação ao mecanismo. Explique como ocorre o processo circulatório dos mamíferos e das aves, pontuando a diferença entre eles.

5 Sabemos que o sistema respiratório é essencial para a vida dos animais, uma vez que o oxigênio transportado pelo sistema é vital. Desse modo, quando ocorre a interrupção desse sistema, o animal não possui um mecanismo alternativo para suprir essa falta. Considerando esse contexto, cite outras funções do sistema respiratório e explique cada uma delas.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tópico 4, abordaremos o estudo do sistema circulatório dos animais de interesse. Veremos que esse sistema é responsável pelo transporte de oxigênio e moléculas necessárias para o metabolismo celular e manutenção dos tecidos. Além disso, observaremos que em tal sistema ocorre o transporte de produtos celulares dos tecidos para fígado, rins e pulmão, ocorrendo o metabolismo ou excreção.

2 SISTEMA CIRCULATÓRIO – GENERALIDADES O sistema circulatório também pode ser chamado de sistema

cardiovascular, uma vez que é responsável pelo transporte de sangue para todo o corpo dos animais, juntamente com sangue são transportados oxigênio e nutrientes, fundamentais para a manutenção da vida dos animais.

Desse modo, o sistema circulatório compreende: coração, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e o sangue. Assim, o coração é a bomba muscular do sistema circulatório, os vasos sanguíneos, compostos por artérias, veias e capilares, formam um sistema contínuo de circulação sanguínea, já os vasos linfáticos, um sistema de drenagem (KONIG, 2016).

Sabemos, portanto, que o coração é o órgão central do sistema circulatório,

formado por músculo cardíaco, chamado de miocárdio, que possui forma de bolsa e é dividido em quatro câmaras:

TÓPICO 4 —

SISTEMA CIRCULATÓRIO

No caso do sistema circulatório de mamíferos e aves, não existem grandes variações, portanto, iremos abordá-los de forma conjunta.

ATENCAO

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

• átrio direito; • átrio esquerdo;• ventrículo direito; • ventrículo esquerdo.

Já os vasos sanguíneos e as câmaras do coração formam uma única cavidade, em que o sangue circula de forma contínua, devido ao bombeamento promovido pelo coração (KONIG, 2016).

Devemos notar que os vasos sanguíneos se distinguem em artérias,

responsáveis por transportar o sangue a partir do coração e em veias, que fazem o retorno. As artérias se ramificam e se dividem, diminuindo seu diâmetro, formando as arteríolas que, por sua vez, se ramificam novamente e formam os capilares, ou seja, vasos sanguíneos de menor calibre, responsáveis por transportar nutrientes para os tecidos. Após passar pelos capilares para chegar aos tecidos, os capilares desembocam em vênulas, ou seja, veias de menor calibre, elas se diferenciam em veias e retornam para o coração.

A divisão do sistema circulatório se dá em circulação sistêmica e

circulação pulmonar, sendo que a circulação sistêmica conduz sangue oxigenado do coração para todos os órgãos, e transporta sangue desoxigenado de volta para o coração. Já a circulação pulmonar transporta sangue desoxigenado do coração para o tecido de troca dos pulmões, órgão responsável por oxigenar o sangue novamente para retornar ao coração.

Quanto aos capilares, eles passam o sangue desoxigenado para as vênulas, que se tornam veias e chegam às veias principais (veia cava cranial e veia cava caudal), responsáveis por conduzir o sangue até o átrio direito do coração, que irá bombear ou passar ativamente para o ventrículo direito, o qual irá seguir para o tronco pulmonar e para as artérias pulmonares. As artérias pulmonares levarão o sangue desoxigenado para os alvéolos pulmonares, gerando a troca gasosa. As veias pulmonares conduzirão o sangue oxigenado de volta para o átrio esquerdo.

Cabe observamos que, como o nome sugere, é um circuito circular, não tem início ou fim, embora tenha sido explicado com um início, trata-se de um ciclo, ou seja, o sangue fica circulante durante toda a vida do animal.

O caminho que o sangue percorre no sistema do coração ocorre por meio de processo passivo e contração do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, que contrai e envia o sangue para a aorta, emergindo as artérias, as quais se ramificam em arteríolas. E pelos capilares chegam aos órgãos em que circula o sangue.

IMPORTANTE

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TÓPICO 4 — SISTEMA CIRCULATÓRIO

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FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/circulatory-system-heart-external--internal-anatomy-1962229915>. Acesso em: 26 jul. 2021.

Os vasos linfáticos, por sua vez, formam um sistema de drenagem, fazendo o retorno de fluídos dos tecidos do interstício para o sangue. Eles captam, além do líquido intersticial, moléculas grandes, como proteínas que não conseguem penetrar os vasos sanguíneos. Esses vasos desembocam em veias principais, próximas ao tórax dos animais.

3 FUNÇÕES DO SANGUE

Precisamos sempre considerar que o sangue é fundamental para a manutenção da vida dos animais, como já mencionamos. Essa importância ocorre porque o sangue é responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos, e gás carbônico dos tecidos para os pulmões.

Além disso, ele desempenha funções de absorção e transporte de nutrientes provenientes de diferentes processos metabólicos, como a digestão intestinal e metabolização hepática. Ele carreia hormônios do seu local de produção até seu sítio de ação, promovendo a regulação térmica dos animais por mecanismos de termorregulação, assim como faz o transporte de células de defesa do sistema imunológico.

FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO, SENDO O SAN-GUE OXIGENADO ILUSTRADO EM VERMELHO E O DESOXIGENADO EM AZUL, COM SETAS

INDICATIVAS DO FLUXO SANGUÍNEO

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RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que:

• O sistema circulatório dos animais é responsável pelo transporte de oxigênio e de moléculas fundamentais para o metabolismo celular e manutenção dos tecidos dos animais.

• Coração, vasos sanguíneos e vasos linfáticos compõem o sistema circulatório, sendo que o coração é a bomba muscular do sistema.

• É necessário compreender o mecanismo de circulação do sangue, assim como seu trajeto e suas ramificações para o sangue chegar até os tecidos.

• As diversas funções do sangue não se limitam apenas ao transporte de oxigênio e nutrientes.

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1 O sistema circulatório é responsável pelo transporte de oxigênio e moléculas necessárias para o metabolismo celular e manutenção dos tecidos. Quanto aos vasos sanguíneos, os quais compõem o sistema circulatório, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As artérias fazem o transporte de sangue oxigenado a partir do coração, enquanto as veias fazem o retorno.

b) ( ) As veias fazem o transporte de sangue oxigenado a partir do coração, e as veias fazem o retorno.

c) ( ) As arteríolas são os vasos linfáticos de maior calibre, por isso elas partem do coração.

d) ( ) Os capilares são responsáveis pela oxigenação dos pulmões.

2 O sistema circulatório não se restringe apenas ao transporte de oxigênio, pois ele é responsável pelo transporte de produtos celulares dos tecidos para fígado, rins e pulmão, propiciando o metabolismo ou excreção. Sobre os componentes do sistema circulatório, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Coração, artérias, arteríolas e pulmões.b) ( ) Coração e vasos sanguíneos.c) ( ) Coração, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e o sangue. d) ( ) Coração, vasos sanguíneos, sangue e epiderme.

3 O coração, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos compõem o sistema circulatório, o qual, conforme estudamos, é responsável pelo transporte de oxigênio e de moléculas necessárias para o metabolismo celular e para a manutenção dos tecidos. Com base no coração, analise as sentenças a seguir:

I- O coração possui quatro porções chamadas de câmaras, sendo elas: átrio direito, átrio esquerdo, pró-ventrículo direito e pró-ventrículo esquerdo.

II- Os vasos sanguíneos e as câmaras do coração formam uma única cavidade, em que circula o sangue de forma contínua.

III- O músculo cardíaco é chamado de miocárdio. Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.b) ( ) Somente a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.d) ( ) Somente a sentença III está correta.

AUTOATIVIDADE

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4 Pudemos observar que o sistema circulatório faz o transporte de oxigênio e de moléculas que são necessárias para o metabolismo celular e também para a manutenção dos tecidos. Considerando isso, ele pode ser dividido em circulação sistêmica e pulmonar. Sendo assim, caracterize cada uma delas e defina qual é o órgão responsável pela oxigenação do sangue.

5 O sangue possui um papel muito importante nos organismos vivos. Assim, descreva as principais funções do sangue para manutenção da vida dos animais.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, depois de percorrermos os estudos sobre diversos sistemas, agora no Tópico 5, conheceremos os estudos acerca do sistema locomotor. Nesse caso, como poderemos observar, trata-se de um sistema cuja função principal é trabalho mecânico. Portanto, é um sistema complexo que aborda diferentes estruturas, sendo o sistema com maior casuística de distúrbios ou patologias, por isso, torna-se fundamental obter o conhecimento básico da anatomia de tal sistema.

2 SISTEMA LOCOMOTOR – GENERALIDADES O sistema locomotor é composto, principalmente, por esqueleto e

músculos, de modo que eles são os principais responsáveis pela forma individual do corpo. Além disso, esse sistema permite a movimentação dos seguimentos do corpo. Sendo assim, o sistema locomotor é composto por ossos, cartilagens, ligamentos e articulações, que representam a forma passiva do aparelho locomotor, enquanto a musculatura representa a forma ativa (KONIG, 2016).

Para facilitar o entendimento do sistema locomotor, dividiremos os estudos

em: osteologia, artrologia e miologia. Abordaremos, assim, as particularidades anato-fisiometabólicas de cada uma dessas estruturas.

2.1 OSTEOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR

A osteologia é o estudo do conjunto de ossos que forma o esqueleto das mais variadas espécies animais. Os ossos são compostos de tecido ósseo, o qual é revestido interna e externamente, respectivamente, por endósteo e periósteo, e a medula óssea. Além dessas estruturas, eles possuem vasos sanguíneos e nervos responsáveis pela irrigação dos tecidos ósseos (KONIG, 2016). Os ossos são extremamente vascularizados, e as artérias nutrícias são responsáveis por essa irrigação.

TÓPICO 5 —

SISTEMA LOCOMOTOR

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO ESQUELETO ÓSSEO DE UM BOVINO

FONTE: <https://shutr.bz/39TqhKI>. Acesso em: 27 jul. 2021.

O osso é composto, principalmente, por conteúdo mineral, e durante a vida do animal ele se adapta às forças de tração e compressão as quais é submetido. O formato individual de cada osso, assim como o seu tamanho, é determinado por fatores genéticos, porém, o esqueleto dos animais é composto por:

• ossos longos; • ossos curtos;• ossos planos; • ossos pneumáticos; • ossos irregulares.

Em caso de fraturas de ossos, eles são capazes de iniciar um processo

de regeneração óssea, necessitando de células mesenquimais e proliferação de células precursoras de osteoblastos, para que um novo tecido seja formado no espaço resultante de uma fratura.

O processo de regeneração óssea pode ocorrer por cicatrização primária, quando as bordas da fratura estão separadas por pequenas fendas e o osso se forma diretamente sobre a fratura, ou então, por cicatrização óssea secundária, quando as bordas estão muito distantes. Nesse caso, ocorre inicialmente a formação de um calo ósseo por meio de mineralização, e em seguida, um processo de reorganização.

IMPORTANTE

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TÓPICO 5 — SISTEMA LOCOMOTOR

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As cartilagens e os ossos possuem função de sustentação, proteção do corpo e metabolismo. Sendo assim, além de garantir a locomoção, eles protegem órgãos de tecido mole (região torácica, pélvica e sistema nervoso central). A medula óssea vermelha, presente nos ossos, é responsável pela hematopoiese, ou seja, geração de componentes sanguíneos, além de armazenamento de alguns minerais, como cálcio e fósforo.

2.2 ARTROLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR Sobre as articulações, estas consistem na união de dois ou mais ossos ou

cartilagens, elas são formadas por feixes fibrosos ou fibrocartilaginosos e podem ou não apresentar movimento (KONIG, 2016). Sua principal função é permitir a movimentação dos animais e manter a estabilidade do esqueleto.

A estrutura contínua que une dois ossos adjacentes é chamada de

sinartrose, que pode ser constituída de tecido conectivo, formando uma união ou articulação fibrosa, ou ainda pode ser constituída de cartilagem, formando uma união ou articulação cartilaginosa. Na presença articulação com uma cavidade (diartrose) entre as estruturas esqueléticas, há uma maior amplitude de mobilidade. Uma articulação que possui uma fenda de articulação e uma cavidade de articulação preenchida por fluído é denominada articulação verdadeira ou sinovial.

Já a cavidade articular é revestida por membrana sinovial, repleta em

células, vasos sanguíneos e nervos, enquanto as articulações são preenchidas por fluído sinovial, com a função de lubrificar a articulação e reduzir a fricção entre as faces articulares. Os ligamentos articulares são responsáveis por reforçar as articulações, podendo ser classificados como ligamentos articulares intracapsulares, capsulares ou extracapsulares.

O metabolismo da cartilagem articular é anaeróbico, ou seja, não necessita

de oxigênio. Os nutrientes são conduzidos até a cartilagem por meio de difusão braditrófica, ou a partir da sinóvia articular, por meio dos vasos sanguíneos da medula óssea.

Para saber mais sobre o as articulações e sua importância no sistema loco-motor de equinos, sugerimos a leitura do artigo Avaliação anatômica, radiográfica e ultras-sonográfica da articulação escápulo-umeral em equinos, de Azevedo, Azevedo e Guenka.

Disponível em: https://bit.ly/3kYgHwk.

DICAS

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

2.3 MIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR A musculatura esquelética é a parte ativa do sistema de locomoção, ou

seja, é a estrutura que fornece energia para a movimentação. Essa musculatura é altamente vascularizada e inervada. A movimentação do estímulo muscular pode ocorrer de uma parte do corpo ou de todo o organismo. Outros músculos, que não da musculatura locomotora, são responsáveis pela formação de paredes cavitárias (torácica e abdominal), desempenhando função de sustentação de órgão internos (KONIG, 2016).

FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA MUSCULAR DE UM EQUINOS

FONTE: <https://shutr.bz/3zXTNK2>. Acesso em: 27 jul. 2021.

Existem alguns fatores que podem levar à atrofia ou hipertrofia dos músculos, sendo que imobilidade, ausência de exercício e interrupção do fluxo neural levam à atrofia, e o fortalecimento da musculatura, expansão da espessura das fibras e aumento do fluxo sanguíneo, resultam na hipertrofia.

O músculo esquelético possui três partes gerais: ventre muscular contrátil e tendões de origem e de inserção (KONIG, 2016). Os tendões se ligam a cada extremidade do ventre e a força exercida resulta na contração do ventre para o esqueleto. O tecido muscular é formado por estrias de filamentos de actina e miosina, em conjunto com as bainhas do tecido conectivo e depósitos de gordura.

A inervação do músculo acontece por conexões neuromusculares, ou seja,

o nervo e o músculo criam uma unidade funcional. E toda a fibra muscular é inervada por pelo menos um axônio neural motor do sistema nervoso central. A estrutura responsável pelo contato entre o músculo e o nervo é a placa motora, que faz a união sináptica. A transmissão do impulso nervoso ocorre por meio de um neurotransmissor chamado acetilcolina (KONIG, 2016).

Os músculos, além dessa intervenção, possuem terminações nervosas

sensoriais, em que os mecanorreceptores fornecem informações sobre tônus muscular e tensão em tendões e capsulas articulares, sendo responsáveis pela coordenação de movimentos e percepção espacial do posicionamento de partes do corpo em relação às outras.

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TÓPICO 5 — SISTEMA LOCOMOTOR

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No caso dos tendões musculares, eles são formados por bainhas de tecido conectivo e vão além das extremidades do músculo, é uma estrutura semelhante a um cordão. Essas estruturas dispõem uma força tensora maior que o tecido muscular, pois, trata-se de uma estrutura com bastante colágeno e baixo conteúdo elástico (KÖNIG, 2016).

3 SISTEMA LOCOMOTOR – PARTICULARIDADES DAS AVES As aves são os animais que possuem maior diferenciação em seu esqueleto,

uma vez que ele precisa ser adaptado para permitir que a ave consiga voar. Com relação à composição óssea, nas aves essas estruturas são mais ricas em alguns minerais, como cálcio e fósforo. Os ossos das aves são chamados de pneumáticos, pois são preenchidos por espaços cheios de ar, tornando esses ossos mais leves do que os ossos dos demais animais.

FIGURA 19 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO ESQUELETO DAS AVES

FONTE: <https://shutr.bz/3olRezb>. Acesso em: 27 jul. 2021.

Embora possuam espaços preenchidos de ar, os ossos das aves apresentam grande resistência, isso porque muitos deles possuem fusões, como é o caso do crânio e da cinta pélvica. Os sacos aéreos, estudados no tópico anterior, são responsáveis por ocupar grande área no interior das aves.

Os músculos são as estruturas de maior peso das aves, uma vez que

correspondem a até 75% do peso corporal desses animais. Desse modo, eles apresentam papel fundamental na locomoção desses animais. Os grupos musculares estão localizados principalmente na região do peito e nas coxas das aves, pois são os locais em que as aves precisam de força para movimentar as assas durante o voo e as pernas para deslocamento terrestre.

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

4 MOVIMENTO DE LOCOMOÇÃO Como já estudamos sobre as estruturas envolvidas no sistema locomotor

dos animais, será mais fácil a compreensão do mecanismo do movimento de locomotores das diferentes espécies de animais de produção.

Para que ocorra a movimentação, uma parte é considerada ponto fixo, representando as partes imóveis em decorrência da ligação com o tronco. E o ponto móvel representa as partes que farão o movimento. Cabe observar que o ponto móvel deve ser menor e mais leve do que o ponto fixo, para permitir o movimento ao mesmo tempo em que ocorre a sustentação do corpo do animal.

Todos os movimentos de locomoção (passo, trote e galope), assim como outros movimentos naturais (respiração, deglutição), são um ciclo rítmico de contrações e relaxamentos de uma diversidade de grupos musculares antagônicos. Até mesmo quando o animal está em relaxamento, os músculos estão sofrendo uma quantidade mínima de tensão, a qual é denominada de tônus muscular, resultante de uma excitação reflexa permanente (KONIG, 2016).

Para que ocorra o movimento, é necessário superar o tônus muscular dos

músculos antagônico àquele movimento e à força da gravidade. As contrações musculares podem ser classificadas em isométricas e isotônicas quanto ao comprimento do músculo ativo durante o movimento. A contração isométrica ocorre quando há um aumento contínuo na tensão muscular intrínseca, sem alteração no comprimento do músculo e contração isotônica quando o grau de tensão faz com que o músculo se contraia e encurte.

Por fim, os músculos podem ser classificados, ainda, conforme seu efeito

funcional sobre a articulação, ou seja: extensor, flexor, adutor, abdutor, esfíncter, dilatador, elevador, abaixador e rotador (supinador ou pronador).

Os músculos trabalham de forma simultânea ou em sequência, quando dois deles trabalham em sequência, chamamos de sinérgicos, e quando eles atuam em senti-dos opostos, são antagônicos (KONIG, 2016).

IMPORTANTE

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TÓPICO 5 — SISTEMA LOCOMOTOR

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LEITURA COMPLEMENTAR

DESENVOLVIMENTO, CRESCIMENTO E CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE AVES

Aline Medeiros de Paula Mendes Fernando de Castro Tavernari

INTRODUÇÃO

Após a eclosão, a moela passa a ser colonizada por microrganismos aeróbicos e anaeróbicos facultativos (Lactobacilos spp., Streptococos spp. e Enterobacteriaceas spp.) que se instalam na camada de muco. Após alguns dias, a microflora da moela é constituída predominantemente de microrganismos anaeróbicos facultativos e espécies bacterianas anaeróbicas (SWENSON; REECE, 1996). O jejuno é a região mais longa do intestino delgado e encontra-se disposto em várias alças.

Durante todo o desenvolvimento da mucosa in ovo, ele está ligado ao saco de vitelo, o qual contém os nutrientes necessários para o desenvolvimento da mucosa: imunoglobulinas, ácidos graxos n-3, vitaminas lipossolúveis envolvidas na imunidade passiva e modulação da resposta imune, respectivamente. A formação final das alças intestinais ocorre no quarto final do desenvolvimento in ovo e é de fundamental importância para a incorporação do saco de vitelo no interior da cavidade abdominal.

Na eclosão, o intestino continua ligado a esse anexo embrionário via pedículo vitelínico. Nesse período, o conteúdo do saco de vitelo é absorvido através de sua membrana e da mucosa intestinal. Em galinhas e frangos, a absorção do vitelo termina ao redor do sexto ou sétimo dia de vida. Neste período, tal como ocorre na moela, o trato gastrintestinal torna-se colonizado por microrganismos aeróbicos e anaeróbicos (Lactobacilos spp., Streptococos spp., Enterobacteriaceas spp., Clostridium). Todavia, sais biliares e fosfolipídios procedentes do saco de vitelo modulam a flora intestinal e influem sobre a integridade da mucosa. Apesar disso, é aconselhável alojar ou alimentar os pintainhos o mais cedo possível, pois o alimento estimula o desenvolvimento da mucosa intestinal dos mesmos. Após reabsorção total do saco de vitelo, um divertículo curto e cego remanescente do pedículo do saco de vitelo – o divertículo de Meckel – permanece ligado ao jejuno.

O divertículo de Meckel divide o jejuno em duas porções, proximal e distal, sendo a primeira bem maior que a segunda. As células caliciformes, presentes no intestino, são secretoras de glicoproteínas. O papel primário das glicoproteínas é o de proteger o epitélio intestinal da ação de enzimas digestivas e efeitos abrasivos da digesta durante o desenvolvimento in ovo e pós-eclosão. Assim, em torno do décimo sétimo e décimo oitavo dia de incubação, o muco atinge um alto grau de glicolisação, coincidindo com a ingestão de albúmen e, portanto, com a primeira ação de enzimas pancreáticas e do suco gástrico.

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UNIDADE 3 — PRINCÍPIOS ANATOMO-FISIOMETABÓLICOS GERAIS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE DA AGRONOMIA

Até o final do desenvolvimento in ovo, diferenças temporais quanto à presença de determinados tipos de resíduos de carboidrato no muco das glândulas caliciformes ocorrem entre as regiões do intestino delgado de frango de corte. No duodeno e jejuno, a presença de N-acetil-D-glicosamina, por exemplo, é detectada a partir do décimo dia de incubação, continuando após a eclosão. No íleo, contudo, este açúcar foi detectado apenas no décimo sétimo até o vigésimo dia de incubação (SWENSON; REECE, 1996). Já as células enteroendocrinas (também denominadas de células argentafins) são produtoras de hormônios peptídicos (gastrina, CCK, secretina, PIG) e monoaminas biogênicas, substâncias essas que participam na regulação da digestão, absorção e utilização de nutrientes.

Durante o processo de diferenciação duodenal, células enteroendocrinas podem produzir simultaneamente mais de um peptídeo e passar a sintetizar outro. Assim, por exemplo, células produtoras de gastrina podem passar a sintetizar CCk, ou sintetizar ambos ao mesmo tempo. O fígado tem várias funções, como: estocagem de carboidratos, gorduras e vitaminas. No embrião e feto, ele produz células sanguíneas. No adulto, ele remove da corrente sanguínea as células vermelhas “velhas”, libera substâncias necessárias à coagulação do sangue e pode remover substancias tóxicas do sangue. Sua função relacionada à digestão, entretanto, é a secreção de bile (ou suco biliar).

Os grânulos de muco produzidos pelas células caliciformes da mucosa colônica, como da mucosa do intestino delgado, também apresentam N-acetil-D-glicosamina durante o desenvolvimento in ovo, só que do décimo nono ao vigésimo primeiro dia de incubação. Em pintos com um dia de idade, esse açúcar é detectado apenas na região do complexo de golgi, sugerindo uma descarga de muco rico em N-acetil-D-glicosamina imediatamente após a eclosão. A partir da eclosão, outros oligossacarídeos também são detectados. Acredita-se que o cólon também esteja envolvido na retenção de água e eletrólitos a partir do conteúdo intestinal, mas há poucos estudos sobre isso (SWENSON; REECE, 1996).

TAXA DE PASSAGEM

A velocidade com que os alimentos passam pelo trato gastrointestinal é importante, pois determina o tempo que os mesmos estarão expostos às enzimas digestivas e aos mecanismos de absorção dos nutrientes pela mucosa. Imediatamente após a eclosão, e com a ingestão de alimentos, a taxa de passagem aumenta significativamente, decrescendo posteriormente entre os dias 4 e 10 após eclosão em aproximadamente 30%, embora o consumo de alimento aumente em até 3 vezes.

O decréscimo observado na taxa de passagem é mais acentuado no duodeno. Entre os dias 10 e 21 não se observa mudanças na taxa de passagem, embora o consumo de alimento continue a aumentar (NOY; SKLAN, 1995). Todavia, em estudos anteriores de Sklan et al. (1975), observaram-se taxas de passagem menores no intestino delgado entre 42 e 49 dias (taxa de 67 minutos pelo intestino delgado) o que indica a possibilidade de haver nova redução entre 21 a 49 dias

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JEJUM E RESTRIÇÃO ALIMENTAR

Após a eclosão, o peso das vísceras (coração, pulmão, fígado, intestino, pâncreas, moela, pró-ventrículo, etc.), aumenta mais rapidamente que a massa muscular e demais órgãos. Por isso, mais importante que os nutrientes do saco vitelino, é o rápido consumo de alimento sólido a fim de estimular o desenvolvimento de todo aparelho digestório. A gema é utilizada preferencialmente para o desenvolvimento inicial do intestino delgado, que ocorre tanto na presença como na ausência de alimento. Entretanto, na ausência de alimento o crescimento relativo é mais lento (NOY; SKLAN, 1999).

Nas aves submetidas ao jejum, o substrato para o crescimento se origina da gema, indicando uma alta prioridade para o crescimento intestinal pós-natal (NOY, 2005). A partir do quinto dia, o saco vitelino essencialmente desaparece e a fonte de nutrientes passa a ser exógena. Desta forma, é importante alimentar os pintos o quanto antes. Recomendações antigas de manejo citavam o jejum como uma prática para melhora do desempenho, pois favoreceria uma reabsorção mais rápida do saco vitelino residual. Tal prática se provou inadequada, uma vez que tem sido amplamente demonstrado que é a ingestão de alimentos exógenos que acelera a utilização do saco vitelino residual. Noy e Sklan (2000) verificaram que pintinhos desprovidos de alimento exógeno por 48 horas após a eclosão sofrem diminuição no peso. Todavia, durante estas 48 horas o peso do intestino delgado aumenta 60% em pintinhos desprovidos de alimento e 200% em pintinhos providos de alimentos.

Em geral, a completa adaptação do trato digestivo e do metabolismo do pintinho para uso de uma dieta rica em carboidratos e relativamente pobre em gordura em substituição à utilização do resíduo do saco vitelino, dura entre 3 a 4 dias. O trato digestivo do pintinho no imediato momento pré-eclosão, tem disponível apenas o resíduo do saco vitelino para efetuar os processos de digestão e absorção. Este substrato é rico em gorduras e proteínas e quase ausente de carboidratos, portanto com uma característica hidrofóbica muito elevada. A alimentação no momento pós-eclosão por ser rica em carboidratos, além de possuir uma característica pouco hidrofóbica, necessita de enzimas digestivas antes desnecessárias como amilase, maltase, etc.

QUALIDADE DOS INGREDIENTES

Logo após o nascimento, os pintinhos têm dificuldade de consumir ração na forma farelada alimentos finos e ração pulverulenta não são aceitos pelos pintinhos, pois, frequentemente entopem os orifícios salivares dificultando a apreensão e ingestão do alimento. Devido ao trato gastrintestinal e ao sistema imune pouco desenvolvidos, durante a primeira semana de idade, as aves são bastante sensíveis a ingredientes de má qualidade.

Dibner et al. (1996) constataram que aves alimentadas com dietas contendo gordura oxidada apresentaram redução no comprimento e área de superfície do vilo, o que afetou negativamente a secreção enzimática e a capacidade de absorção

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dos enterócitos. Ferrer et al. (2003) avaliaram a inclusão de diferentes fontes de lipídios (sebo, óleo de girassol e óleo de linhaça) na dieta e seus efeitos sobre a composição da membrana das células das microvilosidades. As diferentes fontes de lipídios alteraram a composição lipídica das células das microvilosidades do jejuno e também transportadores de nutrientes presentes nas membranas, confirmando que os lipídios e proteínas de membrana podem ser alterados, adaptando-se aos nutrientes fornecidos na dieta. Barbosa et al. (2004) avaliaram o desempenho e a morfometria intestinal de frangos de corte alimentados com diferentes fontes de gordura no período de 1 a 14 dias de idade.

O melhor desempenho foi observado nas aves alimentadas com dietas contendo 3,2% de gordura de frango ou óleo de linhaça, porém, a morfologia intestinal não foi afetada pelas diferentes fontes de gordura estudadas. A absorção de lipídios pode ser influenciada pelo grau de saturação dos ácidos graxos. Assim, as gorduras insaturadas são mais bem aproveitadas pelas aves do que as saturadas entre 2 e 15 dias de idade (CAREW et al., 1972). A digestão e absorção das gorduras podem ser adversamente afetadas pela presença de polissacarídeos não amiláceos solúveis. Esses fatores antinutricionais aumentam a viscosidade do meio, impedindo a ação enzimática sobre os substratos. Além disso, essas substâncias favorecem a presença de microrganismos no intestino delgado, pela redução na velocidade de passagem do quimo pelo aparelho digestivo (SCHUTTE, 1997). Assim, dietas de primeira semana não devem conter trigo, centeio, cevada e aveia, uma vez que esses ingredientes são ricos em polissacarídeos não amiláceos solúveis.

FONTE: Adaptado de <http://www.nutritime.com.br/arquivos_internos/artigos/101V6N6P1103_1115NOV2009_.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, você aprendeu que:

• O sistema locomotor é comporto por osso, articulações e músculos, que em conjunto permitem a movimentação e locomoção dos animais.

• Os ossos são formados por diferentes estruturas e possuem irrigação própria, além disso, são classificados quanto ao seu formato.

• As articulações possuem um papel fundamental na movimentação dos animais e na estabilidade do esqueleto.

• Os músculos são responsáveis pela energia e força, permitindo que os animais se locomovam.

• As aves possuem algumas particularidades quanto ao sistema locomotor, principalmente em relação aos ossos, uma vez que possuem ossos pneumáticos, ou seja, são osso mais leves para permitir o voo desses animais.

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CHAMADA

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1 O sistema locomotor é composto por ossos, cartilagens, ligamentos, articulações e músculos. Com base em qual dessas estruturas é a forma ativa desse sistema, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Ossos.b) ( ) Ligamentos.c) ( ) Articulações.d) ( ) Músculos.

2 O sistema locomotor desempenha como principal função o trabalho mecânico. Trata-se de um sistema complexo que aborda diferentes estruturas, sendo o sistema com maior casuística de distúrbios ou patologias. Sobre o contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) As articulações são formadas por feixes fibrosos ou fibrocartilaginosos e elas podem ou não apresentar movimento.

( ) Os ossos pneumáticos são encontrados nas aves e no crânio dos mamíferos.( ) A musculatura é a estrutura que fornece energia para a movimentação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - F.b) ( ) V - F - F.c) ( ) F - V - V.d) ( ) V - F - V.

3 O sistema locomotor é composto principalmente por esqueleto e músculos, sendo os responsáveis pela forma individual do corpo, além de ser o sistema que permite a movimentação dos seguimentos do corpo. As aves possuem algumas particularidades em relação a esse sistema. Sobre o contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O esqueleto das aves é composto somente por cartilagens pneumáticas, que por apresentarem leveza, permitem o voo desses animais.

( ) Os ossos das aves apresentam menor resistência às aves, por isso, elas necessitam de uma musculatura mais desenvolvida, responsável por fornecer resistência ao esqueleto desses animais.

( ) Os músculos são as estruturas de maior peso das aves, uma vez que correspondem a até 75% do peso corporal desses animais.

AUTOATIVIDADE

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Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - F.b) ( ) V - F - F.c) ( ) F - F - V.d) ( ) V - F - V.

4 O sistema locomotor de mamíferos e aves apresenta algumas diferenças, os principais motivos dessas diferenças se devem ao fato de que as aves precisam de adaptação para o voo. Cite as principais diferenças dos ossos e da musculatura observados nesses animais.

5 Conforme observamos, o sistema locomotor é composto principalmente por esqueleto e músculos, de modo que são os responsáveis pela forma individual do corpo e pela movimentação dos animais. Descreva como ocorre o movimento de locomoção dos animais.

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