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11 GEOGRAFIA Ciências Humanas e Suas Tecnologias Professor Alexandre Lima ENTENDA O QUE SIGNIFICA O NOVO STATUS PALESTINO NA ONU A Assembleia Geral da Organização da ONU aprovou em 2012 a elevação do status da Autoridade Palestina de ‘entidade observadora’ para ‘Estado observador não membro’. Votaram Sim – 138 BEM-VINDO PALESTINA! Abstiveram – 41 Votaram Não – 9 O QUE A MUDANÇA SIGNIFICA? A decisão dá aos palestinos o status de “Estado observador não membro”, semelhante ao do Vaticano perante a ONU. O novo status é principalmente simbólico, mas a liderança palestina argumenta que ele ajudará a delimitar o território que quer para seu Estado próprio - gradativamente tomado pelo avanço dos assentamentos israelenses. Também pode ajudar que essa delimitação de território ganhe reconhecimento formal. O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, havia dito que a aprovação é “um passo muito importante para salvar a solução de dois Estados”. A mudança também significa que palestinos poderão participar dos debates da Assembleia Geral da ONU, aumentando suas chances de integrar agências e entidades ligadas à ONU. Talvez o maior temor de Israel seja o de que palestinos usem seu novo status para entrar no Tribunal Penal Internacional e tentar acionar Israel judicialmente por supostos crimes de guerra cometidos em territórios ocupados, como na Cisjordânia. Israel classifica a iniciativa palestina de uma violação dos Acordos de Oslo (1993), que traçam caminhos para a negociação bilateral (atualmente interrompida) de paz. QUEM GANHA POLITICAMENTE? A aprovação do novo status na ONU é uma vitória diplomática de Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestina e principal força política na Cisjordânia. A vitória lhe dá cacife em um momento em que o líder estava escanteado diante do fortalecimento político e militar do rival Hamas (grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza) entre os palestinos, enquanto Abbas tinha pouco a comemorar com suas políticas mais moderadas. No entanto, mesmo com a vitória desta quinta, Abbas precisará de muito mais para obter o Estado palestino. Quando acabarem as comemorações do novo status, o líder terá que rever sua estratégia política para colocar em prática o anseio por um Estado palestino. O QUE QUEREM OS PALESTINOS? Os palestinos tentam há tempos estabelecer um Estado soberano na Cisjordânia, que inclua Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, seguindo o traçado de antes da Guerra dos Seis Dias (em 1967, quando Israel ocupou territórios reivindicados pelos palestinos). Os Acordos de Oslo, entre a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e Israel, levaram ao reconhecimento mútuo. No entanto, duas décadas de conflitos intermitentes desde então e a ausência de consenso em temas-chave impediram um acordo permanente. A última rodada de negociações terminou em 2010. Com o impasse nas negociações, a liderança palestina passou a buscar o reconhecimento individual dos países de um Estado palestino. Essa é a principal razão por trás do atual pleito na ONU. Em setembro de 2011, Abbas tentou obter o status de membro pleno da ONU, mas a tentativa não passou pelo crivo do Conselho de Segurança do órgão. Abbas tentou, então, um status menor, o de não membro observador. QUAIS SÃO AS DIVERGÊNCIAS? O reconhecimento diplomático palestino dá força simbólica ao pleito por um Estado que siga o traçado pré-1967 e às negociações de paz com Israel. No entanto, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeita essa noção territorial como base para as negociações, descrevendo-as como “não realistas”, já que grande parte dos territórios hoje reivindicados concentra grande população de judeus em assentamentos (considerados ilegais sob a lei internacional). Outros temas-chave sobre os quais não há acordo entre israelenses e palestinos são o status de Jerusalém Oriental e o retorno de refugiados palestinos. Para Israel, o novo status palestino na ONU é uma medida “unilateral” que viola os termos dos Acordos de Oslo. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. (Enem) Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro conflito entre Israel e países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel. Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de outubro. A partir do texto acima, assinale a opção correta. A) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio. B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória.

Professor Alexandre Lima Ciências Humanas e Suas Tecnologias · Jerusalém é a cidade sagrada de três grandes religiões (...). Os três credos têm em Jerusalém marcos básicos

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Page 1: Professor Alexandre Lima Ciências Humanas e Suas Tecnologias · Jerusalém é a cidade sagrada de três grandes religiões (...). Os três credos têm em Jerusalém marcos básicos

nº 11GEOGRAFIA

Ciências Humanas e Suas Tecnologias

Professor Alexandre Lima

ENTENDA O QUE SIGNIFICA O NOVO STATUS PALESTINO NA ONU

A Assembleia Geral da Organização da ONU aprovou em 2012 a elevação do status da Autoridade Palestina de ‘entidade observadora’ para ‘Estado observador não membro’.

Votaram Sim – 138

BEM-VINDO PALESTINA!

Abstiveram – 41 VotaramNão – 9

O QUE A MUDANÇA SIGNIFICA?A decisão dá aos palestinos o status de “Estado observador não

membro”, semelhante ao do Vaticano perante a ONU.O novo status é principalmente simbólico, mas a liderança palestina

argumenta que ele ajudará a delimitar o território que quer para seu Estado próprio - gradativamente tomado pelo avanço dos assentamentos israelenses. Também pode ajudar que essa delimitação de território ganhe reconhecimento formal.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, havia dito que a aprovação é “um passo muito importante para salvar a solução de dois Estados”.

A mudança também signifi ca que palestinos poderão participar dos debates da Assembleia Geral da ONU, aumentando suas chances de integrar agências e entidades ligadas à ONU.

Talvez o maior temor de Israel seja o de que palestinos usem seu novo status para entrar no Tribunal Penal Internacional e tentar acionar Israel judicialmente por supostos crimes de guerra cometidos em territórios ocupados, como na Cisjordânia.

Israel classifi ca a iniciativa palestina de uma violação dos Acordos de Oslo (1993), que traçam caminhos para a negociação bilateral (atualmente interrompida) de paz.

QUEM GANHA POLITICAMENTE?A aprovação do novo status na ONU é uma vitória diplomática de

Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestina e principal força política na Cisjordânia.

A vitória lhe dá cacife em um momento em que o líder estava escanteado diante do fortalecimento político e militar do rival Hamas (grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza) entre os palestinos, enquanto Abbas tinha pouco a comemorar com suas políticas mais moderadas.

No entanto, mesmo com a vitória desta quinta, Abbas precisará de muito mais para obter o Estado palestino. Quando acabarem as comemorações do novo status, o líder terá que rever sua estratégia política para colocar em prática o anseio por um Estado palestino.

O QUE QUEREM OS PALESTINOS?Os palestinos tentam há tempos estabelecer um Estado soberano na

Cisjordânia, que inclua Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, seguindo o traçado de antes da Guerra dos Seis Dias (em 1967, quando Israel ocupou territórios reivindicados pelos palestinos).

Os Acordos de Oslo, entre a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e Israel, levaram ao reconhecimento mútuo. No entanto, duas décadas de confl itos intermitentes desde então e a ausência de consenso em temas-chave impediram um acordo permanente. A última rodada de negociações terminou em 2010.

Com o impasse nas negociações, a liderança palestina passou a buscar o reconhecimento individual dos países de um Estado palestino. Essa é a principal razão por trás do atual pleito na ONU.

Em setembro de 2011, Abbas tentou obter o status de membro pleno da ONU, mas a tentativa não passou pelo crivo do Conselho de Segurança do órgão. Abbas tentou, então, um status menor, o de não membro observador.

QUAIS SÃO AS DIVERGÊNCIAS?O reconhecimento diplomático palestino dá força simbólica ao pleito

por um Estado que siga o traçado pré-1967 e às negociações de paz com Israel.

No entanto, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeita essa noção territorial como base para as negociações, descrevendo-as como “não realistas”, já que grande parte dos territórios hoje reivindicados concentra grande população de judeus em assentamentos (considerados ilegais sob a lei internacional).

Outros temas-chave sobre os quais não há acordo entre israelenses e palestinos são o status de Jerusalém Oriental e o retorno de refugiados palestinos.

Para Israel, o novo status palestino na ONU é uma medida “unilateral” que viola os termos dos Acordos de Oslo.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. (Enem) Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro confl ito entre Israel e países árabes. A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel. Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora.A intervenção americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de outubro.A partir do texto acima, assinale a opção correta.A) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação

bélica de tradicionais potências europeias no Oriente Médio.B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira

guerra árabe-israelense, Israel obteve rápida vitória.

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FB NO ENEM2 FB NO ENEM2

Ciências Humanas e Suas Tecnologias

C) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em que, a partir de decisão da ONU, foi ofi cialmente instalado o Estado de Israel.

D) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva para o cessar-fogo que pôs fi m ao primeiro confl ito árabe-israelense.

E) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas dimensões territoriais tal como estabelecido pela resolução de 1947 aprovada pela ONU.

2. (PUC-MG/2008 – adaptada) Leia atentamente o texto a seguir, de Moacyr Scliar.

“Israel representa uma mudança transcendente na multimilenar trajetória dos judeus. O Holocausto e as revelações sobre o massacre de judeus deram dramática legitimidade ao movimento sionista e reivindicação de um território. A fundação de Israel deveria ser decidida pela recém-criada Organização das Nações Unidas. EUA e URSS apoiavam a partilha da Palestina e a criação de dois Estados, um árabe, outro judeu.

Com as superpotências coincidindo em seus pontos de vista, não foi difícil para a Assembleia Geral da ONU aprovar, em novembro de 1947, a divisão da Terra Santa. O projeto foi rejeitado pelos representantes dos países árabes. Mas os judeus, liderados por David Ben-Gurion, levaram a proposta adiante. Quase seis meses depois, 14 de maio de 1948, proclamaram a independência. Imediatamente estourou o confl ito bélico, vencido pelos israelenses. Outros confl itos vieram, notadamente a Guerra dos Seis Dias. Israel consolidou-se como potência militar. Desde então, travasse uma luta amarga e desumana entre israelenses e palestinos, que, ao longo dessas décadas, acabaram por forjar uma identidade nacional.”

A partilha da Palestina está completando 60 anos (2008). Tendo em vista a partilha e seus impactos, a base para a criação do Estado de Israel foi assentadaA) na existência de um Estado judaico sob aprovação dos países

árabes. B) na legitimação pela força, comprovada pela sequência de

confl itos e guerras. C) na possibilidade da existência de uma maioria judaica em um

território. D) na ideologia sionista, que defendia a entrada dos judeus na

Palestina sob domínio inglês. E) Em um fi m da discussão pacífi ca entre árabes e muçulmanos.

3. (UEL) Um dos grandes confl itos do Oriente Médio tem sido o confronto árabe-israelense, cujas origens remontam ao período que segue àA) Segunda Guerra Mundial, quando os países vencedores

apoiaram a Liga Árabe a invadir o território de Gaza.B) Primeira Guerra Mundial, quando a Liga das Nações, pressionada

pelos Estados Unidos, dividiu o território Palestino para criar o Estado de Israel.

C) Segunda Guerra Mundial, quando a ONU, através das forças de paz, obrigaram Israel a abandonar o Sinai, garantindo o controle do Canal de Suez ao Egito.

D) Primeira Guerra Mundial, quando a Liga das Nações aprovou a Declaração Balfour, colocando a Palestina sob o governo da Inglaterra.

E) Segunda Guerra Mundial, quando a ONU, retirando suas tropas da região, permitiu a ocupação da colina de Golan e dos territórios da Cisjordânia.

4. (UFRR) “Em pleno século XXI, as religiões continuam tendo grande infl uência no contexto social e cultural de diversos países e em amplas regiões do planeta. O poder da fé é de tal magnitude que é capaz de infl uir em aspectos políticos, sociais e econômicos de nações cujas autoridades, leis ou fronteiras são fortemente delimitadas por questões religiosas. Além disso, variados confl itos no mundo nos últimos tempos têm sua origem em divergências religiosas. (...) Jerusalém é a cidade sagrada de três grandes religiões (...). Os três credos têm em Jerusalém marcos básicos de sua doutrina e de sua história.”

In.: Atlas Geográfi co Mundial – para conhecer

melhor o mundo em que vivemos – vol. 01

Mundo. Barcelona: Editorial Sol 90, 2005.

O texto acima apresenta Jerusalém como a cidade sagrada de três religiões. São elas:A) Judaísmo, hinduísmo e islamismo.B) Judaísmo, cristianismo e islamismo.C) Judaísmo, budismo e islamismo.D) Judaísmo, confucionismo e islamismo.E) Judaísmo, xintoísmo e islamismo.

5. (UFMG) Analise este mapa:

ISRAEL JORDÂNIA

SÍRIA

LÍBANO

CisjordâniaCisjordânia

Mar MortoMar MortoFaixa deGaza

Faixa deGaza

GazaGaza

JerusalémJerusalém

GolãGolã

DamascoDamasco

BeiruteBeirute

Mar MediterrâneoMar Mediterrâneo

AmãAmã

Envolvido, desde sua fundação, em confl itos na região, o Estado de Israel completou, em maio de 2008, 60 anos de existência.

Considerando-se as disputas territoriais entre árabes e israelenses e outros conhecimentos sobre o assunto, é correto afi rmar que: A) a Autoridade Nacional Palestina controla os territórios de Gaza e

do sul do Líbano e, em 2006, com o auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia, garantiu a soberania sobre essas regiões.

B) a cidade de Jerusalém, considerada sagrada por três religiões, foi ocupada por Israel em 1949, ao fi nal da Primeira Guerra Árabe-Israelense, e, depois dos Acordos de Oslo, foi reconhecida pela ONU como capital do país.

C) a região das colinas de Golã, rica em fontes de água e ocupada por Israel durante a Segunda Guerra Árabe-Israelense, foi devolvida à Síria em 2000, como parte dos tratados de paz fi rmados entre os dois países.

D) o Governo de Israel promoveu, em 2005, a retirada de colonos judeus da faixa de Gaza, no entanto, apesar de pressões de organismos internacionais, manteve assentamentos judaicos no território da Cisjordânia.

E) a disputa religiosa entre judeus e muçulmanos nunca atrapalhou o amplo intercâmbio comercial na região

FB no Enem – Nº 10 – Professor: Paulo Lemos

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A B A D A

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