16
Número: 006 • Director: H.Eliseu Sueia • Fevereiro 2018 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected] Site: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets Presidente da República é Doutor Honoris Causa em Relações Internacionais. O grau foi outorgado pelo Instituto de Diplomacia e Relações Internacionais de Genebra, em reco- nhecimento do esforço e dedicação na busca da paz efectiva em Moçambique. U N I V E R S I D A D E P E D A G Ó G I C A M O C A M B I Q U E PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI “O DILEMA DE TER MUITOS RECURSOS NATURAIS E, MESMO ASSIM, NÃO ALCANÇAR OS NÍVEIS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO DESEJÁVEIS”. Prof. Doutor Rogério Zandamela, Aula Inaugural 2018 – UP Sede Noites de Sociologia REGRESSO EM GRANDE COM A CIDADE EM DEBATE UP notícias passa de 12 para 16 páginas. Crescendo com Rigor e mais Universidade. Pág. 02 PUB. Pág. 16 Pág. 12-13

PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

  • Upload
    hakhue

  • View
    240

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Número: 006 • Director: H.Eliseu Sueia • Fevereiro 2018 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected]: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets

Presidente da República é Doutor Honoris Causa em Relações Internacionais. O grau foi outorgado pelo Instituto de Diplomacia e Relações Internacionais de Genebra, em reco-nhecimento do esforço e dedicação na busca da paz efectiva em Moçambique.

UNI

VE

RSIDADE PEDAGÓGICA

MOCAMBIQUE

PROFESSOR DOUTORFILIPE JACINTO NYUSI

“O DILEMA DE TER MUITOS RECURSOS NATURAIS E, MESMO ASSIM, NÃO ALCANÇAR OS NÍVEIS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO DESEJÁVEIS”.Prof. Doutor Rogério Zandamela, Aula Inaugural 2018 – UP Sede

Noites de SociologiaREGRESSO EM GRANDE COM ACIDADE EM DEBATE

UP notícias passa de 12 para 16 páginas. Crescendo com Rigor e mais Universidade.

Pág. 02

PUB.

Pág. 16

Pág. 12-13

Page 2: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP02

Cooperação

UP e Viena abrem uma páginaUma delegação da Universidade de Viena composta por docentes e estudantes efectuou uma visita académica de dez dias à Universidade Pedagógica (UP). Trata-se da primeira visita que esta instituição de ensino superior da Áustria efectua a Moçambique particularmente à UP e se enquadra no âmbito da pesquisa que vem desenvolvendo dentro da lusofonia.

Falando durante a recepção da delegação de Viena no seu gabinete, o reitor da

UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão afir-mou que a presença austríaca na UP constitui um momento histórico que vai dinamizar a colaboração entre aquela universidade europeia e a UP, tendo como porta de entrada para a cooperação entre as duas universi-dades a Faculdade de Ciências de Linguagem, Comunicação e Artes (FCLCA).

Por seu turno a Professora Ca-

tedrática Kathrin Sartingen, chefe da expedição austríaca, disse que a excursão académica estudantil para Moçambique e África do Sul, feita por estudantes alemães e austríacas para os países de língua portuguesa em particular Moçambique constitui um momento histórico, pois nunca houve uma excursão do género, com vinte pessoas entre estudantes e pro-fessores da Universidade de Viena.

Esta digressão vem colocar fim ao paradigma de concentração dos estu-dos em países como Brasil e Portu-gal, abrindo outro campo de pesquisa aos países luso-africanos (Cabo Ver-de, Angola, São Tomé, Guiné-bissau,

Moçambique).“Estamos focados na história do povo, sua cultura, litera-tura, filmes, etc; e a nos-sa expectativa é voltar-mos enriquecidos com mais conhecimento so-bre a realidade moçam-bicana, pois nunca tive-mos um contacto directo com a realidade deste país. Esperamos que para o futuro as nossas universidades possam cooperar particularmen-te no que tange ao inter-câmbio entre docentes e estudantes através do diálogo intercultural e académico”, assegurou Professora Sartingen.

Em declaração ao nosso jornal, a directora da FCLCA, Professora

Leonilda Sanveca, referiu que com a presença da delegação de Viena está-se em vista o estabelecimento de uma cooperação na área de lin-guagem, pois eles têm muitos espe-cialistas neste ramo, também estão interessados em aprender a língua portuguesa, literatura africana. “Va-mos estabelecer um memorando de entendimento nos ramos de mútuo interesse e temáticas que englobam outros países africanos que falam a língua portuguesa”, afirmou, para depois acrescentar que “a FCLCA tem um doutoramento em ciências de linguagem aplicadas ao ensino, a ideia é que os nossos doutorandos

possam estabelecer linhas de pesqui-sa de análise com os da universida-de de Viena; Esperamos estabelecer parceria para os nossos mestrandos e doutorandos”.

Referir que a UP não tem um me-morando com a Áustria, mas a partir desta visita projecta estabelecer par-ceria o que vai abrir o campo de es-tudo nas artes cénicas, curso também oferecido pela FCLCA.

Ainda na esteira da excursão as estudantes que faziam parte da co-mitiva austríaca indicaram estarem interessadas na literatura moçambi-cana, tendo em conta a magnitude dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores mais jovens que constituem foco para a sua pesquisa.

“Estamos para fazer conexões in-ter-universitária para aferir as condi-ções e possibilidades de intercâmbio e cooperação entre Áustria e África lusófona, pois temos convénios com Portugal, Brasil, e não temos nenhu-ma cooperação universitária com Moçambique, o que é uma grande lacuna que gostaríamos de preen-cher”, observaram Melanie Strasser e Tadjana Wais.

Além da UP a delegação de Vie-na visitou também a Universidade Eduardo Mondlane, o Instituto Na-cional de Artes Cénicas, Fundação Fernando Leite Couto, Associação dos Escritores Moçambicanos, Ar-quivo Histórico de Moçambique, e alguns lugares turísticos.

Por: Vasco Davane

notícias Nº 006 • Fevereiro NOTICIÁRIO

Texto: Francisco MandlateJornal OPaís

O presidente da República, Filipe Nyusi, foi galardoado com o título Doutor Honoris Causa em Rela-

ções Internacionais, pelo Instituto de Diplo-macia e Relações Internacionais de Genebra.

O reitor daquela instituição, Colum Murphy, justificou a distinção com facto de Filipe Nyusi estar empenhado, desde que assumiu o cargo, em encontrar cami-nhos pacíficos para o alcance de uma paz efectiva no país. Murphy citou a deslo-cação do presidente da República à serra de Gorongosa, para se reunir com Afonso Dhlakama, como fazendo parte das carac-terísticas raras de um líder preocupado com o bem-estar do seu povo. Recordou que, ainda adolescente Filipe Nyusi esteve em Nchingwea para treinos militares e, agora, tem estado a dirigir o país com uma visão focada no desenvolvimento. São estas, se-gundo o reitor, as razões para atribuição do título ao estadista moçambicano.

No seu discurso, o Chefe de Esta-do disse que a paz não pode ser apenas

conquistada na mesa de negociações, é preciso dialogar continuamente com to-dos e construir um país em que todos se sintam incluídos, sem discriminação de qualquer tipo. Referiu que os políticos têm de ser os primeiros a ir nessa direc-ção, por isso, tem estado a procurar ser exemplo de inclusão e discussão com os seus opositores sobre questões liga-

Filipe Jacinto NYusi É Professor DoutorO titulo Honoris Causa foi atribuído pelo Instituto de Diplomacia e Relacões Internacionais de Genebra - Suíça

das ao desenvolvimento do país.Ainda durante o seu discurso, o presi-

dente da República disse que Moçambique defende firmemente o respeito escrupu-loso da carta das Nações Unidas sobre as relações internacionais “ Estamos convic-tos de que esta é a via mais segura para prevenção, gestão e resolução de conflitos internacionais”.

Filipe Nyusi afirmou que os pilares para construção de uma ordem mundial justa, pacífica e equitativa devem passar por desenvolver relações de amizades en-tre as nações e cooperação internacional na resolução de problemas, factores que se apresentam, hoje, mais relevantes.

Segundo o Chefe de Estado, a democra-tização da Organização das Nações Unidas pode contribuir enormemente para o refor-ço e credibilização do multilateralismo, sendo este um mecanismo importante que pode ajudar a humanidade a enfrentar em conjunto os desafios que se apresentam. “ Nenhum país pobre pode por si fazer face a tais desafios” disse.

Filipe Nyusi sublinhou que a educação é o pilar do futuro de uma nação, por isso uma preocupação central da acção gover-nativa em Moçambique.

Recordou, ainda o missionário suíço Henri Junod, que teve um papel impor-tante na formação dos nacionalistas mo-çambicanos, com destaque para Eduardo Mondlane. Destacou a sua obra “Usos e Costumes dos Bantu” e a sua importância para Antropologia a nível mundial.

Page 3: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro03UPUPnotícias

Biblioteca Central da UP com novas cores

A Biblioteca Central da UP Sede tem novas cores. Pin-tada de fresco, cores vi-

vas o que lhe confere um novo ar e conforto para leitura. Depois de em meados do ano passado um incên-dio no sistema elétrico ter deixado as paredes e os livros carregados de negro, veio a reabilitação do sistema elétrico, tecto falso e pintura geral. O que fez com que durante quase quatro meses a Biblioteca funcio-nasse parcialmente.

Os estudantes interpelados pela equipa de reportagem do UPnotícias mostraram-se satisfeitos com o novo visual. A Sala dos grandes actos no primeiro andar também beneficiou de nova pintura e está pronta para receber diversos eventos, que ao que tudo indica vão ser muitos este ano 2018. Severino Ngoenha que lançou no passado dia 27 de Fevereiro o li-vro, Resistir a Abadon, vai ser o pri-meiro convidado para as Conversas na Biblioteca.

De acordo com Aissa Mithá, di-rectora da Direcção dos Serviços de Documentação e Informação que tu-tela a Biblioteca, estão programados muitos eventos onde a arte, a leitura, a música, o cinema, a dança e o tea-tro vão se cruzar com os livros, ou seja a Biblioteca vai ser um verdeiro espaço de interação cultural.

NOTICIÁRIO

Decorreu na manhã da sexta-feira, 02 de Março de 2018, no Campus Universitário de Lhanguene a aula inaugural, um acto que marcou o início oficial do

ano académico 2018 na Univeridade Pedagógica (UP). Para o presente ano a oração de sapiência teve como orador, o Prof. Doutor Rogério Zandamela, um renomado economista, e Go-vernador do Banco Emissor do país, e tinha como lema “Di-lema entre a abundância de recursos naturais e o crescimento económico: oportunidades e desafios”. Foi uma aula concor-rida pela nata académica nacional, realce para os reitores das universidades públicas e privadas, corpo docente, estudantes, economistas do sector público e privado, e demais convidados.

Falando numa plateia que lotava o anfiteatro da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática, o reitor da UP, Prof. Dou-tor Jorge Ferrão apontou o dever e responsabilidade que a uni-versidade tem no processo de transmissão de conhecimento. “A educação e a formação do capital humano parecem em al-gum momento não estarem em consonância com as dinâmicas sociais em todo mundo, carecendo de uma reflexão profunda dos papéis da memória e dos processos da construção do pen-samento”, disse.

Ainda segundo o reitor, existem alguns cursos que se preo-cupam em preparar os graduandos apenas para o mercado de trabalho, ensinando menos aos mesmos como deviam resolver questões do dia-a-dia, e sobretudo para encontrar soluções al-ternativas para os desafios profissionais e pessoais.

Depois da intervenção do Professor Ferrão, a figura de car-taz do dia, o Governador do Banco de Moçambique, na sua pri-meira intervenção afirmou ter aceite o convite formulado pela UP, pois trata-se de uma instituição que forma educadores para o futuro, professores de diversas áreas incluindo economia. Doutorado na John Hobson University, ele traz experiência de cerca de quarenta anos nos corredores do mundo financeiro ocidental.

Por: Vasco Davane

Em aula inaugural

UP debate o boom dosrecursos naturais

Page 4: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP04 notícias Nº 006 • Fevereiro DELEGAÇÃO

Jornal Mensal * DISP.REG/GABINFODEC/2008 * PROPRIETÁRIO: Universidade Pedagógica * Director: Eliseu Sueia * Chefe da Redacção: Vasco Davane * Redacção: Eliseu Sueia, Diogo Homo, Vasco Davane, Elísio Mandlate * Sub Editor: Diogo Homo *Colaboraram nesta edição: Aissa Mithá Issak, Jorge Ferrão e Filimone Meigos *Revisão: GCI * Fotografia: Sebastião Guiamba e Armando Mutombene * Projecto Gráfico: Danúbio Mondlane * Paginação e Grafismo: Danúbio Mondlane e Jubel Dombo Castiano * Marketing e Publicidade: Elísio Mandlate *Direcção, Redacção e Administração: Rua João Carlos Raposo Beirrão 135 * Tel.: (+258) 21 30 38 27; Fax: (+258) 21 32 21 13 * Email: [email protected] | [email protected] * www.up.ac.mzFI

CHA

TÉC

NIC

A

Por: Redacção Maxixe

Por: Redacção Maxixe

UP-MAXIXE e UDM estreitam parceria

UP – Maxixe abre Mestrado em Direito e Admnistração Pública

UP – MAXIXE acolhe Conferência Internacional sobre o personalismo africano

Lançamento:14 de Março 2018Biblioteca CentralUP-Sede • 17:00h

A sala dos grandes eventos da Uni-versidade Pedagógica (UP) de-legação da Maxixe foi palco da

assinatura do acordo de cooperação entre esta Universidade, representada pelo Di-rector da delegação, Prof. Doutor Pe. Ézio Lorenzo Bono e a Universidade Técnica de Moçambique (UDM), representada pelo Reitor, Prof. Doutor Severino Ngoenha.

O acordo marca uma nova etapa no ca-pítulo de cooperação entre a UP-Maxixe e a UDM, duas instituições de ensino su-perior no país, nos domínios de formação e mobilidade de docentes, pesquisadores, intercâmbio académico.

Falando no acto, o Professor Pe. Ézio

Bono, referiu que este é mais um passo que poderá catapultar o desenvolvimen-to institucional das duas Universidades, guardando, com efeito, muitas expectati-vas nos resultados da cooperação. Por seu turno, o Professor Severino Ngoenha, afir-mou que, “este é o culminar de um longo trabalho que já vem sendo desencadeado por profissionais das duas instituições”, referiu Ngoenha.

Testemunharam o acto quadros das duas instituições, Directoras Adjuntas para a área Pedagógica e para a área da Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, che-fes de Departamento, docentes, entre ou-tros quadros.

Sob o lema "Humanizando a Ciência em prol do Desenvolvimento Inte-gral da Pessoa" decorreu na Uni-

versidade Pedagógica (UP), Delegação de Maxixe,a primeira Conferência Interna-cional sobre o Personalismo Africano, em África. O eventou juntou cientistas de di-versas áreas das Ciências Sociais e Huma-nas, de África e do Mundo, destaque para um dos pais da Filosofia Africana, Eboussi Boulaga, filósofos como José Castiano, Schulz Sibylle, escriora Paulina Chiziane.

Foi um espaço de debates e reflexões sobre o “munthu”, comunicações que abarcaram diversas áeras, desde a Filoso-fia, Literatura, Estética, Economia, Educa-ção, Pedagogia, Antropologia. Ficará para a memória dos intelectais ali reunidos, as marcantes comunicações da escritora Pau-lina Chiziane, do Professor Eboussi Bou-laga e de outros oradores que não deixa-ram os seus créditos científicos em mãos alheias.

A Universidade Pedagógica (UP) – Maxixe abriu recentemente o Mestrado em Direito e Adminis-

tração Pública, uma especialidade que vai ajudar os juristas e profissionais de admi-nistração pública de Inhambane e não só. O acto de lançamento decorreu à margem da segunda edição de julgamentos fictícios no Curso do Direito.

Falando na ocasião, o Director da UP - Maxixe, Prof. Doutor Pe. Ézio Bono re-feriu que para se materializar o projecto,

a UP-Maxixe firmou parceria com a Uni-versidade do Porto, Portugal, e com outras universidades de modo a efectivar-se o Curso, tendo apelado aos juristas e estu-dantes que terminaram o Curso de Licen-ciatura em Direito a se inscreverem.

No que diz repeito aos julgamentos fictícios constituem uma forma de aliar a teoria à prática, dotando os estudantes de capacidades técnicas de exposição, argui-ção, defesa, etc., no tribunal, onde partici-param docentes, estudantes, representante da Ordem dos Advogados, Juíz Presidente do Tribunal Judicial de Inhambane, entre outras individualidades.

Page 5: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro05UPUPnotíciasACONTECE

Por: Castigo Dias

UP e PNUD disseminam agenda 2030

NEER ensaia parceria com HamburgNa UPChinwe Effiong fala de jovens como agentes de mudança

Falando no workshop de valida-ção das traduções dos materiais sobre os ODS, trabalho ainda

em curso, o Reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, indicou que nos últimos anos, um dos conceitos em evidência no mundo em geral e em Moçambique em particular, é o Desenvolvimen-to Sustentável, cuja sustentabilidade assenta-se em três pilares prioritários: ambiental, social e económico.

Para o timoneiro da UP, o grande dilema do desenvolvimento é preser-var o meio ambiente e ainda garantir o crescimento económico. Por isso, a Agenda 2030 impõe desafios que en-volvem, entre outros, comunicação e sinergias entre as instituições privadas e públicas, as ONG’s e os cidadãos de forma individual e colectiva.

“Cientes de que o conhecimento é um dos mais importantes factores de sucesso nestes desafios, nós, UP, na qualidade de instituição de ensino com grande influência a nível nacional e in-ternacional, sentimo-nos honrados por fazer parte, junto com outros parcei-

ros, do grupo de validação das tradu-ções dos conteúdos dos ODS em cinco línguas nacionais, o que possibilita-rá que os mesmos sejam acessíveis a mais moçambicanos, outrora vedados pela barreira do não domínio da língua portuguesa”, disse Ferrão.

Para se alcançar o desejo, de acordo com Ferrão, cabe a cada um assumir o

papel de cidadão consciente e respon-sável pelos seus actos, e através dos materiais traduzidos ajudar a passar mensagem aos demais compatriotas e não só, a tomar atitudes conscientes e responsáveis de consumo, nas suas práticas no trabalho, em casa e na so-ciedade em geral.

Por seu turno, Djamila Cabral, em

representação da Coordenadora resi-dente da Nações Unidas em Moçam-bique, disse que falar dos ODS é uma forma de contribuir para a construção de um mundo mais justo e equitativo, que beneficie a todos e as futuras ge-rações.

De acordo com a fonte, com os conteúdos traduzidos será a forma de levar as comunidades a participarem activamente na implementação daque-la Agenda de desenvolvimento da hu-manidade.

“Com mais da metade da população a viver em estado de pobreza em Mo-çambique, elevadas taxas de má nutri-ção, casamentos prematuros e analfa-betismo, a implementação da Agenda 2030 deverá merecer atenção especial de todos nós. As línguas nacionais têm um papel fundamental, pois se quere-mos comunicar o que são os ODS e sem deixar ninguém para trás, deve-mos usar uma linguagem adequada e inclusiva”, defendeu a interlocutora para depois acrescentar que “para que os ODS se tornem uma realidade é pre-ciso um engajamento colectivo e novas ideias, com vista a transformação do mundo num lugar melhor para todos”.

O Núcleo de Electrónica e Ener-gias Renováveis (NEER) da Universidade Pedagógica (UP)

focado na resolução de problemas comu-nitários através de programas de desen-volvimento sustentável, energias reno-váveis, produção de material didáctico e entre outros, está a promover parceira com quatro Escolas Profissionais de Hamburg no âmbito das actividades de extensão universitária.

Com esta cooperação o NEER preten-de reforçar a promoção e produção de ma-terial didáctico para aulas de experiências e demonstração nas disciplinas de física, electrónica e promover igualmente o uso de energias renováveis para dinamizar várias actividades que o NEER desenvol-ve nas zonas rurais, isto é, na zona Sul e Centro do país no processo de promoção de educação ambiental e desenvolvimento

sustentável nas escolas profissionais com os alunos e a comunidade, onde se ensina como usar sistemas fotovoltaícos e ener-gias renováveis.

Ademais, é de interesse do NEER identificar os pontos comuns entre as ins-tituições envolvidas na área de energias renováveis. Pois, segundo a coordenadora Adjunta do NEER, Mestre Rosa Chilundo, referiu que as instituições moçambicanas enfrentam problemas de acesso ao mate-rial didáctico na área de energias renová-veis e espera-se que com este intercâmbio produza-se material que sirva de apoio para o ensino nacional e quiçá alemão.

Referir que o NEER tem desenvolvido desde 2010 actividades nas comunidades rurais, onde são gratificados os melhores alunos com candeeiros solares e material didáctico, e para disseminação das suas actividades, o NEER criou base de dados para inserção de todas actividades de ex-tensão e actualmente conta com mais de 300 trabalhos disponíveis para consulta pública.

A Biblioteca Central da Universi-dade Pedagógica (UP), acolheu na terça-feira, 27 de Fevereiro,

do ano em curso, uma palestra intitula-da, “Transformando os transformado-res: equipando jovens africanos para serem agentes de mudança”, orientada pela Professora Chinwe A. Effiong, da Michigan State University – Estados Unidos da América.

Falando no âmbito do evento, a di-rectora do CEMEC, Professora Emília Nhalivilo, afirmou que com a visita da

Professora Chinwe Effiong abrem-se as portas para que por intermédio da Mi-chigan State University chegue também às bolsas do Master Card que apoia mui-tos jovens e seria benéfico para o país. “São estes eventos que vão abrindo oportunidades não individuais, mas par-cerias, trabalhos em conjunto, colabora-ção, um caminho que se trilha para criar oportunidades”, disse Nhalivilo.

Participaram do evento, o Reitor e Vice-Reitor da UP, Professores Jorge Ferrão e Boaventura Aleixo, respecti-vamente, corpo docente, estudantes e demais convidados de diversas institui-ções da sociedade civil.

A Universidade Pedagógica (UP) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no quadro da parceria existente entre ambas institui-ções, estão a levar a cabo actividades de disseminação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e validação das traduções dos conteúdos em cinco línguas nacionais, nomeadamente: Xichangana, Cisena, Emakhuwa, Simakonde e Echuwabo.

Por: Elísio Manjate

Por: Vasco Davane

Page 6: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP06 notícias Nº 006 • Fevereiro DESPORTO

Por: H. Eliseu Sueia

UP Manica afina a máquina para atacar o Moçambola

Fomos ao Planalto de Chimoio ver de perto

UPnotícias escalou o planal-to de Chimoio para ver de perto as condições do Clu-

be UP Manica que este ano vai atacar a maior prova do futebol nacional, o Moçambola 2018. Até então parecia estar tudo muito bem encaminhado, mas, para nossa tristeza os últimos dias foram de cortar os nervos, os di-rigentes do Clube não conseguiram inscrever os três jogadores estrangei-ros, por sinal os melhores da equipa, o que diminui largamente as opções do mister Victor Matine que conta-va com os préstimos dos três atletas, um brasileiro, dono do meio campo, um nigeriano, ponta lança com pon-taria afinada e um camaronês, típico jogador vagabundo que passeia por todo o campo espalhando perfume de bola.

A notícia da não inscrição dos três estrangeiros colheu-nos de sur-presa, são coisas do futebol, ainda assim, tudo esta sendo feito para ga-rantir uma boa prestação da equipa.

O Campo do Ferroviário de Gon-dola vai ser o palco dos jogos em casa da UP Manica, que por ques-tões logísticas instalou o seu quartel--general em Gondola, onde está o lar dos jogadores e residência do treina-

dor. É um ambiente calmo e o facto de ter os jogadores concentrados em Gondola cria um bom espirito de equipa com cumplicidades e entrosa-mento dentro e fora do campo.

Em Chimoio, na companhia de dois antigos craques do Textáfrica de Chimoio, Reinaldo Fidalgo e Mus-sá Osman, percorremos o bairro de Soalpo, outrora o reino dos jogadores do Textáfrica, e foi triste ver o esta-do de degradação do bairro e das in-fraestruturas que antes eram o cartão-

-de-visita da cidade de Chimoio. Visitamos alguns antigos jogado-

res que por la se fixaram, com desta-que para o senhor das balisas, o gran-de guarda-redes Maló, que garantiu que apesar de ser do Textáfrica não vai deixar de vibrar com as vitórias da UP Manica a quem desejou um bom campeonato, aliás parece não haver grande rivalidade entre os dois representantes da província de Mani-ca no Moçambola, pelo menos, en-quanto não começa a competição.

Page 7: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro07UPUPnotíciasACONTECE

Por: Redacção

Maputo foi palco da 6ª edição da COPA UP

Factor humano na destruição do ecossistemaDefende Professor Mário Uacane

A Universidade Pedagógica (UP) organizou de 05 à 09 de Dezembro a 6ª edição da

COPA UP 2017, na Cidade de Maputo. Referir que, nesta 6ª edição serão mo-vimentadas as modalidades de futebol, voleibol, basquetebol, xadrez, atle-tismo, futsal e ginástica, onde estarão envolvidas equipas da UP Beira, UP Manica, UP Massinga, UP Maxixe, UP Gaza, e UP Sede.

Fortalecer os laços de amizade e ca-maradagem foi o lema que norteou o evento, tendo em conta que o desporto une, cria coesão e fortalece o humanis-mo. Referir que, os jogos decorreram no Pavilhão de Maxaquene, Parque dos Continuadores e Campo de Madjedje, e foram movimentados pouco mais de 500 estudantes, professores, treinado-res e técnicos de apoio.

A Universidade Pedagógica (UP) subme-teu em Janeiro último, à sessão de defesa para o grau de Doutoramento o candida-

to Mário Silva Uacane, que vai fez uma aborda-gem sobre a “Contribuição de Factores Humanos na Evolução nas áreas do Mangal na Zona Cos-teira da Beira (1984-2014) ”. Nesta perspectiva, Mário Silva Uacane apresentou como objectivo da pesquisa analisar a problemática da contribui-ção de factores humanos na dinâmica espacial das áreas do mangal na Beira, e de ecossistemas cos-teiros em Moçambique.

Na sua pesquisa, o Professor Uacane concluiu

que, apesar da actuação de factores naturais, o factor principal da dinâmica espacial das áreas do mangal, concretamente, a redução da área cober-ta pelo mangal, o seu ritmo ao longo dos últimos 30 anos analisados, foi determinado pela acção humana, ligada aos processos socioeconómicos e políticos centrados na cidade da Beira. Nessas actividades humanas, destacam-se a urbanização, a procura de espaços para construção de infra--estruturas, o uso do material lenhoso de algumas espécies do mangal, para construção, o uso do mangal para a satisfação das necessidades de uma população em constante crescimento.

CEAD capacita técnicos no uso da plataforma MOODLE

Reunião de abertura do ano lectivo de 2018

O Centro de Educação Aberta e à Distância (CEAD) organizou, nos

dias 1 e 2 de Fevereiro do ano em curso, uma capacitação de técnicos e gestores na utilização da plata-forma Moodle e outras tecnologias utilizadas na modalidade de Ensino à Distância (EaD). O evento que decorreu na Universidade Pedagó-gica (UP) delegação de Quelimane

tinha como objectivo melhorar e aprimorar o uso da plataforma e da comunicação com os estudantes.

Nesta acção formativa participa-ram as delegações de Tete, Mani-ca, Niassa, Montepuez e Nampula, para além da delegação de Queli-mane, anfitriã, tendo como alvos técnicos de informática, gestores e outros colaboradores de EaD.

A direcção da Universidade Pe-dagógica (UP) delegação de Quelimane esteve reunida no

dia 9 de Fevereiro, do ano corrente tendo como agenda balanço das acti-vidades do ano Académico de 2017 e preparação do início do ano académi-co de 2018; processo acompanhado de contratação do corpo docente.

O director da Delegação, Prof. Dou-tor Manuel José de Morais, falou dos cursos descontinuados, História Políti-ca e Gestão Pública (HIPOGEP) e Es-

tatística e Gestão de Informação (EGI) (ambos de regime pós laboral), devido ao número reduzido de candidatos para formação de uma turma.

Para o ensino à distância, serão leccionados no Centro de Recursos de Gurué, cursos de Licenciatura em En-sino de Biologia e em Administração e Gestão Escolar, Ensino de Inglês, no Centro de Recursos de Mocuba, sendo que o curso de Ensino Básico, Ensino de Física e Ensino de Química, foram descontinuados.

Page 8: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP08

A Comissão FACSA composta por Prof. Dou-tor José P. Castiano (Presidente), Prof. Dou-tor Fernando Vaz (Assessor Científico), Me

Reinaldo Luís B. Maeneja, Director Adjunto-Pedagó-gico da FACSA, realizou uma visita de trabalho ao Campus da Faculdade de Ciências de Saúde com os seguintes objectivos:

1. Análise e divulgação dos resultados das avalia-ções dos módulos;

2. Selecção dos docentes para os 2º e 3º anos;3. Preparação do estágio para o 3º ano;4. Reflexão sobre a Rentabilização das instalações

da FACSA.A Comissão fez-se acompanhar pela Directora

dos Registos Académicos (Engª Elena Magumane), pela Directora dos Recursos Humanos centrais (dra Eulália Mutombene), pela Directora da FACSA (Prof. Doutora Aspácia Madeira) e pela Directora do Curso de Medicina da FACSA (Dra Hilda Aguilera).

1. Análise e Divulgação dos Resultados das Avaliações

Em relação ao primeiro objectivo foram elabora-das as pautas finais das duas turmas do Curso de Me-dicina Geral admitidos no ano de 2015 e 2016.

Deste modo, ficaram arrumados em estudantes que transitaram para o 3º ano, os que transitam para o 2º ano e os estudantes reprovados (vide o anexo 1). Para a divulgação dos resultados foram afixadas as pautas e procedeu-se ao encontro geral com os estudantes.

Ainda relativamente a este ponto foi uniformizado o currículo utilizado na FACSA com o dos Registos Académicos Centrais.

Para o encontro como os estudantes a agenda foi composta por três pontos: (i) Informá-los sobre os preparativos para o inicio do ano lectivo; (ii) Informá--los sobre os resultados das suas avaliações; e (iii) In-formá-los sobre os horários e campos de estágios (ser-viços médicos no Hospital Provincial de Inhambane).

Neste encontro também foram discutidos os con-teúdos da carta do núcleo dos estudantes da FACSA enviada à Directora da Faculdade no dia 9 de Feve-reiro do ano em curso, onde os estudantes reivindica-

vam o início tardio das aulas (uma semana depois do previsto pelo Calendário Académico) e a não abertura dos cursos alternativos de saúde (Nutrição e Saúde Pública) no ano 2018.

Ainda neste ponto analisou-se a forma como os módulos decorrerem tendo sido constatado que foram satisfatórios e decorrem em tempo útil.

1. Em relação aos resultados da avaliação verificou-se que:

(1) de um total de 53 (29 F) estudantes do curso que iniciou em 2015, reprovaram 9 estudantes dos quais 5 são do sexo feminino; e como es-tes reprovaram nas cadeiras do 1º ano terão que optar por outros cursos lecionados na UP que-rendo ou esperar pela introdução do 1º ano em Quelimane.

(2) em relação aos estudantes do curso de 2016, de um total de 45 (23 F) estudantes, reprovaram 18 estudantes dos quais 13 são raparigas.

2. Selecção dos Docentes

Em relação ao ponto 2 que aborda sobre selecção dos docentes para o 2º e 3º ano, foram desenvolvidas as seguintes actividades:

a) Pré seleção dos docentes com base nos seus CVs;

b) Reunião com a directora do Hospital Provincial de Inhambane, na qualidade de responsável pe-los estágios clínicos dos estudantes do 3º ano;

c) Reunião com os docentes que se candidataram para a leccionação.

Como resultados destes encontros decidiu-se pela contratação dos docentes propostos pela FACSA. Ainda neste processo os docentes exigiram a lista de documentos para a sua contracção.

3. Preparação dos Estágios

Relativamente ao ponto 3 sobre a preparação dos estágios foram identificados os regentes das cadeiras e os respectivos auxiliares, também foi possível visi-

tar os serviços hospitalares onde serão realizados os estágios.

Ainda no encontro foram salientados os aspectos práticos dos comportamentos e atitudes que os estu-dantes devem observar durante as suas actividades no Hospital, tais como: pontualidade, anseio, respeito pe-los doentes e pelos profissionais da unidade sanitária, etc.

Em relação aos docentes foi salientada a necessi-dade de serem responsáveis, prepararem bem as suas aulas, recomendarem a bibliografia necessária em fal-ta e instigar nos estudantes o espírito investigativo; isto tudo para o bem da sua carreira profissional.

Um dos desafios constatados para os estágios prende-se com a distância entre o HPI e as instala-ções da FACSA (cerca de 30Km de deslocação diá-ria). Como proposta a Comissão identificou um edifí-cio (vide foto do edifício) que poderia ser reabilitado para servir de sala de aulas durante o ciclo clínico, beneficiando deste modo aos alunos, docentes e a pró-pria instituição. A UP evitaria avolumados gastos em transporte e combustíveis no transporte dos estudan-tes para poderem chegar a tempo e tranquilos às aulas teóricas que decorrerão à tarde no campus.

Rentabilização das Instalações da FACSA

No que tange ao ponto de rentabilização das insta-lações da FACSA é um assunto que deve ser pensado de forma mais ampla e holística tendo em conta vários factores. De facto, retirar o Curso de Medicina Geral da FACSA em Inhambane seria um desinvestimento em termos do equipamento lá montado. Para além dis-so, a construção do Hospital Provincial em marcha, uma vez terminado, vai exigir não somente médicos especialista mas também ser um campo óptimo para o estágio médico exigido pelo Ciclo Clínico da for-mação médica. Por isso, no tratamento das questões da FACSA hoje, é necessário não perder esta visão de longo prazo.

Entretanto, uma forma de garantir o uso das ins-talações, consubstanciou-se na decisão de, durante o ano de 2018, a FACSA leccionar o 2º e 3º ano do Cur-so de Medicina Geral. A seguinte é garantir a abertura, para o ano de 2019, a abertura de outros cursos das ciências de saúde propostos, nomeadamente a Licen-ciatura em Nutrição e a Licenciatura em Saúde Públi-ca; e, para que isso aconteça foram desenvolvidas as seguintes actividades:

I. Encontro com o Director Provincial de Ciências, Tecnologias, Ensino Superior e Técnico Profis-sional de Inhambane (Dr. Rodrigues Simango Tamela, acompanhado por Brito Cumbane do Departamento do Ensino Superior): A comissão FACSA informou-o sobre o Memorando de En-tendimento assinado entre a DPS de Inhambane e a UP e sobre o início do ano lectivo com estu-dantes do 2º e 3º ano neste ano de 2018. Tam-bém solicitamos uma resposta sobre o pedido do alvará ao que ele respondeu que iria infor-mar-se junto ao Ministério da Ciência e Tecno-logia, Ensino Superior e Técnico-Profissional.

II. Encontro com o Director Provincial de Saúde (Doutor Naftal Matusse, acompanhado pelo Dr. Bernardo Sakala, Inspector provincial); este, durante o encontro, reiterou o desejo da reali-zação dos cursos de Licenciatura em Nutrição e em Saúde Pública, incluindo o curso de Li-cenciatura em Enfermagem, este dirigido para a “requalificação” dos enfermeiros em exercí-cio. Igualmente houve compromisso, por par-te do Director Provincial, de prestar os apoios necessários na selecção dos docentes assim que receber os currículos lhe forem enviados para posterior aprovação pelo Conselho Universitá-rio da UP, bem como a identificação dos locais de estágios (Estes cursos de Licenciatura com início previsto para o ano de 2019 conforme a proposta da Comissão).

notícias Nº 006 • Fevereiro DELEGAÇÃO

Estudantes do curso de medicina da FACSA já estão em práticas clínicas no hospital provincial de Inhambane. Comissão de trabalho considera se ter dado o passo fundamental para a credibilização do curso e daqui para frente estão garantidas as condições para uma boa formação com os padrões e currículo exigidos na formação de médicos. UPnotícias apresenta em jeito de resumo o que fez a comissão FACSA e o caminho a seguir.

Estudantes da Facsa iniciam práticas clínicas no HPI

Page 9: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro09UPUPnotíciasDIVULGAÇÃO

COMITÉ DE POLÍTICA MONETÁRIA COMUNICADO N.º 01/2018

Maputo, 26 de Fevereiro de 2018

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, reunido hoje, dia 26 de Fevereiro de 2018, decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 150 pontos base, para 18,0%.

Igualmente, reduziu as taxas da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) e da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 150 pontos base, para 19,0 % e 12,5%, respectivamente. Em face da volatilidade que se observa no mer-cado cambial, o CPMO deliberou aumentar o coeficiente de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda estrangeira em 800 pon-tos base, para 22,0%, com efeitos a partir do pe-ríodo de constituição de reservas obrigatórias que inicia a 7 de Março de 2018, tendo mantido o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional em 14,0%.

A contínua melhoria do indicador de inflação e das projecções para o médio prazo justifica o prosseguimento da redução das taxas de juro pelo CPMO. Dados recentes da inflação anual mostram a continuação da trajectória de abran-damento, em linha com as estimativas feitas na reunião anterior. Com efeito, a inflação anual do País desacelerou pelo nono mês consecutivo, para 3,84% em Janeiro, após 20,56% em igual período de 2017, perspectivando-se que a mesma se mantenha em um dígito no final de 2018, tal como anunciado em Dezembro último.

O CPMO tomou nota da recente pressão que se regista no mercado cambial, entendendo tratar--se de efeitos conjugados da volatilidade das principais divisas no mercado internacional e do ajustamento ao paradigma de maior abertura dos fluxos de capitais contemplados no novo regula-mento da Lei Cambial.

O CPMO considera que os riscos se mantêm ele-vados, incluindo o fiscal, ao que acrescem os re-sultantes das enxurradas que têm assolado gran-de parte do País neste início do ano, o que impõe a devida calibragem das políticas orientadas à estabilidade macroeconómica. Dados recentes mostram que o endividamento público aumen-tou para 104.697 milhões de MZN em Fevereiro, após 98.497 milhões de MZN em Dezembro de 2017.

O desempenho da actividade económica con-tinua a ser moderado. Com efeito, o PIB no IV trimestre de 2017 cresceu em 3,7%, tendo a indústria extractiva, a agricultura e os transpor-tes, bem assim as comunicações, sido os ramos de actividade que mais contribuíram, perante a contribuição modesta ou até mesmo retracção de outros ramos de actividade. Ainda assim, o cres-cimento do PIB em 3,7% no ano de 2017 situou--se acima da média da SADC, que foi de 2,8%.

A procura externa continua a amortecer os efeitos do abrandamento da procura domés-

tica. Em face da retomada do crescimento nas principais economias, as exportações da indús-tria extractiva aumentaram, num contexto de preços favoráveis nos mercados internacionais. Assim, dados provisórios que reportam ao ano de 2017 mostram que o défice da conta corrente reduziu em USD 1.367 milhões, comparativa-mente a 2016, devido, fundamentalmente, ao au-mento das exportações em USD 1.390 milhões, perante um incremento das importações em USD 450,5 milhões. Porém, excluindo as exportações dos grandes projectos, observa-se uma deteriora-ção do défice da conta corrente em apenas USD 19,3 milhões.

O índice do clima económico, que é um indica-dor dianteiro da actividade económica, mos-tra uma recuperação no quarto trimestre de 2017. A recuperação do clima económico neste período reflecte o optimismo dos empresários inquiridos quanto às perspectivas de emprego, procura e preços, podendo indiciar uma melhoria da actividade económica no primeiro trimestre do corrente ano.

O mercado cambial doméstico regista desde meados de Janeiro de 2018 uma forte pres-são. No dia 16 de Janeiro, o USD esteve cotado em 58,92 MZN, passando a ser transacionado a 61,39 MZN no dia 23 de Fevereiro. No mes-mo período, a cotação do ZAR passou de 4,78 MZN para 5,28 MZN. O CPMO considera que a pressão cambial observada reflecte um con-junto de factores conjugados da volatilidade das principais divisas no mercado internacional e do ajustamento ao paradigma de maior abertura dos fluxos de capitais contemplados no novo regula-mento da Lei cambial.

A liquidez do mercado monetário reduziu. A criação de liquidez no período compreendido entre Dezembro de 2017 e Fevereiro corrente reduziu face à análise feita no CPMO de Dezem-bro de 2017. Os pagamentos líquidos efectuados pelo Estado à economia foram amortecidos pelas vendas de divisas efectuadas pelo Banco de Mo-çambique no Mercado Cambial Interbancário.

Dados das contas monetárias mostram que, até Janeiro de 2018, o crédito bancário ao sector pri-vado reduziu, em termos anuais, em 12,8%. No mesmo período, o agregado M3, constituído pela totalidade dos depósitos do sector privado e pe-las notas e moedas em circulação, expandiu em 8,8%.

Queda das taxas de juro no Mercado Mone-tário Interbancário. As taxas de juro das ope-rações repo e de permutas de liquidez entre as instituições de crédito, bem assim dos Bilhetes de Tesouro, observaram uma queda, convergindo para a taxa MIMO e de acordo com as expectati-vas de redução da pressão inflacionária.

As reservas internacionais sofreram um des-

gaste acumulado de USD 96,3 milhões, até meados de Fevereiro de 2018. Este desgaste de-veu-se essencialmente às vendas efectuadas pelo BM no Mercado Cambial Interbancário, no va-lor de USD 87,8 milhões (das quais se destacam USD 55,5 milhões destinadas à liquidação da factura de combustíveis) e ao serviço da dívida pública externa (USD 86,1 milhões). No perío-do, as compras foram de USD 6,2 milhões. En-tretanto, o saldo das reservas internacionais bru-tas situou-se em USD 3.188 milhões, suficiente para cobrir 7,2 meses de importações, excluindo as transacções dos grandes projectos.

A persistência de elevados riscos para as pers-pectivas de inflação exige prudência na con-dução da política monetária.

O CPMO constatou os riscos associados: (i) à sustentabilidade da dívida pública; (ii) às chuvas intensas que afectam o País; (iii) à volatilidade dos preços das commodities e do Dólar nos mer-cados internacionais.

O Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique reviu em baixa a Taxa MIMO e as taxas das facilidades permanentes de Ce-dência e de Depósito. Manteve o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional e aumentou o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda externa. Em face da contínua melho-ria das perspectivas de inflação de curto e mé-dio prazos, e ponderados os riscos associados, o CPMO deliberou:

✓ Reduzir, com efeitos imediatos, a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 150 pontos base, para 18,0%;

✓ Reduzir, com efeitos imediatos, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Ce-dência de Liquidez (FPC) em 150 pontos base, para 19,0%;

✓ Reduzir, com efeitos imediatos, a taxa de juro da Facilidade Permanente de De-pósitos (FPD) em 150 pontos base, para 12,5%;

✓ Manter o coeficiente de Reservas Obriga-tórias para os passivos em moeda domés-tica em 14,0%.

✓ Aumentar, com efeitos a partir do período de constituição que inicia a 7 de Março, o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda estrangeira em 800 pontos base, para 22,0%.

O CPMO continuará a monitorar os indicadores económico-financeiros e os factores de risco, e poderá tomar as medidas correctivas necessárias antes da próxima reunião do órgão, agendada para o dia 30 de Abril de 2018.

Rogério Lucas Zandamela Governador

Estudantes da Facsa iniciam práticas clínicas no HPI

Page 10: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP10

Uma Carta à Resistir a Abadon de Severino Ngoenha

O Problema

Quando recebi este livro do autor, recordei-me de, há dias, ter lido uma crítica veiculada nos mídias sobre pes-soas que adquiriram o hábito de consultar a Bíblia antes de discursarem em qualquer que seja a ocasião. Citar um versículo das Escrituras Sagradas está na moda. A partir de um versículo qualquer encontrado – muitas ve-zes por acaso – procura-se, com alguma erudição, “ilu-minar” o problema ou a ocasião em causa retirando-se dele lições de moral (homilia).

Durante algum tempo eu também fiz isso. Pois, quan-do já estava convencido da minha capacidade de ser um professional speaker – mais ou menos aquele que con-segue desembolsar um discurso para todas as ocasiões, um sofista –, dei-me conta de um pressuposto que eu não reunia: devia conhecer bem a Bíblia para poder es-colher versículos certos para cada ocasião.

Ao mesmo tempo, ao começar a preparar esta “carta”, recordei-me do conselho de Epicuro – “Quem fala em público deve ter presente que um discurso curto acaba por ser igual a um discurso longo” – depois de tanto falhar na promessa de não ser longo quando tenho que falar em público. Assim, prometo hoje, mais uma vez, não ser longo. Pois, ainda me soa aos ouvidos a voz enérgica do autor quando lhe telefonei querendo saber de quanto tempo dispunha para apresentar o livro: “por favor, não sejas longo. Não se trata de uma aula. Senão as pessoas se cansam”.

Talvez por eu ser um leitor ocasional da Bíblia, e muito menos do Apocalipse, eu não sabia quem era Abadon quando a prenhe publicação deste livro foi-me anunciada via facebook. Quando perguntei ao Severino Ngoenha, logo que me entregou o livro, ele respondeu que saberei depois de ler. Então, por enquanto, prefiro responder-vos o mesmo: saberão depois de ler o livro.

Todavia adianto que Abadon (em hebreu) ou Apollyon (em grego), que significa destruição ou destruidor, é um anjo a quem foi-lhe ordenado causar danos aos homens que “não têm nas suas testas o cêlo de Deus”. Abadon, o anjo do abismo, possui, entre outras, três características: habilidade de ler memórias, viajar no mundo e remover a alma da pessoa do seu corpo para torná-la num demó-nio obediente.

É em torno desta última característica de Abadon que todo enredo do livro anda em volta: ele teria retirado a alma do Bem dos soberanos moçambicanos nos últimos cinquenta anos que “...foram de uma estrondosa vitória da guerra sobre o homo mozambicanus”. Às guerras de resistência, seguiram-se a guerra para a Independência, a guerra dos dezasseis anos, as ditas “hostilidades” e a guerra pós-ideológica (conflito de carácter económi-co). Todas são guerras que não são nossas guerras e que comportam dentro dela duas “constantes”: sua dimen-são global e serem facilitadas pelas “nossas” fragili-dades. Então, a pergunta central com a qual Severino se angustia neste livro é: afinal, o que faz com que os moçambicanos sejam tão permeáveis à guerra? Porque é que Abadon sentou-se no trono de Moçambique e per-mitimos que ele nos conduzisse para o abismo? Enfim, como “resistir” a Abadon?

A Filosofia

Foi por causa da complexidade do assunto em causa que decidí escrever uma “carta de amor” ao Severino tendo como pano de fundo a apresentação do livro Re-

sistir a Abadon levantando alguns pon-tos que me vieram à mente após a sua leitura.

De facto, a ideia de escrever uma “Carta para Resistir a Abadon” foi-me sugerida pelo filósofo alemão Sloterdi-jk. No seu pequeno livro intitulado Re-geln für den Menschepark (Regras para o Parque Humano) – na verdade uma resposta à Carta sobre o Humanismo de Heidegger – este filósofo escreve:

“Desde que existe como género literário, a filosofia recruta os seus adeptos escre-vendo de maneira contagiosa acerca do amor e da amizade. Não é só um discur-so sobre o amor pela sabedoria: também quer mover aos outros para aderirem a este amor. O facto de que a escrita fi-losófica tenha sequer podido manter-se como um vírus contagioso ... até hoje, se deve ao êxito dessa facilidade sua para fazer amigos através dos seus tex-tos”. E Sloterdijk acrescenta, linhas de-pois, o seguinte: “Uma regra da cultura literária é que os emissores não podem prever os seus receptores”. Na verda-de, o remetente destas cartas amistosas (filósofo) lança ao mundo seus escritos sem conhecer os seus destinatários; e nem pode prever o que os receptores podem fazer com os seus textos. Pois, como Ngoenha alerta, a filosofia pode ser usada ideologicamente pelo político; e em as-sim sendo, a filosofia-conselheira do Rei pode elevar-se ao estatuto de Abadon.

Todavia, fazer filosofia, para o Ngoenha deste livro, resume-se ao ofício de escrever cartas de amor à hu-manidade enquanto substantiva e enquanto adjectiva. Enquanto substantiva refere-se à humanidade como um todo: homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, brancos, negros, mestiços, amarelos, changanas, mats-was, senas, macondes, etc. que habitaram, habitam hoje e habitarão amanhã no nosso planeta. Enquanto adjec-tiva refere-se à qualidade de ser humano para todos os homens e mulheres independentemente das diferenças antes apontadas. Ser humano, neste sentido, significa pôr em primeiro lugar olhar para o Outro com o valor de que ele é portador: dignidade, integridade, respeito pelo seu ser e em presença. Em resumo, escrever filosofia é escrever uma carta de amor à vida; portanto em defesa de todo o ser humano. Desta forma, a filosofia é intrise-camente pelo diálogo, pelo entendimento e anti-guerra. Portanto, pela sua definição, a filosofia fica de fora de poder ser uma “resistência” armada!

A Filosofia falhou na linha da “Resistência”

A questão, então, perante a qual o livro nos coloca prende-se com esta presunção da filosofia ser uma carta para a Huamnidade. Porquê é que, apesar desta huma-nidade intríseca do ser humano, este, todavia se reve-la mais bélico, violento, que propriamente humano? Ou por outra, porquê o Homem não consegue resistir às insídias de Abadon que cada vez mais se apresenta em forma do próprio Homem rounbando-lhe a alma do Bem? E se a filosofia deu-se a si mesma, sobretudo em Platão, o papel de conselheira aos homens de poder que

Abadon usa para instigar as guerras, não será ela pró-pria, a filosofia, a grande culpada por não ter consegui-do fazer com que o homem moçambicano possa resistir à violência física?

“Na verdade, quando se vai para a guerra, quer dizer que a política baseada no diálogo e na busca de con-senso falhou...”. E isto quer dizer que também a filoso-fia falhou. Porque, segundo Ngoenha, “filosofia [...] é procurar as condições que podem levar à plataforma de entendimento” e fazer com que o príncipe abandone as opções maquiavélicas. Pois “cabe à filosofia encontrar a mesa a partir da qual as partes se podem encontrar e dialogar”. Então, até agora, a filosofia moçambicana falhou porque sucumbiu perante Abadon; ou melhor: a filosofia não conseguiu fazer com que os moçambica-nos se organizassem para resistir a Abadon vestido de rosto humano.

A Religião também falhou?

Sabemos todos que se há alguma instituição moçam-bicana a quem devemos as poucas “tréguas” de Paz, no meio das guerras, e principalmente da trégua após os Acordos de Roma, esta instituição trata-se da Igreja. As igrejas moçambicanas, não somente se bateram na prá-tica explorando florestas em busca da Paz, como tam-bém foram, em Moçambique e à semelhança da África do Sul, o embrião das primeiras formulações de uma moral da reconciliação entre os “irmãos” moçambica-nos. Todavia, apesar de todos os esforços das diversas confissões religiosas, o político moçambicano não foi capaz de se sentar à mesa para resolver os seus desen-tendimentos. Cada vez mais a resposta era “às armas...”. No livro em análise, Ngoenha cita o grito do Dom Jaime Gonçalves que dizia, em desepero, na Beira: “podemos tocar todos os tambores de uma só vez ninguém nos vai ouvir”. Apesar das igrejas se terem desdobrado em mis-

Por: José P. Castiano Email: [email protected]

...“podemos tocar todos os tambores de uma só vez ninguém nos vai ouvir”. Apesar das igrejas se terem desdobrado em missas ecuménicas pela Paz, as suas orações não se fizeram ouvir de imediato”...

notícias Nº 006 • Fevereiro REFLEXÃO

Page 11: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro11UPUPnotícias

...“nós, como moçambicanos, como podemos resistir a Abadon?” (cuja resposta está resumida nos apelos à “coragem cívica”, “reconciliação genuína”, “revisitar a democracia representativa e o liberarlismo”, na “ciadadania participativa” e na “unidade” contra o mal)”...

sas ecuménicas pela Paz, as suas orações não se fizeram ouvir de imediato. Embora, conclui Ngoenha sobre o papel das religiões, “...a culpa não é da religião, mas é do uso político que dela se faz. As razões dos conflitos não devem ser procuradas nos diferentes credos, mas, sim, na manipulação política dos mesmos”.

Os Militares e os Subordinados directos também fa-lharam?

Porquê também estes poderão ter falhado? Porque, se-gundo o autor, os militares e os subordinados directos do Soberano não se colocaram a si mesmos e seriamen-te a seguinte questão fundamental: Quais são os limites morais da sua obediência? Bem pelo contrário, mesmo os oficiais sucumbiram a Abadon mostrando confiantes na resposta positiva à esta questão colocada no ridícu-lo “desde quando um militar com arma passa fome e não tem dinheiro?”. Pois, se não fosse pelos benefícios (espólio em minerais, caça “furtiva”, dinheiro em troca de protecção, poder) que a guerra trás para esta classe, o que os cegava em ver que a ordem “às armas e eli-minai o inimigo” tinha algo de preverso? Aliás, Severi-no Ngoenha, apoiando-se por trás de La Boétie no seu famoso Discurso sobre a Servidão Voluntária, repara que um “déspota não tem força suficiente para esmagar sozinho todo um povo”.

Desta forma, a guerra somente pôde ser iniciada e mantida sob o beneplácito dos que La Boétie chama por “súbditos” da corte, que não somente rodeiam o soberano, como também o conhecem nas suas frivoli-dades humanas. Portanto, não se pode acreditar que a força do soberano consiga dominar todos os seus súb-ditos (militares).

É talvez o filósofo alemão, de origem sul-coreana, Byung-Chul Han, que melhor expressa como funcio-na o poder ao afirmar que este não consiste na “neu-tralização da vontade” do súbdito e que há formas de poder que vão para além da necessidade de neutralizar a vontade do outro. Muitas vezes “o súbdito obedece à vontade do soberano como se fosse a sua própria vontade – ou mesmo até a antecipa”. Nesta ordem de ideias, estes súbditos directos – os militares oficiais

– não souberam resistir a Abadon; este lhes teria, tam-bém, roubado a sua alma de moçambicanos, conside-rando-se, apenas, “de gema”...

A Política abriu alas a Abadon

Aqui não há sombra de dúvidas para Ngoenha: Aba-don instalou-se no trono da polítia moçambicana du-rante quase cincuenta anos com algumas “tréguas”. Pois, ele afirma que “o ter sido prisioneiro político ou ter sido torturado pela PIDE (...), ou ter lutado contra o colonialismo (...), não me autoriza a ser torcidário e carrasco do povo”.

Da mesma forma que os políticos de hoje “não sen-tem escrúpulos em deslocar as populações e beneficiar com o dinheiro dos reassentamentos, em construir por-tagens pagas nos centros das cidades, em vender o pa-trimónio do Estado, em esvaziar os cofres dos bancos”. Aliás merecem o nome de “pecuniaristas”, mais do que de políticos.

A política se manisfesta, para o autor, em forma de “ideologia cínica”: os cidadãos reconhecem as práticas

nefastas dos seus governantes e, mesmo assim, conti-nuam a elegê-los. Este comportamento cínico explica-

-se pela dita era da pós-verdade na qual a natureza da audiência do político (o eleitor) caracteriza-se pela ten-dência em acreditar em coisas que confirmam as suas crenças ou ideologias. Para o eleitor desta era, torna-

-se mais cómodo ignorar aquelas informações que de-safiam os seus próprios pontos-de-vista. Sobre a razão cínica na política, Sloterdijk, de que Ngoenha toma o conceito ideologia cínica, refere que o político cínico é aquele que manipula as mentiras através da verdade; enquanto que o filósofo cínico é aquele que manipula as verdades através das mentiras. E, continua Sloterdijk,

“para governar bem é preciso saber manipular as verda-des da mentira”. Recorde-se a famosa música de Aza-gaia que lhe levou às barras da Procuradoria anos atrás para “responder” por ela.

Hitler, Mussolini, Reagan, Bush, Trump, etc. são po-líticos cínicos. Portanto a quem Abadon retirou a sua alma para deles se servir no seu caminho para o abismo. Eles mantiveram-se no poder por via do que a filósofa brasileira Marcia Tiburi chamou por “ridículo político”: aquele político da produção de inverdades de todo tipo”. E mesmo assim é eleito apesar de apelar ao riso. Tiburi chega a afirmar que quem percebe do jogo do ridículo e aprende a manipulá-lo, hoje, pode até tornar-se presi-dente da República (Temer, Trump, Zuma, etc.).

E a Cultura?

A 20 de Julho de 1969, quando Neil Amstrong deu o primeiro passo humano na Lua, disse: “Este é um pe-queno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”. Ao mesmo tempo, entrementes, as mi-lhões de pessoas em todo o mundo que acompanharam o “primeiro passo” na Lua por rádio e televisão, na al-tura, perguntava-se “qual será o próximo passo?” Devo dizer que este livro de Ngoenha é também um pequeno passo individual, porém um grande salto na angústia na-cional sobre as causas fundamentais por trás das guerras em Moçambique. Parece um pequeno passo a teu nível individual (dado que já publicaste muitos livros), po-rém este e gigantesco por ser o primeiro a partir de uma perspectiva filosófica sobre o tema “filosofia e violên-cia” com focus no caso moçambicano.

Assim, apesar de a pergunta do livro ser “Nós, como moçambicanos, como podemos resistir a Abadon?” (cuja resposta está resumida nos apelos à “coragem cívica”,

“reconciliação genuína”, “revisitar a democracia repre-sentativa e o liberarlismo”, na “ciadadania participativa” e na “unidade” contra o mal) eu prefiro colocar uma ques-tão que vai para além deste livro, a questão do “próximo passo”, nomeadamente: porquê é que, à semelhança do que no livro se faz com a filosofia, a política, a religião, não se equaciona a cultura enquanto possibilidade de fonte para a resistência? Não será que Abadon também se tenha apoderado desta base onde buscamos a nossa eticidade, mais do que da religião, da política e até mes-mo da filosofia? De que lado estavam os nossos médicos tradicionais ou ainda as autoridades tradicionais? Onde estão as mamanas nesta resistência, que, tradicionalmen-te, não se entregam aos seus homens endimoniados por Abadon e que desfilam nuas nas aldeias em protesto da guerra por estes iniciadas para a “vergonha” masculina? Onde estão os nossos sábios tradicionais para ajudarem no “desarme das mentes”, embora Severino Ngoenha afirme que “ser filósofo é, antes de mais, desconfiar dos

sábios”? As mesmas perguntas devem fazer-se à educa-ção, enquanto esfera da cultura. Por exemplo, na Ale-manha pós-guerra, as autoridades políticas fizeram da educação um campo priveligiado para divulgar o slogan segundo qual Nie wieder Krieg aus dem deutschen Bo-den (Nunca mais Guerra do solo alemão!). A partir da experiência negativa da segunda guerra mundial queriam comprometer às futuras gerações, sobretudo de políticos alemães, na resistência à Abadon.

Penso que esta é uma via alternativa de prosseguir ao chamamento que este livro nos trás – o de resistirmos a Abadon. No entanto, penso que para as iniciativas da Paz que Mocambique já teve, a cultura ainda não foi mobilizada em toda sua potencialidade. “Prova” disso é que as ditas “tréguas” para o “diálogo” entre ambos presidentes (Dlhakama e os “restantes”) aparecem qua-se sempre que a guerra estiver prestes a bater à porta das cidades...

Então Abadon, como resistir-te?

O livro O Amigo do filosofo italiano Agamben tem como ilustração um quadro pintado por Giovani Sero-dine. Este quadro encontra-se na Galeria Nacional de Arte Antiga de Roma. Na verdade trata-se de um por-menor que ilustra il incontro entre dois santos católicos, São Pedro e São Paulo. Os dois apóstolos “imóveis, ocupam o centro do quadro, e estão cercados pelo ges-ticular desordenado dos soldados e dos carrascos, que os conduzem ao suplício”. As trompetas, os soldados em volta, o reboliço, não os distrai do encontro. Estão de mãos dadas e “com as suas frontes quase coladas uma à outra, que de modo nenhum se podem ver”. As mãos dadas, apertadas, mostram uma “proximidade” estranha no meio da azáfama. Desta imagem Agamben conclui: “Reconhecer alguém como amigo significa não poder reconhecê-lo como ‘qualquer coisa’. Não se pode dizer ‘amigo’ como se diz ‘branco’, ‘italiano’, etc.

– a amizade não é uma propriedade ou uma qualidade de um sujeito”.

De facto, fazendo uma leitura-prima do livro, chega--se à conclusão que tudo começa pela amizade pelo Ou-tro e pela verdade (filosofia) para resistir a Abadon. Na confusão da guerra, a filosofia moçambicana engaja-se pelo triunfo da amizade. O mesmo Agamben, escreve ainda no livro O Amigo: “A amizade está tão estreita-mente ligada à própria definição de filosofia que pode-mos dizer que sem ela, a filosofia não seria possível. A intimidade entre a amizade e filosofia é tão profunda que esta inclui o philos, o amigo no seu próprio nome...”.

Vendo as imagens de Vanduzi, Nyusi e Dhlakama de mãos dadas e “rindo-se de si mesmos”, parecen-do alheios à floresta e aos guarda-costas que lhes ro-deiam, não nos podemos deixar de perguntar se aquele gesto não é o início de uma amizade a partir da qual poderá nunca, do e no solo moçambicano, partir uma guerra. Nada nos impede de pensar que tudo poderá depender desta amizade que deverá descer pelos seus súbditos outrora guerrilheiros (RENAMO) e guerrei-ros (Governo) abaixo.

Apesar disso, temos que ter o direito de lançar um segundo olhar que nos recorde que já assistimos, em Roma (1992) e em Maputo (2014), a abraços idênticos. Não nos esqueçamos que eram abraços embuidos, em-prestando o termo de Ngoenha, de uma “ideologia cí-nica” e que a História pode repetir-se, desta vez, não já como uma tragédia pós-trégua, senão como uma comé-dia macabra, pelo facto de dois soberanos abraçarem-se em e por cima do “sofrimento dos outros”. Em assim sendo, dar-se-ia azos ao tipo de críticos, infelizmente abundam na nossa praça pública, que a minha mãe cos-tumava detestar imenso. Os detestava porque, perante a desgraça e o sofrimento dos outros provocados pelas cheias do Rio Zambezi, inundando as suas plahotas, es-tes “críticos”, dizia ela talvez apelando-se ao mito do dilúvio, tratavam de estar seguros numa zona elevada, longe dos tormentos provocados pela corrente zangada do rio, e gritavam do alto: bwerani mudzaone (“venham cá ver” [o sofrimento dos outros]).

Page 12: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP12

Prof. Doutor Rogério Zandamela

notícias Nº 006 • Fevereiro REFLEXÃO

“AULA INAUGURAL” proferida pelo Prof. Dou-tor Rogério Zandamela na Universidade Pedagógica, campus de Lhanguene no dia 2 de Março de 2018.

Permitam-me, em primeiro lugar, que saúde a todos os presentes e enderece os meus sinceros agradecimen-tos ao Prof. Doutor Jorge Ferrão, Magnífico Reitor da Universidade Pedagógica, por me honrar com este ali-ciante e ao mesmo tempo prestigiante convite para es-tar aqui, hoje, rodeado de tantos jovens, que certamente serão os futuros dirigentes do nosso país.

É, para mim, uma grande honra estar convosco nes-ta sala e poder partilhar algumas das minhas ideias e reflexões sobre a economia de Moçambique, saindo um pouco da esfera da actuação do Banco de Moçambique, mas centrando-me num tema igualmente importante para o futuro do nosso país, e acima de tudo para a nos-sa juventude.

Admito que é a primeira vez que profiro uma aula inaugural numa Universidade. Talvez por isso, este mo-mento me faça recuar para tempos que já lá vão, quan-do eu – ainda estudante universitário, com toda a força e vontade que a juventude tem para mudar o mundo, ávido de obter novos conhecimentos, após participar em várias palestras, sentia que muitas delas não tinham dito nada de novo.

Quando observo as faces de muitos estudantes aqui presentes, revejo essa vontade de ouvir algo novo. Devo confessar, porém, que não irei falar nada que não tenham ouvido noutras palestras. Talvez seja mais enfá-tico, mas, como foi anunciado previamente, o tema que proponho abordar tem muita ligação com a actualidade que estamos a viver em Moçambique:

“O dilema de ter muitos recursos naturais e, mesmo assim, não alcançar os níveis de crescimento económico desejáveis”.

Vou fazer a minha dissertação em torno de três di-mensões centrais: primeiro, pretendo recordar-vos so-bre o potencial de recursos naturais que Moçambique possui; segundo, irei demonstrar, socorrendo-me das experiências internacionais, que nem sempre ter re-cursos naturais em abundância é sinónimo de ter um crescimento robusto e inclusivo, daí a noção de dilema; terceiro, focando alguns factores que concorrem para isso, tentarei argumentar que, apesar de Moçambique possuir recursos naturais em abundância, continuamos com padrões de desenvolvimento abaixo dos desejá-veis.

Posto isto, irei avançar com alguns desafios, que, se resolvidos, poderão constituir uma plataforma impor-tante para um crescimento inclusivo e sustentável.

Permitam-me, então, que comece por apresen-tar-vos de que Moçambique estamos a falar, para que todos partamos da mesma base de análise.

Moçambique possui uma localização geográfica privilegiada, junto da costa oriental da África Austral, com uma linha costeira de cerca de 2.300 km, o que, para além do potencial pesqueiro e turístico, o torna num pivô perfeito a nível do comércio internacional e numa rota importante dos países vizinhos da hinterlân-dia para o resto do mundo.

Os indicadores demográficos do censo de 2017 in-dicam que o país conta com um elevado potencial de força de trabalho, com um total de 28,8 milhões de ha-bitantes e uma densidade populacional de 36,1 habitan-tes por km2. No entanto, apenas cerca de 51% da po-pulação de Moçambique é alfabetizada e cerca de 70% reside nas zonas rurais e pratica actividades relaciona-

das com a agricultura, pesca e pecuária de subsistência. Moçambique é ainda abençoado pela dotação de

recursos naturais, de onde se destaca a existência 36 milhões de hectares de terras férteis, propícias para a prática da agricultura, sendo que, nos últimos anos, a agricultura constituiu a principal fonte de rendimento, representando cerca de 25% do PIB.

Com efeito, foi identificado um total de seis corredo-res estratégicos com potencial para o desenvolvimento da agricultura, mas que ainda se encontram subapro-veitados, especificamente Nacala, Vale do Zambeze, Beira, Pemba e Lichinga, Limpopo e Maputo. Foram também identificadas 12 importantes cadeias de pro-duto e valor agrícola para a produção, entre outros, de arroz, soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e castanha de caju, bem como para o corte e processamento de ma-deira, mas que se encontram pouco desenvolvidas.

O país detém ainda um elevado potencial para a pro-dução de energia hidroeléctrica, eólica e geotérmica, sendo visto como uma potencial solução para a redução do défice de energia eléctrica na região da SADC.

Neste âmbito, destacam-se projectos como a Hi-droeléctrica de Cahora Bassa, a barragem de Massin-gir, as centrais térmicas de Benga, Nkondezi e Moatize, para além do projecto ainda em carteira de construção da barragem de Mpanda Nkuwa.

Moçambique tem-se distinguido também pela sua riqueza em termos de recursos minerais, tendo, neste sentido, atraído grandes investidores para desenvolve-rem grandes projectos na área da indústria extractiva, com destaque para a exploração de: (i) gás natural na bacia do Rovuma (uma das maiores reservas mun-diais de gás natural); (ii) gás natural nas províncias de Inhambane e Sofala; (iii) carvão mineral em Moatize, na província de Tete; bem assim (iv) das áreas de ex-tracção de ouro, areias pesadas e pedras preciosas como o rubi, nas zonas centro e norte.

Como podem notar, Moçambique foi abençoado com um vasto potencial de recursos naturais. Mas o que nos diz a experiência internacional sobre abun-dância de recursos vis-à-vis o crescimento económico?

De acordo com a informação reportada pela UNC-TAD sobre os fluxos de investimento directo estrangei-ro em África, que ascendiam aos USD 59.4 biliões no ano de 2016, Moçambique fez parte do grupo das seis economias de África que mais fluxos recebeu naquele ano, e foi a segunda na região da SADC, ficando atrás apenas de Angola.

Do total dos fluxos de IDE recebidos pelo continen-te Africano, a maioria destinou-se ao sector extractivo, com realce para o gás natural, petróleo e carvão, o que mostra a grande ligação entre o IDE em África e a ex-tracção dos recursos naturais.

Entretanto, observando a situação actual da maioria dos países africanos, nota-se que o efeito desse inves-timento não é o mais desejado, pois os níveis de de-senvolvimento das suas economias continuam baixos, ao mesmo tempo que os indicadores de pobreza não reduziram o suficiente. Alguns académicos criticam o facto de a região ainda enfrentar constrangimentos em termos de capacidades humanas, capital e boa gover-nação, apesar da abundância de recursos naturais em África.

A concentração de fluxos de investimento directo estrangeiro nos sectores orientados para a extracção dos recursos naturais faz com que a maior parte das econo-mias marginalize os outros sectores estratégicos, mos-trando a experiência internacional que a agricultura e a indústria transformadora têm sido os mais sacrificados.

Com efeito, o crescimento das economias africanas que mais fluxos de investimento directo estrangeiro re-

cebem, a exemplo de Angola, Nigéria e Gana, é depen-dente da extracção e exportação de recursos naturais, sem nenhum valor acrescentado e com pouca repercus-são noutros sectores da economia.

Este cenário resulta numa fraca diversificação da base produtiva das economias africanas, o que as torna dependentes e vulneráveis ao comportamento dos pre-ços internacionais das mercadorias. Assim, quando a economia global está numa fase de crescimento, requer um maior consumo dessas mercadorias, estimulando o crescimento dos seus preços, e vice-versa, o que afecta directamente as receitas dos países africanos exporta-dores, no caso vertente, e torna o comportamento das suas economias muito volátil.

Esta forma de exploração, concentrada em um ou em poucos produtos, e de forma intensa, coloca sérios problemas de sustentabilidade no tempo, principalmen-te se tomarmos em consideração que muitos dos recur-sos não são renováveis, como são os casos do petróleo, do gás natural e do carvão.

A informação disponível mostra que o dilema en-tre a abundância de recursos naturais e o crescimen-to ou pobreza também pode ser uma realidade em Moçambique, se não for devidamente enfrentado.

Com efeito, o elevado crescimento económico observado nas últimas décadas em Moçambique, de cerca de 7% por ano, não foi suficientemente inclu-sivo para gerar as externalidades positivas necessá-rias para a melhoria efectiva da vida da maioria da população.

Dados recentemente publicados sobre a avaliação da pobreza e bem-estar em Moçambique mostram que cerca de 46,1% da população ainda vivia abaixo da li-nha de pobreza em 2014, o equivalente a um total de 11,8 milhões de habitantes, o mesmo número observa-do em 1996 (12 milhões).

No mesmo período, segundo os dados dos inquéri-tos ao Orçamento familiar, a desigualdade na distribui-ção do rendimento (medida pelo conhecido coeficiente de Gini) aumentou de 0,4 em 1996 para 0,47 em 2014.

Adicionalmente, o produto interno bruto per capita, ou seja, o rendimento que se supõe que cada um dos 29 milhões de moçambicanos tenha (se todos tivessem o mesmo rendimento) não mudou nos últimos anos, tendo-se fixado em USD 430 em 2017, segundo esti-mativas do FMI.

Na avaliação do Índice de Desenvolvimento Huma-no, de um total de 188 países, Moçambique encontrava--se classificado na posição 181 em 2016, situando-se no grupo dos dez países menos desenvolvidos do mundo, sendo o pior classificado dos países da CPLP e da re-gião da SADC.

O país destaca-se ainda no grupo dos 10 países com o menor desenvolvimento de infra-estruturas em Áfri-ca, ocupando a posição 45, num total de 54 economias africanas avaliadas pelo Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas em África, e encontra-se no grupo dos países com maior percepção de corrupção do mundo, ocupando a posição 142, num total de 176 economias analisadas pelo Índice de Percepção de Corrupção.

O aspecto ainda mais importante a destacar é o facto de a estrutura económica praticamente não se ter altera-do nos últimos anos, em que, com a excepção dos sec-tores da indústria extractiva e dos serviços financeiros, que observaram uma melhoria decorrente dos grandes projectos, a base produtiva continuou a ser dominada pelo sector da agricultura, maioritariamente de subsis-tência, representando cerca de 25% do PIB, enquanto os restantes sectores mantiveram a mesma estrutura de há 18 anos atrás.

DILEMA ENTRE A ABUNDÂNCIA DE RECURSOS NATURAIS E O CRESCIMENTO ECONÓMICO:

DESAFIOS E OPORTUNIDADES.

Page 13: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro13UPUPnotícias

Sendo assim, o que fazer?

Considero que o primeiro grande desafio passa por integrar a sociedade civil, com especial desta-que para as camadas mais jovens, no debate sobre como criar um fundo de riqueza nacional que per-mita transformar os ganhos obtidos pela exploração de recursos naturais não renováveis em geração de recursos renováveis.

É fundamental que a utilização das receitas resultan-tes da exploração dos recursos naturais não renováveis não constitua uma decisão exclusiva dos formuladores de política económica, usada para resolver as necessi-dades imediatas, mas sim que seja um reflexo das in-tenções das diferentes esferas da sociedade civil e das comunidades de onde esses recursos são extraídos.

E, neste aspecto, quero insistir que vocês, jovens, devem começar a criar agora uma massa crítica activa, sonante e capaz de exigir uma maior participação no processo de definição das regras que vão ditar a utiliza-ção das receitas da exploração dos recursos naturais e na escolha do modelo de desenvolvimento mais adequado para o nosso país, que ainda tem muitas necessidades básicas por resolver, mas que tem também de garantir riqueza para as gerações vindouras.

Há vários modelos já testados noutros países que po-derão servir de exemplo.

É fundamental que sejam empoderados – e as Universidades são um bom local para isso – e se apro-priem do vosso futuro, iniciando agora um trabalho árduo de monitoria activa dos processos de formu-lação de políticas, de modo a certificar que os vossos interesses estejam reflectidos nas medidas de política a serem implementadas.

Assumam que é vosso direito, na qualidade do fu-turo deste país, exigir um maior rigor e disciplina dos actuais formuladores de políticas na utilização das recei-tas de exploração dos recursos naturais, garantindo que estes ganhos sejam usados para a construção de infra--estruturas prioritárias para o país, para a geração de ca-pital humano, através de investimentos em educação e tecnologias, que elevem cada vez mais a produtividade da força de trabalho nacional e promovam a criação de recursos renováveis.

Só assim é que se poderá atingir uma transformação da estrutura produtiva da economia e geração de ganhos e oportunidades para as gerações vindouras.

É igualmente importante assegurar que as auto-ridades governamentais consolidem um ambiente de paz e de estabilidade política, factor que vai permitir que os agentes económicos possam desenvolver as suas ligações produtivas e comerciais num cenário de segu-rança e de livre circulação de pessoas e bens, nas dife-rentes regiões do país.

Adicionalmente, é prioritário adoptar reformas que activem a melhoria contínua do ambiente de ne-gócios, possibilitando um desenvolvimento diversifi-cado e inclusivo do tecido empresarial.

O actual ambiente de negócios é mais orientado para os grandes projectos, cuja pujança financeira e capaci-dade de negociação lhes permitem aceder aos regimes especiais, que facilitam as suas operações, enquanto o remanescente segmento empresarial lida com um am-biente de negócios pouco desenvolvido e com vários constrangimentos.

Segundo o Doing Business de 2018, Moçambique pertence ao grupo dos países onde é difícil iniciar um empreendimento, situando-se na posição 134, de um to-tal de 190 economias, posicionando-se atrás de econo-mias como Maurícias, Botswana e África do Sul.

Este facto, aliás, é reforçado pelos dados do Censo de Empresas, que indicam que, num horizonte de 12 anos, o número de micro, pequenas e médias empresas, que são as que promovem mais postos de emprego, reduziu em 1.681, passando para 26.793 em 2016, enquanto as gran-des empresas, que são maioritariamente intensivas em ca-pital, quase que triplicaram, passando para 905 em 2016.

Combinado com este facto, é também necessário atrair e apoiar projectos de investimento directo es-trangeiro numa base mais diversificada.

Apesar de o país se notabilizar pelo aumento subs-tancial do IDE, este não tem estado a promover a trans-formação económica desejada, visto que a maior pro-porção destes investimentos se destina aos sectores de gás natural e carvão, em detrimento de áreas de eleva-do potencial como a agricultura, a pesca, a pecuária, a manufactura e o turismo. Efectivamente, no período de 2010-2017, cerca de 69% do IDE destinava-se à indús-tria extractiva para a exploração de carvão e gás natural, tornando a economia vulnerável à volatilidade dos pre-ços internacionais destas mercadorias.

A nós, do sistema financeiro, cabe-nos cumprir com urgência a missão importante de aumentar os níveis de

inclusão financeira da nossa popula-ção, dado o potencial que os serviços financeiros possuem de dinamizar o crescimento das economias através da promoção de actividades gerado-ras de rendimento, poupança e novos investimentos, para além de contri-buir para a melhoria das condições de vida e sociais.

É do nosso conhecimento que Moçambique possui um baixo nível de inclusão financeira e um sistema financeiro subdesenvolvido, em parte decorrente da fraca cobertura da rede bancária, que atinge maioritariamente as zonas urbanas e apenas 94 distritos, dum total de 154, muito por conta dos elevados custos de transacção e do dé-fice de infra-estruturas, que dificulta a instalação de agências bancárias em alguns pontos do país.

Este cenário faz com que, segundo o FINSCOPE 2014, apenas 20% da população adulta tenha acesso a servi-ços e produtos financeiros formais em Moçambique.

Estes níveis de inclusão financei-ra podem ser melhorados, através da aposta

(i) no desenvolvimento de serviços e produtos financeiros baseados na utilização das tecnologias de informação e comunicação, que contornam a necessidade de presença física de unidades bancárias em locais de difícil acesso e permitem atingir uma vasta gama da população que não tem acesso a serviços financeiros formais;

(ii) na implementação de actividades de educação financeira, de modo que a população adquira os conhecimentos necessários para melhor explorar o potencial dos serviços financeiros existentes; e

(iii) no reforço do quadro de protecção do consumi-dor, melhorando a confiança da população no sis-tema financeiro.

Associado ao ponto anterior, é também necessário promover a poupança doméstica, uma vez que a mes-ma tem sido insuficiente para financiar as necessida-des domésticas de investimento.

Efectivamente, o défice entre a poupança e o inves-timento doméstico em 2014 situou-se próximo de 40% do PIB, fazendo com que o país se torne vulnerável e dependente das poupanças do resto do mundo, principal-mente na forma de investimento directo estrangeiro, que tem estado a crescer nos últimos anos.

A nível do sector público, também é patente a escas-sez de fundos, na medida em que as receitas domésticas arrecadadas pelo Estado não têm sido suficientes para cobrir a despesa pública, colocando as finanças públicas numa posição crónica de défice.

Este cenário faz com que o país seja dependente da ajuda externa na forma de donativos e créditos, para financiar o défice público. Nos últimos anos, a dívida pública cresceu substancialmente para níveis insusten-táveis, muito por conta das dívidas ocultas, que ainda precisam de ser resolvidas.

Percebo que estes desafios não são fáceis de solu-cionar e que o sucesso para os ultrapassar depende, sobretudo, do esforço e comprometimento de todos nós, em particular dos jovens, que são o pilar do nos-so desenvolvimento.

Termino agradecendo a vossa atenção e desejando a todos os estudantes aqui presentes muitos sucessos na vida académica e que assimilem os conhecimentos para serem os agentes transformadores da nossa economia, aplicando o vosso inteiro saber para tornar Moçambique um país com um crescimento mais firme, sólido e inclu-sivo, quer social, quer economicamente.

Page 14: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP14 notícias Nº 006 • Fevereiro NOTICIÁRIO

Em 5 minutos faz-se a inscrição com o todo o conforto longe das longas filas como era antes.

Uso de tecnologia informática melhora o modelo de inscrição e deixa novos ingres-sos satisfeitos com a facilidade e eficiência no manuseamento do novo sistema imple-mentado pela Universidade pedagógica. O novo sistema de candidatura on-line, tem como principal objectivo flexibilizar as oportunidades de acesso a informação pré-via da pré-inscrição, assim como, simplifi-car o processo de cadastro dado as circuns-tâncias de deslocação dos candidatos.

Segundo Dr. Luís Daúce, funcionário desta Instituição, afecto ao Registo Acadé-mico, o sistema conta com conhecimentos básicos de informática para preenchimento dos dados pessoais, junto de um formulário

obtido na própria página web da Universi-dade, facto que criava filas longas e torna-va o processo moroso nos anos anteriores, para além de reduzir ao máximo, actos de suborno na tentativa de estudar a porta de cavalo na Instituição.

Questionado sobre a facilidade de di-vulgação destas informações, o mesmo res-ponde que actualmente é inegável o poder do correio electrónico (E-mail) na divulga-ção destas vagas, e salienta ser importante desenhar novas estratégias online de divul-gação destas através das redes sociais, site da UP e tentar fazer parcerias com outros sites da mesma temática.

Questionado sobre como foi o processo de Gestão de inscrições, o nosso interlocu-tor respondeu: Foi mais fácil e abrangente para ambos, nós como funcionários e aos candidatos, porque vai usufruir de todas as vantagens de registo na plataforma direc-tamente e sem prejuízos da Instituição er-

rar dados pessoais, outra vantagem é que o processo de pagamentos é feita no sistema

de forma automática, assim, não vai preci-sar de andar a verificar cada comprovativo de inscrição ou pagamento.

O dinheiro será transferido para a conta bancária sem precisar de apresentar o com-provativo. “Assim como a prudência con-solida o sucesso, a presunção os destrói”.

Ainda assim é preciso continuar a aper-feiçoar o sistema, visto que Alguns estu-dantes queixaram-se da lentidão durante todo o processo, da velocidade da internet e de dificuldade para aceder ao Site da UP.

Outro motivo de muitas reclamações é o facto da necessidade de um E-mail e o desconhecimento do seu uso após a pré--inscrição. Um candidato ouvido pela nos-sa reportagem disse: “Eu tive que criar um E-mail nas correrias por causa das inscri-ções e depois de todo o processo, quando me disseram que tinha que confirmar o ca-dastro via e-mail “fiquei sem chão”, aper-cebi-me que já não tinha a senha inicial, e todo o meu processo parou.”

De referir que são necessários apenas 5 minutos de atenção a frente de um disposi-tivo electrónico (telefone ou computador), para aceder e concluir um acto de inscrição o que reduziu o tempo de espera em filas de atendimento e acelerou o cumprimento do programa de aulas sem sobressaltos.

Por: Elísio Manjate

Por: Jubel D. Castiano

Estudantes satisfeitos com o sistema de inscrição online

Terminou no dia 23 de Fevereiro de 2018 o processo de inscri-ção e cadastramento de novos

ingressos da Universidade Pedagógica (UP), processo que teve o seu iniciou no dia 17 de Fevereiro. É uma acção que tem em vista reconhecer os estudantes que frequentarão diferentes cursos de li-cenciatura na UP, uma instituição voca-cionada na formação de professores, para além de outros cursos importantes para o desenvolvimento do país. O UP-Notícias ouviu os novos estudantes da UP para aferir sobre as suas expectativas, motivo da escolha de cursos e da UP.

Flora Zacarias do ensino de Inglês apontou que estudar UP sempre foi seu sonho, pois, fez formação de professo-res no Instituto de Magistério Primário da Munhuana (IMAP) e a actividade de docência que exerce actualmente, e por essa via espera superar-se durante

a formação de modo que possa crescer profissionalmente e contribuir de forma significativa onde lecciona.

Por seu turno Gaspar Cossa, deixou a licenciatura em Jornalismo para abra-çar curso de ensino em Geografia para dar espaço o seu sonho de adolescência que lhe permitirá transmitir conheci-mento às gerações vindouras, porque na sua opinião ser professor é uma profis-são nobre e para não afundar o sonho optou em anular a licenciatura em Jor-nalismo para dar espaço às aspirações da infância.

Eugénio Alberto, Chefe de Depar-tamento de Registo Académico da UP, indicou que o processo de cadastramen-to decorreu sem sobre salto. Realçou ainda que para os que não conseguir inscrever-se dentro do tempo estipula-do as inscrições vão prolongar-se até 17 de Março, porém terão que pagar 25% de multa, depois desse período a multa será agravada em 50%.

UP matricula novos ingressos

Page 15: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

Nº 006 • Fevereiro15UPUPnotíciasDIVULGAÇÃO

Page 16: PROFESSOR DOUTOR FILIPE JACINTO NYUSI - up.ac.mz · dos escritores moçambicanos que é da craveira internacional, como, a Paulina Chiziane, João Paulo Borges Coelho, e escritores

UPUP16 notícias Nº 006 • Fevereiro ÚLTIMA PÁGINA

Noites de Socialogias, um regresso em grande com a cidade em debate

O Sindicato Nacional de Jornalistas, Bar FOFOCA foi o local escolhido para acolher o regresso das Noites de sociologia. Espaço lotado para ver e ouvir o Prof. Doutor Virgílio Borges Pereira, conceito sociólogo, docente da Universidade do Porto – Portugal, dissertar sobre a Sociologia e Cidade: Reflexão Sobre Um Percurso de Análise.

Foi uma interessante e sábia aula de metodologia de análise, onde Virgílio Borges fez uma larga

incursão para explicar como estudou a Cidade do Porto, como percorreu as ruas, como atravessou as ruas e interpe-lou a cidade, os espaços, a relação entre os espaços e as pessoas, a relação sócio espacial, os contextos, a inserção social, as relações sociais, a delimitação do es-paço, tudo na busca de um conhecimen-to fino sobre a cidade.

A medida que Virgílio Borges ia discorrendo sobre a cidade do Porto, os participantes, na sua maioria estu-dantes de Sociologia e de Jornalismos, faziam a viagem pela cidade de Maputo descumprindo semelhanças e dissonân-cias, mas no fundo o que interessava era captar o método de estudo de uma cida-de, como penetrar nela sem a ofender, penetrar devagar, sem violência mas

com ciência. Quando percorremos uma cidade a pé, no trajeto passamos de uma realidade para outra, atravessamos vá-rias realidades, é preciso ler estas rea-lidades com os dispositivos que temos. O Espaço é físico, é social e é também relacional.

A necessidade de um plano de habi-tação, de uma planificação da cidade, de politicas de habitação foram alguns dos aspectos levantados, sobretudo no mo-mento de responder as questões apre-sentadas pelos presentes que buscavam respostas para os problemas da cidade de Maputo, onde o trágico aconteci-mento da lixeira de Hulene foi avivado.

No fim o Prof. Doutor Bento Ru-pia, director da Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas fez um elogio me-recido ao Professor Virgílio Borges, ou não tivesse sido aluno de Virgílio na Universidade do Porto nos anos 90, e ficou a promessa de outra Noite de So-ciologia em breve noutro espaço de la-zer na cidade de Maputo, porque afinal entre copos também se faz sociologia.

Por: H. Eliseu Sueia