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caderno doPROFESSOR
EDUC
AÇÃO
FÍS
ICA
volume 4 – 20092a- SÉRIEensino médio
GovernadorJosé Serra
Vice-GovernadorAlberto Goldman
Secretário da EducaçãoPaulo Renato Souza
Secretário-AdjuntoGuilherme Bueno de Camargo
Chefe de GabineteFernando Padula
Coordenadora de Estudos e NormasPedagógicasValéria de Souza
Coordenador de Ensino da RegiãoMetropolitana da Grande São PauloJosé Benedito de Oliveira
Coordenador de Ensino do InteriorRubens Antonio Mandetta
Presidente da Fundação para oDesenvolvimento da Educação – FDEFábio Bonini Simões de Lima
EXECUÇÃO
Coordenação GeralMaria Inês Fini
ConcepçãoGuiomar Namo de MelloLino de MacedoLuis Carlos de MenezesMaria Inês FiniRuy Berger
GESTÃO
Fundação Carlos Alberto Vanzolini
Presidente do Conselho Curador:Antonio Rafael Namur Muscat
Presidente da Diretoria Executiva:Mauro Zilbovicius
Diretor de Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação:Guilherme Ary Plonski
Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz Scavazza e Angela Sprenger
COORDENAÇÃO TÉCNICA
CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Coordenação do Desenvolvimento dos Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos ProfessoresGhisleine Trigo Silveira
AUTORES
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira
Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo, Regina Célia Bega dos Santos e Sérgio Adas
História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari
Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume
Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti e Sérgio Roberto Silveira
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos
MatemáticaMatemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli
Caderno do GestorLino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie
Equipe de Produção
Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza
Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Renata Elsa Stark, Ruy César Pietropaolo, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias Moretti
Equipe Editorial
Coordenação Executiva: Angela Sprenger
Assessores: Denise Blanes e Luis Márcio Barbosa
Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie
Edição e Produção Editorial: Conexão Editorial, Edições Jogo de Amarelinha e Occy Design (projeto gráfico)
APOIOFDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação
CTP, Impressão e AcabamentoImprensa Oficial do Estado de São Paulo
São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
Caderno do professor: educação física, ensino médio - 2ª- série, volume 4 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti. – São Paulo : SEE, 2009.
ISBN 978-85-7849-400-1
1. Educação Física 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Daolio, Jocimar. III. Venâncio, Luciana. IV. Sanches Neto, Luiz. V. Betti, Mauro. VI. Título.
CDU: 373.5:796
S239c
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegi-dos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº 9.610/98.
* Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que não estejam em domínio público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas
Caras professoras e caros professores,
Este exemplar do Caderno do Professor completa o trabalho que fizemos de
revisão para o aprimoramento da Proposta Curricular de 5a- a 8a- séries do Ensino
Fundamental – Ciclo II e do Ensino Médio do Estado de São Paulo.
Graças às análises e sugestões de todos os professores pudemos finalmente
completar um dos muitos recursos criados para apoiar o trabalho em sala de aula.
O conjunto dos Cadernos do Professor constitui a base estrutural das aprendi-
zagens fundamentais a serem desenvolvidas pelos alunos.
A riqueza, a complementaridade e a marca de cada um de vocês nessa elabo-
ração foram decisivas para que, a partir desse currículo, seja possível promover as
aprendizagens de todos os alunos.
Bom trabalho!
Paulo Renato SouzaSecretário da Educação do Estado de São Paulo
São Paulo faz escola – Uma Proposta Curricular para o Estado 5
Ficha do Caderno 7
Orientação sobre os conteúdos do Caderno 8
Tema 1 – Ginástica: Ginástica alternativa 10
Situação de Aprendizagem 1 – Ginástica alternativa – evolução e princípios 12
Situação de Aprendizagem 2 – Vivências 13
Atividade Avaliadora 18
Proposta de Situações de Recuperação 18
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 19
Tema 2 – Corpo, Saúde e Beleza: exercício físico e prática esportiva em níveis e condições adequados 21
Situação de Aprendizagem 3 – “Eu me machuquei” – Lesões na prática de esportes e exercícios físicos 27
Situação de Aprendizagem 4 – Preparação adequada à prática de exercícios/esportes 28
Atividade Avaliadora 30
Proposta de Situações de Recuperação 30
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 30
Tema 3 – Contemporaneidade: Corpo, Cultura de Movimento e pessoas com deficiências 32
Situação de Aprendizagem 5 – Compreendendo e vivenciando o goalball 33
Atividade Avaliadora 35
Proposta de Situações de Recuperação 36
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 36
Considerações finais 39
Quadro de conteúdos 40
SUMáRiO
5
SãO PaUlO Faz ESCOla – UMa PROPOSTa CURRiCUlaR PaRa O ESTadO
Caros(as) professores(as),
Este volume dos Cadernos do Professor completa o conjunto de documen-
tos de apoio ao trabalho de gestão do currículo em sala de aula enviados aos
professores em 2009.
Com esses documentos, a Secretaria espera apoiar seus professores para
que a organização dos trabalhos em sala de aula seja mais eficiente. Mesmo
reconhecendo a existência de classes heterogêneas e numerosas, com alunos em
diferentes estágios de aprendizagem, confiamos na capacidade de nossos pro-
fessores em lidar com as diferenças e a partir delas estimular o crescimento
coletivo e a cooperação entre eles.
A estruturação deste volume dos Cadernos procurou mais uma vez favore-
cer a harmonia entre o que é necessário aprender e a maneira mais adequada,
significativa e motivadora de ensinar aos alunos.
Reiteramos nossa confiança no trabalho dos professores e mais uma vez
ressaltamos o grande significado de sua participação na construção dos conhe-
cimentos dos alunos.
Maria Inês FiniCoordenadora Geral
Projeto São Paulo Faz Escola
6
7
FiCha dO CadERnO
Ginástica; Corpo, saúde e beleza; Contemporaneidade
nome da disciplina: Educação Física
área: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Etapa da Educação Básica: Ensino Médio
Série: 2ª-
Volume: 4
Temas e conteúdos: Ginástica
Corpo, saúde e beleza
Contemporaneidade
8
ORiEnTaÇãO SOBRE OS COnTEÚdOS dO CadERnO
Este Caderno foi elaborado para servir de
apoio ao seu trabalho pedagógico cotidiano
com a 2ª- série do Ensino Médio. Os temas
deste 4°- bimestre são enfocados com base na
concepção teórica da disciplina, já explicitada
anteriormente, fundamentada nos conceitos
de Cultura de Movimento e Se-Movimentar.
Assim, pretende-se que as Situações de
Aprendizagem aqui sugeridas possibilitem
aos alunos confrontarem suas experiências de
Se-Movimentar com importantes dimensões
do mundo contemporâneo, gerando conteú-
dos mais próximos de suas vidas cotidianas.
Espera-se, desse modo, contribuir para cons-
trução de uma autonomia crítica e autocrítica
no âmbito da Cultura de Movimento. Há ainda
a expectativa de que o enfoque adotado para o
desenvolvimento dos temas neste bimestre seja
compatível com as intencionalidades do projeto
político-pedagógico de cada escola.
As estratégias escolhidas – que incluem
tanto a realização de gestos/movimentos, a
busca de informações, o debate, o relato das
próprias percepções e a análise de vídeos etc. –
procuram, a partir da vivência de experiências
do Se-Movimentar, ampliar as possibilidades
de aprendizagem, compreensão e intervenção
nos conteúdos da Cultura de Movimento.
Neste bimestre, tratamos de três temas: Gi-
nástica; Corpo, saúde e beleza; e Contempora-
neidade. No primeiro, sugere-se o trabalho com
a ginástica alternativa e pretende-se que os alu-
nos percebam os princípios e efeitos da ginástica
não convencional. Para tanto, serão abordadas
manifestações e representações ligadas ao pro-
cesso histórico de alguns métodos de cuidados
corporais, de caráter ao mesmo tempo pedagó-
gico, terapêutico, artístico, lúdico e agônico. O
conceito básico é o de que a percepção do mo-
vimento, e, portanto, a percepção do corpo, está
associada ao autoconhecimento, por ser o corpo
portador de memória, capacidade de adaptação
e consciência. As Situações de Aprendizagem
sugeridas para o tema ginástica alternativa bus-
cam possibilitar que os alunos diversifiquem,
sistematizem e aprofundem suas experiências
do Se-Movimentar no âmbito da ginástica, per-
mitindo-lhes estabelecer novas significações.
No tema Corpo, saúde e beleza serão abor-
dados aspectos relativos à influência que o meio
ambiente (físico e sociocultural) exerce sobre
níveis e condições de prática do exercício físico
em geral e do esporte em particular, destacando
possíveis lesões que decorram de práticas em ní-
veis e condições inadequadas. Pretende-se que os
alunos identifiquem os fatores que predispõem
ao surgimento ou agravo de lesões, bem como
compreendam que os cuidados relacionados à
preparação, necessários à prática de exercícios/
esportes, podem atuar como fatores preventivos.
No tema Contemporaneidade, será aborda-
da a questão das pessoas com deficiências (fí-
sica, auditiva, visual e intelectual), para que os
9
Educação Física - 2a- série - Volume 4
alunos percebam que o jogo e o esporte podem
ser praticados por pessoas com deficiências, me-
diante algumas adaptações. Sugere-se o goalball
como exemplo de uma modalidade esportiva
elaborada para deficientes visuais (pessoas cegas
ou com baixa acuidade visual). A partir dessa
modalidade, pretende-se que os alunos sejam
capazes de reconhecer possibilidades de adap-
tação para pessoas com deficiência em outros
conteúdos da Cultura de Movimento.
Os procedimentos propostos para a avalia-
ção caminham na direção de uma avaliação integrada ao processo de ensino e aprendizagem,
sem estabelecer procedimentos isolados e for-
mais. As atividades avaliadoras devem favorecer
a geração, por parte dos alunos, de informações
ou indícios, qualitativos e quantitativos, verbais
e não verbais, que serão interpretados pelo pro-
fessor, nos termos das competências e habilida-
des que se pretendem desenvolver em cada tema/
conteúdo. Privilegia-se a proposição de ativida-
des que favorecem a aplicação dos conhecimen-
tos em vivências corporais e a elaboração de
textos-síntese relacionados aos conteúdos abor-
dados, bem como questionamentos dirigidos
aos alunos ao longo das aulas, visando verificar
a compreensão dos conteúdos e a aquisição das
competências e habilidades propostas.
A quadra é o tradicional espaço da aula
de Educação Física, mas algumas Situações de
Aprendizagem aqui sugeridas poderão ser desen-
volvidas no espaço da sala de aula, no pátio
externo, na biblioteca, na sala de informática
ou de vídeo, bem como em outros espaços da
comunidade local, desde que compatível com as
atividades programadas. Também algumas etapas
podem ser realizadas pelos alunos como atividade
extra-aula (pesquisa, produção de texto etc.).
As orientações e sugestões a seguir preten-dem oferecer subsídios no sentido de facilitar o desenvolvimento dos temas. Não pretendem apresentar as Situações de Aprendizagem como únicas a serem realizadas, nem restringir sua criatividade, como professor, para outras ativi-dades ou para variações de abordagem dos mes-mos temas.
Nesse mesmo sentido, o Caderno do Aluno é mais um instrumento para servir de apoio ao seu trabalho e ao aprendizado dos alunos. Elaborado com base no Caderno do Professor, esse material adicional não tem a pretensão de restringir ou li-mitar as possibilidades do seu fazer pedagógico.
De acordo com o projeto político-pedagógi-co da escola e da sua condução do componente curricular, é possível que os temas nele elencados, selecionados entre os propostos no Caderno do Professor, não coincidam com as atividades que vêm sendo desenvolvidas na escola. Neste caso, a expectativa é subsidiar a condução dessas ati-vidades para que sejam realizadas de maneira similar às propostas no Caderno do Aluno.
Para otimizar seu tempo em quadra, o Cader-no do Aluno apresenta as Situações de Aprendi-zagem de caráter teórico, também propostas no Caderno do Professor, como sugestões de pes-quisa e atividades de lição de casa. Além disso, traz, em todos os volumes, dicas sobre nutrição ou postura, a fim de contribuir para a constru-ção da autonomia dos alunos, um dos princípios da Proposta Curricular da disciplina.
Isto posto, professor (a), bom trabalho!
10
Nas duas ou três últimas décadas, é bas-
tante visível na sociedade brasileira o au-
mento do interesse por esportes e atividades
físicas/exercício em geral, seja nas modalida-
des esportivas mais tradicionais (futebol, vo-
leibol etc.), nas diversas ginásticas (aeróbica,
localizada etc.), nos esportes radicais, seja
pelas chamadas “práticas alternativas”, como
pilates, tai chi chuan, ioga, massagem etc. Em
outras palavras, o ato de movimentar-se, de
fazer exercícios e colocar-se “em forma", está
na ordem do dia, ocupando papel de desta-
que em qualquer discurso preocupado com
a qualidade da vida, com a redução do estres-
se e com a promoção do “bem viver”.
Nesse sentido, expressões como: “o corpo
é um todo”, “consciência do movimento” ou
“consciência do corpo pelo movimento” ga-
nham cada vez mais repercussão, especialmente
entre os interessados na ginástica alternativa.
A palavra “alternativa” significa “optativa”,
aquilo que vai para “além do tradicional”, ou
mesmo “fuga do tradicional”, pois se refere a
uma mudança radical e profunda no planeja-
mento, na tomada de decisão e na avaliação
da Cultura de Movimento dos nossos tempos.
É um “movimento” que nasceu com o ser hu-
mano, evoluiu com a civilização, perdeu-se
no tempo e foi restaurado em função das ne-
cessidades, desejos e interesses do homem,
da mulher, do adulto, do jovem, da criança,
do idoso, das pessoas com deficiência, enfim,
de toda a humanidade; das pessoas carentes
e necessitadas de experiências que trouxessem
de volta, em simbiose, a força e a sensibili-
dade. Afinal, os princípios da ginástica al-
ternativa postulam que os praticantes sejam
fortemente sensíveis e sensivelmente fortes.
Para reforçar esses conceitos, levamos em con-
ta que a força sem sensibilidade é truculência e
a sensibilidade sem força é pusilanimidade.
Força e sensibilidade, firmeza e doçura, vi-
gor e ternura, são polos complementares de
uma práxis da ginástica (prática refletida), que
busca oferecer um estado de fluxo (experiên-
cia máxima de realização) para os praticantes,
cujos sentidos ficam inteiramente “antenados”
na busca do prazer, da alegria, da felicidade e
da realização.
Seu conceito básico é o de que a percep-
ção do movimento e, portanto, do corpo,
está associada ao autoconhecimento do in-
divíduo, sobretudo por ser o corpo porta-
dor de memória, percepção, capacidade de
adaptação e consciência.
Os primórdios da ginástica alternativa
foram encontrados em civilizações de até 5 000
anos atrás como a chinesa, a tailandesa, a hin-
du, a japonesa e a egípcia. No final do século
XIX, François Delsarte, interessado no movi-
mento intencionalmente expressivo, desenvolveu
um trabalho corporal adotado por professoras
norte-americanas e alemãs. Ao longo do tempo,
TEMa 1 – GináSTiCa: GináSTiCa alTERnaTiVa
11
Educação Física - 2a- série - Volume 4
esse trabalho recebeu diversas denominações,
como ginástica respiratória, ginástica harmôni-
ca, ginástica orgânica, ginástica médica, ginás-
tica de relaxamento, ginástica suave, ginástica
holística, eutonia e antiginástica.
Outro precursor das inúmeras terapias e
cuidados corporais foi Wilhelm Reich, que,
no século XX, destacou a importância da
forma, da estrutura e da função do gesto na
compreensão da postura e da atitude humana,
fortalecendo a compreensão e a dimensão da
ginástica alternativa.
No Brasil, há 50 anos, o Dr. José Angelo
Gaiarsa vem dando vida e dinâmica ao que
chamou de Biomecânica Existencial, va-
lorizando o olhar, o toque, a respiração, o
movimento consciente, a propriocepção, a
reversibilidade entre o tônus emocional e o
tônus muscular, as expressões, as forças gra-
vitacionais, antigravitacionais, tangenciais,
secantes e as forças internas, juntando o me-
cânico e o humano da nossa espécie.
A ginástica alternativa popularizou-se no
país na década de 1970, no bojo dos movimen-
tos associados à contracultura, às artes mar-
ciais, à ioga e aos discursos do “bem-estar”,
influenciando e sendo influenciada por eles.
Atualmente, no Brasil e no mundo, a ginás-
tica alternativa expandiu-se e diversificou-se
em quantidade e qualidade: método Pilates,
neopilates, power-pilates, ioga, shiatsu, edu-
cação somática existencial, feldenkrais, bio-
energética, rolfing, antiginástica, reflexologia,
massoterapias, ginástica harmônica, danças
circulares, cadeias musculares e articulares,
método Mézières, método self-healing, con-
tato e improvisação, ginástica brasileira (ba-
seada na capoeira), eutonia, ginástica suave e
muitos outros.
Para o desenvolvimento do tema deste bi-
mestre, propomos considerar três dos muitos
princípios da ginástica alternativa, são eles:
suavidade, holismo e ludicidade. Ainda que
inter-relacionados, esses princípios possuem a
sua especialidade.
O princípio da suavidade preconiza a rea-
lização do movimento de forma leve, lenta e
suave. Atualmente, a vida apresenta um altís-
simo grau de velocidade: a informação é ve-
loz, o esporte é veloz, o trabalho é veloz. A
pressa impede a meditação, a contemplação e
a possibilidade de gozar as belezas do cotidia-
no. A pressa cria o estresse negativo, um dos
grandes males dos nossos tempos.
O princípio do holismo pressupõe, durante
a realização do movimento, a integração en-
tre o psíquico e o somático. O termo vem do
grego holos, que significa “o todo”, isto é, a
personalidade global do ser humano, consti-
tuída pelo pensamento (ideias), pela emoção
(sentimentos), pela sensação (órgãos do sen-
tido), pela ação (deslocamentos e posições) e
pela transcendência (vida espiritual).
O princípio de ludicidade, por sua vez,
procura garantir o prazer, a fruição e a ale-
gria durante a realização dos movimentos.
12
Está ligado à recreação, aos jogos, às brinca-
deiras, ao estado de fruição do ser humano,
à felicidade.
As atividades que integram a ginástica alter-
nativa devem ser realizadas com economia de
energia, pouca velocidade, baixo impacto, so-
brecarga mínima ou inexistente e pequeno estí-
mulo aeróbio. Além disso, devem:
objetivar o desenvolvimento pessoal e so- f
cial (singularidade, autonomia, participa-
ção ativa, harmonia);
promover o bem-estar e autorrealização; f
O objetivo desta Situação de Aprendiza-
gem é estimular um primeiro contato com
o processo histórico da ginástica alterna-
tiva, para que os alunos percebam seme-
lhanças e diferenças em relação a outras
manifestações gímnicas. Os alunos pes-
quisarão e apreciarão seus diferentes con-
textos. Depois, deverão compará-la com
outras manifestações da ginástica, bem
como identificar aspectos pessoais e inter-
pessoais relacionados à vivência da ginás-
tica alternativa.
basear-se na diversidade, contemplando o f
cotidiano de cada um;
ser coeducativas, ou seja, integrar partici- f
pantes de ambos os sexos;
desenvolver a amizade e a cooperação, f
podendo ser realizadas individualmente,
em duplas e em grupos.
Pela riqueza de potencialidades pedagógi-
cas, a vivência da ginástica alternativa pode
contribuir para a ampliação do conhecimento
e para mais possibilidades da Cultura de Mo-
vimento.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 GINÁSTICA ALTERNATIVA – EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS
Tempo previsto: 2 a 3 aulas.
Conteúdos e temas: a ginástica alternativa – evolução e contemporaneidade; princípios da ginástica alternativa: suavidade, holismo e ludicidade.
Competências e habilidades: identificar manifestações da ginástica alternativa; comparar suas manifestações com outros métodos de ginástica, percebendo semelhanças e diferenças entre elas.
Recursos: livros, revistas, computador/internet, aparelho de som/CD.
13
Educação Física - 2a- série - Volume 4
desenvolvimento da Situação de aprendizagem 1
Etapa 1 − Ginástica alternativa: origens
Solicite aos alunos que, organizados em
duplas ou trios, realizem uma pesquisa a
respeito de manifestações da ginástica alter-
nativa. Apresente um roteiro para a pesquisa,
com itens como:
Nome da ginástica. f
Local de origem/localidade geográfica. f
Local da prática (praia, piscina, quadra, f
gramado, praça ou rua).
Tipo de piso necessário. f
Espaço público ou privado. f
Se utiliza música (se possível, peça que tra- f
gam gravações e/ou letras das músicas).
Vestimentas (se possível, peça que tragam f
imagens para a aula).
Principais passos/movimentos (descrição f
dos movimentos, preferencialmente com
imagens).
Solicite às duplas/trios que apresentem su-
cintamente os dados básicos da sua pesquisa:
nome, região, idioma, vestimentas etc. Auxilie
os alunos a identificar semelhanças entre as mo-
dalidades de ginástica apresentadas e agrupe-os
com base nas características significativas. Es-
timule-os agora a trocar informações sobre as
ginásticas pesquisadas, buscando evidenciar
pontos em comum entre elas. Peça que esco-
lham pelo menos uma forma de movimentação/
vivência corporal que a caracterize para apresen-
tação, de modo que todos possam vivenciá-la.
Estimule-os a estabelecer comparações entre
princípios, técnicas e exercícios da ginástica al-
ternativa com os da ginástica aeróbica, tema já
tratado em séries/bimestres anteriores. Se neces-
sário, retome esses conteúdos.
Etapa 2 − Ginásticas alternativas: princípios
Apresente o contexto e as relações históricas
da ginástica alternativa, no Brasil e no mundo, to-
mando por base o texto introdutório deste tema
e/ou a literatura aqui indicada. Relacione-os aos
princípios de: suavidade (fluência contínua, me-
ditação ativa, circularidade e descontração); ho-lismo (o ser humano percebido como um todo)
e ludicidade (presença da alegria e do prazer). A
partir das informações e vivências apresentadas
na etapa anterior, dê exemplos e faça associações
com estes princípios.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 VIVÊNCIAS
O objetivo desta Situação de Aprendizagem
é propiciar a identificação dos principais mo-
vimentos e características da ginástica alterna-
tiva, com base em sua vivência e em reflexões
14
sobre questões de gênero, intensidade, com-
plexidade e dimensões que constituem o hu-
mano. A ginástica alternativa pode apresentar
um sem-número de características (referentes
à postura, ao visceral-orgânico, ao desenvol-
vimento da capacidade aeróbia, à meditação,
à criação contínua, à pluralidade cultural, à
interdisciplinaridade, às terapias e às relações
com outros métodos corporais). Porém, aqui,
propõem-se práticas que permitam vivenciar os
princípios relacionados à suavidade (a função
do relaxamento e do alongamento), ao holismo
(a função da inteireza humana) e à ludicidade
(a alegria é o remédio!).
Tempo previsto: 3 a 4 aulas.
Conteúdos e temas: suavidade – relaxamento e alongamento; holismo – a inteireza do ser hu-mano; ludicidade - a alegria é o remédio.
Competências e habilidades: apreciar e valorizar manifestações da ginástica alternativa em função das necessidades individuais e coletivas; perceber, analisar e diferenciar a movimenta-ção própria da ginástica alternativa; identificar e analisar as questões de intensidade, globali-dade e humor que permeiam a ginástica alternativa.
Recursos: aparelho de som/CD, TV/DVD, revistas, livros, fotos, computador/internet.
desenvolvimento da Situação de aprendizagem 2
Etapa 1 − Suavidade: relaxamento e alongamento
Solicite a algum aluno ou convidado que
demonstre a sua visão do que seja suavidade
(fluência contínua, ausência de peso, descon-
tração) de um movimento, ou sequência de
movimentos, de uma postura, atitude, fato ou
percepção. Na ausência de alguma pessoa que
faça a demonstração, utilize um site, um ví-
deo ou a foto de uma pessoa realizando gestos
suaves. Enfatize a necessidade de os corpos se
movimentarem em “marcha lenta”, já que a
maioria das atividades da nossa vida cotidia-
na se dá em alta velocidade.
A seguir, sugira aos alunos alguns movi-
mentos.
Uma caminhada rápida pelo espaço, com f
mudanças bruscas de direção, sem evitar
trombadas e empurrões (situações de con-
flitos). Peça que diminuam a velocidade
até chegar aos “movimentos em câmera
lenta”, como se estivessem pisando em
ovos, para não quebrá-los, ou pisando
em folhas secas para não fazer barulho
(resolução de problemas de movimen-
to). Discuta as consequências orgânicas
(alterações das frequências cardíaca e
respiratória: aumento e diminuição), as
noções de espaço e tempo que facilitam ou
dificultam a movimentação, a intensidade
utilizada (economia de energia), as boas
15
Educação Física - 2a- série - Volume 4
maneiras, os direitos e deveres nas duas
situações. Relacionar esses elementos ao
trânsito, usando-o como exemplo, pode
ser uma boa comparação.
Sugira aos alunos que empurrem, puxem, f
abanem, levantem, abaixem, girem, chu-
tem o vento o mais lentamente possível,
movimentando as pernas e braços (usar
planos variados: alto, médio, baixo) e
utilizem o equilíbrio estável ou recupe-
rado (uma perna ou qualquer outra parte
do corpo realiza a transferência de peso
ao próximo apoio). Sem cair ou perder o
equilíbrio, toca-se o chão e pode-se voltar
ao apoio anterior. Por exemplo: movimen-
tos do tai chi chuan. Peça que fechem os
olhos de vez em quando, para aumentar a
difi culdade. Discuta as posições da proje-
ção vertical do centro geral de gravidade
sobre as superfícies de apoio, bem como
suas relações com “um ser humano cen-
trado” e as conse quências da perda e da
recuperação do seu centro.
Etapa 2 − holismo: consciência corporal e inteireza humana
Com base nas sugestões a seguir, utilize um
site, um vídeo ou foto que apresente um movi-
mento ou situação no qual se possa perceber
alguém agindo na plenitude da sua personali-
dade, valendo-se de movimentos não estereo-
tipados.
Proponha a realização de uma série de f
gestos pouco utilizados, não habituais,
envolvendo, ao mesmo tempo, postura,
atitude, medo, negligência, respiração, ca-
pacidades físicas, confi ança, autoestima,
noções de espaço e tempo. A iniciativa
deve partir dos alunos, pois eles sabem
o que é realmente novidade para eles. A
atividade de “joão-balança” pode servir
como exemplo. Cada vez que um colega
amparar ou empurrar o outro, deverá fa-
zê-lo com uma parte diferente do corpo
(uma só mão, ombros, costas, pés). Discu-
ta a difi culdade ou facilidade para realizar
essa prática e qual o grau do seu envolvi-
mento pessoal na tarefa.
Figuras 1 e 2 - “João-balança”.
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16
Proponha aos alunos uma tarefa não muito f
comum em suas vidas. Informe que, para realizá-
la a contento, é preciso despir-se da noção de
ridículo e de realidade, e usar a imaginação em
toda a sua plenitude. Por exemplo: “pense em
uma idade (até 6 anos no máximo)”, e mexa-
se de acordo com a idade escolhida (ou seja,
como uma criança), ou “pense em você como
uma criança ou bebê, como se o seu corpo todo
fosse um brinquedo”. Após a movimentação,
questione os alunos sobre as motivações que os
levaram a escolher tal idade e os movimentos
que realizaram, quais foram suas sensações
(prazer, desconforto etc.), as difi culdades e/ou
facilidades, e como perceberam a totalidade
do corpo se movimentando.
Proponha aos alunos que formem du- f
plas, a fim de dramatizar movimentos de
boxe, da capoeira, do kung fu ou outra
luta. Enfatize a necessidade de proteção
e segurança contínuas na execução dos
“golpes”, principalmente se o colega
perceber que o outro está distraído. Os
golpes só devem ser dirigidos e desferi-
dos nas palmas das mãos do colega. As
duplas devem trocar de ação a cada minu-
to (ataque/defesa) e de parceiro a cada 2
minutos. Estimule-os a experimentar com
duplas mistas, para que discutam entre
eles as “supostas” fraqueza feminina e
força masculina.
Figuras 3 e 4 - “Soco e abraço”.
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17
Educação Física - 2a- série - Volume 4
Etapa 3 − ludicidade: a alegria é o remédio
Com base nas sugestões a seguir, mostre
um vídeo ou uma foto sobre o título desta eta-
pa ou solicite a um aluno ou convidado que
apresente um movimento ou situação, repletos
de bom humor, alegria, prazer, harmonia, gra-
ça, naturalidade, em que se possam perceber
a comunhão, a troca e aceitação da felicidade
plena, pois rir é o melhor remédio.
Proponha aos alunos que formem trios, f
segurando-se ou apoiando-se pelos braços,
mãos, costas ou pernas, e que experimentem
diversas posições – de costas ou de frente, em
pé, sentados ou deitados –, a uma distância
segura que ofereça uma boa proteção contra
quedas. O aluno que estiver no meio deverá
realizar uma série de movimentos envolvendo
equilíbrio apoiado pelos outros dois. O trio
deverá montar “esculturas”, mantendo os
olhos ora abertos, ora fechados. Ao término
da atividade, discuta o grau de envolvimento
pessoal, questões de segurança, humor, in-
ventividade, temeridade, noção de aventura.
Figura 5 - “Esculturas”.
f Proponha aos alunos que formem duplas ou pequenos grupos: deitados, sentados, ajoelhados ou em pé. Um dos alunos de-verá formar “vãos” ou “arcos” tocando o próprio pé, a barriga, a mão ou a cabeça. O parceiro deverá (lenta e cuidadosamen-te) passar pelo “vão” formado pelo colega, tomando cuidado para não machucá-lo.
Proponha aos alunos que formem duplas. Um fdos alunos deverá realizar movimentos va-riados, em diferentes posições, enquanto o ou-tro deverá imitá-lo, como se estivesse olhando em um espelho. Depois de alguns minutos, peça aos alunos que invertam as posições.
Figura 6 - “Passar pelos vãos”.
Possibilidades interdisciplinares
O tema “ginástica alternativa” poderá ser desenvolvido de modo integrado com a dis-ciplina de Filosofi a, na medida em que refl ete sobre o “quem sou eu”; com Artes, na medida em que explora diferentes possibilidades de ex-pressão artística; com Língua Portuguesa, ao propor cionar o registro da experiência vivida; e com História e Geografi a, ao contextualizar seu surgimento e situá-la geografi camente. Con-verse com os professores responsáveis por essas disciplinas em sua escola. Essa iniciativa facilita-rá aos alunos a compreensão dos conteúdos de forma mais global e integrada.
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ATIVIDADE AVALIADORA
Ao longo das Situações de Aprendizagem
e etapas, procure avaliar se os alunos con-
seguem relacionar e comparar a ginástica
alternativa com outras manifestações mais
tradicionais da ginástica em relação a suas
origens geográficas e históricas, princípios
orientadores, técnicas e exercícios.
Em relação às atividades sugeridas para
o desenvolvimento dos princípios de suavi-
dade, holismo e ludicidade, procure proble-
matizar com os alunos algumas questões,
como:
Quais foram as maiores facilidades e difi- f
culdades na realização dos movimentos da
ginástica alternativa?
Foi possível perceber, durantes as vivências, f
as nuances de alguns princípios da ginásti-
ca alternativa? Explique.
Como foi a experiência de vivenciar alguns f
tópicos da ginástica alternativa?
Como os alunos percebem a possibilidade da f
prática da ginástica alternativa fora do am-
biente da escola, ajudando-se mutuamente?
PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO
Durante o percurso pelas várias etapas
da Situação de Aprendizagem, alguns alunos
poderão não apreender os conteúdos da for-
ma esperada. É então necessário criar outras
Situações de Aprendizagem em que o tema
“ginástica alternativa” e suas diferentes pos-
sibilidades possam ser problematizadas. Essas
situações, de preferência, devem ser diferen-
tes daquelas que geraram dificuldades para os
alunos. Tais estratégias podem ser desenvolvi-
das durante as aulas ou em outros momentos,
podem envolver todos os alunos ou apenas
aqueles que apresentaram dificuldades.
Uma sugestão é descrever para os alunos
alguns tópicos de ginástica alternativa e solicitar-
lhes que os realizem, colocando-os também na
situação de observadores. Essa situação pode ser
operacionalizada sob a forma de uma “sessão”,
em que os alunos devem formar duplas, ou
pequenos grupos para executar os movimentos
propostos. O objetivo é que os alunos relembrem
os movimentos que representem a suavidade, o
holismo e a ludicidade.
Além disso, poderão ser propostas as se-
guintes atividades:
pesquisas em f sites ou outras fontes para
posterior apresentação.
observação de uma aula de ginástica al- f
ternativa (na escola ou fora dela) acom-
panhada de um roteiro de questões
que auxilie o aluno na interpretação
das atividades.
19
Educação Física - 2a- série - Volume 4
RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA
livros
ALEXANDER, Gerda. Eutonia: um cami-
nho para a percepção corporal. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.
Parte do princípio de que a educação psi-
cossomática do corpo afeta o todo emocio-
nal, cognitivo, social e físico humano, e, de
volta, é afetada por ele. A eutonia baseia-se
nas posições diagnósticas; na normalização
da imagem corporal; no controle do tônus
muscular, do peso, da fluência e do equilíbrio;
na regularização da circulação; no domínio
do espaço, do tempo e dos objetos; com o in-
divíduo em auto-observação constante.
BERTHERAT, Thérèse; BERNSTEIN, Carol.
O corpo tem suas razões: antiginástica e consciên-
cia de si. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
Este livro evidencia como é preciso ter
coragem para observar o corpo na sua totalidade
e não de forma fragmentada. Caso contrário,
as deformações físicas oriundas de uma visão
parcial do corpo podem provocar deformações
psíquicas. Como os músculos exercem uma resis-
tência, podem “esmagar” o corpo e consequen-
temente podem “esmagar” a vida.
EHRENFRIED, Lily. Da educação do
corpo ao equilíbrio do espírito. São Paulo:
Summus, 1991.
Esta obra mostra que nem os esforços
inúteis nem a imitação de modelos ou a
repetição mecânica de um movimento
poderiam melhorar corporalmente uma
pessoa ou torná-la mais sensível e segura de
si. Apenas um trabalho sutil de refinamento
sensorial unindo a respiração, o equilíbrio
e o tônus poderiam melhorá-la no seu todo
psicossomático.
GAIARSA, José Angelo. A estátua e a bailarina.
São Paulo: Ícone, 1995.
O autor conta histórias para quem quer
conhecer o corpo na sua totalidade – o seu
e o do outro. O autor busca explicar a loca-
lização das expressões somáticas dos afetos,
a transformação das posições corporais em
expressões, os fenômenos psicológicos, a for-
mação da personalidade e da consciência,
fundando-se na motricidade.
LORENZETTO, Luiz Alberto; MATTHIESEN
Sara Quenzer. Práticas corporais alternativas.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Trata das práticas corporais alternativas e
holísticas existentes nos campos da ginástica,
da dança, do esporte, do jogo, da brincadeira
e da luta, nas quais o corpo é tratado como
um fator relacional, entrando harmonica-
mente em contato consigo mesmo, com os
outros e com o meio ambiente.
20
Sites
Ginástica Natural. Disponível em: <http://
www.ginasticanatural.com.br>. Acesso em: 7
abr. 2009.
Contempla informações e fotos acerca dos
movimentos naturais do homem “primitivo”,
dos animais e das atividades em contato com
a natureza.
Antigymnastique. Disponível em: <http://
www.antigymnastique.com/pt/connaitre.
html>. Acesso em: 7 abr. 2009.
Com foco na antiginástica, responde a pergun-
tas como: “Você conhece o seu corpo? Conhece-o
realmente? Sabe que seu corpo é inteligente? Sabe
que ele tem memória? Sabe que ele é maleável?”
Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan.
Disponível em: <http://www.sbtcc.org.br>.
Acesso em: 2 set. 2009.
Aborda a forma pela qual o tai chi chuan tem
sido praticado pelos chineses por milhares de
anos, seu fundamento filosófico, a maneira pela
qual se desenvolveu como arte marcial e como
tem sido transmitido de geração em geração.
21
Educação Física - 2a- série - Volume 4
A prática de atividade física/exercício fí-
sico, seja voltada à melhoria da aptidão físi-
ca relacionada à saúde, seja direcionada ao
maior rendimento atlético, precisa desenvol-
ver-se em níveis e condições adequadas, a fim
de que atinja os objetivos pretendidos, sem
expor o organismo a lesões/agravos que pos-
sam comprometer a saúde do praticante.
Em termos conceituais, o termo lesão carac-
teriza “qualquer descontinuidade traumática
ou patológica do tecido, ou perda de função de
uma parte” (BARBANTI, 1994, p. 179). lesões esportivas, por sua vez, representam lesões trau-
máticas, geralmente musculoesqueléticas, asso-
ciadas à prática de exercícios/esportes, podendo
ser acidentais ou apresentar maior frequência
em determinado esporte/exercício, conforme a
especificidade do movimento realizado.
O ambiente sociocultural é forte determi-
nante das condições em que a prática de exer-
cícios ou esportes é realizada. Ruas esburaca-
das, sujas e sem segurança, com prioridade
para a circulação de automóveis (em detri-
mento da circulação de pedestres e ciclistas),
pequena presença de áreas verdes (parques,
praças), bem como de espaços e equipamentos
públicos para o lazer, infelizmente, caracteri-
zam uma parte das nossas cidades, atestando
as deficiências das políticas públicas em rela-
ção à prática de esporte, espaços e a promoção
para o lazer e projetos de urbanização.
Entre os riscos associados à prática despor-
tiva em tais espaços, destacam-se ferimentos e
lesões musculoesqueléticas, ocasionados por
quedas (geralmente associados aos jogos/espor-
tes) ou por impacto repetitivo (comum nas cor-
ridas) sobre o asfalto e/ou calçadas, bem como
o risco de atropelamento por automóveis.
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Figura 7 - Ciclista com equipamento de segurança.
Assim, alguns cuidados podem ser toma-
dos de modo que se minimizem tais riscos,
como a utilização de ruas sem saída, onde o
fluxo e a velocidade média dos veículos tendem
a ser menores, e sem buracos ou desníveis. De-
ve-se evitar a prática de ciclismo e de cor ridas/
TEMa 2 – CORPO, SaÚdE E BElEza: EXERCÍCiO FÍSiCO E PRáTiCa ESPORTiVa EM nÍVEiS E COndiÇÕES adEQUadOS
22
caminhadas em ruas e horários com maior
fluxo de veículos, assim como em locais com
iluminação deficiente, nos quais há menor vi-
sibilidade e, portanto, menor segurança. Além
disso, é recomendável a utilização de calçados
esportivos (tênis) durante a realização de ati-
vidades sob essas condições, especialmente em
razão da firmeza/aspereza do piso.
Outro aspecto relativo ao ambiente socio-
cultural que interfere na prática de exercícios/
esportes diz respeito às pressões sociais exer-
cidas no meio esportivo e que incentivam, por
exemplo, a busca por resultados com rendimen-
tos sempre maiores. E também como no meio
não esportivo que instiga as pessoas a seguir pa-
drões e exigências estéticas. No primeiro caso, os
esportistas profissionais constituem o exemplo
mais extremo, pois dependem de resultados
para garantir sua sobrevivência e estão expos-
tos às “cobranças” da mídia, da torcida, de
dirigentes etc. Esse fator leva à alta exigência
de rendimento físico e técnico, o que muitas ve-
zes os expõem a situações de risco que resultam
em lesões e agravos à sua condição de saúde,
como elevado nível de estresse, uso de substân-
cias proibidas (doping) e/ou submissão a sessões
árduas de treinamento sem a devida recupera-
ção (overtraining ou excesso de treinamento).
Ademais, a sobrecarga contínua das es-
truturas osteomioarticulares e o contato fí-
sico (presente, sobretudo, nas modalidades
coletivas e lutas) predispõem ao surgimento
de lesões traumáticas − entorses, luxações,
fraturas, contusões, distensões − que podem
ser agravadas caso não ocorra recuperação
adequada. Aqui, novamente a pressão social
do meio pode apressar indevidamente o retor-
no à atividade, levando alguns atletas a inten-
sificar o uso de fármacos (anestésicos, anal-
gésicos, anti-inflamatórios), que mascaram
a limitação imposta pela lesão, agravando o
estado da lesão inicial ou mesmo favorecendo
o surgimento de novas lesões.
Figura 8 - Atleta contundido.
Fora do meio esportivo, os padrões de be-
leza exaltados pela mídia impelem homens e
mulheres à adoção de condutas nem sempre
saudáveis na busca pelo “corpo perfeito” (ma-
gro e “sarado”), o que resulta em agravos à
saúde. Um exemplo é o uso de dietas não con-
vencionais (desequilibradas) e/ou a prática ex-
cessiva de exercícios físicos.
A relação entre a prática de exercícios/es-
portes e ambiente físico também é importante
de ser observada. A exposição a fatores climá-
ticos e à temperatura ambiente – a presença de
chuva ou calor – requer a adoção de cuidados
especiais para que a prática de exercícios/es-
portes nessas condições ocorra sem prejuízos
à saúde do praticante.
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Educação Física - 2a- série - Volume 4
Em relação à chuva, o principal deter-
minante para o risco de lesões são os pisos
molhados e escorregadios, devendo-se evitar
a realização de tais atividades com os pés
descalços ou a utilização de calçados com
solados de pouca aderência, sob o risco de
ocorrerem desequilíbrios/quedas e conse-
quentes lesões traumáticas.
Em relação à temperatura ambiente, de-
vem-se evitar os horários de maior incidência
do sol (das 10h às 15h), em razão da maior
elevação da temperatura corporal que acom-
panha a execução dos movimentos em condi-
ções de alta intensidade e/ou longa duração de
atividades. Quando praticamos exercícios/
esportes, ocorre uma sobrecarga do sistema
cardiovascular e dos mecanismos de transpira-
ção. A desidratação e o maior gasto energético
podem levar a distúrbios térmicos induzidos
pelo calor e pela perda de água e/ou sal, como
cãibras, síncope (perda momentânea da cons-
ciência), exaustão (fraqueza, fadiga/cansaço) e
insolação (em ambiente aberto) ou intermação
(ambiente fechado).
Na impossibilidade de se exercitar fora
do horário referido, algumas recomendações
devem ser seguidas para minimizar possíveis
distúrbios térmicos: antes, durante e após a
realização de exercícios/esportes prolongados,
consumir água ou bebidas com pouco teor de
açúcar, e em temperatura entre 15 a 22 ºC; uti-
lizar camisetas de mangas curtas, folgadas e
de cores claras, preferencialmente de algodão
(permite maior troca e menor absorção de ca-
lor), além de meias curtas.
O tipo de terreno (superfície e plano/incli-
nação) em que ocorre a prática de exercícios/
esportes também exerce influência sobre o ris-
co de lesões musculoesqueléticas. Atividades
que envolvem maior sustentação do peso cor-
poral (com deslocamento através de corridas),
quando realizadas em superfícies mais firmes
(pavimentadas), desenvolvem maior equilí-
brio e aderência mediante o uso de calçados
adequados, mas induzem a um maior uso de
força de impacto sobre as articulações. Já as
superfícies mais macias (terra batida, grama,
areia) exercem menor impacto sobre as arti-
culações, mas conferem menor estabilidade
durante a realização dos movimentos.
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24
Para que haja melhor aproveitamento das
características positivas associadas às várias
superfícies, propõe-se que atividades com
maior variabilidade de movimentação, envol-
vendo frequentes mudanças de direção, como
futebol, basquetebol, voleibol, handebol, tênis
etc., sejam desenvolvidas em superfícies mais
firmes, enquanto atividades que envolvem
movimentação contínua sem mudanças de
direção, como as corridas, sejam desenvolvi-
das em terrenos mais macios. Uma exceção,
neste caso, são as superfícies de areia “fofa”,
pois estas promovem maior sobrecarga e
desgaste muscular.
A inclinação do terreno é outra variável
influente sobre a possibilidade de prevenir/
favorecer o surgimento de lesões. Quando
rea lizadas sob mesma intensidade e frequên-
cia, atividades executadas em plano horizon-
tal promovem menor sobrecarga sobre ossos,
músculos e articulações, e, consequentemen-
te, menor nível de lesão, se comparadas com
a realização em aclive (subida) e declives
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(descida), sendo esta última condição favo-
rável a maior incidência e gravidade de lesões
musculoesqueléticas. Recomenda-se, então,
a redução da intensidade e frequência das
atividades físicas/exercícios realizados em
aclives e declives.
A atenção a alguns aspectos relacionados à
preparação para a prática de exercícios/espor-tes pode atuar como fator preventivo da ocor-
rência de lesões/agravos à saúde.
Nível de aptidão/condicionamento funcional. f
Aquecimento prévio. f
Alimentação balanceada. f
Utilização de uniforme/vestuário/equipa- f
mento de proteção.
A execução de movimentos em intensida-
de, amplitude e frequência superiores à capa-
cidade funcional do praticante encontra-se
relacionada a maior risco de lesões musculo-
esqueléticas e sobrecarga cardiorrespiratória,
o que pode acontecer mesmo com atletas bem
condicionados. O problema pode ser mais
grave nos chamados “esportistas de fim de
semana”, ou seja, pessoas que não praticam
atividades físicas com regularidade suficiente
e para as quais a prática esportiva reveste-se
de valores associados ao lazer. Desse modo,
expõem-se à realização de atividades em níveis
superiores às suas condições físicas, tornan-
do-se mais susceptíveis a lesões musculoesque-
léticas e a problemas cardiorrespiratórios.
25
Educação Física - 2a- série - Volume 4
Em ambos os casos (atletas e não atletas),
uma estratégia que pode ser adotada é a per-
cepção individual sobre o esforço realizado,
com o reconhecimento de sintomas indicati-
vos de sobrecarga:
dificuldade em respirar; f
frequência cardíaca elevada; f
presença de dores musculoarticulares; f
fraqueza/descoordenação motora. f
Uma vez identificados tais sintomas, é ne-
cessário reduzir a intensidade da atividade, e,
em caso de não desaparecimento dos mesmos,
deve-se interrompê-la, especialmente se hou-
ver dores musculoarticulares ou fraqueza/des-
coordenação motora.
A realização de aquecimento orgânico an-
tes do início da prática de exercícios/esportes
favorece a nutrição dos vários tecidos/órgãos
envolvidos, em razão da maior circulação
sanguínea para essas estruturas, assim como
confere mais elasticidade às estruturas muscu-
loarticulares, permitindo atender uma maior
demanda orgânica imposta pela atividade pra-
ticada. Em contrapartida, a ausência de aque-
cimento ou sua realização de forma indevida
(muito leve ou muito forte) pode comprome-
ter o rendimento, tanto de atletas quanto de
não atletas.
Alimentar-se adequadamente antes, duran-
te e/ou após a prática de exercícios/esportes,
conforme o nível de exigência, garante o su-
primento de nutrientes/energia para a realiza-
ção dos mesmos e a reposição necessária para
restabelecer a homeostase orgânica, deixando
o organismo apto a realizar futuras sessões de
atividade física.
Por fim, a utilização de uniforme/vestuá rio
e equipamento de proteção, conforme a ativi-
dade praticada, é também importante para a
prevenção de lesões musculoesqueléticas, ou
para minimizar sua gravidade quando ocorre-
rem. Embora choques mecânicos possam ser
inerentes a determinadas modalidades espor-
tivas, como corridas, futebol, skate, voleibol,
boxe etc., o uso de calçados apropriados (tênis,
chuteiras, sapatilhas), caneleiras, capacetes,
joelheiras, protetores bucais, luvas etc., tende a
reduzir a ocorrência e a gravidade das lesões.
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Em geral, as lesões musculoesqueléticas
se encontram distribuídas entre agudas (que
ocorrem subitamente) e crônicas (que levam
longos períodos para se desenvolver), poden-
do acometer tecidos moles (nervos, vasos, pele,
músculos, tendões, ligamentos, bursa etc.) ou
tecidos duros (ossos). Comumente, atletas es-
tão sujeitos a lesões agudas (por causa dos al-
tos níveis de exigência) e crônicas (devido às
sobrecargas constantes e lesões frequentes sem
recuperação adequada), enquanto não atletas
apresentam principalmente lesões agudas.
lesões mais comuns associadas à prática de exercícios/esportes
Tipos/regiões mais comuns
Estruturas lesadas
Causas Classificação/Características
Contusões/ coxa (“paulistinha”), perna.
Pele, vasos, músculos.
Choques mecânicos como quedas, socos e pontapés.
Dor, inchaço e hematoma, incapacidade/im-potência funcional
Entorses ou torções/tornozelos e joelhos.
Ligamentos (principalmen-te), além de vasos.
Movimentos impróprios para as articulações e/ou excedam sua amplitude normal.
1°- grau: leve alongamento ligamentar e pe-queno edema local.2°°- grau: ruptura parcial de um ligamento, resultando num edema de proporções supe-riores.3°°- grau: ruptura total do ligamento ou avul-são (extração) para fora do osso.
Luxações ou desloca-mentos/ombro, coto-velo, dedos e patela.
Tecidos moles no entorno da articulação, especialmente cápsulas, vasos e ligamentos.
Torção de uma articulação por fatores predisponentes (sexo, idade, tipo de articu-lação) e/ou determinantes (traumatismo).
Parcial ou incompleta: os ossos saem do lugar e retornam rapidamente/espontaneamente (sub-luxação).Total ou completa: os ossos saem da posição e só retornam mediante ajuda.
Distensões ou estira-mentos/coxa (regiões anterior e posterior), panturrilha, tendão calcâneo.
Músculo e/ou tendão.
Estruturas muito fracas e/ou inflexíveis, estresse local por repetição, alongamento violento, isquemia, infecção ou contusão.
1°°- grau: leve estiramento muscular e/ou tendíneo.2°°- grau: ruptura parcial do músculo ou tendão.3°°- grau: ruptura total do músculo ou tendão ou ainda avulsão da inserção tendínea para fora do osso.
Bursite/ ombro e joelho.
Bursa (cápsula).Irritações (atrito) ou golpes contínuos.
Dor e inchaço.
Tendinite/tendões patelar e calcâneo, do bíceps e do manguito rotador (ombro).
Tendões.
Irritação por alongamen-to contínuo e excessivo, excesso de uso, em tendões fracos e duros.
Dor.
Fraturas/ membros superiores e inferiores.
Ossos e cartilagens.
Acidentes traumáticos, esforços exagerados e repe-titivos.
Abertas: fraturas expostas. Fechadas: as estruturas fraturadas não se comunicam com o meio externo.
Fonte: FLEGEL, Melinda J. Anatomia e terminologia das lesões no esporte. In: FLEGEL, Melinda J. Primeiros
socorros no esporte: o mais prático guia de primeiros socorros para o esporte. São Paulo/Barueri: Manole, 2002.
27
Educação Física - 2a- série - Volume 4
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 “EU ME MACHUQUEI” – LESÕES NA PRÁTICA DE ESPORTES E
EXERCÍCIOS FÍSICOS
O objetivo desta Situação de Aprendizagem
é identificar os tipos de lesões musculoes-
queléticas mais comuns no meio esportivo
e relacioná-los a possíveis influências do
meio ambiente que predisponham seu surgi-
mento, considerando os níveis e condições
em que a prática de esportes/exercícios
é realizada.
desenvolvimento da Situação de aprendizagem 3
Etapa 1 − lesões entre atletas
Proponha aos alunos que, organizados
em duplas, ou trios, busquem informações
veiculadas pelas mídias sobre pelo menos
dois casos (atuais ou não) de atletas, pre-
ferencialmente de modalidades esportivas
diferentes, que tenham sofrido lesões reali-
zando exercícios físicos ou práticas esporti-
vas. Deverão ser registrados: o tipo de lesão
sofrida; a região do corpo em que ocorreu;
em que circunstâncias (em treinos/jogos ou
fora destes); em qual modalidade esportiva
ou tipo de exercício; e se o entrevistado atri-
buiu uma possível causa ao surgimento da
lesão (contato físico, esforço além da capa-
cidade, falta de aquecimento prévio, condi-
ções do terreno etc.).
Reúna os dados levantados por todos os
grupos para que o conjunto seja analisado
pela turma. O objetivo da análise deve ser o
de comparar os pontos comuns, identificar
as lesões mais frequentes e principais espor-
tes/exercícios envolvidos, além de possíveis
influên cias do meio ambiente que tenham
predisposto o surgimento dessas lesões, con-
siderando os níveis e as condições em que a
prática de esportes/exercícios foi realizada.
Tempo previsto: 3 a 4 aulas.
Conteúdos e temas: lesões musculoesqueléticas – tipos, causas, características; fatores predis-ponentes do surgimento dessas lesões em atletas e não atletas: influências do meio ambiente físico e sociocultural.
Competências e habilidades: identificar os tipos de lesões musculoesqueléticas mais comuns no meio esportivo, suas causas e características; relacionar possíveis influências do meio am-biente sobre a predisposição ao surgimento ou agravamento de lesões musculoesqueléticas entre atletas e não atletas.
Recursos: jornais, revistas, computador/internet.
28
Etapa 2 − lesões entre não atletas
Solicite aos alunos, novamente organizados
em grupos, que visitem academias, clubes e/ou
associações esportivas para realizar entrevistas
com não atletas, que praticam ou praticaram
regularmente alguma modalidade esportiva (em
contextos de lazer) ou exercício físico (em acade-
mias, clubes etc.) e apresentem histórico de lesões
(pelo menos dois casos). Se necessário, faça con-
tato prévio com as instituições, a fim de solicitar
autorização para a realização das entrevistas.
Os alunos deverão registrar: o tipo de lesão so-
frida; a região do corpo em que ocorreu a lesão;
sob que circunstâncias ela ocorreu; a modalidade
esportiva ou tipo de exercício associado ao proble-
ma; e se o entrevistado atribui uma possível causa
ao surgimento da lesão (contato físico, esforço
além da capacidade, falta de aquecimento prévio,
condições do terreno etc.). Reúna os dados levan-
tados por todos os grupos para que o conjunto
seja analisado pela turma. Na análise, deve-se
comparar os pontos comuns, identificar as lesões
mais frequentes e principais esportes/exercícios
envolvidos, além de possíveis influências do meio
ambiente que tenham predisposto o surgimento
das lesões, considerando os níveis e condições em
que a prática de esportes/exercícios foi realizada.
A seguir, auxilie-os na comparação desses da-
dos com aqueles obtidos na etapa anterior, ou
seja, a comparação entre atletas e não atletas.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 PREPARAÇÃO ADEQUADA À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS/ESPORTES
Esta Situação de Aprendizagem busca eviden-
ciar de que forma aspectos como níveis de apti-
dão/condicionamento funcional, realização de
aquecimento prévio, alimentação balanceada e
utilização de vestuário/equipamento de proteção
encontram-se relacionados à preparação adequa-
da para a prática de exercícios/esportes, minimi-
zando o risco de lesões/agravos. Seu objetivo é o
de analisar como a infraestrutura disponível para
esta prática interfere na ocorrência de lesões.
Tempo previsto: 2 a 3 aulas.
Conteúdos e temas: efeitos dos níveis de aptidão funcional sobre a capacidade de desempenho em exercícios/esportes; influência do aquecimento prévio à atividade física; alimentação balanceada e exercício/esporte; utilização de vestuário e equipamento de proteção e risco de lesões; infra-estrutura e sua influência sobre a prática de exercícios/esportes: espaço físico e equipamentos.
Competências e habilidades: identificar como a capacidade funcional, o aquecimento prévio, a alimentação balanceada e o uso de uniforme e equipamento de proteção exercem influência sobre a prática segura de exercícios/esportes; relacionar aspectos da infraestrutura disponível com níveis e condições adequadas à prática de exercícios/esportes.
Recursos: material para pesquisa; cartolina; canetas hidrográficas; papel sulfite.
29
Educação Física - 2a- série - Volume 4
desenvolvimento da Situação de aprendizagem 4
Etapa 1 − níveis e condições adequados à exercitação física
Organize os alunos em grupos, dirigindo-
lhes perguntas que envolvam as possíveis
influências exercidas sobre a prática de exer-
cícios/esportes e o levantamento de aspectos
importantes para a realização de atividades
físicas, como: os diferentes níveis de capaci-
dade funcional; realização de aquecimento
prévio; estado alimentar e utilização de ves-
tuário/equipamentos. Peça aos grupos que
destaquem pontos positivos ou adequados e
negativos ou inadequados relacionados a cada
um desses aspectos, reservando-lhes um tempo
para registrar tais informações. Em seguida,
peça aos grupos que apresentem e discutam
os pontos destacados. Complemente as infor-
mações, se julgar necessário.
Etapa 2 – autoavaliação
Solicite aos alunos que relatem por escri-
to ou verbalmente as práticas de exercícios/
esportes vivenciadas por eles, assim como um
histórico de lesões musculoesqueléticas asso-
ciadas a tais práticas. Estimule-os a buscar
relações com os aspectos abordados na etapa
anterior, assim como com as características
da infraestrutura disponibilizada ou utilizada
para realização das práticas: adequação de
espaço físico e equipamentos. Novamente, or-
ganize os alunos em grupos e proponha que
avaliem os riscos de lesões a que se encon-
tram expostos, considerando todos os fato-
res envolvidos (meio sociocultural, ambiente
físico e aspectos relacionados à preparação
para a prática de exercícios/esportes). Por fim,
peça-lhes que proponham sugestões e dis-
cutam estratégias e recomendações a serem
seguidas para minimizá-los.
Etapa 3 – a prevenção na prática
Após as discussões realizadas sobre o tema,
organize os alunos em pequenos grupos e so-
licite que nas aulas práticas do próximo tema
(goalball ou outro que você estiver desenvol-
vendo) apliquem as condutas para prevenção
de lesões, tanto no que se refere à preparação
física que antecede a atividade (aquecimento
global e específico), quanto às condições es-
truturais, ambientais etc.
Aos alunos que não estiverem envolvidos
com a prática de exercícios/esportes, solicite
que façam um levantamento sobre os locais e
espaços existentes no bairro para a realização
de tais práticas, destacando as características de
infraestrutura disponível para as mesmas. Em
seguida, eles deverão avaliar os riscos de lesões
a que se encontram expostas as pessoas que se
utilizam dessa infraestrutura, além de discutir
estratégias e recomendações a serem seguidas
para minimizá-los.
30
PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO
Durante o percurso pelas várias Situações
de Aprendizagem, alguns alunos poderão não
apreender os conteúdos da forma esperada.
É necessário, então, que outras Situações de
Aprendizagem sejam propostas, permitindo
ao aluno “revisitar” de outra maneira o pro-
cesso. Tais estratégias podem ser desenvolvi-
das durante as aulas ou em outros momentos,
em grupo ou individualmente, envolver todos
os alunos ou apenas aqueles que apresenta-
ram dificuldades. Por exemplo:
Apresentar um “estudo de caso”, com f
dados obtidos em uma entrevista com um
ex-atleta que tenha encerrado sua carreira
em decorrência de agravamento de lesão,
identificando os fatores envolvidos.
Reelaborar, individualmente ou em grupo, f
o folheto informativo com esclarecimentos
e orientações sobre o tema das lesões e da
prática do exercício físico em níveis e con-
dições adequados.
RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA
livros
FLEGEL, Melinda J. Anatomia e termi-
nologia das lesões no esporte. In: FLEGEL,
Melinda J. Primeiros socorros no esporte: o
mais prático guia de primeiros socorros para
o esporte. São Paulo: Manole, 2002, p. 27-41.
Trata de forma sucinta das principais le-
sões musculoesqueléticas associadas à prática
ATIVIDADE AVALIADORA
Ao final das Situações de Aprendizagem,
solicite aos alunos que elaborem folhetos
informativos para serem distribuídos na
comunidade escolar (quando possível, po-
derão ser distribuídos ao grande público),
ou cartazes para afixar nas paredes da es-
cola, desde que haja autorização, contendo
esclarecimento e orientações sobre o tema
das lesões e da prática do exercício físico em
níveis e condições adequados. Disponibilize
cartolinas, canetas hidrográficas de várias
cores e papel sulfite. Solicite ou disponibi-
lize aos alunos imagens que possam ilustrar
os folhetos.
Avalie se o material produzido contem-
pla corretamente os fatores provenientes do
meio ambiente físico e sociocultural que pre-
dispõem ao surgimento de lesões musculo-
esqueléticas. Analise também se estão sendo
explicitados os aspectos relacionados à pre-
paração para a prática de exercícios/esportes
que podem atuar como fatores preventivos à
ocorrência de lesões/agravos à saúde.
31
Educação Física - 2a- série - Volume 4
esportiva, abordando seus conceitos, causas e
estruturas/regiões afetadas.
FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Regulação da temperatura: exercício sob altas e baixas temperaturas. In: FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox: Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p. 463-489.
Trata da interferência que o meio ambiente exerce sobre a prática de exercícios, em espe-cial dos efeitos exercidos por altas tempera-turas, destacando os distúrbios associados à lesão térmica e os cuidados a serem seguidos para evitá-los ou minimizá-los.
BARBANTI, Valdir José. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994.
Apresenta definições e conceitos básicos re-lacionados à área de Educação Física/Esporte.
artigos
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Educação. Cuidados específicos com o corpo nas práticas esportivas: hidratação, vestuário, alimentação. In:______. Orientações pedagógicas: educação física – Ensino Fundamental. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?id_projeto=27&ID_OBJETO=42037&tipo=ob&cp=99999&cb=&n1=&n2=Orienta%F7% F5es%20pedag%F3ginas&n3=fundamental %20–%206%BA20a%209%BA&n4=Educa% E30%20F%Edisica&b=5>
Texto de caráter didático que apresenta orientações em relação a alguns aspectos rela-cionados à preparação para a prática de exer-cícios/esportes.
ROLLA, Ana Flávia Lage et alii. Aná-lise da percepção de lesões em academias de ginástica de Belo Horizonte: um estudo exploratório. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 12, n. 2, p. 7-12, jun. 2004. Disponível em: <http://www.ucb.br/Mestradoef/RBCM/12/12-2/c_12_2_1.pdf>. Acesso em: 2 set. 2009.
Analisa a percepção dos alunos de acade-mias de ginástica com relação à ocorrência de lesões musculoesqueléticas e identifica os seg-mentos corporais mais acometidos, bem como os procedimentos adotados após a lesão.
dissertação de Mestrado
TORRES, Sandroval Francisco. Perfil epidemiológico de lesões no esporte. 2004. 91 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. Disponível em: <http://www.tede.ufsc.br/teses/PEPS3841.pdf>. Acesso em: 2 set. 2009.
Discute a epidemiologia das lesões em atletas, apresentando dados referentes às modalidades esportivas atendidas, ao sexo dos atletas, à fai-xa etária, aos tipos de lesão e às regiões do cor-po mais acometidas em cada esporte estudado. Analisa a necessidade de medidas preventivas e curativas para possibilitar maior segurança aos atletas.
32
Nesta proposta de Educação Física para o En-
sino Médio, os temas da Cultura de Movimento
são tratados a partir de suas relações com ques-
tões atuais que dizem respeito ao mundo dos jo-
vens. Em relação ao tema Contemporaneidade, é
importante garantir que os alunos sejam capazes
de perceber a importância do corpo como veícu-
lo de expressão de uma série de valores que repre-
sentam diferenças, não só em relação às expres-
sões corporais em si, mas também em relação aos
significados por elas expressos. Assim, estimular
os alunos a reconhecer as diferenças entre as ex-
pressões corporais contribui para evitar situações
de preconceito e discriminação, e implica formar
os jovens com atitudes e percepções positivas em
relação às diferenças corporais.
Espera-se que as vivências e discussões
propiciadas pelas aulas de Educação Física
no Ensino Médio contribuam para a forma-
ção de um jovem que, primeiro, reconheça o
jogo, o esporte, a ginástica e a atividade rítmi-
ca como parte de sua Cultura de Movimento.
Em segundo lugar, que seja capaz de interagir
com essas práticas de forma autônoma e críti-
ca. Em terceiro lugar, que defenda a participa-
ção, nessas práticas, de todas as pessoas, sem
qualquer discriminação.
Assim, a Educação Física escolar estará exer-
cendo seu papel educativo de propiciar novos co-
nhecimentos aos alunos, além de vincular esse
conhecimento às discussões contemporâneas de
respeito às diferenças como forma de evitar pre-
conceitos. Dessa maneira, estará de fato contri-
buindo para o Se-Movimentar dos alunos.
Nessa perspectiva, levantar questões relacio-
nadas a pessoas com deficiência é crucial, na me-
dida em que houve uma valorização das políticas
de inclusão. Particularmente nas aulas de Educa-
ção Física é importante que os jovens percebam
que o jogo, o esporte, a ginástica, as lutas e a ati-
vidade rítmica podem ser praticados pelos alunos
com deficiência, mediante algumas adaptações,
possibilitando assim a união e a aproximação de
pessoas com diferentes características e necessi-
dades, em vez de gerar reações preconceituosas.
Há várias modalidades esportivas direcio-
nadas às pessoas com algum tipo de deficiên-
cia, eventualmente mencionadas pela mídia
quando da proximidade dos Jogos Olímpi-
cos, Pan-Americanos ou outras competições
que atraem grande audiência. Nesse sentido,
o Brasil já tem certa tradição quanto à parti-
cipação em eventos esportivos internacionais,
envolvendo modalidades paraolímpicas.
O goalball, uma modalidade esportiva elabo-
rada para deficientes visuais (cegos ou com baixa
visão), é aqui apresentado a título de exemplo.
Seja qual for o jogo escolhido para o desenvol-
vimento do tema, propõe-se que, a partir dele,
os alunos sejam levados a reconhecer as poten-
cialidades de adaptação que existem em várias
modalidades esportivas e jogos que podem ser
praticados por pessoas com deficiência.
TEMa 3 – COnTEMPORanEidadE: CORPO, CUlTURa dE MOViMEnTO E PESSOaS COM dEFiCiÊnCiaS
33
Educação Física - 2a- série - Volume 4
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 COMPREENDENDO E VIVENCIANDO O GOALBALL
O objetivo desta Situação de Aprendiza-
gem é possibilitar aos alunos a compreensão
da dinâmica do goalball, destacando suas
principais ações e permitindo apontar adap-
tações para outros elementos da Cultura de
Movimento.
O que é o goalball ?
O goalball é um esporte que foi elabo-
rado para deficientes visuais. Sua criação
é atribuída ao austríaco Hanz Lorenzen e
ao alemão Sepp Heindle, cuja intenção se-
ria ajudar na reabilitação de soldados que
haviam perdido a visão durante a Segunda
Guerra Mundial. O goalball pode ser con-
siderado um esporte coletivo em que parti-
cipam duas equipes de três jogadores, com,
no máximo, mais três reservas. Competem
na mesma categoria jogadores classificados
como B1, B2 e B3, segundo as normas de
classificação da International Blind Sports
Association (IBSA), separados por gênero,
masculino e feminino.
O principal objetivo é que cada equipe ar-
remesse a bola rasteira para o campo adversá-
rio e marque o maior número de gols em dois
tempos de 10 minutos. Para atacar, o time pode
arremessar a bola somente de forma rasteira, e
cada jogador pode arremessá-la somente duas
vezes seguidas. Por isso, deverá haver um rodí-
zio entre os jogadores para cada novo ataque.
Os limites da quadra são demarcados com fi-
tas adesivas e barbantes para que os jogadores
consigam se orientar. O espaço é equivalente a
uma quadra comum de voleibol.
A bola possui um guizo em seu interior,
que emite som quando em movimento, permi-
tindo que o jogador tenha conhecimento de
sua trajetória. Os jogadores se orientam pelo
som e tentam impedir que a bola chegue até o
gol, deitando-se na quadra na direção em que
ela segue.
Para a viabilização dos jogos basta uma
quadra retangular dividida por uma linha cen-
tral, com uma meta. A utilização de óculos e
lentes de contato é vedada, bem como as pró-
teses. A regra exige que os jogadores utilizem
vendas de panos ou óculos de esqui, ou de
natação, ambos opacos. Desse modo, quem pos-
sui acuidade visual regular não pode obter van-
tagem sobre um companheiro que não a possua.
A percepção auditiva nessa modalidade espor-
tiva é muito importante para a detecção da tra-
jetória da bola e requer dos jogadores uma boa
capacidade de orientação espacial. O silêncio é
fundamental durante toda a partida, pois os jo-
gadores precisam se orientar pelo som emitido
pelos guizos da bola.
O goalball chegou ao Brasil por volta de
1985, por intermédio do professor Steven Dub-
ner, responsável pela inclusão de sua prática
no Clube de Apoio à Deficiência Visual (Ca-
devi), em São Paulo. E, em 1987, foi realizado
34
o Campeonato Brasileiro em Uberlândia, no
Estado de Minas Gerais.
Atualmente, 46 equipes masculinas e 43 fe-mininas estão filiadas à Confederação Brasilei-ra de Desportos para Cegos (CBDC). O Brasil conquistou alguns resultados importantes no goalball, com destaque para a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de 1995, na Ar-gentina, e a classificação para as Paraolimpía- das em Atenas, Grécia, durante o ano 2004. Figura 9 - Conhecendo o goalball.
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Tempo previsto: 4 aulas.
Conteúdos e temas: jogos e modalidades esportivas para pessoas com deficiências – dinâmica do jogo de goalball.
Competências e habilidades: identificar a dinâmica do goalball e suas regras básicas; identifi-car e perceber diferentes sensações corporais, provenientes de limitações sensoriais e motoras: compreender e valorizar as características pessoais e interpessoais na prática de modalidades esportivas e jogos adaptados para deficientes.
Recursos: bolas plásticas, bolas com guizo ou sinalizador sonoro, sacos ou sacolas de plástico, cones, vendas (retalhos de tecidos) para os olhos, barbante ou elástico.
desenvolvimento da Situação de aprendizagem 5
Etapa 1 − O entendimento do jogo
Apresente aos alunos imagens do goalball.
A seguir, comente algumas características do
jogo, como: objetivo do jogo; situações de ata-
que/defesa; espaço; atletas e materiais usados
na prática do esporte. Após a apresentação, é
importante que os alunos se expressem em re-
lação ao que sabem e ao que compreenderam
sobre as imagens apresentadas.
Etapa 2 − Vivenciando o goalball
Nesta etapa é importante organizar o
espaço da quadra para que ocorram jogos
simultaneamente. Durante os jogos é impor-
tante que todos os alunos vivenciem posi-
ções de ataque, defesa e até mesmo sugiram
a adaptação de regras.
Forme grupos com três alunos e dê início
aos jogos simultâneos, ocupando todo o es-
paço da quadra. Proponha aos alunos (tan-
to da defesa como do ataque) a utilização de
35
Educação Física - 2a- série - Volume 4
vendas nos olhos e uma bola com guizo ou en-
volvida por sacola plástica (é importante que
a bola faça algum barulho quando lançada).
Como metas, utilize cones com distância de
8 a 9 m um do outro. Para demarcar a altura
das balizas, use um elástico, fita ou barbante.
É importante apresentar algumas regras para
os alunos: a forma de rolar a bola no chão,
posição do corpo no ataque e na defesa. Peça
aos alunos que assumam a posição deitada,
sentada ou ajoelhada e fiquem na frente da
baliza com cones.
Figura 10 - Vivenciando o goalball.
Após as vivências, converse com os alunos
e pergunte sobre as estratégias que utilizaram
enquanto jogavam, ressaltando formas de mo-
vimento e intencionalidade.
Etapa 3 – adaptando jogos e modalidades esportivas
Organize os alunos em cinco ou seis grupos,
que se responsabilizarão por elaborar e apresen-
tar adaptações de espaço e material para alguns
jogos e modalidades esportivas: basquetebol,
voleibol, boliche, atletismo (corrida orientada
ou lançamentos/arremessos), bocha. Sugira que
os alunos escolham e vivenciem algumas dessas
práticas adaptadas para serem vivenciadas.
Depois, solicite que analisem aspectos co-
muns nas modalidades adaptadas, elencando
algumas características. Discuta com a turma
as implicações que o esporte e o jogo podem
ter no cotidiano de pessoas com deficiência.
Figura 11 - Voleibol adaptado.
ATIVIDADE AVALIADORA
Os alunos deverão ser observados e ava-
liados em todos os momentos da Situação de
Aprendizagem: quanto à compreensão das ca-
racterísticas do goalball, seu envolvimento nas
discussões, suas condutas durante os jogos e as
formas de participação na organização dos jo-
gos adaptados. Procure avaliar se, a partir das
atividades realizadas, os alunos conseguem
reconhecer as possibilidades de adaptação
que existem em várias modalidades esportivas
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36
e jogos para pessoas com necessidades espe-
ciais, avalie também se os alunos são capazes
de relacionar as atividades e debates empreen-
didos em aula com as discussões contemporâ-
neas de respeito às diferenças como forma de
evitar preconceitos.
PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO
Durante o percurso pelas várias etapas
das Situações de Aprendizagem, alguns alu-
nos poderão não apreender os conteúdos da
forma esperada. É necessário, então, criar
outras Situações de Aprendizagem, diferentes
daquelas já realizadas e que geraram dificul-
dades para os alunos. Tais estratégias podem
ser desenvolvidas durante as aulas ou em
outros momentos, envolver todos os alunos
ou apenas aqueles que apresentaram dificul-
dades. Por exemplo:
Com base em informações pesquisadas em f
sites e textos (indicados ou não por você),
apresentar pelo menos uma modalidade
esportiva ou jogo adaptado às deficiências
sensorial ou motora, e ainda não vivenciado
em aula.
Indicar filmes que contemplem a deficiên- f
cia visual ou outro tipo de deficiência, pre-
ferencialmente relacionado à Cultura de
Movimento, para ser interpretado.
RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA
livro
OLIVEIRA FILHO, Ciro W.; ALMEIDA,
José Júlio G.; Pedagogia do Esporte: Um
enfoque para pessoas com deficiência visual.
In: PAES, Roberto R. & BALBINO, Hermes
F. Pedagogia do esporte: contextos e perspec-
tivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2005. p. 91-110.
Neste capítulo, os autores apresentam in-
formações sobre a deficiência visual e suges-
tões de tratamento pedagógico para diferentes
modalidades esportivas.
artigo
CRUZ, Gilmar de C.; FERREIRA, Júlio R.
Processo de formação continuada de professo-
res de Educação Física em contexto educacional
inclusivo. Revista Brasileira de Educação Física e
Esporte. São Paulo, v. 19, n.2, p.163-80, abr./jun.
2005, p.163-80. Disponível em: <http://www.
usp.br/eef/rbefe/v19n22005/v19n2p163.pdf>.
Acesso em: 2 set. 2009.
O artigo apresenta informações sobre a
necessidade de formação continuada de pro-
fessores de Educação Física, contextualiza o
37
Educação Física - 2a- série - Volume 4
tratamento dos conteúdos e as relações pes-
soais e interpessoais daqueles que compõem o
cotidiano escolar.
Revista
ADAPTA. Periódico da Sociedade Brasileira
da Atividade Motora Adaptada. Disponí-
vel em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/
sobama/sobamaorg/inicio.htm>. Acesso em:
2 set. 2009.
Disponibiliza artigos que abordam diver-
sas deficiências.
Sites
Comitê Olímpico Internacional. Disponí-
vel em: <http://www.paralympic.org/release/
Main_Sections_Menu/index.html>. Acesso
em: 2 set. 2009.
Informações e vídeos sobre diferentes mo-
dalidades esportivas.
Comitê Paraolímpico Brasileiro. Disponível
em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/
modalidades.asp>. Acesso em: 2 set. 2009.
Informações sobre histórico, regras e even-
tos das modalidades esportivas paraolímpicas.
Confederação Brasileira de Basquete sobre
Cadeiras de Rodas. Disponível em: <http://
www.cbbc.org.br/>. Acesso em: 2 set. 2009.
Informações sobre histórico, regras e even-
tos sobre a modalidade.
Entre Amigos – Filme Legal. Disponível em:
<http://www.entreamigos.com.br>. Acesso em:
2 set. 2009.
Sugestões de filmes que abordam diversas
deficiências.
Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa
Deficiente. Disponível em: <http://www.ibdd.
org.br>. Acesso em: 2 set. 2009.
Regras de jogos e modalidades esportivas
adaptadas.
Confederação Brasileira de Desportos para
Cegos. Disponível em: <http://www.cbdc.org.
br/novo_site/>. Acesso em: 2 set. 2009.
Informações sobre modalidades esportivas
específicas para cegos.
Filmes
Meu nome é Rádio. Direção de Michael Tollin.
EUA, Drama, 2003. 109min. Sony Pictures
Entertainment.
O filme apresenta a relação entre um
jovem negro com deficiência mental e um
professor de Educação Física. A relação de
amizade e respeito entre os dois não é aceita
na comunidade em que vivem, fato que os
leva a enfrentar conflituosas e constrange-
doras situa ções também na escola. O enre-
do, entre outras finalidades, permite reafir-
mar a ideia de que quando o professor cria
um ambiente receptivo à diversidade, todos
aprendem juntos.
Demolidor: o homem sem medo. Direção de
Mark Steven Johnson. EUA, Aventura, 2003.
102min. 20th Century Fox.
38
História em quadrinhos adaptada para
as telas do cinema. Apresenta um garoto
que, após um acidente, fica cego e desenvolve
outros sentidos. Isso lhe confere “habilidades
super-humanas” que serão utilizadas para
proteger e defender uma cidade.
Uma história de luta. Direção de Stuart
Gillard. EUA, Drama, 2004. 98min.
Apesar de ser cego, Jace nunca teve medo
de desafios. Quando sua família, dentro dos
Estados Unidos, se muda de Nova Iorque
para Utah, o garoto tem de achar um jeito de
ser aceito por seus novos colegas de escola. O
jovem já havia experimentado uma sensação
de competência na música e procura a equipe
de basquetebol, mas a solução parece estar
no seu ingresso na equipe de luta da escola.
39
Educação Física - 2a- série - Volume 4
COnSidERaÇÕES FinaiS
Professor(a), as Situações de Aprendi-
zagem aqui propostas permitem as mais
diferentes adaptações em virtude das ca-
racterísticas específicas de cada escola,
bem como uma análise crítica de sua parte,
para aperfeiçoar a Proposta Curricular da
disciplina de Educação Física. Esperamos
ter contribuído com o seu fazer cotidiano,
na perspectiva de ampliar o significado do
Se-Movimentar dos alunos no âmbito da
Cultura de Movimento.
É preciso também lembrar que os temas
e conteúdos propostos para o Ensino Médio
constroem uma continuidade ao longo das
diversas séries e bimestres. Portanto, as Situa-
ções de Aprendizagem, assim como as com-
petências e habilidades nelas trabalhadas, não
devem ser tomadas de modo isolado, mas em
relação ao que foi desenvolvido anteriormente
e ao que se seguirá, proporcionando aos alu-
nos uma visão global do processo de amplia-
ção dos significados do Se-Movimentar.
40
QUadRO dE COnTEÚdOS – EnSinO MédiO
1a série 2a série 3a série
1o bim
estr
e
Esporte– Sistemas de jogo e táticas em uma
modalidade coletiva já conhecida dos alunos.
Corpo, Saúde e Beleza– Padrões e estereótipos de beleza
corporal.– Consumo e gasto calórico: alimentação,
exercício físico e obesidade.
Ginástica– Práticas contemporâneas: ginástica ae-
róbica, ginástica localizada e/ou outras.Corpo, Saúde e Beleza– Capacidades físicas: conceitos e ava-
liação.Mídias– Significados/sentidos no discurso das
mídias sobre a ginástica e o exercício físico.
– O papel das mídias na definição de mo-delos hegemônicos de beleza corporal.
luta– Modalidade de luta já conhecida dos
alunos: capoeira, caratê, judô, tae kwon do, boxe ou outra.
Corpo, Saúde e Beleza– Princípios do treinamento físico:
individualidade biológica, sobrecarga e reversibilidade.
Contemporaneidade – Corpo, cultura de movimento, diferença
e preconceito.
2o bim
estr
e
atividade Rítmica– Ritmo vital e ritmo como organização
expressiva do movimento.– Tempo e acento rítmicos.Esporte– Modalidade individual: atletismo,
ginástica artística ou ginástica rítmica. Corpo, Saúde e Beleza– Corpo e beleza em diferentes períodos
históricos.
Esporte– Modalidade individual ainda não
conhecida dos alunos.Corpo, Saúde e Beleza– Efeitos do treinamento físico: fisiológi-
cos, morfológicos e psicossociais.– Exercícios resistidos (musculação):
benefícios e riscos à saúde nas várias faixas etárias.
Contemporaneidade – Corpo, cultura de movimento, diferença
e preconceito.
atividade rítmica– Manifestações rítmicas ligadas à cultura
jovem: hip-hop, streetdance e outras. lazer e Trabalho– Saúde e trabalho.C ontemporaneidade– Esporte e cultura de movimento na
contemporaneidade.
3o bim
estr
e
Esporte– Sistemas de jogo e táticas em uma mo-
dalidade coletiva ainda não conhecida dos alunos.
Corpo, Saúde e Beleza– Conceitos: atividade física, exercício
físico e saúde.
Esporte– Modalidade “alternativa” ou popular
em outros países: beisebol, badminton, frisbee ou outra.
Corpo, Saúde e Beleza– Fatores de risco à saúde: sedentarismo,
alimentação, dietas e suplementos ali-mentares, fumo, álcool, drogas, doping e anabolizantes, estresse e repouso.
– Doenças hipocinéticas e relação com a atividade física e o exercício físico: obesidade, hipertensão e outras.
Mídias– A transformação do esporte em espetá-
culo televisivo e suas consequências.
atividade rítmica– Manifestações e representações da
cultura rítmica nacional - o samba.lazer e trabalho– O lazer como direito do cidadão e dever
do Estado.Contemporaneidade– A virtualização do corpo na contempo-
raneidade.
4o bim
estr
e
Ginástica– Práticas contemporâneas: ginástica ae-
róbica, ginástica localizada e/ou outras.luta– Princípios orientadores, regras e técni-
cas de uma luta ainda não conhecida dos alunos.
Ginástica– Ginástica alternativa: alongamento,
relaxamento ou outra. Corpo, Saúde e Beleza– Atividade física/exercício físico e
prática esportiva em níveis e condições adequados.
Contemporaneidade– Corpo, cultura de movimento, diferença
e preconceito.
Esporte, Ginástica, luta e atividade Rítmica– Organização de eventos esportivos e/ou
festivais (apresentações) de ginástica, luta e/ou dança.
lazer e trabalho– Espaços, equipamentos e políticas
públicas de lazer.– O lazer na comunidade escolar e em seu
entorno: espaços, tempos, interesses e estratégias de intervenção.
Corpo, Saúde e Beleza– Estratégias de intervenção para promo-
ção da atividade física e do exercício físico na comunidade escolar.