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Professora Edione Flores _______________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________1 Rua Nassim Agel 394, Edíficio Vitória- 1º andar- salas 101/106Centro- CEP 75.701-050- Catalão-GO Tel.: (64) 3442-5251 Cel.: (64) 8161-4492 Site.: www.edioneflores.com.br e-mail.: [email protected] PARTES E SEUS PROCURADORES O tema “Partes e Procuradores” encontram-se devidamente elencados nos artigos 7º ao 45 do CPC. No que diz respeito à partes, são conceituadas segundo Chiovenda como sendo aquelas que pedem ou contra qual se pede alguma providência jurisdicional. Partes são pessoas, físicas ou jurídicas, que participam da relação processual, ou seja, os sujeitos do processo. De forma geral, no processo de conhecimento são chamadas de autor e réu. Diz-se autor aquele que formula o pedido ao juízo, enquanto o réu é aquele em face de quem o autor faz o pedido. Note-se, no entanto, que esta denominação das partes varia conforme o tipo de processo, a espécie do procedimento ou mesmo de acordo com a fase processual. As pessoas jurídicas são consideradas pessoas por ficção jurídica, por não terem capacidade de manifestar vontade, daí precisam de quem as represente. As pessoas formais sequer são consideradas pessoas, isto é, não têm personalidade jurídica, embora a lei processual, por exceção, permita que figurem como autoras ou réus. Portanto, também precisam de uma pessoa física que lhes supra a vontade. Mas o que são pessoas formais? PESSOAS FORMAIS são entes sem personalidade jurídica, mas que a lei processual (CPC, art. 12) permite que figurem no processo como parte ativa (autor) ou como parte passiva (réu). São pessoas formais: a massa falida, a herança jacente, a herança vacante, o espólio, as sociedades irregulares e o condomínio. Portanto, o conceito de capacidade de ser parte é mais amplo do que o de capacidade de direito. O CPC dispõe sobre a representação das pessoas físicas incapazes (sem capacidade de estar em juízo) no art. 8o. O CPC dispõe sobre a representação das pessoas jurídicas e das pessoas formais no art. 12. O art. 12 do CPC nos diz, em relação às pessoas jurídicas e às pessoas formais, quem vai representá-las em juízo, ou seja: 1) quem vai receber citação em nome da pessoa jurídica ou da pessoa formal; 2) quem vai outorgar procuração ao advogado em nome da pessoa jurídica ou da pessoa formal, quando for o caso. CAPACIDADE DE SER PARTE Ser parte diz respeito à capacidade de direito, corresponde assim à capacidade civil. O artigo 2º do Código Civil, dispõe que: Todo homem é capaz de direitos e obrigações na vida civil. Quer isto significar que todo homem tem personalidade e pode integrar relação jurídica. Personalidade todos os homens tem, desde o nascimento com vida. A lei, ainda, põe a salvo os direitos do nascituro (art. 4 CC). Mas, não só o homem, pessoa natural reconhecida pelo direito, tem capacidade de direito. A lei (arts. 13 e 18,

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PARTES E SEUS PROCURADORES

O tema “Partes e Procuradores” encontram-se devidamente elencados nos artigos 7º ao

45 do CPC.

No que diz respeito à partes, são conceituadas segundo Chiovenda como sendo aquelas

que pedem ou contra qual se pede alguma providência jurisdicional.

Partes são pessoas, físicas ou jurídicas, que participam da relação processual, ou seja, os

sujeitos do processo. De forma geral, no processo de conhecimento são chamadas de

autor e réu. Diz-se autor aquele que formula o pedido ao juízo, enquanto o réu é aquele

em face de quem o autor faz o pedido. Note-se, no entanto, que esta denominação das

partes varia conforme o tipo de processo, a espécie do procedimento ou mesmo de

acordo com a fase processual.

As pessoas jurídicas são consideradas pessoas por ficção jurídica, por não terem

capacidade de manifestar vontade, daí precisam de quem as represente. As pessoas

formais sequer são consideradas pessoas, isto é, não têm personalidade jurídica, embora

a lei processual, por exceção, permita que figurem como autoras ou réus. Portanto,

também precisam de uma pessoa física que lhes supra a vontade.

Mas o que são pessoas formais? PESSOAS FORMAIS são entes sem personalidade

jurídica, mas que a lei processual (CPC, art. 12) permite que figurem no processo

como parte ativa (autor) ou como parte passiva (réu). São pessoas formais: a

massa falida, a herança jacente, a herança vacante, o espólio, as sociedades

irregulares e o condomínio.

Portanto, o conceito de capacidade de ser parte é mais amplo do que o de capacidade de

direito.

O CPC dispõe sobre a representação das pessoas físicas incapazes (sem capacidade de

estar em juízo) no art. 8o. O CPC dispõe sobre a representação das pessoas jurídicas e

das pessoas formais no art. 12.

O art. 12 do CPC nos diz, em relação às pessoas jurídicas e às pessoas formais, quem

vai representá-las em juízo, ou seja: 1) quem vai receber citação em nome da pessoa

jurídica ou da pessoa formal; 2) quem vai outorgar procuração ao advogado em nome

da pessoa jurídica ou da pessoa formal, quando for o caso.

CAPACIDADE DE SER PARTE

Ser parte diz respeito à capacidade de direito, corresponde assim à capacidade civil. O

artigo 2º do Código Civil, dispõe que: Todo homem é capaz de direitos e obrigações na

vida civil. Quer isto significar que todo homem tem personalidade e pode integrar

relação jurídica. Personalidade todos os homens tem, desde o nascimento com vida.

A lei, ainda, põe a salvo os direitos do nascituro (art. 4 CC). Mas, não só o homem,

pessoa natural reconhecida pelo direito, tem capacidade de direito. A lei (arts. 13 e 18,

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do CC) também atribui personalidade a entes ideais dotando-os de capacidade de

direito, são as pessoas jurídicas. Assim, tanto as pessoas naturais, como as pessoas

jurídicas têm capacidade para serem sujeitos de relação jurídica processual, portanto, de

serem partes. Além disso, o direito processual (art. 12, III, IV, V) reconhece capacidade

de ser parte a certas universalidades ou a certas massas patrimoniais, como à massa

falida, à herança jacente ou vacante e ao espólio.

CAPACIDADE PROCESSUAL; DIFRENÇA DA CAPACIDADE CIVIL E DA

CAPACIDADE POSTULATÓRIA OU TÉCNICA

“Art. 7º CPC: Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade

para estar em juízo”.

Capacidade processual é a aptidão para ser sujeito, ativo ou passivo, da relação

jurídica processual. Embora toda pessoa possa estar em juízo, não importando a sua

idade ou estado civil, somente têm capacidade processual aquelas que possuem a

chamada capacidade de exercício ou de fato. Em outras palavras, capacidade processual

é a capacidade para exercitar os direitos atuando processualmente, e não apenas figurar

como parte no processo. Capacidade civil é a aptidão da pessoa para exercer direitos e

assumir obrigações. Em outras palavras, trata-se de capacidade jurídica, ou capacidade

de gozo, regulada pelo direito civil. Assim, todo homem é capaz de direitos e deveres

processuais, isto é, de ser sujeito da relação processual, e, pois, tem capacidade de ser

parte. (v.g. arts. 1º ao 5º do CC/02 e 8º do CPC).

Capacidade postulatória ou técnica é a aptidão para promover ações judiciais,

elaborar defesas e praticar outros atos processuais. Não deve ser confundida com a

capacidade processual, que, como já se disse, é aptidão para estar em juízo. Só têm

capacidade postulatória, segundo o art. 36 do CPC e o art. 8 da Lei nº 8.906/94 (EA), o

bacharel em Direito regularmente inscrito no quadro de advogados da Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público, nos casos expressamente

autorizados pela lei (art. 81, CPC). Como visto, diferencia-se capacidade civil da

capacidade postulatória, uma vez que esta é a capacidade de pleitear em juízo os seus

direitos, através de seu representante legal. Enquanto aquela é a aptidão que a pessoa

tem de gozar de seus direitos civis, a partir do nascimento com vida, vez que já podem

figurar como sujeito ativo e passivo de obrigações.

Então: A capacidade processual é a capacidade para exercer por si só os atos da vida

civil, é a capacidade para estar em juízo. Enquanto a capacidade civil é chamada de

capacidade de direito, a capacidade processual é denominada de capacidade de fato

ou exercício.

“A capacidade processual é requisito processual de validade, que significa a aptidão

para praticar atos processuais independentemente de assistência ou representação” (Elpídio Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil, 13ª Ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,

2010, p. 144).

Todos aquelas que possuem capacidade processual possuem capacidade de ser

parte, ou seja, possuem personalidade jurídica, cujo requisito encontra-se

devidamente elencado no art. 2º do CC. Mas nem todo aquele que possui

capacidade de ser parte, possui também a capacidade processual.

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A capacidade processual será plena quando a pessoa tiver idade maior ou igual a 18

anos e tenha o necessário discernimento para praticar os atos da vida civil (art. 3º do

CC).

Sempre que a parte material (aquele que se diz titular de uma relação jurídica material

controvertida e apresentada em juízo) for relativamente ou absolutamente incapaz

(respectivamente artigos 3º e 4º do CC) e também nos casos elencados no art. 9º do CC,

a capacidade judiciária será suprimida pelos institutos da assistência, representação e

curadoria.

Temos também a incapacidade puramente para o processo, que são os casos que apesar

da pessoa ter a capacidade material plena, o legislador pátrio entendeu que diante da

situação de fragilidade que as permeiam, necessitam ter sua capacidade complementada.

Como exemplos de incapacidade puramente para o processo podemos mencionar os

caso do réu preso, o revel citado por edital ou com hora certa, casos estes que

necessitaram da nomeação de um curador especial, sob pena de nulidade do feito.

Mas atenção! Caso o réu preso possua procurador devidamente constituído nos

autos, dispensa-se a figura do curador especial.

PESSOAS JURÍDICAS E ENTES DESPERSONALIZADOS.

Sendo a capacidade de ser parte a aptidão de ser sujeito de direitos no processo para

propor ou contestar uma pretensão, tanto as pessoas jurídicas (dotadas de personalidade

jurídica), como os entes despersonalizados, podem se revestir da qualidade de parte. No

entanto, da mesma forma que as pessoas jurídicas, os entes despersonalizados devem

ingressar representados em juízo por quem a lei processual lhes determinar, sob pena de

se verificar a incapacidade processual. O art. 12 do CPC traz as formas de como tais

entes despersonalizados, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado

deverão ser representados em juízo.

CAPACIDADE PROCESSUAL DOS CÔNJUGES.

As pessoas casadas, como regra possuem capacidade processual plena, não dependendo

da outorga do outro cônjuge para figurarem em um dos polos da relação jurídica

processual quando na defesa de seus direitos. Entretanto, existem situações bem

específicas em que a capacidade processual destes cônjuges sofre certas restrições,

conforme preceitua o art. 10 do CPC: a) Restrições na capacidade processual ativa,

conforme art. 10, caput do CPC; e b) Restrições na capacidade processual passiva,

conforme art.10, § 1º do CPC. A restrição na capacidade processual ativa diz respeito à

limitação para a propositura de ações que digam respeito a direitos reais imobiliários,

conjuntura em que cônjuge necessitará do consentimento do outro para praticar tal ato.

Entretanto, tal situação não se aplica quando forem casados sob o regime de separação

total de bens, conforme art. 1.647, caput do CC/02.

Ainda, caso seja constatada a ausência da autorização ou da outorga e esta deficiência

não for suprida pelo juiz, causará a invalidação do processo. Vejamos o que diz a lei a

respeito de tal temática: Art. 10 do CPC. O cônjuge somente necessitará do

consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.

Art. 11 do CPC. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se

judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja

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impossível dá-la. Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da

outorga, quando necessária, invalida o processo.

Já a restrição da capacidade processual passiva, significa que ambos os cônjuges

deverão ser citados para as ações sempre que versarem a respeito (art. 10, § 1º do CPC):

I - que versem sobre direitos reais imobiliários;

II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados

por eles;

III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução

tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; IV -

que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre

imóveis de um ou de ambos os cônjuges.

A outorga uxória é o consentimento proveniente da esposa.

A outorga marital é o consentimento proveniente do homem.

COMENTÁRIOS AOS ARTS. 36 A 40 DO CPC

Conforme o art. 3ºdo CPC, o primeiro requisito para o ingresso em Juízo consiste em

que a pessoas esteja no exercício do direito da ação, isto é, que lhe assista o direito de

agir e que tenha, ainda, qualidade para agir, além da possibilidade jurídica do seu

pedido, ou seja, que a pretensão seja suscetível de acolhimento judicial, por estar

prevista em lei. Reunindo esses três fatores que constituem o primeiro requisito para o

ingresso em juízo, a pessoa estará apta a exigir a prestação jurisdicional do Estado, isto

é, a requerer que o Estado, por via do Poder Judiciário, intervenha na contenda e a

decida. Todavia, para que o ingresso em juízo se concretiza, a parte interessada deverá

fazer-se representar por advogado legalmente habilitado, conforme expressa exigência

do artigo 36, CPC. Entende-se por advogado legalmente habilitado o bacharel em

direito regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e em dia com suas

contribuições a essa entidade de classe. O documento pelo qual se constitui um

procurador é a procuração, que pode ser pública ou particular. Pública, quando passada

em cartório, no livro de notas do tabelião, da qual se extrai o traslado (cópia) que

acompanhará a petição para o ingresso em juízo. Particular, quando impressa,

datilografada, digitada ou manuscrita, e, de qualquer forma, assinada de próprio punho

pelo outorgante, com a firma reconhecida por tabelião, conforme exigência expressa do

artigo 38, CPC. Portanto, só podem outorgar procuração particular as pessoas

alfabetizadas e que estejam em condições de assinar de próprio punho. A pessoa capaz

para ingressar em juízo deve, portanto, constituir um advogado seu procurador,

outorgando-lhe a competente procuração, seja pública ou particular. Se se tratar de

pessoa absolutamente incapaz, a procuração deverá ser outorgada pelo pai ou pela mãe,

pelo tutor ou pelo curador, e, nesse caso, o incapaz será representado; se, se tratar de

relativamente incapaz, ele próprio assinará a procuração, porém juntamente com

o pai ou a mãe, o tutor ou o curador, e, nessa hipótese, o incapaz NÃO será

representado, mas apenas ASSISTIDO. Deste modo, nenhum advogado sem estar

munido de procuração poderá ser admitido em juízo para tratar de causas em nome de

outrem. O próprio Código, porém, no mesmo artigo 37, abrindo uma exceção, permite

o ingresso do advogado em juízo, sem procuração, a fim de evitar decadência ou

prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes e

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falte-lhe tempo para munir-se do mandato. Nesse caso, expondo a situação ao juiz, o

advogado se comprometerá a apresentar a procuração no prazo que lhe for concedido,

prazo este que será de 15 (quinze) dias, prorrogável por mais 15(quinze). Caso a

procuração não seja apresentada no prazo, ficarão nulos e considerados de nenhum

efeito todos os atos até então praticado pelo advogado, que ficará, ainda responsável por

todas as despesas e perdas e danos que ocorrerem. (parágrafo único, art. 37, CPC). Se a

pessoa que pretende ingressar em juízo é bacharel em direito e está com o seu diploma

regularizado, inclusive com a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e quitação

com as contribuições devidas a essa instituição, pode postular diretamente em juízo,

defendendo os seus próprios interesses. É o que expressamente dispõe o artigo 36 do

CPC. Todavia, mesmo não sendo bacharel em direito ou não estando com seu diploma

regularizado, a pessoa poderá ingressar pessoalmente em juízo, em defesa de seus

direitos como se depreende do artigo 36, se no lugar não houver advogado devidamente

habilitado, ou se os existentes estiverem impedidos ou recusarem o patrocínio da causa.

Em casos tais, o interessado deverá provar as circunstancias que ocorrerem, juntando,

inclusive, declaração do advogado impedido ou recusante, conforme o caso. Segundo o

artigo 39 do CPC, cumpre o advogado, ou à parte, quando postular em causa própria:

1) declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá as

intimações; 2) comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança. Se tal não for

feito, no primeiro caso, o juiz, antes de ordenar a citação, concederá prazo de 48 horas

para que seja declarado o endereço, sob pena de indeferimento da petição; e, no segundo

caso, serão tidas como válidas as intimações feitas por carta registrada, para o endereço

constante dos autos. Para evitar que nas procurações se inscrevam,

pormenorizadamente, todos os poderes conferidos ao advogado e necessários ao

acompanhamento eficiente do processo, admite a lei a outorga de mandato para o foro

em geral, a que faz referencia o artigo 38, e que vem a ser a procuração “ad judicia”.

Trata-se de cláusula que habilita o advogado a praticar todos os atos necessários ao

andamento do feito e em defesa de seu constituinte. Quaisquer outros poderes, além dos

estritamente referentes a atos do processo, devem constar expressamente da procuração,

conforme determina o mesmo artigo 38. Daí porque se inserem nas procurações os

poderes inerentes à cláusula “ad judicia” e mais os especiais que venham a ser

necessários, tais como os de transigir, desistir, receber, dar quitação, firmar

compromisso etc. Conforme preceitua o artigo 40, o advogado tem direito: 1) de

examinar, em cartório ou secretaria de Tribunal, autos de qualquer processo, salvo os

que correm em segredo de justiça, a saber: os que o interesse público exigir sigilo; os

que dizem respeito a casamento, filiação, separação de cônjuges, conversão desta em

divórcio, alimentos e guarda de menores. Tais processos podem livremente ser

consultados e deles serem pedidas certidões, quando se tratar das próprias partes ou de

seus advogados. As demais pessoas que demonstrarem interesse jurídico em consultá-

los ou deles obter certidões devem requere ao juiz; 2) de requerer, como procurador,

vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de cinco dias; 3) de retirar os autos do

cartório ou secretaria pelo prazo legal, sempre que lhe competir falar neles por

determinação judicial ou nos casos previstos em lei. Quando o advogado retirar autos

do cartório, deve firmar recibo no livro próprio, que se denomina “livro de carga”, no

qual o escrivão dará a respectiva baixa, por ocasião da devolução. Se o prazo da

consulta ao processo for comum às partes, somente em conjunto ou mediante prévio

ajuste por petição nos autos poderão os procuradores retirar os autos do cartório.

DEVERES DAS PARTES

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Todo aquele que participa do processo (partes, procuradores, serventuários, auxiliares,

terceiros etc.) deve proceder com probidade e lealdade, isto é, sustentar suas razoes

dentro dos limites da ética, da moralidade e da boa fé (princípio da probidade

processual), expondo os fatos conforme a verdade e evitando provocar incidentes inúteis

e/ou infundados que visam apenas à procrastinação do feito. Neste sentido, declara o art.

14 do CPC que “são deveres das partes e todos aqueles que de qualquer forma

participam do processo: I –expor os fatos em juízo conforme a verdade; II – proceder com

lealdade e boa-fé; III – não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas

de fundamento; IV – não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração

do direito; V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à

efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final”.

Com relação a esse último dever, o legislador processual considerou que o seu

descumprimento – ressalvados os advogados, que se sujeitam exclusivamente aos

estatutos da OAB – importará em ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o

juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao

responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e

não superior a 20% do valor da causa. E, também, é defeso às partes e seus advogados

empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz,

de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Se as expressões injuriosas

forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado para não usá-las, sob pena

de lhe ser cassada a palavra.

RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL E MULTA

Preceitua a lei processual que responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé

como autor, réu ou interveniente. No entanto, só poderão ser considerados litigantes de

má-fé, aqueles que, em qualquer grau, guardem interesse jurídico na demanda, na

qualidade de parte ou interveniente. E reputa-se litigante de má-fé aquele que:

A. deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; B. alterar a verdade dos

fatos; C. usar do processo para conseguir objetivo ilegal; D. opuser resistência injustificada ao andamento

do processo; E. proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; F. provocar

incidentes manifestamente infundados; G. interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Constatada a litigância de má-fé, o juiz ou o tribunal, de ofício ou a requerimento,

condenará o litigante a pagar multa não excedente a 1% sobre o valor da causa e a

indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu, adicionando-se os honorários

advocatícios, desde logo fixados pelo juiz à razão não excedente de 20% sobre o valor

da causa, e todas as despesas efetuadas.

Substituição processual. Em regra ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando a lei

autorizar e nos casos em que a lei concede tais excepcionalidades, ou seja, quando

autoriza a propositura da ação por pessoa estranha à relação jurídica, dizemos que

ocorre a substituição processual ou legitimação extraordinária ou legitimação anômala.

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Mas atenção! A substituição processual somente será possível nas hipóteses

estritamente autorizadas em lei e pressupõe um vínculo jurídico especial existente entre

substituto e substituído.

No que tange aos poderes dos substitutos, estes são amplos, englobando todos os atos

processuais, como o ajuizamento da ação, a produção de provas, interposição de

recursos, etc.

Todavia, não poderá o substituto praticar atos que digam respeito à disposição de direito

material, ou seja, não poderá o substituo confessar, transigir, renunciar ou até mesmo

reconhecer o pedido.

Ainda, recairá tanto sobre o substituto quanto sobre o substituído, a coisa julgada e no

que diz respeito às ações coletivas, caso o pedido seja julgado procedente, a coisa

julgada terá eficácia erga omens e ultra partes.

Podemos citar ainda mais algumas peculiaridades acerca da substituição processual:

a) O substituto processual age em seu próprio nome, na defesa do direito alheio;

b) Nos casos de assistência ou representação, o representante ou assistente age em nome

do representado ou assistido, para defender direitos destes, interesses destes;

c) O Ministério Público (MP) funciona como parte ou fiscal da lei, mas nunca como

representante.

E por fim, podemos citar como exemplos de substituição processual: a) Ação de investigação de paternidade, onde o MP possui legitimidade para propor a

ação;

b) Ação civil publica, onde o MP e outros legitimados (art. 5º da Lei 7.347/85) possui a

legitimidade para propor em nome próprio, ação que vise a tutela de direitos relativos ao

meio ambiente, ao consumidor, a bens de valore artístico, etc.;

c) Alienação da coisa ou direito litigioso, situação em que o alienante não será mais o

sujeito material da lide, contudo poderá continuar como parte na relação jurídica

processual, agindo em nome próprio, entretanto na defesa do direito do adquirente.

Substituição de partes.

Primeiramente deve-se ter em mente que substituição de partes ou sucessão processual

são expressões sinônimas.

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O art. 41 do CPC prevê que “só é permitida, no curso do processo, a substituição

voluntária das partes nos casos expressos em lei”.

Desta forma devemos entender que após a citação, estabilizam-se os elementos que

compõe a demanda (partes, pedido e causa de pedir) e via de regra não será admitido a

substituição das partes.

As situações legais em que se permite a substituição das partes são: a) Art. 42, § 1º do

CPC – é uma hipótese facultativa de substituição processual e ocorrerá quando o bem

litigioso é alienado a título particular, por ato entre vivos. Nestas situações o

adquirente poderá substituir o alienante ou o cedente, contando que haja

consentimento da outra parte; b) Art. 43 do CPC – é uma hipótese obrigatória e

ocorre quando qualquer uma das partes vem a falecer, neste caso a substituição se

dará pelo espólio do de cujus ou pelos seus sucessores; e c) Sucessão por membro do

MP na ação popular e na ação civil pública quando a parte originária vier a desistir da

ação.

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LITISCONSÓRCIO: A doutrina aponta como duas as razões para a aceitação do

litisconsórcio: 1. economia processual; e 2. harmonização dos julgados – entendida

como a razão principal do litisconsórcio pois confere segurança jurídica.

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CONCEITO: Dá-se o litisconsórcio quando duas ou mais pessoas litigam, no mesmo

processo, e do mesmo lado, no pólo ativo ou passivo da ação (art. 46 CPC), ou seja,

quando há mais de um autor ou mais de um réu, havendo comunhão de interesses, isto

é, quando entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide,

por exemplo, solidariedade, composse, condomínio etc.; entre as causas houver conexão

pelo objeto ou pela causa de pedir (art. 103, CPC); ocorrer afinidade de questões por um

ponto comum de fato ou de direito, ou seja, os direitos ou as obrigações derivarem do

mesmo fundamento de fato ou de direito.

CLASSIFICAÇÃO A doutrina classifica o litisconsórcio da seguinte forma:

I – quanto à obrigatoriedade de sua formação: Quanto à obrigatoriedade de sua

formação, o litisconsórcio pode ser facultativo (art. 46, CPC) ou necessário (art. 47,

CPC). Diz-se facultativo o litisconsórcio que, embora tenha suas hipóteses de

ocorrência previstas em lei, depende da vontade das partes para sua formação. Em

outras palavras, é o que pode ser adotado voluntariamente pelas partes. Diz-se, por sua

vez, que o litisconsórcio é necessário, ou indispensável, quando o juiz tem que decidir a

lide de modo uniforme para todas as partes (art. 47, CPC), seja por imposição legal, a

exemplo de ações reais imobiliárias, art. 10 do CPC; ação de divisão de terras

particulares, art. 949 do CPC; ação de demarcação, arts. 952 e 953 do CPC etc, seja pela

natureza da relação jurídica, ou, em outras palavras, quando há comunhão de direitos ou

de obrigações relativamente à lide, de tal forma que a sentença a ser eventualmente

proferida na ação atinja a todos os envolvidos, como nos casos de partilha, ação de

nulidade de casamento movida pelo MP, art. 1.549 do CC/02, ação pauliana, ação de

dissolução de sociedade, ação anulatória de um negocio jurídico etc. justamente por se

tratar de litisconsórcio indispensável, caberá ao juiz, no caso de omissão do autor,

determinar que ele promova, dentro do prazo que assinar, a citação de todos os

litisconsortes necessários , seja ativo, seja passivo, sob pena de extinção do feito (art.47,

parágrafo único, CPC). A omissão da parte e do juiz tornará o processo nulo.

II – quanto ao momento de sua formação: Quanto ao momento de sua formação, o

litisconsórcio pode ser inicial, formado quando da propositura da ação, ou ulterior.

Nesta última hipótese, pode ocorrer em quatro situações: primeiro, nos casos de

litisconsórcio necessário não apontado na exordial pelo autor (art.47, parágrafo único,

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CPC); segundo, quando houver sucessão processual em razão da morte de uma das

partes (herdeiros/sucessores); terceiro, nos casos de reunião de processos por conexão

(arts. 103 e 105, CPC) e quarto, nos casos em que é facultado ao réu chamar terceiros

ao processo (art. 77, CPC).

III – quanto aos sujeitos: Quanto aos sujeitos, podem ser ativo (autores), passivo

(réus), a depender do pólo da relação processual em que ele se forma, ou ainda misto

(autores e réus), se a pluralidade de pessoas ocorrer em ambos os pólos da relação.

IV – quanto aos seus efeitos: Quanto aos seus efeitos, o litisconsórcio pode ser

unitário, quando a decisão do mérito do juiz tiver que ser igual para todos os

litisconsortes, não se admitindo, para eles, julgamentos diversos; e comum (ou simples),

quando a decisão de mérito do juiz possa ser diferente para cada um dos litisconsortes.

Ocorre quando há uma pluralidade de relações jurídicas sendo discutidas no processo ou

quando se discute uma relação jurídica cindível, como normalmente acontece nos casos

de solidariedade.

REGIME DE TRATAMENTO DOS LITISCONSORTES: Conforme o tipo de

litisconsórcio, diverso será o seu regime jurídico e as consequências que poderão advir

para as partes. Por isso, é necessário sempre a distinção entre as modalidades do

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litisconsórcio. No litisconsórcio simples, seja facultativo ou necessário, os litisconsortes

serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, ou

seja, os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros (art. 48,

CPC), salvo na hipótese do parágrafo único do art. 509 do CPC, isto é, havendo

solidariedade passiva, que é uma forma de litisconsórcio facultativo, o recurso

interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor

lhes forem comuns. Já com o litisconsórcio unitário, a situação é diferente, uma vez que

a decisão judicial deve ser igual para todos, o que limita, por exemplo, a eficácia de atos

de disposição individuais e afasta até mesmo alguns efeitos da revelia, sendo que até

eventual recurso interposto por um dos litisconsórcios acaba aproveitando a todos (art.

509, CPC). Ressalte-se, ademais, que, havendo litisconsortes com diferentes

procuradores, os prazos para contestar, recorrer e, de modo geral, emitir manifestações

no curso do procedimento serão contados em dobro (art. 191, CPC), devendo os autos

permanecer em cartório, salvo acordo prévio entre os procuradores, para evitar prejuízo

para qualquer das partes.

LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO

Em alguns casos o litisconsórcio pode tornar a demanda insuportável na medida em que

um número grande partes pode tornar o processo por demais longo e complexo, de

forma que possa comprometer a solução do litígio ou dificultar a defesa. Logo, por

razões práticas, o legislador dispôs no art. 46, §único, do CPC, sobre o litisconsórcio

multitudinário, segundo o qual o juiz poderá limitar, em decisão fundamentada, o

número de litisconsortes.

É importante mencionar, que de acordo com dispositivo acima citado, somente é

possível pensar em limitação do litisconsórcio caso este seja facultativo.

Embora a legislação não discorra sobre o procedimento para a limitação, entende a

doutrina que o processo deverá ser desmembrado, sem a exclusão de qualquer das partes

envolvidas no litígio.

Além disso, a lei não determina um número de litisconsortes, cabendo ao juiz, de acordo

com o caso em concreto, determinar o número de litigantes no mesmo polo, que não

comprometa o bom andamento do processo.

Além da possibilidade de determinar o desmembramento de ofício, poderá o réu, no

prazo para a resposta, apresentar pedido de limitação do litisconsórcio. Neste caso,

haverá a interrupção do prazo para resposta, que será devolvido às partes após a decisão

do magistrado.

Finalmente, cumpre observar que os diversos processos que se formam em razão da

limitação tramitarão no mesmo juízo, não sendo aceitável que sejam redistribuídos.

LITISCONSÓRCIO EVENTUAL, ALTERNATIVO E SUCESSIVO

Permite o art. 289 do CPC que se formule mais de um pedido, em ordem sucessiva, com

o escopo de que o segundo seja acolhido, em não sendo o primeiro. Trata-se da

chamada cumulação eventual ou subsidiaria. Assim, será licito colocar em juízo,

cumulativamente, duas demandas dirigidas a pessoas diferentes. Entretanto, no

particular, haverá litisconsórcio sem consórcio, pois os litisconsortes serão adversários.

Tal fenômeno, segundo ARAKEN DE ASSIS, normalmente ocorre no pólo passivo da

demanda, e é muito importante no tratamento processual da desconsideração da

personalidade jurídica. Assim sendo, no litisconsórcio eventual a procedência de um

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pedido implica a improcedência do outro, ainda, obviamente, ambos ser improcedentes.

Não há, no ordenamento jurídico, previsão expressa da técnica da cumulação imprópria

alternativa, têm-na aceitado a doutrina e a jurisprudência, a partir de uma interpretação

mais elástica do art. 289, CPC. Esta cumulação consiste na formulação, pelo autor, de

mais de uma pretensão, para que uma ou outra seja acolhida, sem expressar, com isso,

qualquer preferência. É imprópria, porque apenas um dos pedidos formulados poderá

ser atendido. Diferencia-se cumulação eventual de cumulação imprópria. Nesta são no

mínimo dois pedidos autônomos, formulados para que se acolha apenas um deles,

enquanto na eventual, a o autor demonstra preferência em relação a um dos pedidos.

Assim, entrevem-se situação de cúmulo alternativo na consignação em pagamento, que

revela um litisconsórcio alternativo: na duvida, pode o autor dirigir-se a duas pessoas,

por não saber a qual das duas se acha juridicamente ligado (art. 895, CPC), requerendo

o devedor o depósito e a citação dos que disputam o credito. O juiz, o julgar a

controvérsia entre os dois réus, decidirá qual deles era o legitimado perante o autor. O

litisconsórcio alternativo normalmente ocorre no pólo ativo. Há possibilidade de

cumulação sucessiva de pedido, de modo que o segundo somente poderá ser acolhido se

o primeiro também o for. Trata-se de um dos casos de cumulação própria de pedidos.

No litisconsórcio sucessivo, um somente obterá o que pede se o outro obtiver. Por

exemplo, no litisconsórcio entre mãe e filho, em que se pleiteiam alimentos e

ressarcimento com as despesas do parto. O segundo somente será acolhido, se o

primeiro pedido for considerado procedente.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

A princípio, a sentença proferida num processo só deve atingir, favorecer ou prejudicar

as partes (autor e réu). Todavia, há situações em que a decisão tomada num processo

tem reflexo em outra relação jurídica de direito material, estendendo indiretamente os

efeitos da sentença a terceira pessoa estranha à relação jurídica processual originaria.

Portanto, é basilar perceber que a correta compreensão das intervenções de terceiro

passa, necessariamente, pela constatação de que haverá sempre, um vínculo entre o

terceiro, o objeto litigioso do processo e a relação jurídica material deduzida. Assim,

este “terceiro juridicamente interessado” pode, com o escopo de defender interesse

próprio, intervir voluntariamente no processo, ou mediante provocação de uma das

partes. A intervenção por provocação de uma das partes, na chamada “intervenção

provocada”, envolve três institutos diversos, quais sejam: nomeação à autoria,

denunciação da lide e chamamento ao processo. Já a intervenção por iniciativa própria

do terceiro, na chamada “intervenção voluntária”, envolve dois institutos, quais sejam:

assistência e oposição.

ATENÇÃO! Que sujeitos são os terceiros no processo? Qual o momento limite

para a intervenção de terceiro? Terceiro no processo é aquele que não é parte, ou seja,

não é titular do direito discutido ou não tem autorização legal para litigar em benefício

de outrem, e que por alguma razão jurídica intervém na lide. Cumpre lembrar, que

apenas o interesse jurídico possibilita o ingresso de alguém em processo alheio, não

bastando, portanto, o interesse econômico ou moral; a lei disciplina o ingresso de

terceiro a fim de que este tenha a oportunidade de afastar eventual situação desfavorável

oriunda de decisão entre duas partes, que reflexamente lhe atingiria. Outro aspecto que

merece ser mencionado é o fato de que o ingresso do terceiro pressupõe sua relação

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jurídica com apenas umas das partes. Desse modo, os terceiros que intervêm não são

partes na relação processual originária. São pessoas estranhas à relação processual de

direito material deduzida em juízo e estranhas à relação processual já constituída. São

sujeitos de uma outra relação de direito material que se liga intimamente àquela já

constituída, ou seja, são os que não são partes no processo pendente. Por conseguinte,

somente é possível a intervenção de terceiros até o saneamento do feito, visto que seja o

momento máximo de estabilização processual. Todavia, podem dar-se em segundo grau,

a assistência, o recurso de terceiro e as intervenções especiais dos entes públicos. É

possível a utilização de intervenção de terceiros no procedimento sumário? E nos

Juizados Especiais? O art. 280 do CPC, com redação que lhe deu a Lei nº 10.444, de 7

de maio de 2002, declara que no procedimento sumário não são admissíveis a

intervenção de terceiros, salvo assistência, o recurso de terceiro e a intervenção fundada

em contrato de seguro, que pode ser a denunciação da lide ou o chamamento ao

processo em causas de seguro.. Nos Juizados Especiais Cíveis, de acordo com o art. 10,

da Lei n. 9.099/95, não se admite a intervenção de terceiros e a assistência, pois o

procedimento adotado orienta-se pelos critérios da oralidade, simplicidade,

informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a

conciliação ou transação. Como conseqüência disto, as sanções impostas pelo Código

de Processo Civil para os casos em que a parte se omita no dever de provocar a

intervenção de terceiro no processo não se aplicam nesta hipótese.

A ASSISTÊNCIA E SUA CLASSIFICAÇÃO Assistência é a modalidade de

intervenção de terceiros na qual o assistente ingressa, voluntariamente, na relação

jurídica processual como coadjuvante (ad coadjuvandum) em auxílio de uma das partes,

pois a sentença a ser proferida no processo pode interferir em sua esfera econômica.

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Não é qualquer interesse que autoriza a assistência. Não basta mera relação de amizade,

ou a convicção pessoal do terceiro de que o direito à tutela cabe a uma e não a outra

parte: exige a lei o interesse qualificado como jurídico, que haja uma relação entre o

terceiro e uma das partes do processo que pode ser atingida pela sentença. A assistência

tem cabimento em qualquer tipo de procedimento e em qualquer grau de jurisdição,

sendo que o assistente recebe o processo no estado em que ele se encontra, não se lhe

deferindo rediscutir provas e matérias preclusas (CPC, art.50, parágrafo único). O

interessado em intervir como assistente num feito pendente deverá fazer pedido escrito

neste sentido, oferecendo as razões e as provas que justificam seu interesse no feito,

bem como a quem deseja assistir. É licito a qualquer das partes impugnar o pedido no

prazo de cinco dias. Havendo impugnação, o juiz determinará, sem suspensão do

processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuados em

apenso, autorizando a produção de provas e decidindo, dentro de cinco dias o incidente

(art. 51, CPC).

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A assistência pode ser simples ou adesiva quando, pendendo um processo entre duas ou

mais pessoas, terceiro, que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma

das partes, intervém no processo para assisti-la (art. 50, caput, CPC). Na qualidade de

auxiliar, o assistente exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus

processuais que o assistido (art. 52, CPC), embora não possa praticar atos contrários à

vontade do assistido, que pode reconhecer a procedência do pedido, desistir da ação ou

transigir com a parte contraria (art. 53, CPC). O “interesse jurídico do assistente” se

fundamenta na perspectiva de sofrer efeitos reflexos da decisão desfavorável ao assistido,

por exemplo: sublocatário, em ação de despejo movida em face do sublocador; funcionário

público, em ação de indenização proposta em face da administração pública por dano

causado por ele; etc.

ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL ocorre sempre que a sentença houver de influir na

ralação jurídica entre o assistente e o adversário do assistido. Em outras palavras, embora o

assistente não seja parte daquele processo, a sentença ali proferida irá afetar diretamente a

relação jurídica de direito material entre ele e o adversário do assistido. É uma espécie de

“litisconsórcio facultativo ulterior unitário”. Trata-se de intervenção espontânea pela qual o

terceiro transforma-se em litisconsorte do assistido, daí porque o tratamento é igual àquele

deferido ao assistido. Por exemplo: em ação reivindicatória movida por consorte, art. 1.314,

CC/02; adquirente de direito material litigioso quando não lhe for possível a sucessão

processual; lide envolvendo obrigações solidárias, arts. 267 e 274, CC/2002), razão pela

qual neste tipo de intervenção o assistente atua como parte distinta, tendo o direito de

promover individualmente o andamento do feito, devendo, para tanto, ser intimado dos

respectivos atos (arts. 48 e 49, CPC). Na sentença transitada em julgado, em princípio, fica

impedido de, em ação futura, discutir o fundamento da decisão, o assistente que não é

atingido pelos efeitos da coisa julgada, que na dicção do art. 55 do Código, consiste na

justiça da decisão, não poderá ser discutida o dispositivo da sentença nem pelo assistente

simples como pelo assistente qualificado, pois a justiça da decisão refere-se aos fatos que se

tiverem por comprovados.

Todavia, o assistente poderá discutir o fundamento da decisão se ficar caracterizada má

gestão pelo assistido de seus próprios interesses, seja porque deixou de produzir provas, seja

porque renunciou a direito, reconheceu a procedência do pedido do autor ou transigiu. As

hipóteses em que o assistente não pode ser prejudicado por tais atos são resumidas nos

seguintes termos (CPC, art. 55): I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas

declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na

sentença; II -desconhecida a existência de alegações ou provas, e que o assistido, por dolo

ou culpa, não se valeu.

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A OPOSIÇÃO, DENUNCIAÇÃO DA LIDE, NOMEAÇÃO À AUTORIA E

CHAMAMENTO AO PROCESSO.

Oposição é forma de intervenção de terceiro no processo, que, sem ser integrante da

lide se apresenta como o legítimo titular do direito discutido entre o autor e o réu. O seu

objetivo, portanto, é negar o pretenso direito de ambos. Tem legitimidade para este tipo

de intervenção, segundo o art. 56 do CPC, o terceiro, denominado “opoente”, que

pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o que controvertem as partes

no processo principal, denominados “opostos”, Por exemplo: numa ação de divisão o

autor pede a citação dos demais condôminos, os quais ingressam na ação e oferecem

contestação. Um terceiro que se tem como legítimo proprietário de parte do imóvel a ser

divido, ingressa, também, no feito como opoente, para ilidir a pretensão dos litigantes e

ver, a final, reconhecida a sua propriedade exclusiva e expurgada da divisão a parte que

lhe pertence. A oposição pode ser intentada até que seja proferida a sentença no feito

principal. Distribuída por dependência, a petição de oposição deve observar os mesmos

requisitos da petição inicial (arts. 282 e 283, CPC), sendo que os opostos serão citados

na pessoa dos seus advogados (art. 57, CPC). Autuada em apenso aos autos principais, a

oposição correrá simultaneamente com ação principal, sendo ambas julgadas pela

mesma sentença (art. 59, CPC), embora deva o juiz primeiro conhecer da oposição (art.

61, CPC).

Existem dois tipos de oposição: a interventiva que é exercida antes da audiência de

instrução e julgamento (art. 59, CPC); e a autônoma se ajuizada após o inicio da

audiência de instrução e julgamento, e antes da sentença (art.60, CPC).

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DENUNCIAÇÃO DA LIDE é o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de

regresso, no caso de que acabe vencida na ação, chama à lide terceiro garantidor, a fim

de este integre o processo. Desta forma, se por acaso o juiz vier a condenar ou julgar

improcedente o pedido do denunciante, deverá, na mesma sentença, declarar se o

denunciado, por sua vez, deve ou não indenizá-lo. Na verdade, com a denunciação se

estabelecem duas lides num só processo. A denunciação da lide é obrigatória nos

casos expressamente previstos no art. 70 do CPC: I – ao alienante, a fim de que possa

exercer o direito que da evicção lhe resulta (art. 456, CC/02); II – ao proprietário ou ao

possuidor indireto, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício; III – ao

obrigado, pela lei ou contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do

denunciante, e tanto pode ser de iniciativa do autor como do réu.

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Se a denunciação for feita pelo autor (art.74), deverá constar da petição inicial,

procedendo-se em seguida a citação do réu. Se competir ao réu a iniciativa, a

denunciação deverá ser feita no prazo da contestação, quando será pedida a citação do

denunciando. Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao

denunciante que proceda com a citação do denunciado no prazo de 10 (dez) dias,

quando este residir na mesma comarca e 30 (trinta) dias, quando residir em outra

comarca (art. 72, CPC). Citado, o litisdenunciado pode aceitar a denunciação, recusá-la,

ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a

sentença que julgar procedente a ação declarará, conforme o caso, a sua

responsabilidade, em face do denunciante, valendo como título executivo judicial (art.

76, CPC). É possível ocorrer “denunciações sucessivas”, ou seja, o denunciado poderá,

por sua vez, denunciar, também, aquele de quem houve a coisa ou o direito em litígio, e

este gozará, da mesma forma, do direito de denunciar o antecessor e assim

sucessivamente. Neste sentido, o art. 73 do CPC declara que, “para fins o disposto no

art. 70, o denunciado por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o

possuidor indireto ou responsável pela indenização e, assim, sucessivamente”.

NOMEAÇÃO À AUTORIA é ato obrigatório atribuído ao réu, que visa corrigir o pólo

passivo da ação. Com efeito, citado em ação em que é demandado por uma coisa, móvel

ou imóvel, da qual seja mero “detentor”, o réu deverá, no prazo para responder, indicar,

nomear quem seja o proprietário ou possuidor indireto. Neste sentido, a norma do art.

62 do CPC declara que “aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe

demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor”,

sob pena de responder por perdas e danos (art. 69, CPC, I).

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Recebida a nomeação, o juiz suspenderá o curso da ação e ordenará a intimação do

autor para se pronunciar em cinco dias (art. 64, CPC). Intimado da nomeação, o autor

poderá aceitá-la ou recusá-la; afinal, ninguém pode ser obrigado a litigar em face de

quem não queira. No caso de recusá-la, o processo retomará o seu curso normal,

concedendo-se novo prazo integral para apresentação da contestação, caso esta já não

tenha sido ofertada (art. 67, CPC). Aceitando a nomeação, o autor deverá providenciar a

citação do nomeado, que, por sua vez, poderá ou não, ao ser citado, reconhecer a

qualidade que lhe é atribuída. Negando-a, o processo continuará contra o nomeante

(arts. 65 e 66, CPC).

O CHAMAMENTO AO PROCESSO, de que trata o Código de Processo Civil, do

artigo 77 ao 80, é o ato pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide.

Assim como acontece na denunciação da lide, o chamado fica vinculado ao feito,

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subordinando-o aos efeitos da sentença. É admissível, segundo o art. 77 do CPC, em

face: I – do devedor, na ação em que o fiador for réu; II – dos outros fiadores, quando

para a ação for citado apenas um deles; III – de todos os devedores solidários, quando

o credor exigir de um ou de alguns deles parcial ou totalmente, a divida comum.

Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda

com a citação do chamado no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma

comarca, e 30 (trinta) dias, quando residir em outra comarca (art. 79, CPC). Citado, o

chamado pode negar a qualidade que lhe é imputada ou permanecer revel. Em qualquer

caso, ficará, como já disse, vinculado ao processo, de modo que a sentença que julgar

procedente a ação valerá como titulo executivo em favor do devedor que satisfizer a

dívida (art. 80, CPC). É possível ocorrer “chamados sucessivos”, ou seja, o chamado

poderá, por sua vez, chamar terceiro, e assim sucessivamente.

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AMICUS CURIAE Amicus curiae é um auxiliar do juízo que pode atuar no processo,

quer seja pessoa física ou jurídica, desde que tenha representatividade e possa contribuir

para a solução da causa. Trata-se de uma intervenção provocada pelo magistrado ou

requerida pelo próprio amicus curiae, cujo objetivo é o de aprimorar ainda mais as

decisões proferidas pelo Poder Judiciário. Entretanto, não se pode equiparar a

intervenção do amicus curae - que tem participação consubstanciada em apoio técnico-

jurídico -, com a intervenção de terceiro, que tem interesse na conclusão do processo.

É possível a utilização de intervenção de terceiros no procedimento sumário? E

nos Juizados Especiais? O art. 280 do CPC, com redação que lhe deu a Lei nº 10.444,

de 7 de maio de 2002, declara que no procedimento sumário não são admissíveis a

intervenção de terceiros, salvo assistência, o recurso de terceiro e a intervenção fundada

em contrato de seguro, que pode ser a denunciação da lide ou o chamamento ao

processo em causas de seguro.. Nos Juizados Especiais Cíveis, de acordo com o art. 10,

da Lei n. 9.099/95, não se admite a intervenção de terceiros e a assistência, pois o

procedimento adotado orienta-se pelos critérios da oralidade, simplicidade,

informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a

conciliação ou transação. Como consequência disto, as sanções impostas pelo Código

de Processo Civil para os casos em que a parte se omita no dever de provocar a

intervenção de terceiro no processo não se aplicam nesta hipótese.