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PROFESSORES INICIANTES E O "CHOQUE DE REALIDADE" - O QUE NOS REVELAM ALGUMAS PESQUISAS AZEVEDO, Angelita Aparecida 1 - UFOP WILTEMBURG, Viviane Araújo 2 - UFOP Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência financiadora: não contou com financiamento Resumo Na discussão acerca da formação, profissão e condição docente, uma abordagem importante que a literatura tem nos apresentado e que requer novos estudos, é a do professor iniciante. Compreender o professor em seu início de carreira faz-se relevante e pertinente na medida em que pesquisas demonstram que o professor, nesta fase, vive o ‘choque de realidade’, conceituado por alguns autores, dentre os quais destacamos Lima (2006) que o define como “a diferença que há entre o que se aprende na formação inicial e o jeito como isso ocorre”(p.93). O presente artigo, caracterizado como Estado do Conhecimento, apresenta e discute os trabalhos inscritos na 28ª, 29ª, 34ª e 35º Reuniões Anuais da ANPED (Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação), nos anos de 2005/2006 e 2011/2012, no GT (Grupo de Trabalho) 8, Formação de professores, que se referem ao professor iniciante e quais constatações e reflexões , inseridas nestas pesquisas, dizem respeito ao "choque de realidade", vivenciado por professores em início de carreira. Observou-se, no levantamento feito em tal período, que a discussão sobre professor iniciante tem acontecido ainda de maneira incipiente, embora os dados demonstrem uma pequena elevação na porcentagem de trabalhos ao longo dos últimos anos. Diante desta constatação é possível afirmar a necessidade de novas pesquisas que abordem o professor em início de carreira, buscando compreender esta fase bem como servindo de fundamentação para políticas educacionais de apoio ao professor nesta fase da docência. O artigo procura também ampliar as reflexões acerca desta temática, relacionando o "choque de realidade" à Teoria das Representações Sociais. Palavras-chave: Professor iniciante. Choque de realidade. Representações sociais. 1 Graduada em História pela UFOP; mestranda em Educação pela UFOP; pesquisadora no Grupo de Pesquisa Formação e Profissão Docente – FOPROFI. e-mail: [email protected] 2 Graduanda em Letras pela UFOP, pesquisadora no Grupo de Pesquisa Formação e Profissão Docente – FOPROFI - e-mail: [email protected]

PROFESSORES INICIANTES E O CHOQUE DE REALIDADE - O QUE … · professor iniciante neste período tão difícil de sua profissão, que contribua em seu processo de tornar-se professor

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PROFESSORES INICIANTES E O "CHOQUE DE REALIDADE" - O

QUE NOS REVELAM ALGUMAS PESQUISAS

AZEVEDO, Angelita Aparecida1 - UFOP

WILTEMBURG, Viviane Araújo 2 - UFOP

Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente

Agência financiadora: não contou com financiamento

Resumo Na discussão acerca da formação, profissão e condição docente, uma abordagem importante que a literatura tem nos apresentado e que requer novos estudos, é a do professor iniciante. Compreender o professor em seu início de carreira faz-se relevante e pertinente na medida em que pesquisas demonstram que o professor, nesta fase, vive o ‘choque de realidade’, conceituado por alguns autores, dentre os quais destacamos Lima (2006) que o define como “a diferença que há entre o que se aprende na formação inicial e o jeito como isso ocorre”(p.93). O presente artigo, caracterizado como Estado do Conhecimento, apresenta e discute os trabalhos inscritos na 28ª, 29ª, 34ª e 35º Reuniões Anuais da ANPED (Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação), nos anos de 2005/2006 e 2011/2012, no GT (Grupo de Trabalho) 8, Formação de professores, que se referem ao professor iniciante e quais constatações e reflexões , inseridas nestas pesquisas, dizem respeito ao "choque de realidade", vivenciado por professores em início de carreira. Observou-se, no levantamento feito em tal período, que a discussão sobre professor iniciante tem acontecido ainda de maneira incipiente, embora os dados demonstrem uma pequena elevação na porcentagem de trabalhos ao longo dos últimos anos. Diante desta constatação é possível afirmar a necessidade de novas pesquisas que abordem o professor em início de carreira, buscando compreender esta fase bem como servindo de fundamentação para políticas educacionais de apoio ao professor nesta fase da docência. O artigo procura também ampliar as reflexões acerca desta temática, relacionando o "choque de realidade" à Teoria das Representações Sociais. Palavras-chave: Professor iniciante. Choque de realidade. Representações sociais.

1 Graduada em História pela UFOP; mestranda em Educação pela UFOP; pesquisadora no Grupo de Pesquisa Formação e Profissão Docente – FOPROFI. e-mail: [email protected] 2 Graduanda em Letras pela UFOP, pesquisadora no Grupo de Pesquisa Formação e Profissão Docente – FOPROFI - e-mail: [email protected]

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Introdução

Na discussão acerca da formação, profissão e condição docente, uma abordagem

importante que a literatura tem nos apresentado e que requer novos estudos, é a do professor

iniciante. A inserção na carreira docente, como bem salienta Lima (2006) é um momento

dotado de características bem peculiares, marcado por inúmeras dificuldades.

Garcia (1999, p.113) analisa este momento de iniciação na carreira como "um período

de tensões e aprendizagens intensivas em contextos geralmente desconhecidos, e durante o

qual os professores principiantes devem adquirir conhecimento profissional além de

conseguirem manter um certo equilíbrio pessoal".

De acordo com Huberman (1995)3 apud Papi (2011, p.2) o início da docência é um

momento no qual o professor depara-se com a realidade, nem sempre aquela idealizada por

ele em sua formação inicial, o que faz com que seus conhecimentos sejam "colocados em

xeque".

Nesses estudos têm-se enfocado o choque de realidade - conceituado por Garcia

(1999, p.28) como “o período de confrontação inicial do professor com as complexidades da

situação profissional.” - e as condições de permanência deste profissional na docência, apesar

de todas as agruras que vivencia.

Encontramos ainda uma definição de choque de realidade em Mariano (2006) citando

Veenmam (1988) como

a diferença entre o idealizado nos cursos de formação e o encontrado na realidade cotidiana das escolas. Esse choque é marcado pelo sentimento de sobrevivência, quando o iniciante se questiona: o que estou fazendo aqui? Em contrapartida, os professores podem experimentar o sentimento de descoberta, o sentir-se profissional, ter a sua sala de aula. É esta descoberta a mola propulsora para a permanência na profissão. (MARIANO, 2006, p.44)

Neste artigo, o intuito é identificar em pesquisas apresentadas na 28ª, 29ª, 34ª e 35º

Reuniões Anuais da ANPED (Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em

Educação), nos anos de 2005/20064 e 2011/2012, no GT (Grupo de Trabalho) 8, sobre

Formação de professores, quais pesquisas se referem ao professor iniciante e quais

3 HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995a. p. 31-61. 4 Pesquisa realizada por AZEVEDO, Angelita Aparecida. 2011. "Choque de realidade e representações Sociais: considerações preliminares". Universidade Federal de Ouro Preto, 2011. Trabalho não publicado

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constatações e reflexões , inseridas nestas pesquisas, dizem respeito ao "choque de realidade",

vivenciado por professores em início de carreira.

Este tipo de trabalho, denominado Estado do Conhecimento, foi realizado mediante as

seguintes etapas metodológicas: levantamento de todas as pesquisas, nos anos já citados, no

GT 18 da ANPED; leitura de todos os resumos para localizar as pesquisas que se

enquadravam na temática pretendida; leitura, na íntegra, dos trabalhos selecionados na etapa

anterior; escrita e análise dos dados. O presente artigo pretende-se ainda, ampliar as reflexões

acerca desta temática, relacionando o "choque de realidade" à teoria das Representações

Sociais.

Antes, porém, de adentrarmos nesta discussão, convém caracterizar o ciclo de vida

profissional dos professores, a fim de compreendermos que período é considerado como

sendo início de carreira. Os estudos de Huberman (1992) e Garcia (1999) nos ajudam nesta

compreensão. Segundo eles, os três primeiros anos constituem o início de carreira, período

marcado pelo tateamento, exploração e choque do real. Garcia salienta, no entanto, que essas

fases não são “passagem obrigatória” a todos, mas as pesquisas demonstram similaridades

significativas nesta etapa da vida profissional dos docentes. Destacamos também os estudos

de Imbernón (1998)5 apud PAPI (2011, p.1) que considera a etapa de iniciação docente,

período de até cinco anos, um período relevante para o processo de desenvolvimento

profissional do professor, já que a constituição do ser docente e do conhecimento profissional

se dá nestes anos iniciais através da prática docente.

O "choque de realidade" vivenciado por professores iniciantes

Valli6 (1992), citado por Garcia (1999, p. 114) considera que os principais problemas

enfrentados pelos professores em seu início de carreira são "a imitação acrítica de condutas

observadas noutros professores; o isolamento dos seus colegas; a dificuldade em transferir o

conhecimento adquirido na sua etapa de formação e o desenvolvimento de uma concepção

técnica do ensino."

Lima et al (2006, p.12-13), baseando-se em Tardif7 (2002); Tardif e Raymond8 (2000);

Marcelo Garcia9 (1999); Zabalza10 (1994), apresentam algumas características consideradas

5 IMBERNÓN, F. La formación y el desarollo profesional del profesorado: hacia uma nueva cultura profesional. 3.ed. Barcelona: Graó, 1998. 6 VALLI, L. Reflective education cases and critiques. Bew York: State University of New Press, 1992. 7 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002

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por eles como agruras no início da carreira, das quais enfatizamos: insegurança e submissão a

professores mais experientes, processos de tentativa marcados por erros e acertos,

conformismo às normas e regras; choque de realidade; influência das experiências enquanto

estudante.

Partindo dessa discussão sobre os professores em início de carreira, passaremos agora

a analisar as pesquisas apresentadas na 28ª e 29ª Reuniões Anuais da ANPED, anos 2005 e

2006 respectivamente e, a seguir, daremos continuidade a tal levantamento, abordando as

pesquisas apresentadas na 34ª e 35º Reuniões Anuais da ANPED, nos anos de 2011 e 2012.

Esse recorte temporal objetiva perceber possíveis similaridades de temáticas e discussões,

nestes dois períodos distintos.

Corsi (2005) procura em seu estudo responder à seguinte questão: "como professoras

iniciantes enfrentam situações que consideram difíceis e que significado atribuem à sua

própria atuação diante de tais situações?" Trata-se de uma pesquisa realizada com duas

professoras atuantes na rede municipal de São Carlos, SP. Como instrumento de coleta de

dados se destacou o uso de diários, nos quais as professoras registravam as dificuldades que

vivenciavam e o que faziam diante delas.

Dentre as dificuldades vivenciadas, uma das professoras se referiu ao mal

comportamento dos alunos, como a agressividade e a falta de interesse por parte deles, o que a

deixava com grande exaustão e com vontade de desistir. O sentimento de solidão diante desta

dificuldade também se fez presente em seus relatos. Cabe salientar que apesar dessa

dificuldade a professora demonstrava determinação em dar continuidade ao seu trabalho. A

outra professora demonstrou satisfações com relação ao comportamento de seus alunos, já

que os mesmos correspondiam às suas expectativas, ao seu ideal de aluno. As duas

professoras se referiram à dificuldade com o conteúdo, seja pela compreensão do mesmo ou

pela forma como trabalhá-lo. Algo comum observado também na pesquisa com as professoras

foi à ausência de um apoio pedagógico.

8 TARDIF, M.; RAYMOND, D. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Educação e Sociedade, Campinas, v. 21, n.73, p. 209-244, dez. 2000. 9 GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto (Portugal): Porto Editora, 1990. 10 ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos dos professores. Porto (Portugal): Porto Ed., 1994.

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Corsi finaliza chamando a atenção para a importância de oferecer aos professores

iniciantes oportunidades de discussão e reflexão acerca de sua prática pedagógica, em vista

das dificuldades que estes vivenciam em tal período.

Ferreira e Reali (2005) analisam um programa de iniciação à Docência para

professores de Educação Física e justificam a importância de tal programa pelas dificuldades

enfrentadas pelos professores em início de carreira, como: sentimento de solidão, já que não

há colaboração e estreitamento de relações entre professores iniciantes e os mais experientes.

Aliado a isso há a constatação de que aos professores iniciantes é sempre delegada uma classe

mais difícil, mais complicada e as exigências a esses profissionais são sempre as mesmas

daqueles professores mais experientes. Chamam atenção também quanto à falta de apoio do

ensino superior aos ex-alunos, recentes professores, e enfatizam a importância de programas

de apoio à docência na fase de início de carreira.

Figura 1 - Trabalhos apresentados no GT 08 ANPED no ano de 2005

Fonte: Dados organizados pelas autoras com base nos dados coletados na pesquisa.

A Figura 1 demonstra que de 45 trabalhos apresentados no GT 08 da ANPED, no ano

de 2005, 4% tratavam da temática professores iniciantes, o que corresponde a 2 trabalhos. Os

demais trabalhos, representando 96%, abordam outras temáticas relacionadas à formação de

professores.

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Rocha (2006), apresenta um trabalho que se relaciona diretamente ao apresentado por

ela na 27ª Reunião da ANPED, no ano de 2004. Aquele era parte de sua dissertação de

mestrado, que teve por objetivo responder à seguinte questão: como se configura a

aprendizagem do início da docência de uma professora doutora atuando nas séries iniciais do

ensino fundamental? Os dados da referida pesquisa demonstram algumas dificuldades da

professora: indisciplina dos alunos e estabelecimento de regras, o que a fazia a usar métodos

coercitivos; lidar com a heterogeneidade dos alunos; falta de motivação da turma.

Essa pesquisa motivou Rocha a escrever um novo trabalho na ANPED, este sim,

apresentado em 2006, no qual ela defende a importância de uma política que favoreça o

professor iniciante neste período tão difícil de sua profissão, que contribua em seu processo

de tornar-se professor.

Nono e Mizukami (2006) tiveram como sujeitos de sua pesquisa professores iniciantes

que atuam na educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental com tempo de serviço

entre 02 e 05 anos. Utilizaram-se de casos de ensino para analisar os processos formativos de

tais professores. Concluiu-se que os professores fazem vários entrecruzamentos ao

descreverem suas trajetórias e processos formativos, relacionando a eles a

escolarização prévia, formação inicial, exigências da prática, escola/ambiente de trabalho, políticas públicas educacionais, conhecimentos fundamentais para enfrentar os primeiros anos de ensino, fontes de aprendizagem profissional, pais e alunos, aprendizagens vividas no início na carreira, principais dificuldades, obstáculos, desafios, preocupações, dilemas e interesses encontrados na entrada na carreira.(NONO; MIZUKAMI, 2006, p.8)

Embora não explicitem quais são as principais dificuldades encontradas pelos

professores, Nono e Mizukami (2006, p. 09) salientam que o modo de viver este momento de

início de carreira é singular a cada professor e que eles "sobreviveram às maiores

dificuldades, passando a aceitar a ansiedade e os conflitos como característicos da docência e

como fontes de aprendizagem profissional, desenvolvendo maior segurança e domínio sobre

as situações cotidianas que enfrentam” e que mobilizam conhecimentos para o exercício de

sua prática pedagógica.

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Figura 2 - Trabalhos apresentados no GT 08 ANPED no ano de 2006

Fonte: Dados organizados pelas autoras com base nos dados coletados na pesquisa.

A figura 2 demonstra que de 29 trabalhos apresentados no GT 08 da ANPED, no ano

de 2006, 7% tratavam da temática professores iniciantes, o que corresponde a 2 trabalhos. Os

demais trabalhos, representando 93%, abordam outras temáticas relacionadas á formação de

professores.

Passados alguns anos de estudos na área da educação, vejamos com que recorrência a

discussão sobre os professores iniciantes tem se dado.

Oliveira (2011) discute uma experiência formadora de professores iniciantes no

Ensino Superior de uma Universidade Federal da Região Sul, a partir de um convênio, que

envolveu o Brasil e Portugal, intitulado Programa CICLUS. Tal programa objetivou

conhecer, através das histórias de vida, as representações dos docentes no que se refere à sua

formação e papel enquanto docente. Tal programa de caráter investigativo e formativo

possibilitou a compreensão de processos de ensino e aprendizagem que os sujeitos professores

vivenciam.

Papi (2011) buscou discutir o desenvolvimento profissional de professores iniciantes

bem-sucedidos, mesmo diante das dificuldades no início da docência, a partir da análise de

dois sujeitos (Joana e Luana), professoras da rede pública municipal atuantes nas séries

iniciais do Ensino Fundamental. A pesquisa identifica as dificuldades vivenciadas pelas duas

professoras, como dependência da pedagoga, sentimento de solidão, burocratização das

atividades escolares que aumenta as atividades docentes, dentre elas a pressão e insegurança

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decorrentes das avaliações externas. Dentre as constatações deste estudo (PAPI, 2011, p. 14),

a autora destaca que "a existência de pressupostos coerentes com o sistema capitalista, que

interferem como determinantes no processo de desenvolvimento profissional de Joana e

Luana, conduzem as professoras a responder burocraticamente às demandas. Eles dificultam a

participação das professoras nos processos decisórios e o desenvolvimento de posturas

colaborativas, embora não limitem totalmente a ação docente”. Constatou-se ainda que não

há, por parte da Secretaria Municipal de Educação, nenhuma política de acompanhamento aos

professores iniciantes; ações isoladas, com este intuito, podem acontecem na própria escola.

Observou-se, ainda, que o desenvolvimento profissional dos professores se dá, ora por

atendimento às exigências do sistema, ora por reação/resistência ao mesmo.

Figura 3 - Trabalhos apresentados no GT 08 ANPED no ano de 2011

Fonte: Dados organizados pelas autoras com base nos dados coletados na pesquisa.

A figura 3 demonstra que de 22 trabalhos apresentados no GT 08 da ANPED, no ano

de 2011, 9% tratavam da temática professores iniciantes, o que corresponde a 2 trabalhos. Os

demais trabalhos, representando 91%, abordam outras temáticas relacionadas á formação de

professores.

Rocha e Aguiar (2012) discutem a aprendizagem da docência, a construção da

identidade e profissionalidade docente no contexto universitário. Embora não seja um

trabalho específico sobre professores iniciantes, nos apresenta elementos importantes para se

pensar as fases da carreira docente e as características próprias do professor iniciante. Os

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sujeitos da pesquisa foram professores que trabalham em cursos universitários, de formação

de professores que, em sua maioria, não possui formação pedagógica específica para esta

tarefa. Daí, as dificuldades inerentes à função, pois para se formar professores não é

suficiente, aos formadores, uma formação específica de determinada área do conhecimento,

mas sim uma formação mais ampla, com conteúdos pedagógicos, que dê conta da

complexidade que envolve a docência. No entanto, em termos legais não existe esta

exigência, o que possibilita a entrada de profissionais no meio universitário, muitas vezes sem

condições de assumir plenamente esta função.

Rocha e Aguiar (2012, p.5) apontam ainda, baseando-se em Feiman11 (1990) que a

formação do professor é “um processo contínuo, sistemático, organizado que perpassa toda a

carreira docente, a qual se consubstancia em quatro fases". Essas fases compreendem a

vivência do professor enquanto este ainda era estudante, a sua formação inicial, a iniciação na

carreira e a formação continuada. As autoras nos apresentam ainda alguns desafios

enfrentados pelos professores do ensino superior, dos quais destacamos a falta de preparação

para o exercício da docência; a repetição acrítica de modelos de professores mais experientes,

pelo menos no início da docência; falta da dimensão coletiva no ambiente de trabalho, sendo

muitas vezes desenvolvido de maneira solitária e isolado; falta de acompanhamento. Todos

esses desafios sugerem a importância de uma melhor formação inicial para o exercício da

docência, como também a necessidade de formação continuada na universidade.

Sá (2012) discute a socialização de professores de História, iniciantes na carreira, em

dois períodos distintos: década de 70 e anos 2000. Foram tidos como sujeitos 22 professores

destes dois períodos, visando identificar como cada grupo vivenciou seu processo de inserção

e socialização na carreira, bem como sua relação com as condições sociais de sua época.

Expressões como "Prá mim, aquilo era um outro mundo", "Cair de paraquedas", "ser entregue

às feras", " Eu comecei reproduzindo", foram expressões utilizadas pelos professores sujeitos

da pesquisa, em ambas as épocas. A autora chama a atenção ainda ao fato de que raras às

vezes os professores atribuíram as dificuldades no início da docência a uma incapacidade sua,

mas estavam conscientes do contexto no qual estas dificuldades surgiam e possíveis

explicações para as mesmas; bem como compreendiam a complexidade que envolve o

processo educativo. Dentre os aspectos que produzem esta complexidade, destacam a

dificuldade em se trabalhar com o tempo histórico, bem como as limitações em sua formação 11 FEIMAN, S. Teacher Preparation: structural and conceptual alternatives. In: HOUSTOUN, R. (ed.). Handbook of Research on Teacher Educacion. New York: Macmillan, 1990. p. 212- 233

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inicial. Aponta ainda para a importância das relações vivenciadas no ambiente escolar, do

planejamento das aulas e a busca por interlocutores, por pessoas para compartilhar suas

necessidades, anseios, descobertas.

Um aspecto que sobressaiu, na comparação da vivência dos professores destes dois

períodos, foi a relação destes com a escola e seus alunos, bem como a posição e "status" que

os professores assumiram nestes diferentes contextos.

Figura 4- Trabalhos apresentados no GT 08 ANPED no ano de 2012

Fonte: Dados organizados pelas autoras com base nos dados coletados na pesquisa.

A figura 4 demonstra que de 22 trabalhos apresentados no GT 08 da ANPED, no ano

de 2012, 9% tratavam da temática professores iniciantes, o que corresponde a 2 trabalhos. Os

demais trabalhos, representando 91%, abordam outras temáticas relacionadas à formação de

professores.

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Figura 5- Evolução das Pesquisas sobre Professores Iniciantes no GT 08 da ANPED

Fonte: Dados organizados pelas autoras com base nos dados coletados na pesquisa.

A figura 5 nos permite visualizar a porcentagem de pesquisas que abordam a temática

professores iniciantes, em comparação às demais temáticas, no GT 08 da ANPED, nos anos

de 2005/2006 e 2011/2012. Percebe-se um crescimento na porcentagem de pesquisas, já que

no ano de 2005 tais pesquisas representavam 4% do total, no ano de 2006 houve uma

elevação para 7%. Esse número aumenta em 2011, quando a porcentagem chega a 9%, valor

que permanece em 2012.

"Choque de realidade" e Teoria das Representações Sociais: possíveis interlocuções

Ao se pensar sobre a vivência do professor em início de carreira, momento em que se

vive o choque de realidade, Huberman (1992) nos apresenta um questionamento importante:

“Que imagem é que as pessoas têm de si, como professores, em situação de sala de aula, em

momentos diferentes de sua carreira?” (p.35). Tal questão nos instiga a investigar as

representações sociais do professor acerca de si, da sua profissão, de seus alunos e a perceber

o entrecruzamento dessas representações e do fenômeno considerado choque de realidade.

Moscovici (2010), introduz a discussão acerca das representações sociais -

considerada por ele como um fenômeno - no âmbito da psicologia social, demonstrando o

entrecruzamento das ciências sociais e da psicologia na compreensão de como os

conhecimentos se formam, se constroem. Procurou compreender de que forma esses

conhecimentos constituem a identidade dos grupos.

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Bower 12(1977:58), citado por Moscovici (2010, p.32) nos apresenta uma definição

clara acerca das representações, como um “conjunto de estímulos feitos pelos homens, que

têm, a finalidade de servir como um substituto a um sinal ou som que não pode ocorrer

naturalmente.

As Representações Sociais são compreendidas ainda, como

entidades quase que tangíveis. Elas circulam, se entrecruzam e se cristalizam continuamente, através duma palavra, dum gesto, ou duma reunião, em nosso mundo cotidiano. Elas impregnam a maioria de nossas relações estabelecidas, os objetos que nós produzimos ou consumimos e as comunicações que estabelecemos (MOSCOVICI, 2010, p.10).

Ora, essa influência que as representações possuem sobre nós, deve ser analisada com

critérios. Daí a importância de se pensar as representações que o professor carrega, pois

sabemos que elas interferem diretamente na sua maneira de ser docente.

Dubar (1997), ao discutir sobre socialização nos oferece pistas importantes acerca das

representações sociais, na medida em que considera as “representações de mundo” como uma

construção individual, que se faz gradativamente utilizando-se de imagens diversas que

constituem a realidade do sujeito. Salienta que as representações não são impostas e

assimiladas acriticamente, mas, sobretudo, reinterpretadas.

Arroyo (2011) atribui às dificuldades encontradas pelos professores, ao significado das

imagens e representações que possuem de seus alunos (seja na infância, adolescência e

juventude) e deles próprios, enquanto profissionais. Partindo desse pressuposto, poderíamos

então, arriscar a dizer que o "choque de realidade" pode ser amenizado se as imagens que os

professores trazem consigo fossem reestruturadas, ou, como questiona Arroyo (2011, p.66):

"Como construiremos imagens mais autônomas, mais profissionais de nossa docência?

Construindo imagens menos estereotipadas, mais realistas dos alunos." Essa questão deve

nos impulsionar a investigar mais esta temática.

Considerações Finais

Este texto teve como objetivo identificar pesquisas relacionadas ao início da carreira

docente, sobretudo ao "choque de realidade" vivenciado por professores, em trabalhos

12 BOWER, T. The Perceptual World of the Child. Londres: Fontana, 1977.

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apresentados na ANPED, no GT 8, nos anos de 2005/ 2006, 2011/2012. Procurou também,

analisá-las, mesmo que de forma incipiente, à Teoria das Representações Sociais.

Cabe-nos uma nota diante da constatação de que a temática Professores Iniciantes tem

sido muito pouco explorada em nossas pesquisas. Os levantamentos feitos e representados em

gráficos, nos mostram uma elevação no percentual de pesquisas com esta temática mas, de

forma muito tímida e pequena diante da necessidade latente em se discutir mais essa

problemática que os professores vivenciam.

Mesmo tendo as pesquisas diferentes enfoques, pudemos perceber através delas que o

"choque de realidade" é algo presente nos professores em início de carreira, embora cada um

o vivencie de uma maneira. Sentimentos como solidão, dificuldade diante da indisciplina e

heterogeneidade dos alunos; dificuldade no trato com os pais; dificuldades com o conteúdo,

dentre outros, são evidenciados. Entretanto, é recorrente também a constatação de que o

sentimento de "descoberta" impulsiona este profissional a continuar o seu trabalho mesmo

diante de todas as dificuldades.

No texto intitulado O início da docência e o espetáculo da vida na escola: abrem-se

as cortinas, o autor Mariano (2006) tece as considerações sobre a entrada do professor na

profissão, comprando-a a uma peça teatral. Com uma linguagem simbólica e bastante

significativa, reflete sobre os três atos do início da docência, sendo o primeiro o “choque da

realidade”, o segundo “a sobrevivência” e o terceiro “a descoberta”. Chamamos a atenção

para este ‘terceiro ato’ que nos ajuda a pensar: Por que o professor continua na profissão

apesar de todos os problemas, todas as dificuldades, todas as ‘agruras’? Sobre ele, a reflexão a

seguir nos ajudará a buscar vestígios sobre este questionamento.

Alguns acham que é só dizer: fiquei por amor à plateia, por amor à arte, por amor ao que faço. Isto é um bom sinal: gostar do que fazemos. Mas, que tipo de amor é esse que impulsiona nossos atores a improvisar, a conseguir driblar uma cena mal iluminada, um cenário fora do lugar, um tropeção no meio da peça? Algo diferente existe neste amor? Arriscamo-nos a dizer que é o amor compromissado: o amor que enxerga tanto as limitações da atuação quanto a frustração da plateia e acredita, sempre, que a próxima atração pode e deve ser melhor. O amor que provoca a necessidade de melhorar sempre, estudar mais, ensaiar mais, atuar mais, olhar mais para a plateia e prestar atenção à reação desta. (MARIANO, 2006, p. 22)

Este desejo em continuar, impulsionado pelo amor compromissado, pode ser inibido,

ora diante da solidão a que o professor muitas vezes está submetido, ora pela dominação de

outros (professores mais experientes, sistema educacional de maneira mais ampla,...). “E será

que precisamos aceitar tudo passivamente? Não podemos dizer que o texto está incoerente, o

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cenário precisa ser mais bem montado, ter um pouco mais de colorido e de brilho? Tudo isso

depende muito do espaço que conseguimos conquistar e da competência que demonstramos

ter” (Idem, p.24).

Valhemo-nos também da Teoria das representações Sociais para buscar uma possível

aproximação e compreensão acerca do "choque de realidade".

Não podemos deixar de afirmar a importância e urgência de um programa educacional

de apoio aos professores iniciantes, o que ainda no Brasil não se constitui uma política, mas

sim, ações isoladas. Como bem salienta Arroyo (2011, p.405), "Os educandos são outros, seus

mestres são outros, logo as políticas públicas, sociais e educativas não podem ser as mesmas”.

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