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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP JULIANE RANIRO PROFESSORES INICIANTES EGRESSOS DA PEDAGOGIA EAD NA RELAÇÃO COM OS SABERES DA AÇÃO PEDAGÓGICA ARARAQUARA S.P. 2017

PROFESSORES INICIANTES EGRESSOS DA ...A minha filha Alice por ser tão boa e me permitir trabalhar e ao meu marido Fernando, por me apoiar, me ajudar muito, financiar o meu desejo

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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Faculdade de Ciências e Letras

Campus de Araraquara - SP

JULIANE RANIRO

PROFESSORES INICIANTES EGRESSOS DA

PEDAGOGIA EAD NA RELAÇÃO COM OS

SABERES DA AÇÃO PEDAGÓGICA

ARARAQUARA – S.P.

2017

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JULIANE RANIRO

PROFESSORES INICIANTES EGRESSOS DA

PEDAGOGIA EAD NA RELAÇÃO COM OS

SABERES DA AÇÃO PEDAGÓGICA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Educação Escolar da

Faculdade de Ciências e Letras –

Unesp/Araraquara, como requisito para

obtenção do título de Doutor em Educação

Escolar.

Linha de pesquisa: Formação do Professor,

Trabalho Docente e Práticas Pedagógicas

Orientador: Profª Dr.ª Maria José da Silva

Fernandes

Coorientador: Profª Dr.ª Maria Regina

Guarnieri

ARARAQUARA – S.P.

2017

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JULIANE RANIRO

PPPRRROOOFFFEEESSSSSSOOORRREEESSS IIINNNIIICCCIIIAAANNNTTTEEESSS EEEGGGRRREEESSSSSSOOOSSS DDDAAA

PPPEEEDDDAAAGGGOOOGGGIIIAAA EEEAAADDD NNNAAA RRREEELLLAAAÇÇÇÃÃÃOOO CCCOOOMMM OOOSSS

SSSAAABBBEEERRREEESSS DDDAAA AAAÇÇÇÃÃÃOOO PPPEEEDDDAAAGGGÓÓÓGGGIIICCCAAA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Educação Escolar da

Faculdade de Ciências e Letras –

UNESP/Araraquara, como requisito para

obtenção do título de Doutor em Educação

Escolar.

Linha de pesquisa: Formação do Professor,

Trabalho Docente e Práticas Pedagógicas

Orientador: Profª Dr.ª Maria José da Silva

Fernandes

Coorientador: Profª Dr.ª Maria Regina

Guarnieri

Data da defesa: 11/08/2017

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:

Presidente e Orientador: Profª Drª. Maria José da Silva Fernandes

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Coorientador: Profª Drª. Maria Regina Guarnieri

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

_____________________________________________________________________________

Membro Titular: Profª Drª. Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Membro Titular: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

_____________________________________________________________________________

Membro Titular: Profª Drª. Márcia Regina Onofre

Universidade Federal de São Carlos

Membro Titular: Profª Drª. Luciana Maria Giovanni

Pontifícia Universidade Católica

Local: Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Ciências e Letras

UNESP – Campus de Araraquara

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A minha boneca Alice... Tão pequena, tão encantadora e

tão compreensível com a profissão e os caminhos escolhidos pela mamãe...

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AGRADECIMENTOS

Quatro anos... Quatro anos lendo, estudando, contando, questionando, escrevendo,

compartilhando com todos a minha volta sobre esta pesquisa.... Um tempo

considerável.... Cresci muito como pessoa e formadora de pessoas...

Recordar toda trajetória deste trabalho me faz rememorar muitas pessoas queridas

que, de alguma forma, estiveram presentes em mais esta realização.

Deus...

Obrigada por me amparar, entender meus sonhos e me

proporcionar mais esta oportunidade.

Família...

Muito obrigada por tudo! Amo muito vocês...

A minha filha Alice por ser tão boa e me permitir trabalhar e ao meu marido

Fernando, por me apoiar, me ajudar muito, financiar o meu desejo e não me deixar

desistir da carreira docente.

Ao meu pai e minha mãe por me fazerem amar a educação. Foi compartilhando do

mesmo ambiente com eles, que aprendi o verdadeiro sentido da palavra amor. A minha

irmã Viviane pelo carinho, pelos elogios e pela aprovação constante da minha certeza

em ser professora.

Em especial, como força maior, agradeço a minha irmã Caroline – companheira

ímpar de carreira, uma parceira impecável na profissão e na vida. Obrigada você

também, por ter tantas ou todas as respostas...

A todos da família Donatoni, Raniro e Hehl pela ajuda e compreensão infinita com

ausências e compromissos de estudo e trabalho.

Professoras...

Obrigadíssima professora Maria Regina! Não tenho palavras para agradecer a

oportunidade e o acolhimento que me deu. Levarei seus ensinamentos, seus saberes,

seu companheirismo e sua alegria para o resto de minha vida.

Obrigada professora Maria José por me acolher como orientadora nesta etapa final

e por me ensinar tanto. Sou muito grata pela sua generosidade, seus cuidados, ideias e

sugestões para minha tese.

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Professores convidados...

Márcia Onofre, Silvia Sigolo, Luciana Giovanni e Edson Inforsato - agradeço

imensamente a disponibilidade de vocês. As contribuições preciosas que sempre deram,

seja na qualificação, desde o meu mestrado, em textos e artigos e em aulas presenciais

foram primordiais nestes anos em que me dediquei ao aperfeiçoamento intelectual e

profissional.

Aos participantes da pesquisa...

Tenho que agradecer muito vocês por todo o carinho e dedicação.... Agradecer por

terem preenchido o questionário da pesquisa com tanto cuidado. Agradecer por terem

encontrado um tempinho para conversarem comigo, com tantos afazeres de um

professor. Muito obrigada por me banharem de experiências e saberes da ação

pedagógica. De coração!

Aos amigos...

A todos os meus amigos de trabalho.... Quanta troca de saberes! Mas

principalmente à Giani e Halima por serem tão companheiras neste período, me

ajudando a realizar testes e dando ouvidos as minhas angústias e desabafos.

À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”...

Agradeço a universidade pela estadia maravilhosa, aos professores do curso de

Pós-Graduação em Educação Escolar pelas aulas recheadas de sabedoria e aos

funcionários pela ajuda e cordialidade.

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A situação atual apresenta-se, assim, propícia a uma reflexão profunda a respeito da formação de professores e da profissão docente. É evidente,

porém, que essa reflexão não deve se limitar às dimensões técnicas ou organizacionais. Ela deve considerar o próprio cerne da problemática do

ensino que consiste em caracterizar (se é que isso é possível, evidentemente) a natureza dos saberes subjacentes ao ato de ensinar, isto é, o conjunto dos conhecimentos, competências e habilidades que servem de alicerce à prática concreta do magistério e que poderão, eventualmente, ser

incorporados aos programas de formação de professores. (Clermont Gauthier, 2013)

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RESUMO

No trabalho com o Ensino Superior, em cursos de Pedagogia e de formação de

professores apenas o enfoque do ensino e a mera transmissão de conhecimentos parece

não ser suficiente para compor docentes preparados para a atuação pedagógica. Deve-se

assim, refletir sobre até que ponto a universidade cumpre o seu papel e não se torna um

espaço distante quando se pensa na formação e constituição integral de futuros

professores. Como os profissionais formados em cursos de Pedagogia a distância, que

são iniciantes na carreira docente analisam sua formação, reconhecem e relacionam os

saberes da ação pedagógica ao exercício de sua profissão? Esta foi a questão de

pesquisa que conduziu esta tese. Os objetivos estabelecidos contemplaram a

caracterização dos egressos que realizaram Pedagogia EaD; a identificação e o

reconhecimento de saberes revelados por professores iniciantes para atuar na sala de

aula e a discussão sobre as possíveis contribuições para a formação docente dos cursos

de educação online. Os principais apoios teóricos se pautam em estudos referentes à

área de educação, no que tange aos saberes docentes, relacionados à formação e atuação

de professores iniciantes, como Gauthier et.al. (1998); Guarnieri (1996, 2010); Gatti e

Barreto (2009); Libâneo e Pimenta (2002); Tardif (2002) e outros autores da educação a

distância como Almeida; Iannone e Silva (2011); Moran (2002) e Belloni (2009). A

partir da análise qualiquantitativa, esta pesquisa trilhou um caminho envolvendo o uso

de questionários aplicados em cinquenta e sete egressos e a realização de entrevistas

semiestruturadas com sete professoras iniciantes, ambos de cursos de Pedagogia EaD. O

mapa traçado neste estudo concluiu que o perfil dos egressos se caracteriza por sujeitos

que já possuem idade acima de vinte anos, apresentam experiência na área de atuação e

estão procurando um reposicionamento ou um reenquadramento no mercado de

trabalho, sendo poucos os professores em início de carreira. A análise das entrevistas

realizadas com as sete professoras iniciantes revelou os seguintes saberes da ação

pedagógica: estudar constantemente, compreender práticas e conteúdos, conhecer e

entender os alunos e as relações escolares, ser versátil, organizar-se, preparar rotinas,

desenvolver a capacidade de planejar-se, falar e se comunicar com todos. Tais

elementos são primordiais para o exercício da docência. Ao que tudo indica, as egressas

iniciantes parecem dominar saberes relacionados a organização do trabalho e a estrutura

das atividades, buscam aperfeiçoar-se nos saberes relacionados ao planejamento, à

interação dos alunos, ao ensino, às medidas disciplinares e a quantidade de instrução.

Na mesma direção do que foi coletado pelo questionário respondido pelos egressos, a

percepção das iniciantes entrevistadas também deixa claro que, o curso de Pedagogia a

distância propiciou saberes que as ajudaram a desenvolver a docência, porém afirmaram

que os saberes foram mais desenvolvidos com a própria ação do trabalho, na prática, do

que com o curso de formação inicial, o que fez com que a maioria delas não se sentisse

totalmente preparada para lecionar. Tais apontamentos confirmam a hipótese de que o

distanciamento do curso de formação inicial da real situação de sala de aula também se

faz presente nessa modalidade de formação. A pesquisa procurou trazer referências para

as licenciaturas em diferentes áreas de conhecimento e, também, para outros cursos de

graduação a distância, visto que a integração de dimensões científicas e práticas devem

fundamentar e não segmentar o desenvolvimento dos saberes docentes, aprimorando o

caminho de formação de professores no contexto da realidade brasileira.

Palavras-chave: Pedagogia; Educação a Distância; Egressos; Professores iniciantes;

Saberes docentes.

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ABSTRACT

At the work with Higher Education, in Pedagogy School and teacher training, only the

focus of teaching and the mere transmission of knowledge seems not to be enough to

make teachers prepared for the pedagogical performance. Should be reflected on the

extent to which the university fulfills its role and does not become a distant space when

we think of the formation and integral constitution of future teachers. How do the

professionals graduated in Distance Pedagogy Schools who are beginners in the

teaching profession analyze your training, recognize and relate the knowledge of the

pedagogical action to the exercise of their profession? This was the research question

that led to this thesis. The established objectives contemplated the characterization of

the graduates that realized Distance Pedagogy Schools: the identification and

recognition of knowledge revealed by beginning teachers to work in the classroom and

the discussion about possible contributions to the teacher training of Online Education

Schools. The main theoretical support is based on studies in the field of education, in

relation to the teaching knowledge related to the training and performance of beginning

teachers, such as Gauthier et.al. (1998); Guarnieri (1996, 2010); Gatti and Barreto

(2009); Libâneo and Pimenta (2002); Tardif (2002) and other authors of distance

education as Almeida; Iannone and Silva (2011); Moran (2002) and Belloni (2009).

Based on the quantitative and qualitative analysis, this research coursed a path involving

the use of questionnaires applied with fifty-seven graduates and the conduction of semi-

structured interviews with seven beginning teachers, both of courses in Pedagogy EaD.

The map delineated on this study concluded that the profile of graduates is characterized

by subjects who are already over 20 years old, have experience in the actuation area and

are looking for a repositioning or reframing in the labour market, with few teachers

which are at the beginning of their careers. The analysis of the interviews accomplished

with the seven beginning teachers showed the following knowledge of the pedagogical

action: to study constantly, to understand practices and contents, to know and

understand students and school relations, to be versatile, to organize themselves, to

prepare routines, develop the ability to plan, talk and communicate with everyone.

These elements are essential for teaching. In all probability, the beginning teachers seem

to dominate knowledge related to work organization and the structure of the activities,

they seek to perfect themselves in the knowledge related to the planning, the interaction

of the students, the teaching, the disciplinary measures and the amount of instruction. At

the same direction that was collected in the questionnaire answered by the graduates, the

perception of the interviewed beginners also makes it clear that, the distance pedagogy

course provided knowledge that helped them to develop teaching, but they affirmed that

the knowledge was more developed with the own practice work than with the initial

formation course, which meant that most of them did not feel fully prepared to teach.

Such notes confirm the hypothesis that the distance from the initial formation course

and the real classroom situation is also present on this formation modality. The research

looked for to bring references to graduation degrees in different areas of knowledge, and

also to other distance graduation courses, once the integration of scientific and practical

dimensions should support and do not segment the development of teaching knowledge,

improving the formation path of teachers in the context on the Brazilian reality.

Key words: Pedagogy; Distance Education; Graduates; Beginning teachers; Teacher

knowledge.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Egressas do curso de Pedagogia EaD iniciantes na carreira docente 119

Quadro 2 Perfil das professoras iniciantes entrevistadas 132

Quadro 3 Cognomes das professoras iniciantes 133

Quadro 4 Categorias descritas a partir de Gauthier et al. (2013) 155

Quadro 5 Saberes – Gestão da Matéria 168

Quadro 6 Saberes – Gestão da Classe 179

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Perfil dos egressos: idade 84

Tabela 2 Perfil dos egressos: grau de instrução 87

Tabela 3 Perfil dos egressos: curso de graduação anterior (modalidade) 88

Tabela 4 Perfil dos egressos: outras áreas de atuação 89

Tabela 5 Perfil dos egressos: anos de atuação na educação formal 92

Tabela 6 Perfil dos egressos: tipo de atuação docente 94

Tabela 7 Perfil dos egressos: outros segmentos da educação 95

Tabela 8 Perfil dos egressos: tipo de instituição que atua 96

Tabela 9 Perfil dos egressos: motivação em cursar Pedagogia 97

Tabela 10 Curso de Pedagogia EaD: dificuldades encontradas 103

Tabela 11 Curso de Pedagogia EaD: mudanças significativas 107

Tabela 12 Curso de Pedagogia EaD: conteúdos a serem mais estudados durante a

graduação

108

Tabela 13 Curso de Pedagogia EaD: sugestões para aprimorar o curso 116

Tabela 14 Perfil das egressas iniciantes: motivação em cursar Pedagogia 121

Tabela 15 Curso de Pedagogia EaD: dificuldades encontradas pelas egressas iniciantes 122

Tabela 16 Curso de Pedagogia EaD: sugestões para aprimorar o curso de acordo com a

opinião das egressas iniciantes

127

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABED Associação Brasileira de Educação a Distância

BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CFE Conselho Federal de Educação

CNE Conselho Nacional de Educação

CP Conselho Pleno

EaD Educação a Distância

Enade Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

EJA Educação de Jovens e Adultos

IES Instituições de Ensino Superior

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

MEC Ministério da Educação

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NEAD Núcleo de Educação a Distância

ONG Organização não-governamental

SEED Secretaria de Educação a Distância

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

UAB Universidade Aberta do Brasil

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNESP Universidade Estadual Paulista

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

Da trajetória da pesquisadora aos objetivos da pesquisa ...............................................

16

SEÇÃO 1

Professores em formação ...............................................................................................

26

1.1 Formação de professores no Ensino Superior .......................................................... 27

1.2 O profissional iniciante como um educador em formação ...................................... 35

1.3 Os saberes da formação docente .............................................................................. 42

SEÇÃO 2

O curso de Pedagogia e a Educação a Distância ............................................................

46

2.1 O ensino e a Educação a Distância .......................................................................... 47

2.2 Pedagogia e ensino a distância como um espaço de constituição docente .............. 57

SEÇÃO 3

Delineando a trajetória metodológica da pesquisa realizada .........................................

71

3.1 Os caminhos da pesquisa ......................................................................................... 72

3.2 Os questionários ....................................................................................................... 75

3.3 As entrevistas ........................................................................................................... 78

SEÇÃO 4

Desvendando os participantes da pesquisa ....................................................................

82

4.1 Conhecendo o perfil dos egressos ............................................................................ 83

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4.2 Conhecendo a percepção dos egressos sobre o curso de Pedagogia EaD realizado. 100

4.3 O perfil dos professores iniciantes e suas percepções sobre o curso de graduação

realizado .........................................................................................................................

118

SEÇÃO 5

Analisando as falas das professoras iniciantes ...............................................................

129

5.1 As professoras iniciantes ......................................................................................... 130

5.2 Saberes e percepções sobre a formação docente ...................................................... 136

5.3 Gestão da Matéria .................................................................................................... 156

5.4 Gestão da Classe ...................................................................................................... 168

CONSIDERAÇÕES

Reflexões sobre a pesquisa, seus resultados e possíveis encaminhamentos ..................

180

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 188

APÊNDICES 202

Apêndice A – Termo de consentimento livre e esclarecido para os participantes da

pesquisa ..........................................................................................................................

203

Apêndice B – Questionário para coleta de dados .......................................................... 205

Apêndice C – Entrevista – Roteiro ................................................................................ 209

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INTRODUÇÃO

Da trajetória da pesquisadora aos objetivos da pesquisa

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17

Introdução

Da trajetória da pesquisadora aos objetivos da pesquisa

Como pedagoga e arte educadora, a educação sempre foi algo que me instigou

por estar em permanente transformação. Iniciei meu trabalho como professora muito

nova, dentro da Educação Infantil, fiz o magistério e posteriormente o curso de

Pedagogia. Durante o curso me envolvi muito com a área de artes, e acabei assim

aperfeiçoando meus estudos e atuando como professora, principalmente de música.

Trabalhei em muitas escolas, com diferentes metodologias e em variados contextos.

A partir da junção dos dois campos, educação e artes, com a experiência

adquirida no decorrer dos anos e com a realização do mestrado, me adentrei na área de

Formação de Professores, ministrando cursos de longa e curta duração, disciplinas na

graduação e na pós-graduação. Desta forma, há quase 10 anos venho atuando no Ensino

Superior, em cursos de licenciatura presenciais e a distância, e é nesta função que

encontrei minha identidade profissional e pessoal. Todas as disciplinas ministradas por

mim envolveram didática e prática e ensino na docência.

Sempre procurei durante a minha ação como educadora, não apenas enfocar o

ensino e a transmissão de conhecimentos, mas educar integralmente os sujeitos,

trabalhando valores e atitudes culturais essenciais para o desenvolvimento humano.

No período em que cursava o mestrado, na Universidade Federal de São Carlos,

comecei a atuar como professora substituta no curso de Música – Licenciatura, nas

modalidades presenciais e a distância, desta instituição. Esta experiência me

proporcionou mais oportunidades de emprego com formação de professores e o ingresso

como docente do curso de Pedagogia, em outras instituições.

Considerando-me protagonista atuante dentro deste contexto já familiar e por

meio do trabalho realizado, senti motivação em estudar mais profundamente a

formação, bem como o trabalho docente e as práticas pedagógicas de professores

iniciantes formados no curso de Pedagogia, na modalidade a distância, da qual aprendi a

trabalhar e gostar. Neste modelo de ensino já atuei como aluna e desde 2008

desempenho os papeis de tutora presencial, a distância e professora responsável por

disciplinas da graduação e da pós-graduação.

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Durante toda a minha atuação pude observar as aflições e ansiedades dos alunos

enquanto professores inexperientes que desconhecem a prática do trabalho ou até

mesmo de egressos que sempre me procuravam, ora para reafirmar o que foi aprendido,

ora para sanar dúvidas, pedir sugestões ou relatar afazeres realizados na escola ou em

outros ambientes educativos. Percebia a necessidade de os alunos serem formados e

informados sobre questões práticas e diárias do funcionamento da escola, dos desafios

da profissão, dos rumos a seguir, por onde iniciar o seu trabalho, entre outras angústias

indispensáveis para a realização docente.

Oliveira (2007) expõe que ao pesquisador cabe gostar do tema – que deve estar

relacionado à vida pessoal ou profissional deste, com suas experiências, para que se

tenha prazer em falar e escrever sobre ele, daí decorreu minha vontade de aprofundar os

estudos e pensar na questão e objetivos desta pesquisa com professores em início de

carreira, que muitas vezes podem apresentar emoções precedentes como o medo, a

insegurança quanto ao seu desempenho e os possíveis caminhos a serem percorridos

durante sua atuação. Este princípio é marcado por ocasiões determinantes para a

continuação ou o abandono da profissão. Para Brostolin e Oliveira (2013, p.43) o

profissional que está no início da carreira docente, apresenta uma insegurança do como

fazer, que é ressaltada principalmente quando “[...] a formação não disponibilizou base

suficiente para o exercício na profissão”.

Assim, aprofundando minhas leituras sobre formação, verifiquei que pesquisas

sobre Formação de Professores têm se destacado, pelo aumento de cursos de

licenciatura e especialização docente, tanto em aspectos relativos à concepção, quanto

em aspectos referentes à prática educativa. A relação dos educadores com o

desenvolvimento curricular e com a escola, os procedimentos de mudança e de

aprendizagem, as correlações entre as instituições de formação inicial e o trabalho e a

atuação pedagógica nas escolas são temas recorrentes de estudos nesta área.

Migliorança (2010) fala que o tema relacionado à formação de professores vem sendo

bastante estudado e discutido nos meios acadêmicos nos últimos anos e tem sido objeto

de muitas pesquisas e políticas públicas educacionais.

No trabalho com o Ensino Superior, nos cursos de licenciatura e formação de

professores – apenas o enfoque do ensino e a mera transmissão de conhecimentos

parece não ser suficiente para compormos docentes preparados para o mercado de

trabalho. Podemos assim, refletir sobre até que ponto a universidade cumpre o seu

papel, e não se torna um espaço distante quando pensamos na formação integral de

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futuros educadores, ou seja, no qual o sujeito tenha a oportunidade de desenvolver seu

intelecto, suas emoções, desejos, sociabilidade e seu corpo conscientemente,

considerando a gradativa formação da criticidade e da autonomia neste processo.

Bassotto (2015) retrata que ao pensarmos na realidade atual, é possível notar a

complexidade que envolve a atuação do pedagogo e que faz-se necessário alcançar uma

prática que responda às vigências da contemporaneidade. Os conflitos e contradições

que fazem parte da sociedade estão presentes tanto na escola quanto nas diferentes

instâncias que o pedagogo atua. Nessa perspectiva, constata-se que a formação inicial

do pedagogo, parece não oferecer estrutura à prática dos professores.

Há um leque variado de possibilidades de atuação do pedagogo na sociedade, na

qual podemos definir o seu papel como um profissional que atua na escola a partir de

suas funções enquanto professor, diretor, supervisor, orientador, ou ainda, como aquele

que sabe ensinar e mobilizar as diferentes áreas do conhecimento, isso lhe exige ter uma

capacitação ampla. O pedagogo precisa estar constantemente em busca de

conhecimentos para que possa compreender e atuar na realidade (BASSOTTO, 2015,

p.46).

PAPI (2011, p.84) indica que o estudo de saberes relacionados a professores

iniciantes, “[...] embora seja um tema complexo e de grande relevância para a área de

Formação de Professores, é, ainda, uma área pouco pesquisada no Brasil”.

A crescente demanda por educação, carecida não somente devido ao

desenvolvimento populacional, mas também especialmente derivada das lutas das

classes de trabalhadores por acesso à educação simultaneamente com o progresso dos

conhecimentos científicos e tecnológicos está estabelecendo transformações na estrutura

da escola e da universidade.

Com o avanço da tecnologia, a necessidade da demanda social em compormos

professores e devido às exigências de planos mais abrangentes de formação, a Educação

a Distância (EaD) tem enfrentado um crescimento acelerado dentro das instituições

brasileiras de ensino. Belloni (2015) traz que a sigla EaD é empregada tanto para

Educação a Distância quanto para Ensino a Distância. O histórico que compõe a EaD

não nasceu com a era tecnológica, mas foi a partir do desenvolvimento e da difusão

desta que esta modalidade passou a ser reconhecida como uma configuração de

educação próspera (SCHLÜNZEN, MALHEIRO e PEREZ, 2009). Ela surge como

uma alternativa para as exigências sociais e pedagógicas. Desta forma, este modo de

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ensino passa a ocupar uma posição estratégica para atender as amplas e diversificadas

necessidades de qualificação profissional.

Lendo, estudando e refletindo sobre a importância e a abrangência desta

modalidade de ensino e vivenciando o envolvimento dos alunos com esta forma de

estudar, é que foi se dando o amadurecimento do trabalho descrito, delimitando como

campo de pesquisa professores egressos de cursos de Pedagogia, públicos ou privados,

iniciantes na carreira docente, formados pela EaD.

Abreu-e-Lima e Alves (2011) mostram que a EaD no Brasil disponibiliza um

número muito grande de vagas e consequentemente abrange um número elevado de

estudantes, o que exige mais atenção à organização do atendimento para garantir a

qualidade no processo de ensino e aprendizagem.

A partir desse ponto alguns questionamentos foram emergindo: De que maneira

a formação acadêmica em EaD contempla o desenvolvimento da função docente e do

tornar-se professor na prática? Onde estão atuando profissionalmente estes egressos?

Como estão desenvolvendo suas práticas docentes? Em qual nível educacional estão? O

que o curso de Pedagogia proporcionou de aprendizagens pedagógicas práticas para a

atuação no trabalho? Como estes profissionais captam suas percepções sobre a

formação recebida e enfrentam os desafios colocados a eles durante o exercício da

carreira docente? Como os alunos dos cursos de licenciatura a distância estão

enfrentando as questões de sala de aula e convivendo com a escola e seus desafios

diários?

As questões levantadas apresentaram como finalidade o reconhecimento da

atuação destes profissionais egressos em início de carreira que obtiveram uma formação

distinta da tradicional, de um curso presencial. A EaD, para Vergara (2007), não se

apresenta como uma ameaça à educação presencial, ela é apenas mais uma forma de se

educar, “[...] mais uma abertura à tradicional relação ensino/aprendizagem. Em

educação há um leque de possibilidades. A EaD é mais uma”. Sendo assim, com a

intenção e o interesse em continuar os estudos dentro da carreira docente no Ensino

Superior, e vendo a necessidade de se olhar como professores iniciantes percebem suas

práticas em função do curso de Pedagogia sob a modalidade a distância, este trabalho

traduz o interesse em estudar os saberes de professores iniciantes, principalmente, os

saberes da ação pedagógica, conforme proposto por Gauthier et al. (2013), ao

investigarem o ensino dos conteúdos e a relação do professor com os alunos, enquanto

componentes que alicerçam o ato de ensinar em sala de aula.

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Considerando este interesse, destaca-se o que apontaram Guarnieri (1996),

Freitas (2002), Chartier (2005), Ferreirinho (2004; 2009), Knoublauch (2008) e Penna

(2007) que realizaram estudos que apontam para a necessidade da articulação entre o

momento de formação inicial e a profissionalização docente, e uma das dificuldades

apontadas por eles envolve a ideia de que os professores iniciantes reconhecem muito

pouco o aprendizado decorrente de sua formação inicial e só acreditam que de fato

aprendem quando exercem a profissão praticando.

Como atuar e relacionar-se na escola, o que desempenhar, quais funções, entre

outras, são saberes do trabalho docente e passam a ser descobertas pelos professores

iniciantes por meio da inserção na profissão. Este início de carreira é repleto de

predicados próprios que vai se configurando aos poucos e deixando marcas na vida

profissional.

Quando falamos em formação de professores, as práticas de ensino que

envolvem os saberes docentes, aparecem como elemento fundamental do processo de

aprender e ensinar. Para Zeichner (1992), o termo “prática de ensino” refere-se a

[...] todas as variedades de observação e de experiência docente em

um programa de formação inicial de professores: experiências de

campo que precedem o trabalho em cursos acadêmicos, as

experiências precoces incluídas nos cursos acadêmicos, e as práticas

de ensino e os programas de iniciação. (ZEICHNER, 1992, p.297).

As práticas de ensino constituem um componente muito importante para a

formação de licenciados e aparece como o componente mais destacado nos currículos

dos programas de formação de professores para estabelecer relações entre a formação

acadêmica e a realidade escolar, segundo Griffin (1989). Esse autor também destaca que

as práticas proporcionam a oportunidade de se estudar os professores em um contínuo

de sua carreira docente.

Já se sabe, a partir de estudos como o de Vergara (2007), Niskier (1999) e Nunes

(1994) que a EaD possibilita desenvolver em seus alunos, saberes que abrangem ações

de comunicação, de agilidade no pensamento, de autonomia e de constante busca de

informações e oportunidades para crescer. Também é possível destacar que os

ambientes virtuais de aprendizagem na formação de professores são possibilidades de

articulação teórica e prática diante do cenário atual da sociedade contemporânea.

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Pensando nestes profissionais e entendendo que eles devem ter sido formados no

sentido da criticidade, da troca de experiências e da articulação entre o pensar e o agir,

expomos a seguinte questão de pesquisa:

Como os profissionais formados em cursos de Pedagogia a distância, que são

iniciantes na carreira docente, analisam sua formação, reconhecem e relacionam os

saberes da ação pedagógica ao exercício de sua profissão?

A partir desse contexto e na busca por uma educação de qualidade, em que os

profissionais sejam formados efetivamente para o exercício da função, o objetivo central

da pesquisa consiste em compreender como docentes iniciantes egressos de cursos de

Pedagogia a distância percebem e reconhecem seus saberes e sua formação acadêmica e

as cultivam no cotidiano escolar e de que maneira a formação inicial deles reflete ou

contribui para a atuação no contexto da sala de aula.

Como objetivos específicos, delineamos:

Caracterizar os egressos que realizaram Pedagogia EaD afim de conhecer

quem são estas pessoas e como analisam a formação recebida e

selecionar entre eles, os considerados iniciantes na profissão para o

aprofundamento da pesquisa;

Identificar quais são os saberes dos egressos relacionados a sua atuação

como docente a partir do curso de Pedagogia a distância;

Reconhecer e discutir os saberes revelados por professores iniciantes;

Discutir sobre as possíveis contribuições para a formação docente dos

cursos EaD para o desenvolvimento profissional de professores

iniciantes.

Os estudos de Zincarelli (2009), Dantas (2009), Zatti (2009), dentre outros

pesquisadores que estudaram o início da carreira docente, baseados em alunos cuja

formação inicial deu-se na educação presencial, têm mostrado que os professores

encontram-se inseguros em relação ao trabalho que deve ser desenvolvido com os

alunos e sentem falta de uma definição clara sobre os encaminhamentos. Este tipo de

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estudo, ainda é escasso em relação aos alunos que iniciaram seus processos de

qualificação superior na modalidade a distância.

Definidos a questão central e os objetivos da pesquisa, iniciamos a parte

empírica da investigação a partir da aplicação de questionários para selecionar um grupo

de sujeitos, professores iniciantes, com até cinco anos de experiência docente egressos

de cursos de Pedagogia EaD.

A hipótese inicial foi a de que os cursos de Pedagogia a distância

oportunizariam, em parte, uma formação pedagógica que possibilitasse a articulação

entre os conhecimentos e os saberes teóricos e práticos, principalmente os saberes da

ação pedagógica, no âmbito da área educacional, mas ainda distanciados do contexto

real da sala de aula.

O profissional requisitado nos dias que seguem deve ser aquele que visa a

formação humana em todas as suas dimensões: física, emocional, intelectual, social e

cultural. Assim, é para este educador que o curso de Pedagogia deve contribuir de forma

positiva e completa. Franco (2003), alerta que deve ser preocupação do curso de

Pedagogia a formação de um profissional crítico e reflexivo, uma vez que a Pedagogia é

uma ciência que visa o estudo e a compreensão da práxis educativa em suas

intencionalidades. Podemos citar Cunha (2005); Gimeno-Sacristán (2003); Libâneo e

Pimenta (2002); Lüdke (2009); Tardif (2002); Schön (1992) e que associam estas

características, reflexivo e crítico, ao professor-pesquisador, os quais imersos na prática

escolar serão capazes de fornecer o mecanismo para a compreensão das questões

fundamentais da educação, tornando-se agentes das transformações que são importantes

para o trabalho escolar ou não. A literatura procura destacar a individualidade do

professor - pesquisador como centro do processo educacional, ressalvando o

distanciamento entre as pesquisas acadêmicas e os problemas vividos pelos agentes nas

escolas, assim como traz também a premência do engajamento do professor -

pesquisador em mudanças necessárias para progresso do ensino.

Presentemente, para Bassotto (2015), o pedagogo é chamado a reorientar sua

prática incessantemente e com isso, é preciso conhecer as relações que existem entre o

professor e a construção dos seus saberes sociais, pois são estes saberes construídos que

dão suporte à sua prática pedagógica. Para Tardif (2002, p.31)

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Se chamamos de saberes sociais o conjunto de saberes de que dispõe

uma sociedade e de educação o conjunto de processos de educação e

de aprendizagem elaborados socialmente com base nesses saberes,

então é evidente que os grupos de educadores, os corpos docentes que

realizam efetivamente esses processos educativos no âmbito do

sistema de formação em vigor, são os chamados de uma maneira ou

de outra, a definir sua prática em relação aos saberes que possuem e

transmitem.

A Pedagogia, ciência da educação, parece criar através de suas ações educativas

elementos científicos e técnicos para a formação humana, alicerçando referências para

as práticas educacionais como o trabalho docente. Os processos de formação do

pedagogo, desta forma, carecem de ser constantemente revistos e pensados.

Parece tornar-se fundamental, que pesquisadores comprometidos com seu papel

social, passem a analisar de que maneira os egressos de cursos de licenciatura em

Pedagogia a distância, iniciantes em sua carreira, vêm aprendendo a atuar

profissionalmente e como estão vinculando seus conhecimentos acadêmicos ao

desenvolvimento profissional. Assim, este estudo poderá proporcionar uma reflexão

sobre a formação profissional de pedagogos e da Educação a Distância, ampliando e

enriquecendo discussões relacionadas a formação de professores e Ensino Superior.

Esta tese está organizada em sete partes. Deste modo a Seção 1, Professores em

formação, se propõe a dissertar sobre o Ensino Superior e a formação de professores,

apresenta alguns estudos acadêmicos sobre formação de professores e descreve aspectos

do início da carreira docente, considerando educadores em formação.

A Seção 2, O curso de Pedagogia e a Educação a Distância, procura se dedicar

aos caminhos traçados para o curso de Pedagogia e para a Educação a Distância,

abordando também o papel do pedagogo e sua atuação na contemporaneidade. A

terceira Seção, Delineando a trajetória metodológica da pesquisa realizada, descreve a

metodologia adotada para a produção da pesquisa, enfatizando a trajetória percorrida,

com o uso de questionários e entrevistas, os sujeitos e as ações desenvolvidas.

A análise das informações compreende os dados quantitativos coletados

empiricamente, através do questionário aplicado a egressos do curso de Pedagogia e é

revelada na Seção 4, intitulada Desvendando os participantes da pesquisa. A quinta

Seção, Analisando as falas das professoras iniciantes, dedica-se a responder à questão

central da pesquisa delineada, discorrendo sobre os dados obtidos com as entrevistas

realizadas com as egressas do curso de Pedagogia EaD, iniciantes na carreia docente.

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Esta tese ainda está composta pela Introdução, que procurou apresentar

brevemente a trajetória e a incitação da pesquisa, com seus objetivos e questões

orientadoras, e as Considerações que procuraram abordar o que foi possível ser

concluído nesta pesquisa.

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SEÇÃO 1

Professores em formação

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SEÇÃO 1

Professores em formação

A seção que inicia esta tese de doutorado procura discorrer bibliograficamente

sobre o campo de formação inicial de professores, focalizando o Ensino Superior,

revisitando pesquisas na área de iniciação a docência e relatando produções,

dificuldades e necessidades da temática referente ao tema.

1.1 Formação de professores no Ensino Superior

Processos formativos envolvem inúmeras áreas da vida humana. Bassotto (2015,

p.25) expõe que é plausível notar que há um envolvimento do adulto cada vez maior

com a educação e as exigências do mercado de trabalho, e por isso, “[...] cada vez mais,

o ensino superior se torna responsável pela formação de parcelas da sociedade”.

Silva (2011) descreve em seu artigo sobre a democratização do ensino, que nos

tempos atuais a Educação Superior já não é mais privilégio social para poucas pessoas,

mas que tem se transformado em uma aspiração plausível para camadas cada vez mais

amplas da população. A autora completa dizendo que este acesso ocorre de maneira

horizontal e vertical. Horizontal no sentido de trazer jovens de diferentes classes sociais

e de diferentes localizações geográficas e verticalmente ao incluir diferentes faixas-

etárias que iniciam ou continuam seus estudos no Ensino Superior.

Depreende-se que o Ensino Superior tem sido um dos meios pelos quais as

pessoas acreditam ser possível ascender financeira e profissionalmente. E com a

acessibilidade a diferentes tipos de alunos, temos que entender que os ingressantes na

graduação trazem consigo traços culturais, econômicos e sociais que foram construídos

em suas vivências e se deparam com uma nova realidade que demanda competências e

comportamentos próprios, como relata Bassotto (2015).

A universidade, segundo Pimenta e Anastasiou (2005), na qualidade de

instituição educativa caracteriza-se como serviço público de educação que é efetivado

pela docência e investigação apresentando como finalidades a criação, o

desenvolvimento, a transmissão e a crítica da ciência, da técnica e da cultura. Também

contempla o preparo para o exercício de atividades profissionais que estabeleçam a

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aplicação de conhecimentos e métodos científicos e para a criação artística; a base

científica e técnica ao desenvolvimento cultural, social e econômico das sociedades.

Assim entendemos a universidade como um espaço de desenvolvimento humano que se

preconiza a trabalhar com a diversidade e as inúmeras possibilidades de formação

profissional integrando seus objetivos aos dos alunos.

Para Silva (2011) a necessidade da confluência entre o ensino oferecido pela

graduação e o interesse dos envolvidos em processo de formação é inegável e deve ser

integrado, considerando as necessidades reais da sociedade para que o trabalho

pedagógico seja realizado de maneira eficaz. Desta forma, a qualidade no Ensino

Superior pleiteia cuidado, pois enquanto se verifica o crescimento desse nível de

instrução, também se percebe que surgem situações que necessitam ser repensadas com

relação a sua qualidade.

Em seu livro sobre o ensino universitário Zabalza (2004) aborda a questão do

crescente processo de massificação na educação superior ressaltando, entre outros, a

maior heterogeneidade dos grupos e a menor possibilidade de organização e condições

favoráveis para os profissionais que atuam na academia. O autor ainda traz que este

processo acarreta no surgimento de obstáculos para introdução de renovações,

afirmando que quando lidamos com um número grande de alunos, os professores e as

Instituições de Ensino Superior (IES) renunciam a aprendizagem de qualidade – “[...]

busca-se apenas “sobreviver” e vencer os obstáculos [...]” (ZABALZA, 2004, p. 182).

Pesquisas como as de Bassotto (2015); Danis (1998); Furlanetto (2010); Placo e

Souza (2006) e citam que as aprendizagens na vida adulta são mais singulares, críticas e

seletivas, pois os alunos são portadores de uma cultura que os permite selecionar os

conhecimentos e escolhem aprender o que tem sentido para eles. Ao sujeito é requerida

a disposição para participar dos movimentos que os levem a descobrir novos conteúdos,

como o desejo, a necessidade, o compromisso, a curiosidade, a organização, a

determinação, entre outros. Zabalza (2004, p.185) salienta que podemos dizer com

razão, que

[...] uma característica fundamental dos estudantes universitários é que

são sujeitos adultos, ao menos legalmente, em total posse de sua

capacidade de decisão. Dessa condição geral, derivam outras várias

que tem grande relevância ao se desenvolver o trabalho da

universidade.

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Ao adentrar no Ensino Superior, os sujeitos carregam suas experiências de

aprendizagens que podem contribuir ou não com sua permanência nos estudos e

também aprendem a se desenvolver como estudantes universitários, percorrendo

caminhos cognitivos, culturais e sociais, na expectativa de formar-se, no caso, professor.

Cunha (2001) retrata que as licenciaturas revelam visões de conhecimento, de

educação e de prática pedagógica e não podem se resolver apenas pelo seu currículo

explicito e nem pelos conteúdos que ministram. Os valores presentes, segundo o mesmo

autor, são elementos muito prestigiosos.

Atualmente, as discussões sobre a formação de professores no Ensino Superior

têm crescido significativamente, assumindo um caráter de extremada relevância e

tornando-se, comumente, alvo de pesquisas, debates e tema de publicações. Almeida,

Ianone e Silva (2012) discorrem afirmando que as demandas por formação de

professores têm relação direta com a expansão da educação superior na modalidade a

distância, conforme aponta o Censo da Educação Superior 2010, através do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no qual parte dos

cursos oferecidos a distância são de licenciatura e o curso de Pedagogia, o segundo em

número de ofertas (Inep, 2011).

Argumenta Franco (2003, p.30) que um dos problemas mais graves que o Brasil

enfrenta é a qualidade da educação “[...] profundamente relacionado a falta de

professores e a precária formação de muitos dos que estão no exercício da docência.

Portanto, é também estratégico para o país, começar pelos cursos de licenciatura”.

Entre os desafios contemporâneos, configura-se a oferta do curso de Pedagogia a

distância, que torna essa formação bastante complexa, ao mesmo tempo em que

potencializa a expansão da formação de professores e abre novas oportunidades de

trabalho para estes profissionais que devem procurar caminhos para humanizar a

convivência entre as pessoas.

Gauthier et al. (2013, p. 13) afirma que com a transformação rápida da

sociedade as pessoas passaram a considerar o saber como um elemento de primeira

importância, e assim as escolas passaram a ser alvo de acusação - de que não cumprem

favoravelmente as suas funções. Críticas severas são dirigidas aos professores, por

mediarem o trabalho entre a escola e os alunos, e aos formadores de professores e

faculdades de educação. “Questiona-se, assim, a qualidade da educação dispensada aos

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alunos, a competência dos professores e mesmo as instituições responsáveis para a sua

formação”.

A partir de leituras, pode-se concluir que foi por volta de 1980 que uma grande

mudança começou a ocorrer nas pesquisas com formação de professores. Migliorança

(2010) nos mostra que os estudos experimentais e de treinamento profissional foram

diminuindo e deram lugar a variados métodos que se relacionavam com a área dos

Fundamentos da Educação, como a Antropologia, a Sociologia e Filosofia. Pesquisas

com investigações narrativas, do tipo etnográfico e análises críticas surgiram e passou-

se a valorizar o pensamento do professor e as influências dos cursos de formação inicial

no desenvolvimento da carreira docente. Na década de 90, ainda de acordo com a

autora, os estudos na área de formação de professores começaram a brotar de forma

definida, como uma área de pesquisa. É nesta época que se dá início ao

desenvolvimento

[...] de pesquisas que considerando a complexidade da prática

pedagógica e dos saberes docentes, buscam resgatar o papel do

professor, destacando a importância de se pensar a formação numa

abordagem que vá além da acadêmica, envolvendo o desenvolvimento

pessoal, profissional e organizacional da profissão docente (NUNES,

2001, p.28).

Desta forma, as análises foram priorizando a prática profissional, não deixando

de considerar a trajetória do educador e a reconstrução da prática de acordo com as

necessidades. A temática, Formação de Professores, em consequência de sua amplitude

e possibilidade de diferentes definições, pode ser alusiva a aspectos como formação

inicial e continuada, formação do professor em início de carreira, capacidade de ensinar

do professor, desenvolvimento profissional docente, trabalho colegiado, condições de

trabalho na escola, entre tantos outros, que caracterizam a complexidade da profissão

docente e da formação de seu profissional (PAPI, 2011).

Migliorança (2010) mostra que desde então a área de Formação de Professores

vem se fortalecendo através da ampliação de pesquisas e pesquisadores interessados em

entender os fatores que cercam a carreira do professor, visando a qualidade de ensino. O

repensar a concepção da formação de professores que

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[...] até pouco tempo objetivava a capacitação destes, através da

transmissão do conhecimento, a fim de que “aprendessem” a atuar

eficazmente na sala de aula, vem sendo substituído pela abordagem de

analisar a prática que este professor vem desenvolvendo, enfatizando a

temática do saber docente e a busca de uma base de conhecimento

para os professores [...] (NUNES, 2001, p.28)

Neste sentido, os professores que estão atuando dentro das escolas, passam a

assumir um papel crucial nas pesquisas e investigações concretizadas. Ao final dos anos

90, ressalta Lüdke (2009), as Tecnologias de Comunicação e Informação e a Educação a

Distância aparecem como foco principal em estudos pautados na formação de

professores.

Brzenzinshi (2006, p.49) ao falar, da pesquisa publicada pelo Inep em 2006

sobre as produções de teses e dissertações com foco na formação de professores, destaca

que:

[...] a partir também da comparação com o estudo já realizado,

admitimos que houve uma quebra do silêncio em relação aos trabalhos

acerca da aplicação de tecnologias de informação e comunicação

(TIC) e das inovações pedagógicas. Esses se mostram numerosos e

diversificados na atualidade, particularmente aqueles que avaliam os

efeitos do computador e da televisão nas escolas, que, aos poucos, vão

se transformando em ambientes virtuais educativos. Emergem

avaliações das modalidades de formação de professores a distância,

semipresenciais, com boa participação dos cursistas na utilização dos

recursos de mídia e meios eletrônicos.

Com o propósito de identificar o que é produzido na área de Formação de

Professores por meio de levantamento bibliográfico relacionado à temática pesquisada,

teses e dissertações foram examinadas a partir da disponibilidade de sites, como o da

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e da BDTD

(Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações). Para esta investigação

acadêmica vários descritores foram selecionados, combinados e testados: pedagogia,

concluintes EaD, professor iniciante, iniciantes, EaD, prática docente, capacidades e

habilidades para ensinar, formação docente, alunos egressos, professores e egressos

EaD. Com o avanço da internet e dos cursos oferecidos online, muitos trabalhos

relacionados a Educação a Distância foram encontrados, porém a grande maioria

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apresentou estudos relacionados à Tecnologias da Informação e Comunicação

(ferramentas de trabalho como fóruns, chats, web conferencias, entre outras), relação

tutor – aluno – professor e os papeis dos envolvidos neste processo de ensino.

Após leituras e diálogos foi constatado que para o foco deste trabalho o mais

importante seria a relação entre concluintes de Pedagogia em curso de EaD e professor

iniciante. Assim, uma leitura mais atenta foi dedicada a dissertações e teses que

surgiram a partir dos descritores: Pedagogia - Concluintes EaD - Professores iniciantes

– Habilidades para ensinar.

Trabalhos de autores como Berticelli (2012); Costa (2011); Fabris (2012);

Furlan (2011); Gabarto (2012); Leone (2011); Oliveira (2011); Papi (2011) e Zanella

(2011), forneceram refinamento para o que se procurou pesquisar, pois apresentaram

estudos pautados na formação do professor em início de carreira e analisaram seus

saberes, angústias, dúvidas, vivências, conceitos e dilemas relacionados à cultura

escolar.

Em relação aos pressupostos teóricos, a maioria dos trabalhos apresentou autores

que dedicaram seus estudos para a área de formação de professores como Guarnieri

(1996, 2010, 2014); Gimeno-Sacristán (2000); Imbernón (1994, 2000, 2009); Marcelo

Garcia (1999); Nóvoa (1992, 2009); Pimenta (2005); Schön (2000); Tardif (2002), entre

outros, e para Educação a Distância e tecnologia, tais como Belloni (2015); Nunes

(2001) e Moran (2002).

Todos os estudos foram de natureza qualitativa e realizados a partir do

acompanhamento de grupos de professores. Zanella (2011) e Oliveira (2011) utilizaram-

se de questionários com perguntas semi-estruturadas. Furlan (2011), Leone (2011) e

Gabarto (2012) fizeram a escolha pela aplicação de questionários para levantamento de

identificação de sujeitos e entrevistas. Fabris (2012), Berticelli (2012) e Costa (2011)

realizaram entrevistas. Papi (2011) organizou grupos focais, entrevistas e observação

participante.

Zanella (2011) analisou a formação de professores iniciantes, suas práticas

docentes e sua formação continuada questionando dois grupos de profissionais:

professores recém-formados e com mais de dez anos de experiência. Em seus

resultados, a autora nos mostrou que todos os docentes enquanto estudantes de cursos

presenciais apresentavam dificuldades nas disciplinas relacionadas à didática, por se

embasar em problemas que envolviam as questões práticas de sala de aula. A mesma

pesquisa indicou que os professores iniciantes, nos primeiros anos de docência, assim

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como os professores mais experientes sentem os percalços da carreira e as tentam

enfrentar a partir de formações variadas por entenderem que precisam de ajuda

profissional. Para os entrevistados o trabalho com a práxis deveria ser mais valorizado

para que grande parte dos problemas fosse sanada.

Pensando também nas práticas docentes, Berticelli (2012) buscou compreender

em sua pesquisa de mestrado as características das práticas pedagógicas consideradas

bem-sucedidas. O autor pôde concluir que as experiências consideradas vitoriosas

decorrem do aprendizado de saberes práticos dos professores, que em seus relatos

fundamentam uma epistemologia da prática, abarcada como um processo de pensar e

agir acertadamente na sala de aula, tomando decisões diante de imprevistos e

problemas, propondo maneiras diferenciadas de transmitir conteúdo e de interagir com

os alunos.

Papi (2011) focou seus estudos nos professores em início de carreira que são

considerados bem-sucedidos no exercício de sua profissão. A partir da análise e da

sistematização de dados coletados empiricamente, a autora verificou que o

desenvolvimento profissional se expressa a partir de práticas sociais historicamente

situadas em momentos vividos pelos docentes que evidenciam que estes realizam

movimentos assegurando a continuidade do próprio trabalho, contrapõem iniciativas

que confirmam sua ação determinante no campo da prática, estabelecem outros tipos de

relações sociais, adversas às já existentes e procuram evidenciar necessidades

formativas e que valorizam a escola.

Desta forma também e a propósito das relações escolares, Furlan (2011) em seu

doutorado discutiu e analisou a transmissão da cultura escolar, suas regras, hierarquias,

valores, rituais e poderes, relacionados à visão do professor iniciante. Apesar de a autora

trazer a especificidade do trabalho com professores da área de Química, ela aborda

questões importantes para a reflexão em relação a este público. Em sua pesquisa

procurou-se desvendar como se dá o processo de socialização e construção de

identidade profissional dos professores da área relacionando-os a escola.

Furlan (2011) e Gabarto (2012) nos falam que o início da trajetória docente é

marcada pelos professores que se sentem angustiados pela incerteza das aulas, pelo

papel do profissional diante dos colegas e dos alunos e pela continuidade do trabalho. A

cultura instaurada nas diferentes instituições escolares (públicas e privadas), a

socialização dos envolvidos no processo e a recusa da identificação docente no princípio

da carreira estão fortemente presentes nos resultados da pesquisa de Furlan (2011).

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Gabarto (2012) também destaca a importância das relações sociais estabelecidas na

escola, como o acolhimento e a integração dos professores para amenizar os desafios

colocados no período inicial da docência. Os professores abordados na pesquisa de

Gabarto (2012) reconheceram o choque com a realidade e os desafios que enfrentaram

nesta fase, mas reconheceram que foi uma fase de intensas aprendizagens e descobertas.

Com o objetivo de investigar as necessidades formativas de professores em

início de carreira que atuam nos primeiros anos do Ensino Fundamental a fim de

subsidiar a construção de projetos de formação continuada, Leone (2011) pesquisou ao

longo do mestrado as experiências vividas por um grupo de professores, destacando

suas dificuldades, em relação aos alunos, a sala de aula, ao corpo docente; suas

preocupações com o conteúdo, com as aulas, com o domínio da prática; e seus

sentimentos, com suas fontes e formas de apoio, acompanhamento, orientação e olhar

acerca das contribuições da formação continuada, ao ingressarem e vivenciarem o

magistério. Como resultado de sua inserção empírica, ficou explícita a necessidade de

ações formativas que preparem o professor para seu ingresso profissional e o

compromisso das instituições escolares e das agências formadoras na construção de

apoio e no enfrentamento dos problemas aos novos docentes.

Em sua dissertação de mestrado, Fabris (2012) examinou a Educação a

Distância, destacando os saberes dos professores que atuam como tutores presenciais

iniciantes. O estudo revelou os conceitos (entendimento da tecnologia e dos recursos

digitais), os saberes (predomínio de experiências pedagógicas, disciplinares,

curriculares e tecnológicos) e os dilemas (mediação da aprendizagem, conhecimento de

conteúdos diversos e autonomia nos processos) vividos e apresentados por docentes

atuantes na EaD, com toda a sua complexidade e diferenças em relação à educação

presencial. Nesta mesma linha, Oliveira (2011) estudou os saberes docentes no contexto

da prática do professor da educação online. A autora destacou a necessidade de novos

conhecimentos e habilidades pedagógicas para esta prática e verifica o quanto a

modalidade EaD tem se expandido e lançado programas e projetos educacionais nos

últimos anos. A ausência de uma formação adequada leva o professor presencial a entrar

em conflito com as habilidades necessárias para se ensinar a distância, o fazendo

ressignificar seu exercício e o levando a desenvolver saberes experienciais dentro deste

universo.

Foi sobre aprendizagens e saberes docentes e habilidades e competências

construídas pelos professores em suas trajetórias profissionais que tratou Costa (2011).

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A pesquisadora demonstrou em seu trabalho que estas aprendizagens são fruto de

contextos variados que envolvem a formação pré-profissional, inicial e contínua e as

interações vividas no contexto escolar. Os dados coletados revelaram que a maioria dos

docentes idealiza a formação como um contexto de aprendizagens importantes para a

prática pedagógica, pois estas dão subsídio à ação dos professores.

Com base no que foi descrito até aqui, é possível afirmar que a reflexão a

respeito da formação de professores e da profissão docente torna-se conveniente e

propícia. Porém, como mostram Gauthier et al. (2013, p.14) ela não deve reduzir-se as

dimensões técnicas e organizacionais, mas sim, deve considerar a própria essência da

problemática de ensino que consiste em caracterizar “[...] a natureza dos saberes

subjacentes ao ato de ensinar, isto é, o conjunto de conhecimentos, competências e

habilidades que servem de alicerce à prática concreta do magistério [...]” e que podem

ser incorporados aos planos e projetos de cursos de formação de professores.

A consciência desses princípios do “[...] saber profissional docente, no entanto,

é fundamental e pode permitir que os professores exerçam o seu ofício com muito mais

competência” (GAUTHIER et al., 2013, p.17).

1.2 O profissional iniciante como um educador em formação

Professor iniciante é aquele, de acordo com Marcelo García (1999) e Huberman

(1992) que se encontra nos cinco primeiros anos do exercício do magistério, ou seja, da

atuação docente. Esta é uma fase marcada pela aquisição de certas práticas e saberes

pedagógicos essenciais à atividade docente.

Giovanni e Marin (2014, p.5) abordam que estudos com professores iniciantes

são muito significativos por vários motivos, entre os quais a quantidade de professores

nesta situação, sobretudo no Brasil. “Dados quantitativos sobre professores em

exercício, no país, nos permitem apontar essa expansão quantitativa, fato que demonstra

uma das faces da relevância do tema”. Se pensarmos na educação básica, de acordo com

as mesmas autoras, entre os anos de 1997 e 2001 tivemos um crescimento de 80.000

professores que passaram a pertencer aos quadros do magistério, grande parte destes,

iniciantes.

O estudo publicado pela UNESCO em 2004 sobre o perfil dos professores

brasileiros detectou que dentre 5.000 professores investigados, aproximadamente 13%

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eram iniciantes. Este mesmo documento atesta que se torna indispensável a

implementação de uma política de melhoria para educação básica a partir da formação

inicial de docentes.

Posteriormente a segunda guerra mundial, com o crescimento da educação,

Giovanni e Marin (2014, p.6) descrevem que a preocupação com as dificuldades dos

professores e com os professores iniciantes expandiu-se consideravelmente, devido à

constatação da “[...] insuficiência da formação inicial recebida para enfrentar as novas

realidades escolares”.

No sistema educativo brasileiro, não se pode verificar, tradicionalmente, ações

específicas para acolher esta etapa inicial da profissão docente, porém podemos

encontrar consideráveis investigações e experimentos de intervenção relacionados a

formação e os afazeres de docentes iniciantes e também “[...] algumas iniciativas

oficiais de acompanhamento aos novos professores, desenvolvidas por secretarias

municipais e estaduais, em São Paulo e outros estados brasileiros [...]” (GIOVANNI e

MARIN ,2014, p.9). Já se tem divulgado aliás, políticas específicas direcionadas para a

inserção profissional docente advindas de países como Alemanha, Austrália, Argentina,

Canadá, Colômbia, Chile, Espanha, Estados Unidos, Finlândia e México.

Porém, como mostra Dragone e Giovanni (2014), o professor iniciante tem

estado no centro das atenções de políticas educacionais e de gestores, o que já resultou

na derivação de implementação de políticas de acolhimento para oferecer maneiras mais

viáveis de adaptação do profissional as realidades escolares.

André (2012) realizou uma pesquisa sobre as políticas e programas de apoio a

professores iniciantes, da qual tratou sobre a importância de capacitação, suporte e

acompanhamento a estes e verificou que as maiores taxas de evasão dos professores

ocorrem nos primeiros anos de docência, visto que este é um período de muitas

angústias e aprendizagens de saberes até então desconhecidos. Segundo a autora,

programas de iniciação à docência, podem ajudar a minimizar a carga das tarefas

pedagógicas e fazer com que os iniciantes transitem de estudante a professor e se

convençam de que é essencial um processo contínuo de desenvolvimento profissional.

A mesma pesquisa de André (2012) constatou que há aceitação por parte de

gestores em relação a elaboração de programas para professores iniciantes, situação que

evidencia a carência sentida no contexto escolar.

Pelo aprendizado diário e a convivência com os alunos por parte da

pesquisadora, principalmente aqueles da Educação a Distância, pode-se notar, em seus

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questionamentos e angústias, o quanto eles sentem a necessidade de se prepararem para

o mercado de trabalho e estudarem práticas pedagógicas que estejam conectadas com a

realidade que enfrentarão diariamente dentro das escolas ou outros ambientes

educativos. Zanella (2011, p. 15) relata em sua pesquisa

Durante as aulas de Didática e de Práticas do Ensino pouco ou nada

foi acrescido para o aprofundamento ou a ampliação dos

conhecimentos de prática pedagógica para o meu futuro exercício

docente. Durante os estágios, ainda na formação inicial, não tive o

acompanhamento de um docente com experiência.

Marcelo García (1999) apresenta em seu livro sobre formação de professores as

quatro fases diferenciadas do aprender a ensinar descritas por Feiman em 1986: a fase

do pré-treino, que inclui as experiências que os futuros educadores vivenciaram

enquanto alunos e que podem influenciar de forma inconsciente durante o exercício da

profissão; a fase de formação inicial que se refere ao momento de preparação formal

para ser professor, que acontece em instituições específicas; a fase de iniciação que

relaciona-se aos primeiros anos do magistério os quais se caracterizam como uma etapa

ímpar e marcante na vida do professor e a fase de formação permanente que engloba o

período abrangente de formação pelas instituições e pelos próprios professores ao longo

da carreira, com o propósito de permitir que a profissionalização se desenvolva.

O entendimento e o desenvolvimento pedagógico do aluno constituído professor

pelo curso de Pedagogia é possibilitado pela fase de formação inicial da docência, ou

seja, a graduação e, independentemente da modalidade, deve ser o período de reflexão

do conteúdo e da prática adotada. Ao considerar o pedagogo como o sujeito que busca

conjugar a teoria e a prática pela própria ação, Houssaye et al. (2004) alerta para que o

pedagogo saiba articular a teoria e a prática da educação.

A formação inicial docente possibilita, de acordo com Zanella (2011, p. 22) “[...]

o entendimento e o desenvolvimento didático do professor em sala de aula, por isso,

para que este desenvolva um bom trabalho, a graduação deve ser o primeiro passo para

a reflexão do conteúdo e da prática adotada”.

Com base na abordagem de Marcelo García (1999), a fase de iniciação deve ser

entendida como a fusão entre a formação inicial e o processo de profissionalização da

docência.

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Considerando a docência como um ofício que é aprendido, devemos nos

aprofundar cada vez mais nos conhecimentos relacionados à formação inicial da

carreira. Para Marcelo García (1999), o docente deve ser um profissional que tenha

domínio de competências, técnicas e conhecimentos específicos necessários para

exercer tal função. Esses conhecimentos devem ser adquiridos ao longo da vida – na

formação inicial, continuada e na experiência com a prática diária. O início da carreira

docente pode ser definido como:

[...] o período que compreende os primeiros anos de carreira, nos

quais os professores realizam uma transição de estudantes para

docentes. É um período de tensões e aprendizagens intensas em

contextos geralmente desconhecidos no qual os professores devem

adquirir conhecimentos profissionais, além de conseguir manter um

equilíbrio pessoal (MARCELO GARCÍA, 1999, p.7).

Podemos ver que a fase de iniciação é considerada como um período de

desenvolvimento profissional, na medida em que objetivo deste processo envolva a

intenção de os professores adquirirem conhecimentos, destrezas e atitudes que

envolvam a integração da cultura docente e escolar, os saberes dos códigos e das

normas pedagógicas adequadas ao desenvolvimento de um ensino de qualidade. Ela se

inscreve, segundo Papi (2011, p.74) como um tempo e um espaço privilegiado para a

construção da docência, visto que os primeiros anos de atuação são cruciais para a

composição de ações futuras e para a própria estabilidade na profissão, podendo ser um

momento “[...] mais fácil ou mais difícil, dependendo das condições encontradas pelos

professores no local de trabalho, do apoio que recebem e das relações mais ou menos

favoráveis que irão vivenciar”.

Marcelo García (2011, p.9) delineia as muitas tarefas enfrentadas pelos

iniciantes: buscar conhecer os estudantes, o currículo e o contexto escolar; planejar

adequadamente o que vai ser ensinado; iniciar o desenvolvimento de um repertório

docente que lhes permita sobreviver como professores; criar uma comunidade de

aprendizagem na classe e prosseguir aprimorando sua identidade profissional.

Parece ficar claro que é no momento de iniciação, após a fase da formação

inicial, que o novato se confronta com o que de fato envolve a realidade e com

contradições que nem sempre está apto a superar, colocando em prova os

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conhecimentos adquiridos e “[...] assumindo uma postura que pode ir desde uma

adaptação e reprodução muitas vezes pouco crítica ao contexto escolar e à prática nele

existente, a uma postura inovadora e autônoma, ciente dos desafios e conhecimentos

que sustentam sua ação” (PAPI, 2011, p.75)

O artigo escrito por Giovanni e Guarnieri (2014) intitulado de “Pesquisas sobre

professores iniciantes e as tendências atuais de reforma da formação de professores:

distância, ambiguidades e tensões” apresenta uma série de resultados decorrentes de

investigações na área de iniciação à docência, destacando as dificuldades e as

aprendizagens de professores iniciantes. Elas apontam características e necessidades de

articulação entre o momento da formação inicial e da profissionalização, dentre os quais

podemos destacar: remoção constante de escolas, encaminhamento para locais de

fragilidade social mais acentuada, atribuição por turmas de alunos dadas como difíceis,

dificuldade na compreensão da organização escolar por falta de sistematização da

gestão e da ajuda de colegas, ausência de questionamento sobre saberes práticos

incorporados pelo trabalho escolar, silêncio e aceitação de imposições de regras e

estratégias de controle ao poder, prejuízos na aprendizagem pedagógica dependendo da

interação que os novatos conseguem estabelecer no interior da escola em contato com

seus pares, entre outros. “Professores/as iniciantes pouco reconhecem o aprendizado

ocorrido na formação inicial: consideram que só aprende no exercício da profissão e que

a formação é “muito teórica, não serve para a prática”” (GIOVANNI e GUARNIERI,

2014, p.35)

A graduação em Pedagogia parece assim não ser reconhecida como espaço de

formação central e a escola procura assumir esta incumbência no processo de

constituição da docência. De acordo com Giovanni e Guarnieri (2010, p.3):

Pesquisas sobre professores iniciantes que focalizam ingresso na

carreira e aprendizagem da docência têm evidenciado que a escola

enquanto local de trabalho assume papel central no processo de

constituição da docência, sinalizando desarticulação da formação

inicial para contribuir com tal processo.

Em concordância com este pensamento, é possível notar que dificuldades e

fragilidades de articulação entre o momento da formação inicial e o princípio do

ingresso ao mercado de trabalho estão presentes. A partir da pesquisa de Gatti, Barreto e

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André (2011) fica evidente a importância em se revisar a formação inicial de docentes.

As autoras problematizam essa questão expondo que estudos vêm mostrando que a

formação inicial atual não atende o necessário para o desempenho qualificado de

professores. Mas como isso vem acontecendo com professores iniciantes formados na

modalidade a distância?

Migliorança (2010, p.33), que realizou uma pesquisa de doutorado com

professores que receberam formação a distância discorre que

[...] o professor se depara com as diferenças entre os estudos/propostas

aprendidos na sua formação inicial e as necessidades da prática em

sala de aula, que exige mais do que aprendeu na formação inicial. É

preciso ter conhecimento sobre os conteúdos específicos de sua área,

também conhecer diferentes estratégias para ensinar diferentes

contextos, para diferentes públicos.

As instituições de ensino ainda apresentam currículos cujo conhecimento

predominante é o teórico, não contemplando a relação existente entre a teoria estudada e

as atividades práticas escolares. Isso parece ser insuficiente para integrar um professor à

sala de aula. Há uma lacuna entre o conhecimento apreendido na formação inicial e a

prática docente e dessa forma, se colocam em xeque os currículos das licenciaturas e os

conteúdos formativos das mesmas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional (LDBEN) nº

9.394/96, no seu artigo 61, parágrafo único, nos mostra que quando se menciona a

constituição de professores, um dos alicerces para uma formação de excelência deve

contemplar a “[...] associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados

e capacitação em serviço”. Podemos concluir daí que, os cursos de formação docente

devem desenvolver a relação teoria e prática, proporcionando a vivência com o mundo

da escola e da sala de aula.

É possível verificar, como apontam as pesquisas mencionadas até aqui, que o

início do trabalho docente vai sendo subsidiado pela escola ou outros espaços

educativos, como unidade, e estes acabam por exercer papel fundamental no apoio aos

professores principiantes, visto que eles estão em processo de evolução e

desenvolvimento contínuo a partir dos conhecimentos adquiridos durante a graduação.

Porém não se pode esquecer de que a escola não é, e não deve ser a única responsável

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pela formação dos futuros professores. O currículo acadêmico, com seus conteúdos e

propostas de ensino e aprendizagem devem apresentar suporte suficiente para que a

maturidade profissional se concretize em situações reais.

O currículo ao se expressar através de uma práxis adquire significado definitivo

para os envolvidos, pois é na teoria vinculada à prática que toda intenção se faz

realidade, se manifesta, adquire significação e valor. Gimeno-Sacristán (2000) pontua

que “[...] um currículo se justifica na prática, enfim por pretensos efeitos educativos e

estes dependem das experiências reais que os alunos têm no contexto da aula,

condicionadas pela estrutura de tarefas que cobrem seu tempo de aprendizagem”

(GIMENO-SACRISTÁN, 2000, p. 201). Ainda segundo o autor:

A prática tem um esqueleto que mantém os estilos pedagógicos a

serviço de finalidades muito diversas, uma estrutura na qual se

envolve o currículo ao se desenvolver e se concretizar em práticas

pedagógicas. (GIMENO-SACRISTÁN, 2000, p. 202)

Giovanni e Guarnieri (2010) se manifestam dizendo que aspectos relevantes para

o exercício da profissão, como normas, regras e horários escolares, características dos

alunos, dúvidas de condutas, entre outros não são abordados na formação inicial, no

caso, presencial, ou seja, não entrelaçam componentes de trajetória de vida e

escolarização com elementos presentes na cultura escolar. Para as autoras “[...] a

imersão no local de trabalho por si só não propicia conhecimentos suficientes para

exercer a docência” (GIOVANNI e GUARNIERI, 2010, p.4).

Guarnieri (1996) explicita que o exercício profissional provê pistas muito

importantes para a construção da função docente, do tornar-se professor, quando os

conhecimentos teóricos acadêmicos são articulados com os conhecimentos do contexto

escolar e da prática docente.

A formação docente, segundo Feldmann (2004), não pode mais ser vista como

um processo de acumulação de conhecimentos organizados de maneira estática, com

livros, teorias e técnicas, e sim, que este processo de desenvolvimento profissional e

pessoal, entendido como uma dimensão de reconstrução permanente deve vincular-se à

concepção e análise dos contextos e relações sociais que produzem um conjunto de

valores, saberes e atitudes, os quais imprimem significados ao fazer educativo. Desta

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forma, parece essencial a valorização de modelos de formação docente que desencadeie

nos futuros educadores a reflexão crítica sobre as suas práticas e teorias.

Nessa direção, faz-se necessário desenvolver nos educandos em formação,

competências profissionais com metodologias pautadas na articulação teoria-prática, na

resolução de situações-problema e na reflexão individual e compartilhada da atuação

profissional, colocando o futuro professor em contato com a realidade em que irá atuar e

com as questões concretas da profissão. Assim:

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é

propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com

os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência

profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como

ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos,

capaz de ter raiva porque capaz de amar. (FREIRE, 1996, p. 41)

A todo o momento, os docentes em formação devem ser convidados a entender e

protagonizar a produção do seu conhecimento, desenvolvendo sua criatividade e

criticidade.

1.3 Os saberes da formação docente

Não basta ter talento, cultura, bom senso, conhecer o conteúdo e seguir a

intuição para ser professor. Seu ofício é principalmente composto de saberes –

disciplinares, curriculares, científicos (das ciências da educação), da ação pedagógica

(prático) e da tradição pedagógica (experiencial) - que alimentam uma razão

intersubjetiva, dialética, contextualizada, deliberativa, argumentativa e comunicacional

(GAUTHIER et al, 2013). Pedrino (2009, p.28) em sua dissertação que trata de

processos de formação de professores acredita que o professor:

[...] é capaz de levantar problemas e questões sobre sua prática, bem

como encontrar soluções para as dificuldades encontradas. Dessa forma,

esse profissional pode ativamente definir os objetivos e modos de

atuação do seu trabalho, configurando-se também como protagonista na

produção do conhecimento sobre o ensino que não é exclusivo dos

pesquisadores e teóricos da academia.

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Os saberes profissionais dos docentes são referendados por Tardif e Gauthier

(1996, p. 11), que escrevem: “[...] o saber docente é um saber composto de vários

saberes oriundos de fontes diferentes e produzidos em contextos institucionais e

profissionais variados”.

Conhecimentos sobre os saberes pedagógicos estão inseridos dentro dos

conceitos de “Gestão da Matéria” e “Gestão da Classe” trazidos por Gauthier et al.

(2013) que acreditam que a formalização dos saberes necessários à execução das tarefas

é condição essencial para toda profissão.

Na concepção do autor, Gestão da Matéria envolveria todos os assuntos

relacionados ao planejamento, ao ensino e à avaliação de aulas, tratando-se de um

conjunto de variáveis influentes na aprendizagem. “Ela engloba o conjunto das

operações de que o mestre lança mão para levar os alunos a aprenderem o conteúdo”

(GAUTHIER et al., 2013, p.196). Já o termo Gestão da Classe, depende do contexto e

procura trazer uma coleção de regras e de atitudes fundamentais para se criar e manter

um ambiente organizado e favorável para o ensino e a aprendizagem, “[...] ela remete a

todos os enunciados que dizem respeito à introdução e à manutenção de uma ordem

geral na sala de aula a fim de promover a aprendizagem” (GAUTHIER et al., 2013,

p.241).

Os saberes que envolvem a atividade docente devem ser mobilizados, segundo

Gauthier et al. (2013, p.28) e formar uma espécie de “[...] reservatório no qual o

professor se abastece para responder as exigências de sua situação concreta de ensino”.

Procurando relacionar as temáticas estudadas – Formação de Professores, Pedagogia

EaD e Professores Iniciantes e aprofundar o que já foi citado acima, podemos entender

que os saberes docentes constituem os conceitos de Gestão da Matéria e Gestão da

Classe.

O saber disciplinar “[...] refere-se aos saberes produzidos pelos pesquisadores e

cientistas nas diversas disciplinas científicas, ao conhecimento por eles produzidos a

respeito do mundo”. (GAUTHIER et al., 2013, p.29). Trata-se dos saberes dispostos na

sociedade e integrados na universidade, no curso de Pedagogia, presencial ou EaD, em

forma de disciplinas que geram um saber da ação pedagógica germinado pelo professor

em seu contexto de atuação. Alguns autores abordam estes saberes a serem ensinados

como transposição didática (CHEVALLARD, 1991) ou conhecimento pedagógico da

matéria (SHULMAN, 1986). A respeito do saber curricular, podemos discorrer que este

se refere aos programas de ensino, a organização do conteúdo a ser ensinado. “É de fato,

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o programa que lhe serve de guia para planejar, para avaliar” (GAUTHIER et al., 2013,

p.31).

O saber das ciências da educação envolve um saber profissional específico “[...]

que não está diretamente relacionado com a ação pedagógica, mas serve de pano fundo

tanto para ela quanto para os outros membros de sua categoria socializados da mesma

maneira” (GAUTHIER et al., 2013, p.31). Podemos entender que todos os

conhecimentos adquiridos durante o trabalho, principalmente na fase de iniciação, que

informam e formam o professor, como funcionamento da escola e conselho escolar,

estão contidos aqui. Quando abordamos o saber da tradição pedagógica aludimos a

maneira como a escola está organizada, cristalizada, que povoa “[...] uma boa parte do

cotidiano das escolas atuais [...] esse saber da tradição apresenta muitas fraquezas, pois

pode comportar inúmeros erros” (GAUTHIER et al., 2013, p.32).

A partir do saber experiencial, muito sentido pelos iniciantes, o professor

desenvolve suas vivências pessoais e únicas, constituindo um repertório de saberes que

se tornam usuais ou não no contexto profissional e que muitas vezes fica confinado na

sala de aula. Para Gauthier et al., (2013, p.32) o que delimita este saber “[...] é

exatamente o fato de que ele é feito de pressupostos e de argumentos que não são

verificados por meio de métodos científicos”. O saber da ação pedagógica procura

associar estes saberes, sendo o mais necessário à profissionalização o ensino. Ele é o

“[...] saber experiencial dos professores a partir do momento em que se torna público e

que é testado pelas pesquisas realizadas em sala de aula” (GAUTHIER et al., 2013,

p.33). Os saberes da ação pedagógica devem ser explicitados e estudados por se

constituírem em fundamentos da profissão do professor.

Na ausência da sistematização e do estudo destes saberes pedagógicos e práticos,

os professores acabam por continuar recorrendo à experiência, a tradição, ao bom senso

e continuarão “[...] usando saberes que não somente podem comportar limitações

importantes, mas que também não os distinguem em nada, ou em quase nada do cidadão

comum” (GAUTHIER et al., 2013, p.34). Com a análise do trabalho dos professores

podemos esclarecer, de modo fecundo e pertinente questões que devem estar presentes

no curso de Pedagogia (TARDIF, 2002). Dessa forma, ressalta-se ainda mais a

relevância da formação inicial, da graduação, na “[...] constituição de um repertório de

conhecimentos pedagógicos próprios” (TARDIF, 2002, p. 121) e na reflexão de práticas

e saberes pertencentes ao meio escolar.

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Avigora-se de tal modo, a necessidade de entender melhor os conhecimentos

indispensáveis para o professor, que é figura central na ação educativa, ensinar nos dias

atuais, os processos de mudança, a relação entre os conhecimentos adquiridos na fase de

formação inicial e de iniciação, com os saberes em salas de aula, compreendendo que

este domínio de conhecimentos pode levar a uma qualidade da educação.

Considerando toda esta complexidade e pensando na melhoria da oferta dos

cursos a distância, o diferencial desta pesquisa encontra-se na pretensão de se considerar

esta multiplicidade de informações e ouvir a voz dos professores, graduados pela

Educação a Distância, em início de carreira. Na próxima seção o leitor conhecerá

melhor a constituição do curso de Pedagogia EaD com sua trajetória, concepção,

aspectos legais e políticas educacionais.

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SEÇÃO 2

O curso de Pedagogia e a Educação a Distância

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SEÇÃO 2

O curso de Pedagogia e a Educação a Distância

Esta seção procura abordar o curso de Pedagogia e a Educação a Distância a

partir de dois tópicos: o primeiro expõe a trajetória da EaD - sua concepção, aspectos

legais e políticas educacionais e o segundo discorre sobre o curso de Pedagogia e o

desenvolvimento deste através do ensino a distância como um espaço de composição e

constituição docente.

2.1 O ensino e a Educação a Distância

O cenário contemporâneo nos aponta uma escola que deixou de ser a única fonte

de saber, na qual as tecnologias de informação e da comunicação modificaram nossas

relações com as pessoas e possibilitaram o acesso ao conhecimento. O processo de

aquisição e divulgação do conhecimento se ampliou de forma considerável e a

Educação a Distância tomou novo impulso (TANCREDI, REALI e MIZUKAMI,

2005), pois a tecnologia e a comunicação comprometeram a vida cotidiana, a

aprendizagem e o conhecimento. O trabalho com formação de professores não está

desvinculado desse contexto, portanto, a circunstância atual nos apresenta um pensar e

repensar o processo de concepção de professor diante desta realidade repleta de novos

saberes.

A Educação a Distância tem ganhado força em diferentes contextos, níveis,

formatos, áreas de conhecimento, processos de formação e requalificação profissional e

especificidades de cursos (MIZUKAMI, 2009). Gatti e Barretto (2009) falam que a

extensão de cursos e o crescente envolvimento das IES com o ensino a distância,

quando se trata de formação de professores, mostram que esta modalidade de ensino

adquire nova dimensão em nosso país e desta forma passam a auferir importância na

política educacional. Este fato faz com que, cada vez mais estas instituições ganhem

confiabilidade e estima para ampliarem suas ofertas na formação inicial na modalidade

à distância.

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Schlünzen; Malheiro e Perez (2009) discorrem que com o aparecimento da

cibercultura (cultura resultante da comunicação através do uso de computadores) e da

sociedade da informação deu-se uma mudança da lógica da comunicação e interação.

“[...] por meio dos ciberespaços (ambientes comunicacionais) que aparecem com a

Internet, surgiu também uma nova demanda e novas exigências, inclusive no setor

educacional” (SCHLÜNZEN, MALHEIRO e PEREZ, 2009, p. 289).

Soares (2003, p.12) afirma que embora o uso da internet seja uma prática ainda

recente

[...] mais da metade das universidades americanas já estão oferecendo

algum tipo de educação a distância. Através do uso das modernas

tecnologias da comunicação, prevê-se que, para meados da primeira

década do novo milênio, cerca de 60% do ensino do país esteja sendo

ministrado fora dos ambientes tradicionais, ou seja, inteiramente

através do ciberespaço.

Neste contexto, a Educação a Distância tem adquirido espaço e atenção e

oportunizado um ensino e uma aprendizagem flexível, interativa e dinâmica, como

mostra Soares (2003).

Lévy (1999) afirma que a educação presencial agrupa seus alunos e o professor

de cada classe num mesmo ambiente físico, com horário de entrada e saída. A educação

virtual substitui a presença física dos alunos em um único local, pela participação na

rede de comunicação eletrônica – internet - e se utiliza de recursos que favorecem a

cooperação, rompendo a barreira espaço – tempo.

Para Migliorança (2010, p.54) a internet, atualmente, é vista

[...] como um espaço de democratização das informações, facilitando

a busca de textos, artigos e notícias [...] permite que as pessoas

comuniquem-se, compartilhem informações, discutam e atualizem

temas de interesse, busquem apoio e solução para problemas [...] Mais

do que isso, a internet possibilita interação virtual a distância e a

construção de comunidades de aprendizagem formadas por pessoas

das mais diversas culturas e procedências.

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Os processos correspondentes ao ensino a distância para Moore e Kearley (2008)

são definidos como situações onde professores e alunos, atuam em locais diferentes

durante todo ou praticamente todo o tempo, e por isso, torna-se essencial o uso da

tecnologia para transmitir informações e proporcionar um meio para interagir:

Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre

normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo

técnicas especiais de criação do curso de instrução, comunicação por

meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e

administrativas especiais. (MOORE e KEARLEY, 2008, p.2)

Kenski (2006, p.55) discursa, alegando que a escola virtual contempla o

[...] local que partilham fluxos e mensagens para a difusão dos

saberes, o ambiente virtual de aprendizagem se constrói com base no

estímulo à realização de atividades colaborativas, em que o aluno não

se sinta só, isolado, dialogando apenas com a máquina ou com o

instrutor, também virtual. Ao contrário, construindo novas formas de

comunicação, o espaço da escola virtual se apresenta pela estruturação

de comunidades on-line em que alunos e professores dialogam

permanentemente, mediados pelos conhecimentos.

Na modalidade a distância, aqui no Brasil, temos a presença de uma equipe

multidisciplinar e a função do docente desempenhada por um conjunto de profissionais

que partilham e realizam várias tarefas de forma integrada. Faz-se assim de grande

importância uma configuração institucional adequada aos cursos a distância, juntamente

com as tecnologias para a mediação de conteúdos.

Nesta perspectiva, conforme Oliveira (2008) é necessária a atuação conjunta de

diferentes figuras: professor conteudista (elabora o material didático), professor

responsável (planeja e acompanha o desenvolvimento das atividades), tutor presencial

(acompanha os alunos em encontros presenciais), tutor virtual (acompanha atividades,

media interatividades e avalia os alunos durante as disciplinas realizadas online),

coordenador de curso ou coordenador pedagógico, coordenador de polo (responsável

pelo polo de apoio presencial), pedagogo e designer instrucional (sistematiza o que vai

ser ensinado, utilizando métodos, técnicas, materiais, entre outros). Para cada um desses

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50

profissionais existe uma responsabilidade necessária a fim de garantir o funcionamento

adequado e requerido pela EaD.

Bruno e Lemgruber (2010, p.71) destacam que atualmente, nas diferentes

modalidades de ensino, os docentes desempenham inúmeras funções excedendo as

tarefas de planejar, avaliar e ministrar aulas, pois vivenciamos contextos formativos

cada vez mais complexos, que exigem que o professor assuma múltiplas funções e

consiga se agregar a uma equipe multidisciplinar incumbindo-se “[...] como formador,

conceptor ou realizador de cursos e materiais didáticos; pesquisador, mediador,

orientador e nesta concepção, se assumir como recurso do aprendente”. Para Belloni

(2015, p.87) a principal característica do ensino a distância é “[...] a transformação do

professor de uma entidade individual em uma entidade coletiva”.

Em um dos modelos de ensino a distância mais utilizado, além do grupo de

professores de apoio multidisciplinar, o corpo de tutores tem como função e deve

compartilhar ativamente da prática pedagógica, acompanhando o desenvolvimento do

processo de ensino e aprendizagem e auxiliando os alunos no sentido da aquisição de

estratégias de aprendizagem e autonomia de estudo. Ele procura promover o diálogo e a

troca de informações e experiências, na perspectiva de integrá-los ao processo educativo

como sujeitos ativos de seu próprio conhecimento. O trabalho pedagógico na EaD

implica o estabelecimento de uma comunicação ativa entre docentes, tutores e alunos,

para que se crie um ambiente virtual de real aprendizagem. Ao considerarmos as

especificidades de cada modalidade, presencial e a distância, vemos que os trabalhos de

equipe e de cooperação são desafios que precisam ser enfrentados por todos os agentes

educativos, visto que os caminhos formativos de ambos estão inter-relacionados e o

modo como são vividos e percebidos origina o propósito “[...] pessoal/grupal e

institucional de transformação e aperfeiçoamento em direção a um ideal formativo

comum”. Em razão disso, instituições e professores necessitam estar conscientes de suas

responsabilidades formativas (ISAIA, 2006, p. 82).

Vergara (2007) apresenta que o Brasil, país de cultura relacional, está se

utilizando de recursos tecnológicos que possibilitam o ambiente da sala de aula

presencial em ambientes virtuais de muita qualidade, onde há ênfase em

relacionamentos, o que têm se destacado diante de muitos países americanos e europeus.

A mesma autora continua dizendo que apesar deste avanço, a EaD ainda encontra

vantagens nestes países e desfrutam de credibilidade com o público porque os

americanos e europeus concretizam reais “[...] investimentos em ciência e tecnologia, há

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a possibilidade de criação de mecanismos eficazes que podem otimizar a interação

professor/aluno e, como consequência, a qualidade do processo ensino/aprendizagem”.

O ensino a distância demanda atenção no que se refere à tecnologia, modelos

pedagógicos, softwares gerenciadores de ambientes virtuais de aprendizagem,

capacidade dos equipamentos, legislação, papel da equipe acadêmica (professores e

tutores), da equipe técnica de produção (designers, desenhistas e diagramadores), da

equipe de operações (suporte técnico, logística dos cursos, os gerentes de projetos) e da

equipe comercial (custos e marketing). Igualmente aos cursos presenciais, os cursos a

distância não se esgotam nas figuras do professor e do aluno. (NISKIER, 1999; TESTA

e FREITAS, 2002).

Como dito acima, a Educação a Distância acontece dentro de ambientes

específicos de aprendizagem – ambientes virtuais – que disponibilizam ferramentas de

comunicação síncronas e assíncronas, onde na primeira, o diálogo acontece em

sincronia, ou seja, simultaneamente e na segunda, a comunicação não ocorre

concomitantemente. Para Soares (2003, p.7)

No caso da educação a distância, as dificuldades existentes dizem

respeito mais às tecnologias de acesso que ao relacionamento em si

mesmo, uma vez que os diálogos entre as pessoas envolvidas

realizam-se, em geral, sem a pressão de preconceitos próprios do

relacionamento presencial, relacionado à cor, etnia, crenças, situação

econômica, sexo, peso e idade das pessoas envolvidas.

As ferramentas pedagógicas básicas, como mostra Belloni (2015), também

conhecidas como TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) que orientam e

asseguram a comunicação e a interatividade na plataforma de estudo envolve: e-mail

(permite a comunicação privada entre educador e educando para esclarecer dúvidas ou

tratar de eventuais assuntos); Fórum (forma de comunicação pública, que pode ser

visualizada por todos – geralmente apresenta questões sobre o conteúdo a serem

refletidas e discutidas); Chat (encontro virtual que possibilita a comunicação do

professor e dos alunos em tempo real para discutir um determinado assunto) e Atividade

(permite ao professor propor tarefas abordando o conteúdo das aulas, onde o aluno

publica arquivos de textos).

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O progresso das atividades é conceituado por meio das participações dos alunos

nas reflexões e atividades propostas no ambiente virtual de aprendizagem e pela

avaliação presencial, exigida pela legislação brasileira. Ensinar a distância significa “[...]

oferecer ao aluno referenciais teórico-práticos que levem à aquisição de competências

cognitivas, habilidades e atitudes que promovam o pleno desenvolvimento da pessoa, o

exercício da cidadania e qualificação para o trabalho” (NEVES, 1998, p.13)

Evidencia-se assim a utilização da internet e de espaços de comunidades virtuais

de aprendizagem, que buscam reunir pessoas que possuam objetivos comuns de ensino,

em benefício da educação. Para Schlemmer (2005, p.31) o ensino e aprendizagem em

EaD consiste em:

[...] um processo que enfatiza a construção e a socialização do

conhecimento, assim como a operacionalização dos princípios e fins

da educação, de modo que qualquer pessoa, independentemente do

tempo e do espaço, possa tornar-se agente de sua aprendizagem,

devido ao uso de materiais diferenciados e meios de comunicação que

permitam a interatividade e o trabalho colaborativo/ cooperativo.

Entre as possibilidades da EaD, Belloni (2015) e Vergara (2007) reportam-se ao

fato de que esta modalidade fortalece um aluno ativo e autônomo, que conduz a sua

aprendizagem, capaz de harmonizar seu curso com suas possibilidades de espaço, tempo

e ritmo de estudo, aprimorar sua independência, seu comportamento proativo e sua

autodisciplina, saberes pleiteados para profissionais requisitados no mercado de

trabalho. Por aprendizagem autônoma compreende-se um processo de ensino e

aprendizagem “[...] centrado no aprendente, cujas experiências são aproveitadas como

recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso do aprendente, considerado

como um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e

auto-regular este processo” (Belloni, 2015, p.39-40).

Não se pode deixar de dizer que limitações tecnológicas, baixa capacidade do

computador, lentidão de acesso à internet e a falta de flexibilidade de programas e

softwares podem inibir a motivação e a aprendizagem dos alunos, tal como a falta de

domínio das pessoas para a leitura e interpretação de textos e para lidarem com a

informática, com o computador e com as ferramentas pedagógicas (VERGARA, 2007).

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Outros reflexos podem ser deixados pela EaD, como profissionais que apenas

buscam por diplomas superiores e abandonam de lado a aquisição de conhecimento e

universidades despreocupadas com as metodologias de ensino e conteúdos

disponibilizados, que visam lucro e não qualidade na educação.

No Brasil, a primeira alusão oficial sobre EaD aconteceu em 1996, na LDBEN

em seu artigo 80, o qual trataremos adiante. A partir deste momento, com a legitimidade

e a visibilidade proporcionada a EaD, esta modalidade de ensino passou a ser

considerada uma forma aceitável de formação educacional aos brasileiros, ou seja, a lei

passou a reconhecer a modalidade de educação a distância como uma possibilidade

positiva de formação do cidadão. Esta lei também, em seus paragráfos e incisos,

determina que a EaD no Brasil terá uma regulamentação própria e que o

credenciamento das instituições que desejam trabalhar com essa modalidade será feito

pela União. As principais especificidades da EaD, em função da LDBEN são expostas

através do Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 – que apresenta semelhanças

entre as modalidades presencial e a distância no que se refere à metodologia, gestão e

avaliação – incluindo a obrigatoriedade de momentos presenciais para as duas situações.

Ambos os cursos nas diferentes modalidades, devem respeitar a legislação e

regulamentação em vigor quanto à sua criação, organização, oferta e desenvolvimento.

Demais aspectos desse documento serão detalhados posteriormente.

A LDBEN em seu artigo também estipulou que até 2007 todos os docentes

atuantes no país necessitariam ter formação universitária, o que demandou intensa

movimentação nas IES, fazendo com que estas fundassem programas especiais de

formação de professores. A EaD mostra-se aqui bastante abrangente, podendo ser

empregada em diferentes concepções de ensino e por múltiplas formas de comunicação.

Ela visa proporcionar a democratização do conhecimento, conforme Migliorança (2010,

p.55)

[...] sendo construída através da interação entre áreas como teorias da

aprendizagem, processos de construção de conhecimento, processos

metodológicos, e com força para suprir a demanda da oportunidade à

educação [...] Propósitos importantes tendo em vista a amplitude

territorial brasileira e a diversidade de acesso à cultura/ educação nos

diferentes estados.

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Uma importante decisão foi tomada pelo Ministério da Educação (MEC),

tornando possível a educação por meio de novas tecnologias a partir da “[...] portaria de

nº 2.253, de 18 de outubro de 2001, conhecida como a “Portaria dos 20%”, que garante

às instituições de ensino superior a opção de oferecer até 20% de suas disciplinas

regulares na modalidade a distância” (SCHLÜNZEN, MALHEIRO e PEREZ, 2009, p.

290).

Aprendizagem e ensino em EaD formam um processo complexo em uma

sociedade em permanente mudança (MORÉS, 2013). Moran (2002, p.2) disserta:

O ensino presencial e o ensino a distância começam a ser fortemente

modificados e todos nós – organizações, professores e alunos – somos

desafiados a encontrar novos modelos em todas as situações. Ensinar e

aprender hoje não se reduz a estar um tempo numa sala de aula.

Implica modificar o que fazemos dentro desta sala de aula, e também

organizar ações de pesquisa e de comunicação que permitam a

professores e alunos continuar aprendendo em ambientes virtuais, na

TV ou acessando páginas na internet, pesquisando textos, recebendo e

enviando novas mensagens, entrando em salas de aula virtuais,

divulgando seus trabalhos.

Pensando nisso e nas pesquisas já realizadas sobre a EaD, podemos considerar

que a maioria das licenciaturas oferecidas a distância, oferecem uma fundamentação

bastante semelhante à do ensino presencial. Ambas as modalidades apresentam um

currículo fixo, orientações direcionadas e o cumprimento de tarefas num determinado

tempo. As maiores diferenças evidenciadas estão na ruptura espaço- tempo, no ensino

centrado no aluno e na estrutura uma para muitos, onde um professor é responsável por

muitos alunos ao mesmo tempo. A despeito da viabilidade de variadas formas de

organização, “[...] um ponto deve ser comum a todos aqueles que desenvolvem projetos

nessa modalidade: é a compreensão de EDUCAÇÃO como fundamento primeiro, antes

de se pensarmos no modo de organização - A DISTÂNCIA” (BRASIL, 2007, p.7 -

destaque do texto).

Assim, um projeto de curso superior a distância necessita sim, de um

compromisso institucional que vise garantir o processo de formação “[...] que

contemple a dimensão técnico-científica para o mundo do trabalho e a dimensão política

para a formação do cidadão (BRASIL, 2007, p.7), mas será que isso vem acontecendo?

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Não se pode esquecer que a lógica capitalista fez com que as universidades

abandonassem, muitas vezes, a construção do conhecimento centrada na sociedade e

passassem a adotar o mercado como referencia central (SOBRINHO, 2005).

A primeira experiência com um curso de formação inicial de professores no

Brasil na modalidade a distância se realizou pela Universidade Federal do Mato Grosso,

intitulado de Licenciatura Plena em Educação Básica: 1º a 4º série do 1º grau

(BELLONI, 2015).

Em 2003, foi criada pelo MEC, a primeira versão dos Referenciais de Qualidade

para Educação a Distância. Devido a necessária atualização do documento, por conta da

dinamicidade do setor e da renovação da legislação, em 2007 foi lançada a nova versão

do documento oficial. Estes referenciais circunscrevem-se no ordenamento legal

vigente em complemento às determinações específicas da LDBEN, dos Decretos nº

5.622 e 5.773 (de junho de 2006) e das Portarias Normativas 1 e 2, de 11 de janeiro de

2007.

Apesar deste documento não ter força de lei, ele sem dúvida, é um norteador

para subsidiar atos legais do poder público no que se referem aos processos específicos

de regulação, supervisão e avaliação da modalidade de ensino. Por outro lado, as

orientações contidas neste documento devem ter função indutora, não só em termos da

própria concepção teórico-metodológica da Educação a Distância, mas também da

organização de sistemas de EaD no Brasil (BRASIL, 2007).

Pelas condições e exigências na organização destes cursos, os Referenciais de

Qualidade para projetos de cursos online abrangem categorias que envolvem aspectos

pedagógicos, recursos humanos e estrutura. Estas categorias serão citadas aqui, e

futuramente analisadas e descritas ao longo desta tese. São elas então: Concepção de

educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem; Sistemas de Comunicação;

Material didático; Avaliação; Equipe multidisciplinar; Infra-estrutura de apoio; Gestão

Acadêmico-Administrativa e Sustentabilidade financeira. (BRASIL, 2007). Todas as

categorias citadas devem estar integralmente expressadas no Projeto Político

Pedagógico de qualquer curso ofertado a distância.

No Brasil, com a expansão e democratização do ensino e com o déficit de

professores, a formação docente em todo o território nacional deve

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[...] considerar a modalidade a distância como uma alternativa de

ensino que ofereça soluções efetivas à crescente demanda de

professores que desejam uma formação de melhor qualidade e,

consequentemente, propiciar um melhor ensino e oportunidades de

acesso à educação superior aos alunos da rede básica (MORÉ et al.,

2012, p. 10)

Tentando responder esta demanda do aumento no crescimento de cursos

superiores em EaD, “[...] a Secretaria de Educação a Distância (SEED) vem atuando

transversalmente entre as demais secretarias e órgãos do MEC, articulando de forma

intensa com os sistemas de ensino” (SCHLÜNZEN, MALHEIRO e PEREZ, 2009, p.

290). Com isso a SEED desenvolve diversos programas e projetos: Pró-Licenciatura

(parceria entre o Governo Federal e as IES para oferecer formação inicial a distância a

professores em exercício), Portal do Professor (ambiente virtual com recursos

educacionais criado para troca de experiências entre professores do ensino fundamental

e médio), Formação Continuada em Educação Especial (promove cursos de

aperfeiçoamento de professores para o atendimento educacional especializado),

Universidade Aberta do Brasil (sistema integrado por universidades públicas que

oferece cursos de nível superior), entre outros.

Dada a necessidade dos professores assumirem sua formação

permanente e de qualidade, a Educação a Distância surge como uma

alternativa podendo ser uma opção “com um custo menor”, a ser

realizada em horários alternativos e sem a necessidade da presença

física. (MIGLIORANÇA, 2010, p. 58)

Pavesi e Alliprandini (2014) trazem que a EaD no Brasil aponta para uma real

expansão, o que faz com que se torne cada vez mais significativo a compreensão do

papel dos diversos elementos que a compõem, principalmente, do elemento central

deste processo, o aluno, com seu comportamento e características próprias.

A EaD vem crescendo tanto no Brasil, que de 1.682 alunos matriculados na

graduação em 2000 (BRASIL, 2009), tem-se 5.772.466 matriculados em 2012, de

acordo com o CensoEaD.BR2012 (2013), fornecido pela Associação Brasileira de

Educação a Distância (ABED). Destes, 19,8% (1.141.260) estão matriculados em cursos

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autorizados a distância, os demais estão em cursos livres ou cursam disciplinas a

distância em cursos presenciais.

O Censo da Educação Superior de 2010, realizado pelo Inep (BRASIL, 2011)

apresentou que, enquanto os cursos de educação superior na modalidade presencial

cresceram 85,4% entre 2001 a 2010, a modalidade a distância teve um aumento de

173% no número de alunos matriculados. A mesma pesquisa nos traz que quase metade

dos alunos matriculados nos cursos de Pedagogia (47,87%) está cursando a modalidade

a distância.

Mudanças no perfil do aluno que cursa EaD vem ocorrendo e, de acordo com

dados fornecidos pelo Inep (BRASIL, 2011), a modalidade não deixa de ser uma opção

de estudo para uma população mais velha que já realizou um curso superior ou que

ainda deseja realizar.

O Mapa do Ensino Superior no Estado de São Paulo (BRASIL, 2012), apresenta

que no ano de 2010, na modalidade de ensino a distância, o curso de Pedagogia liderou

a procura, com um total de 239.679 matrículas entre cursos públicos e privados. Na

totalidade dos variados cursos de licenciaturas – Biologia, Física, Geografia, História,

Letras, Matemática e Química, os alunos de Pedagogia correspondem a 28,7% dos

sujeitos (BRASIL, 2012).

A Educação a Distância está sendo considerada como um modo primordial de

educação do futuro e assim se procura viabilizá-la para a formação inicial ou continuada

de licenciados, visto que “[...] as mudanças trazidas pelo avanço tecnológico precisam

ser absorvidas como conquista da humanidade e utilizadas para propiciar os mesmos

avanços no campo da educação de professores” (MIGLIORANÇA, 2010, p. 57).

2.2 Pedagogia e ensino a distância como um espaço de

constituição docente

No Brasil, o curso de Pedagogia, constitui-se como o principal na formação de

professores. Franco (2003) apresenta o pedagogo como um cientista, um investigador

educacional por excelência. Considerando que a Pedagogia, é um campo científico que

investiga a realidade e os ideais de educação, tem-se em Libâneo (2002, p.17) que:

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A Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, filosóficos, e

técnico-profissionais, investiga a realidade educacional em

transformação, para explicitar objetivos e processos de intervenção

metodológica e organizativa referentes à transmissão/assimilação de

saberes e modos de ação. Ela visa ao entendimento global e

intencionalidade dirigido, dos problemas educativos e, para isso,

recorre aos aportes teóricos promovidos pelas demais ciências da

educação.

Para o mesmo autor, a Pedagogia é um campo de conhecimento da totalidade e

da historicidade do estudo sistemático das práticas educativas, o que engloba um

agrupamento de ações, processos, influências e estruturas que circundam o

desenvolvimento do indivíduo e de grupos de indivíduos. É por meio da educação que o

ser humano incorpora saberes, habilidades, técnicas, atitudes e valores, pois o ato de

educar está mediado por interações e ações que lhes são próprias e que podem ser

produzidas, reproduzidas e /ou transformadas. Destarte a formação do pedagogo e suas

possibilidades de atuação se alargam, uma vez que o pedagogo é o profissional que

pode atuar em diferentes instâncias da prática educativa “[...] direta ou indiretamente

ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modo

de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua

contextualização teórica” (LIBÂNEO, 2004, p.33).

De acordo com Bassotto (2015) o curso presencial de Pedagogia foi fundado no

Brasil em decorrência da organização da Faculdade Nacional de Filosofia do Brasil,

com base no decreto-lei nº 1.190 de 4 de abril de 1939, para a preparação de docentes,

técnicos de educação, professores para o ensino secundário e para as escolas normais.

Cruz (2011) em seu livro que procura descrever o percurso da Pedagogia no país retrata

que este decreto foi o primeiro marco legal que trata deste curso, que decorre da

necessidade de estabelecer definições para as bases de formação de professores.

Saheb (2008) expõe que por este decreto-lei foi criada a seção Pedagogia. Esta

parte apresentava como pretensão a formação de profissionais do ensino médio e a

técnica em educação, formando licenciados e bacharéis. Para isso seguia-se a fórmula

conhecida como - esquema 3+1 - no qual as disciplinas de conteúdo específico tinham

duração de 3 anos e as disciplinas pedagógicas, sobrepostas às específicas, eram

cursadas no último ano. Assim formava-se nos 3 primeiros anos, o bacharel e no quarto

ano o licenciado. A estrutura se constituía em um esquema de seriação, na qual as

disciplinas do primeiro ano contemplavam: Complementos da Matemática,

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História da Filosofia, Sociologia e Fundamentos Biológicos da Educação; do segundo -

Estatística Educacional e Fundamentos Sociológicos da Educação e no terceiro ano:

Educação Comparada e Filosofia da Educação. Havia algumas disciplinas que eram

estudadas nos três anos, como Psicologia Educacional e outras que eram

abordadas nos dois últimos anos - História da Educação e Administração Escolar. Para

adquirir o direito de licenciado, o aluno deveria cursar também Didática Geral

e Didática Especial. O curso de Pedagogia permaneceu organizado conforme este

decreto por vinte e três anos.

A educação básica no Brasil amplia-se a partir de 1961 e, em decorrência deste

fato o Conselho Federal de Educação (CFE) aprovou o parecer nº 251, de 1962, que

reformulou o currículo do curso de Pedagogia. Cruz (2011) afirma que este parecer foi o

segundo marco legal do curso, que estabeleceu um currículo mínimo com relação ao

bacharelado. A partir deste momento o período de 4 anos foi estabelecido tanto para o

bacharel, que exerceria o papel de professor de escola técnica, quanto para o licenciado,

que seria o professor da escola normal.

Novas mudanças são executadas pelo CFE através do parecer nº 252, de 11 de

abril de 1969. Acompanhado pela Resolução CFE nº 2/1969, este parecer se encarregou

de fixar o currículo mínimo e a duração do curso. De acordo com Cruz (2011), este

documento manteve a regulamentação da formação de professores para o Ensino

Normal e instaurou as habilitações para formar os especialistas responsáveis pelo

trabalho de planejamento, supervisão, administração e orientação, proporcionando

identidade ao pedagogo. “As habilitações Orientação Educacional, Administração

Escolar, Supervisão Escolar, Inspeção Escolar, além do magistério para o Ensino

Normal, foram amplamente difundidas, tornando-se nucleares para o curso ao longo de

grande parte de sua trajetória” (CRUZ, 2011, p. 47). O mesmo autor menciona que este

foi o terceiro marco legal do curso.

No mesmo ano, segundo Saheb (2008) o curso foi todo reorganizado e a

diferenciação entre bacharelado e licenciatura acabou, constituindo-se um diploma

único que se referia à formação de professores para o ensino normal e especialistas para

as habilitações específicas. Apesar disso tudo, o curso continuou a se constituir em duas

partes: uma representada pelas disciplinas dos fundamentos da educação e outra pelas

habilitações específicas. O eixo comum era constituído pelas disciplinas de Sociologia

Geral, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, História da Educação, Filosofia

da Educação e Didática. Para as habilitações específicas, os futuros professores

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deveriam cursar: Magistério dos cursos normais e Atividades de orientação,

administração, supervisão e inspeção.

A década de 80 foi marcada por um movimento realizado pelos professores,

instituições universitárias e organismos governamentais com o propósito da

reformulação do curso, que pretendia estabelecer uma base comum nacional de ensino.

Na época acreditava-se que tanto o curso de Pedagogia como as demais licenciaturas

deveriam apresentar um eixo comum, visto que todos se formariam professores. A

docência se constituiria como o alicerce da formação, como descreve Cruz (2011).

A LDBEN, da década de 90 foi pensada como uma tentativa de realizar

mudanças gerais na educação. Em seus artigos 62, 63 e 64, institui uma nova estrutura

escolar composta por educação básica e ensino superior, trazendo a formação do

professor em nível superior de forma obrigatória.

Art.62. A formação de docentes para atuar na educação básica farse-á

em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida como

formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil

e nas quatro séries do ensino fundamental, a oferecida em nível

médio, na modalidade Normal.

Art.63.Os institutos superiores de educação manterão cursos

formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso

normal superior, destinado à formação de docentes para a educação

infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental.

Art.64. A formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação

educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação

em pedagogia ou em nível de pós graduação, a critério da instituição

de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional

(BRASIL, 1996).

Esta lei representou muitas mudanças para a educação, pois apontou melhorias

com relação à formação docente e o aperfeiçoamento profissional (GADOTTI, 2000).

Os artigos citados da LDBEN prosperaram à discussão para a identidade e a

função do curso de Pedagogia, abordando conceitos de formação de profissionais

da educação. Após a aprovação e toda a discussão gerada pela LDBEN iniciou-se, por

meio de uma comissão, o processo de elaboração de propostas de Diretrizes

Curriculares para os cursos de graduação em nível superior, por meio do Edital nº. 04,

publicado em 04 de dezembro de 1997. A partir disso, o profissional formado em

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Pedagogia seria aquele que atuaria no ensino, na organização e na gestão de sistemas,

unidades e projetos educacionais, também responsável pela produção e difusão do

conhecimento, em variadas áreas da educação, tendo a docência como

base obrigatória de sua formação e identidade.

Foi em um período próximo que o MEC criou a SEED, a partir do Decreto n°

1.917, de 27 de maio de 1996, e a LDBEN aprova a Educação a Distância como uma

modalidade de ensino e traz em seus escritos, no artigo 80, o incentivo a programas de

EaD, regulamentando após, o credenciamento de instituições na modalidade.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a

veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e

modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime

especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas

pela União.

§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames

e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de

educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão

aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e

integração entre os diferentes sistemas.

§ 4º A educação a distância gozará de tratamentos diferenciados, que

incluirá:

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de

radiofusão sonora e de sons e imagens;

II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos

concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996, p. 56-57)

A partir da aprovação da nova LDBEN as discussões acerca da inclusão de

novos paradigmas educacionais em educação e as possibilidades para a democratização

do acesso às universidades ampliaram-se de acordo com Martins (2008). Com a

expansão destas ações legais, ao final da década de 90, que tratavam da formação de

professores a partir da disposição do Artigo 62 da mesma lei que preconiza a exigência

de formação em nível superior como condição necessária para o docente atuar na

Educação Básica gerou-se a ampliação de Institutos de Ensino Superior ofertando

cursos a distância de Pedagogia autorizada pelo MEC e pelo Conselho Nacional de

Educação (CNE), a fim de formar profissionais em nível superior e permitindo que as

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universidades oferecessem até 20% da carga horária dos cursos presenciais na

modalidade a distância.

A preocupação com a formação de profissionais da educação, conforme já

exposto, trouxe à tona “[...] novas propostas de mudanças nas universidades públicas e

nas instituições particulares, mediante a implantação de projetos pedagógicos nas

instituições de ensino” (MARTINS, 2008, p. 359). Nesta ocasião deu-se também o

surgimento das TICs que trouxeram muitas mudanças, como a criação de ambientes

virtuais de aprendizagem.

Em 19 de dezembro de 2005, o Decreto nº 5.622 regulamenta o artigo 80 da

LDBEN nº. 9.394/96, acrescentando o uso das TICs na compreensão da EaD e

fortalecendo o papel do Estado no controle dos cursos, conforme destacado abaixo:

Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a

distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-

pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a

utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com

estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em

lugares ou tempos diversos.

§ 1o A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão

e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a

obrigatoriedade de momentos presenciais para:

I - avaliações de estudantes;

II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na

legislação pertinente; e

IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o

caso. (BRASIL, 2005)

No Inciso 1º do Artigo 1º, temos a obrigatoriedade de momentos presenciais

para avaliações dos estudantes, estágios obrigatórios, defesa de Trabalhos de Conclusão

de Curso e atividades relacionadas a laboratórios de ensino. No Artigo 3º, destacamos o

tempo de duração dos cursos, que devem corresponder a respectiva duração do curso

ofertado na modalidade presencial.

Art. 3o A criação, organização, oferta e desenvolvimento de cursos e

programas a distância deverão observar ao estabelecido na legislação

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e em regulamentações em vigor, para os respectivos níveis e

modalidades da educação nacional.

§ 1o Os cursos e programas a distância deverão ser projetados com a

mesma duração definida para os respectivos cursos na modalidade

presencial.

§ 2o Os cursos e programas a distância poderão aceitar transferência e

aproveitar estudos realizados pelos estudantes em cursos e programas

presenciais, da mesma forma que as certificações totais ou parciais

obtidas nos cursos e programas a distância poderão ser aceitas em

outros cursos e programas a distância e em cursos e programas

presenciais, conforme a legislação em vigor.

Art. 4o A avaliação do desempenho do estudante para fins de

promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou

certificados dar-se-á no processo, mediante:

I - cumprimento das atividades programadas; e

II - realização de exames presenciais. (BRASIL, 2005)

O Artigo 5o do Decreto nº 5.622 deixa claro que os diplomas e certificados de

cursos e programas a distância que forem expedidos por instituições credenciadas e

registrados na forma da lei, terão validade nacional. O curso de Pedagogia então, estava

inserido neste contexto.

Para a área de formação de professores, especialmente, a EaD foi idealizada

como uma modalidade apropriada à expansão e à consolidação da formação “[...] tendo

em vista a necessidade de garantir, de forma permanente, o avanço nos estudos e nas

pesquisas que contribuem para uma melhoria significativa da prática docente”

(MARTINS, 2008, p. 359).

Outras iniciativas anteriores a estas regulamentações já haviam sido

desenvolvidas, conforme apontam Almeida, Ianone e Silva (2012). As primeiras

iniciativas de EaD, em cursos superiores de graduação, anteriores à LDBEN, valiam-se

do artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692 (LDB) de 1971, que permitia aos

Conselhos de Educação – federal e estaduais – autorizar experiências pedagógicas, com

regimes diversos dos prescritos na lei, assegurando a validade legal dos estudos assim

realizados. Na década de 1980, surgiram experiências denominadas “universidades

abertas”, com programas de curta duração, inclusive de maneira consorciada.

Os primeiros movimentos procuravam repetir as práticas presenciais nos

aparatos a distância, conforme nos conta Nicolodi (2013). Muitos dos docentes se

sentiam incomodados por perder a relação direta com os alunos e por não ter aprendido

a fazer de outra forma. Os estudantes também estranhavam a “[...] flexibilidade de

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acompanhamento e o isolamento em que se sentiam. A distância geográfica se traduzia

numa separação epistêmica e social. Os diálogos eram poucos e as mediações quase

inexistentes” (NICOLODI, 2013, p. 12).

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Paraná

outorgou a Resolução nº 54/00 que constituiu o currículo pleno do curso de Pedagogia –

Séries Iniciais do Ensino Fundamental na modalidade de EaD e a Comissão de

Educação do Setor de Educação elaborou o Projeto Político-Pedagógico, em parceria

com o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), no sentido de aprofundar a pesquisa e

propor os encaminhamentos teórico-metodológicos para sua implantação em

julho/2000, conforme nos conta Martins (2008).

Franco (2006) apresenta que um dos desafios encontrados para a criação de

cursos a distância foi o argumento de que a oferta de cursos superiores na modalidade a

distância seria de qualidade inferior, refletindo um preconceito da área e não uma

análise com bases consolidadas. Essa condição de resistência foi compreensível por

representar “[...] um novo impacto às práticas consideradas tradicionais e estabelecidas.

Tinha-se uma ideia de que a EaD anularia a relação professor/aluno, tão valorizada no

campo de formação de professores” (NICOLODI, 2013, p. 29), mas mesmo diante de

críticas, muitas vezes fundadas, esta modalidade tornou-se um meio de democratizar o

acesso ao curso de Pedagogia no Brasil e sua consolidação é significativa.

A Resolução nº 1, de 15 de maio de 2006 do CNE, considerado por Cruz (2011)

o quarto marco legal da Pedagogia, fixou novas Diretrizes Curriculares para o curso,

ocasionando, mais um debate a respeito da identidade do curso e da real finalidade do

profissional. Averiguou-se que as habilitações como administração, orientação e

supervisão escolar surgem como possibilidades de formação em nível de pós-graduação.

O curso passou de 2.800 horas para 3.200 horas - as diretrizes conseguiram ampliar o

conceito de docência.

De acordo com os Artigos 4º e 5º desta resolução, cabe então ao pedagogo atuar

como educador na Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos

de Ensino Médio na modalidade normal, na educação profissional voltada a serviços e

apoio escolar e também no desenvolvimento de competências, dentro e fora da sala de

aula, em outros espaços, onde se fizer necessária a sua presença. A formação deste

modo abrange tanto a docência como a participação na gestão e avaliação de sistemas e

instituições de ensino. Os campos de conhecimento como História, Psicologia,

Sociologia, Filosofia e Política constituem o curso com objetivo de tornar este

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profissional preparado para enfrentar a escola, respeitando a diversidade nacional e

autonomia das instituições. Saheb (2008) mostra estas mudanças como um incentivo à

formação profissional.

Como já abordado, as diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia

caracterizam a identidade do pedagogo como um profissional da educação formal e não

formal, do qual as atividades pedagógicas se desenvolvem em distintos espaços,

escolares e não escolares, por intermédio de práticas sociais contextualizadas. Para

Almeida, Ianone e Silva (2012, p.292) esta questão “[...] vai além da atuação docente e

abrange tanto a identidade de professor como a de gestor e pesquisador. Assim, trata a

formação de um profissional comprometido com a produção de conhecimento sobre a

educação”. Por ser definido como um curso de licenciatura, a formação do pedagogo é

fortalecida por meio “[...] da articulação entre teoria e prática, investigação e reflexão,

tendo a prática como a base da reflexão e da teorização” (ALMEIDA, IANONE e

SILVA, 2012, p.292).

O parágrafo 2º do Artigo 2º da Resolução do Conselho Pleno (CP) do CNE nº

01/2006 preconiza:

§ 2o O curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico-práticos,

investigação e reflexão crítica, propiciará:

I – o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas;

II – a aplicação ao campo da educação, de contribuições, entre outras,

de conhecimentos como o filosófico, o histórico, o antropológico, o

ambiental, ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o

político, o econômico, o cultural. (BRASIL, 2006)

O currículo da Pedagogia passa então a evidenciar mudanças e concepções

fundadas em uma interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e

relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética (BRASIL,2006). Procura

proferir conhecimentos de dissemelhantes campos científicos para estudar e

compreender o campo da Pedagogia e a atuação do pedagogo (ALMEIDA, IANONE e

SILVA, 2012, p.292). Como já posto, as diretrizes acabam por propor a suplantação dos

antigos modelos baseados nas habilitações e a dicotomia entre a formação pedagógica e

tais habilitações.

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Libâneo e Pimenta (2002, p.14) defendem um curso que ofereça “[...] formação

teórica, científica e técnica para interessados no aprofundamento da teoria e da pesquisa

pedagógica e no exercício de atividades pedagógicas específicas” - as diretrizes

estabelecidas passam a se aproximar desta idealização.

Para Libâneo (2002, p. 214), a Pedagogia consiste em um campo de “[...]

conhecimento teórico e de práticas que integra e sistematiza diferentes conhecimentos e

processos de outros campos científicos visando dar unicidade à investigação e às ações

relacionadas ao seu objeto, a prática pedagógica”. Para a formação em questão os

saberes que envolvem a teoria e a prática docente devem aparecer indissociáveis, afim

de que os objetivos e os procedimentos de preparo sejam viabilizados. Libâneo (2002)

também coloca como a questão central da Pedagogia, a formação humana para a vida

harmoniosa em sociedade, considerando uma realidade que vive em constante mudança.

No mesmo período em que o currículo do curso de Pedagogia estava sendo

reformulado, por meio do Decreto nº 5.800 de 8 de junho de 2006, foi criado o sistema

Universidade Aberta do Brasil (UAB), que oficializou a oferta de cursos a distância

também por meio das instituições públicas de Ensino Superior, porém as diretrizes

curriculares não tratavam da formação de professores e do pedagogo na modalidade a

distância.

Para Almeida, Ianone e Silva (2012, p.293), as diretrizes constituídas abarcam

conteúdo, metodologia, prática e pesquisa, tornando a composição do pedagogo

complexa diante das condições palpáveis das instituições de ensino. “Mais complexa

ainda se torna, quando se utilizam as TICs como instrumentos de mediação dos

processos de ensino e aprendizagem”.

Com o propósito de contestar e problematizar, Gatti e Barreto (2009, p. 258)

trazem em relação às diretrizes que “[...] os currículos não se voltam para as questões

ligadas ao campo da prática profissional, seus fundamentos metodológicos e formas de

trabalhar em sala de aula”. Desta forma, podemos entender que se, de um lado, as

diretrizes para o curso de Pedagogia apontam para prováveis melhorias, de outro, as

evidências identificadas por Gatti e Barreto (2009) advertem que as orientações

curriculares não estão consolidadas nos cursos em desenvolvimento e na prática

profissional. “A abundância de leis e decretos dificulta a compreensão das propostas

políticas, gera a fragmentação dos processos formativos e fortalece a dicotomia entre

teoria e prática” (ALMEIDA, IANONE e SILVA, 2012, p.294).

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Vemos que o curso de Pedagogia procura então formar um investigador da

educação, um profissional que realiza tarefas educativas diretamente docentes ou não;

cuja natureza constitutiva é a teoria e a prática da educação ou a teoria e prática da

formação humana.

Não podemos deixar de relatar aqui, que a fim de assegurar o processo de

avaliação das IES, dos cursos e do desempenho acadêmico dos alunos, em 2004, deu-se

a publicação da Lei nº 10.861/2004, que instaurou o Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior (Sinaes). Esta lei, não apresentou distinção em seu texto ao tratar das

avaliações em relação a educação presencial e a educação a distância, procurando

executar o que indicava a LDBEN de 1996 - não diferenciar o tratamento em relação a

modalidade de ensino, ao rigor e ao cumprimento das avaliações oficiais. A mesma lei

delibera sobre a avaliação do desempenho dos estudantes também de maneira indistinta

em relação à modalidade presencial ou a distância, por meio da aplicação do Exame

Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

O Sinaes engloba as avaliações das IES, dos cursos e do desempenho

dos estudantes. Além do desempenho dos alunos, medido pelo Enade,

esse sistema também analisa os cursos quanto à organização didático-

pedagógica, ao corpo docente e de tutores e à infraestrutura. Ao fazer

a avaliação das instituições, considera, ainda, entre outras dimensões,

a gestão da instituição, as políticas de ensino, pesquisa e extensão, a

responsabilidade social, bem como as políticas de pessoal, de

atendimento aos alunos e a infraestrutura geral. (ALMEIDA,

IANONE e SILVA, 2012, p.302).

Esta disposição da lei, a partir de avaliações de resultados, procura acompanhar

como vem se desenvolvendo os cursos presenciais e a distância, apesar desta avaliações

não exibirem, de fato, como os processos pedagógicos estão acontecendo dentro das

instituições de ensino superior sejam elas públicas ou privadas.

Faz-se possível notar, na Educação a Distância, que no que diz respeito a

regulação e a expansão de cursos, as IES ainda avançam lentamente para a

institucionalização efetiva da EaD, pois criam estruturas diferentes para a oferta e

operação das duas modalidades de ensino no interior das próprias instituições. Ainda

estão navegando entre o desconhecimento sobre essa modalidade por parte dos

discentes, docentes e gestores, a necessidade de investimentos para sua implantação, a

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demanda pela alteração dos processos internos e a formação de toda a comunidade

acadêmica. A implantação da EaD no Ensino Superior até o momento é alvo de

desconfianças, tensões e de opiniões polarizadas (ALMEIDA, IANONE e SILVA,

2012, p.303). Segundo Franco (2006) a expansão deste segmento só faz sentido se

acontecer concomitantemente com a qualidade.

Sobrinho (2005) apresenta uma reflexão acerca da universidade, dizendo que a

ela não deve dar razão apenas a lógica capitalista. “Que a universidade não seja um

motor da globalização da economia de mercado, mas sim da globalização da dignidade

humana”.

Com o Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007, alterações foram

realizadas em relação ao Artigo 80 do Decreto nº 5.622/2005 da LBDN/96, que

estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e do Decreto de nº 5.773, de 9

de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e

avaliação de instituições de Educação Superior e cursos superiores de graduação e

sequenciais no sistema federal de ensino (BRASIL, 2007).

§ 3o A instituição poderá requerer a ampliação da abrangência de

atuação, por meio do aumento do número de pólos de apoio

presencial, na forma de aditamento ao ato de credenciamento.

§ 4o O pedido de aditamento será instruído com documentos que

comprovem a existência de estrutura física e recursos humanos

necessários e adequados ao funcionamento dos pólos, observados os

referenciais de qualidade, comprovados em avaliação in loco.

§ 6o O pedido de ampliação da abrangência de atuação, nos termos deste

artigo, somente poderá ser efetuado após o reconhecimento do primeiro

curso a distância da instituição, exceto na hipótese de credenciamento

para educação a distância limitado à oferta de pós-graduação lato sensu.

§ 7o As instituições de educação superior integrantes dos sistemas

estaduais que pretenderem oferecer cursos superiores a distância

devem ser previamente credenciadas pelo sistema federal, informando

os pólos de apoio presencial que integrarão sua estrutura, com a

demonstração de suficiência da estrutura física, tecnológica e de

recursos humanos” (Brasil, 2007).

Com as modificações, as funções da SEED, que procurava articular propostas

para o ensino a distância com órgãos do MEC e desenvolver programas, se ampliaram e

esta secretaria passou a avaliar e a decidir sobre os processos de credenciamento e de

autorização de cursos superiores a distância.

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Temos assim, como principais desafios para a formação do pedagogo a

superação da fragmentação da profissão, a descontinuidade de políticas e legislação,

preparo precário, desagregação entre pesquisa, formação e prática pedagógica e

dicotomia entre teoria e prática. Sem contar com a precariedade das condições de

trabalho, com espaço físico inadequado, falta de materiais e salários baixos. Pensando

em enfrentar tais desafios impostos, seria viável a promoção de mudanças com o

propósito de atingir o que foi proposto por Libâneo e Pimenta (2002) com o propósito

de integrar à formação do pedagogo as dimensões teórica, científica, pedagógica e

técnica, assumindo como eixo da formação a experiência construída no exercício da

profissão.

O cenário encontrado para o curso de Pedagogia no Brasil, de acordo com o Inep

(2010), no que diz respeito ao número de matrículas mostra uma disposição quase que

igualitária entre as modalidades presencial e a distância, onde temos 297.581 registros

de alunos cursando universidades presenciais e 273.248 frequentando cursos a distância.

Em 2010, estes alunos distribuíam-se por 77 Institutos de Educação Superior, sendo 33

IES públicas e 44 privadas.

O censo publicado pelo Inep (BRASIL, 2011) mostra que o número de alunos na

modalidade a distância continua crescendo, atingindo 1,34 milhão em 2014, o que já

representa uma participação de 17,1% do total de matrículas da educação superior.

Entre 2003 e 2014, o número de ingressos variou positivamente de 54,7% nos cursos de

graduação presenciais e mais de 50 vezes nos cursos a distancia. “Comparado com

2013, o número de ingressos nos cursos a distância cresceu 41,2%, já nos cursos

presenciais o aumento foi de 7,0%, o que é uma evidência de que os cursos a distancia

estão em clara expansão”.

O Mapa do Ensino Superior no Brasil de 2015 mostra que na modalidade de

ensino a distância o curso de Pedagogia liderou a procura, com um total de 262,9 mil

matrículas, sendo 70 mil no Estado de São Paulo. As matrículas em EaD no mesmo

Estado registraram de 2009 a 2013 um crescimento de 58%.

Almeida, Ianone e Silva (2012) discorrem sobre as características e condições de

oferta dos cursos de Pedagogia a distância alegando que a concepção dos cursos é de

autoria dos profissionais da instituição. Os autores são docentes da modalidade

presencial em alguns estabelecimentos de ensino e, em outros, as equipes são mistas,

incluindo professores de EaD de outros cursos de graduação. As mesmas pesquisadoras

identificaram que o curso a distância reproduz a mesma tendência de atribuir maior peso

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aos fundamentos gerais que aos conhecimentos didáticos verificada na modalidade

presencial. Disciplinas como História e Sociologia da Educação são enaltecidas, em

detrimento daquelas voltadas aos conhecimentos didáticos e poucas são voltadas aos

conteúdos da educação básica e ao estudo de assuntos referentes ao sistema escolar,

como o currículo, por exemplo. Ainda é ressaltada a delicada associação com a prática

educacional. Em alguns depoimentos expostos pelas autoras, alunos, coordenadores e

gestores expuseram que os espaços para o desenvolvimento da prática aparecem

limitados às atividades de estágio, que, por sua vez, parecem ter a função de cumprir

apenas exigências legais.

Nicolodi (2013) ao analisar Projetos Políticos Pedagógicos de cursos de

licenciatura a distância discorre que todos abordam uma visão de formação de pessoas

para uma prática social humanizadora, de produção da vida cultural e de exercício

crítico do trabalho, valorizando a interdisciplinariedade, o desenvolvimento da

criticidade para transformação e problemáticas da contemporaneidade, porém, não foi

encontrado uma preocupação com o chamado webcurrículo, que trata das novas

Tecnologias de Informação e Comunicação, de uma construção social e de ações

específicas e distintas da modalidade presencial, que envolvem um determinado tempo,

lugar, espaço e contexto. A mesma autora retrata “[...] o que encontramos foram

projetos pedagógicos e currículos com ajustes e adaptações a modalidade EaD”

(NICOLODI, 2013, p.143). É compreendido assim, que os cursos não foram

construídos pensando na modalidade e sim, que acabam por representar a reprodução da

modalidade presencial física.

Diante de toda a trajetória e as inquietações expostas aqui que versaram sobre o

curso de Pedagogia com suas mudanças de currículo e conceitos no decorrer da história,

o avanço das leis relacionadas ao ensino superior, a regularização da EaD e a formação

de professores e o ensino a distância, com sua metodologia como um espaço de

formação docente, torna-se relevante compreender como estão sendo preparados e de

que maneira estão atuando os egressos de Pedagogia, iniciantes na carreira docente,

destacando como reconhecem e relacionam seus saberes proporcionados pela formação

e qualificação profissional nesta modalidade.

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SEÇÃO 3

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Delineando a trajetória metodológica da pesquisa realizada

SEÇÃO 3

Delineando a trajetória metodológica da pesquisa realizada

Esta seção procura traçar os procedimentos utilizados para a obtenção dos dados

coletados e analisados nesta investigação. Aqui, o fato estudado e construído foi

revelado a fim de situar os leitores interessados a compreenderem os meios empregados

para alcançar os resultados.

3.1 Os caminhos da pesquisa

Lakatos e Marconi (1996, p. 15) nos falam que “Pesquisar não é apenas procurar

a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos

científicos”. Portanto, a pesquisa não pode ser entendida apenas como um simples

processo investigativo, um método simplório de verificação. A pesquisa visa obter

compreensões aprofundadas acerca dos problemas estudados.

Os problemas escolhidos para serem estudados advêm de realidades humanas

que necessitam serem investigadas, analisadas e abarcadas com cuidado, para que assim

possam ser modificadas e melhoradas (LAVILLE e DIONNE, 1999, p.86). A partir de

experiências acadêmicas vivenciadas e da participação em grupos de pesquisa e em

comunidades intelectuais universitárias, questionamentos surgem e procuram ser

respondidos. Desta forma, o pesquisador se aproxima de questões e temáticas que se

catalogam por meio de suas próprias experiências.

Laville e Dione (2008) abordam como reflexão que estas experiências

apresentam uma mistura de conhecimentos e de valores que dispomos em diferentes

quantidades, amplitudes e domínio. “Esses conhecimentos e esses valores os recebemos

prontos e conservados, ou os aprendemos ou transformamos, adaptando-os; por vezes,

nós mesmos os desenvolvemos” (LAVILLE e DIONNE, 1999, p.89).

Como foi discorrido no início deste trabalho, esta análise surge de uma realidade

experenciada pela própria pesquisadora que delimita seus questionamentos e traz como

temática central o estudo dos saberes da ação pedagógica revelados por pedagogos

egressos de cursos EaD que atuam como professores iniciantes. De tal modo a natureza

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desta pesquisa é aplicada, visto que “Objetiva gerar conhecimentos para aplicação

prática, dirigidos à solução de temas específicos. Envolve verdades e interesses locais”

(GERHARDT e SILVEIRA, 2009, p.35).

Almejando realizar um trabalho de relevância acadêmica, esta pesquisa operou

trilhando um caminho comum em pesquisas com abordagem qualiquantitativa,

envolvendo um conjunto de instrumentos de coleta de dados com vistas ao melhor

entendimento do fenômeno analisado. Dessa forma, esta pesquisa valeu-se de

levantamento bibliográfico sobre os temas estudados, apreciação documental e pesquisa

de campo, por meio da realização de questionários, como primeiro instrumento de

pesquisa, e entrevistas com egressos.

A realização da coleta de dados por meio de questionários e entrevistas com

perguntas semi-estruturadas apresenta o propósito de identificar a prática docente dos

envolvidos, examinando-os para entender como se caracterizam, como entendem suas

aprendizagens, experimentam e interpretam suas ações dentro da escola. A partir desse

tipo de coleta, o participante:

[...] tem assim a ocasião para exprimir seu pensamento pessoal, traduzi-

lo com suas próprias palavras, conforme seu próprio sistema de

referências. Tal instrumento mostra-se particularmente precioso quando

o leque das respostas possíveis é amplo ou então imprevisível, mal

conhecido. Permite ao mesmo tempo ao pesquisador assegurar-se da

competência do interrogado, competência demonstrada pela qualidade

de suas respostas. (LAVILLE e DIONNE, 1999, p.186)

Para investigar a importância de processos educativos para a formação docente e

discutir suas implicações, bem como as contribuições metodológicas para a formação

profissional; e mapear os profissionais participantes e os cursos online, foram realizadas

abordagens qualitativa e quantitativa, seguindo o modelo de enfoque dominante. O

modelo de enfoque dominante “[...] é realizado da perspectiva de um dos dois enfoques,

o qual prevalece, e o estudo conserva componentes de outro enfoque” (SAMPIERI,

COLLADO e LUCIO, 2006, p.17).

Segundo Sampieri, Collado e Lucio (2006), ambos os enfoques – qualitativo e

quantitativo, podem ser mesclados e incluídos no mesmo estudo, pois podem apresentar

visões complementares, de forma que a coleta e análise de dados a partir desta

combinação deve fortalecer os resultados de uma pesquisa.

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Este tipo de pesquisa, que ainda apresenta pouca literatura e se trata de uma

abordagem relativamente recente enquanto movimento na educação, permite que o

pesquisador realize o cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que

seus dados não são produto de um procedimento específico ou de uma situação

particular. A pesquisa qualiquanti parece pressupor uma análise dialética que permite

enxergar elementos que se complementam, corroborando para uma interpretação mais

abrangente da realidade posta. “Qualquer fato social e educativo possui aspectos que

podemos descrever em termos quantitativos […] e em termos qualitativos”, nos mostra

Thiollent (1984, p.46).

Sechrest e Sidana (1995) trazem que este método permite um melhor

entendimento do fato estudado, pois ambas as abordagens edificam argumentos

explicativos e também questionam o porquê das ocorrências obtidas durante o processo.

Desta forma, técnicas, conceitos e linguagens foram combinados e enriqueceram a

análise desenvolvida. Para Grinnell (1997) a vantagem deste arquétipo consiste em

proporcionar um enfoque que de algum modo é considerado desconexo, mas que

enriquece tanto a coleta de dados como sua análise.

Howe (1988, p.12) nos fala que devemos considerar a possibilidade de

quantificarmos dados qualitativos e vice-versa. Para ele, as duas abordagens não

assumem posturas mecânicas, pois os possíveis resultados de um diagnóstico estatístico

“[...] são tão críveis quanto seus pressupostos e argumentos de fundo, e estes não são

receptivos a demonstrações mecanísticas”. O autor ainda discorre sobre a

impossibilidade de se conceber um estudo que não apresente elementos qualitativos.

Se nos depararmos com a explanação dos resultados encontrados, Howe (1988,

p.12) enfatiza que variadas formas de interpretações serão atribuídas e que classificar

em quantitativo ou qualitativo será apenas uma questão de ênfase, pois ambas as

abordagens estão “inextricavelmente entrelaçadas”.

Uma tipologia, abarcando pesquisas educacionais mistas, é apresentada por

Creswell e Clark (2007), do qual podemos destacar e corresponde a este estudo, o

caráter exploratório. Este tipo de análise possui duas fases, cada uma delas com seus

respectivos procedimentos, variantes e desafios e os resultados quantitativos obtidos de

um primeiro método ajudam o desenvolvimento do segundo qualitativo. Como

estratégia, baseado em Creswell (2009), classificamos este como sequencial, onde o

pesquisador expande a busca dos dados alcançados em um tipo de abordagem com outra

abordagem.

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A pesquisa se materializou a partir da concordância dos docentes em início de

carreira. Todos estiveram cientes dos objetivos da pesquisa e do compromisso da

pesquisadora que considera, como Lüdke e André (1986, p.18) que o “[...]

conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se faz e refaz

constantemente [...] o pesquisador estará sempre buscando novas respostas e novas

indagações no desenvolvimento de seu trabalho”.

Dialogamos neste estudo com os autores aprendidos, pesquisas realizadas e com

dados coletados, avaliados e discutidos. Esse tipo de diagnóstico foi realizado a partir de

um sistema de categorias que englobam a diversidade de fontes de informações e a

multiplicidade de dados obtidos. As informações obtidas foram discutidas a partir do

referencial teórico estudado e ponderadas de forma delimitada e conceitual a fim de

obter resultados significativos para o campo da formação de professores e da educação a

distância, considerando que a “[...] a principal preocupação do pesquisador é com um

entendimento da maneira pela qual o indivíduo cria, modifica e interpreta o mundo em

que ele se encontra (MOREIRA e CALEFFE, 2006, p.44).

3.2 Os questionários

A aplicação dos questionários caracterizou a primeira fase da pesquisa. Os

sujeitos a serem entrevistados, na segunda etapa, foram selecionados a partir da

realização dos mesmos, que também proporcionou a pesquisa dados quantitativos, cujas

indagações envolviam pontos de caracterização pessoal e profissional que versavam

sobre:

Trajetória e contexto pessoal dos profissionais em formação;

Trajetória e contexto de formação acadêmica.

Como já mencionado o questionário foi escolhido como o primeiro instrumento

de investigação para recolher e coletar informações relacionadas aos pontos de interesse

da pesquisa. A ferramenta possibilitou interrogar pedagogos egressos, para conhecer

quem são as pessoas que optam pelo ensino na modalidade a distância e para selecionar

participantes para compartilhar das entrevistas com a intenção de aprofundar o estudo.

Este instrumento de pesquisa é constituído

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76

[...] por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas

por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador

envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador;

depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo

(MARCONI e LAKATOS 2003, p. 201).

Antes da aplicação do questionário definitivo, um estudo piloto foi desenvolvido

e executado com o propósito de aprimorar as questões e as alternativas cuidadosamente

pensadas. Tratou-se de uma atividade planejada, de caráter experimental, aplicada a

uma pequena amostra de 17 participantes, para a realização de um teste sobre a

viabilidade do que foi pensado. Judith Bell (2008, p.128) ao tratar do uso de criação e

aplicação de questionários retrata que pilotos devem ser executados para testar “[...]

quanto tempo os seus destinatários gastam para completá-lo, para verificar se todas as

perguntas e instruções estão claras, e para permitir a retirada de qualquer item que não

produza dados úteis”. A mesma autora continua “o propósito de um exercício-piloto é

aparar as arestas do instrumento, para que os informantes do seu estudo principal não

venham a experimentar dificuldades em completa-lo”.

O questionário piloto foi preenchido por 17 pessoas que estão envolvidas com a

educação a distância de alguma forma - sejam como professores, tutores ou alunos, pois,

“[...] o ideal é que a experiência-piloto seja efetivada com um grupo similar àquele que

vai constituir a população do seu estudo [...]” (BELL, 2008, p. 128). O teste procurou

avaliar funcionalidades como organização, pertinência e perceptibilidade das questões

elaboradas. Os resultados obtidos nos levaram a pensar, repensar, acrescentar ou

modificar o que havia sido formulado. Com ele foi possível avaliarmos a nossa

ferramenta metodológica para iniciarmos a pesquisa com maior cautela e segurança.

Segundo Paiva (2007), o questionário

[...] é um instrumento que possibilita expressar-se através da escrita,

induzindo a organização das ideias e pensamentos. (...) escrever

pressupõe sistematização, elaboração mental, além de evocar

concepções e projeções sobre fatos e situações. (PAIVA, 2007, p.45)

Após a aplicação do piloto reavaliamos as questões com respostas abertas e

fechadas que abrangiam indagações a respeito da caracterização dos sujeitos que

optaram por realizar um curso superior a distância. Baseado em estudos, podemos findar

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77

que a realização de um questionário poderia nos possibilitar uma rapidez, precisão,

menor risco de distorção, maior uniformidade e compreensibilidade na categorização

dos dados coletados, afinal para se criar um questionário temos que concluir todo um

trabalho preliminar de planejamento, consulta e decisões assertivas (BELL, 2008, p.

119).

O instrumento elaborado aqui foi composto de perguntas abertas e perguntas

fechadas diretas. As fechadas diretas se caracterizaram como perguntas de fato

(concretas, referindo-se a dados objetivos), dicotômicas (ou limitadas, onde o

informante assinala entre duas alternativas fixas), tricotômicas (com três alternativas

fixas, podendo ser escolhida apenas uma) e de múltipla escolha, com mostruário

(perguntas fechadas que apresentam várias respostas possíveis, que são estruturadas

junto à pergunta, podendo o informante marcar uma ou várias delas). Estes tipos de

questões podem proporcionar uma exploração em profundidade que pode ser tão boa

quanto a de perguntas abertas (MARCONI e LAKATOS, 2003).

Logo após a realização da experiência com a aplicação do questionário piloto, e

com a reelaboração do mesmo, concretizamos a primeira coleta dos dados. O

questionário repensado foi distribuído via online para 142 pedagogos formados em

cursos de Pedagogia, na modalidade a distância, públicos e privados.

O questionário foi dividido em duas etapas e pode ser verificado no Apêndice B

desta tese. A primeira contemplou questões pessoais, informações sobre o grau de

instrução e atuação profissional. A segunda etapa procurou investigar a respeito do

curso de Pedagogia frequentado, destacando conteúdos, saberes e dificuldades

encontradas.

Os sujeitos convidados a responder o questionário foram contatados através de

visitas a duas faculdades públicas e duas privadas, todas do interior de São Paulo que

apresentam em sua oferta de cursos Pedagogia EaD. As duas universidades públicas,

uma federal e outra estadual fazem parte da região centro leste do Estado de São Paulo e

estão localizadas em São Carlos e Araraquara e as duas privadas na região sudeste do

Estado – Campinas. As escolhas foram realizadas pela facilidade de acesso que

apresentavam as instituições, da qual a pesquisadora tinha contato. Os contatos dos

alunos, através do e-mail e de redes sociais como o Facebook e o WhatsApp foi

fornecido pelas mesmas e a partir disso foi possível conversar e apresentar a proposta do

trabalho.

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78

Os 142 questionários distribuídos foram entregues via internet, por e-mail

pessoal. Ao acessarem o e-mail, os egressos encontravam uma mensagem que continha

um link da plataforma do Google - Google Drive, que os direcionava para as questões.

Responderam ao instrumento de pesquisa apenas pessoas egressas do curso de

Pedagogia a distância. Aqueles que receberam a enquete para a execução virtual tiveram

o prazo de vinte dias para encaminharem as respostas para a pesquisadora. Desta forma,

retornaram respondidos 57 questionários, uma média de 40% de devolução, que

possibilitaram análise e seleção dos participantes para a segunda etapa da coleta de

dados, a entrevista, método que pode produzir segundo Bell (2008), um valioso material

e incrementar as respostas de um questionário.

As análises dos questionários permitiram entender um pouco sobre o contexto

pessoal dos pedagogos egressos e sua formação acadêmica, caracterizando os

participantes da pesquisa, abarcando informações relevantes para a análise dos dados

como: tempo de trabalho docente (de um a cinco anos - que caracteriza o professor

iniciante); tipo de trabalho realizado, ou seja, em que nível da educação está atuando

(educação infantil ou especial, ensino fundamental ou superior, etc.) ou não, forma de

inserção no mundo de trabalho, tipo de curso online realizado (especificidades de cada

formação), entre outros.

3.3 As entrevistas

Após a realização da aplicação dos questionários e analisados os 57 respondidos,

partiu-se para sequenciar este conhecimento, selecionando e contatando os estudantes e

professores que foram entrevistados.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas

obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma

conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na

investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no

diagnóstico ou no tratamento de um problema social (MARCONI e

LAKATOS 2003, p. 195).

Para a realização da entrevista semi-estruturada, uma triagem dos respondentes

foi realizada com a intenção de selecionar os sujeitos. Os selecionados deveriam:

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Estar atuando como professores, independentemente do nível de ensino;

Ter um total de até cinco anos de atuação docente para serem

considerados iniciantes na carreira.

A partir disso, apenas 10 sujeitos, dos 57 participantes, atendiam a tais critérios,

pois os demais, 47, apresentavam mais de cinco anos de docência (o que não os

caracteriza mais como iniciantes e sim como professores experientes) ou estavam

atuando em outros segmentos da educação e do mercado de trabalho. As participantes

selecionadas, 10 professoras mulheres, foram convidadas a participar da entrevista,

porém duas não responderam e uma não aceitou a solicitação alegando falta de tempo.

A entrevista realizada buscou considerar questões que envolviam:

Trajetória e contexto profissional dos professores iniciantes;

Saberes docentes;

Práticas de ensino.

Gil (2011) aborda que pesquisas baseadas em entrevistas podem apresentar

detalhes sobre o comportamento humano e sobre aspectos pertencentes à vida social.

Entrevistar pessoas pode permitir, de acordo com o mesmo autor, a vasta exploração e

aprofundamento na aquisição das informações necessárias e objetivadas para o

desenvolvimento da pesquisa. Trata-se de uma técnica muito adequada para a “[...]

obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem ou

desejam, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas

precedentes” (GIL, 2011, p.109).

A entrevista com as sete docentes que concordaram participar da pesquisa, foi

orientado por um roteiro guia com questões previamente estabelecidas. Uma entrevista

semiestruturada não dirigida flexibiliza a resposta dos sujeitos, não os direcionando a

um roteiro fixo e limitado, criando oportunidades de enriquecimento e elucidações

verbais. Aqui, uma liberdade pode ser proporcionada as participantes, que puderam

expressar - se e a pesquisadora, que exerceu o papel de incentivadora, permitindo uma

investigação mais aprofundada dependendo dos caminhos trilhados durante a conversa.

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“Uma das principais vantagens da entrevista é a sua adaptabilidade” (BELL, 2008, p.

136).

As questões que versaram a entrevista foram contempladas em três blocos e

podem ser conferidas no apêndice C desta pesquisa:

1º Bloco – Saberes e percepções sobre a formação docente

2º Bloco – Gestão da Matéria

3º Bloco – Gestão da Classe

A construção destes blocos de questões foi baseada no livro de Gauthier et al.

(2013), intitulado de “Por uma Teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o

saber docente”. Este escrito, apresenta a partir de pesquisas, um conjunto de

conhecimentos que corresponde aos saberes profissionais próprios do professor que

podem facilitar e ajudar o docente a ensinar. A obra procura oferecer uma contribuição

para o repertório de conhecimentos na área de ensino. Com este repertório de ações

seria possível entender, analisar e descrever o trabalho do professor iniciante

relacionando-o com a formação conquistada.

O primeiro bloco procurou entender as escolhas, a preparação e os saberes

adquiridos considerados importantes para o desenvolvimento da docência. O segundo

bloco abordou a relevância do planejamento, das atividades e dos conteúdos propostos

conectando-os com a instrução recebida. O terceiro e último bloco pretendeu coletar

reflexões a respeito do ambiente do ensino, das atitudes, relações e procedimentos do

professor para desenvolver seu trabalho de forma efetiva.

Para Manzini (1990, p.154) o roteiro da conversa deve permitir que sejam “[...]

complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à

entrevista", assim poderá ser possível emergir informações de forma mais livre e

espontâneas. Desta forma, as entrevistas realizadas nos permitiram entender com mais

sagacidade o contexto vivenciado por professores egressos e iniciantes. Esta ferramenta

foi escolhida como segunda etapa do processo de coleta de dados por permitir maior

maleabilidade no esclarecimento de respostas, oferecer conveniência para avaliar

atitudes e condutas, oportunizar dados que não se encontram em fontes documentais e

penetrar em informações mais precisas (MARCONI e LAKATOS, 2003).

Trivinos (1987) nos mostra que as principais características de uma entrevista

semi-estruturada envolvem o apoio em teorias e hipóteses que se relacionam com a

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pesquisa; descreve e explica fenômenos analisados e faz com que o pesquisador seja

mais atuante no processo de coleta de informações.

Demo (1995) apresenta a entrevista semi-estruturada como uma atividade

científica que permite ao pesquisador descobrir a realidade. Com estas questões

acreditamos ser possível adentrar nesta realidade e aproximarmos os fatos ocorridos na

veracidade da teoria existente sobre o assunto analisado, a partir da combinação entre

ambos (MINAYO, 1996).

Pretendeu-se assim, articular as três áreas estudadas – Formação de Professores,

Pedagogia EaD e Professores Iniciantes – e responder à questão de pesquisa tendo em

vista as respostas dos questionários e entrevistas aplicadas em professores,

interrogando-os sobre o seus saberes e desempenho docente em início de carreira.

A pesquisa derivou da concordância de todos os participantes envolvidos. Os

integrantes foram devidamente esclarecidos sobre o tema abordado e os objetivos da

pesquisa, podendo se recusar a participar. O compromisso com todos que preencheram

o questionário foi firmado pela última questão do mesmo:

Você autoriza que os resultados desta pesquisa sejam divulgados para fins

acadêmicos sem que sua identidade seja revelada?

( ) Sim ( ) Não

A entrevista teve seu compromisso acordado por termos de consentimento que

constam no Apêndice A. Nenhuma participante foi identificada pelo nome real.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP) “Júlio de Mesquita

Filho”. Certificado de Apresentação de Apreciação Ética número

51975515.4.0000.5400

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SEÇÃO 4

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Desvendando os participantes da pesquisa

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SEÇÃO 4

Desvendando os participantes da pesquisa

Esta seção destina-se a análise da primeira etapa do estudo, dos primeiros dados

coletados empiricamente através do questionário online. Partindo desta ferramenta de

pesquisa, interrogamos pedagogos egressos a fim de responder nosso primeiro objetivo

da pesquisa, o de caracterizar e delinear o perfil dos profissionais formados na educação

a distância e assim selecionarmos nosso público alvo.

4.1 Conhecendo o perfil dos egressos

Para a presente pesquisa convidamos 142 egressos do curso de Pedagogia de

duas faculdades públicas e duas privadas, do interior de São Paulo, caracterizadas na

Seção 3. O questionário ficou disponível para preenchimento por vinte dias, no primeiro

semestre de 2016, resultando em 57 devoluções.

O questionário foi elaborado, com 26 perguntas, distribuídas em dois blocos

distintos. O primeiro bloco, intitulado Sobre você abordou 12 questões pessoais, que

versavam sobre grau de instrução e atuação profissional, sendo que três questões eram

abertas, sete fechadas e duas questões que, embora fechadas, possibilitavam ao

participante assinalar mais de uma alternativa.

O segundo bloco denominado Sobre o curso de Pedagogia buscou informações

a respeito do curso de Pedagogia frequentado, destacando conteúdos, aprendizagens e

possíveis dificuldades constatadas. Esta seção contou com 14 questões, sendo quatro

abertas, sete fechadas e três questões fechadas com a possibilidade de assinalar duas ou

mais alternativas.

Pretendeu-se com este tipo de estudo compreender quem são as pessoas que

optam por cursar Pedagogia a distância e discutir a profissionalização destes egressos,

levando a entender mais sobre os sujeitos que se tornam docentes a partir de formações

online.

Passamos agora então, a realizar a análise do primeiro bloco do questionário que

versou sobre questões pessoais.

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As duas primeiras perguntas do questionário solicitavam que o candidato

colocasse seu nome e um e-mail para contato. A terceira indagação referia-se a idade.

Os dados coletados foram sistematizados na Tabela 1.

Tabela 1: Perfil dos egressos: idade

Idade

Quantidade de participantes

Menos de 20 anos

0

De 20 a 30 anos

07

De 30 a 40 anos

27

Mais de 40 anos

23

Total 57

A partir da Tabela 1, podemos notar que a idade dos 57 respondentes envolvidos

é variada, pois há pedagogos entre 20 e mais de 40 anos de idade, porém os dados

coletados indicam que a incidência dos egressos está nas faixas etárias que

compreendem dos 30 aos 40 anos, com 27 sujeitos. Desta forma, confirmamos o que o

Inep (BRASIL, 2011) identificou em relação ao perfil dos alunos de 2010, no qual

metade dos cursos presenciais tinham estudantes até 24 anos e em média, os alunos dos

cursos presenciais possuíam 26 anos, ao mesmo tempo em que na EaD, metade dos

alunos tinham até 32 anos, com média de 33 anos. Ademais, a faixa etária de 20 a 30

anos apresentou 07 envolvidos, e com mais de 40 anos temos 23 egressos –

apresentando assim um número expressivo de formados, sendo compatível com um dos

objetivos da modalidade EaD, que é ampliação do acesso à educação superior.

Esta informação também é comprovada por Schnitman (2010), que em seu

artigo sobre o perfil do aluno virtual mostra que o estudante da EaD apresenta como

umas das principais características, em sua maior parte, ser um adulto que avista neste

tipo de ensino uma alternativa para continuar seus estudos por prezar pela flexibilidade

do tempo e do espaço e considerar a autonomia oferecida no processo de aprendizagem.

“[...] são profissionais que estão em plena capacidade produtiva e optam pela EaD para

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aumentarem seus conhecimentos” (FERREIRA, MENDONÇA e MENDONÇA, 2007,

p.7). Os dados coletados também indicam concordância com os dados do Censo da

Educação Superior do MEC:

[…] a opção da modalidade a distância proporciona o acesso à

educação superior àqueles que não tiveram a oportunidade de

ingressar na idade adequada nesse nível de ensino, ou ainda,

representa uma alternativa àqueles que já se encontram no mercado de

trabalho e precisam de um curso de nível superior com maior

flexibilidade de horários. (BRASIL, 2011, p. 11)

É possível inferir desta forma que o ensino a distância tem se apresentado como

uma alternativa para a ampliação e inclusão do acesso à educação superior por uma

faixa etária que historicamente não foi e não está sendo contemplada pelos cursos

presenciais, por não conseguirem ingressar em um curso superior logo depois de

concluir o ensino médio e desta forma já estarem atuantes no mercado de trabalho.

Assim, frequentar um curso a distância representa uma maneira que as pessoas

encontram de se formarem e ainda organizar seu tempo para a família, o trabalho e o

lazer visto que podem acessar os cursos até mesmo de suas residências. Zabalza (2004)

fala que os alunos que estão realizando uma graduação por serem sujeitos adultos,

apresentam diversas responsabilidades que são alheias ao que é estritamente

universitário – são pessoas casadas, que possuem obrigações com a família e que muitas

vezes trabalham.

Em relação ao gênero observou-se a predominância do sexo feminino, já que

temos 52 mulheres e cinco homens. Supostamente, o alto percentual de egressas se

deve ao fato de estarmos pesquisando sobre um curso da área de Educação, o que já era

esperado “[...] visto que o Curso de Pedagogia é reconhecidamente um curso

eminentemente feminino” (MONTEIRO, 2005, p. 16).

Pesquisas como as de Ferreira e Carvalho (2006) sobre gênero vêm demostrando

que são maioria de mulheres as pessoas que procuram realizar cursos de formação de

professores, especialmente os que preparam para atuação nos níveis da Educação

Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. “Desde a criação das primeiras escolas

normais, no final do século XIX, as mulheres começaram a ser recrutadas para o

magistério” (GATTI; BARRETO, 2011, p. 162).

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Rêses (2008) discute sobre esta predominância no magistério destacando que a

profissão de professor é a que mais, historicamente, se sobressai pelo gênero feminino.

O mesmo autor discorre que, antigamente, a docência era admitida como um dos poucos

trabalhos extras, além dos domésticos, considerados adequados para as mulheres, que,

devido à identidade poderiam realizar muito melhor esta tarefa. Desta forma, uma

presumível justificativa para o curso de Pedagogia apresentar maior número de

mulheres seria o fato de que o magistério traz especificidades que são tradicionalmente

consideradas do sexo feminino.

Outras pesquisas, como as Pavesi e Alliprandini (2014) e Passos, Sondermann e

Baldo (2013) tem ressaltado a tendência para a participação feminina nos cursos de

EaD. De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Estado de São Paulo (BRASIL,

2012), das 375.840 matrículas realizadas em 2010, 124.012 eram alunos do sexo

masculino e 251.828 do sexo feminino.

O último CensoEaD.BR, da ABED, realizado em 2012, mostra que a maioria

dos estudantes dos cursos autorizados são mulheres, num total de 57%. Não foi

possível encontrar outras pesquisas que delinearam o motivo pelo qual isso vem

acontecendo, mas pode-se inferir com o estudado que isso provavelmente acontece

porque as mulheres costumam exercer múltiplas atividades e não dispõem de tempo

necessário para estar em sala de aula, além de precisar de uma alternativa que lhes

permitam conciliar trabalho com o estudo de nível superior.

Ferreira, Mendonça e Mendonça (2007) ao analisarem os dados sobre sexo na

pesquisa que realizaram sobre o perfil dos graduandos a distância nos trazem que:

[...] a maioria dos alunos é do sexo feminino. É notório que a mulher

está buscando cada vez mais seu espaço no mercado de trabalho e

como, na maioria das vezes, possui uma jornada dupla de trabalho e

ainda precisa dar atenção à família muitas vezes torna-se difícil se

deslocar até o campus e optam por esse tipo de ensino que acaba

facilitando muito na economia do tempo em sua busca pelo

conhecimento (FERREIRA, MENDONÇA e MENDONÇA, 2007,

p.7).

Com isso podemos concluir que, neste caso, a grande maioria dos participantes

são mulheres por se tratar de um curso historicamente feminino e a distância.

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Passamos a analisar neste momento, o maior grau de instrução dos 57 egressos

em questão, conforme nos apresenta a Tabela 2.

Tabela 2: Perfil dos egressos: grau de instrução

Grau de instrução

Quantidade de participantes

Graduação

31

Pós-graduação Lato Sensu

(Especialização)

19

Pós-graduação Stricto Sensu

(Mestrado e Doutorado)

07

Total 57

Tendo em vista os dados da Tabela 2 é possível constatar que 31 egressos que

participaram da pesquisa possuem apenas graduação, e não necessariamente, a

Pedagogia é a primeira e a única formação. Dos 57 participantes, 26 deles já cursaram

uma pós-graduação. Destes, 19 realizaram uma especialização e sete fizeram Mestrado

ou Doutorado. Estes dados parecem mostrar que cada vez mais as pessoas estão

procurando estudar e se especializar.

A sexta questão procurou entender se os egressos possuíam mais de uma

graduação e de que tipo a cursou. Desta forma, na Tabela 3, temos que 35 participantes

cursaram outra graduação, sendo 26 uma graduação presencial e nove a distância e 22

sujeitos que não possuíam mais de uma graduação.

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Tabela 3: Perfil dos egressos: curso de graduação anterior (modalidade)

Curso anterior (tipo)

Quantidade de participantes

Presencial

26

A distância

09

Não possui curso anterior

22

Total 57

Se confrontarmos as Tabelas 2 e 3, podemos concluir que dos 31 participantes

que possuíam como maior grau de instrução uma graduação, 22 cursaram apenas o

curso de Pedagogia EaD. Esta porcentagem expressiva, mostra que para esta parcela da

população estudada, o curso de graduação a distância foi o primeiro e único contato

com a universidade.

Dos 35 participantes restantes, pensando nos 57 envolvidos com a pesquisa,

nove fizeram mais de uma graduação. Os outros 26 participantes também fizeram uma

pós-graduação. A relevância de pessoas que já haviam realizado outros cursos parece

evidenciar o interesse destes por formação continuada.

Dos 31 participantes que possuíam como maior grau de instrução uma

graduação, nove deles fizeram mais de um curso de graduação a distância, o que inferi

pensar que a primeira experiência com a graduação EaD possa ter sido bem-sucedida. O

que pode contradizer, de certa forma, os detratores e o repúdio desta modalidade, que

podem promover, por muitas vezes, uma imagem equivocada destes cursos, e que

acabam por afastar muitas pessoas que poderiam buscar uma formação acadêmica.

Continuando nossa análise temos a quantidade de profissionais que ao se

formarem em Pedagogia passaram a atuar na área de educação. De acordo com as

respostas, 37 egressos estão atuando na área de educação, enquanto 20 não estão.

Já se sabe como apresentam Gohn (2006), Gimeno-Sacristán (2003) e Libâneo

(2002) que a formação do pedagogo não pode se restringir à docência nos espaços

escolares e, o pedagogo deste século precisa ter clareza de que sua atuação pedagógica

abrange uma prática também social. Para Libâneo (2002, p.37) a educação integra-se a

processos de comunicação e interação pelos quais “[...] os membros de uma sociedade

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assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio

culturalmente organizado e, com isso, ganham o patamar necessário para produzir

outros saberes, técnicas, valores, etc.”

Sendo a educação presente em inúmeras esferas da sociedade temos o pedagogo

capaz de intervir nesta realidade de forma a dar intencionalidade ao processo educativo.

Desta forma, os resultados obtidos com o questionário mostraram que uma quantidade

significativa de egressos não está nos espaços escolares. Isso não significa que, de

alguma forma, estes envolvidos com outras áreas de atuação não utilizem os conteúdos

pedagógicos aprendidos, mas que, estão empregados em diferentes funções. A educação

exercida e recebida fora da escola deve buscar ajudar na construção integral dos

sujeitos, na formação de indivíduos críticos e conscientes do seu papel como agentes

transformadores da sociedade.

Na Tabela 4, podemos conhecer quais são as outras áreas de atuação

contempladas.

Tabela 4: Perfil dos egressos: outras áreas de atuação

Outras áreas de atuação

Quantidade de participantes

Administrativa

06

Pesquisa

03

Saúde

03

Segurança pública

03

Serviços gerais

03

Desempregado

02

Total 20

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Nesta tabela é possível averiguar onde atuam os 20 egressos que não estão

laborando com educação. São contempladas as áreas: administrativa, com seis

participantes; de pesquisa, saúde, segurança pública e serviços gerais com três cada e

por fim, dois sujeitos que estão desempregados.

Alguns registros estudados para a análise desta primeira etapa da pesquisa foram

encontrados sobre o curso de Pedagogia e o mercado de trabalho, porém poucas

informações que focalizem a percepção do egresso sobre o seu trabalho. O conceito de

profissionalidade docente apresentando por Gimeno-Sacristán (2003, p.64) é lembrado

aqui para situar o campo teórico da pesquisa: “[...] profissionalidade é o conjunto de

comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que constituem a

especificidade de ser professor”.

Com a intenção de demonstrar que estes comportamentos, conhecimentos,

conteúdos e práticas pedagógicas adquiridas durante a formação se fazem presentes em

outras áreas de atuação, destacamos a descrição de alguns integrantes. Para isso a

descrição será acompanhada pelo reconhecimento do número do questionário

preenchido como forma de preservar a identidade dos sujeitos.

Um dos egressos se diz atuante na área de segurança pública. Sua descrição nos

traz:

“Em meu trabalho como bombeiro militar tenho como incumbência dar instruções aos

subordinados e o aprendizado do curso de Pedagogia me propiciou aperfeiçoar as

minhas práticas pedagógicas na escolha dos conteúdos e a forma de explaná-los aos

educandos”. (Egresso 12)

Outro egresso que trabalha na área da saúde destaca:

“Os aportes teóricos e práticos me prepararam para o mercado. Minha formação

auxilia no meu trabalho”. (Egresso 2)

Foi possível trazer outro exemplo de uma egressa que se traduz como

pesquisadora:

“Mesmo não atuante na área acredito que os conhecimentos adquiridos durante o

curso e estágio, me proporcionaram uma atuação efetiva no que faço”. (Egresso 37)

No primeiro caso, temos a descrição de um bombeiro, e a partir dela podemos

traduzir que ele aperfeiçoou o seu trabalho de formador de profissionais, ao adquirir

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competências a respeito de seleção de conteúdos e de didática. No segundo exemplo, o

profissional da saúde destaca como os saberes teóricos e práticos o fizeram amadurecer

intelectualmente. Por último, temos a pesquisadora que evidenciou os conhecimentos

proporcionados pelo curso e pela prática do estágio como eficazes para suas ações no

trabalho.

Desta forma, parece ser possível dizer que mesmo fora das salas de aula, os

egressos utilizam e reconhecem os saberes proporcionados pelo curso realizado. Esta

análise é bastante significativa “[...] tendo em vista o histórico da profissão, ainda,

fortemente associado ao trabalho na escola” (CERNY e GOMES, 2004, p. 9).

Todo educador sabe, hoje, que as práticas educativas ocorrem em

muitos lugares, em muitas instâncias formais, não-formais, informais.

Elas acontecem nas famílias, nos locais de trabalho, na cidade e na

rua, nos meios de comunicação e, também, nas escolas. Não é possível

mais afirmar que o trabalho pedagógico se reduz ao trabalho docente

nas escolas. (LIBÂNEO e PIMENTA, 2002, p.29)

A Pedagogia é maior que a docência, educação abrange outras instâncias além

da sala de aula, profissional da educação é uma expressão mais ampla que profissional

da docência, sem pretender com isso diminuir a importância da docência. Nesse sentido,

a atuação do pedagogo não se restringe à escola no espaço formal de educação, mas

também em espaços não formais de educação dos sujeitos sociais.

Para Avelino (2013, p. 48) “[...] o profissional da educação se ocupa da

educação, se preocupa com ela, independentemente se atua no espaço escolar ou não

[...]”. Apesar das escolas constituírem o principal espaço de inserção do pedagogo no

mundo do trabalho, este profissional, com o passar dos anos e com a inovação dos

currículos vem conquistando outros espaços de ação, devido a crescente busca de novas

práticas. Espera-se assim que o profissional egresso do curso de Pedagogia,

independentemente da sua atuação relacione suas práticas pedagógicas às diferentes

possibilidades “[...] de aprendizagens e ampliando sua área de atuação, dê continuidade

a sua formação crítica, humanista e contextualizada, numa perspectiva de formação para

a construção e exercício pleno da cidadania” (LAURIA, MACEDO e AGUIAR, 2008,

p.3).

Neste processo de formação, espera-se que, o egresso esteja preparado para

enfrentar os desafios, em contextos educativos diversos ou não, que o mercado lhe

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impõe. Há uma demanda de se educar os indivíduos que transmitam nos diversos

espaços sociais a viver e conviver com seus pares visando o desenvolvimento dos

mesmos e sua relação com o meio social. Libâneo (2002) descreve que a base da

formação de educadores não é apenas a docência, mas engloba a formação pedagógica

como um todo.

Podemos considerar também que hoje, os pedagogos ausentam-se da sala de aula

para atuar também em hospitais, empresas, organizações não-governamentais (ONG),

entre outros. O próprio curso de Pedagogia e as universidades se tornaram um espaço

para pensar a profissão e o trabalho dos pedagogos, provavelmente o melhor espaço

para isso. Atualmente o profissional deve conceber “[...] o fenômeno educativo em

multiplicidade, sendo assim, a escola e a docência como apenas um lugar e uma prática

possível dentre os muitos papéis que ele vem desempenhando” (AVELINO, 2013, p.

52).

Face as diversas possibilidades de contribuições deste profissional na sociedade

do conhecimento, Libâneo (2002) afirma que o curso de Pedagogia deve formar o

pedagogo para atuar em diferentes segmentos, como movimentos sociais, várias

instâncias da educação de adultos, ONGs, nos serviços de psicopedagogia entre outros,

decorrentes de novas realidades. Considerando a amostra da pesquisa com 57 egressos,

apenas dois dos participantes estavam desempregados.

Em relação aos anos de atuação na educação, temos a seguinte configuração de

acordo com a Tabela 5:

Tabela 5: Perfil dos egressos: anos de atuação na educação formal

Anos de atuação na educação

Quantidade de participantes

Menos de três anos

06

Entre três e cinco anos

08

Mais de cinco anos

23

Total 37

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É possível notar, ao ler a Tabela 5, que das 37 pessoas que estão atuando na área

de educação, seis possuem menos de três anos de atuação na área e oito possuem até

cinco anos de trabalho educacional, independentemente do segmento que operam.

Temos aí então, 14 participantes considerados iniciantes na área, com menos ou até

cinco anos de atuação, porém ao olharmos caso a caso, concluímos que apenas 10 destes

são iniciantes na carreira docente e atuam como professores da Educação Infantil ou do

Ensino Fundamental (1º a 5° ano), pois os outros quatro egressos atuam em outros

segmentos da educação, como agente educacional, monitor, auxiliar na Educação

Infantil e ensino de idiomas. Este fato será mais bem descrito no decorrer destes

resultados ao caracterizarmos o perfil dos egressos selecionados para o aprofundamento

da pesquisa.

Dos 37 participantes atuantes na área da educação, 23 deles apresentam mais de

cinco anos de experiência na área, sendo que a maioria dos egressos já atuava com

educação antes de cursar Pedagogia EaD. Como justificativa para o fato, temos a

descrição de Gatti e Barreto (2011) que afirmam, através de suas pesquisas, que a

maioria dos estudantes de Pedagogia já trabalha na área de educação, e que muitos

pretendem buscar a efetiva atividade docente.

Ao perguntarmos aos envolvidos qual a atuação na área pedagógica e em que

função e nível de ensino, contemplamos os seguintes segmentos da educação: professor

da Educação Infantil, professor do Ensino Fundamental (1º a 5° ano), professor do

Ensino Fundamental (6° a 9° ano), professor do Ensino Médio, professor de curso

profissionalizante, professor em Instituição de Ensino Superior, gestor (coordenador,

diretor, orientador educacional) e/ou outros.

Na Tabela 6 relacionamos as funções e níveis de atuação dos egressos

participantes da pesquisa.

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Tabela 6: Perfil dos egressos: tipo de atuação docente

Tipo de atuação docente

Quantidade de participantes

Professor de Educação Infantil

13

Professor de Ensino Fundamental

(1º ao 5º ano)

10

Professor de Ensino Fundamental

(6º ao 9º ano)

03

Professor Ensino Médio

03

Professor Curso Profissionalizante

04

Professor em Instituição de Ensino

Superior

05

Gestor

(Coordenador, Diretor, Orientador

Educacional)

05

Outros

08

Total 51

Podemos notar pelas informações da Tabela 6 que o maior número de egressos

está desempenhando suas funções de pedagogo na Educação Infantil, que aparece com

13 pessoas no total. Logo depois, com 10 sujeitos temos a função de professor do

Ensino Fundamental. Na sequência, com cinco egressos cada, despontam as funções de

professor em Instituição de Ensino Superior e gestor. Com quatro participantes

aparecem os professores envolvidos em cursos profissionalizantes e por fim, com três

sujeitos surgem as funções de professor do ensino fundamental (6° a 9° ano) e professor

de Ensino Médio.

Ao olhar para os dados obtidos, conseguimos perceber que 10 participantes,

atuam em dois segmentos ou mais, sendo que um atua em três funções e um está

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envolvido em três atribuições. Sabemos que é por meio do trabalho que as pessoas

buscam se inserir na sociedade de forma considerável, ele tem papel fundamental na

constituição humana. Este índice nos leva a supor que muitos dos profissionais

formados precisam se dedicar a mais de um emprego para poder conseguir manter-se e

atender suas necessidades com a carreira docente. A fim de concluirmos nosso

raciocínio sobre os anos de carreira docente e as outras funções descriminadas pelos

sujeitos, nos deteremos a observar a próxima tabela.

Na Tabela 7, observarmos outros segmentos da educação que apareceram como

ofício dos 37 participantes envolvidos com a área de educação.

Tabela 7: Perfil dos egressos: outros segmentos da educação

Outros segmentos da educação

Quantidade de participantes

Agente de Educação Infantil

02

Ensino de idioma (inglês e espanhol)

02

Administrativo – secretaria

01

Agente de Organização

01

Auxiliar da Sala de recursos

01

Monitor no EJA

(Educação de Jovens e Adultos)

01

Total 08

Vemos que oito sujeitos da amostra estudada assinalaram outros ramos

relacionados aos ambientes de educação. Alguns deles são professores da educação

formal e também atuam nestes outros segmentos descritos. O trabalho com ensino de

idiomas e agente da Educação Infantil contempla dois participantes, enquanto monitor

do EJA, agente de organização, auxiliar de sala de recursos e serviços administrativos

engloba um sujeito para cada uma dessas funções.

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As funções descritas, apesar de não serem de docência, são pertencentes à

educação e à escola e abarcam, portanto, a Pedagogia que por ser um campo amplo, está

inserida em diversos contextos que circundam a aquisição de conhecimento e o

aprendizado. Tardif (2002) aponta que o pedagogo atua sobre o sujeito - ser humano

individualizado e socializado - em vários espaços, em diferentes funções. Assim,

podemos pensar o pedagogo como um profissional que pode agir em diversas instâncias

da prática educativa, direta ou indiretamente vinculadas à organização e aos processos

de aprendizagem.

Lauria, Macedo e Aguiar (2008, p.8) trazem a amplitude do trabalho do

pedagogo e dizem que atualmente, na ação pedagógica escolar o educador pode estar

atuando como “[...] professor dos anos iniciais do ensino fundamental, da educação de

jovens e adultos, da educação indígena e de educação especial; como supervisor

pedagógico; gestor; administrador escolar; coordenador, orientador educacional”, entre

outros.

Continuando a nossa análise sobre o perfil dos egressos de cursos de Pedagogia,

destacamos agora sobre o tipo de instituição que atuam. Para isso, apresentamos a

Tabela 8 sinalizando que 20 integrantes da pesquisa estão envolvidos com a escola

pública, 13 integrantes com a escola privada e quatro atuam em escolas públicas e

privadas.

Tabela 8: Perfil dos egressos: tipo de instituição que atua

Tipo de instituição que atua

Quantidade de participantes

Pública

20

Privada

13

Pública e privada

04

Não atua

20

Total 57

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Embora alguns pedagogos encontrem-se trabalhando em outros segmentos, foi

possível concluir aqui, que, a maioria deles está unicamente inserida em escolas

públicas ou privadas, defendendo este espaço de trabalho como o principal deste

profissional.

Tardif e Lessard (2005) ressaltam em seu trabalho que um dos mais importantes

grupos ocupacionais do ponto de vista econômico da sociedade moderna são os

professores, por seu número e função que desempenham. Conjuntamente com

especialistas da saúde representam a carga orçamentária principal dos Estados.

Muitos são os motivos que levam as pessoas a cursarem Pedagogia, porém esta

pesquisa procurando investigar um pouco mais sobre isso, elencou quatro principais

razões que poderiam ser assinaladas na questão 12. São elas: se profissionalizar,

progressão funcional, aquisição de conhecimento, empregabilidade e outros. Como dito,

os participantes tinham a oportunidade, assinalando a opção – “outros”, de esclarecer

quais foram suas reais motivações em se envolver com a área da educação. Havia

também a possibilidade de assinalar mais de uma possibilidade oferecida e fizeram isso

32 participantes. Na Tabela 9 procuramos organizar os dados obtidos.

Tabela 9: Perfil dos egressos: motivação em cursar Pedagogia

Motivação em cursar Pedagogia

Quantidade de participantes

Aquisição de conhecimento

31

Se profissionalizar

29

Empregabilidade

24

Progressão funcional

11

Outros

11

Total 106

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Com a maior quantidade de sujeitos, 31, temos a aquisição de conhecimento em

primeiro lugar. Logo após, se profissionalizar, contempla 29 participantes.

Empregabilidade, pensando na definição de possibilidade de emprego, aparece em

terceiro lugar, assinalada por 24 sujeitos. Por último aparecem as opções – progressão

funcional e outros com 11 integrantes do grupo analisado.

Como já abordado, estes dados mostram que as pessoas estão à procura de

formação e formação continuada, a fim de adquirir maior conhecimento sobre a área.

Pensando nos diferentes sujeitos que compõem esta pesquisa, podemos considerar que

os processos de formação profissional estão presentes em diferentes momentos da vida.

A atualização e o aprofundamento de informações fazem-se necessário frente às

mudanças no campo da educação e da tecnologia para a conquista de um emprego ou

mesmo para uma progressão funcional.

Ao depararmos com a leitura e a análise da opção “outros” nesta questão, 11

respostas foram encontradas, conforme a Tabela 9. A partir das respostas dadas, foi

possível agrupar seis tipos ou motivos. São eles:

1. Dar sequência aos estudos e ao magistério;

2. Realização pessoal;

3. Conhecer mais sobre alfabetização e o processo de ensino;

4. Exigência do Estado ou da Prefeitura;

5. Flexibilidade e autonomia do estudo;

6. Vocação, amor ao ensino;

Discorrendo sobre as respostas obtidas, podemos notar que alguns dos motivos

que levaram os egressos a cursar Pedagogia demonstram a vontade e a determinação de

seguir com os estudos, dando continuidade ao magistério, realizando-se como pessoa e

conhecendo mais sobre os conteúdos da área como alfabetização e processos de ensino.

Estas respostas nos levam a inferir que a continuidade dos estudos para a atuação

docente “[...] faz diferença na vida do sujeito, contribuindo para sua formação de modo

a proporcionar algo melhor, um futuro” (AVELINO, 2013, p.52).

Para estes profissionais, parece fazer-se necessário estudar e entender a

Pedagogia com seus conteúdos, buscando aprender sobre o desenvolvimento dos

sujeitos para então infiltrar-se no trabalho e em atividades que proporcionem

aprimoramento, contribuindo assim, para uma melhor aprendizagem.

Outros envolvidos com a pesquisa expõem a requisição do Estado ou da

Prefeitura, que estão procurando deixar em seu quadro de professores todos licenciados

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em Pedagogia. Isso se dá por conta da publicação da LDBEN instituída em 23 de

dezembro de 1996, que estabelece a obrigação de nível superior para os professores da

educação básica. O artigo 62 descreve:

Art. 62 – A formação de docentes para atuar na educação básica far-

se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena,

em universidades e institutos superiores de educação, admitida como

formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil

e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em

nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 1996).

De acordo com o documento da Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), coordenado por Gatti e Barreto (2009), o

nível de instrução da grande maioria dos professores brasileiros é superior. Eles

representam uma categoria profissional mais homogênea “[...] quanto ao nível de

escolaridade, um dos requisitos que, ao lado da grande regulamentação que cerca o

exercício da profissão docente, contribui para a sua organização legal e corporativa [...]”

(UNESCO, 2009, p. 18).

A flexibilidade e a autonomia do estudo são motivações presentes em cursos a

distância, nos quais os horários, o tempo e o espaço são determinados pelos estudantes e

por isso aparecem como motivos para buscar o aperfeiçoamento universitário.

Vocação e amor ao ensino também aparecem enquanto motivações, colocando a

profissão de pedagogo de maneira vocacional, como “[...] uma profissão que supera

todos os desafios, de bom grado, com muito amor e dedicação ao que fazem”

(AVELINO, 2013, p.43). Este profissional parece considerar a “[...] profissão do

pedagogo como algo “divino”, como vocação, dom, como se fosse uma missão, que

deve ser cumprida a qualquer custo, com muito amor e dedicação pelo que fazem”

(AVELINO, 2013, p.43). Desta forma, podemos inferir que a formação não foi

suficiente para superar essa visão advinda do senso comum.

Gatti e Barreto (2011) no Censo da Educação Superior de 2010 afirmam que os

estudantes de Pedagogia quando investigados sobre as razões que os levaram a optarem

pela licenciatura em Pedagogia, 65,1% dos estudantes de Pedagogia conferem as

alternativas, em primeiro lugar, ao fato de querer ser professor; 13,3%, em segundo,

para ter outra opção se não conseguir exercer outro tipo de atividade; 6,6%, porque

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100

tiveram um bom professor que serviu de modelo; 5,2%, por influência da família. As

demais justificativas envolvem 4,8% os sujeitos que não querem ser professores e por

último, com 2,9%, ficam aqueles em que o curso de Pedagogia era o único próximo da

residência.

Com relação ao que foi coletado e analisado nesta primeira parte, faz-se possível

caracterizar os egressos de cursos de Pedagogia a distância, como predominantemente

femininos, compreendendo a faixa etária dos 30 aos 40 anos. Muitos deles possuem

mais de um curso superior ou uma pós-graduação e a maioria está atuando na área da

educação. Quando se trata de experiência docente, 23 dos sujeitos apresentam mais de

cinco anos de trabalho, sendo que a maioria está atuando nos segmentos de educação

infantil e ensino fundamental e procuram com o curso adquirir mais conhecimentos, se

profissionalizar ou conseguir uma progressão funcional.

4.2 Conhecendo a percepção dos egressos sobre o curso de

Pedagogia EaD realizado

Feita a análise da primeira parte do questionário, dar-se-á procedimento agora

então, à análise da segunda parte que contemplou questões relacionadas ao curso de

Pedagogia a distância realizado pelos participantes.

A questão de número treze, primeira desta nova parte, versava sobre qual tipo de

instituição o participante havia cursado sua graduação em Pedagogia. Dentre os 57

respondentes, 46 realizou o curso em uma instituição privada enquanto 11 pessoas

tiveram a oportunidade de cursar uma universidade pública.

Pode-se inferir que este resultado se deve ao número de vagas disponibilizado

pelas universidades. O Censo da Educação Superior de 2010 (BRASIL, 2011), mostra

que mais de 273 mil alunos foram matriculados em cursos a distância, sendo apenas

12,29% deles em instituições públicas. O mesmo documento informa que houve uma

grande expansão dos cursos de graduação entre 2005 e 2007, proporcionado pela

adoção da EaD pelas IES públicas e pela equiparação legal da graduação a distância à

presencial, que abriu novas oportunidades para a atuação das IES privadas. Pela

facilidade de acesso e consequente inclusão, devido ao número de vagas e a partir dos

programas de financiamento e créditos educacionais oferecidos pelo governo, as

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faculdades privadas vêm ganhando espaço e respeito por parte da sociedade (BRASIL,

2011).

A próxima questão desta segunda parte procurou entender se os egressos, que,

como podemos concluir no primeiro momento da análise, em sua maioria, apresentam

experiências prévias na área de educação ou em áreas distintas, possuem graduações ou

até mesmo pós-graduação, acreditam que mudanças significativas de aprendizagens

ocorreram durante o período em que cursaram Pedagogia EaD. Como resultado obteve-

se um total de 56 respostas positivas. Apenas um participante respondeu de forma

negativa esta questão. Com a coletividade desta resposta, podemos dizer que, de alguma

forma os respondentes que concluíram o curso conquistaram alguns saberes

significativos, o que corrobora com os dados das pesquisas descritas abaixo.

Coloun (2008) traz em seu livro sobre a condição do estudante que uma das

confrontações que existem no ingresso do aluno no Ensino Superior é a questão da

universidade e a vida profissional. Para ele, há uma ruptura entre o previsível (o que os

indivíduos faziam habitualmente) e a nova vida acadêmica, o que gera muitas

aprendizagens relacionadas à ordenação do tempo, dos horários, do espaço, o que requer

dos estudantes uma reorganização de suas tarefas.

Pavesi e Alliprandini (2014) em seus estudos destacam que se por um lado, a

versatilidade de tempo, local e recursos dos ambientes virtuais de aprendizagem

representam uma boa oportunidade para muitos estudantes ingressarem no Ensino

Superior ou darem continuidade para sua formação universitária, por outro, estes cursos

exigem maior responsabilidade do aluno, que passa a ter grande controle sobre seu

processo de aprendizagem, o que faz com que cresçam como estudantes e profissionais.

Morés (2013) na pesquisa em que realizou com estudantes do curso de

Pedagogia EaD do Rio Grande do Sul destaca que os alunos consideram que as

aprendizagens das tecnologias utilizadas foram muito importantes e contribuíram

significativamente para a formação pessoal e profissional dos mesmos, pois acabam por

fazer uso delas para uma melhor didática em sala de aula. O desenvolvimento de um

sujeito ativo em sua aprendizagem, em prol de um processo de aprender qualitativo

também é destacado pela autora.

Ao serem questionados sobre a existência de dificuldades encontradas durante a

realização do curso a distância, 48 pessoas destacaram que passaram por dificuldades

enquanto 09 disseram que não enfrentaram complicações.

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102

Os nove participantes que disseram não ter encontrado dificuldades, se

justificam de formas variadas e expõem o gosto por estudarem sozinhos, a disciplina

nos estudos e a facilidade para lidar com a internet e o ambiente virtual. Também

trazem como esclarecimento o suporte e a estrutura oferecidos pela faculdade, com um

curso bem estruturado, com bons conteúdos e com um corpo docente de qualidade, que

procurava sanar dúvidas e demostrar apoio pedagógico. Durante os processos de ensino.

Para entendermos um pouco mais sobre as dificuldades encontradas pelos

egressos enquanto estudantes, passaremos agora a olhar para a Tabela 10.

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103

Tabela 10: Curso de Pedagogia EaD: dificuldades encontradas

Dificuldades encontradas

Quantidade de participantes

Falta de tempo para realização de estudos

26

Realização das disciplinas extracurriculares

– cursos, congressos, entre outros.

19

Interação tutor virtual e aluno

18

Quantidade de disciplinas e trabalhos por

semestre

14

Interação professor e aluno

12

Falta ou ausência de feedbacks e orientações

11

Interação alunos com alunos

09

Estrutura do polo

09

Uso do ambiente virtual e ferramentas

online

08

Dificuldade nas leituras

07

Falta de conhecimento de conteúdos da

educação

04

Deslocamento até o polo para encontros

presenciais

02

Uso do computador

02

Interação tutor presencial e aluno

01

Total 142

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104

Para efeito de organização dos dados, a Tabela 10 foi organizada e analisada por

dificuldades que se assemelham. Assim, podemos observar que 26 participantes

destacaram que a falta de tempo para a realização de estudos foi uma das dificuldades

encontradas e com 19 respostas temos a realização das disciplinas extracurriculares, que

envolvem atividades acadêmicas, científicas e culturais, como a participação em cursos,

congressos, entre outros. A quantidade de disciplinas e trabalhos por semestre aparece

com 14 marcações. Prontamente oito sujeitos apresentaram como obstáculo o uso do

ambiente virtual e das ferramentas online. Dificuldade nas leituras foi o contratempo

encontrado por sete egressos e quatro deles trouxeram a falta de conhecimento de

conteúdos da educação como um inconveniente durante o processo de estudo. Apenas

duas respostas envolveram as opções – deslocamento até o polo para encontros

presenciais e uso do computador. Todas estas alternativas apresentam adversidades que

não se relacionam com o ambiente virtual ou a estrutura do curso e sim, que dependem

única e exclusivamente da organização e saberes do estudante.

A opção que traz a interação tutor virtual e aluno aparece logo em seguida,

assinalada por 18 participantes, contrapondo-se a alternativa – interação tutor presencial

e aluno que foi escolhida por apenas um sujeito. Interação professor e aluno é a opção

escolhida por 12 sujeitos. A falta ou ausência de feedbacks e orientações foi destacada

por 11 egressos. A escolha de nove participantes envolveu as alternativas – interação

alunos com alunos e estrutura do polo. Estas opções descreviam possíveis complicações

que se relacionam com a estrutura oferecida pelo curso e pelo polo de apoio presencial.

Nesta questão tivemos 48 respostas dadas, onde 37 participantes responderam

mais de uma dificuldade encontrada. Ao analisarmos podemos notar que 68 vezes foram

assinaladas opções de âmbito de organização pessoal e 65 assinaladas foram dadas para

as opções que descrevem adversidades estruturais. Isso mostra um aparente equilíbrio

entre as dificuldades encontradas pelos estudantes que cursam EaD.

Quanto às dificuldades pessoais encontradas pouco se pode discorrer, pois

envolvem diversas origens – a resistência de se adequar a modalidade de ensino, a

complexidade em trabalhar no computador, a existência pela falta ou deficiência de

infraestrutura e apoio, ou podem apresentar obstáculos de cunho pedagógico, como

conhecimentos prévios, organização do sujeito para estudar e ausência de autonomia

com seu próprio aprendizado. A vida do aluno universitário permanece em movimento e

as situações do cotidiano continuam tendo que ser administradas.

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105

Kenski (2006) fala que é necessário que os alunos do ensino a distância

aprendam a ganhar autonomia em relação às suas aprendizagens e “[...] que consigam

administrar os seus tempos de estudo, que saibam selecionar os conteúdos que mais lhe

interessam, que participem das atividades, independentes do horário ou local que

estejam [...]” (p. 73). Coloun (2008) afirma que há varias rupturas que ocorrem durante

a realização de um curso superior, a vida familiar e afetiva passa por mudanças também

que indicam um caminho em direção para uma vida mais autônoma.

Quanto às adversidades estruturais, como já falado na Seção 2, em 2003 foi

escrita uma primeira versão dos Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a

Distância, que foi revista em 2007. Este documento procura subsidiar atos legais do

poder público no que se referem aos processos exclusivos de regulação, supervisão e

avaliação da modalidade e inferir sobre as concepções teórico-metodológicas e de

organização de sistemas de EaD.

Este documento indica a absorção integral das seguintes dimensões: (a)

concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem; (b) sistemas

de comunicação; (c) material didático; (d) avaliação; (e) equipe multidisciplinar; (f)

infraestrutura de apoio; (g) gestão acadêmico-administrativa; (h) sustentabilidade

financeira. O documento deixa claro que estas dimensões não se constituem em

organizações isoladas, mas se interpenetram e se desdobram em outras.

O documento em questão procura demonstrar que, de certa forma, o MEC traça

diretrizes para que os alunos minimizem suas dificuldades em relação à estrutura dos

cursos EaD. Algumas das dificuldades assinaladas por um número expressivo de

egressos envolveu as interações entre tutores, professores e alunos. Os referenciais de

qualidade abordam que ao ter o estudante “[...] como centro do processo educacional,

um dos pilares para garantir a qualidade de um curso a distância é a interatividade entre

professores, tutores e estudantes” (BRASIL, 2007, p. 10). O documento continua

trazendo que a “[...] interação entre professor-estudante, tutor- estudante e professor-

tutor deve ser privilegiada e garantida, a relação entre colegas de curso também

necessita de ser fomentada” (BRASIL, 2007, p. 11).

Gil (2006), ao se referir a cursos de graduação presenciais diz que nos

levantamentos concretizados com educandos que cursam o ensino superior, verifica-se

que existem carências com relação à formação do professor desta etapa de ensino, e que

os alunos apontam, em sua maioria, para ações de falta de didática. O docente envolvido

com a universidade necessita mais do que conhecimentos sólidos na área em que

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106

leciona, mas também precisa desenvolver “[...] habilidades pedagógicas suficientes para

tornar o aprendizado mais eficaz [...] precisa ter uma visão de mundo, de ciência e de

educação compatível com as características de sua função” (GIL, 2006, p. 106).

Estas interações, a falta ou ausência de feedbacks e orientações são práticas

valiosas, expressivamente solicitadas pelos sujeitos participantes da pesquisa e parecem

não estar ocorrendo de forma efetiva, o que pode contribuir para o isolamento, a falta de

pertencimento ao grupo e a desmotivação da aprendizagem (BRASIL, 2007).

O corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no

processo educacional de cursos superiores a distância e compõem

quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser

compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da

prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou

presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos

processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e

avaliação do projeto pedagógico (BRASIL, 2007, p.21).

A estrutura do polo de apoio presencial parece não ter agradado nove dos

egressos participantes, lhes apresentando dificuldades para realização do curso. Em

relação à infraestrutura de apoio, os referenciais deixam claro que além de mobilizar

recursos humanos e educacionais, os cursos a distância devem oferecer centros de

documentação e informação, como bibliotecas, salas para tutorias e exames presenciais,

equipamentos - televisão, impressoras, linhas telefônicas, inclusive dedicadas para

Internet e serviços 0800, fax, equipamentos para produção audiovisual e para

videoconferência - laboratórios de informática, com computadores ligados em rede e

outros a depender do tipo de graduação oferecida, como oficinas e materiais para aulas

práticas. (BRASIL, 2007).

Mota (2009) explica que o conceito de polo de apoio presencial tem a intenção

de contribuir para a expansão e interiorização da educação superior, pois cria estruturas

físicas que atuam como espaços de pesquisa e como centros de recursos didáticos. Ele

continua dizendo que estes espaços contribuem muito para a permanência dos alunos no

curso por aproximarem a universidade e o aluno. Desta forma, concluímos que o curso

deve conter estruturas essenciais, assegurando assim a qualidade dos conteúdos

ofertados. Será, que de fato, isso vem acontecendo? A identificação dos fatores críticos

e das dificuldades encontradas pelos alunos pode contribuir para a compreensão da

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107

prática da educação a distância e consequentemente coopera para a melhoria da

qualidade dos cursos de graduação ofertados. Os participantes da pesquisa não

mencionaram nenhum tipo de estratégia oferecida pelas universidades para a superação

das dificuldades enfrentadas.

Ao dar continuidade a análise, na Tabela 11, será possível acompanhar que tipos

de aprendizagens – teóricas e/ou práticas foram mais significativas para os egressos.

Tabela 11: Curso de Pedagogia EaD: mudanças significativas

Mudanças significativas

Quantidade de

participantes

Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e

didáticos teóricos e práticos

39

Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e

didáticos teóricos

15

Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e

didáticos práticos

02

Total 56

Quando trazemos aqui as expressões - aprendizagem de conhecimentos

pedagógicos e didáticos teóricos e práticos, partimos do ponto de que, segundo Gauthier

et al (2013) – os conhecimentos teóricos são aqueles saberes específicos “[...] no qual o

professor se abastece para responder a exigências específicas de situações concretas de

ensino” (GAUTHIER et al.,2013, p.28), um conhecimento formal que serve de apoio

para “[...] interpretar os acontecimentos presentes e inventar soluções novas”; e os

conhecimentos práticos, aqueles que envolvem “o saber experiencial [...]” (GAUTHIER

et al., 2013, p.24); a atuação que é desenvolvida com a aplicação de conhecimentos da

área; “[...] um saber da ação pedagógica produzido pelo professor no contexto do ensino

de sua disciplina” (GAUTHIER, 2013, p.30).

De acordo com a Tabela 11, 39 egressos assinalaram que as mudanças

significativas durante o curso de Pedagogia abarcaram a aprendizagem de

conhecimentos pedagógicos e didáticos teóricos e práticos; 15 participantes destacaram

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108

a alternativa que envolvia aprendizagens de conhecimentos pedagógicos e didáticos

teóricos e apenas dois sujeitos destacaram que durante o curso as aprendizagens de

conhecimentos pedagógicos e didáticos práticos foram mais significativas. A partir

desta análise, podemos concluir que a maioria dos egressos entendeu que aprendizagens

pedagógicas que envolvem saberes tanto teóricos quanto práticos foram contemplados

durante sua formação, porém não pareceram suficientes, pois os dados apresentados na

Tabela 12 revelam que os participantes sentiram falta de estudarem conteúdos

relacionados à didática, metodologia, práticas escolares, casos de ensino e problemas

escolares reais. Vejamos a Tabela 12:

Tabela 12: Curso de Pedagogia EaD: conteúdos a serem mais estudados durante a

graduação

Conteúdos a serem mais estudados

durante a graduação

Quantidade de participantes

Conteúdos relacionados a casos de

ensino e problemas escolares reais

48

Conteúdos relacionados à didática,

metodologia e as práticas escolares

25

Conteúdos relacionados a teorias

pedagógicas

02

Total 75

Podemos notar a partir da Tabela 12 que 48 sujeitos ao serem questionados sobre

“Quais conteúdos você considera que poderiam ter sido mais explorados no curso de

pedagogia a distância?” marcaram que conteúdos relacionados a casos de ensino e

problemas escolares reais, que tratam do “como fazer”, poderiam ter sido mais

utilizados por seus docentes durante a graduação para poder exemplificar o cotidiano do

trabalho na escola. Logo 25 participantes assinalaram que os conteúdos relacionados à

didática, metodologia e as práticas escolares, que procuram contemplar “o que fazer”

foram pouco abordadas durante seus estudos. Aqui, foi possível constatar que 18

sujeitos assinalaram as duas alternativas. Apenas dois egressos assinalaram que os

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109

conteúdos referentes a teorias pedagógicas poderiam ter sido mais levantados durante a

graduação.

O trabalho com casos de ensino e problemas escolares reais procura abranger o

saber dos professores, compreendido como a atividade deles na escola e na sala de aula

como nos fala Tardif (2002). Esta ausência de conteúdo foi assinalada por um número

considerável de participantes, que assim como acredita o mesmo autor, entendem que

“[...] as relações dos professores com os saberes nunca são relações estritamente

cognitivas: são relações mediadas pelo trabalho que lhes fornece princípios para

enfrentar e solucionar situações cotidianas” (TARDIF, 2002, p. 17).

Ao articular as Tabelas 11 e 12, pode-se inferir sobre a fragilidade do trabalho

com o conhecimento teórico e prático. Para Gauthier et al. (2013, p.182 e 183), como já

abordado, o ensino deve ser concebido como uma mobilização de muitos saberes que

vão abastecendo o professor para responder as demandas específicas de situações de

ensino e estes podem ser aprendidos na formação inicial e experenciados a partir do

trabalho docente. O professor deve desenvolver um “[...] repertório de conhecimentos

relacionados com a tarefa de ensinar” que deve ser definido a “[...] partir do trabalho do

professor em sala de aula”. “Pensamos simplesmente que é importante que haja um

saber teórico sobre o ensino e que uma parte desse saber seja tirada da prática na sala de

aula e comprovada pela pesquisa [...]. ”

Sancho e Hernández (2006) destacam a importância de ensinar os alunos para

uma sociedade do conhecimento, para que assim possam pensar e intervir de forma

crítica e autônoma, a fim de solucionar problemas e buscar novas soluções, mesmo que

a distância, através das Tecnologias da Informação e Comunicação.

Conteúdos relacionados à didática, metodologia e práticas escolares tão próprios

da área de educação também foram marcados pelos sujeitos como assuntos que

precisariam ser mais trabalhados no decorrer da graduação. Estes conteúdos estariam

dentro dos conceitos de “Gestão da Matéria” e “Gestão da Classe” trazidos por

Gauthier et al (2013).

Como já tratado na Seção 1, de acordo com os autores - Gestão da Matéria

abrangeria resumidamente os conteúdos relacionados ao planejamento, ao ensino e à

avaliação de aulas e o termo Gestão da Classe, busca abordar uma coleção de regras e

de atitudes fundamentais para se criar e manter um ambiente organizado e favorável

para o ensino e a aprendizagem.

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110

Parece ficar claro que, na opinião dos participantes da pesquisa, os conteúdos

que se relacionam com o trabalho do professor na escola e na sala de aula não foram

muito estudados e, portanto, precisam ser mais aprendidos e aprofundados. Gauthier et

al (2013, p.26) expõem que as faculdades de educação têm gerado saberes formalizados,

porém estes saberes não se conduzem “[...] ao professor real, cuja atuação se dá numa

verdadeira sala de aula, mas a uma espécie de professor formal, fictício, que atua num

contexto idealizado, unidimensional, em que todas as variáveis são controladas”.

Apesar dos apontamentos organizados na Tabela 12, os egressos apresentaram

satisfação com a educação recebida durante a formação em Pedagogia a distância, foi

factível constatar que no geral, os egressos ficaram satisfeitos com a instrução obtida,

não havendo nenhuma resposta negativa quando questionados. Dos 57 sujeitos

participantes, 35 assinalaram que se sentem satisfeitos com a formação recebida,

enquanto 22 consideram em parte satisfatória. Não houve nenhuma resposta negativa.

Ao justificarem as respostas positivas, os egressos trouxeram diferentes

vantagens de terem optado por uma formação online. O compêndio da descrição feita

por eles, pode ser exposto através das aprendizagens obtidas que são: preparação

tecnológica; boa formação teórica - para eles o curso proporcionou variados

conhecimentos da área com a exposição de perspectivas educacionais; aprimoramento

da reflexão e da criticidade, os levando a pensar e refletir sobre a própria formação e

trabalho docente. Também foram evidenciadas a aprendizagem da elaboração de planos

de aula; do trabalho com a diversidade cultural e social e as reflexões relacionadas à

vida e a atuação profissional, proporcionando uma adequada preparação para o mercado

de trabalho. Um dos benefícios trazidos por alguns egressos e que os deixaram

satisfeitos foi a relação com o desenvolvimento de uma organização de tempo dos

estudos.

Alguns exemplos da própria descrição dos participantes satisfeitos, lembrando

que a descrição será seguida pela autenticação do número do questionário preenchido.

“O material didático era muito bom, tanto que me ajudou a passar em um concurso

público para PEB I”. (Egresso 11)

“Consegui aprender teorias importantes que me deram segurança para falar em

público, elaborar planos de ensino e de aula e entender as dificuldades e formas para

que um profissional da educação possa evoluir em sua atuação profissional”. (Egresso

12)

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111

“Através do EaD valorizei o estudo sistemático e contínuo. Valorizei cada informação

recebido do polo e consegui utilizar muito bem as informações com uso das tecnologias

a disposição”. (Egresso 13)

“O curso estava bem estruturado, o material didático estava bom, com citações de

outras literaturas para pesquisa. Também por ser EaD pude realizar as atividades e

estudar nos horários mais adequados para mim”. (Egressa 17)

“Aprendi muito e consigo aplicar os conhecimentos recebidos no cotidiano da minha

prática pedagógica”. (Egressa 32)

“O curso de Pedagogia a distância superou as minhas expectativas, quanto aos

conteúdos e professores”. (Egresso 47)

Podemos entender a partir destes exemplos que os sujeitos envolvidos com a

pesquisa apresentaram satisfação quanto ao material, alguns conteúdos abordados e as

tecnologias utilizadas. Eles afirmam terem obtido aprendizagens pessoais significativas.

Tornou-se, ao que parece, na concepção destes egressos, que os referidos cursos

desfizeram a imagem de que é somente a baixa qualidade que prevalece, pois, conforme

relataram, as graduações demonstraram uma preocupação científica e pedagógica,

articuladas com a inserção tecnológica.

Cunha (2005, p.6) em seu livro – “O Bom professor e sua prática”, nos faz

refletir sobre a condição de fragilidade dos professores em trabalhar com os desafios da

época. Para ela, as principais inquietações seriam as “[...] novas tecnologias de

informação, a transferência de funções da família para a escola e a lógica de

produtividade do mercado que estão definindo os valores da política educacional e até

da cultura ocidental contemporânea”. Os conhecimentos das novas tecnologias, de certa

forma, são contemplados nos cursos a distância e poderiam suprir um dos desafios

cotidianos da educação atual.

Para os 22 sujeitos que se consideram parcialmente satisfeitos com a formação

recebida pelo curso a distância foram apresentadas a falta de encontros presenciais (com

conversas e trocas de experiência educativas) e de aplicação prática de estratégias

pedagógicas, como o trabalho diário do professor, planejamento de atividades, estudos

de casos, entre outros foi prejudicial para a formação plena do pedagogo. Também

aparecerem respostas relacionadas a ausência da aprendizagem de tendências de ensino,

como metodologias para o ensino com educação especial e artes. Alguns egressos

trouxeram a falta de diálogo entre as disciplinas estudadas e a superficialidade de alguns

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112

conteúdos, que acabam deixando lacunas no curso. Falta de orientação pedagógica por

parte da equipe docente, que muitas vezes apresentava inexperiência e produzia

pareceres fracos foi do mesmo modo versado pelos envolvidos com a pesquisa.

Segue abaixo exemplos dos relatos dos participantes que se identificaram

parcialmente satisfeitos com o corpo docente e o conteúdo estudado:

“Foi muito gratificante fazer pedagogia EaD, mas os professores poderiam ajudar

mais. Por muitas vezes me senti muito sozinha e perdida nas disciplinas”. (Egresso 3)

“Nem todos os professores que nos deram aulas tinham preparo para lidar com alunos

EaD, que são, em sua maioria, pessoas com uma graduação anterior, com um senso

crítico mais evoluído e que trabalham e que por isso escolheram EaD. Muitos destes

professores não experientes nessa modalidade, tratavam os alunos como se fossem

jovens recém ingressados e sem maiores responsabilidades a não ser estudar, sem

apresentar experiência com a prática da escola”. (Egresso 26)

“Não plenamente, pois falta interação eficiente entre as partes envolvidas no processo

de ensino e aprendizagem. Falta também foco em atividades práticas.” (Egresso 56)

“Acho que poderia aprofundar muito mais em questões práticas”. (Egresso 6)

“Como os encontros eram apenas para trabalhos e provas, senti falta de discussões em

sala, debate de ideias, troca de experiências [...]”. (Egressa 18)

“Gostaria de ter aprendido mais sobre educação especial”. (Egressa 19)

“Fiquei satisfeita com todo conhecimento teórico adquirido através do curso, porém

ficaram faltando alguns conhecimentos relacionados ao dia-a-dia do professor como o

planejamento de atividades, estudos de casos, sobre o desenvolvimento infantil e como

realizar atividades para trabalhar alguns problemas em sala de aula Ou seja, como

lidar com problemas diários. Como trabalhar com crianças portadoras de deficiência

física e mental entre outros”. (Egresso 47)

Estes relatos mostram claramente que o curso realizado parece enfatizar

conhecimentos mais genéricos e abrangentes, trazendo pouco destaque ao "que" e ao

"como" fazer no exercício da profissão, ou seja, pouco trata da relação dos conteúdos

pedagógicos e didáticos teóricos e práticos. Almeida, Ianone e Silva (2012, p.338) partir

da pesquisa que realizaram afirmam: “Os depoimentos de alunos, coordenadores e

gestores apontam para uma problemática que não diz respeito só aos cursos a distância,

mas se refere ao curso de Pedagogia nas duas modalidades”.

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113

O significado da ação docente parece não ter sido discutido de forma efetiva,

pois os egressos apresentaram vontade de compreender melhor a prática diária do

professor. O conhecimento teórico e prático aliado ao pensamento crítico parecem ser

requisitos básicos para um profissional da educação. Segundo Pimenta e Lima (2004), o

docente é o profissional da educação que possui certos saberes e que, transforma e dá

novas composições a estes saberes e, ao mesmo tempo, assegura a extensão ética de

estes saberes que dão apoio à sua práxis no cotidiano de seu ofício.

Quando abordam a questão do acompanhamento docente – de tutores e

professores, a maior crítica relaciona-se com a falta de orientações, acompanhamento e

avaliação condizentes. Destaca-se a necessidade da presença do professor e/ou tutor,

solicitada tanto no sentido de que ele é um facilitador da aprendizagem, como no papel

de um assessor e guia.

O que foi coletado caminha na direção do que Patto (2013) procura afirmar:

muitos cursos valorizam extremamente as ferramentas tecnológicas e desvalorizam a

boa formação pedagógica. Para ela, a ideia do curso EaD não é prejudicar a formação

inicial de professores, que já é tão fragilizada, e sim articular os conteúdos necessários a

uma graduação com o ensino a distância.

Quando questionados sobre a possibilidade de exercer o trabalho como professor

a partir dos conteúdos disponibilizados na formação em Pedagogia EaD, apenas um

egresso respondeu de forma negativa. A maioria dos participantes, 37, respondeu que

sim, ou seja, que os conteúdos disponibilizados no curso de Pedagogia a distância,

possibilitaram agir como professor e, 19 disseram que isso aconteceu em parte.

Para as respostas positivas, os esclarecimentos encontrados relacionam-se com a

boa formação teórica recebida; o aperfeiçoamento tecnológico, que facilita o trabalho

diário e a prática de estágio supervisionado, que leva o estudante a vivenciar a rotina

escolar e a refletir criticamente sobre os conteúdos estudados, fornecendo

conhecimentos básicos a respeito da atuação docente. Mais de um sujeito ressaltou que

as aprendizagens proporcionadas pelo curso online lhes possibilitaram a aprovação em

concurso público. Abaixo alguns exemplos declarados pelos egressos:

“Como um futuro profissional da educação, através das teorias e estágios, sinto-me

plenamente seguro e preparado para exercer a profissão”. (Egresso 2)

“Entendo que estou preparada até porque passei em 11º lugar no primeiro concurso na

área da educação que prestei sem nunca ter trabalhado na área”. (Egresso 7)

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“Tudo que aprendi e construí no curso EaD, viabilizam muito o exercer da profissão”.

(Egresso 13)

“Mesmo não atuante na área acredito que os conhecimentos adquiridos durante o

curso e o estágio, me proporcionarão uma atuação efetiva”. (Egresso 37)

Os sujeitos que assinalaram a opção - em parte, apresentaram como justificativa

a falta de vivências práticas; conteúdos estudados apenas sob o ponto de vista teórico e

experiências de trabalho exemplificadas abordadas de forma superficial, havendo assim

a necessidade de realizar formações continuadas. A resposta negativa foi justificada a

partir desta mesma ideia – a insuficiência nos estudos e o comprometimento em

continuar os mesmos. Podemos exemplificar com algumas falas recortadas e

destacadas:

“Muito do exercício vem da prática e de experiências vividas e isto pareceu

superficial”. (Egresso 4)

“Eu já tinha muita experiência e portanto, não foi o diferencial. Penso, no entanto, que

nenhuma faculdade, seja ela presencial ou a distância, conseguem preparar o

profissional 100%, visto que a experiência em sala de aula, bem como a formação

continuada com leituras e cursos, são imprescindíveis nessa área de atuação

profissional”. (Egresso 16)

“Achei que fomos pouco preparados, ficamos somente no campo teórico”. (Egresso 19)

“Por mais que eu me empenhe não me sinto preparada para exercer a função ainda,

pelo fato de não conhecer a prática mesmo da profissão”. (Egresso 33)

“Faltaram casos reais de ensino para exemplificar e realizar para assim, utilizarmos

em situações que podem ser encontradas em sala de aula”. (Egresso 53)

“Tanto a graduação que realizei presencialmente como a EaD falharam em relação as

práticas escolares. As disciplinas são teóricas, e o educando não consegue desenvolver

a competência necessária para atuar em sala de aula. Percebo que esta competência

vai sendo desenvolvida conforme ocorre a prática, a vivência do docente em sala de

aula e ambiente escolar”. (Egresso 56)

Zanella (2011, p.53) em sua dissertação de mestrado sobre a prática de

professores recém-graduados escreve que para uma boa prática pedagógica se deve ter

um bom conhecimento teórico dos conteúdos, sendo assim a formação dos alunos deve

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115

“[...] propiciar o desenvolvimento teórico e prático, para depois trabalhar com os

professores a integração dos dois, gerando-se assim a práxis, na qual a prática se baseia

na teoria que, consequentemente, enfoca na prática”.

Cabe aqui, analisarmos pesquisas já realizadas, como as de Guarnieri (2005) e

Monteiro (2005) que indicam que os educadores consideram os saberes adquiridos na

prática os maiores fundamentos de sua competência profissional, e é a partir deles que

julgam sua formação anterior ou sua formação ao longo de suas carreiras. Esses estudos

procuram mostrar que os professores se valem muito mais das experiências que tiveram

enquanto alunos ou mesmo enquanto docentes, do que dos conteúdos adquiridos nos

cursos que realizaram, pois de certa forma, os cursos de formação não abordam

questões que levem o aluno a entender e refletir sobre os conceitos habituais da

profissão, do dia-a-dia.

Gatti e Barreto (2009, p.227) enfatizam que atualmente há uma conformidade

“[...] sobre a necessidade de se elevar o nível do desenvolvimento profissional dos

professores integrando atualização teórico-cientifica e fortalecimento da prática

profissional”.

Desta forma, parece que a compreensão das práticas docentes vai sendo

constituída apenas à medida que o professor passa a atuar de fato, quando na realidade,

elas deveriam ser construídas a partir da articulação dos conhecimentos adquiridos

academicamente. Deveria haver “[...] um novo equilíbrio entre os conhecimentos

produzidos pelas universidades a respeito do ensino e os saberes desenvolvidos pelos

professores em suas práticas cotidianas” (TARDIF, 2002, p.23). Este equilíbrio pode

proporcionar uma construção do conhecimento de novas e produtivas aprendizagens

pedagógicas.

Zanella (2011) aborda que a formação inicial docente oportuniza o entendimento

e o desenvolvimento didático do professor em sala de aula, por isso, para que este

desenvolva um bom trabalho, a graduação deve ser o primeiro passo para a reflexão do

conteúdo e da prática adotada. A partir dos dados obtidos até aqui, é possível perceber

que este desenvolvimento didático descrito pela autora parece não estar acontecendo.

Ao refletirem sobre a o aprimoramento da formação recebida no curso de

Pedagogia online, os participantes assinalaram diferentes alternativas e 27 deles

marcaram mais de uma possibilidade. A Tabela 13 mostra como as respostas ficaram

distribuídas.

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Tabela 13: Curso de Pedagogia EaD: sugestões para aprimorar o curso

Relevância para aprimorar o curso

Quantidade de participantes

Melhor fundamentação de atividades

práticas

37

Mais aulas presenciais

19

Melhores professores

07

Aumento da carga horária

07

Maior nível de cobrança e exigência por

parte dos docentes

07

Melhores tutores

07

Melhor fundamentação teórica

06

Outros

12

Total 102

Ao olharmos para a Tabela 13, podemos perceber que 37 participantes, a maioria

deles, sugeriram como melhoramento do curso a opção - melhor fundamentação de

atividades práticas. Mais aulas presenciais foi a escolha de uma quantidade significativa

de sujeitos, 19. Melhores professores e tutores, aumento da carga horária e maior nível

de cobrança e exigência por parte dos docentes foram alternativas sinaladas por 07

participantes cada. Para 06, dos 57 envolvidos com a pesquisa, uma melhor

fundamentação teórica poderia melhorar o curso. Como outras sugestões para o

aprimoramento da graduação cursada, 12 marcações foram efetuadas.

Dentre as 12 marcações realizadas na opção - outros, algumas sugestões foram

trazidas pelos participantes. Mais apoio e a diminuição do índice de desistência de

tutores durante o processo e uma melhor comunicação entre os alunos e a universidade

foram sugestões trazidas por eles. A inserção de atividades que demostrem a atuação do

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117

professor em sala de aula e a oportunidade de vivenciar oficinas ou cursos oferecidos

pelas universidades também foram propostas abordadas. Os egressos também trouxeram

como possíveis melhorias do curso a distância, o aperfeiçoamento do material utilizado,

com maior número de indicações de leituras complementares, mais avaliações

formativas, ou seja, durante o processo de formação e não apenas ao final do semestre e

maior compreensão por parte de tutores e docentes sobre o perfil do aluno que cursa

EaD.

A escola é uma organização que trabalha com a socialização de pessoas e de

conhecimento e procura formar hábitos, valores e atitudes. Assim, mais uma vez, vimos

apontada por parte dos egressos a necessidade de se estudar mais atividades práticas ou

que remetam ao cotidiano e as rotinas escolares, visto que os processos de ensino e

aprendizagem são dinâmicos, sociais e dialéticos. Segundo Guarthier et.al (1998), “[...]

o conhecimento desses elementos do saber profissional docente é fundamental e pode

permitir que os professores exerçam o seu ofício com muito mais competência” (p.17).

As aulas presenciais também foram bastante solicitadas por eles que parecem

sentir a ausência do diálogo e da troca de conhecimentos entre uns e outros para firmar e

aperfeiçoar o exercício docente, já que estes saberes são em parte constituídos na

interação com outros saberes. Estes encontros realizados presencialmente, onde as

práticas pedagógicas são estudadas podem levar os graduandos a desenvolverem mais

seu pensamento crítico e sua capacidade profissional, trabalhando com aspectos

imprescindíveis à construção da identidade docente, dos saberes e das posturas

peculiares ao exercício profissional do educador, ensinando sobre a profissão ou

aperfeiçoando conhecimentos prévios (PIMENTA e LIMA, 2004).

Como podemos ver durante os resultados, os egressos participantes da pesquisa,

realizaram em sua maioria o curso de Pedagogia em uma instituição privada e acreditam

que mudanças significativas de aprendizagens ocorreram durante o processo, onde

temos 39 pessoas que marcaram que as mudanças mais significativas envolveram a

aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e didáticos teóricos e práticos; 15 trazem

a alternativa que abarca aprendizagens de conhecimentos pedagógicos e didáticos

teóricos e 02 egressos trazem que durante o curso as aprendizagens de conhecimentos

pedagógicos e didáticos práticos foram mais significativas.

Muitos sujeitos destacaram que passaram por dificuldades ao realizar a

graduação, mas no geral ficaram satisfeitos com a formação recebida, porém todos

demostraram sentir falta de aprendizagens relacionadas à didática, metodologia, práticas

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escolares, casos de ensino e problemas escolares reais. Praticamente todos os egressos

assinalaram que se sentem preparados para exercer o trabalho como professor de forma

plena ou em partes. A fim de melhorar o curso, os participantes sugerem melhor

fundamentação de atividades práticas e teóricas, mais aulas presenciais, melhores

professores e tutores, aumento da carga horária, maior nível de cobrança e exigência por

parte dos docentes e a inserção de atividades que demostrem a atuação do professor em

sala de aula com a oportunidade de vivenciar oficinas ou cursos oferecidos pelas

universidades.

4.3 O perfil dos professores iniciantes e suas percepções sobre o

curso de graduação realizado

Enquanto a análise estava sendo realizada, os professores iniciantes e egressos

do curso de Pedagogia EaD foram sendo reconhecidos e compreendidos. Em relação a

eles, que apresentam até cinco anos de experiência, podemos encontrar nesta coleta dez

profissionais mulheres. Quando se trata de experiência docente, temos 05 participantes

com menos de três anos de experiência e 05 com até cinco anos de docência. Nesta

etapa inicial, os professores realizam uma fase de transição de estudantes para docentes

(MARCELO GARCIA, 1999).

Segundo Tardif (2002) as bases dos saberes profissionais parecem constituir-se

nos cinco primeiros anos de docência. O autor realizou uma pesquisa que concluiu que a

relação entre os saberes profissionais e a carreira docente comporta “diferentes facetas”

e que esta relação está, fundamentalmente, associada ao tempo.

Com o objetivo de proporcionar uma melhor visualização para o leitor sobre o

perfil das egressas iniciantes que puderam participar da entrevista, segunda etapa deste

trabalho, foi elaborado um quadro síntese. As egressas iniciantes na profissão docente

serão identificadas pelo número do questionário preenchido.

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Quadro 1. Egressas do curso de Pedagogia EaD iniciantes na carreira docente

Egressas

iniciantes/

Tipo de

Instituição em

que cursou

Pedagogia

EaD

Anos de

experiência

docente

Cursos

realizados

Tipo de

atuação

docente

Tipo de

Instituição

que atua

Egressa 1

Pública

Menos

de 3 anos

Graduação

Presencial,

Graduação EaD e

Pós-graduação

Stricto sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Pública

Egressa 3

Pública

Menos

de 3 anos

Graduação

presencial e

Graduação EaD

Educação

Infantil e

monitora do

EJA

Pública

Egressa 6

Privada

Menos

de 3 anos

Graduação

presencial,

Graduação EaD e

Pós-graduação

Lato sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Pública

Egressa 14

Privada

Até 5 anos

Graduação EaD e

Pós-graduação

Lato sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Pública

Egressa 21

Privada

Até 5 anos

Graduação EaD

Educação

Infantil

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Pública e

privada

Egressa 23

Privada

Menos

de 3 anos

Graduação EaD

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Privada

Egressa 25

Privada

Até 5 anos

Graduação EaD

Educação

Infantil

Privada

Egressa 27

Privada

Até 5 anos

Graduação

presencial e

Graduação EaD

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano)

Privada

Egressa 41

Privada

Menos

de 3 anos

Graduação EaD

Educação

Infantil

Privada

Egressa 48

Pública

Até 5 anos

Graduação EaD

Educação

Infantil

Pública

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120

A partir da leitura do quadro, podemos concluir que entre elas, seis apenas

cursaram Pedagogia a distância, e tem este curso como a primeira graduação, o que

representa metade dos participantes que contemplam o foco desta pesquisa. Das outras

quatro, duas possuem outra graduação presencial; duas fizeram Especialização Lato

Senso, sendo que uma delas possui como primeira formação uma graduação presencial

e a outra apresenta mais um curso a distância. Por fim, temos uma das participantes cuja

formação contempla outra graduação presencial e uma pós-graduação Stricto Senso.

Este percentual nos leva a entender a necessidade das pessoas em buscarem e quererem

estar em processo de formação contínuo e constante capacitação. Assim, podemos

deduzir que muitos dos “[...] profissionais que buscam esse tipo de ensino geralmente

estão interessados na expansão de seus conhecimentos e procuram esses cursos pela

facilidade que oferecem” (FERREIRA, MENDONÇA e MENDONÇA, 2007, p.8).

Ao falarmos de tipo de atuação docente, dentre as 10 egressas iniciantes temos

cinco professoras atuantes na Educação Infantil e seis no Ensino Fundamental. Uma

delas se faz presente nos dois segmentos e outra também é monitora do EJA.

Em relação ao tipo de instituição em que atuam estas egressas foi possível

descobrir que 05 participantes revelam-se funcionárias de instituição públicas, quatro

estão trabalhando em escolas particulares e uma está operando nos dois tipos de

instituições.

Das dez egressas, professoras iniciantes, selecionadas a partir da coleta, apenas

três participantes, cursaram Pedagogia em uma instituição pública, enquanto sete se

formaram em uma universidade privada.

Quando questionadas sobre os motivos que as levaram a cursar Pedagogia, as 10

egressas iniciantes trouxeram com muita força a opção da empregabilidade, sendo que

sete delas assinalaram esta motivação. Aquisição de conhecimento foi apontada por 05

professoras, se profissionalizar por três e progressão funcional por apenas uma docente.

É possível visualizar com mais clareza na Tabela 14.

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121

Tabela 14: Perfil das egressas iniciantes: motivação em cursar Pedagogia

Com estes dados podemos entender que as iniciantes, participantes da pesquisa,

estão preocupadas com o futuro e sua profissionalidade. De fato, o Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) registrou em 2006, 2.803.761 de empregos para professores

no país, onde 77% deles eram para docentes da educação básica. Muitas vagas, 41%

delas, foram destinadas à população do Sudeste.

Para nove participantes, as mudanças mais significativas durante a realização do

curso a distância envolveram as aprendizagens de conhecimentos pedagógicos e

didáticos teóricos e práticos. Apenas uma participante assinalou que as aprendizagens

de conhecimentos pedagógicos e didáticos teóricos foram mais significativas. Faz-se

possível traduzir aqui que praticamente todas as iniciantes entenderem que conteúdos

práticos também foram abordados, o que contrapõe a maioria dos participantes da

pesquisa, que já possuem experiência docente. Uma hipótese para o ocorrido pode se

justificar se entendermos que a inexperiência profissional as façam acreditar que, as

aprendizagens contempladas durante a graduação sejam suficientes para a atuação em

sala de aula.

A mesma quantidade de sujeitos, nove, disseram ter enfrentado dificuldades na

realização do curso conforme pode ser analisado na tabela a seguir:

Motivação em cursar Pedagogia

Quantidade de participantes

Empregabilidade

07

Aquisição de conhecimento

05

Se profissionalizar

03

Progressão funcional

01

Outros

0

Total 16

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122

Tabela 15: Curso de Pedagogia EaD: dificuldades encontradas pelas egressas iniciantes

Dificuldades encontradas

Quantidade de participantes

Falta de tempo para realização de estudos

05

Realização das disciplinas extracurriculares

– cursos, congressos, entre outros.

04

Interação professor e aluno

04

Interação tutor virtual e aluno

04

Interação alunos com alunos

03

Falta ou ausência de feedbacks e orientações

03

Dificuldade nas leituras

02

Estrutura do polo

02

Deslocamento até o polo para encontros

presenciais

01

Falta de conhecimento de conteúdos da

educação

01

Uso do computador

01

Quantidade de disciplinas e trabalhos por

semestre

01

Total 31

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123

Falta de tempo de realização para os estudos aparece em primeiro lugar, com

cinco respostas. Realização das disciplinas extracurriculares – cursos, congressos, entre

outros, aparece com quatro sinaladas. Apenas duas egressas escolheram marcar a

alternativa sobre dificuldade nas leituras. As opções – uso do computador,

deslocamento até o polo para encontros presenciais e falta de conhecimento de

conteúdos da educação foram apontadas por uma participante cada. As participantes

poderiam assinalar mais de opção.

As opções que envolviam as relações – interação professor e aluno e interação

tutor virtual e aluno obtiveram quatro marcações. A interação alunos com alunos e a falta

de ausência de feedbacks e orientações foram escolhidas por três sujeitos cada. Estrutura

do polo foi a dificuldade encontrada por duas egressas e a quantidade de disciplinas e

trabalhos por semestre foi assinalada por uma participante.

Ao somar todas as respostas temos 31 sinalizadas, o que permite concluir que os

todos as nove egressas iniciantes demonstraram ter mais de uma dificuldade. A

participante que disse não ter enfrentado dificuldades, justificou trazendo que tinha

conhecimentos tecnológicos, uma boa internet, que conseguiu organizar seu tempo diário,

que o polo de apoio presencial era próximo e tinha estrutura e o material didático era

barato.

Para as docentes iniciantes, os conteúdos relacionados a casos de ensino e

problemas escolares reais deveriam ter sido mais estudados durante a graduação, com

unanimidade das respostas – 10 assinaladas. Outras 04 egressas responderam também

que houve falta de aprendizagens pautadas em conteúdos de didática, metodologia e

práticas escolares.

As professoras egressas iniciantes demonstraram satisfação com o curso

realizado, na qual cinco respostas foram afirmativas e outras cinco sinalizaram a

satisfação em partes, não havendo nenhuma resposta negativa. Como justificativa

positiva, apresentaram a sólida formação teórica e uma boa preparação para o mercado

de trabalho. A organização do tempo e dedicação para os estudos também foi trazido

por elas. Segue as falas das professoras:

“Me sinto muito satisfeita com minha formação, principalmente porque consegui

aprender a ajustar meu tempo com os estudos”. (Egressa 14)

“Tive um bom aproveitamento e tudo que precisei me foi fornecido”. (Egressa 21)

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124

“Percebi que o conteúdo ministrado no curso a distância é o mesmo do presencial, com

a flexibilidade do aluno organizar o estudo. Assim eu pude realizar a minha sonhada

faculdade e com 37 anos me formei, prestei processo seletivo em uma grande rede

particular de ensino do estado de São Paulo. A qual estou atuando satisfeita e já estou

cursando pós-graduação na mesma modalidade de ensino”. (Egressa 23)

“Muito satisfeita, pois além de explorar os conteúdos muito bem, também precisei

aprender a dividir meu tempo certinho para não atrapalhar os estudos. Na minha

entrevista de emprego, quando disse que fiz um curso a distância, esse foi um dos

fatores positivos para minha contratação. Há alguns anos atrás era totalmente

descriminado, por pensarem ser mais fácil por ser a distância”. (Egressa 25)

“Sim, pois o curso mesmo sendo a distância possuía uma ótima estrutura”. (Egressa

48)

A aplicação prática do trabalho escolar, a falta de aprendizagens de

metodologias relacionadas a educação especial e a inexperiência da equipe docente

foram os pontos fracos da formação, segundo as iniciantes. Alguns exemplos do que

disseram as iniciantes que se sentiram satisfeitas em parte:

“Sinto muita falta de um conhecimento mais aprofundado sobre a aplicação prática

das estratégias pedagógicas que aprendemos na faculdade”. (Egressa 1).

“Foi muito gratificante fazer pedagogia EaD, mas os professores poderiam ter ajudado

mais. Por muitas vezes me senti muito sozinha e perdida nas matérias ”. (Egressa 3)

“Acho que poderia ter aprofundado muito mais em questões práticas, o dia-a-dia da

escola”. (Egressa 6)

“Sinto que aproveitei plenamente apenas algumas disciplinas do curso e que muitas

outras foram apenas para preencher grade, uma vez que se repetiam, sobretudo no que

diz respeito ao material usado. Poderíamos ter explorado tendências mais

contemporâneas [...] A Instituição deixou a desejar no quesito explorar a

contemporaneidade, se mantendo padronizada e, de certa forma, atrasada”. (Egressa

27)

“Acho que poderia ter sido muito melhor. Senti falta de muitas aprendizagens”.

Acredito que deveria haver mais disciplinas referentes a educação especial, por

exemplo”. (Egressa 41)

Elas também dividiram as opiniões ao responderem sobre a possibilidade de

exercer o trabalho como professor a partir dos conteúdos disponibilizados na formação

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125

em Pedagogia EaD, na qual seis participantes responderam que sim e quatro sinalizaram

em partes (também referente a esta questão não houve nenhuma resposta negativa).

Aqui, a boa formação teórica recebida e a prática do estágio supervisionado aparecem

com força na satisfação das respostas. Seguem exemplos:

“A ementa foi muito completa. Aprendi bastante”. (Egressa 3)

“Com os recursos do curso a distância tive a oportunidade de aprender a mexer com o

computador e hoje coloco em prática em sala de aula”. (Egressa 14)

“Os conteúdos ministrados foram excelentes e o exercício do trabalho é

complementado pelo estágio”. (Egressa 23)

“Sim, aprendi como deve ser a postura de um professor, como devo contar uma

história. Estas coisas parecem simples, mas o resultado de tudo isso fez toda diferença

no trabalho”. (Egressa 25)

“Sim, porém ainda não atuo na área”. (Egressa 41)

“Os conteúdos disponibilizados na formação EaD viabilizam o trabalho do professor,

pois são bem argumentados e foram preponderantes para o andamento e entendimento

das disciplinas, depois na prática e com a troca do que foi aprendido conseguimos

entender e resolver situações problemas do dia-a-dia”. (Egressa 48)

A falta de vivências práticas e a necessidade de realizar formações continuadas

manifestam-se nas justificativas relacionadas a uma satisfação em partes para o preparo

profissional. A seguir as falas das iniciantes em relação a esta questão:

“A falta de vivências práticas, troca de experiências e aprendizagens da rotina escolar,

me mantiveram aquém do que eu gostaria”. (Egressa 1)

“Deu uma base, mas na prática as coisas acontecem bem diferentes. Será preciso

realizar outros cursos”. (Egressa 6)

“Muito do que precisamos e usamos vem com a prática diária...” (Egressa 21)

“Os materiais apontavam para uma única linha pedagógica, tendência a qual eu não

exerço atualmente, portanto, contribuiu em partes bem pequenas para exercer a minha

função atual de professora. Foi preciso aprender em outros lugares.” (Egressa 27)

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126

Libâneo (2002, p. 47) relata que “[...] é certo que formação geral de qualidade

dos alunos depende de formação de qualidade dos professores”. Arrisca-se alegar que os

cursos de licenciaturas devem dar uma importância maior ao que se refere à formação

prática reflexiva do futuro professor.

Das falas das professoras iniciantes podemos traduzir e relacionar com o que

mostra Guarnieri (2005). A autora relata que ao se deparar com a situação real em que

se dá a prática pedagógica, o professor iniciante pode abandonar, ou mesmo rejeitar os

conhecimentos teórico-acadêmicos que recebeu em sua formação, porque não consegue

aplicá-los em sua prática, pois a universidade não lhes deu subsídio para isso. Daí resta

ao professor aderir a uma cultura já existente na escola e incorporar procedimentos,

rotinas e valores que nem sempre podem ser adequados para eles.

Para Zanella (2011) a maior dificuldade dos professores em início de carreira é

nos anos iniciais da docência, pois além de não receberem uma formação prática para o

trabalho docente, não contam, muitas vezes, com o auxílio dos profissionais das escolas

que trabalham para o seu desenvolvimento prático e de reflexão sobre a própria prática.

Estas reflexões foram aprofundadas na segunda etapa da coleta de dados, ao analisar as

falas das professoras que aceitaram serem entrevistadas.

Na Tabela 16, é possível acompanhar o que as egressas iniciantes destacaram

como relevante para o aprimoramento do curso de Pedagogia online.

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Tabela 16: Curso de Pedagogia EaD: sugestões para aprimorar o curso de acordo com a

opinião das egressas iniciantes

Relevância para aprimorar o curso de

acordo com a opinião das egressas

Quantidade de participantes

Melhor fundamentação de atividades

práticas

07

Mais aulas presenciais

05

Melhor fundamentação teórica

02

Melhores professores

01

Aumento da carga horária

01

Maior nível de cobrança e exigência por

parte dos docentes

01

Melhores tutores

01

Outros

02

Total 20

As professoras em início de carreira, que aqui, compõem um grupo de 10

participantes, em sua maioria, sete, sugeriram a alternativa melhor fundamentação de

atividades práticas como melhoramento do curso. Para cinco delas, mais aulas

presenciais foi a opção eleita e para duas uma melhor fundamentação teórica faz-se

necessário para o aprimoramento da graduação. Melhores professores e tutores,

aumento da carga horária e maior nível de cobrança e exigência por parte dos docentes

foram opções assinaladas por apenas uma sujeita cada.

Como outras propostas, duas egressas sugeriram que para que o curso de

Pedagogia ficasse melhor seria necessária a composição de melhores tutores e de mais

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atividades online, como vídeos e/ou presenciais, como oficinas que pudessem

demonstrar efetivamente como o professor pode atuar em cada situação em sala de aula.

De forma resumida, podemos concluir que as participantes da Pedagogia EaD

egressas iniciantes na carreira profissional realizaram em sua maioria uma universidade

privada e disseram ter enfrentado dificuldades na realização do curso. Todas se sentiram

atendidas com a formação recebida, destacando as aprendizagens de conhecimentos

pedagógicos e didáticos teóricos e práticos como sendo as mais significativas. Elas se

mostraram divididas, entre satisfeitas e satisfeitas em partes, quando questionadas sobre

a possibilidade de exercer o trabalho como professor a partir dos conteúdos

disponibilizados na formação em Pedagogia EaD. Como possíveis melhorias para o

curso, as professoras iniciantes trouxeram com força a melhor fundamentação de

atividades práticas. Mais aulas presenciais, e uma efetiva fundamentação teórica

também foram alternativas destacadas por elas.

Os cursos de licenciatura para Cunha (2001, p.63) não se determinam somente

pelo seu currículo explícito ou pelos conteúdos que ministram, eles manifestam

concepções de conhecimento, de educação e de prática pedagógica. “E tudo indica que

estes valores presentes e manifestos na prática cotidiana são elementos de formação

muito mais poderosos do que os conteúdos desenvolvidos”.

A LBDN, em seu artigo 61, parágrafo único, que se refere à formação dos

profissionais da educação, traz que um dos fundamentos para uma boa formação

pedagógica deve ser a combinação entre teorias e práticas, por intermédio de disciplinas

de práticas de ensino, metodologia e estágios supervisionados. Isso demonstra que os

cursos de formação de professores devem possibilitar a relação entre teoria e prática,

proporcionando a vivência com o mundo real de sala de aula.

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SEÇÃO 5

Analisando as falas das professoras iniciantes

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SEÇÃO 5

Analisando as falas das professoras iniciantes

Neste momento será apresentada a análise dos dados coletados a partir da

realização da entrevista feita com sete professoras iniciantes, formadas em Pedagogia

pela modalidade a distância, que dialogaram sobre suas trajetórias e contextos

profissionais, seus saberes docentes conquistados e as práticas de ensino dispostas em

suas rotinas escolares.

5.1 As professoras iniciantes

Como já descrito na Seção 3 desta tese, após a triagem realizada a partir dos 57

questionários analisados, 10 participantes foram selecionadas para a realização da

entrevista que procurou conhecer sobre os saberes de professores iniciantes na carreira

docente, porém sete aceitaram o nosso convite.

As professoras que se adequavam ao perfil escolhido, apenas mulheres, foram

convidadas para a entrevista sobre seu contexto profissional, ressaltando práticas e

saberes docentes a partir de seu cotidiano de trabalho. Após a leitura das sete entrevistas

foi possível levantar os principais pontos e organizá-los. Um sistema de categorias que

englobam a diversidade das fontes de informações apontadas por elas e a multiplicidade

dos dados obtidos durante as entrevistas foi desenvolvida a partir de Gauthier et al.

(2013).

Esta Seção está dividida em quatro subitens – As professoras iniciantes; Saberes

e percepções sobre a formação docente; Gestão da Matéria e Gestão da Classe - que se

relacionam com os blocos de perguntas realizados na entrevista. Em cada bloco foi

apresentado os resultados e suas análises organizadas a partir de falas pessoais que

retratam o trabalho docente, os saberes adquiridos no decorrer da profissão e da

formação em Pedagogia. Procurou-se averiguar de forma aprofundada aspectos

importantes envolvidos no processo de constituição profissional dessas iniciantes.

A entrevista semiestruturada, dividida em três blocos que abarcam os saberes e

as percepções docentes, a gestão da matéria e a gestão da classe proporcionou uma

flexibilidade nas respostas e criou oportunidades de favorecimento ao diálogo e assim

revelaram detalhes importantes sobre os saberes e os comportamentos das professoras e

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131

sobre aspectos pertencentes à vida e natureza escolares. Foi possível explorar e

aprofundar os dados e a análise com a aquisição das informações cedidas pelas

participantes, articulando as três áreas contempladas neste estudo: Formação de

Professores, Pedagogia EaD e Professores Iniciantes.

O Quadro 2 apresenta o perfil de cada iniciante e foi produzido a partir das

informações apresentadas no questionário e na entrevista.

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132

Quadro 2. Perfil das professoras iniciantes entrevistadas

Egressas

iniciantes

Idade

Anos de

experiência

docente

Cursos realizados

Tipo de atuação

docente e

Instituição que

atua

Egressa 1

20 a 30 anos

Menos

de 3 anos

Graduação Presencial

(Direito)

Graduação EaD

(Pedagogia) e

Pós-graduação Stricto

sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Pública

Egressa 6

Mais de 40

anos

Menos

de 3 anos

Graduação presencial

(Direito)

Graduação EaD

(Pedagogia) e

Pós-graduação Lato

sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Pública

Egressa 14

Mais de 40

anos

Até 5 anos

Graduação EaD

(Pedagogia) e

Pós-graduação Lato

sensu

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Pública

Egressa 21

30 a 40 anos

Até 5 anos

Graduação EaD

(Pedagogia)

Educação Infantil e

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Pública e privada

Egressa 23

30 a 40 anos

Menos

de 3 anos

Graduação EaD

(Pedagogia)

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Privada

Egressa 25

20 a 30 anos

Até 5 anos

Graduação EaD

(Pedagogia)

Educação Infantil -

Privada

Egressa 27

30 a 40 anos

Até 5 anos

Graduação presencial

(Letras) e

Graduação EaD

(Pedagogia)

Ensino

fundamental

(1º ao 5º ano) -

Privada

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133

As sete professoras iniciantes apresentavam uma média de idade entre 20 a 40

anos. Três cursaram apenas Pedagogia EaD; três delas possuem uma graduação anterior,

e três também apresentam algum tipo de pós-graduação. O tempo de experiência no

magistério contemplado por quatro participantes é de até cinco anos e de três é de

menos de três anos. Três atuam em escolas públicas, três em escolas privadas e uma

delas está em duas escolas – uma pública e uma privada. Apenas a Egressa 1 concluiu

seu curso de Pedagogia a distância em uma universidade pública.

Por uma questão de ética e respeito, o nome das entrevistadas foi preservado e

no lugar de serem tratadas como “egressas”, todas as participantes foram identificadas

ao longo desta seção de análise por cognomes fictícios, de flores. Desta forma teremos a

identificação conforme mostra o Quadro 3.

Quadro 3. Cognomes das professoras iniciantes

Egressa

Cognome

Egressa 1

Hortência

Egressa 6

Iris

Egressa 14

Azaleia

Egressa 21

Dália

Egressa 23

Camélia

Egressa 25

Margarida

Egressa 27

Violeta

Com o propósito de conhecermos um pouco as entrevistadas, foi realizado um

pequeno descritivo de cada uma delas.

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134

Hortência

Apresenta como formação acadêmica duas graduações – Direito, realizado em

um curso presencial e Pedagogia a distância cursado em uma universidade pública.

Também possui Mestrado e está iniciando seu Doutorado. Sua idade está contemplada

entre os vinte e trinta anos. Os pais são educadores, a mãe atuou como coordenadora e o

pai se aposentou como diretor. Sempre pensou em fazer Pedagogia, mas os pais a

incentivaram a cursar Direito. Apresenta menos de três anos de experiência docente e

atuou com crianças de quarto e quinto ano do Ensino Fundamental na escola pública.

Na escola em que trabalhou em 2016 a diretora optou por fazer rotatividade entre as

áreas, desta forma, a mesma sala era responsabilidade de três professoras - uma

responsável por Matemática, outra por Língua Portuguesa e ela por História, Ciências e

Geografia.

Iris

Tem mais de quarenta anos. Sua formação inicial foi a graduação em Direito,

realizada em uma faculdade presencial. Apresenta pós-graduação em Direito Processual

Civil e Pedagogia EaD. Foi cursar Pedagogia por influência do marido também

pedagogo. Ao lecionar descobriu que se identifica com a área e hoje se divide entre a

docência e a advocacia. Sendo assim possui menos de três anos de experiência com os

afazeres escolares, atuando no primeiro ano do Ensino Fundamental de uma escola

pública.

Azaleia

Atua no Ensino Fundamental, principalmente com o quarto ano, apresentando

cinco anos de docência na escola pública. Trabalhava com eventos para a área da

educação, portanto, ao surgir a oportunidade de estudar, resolveu fazer Pedagogia e

realizar este sonho. Tem mais de quarenta anos. Além de fazer Pedagogia na

modalidade a distância também realizou uma pós-graduação em Educação Especial,

pois sentiu a necessidade de conhecer e se especializar.

Dália

Trabalhava com aviação na área de formação de pessoas. Possui cinco anos de

docência com experiência tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental, no

terceiro ano. Sua formação contempla o curso de Pedagogia na modalidade a distância e

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135

a atuação se faz na escola particular e pública. Tinha como primeiro foco profissional,

trabalhar com a Pedagogia empresarial, na área de treinamento, porém com os filhos

optou pela docência e se identificou.

Camélia

Apresenta menos de três anos de experiência docente em uma escola privada,

principalmente com o quinto ano do ensino fundamental. Sempre teve o sonho de ser

professora, mas iniciou sua atuação nas escolas na parte administrativa. Pensava que

enquanto mãe, secretária de escola e toda a parte burocrática que conhecia, poderia usar

tais conhecimentos na parte de docência também. Tem entre trinta e quarenta anos. Foi

professora do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Também cursou Pedagogia a

distância em instituição privada.

Margarida

Sua formação acadêmica contempla o curso de Pedagogia realizado na

modalidade a distância. Tem entre vinte e trinta anos de idade. Trabalha com a

Educação Infantil, em uma escola privada que tem crescido bastante, e engloba tanto a

Educação Infantil quanto os primeiros anos do Ensino Fundamental, mas já trabalhou

em algumas escolas e apresenta cinco anos de experiência docente. Seu pai queria que

ela tivesse cursado Direito ou Contabilidade, para trabalhar com ele em sua empresa,

porém sempre teve o sonho de ser educadora e esta vontade se confirmou aos quinze

anos ao estabelecer seu primeiro contato com a escola indo trabalhar com uma amiga de

sua mãe.

Violeta

Sua idade está contemplada entre 30 a 40 anos. Como formação acadêmica

possui a primeira graduação em Letras, realizada em um curso presencial e a segunda

em Pedagogia EaD. Revela-se com até 5 anos de experiência docente. Atua com o

Ensino Fundamental e inaugurou, em 2017, um Berçário, em uma cidade pequena do

interior de São Paulo, próxima a Campinas. Também já lecionou para adultos. Resolveu

fazer Pedagogia, pois assumiu uma vaga, relacionada a uma licença maternidade, na

escola de Educação Infantil de seu filho. Com o curso ela viu a possibilidade de ser

efetivada no emprego e acabou se identificando com a profissão.

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136

5.2 Saberes e percepções sobre a formação docente

A primeira questão da entrevista versava sobre o porquê as professoras

escolheram fazer Pedagogia. É possível acompanhar através dos relatos que diferentes

histórias as levaram a realização do curso a distância. Algumas evidenciaram a vontade

de estudar e realizar o sonho de exercer o magistério:

“Bom, eu já tinha feito magistério, porém não tinha concluído, mas eu sempre gostei da

área de educação e trabalhava fazendo eventos para educação. Quando surgiu a

oportunidade de estudar, a primeira coisa que eu pensei foi na Pedagogia. Realizei meu

sonho.” (Azaleia)

“Então, na verdade a profissão de docente sempre foi um sonho de infância, sonho de

menina. Eu fiz Ensino Médio já tarde, o Magistério terminei quando já era mãe, tinha

lá meus 20 e tantos anos. Eu já tinha meu emprego na área administrativa de uma

escola, mas tinha muito medo da sala de aula, embora tivesse o sonho. Um dia eu

resolvi encarar a faculdade e achei que era o momento para que eu realizasse esse

sonho meu. Encontrei a faculdade que me deu a possibilidade por ser a distância e aí

eu fui fazer. Eu pensava que eu não era mais nenhuma jovenzinha, mas havia tempo de

eu realizar meu sonho [...] enquanto mãe, enquanto secretária de escola, enquanto toda

a parte burocrática que eu via que acontecia, eu achei que eu poderia usar esses meus

conhecimentos na parte de docência também.” (Camélia)

“Eu sempre gostei, eu sempre me identifiquei, quando eu era criança eu gostava de

brincar de dar aula, eu sempre achei uma profissão muito bonita, mas eu comecei a

trabalhar cedo, com 15 anos tive meu primeiro emprego, comecei a trabalhar na escola

da amiga de uma mãe e foi aí meu primeiro contato com a escola, com a área da

Educação e eu gostei bastante, era um sonho, uma coisa que eu queria fazer mesmo.”

(Margarida)

Outras professoras revelaram a influência de familiares:

“Eu escolhi a Pedagogia primeiro porque eu vivi a Pedagogia durante muitos anos da

minha vida, aliás durante todos os anos da minha vida, os meus pais são educadores a

vida inteira [...] então a gente respirava dentro de casa educação manhã, tarde e noite,

o assunto nas nossas refeições era esse, então eu vivi a Educação dentro de casa a vida

toda, talvez isso tenha sido minha maior inspiração [...] a Pedagogia sempre esteve nos

meus planos e eu acredito que seja por ter vivenciado ela dentro de casa a vida toda.”

(Hortência)

“Eu sou advogada e eu gosto muito de estudar [...] meu marido fez Pedagogia, gostou,

ficou falando e eu decidi fazer também [...] fiz para ver como era, para ficar estudando

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e quando eu comecei a fazer, eu gostei. Acho que era um gosto de criança.... Hoje eu

até pendo entre advocacia e a escola, para falar a verdade.” (Iris)

E as demais, a necessidade de trabalho:

“Bom, eu estava trabalhando na aviação na época e eu estava na parte de treinamento,

então quando eu procurei a faculdade o meu foco era trabalhar Pedagogia

Empresarial, porque eu estava na área de treinamento. Só que com as crianças fui

procurar emprego na área da educação, porque eu gostava da sala de aula, me

despertava prazer, então eu fui procurar uma escola de Educação Infantil para ver se

era isso mesmo que eu queria. Me encontrei.” (Dália)

“Eu já dava aulas para adultos e quando eu tive meu filho, uma auxiliar entrou em

licença maternidade onde ele frequentava o jardim de infância e aí as diretoras me

convidaram para cobrir essa licença, seriam só quatro meses, só que a auxiliar não

voltou e como eu gostei do ambiente, elas gostaram de mim, me convidaram para

trabalhar, só que para isso eu precisava fazer a Pedagogia para ter autorização para

ser contratada.” (Violeta)

Apesar de apresentarem motivos e histórias diversas, é possível notar, que de

uma maneira geral, todas se mostraram motivadas em realizar o curso de Pedagogia.

Nenhum dos depoimentos demonstra uma insatisfação ou arrependimento na escolha

feita, inclusive presume-se que as entrevistadas compreendiam ou passaram a absorver

o sentido da docência e da identificação do profissional, configuradas no sentimento de

pertença ao grupo. Em suas falas parece ficar claro que o gosto pela docência já existia

ou foi adquirido a partir do ingresso no curso. O interesse para atuar no ensino básico -

em creches, pré-escolas e nas séries iniciais do Ensino Fundamental também foi

explicitado pelas entrevistadas. A influência de familiares e a possibilidade de

empregar-se após assumir as responsabilidades de uma casa e de filhos também aparece

com força devido a rotina vivida e a possiblidade de trabalho com uma carga presencial

reduzida.

Ao serem questionadas sobre como é ser professora iniciante e como definiriam

esta fase, as falas das professoras apresentaram indícios de que todas entendem que

estão em um momento primordial para o processo formativo.

Giovanni e Guarnieri (2014, p.36) abordam que os iniciantes chegam ao trabalho

tendo bastante a aprender, como o “[...] entorno da escola, regras, normas, horários, com

quem obter informações, quais turmas assumir, quem são os alunos e suas diferenças,

quais condutas adotar...enquanto na sala de aula enfrentam a difícil tarefa de ensinar”.

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Insegurança, medo, tensão, desafio, superação, adaptação, busca e estudo

constantes, aprendizagens, responsabilidade profissional e humana, experiências novas,

parceria, gratidão e humildade foram atitudes e ações salientadas pelas entrevistadas.

Para elas esta é uma fase determinante, marcada pelos erros, pelas tentativas de acertar e

de ser aceito pelo círculo profissional. A seguir serão apresentados depoimentos mais

significativos e que marcaram ou estão marcando esta etapa de constituição docente.

“Se você tivesse me perguntado isso no ano passado, eu diria que é uma fase de muita

insegurança, porque é a primeira vez que você chega numa sala de aula no lado de lá.

Eu sempre estive numa sala de aula como aluna, é a primeira vez que eu cheguei numa

sala de aula como professora, isso foi um grande choque e eu particularmente sou uma

pessoa que não gosta daquele discurso que fala sobre a docência como uma vocação,

uma missão, não gosto desse discurso, para mim a docência é uma grande

responsabilidade profissional e muito mais que profissional, uma responsabilidade

humana, então assim nesse primeiro ano eu diria que eu vivi uma fase de insegurança,

porque eu fui conhecer o que é uma sala de aula como professora, o que é organizar

uma sala de aula, o que é formar um aluno, o que é se entender com pai do aluno, com

o diretor, então para mim foi um ano de insegurança. Agora creio que essa fase começa

a ser superada para que entre numa fase de adaptação, não só no sentido profissional,

mas no sentido de buscar a melhoria da minha atuação, porque agora eu já sei como

funciona, já sei como tem que andar e sei como pode melhorar. Então é uma fase de

busca, de adaptar minha rotina a essa busca constante.” (Hortência)

“Medo do que vai encontrar, do que vai acontecer, do que vai falar, mas na sala de

aula, na hora, passa tudo isso. Em dois meses esta sensação passou, no começo eu

ficava tensa, não posso mentir, mas para mim foi maravilhoso. Foi uma experiência

nova na vida, a retribuição, o carinho das crianças, o respeito dos pais, o

agradecimento que os pais dão [...] eu nunca tive uma experiência dessas na vida, foi

uma gratidão, eu nunca tive gratidão no serviço que eu fazia antes. A gente tem que ter

humildade para quando não souber, perguntar, pesquisar e saber como tratar cada

caso.” (Iris)

“Ser humilde, não ter vergonha de perguntar, essa é a parte principal. Quando eu não

sei, não tenho vergonha de ir na sala ao lado para perguntar para a colega professora

como eu faço ou chegar na coordenadora e perguntar como resolver isso. Não tenho

vergonha de perguntar. Eu converso com todo mundo sobre isso - com meu filho, com

minhas amigas de faculdade [...] eu quero fazer o diferente mesmo e o que eu percebo –

eu sendo iniciante – é que os professores que estão na casa há muito tempo são

acomodados, porque eles acham que já fizeram muito, estão perto de aposentar, não

tem mais que correr atrás.” (Azaleia)

“Um desafio constante, de frio na barriga, de não saber se ia dar certo, se você estava

fazendo tudo certo, porque é uma responsabilidade muito grande. Se você deixa uma

lacuna para uma criança do primeiro ano na alfabetização, ele vai levar isso para o

resto da vida. Então eu vejo até hoje como uma responsabilidade muito grande e por

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isso que eu estudo muito e tento sempre fazer o melhor lá dentro. O perigo mora

quando a gente se acha experiente [...] a gente sempre tem que ter esse frio na barriga,

porque se você começa a ter muita segurança daquilo que você está fazendo, você vai

largando, você já não se preocupa. Eu vejo algumas professoras que trabalham

comigo, que tem mais bagagem, você percebe isso.” (Dália)

“Ser professor iniciante é ser alguém que está em busca de novos aprendizados e para

isso tem que ter a humildade, tem que ter parceria, tem que estar aberta para isso [...]

precisamos sugar os experientes e ainda peneirar aquilo que muitas vezes não vai ao

encontro com a nossa filosofia, com aquilo que a gente acredita na educação. Sem

falar, sem expor ninguém, mas eu acho que é bem isso: você buscar na experiência

aquilo que mais te define como profissional.” (Camélia)

“É uma fase importante. Essencial. A cada ano a gente aprende, a gente acaba

mudando algumas coisas que não deram certo.” (Margarida)

“Olha, eu acho que é bem difícil, o professor que está iniciando e não tem prática e que

entra numa instituição que de certa forma não apoia [...] porque geralmente você é

jogado ali. Eu acho que falta um pouco desse olhar do profissional iniciante dentro das

instituições [...] esse cuidado de “faz assim, faz assado”, “você pode começar por

aqui”. Já ouvi muito “não vai fazendo, vai sentindo”, mas eu acho que não é bem

assim. Precisa ter uma conversa, reuniões, separar um momento para esse profissional

que está chegando para explicar como são as coisas, criar grupos de estudos dentro da

escola, falar sobre coisas básicas e ir permitindo que ele vá atuando vagarosamente.”

(Violeta)

Ao tratar do trabalho habitual e da prática de pensar sobre ações e atitudes

docentes Perrenoud (2002) mostra que a reflexão leva necessariamente a uma

representação consciente daquilo que se está fazendo. Esse ato conduz o indivíduo a

refletir sobre aquilo que vivencia ou pratica profissionalmente. Procurar ajuda de

professores experientes e gestão escolar, saber ouvir, se abrir para novas experiências,

entender e estudar o que está sendo executado, entre outros atos, delineia os caminhos

de descoberta do trabalho docente e apresenta indícios que professores iniciantes,

independentemente da formação inicial obtida, agem racionalmente e criam situações

que desenvolvem seus pensamentos, seja questionando, buscando, elaborando e,

consequentemente, construindo um conhecimento aparentemente efetivo para atuação e

autoformação. Isso indica que os processos de formação docente se tornam mais

conhecidos e aprofundados a partir da experiência, e que se aprende, pelo menos em

parte, a ser professor, sendo professor. Esta falta de experiência os coloca diante de

situações que passam a ser desafiadoras.

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O período inicial da carreira docente, é para Huberman (1992) o momento de

descoberta da profissão, que o professor se sente parte de um grupo profissional e assim

se vê em uma situação de responsabilidade. A palavra responsabilidade se fez presente

em alguns depoimentos, e nas entrelinhas de todos. Responsabilidade profissional, de

formação e instituição docente e humana, de cuidados, atenção e respeito pelo outro.

Esta responsabilidade, segundo o mesmo autor é determinante para que a pessoa se

mantenha e siga na carreira.

Autores como Tardif (2002), Tardif e Raymond (2000), Marcelo Garcia (1999) e

Zabalza (1994), identificam nesta fase inicial certas características que podem variar de

pessoa para pessoa quanto à quantidade, à qualidade e à intensidade de sua manifestação

e foram mencionadas pelas professoras entrevistadas, tais como: insegurança,

preocupações, aprendizagens intensas por processos de tentativas e erros, geração de

expectativas e sentimentos fortes, inquietação com o domínio dos conteúdos,

experimentação, prevalência dos problemas didáticos sobre os pessoais ou

organizacionais e vivencias desafiadoras.

Em mais de um depoimento aparece a figura do professor experiente como

sendo aquele que apoia e auxilia o iniciante, mas também surge a imagem de um

profissional, que em alguns momentos, se mostra acomodado em sua situação atual.

Essas informações, relacionadas a formação e fase inicial da docência parecem

apresentar bastante relevância para os resultados que foram obtidos e analisados na

sequencia desta tese. Nas falas, é possível notar que todas as professoras entrevistadas

reconhecem que a experiência de início de carreira é uma das principais fontes dos seus

saberes profissionais.

Procurando responder a um dos objetivos deste trabalho que é o de identificar

quais são os saberes dos egressos relacionados a sua atuação como docente a partir do

curso de Pedagogia a distância seguimos adiante em nossa análise.

Em relação aos saberes que elas consideram importante para o professor poder

dar aulas, diversos elementos foram destacados. É fundamental frisar aqui que, em

nenhum momento, os saberes elencados por Gauthier et al. (2013) foram apresentados

para as professoras. Desta forma, as participantes ficaram livres para selecionar os

saberes que elas julgaram serem indispensáveis para atuação efetiva na sala de aula.

Diferentes saberes apareceram e foram organizados de maneira relacional, em

conformidade com suas semelhanças e representatividade. Estudar constantemente e

compreender práticas e conteúdos, conhecer e entender os alunos e as relações

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escolares, ser versátil, organizar-se, preparando rotinas e desenvolvendo a capacidade

de planejar-se e falar e se comunicar com todos foram os aspectos recorrentes

mencionados pelas professoras iniciantes durante as entrevistas.

Entre as falas abaixo, de Violeta, Margarida, Camélia, Dália e Iris nota-se como

os saberes relacionados ao estudo, ou seja, à compreensão, a aprendizagem, e a reflexão

constantes são fundamentais para o exercício da carreira docente. Para Perrenoud (2000)

o professor precisa gostar de aprender para assim então, estimular o desejo do aluno em

aprender. Algumas das professoras iniciantes, como Camélia, Dália e Iris relatam o

grande valor de replanejar, de estudar junto e de permitir orientar-se, Dália, narra

também o esforço feito, inclusive em períodos de descanso.

“Eu acho importante estudar as práticas, e tem muita gente que escreve sobre práticas.

Estudar a prática eu acho muito importante e a teoria por trás da prática também....

Então por que que se faz assim, para que...” (Violeta)

“Acho importante conhecer novas metodologias e estratégias de trabalho, por exemplo:

a diretora de uma escola que eu trabalhei, ela prezava muito por isso, ela não gostava

que ficasse só dentro da sala, ela queria coisas mais lúdicas, de ir para fora, de fazer

experiência no jardim, de sair da escola inclusive, uma coisa mais lúdica, eu achava

que acrescentava muito nas aulas e eu tinha que aprender a fazer.” (Margarida)

“Planejar e replanejar, isso é o nosso foco de estudo na escola hoje, porque a gente

planeja e quer seguir o planejamento, isso não é falta de organização, é necessidade,

afinal de contas nós estamos trabalhando com ser humano, não é papel. Então muitas

vezes a gente precisa replanejar e isso está sendo um nó dentro dos trabalhos das

professoras, porque uma vez que ela planejou ela quer seguir, quer seguir e lá no final

o resultado nem sempre é o esperado, porque não conseguiu fazer o replanejamento,

estudar.” (Camélia)

“É um estudo constante, você não para. Por exemplo, nesse ano a gente mudou o

material da turma da tarde, agora vem um apostilado, nós trabalhávamos com livro

didático, então quer dizer que nas férias eu passei estudando o material, você não para

de estudar, eu acho que o professor que quer ser um bom professor, ele tem que estar

constantemente estudando. Acho que isso é o principal para qualquer área [...] eu tento

estudar muito, eu tento no tempo que eu tenho, antes eu lia livros aleatórios, romances,

hoje eu só leio livros pedagógicos.” (Dália)

“Então eu acho que a gente tem que estudar muito e trocar experiências com outros

professores.” (Iris)

De acordo com Perrenoud (2000) o professor precisa apresentar um

conhecimento amplo, dominar a aprendizagem e reconhecer seus alunos. Assim sendo,

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destaca-se nos depoimentos a seguir, de Azaleia, Hortência e Violeta os saberes

relacionados a relevância de se conhecer e entender os alunos, os pais, a gestão escolar,

respeitando seus interesses, demonstrando atenção e cuidado. A decorrência destas

ações, segundo as professoras, pode facilitar e proporcionar aprendizagens recíprocas. A

qualidade do relacionamento “[...] pedagógico e humano que se estabelece entre os

professores e os alunos depende, entre outros aspectos, do conhecimento mútuo”

(GAUTHIER, 2013, p. 277).

“Eu acredito que temos que procurar mais conhecimento e ver o que os alunos têm na

bagagem para poder ir aumentando e estimulando para que eles busquem mais

conhecimento [...] não levar tudo pronto, mas eu jogar e eles colherem [...] A primeira

parte é saber o que o aluno precisa naquele momento...” (Azaleia)

“Saber lidar com o ser humano, porque dentro da escola você vai lidar com gente, não

é mais com papel, não é mais com texto, com leitura, não é mais com isso, então você

tem que saber lidar com o ser humano, você sai da sua redoma de vidro para

compreender o outro [...] nós estamos falando de formação de um cidadão, então se

você tem que se preocupar em compreender as dores, as lutas do outro. Estou falando

do aluno, do professor, do diretor, dos pais, se você não se preocupa com isso, você

está descomprometido com o crescimento do aluno e o desenvolvimento da escola.”

(Hortência)

“Muito importante, saber observar os alunos, conhece-los [...] não é observar de

qualquer jeito, tem todo um jeito especial de observar para conhecer e trocar.”

(Violeta)

Todas as iniciantes entrevistadas abordaram a magnitude e os impactos que

saberes relacionados a versatilidade, organização pessoal e profissional, a partir da

implantação de uma rotina e capacidade de planejar-se, tem na escola e principalmente

dentro de uma sala de aula. Entre as falas, foi possível destacar:

“Na escola particular que eu trabalho, tudo é muito pronto, então você tem que ter

aquele jogo de cintura para saber lidar com os alunos com aquilo que você tem pronto,

que você precisa cumprir, então não sei onde se encaixa, acho que é ter uma

versatilidade, uma inteligência do próprio professor de saber lidar com material que

ele tem na mão e com a matéria prima que ele tem que são os alunos, que nem sempre

todos acompanham aquilo que você tem para trabalhar. Na prefeitura que eu sou mais

livre, eu acho que é essa coisa de saber se organizar, para buscar mais matérias, se

organizar para estudar o que você vai implantar para esses alunos, se organizar com

os alunos, na sala de aula... Acho que é mais ou menos isso”. (Dália)

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“Para dar aula para mim, que hoje é o que mais me preocupa, o professor tem que ser

organizado em nível máximo e eu estou falando de organização geral, organizar os

livros, os lápis, as aulas, os horários, as lições, as correções, é uma organização em

nível máximo mesmo, essa é a parte que mais me assombrou nesse primeiro ano de

docência, como organizar tanta coisa tão imediatamente. Você tem que ser organizado

para o antes, para o agora e para o depois, eu sinto que a organização está

intimamente relacionada com a disciplina ou a indisciplina da sala, por isso que eu

bato tanto nessa tecla da organização.” (Hortência)

“A rotina e o planejamento para mim também são muito importantes porque assim, não

dá para você falar “eu vou ensinar tal coisa” sem planejar. Aí quando você planeja,

você busca o conhecimento da sua turma, do seu aluno e aí você desenvolve a partir daí

é que vem toda a parte de organização, do trabalho, dos instrumentos que você vai usar

para avaliação, as estratégias que você vai usar, como você vai formar a sala de aula

[...] não ficar engessado também, se você planejou tal coisa daquele jeito e não deu

certo, tem que mudar.” (Camélia)

“A parte mais difícil é que cada aula tem 50 minutos e a rotina tem que ser feita dentro

desses 50 minutos, então eu vejo que a hora que está mais gostosa a aula, nós temos

que interromper. Da minha parte o que eu falo: quando nós vamos começar o dia, eu já

falo para os alunos em que momento nós vamos parar, porque eu já programo minha

aula para dar 50 minutos e continuar no dia seguinte ou no terceiro dia e o aluno

espera o momento de voltar àquele assunto, então é muito importante você mostrar

para o aluno que ele tem que seguir uma rotina, assim como eu tenho que seguir uma

rotina. Eu tenho que mostrar para o aluno que desde cedo ele tem uma rotina, pois

sabendo disso, os alunos não ficam bravos no momento que eu mudar de atividade.”

(Azaleia)

“Organização, limpeza, rotina e planejamento são de suma importância Sem eles fica

muito complicado trabalhar.” (Iris)

“A rotina é um saber de organização de trabalho.” (Margarida)

“Organização e construção de hábito são saberes importantes, principalmente no

primeiro ano de trabalho [...] construção de hábito pressupõe um ritmo, tem uma

respiração, a rotina, para mim, é menos flexível, eu acho. Mas esse ritmo que é mais

flexível para observar qual o resultado dos alunos, aí você muda conforme a respostas

deles.” (Violeta)

Dália apresenta o dito popular “jogo de cintura”, para falar da importância da

versatilidade, da agilidade, da capacidade de adaptar-se a novas situações, da habilidade

que o docente precisa desenvolver para organizar, aprender e realizar muitas coisas.

Azaleia também caminha neste sentido. Hortência destaca a organização como ponto

principal para o sucesso escolar em todos os sentidos.

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Camélia, Azaleia e Iris falam sobre como a rotina e o planejamento são

essenciais para a organização e o desempenho do trabalho docente e para a reflexão do

professor. Margarida defende a rotina como uma organização de todo o trabalho

pedagógico.

Violeta, que está inserida em uma escola com metodologia diferenciada das

demais, apresenta a expressão “construção de hábito” para identificar a rotina escolar e

suas conquistas quando incorporada no processo de ensino, atestando que consolidado

este saber, os alunos e o professor se tornam mais organizados e responsáveis.

Dentre os depoimentos obtidos outros saberes elencados pelas participantes

foram citados, como a necessidade de conseguir estabelecer relações sociais escolares,

falando e comunicando-se com todos os envolvidos no processo educacional. A fala

apareceu na forma como o professor se comunica com todos e na intenção de estimular

a fala e comunicação dos alunos. Com o propósito de expor o que surgiu, evidenciamos

as falas a seguir:

“O professor precisa saber falar [...] Um professor que não sabe falar não passa

credibilidade, somos referência para os alunos e para os pais. Enfim se você não saber

se comunicar, essa questão da sala está mais relacionada a comunicação, se você não

tem condições de se comunicar, eu acho que fica mais complexo ainda o processo de

ensino e aprendizagem. A aplicabilidade da fala e da comunicação que está no sentido

de transmitir meus conhecimentos, tratar com os pais, tratar com meus pares, com sua

equipe gestora, está no sentido da comunicação, dos vetores, receptores.” (Hortência)

“Nós temos roda da conversa, porque a comunicação é muito importante. Deixar eles

falarem [...] se você trabalha com assunto que o aluno venha a gostar, mesmo se ele

não conhecia, coisas do interesse do aluno, desperta a curiosidade dele para buscar

mais conhecimento, então facilita nosso relacionamento. Na segunda-feira eu procuro

sempre saber como foi o final de semana deles ou deixo estipulado esse momento para

a roda da conversa, na segunda-feira, porque eu acho importante que você chega na

escola e encontra um aluno com uma carinha mais triste, outro mais alegre, eles

querem contar como foi o fim de semana, então esse momento eu deixo para eles

contarem e também para que aqueles que sentem vergonha sejam estimulados a falar.”

(Azaleia)

“A gente pega situações difíceis, eu me deparei com uma situação agora, no final do

ano passado de receber uma criança de 11 anos que não está alfabetizada [...] eu

conheci ele, eu fui entendendo e ouvindo ele, fui vendo como ele aprendia e falava,

como eu deveria ensinar, quais são os resultados, onde eu tenho melhores resultados

com ele a partir da forma que me comunico e falo com ele.” (Camélia)

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É factível perceber que vários saberes que orientam e fundamentam o saber

educativo foram destacados. O estudo de práticas pedagógicas, metodologias e

estratégias de trabalho foi ressaltado por Violeta e Margarida. O valor deste estudo

relacionado ao planejamento, replanejamento e as trocas destas aprendizagens nas falas

de Dália, Camélia e Iris.

Saberes relacionados a conhecimentos metodológicos e técnicos, responsáveis

por articular procedimentos e possibilitar a atuação prática também apareceram nas

abordagens de Azaleia, Hortência e Violeta que demostraram a relevância de entender o

ser humano em suas diferentes dimensões, seja como aluno, pai, gestor ou colega de

trabalho. Todos os depoimentos continuam seguindo nesta direção ao apresentar o

mérito de desenvolver a versatilidade, a organização e capacidade de planejar-se para

estabelecer uma boa rotina de trabalho.

Parece ficar claro que todas estão à procura de fundamentar os seus saberes afim

de possibilitarem uma maior efetividade no exercício de seu compromisso profissional.

Ao descreverem sobre como fazem uso, em seu trabalho, dos saberes destacados por

elas, como estudar, conhecer, ser versátil e organizar-se, as professoras tentaram ilustrar

com exemplos de acontecimentos diários, dos quais foi possível sublinhar alguns.

Hortência e Dália salientaram o processo de organização como um saber usual essencial

no trabalho docente. Hortência demonstra preocupação justificando que a falta de

organização pode gerar indisciplina, desconcentração e um mau ritmo da aula. Dália

releva a organização como parte essencial do processo de planejamento diário

profissional e pessoal. Violeta e Margarida trazem a organização em forma de rotina de

trabalho com os alunos.

Azaleia valida a boa intenção de comunicar-se com os alunos, estabelecendo

relações positivas, mostrando-se mais participativa, estimulando a aprendizagem. A

mesma professora e Camélia afirmam como conhecer seus alunos e estudar

constantemente se legitimam como saberes da biografia diária do professor.

“A organização que foi o que mais pegou para mim, eu busquei manter meu armário

pelo menos o mais organizado possível, porque eu tinha que agir muito rápido, eram

turmas muito agitadas e eu tinha que mantê-los em constante atividade para que eles

não se dispersassem, não se desligassem do assunto, então eu tinha que ter às mãos

muitas atividades, os livros facilmente, eu tive que planejar muitas aulas, então era

dessa forma que eu procurava me organizar.” (Hortência)

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“Eu tento me organizar, no dia a dia é bem complicado, porque ter que conciliar duas

escolas diferentes mais filho, marido, casa, então eu procuro me organizar. Porque

você chega na sala de aula e se não conseguiu fazer seu planejamento, não conseguiu

dar uma estudada no que você vai dar para os alunos.... Não dá! Então eu tento ao

máximo. É difícil, a teoria é muito bonita, mas a prática é bem diferente, então você

tem que tentar colocar dentro do seu dia a dia esses saberes.” (Dália)

“Por exemplo, a construção de hábito. No primeiro ano tem grupos que são

responsáveis por diferentes atividades e disso a gente parte de um coletivo e aí tem a

parte individual da construção de hábito que tem a ver com a organização também.

Então o aluno deve organizar a própria mochila, organizar os gizes, arrumar os

sapatos...” (Violeta)

“Eu fazia assim: eu cantava, eu fazia roda de leitura, e eles gostavam muito, então isso

acabava criando uma rotina e eles não se dispersavam tanto, enfim... Também

separava turminha, “agora essa turminha vai ficar brincando”, dava blocos de encaixe

e a outra ia fazendo atividades, depois eu trocava.” (Margarida)

“Sendo mais participativa com os alunos [...] não só eles praticarem, mas eu participar

junto, mostrar como se faz e colocar tudo em prática, mostrando que eu também estou

aprendendo”. (Azaleia)

“Por exemplo, eu tinha um aluno que é autista, ele já estava no terceiro ano e nenhuma

professora tinha descoberto o que ele tinha, aí eu fui investigar uma vez que na EaD

tinha disciplina de Educação Especial e eu fui pesquisar e vi que poderia ser, porém

não dei o laudo para a família, mas pedi para a professora da Educação Especial – que

é a Sala de Recursos – dar uma verificada. Ela fez um diagnóstico e foi verificado que

esse aluno tinha autismo. Aí passamos para a família e a família está fazendo o

tratamento adequado e hoje ele está bem.” (Azaleia)

“Aquilo que a gente tem de experiência de vida, de conhecimentos prévios, tem muito

valor e agregado ao conhecimento científico, nossa isso vira uma explosão dentro de

uma sala de aula, experiências essas que eu tive quando eu dei aula na EJA, aquilo foi

riquíssimo, trabalhando com adultos que trouxeram conhecimentos de vida e quando eu

passava situações científicas, aquilo de regras, de fórmulas, eles faziam a associação,

sem dificuldade nenhuma. Voltada para criança, eu acho que é também questão de

experiências vividas, porém eles estão construindo, então é importante que o professor

tenha uma visão de que eles são capazes de construir algo, porque eles também estão

inseridos nesse mundo que a gente vive agora. Então conhecer e entender os alunos, as

suas vidas é um saber importante e aliada aos conhecimentos científicos dá certo.”

(Camélia)

Sobre os saberes que elas já conseguiram desenvolver durante estes poucos anos

de docência, todas destacaram o desenvolvimento de atitudes que as fizeram aprender e

aperfeiçoar o trabalho docente. Foi abordado o progresso em ações diárias, como o ato

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de planejar com maior precisão e rapidez, a transmissão de conteúdos a partir de uma

comunicação mais efetiva e a destreza em conhecer o outro. Violeta destacou aquilo que

ela ainda sentiu que deveria ser aperfeiçoado na sua trajetória e Hortência apresentou

um outro saber que considerou importante neste primeiro momento de aprendizagem

profissional.

“Eu acho que é a parte da organização, agora eu estou numa fase que eu já entendi

como funciona, então essa parte de me organizar e de me planejar para a aula, é

essencial, eu senti muito na Educação Infantil a diferença, porque quando você está na

escola particular, você tem um esqueleto que você segue, eles te dão uma coisa mais ou

menos pronta, você tem que fazer um planejamento, mas já tem aquele esqueleto. Na

educação municipal você não tem nada, você tem: “olha, nós vamos trabalhar

determinada pedagogia, então se vira que a gente tem que trabalhar”, e se você não

tem esse planejamento, semanário, você não consegue fazer nada.” (Dália)

“O planejamento e a organização foi o que mais desenvolvi neste ano, porque ao me

planejar eu conseguia me programar e assim fui me organizando [...] a matéria

organizada e a sala de aula organizada também. Isso é essencial para mim.” (Iris)

“Por isso eu penso que se você tem conhecimento em relação a determinado assunto,

ao determinado conteúdo fica mais fácil de você abordar de uma forma para um grupo,

de outra forma para outro, é a experiência que te dá essa condição, o dia-a-dia na

condução de seu trabalho. Por isso vou buscar, coletar tudo que posso...” (Camélia)

“E compreender o ser humano, os alunos, foi talvez o maior aprendizado que eu tenha

trazido esse ano, a nossa realidade é muito diferente da deles. Eu me lembro de que

teve um momento que eu estava explicando para eles sobre Mata Atlântica e explicando

os biomas para o quinto ano, então falei “a Mata Atlântica vocês já viram, é aquela

mata bem grande, bonita, que vocês veem quando vocês vão para o Guarujá, vão pra

Santos, quando vocês passam pela serra” e naquela oportunidade eu me dei conta do

quão diferente são as nossas realidades, para mim o Guarujá é ali, é o lugar que eu vou

enjoar de conhecer, eles ficaram me olhando e aí eu notei e falei “alguém já foi?”,

nenhum levantou a mão. Eles não conhecem a praia, então compreender o ser humano

que eu digo vai muito além, não é uma formalidade, ela faz parte do ensino e do

aprendizado sim e faz parte com muita força [...] Contando os que eu falei –

organização, conhecer o outro e me comunicar, eu acho que eu também desenvolvi,

pelo menos busquei, outro saber que eu acredito que seja fundamental para trabalhar e

isso é um ditado que a gente conhece bastante, hoje eu tenho certeza absoluta que tem

que colocar ele para funcionar, nós temos ouvidos e uma boca, ouvir e falar nessa

mesma proporção, essa foi uma das principais coisas que eu aprendi, porque a gente é

muito bom para fazer julgamento de tudo, mas a gente tem que ouvir primeiro. Então

acho que o desenvolvimento deste saber colaborou muito para me desenvolver

pessoalmente mais do que profissionalmente.” (Hortência)

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“Penso, em relação aos saberes, que eu ainda preciso me aprofundar mais no

desenvolvimento antropológico da criança, assim, toda conquista física dela, mas em

detalhes mesmo, não essa coisa mais rápida que a gente vê. Também de conhecer mais

esses movimentos novos que estão acontecendo [...] me aprofundar mais na inclusão,

porque hoje em dia você tem uma sala que cada um tem sua pequena complicação,

então qual que é esse termo de inclusão, a gente trata inclusão só aqueles listados na

inclusão ou não? A gente pode olhar para um aluno que tem dificuldade e trabalhar

questões motoras, mais especificamente com ele, uma atenção mais exclusiva e como

fazer isso.” (Violeta)

A prática docente e a percepção que as professoras possuem das tarefas por elas

desempenhadas na escola revelam os modos de ser e de agir desses profissionais

relacionando-os com os saberes conquistados.

Para Giovanni e Guarnieri (2014) o cotidiano escolar é bastante relevante para a

formação do professor já que a escola é o seu atual local de trabalho e de socialização

profissional. Guarnieri (1996) discorre que o exercício diário da profissão vai

oferecendo pistas estruturais para a concepção do fazer-se professor, pois, o docente

iniciante tenta articular conhecimentos teórico-acadêmicos com informações do

contexto escolar e da prática docente. Esta afirmação vai ao encontro do que pôde ser

visto nos depoimentos coletados.

Dentre os saberes expostos pelas professoras entrevistadas, como o estudar

constantemente e compreender práticas e conteúdos, conhecer e entender os alunos e as

relações escolares, ser versátil, organizar-se, preparando rotinas e desenvolvendo a

capacidade de planejar-se e falar e se comunicar, pode-se dizer que todos, de alguma

forma, estão incorporados aos saberes necessários ao ensino da pesquisa de Gauthier et

al. (2013). Retomando o que foi exposto na Seção 1 desta tese, os saberes relatados

pelos autores são: os disciplinares, curriculares, das ciências da educação, da tradição

pedagógica, experienciais e da ação pedagógica.

Correlacionando a análise de Gauthier et al. (2013) e o exposto nos dados

coletados nesta tese, tem-se o saber disciplinar conectado ao estudo realizado pelas

professoras, a aprendizagem, a absorção dos saberes já produzidos pela ciência. O saber

curricular também estaria associado ao estudo, mas no sentido de domínio de práticas e

conteúdos de programas escolares e de planejamento.

O saber das ciências da educação estaria relacionado com o conhecer e entender

os alunos, os pais, a gestão escolar e tudo aquilo que envolva determinadas

competências profissionais adquiridas durante o exercício do trabalho. O saber da

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tradição pedagógica também caminha neste sentido, mas é possível acrescentar aí, a

questão da organização da sala de aula e do sistema educacional apresentando por elas.

O saber experiencial envolve toda a sistematização desenvolvida por cada uma

delas, como a organização profissional e pessoal, a rotina e a capacidade de planejar. A

maneira de comunicar-se com os alunos e de estimulá-los no processo de aprendizagem

também é pertinente a este saber. O saber da ação pedagógica é pertencente aos

anteriores e pode ser pensado a partir de tudo que as participantes destacaram quanto ao

que estudam, o que compartilham, o que é refletido após ser realizado, enfim, os

conceitos legitimados que orientam e fundamentam o saber educativo delas.

Pensando no saber da ação pedagógica, que engloba todo o repertório de

conhecimentos do ensino, é que foi desenvolvida a questão de pesquisa desta tese, que

pretende identificar quais saberes as egressas de cursos de Pedagogia a distância

conseguem reconhecer e relacionar ao exercício de sua profissão. Sendo assim, com o

propósito de identificar se os saberes elencados pelas egressas iniciantes, neste primeiro

momento, foram desenvolvidos a partir do curso EaD realizado, como resposta

apareceram afirmações positivas, porém com ressalvas.

“Ajudou a desenvolver sim [...] eu não sabia nada de Pedagogia, não sabia nada de

nada, eu aprendi tudo estudando na faculdade EaD, fui lendo e buscando para poder

aprender. A EaD me instigou a pesquisar várias coisas, não era só seguir aquele autor

que o professor determinou sem ler outras coisas [...] eu aprendi a trabalhar com os

alunos, a Pedagogia fala que a gente tem que ver a realidade deles, consegui muita

coisa assim...” (Iris)

“Olha, eu acho que em parte sim, muito mais do que em parte, uns 2/3. Foi no curso de

Pedagogia EaD que muitas coisas vieram à tona para se discutir com mais

profundidade, mas eu digo assim, com mais profundidade teórica [...] eu não vi essa

profundidade prática, então talvez isso gerou um pouco de dificuldade na hora em que

eu fui atuar como profissional, o curso de Pedagogia me despertou a reflexão desse

assunto dentro das teorias que eram usadas e aí quando eu fui atuar como docente foi

quando eu tive que começar a buscar a aplicabilidade disso na prática, mas certamente

o curso de Pedagogia foi crucial” (Hortência)

“Se você pegar o material do curso – porque eu imprimi todas as minhas apostilas

para que eu pudesse voltar quando eu sentisse dificuldade, eu volto na apostila dou

uma lida e sei que lá eu vou encontrar um conteúdo onde eu possa me localizar com o

que está acontecendo na prática [...] sem contar que quando você faz faculdade EaD,

você se liga no computador e quando você chega para colocar na prática o que você

aprendeu, os colegas de sala, eles vêm te perguntar “como que você fez isso?”, “como

sabe fazer isso? Antes eu não sabia mexer tanto no computador, mas isso faz com que

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meus alunos se interessem. Eu vejo que no meu ponto de vista me ajudou, ajudou

porque faz diferença para quem busca. (Azaleia)

“Olha, eu acho que alguns deles são desenvolvidos, por exemplo, quando te traz

metodologia de aula, te ensinam a fazer um planejamento, são saberes que você precisa

ter e que isso traz a Pedagogia no curso à distância. Agora algumas coisas, por

exemplo, esse lidar com aluno, lidar com o imprevisto, não tem curso que vai te trazer

isso, é a vida, é o dia a dia, é você tropeçar [...] mas tem muita coisa que ajuda, tanto

que eu tenho apostila do meu curso até hoje e vira e mexe eu consulto, tanto para fazer

planejamento, quanto para fazer consulta. Quando você chega na sala de aula de um

Fundamental, de uma Educação Infantil, é diferente, então tudo que eu vi lá, que eu

aprendi, me deu base sim. Lógico, tem coisa que você tem que aprofundar, que na hora

que me apertou e eu precisei, eu fui recorrer ao material que eu tinha.” (Dália)

“Muita coisa sim, muita coisa eu tirei do material que eu lia, de livros e coisas que a

faculdade proporcionava, só que esse negócio de organizar o tempo foi na prática

mesmo, porque a gente aprende que tem que ter atividade lúdica, que tem que ter

atividade de locomoção motora fina, motora grossa etc., só que a gente só aprende na

prática, porém a faculdade ajudou sim bastante, a gente estudo filósofos, pessoas que

realmente fizeram a diferença na Educação e a gente acaba usando eles como base

para nosso ensino, para nossas aulas.” (Margarida)

“Alguns sim, mas pouco. A maioria foi na experiência, nas escolas em que trabalhei

que tem muito material sobre observação da criança, eu consegui mais aprendizagens e

material no local de trabalho.” (Violeta)

As falas expostas parecem deixar claro que, pela percepção das entrevistadas, o

curso de Pedagogia a distância propiciou saberes que as ajudaram a desenvolver a

docência, porém a experiência foi muito significativa. Iris descreve que não tinha

sabedoria alguma sobre a área e que a faculdade ajudou a aprender a ler e pesquisar por

mais conhecimento. Hortência realizou uma reflexão semelhante, levantando a questão

da profundidade teórica possibilitada pela faculdade. Vale a pena destacar aqui, que

apenas Hortência concluiu o curso em uma universidade pública. Todas as demais são

advindas de uma mesma faculdade privada.

Azaleia mostrou em seu depoimento que o material proporcionado pelo curso

foi, e ainda é, um precioso caminho para a sanar as dificuldades encontradas no

cotidiano de trabalho, além de ressaltar as aprendizagens tecnológicas obtidas. Dália

trouxe semelhanças com a fala de Azaleia ao tratar do material didático do curso e

acrescentou que abordagens metodológicas e como realizar um planejamento, por

exemplo, foram saberes proporcionados na formação inicial. Margarida trata do estudo

de filósofos e educadores que aprendeu e utiliza como referência para seu trabalho.

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Nos depoimentos selecionados, também aparece, em praticamente todas as falas

que as entrevistadas aprenderam a atuar na prática, mais com a própria ação no trabalho

do que com o curso de formação inicial, como mostra as pesquisas já apresentadas nesta

tese. Hortência coloca que ela não estudou com profundidade a prática do trabalho e que

precisou buscar a aplicabilidade desta prática na sua rotina escolar.

Dália ressalta sobre a falta de entender, através dos estudos proporcionados pelo

curso de Pedagogia EaD, a forma de encarar os alunos, os imprevistos que acontecem

na sala de aula. Margarida e Azaleia demonstram que aprenderam a ser professoras mais

com a prática vivenciada no dia-a-dia da docência.

Outros exemplos puderam ser recortados das entrevistas que apontam para a

mesma direção: falta de saberes práticos decorrentes da ausência destes na formação

recebida. Diversos aspectos, segundo as entrevistadas, relevantes para o exercício da

profissão parecem não ser abordados na formação inicial, conforme relata Giovanni e

Guarnieri (2014). Dália, Margarida e Camélia descrevem com propriedade alguns casos

de dificuldade que enfrentaram neste início da docência pela escassez de conteúdos e

pouca experiência.

“Qual processo você vai seguir, por exemplo, para desfraldar um aluno, para a hora

do soninho que são coisas que acontecem, principalmente na Educação Infantil e que

você vai aprendendo no dia-a-dia. Você pega dica com uma, dica com outra, lê uma

coisa na internet [...] uma coisa que eu senti bastante falta, porque eu lidei em dois

anos seguidos, é a parte da Educação Especial, é uma coisa que é muito superficial [...]

então são coisas que a gente sente falta, por exemplo, um TDAH, como que você lida?

São coisas que não trazem, a Educação Especial é muito sobre os direitos que a gente

sabe que eles têm, mas como você lida com isso?” (Dália)

“Por exemplo, sobre preencher diário, isso a gente não aprendeu na faculdade, porém

isso eu tive que sentar com a diretora, ela me chamou atenção no primeiro ano que eu

fiquei lá, que ela disse que eu fiz algumas coisas erradas e aí no segundo ano eu fiz

certinho, mas é uma coisa que eu não lembro de ter na faculdade, embora pareça hoje

ser uma coisa super simples.” (Margarida)

“Olha, você vai me desculpar, não falo só a Pedagogia, mas a maioria dos cursos não

dá essa base, a base é a vivência mesmo, é a experiência, a hora que você chega lá na

sala de aula e você fala “e agora” e isso vai sendo construído a partir daquilo que você

vai fazendo e é lógico que a gente faz estudos de teóricos que fundamentam a nossa

prática e isso sim vem da faculdade, mas essa capacidade de ação só vem com a

experiência. Muitas vezes é a maior dificuldade que as pessoas têm iniciantes aí para

começar o trabalho, porque todo mundo quer que já chegue com uma experiência,

enfrentando as situações, e quem não chega fica para trás, né? Então esta ideia mesmo

da sala de aula não deu, não consegui chegar com isso efetivo, aquela situação de eu

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chegar lá “ai meu Deus, estou preparada”, eu vou fazer como a faculdade me ensinou,

isso não.” (Camélia)

Isto posto, afim de finalizar este bloco e dar início ao próximo, foi perguntado as

professoras se, após tudo que falaram sobre a carreira e o curso, elas se sentiam

preparadas para poder lecionar. Ao selecionar as respostas, nota-se que quatro

participantes – Azaleia, Iris, Camélia e Hortência - deixam bem claro que não se

sentiam preparadas. Relacionaram adjetivo ao primeiro momento de sala de aula como

assombroso e sensações comparadas a “falta de chão” e angústia.

Duas participantes, Dália e Violeta, falaram que se perceberam um pouco

preparadas, pois já apresentavam algum tipo de experiência anterior e apenas uma,

Margarida, disse que se considerava preparada também por apresentar uma experiência

como monitora, porém, também se sentiu desafiada em algumas situações.

“Não. Eu senti um pouco de “falta chão”. Quando eu cheguei na sala, olhei os 35

alunos e pensei “o que eu faço com isso tudo agora”. Mas não foi difícil, fui

relembrando de alguns encontros presenciais que nós tínhamos discutido História,

Geografia, de como tinha que ser na prática e fui passando para meus alunos e fui

pesquisando também na minha apostila como fazer o melhor para eles.” (Azaleia)

“Não porque eu não tinha experiência nisso, porque eu nunca tinha trabalhado com

criança, pensei que eu não ia conseguir, era uma angústia dentro de mim. Quando eu

comecei a lecionar, eu vi que dava, que com o que eu tinha aprendido eu ia conseguir.”

(Iris)

“Preparada...? Quando a gente se forma a gente se acha preparada, eu saí com meu

canudo, eu estou preparada para dar aula, mas quando eu cheguei dentro da sala de

aula eu vi que não era exatamente assim. Eu precisaria estudar procedimentos,

entender como que eles aprendem para depois eu ensinar.” (Camélia)

“Não, Ju. Não me senti preparada, não mesmo. Eu fiz todos os estágios corretamente, a

minha faculdade é muito rígida para isso também, não tem como alguém só assinar [...]

mas não me senti. Eu acho que na verdade eu não me senti preparada para atuar

profissionalmente nem quando eu fiz a faculdade presencial de Direito, talvez seja uma

questão geral [...] A Pedagogia eu atuei agora esse primeiro ano, mas o primeiro dia

de aula para mim foi assombroso. Às vezes as pessoas me falam sobre a prática, aí

você pensa lá na sala de aula, a hora que você chega lá para dar aula, mas para mim a

prática docente começa muito antes, eu não sabia o que era concurso, eu não sabia o

que era processo seletivo, eu não sabia o que era atribuição de aula, eu sabia direito

que a nomenclatura varia em cada município [...] eu não vou te dizer que eu não sabia,

porque lógico que a gente estudou isso durante o curso, mas isso não nos foi

transmitido de forma empírica, não chegou ninguém para gente e disse “olha, quando

vocês terminarem o curso de Pedagogia, vocês vão poder prestar concurso, vai ter

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processo seletivo” e nós estamos falando só de atuação como professor de Educação

Básica, hoje, eu já sei que a Pedagogia se prolonga para muitas outras áreas que

nunca nos foram apresentados, para mim a grande falha foi isso, porque eu fui lançada

para fora do curso, teoricamente bem preparada, mas eu não conhecia o mercado, o

mercado não me foi apresentado.” (Hortência)

“Eu até que me senti. Quando eu estava terminando a faculdade eu já entrei como

auxiliar de sala, então querendo ou não, você vai observando, eu não entrei direto, saí

da faculdade e assumi uma sala como professora, mas é difícil eu te dizer que eu estava

totalmente preparada. Eu me sentia segura, porque eu tive que substituir as professoras

logo no começo que eu entrei, eu me senti segura, deu aquele frio na barriga claro, mas

pela primeira vez, depois eu consegui ter o domínio daquilo que eu estava fazendo.”

(Dália)

“Mais ou menos, porque a teoria ela nos dá uma base, só eu já tinha atuado, e a

prática é muito dinâmica e depende muito do tempo em que você está, da turma, da

configuração da sala, então é extremamente dinâmica, então a teoria ela te dá um

pouco da sua profissão, a prática é muito mais rica. É claro que você precisa ir atrás

das teorias para tornar sua prática cada vez mais eficiente. No curso de Pedagogia eu

pude vislumbrar outras tendências, diferentes das que eu conhecia...” (Violeta)

“Sim, eu me senti preparada sim. Como eu já havia feito estágio, como falei no início,

mais nova, eu caí de paraquedas numa escolinha, tudo bem que eu não dava aula, era

monitora, mas a coordenadora pedia para eu ajudar a fazer planejamento, então como

eu já tinha certa experiência e observação, para mim não foi um susto pegar uma sala

de aula. Deu um frio na barriga, a faculdade me preparou sim para isso, só que minha

experiência anterior contou. É que tem coisas que acontecem na escola, no lugar que a

gente trabalha que a gente acaba não vendo na faculdade [...] são situações simples do

cotidiano, uma coisinha ou outra que vai acontecendo que talvez se a faculdade

passasse, preparasse melhor, “o que você faria com a sala lotada?”, “o que se pode

fazer?”, “é certo chegar no diretor e reclamar”, penso isso...” (Margarida)

Com tudo que foi descrito, segundo o depoimento das entrevistadas, muitos dos

saberes de início da jornada docente se constroem na prática, vivenciando,

experimentando e descobrindo. Parece assim, que se aprende no exercício da própria

docência. Mizukami (2004) apresenta em sua pesquisa que a base de conhecimentos

oferecida ao professor nos processos de formação inicial é limitada, se aprofundando no

decorrer da experiência profissional. A mesma autora continua dizendo que embora haja

limites na formação inicial, ela deve propiciar situações concretas para que o

conhecimento seja construído, sensibilizando o futuro professor quanto ao seu

protagonismo.

Não se pode desconsiderar que as professoras iniciantes entrevistadas trazem

consigo suas histórias de vida, valores e experiências diversificadas, que nem sempre

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correspondem aos conceitos encontrados nas salas de aula, e muitas delas com pouca ou

quase nenhuma experiência prática, apenas a vivência nos estágios de observação e

pouca atuação pedagógica. Desta forma, seus primeiros passos e a articulação entre a

teoria e a prática, parecem ser marcados por uma realidade inesperada e desafiadora.

Por tudo isso, é que configura-se que somente com a formação em Pedagogia a

distância, as egressas não se sentem totalmente preparados para o trabalho docente.

A Lei nº 9.394/96, em seu artigo 43, descreve as finalidades do Ensino Superior

e denota a formação de diplomados das diferentes áreas de conhecimentos aptos ao

exercício profissional, de modo que possam atender aos diferentes objetivos

caracterizados no Ensino Básico, dentre eles associar teoria e prática, estudadas no

curso. Desta forma, ao futuro educador deve ser oferecida uma educação de qualidade, o

qualificando para propagar conteúdos não fragmentados.

Com o propósito de reconhecer e discutir os saberes revelados pelas professoras

iniciantes a partir de suas práticas em sala de aula, este escrito terá continuidade com a

descrição e análise do segundo e terceiro blocos de questões que serão discutidos a

partir do Quadro 4.

A criação das categorias e das subcategorias presentes no quadro, foram

baseadas e descritas a partir de Gauthier et. al (2013), que agruparam ações da prática

docente com base na proximidade de significação. As duas grandes categorias

apresentam subcategorias que incorporam diferentes pontos que puderam ser analisados

uma vez que emergiram nas falas das professoras iniciantes entrevistadas.

A representação se configura no Quadro 4:

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Quadro 4. Categorias descritas a partir de Gauthier et al. (2013)

Categorias

Subcategorias

Pontos

Gestão da Matéria

Planejamento

Objetivos, conteúdos,

atividades, estratégias,

avaliações e ambiente

educativo

Interação com os alunos

Atividades, ensino,

utilização de perguntas

pelos professores e

quantidade de instrução

Avaliação

Somativa, formativa e

reflexibilidade das ações

Gestão da Classe

Planejamento

Medidas disciplinares,

regras e procedimentos,

representações e

expectativas do professor

Interação com os alunos

Medidas disciplinares,

aplicação de regras e dos

procedimentos, atitudes,

supervisão ativa do

trabalho

Avaliação

Medidas disciplinares,

avaliação de regras e

reflexibilidade

Gestão da Matéria e Gestão da Classe são funções pedagógicas imbricadas uma

na outra e praticadas pelos professores nos três momentos de intervenção pedagógica

como descreve Gauthier et al. (2013). Estes momentos de intervenção pedagógica

compreendem a fase do planejamento, de interação com os alunos e de avaliação. A

partir do que foi posto, foram expostas as análises de Gestão da Matéria e Gestão da

Classe contidas no segundo e terceiro bloco de questões da entrevista.

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5.3 Gestão da Matéria

Como já sinalizado no decorrer desta tese - Gestão da Matéria - segundo

Galthier et al. (2013) envolve todos os saberes relacionados a planejamento, ensino e

avaliação de uma aula. Ela reúne um conjunto de variáveis que influenciam na

aprendizagem. Diálogos foram coletados da entrevista em relação a estes saberes e

organizados dentro das três categorias: planejamento, interação com os alunos e

avaliação.

Planejamento

Objetivos, conteúdos, atividades, estratégias, avaliações e ambiente educativo

foram pontos destacados pelas professoras entrevistadas. Para Gauthier et al. (2013,

p.197 e 198) “[...] o trabalho de planejamento exerce uma influência positiva na

aprendizagem dos alunos, na maneira de organizar o trabalho em grupo, na atenção

dada aos processos que ocorrem na sala de aula e no conteúdo da matéria vista em

classe”.

Em relação a organização dos conteúdos e do ambiente educativo, ou seja, tudo

aquilo que envolve a rotina diária, o tempo previsto para o ensino da matéria, o espaço

físico e os recursos humanos materiais, tem-se nas falas de todas como a organização do

que vai ser ensinado vai se configurando em cada escola. Azaleia, Iris, Hortência,

Camélia, que estão em uma escola de abordagem sociointeracionista, Margarida e em

uma das experiências de Violeta trazem que os conteúdos são definidos pela gestão

escolar e pelos livros didáticos adotados. Azaleia, Iris e Hortência descrevem como se

configuram a distribuição das disciplinas. Os três últimos depoimentos mostram o

trabalho de planejamento desenvolvido na Educação Infantil.

“Na verdade, o planejamento já vem pronto da escola. O que eu tenho que preparar

são as minhas rotinas. Temos bastante projetos e atividades. Então nós temos roda da

leitura, temos que ter doze aulas de Português, dez aulas de Matemática por semana,

três aulas entre Ciências, Geografia e História, duas de Artes e duas de Educação

Física. A escola só estabelece as aulas de Artes e Educação Física, do resto sou eu que

monto a minha rotina, a rotina é entregue uma vez por semana, na semana anterior da

próxima. Então assim não preparo minha aula para o dia seguinte, eu preparo com

uma semana de antecedência e não só meus alunos estudam, eu também acabo

estudando para poder preparar uma aula de qualidade e não é aquela aula maçante,

aquela aula que você fica copiando uma hora de matéria da lousa”. (Azaleia)

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“A escola fala assim: você vai ter que ensinar no primeiro ano o ABC inteiro, tem que

ensinar a contar até o número 100. Aí eu posso dar a atividade que eu quiser dentro

disso. São dois primeiros anos, então a gente discutia com as professoras para dar a

matéria igual para os dois primeiros anos [...] todo dia tinha Matemática, todo dia

tinha Língua Portuguesa, às vezes tinha Ciências, como é do município eles têm aulas

de Inglês, Música e Artes. Não tem horário fixo. Eu poderia mudar, por exemplo,

Português e Matemática eu tinha que dar todo dia, poderia mudar e dar primeiro

Português e Matemática na última, não tem problema, os horários fixos são para os

especialistas, por exemplo, segundo aula é dos especialistas, aí eu não poderia trocar.

A escola dá subsídio para tirar xerox, para consultar internet, tem dois computadores

para os professores, a gente tem um terço para cumprir da jornada de trabalho

exatamente para planejar as aulas”. (Iris)

“Na minha escola a diretora optou por fazer aquela rotação por áreas, então nós

éramos três professoras: uma responsável por Matemática, outra por Língua

Portuguesa e eu por História, Ciências e Geografia. Na verdade, não me deram

nenhum material escrito com os conteúdos. Teve uma reunião para gente fazer o

planejamento e os livros eram novos, então eu tive que lidar com essa situação. Eu

nunca tinha feito um planejamento assim na vida, então primeiro eu tive que entender

os livros. Foi necessário atualizar fazer o planejamento de acordo com eles. Eram

livros que são bem quistos pela crítica pedagógica, então eu planejei os utilizando, mas

evidentemente eu fiz uso de outros materiais, porque se você se limitar aos livros, limita

o conhecimento que você passa para eles”. (Hortência)

“Bom, eu tenho que seguir conteúdos específicos dentro da linha de ensino e

aprendizagem da escola que eu trabalho que felizmente vai ao encontro com a minha

linha de pensamento”. (Camélia)

“Então, eu tive duas experiências, uma que entrei já em instituição já consolidadas,

então elas tinham já todo material todo planejamento, então tinha muita coisa, era só

pegar estudar e perguntar e você sabia mais ou menos o que ia acontecer e claro,

vivenciar o dia a dia. Eu também tive outra experiência que é uma escola que estava

começando e eles não tinham absolutamente nada, nem currículo da escola eles

tinham, plano de aula... então eu tive que fazer tudo. Na primeira, as atividades já eram

prontas, mas as professoras tinham abertura para encaixar coisas novas. Por exemplo,

no Maternal, eu falei para a professora “eu acho que seria interessante fazer uma

rodinha e cantar uma música para eles calçarem os sapatos” e não esse tumulto para

calçar o sapato. Então tinha tudo planejado, mas tinha essa abertura para fazer

diferente.” (Violeta)

“Eu faço planejamento anual e eu faço o planejamento semanal. Então, por exemplo,

eu vejo minha grade de horário e aí eu penso “Português que eu vou trabalhar”,

porque em Português que a gente tem seis aulas, eu divido, a gente tem aula de

biblioteca, a gente tem aula de produção de texto, aula de leitura. Na educação infantil

não tem, você faz um planejamento, mas é uma coisa muito superficial. Então por

exemplo, perguntam o que vou trabalhar, “ah, no projeto identidade”, que é o processo

básico da Educação Infantil, “quem sou eu” e você descreve um pouco em forma de

planejamento. É isso.” (Dália)

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“Eu planejo meus conteúdos a partir do livro didático que eu recebo, eu acabo fazendo

dele uma base para meu planejamento, então eu pego datas comemorativas, já coloco

no caderno, já começo a preparar ideias de lembrancinhas, cartão, tudo que eu sei que

a escola vai me pedir para fazer eu já deixo preparado.” (Margarida)

Gauthier et al.(2013, p. 206) apresentam que é sensato acreditar que as decisões

adotadas pelos docentes no momento do planejamento do tempo dedicado a uma

matéria seja determinante para a aprendizagem dos alunos. Esta questão apareceu

fortemente nos depoimentos de Azaleia e Iris, por exemplo, ao descreverem quanto

tempo deveriam se dedicar as disciplinas. Os mesmos autores trazem que uma “[...]

gestão da classe eficiente parece envolver uma boa preparação do material e do

ambiente”. Todas as professoras iniciantes pareceram demonstrar preocupação com esta

questão, pois se mostraram interessadas em conhecer o material, como o caso de

Margarida e Hortência, variar os espaços educativos ou a configuração dos alunos na

sala, como Dália, Azaleia e Violeta e produzir outros materiais, como Hortência e

Margarida.

A prática de planejar o ensino do conteúdo oferecido aos alunos parece exercer,

de fato, uma interferência positiva sobre sua aprendizagem e Gauthier et al. (2013,

p.202) confirmam isso em sua pesquisa ao afirmarem que “[...] as decisões dos

professores quanto aos conteúdos a serem ensinados exercem influência considerável

sobre o êxito dos alunos”. Outras pesquisas trazidas pelos mesmos autores abordam que

o esforço dedicado pelos professores para ensinar um determinado conteúdo, a

satisfação de ensinar e a percepção destes em relação as dificuldades que um conteúdo

apresenta são indicativos desta afirmação. Quanto às dificuldades encontradas para

ministrar conteúdos, em relação às disciplinas, foi possível destacar dos depoimentos

das professoras iniciantes:

“Minha maior dificuldade foi em ensinar Matemática, porque eu sempre fui péssima e

hoje o método de ensino é muito diferente do que eu aprendi, não tem nada a ver,

porém eu tinha que me qualificar, então fui em busca de conhecimento e ideias para

ensinar.” (Azaleia)

“Eu acho que foi Matemática. Matemática eles têm que raciocinar, então não é ensinar

só, a gente tem que mudar de estratégia caso não aprendam, tinha que pensar em outro

exercício, em como ensinar para que eles apreendessem.”(Iris)

“Matemática, principalmente para ensinar divisão, porque tinha todo um jeito e tinha

que trazer um sentido da divisão, um sentido da vida, o que a gente divide o que

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acontece quando a gente divide, uma parte de nós ela vai embora, a gente tira uma

parte de nós para dividir com o outro, então eu tive um pouco de dificuldade para

trazer isso, mas deu tudo certo.” (Violeta)

“Por incrível que pareça eu vou falar Linguagens, porque em Linguagens está Língua

Portuguesa, Artes e Educação Física [...] a linguagem ela está relacionada a todas as

outras disciplinas e a questão da interpretação ela é muito ampla, eu acho difícil até

porque na unidade onde eu trabalho a questão gramatical, por exemplo, ela tem que

estar inserida dentro de todos os textos, contextos e não da forma que eu aprendi na

escola.” (Camélia)

“Na verdade eu acho que Português é o que mais dá trabalho, porque eu acredito que é

o mais importante para as crianças, eles precisam ter essa base, porque se eles não

tiverem uma base de leitura boa, de interpretação, eles vão ter dificuldade em qualquer

outra matéria [...] na hora de dar aula eu vejo a Ciências como uma matéria mais

tensa, porque eles vêm com umas perguntas escabrosas. E é aquela coisa: não sei,

vamos pesquisar? Abre o computador, pesquisa, vou atrás ou “vou falar com o tio

Rodes” que é um professor formado em Ciências mesmo, ele dá aula para eles de

laboratório.” (Dália)

Azaleia, Iris e Violeta trouxeram os conteúdos da disciplina de Matemática

como sendo os mais complexos para se ensinar e pensar em estratégias de

aprendizagem. Camélia e Dália dialogaram sobre a importância do ensino da Língua

Portuguesa e por isso sua complexidade. Dália também se lembrou da dificuldade em se

ensinar Ciências pela profundidade dos enunciados e curiosidade dos alunos. Estes

saberes de domínio de conteúdo parecem apresentar mais dedicação por parte das

docentes, que procuram estudar, pensar sua atuação e procurar ajuda de especialistas

para efetivamente ministrar as aulas. “Os professores que obtêm êxito em seu trabalho

conhecem a matéria de um modo que lhes permite planejar a criação de aulas que

ajudarão os alunos a relacionar conhecimentos” (GAUTHIER et al., 2013, p. 202).

Relacionando com o tratado acima, apresentam-se os saberes referentes ao

planejamento das atividades de aprendizagem, objetivos e estratégias de ensino, que

também apareceram nas entrevistas realizadas. As estruturas dos procedimentos e das

técnicas empregadas pelos docentes determinam as atitudes, as conquistas e os

comportamentos destes e dos alunos, de acordo com Gauthier et al. (2013).

“Para iniciar meu ano letivo, sem conhecer aluno nenhum, eu preparo atividades

diagnósticas, pré-definidas de acordo com meu conhecimento profissional e científico,

no meu embasamento teórico da faculdade. Na escola temos material pedagógico

próprio do sistema de ensino da rede. Eu trabalho com material próprio que é pautado

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em pesquisa, levantamento de conhecimentos prévios, e a partir daí é que a gente vai

inserindo todo o conteúdo.”(Camélia)

“Se eu for trabalhar com Matemática, por exemplo, eu trabalho na primeira aula de

um jeito, na segunda aula eu procuro trabalhar com livros didáticos que envolvam o

mesmo conteúdo, mas de formas diferentes. Português nós estamos lendo um livro na

sala de aula, eu peço que eles procurem um livro em casa que conte alguma coisa que

tenha relação com o livro que nós estamos lendo. Eu procuro mandar atividades

xerocadas para casa, mas antes eu procuro pedir para a minha coordenadora dar uma

olhada para ver se ela também concorda com o que eu estou passando [...] os quatro

professores do quarto ano fazem igual, uma professora traz uma atividade diferente, a

outra leva, nós compartilhamos as atividades e se eu não gostei, eu procuro fazer outra,

porém eu costumo mostrar para minhas amigas o que eu fiz e às vezes trocamos.”

(Azaleia)

“Nós montamos folhinhas de atividades e como nós somos duas professoras no terceiro

ano, uma de manhã e uma à tarde, a gente divide as matérias, eu fico com Português,

História e Geografia e ela fica com Ciências e Matemática. Essas folhas extras cada

uma prepara da sua matéria, depois a gente troca [...] normalmente a gente faz o

planejamento semanal, senta no intervalo e fala de propostas.” (Dália)

“Nós temos um livro na escola, mas ele é muito ruim, ele é confuso, ele não apresenta

os conteúdos na sequência, Matemática ele pula muito, é difícil da criança entender, é

complicado os livros que eles dão... Por isso, eu baixava muitos exercícios da internet

mesmo.” (Isis)

“As atividades complementares que eu tinha que fazer mais ou menos umas 20 por

bimestre, eu já tento deixar tudo no jeito, o que eu ia dar, qual seria o tipo de atividade,

no sulfitão e no sulfite comum. Tinha aula de Artes também com o caderno de Artes,

então eu já pegava, por exemplo, “ah, esse ano vamos trabalhar com Picasso”, então

pegava alguns quadros, alguns desenhos dele, na internet, e fazia baseado nisso, dá

super certo.” (Margarida)

O depoimento de Camélia apresenta uma preocupação em entender quem são e

em que nível de desenvolvimento estão seus alunos para assim pensar nas estratégias e

na condução de atividades baseadas no livro didático utilizado. Azaleia, Dália, Isis e

Margarida mostram que planejam atividades extras, para complementar o conteúdo

ensinado. Isis e Margarida fazem uso da internet para estudar e procurar por ideias

pedagógicas. Azaleia parece entender que diversificar as técnicas de ensinar motiva e

produz o sucesso dos discentes. Ela e Dália compartilham de atividades propostas com

os colegas de trabalho e assim parecem ampliar seus conhecimentos e minimizar sua

carga de trabalho.

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Segundo Gauthier et al. (2013, p. 203) é fundamental “[...] que as atividades de

aula sejam previstas com antecedência e claramente redigidas, desta forma, as falas das

professoras iniciantes vão ao encontro com a afirmação dos autores. Todas disseram

planejar suas atividades e suas estratégias de ensino anteriormente ao horário da aula.

Transformar o material programático e organizar as ideias de modo a torná-las coerentes

são saberes pertinentes para o exercício da docência, como mostra o mesmo autor. As

análises indicam que as professoras entrevistadas parecem praticar estas ações

pedagógicas.

Gauthier et al.(2013) afirmam que a organização do trabalho durante a fase de

planejamento consiste em uma série de tarefas que visam planejar os objetivos, priorizar

os conteúdos e transformá-los em estratégias e atividades de aprendizagem. Ao que tudo

indica as egressas do curso de Pedagogia a distância entrevistadas aqui, trazem pistas de

que parecem possuir estes saberes e assim organizam seu planejamento a partir do apoio

que recebem de diversos segmentos: a gestão escolar, os colegas de trabalho, o material

didático adotado pela instituição, o diagnóstico da turma e a pesquisa realizada na

internet.

Interação com os alunos

Esta subcategoria irá tratar do processo relacional dos professores com seus

alunos no momento de execução de atividades, do ensino, da utilização de perguntas

pelos professores e da quantidade de instrução proporcionada. A conduta e o enfoque de

intervenção empregados pelos professores variam de acordo com a forma e o tipo das

atividades de aprendizagem e o ensino está associado a estas aprendizagens segundo

Gauthier et al. (2013).

Especificadamente sobre as atividades desenvolvidas, o ensino e a quantidade de

instrução, Gauthier et al. (2013) discorrem sobre as diferentes formas e tipos de fazer e

estabelecer a relação com os alunos. Para ensinar deve-se preparar, rever e selecionar

conteúdos e pensar no individual e no coletivo. Em alguns momentos, é exigido do

professor mais o papel de informador, enquanto em outros, o de animador.

Atividades objetivando o planejamento, a apresentação de conteúdos e

a animação implicam um enfoque de ensino mais direto do que as

atividades de trabalho individual, a avaliação e a administração das

tarefas rotineiras. (GAUTHIER et al.,2013, p. 208)

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Sobre isso, no discorrer das falas das professoras iniciantes, podemos ver o

trabalho coletivo e individual acontecendo, o uso do material didático, de aplicativos da

internet, o uso de músicas e de outros recursos disponíveis.

“No quarto ano a gente acaba trabalhando muito fábulas. Eu coloquei uma fábula para

eles pensarem como se os dois bichinhos tivessem um jeito temporal e eles iam se

comunicar por WhatsApp, que é uma coisa que eles usam muito, eu costumo levar

muita tecnologia para minha sala de aula, então acabou saindo que os bichinhos se

ligavam pelo WhatsApp. Trabalho com poesias para os funcionários da escola, eles

adoram, com receitas em grupo e aprendem a comer um monte de coisas. Tudo isso dá

resultados muito bons.” (Azaleia)

“A maioria das aulas são expositivas, mas eu trago outras coisas, por exemplo, eu já

percebi que tem criança que consegue aprender só com o meu falar, mas tem criança

que precisa visualizar, então eu sou muito de desenhar na lousa, a gente tem o

retroprojetor, eu tenho acesso à internet na sala [...] eu sempre trago um texto de

jornal, coloco uma imagem, passo um vídeo. E a gente tem um espaço lá para ter a

parte prática, principalmente na aula de Ciências eu consigo ter a parte prática, tem

laboratório. Por exemplo, no terceiro ano vamos trabalhar substantivo, então a gente

vai destrinchando as coisas, o número do substantivo, o primitivo, derivado e assim vai,

além do que está na apostila, trabalho outras coisas com as crianças.” (Dália)

“Por exemplo, quando é Matemática a gente cantava a musiquinha, porque é primeiro

ano, começamos com a música do indiozinho escrita no papel com os números, aí

depois a gente começou a colocar os números, depois começamos a escrever o nome

dos números, mas cada dia a gente faz alguma coisa diferente.” (Iris)

“Eu procuro seguir na linha do material que é pautado em pesquisas, em projetos,

projetos que vão além do material didático que eu acho que isso é muito importante

para eles também, eles vivenciam, praticam e expõem tudo aquilo que eles aprendem,

eu não fico em cima daquilo que está escrito ali, do livro, eu vou além, costumo buscar

um conteúdo que a sala mais gostou, que mais participou e desenvolver em cima dele

também. O livro tem sequência, mas eu não faço na sequência, eu faço a sequência que

eles precisam, a sequência que eles estão buscando. Assim vou organizando meu

tempo.” (Camélia)

“O livro tinha bons textos, então eu sempre procurava trabalhar com eles primeiro a

parte teórica, eles gostavam muito de ler dentro da sala de aula e depois nós

iniciávamos as atividades. Eu fazia as do livro que eram basicamente perguntas sobre

esse texto, mas depois eu levava outras atividades. Geografia eu passei quase todo o

tempo fazendo mapas que eu levava, em Ciências fomos ver as plantinhas, a escola

tinha uma pequena horta, então eu procurava complementar com outras atividades.”

(Hortência)

“Eu fazia roda de leitura, musicalização todos os dias. Embora eu não gostasse, eu

trabalhava com o livro todos os dias também, mas eu tinha que fazer, porque o livro

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embora fosse Educação Infantil, era muito grosso, eu tinha que terminar ele até o final

do ano, os pais exigiam, a diretora exigia, mas eu gosto mais de fazer aula para fora da

sala.” (Margarida)

“A nossa rotina é o nosso ritmo que é referente a respiração, então que a gente inspira,

constrange e o que a gente expira, expande. Então a inspiração seria uma aula dentro

da sala, por exemplo, uma aula de línguas; e aí a expiração seria uma aula de jogos, de

movimento corporal, aí inspira de novo, entra para uma aula de matéria, de

Matemática, aí expira, vai para o parque brincar, então sempre tem essa respiração...”

(Violeta)

Azaleia dialoga com os alunos, usando fábulas, através de aplicativos de

mensagens instantâneas para celulares (neste caso, o aplicativo WhatsApp), tentando

assim, aproximar mudanças de vida com o cotidiano da escola, já que todos possuem

celulares (ela explicitou durante a entrevista) e adoram se comunicar com ele.

Perrenoud (2000) discorre sobre a importância de a escola oferecer aos educandos

ferramentas para dominar o cotidiano e a compreensão do mundo, fazendo uso, entre

outros, das tecnologias.

Tanto Azaleia, como Dália e Iris procuram esmiuçar o ensino com atividades

correlacionadas. Camélia, Hortência e Margarida discorrem sobre o uso do material

didático como recurso fundamental para o trabalho acontecer. Violeta, que trabalha em

uma escola com metodologia diferenciada das demais, aborda a forma como conduz as

atividades e o ensino, revezando as estratégias pedagógicas. Todas se utilizam de

estratégias que aparentemente incentivam os alunos a processarem informações e

criarem significados.

Pensando na quantidade de instrução, ou seja, na distribuição do tempo dedicado

somente a atividades que interagem diretamente com os alunos, vemos que os

depoimentos mostram que todas as professoras se dividem entre atividades mais

expositivas e outras mais práticas e coletivas, como ida a laboratórios, horta, saídas da

sala de aula convencional e o uso da música, por exemplo. “Os alunos gostam que lhe

sejam oferecidas oportunidades de interagir uns com os outros” (GAUTHIER et al.,

2013, p. 232). Estes elementos que podem integrar os conteúdos, quando corretamente

instituídos, facilitam a aprendizagem e a transferência de conhecimentos, pois sua

utilização se mostra eficaz para a inter-relação entre novos conceitos e aprendizagens

anteriores (GAUTHIER et al., 2013). A fim de que os alunos aprendam, faz-se

necessário envolvê-los em atividades de devida importância e duração, como apresenta

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Perrenoud (2000), garantindo ao mesmo tempo uma progressão visível e mudanças de

paisagem.

Em todas falas, faz-se possível notar uma preocupação com a estrutura das

atividades trabalhadas, com a forma de organizar a ordem dos conteúdos a serem

ensinados e com a apresentação de elementos pedagógicos variados. O papel de

informador e de animador também estão impressos nos recortes selecionados. Para

Gauthier et al. (2013, p.208) os docentes que buscam fazer com que seus alunos se

atraiam de forma ativa podem empregar-se de “[...] um conjunto de atividades de

aprendizagem tais como os círculos de leitura, o trabalho individual, a aula expositiva

sozinha ou com suporte audiovisual, a leitura silenciosa, o jogo, a conversa informal,

etc.”

Quanto a utilização de perguntas, apenas em dois depoimentos, das professoras

Camélia e Azaleia, ficou explícita a utilização deste recurso:

“Na verdade, eu sempre que eu vou iniciar um conteúdo, eu parto do que eles sabem

[...] faço perguntas como se eu não soubesse a resposta e mostro caras e bocas como se

eu realmente não soubesse e eles ficam “ai, mas se ela não sabe e agora? ”, faço

xarada para que eles participem junto da minha aula “expositiva” e aí o produto final

sempre acaba sendo o melhor possível.” (Camélia)

“Então eu acho que tem que instigar os alunos a busca, isso é importante, eu pergunto

bastante para eles. Mais do que eu preparar minha aula, como eu vou levar isso pra

eles, o que eles vão sentir quando estiverem fazendo essa atividade, preciso saber.”

(Azaleia)

Camélia parte sempre dos conhecimentos prévios dos alunos, através do uso de

perguntas para introduzir novos conteúdos, com o fim de entender a compreensão que

estes já possuem. Azaleia procura perguntar aos alunos sobre os conteúdos e como estão

se sentindo a respeito de conceitos e habilidades ensinadas durante as atividades.

A percepção da prática de interrogar tem evoluído através dos tempos, de acordo

com Gauthier et al. (2013), talvez por isso, é que não fique tão explícito o seu uso nas

falas das professoras entrevistadas. Os mesmos autores descrevem que a partir de suas

pesquisas, ficou claro que a prática de perguntar desempenha um papel fundamental

dentro do conceito de ensino.

Gauthier et al. (2013) consideram significativo que os trabalhos em classe

apresentem elementos que obedeçam a uma gradação, que comportem um nível de

dificuldade apropriado e correspondam às necessidades dos discentes, que apresentem

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variedade e novidade, que ofereçam desafios, que despertem a curiosidade e mantenham

o interesse dos alunos, que contenham elementos de fantasia, de simulação e de

manipulação do material.

À vista disso, pode-se dizer que os professores entrevistados estão se atentando e

buscando aperfeiçoar-se nos saberes relacionadas a interação dos alunos com as

atividades, o ensino e a quantidade de instrução. Se pensarmos na relação com a

utilização de perguntas durante o processo de aprendizagem, não pareceu ficar claro que

todas valem-se desta estratégia no momento de ensinar. Quando os alunos recebem “[...]

um ensino mais estruturado tem melhor êxito” (GAUTHIER et al.,2013, p.209).

Avaliação

Apesar de, segundo Gauthier et al. (2013) as pesquisas mostrarem que uma

avaliação frequente dos processos de pensamento favorece a aprendizagem e o

desempenho escolar nas matérias apenas a professora Dália abordou sobre seu

procedimento de avaliação formativa adotado pela escola destacando o caráter que este

apresenta para seu próprio processo de formação profissional e concordando que a “[...]

a avaliação formativa é suscetível de melhorar o desempenho dos alunos” e aumentar

assim as chances de os alunos dominarem melhor o que foi aprendido (GAUTHIER,

2013, p. 238). O mesmo autor destaca que os professores considerados competentes

adotam uma variedade de meios de avaliação para poder refletir sobre os métodos

pedagógicos utilizados.

“Lá na escola tem um negócio chamado PCA que é Processo Contínuo de

Aprendizagem, então cada semestre eles têm quatro PCAs de cada matéria, então são

quatro provinhas surpresas que você aplica durante o trimestre e que eles vão fazendo

de acordo com a matéria que a gente está explicando. Então é mais ou menos um

parâmetro para saber que aquilo que eu expliquei, eles entenderam, antes de chegar a

prova oficial.” (Dália)

“Os resultados das avaliações são utilizados pelos professores não apenas para

avaliar os alunos, mas também para fazer um diagnóstico do ensino ministrado e

descobrir se os métodos empregados dão os resultados esperados” (GAUTHIER, 2013,

p. 238). Continuando neste mesmo sentido, de formação profissional, as professoras,

Azaleia, Dália, Camélia, Violeta e Iris, trouxeram a reflexibilidade das ações, ou seja, as

representações de suas próprias atitudes relativas ao ensino da matéria, relacionando-as

com suas atuações de trabalho e os saberes desenvolvidos no curso de Pedagogia a

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distância. Em pesquisas realizadas, sugere-se que os alunos atingem “[...] melhor

desempenho se os professores assumem uma certa responsabilidade com a

aprendizagem” e se mostram assim mais eficientes (GAUTHIER, 2013, p. 239). Os

diálogos apresentados, pareceram demonstrar uma preocupação com as estratégias e os

conteúdos aprendidos na graduação e aplicados para o aproveitamento docente e dos

alunos.

“Agora a questão desses projetos que eu falo para você que eu sinto dificuldade é que

eu não fui preparada para trabalhar com roda de leitura, eu não fui preparada para

trabalhar com roda de conversa, com roda de jornal [...] quando eu fiz Pedagogia eu

não ouvia falar em roda de leitura, roda de jornal, eu escutava falar sobre trabalhar

com jornal em sala de aula que meus filhos faziam e eu ajudava, eu não tinha noção

que um dia eu ia trabalhar com janela para ensinar Matemática para meu aluno, para

eles colocarem no chão e medir o espaço da sala e isso eu fui aprendendo no decorrer

da prática e refletindo sobre ela...” (Azaleia)

“Por exemplo, eu tive muita dificuldade, apesar da gente ter a parte da produção de

texto na faculdade, eles trazem o que precisa: precisa desenvolver um texto assim, um

texto assado. Mas e aí? Me dá um tipo desse texto, me dá uma amostra de como eu

posso trabalhar com esse texto com a criança, isso a gente não tem... Foi bem difícil!”

(Dália)

“Tem um conteúdo lá super joia que eu trabalho em contos, que eu consegui buscar

nos conteúdos da faculdade um conto que eu não vou deixar nunca mais de expor para

eles, porque foi bastante relevante para o aprendizado de todos [...] O curso me

mostrou que eu ia ensinar Linguagens, que eu ia trabalhar com locutores, com

interlocutores tanto de leitura quanto na oralidade, me explicou como que era tudo

isso, mas como trabalhar na sala de aula, infelizmente não.” (Camélia)

“O meu jeito de trabalhar tem muito do curso de Pedagogia. Quando a gente teve

Metodologia da Matemática, por exemplo, me ajudou bastante, porque eu também fui

atrás de livros que traziam exemplos de brincadeiras, mas ter feito a disciplina foi

fundamental para o meu desenvolvimento na prática.” (Violeta)

“O curso abriu minha visão, a coisa principal que eu aprendi com Pedagogia: o aluno

tem que ser o centro, você tem que pensar igual o aluno, você tem que fazer com que

aquela matéria faça sentido para ele. Então com base nisso eu ia procurar o que eu

podia fazer para ficar melhor para eles entenderem no dia-a-dia da minha prática.”

(Iris)

Pensando nos saberes expostos dentro destas subcategorias – Planejamento,

Interação com os alunos e Avaliação, contidos na Gestão da Matéria, foi possível

descartar as falas de Azaleia, Dália, Margarida e Hortência, que representam a

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contribuição ou não do curso de Pedagogia EaD para o desenvolvimento destes

conhecimentos que envolvem objetivos, conteúdos, atividades, estratégias, ambiente

educativo, ensino, utilização de perguntas pelos professores, quantidade de instrução,

avaliação e reflexibilidade das ações. Desta forma, destacamos:

“Acho que a dificuldade é que são muitas coisas novas aparecendo, nos conteúdos, nas

aulas e a Pedagogia não tem como ensinar uma coisa que vai sendo mudada com o

tempo.” (Azaleia)

“O conteúdo muda muito de acordo com o material e isso não é abordado no curso, ele

te dá uma base para você saber o que você precisa trabalhar com a criança, o mínimo

que você tem que saber disso, mas esses detalhes da forma de ensinar não têm não. As

crianças hoje com a tecnologia e com a informação que eles têm, eles vão atrás disso,

então eles vêm com umas coisas...” (Dália)

“Na verdade, se fosse para trazer tudo, o curso prolongaria muito, porque é muita

coisa se você for ver, mas se conseguisse pegar um pouquinho, algumas experiências,

coisas do cotidiano da profissão seria bacana.” (Margarida)

“Eu acho que dentro da universidade faltou um pouco de clareza, “quando vocês

estiverem trabalhando História, muito provavelmente os conteúdos vão ser esses”, eu

não sei te explicar, para mim faltou mais clareza prática, eu não te digo que o que

faltou foi atividade prática, eu não te digo que o que faltou foi nos levar numa sala de

aula para dar aula, não foi porque nós fizemos os estágios, para mim o que faltou foi

clareza sobre a prática. Não tem receita de bolo para tudo na nossa vida, mas algumas

coisas são gerais. Foi essa dificuldade que talvez tenha me impedido de superar a

insegurança mais rápido...” (Hortência)

As falas expostas parecem deixar claro que, o curso de Pedagogia oferta

subsídios para os saberes docentes analisados até aqui, porém, como descrevem todas,

principalmente Hortência, o curso não explicita de forma objetiva, clara e sincera como

se apresenta o funcionamento da escola na prática, com suas relações, rotinas e

situações. Ele auxilia no desenvolvimento da docência, mas não a efetiva no exercício

prático. Tais apontamentos corroboram com o que apontam as pesquisas sobre

professores iniciantes já mencionadas nessa tese.

O Quadro 5 sintetiza os saberes expostos na análise relacionada a Gestão da

Matéria. É possível notar que apenas os saberes relacionados a utilização de perguntas

na interação com os alunos e sobre a avaliação somativa não foram contemplados na

investigação.

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Quadro 5. Saberes: Gestão da Matéria

Gestão da

Matéria

Planejamento

Interação com os alunos

Avaliação

Saberes

relacionados

por

Gauthier

et al. (2013)

Objetivos

Conteúdos

Atividades

Estratégias de ensino

Avaliações

Ambiente educativo

Atividades

Ensino

Utilização de perguntas

pelos professores

Quantidade de instrução

Somativa

Formativa

Reflexibilidade

das ações

Saberes

relacionados

pelas

professoras

iniciantes

Objetivos

Conteúdos

Atividades

Estratégias de ensino

Avaliações

Ambiente educativo

Atividades

Ensino

Quantidade de instrução

Formativa

Reflexibilidade

das ações

5.4 Gestão da Classe

Gauthier et al. (2013) compreendem, retomando o exposto na Seção 1, o

conceito de Gestão da Classe como um agrupamento de regras e de disposições

indispensáveis para se criar e preservar um ambiente organizado e favorável tanto ao

ensino quanto à aprendizagem, ou seja, tudo que diz respeito a introdução e a

manutenção de uma ordem completa da sala de aula. Os grandes princípios desta gestão

podem ser aplicados de forma geral, porém é necessário ressaltar que tudo depende de

um contexto. Contexto este, que engloba as atividades propostas, o tempo disponível, a

organização material e social, o padrão de comunicação entre os envolvidos, o

desenvolvimento intelectual dos alunos e as influências culturais e socioeconômicas. “A

importância da gestão da classe reside igualmente no desenvolvimento da criança do

ponto de vista da responsabilidade pessoal e social” (GAUTHIER et al., 2013, p.241).

As falas das professoras iniciantes entrevistadas foram destacadas, ao se tratar destes

saberes, e estruturadas também em três categorias: planejamento, interação com os

alunos e avaliação.

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Planejamento

Medidas disciplinares, regras e procedimentos, representações e expectativas do

professor se constituíram nos pontos considerados na análise neste momento. O

planejamento da gestão da classe não se inicia antes do ano letivo apenas com o

exercício de preparação, mas também “[...] com o estabelecimento e a comunicação de

regras, de procedimentos, de relações e de expectativas diante dos alunos assim que o

ano se inicia” (GAUTHIER et al., 2013, p.241).

Ao pensarmos em regras e procedimentos adotados pelas professoras que

resultam em medidas disciplinares, estamos referindo-se a todos os saberes que

envolvem o trabalho de preparação e de planejamento conduzidos por decisões e

princípios que gerem o funcionamento da sala de aula. Tem-se assim então

evidenciadas, as falas de Camélia, Violeta, Margarida, Iris e Azaleia.

Todas as docentes parecem demonstrar uma inquietação em relação a

convivência do professor com os alunos para desenvolver a disciplina e o bom

andamento da sala de aula. Camélia procura fazer com que os alunos a conheçam,

Azaleia se preocupa em cativá-los, Violeta prepara com muito cuidado o ambiente

educativo, Margarida gosta de ouvir e dialogar com as crianças e Iris deixa que

conversem entre eles, assegurando o relacionamento interpessoal. Gualthier et al. (2013)

apontam que resultados de pesquisas realizadas “[...] mostram que os professores que

parecem obter melhores resultados na gestão de suas classes planejam o aproveitamento

do espaço, objetivando possibilitar a realização de atividades de aprendizagem

variadas”.

“Eu gosto de preparar minha sala com organização, então para que isso aconteça,

antes eles precisam saber quem eu sou e como eu sou, partindo disso, eu não tenho

dificuldades. Eu gosto de fazer agrupamentos produtivos onde eu possa trabalhar

conteúdos com aqueles que mais precisam e também com aqueles que precisam menos

[...] então eu também proporciono a roda de conversa, o levantamento de

conhecimento prévio, a biblioteca de sala de aula com livros que eu já li para poder

ajudá-los e também gosto de expor os trabalhos deles, porque eles se sentem

valorizados com isso.” (Camélia)

“Eu acho que o primeiro passo para ser uma boa professora é fazer com que os alunos

gostem de você. Se o aluno tem aversão à professora, ele não vai se sentir à vontade

nem com vontade de estudar, então eu procuro primeiro cativar os alunos, pesquisar o

que eles gostam, eu sempre vejo o que eles gostam.” (Azaleia)

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“No início recebo os alunos com a sala já mais colorida com algumas aquarelas

expostas, como a de números ou de letras, que eu coloco. A lousa também sempre tem

desenho, tem o desenho da estação, da época. Me preparo, chego cedo na sala, arrumo,

sempre coloco uma flor, acendo uma vela na hora da oração, tem uma oração no

começo, tem o verso da manhã, então são esses pequenos gestos que criam um

ambiente de respeito. Tudo isso é muito importante, pois traz a criança para o real

significado da escola, que ela está ali para ser o futuro. Estas atitudes reverberam

bastante nelas.” (Violeta)

“Todos os dias eu achava muito importante fazer uma roda com eles e eu perguntava o

que eles haviam feito no final de semana, feito em casa, para poder ter um contato mais

íntimo, para eles sentirem mais confiança, então eu achava a roda de conversa muito

legal, porque eles expunham a opinião deles, o que eles fizeram, eu fazia isso todos os

dias, era um ritual. Na sala eles eram divididos, eram duas mesas grandes e uma fazia

atividade normal, alguns terminavam mais cedo, aí eu colocava para brincar na outra

mesa, dava bloco de encaixe ou massinha, mas a conversa e o diálogo sempre foram o

primordial entre os alunos e eu.” (Margarida)

“Primeiro, a gente faz uma oração todos os dias, aí deixo eles conversarem por cinco

minutinhos, porque um sente saudade do outro, enquanto isso vou entregando caderno,

vou fazendo chamada. Depois quando eu vou explicar a matéria, não quero conversa,

aí eles ficam quietos. Ao fazer exercícios, alguns eu deixo fazer em grupo, alguns eles

fazem separado. Quando tinha muita dificuldade eu colocava um aluno que já sabia

com outro que tinha mais dificuldade para ajudar, eu vou mudando as dinâmicas para

que todos cheguem no mesmo nível [...] mudo carteiras, faço rodas, a diretora deixava

mexer....” (Iris)

Em relação a organização espacial do ambiente, tem-se a descrição cuidadosa de

Violeta, que prepara o espaço com cores, desenhos, flores e vela; e de Camélia que

expõe os trabalhos dos alunos e tem uma pequena biblioteca na sala de aula. Camélia,

Iris e Margarida trabalham com grupos, para que assim os alunos aprendam na interação

com os colegas, isso faz com que elas organizem suas salas com objetivo. Para iniciar o

dia, Camélia e Margarida fazem rodas de conversa e Violeta e Iris uma oração. Estes

procedimentos parecem auxiliá-las na conscientização dos alunos em situações

comportamentais sociais, assim como a estrutura do ambiente físico sinaliza uma

variável significativa e deve estar presente no planejamento das ações educativas. Os

alunos devem estar “[...] conscientes do que se espera deles em termos de

comportamento. Da mesma forma, as regras e procedimentos também devem ser

explicitados e praticados sistematicamente”. Regras e procedimentos rotineiros levam

os discentes “[...] a tomarem consciência de suas responsabilidades” (GAUTHIER et al.,

2013, p.243).

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171

As representações e expectativas do professor envolvem uma variedade de

informações a respeito dos alunos. Das sete professoras entrevistadas, apenas Dália,

Camélia e Violeta são comunicadas sobre quem serão seus alunos anteriormente ao

início do ano letivo e conseguem delinear uma representatividade dos mesmos.

Hortência e Iris alegaram ter conhecimento apenas de alunos que possuem algum tipo

de deficiência e são tratados como “especiais”. Desta forma, apresentam-se as falas:

“Fazemos uma reunião no final do ano com a professora do segundo ano da tarde, ela

já me passa quem são os alunos, quais são as dificuldades que eles apresentam, quem

eu preciso tomar mais cuidado em termos de comportamento, quem tem briga com

quem, isso é feito sim.” (Dália)

“Existe uma conversa informal entre as professoras passando quem é cada um, a

formalidade disso vai dentro de uma parte burocrática que a escola exige que nós

façamos ao decorrer do ano que é a montagem da pasta da sala de aula, onde cada

sala de aula tem uma pasta com saquinho com seus alunos, então tudo o que eu

desenvolvo daqueles alunos que têm dificuldade vai para dentro dessa pasta, se ele faz

tratamento de fono, se ele faz tratamento de fisioterapia, o que a mãe trouxe de

informação, o que o profissional trouxe de informação, o que foi feito, o que não foi

feito, o que precisa fazer, está tudo dentro dessa pasta. Então aquilo que não está claro

durante a minha conversa com a professora ele pode ser buscado dentro desse

material.” (Camélia)

“Recebo sim, as professoras fazem um relatório de cada criança e é entregue aos pais e

a professora que vai pegar a turma.” (Violeta)

“Eu não recebi nenhuma informação sobre quais seriam meus alunos, a única

informação que eu recebi era que um deles era autista, então isso a diretora já me

adiantou quando a sala me foi atribuída, quanto aos demais nada, nada, nada me foi

passado, eu fui conhecê-los depois trocando informações com meus pais que já eram da

escola.” (Hortência)

“Alguns são “laudados”, se tiver uma criança que tem algum problema, eu fico

sabendo, senão eu só vou conhecendo no decorrer do ano.” (Iris)

Conhecer e se informar sobre os alunos com quem irá trabalhar durante todo o

ano letivo parece ser um saber substancial para o bom desempenho, a organização e o

planejamento do trabalho docente para que assim, os professores tenham o cuidado de

não classificar seus alunos de forma hierárquica de acordo com o desempenho que se

espera deles, ou seja, faz-se essencial que o educador tenha a ideia de que “[...] todos os

alunos podem progredir, que as diferenças entre os modos de aprendizagem e os

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172

resultados são inevitáveis” e que os alunos podem aprender uns com os outros.

(GUALTHIER ET AL., 2013, p.244). O não entendimento do professor a este respeito

pode levar ao favorecimento apenas daqueles que conseguem fazer, marginalizando os

que não conseguem acompanhar a progressão da aprendizagem (PERRENOUD, 2000).

O conjunto de decisões formado pelo planejamento de gestão de classe exposto

pelas participantes figura que todas manifestam preocupação e inquietude quando o

assunto trata de representatividade discente, convivência e organização física e social do

ambiente, o que parece indicar que estão na direção certa do que é requisitado para estes

saberes, mas dependentes de melhorias por parte das autoridades de gerenciamento

escolar.

Interação com os alunos

Neste momento pretendeu-se tratar dos dados obtidos nas entrevistas a respeito

da aplicação das medidas disciplinares, da aplicação de regras e procedimentos e

atitudes dos professores em relação a interação com os alunos. Para Gauthier et al.

(2013) quando se trata destes assuntos, os professores costumam ser pró-ativos, tomam

e empregam medidas, procedimentos e técnicas que possibilitam reparar

comportamentos ditos como inadequados antes que estes atinjam proporções

descontroladas, visto que a escola e a classe “[...] são sistemas sociais dinâmicos nos

quais os valores, as atitudes e os comportamentos manifestados são suscetíveis de afetar

profundamente os resultados apresentados pelos alunos”.

As questões abordadas e as direções na condução das entrevistas não permitiram

separar para análise estes saberes - medidas disciplinares, aplicação de regras e

procedimentos e atitudes dos professores na interação dos alunos, por isso, o

diagnóstico do que fez-se possível coletar foi realizado conjuntamente a partir das falas

recortadas de Azaleia, Dália, Camélia, Hortência e Margarida, conforme exposto:

“Dentro da minha sala eu não tenho só o aluno ajudante do dia, eu tenho também o

aluno ajudante do amor, esse ajudante do amor veio a acrescentar para que eu

trabalhasse. Esse aluno, quando tem uma briga, ele intercede, ele é o mediador da sala.

Uma vez por semana, existe um rodízio. Eu acho que precisa ter este afeto, mesmo

trabalhando com 25 alunos...” (Azaleia)

“No terceiro ano eles ainda respeitam muito, mas tem um e outro que fogem do padrão

de comportamento, mas no geral eu consigo, e acho que muito mais pelo acolhimento

que eu dou para as crianças do que essa coisa de impor o respeito. Eu sou muito

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mãezona, de abraçar, de dar beijo, de brincar muito com as crianças, eu gosto de fazer

piadinhas com eles para eles darem risada e tal e eu abro muito espaço para o que eles

querem me falar.” (Dália)

“Eu tenho este desafio da indisciplina sim [...] são cidadãos heterogêneos em diferentes

graus e a gente percebe que tem alguns que são mais tolerantes, outros não, outros

mais lentos, outros não, então eles estão numa fase muito grande de intolerância e eu

procuro administrar da melhor forma possível, inclusive a gente trabalha bastante a

questão de inclusão e procura mostrar para eles que inclusão não é aquela pessoa que

mostra ali que ele não tem uma perna, que ele não anda ou que ele é 100% surdo ou

porque ele é cego, eu também preciso ser imbuída, eu sou diferente, eu não sou igual a

nenhum dos outros colegas que tem ali, eu tenho minhas habilidades que podem ser

extras, posso ter poucas habilidades, mas eu tenho que estar incluída em tudo...”

(Camélia)

“Quando chegou no segundo semestre, eles já me conheciam pelo olhar, mas quando

eu cheguei eu tinha que me esgoelar gritando [...] eu tenho um ótimo relacionamento

com eles e a minha postura é mesmo ser uma professora um pouco mais séria.”

(Hortência)

“O que eu fazia às vezes quando algum aluno saía da linha, não obedecia, eu colocava

para pensar por cinco minutinhos num cantinho, do meu lado na verdade, só para ele

sair do meio da bagunça. Tive um aluno que me dava muito trabalho, porém eu não

tinha muita ajuda da direção, porque não podia levar aluno para direção lá, então eu

que tinha que me virar com as crianças, eu pedia para a diretora ir lá chamar atenção,

ela falava “mas você não tem domínio sobre a sua turma?”. Não é que eu não tinha

domínio, mas eu tinha dificuldade com esse aluno, não tinha suporte por parte da

direção.” (Margarida)

Nos depoimentos destacados, percebe-se que Azaleia aposta na figura de um

aluno mediador. Ela e Dália trazem a afetividade como atitude e um caminho possível

para se obter sucesso na disciplina escolar. Camélia se mostra envolvida e adota uma

conduta procedimental de educar pelas diferenças. Hortência traz a postura e o olhar, a

presença de respeito do professor, como elementos válidos para aplicação de regras e

consequente medida disciplinar. Margarida procura retirar de perto, por curto tempo, o

aluno indisciplinado e mostra-se desamparada pela gestão escolar.

Nas atitudes de Azaleia, Dália, Camélia e Hortência pode-se ver que,

corroborando com Gauthier et al. (2013, p. 246) os docentes que conseguem obter

resultados positivos de comportamento “[...] acompanham de perto o desenrolar das

atividades e são capazes de reconhecer rapidamente, e até prever, os comportamentos

indesejáveis suscetíveis de se propagar ao grupo inteiro e de perturbar a ordem

estabelecida”. As professoras apresentam medidas disciplinares, criando regras e

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procedimentos que procuram evitar transtornos futuros. Muitos dos problemas da gestão

de classe parecem ser resolvidos, de acordo com o mesmo autor, também com a

aplicação de uma rotina de trabalho, que fixa comportamentos, como mostraram que

fazem as professoras iniciantes e já foi analisado em outros momentos desta tese.

Gauthier et al. (2013) apresenta em sua pesquisa que simplesmente estabelecer

regras pode não ser suficiente e que muitas vezes os professores devem agir corrigindo

os transgressores, parando para relembrar, e explicando novamente, como fazem

Margarida e Camélia.

Nas falas, é possível perceber o afinco das professoras em apoiar os alunos e em

procurar ajuda, como mostra Margarida ao dirigir-se a direção escolar e Azaleia ao

eleger o ajudante do amor. Assim tem-se que o empenho dos professores em assistir os

alunos e a “[...] responsabilidade que aceitam assumir em relação a sua aprendizagem

desempenham um papel significativo no desenvolvimento escolar dos educandos e

contribuem para a realização de objetivos elevados” (GAUTHIER et al.,2013, p.251).

As atitudes e disposições dos professores influenciam diretamente na criação do

clima de classe e no rendimento dos alunos, aqueles que se mostram calorosos,

tolerantes, educados, delicados, flexíveis, democratas e confiantes, segundo Gauthier et

al. (2013) parecem fornecer muito mais sensações favoráveis aos comportamentos e ao

bem-estar dos alunos, como é possível ver nos depoimentos de Azaleia e Dália nesta

parte – interação com os alunos na gestão da classe - e em outros momentos da análise

presentes nas falas de todas as professoras entrevistadas.

Pensando em tudo que foi exposto e relacionando com os saberes que envolvem

medidas disciplinares, aplicação de regras e procedimentos e atitudes na interação com

os alunos, parece possível entender pelas pistas apresentadas que as professoras

iniciantes estão trilhando um caminho assertivo para ir efetivando suas ações em busca

de enfrentar os desafios da convivência em sala de aula, procurando não somente obter

o controle dos alunos, mas também o desenvolvimento de seu senso de

responsabilidade, como destaca Gauthier et al. (2013).

Avaliação

A avaliação das medidas disciplinares e das regras aplicadas nas ações do

cotidiano escolar que procuram repercutir na busca de um ambiente organizado

aparecem nas falas de Azaleia e Dália que descrevem como suas atitudes reverberam na

atuação dos alunos.

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“Tem muita briga, mas acho que facilitou muito a história do aluno do amor e ele faz

com que a sala se tranquilize, eu não preciso parar minha aula para interceder, ele já

fala “olha, depois vamos conversar.” (Azaleia)

“Eu abro espaço para eles falarem então acabo tendo um problema porque eles falam

muito, mas participando da aula e isso às vezes eu preciso cortar, apesar de gostar de

ouvir os alunos, porque senão eu não consigo terminar o conteúdo.” (Dália)

Azaleia mostra como o ajudante do amor se comporta ao interceder em situações

de conflito. Dália relata que a consequência de sua disponibilidade para ouvir os alunos

resulta em alguns momentos excesso de participação por parte deles, refletindo no

andamento das atividades. Gauthier et al. (2013, p.271) trazem que “os professores

eficientes aparecem sem dúvida nenhuma como aqueles que conseguem ser seletivos na

utilização de repreensões ou de críticas”.

Como reflexibilidade dos professores, têm-se as falas das docentes em início de

carreira, destacando aquilo que acreditam que ainda precisam aperfeiçoar em aspectos

profissionais práticos e/ou teóricos.

“Eu sempre chego no fim do ano e faço um balanço, como foi o ano, os pepinos que eu

tive, as coisas legais que aconteceram e eu acho que sempre tem onde melhorar,

porque se você achar que está completo, você entra naquela coisa que você deixa de ser

uma professora que traz novidade, traz coisa bacana para seus alunos. Tem algumas

coisas que eu tenho que melhorar em mim, a relação com os pais, por exemplo, eu

aprendi que tem coisas que a gente não tem que falar.” (Dália)

“A gente precisa melhorar sempre, alguns pontos mais, outros menos, mas mesmo

aquele que eu acho que hoje está 100%, com certeza ele tem possibilidade de ser

melhor. Eu preciso aprimorar na questão da Língua Portuguesa, planejar mais

atividades que sejam relevantes para eles e eu acho que eu vou conseguir”. (Camélia)

“Ah, eu acho que tenho muito que aprender, acho que sou muito crua e a gente tem que

aprender a todo momento [...] se eu explico a matéria e a criança não entende, preciso

raciocinar mais rápido para poder ensinar de outra forma. Tenho que pensar mais em

estratégias para conseguir passar o conteúdo de outra forma.” (Iris)

“Tem muita coisa que tem que ser aprimorada. Acho que eu ainda não cumpri meu

papel como eu gostaria, então eu acredito que nesse ano eu vá ter mais facilidade,

porque já vivenciei situações com as quais eu vou lidar mais facilmente e que eu não

pude lidar no ano anterior, porque eu não as conhecia. Então eu penso que óbvio que

tem muito para aprimorar em todos os sentidos, didática, compreensão das emoções,

em todos os sentidos ainda dá para buscar muita coisa para melhorar”. (Hortência)

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“Eu acho que eu preciso agir menos com o coração, porque todo mundo fala que

quando eu fico agindo com o coração, eu não vejo meus alunos como alunos, mas como

filhos, deixo até de dormir para tentar ajuda-los em alguma dificuldade que eles têm...”

(Azaleia)

“Ah, eu gostaria de aprender mais sobre a parte psicológica da criança, como lidar

com uma criança hiperativa, por exemplo. Eu aprimoraria mais essa parte de

comportamento, psicopedagogia. Se eu tivesse essa oportunidade eu faria sim, para

aprender como conversar, como dialogar com estas crianças”. (Margarida)

“Eu sempre olho para meu dia, eu faço a retrospectiva das minhas atitudes com os

meus alunos e eu sempre me repenso, eu acho isso extremamente importante [...] eu

preciso me aprofundar mais no desenvolvimento antropológico da criança. Então

assim, toda conquista física dela, mas em detalhes mesmo, não essa coisa mais rápida

que a gente vê. Tem outros tipos de Pedagogia surgindo e são coisas que quero

conhecer também, eu acho que a gente precisa olhar de uma forma diferente para o que

é inclusão hoje em dia, então me aprofundar mais na inclusão, porque hoje em dia você

tem uma sala que cada um tem sua pequena complicação, tem um curso que eu

pretendo fazer que trata dessas crianças que não tiveram seu desenvolvimento motor

100% no primeiro septênio [...]. Essas três coisas me faltam”. (Violeta)

Para Gauthier et al. (2013) os professores que refletem sobre suas próprias ações

e sobre as respostas dos alunos, aprimoram sua performance junto aos alunos. Desta

forma, nos depoimentos destacados, Dália trata da importância da comunicação com os

pais a qual pretende aperfeiçoar. Camélia e Iris trazem a necessidade de pensar em

estratégias pedagógicas para melhorarem seu empenho e a compreensão de seus alunos.

Hortência declara a importância de se aprofundar na área de didática e de aprender a

lidar com emoções. No mesmo sentido, Azaleia demonstra a preocupação em controlar

seu envolvimento emocional. Margarida e Violeta ressaltam a vontade de estudarem

mais sobre o desenvolvimento, o comportamento infantil e a área de inclusão. A

segunda complementa discorrendo sobre seu desejo de conhecer mais abordagens

pedagógicas. Vê-se desta maneira que todas as professoras apresentam a intenção de

ampliar seus saberes e sanar suas limitações pedagógicas profissionais.

Seguindo neste caminhar, tem-se a reflexibilidade das ações do professor

pertencentes aos saberes relacionados ao Planejamento, Interação com os alunos e

Avaliação da Gestão de Classe, desenvolvidos no curso de Pedagogia EaD.

“Eu acho que o curso traz muito a parte técnica da coisa, ele te dá, como eu falei, que

não pode ser só expositiva a aula, por exemplo, que você precisa trazer uma coisa

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prática, mas essa coisa do lidar com o interpessoal, eu acho que é uma coisa que falta

bastante, esse lidar com os alunos, lidar com a família dos alunos. Essa coisa de

análise de caso, né? Para te fazer pensar, a troca te faz ver outros pontos. Se você tem

a oportunidade de trocar num grupo heterogêneo como é o grupo de educação a

distância, as ideias são diferentes e te fazem ter um leque maior de opções.” (Dália)

“O curso ajuda sim, mas numa visão de que, sabe quando você lê e você não sabe do

que exatamente está falando ali? É como eu me colocar no lugar do meu aluno hoje, eu

leio livro, eu sei que tem aquele assunto, eu sei aquela palavra - agrupamento

produtivo, mas eu nunca fiz isso. Eu vejo professoras experientes fazendo, eu volto lá

nas minhas apostilas e entendo a parte teórica, cientifica e daí coloco em prática.”

(Camélia)

“Eu aprendi muito na prática, muitas questões nunca foram estudadas na teoria, pode

até ter sido, mas é como eu te disse, talvez eu não tenha dado um enfoque adequado.”

(Hortência)

“Olha, eu aprendi um pouco mais na prática do que no curso, foi quando entendi as

coisas, mas claro que o curso deu uma boa base.” (Azaleia)

“O curso ajuda a dar ideias pra gente, mas a gente aprende mais no dia-a-dia. A gente

aprende no curso que não pode deixar a criança muito tempo, que acaba virando rotina

ela ficar lá sentada, essas coisas que eu lembro que eu vi na faculdade e meu deu umas

ideias. Ajudou mais na parte de musicalização que aprendi na faculdade com a minha

tutora, porque acaba influenciando muito, então eu comecei a fazer a roda de conversa

e nessa roda de conversa depois a gente cantava e eles gostavam muito, era a parte que

eles mais gostavam. ” (Margarida)

“O curso de Pedagogia me proporcionou conhecimento para pensar algumas ações,

mas não em todas. Ajudou principalmente no jeito que posso trabalhar e me fez buscar

mais conhecimento.” (Violeta)

“O curso foi tudo para mim, aprendi muito com os materiais, todas as dinâmicas eu fui

aprendendo nas apostilas e os cursos práticos no congresso cientifico da faculdade

também ajudaram muito.” (Iris)

Iris, apenas, discorre sobre como o curso pareceu completo para ela. Dália

ressalta a falta do diálogo e das trocas durante a graduação. Praticar o diálogo docente

no ensino tende a elevar o nível de transformação que deve ocorrer na conduta destes ao

ingressarem na vida profissional (PERRENOUD, 2000). As falas de Dália, Camélia,

Hortência, Azaleia, Margarida e Violeta mostram que o curso ajudou a pensar e buscar

conhecimento, porém não conseguiu estabelecer uma conexão com a prática do

cotidiano escolar.

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Destes depoimentos é possível inferir que o curso de Pedagogia EaD não

consegue aproximar os aprendizes de situações reais escolares. Quatro professoras

demonstraram claramente a carência em compreender como a teoria estudada se aplica

na prática pedagógica, ou seja, como o curso de Pedagogia EaD não consegue

transformar o conhecimento cientifico em conhecimento escolar para que possa ser

ensinado pelos professores e aprendido pelos alunos. Giovanni e Guarnieri (2014, p.41)

retratam que:

Pesquisas sobre professores iniciantes que focalizam ingresso na

carreira e aprendizagem da docência têm evidenciado que a escola

enquanto local de trabalho assume papel central no processo de

constituição da docência, sinalizando desarticulação entre a formação

inicial e as condições exibidas pelos professores iniciantes para o

início da profissão.

Papi e Martins (2010) ao fazerem uma análise das investigações sobre

professores iniciantes constataram que os alunos egressos apresentam desejo de manter-

se com uma postura de professor e procuram assim, resgatar as aprendizagens

adquiridas durante sua vida acadêmica e pessoal, de trabalhar sua capacidade de

adaptação e de resolução de problemas, de se ambientar as práticas requeridas pela

escola, mas nem sempre estas ações estão em acordo com o conhecimento pedagógico

aprendido durante a graduação.

O Quadro 6 resume objetivamente os saberes revelados na análise relacionada a

Gestão da Classe. Os saberes relacionados a supervisão ativa do trabalho na interação

com os alunos foram os únicos não contemplados no estudo.

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Quadro 6. Saberes: Gestão da Classe

Gestão da

Classe

Planejamento

Interação com os alunos

Avaliação

Saberes

relacionados

por

Gauthier

et al. (2013)

Medidas

disciplinares

Regras e

procedimentos

Representações e

expectativas do

professor

Medidas disciplinares

Aplicação de regras e dos

procedimentos

Atitudes

Supervisão ativa do

trabalho

Medidas

disciplinares

Avaliação de

regras

Reflexibilidade

Saberes

relacionados

pelas

professoras

iniciantes

Medidas

disciplinares

Regras e

procedimentos

Representações e

expectativas do

professor

Medidas disciplinares

Aplicação de regras e dos

procedimentos

Atitudes

Medidas

disciplinares

Avaliação de

regras

Reflexibilidade

Parece possível afirmar que este estudo encontrou resultados muitos semelhantes

com estudos, já apresentados nesta tese, que procuraram analisar saberes de professores

iniciantes formados em cursos presenciais, que também não conseguem significar e

inter-relacionar o conhecimento científico, dado como teórico, com as reais

possibilidades práticas.

Os resultados obtidos aqui apresentam indícios de que todas as professoras

iniciantes entrevistadas, graduadas em Pedagogia no ensino a distância, entendem que

estão em uma fase fundamental para o processo formativo dos saberes da ação

pedagógica e se veem como aprendizes inquietas e motivadas para a responsabilidade

da docência, apesar de manifestarem medos, desafios, constante adaptação e busca pela

superação de práticas diárias.

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CONSIDERAÇÕES

Reflexões sobre a pesquisa, seus resultados e possíveis

encaminhamentos

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Considerações

Reflexões sobre a pesquisa, seus resultados e possíveis

encaminhamentos

Esta tese de doutorado procurou trazer dados que proporcionaram uma reflexão

sobre a formação e atuação profissional de pedagogos em início de carreira e egressos

de cursos de Educação a Distância, ampliando e enriquecendo discussões relacionadas a

Formação de Professores e Ensino Superior.

Como já dito, as pesquisas sobre formação de professores têm se sobressaído

pela quantidade na oferta e pela qualidade dos cursos de formação docente. Guimarães

(2006) ao falar sobre as pesquisas brasileiras mostra a necessidade de compreendermos,

em profundidade, os cursos de licenciatura, seus processos e resultados. Para ele

precisamos voltar nossa atenção à formação de professores, para que assim possamos

ajudar a fornecer novos ingredientes para a teoria e a prática da formação.

Por tudo que foi estudado nesta tese, de fato, parece ser fundamental o

aprofundamento em torno da relação dos professores com o desenvolvimento curricular

e com a escola, os procedimentos de aprendizagem, a conexão entre as instituições de

formação inicial e a atuação pedagógica, entre outros, refletindo sobre os valores e os

significados da ação docente. Ao ponderarmos a respeito destes valores e significados

contemplamos acerca do educador e das condições em que ele se encontra, a fim de

analisar e repensar práxis pedagógicas transformadoras, voltadas a uma educação

completa.

Com o propósito de responder a questão de pesquisa - Como os profissionais

formados em cursos de Pedagogia a distância, que são iniciantes na carreira docente

analisam sua formação, reconhecem e relacionam os saberes da ação pedagógica ao

exercício de sua profissão? este trabalho procurou conhecer mais sobre os saberes de

professores egressos e iniciantes na carreira docente, acreditando que novos saberes são

construídos na interação com outros conteúdos e diferentes sujeitos, e que o processo de

ensino e aprendizagem é dinâmico, social e dialético.

No início deste escrito foi possível resgatar referências e outras pesquisas no

sentido de contribuir com a temática relacionada a Formação de Professores,

Professores Iniciantes e Educação a Distância. As referências estudadas mostraram que

os cursos EaD estão caminhando a passos lentos, mas que estão tentando progredir na

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qualidade. Há muitas particularidades na instrução realizada a distância e tudo precisa

ser estudado e aperfeiçoado. No campo de Formação de Professores a modalidade se

apresentou como uma vigorosa opção para atender o regulamento da LDBEN de 1996

que definiu a necessidade de titulação superior para os docentes de todos os níveis de

ensino. “Num país continental como o Brasil o desafio continua sendo imenso, mas os

avanços também são perceptíveis” (NICOLOTI, 2013, p. 11).

Este trabalho entende ter sido relevante por estudar saberes, principalmente os da

ação pedagógica, de professores em início de carreira formados em Pedagogia EaD.

Nenhum outro trabalho com este perfil foi encontrado. Ainda são muito poucas as

pesquisas que abordam a percepção dos alunos sobre o curso a distância e os saberes

conquistados a partir da graduação efetivada nesta modalidade.

Nessa perspectiva, foi possível conhecer, mapear e descrever os sujeitos

envolvidos com a Educação a Distância em busca de entender quem procura esta

modalidade para conquistar a formação desejada. O mapa traçado neste estudo concluiu

que a minoria das pessoas são professores em início de carreira, e que sim, muitos já

possuem idade acima de vinte anos, apresentam experiência na área da educação e estão

procurando um reposicionamento ou um reenquadramento no mercado de trabalho,

normalmente em funções que já praticam, porém sem a garantia legal oferecida pelo

diploma na área.

Com o passar do tempo e com a necessidade de se formar professores deverão

haver muitas mudanças no perfil das pessoas interessadas por estes cursos, pois

atualmente, muitos são os alunos no exercício da profissão legitimando suas ações na

escola, pós-graduados que aspiram por formação pedagógica, alguns realizando o

segundo curso de graduação e, em quantidade bem mais reduzida, jovens concretizando

sua primeira graduação (ALMEIDA, IANONE e SILVA, 2012).

Entendendo que a melhor fonte para o conhecimento sobre as percepções de

saberes adquiridos durante a graduação sejam os egressos, a partir do questionário

aplicado salientou-se a importância que o curso tem no desenvolvimento da

autodisciplina e da autonomia de todos, apesar de não satisfazer plenamente quando se

trata da formação para o exercício profissional competente. Harmonizando com

Almeida, Ianone e Silva (2012, p.344), nota-se por parte dos participantes o “[...]

gradativo enfraquecimento do preconceito, a partir da inclusão profissional dos egressos

e da avaliação dos respectivos desempenhos”.

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Os egressos deixaram claro que passaram por dificuldades, como o tempo de

estudos, quantidade de disciplinas e trabalhos, uso do ambiente virtual e das ferramentas

online e ausência de interação com os tutores virtuais, provocando falta de feedbacks e

orientações durante a realização da graduação. Também alegaram que sentiram carência

de aprendizagens relacionadas à didática, metodologia, práticas escolares, casos de

ensino e problemas escolares reais, mas que apesar disso tudo, sentiram-se preparados

para aceitar o desafio de lecionar. Para conquistar melhorias no curso, os participantes

sugerem melhoras significativas como a fundamentação de atividades práticas e

teóricas, mais aulas presenciais, melhores professores e tutores, aumento da carga

horária, maior nível de cobrança e exigência por parte dos docentes e a inserção de

atividades que demostrem a atuação do professor em sala de aula com a oportunidade de

vivenciar oficinas ou cursos presenciais oferecidos pelas universidades.

Acreditando que as percepções que apareceram ao longo da coleta de dados e

que teceram os resultados desse estudo refletem as condições dos contextos as quais as

participantes estão inseridas, a análise das entrevistas realizadas, com as sete

professoras iniciantes, salientou que todas se sentiram motivadas em realizar o curso de

Pedagogia, pois a vontade em praticar a docência já existia ou foi adquirida a partir da

realização do mesmo. Elas entendem que o início da docência é uma etapa, pela qual

estão passando, determinante para o processo formativo, marcada por erros, pelas

tentativas de acertar e de ser aceito pelo círculo profissional e uma das principais fontes

dos seus saberes para lecionar.

Estudar constantemente, compreender práticas e conteúdos, conhecer e entender

os alunos e as relações escolares, ser versátil, organizar-se, preparar rotinas, desenvolver

a capacidade de planejar-se, falar e se comunicar com todos foram saberes elencados

como primordiais pelas professoras iniciantes. Como conquistas alcançadas nestes

poucos anos de docência todas destacaram o desenvolvimento de saberes que as fizeram

aprender e aperfeiçoar o trabalho docente. O progresso em ações diárias, como o ato de

planejar com maior precisão e rapidez, a transmissão de conteúdos a partir de uma

comunicação mais efetiva e a destreza em conhecer o outro foram ações abordadas que

se relacionam com os saberes da ação pedagógica elencados por Gauthier et al. (2013).

Em relação a Gestão da Matéria, ao que tudo indica, as egressas iniciantes

entrevistadas dominam saberes relacionados a organização do trabalho durante a fase de

planejamento, traçando objetivos, priorizando conteúdos e transformando-os em

estratégias e atividades de aprendizagem e recebem apoio da gestão escolar, dos colegas

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de trabalho, do material didático adotado, do diagnóstico da turma e de pesquisas

realizadas na internet. As participantes se preocupam com a estrutura das atividades

trabalhadas e se dividem entre atuações mais expositivas e outras mais práticas e

coletivas, fazendo uso da música, de saídas da sala de aula convencional, de idas a

laboratórios, montando hortas, entre outros. Parece claro, que todas procuram se atentar

e buscam aperfeiçoar-se nos saberes relacionadas ao planejamento e a interação dos

alunos com as atividades, o ensino e a quantidade de instrução.

Pensando em Gestão da Classe podemos inferir que há uma preocupação por

parte das docentes entrevistadas no planejamento em relação a convivência do professor

com os alunos para garantia da disciplina e o desenvolvimento satisfatório da turma.

Esta mesma inquietação se configura ao tratarmos de representatividade discente,

convivência e organização física e social do ambiente. Os relatos indicam que as

professoras estão procurando traçar ações assertivas na busca por um aprofundamento

dos saberes que envolvem medidas disciplinares, aplicação de regras e procedimentos e

atitudes na interação com os alunos, pois o curso não ensinou tudo que precisavam e a

vivência prática tem proporcionado isso.

Considerando que as participantes entrevistadas desta pesquisa possuem poucos

anos de experiência docente, compreende-se que elas já estão construindo a sua

docência, a sua forma de ser professora, amparadas pelos contextos em que estão

inseridas e por suas aprendizagens iniciais que foram e ainda estão sendo construídas,

visto que o professor da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental é

responsável por formar, informar, despertar, conhecer e provocar seus alunos para

buscar e realizar novas descobertas.

Na mesma direção do que foi coletado pelo questionário respondido pelos

egressos, a percepção das participantes entrevistadas também deixa claro que, o curso

de Pedagogia a distância propiciou saberes que as ajudaram a desenvolver a docência,

porém em praticamente todos os depoimentos, fica registrado que os saberes foram mais

desenvolvidos com a própria ação do trabalho, na prática, do que com o curso de

formação inicial, o que fez com que a maioria delas não se sentissem totalmente

preparadas para lecionar.

Isso posto, pode-se deduzir que professoras iniciantes egressas de cursos de

Pedagogia EaD reconhecem e relacionam seus saberes da ação pedagógico com pouca

intensidade ao que foi desenvolvido no curso de formação inicial, mas atribuem sim, o

despertar de seu repertório de conhecimentos de ensino as ações concretizadas no

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desempenho da profissão. A partir disso, tem-se que os cursos auxiliam no

desenvolvimento da docência, porém não explicitam de forma objetiva e clara como se

apresenta o funcionamento da escola na prática, com suas relações, rotinas e situações.

Estes resultados confirmam a hipótese inicial desta tese que delineava que os

cursos de Pedagogia a distância oportunizariam, em parte, uma formação pedagógica

que possibilitasse a articulação entre os conhecimentos e os saberes teóricos e práticos,

principalmente os saberes da ação pedagógica, no âmbito da área educacional, mas

ainda distanciados do contexto real da sala de aula. Assim temos que o distanciamento

do curso de formação inicial da real situação de sala de aula também se faz presente

nessa modalidade de formação.

Gauthier et al. (2013) apresentam a atividade docente como complexa e

multiforme, por isso justifica o trabalho durante a formação inicial com a identificação

de práticas gerais que possibilitam enfrentar o caráter circunstancial, de raciocínio

prático, de diferentes situações de ensino, pois a partir de um repertório de

conhecimentos pedagógicos, o professor pode adquirir maior possibilidade de constituir

uma ordem na situação complexa e incerta da sala de aula.

Entende-se que este estudo pôde contribuir para ampliar a discussão sobre

formação de professores, cursos na modalidade a distância, professores iniciantes e

saberes docentes, por meio da perspectiva de egressos formados em Pedagogia EaD,

destacando seu perfil, suas necessidades, suas experiências e seus desafios na carreira

docente, visto que os saberes de um professor envolvem uma realidade social

concretizada a partir de formações, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas

escolares e de uma pedagogia institucionalizada, que são, ao mesmo tempo, os saberes

deles (TARDIF, 2002).

A quantidade de participantes entrevistadas e o fato de apenas uma delas ser

advinda de uma instituição pública não possibilitou a ampliação das discussões para

aspectos específicos nos cursos de instituições com natureza distinta. Além disso, esse

trabalho não realizou observação diária das práticas das professoras e nem a análise de

currículos e propostas dos cursos de Pedagogia Ead – elementos que caracterizam suas

limitações. Outros estudos poderão se aprofundar nestas e em outras questões

ampliando e expondo outros direcionamentos para os resultados. Faz-se impossível

generalizar os dados obtidos, porém eles poderão compor sapiência a outras pesquisas

de universo similar.

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Compreender como professores aprendem, reconhecem, relacionam e produzem

seus saberes da ação pedagógica pode levar a reflexão e consequente melhoria de

propostas e currículos para a oferta de cursos de graduação, sejam presenciais ou EaD,

visto que, no âmbito universitário ainda não foi possível romper com as peculiaridades

reacionárias dos cursos de formação, “[...] com o modelo aplicacionista dos

conhecimentos a serem adquiridos, com os mecanismos de aligeiramento do processo

formativo e com a supervalorização do aprendizado pela experiência que não considera

as condições reais de exercício da profissão” (GIOVANNI e GUARNIERI, 2014, p.

41).

Sabe- se que a modalidade a distância vem se expandindo de forma exponencial,

havendo uma tendência para a diminuição dos cursos presenciais e uma consolidação

das instituições para oferecerem cursos no formato EaD, por isso faz-se necessário

priorizar cada vez mais a melhoria da qualidade destes cursos, capacitando profissionais

que possam desenvolver um trabalho pedagógico específico de professor e tutor

conhecedor da área de atuação, que dominem as relações sociais, virtuais, o uso de

tecnologias digitais, ferramentas e mídia, visto que, aos poucos, provavelmente irá

haver uma maior integração e articulação de diferentes mídias no desenvolvimento dos

cursos em geral (ALMEIDA, IANONE e SILVA, 2012).

Pensando nisso e corroborando com o que foi dito pelos egressos, visando o

aperfeiçoamento dos cursos de Pedagogia a distância e os possíveis avanços

pedagógicos na formação inicial dos estudantes, as faculdades devem procurar por

profissionais, principalmente por tutores presenciais e virtuais, mais qualificados e

experientes com a atuação pedagógica, com a escola e com a sala de aula e por

professores que conheçam e saibam utilizar as ferramentas de aprendizagem online

corretamente e que disponham de leituras, debates e atividades que desenvolvam nos

educandos a capacidade de transformar e analisar as sabedorias científicas e as

sabedorias escolares.

Proporcionar mais encontros presenciais dialógicos e a construção de

conhecimentos inter-relacionados, seja em forma de aulas conteúdistas, de palestras ou

oficinas didáticas, mais oportunidades de encontros virtuais síncronos para

esclarecimento de dúvidas, troca de acontecimentos decorrentes do estágio e estudos de

temáticas específicas, gravação de vídeo-aulas com temas que levem a reflexão sobre os

acontecimentos sociais, políticos e culturais, maior diversidade no uso de TIC´s e uma

conclusão de curso com entrega de portfólios e vivências significativas resultantes do

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processo também podem ser iniciativas relevantes para o aprimoramento da formação

docente e da criticidade desenvolvida pelo ensino superior.

Estudos apresentados nesta tese apontam que o curso de Pedagogia EaD é uma

realidade inegável no cenário nacional de formação de professores e manifestam

problemas que se referem a cursos de Pedagogia que independem da modalidade de

ensino, acrescidos da complexidade inerente a um curso a distância. Nessa direção

Gatti, Barretto e André (2011, p. 105) descrevem que formações a distância requerem

grupos docentes com boa formação e “[...] formação quanto a aspectos específicos da

modalidade; exigem tecnologias sofisticadas e ágeis, materiais bem produzidos e

testados, polos bem instalados, monitores ou tutores bem formados, apoiados e

acompanhados”.

A formação de professores deve acompanhar o ritmo da educação e do progresso

das tecnologias e também o curso de Pedagogia EaD deve assumir o lugar no qual os

saberes experienciais e da ação pedagógica se construam, ou seja, os saberes teóricos e

acadêmicos devem-se arquitetar com os saberes validados pela prática pedagógica.

“Essas duas perspectivas de ensino, totalmente opostas, têm um ponto em comum: são

discursos de isolamento que impedem a melhoria da educação” (GAUTHIER et al.,

2013, p. 393).

O desenho desta pesquisa procurou oferecer subsídios à compreensão deste

conceito e ao desenvolvimento de cursos de Pedagogia a distância, podendo trazer

referências para as licenciaturas em diferentes áreas de conhecimento e, também, para

outros cursos de graduação a distância. Independentemente da modalidade de ensino,

presencial ou a distância, ou do tipo de graduação, pública ou privada, a integração de

dimensões acadêmicas e empíricas devem fundamentar e não segmentar o

desenvolvimento dos saberes docentes, aprimorando o caminho de formação de

professores no contexto da realidade brasileira.

Ao fortalecer o campo de Formação de Professores, esta pesquisa contribuiu

para o desenvolvimento inclusive da própria pesquisadora, que como também

professora e formadora pôde ampliar seus saberes pessoais e profissionais na trajetória

em busca de uma educação mais qualificada a todos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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202

APÊNDICES

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203

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS

PARTICIPANTES DA PESQUISA

Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara

Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar

Eu, Juliane Raniro, aluna da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara,

convido você para participar de minha pesquisa de doutorado que se chama: O trabalho

docente de professores iniciantes: a relação teoria e prática nos cursos de formação a

distância.

Gostaria de entender mais sobre o curso de formação que concluiu e sobre suas

práticas pedagógicas e experiências profissionais adquiridas durante o processo.

A sua participação é muito importante. Irei lhe solicitar o preenchimento de um

questionário e futuramente, talvez, a concessão de uma entrevista.

Se você aceitar, o questionário será realizado individualmente e a entrevista, se

houver, será gravada e todo material ficará com a pesquisadora e será utilizado somente

para fins acadêmicos. Caso seja selecionado para a entrevista, você será identificado por

outro nome. Os riscos decorrentes da pesquisa são potencialmente mínimos, todos os

cuidados éticos estão sendo tomados para evitá-los e a pesquisadora assumirá total

responsabilidade por eventuais danos.

Espera-se que este estudo nos faça entender como docentes em início de carreira

reconhecem suas aprendizagens acadêmicas e como elas se aplicam no cotidiano

escolar, ou seja, pretende-se analisar aqui, a formação inicial em Pedagogia, na

modalidade a distância e a prática profissional docente de professores egressos desta

formação a fim de possíveis melhoramentos.

Sua participação não irá ocasionar-lhe nenhum tipo de ônus financeiro, porém

caso isto ocorra, todas as despesas quando devidas e decorrentes de sua participação na

pesquisa serão de responsabilidade da pesquisadora.

Segue abaixo os dados da pesquisadora, podendo tirar suas dúvidas sobre o

projeto e/ou sua participação a qualquer momento.

___________________________________________________

Juliane Raniro

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204

Departamento de Didática/ Comitê de Ética em pesquisa

Rodovia Araraquara-Jaú Km 1 – Bairro Machados

Telefone para contato: (016) 3334-6244

E-mail: [email protected]

Eu, _________________________________________________________________,

entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e

declaro que concordo em participar. Sei que a qualquer momento poderei desistir ou

solicitar novas informações. A pesquisadora me informou que o projeto foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Ciências e

Letras do Campus de Araraquara - UNESP, localizada à Rodovia Araraquara-Jaú, Km 1

– Caixa Postal 174 – CEP: 14800-901 – Araraquara/SP – Fone: (16) 3334-6263 –

endereço eletrônico: ([email protected])

Campinas – SP, ______ de ___________________ de 2016.

________________________________________________

Assinatura do participante

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205

APÊNDICE B

Questionário para coleta de dados

Título da pesquisa: O trabalho docente de professores iniciantes: a relação

teoria e prática nos cursos de formação a distância

Eu, Juliane Raniro gostaria de entender mais sobre o curso de Pedagogia a distância

que você concluiu e sobre suas práticas pedagógicas e experiências profissionais

adquiridas durante o processo.

A sua participação é muito importante para procurarmos entender e possivelmente

melhorar a oferta de cursos superiores. Irei lhe solicitar o preenchimento deste

questionário e futuramente, talvez, a concessão de uma entrevista, caso você se encaixe

no perfil dos profissionais procurados para o aprofundamento desta pesquisa.

Sobre você

1. Nome completo:

2. E-mail para contato: ______________________

3. Idade: ( ) menos de 20 anos ( ) 20 à 30 anos

( ) 30 anos à 40 anos ( ) mais de 40 anos

4. Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

5. Indique qual é o seu maior grau de instrução:

( ) Graduação ( ) Pós- graduação lato sensu (especialização) ( ) Pós-

graduação stricto sensu (mestrado e doutorado)

6. Se você tem mais de uma graduação, o curso anterior foi:

( ) Presencial ( ) A distância ( ) Não possuo graduação anterior

7. Você está atuando profissionalmente na área da Educação?

( ) Sim ( ) Não

8. Se sim, há quantos anos esta trabalhando? (Não obrigatória)

( ) Há menos de 3 anos ( ) até 5 anos ( ) mais de 5 anos

9. Se não está atuando na área de educação em qual área você atua? (Não

obrigatória)

____________________________________________________

10. Como atua na área pedagógica? Em que função e nível de ensino?

( ) Não estou atuando na área da educação

( ) Professor da educação infantil

( ) Professor do ensino fundamental – 1º a 5º ano

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( ) Professor do ensino fundamental – 6º a 9º ano

( ) Professor ensino médio

( ) Professor curso profissionalizante

( ) Professor em Instituição de Ensino Superior

( ) Gestor – coordenador, diretor, orientador educacional

( ) Outros. Especifique: ____________________________________________

11. Assinale em que tipo de instituição de ensino que você trabalha:

( ) Pública ( ) Privada ( ) Pública e Privada

( ) Não atuo em instituições de ensino

12. O que o motivou cursar Pedagogia a distância? (Você pode assinalar mais de

uma opção)

( ) Se profissionalizar

( ) Progressão funcional

( ) Aquisição de conhecimento

( ) Empregabilidade

( ) Outros. Explique: __________________________________________________

Sobre o curso de Pedagogia

13. Você cursou pedagogia a distância em uma instituição:

( ) Pública ( ) Privada

14. Houve mudanças significativas de aprendizagens, em você, durante o período

em que cursou pedagogia?

( ) Sim ( ) Não

15. Se sim, quais mudanças puderam ser percebidas? (Não obrigatória)

( ) Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e didáticos teóricos;

( ) Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e didáticos práticos;

( ) Aprendizagem de conhecimentos pedagógicos e didáticos teóricos e práticos;

16. Se não houve mudanças significativas, justificar o porquê não houve: (Não

obrigatória)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

17. Existiram dificuldades?

( ) Sim ( ) Não

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18. Se sim, quais foram as dificuldades encontradas para a realização do curso na

modalidade EaD? (Você pode assinalar mais de uma opção) (Não obrigatória)

( ) Uso do computador

( ) Uso do ambiente virtual e das ferramentas online

( ) Falta de tempo para a realização de estudos

( ) Quantidade de disciplinas e trabalhos por semestre

( ) Dificuldade nas leituras

( ) Realização das disciplinas extracurriculares – cursos, congressos, entre outros

( ) Interação professor e aluno

( ) Interação tutor virtual e aluno

( ) Interação tutor presencial e aluno

( ) Interação alunos com alunos

( ) Deslocamento até o polo para encontros presenciais

( ) Falta de conhecimento de conteúdos da educação

( ) Falta ou ausência de feedbacks e orientações

( ) Estrutura do polo

19. Se não houve dificuldades, justificar o porquê não houve: (Não obrigatória)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

20. Quais conteúdos você considera que poderiam ter sido mais explorados no curso

de pedagogia a distância? (Você pode assinalar mais de uma opção)

( ) Conteúdos relacionados a teorias pedagógicas

( ) Conteúdos relacionados à didática, metodologia e as práticas escolares

( ) Conteúdos relacionados a casos de ensino e problemas escolares reais

21. Você se sente satisfeito com a formação recebida no curso de Pedagogia na

modalidade EaD?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte

22. Justifique a alternativa assinalada na questão 20:

________________________________________________________________

________________________________________________________________

23. Os conteúdos disponibilizados na formação em Pedagogia EaD possibilitaram

exercer seu trabalho como professor?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em partes

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24. Justifique a alternativa assinalada na questão 22:

________________________________________________________________

________________________________________________________________

25. Assinale o que você considera relevante para aprimorar a formação recebida no

curso de Pedagogia a distância: (Você pode assinalar mais de uma opção)

( ) Melhores professores

( ) Melhor fundamentação teórica

( ) Melhor fundamentação de atividades práticas

( ) Aumento da carga horária

( ) Maior nível de cobrança e exigência por parte dos docentes

( ) Mais aulas presenciais

( ) Melhores tutores

( ) Outros. Explicite: _________________________________________________

26. Você autoriza que os resultados desta pesquisa sejam divulgados para fins

acadêmicos sem que sua identidade seja revelada?

( ) Sim ( ) Não

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APÊNDICE C

Entrevista - Roteiro

1º Bloco – Saberes e percepções sobre a formação docente

1. Porque escolheu fazer Pedagogia?

2. Quais saberes você acredita ser importante o professor desenvolver para poder

dar aulas?

3. Você acredita que estes saberes foram desenvolvidos durante o seu curso de

Pedagogia EaD?

4. Como você faz uso deles em sala de aula?

5. Que saberes você acredita que já tenha desenvolvido nestes anos como docente?

6. Você sentiu-se preparada, após sua formação a distância em Pedagogia para

lecionar?

7. Como é para você ser um professor iniciante? Como definiria esta fase?

2º Bloco – Gestão da Matéria

1. Ao iniciar o ano letivo, como você prepara o seu planejamento? A partir de quê?

2. Como pensa as atividades que propõe?

3. Como seleciona o que pretende ensinar? Os conteúdos, conceitos, material, entre

outros.

4. Dos conteúdos selecionados para trabalhar dentro das áreas de Português

(alfabetização), Matemática, Ciências, entre outros, qual deles apresenta maior

dificuldade para o preparo da aula e para dar aula? Porque? Caso atue na

educação infantil, de que forma você trabalha com estes conteúdos?

5. O curso que você realizou de Pedagogia a distância lhe deu este suporte? O

curso ofereceu formação para trabalhar com os conteúdos escolares? De que

forma? Em quais disciplinas?

6. Como você busca organizar os conteúdos de suas aulas? Faz aulas expositivas,

práticas, experienciais...

7. O curso de Pedagogia lhe ajudou neste sentido?

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3º Bloco – Gestão da classe

1. Quais são suas ações docentes, ou seja, como você prepara o ambiente de ensino

de seus alunos? Como se organiza, como age, que atitudes e procedimentos

implementa para desenvolver o relacionamento dos alunos com os colegas e o

conteúdo?

2. De que forma, o curso de Pedagogia EaD lhe proporcionou conhecimento para

pensar nestas ações?

3. Ao iniciar o ano letivo você recebe informações sobre os seus alunos? Há

alguma ação da escola que possibilite que você conheça os alunos que irá

acompanhar? E suas ações quais são?

4. Há algum desafio em relação à comunicação e envolvimento com seus alunos?

Quais e como você lida com isso?

5. Como professora iniciante, egressa do curso de Pedagogia, você acredita que

vem cumprindo seu papel? Há algo ainda que precisa ser aprimorado?

Neste sentido, como o curso realizado, de Pedagogia EaD, lhe ajudou ou ajuda?