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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 16, 17 e 18 de abril de 2013 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA NO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ: INSTALANDO UMA CULTURA DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS PARA ALAVANCAR A CAPACITAÇÃO DOS SERVIDORES Ana Perpétua Ellery Corrêa Sandra Valéria de Morais Santos

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA NO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ: INSTALANDO UMA

CULTURA DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS PARA ALAVANCAR A CAPACITAÇÃO DOS SERVIDORES

Ana Perpétua Ellery Corrêa Sandra Valéria de Morais Santos

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Painel 37/139 Novos aportes na capacitação de servidores – I

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA NO TRIBUNAL DE

CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ: INSTALANDO UMA CULTURA DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS

PARA ALAVANCAR A CAPACITAÇÃO DOS SERVIDORES

Ana Perpétua Ellery Corrêa Sandra Valéria de Morais Santos

RESUMO O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará – TCM-CE, em sintonia com as crescentes transformações no mundo organizacional, desenvolveu o Programa de Educação Corporativa – PEC, um modelo de gestão do conhecimento que esteja alinhado com as necessidades de capacitação de seus servidores. Tal iniciativa visa, especialmente, direcionar as ações educacionais para que haja uma relação direta entre as experiências formativas individuais e o alcance das metas organizacionais. O presente artigo tem como objetivo apresentar soluções e tendências verificadas pelo modelo do PEC, como um instrumento de alavancagem institucional, introduzindo uma nova metodologia de avaliação de desempenho no âmbito individual e institucional. Para tanto, são utilizados instrumentos de mensuração do cenário ex-ante e ex-post com foco na agregação de conteúdo, verificação do impacto da capacitação e aplicabilidade dos conhecimentos apreendidos, sendo estes difundidos por meio da utilização de um software gerencial que integra os resultados das avaliações ao portfólio de cursos de formação continuada. Tais elementos servem de subsídios para a definição do grau de ajustamento do PEC aos objetivos estratégicos do TCM-CE, representando uma nova concepção da utilização dos indicadores educacionais para o direcionamento da oferta aprendizagem efetiva como desafio a ser explorado na gestão pública. Palavras-chave: Educação corporativa. Cultura tecnológica. Gestão e avaliação de resultado.

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1 INTRODUÇÃO

O conceito de Universidade Corporativa está intimamente associado à

gestão do conhecimento no ambiente organizacional, sendo um dos principais

veículos de aprimoramento técnico e humanístico, bem como de fortalecimento e

disseminação da cultura das instituições.

No cenário mundial, organizações empresariais de grande porte têm

optado pela criação de Academias ou Universidades Corporativas, por acreditarem

que o desenvolvimento de competências individuais e organizacionais caminha na

mesma direção. Para a viabilização deste tipo de iniciativa, empresas se utilizam de

programas de capacitação que articulam a oferta de cursos presenciais e a

distância, ou híbridos1, para o atendimento de suas expectativas formativas.

Corroborando com esta percepção, Starec (2001) conceitua a educação

corporativa como um “um sistema de desenvolvimento de pessoas, pautado na

gestão por competência, o qual tem por objetivo promover a cultura, os valores da

empresa e capacitar os funcionários de acordo com as necessidades específicas de

cada setor.”

Considerando que a visão moderna de gestão privilegia o investimento

em capital humano nas empresas públicas e privadas, gestores têm despertado para

a importância de despender esforços no aprimoramento das competências,

habilidades e atitudes de sua força de trabalho, ao mesmo tempo em que fortalecem

sua missão institucional.

Neste sentido, os benefícios viabilizados por meio de um programa de

educação corporativa se revertem em uma formação mais qualificada do indivíduo

para o desenvolvimento de suas atividades, afetando suas competências individuais

e repercutindo, por consequência, no desempenho organizacional.

Para tanto, a integração das dimensões gerenciais, funcionais,

comportamentais e de conhecimentos gerais, desenvolvidas em diversas empresas

nacionais e multinacionais, representa, além da oportunidade de aprimoramento de

natureza técnica do corpo funcional, a incorporação de princípios e valores das

organizações por esses agentes.

1 Cursos realizados tanto presencialmente quanto on-line. Essa modalidade pode ser chamada

também de dual-mode, blended ou cursos semi-presenciais.

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Portanto, a introdução de um programa de capacitação gestado e

implementado dentro das instituições permite que tanto a empresa quanto o servidor

possam se atualizar simultaneamente, na medida em que a matriz curricular dos

cursos é idealizada na perspectiva de conciliação dos interesses que lhes são

comuns. O resultado dessa composição se reverte no envolvimento e motivação

para a aprendizagem, que vem impactar em uma maior capacidade de adaptação e

de reação positiva a mudanças.

Os programas educacionais com identidade corporativa, presentes com

maior intensidade a partir do final do século XX, têm se destacado na medida em

que promovem a qualificação dos seus colaboradores para a vida e para o trabalho

se comunicando com estes dois universos de forma bidirecional.

Segundo Eboli (2004), existem sete princípios que favorecem o sucesso

da adoção da educação corporativa, quais sejam: competitividade, perpetuidade,

conectividade, disponibilidade, cidadania, parceria e sustentabilidade. O primeiro

princípio manifesta que a instituição passa a se diferenciar diante das demais,

tornando-se mais competitiva, na medida em que a assimilação de conhecimentos

passa a representar uma prestação de serviços mais qualificada. Os demais

princípios se pautam na capacidade de continuidade, de agregação de saberes e de

fortalecimento das relações interpessoais, no entendimento de que o conhecimento

é um instrumento valioso para a humanização, para o aprendizado de viver juntos

em harmonia.

Entretanto, para que os resultados sejam maximizados, é necessário que

haja uma mudança cultural tanto da Instituição quanto dos agentes envolvidos nas

capacitações, de modo que as pessoas que fazem parte do processo formativo

tenham consciência da importância do seu papel desde o princípio até a conclusão

de sua capacitação, tornando-se ativos na construção de sua aprendizagem e, ao

mesmo tempo, gerando retornos desses investimentos em suas vidas e no

comprometimento com seu desempenho pessoal face às atividades desenvolvidas

na organização a qual pertence.

Deste modo, a implantação do Programa de Educação Corporativa – PEC

no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará – TCM-CE se apresenta

como desencadeador do envolvimento desta Instituição em ações educacionais

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voltadas para os seus colaboradores internos, tendo como diferencial a capacidade

de refletir a dinâmica e as estratégias de negócio desenvolvidas pelo Tribunal.

Em relação aos agentes que atuam como planejadores educacionais,

conteudistas e instrutores, é de fundamental importância que estes alinhem seus

métodos e os conteúdos abordados com as diretrizes do programa de modo a

permitir que as iniciativas formativas do PEC tornem-se instrumentos propulsores do

desenvolvimento de atividades mais qualificadas.

É importante ressaltar que é condição sine qua non que haja o

envolvimento, apoio, adesão e investimento dos dirigentes maiores e chefias táticas

e estratégicas, sem os quais o programa perde força, podendo vir a comprometer os

resultados e a qualidade dos serviços produzidos que sejam diretamente

impulsionados pelo desenvolvimento em capital humano.

O Programa de Educação Corporativa – PEC do TCM-CE, gerenciado pela

Escola de Contas e Gestão, deu início em março de 2012, abrangendo inicialmente

cursos técnicos em áreas de maior relevância para a Instituição e seus recursos

humanos, traduzindo-se como um canal de valorização do conhecimento interno.

O modelo implantado foi idealizado como uma estratégia educacional

capaz de organizar e conjugar, de forma sistêmica, as relações entre a instituição,

seu ambiente e as necessidades de aprendizagem pessoal e coletiva, tendo

passado a ser acompanhado e avaliado nos momentos antes e depois da realização

das formações.

2 OBJETIVOS

O presente artigo tem como objetivo apresentar as soluções e tendências

verificadas durante a implantação, desenvolvimento e acompanhamento do

Programa de Educação Corporativa no TCM-CE, tendo em vista que o PEC se

caracterizou por possibilitar a institucionalização da aprendizagem contínua

orientada para o desenvolvimento de pessoas no Tribunal. As áreas de relevância

estratégica desenvolvidas no Programa estão intrinsecamente relacionadas às

práticas de trabalho do TCM-CE, associando os interesses por capacitação

expressos pelos servidores do Órgão à missão do Tribunal.

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O referido programa se pauta na mobilização de um esforço pedagógico

focado no aprimoramento das competências essenciais dos servidores para o

alcance de resultados de desempenho esperados, abrangendo as áreas técnicas e

comportamentais, em que são utilizadas ferramentas de avaliação, disponibilizadas

on-line, que viabilizam o acompanhamento contínuo das ações educacionais.

3 METODOLOGIA

O PEC foi desenvolvido para dar uma nova roupagem e alavancar à

função educacional da ECOGE, em que as atividades de capacitação passaram a

ser planejadas e acompanhadas, assim como os fatores que determinavam seu

sucesso ou insucesso.

Para mensuração desses fatores tornou-se de fundamental importância a

análise dos fatores como evasão, nível do aluno na entrada e após o curso, o grau

de atendimento das expectativas dos beneficiados em termos de organização,

material didático, complexidade do conteúdo ministrado, didática do professor, carga

horária, bem como a percepção da chefia imediata em termos de importância do

curso para o desempenho das funções de seus colaboradores e a repercussão do

investimento educacional para a motivação e melhor qualificação destes para o

exercício de suas funções no TCM-CE.

Didaticamente apresentando o passo-a-passo da experiência que se

inicia na introdução da educação corporativa no Tribunal, entendendo a necessidade

de que o corpo funcional deve ser sempre estimulado a se desenvolver por meio de

uma capacitação continuada, após o desenvolvimento de uma oferta significativa de

cursos nos últimos anos, primeiramente foi realizado um levantamento de

necessidades de capacitação, junto ao corpo funcional, cuja sondagem permitiu

identificar a demanda de formação continuada que abrangesse a totalidade dos

servidores do TCM-CE.

Na sequência, a partir do levantamento efetuado, foram definidos os

temas de maior prioridade em relação ao melhor desempenho no desenvolvimento

efetivo de atividades laborais no Tribunal. Esses temas foram tabulados e agrupados

os de forma correlata, de modo a contemplar um conjunto de cursos que

representasse a demanda educacional do Tribunal em termos agregados.

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Após alinhamento dos temas, a versão final deste levantamento foi

submetido a posteriori às Diretorias para fins de avaliação e validação, em como

analisado por uma comissão de avaliação constituída na Escola de Contas e Gestão

do TCM-CE, a fim de sedimentar o elenco de temas para cursos a serem aplicados

aos colaboradores da instituição.

Em seguida, deu-se a concepção e elaboração da plataforma de

apresentação do programa juntamente com a Diretoria de Tecnologia da Informação

do Tribunal para abrigar as inscrições, metodologia do PEC, fichas técnicas e as

avaliações, por meio da utilização de um software que integra formação continuada,

avaliação de desempenho e objetivos estratégicos e, ainda, apresenta uma nova

concepção de captação de resultados de aprendizagem efetiva como desafio a ser

explorado na gestão pública.

Na etapa seguinte, ocorreu a abordagem com potenciais conteudistas e

instrutores, o que desencadeou o planejamento dos calendários de ofertas de

capacitação e adjudicação de temas de maior relevância associados a instrutores e

disponibilidade de calendário adequado a oferta de cursos face às demais atividades

de rotina do TCM-CE.

A participação de técnicos da instituição como conteudistas, inicialmente,

fortaleceu a implantação do programa uma vez que permitiu o atendimento imediato

de gaps observados por ocasião do levantamento de necessidades de capacitação

que norteou a priorização de temas e cursos a serem desenvolvidos e ofertados aos

servidores.

Em simultâneo houve a preparação de scripts de comunicação a ser

veiculados por email aos alunos e chefias, incluindo a organização de banco de

dados, culminando com a efetiva utilização dessa plataforma para os fins aos quais

ela foi prevista.

Após o avanço na definição dos cursos, foram hierarquizadas as

temáticas de maior relevância para oferta imediata e, com base nas informações

obtidas, foi desenvolvido o Programa de Educação Corporativa – PEC.

O referido programa abrange 52 cursos, dos quais 17 deles foram

priorizados para atendimento no primeiro ano. Para os primeiros cursos foram

definidos instrutorias e capacitados um a um para a realização das atividades

pertinentes a sua função docente no contexto do PEC.

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Na concepção do PEC foram contemplados três Eixos de Aprendizagem:

(I) Ações Especiais, com foco na construção e fortalecimento de uma cidadania

corporativa do TCM-CE, (II) Desenvolvimento de Lideranças e (III) Efetividade

Técnica e Comportamental.

O Eixo de Aprendizagem I se desenvolve continuamente, materializado a

partir da realização de Eventos (palestras, fóruns, encontros, convenções, etc.) e,

ainda, o Programa TCM na TV cujo veículo permite a interlocução entre o TCM, o

servidor e a sociedade.

Para atender as especificidades relacionadas ao Eixo de Aprendizagem II,

o programa investe no aprimoramento de competências, habilidades e atitudes dos

indivíduos. Para tanto, se utiliza de temas capazes de estimular o fortalecimento de

lideranças e o despertar de potenciais líderes. A viabilização da condução desse

eixo se concentra em dois vetores: (i) disponibilização de vagas em cursos ofertados

mediante o estabelecimento de parcerias com instituições parceiras e (ii) oferta de

cursos direcionados para lideres e potenciais líderes, estando este segundo previsto

para ser realizado no segundo ano de implantação do PEC.

Para operacionalização dos cursos orientados para o atendimento do Eixo

de Aprendizagem III, inicialmente houve a definição dos instrutores, privilegiando o

corpo funcional do TCM-CE, em que profissionais com expertise nas áreas de

abordagem dos cursos têm sido envolvidos na atividade docente.

Os instrutores têm a responsabilidade de atuar na elaboração de

conteúdos programáticos, acompanhados de perguntas relativas aos temas, bem

como a produção de material didático e de apoio instrucional.

Na ocasião em que o curso é ofertado, é feita a divulgação por meio de

Informativo direcionado a todos os servidores do Tribunal. Os servidores que se

interessam preenchem uma pré-inscrição online na plataforma do PEC

(http://www.tcm.ce.gov.br/educacao_corporativa), automaticamente é disparado

email ao chefe imediato daquele servidor para que seja validada a referida inscrição.

O chefe imediato responde a uma avaliação do servidor a ele vinculado,

analisando o seu perfil e antecipando o possível impacto do curso na sua rotina de

trabalho, procedimento este identificado como Avaliação On the Job, ou seja,

permite uma análise situacional do servidor quanto ao seu desempenho atual quanto

a utilização das competências que a formação poderá agregar.

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Após esta etapa, também é disparada automaticamente para o servidor

inscrito uma prova de conhecimentos gerais que versa sobre o conteúdo a ser

disponibilizado do Curso, em que é selecionado aleatoriamente um conjunto de

perguntas de modo randômico. Essa avaliação é denominada Avaliação de

Conteúdo que permite se ter uma percepção sobre o nível de conhecimento atual do

participante sobre o tema do curso.

Somente após a realização da referida avaliação é que a inscrição passa

a ser efetivada, uma vez que tal procedimento força a adoção de uma nova cultura

de avaliação e de desempenho em cursos de capacitação, superando o modelo de

se ter somente avaliação de reação, sem sondagens e posterior sedimentação de

conteúdo relacionado ao desenvolvimento de atividades laborais.

No modelo adotado pelo Programa de Educação Corporativa, elegido e

aprovado para o TCM-CE, a avaliação é um processo contínuo e considerada como

sendo um aspecto central a ser considerado em todo o processo, envolvendo alunos

e suas chefias imediatas, bem como ferramenta que permita um link direto para a

alimentação do banco de dados para fins de evolução na carreira funcional.

Para validar esse monitoramento, tanto a Avaliação On the Job quanto a

Avaliação de Conteúdo (Técnica) abrangem 2 momentos: o período que antecede o

curso, que é identificado como o Marco Zero e o momento posterior,

comparadamente com os resultados verificados 6 meses após a aplicação das

sondagens, identificado como o Marco Um.

O Marco Zero é aplicado no momento inicial, antes do início do curso,

enquanto que o Marco Um é realizado após a capacitação, em que o aluno perpassa

pelas etapas de construção e organização dos conhecimentos, representados pelo

esquema de assimilação, acomodação e consequente adaptação do que foi

aprendido, resignificando-o e tornando-o fonte de desenvolvimento do conhecimento

dos indivíduos. Esses momentos avaliativos são constituídos por questões

relacionadas aos temas abrangidos pelo curso.

Associado à avaliação de conhecimento, o PEC desenvolve um

diagnóstico do perfil do servidor antes e depois do Curso, materializados em Marco

Zero e Marco Um, a exemplo do instrumental avaliativo anterior. Este diagnóstico, ao

qual chamamos de Avaliação On the Job, permite que seja analisado os aspectos de

aplicabilidade e a capacidade de motivação para a utilização dos conhecimentos

adquiridos no ambiente de trabalho por meio da comparação entre o período anterior

e posterior a realização do curso.

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Tendo em vista que a avaliação de conteúdo tem o interesse de medir o

impacto do curso para os alunos, o software desenvolvido atribui médias e as

compara, de modo a verificar o percentual de avanço de conhecimento permitido por

meio do processo de aprendizagem realizado.

Quadro I – Sistematização das Avaliações

Fonte: Projeto de Implantação do Programa de Educação Corporativa, 2012

A aplicação dos instrumentais de avaliação nos dois momentos objetiva

auxiliar na mensuração do nível de agregação de conhecimento e impacto do curso

no ambiente de trabalho ao longo do tempo.

Tendo em vista que a Avaliação de Conteúdo pode gerar desconforto

para o aluno, o sistema pontua individualmente e analisa agregadamente o

desempenho da turma, por meio de média aritmética simples. Parte-se da premissa

de que o sigilo das informações é pré-requisito fundamental para o sucesso das

ações avaliativas.

Complementando as avaliações anteriormente mencionadas, o programa

conta com uma Avaliação de Reação, aplicado no último dia de aula com o aluno,

que mede a satisfação dos participantes com o curso em si, com o facilitador, dentre

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outros aspectos como: logística, atendimento das expectativas formativas, material e

organização.

Para resguardar a segurança do software sob a ótica do utilizador, o

aluno somente terá acesso à prova mediante cadastramento de senha e login.

QUADRO RESUMO – SISTEMÁTICA DE AVALIAÇ/AO DE CONTEÚDO

ÍTENS MARCO ZERO MARCO UM

Objetivo Identificar o conhecimento prévio

do servidor em relação a matéria

central do curso.

Verificar o impacto da

capacitação oferecida em termos

de ampliação do conhecimento

sobre o tema.

Sistemática Prova randômica por meio

eletrônico, contendo10 questões

objetivas (1 fácil, 3 básicas, 4

intermediária e 2 difíceis)

Prova randômica por meio

eletrônico, contendo10 questões

objetivas (2 fácil, 2 básicas, 4

intermediária e 2 difíceis)

Resultados Notas que variam de 0 a 10

pontos

Notas que variam de 0 a 10

pontos

Periodicidade Ao inscrever-se em cada curso 1 vez por ano, no tema de maior

afinidade com a sua área de

trabalho

Prazo de

realização

2 dias antes do primeiro dia de

aula

Após 6 meses de realização do

Curso

Fonte: Projeto de Implantação do Programa de Educação Corporativa, 2012

4 O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA – PEC – ASPECTOS RELEVANTES E RESULTADOS

Para Tobin (1998), existem diversas razões que justificam a criação de

universidades corporativas, como o fortalecimento dos valores empresariais, da

imagem interna e externa.

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Valores – muitos líderes creditam que o conhecimento, habilidades e

competências tornam a base para a vantagem competitiva de suas

organizações;

Imagem externa – a preocupação com a educação é bem vista pelos

stakeholders de qualquer organização, gerando uma imagem positiva

da mesma;

Imagem interna – as pessoas ou áreas envolvidas no processo de

educação dentro da organização são reconhecidas como estratégicas.

Seguindo esta visão, o TCM-CE decidiu investir no comprometimento com

a educação e articulação das habilidades, conhecimentos e talentos humanos da

organização, passando a transmitir a imagem interna e externa positiva, ao mesmo

tempo em que promovia a qualificação dos seus colaboradores em áreas de valor

estratégico para o Tribunal.

Segundo defende Fleury (2002) “com a gestão do conhecimento é

possível construir as competências críticas, ou seja, aquelas que irão diferenciar a

empresa estrategicamente”.

Para atingir bons resultados o TCM-CE visualizou no PEC a possibilidade

de motivar e envolver os servidores em seus projetos educacionais, de modo que

estes não concorram e, melhor que isto, colaborem para a excelência da atuação do

Tribunal.

Neste sentido, o PEC orientou sua oferta para cursos de curta duração,

aplicados a realidade do TCM-CE. A maior parte da oferta formativa prevê uma

carga horária mínima de 20 horas sendo, portanto, componente na apuração de um

dos indicadores corporativos da instituição relativo à capacitação e que integra a

Gratificação de Incentivo a Produtividade – GIAP dos servidores.

O componente TCM Pessoas vincula a obrigatoriedade da instituição de

capacitar no mínimo oitenta por cento (80%) de todo o corpo funcional, durante o

ano civil em cursos com carga horária de 20 horas, no mínimo.

O indicador corporativo – TCM Pessoas, para aferição da GIAP, tem

como premissas:

80% dos servidores capacitados;

Metas mensais e anuais;

Alinhamento ao gap de competências individual;

Impactos na remuneracão variável.

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A experiência em si e os mecanismos de avaliação qualitativa e

quantitativa se desenvolveram em consonância com os objetivos previamente

definidos.

Para fazer face à Avaliação de Conteúdo, as perguntas de conhecimentos

gerais e específicos que a compõe são extraídas de um software de gestão e

disponibilizadas aos cursistas, distribuídas em questões de níveis: fáceis (20%),

básicas (20%), intermediárias (40%) e difíceis (20%), contendo 4 alternativas de

escolha. Essas questões irão compor um banco de perguntas totalizando

inicialmente 50 questões por tema.

Durante o curso é exigida a frequência mínima de 70%, devido ao

entendimento de que é fundamental a importância da presença dos cursistas, uma

vez que a oferta do curso partiu da sugestão de temas para capacitação por parte

dos mesmos.

Por se tratar de uma nova concepção para capacitação, uma vez que

houve a introdução de uma cultura tecnológica como elemento condicional para

participação nos cursos ofertados por meio do programa de formação continuada,

percebeu-se uma adesão gradativa dos servidores, ou seja, desde o início de

operacionalização do sistema que se deu em março até o mês de junho de 2012.

Como resultado do PEC, do total de 310(trezentos e dez) servidores a

serem capacitados em 2012, 110(cento e dez) se inscreveram em cursos que

integram o PEC, ou seja, um percentual de 35,48% aderiram efetivamente à nova

proposta formativa e de metodologia introduzida pelo programa.

As temáticas abordadas no primeiro ano de concepção foram:

Análise de Balanço com as inovações das Normas Brasileiras de

Contabilidade aplicada ao Setor Público - EAD

Auditoria de Obras - Aspectos Legais e Jurisprudência Aplicada

Controle Interno e Auditoria Interna

Excel Básico

Excel Intermediário

Excel Avançado com VBA

FUNDEB - Teoria e Fiscalização

Gerenciamento de Projetos: conhecendo as boas práticas do PMBOK

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Gestão Patrimonial, Arquivo e Material

Lei de Responsabilidade Fiscal

Licitações e Contratos como instrumentos de promoção do

Desenvolvimento Nacional e seus impactos na Lei de Acesso a

Informação

Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público

Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público -

Turma 2

Orçamento de Obras Públicas

Redação Oficial

Terceirização no Serviço Público

Os resultados das avaliações de Marco Zero e Marco Um, de Conteúdo e

On the Job, são apresentados na Plataforma da seguinte maneira (ver Quadro II e

Quadro III):

Quadro II – Relatório de Avaliação On the Job

Fonte: Plataforma PEC – 2013

No Quadro II pode-se observar a evolução dos aspectos relacionados ao

impacto do curso e a repercussão desta ação formativa revelada em termos de

atitudes no ambiente de trabalho, tendo como avaliador o chefe imediato do servidor

que participou de determinada capacitação.

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Cada fator de avaliação pode ser mensurada como I – Insatisfatória, PM –

Precisa Melhorar, AA – Atinge as Expectativas e EE – Excede as Expectativas.

Graduando de 1 a 4, cada progressão de nível representa o acréscimo de 25% em

relação ao anterior. O fator NA – Não se Aplica não representa valor, sendo utilizado

somente para situações em que não for possível proceder a uma avaliação, sendo

interessante que o mesmo seja acompanhado por algum tipo de justificativa do

avaliador.

De posse dessas informações, a ECOGE pode avaliar a importância

qualitativa do curso tanto direta quanto indiretamente para o desempenho do aluno e

os chefes podem refletir sobre a dinâmica de trabalho do seu colaborador e os

resultados obtidos pelo investimento em capacitação.

Nesta situação especifica, o(a) aluno(a), na percepção do chefe,

percebeu uma evolução positiva de 25% em seu nível de conhecimento técnico e

cresceu 25% no aspecto relacionado a responsabilidade pela busca da excelência

no cumprimento de suas atividades de trabalho, passando de AE – Atinge as

Expectativas para EE – Excede as Expectativas. Nos demais indicadores, o aluno

manteve sua situação inalterada.

O referido instrumental de avaliação pode e deve ser utilizado para

possibilitar uma melhor gestão de pessoas e para a conscientização do real

contributo das atividades de capacitação para os colaboradores individual e

coletivamente.

O Quadro III permite visualizar a oferta de vagas em relação ao número

de inscritos e apresenta as notas obtidas pelos alunos mediante a avaliação de

conteúdos nos momentos ex-ante e ex-post o curso. No exemplo utilizado a

demanda atingiu 76% do quantitativo das vagas ofertadas.

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Quadro III – Relatório de Avaliação de Conteúdo

Fonte: Plataforma PEC – 2013 – acessado em: 14 de março de 2013 às 11:37

De posse desses resultados, podemos inferir a agregação de

conhecimentos da turma, uma vez que os dados representados no Quadro III se

reportam a média aritmética dos resultados, tendo como base para cálculo a

amostra representativa do Curso que é obtida pelo conjunto de pessoas que

concluíram o Marco Zero e Marco Um.

Analisando as informações apresentadas no Quadro III, o resultado da

amostra revela que a avaliação de conteúdo para o Curso do FUNDEB apresentou

um crescimento na aquisição de conhecimentos tendo em vista que a nota obtida

passou de 70 (no momento anterior ao curso) para 85 (no momento após o curso,

passados mais de 6 meses da realização do mesma.

Vale ressaltar que cada turma concluída desencadeará um Relatório a ela

associado. Essas informações reveladas pelo Relatório do Quadro III subsidiam a

oferta de cursos posteriores e dão a dimensão quantitativa da eficiência do curso

avaliado.

A terceira avaliação, que ocorre no último dia de aula é denominada

Avaliação de Reação (ver Quadro IV).

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Quadro IV – Relatório de Avaliação de Reação

Fonte: Plataforma PEC – 2013

A Avaliação de Reação é obtida por meio da aplicação de um

questionário preenchido individualmente por cada aluno, sem que haja a

necessidade de identificação. Nele, o aluno pontua os seguintes critérios:

desempenho dos facilitadores, organização, conhecimento apreendidos e avaliação

geral do evento.

O resultado destas avaliações são reunidas e tabuladas. Após a geração

do Relatório, este é analisado pela ECOGE e Diretorias e é dado o feedback

formalmente ao instrutor do Curso.

Como em toda experiência pioneira em uma instituição, o PEC passou

por algumas dificuldades, para as quais foram definidas estratégias de superação,

que perpassaram tanto por um redirecionamento metodológico como por uma

adequação do software e um processo de sensibilização dos recursos humanos

para a importância do PEC. Por se tratar de um artigo com foco em um relato de

experiência, vamos abordar esses aspectos nos parágrafos a seguir.

Durante a operacionalização do Programa foi observada, e por vezes

expressa, uma reação à introdução de mecanismos de avaliação de

conhecimentos no Tribunal. Para dirimir duvidas e esclarecer a amplitude do PEC

foi realizada uma Palestra com esta finalidade. Associada a esta iniciativa foi

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reforçado aos servidores que seu desempenho seria utilizado tão somente para

gerar dados agregados que pudessem revelar o nível médio de agregação de

conhecimento decorrente de cada curso.

Após esta Palestra, com o intuito de fortalecer o engajamento dos

servidores com o PEC, foi realizada uma agenda de visitas a cada unidade

administrativa e gerencial do TCM-CE, onde foi captada e validada novamente a

hierarquização de interesse por ofertas de cursos.

Outro aspecto a ser destacado trata-se do banco de dados que integra o

conjunto de servidores associados as suas chefias imediatas. A função do referido

banco de dados consiste em enviar automaticamente ao chefe o interesse do

servidor para a realização do curso, para que este responda a avaliação On the Job

e proceda a validação da inscrição do servidor a ele vinculado. A dificuldade de

gerenciamento deste banco decorreu da rotatividade dos servidores e chefias, além

ser afetado pelas férias e substituições, que, sendo em maior ou menor grau,

acabavam por impactar nos correto envio de correspondências eletrônicas. Para

dirimir essas situações, foi adotada a incorporação das mudanças integradas ao

banco de dados utilizado pela Diretoria de Tecnologia de Informação para

redirecionar emails em casos impossibilidade de contato com as chefias, o que

minimizou este tipo de dificuldade observada. A mudança permanente de chefias

continuou sendo feita de modo manual.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PEC se configura como um marco referencial da atual gestão, não

somente para uma oferta por capacitação estruturada e como instrumento essencial

de gerenciamento.

A motivação central da adoção de programas de educação corporativa

deve estar em fazer convergir os interesses de desenvolvimento de competências

técnicas e humanas dos agentes capacitados com as necessidades da empresa,

estimulando a inovação.

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A introdução do programa fortaleceu o sentimento de pertença do servidor

como elemento essencial na alavancagem da instituição, em que por meio do

investimento no desenvolvimento de suas competências, enalteceu o papel

estratégico na excelência no atendimento aos Stakeholders.

Mediante o constante aprimoramento, torna-se possível permitir

corresponder às oportunidades e forças institucionais e auxiliar no enfrentamento de

possíveis ameaças e fraquezas no contexto das organizações.

Com a implantação do Programa de Educação Corporativa do TCM-CE

as ações educacionais desenvolvidas pelo Tribunal passam a estar estruturadas sob

a égide de um conjunto de formalidades que incluem uma plataforma em php que

disponibiliza: ficha técnica, banco de instrutores e banco de perguntas que serão

utilizados pelo aluno na medida das suas necessidades.

Por meio dos instrumentos de avaliação utilizados na metodologia, o

Tribunal passa a ter um indicador de qualidade de alta relevância, tendo em vista

que o mesmo permite verificar o alcance das iniciativas formativas de forma mais

objetiva, norteando as ações formativas futuras e orientando os encaminhamentos

das capacitações a serem desenvolvidas e que estejam plenamente alinhadas às

metas institucionais.

Em termos de acompanhamento e avaliação, neste espaço são postados

os cursos anteriores, em andamento e futuros e também é esse o lócus onde se

pode proceder à inscrição, realização das avaliações de conteúdo e On the Job,

sendo estes últimos elementos compilados para a geração de relatórios.

Desta feita, o Programa de Educação Corporativa tem se tornado o marco

referencial da gestão do TCM por promover uma oferta por capacitação mais

estruturada e alinhada aos desafios institucionais do Tribunal, especialmente

alinhada ao planejamento estratégico da instituição.

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REFERÊNCIAS

EBOLI, Marisa Pereira. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora Gente, 2004.

FLEURY, Maria Tereza Leme. As pessoas na organização. Editora Gente, 2002.

GDIKIAN, Elizabeth Ayres; SILVA, Moises Correia da. Educação Estratégica nas Organizações. Editora: Qualitymark, 2002.

MARQUES, Gil da Costa; CARVALHO, Tereza Cristina M..B. (org.) Planejamento Estratégico para TI na USP. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2007.

QUADROS, Maria Suelena Pereira; FOCHESATTO, Sidnei Alberto. Educação Corporativa. Curitiba: IESDE Brasil SA, 2012

STAREC, Claudio. Educação Corporativa em Xeque. SENAC Rio, 2001.

TOBIN, D. The Knowledge Enabled Organization. Amacom, 1988.

Revista eletrônica Portal da Educação Corporativa 2012 – 6ª edição - www.educacaocorporativabrasil.com

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AUTORIA

Ana Perpétua Ellery Corrêa – Coordenadora Técnica da Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará – TCM/CE

Endereço eletrônico: [email protected] Sandra Valéria de Morais Santos – Diretora da Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará – TCM/CE

Endereço eletrônico: [email protected]