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PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDAE 1.INTRODUÇÃO A Agência Internacional de Normalização define a garantia de qualidade como o conjunto de “todas as ações planejadas e sistemáticas para garantir que o sistema funcione em condições satisfatórias em um serviço”. Aplicando esta definição no radiodiagnóstico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acrescenta que “para um serviço trabalhar com qualidade satisfatória é necessário que as informações diagnósticas sejam adequadas, e com uma exposição mínima do paciente e do trabalhador” (Princípio ALARA – Portaria 453). Dentro de um programa de garantia de qualidade, “o controle de qualidade aplicada a radiologia inclui medições, avaliação e manutenção dos níveis ótimos de todas as características que podem ser definidas, medidas e controladas” (OMS). A mamografia é uma técnica radiológica particularmente complexa devido à estrutura da mama. A mam é composta de três tipos de tecido (adiposo, fibro–conjuntivo e glandular) distribuídos sem um padrão fixo, variando de mulher para mulher e com a idade, a isso deve ser adicionado à diferença de espessura entre a região torácica e o mamilo. Dentro dessa estrutura, há a dificuldade de visualizar as estruturas de interesse diagnóstico (massas e microcalcificações) devido às propriedades de atenuação dos raios-X serem bem semelhantes aos tecidos ao redor. A sua detecção é particularmente difícil quando se tenta fazer um diagnóstico precoce devido ao seu tamanho e massa menor. Para isto, nos últimos 30 anos, um grande esforço na concepção de equipamentos de raios-X específicos, com combinações de anodo e filtro que oferecem um feixe de

Programa de garantia de qualidade, tradução

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• PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDAE

1.INTRODUÇÃO

A Agência Internacional de Normalização define a garantia de qualidade como o conjunto de “todas as ações planejadas e sistemáticas para garantir que o sistema funcione em condições satisfatórias em um serviço”. Aplicando esta definição no radiodiagnóstico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acrescenta que “para um serviço trabalhar com qualidade satisfatória é necessário que as informações diagnósticas sejam adequadas, e com uma exposição mínima do paciente e do trabalhador” (Princípio ALARA – Portaria 453).

Dentro de um programa de garantia de qualidade, “o controle de qualidade aplicada a radiologia inclui medições, avaliação e manutenção dos níveis ótimos de todas as características que podem ser definidas, medidas e controladas” (OMS).

A mamografia é uma técnica radiológica particularmente complexa devido à estrutura da mama. A mam é composta de três tipos de tecido (adiposo, fibro–conjuntivo e glandular) distribuídos sem um padrão fixo, variando de mulher para mulher e com a idade, a isso deve ser adicionado à diferença de espessura entre a região torácica e o mamilo. Dentro dessa estrutura, há a dificuldade de visualizar as estruturas de interesse diagnóstico (massas e microcalcificações) devido às propriedades de atenuação dos raios-X serem bem semelhantes aos tecidos ao redor. A sua detecção é particularmente difícil quando se tenta fazer um diagnóstico precoce devido ao seu tamanho e massa menor.

Para isto, nos últimos 30 anos, um grande esforço na concepção de equipamentos de raios-X específicos, com combinações de anodo e filtro que oferecem um feixe de qualidade consistentes com as características do tecido mamário e dispositivo especialmente concebido a homogeneizar sua espessura. Também se tem desenvolvido combinações tela / filme de alta sensibilidade com boa resolução espacial a fim de aumentar a qualidade da imagem com a menor dose possível. As processadoras de filmes radiográficos também foram projetados com características de temperaturas e filmes dedicados a mamografia.

A todos estes aspectos se tem a necessidade de desenvolver um programa de controle de qualidade específico para as instalações mamográficas, que abranjam todos os elementos que podem afetar a formação da imagem e, por conseguinte, sua qualidade, bem como a dose de radiação recebida pela paciente. Isto é especialmente importante em programas de

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rastreamento do câncer de mama em mamografias obtidas em mulheres assintomáticas. Manter a alta qualidade da imagem garantindo que as doses sejam tão baixas quanto razoavelmente possíveis exige um controle de qualidade com a intervenção de todos os profissionais envolvidos: radiologistas, técnicos e físicos médicos.

1.2 OBJETIVO

O objetivo deste programa é estabelecer os testes de controle de qualidade que são necessários para garantir mamografias de qualidade com a menor dose possível ao paciente e maior segurança ao técnico e o publico geral.

Este documento apresenta procedimentos a serem executados e as funções de cada profissional envolvido. Servirá de guia para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de tais profissionais, sendo eles médicos radiologistas, físicos médicos técnicos e tecnólogos, com a finalidade aplicar tais conceitos.

2. REQUISITOS DAS NORMAS BÁSICAS INTERNACIONAIS (NBS) EM RELAÇÃO COM ESTE DOCUMENTO.

As Normas Internacionais Básicas de Segurança (NBS) para a proteção contra a radiação Ionizante e a segurança das Fontes de Radiação (IAEA, 1994) estabelecem o requisito de que toda prática com radiação ionizante deve ser autorizada. As instalações de radiologia necessitam, por tanto, autorização outorgada reguladora em matéria de proteção radiológica.

As NBS estabelecem assim mesmo a responsabilidade principal para a aplicação dos requisitos de proteção no titular da autorização e responsabilidades subsidiarias para o pessoal das instalações, que no caso das instalações médicas incluem o pessoal médico e paramédico, e os especialistas qualificados mencionados abaixo.

Enquanto as exposições médicas, o titular deverá cuidar de que não se administre a nenhum paciente uma exposição médica com fins diagnósticos ou terapêuticos a não ser que prescreva tal exposição por um profissional médico.

O titular deverá assegurar que se designe aos profissionais médicos, como “obrigação primordial, a de assegurar pela proteção e segurança total dos pacientes ao prescrever e enquanto administrem uma exposição médica”.

Posto que a obrigação global da proteção do paciente recai sobre os médicos, no caso dos serviços de radiodiagnóstico, estes profissionais seriam os médicos radiologistas. Em consonância com esta obrigação global, no parágrafo 3.2 deste manual é disposta uma lista detalhada de funções que facilitaria o cumprimento da responsabilidade global de proteção do paciente.

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As NBS estabelecem que, nas aplicações diagnósticas da radiação, os titulares da autorização “deveriam zelar para que os requisitos sobre a formação de imagens e garantia de qualidade prescritos pelas normas se satisfaçam com o assessoramento de um especialista qualificado em física de radiodiagnóstico devidamente habilitado. As NBS permitem flexibilidade suficiente para que cada país otimize seu programa de acordo com a disponibilidade de especialistas qualificados em física do radiodiagnóstico.

Tal assessoramento obtém-se mediante consulta periódica, por exemplo, um ou duas vezes por ano e/ou quando se observem anomalias ou desvios importantes.

Em relação com a Garantia de Qualidade, as NBS necessitam que os titulares da autorização deveriam estabelecer um amplo programa de garantia de qualidade nas exposições médicas com a participação de especialistas qualificados competentes nas disciplinas correspondentes.

Os Programas de Garantia de Qualidade deverão incluir:

a) Medição dos parâmetros físicos dos geradores de radiação, os dispositivos de formação de imagens e as instalações de radiação no momento de sua colocação no serviço e periodicamente.

b) A verificação dos fatores físicos e clínicos apropriados utilizados para o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.

c) Registro por escrito dos procedimentos significativos e seus resultados;”

Para cumprir com estes requisitos é necessário estabelecer um programa de garantia de qualidade em que os controles diários, semanais e mensais estão a cargo do pessoal de radiodiagnóstico enquanto que os controles menos frequentes ficam a cargo do especialista qualificado em física do radiodiagnóstico quem também pode fazer o assessoramento e avaliação de todos os resultados dos testes feitos desde a visita anterior.

3. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO PESOAL EM RELAÇÃO AO PROGRAMA DE GARANTIA DE QUALIDADE

O responsável pelo Controle de Qualidade é o titular da autorização, é quem normalmente delegará as funções em um comitê de qualidade, cuja composição típica inclui um representante do titular, o responsável do departamento de radiologia, um especialista qualificado, um técnico/tecnólogo e uma pessoa encarregada de coordenar a manutenção do equipamento radiológico.

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As funções típica do comitê incluem supervisionar a implantação do Programa de Garantia de Qualidade na prática e revisar a maneira sistemática dos informes de resultados e as propostas de melhoria pertinentes. O representante do titular deve estar familiarizado com a instituição, seus aspectos financeiros e de previsão orçamentária, de modo e ter capacidade de decisão suficiente para que as deficiências detectadas pelo comitê possam receber as ações corretivas.

Para exercer essas funções o comitê se reúne periodicamente (a cada seis meses, no mínimo) e sempre que seja necessário, supervisiona internamente o programa e informa ao titular do cumprimento do programa. Dado que os comitês de qualidade e proteção radiológica é composto por uma equipe multidisciplinar, é conveniente estabelecer as funções de cada membro da equipe de acordo com cada competência, afim de aumentar a eficácia do programa.

3.1 MANUAL DE PROCEDIMENTOS

Trabalhando em equipe, o médico radiologista, o técnico ou tecnólogo e o físico médico devem elaborar um manual de controle que seja parte integrante do manual de procedimentos da instituição.

O manual deve conter:

• Responsabilidades claramente definidas e procedimentos claros dos testes de Garantia de Qualidade (GQ)/ Controle de Qualidade (CQ).

• Registro dos testes de CQ realizados pelo técnico ou tecnólogo responsável e o físico médico

• Registro de atualização semestral da equipe de técnicos / tecnólogos em quesitos como equipamentos, proteção radiológica, controle da qualidade e normas, incluindo duração e conteúdo.

• Procedimento para uso adequado e manutenção dos equipamentos.

• Descrição de técnicas radiográficas que serão utilizadas, com informação sobre posicionamento, compressão, receptores de imagens adequados, combinação kVp- ânodo/filtro, qualidade de imagens e dose glandular por meio dessas técnicas.

• Proteção radiológica adequada do paciente e o operador assim como do público.

• Funções e responsabilidades dos funcionários quanto a monitoração das radiações.

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• Adequada atualização dos registros, incluindo os dos testes de GQ/CQ, manutenção e reparação dos equipamentos e reuniões de CQ.

• Procedimentos de limpeza e desinfecção do equipamento de mamografia.

3.2.1 - Responsável pelo serviço de radiologia

É necessário que no serviço exista um médico radiologista responsável pelo cumprimento dos protocolos de Garantia de Qualidade e Controle de Qualidade devendo ser, preferencialmente, quem interprete as mamografias.

Suas responsabilidades incluem:

• Assegurar-se de que os técnicos e/ ou tecnólogo tenham formação adequada e cursos de educação continuada em mamografia.

• Dispor de um programa de formação para técnicos e/ ou tecnólogos baseado em um manual de procedimentos cuidadosamente elaborado.

• Motivar, supervisionar e dirigir todos os aspecto pertinentes ao programa de controle de qualidade na área de mamografia.

• Designar a um técnico ou tecnólogo como responsável primário em CQ com a finalidade de que execute os testes exigidos e supervisione a execução dos testes que foram delegadas a outros indivíduos.

• Assegurar a disponibilidade dos equipamentos e materiais necessários para a realização dos testes de CQ.

• Organizar os horários e o pessoal de modo que disponham de tempo necessário para a execução, interpretação e registros dos testes de CQ.

• Promover constantemente “feed back” tanto positivo quanto negativo aos técnicos e/ ou tecnólogos sobre a qualidade das radiografias e os procedimentos de CQ.

• Designar a um físico médico a tarefa de supervisionar os componentes de CQ relacionados com equipamentos e executar os testes físicos correspondentes.

• Revisar os resultados dos testes de CQ dos técnicos e / ou tecnólogos pelo menos cada três meses ou com mais frequência caso não se tenha alcançado os resultados esperados. Zelar pela execução dos testes e garantir a implementação de qualquer recomendação originada de tais testes.

• Verificar a porcentagem de repetição de incidências pelo técnico ou tecnólogo e assegurar-se de que não excedam uns 10% e aplicar as correções necessárias.

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• Designar uma pessoa qualificada para supervisionar os programas de proteção radiológicas aos funcionários, pacientes e outras pessoas na área.

• Assegurar que os expedientes concernientes as qualificações dos empregados, técnicas e procedimentos mamográficos, procedimentos de controle de infecções, CQ, segurança e proteção radiológica são colocados em prática e registrados no manual de CQ.

3.2.2 - Médico radiologista especializado em mamografia

As funções típicas são:

• Ter habilidade em interpretar imagens radiográficas da mama, identificar uma imagem de baixa qualidade, solicitar ações corretivas bem como recusar-se em interpreta-la.

• Participar das auditorias de resultados da instituição.

• Fornecer documentos que comprovem sua formação e habilitação para interpretar imagem radiológica da mama.

• Utilizar o protocolo de informe de mamografia normalizado.

É recomendável sistematizar a interpretação das imagens de maneira que sempre se efetue na mesma ordem. Um exemplo seria:

- Revisão do histórico clínico

- Visualização individual de cada incidência à luz intensa para verificar o espessura da pele e a gordura subutânea, verificar a posição do mamilo e revisar os tecidos.

- Revisão sistemática de cada incidência com lupa de pelo menos 2x de aumento.

-Comparação sistemática da distribuição do tecido com a mama contralateral.

- Aspecto da porção posterior de tecido glandular e a gordura posterior.

- Músculos peitorais.

-Axilas e gânglios.

- Prega infra mamária;

-Comparação com mamografia prévia, se existir.

De maneira igual é conveniente sistematizar os informes a fim de homogeneizar a terminologia utilizada. É recomendado utilizar o sistema do Colégio Americano de Radiologia (BI-RADS).

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3.2.3 - Especialistas em física médica de radiodiagnóstico (Físicos médicos)

É necessário que o centro de mamografia tenha acesso a um físico médico que seja responsável de supervisionar o cumprimento dos protocolos de Garantia e Controle de Qualidade na área de física médica, assim como o desempenho dos equipamentos, avaliação da dose aos pacientes e segurança dos operadores.

Este protocolo contem testes que permitem verificar o funcionamento do sistema de produção da imagem mamográfica (câmara escura, mamógrafo, sistema de leitura da mamografia, etc.), com a finalidade de ter uma estimativa do funcionamento do sistema necessário para tal fim e comprovação de manutenção realizado nas unidades em questão.

Anualmente o físico médico deve:

-Avaliar os sistemas mecânicos do mamógrafo.

-Avaliar o sistema de colimação.

- Determinar a repetibilidade, consistência e linearidade dos valores dos parâmetros U(kVp), PIt (mAs), e tempo.

- Determinar a qualidade do feixe de raios X mediante a determinação da camada semi-redutora (CSR).

- Avaliar o sistema de controle automático da exposição (CAE).

- Avaliar a uniformidade da velocidade das telas intensificadoras.

- Medir o kerma no ar na entrada da mama e a dose glandular média.

-Avaliar a qualidade da imagem com um fantoma de acreditação.

- Determinar a existência de artefatos e suas causas.

Deve colaborar igualmente em:

- Assessorar nas especificações de compras de equipamentos e insumos.

- Efetuar testes de aceitação de equipamentos e insumos.

- Realizar os informes escritos dos diferentes testes.

-Recomendar as ações corretivas que sejam necessárias.

-Revisar periodicamente todos os resultados de Controle de Qualidade e Garantia de Qualidade com médicos, técnicos e engenheiros da manutenção responsáveis em realizar os mesmos.

- Realizar avaliações das processadoras de filme.

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-Estar disponível para consultas que surjam na prática diária.

- Supervisionar o técnico ou tecnólogo responsável das medida de controle de qualidade nos seguintes testes:

- Imagens do fantoma.

- Análises de repetição de imagens radiográficas.

- Verificação da geração de véu da câmara escura.

- Contato tela-filme.

- Sistema e avaliação da compressão.

Técnico / tecnólogo de radiodiagnóstico

O técnico ou tecnólogo que trabalha na área de mamografia é responsável pelo cuidado ao paciente e da qualidade final da imagem mamográfica. Dentro destas responsabilidades se inclui o posicionamento do paciente na hora de realizar a radiografia, a compressão, o processo de produção da imagem e o procedimento de revelação.

O apêndice III contém uma primeira parte dedicada às diferentes técnicas radiográficas que deve se conhecer na hora de realizar a mamografia , e o capítulo 4, contem os testes que deverá ser realizado dentro do programa de Garantia de Qualidade. Estes testes são os seguintes:

- Inspeção visual da unidade mamográfica.

- Limpeza do câmara escura e verificação de suas condições ambientais.

-Controle da processadora automática.

- Reabastecimento e verificação do pH dos líquidos da processadora.

- Limpeza das telas intensificadoras.

- Testes da avaliação da qualidade da imagem.

- Estudo da taxa de repetição das imagens mamográficas.

3.3 - CORREÇÃO DE AVARIA E DESAJUSTES DO EQUIPAMENTO RADIOLÓGICO

Por sua própria natureza o programa de controle de qualidade detectará de maneira regular desajustes no equipamento de raios X que necessitam ações corretivas. Detectar parâmetros desajustados é uma parte essencial do controle de qualidade, o

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programa deve ser complementado com mecanismo eficaz de efetuar correções necessárias para manter a qualidade.

Neste documento sobre controle de qualidade não é possível incluir procedimentos para assessorar nas reparações e outras atuações de manutenção por se específicas de cada marca e modelo de equipamento. Estas deverão ser efetuadas seguindo o manual de cada fabricante e exige formação e treinamento em cada marca e modelo em particular, assim como peças de reposição que são, em grande parte, específica do equipamento. Portanto, esse documento limita-se a indicar os pontos essenciais de um plano de manutenção.

3.3.1 - Especificações de compra de equipamento e manutenção dos mesmos

A dependência inevitável do fabricante na manutenção dos equipamentos tenderia a um impacto negativo no funcionamento do programa se não se prestar uma atenção prioritária no processo de compra. Isto quer dizer que a estratégia de manutenção deve ser acordada ao elaborar as especificações de compra.

Para manter o equipamento nas especificações verificadas nos testes de aceitação e coloca-lo em serviço, implementa-se tipicamente uma estratégia em três níveis:

• Serviço de primeira linha, normalmente efetuada pelo pessoal do próprio estabelecimento, para os ajustes menores e mais frequentes.

• Apoio local de um serviço especializado indicado pela representação local do fabricante.

• Apoio do fabricante diretamente para situações menos prováveis que necessitam reparações de maior grandeza.

Para o primeiro nível é necessário um acordo com o fabricante a fim de que proporcione um treinamento básico e conjunto de reparos essenciais para as avarias mais frequentes. O melhor momento para negociar este acordo é o momento em que se estabelecem as especificações e condições de compra.

A estratégia a ser adotada pode ser uma combinação dos três níveis, mas tem de estabelecer de antemão um plano por escrito para que se possa fazer um seguimento de sua eficácia e adotar as melhorias necessárias. Todas as opções têm um custo mas não prever prever a manutenção pode resultar em mais custo, já que terá um impacto em:

- No tempo em que este equipamento de raios X estiver fora do serviço.

- Na qualidade do serviço radiológico dado pela prontidão do diagnóstico e sua confiabilidade.

- Na proteção do paciente e da equipe de profissionais.

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3.3.2 - Manual de uso e manutenção

As normas da Comissão Eletrotécnica Internacional (CEI) especificam que os documentos de acompanhamento são partes integrantes do equipamento. Estreitamente falando, a entrega de um equipamento sem os manuais pode ser considerada incompleta e por tanto o pagamento do mesmo condiciona-se a que se complete o seu fornecimento. As NBS estabelecem que os manuais devem estar em um idioma compreensível ao usuário. Recomenda-se que estes manuais ou uma cópia estejam disponíveis.

4 - GUIA DE PROCEDIMENTOS DE CONTROLE DE QUALIDADE

4.1 RESUMO DOS TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE

Os testes a serem realizados destinam-se a verificar a estabilidade da operação dos diferentes equipamentos ou elementos envolvidos no processo de obtenção das mamografias. Eles foram classificados em dois tipos – essenciais e desejáveis – dependendo da sua importância na qualidade da imagem e na dose.

Muitos dos testes são de freqüência maior (semanais ou diários) e, por conseguinte, é proposto ser realizado pelo técnico, que está presente diariamente no serviço, os testes de menor freqüência deverão ser realizados pelo físico médico. Juntamente com os testes, são indicados os valores de tolerância que devem ser cumpridos com flexibilidade e não com natureza limitante e que os de equipamentos podem recomendar outros valores no momento da instalação.

Quando não tem os recursos humanos e matérias necessários, a avaliação dos três indicadores globais de qualidade (taxa de rejeição de filme, qualidade da imagem e dose de radiação) fornece informações suficientes sobre o funcionamento do mamógrafo, embora na maioria dos casos não é possível identificar a fonte específica da falha.

Este programa foi desenvolvido baseado aos já existentes (ARCAL, ACR, Protocolo Espanhol e Diretrizes da EU, Portaria 453/98 MS) e todas elas estão sujeitas a alterações contínuas tanto para facilitar medidas como para introduzir ou remover evidências baseadas em sua influência sobre a qualidade da imagem e dose.

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A tabela 2 é um resumo de todos os testes a serem realizados. A ordem em que aparecem não deve ser entendido como a forma a ser seguido na implementação. Isto irá depender das condições do serviço de mamografia no momento de fazer o controle de qualidade, tendo em vista que existem testes cujos resultados afetam o desempenho de outros.

Tabela 1. Legendas utilizadas

Importância do teste: Responsável:

E: Essencial (requisito básico) Tc: Técnico / Tecnólogo

D: Desejável (recomendado) Ra: Radiologista

FM: Físico médico

Legendas dos testes:

NOI: Nível operatório inicial F + V: Fundo mais véu

VLS: Véu devido à luz de segurança DO: Densidade óptica

Δ: Incremento DM: Densidade óptica média

DD: Diferença de densidades ópticas

Tabela 2. Testes a serem realizados

Teste Importância

(E,D)

Freqüência Responsável TOLERÂNCIAS

De realizar De avaliar

INSPEÇÃO VISUAL

Inspeção e avaliação visual da

unidade mamográfica

Anual Tc Tc / FM Ver protocolo

ARMAZENAMENTO DE FILMES

Page 12: Programa de garantia de qualidade, tradução

Temperatura E Semanal Apoio Tc 20-25°C

Umidade E Semanal Apoio Tc 40% - 60%

Posicionamento das caixas e chassis

E Semanal Apoio Tc Vertical

Inventário dos lotes

D Semanal Apoio Tc 3 meses

Nível de radiação E Anual FM FM 20 Gy/sem

CÂMARA ESCURA

Limpeza da câmara escura

E Diário Apoio / Tc Tc -

Temperatura E Mensal Tc Tc 20 – 25°C

Umidade E Mensal Tc Tc 40% - 60%

Condições de ventilação

D Mensal Tc Tc / FM -

Nível de radiação E Anual FM FM 20 Gy/sem

Entrada de luz E Mensal Tc /FM Tc / FM Nenhuma

Luz de segurança E Mensal Tc / FM Tc / FM Potência 15 W

VLS 0,05 DO em 2 min a 1,2 m

Temperatura do revelador

E Diário Tc Tc / FM 3% de variação relacionada com o

fabricante

Tempo de processamento

E Semanal Tc Tc 3% de variação relacionada com o

fabricante

pH dos químicos da processadora

E Semanal Tc Tc 0,5 em relação ao recomendado pelo

fabricante

Razão de reabastecimento

D Semanal Tc Tc 10% em relação ao recomendado pelo

fabricante

Sensitometria E Diário Tc / FM FM F+V que o recomendado pelo

Page 13: Programa de garantia de qualidade, tradução

fabricante.

ΔF+V NOI+0,03

Δ(DM,DD):NOI 0,15

Detecção de artefatos de

processamento

E Semanal Tc Tc -

SISTEMA DE IMAGEM

Limpeza das telas E Semanal Tc Tc -

Contato tela – filme

E Semestral Tc / FM Tc / FM Manchas pequenas e tênues 1cm

Aperto dos chassis E Anual Tc Tc / FM Manchas 0,5cm

Uniformidade (velocidade) entre

as telas

E Semestral Tc Tc / FM DO: Δmáx0,3DO

Uniformidade (atenuação) entre

os chassis

D Semestral Tc Tc / FM mAs: Δmáx 5%

EQUIPAMENTO RADIOLOGICO (GERADOR E TUBO DE RAIOS X)

Radiação de fuga D Após alterações

FM FM 1 mSv/h à 1 m

Exatidão e reprodutibilidade da tensão no tubo

(U)

E Semestral FM FM Exatidão 5%

Reprodutibilidade 2%

Camada semi- redutora (HVL)

E Anual FM FM Mo/Mo, 28 kV:

0,31 HVL 0,40 mmAl

Reprodutibilidade e linearidade do

rendimento

E Anual FM FM Reprodutibilidade 10%

Linearidade 10%

Valor do rendimento

D Anual FM FM 30 Gy/mAs a 1 m, 28 kV, Mo/Mo

Exatidão e reprodutibilidade

do tempo de

E Semestral FM FM 10% se t 200ms

Page 14: Programa de garantia de qualidade, tradução

exposição 15% se t 200ms

Reprodutibilidade 10%

Força de compressão

E Semestral FM FM 110 N – 200 N

CONTROLE AUTOMÁTICO DE EXPOSIÇÃO

Reprodutibilidade do controle

automático de exposição (DO e

Kerma no ar)

E Anual FM FM Reprodutibilidade mAs (o Kerma) < 5%

Desvio máximo DO 0,1

Compensação do controle

automático de exposição com espessura e kV

E Semanal Tc / FM FM 0,2 DO

Incremento de DO por paço de controle de densidade

E Anual FM FM DO: 0,1 – 0,2

mAs: 12% - 15%

GEOMETRIA

Distância foco-pele (DFI)

D Inicial / após

mudanças

FM FM DFI 60 cm

Variação 2%

SISTEMA DE COLIMAÇÃO

Coincidência do campo luminoso

com o receptor de imagem

E Anual FM FM 5mm da pre. Torácica

2% DEP nos outros lados

Coincidência do campo luminoso com o campo de

radiação

D Anual FM FM 2% da DFP

Alinhamento do suporte

compressor da mama

E Anual FM FM 1% DEP

Page 15: Programa de garantia de qualidade, tradução

CONDIÇÕES DE VISUALIZAÇÃO DAS IMAGENS

Iluminação da sala de laudos

E Semestral FM FM 50lux

Luminâcia dos negatoscópios

E Semestral FM FM > 3000 nit (cd/m²)

Homogeneidade dos negatoscópios

E Semestral FM FM <30% em um negatoscópio

<15% entre negatoscópios

QUALIDADE DA IMAGEM

Estudo da taxa de rejeição de

imagens

E Mensal Tc Ra / FM 10%

FANTOMA DE MAMA

Densidade óptica de fundo e

diferenças de densidades

E Semanal Ra / Tc Ra / FM 1,5DO – 1,9DO

0,40 0,05 DO

Avaliação da qualidade da

imagem

E Semanal Ra / Tc Ra / FM Fibras 4

Microcal. 3

Massas 3

Resolução espacial E Semanal FM FM 10 pl/mm

Qualidade das imagens das

pacientes

E Semestral Ra Ra -

DOSE

Dose de entrada na pele (no ar)

E Anual FM FM Sem grade<6mGy

Com grade < 15mGy

Dose glandular média

E Anual FM FM Sem grade< 1mGy

Com grade <3mGy

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