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Comissão Nacional de Energia Nuclear CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Materiais Orientador: Dra. Edésia Martins Barros de Sousa Belo Horizonte 2014 NANOPARTÍCULAS DE HIDROXIAPATITA FUNCIONALIZADAS COM PVA E COLÁGENO CONTENDO RADIOISÓTOPOS COMO UM POTENCIAL AGENTE DE TRATAMENTO PARA OSTEOSSARCOMA Marcelo Fernandes Cipreste Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre. Belo Horizonte, 2014

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Comissão Nacional de Energia Nuclear

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e

Materiais

Marcelo Fernandes Cipreste

Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Materiais

Orientador: Dra. Edésia Martins Barros de Sousa

Belo Horizonte

2014

NANOPARTÍCULAS DE HIDROXIAPATITA FUNCIONALIZADAS

COM PVA E COLÁGENO CONTENDO RADIOISÓTOPOS COMO UM

POTENCIAL AGENTE DE TRATAMENTO PARA OSTEOSSARCOMA

Marcelo Fernandes Cipreste

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

das Radiações, Minerais e Materiais, como parte dos requisitos para obtenção do

Grau de Mestre.

Belo Horizonte, 2014

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Comissão Nacional de Energia Nuclear

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e

Materiais

NANOPARTÍCULAS DE HIDROXIAPATITA FUNCIONALIZADAS COM PVA E

COLÁGENO CONTENDO RADIOISÓTOPOS COMO UM POTENCIAL AGENTE

DE TRATAMENTO PARA OSTEOSSARCOMA

Marcelo Fernandes Cipreste

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações,

Minerais e Materiais, como parte dos requisitos à obtenção do Grau de Mestre.

Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Materiais

Orientador: Dra. Edésia Martins Barros de Sousa

Belo Horizonte

2014

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa, à minha filha (Mirlan e Julia), aos meus pais e irmãs (Pedro Paulo, Nazaré,

Cynthia, Karla e Érika) pelo apoio incondicional e compreensão nos momentos difíceis. Amo

vocês!

À professora Edésia Martins Barros de Sousa pela sua dedicação, pelos seus ensinamentos,

pela sua paciência e, principalmente, por dividir seu conhecimento comigo. Professora, eu

aprendi muito com você e foi um enorme prazer trabalhar contigo.

Aos colegas de laboratório (André, Carol, Grá, Pamela, Raquel, Tiago, Karina, Ana Flávia,

Érika, Patrícia e Thaís) por terem me socorrido tantas vezes e por estarem sempre disponíveis

para me ajudar. Nunca me esquecerei de vocês.

Aos membros da banca, professor Herman Sander Mansur e José Domingos Árdisson, pelas

contribuições que considero fundamentais para esse trabalho.

À professora Raquel Gouvêa dos Santos e seus alunos (Felipe, Pryscila, Lucilene e Flávia)

pelas colaborações com os experimentos biológicos.

A todos os professores da pós-graduação do CDTN por compartilharem seus conhecimentos.

Ao Geraldo Antônio Scoralik Martins pelas enormes contribuições com as usinagens em

peças de aço e acrílico que foram extremamente necessárias ao longo desse curso.

Aos professores Waldemar Augusto de Almeida Macedo e Fernando Soares Lameiras pela

grande contribuição em minha formação.

Aos servidores do prédio 7 que sempre me ajudaram quando precisei.

Ao pessoal da “senzala” pela agradável companhia nesses dois anos.

Ao CDTN por essa magnífica estrutura e por me aceitar como parte desse importante centro

de pesquisas.

À CAPES pela bolsa de estudos.

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RESUMO

O osteossarcoma é o tipo mais comum entre os tumores ósseos malignos primários, atingindo

principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens. O tratamento padrão empregado em

osteossarcomas, é feito através da aplicação de um agente neoadjuvante quimioterápico

seguido de ressecção cirúrgica. Devido à baixa sensibilidade dos osteossarcomas à radiação

ionizante, este tipo de tratamento não é utilizado com muita frequência, podendo ser

recomendado apenas para o tratamento pós-cirúrgico. Considerando esta dificuldade e as

limitações impostas, existe uma necessidade emergente para encontrar novas alternativas

terapêuticas para esse tipo de tumor. Os sistemas nanoestruturados carreadores de

radioisótopos apresentam um potencial promissor para o tratamento dos osteossarcomas,

permitindo o emprego mais seletivo das radiações em células tumorais e podendo aumentar a

radiossensibilidade desses tumores devido à proximidade que podem manter entre os

radioisótopos e as células tumorais. No presente trabalho, foi preparado um sistema híbrido

constituído por nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita funcionalizadas com colágeno e

álcool polinivílico contendo os radioisótopos ítrio-90 e gadolinio-159 para avaliar a atividade

anti-tumoral desse sistema sobre a linhagem de células T98 de fibroblasto humano. As

amostras de hidroxiapatita foram sintetizadas por cinco rotas distintas e caracterizadas pelas

técnicas de difração de raios X (DRX), espectroscopia na região do infravermelho (FTIR),

adsorção de gases e microscopia eletrônica de transmissão (MET). Os resultados dessas

análises indicaram a formação de nanopartículas de hidroxiapatita carbonatada de fase única e

mesoporosas em quatro das cinco rotas. A amostra sintetizada pela rota 3c, por ter

apresentado a maior área superficial e volume de poros, foi escolhida para ser submetida ao

processo de funcionalização com PVA e colágeno. As amostras funcionalizadas foram

caracterizadas pelas técnicas de DRX, FTIR, adsorção de gases, análise elementar CHN,

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de correlação de fótons, que

indicaram que o processo de funcionalização foi bem sucedido. O potencial de incorporação e

a cinética de liberação de ítrio e gadolínio em relação à amostra funcionalizada foram

estudados com os isótopos estáveis desses elementos pela técnica de espectrometria de

emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-AES) que revelou um potencial de

incorporação de 44% e 100% para o ítrio e gadolínio, respectivamente, e baixa cinética de

liberação dos isótopos para os dois sistemas, credenciando o material para a ativação

neutrônica e para os estudos citotoxidade in vitro. Os testes biológicos indicaram

qualitativamente que os materiais possuem um potencial para a proposta desse trabalho.

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ABSTRACT

Osteosarcoma is the most common type of primary malignant bone tumors, affecting mostly

children, adolescents and young adults. The standard treatment used in osteosarcomas, is done

through the application of a neoadjuvant chemotherapeutic agent followed by surgical

resection. Due to the low sensitivity of osteosarcoma to ionizing radiation, this treatment is

not used very often and can be recommended only for post-surgical treatment. Considering

the difficulties with these treatments, there is an emerging need to find new therapies for this

tumor type. The nanostructured systems acting as radioisotopes carriers have promising

potential in the treatment of osteosarcoma, allowing more selective employment of radiation

on tumor cells and enhancing the radiosensitivity of tumors because they can maintain a

higher proximity between the radioisotope and tumor cells. In the present work, it was

prepared a hybrid system consisting of mesoporous hydroxyapatite nanoparticles

functionalized with collagen and poly (alcohol vinyl), the incorporation of the elements

yttrium and gadolinium was promoted and the anti-tumor activity of these systems on the

lineage of T89, human cells of glioblastoma, was evaluated. Hydroxyapatite samples were

synthesized by five different routes and characterized by the techniques of X-ray diffraction

(XRD), infrared spectroscopy (FTIR), gas adsorption and transmission electron microscopy

(TEM), and the results of these analyzes indicated the formation of carbonated hydroxyapatite

mesoporous nanoparticles in single phase by three routes. The sample synthesized by Route

3c, due to the largest surface area and pore volume, was chosen to be submitted to the

functionalization process with PVA and collagen. The functionalized samples were

characterized by the techniques of XRD, FTIR, gas adsorption , CHN elemental analysis ,

scanning electron microscopy (SEM) and photon correlation spectroscopy, and these analyzes

indicated that the functionalization process was successful. The potential for incorporation

and release kinetics of yttrium and gadolinium to functionalized samples were studied with

stable isotope of this element by the technique of atomic emission spectrometry with

inductively coupled plasma (ICP-AES) revealing a potential merger of 44% and 100% for

yttrium and gadolinium respectively and low isotope release kinetics for both systems,

qualifying the material for neutron activation analysis and for in vitro cytotoxicity. Biological

tests indicated qualitatively that the materials have a potential for the proposal of this work.

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SUMÁRIO

Lista de Figuras ...................................................................................................................... 10

Lista de Tabelas ...................................................................................................................... 12

Lista de Notações .................................................................................................................... 13

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 17

2.1. Objetivo geral ............................................................................................................... 17

2.2. Objetivos específicos .................................................................................................... 17

3. Revisão da literatura .......................................................................................................... 18

3.1- Hidroxiapatita, um biomaterial multifuncional ....................................................... 18

3.2- Colágeno ....................................................................................................................... 22

3.3- Poli (álcool vinílico) ..................................................................................................... 24

3.4- O câncer ........................................................................................................................ 25

3.5- Osteossarcoma ............................................................................................................. 27

3.6- O emprego da radiação ionizante em oncologia ....................................................... 28

3.7- Nanomateriais aplicados à oncologia ......................................................................... 29

3.8- Ativação neutrônica em reatores nucleares .............................................................. 31

4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 34

4.1- Síntese de nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita ...................................... 34

4.1.1- Síntese de HA pelo método de precipitação aquosa (Rota 1) ............................ 34

4.1.2- Síntese de HA pelo método sol-gel (Rota 2) ........................................................ 35

4.1.3- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3a) ............................................ 36

4.1.4- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3b) ............................................ 37

4.1.5- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3c) ............................................ 37

4.2- Funcionalização da matriz de HA com PVA e colágeno .......................................... 39

4.3- Estudo do potencial de incorporação e liberação dos elementos ítrio e gadolineo 40

4.4- Caracterizações morfológicas e físico-químicas das amostras ................................ 41

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4.4.1- Difração de raios X (DRX) ................................................................................... 41

4.4.2- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) ............................................................................................................................... 42

4.4.3- Análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio (CHN) ....................... 42

4.4.4- Análise termogravimétrica (TGA) ...................................................................... 42

4.4.5- Espectroscopia de correlação de fótons por espalhamento dinâmico da luz

(DLS) ................................................................................................................................ 42

4.4.6- Microscopia eletrônica de transmissão (MET) .................................................. 43

4.4.7- Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ..................................................... 43

4.4.8- Ensaios de adsorção de nitrogênio ...................................................................... 43

4.5- Ativação neutrônica dos elementos ítrio e gadolínio ................................................ 44

4.6- Ensaios preliminares de citotoxicidade in vitro ......................................................... 44

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 47

5.1- Caracterizações das matrizes de hidroxiapatita sintetizadas pelas três rotas ....... 47

5.1.1- Difração de raios X ............................................................................................... 47

5.1.2- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier .. 50

5.1.3- Ensaios de adsorção de nitrogênio ...................................................................... 55

Figura 5.07- Mecanismo da formação das nanopartículas de hidroxiapatita pela

formação de micelas do CTAB. Adaptado de (NGUYEN et al., 2013a). ....................... 58

5.2- Caracterizações das amostras funcionalizadas ......................................................... 59

5.2.1- Adsorção de gases ................................................................................................. 59

5.2.2- Difração de raios X ............................................................................................... 60

5.2.3- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier .. 61

........................................................................................................................................... 62

5.2.4- Análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio .................................... 64

5.2.5- Análise termogravimétrica ................................................................................... 65

5.2.6- Espectroscopia de correlação de fótons por espalhamento dinâmico da luz ... 66

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5.2.7- Microscopia eletrônica de transmissão ............................................................... 68

5.2.8- Microscopia eletrônica de varredura .................................................................. 70

5.3- Estudo do potencial de incorporação e cinética de liberação de radioisótopos ..... 71

5.4- Ativação neutrônica dos elementos ítrio e gadolínio ................................................ 73

5.4.1- Potencial de ativação do ítrio ............................................................................... 73

5.4.2- Ativação do gadolínio ........................................................................................... 74

5.5- Ensaios preliminares de citotoxidade in vitro ........................................................... 75

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 79

7. PROPOSIÇÕES FUTURAS .............................................................................................. 81

8. PRODUÇÕES CIENTÍFICAS .......................................................................................... 82

9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 83

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.01- Célula unitária da hidroxiapatita .......................................................................... 20

Figura 3.02- Diagrama de fase de solubilidade dos fosfatos de cálcio .................................... 21

Figura 3.03- Ligações de hidrogênio entre a hidroxiapatita, Colágeno e PVA ........................ 22

Figura 3.04- Esquema representativo da estrutura da tripla hélice do Colágeno ..................... 23

Figura 3.05- Estrutura fibrilar do Colágeno ............................................................................. 23

Figura 3.06- Esquema da formação das fibras de Colágeno a partir das fibrilas, microfibrilas e

tropocolágeno ....................................................................................................................... 24

Figura 3.07- Fórmula estrutural do PVA: (A) Parcialmente hidrolisado e (B) completamente

hidrolisado ............................................................................................................................ 24

Figura 3.08- Efeito EPR demonstrado esquematicamente ....................................................... 30

Figura 3.09- Esquema em corte do núcleo do reator TRIGA ................................................... 32

Figura 4.01- Fluxograma esquemático da rota 1 de síntese da hidroxiapatita ........................ 35

Figura 4.02- Fluxograma esquemático da rota 2 de síntese da hidroxiapatita ......................... 36

Figura 4.03- Fluxograma esquemático das rotas 3a e 3b de síntese da hidroxiapatita ............. 37

Figura 4.04- Fluxograma esquemático da rota 3c de síntese da hidroxiapatita ........................ 38

Figura 4.05- Desenho esquemático do MTT ............................................................................ 45

Figura 5.01- Difratograma de raios-X ...................................................................................... 47

Figura 5.02- Difratogramas das amostras de hidroxiapatita sintetizadas pelas rotas 1, 2 e 3 .. 48

Figura 5.03- Espectro de FTIR da amostra de hidroxiapatita pura .......................................... 51

Figura 5.04- Esquema dos quatro modos vibracionais dos íons PO43-

..................................... 51

Figura 5.05- Espectros de FTIR das amostras sintetizadas pelas rotas 1, 2 e 3 ....................... 54

Figura 5.06- Isotermas de adsorção de nitrogênio das cinco amostras de hidroxiapatita

sintetizadas............................................................................................................................ 56

Figura 5.07- Mecanismo da formação das nanopartículas de hidroxiapatita ........................... 58

Figura 5.08- Curva de isoterma do estudo de adsorção de N2 nas nanopartículas mesoporosas

de hidroxiapatita, do sistema PVA/HA e do sistema PVA/COL/HA ................................... 59

Figura 5.09- Difratograma comparativo entre a amostra de HA .............................................. 61

Figura 5.10- Espectros de FTIR para PVA puro (a), Colágeno puro (b), hidroxiapatita pura (c)

e para o sistema híbrido PVA/COL/HA ............................................................................... 62

Figura 5.11- Espectro de FTIR comparativo entre as amostras puras e a amostra do sistema

híbrido PVA/COL/HA em escala expandida no intervalo de 725 a 400 cm-1

...................... 63

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Figura 5.12- Espectro de FTIR comparativo entre as amostras puras e a amostra do sistema

híbrido PVA/COL/HA em escala expandida no intervalo de 3700 a 3500 cm-1

.................. 63

Figura 5.13- Curvas de TGA e DTG das amostras de HA pura e dos sistemas híbridos ......... 66

Figura 5.14- Esquema representativo do potencial Zeta .......................................................... 67

Figura 5.15- Curva pH x Potencial zeta para a amostra de hidroxiapatita ............................... 68

Figura 5.16- Curva pH x Potencial zeta para a amostra de hidroxiapatita funcionalizada....... 68

Figura 5.17- Imagens da microscopia eletrônica de transmissão da amostra de hidroxiapatita

.............................................................................................................................................. 69

Figura 5.18- Histogramas da distribuição de tamanho de partículas de hidroxiapatita ............ 69

Figura 5.19- Imagens da microscopia eletrônica de varredura da amostra de hidroxiapatita .. 70

Figura 5.20- Resultados do estudo do potencial de incorporação ............................................ 71

Figura 5.21- Resultados do estudo da capacidade de retenção................................................. 71

Figura 5.22- Resultados do teste de citotoxidade em células T98G ......................................... 75

Figura 5.23- Fotos das células T98G utilizadas nos testes de citotoxidade ............................. 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1- Família dos fosfatos de cálcio ............................................................................... 19

Tabela 4.1- Principais parâmetros das rotas de síntese química de H ...................................... 39

Tabela 5.1- Resultados dos cálculos para tamanho de cristalito e distância interplanar .......... 49

Tabela 5.2- Bandas de adsorção na região do infravermelho para hidroxiapatita .................... 52

Tabela 5.3- Resultados das análises de BET das amostras de HA sintetizadas pelas três rotas

.............................................................................................................................................. 57

Tabela 5.4- Resultados das análises de BET para as amostras funcionalizadas ....................... 60

Tabela 5.5- Resultados da análise elementar de CHN .............................................................. 64

Tabela 5.6- Resultados da análise termogravimétrica .............................................................. 65

Tabela 5.7- Variáveis utilizadas no cálculo da ativação do ítrio .............................................. 73

Tabela 5.8- Variáveis utilizadas no cálculo da ativação do gadolínio...................................... 74

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LISTA DE NOTAÇÕES

BET – Brunauer, Emmet e Teller (método de cálculos de porosidade a partir de dados da

análise de adsorção de gases)

COL – Colágeno

DRX – Difração de raios X

Emax – Energia maxima

EPR – Enhanced Permeability and Retention

FDA – Food and Drug Administration

FTIR – Fourier Transform Infrared Spectroscopy (espectroscopia na região do infravermelho

por transformada de Fourier

HA – Hidroxiapatita

IAEA – International Atomic Energy Agency

INCA – Instituto Nacional do Cancer

keV – Quilo elétron-volt (subunidade do elétron-volt, unidade de energia. 1keV 1,6E-16J)

MET – Microscopia eletrônica de transmissão

MeV – Mega elétron-volt (subunidade do elétron-volt. 1MeV 1,6E-13J)

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

MPS – Mononuclear phagocyte system (sistema fagocitário mononuclear)

PI – Ponto isoelétrico

PVA – Poli (álcool vinílico)

PVA/COL/HA – Hidroxiapatita funcionalizada com PVA e colágeno

PVA/HA – Hidroxiapatita funcionalizada com PVA

SBF – Simulated Body Fluid (líquido corpóreo simulado)

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1. INTRODUÇÃO

O osteossarcoma é o tipo mais comum entre os tumores ósseos malignos primários,

atingindo principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens (WITTIG et al., 2002).

Dados epidemiológicos indicam que a incidência dessa enfermidade na população mundial é

de 2 a 3 casos anuais por milhão de pessoas. Entretanto, em adolescentes esses números

podem atingir de 8 a 11 casos anuais por milhão de habitantes jovens entre 5 e 19 anos de

idade (BIELACK; CARRLE; CASALI, 2009). No Brasil, estima-se que o número de novos

casos de tumores ósseos, para jovens de até 19 anos, seja cerca de 670 casos por ano por

milhão de habitantes (CAMARGO et al., 2010) e uma publicação do Instituto Nacional de

Câncer José Alencar Gomes da Silva (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INSTITUTO

NACIONAL DE CÂNCER., 2010), tendo como referência o registro hospitalar de câncer

correspondente ao período de 1983 a 2005, aponta uma taxa de 13,8 % de novos casos de

tumores ósseos malignos nessa população. Esses dados reforçam a necessidade de

investimentos para se desenvolver formas de tratamento para essas enfermidades.

O tratamento padrão, empregado em osteossarcomas, é feito através da aplicação de

um agente neoadjuvante quimioterápico seguido de ressecção cirúrgica (ANDO et al., 2013;

BACCI et al., [s.d.], 1993; CARRLE; BIELACK, 2006; FERGUSON; GOORIN, 2001b).

Apesar do sucesso da quimioterapia para o tratamento de osteossarcomas, observa-se uma das

mais baixas taxas de sobrevivência para câncer pediátrico. Na maioria dos casos, a

quimioterapia é utilizada antes da cirurgia para matar células tumorais e ajudar a controlar a

propagação do tumor, o que facilita a remoção cirúrgica. Em alguns pacientes, a

quimioterapia é aplicada de forma paliativa para ajudar a retardar o crescimento do tumor e a

diminuir os sintomas quando o quadro se torna avançado e incapaz de se obter a cura. A

cirurgia é utilizada para remover o tumor primário, mas em alguns casos, devido à posição ou

o tamanho do tumor, a cirurgia pode envolver a remoção de todo o membro (FERGUSON;

GOORIN, 2001a).

A radioterapia convencional (teleterapia) é utilizada ocasionalmente em situações

especiais, onde ocorre a impossibilidade de remover todo o tumor cirurgicamente. Devido à

baixa sensibilidade dos osteossarcomas à radiação ionizante, este tipo de tratamento não é

utilizado com muita frequência, podendo ser recomendada para o tratamento pós-cirúrgico

com o objetivo de destruir possíveis células residuais após a remoção do tumor (BRULAND;

SKRETTING; SOLHEIM, 1996). A baixa sensibilidade dos osteossarcomas à teleterapia

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possivelmente está associada também à distância entre a fonte de radiação e as células

tumorais, que impede a aplicação de doses maiores devido aos efeitos das radiações em

células sadias. A braquiterapia, técnica baseada na implantação cirúrgica de fontes

encapsuladas diretamente no interstício de tumores, reduz a distância entre fonte radioativa e

células cancerosas, mas em casos de tumores multifocais e metástases ósseas, essa técnica se

torna inaplicável devido às altas doses de radiação em que os pacientes seriam submetidos (o

que afetaria células sadias) e devido à característica invasiva do processo cirúrgico para

implantação das fontes. Considerando as dificuldades expostas, existe uma necessidade

emergente para encontrar novas alternativas terapêuticas para esse tipo de tumor.

Sistemas nanoestruturados têm sido amplamente explorados em pesquisas biomédicas

com grande otimismo para o diagnóstico e terapia do câncer. Como carreadores de

radioisótopos, esses sistemas apresentam um potencial promissor para o tratamento dos

osteossarcomas, permitindo o emprego mais seletivo das radiações em células tumorais e

podendo aumentar a radiossensibilidade desses tumores devido à proximidade que podem

manter entre os radioisótopos e as células tumorais. Nanomateriais, como a sílica mesoporosa,

as nanopartículas de hidroxiapatita, os nanotubos de carbono e os lipossomas, possuem

propriedades únicas que permitem a acumulação espontânea em tecidos tumorais, tornando-os

bons agentes para atuarem como veículos de entrega para liberação controlada de fármacos ou

como carreadores estáveis para radionuclídeos e radiofármacos (TORCHILIN, 2011, 2007).

A hidroxiapatita (HA) é um fosfato de cálcio, quimicamente definido como

Ca10(PO4)6(OH)2. Nanoestruturas de hidroxiapatita são exploradas em pesquisas biológicas

por apresentarem biocompatibilidade, bioatividade e semelhança com a composição mineral

dos tecidos ósseos (HAN et al., 2008). O pequeno tamanho do cristalito desses nanomateriais

é um importante fator que está relacionado com suas propriedades biológicas e estruturais,

como atividade superficial e baixa solubilidade (MIR et al., 2012). Além disso, biomateriais

mesoporosos permitem a fácil incorporação de agentes como os radioisótopos, visando o

tratamento de enfermidades como o osteossarcoma.

O tecido ósseo é um compósito inorgânico-orgânico consistindo principalmente de

colágeno (COL) e HA. Alguns estudos mostram que o processo de funcionalização de

superfícies de hidroxiapatita com colágeno melhora a aderência desse material em células de

tecidos ósseos (VOHRA et al., 2008). No entanto, os biocompósitos sintéticos de colágeno e

hidroxiapatita sozinhos não possuem as propriedades mecânicas adequadas para proporcionar

a estabilidade necessária em aplicações biomédicas. Entretanto este comportamento pode ser

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optimizado com a utilização de ligantes poliméricos que formam uma interface entre os

materiais e melhoraram suas propriedades mecânicas, promovendo maior durabilidade para

esses sistemas (DEGIRMENBASI; KALYON; BIRINCI, 2006). Um bom candidato para

promover essa interface é o poli (álcool vinílico) (PVA), um polímero que exibe

biocompatibilidade e alto módulo de elasticidade, características que credenciam esses

materiais para aplicações biomédicas como sistemas de entrega de fármacos e carreadores de

radioisótopos (BAKER et al., 2012a; PEPPAS; MONGIA, 1997). Além disso, nanomateriais

funcionalizados com polímeros vinílicos apresentam a capacidade de evadir do sistema

fagocitário e se tornarem materiais de longa circulação sanguínea, favorecendo ainda mais ao

acúmulo espontâneo desses materiais em regiões tumorais (TORCHILIN; TRUBETSKOY,

1995b).

O ítrio-90 é um radioisótopo emissor beta (Emax = 2,28 MeV) com meia-vida de 64

horas. Este radionuclídeo tem sido empregado com sucesso em sinovectomia radioisotópica e

braquiterapia para tratamento de tumores metastáticos do fígado. Além disso, Khalid &

Mushtaq (2005), demonstraram que formulações 90

Y-HA apresentam estabilidade compatível

com aplicações in vitro e in vivo, credenciando esse sistema como um potencial agente para

tratamento de neoplasias. O gadolínio-159 é um radioisótopo emissor beta (Emax 1 MeV) e

gama (363 keV) com meia-vida de 18 horas que, encapsulado por nanopartículas, pode ser

utilizado tanto para tratamento quanto para o diagnóstico do câncer, como encontrado na

literatura (LIU; ZHANG, 2012; SOARES et al., 2011).

Embora já existam alguns estudos sobre partículas de hidroxiapatita contendo ítrio-90

relatados na literatura (KHALID; MUSHTAQ, 2005a; KUCUK et al., 2011; MULLAN;

SURVEYOR, 1989; THOMAS et al., 2013), até o momento não foi reportado na literatura o

uso de nanopartículas de hidroxiapatita funcionalizadas com estrutura mesoporosa como um

sistema híbrido carreador de ítrio-90 ou gadolínio-159, visando o tratamento de

osteossarcomas. Esse sistema pode oferecer uma alternativa mais eficaz para o tratamento

proposto, visando a redução da atividade radioativa em células sadias e promovendo o

acúmulo seletivo dos radioisótopos no interstício das células tumorais, o que poderia

aumentar a radiossensibilidade dessas células devido à proximidade mantida em relação à

fonte radioativa.

Com base no que foi exposto, a proposta do presente trabalho é a elaboração de um

sistema híbrido constituído por nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita funcionalizadas

com PVA e colágeno para promover a incorporação de radioisótopos e estudar, in vitro, a

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atividade citotóxica desses sistemas sobre a linhagem de células T98G de glioblastoma

cerebral humano.

Este trabalho está basicamente dividido em 9 capítulos. No Capítulo 2 são explicitados

os principais objetivos para o desenvolvimento deste trabalho. No terceiro capítulo é

apresentado todo o referencial teórico utilizado como base para essa pesquisa; no quarto

capítulo são apresentadas as metodologias empregadas para síntese bem como a

caracterização dos materiais. No quinto capítulo são apresentados e discutidos todos os

resultados obtidos em laboratório e, finalmente, o capítulo 6 apresenta as conclusões sobre

todo o conteúdo desse trabalho. O Capítulo 7 apresenta as perspectivas futuras para essa

pesquisa, no capítulo 8 são apresentadas as produções científicas que resultaram desse

trabalho e as referências bibliográficas aparecem no Capítulo 9.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Sintetizar sistemas híbridos compostos por nanopartículas mesoporosas de

hidroxiapatita funcionalizadas com PVA e colágeno, incorporar os radioisótopos ítrio-90 e

gadolínio-159 e realizar o estudo citotoxicidade in vitro com a linhagem de células T98G de

glioblastoma humano.

2.2. Objetivos específicos

Sintetizar nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita com tamanho, área superficial

e distribuição de poros adequados para realização de estudos de funcionalização,

incorporação e testes biológicos in vitro;

Caracterizar físico-quimicamente e morfologicamente as nanoestruturas de

hidroxiapatita;

Funcionalizar as nanopartículas de hidroxiapatita com PVA e colágeno;

Estudar o potencial de incorporação dos elementos ítrio e gadolínio no sistema híbrido

nanoestruturado PVA/COL/HA;

Estudar, em fluído corpóreo simulado (SBF), a cinética de liberação dos elementos

ítrio e gadolínio incorporados nas nanoestruturas;

Promover a ativação neutrônica do elemento gadolínio;

Promover a incorporação do radioisótopo gadolínio-159 no sistema híbrido

nanoestruturado PVA/COL/HA;

Realizar estudos de citotoxicidade in vitro com células de linhagem T98G para

diferentes formulações dos materiais estudados.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1- Hidroxiapatita, um biomaterial multifuncional

Dentro da classe dos biomateriais, a hidroxiapatita é uma biocerâmica que merece

atenção especial devido à semelhança que apresenta com a fase mineral encontrada nos

tecidos ósseos e devido à ausência de toxicidade, sendo considerado um material bioativo e

biocompatível (HAN et al., 2008). Um biomaterial é um material sintético ou natural usado

para substituir partes de um sistema vivo ou para funcionar em contato íntimo com os tecidos

vivos. O principal diferencial de um biomaterial é a sua capacidade para permanecer em um

ambiente biológico sem provocar danos no ambiente e sem serem danificados no processo

(DOROZHKIN, 2010). Um material bioativo é aquele que induz à formação de uma camada

de fosfato de cálcio biologicamente ativa ao seu redor por meio de complexas reações físico-

químicas, iniciando o crescimento de uma capsula fibrosa fina que o separa dos tecidos

normais quando presente em sistemas biológicos (OREFICE; PEREIRA; MANSUR, 2012).

Esses tipos de materiais permitem a reconstituição tecidual em locais de implantes e são

bastante utilizados em ortopedia e odontologia.

As apatitas são minerais representados pela fórmula A10(BO4)6X2, onde A geralmente

representa um metal bivalente (Ca2+

, Sr2+

, Ba2+

, Pb2+

,...), BO4 representa um ânion trivalente

(PO43-

, AsO43-

, VO43-

,....) e X um ânion monovalente (F-, Cl

-, Br

-, I

-, OH

-,...). Cristais de

apatita comumente apresentam estrutura hexagonal, com grande habilidade para formarem

soluções sólidas e aceitarem inúmeras substituições na rede cristalina, possibilitando a

funcionalização desses materiais ou a realização de alterações estruturais para torná-los mais

aptos às suas aplicações (ELLIOTT, 1994; WHITE, 2005). Os ortofosfatos de cálcio

constituem uma importante família de apatitas, onde os arranjos atômicos são construídos em

torno da rede do grupo ortofosfato (PO4), que provê estabilidade à estrutura. A maioria dos

ortofosfatos de cálcio são moderadamente solúveis em água e insolúveis em soluções

alcalinas, mas todos eles são facilmente solúveis em ácidos (ELLIOTT; MACKIE; YOUNG,

1973).

Uma maneira conveniente de classificar os compostos de fosfatos de cálcio é através

da razão molar Ca/P. Geralmente vários tipos de fosfatos de cálcio, tendo diferentes razões de

Ca/P variando de 0,5 a 2,0, podem ser sintetizados através da mistura de soluções com íons

cálcio e fosfato sob condições ácidas ou alcalinas. A Tabela 3.1 apresenta características dos

vários tipos de fosfatos de cálcio sintéticos (LEGEROS, 1991, 2002).

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Tabela 3.1: Família dos fosfatos de cálcio (Adaptado de LEGEROS, 1991 e 2002).

Ca/P Fórmula Nome Abreviação

2,0 Ca4O(PO4)2 Fosfato tetracálcico TTCP

1,67 Ca10(PO4)6(OH)2

Ca10-xH2x(PO4)6(OH)2

Hidroxiapatita

Fosfato de cálcio amorfo

HA

ACP

1,50 Ca3(PO4)2 Fosfato tricálcico TCP

1,33 Ca8H2(PO4)6.5H2O Fosfato octacálcico OCP

1,0 CaHPO4.2H4O Fosfato dicálcico dihidratado DCPD

1,0 CaHPO4 Fosfato dicálcico DCP

1,0 Ca2P2O7 Pirofosfato de cálcio CPP

1,0 Ca2P2O7.2H2O Pirofosfato de cálcio dihidratado CPPD

0,7 Ca7(P5O16)2 Fosfato heptacálcico HCP

0,67 Ca4H2P6O20 Fosfato dihidrógeno tetracálcico TDHP

0,5 Ca(H2O4)2.H2O Fosfato monocálcico monohidratado MCPM

0,5 Ca(PO3)2 Metafosfato de cálcio CMP

A hidroxiapatita cristaliza normalmente num sistema hexagonal e, em algumas

exceções, em sistema monoclínico (ELLIOTT; MACKIE; YOUNG, 1973; MORGAN et al.,

2000). O sistema pertence ao grupo espacial hexagonal P63/m, com simetria de rotação

hexagonal e parâmetros de rede a = b = 9,418 Å e c = 6,884 Å - , 2011). A

Figura 3.01 mostra a célula unitária da hidroxiapatita que contém 10 íons de cálcio

localizados em sítios não equivalentes, sendo quatro localizados no sítio I ([Ca(I)] e seis

localizados no sítio II [Ca(II)]). Os íons de cálcio pertencentes ao sítio I estão alinhados em

Colunas, enquanto que no sítio II, estão alinhados em triângulos equiláteros perpendiculares à

direção “c” da estrutura. Os cátions Ca+2

do sítio I estão coordenados por 6 átomos de

oxigênio pertencentes a diferentes tetraedros de PO43-

e também por outros 3 átomos de

oxigênio relativamente distantes - , 2011).

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Figura 3.01- Célula unitária da hidroxiapatita. Adaptado de Muñoz (2011).

Os fosfatos de cálcio podem ser sintetizados por diferentes técnicas, como o método

sol-gel, o método de precipitação em soluções aquosas e o método hidrotermal (LÓPEZ-

MACIPE et al., 1998; SADAT-SHOJAI; KHORASANI; JAMSHIDI, 2012; SALIMI et al.,

2012; YAN et al., 2001). Uma das maiores dificuldades na síntese da hidroxiapatita é a

grande probabilidade do aparecimento de outras fases de fosfatos de cálcio. Cada uma dessas

fases possui características próprias e, dessa maneira, a presença dessas fases altera as

propriedades da hidroxiapatita. O TCP é a fase mais provável de aparecer em conjunto com a

hidroxiapatita. Este composto é solúvel em meio fisiológico, ao passo que a hidroxiapatita é

praticamente insolúvel. Portanto, a presença TCP confere a HA uma solubilidade maior do

que a que caracteriza o material (KOUTSOPOULOS, 2002).

A solubilidade é convencionalmente descrita como a quantidade de sólido que pode

dissolver em unidade de volume da solução. Para os fosfatos de cálcio, esta quantidade pode

mudar em várias ordens de grandeza com a mudança de pH e concentrações de ácidos e bases

(CHOW, 2009). Na Figura 3.02 é mostrado um diagrama de fase de solubilidade dos fosfatos

de cálcio em função do pH.

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Figura 3.02- Diagrama de fase de solubilidade dos fosfatos de cálcio. Adaptado de CHOW

(2009)

Vohra e colaboradores (2008) mostraram que o processo de funcionalização de

superfícies de hidroxiapatita com colágeno melhora a aderência desse material em células de

osteossarcoma por tornar o material mais compatível com tecidos ósseos, uma vez que os

ossos são basicamente formados por colágeno e HA. Essa funcionalização agrega à

hidroxiapatita uma característica muito importante para o presente trabalho, uma vez que um

dos objetivos é promover a entrega seletiva desse material em massas tumorais de

osteossarcomas. Entretanto, segundo Degirmenbasi e colaboradores (2006), biocompósitos

sintéticos de colágeno e HA não apresentam propriedades mecânicas adequadas para

bioaplicações, mas este comportamento pode ser optimizado com o emprego de um ligante

polimérico capaz de formar uma interface entre o colágeno e a hidroxiapatita. O poli (álcool

vinílico) é um bom candidato para essa função, pois trata-se de um polímero que exibe

biocompatibilidade e alto módulo de elasticidade, além de apresentar grupamentos químicos

capazes de promover ligações de hidrogênio com a hidroxiapatita e com o colágeno, como

sugerido por Asran e colaboradores (2010) e demonstrado na Figura 3.03.

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Figura 3.03- Ligações de hidrogênio entre a hidroxiapatita, Colágeno e PVA. Fonte:

(ASRAN; HENNING; MICHLER, 2010a).

3.2- Colágeno

O colágeno é a proteína mais abundante da matriz extracelular e o principal

componente estrutural dos tecidos conjuntivos. São conhecidos, pelo menos, 27 tipos de

colágeno que são caracterizados pela sua complexidade e diversidade na estrutura. O

Colágeno do tipo I, encontrado na forma de fibras com tamanhos entre 80 e 160 nm, é o mais

abundante e está presente de forma generalizada no organismo (GOISSIS, 2007; RICARD-

BLUM, 2011). Os colágenos são formados por 19 cadeias α (cadeia peptídica) que são

associadas em grupos de três para dar origem a cada tipo de Colágeno, formando estruturas de

tripla hélice (GOISSIS, 2007).

A estrutura primária das moléculas de colágeno (Figura 3.04) é uma unidade formada

por três aminoácidos e o primeiro aminoácido desta unidade é uma glicina (GLI). Os outros

dois aminoácidos são principalmente a prolina (PRO) e a hidroxiprolina (HIPRO), mas

também é possível que uma lisina seja incorporada (GELSE, 2003). A hidroxiprolina forma

ligações de hidrogênio, essenciais para a estabilidade da tripla hélice, onde as glicinas estão

posicionadas no centro e os aminoácidos de maior diâmetro são posicionados nos lados

exteriores, resultando em uma estrutura densa em torno do eixo central da molécula

(MARION, 2006). A distância entre dois grupos consecutivos de GLI é de 8,7 Å, sendo que

cada grupo de aminoácido contribuí com a distância de 2,8 Å e as posições X podem ser

ocupadas pela PRO ou HIPRO. A estrutura tropocolágeno corresponde à unidade monomérica

do colágeno do tipo 1 (GOISSIS, 2007).

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Figura 3.04- Esquema representativo da estrutura da tripla hélice do Colágeno. Fonte:

(GOISSIS, 2007)

Nas unidades terminais de nitrogênio e carbono, o colágeno contém uma estrutura não

helicoidal, os telopeptídeos (Figura 3.05), que são estruturas capazes de formar ligações

covalentes cruzadas entre o colágeno e outras moléculas, sendo um fator importante para os

processos de funcionalização dos nanomateriais (BALGUID et al., 2007).

Figura 3.05- Estrutura fibrilar do Colágeno. Fonte: (VIEIRA, 1999)

A formação das microfibrilas de colágeno ocorre pelas interações entre as moléculas

de tropocolágeno e, depois de formadas, elas se agregam por um processo denominado

fibrilogênese (Figura 3.06) para formar fibrilas insolúveis que, por sua vez, se agregam para

formar as fibras colagênicas (EGAWA, 2007).

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Figura 3.06- Esquema da formação das fibras de colágeno a partir das fibrilas, microfibrilas e

tropocolágeno. Fonte: (FIGUEIREDO, 2009).

3.3- Poli (álcool vinílico)

O poli (álcool vinílico) (PVA) é um polímero sintético, de fórmula geral

(C2H4O)n(C4H6O2)m e peso molecular que varia entre 30.000 e 200.000 g/mol, usado desde o

início da década de 1930 em uma ampla gama de aplicações industriais e médicas, incluindo a

produção de resinas, vernizes, fios cirúrgicos e aplicações alimentícias. As características

físicas do PVA são dependentes do modo de sua preparação a partir da hidrólise ou hidrólise

parcial do acetato de polivinilo (Figura 3.07). O PVA é geralmente classificado em dois

grupos, parcialmente hidrolisado (A) e completamente hidrolisado (B) (DEMERLIS;

SCHONEKER, 2003).

Figura 3.07- Fórmula estrutural do PVA: (A) Parcialmente hidrolisado e (B) completamente

hidrolisado. Fonte: (DEMERLIS; SCHONEKER, 2003).

Fibra

Fibrila

Microfibrila

Hélice de

Tropocolágeno

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A quantidade de hidroxilação determina as características físicas, as propriedades

químicas e as propriedades mecânicas do PVA. O polímero resultante será altamente solúvel

em água e mais resistente aos solventes orgânicos. Quanto maior o grau de hidroxilação e

polimerização do PVA, menor será a solubilidade em água e mais difícil será sua cristalização

(BAKER et al., 2012b). Devido à sua solubilidade em água, o PVA pode ser reticulado para

formar hidrogéis e ser utilizado em suas várias aplicações. As reticulações, químicas ou

físicas, fornecem a estabilidade estrutural que o hidrogel precisa quando está na presença de

água ou fluido biológico. O grau de reticulação determina a quantidade de absorção do fluido,

estabelecendo-se, assim, as características físicas, químicas e as propriedades de difusão do

polímero que, finalmente, determinam suas propriedades biológicas (HUGLIN, 1989).

O PVA está aprovado pelo FDA para utilização em várias aplicações médicas,

incluindo sistemas transdérmicos, preparação de géis que secam rapidamente quando

aplicados à pele e em formulações para liberação de fármacos. Soluções oftálmicas, tais como

lágrimas sintéticas, podem também conter o PVA, pois fornece uma boa dispersão e possui

propriedades de revestimento (DEMERLIS; SCHONEKER, 2003). Hidrogéis e membranas

de PVA têm sido desenvolvidos para outras aplicações oftálmicas, tais como lentes de

contato, e humor vítreo sintético, bem como para materiais médicos implantáveis visando a

substituição de cartilagem e menisco (BAKER et al., 2012b). O PVA apresenta grande

resistência à tração e alongamento antes de sua ruptura, fazendo dele um hidrogel adequado

para lentes de contato gelatinosas, permitindo a extensão do tempo de uso sem indução de

hipóxia para o córnea (KITA et al., 1990).

3.4- O câncer

O câncer é um termo geral utilizado para fazer referência a alterações patológicas

caracterizadas por células que perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio

crescimento, resultando na produção de uma massa denominada de tumor (CORNER, 2001).

Os tumores podem ser classificados como benignos ou malignos. As células de tumores

benignos crescem lentamente e mantêm uma estrutura semelhante à estrutura de uma célula

normal, enquanto as células dos tumores malignos crescem descontroladamente, sem respeitar

a estrutura e funções do tecido adjacente. Além disso, estas células possuem a capacidade de

evadir da ação do sistema imunológico, disseminando-se para diversas regiões do organismo

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por um processo denominado metástase, responsável por cerca de 70% de óbitos dentre seus

portadores (FYNAN; REISS, 1993)

As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam para uma

incidência de 27 milhões de novos casos de câncer, com 17 milhões de mortes e 75 milhões

de portadores da doença em todo o mundo até o ano de 2030 (BRASIL. MINISTÉRIO DA

SAÚDE. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER., 2010). No Brasil, foi estimada uma

ocorrência de 518.510 novos casos de câncer no país nos anos de 2012 e 2013, com atenção

especial aos cânceres de próstata (60.180 casos) e mama (52.680 casos), que serão os tipos

mais incidentes em homens e mulheres, respectivamente.

Os tecidos orgânicos sadios são constituídos por um conjunto de células específicas

que possuem as propriedades morfofisiológicas adequadas para a realização de suas funções

características. Cada uma dessas células apresenta um ciclo de vida bem regulado que

proporciona a constante renovação tecidual, etapa fundamental para o desenvolvimento e a

manutenção de todo organismo vivo. O câncer é uma doença causada por uma falha genética

relacionada ao mecanismo que regula o ciclo celular, conduzindo ao crescimento desordenado

e invasivo de células, que leva à formação de uma massa tumoral com capacidade para se

infiltrar em tecidos sadios (GOLDMAN; AUSIELLO, 2010). Mesmo que os mecanismos

etiológicos do câncer não sejam completamente compreendidos pela Ciência, alguns estudos

demonstram que tais mecanismos podem ser de origens variadas, tendo origem interna ou

externa ao organismo e podendo estar inter-relacionados (HANAHAN; WEINBERG, 2011)

Todos os tipos de câncer são resultados de mutações ou supressões de dois tipos de

genes: o gene supressor de tumores que precisa ser desativado e o oncogene que precisa ser

ativado para que o crescimento celular seja iniciado (VERMA; PATEL; VERMA, 2011)

Esses eventos podem ocorrer devido a erros internos de replicação durante as etapas da

divisão celular ou podem ocorrer devido a alguns fatores mutagênicos externos como as

radiações, produtos químicos e alguns vírus (TOKINO; NAKAMURA, 2000).

Devido à rápida evolução dos tumores, a detecção precoce dessas neoplasias é um

fator determinante no prognóstico dos pacientes. O câncer possui um estadiamento que

envolve algumas etapas, sendo que em estágios iniciais o tratamento se torna mais eficaz e

com menores chances de reincidências (GOLDMAN; AUSIELLO, 2010).

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3.5- Osteossarcoma

O osteossarcoma é o tumor ósseo maligno primário mais comum em crianças e

adolescentes, tendo maior incidência entre a faixa de 10 a 20 anos de idade, quando a taxa de

crescimento ósseo é mais acentuada (WEISS, 2005). Essa enfermidade representa o tipo mais

comum de sarcoma ósseo, sendo um quarto de todos os tumores malignos dos ossos e um

terço de todos os tipos de sarcomas (DORFMAN; CZERNIAK, 1998).

O osteossarcoma é uma enfermidade definida como uma neoplasia mesenquimal

maligna que apresenta diferenciações na formação óssea. Esses tumores podem afetar a região

intramedular ou podem afetar a superfície dos ossos, embora seja mais raro. Os locais mais

comuns para incidência de osteossarcomas são as regiões com as mais altas taxas de

crescimento, como as metáfises dos ossos tubulares. Se não for tratada, essa enfermidade se

torna fatal, com grandes possibilidades para ocorrência de metástases (WEISS, 2005).

Vários subtipos de osteossarcoma podem ser identificados através de exames de Raios

X e análises em microscópios. Com base em sua aparência ao microscópio, osteossarcomas

podem ser classificados como de alto grau, grau intermediário ou de baixo grau.

Osteossarcomas de alto grau são os de crescimento mais rápido e quando vistos sob um

microscópio eles não se parecem com o osso normal e apresentam muitas células em processo

de divisão. A maioria dos osteossarcomas que ocorrem em crianças e adolescentes é de alto

grau. Osteossarcomas de grau intermediário ficam entre osteossarcomas de alto e de baixo

grau e são tratados como osteossarcomas de baixo grau. Os osteossarcomas de baixo grau são

os que apresentam crescimento mais lento, os tumores parecem mais com o osso normal e têm

poucas células em divisão, quando visto sob um microscópio (DORFMAN; CZERNIAK,

1998).

Para se estabelecer um adequado tratamento do câncer, é necessário conhecer as

características do paciente, do tumor e as opções terapêuticas disponíveis. O tratamento pode

ter intenção curativa, paliativa ou de suporte. Existem basicamente três modalidades

terapêuticas: (i) cirurgia, aconselhada quando o tumor é localizado em regiões anatômicas

mais favoráveis; (ii) radioterapia, útil para tratamento de tumores localizados que não podem

ser ressecados ou não apresentam morbidade grave, podendo ser utilizada também para

redução do tamanho tumoral antes de uma intervenção cirúrgica; (iii) quimioterapia, que é um

tratamento sistêmico e consiste de uma combinação de fármacos específicos para destruir

células tumorais circulantes ou de tumores sólidos (GOLDMAN; AUSIELLO, 2010).

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3.6- O emprego da radiação ionizante em oncologia

As radiações ionizantes atuam destruindo as células tumorais através de mecanismos

que podem originar quebras na molécula de DNA e por meio da produção de radicais livres

dentro do citoplasma (TUBIANA; DUTREIX; WAMBERSIE, 1990). Células cancerígenas

não possuem um mecanismo de defesa eficaz e, assim, danos no DNA são fatais para essas

células. A radiólise da água promove a formação de radicais livres dentro do citoplasma

celular e os radicais podem se recombinar, originando substâncias químicas letais como o

peróxido de hidrogênio (TAUHATA et al., 2003). Entretanto, as limitações de emprego das

radiações ionizantes, no presente contexto, residem no fato que células sadias e células

cancerígenas não são discriminadas, resultando em severos efeitos colaterais. Neste contexto,

a radioterapia convencional (feixe externo) apesar de ser efetiva para alívio das dores ósseas e

ser capaz de promover redução da massa tumoral em alguns casos, não pode ser utilizada para

tratamentos multifocais devido à grande probabilidade de depositar elevadas doses de

radiação em vários tecidos sadios (HARVEY; CREAM, 2007; STERLING et al., 2011). Uma

alternativa à radioterapia convencional é o emprego dos radionuclídeos administrados

sistemicamente por meio de radiofármacos ou através de sementes de braquiterapia,

constituídas por materiais radioativos encapsulados por um material protetor e biocompatível,

implantadas diretamente ou lateralmente nos volumes tumorais (GABRIEL, 2007;

TAUHATA et al., 2003).

O ítrio-90 (90

Y) é um radioisótopo que possui uma meia-vida de 64 horas e emite

radiação beta com 2,28 MeV de energia. Quando administrado sistemicamente, estudos

demonstram que uma parcela de 25% será diretamente excretada, 50% serão captados pelo

esqueleto, 15% serão direcionados ao fígado e uma parcela de 10% é uniformemente

distribuída por todos os outros órgãos e tecidos (VENNART, 1981). A alta captação do 90

Y

pelos tecidos ósseos credencia esse radioisótopo para o tratamento de osteossarcomas,

sugerindo que essa afinidade aumente a eficácia e a especificidade de ação das radiações

ionizantes nesses tumores.

Observam-se nos últimos anos intensas pesquisas onde sistemas nanoestruturados

carreadores de radioisótopos como os lipossomas têm sido investigados a fim de melhorar a

especificidade das radiações ionizantes sobre os tecidos tumorais (MAGIN; MORSE, 1983;

PHILLIPS, 1999; ROMBI; COSSU; MELIS, 1991). Em outros estudos, nanopartículas de

hidroxiapatita contendo os radioisótopos 177

Lu e 90

Y foram empregadas com sucesso no

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29

tratamento de tumores hepáticos e prostáticos de cobaias (CHAKRABORTY et al., 2008;

KHALID; MUSHTAQ, 2005b).

3.7- Nanomateriais aplicados à oncologia

Sistemas nanoestruturados focados em aplicações biológicas têm sido amplamente

explorados em pesquisas biomédicas com grande otimismo para o diagnóstico e terapia do

câncer. Nanomateriais como nanopartículas de sílica mesoporosa e de hidroxiapatita, assim

como os nanotubos de carbono e os lipossomas, possuem propriedades únicas que permitem o

acúmulo desses materiais em tecidos tumorais, podendo atuar como carreadores para

liberação controlada de drogas ou como carreadores de radionuclídeo (TORCHILIN;

TRUBETSKOY, 1995a).

Em circunstâncias como inflamações e hipóxia, tipicamente observadas em regiões

infartadas ou tumorais, o revestimento endotelial da parede dos vasos sanguíneos se torna

mais permeável do que no estado normal. Como resultado, moléculas grandes e partículas

pequenas, que variam de 10 a 500 nm, podem deixar o leito vascular e acumularem-se no

interior do espaço intersticial (TORCHILIN, 2011), como demonstrado esquematicamente na

Figura 3.08. O acúmulo espontâneo, que funciona especialmente bem com tumores devido à

falta de drenagem linfática, é conhecido como efeito EPR (enhanced permeability and

retention) (TORCHILIN, 2007). Considerando esta oportunidade, diversos sistemas

nanoestruturados foram propostos como potenciais sistemas carreadores de drogas

antitumorais. Por exemplo, as formulações lipossomais Depocyt e Myocet (Citarabina e

Doxorubicina, respectivamente) integram o conjunto de medicamentos atualmente aprovados

para uso clínico em humanos (O’SHAUGHNESSY, 2003; PEREZ et al., 2002).

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30

Figura 3.08- Efeito EPR demonstrado esquematicamente. (1) Nanoestruturas de tamanhos

maiores, contendo drogas de tratamento tumoral (4) conseguem permear em regiões tumorais

(3) que possuem permeabilidade vascular aumentada (2). Sem estarem dentro de estruturas

maiores, as drogas conseguem permear a parede vascular em tecidos normais e provocar a

morte de células sadias (setas finas sem números). Adaptado de TORCHILIN, 2007.

Em estudos conduzidos por Chakraborty et al. (2008), nanopartículas de hidroxiapatita

marcadas com o radioisótopo 177

Lu foram preparadas com sucesso e apresentaram excelente

estabilidade in vitro. Os estudos mostraram uma retenção sistêmica de aproximadamente 73%

da atividade injetada após 14 dias da administração, sendo que os estudos de biodistribuição

demonstraram insignificantes absorções do composto em órgãos e tecidos maiores, exceto no

esqueleto. Clunie e colaboradores (1995) estudaram a biodistribuição de partículas de

hidroxiapatita marcadas com 153

Sm em pacientes portadores de sinovites do joelho, e os

resultados desses estudos demonstraram uma boa distribuição do composto na região óssea de

interesse, com baixas absorções pelos pulmões, linfonodos e fígado. Os resultados obtidos em

outros estudos indicaram que a hidroxiapatita nanoestruturada possui boa afinidade pelos

tecidos ósseos com baixa captação por órgãos não alvos como fígado, pulmões e linfonodos,

sugerindo esse nanomaterial como um potencial sistema como carreador de radionuclídeos

para aumentar a especificidade de ação das radiações em neoplasias ósseas (CLUNIE et al.,

1995).

Nanopartículas de hidroxiapatita apresentam lento processo de biodegradação in vivo,

conferindo boa estabilidade para aplicações biológicas (OREFICE; PEREIRA; MANSUR,

2012). Estudos recentes avaliaram as diferenças na morfologia e nas propriedades da

superfície de micro e nanopartículas de HA com respeito à adsorção de drogas e relataram que

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31

os fenômenos de adsorção ou dessorção dependem das propriedades físico-químicas das

drogas e dos tamanhos (micrometros ou nanômetros) das partículas de HA

(MOBASHERPOUR et al., 2007). Um mesmo método pode produzir nanopartículas de HA

com diferentes propriedades físicas e químicas, devido à formação de diferentes morfologias e

características dependentes do método de síntese (LI-YUN; CHUAN-BO; JIAN-FENG,

2005).

A maximização da concentração de nanopartículas terapêuticas no interior dos

tumores é vital para a maior eficácia do tratamento porque minimiza os danos para as células

saudáveis em outras partes do corpo. Segundo HAN (2008), a biodistribuição de estruturas

nanométricas é fortemente afetada pela captação de macrófagos do sistema fagocitário

mononuclear (MPS). O principal fator determinante da cinética de absorção dos

nanomateriais pelo sistema MPS é o tamanho de partícula (STORM et al., 1995), sendo

desejável a obtenção de partículas de tamanhos menores para que o sistema tenha a

capacidade de evadir do sistema fagocitário (TORCHILIN, 2007).

3.8- Ativação neutrônica em reatores nucleares

O reator nuclear IPR-R1, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear -

CDTN, é um reator do tipo TRIGA (training research isotopes general atomics), fabricado

pela Gulf General Atomic (USA). Esse reator foi projetado para operar em regime contínuo

até a potência de 100 kW. O núcleo do reator (Figura 3.09) apresenta a forma cilíndrica com

91 canais onde estão instalados 63 elementos combustíveis, sendo circundado por um refletor

de grafita. Uma coluna de aproximadamente 5 m de água faz a blindagem em relação ao topo

do poço.

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32

Figura 3.09- Esquema em corte do núcleo do reator TRIGA. Fonte (ZANGIROLAMI, 2010).

A ativação neutrônica de radioisótopos ocorre preferencialmente pela reação nuclear

(n,γ) produzida por nêutrons térmicos e epitérmicos. O princípio de funcionamento dos

reatores nucleares é a fissão de isótopos pesados como o 235

U, 238

U e 239

Pu, que produzem

uma média de 2 a 3 nêutrons por fissão, com energias entre 0 e 15 MeV. Uma vez iniciada a

fissão do combustível nuclear, parte dos nêutrons produzidos é utilizada para provocar novas

fissões, mantendo a reação em cadeia e um fluxo de nêutrons dentro do núcleo do reator. As

amostras ativáveis são conduzidas para dentro do núcleo do reator, na mesa giratória ou no

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33

tubo central, através de sistemas pneumáticos que permitem a inserção segura das amostras

para dentro do núcleo.

A atividade induzida em uma amostra depende do número de átomos alvo, da secção

de choque para nêutrons térmicos e da integral de ressonância para nêutrons epitérmicos do

isótopo estável que será ativado, dos fluxos de nêutrons térmicos e epitérmicos característicos

do reator e do tempo de irradiação da amostra dentro do núcleo. A equação (1), que relaciona

esses fatores, permite o cálculo teórico da atividade induzida em uma amostra dentro do

núcleo do reator.

(1)

Onde N é o número de átomos do isótopo estável, ΦTh é o fluxo de nêutrons térmicos

dentro do núcleo do reator, σTh é a secção de choque do isótopo estável para nêutrons

térmicos, ΦEPI é o fluxo de nêutrons epitérmicos dentro do núcleo do reator, Iγ é a integral de

ressonância do isótopo estável, λ é a constante de decaimento radioativo do radioisótopo

ativado e TIR é o tempo de irradiação da amostra (ZANGIROLAMI, 2010). Com base nestes

dados é possível estimar teoricamente a atividade induzida em uma amostra submetida a um

fluxo de nêutrons específico.

Com base no que foi exposto neste capítulo e tendo em vista os objetivos apresentados

no capítulo 2, o capítulo a seguir expõe todas as metodologias empregadas nessa pesquisa,

desde as rotas de síntese adotadas para produção da matriz de hidroxiapatita e as rotas para o

processo de funcionalização e incorporação do radioisótopo ítrio, até os estudos de

citotoxicidade in vitro.

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34

4. METODOLOGIA

4.1- Síntese de nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita

Segundo estudos conduzidos por Torchilin (2011), materiais nanoestruturados, com

partículas de tamanho médio variando entre 70 e 200 nm, são adequados para o tratamento do

câncer pelo efeito EPR e, segundo Wu e Colaboradores (2012), estruturas mesoporosas com

grandes áreas superficiais e volume de poros são meios eficazes para promover a

incorporação de radioisótopos. Procurando a obtenção de um material constituído de

nanoestruturas mesoporosas de hidroxiapatita com tamanhos de partícula dentro da faixa

mencionada acima, foram testadas cinco rotas químicas de síntese baseadas no processo de

precipitação aquosa, no processo sol-gel e no método hidrotermal, seguindo a literatura com

algumas adaptações (BAVARESCO et al., 2000; LIN et al., 2007; SALARIAN et al., 2009;

SALIMI et al., 2012; SHIH; WANG; HON, 2005; WANG et al., 2006b; WU et al., 2012;

YAO et al., 2003; YUAN et al., 2010)

4.1.1- Síntese de HA pelo método de precipitação aquosa (Rota 1)

Nanopartículas de hidroxiapatita foram preparadas pelo método de precipitação

aquosa, seguindo os estudos conduzidos por LIMA (2010), com algumas modificações. A

Figura 4.01 representa de forma esquemática essa rota de síntese. Foram preparadas duas

soluções: a solução (i) foi preparada com a dissolução de 78,7 g de nitrato de cálcio

tetrahidratado, Ca(NO3)2.4H2O (Synth), em 300 mL de água Milli-Q® previamente aquecida

à temperatura de 50 °C e a solução (ii) foi preparada com a dissolução de 26,4 g de

monohidrogênio fosfato de dibásico, (NH4)2HPO4 (Sigma-Aldrich), em 500 mL de água

Milli-Q® previamente aquecida à temperatura de 50 °C. Após a completa dissolução, o pH de

ambas as soluções foi ajustado para 12 com adição de hidróxido de amônia, NH4OH (Fmaia).

A solução (i) foi diluída para um volume total de 600 mL e a solução (ii) para um volume de

800 mL, ambas com água Milli-Q® aquecida a 50

°C. A reação entre as soluções ocorreu

através da adição controlada de (ii) em (i) com auxílio de bureta, sob constante agitação à

temperatura de 50

°C durante 30 minutos. Após o término da adição, o excesso de

sobrenadante da suspensão foi retirado e o precipitado foi filtrado e sucessivamente lavado

com água Milli-Q®, acetona e éter de petróleo. O material foi deixado para secar em estufa a

60 °C até adquirir o aspecto de pó e, finalmente, foi transferido para um cadinho de porcelana

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35

e colocado no forno tubular para calcinar a 150 °C durante 7 horas. A reação química (1), que

representa a síntese do material é a seguinte (LIMA, 2010):

10Ca(NO3)2.4H2O + 6(NH4)2HPO4 + 8NH4OH → Ca10(PO4)6(OH)2 + 20NH4NO3 + 46H2O

(1)

Figura 4.01- Fluxograma esquemático da rota 1 de síntese da hidroxiapatita.

4.1.2- Síntese de HA pelo método sol-gel (Rota 2)

Nanopartículas de hidroxiapatita foram preparadas pelo método sol-gel, baseado nos

estudos conduzidos por Salimi et al. (2012), com pequenas modificações. A Figura 4.02

representa forma esquemática a rota de síntese 2. Soluções estequiométricas de (i) nitrato de

cálcio tetrahidratado, Ca(NO3)2.4H2O (Dinâmica Química), e (ii) pentóxido de fósforo, P2O5

(Sigma-Aldrich), foram dissolvidas em álcool etílico, C2H5OH (ECIBRA), com

concentrações molares de 100 mM e 30 mM respectivamente. Em seguida, as duas soluções

foram transferidas para um béquer com o auxílio de buretas a uma taxa de 20 mL/min. A

solução resultante teve o pH ajustado para 12 com NaOH 2,5 M e foi agitada (450 rpm)

durante 24 horas à temperatura ambiente. Em seguida, a solução foi deixada em repouso por

24 horas à temperatura ambiente para envelhecimento e, logo após esse processo, foi lavada,

filtrada e secada em estufa. A amostra obtida foi então calcinada em forno tubular (INTI,

Brasil) à temperatura de 600 °C, com taxa de aquecimento de 5 °C/min durante 2 horas. Por

fim, o material foi moído em graal de ágata durante 20 minutos de onde se obteve um pó fino

Água Milli-Q®

50oC

Ca(NO3)2.4H2O

Solução (i)

Ajuste de pH

Água Milli-Q® 50

oC

(NH4)2HPO4.3H2O

Solução (ii)

Ajuste de pH

Solução HA

Filtração/lavagem Calcinação HA

Agitação

30 minutos

50 oC

Ajuste de pH

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36

de coloração e aspecto característicos da hidroxiapatita. A reação química que representa a

obtenção deste material é descrita como:

10Ca(NO3)2.4H2O + 3P2O5 + 20NaOH → Ca10(PO4)6(OH)2 + 20Na(NO3) + 49H2O (2)

Figura 4.02- Fluxograma esquemático da rota 2 de síntese da hidroxiapatita.

4.1.3- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3a)

A síntese de HA pela rota 3a começou com a preparação de duas soluções precursoras,

conforme representado de forma esquemática na Figura 4.03. A solução (i) foi preparada com

a dissolução de nitrato de cálcio, Ca(NO3)2.4H2O (Dinâmica Química), em água Milli-Q®

para se obter uma concentração final de 0,167 M de cálcio. A solução (ii) foi preparada com a

dissolução de monohidrogênio fosfato de dipotássio, K2HPO4.3H2O (Sigma-Aldrich) em

150 mL de água Milli-Q®

, para se obter uma solução com concentração final de 0,1 M de

potássio, e a posterior adição de 2 g do surfactante brometo de hexadeciltrimetilamônio

(CTAB), C14H42N.Br (Sigma-Aldrich). A solução (ii) ficou sobre agitação durante 6 horas

para promover o direcionamento da rede pela formação de micelas e o seu pH foi ajustado

para 12 com a adição de NaOH 2,5 M, antes e durante o lento gotejamento da solução (i).

Após o processo de adição da solução (i) sobre a solução (ii) com a manutenção da

temperatura em 50 °C, a solução resultante foi envelhecida à temperatura ambiente durante 14

horas. Após esse processo, foi realizado um tratamento hidrotérmico com temperatura de

150 °C durante 10 horas. Em seguida, a solução foi filtrada e lavada com água Milli-Q® e

etanol. O material filtrado ficou em estufa durante 24 horas à temperatura de 60 °C para secar.

Etanol

Ca(NO3)2.4H2O

Solução (i)

P2O5

Etanol

Solução (ii)

Solução HA Agitação 24H

Repouso 24H

Filtração/lavagem

Calcinação

HA

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37

Como os direcionadores são iônicos, a interação entre as moléculas direcionadoras e a

superfície inorgânica é forte, por atração eletrostática. Esta forte interação requer extração

pelo método da calcinação. O material foi então calcinado durante 6 horas a 550 °C para

promover a remoção do surfactante, obtendo-se um fino pó branco.

4.1.4- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3b)

A rota 3b consistiu apenas da modificação na temperatura do tratamento hidrotérmico

da rota 3a de 150 para 100 oC, conforme o fluxograma da Figura 4.03.

Figura 4.03- Fluxograma esquemático das rotas 3a e 3b de síntese da hidroxiapatita. 4.1.5- Síntese de HA pelo método hidrotermal (Rota 3c)

Nanopartículas de hidroxiapatita mesoporosas foram sintetizadas através do método

hidrotermal com a utilização de um surfactante catiônico que atuará como direcionador da

rede de HA. A síntese de HA por esta rota, representada de forma esquemática na Figura 4.04,

começou com a preparação de duas soluções precursoras. A solução (i) foi preparada com a

dissolução de nitrato de cálcio, Ca(NO3)2.4H2O (Dinâmica Química), em água Milli-Q® para

se obter uma concentração final de 0,167 M de cálcio. A solução (ii) foi preparada com a

completa dissolução de 2 g de brometo de hexadeciltrimetilamônio (CTAB), C14H42N.Br

(Sigma-Aldrich), em 150 mL de água Milli-Q®

e a posterior adição de monohidrogênio

Solução (ii)

K2HPO4.3H2O

Água

Milli-Q

CTAB

6 horas de

agitação

Solução (ii)

Ajuste de pH Água

Milli-Q Ca(NO3)2.4H2O

Solução (i) Gotejamento

lento

Solução HA

Tratamento

Hidrotérmico

Filtração/lavagem Calcinação HA

Envelhecimento

Rota 3b:

100oC

Rota 3a:

150oC

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38

fosfato de dipotássio, K2HPO4.3H2O (Sigma-Aldrich), para se obter uma solução com

concentração final de 0,1 M de potássio. A solução (ii) foi agitada durante 6 horas para

promover o direcionamento da rede pela formação de micelas e o seu pH foi ajustado para 12

com a adição de NaOH 2,5 M, antes e durante o lento gotejamento da solução (i). Após o

processo de adição da solução (i) sobre a solução (ii) com a manutenção da temperatura em

50 °C, a solução resultante foi envelhecida à temperatura ambiente durante 14 horas e, após

esse processo, foi conduzida a um tratamento hidrotérmico com temperatura de 100 °C

durante 10 horas. Em seguida, a solução foi filtrada e lavada com água Milli-Q® e etanol. O

material filtrado ficou em estufa durante 24 horas à temperatura de 60 °C para secar e foi

calcinado durante 6 horas a 550 °C para promover a remoção do surfactante, obtendo-se um

fino pó branco. A reação química que descreve as três rotas de síntese pelo método

hidrotermal pode ser descrita como:

10Ca(NO3)2.4H2O + 6K2HPO4.3H2O + 8NaOH → Ca10(PO4)6(OH)2 + 8NaNO3 + 12KNO3 +

64H2O (3)

Figura 4.04- Fluxograma esquemático da rota 3c de síntese da hidroxiapatita.

Solução CTAB

CTAB

Água

Milli-Q

K2HPO4.3H2O

6 horas de

agitação

Solução (ii)

Ajuste de pH Água

Milli-Q Ca(NO3)2.4H2O

Solução (i) Gotejamento

lento

Solução HA

Tratamento

Hidrotérmico

Filtração/lavagem Calcinação HA

Envelhecimento

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A Tabela 4.01 apresenta os principais parâmetros utilizados em cada rota de síntese

química, sumarizando as principais diferenças entre elas.

Tabela 4.1- Principais parâmetros das rotas de síntese química de HA

Ro

ta

Rea

gen

tes

qu

ímic

os

Aju

ste

de

pH

Tem

per

atu

ra

de

pre

pa

ro

da

s so

luçõ

es

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cu

rso

ras

Ord

em d

e

dis

solu

ção

do

CT

AB

Tem

per

atu

ra

de

sín

tese

qu

ímic

a

Tem

per

atu

ra

de

tra

tam

ento

hid

roté

rm

ico

1 Ca(NO3)2.4H2O e

(NH4)2HPO4.3H2O

Nas soluções

precursoras e ao

final da síntese

química

50 °C -**

50 °C -***

2 Ca(NO3)2.4H2O e

P2O5

Ao final da síntese

química T.A.

* -**

T.A.*

-***

3a Ca(NO3)2.4H2O e

K2HPO4.3H2O

Na solução

precursora de

fosfato e durante a

síntese química

T.A.*

Após

dissolução do

K2HPO4.3H2O

50 °C 150 °C

3b Ca(NO3)2.4H2O e

K2HPO4.3H2O

Na solução

precursora de

fosfato e durante a

síntese química

T.A.*

Após

dissolução do

K2HPO4.3H2O

50 °C 100 °C

3c Ca(NO3)2.4H2O e

K2HPO4.3H2O

Na solução

precursora de

fosfato e durante a

síntese química

T.A.*

Antes da

dissolução do

K2HPO4.3H2O

50 °C 100 °C

* - temperatura ambiente; ** - CTAB não foi utilizado; *** - não houve tratamento hidrotérmico

4.2- Funcionalização da matriz de HA com PVA e colágeno

A funcionalização de nanopartículas de HA com PVA completamente hidrolisado e

colágeno do tipo I foi realizada com base na literatura (BAKER et al., 2012a;

DEGIRMENBASI; KALYON; BIRINCI, 2006; FICAI et al., 2010; POURSAMAR et al.,

2010). Inicialmente, foi preparada uma solução com 7,3 % p/p de PVA em água Milli-Q®

sobre agitação vigorosa com temperatura de 90 °C durante 6 horas. Em seguida, 450 mg de

HA foram adicionados a 30 mL da solução de PVA e esse sistema foi mantido sobre agitação

com temperatura de 60 °C durante 4 horas. Após o resfriamento da solução de PVA/HA, uma

alíquota de 10 mL foi retirada do recipiente, centrifugada e o pó separado foi deixado em

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40

estufa a 40 oC durante 24 horas para secar e ser armazenado para futuras caracterizações. Em

seguida, 600 mg de colágeno foram adicionados a 20 ml da solução de PVA/HA e esse

sistema foi mantido sobre agitação à temperatura ambiente durante 5 horas. A solução final

foi centrifugada e o pó separado nesse processo foi secado durante 24 horas em estufa a 40°C,

preservando assim a estrutura do colágeno.

4.3- Estudo do potencial de incorporação e liberação dos elementos ítrio e gadolínio

Os estudos de incorporação e liberação foram inicialmente conduzidos com os

isótopos estáveis dos elementos ítrio e gadolínio, sendo os compostos cloreto de ítrio (Cl3Y,

Sigma-Aldrich) e oxido de gadolínio (Gd2O3, Sigma-Aldrich) foram escolhidos como fonte

desses elementos, respectivamente.

O processo foi iniciado com o preparo de duas soluções, uma delas contendo cloreto

de ítrio e a matriz de hidroxiapatita funcionalizada com razão em peso de 1:3

(Y:PVA/COL/HA) e a outra solução contendo oxido de gadolínio e a matriz de hidroxiapatita

funcionalizada com a razão em peso de 1:3 (Gd:PVA/COL/HA). Estas soluções foram

mantidas sob agitação à temperatura ambiente durante 48 e 24 horas respectivamente. Em

seguida, as soluções foram filtradas através do sistema swinex com a utilização de membranas

de poros com diâmetros de 100 nm (Millipore). Os líquidos passantes foram analisados pelo

método de espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-

AES) utilizando-se o equipamento Spectroflame (Spectro Analytical Instruments, Alemanha)

para se determinar as quantidades de ítrio e gadolínio incorporadas no sistema hibrido

PVA/COL/HA. As amostras retidas nas membranas foram utilizadas para avaliar a cinética de

liberação dos isótopos incorporados na matriz funcionalizada de hidroxiapatita, para estimar a

estabilidade do sistema com relação ao teor dos elementos encapsulados. As nanoestruturas

contendo ítrio e gadolínio foram imersas em solução de SBF a temperatura de 37°C em

intervalos de tempo determinados (12, 24, 48, 72, 96 e 120 horas). Após cada intervalo de

tempo, as amostras foram filtradas utilizando o sistema swinex descrito acima, e avaliadas por

ICP-AES quanto às massas de ítrio e gadolínio liberadas a partir das nanopartículas de

PVA/COL/HA.

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41

4.4- Caracterizações morfológicas e físico-químicas das amostras

As técnicas de caracterização das amostras sem funcionalização foram realizadas após o

processo de calcinação das hidroxiapatitas e as amostras funcionalizadas foram caracterizadas

ao final do processo químico funcionalizante.

4.4.1- Difração de raios X (DRX)

A difração de raios X é uma técnica que permite identificar as fases cristalográficas

presentes em uma amostra através da análise dos ângulos de reflexão correspondentes aos

planos cristalográficos característicos do material. Essa técnica foi utilizada para avaliar as

fases cristalográficas presentes na amostra de hidroxiapatita mesoporosa sintetizada neste

trabalho e verificar a conformidade do material com base na literatura.

O difratograma de raios X da amostra de HA foi obtido utilizando-se um equipamento

TTRAX III (Rigaku Inc., Japão) com gerador de 18 kW e anodo de cobre (λ = 1.54 Ǻ),

operado com 40 kV e 30 mA, fazendo varredura de 4o/min entre os ângulos de (2θ) de 4

o e

80o. A amostra foi triturada em graal de ágata e colocada no porta-amostra do equipamento

realizando-se a técnica de compressão e raspagem do pó.

Dados da técnica de difratometria de raios X permitem estimar o tamanho (t) dos

cristalitos do material através da equação de Scherrer (equação 2) (SALIMI et al., 2012). Essa

equação relaciona o comprimento de onda (λ) dos raios X em nanômetros, o cosseno do

ângulo θ de difração e a largura a meia altura (FWHM – Full Width at Half Maximum) do

pico de maior intensidade no difratograma em radianos.

(2)

A difração de raios X ocorre segundo a Lei de Bragg (Equação 3), a qual estabelece a

relação entre o ângulo de difração e a distância entre os planos que a originaram

(característicos para cada fase cristalina):

2dsenθ = nλ (3)

Sendo d = distância interplanar (Å); θ = ângulo de difração; λ = comprimento de onda

Page 43: Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia …€¦ · 4.1.2- Síntese de HA pelo método sol-gel (Rota 2) ... Figura 3.06- Esquema da formação das fibras de Colágeno

42

dos raios X incidentes (radiação utilizada Kα = 1,5406 nm); n = número inteiro. A equação 3

foi utilizada para calcular as distâncias interplanares das amostras de HA sintetizadas.

4.4.2- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR)

Para avaliar a composição química das amostras, espectros de FTIR foram obtidos

com sistema de pastilhas de brometo de potássio (KBr) à temperatura ambiente com um

espectrômetro Nicolet 6700 (Thermo Scientific, USA) de alcance entre 4000 – 400 cm-1

e

resolução de 4 cm-1

com 64 varreduras. As amostras foram preparadas com a proporção de

100:1 (KBr:amostra).

4.4.3- Análise Elementar de Carbono, Hidrogênio e Nitrogênio (CHN)

As análises elementares de carbono, hidrogênio e nitrogênio nas amostras foram

conduzidas no o equipamento CHNS/O EA 2400 (Perkin Elmer, USA) com o objetivo de

avaliar o processo de funcionalização das nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita com

PVA e Colágeno. Foram feitas três medidas de cada amostra e o valor final de cada elemento

analisado é a média dos resultados.

4.4.4- Análise Termogravimétrica (TGA)

A análise termogravimétrica foi realizada no equipamento DTG-60H (Shimadzu,

Japão) para investigar a estabilidade e ocorrência de transformações químicas nas amostras

durante tratamentos térmicos, sendo mais uma ferramenta para avaliar o processo de

funcionalização das nanopartículas mesoporosas de hidroxiapatita com PVA e Colágeno.

Aproximadamente 8,0 mg de cada amostra foi analisada nas seguintes condições: razão de

aquecimento de 20ºC.min-1, faixa de temperatura de 25 a 800ºC, atmosfera de N2 com fluxo de 20

mL.min-1 e célula de platina aberta.

4.4.5- Espectroscopia de correlação de fótons por espalhamento dinâmico da luz (DLS)

Foi avaliado o potencial Zeta, empregando-se a técnica de mobilidade eletroforética

das partículas. Todos estes ensaios foram conduzidos no equipamento Zetasizer Nano ZS

(Malvern Instruments, Inglaterra), um espectrômetro de correlação de fótons.

Para a realização das medidas, foram preparadas amostras com pH 6,5 e concentrações

de 0,1 mg/mL em água Milli-Q®. Em seguida, as amostras foram sonificadas com energia de

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43

4 kJ para promover a desagregação das partículas. As medidas foram efetuadas à temperatura

de 25ºC com laser incidente apresentando ângulo de incidência de 179º em relação ao detector

(retroespalhamento). Para se determinar o ponto isoelétrico (PI), que corresponde ao valor de

pH responsável por originar um potencial zeta nulo, foram preparadas 7 soluções com

concentrações de 0,7 mg/mL, variando-se o pH (1, 2, 4, 6, 8, 10 e 12), e as análises foram

realizadas nas mesmas condições citadas acima.

4.4.6- Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)

As imagens foram obtidas utilizando o microscópio eletrônico de transmissão Tecnai

G2-12 Spirit Biotwin (FEI Company, Japão) do Centro de Microscopia da UFMG. As

amostras foram preparadas em soluções de baixa concentração, sonicadas durante 7 minutos

em banho de ultrassom e gotejadas sobre uma grade-suporte de cobre de 300 mesh de malha

revestida de carbono.

Para obter informações sobre forma, tamanho médio e distribuição das partículas de

HA, foi realizado um estudo estatístico a partir das imagens de microscopia eletrônica de

transmissão, utilizando-se o software Quantikov (PINTO, 1996).

4.4.7- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

O estudo morfológico da hidroxiapatita pura e dos sistemas híbridos PVA/HA e

PVA/COL/HA foi realizado por meio da microscopia eletrônica de varredura, utilizando-se o

microscópio eletrônico modelo Quanta 200 (FEI Company, Japão) do Centro de Microscopia

da UFMG. As amostras foram preparadas em soluções de baixa concentração, sonicadas

durante 15 minutos em banho de ultrassom, gotejadas sobre placas de silício e, após secarem,

metalizadas durante 20 segundos para receber uma fina camada de ouro.

4.4.8- Medidas de Adsorção de Nitrogênio

Os parâmetros de superfície e porosidade das amostras foram avaliados utilizando-se o

equipamento Autosorb iQ (Quantachrome, EUA). As amostras foram desgaseificadas durante

2 horas a 120ºC, antes de cada ensaio. O instrumento foi configurado para obter valores de

pressões relativas P/P0, (onde P é a pressão de trabalho e P0 é a pressão de vapor do gás na

temperatura utilizada) menores que 5.10-2

Torr, fornecendo mais de 70 valores de pressão

relativa em toda faixa da isoterma. A área superficial específica foi calculada pelo tradicional

método de Brunauer, Emmet e Teller (BET) usando os dados de adsorção na faixa de pressão

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44

relativa de 0,05 a 0,35. O volume de poros foi estimado pela quantidade adsorvida a uma

pressão relativa de aproximadamente 0,99. O software AS Qwim v 2.0 da Quantachrome

Instruments foi utilizado para análise dos dados coletados.

4.5- Ativação neutrônica dos elementos ítrio e gadolínio

Os potenciais de ativação dos elementos ítrio e gadolínio através da reação

nuclear (n,γ) do cloreto de ítrio e óxido de gadolínio, foram calculados a partir de dados da

literatura (MENEZES; JAĆIMOVIĆ, 2006; ZANGIROLAMI, 2010) para ativação neutrônica

no reator nuclear TRIGA, conforme a Equação (1). Os valores das secções de choque para

nêutrons térmicos e integrais de ressonância para nêutrons epitérmicos do ítrio e do gadolínio

foram obtidos na literatura (NUCLEAR; COMMITTEE, 2003). A ativação do elemento ítrio

não foi possível devido a problemas operacionais, o laboratório de Radiobiologia do CDTN

não está licenciado para a manipulação do radioisótopo ítrio-90. Dessa forma, apenas o

elemento gadolínio foi submetido à ativação neutrônica no reator nuclear TRIGA.

Foi irradiada uma massa de 280 mg de óxido de gadolínio diluída em 5 mL de água

Milli-Q®, durante 2 horas na mesa giratória. Essa amostra foi retirada 18 horas após o término

da irradiação para aguardar o decaimento da atividade dos isótopos indesejáveis.

4.6- Ensaios preliminares de citotoxicidade in vitro

A atividade citotóxica das amostras foram avaliadas através do ensaio com o MTT, [3-

(4,5-dimetyl-2-thiazolyl-2,5-diphenyl-2H-tetrazolium bromide)], um sal de coloração amarela

capaz de captar elétrons em uma reação de oxirredução. O MTT forma cristais de coloração

roxa (Formazan) ao ser reduzido por enzimas desidrogenases de células metabolicamente

viáveis, essa reação está representada na Figura 4.05. Esses cristais são insolúveis em água e

apresentam pico de absorção em 570 nm (ISO 10993-5, 2009).

Os ensaios de citotoxidade foram conduzidos com a linhagem de células T98G de

glioblastoma cerebral humano cordialmente cedidas pela professora Raquel Gouvea do

laboratório de Radiobiologia do CDTN. Temos consciência de que essa linhagem de células

não é a ideal para se testar o efeito dos materiais em osteossarcomas. A linhagem de células

SAOS, provenientes de osteossarcoma humano, seria a ideal para esses estudos, mas, devido a

problemas operacionais, perdemos essa linhagem e não tivemos tempo de repor essas células

para o experimento. As células foram cultivadas em meio Dulbecco’s modified Eagle’s

(DMEM) suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB) e 1% de

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45

N N

N+

N

C

S

N C

H3

C

H3

N N

H

N

N

C

S

N C

H3

C

H3

NAD+

NADH

FORMAZAM MTT

penicilina/estreptomicinaem, sendo incubadas em estufa (Cole Parmer) à temperatura de 37ºC

com 5% de CO2 e atmosfera úmida.

Figura 4.051- Desenho esquemático do MTT sendo reduzido pelas enzimas desidrogenasse

de células metabolicamente viáveis e dando origem ao Formazam.

Ao atingirem 80% de confluência, as células foram tripsinizadas para repique e a

contagem foi realizada com o auxílio de uma câmara de Neubauer e microscópio óptico. Em

seguida, as células foram semeadas em placas de cultura de 96 poços (1000 células por poço,

deixando duas colunas vazias para branco) e incubadas por 24 horas para aderência.

Decorrido esse tempo, diferentes concentrações das amostras foram adicionadas aos poços

com células aderidas e incubadas por 24 horas. Os tratamentos foram realizados com a

hidroxiapatita não funcionalizada (HA), com a hidroxiapatita funcionalizada (PVA/COL/HA),

com a amostra funcionalizada contendo o isótopo estável do gadolínio (PVA/COL/HA-Gd) e

com a hidroxiapatita funcionalizada contendo o radioisótopo 159

Gd incorporado

(PVA/COL/HA-159

Gd). Esses materiais foram testados em triplicata e em diferentes

concentrações.

Em seguida, as células foram novamente incubadas por mais 24 horas. Após este

tempo, os sobrenadantes foram descartados, o MTT (0,5 mg/mL) foi adicionado em todos os

poços e a placa foi novamente incubada durante 4 horas, ao abrigo da luz. Posteriormente, o

sobrenadante contendo MTT foi retirado e 100 µl de DMSO foram colocados em cada poço

para solubilizar os cristais de Formazan. As amostras foram medidas por espectrofotometria

em um leitor de microplaca UV-visível (Molecular Devices) a 570 nm. A fração de

sobrevivência foi calculada como porcentagem do controle (Absorbância no controle = 100%

de sobrevivência).

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46

As alterações cromossômicas foram avaliadas pela técnica do DAPI (diidrocloreto de

4, 6-diamidino-2-fenindole), um corante fluorescente capaz de se ligar especificamente às

fitas duplas do DNA cromossômico (KUBOTA; KUBOTA; TANI, 2000). Para essa análise,

células, T98-G foram semeadas em placas de 96 poços e, após 24 h, foram tratadas com os

mesmos materiais que o teste de MTT. Após 24 horas de tratamento, as células foram lavadas

com PBS e fixadas em metanol gelado por 20 minutos. Após fixação, as células foram

lavadas novamente com PBS e incubadas por 30 minutos com DAPI (Sigma-Aldrich) na

concentração de 400 ng.mL-1

, diluído em PBS. Após o período de incubação, o sobrenadante

contendo DAPI foi retirado e as células foram lavadas cinco vezes com PBS. Os núcleos das

células corados com DAPI foram visualizados em microscópio de fluorescência invertido

(Nikon – Eclipse TS100 – CSHG 385-410nm) e fotografadas (Nikon - Coolpix 4500).

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47

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1- Caracterizações das matrizes de hidroxiapatita sintetizadas pelas três rotas

5.1.1- Difração de raios X

O difratograma da hidroxiapatita pura sintetizada pela rota 3c está representado na

Figura 5.01, que revela a formação de uma única fase de HA hexagonal com grupo espacial

P63/m (arquivos JCPDS: 09-0432), sem picos característicos de impurezas. Esta análise

indica a produção de hidroxiapatita pura e mostra que a presença de CTAB não induziu a

cristalização de outras fases.

Figura 5.01- Difratograma de raios-X comparativo entre a amostra de hidroxiapatita

sintetizada pela rota 3c (acima) e um padrão dos arquivos JCPDS de entrada 9-432 (abaixo).

A Figura 5.02 apresenta um comparativo entre os difratogramas das cinco amostras

sintetizadas através das três rotas, onde podemos observar que as fases da hidroxiapatita

foram formadas na rota 1 e nas três variações da rota 3. Na rota 2, devido à formação de picos

não correspondentes à hidroxiapatita e à fraca intensidade dos picos referentes a esse material,

não podemos afirmar que HA pura tenha sido formada. A literatura sita o controle do pH

Ângulo 2θ

Inte

nsi

dad

e

Nanopartículas Mesoporosas de Hidroxiapatita

JCPDS: 9-432 Hydroxylapatite, syn

002

210

211

300

202 212

222

213 004

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48

como um fator crucial na formação da hidroxiapatita (ZHANG; DARVELL, 2011).

Provavelmente, o baixo pH durante a síntese na rota 2 tenha desfavorecido à formação do

material de interesse, uma vez que o ajuste para pH 12 foi realizado apenas ao final do

gotejamento. A formação da HA pode ocorrer mediante fases precursoras intermediárias, que

apresentam existência transitória durante a etapa de obtenção; essas fases, dependendo das

condições utilizadas, podem ser detectadas quando o material sofre tratamentos térmicos e

influenciam na qualidade do produto final.

Figura 5.02- Difratogramas das cinco amostras de hidroxiapatita sintetizadas pelas rotas 1, 2

e 3.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

Ângulo 2 (graus)

Rota 1

Rota 2

Inte

nsid

ade (

u. a.)

Rota 3a

Rota 3b

004

213222212202

300

211

Rota 3c

002

210

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49

Os difratogramas apresentam um perfil composto de bandas largas que pode estar

associado a diferentes características do material: presença de cristais com dimensões

nanométricas, presença de defeitos na estrutura e baixa cristalinidade do pó formado.

O principal pico de difração característico da hidroxiapatita estequiométrica (211) está

localizado próximo ao ângulo 2θ de 32o (ZYMAN; ROKHMISTROV; GLUSHKO, 2012) e

pode ser observado nas cinco amostras, (Figura 5.02), embora menos definido e intenso na

amostra sintetizada pela rota 2. Este pico foi utilizado para o cálculo do tamanho de cristalito

pela Equação (1) e para o cálculo da distância interplanar pela Equação (2), com exceção da

rota 2 (para essa amostra foi utilizado seu pico mais intenso, 30,6°). A largura a meia altura

(FWHM) desses picos foi determinada com a utilização do software Origin 9 com base em

cálculos estatísticos e os resultados estão representados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1- Resultados dos cálculos para tamanho de cristalito e distância interplanar.

Amostra FWHM Ângulo 2θ Tamanho do cristalito

(nm)

Distânicia interplanar

(Å)

Rota 1 1,6° 31,7° 5 ± 0,25 2,8

Rota 2 0,4° 30,6° 18 ± 0,90 2,9

Rota 3a 0,2° 31,7° 39 ± 1,95 2,8

Rota 3b 0,3° 32° 32 ± 1,60 2,8

Rota 3c 0,8° 32° 11 ± 0,55 2,8

Os tamanhos médios dos cristalitos variaram aproximadamente de 5 a 38 nm para as

diferentes rotas propostas. A temperatura na qual a precipitação se processa tem grande

importância na fase obtida e na conversão de uma em outra. O tamanho da partícula e a

morfologia também são influenciados pela temperatura. Comparando-se as três variações da

rota 3, pode-se perceber que a diferença de 50 °C na temperatura do tratamento hidrotérmico

entre as rotas 3a e 3b pouco influenciou no tamanho do cristalito dessas amostras,

considerando que essa foi a única diferença entre essas duas rotas. Dessa forma, para tentar

promover uma redução mais significativa no tamanho do cristalito, a temperatura de 100°C

foi mantida para tratamento hidrotérmico na rota 3c e a forma de preparo da solução

precursora de fosfato foi alterada pela ordem de dissolução do direcionador de rede, que

ocorreu antes da dissolução do monohidrogênio fosfato de dipotássio. Pode-se perceber que

essa alteração promoveu uma redução significativa no tamanho do cristalito, passando de 32

nm para 11 nm. Provavelmente, essa forma de preparo favoreceu ao direcionamento da rede

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50

pela formação de um número maior de micelas, sem a influência dos íons fosfato presentes na

solução, o que poderia ter originado um número maior de sítios para formação dos núcleos de

hidroxiapatita (WANG et al., 2006b). Com um número maior de núcleos formados, o

crescimento dos cristalitos ficaria restrito devido à menor oferta de íons fosfato em solução.

No caso das partículas formadas pelas rotas 3a e 3b, percebe-se que durante o

envelhecimento, os cristais formados foram sujeitos a um processo de dissolução e

recristalização, no qual os cristais menores desapareceram em detrimento dos maiores, os

quais crescem mais rapidamente; em consequência disto, o número total de cristais pode

diminuir. O crescimento das partículas durante o envelhecimento comprova que a

precipitação continua mesmo após o gotejamento de todo o volume das soluções.

As partículas sintetizadas pela rota 1 apresentaram o menor tamanho de cristalito

dentre todas as rotas, possivelmente pela maior temperatura empregada no preparo das

soluções precursoras de cálcio e fosfato, que poderia ter favorecido à formação de um número

maior de núcleos em detrimento do crescimento dos cristalitos.

5.1.2- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier

Os espectros de FTIR foram obtidos para investigar a composição química das

amostras. A Figura 5.03 mostra o espectro de FTIR das nanopartículas de HA sintetizadas

pela rota 3c em acordo com a literatura (DEGIRMENBASI; KALYON; BIRINCI, 2006; MIR

et al., 2012; VERMA et al., 2013). Todos os padrões vibracionais dos grupos funcionais

característicos da hidroxiapatita podem ser observados (Tabela 5.2). A Figura 5.04 mostra de

forma esquemática os quatro modos vibracionais dos íons PO43-

. O ombro fraco, localizado

em 959 cm-1

, e o pico forte, situado em 1029 cm-1

, correspondem aos modos vibracionais de

estiramento ν3 e ν1 do fosfato, enquanto que o ombro em 474 cm-1

e os picos fortes em 563 e

603 cm-1

indicam a presença dos modos de flexão ν2 e ν4 deste grupo funcional (VERMA et

al., 2013). As bandas de absorção correspondentes ao grupo hidroxila da estrutura da

hidroxiapatita podem ser observadas em 3580 e 632 cm-1

e a banda larga observada entre

3237 e 3663 cm-1

pode ser atribuída aos modos de vibração da molécula H2O (MIR et al.,

2012). Também podem ser observados picos fracos relacionados à deformação angular e ao

estiramento de ligações C-O de íons carbonato em 881, 1416 e 1467 cm-1

(NETO, 2009;

VOHRA et al., 2008), sugerindo a formação de HA carbonatada.

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51

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

1416

474

563

603

632

881

959

1029

1099

Tra

nsm

itância

(u. a.)

Número de onda (cm-1)

35801467

1645

14672358

29242850

Vibração C-O de CO2

do meio

Figura 5.03- Espectro de FTIR da amostra de hidroxiapatita pura, rota 3c.

Figura 5.04- Esquema dos quatro modos vibracionais dos íons PO43-

, = P e = O. Fonte:

(NGUYEN et al., 2013a)

959 cm-1 474 cm

-1 1029 e 1099 cm-1

603 e 563 cm-1

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52

Tabela 5.2- Bandas de adsorção na região do infravermelho para hidroxiapatita.

Adaptado de (NETO, 2009)

Grupo funcional Tipo de vibração Frequência de vibração (cm-1

)

Deformação angular simétrica no plano ( ) 474

Deformação angular assimétrica no plano ( ) 563

Deformação angular assimétrica no plano ( ) 603

OH estrutural Dobramento fora do plano 632

Deformação angular assimétrica fora do plano ( ) 881

Estiramento simétrico ( 959

Estiramento assimétrico ( 1029

Estiramento assimétrico ( 1099

Estiramento assimétrico ( 1416

Estiramento assimétrico ( 1467

H2O adsorvida Deformação angular assimétrica fora do plano ( ) 1645

H2O adsorvida Estiramento simétrico 3012 a 3686

OH estrutural Estiramento 3569

Os espectros de FTIR das amostras sintetizadas pelas rotas 1, 2 e 3 (a, b e c) estão

representados na Figura 5.05; todos os picos de absorção referentes aos padrões vibracionais

da hidroxiapatita estão presentes nas cinco amostras. Entretanto, verificando a forte

intensidade do pico em torno de 1460 cm-1

(seta na Figura 5.05), referente aos íons

carbonatos, presente na amostra sintetizada pela rota 3a, pode-se afirmar que esta rota

favorece a formação de uma amostra mais carbonatada. A presença de íons carbonato na

estrutura promove distorções na rede cristalina da hidroxiapatita, criando microestresses e

defeitos nas suas proximidades, o que influencia muito a solubilidade do material. Uma

possível razão para incorporação desses íons na rede cristalina da HA é quando, em meio com

dióxido de carbono atmosférico (CO2) e água (H2O), ocorre a formação de certa quantidade

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de ácido carbônico (H2CO3) e este se dissocia para formar íons (H+) e íons carbonato que, por

sua vez, podem atacar os componentes da HA, provocando a substituição nos sítios de OH

(carbonatação tipo A) ou íons fosfato (carbonatação tipo B) (NETO, 2009). A temperatura

mais elevada empregada no tratamento hidrotérmico da rota 3a pode ter favorecido ainda mais

à difusão dos íons carbonato pela rede da HA, permitindo a incorporação de uma maior

quantidade de íons carbonato nessa matriz quando comparada com as demais amostras.

Uma vez formada a molécula de H2CO3 em meio aquoso, esta se dissocia e os íons

CO32-

são retidos pelos íons Ca2+

na rede cristalina da hidroxiapatita, provocando a remoção

dos íons PO43-

ou de forma a ocupar esses sítios liberados. Em meio básico, devido à

presença de NaOH, os íons H+ são neutralizados e liberam íons Na

+ na rede que, por sua vez,

são neutralizados pelos íons PO43-

provocando a formação de que sai da rede durante

o processo de lavagem. As reações a seguir representam esse processo.

(4)

(5)

(6)

(7)

Nos espectros das amostras funcionalizadas com o direcionador de rede CTAB da

Figura 5.05, observam-se bandas de pequena intensidade na região de 2950 e 2850 cm-1

,

indicando a permanência de resquícios das moléculas deste direcionador presentes nas

hidroxiapatitas mesoporosas.

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54

Figura 5.05- Espectros de FTIR das amostras sintetizadas pelas rotas 1, 2 e 3

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Número de onda (cm-1)

Rota 1

Rota 2

Inte

nsi

da

de

Rota 3a

Rota 3b

Rota 3c

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55

5.1.3- Medidas de Adsorção de Nitrogênio

Esta técnica de caracterização é de extrema importância para os materiais

mesoporosos. Ela determina as propriedades de adsorção do material, já que este é um

fenômeno superficial. O conceito de superfície compreende não só a superfície externa do

material, mas também a superfície interna das cavidades e canais dos poros, sempre que

estiverem livres ao acesso, em seu interior, às moléculas de nitrogênio que são empregadas

para estas medidas.

As isotermas de adsorção de nitrogênio das cinco amostras de hidroxiapatita

sintetizadas pelas três rotas estão representadas na Figura 5.06 e os resultados das análises de

superfície estão representados na Tabela 5.3. O perfil das isotermas de adsorção e a histerese

fornecem informações a respeito da textura do material. As histereses indicam que o material

apresenta poros, podendo ser microporoso quando a histerese ocorre a baixas pressões

parciais e mesoporoso, a altas pressões parciais. Ela resulta da diferença entre o mecanismo

de condensação e evaporação do gás adsorvido e seu formato determina a geometria dos

poros. As amostras exibem isoterma do tipo IV, características de materiais mesoporosos,

com contribuição de microporos. Entretanto, observa-se que a quantidade de microporos é

desprezível em relação a de mesoporos, pois a baixos valores de pressão parcial relativa

(P/P0), o volume de gás adsorvido é extremamente baixo. A diferença entre as várias

isotermas das Figuras 5.06 e 5.09 está na variação do volume máximo de gás adsorvido. Este

volume está relacionado com a capacidade máxima de adsorção do sólido (P/P0) sendo esta

associada diretamente à quantidade total de poros existentes. Exibem um loop de histerese do

tipo H3, conforme classificação da IUPAC e em boa concordância com a literatura (WU et

al., 2012), que é frequentemente relacionado com agregados de partículas do tipo placa,

responsável pelo aumento de poros de forma de corte. O ponto P/P0 de inflexão entre 0,8 e 0,9

confirma esta característica estrutural de poros. Analisando a Figura 5.06, observa-se um

dramático decréscimo do volume de N2 adsorvido nas amostras das rotas 2, 3a e 3b quando

comparadas com as amostras das rotas 1 e 3c. Essa observação indica que as amostras das

rotas 1 e 3c possuem maior área superficial e volume de poros, que podem ser confirmados

pelos resultados obtidos pelo método BET.

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56

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Vo

lum

e a

dso

rvid

o (

cm

-1/g

)

Pressão relativa (P/P0)

Rota 1

Rota 2

Rota 3a

Rota 3b

Rota 3c

Figura 5.06- Isotermas de adsorção de nitrogênio das cinco amostras de hidroxiapatita

sintetizadas.

A Tabela 5.3 apresenta os resultados obtidos das medidas de adsorção de N2, que

mostram as diferenças nos valores da área superficial específica (SBET), volume de poros (Vp)

e diâmetro de poros (Dp) para as amostras investigadas. Uma diferença considerável nos

valores de área superficial específica foi observada entre as amostras, que tiveram variações

de 6 a 56 m2/g. Com relação ao volume de nitrogênio adsorvido, pode ser verificado que as

alterações nas rotas apresentaram uma influencia significativa neste parâmetro, em até nove

vezes, passando de 0,01 na rota 3a para 0,09 na rota 3c. Além disso, é possível observar um

significativo aumento no valor de Dp para as amostras obtidas na rota 3c, em comparação às

demais, variando de 3 nm para 18 nm.

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57

Tabela 5.3- Resultados das análises de Adsorção de Gases das amostras de HA

sintetizadas pelas três rotas

Parâmetros de superfície

Material Área superficial

específica (m2/g)

Diâmetro de

poro (nm)

Volume de poros

(cm3/g)

Rota 1 52 3 0,07

Rota 2 14 4 0,02

Rota 3a 6 3 0,01

Rota 3b 18 3 0,02

Rota 3c 56 18 0,09

Assim, pode ser observada uma considerável diferença entre os resultados das

amostras sintetizadas pela rota 3, possivelmente causada pela forma em que o direcionador de

rede foi dissolvido no momento da síntese. Os maiores parâmetros de superfície foram

observados para a amostra sintetizada pela rota 3c, que teve o CTAB completamente

dissolvido antes da dissolução do fosfato de potássio, diferentemente das rotas 3a e 3b onde

essa ordem foi invertida. O procedimento da rota 3c pode ter favorecido a um melhor

direcionamento da rede pela formação de um número maior de micelas com uma maior taxa

de crescimento, o que explicaria o maior volume e diâmetro de poros encontrados nessa

amostra. Dessa forma, os íons fosfato, acrescentados após a completa dissolução do CTAB,

ocupariam as bordas das micelas previamente formadas, onde a nucleação e o crescimento

dos cristais de HA começariam a partir desses sítios durante o gotejamento da solução

precursora de cálcio, conforme o esquema representativo do mecanismo de formação da HA

mostrado na Figura 5.07 (NGUYEN et al., 2013b). Primeiro, o CTAB forma micelas em

forma de haste, quando em solução aquosa de elevado pH (12). Subsequentemente, as micelas

em forma de haste reagem com o primeiro precursor (K2HPO4.3H2O) para se obter o produto

intermediário com a fórmula composta pelo surfactante com carga positiva e a espécie

inorgânica com carga negativa. Na etapa seguinte, esse produto intermediário interage com o

segundo precursor (Ca(NO3)2.4H2O) para formar os nanobastões. A ligação entre o CTAB e o

precursor de fósforo provavelmente foi quebrada durante o tratamento hidrotérmico, e as

moléculas de CTAB foram, em seguida, removidas por calcinação. A presença de ligações

C-H na região entre 2980 e 2800 cm-1

observada nos resultados de FTIR indica que ainda

resta algum surfactante residual na amostra. Neste sentido, nanobastões de HA podem ser

formados em temperatura relativamente baixa com a assistência das moléculas de CTAB

utilizadas como direcionadores de rede.

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58

A rota 1 forneceu uma amostra com volume de poros e área superficial compatíveis

com a amostra sintetizada pela rota 3c, mas com um diâmetro de poros bem menor, que

poderia ser explicado pela ausência de um direcionador de rede nessa rota.

Os resultados fornecidos pela análise de adsorção de gases indicaram que as amostras

obtidas pela rota 3c apresentam características mais adequadas para o objetivo do presente

trabalho, ou seja, a presença de maiores área superficial e volume de poros, bem como

tamanho de poros adequado para a incorporação de compostos funcionalizantes e os

radioisótopos propostos. Neste sentido, esta amostra foi selecionada para o prosseguimento da

pesquisa, sendo então funcionalizada com PVA e colágeno e avaliada em relação ao potencial

de incorporação e cinética de liberação dos elementos gadolínio e ítrio.

Figura 5.07- Mecanismo da formação das nanopartículas de hidroxiapatita pela formação de

micelas do CTAB. Adaptado de (NGUYEN et al., 2013a).

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59

5.2- Caracterizações das amostras funcionalizadas

5.2.1- Adsorção de Gases

As isotermas de adsorção de nitrogênio das nanopartículas de hidroxiapatita não

funcionalizada e das amostras funcionalizadas estão representadas na Figura 5.08 e os

resultados das análises superficiais e calculados pelo método BET, estão representados na

Tabela 5.4. É importante observar que a forma da isoterma de adsorção não é alterada pela

incorporação superficial tanto do colágeno como do PVA, uma vez que as amostras

mantiveram as características de isoterma do tipo IV com um loop de histerese do tipo H3

apresentado pela hidroxiapatita pura; entretanto pode ser observada uma dramática redução do

volume de N2 adsorvido quando comparamos progressivamente as amostras HA, PVA/HA e

PVA/COL/HA. Essa observação indica que o processo de funcionalização foi bem sucedido

porque podemos observar uma redução gradual de volume e diâmetro de poros calculados

para as amostras funcionalizadas, possivelmente causado pelo recobrimento do PVA sobre a

HA e, depois, do colágeno sobre as nanopartículas de PVA/HA, conforme dados da Tabela

5.4. O mesmo comportamento ocorre no caso da área superficial, uma vez que os espaços

livres disponíveis foram parcialmente ocupados com os agentes funcionalizantes.

Figura 5.08- Curva de isoterma do estudo de adsorção de N2 nas nanopartículas mesoporosas

de hidroxiapatita, do sistema PVA/HA e do sistema PVA/COL/HA

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

0

20

40

60

80

100

Vo

lum

e a

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão relativa (P/P0)

HA

PVA/HA

PVA/COL/HA

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60

Tabela 5.4- Resultados das análises de BET para as amostras funcionalizadas.

Parâmetros de superfície

Material Área superficial

específica (m2/g)

Diâmetro de

poro (nm)

Volume de poros

(cm3/g)

HA 56 18 0,09

PVA/HA 34 15 0,06

PVA/COL/HA 13 15 0,02

5.2.2- Difração de Raios X

A Figura 5.09 mostra um comparativo entre os difratogramas do sistema

PVA/COL/HA (a), da HA pura (b) e do PVA puro (c). Pode-se observar que o poli (álcool

vinílico) e o colágeno não deslocam os picos de difração característicos da hidroxiapatita e

não destorcem a estrutura cristalográfica desse material, indicando que o sistema híbrido

mantém as propriedades estruturais da fase HA, favorecendo a aplicação proposta para o

material do presente trabalho. Entretanto, pode-se observar a presença de um novo pico de

difração na amostra híbrida quando comparada com a amostra de HA pura, no ângulo 2θ de

9,42° (seta na Figura 5.09-a). Esse pico indica um processo de funcionalização bem sucedido

com PVA, considerando que este material apresenta cristalização, embora o seu pico

característico seja no ângulo de 20º (2θ). Uma hipótese para o surgimento desse novo pico na

matriz PVA/COL/HA é a formação de uma ligação entre o poli (álcool vinílico) e o colágeno,

resultando em uma nova fase cristalina, como sugerido na literatura (ASRAN; HENNING;

MICHLER, 2010b; SONG et al., 2012a).

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61

Figura 5.09- Difratograma comparativo entre a amostra de HA pura, do PVA puro e do

sistema híbrido PVA/COL/HA

5.2.3- Espectroscopia na Região de Infravermelho por Transformada de Fourier

O sucesso do processo de funcionalização foi avaliado, também, por comparação entre

os espectros de FTIR da HA pura, do PVA puro, do colágeno puro e do sistema híbrido

PVA/COL/HA, como mostrado nas Figuras 5.10, 5.11 e 5.12. O espectro do colágeno (Figura

5.10 (b)) mostra bandas de absorção para amina I (C=O) em 1660 cm-1

e os grupos de amina

II e III, em 1449, 1388 e 1239 cm-1

; o pico em 1529 cm-1

está associado com o alongamento

da ligação C-N de aminas I e II (DEGIRMENBASI; KALYON; BIRINCI, 2006). Os picos do

colágeno puro são repetidos no espectro de FTIR do sistema híbrido PVA/COL/HA e não são

encontrados no espectro da HA pura (Figura 5.10 (d) e (c) respectivamente), indicando que o

processo de funcionalização foi bem sucedido. A Figura 5.10 (a) mostra a presença de picos

de absorção a 869, 663 e 420 cm-1

para o PVA. Comparando-se os espectros de FTIR em

escala expandida (Figuras 5.11 e 5.12) pode ser observado que alguns modos vibracionais

característicos, em 3676, 668, 451 e 424 cm-1

, presentes no PVA e no colágeno, são

observados também na amostra PVA/COL/HA em intensidades mais baixas e não são

observados na hidroxiapatita pura, fornecendo um novo indicativo de que o processo de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Ângulo 2

PVA

HA

004

213222212202

300

211

210

c)

b)

Inte

nsid

ade

PVA/COL/HAa)

002

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62

funcionalização foi bem sucedido tanto para o PVA quanto para o colágeno. No entanto, não

foram observadas todas as vibrações características dos grupos funcionalizantes, porque

alguns modos de vibração do PVA puro e do Colágeno puro ocorreram no mesmo intervalo

dos modos vibracionais da HA.

Figura 5.10- Espectros de FTIR para PVA puro (a), Colágeno puro (b), hidroxiapatita pura

(c) e para o sistema híbrido PVA/COL/HA.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Número de onda (cm

-1)

PVA/Col/HA

HA pura

d)

c)

b)

Tra

nsm

itânic

a (

u. a.)

Colágeno puro

1660

1529

1449

1388

1239

869

420

663

PVA puroa)

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63

Figura 5.11- Espectro de FTIR comparativo entre as amostras puras e a amostra do sistema

híbrido PVA/COL/HA em escala expandida no intervalo de 725 a 400 cm-1

.

Figura 5.12- Espectro de FTIR comparativo entre as amostras puras e a amostra do sistema

híbrido PVA/COL/HA em escala expandida no intervalo de 3700 a 3500 cm-1

.

3700 3650 3600 3550 3500

Tra

nsm

itância

(u. a.)

Número de onda (cm-1)

HA pura

Colágeno puro

PVA puro

PVA/Col/HA

3676

700 650 600 550 500 450 400

Tra

nsm

itânc

ia (

u. a

.)

Número de onda (cm-1)

HA pura

Colágeno puro

PVA puro

PVA/Col/HA

669

450

425

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64

5.2.4- Análise Elementar de Carbono, Hidrogênio e Nitrogênio

A análise de CHN foi utilizada para avaliar o processo de funcionalização da matriz

mesoporosa de nanopartículas de hidroxiapatita com PVA e colágeno. A avaliação foi

conduzida através da comparação entre as análises das amostras de HA pura, PVA/HA e

PVA/COL/HA quanto às diferenças no teor de carbono, hidrogênio e nitrogênio dessas

amostras. Os resultados estão representados na Tabela 5.5.

Tabela 5.5- Resultados da análise elementar de CHN

Amostra Percentual de

Carbono

ΔC Percentual de

Hidrogênio

ΔH Percentual de

Nitrogênio

HA 0,538 ± 0,001 - 0* - 0

*

PVA/HA 4,662 ± 0,132 4,124 0,909 ± 0,049 0,909 0*

PVA/COL/HA 10,866 ± 0,132 6,204 1,853 ± 0,031 0,904 1,280 ± 0,084

* Leituras abaixo do limite de detecção do equipamento (0,3%) são consideradas valores nulos.

A hidroxiapatita, como um fosfato de cálcio, não apresenta os elementos carbono,

hidrogênio e nitrogênio em sua estrutura. Entretanto, o espectro de FTIR da amostra de HA

revelou a presença de íons carbonato na estrutura sintetizada, que pode ser confirmado pela

análise de CHN em valores muito baixos de carbono (0,538%). Ainda, estes valores podem

estar relacionados com a presença de surfactante residual, conforme resultados anteriores. O

poli (álcool vinílico) apresenta a relação de 1:2 de átomos de carbono para átomos de

hidrogênio em seu monômero (Figura 3.07 B); a análise de CHN confirma a presença desse

material no sistema funcionalizado PVA/HA, observando os aumentos nos percentuais de

carbono e hidrogênio nessa amostra em relação à amostra de HA pura (0,538% para 4,662%

de carbono e 0 para 0,909% de hidrogênio). O colágeno é uma proteína que apresenta

carbono, hidrogênio e nitrogênio em sua estrutura e, com base nessa informação, pode-se

inferir que o processo de funcionalização foi bem sucedido tanto para o colágeno quanto para

o PVA quando comparamos os percentuais desses elementos entre as três amostras, já que o

percentual de carbono sobe de 0,538% na amostra de HA e 4,662% na amostra de PVA/HA

para 10,866% na amostra PVA/COL/HA, o percentual de hidrogênio sobe de valores nulos

em HA e 0,909% em PVA/HA para 1,853% em PVA/COL/HA e, principalmente no caso da

introdução do colágeno na estrutura, um percentual de nitrogênio que só pode ser observado

no sistema PVA/COL/HA (1,280%).

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65

5.2.5- Análise Termogravimétrica

A Figura 5.13 mostra os resultados da análise termogravimétrica e suas derivadas das

amostras de HA pura, PVA/HA e PVA/COL/HA. A hidroxiapatita apresenta uma estrutura

termicamente estável que pode ser confirmada por essa análise, uma vez que não ocorrem

perdas de massa significativas com a amostra de HA pura com o aumento da temperatura.

Como materiais orgânicos poliméricos, o colágeno e o PVA são degradados quando

submetidos a temperaturas na faixa de 200 a 750 °C e 210 a 540 °C, respectivamente

(ASRAN; HENNING; MICHLER, 2010a). Observando o comportamento dos sistemas

PVA/HA e PVA/COL/HA, podem-se perceber significativas perdas de massa dentro da faixa

de degradação dos polímeros. As perdas iniciais até a temperatura de 150 °C podem ser

atribuídas à saída de moléculas de água fracamente ligadas às estruturas por fisissorção. O

sistema funcionalizado apenas com o poli (álcool vinílico) apresentou menor perda de massa

do que o sistema funcionalizado com as duas substâncias, como pode ser observado através

das derivadas que confirmam a existência e a diferença entre essas perdas de massa pela

diferença de intensidade entre os picos em torno de 200°C e 300°C respectivamente. Como o

colágeno foi acrescentado posteriormente ao sistema, esse resultado fornece um novo

indicativo de que o processo de funcionalização foi bem sucedido para tanto para o PVA

quanto para o colágeno. As perdas de massa calculadas a partir das análises

termogravimétricas estão demonstradas na Tabela 5.6.

Tabela 5.6- Resultados da Análise Termogravimétrica - porcentagem de perda de massa

em função da temperatura.

Amostra

Perdas de massa (%) Massa final (%)

50 – 150 °C 150 - 650 °C 650 - 800°C

HA 1,5 0,1 97,8

PVA/HA 2,1 8,4 89,1

PVA/COL/HA 4,3 23,6 68,8

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66

200 400 600 800

65

70

75

80

85

90

95

100

105

HA pura

PVA/COL/HA

PVA/HA

Derivada PVA/HA

Derivada PVA/COL/HA

Temperatura (oC)

Pe

rda

de

ma

ssa

(%

)

0.0000

-0.0002

-0.0004

-0.0006

-0.0008

-0.0010

-0.0012

-0.0014

-0.0016

dm

/dT

(mg

/oC

)

Figura 5.13- Curvas de TGA e DTG das amostras de HA pura e dos sistemas híbridos

PVA/HA e PVA/COL/HA.

5.2.6- Espectroscopia de Correlação de Fótons por Espalhamento Dinâmico da Luz

Para suspensões de nanopartículas em água, o potencial Zeta (Figura 5.14) indica a

diferença de potencial eléctrico entre o meio de dispersão e a fase estacionária do fluido

circundante ligado à partícula dispersa (ARAMWIT et al., 2010). O potencial Zeta pode ser

relacionado com a estabilidade das dispersões, indicando o grau de repulsão entre partículas

adjacentes. Para nanopartículas que são suficientemente pequenas, um elevado potencial Zeta

(negativo ou positivo) confere estabilidade quanto a floculações, ou seja, as partículas irão

resistir à agregação. Quando o potencial é baixo, a atração excede a repulsão e as partículas

tendem a uma agregação. Um valor de 25 mV (positivo ou negativo) pode ser tomado como

o valor arbitrário que separa as superfícies de baixa carga das superfícies de alta carga

(DOOSTMOHAMMADI et al., 2012). Tratando-se de uma formulação para bioaplicações de

longa circulação sanguínea, a estabilidade do coloide é fundamental para evitar floculações

que possam alterar a dispersão do material e favorecer a neutralização das nanopartículas pelo

sistema fagocitário. Os principais fatores que afetam o potencial Zeta de nanopartículas em

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suspenção estão relacionados com as características elétricas do meio de dispersão e com o

pH da suspenção (MALVERN, 2009).

Figura 5.14- Esquema representativo do potencial Zeta de nanopartículas. Fonte:

(MALVERN, 2009).

Para a investigação do ponto isoelétrico (PI) das amostras de hidroxiapatita pura e

funcionalizada, foram montadas as curvas do potencial Zeta em função do pH (Figuras 5.15 e

5.16). Pode ser observado nesses gráficos que o PI corresponde ao pH 3,6 para a amostra não

funcionalizada e 3,3 para a amostra funcionalizada. Este resultado diverge um pouco em

relação à literatura, que cita valores positivos de potencial zeta para soluções ácidas e

potenciais negativos para meios neutros e básicos (DOOSTMOHAMMADI et al., 2012). A

divergência entre esses resultados tem duas possíveis explicações, a forma de obtenção da HA

(considerando que Doostmohammadi e colaboradores obtiveram HA derivada de ossos) e o

meio de dispersão utilizado para o ensaio. Dessa forma, pH em torno de 12 seria ideal para

formulações com esses materiais.

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68

0 2 4 6 8 10 12 14-30

-20

-10

0

10

3,3

pH

Po

ten

cia

l Z

eta

(m

V)

0 2 4 6 8 10 12 14-30

-20

-10

0

10

20

3,6

pH

Po

ten

cia

l Z

eta

(m

V)

Figura 5.15- Curva pH x Potencial zeta para a amostra de hidroxiapatita.

Figura 5.16- Curva pH x Potencial zeta para a amostra de hidroxiapatita funcionalizada.

5.2.7- Microscopia Eletrônica de Transmissão

Para avaliar a morfologia, o tamanho e a porosidade das partículas de hidroxiapatita

sintetizadas, a microscopia eletrônica de transmissão foi utilizada como ferramenta de

imagem. A Figura 5.17 mostra duas imagens de MET para a amostra de HA, onde podem ser

observadas nanopartículas porosas em forma de bastão em perfeito acordo com a literatura

(MIR et al., 2012; VERMA et al., 2013) e monodispersas. Utilizando-se o software Quantikov

(PINTO, 1996), foi realizada uma análise estatística da distribuição de tamanho de partículas

e os resultados dessa análise estão representados nos histogramas da Figura 5.18, onde

podemos observar partículas com tamanho médio de 78,23 ± 19,43 nm de comprimento e

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69

10-14

15-19

20-24

25-29

30-34

35-40

40-50

0

10

20

30

40

50

Faixas de diâmetro (nm)

me

ro

de

pa

rtí

cu

las

30-39

40-49

50-59

60-69

70-09

80-89

90-99

100-109

110-119

120-129

130-139

140-149

150-159

160-170

0

4

8

12

16

20

Faixas de com prim ento (nm )

me

ro

de

pa

rtí

cu

las

18,99 ± 3,96 nm de diâmetro. Considerando a faixa ideal para tratamento do câncer pelo

efeito EPR, de 10 a 500 nm (TORCHILIN, 2007), as imagens da MET revelaram que a

hidroxiapatita sintetizada apresenta a distribuição de tamanho ideal para esse tipo de

tratamento. Outra característica importante dessas partículas se refere à porosidade revelada

tanto pela MET quanto pela técnica de adsorção de N2, que favorece à incorporação de

agentes como os radioisótopos propostos nesse trabalho.

Figura 5.17- Imagens da microscopia eletrônica de transmissão da amostra de hidroxiapatita

Figura 5.18- Histogramas da distribuição de tamanho de partículas de hidroxiapatita, à

esquerda para o comprimento e à direita para o diâmetro dos bastões.

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70

5.2.8- Microscopia Eletrônica de Varredura

Imagens de microscopia eletrônica de varredura (Figura 5.19) das amostras de

hidroxiapatita pura, do sistema PVA/HA e do sistema PVA/COL/HA foram obtidas para

conduzir estudos morfológicos e avaliar possíveis alterações estruturais causadas pelo poli

(álcool vinílico) e pelo colágeno. Pode-se observar a morfologia de bastões das nanopartículas

de hidroxiapatita monodispersas (Figura 5.19 a e b) em acordo com as imagens da MET, além

disso, a presença de aglomerados da ordem de 500 nm pode ser notada nessas imagens, o que

é um comportamento típico de nanoparticulas de HA (LÓPEZ-MACIPE et al., 1998;

POURSAMAR; AZAMI; MOZAFARI, 2011). A avaliação das imagens dos sistemas

PVA/HA e PVA/COL/HA (Figura 5.19 c e d, respectivamente) revela que tanto o poli (álcool

vinílico) quanto o colágeno não alteram a morfologia das nanopartículas, mas altera o estado

de agregação do material, aumentado o tamanho dos aglomerados.

Figura 5.19- Imagens da microscopia eletrônica de varredura da amostra de hidroxiapatita

pura (a e b), do sistema PVA/HA (c) e do sistema PVA/COL/HA (d).

a b

c d

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HA PVA/COL/HA

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

44 %

100 %100 %

Per

cent

ual d

e in

corp

oraç

ão (

%)

Ítrio

Gadolínio

73 %

0 20 40 60 80 100 120

0,000

0,001

0,002

0,000

0,001

0,002

0,000

0,001

0,002

0,000

0,001

0,002

Tempo (h)

PVA/COL/HA-Gd

HA-Gd

PVA/COL/HA-Y

HA-Y

Teo

r de

libe

raçã

o (m

g/m

L)

5.3- Estudo do potencial de incorporação e cinética de liberação de radioisótopos

O potencial de incorporação e a cinética de liberação dos elementos ítrio e gadolínio

nas matrizes de HA e PVA/COL/HA foram avaliados pela técnica de ICP-AES. No estudo do

potencial de incorporação, a leitura realizada por essa técnica permite quantificar a massa não

incorporada dos elementos durante o processo. Já para o estudo da cinética de liberação, essa

análise permite calcular a massa dos elementos que é desprendida da matriz. Os resultados

dessa análise estão representados nas Figuras 5.20 e 5.21 respectivamente.

Figura 5.20- Resultados do estudo do potencial de incorporação de gadolínio e ítrio nas

matrizes de HA e PVA/COL/HÁ

Figura 5.21- Resultados do estudo da capacidade de retenção de gadolínio e ítrio nas matrizes

de HA e PVA/COL/HA. Valores abaixo do limite de detecção do método (2,0x10-4

mg/mL)

são considerados nulos.

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72

Para incorporação do elemento ítrio, cada solução foi preparada em um volume de 25

mL, dessa forma podemos calcular que uma massa de 147,5 mg de ítrio não foi incorporada

na matriz de HA e que o seu potencial de incorporação nessa matriz, sabendo que 540 mg

desse elemento foram adicionados no processo de incorporação, é de 72,69% (a massa desse

elemento representa 68,56% da formulação final). Para a matriz funcionalizada, seguindo o

mesmo raciocínio acima, o potencial de incorporação foi de 44,44% e a massa de ítrio nessa

formulação representa 57,14%. Esses resultados mostram que é possível incorporar uma

quantidade significativa do elemento ítrio tanto na matriz de HA quanto na matriz

funcionalizada PVA/COL/HA que apresentou menor potencial de incorporação,

possivelmente devido às alterações dos parâmetros superficiais causados durante o processo

de funcionalização como mostrou o ensaio de adsorção de gases. Os estudos da cinética de

liberação demonstram que ambos os materiais analisados apresentam grande estabilidade para

retenção do elemento ítrio, uma vez que em todas as leituras realizadas pela técnica de ICP-

AES não foram detectados níveis significativos desse elemento nos sobrenadantes,

credenciando o material PVA/COL/HA-Y para estudos in vitro.

Para o elemento gadolínio, os resultados indicam um potencial de incorporação de

100% tanto para a amostra de HA pura quanto para a funcionalizada, uma vez que não foram

detectadas quantidades significativas desse elemento nos líquidos passantes no processo de

filtração. O gadolínio representa 75% da massa da formulação final, indicando que as

nanopartículas de hidroxiapatita podem incorporar grandes atividades do radioisótopo

gadolínio-159. Da mesma forma que o ítrio, o gadolínio não é liberado da matriz de HA,

considerando os intervalos de tempo testados no estudo da cinética de liberação.

Os materiais nanoestruturados se acumulam nos tumores pelo efeito EPR devido

basicamente a dois fatores, porosidade aumentada nos tecidos tumorais que favorece à entrada

dos nanomateriais e ausência ou carência de drenagem linfática que impede a saída desses

materiais. Dessa forma, a liberação de radioisótopos a partir das matrizes nanoestruturadas

não é um efeito desejável, uma vez que, estando fora das nanopartículas, os radioisótopos

poderiam deixar os tecidos tumorais e entrar em tecidos sadios. Assim, a retenção dos

elementos ítrio e gadolínio, observada nas nanopartículas de hidroxiapatita, são as

características ideais para os processos seguintes desse trabalho, ativação neutrônica do

elemento gadolínio e os testes de biocompatibilidade e citotoxidade.

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73

5.4- Ativação neutrônica dos elementos ítrio e gadolínio

5.4.1- Potencial de ativação do ítrio

O potencial de ativação neutrônica do ítrio foi calculado pela equação (1), conforme

descrito no Capítulo 3.

(1)

Com dados obtidos da literatura (NUCLEAR; COMMITTEE, 2003;

ZANGIROLAMI, 2010), foi possível estimar a atividade induzida no ítrio contido no

composto cloreto de ítrio. A Tabela 5.8 apresenta as variáveis e a atividade teórica calculada

para o ítrio-90.

Tabela 5.7- Variáveis utilizadas no cálculo da ativação do ítrio.

Variável Valores

A 130,8 MBq (3,51 mCi)

N 4,1E20

ΦTH (Tubo central) 2,8E12 n∙cm-1

∙s–1

σTH 1,28E-24 cm2

ΦEPI (Tubo central) 2,6E11 n∙cm–1

∙s–1

Iγ 1E-24 cm2

T1/2 64,1 horas

TIR 8 horas

A atividade teórica de 3,51 mCi, Tabela 5.8, foi calculada considerando a ativação de

uma massa de 60 mg de ítrio-89 (que corresponde a 45,5% de 131,9 mg de Cl3Y), quantidade

necessária para formulações em testes de citotoxicidade.

O potencial de incorporação do ítrio é de 44% numa razão em peso de 1:3 na matriz de

PVA/COL/HA, de acordo com resultados do ICP-AES. Considerando que este potencial de

incorporação do ítrio seja o mesmo para o seu radioisótopo, é possível obter uma atividade de

1,56 mCi em 20 mg de HA funcionalizada. Conforme descrito na metodologia, as limitações

de licenciamento no Laboratório de Radiobiologia impediu que os experimentos fossem

realizados com este material. Contudo, informações obtidas a partir dos dados teóricos e com

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base nos experimentos de incorporação indicam a potencialidade deste sistema para ser

utilizado com agente de tratamento para osteossarcomas.

5.4.2- Ativação do gadolínio

Seguindo a metodologia para cálculo da ativação do ítrio a partir da equação (1), a

Tabela 5.9 apresenta as variáveis e a atividade teórica calculada para o gadolínio-159.

Tabela 5.8- Variáveis utilizadas no cálculo da ativação do gadolínio.

Variável Valores

A 73,83 MBq (1,99 mCi)

N 2,23E20

ΦTH (mesa giratória) 6,3E11 n∙cm-1

∙s–1

σTH 2.28E-24 cm2

ΦEPI (mesa giratória) 4,4E10 n∙cm–1

∙s–1

Iγ 73E-24 cm2

T1/2 18,56 horas

TIR 2 horas

Uma massa de 280 mg de óxido de gadolínio (que corresponde a aproximadamente

243 mg de gadolínio) diluída em 5 mL de água Milli-Q® foi enviada ao Departamento de

Técnicas Nucleares do CDTN para o processo de ativação neutrônica no reator TRIGA, onde

foi induzida uma atividade na ordem de 2 mCi. A amostra irradiada ficou retida durante um

tempo de meia-vida do gadolínio-159 (aproximadamente 18 horas) para que ocorresse o

decaimento da atividade induzida em contaminantes como o sódio, que poderiam influenciar

no experimento. Nesse contexto, a atividade de 1 mCi foi utilizada para o processo de

incorporação do radioisótopo 159

Gd na matriz de PVA/COL/HA. Como o Laboratório de

Radioquímica, anexo ao Departamento de Técnicas Nucleares do CDTN, está passando por

processo de licenciamento e não está operante, a atividade induzida na amostra não pode ser

aferida.

O potencial de incorporação do gadolínio é de 100% numa razão em peso de 1:3 na

matriz de PVA/COL/HA, de acordo com resultados do ICP-AES. Considerando que este

potencial de incorporação do gadolínio seja o mesmo para o seu radioisótopo e considerando

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75

as diluições realizadas no processo de formulação do material para o teste de citotoxicidade in

vitro, a atividade empregada no ensaio biológico foi de 1,54 nCi.

5.5- Ensaios preliminares de citotoxidade in vitro

Os testes de citotoxicidade foram conduzidos em células T98G de glioblastoma

humano, sendo realizados os estudos de MTT e DAPI. Alguns imprevistos encontrados ao

longo deste ensaio impediram realizar um estudo quantitativo. O reator TRIGA do CDTN

estava passando por reformas e por processo de licenciamento, que não foram concluídos no

tempo previsto, e planejado no cronograma do presente trabalho. Neste contexto não houve

tempo suficiente para a realização desse experimento de forma a seguir os protocolos ideais,

como número de repetições e adequação das concentrações utilizadas. Outro grande problema

enfrentado mediante esse estudo se refere à característica de aglomeração da hidroxiapatita

quando formulações em meio de cultura e em concentrações maiores são preparadas. Esta

característica foi observada nas medidas de DLS, Figura 5.16, que indicou um baixo valor de

potencial zeta no pH neutro, que é pH do meio de cultura. Este fato inviabilizou uma análise

quantitativa porque o material não se distribui homogeneamente nos poços da placa onde as

células foram cultivadas. Dessa forma, apenas testes qualitativos foram realizados na tentativa

encontrar possíveis tendências de comportamento desse material frente a sistemas biológicos,

que, de certa forma, foram de grande valia para futuros estudos com os padrões ideais. O

gráfico de viabilidade celular do teste de MTT está representado na Figura 5.22 e as imagens

são apresentadas na Figura 5.23 juntamente com as imagens do ensaio de DAPI.

Figura 5.22- Resultados do teste de citotoxidade em células T98G.

0

20

40

60

80

H A

P V A /C O L/H A

P V A /C O L /H A -G d

P V A /C O L /H A -G d-159

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r (

% d

o c

on

tro

le)

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Figura 5.23- Fotos das células T98G utilizadas nos testes de citotoxicidade. Ensaio de MTT

na coluna da esquerda e ensaio de DAPI na coluna da direita.

Pela leitura do gráfico, pode-se perceber que todos os materiais apresentaram certa

atividade citotóxica, uma vez que a viabilidade das células tratadas com cada sistema ficou

abaixo da viabilidade celular do controle. As fotografias do teste de MTT expressam a

densidade celular em cada poço da placa onde as células foram semeadas e permitem

investigar alterações morfológicas que possam ter ocorrido com essas células após o

tratamento com os materiais; as fotografias de DAPI, onde os núcleos celulares ficam corados

em azul, permitem investigar alterações cromossômicas características de apoptose. É

Controle

HA

PVA-COL-HA

PVA-COL-HA-Gd

PVA-COL-HA-159

Gd

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possível notar uma redução significativa no número de células quando comparamos as

fotografias referentes a cada material com as fotografias do controle (tanto as fotografias de

MTT quanto as fotografias do DAPI). Essa redução é um forte indício de que os materiais

apresentaram atividade citotóxica, em conformidade com os resultados mostrados no gráfico.

Alterações morfológicas, como irregularidades na membrana, também podem ser observadas

por análise das fotografias do teste de MTT, fornecendo novas evidências sobre efeitos

citotóxicos dos materiais utilizados no tratamento. As imagens de DAPI também sugerem

alterações cromossômicas características de morte programada, onde os núcleos afetados

apresentam-se com maior brilho em relação ao controle.

Na literatura podem ser encontradas publicações onde os autores relatam que a

funcionalização da hidroxiapatita com PVA e colágeno podem aumentar a biocompatibilidade

do material (SONG et al., 2012b) e essa tendência foi ser observada quando comparamos os

resultados qualitativos exibidos no gráfico da Figura 5.22, que sugerem menor citotoxicidade

dos materiais funcionalizados em relação à hidroxiapatita não funcionalizada. Embora esses

resultados sejam apenas qualitativos, os ensaios in vitro também sugerem outro indício

importante para a presente pesquisa: a amostra incorporada com o radioisótopo apresentou

maior atividade citotóxica em relação aos demais materiais, principalmente em relação à

amostra incorporada com o isótopo estável. Essas constatações, mesmo que qualitativas,

indicam que o material preparado nesse trabalho apresenta um potencial para ser utilizado

como agente para tratamento de osteossarcomas.

Embora existam publicações na literatura que apontam a hidroxiapatita como um

material biocompatível (SALEHI; FATHI, 2010; SHIH; WANG; HON, 2005; VERMA et al.,

2013; WANG et al., 2006a; WU et al., 2012) e os resultados dessa pesquisa tenham sugerido

qualitativamente uma relativa citotoxicidade para esse material, algumas constatações podem

ser enumeradas na tentativa de elucidar esse problema: o tipo de célula utilizada em cada

experimento, o processo de síntese da hidroxiapatita, o processo de purificação e esterilização

do material antes de sua aplicação no ensaio biológico e a forte tendência da HA para formar

aglomerados.

Diferentes tipos de células já foram utilizadas para ensaios de biocompatibilidade da

hidroxiapatita e os resultados desses trabalhos são divergentes (GEETHA et al., 2013;

MOTSKIN et al., 2009; MÜLLER et al., 2014; SONG et al., 2012b). Geetha e colaboradores

(GEETHA et al., 2013) demonstraram que esse material não apresenta atividade citotóxica na

linhagem celular L929 de fibroblastos até a concentração de 600 µg/mL. Motskin e

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colaboradores (MOTSKIN et al., 2009) realizaram estudos sobre a linhagem HMMs de

células derivadas de macrófagos humanos e demonstraram que, nestas células, a

citotoxicidade da hidroxiapatita varia consideravelmente de acordo com as formulações e

estão relacionadas com suas propriedades físico-químicas.

O processo de síntese da hidroxiapatita pode estar relacionado com a atividade

citotóxica encontrada nesses ensaios sobre a linhagem T98G. Podem ser observados picos de

absorção característicos do CTAB (em torno de 2950 e 2850 cm-1

) pelo espectro de FTIR da

hidroxiapatita sintetizada nesse trabalho, sugerindo que esse surfactante não tenha sido

completamente removido da matriz no processo de calcinação. Dessa forma, umas das causas

da toxicidade observada para a hidroxiapatita pode estar associada a este direcionador de rede.

Müller e colaboradores (MÜLLER et al., 2014) estudaram processos de esterilização

da hidroxiapatita antes da realização do tratamento de células para teste de MTT. Os

resultados dessa pesquisa demonstraram que o processo de autoclavagem e de diálise são

eficientes para reduzir a toxicidade desse material, fornecendo uma boa alternativa para testes

futuros com os materiais sintetizados no presente trabalho. Nessa mesma publicação, Müller e

seus colaboradores discutem sobre a aglomeração da hidroxiapatita e como essa característica

está relacionada com a interação desse material as linhagens de células estudadas, sugerindo

uma possível correlação com a atividade citotóxica.

Com base no que foi discutido logo acima, pode ser inferido que os resultados

apresentados nesse trabalho, mesmo que qualitativos, indicam que o material sintetizado pode

ser trabalhado sistematicamente para que suas características sejam melhoradas visando

futuros testes biológicos.

Estes ensaios se caracterizam como preliminares e um estudo mais profundo e de

forma sistemática deverá ser realizado para avaliar a reprodutibilidades dos ensaios, bem

como estabelecer relações entre dados de citotoxicidade, composição e morfologias das

amostras.

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79

6. CONCLUSÃO

A hidroxiapatita nanoestruturada pode ser sintetizada por métodos distintos, sendo que

o controle do pH é fundamental para o sucesso da obtenção desse material em fase cristalina.

Os direcionadores de rede exercem grande influência sobre a porosidade do material e sobre o

tamanho do cristalito, sendo fundamentais para obtenção de hidroxiapatita mesoporosa

nanoestruturada.

A funcionalização com PVA e colágeno altera consideravelmente os parâmetros

superficiais das nanopartículas, promovendo redução da área superficial específica e do

volume e diâmetro de poros. Entretanto, poucas alterações na carga superficial foram

observadas para essa funcionalização, como demonstrado pela técnica de DLS.

Os dados das caracterizações por FTIR e DRX indicaram que o material de interesse no

presente trabalho, a hidroxiapatita, foi adequadamente sintetizado e sugeriram, juntamente

com as técnicas de análise elementar CHN e análise termogravimétrica, que o processo de

funcionalização desse material com PVA e colágeno foi bem sucedido. Essa funcionalização

tem grande influência na biocompatibilidade da hidroxiapatita como sugerido pelo teste

preliminar de citotoxicidade.

As imagens de MET e MEV permitiram observar que a estrutura mesoporosa desejada

para a hidroxiapatita foi alcançada, em concordância com os resultados da análise de adsorção

de N2 pelo método BET. As imagens das microscopias eletrônicas indicaram também que a

faixa de tamanho desejada para as nanopartículas foi obtida, credenciando o material para o

tratamento do câncer pelo efeito EPR.

A incorporação de isótopos é mais eficiente para a hidroxiapatita não funcionalizada,

mas também é possível incorporar quantidades significativas nas amostras funcionalizadas,

como sugerido pelas análises por ICP-AES. A hidroxiapatita pode ser considerada um

carreador estável de radioisótopos, porque os elementos incorporados ficam retidos nas

nanopartículas e não são liberados no meio, como demonstrado no estudo de liberação. Essa é

a característica ideal para materiais incorporados com radioisótopos e candidatos a agentes de

tratamento do câncer pelo efeito EPR.

A ativação dos elementos ítrio e gadolínio, através de reações do tipo (n, γ) em reatores

nucleares, é possível e pode gerar uma atividade suficiente para a preparação de formulações

a base de hidroxiapatita visando o tratamento de câncer.

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Com base nos resultados obtidos nesse trabalho, nanopartículas mesoporosas de

hidroxiapatita funcionalizadas com PVA e colágeno, contendo o radioisótopo gadolínio-159

ou ítrio-90, apresentam potencial elevado para serem utilizadas como agentes de tratamento

de osteossarcoma, justificando a continuidade desses estudos em trabalhos futuros.

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81

7. PROPOSIÇÕES FUTURAS

Estudar sistematicamente a síntese de hidroxiapatita nanoestruturada através de

diferentes rotas e o processo de funcionalização das nanoestruturas com PVA,

colágeno e outros agentes funcionalizantes;

Estudar a incorporação e a retenção de diferentes radioisótopos nas nanoestruturas

funcionalizadas;

Estudar a estabilidade in vitro dos materiais propostos;

Estudar a atividade citotóxica in vitro dos materiais propostos sobre a linhagem de

células SAOS de osteossarcoma humano;

Estudar a biodistribuição e a atividade antitumoral in vivo dos materiais propostos em

camundongos Swiss.

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82

8. PRODUÇÕES CIENTÍFICAS

Artigo publicado no Journal of Biomaterials and Nanobiotechnology:

CIPRESTE, M. F.; SOUSA, E. M. B. Poly(Vinyl Alcohol)/Collagen/Hydroxyapatite

Nanoparticles Hybrid System Containing Yttrium-90 as a Potential Agent to Treat

Osteosarcoma. Journal of Biomaterials and Nanobiotechnology, v. 05, n. 01, p. 24–30, 2014.

Trabalhos apresentados em congressos na forma de pôster:

XII Brazilian MRS Meeting SBPMat - Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais

Campos do Jordão - Setembro 2013

Hydroxyapatite Nanoparticles Containig 90

Y Applied to Osteosarcoma Treatment

VIII Congresso Internacional da SBBN – Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares

Recife – Novembro 2012

Hhydroxyapatite nanoparticles containing 153

Sm-EDTMP applied to bome metastases

treatment

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83

9. REFERÊNCIAS

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