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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE … · Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco - UFMA Pablo Henrique Gonçalves Moraes - UFMA Paulo Roberto Mendes Pereira -

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE Nível Mestrado

SÃO LUÍS • MARANHÃOVolume 1 • 2016

ANAIS DOSEMINÁRIO NORTE E NORDESTE

Saúde e Ambiente: Interdisciplinaridade em foco(SENNESA)

05 a 07 de dezembro de 2016

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE Nível Mestrado

ISSN 2526-4540 (on-line)Anais do SENNESA • São Luís • MA • Volume 1 • 2016

ANAIS DOSEMINÁRIO NORTE E NORDESTE

Saúde e Ambiente: Interdisciplinaridade em foco(SENNESA)

05 a 07 de dezembro de 2016

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S 471aSeminário Norte e Nordeste Saúde e Ambiente (1.: 2016: São Luís, MA).

Anais do Seminário Norte e Nordeste Saúde e Ambiente de 05 a 07 de dezembro de 2016 / Coordenado por Denise Fernandes Coutinho Moraes, José Aquino Junior. – São Luís: EDUFMA, 2016.

439 p. : il.ISSN 2526-4540 (on line)Bienal

1.Saúde e Ambiente 2. Qualidade ambiental I . Título

CDU 614:504.064

Dados internacionais na Catalogação na Publicação (CIP)

© Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).As opiniões externadas nesta obra são de responsabilidade ex-clusiva de seus autores.

Universidade Federal do MaranhãoPrograma de Pós-Graduação em Saúde e AmbienteEndereço: Praça Madre Deus, nº 2, 2º andar, Madre DeusCEP: 65025-560 | São Luís | MATelefone: (98) 3272-9590Email: [email protected]: ppgsaufma.wordpress.com

SENNESA 2016

Coordenação GeralDenise Fernandes Coutinho Moraes - UFMAJosé Aquino Júnior - UFMA

Comitê Técnico-CientíficoCoordenadora: Zulimar Márita Ribeiro Rodrigues - UFMAAdenilde Nascimento Mouchrek - UFMAAmanda Diniz Santos - UFMAAna Hélia de Lima Sardinha - UFMAAndréa Lúcia Almeida de Carvalho - UFMAAntônio Carlos Leal de Castro - UFMAAntônio Cordeiro Feitosa - UFMAAntônio Rafael da Silva - UFMAArlene dos Santos da Silva - UFMADenise Fernandes Coutinho Moraes - UFMAEloísa da Graça do Rosário Gonçalves - UFMAEvonnildo Costa Gonçalves - UFMAFlávia Maria Mendonça do Amaral - UFMAHivana Patricia Melo Barbosa Dall’Agnol - UFMAIstván van Deursen Varga - UFMAIvone Garros Rosa - UFMAJean Marlos Pinheiro Borba - UFMAJorge Luiz Silva Nunes - UFMAJosé Ângelo Cordeiro Mendonça - UFMAJosé Aquino Júnior - UFMA

Lívia Carolina Sobrinho Rudakoff - IFMAMárcia Maria Fernandes de Oliveira - Centro Universitário In-ternacional - UNINTERMaria dos Remédios Freitas Carvalho Branco - UFMAPablo Henrique Gonçalves Moraes - UFMAPaulo Roberto Mendes Pereira - UNESP – Presidente PrudenteRonaldo Rodrigues Araújo - UFMAVictor Elias Mouchrek Filho - UFMA

Comissão EditorialCoordenadora: Luciana da Silva Bastos - UFMAAdriana Soraya Araújo - UFMAAmália Cristina Melo - UFMAAndré Gustavo Barros França - UFMAAudivan Ribeiro Garcês Júnior - UFMAElayne Costa da Silva - UFMAÉrica Natacha Batista Cabral - UFMAEulália Cristina Costa de Carvalho - UFMAJéssica Brito Rodrigues - UFMAMarcos Ronad Mota Cavalcante - UFMAMayana Mendes e Silva Luana - UFMANágela Gardênia Rodrigues dos Santos - UFMANayra Rejane Rolim Gomes - UFMA Pabline Medeiros Verzaro - UFMAPatrícia Fernanda Pereira Cabral - UFMASebastião Ytaan Santos Soeiro - Zootecnista (UFMA)Thaliane França Costa - UEMAVictor Lamarão de França - UFMA

Produção Editorial:Projeto Gráfico e Capa: André Gustavo Barros FrançaEditoração: Andre Gustavo Barros FrançaNormalização e Revisão: Luciana da Silva Bastos - UFMA

SUM

ÁR

IO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 11

SAÚDE DAS POPULAÇÕES ...........................................................................13

A eficiência da transação em ação civil pública como garantia de condições adequadas de atendimento hospitalar público à população da ilha de São Luís – Maranhão ............................15

A violência contra o idoso e o cuidado de enfermagem: uma reflexão à luz da fenomenologia social...............................................................................................................................................................23

Acidentes causados por animais aquáticos na comunidade pesqueira de São José de Ribamar, Maranhão: epidemiologia e aspectos clínicos* .....................................................................................29

Adequação e organização da casa de saúde do índio de São Luís – MA ao contexto intercultural de seus usuários* .........................................................................................................................................35

Análise da influência dos resíduos sólidos gerados nos mercados de São Luís na saúde dos feirantes .........................................................................................................................................................41

Estrutura física para acessibilidade e organização dos serviços de vacinação..............................49

Análise microbiológica das garrafadas comercializadas no mercado informal de São Luís – Maranhão ......................................................................................................................................................53

Análise química e toxicidade do óleo essencial de Psidium myrsinites DC. .................................57

Análise química, toxicidade e avaliação da atividade moluscicida do óleo essencial de Lippia gracilis Schauer frente Biomphalaria Glabrata .....................................................................................63

Assistência de enfermagem no tratamento de pacientes com diagnóstico de hanseníase de uma unidade de saúde de São Luis – MA .......................................................................................................69

Avaliação audiologica em servidores da polícia militar do batalhão CPE-ROTAM Equipe B ..75

Avaliação da atividade moluscicida do óleo essencial de Aniba duckei Kostermans* .................81

Avaliação da qualidade de drogas vegetais de carqueja (Baccharis trimera (Less) DC.) comercializadas em São Luís -Maranhão* .............................................................................................87

Avaliação do estado nutricional dos carteiros da empresa de correios e telegráfos (ECT) do munícipio de São Luís-MA ........................................................................................................................93

Comércio e controle de qualidade de produtos de origem vegetal adquiridos em farmácias e drogarias de São Luís, estado do Maranhão ..........................................................................................99

Comunicando sobre a prevenção da hanseníase: o que dizem cartazes, cartilhas, guias e panfletos? ....................................................................................................................................................105

Diagnóstico mamográfico na Região Nordeste no período de 2011 a 2015 .................................111

Diversidade genética em cinco loci do gene APOBEC3G em brasileiros com HIV-1 ...............117

Efeito da irrigação subgengival com seringa e ultrassônica passiva nos níveis de IL-1β, IL-6 e TNF-α na periodontite experimental em ratos ..................................................................................123

Formação ambiental de estudantes da área da saúde em instituição de ensino superior ........129

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Identificação de substâncias químicas de Jacaranda decurrens cham* .........................................135

Investigação biológica de Holochilus sp., hospedeiro natural da esquistossomose: período reprodutivo e contagem embrionária* .................................................................................................143

Jacaranda decurrens Cham.: ensaios químicos e biológicos na pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos* ..............................................................................................................................................147

Larvas de trematódeos emergentes de Biomphalaria spp. (Gastropoda: Planorbidae) em criadouros de São Luís e São Bento, MA* ............................................................................................153

Medicamento fitoterápico Ginkgo biloba L. e interações medicamentosas: uma revisão .........159

Método alternativo remediador para o tratamento das águas de uma ETE da Vila Maranhão em São Luís - MA .............................................................................................................................................165

Monitoramento de positividade para Schistosoma mansoni em roedores Holochilus sp. naturalmente infectados na baixada* ...................................................................................................175

Ocorrência de agentes zoonóticos ocupacionais em trabalhadores de frigoríficos no município de São Luís-MA* ........................................................................................................................................181

Odontogeriatria em foco: projeto de assistência a pacientes portadores de próteses removíveis atendidos na UFMA ..................................................................................................................................185

Os passivos na sáude pública: uma contextualização socioeconômica entre o meio ambiente, a saúde e os gastos públicos* .....................................................................................................................193

Perfil das reações adversas do antimoniato de meglumina no tratamento da leishmaniose em um hospital sentinela - São Luis, Maranhão .......................................................................................197

Perfil epidemiológico da hanseníase em menores de 15 anos no município de Lago Da Pedra, MA* ...............................................................................................................................................................203

Perfil sociodemográfico de alunos portadores de retardo mental de causa idiopática em escola de educação especial em São Luis-MA* ...............................................................................................209

Pesquisa de Escherichia coli EM alimentos comercializados em restaurantes na cidade São Luís-MA* ...............................................................................................................................................................217

Processamento auditivo central em grupo de idosos com audição normal .................................221

Projeto educando em saúde: ações em uma escola pública do município de São Luís-MA ....229

Qualidade de amostras comerciais de chá usado em dietas de emagrecimento .........................233

Qualidade de amostras comerciais de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) Comercializadas em São Luís, Maranhão ............................................................................................239

Qualidade de vida de pacientes com lesão medular: uma revisão integrativa* ..........................247

Qualidade microbiológica de amostras comerciais de carqueja em São Luís, MA ....................253

Redução de danos: uma ferramenta de prevenção na transmissão do hiv entre usuários de substâncias psicoativas* ...........................................................................................................................259

Resíduos do serviço de saúde do curso de odontologia de uma universidade publica e avaliação da formação ambiental de estudantes e docentes do curso .............................................................265

Sintomas auditivos e extra auditivos em bombeiros de uma unidade de São luís – MA .........271

Subprodutos do processamento de frutas: avaliação do teor de compostos fenólicos e atividade antimicrobiana ...........................................................................................................................................279

QUALIDADE AMBIENTAL ..........................................................................285

A qualidade ambiental na área urbana do município de araioses, maranhão ............................287

Abastecimento de água no bairro Sá Viana, São Luís, MA, Brasil - Um diagnóstico participativo .............................................................................................................................. 295

Análise das condições socioambientais dos moradores próximos ao lixão na comunidade do Timbuba, São José de Ribamar, Maranhão ..........................................................................................303

Análise espacial de casos Leishmaniose Visceral no oeste maranhense ......................................309

Análise espaço-temporal de casos de vírus zika por distrito sanitário, São Luís, Maranhão, Brasil* ...........................................................................................................................................................315

Análise in silico dos agrupamentos gênicos potencialmente envolvidos na síntese de metabólitos secundários em duas linhagens bacterianas ambientais de Exiguobacterium antarcticum* ...321

AS condições urbanas do mercado público do bairro Anjo da Guarda, área da periferia de São Luís – MA....................................................................................................................................................329

Atividade mineradora e uso do mercúrio: reflexos socioambientais no garimpo de caxias, município de Luís Domingues – MA* ..................................................................................................337

AValiação da contaminação microbiológica de pescados da Laguna da Jansen em São Luis-MA* ...............................................................................................................................................................345

Avaliação da contaminação microbiológica na água da Laguna da Jansen em São Luis-MA* 349

Determinação dos fatores de virulencia de Escherichia coli enteropatogênica isoladas na areia da praia de São Luís ..................................................................................................................................353

Diagnóstico e análise do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em hospitais de São Luís ...............................................................................................................................................................357

Diagnóstico participativo sobre resíduos sólidos urbanos no bairro Sá Viana, São Luís, MA, Brasil. ...........................................................................................................................................................363

Distribuição espaço-temporal dos casos de intoxicação exógena no estado do Maranhão .....371

Educação ambiental na agricultura familiar: estudo de caso no polo agrícola da Pindoba, Paço do Lumiar/MA............................................................................................................................................375

Gerenciamento dos resíduos de saúde: estudo de caso em uma clínica particular e uma unidade de pronto atendimento de São Luís-MA ..............................................................................................381

Impacto da presença de matadouros na qualidade microbiológica das aguas superficiais do manancial do Rio Grande na zona rural de São Luís-MA ................................................................387

Indicadores de qualidade ambiental do município de Paulino Neves, estado do Maranhão ...393

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APR

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ÃO

A Universidade Federal do Maranhão-UFMA por meio do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente-PPGSA, realizou no perí-

odo de 05 a 07 de dezembro de 2016, o I SEMINÁRIO NORTE E NORDESTE SAÚDE E AMBIENTE: Interdisciplinaridade em foco, com o intuito de realização bienal, o seminário teve como intuito propiciar o debate acadêmico e político sobre o tema interdisciplinar saúde e ambiente. O objetivo principal foi estimular a aproximação entre professores, pesquisadores, técnicos, gestores, pós-graduandos e graduandos de diversas instituições e áreas de conhecimento para a consolidação do movimento que objetiva a promoção da saúde através de visões mais holísticas sobre os elementos ambientais intervenientes nos processos de saúde e doença. Buscou ainda incentivar que a temática esteja inserida na agenda das Políticas Públicas, considerando as de-sigualdades socioeconômicas e os agravos à saúde, nas Regiões Norte e Nordeste do país.

O evento possibilitou a troca de conhecimentos através de conferências, mesas-redondas e oficinas; bem como na apresentação de sessões de comunicação, que foram vinculados aos dois eixos temáticos: Saúde de Populações e Qualidade Am-biental. No total foram mais de 75 comunicações, sobre várias pesquisas relacionadas aos eixos do evento, com destaques para temas ligados a saúde das populações, quali-dade ambiental, desenvolvimento de produtos naturais e aplicação de geotecnologias. Foram ofertadas quatro oficinas aos participantes, com foco no geoprocessamento como ferramenta oportuna para a saúde; na consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS); nas vulnerabilidades ambientais e nas doenças no campo e nas cidades.

Ainda no evento, foi comemorado os 20 anos de funcionamento do Mes-trado em Saúde e Ambiente, primeiro Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Maranhão, com proposta interdisciplinar na interface saúde e ambiente, desde 1996. Neste ínterim, as pesquisas do mestrado, foram sendo consolidadas con-tribuindo para a formação profissional de seus egressos e para compreender melhor a multicausalidade dos processos saúde-doença.

É com grande satisfação que publicamos, aqui, os anais contendo todos os trabalhos apresentados no I SEMINÁRIO NORTE E NORDESTE SAÚDE E AMBIEN-TE: Interdisciplinaridade em foco, com o intuído de divulgar e promover mais debates sobre os temas propostos.

Sobre o sucesso do evento, destacam-se o apoio do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPA), do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da UFMA. Em especial, agradecemos aos inte-grantes da comissão organizadora e científica, bem como os coordenadores e monito-res das comunicações. Agradecemos ainda a todos que apresentaram e dividiram suas pesquisas com os demais participantes, concretizadas, agora, através destes Anais.

José Aquino JuniorDenise Fernandes Coutinho Moraes

Coordenação Geral

Zulimar Márita Ribeiro Rodrigues Coordenadora do Comitê Científico

Índices de desenvolvimento social na baixada maranhense* ..........................................................401

Mapeamento e determinação da biomassa e manguezais através de imagens de satélite e dados dendométricos no município de Alcântara-MA* ...............................................................................409

O clima de São Luís-MA e suas relações com a incidência dos casos de dengue* .....................417

Percepção da qualidade ambiental de praias do litoral maranhense .............................................423

Qualidade microbiológica de águas de poços artesianos no estado do Maranhão ....................429

Uso da água na produção de alimentos e a segurança dos alimentos ...........................................435

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SAÚDE DASPOPULAÇÕES

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A EFICIÊNCIA DA TRANSAÇÃO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA COMO GARANTIA DE CONDIÇÕES

ADEQUADAS DE ATENDIMENTO HOSPITALAR PÚBLICO À POPULAÇÃO DA ILHA DE SÃO LUÍS – MARANHÃO

Georlinda de Jesus Ferro de AraujoGraduação em Direito - Faculdade do Estado do Maranhão - FACEM

E-mail: [email protected] Reis Silva Neta

Graduação em Direito - UNICEUMA E-mail: [email protected]

Monique Brandão Arouche Graduação em Direito - Faculdade do Estado do Maranhão - FACEM

Rafael Vale Departamento de Direito - Faculdade do Estado do Maranhão - FACEM

RESUMO: Os Hospitais e Unidades de Saúde Pública de São Luís - Maranhão retratam um cenário de total descaso com a saúde da população. Superlotação, falta de médicos e leitos, sucateamento de equipamentos, ingerência organizacional, ausência de manutenção e reformas, são graves problemas que necessitam de soluções imediatas e enérgicas. Uma delas é a via judicial, que tem por instrumento a Ação Civil Pública, que visa a proteção de direitos transindividuais. Não obstante a atual situação do Poder Judiciário, a morosidade atinge em especial a Ação Civil Pública. Solução dada foi a criação de Varas especializadas em processos coletivos e a moderna utilização de transação nesse tipo processual. O presente trabalho faz um levantamento dos processos relacionados às condições de prestações de serviços de saúde que já foram sentenciados pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Ilha de São Luis, contabilizando o tempo processual até a sentença. Verificou-se que as sentenças demoram a ser prolatadas e executadas em função das formalidades e de infinidade de recursos, enquanto que o acordo judicial, além de proporcionar uma medida viável ao réu, resolveu a demanda de forma definitiva, com início de cumprimento imediato ou conforme transacionad.

Palavras-chave: Hospital. Saúde. Direito. Difuso.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016 17

Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

Superlotação, falta de médicos e lei-tos, sucateamento de equipamentos, ingerência organizacional, ausência de manutenção e reformas são graves pro-blemas enfrentados hodiernamente pela população usuária dos Hospitais e Uni-dades de Saúde Pública de São Luis do Maranhão.

A saúde das populações é consti-tucionalmente protegida, sendo papel fundamental e inescusável do Estado a prestação de serviços adequados para a garantia do direito humano fundamen-tal à saúde.

Quando o Estado não cumpre seu ne-cessário dever, o Poder Judiciário pode ser acionado para a resolução deste tipo de omissão que repercute sobre toda a sociedade.

O instrumento processual legalmen-te utilizado para a tutela de demandas atinentes à saúde, incluída no rol de di-reitos e interesses transindividuais, é a Ação Civil Pública, regida precipuamen-te pela Lei 7.347/1985 e pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990).

A Ação Civil Pública abrange tute-las que buscam a defesa e reparação de lesões aos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Di-reitos difusos são aqueles em que a ori-gem do problema é comum e indivisível e as pessoas atingidas são intedermina-das ou indetermináveis. Direitos Cole-tivos são aqueles em que a relação jurí-dica base é comum e indivisível, porém o grupo populacional atingido é deter-minado ou determinável. Direitos indi-viduais homogêneos são caracterizados por origem comum, porém divisível, e indivíduos determinados ou determiná-veis.

Por entrar no rol de Direitos Difusos, a proteção à Saúde é de suma importân-cia para a sobrevivência do cidadão de forma individual e em sociedade. Po-

rém, este tipo de processo, onde não há um interesse individual em jogo (base do processo brasileiro), foi por muitos anos relegado pelo Poder Judiciário.

Após a implantação da Vara de Inte-resses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luis - VIDC, as demandas transindividuais começaram a sofrer movimentações e resolução definitiva. No ensejo, os conflitos relacionados à saúde também foram tratados de forma mais enérgica após a implantação de Unidade Jurisdicional especializada.

Ante o atual cenário de precariedade dos hospitais e unidades de saúde públi-ca, e a insistência do Estado em se omi-tir de assegurar uma saúde de qualidade à população, estudos nesta temática são de valiosa importância para o desen-volvimento de condições adequadas de prestação de serviços de saúde e hospi-talares, para que a população tenha qua-lidade de vida.

O objetivo da pesquisa foi verificar a eficiência e consequências da transação judicial em Ações Civis Públicas refe-rentes à saúde.

METODOLOGIA

Foram utilizados os métodos biblio-gráfico e empírico.

A pesquisa bibliográfica foi feita no período 01 a 06 de novembro de 2016, através de pesquisas em artigos cientí-ficos e revistas jurídicas, para melhor entendimento do assunto.

A pesquisa empírica foi realizada entre os dias 07 e 18 de novembro de 2016, na Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luis – Maranhão. Preliminarmente foi realizado o levantamento dos proces-sos atinentes à saúde que tramitam na Unidade e encontram-se sentenciados. Os processos foram analisados e houve a detecção das datas de início do pro-cesso, data da sentença e início de cum-primento. Por se tratar de simples dados

numéricos, as datas foram relacionadas. Para melhor visualização dos dados ob-tidos confeccionou-se gráfico por meio do software Microsoft Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O art. 196 da Carta Magna preconiza que a saúde é direito de todos; direito que o Estado deve garantir mediante po-líticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-rio às ações e serviços para sua promo-ção, proteção e recuperação (KRAUSE & JACQUES, 2013).

Quando o direito à saúde não é ga-rantido pelo Poder Executivo, o Poder Judiciário é acionado para o resguar-do desse direito fundamental humano. Porém, o judiciário também passa por problemas quanto à efetividade no jul-gamento e cumprimento de processos referentes à saúde pública, um deles é a demora na satisfação da tutela pleite-ada.

A morosidade judicial decorre da ne-cessidade de atendimento das garantias legais atinentes às partes e do descaso com os processos coletivos.

Pelo trâmite normal ou ordinário, a tutela pretendida deve ser devidamente comprovada. Para tanto o juiz utiliza--se de análises técnicas, perícias, audi-ências, inspeções, dentre outros meios de busca da solução do litígio, o que demanda tempo e recursos financeiros. Sentenciado ordinariamente, o processo ainda passa por diversos recursos ju-diciais até o início do cumprimento da decisão.

A transação judicial é um método de resolução do conflito em que as partes entram em consenso e resolvem a con-trovérsia.

A Ação Civil Pública possui entraves quanto à transação em função do cará-ter público de suas demandas, não sen-do possível, até os dias de hoje, a modi-

ficação do pedido inicial, mesmo com a compensação social diversa do dano.

A transação só pode ser feita se o objeto for de caráter patrimonial e pro-priedade do demandante (Art. 841 do Código Civil).

A saúde é objeto público e social, e não patrimonial, restando impossível a disposição desse bem.

Além da indisponibilidade, o autor da Ação Civil Pública não é o proprietário do bem e nem é o lesado pelo dano. Po-dem propor Ação Civil Pública somente entes legitimados extraordinariamente a agir em juízo em favor da coletivida-de. Por não possuir propriedade sobre o direito, também não podem transigir.

Ainda dificulta a transação a celeuma entre os Poderes. A interferência do Po-der Judiciário sobre o Poder Executivo, em tese, fere o princípio da separação dos Poderes (Art. 2º da Constituição Fe-deral). Nesse sentido, Costa & Lehfeld (2013) entendem que o controle judi-cial dos atos administrativos vinculados à saúde, é essencial para se garantir a dignidade humana como princípio in-formador da República Federativa do Brasil.

Não obstante, a transação vem sendo utilizada por juízes de vanguarda para a resolução destas importantes demandas relacionadas à Saúde que atingem dire-tamente a vida de um contingente enor-me de pessoas.

Nesses casos, não se discute a pre-tensão inicial, acorda-se tão somente prazos e meios de cumprimento da tute-la pleiteada. Nesse sentido, réu e autor transacionam a forma mais eficaz e pos-sível de resolução da demanda. Geral-mente não há recursos e o cumprimento se inicia de imediato.

Acessibilidade e problemas organiza-cionais e estruturais formam um conjun-to de situações que impedem a norma-lidade de atendimento nas Instituições de Saúde Pública. Foram encontrados 08

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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(oito) processos sentenciados que tratam do assunto: 0006708-64.2010.8.10.0001, 0 0 5 2 9 3 1 - 3 6 . 2 0 1 4 . 8 . 1 0 . 0 0 0 1 , 0 8 1 6 6 6 5 - 4 6 . 2 0 1 6 . 8 . 1 0 . 0 0 0 1 ; 0 0 0 3 3 0 2 - 8 4 . 2 0 0 0 . 8 . 1 0 . 0 0 0 1 , 0003543-58.2000.8.10.0001, 0000651-98.2008.8.10.0001, 0020838-30.2008.8.10.0001, 0007977-02.2014.8.10.0001.

Os processos que cuidam da acessibi-lidade de pessoas com deficiência física às Unidades de Saúde fazem referência a contendas que perduram há muito tem-po. O Ministério Público, autor de todos os processos pesquisados, antes da via judicial buscou, sem sucesso, métodos

alternativos como Termo de Ajustamen-to de Conduta, visando a adequação dos estabelecimentos às normas estipuladas pela NBR 9050-ABNT acerca da circula-ção e permanência de deficientes físicos.

Os autos que visam reformas, adap-tações e manutenção destes estabeleci-mentos são pautados em relatórios de inspeção e reinspeção realizados pela Vigilância Sanitária Estadual.

Estes relatórios indicam graves e di-versos problemas e desconformidades legais em todos os hospitais e unidades, como por exemplo: na Unidade Mista do Coroadinho existem móveis hospita-lares enferrujados e danificados em to-

Tabela 1 - Duração de processos relacionados à Saúde Pública, sentenciados pela VIDC.

dos os setores, ausência de esterilização adequada, falta de climatização, falta de sala específica para a coleta de ma-teriais no Laboratório de Análises Clí-nicas, entre outros; no Hospital Infantil Dr. Odorico Amaral de Mattos (hospital da criança) há superlotação do setor de urgência/emergência, com crianças em observação nos bancos de espera e em macas nos corredores, banheiro de funcionários instalado em área externa construído de forma irregular, não exis-te proteção ao paciente que se encon-tra internado, entre outros; no Hospital Municipal Dr. Clemetindo Moura (So-corrão 2): cadeiras de acompanhantes inexistentes ou danificadas, necessidade de reforma geral do setor de internação, organização geral e limpeza dos postos de enfermagem, reposição de colchões, equipe multiprofissional de terapia nutricional pendente de formalização, ausência de área adequada para atendi-mento de pessoas queimadas, ausência de quarto de isolamento respiratório, ausência de médico infectologista para a Comissão de Controle de Infecções Hospitalares, dentre outros.

Como exposto, os problemas per-meiam todos os setores das Unidades, e vão desde a contratação de profissio-nais, higiene, móveis e equipamentos danificados, superlotação, mau atendi-mento, ausência de especialidades mé-dicas, etc., o que resulta numa péssima prestação ambulatorial/emergencial ao usuário do Sistema Único de Saúde.

As soluções judiciais foram senten-ças ordinárias e sentenças homologató-rias de acordo.

As sentenças judiciais ordinárias acolheram os pedidos iniciais e conde-naram os entes públicos a proceder as adequações legais das Unidades de Saú-de, cominando multa diária e punições em caso de descumprimento. Estas sen-tenças são passíveis de vários e demora-dos recursos.

As sentenças homologatórias de acordo judicial alinham a tutela preten-dida às condições do réu. Nestes casos não há imposição da decisão judicial, mas sim a satisfação amigável da con-tenda. Não há a disposição do pedido inicial, o que se concilia é tão somente o meio de cumprimento.

Em audiência ficam registrados os prazos e formas de cumprimento dos problemas apontados à inicial, sem a possibilidade ordinária de recurso.

Os pedidos referentes a acessibi-lidade e problemas organizacionais e estruturais formam um conjunto de si-tuações que impedem a normalidade de atendimento nas Instituições de Saúde Pública. Após análise dos processos re-lacionados à saúde pública, foram obti-dos os seguintes dados:

No gráfico 1 contabilizou-se a dife-rença de dias entre a sentença e o início do processo.

Dos dados encontrados afere-se que processos protocolizados nos anos 2000, em função da já citada característica transindividual e sua antiga irrelevância perante o judiciário, tiveram uma dura-ção absurda de mais de 15 (quinze) anos.

Processos iniciados de 2008 a 2014 obtiveram redução drástica na morosi-dade, levando em média 5,5 (cinco anos e meio) para serem sentenciados.

Outros com petição inicial datada de 2014 até o presente ano, levaram em média 1 (um) ano para obterem tutela judicial. Dois dos três processos mais céleres foram resolvidos por meio de transação judicial.

A transação também permitiu o iní-cio imediato ou previsto do cumprimen-to das determinações. Os termos iniciais do cumprimento das transações foram 08/11/2016 e 30/09/2016, enquanto que dos 6 (seis) processos ordinariamen-te sentenciados, apenas um iniciou o cumprimento da sentença, ocorrido em 16/06/2016.

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o direito à saúde pública, sucateada pela omissão do Poder Executivo.

A transação permite que o Estado formule meios de concretização do di-reito pleiteado, entrando em acordo com o legitimado da coletividade sem que o Poder Judiciário adentre a esfera das atribuições do Poder Executivo.

Processos sentenciados através da homologação de transação duram em média um ano e o cumprimento inicia--se de imediato ou conforme os termos acordados. Enquanto que os autos or-dinariamente sentenciados se arrastam por décadas e são passíveis de infindos recursos.

Portanto é mister a predisposição das partes e a sensibilização dos juízes para o estímulo e aplicação da transação em Ações Civis Públicas.

Essa alternativa resulta em processos mais céleres, economia ao erário, e prin-cipalmente, após o cumprimento das disposições judiciais, a adequada pres-tação dos serviços públicos de saúde e a consequente melhoria da qualidade de vida da população.

REFERÊNCIAS

COSTA, Kerton Nascimento e; LEH-FELD, Lucas de Souza. A intervenção do Poder Judiciário na administração

Os outros processos ainda se arras-tam diante dos inúmeros recursos que a nossa Legislação inclinada a processo individual permite ao processo coletivo.

As informações levantadas permitem concluir que a transação judicial é um meio eficaz de resolução dos processos que atingem todo o Sistema de Saúde Pública. A transação permite que o réu, em geral o Poder Executivo, possa acor-dar os meios possíveis de adequação aos pedidos feitos à inicial sem ferir o prin-cípio da separação dos poderes, pois o próprio Estado traz a solução de sua pretérita omissão.

A transação judicial satisfaz o grave conflito de forma célere, permitindo o imediato ou predeterminado início do cumprimento, afastando recursos des-necessários e descabidos ante a imensa importância da adequada prestação dos serviços de saúde pública à população.

CONCLUSÕES

A Ação Civil Pública é uma modali-dade processual que apresenta impedi-mentos à transação judicial. O caráter transindividual e as espécies de tutela pleiteadas justificam este entrave.

Mesmo assim, a transação vem sen-do brilhantemente utilizada em Varas especializadas com o fito de resguardar

Gráfico 1 - Duração processual em anos considerando o ajuizamento da inicial até a sentença ordinária ou por homologalção de acordo.

dos recursos destinados à garantia do direito coletivo à saúde: ativismo ou concretismo judicial. Revista de direi-to constitucional e internacional. São Paulo, v. 21, n. 85, dez., 2013.

KRAUSE, Priscila Tahisa; JACQUES, Marcelo Dias. A judicialização da saú-de no Estado do Rio Grande do Sul e o princípio da separação dos poderes. Re-vista da PGE Procuradoria - Geral do Estado RS. Porto Alegre, v. 34, n. 72, p. 73-105, Jul., 2013.

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A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO E O CUIDADO DE ENFERMAGEM: UMA REFLEXÃO À LUZ DA

FENOMENOLOGIA SOCIAL

Pabline Medeiros VerzaroEnfermeira, mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Andrei de Jesus Morais

Psicologo, mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente - UFMAE-mail: [email protected]

Marcus Ronad Mota CavalcanteEnfermeiro, mestrando do Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] do Nascimento Silva

Enfermeira, mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente - UFMAE-mail: [email protected]

Ana Hélia de Lima SardinhaEnfermeira, Dr.ª Docente do Programa de Pós Graduação em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected]

RESUMO: Objetivo: refletir sobre o fenômeno da violência contra os idosos, sob a ótica da fenome-nologia social de Alfred Schultz. Estudo teórico sustentado nas bases do método fenomenológico. A fenomenologia social propõe determinar o sentido íntimo da violência contra o idoso, tal qual se mostra à consciência intencional, isto é, como estes se voltam para o fenômeno da violência a partir da sua vivência, levando em consideração o caráter intersubjetivo deste fenômeno, isto é, a experiência indi-vidual que é essencialmente social. Utilizar o método fenomenológico para traçar um plano de cuidado que atenda as reais necessidades desses idosos, é fundamental para um cuidar ético, pois prioriza muito mais os aspectos sociais, culturais e principalmente a vivência dos idosos.

Palavras-chave: Enfermagem. Saúde do Idoso. Violência. Fenomenologia.

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INTRODUÇÃO

A violência, de forma geral, é um fenômeno social incorporado à saúde pública pela forma em que afeta a saú-de individual e gera grande impacto na morbimortalidade. É definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como: “Qualquer ato de agressão ou ne-gligência à pessoa que produz ou pode produzir dano psicológico, sofrimento físico ou sexual, incluindo as ameaças, coerção ou privação arbitrária de liber-dade, tanto em público como em priva-do”1.

É um fenômeno predominante em toda a sociedade e não envolve um fator isolado, mas resulta de determinantes e condicionantes sociais. Vários ângulos influenciam os eventos violentos dentre eles os principais tipos são: a violência física, a sexual, a psicológica, por negli-gência, sendo as vítimas mais frequen-tes as crianças, adolescentes, mulheres, idosos, deficientes e homossexuais.

A violência contra o idoso tem se tornado um dos principais alertas de saúde pública, principalmente com o cenário de envelhecimento que o Brasil tem experimentado na atual transição epidemiológica. Deste modo, há uma elevada prevalência da violência contra os idosos, em comparação a problemas de saúde com destaque epidemiológi-co2.

O processo de envelhecimento, além das inerentes modificações fisioló-gicas típicas dessa fase, acarreta muitos estigmas, a pessoa idosa é tratada como um peso social devido à incapacidade funcional e social, reduzindo-a a um far-do que somado as desigualdades sociais contribui para o preconceito e desres-peito.

Dentre as formas de violência contra os idosos mais generalizadas temos os setes tipos mais prevalentes elencados pela OMS: abuso físico ou maus-tratos físicos (relacionado ao uso

da força física); abuso ou maus-tratos psicológicos (agressões verbais ou ges-tuais); a negligência (recusa, omissão ou fracasso no cuidado com a vítima); a autonegligência (negação ou fracasso de prover de cuidado adequado a si pró-prio); o abandono (ausência, por parte do responsável, de assistência necessá-ria ao idoso); abuso financeiro (explo-ração imprópria ou ilegal e/ou uso não consentido dos recursos financeiros de um idoso), e o abuso sexual (ato ou jogo sexual, destinado a estimular a vítima)3.

Nessa linha de pensamento, iden-tificar a violência exercida contra idosos torna-se difícil, uma vez que nem sem-pre é perceptível, por não se tratar ape-nas de agressão física. Os profissionais de saúde, em especial, o enfermeiro tem um importante papel na identificação e enfrentamento de casos de violência, apesar da escassez de dados e da oculta-ção da mesma. Independente do tipo as consequências de tal ato resultarão em sofrimento desnecessário violando os direitos humanos, além de comprometer a qualidade de vida do idoso. A Fenome-nologia husserliana e a Fenomenologia Social de Alfred Schutz (1899-1959) po-dem ajudar na compreensão do modo como o idoso ver esse processo, buscan-do os fenômenos vividos da consciência intencional, isto é, como a pessoa idosa se volta para a violência a partir da sua vivência. Em outras palavras, a Feno-menologia prima pelo esforço em bus-ca de aprofundamento da compreensão do mundo a partir de si mesmo (retorno às coisas mesmas), visando à constitui-ção do fenômeno da violência na pes-soa idosa na sua essência, isto é, de que maneira aparece no mundo e qual a sua finalidade.

Diante disto, algumas inquietações foram geradas: Qual a contribuição da Fenomenologia Social de Alfred Schutz para o cuidado de enfermagem ao idoso em situação de violência? De que ma-neira a enfermagem pode prestar um

cuidado humanizado e holístico aos ido-sos vítimas de violência? Sendo assim, o presente artigo busca refletir sobre a violência contra idosos à luz da Feno-menologia de modo a contribuir para novas maneiras de cuidado.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de reflexão o qual se fundamentou em uma base te-órica filosófica, sendo ela a fenomeno-logia, além da percepção dos autores a respeito do assunto abordado. Buscou--se discutir estudos no campo da enfer-magem que contemplassem a temática voltada para a violência contra idosos. O texto foi organizado em duas partes, com abordagem nas temáticas: “A Fe-nomenologia Social de Alfred Schutz” e “Um novo olhar para o fenômeno da violência: implicações para o cuidado de enfermagem”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Fenomenologia Social de Alfred Schutz

Alfred Shultz, sociólogo e filósofo nascido em Viena, mas radicado nos Es-tados Unidos da América foi fortemen-te influenciado pela Fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938), assumin-do, portanto uma postura intelectual e um método rigoroso que busca a com-preensão dos fundamentos últimos dos fenômenos por meio de uma atitude temporária de afastamento de precon-ceitos, juízos e teorias que expliquem antecipadamente os fenômenos a fim de compreender o que ocorre no mundo de maneira direta.

A obra do Shultz é orientada pela no-ção de mundo-da-vida de Husserl, que em A Crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental (2008)4 discute este conceito diante da crise de escolha da sociedade europeia do sécu-lo XX, a qual estava mergulhada numa tentativa de explicação dos aconteci-

mentos do mundo a partir unicamente do ponto de vista científico-natural.

Destaca-se que o conceito de mun-do-da-vida em Husserl está intimamen-te ligado à percepção, ou seja, o mundo só é reconhecido através da capacidade humana de se dar conta daquilo que o cerca, vivenciando as mais diversas re-lações interpessoais possíveis. Levando em consideração que as pessoas perce-bem o mundo através das suas vivên-cias, Husserl (2008, p. 143)4 afirma que: “A experiência é uma evidência que se joga puramente no mundo da vida e, enquanto tal, a fonte de evidência das verificações das ciências, as quais, por seu turno, não são jamais experiências de algo objetivo”. Deste modo, a capaci-dade de perceber aquilo que se mostra no mundo está atrelada à descoberta de novos horizontes, ou seja, as vivências pessoais promovem a constatação dos limites, coisas e pessoas no mundo.

Shultz (2012)5 reflete sobre o “mun-do da vida cotidiana” e as relações in-tersubjetivas, enquanto um cenário de ações e interações, buscando um sen-tido subjetivo para a ação social, ques-tionando a causalidade objetiva pregada pelas ciências naturais. O autor supra-citado propõe uma Teoria da ação5, ou seja, a compreensão do social através das relações intersubjetivas, que prima pela concepção do mundo enquanto um lugar onde o homem plenamente cons-ciente age, fora de categorias a priori. Nesta perspectiva, pensar de maneira natural ou habitual no mundo implica em seguir todos os pressupostos básicos aplicados na esfera pessoal, acreditar em todos os sistemas de interpretação como uma verdade absoluta, havendo, desta maneira, poucas possibilidades de enxergar a vida de forma ampla, muitas vezes restrita ao prisma da violência e da degradação do “outro”.

Pensando na relação da violência contra a pessoa idosa, verifica-se uma

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naturalização desta, ou seja, atos cada vez mais “comuns” e tidos, em grande medida como banais, uma vez que, em muitos momentos, os idosos são vistos somente a partir do desrespeito, consi-derados como incapazes para o mercado de trabalho e/ou outras atividades, fora dos padrões estabelecidos de beleza, dentre outras formas de pré-conceito e discriminação. Estes fenômenos quan-do vistos do ponto de vista fenomeno-lógico não podem ser encerrados numa explicação puramente financeira, cien-tífica ou familiar, justamente porque é no mundo que tais fenômenos ocorrem, possibilitando uma infinidade de hori-zontes para que se mostrem enquanto dados e não fatos objetivos. Guimarães (2012, p.8)6 permite ver a questão do mundo-da-vida afirmando que “mundo é mundo vivido na concretude da nossa experiência. Seus fundamentos são des-cobertos a partir da percepção humana dos seus sentidos, dos seus horizontes”.

Alfred Shulz (2012)5 propõe uma descrição dos processos sociais, ou seja, busca compreender o social por meio das relações intersubjetivas na experi-ência humana, considerando o contexto dos atores envolvidos. Pensando acerca da violência contra a pessoa idosa cons-tata-se que neste fenômeno há sempre uma relação intersubjetiva, de maneira que existe um “outro” que age de ma-neira violenta, seja pelas agressões físi-cas ou verbais, encarcerando-se em pre-conceitos que o limitam ver as pessoas idosas de acordo com o que lhe mais ín-timo, assim como desconsidera o idoso como alguém digno diante de si.

Deste modo, Shultz (2012)5 nos mos-tra que o vivido é fundamentalmente intersubjetivo, isto é, as relações sociais são a base da ação social, apontando para a necessidade de se resgatar as vi-vências e as possibilidades dos idosos em reconstruir o seu espaço enquanto pessoas dignas de humanidade. Nesta direção, a compreensão fenomenológica

busca a (des) naturalização da violência, ou seja, a ocorrência irreflexiva desta que limita os modos de percepção dig-na da pessoa idosa. Em outros termos, A Fenomenologia propicia ir além do conteúdo intelectual da violência para alcançar o aspecto afetivo-emocional com o resgate do vivido, propondo uma postura crítica-reflexiva do tema.

Desse modo, surgem algumas ques-tões: Como é possível ver o mundo a partir de outra perspectiva que não seja a da violência? Para que tem servido a violência contra os idosos?

A Fenomenologia permite perceber a relação entre o mundo e as vivências com mais esperança, refletindo que há a possibilidade de emergência de novos modos de “ser e estar”, isto é, se houver experiências e reflexão crítica contrá-rias à lógica da exceção, da desigualda-de, da falta de acesso a oportunidades de vida dignas e justas o modo como os homens contemporâneos têm se re-lacionado com o “outro” poderá seguir outros rumos.

Diante disso, surgem mais questões: De que modo as pessoas na contempo-raneidade podem se dar conta dos ca-sos de violência tão naturalizados no mundo? Como podemos ordená-lo sob um sentido contrário ao da espetacula-rização da violência cotidiana contra a pessoa idosa?

Um novo olhar para o fenômeno da violência: implicações para o cuidado de enfermagem

Apesar de a problemática ser antiga, a violência contra o idoso ainda é pouco considerada na sociedade. As elevadas estatísticas de violência, de modo geral, têm contribuído para a naturalização desse fenômeno. E apesar dos esforços para coibi-lo, através das legislações que protegem os direitos dos idosos e a implantação do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), é ne-cessária outras formas de sensibilização

para a reversão desses elevados índices.

O cuidar é uma atitude social ineren-te do ser humano apesar de ser vivido individualmente é originário das rela-ções intersubjetivas, sendo significado e ressignificado a partir da relação es-tabelecida com o outro.7 O enfermeiro tem como ação social cuidar de pessoas através de atos e comportamentos que variam de acordo com as situações de cuidado e o relacionamento estabeleci-do ao processo saúde-doença.8

A profissionalização do cuidar por Florence Nightingale na enfermagem contemporânea contribuiu para as ba-ses do cuidar sistematizado que não deve perder a atitude natural de essên-cia intima humana. Esse é o novo olhar que a fenomenologia social de schutz apresenta ao considerar a essência hu-mana ao cuidar dos idosos vítimas de violência7. Os profissionais de enferma-gem necessitam reconhecer a situação biográfica dessas vítimas, como propõe Schutz, para entenderem a influencia da situação vivenciada em sua conduta so-cial. Visualizando o idoso em todas as dimensões para planejar um cuidado que envolverá intervenções mais efeti-vas.9 Compreendendo que, “para cuidar, precisamos conhecer a vida do outro, a sua situação biográfica, a sua bagagem de conhecimentos”11.

A entrevista de enfermagem é uma ferramenta essencial para conhecer a situação de maus-tratos na terceira ida-de, ainda que oriundos de danos sociais, psicológicos e morais de difícil identifi-cação. Essa ferramenta do cuidar deve ser utilizada implantando a relação face a face proposta por Alfred Schutz em que o enfermeiro e o idoso possuem o mesmo ambiente. Através dela é possí-vel manter-se aberto e acessível ao ido-so apreendendo sua subjetividade para estabelecer uma relação de confiança em que haja a compreensão sem juízo de valor.

A violência gera sentimentos de medo, vergonha da situação, estresse pós traumático, culpa e até mesmo de-pressão nos idosos. Reconhecer esse idoso com todas as suas mazelas, tendo em vista que não deve se visualizar só a saúde física, mas construir vínculos ver-dadeiros, tornando-o individuo único é a base que a fenomenologia social for-nece para traçar um plano de cuidado que atenda as reais necessidades desses idosos, mesmo no atual modelo biomé-dico que leva a uma fragmentação do corpo implicando na naturalização do corpo e da violência.

Nesse sentido, sob a ótica fenome-nológica de que existir é cuidar de ser e cuidar de ser-si-mesmo, os profissio-nais de enfermagem necessitam refletir e discutir cada vez mais a sua prática profissional, tendo em vista que ao se depararem em uma situação de violên-cia só o conhecimento científico não é suficiente para realizarem um cuidar ético. É imprescindível priorizar muito mais os aspectos emocionais, sociais e culturais dos idosos.12

CONCLUSÕES

A violência, devido a sua complexi-dade acaba por ser negligenciado por muitos profissionais da saúde, em es-pecial enfermeiros, ou entendida como não sendo sua responsabilidade, e ain-da mais quando envolve idosos. Alfred Schütz, a partir da sua fenomenologia social, traz um novo olhar para o fenô-meno da violência, pois permite que o profissional tome conhecimento da si-tuação biográfica dos sujeitos, do esto-que de conhecimento que eles possuem, das suas motivações e dos significados que eles atribuem as suas experiências. Nesse sentido, pode-se traçar um plano terapêutico que atenda as reais deman-das dos sujeitos, procurando na relação face a face uma relação intersubjetiva que facilita essa interação e aproxima o profissional do vivido do paciente.

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REFERÊNCIAS

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HUSSERL, Edmund. A crise das ciên-cias européias e a Fenomenologia transcendental. Tradução: Diogo Fal-cão Ferrer. Braga: Phainomenon e Cen-tro de Filosofia da Universidade de Lis-boa, 2008.

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Guimarães, A. O conceito de Mundo da Vida. Cadernos da EMARF, Fenome-nologia e Direito. 2012;5(1):1-150.

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Freitas RJM, Moura NA, Monteiro ARM.

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Rocha CSA, Angelim RCM, Andrade ARL, Aquino JM, Abrão FMS, Costa AM. Cuidados de enfermagem aos in-divíduos soropositivos: reflexão à luz da fenomenologia. Rev Min Enferm. 2015; 19(2): 258-261.

ACIDENTES CAUSADOS POR ANIMAIS AQUÁTICOS NA COMUNIDADE PESQUEIRA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, MARANHÃO: EPIDEMIOLOGIA E ASPECTOS CLÍNICOS*

Mayana Mendes e Silva LuanaMestranda em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Eylanne Monroe Carvalho

Graduada em Enfermagem - CEUMA E-mail: [email protected]

José Uilian da SilvaGraduando em Biologia - UFMA

E-mail: [email protected] Luís Silva Nunes

Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFMA E-mail: [email protected]

*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: Acidentes causados por animais aquáticos são comuns em pescadores. A avaliação deste problema é ainda incipiente no Brasil e poucos dados tem sido obtidos. Os pescadores não possuem informações sobre os mecanismos que causam os traumas e envenenamentos. O objetivo desse trabalho é estabelecer um perfil clínico-epidemiológico dos acidentes causados por animais aquáticos na comu-nidade pesqueira de São José de Ribamar, Maranhão. Um questionário foi aplicado com os pescadores para obtenção dos dados clínicos e epidemiológicos relativos aos acidentes. As lesões com processos in-flamatórios e de difícil cicatrização e a dor classificado como intensa foram relatadas nos acidentes com arraia e niquim. As regiões do corpo mais acometidas foram perna, mão, pé e calcanhar. Todo acidente por peixe venenoso causa dor de intensidade variável e necrose ocasional, em função das propriedades necróticas e neurotóxicas dos venenos. A ocorrência de lesões por arraias, assim como outros aciden-tes causados por animais peçonhentos, pode ser minimizada através da implementação de programas educativos nas populações de risco. Foram confeccionados folhetos com informações de fácil assimila-ção sobre os principais animais causadores de acidentes e medidas de primeiros-socorros. O presente trabalho proporcionou um melhor entendimento da problemática dos acidentes com pescadores e o material educativo poderá servir como uma ferramenta útil em políticas públicas pelo setor de gestão competente. Palavras-chave: Trauma. Pescadores. Saúde Pública. Prevenção de Acidentes.

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INTRODUÇÃO

Acidentes causados por animais aquáticos são comuns em pescadores amadores e profissionais. A avaliação deste problema é ainda incipiente no Brasil e poucos dados tem sido obtidos. É notório que existe uma grande inci-dência de acidentes causados por orga-nismos aquáticos em comunidades de pescadores marinhos e fluviais (HAD-DAD Jr, 2000; HADDAD Jr. et al, 2002; HADDAD Jr, 2003; HADDAD Jr et al., 2003 HADDAD Jr, 2004; HADDAD Jr. et al., 2005; SAZIMA et al, 2005; HADDAD Jr, 2008; CARDOSO et al, 2009; HAD-DAD Jr et al, 2009), sendo este fato ain-da mais preocupante devido os pescado-res não possuírem informações sobre os mecanismos que causam os traumas e envenenamentos.

Desta forma, as medidas terapêuticas são feitas por meio de conhecimentos populares, não ocorrendo à orientação adequada para tratamento ou prevenção dos acidentes (HADDAD Jr, 2005; BAR-BARO et al, 2007; GARRONE NETO et al, 2007; PEDROSO et al, 2007; GARRO-NE NETO et al., 2010; HADDAD Jr et al, 2013). Quando considerado a frequência dos acidentes e a falta de informações das populações estudadas fica claro a necessidade da divulgação de infor-mações sobre os animais e medidas de primeiros socorros a serem empregadas como forma de promoção e prevenção dos acidentes.

Por tanto, o objetivo desse trabalho é estabelecer um perfil clínico-epide-miológico dos acidentes causados por animais aquáticos na comunidade pes-queira de São José de Ribamar devido ao risco potencial de acidentes causados pelos animais aquáticos relacionada ao produto de pesca nessa região, o núme-ro alto de acidentes e falta de conhe-cimento sobre as medidas de primei-ros-socorros, e ainda pouco apoio dos órgãos oficiais.

MATERIAL E MÉTODOS

Um questionário foi aplicado com os pescadores do Porto de Barbosa, lo-calizado no município de São José de Ribamar-MA, para obtenção dos dados clínicos e epidemiológicos relativos aos acidentes. Estes dados foram analisados e convertidos em material educativo de fácil assimilação pela colônia, para ser-vir como um instrumento fundamental na prevenção dos acidentes com ani-mais aquáticos na região. Esse trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética da UFMA pelo parecer nº 1.649.669 e en-contra-se de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram aplicados os questionários na comunidade de pescadores e após a análise dos dados foi observado que os animais causadores de acidentes foram bagre, arraia, uritinga, cangatã, niquim, bandeirada e a caravela portuguesa. A maioria dos acidentes ocorreram no mo-mento em que o pescador tira o peixe do espinhel ou rede, ou durante a pesca de arrasto do camarão e consequente piso-teio no animal.

As principais lesões causadas pelos acidentes foram edema, eritema, san-gramento, ferida com secreção e lace-rações. As lesões com processos infla-matórios e de difícil cicatrização foram relatadas nos acidentes com arraia e niquim. As regiões do corpo mais aco-metidas foram perna, mão, pé e calca-nhar. Em relação a intensidade da dor, o maior nível de dor classificado como intensa, segundo a escala analógica verbal (EAV), ocorreram nos acidentes com a arraia e o niquim, principalmente esse último com duração de mais de 24 horas e acompanhado de choro, defeca-ção e diurese, devido a intensidade da dor e como sintoma tardio a dormência e cicatriz no local. Os outros acidentes

foram relados como dor leve. As prin-cipais medidas de primeiros-socorros aplicadas foram repolho com açúcar no local, pó de Dorflex® (Dipirona), gelo, e no hospital Cataflan® (Diclofenaco sódico), Tetraciclina® (Cloridrato de Tetraciclina), vacina antitetânica e anal-gésico.

A arraia e o niquim são peixes ve-nenosos relados na pesquisa como os que mais causaram dor, inflamação e de difícil cicatrização. Praticamente, todas as famílias e gêneros de peixes vene-nosos têm representantes nos mares e rios brasileiros. Todo acidente por peixe venenoso causa dor de intensidade vari-ável e necrose ocasional, em função das propriedades necróticas e neurotóxicas dos venenos (HADDAD Jr, 2003).

A maioria dos acidentes com ni-quim atingem a região plantar ou pal-mar, quando ao pisar acidentalmente no peixe, ocasionando perfuração do tegumento com liberação do veneno por pressão sobre o tecido glandular (LOPES-FERREIRA et al., 2000). Os in-divíduos que sofrem acidentes por esse animal apresentam dor intensa com ir-radiação para a raiz do membro, seguida de reação inflamatória aguda no local, com ocasional necrose e difícil cicatri-zação (LOPES-FERREIRA et al., 2004;

LIMA, 2003).

Arraias marinhas e de água doce são caracterizadas pela presença de ferrão serrilhado na calda do animal, coberto de células secretoras de veneno. Quan-do esses animais são tocados dorsal-mente, o ferrão pode ser introduzido na vítima como um mecanismo de reflexo da calda do animal causando lesões me-cânicas severas e inoculação do veneno. Acidentes em humanos são frequentes e causam intensa dor local, edema e erite-ma (PEDROSO et al., 2007).

Segundo Haddad Jr et al. (2013), A ocorrência de lesões por arraias, assim como outros acidentes causados por animais peçonhentos, pode ser minimi-zada através da implementação de pro-gramas educativos nas populações de risco, induzindo medidas que podem ser eficazes na prevenção e redução do nú-mero de acidentes em diferentes partes do Brasil e do mundo.

Objetivando a difusão de informa-ções sobre os animais que podem oca-sionar acidentes em humanos foram elaborados folhetos com informações de fácil assimilação. Os folhetos foram estruturados classificando os animais segundo mecanismo causador do aci-dente, seguido de suas medidas de pri-meiros socorros. Foram confeccionados

Figura 1 - Folheto animais marinhos causadores de acidentes.

Figura 2 - Folheto animais de água doce causa-dores de acidentes.

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dois tipos de folhetos, uma para o habi-tat marinho e outro para habitat de água doce (Figuras 1 e 2) e distribuídos na co-munidade (Figura 3).

CONCLUSÕES

O presente trabalho proporcionou um melhor entendimento da proble-mática dos acidentes com pescadores e uma importante difusão de informações através da divulgação dos resultados da pesquisa na comunidade de pescadores e científica. A elaboração de material educativo funcionou como uma ferra-menta para a prevenção dos acidentes e melhor conhecimentos básicos sobre as medidas de primeiros socorros, poden-do ser utilizado em políticas públicas pelo setor de gestão competente.

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ADEQUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA CASA DE SAÚDE DO ÍNDIO DE SÃO LUÍS – MA AO CONTEXTO

INTERCULTURAL DE SEUS USUÁRIOS*

Elza Galvão Bergê Cutrim Duailibe Mestre em Saúde e Ambiente pela UFMA

Prof.ª do Departamento de Turismo e Hotelaria da UFMAE-mail: [email protected]

István van Deusen Varga Doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo

Prof. do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da UFMAE-mail: [email protected]

*Financiado pela CAPES

RESUMO: Teve como objetivo estudar a adequação dos serviços prestados na Casa de Saúde do Índio de São Luís - MA (CASAI-SLZ) à realidade dos seus usuários baseado na Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) e na Política Nacional de Humanização (PNH). Utilizou meto-dologia qualitativa em estudo de caso de caráter exploratório e descritivo. Referenciou-se por meio de estudos sobre a PNASPI e a PNH, considerando questões pertinentes ao seu objeto, como ambiência e interculturalidade. Para coleta de dados utilizou-se entrevistas semiestruturadas, observação sistemática e análise de relatórios cedidos pela CASAI-SLZ. Na análise identificou-se problemas na execução das políticas de saúde indígena pelos órgãos competentes e pelo Sistema Único de Saúde, bem como uma gestão fragmentada. O relato dos trabalhadores e dos usuários da CASAI-SLZ apontou para problemas na estrutura física e organizacional e para a falta de projetos e ações humanizantes, além de serviços que se contrapõem ao que preconizam as leis vigentes. Os resultados indicaram que, apesar de a PNASPI e a PNH estabelecerem que os indígenas tenham o direito à atenção diferenciada, as condições casa não favorecem um cuidado integralmente baseado na interculturalidade dos seus usuários. Além das dificul-dades identificadas na casa, também foram percebidos problemas nos serviços de saúde do Maranhão e na gestão do Distrito Sanitário Especial Indígena do estado que afetam diretamente aos indígenas.

Palavras – chave: Saúde indígena. Política de Saúde. Humanização.

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INTRODUÇÃO

O histórico da saúde indígena bra-sileira é marcado por situações de vio-lência. Desde a colonização esses povos sofreram maus tratos, foram explo-rados, desrespeitados e massacrados. Dentre as iniciativas políticas e sociais realizadas no intuito de minimizar as iniquidades para com os povos indíge-nas, destaca-se o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), criado no início do século XX, para atender às comunidades no tocante à vida social, saúde, educação, desenvolvimento econômico e direitos fundiários e a Fundação Nacional do Ín-dio (FUNAI), uma entidade estatal cria-da pela ditadura militar, que realizava atendimentos esporádicos às comuni-dades indígenas, através de equipes de saúde. A mais significativa mudança se deu com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que trouxe consigo ga-rantias a esses povos, como o direito às suas terras, a políticas sociais distintas e apropriadas às suas especificidades cul-turais, à autorrepresentação jurídico--política e à valorização e preservação de suas línguas e estilo de vida.

No ano de 1991, ocorre a transferên-cia da gestão da saúde indígena da FU-NAI para a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Para que os direitos dos ín-dios fossem reconhecidos e assegurados nesse âmbito, no ano de 1999 entrava em vigor a Lei nº 9.836 (Lei Arouca), que cria o Subsistema de Atenção à Saú-de Indígena (SASI-SUS). Já no ano de 2002, foi instituída a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), com o objetivo de diferenciar e especificar o padrão de saúde ofertado favorecendo, inclusive, o controle social (GARNELO; SAMPAIO, 2003). Esses modelos promulgam a criação dos Dis-tritos Sanitários Especiais Indígenas, os DSEIs, organizados dentro do SASI-SUS para melhorias das condições de saúde.

Atualmente, a responsabilidade de

coordenação do SASI e da organização dos Distritos Sanitários é da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde, que foi criada para reformular a gestão da saúde indígena brasileira segundo reivindicações dos próprios índios. Dentro da estrutura de DSEIs está a Casa de Saúde do Índio (CASAI), local que recebe e dá aloja-mento, alimentação e faz as interme-diações entre os indígenas e os serviços do SUS (GANIOLE et al., 2011). Infeliz-mente, pesquisas têm demonstrado que o modelo de DSEIs desde a sua criação tem apresentado problemas gerenciais e conflitos, como deficiências na capacita-ção profissional e mau uso de recursos (VARGA; VIANA, 2009).

Em se tratando das CASAIs, no Ma-ranhão as adequações das mesmas não têm se mostrado adequadas, fato de-nunciado pelo Ministério Público Fe-deral no Maranhão e divulgado em re-portagens. Por outro lado, sabe-se que existem diversos grupos indígenas no estado, o que exige ações práticas para o atendimento dessa população espe-cífica. Nesse contexto, a CASAI de São Luís é a que possui maior demanda do DSEI-MA e que recebe indígenas de to-das as partes do estado, mas também precisa de intervenções na adequação dos serviços e implementação de pro-jetos de humanização, além de ações gerenciais que estejam de acordo com o que preconizam a PNASPI e a Política Nacional de Humanização (PNH) para o oferecimento de uma estadia digna para os usuários da unidade.

Diante do exposto, optou-se pela CASAI-SLZ por estar locada na capital do estado do Maranhão e receber pes-soas advindas de diversos grupos in-dígenas, o que exige uma organização específica que atenda eficazmente aos pacientes, ofertando-lhes assistência à saúde com responsabilidade e resoluti-vidade. Assim sendo, como problemá-tica desta pesquisa apresenta-se o se-

guinte questionamento: de que forma a Casa de Saúde do Índio de São Luís, no estado do Maranhão tem trabalhado a adequação de suas práticas assistenciais aos fatores culturais que envolvem os seus pacientes, através de fatores como organização, humanização e ambiência, tendo como base a PNASPI e PNH?

Compreende-se que o trabalho é im-portante por fazer uma análise dos ser-viços da CASAI-SLZ e do sistema no qual a mesma está inserida, além de ser um trabalho que colabora para diminui-ção da escassez de pesquisas referentes às casas de apoio e ao DSEI-MA. Além disso, contextualizamos a Política Na-cional de Humanização com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, apresentando como ambas visam colaborar, através de suas diretri-zes, para uma assistência digna.

O objetivo geral da pesquisa consis-te em estudar a adequação dos serviços prestados na CASAI de São Luís – MA à realidade dos seus usuários com base na Política Nacional de Saúde de Povos Indígenas e na Política Nacional de Hu-manização. Como objetivos específicos, apresenta-se: Descrever o funcionamen-to da gestão das CASAI-SLZ; Analisar como se dá a adequação do atendimento (abordagem) ao contexto intercultural dos indígenas hospedados na CASAI-S-LZ; Analisar a ambiência e os serviços da CASAI-SLZ e sua influência na adap-tação dos usuários ao local; Identificar se há na casa, projetos de humanização que considerem o idioma, a alimentação e outros fatores direcionados aos usuá-rios e como são desenvolvidos.

METODOLOGIA

O estudo se classifica como qualita-tivo, do tipo estudo de caso de caráter exploratório e descritivo. O caráter ex-ploratório na pesquisa qualitativa, se-gundo Gil (2007), tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de

um determinado fenômeno. É um tipo de pesquisa que explora a realidade bus-cando maior conhecimento, para depois planejar uma pesquisa descritiva.

Em seguida, iniciou-se a pesquisa de campo para coleta de dados, mediante anuência do DSEI-MA. A coleta de da-dos foi feita através de observação sis-temática da ambiência e das práticas assistenciais da CASAI para análise da ação destes elementos sobre os indíge-nas. Buscou-se identificar junto à ad-ministração a existência de projetos de humanização voltados aos pacientes. Além disso, foram feitas 18 entrevistas semiestruturadas com os gestores, co-laboradores e usuários (indígenas) da casa, e em seguida analisadas confor-me preceitos da Análise de Conteúdo de Bardin (2006), na qual o tratamento dos resultados é feito através de inter-pretação, inferência e análise reflexiva e crítica.

Durante a coleta de dados, tudo aquilo que se julgou importante foi re-gistrado em diário de campo, como os aspectos subjetivos nas entrevistas e impressões gerais sobre o trabalho que é realizado na casa. Por algumas vezes as visitas não contemplaram entre-vistas, devido à indisponibilidade dos funcionários ou dos indígenas. Nessas ocasiões, deu-se preferência a observar o ambiente e os serviços da casa. A pes-quisa de campo iniciou-se em janeiro de 2014 e terminou em fevereiro de 2015. Durante o processo de coleta de dados a CASAI-SLZ mudou de endereço (em no-vembro de 2014), o que fez com que os aspectos de ambiência e estrutura física fossem comparados com a casa anterior. Porém, ressalta-se que em níveis de ges-tão e organização não houve diferenças significativas.

A pesquisa respeitou os apontamen-tos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pes-

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quisas da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) de São Luís.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início da pesquisa de campo, a CASAI-SLZ estava localizada em um imóvel que não apresentava condições estruturais (espaciais e sanitárias) ade-quadas para o recebimento de pessoas enfermas. Nesse imóvel observou-se en-fermarias mal estruturadas, banheiros sucateados e superlotação, tanto que, durante o período de coleta de dados, tomou-se conhecimento de uma denún-cia feita pelo Ministério Público Federal no Maranhão sobre as péssimas con-dições da unidade, que teria um prazo para ou adequar o imóvel ou mudar-se para outro local.

Os fatores físicos melhoraram após a mudança para novo imóvel, mas, ape-sar das mudanças na estrutura física, a estrutura organizacional manteve-se a mesma, com os mesmos problemas e desafios, sendo que ainda há fatores essenciais a serem pensados para que a CASAI-SLZ tenha serviços humani-zados e melhor organizados de acordo com a necessidade de seus usuários e funcionários, pois, ainda que seja muito importante, apenas o espaço físico não é capaz de humanizar e organizar todo o serviço. É importante destacar que as CASAIs não devem ser espaços aluga-dos, mas sim espaços construídos para atender de forma digna aos seus usuá-rios.

Constatou-se que a CASAI-SLZ aten-de a indígenas de todas as etnias exis-tentes no estado do Maranhão, o que aumenta a complexidade da unidade e exige equipe multiprofissional capaci-tada para ofertar assistência diferen-ciada. Durante a pesquisa de campo e análise dos dados foi possível identifi-car problemas na execução das políticas de saúde para os povos indígenas pelos órgãos competentes e ainda pelo Siste-

ma Único de Saúde. O relato dos traba-lhadores e dos usuários da CASAI-SLZ apontou para problemas na estrutura fí-sica e organizacional, bem como a falta de projetos e ações humanizantes, além de serviços que se contrapõem ao que determinam as leis vigentes. Também foram descritos problemas no que tange à adequação nos hospitais, mesmo na-queles que recebem incentivo financei-ro para tal fim.

Notou-se ainda que não há fiscaliza-ção dos recursos destinados aos hospi-tais para melhorias no atendimento a populações indígenas, fato justificado por um dos gestores devido à forma como o dinheiro é destinado. O mesmo ainda atribuiu ao Conselho Distrital de Saúde Indígena a responsabilidade de fiscalizar essa questão. Nenhum projeto de humanização organizado e periódico foi identificado na CASAI-SLZ, tampou-co atividades de educação para a saúde. A ociosidade dos usuários durante o período de hospedagem foi evidenciada nas entrevistas com funcionários, gesto-res e dos próprios usuários e foi também observada durante a pesquisa.

Negativamente, identificou-se fa-lhas no oferecimento de serviços de apoio básicos, como alimentação (alvo de inúmeras reclamações e críticas), lavanderia e enxoval e até mesmo nas condições de alojamento. Os resultados indicaram que, apesar de a PNASPI e a PNH estabelecerem que os indígenas tenham o direito à atenção diferencia-da, as condições da referida casa não favorecem um cuidado integralmente baseado na interculturalidade e espe-cificidade dos seus usuários, que, para Raymundo (2013), são importantes para permitir novos espaços de diálogo. Con-ceição (2009) pontua que o conceito de humanização contido na PNH traz di-mensões que consideram necessidades sociais subjetivas, a partir da constitui-ção de novos sentidos para a produção de saúde e de seus sujeitos. Percebeu-se

uma diferença grande entre o que é re-comendado pela PNASPI e PNH e o que é efetivado na gestão da CASAI-SLZ.

Identificou-se ainda problemas que são gerados no DSEI-MA, a precarização das condições de trabalho, evidenciadas nas entrevistas e não oferecimento de cursos de capacitação para os funcioná-rios e uma vistoria pouco minuciosa do trabalho que é desenvolvido. Durante a pesquisa foi notório que os profissionais ingressam na saúde indígena desprepa-rados para tal, sendo obrigados a com-preender esse universo já em campo de trabalho, corroborando com o que afir-mam Langdon e Diehl (2007) a respeito da falta de capacitação dos profissionais que atuam nessa área. Alguns reclama-ram ainda da formação acadêmica, que não contempla a atenção diferenciada a grupos específicos.

Dessa forma, especialmente quan-do se considera que a rotatividade de profissionais ainda é bastante alta no DSEI-MA, a adequação nos serviços se torna mais difícil de ser efetivada, visto que esses trabalhadores não compreen-dem as peculiaridades dos povos com os quais irão trabalhar, o que explicita a necessidade de formação permanente dos profissionais.

Um problema grave encontrado foi a não existência ou não organização e arquivamento dos relatórios mensais de atendimento da CASAI-SLZ, docu-mentos perdidos e mal armazenados, tanto em meio físico quanto digital. En-quanto os funcionários da CASAI-SLZ afirmavam que os relatórios estavam no DSEI-MA, este, por sua vez, garan-tia que nunca os havia recebido e que era função da CASAI-SLZ mantê-los arquivados em suas dependências. Sou-sa, Scatena e Santos (2007) afirmam que problemas no sistema de informação em saúde indígena são perceptíveis há muitos anos, especialmente pela preca-riedade da rede de conexão e dos equi-

pamentos.

A ausência e não disponibilização de dados dificulta a análise quantitativa dos serviços e impede que estudos e pesqui-sas, que visam melhorar as condições da saúde indígena no Distrito, sejam reali-zados. Considera-se esta uma falha gra-ve de gestão, tanto do DSEI-MA quanto da CASAI-SLZ.

CONCLUSÕES

Percebeu-se que a organização, a humanização e a ambiência, essenciais para a adequação da casa, apresentaram problemas. Conclui-se que no caso da referida instituição os preceitos conti-dos nas políticas em questão, não foram observados e cumpridos. A CASAI-SLZ apresenta mais do que problemas em sua estrutura física (ainda que tenha sido mudada para nova sede), mas pro-blemas gerenciais.

Conclui-se que alcançamos o obje-tivo da pesquisa, mas, infelizmente, os resultados demonstraram diversos pro-blemas e desafios, que vão desde a ali-mentação até ao alojamento dos pacien-tes. Evidencia-se que este não é e nem tem a pretensão de ser um trabalho con-clusivo, pois a dinâmica dos serviços de saúde prestados às populações indíge-nas no Maranhão é bastante complexa e problemática e envolve fatores organi-zacionais, antropológicos, geográficos e políticos, portanto, afirma-se que novos estudos devem ser realizados na área.

Acredita-se que este trabalho co-laborará para diminuição da enorme escassez de pesquisa na área da saúde indígena no Maranhão e reduzirá o fa-tor limitante de informações, colabo-rando para o incremento de melhorias para as populações indígenas atendidas na CASAI-SLZ. Reitera-se ainda que o atendimento humanizado nas casas de apoio merece ser compreendido como elemento benéfico para gestores, traba-lhadores e usuários e engloba questões

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importantes que vão desde o aspecto físico e estrutural dos ambientes até as-pectos subjetivos, como cultura e prefe-rências pessoais.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pelo incen-tivo e financiamento. Aos participantes da pesquisa pela disponibilidade.

REFERÊNCIAS

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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NOS MERCADOS DE SÃO LUÍS NA SAÚDE

DOS FEIRANTES

Debora Danna Soares da SilvaGraduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Silva de Almeida

Graduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade PitágorasEduardo Mendonça Pinheiro

Professor Orientador

RESUMO: A geração de resíduos sólidos nos mercados públicos de São Luís/MA têm causado diversos impactos negativos pelo seu descarte incorreto, como por exemplo, proliferação de insetos, mau cheiro, poluição visual, entre outros. Objetivou-se neste estudo, analisar a correlação entre as doenças transmi-tidas pelo mosquito Aedes aegypti e o volume dos resíduos sólidos gerados nos mercados públicos de São Luís. Em vista disso, utilizaram-se dados obtidos a partir das visitas in loco nos mercados públicos e entrevistas aplicadas aos feirantes e medição das dimensões dos locais de armazenamento de resíduos sólidos de cada mercado pesquisado.

Palavras-chave: Epidemiologia. Saneamento. Salubridade.

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INTRODUÇÃO

Dentre os problemas ambientais con-frontados ultimamente, devido à criação de grandes centros urbanos, destacam--se os gerados a partir dos resíduos só-lidos, esses têm sido alvo de continuas avaliações para tentativas de possíveis soluções e/ou minimizações. Esses re-síduos são produzidos diariamente por todos os setores da sociedade e na maio-ria das vezes não possuem uma gestão correta quando sua disposição final realizada de maneira ambientalmente adequada. A deposição equivocada dos resíduos sólidos é responsável pela de-gradação ambiental da paisagem urba-na, além da contaminação e perda dos recursos naturais (VAZ et al, 2003; BAE-NINGER, 2010).

Sabe-se que o mau acondicionamen-to dos resíduos possibilita o acúmulo de água, em locais onde pode ocorrer o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti vetor de doenças importantes como a dengue, à febre chikungunya e a zika.

Logo, é impossível realizar uma efe-tiva proteção à saúde populacional sem praticar cuidados básicos ao meio am-biente, assim, não se pode pensar em danos ao meio, sem associar danos à saúde individual e coletiva, nessa re-lação estão envolvidos os serviços de saneamento básico, com ênfase nessa pesquisa o manejo dos resíduos sóli-dos, vinculado diretamente ao setor de saúde. O saneamento constitui uma in-tervenção de engenharia que ocorre no ambiente visando obstaculizar a trans-missão de doenças e assegurar a salubri-dade ambiental, compreendendo a saú-de como ausência de doenças (SOUZA; FREITAS, 2010).

No que tange a relação resíduo-saúde estudos do Ministério da Saúde (BRA-SIL, 2015), ressaltam que a presença da larva do mosquito Aedes aegypti pode estar relacionada à destinação incorreta

de resíduos na ordem de 5,0% a 50,0%, destacando a importância da eliminação dos lixões e depósitos clandestinos de resíduos.

Nesse contexto, escolheram-se os mercados públicos de São Luís como local de estudo dessa pesquisa por con-sistirem em ambientes com grande con-tingente de pessoas (consumidores e próprios feirantes) que ficam expostas diariamente aos riscos biológicos pro-venientes do acúmulo de resíduos. Ob-jetivou-se neste estudo, analisar a corre-lação entre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e o volume dos resíduos sólidos gerados nos mercados públicos de São Luís.

METODOLOGIA

Caracterização da área de estudo

O presente trabalho teve como base de pesquisa os mercados públicos de São Luís, ambiente no qual se praticam a venda de produtos alimentícios e dife-rem-se das feiras livres por possuírem estruturas físicas e fixa e seu comercio ocorre durante toda a semana. Em São Luís há atualmente 29 mercados públi-cos (de grande, médio e pequeno porte), que são administrados pela Secretaria Municipal de Abastecimento, Agricul-tura e Pesca (SEMAPA). Para realização desse trabalho estudou-se oito (08) mer-cados públicos do município, escolhidos aletoriamente, onde procurou entender se alguma variação das doenças trans-mitidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya) nos fei-rantes infectados é explicada pela for-mação de pequenos lixões irregulares nesses estabelecimentos.

Coleta de dados

Os dados para execução deste traba-lho foram coletados a partir de visita in loco em oito (08) mercados públicos do Município de São Luís, nos períodos de

julho a setembro de 2016, ocasião em que se observaram as condições higiê-nico-sanitárias do ambiente e as regis-traram em fotografias.

Com as visitas também foi possível aplicação de um questionário com os feirantes usando-se um questionário previamente estruturado com 19 ques-tões, tomou-se por base o mercado como unidade amostral, entrevistou-se o feirante responsável pela banca ou boxe, contabilizando um total de 270 feirantes entrevistados, o questioná-rio aplicado contemplou dados, como: identificação, situação socioeconômica, grau de escolaridade, acometimento das doenças transmitidas pelo mosquito Ae-des aegypti, entre outras. Foram assegu-rados o conhecimento e a concordância dos entrevistados, assim como a confi-dencialidade das informações.

Para a correlação entre a quantidade de feirantes infectados pelo mosquito Aedes aegypti e a parcela de resíduos sólidos gerados nos mercados públicos, foram realizadas as medições dos con-têineres estacionários e as casas coleto-ras onde são armazenados os resíduos gerados nos mercados públicos, a fim de contabilizar seu volume (m3), para tal utilizou-se uma Trena a Laser Bosch GLM30.

Como os reservatórios de acondicio-namento dos resíduos sólidos gerados nos mercado tinham formato geomé-trico de um retângulo, mediram-se as seguintes dimensões necessárias para aplicação da equação do volume para um sólido retângulo: comprimento (m), altura (m) e largura (m). A equação uti-lizada para calcular o volume de um só-lido retangular, consiste na multiplica-ção das dimensões supracitadas:

V=altura ×comprimento ×largura (1)

Foi formulada a hipótese de que os resíduos sólidos gerados nos mercados públicos de São Luís repercute de ma-

neira inversamente proporcional sobre a taxa de casos positivos de dengue, zika e chikungunya nos feirantes.

Análise de dados

Para a realização das análises esta-tísticas do estudo, foram utilizadas va-riáveis para a correlação entre os dois sistemas em estudo. A análise de cor-relação servirá para estimar o grau de associação entra a taxa de casos das doenças transmitidas pelo mosquito e a acumulação de resíduos sólidos nos mercados públicos do Município de São Luís.

Os dados foram armazenados, ta-bulados e analisados no programa MI-NITAB Inc. mediante a correlação das variáveis estudadas, citadas no item an-terior, através da análise da regressão. No entanto, para a apuração dos dados e suas observações é necessário deter-minar a variável sobre a qual se deseja fazer uma estimativa, conhecida como variável dependente, e a variável sobre a qual é condição que explica a estima-tiva proposta na variável dependente, essa recebe o nome de variável indepen-dente.

A partir disso, uma variável foi iden-tificada como variável independente, que seja: Volume (m3) de resíduos só-lidos produzidos por dia nos mercados (VRM).

De posse dessas informações, atra-vés da regressão linear, dos coeficientes de determinação (R2), do coeficiente de correlação de Pearson (r) e da signifi-cância estatística (p), verificou-se se há ou não confirmação da hipótese formu-lada em relação ao impacto da acumula-ção dos resíduos nos mercados públicos de São Luís sobre a condição de saúde do feirante.

Mediante regressão linear simples, analisou-se a correlação entre os casos de dengue, zika e/ou chikungunya entre os feirantes e a cobertura do serviço de

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limpeza efetiva dos resíduos gerados em mercados, representado pelo coeficiente de determinação (R2), medida em que a variável dependente é explicada pela variação da variável independente, e pelo coeficiente de correlação de Pearson (r), que indi-ca a força da correlação entre as duas variáveis estudadas. Também foi utilizada a significância estatística (p) como medida do grau em que determinado resultado é

representativo da população. Em outras palavras, o valor de p representa um índice decrescente da confiabilidade do resultado encontrado. Desse modo, nes-te trabalho foi adotado o valor de p ≤ 0,05, indicando resultados com 95% de confiabilidade, como parâmetro para a aceitação do resultado como sendo esta-tisticamente significante.

RESULTADOS

Volume dos resíduos sólidos produ-zidos por dia nos mercados públicos es-

tudados (VRM)

O volume de resíduos sólidos dos mercados públicos representa a capaci-dade dos recipientes utilizados em cada mercado pesquisado para o armazena-mento dos resíduos, esses espaços pon-deram a quantidade de lixo gerada por dia durante o período de funcionamento desses locais.

Como foi verificado que os reserva-tórios de acondicionamento dos resí-duos sólidos gerados nos mercado, são contêineres e casas coletoras, logo esses

Figura 1 - Armazenamento do resíduo no Mercado Central diretamente no solo.

Tabela 1 - Volume dos resíduos sólidos gerados nos mercados estudados em São Luís.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

possuem formato geométrico de um re-tângulo, assim para aplicação da equa-ção do volume, foi necessário realizar a medida das seguintes dimensões: altura (m), comprimento (m) e largura (m).

Destaca-se que nos mercados estuda-dos o armazenamento dos resíduos sóli-dos gerados não está em conformidade com a NBR 11.174 (1990) que define as regras gerais para o armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes.

Ver-se na figura 1 o armazenamen-to temporário dos resíduos gerados nos mercados em contato direto sobre o piso, tornando-se sujeito a alteração de sua classificação e a riscos de danos ambientais.

Vale ressaltar que, no caso de arma-zenamento em contêineres, tanques e/ou tambores, devem-se prever medidas para contenção de vazamentos aciden-tais, o que não foi percebível durante as visitas aos mercados públicos de São Luís.

A tabela 1 apresenta os valores para as dimensões medidas em cada merca-do, necessárias para o calculo do volu-me de um sólido retângulo, bem como seu volume final, o tipo de armazena-mento adotado por cada um e a quan-tidade de recipientes em cada um dos mercados (Quant.).

Observa-se na tabela 1 que o porte dos mercados é diretamente proporcio-nal à quantidade de resíduos gerados diariamente por esses, ou seja, quanto maior o número de feirantes maior será a quantidade de lixo produzida, nota-se que em média os mercados estudados podem chegar a produzir até 7420L de resíduos sólidos por dia.

Os resíduos sólidos orgânicos, maio-ria gerada nos mercados, iniciam sua decomposição imediatamente após se-rem dispostos no ambiente, dessa for-ma se não houver o mínimo de cuidado com o armazenamento desses resíduos

cria-se um ambiente propício ao de-senvolvimento de microrganismos que muitas vezes podem ser agentes que po-dem causar doenças (NETO et al., 2007). Portanto o manejo adequado desses re-síduos é uma importante estratégia de preservação do meio ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde do homem (GOUVEIA, 2012).

Durante a pesquisa, notou-se que além dos resíduos gerados nos merca-dos a circunvizinhança armazena nes-ses recipientes moveis, lixo eletrônico, pneumático, entre outros, interferindo na sua capacidade de armazenamento final.

Taxa de casos positivos de Dengue, Zika e/ou Chikungunya (CP-DENV/ZIKV/CHIKV) entre os feirantes dos mercados públicos pesquisados

Para obtenção desse resultado, os fei-rantes foram questionados se já haviam contraído alguma das doenças transmi-tidas pelo mosquito Aedes aegypti e se sim, quais doenças.

Com isso, nos oitos mercados estuda-dos aproximadamente 55,0% dos feiran-tes entrevistados afirmaram já ter sido acometido por dengue, zika e/ou chi-kungunya. Observa-se na tabela 2 que os mercados do João Paulo, Liberdade e Ipem São Cristovão apresentaram os maiores índices de casos positivos das doenças supracitadas, 83,0%, 71,0% e 58,0% respectivamente.

De acordo com a Secretaria Munici-pal de Saúde de São Luís (SEMUS), por meio do Levantamento de Infestação Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), rea-lizado em junho de 2016, bairros como Liberdade (estrato 03) apresentaram o maior índice de infestação predial (IIP) (quantidade de amostras de larvas do mosquito coletadas em todos os tipos de móvel, dentro de um determinado pe-rímetro) pelo mosquito Aedes aegypti. Nessas áreas, o IIP chega aproximada-

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mente 4,6%, o que é categorizado como grave por essa secretaria (SEMUS, 2016).

Portanto, acredita-se que a incidên-cia de contaminação nesses mercados é maior porque eles estarem localizados em bairros que podem possuir um vul-nerável serviço de atendimento ao sane-amento.

A tabela 2 apresenta, para melhor visualização dos dados, os valores dos casos positivos (%) para cada uma das

arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti nos mercados pesqui-sados, contabilizado a partir dos entre-vistados que responderam “sim” para o acometimento das doenças, a quanti-dade total de casos registrados, além do número de feirantes entrevistados em cada mercado (n).

Estudo da correlação entre a Taxa de Casos Positivos de Dengue, Zika e/ou Chikungunya (CP-DENV/ZIKV/

Figura 2 - Regressão linear simples entre a taxa de casos positivos de dengue, zika e/ ou chikungunya e o volume de resíduos sólidos gerados nos mercados estudados.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

Tabela 2 - Taxas de casos positivos de dengue, zika e/ou chikungunya entre os feirantes dos mercados pesquisados.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

CHIKV) e o Volume dos resíduos só-lidos produzidos por dia nos merca-dos estudados (VRM)

Pode-se ver na figura 2 o resultado alcançado para o estudo de correlação almejado.

Figura 2. Regressão linear simples entre a taxa de casos positivos de den-gue, zika e/ ou chikungunya e o volume de resíduos sólidos gerados nos merca-dos estudados

A partir da análise de regressão line-ar simples, encontrou-se um coeficiente R2 de 22,7% para a relação entre a taxa de casos positivos de dengue, zika e/ou chikungunya (CP-DENV/ZIKV/CHI-KV) e a o volume de resíduos sólidos produzidos nos mercados durante seu expediente (VRM) com p = 0,232, supe-rior ao valor da significância estatística (p) de 0,05. Logo, confere-se que não há relação estatisticamente significante en-tre estas duas variáveis.

CONCLUSÕES

Não foi encontrada correlação esta-tisticamente significativa (p ≤ 0,05) en-tre a taxa de casos positivos de dengue, zika e/ou chikungunya e o volume de resíduos sólidos produzidos nos merca-dos durante seu expediente, para os oito mercados estudados.

O Brasil apresenta um grave e com-plexo quadro epidemiológico, onde doenças da pobreza, como doenças in-fecciosas tais como a dengue e a febre Chikungunya, esta última mais recente-mente introduzida no país, se misturam às doenças do desenvolvimento, como doenças do aparelho circulatório, ne-oplasias, obesidade, entre outras. A ci-dade estudada, São Luís, no Estado do Maranhão, apresenta Índice de Desen-volvimento Humano Municipal (IDHM) alto, 0,768, com elevados índices de co-bertura por serviços de saneamento bá-sico, com 91% de cobertura por serviço de abastecimento de água, com 38,6% de

cobertura por serviços de esgotamento sanitário e 92% de cobertura por servi-ços de coleta de lixo, o que pode explicar o fato de que o indicador epidemiológi-co estudado tenha apresentado correla-ção com os indicadores de saneamento básico.

Assim, o desafio do Município de São Luís é manter e melhorar continua-mente os serviços de saneamento básico prestados à população, ampliando a sua cobertura principalmente nas áreas de expansão da cidade.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-MAS TÉCNICAS. NBR 11.1744/1990: armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes. BR, 1990.

BAENINGER, Rosana. População e Cidades: subsídios para o planejamen-to e para as políticas sociais. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp; Brasília: UNFPA, 2010. 304 p.

GOUVEIA, Nelson. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com inclusão social. Ciência e Saúde Cole-tiva, São Paulo, v. 6, n. 17, p.1503-1510, abr. 2012.NETO, Hélio Cavalcanti Albu-querque; MARQUES, Charles Cavalcan-te; Araújo, Paulo Gustavo Coutinho de;

GONÇALVES, Wherllyson Patrício; MAIA, Rafaella; BARBOSA, Edimar Al-ves. Caracterização de resíduos sólidos orgânicos produzidos no restaurante universitário de uma instituição públi-ca (estudo de caso). In: Encontro Nacio-nal de Engenharia de Produção. Foz do Iguaçu. Anais... . Foz do Iguaçu: ABE-PRO, 2007. p.4 – 5.

SÃO LUÍS. Secretaria Municipal de Saú-de – SEMUS. Relatório Técnico. São Luís, 2016.

SOUZA, Cezarina Maria Nobre; FREI-TAS, Carlos Machado de. A produção

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científica sobre saneamento: uma aná-lise na perspectiva da promoção da saú-de e da prevenção de doenças. Artigo Técnico, Belém, v.15, n.1, p.65-74, Fev. 2010.

VAZ, Luciano Mendes Souza; COSTA, Bergson Neiva; GUSMÃO, Ozineide da Silva; AZEVEDO, Leonardo Simões. Diagnóstico dos resíduos sólidos produ-zidos em uma feira livre: o caso da feira do Tomba. Sitientibus, Feira de Santa-na – BA, n.28, p. 145-159, Jan. /Jun. 2003.

ESTRUTURA FÍSICA PARA ACESSIBILIDADE E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE VACINAÇÃO

Amanda Valeria Damasceno dos SantosDiscente do curso de geografia/UFMA

E-mail: [email protected] Cortês Albuquerque

Mestranda em Saúde Coletiva /UFMA E-mail: [email protected]

Rejane Christine De Sousa QueirozProf.ª Dr.ª em Saúde Pública

E-mail: [email protected]

RESUMO: Dados sobre a oferta de serviços de vacinação são importantes para planejar, executar, mo-nitorar e avaliar ações de prevenção a doenças transmissíveis, sobretudo verificando diferenças nas re-giões do estado do Maranhão. Tendo em vista a realização do 1º Censo das unidades básicas de saúde do país pelo o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) em 2012 essa pesquisa se propôs avaliar a oferta dos serviços de vacinação nas UBS e georeferenciar a dis-tribuição desses serviços no Maranhão. Foram utilizados os softwares Stata versão 11.0 para a realização das análises descritivas e o Arcgis versão 10.2.2 trial para as análises espaciais, que permitiram descrever e visualizar a distribuição espacial. De acordo com a análise descritiva dos dados foi possível observar que em apenas 18,19% das UBS possuem imunobiológicos completos para uso nas salas de vacina, so-mente 1,84% possuem serviço de vacinação adequado e 14,67% dispõem de todos os materiais adequados para as atividades de imunização. Os resultados apontaram deficiência na adequação dos serviços de va-cinação e desigualdade na distribuição das regiões do estado, o que pode levar a barreiras de acesso para a vacinação no SUS, e consequentemente nas atividades de prevenção das doenças imunopreviníveis.

Palavras-chave: Serviço de Vacinação. Análise Espacial. Unidades Básicas de Saúde.

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INTRODUÇÃO

A política nacional de atenção básica preconizou a valorização dos aspectos estruturais das unidades de saúde da fa-mília como itens necessários à realiza-ção das ações de atenção primária, sen-do destacados os ambientes que devem estar presentes em cada UBS, os equi-pamentos e materiais adequados para o conjunto de ações propostas (MOURA et al, 2010).

Apesar de importância reconhecida, a disponibilidade e a qualidade de dados nacionais sobre a oferta e a qualidade dos serviços na atenção básica são es-cassos. Porém, esses dados foram recen-temente coletados na etapa de avaliação externa do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da atenção básica (PMAQ) e consistiu também no pri-meiro censo nacional realizado no ano de 2012 de todas as UBS em todo país. (BRASIL, 2012).

Tendo em vista a forte inserção na atenção básica, o fato de que o serviço de vacinação ofertado nas unidades bá-sicas de saúde tem contribuído com a maioria das ações realizadas nas áreas programáticas, especialmente na aten-ção à saúde da criança (BRASIL, 2013a), é que essa pesquisa teve como objetivo avaliar a oferta dos serviços de vacina-ção nas UBS do Maranhão.

A presente pesquisa teve os seguin-tes objetivos: avaliar a oferta dos servi-ços de vacinação das Unidades básicas de Saúde do Maranhão, caracterizar as unidades básicas de saúde quanto à ade-quação da organização do serviço de va-cinação nos municípios do estado e ca-racterizar as unidades básicas de saúde quanto a completude imunobiológicos nos municípios do estado.

MATERIAL E MÉTODOS

Para esta pesquisa foi utilizado o banco de dados secundários do Censo Nacional de UBS que corresponde ao

Módulo I da Avaliação Externa do 1º ci-clo do PMAQ-AB realizada em todas as UBS do Brasil no ano de 2012 e 2013. O instrumento da avaliação PMAQ teve sua coleta totalmente informatizada através do uso da tecnologia Google Android em tablets.

As coordenadas geográficas de lati-tude e longitude da Unidade de Saúde eram preenchidas automaticamente no tablet. Os avaliadores acionavam o GPS ao chegar na unidade utilizando o ícone de captação do GPS instalado no tablet em local de céu aberto (exemplo, lado de fora na frente da unidade), usando o mesmo formato de coordenadas utiliza-das pelo Google e wikimapia.

Para realizar a espacialização dos serviços de vacinação por macrorregião do estado, foram confeccionados dois mapas a partir do emprego de técnicas de geoprocessamento, utilizando um Sistema de Informação Geográfica (SIG) com referências pontuais geocodifica-das e de polígono (município) dos ser-viços de vacinação nas UBS contendo dados demográficos, socioeconômicos e de saúde.

Para essas análises foi utilizado o software ArcGis versão 10.2.2 trial. Para melhor compreender os diferentes pa-drões de geoestatistica dos serviços de vacinação e da organização adequada foi utilizada a técnica IDW (Inverse Dis-tance Weighting) que é uma ferramenta de análise espacial que assume que cada amostra de ponto tem uma influência local que diminui com a distância. Este método admite que os pontos mais pró-ximos para o processamento da variá-vel, são os mais altos e os mais distantes são os menores variando em escala de cores do azul ao vermelho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a análise descriti-va dos dados foi possível observar que 82,08% das UBS do Maranhão apresen-

Tabela 1 - Características organizacionais e estruturais dos serviços de vacinação das UBS. Maranhão, 2012-2013.

Figura 1 - Análise da organização adequada do serviço de vacinação nos municípios do Maranhão.

Figura 2 - Análise da adequação dos serviços de vacinação nos municípios do Maranhão.

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tam organização adequada do serviço de vacinação, apenas 25,28% possuem equipamentos completos para uso nas salas de vacina, 14,67% dispõem de to-dos os materiais adequados para as ati-vidades de imunização, somente 1,89% apresentam estrutura adequada do ser-viço e apenas 1,84% possuem serviço de vacinação adequado (Tabela 1).

CONCLUSÕES

A presente pesquisa apontou desi-gualdade na distribuição das UBS (Uni-dades Básicas de Saúde) do estado e de acordo com análises espaciais, foi pos-sível observar que há uma maior con-centração de UBS na região litorânea do estado e que os municípios mais ur-banos e consequentemente com maior população, possuem um maior número de UBS concentrados onde há um maior contingente populacional.

Por meio da técnica de Ponderação do Inverso das Distâncias (Inverse Dis-tance Weighting) que implementa ex-plicitamente o pressuposto de que os pontos mais próximos entre si são mais parecidos do que os mais distantes. Para predizer um valor para algum local não medido, o IDW utiliza os valores amos-trados à sua volta, que possuem um maior peso do que os valores mais dis-tantes, ou seja, cada ponto possui uma influência no novo ponto, que diminui na medida em que a distância aumenta, daí seu nome.

De acordo, com a figura1 é possível observar que nos municípios onde hou-veram formações em azul a organização adequada das UBS estava mais orga-nizada, dente estes São Luís e impera-triz, e já nos municípios em vermelho que seriam mais equidistantes entre si significam que a organização adequada alcançou níveis muitos baixos, dentre estes podemos citar os municípios de Loreto e Fernando Falcão.

No que tange a adequação dos servi-

ços de vacinação na figura 2 é possível observar que no sul do estado os muni-cípios de Balsas e Carolina, dentre ou-tros apresentam um serviço de vacina-ção adequado, já nas regiões de Barra do corda e Grajaú apresentam um serviço de vacinação muito abaixo do esperado.

Dessa forma, o estudo teve como intuito contribuir para a melhoria do acesso e qualidade da atenção básica no SUS, com ênfase nas condições de estru-tura das unidades básicas de saúde e da relação da oferta de serviços de vacina-ção, que é de grande alcance para evitar as doenças transmissíveis, fornecendo subsídios para o avanço e consolidação da Política Nacional de Atenção Básica.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualida-de da Atenção Básica (PMAQ): ma-nual instrutivo / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Depar-tamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012a.

Moura BLA, Cunha RC, Fonseca ACF, Aquino R, Medina MG, Vilasbôas ALQ et al. Atenção primária à saúde: estru-tura das unidades como componente da atenção à saúde. Rev Bras Saúde Ma-tern Infant. 2010; 10(supl. 1):69-81.

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS GARRAFADAS COMERCIALIZADAS NO MERCADO INFORMAL

DE SÃO LUÍS – MARANHÃO

Nathalia Lima Farmacêutica (o) - UFMA

E-mail: [email protected] Gomes Rodrigues

Farmacêutica (o) - UFMAKevellyn Utta

Farmacêutica (o) - UFMADanilo Ericieira Lacerda

Farmacêutica (o) - UFMAMariana Dominice Silva

Farmacêutica (o) - UFMAJoão Francisco Andrade Brito

Graduando em Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

Emmeline de Sá Rocha Mestranda em Biotecnologia - UFT

E-mail: [email protected] Santos Costa Penha

Departamento de Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

Patricia de Maria Silva FigueiredoDepartamento de Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected]

RESUMO: O uso de espécimes vegetais no tratamento de doenças é uma prática bastante difundida na população. O “remédio caseiro” tem sido uma alternativa bastante presente no dia-a-dia nas comuni-dades, como alternativa mais barata, quando comparados aos medicamentos alopáticos. As garrafadas são soluções alcoólicas utilizadas como medicamentos, sendo um produto muito utilizado para fins terapêuticos possuindo origem nas matérias primas vegetais. O estudo teve como objetivo analisar, sob o ponto de vista microbiológico, garrafadas provenientes do mercado informal da cidade de São Luís – MA. Foram utilizadas duas amostras de marcas distintas, sendo uma composta por duas ervas e a outra, por 14 ervas medicinais, adquiridas no mercado municipal de São Luís – MA para análise microbiológica pela técnica dos tubos múltiplos. Mediante os resultados alcançados, constatou-se que o processo de manipulação foi realizado em condições aceitáveis de higiene. Dessa forma, conclui-se que as amostras de garrafadas analisadas se encontram dentro dos padrões microbiológicos preconizados pela Legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Palavras- chave: Controle de Qualidade. Garrafada. Microbiologia.

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INTRODUÇÃO

O uso de espécimes vegetais no trata-mento de doenças é uma prática bastan-te difundida na população. O “remédio caseiro” tem sido uma alternativa bas-tante presente no dia-a-dia nas comu-nidades, como alternativa mais barata, quando comparados aos medicamentos alopáticos. O Brasil está em primeiro lugar no consumo de plantas medici-nais, e sua vasta biodiversidade, aliada à facilidade de aquisição das matérias primas contribui para a ascensão deste mercado. O uso de plantas medicinais tem sido realizado de forma empírica, sendo baseado em experiências caseiras e no conhecimento popular mesmo não tendo comprovação cientifica da eficá-cia dos mesmos (ARAÚJO et al, 2015). As garrafadas são soluções alcoólicas que são utilizadas como medicamentos, sendo um produto muito utilizado para fins terapêuticos possuindo origem nas matérias primas vegetais. As garrafadas não possuem registro no órgão respon-sável e possui como principal base o conhecimento popular principalmente de raizeiros que são conhecidos tam-bém como curandeiros que se destacam no comercio de plantas medicinais no preparo, indicação e comercialização dessas preparações medicinais (RIBEI-RO; SOUZA, 2008). Os contaminantes de drogas vegetais são geralmente mi-crorganismos provenientes do solo, da agua e do ar. Podem ser fungos e bac-térias que podem levar a contaminação dos usuários trazendo riscos à saúde ou podem levar a degradação ou alteração dos princípios ativos dessas plantas com a formação de substancias toxicas (ES-MERINO; MARCONDES, 2010). Com base nisso, o estudo teve como objetivo analisar, sob o ponto de vista microbio-lógico, garrafadas provenientes do mer-cado informal da cidade de São Luís – MA.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas duas amostras de marcas distintas, sendo uma composta por duas ervas e a outra, por 14 ervas medicinais, adquiridas no mercado mu-nicipal de São Luís – MA para análise microbiológica. Após prévia verificação do lacre e integridade da embalagem, procedeu-se o processo de inoculação da amostra para teste, utilizando os caldos Escherichia coli (EC), Verde Bri-lhante (VB) e Lauryl, através da técni-ca dos tubos múltiplos empregada para análise qualitativa da presença de coli-formes totais e fecais, os meios de cul-tura Ágar Sangue, DNase e Cetramida, pela técnica de semeadura de placas, e Plate Count Ágar (PCA), pela técnica de “pour plate” e Ágar Sabouraud, técnica de “spread plate” quantificação de fun-gos e leveduras. Após 24 horas, tubos e placas foram analisados, evidencian-do ausência de crescimento microbia-no seguindo as normas da farmacopeia (2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante os resultados alcançados, constatou-se que o processo de ma-nipulação foi realizado em condições aceitáveis de higiene e sob o uso ade-quado dos equipamentos de proteção individual (EPI), fatos estes que podem ter impedido a contaminação por parte dos profissionais e, consequentemente, a fidedignidade do teste realizado, com o uso de equipamentos e meios esteri-lizados. Evitar a contaminação desses produtos por patógenos contribuem para a manutenção da eficácia e segu-rança das preparações a base de plantas medicinais e fitoterápicos, a presença de microrganismos pode causar decompo-sição desse material, alterar a compo-sição dos princípios ativos sendo uma fonte de intoxicação para o consumidor (ROCHA et al., 2004). O controle micro-biológico é uma das etapas importantes

para avaliar a qualidade de um produto mantendo a segurança e eficácia para o consumidor. Em seu estudo Rocha et al., (2013) observou a necessidade de políticas voltadas à preservação da co-mercialização de plantas medicinais e preparados tradicionais em feiras livres. A comercialização de garrafadas como fitoterápico é uma fonte de renda im-portante para os feirantes e apresenta uma alternativa de tratamento princi-palmente para famílias de baixa renda.

CONCLUSÕES

Dessa forma, conclui-se que as amos-tras de garrafadas analisadas se encon-tram dentro dos padrões microbioló-gicos preconizados pela Legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (ANVISA). Sugere-se o desenvolvi-mento de políticas públicas para a ca-pacitação dos feirantes na aplicação de uma rotina de Boas Práticas para a me-lhoria e manutenção da qualidade dos produtos, visando garantir a eficácia e segurança para que não traga prejuízo a saúde dos usuários.

REFERÊNCIAS

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ANÁLISE QUÍMICA E TOXICIDADE DO ÓLEO ESSENCIAL DE Psidium myrsinites DC.

Edinaria Silva Alves Graduando de Farmácia - Faculdade Maurício de Nassau

E-mail: [email protected] Cristina da Silva Araujo

Graduando de Farmácia - Faculdade Maurício de NassauMaria Cristiane Aranha Brito

Docente - Faculdade Maurício de Nassau; Doutoranda Programa RENORBIO - UFMA

E-mail: [email protected]é Guilherme Soares Maia

Programa de Pós-graduação em Química - UFPAOdair dos Santos Monteiro

Departamento de Química - UFMAFlavia Maria Mendonça do Amaral

Departamento de Farmácia - UFMADenise Fernandes Coutinho Moraes

Departamento de Farmácia - UFMA

RESUMO: A espécie Psidium myrsinites DC conhecida popularmente como araçá do cerrado, araçá bravo, apresenta óleo essencial principalmente em suas folhas caracterizando-a como uma Myrtace-ae. Os farmacógenos principais são as folhas e frutos, sendo utilizado na medicina para cicatrização e como alimentos. Estudos comprovam que na composição desse óleo encontra-se o linalol, composto de origem terpênica que vem sendo utilizado pela industria de perfumaria, devido ao seu aroma agrdável e importante propriedade de fixação. Esse trabalho teve como objetivo realizar a análise química do óleo essencial das folhas através de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas, a fim de identificar seus componentes bem como, realizar ensaio de toxicidade. O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação em aparelho de clevenger e encaminhado para a análise química por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa. O óleo essencial das folhas apresentou rendimento de 0,39% (v/p). Dezoito constituintes, representando 94,82% da composição do óleo, foram identificados, sendo (E)-β-cariofileno e α-humuleno seus componentes majoritários. O óleo foi considerado atóxico frente a Artemia salina. Assim foi possível avaliar o rendimento bem como a composição química e a toxicidade do óleo essencial, o que torna o estudo de bastante relevância, pois permite o direcionamento desse pro-duto para estudos de atividades farmacológicas, possibilitando seu uso na produção de medicamentos.

Palavras-chave: Composição Química. Citotoxicidade. Antioxidante.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

A biodiversidade brasileira, consi-derada uma das mais ricas do mundo, apresentando cerca de um terço das es-pécies vivas, representa possibilidade de obtenção de produtos naturais de in-teresse ao homem (KLEIN et al., 2009). O bioma cerrado, considerado um dos maiores em biodiversidade, é responsá-vel por abrigar a maior parte das espé-cies brasileiras e é encontrado princi-palmente nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Tocantins, Piauí, Bahia, Maranhão, Mi-nas gerais, São Paulo e Distrito Federal (FRANZON et al., 2009). A família Myr-taceae é considerada uma das principais presentes no Cerrado, por apresentar nessa região uma grande variedade de gêneros e diversas espécies (WILSON et al., 2001). É considerada uma Angios-perma e o grande destaque para essa fa-mília é seu potencial aromático (THOR-NE, 1992). Esta família abriga cerca de 140 gêneros e aproximadamente 3500 espécies que são conhecidas principal-mente por seu potencial econômico. Os gêneros Eugenia, Eucaliptus e Psidium apresentam representantes com grande importância para a indústria alimentí-cia bem com as indústrias farmacêuti-cas e de produtos sanitários (LORENZI, 2001; ROMAGNOLO, 2009). A espécie Psidium myrsinites encontra-se entre as 150 espécies pertencentes ao gêne-ro. Segundo Castelo et al., (2012) é co-nhecida popularmente como araçá do cerrado, araçá bravo, apresenta óleo es-sencial principalmente em suas folhas no que representa uma típica caracte-rística da família Myrtaceae. É conhe-cida popularmente também como araçá de porco, araçá-liso, araçá-bravo, araçá veado além de araçá bravo e araçá do cerrado. Os farmacógenos principais são as folhas e frutos, sendo utilizado popularmente como cicatrizante e como alimento para produção de doces e ge-

leias e sucos. Encontrada praticamente em todas as regiões brasileiras, é uma árvore que apresenta tronco com até 21 cm de diâmetro, sendo uma espécie decídua, isto é a folhação ocorre entre agosto e setembro e a frutificação entre novembro e fevereiro, sendo polinizada por abelha (CAMPOS, 2010). Estudos comprovam que na composição desse óleo encontra-se o linalol, composto de origem terpênica que está sendo bastan-te utilizada pela industria de perfuma-ria, pelo aroma agradável e propiedade de fixação (FRANZON et al.,2009).

METODOLOGIA

A coleta das folhas de Psidium mir-sinytes DC foi realizada no início da manhã em janeiro de 2012, no Parque Nacional da Chapada das Mesas, loca-lizado no município de Carolina-MA, sob autorização do SISBIO (nº: 28007-2). Nesta coleta, foram, selecionados os ór-gãos que não apresentaram indícios de contaminação por fungos ou qualquer outro tipo de microorganismos. Esse material foi conduzido para o Laborató-rio de Farmacognosia II (Departamento de Farmácia) da Universidade Federal do Maranhão e para o Laboratório de Óleos Essenciais do Pavilhão Tecnoló-gico da mesma instituição para a reali-zação do estudo. As exsicatas foram en-viadas para o Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi, onde se encontra depositada sob o código L -3152. A extração do óleo essencial das folhas de P.mirsynites foi realizada com o material seco e pulverizado, pelo mé-todo de hidrodestilação, utilizando apa-relho de Clevenger adaptado a um balão de fundo redondo com capacidade de 2L. O material vegetal foi colocado no balão junto com água destilada na pro-porção de 1:10 e o processo de extração foi realizado durante um período de 3 horas, mantendo-se a solução em ebu-lição. O óleo, após centrifugação, foi re-tirado com o auxílio de uma pipeta Pas-

teur e acondicionado em frasco de vidro fosco, hermeticamente fechado e poste-riormente armazenado em refrigerador (8ºC) (DIAS et al, 2009). O óleo essencial foi analisado por cromatografia a gás (CG). A identificação dos componentes do óleo foi realizada no mesmo croma-tógrafo de fase gasosa, porém acoplado a um espectrômetro de massas (CG--EM). A porcentagem relativa dos com-ponentes foi calculada usando a área do pico de cada substância no cromatogra-ma (DIAS, et al, 2009). Cada constituin-te químico foi identificado por compa-ração do seu espectro de massa (massa molecular e o padrão de fragmentação), com os espectros existentes na litera-tura (ALENCAR et al., 1994; ADAMS, 2001), e com espectros avaliados pelo banco de dados (Wiley, NIST) do equi-pamento, pela comparação do índice de retenção com aqueles da literatura. Os resultados foram confirmados através da análise visual dos espectros de massa e por comparação dos dados com a lite-ratura sobre óleos essenciais. Para ava-liação de toxicidade, os ovos de Artemia salina Leach (80 mg) foram acondicio-

nados por compra. Em um aquário, con-tendo 1L de solução salina sintética (60g de sal marinho/litro água destilada). Manteve-se este sistema saturado de gás oxigênio, com auxílio de bomba de ar e iluminado artificialmente, com uma lâmpada de 100W por 24-48h, até que os ovos eclodissem e as larvas (náuplios) migrassem em direção a parte mais ilu-minada, por apresentarem fototropismo positivo. Estas foram transferidas para um béquer contendo solução salina sintética e mantidas em incubação por mais 24h, sob as mesmas condições de iluminação e oxigenação, para que as larvas se desenvolvessem para o está-gio de metanáuplio (MEYER et al., 1982; MEDINA et al., 2009). Para a avaliação da letalidade de A. salina, 20 mg do óleo essencial foram adicionados à 20 μL de DMSO, completando-se o volume para 2 mL com salina artificial. Essa diluição foi feita para obtermos solução-mãe de 10.000 μg/mL e com uma concentração de 0,01% de DMSO. Amostras de 5, 50 e 500 μL dessa solução-mãe foram trans-feridas para frascos com 5 mL de solu-ção final, obtendo-se concentrações de

Figura 1 - Cromatograma obtido a partir da análise do óleo essencial de Psidium myrsinites DC., no cromatógrafo a gás Thermo modelo DSQ II.

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10, 100 e 1000 μg/mL, respectivamente. Dez larvas na fase metanáuplio foram transferidas para cada um dos frascos. O controle negativo foi 2 ml de salina sintética e 20 μL de DMSO, já o contro-le positivo foi realizado com dicromato de potássio (K2Cr2O7). Após 24 horas de incubação, foi realizada a contagem das larvas vivas, considerando-se mor-tos aqueles microcrustáceos que não se movimentaram durante a observação e nem com a leve agitação do frasco (LO-PES et al., 2002). O cálculo da concen-tração letal 50% (CL50) foi obtido por re-gressão linear e com limite de confiança de 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O óleo essencial das folhas de Psi-dium myrsinites apresentou rendimen-to de 0,39% (v/p), foi menos denso que a água e apresentou coloração amarelo claro. Dezoito constituintes, represen-tando 94,82% do total da composição

óleo, foram identificados (Tabela 1). A Figura 8 mostra o cromatograma do óleo analisado, com os tempos de re-tenção. Os constituintes majoritários de P. myrsinites foram (E)-β-cariofileno e α-humuleno. Que são sesquiterpenos hidrocarbonetos, mostrando que esta espécie apresenta quimiotipo diferen-te de alguns trabalhos publicados que citam o linalol como constituinte ma-joritário (CASTELO; DEL MENEZZI; RESCK, 2010). A composição dos óleos essenciais de uma mesma espécie vege-tal pode variar com fatores genéticos, ambientais e fisiopatológicos, que in-fluenciam no metabolismo do vegetal. O conteúdo total e as proporções relativas dos metabólitos secundários nas plantas podem ser regulados por fatores bióti-cos e abióticos, como a época, o local e o horário da coleta da planta (SANGWAN et al. 2001; GOBBO-NETO e LOPES 2007; PAVARINI et al. 2012). Embora possa haver essa variação e registro de

Tabela 1 - Composição do óleo essencial de Psidium myrsinites DC, coletada no município de Carolina - MA.

outro quimiotipo, Maia et al. (2010) de-monstraram que o óleo das folhas de P. myrsinites, coletada em Anapurus, lo-calizado no Cerrado Maranhense, apre-senta como constituintes majoritários (E)-β-cariofileno (28,7%) e α-humule-no (19,4%), havendo uma concordân-cia com nosso trabalho. A similaridade entre o perfil químico deste espécime com o do analisado no presente traba-lho pode ser explicada pelo fato de que ambos os espécimes foram coletados na flora do Cerrado, sofrendo condições climáticas semelhantes, o que permite concluir que no Cerrado Maranhense, o perfil do óleo de P. myrsinites, é ses-quiterpênico.

Condições de análise: Cromatógra-fo a gás acoplado a Espectrômetro de massas THERMO modelo DSQ II; cons-tituintes químicos identificados a partir da comparação dos seus espectros de massas com espectros existentes na lite-ratura (NIST 2005; Adams 2007). Legen-da: IR: Índice de Retenção.

No bioensaio de letalidade das larvas de Artemia salina, a CL50, foi calcu-lada usando método de regressão linear e com limite de confiança de 95%. Se-gundo Dolabela (1997), amostras que demonstrarem CL50 menor que 80 μg/mL, são consideradas altamente tóxicas; com CL50 entre 80 a 250 μg/mL, mode-radamente tóxicos e com CL50 maior que 250 μg/mL, com baixa toxicidade ou atóxicos. O óleo da espécie em estudo apresentou CL50 maior que 250 μg/mL, portanto considerado como atóxico, o que é um bom prognóstico em se tra-tando de produtos naturais em que se anseia utilizá-lo na produção de formas farmacêuticas. Segundo Pedro (2012), óleos essenciais devido a sua rica di-versidade de componentes, são fortes candidatos para o desenvolvimento de formulações farmacêuticas, principal-mente cosméticas, sendo o teste de ci-

totoxicidade um dos parâmetros utiliza-dos para garantir a segurança do uso e confiabilidade dessa matéria-prima.

CONCLUSÃO

Com a análise química do óleo essen-cial da espécie Psidium mirsynites DC. através de cromatografia em fase gasosa acoplada ao espectrômetro de massas, foi possível identificar quase a totalidade dos componentes, bem como seus com-ponentes majoritários, (E)-β-cariofileno e α-humuleno, demonstrando que este óleo tem quimiotipo sesquiterpênico. A ausência de toxicidade às larvas tes-tadas significa segurança na utilização desse produto natural que deverá ser testado para outras atividades biológi-cas, inclusive para utilização medicinal pelo homem, visto sua baixa toxicidade.

REFERÊNCIAS

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C A S T E L O , A . V . M ; M E N E Z -ZI,D.C.H.S;RESCK,I.S.Seasonal varia-

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ANÁLISE QUÍMICA, TOXICIDADE E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOLUSCICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE

Lippia gracilis Schauer FRENTE Biomphalaria glabrata

Tássio Rômulo Silva Araújo Luz¹José Antonio Costa Leite¹

Daniella Patrícia Brandão Silveira¹ Edilene Carvalho Gomes Ribeiro¹

José Wilson Carvalho de Mesquita¹ Ludmilla Santos Silva de Mesquita¹

Maria Nilce de Sousa Ribeiro¹Denise Fernandes Coutinho Moraes¹

¹Laboratório de Farmacognosia Departamento de Farmácia

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Universidade Federal do Maranhão

São Luís, MA, BrasilE-mail: [email protected]

RESUMO: A esquistossomose é uma doença milenar que afeta milhões de indivíduos no mundo, estando no ranking das doenças tropicais, além de registrar altos índices de morbidade. No continente americano, a espécie de caramujo Biomphalaria glabra-ta é o principal vetor da doença e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), além do tratamento dos doentes, o uso de substâncias moluscicidas é uma importante ação para diminuir a incidência de casos de esquistossomose. Considerando isso, o presente trabalho objetivou avaliar a composição química, atividade citotóxica e ati-vidade moluscicida frente B. glabrata do óleo essencial das folhas de Lippia gracilis Schauer, como forma de contribuir para o controle da esquistossomose. As folhas foram coletadas no município de São Luís, e submetidas a hidrodestilação para ex-tração do óleo essencial, em seguida o óleo essencial foi submetido à análise química por CG-EM, o ensaio moluscicida foi realizado segundo as preconizações da OMS e no ensaio toxicológico o organismo não alvo utilizado foi o microcrustáceo Artemia salina. O óleo essencial das folhas de Lippia gracilis apresentou carvacrol como com-ponente majoritário (87,94%). O óleo demonstrou significante atividade moluscicida (LC90 96,15 mg/L) e moderada toxicidade sobre o bioensaio com Artemia salina. Esses resultados demonstram o potencial uso do óleo para o controle da esquistossomose, sendo necessária a continuidade dos estudos para desenvolvimento de formulações que possam ser empregadas no controle da transmissão.

Palavras – chave: Alecrim de Tabuleiro. Artemia salina. Esquistossomose

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007), a esquistossomose é uma doença milenar que afeta cerca de duzentos milhões de indivíduos dis-tribuídos em mais de 74 países entre Ásia, América e África, sendo desta-cada a ocorrência de 85% dos casos no continente africano. Ocupa a segunda posição no ranking das doenças tropi-cais, superada apenas pela malária, re-gistrando altos índices de morbidade. É considerada uma doença insidiosa e in-capacitante em idades precoces, porém raramente fatal (WHO, 2008). É trans-mitida pelo trematódeo Schistossoma mansoni e é caracterizada como sendo uma patologia típica de países pobres onde observa-se ausência ou a precarie-dade de saneamento básico que são con-dições que facilitam o contínuo apareci-mento de novos casos dessa verminose, por se tratar de uma doença de veicula-ção hídrica (CANTANHEDE, 2010).

No continente americano, a espécie de caramujo Biomphalaria glabrata é o principal vetor da esquistossomose. Se-gundo a Organização Mundial de Saúde, além do tratamento dos doentes, o uso de substâncias moluscicidas é uma im-portante ação para diminuir a incidên-cia de casos de esquistossomose (SILVA FILHO et al., 2009). Entre os moluscici-das sintéticos, destacam-se: sulfato de cobre, gramaxone, hidróxido de cálcio, N-tritilmorfolina (Frescon) e niclosami-na (Bayluscid). Entretanto, o uso de mo-luscicidas sintéticos acarreta uma série de problemas ao meio ambiente, devido aos seguintes fatores: resistência orgâ-nica dos caramujos, baixa seletividade, alto custo e biodegradação lenta. Neste contexto, a procura de substâncias segu-ras e de fácil biodegradação tem aumen-tado o interesse pelo uso de moluscici-das de origem natural, obtidos a partir de produtos vegetais da flora nativa, vis-to que constituem um método eficaz e

de baixo custo (CANTANHEDE, 2010).

Lippia gracilis Schauer (família Ver-benaceae) é uma planta aromática en-dêmica do nordeste brasileiro, próprio da vegetação semiárida, conhecida po-pularmente como alecrim de tabuleiro. Suas folhas são ricas em óleo essencial e apresentam diversas atividades bioló-gicas, destacando-se com significativa atividade antimicrobiana (GOMES et al, 2011).

O presente trabalho objetivou avaliar a composição química, citotoxicidade e atividade moluscicida frente B. glabrata do óleo essencial das folhas de L. gra-cilis Schauer, como forma de contribuir para o controle da esquistossomose nas populações.

METODOLOGIA

Coleta e Identificação do Material Vegetal

As folhas de Lippia gracilis foram coletadas no bairro Maracanã em São Luís - MA, em agosto de 2015. A exsica-ta contendo os órgãos aéreos da espécie vegetal foi confeccionada e encontra-se depositada no Herbário Ático Seabra, onde foi realizada a identificação botâ-nica.

Extração e Análise Química do óleo essencial de L. gracilis

A extração do óleo essencial foi rea-lizada com material seco em estufa à 45 ºC e pulverizado em moinho de facas, na granulometria de pó grosso (FAR-MACOPEIA BRASILEIRA, 2010), utili-zando o método de hidrodestilação em aparelho de Clevenger. Para cálculo de rendimento do óleo essencial obtido, foi determinado a umidade da amostra em balança de infravermelho, empre-gando-se o peso em gramas do material vegetal utilizado para extração livre de umidade. Separou-se o hidrolato do óleo essencial através do emprego de Sulfato

de Sódio Anidro (Na2SO4) e centrifuga-ção a 4000 rpm por 15 minutos. O óleo foi acondicionado em frasco âmbar, her-meticamente fechado, sob refrigeração (8 ºC).

Análise da Composição Química do Óleo Essencial

Para análise química, o óleo foi submetido à análise por sistemas CG/IC Thermo Focus e CG-EM Thermo Focus DSQ-II, equipados com coluna capilar de sílica fundida DB-5 (30 m de compri-mento, 0,25 mm de diâmetro interno e com 0,25 μm de espessura de filme). O programa de temperatura da coluna foi de 60-240 ºC a 3 ºC/min. O gás de arras-te utilizado foi o hélio (He), com vazão de 2 cm/s (medido a 100 ºC). As amos-tras foram injetadas por splitless (2 mL). A porcentagem relativa dos componen-tes foi calculada usando a área do pico de cada substância no cromatograma (MAIA et al., 2002; Moraes, 2006). Cada substância foi identificada por compa-ração do seu espectro de massa e tempo de retenção com padrões e com os es-

pectros de massas existentes no banco de dados dos equipamentos (ADAMS, 2007).

Atividade Moluscicida frente Biom-phalaria glabrata

O ensaio foi realizado segundo me-todologia proposta pela World Health Organization (WHO, 1965). Os animais foram coletados no Sá Viana, bairro da periferia de São Luís-MA, mantidos em aquários contendo água declorada e ali-mentados com alface, por trinta dias, para verificação de possível infecção por S. mansoni. Para o teste, utilizaram--se animais adultos (12 a 18 mm de diâ-metro) e livres de infecção.

O óleo essencial das folhas de Lippia gracilis foi testado em soluções, obti-das com água declorada, em concen-trações abaixo de 100 μg/mL, utilizando DMSO como tensoativo. Em recipientes adequados, os grupos de 10 caramujos adultos de B. glabrata foram colocados em contato com 500 mL das soluções contendo óleo essencial. Para o contro-le negativo, grupos de caramujo foram

Figura 1 - Cromatograma obtido por CG-EM do óleo essencial das folhas de Lippia gracilis Schauer.

Tabela 1 - Composição química do óleo essencial das folhas de Lippia gracilis Schauer.

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mantidos apenas em água declorada adicionada com DMSO 0,1%.

Após 24 horas, os caramujos foram lavados com água limpa e declorada e, em seguida, transferidos para recipien-tes com 500 mL de água. A mortalidade dos caramujos foi observada após 24, 48 e 72 horas do início do experimento. Fo-ram considerados mortos os caramujos que apresentaram exposição da massa visceral ou liberação de hemolinfa. Os testes foram realizados em triplicata.

Avaliação da Citotoxicidade frente Artemia salina

O teste de toxicidade frente às larvas de Artemia salina foi realizado segundo a metodologia estabelecida por Meyer (1982) adaptada por Ruiz et al., (2005). Após a eclosão dos cistos (24h), as lar-vas (náuplios) foram transferidas para outro recipiente contendo água com sal marinho. Após 24 horas, as larvas em estágio de metanáuplio foram utiliza-dos no bioensaio, onde dez larvas foram transferidas para recipientes contendo 5 mL de soluções do óleo essencial em salina sintética nas concentrações de 1000, 500, 250, 100 e 10 µg/mL, usando dimetilsulfóxido (DMSO) à 0,01% para facilitar a dissolução do óleo essencial. O controle negativo foi feito com salina sintética e DMSO na mesma concentra-ção do teste, e para o controle positivo foi utilizada solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7) a 10 µg/mL. Os tes-tes foram realizados em triplicata e após 24 horas, foi realizado a contagem dos microcrustáceos sobreviventes.

Análise Estatística

A A dose letal 50% e 90% (DL50 e DL90) do bioensaio de letalidade em Biomphalaria glabrata e Artemia salina foi determinada com limite de confiança 95%, por meio do método de regressão linear através da análise de probitos, usando o programa SPSS 13.0. (CARVA-

LHO et al., 2009; MEDINA et al., 2009). A análise estatística empregou análise de variância (ANOVA) seguida do tes-te Tukey, com nível de significância 5% (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O óleo essencial apresentou ren-dimento de 5,3%, o que é considerado excelente para as essências. O croma-tograma resultante da análise química encontra-se na Figura 1 e os compostos presentes no óleo essencial das folhas de Lippia gracilis, encontram-se des-critos na Tabela 1, em que se observou que o óleo apresentou como componen-te majoritário o carvacrol (87,94%), um monoterpeno oxigenado que apresenta algumas ações biológicas já relatadas na literatura, como atividade antimicrobia-na (GOMES, 2011) e esquistossomicida (ARAUJO, 2016).

A análise química corrobora com os estudos de Neves, et al (2008), que demonstram que os principais consti-tuintes encontrados no óleo essencial das folhas de Lippia gracilis são: timol e carvacrol, compostos que apresentam notória atividade antimicrobiana (GO-MES, 2011).

No ensaio moluscicida com B. glabra-ta, o óleo essencial de L. gracilis, apre-sentou a concentração letal (CL) CL50, igual a 57,93 mg/L e a CL90 de 96,15 mg/L. De acordo com a World Health Organization (WHO), uma planta para apresentar potencial moluscicida deve apresentar uma CL90 com concentra-ções abaixo de 100 mg/L, dessa forma o óleo essencial de L. gracilis foi conside-rado ativo contra os caramujos testados. Os valores que relacionam as concen-trações utilizadas com a porcentagem da mortalidade encontram-se descritos na Tabela 2. Valores semelhantes a es-sas concentrações foram encontrados no estudo de Teles et al. (2010), que ob-teve CL50, igual a 62,2 mg/L e a CL90

Tabela 2 - Atividade moluscicida de óleo essen-cial das folhas de Lippia gracilis.

Tabela 3 - Bioensaio citotóxixo frente Artemia salina.

de 82,8 mg/L, contudo o componente majoritário encontrado neste estudo foi timol (24%).

No ensaio citotóxico com Artemia salina, o óleo essencial de L. gracilis

apresentou a concentração letal 50% (DL 50), igual a 231,78 mg/L, o que indi-ca moderada toxicidade segundo o cri-tério estabelecido por Dolabela (1997), demonstrando que apesar da toxicida-de, e da necessidade de estudos comple-mentares em organismos não alvo, para uma contínua avaliação da segurança, o óleo essencial ainda possui menos to-xicidade que os moluscicidas sintéticos disponíveis atualmente. Os valores de porcentagem de mortalidade em relação à concentração utilizada encontram-se na Tabela 3.

CONCLUSÕES

No presente trabalho, o óleo essen-cial das folhas de Lippia gracilis apre-sentou carvacrol como principal ele-mento da sua composição química. Este óleo essencial demonstrou relevante atividade tóxica frente B. glabrata, além de apresentar menor toxicidade que os moluscicidas sintéticos disponíveis atu-almente, sendo uma possível alternativa para o controle da esquistossomose.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pes-quisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA) pelo apoio finan-ceiro e à Universidade Federal do Mara-

nhão (UFMA) pela concessão de bolsas de iniciação científica.

REFERÊNCIAS

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE HANSENÍASE DE

UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SÃO LUIS – MA

Thalita Dutra de AbreuEnfermeira Especialista em auditoria, planejamento e gestão em Saúde

Especialista em enfermagem do trabalho Especializanda em Saúde mental e atenção psicossocial

E-mail: [email protected] Rosete Silva Leitão

Bolsita, Estagiária de Enfermagem do 10º período da UFMAOrtêncya Moraes Silva

Bolsita, Estagiária de Enfermagem do 10º período da UFMAMaria de Fátima Lires Paiva

Orientadora. Enfermeira Dr.ª em Ciências-Fisiopatologia Clínica e Experimental pela UERJ/UFMA

Chefe e Docente do Departamento de Saúde Pública da UFMAMaria Iêda Gomes Vanderlei

Enfermeira. Dr.ª em Enfermagem em Saúde Pública USPDocente do Departamento de Saúde Pública da UFMA

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença que acomete desde a antiguidade ao homem, passa muito tempo sem tratamento e cura e com grande mutilação de seus portadores. Com o passar do tempo essa realidade veio se transformando graças ao grande avanço da ciência e melhoria da qualidade de vida das pessoas, tornando-se possível tratamento com a cura (SAÚDE EM MOVIMENTO, 2012).

A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, cuja evolução se dá de forma bem lenta, tendo como seu hospedeiro o homem, que irá acumular principalmente na pele e nos nervos periféricos o seu agente etiológico o Mycobacterium leprae, que se mul-tiplica a cada 11-16 dias (BRASIL, 2008).

OBJETIVOS

Analisar a assistência de enfermagem ao tratamento de pacientes com diagnóstico de Hanseníase em uma Unidade de Saúde em São Luís – MA.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de campo, com caráter exploratório descritivo, documen-tal, analítico, com variáveis quantitativas. Foi realizado no Centro de Saúde da Vila Itamar localizado no bairro da Vila Itamar – São Luis – MA. O posto é uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família, onde é atendida uma população do bairro Itamar e Recanto Verde. O atendimento realizado por 2 (duas) equipes, sendo 2 (duas) en-

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fermeiras e 2 (dois) médicos e tem um programa implantado pelo Ministério da Saúde para atendimento a portadores de hanseníase e do tuberculoso.

A população deste estudo foi com-posta por todos os pacientes notificados pelo Centro de Saúde da Vila Itamar – MA, diagnosticados como portadores de hanseníase no período de 01 de ja-neiro a 30 de setembro de 2011, perfa-zendo um total de 12 (doze) pacientes. As informações foram colhidas através dos dados registrados em prontuários e questionários aplicados às enfermeiras.

Após coleta e análise das informa-ções tabulamos os dados pelo programa Excel 2003, onde foram demonstradas em forma de gráficos e tabela.

Considerando os aspectos éticos na pesquisa, após a definição do tema e aceite pelo orientador foi emitido pela coordenação do curso, um ofício de en-caminhamento para a realização da pes-quisa que obedeceu aos aspectos éticos e legais para pesquisa em seres huma-nos de acordo com as recomendações do Conselho Nacional de Saúde e Reso-lução nº 196/96, resguardando o sigilo de quaisquer informações que pudes-sem identificar os sujeitos da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se um predomínio de pacientes do sexo masculino, o que poderia traduzir uma maior movimentação e oportunidade de contato social entre os homens. O resul-tado mostra que 8% dos entrevistados encontram-se na faixa etária de 5 a 10 anos; 8% de 11 a 20 anos; 42% de 21 a 30 anos; 8% de 31 a 40 anos; 17% de 41 a 50 anos; 17% acima de 50 anos.

A transmissão da doença se dá pelo contato intimo e direito com a “fonte” do bacilo (especificado como “o ser hu-mano” pelo MS – (Ministério da Saúde, 2002) e quando o portador apresenta a forma mais grave da doença (multiba-

cilar), não sendo ele devidamente tra-tado. Pereira (2004) ainda ressalta que, somente 10% da população mundial é susceptíveis à infecção independente da faixa etária.

Com referência à escolaridade, cons-tatou-se: 67% são analfabetos; 17% pos-suem o Ensino Fundamental Completo, 8% o Ensino Médio e 8% Ensino Funda-mental Incompleto.

A prevalência do baixo grau de esco-laridade, que vai ao encontro do estudo realizado por Pinotti (2000), que explica como o grau de escolaridade está inti-mamente ligado ao nível de conheci-mento de um indivíduo, assim apresen-tando-se como fator de esclarecimento acerca de uma doença.

Detectou-se entre os entrevistados que 58% eram pacientes que tinham as-siduidade contínua junto à unidade de saúde e 42% eram faltosos.

Segundo Cristofolini (2002) é de suma importância manter um bom acompanhamento ao tratamento, pois a doença é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. En-tretanto, segundo a Organização Mun-dial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo, de forma que nestes casos, a Hanseníase não se desenvolve. Aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de trans-miti-los a outras pessoas. Este dura até aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente curado, desde que siga corretamente os cuidados ne-cessários. Assim, buscar auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação de outras pessoas.

De acordo com a tabela acima, na instituição de saúde em estudo, locali-zamos 2 (duas) enfermeiras, ambas com tempo significativo de graduação na área, (uma com 7 anos de experiência e a outra com 8 anos). Quando questiona-das sobre a participação em programas de capacitação na área de saúde sobre a hanseníase, informaram, porém, não terem sido capacitados especificamente para trabalhar com pacientes portado-res de hanseníase que atuam no Progra-ma de Saúde da Família.

Segundo Eidt (2000), relata um evi-dente despreparo dos profissionais em manejar a hanseníase e acolher os do-entes, para isso sugestiona a necessida-de de se elaborar programas de treina-mento e capacitação dos profissionais, para que isto contribua em um melhor

atendimento, diagnóstico precoce e tra-tamento adequado aos indivíduos por-tadores.

O Ministério da Saúde afirma que estas ações, o diagnóstico, tratamento e prevenção dependem da qualificação de todos os profissionais de saúde, para identificar sinais e sintomas suspeitos, conversar com o paciente e encami-nhá-lo para realização de exames, trata-mento adequado e reabilitação quando necessária. (BRASIL, 2008).

No que tange ao número de consul-tas feitas a pacientes com Hanseníase, uma respondeu que faz 2 (duas) consul-tas por mês, a outra respondeu que faz apenas 1(uma) consulta mensal. Ambas tem conhecimento de todas as fichas de avaliação existente na unidade de saúde.

Segundo Margarido Castilho, (2006)

Tabela 1 - Distribuição dos dados de acordo com o profissional da área de saúde (Enfermeiro), em as-sistência de enfermagem ao tratamento de pacientes com diagnóstico de hanseníase de uma Unidade de Saúde de São Luís – MA.

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a consulta de enfermagem é uma ativi-dade prestada pelo enfermeiro ao usuá-rio, na qual são identificados problemas de saúde e/ou doenças e prescritas e im-plementadas medidas de enfermagem, com o objetivo de promoção, proteção, recuperação ou reabilitação do mesmo. É no momento da consulta que se busca uma interação com a família e o reco-nhecimento das especificidades de cada membro da mesma e, assim, proceder ou dialogar com a família as formas de intervenção e/ou superação.

Com referência às ações de controle no diagnóstico da hanseníase, as enfer-meiras entrevistadas foram unânimes quando responderam que fazem avalia-ção de contatos domiciliares e forneci-mento de PQT. Figueiredo (2005) escla-rece o papel do enfermeiro quando diz que este deve atender as necessidades do cliente, tanto no diagnóstico quanto no tratamento, estabelecendo um vín-culo enfermeiro/cliente, gerando assim uma necessidade social. Para tanto, é preciso que o profissional de enferma-gem esteja constantemente em busca de conhecimento sobre a doença e as for-mas de tratamento e prevenção, não só para seu trabalho, mas principalmente para estimular o cliente a também fa-zê-lo, procurando torná-lo um agente multiplicador junto a sua família e co-munidade.

O Ministério da Saúde estabelece que o atendimento ao cliente deva ser rea-lizado por uma equipe multidisciplinar: A capacitação da equipe de saúde na avaliação do grau de incapacidade deve ser direcionada, principalmente, as pro-fissionais da rede básica de saúde, pois a proposta do Ministério da Saúde é sub-sidiar a descentralização do diagnóstico e tratamento para toda a rede básica (BRASIL, 2000, p. 35). O Ministério da Saúde não especifica quais profissionais são estes, no sentido de que o atendi-mento deve ser realizado por equipe multiprofissional, mas fica claro que a

enfermagem tem um importante papel, visto ser esta classe a que tem maior contato com a população atendida.

O Enfermeiro pode atuar desde a prevenção da doença até a prevenção de incapacidades causadas pela hanse-níase. Ações educativas de prevenção, diminuição do estigma e melhora da qualidade de vida são de fundamental importância para o controle da doença. As 2(duas) enfermeiras entrevistadas responderam também que trabalham na Equipe do Programa de Saúde da Famí-lia, (100%).

CONCLUSÃO

Após o estudo ficou evidenciado a grande importância de se fazer um bom acompanhamento médico para que a doença seja identificada e tratada com maior agilidade.

A pesquisa destacou com maior ênfa-se os seguintes resultados, entre os pa-cientes entrevistados:

• 92% - do sexo masculino;

• 42% - encontra-se na faixa etária de 21 a 30 anos;

• 67% - são analfabetos;

• 58% - tem boa assiduidade;

• 92% - não tem casos de hansenía-se na família.

Quanto aos profissionais de saúde entrevistados foram 2 (duas) enfermei-ras às quais possuem graduação há 7 e 8 anos, e também atuam na área; não ti-veram participação em palestras; atuam no Programa de Saúde da Família; fazem no máximo 2 (duas) consultas mensais a hansênicos; conhecem as fichas de ava-liação dos mesmos; mantém contatos domiciliares com fornecimento de PQT e trabalham na Equipe de Saúde da Fa-mília.

Ficou evidente a necessidade de ca-pacitação dos enfermeiros em áreas específicas para o tratamento da hanse-níase, tendo em vista os resultados ob-

tidos na pesquisa constatou que apenas 58% dos pacientes fazem o tratamento com regularidade, percentual este abai-xo do desejado, já que se trata de uma patologia que pode ser curável; porém, muitos pacientes não encaram o trata-mento com seriedade.

REFERÊNCIAS

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PINOTTI, J. P.; FONSECA, A. M. Saúde da Mulher. São Paulo: Contexto, 2000.

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Palavras-chave: Hanseníase. Enferma-gem. Assistência.

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AVALIAÇÃO AUDIOLOGICA EM SERVIDORESDA POLÍCIA MILITAR DO BATALHÃO

CPE-ROTAM EQUIPE B

Érica Alessandra Caldas Docente no Uniceuma - São Luis (MA), Brasil

Carolina Ferreira da Silva Uniceuma

t Docente no Uniceuma

RESUMO: A exposição ao ruído constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e ambien-tal na atualidade, sendo o agente físico nocivo mais frequentemente encontrado no ambiente de traba-lho. Estudo transversal, prospectivo, quantitativo com aplicação de uma avaliação audiológica tonal, vocal e imitanciometria em 15 policiais militares sendo do gênero masculino e do feminino, com idades de 23 a 45 anos, com média de tempo de serviço de dois anos. Foi possível identificar rebaixamento nos limiares audiométricos nas frequências altas (3 e 6 kHz) em 39% dos casos. A partir da análise dos dados audiológicos foi possível verificar que os policiais militares estão mais suscetíveis a desenvolver a perda auditiva. Sendo assim, nota-se a necessidade de implementação de programa de conservação auditiva para os policiais militares.

Palavras-chave: Audição. Perda Ocupacional. Ruído.

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INTRODUÇÃO

Ruído é uma palavra derivada do latim “rugitu”, que significa estrondo. Acusticamente é constituído por várias ondas sonoras com relação de amplitu-de Be fase distribuídas anarquicamente, provocando sensação desagradável. O ruído pode ser contínuo, quando não há variação do nível de pressão sonora nem do espectro sonoro; flutuante, quando apresenta variações de nível de ener-gia acústica em função do tempo; ou de impacto, aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo (ALMEIDA et al., 2000).

Segundo Dias et al. (2006) a exposi-ção ao ruído constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e am-biental na atualidade, sendo o agente físico nocivo mais frequentemente en-contrado no ambiente de trabalho, na maioria das profissões. Sabe-se que cer-ca de 15% dos trabalhadores de países desenvolvidos estão expostos a inten-sidades de ruído deletérios à audição, constituindo-se, dessa forma, como um importante agravo à saúde dos traba-lhadores em todo o mundo.

O ministério da saúde adverte que o ruído apresenta riscos à saúde quando apresenta nível de pressão sonora supe-rior a 85 dB, sendo considerado também o tempo de exposição diária e a exposi-ção periódica a ele. Apresentando essas características a atividade é considera-da insalubre e torna-se necessário que os responsáveis desenvolvam atitudes para eliminar ou neutralizar a insalubri-dade (BRASIL, 2011).

A exposição ao ruído por um longo período de tempo pode causar desvios importantes ao ser humano. A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) se caracteriza por uma alteração dos limia-res auditivos, tipo neurossensorial, irre-versível e progressiva. A perda auditiva atinge principalmente as células cilia-

das da cóclea situadas a cerca de 5 a 10 mm da janela vestibular, justamente na região receptora dos estímulos de 4 a 6 kHz. A PAIR acomete inicialmente a fai-xa de frequência entre 3 e 6 kHz, onde o limiar de 8 kHz tem de estar melhor que o pior limiar (3,4 ou 6 kHz) (FIORINI, 2004).

Fernandes e Morata (2002) afirmam que uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva. Devido ás características de ser gradu-al progressiva e não apresentar dor, a PAIR geralmente não é percebida.

Um dos setores que submete seus trabalhadores a níveis elevados de ruído é o militar, principalmente no treina-mento de tiro com armas de fogo (TRA-VANGLINI, 2002).

Segundo o Ministério da Justiça do Brasil, o total de profissionais dos órgãos estaduais de segurança públi-ca (policiais militares, policiais civis e bombeiros militares) é de 599.973, de acordo com o censo de 2007. Desse to-tal, 68% (407.981) são policiais militares (Ministério da Justiça do Brasil).

A literatura recomenda que a audi-ção de trabalhadores expostos ocupa-cionalmente a ruído deve ser monito-rada anualmente. O procedimento mais utilizado é a audiometria tonal liminar como forma de estimar os efeitos do ru-ído sobre a função auditiva.

Observamos que existem diversas atividades ruidosas desenvolvidas pelos policias, desta forma a necessidade de avaliar os comportamentos desses pro-fissionais diante de tais situações.

Esse estudo teve como objetivo ca-racterizar o perfil audiológico de poli-ciais militares, considerando aspectos ruidosos aos quais estão expostos em sua rotina de trabalho, bem como seu impacto sobre a saúde auditiva.

MÉTODOS

O presente estudo foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNI-CEUMA segundo o parecer consubstan-ciado 022984/2016 e obedeceu à Reso-lução do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde nº 466/2012

Caracteriza-se por ser um estudo descritivo, transversal, prospectivo e de caráter quantitativo. A pesquisa foi rea-lizada na Clínica Escola Ana Nery Cha-ves Fecury da Universidade Ceuma no período de março a junho de 2016, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Utilizou-se como critério de inclusão para pesquisa policiais que apresentas-sem idade entre 23 e 45 anos e tempo mínimo de dois anos de serviço na po-lícia.

Foram avaliados 15 policiais militares de São Luis do Batalhão CPE-ROTAM equipe B. Sendo 14 do gênero masculi-no, com idade de 23 a 45 anos e 1 do gênero feminino com idade de 23 anos.

Os procedimentos utilizados foram: anamnese audiológica onde permitiu que obtivesse acesso à história audioló-gica do paciente.

O primeiro exame feito foi a audio-metria tonal, que é o exame que permi-te determinar os limiares auditivos dos indivíduos. Foi realizado nas modalida-des – via aérea e via óssea, utilizando o audiômetro Ad 229.

O teste seguinte foi a logoaudiome-tria no qual permitiu ao profissional analisar como o paciente está perceben-do e reconhecendo os sons da fala. Os testes habitualmente utilizados na ava-liação audiológica são o Limiar de Re-conhecimento de Fala (LRF) e o Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF).

Realizou-se ainda a impedancio-metria com o impedanciômetro At 235 para avaliar a mobilidade tímpano-ossi-cular em resposta a variações na pres-são no meato acústico externo.

RESULTADOS

As principais queixas apontadas durante anamnese audiológica fo-ram: zumbido (n= 12/67%), flutuação auditiva (n=4/26,6%), plenitude auri-cular (n=3/20%), dificuldade auditiva (n=3/20%), otalgia (n=2/13,%), vertigem

Tabela 1 - Queixas auditivas apresentadas pelos policias militares do Batalhão CPE-ROTAM equipe B

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(n=1/6,6%), otorréia (n=1/6,6%).

Na imitanciometria foram encontradas 80% de curvas tipo A (12), 13%(2) do tipo C e 7% do tipo Ad (1). Houve ausência de REC em 7% (1) dos casos.

No que diz respeito ao resultado das audiometrias, foi observado que na população estudada todos apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade para média tritonal.

Quanto a configuração audiométrica horizontal (n=14/92%) e ascendente (n=1/8%). Os resultados de LRF confirmaram a média das frequências de fala e os de IPRF foram compatíveis com os resultados da audiometria.

Tabela 2 - Curvas timpanométricas encontradas nos policiais militares do Batalhão CPE-ROTAM equi-pe B.

Tabela 3 - Configurações audiométricas encontradas nos policiais militares do Bata-lhão CPE-ROTAM equipe B.

DISCUSSÃO

Na análise das anamneses do presente estudo as principais queixas apresentadas pela população estudada foi, zumbido (44%) e flutuação auditiva (16%), sendo as mes-mas apresentadas como as mais frequentes pela literatura especializada por longa data (BARNEA et al., 1990; YLIKOSKI e YLIKOSKI, 1994). Entretanto, um estudo com policiais de trânsito, apresentou uma desproporção entre as queixas de zumbido (24%) e de flutuação auditiva (5%).

Esses achados podem indicar uma vulnerabilidade do sistema auditivo em relação ao ruído, o que pode ocorrer devido ao uso inconsistente de prote-tores auditivos em ambientes ruidosos, informação que foi averiguada também durante a anamnese, pois, 80% dos po-liciais que atualmente trabalham no se-tor ocupacional referiram que o ruído ambiental é de forte intensidade, mas a maioria deles nunca fez uso de protetor auditivo, enquanto a minoria usa-o es-poradicamente.

A falta ou o uso irregular de proteto-res auditivos é uma das causas de sur-dez precoce em trabalhadores, fato que já foi descrito por Araújo (2002). E o não uso, ou o uso inadequado de protetores auditivos em policiais também esteve presente em pesquisas internacionais (HONG et al., 2012; DELECRODE et al., 2012).

A literatura relata que existe uma es-treita relação entre a queixa de zumbido e a presença de perda auditiva. Um dos estudos verificou que aproximadamente 85% dos indivíduos que apre¬sentavam queixa de zumbido tinham algum grau de perda auditiva (CORRÊA et al., 2002).

Pesquisa realizada com trabalhado-res expostos ao ruído e a organofosfo-rado relacionou a presença de zumbido com perda auditiva em indivíduos com e sem queixa de zumbido. Os resulta-dos demonstraram que os trabalhadores com queixa de zumbido apresentaram uma prevalência maior de audiometria alterada (60,87%) (GLORIG, 1980).

Os resultados do presente estudo mostraram que 44% dos policiais apre-sentavam queixa de zumbido. Tal re-sultado está próximo do observado em outro estudo relacionados aos citados anteriormente.

Os casos avaliados neste estudo, não apresentaram quaisquer alterações e/ou obstruções do meato acústico externo que pudessem comprometer os resulta-

dos da avaliação audiológica. Dessa for-ma, na maioria dos casos, foram obtidas curvas timpanométricas do tipo A com-patíveis com funcionamento de orelha média normal.

Entretanto, observou-se através dos resultados obtidos, a média dos limiares por frequência (de 500 Hz a 8 kHz). Vis-to que todas estão dentro dos padrões de normalidade para média tritonal, apresentando, porém, uma piora nas frequências entre 3000 Hz e 6000 Hz, bilateral¬mente, com uma melhora na frequência de 8000 Hz.

A PAIR acomete inicialmente a faixa de frequência entre 3 e 6 kHz, onde o limiar de 8 kHz tem que estar melhor que o pior limiar (3, 4 ou 6 kHz). Den-tre estas duas frequências (4 e 6 kHz), a que apresentou maior número de casos com alteração no audiograma, em nos-sos resultados, foi a de 6 kHz. Este dado está de acordo com outros estudos feitos com trabalhadores expostos a ruído.

O exame de audiometria tonal limi-nar é o método mais utilizado para o diagnóstico da PAIR. Entretanto, Guida et al. (2010) relatam que as lesões ini-ciais ao sistema auditivo não são de-tectadas pela audiometria tonal, sendo diagnosticadas somente quando os da-nos já são irreversíveis.

A pesquisa do reflexo acústico mos-trou que, embora 16% participantes re-feriram flutuação auditiva na anamnese, apenas 5% apresentaram recrutamento. Ocorrência desse fenômeno em traba-lhadores expostos ao ruído também fo-ram identificadas em trabalhos anterio-res (HEUPA et al., 2011).

CONCLUSÃO

Considerando o exposto, foi possível identificar rebaixamento nos limiares audiométricos nas frequências altas (3 e 6 kHz) em 39% dos casos estudados, confirmando que os policiais consti-tuem uma população com risco para

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perda da audição.

A partir da análise dos dados au-diológicos foi possível verificar que os policiais militares são uma população que apresenta risco para desenvolver a perda auditiva. Sendo assim, vemos a necessidade de implementação de pro-grama de conservação auditiva para os policiais militares.

REFERÊNCIAS

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BARNEA, G.; ATTIAS, J.; GOLD, S.; SHAHAR, A. Tinnitus with normal hearing sensitivity: extended high-fre-quency audiometry and auditory nerve brain-stem-evoked responses. Audio-logy. 29(1):36-45. 1990

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HEUPA, A. B. et al. Programa de Pre-venção de Perdas Auditivas em Pesca-dores: Perfil Auditivo e Ações Educati-vas. Rev. CEFAC., São Paulo, v. 13, n. (6), p. 1009-1016, 2011.

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AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOLUSCICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Aniba duckei Kostermans*

Edilene Carvalho Gomes Ribeiro Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, UFMA

E-mail: [email protected] José Antonio Costa Leite

Laboratório de farmacognosia II, UFMATássio Rômulo Silva Araújo Luz

Laboratório de farmacognosia II, UFMASamara Bezerra Araújo

Laboratório de farmacognosia II, UFMA, São Luís - MA, BrasilDaniella Patrícia Brandão Silveira

Laboratório de farmacognosia II, UFMAOdair Dos Santos Monteiro

Laboratório de óleos essenciais, UFMAFlavia Maria Mendonça do Amaral

Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, UFMA Denise Fernandes Coutinho Moraes

Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, UFMA*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: A esquistossomose mansônica é uma parasitose endêmica em países tropicais, incluindo o Brasil, transmitida pelo helminto Schistosoma mansoni Sambon. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das formas de controle dessa doença é através do uso de moluscicidas, evitando o crescimento da população de moluscos indispensáveis no ciclo de vida do parasito. A busca por produtos com ação moluscicida e biodegradável, têm incentivado a pesquisa de plantas regionais com este poten-cial. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial moluscicida do óleo essencial de Aniba duckei Kos-termans a fim de utilizá-lo no controle de caramujos vetores. A amostra vegetal foi coletada no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba - MA. O óleo essencial foi extraído por hidrodestilação. O teste moluscicida seguiu a metodologia recomendada pela OMS. Dez caramujos foram expostos a soluções do óleo essencial em cinco concentrações, durante 24horas. O óleo essencial de A. duckei foi considerado ativo frente a caramujos Biomphalaria glabrata apresentando CL50 99,6µg/mL e CL90 175,4µg/mL. O resultado obtido demonstrou que a espécie A. duckei tem efeito promissor para utilização em áreas de ocorrência do hospedeiro intermediátio da esquistossomose, no entando, para maior segurança na sua utilização, estudos de toxicidade a organismos não alvos serão realizados, bem como estudo de descrição da composição química deste óleo para evidenciar os compostos responsáveis por tal atividade.

Palavras-chave: Caramujos. Esquistossomose. Toxicidade.

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INTRODUÇÃO

A esquistossomose mansônica é uma das doenças tropicais endêmicas mais importantes e difundidas no mun-do. No Brasil, essa endemia se consti-tui num dos mais sérios problemas de saúde pública, sendo responsável pela contaminação de aproximadamente seis milhões de indivíduos e encontra-se distribu¬ída em 19 estados, incluindo o Maranhão (CANTANHEDE et al., 2014) com ocorrência intimamente vinculada a precárias condições socioambientais. O parasita responsável por essa doen-ça, Schistosoma mansoni Sambon, 1907, ne¬cessita da participação de um hos-pedeiro intermediário para completar seu ciclo de vida, sendo no Brasil, repre-sentado por caramujos pertencentes ao gênero Biompha¬laria, especialmente Biompha-laria glabrata Say, 1818, prin-cipal vetor dessa parasitose na América (SCHOLTE et al., 2012).

De acordo com a Organização Mun-dial de Saúde, uma das formas de com-bate a helmintos que possuem moluscos em seu ciclo biológico é o controle da população malacológica. Esta ação nor-malmente tem sido realizada a partir da aplicação de moluscicidas sintéticos. No entanto, o alto custo e possibilida-de de contaminação do meio ambien-te vêm limitando seu uso em locais de ocorrência (SILVA-FILHO et al., 2009). Nesse contexto, substâncias presentes em plantas têm sido estudadas, visando desenvolver moluscicidas naturais, que sejam eficientes, baratos e biodegradá-veis. Entre as plantas testadas no Brasil com potencial atividade moluscicida, presentes principalmente nas regiões de maior prevalência da esquistossomose, destacam as das famílias Euphorbiaceae, Lamiaceae, Lauraceae, Fabaceae, Myrta-ceae e Verbenaceae (COUTINHO et al., 2007; GUSMAN et al., 2014; PATEL et al., 2011). Os princípios ativos dos vege-tais estão relacionados principalmente

a produtos do seu metabolismo secun-dário, a exemplo dos componentes dos óleos essenciais, como monoterpenos e sesquiterpenos (SOLÓRZANO & MI-RANDA, 2012).

Considerando a importância da es-quis¬tossomose como problema de saúde pública e o reconhecimento do potencial bioativo dos óleos essenciais, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito moluscicida do óleo essencial da planta aromática Aniba duckei Kos-termans sobre Biomphalaria glabrata, a fim apontar uma alternativa viável e sustentável para o controle de caramu-jos vetores da esquistossomose, evitan-do, dessa forma, a transmissão da doen-ça e contribuindo com a manutenção da saúde da população.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta e identificação da espécie ve-getal

Partes aéreas do vegetal em estudo (folhas e ganhos finos) foram coletadas de espécimes adultas no Parque Nacio-nal das Nascentes do Rio Parnaíba, Alto Parnaíba-MA, Brasil. A permissão para a coleta de plantas foi fornecida pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (nº. 28.007-2). As ex-sicatas de identificação botânica estão depositadas no Herbário João Murça Pires do Museu Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil, onde foi realizada a identi-ficação da espécie.

Extração do óleo essencial

O óleo essencial foi obtido a partir das folhas secas e pulverizadas pelo método de hidrodestilação, utilizando um sistema de Clevenger por 3 horas, mantendo-se a temperatura em 100 °C. O óleo extraído foi seco com sulfato de sódio anidro, acondicionados em fras-cos de vidro e conservados em ambiente refrigerado (COUTINHO, 2007). O ren-

dimento foi calculado através da relação do volume de óleo obtido, com a massa seca do material vegetal (SANTOS et al., 2004).

Coleta e seleção dos moluscos

O organismo-teste utilizado no pre-sente estudo foi molusco da espécie Biomphalaria glabrata, coletados no Bairro Sá Viana, São Luís-MA, locali-dade que apresenta criadouros de pla-norbídeos com índices de caramujos positivos para S. mansoni. Os moluscos foram examinados para verificar possí-vel infecção e dentre os caramujos não infectados, foram selecionados os adul-tos com conchas intactas e diâmetro de 15 a 20 mm, para o teste de atividade moluscicida.

Atividade moluscicida

Os testes para avaliação da atividade moluscicida foram realizados conforme metodologia padrão preconizada pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1965). O ensaio consistiu na imersão de dez caramujos B. glabrata em soluções aquosas do óleo essencial de Aniba du-ckei, em cinco concentrações (200; 100; 75; 50 e 25 μg/mL) a 0,1% de dimetil-sulfóxido (DMSO). Após exposição de 24 horas, os moluscos foram lavados, mantidos em aquários com água desclo-rada e alimentados com alface, perma-necendo em observação por 48 horas, com registro e retirada dos caramujos mortos. A mortalidade foi indicada pela ausência de contração muscular, extra-vasamento de hemolinfa e/ou retração massa cefalopodal. Durante o ensaio foram inclusos grupos de controle ne-gativo (água desclorada e DMSO 0,1%) e controle positivo (sulfato de cobre, 20

µg/mL). O ensaio foi realizado em tri-plicata.

Análise dos dados

A análise dos dados sobre a relação concentração x mortalidade dos mo-luscos, foi realizada pela determinação dos valores das concenttrações letais (CL90% e CL50%), obtidas por análise de regressão modelo probit (software SPSS®) assumindo nível de confiança 95 % (p < 0,05). As taxas de mortalidade foram obtidas através do gráfico da mé-dia de indivíduos mortos em função do logaritmo da dose testada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aniba duckei, pertencente à família botânica Lauraceae, é uma espécie de ocorrência no Parque Nacional das Nas-centes do Rio Parnaíba - MA. A famí-lia botânica a qual pertence esta espé-cie está entre as principais famílias de plantas aromáticas que predominam na região norte e nordeste, sendo destaque na produção de óleos essenciais e aro-mas (MAIA & ANDRADE, 2009).

O rendimento médio do óleo essen-cial (OE) de Aniba duckei coletado no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, Alto Parnaíba - MA foi de 1,71% (Tabela 1). Maia e colaboradores (2007) em estudo sazonal dessa mesma espécie, coletado em Belém-PA, encon-traram uma variação de rendimento anual de 1,6 a 2,2% para o OE obtido das folhas. O resultado aqui obtido está consistente com os relatados por esses autores.

O óleo essencial das folhas de Aniba duckei demonstrou atividade moluscici-da em caramujos adultos Biomphalaria

Tabela 1 - Dados da espécie aromática coletada no Parque Nacional da Nascente do Parnaíba - MA, Brasil.

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glabrata nas concentrações avaliadas (Tabela 2).

De acordo com os resultados apre-sentados na Tabela 2, o óleo volátil obti-do de Aniba duckei apresentou letalida-de frente a cararamujos B. glabrata com concentração letal mediana (CL50) de 99,6µg/mL e a concentração necessária para matar 90% dos caramujos (CL90) foi avaliada em 175,45µg/mL. Segundo as diretrizes da WHO (1965), uma plan-ta com propriedade moluscicida é consi-derada ativa se ocasionar 90% de morta-lidade, em concentrações de até 100 µg/mL. Dessa forma, esta espécie não apre-senta atividade significativa conforme as normas da Organização Mundial de Saúde. No entanto, de acordo com o cri-tério estabelecido por Hostettmann et al. (1982) são considerados bioativas as espécies vegetais que apresentam con-centração letal a 90% inferior a 400 µg/mL. Neste sentido, A. duckei apresen-ta efeito promissor sendo relevante a descrição da composição química deste óleo essencial a fim de elucidar os cons-tituintes bioativos presentes, uma vez que ocasionaram a morte de 100% dos caramujos em concentrações inferiores a 400 mg/L.

É importante ressaltar que, apesar da espécie Aniba duckei não apresentar atividade significativa conforme as nor-mas da WHO, por possuir CL90% acima de 100 mg/L, se faz importante o estudo

da toxicidade a organismos não alvos uma vez que os valores normatizados pela WHO, teoricamente sugerem um limite para que os efeitos tóxicos causa-dos pelos compostos presentes no vege-tal sejam os menores possíveis em orga-nismos coabitantes. Assim, a realização do teste de toxicidade a organismos não alvos é de suma importância para veri-ficar se a dose letal aos caramujos apre-senta efeito tóxico a outros seres vivos. Tanto o estudo da composição química do óleo essencial quanto da toxicidade a organismos não alvos serão realiza-dos a fim de verificar a viabilidade do uso do óleo essencial de Aniba duckei no controle de caramujos em locais de ocorrência da esquistossomose. O escla-recimento da relação entre a estrutura química e a atividade biológica aumenta as chances de obtenção de novos agen-tes moluscicidas mais ativos, seletivos e biodegradáveis (MATOS ROCHA, 2013).

As taxas de mortalidade de B. glabra-ta, se mostraram ascendentes de acordo com aumento das concentrações teste do óleo essencial, indicando uma ten-dência de mortalidade concentração--dependente (Figura 1). O desempenho do óleo essencial foi se tornando mais efetivo com o aumento de suas concen-trações provavelmente devido ao maior contato dos caramujos expostos aos compostos presentes no óleo essencial.

Tabela 2 - Concentrações letais do óleo essencial de Aniba duckei sobre Biomphalaria glabrata.

Outras atividades biológicas do óleo essencial de Aniba duckei tem sido des-crito na literatura. Souza et al. (2007) avaliou a atividade larvicida do óleo de A. duckei e obtiveram relevante ati-vidade contra Aedes aegypti (vetor da dengue ), em concentrações de 220 μg/mL. Simic et al. (2004) testaram ativi-dade antifúngica do óleo de A. duckei obtendo significativa inibição no cres-cimento de 17 espécies fúngicas. Esses resultados mostram que o óleo essencial de A. duckei é uma potencial fonte de substâncias citotóxicas e que merecem ser estudadas. A continuidade desse estudo é importante para o desenvol-vimento de produtos de origem vegetal com atividade moluscicida

CONCLUSÕES

O óleo essencial de A. duckei, ava-liado neste estudo, demostrou efeito moluscicida sobre caramujos transmis-sores da esquistossomose com CL50 e CL90 de 99,6 μg/mL e 175,45 μg/mL, res-pectivamente. Para garantir a seguran-ça da utilização desse óleo no controle

de moluscos hospedeiros intermediátio da esquistossomose, se faz necessário e importante o estudo químico deste óleo essencial para elucidar os constituintes bioativos presentes bem como ensaio de toxicidade a organismos não alvos. O esclarecimento da relação entre a estru-tura química e a atividade biológica au-menta as chances de obtenção de novos agentes moluscicidas.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Mara-nhão – FAPEMA, pelo apoio financeiro.

REFRÊNCIAS

CANTANHEDE, S.P.D. et al. Freshwa-ter gastropods of the Baixada Mara-nhense Microregion, an endemic area for schistosomiasis in the State of Mara-nhão, Brazil: I - qualitative study. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.47, n.1, p.79-85, 2014.

COUTINHO, D.F. et al. Composition and molluscicidal activity of the essen-tial oil from the stem bark of Ocotea

Figura 1 - Taxa de mortalidade dos caramujos de Biomphalaria glabrata em diferentes concentrações (μg/mL) do óleo essencial de Aniba duckei

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DROGAS VEGETAIS DE CARQUEJA (Baccharis trimera (Less) DC.)

COMERCIALIZADAS EM SÃO LUÍS -MARANHÃO*

Daniella Patrícia Brandão Silveira Graduação em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] Carvalho Gomes Ribeiro Departamento de Farmácia - UFMA

Ludmilla Santos Silva de Mesquita Graduação em Farmácia - UFMA

José Antonio Costa Leite Graduação em Farmácia - UFMA

Tássio Rômulo Silva Araújo Luz Graduação em Farmácia - UFMA

Andreza Silva Sales Graduação em Farmácia - UFMA

Haymê dos Santos Ferreira Graduação em Farmácia - UFMA

Flavia Maria Mendonça do Amaral Departamento de Farmácia - UFMA

Denise Fernandes Coutinho MoraesDepartamento de Farmácia - UFMA

*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi levantar e avaliar os parâmetros farmacognósticos de amostras de droga vegetal de Carqueja comercializadas em São Luís, tendo em vista a dificuldade do controle de qualidade e falhas de produção frequentemente apresentados por fitoterápicos e drogas vegetais. A car-queja é amplamente utilizada na forma de chá para fins hepáticos, digestivos e diuréticos e, atualmente, vem sendo utilizada com outras espécies em associação para emagrecimento. Seguiram-se os parâme-tros de pureza e autenticidade definidos na Farmacopéia Brasileira 5º edição como pesquisa de materiais estranhos, perda por dessecação, cinzas totais, perfil cromatográfico por CCD, os quais foram compa-rados com amostra padrão autêntica. As análises apontaram bons resultados para dados de perda por dessecação (umidade), e cinzas totais. Os valores para materiais estranhos de cerca de 99% das amostras foram superiores ao estabelecido pela Farmacopéia Brasileira de 2%. Metade das amostras analisadas apresentaram um perfil cromatográfico diferente do obtido pela amostra padrão, o que pode apontar amostras não-autênticas, contaminação por outros vegetais ou perda de sua integridade. Considerando que outras plantas do gênero Baccharis podem ser confundidas com B. trimera, observou-se que meta-de das amostras não correspondem a espécie B. trimera.

Palavras-chave: Controle de Qualidade. Planta Medicinal. Baccharis trimera.

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INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais para tra-tamento ou prevenção de enfermidades é uma prática milenar cujo conhecimen-to se propaga verbalmente de geração a geração e apesar das tecnologias tera-pêuticas atuais, as plantas medicinais continuam sendo utilizadas com base no conhecimento popular.

Baccharis trimera (Less) DC. (si-nonímia científica B. genistelloides var trimera), também conhecida como car-queja é uma planta bastante utilizada na medicina tradicional por suas pro-priedades hipoglicemiante, analgésica, digestivas e hepatoprotetoras. Esta es-pécie está incluída na lista das 71 plan-tas de interesse para o SUS (RENISUS) que constitui a relação de plantas com interesse para desenvolvimento de fi-toterápicos e consta inda do Formulá-rio de Fitoterápicos, uma publicação da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2011).

Silva Júnior (1997) destacou que a carqueja está entre as dez plantas me-dicinais mais comercializadas e o Para-ná se destaca como seu maior produtor (CORREA JÚNIOR et al., 1991). É difícil estimar a quantidade de usuários das drogas vegetais, tendo em vista o vasto número de pontos de venda em merca-dos e feiras livres e farmácias de ma-nipulação. Mesmo sendo amplamente utilizada como droga vegetal para pre-paração de chás medicinais, a carqueja, assim como outras plantas, devem asse-gurar parâmetros d qualidade para ga-rantir a segurança da sua utilização. Em estudo realizados recentemente tem-se verificado que, muitas vezes, o contro-le de qualidade de drogas vegetais está aquém do exigido pela Farmacopéia (MIRANDA et al, 2016).

Em sua seção III, que trata das defi-nições aplicadas a registro e notificação de produtos tradicionais fitoterápicos, a RDC ANVISA 26/2014 aponta que droga vegetal é planta medicinal ou

suas partes que contenham substâncias responsáveis pela ação terapêutica após processo de colheita, estabilização e se-cagem, podendo estar na forma rasura-da, triturada ou pulverizada (BRASIL, 2014a).

A qualidade da droga vegetal pode ser avaliada por meio de parâmetros farmacognósticos como determinação de cinzas totais, perda por dessecação, determinação da pureza da amostra com análise de materiais estranhos e presença de contaminantes microbioló-gicos (BRASIL, 2014a).

Segundo a Instrução Normativa Nº 4, de 18 de junho de 2014 da ANVISA, os materiais estranhos podem ser tanto partes da própria planta, quanto partes ou fragmentos de outras plantas, bem como outras espécies não vegetais en-contradas (BRASIL, 2014b).

A umidade em drogas vegetais, quando acima do estabelecido, acelera a atividade enzimática e consequente-mente leva a degradação de constituin-tes químicos, além de possibilitar o cres-cimento de fungos e bactérias. Por isso, os valores de perda por dessecação são importantes na avaliação da qualidade da droga vegetal (BRASIL, 2014a).

Considerando a importância da car-queja como planta medicinal e da ne-cessidade de avaliação e fiscalização da qualidade dos produtos obtidos a partir de plantas medicinais, este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de amostras de carqueja comercializadas em São Luís.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram obtidas seis amostras em far-mácias comercias de manipulação e bancas com venda de produtos naturais. A massa total do conteúdo das amostras foi pesada e comparada com a massa descrita no rótulo. Foi realizado quar-teamento do material para a retirada de alíquotas para análises de perda por

dessecação, umidade, análise de mate-riais estranhos e cinzas de acordo com o descrito na 5ª Edição da Farmacopéia Brasileira.

Para determinação do teor de cinza, cerca de 3g de amostra foram colocadas em cadinhos, como previsto na Farma-copéia Brasileira 5ª edição. As amostras foram submetidas à carbonização e de-pois à queima em forno mufla a 450ºC. As análises foram feitas em triplicata e foram obtidas as médias dos resultados.

Para valores de perda por desseca-ção, pesou-se inicialmente a amostra da droga vegetal referente a 0,5g e seguiu--se com a exposição à balança de sólidos (infravermelho), obteve-se a porcenta-gem referente à umidade. Para análise de materiais estranhos, foram contados todo e qualquer material que não se constituía como folha.

No estudo de autenticidade, prepa-rou-se extratos das amostras, adaptan-do-se a metodologia de Dresh et al., (2006), utilizando 20 mL de diclorome-tano para cada 5g de amostra não pul-verizada. O extrato obtido foi aplicado em placas de cromatografia em camada delgada (CCD), sendo eluído em diclo-rometano:etanol (97:3) e revelado em solução cromogênica de anisaldeído

sulfúrico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação comparativa da massa total obtida nas amostras e a massa re-gistrada nos rótulos, demonstrou que os produtos estavam de acordo com essas especificações da embalagem. Quan-to aos parâmetros de perda por desse-cação, a Farmacopéia determina que a umidade ou perda por dessecação não deve ultrapassar 12%. Na análise das amostras, todas estavam com valores dentro do permitido, apontando baixo risco de contaminação e deterioração por ação de enzimas. Todos os valores referentes às cinzas totais foram abaixo do estabelecido pela Farmacopéia Brasi-leira que é de no máximo 8%, indicando que não há adulteração ou contamina-ção considerável por substâncias inor-gânicas. Por outro lado, os valores de materiais estranhos foram superiores aos previstos na FB, que não deveriam ultrapassar 2,0%; para este estudo foram considerados materiais estranhos os não vegetais, vegetais visivelmente não autênticos e pedaços de caule sem folha e variou entre as amostras entre 5,25% e 28%. (Tabela 1).

Beltrame et al., 2014, em estudo de

Tabela 1 - Percentual dos valores de perda por dessecação, cinzas totais e materiais estranhos.

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controle de qualidade de amostras co-merciais de carqueja no estado do Pa-raná, obteve valores de materiais estra-nhos acima do previsto na FB, variando entre 6,14 a 35,84% de impurezas. Di-ferentemente das amostras analisadas neste trabalho, a droga vegetal anali-sada por Beltrame continha expressiva quantidade de material de outras espé-cies vegetais e outros materiais não ve-getais. Em estudos do mesmo autor, os valores de perda por dessecação foram superiores ao estabelecido de 12% pela Farmacopéia, evidenciando os riscos de contaminação por microorganismos e consequentes danos aos consumidores que esse mercado apresenta. Quanto às cinzas, os valores também foram infe-riores a 8%, estes variaram entre 4,34 e 6,9%, estando de acordo com o preconi-zado pela FB.

Tobias et al., (2007), avaliando diver-sas amostras de drogas vegetais obteve reprovação por diferenças macroscópi-cas, microscópicas, altos teores de cin-zas, o que não fora identificado no pre-

sente estudo. Teores de cinzas e perda por dessecação foram parâmetros de reprovação no estudo de Melo et al., (2007).

Resultados de cromatografia em ca-mada delgada (CCD) das amostras co-merciais foram comparados com amos-tra padrão conforme representado na figura 1.

Observa-se no cromatograma das amostras (Figura 1) que as amostras 2, 3 e 4 foram as que apresentaram um perfil químico mais próximo do padrão. A amostra 6, a qual apresentou a maior parte de material estranho, apresentou um perfil cromatográfico mais diverso, aparentemente próximo à amostra 5. Em análise de cromatografia em camada delgada, Dresh et al., (2006) compara-ram o perfil cromatográfico de diferen-tes amostras comerciais de Baccharis, obtendo perfis idênticos de espécies vendidas como diferentes da B. trime-ra. Existem várias espécies do mesmo gênero, cerca de dezoito espécies que podem estar associadas às amostras co-

Figura 1 - Perfil químico por cromatografia em camada delgada das amostras comerciais de 1 a 6 e amostra padrão (P) de folhas de Baccharis trimera (Less) DC. Substância com revelação rosa com Rf 0,5 em destaque. Sistema cromatográfico descrito no texto

mercializadas (BARROSO, 1976).

Apesar dos perfis químicos obtidos por CCD mostrarem que três amostras não correspondem à espécie B. trime-ra, a presença de algumas substâncias comuns a todas às amostras, como a substância com revelação rósea, apre-sentando Rf 0,5, podem indicar se-melhança na composição química das amostras, o que pode ainda indicar que estas espécies são possivelmente per-tencentes ao mesmo gênero Baccharis. É importante ressaltar que mesmo apre-sentando perfil químico semelhante, outras espécies desse gênero não foram validadas para uso medicinal, podendo representar risco ao uso terapêutico.

Os diferentes tipos de carqueja são utilizados para os mesmos fins, hepá-ticos, digestivos e/ou diuréticos; no entanto apenas Baccharis trimera é re-conhecida como planta medicinal va-lidada, conhecida como carqueja, em função da presença no Formulário de Fitoterápicos (BRASIL, 2011). Mesmo sendo espécies do mesmo gênero, estas podem apresentar diferentes constituin-tes químicos, o que pode representar diferença na atividade farmacológica e principalmente possível efeito indesejá-vel. Dessa forma, a observação de per-fil químico diferente do padrão de três amostras analisadas, correspondendo metade do total, representa um risco à população, pois não há comprovação da segurança nem eficácia terapêutica de plantas não validadas.

CONCLUSÃO

Foi possível avaliar parâmetros de pureza e autenticidade de drogas vege-tais de Baccharis trimera comercializa-das no município São Luís, Maranhão, determinando falhas na qualidade em todas as amostras analisadas em re-lação à pureza e metade em relação à autenticidade, o que pode representar risco para a população que adquire esse

material para a preparação caseira de chás medicinais.

REFERÊNCIAS

ALVIM, Neide Aparecida Titonelli; FERREIRA, Márcia de Assunção; CA-BRAL, Ivone Evangelista and ALMEI-DA FILHO, Antonio José de. The use of medicinal plants as a therapeutical re-source: from the influences of the pro-fessional formation to the ethical and legal implications of its applicability as an extension of nursing care practice. Rev. Latino-Am. Enfermagem [onli-ne]. 2006, vol.14, n.3, pp.316-323.

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BELTRAME,F. L.; FERRONI, D. C.; AL-VES, B. R. V., PEREIRA, A. V.; ESMERI-NO, L. A. Avaliação da qualidade das amostras comercias de Baccharis tri-mera L. (Carqueja) vendidas no Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Health Sciences Maringá, v. 31, n. 1, p. 37-43, 2009.

BRASIL, ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC N° 26 de 16 de março de 2014. Registro de medicamentos fitoterápicos e notifi-cação e registro de produto tradicional fitoterápico. 2014a.

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CORREA JÚNIOR, C; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas

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medicinais, condimentares e aromá-ticas. Curitiba: Emater-Paraná, 1991.

CZEKALSKI, L.;. MOURÃO, K.S.M e MARQUES, L.C. Avaliação farmacog-nóstica das sumidades floridas de Pru-nella sp, adulterante comercial do ale-crim europeu Rosmarinus officinalis. Rev. Pesq. Inov. Farm., 1(1): 27 - 39, ago-dez, 2009

DRESCH, A.P, MONTANHA, J. A.; MATZENBACHER, N. L; MENTZ, A. Controle de qualidade de espécies do gênero Baccharis L. (asteraceae) por CCD a partir de extratos rápidos. Infar-ma, v.18, nº 11/12, 2006.

SILVA, J.B.; GROTTA, A.S. Anatomia da folha e óleo essencial de Baccharis retu-sa DC., Compositae. Revista de Farmá-cia e Bioquímica da Universidade de São Paulo, v. 9, n. 2, p. 321-326, 1971.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS CARTEIROS DA EMPRESA DE CORREIOS E TELEGRÁFOS

(ECT) DO MUNÍCIPIO DE SÃO LUÍS-MA

Dayene Gorete Pinheiro Mendes Especialista em Nutrição Clínica e Funcional e Nutrição esportiva - Faculdade Laboro

E-mail: [email protected] Rosa Gonçalves Santos

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto e da Criança - UFMANathalia de Fátima Melo Lima

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto e da Criança - UFMAElayne Costa da Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - UFMAMariluce Tayres Pinto Ferreira

Especialista em Nutrição Clínica e Funcional - Faculdade LaboroMaria Bethânia da Costa Chein

Prof. ª Dr.ª Vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduaçãoem Saúde do Adulto e da Criança - UFMA

Haissa Oliveira Brito Doutora em Farmacologia - UFPR

Maria Tereza Medeiros Aureliano de LimaCoordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Terezinha - CEST

RESUMO: O condicionamento físico e nutricional é de fundamental importância para que o carteiro possa apresentar um resultado satisfatório face às diversas situações apresentadas no desempenho de suas funções. Desse modo, o objetivo do estudo foi avaliar o estado nutricional dos carteiros, integrantes do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) do bairro Radional do município de São Luís. A pesquisa do tipo quantitativa, com análise descritiva, envolveu 32 carteiros do sexo masculino, na faixa etária de 28 a 53 anos, com idade média 39,35 anos, investigados por meio de avaliação antropométrica, exames laboratoriais e aferição da pressão arterial. Os resultados apontaram que o grupo tem maior prevalência de eutrofia (43,75%) e sobrepeso (40,62%) e em relação a medida da circunferência da cintura 75% não tem risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Nos exames laboratoriais a maioria dos carteiros apresentaram um perfil lipídico desejável e a glicemia em jejum de 100% destes estavam no padrão de normalidade. A pressão arterial elevada não obteve índices significativos, onde foram classificados como hipertensos apenas 18,75% dos indivíduos, sendo que todos estes apresentavam excesso de peso. Con-clui-se que a atividade laboral constitui um fator positivo para saúde e qualidade de vida dos carteiros.

Palavras-chave: Perfil Nutricional. Atividade Laboral. Qualidade de Vida.

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o estado nutricio-nal da população tem sido estudado por conta da incidência de morbidades asso-ciadas à má alimentação. A prevalência de doenças crônicas não transmissíveis vêm crescendo junto à transição nutri-cional em que os hábitos alimentares adequados estão sendo substituídos pelos inadequados, refletindo negativa-mente na saúde dos indivíduos. Desse modo, é de fundamental importância avaliar o estado nutricional da popula-ção para que se possa intervir adequada-mente, quando necessário, contribuindo para a recuperação e manutenção da sua saúde (NASCIMENTO; SOARES, 2009).

Algumas profissões têm atividades físicas presente no seu cotidiano labo-ral, seja de maneira mais expressiva ou não, em meio a esta constatação nos de-paramos com atividade desempenhada pelos carteiros. Profissão que é conhe-cida como muito ativa, porém isso tem mudado desde o avanço dos sistemas logísticos. Anos atrás, os carteiros não eram auxiliados por veículos automoto-res, estes faziam as entregas de corres-pondências e encomendas a pé ou de bi-cicletas, diferente da atualidade, em que grande parte destes profissionais reali-za o trabalho com o auxílio de veículos motorizados. Perante esta transição é propício consultar esta população para desvendar as influências desta mudança (OLIVEIRA et al., 2009).

Os carteiros em sua rotina de traba-lho, partindo do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD), percorrem em média 9 km, com uma carga de 9kg em geral, por itinerários variados, constituído de aclives, declives, ruas de terra e des-campados. Em seguida, eles retornam ao CDD com as correspondências não entregues, fazem nova triagem e acon-dicionam-nas para serem redistribuídas no dia seguinte. Para transportarem as correspondências a serem entregues, os

carteiros utilizam mochilas, concebidas para suportarem cargas de até 13 Kg, que são carregadas lateralmente, na al-tura dos quadris (MONGELI, 2006).

O método a ser escolhido para a ava-liação nutricional sempre irá depender do principal objetivo da mesma. Quan-do se trata de pesquisa cabe escolher o método que apresente uma vida média curta, uma maior especificidade e baixo custo. Assim os métodos são ramifica-dos em duas categorias existenciais: os de natureza objetiva e os de natureza subjetiva. Entre os métodos objetivos si-tuam-se a antropometria, a composição corpórea, os parâmetros bioquímicos e o consumo alimentar. Entre os subjeti-vos compreendem-se os exames físicos atrelados à semiologia nutricional e a avaliação subjetiva global (CUPPARI, 2009).

Diante do contexto exposto, o pre-sente estudo visou avaliar o estado nu-tricional dos carteiros da Empresa de Correios e Telegráfos (ECT) do municí-pio de São Luís - MA.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se um estudo do tipo quan-titativo, com análise descritiva e analíti-ca, em desenho transversal dos carteiros do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD). O presente estudo foi feito com base em dados colhidos em questioná-rios e medidas antropométricas coleta-das no próprio local, mediante autoriza-ção da Diretoria Geral da Instituição.

A pesquisa foi realizada no Centro de Distribuição Domiciliar (CDD), loca-lizado no bairro Radional (Rua Avenida João Pessoa nº407, CEP: 650459-72) no município de São Luís - MA com os car-teiros deste local, onde existem 8 CDD na capital.A amostra foi escolhida por conveniência, sendo constituída por 32 carteiros de uma população total de 34 trabalhadores deste Centro, com indiví-duos do sexo masculino com idade de 28

a 53 anos e escolhidos de forma aleató-ria.

Foram estudados os carteiros que trabalhavam no CDD de forma efetiva no período de março e abril de 2011, e que aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura do termo de con-sentimento livre e esclarecido segundo a resolução 196/1996 do Conselho Na-cional de Saúde (CNS, 1996). Todos os carteiros tiveram conhecimento dos ob-jetivos e resultados do estudo ao qual se dispuseram a participar.

Não foram incluídos no estudo in-divíduos que se encontravam em mão--de-obra temporária pela inviabilidade da realização dos exames laboratoriais. Também aqueles que não se encontra-ram presentes no momento da coleta de dados.

Os dados antropométricos foram coletados segundo padronização da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998). Para a medida do peso corporal utilizamos uma balança digital da mar-ca TechLine com capacidade de 150 kg, os carteiros foram pesados no centro da balança, descalços e eretos, com os pés juntos, roupas leves, braços estendidos ao longo do corpo e olhando para a li-nha do horizonte.

A estatura foi mensurada através de estadiômetro da marca WCS modelo Wood Transportável com capacidade de 240 cm com escala em centímetros. O carteiro foi posicionado em pé, de cos-tas para o estadiômetro, descalço, com os calcanhares juntos, braços estendi-dos ao longo do corpo, em posição ere-ta (o máximo que conseguiu) e com a cabeça ereta olhando para o horizonte (VITOLO, 2008).

Para a avaliação do estado nutri-cional foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), a partir da seguinte fórmula: peso atual (Kg) / estatura (m)², adotando como critério de classificação os respectivos pontos corte propostos

pela Organização Mundial de Saúde IMC: IMC < 16,0, Magreza Grau III; 16,0 - 16,9, Magreza Grau II; 17,0 – 18,4 Ma-greza Grau I, 18,5 – 24,9 Eutrofia, 25,0 – 29,9 Sobrepeso, 30,0 – 34,9 Obesida-de Grau I, 35,0 – 39,9 Obesidade Grau II (OMS, 1998).

A circunferência da cintura (CC) foi medida com a fita inelástica Sanny com capacidade de 240 cm o intuito de se ve-rificar a distribuição do tecido adiposo. Mediu-se o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca com o indivíduo em pé, utilizando-se uma fita métrica não-extensível, da marca Sanny com es-cala de 2,0 m e divisões de 0,5cm. A lei-tura foi feita no momento da expiração. Foi adotado como critério de classifica-ção a OMS, Mulheres, risco elevado >= 80, risco muito elevado>= 88; Homens risco elevado >= 94 risco muito elevado, >= 102 (OMS, 1998).

Os exames laboratoriais solicitados foram: a taxa de glicemia, triglicerídeos, colesterol total, HDL, LDL, VLDL.

Foi realizada a avaliação da pressão arterial dos carteiros, utilizando uma cadeira e aparelho de pressão analógico G-Tech Premium. Todos carteiros que participaram da aferição da pressão ar-terial foram questionados se utilizavam remédios e se tinham problemas de Hi-pertensão Arterial Sistêmica.

O processamento dos dados cole-tados foi realizado no programa esta-tístico Statplus Professional 2009 para obtenção da correlação linear entre as variáveis, estado nutricional e hiper-tensão, e para a realização da estatísti-ca descritiva de freqüência das demais variáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados 32 carteiros, todos os indivíduos são do sexo masculino, na faixa etária entre 28 e 53 anos, com ida-de média de 39,35 anos. A prevalência do sexo masculino deve-se ao fato deste

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tipo de trabalho ser reservado apenas aos homens. Após a promulgação da Constituição de 1988, esta atividade se-gundo o CORREIOS (2000), passou a ser executada por 3.876 mulheres, ou seja, 8,22% dos carteiros pertencem ao sexo feminino, quantidade ainda pouco re-levante quando comparada com o sexo masculino.

O presente estudo evidencia que 43,75% indivíduos se encontram Eutrofi-cos, 40,62% com Sobrepeso, 12,50% com Obesidade do tipo Grau I e 3,12% com Obesidade grau II, 55,89% da amostra se encontra acima do peso. Albuquer-que et al.(2009) encontrou em seu es-tudo maior prevalência de sobrepeso e obesidade em 94 carteiros, verificou que 45,74% estava com sobrepeso, 11,70% com obesidade, totalizando 57,44% de indivíduos acima do peso.Em contra-partida, a maioria dos carteiros estuda-dos por Almeida e colaboradores (2004), cerca de 60% estavam na faixa conside-rada adequada e 40% estavam fora da faixa de normalidade.

De acordo com o IMC não foi ob-servado nenhum tipo de classificação com baixo peso, mas segundo Almeida (2004) foram encontrados resultados diferentes da sua investigação em Flo-rianópolis, com amostra de 20 carteiros onde 35% tinha sobrepeso e 10% com peso abaixo do normal.

Para avaliação nutricional, além do IMC foi utilizado à medida da CC pela sua relação com o risco de doenças car-diovasculares e complicações metabóli-cas associadas à obesidade. O presente estudo não mostrou valores significan-tes de adultos da população avaliada com risco de comorbidades, pois 75% dos carteiros não apresentaram risco, 15,63% apresentaram risco elevado e 9,38% demonstraram um risco muito elevado. Dados estes que corroborando com estudo de Ghorayeb (2008), mem-bro da Sociedade Brasileira de Cardio-

logia que buscava investigar quais do-enças atingia os motoristas de ônibus comparadas com as dos carteiros, os motoristas tinham o dobro de doenças do coração

As doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial têm prevalência comprovadamente alta na população economicamente ativa sugerindo que questões voltadas ao trabalho como o estresse ocupacional, exigências e am-biente do trabalho, bem como tempo de serviço, são relevantes no processo de desenvolvimento destas doenças. (AQUINO, 2001). O que se contrapõe com os resultados encontrados nos carteiros que apesar do estresse ocupa-cional e exigências do ambiente de tra-balho, tiveram índices baixos de risco elevado e muito elevado quando com-parados com a população sem risco.

Dados relacionados a Glicemia em Jejum (mg/dl) demonstraram 100% de normalidade.

De acordo MARTINEZ (2006) os tra-balhadores de uma empresa metalúrgi-ca e siderúrgica, que tinham atividade com alto gasto energético, tiveram uma prevalência de Diabetes Mellitus (DM) de 30,5 % dos indivíduos, demonstrando resultados diferentes deste estudo, onde todos os carteiros não apresentaram Diabetes.

Em relação ao perfil lipídico dos car-teiros, a maioria está de acordo com o padrão de normalidade, pois 65,63% apresentam triglicerídeos com classi-ficação desejável, 62,50% também tem colesterol total desejável e 65,62% tem o LDL desejável. Já em estudo feito com 105 trabalhadores de tecnologia da in-formação, trabalhadores pouco ativos, 61% dos trabalhadores avaliados apre-sentaram níveis de colesterol total acima de 250mg/dl, 41% apresentaram níveis elevado de triglicérides e somente 14,2% tinham níveis adequados de colesterol – HDL (FAGGION; MONTEIRO, 2002).

Os níveis de pressão arterial eleva-da não obtiveram índices significativos, onde foram classificados como hiperten-sos apenas 18,75% dos indivíduos, sendo que todos estes apresentavam excesso de peso. Corroborando com este estudo, Albuquerque (2009) com uma amostra de 94 carteiros encontrou maior preva-lência de sobrepeso de 45,74%, dentre os quais 40,74% eram hipertensos, preva-lência de obesidade de 11,70%, dentre os quais 10% eram hipertensos.

CONCLUSÕES

De acordo com o estudo realizado, os carteiros não demonstraram presen-ça significativa de comorbidades. Com relação ao Índice de Massa Corporal, houve maior prevalência de indivíduos acima do peso, apesar do elevado gasto energético realizado durante o trabalho.

Mediante os resultados encontrados, é necessário à realização de novas pes-quisas a fim de que possam ser estabele-cidas práticas de monitoramento nutri-cional e intervenções mais específicas e adequadas.

Sendo assim, também é fundamental a atuação de uma equipe multiprofissio-nal para integração de conhecimento das diversas áreas com o objetivo de es-tabelecer uma melhor qualidade de vida para estes trabalhadores.

REFERÊNCIAS

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COMÉRCIO E CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL ADQUIRIDOS EM

FARMÁCIAS E DROGARIAS DE SÃO LUÍS, ESTADO DO MARANHÃO

Marcelo de Carvalho Gonçalves Farmacêutico e Mestre em Saúde e Ambiente - UFMA

Flávia Maria Mendonça do Amaral Farmacêuticas e Docentes do Departamento de Farmácia - UFMA

Denise Fernandes Coutinho Moraes Farmacêuticas e Docentes do Departamento de Farmácia - UFMA

Jéssyca Wan Lume da Silva Godinho Farmacêutica e Mestranda em Ciências da Saúde - UFMA

Tálison Taylon Diniz Ferreira Farmacêuticos e Mestrandos em Ciências da Saúde - UFMA

Orlene Nascimento da Silva José Wilson Carvalho de Mesquita

Farmacêutica - UFMALudmilla Santos Silva de Mesquita,

Farmacêutica e Doutoranda em Ciências da Saúde - UFMA

RESUMO: O difícil acesso de grande parte da população aos serviços de saúde e a tendência da socieda-de em utilizar preferencialmente produtos naturais de origem vegetal na recuperação e/ou preservação da saúde têm ocasionado a crescente ascensão no consumo de plantas e/ou seus produtos derivados como recurso terapêutico. Nesse sentido, o presente estudo avaliou condições de comercialização e qua-lidade de produtos naturais disponibilizados em farmácias e drogarias privadas de São Luís, Maranhão. A partir de dados do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Maranhão (CRF-MA), por amostra-gem aleatória estratificada, foram selecionadas 15 drogarias e 17 farmácias para investigar as condições de comercialização, com emprego de entrevistas semiestruturadas aos farmacêuticos, proprietários ou auxiliares de farmácias ou drogarias. Camellia sinensis (L.) Kuntze (chá verde), Maytenus ilicifolia Mart. ex ReisseK (espinheira-santa), Rhamnus purshiana DC. (cáscara-sagrada), Cynara scolymus L. (alca-chofra) e Matricaria recutita L. (camomila) foram identificadas como as espécies vegetais mais comer-cializadas, sendo adquiridas amostras para análise da pureza. Os resultados permitiram evidenciarmos condições inadequadas de comercialização no controle da umidade nos estabelecimentos farmacêuticos selecionados, caracterizando infração sanitária. A análise de pureza das amostras comerciais de chá verde e camomila comprovaram má qualidade, com a constatação da presença de materiais estranhos, bactérias e fungos proibidas pela literatura especializada. Assim, os resultados demostraram a necessi-dade de maior fiscalização, vigilância e controle de qualidade do material vegetal para fins medicinais disponibilizados para comercialização.

Palavras-chave: Controle de Qualidade. Produtos Naturais. Pureza.

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INTRODUÇÃO

A utilização de plantas e/ou seus pro-dutos derivados constitui importante recurso terapêutico, estando em gran-de expansão mundialmente, refletindo o difícil acesso da população aos servi-ços de saúde e medicamentos sintéticos (SILVA; HAHN, 2011; SOUZA MARIA et al., 2013). A incorporação do conceito de “produto natural” contribuiu para o aumento do uso de plantas para fins me-dicinais; justificado pela crença errônea que tais produtos são isentos de cons-tituintes químicos capazes de ocasio-narem riscos. Assim, produtos vegetais passaram a ser sinônimo de saudáveis, seguros e benéficos; menosprezando possíveis reações adversas decorrentes do uso irracional (SILVA; ALMEIDA; ROCHA, 2010).

O uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos deve ser reconhecido com a finalidade de inserir outras op-ções terapêuticas alternativas e/ou com-plementares, diminuir custos, retomar saberes tradicionais, estimular o cres-cimento social, motivar as interações interdisciplinares e valorizar a grande biodiversidade do Brasil (NASCIMEN-TO JÚNIOR et al., 2016). Baseado nisso, as pesquisas envolvendo o conhecimen-to popular e o científico podem levar ao aproveitamento em relação ao que o material vegetal é capaz de oferecer, contribuindo para evitar a biopirataria e o aumento da demanda por produtos oriundos de matéria-prima brasileira (AZEVEDO, 2008).

As pesquisas científicas nos últimos anos sobre plantas, como matéria-prima voltadas para a produção de medica-mentos, têm apresentado um interesse global crescente, tanto em países de-senvolvidos como em desenvolvimen-to. Esse crescimento do mercado é um atrativo para empresas farmacêuticas multinacionais, que por sua vez estão investindo em estudos pré-clínicos e clí-

nicos de espécies vegetais (ARAÚJO et al., 2013).

Diante do exposto e considerando os perigos associados ao uso popular in-discriminado de espécies vegetais, este trabalho tem como objetivos identificar os produtos de origem vegetal mais co-mercializados em farmácias e drogarias privadas da capital maranhense, avaliar as condições de comercialização, em re-lação ao controle da umidade e tempe-ratura, e analisar a pureza dos mesmos.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi submetido ao Comité de Ética em Pesquisa da Plataforma Brasil e teve parecer favorável de nº 1.132.114. Com base no cadastro de registro de estabelecimentos farmacêuticos do CR-F-MA foi levantado 354 drogarias e 22 farmácias em atividade no município de São Luís. Com esses dados foi realizada uma amostragem aleatória estratificada, indicando 16 estabelecimentos a serem estudados, sendo 15 drogarias e 1 far-mácia, com uma margem de erro tole-rável (e) de 5%, desvio padrão (S) de 10 e com nível de significância (t ∞/2) de 0,05. Embora o cálculo tenha sinalizado 1 farmácia para amostra, nesse estudo foi decidido pela inclusão de todas as 22 unidades do município de São Luís para maior representatividade neste segmen-to, ocorrendo entretanto recusa de cin-co estabelecimentos para participação na pesquisa. A escolha das 15 drogarias foi por amostra de conveniência e pro-porcionalmente ao número de estabe-lecimentos dentro de cada um dos sete distritos sanitários do município de São Luís. Assim, a amostra total foi de 32 es-tabelecimentos, sendo 17 farmácias (F1 a F17) e 15 drogarias (D1 a D15).

A primeira etapa da pesquisa cons-tituiu um estudo descritivo, utilizado como procedimento metodológico en-trevistas semiestruturadas, por unida-de pesquisada, aplicada a apenas um

membro do estabelecimento; para iden-tificação dos produtos naturais mais dispensados, avaliação das condições de comércio, com o monitoramento da temperatura e umidade. Na etapa se-guinte, foram adquiridos por compra as amostras das 5 espécies vegetais mais dispensadas nos estabelecimentos far-macêuticos selecionados, para realizar a parte experimental com a avaliação da pureza das amostras, através da pesqui-sa macroscópica de material estranho na tomada de ensaio e análises micro-biológicas para fungos e bactérias proi-bidos pela literatura (BRASIL, 2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na coleta de dados referente aos pro-dutos naturais de origem vegetal mais comercializados, após a realização das 32 entrevistas, foi constatado os 5 mais dispensados. O produto mais citado foi o chá verde, (Camellia sinensis (L.) Kuntze) (Theaceae), em 18 estabeleci-mentos, sendo comercializado em 13 farmácias, nas formas farmacêuticas de extrato seco em cápsula e droga vegetal, e 5 drogarias na apresentação de droga vegetal. As outras espécies vegetais mais comercializadas foram: espinheira-san-ta (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) (Celastraceae), citada em 10 estabeleci-mentos (5 drogarias e 5 farmácias), na forma de extrato seco em cápsula; se-guido por cáscara sagrada (Rhamnus purshiana DC.) (Rhamnaceae) (9 farmá-cias), na apresentação de extrato seco em cápsula; alcachofra (Cynara scoly-mus L.) (Asteraceae) (5 drogarias e 4 farmácias), como comprimido revestido e extrato seco, e camomila (Matricaria recutita L.) (Asteraceae) (6 drogarias), na forma de droga vegetal.

A frequente disponibilidade a venda de espinheira santa, cáscara sagrada, al-cachofra e camomila, como constatado neste estudo, pode ser justificada por representarem espécies vegetais inclu-sas na Relação Nacional de Plantas Me-

dicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS) e no Memento de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasilei-ra (BRASIL, 2009a; 2016); além de es-pinheira santa e camomila estarem na lista de produtos tradicionais fitoterápi-cos de registro simplificado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVI-SA); enquanto cáscara sagrada e alca-chofra estão na relação de medicamen-tos fitoterápicos de registro simplificado (BRASIL, 2014). Vale destacar, ainda, que a espinheira santa, cáscara sagrada e alcachofra estão inclusas na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) (BRASIL, 2015).

Na avaliação das condições de arma-zenamento referente ao registro diário e obrigatório da temperatura e umidade, foi constatado que todas as farmácias realizavam o controle; entretanto em re-lação as drogarias o levantamento com-provou que 14 (93,33%) monitoravam a temperatura e que apenas 3 (20,00%) controlavam a umidade do ambiente.

A Resolução de Diretoria Colegiada nº 44 da ANVISA, de 17 de agosto de 2009, é o documento técnico que trata das Boas Práticas Farmacêuticas em far-mácias e drogarias privadas e tem uma seção destinada as condições adequadas de armazenamento de produtos, exi-gindo controle diário da temperatura e umidade, visando preservar a identida-de, integridade, qualidade, segurança e eficácia (BRASIL, 2009b).

Em relação a comercialização de pro-dutos naturais de origem vegetal, vale enfatizar que a temperatura e umidade interferem diretamente na conserva-ção das drogas vegetais, possibilitando o processo de degradação dos princí-pios ativos. As espécies contendo óle-os essenciais e alcaloides quando não são conservadas a baixas temperaturas resultam em perdas significativas dos constituintes químicos (OLIVEIRA; AKISUE; AKISUE, 2014). Ainda o exces-

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so de umidade do ambiente em espécies vegetais, favorece a ação de enzimas e contaminação do vegetal, o que propicia o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos (LAPA et al., 2010).

Na avaliação da pureza, quanto a presença de material estranho, foi cons-tatado que as amostras de chá verde na forma de droga vegetal, apresentaram elevados percentuais de material estra-nho (9,27% em F11 e 12,55% em D3), com presença de caules, talos e fio de náilon; enquanto que o chá de camomila assi-nalou o valor de 0,43%. A Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010) define que “os fármacos vegetais são isentos de fungos, de insetos e de outras contaminações de origem animal. Salvo indicação em con-trário, a porcentagem de elementos es-tranhos não deve ser superior a 2%”.

Nesse segmento, estudo desenvolvi-do no município de Araras em São Pau-lo, revelou que 85% das amostras de chá verde, comercializadas em farmácias de manipulação e feiras livres, estavam com o percentual de material estranho fora das especificações técnicas, com destaque para presença de caules que não têm os mesmos constituintes fito-químicos da folhas, situação que pode interferir diretamente nos efeitos tera-pêuticos do produto (SILVA; SILVA; MI-CHELIN, 2013).

A análise microbiológica das amos-tras de chá verde, espinheira santa, cás-cara sagrada e alcachofra evidenciaram que estão de acordo com as especifica-ções dos valores de referência para dro-gas vegetais da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010). Entretanto a amostra de camomila apresentou contaminação por coliformes totais, bactérias termotole-rantes, Staphylococcus aureus, Shigella flexineri e fungos.

A contaminação da camomila por Shigella flexneri, que pertence à família Enterobacteriaceae, cuja transmissão ocorre por contato direto entre pessoas,

por transmissão fecal-oral, consumo de alimentos ou águas contaminados, pode levar a um quadro de gastroenterite no usuário (PAULA, 2009). A camomila mostrou resultado positivo para a pre-sença de coliformes totais e bactérias termotolerantes, antes denominadas co-liformes fecais, indicando condições hi-giênico-sanitárias inadequadas nas eta-pas de processamento da droga vegetal, evidenciando que houve contato direto ou indireto com material fecal (SALES et al., 2015).

Amostras comerciais de Matricaria recutita adquiridas em farmácias, er-vanárias e supermercados de Curitiba, Paraná, foram reprovadas em relação a quantidade de fungos e leveduras, com elevado teor de coliformes totais e pre-sença de Salmonella; resultados que re-velaram amostras comprometidas por microrganismos patogênicos, acarre-tando riscos à saúde, uma vez que são utilizadas pela população como recurso terapêutico (RODRIGUES; LIMA, 2015).

O controle de qualidade de plantas medicinais e/ou fitoterápicos deve uti-lizar os testes microbiológicos em todas as etapas da cadeia produtiva para veri-ficar a contaminação por microrganis-mos que são patogênicos para o usuário e que podem ocasionar a degradação dos produtos, diminuindo, assim, a sua eficácia e segurança (MOREIRA; SAL-GADO; PIETRO, 2010). Essa qualidade microbiológica, parâmetro de pureza, é estabelecida em legislações da ANVISA e em manuais oficiais, onde estão des-critos os limites máximos permitidos e quais as bactérias patogênicas que não podem estar presentes (BRASIL, 2010).

CONCLUSÕES

O mercado de produtos naturais, especialmente para fins terapêuticos, no município de São Luís, estado do Maranhão, tem evidenciado aumento crescente nos últimos anos; mas parale-

lamente a esse cenário, tem sido consta-tado poucos estudos na área.

Os resultados obtidos, nesse estudo, permitem constatarmos infração sani-tária relacionada a comercialização de produtos naturais de origem vegetal, com destaque a condições inadequadas de controle de umidade, situação que contribui para a má qualidade do mate-rial vegetal. Os resultados encontrados das amostras comerciais de chá verde e camomila, possibilitam, ainda, perce-ber que não atendem aos parâmetros de qualidade quanto as características de pureza, caracterizado pela presença de material estranho, fungos e bactérias proibidos pela legislação vigente.

Desse modo, é necessária ações de fiscalização sanitária efetiva e qualifi-cada no controle de qualidade dos pro-dutos naturais usados para fins medici-nais, na busca da garantia que o usuário terá produtos sem riscos a sua saúde.

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SOUZA MARIA, N.C.V. et al. Plantas medicinais abortivas utilizadas por mu-lheres de UBS: etnofarmacologia e aná-lises cromatográficas por CCD e CLAE. Revista Brasileira Plantas Mediciais, Campinas, v. 15, n. 4, p. 763-773, 2013.

COMUNICANDO SOBRE A PREVENÇÃO DA HANSENÍASE: O QUE DIZEM CARTAZES, CARTILHAS,

GUIAS E PANFLETOS?

Premma Hary Mendes Silva Graduanda em Ciências Biológicas - UEMA

E-mail: [email protected] Ronie Sá-Silva

Doutor em Educação - Universidade do Vale do Rio dos Sinos Prof. Adjunto do Departamento de Química e Biologia – CECEN / UEMA

E-mail: [email protected]

RESUMO: No Brasil contemporâneo, a hanseníase é uma doença que atinge às camadas mais pobres da população e apresenta endemicidade em todas as macrorregiões, principalmente nas áreas metro-politanas. Com o êxodo rural os doentes vivem nas periferias das grandes cidades, muitas vezes em situação precária e promíscua. A situação de pobreza, desemprego e falta de educação básica pioram o quadro daqueles que são acometidos pela enfermidade. A hanseníase é uma doença que envolve o lado psicológico e sociocultural que muitas vezes compromete fortemente o emocional daqueles que estão envolvidos no processo da doença, incluindo familiares. Esse aspecto da hanseníase faz dela uma en-fermidade ímpar em saúde pública porque envolve sentimentos, dores, preconceitos e estigmas. Assim, objetivamos compreender os discursos sobre a prevenção da hanseníase a partir de documentos médicos (cartazes, panfletos, cartilhas e guias) que tratam do tema prevenção da hanseníase e assim compreen-der os discursos sobre Educação em Saúde em hanseníase registrados nesses documentos. Para isso, a pesquisa documental nos pareceu adequada para essa ação investigativa, pois a pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias, em que se enquadram os documentos selecionados para análise. Os documentos analisados nos deram indício de que na divulgação de informações sobre a prevenção da hanseníase o que prevalece é o discurso biomé-dico sobre diagnóstico, tratamento e cura. Constatamos nos documentos analisados que o termo “pre-venção” não está omitido nas campanhas, mas na maioria das vezes em que é citado refere-se a prevenir incapacidades ou deformidades. Dessa forma, se destaca a importância da comunicação em campanhas que alcancem a população. Citamos, em especial, a comunicação visual e sua peculiaridade presente na utilização de elementos visuais, tais como imagens, gráficos, vídeos ou desenhos para expressar uma ou mais ideias, se apresentando mais eficaz que o uso de texto para veicular uma informação, obtendo, as-sim, grande alcance das informações. Diante disso, reconhecemos a prevenção como um aspecto nobre no controle da hanseníase e uma das formas utilizadas é a informação através da comunicação visual.

Palavras-chave: Educação em Saúde. Comunicação em Saúde. Hanseníase. Pesquisa Documental.

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INTRODUÇÃO

A hanseníase, doença infectoconta-giosa de evolução crônica, tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae, chamado de Bacilo de Hansen em homenagem ao médico norueguês Gerhard Armaner Hansen que o des-cobriu em 1873 (MACIEL; FERREIRA, 2014). Trata-se de um grave problema de saúde coletiva, “tendo historica-mente atingido populações que vivem em péssimas condições de vida. [...] o Estado do Maranhão tem um dos maio-res níveis de prevalência desta doença” (NASCIMENTO, 2010, p. 25).

No Brasil contemporâneo, a hansení-ase é uma doença que atinge às camadas mais pobres da população e apresenta endemicidade em todas as macrorregi-ões, principalmente nas áreas metropo-litanas. Com o êxodo rural os doentes vivem nas periferias das grandes cida-des, muitas vezes em situação precária e promíscua. A situação de pobreza, desemprego e falta de educação básica pioram o quadro daqueles que são aco-metidos pela enfermidade.

A hanseníase envolve inclusive o lado psicológico e sociocultural que muitas vezes compromete fortemente o emocional daqueles que estão envol-vidos no processo da doença, incluindo familiares. Esse outro aspecto da hanse-níase faz dela uma enfermidade ímpar em saúde pública porque envolve senti-mentos, dores, preconceitos e estigmas.

Por esse motivo, a enfermidade re-quer outras ações, visto que ultrapassa a necessidade de um olhar apenas clí-nico-terapêutico. Dessa forma, é neces-sário que se adote uma atitude centrada não somente no discurso médico, pois este não compreende todos os aspectos da doença e pode limitar muitas ações viáveis para seu controle ou eliminação. Sobre isso, Garcia et al. (2003, p. 25) di-zem que “não podemos mais entender a Hanseníase apenas como um bacilo,

mesmo sabendo que os conhecimen-tos de microbiologia sejam de extrema importância, porém a compreensão do ser humano como um todo se faz ne-cessária”. A compreensão da hanseníase como fenômeno biopsicossocial requer contextualizá-la historicamente.

A hanseníase difere de outras doen-ças, pois gera além de incapacidades fí-sicas, incapacidades sociais, pois o han-seniano sente mais que outros doentes, suas incapacidades sociais. Macário e Siqueira (1997, p. 49) expõem que: “[...] a hanseníase é uma das mais antigas do-enças conhecidas pelo homem e trouxe consigo, através dos tempos uma carga de preconceitos acumulados, devidos principalmente à desinformação da po-pulação”.

O que motivou a realização desta in-vestigação documental foi percebermos que a Comunicação em Saúde na hanse-níase também reforça as representações estigmatizantes desta patologia. No en-tanto, uma contradição está presente: através desses artefatos informativos também é possível desconstruir tais ideias.

Diante do exposto, objetivamos com-preender os discursos sobre a prevenção da hanseníase a partir de documentos médicos que tratam do tema prevenção da hanseníase e assim compreender os discursos sobre Educação em Saúde em hanseníase registrados nesses docu-mentos.

MATERIAL E MÉTODOS

As buscas por fontes que tratam dos temas prevenção e Educação em Saúde na hanseníase, como panfletos, cartazes, guias e cartilhas foram realizadas nos arquivos do Hospital Aquiles Lisboa, nos acervos da Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão e na Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão.

A pesquisa documental nos pareceu

adequada para essa ação investigativa, pois segundo Sá-Silva, Almeida e Guin-dani (2009, p. 6), “a pesquisa documen-tal recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias”, em que se enqua-dram os documentos selecionados para análise. Para embasar esta análise bi-bliográfica e documental utilizamo-nos dos reportaremos aos pressupostos te-órico-metodológicos de Cellard (2008), Duffy (2008), Pimentel (2001) e Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009).

Após seleção e análise preliminar das referidas fontes, os materiais adquiridos passaram por processo de categorização e análise. Para os autores, o processo de categorização segue: “[...] incluindo as seguintes estratégias: aprofundamento, ligação e ampliação. Baseado naquilo que já obteve, o pesquisador volta a exa-minar o material no intuito de aumentar o seu conhecimento, descobrir novos ângulos e aprofundar a sua visão” (SÁ--SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p. 13). Essa ação possibilita ao pesquisa-dor compreender os elementos que ne-cessitam de análise aprofundada, além da compreensão inicial. Os documentos foram categorizados nas seguintes ti-pologias: Cartazes, Panfletos, Cartilhas, Guias (Profissionais e Pacientes). Foram analisados 23 documentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os documentos analisados nos de-ram indício de que na divulgação de informações sobre a prevenção da han-seníase o que prevalece é o discurso biomédico sobre diagnóstico, tratamen-to e cura. Constatamos nos documentos analisados que o termo “prevenção” não está omitido nas campanhas, mas na maioria das vezes em que é citado refe-re-se a prevenir incapacidades ou defor-midades.

A partir da análise do conteúdo dos cartazes pôde-se perceber que o cartaz

abaixo (Figura 1) apresenta uma lingua-gem médico-técnica que explora prin-cipalmente a temática do tratamento e da cura. Os aspectos biomédicos da hanseníase são muito ressaltados. Infor-mações de cunho sociocultural como o alerta aos aspectos do preconceito são evidenciadas na frase: “Vamos acabar com o preconceito e eliminar essa do-ença”. O preconceito sofrido por pesso-as acometidas pela doença se configura como uma das barreiras ao tratamento.

Figura 1 - Cartaz produzido pelo Ministério da Saúde do Brasil. Adquirido no Hospital Aquiles Lisboa. São Luís – MA.

Com a linguagem técnica utilizada no cartaz, o objetivo é orientar aos pro-fissionais da saúde sobre diagnóstico, destacando que a hanseníase tem cura, além de alertar esses profissionais sobre qualquer indício da doença.

De acordo com Ferreira (2011, p. 569), panfleto é um “material publici-tário ou de divulgação de determinado tema, produto ou empresa”. Esse docu-mento tem alcance significativo na di-vulgação das informações por conterem elementos curtos e diretos, serem feitos em papel e de fácil manuseio, além de seu baixo custo é muito utilizado para atingir grandes públicos em pouco tem-po. Os panfletos analisados abordam

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principalmente sintomas, tratamento e cura da doença, dando maior foco ao tratamento e à cura.

preservação da saúde individual e coletiva. No contexto escolar, educar para a saúde consiste em dotar crianças e jovens de conhecimentos, atitudes e valores que os ajudem a fazer opções e a tomar decisões adequadas à sua saúde e ao bem-estar físico, social e mental (CORIOLANO--MARINUS et al. 2012, p. 72).

Nas cartilhas analisadas foram iden-tificados aspectos como: forma de con-tágio, sintomas, tratamento e cura. A cartilha produzida pela DAHW (Asso-ciação Alemã de Assistência aos Hanse-nianos e Tuberculosos) aborda também a prevenção quando afirma que “preve-nir ainda é o melhor tratamento” e rei-tera que “a informação ainda é o melhor remédio para esse mal”. O documento orienta ainda que “(...) as pessoas que vivem com você podem ter sido conta-minadas”, por isso, “Procure os postos de saúde para ser examinado”. Essa úl-tima informação alerta para a forma de contágio da hanseníase: contato íntimo e prolongado, ou seja, pessoas que con-vivam com o hanseniano. Assim, indica que não só o paciente, mas seus fami-liares precisam ir a um posto de saúde passar por exames.

Figura 2 - Panfleto produzido pelo Ministério da Saúde. Adquirido no Hospital Aquiles Lisboa, São Luís – MA.

O panfleto acima se referiu à escola como local de informação sobre a do-ença e a reconhece como aliada na luta contra a hanseníase. Quanto ao papel da escola na informação sobre a hanse-níase por meio da Educação em Saúde e possibilidade de detecção de novos casos, Sá-Silva (2004, p. 81) afirma que “Ações educativas em saúde, e em es-pecial na hanseníase, podem ser desen-volvidas nesse espaço. Durante a infân-cia e adolescência, épocas decisivas na construção de condutas, a escola passa a assumir papel destacado devido a sua função social e por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho contínuo e sistematizado”. Assim, por ser a escola uma instituição social que visa formar cidadãos críticos e cons-cientes da própria realidade, devemos considerar que:

A educação em saúde tem como finalidade a

Cartilha produzida pela DAWN. Adquirida no Hospital Aquiles Lisboa. 1957-2007.

Os guias para profissionais da Saúde têm como principal objetivo fornecer aos profissionais envolvidos no pro-cesso da doença, informações seguras, atualizadas, possibilitando o direciona-mento das ações e a qualificação profis-sional. Por se tratarem de documentos direcionados aos profissionais da saúde, percebe-se a ausência de abordagens relacionadas ao aspecto social, como o preconceito. O que se observa é o uso de termos técnicos e orientações regula-mentadoras da prática profissional.

Os Guias de pacientes analisados orientam as pessoas com hanseníase a como proceder no autocuidado. Nor-teiam ações imprescindíveis na preven-ção de incapacidades físicas.

CONCLUSÕES

Assim, compreendemos que a im-portância deste tema se dá no sentido de contribuir para que o aspecto psi-cossocial da hanseníase seja item a ser considerado na elaboração de cartazes, cartilhas, panfletos, guias, e outros do-cumentos de comunicação de massa, pois, através de informações sobre a do-ença, o doente de hanseníase e seus fa-miliares poderão compreender que esta doença não só tem cura como sua pre-venção é possível. Além disso, e prin-cipalmente, a educação em saúde pode promover uma ação solidária e acolhe-dora das pessoas que vivem/viveram a experiência da hanseníase.

Destacamos, ainda, a importância da comunicação em campanhas que alcan-cem a população. Citamos, em especial, a comunicação visual e sua peculiarida-de presente na utilização de elementos visuais, tais como imagens, gráficos, ví-deos ou desenhos para expressar uma ou mais ideias, se apresentando mais eficaz que o uso de texto para veicular uma informação, obtendo, assim, gran-de alcance das informações.

Diante disso, reconhecemos a pre-

venção como um aspecto nobre no con-trole da hanseníase e uma das formas utilizadas é a informação através da co-municação visual.

REFERÊNCIAS

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DUFFY, B. Análise de evidências docu-mentais. In: BELL, J. Projeto de Pesqui-sa: guia para pesquisadores iniciantes em Educação, Saúde e Ciências Sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.

FERREIRA, A. B. H. Médio Dicionário da Língua Portuguesa. 12. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

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MACIEL, L. R.; FERREIRA, I. N. A pre-sença da hanseníase no Brasil – alguns aspectos relevantes nessa trajetória. In: ALVES, E. D.; FERREIRA, T. L.;FERREI-RA, I. N (Orgs.). Hanseníase – avanços e desafios.Brasília – DF: NESPROM– UnB, 2014. 492 p. – (Coleção PROEXT).

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NASCIMENTO, J. D. A perspectiva dos adoecidos: um olhar antropoló-gico para compreender a hanseníase. 2010. 127 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2010.

PIMENTEL, A. O método da análise do-cumental: seu uso numa pesquisa his-tórica. Cadernos de Pesquisa. n.114, p.179-195, nov., 2001.

SÁ-SILVA, J.R.S. Representações so-ciais de professores do ensino fun-damental da rede pública municipal de São Luís – MA sobre a hansenía-se. 2004. 140 p. Dissertação de Mestra-do. São Luís, Maranhão: Universidade Federal do Maranhão, 2004.

SÁ-SILVA, J. R.S; ALMEIDA, C.D.; GUINDANI, J.F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revis-ta Brasileira de História e Ciências Sociais. Ano 1, n.1, jun., 2009.

DIAGNÓSTICO MAMOGRÁFICO NA REGIÃO NORDESTE NO PERÍODO DE 2011 A 2015

Elsom José Gomes SantosMestrando Stricto Sensu em Meio Ambiente pela Universidade Ceuma

E-mail: [email protected] de Sousa Monteles

Mestrando Stricto Sensu em Meio Ambiente pela Universidade CeumaWolia Costa Gomes

Prof.ª Dr.ª da Universidade Ceuma - Eng de Processos UFCG

RESUMO: O câncer de mama é o tipo mais frequente de câncer feminino no Brasil, e, desde 2004, o governo recomenda o exame clínico anual das mamas para mulheres a partir dos 40 anos e rastreio ma-mográfico bienal entre 50 e 69 anos. O referido trabalho tem como objetivo demonstrar o quantitativo de diagnóstico de câncer de mama entre 2011 à 2015 na Região Nordeste na faixa etária de 50 a 69 anos, nos Estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Maranhão. Foram utilizados os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SAI), do SISMAMA. O estado da Bahia, apresentou dentre os seis um quan-titativo maior em caso de exame de mamografia diagnóstica/ano, realizando 4328 exames. Sendo 437 desses exames que representa 10,09% do valor total, houve a necessidade da solicitação de biópsia devido está no BI-RADS 4 e 5 ou 4,5 e 48 casos de BIRAD 5 que caracteriza uma chance de 95% de ser câncer. Logo, percebemos que o estado do Maranhão, Paraíba e Pernambuco em alguns anos não obtiveram todos os registros no sistema SISMAMA, levando a suspeitar que possa ter ausência de informação na plataforma desse indicador e cabe a Vigilância Sanitária vistoriar os serviços de mamografia de controle de qualidade da imagem.

Palavras-chave: Mamografia. Câncer de Mama. INCA. Vigilância Sanitária.

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INTRODUÇÃO

Para o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o mais incidente na popu-lação feminina mundial e brasileira, ex-cetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma.

Esse tipo de câncer é caracterizado como uma neoplasia estima-se que 49 novos casos a cada 100 mil mulheres em 2010. Na região Sudeste, esse é o tipo mais incidente (65/100 mil), seguida das regiões Sul (64/100 mil), Centro Oeste (38/100mil) e Nordeste (30/100 mil). O câncer de mama é também o primeiro em mortalidade em mulheres, com taxa bruta de 11,49 a cada 100 mil, em 2007. No ano de 2013 o Instituto Nacional do Câncer (Inca) registrou-se 14338 mortes tendo 181 homens e 14206 mulheres, no próprio Inca estimasse que em 2016 te-remos 57960 novos diagnósticos.

Percebesse que essa problemática vem se tornado um sério caso de saú-de pública, tornando-se prioridade no Plano de Ações Estratégicas para o En-frentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, lan-çado pelo Ministério da Saúde, em 2011.

O prognóstico do câncer de mama tem sido bastante relevante nos seus diagnósticos iniciais. Estima-se que a sobrevida média geral cumulativa, após cinco anos, seja de 65% nos países de-senvolvidos e de 56% nos países em de-senvolvimento. Na população mundial, a sobrevida média, após cinco anos, é de 61%. No Brasil, essas taxas de mortali-dade continuam elevadas (CURI, 2001).

A mamografia de rastreamento para mulheres de 40 a 79 anos pode reduzir a mortalidade, há um maior impacto en-contrado na faixa etária de 50 a 69 anos, com redução da mortalidade em torno de 25% nessa faixa (NYSTRÖM, 2002).

Para o Ministério da Saúde, os prin-cipais sinais e sintomas de câncer de mama são nódulo na mama e/ou axila,

dor mamária e alterações da pele que recobre a mama, vermelhidão retraída ou parecida com casca de laranja; altera-ções no bico do peito (mamilo); peque-nos nódulos nas axilas ou no pescoço; e saída de líquido anormal das mamas.

Alguns fatores de risco podem con-tribuir para essa neoplasia, entre os quais: idade, duração da atividade ova-riana, hereditariedade, hábitos de vida (tipo de alimentação, consumo de bebi-da alcoólica e de tabaco), medicamentos (anticoncepcionais, repositores hormo-nais), localização geográfica, entre ou-tros (Hunter, 2010).

Para as mulheres na perimenopausa há um fator de risco maior para o carci-noma, podendo ocorrer também nas que se encontram em atividade reprodutiva, (CRIPPA, 2003). Vale ressaltar que os autores chama atenção para carcinoma que se desenvolve em mulheres com 50 anos, apresenta-se com pior diagnósti-co, sendo que na maioria das vezes, o diagnóstico é feito quando a paciente é sintomática e, portanto, já evoluiu para um estágio avançado da doença. Mesmo sendo incomum o carcinoma em mu-lheres jovens antes dos 30, 35, 40 ou 45 anos, constituindo-se 5% a 7% dos casos em algumas séries (HAYES, 2007).

No entanto, os avanços tecnológicos têm sido direcionados para o diagnósti-co precoce e para o tratamento do cân-cer de mama.

O objetivo deste trabalho é demons-trar o quantitativo de diagnóstico de câncer de mama entre 2011 à 2015 na Região Nordeste na faixa etária de 50 a 69 anos, nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Maranhão.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um estudo descritivo com base em dados secundários do Sis-tema de Informações de Saúde, coletan-do dados anuais do SISMAMA que é um subsistema de informação do Sistema

de Informação Ambulatorial (SAI/SUS), instituído pelo Ministério da Saúde para monitoramento das ações de detecção precoce do câncer de mama (portaria n°779/SAS, dezembro de 2008).

O levantamento para verificar o per-centual de mamografia diagnóstica po-sitiva entre 2011 à 2015 nos estados nor-destinos com Bi-Rads 4,5 ou 4 e 5, terá complemento de revisão bibliográfica sobre legislação vigente e normas.

RESULTADOS

A seguir são mostrados o quantita-tivo de diagnóstico mamográfico de 5 (cinco) estados Nordestinos no período de 2011 à 2015 na faixa etária de idade entre os 50 a 69 anos. Para os exames que há incidência de algo o laudo mé-dico irá incluir uma recomendação de conduta, isto é, recomendar o que deve ser feito baseado no resultado encontra-do. Os achados são classificados como Breast Imaging Reporting and Data Sys-tem (BI – RADS). u

Quando o médico atribui BI-RADS I ao exame significa que ele não encon-trou nada.

O BI-RADS II tem significado que foi encontrado algo no exame, com certeza é benigno (portanto não é câncer). Na prática, tem o mesmo valor que o BI--RADS I, pois não traz nenhuma ameaça ao paciente e requer apenas as recomen-dações habituais para saúde mamária.

Para os exames com achados com uma significância com quase certeza será benigno, caracteriza-se BI-RAD III. Para paciente que se enquadram nessa categoria, há recomendação exames pe-riódicos. Estatisticamente esse achado para ser câncer é menor do que 2% (ou seja, mais de 98 pacientes entre 100 que recebem essa classificação não têm cân-cer de mama).

Para a nossa pesquisa utilizamos os BI-RAD IV e V, esse primeiro significa que no diagnóstico foi achado algo no exame e que precisa de uma amostra fí-sica para ser estudada ao microscópio.

Tabela 1 - Percentual de mamografias diagnósticas positivas, no Brasil / Estado com Bi-Rads 4,5 (2011-2015).

Fonte: INCA (2016)

O procedimento de colher essa amos-tra se chama biópsia. Nessa categoria, a chance de que a paciente tenha câncer vai de pouco mais de 2% até 95%. Todos os achados nessa categoria precisam de biópsia.

Para o segundo, significa que ele achou algo muito suspeito no exame, que tem mais de 95% de chance de ser câncer. Nesses casos a biópsia é indis-pensável. Vale ressaltar que há casos de BI-RAD V que não seja câncer, daí a ne-cessidade da biópsia.

No levantamento temporal de 5 (cin-

co) anos entre os 5 (cinco) Estados do Nordeste, usando os indicadores do SAI/SUS podemos perceber que o esta-do da Bahia, apresenta um quantitativo maior em caso de mamografia diagnós-tica anualmente nesse estado durante esses cinco anos foram feitos 4328 exa-mes (Tabela 1), sendo 437 exames com representação de 10,09% com necessi-dade de coleta de material para biópsia, devido estarem classificado no BI-RADS 4 e 5. Ainda podemos perceber que 48 exames feitos com forte suspeita de cân-cer por serem um achado característico do BI-RAD 5.

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Com o segundo número de diagnós-tico por imagem vem o estado de Per-nambuco, tendo realizado 2363 mamo-grafias (Tabela 1). Somando 117 exames (figura 1 e 2) com BI-RADS 4,5. Dentre esses 25 exames equivalentes 4,95% típi-

co suspeito de câncer conforme (Tabela 1).

O terceiro estado com maior núme-ro de exames mamográficos foi o Ceará, com 1933 registros (Tabela 1). No perío-

Figura 1 - Números de mamograficas diagnósticas positivas, na Região Nordeste, com Bi-Rads 4. (2015-2015).

Figura 1 - Números de mamograficas diagnósticas positivas, na Região Nordeste, com Bi-Rads 5. (2015-2015).

Fonte: INCA (2016).

Fonte: INCA (2016).

do de cinco anos, observa-se um quan-titativo de 108 casos (figuras 1 e 2) com a necessidade de biópsia, que represen-tam 5,58 %. A tabela mostram 16 (dezes-seis) exames realizados nesse levanta-mento temporal com pré - diagnóstico de câncer por ser típico de BI-RAD 5.

O estado do Maranhão durante o pe-ríodo temporal foram feitos 441 exames de mamografia (Tabela 1), 7 (sete) desse total se enquadra nos casos de BI-RADS 4,5 ( figuras 1 e 2) em termos percentu-ais de 1,59%.

Já o Piauí apresenta 389 exames de mamografias (Tabela 1), com 14 (qua-torze) diagnóstico, ou seja, 3,59% do to-tal com a necessidade dos pacientes de fazerem biópsia. Dentre esses, 5 (cinco) casos muito suspeito podendo ser cân-cer por ter característica do BI-RAD 5. Correlacionando o número de pacientes diagnosticado para realização de biópsia e aqueles que se enquadram em termos percentuais de risco de câncer do BI--RAD 5 é muito expressivo nos piauien-ses na faixa de 35,7%.

CONCLUSÃO

Após análise dos dados podemos perceber que o estado do Maranhão, Pa-raíba e Pernambuco em alguns anos não obtiveram registro no sistema SISMA-MA, levando a suspeitar que possa ter ausência de informação na plataforma desse indicador.

Esse sistema permite ao gerente dos serviços de radiologia e patologia ava-liar o desempenho dos profissionais, o perfil da população atendida e acompa-nhar outros indicadores por meio dos relatórios gerenciais.

O estudo limitou-se para as mulheres de faixa etária de 50 a 69 anos devido o Ministério da Saúde preconiza, des-de 2004, rastreio bienal de mamografia para mulheres dessa faixa etária, devido se encontrarem dentro de um grupo de risco.

Por análise da tabela 1, percebe-se que o Estado da Bahia por apresentar em todos os anos de estudo valores no seu sistema, percebemos valores signi-ficativo em estudo de malignidade nos exames, tendo 48 casos de BI-RADS 5 que nesse caso é indispensável a bióp-sia que chega um percentual de 95% de chance de ser câncer.

Porém há uma necessidade de con-tinuidade esse trabalho, para investigar como está sendo os Serviços de Vigilân-cia Sanitária nesse estado e principal-mente nos estados que não apresentam dados ou que não aparecem no sistema, no que se refere a região Nordeste.

Cabe investigar como está sendo o cumprimento do Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM) ins-tituído pela Portaria 531 em 26 de março de 2012. Que garante que os prestadores de serviço de mamografia estejam com seus equipamentos dentro de uma con-formidade que repercutirá na otimiza-ção na qualidade da imagem, permitin-do ainda um diagnóstico precoce com maior precisão.

REFERÊNCIAS

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CURI, H. A. L; GOTLIEB, S. L. D; LA-TORRE, M. R. D. O. Evolução da mor-talidade por neoplasias malignas no Rio Grande do Sul, 1979-1995. Rev Bras Epidemiol 2001; 4:169-77

HAYES, D. F. Clinical practice. Follow--up of patients with early breast cancer. New Engl J Med.2007; 356(24): 2505-13.

HUNTER, D. J; COLDITZ, G. A; HANKINSON, S. E; MALSPEIS, S; SPIE-GELMAN, D; CHEN, W. et al. Oral con-traceptive use and breast cancer: a pros-

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São Luís • MA • Volume 1 • 2016

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INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_progra-mas/site/home/nobrasil/programa_con-trole_ca. Acesso em 09 out. 2016.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/au-delegis/gm/2012/prt0531_26_03_2012.html . Acesso em 08 out. 2016.

MINISTÉRO DA SAÚDE. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-delegis/sas/2008/prt0779_31_12_2008.html. Acesso em 10 de out.2016.

NYSTRÖM, L; ANDERSSON, I; BJURS-TAM, N; FRISELL, J; NORDENSKJOLD, B; RUTQVIST, L. E. Longterm effects of mammography screening: updated overview of the Swedish randomized trials. Lancet 2002; 359:909- 19

DIVERSIDADE GENÉTICA EM CINCO LOCI DO GENE APOBEC3G EM BRASILEIROS COM HIV-1

Marta Barreiros Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

E-mail: [email protected]Élcio Leal

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Instituto de Ciências Biológicas, UFPAFabiola Villanova

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Instituto de Ciências Biológicas, UFPALuiz Mário Janini

Programa Pós-Graduado em Imunobiologia e Parasitologia Microbiologia Departamento de Imunobiologia e Parasitologia Microbiologia

Universidade Federal de São PauloRicardo Sobhie Diaz

Programa Pós-Graduado em Imunobiologia e Parasitologia Microbiologia Departamento de Imunobiologia e Parasitologia Microbiologia

Universidade Federal de São PauloNilviane Pires Sousa

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Centro de Ciências Biológicas e Saúde, UFMA

Allan Kardec Duailibe BarrosPrograma de Pós-Graduação em Biotecnologia, Centro de Ciências Biológicas e Saúde UFMA

Departamento de Engenharia Elétrica Laboratório de Processamento da Informação Biológica (PIB)

RESUMO: A APOBEC3G (A3G) é uma proteína humana antiviral que causa desaminação das citidinas (C→U) na cadeia negativa do HIV-1 durante a transcrição reversa, induzindo substituições de guano-sinas para adenosina (G→A) na cadeia positiva do DNA viral, ocasionando o aparecimento de códons de terminação e desequilibrando a fase de leitura dos genes virais. Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) já foram observados ao longo do gene A3G humano, mas o efeito sobre progressão para AIDS em HIV-1 positivos não é completamente claro. Este estudo tem por objetivo avaliar associações de SNPs com o quadro clínico dos indivíduos. Foram analisados cinco loci da A3G (-571F, -90F, 119F, 197F e 199376F) de 258 pacientes soropositivos virgens de drogas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Éti-ca da Universidade Federal de São Paulo. As análises exibiram seis novos SNPs não descritos no dbSNP e mais outros seis já identificados na literatura (rs5750743, rs5757465, rs6001417, rs3736685, rs8177832, rs5757463), porém nenhum dos achados obtiveram qualquer associação significativa entre polimorfis-mos e os níveis de linfócitos T CD4+ com coeficientes de significância de 5% entre SNPs da A3G e células T CD4+, o menor valor de p surgiu no sítio 39076560 (SNP rs5757463) da A3G (NC_000022.11) com poli-morfismo heterozigoto (G/C ± 0.065) e homozigoto (C/C ± 0.530). Os SNPs encontrados não mostraram associação com estados clínicos de paciente com HIV-1 virgens de drogas.

Palavras-chave: HIV-1. APOBEC3G. Diversidade Genética.

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INTRODUÇÃO

A APOBEC3G (A3G) é uma proteína humana antiviral que causa desamina-ção das citidinas (C→U) na cadeia ne-gativa do HIV-1 durante a transcrição reversa, induzindo substituições de guanosinas para adenosina (G→A) na cadeia positiva do DNA viral, ocasio-nando o aparecimento de códons de ter-minação e desequilibrando a fase de lei-tura dos genes virais. Este mecanismo é conhecido como hipermutação e induz o aparecimento de códons de termina-ção, causando a perda de fase de leitura e implicando na integridade de genes e tradução de proteínas virais. O HIV-1 interfere na atividade de A3G através da atividade da proteína Vif (fator de infec-ção viral), que é uma proteína acessória do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) essencial para a infecção em cé-lulas como os linfócitos T e macrófagos, desempenhando diferentes funções no ciclo de vida do HIV; no entanto, o me-canismo de ação molecular mais abor-dado refere-se ao bloqueio das proteínas citidina desaminases APOBECs através do recrutamento do complexo E3 ubi-quitina ligase composto pelas proteí-nas celulares Elonguina B e C (EloBC), Nedd8, Culina-5 (Cul5) e RING-box 2 (Rbx2), este complexo, por sua vez, leva à poliubiquitinação das APOBEC3 e consequente degradação médiada pelo proteossoma 26S, um complexo celu-lar (MARIN et al., 2003; SHEEHY et al., 2003; YU et al, 2003; BIZINOTO et. al., 2013). Polimorfismos de Nucleotí-deo Único (SNPs) já foram observados ao longo do gene A3G humano, mas o efeito sobre progressão para AIDS em HIV-1 positivos não é completamente claro. A ocorrência destes SNPs na po-pulação sugere níveis variáveis de ativi-dade anti-viral dos genes da APOBEC3. Estudos sugere que a substituição de H186R de A3G em indivíduos afro-ame-ricanos está associada com a aceleração

da AIDS (AN et al., 2004). Outros, no en-tanto, indicam não haver associação en-tre a substituição H186R e a progressão para a AIDS (DO et al., 2005). A capaci-dade de controlar a infecção pelo HIV é altamente variável entre os indivíduos (FELLAY et al., 2009). Por isso, os estu-dos de base populacional podem pro-porcionar resultados conflitantes sobre o efeito global de interações A3G-Vif. O presente trabalho estudou cinco regiões do gene da A3G (-571F, -90F, 119F, 197F e 199376F) em 258 indivíduos infectados pelo HIV-1 virgens de drogas, com a fi-nalidade de correlacionar a variabilida-de da A3G com parâmetros clínicos dos pacientes (carga viral e níveis de linfó-citos T CD4+).

MATERIAL E MÉTODOS

Indivíduos infectados com HIV-1:

O DNA proviral foi extraído a par-tir do sangue obtido de 258 pacientes soropositivos virgens de tratamento, maiores de 18 anos e inscritos no pro-grama de Aids do Ministério da Saúde. E colhido do prontuário de cada paciente os dados adicionais como: carga viral, contagem de linfócitos T CD4+ (nº de células/mm3). As contagens de CD4 (cé-lulas/mm3) variaram de 20 a 5362 e o vírus carregado variou 80 para 7,8 x 107. Indivíduos HIV-1 infectados foram da cidade de São Paulo entre os anos 1989 e 2006. O estudo foi aprovado pelo Co-mitê de Ética da Federal Universidade de São Paulo, e as amostras biológicas foram obtidas em plena conformidade com o consentimento informado assi-nado formas.

Polimorfismos A3G:

O processo de extração e sequen-ciamento foi gerado por Bizinoto et. al., (2010). O sequenciamento de DNA realizado detectou cinco regiões com SNPs: duas região promotora putati-va, 90 e 571; uma região exônica, 119;

e duas região intrônica, 197 e 199376. Para execução das reações seguiu-se as especificações do kit Big-Dye® Termi-nator v3.1 Cycle Sequencing (Applied Biosystems, EUA). Os SNPs para estes loci do gene da A3G já haviam sido in-vestigados e descritos na literatura, po-rém apresentaram dúvidas em relação à associação de níveis de linfócitos T CD4+ com a progressão para AIDS (AN et al., 2004; DO et al., 2005; VALCKE et al., 2006; PACE et al., 2006; RATHORE et al., 2008; REDDY et al., 2010). O alelo de frequências das amostras de DNA reu-nidas foram determinados pela croma-tografia a altura do pico relativa e foram comparados às frequências alélicas para a sequência de referência (NT_011520) do banco de genomas NCBI (National Center for Biotechnology Information).

Análise estatística:

O test t-student foi utilizado para fa-zer as associações dos grupos de poli-morfismos e sem polimorfismos do gene A3G considerando nível de significân-cia<=0,05 para ocorrer uma associação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A distribuição das variantes de APOBEC3G está listada na Tabela 1. Distintos Polimorfismos de Nucleotí-deo Único (SNP) foram identificados em diferentes loci do gene, destes 12 poli-morfismos, 6 já foram analisados em es-tudos anteriores e estavam registrados no dbSNP. Os SNPs estão localizados da seguinte maneia: seis na região promo-tora putativa, 90 (1 SNP) e 571 (5 SNPs); um na região exônica, 119; e cinco na região intrônica, 197 (4 SNPs) e 199376 (1 SNP). Em todos os loci da A3G a maior quantidade de SNPs foi encontra-da nos loci 119F (~51,70%), 197F (~45%) e 90F (~41,22%), e a menor quantidade de sequências com SNPs foram nos loci 199376F (~0,60) e 571F (~17,35). Além disso, os loci 197F e 571F apresentaram entre quatro a cinco sítios com polimor-

fismos nas sequências analisadas, com exceções dos loci 90F, 119F e 199376F que apresentaram apenas um sítio com polimorfismo.

No entanto, estudos já mostraram que alguns SNPs estavam associados a níveis baixo de células T CD4+ (AN et. al., 2004), porém, neste estudo as varia-ções genéticas no gene A3G e suscep-tibilidade à progressão da doença não esteve correlacionada. Destes polimor-fismos analisados, 6 SNPs já haviam sido identificados em estudos anterio-res (rs5750743, rs5757465, rs6001417, rs3736685, rs8177832, rs5757463) (DO et al., 2005; BIZINOTO et al., 2010), e mais seis novos SNPs foram encontra-dos (não descritos no dbSNP) (tabela 1), porém não conseguiram obter qualquer associação significativa entre polimor-fismos e progressão da AIDS. Apesar de não haver associações com estes SNPs encontrados, o polimorfismo rs8177832 (H186R) já foi fortemente associado a um declínio em células T CD4+ e pro-gressão da doença em afro-americanos, mas não em Americanos e Europeus Caucasianos (AN et al., 2004; REDDY et al., 2010). Porém, o polimorfismo rs5757465 (variante F119F) apresentou uma distribuição global alélica seme-lhante observada em outras populações, neste estudo apresentou total de 51,59% da variante F119F em indivíduos infec-tados, sendo 41,53% em indivíduos hete-rozigotos (C/T) e 10,16% em indivíduos homozigotos (CC) (n=118), sendo que em outro estudo com 138 indivíduos Caucasianos foi observada uma frequ-ência alélica de 39,9% de paciente com SNP F119F (VALCKE et al., 2006). 

CONCLUSÃO

Apesar de os polimorfismos no gene da A3G poderem comprometer o desen-volvimento para a AIDS, nossos resul-tados não mostraram associações signi-ficativas e assim a variação observada nos 12 SNPs dos loci da A3G, não tive-

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Tabela 1 - Frequências genotípicas em sítios com polimorfismos dos loci da A3G.

ram relação com os níveis de linfócitos T CD4+ e nem com os valores de carga viral.

AGRADECIMENTOS

Nós gostaríamos de expressar a nossa sincera gratidão a todos os pacientes que contribuíram para este estudo. Ao programa de Aids da Saúde Ministério para forne-cer acesso a informações e amostras de sangue de pacientes. Este trabalho foi finan-ciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Funda-

ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; conceder n ° 06 / 50109-5.).

REFERÊNCIAS

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EFEITO DA IRRIGAÇÃO SUBGENGIVAL COM SERINGA E ULTRASSÔNICA PASSIVA NOS NÍVEIS DE IL-1β, IL-6 e TNF-α NA PERIODONTITE EXPERIMENTAL EM RATOS

Monique Maria Melo Mouchrek Pós-graduação em Odontologia - UFMA

E-mail: [email protected] Cláudio Vanucci Silva de Freitas

Pós-graduação em Odontologia - UFMA E-mail: [email protected]

Andréa Lúcia Almeida de Carvalho Pós-graduação em Odontologia - UFMA

E-mail: [email protected] Amorim Silva

Pós-graduação em Patologia - UFMA E-mail: [email protected]

Vanessa Camila da SilvaPós-graduação em Odontologia - UFMA

E-mail: [email protected]

RESUMO: A persistência de sítios com doença periodontal após raspagem e alisamento radicular de-sencadeou a realização de estudos buscando um tratamento complementar. Considerando a eficácia da irrigação ultrassônica na endodontia, buscou-se adaptar essa técnica na periodontia. O objetivo deste estudo foi avaliar se a irrigação subgengival com seringa (IS) e/ou a irrigação subgengival ultrassônica passiva (ISUP) com soro fisiológico (SF), hipoclorito de sódio (HS) e extrato de própolis (PRO) influencia na concentração de Il-1β, IL-6 e TNF-α em periodontite experimental induzida em ratos. A periodontite foi induzida com ligadura nos primeiros molares inferiores de 35 ratos Wistar. Após 14 dias, as liga-duras foram removidas, e os animais submetidos à raspagem, seguido por IS no lado esquerdo e ISUP no direito, com SF 0,9%, HS 0,1% e PRO 11%. Os animais foram sacrificados 2 dias após e submetidos a análise ELISA para avaliação dos níveis das citocinas IL-1β, IL-6 e TNF-α. A IL-1β aumentou de forma estatisticamente significante no grupo raspagem (p=0,015) e reduziu no grupo de IS com HS (p=0,016). A IL-6 reduziu nos grupos de IS com SF, HS e PRO em relação ao grupo raspagem (p=0,007) e aumentou de forma estatisticamente significante no grupo ISUP em relação à IS (p=0,033). O TNF-α e as soluções não apresentaram diferença entre os grupos. As técnicas de irrigação com seringa associadas à raspagem reduziram a concentração das citocinas quando comparadas ao tratamento de raspagem.

Palavras-chave: Irrigação Terapêutica. Doenças Periodontais. Terapia por Ultrassom. Modelos Ani-mais de Doenças.

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INTRODUÇÃO

A resposta inflamatória e imunológi-ca do hospedeiro envolve a participação de diversos tipos celulares, residentes e migrantes, os quais produzem grande quantidade de mediadores, como as en-zimas e citocinas (Lima & Lara, 2013). No processo da doença periodontal des-tacam-se as citocinas do tipo interleu-cina 1β (IL-1β), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) (Gupta, 2012). O tratamento não cirúr-gico da doença periodontal inclui a re-moção mecânica de fatores retentivos de biofilme supra e subgengival utili-zando instrumentos manuais ou ultras-sônicos (Offenbacher et al., 2009). No entanto, a terapia mecânica de raspa-gem e alisamento radicular (RAR) pode não eliminar as bactérias patogênicas que estão alojadas no tecido mole ou em áreas inacessíveis para os instrumentos periodontais, como áreas de bifurcação e concavidades radiculares (Fernandes et al., 2010). O uso clínico de antibióti-cos e outros agentes antimicrobianos na irrigação subgengival com seringa (IS), como coadjuvantes para o tratamento da periodontite, tem sido investigado (Al-Saeed & Babay, 2009) e algumas des-vantagens, como ser rapidamente elimi-nado quando usado subgengivalmente têm sido encontradas. Dessa forma, não há evidência suficiente para indicar que a irrigação subgengival deve ser usada como um procedimento complementar para aumentar os efeitos da RAR (Gre-enstein & Research, 2005).

Na endodontia, a irrigação é parte es-sencial do tratamento (Gu et al., 2009). Dois tipos de irrigação ultrassônica são descritos na literatura: um onde a irri-gação é combinada com instrumentação ultrassônica simultânea, e outro sem instrumentação simultânea, chamada de Irrigação Ultrassônica Passiva (IUP) (Van der Sluis et al., 2007). Dados de estudos in vitro mostraram que a IUP

resultou em maior redução do número de bactérias (Spoleti etal., 2007; Huque et al., 1998) e maior remoção de detri-tos de canais achatados do que a técnica manual (Ribeiro et al., 2012). Caver et al., (2007) em estudo in vivo encontrou que o acréscimo da irrigação ultrassô-nica após a instrumentação manual ou rotatória reduziu de forma significante as unidades formadoras de colônia nos canais de molares. Essa redução pode ser explicada devido ao fenômeno de cavitação acústica produzida pela onda ultrassônica que desaglomera o biofilme bacteriano tornando a bactéria indivi-dualizada mais sucetível e causa um en-fraquecimento temporário da membra-na celular tornando-a mais permeável à ação do hipoclorito de sódio (NaOCl). A efetividade então resulta da alta potên-cia do ultrassom em combinação com a atividade biocida do NaOCl.

Na periodontia, estudos têm aponta-do para aplicação do NaOCl como irri-gante subgengival (Vieira et al., 1982). O extrato de própolis também tem mos-trado resultado promissor quando utili-zada coadjuvante na RAR (Sanghani et al., 2014). Dessa forma, o objetivo des-te estudo é avaliar se a IS e/ou a ISUP com soro fisiológico 0,9%, NaOCl 0,1% e própolis 11% influencia na concentração dos mediadores inflamatórios Il-1β, IL-6 e TNF-α em periodontite experimental induzida em ratos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um estudo contro-lado, randomizado e cego, utilizando-se um modelo de boca dividida. Um total de 35 ratos Wistar (machos, 200g de peso) foram aleatoriamente distribuídos entre os grupos abaixo. As hemi-mandí-bulas nas quais se realizou cada proce-dimento foram escolhidas por sorteio.

• Grupo Controle (CO) – 7 ani-mais: ligadura no primeiro mo-lar inferior direito por 14 dias.

O lado esquerdo foi usado como controle negativo.

• Grupo Raspagem (RA) – 7 ani-mais: ligadura no primeiro mo-lar inferior direito e esquerdo por 14 dias. Remoção da ligadura no 14º dia nos dois lados, seguida de raspagem apenas do lado direito.

• Grupo Soro Fisiológico (SF) – 7 animais: ligadura nos primeiros molares inferiores direito e es-querdo por 14 dias. Remoção das ligaduras no 14º dia, seguida de raspagem em ambos os lados; IS com solução salina a 0,9% no lado esquerdo; e ISUP, com a mesma solução, no lado direito.

• Grupo Hipoclorito de Sódio (HS) – 7 animais: mesmos pro-cedimentos do grupo anterior, utilizando solução de hipoclorito de sódio a 0,1%.

• Grupo Própolis (PRO) – 7 ani-mais: mesmos procedimentos do grupo anterior, utilizando solu-ção de extrato de própolis a 11% (Propomax, Apis Flora, Brasil).

A DP foi induzida pelo acúmulo de biofilme bacteriano através da técnica da ligadura (Lima et al., 2008) nos pri-meiros molares inferiores. A ligadura permaneceu por 14 dias nos diferentes grupos. Após a remoção da ligadura, os animais do grupo RA foram submeti-dos a raspagem e alisamento radicular com cureta manual Gracey Mini-Five 5/6 (Hu-Friedy, Estados Unidos) estéril e previamente afiada, através de movi-mentos de tração no sentido disto-me-sial nas faces vestibular e lingual (Gar-cia et al., 2011), repetidos por 5 vezes. Os animais dos grupos SF, HS e PRO foram submetidos a raspagem, seguidos de IS no lado esquerdo e ISUP no lado direito, com a respectiva solução. A IS foi realizada utilizando-se seringa com ponta gauge 30 (Ultradent, Estados Uni-dos), em 6 sítios diferentes (vestibular,

mesio-vestibular, disto-vestibular, lin-gual, mesio-lingual e disto-lingual), com 0,1 mL da solução irrigante, por 3 vezes em cada sítio.

A técnica da ISUP foi desenvolvida com base na técnica da IUP para canais radiculares (Weller et al., 1980) e adap-tada para uso em bolsas periodontais. Em cada um dos 6 sítios descritos ante-riomente, a bolsa periodontal foi preen-chida com 0,1 mL da solução irrigante; uma ponta ultrassônica não cortante (Irrisafe, Satelec, França.) de 0,15 mm de diâmetro e comprimento da ponta ativa adaptado em 5 mm foi introduzi-da até a porção mais apical da bolsa e ativada por 2 segundos em baixa frequ-ência (30 MHz). Esse procedimento foi repetido por 3 vezes em cada sítio, com renovação do irrigante a cada repetição. Os animais do grupo CO foram sacrifi-cados após a remoção das ligaduras e os dos demais grupos 2 dias após a terapia periodontal (Gorska et al., 2003), através de superdose anestésica. As amostra de gengiva foram armazenadas em solução RPMI, condicionada a 7ºC por 48 horas, sendo em seguida armazenada a -10ºC (Moore et al., 1976). As amostram segui-ram para análise e quantificação de ci-tocinas utilizando a técnica ELISA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O grupo RA mostrou um aumento estatisticamente significante da citocina IL-6 quando comparado ao grupo que teve a indução da DP mas não foi reali-zado a raspagem. A IL-1β aumentou de forma estatisticamente significante no grupo raspagem em relação ao controle e reduziu no grupo de IS com HS em re-lação ao grupo raspagem. A IL-6 reduziu nos grupos de IS com SF, HS e PRO em relação ao grupo raspagem e aumentou de forma estatisticamente significante no grupo ISUP em relação à IS. A TN-F-α não apresentou diferença estatísti-ca entre os grupos. Não foi observado diferença estatisticamente significante

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entre as soluções utilizadas (p>0,05).

O grupo RA aumentou de forma es-tatisticamente significante a IL-1β em relação ao grupo CO e também mostrou um aumento estatisticamente signifi-cante da citocina IL-6 quando compara-do ao grupo com doença e sem raspa-gem. Estudos relatam uma exacerbação da inflamação após a raspagem e alisa-mento radicular, só observando redução inflamatória 10 dias após o tratamento (Lopez et al., 1977). Echeverria et al., (1983) observaram um aumento estatis-ticamente significante na profundidade de sondagem imediatamente após ras-pagem e alisamento radicular havendo redução desta quatro semanas após o tratamento. O aumento da concentra-ção de IL-6 após a raspagem também foi observada em alguns estudos. Olivei-ra et al., (2012) encontraram aumento no nível da IL-6 nas amostra de fluido gengival seis meses após a terapia pe-riodontal. Ide et al., (2004) examinaram amostras de sangue 30, 60 e 120 minutos após o tratamento da doença periodon-tal com instrumentos manuais e ultras-sônicos para raspagem e encontraram um aumento estatisticamente signifi-cante do nível de IL-6 nos 60 minutos após o início do tratamento e maior au-mento ainda após 120 minutos. Guillot et al., (1995) relataram que a IL-6 no fluido gengival foi significativamente maior em locais que responderam à te-rapia do que em sítios que não respon-deram. Estudos na busca de examinar as concentrações e quantidades totais de citocinas pró-inflamatórias mostraram que a concentração de IL-1β aumentou gradualmente, após a terapia periodon-tal e significantemente após 6 sema-nas.5 Da mesma forma que amostras de sangue antes, 1, 7 e 30 dias após a tera-pia periodontal mostraram um aumento significativo nas concentrações séricas de TNF-α após 24 horas e um aumen-to, embora não significativo, da IL-1β, havendo normalização dessas citocinas

uma semana e um mês após a terapia (D’Aiuto et al., 2007).

Os grupos com IS independente da solução irrigante utilizada mostraram uma redução significativa da concen-tração da citocina IL-6 quando compa-rados ao grupo RA e grupo IS com HS reduziu de forma estatisticamente sig-nificante a concentração de IL-1β em relação ao grupo RA, indicando que as-sociar a raspagem com a IS resulta em menor concentração dessas citocinas inflamatórias. No entanto, os grupos com IS não foram estatisticamente dife-rentes do grupo controle. A comparação entre as técnicas IS e ISUP mostrou uma diferença estatisticamente significante na citocina IL-6, onde o grupo com IS apresentou menor concentração dessa citocina. Mesmo sem diferença estatis-ticamente significante, os grupos com ISUP apresentaram uma tendência de menor concentração de citocina IL-6 que o grupo controle.

Apesar deste modelo atual forne-cer uma resposta tecidual similar ao ser humano, deve-se salientar que es-tes resultados são limitados ao modelo animal e não devem ser extrapolados diretamente a uma situação clínica. Os animais do grupo CO foram sacrifica-dos imediatamente após a remoção da ligadura e não houve comparação entre as técnicas de irrigação avaliadas e a ci-catrização espontânea, o que pode ser considerada uma limitação do estudo. A ISUP apresenta um caráter inovador na periodontia e mais pesquisas são neces-sárias para elucidar seu mecanismo de ação, vantagens e desvantagens no pro-cesso de cicatrização periodontal e esta-belecer protocolos para uso em estudos clínicos randomizados. Dentro das limi-tações do estudo, as técnicas de irriga-ção apresentadas tenderam a reduzir as citocinas avaliadas.

CONCLUSÕES

As técnicas de irrigação subgengi-val com seringa associadas à raspagem apresentaram uma redução da concen-tração de IL-1β, IL-6 e TNF-α quando comparadas ao tratamento somente de raspagem e não houve diferença estatis-ticamente significante entre as soluções utilizadas.

REFERÊNCIAS

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FORMAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Neurineia Margarida Alves de Oliveira GaldezPrograma de Pós-Gradução em Odontologia, UFMA

E-mail: [email protected] Vanessa Camila da Silva

Departamento de Odontologia II, UFMA E-mail: [email protected],br

Janaína de Fátima dos Santos de Freitas Anceles Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, UFMA

Ana Catarina MirandaPrograma de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação, UFMA

E-mail: [email protected]éa Lúcia Almeida de Carvalho

Departamento de Odontologia I, UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: Avaliou-se o processo de formação de estudantes da área da saúde sobre a interface saúde e ambiente. Os dados foram coletados por meio de questionário validado e pesquisa documental junto a estudantes e coordenadores nos cursos de odontologia, medicina, enfermagem, educação física, nutrição e farmácia de uma instituição pública de ensino superior. Os resultados evidenciam que os estudantes não receberam formação ambiental e as grades curriculares de todos os cursos não contemplavam a Educação Ambiental. Considera-se a necessidade de incluir a interface saúde e ambiente nos processos pedagógicos de modo a preparar os futuros profissionais para o enfrentamento desta problemática.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Saúde Ambiental. Meio Ambiente. Educação Superior.

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INTRODUÇÃO

Um desafio sócio ambientais da atu-alidade é a responsabilização das en-tidades profissionais pelos danos am-bientais por elas causados, por forma a minimizar riscos ao meio-ambiente e à saúde da população (CORRÊA, 2005. p. 572).

As profissões na área da saúde rece-bem destaque, pois as suas atividades geram resíduos importantes, potencial-mente muito nocivos ao meio-ambiente (TAUCHEN; BRANDLI. 2006).Por exem-plo, estima-se que alguns dos impactos ambientais anuais da odontologia, nos Estados Unidos se traduzam em: 680 milhões de barreiras de plástico descar-tável; 1,7 bilhão de pacotes de esterili-zação; 28 milhões de litros de fixador; 4.800.000 folhas de chumbo; 3,7 tonela-das de resíduos de amálgama; 9 bilhões de galões de água (sistemas de vácuo de água) ou 360 litros de água/dia/consul-tório (Hiltz 2007). Assim, uma correta gestão dos Resíduos de Serviços de Saú-de (RSS) representa um grande desafio para a conservação do meio ambiente (CORRÊA 2005).

Para alcançar práticas profissionais ambientalmente sustentáveis na área da saúde, a Educação Ambiental deve ser feita transversalmente não só ao públi-co em geral, fazendo com que estejam cientes e tentem minimizar os proble-mas ambientais no seu quotidiano, mas também a nível dos cursos superiores de saúde, visando ampliar o conhecimen-tos dos futuros profissionais de saúde em práticas profissionais sustentáveis, e sensibilizando-os das consequências da sua atuação profissional para o meio ambiente (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 2012).

A par com a necessidade de uma maior fiscalização, falhas na abordagem dos RSS no processo de formação dos futuros profissionais de saúde podem ser um dos principais fatores por trás

do pouco engajamento dos profissionais de saúde em práticas que visem reverter ou evitar o processo de degradação am-biental (CAMPONOGARA et al., 2008). Deste modo, é da maior relevância a for-mação dos profissionais da saúde para que sejam atingidas práticas ambiental-mente sustentáveis nas áreas da saúde (CORRÊA, 2005).

Com este estudo pretendemos ava-liar a capacitação dos estudantes da área da Saúde de uma instituição de ensino superior quanto à sua Formação Am-biental. Com isso, buscamos também demonstrar a necessidade da Formação Ambiental para os profissionais da Saú-de.

MATERIAL E MÉTODOS

Objeto e local de estudo

O estudo foi realizado de novembro de 2012 a janeiro de 2013 no nordeste do Brasil, na Universidade Federal do Maranhão, numa amostra de 297 alunos frequentando o último ano teórico de cursos do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS).

Questionário

Um Questionário de Formação Am-biental (QFA), desenvolvido por García (2001) e validado por Borges et al (2011) foi aplicado no contexto da sala de aula. Este compreende as seguintes áreas: a) temas sobre formação ambiental, rece-bidos em disciplinas na universidade; b) presença de trabalhos, exames, debates e práticas relacionadas ao meio ambien-te, no curso de graduação; c) capacida-des adquiridas por uma possível forma-ção ambiental recebida na graduação; d) indicação do grau de formação am-biental recebido da universidade; e) in-dicação do peso atribuído, na formação universitária, para outras dimensões do conhecimento em relação às questões ambientais. O questionário, solicitava

que os estudantes manifestassem o seu grau de concordância ou discordância numa escala intervalar para respostas psicométricas subdividida nas opções de resposta (1) total discordância); (2) discorda; (3) indeciso); (4) de acordo; e (5) totalmente de acordo (LIKERT 1932).

Análise Estatística

Para os processamentos estatísticos utilizou-se o software R 2.5.1 (R CORE TEAM, 2013), adotando um nível de sig-nificância de p<0,05

A fiabilidade foi avaliada através de medidas de medidas de estatística des-critiva que consistiram em médias, me-dianas e desvio-padrão.

A confiabilidade foi avaliada através do Teste de Cronbach, que analisou a consistência interna do questionário através de uma medida de confiabili-dade que vai de 0 a 1. Por convenção, quando esta medida é igual ou superior a 0,60, a escala de medida é considerada aceitável. Adicionalmente, realizou-se o teste de Bartlett para selecionar os fato-res para a análise fatorial e determinar a variação total dos escores.

Para identificar se ocorreram dife-renças significativas na Formação Am-biental dos universitários utilizou-se um modelo linear generalizado consi-derando uma distribuição de Poisson. A comparação entre as médias foi obtida utilizando contrastes de Tukey para mo-delos lineares generalizados.

Uma Análise Fatorial com rotação Varimax foi realizada com o propósito de agrupar as variáveis (questões) em fatores, de acordo com sua estrutura de correlação e tornar os dados observados mais facilmente interpretados. Assim, foi possível definir o relacionamento entre as variáveis, de modo simples, usando um número de fatores menor que o número original de variáveis. O produto final da análise, foram as cargas fatoriais, uma medida indireta do nível

de importância de uma variável inde-pendente.

Ética

A pesquisa foi aprovada pelo Comi-tê de Ética em Pesquisa da Universida-de Federal do Maranhão (UFMA) sob o protocolo 23115-015063/2011- 30.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do total da amostra inicial (297 alu-nos), obteve-se um total de 269 questio-nários válidos, sendo 32 de alunos do curso de Educação Física, 50 de alunos de Enfermagem, 42 de alunos Farmácia, 61 de alunos de Medicina, 43 de alunos de Nutrição e 41 de alunos de Odonto-logia. A idade dos participantes variou entre 19 a 32 anos com uma média de 23 anos e desvio-padrão 2,16. 62,5% dos participantes eram do gênero feminino e 37,5% do gênero masculino.

A média (2,29) e a mediana (2,00) das respostas revelaram que na escala de avaliação de 39 itens com opções de resposta de 1 a 5, o valor mais frequente foi próximo a 2, com desvio padrão 1,12.

No que diz respeito à consistência interna, o questionário revelou um coe-ficiente alfa de Cronbach de 0,9233. Fo-ram selecionados oito fatores pelo teste de Bartlett, os quais foram responsáveis por 60,7% da variação total dos escores. O teste de Bartlett apresentou valor de p=0,0001.

Na análise factorial, utilizando o cri-tério para a retenção dos fatores com valores mínimos de 0,40, verificou-se existir identidade conceitual (BORGES, 2011). A variância explicada de 60,7% indica o impacto das correlações entre grupos de variáveis. A variância expli-cada foi maior no Fator 1, representado por 14 perguntas e no Fator 2, explica-do por 6 perguntas. O valor 60,7% é a soma do impacto dos 8 fatores e indica a validade do questionário. O número de fatores obtido sugere que existem oito

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grupos de correlações entre as variáveis.

A análise fatorial determinou a carga fatorial (µ) de cada questão e definiu-se conforme a Tabela 1. As questões 3 e 15 não entraram em nenhum grupo, o que nos levou a considerar que as mesmas não estão relacionadas com as demais questões.

O fator 1 faz referência à relação en-tre as dimensões do conhecimento e a perspectiva de estudos relacionados ao meio ambiente. O fator 2 faz referên-

cia à possível contribuição do conheci-mento sobre legislação e dimensão so-cial abordada. O fator 3 faz referência à relação entre as dimensões Química, Física e Sanitária como inter-relaciona-das com as perspectivas ambientais. O fator 4 faz referência às possíveis solu-ções dos problemas ambientais. O fator 5 faz referência à profundidade com o qual o conteúdo é abordado. O fator 6 faz referência à exposição do conteúdo de meio ambiente, abordado em sala de aula. O fator 7 faz referência à contribui-

Tabela 1 - Resultados da análise fatorial do Questionário. Tabela retirada de Freitas-Anceles et al., 2016.

ção profissional que o conteúdo em aula fornece ao aluno. Finalmente, o fator 8 faz referência à disciplina de biologia na inter-relação com o meio ambiente.

Somente as variáveis 8 e 13 obtive-ram respostas significativamente dife-rentes, respetivamente para os cursos de Nutrição e Odontologia e para o cur-so de Educação Física.

CONCLUSÃO

O presente estudo evidencia uma fa-lha na inclusão de formação ou educa-ção ambiental nas grades curriculares. Estas temáticas são essenciais na pre-paração e sensibilização de futuros pro-fissionais para uma prática profissional mais sustentável em termos ambientais. Embora este estudo tenha focado ape-nas uma universidade, cremos que os re-sultados espelham a realidade geral das Universidades brasileiras. Deste modo, recomendamos fortemente que discipli-nas de formação e educação ambiental sejam incluídas nas grades curriculares de cursos na área da saúde.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos pelo fomento financei-ro vindo advindo da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Maranhão - Fapema e ao Programa de P´0s-graduação em Saúde e Ambiente – PPGSA da Univer-sidade Federal do Maranhão.

REFERÊNCIAS

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superior: modelo para implantação em campus universitário. Gestão e Produção, São Paulo, v.13, n.3, p. 503-515, 2006. IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

DE Jacaranda decurrens cham*

Aliny Oliveira RochaGraduação em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] Santos Silva de Mesquita

Graduação em Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

Valéira de Jesus Menezes de Menezes Graduação em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] Soares Cunha

Graduação em Farmácia - UFMA E-mail: [email protected] Cristina Aranha Batista

Graduação em Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

Richard Pereira Dutra Graduação em Licnciatura em Química - UEMA

E-mail: [email protected] Nilce Sousa Ribeiro

Graduação em Farmácia - UFMAE-mail: [email protected]

Flávia Maria Mendonça do AmaralGraduação em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela CAPES

RESUMO: Jacaranda decurrens Cham., é uma planta endêmica do Cerrado, conhecida popularmente como carobinha. Estudos biológicos comprovaram atividade giardicida, bactericida e larvicida e os quí-micos indicaram a presença de compostos fenólicos, triterpenos e iridoides glicosilados. Este trabalho teve como objetivo identificar os constituintes químicos de Jacaranda decurrens, como parâmetro de certificação de qualidade. As folhas da espécie foram coletadas no município de São Raimundo das Mangabeiras, estado do Maranhão, Brasil. Determinou-se os teores de polifenois e os teores flavonoides totais do extrato e frações.. Os perfis dos extrativos foram obtidos LC/MS. Os resultados mostram pre-sença de substâncias fenólicas e triterpênicas. Os teores de polifenois totais no extrato e frações varia-ram de 13,10 a 80,41% e os de flavonoides, 2,00 a 4,77%. Pelo cromatograma obtido por CLAE/UV/Vis no comprimento de onda de 254 nm, identificou que na fração hexânica houve um pico coincidente com o padrão ácido oleanólico com o mesmo tempo de retenção (108.403 min), sugerindo então que esse ácido seja um dos constituintes químicos da planta. Com o espectrômetro de massas, identificou-se a rutina, quercetina- pentosídeo-hexosídeo, quercetina-3-β-glicosídeo, ácido arjunólico e o ácido 2α- hidroxiolea-nólico. Concluímos que os triterpenos (ácido oleanólico) e os flavonoides são os principais constituintes químicos de Jacaranda decurrens.

Palavras-chave: Espectrometria de Massa. Jacaranda decurrens. Polifenóis.

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INTRODUÇÃO

Jacaranda decurrens Cham., perten-cente à família Bignoniaceae, é um su-barbusto campestre de rizoma espesso ou tronco basal curto emitindo vários ramos caulinares, folhas compostas cru-zadas, bipinadas, curto-pecioladas (FER-RI, 1969). Esta é uma planta endêmica do Cerrado Brasileiro, encontrada pre-dominantemente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão e São Paulo’, onde é conhecida como caroba, carobinha, ca-roba-do-campo e carobinha-do- campo (VARANDA et al., 1992; MAURO et al., 2007; ZATTA et al., 2009).

Estudos etnofarmacológicos indicam que a tintura da raiz de J. decurrens é empregada no tratamento de úlceras ex-ternas, afecções cutâneas e depurativo do sangue (RODRIGUES; CARVALHO, 2001; TRESVENZOL et al., 2006); esti-mulante do sistema nervoso (MAURO et al., 2007); tratamento da diarréia, ame-bíase, giardíase (PRADO JÚNIOR, 1949; AMARAL, 2007); processos infecciosos infecções ginecológicas (TRESVENZOL et al., 2006) e distúrbios hepáticos (DI STASI et al., 2002).

Estudos biológicos comprovaram ações giardicida (CARRIM et al, 2006; AMARAL, 2007), antioxidante (CARVA-LHO et al., 2009); antimalárica (SAN-TOS et al., 2012) e antibacteriana (ZAT-TA et al., 2009).

Estudos químicos dessa espécie ainda são poucos, porém a abordagem fitoquí-mica de raízes dessa planta demonstrou esteroides, triterpenos, açucares redu-tores, amido, mucilagem e saponinas (OLIVEIRA et al., 2003; ZATTA et al., 2009), enquanto que Prado Junior (1949) já identificou glicosídeos como carobina e ácido carobico.

J. decurrens faz parte das 71 espécies vegetais da Relação Nacional de Plan-tas Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde (RENISUS) (BRASIL,

Portaria MS n⁰ 2.960, 12/2008) do Minis-tério de Saúde, em consonância com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos assegurando o uso siste-mático da biodiversidade, com fortaleci-mento da cadeia e arranjos produtivos, na busca pela estruturação da Fitote-rapia no Brasil. O objetivo do presente estudo foi identificar os constituintes químicos de Jacaranda decurrens como parâmetro de certificação de qualidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Material vegetal - As folhas de Ja-caranda decurrens, foram coletadas no povoado Sítio Novo pertencente ao município de São Raimundo das Man-gabeiras, no estado do Maranhão, em janeiro de 2012 no início da manhã. A identificação botânica foi realizada pelo Herbário―Ático Seabra‖ da Uni-versidade Federal do Maranhão, onde a exsicata está depositada sob número 1140/SLS017213.

Obtenção do extrato hidroalcoólico e das frações das folhas de Jacaranda de-currens - O material vegetal foi subme-tido a secagem em estufa de circulação de ar, em temperatura média de 38 ⁰C. Em seguida, foram trituradas em moi-nho de facas originando um pó mode-ramente grosso. 150 g do pó das folhas de Jacaranda decurrens foi submetido a extração por percolação na relação dro-ga/solvente 1:10, com o solvente etanol 70%. A solução extrativa foi filtrada, concentrada sob pressão reduzida em rotaevaporador para obtenção do extra-to hidroalcoólico P110. Posteriormente, 4 g do extrato seco (P110) foi ressuspen-dido em metanol:água (8:2, v/v) sob agi-tação mecânica e essa solução foi sub-metida à partição líquido-líquido com os solventes hexano, diclorometano e acetato de etila. As fases hexânica, di-clorometânica e acetato de etila foram filtradas e concentradas em evaporador rotativo, sob pressão reduzida a 50ºC, obtendo-se as frações hexânica (HP110),

diclorometânica (DP110) e acetato de etila (AP110).

Determinação dos teores de polife-nóis totais e teores de flavonoides totais do extrato e das frações de Jacaranda decurrens Cham. - A concentração dos polifenólicos totais foi determinada utilizando reagente Folin-Ciocalteau e carbonato de sódio a 20%, por espectro-fotometria (espectrofotômetro UV- Vis Lambda 35, PekinElmer) a 760nm, após 2h de reação. Os resultados foram ex-pressos como equivalente de ácido gá-lico (%) (ABREU et al., 2006; CUNHA, 2009). A concentração de flavonoides totais foi determinada utilizando-se mé-todo fotocolorimétrico com solução me-tanólica de cloreto de alumínio (AlCl3) a 5%, por espectrofotometria (espectro-fotômetro UV-Vis Lambda 35, PerkinEl-mer) a 425 nm, após 30 min de reação. Foi empregadas concentrações de quer-cetina (Merck) como padrão (DUTRA et al., 2008).

Perfil cromatográfico do extrato e frações de Jacaranda decurrens por cro-matografia líquida de alta eficiência com detector de UV-Vis (CLAE-UV-Vis) - O extrato e as frações foram analisados por cromatografia líquida de alta efici-ência acoplada a um detector de ultra-violeta (CLAE-UV-Vis), em escala ana-lítica, utilizando um sistema Finnigan Surveyor Autosampler (Thermo), com coluna analítica C-18 de fase reversa (250mm x 4,60 mm, 5 µm, Ace) protegi-da por uma pré-coluna C-18 (4 x 3 mm, Gemini, Phenomenex). A composição da fase móvel utilizada foi: água Milli--Q (Millipore) com 0,1% de ácido fór-mico (Merck) (eluente A) e acetonitrila (CLAE, Merck) (eluente B). A eluição foi realizada inicialmente com o gradiente de 95% A e 5% B, seguindo com 60% A e 40% B em 90 min, 40% A e 60% B em 100 min, 0% A e 100% B em 110 min, e finalizando com 100% B em 135 min. As amostras foram pesadas em frascos da marca eppendorf® e diluídas em meta-

nol grau CLAE e água Milli-Q com 0,1% de ácido fórmico e filtradas em filtro de Nylon (Allcrom, 0,22µm). O volume da amostra injetado foi de 25 μL, com fluxo de 1,0mL/min e detecção em 254 nm e 350 nm. Todas as análises foram realiza-das sob as mesmas condições.

Análise do extrato de Jacaranda de-currens por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência de fase reversa acoplada a Deteção de Díodos e Espetrometria de Massa com Ionização por Spray de Ele-trons (CLAE/DAD/ESI-EM) - O extrato P110 foi analisado por CLAE (LC-10AD, Shimadzu) equipado com um detector de arranjo de diodos, acoplado a um es-pectrômetro de massas (Esquire 3000 Plus, Bruker Daltonics), com analisador tipo íon trap quadrupolo em modo tan-dem, com ionização por eletronebuli-zação (electrospray ionization, ESI). As condições para a diluição da amostra e composição da fase móvel foi a mesma descrita anteriomente. As condições de ionização foram as seguintes: voltagem de electrospray com fonte de íons a 40 V, um potencial de 4,0 kV e temperatura a 320°C. Hélio ultrapuro (He) foi usado como gás de colisão e nitrogênio (N2) como gás de nebulização. A nebuliza-ção foi auxiliada por um gás de azoto a uma pressão de 27 psi. A dessolvatação foi facilitada utilizando uma corrente de fluxo de 7,0 L/min. A análise foi reali-zada no modo full scan, com ionização negativa, na faixa de 100 a 3000 m/z. As identificações foram obtidas com base na massa do íon molecular, na fragmen-tação do íon molecular, espectros de UV- Visível encontrados na literatura ou com co-injeção de padrões.

Análise estatística. A análise estatís-tica foi realizada com auxílio do Softwa-re Graph Pad Prism, versão 5.0, sendo o nível de significância de p <0,05. Os dados da análise de variância (ANOVA), seguido do teste de Tukey e Newman Keuls, foram expressos com a média ± desvio- padrão da média do extrato P110

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e das frações (AP110, DP110 e HP110) e, sendo os testes realizados em triplicata (n=3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa, extrato e frações de Jacaranda decurrens, foram submetidos à análise dos teores de polifénois totais e flavonoides totais, além da caracteri-zação e identificação química de com-ponentes.

A amostra vegetal, coletada no povo-ado Sítio Novo no município de São Rai-mundo das Mangabeiras, pertencente à Mesorregião Sul Maranhense e à Mi-crorregião da Chapada das Mangabeiras

(7°01’19‖S, 45°28’51‖O), apresentou-se em forma de subarbusto sendo suas fo-lhas compostas opostas, bipinadas com a disposição dos folíolos alternadamen-te, conforme descrição encontrada na literatura (FEITOSA, 1996).

Os teores de polifenóis totais nos extratos e frações variaram de 13,10 a 80,41% e os de flavonoides, 2,00 a 4,77% (Tabela 1). Dados esse que reforçaram que os principais componentes presen-tes no extrato são os compostos fenóli-cos. Já em relação à fração tem-se uma distribuição de acordo com o solven-te empregado na partição, sendo mais abundantes os compostos fenólicos na fração AP10.

Tabela I - Teores de polifenóis e flavonoides totais no extrato hidroalcoólico e frações de Jacaranda decurrens Cham.

Figura I - Perfil cromatográfico do extrato obtido por percolação na relação de hidromódulo 1:10 (P110) de Jacaranda decurrens Cham. por CLAE-UV-Vis. no comprimentos de onda de 254 nm.

(a) Resultados expressos como médias ± desvio padrão dos ensaios de avaliação quantitativa para flavonoides totais e polifenóis totais do percolado na relação de hidromódulo de 1:10 (P110) e das frações hexânica (HP110), diclorometânica (DP110) e acetato de etila (AP110) de Jacaranda decurrens Cham.do município de São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão, (n:3), (b) expresso como equivalente de cido gálico; (c) expresso como equivalente de quercetina. Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (p<0,05), ANOVA (Tukey).

O cromatograma do extrato P110 por CLAE/UV está representado na Figura I. A partição desse extrato resultou nas frações: hexânica (HP110), diclorometânica (DP110) e acetato de etila (AP110), as quais foram analisadas por CLAE/UV-Vis (Fi-gura 2, 3 e 4) demonstrando que de acordo com a polaridade do solvente houve uma redistribuição das substâncias presentes no extrato. A fração hexânica (HP110) sub-metida a análise por CLAE/UV-Vis (Figura II) apresentou um pico com Tempo de retenção (Tr) em 108,403 min o qual foi idêntico ao padrão do ácido oleanólico. Sendo assim, sugerimos que o ácido oleanólico seja um dos componentes químicos presen-tes na fração hexânica.

O extrato P110 foi submetido à aná-lise por CLAE-DAD-ESI-EM/EM para dentificação uímica dos seus constituin-tes baseados na fragmentação dos íons no modo negativo [M – H]- comparados aos descritos na literatura. Os compos-tos identificados foram destacados no cromatograma do extrato P110 ilustrado na Figura V.

O composto 1 exibiu íon molecular m/z 639 sendo denominado de ácido cafeoil que é compatível com os resul-tados de Ferreres et al. (2013) quando identificou essa substância em folhas de Jacaranda caroba. O espectro de massas do composto 2 apresentou no espectro de massa íon molecular m/z 595 sendo característico de quercetina pentosídeo--hexosídeo. O composto 3, observou- se a presença de uma substância que deu origem a um íon desprotonado m/z 609

identificado como rutina (quercetina--O-rutinosídeo) (BASTOS et al., 2007). Myjavcová et al. (2010) encontraram o mesmo padrão de fragmentação ca-racterístico da rutina em frutos da Lo-nicera caerulea L. var. kamtschatica. O composto 4 foi identificado como quer-cetina-hexosídeo, já que o íon molecular m/z 463 gerou o íon fragmento m/z 301 (SANTOS, 2012). O espectro de massas do composto 5 apresentou íon molecu-lar m/z 487 característico do ácido ar-junólico ( ácido 2α, 3β, 23-triiodroxiole-an-12-em- 28-oico) conforme literatura pesquisada (DJOUKENG et al., 2005; SONG et al., 2006).O espectro de mas-sas do composto 6 exibiu íon fragmento m/z 471 sendo identificado como ácido 2α- hidroxioleanólico de acordo com os achados de Djoukeng et al. (2005).

Figura II - Perfil cromatográfico da fração hexânica (HP110) do percolado das folhas de Jacaranda de-currens Cham. por CLAE- UV-Vis. nos comprimentos de onda de 254 nm.

Figura III - Perfil cromatográfico da fração diclorometanica (DP110) do percolado das folhas de Jaca-randa decurrens Cham. por CLAE-UV- Vis. nos comprimentos de onda de 254.

Figura IV - Perfil cromatográfico da fração acetato de etila (AP110) do percolado das folhas de Jacaranda decurrens Cham. por CLAE-UV-Vis. nos comprimentos de onda de 254 nm.

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CONCLUSÃO

A fração AP110 apresentou o maior teor de compostos fenólicos (80,41%). Na fração HP110 houve um pico em 108,403 min coincidente com o padrão do ácido oleanólico, sugerindo assim que esse composto faz parte da compo-sição química do vegetal. A análise dos espectrômetros de massa constatou a presença de derivado do ácido dicafeoil, quercetina-pentosideo-hexosídeo, ruti-na, quercetina-β-glicosídeo, ácido arju-nólico e ácido 2α-hidroxioleanólico que comprovam a presença de compostos fenólicos e flavonoides na espécie estu-dada.

REFERÊNCIAS

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Figura V - Perfil cromatográfico do extrato hidroalcoólico obtido por percolação na relação hidromó-dulo 1:10 (P110) das folhas de Jacaranda decurrens. Os números indicam os compostos identificados.

Tabela II - Compostos identificados no extrato hidroalcoólico de Jacaranda decurrens obtido por per-colação na relação de hidromódulo 1:10 (P110) por CLAE-DAD-ESI- EM/EM.

a Abreviação usada na tabela: [M-H]- íon molecular; Tr, tempo de retenção.

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INVESTIGAÇÃO BIOLÓGICA DE Holochilus sp., HOSPEDEIRO NATURAL DA ESQUISTOSSOMOSE:

PERÍODO REPRODUTIVO E CONTAGEM EMBRIONÁRIA*

Maria Gabriela Sampaio Lira Graduação em Ciências Biológicas - UEMA E-mail: [email protected]

Guilherme Silva MirandaGraduação em Ciências Biológicas - UEMA

João Gustavo Mendes Rodrigues Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Ranielly Araújo Nogueira Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Gleycka Cristine Carvalho Gomes Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Davi Viegas Melo Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Raynara Fernanda Silva SoaresGraduação em Ciências Biológicas - UEMA

Nêuton Silva Souza Departamento de Química e Biologia - UEMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: Sabe-se que o roedor do gênero Holochilus é um importante elo da cadeia epidemiológica da esquistossomose, no entanto, determinados aspectos biológicos-reprodutivos desse animal ainda ne-cessitam de estudos. Dessa forma, objetivou-se verificar o período de maior intensidade reprodutiva e o número de embriões encontrados nas fêmeas do roedor Holochilus sp., além de averiguar a positividade deles para Schistosoma mansoni, no município de São Bento – MA. Foram realizadas capturas mensais de até 10 roedores Holochilus sp., registrando o período estacional do município de São Bento. Os roedo-res tiveram as fezes analisadas quanto à positividade para S. mansoni pelo método Kato-Katz. Nas fême-as, foi observada a presença de embriões e fez-se a contagem dos mesmos. Entre os roedores capturados, ocorreu dominância de machos em quase todos os meses e eles tenderam a ser maiores e mais pesados que as fêmeas. No que diz respeito à positividade para S. mansoni e a atividade reprodutiva dos animais, ambos os fatores foram maiores no período chuvoso de São Bento. Quanto ao número de embriões, constatou-se que, no período chuvoso, foram encontrados em maior quantidade por fêmea. Os roedores apresentaram uma intensa atividade reprodutiva, principalmente em épocas de chuva. A alta taxa de infecção por S. mansoni juntamente a elevada reprodução que os roedores apresentaram, são fatores que ajudam na manutenção, e consequentemente, agravam a esquistossomose na Baixada Maranhense.

Palavras-chave: Baixada Ocidental Maranhense. Reprodução Animal. Schistosoma mansoni.

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INTRODUÇÃO

A esquistossomose mansônica é uma patologia endêmica causada pelo helminto Schistosoma mansoni e que acomete pacientes do mundo inteiro, principalmente nos estados do Nordes-te brasileiro (Who, 2015). A transmis-são da parasitose envolve um ciclo de vida complexo, que ocorre pelo conta-to dos hospedeiros definitivos (homem e outros vertebrados) com as coleções de água doce contaminadas, onde este-jam presentes os hospedeiros interme-diários que são caramujos do gênero Biomphalaria (Who, 2015). No Mara-nhão esta parasitose se constitui como relevante problema de Saúde Pública e apresenta caráter endêmico, principal-mente na região da Baixada Maranhen-se, onde foi constatado que o roedor sil-vestre Holochilus sp. é um importante hospedeiro da cadeia epidemiológica da doença, sendo capaz de transmiti-la durante qualquer período do ano (Mi-randa et al., 2015; Lira et al., 2016). O ciclo reprodutivo do roedor do gênero Holochilus é semelhante ao de outros pequenos mamíferos da região tropical, entretanto, determinados aspectos bio-lógicos-reprodutivos ainda são de inte-resse de estudo para este tipo de roedor. O propósito deste trabalho foi verificar a positividade para S. mansoni, o perí-odo de maior intensidade reprodutiva e o número de embriões encontrados em cada gestação do roedor do gênero Holochilus no município de São Bento – MA.

MATERIAL E MÉTODOS

No estudo, foram realizadas capturas mensais de até 10 roedores Holochilus sp. entre agosto de 2013 a julho de 2014, de forma aleatória quando ao sexo. Para a captura foram utilizadas armadilhas do tipo Tomahawk, depositadas em al-guns pontos do campo alagado do mu-nicípio de São Bento, onde esses animais

costumam fazer seus ninhos utilizando a vegetação aquática. Os roedores cap-turados foram conduzidos ao laborató-rio da Fazenda Escola na cidade de São Bento. No laboratório, todos os roedores capturados foram analisados através do método de Kato-Katz (Katz et al., 1972) para comprovar a positividade para S. mansoni, fator que pode ser confirmado pela presença de ovos do parasito nas fezes. Nesse processo, foram utilizadas três lâminas para cada amostra de fezes. Após a análise de positividade, esses roedores foram adequadamente aneste-siados com ketamina 5% e cloridrato de xylasina 2%, sendo utilizados 0,1 e 0,2 mL, respectivamente, por 100g de peso e administrados por via intraperitoneal. Em seguida, foram obtidos o compri-mento total, o peso corporal e foram de-terminados os sexos dos roedores. Ape-nas nas fêmeas, foi realizada a incisão com tesoura cirúrgica da porção ventral do corpo, para a verificação da existên-cia de embriões implantados. No caso da presença de embriões, os mesmos foram contados. Por fim, foi anotado o período estacional do município de São Bento em cada mês de captura, para determi-nar qual o de maior intensidade repro-dutiva. É importante ressaltar, também, que a captura e experimentação dos ro-edores, foram autorizadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA, de acordo com a licença para atividades com finalidades científicas n°40025/1 e o trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Experimentação Animal da Uni-versidade Estadual do Maranhão, com o número 06/2014.

ESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os roedores capturados, ocor-reu dominância de machos em quase todos os meses de estudo. A maior ocor-rência de machos pode estar relaciona-da à aleatoriedade da captura quanto ao sexo. Constatou-se que os machos são maiores e mais pesados que as fêmeas,

mas se elas estiverem grávidas podem apresentar peso corporal maior, princi-palmente se a quantidade de embriões que elas carregam for maior. Quanto ao comprimento, não foram verificadas diferenças em relação às fêmeas grávi-das. No que diz respeito à positivida-de para S. mansoni, observou-se que houve quase que uma constância da infecção. O mês de maio apresentou o maior índice de positividade para a do-ença, com 55,5% e o mês de setembro, o menor índice de infecção, com apenas 10% (Figura 1). Observou-se também, que os maiores picos de infecção por S. mansoni, nos roedores, ocorreram no período chuvoso do município de São Bento (janeiro-julho). Esses resultados concordam com os relatados por Ra-mos et al. (1970) que demonstraram que quanto maior o índice de chuvas, maior será a possibilidade do aparecimento de amostras positivas. Todas as fêmeas

capturadas nos meses de maio, junho e julho estavam prenhes, indicando que estes meses correspondem ao tempo de maior intensidade reprodutiva des-ses animais. Em relação ao número de embriões, constatou-se que no período chuvoso (janeiro-julho) de São Bento, este número cresceu grandemente che-gando a serem encontrados 12 embriões em uma única fêmea (Tabela 1). Essa quantidade é bastante alta ao levar em consideração que esses animais são pe-quenos mamíferos e sabe-se que a quan-tidade aproximada de filhotes por ni-nhada é inferior ao número máximo de embriões encontrados por fêmea neste trabalho. Esse dado aponta uma elevada densidade populacional desses roedores na Baixada Maranhense. Dessa forma, o período chuvoso (janeiro-julho), cor-respondeu ao tempo de maior reprodu-ção dos roedores Holochilus sp., pois nos meses desse período foram encon-

Tabela 1 - Quantidade de embriões por fêmea prenhes, em cada mês, na cidade de São Bento – MA.

Figura 1 - Positividade para S. mansoni dos roedores silvestres do município São Bento - MA.

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trados o maior número de fêmeas grá-vidas e também uma maior quantidade de embriões, isso pode estar associado ao hábito semi-aquático deste gênero de roedor, o que os torna dependentes de recursos do período chuvoso para a obtenção de energia para se reprodu-zir com maior eficiência (Gentile et al., 2010). Dado semelhante foi encontrado por Bonecker et al. (2009) que afirma-ram que o ritmo de reprodução dos roe-dores é máximo durante a estação chu-vosa e menos intenso, ou praticamente nulo, durante a estação seca.

CONCLUSÕES

A alta taxa de infecção por S. manso-ni juntamente com a intensa atividade reprodutiva que os roedores apresen-taram só agrava a esquistossomose na Baixada Maranhense, pois aumenta o número de roedores possivelmente re-servatórios da doença.

Este fato contribui, também, para um aumento da probabilidade de infecção em humanos.

Tais dados, servem de alerta para o desenvolvimento de estratégias de con-trole da enfermidade na cidade de São Bento e contribuem com outras pesqui-sas que possam ser desenvolvidas na área.

AGRADECIMENTOS

A Fundação de Amparo à Pesqui-sa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) pelo auxílio financeiro e a Universida-de Estadual do Maranhão (UEMA) pelos transportes que possibilitaram a realiza-ção desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

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WHO. Investing to overcome the Global Impact of Neglected Tropical Diseases. Geneva: Who; 2015.

Jacaranda decurrens Cham.: ENSAIOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS NA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE

FITOTERÁPICOS*

Elayne Costa da SilvaMestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected]ália Cristina Melo

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente - UFMA Walquíria do Nascimento Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente - UFMA Fernanda Rosa Gonçalves Santos

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adulto - UFMAFlávia Maria Mendonça do Amaral

Professora Dr.ª do Departamento de Farmácia - UFMA *Financiado pelo CNPq

RESUMO: Diante da necessidade de garantir o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos à população, pesquisas visando padronização de extratos vegetais são fundamentais, consi-derando o interesse da indústria farmacêutica, devendo ser estimulado, especialmente o desenvolvimen-to de estudos de novas alternativas terapêuticas no combate a doenças de alta prevalência e expressiva taxa de morbidade como a giardíase. Assim, esse estudo objetiva aplicar e desenvolver metodologia analítica fundamentada em ensaios químicos e biológicos, para a padronização dos extratos de Jacaran-da decurrens Cham. (Bignoniaceae), espécie endêmica do cerrado brasileiro, de grande ocorrência no estado do Maranhão e amplamente empregada na prática popular no tratamento de distúrbios cutâneos, ferimentos e como depurativo, cicatrizante, amebicida e giardicida. Folhas da espécie foram coletadas, submetidas à secagem e moagem, com obtenção dos extratos hidroalcoólicos por planejamento fatorial das variáveis: operação de extração (maceração, percolação e aparelho Soxhlet) e hidromódulo (1:8, 1:10 e 1:12); submetidos à determinação de rendimento, análise sensorial e química, avaliação da atividade antioxidante, giardicida. Os resultados evidenciam diferenças de rendimento e coloração entre os extra-tos, indicando também diferenças quantitativas de constituintes químicos nos extratos obtidos com as variáveis em estudo; sendo constatada, ainda, expressiva atividade antioxidante e giardicida. Esse estudo permitiu evidenciar as variáveis que efetivamente podem inferir na obtenção dos extratos da espécie em estudo, com controle por meio de ensaios químicos e biológicos.

Palavras-chave: Plantas Medicinais. Padronização de Extratos. Atividade Giardicida.

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INTRODUÇÃO

A necessidade de garantir à popu-lação brasileira o acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitote-rápicos, assegurando o uso sustentável da biodiversidade, assim como o incen-tivo à pesquisa e desenvolvimento tec-nológico na área, com o fortalecimento das cadeias e arranjos produtivos, têm ocasionado, desde a década de oiten-ta, a adoção de várias medidas e ações normativas do Governo Federal, com destaque para a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, a Po-lítica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007; BRA-SIL, 2015).

O desenvolvimento de um fitoterá-pico implica a utilização de operações de transformação tecnológica, deven-do assegurar a integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância da ação biológica e segu-rança de utilização, envolvendo estudos botânicos, agronômicos, químicos, bio-lógicos e farmacêuticos (metodologia de controle de qualidade e tecnologia) (TOLETO et al., 2003).

Nesse sentido, estudos de padroniza-ção dos fitoterápicos têm sido desenvol-vidos nos últimos anos, visando avaliar a influência das variáveis, tais como: granulometria, qualidade e quantidade de solvente, método extrativo, tempera-tura, tempo, tensão superficial e pH, nas diversas etapas operacionais (MIGLIA-TO et al., 2011; NORIEGA et al., 2005; BORELLA et al., 2012). Tais estudos de-vem priorizar a avaliação dos extrativos vegetais por meio de planejamento fa-torial, enfatizando a definição das variá-veis que influenciam na extração, já que essa representa a etapa fundamental na obtenção de fitoterápicos, garantindo a separação de substâncias de interesse

da matriz complexa (MIGLIATO et al., 2011).

Nessa linha, destaca-se a importân-cia de estimular pesquisas em busca de novas alternativas terapêuticas no com-bate a giardíase, infecção intestinal cau-sada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia (sinonímia: Giardia intestinalis, Giardia duodenalis), com ampla dis-tribuição mundial e elevadas taxas de prevalência (ADAM, 2001; SOGAYAR; GUIMARÃES, 2003).

Jacaranda decurrens Cham. pertence à família Bignoniaceae, tem como si-nonímia científica Jacaranda pteroides Manso recebendo nome vernacular de Pará parai mi, carobinha, caroba (MA-RONI et al., 2006) representa espécie vegetal endêmica no cerrado do Brasil, com grande ocorrência nos estados do Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão e São Pau-lo (MAURO et al., 2007).

Estudos etnofarmacológicos referem o uso popular das folhas no tratamento da diarreia, giardíase, amebíase, dispep-sia, colesterol, pressão alta, como depu-rativo do sangue, em processos infec-ciosos e distúrbios hepáticos (BOTREL et al., 2006). Estudos farmacológicos comprovam atividade giardicida, antio-xidante, antimicrobiana, anti-inflamató-ria (CARVALHO et al., 2009; ZATTA et al., 2009; SANTOS et al., 2012).

Assim, este estudo propõe aplicar e desenvolver ensaios químicos e biológi-cos como metodologia para padroniza-ção dos extratos vegetais das folhas de Jacaranda decurrens Cham., espécie lar-gamente empregada na prática popular no estado do Maranhão.

MATERIAL E MÉTODOS

As folhas de Jacaranda decurrens Cham. foram coletadas manualmente no mês de outubro de 2011, no muni-cípio de São Raimundo das Mangabei-ras, estado do Maranhão. A identifica-

ção botânica foi realizada pelo Herbário “Ático Seabra” da Universidade Federal do Maranhão, onde a exsicata está de-positada sob número 1140/SLS017213.

O material vegetal foi submetido à secagem em estufa com circulação de ar, em temperatura média de 38ºC; se-guida de trituração em moinho de facas, obtendo pó moderadamente grosso (710 a 250 µm). O material seco e moído foi submetido a procedimentos extrativos a frio (maceração e percolação) e quen-te (extração por Soxhlet), com etanol a 70%, por período médio de 15 (quinze) dias para maceração, 03 (três) dias para percolação e 01 (um) dia para Soxhlet. Nesta etapa do estudo foram definidas como variável dos hidromódulos (rela-ções de droga/solvente determinadas em função da maceração): 1:8, 1:10 e 1:12 (MATOS, 2009). Todos os extratos obtidos foram submetidos à determina-ção do rendimento e análise sensorial (DUTRA et al., 2008).

Os extratos hidroalcoólicos das fo-lhas de Jacaranda decurrens obtidos por planejamento fatorial (procedimento extrativo e relação de hidromódulo) fo-ram submetidos a métodos de avaliação qualitativos e semi-quantitativos dos constituintes químicos (MATOS, 2009), determinação do teor de polifenóis e fla-vonoides (WOISKY; SALATINO, 1998; CHAILLOU et al., 2004; DUTRA et al., 2008), avaliação da atividade antioxi-dante (MOLYNEUX, 2004) e avaliação da atividade in vitro anti-Giardia lam-blia (ROCHA et al., 2003).

Os teores de compostos fenólicos foram analisados empregando análi-se de variância (ANOVA) one-way, se-guidos do teste comparações múltiplas (Newman-Keuls), onde os valores de p< 0,05 foram considerados significantes. Na atividade antioxidante os resultados foram expressos em valor da concen-tração efetiva 50% (CE50), ou seja, con-centração da amostra necessária para

seqüestrar 50% dos radicais DPPH. Na avaliação da atividade giardicida in vi-tro, os resultados foram expressos como concentração inibitória de crescimento (CI50), calculados por regressão line-ar, empregando o programa GraphPad Prism 5.0. Todas as amostras foram tes-tadas em triplicata e os experimentos realizados pelo menos duas vezes.

A partir da avaliação da influência das variáveis empregadas nesse estudo na estabilidade química e biológica da atividade giardicida in vitro dos extratos em estudo, foi definido o procedimento operacional padronizado, fundamenta-do nos ensaios químico e biológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A percolação na relação de hidromó-dulo 1:8 possibilitou obtenção de solu-ção extrativa com melhor rendimento dos extratos hidroalcoólicos das folhas de Jacaranda decurrens. Entretanto, a literatura enfatiza a vantagem do mé-todo extrativo Soxlet por sua alta ren-tabilidade (extração altamente eficiente por emprego de quantidade reduzida de solvente) (PRISTA, 1983; SIMÕES et al., 2004).

A extração deve ser fundamentada na garantia da eficiência, estabilidade dos constituintes químicos extraídos, tempo e custo operacional (SIMÕES et al., 2004).

A análise dos metabólitos secun-dários através de testes qualitativos e semi-quantitativos nos extratos hidro-alcoólicos de folhas de Jacaranda de-currens por maceração, percolação e Soxhlet nos diferentes hidromódulos indicam resultados positivos para com-postos fenólicos, taninos condensados, cumarinas, flavononóis, flavononas, esteroides e terpenos; com diferenças semi-quantitativas de constituintes quí-micos nos testes para cumarinas, tani-nos condensados e esteroides (tabela 2). Estudo comprovou a presença de ácido

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oleanólico em extrato metanólico de Jacaranda decurrens (PEREIRA et al., 2007).

Foi evidenciado que os extratos ob-tidos por maceração e percolação apre-sentam valores semelhantes de polife-nóis totais e flavonoides, entretanto os extratos obtidos por maceração 1:10 e por percolação 1:12 apresentam resul-tados mais expressivos para polifenóis e flavonoides, respectivamente. Esses resultados comprovam que as variáveis empregadas nesse estudo (procedimen-to extrativo e hidromódulo) influenciam na composição química do extrato da espécie em estudo; logo, podendo alte-rar resposta biológica.

O método maceração (relações de hi-dromódulo: 1:10 e 1:12) e em aparelho de Soxhlet (relação de hidromódulo de 1:12) apresentaram maior atividade an-tioxidante quando comparados aos ex-tratos obtidos por percolação. A ativida-de antioxidante de Jacaranda decurrens deve estar relacionada à presença dos flavonoides e triterpenos ácidos ursóli-co e oleanólico, comprovados em diver-sos estudos químicos (VARANDA et al., 1992; CARVALHO et al., 2009).

Para avaliação da atividade in vitro anti-Giardia foram selecionados os ex-tratos vegetais com resultados mais ex-pressivos fundamentado nas análises químicas e atividade antioxidante.

Foi evidenciada ação inibitória so-bre o crescimento dos trofozoítos de Giardia lamblia em todos os extratos, indicando resultado giardicida ativo in vitro, segundo critérios de classificação da atividade giardicida, como fortemen-te ativo (CI50 100 g/mL) (AMARAL et al., 2006).

Esse estudo in vitro indica que há concordância do uso popular no trata-mento de distúrbios gastrintestinais e protozooses.

Baseado nas variáveis que fundamen-taram o planejamento dos extratos das

folhas de Jacaranda decurrens, podemos definir que procedimento extrativo re-presenta a variável que mais influenciou na obtenção dos extratos, inferindo que os extratos obtidos por maceração apre-sentaram resultados mais expressivos visando à obtenção de preparação fito-terápica destinada ao emprego com an-tioxidante e no tratamento da giardíase.

CONCLUSÕES

Este estudo evidencia a necessidade da definição das variáveis que podem influenciar na obtenção dos extratos e possíveis preparações fitoterápicas ob-tidas com Jacaranda decurrens Cham., possibilitando a definição de parâme-tros visando estabelecer procedimentos operacionais padronizados.

AGRADECIMENTOS

Registra-se aqui os melhores AGRA-DECIMENTOSs ao CNPq pela conces-são da bolsa de iniciação científica para esta pesquisa.

REFERÊNCIAS

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estra-tégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Política Nacional de Plantas Medici-nais e Fitoterápicos. 2a. reimpressão. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 60p. 2007a.

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SOGAYAR, M. I. T. L.; GUIMARÃES, S.

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São Luís • MA • Volume 1 • 2016

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TOLEDO, A. C. O., et al. Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica. Rev Lecta, v. 21, n. 1, p. 7-13, 2003.

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LARVAS DE TREMATÓDEOS EMERGENTES DE Biomphalaria spp. (Gastropoda: Planorbidae) EM

CRIADOUROS DE SÃO LUÍS E SÃO BENTO, MA*

João Gustavo Mendes Rodrigues Biólogo e Pesquisador do Laboratório de Parasitologia Humana da UEMA

E-mail: [email protected] Guilherme Silva Miranda

Programa de Pós-Graduação em Parasitologia, UFMGE-mail: [email protected]

Gleycka Cristine Carvalho GomesBiólogo e Pesquisador do Laboratório de Parasitologia Humana da UEMA

E-mail: [email protected] Maria Gabriela Sampaio Lira

Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde, UFMA E-mail: [email protected]

Ranielly Araújo Nogueira Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde, UFMA

E-mail: [email protected] Nêuton Silva-Souza

Professor adjunto I / Departamento de Química e Biologia, UEMA E-mail: [email protected]

*Financiado pela Universidade Estadual do Maranhão

RESUMO: Os caramujos Biomphalaria spp. atuam como hospedeiros intermediários de diferentes lar-vas de trematódeos. Esse caramujo no Maranhão é encontrado em diversos criadouros naturais e próxi-mos a residências, tornando-se o risco de infecção iminente. Sendo assim, objetivou-se identificar e com-parar as larvas de trematódeos de Biomphalaria spp., obtidos dos criadouros naturais dos municípios de São Luís e São Bento, MA. Para tanto, foram realizadas coletas mensais de caramujos nesses municípios. Os espécimes coletados foram analisados quanto à liberação de cercarias. As larvas encontradas foram identificadas de acordo com chaves taxonômicas específicas. De 3.646 caramujos coletados dos dois municípios, foram identificadas seis famílias de cercárias: Clinostomidae (0,41%), Diplostomidae (0,56%), Echinostomatidae (2,71%), Schistosomatidae (1,47%), Spirorchiidae (1,97%) e Strigeidae (1,45%). Ao longo do estudo, percebeu-se que a maior diversidade de cercárias foi obtida dos criadouros de São Luís. A maioria dos criadouros dos dois municípios localiza-se próximos às residências, sendo, portanto, mais propícios à transmissão de parasitoses. Dessa maneira, torna-se necessário a prática de politicas públicas que façam o controle desses caramujos a fim de se evitar possíveis doenças ao ser humano e aos animais.

Palavras-chave: Cercárias. Diversidade. Parasitos. Doenças. Maranhão

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São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

Larvas de trematódeos em sua maio-ria são organismos de vida livre que emergem dos moluscos geralmente em grande quantidade (PINTO; MELO, 2013). São organismos que apresentam grande importância médica e veteriná-ria por transmitirem doenças através da penetração direta na pele ou adqui-ridas pela ingestão de água e alimentos crus ou malcozidos (STEINMANN et al., 2006). Os moluscos planorbídeos do gênero Biomphalaria além de atuarem como hospedeiros intermediários da es-quistossomose mansoni, desempenham esse mesmo papel em ciclos biológicos de outros trematódeos (MORAES et al., 2010). Os moluscos desse gênero são encontrados no Maranhão em diversos criadouros naturais e próximos a resi-dências, tornando-se o risco de infecção iminente (SILVA-SOUZA; VASCONCE-LOS, 2005). Dessa maneira, objetivou-se realizar a identificação e comparação das larvas de trematódeos emergidas de Biomphalaria spp., obtidos dos criadou-ros naturais dos municípios de São Luís e São Bento, Maranhão.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado durante o período de fevereiro de 2015 a janeiro de 2016, nos municípios de São Bento e São Luís, Maranhão. Os moluscos gas-trópodes foram coletados mensalmente em três criadouros distintos para ambas as localidades. Os espécimes coletados

foram conduzidos ao Laboratório Para-sitologia Humanos da UEMA, onde foi realizado o procedimento de acondicio-namento e manutenção dos mesmos de acordo com Gerken (1977). Em seguida, os moluscos foram individualmente co-locados em pequenos recipientes de vi-dro com água desclorada sendo expos-tos tanto à luz e calor de lâmpadas de 60W por 2 horas (SMITHERS; TERRY, 1965), quanto na ausência desses fatores durante 4 horas, estimulando a libera-ção de cercárias, caso houvesse. As lar-vas de trematódeos encontradas foram coletadas com auxílio de micropipeta e utilizadas para a confecção de prepara-ções não permanentes (a fresco) coradas por solução de lugol diluída e por co-rantes vitais, entre lâmina e lamínula. A caracterização morfológica foi realizada em microscópio óptico, de acordo com chaves taxonômicas específicas (PIN-TO, 2013). Todas as coletas foram auto-rizadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA, de acordo com a li-cença N°40025/1 e registro 54354, válida para o período de 2015/2016.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao término da coleta dos caramujos nos três criadouros naturais em cada município (São Bento e São Luís), ob-teve-se um total de 3.646 moluscos. Os dados pertinentes das coletas e análises de positividade dos criadouros de am-bos os municípios estão apresentados no Quadro 1.

Quadro1 - Pontos de coleta e positividade de caramujos nos municípios de São Luís e São Bento-MA.

Os criadouros que apresentaram maior quantidade de caramujos e maior grau de positividade para diferentes cer-cárias, tanto em São Bento quanto em São Luís, foram os pontos 2 e 3, respecti-vamente. Estes estavam localizados pró-ximos a residências, sendo encontrados caramujos até em valas e córregos das calçadas. Essa elevada abundância de caramujos nesses criadouros pode estar correlacionada com sua preferência por habitats antropogênicos, ricos em maté-ria orgânica (ABÍLIO et al., 2006). E os criadouros que apresentaram pequena abundância de caramujos, pode ter sido devido ao substrato que está sujeito a modificações na cor¬renteza, possuin-do baixa disponibilidade de matéria or-gânica, que culmina na baixa oferta de alimento (JANASI et al. 2007) no caso do ponto 2 em São Luís.

Quanto às larvas de trematódeos, foram identificadas seis famílias, que foram inspecionadas quanto às suas ca-racterísticas morfológicas, nos permi-tindo agrupá-las em três diferentes tipos cercarianos: Echinostomatidae (Grupo Equinostoma); Schistosomatidae, Spi-rorchiidae e Clinostomidae (Grupo Bre-vifurcada); Diplostomidae e Strigeidae (Grupo Estrigeocercária). Sendo regis-tradas todas estas em São Luís, e em São Bento não se obteve o registro apenas das famílias Clinostomidae e Diplosto-midae.

Quanto ao estudo comparativo entre os criadouros de São Luís e São Bento, pôde-se obter o percentual de distribui-ção dos caramujos positivos para as di-ferentes cercárias identificadas (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Percentual de caramujos positivos para larvas de trematódeos dos criadouros dos municí-pios de São Bento e São Luís, MA.

Em São Luís, houve maior percentual de caramujos eliminando cercárias das famílias Echinostomatidae e Schistoso-matidae, sendo essa última representa-da pela cercária causadora da doença esquistossomose mansoni. No ponto 3 – Sá Viana, percebeu- se maior índi-ce de eliminação cercárias de todos os criadouros, sendo encontrados cara-mujos positivos para quatro diferentes

tipos. Segundo Minguez et al. (2011), essa elevada diversidade e abundância de trematódeos em moluscos nesse cria-douro pode está relacionada à presen-ça dos vários outros táxons necessários para a manutenção dos respectivos ci-clos biológicos, sendo indicativo de uma condição ambiental favorável; Em São Bento, houve maior percentual de cara-mujos eliminando cercárias das famílias

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Spirorchiidae e Echinostomatidae, sen-do essas cercárias formadoras de meta-cercárias em peixes, uma das principais fontes de alimentação daquela localida-de, o que pode acarretar maior risco de contaminação e danos à saúde da popu-lação local, pois podem ingerir a carne mal cozida do peixe parasitado. Além do mais, nesse mesmo município, no ponto 2 – Outra Banda, percebeu-se um maior índice de eliminação de cercárias, onde também foram encontrados caramujos positivos para cercárias de Schistosoma mansoni, tendo também a presença da esquistossomose nessa localidade.

CONCLUSÃO

Dos criadouros naturais de Biompha-laria spp. analisados na pesquisa, cinco apresentaram moluscos eliminando lar-vas de trematódeos, sendo identificadas em seis famílias. Além do mais, três destes pontos localizam-se próximos a residências, oferecendo risco maior na transmissão de parasitoses. Dessa ma-neira, torna-se necessário que os órgãos de saúde e meio ambiente dos municí-pios atuem fiscalizando e executando ações para a contenção desses moluscos hospedeiros, como forma de prevenção de possíveis doenças.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Mara-nhão – UEMA pelo apoio financeiro prestado por meio de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor.

REFERÊNCIAS

ABILIO, F. J. P. et al. Gastrópodes e ou-tros invertebrados do sedimento e asso-ciados à macrófita Eichhornia crassipes de um açude hipertrófico do semi-árido paraibano. BioTerra, 1(supl.):165-178, 2006.

GERKEN, S. E. Efeitos da Alimenta-ção e da Densidade Populacional so-bre o Crescimento, a Sobrevivência

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PINTO, H. A.; MELO, A. L. Larvas de trematódeos em moluscos do Brasil: Panorama de perspectivas após um sé-culo de estudos. Revista de Patologia Tropical, Goiás, vol. 42, n. 4, p. 387-394, 2013.

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MEDICAMENTO FITOTERÁPICO Ginkgo biloba L. E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: UMA REVISÃO

Sarah Cristina da Silva Araujo Graduando de Farmácia - Faculdade Maurício de Nassau

Antonilson de Jesus Fonseca Graduando de Farmácia - Faculdade Maurício de Nassau

Edinaria Silva Alves Graduando de Farmácia - Faculdade Maurício de Nassau

Anildes Iran Pereira Sousa Departamento de Farmácia - Universidade Federal do Maranhão

Tassio Rômulo Silva Araújo LuzFarmacêutico UFMA

Josilena Ferreira PereirDocente - Faculdade Maurício de Nassau

Maria Cristiane Aranha BritoDocente - Faculdade Maurício de Nassau

RESUMO: O uso de fitoterápicos representa parte importante da cultura de diversos povos, consti-tuindo uma prática difundida pela sociedade ao longo de várias gerações. No entanto, a automedicação, aliada a falta de informações sobre os fitoterápicos são fatores que podem levar a danos à saúde quando utilizados de modo inadequado, além de seu uso em associação com outros medicamentos. A espécie vegetal Ginko biloba L. (Ginkgoaceae), de origem chinesa é utilizada popularmente no tratamento de dé-ficit de atenção, vertigens, e principalmente como intensificadora da memória. Nesse estudo, o objetivo principal foi realizar um levantamento bibliográfico nas principais bases de dados da área da saúde sobre o medicamento fitoterápico que possui como princípio ativo o G.biloba L., nos critérios principais usos, formas farmacêuticas, mecanismo de ação, e principalmente interações medicamentosas que podem ocorrer entre esse medicamento e outras classes de fármacos. Desse modo, foi possível observar que a principal forma farmacêutica é o comprimido e distúrbios da memória, vertigens, zumbido bem como para dores de cabeça, são os principais usos. Em relação às interações medicamentosas, foi possível observar que os anticoagulantes, inibidores de bomba de prótons além de medicamentos para disfunção erétil, são as principais classes de fármacos a interagir com a espécie vegetal em estudo.

Palavras-chave: Ginkgo biloba L. Usos Populares. Interações Medicamentosas. Formas Farmacêuticas. Mecanismo de Ação.

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INTRODUÇÃO

A utilização de plantas medicinais com propósito terapêutico representa uma ferramenta de fundamental impor-tância para a atenção básica em saúde. O que antes era considerado empírico, após a revolução verde, torna-se uma alternativa as terapêuticas convencio-nais e com fácil aceitação (BRUINING et al.,2012; FIGUEREDO et al.,2014). A grande afinidade da população com plantas medicinais fundamenta-se prin-cipalmente na cultura popular de acre-ditar que aquilo que é natural é isento de riscos e perigos para a saúde do usu-ário (ARAUJO et al.,2010; VEIGA JR et al.,2006; SILVEIRA,2008). É necessário ressaltar que a etnofarmacologia é de fundamental importância nesse cenário, pois o marco inicial para realização de pesquisas parte inicialmente do saber popular (ELISABETSKY, 2003). Emba-sados na utilização de plantas para fins medicinais, torna-se cada vez mais fre-quente e de interesse para a indústria a fabricação de produtos fitoterápicos, devido ao diversificado potencial far-macológico da flora brasileira, bem como a fácil aceitação e comercialização desses produtos (ALVES, 2013).Visan-do estruturar a fitoterapia bem como defini-la como terapêutica alternativa nos serviços básicos de saúde, em 2006 foi criada a Política Nacional de Plan-tas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2006a), que visa promover o uso seguro e racional de plantas medicinais e fitote-rápicos, assim como a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complemen-tares (BRASIL, 2006b), que visa promo-ver e prevenir cuidados humanizados na atenção básica de saúde. A criação dessas políticas serviu de alicerce para fundamentar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2009, que visa promover o uso seguro e eficaz de plantas medicinais e fitoterá-picos integrando-os na cadeia produtiva

(BRASIL, 2009). As interações medica-mentosas podem ser definidas como um evento clínico em que o fármaco pode interagir com outro fármaco, alimen-to, bebida, agente químico ambiental ou fitoterápico, sendo que essas podem trazer benefícios ou malefícios à saúde do usuário (JACOMINI e SILVA, 2011). Interações medicamentosas que podem trazer malefícios a saúde do usuário são mais frequentes, essas são prejudiciais e colocadas em evidencia devido à cultu-ra da polifarmácia, que ocasiona no uso irracional, seja do medicamento con-vencional ou de um fitoterápico (SILVA et al.,2010; BADANAI,2011). Nesse pro-pósito, esse trabalho teve como objetivo realizar um levantamento sobre o me-dicamento fitoterápico Ginkgo biloba L.com ênfase nas interações medicamen-tosas existentes entre o fitoterápico em questão e outras classes de fármacos.

METODOLOGIA

Neste trabalho foi realizado um le-vantamento bibliográfico nas principais bases de dados da área da saúde: Scielo, Pubmed, Science Direct, Portal Capes entre outros, no período de Janeiro a Maio de 2015, onde se utilizou as se-guintes palavras chaves: Ginkgo biloba L., medicamento fitoterápico, interações medicamentosas. Foram selecionadas trinta referências incluindo resoluções, que foram fundamentais para realização desse estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A etnofarmacologia consiste em uma ferramenta de grande importância para o uso de plantas medicinais, pois em muitos lugares onde o acesso às terapias convencionais é dificultoso ou inexis-tente, o uso do saber popular torna-se uma ferramenta de fundamental im-portância (JESUS et al.,2009). A espécie vegetal Ginkgo biloba L.possui os usos populares mais diversos, sendo os prin-cipais encontrados no levantamento es-

tão presentes na tabela 1.

Medicamentos podem interagir com outros medicamentos, alimentos ou nu-trientes, seja ele alopático ou fitoterápi-co. É necessário ressaltar que existem interações que podem ser benéficas ou maléficas (CORDEIRO, SHUNG e SA-CRAMENTO, 2005). O extrato do Gink-go biloba L.possui vários componentes que não estão totalmente elucidados. Sabe-se que estes podem ter ações ago-nistas, antagonistas e sinérgicas. Possui dois principais metabolitos, os flavonói-

des e os diterpenos, sendo que a fração flavonóica certamente interfere com a fosfodiesterase da guanosinamonofos-fato (GMP), inibe a catecol-Ometiltrans-ferase (COMT) e a monoaminoxidase (MAO). Podem ainda apresentar ação antitrombótica, o que aumenta a pro-dução local de prostaglandinas (PGI2) (SILVA, MARCELINO E GOMES, 2010). Diante dos levantamentos realizados, foi possível observar que o Ginkgo bi-loba L. interage com várias classes de fármacos distintas, sendo as principais podem ser observadas na tabela 2.

Tabela 1 - Principais usos populares do Ginkgo biloba L.

Tabela 2 - Principais interações entre o medicamento fitoterápico Ginkgo biloba L. e outras classes de fármacos.

Fonte: Elaborada pela autora.

Fonte: Elaborada pela autora.

Nos estudos realizados por Silva et al. (2010) foi possível avaliar que o uso concomitante de G. biloba com anti--trombóticos, como a varfarina e a he-parina podem ter seus efeitos potencia-lizados, causando uma sobrecarga nos vasos, o que pode ocasionar em hemor-ragia cerebral. Leite e Branco (2010) em análises de bulas e rótulos de prepara-ções farmacêuticas identificaram inte-rações com antiinflamatórios não este-roidais podendo atuar como inibidor do PAF (Fator de Agregação Plaquetária) o que pode ocasionar em riscos de he-morragia cerebral, inibidores da MAO

(Monoaminoxidase), diuréticos tiazídi-cos e inibidores da bomba de prótons. Anticonvulsivantes, antipsicóticos e ansiolíticos além das outras interações citadas por outros autores, foi encontra-do por Alexandre et al. em 2008. Em ou-tros estudos, foi possível constatar que o uso concomitante com a vitamina E e fármacos para disfunção erétil, como o Sildenafil(Viagra®), podem alterar os níveis de insulina e glicose no sangue dos usuários contínuos da espécie (NI-COLETTI et al., 2007).Segundo Silva, Marcelino e Gomes (2010), Produtos à base de Ginkgo biloba L. estão dispo-

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níveis em várias formas farmacêuticas, sendo as principais a seguir: cápsula, comprimido, aerossóis sublinguais, tin-turas, extratos secos, extratos fluidos, xampus.

CONCLUSÃO

Nesse trabalho, foi possível verificar que o uso do fitoterápico Ginkgo bilo-ba L. é bastante conhecido e frequente-mente utilizado pela população mundial para o tratamento de doenças como ver-tigens, zumbido, distúrbios do sono, me-mória, bem como o Alzheimer. Apesar de incentivos do governo através de po-líticas visando promover o uso seguro e racional de medicamentos fitoterápicos, a utilização ainda se mostra de forma errônea, visto que possui venda livre e isenta de prescrição de profissionais ha-bilitados, o que pode trazer sérios riscos para a saúde do usuário, uma vez que o medicamento possui grande potencial de interagir com outros medicamentos, além dos seus efeitos adversos.

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MÉTODO ALTERNATIVO REMEDIADOR PARA O TRATAMENTO DAS ÁGUAS DE UMA ETE DA VILA

MARANHÃO EM SÃO LUÍS - MA

Rafael Lima Hatherly Graduando de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Silva Ferreira

Graduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras Eduardo Mendonça Pinheiro

Professor Orientador

RESUMO: As técnicas para tratamento e reabilitação das áreas fitorremediadas seguem uma estratégia de contenção e redução de contaminantes através de plantas verdes, esta definição é aplicada a todos os processos físicos, biológicos e químicos. Auxiliam na remediação de substratos contaminados e efluentes sem agredir o meio ambiente. Muitas pesquisas estão sendo aplicadas para a evolução desse método se tornar mais viável em uma grande variedade de áreas contaminadas precisando saber a fisiologia da planta, suas tolerâncias ao grau de contaminação, suporte químico e microbiológico para determinar o grau de estabilização da área fitorremediada.

Palavras-chave: Fitorremediação. Microbiologia. Plantas Verdes. Técnicas para Tratamento.

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INTRODUÇAO

O saneamento básico é um dos prin-cipais instrumentos de combate à polui-ção das águas porque hoje, os esgotos urbanos são a principal fonte poluidora dos recursos hídricos e a falta de infra-estrutura adequada de saneamento é um dos principais fatores relacionados à contaminação por diversas doenças, principalmente as de veiculação hídrica, pois as águas residuais podem contami-nar tanto o solo como as águas superfi-ciais e subterrâneas por materiais tóxi-cos e agentes patogênicos.

A qualidade da água, solo e ar é uma necessidade básica inconteste ao ser humano. No entanto, as atividades an-trópicas têm levado à degradação dos recursos hídricos de forma bastante acelerada. Visando uma melhoria jun-to ao meio ambiente, estudos de casos têm auxiliado bastante na recuperação dos corpos hídricos e solos contamina-dos por substancias químicas altamente contaminantes, como manda a porta-ria n° 2.914/2011 segundo Brasil (2010), que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu pa-drão de potabilidade.

Desta forma a busca por alternativas mais viáveis para o tratamento de resí-duos tem sido estudada, sendo a fitorre-mediação uma das alternativas viáveis a ser utilizada. Este sistema consiste na aplicação de plantas como forma de tra-tar determinados ambientes poluídos segundo Anselmo et al. (2005).

A fitorremediação não é recente, pois possuem relatos que descrevem que na Alemanha no século XII, plantas já eram utilizadas no tratamento de esgotos se-gundo Cunningham et al. (1996) sendo assim pode-se concluir que o que é novo é a busca sistemática, de como podem ser usadas plantas para descontaminar solo e água.

Possui um alto potencial de desen-

volvimento, pois existe uma grande quantidade de espécies a serem testa-das, sabe-se que existem mais 200.000 espécies de plantas superiores descritas conforme Nultsch (2000).

METODOLOGIA

O trabalho é fruto do projeto da Fapema – Projeto: Análise da fitorreme-diação como método de tratamento de efluentes em instituição de ensino supe-rior na cidade de São Luís - MA.- Nº do processo: 04888115 Bic particular rea-lizada pelo autor da pesquisa, iniciando pela localização e pré-seleção de espé-cies, área de coleta das espécies nativas, exsicatas feitas na Universidade Estadu-al do Maranhão, preparo das soluções e execuções dos testes preventivos e con-firmativos. Os procedimentos analíticos foram baseados no Standard Methods for The Examination of Water and Was-tewater - 22 nd Edition e Resolução CO-NAMA N°430/2011.

Localização e pré-seleção de espé-cies

O experimento foi desenvolvido sob esquema fatorial 2x30 representado por 2 espécies /30 unidades locadas em um tanque de capacidade de 300 litros , com 2 repetições , totalizando 120 unidades experimentais em delineamento intei-ramente casualizado – DIC. O expe-rimento teve duração de 3 meses para cada espécie , totalizando 6 meses de abril a outubro de 2016.

Foram pré-selecionadas espécies adaptadas em locais inundados com cer-ta quantidade considerável de contami-nantes para uma rápida avaliação sobre a tolerância a quantidade e qualidade de sua locação e capacidade fitoremediado-ra sob essas condições a fim de serem empregadas no experimento coletado na vila Sarney Filho1, sítio João da ba-naneira – Paço do Lumiar /MA (TABE-LA 1).

Conforme Figura 1, esta área con-tem as espécies utilizadas no experi-mento, localizam-se nas coordenadas 2°33’21.56’S e 44°09’41.90’’O a 29 me-tros de altitude. Informações obtidas do registro do herbário na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) com a relação de outras possíveis espécies re-mediadoras.

Exsicatas feitas na Universidade Es-tadual do Maranhão

O presente trabalho inicia-se com a busca de plantas remediadoras nativas com o objetivo de realizar testes com-parativos de eficiência entre as ETE’s e o método alternativo apresentado, após encontra-las realizaram-se exsicatas no herbário da UEMA.

Exsicata é uma amostra de planta contendo informações sobre o vegetal

e o local de coleta, para fins de estudos acadêmicos.

Preparo de soluções e execução de testes preventivos e confirmativos

Preparações dos materiais dentro do laboratório da Faculdade Pitágoras para a realização de analises microbiológicas da ETE e do método alternativo sugeri-do pelo o autor da pesquisa consistem na organização e esterilização semanal dos materiais utilizados.

Na preparação dos meios de cultura e execução dos testes, utilizamos téc-nicas estabelecidas pela FUNASA 2004 manual pratica de analise de agua jun-to com os procedimentos analíticos ba-seados no Standard Methods for The Examination of Water and Wastewater - 22 nd Edition. Resolução CONAMA N°430/2011 a fim de realizar de forma

Tabela 1 - Relação das espécies.

Tabela 1 - Relação das espécies.

Fonte: Autor da pesquisa.

Fonte: Google Earth, 2016.

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sucinta os testes presuntivos e confirmativos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Primeiramente antes de dar inicio ao projeto, análises foram feitas com a água de um jardim filtrante doméstico e uma ETE da Vila Maranhão para levantamento de dados e aperfeiçoamento técnico sobre o método utilizado.

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

O gráfico 1 representa o método alternativo para tratamento de efluentes que pos-sui grande capacidade de tratamento a longo período, pode mostrar grande eficiência na redução de contaminantes Escherichia coli pois, dentre os 15 tubos utilizados 4 tubos manifestaram sua contaminação indicando seu 9NMP/100ml. Na redução de coliformes termotolerantes apresentasse um pequeno desempenho, pois dos 15 tubos utilizados 14 se manifestaram contaminados indicando seu 1600NMP/100 ml.

O gráfico 2 representa o método convencional que comercializamos com mais fre-quência, as ETE’s que possuem grande capacidade de tratamento efluentes a cur-to período, pode mostrar sua eficiência na redução de coliformes termotolerantes pois, dentre os 15 tubos utilizados, 8 manifestaram sua contaminação indicando seu 33NMP/100ml. Na redução de contaminantes termotolerantes não apresentou tanta eficiência, pois dos 15 tubos utilizados 13 se manifestaram contaminados indicando seu 900NMP/100ml.

Teste da planta selecionada ECHIHHORNIA CRASSIPES

Os testes de Escherichia coli deram negativos durante as cinco semanas do seu pe-ríodo de experiência, supõe-se que a planta conteve este tipo de agente além de atuar como remediadora no ambiente selecionado.

Os gráficos 3 e 4 representam quadros com valores quantitativos determinados pelas semanas de avaliação e suas proporções, seus indicadores de contaminantes so-freram alterações positivas para o desenvolvimento do projeto sendo assim pode-se concluir que a cada semana que passava seu grau de contaminação diminuía gradu-almente.

p De acordo com os dados, pode-se obter resultados de cada semana expressos por valores fixos na forma de NMP (numero mais provável), na primeira semana, 8 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representati-vo de 80 NMP/100ml. Na segunda semana, 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NMP/100ml. Terceira semana, 4 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 13NMP/100ml. Quarta semana, 2 de 15 tubos selecionados apresentaram conta-minação tendo um valor representativo de 4NMP/100 ml. A partir da quinta semana nenhum contaminante pode ser encontrado, sendo assim conclui-se que não haveria mais necessidade de trabalhar em cima dos testes presuntivos.

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

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Na primeira semana, 4 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 9NMP/100ml. Na segunda semana, 3 de 15 tubos selecio-nados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 7NMP/100ml. Na terceira semana 3 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 6NMP/100ml. Na quarta semana 1 de 15 tubos seleciona-dos apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 2NMP/100ml. Na quinta semana não foram feitos testes confirmativos, pois se conclui que não haveria necessidade pelo fato dos testes presuntivos terem sido zerados. q

Testes da planta selecionada PISTIA STRATIOTES

Na primeira semana, 4 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 11NMP/100ml. Na segunda semana, 6 de 15 tubos selecio-nados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 30NMP/100ml. Na terceira semana 8 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 32NMP/100ml. Na quarta semana 8 de 15 tubos selecio-nados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 33NMP/100ml. Na quinta semana 6 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 22NMP/100ml. Na sexta semana 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NMP/100ml. u

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

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t Na primeira semana, 2 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 4NMP/100ml. Na segunda semana, 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NM-P/100ml. Na terceira semana 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NMP/100ml. Na quarta semana 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NM-P/100ml. Na quinta semana 6 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 30NMP/100ml. Na sexta semana 6 de 15 tubos se-lecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 21NM-P/100ml.

pNa primeira semana, 8 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 33NMP/100ml. Na segunda semana, 6 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 30NM-P/100ml. Na terceira semana 5 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 23NMP/100ml. Na quarta semana 7 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 26NM-P/100ml. Na quinta semana 9 de 15 tubos selecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 40NMP/100ml. Na sexta semana 6 de 15 tubos se-lecionados apresentaram contaminação tendo um valor representativo de 30NM-P/100ml.

CONCLUSÃO

Ao final deste trabalho pode-se concluir os métodos alternativos de remediação da planta Mururu Echihhornia crassipes tiveram resultados positivos em relação a

Fonte: Autor da pesquisa (2016).

redução de contaminantes microbioló-gicos comparando com a ETE dentro da Vila Maranhão obtidos nas áreas dentro de São Luis – MA pois apresentaram grandes viabilidade em sua utilização, cumprindo as técnicas necessárias dis-postas pelos padrões estabelecidos da Funasa 2004 visando melhorias para qualidade da água, onde o manejo do estudo de caso é tratado com especifi-cidade. Porem os resultados da espécie alface d’agua Pistia stratiotes não apre-sentaram os resultados esperados sendo assim a eficiência em testes microbioló-gicos foi considerada não benéfica para este tipo de tratamento.

REFERÊNCIAS

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Edition.. Disponivel em: <https://www.inorganicventures.com/product-cate-gory/water-qc-standards?gclid=CP-m-74z2stACFRQFkQodSBQIuw>.Acesso em 15 março.2016.

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MONITORAMENTO DE POSITIVIDADE PARA Schistosoma mansoni EM ROEDORES Holochilus sp.

NATURALMENTE INFECTADOS NA BAIXADA*

Maria Gabriela Sampaio Lira Graduação em Ciências Biológicas - UEMAE-mail: [email protected]

Guilherme Silva Miranda Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Gleycka Cristine Carvalho Gomes Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

João Gustavo Mendes RodriguesGraduação em Ciências Biológicas - UEMA

Ranielly Araújo Nogueira Graduação em Ciências Biológicas - UEMA

Nêuton Silva-SouzaDepartamento de Química e Biologia - UEMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela UEMA

RESUMO: A ocorrência de mamíferos não humanos como reservatório da esquistossomose sempre foi um fator agravante a ser estudado. Roedores da família dos cricetídeos, como o Nectomys sp., parecem desempenhar importante papel na potencialização da disseminação da mesma. No entanto, para Holo-chilus sp. (Rodentia: Cricetidae), encontrado no Maranhão, estudos com essa finalidade parecem pouco elucidativos. Desse modo, objetivou-se analisar o índice de infecção desses animais por S. mansoni na cidade de São Bento – MA, área endêmica para o parasito. Para tanto, foi realizado um monitoramento desses roedores durante 12 meses, através de armadilhas do tipo Tomahawk para captura e triplicatas de lâminas cropológicas, confeccionadas por meio do kit Kato-Katz, para o exame parasitológico. Foram contabilizados um total de 101 roedores, sendo que 28,7% apresentaram-se naturalmente infectados para S. mansoni (17,3% fêmeas e 82,7% machos). Tal análise evidenciou que, por mês, uma média de 2,4 roedores estavam infectados para o período de um ano, sendo possível encontrar animais positivos em quase todas as coletas. Portanto, o roedor Holochilus sp. é um possível candidato à manutenção do ciclo da esquistossomose na região em estudo. Palavras-chave: Esquistossomose. Mamífero Silvestre. Vigilância Epidemiológica.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

Os primeiros casos de roedores natu-ralmente infectados por S. mansoni no Brasil foram registrados em meados do século XX. Para a Baixada Maranhense já foi constatado a existência de dois hospedeiros definitivos do S. mansoni: o homem e o roedor silvestre (Holochilus sp.), que se integram com a ecologia dos moluscos vetores da doença para a região (Biomphalaria glabrata e B. stra-minea) (Bastos, 1984; Cantanhede et al., 2014). Esses mamíferos silvestres são ca-pazes de albergar grande quantidade de vermes adultos, além de eliminar ovos viáveis em suas fezes, caracterizando assim como um potencial agente epide-miológico nessa região (Bastos, 1984).

A esquistossomose é classificada como uma doença parasitária de gran-de impacto na saúde pública (perdendo apenas para a malária) (Choi; Yu, 2015). Estima-se que aproximadamente 240 milhões de pessoas estejam contami-nadas e 700-800 milhões permaneçam em risco iminente de contrair a doen-ça (Steinmann et al., 2006; Souza et al., 2011; Colley et al., 2014; Who, 2015; Weerakoon et al., 2015). Com a detec-ção de populações de roedores silvestres em uma região já endêmica, abundân-cia dos hospedeiros intermediários e ausência de infraestrutura sanitária, os programas de controle dessa parasitose tornam-se mais difíceis. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi monitorar o índice de positividade do roedor do gênero Holochilus, encontrado em São Bento – MA, para o helminto S. man-soni, como forma de atualizar o cenário epidemiológico e subsidiar posteriores programas no controle da esquistosso-mose na região.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado durante o período de agosto de 2012 a julho de 2013, no município de São Bento, que

fica localizado no Estado do Maranhão, na microrregião da Baixada Maranhen-se, a uma distância de 314 Km da capital (São Luís). Os roedores foram captura-dos com o auxílio de armadilhas do tipo Tomahawk, colocadas em pontos estra-tégicos do campo alagado, característico da área, onde esses animais costumam fazer seus ninhos utilizando a vegetação aquática. As 10 armadilhas foram colo-cadas a uma distância de 50 metros das casas da beira do campo durante a noite, com uma distância de 10 metros uma da outra, tendo como isca, banana unta-da com pasta de amendoim. Passado o período de 12 horas, ainda em campo, foi feita a triagem do material obtido, removendo outros animais e mantendo somente os roedores Holochilus sp. Não houve captura diferenciada para machos e fêmeas. Logo após, estes foram condu-zidos até o laboratório da Fazenda Esco-la da unidade da Universidade Estadual do Maranhão situada em São Bento. No laboratório, os roedores foram analisa-dos de forma qualitativa quanto à posi-tividade para S. mansoni, por meio do método de Kato-Katz (Katz et al., 1972). Foram utilizadas três lâminas para uma amostra fecal de cada roedor, as quais foram conduzidas ao microscópio óp-tico para a observação dos ovos. Logo após a utilização das fezes, os animais foram mantidos em gaiolas plásticas (um por gaiola) por um período de 24 horas para redução do estresse dos pro-cessos laboratoriais, só então foram de-volvidos à natureza no mesmo local de captura. A captura, transporte e coleta de material desses animais foram auto-rizados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA, de acordo com a licença para atividades com finalidades científicas n°40025/1 e Registro 543545, além de estar protocolado no Conselho de Ética e Experimentação Animal da Universidade Estadual do Maranhão, sob o n° 05/2013.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao término das coletas, constatou-se que, dos 101 exemplares de roedores Holo-chilus sp. capturados, 28,7% apresentaram-se naturalmente infectados para S. manso-ni (Figura 1).

O índice encontrado foi próximo ao verificado por Veiga-Borgeaud et al. (1986), quando verificaram um índice de 29,6% de Holochilus sp. positivos na mesma localidade, evidenciando que, quase três décadas depois desse estudo, o cenário parasitológico desse roedor permanece o mesmo para a região. Em relação à distribuição dos animais posi-tivos ao longo dos meses de captura, foi possível constatar que não houve muita variação entre agosto a maio. Com ex-ceção do mês de fevereiro quando se ob-teve o maior percentual de infectados. Tal análise evidenciou que, por mês, uma média de 2,4 roedores estavam in-fectados para o período de um ano (ex-ceção de julho), sendo possível encon-

Figura 1 - Monitoramento da positividade para S. mansoni em roedores do gênero Holochilus, captura-dos no município de São Bento - MA, entre o período de agosto de 2012 e julho de 2013.

trar animais positivos em quase todas as coletas. Essa frequência de animais positivos pode ser parcialmente expli-cada por Gentile et al. (2010) que, em pesquisas parasitológicas com roedo-res (Nectomys sp.), comprovaram que em condições naturais a infecção por S. mansoni, a sobrevivência, a capacidade de reprodução e a mobilidade do animal não foram afetadas, garantindo, assim, a continuidade do ciclo do helminto.

Durante o estudo, percebeu-se que os roedores machos apresentaram maior frequência de infecção pelo S. mansoni, pois, de 29 exemplares positivos, 82,7% correspondem aos machos, enquanto 17,3% correspondem às fêmeas (Figura 2).

Figura 2 - Comparação dos índices de positividade para S. mansoni em Holochilus sp. machos e fê-meas, capturados no município de São Bento - MA, entre o período de agosto de 2012 e julho de 2013.

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Desse modo, em um ano de captura, apenas em cinco meses verificaram-se fêmeas infectadas, enquanto houve re-gistro de machos em mesma situação em praticamente todos os meses. As di-ferentes respostas parasitológicas entre os sexos desses roedores são descritas na pesquisa de Silva-Souza e Vascon-celos (2005), em que os machos foram mais suscetíveis à infecção do que as fê-meas. No entanto, os mesmos declaram que possivelmente fatores hormonais sejam uma das explicações para essas diferenças. Apesar das diferenças entre os sexos encontradas neste trabalho, a maior quantidade de machos captura-dos pode também ter interferido nesses valores. Os animais negativos para o exame parasitológico, por sua vez, não eliminam a possibilidade dos mesmos estarem infectados, uma vez que, nem todos os ovos produzidos pelos parasi-tos alcançam a luz intestinal, ou os roe-dores poderiam estar no início da infec-ção. Apesar de estudos dessa natureza com os roedores Holochilus sp. para a região da Baixada Ocidental Maranhen-se serem escassos e confinados no sé-culo passado, o mesmo ainda merece maiores esforços na elucidação de seu verdadeiro papel nesse ciclo.

CONCLUSÕES

O fato do grande número de roedores da espécie Holochilus sp. estarem para-sitados por S. mansoni, nos indica que muito provavelmente os mesmos este-jam atuando na manutenção do ciclo da esquistossomose na região. Nesse sen-tido, é de extrema importância a inicia-tiva de sua inclusão nas estratégias de abordagens das ações de saúde.

REFERÊNCIAS

BASTOS, O. de C. Holochilus brasilien-sis nanus Thomas, 1987. Sugestão de modelo experimental para filariose, le-sihmaniose e esquistossomose. Revista do Instituto de Medicina Tropical de

São Paulo, vol.26, p. 307-315, 1984.

CANTANHEDE, S.P.D. et al. Freshwater gastropods of the Baixada Maranhense Microregion, an endemic area for schis-tosomiasis in the State of Maranhao, Brazil: I - qualitative study. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, vol.47, n.1, p. 79-85, 2014.

CHOI, M.; YU, J. Who Neglects Neglec-ted Tropical Diseases ? – Korean Pers-pective. Neglected tropical diseases, v. 30, p. 122–130, 2015.

COLLEY, D. G. et al. Human schistoso-miasis. The Lancet, v. 383, n. 9936, p. 2253–2264, 2014.

GENTILE, R.; COSTA-NETO, F.S.; D’ANDREA, S.P. Uma revisão sobre a participação do rato d’água Nectomys squamipes na dinâmica de transmissão da esquistossomose mansônica: um es-tudo multidisciplinar de longo prazo em uma área endêmica. Oecologia Aus-tralis, vol. 14, n.3, 711-725, 2010.

KATZ, N. et al. A simple device for quantitative stool thick-smear techni-que in schistosomiasis mansoni. Revis-ta do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 14:397-400, 1972.

SILVA-SOUZA, N.; VASCONCELOS, S.D. Histopathology of Holochilus bra-siliensis (Rodentia: Cricetidae) infected with Schistosoma mansoni (Schistoso-matida: Schistosomatidae). Revista de Patologia Tropical, vol. 34, n.2, p. 145-150, 2005.

SOUZA, F.P.C. et al. Esquistossomose mansônica: aspectos gerais, imunologia, patogênese e história natural. Revista Brasileira de Clínica Médica, v.9, n.4, p.300-307, 2011.

STEINMANN P. et al. Schistosomiasis and water resources development: sys-tematic review, meta-analysis, and esti-mates of people at risk. Lancet Infec-

tion Diseases, 6: 411–25, 2006.

VEIGA-BORGEAUD, T. et al. Constata-ções sobre a importância dos roedores silvestres (Holochilus brasiliensis nanus. Thomas, 1897) na epidemiologia da es-quistossomose própria da Pré-Amazô-nia. Caderno de Pesquisa, vol.2, n.1, p. 86-99, 1986.

WEERAKOON, K. G. A. D. et al. Advan-ces in the Diagnosis of Human Schisto-somiasis. Clinical microbiology re-views, v. 28, n. 4, p. 939–967, 2015.

WHO. Investing to overcome the Global Impact of Neglected Tropical Diseases. Geneva: Who; 2015.

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OCORRÊNCIA DE AGENTES ZOONÓTICOS OCUPACIONAIS EM TRABALHADORES DE

FRIGORÍFICOS NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS-MA*

Thaliane França CostaGraduação em Medicina Veterinária - UEMA

E-mail: [email protected] Luis Gustavo Siqueira Matias Ramos

Graduação em Medicina Veterinária -UEMA Renata Stefany Bitencout Cavalcante

Graduandas em Medicina Veterinária - UEMAPriscila Alencar Beserra

Graduandas em Medicina Veterinária - UEMANancyleni Pinto Chaves

Departamento de Patologia - UEMADanilo Cutrim Bezerra

Departamento de Patologia - UEMAHilmanara Tavares da Silva

Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Animal - UEMA*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: Objetivou-se determinar a ocorrência Brucella abortus, Leptospira interrogans e Toxoplasma gondii em trabalhadores de frigoríficos no Município de São Luís – MA e identificar possíveis fatores de risco. Foram aplicados questionários e coletadas amostras de sangue de 75 funcionários de três frigorífi-cos destinados ao abate de bovídeos. Para os três agentes, foi realizado diagnóstico sorológico específico. Para o estudo dos fatores de risco utilizou-se estatística por meio do Teste Quiquadrado de Independên-cia (X2). Apenas uma amostra (1,34%) foi reagente para B. abortus; 61,30% (n=46) apresentaram reações positivas para Leptospira spp. Nenhuma das 70 amostras foi sororeagente para o anticorpo IgM anti-T. gondii, ao passo que 81,33% (n=61) foram IgG sororeagentes. Dentre os fatores de risco avaliados, a pre-sença de entulhos próximos as residências e a não capacitação profissional apresentaram significância estatística (P<0,05) associada à leptospirose. Para as demais doenças não houve relação. A maioria dos amostrados relatou conhecer duas das três doenças e suas formas de transmissão, porém, 97% (n=73) não faz uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Estes resultados permitiram concluir que a ocorrência dos agentes Leptospira spp. e T. gondii em trabalhadores de frigoríficos no Município de São Luís – MA foi elevada, ao contrário da B. abortus, demonstrando grande a possiblidade desses pro-fissionais se infectarem, sobretudo, pela não utilização de EPI’s.

Palavras-chave: Funcionários. Matadouros. Saúde. Zoonoses.

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INTRODUÇÃO

Os frigoríficos são locais úmidos e barulhentos, onde altas e baixas tem-peraturas se alternam dentro da mesma instalação. As operações de abate e ob-tenção de carnes ocorrem de forma se-quencial, como em uma linha de mon-tagem, na qual a velocidade de trabalho não é determinada pelo indivíduo, mas pelo número de animais que devem ser abatidos por intervalo de tempo (TAVO-LARO et al, 2007).

Durante todo o processo de abate, os trabalhadores de frigoríficos estão em contato direto com sangue, vísceras, fe-zes, urina, secreções vaginais ou uteri-nas, restos placentários, líquidos e fetos de animais; e por esta razão, o risco de contaminação por agentes infecciosos se torna uma das maiores preocupações, considerando a abrangência rotineira da exposição e o caráter zoonótico das doenças que podem afetar os animais (MARRA et al., 2013).

Diante desta realidade, dos proble-mas relacionados as doenças ocupacio-nais, com ênfase nos agentes zoonóticos e da importância destas para a saúde in-dividual e pública, é que realizou-se este estudo, com os objetivos de determinar a ocorrência Brucella abortus, Leptospi-ra interrogans e Toxoplasma gondii em trabalhadores de frigoríficos no Municí-pio de São Luís – MA; identificar possí-veis fatores de risco associados.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram aplicados questionários e co-letadas amostras de sangue de 75 fun-cionários de três frigoríficos destinados ao abate de bovídeos de São Luís – MA. No Laboratório de Diagnóstico de Do-enças Infecciosas da UEMA, as amos-tras foram centrifugadas para obtenção do soro e mantidas a -20º C até a reali-zação dos testes sorológicos.

Para o diagnóstico sorológico espe-cífico de Leptospira spp., Brucella abor-tus e Toxoplasma gondii, utilizou-se a técnica da Soroaglutinação Microscó-pica; Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), 2-Mercaptoetanol (2-ME) e So-roaglutinação Lenta em Tubos (SAL); e Ensaio Imunoenzimático por Fluores-cência (ELFA), respectivamente. Para o estudo dos fatores de risco utilizou-se estatística por meio do Teste Quiqua-drado de Independência. O programa utilizado para a obtenção da análise foi o Instat 2.0 versão 2003.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os funcionários amostrados, 91,42% (n=64) eram do sexo masculino e 8,57% (n=6) do sexo feminino, com faixa etária de 19 a 61 anos, e tempo de ser-viço entre oito meses e 36 anos. Os re-sultados do diagnóstico sorológico para os três agentes estudados nesta pesqui-sa estão distribuídos no gráfico abaixo (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Distribuição de resultados dos testes sorológicos para Leptospira spp., Brucella abortus e Toxoplasma gondii.

Estes resultados são superiores aos encontrados por Caminoa et al. (1990), que diagnosticaram 26,90% de funcio-nários de frigoríficos soropositivos para leptospirose em Ribeirão Preto – SP; superiores aos os de Gonçalves et al. (2006), que encontrou 70% de soropositi-vos para T. gondii no Estado do Paraná; e inferior aos de Figueiredo et al. (1985) que encontraram 4,20% de amostras po-sitivas para B. abortus quando avalia-ram 1.183 trabalhadores de frigoríficos de Belo Horizonte – MG. Em nossa pes-quisa, os sorovares que apresentaram maior ocorrência foram Pomona (54%), Butembo (33%), Hadjo (24%) e Wolffi (9%). Nenhuma das amostras foi rea-gentes ao anticorpo IgM anti-T. gondii, porém o percentual de reagentes IgG sugere que esses trabalhadores tiveram contato com o antígeno em uma infec-ção antiga, apresentando memória imu-nológica.

Dentre os fatores de risco avaliados,

a presença de entulhos próximo as resi-dências e a não capacitação profissional apresentaram significância estatística (P < 0,05) associada à leptospirose. Em rela-ção às funções inerentes ao fluxograma de abate, tanto a esfola quanto a limpeza de vísceras brancas apresentaram maior número de indivíduos reagentes para Leptospira ssp. e T. gondii, simultane-amente. Além disso, o único funcioná-rio reagente para B. abortus trabalha na função de esfola há mais de oito meses. Este quadro pode sinalizar que o con-tato com secreções, sangue e vísceras reforça a possibilidade de ocorrência da brucelose, leptospirose e toxoplasmose nessa categoria de profissionais.

Ressalta-se que a maioria deles re-latou conhecer duas das três doenças e suas formas de transmissão (Tabela 1), e ainda assim, não fazem uso de EPI’s (n=73; 97%) seja por descaso ou por não serem oferecidas pelos proprietários dos frigoríficos.

Tabela 1 - Nível de conhecimento e forma de transmissão da leptospirose, brucelose e toxoplasmose pelos trabalhadores de frigoríficos do Município de São Luís – MA.

Diante do aspecto citado acima, tor-na-se necessária a educação em saúde na população em geral. De acordo com Dias (2012), a educação em saúde é um processo ativo e contínuo, que promove mudanças no conhecimento, atitudes e comportamento das pessoas frente aos problemas sanitários, com o objetivo de melhorar as condições diretas e indire-tas da saúde das pessoas.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nesta pesqui-sa, considerando a análise e interpre-

tação dos aspectos da leptospirose e toxoplasmose permitiram concluir que a ocorrência dessas enfermidades em trabalhadores de frigoríficos municipais no Município de São Luís – MA foi ele-vada, ao contrário da brucelose. Diante da dinâmica do trabalho executado nes-ses locais é grande a possiblidade desses profissionais se infectarem, sobretudo, pela não utilização de EPI’s.

Como sugestões para a redução do risco de agentes zoonóticos nesta cate-goria de profissionais recomendam-se, além do aumento da fiscalização nos

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frigoríficos, a realização periódica de exames periódicos e capacitação sobre BPF e manipulação de alimentos, além de propiciar condições adequadas para que esses funcionários possam desen-volver suas atividades em um ambiente higiênico e seguro.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Fundação de Am-paro à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA, pelo financiamento deste trabalho.

REFERÊNCIAS

CAMINOA, R.; LAPENTA, L.; GILARDI, R.; Brote de leptospirosis humana en un matadero del Partido Azul. Acta Bio-chimica Clinica Latinoamericana, v. 24, n.1, p.61-66, 1990.

DIAS, I. C. L. Prevenção de zoonoses ocupacionais em abatedouros de bovi-nos. Revista Vivências, v.8, n.15, p.89-98, 2012.

FIGUEIREDO, B.L. Brucelose como do-ença ocupacional. I. Aglutininas anti Brucella sp. em grupos ocupacionais dos frigoríficos da grande Belo Hori-zonte. Arquivo Brasileiro de Medici-na Veterinária e Zootecnia, v. 37, p. 385-407, 1985.

GONÇALVES, D. D.; TELES, P. S.; REIS, C. R.; LOPES, F. M.; FREIRE, R. L.; NA-VARRO, I. T.; ALVES, L. A.; MULLER, E. E.; FREITAS, J. C. Soroepidemiologia e variáveis ocupacionais e ambientais relacionadas à leptospirose, brucelose e toxoplasmose em trabalhadores de frigorífico do Estado do Paraná, Brasil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 48, n. 3, p. 135-140, 2006.

MARRA, G. C.; SOUZA, L. H. de; CAR-DOSO, T. A. de O. Biossegurança no trabalho em frigoríficos: da margem do

lucro à margem da segurança. Ciência e saúde coletiva, v. 18, n.11, Rio de Ja-neiro, 2013.

ODONTOGERIATRIA EM FOCO: PROJETO DE ASSISTÊNCIA A PACIENTES PORTADORES DE PRÓTESES

REMOVÍVEIS ATENDIDOS NA UFMA

Plinio Barbalho Vieira Tavares Graduando em Odontologia - UFMAE-mail: [email protected]

Maria Áurea Lira FeitosaProfessora Adjunto - UFMA

Andrea Lucia Almeida de Carvalho Professora Adjunto - UEMA

RESUMO: As próteses removíveis têm como finalidade a reabilitação do sistema estomatognático, en-tretanto, a falta de conhecimento dos pacientes sobre os cuidados com a prótese, em especial com a higienização desta, pode levar ao aparecimento de determinadas patologias, dentre as quais se destaca a candidose oral. Esse projeto buscou abrange os usuários de próteses removíveis provenientes de vá-rias comunidades carentes da nossa capital e região, os quais procuram o setor de triagem do curso de Odontologia da UFMA, o projeto se propõe ainda a beneficiar alunos da UNITI, idosos do Programa de Assistência ao Aposentado, ainda, idosos moradores do bairro Sá Viana, independentemente do tempo de uso e do estado de conservação das proteses. O projeto tem como objetivos principais, avaliar as con-dições de higiene bucal e da prótese e a eficácia dos métodos de higienização adotados pelos pacientes, orientar os pacientes quanto aos métodos mais adequados de higiene bucal que devem ser adotados como regime diário de limpeza e diagnosticar a presença de lesões na mucosa oral relacionadas ao uso de próteses removíveis, especialmente a estomatite protética, a metodologia do projeto consiste em atendimentos clínicos na UFMA, todavia, dentro do seu programa de ação consta também de visitas “in loco”, o exame consiste de uma anamnese e exame físico e protético. A proposta de tratamento feita aos pacientes enfoca principalmente a eliminação dos fatores etiológicos relacionados à deficiência de hábitos de higiene bucal e cuidados com as próteses. Vinculado ao departamento de extensão da UFMA desde 2007 o projeto já atendeu mais de 1000 usuários de prótese, sendo hoje uma referência para o tratamento de estomatite na universidade.

Palavras-chave: Higiene Bucal. Hábitos. Próteses.

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INTRODUÇÃO

As próteses removíveis parciais ou totais têm como finalidade a reabilita-ção do sistema estomatognático, por meio da reposição de dentes e tecidos adjacentes perdidos, sem comprometer a saúde das estruturas de suporte rema-nescentes. Entretanto, a falta de conhe-cimento dos pacientes sobre os cuida-dos com a prótese, em especial com a higienização desta, pode levar ao apa-recimento de determinadas patologias, dentre as quais se destaca a candidose oral, a qual está presente em até 65% dos usuários de próteses removíveis (Akpan e Morgan, 2002, Gendreau e Loewy, 2011, Vasconcelos et al., 2011).

Quando associada ao uso de próteses, a candidose é também denominada de estomatite induzida por prótese ou es-tomatite protética. Apresenta-se como uma inflamação dos tecidos moles orais, geralmente em contato com superfícies de próteses mal adaptadas e/ou preca-riamente higienizadas (Coulthwaite e Verran, 2007, Gendreau e Loewy, 2011). Essa inflamação pode ser classificada quanto à sua severidade em três classes, de acordo com Newton (1962):

• Classe I (leve): sinais inflama-tórios mínimos, geralmente as-sintomáticos. Observa-se infla-mação localizada ou hiperemia puntiforme, geralmente em volta dos orifícios dos ductos das glân-dulas salivares da mucosa palati-na.

• Classe II (moderada): super-fície com áreas eritematosas di-fusas, podendo estar associadas total ou parcialmente por pseu-domembrana branca. Usualmen-te o paciente queixa-se de algum sintoma subjetivo.

• Classe III (severa): hiperplasia com inflamação granular ou pa-pilar em graus variados. A mu-cosa tem uma aparência nodu-

lar com hiperemia na superfície, sendo mais restrita à área central da mucosa palatina e embaixo das áreas de relevo.

As espécies de Candida são consi-deradas o principal fator etiológico da estomatite protética. E, os níveis orais desse microorganismo estão diretamen-te relacionados à severidade da lesão. Em indivíduos sadios, a Candida habita a cavidade oral sob a forma de um mi-crorganismo comensal (Perezous et al., 2005, Pereira-Cenci et al., 2008, Sesma e Morimoto, 2011). Entretanto, a ocorrên-cia de fatores predisponentes sistêmicos ou locais pode aumentar os níveis orais desse fungo e desencadear o apareci-mento da candidose. Os principais fa-tores sistêmicos são: tratamentos imu-nossupressores em transplantados e na terapia do câncer, uso indiscriminado de antibióticos, uso de corticoides, pan-demia de AIDS, diabetes mellitus, defi-ciências de ferro e vitaminas, dieta rica em carboidratos, estresse físico e emo-cional, idade avançada e fumo. Dentre os fatores locais, destacam-se: nutrição parenteral, hipossalivação, higiene oral deficiente e uso de próteses removíveis (Arendorf e Walker, 1987; Soysa et al., 2006; Figueiral et al., 2007; Samara-nayake et al., 2009; Emami et al., 2012).

A alta prevalência da estomatite pro-tética em usuários de próteses removí-veis ocorre porque a resina da base das próteses funciona como um nicho bas-tante favorável à proliferação de Candi-da (Fernandes et al., 2011, Gusmão e Pe-reira, 2012). A higienização inadequada, a desadaptação e o uso noturno da pró-tese favorecem ainda mais o acúmulo de biofilme. Uma vez organizadas nessa co-munidade microbiológica, as células de Candida estão mais protegidas da ação antimicrobiana e física da saliva e de outros agentes químicos (Rocha et al., 2003; Li et al., 2007; Tanaka et al., 2009, Vasconcelos et al., 2011).

O tratamento da estomatite consis-te, basicamente, no controle dos fatores etiológicos. Para isso, o cirurgião-den-tista deve ser capaz de fazer um exame clínico minucioso, com o objetivo de diagnosticar a patologia, identificar os fatores etiológicos relacionados (tanto os locais, quanto os sistêmicos) e orien-tar o paciente quanto aos cuidados de higiene que deve ter com a prótese para reduzir o acúmulo de biofilme (Shay, 2000). Em alguns casos, a troca da pró-tese ou o reembasamento desta se faz necessário. O sucesso do tratamento, por sua vez, depende da motivação do paciente, a qual pode ser estimulada pe-riodicamente pelo profissional durante o acompanhamento do caso.

MATERIAL E MÉTODOS

O projeto será desenvolvido na Clí-nica 2 e Clínica 5 do Curso de Odonto-logia da Universidade Federal do Mara-nhão – UFMA. Todavia, dentro do seu programa de ação consta visitas “in loco” a todos os idosos em seu local de atividades, em dias e horários previa-mente estabelecidos e acordados com os responsáveis por cada instituição.

Seleção do público alvo

Através de exames visuais prévios serão selecionados pacientes portadores de prótese removíveis (total ou parcial), independentes de idade e gênero, os quais serão submetidos a exames clíni-cos, para posterior tratamento e proser-vação.

Critérios de inclusão

• pertencer ao grupo de usuários de próteses removíveis superio-res parciais ou totais – PPR (com metal), Total (sem metal);

• apresentar estomatite protética;

• apresentar próteses em condi-ções clínicas de uso;

• apresentar boas condições de

saúde geral.

• ser oriundo das clínicas de Pró-tese Total, Clinica 1, Clinica 2, Clinica 5, Disciplina de Disfun-ção e Clinica Integrada Adulto do Curso de Odontologia – UFMA., sendo estes portadores de próte-ses removíveis;

• pertencer às instituições: Univer-sidade da Terceira Idade (UNITI), ao grupo de idosos do PAI e GEN, ser indicado pela Associação de Moradores do Bairro Sá Viana.

Critérios de exclusão

• não apresentar próteses removí-veis na arcada superior;

• ausência de suporte basal na pró-tese;

• história de algum distúrbio psi-quiátrico ou neurológico que possa comprometer o tratamento e manutenção, diagnosticados e relatados durante a anamnese;

• não pertencer às instituições par-ticipantes do projeto.

Exame clínico

Anamnese dos pacientesA anamnese dos pacientes será reali-

zada através de uma Ficha Clínica, apli-cação de um questionário previamente adaptados a partir de Hoad-Reddick et al. (1990), abordando aspectos relativos à higiene bucal do paciente e cuidados com as próteses, e uma ficha clínica re-lacionada ao exame da prótese, relacio-nando-se ainda, a presença de queilite angular.

Exame físico e protético

O exame clínico será realizado de forma convencional e rotineira utilizan-do os instrumentais e materiais adequa-dos para este fim. O estado da mucosa do palato será avaliado pela inspeção da área de suporte da prótese total e suas

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características clínicas com vistas às le-sões de estomatite protética (EP). Serão considerados portadores de estomatite protética os pacientes que se enquadra-rem na classificação de Newton (1962).

Enquanto que o exame da prótese visa a identificação do tipo da prótese utilizada pelo paciente, incluindo uma avaliação das condições de seu supor-te basal e de higiene, possíveis defeitos de adaptação, além de uma análise do plano oclusal e estado de conservação das mesmas (Hoad-Reddick et al., 1990; Carvalho de Oliveira et al., 2000).

A retenção e a estabilidade dinâmica serão consideradas satisfatórias quando não houver queixa de deslocamento da prótese durante as funções de mastiga-ção, fala, deglutição, respiração, sorriso ou mesmo em repouso. A retenção e a estabilidade estática serão avaliadas com o paciente em posição de repouso, utilizando o dedo indicador para aná-lise da tração vertical e horizontal nos incisivos, tração lateral para vestibular e pressão leve na prótese superior con-tra os tecidos de suporte na região dos pré-molares dos dois lados, alternati-vamente. Serão consideradas satisfató-rias na ausência de deslocamento e/ou movimento de báscula da prótese total (Carvalho de Oliveira et al., 2000).

A avaliação da Dimensão Vertical de Oclusão (DVO) será feita através de uma associação dos métodos métrico, estético e fonético. No métrico será ob-tido inicialmente, a Dimensão Vertical de Repouso (DVR) utilizando o compas-so de Willis e estando o paciente devi-damente posicionado na cadeira e com a mandíbula em posição de repouso. A distância obtida entre a base do mento à base do nariz do paciente representa a DVR e partindo daí o paciente fecha-rá a boca até ocluir obtendo-se a DVO, e a diferença entre estas duas posições corresponde ao espaço funcional livre (EFL), considerado normal uma média

de 3mm.

No método estético, as referências para considerar a DVO satisfatória são: conformação dos sulcos nasolabiais, a harmonia do terço inferior da face com as demais partes do rosto e a plenitude facial correspondente à idade do pacien-te. No teste fonético, será realizado a pronúncia de sons sibilantes com o ob-jetivo de se observar o espaço funcional de pronúncia (EFP), sendo considerado uma DVO normal com um espaço na faixa de 1mm.

Para a oclusão, serão avaliados os movimentos mandibulares de abertura e fechamento, lateralidade direita e es-querda e protrusão, sendo considerada como satisfatória apenas o tipo de oclu-são bilateral balanceada.

O estado de limpeza da prótese será observado quando esta for removida da boca, lavada levemente em água cor-rente e colocada sobre a bandeja clíni-ca, sendo considerada “insatisfatória” quando da presença visível de placa bacteriana e “suficiente” quando da au-sência.

Após a seleção dos voluntários, estes assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, o projeto será sub-metido ao Comitê de Ética em pesquisa em Humanos.

Tratamento

A proposta de tratamento feita aos pacientes acometidos por lesões de esto-matite protética enfocará principalmen-te a eliminação dos fatores etiológicos relacionados à deficiência de hábitos de higiene bucal e cuidados com as próte-ses. Assim, após o diagnóstico clínico dos principais fatores etiológicos en-volvidos, a Equipe Executora fornecerá um protocolo de higienização (Anexos Va e Vb) específico para os usuários de prótese total e parcial, respectivamente. Neste protocolo constam todas as me-didas relacionadas aos cuidados de hi-

giene bucal e protética que devem ser adotadas por usuários de próteses re-movíveis, considerando tipo de escova, número de vezes de escovação diária, suspensão do uso noturno da prótese, além da imersão da prótese diariamente em uma solução química para limpeza de prótese, conforme o tipo de prótese utilizado pelo voluntário. Cada voluntá-rio receberá uma escova específica para usuário de próteses removíveis, e o tra-tamento proposto terá a duração de 60 (sessenta) dias, sendo realizadas avalia-ções periódicas com 30 e 60 dias. Tais pacientes serão reunidos em grupos conforme o ciclo de tratamento, a saber: G1: primeiro grupo de pacientes volun-tários a receberem tratamento, G2: se-gundo grupo de pacientes voluntários.

Ao final dos 60 dias será efetuada a última avaliação da terapêutica propos-ta aos voluntários. Aqueles que ainda apresentarem algum sinal clínico da patologia no final dos 60 dias de acom-panhamento, serão reavaliados quanto à eficácia doméstica da realização das medidas e depois, continuarão no regi-me de higienização adotado por mais 30 dias. Paralelamente, serão investigados ainda outros fatores possivelmente re-lacionados, como os sistêmicos que po-dem interferir nas terapêuticas indica-dos para a referida patologia.

Conforme descrito nos Anexos Va e Vb, os pacientes voluntários receberão orientação sobre a técnica de escovação e uso do fio dental (caso haja dentes re-manescentes), sendo instruídos a rea-lizar a limpeza da cavidade oral e suas estruturas (língua, palato e rebordo al-veolar) com escova macia e creme den-tal 04 (quatro) vezes ao dia: após café, almoço, jantar e antes de dormir. Com relação aos cuidados com a prótese, se-rão instruídos a removê-las após cada refeição para higienizá-las com escova apropriada, água corrente e creme den-tal, além de não dormir com as mesmas.

O processo de desinfecção da prótese será feita através da imersão por 10 mi-nutos em uma solução preparada com quatro colheres de sopa de hipoclorito a 2,5% (Água Sanitária) para 300 mL de água filtrada (Ferreira et al., 2009; Fer-nandes et al., 2011). Nos casos de prótese com metal será adotado o uso de bicar-bonato de sódio, conforme Gonçalves et al., (1999), diluído na proporção de duas colheres de chá para 1 copo d’água.

Decorrido o prazo de tratamento proposto, os pacientes que apresenta-ram remissão dos sinais clínicos, passa-rão automaticamente para o grupo de proservação (P), sendo reavaliados após 03 (três) meses a fim de se observar a ação da terapêutica empregada e sua re-lação com a severidade do quadro clíni-co inicial da Estomatite Protética. Como medidas preventivas contra a recidiva da estomatite protética, serão forneci-dos aos voluntários os procedimentos descritos no Protocolo de Medidas Pre-ventivas.

RESULTADOS

O Projeto durante seu período de vi-gência a conseguiu atingir as seguintes metas

• Reduzir a prevalência da esto-matite protética em usuários de próteses removíveis pertencentes às instituições beneficiadas com o projeto, evitando que esses pa-cientes possam ter complicações sistêmicas;

• Diminuir a possibilidade do usu-ário de prótese removível debili-tado de desenvolver uma infec-ção sistêmica que coloque sua vida em risco;

• Acompanhar os pacientes atendi-dos durante a vigência do projeto com a finalidade de verificarmos a eficácia das medidas terapêuti-cas adotadas e evitar a recidiva da patologia;

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• Conscientizar o paciente da im-portância dos conhecimentos ad-quiridos, para que ele permaneça sempre motivado a higienizar e cuidar adequadamente da próte-se e dentes remanescentes;

• Melhorar a qualidade de vida do paciente, promovendo uma rea-daptação social deste e, com isso, torná-lo um agente multiplicador do conhecimento obtido no pro-jeto.

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OS PASSIVOS NA SÁUDE PÚBLICA: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA ENTRE O MEIO AMBIENTE, A SAÚDE E OS GASTOS PÚBLICOS*

Bruna Katarine Beserra PazPós-graduada em Fisioterapia Intensiva e Suporte Ventilatório

E-mail: [email protected] Ferreira Araujo

Pós-graduada em Gestão Pública, Contabilista, Ambientalista e Mestranda em Meio Ambiente

E-mail: [email protected]ângela Godinho Pereira Bena

Pós-graduada em gestão e docência do ensino superior, enfermeira do trabalho especialista em saúde da família e mestranda em meio ambiente

E-mail: [email protected] Melo da Silva

Pós-graduada em Biblioteconomia E-mail: [email protected]

Dagolberto Calazans Araujo PereiraDoutor em Saúde Pública

E-mail: [email protected]*Financiado: Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão –

Coordenação do Mestrado em Meio Ambiente - Universidade Ceuma

RESUMO: Este artigo pontua os impactos ocasionados pela falta de planejamento ambiental com rela-ção ao aumento de doenças patogênicas, destacando como esse descontrole ocasiona agravos relevantes aos cofres públicos. Esse contexto nos possibilita compreender como as ações de controle do ar não re-alizadas anteriormente tem efeito sazonal nos resultados socioeconômicos. Questionando dentre outros pontos, a má qualidade dos serviços oferecidos à população na saúde publica. O entendimento dessa vertente só foi possível com a ajuda do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz e a Organização Mundial de Saúde, que nos permitiu evidenciar como os gastos públicos vêm se multiplicando ao longo dos anos, constituindo assim a necessidade de formalizar parâmetros adequados para trabalhar o Plano Nacional de Saúde e Ambiente e suas diretrizes para redução dos passivos e complementação de sua eficiência para a população.

Palavras-chave: Controle do Ar. Planejamento Ambiental. Saúde.

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INTRODUÇÃO

Os conflitos pontuados entre o meio ambiente e a sociedade vem se propa-gando ao longo do tempo, em decorrên-cia de ações antrópicas, o homem vem sofrendo por seus atos irresponsáveis, com isso estamos muito mais voltados para o capitalismo do que para o meio ambiente, porém nos falta critérios pon-tuais, como a educação ambiental, e o valor ao sustentável ao invés do dinhei-ro. Defini o desenvolvimento sustentá-vel, nos remete a três critérios essen-ciais, segundo ao relatório da Comissão Brundtland, divulgado em 1987, que meio ambiente seja: economicamente viável, socialmente equitativo e eco-logicamente inofensivo, tais critérios. Não foram levados em consideração a proporção ética da vida em sociedade. A ideia de que crescimento econômico é obrigatório para a existência de desen-volvimento é um argumento inconsis-tente. A sociedade frustra-se diante da impossibilidade do governo em atender as suas necessidades de bem estar, ques-tões como saúde ficam cada vez mais distante, e ações antrópicas ficam cada dia mais evidente (RIBEIRO, 2010).

Nessa base a tênue realidade do meio se constitui aspectos ambientais como poluição do ar está cada vez mais vincu-lado aos impactos cardiorrespiratórios na saúde. A compreensão dos deter-minantes socioambientais gerados no processo é ancorada na compreensão de que a problemática ambiental não é ideologicamente neutra e nem alheia a interesses econômicos e sociais.

Tal problemática constitui no pro-cesso histórico dominado pela expansão dos modos de produção, pelos padrões tecnológicos gerados, numa ordem econômica mundial marcada pela de-sigualdade entre espaços geográficos, classes sociais e o interesse industrial. Este processo gera efeitos econômicos, ecológicos e culturais desiguais sobre

diferentes regiões, populações, classes e grupos, bem como perspectivas dife-renciadas.

Mas quando se trata de poluição do ar, o impacto no ser humano é devas-tador. O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), fundado em 2003, evidencia essa relação multidimensio-nal, que estimula ações e políticas pú-blicas em prol do meio ambiente, prin-cipalmente das ações nas áreas urbanas, no estudo de um planejamento voltado para saúde pública, que tem sido tema de ampla discussão, envolvendo diver-sas áreas, desde a política econômica até a psicossocial (EPISTEMOLOGIA AM-BIENTAL, 2013).

Esses fatores afetam o nível dos gas-tos públicos e como as oscilações ocor-rem, afetando principalmente a renda nacional, a capacidade do governo em obter receitas, os problemas sociais, as mudanças políticas, o desenvolvimen-to tecnológico, os gastos públicos entre outros. Esses últimos influenciam no comportamento e no nível de gastos go-vernamentais, direta ou indiretamente, em qualquer país do mundo.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no estado de São Paulo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, destacando os impactos da poluição do ar, e a pro-jeção estimada entre 2013 a 2030 sobre o processo de internação em unidades públicas e privadas com os índices de internação e gastos público, com desta-que para a falta de planejamento, evi-denciando que ultrapasse a demanda esperada caso não ocorra um controle ambiental. Nesse estudo multidisci-plinar foi considerada a análise biblio-gráfica de relatórios que retratam esse vertente. Foram consideradas também fatores como a poluição principalmente por material particulado que podem im-pactar na mortalidade infantil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa mostrou que, caso não ocorra à redução de 5% até 2030 na utilização do material particulado, teremos um aumento considerável de doenças cardiorrespirató-ria, mortes etc. e no aspecto econômico um aumento exorbitante de gastos públicos.

CONCLUSÕES

Com isso, é necessário trabalhar ações preventivas ao meio ambiente que possibilite o trato e a recuperação do planeta, como a redução de poluen-tes ou mesmo a proibição de uso de tudo que prejudica a vida humana. Além dis-so, é necessário trabalhar a promoção da saúde levando a todos a educação ambiental que norteiam dias melhores.

Nessa base, espera-se uma progra-mação do poder público para tratar questões como monitoramento do ar com mais seriedade e pontualidade, re-duzindo com isso os danos ambientais e prevenindo com isso a contaminação a vida, ao clima e consequentemente aos cofres públicos.

Uma sociedade doente é o verdadei-ro resultado de um diagnostico solitário daquilo que não foi planejado, pois a questão atual a ser tratada é mais neces-sária para continuarmos evoluindo em

Fonte: Projeção de mortalidade - SIM, SIH/SUS, IBGE (2013).

geração, em recurso e em vida.

REFERÊNCIAS

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PERFIL DAS REAÇÕES ADVERSAS DO ANTIMONIATO DE MEGLUMINA NO TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE EM UM HOSPITAL SENTINELA - SÃO LUIS, MARANHÃO

Amália Cristina Melo Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente

E-mail: [email protected] de Almeida Carvalho

Farmacêutico do Hospital Universitário da UFMAE-mail: [email protected]

Elayne Costa da Silva Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente

E-mail: [email protected]íria do Nascimento Silva

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiente E-mail: [email protected]

Tânia Pavão Oliveira Rocha Enfermeira da Gestão de Risco do Hospital Universitário da UFMA

E-mail: [email protected] Fernandes Coutinho Moraes

Docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde AmbienteE-mail: [email protected]

RESUMO: A leishmaniose é uma enfermidade infecto-parasitária de distribuição ampla e causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida através da picada de fêmeas do inseto flebotomíneo. É uma doença endêmica no Brasil, podendo ser de manifestação cutânea ou visceral e apresentando ele-vada morbimortalidade. Os antimoniais pentavalentes, dentre eles o antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®), consistem em drogas de elevada eficácia para tratamento dessa enfermidade, possuindo, no entanto, concentração terapêutica próxima do limiar de toxicidade. Nesse contexto, objetivou-se nesse trabalho caracterizar o perfil das reações adversas do antimoniato de meglumina no tratamento da leishmaniose em um hospital sentinela - São Luís, Maranhão. Trata-se de um estudo descritivo e re-trospectivo de pacientes com diagnósticos de leishmaniose, tratados com antimoniato de meglumina e internados no Hospital Universitário Presidente Dutra, no período de janeiro de 2013 a outubro de 2015. Os dados foram obtidos a partir de formulários de notificação à reação adversas utilizado na Unidade de Gestão de Risco assistenciais. Houve predomínio do sexo masculino, com idade média de 37,8 anos, pro-cedentes de bairros da periferia. O diagnóstico foi 90,9% realizados por exame parasitológico de aspirado da medula óssea, com predomínio de leishmaniose visceral. Em 90,9% dos casos foi-se necessário a troca da terapia. Constatamos a eficácia da droga avaliada e também elevada ocorrência de efeitos colaterais.

Palavras-chave: Doenças Parasitárias. Tratamento. toxicidade.

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INTRODUÇÃO

A prevalência da leishmaniose ocor-re nos quatro continentes, sendo con-siderada endêmica em 88 países, dos quais 72 são países considerados em desenvolvimento. Segundo a Organi-zação Mundial da Saúde, 90% dos casos de leishmaniose visceral são registrados em Bangladesh, Brasil, Nepal, Índia e Sudão; 90% dos casos da leishmaniose mucocutânea ocorrem no Brasil, Bolívia e Peru e 90% dos casos da leishmaniose cutânea ocorrem no Afeganistão, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita e Síria1.

No Brasil, a leishmaniose visceral encontra-se disseminada em 17 estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Entre 1985 e 2000, a leishma-niose atingiu, neste país, 422,5 mil pes-soas e nos últimos dois anos foram de-tectados 66,8 mil novos casos da doença, que permanece sem controle2. De 1999 a 2001, foram registrados no Estado de São Paulo, 87 casos, sendo que em sete casos a doença levou a óbito3.

Segundo o Ministério da Saúde, em 19 anos de notificação (1984-2002), os casos de Leishmaniose visceral soma-ram 48.455 casos, sendo que aproxima-damente 66% deles ocorreram nos esta-dos da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí4.

A leishmanioseé uma infecção endê-mica de difícil controle, crônica e não contagiosa5, causada por diversas es-pécies de protozoários da ordem Kine-tosplastida, família Trypanomastidae, e gênero Leishmania, que acometem dife-rentes espécies de animais silvestres e domésticos, caracterizando-a como uma zoonose. Podem ainda afetar o homem, sendo este considerado também como agente disseminador da doença, o que as definem, simultaneamente, como antroponose6. Estes protozoários são transmitidos pela picada de mosquitos, flebotomíneos fêmeas, contaminados7.

Basicamente, podem-se diferenciar duas formas de leishmaniose: a Leishma-

niose Tegumentar Americana (LTA) e a Leishmaniose Visceral Americana (LVA). As formas viscerais são causadas por protozoários dotados de afinidade (tropismo) especial pelos órgãos inter-nos, notadamente o baço, fígado, medu-la óssea, estômago, pâncreas, dentre ou-tros. É também conhecida como calazar, febre dum-dum4, e possui considerável índice de morbidade e mortalidade. As leishmanioses dermotrópicas/mucotró-picas ou tegumentares, por sua vez, re-cebem esta denominação porque afetam primariamente a estrutura da pele e das mucosas superiores com riscos de muti-lação para o corpo físico e psíquico dos pacientes acometidos8.

Há necessidade da utilização de es-quemas terapêuticos de grande eficácia para o seu tratamento. No entanto, atu-almente são poucas as opções terapêu-ticas disponíveis, e estas apresentam pelo menos um fator que limita seu uso, dentre eles: resistência do protozoário, toxicidade e/ou alto custo. Os antimo-niais pentavalentes continuam sendo a droga de primeira escolha para o tra-tamento, mesmo apresentando alguns inconvenientes ainda não superados. O medicamento provoca regressão rápida das manifestações clínicas e hematoló-gicas da doença, bem como provoca a esterilização do parasita. Devido às bai-xas dosagens e tratamentos descontínu-os, começaram a ocorrer falhas na tera-pia e consequente aumento das formas resistentes de parasitas. A Organização Mundial de Saúde preconiza que as do-ses de antimoniais não devem ultrapas-sar 20 mg/kg/dia, não se ultrapassando o limite de 850 mg de antimônio, devi-do à sua elevada toxicidade. Mialgias, dores abdominais, alterações hepáticas e distúrbios cardiológicos são efeitos colaterais frequentemente associados ao uso destas drogas. A necessidade de administração parenteral e a toxicidade da droga, principalmente para idosos, cardiopatas e nefropatas dificultam o

seu uso9.

Portanto, caracterizar o perfil das re-ações adversas do antimoniato de me-glumina no tratamento de leishmaniose em um hospital sentinela de São Luís – MA, com o objetivo de elucidar dúvidas e gerar mais conhecimento quanto as reações adversas desta tão benéfica e ao mesmo tempo perigosa droga.

METODOLOGIA

Os dados foram coletados através de uma ficha estruturada em três eixos temáticos: I – identificação do pacien-te, que contemplou dados relativos ao nome, sexo, idade, peso, procedência de endereço, clínica, leito e prontuário; II – sobre a doença/tratamento, onde foram questionados o tipo de leishmaniose, caso novo ou recidivo, uso anterior de glucantime, confirmação de diagnós-tico, terapia/posologia, início e fim do tratamento, se houve reação adversa, interrupção de tratamento e troca da terapia; III – dados da notificação, que identificou a categoria do profissional.

O local da coleta foi a Unidade de Gestão de Risco do Hospital Universi-tário da Universidade Federal do Ma-ranhão, que faz parte da rede sentinela desde 2002. Os dados foram estrutura-dos no programa Excel 2013, realizando análise estatística descritiva, conside-rando frequência absoluta e percentual.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição com número CAAE 48488415.7.0000.5086.

RESULTADOS

Foram consideradas elegíveis para o estudo, 11 formulários de notificação de reação adversa da Unidade de Gestão de Risco.

Houve predominância marcante dos pacientes do sexo masculino (n=90,9%), com idade média de 37,8 anos, seguindo um padrão epidemiológico verificado em outras áreas endêmicas da doença.

Passos et al.11 relaciona o maior núme-ro de atendimentos em homens adultos, à transmissão extradomiciliar em popu-lação economicamente ativa.

Ao analisarmos a área de procedên-cia desses pacientes constatamos que a grande maioria, residiam em localida-des pertencentes à periferia do muni-cípio. Segundo Gomes12, as principais causas de urbanização da doença estão relacionadas com áreas de degradações ambientais, migrações de populações carentes para esses locais, fixando-se em locais sem infraestrutura de sanea-mento básico e em promiscuidade com animais domésticos, contribuem para o processo de urbanização da doença. Tudo isso acrescido da adaptação de determinados flebotomíneos a ambien-tes alterados pelo homem. Aos poucos a doença veio adquirindo característica periurbana e hoje se encontra em plena urbanização estando presente em bair-ros bastante urbanizados de grandes cidades, entre, São Luís – MA. Através destes dados, podemos então deduzir que provavelmente a transmissão das leishmanioses foram no domicílio, pe-ridomicílio ou em áreas rurais e de pe-riferia dos centros urbanos, através da proximidade de nichos de área verde modificada pelo homem, onde prolife-ram flebotomíneos. A presença de mi-grantes nas periferias urbanas contribui como fonte de infecção de indivíduos suscetíveis.

Em relação as reações adversas, a pancreatite foi registrada em 47,05% dos tratados. Um paciente chegou a apre-sentar níveis dez vezes maiores do va-lor normal. Saldanha et al.13 e De Paula et al.9 obtiveram índices semelhantes de alterações na dosagem de amilase pancreática em 36% e 42,2% respectiva-mente, dos pacientes com leishmaniose tratados com o Glucantime®. Já Ferrei-ra et al.14 detectou apenas um paciente (4,1%) com discreta elevação de amilase, os demais pacientes (95,8%) não apre-

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sentaram alterações pancreáticas regis-tradas.

No que se refere a função hepática 9,09% apresentaram alteração (Gama GT = 241), resultado semelhante foi en-contrado por Ferreira et al.14, onde dois pacientes apresentaram leves alterações hepáticas, em estudo comparativo en-tre o estibogluconato de sódio e o an-timoniato de N-metilglucamina (Glu-cantime®), encontraram nos indivíduos tratados com esta última alternativa, alterações enzimáticas de TGO em 15% dos pacientes. Os indivíduos restantes, não possuíam relato de alterações nes-te quesito, com ressalva, porém, ao fato de que nem todos estes pacientes pos-suíam, incluídos em seus documentos, exames específicos para avaliação da função hepática.

Ao enfocarmos os importantes efei-tos indesejáveis de ordem cardíaca, observamos que apenas um paciente (9,09%) pareceu apresentar, de fato, al-terações nesta categoria relacionadas ao antimoniato de meglumina. Fato bem similar foi evidenciado por Ferreira et al.14, 91,6% da população estudada, não apresentaram efeitos colaterais de natu-reza cardíaca relacionadas ao Glucan-time® durante seu tratamento. Distan-ciando-se dos resultados aqui revelados, Saldanha et al.13, encontrou alterações eletrocardiográficas em 43% dos pacien-tes, sendo as alterações do intervalo QT foram mais freqüentes com ocorrência em de cerca de 23% da população ava-liada. Alterações isquêmicas foram tam-bém observadas em 11% desta popu-lação. Rodrigues et al.15 encontraram resultados semelhantes, com aumento significativo do intervalo QT em 22,5% dos indivíduos. Em um estudo realizado por De Paula et al.9, foi iniciado acompa-nhamento eletrocardiográfico semanal em 41 pacientes portadores de leishma-niose tegumentar americana, em tra-tamento com antimoniato meglumina. Destes, somente 19 (46,34%) se mantive-

ram constantes na rotina semanal de re-alização da avaliação eletrocardiografia até o final do tratamento. Dentre esses últimos foram detectadas alterações ao ECG em 11 indivíduos (57,8%).

Uma provável causa dos resulta-dos, percentuais, por nós encontrados tenham sido inferiores ao relatado na literatura por motivo de escassez de acompanhamento eletrocardiográfico frequente. Sabe-se que a rotina de exa-me eletrocardiográfico semanal é segui-da mais firmemente nos protocolos de pesquisa que no dia-a-dia do tratamento hospitalar, principalmente em casos de pacientes jovens, hígidos e sem fatores de risco, que comumente não exigem essa frequência de realização de exame eletrocardiográfico.

No que se refere a idade 36,36% dos pacientes com reações adversas, tinham mais de 50 anos, nos fazendo acreditar ainda mais na ideia de que a idade mais avançada pode vir a ser um dos fatores do desencadeamento dessas reações14.

Pode-se também notar que os efeitos colaterais mais prevalentes foram aque-les relacionados as alterações pancreá-ticas, com 08 citações, mas não muito mais frequentes que os efeitos indese-jáveis ligados à dores e transtornos de ordem geral (febre, calafrio e astenia). Outros transtornos citados, como alte-rações discretas da função hepática e cardíaca, obtiveram, cada um, apenas uma citação confirmada.

A maior parte dos pacientes aco-metidos (90,09%) interromperam o tra-tamento com o antimoniato e fizeram uso da segunda droga de escolha para leishmaniose, a anfotericina B liposso-mal. Alterações pancreáticas, hepáti-cas e cardiológicas foram os principais motivos para a substituição da terapia. Em outros estudos analisados, pode-mos identificar uma discrepância em relação a esse dado, pois pouquíssimos esquemas terapêuticos para este mes-

mo fim, foram descontinuados, mesmo com o aparecimento de efeitos adver-sos. Como, por exemplo, os apresenta-dos por Ferreira et al.14, onde somente 2 pacientes (num total de 7) mudaram de terapia. O uso dessa droga requer uma série de cuidados e um acompanhamen-to rigoroso e diário, tanto laboratorial quanto clinico. Durante sua primeira semana de uso, pode ocorrer uma exa-cerbação dos efeitos tóxicos, o que pode ter causado uma precocidade na decisão de optar logo pela segunda linha de tra-tamento.

O uso de antimoniato de meglumina, para tratamento de leishmaniose, em pacientes internados no Hospital senti-nela em estudo, no período de janeiro de 2013 a outubro de 2015 sofreu um de-créscimo no último ano (2015). Devido os prescritores optarem pelo início do tratamento dessa patologia com a se-gunda droga de escolha, a anfotericina B lipossomal, respeitando as peculiari-dades de cada paciente. Isso justifica o pequeno número de casos analisados do presente estudo. Informações incomple-tas relacionadas a endereço, peso e uso de outros medicamentos concomitante, nos trouxe uma dificuldade de interpre-tação de alguns resultados.

CONCLUSÕES

O antimoniato de meglumina é a droga de escolha para o tratamento de leishmaniose no Brasil. Contudo, corro-bora-se a característica de possuir um limiar terapêutico próximo da toxicida-de, com elevada frequência de efeitos colaterais.

Consideramos, no entanto, que se faz necessário um monitoramento diário, tanto clínico quanto laboratorial, a fim de detectar e acompanhar a evolução desses efeitos colaterais, no sentido de discernir quem são aqueles indivíduos que não suportarão por algum motivo a terapêutica, notadamente aqueles de

idade mais avançada, lembrando que o fator idade pode traduzir, muitas vezes, contraindicação relativa ou absoluta ao uso de antimoniais.

A terapia de escolha foi substituída pelo esquema terapêutico alternativo na maioria dos casos, onde se foi respeita-do os critérios relacionados a gravidade da doença e características pessoais do paciente.

Infelizmente, os dados aqui expla-nados mostram-se insuficientes para dar-nos subsídios para diferenciar se os índices de reações adversas encontrados neste trabalho representariam uma ca-racterística desta população.

REFERÊNCIAS

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS NO MUNICÍPIO DE LAGO DA

PEDRA, MA*

Walquíria do Nascimento Silva Graduação em Enfermagem - FACAM

E-mail: [email protected] Adriana Soraya Araújo

Graduação em Nutrição - UFMA E-mail: [email protected]

Amália Cristina MeloGraduação em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] Daniel de Almeida Carvalho

Graduação em Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

Marcos Ronad Mota Cavalcante Graduação em Enfermagem - UFMA

E-mail: [email protected] Pabline Medeiros Verzaro

Graduação em Enfermagem - UFMA E-mail: [email protected]

Elayne Costa da Silva Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected]ônio Rafael da Silva

Doutor em Medicina - UFRJ E-mail: [email protected]*Financiado pela CAPES

RESUMO: A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, o Mycobacterium leprae é principal agente etiológico e maioria das vezes transmitido por contato íntimo com pessoas infectadas e não tratadas es não ocorrem em função apenas das características intrínsecas do agente etiológico, mas dependem, sobretudo, da relação com o hospedeiro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos. Dentre as considerações feitas pela Organização Mundial de Saúde (2009), o Brasil é o segun-do país em prevalência de Hanseníase no mundo e o Maranhão o terceiro estado brasileiro com maior número de casos. Este estudo tem como objetivo descrever as características clínicas e epidemiológicas da hanseníase em pacientes menores de 15 anos, no município de Lago da Pedra, Ma entre os períodos de 2001 a setembro de 2016. Portanto o perfil clinico encontrado prevaleceu a forma paucibacilar, grau 1 e com menos de 5 lesões, em homens com idade menores de 15 anos, de cor parda, ensino fundamental incompleto. Acredita-se que pode existir uma falha na notificação do número de casos o que nos leva a buscar desenvolver estratégias de melhorias para aumentar a eficiência do Programa de Controle de Hanseníase no município estudado.

Palavras-chave: Hanseniase. Incapacidades Físicas. Perfil Epidemiológico.

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INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença crô-nica, infectocontagiosa, causada por um bacilo capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infetividade), embo-ra poucos adoeçam (baixa patogenici-dade). Essas propriedades não ocorrem em função apenas das características intrínsecas do agente etiológico, mas dependem, sobretudo, da relação com o hospedeiro e o grau de endemicidade do meio. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o ho-mem. Embora, até pouco tempo motivo de estigma e exclusão, a doença tem ob-tido avanços consideráveis, dentre eles a eficácia do tratamento capaz de curar a totalidade dos casos (BRASIL, 2014).

O principal agente etiológico da hanseníase é o Mycobacterium leprae, transmitido por contato íntimo e prolo-gado com pessoas portadoras de formas mais infectantes e ainda não tratadas. Os lugares com elevada concentração de pessoas são mais propícios ao con-tágio, no entanto existem fatores indi-viduais que favorecem os pacientes ex-postos tais como: o perfil imunológico do indivíduo, o diagnóstico e tratamen-to precoce e condições socioeconômicas e demográficas (LEITE et al., 2009).

O Relatório técnico emitido pelo Centro de Referência em Doenças In-fecciosas e Parasitárias do Maranhão (CREDIP), em consonância com as considerações feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS,2014), mostram que Brasil é o segundo país em preva-lência de hanseníase no mundo, com 33.303 casos novos e coeficiente de de-tecção (17,17/100.000 Habitantes). (SIL-VA et al., 2015).

Estudos epidemiológicos realizados na Região Nordeste mostraram que, mesmo com a intensificação das ações de controle da doença, são muitos os municípios que ainda não cumpriram as metas estabelecidas pelo Programa Na-

cional de Combate a Hanseníase (OLI-VEIRA, 2013).

O Maranhão foi o Estado brasi-leiro com maior número de casos no-vos de hanseníase em 2014 (3.632) e o terceiro com os maiores coeficientes de prevalência de 4,26/10.000 habitantes e detecção geral de 53,02/100.000 habitan-tes. Em relação aos casos novos em me-nores de 15 anos, o Estado apresentou, no mesmo ano, um coeficiente de detec-ção três vezes superior à média do País 16,73/100.000 habitantes (BRASIL,2016).

O município obteve nos últimos dois anos 2014 e 2015 coeficiente de detecção de (103,07 e 45,35/ 10.000 Habitantes); dentre estes dados, chama a atenção o contingente de pessoas menores de 15 anos (26,44 / 10.000 Habitantes) coefi-ciente de detecção (BRASIL,2015).

Considerando então a prevalência da hanseníase no Maranhão, torna-se importante compreender as questões socioeconômicas e ambientais que são fatores determinantes para incidência da doença em menores de 15 anos, bem como identificar as formas mais eficazes de controle da doença. A características hiperendêmicas do município de Lago da Pedra-MA e a ausência de estudos lo-cais justifica a pertinência em pesquisar sobre o referido tema na região dos imi-grantes. São necessárias novas pesqui-sas sobre os fatores que influenciam na prevalência e incidência dessa doença e pesquisas relativas a efeitos ambientais e condições sociais de modo que possam contribuir para o seu controle e cura.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo com abordagem descriti-va, analise do contexto ambiental e dis-tribuição geográfica em saúde (SILVA et al., 2012), (LEOPARDI, 2002).

O Estado do Maranhão apresenta uma área de 331.935,507 Km², divididos em 05 mesorregiões, 21 microrregiões

e 217 municípios e uma população es-timada em 6.574.789 pessoas. O clima caracteriza-se por apresentar elevadas temperaturas, com alto índice pluvio-métrico, pequenas variações anuais e alternância de períodos chuvosos e se-cos (IBGE, 2010). O município de Lago da Pedra, MA está localizado na Região dos Imigrantes, aproximadamente a 347

Fonte: SEPLAN, 2016.

km da capital maranhense. A região possui clima tropical, sendo que, de acordo com IBGE (2015), o município possui população estimada em 48.992, habitantes e área territorial de 1.240,455 km, dados relatados no último censo no setor urbano e rural. Foram incluídos na pesquisa todos os pacientes menores de 15 anos cadastrados no Programa de

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Controle de Hanseníase do referido mu-nicípio no período de 2001 a 2016. Os instrumentos de coleta de dados foram os seguintes: a) SINAN (Sistema de In-formação de Agravos e Notificação); b) Ficha de Notificação/Investigação. Após coletados, os mesmos foram analisados e tabulados em forma de gráficos e/ou tabelas, utilizando os programas EPIIN-FO 7 e Excel 2010. A pesquisa foi sub-metida ao Comitê de Ética em Pesquisa

Tabela 01 - Perfil Sociodemográfico de pacientes menores de 15 anos com hanseníase em Lago da Pedra - MA no período de 2001 a setembro 2016.

Gráfico 01 - Gráfico número de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos no município de Lago da Pedra, MA, nos anos entre 2001 a 2016.

da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) através da Plataforma Brasil, com parecer nº 629.312 aprovado em 24/04/2014.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados o total de 114 ado-lescentes, visto que o sexo que prevale-ceu foi o masculino (53,51%), de acordo com Schechter (1998) o alto índice de portadores de hanseníase são homens, o

autor correlaciona esse fato aos diferen-tes costumes e hábitos ainda existentes entre os dois gêneros, porém essa dife-rença, segundo o autor, tende a desapa-recer com a maior inclusão da mulher nas atividades sociais, principalmente no mercado de trabalho. Quanto a raça houve predomínio da cor Parda (70,18%) e nível de escolaridade entre 5ª e 8ª série ( 42,98 %).

O gráfico 1 mostra o registro de casos novos dos últimos 16 anos no, mostran-do que há uma prevalência da doença entre jovens e adolescentes, dados esses que de acordo com recomendações do ministério da saúde devem ser atenta-

dos para a possibilidade de casos ativos dentro o próprio meio familiar tendo em vista as formas de vida desse público que na maioria das vezes se encontram excluídos de atividades laborais fora do contexto da família.

Quanto as classificação operacional o diagnóstico maior foi a forma pau-cibacilar ( 75,44 %) a forma clínicas da doença mais prevalente nessa faixa etá-ria foi a tuberculoide (69,3%), o grau de incapacidade em destaque foi bastante significativo tendo em vista a pouca ida-de dos pacientes do estudo, correspon-dendo a Grau 1 (66,67%) , com número de até 5 lesões (55,26%).

Tabela 2 - Características clínica, grau de incapacidade e número de lesões de pacientes com hansení-ase município Lago da Pedra MA, 2001 a 2016

AGRADECIMENTOS

A Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão (SES/MA), Secretaria Mu-nicipal de Saúde de Lago da Pedra –MA (SEMUS) e Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA).

REFERÊNCIAS

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ase notificados no Maranhão 2001 a 2015. São Luís, MA. 2015.

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SILVA, A. R. et al. Relatório Técnico de Gestão 2012/2013. CREDIP, UFMA, SVS-MS, SESE, SEMUS – São Luis: CRE-DIP, 2015, 122 p.

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE ALUNOS PORTADORES DE RETARDO MENTAL DE CAUSA

IDIOPÁTICA EM ESCOLA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL EM SÃO LUIS-MA*

Marcos Ronad Mota CavalcanteMestrando em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Medeiros Verzaro

Mestrando em Saúde e Ambiente - UFMA E-mail: [email protected]

Adriana Soraya Araujo Mestrando em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Walquiria do Nascimento Silva

Mestranda em Saúde e Ambiente - UFMA E-mail: [email protected]

Maria Teresa Martins Viveiros Prof.ª Dr.ª Departamento de Enfermagem - UFMA

E-mail: [email protected] Hélia de Lima Sardinha

Prof.ª Dr.ª Departamento de Enfermagem - UFMA E-mail: [email protected]

Arlene de Jesus Mendes CaldasProf.ª Dr.ª Departamento de Enfermagem-UFMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela CAPES e FAPEMA

RESUMO: O retardo mental representa um problema de saúde pública mundial, embora ainda seja ne-gligenciado principalmente no Brasil e em especial nas regiões mais pobres como o Nordeste. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o retardo mental (RM), que tem como principais causas as genéticas, não pode ser curado com tratamentos medicamentosos. O RM é uma condição presente em 2% a 3% da população geral acometendo principalmente o sexo masculino. A classificação do retardo mental varia de acordo com as características apresentadas durante o crescimento e desenvolvimento da criança, podendo apresentar-se de maneira leve, moderada, grave e profunda. Este trabalho teve como objetivo apresentar o perfil sociodemográfico de alunos portadores de RM em uma escola de educação especial de São Luís-MA. Participaram da pesquisa 100 alunos do sexo masculino. O perfil dos alunos revelou 90% com idade entre 15 e 25 anos, 47% raça/cor preta e religião católica 54%. 64% naturais de São Luis-MA, 78% moravam em São Luis-MA, 60% residiam em imóvel próprio, 77% utilizavam água da rede pública, renda familiar de até 3 salários mínimos para 47%, 82% residem com mais de 4 pessoas e em 99% dos casos há pessoas empregadas na residência. Traçado o perfil dos alunos, pode-se a partir de então subsidiar novas práticas educativas e aperfeiçoar as já existentes, com vistas a propor aos alunos portadores de RM melhor inclusão na sociedade e ainda políticas voltadas a atender as carências exis-tentes neste campo.

Palavras-chave: Comportamento. Causa Idiopática. Educação Especial. Transtorno Neuropsiquiátrico. Perfil Sociodemográfico.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

O retardo mental (RM) é definido como um funcionamento intelectual abaixo do nível normal, manifestando--se durante o período de desenvolvi-mento, especialmente em menores de 18 anos de idade. São avaliados alguns fatores como os testes de inteligência mais conhecidos como QI, mas também são utilizados outros métodos para re-alizar este diagnostico como: o surgi-mento de atraso na motricidade, na fala e na cognição. Pessoas com esse trans-torno mental apresentam Quoeficiente de Inteligência (QI) abaixo de 70.

Esse tipo de transtorno neuropsi-quiátrico é um dos que mais acomete crianças e adolescentes. O RM é uma condição presente em 2% a 3% da po-pulação geral4. Estes indivíduos, muitas vezes apresentam atraso na fala/lingua-gem, falha na função motora, alteração do comportamento e baixo rendimento escolar1. As habilidades da vida coti-diana são reduzidas, sua socialização é prejudicada e sua idade mental é pouco desenvolvida2.

Essa patologia pode ser decorrente de fatores genéticos, de algum dano sofrido pela mãe durante o período gestacional, deficiência nutricional e de oxigenação, pela exposição a produtos tóxicos ou a doenças como rubéola e sarampo no primeiro trimestre da gravidez, crianças com baixo peso ou de mães que fazem uso abusivo de álcool ou algum tipo de droga3.

O surgimento do retardo mental está associado a vários fatores, inclusive os genéticos que compreendem a síndrome de Down, uma alteração no cromosso-mo 21; a síndrome do X frágil decorren-te de uma mutação no cromossomo X; a síndrome de Prader-Willi resultante de uma deleção no cromossomo 15; a sín-drome do miado de gato, corresponden-te a deleção de parte do cromossomo 5; além de outras anormalidades menos

incidentes como a fenilcetonúria2. Há consenso geral de que o RM é mais co-mum no sexo masculino, achado atribu-ído às mutações ocorridas no cromosso-mo X8.

O diagnóstico precoce dessa doença permite a intervenção médica através de um tratamento com ou sem uso de medicamentos. O acompanhamento por uma equipe multiprofissional possibili-ta apoio a essas crianças e suas famílias promovendo a redução de possíveis da-nos e orientado a qualidade de vida que a mesma pode ter3.

A classificação do retardo mental varia de acordo com as características apresentadas durante o crescimento e desenvolvimento da criança. Podendo apresentar-se de maneira leve, mode-rada, grave e profunda, sendo o leve o mais incidente entre as pessoas afeta-das. O nível de QI também influencia no tipo de retardo, quanto mais grave for o nível dessa comorbidade menor será o QI da criança.

A pesquisa teve como objetivo apre-sentar o perfil sociodemográfico dos alunos portadores de retardo mentar de causa idiopática em uma escola de edu-cação especial de São Luis-MA.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa, com os alunos com retardo mental de causa idiopática nas oficinas de ressocializa-ção da Escola Helena Antipoff de São Luis – MA, no período de janeiro a de-zembro de 2011. O centro de Educação Especial Helena Antipoff (CEEEHA) é uma instituição estadual especializada, presta serviços educacionais voltados para portadores de necessidades espe-ciais. foi fundada em 23 de abril de 1982 na administração do então governador João Castelo, está localizada à Rua Do-mingos Olímpio, Quadra S, s/nº, Ipase, que tem como principal objetivo ofe-

recer um Atendimento Educacional Especializado de qualidade, bem como serviços direcionados para incluir no mercado de trabalho alunos com Defi-ciência Intelectual, Paralisia Cerebral, Síndromes e Deficiência Intelectual as-sociada à Deficiência Auditiva, a partir de 14 anos de idade, nos turnos matuti-no e vespertino, com vistas a dinamizar sua prática e formar para o exercício da cidadania.

A instituição recebe alunos encami-nhados pelo Centro de Ensino de Edu-cação Especial Padre João Mohama, escolas estaduais, municipais e escolas particulares, assim como da comunida-de local e circunvizinha, que necessitam de atendimento especializado. Quanto a sua estrutura física o Centro funciona em prédio próprio em condições ade-quadas de uso, com ampla área cons-truída, contendo na parte interna 37 dependências.

Nos aspectos administrativo, técnico e pedagógico o CEEEHA dispõe de uma equipe multiprofissional habilitada en-volvendo: Psicólogos, Fonoaudiólogos, Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Assistente Social, Pedagogos, Enfermei-ros, Professores habilitados para o exer-cício da função e ainda serviços de se-cretaria, administrativo, operacionais e vigilantes. As oficinas pedagógicas ofe-recidas pela escola caracterizam-se por considerar ações voltadas para a identi-ficação das potencialidades dos educan-dos para desenvolver as competências e habilidades necessárias as atividades, tem o objetivo de: possibilitar que o alu-no adquira nível máximo de autonomia, desenvolver padrões de desempenho exigido pelo trabalho, utilizar técnicas de trabalho artesanais e/ou comerciais, capacitar para o ingresso na etapa de qualificação para o trabalho.

A população foi constituída por to-dos os alunos que freqüentavam a ins-tituição no período de pesquisa e que

possuíam diagnóstico de retardo mental de causa desconhecida, totalizando 100 alunos. Para coleta de dados utilizou-se um questionário com perguntas fecha-das referentes aos dados demográficos, que foram aplicados aos responsáveis legais por cada aluno. A análise dos da-dos foi feita por meio do programa Epi info 3.5.2 e realizada descrição tabular. A pesquisa foi subprojeto de um proje-to maior que teve como tema “Análise clínica e molecular em indivíduos com deficiência mental idiopática no mara-nhão: Diagnóstico diferencial da síndro-me do x frágil”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HUUFMA sob número de parecer: 348/2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de janeiro a dezembro de 2011, foram acompanhados na Escola Helena Antipoff 100 alunos com retar-do mental de causa idiopática. Dos 100 casos identificados, a idade variou entre 15 e 46 anos, com predomínio da faixa etária de 15 a 25 anos (90,0%), declara-dos negros pelos pais 47,0%, religião ca-tólica foi a que obteve maior número de praticantes, totalizando 54,0% do total (tabela 1).

Em estudo realizado Juan et al 2008 em escolas de educação especial do Rio de Janeiro, confirmam predomínio de alunos em idades inferiores, pois segun-do este estudo, 67,6% dos alunos esta-vam na faixa etária de 11 a 24 anos de idade. Diante dos avanços conceituais, os princípios que orientavam a educação desses indivíduos passaram a evidenciar os processos interativos que permeiam as relações entre idade cronológica e objetos de aprendizagem, habilidades intelectuais alternativas e valorização dos papéis sociais representados pelas pessoas com deficiência mental.

A opção pela idade mental em vez de cronológica contradiz-se com a repre-sentação de papéis sociais correspon-

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dentes à idade, ao gênero e à cultura e tem como conseqüência a perda de toda significação social das aprendizagens. Em cada faixa etária os conhecimentos possuem um sentido e são utilizados para fins distintos, que se complemen-tam e se ampliam. A comunicação escri-ta, por exemplo, que constitui um tipo de conhecimento básico, adquire signi-ficados diferentes conforme a idade dos aprendizes e, assim sendo, aprender a ler e a escrever para um adolescente com deficiência e para uma criança normal, mais nova, não são situações similares, a não ser que se reduza o conhecimento ao domínio de técnicas e à automação de respostas. Por outro lado, privilegiar a idade mental no desenvolvimento de habilidades da vida prática e na aquisi-ção de conhecimentos acadêmicos pode retardar de tal maneira essas aprendi-zagens, que elas não seriam mais úteis para a independência do sujeito na sua idade real (DALGALARRONDO, 2008).

Estudos comprovam que existem diferenças significativas na prevalência dos transtornos mentais entre os tipos de raça. Exemplo disso são os registros feitos por Stuart e Laraia (2001), de-monstrando que os tipos mais graves de psicopatologia tendem a ser diagnosti-cados em pacientes negros. Há mais de um século, vários pesquisadores brasi-leiros têm estudado as relações entre re-ligiosidade e transtornos mentais, mas

estes trabalhos são pouco conhecidos atualmente.

Dados confirmam o predomínio da religião católica no Brasil, que che-ga a ser praticada por 68,4% da popu-lação (IBGE, 2011)9. Mesmo com um considerável crescimento apresentado no último censo realizado no Brasil, os evangélicos estão longe de alcançar os católicos, pois apresentam apenas 20,2% da população. Para Toldrá (2010)5 as crenças religiosas são estratégias so-cioculturais utilizadas pelos pacientes na tentativa de lidar satisfatoriamente com seu problema e com outras adver-sidades da vida. O mesmo autor refere que a temática da religião e transtornos mentais, ainda é um assunto a primeira vista recente.

Estudos realizados por pesquisado-res americanos provam que sujeitos que sujeitos que se envolvem com a vida e atividades religiosas, com freqüência a cultos, orações e leitura de textos reli-giosos, e se consideram “pessoa mais religiosas” apresentam maior bem es-tar psicológico e menores momentos confusão mental (DALGALARRONDO, 2008. p. 177).

Hoje se encontram dificuldades de diversas ordens para incluir reflexões sobre religiosidade, fenômeno religioso ou fé no campo da Saúde Mental. Porém alguns profissionais da Saúde Mental estão cada vez mais percebendo que a

Tabela 1 - Distribuição dos Alunos quanto à faixa etária, raça cor e religião, Escola Helena Antipoff, São Luís – MA, Brasil, 2011.

religiosidade como fenômeno ultrapas-sa a concepção de conhecimento adqui-rido e, desta forma procuram percebê-la como condição humana, e doutra forma, percebem também como sujeitos além de cuidadores (AIRES, 2010)¹.

Identificamos que a maioria dos par-ticipantes é natural (64,0%) e residentes (78,0%) de São Luis-MA. Pelas condições de moradia identificadas, constata-se que 60,0% vivem em imóvel próprio, as residências possuem de 6 a 8 cômodos (56,0%), a água utilizada é proveniente da rede pública/tratada (77,0%), habita-das por 4 a 7 pessoas (78,0%). Quanto a renda familiar, predomina o ganho de 1 a 3 salários mínimos (45,0%), com

relação ao numero de pessoas que con-tribuem para a renda familiar, constata-mos que na maioria dos casos duas pes-soas contribuem (53,0%) (tabela 2).

Em estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) 2011, 21,17% dos moradores da capital São Luis não são assistidos por serviços de abastecimento de água, ou seja, cerca de 216 mil pesso-as não tem acesso a água tratada (IBGE, 2011)9. Estes dados condizem com os resultados da pesquisa que referem que 23% dos pesquisados não fazem uso de água tratada, e sim de poço artesiano.

Estudo desenvolvido em pelotas de-monstra a tendência socioeconômica já apresentada nos estudos anteriores, nos

Tabela 2 - Distribuição dos Alunos quanto a origem, local de moradia, imóvel, nº de cômodos, origem da água de consumo, residentes no imóvel, renda familiar e contribuintes para a renda familiar, Escola Helena Antipoff, São Luís-MA, Brasil, 2011.

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quais em relação às variáveis socioeco-nômicas e demográficas, verificou-se que a maioria das pessoas incluídas no estudo tinha renda familiar menor que três salários mínimos. Os dados reve-lam, ainda, que a prevalência dos distúr-bios aumenta à medida que diminuem as categorias de classe social, sendo que as pessoas com renda familiar inferior a três salários mínimos apresentam duas a três vezes maiores prevalência de transtornos mentais do que aquelas com ganho maior do que dez salários míni-mos per capita (COSTA, 2007)7.

CONCLUSÕES

O presente trabalho atingiu o ob-jetivo proposto que foi o detalhamen-to dos aspectos sociodemográficos dos discentes do CEEEHA. Contatou-se o predomino de alunos em idades mais jovens, assim como, da religião católi-ca. Estudos anteriores apontam para o predomínio da raça negra entre os por-tadores de retardo mental, assim como comprovado no estudo em questão, mas alguns estudiosos questionam como ra-cismo, segundo Dalgalarrando (2008)6 não há espaço seguro para uma revisão completa da produção sobre o tema, re-alizado por autores brasileiros, apenas algumas linhas apontam investigações significativas. O trabalho pretendeu auxiliar gestores, professores, família e sociedade em geral a conhecerem o perfil dos discentes quanto aos aspectos levantados, compreendendo assim algu-mas de suas necessidades e dessa forma prpor diretrizes voltadas a planejar, ge-rir e executar ações que venham a facili-tar o processo de inclusão social.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e à Fundação de Amparo a Pes-quisa do Estado do Maranhão (FAPE-MA) que financiaram o desenvolvi-mento da pesquisa. A Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Martins Viveiros pelo apoio in-

condicional durante toda trajetória de levantamento dos dados. A Prof.ª Dr.ª Arlene de Jesus Mendes Caldas, pela orientação científica da pesquisa. A Prof.ª Dr.ª Ana Hélia de Lima Sardinha, orientadora e colaboradora na elabora-ção deste trabalho.

REFERÊNCIAS

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BEJJANI, B. A.; SHAFFER, L. G. Clini-cal utility of contemporary molecu-lar cytogenetics. Annu Rev Genomics Hum Genet, v. 9, p. 71-86, 2008.

TOLDRÁ, R. C.; De MARQUE, C. B.; BRUNELLO, M. I. B. Desafios para a in-clusão no mercado de trabalho de pes-soas com deficiência intelectual: experi-ências em construção. Rev. Ter. Ocup.Univ. São Paulo, v. 21, n. 2, p. 158-165, maio/ago. 2010.

DALGALARRONDO, P. Psicopato-logia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008

COSTA, J.S.D. da; MENEZES, A.M.B.;O-LINTO,M.T.A.;GIGANTE,D.P.; MACE-

DO, S.; BRITO, M.A.P. de; FUCHS,S.C. Prevalência de distúrbios psiquiá-tricos menores na cidade de pelotas, RS. Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v.5 n.2 p. 164-173, ago. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. Acesso em 1. jan.2007.

PACHECO R, Matteo JD, Cucolicchio S, Gomes C, Simone MF, Assumpção FB. Inventário de avaliação pediátrica de incapacidade (PEDI): aplicabilidade no diagnóstico de transtorno invasivo do desenvolvimento e retardo mental. Rev Med Reabil 2010; 29 (1); 9-12.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2011.

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PESQUISA DE Escherichia coli EM ALIMENTOS COMERCIALIZADOS EM RESTAURANTES NA CIDADE

SÃO LUÍS-MA*

Adenilde Nascimento MouchrekDepartamento de Tecnologia Química - UFMA

E-mail: [email protected] Everton Mendes Filho

Departamento de Tecnologia Química - UFMA Amanda Mara Teles

Doutoranda em Biotecnologia - UFMA E-mail: [email protected]

André Gustavo Lima De Almeida MartinsProfessor do Instituto Federal do Maranhão - IFMA

*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: A pesquisa teve como objetivo avaliar as condições higiênico-sanitárias de alimentos co-mercializados em restaurantes de São Luís /MA. As análises microbiológicas realizadas seguiram as recomendações do Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods. Para análise de coliforme a 45°C os alimentos variaram <3 a 2400 NMP/g, a presença de E. coli foi verificada 45% nas amostras de alimentos segundo legislação vigente que determina padrões para coliformes a 45°C e pre-sença de E. coli. Estes resultados demonstram que a presença destas bactérias nos alimentos é um fator preocupante, uma vez que podem causar infecções de difícil tratamento, como também transferir genes de resistência para outras bactérias.

Palavras-chave: Coliforme. Análise Microbiológica. Alimentos.

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INTRODUÇÃO

A preocupação com a segurança alimentar vem crescendo nos últimos anos, gerando uma série de discussões entre organizações governamentais, instituições de ensino e indústrias ali-mentícias sobre programas que assegu-rem à população produtos que não se-jam prejudiciais à saúde. Essa questão, que a princípio envolvia basicamente a disponibilidade e possibilidade de aces-so da população ao alimento, está sendo discutida também em função dos riscos causados por esses mesmos alimentos (RODRIGUES et al., 2003). Além disso, o hábito alimentar da população tem mu-dado consideravelmente. Cada vez mais as pessoas estão conscientes da relação entre dieta equilibrada e prevenção de doenças (MAISTRO, 2001; RIBEIRO et al., 2005). Devido à importância da qua-lidade microbiológica, o estudo em foco desenvolveu-se com a finalidade de in-formar à população o índice de conta-minação de alimnetos, pela determina-ção da presença de Coliformes a 45ºC, e identificação de Escherichia Coli.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostras utilizadas no presente estudo foram adquiridas em restauran-tes de São Luís, durante os meses de janeiro a julho de 2016, perfazendo um total de 30 amostras, sendo 10 amos-tras de macarrão, 10 de Saladas cruas e 10 amostras de carnes e derivados. As amostras foram conduzidas, em re-cipiente térmico, consecutivamente para o laboratório de Microbiologia do Pavilhão de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Universidade Fe-deral do Maranhão (PCQA/UFMA) para analises pertinentes. As análises foram realizadas segundo a metodologia reco-mendada pelo Compendium of Methods for the Examination for Foods (APHA, 2001) A determinação de Coliformes a 45ºC (NMP/g) foi feita através da técni-

ca de tubos múltiplos. Onde se dilui 25g da amostra em 225 mL de solução de NaCl 0,85% previamente esterilizada e a partir desta solução (10-1 ) procedeu--se com as diluições (10-2 ) e (10-3 ). A inoculação foi feita em tubos contendo Caldo Lauril Sulfato, sendo incubados a 35ºC por 24 horas. Onde foi evidenciado o consumo do meio por turvação e apri-sionamento de gás no tubo de Durham invertido. Procedeu-se com teste con-firmativo para Coliformes a 45º C, uti-lizando o caldo E.C., em banho- maria a 45ºC por 24 horas. Os valores para NM-P/g foram determinados com o auxilio da tabela de Hoskis. As análises realiza-das para identificação Escherichia coli, foi feita a partir de tubos positivos pro-venientes do caldo E.C, com seu inóculo semeou-se em placas com Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) e Ágar Mac-Conkey (MC) incubou-se a 35°C por 24 horas. Submeteram-se as colônias com características de bactérias fermentado-ras de lactose às provas bioquímicas de acordo com a metodologia descrita pelo APHA (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos após as análises microbiológicas referentes à determina-ção do Numero Mais Provável (NMP) de coliforme a 45°C e presença de Escheri-chia coli realizadas nas 30 amostras de alimentos comercializadas em feiras da cidade de São Luís, MA, apresentou pre-sença de coliformes a 45°C variando de <3 a 2400 sendo que estavam fora dos li-mites estabelecidos pela legislação para os alimentos. A presença de E. coli foi confirmada em 45% das amostras.

A ingestão de alimentos e/ou águas contaminadas por microorganismos pa-togênicos é a principal causa de doen-ças diarréicas e um dos mais conhecidos agentes etiológicos de infecções alimen-tares é Escherichia coli, indicadora de contaminação fecal e risco potencial para a saúde do consumidor (TORRES,

2004).

Inadequações durante o processa-mento, armazenamento, transporte e beneficiamento são responsáveis pela ocorrência desses microorganismos em mariscos. Mesmo após o alimento ter sido preparado de forma correta, o manuseio inadequado pode ser fonte de transferência da bactéria.

CONCLUSÕES

As amostras de alimentos adquiridas de restaurantes na São Luis-MA, revela-ram elevadas concentrações de Colifor-mes 45°C e E. coli Estes resultados de-monstram que a presença de bactérias nos alimentos destinados ao consumo humano é um fator preocupante, uma vez que podem causar infecções de difí-cil tratamento, como também transferir genes de resistência para outras bacté-rias, ou para o homem em virtude da in-gestão de alimentos contaminados.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Uni-versidade Federal do Maranhão (PCQA/UFMA).

REFERÊNCIAS

APHA. American Public Health Asso-ciation. Compendium of methods for the microbiological of foods. 4th ed. Washington, 2001.

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PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM GRUPO DE IDOSOS COM AUDIÇÃO NORMAL

Alessandra de Souza RolhanoFonoaudióloga formada pela Universidade CEUMA

Camila Malcher Teixeira AmorimFonoaudióloga especialista em distúrbios da comunicação/audição

Mestranda em programas de gestão e serviços de saúde e professora titular da Universidade CEUMA

E-mail: [email protected]Érica Alessandra Caldas

Fonoaudióloga especialista em audiologia e em educação especial Mestre em saúde materno infantil e professora titular da Universidade CEUMA

Uiana Fábia da Cruz Lima Acadêmica do curso de Fonoaudiologia da Universidade CEUMA

RESUMO: O processo de envelhecimento humano acarreta naturalmente em uma diminuição da acui-dade auditiva. Pessoas que escutam menos consequentemente apresentam prejuizos nas habilidades au-ditivas, ou seja no processamento auditivo central, trazendo também alterações à comunicação humana. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o processamento auditivo central em idosos com limiares auditivos normais e caracterizar o tipo de alteração presente nesses indivíduos, correlacionando o tipo de alteração presente com uma possível queixa desses pacientes. Foram avaliados inicialmente 19 ido-sos com idade a partir dos 60 anos. As avaliações realizadas foram aplicação de protocolo de anamnese, avaliação audiológica básica (Via aérea e Via óssea), questionário e avaliação do processamento auditivo central através dos testes de Fala no ruído - FR, Identificação de sentenças com mensagem competitiva - PSI e teste de Dissílabos alternados superpostos - SSW. Como resultados obtivemos que 100% dos idosos apresentaram padrões de normalidade nos testes de FR e PSI, enquanto no teste SSW 80% apresentou al-gum tipo de alteração. Conclui-se que dentre os testes analisados nos pacientes com limiares normais, a maioria dos indivíduos apresentou padrão de normalidade nos testes de FR e no teste PSI, entretanto no teste SSW, a maioria dos idosos apresentou algum grau de alteração do processamento auditivo central.

Palavras-chave: Idoso. Processamento Auditivo Central. Audição em Idosos.

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INTRODUÇÃO

Nossa sociedade vem passando por sucessivas mudanças e o envelhecimen-to da população é uma delas. Podemos perceber que nas últimas décadas, hou-ve uma redução na taxa de natalidade, em contra partida percebemos também a redução da taxa de mortalidade, resul-tando assim em um aumento no núme-ro de idosos. Segundo o IBGE as taxas de mortalidade estão reduzindo no Bra-sil. A estimativa de vida ao nascimento para ambos os sexos, que era de 50 anos em 1950, mudou para 74,8 anos no ano de 2013 (IBGE, 2013). Concomitantes ao envelhecimento surgem às limitações da idade, é fácil percebermos que à medida que envelhecemos, as pessoas apresen-tam dificuldades. Podemos tomar como exemplo a audição, muitos idosos apre-sentam dificuldade em compreender o que é dito durante uma conversa, ou em suas atividades de lazer, podendo assim levar ao seu isolamento social.

A audição é um dos nossos cinco sen-tidos, um sentido de grande importância ao nosso convívio pessoal, pois através dele conseguimos estabelecer comuni-cação com outras as pessoas, podemos também perceber através dele a iminên-cia de um perigo. A perda da função au-ditiva no idoso tem grande importância, há uma redução da percepção dos sons da fala, desencadeando na frustração do individuo, impossibilitando suas rela-ções interpessoais (PINHEIRO e PEREI-RA, 2004). A essa dificuldade na percep-ção dos sons que os idosos apresentam denominamos presbiacusia.

Presbiacusia é uma alteração auditi-va que ocorre durante envelhecimento do nosso sistema auditivo. Sua origem pode ser por fatores genéticos ou am-bientais. A presbiacusia é decorrente de um fator biológico, aos quais todos irão passar, tem seu início normalmente por volta dos 20/30 anos de idade, e tende a ficar incômoda por volta dos 40/50

anos de idade (VERAS e MATOS, 2007). Ainda segundo os autores, estudos nos mostram que a presbiacusia é uma per-da auditiva sensorioneural bilateral, com configuração descendente, geral-mente acometem as frequências altas, porém com o avanço da idade pode ha-ver comprometimento nas frequências baixas. As alterações podem ocorrer em todo o nosso sistema auditivo (orelha externa - OE, média - OM e interna - OI), podendo ser coclear ou retrococle-ar. Sendo assim, podem apresentar di-minuição da elasticidade e aumento do pavilhão auricular, atrofia ou aumento de flacidez do conduto auditivo externo. Já na OI essas alterações dividem-se em sensório, neural, metabólica e mecâni-ca, apresentam degeneração das células ciliadas e das células de sustentação do órgão de Corti, perda de neurônios au-ditivos, degeneração do nervo auditivo, entre outras estruturas. Trazendo ao indivíduo redução da habilidade de re-conhecimento da fala. Durante período senescente é possível que ocorram ou-tras alterações no nosso sistema audi-tivo, como acontece no processamento auditivo.

Processamento auditivo central (PAC) é a capacidade que o nosso cére-bro tem em decodificar as informações sonoras, captadas pelo nosso ouvido (SANCHEZ et al, 2008). Segundo Katz e Wilde (1999) definem que “PA é a cons-trução que fazemos em cima do sinal auditivo para tornar a informação fun-cionalmente útil.” Os autores descrevem ainda que as habilidades auditivas PAC são detecção, localização da fonte sono-ra e a compreensão e discriminação do som, todas as habilidades estão ligadas às funções cerebrais de atenção e me-mória. Assim sendo quando há altera-ção do PAC ao qual também denomina-mos desordem de PAC, a pessoa perde a capacidade de identificar essas habilida-des auditivas, sendo assim o indivíduo consegue captar os sons da fala, porém

não compreende o sentido desta fala.

Indivíduos com perda auditiva ou com limiares auditivos normais podem apresentar desordem de PAC, como em casos de alguns idosos que mesmo com audição normal apresentam alterações, isso ocorre devido ao envelhecimen-to biológico das estruturas do sistema nervoso auditivo central, que pode en-velhecer e diminuir a capacidade de processar o som, mesmo sem perda au-ditiva (VERAS e MATTOS, 2007). Para identificar alteração do PAC, é neces-sário que a pessoa realize antes exame de audiometria tonal, para descartar a possibilidade de perda auditiva, após são realizados testes específicos como SSW, SSI, screening auditivo recebendo estímulos verbais e não verbais, deven-do reproduzir os sons e palavras apre-sentadas (PINHEIRO e PEREIRA, 2004).

Assim, o presente trabalho tem por objetivo realizar avaliação em grupo de idosos, a fim de identificar e analisar possíveis alterações do processamento auditivo central em indivíduos com li-miares auditivos dentro dos padrões de normalidade.

METODOLOGIA

Para a amostra foram pré-seleciona-dos 23 idosos que informaram ouvirem bem, de ambos os sexos, com idade a partir dos 60 anos que participam do programa ao idoso chamado “ginástica doce” de responsabilidade do curso de Fisioterapia na Clínica Escola da Uni-versidade CEUMA, a coleta dos dados foi realizada no período de abril a maio de 2016. Os critérios para participarem da pesquisa eram de apresentarem li-miares normais; idade a partir dos 60 anos; de ambos os sexos. Foram consi-derados limares dentro dos padrões de normalidade considerando a média dos limiares tonais nas frequências de 500, 1.000 e 2.000Hz resultados de 0dB a 25dB NA (CFFA, 2009).

Seguem descritos os procedimentos realizados para avaliação do processa-mento auditivo dividido em duas etapas. Na primeira etapa foram realizados pro-tocolo de anamnese; meatoscopia e ava-liação audiológica (audiometria tonal de Via aérea e Via óssea). Dos 23 idosos pré-selecionados, somente 19 compare-ceram para realizarem os exames, sendo que desses, 8 indivíduos apresentaram algum grau de perda auditiva, sendo estes excluídos da pesquisa, 10 idosos apresentaram padrão de normalidade nos exames audiométricos, 4 idosos fal-taram e 1 paciente era protetizado sen-do este eliminado da pesquisa.

A segunda etapa foi realizada em amostra de 10 indivíduos que apresen-taram limiares normais, sendo 100% do sexo feminino. Foi apresentado as pacientes o Termo de Consentimen-to Livre e Esclarecido, após as mesmas responderam a um questionário estru-turado com questões objetivas, sobre aspectos do processamento auditivo central, e posteriormente foram subme-tidas aos testes de processamento audi-tivo: Monótico – teste de fala com ruído branco (habilidade atenção seletiva e fechamento auditivo): onde foi apresen-tada as pacientes lista com 25 monos-sílabos em intensidade de 40dB acima da média tritonal (500, 1.000 e 2.000Hz). Considera-se padrão de normalidade re-sultado maior ou igual a 70% de acertos (PEREIRA e SHOCHAT, 2011); Teste de escuta monótica e dicótica de senten-ças PSI (habilidade figura–fundo): teste apresentado de forma contralateral - MCC (mensagem principal e mensagem competitiva em orelhas opostas) com relação sinal/ ruído (S/R) = -40; e de for-ma ipsilateral – MCI (mensagem princi-pal e mensagem competitiva na mesma orelha) com relação sinal/ ruído (S/R) = 0. Considera-se padrão de normalidade S/R= 0 resultado igual ou maior que 80% de acertos e S/R = - 40 resultado igual ou maior que 90% de acertos; Dicóti-

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co – teste de dissílabos alternado SSW (habilidade figura-fundo e ordenação temporal): teste em que são apresenta-das palavras dissílabas em quatro con-dições, direita não competitiva (DNC), direita competitiva (DC), esquerda não competitiva (ENC) e esquerda compe-titiva (EC) em intensidade de 50dB. Foi realizada a análise quantitativa, utili-zando a média das condições (DC + EC). Considera-se padrão de normalidade re-

sultado igual ou maior que 90% de acer-to (PEREIRA e SHOCHAT, 2011). O pre-sente trabalho foi aprovado pela CAEE sob o número 573176160.0000.5084.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Identificamos no questionário – Ta-bela 1 – considerando a média das res-postas, NÃO representando (78%) e SIM representando (23%).

Tabela 1 - Resultado com as respostas obtidas no questionário de avaliação dos aspectos do processa-mento auditivo.

Ao analisarmos o questionário apre-sentado, visando os aspectos do pro-cessamento auditivo central e conside-rando para isso a média das respostas, identificou-se predomínio da resposta NÃO (78%), ou seja, os entrevistados não possuem queixa auditiva, e respos-ta SIM (23%) representando presença de queixa auditiva. Os dados obtidos nesta pesquisa corroboram com os achados em outra estudo de Luz e Ferreira (2011) realizado em Porto Alegre, com aplica-ção de questionário sobre percepção das habilidades auditivas, porém divergem na idade. No referido estudo, os res-

ponsáveis de um grupo de pré-escolares responderam a um questionário estru-turado com o objetivo de analisar as-pectos das habilidades auditivas afim de configurar fatores de risco para o PAC. Nele é possível verificar que o ndice de respostas NÃO, ou seja, ausência de queixas auditivas é superior as respos-tas SIM, presença de queixas auditivas.

Resultado do teste Fala no Ruído – Tabela 2 – mostra que a totalidade dos pacientes (10) apresentou padrão de normalidade tanto para OD (100%) quanto para OE (100%).

Tabela 2 – Resultado obtidos no teste fala no ruído (FR)

Observamos através de análise esta-tística que 100% das pacientes (10) que participaram deste estudo, apresenta-ram padrões de normalidade no teste de Fala no Ruído, tanto para OD quanto para OE. Os dados aqui referidos refor-çam os achados de outros dois estudos (CALLAIS, RUSSO e BORGES, 2011; LUZ e FERREIRA, 2011). Na primeira pesquisa realizada em 2008, aplicando o teste de fala no ruído em grupo de idosas sem perda auditiva, detectou-se padrão de normalidade em 93% dos pacientes (6) em ambas as orelhas. No segundo estudo realizado em 2011, aplicando-

-se o teste de fala no ruído em invíduos idosos com limiares normais, também é possível constatar média superior a 70% de acertos, ou seja, dentro dos padrões de nomalidade na OD e OE.

Identificamos – Tabela 3 – nova-mente a totalidade dos pacientes (10) apresentou padrão de normalidade nas modalidades Mensagem Competitiva Contralateral (MCC) com relação S/R = – 40 para OD e OE (100%) de acerto e Mensagem Competitiva Ipsilateral (MCI) com relação S/R = 0 para OD e OE (100%) de acerto.

Tabela 3 - Resultados achados no teste de escuta monótica e dicótica de sentenças PSI nas modalidade MCC e MCI.

Detectamos nesta pesquisa que as pacientes submetidas ao teste de escu-ta monótica e dicótica de sentenças PSI nas modalidade MCC com S/R= - 40 e MCI com S/R = 0, apresentaram em sua totalidade (6) padrões de ndivíduos , ou seja, 100% de acertos. Estes dados são aproximam aos encontrados em estudo realizado em indivíduos idosos, com li-mares até 25Db, divergindo na escolha do teste, porém que avaliam as mesmas habilidades auditivas que o teste PSI (GONÇALES e CURY, 2011). No estudo citado, os pacientes foram sumetidos ao teste de identificação de sentenças sin-téticas – SSI na modalidade mensagem

competitiva ipsilateral (MCI) com S/R = 0. Nos resultados obtidos 52,5% dos ndivíduos apresentaram padrões da normalidade; 25,0% alterações bilaterais e 22,5% apresentaram alterações unila-terais.

Resultado teste SSW – Tabela 4 – identificou-se que dos 10 pacientes ana-lisados, 80% (DC + EC) apresentaram alteração de processamento auditivo central, dentre esses 50% são alterações pela condição Direita Competitiva (DC) e 30% alterações pela condição Esquer-da Competitiva (EC), apenas 20% apre-sentaram padrão de normalidade.

Tabela 4 – Resultados do teste SSW considerando a média de alteração (DC + EC).

Na análise dos resultados do teste SSW, observamos que 80% (DC + EC) dos indi-víduos apresentaram alteração de processamento auditivo central, dentre esses 50% apresentaram alterações pela condição Direita Competitiva (DC) e 30% alterações pela condição Esquerda Competitiva (EC), e apenas 20% apresentaram padrão de nor-malidade. Em estudo similar Sanchez et al (2008). que avaliaram através do teste

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SSW um grupo de idosos, sem perda auditiva obteve os seguintes resultados 50% dos pacientes analisados apresenta-ram padrões normais, 35,5% apresenta-ram alteração na condição EC, 7,5% alte-ração na condição DC e 7,5% alterações bilaterais. Já em estudo realizado por Buss et al (2012), o teste foi aplicado em grupo de idosos que apresentavam per-da auditiva neurosenrial de grau leve a moderado sendo estes protetizados. Os resultados obtidos foram os indivíduos com perda auditiva de grau leve apre-sentaram melhor desempenho no teste, quando comparados aos indivíduos com perda auditiva de grau moderado.

Ao concluirmos estas análises, des-tacamos a importância da orientação aos pacientes que apresentam alteração de PAC, sobre a relevância do acompa-nhamento fonoaudiológico, bem como acompanhamento médico, com o obje-tivo de fornecer tratamento adequado para cada caso clínico, minimizando o desconforto causado pela alteração, possibilitando melhoria na qualidade de vida desses pacientes.

CONCLUSÃO

Através dos achados deste estudo, conclui-se que dentre os testes analisa-dos nos pacientes com limiares normais, todos os indivíduos apresentaram pa-drão de normalidade nos testes de fala com ruído branco e no teste de escuta monótica e dicótica de sentenças PSI, entretanto no teste de dissílabos alter-nado SSW, a maioria dos idosos apre-sentou algum grau de alteração do pro-cessamento auditivo central relacionada a habilidade de figura-fundo e ordena-ção temporal em escuta de dois sons competindo. Ressaltando novamente a importância de avaliarmos e orientar-mos estes pacientes.

REFERÊNCIAS

Buss et all. Desempenho nas habili-dades auditivas de atenção seletiva e

memória autidiva em um grupo de idosos protetizados: Influência de perda auditiva, idade e gênero. Rev. CEFAC, São Paulo, 2012

Callais LL, Russo ICP, Borges ACLC. Desempenho de idosos em um tes-te de fala na presença de ruído. Pró--Fono Revista de Atualização Científica. 2008 jul-set; 20(3):147-52.

CFFa – Conselho Federal de Fonoau-diologia. Audiometria Tonal, logo-audiometria e medidas de imitância acústica: Orientações dos conselhos de fonoaudiologia para o laudo au-diológico. Abril 2009. Disponível em <http://www.fonoaudiologia.org.br/pu-blicacoes/eplaudoaudio.pdf> Acesso em 10/06/2016.

Gonçales, A, S; Cury, M, C, L. Avalia-ção de dois testes auditivos centrais em idosos sem queixas. Braz J Otorhi-nolaryngol. 2011;77(1):24-32.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeções da População: Brasil e Unidades da Federação. Sé-rie Relatórios Metodológicos, v. 40, Rio de Janeiro, n. 24, 2013. Disponível em <ftp://ftp.ibge.gov.br/Projecao_da_Po-pulacao /Projecao_da_Populacao_2013/srm40_ projecao_da_populacao.pdf> Acesso em 05/06/2016.

Katz, J; Wilde, L. Tratado de audiolo-gia clínica - Desordens do processa-mento auditivo, 4ª Ed. São Paulo: Ma-nole; 1999.

Luz, D, M; Ferreira, M, I, D, C. Iden-tificação dos fatores de risco para transtorno do processamento audi-tivo central em pré-escolares. Rev. CEFAC. 2011 Jul- Ago; 13(4):657-667.

Pereira, L, D, Shochat E. Manual de avaliação do processamento auditi-vo central. São Paulo: Lovise, 2011.

Pinheiro, M, M, C.; Pereira, L, D. Proces-

samento auditivo em idosos: estudo de interação por meio de testes com estímulos verbais e não verbais. Rev Bras Otorrinolaringol. V.70, n.2, 209-14, mar./abr. 2004.

Sanchez et all. Avaliação do processa-mento auditivo em idosos que rela-tam ouvir bem. Rev Bras Otorrinola-ringol. 2008;74(6):896-902 (11)Veras, R P; Mattos L C. Audiologia do envelheci-mento: revisão de literatura e perspecti-vas atuais. Revista Brasileira de Otorri-nolaringologia 2007;73(1):128-34.

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PROJETO EDUCANDO EM SAÚDE: AÇÕES EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS - MA.

Thalita Dutra de AbreuEnfermeira Especialista em auditoria, planejamento e gestão em Saúde

Especialista em enfermagem do trabalho Especializanda em Saúde mental e atenção psicossocialE-mail: [email protected]

Kassya Rosete Silva LeitãoBolsita, Estagiárias de Enfermagem do 10º período da UFMA

Ortêncya Moraes SilvaBolsita, Estagiárias de Enfermagem do 10º período da UFMA

Maria de Fátima Lires PaivaOrientadora. Enfermeira. Doutora em Ciências - Fisiopatologia Clínica e Experimental pela UERJ/

UFMA Chefe e Docente do Departamento de Saúde Pública da UFMA

Maria Iêda Gomes VanderleiEnfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela USP

Docente do Departamento de Saúde Pública da UFMA

INTRODUÇÃO

O presente trabalho está embasado em experiência realizada com pré-adolescentes e adolescentes de uma escola pública estadual no município de São Luís, onde se pode avaliar a importância de incluir profissionais da saúde no processo de ensino e apren-dizagem no sentido de promover a saúde e evitar agravos diante da demanda oriunda da própria população trabalhada. A origem da educação em saúde data de 1909 nos Estados Unidos da América como estratégia de prevenção de doenças. (ALVES ,2011). Durante várias décadas a atividade educativa no campo da saúde se configurou como uma prática normalizadora,baseada em um discurso higienista visando controlar e prevenir doenças, sendo o próprio sujeito o responsável pela sua condição de saú-de. (ALVES, 2011; BORDENAVE, PEREIRA, 2007). Essas práticas se fundamentavam apenas na transmissão e reprodução de conhecimentos sem o desenvolvimento de uma reflexão crítica, colocando o educando como um agente passivo ao educador no processo de aprendizagem. Contudo a prática da Educação em Saúde requer do pro-fissional de saúde,principalmente de enfermagem uma análise crítica da sua atuação, bem como uma reflexão de seu papel como educador (ROCHA et. al, 2010).

OBJETIVOS

Implementar a promoção da saúde na escola para a formação de multiplicadores em educação para saúde, através de práticas que envolvem saberes, habilidades para a vida, tomada de decisões, atitudes saudáveis na construção de ambientes favoráveis à

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saúde, aprimorando as ações educativas no âmbito escolar e comunitário.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, ex-ploratório desenvolvido em uma escola estadual de ensino fundamental e médio da Secretaria de Educação do município de São Luís-MA. Foi desenvolvido no período de setembro de 2014 a agosto de 2015. A população do estudo foi com-posta por adolescentes de 10 a 16 anos, dos quais foram selecionados 32,quese submeteram ao processo de formação de multiplicadores das ações desenvol-vidas no decorrer do projeto. Foram utilizados como critérios de inclusão a participação voluntária dos alunos e o bom rendimento escolar, sendo selecio-nados pelo setor de supervisão pedagó-gica da escola. Na escolha das temáticas abordadas para a elaboração do presen-te projeto, realizou-se roda de conversa junto ao corpo diretor, docente e discen-tes da escola, visando atender as princi-pais necessidades dos escolares e comu-nidade. As atividades foram realizadas em 4(quatro) oficinas na escola, sendo que houve outros encontros por par-te da equipe executora do projeto para construção e avaliação das atividades. Foram utilizados recursos para tornar as atividades lúdicas (peça teatral, música, filmes), como forma de envolver os par-ticipantes, facilitando o entendimento. Para finalização do projeto foram elabo-rados e impressos folders inerentes aos temas, bem como exposição das temáti-cas em forma de feira de ciências.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram aplicados 232 questionários divididos em quatro momentos, visando avaliar o nível de conhecimento prévio e posterior ao momento educativo dos 32 alunos trabalhados, porém foram consolidados somente 29 questionários dos participantes que compareceram a 100% dos encontros.Os multiplicadores

eram compostos por 19 do sexo femi-nino e 13 do masculino,quanto à faixa etária 51 % (n=15) possuíam entre 13 a 14 anos e 34,4% (n=9) estão entre 10 a 12 anos (tabela 1).

Na oficina sobre gravidez na adoles-cência, quando arguidos sobre a idade de inicio da adolescência no pré-teste 3,8%(n=1) responderam a opção correta ( 10 a 19 anos), no pós-teste a porcen-tagem foi superior correspondendo a 70%(n=20). Demonstrando desconhecer a fase em que estavam inseridos, mas assimilar consideravelmente o que lhes foi passado. Sobre o conhecimento dos métodos contraceptivos, no pré-teste as porcentagens mais significativas cor-responderam aos métodos: camisinha masculina e feminina com 88,5% (n=23) e 57,7% (n=15) respectivamente, inje-ção 57,7% (n=15), anticoncepcional de emergência 46,4% (n=13). No pós-teste as porcentagens encontradas destes mé-todos apresentaram uma elevação como a camisinha masculina 85,7%(n=24) e al-guns outros se mantiveram tais como, camisinha feminina 57,7% (n=15), inje-ção 57,7% (n=15), anticoncepcional de emergência 46,4% (n=13), (tabela 2).

Quanto aos sinais de gravidez infe-riu- se com o pré-teste que os escolares tinham pouco conhecimento a cerca dos sinais preditivos da gravidez, dan-do maior enfoque ao atraso menstrual 80,8% (n=21), náuseas e vômitos 73,1% (n=19). Contudo no pós-teste puderam agregar aos saberes do senso comum outros sinais que são indicativos deste estágio. Tais como, Aumento e dor nas mamas e Aumento na frequência uriná-ria. (tabela 3). Em se tratando da ofici-na de DST’s os escolares demonstraram já ter um bom conhecimento prévio do significado da sigla 60,7%(n=17), da sin-tomatologia dor ao urinar 42,3%(n=11), dor na relação sexual 38,5% (n=10), e 46,2%(n=12) não souberam responder; e a cura das DST’s 35,7%(n=10), tendo o quantitativo de acertos aumentado no

Tabela 1 - Distribuição dos alunos por faixa etária.

Tabela 2 - Oficina de Métodos Contraceptivos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 3 - Oficina de Gravidez na Adolescência.

Fonte: Dados da pesquisa.

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pós teste.

Na oficina sobre Dengue e Febre Chikungunya, em relação à forma de transmissão no pré-teste 91,3%(n=21) responderam corretamente, no pós--teste 95,7%(n=22) acertaram. Quanto ao mosquito transmissor no pré-teste, 47,8%(n=11) responderam corretamen-te, seguido do pós-teste a porcentagem foi de 73,9%(n=17). Na variável de me-lhor forma de prevenção, no pré-teste a porcentagem dos escolares que acerta-ram foi de 43,5%(n=10), no pós-teste foi de 60,9%(n=14).Quanto a diferença en-tre a Dengue e a febre Chikungunya, no pré-teste 39,1%(n=9) dos escolares acer-taram aumentando para 52,2%(n=12) no pós-teste. Observa-se como os resulta-dos que os escolares possuíram uma boa aquisição dos conhecimentos.

CONCLUSÃO

A execução do projeto mostra-se importante na medida em que leva a promoção da saúde para o ambien-te escolar e a comunidade que a cerca, estimula o interesse dos escolares por temas relacionados à saúde e esclarece dúvidas, bem como proporciona que os acadêmicos de enfermagem atuem para além dos muros da academia permitin-do a interação com outros segmentos da sociedade. Essa importância é vista, também, através dos resultados obti-dos e analisados, após a aplicação dos testes para avaliar o conhecimento dos multiplicadores, bem como a qualidade de cada abordagem e a forma como os conteúdos foram repassados. É sabido que a Educação em Saúde é uma das atribuições do profissional Enfermeiro que, por muitas vezes, é negligencia-da dentro do campo de atuação desse, diante do exposto, podemos perceber o quanto esse papel é primordial, evitan-do complicações de saúde, englobando a promoção, prevenção e proteção da saúde através de ações educativas ante-riormente referidas.

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal do Mara-nhão, principalmente a Pró-Reitoria de Extensão que tornou a aplicabilidade do projeto viável.

REFERÊNCIAS

ALVES, G.G.; AERTS, D. As práticas educativas em saúde e a estraté-gia saúde da família. Cienc. Saude Colet., v.16, n.1, p.319-25, 2011. Dispo-nível em:<http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n1/v16n1a34.pdf> Acesso em: 10/09/2015.

BORDENAVE, J.D.; PEREIRA, A.M. Estratégias ensino-aprendizagem. 28.ed. Petrópolis: Vozes, 2007. Dispo-nível em:<http://www.uc.pt/fmuc/gabi-neteeducac aomedica/recursoseducare/livro17>. Acessado em: 10/09/2015.

ROCHA, V.; SCHALL, V.T.; LEMOS, E.S. A contribuição de um museu de ciências na formação de concepções sobre saúde de jovens visitantes. In-terface - Comunic., Saude, Educ., v.14, n.32, p.183-96, 2010. Disponível em:<ht-tp://www.scielo.br/pdf/icse/v14n32/15.pdf> Acesso em: 15/09/2015.

Palavras-chave: Saúde. Educação. Es-cola.

QUALIDADE DE AMOSTRAS COMERCIAIS DE CHÁ USADO EM DIETAS DE EMAGRECIMENTO

Ludmilla Santos Silva de Mesquita1*José Wilson Carvalho de Mesquita1

Paulo Gabriel dos Santos Furtado1 André Felipe Ramos Martins1

Daniella Patrícia Brandão Silveira1

Tássio Rômulo Silva Araújo Luz1 Andreza Silva Sales1

Maria Nilce de Sousa Ribeiro1

1Universidade Federal do Maranhão, Departamento de FarmáciaLaboratório de Farmacognosia

*E-mail: [email protected]

RESUMO: O uso de plantas medicinais representa uma prática terapêutica comum em todo o mundo, e atualmente devido ao aumento do número de pessoas com sobrepeso as plantas medicinais e produtos derivados tem sido bastante utilizados em tratamentos para a redução de peso, o que proporciona uma grande disponibilidade das espécies vegetais em mercados e feiras locais. Entre as espécies vegetais mais usadas em dietas de emagrecimento encontra-se o hibisco (Hibiscus sabdariffa). O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade de amostras de hibisco comercializadas no município de São Luís, Maranhão. Analisou-se 4 amostras adquiridas em farmácias e mercados de acordo com metodologias propostas na Farmacopeia Brasileira, quanto aos aspectos de rotulagem, características organolépticas, determinação de materiais estranhos, pH, umidade, cinzas totais, resíduo seco, prospecção fitoquímica e cromatogra-fia em camada delgada. Os resultados obtidos demonstraram que as amostras de hibisco atenderam a maioria dos critérios de qualidade, mas evidenciam a necessidade de constante fiscalização da comercia-lização de drogas vegetais para garantir ao consumidor produtos com qualidade.

Palavras-chave: Chá Medicinal. Controle de Qualidade. Hibisco.

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INTRODUÇÃO

O uso de plantas para o tratamento e prevenção de doenças é uma prática antiga da humanidade e que permane-ce até os dias atuais, como se observa por sua comercialização em farmácias, supermercados, feiras livres e merca-dos, como também pelo cultivo nas residências (Dutra et al., 2016; Maciel; Pinto; Veiga Junior, 2002). No Brasil, o comércio de plantas embaladas e ro-tuladas ainda é bastante precário (Bo-chner et al. 2012). Com frequência as plantas medicinais são comercializadas sem garantia da qualidade e ausentes de informações ao consumidor, com isso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) além de promo-ver a prática popular de uso das plan-tas medicinais e remédios caseiros, tem elaborado resoluções como a RDC nº 10/10, definindo alguns critérios para a notificação de drogas vegetais no Brasil. Dessa forma, o cumprimento da legis-lação a partir da realização de testes de controle de qualidade e investigação da presença de adulterantes é importante para a obtenção de produtos vegetais seguros e eficazes (BRASIL, 2010; Lima e Gomes, 2014). Por ser rápido e fácil de preparar, o chá, preparado por infusão ou decocção, é a forma mais popular de utilizar plantas medicinais (Maciel; Pin-to; Veiga Junior, 2002) mas que requer estudos de avaliação da qualidade como atividade indispensável (Brandão et al, 2006). O hibisco (Hibiscus sabdariffa) é uma espécie da família Malvaceae, po-pularmente conhecido como vinagreira, rosela, caruru-azedo, azedinha, quiabo--azedo, quiabo-róseo e quiabo-roxo (Lo-renzi; Matos, 2002). Suas flores são usa-das na preparação de chá para auxiliar no processo de emagrecimento, devido provavelmente a atividade antioxidante dos flavonoides, ácidos orgânicos e vita-mina C presentes na planta (Prenesti et al., 2007; Camelo-Méndez et al., 2016).

Dentre os benefícios do consumo do chá de hibisco incluem-se a redução da gor-dura corporal, a ação diurética, o con-trole do colesterol e da pressão arterial (Uyeda, 2015). Estudos têm demonstra-do propriedade antioxidante (Zhen et al., 2016), efeito anti-obesidade (Huang et al., 2015) e anti-hipertensiva (Herre-ra-Arellano, 2007). Nos últimos anos tem ocorrido um aumento no interesse cien-tífico pelo hibisco, principalmente sobre sua ação em dislipidemias e hiperten-são o que tem refletido no seu elevado consumo em dietas de emagrecimento. Dessa forma, devido ao consumo do hi-bisco com finalidades terapêuticas, esse trabalho teve como objetivo verificar a qualidade das amostras comercializadas em ervanarias e mercados no munícipio de São Luís, Maranhão, Brasil.

METODOLOGIA

Obtenção das amostras: amostras de hibisco (n=4) foram adquiridas por compra em mercados da cidade de São Luís, Maranhão, em outubro de 2016. Neste trabalho, as amostras estão iden-tificadas como H1, H2, H3 e H4. Análise dos rótulos: quando presentes, consis-tiu na observação de informações es-senciais para o uso correto do produto, de acordo com a legislação brasileira, como data de validade, nome científico da planta, indicações e/ou contra- in-dicações, modo de uso, dentre outros. Caracterização organoléptica: foram verificadas as características referen-tes a cor, odor e sabor das amostras (F. Bras., 2010). Verificação da presença de materiais estranhos: as amostras foram separadas por quarteamento, e exami-nadas a olho nu seguido de pesagens, sendo os resultados expressos em por-centagem (F. Bras., 2010). Determinação da umidade: realizada em balança com infravermelho, o valor da umidade foi em percentual. Realizado em triplicata (F. Bras., 2010). Determinação do pH: preparou-se uma solução a 1% (p/v) de

cada amostra em água destilada. Aque-ceu-se até ebulição por 5 min. Após o resfriamento mediu-se o pH do filtrado utilizando potenciômetro. Os resultados foram expressos pela média da tripli-cata (F. Bras., 2000). Determinação de cinzas totais: as amostras foram inci-neradas aumentando gradativamente a temperatura até, no máximo, 600 ± 25 ºC. Calculou-se a porcentagem de cin-zas em relação à droga seca ao ar (F. Bras., 2010). Obtenção e avaliação dos extratos aquosos: amostras dos cálices de hibisco (10 g) foram pulverizadas e submetidas à extração por infusão com água na relação droga/solvente de 1:10. As soluções extrativas foram filtradas, concentradas em evaporador rotativo e secas até peso constante, obtendo-se os extratos aquosos. Os extratos foram usadas para ensaios de determinação de resíduo seco (F. Bras., 2010), screening químico (Matos, 2009) e cromatografia em camada delgada (CCD) usando placa de sílica gel GF Merck e como eluente butanol:ácido acético:água (4:1:5).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A qualidade de drogas vegetais co-mercializadas no Brasil revela um qua-dro preocupante. Estudos realizados em diferentes regiões do país identificaram problemas relacionados à identidade e pureza destes produtos (CHIMIN et al., 2008; LOPES; JUNIOR 2011). Em São Luís, uma pesquisa realizada com dro-gas vegetais comercializadas na princi-pal feira livre local demonstrou proble-mas na qualidade (Amaral et al., 2003). Miranda et al. (2016) também demons-traram a má qualidade de amostras de aroeira comercializadas em mercados públicos na capital maranhense. Neste trabalho foi feita avaliação da qualida-de de amostras de hibisco. A primeira característica avaliada foi a embalagem das amostras. De acordo com a RDC 10/10 as embalagens de drogas vegetais devem possuir informações específicas

para o consumo seguro, já que grande parte dos consumidores utiliza os chás de forma empírica e sem orientações. Das embalagens das amostras de hibisco nenhuma atendeu a todas as exigências estabelecidas pela resolução, sendo que as embalagens das amostras H3 e H4 não apresentavam nenhuma informação. A ausência de informações favorece o uso indevido e risco à saúde do usuário, po-dendo comprometer a ação terapêutica e o surgimento de efeitos indesejáveis. As características organolépticas, como cor, sabor e odor são parâmetros que de-vem ser avaliados no controle de quali-dade de drogas vegetais (F. Bras., 2010). Nesse estudo todas as amostras apre-sentaram sabor azedo e odor aromático. Quanto a cor, as amostras H1, H2 e H4 apresentaram cor vinho, enquanto que a amostra H3 cor marrom. As flores de hibiscos são vermelhas e azedas quando frescas, depois de secas elas se tornam cor vinho, permanecendo o sabor aze-do (Vizzotto e Pereira, 2008). De acor-do com a Sáyago-Ayerdi et al., (2007) a cor vermelha brilhante da flor é devido a pigmentos abundantes, dos quais os compostos fenólicos são os principais constituintes. Na avaliação de pureza das amostras comerciais de hibisco foi considerado como material estranho to-das as partes que não correspondem aos cálices da planta, pois são essas as par-tes usadas no preparo de chás. Segundo a especificação da Farmacopéia Brasilei-ra, 5ª edição, o valor máximo de mate-rial estranho permitido é 2% m/m, com isso todas as amostras apresentaram valores de materiais estranhos adequa-dos. Porém, nas amostras foram encon-trados materiais que representam falta de cuidado no manuseio do produto e risco a saúde do consumidor, como fios de cabelo, pedaços de plástico e inse-tos. O valor de umidade estipulado para drogas vegetais é de no máximo 14%. Assim, os resultados da análise de umi-dade de todas as amostras estão dentro

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da especificação exigida, indicando um adequado processo de secagem e acon-dicionamento. A determinação do teor de cinzas visa avaliar se existe compo-nente inorgânico na amostra, materiais como pedra, areia, terra, ou seja, se exis-te adulteração. Todas as amostras apre-sentaram teor de cinzas entre 8,0 e 8,6 %, logo dentro dos limites especificados. Geralmente os chás são preparados por decocção ou infusão utilizando o ma-terial vegetal dessecado. Os rendimen-tos obtidos dos chás das amostras H1, H2, H3 e H4 foram de 4,5%, 5,3%, 5,0% e 3,9% respectivamente. O rendimento da extração pode estar relacionado com o tamanho da partícula a ser extraída, pois quando há uma maior superfície de contato do solvente com a droga vegetal espera-se um maior rendimento, desse modo como a extração foi feita simulan-do a forma de preparo, ou seja, utilizan-do os cálices na sua forma íntegra, não proporcionou um rendimento tão bom, mas parecido entre as amostras. Os ex-tratos de hibisco apresentaram valores de pH entre 2,6 e 2,8 indicando a natu-reza ácida dos compostos presentes no extrato aquoso. As antocianinas, subs-tâncias comumente encontradas no hi-bisco, são solúveis em água e geralmente apresentam pH levemente ácido. A aná-lise fitoquímica dos extratos das amos-tras de hibisco H1, H2 e H4 foi positiva para a presença de cumarinas, compos-tos fenólicos, antocianinas e antociani-dinas, flavonas, flavonóis, xantonas e taninos. E da amostra H3 foi positiva para cumarinas, compostos fenólicos, flavonas, flavonóis e xantonas, e taninos A literatura demonstra que espécies do gênero Hibiscus são ricas em compostos fenólicos e flavonoides (Ramirez-Rodri-gues et al., 2011). Camelo-Méndez et al. (2016) identificaram ácidos fenólicos, flavonóis, e duas principais antociani-nas (cianidina-3-sambubioside e delfini-dina-3-sambubioside). As antocianinas são compostos que ocorrem de forma

significativa em hibisco e amplamente conhecidas por serem eficazes no con-trole do ganho de peso corporal, que é vital no tratamento e na prevenção da obesidade (Tsuda et al., 2003). Assim, a amostra H3 por ter apresentado um resultado que demonstra a ausência de antocianinas pode comprometer o obje-tivo do usuário. O perfil cromatográfico contribui para verificação da autentici-dade de espécies vegetais. Os resultados da avaliação cromatográfica dos extra-tos do cálice de hibisco feitos por CCD apontaram um perfil cromatográfico di-ferente para a amostra H3. Além da di-ferença observada no perfil cromatográ-fico, a amostra H3 também apresentou diferença na cor da droga vegetal, no rendimento, no pH, no teste fitoquímico e até na cor do extrato, pois havia uma coloração mais clara que a dos outros extratos. Esses resultados sugerem que a droga vegetal pode se tratar de uma outra espécie.

CONCLUSÕES

As amostras de hibisco atenderam a maioria dos critérios de qualidade. Uma das amostras apresentou características diferentes das demais e da descrição da literatura. A inclusão de novas técnicas analíticas mais sensíveis, como a técni-ca de DNA barcoding, seria interessante do ponto de vista de aumentar o nível de controle da autenticidade das drogas vegetais à venda. É essencial o constan-te trabalho de verificação da qualidade de amostras de chá que são comerciali-zados nas feiras, drogarias e mercados de São Luís-MA. O reforço da fiscaliza-ção pode ampliar o acesso a produtos de qualidade pelos consumidores.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

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QUALIDADE DE AMOSTRAS COMERCIAIS DE ESPINHEIRA-SANTA (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek)

COMERCIALIZADAS EM SÃO LUÍS, MARANHÃO

Andreza Silva Sales1 Daniella Patrícia Brandão Silveira1

Ludmilla Santos Silva de Mesquita1 Haymê Ferreira dos Santos1

Edilene Carvalho Gomes Ribeiro1 José Antonio Costa Leite1

José Wilson Carvalho de Mesquita1 Denise Fernandes Coutinho Moraes2

1Graduação em Farmácia - UFMA. E-mail: [email protected] de farmácia - UFMA. E-mail: [email protected]

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de amostras comerciais de Espinheira--Santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) em São Luís-Maranhão, tendo em vista a facilidade de troca e identificação equivocada entre drogas vegetais, a dificuldade no controle de qualidade, a precariedade na fiscalização da produção e a importância de garantir à população seu acesso seguro e eficaz. A Espi-nheira-Santa faz parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), edição 2014, com indicação com adjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas de dispepsia. Mesmo apresentando importantes atividades, é importante assegurar a qualidade de drogas vegetais (fo-lhas secas) de Espinheira-Santa, comercializada e utilizada pela população para fins medicinais. Foram realizadas análises das embalagens das amostras de acordo a legislação vigente, pesquisa de materiais estranhos, perda por dessecação, cinzas totais, teor de espumas, análise fitoquímica para avaliar a pre-sença de taninos e análise das características microscópicas baseadas na Farmacopéia Brasileira (2010). Os resultados indicaram irregularidades em todas as embalagens, percentuais acima do permitido para materiais estranhos e teor de cinzas, umidade dentro do limite aceito e teor de espumas abaixo do pre-visto. Os testes fitoquímicos evidenciaram a presença de taninos, e as características macroscópicas e microscópicas apontam autenticidade. A partir desses resultados, observou-se a presença de drogas vegetais de M. ilicifolia fora dos padrões de qualidade, podendo representar riscos à saúde da população.

Palavras-chave: Controle de Qualidade. Espinheira-santa. Planta Medicinal.

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INTRODUÇÃO

Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek é uma espécie popularmente conheci-da como espinheira-santa que possui propriedades antiulcerogênicas com-provadas, provavelmente relacionadas à presença de flavonoides e taninos. Atividades antiespasmódica, anti-infla-matória também são foram citadas na li-teratura (NASCIMENTO et al., 2005). É uma espécie bastante comum no Brasil e bastante utilizada em forma de chás no tratamento de úlceras, é popularmente utilizada como cicatrizante em feridas e analgésicos. Espinheira santa consta da lista das espécies vegetais que constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), edição 2014, que traz 12 plantas com que podem ser uti-lizadas em serviços de saúde atendidos pelo SUS.

De modo geral e independente das diversas tecnologias utilizadas na tera-pêutica, as plantas medicinais tem seu uso bastante difundido nas populações, sendo difícil estimar a quantidade de usuários. São muitos pontos de venda funcionando regular e irregularmente, sendo a droga vegetal, muitas vezes, isenta de controle. Este, por sua vez, en-volve várias etapas que abrangem desde a obtenção da matéria-prima, envolven-do todo o processo de produção até o produto final (MIRANDA et al., 2016).

O controle de qualidade das drogas vegetais pode ser feito por compara-ção com parâmetros farmacognósticos previamente descritos para a espécie autêntica e com efeito terapêutico. A autenticidade foi verificada através da comparação das características mor-fo-anatômicas das folhas das amostras com as descritas pela Farmacopeia Bra-sileira (2010). A pureza foi avaliada atra-vés dos parâmetros de cinzas totais, per-da por dessecação e análise de materiais estranhos, também comparando com os limites descritos na Farmacopeia. A

integridade foi determinada através do índice de espuma (BRASIL, 2004).

Estudos realizados anteriormente na cidade de São Luís destacaram alto teor de umidade e elementos estranhos em amostras de droga vegetal (AMARAL, 2003). A Farmacopéia Brasileira 5ª edi-ção traz em monografia da Espinhei-ra-Santas as características essenciais das amostras comerciais para consumo (BRASIL, 2010).

Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de amostras comerciais de Espinheira--Santa (Maytenus ilicifolia Mart ex Reis-sek) obtidas em farmácias de manipu-lação e ervanários, localizados em São Luís, Maranhão.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostras foram adquiridas por em farmácias de manipulação e ervanários, com identificação da espécie e rótulo contendo a massa do material. Foram obtidas quatro amostras de Maytenus ilicifolia em duplicata para cada lote.

A análise da embalagem foi avaliada de acordo com a RDC ANVISA nº 71, de 22 de dezembro de 2009, que estabe-lece regras para a rotulagem de medica-mentos, incluindo os fitoterápicos que determina as informações que devem estar presente na embalagem de medi-camentos e também de acordo com a RDC ANVISA 26 de 13 de maio de 2014.

Após a análise das embalagens, as amostras foram pesadas e analisadas quanto a presença de materiais estra-nhos, foram separados todas as partes que não sinalizadas no rótulo, como pe-daços de caule e outros materiais não vegetais que foram pesados. Em segui-da, cada amostra foi submetidas a quar-teamento para diminuição das amostras e separação de alíquotas para análise. Com uma alíquota, foram determina-das as cinzas totais e perda por desse-cação (umidade), de acordo com méto-

dos descritos na Farmacopéia Brasileira (2010). A umidade foi determinada por meio de 0,5g da amostra em balança de infravermelho sendo realizada em triplicata e obtida a média dos valores. Para obtenção dos dados de cinzas, cer-ca de 3g de amostra foram adicionada em cada cadinho, como previsto na Far-macopéia Brasileira (2010). As amostras foram submetidas à carbonização e de-pois à queima em forno mufla a 450ºC. As análises foram feitas em triplicata e foram obtidas as médias dos resultados (Farmacopeia, 2010). O teor de cinzas e umidade foram comparados com os va-lores determinados em Farmacopéia.

Para avaliação de autenticidade, as alíquota de cada amostra foram subme-tidas a avalição macro e microscópica, comparando com a descrição morfo-a-natômica das folhas de M. ilicifolia (Far-macopeia, 2010)

Para análise de integridade, foi re-alizado índice de espuma e teste para verificar a presença de taninos. Para essas determinações, foram reparados extratos aquosos de cada amostra, a partir de 1g de pó para adicionado à 50 ml de água destilada por 15 minutos. Os testes foram realizados segunda as nor-mas descritas na Farmacopeia Brasileira (2010).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo as legislações que tratam sobre a rotulagem de fitoterápicos, RDC 71/2009 e RDC 26/2014, publicadas pela ANVISA, nos rótulos das embalagens, devem estar presentes a nomenclatura popular seguida da nomenclatura botâ-nica (gênero + epíteto específico). Das amostras analisadas, apenas duas esta-vam em conformidade com essas Re-soluções, uma delas continha apenas o nome popular e a outra apresentava o nome botânico escrito erroneamente.

Essas legislações estabelecem alguns frases que devem ser inseridas nas em-

balagens de drogas vegetais, que hoje são classificadas como Produto Tradi-cional Fitoterápico. Somente duas apre-sentavam a frase: “Este produto deve ser armazenado ao abrigo da luz, à tempe-ratura ambiente e em locais secos”; ne-nhuma das amostras apresentava a frase “Produto registrado com base no uso tradicional, não sendo recomendado seu uso por período prolongado” e nem a informação em caixa alta “PRODUTO TRACIONAL FITOTERÁPICO”; so-mente uma amostra trazia a frase “Este produto é indicado com base no seu uso tradicional.”; duas apresentavam a frase “Este produto deve ser mantido fora do alcance de crianças.” e nenhuma conti-nha a frase “PRODUTO NOTIFICADO NA ANVISA nos termos da RDC nº XX/XXXX”.

Segundo as legislações, é necessário também o nome do farmacêutico res-ponsável e seu respectivo número de CRF, isso foi observado apenas em duas amostras.

O nome do fabricante, CNPJ, ende-reço completo e número do SAC foram observados em todas as amostras, en-tretanto, o número do lote, data de fa-bricação e prazos de validade estavam presentes em apenas duas das embala-gens analisadas. O código de barras foi observado em três das quatro amostras obtidas.

De acordo com a RDC 26/2014, pro-duto tradicional fitoterápico deve conter folheto, no entanto nenhuma das emba-lagens adquiridas continha o citado fo-lheto informativo, estando as informa-ções dispostas apenas na embalagem. Entre essas informações estão: a parte da droga vegetal, observada em apenas uma das quatro amostras; a posologia e modo de usar, presente em três somen-te; e as informações para crianças, ido-sos e gestantes, ausente em todas.

Dessa forma, foram constatadas irregularidades em todas as embala-

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gens analisadas de acordo com a RDC 26/2014 e RDC 71/2009. Estudo reali-zado no interior do Paraná analisou 25 amostras de cinco espécies vegetais onde os resultados das análises dos ró-tulos mostraram que nenhuma amostra apresentou os requisitos exigidos pela legislação vigente (GARBIN et al., 2013).

O valor máximo permitido de mate-riais estranhos descritos na Farmacopéia Brasileira 5ª edição é de 2%, no entanto, todas as amostras apresentaram valores acima de 20% (tabela 1). Dessa forma, todas podem ser consideradas reprova-das para a presença de materiais estra-nhos. Avaliação da qualidade de droga vegetal de Maytenus ilicifolia (espinhei-ra-santa) comercializadas no estado do Paraná evidenciou que das 18 amostras analisadas, metade apresentava valores de materiais estranhos adequados e a outra metade, valores acima do estabe-lecido pela legislação (CHIMIN et al., 2008).

Das quatro amostras analisadas,

apenas uma apresentou valor de cinzas superior ao descrito na Farmacopeia Brasileira 5ª edição que é de, no máxi-mo, 8% (tabela 1). O que pode ser indi-cativo de contaminação por compostos inorgânicos. Baptista e Taveira encon-tram valores acima do esperado para as amostras de drogas vegetais analisadas (BAPTISTA E TAVEIRA, 2011).

Dentre as amostras analisadas, todas estão de acordo com o valor máximo de umidade permitido pela Farmacopeia Brasileira 5ª edição, que é de 12%. Os re-sultados das análises variam de 6,7% a 9,3% (tabela 1). O resultado obtido nesta análise é importante visto que a água é um fator determinante na ação de en-zimas que podem degradar os consti-tuintes químicos bem como facilitar a proliferação de microrganismos. Silva et al. constatou que o teor de umidade esteve dentro do limite especificado na monografia de até 12% para amostras de Espinheira Santa. (SILVA et al., 2012).

Na análise fitoquímica quanto à pre-

Tabela 1 - Análise Farmacognóstica (materiais estranhos, cinzas e umidade).

sença de taninos, observou-se a colora-ção esverdeada e formação de precipi-tado indicando a presença de taninos condensados como previsto na mono-grafia de Espinheira-Santa descrito na Farmacopeia Brasileira, 2010 (Figura 1A). Nascimento et al. (2005) constatou a presença de taninos em todas as amos-tras de Espinheira Santa e Silva et al. verificou que de cinco amostras dessa mesma planta, apenas uma não atendia aos critérios exigidos pela Farmacopeia. Avaliação da qualidade de amostras de Maytenus ilicifolia no Distrito Federal, apenas uma amostra não apresentou re-ação positiva e verificou-se precipitação em pelo menos 2 dos 4 testes (BAPTIS-

TA E TAVARES, 2011).

No teste de espuma, a Farmacopéia recomenda que o índice seja de no mí-nimo 250, os valores para amostras co-merciais obtidas neste trabalho resul-tou em valor inferior a 100 para todas as amostras. Não se observou também a formação de precipitado indicando hidrólise de glicosídeo (Figura 1B). Mi-randa et al., em controle de qualidade de amostras de aroeira mostrou que algu-mas apresentaram teste de espuma ne-gativo diferente do previsto pela Farma-copeia (MIRANDA et al., 2016).

Na análise morfológica das folhas das amostras analisadas de Maytenus ilicifoliai, observou-se correspondência

nas características descritas pela Farmacopeia Brasileira (2010) (Figura 2), embora houvesse materiais estranhos com características diferentes. Quanto à descrição mi-croscópica (Figura 3), todas as amostras demonstraram as características microscó-picas descritas na Farmacopeia Brasileira (2010), sendo cutícula, epiderme, mesofilo dorsiventral (parênquima paliçádico, parênquima esponjoso), xilema, floema, bainha parenquimática e bainha de fibras na nervura central, sendo todas autênticas.

Figura 1 - Análises químicas. A - teste de taninos; B – teste de espuma.

Figura 2 - Aspecto geral das folhas de Maytenus ilicifolia das quatro amostras analisadas.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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CONCLUSÕES

Todas as amostras analisadas de Es-pinheira Santa (Maytenus ilicifolia), adquiridas em farmácias e ervanários de São Luís-MA estão impróprias para o consumo, pois apesar de serem au-tênticas, apresentaram problemas nos padrões de pureza e integridade. Pode--se inferir que o processo de produção dessas amostras não é feito da forma adequada e a fiscalização dos órgãos de vigilância sanitária é falha.

REFERÊNCIAS

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Figura 3 - Corte transversal das folhas das quatro amostras comerciais de Maytenus ilicifolia, 10X. a e b: ES1; c e d: ES2; e e f: ES3; g e h: ES4

Legenda: ES1=amostra 1; ES2 = amostra 2; ES3 = amostra 3; ES4=amostra 4

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QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM LESÃO MEDULAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA*

Altayza Sousa Silva Graduação em Enfermagem - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Patrícia Fonseca Coelho Galvão

Docente, coordenadora do Núcleo de Pesquisas em Enfermagem(NUPENF) - Faculdade Pitágoras

Márcia Ramos Lopes Graduação em Enfermagem-Faculdade Pitágoras

E-mail [email protected] Mondego Fontenele

Graduação em Enfermagem - UniceumaE-mail: [email protected]

Nailde Melo Santos Docente do curso de Graduação em Enfermagem - Uniceuma

Marina Lobo MatiasGraduação em Enfermagem - Uniceuma

*Artigo desenvolvido no Núcleo de Pesquisas em Enfermagem (NUPENF) - Faculdade Pitágoras

RESUMO: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada com objetivo de discutir a forma como a lesão medular afeta a qualidade vida de seus portadores. Foram utilizados como referências os artigos da base de dados eletrônicos Scielo (Scientific Library Eletronic Online) e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Para seleção dos artigos, utilizaram-se como critérios de busca aqueles que abordassem os seguintes temas: “adaptação/enfrentamento”, “autoaceitação”, “sexualidade”, “rea-bilitação (o papel do enfermeiro)”. Foram excluídos da amostragem os editoriais e cartas ao editor, por se entender que o padrão dos textos não concedem as informações pertinentes ao alcance da finalidade proposta. Observou-se que as categorias mais relevantes durante o presente estudo foram: vida sexu-al, atividades cotidianas, adaptação, recuperação, autoimagem e autoaceitação. Os artigos pesquisados ressaltam muito sobre o impacto que a lesão medular ocasiona na qualidade de vida dessas pessoas, mostrando principalmente como essa condição prejudicou tanto os aspectos sociais quanto os aspectos físicos. Admite-se que será preciso outras pesquisas mais aprofundadas para a definição de qualidade de vida na lesão medular, devendo ainda ser criado e aprovado dispositivos exclusivos e apropriados a esta finalidade.

Palavras-chave: Ajustamento Social. Lesão Medular. Qualidade de Vida.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

A Lesão medular é um estado de in-suficiência parcial ou total da função da medula espinhal, proveniente do bloqueio dos tratos nervosos motor e sensorial do referido órgão, podendo ocasionar modificações no funciona-mento motor e deficiências sensitivas, superficiais e profundas nos segmentos do corpo que se localizam posteriores ao nível da lesão, além de deformações autonômicas, viscerais, distúrbios vaso-motores, esfincterianos, sexuais e trófi-cos (CEREZETTI et al., 2012).

Cerezetti et al. (2012) explana que a lesão medular pode possuir causas de cunho traumático ou não traumático. Dentre as causas de origem traumática as mais comuns se relacionam a aciden-tes automobilísticos, ferimentos oriun-dos de arma de fogo, mergulhos em águas não profundas, acidentes por prá-ticas de esporte e quedas. Das causas ci-tadas anteriormente, os ferimentos oca-sionados por arma de fogo são capazes de lesionar gravemente e culminar com perda de substancia, fístula, infecções e meningites. Quanto às causas não trau-máticas, estas podem relacionar-se a tu-mores, infecções, alterações vasculares, malformações e processos degenerati-vos ou compressivos.

Ainda de acordo com Cerezetti et al. (2012), o número de casos de lesão me-dular vem aumentando de forma consi-derável nos últimos anos, sendo que os jovens do sexo masculino correspon-dem à população mais afetada. Estudos americanos preveem incidência de 12 mil novos casos de lesão medular a cada ano, sendo que 60% destes acometem in-divíduos com idade entre 16 e 30 anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a qualidade de vida pode ser definida como a percepção que o in-dividuo tem no que diz respeito à posi-ção que ocupa na vida, no contexto cul-tural e no sistema de valores conferidos

em relação aos padrões, objetivos, pre-ocupações e expectativas. Tal conceito alberga seis competências principais: saúde física, estado psicológico, níveis de independência, relacionamento so-cial, características ambientais e padrão espiritual (NOGUEIRA et al., 2012). Para França et al. (2013) a qualidade de vida (QV) de uma pessoa com lesão me-dular pode ser medida de acordo com sua saúde e funcionalidade.

A lesão medular é compreendida como algo indesejado que tem como consequência o embate entre modifica-ções físicas permanentes e a indispen-sabilidade completa de readaptações em diversos níveis. A referida condição cli-nica é passível de alterações nas metas de vida previamente realizáveis, contu-do, a maioria dos sujeitos são aptos a preservar ou readquirir níveis normais de funcionamento psicológico durante a fase de reabilitação (TEIXEIRA et al., 2014).

Teixeira et al. (2014) afirma que a de-finição de coping tem sido incorporado no estudo da adaptação à deficiência fí-sica adquirida. A coerência deste tema consiste na justificativa de que os in-divíduos que são vitimas de uma lesão medular traumática passam por vários estágios de transição que podem ser avaliados como estressores, entre eles pode-se citar o titulo de exemplo, o re-cebimento do diagnostico, as interven-ções cirúrgicas às quais são submetidos no decurso da reabilitação, o acomoda-mento à cadeira de rodas ou outros au-xílios técnicos, o conforto com a aces-sibilidade (ou não) no seu cotidiano, a volta pra casa e o processo de reintegra-ção no âmbito profissional.

Diante do exposto, o seguinte estudo visou investigar a qualidade de vida dos portadores de lesão medular a partir de uma revisão integrativa. E, dessa forma, surgiu então o seguinte questionamen-to: Até que ponto a lesão medular afeta

a qualidade de vida de pacientes com tal diagnóstico? Partiu-se da hipótese que os indivíduos diagnosticados com lesão medular enfrentam diversas dificulda-des diariamente e inúmeras limitações em relação a pessoas sem lesão.

O interesse em pesquisar este objeto partiu da observação de que no Brasil, ainda são poucos os trabalhos relacio-nando qualidade de vida e lesão medu-lar. Entretanto, avaliar a qualidade de vida é de grande relevância para essas pessoas. Para este fim, utilizou-se uma revisão integrativa, a fim de agrupar os estudos dos últimos anos relacionados a este tema.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, realizada com objetivo de discutir a forma como a lesão medular afeta a qualidade vida de seus portado-res. Segundo Botelho, Cunha e Macedo (2011), o método de revisão bibliográ-fica integrativa requer a preparação de um resumo pautado em variados temas, adequado para elaborar um vasto en-tendimento do estudo. Foram utiliza-dos como referências livros que aborda-vam o referido tema e artigos da base de dados eletrônicos Scielo (Scientific Library Eletronic Online). Foram in-cluídos artigos completos, de caráter multidisciplinar, em razão de extrema carência de nomenclaturas relacionadas com a qualidade de vida de portadores com lesão medular; publicados em lín-gua portuguesa e com delimitação do período de publicação superior a 2011. A pesquisa foi realizada durante o mês de janeiro e fevereiro de 2015. Para sele-ção dos artigos, utilizaram-se como cri-térios de busca aqueles que abordassem os seguintes temas: “adaptação/enfren-tamento”, “autoaceitação”, “sexualida-de”, “reabilitação” no tocante ao indiví-duo portador de lesão medular. Foram excluídos da amostragem os editoriais e cartas ao editor, por se entender que

o padrão dos textos não concedem as informações pertinentes ao alcance da finalidade proposta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da literatura culminou nos seguintes achados no que diz respeito aos periódicos utilizados no estudo: 16 pertenciam ao banco de dados Scielo e 1 ao banco de dados Lilacs, sendo que destes, 3 se referem à Enfermagem e 14 são de cunho multidisciplinar. Além dis-so, possuía 1 com tema análogo ao desta pesquisa e apenas 1 também foi revisão bibliográfica da literatura.

No quadro abaixo estão especifica-dos títulos, autores, ano de publicação, objetivos e conclusões dos artigos que foram usados para elaboração do estudo em questão.

A leitura aprofundada e detalhada dos dados resultou na construção de quatro eixos temáticos que foram mais abordados pelos autores estudados: 1) Adaptação/Enfrentamento; 2)Autoacei-tação; 3)Sexualidade e 4) Reabilitação (O papel do enfermeiro).

Segundo Borges et al. (2012), o pro-cesso de adaptação só é possível quando há interação entre o indivíduo e o am-biente, podendo assumir diversas for-mas no enfrentamento das diferentes si-tuações, atuando de inúmeras maneiras em ocasiões diferentes, obedecendo aos meios de cunho pessoal, ambiental e fa-miliar que se fazem disponíveis.

Figueiredo et al. (2014) explica que as limitações funcionais resultantes da in-júria medular modifica-se de um sujeito para o outro, e a prática nas atribuições dos exercícios diários são fortemen-te afetados, levando o individuo a um quadro de inutilidade funcional ocasio-nando, desta maneira, inúmeros níveis de dependência, especialmente quanto referente à estimulação na assistência a alimentação, aos cuidados de higiene, a execução de tarefas domésticas, entre

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outros.

O impacto da impossibilidade está associado à sensação de perda. O in-divíduo sente-se impossibilitado de se autocontrolar em virtude de sua depen-dência e a ausência de controle sobre si mesmo. Ele não se sente habilitado para

decidir qualquer caminho ou para atuar sobre sua própria vida, ficando total-mente dependente de outros (BORGES et al., 2012).

A aceitação de forma incondicional é uma maneira saudável de autocontrole, especialmente quando o indivíduo age

Quadro 1 - Resultado da Revisão Literária Integrativa Online com repulsa. As crenças que o lesado medular apresenta a cerca de si mesmo influenciam no processo de aceitação da condição em que se encontra, inter-ferindo dessa forma em sua rotina, em particular no que diz respeito a praticas que auxiliem na sua recuperação (SI-QUEIRA, 2011).

Inevitavelmente, depois da lesão, o indivíduo percebe novas limitações quanto a diversas práticas que exercia antes de maneira independente. Após a lesão, começou a necessitar de auxílio e supervisão de outros. O equilíbrio entre autonomia e dependência se caracteriza por um frágil traçado e que, por vezes, se mistura nos relacionamentos so-ciais daquele que possui lesão medular (SCHOELLER, 2012).

Carneiro et al. (2012) afirma que a le-são medular acarreta modificações não só no funcionamento sexual, mas tam-bém em outros sinais clínicos que pre-judicam a relação sexual e estão atrela-dos à ausência de controle do intestino, da bexiga e mudanças na sensibilidade. Logo, em associação ao quadro de para-lisia, tal síndrome nefrológica provoca impedimento de uma contenção ade-quada socialmente dos esfíncteres, um elemento que constrange e traz dificul-dades orgânicas, ao passo que o sistema urinário é fonte de infecções repetidas e o intestinal de contínuos transtornos. O esvaziamento instestinal voluntário se perde com a lesão medular, o que causa incômodo físico à pessoa.

Ainda para Carneiro et al. (2012), o rumo que a atividade sexual toma de-pois da lesão compreende um intervalo inicial de assexualidade acompanhado por um período de redescobrimento que acontece ao longo do processo de rea-bilitação. O apoio permanente durante essa fase auxilia na aquisição de resulta-dos objetivos durante todo o transcurso da recuperação.

A maioria das adversidades na sexua-

lidade de pessoas deficientes não se deve aos danos orgânicos, mas às complica-ções sociais e psicológicas, provocadas por crenças e concepções preconceitu-osas. Essas crenças são mencionadas por diversos autores e dizem respeito a pensamentos de que (a) os indivíduos deficientes são assexuados (sem dese-jos sexuais) e são tidos ou como eternas crianças ou como hiperssexuadas (com necessidades descontroladas e exagera-das) (b) portadores de deficiência não possuem sexo abtual que compreende a penetração acompanhada de clímax e sempre apresentam distúrbios sexu-ais quanto ao desejo, ao excitamento e ao orgasmo (c) pessoas deficientes são pouco envolventes, indesejáveis e inap-tas a sustentar laços amorosos e sexuais (MAIA, 2012).

Segundo Ishibashi, Diveiri e Costa (2014) é um elemento indicutível que a lesão medular traz incapacidades fun-cionais e físicas. Embora a sexualidade não ofereca impossiblidade em relação ao seu surgimento e definição.

O profissional de Enfermagem exer-ce atribuição relevante junto ao indiví-duo lesado medular, uma vez que exis-tem vários cuidados terapêuticos que o enfermeiro é habilitado a realizar, sendo capazes de promover benefícios que vi-sam à qualidade de vida e ainda ajudar de maneira significativa no processo de reabilitação (SCHOELLER et al., 2012).

CONCLUSÕES

O estudo realizado oferece informa-ções para se compreender as limitações resultantes da lesão medular, de uma maneira relevante e as dificuldades que esses indivíduos apresentam durante o seu dia a dia. A qualidade de vida dos portadores de lesão medular não é pra-zerosa. E os limites impostos pelo trau-ma repercute de forma negativa na roti-na dos indivíduos afetados, provocando grande influência negativa nos domí-

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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nios físico e ambiental. Observou-se que as categorias mais relevantes durante o presente estudo foram: vida sexual, atividades cotidianas, adaptação, recu-peração, autoimagem e autoaceitação. Os artigos pesquisados ressaltam mui-to sobre o impacto que a lesão medu-lar ocasiona na qualidade de vida des-sas pessoas, mostrando principalmente como essa condição prejudicou tanto os aspectos sociais quanto os aspectos fí-sicos.

REFERÊNCIAS

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QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE AMOSTRAS COMERCIAIS DE CARQUEJA EM SÃO LUÍS, MA

Daniella Patrícia Brandão Silveira1

Edilene Carvalho Gomes Ribeiro2

Andreza Silva Sales1

Ludmilla Santos Silva de Mesquita2 Gabriella Ilka Brandão Silveira2

Emmeline de Sá Rocha2

Patrícia de Maria Silva Figueiredo2 Denise Fernandes Coutinho Moraes2

1Graduação em Farmácia - UFMAE-mail: [email protected]

2Departamento de Farmácia - UFMA

RESUMO: O presente trabalho objetivou averiguar a qualidade microbiológica de plantas medicinais comercializadas em farmácias, ervanários e mercados de São Luís, MA. As amostras foram avaliadas macroscopicamente no laboratório de Farmacognosia e a pesquisa microbiológica foi conduzida no la-boratório de Microbiologia Clínica do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão. Para esta etapa, seguiu-se a cultura em meios PCA, ágar Sabouraud-dextrose e caldo Lauril triptose. Os testes foram feitos em duplicata para cada amostra e realizados em três diluições 10-1, 10-2, 10-3, de acordo com o requerido pela Farmacopéia Brasileira. Tanto no meio PCA quanto no ágar sabouraud houve o crescimento de fungos para duas, das seis amostras, contendo colônias leveduriformes e co-lônias filamentosas, cujo crescimento foi apenas para os meios com menor diluição (10-1 e 10-2), não representando riscos. Não houve crescimento de coliformes no caldo lauril, o qual se observou mudança de coloração sem turvação e nem formação de bolhas. Pode-se concluir que, em termos de contaminação microbiológicas, as amostras estão próprias para consumo.

Palavras-chave: Contaminação. Droga Vegetal. Microbiologia.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

A carqueja é uma planta medi-cinal bastante utilizada para fins digestivos. Tendo atividades hepa-toprotetora, antimicrobiana, digesti-va comprovadas (MARTINS-RAMOS, 2010). Está presente na RENISUS, sendo mais comumente utilizada na forma de chás.

As plantas medicinais tem seu uso para fins curativos desde tempos remo-tos, cujo conhecimento se transmite de gerações a gerações, alcançando as mais diversas populações. Considerando os efeitos comprovados de muitas destas plantas e baixo valor econômico, a me-dicina tem se voltado para seu uso como produtos naturais fitoterápicos, sendo uma terapia alternativa (CARVALHO e SILVEIRA, 2010).

Entretanto, problemas relacionados à farmacovigilância, rigor no controle de qualidade e carência de boas práticas desde a produção, manuseio e venda, acabam por levar à má qualidade do produto natural.

Contaminantes microbiológicos po-dem gerar alterações nas propriedades químicas ou físicas, e riscos de in-fecção para o usuário. Por isso, os pro-dutos não estéreis devem estar sujeitos a controle microbiológicos, sendo uma etapa importante no controle de quali-dade de drogas vegetais, da mesma for-ma que para medicamentos não estéreis (OLIVEIRA F., AKISUE G., AKISUE M. K, 2009; BARBOSA et al, 2009; (FAR-MACOPÉIA, 2010; FISCHER et al., 1993, 1996).

As boas práticas na produção e acondicionamento devem garantir que o produto esteja dentro das especi-ficações determinadas, o que inclui, para além de outros parâmetros, os limites aceitáveis de contaminantes microbiológicos. Em produtos de ori-gem vegetal, por exemplo, os testes para contaminação microbiana podem ser

feitos rotineiramente (FARMACOPÉIA, 2010).

A venda de drogas vegetais no Brasil ainda apresenta problemas relacionados à presença de contaminantes micro-biológicos, sendo necessário definir de controle higiênico-sanitário que garan-tam o consumo seguro desses produtos (LUCCA et al., 2010).

A avaliação torna possível para es-timar o tempo de sua vida útil ou vi-da-de-prateleira, bem como identificar microrganismos patogênicos e saprófi-tos. Desse modo, o objetivo do presen-te trabalho foi avaliar a qualidade mi-crobiológica de amostras comerciais de carqueja comercializadas na cidade de São Luís, Maranhão.

METODOLOGIA

Foram obtidas seis amostras de carqueja vendidas comercialmente, em ervanários, farmácias de manipu-lação e bancas de mercado, na cidade de São Luís.

Foram diluídos 3 g de cada amostra em 27 mL de solução de cloreto de sódio (salina a 0,9%), correspondendo à dilui-ção de 10-1 (WHO, 1998). Cada diluição foi plaqueada em duplicata, utilizou-se a técnica de semeadura em profundidade (Pour Plate) em meio Plate Count Ágar, para contagem de bactérias aeróbicas.

Para contagem de bolores e levedu-ras, as amostras foram cultivadas em ágar Sabouraud-dextrose. Cada diluição foi feita em duplicata e incubada entre 20-25ºC por cinco dias (WHO, 1998).

Para fase presuntiva, realizou-se a transferência de 1mL da diluição de cada amostra para tubos contendo caldo lau-ril triptose, contendo tubo de Durhan invertido para coleta de gás. Os tubos foram incubados a 35°C durante 24 a 48 horas em banho-maria e posterior ava-liação da presença e crescimento de co-liformes totais, o que resulta em reação ácida, com mudança de coloração e pro-

dução de gás, que deverá ficar retida no tubo de Durhan.

Na fase complementar, ocorre a identificação dos coliformes termoto-lerantes.

Repiques dos meios anteriores cul-tivados no meio EC, os quais são incu-bados a 44,5°C durante 24 horas em ba-nho-maria.

Para a pesquisa de patógenos espe-cíficos como a presença de enterobacté-

rias e outras bactérias gram negativas, a pesquisa segue com provas bioquímicas.

RESULTADOS

Para o cultivo em Agar Sabouraud--dextrose, houve crescimento apenas na placa de diluição 10-1. Na diluição de 10-2, houve crescimento em apenas duas das amostras. Para as seis amos-tras, não houve crescimento no meio com as diluições de 10-3 (Figura 1).

Figura 1 - Resultado do cultivo de microrganismos em meio Ágar Sabouraud- dextrose. a: Crescimento de microrganismos em diluição de 10-1; b: Placa com diluição de 10-2; c: Placa com meio Sb de diluição 10-3.

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Oliveira et al., (2016) em análises microbiológicas de drogas vegetais de-mostrou que a maioria se encontrava em conformidade com os padrões esta-belecidos na Farmacopéia Brasileira. As amostras de carqueja foram as que apre-sentaram menor quantidade de micror-ganismos.

Garbinet al., (2013) encontrou quan-tidade de coliformes totais para o caldo lauril, valores menores que 0,3.

NMP/g para amostras de carqueja, não sendo identificada presença de gás e mudança de coloração no meio.

No caldo lauril triptose houve colo-ração amarelada apenas no tubo com diluição de 10-1, não havendo formação de gás no tubo de Durhan. Não houve alterações nas outras diluições, indican-do ausência de crescimento de micror-ganismos (Figura 2).

Figura 2 - Resultado do cultivo de microrganismos em meio Lauril triptose. a: Crescimento de micror-ganismos em diluição de 10-1; b: diluição de 10-2; c: diluição 10-3.

No meio PCA não houve crescimento de microrganismos nas diluições de 10-3, não sendo necessário contagem e não representando riscos (Figura 3). Houve crescimento de microrganismos aeróbios mesófilos nas diluições de 10-1 e 10-2. No trabalho de Garbin et al., (2013), o resultado das contagens indicou contaminação abaixo do limite permitido pela Organização Mundial de Saúde, de 107 UFC/g para drogas vegetais. u

CONCLUSÃO

Os dados apresentados evidenciam que para as amostras de carqueja vendi-das nos mercados não estão completa-mente livres de microrganismos, como é de se esperar pra drogas vegetais, ten-do em vista que se trata de material bio-lógico não-estéril.

Considerando que não houve cresci-mento nas diluições de 10-3, não há ris-cos para os consumidores e as amostras comerciais de carqueja encontram-se em boa condições microbiológicas.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, A. C. B.; SILVEIRA, D. Drogas vegetais: uma antiga nova for-ma de utilização de plantas medicinais. Brasília Médica, v.48, n.2, p.219-237, 2010.

Daiane Teles de Oliveira Paulo Henri-

que M. Andrade; Henrique Cezar Alves; Cristina Paiva de Sousa. Comparação da qualidade microbiológica de chás industrializados e in natura micro-biologicalqualitycomparison of indus-trializedteasand in natura. Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal (SP), v. 8, Número Especial, 2016. (ISSN 2178-9436).

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FISCHER, D. C. H.; OHARA, M. T.; SAI-TO, T. Contaminação microbiana em medicamentos fitoterápicos sob a forma sólida. Rev. Farm. Bioquim. Univ. S. Paulo, São Paulo, v. 29, p. 81-88, 1993.

FISCHER, D. C. H.; OHARA, M. T.; SAI-TO, T. Padrão microbiano em medica-mentos não estéreis de uso oral. Rev. Bras. Farmacogn., São Paulo, v. 1, p.

Figura 3 - Resultado do cultivo de microrganismos em meio PCA. a: Crescimento de microorganismos em diluição de 10-1; b e c: Placa com diluição de 10-2; d: Placa com meio PCA de diluição 10-3.

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29-54, 1996.

GARBIN, L.; TIUMAN, T. S.; KRÜGER, R. L. Avaliação da Qualidade de Plantas Medicinais Distribuídas por uma Unida-de de Saúde de um Município do Inte-rior do Paraná. Revista Ciências Exa-tas e Naturais, DOI: 10.5935. Vol.15, n◦ 1, Jan/Jun 2013.

LUCCA, P.S.R.; ECKERT, R.G.; SMA-NHOTTO, V.1; KUHN, L.M.1; MINAN-TI, L.R.Avaliação farmacognóstica e mi-crobiológica da droga vegetal camomila (Chamomillarecutita L.) comercializada como alimento em Cascavel – Paraná. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.12, n.2, p.153-156, 2010.

MARTINS-RAMOS, D., BORTOLUZZI, R. L. C., MANTOVANI, A. Plantas me-dicinais de um remascente de Floresta Ombrófila Mista Altomontana, Uru-pema, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 3, p. 380-397. 2010.

OLIVEIRA, F.; AKISUE, G.; AKISUE, M. K. Farmacognosia. 1.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.

REDUÇÃO DE DANOS: UMA FERRAMENTA DE PREVENÇÃO NA TRANSMISSÃO DO HIV ENTRE

USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS*

Gu’eren Hadassa Alves Silva Graduação em Enfermagem - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Patrícia Fonseca Coelho Galvão

Docente, coordenadora do Núcleo de Pesquisas em Enfermagem(NUPENF) - Faculdade Pitágoras

Patrik Stefani Cutrim Serra de Alencar Graduação em Enfermagem - Faculdade Pitágoras

E-mail [email protected] Sousa Silva

Graduação em Enfermagem - Faculdade PitágorasKaísa Antônia Nascimento Lopes

Graduação em Enfermagem - Faculdade PitágorasBrenda Santos Veras

Graduação em Enfermagem - Faculdade PitágorasFabíola da Silva Carvalho

Graduação em Enfermagem - Faculdade Pitágoras*Artigo desenvolvido no Núcleo de Pesquisas em Enfermagem

(NUPENF) - Faculdade Pitágoras

RESUMO: Trata-se de um estudo de revisão de literatura, uma vez que possibilita acessar artigos publi-cados a respeito do tema proposto, tendo como objetivo identificar a eficácia da Redução de Danos como ferramenta de prevenção na transmissão do HIV; descrever as ações utilizadas na redução de danos; citar as ações de maior aplicabilidade na Redução de Danos; relatar as publicações que afirmam a redu-ção de danos como ferramenta eficaz na prevenção na transmissão do HIV entre usuários de substância psicoativos a partir de uma revisão de literatura. Selecionaram-se os dados através de bases eletrônicas da BVS, Scielo e LILACS, com uma definição de período de busca de 5 anos. O período da coleta de da-dos foi de junho a setembro de 2015. Foram selecionados 25 artigos indexados, publicados no período de 1996 a 2014. As ações de maior aplicabilidade da redução de danos, 72% artigos que citam o PTS; 24% citam Distribuição de kits; em relação à Distribuição de Preservativos e Lubrificantes; Materiais Educa-tivos e Vacinação foram encontrados valores semelhantes de 16%. Considerando os artigos que afirmam a eficácia da redução de danos como ferramenta de prevenção na transmissão do HIV entre usuários de substâncias psicoativas, 24% artigos sem ano de publicação afirmam a eficácia da RD na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de SPA. Quanto aos de 2013, 24% afirmam que a RD é eficaz. Em 2008 12% afirmam sua eficácia. Outro fator relacionado à redução de danos é a presença dos redutores de danos para que esta estratégia seja realizada, 20% artigos sem ano de publicação citam os redutores de danos na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de SPA. Para 2013, valores 20%; para 2008 12%. Neste estudo, podemos reafirmar a eficácia da redução de danos como ferramenta na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de substâncias psicoativas.

Palavras-chave: Prevenção. HIV. Redução de Danos.

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INTRODUÇÃO

Drogas são substâncias que produ-zem mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional das pessoas. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características das pessoas que a usa, da droga escolhida, da quantidade, fre-quência, expectativas e circunstâncias em que é consumida. (BRASIL, 2013). Consiste em qualquer substância que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais sistemas do organismo (e que não seja produzida por ele), provocan-do alterações em seu funcionamento. Dessa forma, substâncias que possuem a capacidade de atuar sobre o cérebro, gerando modificações no psiquismo são chamadas de drogas psicotrópicas ou de substâncias psicoativas (SPA) (ALMEI-DA; DRATCU; LARANJEIRA,1996).

Podem ser classificadas em três cate-gorias. Essa classificação ocorre confor-me a sua ação no sistema nervoso: De-pressores do Sistema Nervoso Central (SNC), englobando o álcool, benzodia-zepínicos, inalantes, opiáceos naturais, sintéticos e semissintéticos; estimulan-tes do SNC, englobando anfetaminas, cocaína e seus derivados; e ainda os Perturbadores do SNC, onde se encon-tram vegetais (mescalina, maconha, psi-locibina, trombeteira) e sintéticos (LSD, ecstasy) (OLIVEIRA, 2010). Essas subs-tâncias depressoras tendem a diminui-ção da atividade motora, da reatividade à dor e da ansiedade, sendo comum um efeito euforizante inicial (diminuição das inibições, da crítica) e um aumento na sonolência, posteriormente.

Ao longo dos últimos anos obser-va-se que o cenário epidemiológico no Brasil e em vários outros países cresce quanto ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, desencadeando problemas no que diz respeito ao uso, abuso e depen-dência de substâncias psicoativas. Além do crescimento observa-se que o fenô-

meno aumenta cada vez mais precoce-mente nas populações, incluindo grupos sociais menos favorecidos. (PACHECO, 2013 apud OLIEVENSTEIN, 1980; MEL-MAN, 1992; LE BRETON, 2003).

Devido ao que foi dito acerca da transmissão de doenças entre os usuá-rios de substâncias psicoativas, princi-palmente no que diz respeito à transmis-são do HIV, fez com que esses usuários, ficassem em evidência no cenário mun-dial. O advento da AIDS trouxe um novo olhar para a questão das drogas. A transmissão e a disseminação do ví-rus entre UDI passaram a ser uma ame-aça para toda a sociedade, surgindo a necessidade de ações preventivas efe-tivas, cujos resultados não dependes-sem da aderência destes pacientes aos tratamentos que visavam à abstinência. Surgem, então, os primeiros centros de distribuição e troca de agulhas e serin-gas na Holanda e Inglaterra, entre 1986 e 1987 (NIEL; SILVEIRA apud DERRI-COTT; PRESTON, HUNT, 1999).

No que diz respeito à RD, o Reino Único foi pioneiro. Visto que, por vol-ta da década de vinte, médicos faziam prescrições de heroínas e cocaína para os dependentes com finalidade de con-trolar os sintomas de abstinência. Pos-teriormente, houve um movimento que resultou na criação de uma associação de usuários de drogas injetáveis, que diante da dificuldade de acesso a agu-lhas e seringas novas para o uso de hero-ína, os membros dessa associação foram pleitear uma ação das autoridades de saúde de Amsterdã, porém elas respon-deram negativamente alegando risco do lixo séptico ficar espalhado pela cidade, podendo assim contaminar a população. Frente a essa situação surgia a ideia que mudou a história da infecção por HIV em UDI: Trocar as agulhas e seringas usadas por novas. Assim os usuários te-riam acesso ao material de injeção mais seguro e garantia que o material não fi-casse espalhado pela cidade, iniciativa

esta que baixou radicalmente os índices de infecção dos UDI por HIV na Holan-da e em seguida na Inglaterra. (NIEL; SILVEIRA, 2008).

Há que se lembrar, também, que na trajetória das políticas públicas, no campo da saúde, voltadas ao usuário de álcool e outras drogas, conta-se com al-gumas Portarias do Ministério da Saú-de, apresentadas na sequência: Portaria nº 2.197/GM, de 14 de outubro de 2004, que redefine e amplia a atenção integral para usuários de álcool e outras drogas, no âmbito do SUS (BRASIL,2004b); Por-taria nº 1.059/GM, de 4 de julho de 2005, que destina incentivo financeiro para o fomento de ações de redução de danos em Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD) (BRASIL, 2005a); Portaria nº 384, de 5 de julho de 2005, que autoriza os CAPS I a realiza-rem procedimentos de atenção a usuá-rios de álcool e outras drogas (BRASIL, 2005b); Portaria GM/MS nº 1.612, de 9 de setembro de 2005, que aprova as nor-mas de funcionamento e credenciamen-to/habilitação dos serviços hospitalares de referência para a atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas (BRASIL, 2005c); Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, que institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Com base nessas informações per-cebe-se a necessidade de identificar a eficácia da Redução de Danos como fer-ramenta de Prevenção na transmissão do HIV a partir de uma revisão de lite-ratura, e atentar um pouco mais acer-ca do fortalecimento da redução de da-nos e a sua importância na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de substâncias psicoativas, pois já que não se pode impedir o usuário de con-sumir drogas e/ou manter relação sexu-al, então cabe às entidades responsáveis

pela saúde do país, a aplicação da RD, visando a diminuição dos riscos de con-taminação por HIV, promovendo assim uma “melhor qualidade de vida” para os usuários, o que reduziria gastos gover-namentais tendo em vista que a preven-ção tem um menor custo se compara-da ao tratamento, sendo essencial para prevenção da transmissão do HIV entre usuários de substâncias psicoativas.

MATERIAL E MÉTODOS

Optou-se por realizar um estudo de revisão de literatura, uma vez que possibilita acessar artigos publicados a respeito do tema proposto. A Revisão de Literatura é uma síntese de todas as pesquisas relacionadas com uma ques-tão determinada. Tem como princípios a exaustão na busca dos estudos anali-sados, a seleção justificada dos estudos por critério de inclusão e exclusão e a avaliação da qualidade metodológica (GALVÃO et al, 2004). Nesta pesquisa foram selecionados 25 artigos indexa-dos, publicados no período de 1996 a 2014, propunham aos objetivos do tra-balho. Os dados foram coletados na Bi-blioteca Virtual em Saúde (BVS), Scien-tific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino Americana e do Cari-be em Ciências da Saúde (LILACS). Fo-ram utilizados critérios para a seleção dos artigos científicos: artigos publica-dos em português em periódicos nacio-nais, com todos os tipos de delineamen-to, com uma definição de período de busca de 5 anos. O período da coleta de dados foi de junho a setembro de 2015. O material abrange a leitura, análise e interpretação, atenta e sistemática, de um determinado tema, que dá suporte à tomada de decisão e à melhoria da práti-ca. Na classificação dos artigos por tipo de metodologia, optou-se pela seguinte classificação: (a) Ano de publicação; b) Estudo quantitativo; (b) Estudo descriti-vo. Por último, procurou-se articular os resultados de análise do banco de dados

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São Luís • MA • Volume 1 • 2016

e depois de codificadas no EPI-INFO versão 3.5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados permitiram a elaboração de considerações sobre a abordagem do es-tudo. Foram encontrados 25 artigos onde após análise dos dados, os resultados foram organizados sob a forma de tabelas para melhor visualização e compreensão.

A Tabela 1 traz a distribuição das ações de maior aplicabilidade na RD dentre os estudos utilizados para a pes-quisa. Encontramos 72% (18) artigos que citam o PTS; 24% (6) artigos citam Distribuição de kits; em relação à Dis-tribuição de Preservativos e Lubrifican-tes; Materiais Educativos e Vacinação foram encontrados valores semelhantes de 16% (4). A posição oficial das agên-cias das Nações Unidas em relação às políticas e estratégias de prevenção da transmissão do HIV/AIDS entre usuá-rios de SPA está definida no documento “Posição Oficial do Sistema das Nações Unidas, Prevenção da Transmissão do HIV entre Usuários de Drogas”. O docu-mento reconhece a eficácia dos progra-mas de troca de seringas e agulhas ao apontar “a redução dos comportamen-

Tabela 1 - Distribuição das ações de maior aplicabilidade na Redução de Danos. São Luís– MA, 2015.

* Os resultados não apontam 100%, pois há artigos que citam mais de uma ação.

tos de risco quanto ao uso de agulhas e à transmissão do HIV” sem a criação de “evidências sobre o aumento do uso de drogas”. Os kits de prevenção apresen-tam pequenas variações de um progra-ma para outro. Em geral, são compostos de estojos que contêm duas seringas e agulhas, lenços descartáveis embebidos em álcool (para esterilizar o local de in-jeção), dois frascos de água destilada e dois copos para dissolver a solução. Pos-suem também 2 ou 4 preservativos mas-culinos para sexo seguro. Esta forma de disponibilizar kits permite alcançar um número maior de usuários de drogas e promover uma atenção global a sua saúde, na medida em que os incentiva a utilizar os outros serviços da unidade (NIEL; SILVEIRA, 2008).

Tabela 2 - Distribuição dos artigos que afirmam a eficácia da Resolução de Dados. São Luís-MA, 2015.

A Tabela 2 traz a distribuição dos ar-tigos que afirmam a eficácia da RD por ano de publicação. Os 24% (6) artigos sem ano de publicação afirmam a eficá-cia da RD na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de SPA. Quanto aos de 2013, 24% (6) afirmam que a RD é eficaz. Em 2008 12%(3) afirmam sua eficácia. Os artigos dos anos 2006, 2009, 2010 e 2011, também afirmam a eficácia da RD, totalizando 8% (2) cada. No ano de 1999 apenas 4% (1) afirma a eficácia, valor igual para o artigo publicado em 2002. Por muito tempo, acreditou-se que

os usuários de drogas - especialmente os usuários de drogas injetáveis - fos-sem incapazes de modificar seu com-portamento. Os programas de redução de danos têm mostrado que era uma falsa premissa, pois estes são, não ape-nas a forma mais eficaz de gerar saúde entre usuários de drogas, mas, princi-palmente, de dar à sociedade e aos go-vernos uma metodologia eficiente para atuarem juntos, no resgate da cidadania de pessoas até então marginalizadas e discriminadas (ROS; FERREIRA, 2006).

Tabela 1 - Distribuição das ações de maior aplicabilidade na Redução de Danos. São Luís– MA, 2015.

* Os resultados não apontam 100%, pois há artigos que citam mais de uma ação.

A Tabela 3 traz a distribuição dos artigos que citam a presença dos redu-tores de danos da RD por ano de pu-blicação. Os 20% (5) artigos sem ano de publicação citam os redutores de danos na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de SPA. Para 2013, valo-res 20% (5); para 2008 12% (3); em 2011 8% (2); nos anos 2006, 2009, 2010, tam-bém citam os redutores, totalizando 4% (1) cada. Os artigos publicados nos anos de 1999 e 2002 não citam os redutores de danos. Os redutores de danos visitam os locais, denominado “campo”, onde há consumo de drogas. Apresentam--se, falam do projeto e oferecem o kit de prevenção. Ao perceber o interesse dos usuários, marcam dia, hora e local para a próxima visita. Este local passará

a ser reconhecido por eles e pelos de-mais como um “Ponto de Troca”. Cum-prir os compromissos assumidos com o usuário contribui para a aceitação e cre-dibilidade do programa (NIEL; SILVEI-RA, 2008). E o trabalho em campo dos redutores de danos, deve ter a função de aproximar os usuários de substâncias psicoativas aos serviços de saúde. A dis-tribuição de kits e seringas deve ser um facilitador para que o acesso e o víncu-lo com esses usuários possam ocorrer. Contudo, ainda hoje, apesar das estra-tégias de redução de danos terem sido ampliadas, ainda são muitas as barreiras e os desafios para inserir os usuários em uma rede de cuidados de saúde e sociais (DIAS, 2008).

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São Luís • MA • Volume 1 • 2016

CONCLUSÕES

Neste estudo, podemos reafirmar a eficácia da redução de danos como fer-ramenta na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de substâncias psicoativas, levando em consideração os aspectos de uma revisão de literatu-ra. Consideramos que, as ações de re-dução de danos presentes nos artigos estudados foram: Programa de Troca de Seringas, Distribuição Isolada de pre-servativos, Distribuição de Kits, Vacina-ção e Distribuição de Materiais Educati-vos. Sendo os de maior aplicabilidade as três primeiras ações citadas. Dentre os 25 artigos estudados dois afirmam que a redução de danos é uma ferramenta eficaz na prevenção da transmissão do HIV entre usuários de substância psico-ativos. Percebemos que as ações de tro-ca de seringas, distribuição isolada de preservativos e géis lubrificantes, e a de kits são fundamentais na estratégia de RD no que tange à prevenção da trans-missão do HIV entre usuários de SPA, visto que elas agem de forma mais dire-ta sobre o controle dessa transmissão, se comparadas às outras duas ações. Tor-na-se imprescindível, que sejam criados canais de comunicação entre o governo, as instituições e a sociedade objetivan-do incentivar a expansão da Redução de Danos para todo e qualquer lugar onde haja usuário de SPA.

REFERÊNCIAS

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ALVES, Vânia Sampaio. Modelos de Atenção à saúde de usuários de ál-cool e outras drogas: discursos po-líticos, saberes e práticas. Cad Saúde pública: Rio de Janeiro, 2009. Disponí-vel em: < http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n11/02.pdf> acesso em Abril de 2015.

DIAS, Aline Inglez; RIBEIRO, Mendes José, BASTOS, Francisco I; PAGE, Kim-berly. Políticas de redução de da-nos no Brasil: contribuições de um programa norte-americano. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n1/1413-8123-csc-19-01-00147.pdf > Acessado em Maio, 2015.

GUIMARÃES, José Maria Ximenes, JORGE, Maria Salete Bessa,; ASSIS, Marluce Maria Araújo. (In) satisfação com o trabalho em saúde mental: um estudo em centros de atenção psicossocial. Fortaleza-CE, 2009. Dis-ponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n4/v16n4a14.pdf >, Acessado em Maio, 2015.

NIEL, MARCELO; SILVEIRA, DARTIU XAVIER. Drogas e redução de danos: uma cartilha para profissionais de saú-de. São Paulo, ministério da saúde, 2008.

PACHECO, MARIA ENIANA ARAÚJO GOMES. Política de redução de da-nos a usuários de substâncias psico-ativas: práticas terapêuticas no projeto consultório de rua em Fortaleza-Ceará. 2013 Disponível em: < http://www.uece.br/politicasuece/dmdocuments/ disser-ta%C3%A7ao_Eniana.pdf> acesso em Maio, 2015.

RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE DO CURSO DE ODONTOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PUBLICA

E AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES E DOCENTES DO CURSO

Ms. Neurinéia Margarida Alves de Oliveira Galdez Ac. Marilia Lucena de Farias

Prof.ª Dr.ª Vanessa Camila da Silva Prof.ª Dr.ª Ana Catarina Miranda

Prof.ª Dr.ª Andrea Almeida Almeida de Carvalho Universidade Federal do Maranhão E-mail: [email protected]

RESUMO: O objetivo desse trabalho foi contribuir para implementação do gerenciamento dos resí-duos radiográficos e quantificação dos resíduos biológicos produzidos em um curso de odontologia do Maranhão e avaliar o processo de formação dos estudantes desse Curso sobre a interface saúde e ambiente.Trata-se de Estudo descritivo-exploratório, investigação da literatura e legislação pertinentes ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (RSS) odontológicos. Foram coletados dados por meio de pesquisa documental junto ao coordenador do curso de odontologia de uma instituição públi-ca de ensino superior e através de questionário com os graduandos. Como resultados, promoveu-se a segregação, acondicionamento e tratamento dos resíduos radiográficos produzidos nas clinicas e labo-ratórios. Destes foram quantificados e tratados 8,4 L de fixador, 18,4 L de revelador e 10,3 L de água de descarte, coletadas 5.549 unidades de lâminas de chumbo e aproximadamente 48.000 L de infectantes e perfurocortantes no período de fevereiro a julho de 2016. A avaliação dos estudantes foi realizada através de questionário, destes, 28,6 % dos entrevistados desconhecem e 23,8% estavam indecisos quanto as resoluções legais, 71,4 % declararam que foram informados como o gerenciamento correto dos RSS preserva a saúde pública e o meio ambiente, no entanto 38,1% não conheciam ou estavam indecisos sobre os símbolos internacionais de identificação de resíduos. E 95,2% declararam ter sido informado que a lâmina de chumbo do filme radiográfico deve ser reciclada. Observou-se um baixo nível de conhe-cimento dos estudantes quanto ao gerenciamento de RSS odontológicos e 66,6% se sentem motivados a realizar o manejo dos RSS no curso graduação e na sua profissão. Conclui-se que a temática ambiental é um assunto de interesse dos graduandos de odontologia e sugere-se incluir a interface saúde e ambiente nos processos pedagógicos. O gerenciamento dos RSS foi relevante para tomada de consciência por parte dos alunos quanto ao descarte adequado dos resíduos gerados nas clinicas/laboratórios do curso de odontologia da UFMA.

Palavras-chave: Resíduos do Serviço de Saúde. Resíduos Odontológicos. Gerenciamento de Resíduos. RSS. Sustentabilidade.

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INTRODUCÃO

A Educação Ambiental (EA) e asse-gurada pela constituição brasileira e dirige-se ao grande público, para uma compreensão global do meio ambiente1. Sendo de competência do Poder Publico promover a EA em todos os níveis de ensino e a conscientização publica para a preservação do meio ambiente. A im-portância da EA para o debate educacio-nal se explicita, então, por ser formal e obrigatória de acordo com Constituição Brasileira de 1988 (Art. 225, Capitulo VI - Do Meio Ambiente, Inciso VI) 2. Para os parâmetros curriculares nacionais, a EA foi incluída através da Politica Na-cional de Educação Ambiental de 1999 (Lei 9.795/99).

A Formação Ambiental (FA) dirige-se a grupos profissionais restritos e capa-cita um setor profissional para o de-sempenho sustentável de sua atividade dentro da sociedade. 3 Nas Instituições de Ensino Superior (IES), a FA objetiva a adequação de cada profissão em bases de desenvolvimento sustentável, desde a sua formação, qualificando seus egres-sos para formar profissionais com res-ponsabilidade ambiental4.

Dentro das IES, as graduações da área da saúde, merecem atenção, devi-do ao fato, de que as praticas da saúde abrangem uma gama de atividades que podem produzir Resíduos de Serviços de Saúde (RSS). Os RSS representam po-tenciais desafios para o meio ambiente, o que leva a uma preocupação cada vez maior com o gerenciamento desses re-síduos em vista a preservação da biodi-versidade5.

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são classificados atualmente no Brasil pela Resolução da Diretoria Cole-giada - RDC nº 306/04, da Agencia Na-cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pela Resolução n° 358/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA-MA), como tipos A, B, C, D e E. Tipo

A, resíduos com a possível presença de agentes biológicos; tipo B, resíduos contendo substancias químicas; resídu-os do tipo C, constituídos por produtos resultantes de atividades humanas que contenham radionuclideos (elementos radioativos); resíduos tipos D podem ser equiparados aos resíduos domicilia-res; e, finalmente, os resíduos do tipo E, formados por materiais perfurocortan-tes ou escarificantes6,7.

Considerando que os serviços odon-tológicos geram resíduos dos tipos A, B, D E (biológicos, químicos, perfuro-cortantes e comuns) e que estes cau-sam risco a saúde publica, ocupacional e ambiental equivalente aos riscos pro-vocados pelos demais estabelecimentos de saúde, seus responsáveis técnicos devem implantar um plano de gerencia-mento de acordo com o estabelecido na RDC/ANVISA no 306, capaz de mini-mizar ou ate mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos RSS, do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacio-nal8,9,10.

No Brasil, a classe odontológica co-nhece pouco o impacto ambiental cau-sado por suas atividades e, portanto, a sua responsabilidade ambiental11. Pro-dutos como amalgama, chumbo, revela-dor, fixador e outros resíduos não con-taminados são dispensados diretamente no meio ambiente por grande parte dos cirurgiões-dentistas, que desconhecem ou negligenciam a possibilidade de tra-tamento prévio ou reciclagem do resí-duo.

E possível que a não inserção da abordagem dos RSS no processo de for-mação dos futuros profissionais da saú-de seja um aspecto importante para jus-tificar o que acontece hoje em relação a esses resíduos no meio ambiente, como, o pouco engajamento no campo técnico/pratico da saúde para reverter ou evitar o processo de degradação ambiental, sendo poucas as praticas observadas

nas IES visando esse fim12. Diante dis-so, parece ser relevante problematizar essa questão, num entendimento de que, para que sejam realizadas atitudes ambientalmente e instrumentaliza-los para lidar com essa questão4. Assim, o objetivo desse trabalho foi contribuir para implementação do gerenciamento dos resíduos radiográficos e biológicos produzidos em um curso de odontolo-gia do Maranhão e avaliar o processo de formação dos estudantes desse Curso sobre a interface saúde e ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

Estudo descritivo-exploratório, bem como investigação da literatura e legis-lação pertinentes ao gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, mais es-pecificamente os resíduos radiográficos e resíduos infectantes e perfurocortan-tes. Foi realizado também coleta seletiva e quantificação dos efluentes radiográ-ficos e tratamento de resíduos fotoquí-micos como revelador, fixador e agua de lavagem dos filmes. Promoveu-se a segregação, acondicionamento e trata-mento dos resíduos radiográficos pro-duzidos nas clinicas e laboratórios no período de fevereiro a julho de 2016. Os dados foram coletados por meio de pes-quisa documental junto ao coordenador do curso de odontologia de uma insti-tuição publica de ensino superior e de questionário composto por 12 pergun-tas com cinco opções de resposta com as seguintes abordagens: I) Legislação sobre resíduos do serviço de saúde RSS; II) Resíduos químicos e biológicos; III) Instituição e IV) formação recebida pos-sibilitara. Nossa amostra compreende 21 estudantes do ultimo ano. O critério de seleção, para alunos do ultimo ano, deveu-se ao fato de que, assim, os mes-mos já teriam assistido a maioria das disciplinas do curso e, portanto, mais aptos a responder ao questionário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos resultados do questio-nário, na abordagem, legislação que dispõem sobre normas e exigências le-gais quanto ao gerenciamento dos Re-síduos do Serviço de Saúde –RSS temos que 28,6 % dos entrevistados da amos-tra desconhecem e 23,8% que estavam indecisos quanto as resoluções RDC 306/2004/ANVISA que dispõe sobre a separação, acondicionamento e coleta-dos de acordo com sua classificação e da resolução no 358/CONAMA que dispõe sobre tratamento e disposição final dos RSS, em contrapartida 71,4% declara-ram que foram informados como o ge-renciamento correto dos RSS preserva a saúde publica e o meio ambiente, porem quando questionados sobre os símbolos internacionais de identificação de re-síduos infectantes e perfurocortantes, químicos, radioativos e comuns 38,1% não conheciam ou estavam indecisos. Quanto a abordagem sobre resíduos químicos, quanto aos metais pesados (chumbo) 95,2% declararam ter sido in-formado que a lamina de chumbo do filme radiográfico deve ser reciclada. Embora estejam sendo tratados os re-síduos químicos, como os efluentes ra-diográficos, observou-se um baixo nível de conhecimento dos estudantes quanto ao gerenciamento de serviços de saúde odontológicos. Numa perspectiva do fu-turo profissional quando questionados se a formação recebida possibilitaria co-nhecer os efeitos de sua pratica clinica sobre o meio ambiente e a praticar ati-tudes sustentáveis relacionadas a odon-tologia, 66,6% se sentem motivados a realizar o manejo dos resíduos de ser-viços de saúde no curso de odontologia e na sua profissão. Foi realizada coleta seletiva e quantificação dos efluentes radiográficos e tratamento de resíduos fotoquímicos como revelador, fixador e agua de lavagem dos filmes. Como resul-tados promoveu-se a segregação, acon-

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dicionamento e tratamento dos resíduos radiográficos produzidos nas clinicas e laboratórios. Destes foram quantifica-dos e tratados 8,4 L de fixador, 18,4 L de revelador e 10,3 L de agua de descarte e coletadas 5.549 unidades de laminas de chumbo. Não foi possível quantificar os resíduos infectantes e perfurocortantes, devido a empresa contratada não emitir certificado especifico para o ponto de coleta do curso de odontologia, porem estimamos em 48.000 L.

CONCLUSÃO

Concluiu-se, com esta pesquisa, que a gerenciamento de resíduos de servi-ços de saúde, foi relevante para tomada de consciência por parte dos alunos, da importância do descarte adequado dos resíduos gerados nas clinicas/laborató-rios do curso de odontologia da UFMA. Resultando houve uma redução nos da-nos ambientais uma vez que os resíduos radiográficos estão sendo tratados no curso. Conclui-se ainda que a temática ambiental e um assunto de interesse dos graduandos de odontologia e sugere-se incluir a interface saúde e ambiente nos processos pedagógicos, para que estes sejam inseridos na odontologia ambien-talmente sustentável.

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SINTOMAS AUDITIVOS E EXTRA AUDITIVOS EM BOMBEIROS DE UMA UNIDADE DE SÃO LUÍS – MA

Érica Alessandra Caldas Docente na Universidade Ceuma - Uniceuma - São Luis (MA), Brasil

Isabella UchôaUniversidade Ceuma - Uniceuma

Elisangela Abreu de AlmeidaDocente na Faculdade Santa Terezinha - Cest

Sileila Alves Ramos Silva Universidade Ceuma - Uniceuma

Patrícia Andréia Caldas Docente na Faculdade Santa Terezinha - Cest

Camila Malcher Teixeira AmorimDocente na Universidade Ceuma - Uniceuma

RESUMO: Os bombeiros são modelos que convivem diretamente com situações de perigo, expondo constantemente suas próprias vidas. A pesquisa teve como objetivo identificar os sintomas auditivos e extras auditivos em bombeiros de uma unidade de São Luís – MA. Estudo do tipo retrospectivo des-critivo, quantitativo, vinculado ao parecer consubstanciado 022984/2016. Foram analisadas anamneses aplicadas em bombeiros de 20 a 50 anos de idade que realizaram exames na Clínica Escola de Fonoau-diologia no ano de 2016. Com uma média de 39,7 anos de idade, 44% dos bombeiros tinham até 10 anos de serviço prestado, e 32% tinham de 21 a 30 anos. Em relação aos exames audiométricos, apenas 12% deles realizam periodicamente e 95% não fazem uso de protetores auriculares. As queixas auditivas mais frequentes foram zumbido (20%) e vertigem (52%). Os sintomas extra auditivos mais frequentes foram desatenção (38%), dor de cabeça frequentemente (30%), problemas gástricos (24%) e diagnosticados como depressivos (20%). Foi possível concluir que no grupo pesquisado, os principais sintomas encontrados foram vertigem, dor de cabeça e zumbido.

Palavras-chave: Queixas Gerais. Perda Auditiva. Ruído Ocupacional. Saúde do Trabalhador.

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INTRODUÇÃO

O Corpo de Bombeiros de São Luís é o órgão oficial do Estado de suma responsabilidade pela operação de sal-vamento, cuidado e preservação da in-tegridade pública. A corporação tem o dever de organizar e preparar-se para qualquer tipo de ocorrências, estando capacitados para exercer a profissão.

Segundo Boer et al. (2011) os bom-beiros atuam em funções diversas, cujo o ambiente é de emergência, no qual confronta com prevenção e extinção de incêndios, busca e salvamento, perícias de incêndio, prestação de socorros nos casos de inundações, desabamentos ou catástrofes, resgaste de feridos e aten-dimento hospitalar. Esses são alguns modelos de incidências da rotina em centros urbanos, tais ações como essas, necessitam de respostas rápidas para proporcionar a integridade física das ví-timas e dos mesmos e podem provocar nos bombeiros militares danos auditi-vos e extra auditivos.

A alteração associada a diminuição gradual da audição por níveis exces-sivos de ruído conhecida como PAIR - perda auditiva induzida pelo ruído, tem uma grande relação com o bombeiro que se encontra exposto constantemen-te a este tipo de situação (NUDELMAN et al., 2001)

De acordo com Cordeiro et al. (2005) os acidentes de trabalho são causados por vários fatores relacionado ao ruído ocupacional, os mais comuns entre eles são: problemas na comunicação, dificul-dade de detectar, discriminar, localizar e de identificar as fontes sonoras, tanto na fala, na atenção e concentração, de memória, estresse e fadiga excessiva.

Alguns dos sintomas extra auditi-vos citados em estudos são alterações do sono e transtornos da comunicação, neurológicos, digestivos, comporta-mentais, cardiovasculares e hormonais (ARAÚJO, 2002)

O ruído pode influenciar na qualida-de de vida do trabalhador, produzindo incapacidades auditivas como a dimi-nuição da percepção da fala em ambien-tes barulhentos, sinais sonoros de aler-ta, músicas e sons ambientais. Essa patologia pode ocasionar também con-sequências não auditivas, influenciadas pelos fatores psicossociais e ambientais como, estresse, ansiedade, lamento e auto-imagem diminuida, que podem comprometer as relações do indivíduo na família, no trabalho e na sociedade, prejudicando o desempenho de suas ati-vidades de vida diária pessoal e profis-sional (GUIDA, 2006)

Segundo Cepinho e Bernardi (2003) o ser humano é afetado por ruídos a par-tir de 85 dB, levando o organismo a ter diferentes respostas, como por exemplo: dilatação da pupila; aumento da produ-ção de hormônios da tireóide; aumento de batimento cardíaco; contração dos vasos sangüíneos; aumento da produ-ção de adrenalina; baixo rendimento no trabalho; ansiedade; tensão; irrita-bilidade; insônia; alteração nos ciclos menstruais; impotência; nervosismo; baixa concentração; cansaço; aumento da pressão sangüínea; acidentes e ou-tros. Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar a presença de sintomas auditivos e extra auditivos nessa classe de trabalhadores.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de carater transversal e quantitativo, que teve sua aplicabilidade na Clínica Escola Ana Nery Chaves Fecury da Universidade Ceuma e conta com a aprovação do Co-mitê de Ética em Pesquisa da Universi-dade Ceuma (parecer consubstanciado 022984/2016) vinculado ao trabalho in-titulado “Avaliação audiológica em ser-vidores da polícia militar do batalhão CPE-Rotam equipe B”.

Participaram um total de 34 bombei-

ros militares, sendo incluídos somente os bombeiros que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que trabalham na unidade do Corpo de Bombeiros do Parque Bom Menino de São Luis – MA, com idade entre 20 e 50 anos e que fizeram os exa-mes audiologicos no setor de Audiolo-gia da Clinica Escola Ana Nery Chaves Fecury.

A coleta de dados foi realizada nos meses de maio e junho de 2016, através do preenchimento do questinário que foi elaborado pelas próprias pesquisa-doras, sendo dividido em dois itens: 14 questões fechadas sobre sintomas audi-

tivos e 12 questões fechadas sobre sinto-mas extra auditivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados questionários de 34 bombeiros militares, com média de 39,7 anos de idade, entre eles 29% tinham entre 20 e 30 anos de idade, 21% de 31 a 40 anos e 50% apresentavam mais de 41 anos de idade. Em relação ao tempo de trabalho no Corpo de Bombeiros 44% tinham até 10 anos de serviço prestado, 24% estavam trabalhando entre 11 e 20 anos como bombeiro e 32% tinham de 21 a 30 anos de trabalho (Tabela 1).

Tabela 1 - Média de idade e tempo de profissão dos bombeiros pesquisados.

Em estudo realizado por Rocha et al.(2010) foi feita uma divisão por faixa etária, em dois grupos, necessária para demonstrar se há aumento dos limiares das altas frequências com o decorrer da idade e foi constatado que há aumento dos limiares para o grupo mais velho, evidenciando que as altas frequências são sensíveis ao aumento da idade.

Outros autores (MARTINHO et al., 2005; MANSO et al., 2009) também evidenciaram limiares maiores para os grupos com maior faixa etária.

O tempo de trabalho é outro fator determinante para os efeitos do ruído, ao avaliar a audição de 81 trabalhadores de uma fábrica e 371 bombeiros Chung, Chu e Cullen (2012), na Coréia do Sul, através de exames audiológicos e aplica-

ção de questionários, notaram que nos bombeiros, o aumento das perdas audi-tivas foram proporcionais ao tempo de exposição, e se concentraram nas altas frequências. Os autores concluíram que 85 dB(A) pode não ser suficientemente conservador para uma jornada de traba-lho de 8 horas e 5 dias por semana, uma vez que não permite recuperação ade-quada das células da cóclea após cada período de exposição.

Entre as funções que os profissio-nais de nossa pesquisa exerciam dentro do Corpo de Bombeiros, em sua maio-ria (73%), eram bombeiros militares, 6% eram 1º tenente, 6% eram 2º tenente, 3% eram 3º tenente, 6% exerciam a função de sargente e outros 6% trabalhavam como motorista (Gráfico 1).

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Em relação aos exames audiológicos e cuidados de proteção individual durante o trabalho, 50% dos funcionários foram submetidos à exames audiométricos no ato de sua admissão; apenas 12% deles realizam exames audiométricos periodicamente e 100% relataram participar de atividades em ambientes ruidosos no seu horário de trabalho. Um pequeno grupo equivalente a 5% faz uso de protetor auditivo, enquanto os outros 95% não usam protetores. (Gráfico 2).

Gráfico1 - Funções exercidas pelos funcionários do Corpo de Bombeiros

Gráfico 2 - Periodicidade de exames audiométricos e uso de protetor auricular.

Os níveis de ruído nas atividades laborais da corporação também foram alvo de estudo. Root et. al., (2013) cons-tataram que o ruído do caminhão de combate ao incêndio em marcha lenta, com a sirene e bomba d’água ligadas ul-trapassam 85 dB (A).

Estudo realizado na Croácia por Lalić et al. (2009), onde foram medidos os ní-

veis do ruído ambiental e o ruído exces-sivo foi encontrado principalmente no caminhão de combate a incêndio com a sirene ligada e na bomba d’água. Os autores advertem que a PAIR é um pro-blema grave entre os bombeiros, e que se faz necessário um programa de pre-venção à audição.

A partir deste e outros estudos (SOU-

SA 2009; HONG e SAMO, 2007), discu-te-se a necessidade do programa de pre-venção à audição e o uso de protetores auriculares nas atividades desenvolvi-das por estes profissionais.

Em nossa amostra apenas 5% afirma-ram fazer uso de protetor auricular, uma taxa ainda menor que pesquisa realiza-da via internet por Hong et al. (2013) so-bre promoção e prevenção a saúde com bombeiros de várias corporações de di-ferentes estados dos EUA, onde também foi aplicado questionário sobre o uso de protetores auditivos e 41% dos bombei-

ros afirmaram usar protetor auditivo menos da metade do tempo considerado necessário e 30% assumiram que nunca fizeram uso.

Como já é conhecido o ruído pode ocasionar sérios problemas auditivos para quem se expõe por um longo pe-ríodo de tempo a ele, em nossa pesqui-sa os sintomas mais frequentes foram tontura (52%), desconforto a sons fortes (33%), dificuldade de acompanhar uma conversa em grupo (27%) e necessidade de aumentar o som da TV (27%) e por último o zumbido (20%) (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Características e sintomas auditivos relatados pelos funcionários do Corpo de Bombeiros.

Estudo desenvolvido por Sousa et al. (2009), com 72 bombeiros do corpo de bombeiros do Município de Santo An-dré (SP) a auto percepção da condição auditiva foi investigada assim como em nosso estudo por meio de questionário e dentre as queixas decorrentes do ruído foi encontrado zumbido (10,1%) e ton-tura (1,5%). Dentre os participantes que responderam sim para queixa de zum-bido, 90% apresentam às vezes e 10% sempre.

Entre os sintomas auditivos pesqui-sados por Nunes et al. (2011) com um grupo de trabalhadores expostos a ru-ído intenso, os mais relatados foram o zumbido (27,27%) e o incômodo a sons

fortes (18,18%), sendo que o zumbido foi aquele que apresentou um aumento na ocorrência diretamente proporcional ao tempo na função.

Quando indagados a respeito dos sin-tomas extra auditivos as respostas mais significativas foram: 56% acham que são ansiosos, 38% se consideram desatentos, 36% se auto intitularam como nervosos, 30% sentem dor de cabeça frequente-mente, 24% têm problemas gástricos, ou seja, dificuldade para dormir, 20% foram diagnosticados como depressivos, 18% deles relataram ter problemas de insô-nia e12% têm algum tipo de alteração renal (Gráfico 4).

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Quanto aos sintomas não auditivos na mesma pesquisa, os mais relatados foram ansiedade (30,30%), seguido de cefaleia, distúrbios gástricos e insônia (18,18%). Os relatos de gastrite compro-vada e as queixas de azia foram compre-endidos como distúrbios gástricos (NU-NES et al., 2011), resultados parecidos aos encontrados em nosso estudo, que relata as principais queixas sendo desa-tento, nervoso e dor de cabeça.

Sousa et al. (2009) acharam as prin-cipais interferências nas atividades la-borativas decorrentes do ruído no am-biente de trabalho: incômodo (25,6%), intolerância e irritabilidade (20,8%), dor de cabeça (14,5%), diminuição da audi-ção (14,0%), alteração do sono (13,5%), zumbido (10,1%) e tontura (1,5%). Den-tre os participantes que responderam sim para queixa de zumbido, 90% apre-sentam às vezes e 10% sempre.

CONCLUSÃO

Foi possível concluir que no grupo pesquisado de funcionários do Corpo de Bombeiros, há uma presença signi-ficativa de algumas alterações de ordem orgânica e psicológica, como os distúr-bios de comunicação, problemas diges-tivos, alterações no sono, intolerância a sons fortes, e dores musculares, as quais podem estar sendo provocadas ou acen-tuadas pela ação nociva do excesso de ruído.

O desenvolvimento dessa pesquisa,

mostrou a problemática dos efeitos do ruído no corpo humano, a qual deve ser vista não somente no meio industrial, mas também por outros profissionais.

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SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS: AVALIAÇÃO DO TEOR DE COMPOSTOS FENÓLICOS E

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

Ludmilla Santos Silva de MesquitaDepartamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMA

E-mail: [email protected]é Wilson Carvalho de Mesquita

Departamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMAPaulo Gabriel dos Santos Furtado

Departamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMA Israel Viegas Moreira

Departamento de Patologia, Laboratório de Microbiologia - UFMAAndré Felipe Ramos Martins

Departamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMA Daniella Patrícia Brandão Silveira

Departamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMA Sonia Malik

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - UFMAMaria Nilce de Sousa Ribeiro

Departamento de Farmácia, Laboratório de Farmacognosia - UFMA

RESUMO: Os produtos naturais são fontes de novos princípios ativos com potencial aplicação em várias áreas. A obtenção de compostos pode ocorrer a partir de alimentos in natura e também de subprodutos do agronegócio, que muitas são descartados, representando sérios problemas ambientais por seu des-carte no meio ambiente. Com isso o objetivo desse trabalho foi verificar o teor de compostos fenólicos e flavonoides totais por ensaios colorimétricos e medidos por espectrofotometria, e avaliar a atividade antimicrobiana pelo ensaio de difusão em ágar dos extratos da casca de manga, maracujá e do bagaço da acerola. Os teores de compostos fenólicos foram de 44,05%, 13,15% e 22,60% nos extratos de manga, maracujá e acerola respectivamente. E teores de flavonoides totais foram de 2,70%, 1,99% e 1,99% nos extratos de manga, maracujá e acerola respectivamente. Apenas o extrato da casca de manga apresentou atividade antimicrobiana frente a Staphylococcus aureus. Esses resultados demonstram o excelente teor de compostos fenólicos nos extratos de subprodutos das três frutas analisadas, especialmente de manga, que também apresentou boa atividade antimicrobiana. Com isso sugere-se que esses subprodutos pos-sam ser melhor explorados pelas indústrias de alimentos e farmacêutica.

Palavras-chave: Acerola. Compostos Bioativos. Manga. Maracujá. Resíduo Agroindustrial.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

Os produtos naturais são considera-dos importantes fontes de novos princí-pios ativos (Newman e Cragg, 2016), que podem ser utilizados pelas indústrias de alimentos e farmacêutica. Nesse sentido muitas pesquisas têm sido conduzidas na identificação de compostos bioati-vos naturais e seus benefícios a saúde humana (Pistollato et al., 2015; Ribeiro et al., 2015). Dentre esses compostos, destacam-se os que apresentam ativida-de antimicrobiana, como os compostos fenólicos, que constituem uma classe de metabólitos secundários encontrados em grande concentração nas frutas, hor-taliças e derivados (Santos et al., 2008). Com o avanço na fruticultura houve um aumento na geração de subprodutos agroindustriais, favorecendo o aumen-to da produção do lixo orgânico, o que ocasiona sérios problemas ambientais (Sousa et al., 2011). Durante a produ-ção de sucos e polpas são gerados cerca de 40% de subprodutos agroindustriais para as frutas manga, acerola, maracujá e caju (Lousada Junior et al., 2006). Os subprodutos geralmente são consti-tuídos de casca, caroço ou sementes e bagaço, que são ricos em nutrientes e compostos bioativos (Melo et al., 2008; Sousa et al., 2011). A acerola (Malpighia emarginata DC.) é uma frutífera rica em vitamina C, antocianinas, compostos fenólicos e carotenóides (Rinaldo et al., 2010). A manga (Mangifera indica L.) é uma das frutas tropicais mais populares, rica em compostos fenólicos, flavonoi-des e triterpenos (Shah et al., 2010). O maracujá (Passiflora edulis Sims) é uma fruta produzida em toda país, que é o maior produtor mundial (IBGE, 2012), representando importância econômica e social. Com base no potencial tecnoló-gico dos resíduos agroindustriais e por representar uma fonte barata de com-postos bioativos, o objetivo desse tra-balho foi verificar o teor de compostos

fenólicos e de flavonoides totais, assim como avaliar a atividade antimicrobiana dos extratos de subprodutos da acerola, manga e maracujá.

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos de acerola, manga e mara-cujá foram adquiridos por compra em feira localizada no município de São Luís, no estado do Maranhão, Brasil, em outubro de 2016. Para obtenção dos extratos hidroalcoólicos as cascas de manga, maracujá e o bagaço de acerola após extração do suco, foram subme-tido a secagem a 50° C em estufa com circulação de ar e triturados em liqui-dificador. A partir de amostras de 50 g do pó de cada produto foram obtidos os extratos utilizando etanol 70% como solvente. As soluções extrativas foram filtradas separadamente, e concentradas em rotaevaporador para obtenção dos extratos hidroalcoólicos de manga, ma-racujá e acerola codificados como EMG, EMJ e EAC respectivamente. O teor de polifenóis totais de todas amostras foi determinado com o reagente de Folin--Ciocalteu e carbonato de sódio a 20%. (Dutra et al., 2014). O teor foi calculado a partir da curva de calibração constru-ída com soluções padrão de ácido gálico e expresso como equivalentes de ácido gálico (%). O teor de flavonoides totais de todas amostras foi determinado uti-lizando o método colorimétrico com so-lução metanólica de cloreto de alumínio (Dutra et al, 2008). O teor foi calculado a partir da curva de calibração construí-da com soluções padrão de quercetina e expresso em equivalentes de quercetina (%). Para avaliação da atividade antimi-crobiana os extratos EMG, EMJ e EAC foram diluídos em dimetilsulfóxido (DMSO), nas respectivas concentrações de 250, 250 e 500 mg/mL. Para padroni-zação do método foi utilizado o Manual Clinical and Laboratory Standards Insti-tute (CLSI), segundo o original descrito por Bauer et al. (1966). Todos os ensaios

foram realizados em triplicata em ágar Mueller-Hinton pela técnica difusão em ágar pelo método de poços (Teles; Costa, 2014) contra Staphylococcus aureus (ATCC 25923). Os testes foram considerados positivos quando houve a formação de uma zona de inibição do crescimento em torno dos poços. Os di-âmetros de inibição foram medidos com régua milimetrada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teor de compostos fenólicos dos extratos EMG, EMJ e EAC foi de 44,05%, 13,15% e 22,60% respectivamente. Em relação ao teor de flavonoides totais o percentual para os extratos EMG, EMJ e EAC foi de 2,70%, 1,99% e 1,99%. Este resultado mostra a grande quantidade de compostos bioativos, especialmen-te no extrato da casca de manga, que possuem propriedades benéficas para a saúde, nos subprodutos, que geralmente são desperdiçados. Silva et al. (2014) ao comparar o teor de compostos fenólicos e flavonoides nas polpas e nos subpro-dutos de frutas tropicais do Brasil veri-ficou que o teor dessas substâncias era maior nos subprodutos que nas polpas. Muitos autores relatam que os compos-tos bioativos estão na grande maioria presentes nas cascas e sementes (Melo et al., 2008; Abrahão et al., 2010; Sou-sa et al., 2011). Os resultados obtidos da avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos EMG, EMJ e EAC mostrou que somente o extrato EMG apresentou zona de inibição contra Staphylococ-cus aureus (ATCC 25923). A atividade antimicrobiana verificada no extrato EMG pela técnica difusão em agar pelo método de poços apresentou uma zona inibitória de diâmetro médio de 13 mm. Os controles negativos dos ensaios com DMSO não apresentaram atividade an-timicrobiana. Segundo Mothana e Lin-dequist (2005), extratos com halos de inibição de 8 a 13 mm são considerados moderadamente ativos. Arbos et al.,

(2013) encontraram excelente teor de compostos fenólicos e atividade antimi-crobiana na farinha da casca de manga. Muitos pesquisadores atribuem a ação antimicrobiana de extratos de origem vegetal ao teor de compostos fenólicos (Cabral et al., 2009; Al-Habib et al., 2010; Kumar et al., 2011). Como os extratos do bagaço da acerola e da casca de mara-cujá apresentaram um teor menor de compostos fenólicos, provavelmente re-sultou na ausência da atividade antimi-crobiana. Souza e Vieira (2011) sugerem que resíduos de frutas devem ter seu uso implementado de forma a minimi-zar o desperdício de alimentos e gerar nova fonte alimentar.

CONCLUSÃO

Os extratos de subprodutos podem ser fonte valiosas de compostos bioati-vos.

A valorização de subprodutos carac-teriza benefício nutricional e ambiental ao reduzir os resíduos agroindustriais.

Sugere-se mais estudos para o apro-veitamento destes subprodutos na for-mulação de novos produtos com pro-priedades funcionais.

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QUALIDADEAMBIENTAL

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A QUALIDADE AMBIENTAL NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE ARAIOSES, MARANHÃO

Jamille Oliveira Sousa Graduação em Geografia - UFMA

E-mail: [email protected] Cordeiro Feitosa

Departamento de Geografia - UFMA

RESUMO: As ações do homem, ao longo dos anos, têm provocado escassez de recursos naturais e, con-sequentemente, afetado a população que os utiliza. Em consequência, a qualidade ambiental tem sido afetada não havendo consonância entre o desenvolvimento econômico, preservação do meio ambiente e qualidade de vida. Nesse estudo, aborda-se o município de Araioses-Maranhão, com o objetivo de com-preender a dinâmica ambiental, considerando a qualidade ambiental da área maranhense do Delta do Parnaíba. A metodologia utilizada tem por base a orientação fenomenológica na percepção e descrição do ambiente, com suporte nas técnicas quantitativas e qualitativas, para subsidiar os trabalhos de gabi-nete. As ações relacionadas à conservação da área do município de Araioses registram poucas iniciativas voltadas para a gestão ambiental dos ecossistemas, não havendo gerenciamento adequado por parte dos órgãos responsáveis, e do uso sustentável dos recursos naturais, o que tem afetado a qualidade ambien-tal da área. É necessário que medidas venham ser tomadas, com a colaboração da população para que possa haver ações integradas, que possam assegurar resultados mais sólidos no que se refere à garantia da qualidade ambiental.

Palavras-chave: Indicadores ambientais. Sustentabilidade. Qualidade Ambiental.

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INTRODUÇÃO

Os padrões de produção e de consu-mo da sociedade utilizam os recursos naturais, gerando resultados negativos e, com isso, os constantes impactos am-bientais acarretados ao longo desses anos têm provocado escassez desses re-cursos naturais e afetado a população que os utiliza, prejudicando a qualidade ambiental local.

Macedo (1991, p. 14), afirma que “a qualidade ambiental de um ecossiste-ma expressa suas condições e requisitos básicos de natureza física, química, bio-lógica, social, econômica, tecnológica e política”, geralmente determinada pelos indicadores ambientais, sendo estes im-portantes para identificar danos e amea-ças aos ecossistemas, além de contribuir para a formulação de instrumentos para elaborar e avaliar projetos, e informar o público sobre questões ambientais, sen-do entendidos como a representação de um conjunto de dados e informações so-bre determinado fenômeno ambiental.

O Delta do Parnaíba, situado nos estados do Piauí e Maranhão, possui importantes áreas para estudos de pre-servação da biodiversidade, tidas como relevantes para conservação da Zona Costeira e Marinha, sendo uma das principais zonas costeiras do Brasil, for-mada por extensas áreas de dunas, ilhas fluviais, mangues, além de ter sido local de intensa movimentação portuária ini-ciada no século XX, contribuindo para a economia regional.

A utilização desenfreada dos recur-sos naturais se tornou habitual, resul-tando em alterações na estrutura e com-posição natural dos ecossistemas, em consequência de atividades de extrati-vismo vegetal, da agricultura, pastagem e pesca, além dos desmatamentos, da agropecuária, atividades urbanas e in-dustriais, causando assim, alteração na qualidade ambiental.

Nesse panorama, o município de

Araioses é tido como área de estudo, visando analisar os indicadores ambien-tais do município, com o objetivo de compreender a dinâmica ambiental, e analisar os fluxos socioambientais desta área maranhense do Delta do Parnaíba com vistas a subsidiar indicadores de qualidade ambiental e sugerir outros es-tudos.

MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia utilizada teve como base a observação e registro dos fatos relacionados com a temática do estudo, análise e classificação, além do apoio da orientação fenomenológica na percep-ção e descrição do ambiente, com su-porte nas técnicas quantitativas e quali-tativas (KAPLAN, 1975), para subsidiar os trabalhos de gabinete relacionados com a aplicação das técnicas a realiza-ção da contagem das entrevistas.

Foram realizados os procedimentos metodológicos a seguir: levantamento e análise da bibliografia referente ao tema e a área de estudo, em bibliotecas de ins-tituições de ensino e em sites de órgãos de pesquisa; elaboração de questioná-rio socioeconômico e ambiental; visita de campo para observação e percepção ambiental da área de pesquisa para co-letas de dados; registros fotográficos e aplicação de questionários; análise dos dados obtidos em campo e elaboração de mapa de localização do município de Araioses, com uso de cartas DSG, cedi-das pelo Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE, 2010), e auxílio do software ArcGIS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Localização e situação geográfica da área de estudo

Segundo IBGE (2010), o município de Araioses (Mapa 01) está inserido na Me-sorregião Leste Maranhense e integra a Microrregião do Baixo Parnaíba Ma-

ranhense, com extensão de 1.783 km², população de aproximadamente 42.600 habitantes e densidade demográfica de 23,89 habitantes/km². É delimitado pe-las seguintes coordenadas geográficas: 2º53’24” de Latitude Sul e 41º54’00” de Longitude Oeste de Greenwich, limitan-do-se: ao Norte com o oceano Atlântico, a Leste com as águas do rio Parnaíba, ao Sul com os municípios de Magalhães de Almeida e São Bernardo e a Oeste com o municípios de Água Doce do Maranhão e Tutóia (CPRM, 2011, p. 13).

A área de estudo compreende o ex-tremo nordeste do Estado do Maranhão, inserido na Área de Proteção Ambien-tal-APA do Delta do Parnaíba e res-pectiva faixa de amortecimento que abrange todo o trecho de influência do rio Parnaíba e seus tributários, na par-te pertencente ao Estado do Maranhão. Conforme Feitosa (2015, p. 18), o Del-ta compreende desde parte do litoral oriental do Maranhão até o litoral do Ceará, sendo que aproximadamente 75% pertencem ao estado do Maranhão.

Indicadores de qualidade ambiental do município de Araioses

Os indicadores ambientais são re-ferências de cunho científico, usados como ferramentas de avaliação em re-lação aos elementos naturais e para monitoramento periódico da gestão ambiental, tendo em vista que possibili-tam a avaliação do estado do ambiente, favorecendo o melhor encaminhamento das tomadas de decisões e o fomento de políticas de gestão ambiental em dife-rentes níveis (BRASIL).

De acordo com a CPRM (2011, p. 15-16), a disposição final do resíduo urbano e do esgotamento sanitário de Araioses não atende as recomendações técnicas necessárias, pois não há nenhum tipo de tratamento do chorume, dos gases pro-duzidos no lixão, nem dos efluentes do-mésticos e pluviais como forma de redu-zir a contaminação do solo, a poluição dos recursos naturais e a proliferação de vetores de doenças de veiculação hí-drica. Além disso, a coleta dos resíduos sólidos é realizada de forma inadequada

Mapa 1 - Localização do município de Araioses.

Fonte: Dados da pesquisa.

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possibilitando elevado risco de poluição dos recursos hídricos e subterrâneos.

No município de Araioses alguns im-pactos ambientais têm sidos percebidos pela população (Gráfico 01): segundo 24% dos entrevistados, as águas do rio Santa Rosa diminuíram de volume; de acordo com 20%, o sabor agora é sal-gado; conforme 14% há diminuição de

peixes, o que tem prejudicado a pesca na região. Outros impactos foram cita-dos, como o lixo nas ruas, com 20%, e o desmatamento, com 13% das respostas, o qual ocorre devido à queima de car-vão e agricultura. Porém, é importante destacar que 9% desses entrevistados consideram que não há consequências ambientais derivadas de suas ações na natureza.

Gráfico 1 - Tipos de impactos ambientais percebidos na área.

O rio Santa Rosa (Figura 01) é, histo-ricamente, um dos meios econômicos da região que viabiliza a sobrevivência de uma pequena parte da população me-diante a oferta de recursos e como meio de circulação de mercadorias (FERREI-RA, 1908). Mas uma das principais pre-ocupações dos moradores é o estado de conservação deste recurso, o qual vem sofrendo impactos que agravam suas condições. De acordo com Rabelo e Feitosa (2014, p.19), estas ações podem gerar impactos que irão atingir direta e indiretamente os ecossistemas aquá-

ticos, ocasionando o assoreamento das margens de rios e lagos decorrente da retirada da vegetação ciliar ou a eutrofi-zação que resulta na proliferação exces-siva de algas, além do aumento de doen-ças de veiculação hídricas, entre outros.

Quando indagados sobre o que deve ser feito para conservar as áreas natu-rais da área, 9% das respostas afirmam haver necessidade de uma represa para conter a água salgada, a qual tem afeta-do o sabor das águas do rio Santa Rosa; segundo 12% dos entrevistados, o rio também precisa passar por um processo

Fonte: Dados da pesquisa.

que melhore suas condições. O incentivo da prefeitura também é de grande importân-cia, entretanto, a maioria dos entrevistados, 36%, asseguram que pouco tem sido feito em relação à proteção das áreas naturais por parte da gestão local. Mas 36% acreditam que a preocupação dos moradores em cuidar do espaço também é uma forma de pre-servar o meio ambiente. Apenas 7% destacaram a realização de projetos, como cursos de educação ambiental para conscientizar a população do município (Gráfico 02).

Gráfico 2 - Medidas para conservar as áreas naturais.

Gráfico 1 - Tipos de impactos ambientais percebidos na área.

Fonte: Dados da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Conscientização e Desenvolvimento Sustentável

Embora o município em questão faça parte da APA do Delta do Parnaíba, é perceptível a carência de informações e de ações ambientais e de conscientiza-ção da população em relação à conser-vação dos recursos naturais da região. As pessoas entrevistadas afirmam pre-servar a natureza da forma como po-dem, jogando lixo em local apropriado e plantando mudas de arvores, mas al-gumas práticas indevidas puderam ser observadas, como a queima do lixo, lixo nas ruas, na praça principal da cidade, e no rio Santa Rosa.

Para a formação do conhecimento em relação ao ambiente em que vivemos e a forma como ele é tratado, é neces-sário destacar os aspectos sociais, cul-turais, econômicos e políticos de uma determinada comunidade. A falta de informação é observada nos resultados das respostas dos moradores entrevista-dos, ao serem questionados sobre o co-nhecimento da palavra APA, pois ape-nas 8% responderam que as dunas e os manguezais foram citados como Área de Preservação Ambiental.

Outro fator que comprova a carência de conscientização ambiental no muni-cípio é a ausência de projetos voltados à educação ambiental ou propostas si-milares, quando 77 % dos entrevistados afirmaram desconhecer a existência de tais eventos. As respostas afirmativas, 23%, identificaram projetos realizados pela Secretaria Municipal de Saúde, Se-cretaria Municipal de Educação, e pela Igreja Católica.

Segundo informações fornecidas pela Secretaria de Educação, o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodi-versidade-ICMBio, promove projetos de conscientização ambiental em algumas ilhas da região como Canárias e Passa-rinho, abordando sobre o potencial tu-rístico da área e a importância da pre-

servação ambiental, notadamente das espécies de peixes e crustáceos e molus-cos mais adaptados ao ambiente do delta como o caranguejo, robalo e tartaruga.

Sobre as ações voltadas ao meio am-biente, a Prefeitura Municipal de Araio-ses afirmou que as atividades realizadas no município, geralmente ocorrem em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, em escolas e algumas comu-nidades da região. Em relação ao aterro sanitário localizado próximo a córregos e igarapés, foi confirmada a construção de um novo aterro, sendo esta uma das etapas de um conjunto de medidas que serão tomadas, dentro da política de re-dução de resíduos sólidos que o municí-pio adotará.

CONCLUSÕES

O Delta do rio Parnaíba é um grande provedor de recursos para as populações ali residentes devido a sua diversidade de florestas de manguezais, praias, car-naubais, suas potencialidades hídricas e uma rica fauna, servindo de apoio para a alimentação, geração de renda e lazer para as comunidades que vivem naque-la área e visitantes de diversos lugares.

Os indicadores ambientais da região são indispensáveis para subsidiar e pro-mover a qualidade ambiental e a susten-tabilidade do ecossistema local. A ne-cessidade de mudanças é evidente, pois no que se refere à conservação da região do município de Araioses, há poucas ini-ciativas por parte do poder público ou da sociedade civil voltada para a gestão ambiental do ecossistema, não havendo um gerenciamento adequado por parte dos órgãos responsáveis, além do uso sustentável dos recursos naturais não ser preocupação dos seus usuários, em alguns casos por falta de conhecimen-to adequado e em outros pelo descaso público, sendo este um fato que interfe-re na qualidade ambiental e de vida da população.

Além disso, é imprescindível que medidas de gestão venham ser tomadas pelo poder público, com a colaboração da sociedade civil para que possa haver ações integradas que venham a garantir resultados mais sólidos no que se refere à garantia da conservação da biodiver-sidade local e da dinâmica ambiental da área natural do município.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambien-te. Indicadores Ambientais. Dispo-nível em <http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/informacao-am-biental/sistema-nacional-de-informa-cao-sobre-meio-ambiente-sinima/indi-cadores> Acesso em 06 abr. 2016.

CPRM – SERVIÇO GEOLÓGIVO DO BRASIL. Relatório de Diagnóstico do Município de Araioses: Projeto Ca-dastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea. Teresina, 2011.

FEITOSA, Antonio Cordeiro. A susten-tabilidade na relação homem – am-biente na área maranhense do Delta do Rio Parnaíba. São Luís. 2015.

FERREIRA, Justo Jansen. A Barra da Tutoya. Maranhão Typ. Ramos d´Al-meida & C., 1908.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística. IBGE Cidades. 2010. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&-codmun=210090&search=%7Caraioses> Acesso em: 25 abr. 2016.

KAPLAN, Abraham. A Conduta na pesquisa: metodologia para as ciên-cias do comportamento. São Paulo: EPU, Ed. da Universidade de São Paulo, 1975.

MACEDO, R. K. A. A importância da Avaliação Ambiental. In: TAUK, S.M. Análise Ambiental: Uma visão multi-disciplinar. Editora UNESP, São Paulo,

1991.

RABELO, Thiara Oliveira; FEITOSA, Antonio Cordeiro. A relação homem–ambiente na área maranhense do Delta do rio Parnaíba: a sustentabi-lidade dos recursos hídricos na La-goa do Bacuri. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PI-BIC. 2014.

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ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO SÁ VIANA, SÃO LUÍS, MA, BRASIL - UM DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO

Amanda Lima Moraes dos SantosGraduanda em Ciência e Tecnologia pela UFMA

Integrante do Grupo de Estudos em Saúde Ambiental - UFMA E-mail: [email protected] de Faria Lima Santos

Professora Adjunta do Curso Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BiCT) da UFMADoutora em Ciências (UNIFESP)

Coordena o Grupo de Estudos em Saúde Ambiental do BiCT/UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: Considerando as consequências que a ausência de um sistema de abastecimento de água efi-ciente traz buscou-se conhecer, a partir deste estudo, por meio de um levantamento das fontes alterna-tivas de captação de água mais comuns na comunidade estudada, a realidade do Sá Viana, um bairro da capital maranhense que possui um histórico de problemas relacionado à escassez de água. A pesquisa de campo com 15 moradores possibilitou o reconhecimento da comunidade e a catalogação de seis fontes alternativas de captação de água. Verificou-se que o sistema de abastecimento público de água ofertado pela CAEMA não é eficiente no bairro Sá Viana por não apresentar regularidade e/ ou abrangência sufi-cientes para atender a população. As principais fontes alternativas de captação são os poços coletivos e as cisternas individuais. Os moradores relatam os problemas enfrentados para a captação, o transporte, o armazenamento e a manutenção destas e de outras fontes. No entanto, não possuem esperança que a realidade vivida em alguns locais há mais de 30 anos possa melhorar.

Palavras-chave: Escassez. Fontes Alternativas. Poços. Cisternas.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

O provimento adequado de água, em quantidade e qualidade, é essencial para o desenvolvimento socioeconômico lo-cal, com reflexos diretos sobre as condi-ções de saúde e bem-estar da população (RAZZOLINI & GUNTHER, 2008). Em localidades com escassez do recurso, a dificuldade para obter água de fontes seguras é um dos fatores agravantes das condições precárias de vida. A procura por fontes alternativas leva, na maioria das vezes, ao consumo de água em vo-lume irregular e de qualidade duvidosa.

Com o advento em 2007 da Lei do Saneamento, foi criado um instrumen-to para orientar o Estado na condução de políticas públicas com vistas à uni-versalização dos serviços contemplados pelas quatro vertentes do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas. Dessa forma, foi instituído, em 2013, o Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB, que prevê alcançar nos próximos 20 anos 99% de cobertura no abastecimento de água potável no país, sendo 100% na área urbana e de 93% na área rural (MONTEIRO, 2010).

Atualmente, 19 milhões de pessoas que vivem em áreas urbanas não con-tam com água potável. Outras 21 mi-lhões que vivem em áreas rurais tam-bém não têm acesso à água tratada. Além disso, apenas 46% dos domicílios brasileiros contam com coleta de esgoto (SNIS, 2014).

Em São Luís, 73% da população tem acesso à água potável (SNIS, 2014). Na capital, a insatisfação dos moradores quanto à cobertura e a qualidade da prestação de serviços básicos do sane-amento são constantes. Os bairros mais afetados são os localizados em zonas pe-riféricas e em áreas de vulnerabilidade socioambiental, entre eles o bairro Sá Viana. O bairro é destaque nos veícu-

los de comunicação locais que noticiam com frequência os problemas enfrenta-dos pelos moradores, em especial a falta d’água.

Considerando as consequências que a ausência de um sistema de abasteci-mento de água eficiente traz, buscou-se verificar os problemas mais recorrentes devido ao acesso de água deficitário na comunidade, realizar um levantamento das fontes alternativas de captação de água no bairro Sá Viana e investigar a percepção da população estudada em relação aos problemas oriundos da es-cassez de água.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no bairro Sá Viana que está localizado na região do Itaqui-Bacanga em São Luís. O municí-pio, por sua vez, pertence a Ilha de São Luís que abriga em seu território quatro municípios: São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa. O bair-ro está compreendido entre o Campus Cidade Universitária Dom Delgado da Universidade Federal do Maranhão e o Rio Bacanga (figura 1).

Adotou-se a pesquisa exploratória de caráter qualitativo. Para a coleta de dados foram utilizados o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo (ob-servação participante, diários de cam-po, turnê guiada e entrevistas em gru-po) conforme orientam Fonseca (2002) e Viertler (2002) para estes tipos de pes-quisa.

Foram selecionadas, no período de abril a junho de 2016, bibliografias e in-formações referentes ao tema nas bases de dados, tais como o Google Acadêmi-co e Scientific Electronic Library On-line. Ressalta-se que foi realizada uma triagem no material obtido, visto a limi-tação de tempo para a realização deste trabalho.

A pesquisa de campo contou com o apoio da União dos Moradores do Sá

Viana e caracterizou-se pelas investiga-ções em que, além da pesquisa biblio-gráfica e/ou documental, realiza a coleta de dados junto a pessoas, com o uso de diferentes ferramentas, como:

• Observação participante: onde busca-se compreender as intera-ções existentes entre o homem e o seu meio, observando o dia-dia da comunidade e suas tarefas re-lacionadas;

• Turnê-guiada: com a realização de visitas frequentes ao bairro onde as primeiras relações com os moradores foram estabeleci-das e os questionamentos foram formulados;

• Diário de campo: instrumento que permitiu o registro das infor-mações, observações e reflexões surgidas no decorrer da investi-gação ou no momento observado e;

• Entrevistas em grupo: onde gru-pos de moradores responderam simultaneamente ao roteiro de questões de maneira informal.

Dessa forma, a pesquisa de campo foi realizada entre janeiro e agosto de 2016, totalizando cerca de oito meses de

trabalho e cinco idas ao campo. Foram entrevistados 15 moradores por meio de entrevistas coletivas.

As entrevistas, antes da primeira ida a campo, seriam realizadas na sede da União de Moradores do Sá Viana. No entanto, devido a dificuldade logística apontada pelos moradores e pelos mem-bros da União, optou-se por ealiza-las em dois locais da comunidade: Rua Ca-mínia Corrêa e Rua Militana Ferreira. Embora outras regiões da comunidade também tenham sido visitadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior parte dos serviços de abas-tecimento de água e esgotamento sa-nitário, na capital, são prestados pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão – CAEMA. São quatro os sistemas de distribuição de água: Italuís, Sacavém, Paciência e Cidade Operária. A maior parte do abastecimento do mu-nicípio e do bairro Sá Viana é realizado pelo Italuís, que tem como fonte o rio Itapecuru, cuja bacia hidrográfica está localizada no continente.

Contudo, apesar de haver o serviço, a comunidade enfrenta o problema da fal-ta d’água há pelo menos 30 anos. A rede

Figura1 - Localiação do bairro Sá Viana, Maranhão, Brasil.

Fonte: Adaptado do Google Earth (2016).

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de abastecimento de água existe, mas al-gumas casas não recebem água há déca-das, outras passam meses sem receber e algumas recebem três vezes na semana durante um período do dia. Apesar do problema, todos os moradores recebem mensalmente a cobrança da taxa do ser-viço de abastecimento de água.

Diante a ineficiência do sistema de abastecimento na localidade, os comu-nitários são obrigados a recorrer a fon-tes alternativas de captação de água. Foi possível observar seis fontes utilizadas, bem como seus usos preponderantes e a dependência que apresentam em rela-ção a cada uma, conforme observado na

tabela 1.

Os poços, as cisternas e as torneiras são as principais fontes. Existem dois poços comunitários no bairro. Os dois são abastecidos por manancial subter-râneo e um deles recebe também con-tribuições de água da chuva. Resultados semelhantes quanto a utilização de po-ços de água subterrânea sem tratamen-to em um bairro de Manaus foram en-contrados por Giatti et al., 2010.

Para melhor atender a comunidade, os moradores construíram um batente próximo para facilitar a lavagem de rou-pas e utensílios, conforme observado na figura 2.

Tabela 1 - Fontes de água, usos preponderantes e dependências de moradores.

Figura2 - Poços de captação de água de batente para atividades domésticas, no bairro Sá Viana, São Luís, M, Brasil.

Fonte: Registro da pesquisa.

A maioria dos moradores do Sá Viana possui uma cisterna em casa (figura 3) alo-cadas na calçada. A capacidade de armazenamento e o revestimento das mesmas pode variar de acordo com o poder aquisitivo de cada família. Usualmente, os moradores enchem as cisternas preferencialmente com água da chuva ou dos poços e em alguns casos com água de caminhão pipa. Assim, bombeiam a água da cisterna para a caixa

d’água para alimentar as instalações hi-drossanitárias da residência. De acordo com Lordelo e colaboradores (2016), os corpos de água superficiais sofrem contínuo processo de degradação am-biental, relacionados com descargas de efluentes domésticos e outros proble-mas que acarretam na alteração na qua-lidade das águas. As águas de chuvas, por sua vez, pelo fato de não manter contato com a superfície terrestre po-dem ofertar água de melhor qualida-de para a população que a utiliza.

Outra fonte muito utilizada são as torneiras comunitárias. Existem três no bairro. Os moradores relatam beber des-ta água após a mesma ser coada com um pano limpo. No entanto, segundo eles, ela não é indicada para crianças e bebês.

Com dependência menor, devido ao alto custo, estão o caminhão pipa e os galões de água. Por sua vez, os entrevis-tados relatam também que adquirirem água mineral pelo menos três vezes por semana e esta é usada preferencialmen-te para beber.

Figura 3 - Cisternas individuais no bairro Sá Viana, São Luís, MA, BRASIL.

Fonte: Registro da pesquisa.

A problemática do abastecimento de água no bairro leva a comunidade a de-senvolver artifícios para conviver com o problema e enfrentar as adversidades presentes no dia-a-dia. Contudo, a con-vivência tem resultado em efeitos nega-tivos a qualidade de vida dos moradores ao longo dos anos.

Os comunitários relatam que têm sua saúde prejudicada por conta do proble-ma e os distúrbios dolorosos são os mais recorrentes. Os moradores têm consci-ência que o possível contato com água contaminada, como a ingestão de água de fontes menos seguras, pode acarretar em agravos à saúde. Contudo, os mes-mos não sabem quais doenças podem acometê-los nesses casos e chegaram a perguntar quais seriam. De acordo com a FUNASA (2016), a ingestão de água contaminada ou o contato com a mesma pode vir a desencadear doenças como: amebíase, cólera, febre tifóide, hepatite

A, hepatite E, doenças diarreicas agu-das, giárdia e leptospirose.

Houveram relatos de pessoas que desenvolveram doenças na coluna cer-vical por conta da necessidade de cap-tar e transportar água desde a infân-cia. Embora recorrentes, poucos são os estudos que se dedicam a avaliar estes problemas, no entanto, Orrico (2005) observou entre moradores do semiárido nordestino que a constância de um peso excessivo sobre a coluna cervical seja provavelmente um fator relevante que contribui para o agravamento do pro-blema, especialmente àqueles morado-res que desde muito jovens caminham longas distâncias para captação de água.

Geralmente, as crianças e os jovens ficam incumbidos da tarefa de encher os recipientes quando a água está dis-ponível nas torneiras, além de ajudarem a transportar os volumes captados nos poços e torneiras comunitárias.

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Além disso, os residentes mais ido-sos reclamam que por conta da idade não conseguem mais carregar utensílios com peso excessivo ou caminhar gran-des distâncias até a fonte mais próxima de água. Devido a esse fato, os idosos tendem a gastar mais dinheiro para comprar água de caminhão pipa ou en-cher os galões com maior frequência.

Os moradores não têm perspecti-va de melhora para a problemática do abastecimento de água no bairro. Eles acreditam que se o problema não foi sanado quando a disponibilidade de água no mananciais era maior, no fu-turo também não o será, e creem que a disponibilidade possa diminuir com os anos. Além disso, quanto às melhorias que possam a vir a ser implantadas pela CAEMA no bairro, a comunidade tam-bém se mostra desacreditada. Os mora-dores mais antigos relatam que há dé-cadas o problema vem sendo discutido com a Companhia e nada é feito para solucionar o problema. De acordo com a União de Moradores, os representan-tes da concessionária afirmaram que projetos com vistas a tornar a rede do Sá Viana independente da que abaste-ce a UFMA estão em fase de tramitação. Contudo, a comunidade demonstra can-saço à espera de soluções, muitos mora-dores tem procurado a Companhia para interromper a ligação da residência com a rede de abastecimento com o objetivo de congelar as cobranças das taxas pro-feridas pela CAEMA. Relatou-se que as dívidas de algumas pessoas passam de R$ 2.000 sendo que as mesmas nunca re-ceberam água em casa. Diante de fatos como esse, a comunidade do Sá Viana não apresenta perspectivas de melhora da situação.

CONCLUSÕES

O sistema de abastecimento público de água ofertado pela concessionária não é eficiente no bairro Sá Viana, uma vez que não apresenta abrangência ou

regularidade. Apesar disso, os mora-dores recebem as cobranças referentes à oferta do serviço pela concessioná-ria, mas não são contemplados com o recurso há meses ou anos. Diante da problemática, os comunitários se veem obrigados a procurar outras fontes para suprir suas necessidades, especialmente os poços e as cisternas.

Sugere-se que a CAEMA busque me-didas emergenciais e efetivas para sanar o problema gerado pela ineficiência do serviço prestado no bairro.

Uma alternativa seriam as ações de reparos e intervenções emergenciais promovidas pelo programa Água para Todos, lançado em 2015 pelo Governo do Estado do Maranhão. O programa trabalha para ampliar o abastecimento de água nas cidades com os menores Índices de Desenvolvimento Humano – IDH no estado, por meio da ampliação das redes de abastecimento e perfura-ções de poços.

Além disso, faz-se necessário o in-vestimento em ações de educação sani-tária na comunidade para que os comu-nitários tenham acesso a informações referentes aos cuidados a serem toma-dos como: purificação de água para con-sumo, higienização de materiais para captação nas fontes, acondicionamento de água em recipientes adequados, en-tre outros.

Por último, destaca-se que este es-tudo servirá de base para o pleito de financiamento junto à instituições de fomento para realização de ações ex-tensionistas e de implementação de tec-nologias sociais com vistas à educação sanitária e mobilização socioambiental na comunidade.

REFERÊNCIAS

FUNASA. Manual de cloração de água em pequenas comunidades. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Brasília, 2016. Disponível em:

<www.funasa.gov.br/site/wp.../ manu-aldecloracaodeaguaempequenascomu-nidades.pdf > Acesso em: 12 ago. 2016.

GIATTI, L.L.; NEVES, N.L.S.; SARAIVA, G.N.M.; TOLEDO, R.F. Exposição à água contaminada: percepções e práticas em um bairro de Manaus / Estado do Ama-zonas, Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, 28(5):337-43, 2010.

LORDELO, Lidiane Mendes Krus-chewsky; BORJA, Patrícia Campos ; PORSANI, Milton José; ANDRADE, Jailson Bittencourt; MORAES, Luiz Ro-berto Santos. Condições de abasteci-mento de água a partir da captação de águas de chuva nas cisternas do P1MC: um estudo no município de Abaré-BA. In: XVII Simpósio luso-Bra-sileiro de Engenharia Sanitária e Am-biental, 2016, Florianópolis. Anais do XVII SILUBESA. Rio de Janeiro: ABES/APR/APESB, 2016. v. 1. p. 1-8.

MONTEIRO, Solange. Metas ambicio-sas. Revista Conjuntura Econômica, v. 68, n. 7, p. 60-62.http://bibliotecadi-gital.fgv.br/ojs/index.php/rce/article/viewFile/47949/45779. Acesso em: 13 ago. 2016.

ORRICO, S. R. M. Sistema associativo de saneamento e seus efeitos sobre a população em comunidades do se-mi-árido baiano.Tese - Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo, 2005.

RAZZOLINI, M.T.P; GUNTHER, W.M.R. Impactos na saúde das deficiências de acesso a água. Saúde e Sociedade. 17: 21-32. 2008.

SNIS. Ministério das cidades. Diagnós-tico anual de serviços de água e es-gotos – 2014. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Na-cional de Informações do Saneamento. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.snis.gov.br/diagnostico-agua-e--esgotos/diagnostico-ae-2014>. Acesso

em 22 mar. 2016.

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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DOS MORADORES PRÓXIMOS AO LIXÃO NA COMUNIDADE

DO TIMBUBA, SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, MARANHÃO

Lucas Vinicius de Aguiar AlvesGraduação em Geografia - UFMA

E-mail: [email protected] Larissa Thaís de Santos Macedo

Graduação em Geografia - UFMA E-mail: [email protected] Matheus Prudêncio Ericeira

Graduação em Geografia - UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: Os lixões ao longo do Brasil tem se demonstrado uma problemática socioambiental inerente ao crescimento urbano das cidades, principalmente nas grandes regiões metropolitanas. A comunidade do Timbuba, localizada na cidade de Paço do Lumiar, Maranhão, tem sua qualidade de vida afetada por um depósito irregular de lixo, o “lixão” do Timbuba. Nesta perspectiva, o presente trabalho busca inves-tigar as condições socioambientais que caracterizam a vulnerabilidade socioambiental da comunidade. Para investigação e abordagem do problema, utilizou-se respectivamente o método hipotético-dedutivo e conceito de Sistema Ambiental Urbano (SAU), contido no paradigma da Geografia socioambiental. Os procedimentos metodológicos consistiram na aplicação de 44 formulários a população buscando sempre desenvolver um ambiente de rapport. O formulário contemplou perguntas acerca da saúde, qualidade de vida, participação política e acesso a serviços públicos. Os resultados apontam um relativo decréscimo da qualidade de vida da população em virtude de serviços públicos ainda incipientes e proximidade ao lixão. Neste sentido, o estudo concluiu que a população pode ser caracterizada com certa vulnerabilidade socioambiental, necessitando dessa forma de ações políticas que venham a amenizar a situação.

Palavras-chave: Condicionantes Socioambientais. Vulnerabilidade Socioambiental. Timbuba.

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INTRODUÇÃO

Os lixões constituem uma problemá-tica socioambiental amplamente obser-vada no Brasil. É comum a prática de instalação de lotes para deposição de resíduos sólidos urbanos em áreas sem licenciamento ambiental, como beira de estradas ou margens de rios. Esta práti-ca repercute de tal forma que os depó-sitos tecnogênicos urbanos podem ser considerados um caso grave de saúde pública, ao gerar as finanças do governo um gasto anual de R$ 1,5 bilhão através do SUS (ISWA; ABRELPE, 2015). Neste sentido, os “lixões” contribuem para a vulnerabilidade socioambiental.

A comunidade do Timbuba, locali-zada em São José de Ribamar, pode ser considerada vulnerável socioambiental-mente ao situar-se próxima a uma área irregular de depósito de resíduos sóli-dos urbanos, fronteiriça entre os mu-nicípios de Paço do Lumiar e São José de Ribamar, Maranhão, o que dificulta a gestão dos resíduos sólidos. Mesmo com todas as mobilizações politicas das comunidades vizinhas em torno do “li-xão”, o problema persiste.

Baseado nesta perspectiva desenvol-veu-se neste trabalho através da apli-cação de formulários na população do Timbuba, objetivando-se analisar diver-sos aspectos da comunidade relaciona-dos a dados sociodemográficos acesso a serviços públicos urbanos, participação politica, saúde e qualidade de vida no visando apontar condições sociombien-tais que contribuem para a caracteriza-ção da vunerabilidade socioambiental da comunidade do Timbuba. Em conso-nância a este objetivo, buscou-se tam-bém

MATERIAL E MÉTODOS

Como métodos de investigação da temática proposta utilizou-se o método hipotético-dedutivo dividido por Karl Popper em quatro: conhecimento pré-

vio, problema, conjecturas e falseamen-to (MARCONI e LAKATOS, 2003), como abordagem, elegeu-se o conceito de Sis-tema Ambiental Urbano (SAU) proposto por Mendonça (2001) que está contido no paradigma da Geografia Socioam-biental o qual sugere que a solução dos problemas socioambientais urbanos de-vam se estabelecer de maneira integra-da, holística e conjuntiva. A pesquisa baseou-se em estudos como os de Costa (2009) e Fonseca (2011) que investigam a problemática no local. Fez-se também um levantamento de dados produção e deposição estadual de resíduos só-lidos urbanos (RSU) entre 2013 e 2014 (ABRELPE, 2015), verificação da ocor-rência de doenças ligadas à questão es-pacial na área, observação dos serviços públicos. Como procedimento metodo-lógico realizou-se ainda a aplicação de 44 formulários aos moradores adotando a amostragem sistemática e o estabele-cimento do rapport nas abordagens. Os formulários contemplavam perguntas acerca da saúde, bem estar e qualidade de vida dos habitantes, a noção deles sobre representatividade e participação política nas audiências públicas além do conhecimento dos mesmos sobre a lei federal 12305/2009 e resolução CONA-MA nº 404/2008 que versam sobre o Pla-no Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o licenciamento ambiental para insta-lação de aterro sanitário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comunidade do Timbuba localiza--se na zona rural do Município de São José de Ribamar, Maranhão, as margens do Rio Paciência, próximo de um de-pósito tecnogênico urbano (figura 1) o qual se localiza a 2º 31’ 33” S e 44º 4’ 13” O, em uma área de fronteira municipal entre os municípios Paço do Lumiar e São José de Ribamar, recebendo resídu-os sólidos urbanos dos dois municípios. No local, foram encontrados resíduos de toda sorte como resíduos de construção

e demolição, (RDC); resíduos de serviços de saúde (RSS) e Resíduos tóxicos (RT). Outras localidades próximas como Mul-tirão, Pau Deitado e Canavieira também são relativamente afetadas.

O formulário demonstrou alguns impactos indiretos à saúde da popula-ção como o incômodo gerado pelo pela irritação respiratória ocasionada pela fumaça advinda de incêndios no lixão, frequentes no período seco e odor do material em decomposição no lixão, co-mum no período chuvoso. Muitos popu-lares (11 respostas) relataram também ter adquirido alguma doença nos últi-mos tempos como doenças respiratórias (6 relatos), Dengue (1 relato) e desinte-ria (3 relatos). Também se constatou que os moradores residem na área bem anteriormente a instalação do lixão (em torno de 10 anos atrás). 33 moradores alegaram residir na área há 15 anos ou mais. Chama a atenção também a pro-veniência da água, visto que 25 morado-res afirmaram consumir água de poços

artesianos.

No geral, os habitantes da comuni-dade não tem conhecimento específico sobre a legislação que trata da deposi-ção de resíduos sólidos o que dificulta a atuação e reinvidicação cidadã deles. A comunidade do Timbuba alega que já ocorreram várias reuniões municipais prometendo regularizar a situação.

CONCLUSÕES

Apesar de não se ter realizado um inquérito clínico acerca das enfermida-des relatadas pelos moradores da área, o risco de agravos a saúde relaciona-dos ao lixão é eminente devido o fato dos entrevistados residirem próximo a um depósito irregular de resíduos só-lidos além da procedência da água ser em muitos casos, de poço artesiano. Os resultados apontam uma ocorrência re-lativa de enfermidades provavelmente ligadas ao lixão (11 casos).

Percebeu-se, que mesmo quando

Figura 1 - Localização do lixão na comunidade do Timbuba, Paço do Lumiar e São José de Ribamar, Maranhão.

Fonte: Acervo da Pesquisa.

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boa parte dos moradores da comuni-dade não relatou os agravos em saúde mencionados seja por ausência de um diagnóstico profissional ou até mesmo desconhecimento dos sintomas, a gran-de a maioria reclamou de sensações de mal estar e desconfortos gerados pela irritação respiratória ocasionada seja pela incineração dos resíduos, seja pelo odor liberado por ele. Estes relatos de-monstram um decréscimo significativo da qualidade de vida e inexistência de uma saúde plena. Neste sentido, cabe recomendar uma investigação epide-miológica feita pela academia sobre os moradores da área no intuito de se iden-tificar possíveis doenças que possam ter uma ligação proximidade ao lixão.

Chega-se a conclusão que a comuni-dade é relativamente afetada pela pre-sença do depósito irregular de resíduos, podendo-se caracterizá-la como vulne-rável socioambientalmente. A atuação politica ainda não se revelou efetiva na resolução do o problema. É urgente a intervenção das administrações publi-cas dos municípios no que diz respeito ao findamento do lixão, a degradação do ambiente prejudica não somente a comunidade do Timbuba, como outras comunidades vizinhas em torno da área.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EM-PRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2014. Disponível em:<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf>. Acesso em 20 out. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-MAS TÉCNICAS. NBR 6023/2002, de 29 de Setembro de 2002. Fixa a ordem a dos elementos das referências e es-tabelece convenções para transcrição e apresentação da informação origi-nada do documento e/ou outras infor-mações. Portal da Justiça eleitoral [da

república federativa do Brasil]. Dispo-nível em:<http://www.usjt.br/arq.urb/arquivos/abntnbr6023.pdf>. Acesso em 12 nov. 2016.

BRASIL, lei nº 12305/2010, de 2 de Agosto de 2010. Institui a política na-cional de resíduos sólidos; altera a lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário oficial [da república federativa do Brasil]. Dispo-nível:< http://www.planalto.gov.br/cci-vil_03/ _ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 26 out.. 2016.

COSTA, Danilo Medeiros. O lixão e a questão ambiental no Povoado de Canavieira no município de São José de Ribamar - MA. 2009. 66 f. Mono-grafia (graduação em Geografia) - De-partamento de Geociências, Universida-de Federal do Maranhão, São Luís. 2009.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, resolução CONAMA nº. 404/2008, de 11 de novembro de 2008. Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sa-nitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos; revoga a Resolução CONAMA n° 308/02. RESOLUÇÃO CO-NAMA n° 404, de 11 de novembro de 2008 Publicada no DOU nº 220, de 12 de novembro de 2008, Seção 1, página 93. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_2008_404.pdf>.

FONSECA, Ideneilson Pereira. Proble-mática socioambiental decorrente da destinação inadequada de resí-duos sólidos no lixão do povoado de Iguaíba em Paço do Lumiar – MA. 2011. 62 f. Monografia. (graduação em Geografia) – Departamento de Geoci-ências, Universidade Federal do Mara-nhão, São Luís. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GE-OGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades. Disponível em:<http://ci-

dades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?cod-mun=211120>. Acesso em 29 mar. 2016.

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________________. Técnicas de pesqui-sa. In:__________. Fundamentos de Metodologia Científica (orgs). 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 174-214.

MENDONÇA, F. A. Geografia Socio-ambiental. In: Paradigmas da Geogra-fia. Terra Livre. Parte 1. n.16. p.113-132, 2001.

O GLOBO. Lixões provocam pre-juízo anual de R$ 1,5 bi à saúde, 30/09/2015. Disponível em:<http://oglobo.globo.com/sociedade/sustenta-bilidade/lixoes-provocam-prejuizo-anu-al-de-15-bi-saude-17644848 >. Acesso em 15 nov. 2016.

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ANÁLISE ESPACIAL DE CASOS LEISHMANIOSE VISCERAL NO OESTE MARANHENSE

Audivan Ribeiro Garcês Junior Mestrando em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Vieira da Silva

Mestranda em Saúde da Criança e do Adolescente - UFMA E-mail: [email protected]

Luiza Costa Ferreira Mestranda em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Aurélio Neri Torres

Graduando em Geografia - UFMAE-mail: [email protected]

Larissa Rodrigues Marques Graduanda em Geografia - UFMA

E-mail: [email protected] da Silva Bastos

Mestre em Saúde e Ambiente - UFMAE-mail: [email protected]

Zulimar Márita Ribeiro Rodrigues Professora do Departamento de Geociências - UFMA

E-mail: [email protected]é Aquino Júnior

Professor do Departamento de Geociências - UFMAE-mail: [email protected]

RESUMO: Este estudo analisa a distribuição espacial dos casos de leishmaniose visceral notificados na mesorregião Oeste Maranhense entre os anos de 2007 e 2014 para fomentar a discussão do panorama da doença no estado. A partir das notificações realizadas no período do estudo, foram elaborados mapas te-máticos utilizando técnicas de geoprocessamento. Identificou-se que ano de 2009 e 2012 destacam-se por apresentarem o maior e o menor número de casos, 259 e 96 respectivamente, destacando os municípios de Açailândia e Imperatriz que registraram os maiores números de notificação, estes são os que possuem maior urbanização da área de estudo. Conclui-se que a presença de notificações na quase totalidade de municípios revela franca expansão da leishmaniose visceral e permanência do mesorregião no status de epidêmico para a doença.

Palavras-chave: Leishmaniose Visceral. Análise Espacial. Geoprocessamento.

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INTRODUÇÃO

As leishmanioses são consideradas primariamente como uma zoonose po-dendo acometer o homem, quando este entra em contato com o ciclo de trans-missão do parasito, transformando-se em uma antropozoonose. A Leishma-niose Visceral (LV) ou Calazar é caracte-rizada como uma doença infecto parasi-taria, não contagiosa, de curso crônico, que quando não utilizado o tratamento adequado e completo pode levar o pa-ciente a óbito em 90% dos casos, além de resultar de surtos epidêmicos com elevadas taxas de letalidade (TEIXEI-RA, 1980; GENARO, 1995; GONTIJO e MELO, 2004).

A Organização Mundial de Saúde em sua 60ª Assembleia Mundial de Saúde apontou as leishmanioses como uma das doenças tropicais mais negligen-ciadas (WHO, 2007). Atualmente, esta patologia acomete quatro continentes e são classificadas como endêmica em 88 países, sendo que destes, 77 são países em desenvolvimento.

O primeiro caso notificado de LV no Brasil foi no ano de 1913, no município de Boa Esperança no Estado de Mato Grosso. Logo, se identificou o Lutzomya longipalpis como o vetor de transmis-são e logo após, descobriram os primei-ros casos de infecção canina, sendo a transmissão notificada em quase todas as regiões do Brasil, com exceção da re-gião Sul (ALENCAR e DIETZ, 1991).

Nos anos 90, a prevalência de LV (92,9%) estava concentrada na região nordeste, no entanto, em 2011 esta re-gião apresentou 47,8% dos casos da do-ença no país. A região nordeste ainda possui a maior concentração de casos, mas a LV está expandindo para as de-mais regiões do Brasil (BRASIL, 2012).

Nas últimas três décadas, é possível observar uma urbanização da LV, este fenômeno deve estar relacionado à ação antrópica, a migrações populacionais,

as alterações ambientais, o aumento na interação com animais silvestres e ca-chorro e por fim, a facilidade do vetor se adaptar aos ambientes urbanos, periur-banos e peridomiciliar (BRASIL, 2006). Esta mudança no perfil epidemiológico também pode estar relacionada a baixa condição socioeconômica, ao desmata-mento e ao crescimento desordenado das cidades sem infraestrutura sanitária, expondo a população aos fatores de ris-co que podem facilitar o acometimento pela LV (GONTIJO e MELO, 2004; BA-RATA et al, 2005).

Atualmente para se estudar e analisar doenças endêmicas estão sendo utiliza-dos as tecnologias de Geoinformação para dar suporte as análises ambientais auxiliando na visualização de ocorrên-cias na saúde pública. A capacidade de integração de informações dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) tor-na mais eficaz, sintetizando, acelerando e automatizando a análise epidemioló-gica da situação de saúde pública.

Diante disto, este trabalho tem como objetivo representar a distribuição de casos de LV na mesorregião Oeste Ma-ranhense, utilizando técnicas de geo-processamento para tentar compreen-der a dinâmica desta doença no período de 2007 a 2015.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

O estado do Maranhão está localiza-do no nordeste do Brasil, possuindo um território de 331.936,9 Km², faz divisa ao norte com o Oceano Atlântico, ao Sul com o Tocantins, a Leste com o Piauí e a Oeste com o estado do Pará e o To-cantins.

Possui uma população estimada em 6.574.789 habitantes segundo o Censo realizado pelo IBGE em 2010, o estado também está organizado em 5 mesor-regiões (norte maranhense, sul mara-nhense, leste maranhense, oeste mara-

nhense e centro maranhense).

A área de estudo compreende a Me-sorregião do Oeste Maranhense, que possui 52 municípios maranhenses, dentre os mais importantes estão Im-peratriz, segundo maior município do Maranhão em número de habitantes e com um grande importância econômica para estado, Açailândia, Santa Inês e Zé Doca. Esta Mesorregião possui uma po-pulação de aproximadamente 1.361.681 habitantes e agrupa três microrregiões: Gurupi, Imperatriz e Pindaré, fazen-do limite com o estado do Pará (IBGE, 2012).

Esta área do Maranhão é defini-da como Pré-Amazônia Maranhense (IBGE, 1992), por apresentar caracterís-ticas de Floresta Ombrófila Densa com vegetação secundária e manguezais no litoral. Sua hidrografia é formada por rios importantes para o estado, como o Gurupi (limítrofe com o Pará), Pindaré, Grajaú e Tocantins (FEITOSA e TRO-VÃO, 2006). O clima é caracterizado como tropical equatorial com 4 a 5 me-ses secos, com médias térmicas em tor-no de 26° e pluviosidade entre 1500mm e 2000mm anual (MENDONÇA e DAN-NI-OLIVEIRA, 2007).

Atualmente a área oeste do Mara-nhão vem passando por diversos impac-tos ambientais decorrente da implan-tação de projetos industriais, como a ferrovia Carajás, empresas de celulose, com o avanço da fronteira agrícola e a ação de madeireiras, que transforman-do o ambiente natural e ocasionando o crescimento das cidades de forma de-sordenada.

Estas condições condicionam carac-terísticas de ambientes propícios ao de-senvolvimento de diversas doenças tro-picais, como as leishmanioses, malária, febre amarela, dengue, dentre outras doenças que necessitam de vetores para suas transmissão e que só se desenvol-vem em certas condições climáticas.

Fonte de dados e construção de ma-pas

Os dados referentes aos casos de Leishmaniose Visceral Humana noti-ficados no período de 2007 a 2014, fo-ram cedidos pela Secretária Estadual da Saúde do estado do Maranhão. Para organização e tabulação dos dados foi utilizado o pacote de planilhas da Mi-crosoft Excel®, posteriormente foi rea-lizada a espacialização dos dados utili-zando o software ArcGis® 10.1, através do método de variação espacial discreta, com a distribuição de números de casos por uma área delimitada (municípios) (DRUCK et al, 2004), produzindo mapas coropléticos que subsidiaram as análi-ses espaciais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise do banco de dados cedido pela SES-MA, foram notificados 6.523 casos de LV em todo o estado no período de 2007 a 2014. A mesorregião Oeste Maranhense registrou 1.411 casos neste período, sendo a terceira mesorre-gião em número de notificações. O ano de 2009 foi o que registrou o maior nú-mero de casos para o período, com 259 e 2012 registrou o menor número, com 96 casos.

Os municípios com maior número de notificações são Açailândia, com 350 ca-sos, Imperatriz com 244, Santa Inês com 150 e João Lisboa com 145 casos. Estes municípios registraram em todos os anos casos de LV, o que indica a preva-lência da doença na região. A partir da espacialização de casos por município, percebe-se que mesmo registrando pou-cos casos, a cada ano houve novos mu-nicípios notificando casos, com exceção dos municípios do extremo norte que não possuíam informações (FIGURA 1).

tO uso das tecnologias de geoinfor-mação para suporte às análises am-bientais e na geografia da saúde tem

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Figura1 - Mapa de casos de Lv entre 2012 e 2014.

Fonte: Dados da SES, 2015, elaborados pelos autores.

sido cada vez mais utilizado em estudos epidemiológicos, inclusive relacionados a doenças de grande impacto na saúde pública, como a dengue e as leishmanio-ses. A capacidade de integração de in-formações dos Sistemas de informações Geográficas (SIGs) torna as análises epi-demiológicas mais eficazes e rápidas, in-corporando não somente o tempo, mas também o espaço nas análises em saú-de, item este muitas vezes fundamen-tal no planejamento das ações de pre-venção, controle e combate de doenças (BRASIL, 2006; DANTAS-TORRES et al., 2006; MULLER et al., 2002).

O panorama epidemiológico da LV deixa clara sua franca expansão no Ma-ranhão e um cenário endêmico não sa-tisfatório para as áreas estudadas. Em análise ao consolidado do período, ape-nas 6 dos municípios não notificaram a doença. Na análise bianual da distribui-ção da doença, houve um avanço signi-ficativo de casos pelo estado. Assim, in-fere-se que mesmo com vários anos de

diretrizes apontadas pelo Ministério da Saúde em seu Programa de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV), as ações não conseguem ter sucesso e controlar a epidemia no estado.

CONCLUSÕES

Neste estudo foi evidenciado uma expansão da doença nos municípios da região oeste maranhense, área que com-preende a Amazônia Legal brasileira e que vem ao longo dos anos passando por grandes modificações de suas carac-terísticas naturais, sobretudo em conse-quência do desmatamento ocasionado por madeireiras na região, bem como pela expansão das cidades com a im-plantação de projetos industriais que fa-voreceram um boom populacional nos últimos anos em algumas cidades, como Açailândia e Imperatriz.

As mudanças ambientais sozinhas não são suficientes para a geração de epidemias de leishmaniose, a mudança no perfil epidemiológico se associa tam-

bém a vulnerabilidade socioeconômica das regiões. A mobilidade das pessoas para centro mais desenvolvidos e o bai-xo impacto das ações de vigilância epi-demiológica e das medidas de controles utilizadas, quando não ausentes, ajudam a responder pela expansão da doença.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, J. E.; DIETZE, R. Leishma-niose Visceral (Calazar). In: VERONESI, R. Doenças infecciosas e parasitá-rias. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

BARATA, R. A. et al. Aspectos da eco-logia e do comportamento de fleboto-míneos em área endêmica de leishma-niose visceral, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v.38, n.5, p.421-425, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamen-to de Vigilância Epidemiológica. Ca-sos confirmados de Leishmaniose Visceral, Brasil, Grandes Regiões e Unidades Federativas, 1990 a 2011. 2012. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lv_ca-sos_05_09_11.pdf>. Acesso em 24 jan. 2016.

________. Ministério da Saúde, 2006. Abordagens Espaciais na Saúde Pú-blica. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz, volume 1.

DANTAS-TORRES, F.; BRANDÃO--FILHO, S. P. Expansão geográfica da leishmaniose visceral no estado de Per-nambuco. Revista da Sociedade Bra-sileira de Medicina Tropical, Ubera-ba. V. 39., n. 4, jul.-ago. 2006, p. 352-356.

FEITOSA, A. C. e TROVÃO, J. de R. Atlas escolar do Maranhão: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: Editora Grafset, 2006.

GENARO, O. Leishmaniose tegumen-tar. In: NEVES, D. P. Parasitologia hu-mana. 8 ed. São Paulo: Atheneu, 1995. Cap.7. p.34-72.

GONTIJO, C. M. F.; MELO, M. N. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, 7 (3): 338-349, 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2012

MENDONÇA, F. e DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. v. 1. São Paulo: Ofici-na de Texto, 2007.

MULLER, E.P.L., Carvalho, M.L., Moy-sés, S.J., 2002. Sistemas de Informação Geográfica em Políticas Públicas. PUCPR. Disponível em: <www.sbis.org.br/cbis/arquivos/1002.pdf>. Acesso em: 23 de dezembro de 2015.

TEIXEIRA, R. Experiências vivi-das com leishmaniose visceral 1954\1980 (Aspectos epidemiológicos e evolutivos). Tese. Faculdade de Medi-cina da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1980.

WHO. WORLD HEALTH ORGANI-ZATION. Leishmaniasis. Disponível em:< http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs375/en/> . Acesso em: 13 jan 2015.

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ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DE CASOS DE VÍRUS ZIKA POR DISTRITO SANITÁRIO, SÃO LUÍS,

MARANHÃO, BRASIL*

Adriana Soraya Araujo Pós-graduanda em Saúde e Ambiente pela UFMA

E-mail: [email protected]é Aquino Junior

Prof. Dr. Adjunto do departamento de Geociências da UFMA E-mail: [email protected]

Maria dos Remédios F. Carvalho Branco Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente – UFMA

E-mail: [email protected] Marita Ribeiro Rodrigues

Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - UFMAE-mail: [email protected]

Walquiria do Nascimento Silva Pós-graduanda em Saúde e Ambiente pela UFMA

E-mail: [email protected] Ronad Mota Cavalcante

Pós-graduando em Saúde e Ambiente pela UFMA E-mail: [email protected]

Érica Natacha Batista CabralGraduada em Geografia pela UFMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela CAPES

RESUMO: Atualmente no Brasil as arboviroses – dengue, zika vírus e febre de chikungunya represen-tam sérios problemas de saúde pública, especialmente porque não se dispõe de vacinas contra essas doenças, o que, por sua vez, aumenta a importância do controle do vetor, o Aedes aegypti. O objetivo deste trabalho é analisar a distribuição espaço-temporal de casos de vírus zika de residentes em São Luís, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), relacionando-os com os sete distritos sanitários (DS). Estudo ecológico de dados secundários dos casos de vírus zika (ZIKV) em residentes de São Luís, Maranhão, Brasil, notificados e confirmados no sistema de agravos e notificação (SINAN) de Janeiro a setembro de 2016. Posteriormente, os dados foram refinados com Software Micro-soft Excel® (versão 2013) para descrição dos dados do SINAN e na elaboração dos mapas utilizou-se o software ArcGis 10.4®. No período estudado foram notificados e confirmados 2.662 casos de ZIKV com maior número absoluto nos meses de março, abril e maio. Houve predomínio do sexo feminino e da raça parda. O primeiro semestre concentrou maior frequência de casos. Em todos os DS houve registros de casos de ZIKV, com maior concentração no DS Bequimão, nesse distrito, o bairro do São Francisco apresentou maior registro de casos. O uso da ferramenta de análise espaço-temporal nos casos de zika permitiu visualizar e compreender de forma mais holística, as áreas de risco e de vulnerabilidade à do-ença no município de São Luís, sobretudo no perímetro urbano.

Palavras-chave: Análise Espacial. Vulnerabilidade em Saúde. Zika.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

As arboviroses apresentam uma im-portância considerável em saúde pú-blica, estão associadas frequentemente com surtos e epidemias, gerando im-pactos econômicos e sociais em muitos países (COELHO, 2015). Vários fatores têm contribuído para a emergência e disseminação das arboviroses, como dengue, Febre Chikungunya (CHIKV) e Febre do Zika Vírus (ZIKV), dentre eles a distribuição global dos vetores poten-ciais dessas doenças: o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, que exige maiores esforços da vigilância e controle (AZE-VEDO et al., 2015; GALATI et al., 2015).

O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus do gênero Flavivírus, família Flaviviri-dae, relacionado com o vírus dengue, vírus da febre-amarela e vírus do Nilo Ocidental, considerado assim, uma ar-bovirose emergente transmitida por mosquitos do género Aedes spp. A sua descoberta deu-se em 1947 na flores-ta Zika no Uganda, isolado em macaco Rhesus que servia para estudo do vírus da febre-amarela (LABEAUD, 2016).

O ZIKV provoca doença febril, acom-panhada por discreta ocorrência de ou-tros sintomas gerais, tais como cefaleia, exantema, mal estar, edema e dores ar-ticulares, por vezes intensas (VASCON-CELOS, 2015) e hiperemia conjuntival ou conjuntivite não purulenta Sintomas não específicos tais como mialgia, aste-nia (LA BEAUD, 2016).

O diagnóstico da infeção aguda pelo ZIKV pode ser realizado por meio de RT-PCR (amplificação por reação em cadeia da polimerase, antecedida de transcrição reversa), a partir de RNA di-retamente extraído do soro do doente, preferencialmente colhido até o sexto dia de doença (PINTO JUNIOR, 2015).

O principal meio de transmissão é o vetorial, porém existem outras possibi-lidades de transmissão comprovada em seres humanos, relação sexual, trans-

missão perinatal e transfusão sanguínea (MALLET, 2015). Existe também a evi-dência de transmissão pelo leite mater-no (DE FREITAS, 2016).

O Aedes aegypti, principal vetor transmissor dessas doenças está presen-te em todas as regiões do Brasil (BRAGA, 2007; COELHO, 2015). Na última década o número de municípios infestados no país aumentou contribuindo para a ex-pansão das áreas sob risco de transmis-são. Além disso, boa parte do país pos-sui padrões climáticos que favorecem as condições adequadas à reprodução e sobrevivência do vetor, como um clima tropical úmido e seco com altas tempe-raturas, umidade elevada e variações sa-zonais (TEIXEIRA et al., 2013).

Aliado aos aspectos climáticos ou-tros fatores contribuem para a prolife-ração dos vetores e consequentemente manutenção dessas doenças, tais como: precária infraestrutura das cidades, urbanização inadequada, com graves problemas de abastecimento de água e coleta irregular de lixo, ausência de maior consciência ambiental da popu-lação e pouca eficácia dos programas governamentais de controle dos vetores (KHORMI et al., 2011; COELHO, 2015).

No Brasil a situação epidemiológica dessa arbovirose representa uma rele-vante preocupação no cenário da saúde pública. Em 2015, foram registrados os primeiros casos confirmados de infec-ção do ZIKV no país, que surgiram pri-meiramente na Bahia e São Paulo, em seguida no Rio Grande do Norte, Ala-goas, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro (CAMPOS et al.; 2015, VASCONCELOS, 2015). Atualmente a circulação autócto-ne ocorre em todas as regiões do país (BRASIL, 2016a).

A infecção pelo ZIKV está associa-da à microcefalia, de acordo com o Mi-nistério da Saúde até a semana epide-miológica (SE) 45 (12 de Novembro de 2016) foram confirmados 2.159 casos

de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso associadas ao ZIKV, (BRASIL, 2016b). Além disso, a infecção por esse vírus também está relaciona-da com complicações neurológicas tar-dias, como a síndrome de Guillain-Bar-ré- SGB (ECDC, 2015; CARDOSO et al., 2015).

No Brasil houve aumento na incidên-cia de SGB após a epidemia de ZIKV. Em julho de 2015 foi confirmada a associa-ção da SGB com ZIKV a partir da iden-tificação do vírus em amostra de seis pacientes que apresentaram histórico de infecção pelo ZIKV (BRASIL, 2015).

No Maranhão o aumento da febre pelo vírus zika tem se tornado preocu-pante. Segundo o Ministério da Saúde até a semana epidemiológica (SE) 37 de 2016 (3/1/2016 a 17/09/2016) foram notificados e confirmados no Brasil 200.465 casos, no Estado do Maranhão 4.171 casos (BRASIL, 2016c), para o mu-nicípio de São Luís foram confirmados 2.662 casos (SEMUS, 2016).

A Secretaria Municipal de Saúde (SE-MUS) de São Luís-MA, tem desempe-nhado atividades de controle do ZIKV através da vigilância epidemiológica do Programa Municipal do Controle da Dengue (PMCD), utilizando a política de regionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), que divide o município em sete Distritos Sanitários (DS) para me-lhor adequação das políticas públicas voltadas à saúde. São sete os DS, sen-do seis na zona urbana (DS Centro, DS Bequimão, DS Cohab, DS Coroadinho, DS Tirirical, DS Itaqui-Bacanga e um na zona rural (DS Vila Esperança).

Nesse contexto, pesquisas são rele-vantes para conhecer a realidade dos locais em que se encontram os focos do mosquito transmissor, sendo fundamen-tal para a realização de intervenções e efetivas ações para o seu controle.

Dessa forma, o objetivo deste tra-balho é analisar a distribuição espaço-

-temporal de casos de víus zika (ZIKV) de residentes em São Luís, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), relacionando--os com os sete distritos sanitários (DS).

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados do SINAN foram obtidos na Superintendência de Vigilância Epide-miológica da SEMUS de São Luís – MA. Para coleta dos dados elaborou-se um questionário com as seguintes variáveis sociodemográficas (sexo; idade; locali-dade de residência; Distrito Sanitário de residência) e epidemiológicas (semana epidemiológica, mês e ano). Para rea-lização da análise estatística, os dados do SINAN foram transferidos para uma planilha Excel. Para a análise estatística foi utilizado o software STATA®, ver-são 10.0. As variáveis qualitativas são apresentadas em frequências absolutas e proporções, em tabelas e gráficos. Para a elaboração dos mapas, utilizou-se o software ArcGis 10.4®

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram notificados no período de Ja-neiro a Setembro de 2015, 2.662 casos de ZIKV, com maior ocorrência nos meses de março, abril e maio com 816, 713 e 377 casos respectivamente. Realizou-se a distribuição do número absoluto de casos do ano de 2016 por semana epi-demiológica. As semanas epidemioló-gicas de número 10, 11 e registraram os maiores números absolutos de casos (figura 01).

A distribuição dos casos de ZIKV, se-gundo o sexo, demonstrou predomínio do sexo feminino, 67,9%. A raça mais frequente foi à parda, 78,96%. Em rela-ção à faixa etária, do numero de casos ZIKV em São Luís, predominou entre 24 a 34 anos, com mais de 100 casos entre os meses de janeiro a setembro de 2016.

Realizou-se a distribuição por bair-ro e distrito sanitário (DS), de Janeiro a

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Setembro de 2016, todos os distritos sanitários tiveram registros (figura 02), sendo mais abrangente no distrito sanitário Bequimão (518 casos) sendo a maior frequência absoluta de casos por DS, seguido do DS Cohab e DS Tirirical. A espacialização dos casos de ZIKV por bairros, o São Francisco que pertence ao DS Bequimão foi o mais abrangente (375 casos). Além deste, os bairros que neste ano tiveram os maiores re-gistros de ZIKV foram: Coroadinho (77 casos), Vila Palmeira (57 casos) e Cruzeiro do Anil (51 casos).

Figura 01 - Distribuição de casos de ZIKV por semana epidemiológica. São Luís -MA, Janeiro a Se-tembro, 2016.

Figura 02 - Mapa de casos por distrito sanitário. São Luís -MA, Janeiro a Setembro, 2016.

Fonte: SINAN (2016).

Fonte: SINAN (2016).

CONCLUSÕES

O No município de São Luís foram notificados 2.662 casos de ZIKV de Ja-neiro a Setembro de 2016, com distri-buição nos sete DS e em todos os anos, relacionando-se com indicadores socio-ambientais e fornecendo informações sobre áreas de maior ou menor risco. Considerando que a suscetibilidade ao vírus ZIKV é universal, se faz necessário o controle dos vetores, identificação de áreas de alto risco e o reforço das práti-cas de prevenção no âmbito domiciliar e da comunidade, orientando as ações de vigilância e controle.

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ANÁLISE in silico DOS AGRUPAMENTOS GÊNICOS POTENCIALMENTE ENVOLVIDOS NA SÍNTESE DE

METABÓLITOS SECUNDÁRIOS EM DUAS LINHAGENS BACTERIANAS AMBIENTAIS DE

Exiguobacterium antarcticum*

Pablo Henrique Gonçalves Moraes Pós-doutorando em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Teixeira Dall’Agnol

Professor Adjunto. Campus de Bacabal - UFMAAmanda Monteiro Silva

Graduação em Biologia - UFMARaynara Carvalho Silva

Graduação em Biologia - UFMAIgor Santana Ribeiro

Graduação em Biologia - UFMAAna Carolina Silva Dutra

Graduação em Biologia - UFMAKarla Karoline Lindoso Pierote

Graduação em Biologia - UFMAHivana Patricia Melo Barbosa Dall’Agnol

Professora Adjunto. Departamento de Patologia - UFMAE-mail: [email protected] *Financiado pela CAPES e UFMA

RESUMO: A descoberta de agrupamentos de genes biossintéticos (BGCs) de metabólitos secundários pela mineração de genomas é uma tarefa promissora. Para tanto, várias ferramentas computacionais, com amplos bancos de dados, têm sido criadas para a busca automática destes agrupamentos de compos-tos bioativos as quais fornecem uma predição detalhada de clusters de genes de vias ribossomais ou não, e outros antimicrobianos. Apesar dos avanços nas tecnologias de sequenciamento genômico, pouco se sabe sobre a habilidade das bactérias extremófilas em produzir tais metabólitos secundários, a mineração destes genomas pode, portanto, levar à descoberta de novos compostos antimicrobianos a fim de tratar infecções resistentes à multidrogas. Aqui apresentamos uma investigação de BGCs nos genomas de duas linhagens da bactéria psicrotrófica Exiguobacterium antarcticum. As análises de genômica comparativa mostraram uma conservação entre os dois genomas. Foram encontradas entre 4 e 5 microcinas, 2 zooci-nas A e 1 candicidina, reforçando a importância biotecnológica desta espécie. Os resultados encontrados em nosso estudo indicam uma significativa diversidade metabólica de Exiguobacterium, com destaque para o potencial para produção de bacteriocinas e similares, conhecidas por sua ação microbicida. É ne-cessário aprofundar os estudos in silico dos agrupamentos promissores, caracterizando todos os genes envolvidos e elementos reguladores para embasar futuros trabalhos in vitro dos compostos selecionados.

Palavras-chave: AntiSMASH. Bacteriocinas. Microcinas. Mineração de Genomas. Psicrotrófica.

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INTRODUÇÃO

Metabólitos secundários de bactérias e fungos são uma rica fonte de com-postos químicos bioativos tais como enzimas, antibióticos, vitaminas, ami-noácidos e pigmentos de grande po-tencial para aplicação farmacêutica, em agricultura, têxtil, cosmética e nutrição (DURAN et al. 2002). Os genes que co-dificam as vias metabólicas responsá-veis pela produção destes metabólitos secundários são usualmente localizados agrupados no cromossomo bacteriano, formando a estrutura de um “Cluster” Gênico Biosintético (BGCs - Biosynthe-tic Gene Clusters), que codificam uma via de biossíntese para a produção de um metabolito especializado (incluin-do suas variantes químicas). Tornou-se possível identificar computacionalmen-te (in silico) milhares de agrupamentos desses genes em sequências nucleotídi-cas do genoma, explorar de forma siste-mática e priorizá-los para a caracteriza-ção experimental. (CIMERMANCIC et al. 2014).

O gênero Exiguobacterium é com-posto por bactérias Gram-positivas, que vêm sendo isoladas de diversos am-bientes tanto naturais quanto artificiais, com ampla faixa de pH e temperatura variando entre -12 e 55°C, sendo assim classificadas como microrganismos ex-tremófilos com amplo interesse biotec-nológico (VISHNIVESTSKAYA et al. 2009). A espécie psicrotrófica Exiguo-bacterium antarcticum foi isolada pela primeira vez a partir de um biofilme mi-crobiano formado em um lago na Antar-tica (FRÜHLING et al., 2002), sendo que dois genomas de linhagens desta espécie foram sequenciados até o momento; E. antarcticum B7 (CARNEIRO et al. 2012) e E. antarcticum DSM 14480 (VISHNI-VESTSKAYA et al. 2014), e o transcrip-toma da linhagem B7 (DALL’AGNOL et al. 2014). Assim, os genomas destas duas linhagens bacterianas ambientais foram

aqui utilizados para análises de genômi-ca comparativa, com foco principal na mineração de genes potencialmente en-volvidos com a produção de metabóli-tos secundários de interesse para saúde e ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS

As sequências de DNA genômico (arquivos em formato fasta) das linha-gens E. antarcticum B7 e DSM 14480 fo-ram obtidas a partir do banco de dados GenBank com os seguintes números de acesso NC_018665.1 e JMKS00000000, respectivamente. A comparação dos genomas foi realizada pelo programa BRIG (ALIKHAN et al. 2011). A plata-forma OrthoVenn (WANG et al. 2015) foi utilizada para a identificação de gru-pos ortólogos compartilhados e únicos entre os genomas, bem como para as visualizações.

Os prováveis clusters gênicos de me-tabólitos secundários foram identifica-dos através da ferramenta de predição antiSMASH (antibiotics & Secondary Metabolite Analysis Shell), versão 3.0 (WEBER et al. 2015), primeiramente utilizando os parâmetros padrões, e em seguida com as opções de análise de domínios PFAM, predição de números EC (Enzyme Commision) e o algoritmo ClusterFinder habilitados. Os genomas também foram analisados no servidor NaPDoS (Natural Produst Domain Se-eker) para domínios “KS” e “C” utilizan-do a configuração padrão (ZIEMERT et al. 2012). As bacteriocinas e peptídeos produzidos por ribossomos e modifica-dos pós-traducionalmente (RiPPs) fo-ram prospectadas utilizando o servidor BAGEL3 com a configuração padrão (VAN HEEL et al. 2013).

Os resultados obtidos da predição dos clusters de genes foram visualiza-dos, e quando necessárias, as anotações automáticas das regiões de interesse foram refinadas manualmente através

da ferramenta Artemis 16.0 (RUTHER-FORD et al. 2000) e BLASTp (Basic Lo-cal Alignment Search Tool), usada para identificar os domínios conservados (ALTSCHUL et al. 1990). Para comple-mentar e refinar a predição descrita aci-ma, os genes pertencentes aos clusters, descritos na literatura, foram pesquisa-dos dentro dos agrupamentos preditos computacionalmente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os genomas completos das linha-gens de Exiguobacterium antarcticum B7 e DSM 14480, totalizando sequências de DNA com 2.815.863 pares de bases (pb) e 3.219.480 pb, respectivamente, foram utilizados para análises de genô-mica comparativa. Um alinhamento do genoma completo, baseado no BLAST, foi desenvolvido e visualizado usando o BRIG. A imagem circular obtida cla-ramente mostrou a elevada similaridade entre as duas linhagens B7 e DSM 14480 (Figura 1A), evidenciando a conserva-ção entre estes genomas com relação ao conteúdo de bases guanina/citoci-na (GC). Adicionalmente, para melhor compreensão, 2595 grupos de genes

ortólogos (COGs) foram identificados como compartilhados entre os dois ge-nomas a partir da comparação das suas sequências de proteínas (Figura 1B). En-tretanto, 1 grupo de ortólogos, compos-to por duas proteínas hipotéticas sem função molecular conhecida, foi especi-ficamente identificado na linhagem B7, enquanto que, 14 COGs foram apenas identificados na linhagem DSM 14480 dentre os quais destacam-se a atividade de sideróforo transportador transmem-brana (GO:0015343) e transporte de bac-teriocina (GO:0043213).

Foram detectados com antiSMASH um total de 29 agrupamentos gênicos potencialmente envolvidos na síntese de metabólitos secundários na E. an-tarcticum B7 e 32 na E. antarcticum DSM 14480, sendo que destes, 13 e 12 agrupamentos, respectivamente, foram classificados como “putative”, um termo utilizado para sequências que, apesar de terem seu envolvimento na sínte-se de metabólitos secundários predito com sucesso, ainda não podem ser en-quadradas em uma categoria específica. Os agrupamentos gênicos identificados em alguma categoria específica incluí-

Figura 1 - Comparação dos genomas completos de E. antarcticum. A: Mapa circular cromossômico das linhagens. Cada círculo de fora para dentro: em vermelho, o genoma da linhagem DSM 14480 eviden-ciando a semelhança de 100% com B7. B: Histograma e diagrama de Venn que indicam o número de COGs compartilhados e únicos entre as linhagens.

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am as seguintes: bacteriocinas (do tipo microcina), terpenos, sacarídeos, ácidos graxos, sideróforos; e também agrupa-mentos que possivelmente resultam em moléculas híbridas terpeno-sacarídeo e microcina-sacarídeo (Tabela 1).

Dentre as categorias de agrupamen-tos gênicos encontradas nos genomas das bactérias ambientais analisadas pelo antiSMASH, os que potencialmen-te codificam metabólitos secundários de grande interesse para a saúde são os seis preditos como produtores de micro-cinas (Tabela 1). As microcinas são uma classe muito restrita, porém altamente heterogênea de bacteriocinas, que apre-sentam massa molecular menor que 10 kDa, e peculiar resistência a proteases, pH e temperaturas extremas (ARNISON et al. 2013). Estas moléculas são codi-ficadas no cromossomo e/ou nos plas-mídeos bacterianos, e, em alguns casos, são modificadas após a tradução, para por fim exercerem potentes atividades bactericidas, utilizando mecanismos sutis e inteligentes para atravessar as membranas bacterianas, representan-do, assim, um caminho promissor para novas gerações de antibióticos (REBU-

FFAT, 2012).

Normalmente os agrupamentos com potencial para a produção de microci-nas contém a seguinte organização gê-nica, (1) um gene estrutural que codi-fica o peptídeo precursor, (2) um gene que codifica o fator de autoimunidade para proteção da linhagem produtora, (3) genes que codificam as enzimas de modificação pós-traducionais, e (4) ge-nes para produção do sistema de trans-porte e secreção da microcina (KAUR & KAUR, 2015). Nos diferentes agrupa-mentos para microcinas (II e III) de E. antarcticum, conforme exemplificado na figura 2, observamos a presença di-versos genes biossintéticos codificantes de enzimas envolvidas em vias meta-bólicas conhecidas para biossíntese de metabólitos secundários e antibióticos (EC 2.5.1.47., KEGG: ec01110 e ec1130), e para o metabolismo de drogas (EC 6.3.5.2., KEGG: ec00983); presença tam-bém de genes para produção de trans-portadores de membrana do tipo ABC e para bombas de efluxo, bem como a presença de pequenos genes contíguos que nos genomas estavam originalmen-te anotados como proteínas hipotéticas

Tabela 1 - Categorias de agrupamentos gênicos preditos nos genomas de E. antarcticum B7 e DSM 14480.

I-VI: Numeração atribuída para diferenciação dos agrupamentos de microcinas.

(sem função ainda descrita na literatu-ra), e que poderiam codificar um peptí-deo precursor de microcina.

A busca de agrupamentos gênicos com o ANTISMASH detectou também um potencial codificador na categoria sideróforo, este apenas no genoma da li-nhagem DSM 14480 (Tabela 1). Algumas microcinas têm sido estudadas mais ex-tensamente em termos de caracterização bioquímica e estrutural, mecanismos de ação e estratégias de imunidade. Estas exercem suas atividades antibacterianas utilizando como estratégias a capaci-dade de imitar um nutriente essencial, tal como um complexo ferro-siderófo-ro, permitindo o seu reconhecimento por receptores da membrana externa e a posterior translocação para o espaço periplasmático (REBUFFAT, 2012).

Foram detectados em ambos os ge-nomas vias metabólicas de produção de candicidina (48% de similaridade) e de ácidos graxos (64% de similaridade) uti-lizando a ferramenta NaPDoS. A candi-cidina foi primeiramente descrita como antibiótico C135 de Streptomyces gri-seus (CHEN et al. 2003). A candicidina é da classe dos macrolídeos poliênicos re-conhecidos por apresentarem atividade antifúngica, antibacteriana, antiviral e imunoestimulante. Os macrolídeos poli-ênicos fazem parte do grupo dos police-tídeos com anéis lactâmicos que contém um cromóforo formado por um sistema de 3 a 8 ligações no anel macrolactô-nico que interagem com os esteróis da

membrana fúngica levando à formação de poros e morte celular (CAMPELO & GIL, 2002). Entre os representantes mais conhecidos do grupo, e utilizados clini-camente, podemos citar a nistatina e a anfotericina B (UJIKAWA, 2003). Até o momento só existem descrições parciais na literatura do agrupamento gênico envolvido na produção da candicidina.

A análise do servidor BAGEL3 re-velou que ambos os isolados possuem uma área de interesse para a produção de bacteriocinas com 15 (Eab7) e 14 (Ea-dsm) ORF’s (Open Reading Frames ou Quadro Aberto de Leitura). Duas ORF’s foram similares a Zoocina A do banco de dados. A zoocina A é considerada uma Substância Inibitória do Tipo Bac-teriocina (BLIS) inicialmente caracteri-zada de Streptococcus zooepidemicus e com 30 kDa de massa molecular. Es-tudos prévios indicaram que a Zoocina A é uma endopeptidase que provoca a morte bacteriana por lise da parede ce-lular (CHEN et al. 2013; SIMMONDS et al. 1997). Na anotação do GenBank elas estão identificadas como peptidases da família M13. Os membros dessa família são metalopeptidases de zinco com um amplo alcance de especificidades, ape-sar de algumas lipoproteínas bacteria-nas sem atividade enzimática já terem sido relatadas (XING et al. 2016).

CONCLUSÕES

A mineração dos genomas das bacté-rias psicrotróficas pode, portanto, levar

Figura 2 - Estruturas dos agrupamentos gênicos de Microcinas II e III preditos em E. antarcticum

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à descoberta de novos compostos anti-microbianos a fim de tratar infecções resistentes à multidrogas, visto que as moléculas sintetizadas por ribossomos e modificadas pós-tradução (RIPPs), an-tibióticos biossintetizados via policetí-deos (PKS) ou por vias não-ribossomais (NRPS) são alternativas promissoras aos atuais antibióticos. Os resultados en-contrados em nosso estudo, ainda que preliminares, indicam uma significativa diversidade metabólica de Exiguobacte-rium que poderá ser explorada na pro-dução de compostos bioativos com apli-cações na saúde, ambiente e indústria. É necessário aprofundar os estudos in si-lico dos agrupamentos promissores, ca-racterizando todos os genes envolvidos e elementos reguladores para embasar futuros trabalhos in vitro dos compos-tos selecionados.

AGRADECIMENTOS

PHGM agradece a bolsa PNPD da CAPES. KKLP agradece a bolsa de IC da UFMA.

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AS CONDIÇÕES URBANAS DO MERCADO PÚBLICO DO BAIRRO ANJO DA GUARDA, ÁREA DA PERIFERIA DE

SÃO LUÍS – MA

Laécio da Silva Dutra Licenciado e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Maranhão. Atualmente Bolsista

FAPEMA/Mestrando em Geografia - PPGeo - UEMA / Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Estadual do Maranhão. Pesquisador do GEURB – Grupo de Estudos Urbanos desta mesma

Universidade E-mail: [email protected]

Prof.ª Dr.ª Hermeneilce Wastti Aires Pereira Cunha Professora Efetiva do Curso de Geografia UEMA / Dept. de História e Geografia e do Mestrado em Geografia - PPGeo - UEMA / Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Estadual do Maranhão. Coordenadora e pesquisadora do GEURB – Grupo de Estudos Urbanos desta mesma

Universidade

RESUMO: A pesquisa tem como objetivo, caracterizar por meio das condições urbanas, com ênfase as questões de infraestrutura e saúde, o mercado público do bairro do Anjo da Guarda, na região do Itaqui - Bacanga. O bairro possui uma quantidade populacional expressiva, possuindo diversos comércios. Neste se deu em seus primeiros anos de ocupação o surgimento de uma feira, que depois passou a exis-tir na mesma área, agora em expansão, o mercado público. Para caracterização das condições urbanas do mercado, a metodologia adotada foi baseada em pesquisa de campo, com visitas ao local de estudo com aplicação do procedimento check list, entrevista com direcionamentos de formulários com traba-lhadores locais e também para o administrador do mercado; houve ainda realização de levantamentos fotográficos.

Palavras-chave: Saúde do Ambiente Urbano. Mercado. São Luís – MA.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

A pesquisa busca maior aproxima-ção com a realidade das condições ur-banas do Mercado no bairro do Anjo da Guarda, localizado na região do Itaqui--Bacanga em São Luís - MA, no intuito de compreender que os resultados apu-rados irão contribuir para desvendar as condições de infraestrutura e saúde em seu cotidiano do mercado público no bairro mencionado da periferia de São Luís. Em resultados abordordou-se so-bre o bairro Anjo da Guarda: histórico, infraestrutura. Já sobre o mercado, evi-denciando como se deu o surgimento e como se encontra as condições urbanas, de infraestrutura e saúde, ressaltando de como o mercado é considerado um lugar de ambiente urbano da cidade.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de metodo-logia de trabalho de campo, trazendo um olhar descritivo sobre o ambien-te urbano, e para a caracterização das condições urbanas do mercado, o pro-cedimento metodológico adotado foi à aplicação do procedimento check list, para Façanha, A. C. et al (2015), o che-ck list ou verificação, constitui-se como referência para fins de análises de pro-blemas provocados pela expansão urba-na. Houve também realização de levan-tamentos fotográficos. Houve também, entrevista com aplicação de formulários com trabalhadores locais, dado ênfase neste trabalho, da descrição feita pelo administrador do mercado, sob precei-to ético, através do termo de consenti-mento. A pesquisa foi desenvolvida no período de março de 2016 a julho de 2016, por meio de visitas técnicas, e en-trevistas realizadas em setembro. Para ANDRADE, (2010) a pesquisa de campo, antes, tem a sua etapa de cunho explo-ratório, devido à necessidade de estudos bibliográficos. Ressalva-se que as visitas foram realizadas em diferentes dias; du-rante e aos finais de semana. Tal proce-

dimento de visitas permitiu analisar de como os feirantes tomam posse do local em que trabalham. O mapa foi elabora-do no software QGIS 2.14.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Bairro Anjo da Guarda: histórico, infraestrutura, localização

Na década de 70, se deu a ocupação da área da região do Itaqui-Bacanga. A partir daí irão surgir vários bairros nesta área, dentre eles, o local de estu-do da presente pesquisa. A região do Itaqui-Bacanga está relacionada, com a necessidade de habitações para os tra-balhadores da VALE S.A; além do mais, toda a infraestrutura e instalação de ser-viços presente em locais desse empre-endimento, surgiram com o advento da construção da Estrada de Ferro Carajás, em 1982. A região está na área da peri-feria1 da capital.

Com relação especificamente ao sur-gimento do bairro do Anjo do Guarda e suas adjacências, está intrinsicamen-te ligada com a história de um incêndio que ocorreu no bairro do Goiabal, que desabrigou milhares de famílias, ocor-rido no dia 14 de outubro de 1968, por volta das 18:00 horas, foi a partir daí que populações deslocaram-se para onde é hoje a Região do Itaqui – Bacanga (Pre-feitura Municipal de São Luís, 2007). O Anjo da Guarda é considerado o primei-ro território ocupado nessa área, sendo circundado por diversos bairros, como o Fumacê a Oeste, Mauro Fecury II a No-roeste, São Raimundo no Norte, dentre outros. Abaixo, segue o mapa de locali-zação do bairro.

1 O termo “periferia” explicita, via de regra, áreas localiza-das fora ou nas imediações de algum centro. Todavia, muitas áreas afastadas dos centros das cidades não são entendidas, atualmente, como periféricas. O termo absorveu uma cono-tação sociológica, redefinindo-se. Dessa forma, “periferia” hoje significa também aquelas áreas com infraestrutura e equipamentos de serviços deficientes, sendo essencialmente o lócus da reprodução socioespacial da população de baixa renda. SERPA, A. A Paisagem Periférica. In: Eduardo Yázigi. (Org.). Turismo e Paisagem. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2002, p. 161-179.

Mapa de localização do bairro do Anjo da Guarda, na Região do Itaqui –Ba-canga

Com relação à infraestrutura do bair-ro, este não possui sistema de esgoto satisfatório, pois foram observados di-versos locais que possuem esgotos a céu aberto e, sobretudo, em direção à feira. Porém, há coleta de lixo realizada pela empresa LIMPEL em três dias da sema-na. O abastecimento de água funciona através da CAEMA que distribui água um dia sim, outro não. Já o serviço de coleta de lixo ocorre nos dias de segun-da, quarta e sexta.

Caracteríticas gerais do Mercado do Anjo da Guarda: formação e estru-tura do Mercado

Segundo Ferretti (2000), pode-se considerar que estudos voltados sobre feiras e mercados de outras regiões do mundo, ultrapassam o Brasil, as pesqui-sas com essas temáticas já possuem em quantidades há muito tempo; existindo estudos sobre mercados africanos, fei-ras latino-americanas, mercados cam-poneses da Ásia, como também feiras e mercados da Europa. Para Pintaudi, S.

Fonte: DUTRA, L. S. 2016.

M. (2006), a carência de higiene, orga-nização, qualidade de vida, saneamento básico e a precária infraestrutura (falta ou inadequação de estacionamentos e de sanitários públicos), aliada ao desin-teresse do poder público municipal são detectados em estudos comuns realiza-dos em feiras e mercados em regiões do Brasil desde muitos tempos.

Pode considerar que o mercado do Anjo da Guarda, apresenta sérios pro-blemas de infraestrutura, sua formação advém junto ao processo de ocupação da região do Itaqui-Bacanga, quando moradores com necessidades de luga-res de comercialização de produtos para consumo, assim como de necessidade de trabalho, estabeleceram-se na área, onde hoje é o mercado. Ao redor desse possui um aglomerado comercial, ven-dendo praticamente de tudo um pouco. A feira encontra-se ao redor deste, com-posta por feirantes, vendedores ambu-lantes. No mercado, há os merceeiros que trabalham com mercadorias diver-sas, encontrando-se tanto vendedores

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de carne, peixe, assim como os que ven-dem frutas e hortaliças.

Ao analisar o mercado, nos depara-mos com diversas situações e fatores a serem analisados, por isso, pontuou--se o interesse em focar nas condições urbanas destes ambientes. O mercado do Anjo da Guarda foi um ambiente autoconstruído por moradores locais, e uma parte por meio da prefeitura, a mais de 15 anos atrás, segundo relatos de alguns trabalhadores do local. Neste, observa-se praticamente venda de tudo, apresentando produtos diversos, como roupas, calçados, acessórios, bijuterias, utensílios domésticos, brinquedos, ma-teriais eletrônicos, material escolar, produtos de limpeza, flores, alimentos em geral, entre outros. Os produtos são expostos em barracas, bancas, car-

ros de mão, balaios de madeira, caixo-tes plásticos ou de madeira, em lonas, sacos plásticos ou diretamente sobre o chão. Quanto às condições do mercado e sua parte externa, à feira, e ao seu or-denamento, os pontos de venda expõem materiais diversos, sem padronização, e ocupam o logradouro público; o lixo fica a céu aberto em alguns pontos, sen-do foco de doenças, existindo poucas li-xeiras no local; os merceeiros e feirantes possuem condições de trabalho ruins; as condições de higiene na comercializa-ção de alimentos e conservação de car-nes são inadequadas. Há nas proximida-des animais, principalmente cachorros e gatos, que se aglomeram entre o am-biente. Segue abaixo as tabelas as quais, representam o check list aplicado sobre as Condições Urbanas: Condições de In-fraestrutura e Condições de Saúde.

Check List sobre as Condições de Infraestrutura (estrutura, equipamentos e utensílios)

Fonte: DUTRA, L. S. 2016.

Observa-se que na parte interna do mercado, existe local de venda de frutas e hortaliças, próximo a passagem de esgoto, com lixos expostos, assim como presença de telhado danificado (F1), e ainda venda de outros alimentos, como carne e peixes expostos sobre piso. Já na parte externa não é muito diferente, pois este se mostra também com muita desorganização, com exposição de frutas e hortaliças ao esgoto a céu aberto (F2). Também existência de barracas em condições precárias e córregos aos arredores (F3).

Check List sobre as Condições de Saúde (saneamento, alimentos).

Fonte: DUTRA, L. S. 2016.

F.1. Telhado Danificado F.2. Exposição de frutas e Hortalicas

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F.3. Condições precárias

No mercado encontra-se vários ali-mentos, no entanto, o que prevalece de venda nestes ambientes, são as frutas e hortaliças. Buss (2006), o mercado é tido como lugar de ambiente urbano da cida-de e como um ambiente vulnerabilidade social e de saúde, logo, percebe-se assim, cada vez mais a intensificação pelo in-teresse pelas relações entre a saúde das populações, as desigualdades nas condi-ções de suas vidas, incluindo o ambiente em que estas estão inseridas, pois estes ambientes insalubres estão inclusos em sua maioria em territórios da perife-ria, sendo estes, parte do espaço urba-no, que se apresentam com os maiores problemas das desigualdades sociais, sendo explícito a pobreza. Segundo Lip Lincham. César.; Rocabado Quevedo, Fernando, (2005) remete que Wilkison e Marmot buscaram provas nas relações entre os determinantes sociais de saúde e as condições de saúde das populações e listaram dez determinantes sociais de saúde, entre eles: hierarquia social, es-tresse, primeiros anos de vida, exclusão social, trabalho, desemprego, apoio so-cial, vícios, alimentação e transporte. A partir dessas ideias, traça-se um per-fil onde a maioria dessas questões se agravam mais; que são justamente nos territórios menos favorecidos do espa-ço urbano, a periferia pobre social, que

estão submetidas e mais vulnerável aos determinantes supracitados.

Silveira, C. B. ; Fernandes, T. M. ; B. Pellegrini. A., (2014), em sua concepção de cidade saudável, representa inúmeras tentativas para diminuir os abismos so-ciais provocados, historicamente, pelos setores públicos e privados que detém os meios de produção socioeconômica e governabilidade dos territórios. Toda a ausência de serviços e infraestrutura, como de um planejamento para a cidade e suas respectivos unidades, os bairros, influenciam no desenvolvimento huma-no diretamente na sua forma de viver, em sua saúde tanto mental como física; na saúde do ambiente.

CONCLUSÕES

O Anjo da Guarda possui um grande comércio na avenida principal, a Mo-çambique, que abastece os moradores locais de uma parte da população da região do Itaqui - Bacanga, tendo na Avenida Odylo Costa Silva o mercado público, como meio comercial de ven-da de alimentos, para suprir com as ne-cessidades da população. No bairro, há uma quantidade expressiva de pessoas de baixa renda, e que muitos vieram no interior do Estado à procura de melho-res condições de vida, e por isso, mui-tos submeteram, a diversas formas de trabalho e atividades, e ainda como de maior facilidade para os tais, tornaram--se vendedores ambulantes, feirantes, merceeiros.

O bairro necessita de melhores ser-viços de elementos de infraestrutura, e o mercado público que ali se encontra, apresenta-se em condições urbanas de-sagradáveis, ao que concerne a infraes-trutura e saúde, para os seus trabalha-dores e frequentadores.

Para próxima etapa, pretende-se ana-lisar testes microbiológicos de alimen-tos presentes no mercado.

AGRADECIMENTOS

Universidade Estadual do Maranhão – UEMA; Departamento de História e Geografia; Programa de Pós-Graduação em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço – PPGEO. Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tec-nológico do Maranhão – FAPEMA.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. de M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 10.ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

BUSS, Paulo Marchiori e PELLEGRINI FILHO, Alberto. Determinantes Sociais da Saúde. Editorial, Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2006.

FAÇANHA, A. C.; AQUINO, C. M. S.; CARDOSO, J. A.; SILVA, S. S.;(Org.) Ge-ografia: o regional e o geoambiental em debate/ Teresina: EDUFPI, 2015. 247p. :il.

FERRETTI, Sérgio (Organizador). Re-educando o Olhar: Estudos Sobre feiras e Mercados. Edições UFMA / PROIN – CS 2000.

PINTAUDI, S. M. Os Mercados Públicos: Metamorfoses de Um Espaço. CIDA-DES, v. 3, n. 5, 2006, p. 81-100 87.

Prefeitura Municipal de São Luís, Ma-ranhão. Programa de Recuperação Am-biental e Melhoria da Qualidade de Vida da Bacia do Bacanga, Em São Luís – Ma. Secretaria Municipal de Terras, Habita-ção, Urbanismo E Fiscalização Urbana – Semthurb. 2007. 89p.

SILVEIRA, C. B. ; FERNANDES, T. M. ; B. PELLEGRINI. Cidades saudáveis? alguns olhares sobre o tema. Rio de Janeiro; Fiocruz; 1; 20141201. 330 p .ISBN: 978-85-7541-452-1. 2014. il., tab., graf.

LIP LINCHAM, César; ROCABADO

QUEVEDO, Fernando; Peru. Ministério da Saúde; Universidade Norbert Wie-ner; OPS; 2005. Determinantes sociais da saúde no Peru. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org:80/regional/re-sources/rep-31968 Acesso em 10 de abr de 2016.

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ATIVIDADE MINERADORA E USO DO MERCÚRIO: REFLEXOS SOCIOAMBIENTAIS NO GARIMPO DE

CAXIAS, MUNICÍPIO DE LUÍS DOMINGUES – MA*

Lílian Daniele Pantoja Gonçalves Mestranda em Geografia – Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGeo UEMA

E-mail: [email protected]. Dr. José Fernando Rodrigues Bezerra

Prof. efetivo do Departamento de História e Geografia da UEMA Coord. do Programa de Pós-Graduação em Geografia- PPGeo UEMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: A atividade de mineração é imprescindível para o desenvolvimento das sociedades e da economia em seus mais diversos setores produtivos, sendo, ao longo dos anos, um dos sustentáculos econômico e político. Porém, os impactos causados pela mineração, vêm onerando o ambiente drastica-mente, sobretudo o uso de produtos químicos, como o mercúrio. Neste sentido, objetivou-se analisar os problemas sociais e ambientais provenientes da extração mineral aliado ao uso do mercúrio, no Garimpo de Caxias, localizado no Município de Luís Domingues- MA. Para tanto, a presente pesquisa propôs me-todologia baseada no geossistema, afim de diagnosticar as consequências da atividade nos meios físico, biótico e antrópico. Diante dos estudos, concluiu-se que os moldes de produção investigados, propor-ciona pouquíssimo aspectos positivos (atividade para fim de sobrevivência do garimpeiro, remuneração etc.), têm fomentado inúmeros impactos socioambientais negativos, os quais constituíram um cenário instável que ameaça o bem estar social e a saúde do meio ambiente local.

Palavras-chave: Garimpo de Caxias. Mercúrio. Reflexos Socioambientais.

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INTRODUÇÃO

O ato de minerar é uma das ativi-dades mais primitivas exercidas pelo homem como fonte de sobrevivência e produção, através da manipulação de rochas e minerais para a produção de artefatos que facilitassem a vida em so-ciedade, especialmente pela possibilida-de da produção de bens e acumulação de capital.

Segundo Ramos (2005), a interferên-cia do homem na natureza com a finali-dade de exploração dos recursos natu-rais gera problemas ambientais, onde o solo e a água são os primeiros recursos afetados. Essas áreas podem ser inuti-lizadas caso haja teores de elementos--traço acima do estipulado pelas legis-lações em vigor, sendo que esses podem permanecer no ambiente por um longo período.

Neste sentido, a atividade extrativa decorrente da mineração, têm causado por suas práticas sem técnicas adequa-das e sem controle um visível quadro de degradação no ambiente (FERNANDES; ALAMINO, 2014).

Porém, um fator agravante na extra-ção do ouro, se dá através da poluição mercurial, decorrente da atividade ga-rimpeira, a qual tem sido objeto de es-tudos no Brasil e no mundo. A atividade extrativa mineral altera o meio ambien-te, tornando-se fonte de degradação, quando empreendida sem as medidas de controle adequadas.

O mercúrio metálico lançado no meio ambiente, é volátil, podendo ser oxidado e metilado para a forma mais tóxica, o metil-mercúrio, incorporan-do-se aos organismos vivos pela cadeia alimentar. Dessa forma, pode ocasionar sérios danos à saúde dos animais e do ser humano (TANNÚS, 2001).

A descoberta de ouro na porção nor-te do Estado do Maranhão, na região localizada entre os rios Gurupi e Mara-

caçumé, remonta ao ano de 1624, com as primeiras incursões de aventureiros eu-ropeus em território brasileiro. Segun-do relatos da época os primitivos índios que viviam na região já conheciam o metal considerando-o, todavia, de pou-ca importância.

Esta pesquisa pretende investigar o garimpo de Caxias, que está localizado a 8 km da sede do município de Luís Domingues – MA (Figura 1), na porção noroeste do Estado, encontra-se nas coordenadas (coordenadas 1°24’49,6” de latitude sul e 45°50’26,1” de longitu-de oeste). A potencialidade aurífera do garimpo de Caxias foi identificada em 1934, iniciando-se o processo de explo-ração incipiente. Inicialmente os garim-peiros tinham acesso aos barrancos, e todo o trabalho era executado manual-mente. Segundo relato do mais antigo morador da área, os instrumentos usa-dos neste período eram: pilão de fer-ro, pesando aproximadamente 200 kg, e a bateia, que de acordo com Ferreira (1990, p. 88) é uma “gamela que se usa na lavagem das areias auríferas ou do cascalho diamantífero”.

Figura 1 - Mapa de situação e locali-zação da área de estudo

Fonte: GONÇALVES, 2016

O objetivo do presente trabalho é trazer informações sobre a atividade de garimpagem no garimpo de Caxias e impactos ao ambiente e à saúde huma-na decorrentes da utilização do mercú-rio na atividade. Estudos dessa natureza possibilitam ajudar a compreender as relações entre meio ambiente e saúde pública, possibilitando o desenvolvi-mento de novas medidas de prevenção e controle ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi realizada nos meses de maio a novembro de 2016, conduzida metodologicamente, com base na abordagem da Teoria do Ge-

ossistema, na perspectiva de Bertrand (1968), o qual entende o geossistema como uma estrutura dinâmica resul-tante da interação entre o potencial ecológico, a exploração biológica e a ação antrópica, sendo que todos esses componentes se inter-relacionam e in-fluenciam o funcionamento dos geos-sistemas. A pesquisa teve como ponto de partida, levantamento e análise do material bibliográfico apoiado em au-tores como: Ramos (2005), Klein (2008), Pfeiffer (1993); Jacobi (2006); Fernan-des; Alamino; Araujo (2014) e material cartográfico relacionado com o tema e a área objeto de estudo, realizados na bibliotecas da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) - MA, estudo das Resoluções do CONA-MA relacionadas ao meio ambiente no setor mineral, dentre outros procedi-mentos, como: Trabalho de Campo com o auxílio do GPS, Câmera Digital, e câ-mera de filmagem, registrando as áreas

mais impactadas do garimpo e observa-ções quanto ao trabalho realizado pelos garimpeiros. Foram realizados entrevis-tas com lideranças comunitárias e com os garimpeiros, representando um total de 10% de abrangência desse público. Para a etapa de registro de entrevistas locais foram utilizados recurso do rádio gravador portátil. Quanto às análises físico-químicas foram coletadas amos-tras de água superficial dos lagos e água do poço comunitário a fim de identifi-car o teor de mercúrio. As análises fo-ram realizadas no laboratório de solos da Universidade Estadual do Maranhão. Para confecção de mapas relacionados à área do garimpo foi utilizado o software arcgis; Em gabinete, foram analisados e interpretados os dados e informações coletadas nos trabalhos de campo;

Assim, o registro da atividade de ex-ploração do mineral, permitiu através das pesquisas de campo, uma análise es-truturada dos meios físico, biótico e an-trópico, que serão detalhados a seguir.

Figura 1 - Mapa da situação e localização da área de estudo.

Fonte: GONÇALVES, 2016.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A problemática analisada neste tra-balho se resume aos reflexos e proble-mas sociais e ambientais atribuídos à mineração exercida no garimpo de Caxias, bem como o uso indiscriminado do uso do mercúrio pelos garimpeiros durante o processo de mineração.

No Brasil, durante últimas três déca-das do século XX, como ficou conhecida historicamente a chamada “corrida do ouro” estima-se que cerca de 4.000 tone-ladas de Hg foram liberadas para o meio ambiente, sendo cerca de 60% em rejei-tos sólidos de mineração Lacerda (2008, apud BRASIL, 2013, p.43).

Na região Noroeste do estado do Maranhão, mas especificamente no Ga-rimpo de Caxias, segundo relatos de moradores antigos, a área foi descober-ta desde 1934, mas, somente na década de 1980, a disseminação da notícia de que havia grande quantidade de ouro no garimpo atraiu grande contingente de imigrantes para a área, fazendo com que os garimpeiros se fixassem no local construindo casebres até hoje ocupa-dos por moradores que presenciaram a formação deste garimpo, e a partir daí a extração do ouro era realizado com o emprego de tecnologia rudimentar como motores e bombas para a lavagem do cascalho e seleção do material. Essa “facilidade” de exploração do ouro re-sultou em maior produtividade e tornou a área muito mais atrativa. Sua ativida-de nunca foi legalizada e portanto atua clandestinamente.

Garimpo de Caxias e uso de Mercú-rio

Os primeiros estudos realizados no Garimpo do Caxias, revelaram áreas degradadas pela extração de ouro, de-vido intensa atividade de exploração desde os anos 80, resultando em seus corpos líquidos expressiva quantidade de metilmercúrio e consequentemente

nos sedimentos, decorrente do último intenso ciclo garimpeiro. Nessa ocasião, um contingente numeroso de homens empreendeu um intenso trabalho, utili-zando equipamentos, como bombas de sucção, calhas de concentração. Todo esse período de exploração, assim como hoje, o mercúrio foi e ainda é usado in-discriminadamente.

No processo de extração do minério, o mercúrio é utilizado para auxiliar na separação do ouro, pelo processo da “amalgamação” em que o mercúrio ade-re ao ouro formando o amálgama.

Para aumentar a recuperação das partículas finas do ouro, os garimpei-ros tem como prática o uso de mercú-rio na sua forma líquida sem nenhum controle. O risco de contaminação do ambiente por mercúrio, em área de ga-rimpo, tem sido alvo de preocupação da pesquisa, no intuito de verificar a quan-tidade de teor de mercúrio lançado nos efluentes do garimpo, o que permeia por uma questão de saúde pública. Um dos procedimentos da pesquisa foi a co-leta de amostra de água superficial dos lagos e água do poço para fim de análi-se físico-química, o que comprovou nas amostras de água dos lagos a presença de mercúrio com um teor acima de 0,2mg/l (0,2 ppm=200ppb), indicando um valor acima do permitido conforme Resolução CONAMA 357/05, que tra-ta de níveis máximos da qualidade das águas superficiais, águas doces – classe I.

Um outro fator agravante facilitador de contaminação no homem pelo Mer-cúrio, é a falta de equipamentos de pro-teção, como máscaras ou luvas, permi-tindo que o mercúrio seja diretamente inalado pelos garimpeiros, os quais são conscientes do risco e o medo de ao lon-go do tempo serem acometidos de sérias complicações de saúde. Além disso, du-rante as entrevistas realizadas muitos garimpeiros relataram que estão na ati-

vidade como forma de sobrevivência, já que não há outra oportunidade de em-prego na região, muitos denominam-se até agricultores e garimpeiros, uma vez que as duas atividades dão proventos e subsistência para suas famílias. Porém, o desejo de ingressar e de terem opor-tunidade de estudar e se qualificar seria uma porta de mudança e novas perspec-tivas para suas vidas.

Reflexos socioambientais garimpo de Caxias

Diante dos problemas relacionados

acima, conclui-se que a extração mine-ral realizada no garimpo de Caxias, pos-sibilita reflexos ou problemas socioam-bientais, a saber:

Meio Físico: o decapeamento da vegetação reduz a biodiversidade; a mi-neração modifica a paisagem e reduz a disponibilidade de recursos minerais; o desmonte de solo e rochas são feitos com bombas que trazem jatos de água, desmoronando de forma provocada os barrancos, e a grande revirada de terra na área causando uma mudança no am-biente minerado (fotos 1 e 2).

Figuras 1 e 2 - Atividade de garimpagem - desmoronamento de barraco.

Figuras 3 e 4 - Deterioração ambiental e mudança da paisagem.

Fonte: Própria pesquisa, 2016.

Fonte: Própria pesquisa, 2016.

Meio Biótico: Neste meio percebe-se a ausência de animais e aves, pois a presença humana e os ruídos e barulho dos motores nos barrancos condicionam a migração de aves e mamíferos, e o ato de minerar na área chega a causar interferências na mor-fologia dos vegetais provocando ainda, degradação visual da paisagem (Fotos 3 e 4).

Meio Antrópico: para o meio antrópico, foram identificados impactos positivos e negativos. Os positivos estão ligados à geração de emprego e renda, o que possibilita uma oportunidade para a sobrevivência de trabalhadores garimpeiros e suas famílias, mesmo que tal atividade realizada no garimpo seja exercida como informal e de for-ma clandestina. Quanto aos impactos negativos, pôde-se diagnosticar: a) condições

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insalubres de trabalho, uma vez que estão expostos ao sol, a água, poeira e contato sem nenhuma precaução com o mercúrio; b) o uso de mercúrio na atividade expõe trabalhadores a grandes riscos de saúde; c) Risco de morte por desmoronamento de barrancos (Fotos 5 e 6).

Figuras 5 e 6 - Trabalhadores em exposição ao seu ambiente de trabalho.

Fonte: Própria pesquisa, 2016.

Nota-se que os reflexos da degra-dação ambiental em áreas de garimpo podem ser observados no conjunto da paisagem e em todos os seus elementos como o solo, fauna, flora e na geomorfo-logia. Assim, as mudanças que ocorrem no meio físico geram grande impacto no ambiente minerado.

Por fim, conhecendo-se, mesmo que de forma lacônica, os reflexos ou pro-blemas associados às atividades mine-radoras as quais impactam o ambiente com sua forma de extração e o uso do mercúrio sem critérios, conclui-se que, por meio de instrumentos de avaliação de impacto e planejamento ambientais, pode-se adotar medidas que evitem ou atenuem os impactos negativos advin-dos da mineração, reduzindo assim os danos socioambientais e, consequente-mente, os custos envolvidos na sua re-mediação ou correção.

CONCLUSÃO

Os impactos ambientais causados pela mineração na área de extração de ouro, implicam, entre outras causas, o desmatamento de áreas verdes, modifi-cação da topografia, contaminação dos corpos líquidos como possivelmente dos garimpeiros. Por ser uma atividade

essencial para os garimpeiros, toda a problemática relacionada a esta ativida-de merece tratamento especial regula-mentando sua forma de ação, vigilância continuada e permanente dessas popu-lações, além de se estabelecer as bases para avaliar a resolutividade das medi-das preventivas, corretivas e ou mitiga-doras. Nota-se que a área de garimpo so-fre diariamente alterações prejudiciais, haja vista que o ato de minerar, tanto no processo de extração mineral quan-to no de deposição de rejeitos, modifica a estrutura do terreno, o que, a priori, indica a impossibilidade de se reverter o quadro. Em todas as etapas da ativi-dade extrativa, a preservação ambien-tal deveria vir sempre acompanhada do cuidado com o meio, através de medidas preventivas controlando desta forma, alguns impactos possíveis de ocorrer na área minerada, como: planejamento da retenção do material desagregado; do uso de metais pesados, como o mer-cúrio, um bom padrão de qualidade da água para consumo humano. Uma vez adotadas essas medidas, os impactos se-riam minimizados.

Por fim, e de forma concisa, conclui--se que a mineração é uma atividade econômica imprescindível ao desenvol-

vimento da sociedade, todavia seus efei-tos e consequências devem ser analisa-dos de forma minuciosa e ressalvando o bem estar socioambiental. Nesta pers-pectiva, deve-se propor mecanismos práticos que possibilitem a mitigação dos impactos negativos da mineração, visando um desenvolvimento social-mente justo e ambientalmente correto.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Maranhão, à Coordenação do Mestra-do na pessoa do Prof. Dr. José Fernan-do Rodrigues Bezerra e à Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimen-to Científico do Maranhão – FAPEMA, pelo incentivo e suporte necessários para a realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. Ca-dernos de Ciências da Terra, n. 13, Ins-tituto de Geografia da USP, 1971, 27p.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Diagnóstico Preliminar sobre o Mer-cúrio no Brasil. Brasília, 2013.106p.

CONAMA, 2005. Resolução nª 357, de 17 de março de 2005 Publicada no DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58-63• Al-terada pela Resolução 410/2009 e pela 430/2011 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambien-tais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

FERNANDES; Francisco Rego Chaves; ALAMINO, Renata de Carvalho Jime-nez; ARAUJO, Eliane Rocha. Recursos minerais e comunidade: impactos hu-manos, socioambientais e econômicos, Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2014.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Ho-

landa. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. São Paulo-SP. LTDA. 1990.

RAMOS, W. E. S. Contaminação por mercúrio e arsênio em ribeirões do quadrilátero ferrífero – MG, em área de mineração e atividades garimpei-ras. Tese. Viçosa - MG, 122 p. 2005.

LACERDA, L.D. & MALM, O. Conta-minação por mercúrio em ecossis-temas aquáticos brasileiros: uma análise das áreas críticas. Estudos Avançados (USP) 22: 173-190. 2008.

TANNÚS, M. B. et. al.. Projeto Paraca-tu: concepção e resultados preliminares.Jornada Internacional sobre el Im-pacto Ambiental del Mercúrio Utili-zado por la Mineria Aurífera Arte-sanal em Iberoamérica. Setembro de 2001. Lima, Peru: CYTED, 2001.

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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PESCADOS DA LAGUNA DA JANSEN EM

SÃO LUIS-MA*

Amanda Mara Teles Doutoranda em Biotecnologia - UFMA

E-mail: [email protected] Gustavo Oliveira Everton

Graduação em Química - UFMA Nadia Barbosa da Costa

Departamento de Tecnologia Química - UEMA E-mail: [email protected]

Adenilde Nascimento MouchrekGraduação em Química - UFMA

*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: Laguna da Jansen mantém uma variedade de espécies da fauna e da flora da mata nativa, porém esta também sofre com o problema da poluição. Diante disto, o presente estudo desenvolveu-se com finalidade de informar à população o índice de contaminação da laguna através do pescado, por determinação da presença de Coliformes à 45ºC, e identificação de Escherichia coli. Todas as amostras apresentaram contaminação por Coliformes a 45°C, e 47% das cepas identificadas corresponderam a Escherichia coli. Portanto, caracteriza-se o pescado como impróprio pelo fato do mesmo ser portador desses microorganismos, que refletem contaminação fecal, e são desencadeadores de malefícios à saúde publica.

Palavras-chave: Escherichia coli. Pescado. Saúde Pública.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

Laguna da Jansen mantém uma va-riedade de espécies da fauna e da flora da mata nativa, porém esta também so-fre com o problema da poluição. Esse fa-tor de contaminação na água influencia na qualidade do pescado que poderá ser portador de microrganismos desenca-deadores de possíveis intoxicações ali-mentares. Ainda assim, a pesca no local é uma atividade bastante presenciada e versada pela população mais carente dos arredores da Laguna que também se alimenta do pescado advindo da laguna. Atualmente, a professora de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Maranhão, Débora Martins Santos Silva, levantou um estudo sobre a área da La-guna da Jansen. Segundo sua pesquisa, em entrevista ao jornal “O Imparcial”, alertou para a qualidade dos peixes que são retirados do local, em que afirmou que os animais são altamente contami-nados por bactérias e seu consumo não é aconselhável. (HARRISSON, 2016). Devido à importância da qualidade mi-crobiológica, o estudo em foco desen-volveu-se com a finalidade de informar à população o índice de contaminação da laguna através do pescado, por de-terminação da presença de coliformes à 45ºC, e identificação Escherichia coli.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas vinte amostras de pescado da Laguna da Jansen na cida-de de São Luís, MA durante os meses de janeiro a abril de 2016. Foram levadas imediatamente ao Laboratório de Mi-crobiologia do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Uni-versidade Federal do Maranhão. Foram realizadas análises para determinação do Número Mais Provável de Colifor-mes a 45°C e identificação Escherichia coli. Com base na metodologia descri-ta no Compenduim of Methods for the Microbiological Examination of toods –

APHA. A determinação de Coliformes a 45ºC (NMP/g) foi feita através da téc-nica de tubos múltiplos. Onde se dilui 25g da amostra em 225 mL de solução de NaCl 0,85% previamente esterilizada e a partir desta solução (10-1) procedeu--se com as diluições (10-2 ) e (10-3 ). A inoculação foi feita em tubos contendo Caldo Lauril Sulfato, sendo incubados a 35ºC por 24 horas. Onde foi evidenciado o consumo do meio por turvação e apri-sionamento de gás no tubo de Durham invertido. Procedeu-se com teste con-firmativo para Coliformes a 45º C, uti-lizando o caldo E.C., em banho- maria a 45ºC por 24 horas. Os valores para NM-P/g foram determinados com o auxilio da tabela de Hoskis. As análises realiza-das para identificação Escherichia coli, foi feita a partir de tubos positivos pro-venientes do caldo E.C, com seu inóculo semeou-se em placas com Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) e Ágar Mac-Conkey (MC) incubou-se a 35°C por 24 horas. Submeteram-se as colônias com características de bactérias fermentado-ras de lactose às provas bioquímicas de acordo com a metodologia descrita pelo APHA (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 20 amostras analisadas todas apresentaram contaminação por Co-liformes a 45ºC, sendo 90% (18) com valores em 2400 NMP/g. Mesmo não havendo legislação vigente para este parâmetro, esses resultados refletem a qualidade dos peixes altamente conta-minados por bactérias, sendo seu consu-mo não aconselhável, assim como alerta a professora de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Maranhão, Débora Martins Santos Silva. Segundo PADUA et al. 2004, o alto índice de Co-liformes a 45°C encontrado reflete uma grande contaminação fecal, sendo os peixes bioindicadores de contaminação da água em que se encontram, é pos-sível inferir que existe contaminação

advinda da água. Observou- se também através dos testes bioquímicos a presen-ça de Escherichia coli (47%) mais impor-tante da família Enterobacteriaceae. Os resultados obtidos refletem um grande risco pelo percentual de Escherichia coli, ressaltando que essa bactéria cau-sa uma variedade de doenças internas e externas ao trato intestinal, infecções do trato urinário exclusivas da bexi-ga ou podem se estender pelo sistema coletor até os rins (ARAGUAIA, 2016). Diante do exposto estudo caracteriza-se o consumo do pescado não aconselhá-vel, questionando-se ainda a não utili-zação do parâmetro para determinação da qualidade do alimento, devido ao alto índice de contaminação por microrga-nismos patogênicos.

CONCLUSÕES

Portanto, a partir dos resultados obti-dos, com o alto índice de bactérias dessa família, caracteriza-se o pescado como impróprio pelo fato do mesmo ser por-tador desses microrganismos, que refle-tem contaminação fecal, e são desenca-deadores de malefícios à saúde pública.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Uni-versidade Federal do Maranhão (PCQA/UFMA).

REFERÊNCIAS

APHA. American Public Health Asso-ciation. Compendium of methods for the microbiological of foods. 4th ed. Washington, 2001. 2 ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Re-solução nº 12 de 02 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre pa-drões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 10 de janeiro de 2001. n.7, seção 1, p. 45-53.

ARAGUAIA, Mariana. “Escherichia coli”; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/biolo-gia/escherichia-coli.htm>. Acesso em 29 de julho de 2016.

HARISSON, R. Urbano. Disponível em: <http://www.oimparcial.com.br/ _conteudo/2016/02/ultimas_noticias/urbano/186750-peixe-da-lagoa-da-jan-sen-nao-pode-ser-consumido.html>. Acesso em: 30 abr. 2016.

PÁDUA, H.B. Informações sobre os Co-liformes totais/ fecais e alguns outros organismos indicadores, em sistemas aquáticos. 2003. 19p. Disponível em: <www.pescar.com.br/helcias>. Acesso em: 15 jul. 2016.

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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA NA ÁGUA DA LAGUNA DA JANSEN EM SÃO LUIS-MA*

Adenilde Nascimento Mouchrek Departamento de Tecnologia Química- UEMA

E-mail: [email protected] Oliveira Everton

Graduação em Química - UFMA Amanda Mara Teles

Doutoranda em Biotecnologia - UFMA E-mail: [email protected]

*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: Durante o processo de urbanização ocorreu aumento da carga microbiana acarretada pelo lançamento de dejetos oriundos do lançamento de esgotos na água da Laguna da Jansen. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo informar o índice de contaminação da água da laguna, por de-terminação da presença de coliformes à 45ºC, e identificação de espécies da família Enterobacteriaceae com ênfase em Escherichia coli. Todas as amostras apresentaram contaminação por Coliformes a 45°C, sendo (16) 80% fora dos padrões estabelecidos pela legislação vigente e 45% das cepas identificadas corresponderam a Escherichia coli. Portanto, caracteriza-se o a qualidade da água como imprópria pela presença desses microrganismos, que refletem contaminação fecal, e são desencadeadores doenças à saúde pública.

Palavras-chave: Carga Microbiana. Enterobacteriaceae. Saúde Pública.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

A Laguna da Jansen foi criada em 23 de junho de 1988 pelo decreto-lei n° 4878, recebeu esse nome em homena-gem à Ana Joaquina Jansen Pereira, pro-tagonista da lenda local mais conhecida. Em 2001, inaugurou se o Parque Estadu-al da Laguna da Jansen ao redor, e logo o lugar se transformou num amplo centro de convivência, com alta freqüência de turistas. (UFMA 2002) A área da Lagu-na possui extensão aproximada de 140 hectares e 3,5 metros de profundidade, sendo elevada à categoria de Unidade de Conservação Estadual denominada Parque Ecológico da Laguna da Jansen. Durante o processo de urbanização, os espaços permeáveis, inclusive áreas de manguezais, foram convertidos para lo-cais de superfície impermeáveis. Conse-quentemente ocorreu aumento de volu-me de escoamento superficial e da carga de poluentes, resultando em alterações nas características físicas, químicas e biológicas que ocasionam subseqüentes cargas de erosão e sedimentos às águas superficiais, além da carga microbiana acarretada pelo lançamento de dejetos oriundos do lançamento de esgotos na água (ARAÚJO, 2007). Devido à impor-tância da qualidade microbiológica, o estudo em foco desenvolveu-se com a finalidade de informar à população o índice de contaminação da água da la-guna, pela determinação da presença de Coliformes a 45ºC, e identificação de espécies da família Enterobacteriaceae, com ênfase em Escherichia coli.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas 20 amostras de água da Laguna da Jansen em São de Luís/MA, levando-se em consideração as áreas de maior contaminação, durante os meses de setembro a dezembro de 2016. Foram levadas imediatamente ao Laboratório de Microbiologia do Programa de Con-trole de Qualidade de Alimentos e Água

da Universidade Federal do Maranhão. Foram realizadas analises para determi-nação do Numero Mais Provável de Co-liformes termotolerantes, identificação das espécies da família Enterobacteria-ceae. Com base na metodologia descri-ta no Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods – APHA. A determinação de Coliformes a 45ºC (NMP/g) foi feita através da téc-nica de tubos múltiplos. Onde se diluiu 10 mL da amostra em 90 mL de solução de NaCl 0,85% previamente esterilizada e a partir desta solução (10-1), alíquotas de 10, 1 e 0,1 mL foram inoculadas em Caldo Lactose em concentrações duplas e simples com tubos de Durham inver-tidos e incubados a 35°C por 24 horas. Onde foi evidenciado o consumo do meio por turvação e aprisionamento de gás no tubo de Durham. Procedeu--se com teste confirmativo para Coli-formes a 45° C, utilizando o caldo E.C., em banho-maria a 45ºC por 24 horas. Os valores para NMP/mL foram determina-dos com o auxilio da tabela de Hoskis e comparados com a Resolução CONA-MA n° 357, de 2005. Para a identifica-ção das espécies da família Enterobac-teriaceae, utilizou-se os tubos positivos provenientes do caldo E.C, seu inóculo foi semeado em placas com Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB), com incubação a 35°C por 24 horas. Submeteram-se as colônias com características de bacté-rias fermentadoras de lactose às provas bioquímicas de acordo com a metodolo-gia descrita pelo APHA (2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 20 amostras analisadas todas apresentaram contaminação por Coli-formes a 45ºC, sendo 80% (16) com va-lores superiores a 1000 NMP/mL, estan-do fora dos padrões estabelecidos pela legislação, considerando-se a contabili-zação da diluição efetuada da amostra. Os resultados obtidos apontam que a água recebe o lançamento de esgotos

direta ou indiretamente, pois a maio-ria das bactérias desse grupo habitam o trato gastrintestinal de seres humanos e outros animais homeotérmicos, e sua presença na água reflete contaminação fecal (BRASIL, 2006; FUNASA, 2009). A crescente urbanização em torno da la-guna aumenta o volume de dejetos lan-çados no curso d’água, e muitas vezes sem tratamento adequado, resultando na elevação do teor de cargas orgânicas e multiplicação de micro-organismos (BASTOS, 2006). Observou-se também através dos testes bioquímicos a presen-ça de Citrobacter Amalonaticus (15%), Klebsiella Oxytoca (5%), Escherichia Fergusoni (23%), Serratia Liquefaciens (5%), Escherichia Vulneris (7%), Serratia Odorífera (5%) e a mais importante do grupo novamente em maior porcenta-gem sendo a Escherichia Coli (45%). Os resultados obtidos refletem risco pelo percentual de Escherichia coli determi-nado, visto que essa bactéria pode pro-vocar várias doenças que incluem gas-trenterite (diarréias), infecção urinária, cistite (inflamação no trato urinário) e peritonite (inflação na membrana que reveste a cavidade abdominal). Diante disso, caracteriza-se a qualidade da água laguna como inadequada para consu-mo humano, questionando-se ainda a implantação de uma medida efetiva de descontaminação da laguna, em virtude do índice de contaminação e o percen-tual de Escherichia coli determinado pe-los testes bioquímicos.

CONCLUSÕES

Portanto, a partir dos resultados ob-tidos, caracteriza-se a qualidade da água laguna como inadequada para consu-mo humano pelo fato da mesma ser portadora desses microrganismos, que refletem contaminação fecal, e são de-sencadeadores de doenças para à saúde pública.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Uni-versidade Federal do Maranhão (PCQA/UFMA).

REFERÊNCIAS

APHA. American Public Health Asso-ciation. Compendium of methods for the microbiological of foods. 4th ed. Washington, 2001. 2 ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sani-tária. Resolução nº 12 de 02 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para ali-mentos. Diário Oficial da República Fe-derativa do Brasil, Brasília, 10 de janeiro de 2001. n.7, seção 1,p.45-53.

ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de GUER-RA, José Teixeira. Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. 2° ed. Rio de Ja-neiro. Editora Bertrand Brasil, 2007.

BASTOS, I.C.O. Utilização de bioindica-dores em diferentes hidrossistemas de uma indústria de papeis reciclados em Governador Valadares-MG. Eng. Sanit. Amb., v.11, p.203- 211, 2006

BRASIL. Ministério do Meio Ambien-te. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Brasília: DIÁRIO OFI-CIAL DA UNIÃO, 2005.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigi-lância e controle da qualidade da água para consumo humano. Brasília: DIÁ-RIO OFICIAL DA UNIÃO, 2006.

FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 3.Ed. Brasília: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2009.145p.

UFMA. Diagnóstico Ambiental da La-goa da Jansen. Relatório Final. São Lu-

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

ís-MA. UFMA, 2002.

DETERMINAÇÃO DOS FATORES DE VIRULENCIA DE Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA ISOLADAS NA

AREIA DA PRAIA DE SÃO LUÍS

Danielle da Penha Franco Rodrigues Graduada em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] de Sá Rocha

Mestranda em Biotecnologia - UFT E-mail: [email protected]

Hugo Leonardo Macedo Graduando em Farmácia - UFMA

E-mail: [email protected] de Maria Silva Figueiredo

Departamento de Farmácia - UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: O Brasil é um país conhecido por sua grande dimensão territorial, com uma extensão lito-rânea em mais de 8000 km. A região costeira tem grande importância estratégica por ser um ambiente onde estão localizados os principais centros logísticos do modal marítimo, além da vasta extensão com praias para recreação, pesca e aquicultura. Os ambientes costeiros recebem a descarga fluvial do con-tinente, e com eles a poluição advinda das cidades carreadas pela água da chuva, além do lançamento de esgoto doméstico, na maioria das vezes sem o devido tratamento. São de conhecimento popular que as praias de São Luís (MA) estão poluídas, e configuram-se como um problema de saúde pública. Este trabalho visa pesquisar a qualidade sanitária da areia da praia de São Marcos utilizando como indicador de contaminação microbiológica a Escherichia coli assinalando os fatores de virulência desta bactéria. Metodologias específicas foram utilizadas para identificação de microrganismos onde constatou a pre-sença de E. coli encontrada em maior porcentagem é a Escherichia coli enteropatogênica EPEC na areia da praia de São Marcos, São Luís – MA.

Palavras-chave: Contaminação. Microbiologia. Virulência

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016 355

Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

INTRODUÇÃO

O Brasil é um país conhecido por sua grande dimensão territorial, com uma extensão costeira em mais de 8000 km. A região costeira tem grande relevância, visto que, nesse ambiente, realizam-se atividades esportivas, turísticas, pes-queiras, de navegação comercial e ma-ricultura (Lamparelli, 2006). São Luís é uma das cidades banhadas pelo oceano Atlântico, situada ao norte do estado do Maranhão (2º31’ S e 44º16’ W) em con-junto com os municípios de Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar (Silva et al., 2008). Ela é detentora de 32 km de extensão de faixa litorânea segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (Almeida et al., 2012). Logo, neste lugar, atividades destinadas ao condicionamento físico e lazer são realizadas e a maioria delas ocorre na areia. São, nessas circunstân-cias, que o indivíduo mantém contato direto com a areia e está pode se confi-gurar como uma fonte de contaminação para o mesmo (Lazius et al, 2006). Unin-do-se a tais fatores ainda temos o ina-propriado descarte de lixo, a poluição advinda das chuvas (Valdez e Grosbelli, 2012) e a questão do saneamento uma vez que, o esgoto de origem doméstica, em muitas circunstâncias é lançado na área litorânea sem o tratamento apro-priado (Almeida et al., 2012). É sabido que a água das praias de São Luís (MA) se encontram poluídas e têm altas con-centrações de Enterococcus spp. e isto, por si só, já as tornam inconvenientes para banho (Almeida et al., 2012) e con-figura-se como um problema de saúde pública (Silva et al, 2009). Outro ponto é que há uma correlação entre bactérias presentes na água e aquelas que se en-contram na areia; pois, a água pode dei-xar na areia as bactérias que contem em si. Perante o fato de haver deficiência de estudos que tenham esse objetivo (Bo-nilla et al, 2007), este trabalho visa pes-

quisar a qualidade sanitária da areia da praia de São Luís, utilizando como indi-cador de contaminação microbiológica a Escherichia coli e assinalar os fatores de virulência apresentados por esta.

MATERIAL E MÉTODOS

O material submetido à análise foi coletado em agosto de 2015 e contem-plavam amostras de areia seca (AS) e úmida (AU). Estas foram obtidas de três locais distintos da praia de São Marcos (São Luís – MA), totalizando seis pon-tos pesquisados. Sendo os pontos P-01, P-03 e P-05 referentes às amostras de AS e os pontos P-02, P-04 e P-06, AU. De modo que, os pontos de coleta ficaram distribuídos da seguinte maneira: P-01 e P-02 encontra-se na direção do Restau-rante O Pioneiro; P-03 e P-04 têm por referência o Quiosque Vivo Tudo e P-05 e P-06 situa-se no sentido do Bar Estre-la D’alva - O gaúcho. Para a detecção e confirmação das E. coli, 10g de areia foram colocados em um balão volumé-trico contendo 90 mL de água pepto-nada (diluição 1:10) e incubado por 24 horas a 37ºC na estufa, a partir desse inoculo procedeu-se o processo de ino-culação da amostra para teste, utilizan-do os caldos Escherichia coli (EC), Ver-de Brilhante (VB) e Lauryl, através da técnica dos tubos múltiplos empregada para análise qualitativa da presença de coliformes totais e fecais, os meios de cultura Ágar Sangue, DNase e Cetrami-da, pela técnica de semeadura de placas, e Plate Count Ágar (PCA), pela técnica de “pour plate” e Ágar Sabouraud, téc-nica de “spread plate” quantificação de fungos e leveduras. Após 24 horas, tu-bos e placas foram analisados, eviden-ciando ausência ou presença de cresci-mento microbiano seguindo as normas da farmacopeia (2010). A sorologia das cepas de E. coli foi testada com kits da Probac® que continham soros poliva-lentes anti Escherichia coli enteropato-gênica clássica (soros polivalentes A e

B). Quanto à pesquisa para produção de cápsula por parte das E. coli isoladas foi realizado pelo método de semeadura em Ágar Vermelho Congo (AVC), descrito por Freeman, Falkiner e Keane (1989), com pequenas modificações. Por fim, verificou-se a atividade enzimática dos isolados de E. coli para a produção das seguintes enzimas extracelulares: fosfo-lipase, lipase e proteinase. Para o teste de produção de fosfolipase, seguiu-se as recomendações descritas por Price et al, (1982)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das amostras isoladas testificou-se que: 73,91% correspondem a E. coli en-teropatogênica clássica (EPEC); 65,22% são produtoras de cápsula; 56,52% pro-duzem biofilme. Em relação a produção e enzimas extracelulares: 91,30% produ-zem fosfolipase; 34,78% são produtoras de lipase e 13,04% produzem proteinase. Sendo assim, observamos que as amos-tras de areia úmida são as que mais expressam a produção de tais enzimas extracelulares e, por conseguinte, são as

Figura 1 - Produção de enzimas extracurriculares pelos isolados de E.coli enteropatogênica (EPEC).

com maior potencial patogênico.

Enzimas são essenciais na patogeni-cidade bacteriana, pois participam na invasão celular, em danos teciduais e na evasão da defesa do hospedeiro (Bo-nin, 2011). Portanto, de acordo com os resultados encontrados a areia está con-taminada por Escherichia coli enteropa-togênica com fatores de virulência que propiciam a possibilidade de dissemi-nação e infecção em crianças e adultos. Logo, a existência de coliformes termo-tolerantes, evidenciada pelo crescimen-

to em caldo EC, nas areias da praia pode indicar contaminação fecal; uma vez que a E. coli é a espécie representativa deste grupo e a mesma não tem este habitat como próprio. Portanto, a possível con-taminação da areia da praia por E. coli é um fato inquietante; posto que, este microrganismo figura riscos à saúde pú-blica (Almeida et al., 2012) visto que, as EPEC são a maior causa de diarreia em crianças com idade inferior a dois anos em países em desenvolvimento e a dose para causar infecção é presumivelmente baixa, além de causar doenças infeccio-

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

São Luís • MA • Volume 1 • 2016

sas em indivíduos imunossuprimidos (NATARO & KAPER, 1998).

CONCLUSÕES

A areia da praia de São Marcos, São Luís - MA, encontra-se contaminada por microrganismos patogênicos; den-tre eles, Escherichia coli, um dos sub-tipos de E. coli encontrado em maior porcentagem é a Escherichia coli enter-ro patogênica EPEC. As cepas de E. coli são portadoras de diversos fatores de vi-rulência, o que as tornam mais patogê-nicas e nocivas ao homem; mais especi-ficamente, a crianças com idade inferior a dois anos e pessoas imunodeprimidas.

REFERÊNCIAS

Almeida NC, Barros ALR, Arouche SP, Ferro TAF, Moraes FHR, Neto VM, Fi-gueiredo PMS. Detecção de enteropató-genos e teste de susceptibilidade a agen-tes sanitizantes de cepas diarreiogênicas de Escherichia coli isoladas das praias de São Luís - Maranhão. Revista de Pa-tologia Tropical 41: 304-318, 2012.

Bonilla TD, Nowosielski K, Cuvelier M, Hartz A, Green M, Esiobu N, Mc-Corquodale DS, Fleisher JM, Rogerson A. Prevalence and distribution of fecal indicator organisms in South Florida beach sand and preliminary assessment of health effects associated with beach sand exposure. Marine Pollution Bul-letin 54: 1472-1482, 2007.

Bonin RF. Identificação de proteínas imunogênicas para o desenvolvimento de estratégia, baseadas em imunote-rapia, contra infecções por Acineto-bacter spp. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2011.

FARMACOPEIA Brasileira. 5. ed. Brasí-lia: ANVISA, Vol 1. 2010.

Freeman DJ, Falkiner FR, Keane CT. New method for detecting slime pro-duction by coagulase negative staphylo-

cocci. Journal of Clinical Pathology. 42: 872-874, 1989.

Lamparelli CC. Desafios para o licencia-mento e monitoramento ambiental de emissários submarinos: a experiência de São Paulo. In: SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE (SMA). Emissários sub-marinos: projeto, avaliação de impacto ambiental e monitoramento. São Paulo: SMA, 2006.

Lazius RD, Silva OS, Kauling AL, Rodri-gues DFP, Lima MC. Contaminação da areia do Balneário de Laguna, SC, por Ancylostoma spp. e Toxocara spp. em amostras fecais de cães e gatos. Arqui-vos Catarinenses de Medicina 35: 55-58, 2006

Nataro JP, Kaper JB. Diarrheogenic Es-cherichia coli. Clin. Microbiol. Rev. 11: 142-201, 1998

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DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM HOSPITAIS DE

SÃO LUÍS

Fernanda Santos da PazGraduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Cristina Oliveira Santiago Antunes

Graduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras E-mail: [email protected]

Eduardo Mendonça PinheiroProfessor Orientador

E-mail: [email protected]

RESUMO: Os geradores de resíduos de serviços de saúde são responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos produzidos em suas dependências, incluindo todas as etapas, as quais vão desde o momento de geração até a disposição final. Desta forma, objetivou-se com este estudo, analisar o processo de manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde em hospitais de São Luís, identificando ações sustentáveis do ponto de vista ambiental. A pesquisa foi realizada em dois hospitais privados e os dados foram obtidos através de observações in loco, aplicação de check list aos responsáveis pelo gerenciamento dos RSS dos hospi-tais e questionários aos responsáveis pela limpeza. Após a análise dos resultados foi possível observar que os estabelecimentos estudados têm buscado se adequar as legislações ambientais, pois verificou - se que o gerenciamento dos RSS nesses estabelecimentos atende a maior parte dos requisitos previstos nas resoluções da ANVISA e CONAMA.

Palavras-chave: Manejo. Impactos Ambientais. Destinação.

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INTRODUÇÃO

O hospital tem a função de dispen-sar à comunidade completa assistência à saúde, tanto curativa quanto preven-tiva, assim devido ao grande número de serviços prestado e o elevado risco de contaminações em ambientes hospitala-res, utilizam-se bastantes materiais des-cartáveis, sendo assim considerado um grande gerador de resíduos. Ramos et al. (2011) afirmam que devido ao avanço das doenças infecto-contagiosas e pela pressão para reduzir os índices de infec-ções hospitalares, tem se notado cada vez mais o uso de instrumentais e rou-paria descartáveis.

Sabe-se que boa parte dos resíduos gerados nos Estabelecimentos de Ser-viços de Saúde é considerada perigosa, devido às características dos tipos de resíduos que o compõe como perfuro-cortantes, biológicos, químicos, radio-ativos e comuns, sendo necessário um gerenciamento adequado, tendo em vista que o gerenciamento inadequado pode afetar a saúde do trabalhador e causar impactos ambientais. Para Cafu-re e Patriarcha (2014), a falta de infor-mação da população sobre as caracterís-ticas dos resíduos hospitalares oferece risco à saúde, podendo fazer com que os mesmos se tornem um problema de saúde pública. Além disso, a questão dos RSS não pode ser analisada apenas no aspecto da transmissão de doenças in-fecciosas, mas deve ser incluída também a questão da saúde do trabalhador e a preservação do meio ambiente.

O hospital reúne um amplo e varia-do número de portadores de doenças, e assim gera um volume de resíduos que são considerados perigosos à saúde e ao meio ambiente. Deste modo, garantir o reaproveitamento do lixo produzido no hospital através dos programas de tra-tamento e reciclagem, bem como a re-dução é uma das principais tarefas no contexto do manejo dos resíduos. En-

tretanto a carência de projetos bem ela-borados que visam melhorias nessa área tem grande relação com a falta de da-dos sobre os RSS (NAIME; RAMALHO; NAIME, 2008).

Os impactos ambientais decorrentes do gerenciamento inadequado dos RSS podem alcançar grandes proporções, tendo em vista que este causa conta-minações e elevado índice de infecção hospitalar, assim como a contaminação do lençol freático devido aos diversos tipos de resíduos dos serviços de saú-de, podendo gerar epidemias (CAFURE; PATRIARCHA, 2014). Assim, a Resolu-ção CONAMA n° 358/05 (BRASIL, 2005) obriga os geradores de RSS quanto à elaboração e a execução de um plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde.

Desta forma, este trabalho visa abor-dar o Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde em Hospitais de São Luis – MA, apresentando como contex-to principal uma análise do processo de manejo destes resíduos, identificando ações sustentáveis do ponto de vista ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada em dois hospitais privados, localizados em São Luís- MA. No entanto, conforme acor-dado nos estabelecimentos onde foi re-alizado o estudo, não será divulgado o nome dos hospitais. Portanto, para me-lhor compreensão dos resultados, estes receberam a denominação de “Hospital A” e “Hospital B”.

Para a realização do trabalho foram utilizados dados primários e secundá-rios. Os dados primários foram coleta-dos através da aplicação de check list e questionário. O check list serviu de apoio para a entrevista com os respon-sáveis pelo gerenciamento dos RSS dos hospitais, a fim de detectar a existência de um Plano de Gerenciamento dos RSS,

Normas, Setor responsável pela fiscali-zação, ocorrência de treinamento com os responsáveis pela limpeza, assim como o nível de preocupação em mi-nimizar os impactos ocasionados pelo manejo inadequado destes resíduos. Já o questionário foi aplicado aos respon-sáveis pela limpeza visando identificar o grau de conhecimento sobre o manejo adequado dos RSS, além dos riscos de um manuseio inadequado dos resíduos hospitalares, bem como a ocorrência de acidentes com os tais. A aplicação dos questionários foi realizada entre os me-ses de setembro a outubro de 2016. Os dados secundários foram obtidos a par-tir de pesquisas bibliográficas (livros e artigos científicos) e de pesquisas docu-mentais em arquivos públicos e fontes estatísticas (documentos oficiais, relató-rios, tabelas estatísticas etc.).

Após a coleta e tabulação dos da-dos foi realizada uma análise descritiva para permitir uma primeira descrição e apreciação dos dados, pois ela resume e organiza as informações importantes. A análise estatística foi executada através do programa Excel e os resultados fo-ram apresentados em tabelas e gráficos com o objetivo de simplificar e tornar os dados mais facilmente perceptíveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O hospital A foi o primeiro a ser pes-quisado, localiza-se em uma avenida de grande movimentação, próximo ao cen-tro da cidade e encontra-se em funcio-namento há mais de 20 anos, com aten-dimento 24 horas por dia, possui 153 leitos e emprega 1400 funcionários. Já o Hospital B localiza-se em uma área resi-dencial, também próximo ao centro da cidade, tem 51 anos de funcionamento, sendo um dos pioneiros da rede privada em São Luís. Funciona 24 horas por dia, tem 74 leitos e atualmente possui 543 funcionários.

Com o objetivo de traçar o perfil dos

responsáveis pela limpeza e demais in-formações sobre as formas de manejo utilizadas, bem como a ocorrência de treinamentos sobre o manejo adequado dos resíduos, foi aplicado um questioná-rio contendo 20 questões para os fun-cionários responsáveis pela limpeza e manutenção nos dois hospitais. A tabe-la 1 mostra o perfil dos funcionários en-trevistados nos hospitais pesquisados.

Tabela 1 - Perfil geral dos entrevistados respon-sáveis pelo manejo dos resíduos nos hospitais A e B.

Fonte: Dos autores (2016).

Conforme dados acima, observa-se que 83% dos entrevistados são do sexo masculino, 44% tem entre 26 a 35 anos e 65 % possuem o ensino médio completo. Questionados sobre a ocorrência de trei-namentos, os funcionários do hospital A afirmaram que ocorrem treinamentos com os responsáveis pela limpeza a cada 3 meses. Já os funcionários do Hospital B informaram que o treinamento ocorre mensalmente. No entanto, mesmo as-sim, há registro de acidente com resíduo perfurocortante nos dois hospitais.

No Hospital A, o setor de hotelaria é o responsável pelo gerenciamento dos resíduos. Já no Hospital B é a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar que faz esse controle. Existe um documento

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interno escrito para limpeza e manuseio dos resíduos produzidos nos diversos setores em ambos os hospitais. Os dois estabelecimentos realizam o monitora-mento de controle de risco/ avaliações ambientais através de auditorias inter-nas e afirmaram que possuem o PGR-SS, contudo não foi possível ter acesso a esse documento. Tramontini et al. (2011) afirmam que a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde devem contemplar as ações re-lacionadas a geração, segregação, acon-dicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, observando as particularidades e risco dos diferentes resíduos, assim como as ações de proteção à saúde pú-blica e ao meio ambiente.

O serviço de limpeza é realizado por pessoas pertencentes ao quadro de fun-cionários em ambos os hospitais, sendo que em cada setor existem os funcio-nários fixos para esta finalidade. Com relação aos equipamentos de proteção individual (EPI), os disponibilizados para os responsáveis pelo manuseio dos resíduos são: uniforme próprio, luvas, calçado fechado com solado antider-rapante, máscaras, óculos de proteção dentre outros, a utilização destes pode ser constatado no decorrer das visitas. Desta forma, percebe-se que os dois estabelecimentos mostram atenção e cuidados à saúde e segurança dos seus colaboradores, pois neste quesito os mesmos estão em conformidades com as exigências legais.

Os RSS são classificados de acordo com as características que apresentam e estão divididos em cinco grupos: Grupo A (resíduos biológicos); Grupo B (resí-duos químicos); Grupo C (rejeitos ra-dioativos); Grupo D (resíduos comuns) e Grupo E (resíduos perfurocortantes) (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

Em ambos os hospitais não é feito o levantamento do quantitativo dos re-

síduos tipo B e D, tendo em vista que o primeiro raramente é produzido e o segundo é coletado pela prefeitura. Já o resíduo tipo C não é produzido por nenhum dos estabelecimentos estuda-dos. Assim, os resíduos tipo A e E são os únicos que é feita a pesagem, entre-tanto este levantamento não é realizado separadamente, pois após a coleta des-tes, ambos são colocados no mesmo re-cipiente para posterior pesagem, sendo considerado os resíduos infectantes. Na tabela 2 está exposto o quantitativo dos resíduos infectantes gerados em cada hospital nos meses de setembro (Hospi-tal A) e outubro (Hospital B).

Fonte: Dos autores (2016).

Tabela 2 - Quantitativo dos resíduos infectantes (tipos A e E) em dois hospitais de São Luís - MA (2016).

Apesar da grande diferença entre o quantitativo de leitos dos estabeleci-mentos estudados, o Hospital A possui poucos leitos em uso. Essa diferença pode está relacionada com a baixa gera-ção de resíduos infectantes por kg/leito/dia no hospital A, em comparação ao gerado no Hospital B.

Segundo Jofre et al. (1993) apud Nai-me; Ramalho; Naime (2008) a totalidade dos RSS considerada como infectante (classe A) ou como especial (classe B) varia de 1,2 a 3,8 kg / leito/ dia.

Dados do Ministério da Saúde mos-tram que em 2012, existiam em São Luís o total de 4.358 leitos (BRASIL, 2012). Desta forma, com base na média de re-síduos produzidos por kg/leito/dia nos hospitais estudados, tem-se uma eleva-da produção diária de resíduos infeccio-sos neste município.

Para melhor esclarecimento fez-se um apanhado da situação do manejo dos RSS nos estabelecimentos analisa-

dos. Os quadros 1 e 2 mostram as principais características do manejo dos RSS nos Hospitais A e B.

Fonte: Dos autores (2016).

Fonte: Dos autores (2016).

Quadro 2 - Carcaterísticas do manejo dos RSS no Hospital B.

Quadro 1 - Caracterísitcas do manejo dos RSS no Hospital A.

Assim, com base nas informações obtidas e nas observações realizadas durante a visita nos hospitais estuda-dos, pode-se afirmar que apesar de pos-suírem o PGRSS, existem falhas na sua execução nos dois estabelecimentos. Tendo em vista que foram encontra-das algumas irregularidades, bem como ausência de programas adequada para destinação de alguns resíduos.

CONCLUSÕES

A realização deste estudo serviu para compreender que a própria legislação associada ao manejo dos resíduos de serviços de saúde é um tanto complexa, tendo em vista que existe um elevado número de normas e resoluções que tra-tam deste assunto, tornando-a de difícil

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entendimento. No entanto para facilitar a análise e interpretação dos resultados, foram observados os critérios aborda-dos principalmente nas resoluções RDC nº 306/04 – ANVISA e 358/05 - CONA-MA. Através delas foi possível identifi-car as conformidades e não conformida-des relacionadas ao gerenciamento dos RSS nos estabelecimentos estudados.

O objetivo geral deste trabalho foi analisar o processo de manejo dos Resí-duos de Serviços de Saúde em Hospitais de São Luís, identificando ações sus-tentáveis do ponto de vista ambiental. Portanto tal objetivo foi alcançado, já que foram encontradas ações ambien-talmente corretas nos locais estudados, tais como a destinação dos resíduos in-fecciosos para a incineração, a disposi-ção final dos resíduos comuns em aterro sanitário, a ocorrência de treinamento com os responsáveis pelo manejo dos resíduos, a fim de evitar acidentes, além da destinação de alguns resíduos para a reciclagem.

Contudo apesar das boas práticas mencionadas, sobre os procedimentos de gerenciamento dos RSS adotado nos hospitais A e B, o ponto que deixou a desejar foi à ausência de programas vol-tados para a destinação mais sustentá-vel do resíduo comum, tendo em vista que não é feita a segregação do mesmo, sendo que somente uma parcela bem pequena deste é encaminhada para a re-ciclagem: alguns papeis descartados na área administrativa, embalagens de pa-pelão e embalagens plásticas no hospi-tal B e somente embalagens de papelão no hospital A.

Após a análise dos resultados foi possível observar que os estabelecimen-tos estudados têm buscado se adequar as legislações ambientais, pois verificou - se que o gerenciamento dos RSS nesses estabelecimentos atende a maior parte dos requisitos previstos nas resoluções da ANVISA e CONAMA.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂN-CIA SANITÁRIA. Resolução da Direto-ria Colegiada n. 306 de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resídu-os de serviços de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 10 dez.2004.

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BRASIL. 2005. Ministério do Meio Am-biente. Conselho Nacional do Meio Am-biente. Resolução 358, de 29 de abril de 2005. Dispões sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de saúde e dá outras providências. Conselho Na-cional do Meio Ambiente.

CAFURE, V. A.; PATRIARCHA-GRA-CIOLLI, S. R. Os resíduos de serviço de saúde e seus impactos ambientais: uma revisão bibliográfica. Interações (Cam-po Grande). 2015, 16 (2): 301-314.

NAIME, R., RAMALHO, A. H. P., NAI-ME, I. S. Diagnóstico do Sistema de Ges-tão dos Resíduos Sólidos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Estudos Tec-nológicos. 2007, 3(1): 12-36.

RAMOS, Yoly Souza et al . Vulnerabili-dade no manejo dos resíduos de servi-ços de saúde de João Pessoa. Ciência & Saúde Coletiva. 2011,16(8): 3553-3560.

TRAMONTINI, A. C. B. et al. Resíduos sólidos de serviço de saúde: diagnóstico e diretrizes para gestão hospitalar. Estu-dos Tecnológicos. 2011, 7 (2):109-141.

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BAIRRO SÁ VIANA,

SÃO LUÍS, MA, BRASIL.

Letícia Fernanda Brito Moraes Graduanda do Curso Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BiCT) da UFMA

Integrante do Grupo de Estudos em Saúde Ambiental - UFMAE-mail: [email protected]

Juliana de Faria Lima SantosDocente do Curso Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BiCT) da UFMA

Graduada em Ciências Biológicas (UNITAU), Mestre em Horticultura (UNESP) e Doutora em Ciências (UNIFESP)

Coordena o grupo de estudos em Saúde Ambiental do BiCT/UFMA em áreas de vulnerabilidade socioambiental da capital maranhense

RESUMO: Os resíduos sólidos constituem problema sanitário de grande importância, quando não re-cebem os cuidados convenientes. Diante da escassez de informações referentes ao tema, no município de São Luís, MA, Brasil, e em especial no bairro Sá Viana, pretendeu-se obter, a partir deste estudo um levantamento das formas de manejo dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e ainda verificar a existência da coleta seletiva de materiais recicláveis no bairro. A partir de uma pesquisa de campo, foi possível realizar o reconhecimento da comunidade por meio da observação participante, turnê guiada e entrevista em grupo com 15 moradores. Observou-se que existe um sistema de coleta dos RSU frequente na comunida-de, no entanto, sua disposição inadequada em regiões do bairro é recorrente. A coleta seletiva é realizada por três moradoras. Foi possível observar avanços por parte do público, no entanto, a prioridade para alcançar um ambiente salubre depende também da conscientização da população.

Palavras-chave: RSU. São Luís. Coleta seletiva.

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INTRODUÇÃO

Desde 1992, a Organização das Na-ções Unidas (ONU) promove reuniões e assembleias, que visam discutir e desen-volver metas e estratégias com vistas à melhoria da qualidade de vida e o res-peito ao meio ambiente, como o lança-mento da Agenda 21 na Conferência das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento conhecida como RIO 92. Vários países em busca de alcançar os objetivos almejados iniciaram ações em prol de tais melhorias, em 2007 foi aprovada no Brasil a Lei do Saneamento 11.445/07, que estabelece diretrizes na-cionais e ações que priorizem o abaste-cimento de água potável, o esgotamen-to sanitário, a drenagem e manejo das águas pluviais e limpeza urbana e ma-nejo de resíduos sólidos.

Em 2010, outra Lei Federal nº 12.305/10, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resídu-os sólidos, pois no país, cerca de 19,7% dos resíduos gerados não são recolhidos (CEMPRE, 2013).

O estado do Maranhão, em 2013, ela-borou seu Plano Estadual de Gestão dos Resíduos Sólidos (PEGRS). Por sua vez, o Plano Municipal de Gestão de Resídu-os Sólidos da capital ainda não foi ela-borado. Observa-se na capital São Luís, uma ocupação desordenada, falta de infraestrutura local e baixos índices de saneamento básico.

Os bairros mais periféricos e loca-lizados em áreas de vulnerabilidade socioambiental são os mais afetados, entre eles o bairro Sá Viana, localizado na área do Itaqui-Bacanga, um bairro construído as margens do rio Bacanga com ocupação recente e tardia em área de manguezal. O bairro é destaque nos veículos de comunicação locais que no-ticiam com frequência o problema, em especial a questão dos resíduos sólidos

mal acondicionados e a falta de água re-corrente no local.

Neste sentido, o presente trabalho buscou verificar os aspectos relativos a geração, o acondicionamento e a coleta de coleta de resíduos sólidos urbanos no bairro Sá Viana.

METODOLOGIA

Localização da área de estudo: O estudo foi realizado no bairro do Sá Viana, município de São Luís, capital do estado do Maranhão, localizado na Ilha Upaon Açu o qual compreende a micror-região da aglomeração urbana de São Luís, abrigando em seu território quatro municípios: São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa, confor-me observados na figura 1. O bairro do Sá Viana caracteriza-se por ser um dos bairros mais antigos da área Itaqui-Ba-canga. Seu desenvolvimento se deu de forma desordenada com a aglomeração urbana e rural.

Para a realização do presente estu-do adotou-se a pesquisa qualitativa de caráter exploratório. Para a coleta de dados foram utilizados o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo (ob-servação participante, diários de cam-po, turnê guiada e entrevistas em gru-po), conforme preconizado por Fonseca (2002).

No período de abril a junho de 2016, bibliografias e informações referentes ao tema foram selecionadas em base de dados como o Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online. A pesquisa de campo contou com o apoio da União dos Moradores do Sá Viana e caracterizou-se pela coleta de dados na comunidade, com o auxílio de diferen-tes ferramentas, como:

• Observação participante: onde buscou-se compreender as inte-rações existentes entre o homem e o seu meio, observando o dia--dia da comunidade e suas tarefas

relacionadas;

• Turnê-guiada: com a realização de visitas frequentes ao bairro onde as primeiras relações com os moradores foram estabeleci-das e os questionamentos foram formulados;

• Diário de campo: instrumento que permitiu o registro das infor-mações, observações e reflexões surgidas no decorrer da investi-gação ou no momento observado e;

• Entrevistas em grupo: onde gru-pos de moradores responderam simultaneamente ao roteiro de questões de maneira informal.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa de campo foi realizada no período de abril a agosto de 2016, no bairro do Sá Viana, totalizando cinco meses. Foram entrevistados 15 morado-res. Os entrevistados relatam que arma-zenam os resíduos sólidos urbanos pro-duzidos em suas unidades familiares, geralmente em sacolas plásticas. São acondicionados na maioria das vezes em lixeiras coletivas (figura 2a) cons-truídas pelos comunitários, ou ainda em contêineres metálicos e plásticos, popu-larmente denominados de bacias e ca-çambinhas (figura 2b), disponibilizados pela prefeitura.

FIGURA2

Figura 1 - Localização da cidade de São Luís, MA.

Fonte: COSTA, 2003.

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A coleta dos RSU ocorre de forma regular, três vezes por semana, pela prestadora de serviços terceirizada pela prefeitura do município. São coletados por caminhões compactadores e de pe-queno porte.

Durante a turnê guiada observou-se regiões do bairro com ocupação recente, em especial áreas de manguezal locali-zadas à margem do bairro. Mesmo com a coleta regular e limpeza das vias pú-blica, observou-se o acúmulo de RSUs, entulhos da construção civil e bem in-servíveis como sofá e televisores em terrenos do bairro, conforme pode ser notado na figura 3. De acordo com rela-tos, moradores que moram próximo ao local notam a presença de vetores como ratos e baratas, além de insetos. Estes dados corroboram com os encontrados por Fernandes (2009) em um bairro de Campina Grande, PB, que verificou a disposição inadequada dos RSU mesmo

com um sistema de limpeza das vias pú-blica e coleta regular.

Com base nesses fatos, é necessário que seja implementado um programa de educação ambiental e sanitária com foco na conscientização da população, em caráter de urgência, onde se esclareça sobre os prejuízos ao ambiente, à saúde, ao conforto e ao bem‐estar. Gonsalvez (2003) observa que há uma necessidade de transformação, de um trabalho que vise despertar a responsabilidade indi-vidual sobre o lixo na sociedade. Por sua vez Silva e colaboradores (2008) concor-dam que não haverá sustentabilidade, na ausência de Educação Ambiental e sem mudanças nos modelos educacio-nais predominantes na sociedade con-temporânea.

Os RSU constituem problema sanitá-rio de grande importância, quando não recebem os cuidados convenientes. As medidas tomadas para a solução ade-

Fonte: Registro da Pesquisa.

Figura 2 - Locais de acondicionamento dos RSUs no bairro Sá Viana, São Luís, MA a) lixeiras coletivas e; b) bacias e caçambinhas

quada do problema têm, sob o aspecto sanitário, objetivo comum a outras me-didas de saneamento, de prevenir e con-trolar doenças a eles relacionadas (FU-NASA, 2006).

Uma moradora que reside há mais de 8 anos no bairro, relatou que nos últi-mos anos a preocupação com a coleta do lixo e limpeza das vias públicas au-mentou por parte da gestão pública do município, um aspecto considerado im-portante. A varrição e campina no bair-ro são frequentes. Foi possível constatar o serviço realizado no bairro, os funcio-nários utilizam vassouras, pás, rastelos e containers para o acondicionamento dos resíduos de varrição. Os serviços são realizados por todo o bairro e ainda nas margens do rio Bacanga.

Durante a pesquisa de campo, veri-

ficou-se a presença de três mulheres na comunidade que realizam a coleta de materiais recicláveis. Duas delas reali-zam a coleta, a triagem, o acondiciona-mento e a comercialização do material coletado. Trabalham em geral com plás-tico (garrafas PET, potes, baldes e bom-bonas), peças de alumínio (latas) e ferro (cadeiras, portões, aparadores) dentre outros, os mesmos após coletados são triados e ensacados em sacos plásticos tipos bags para venda.

Uma delas realiza a coleta na própria comunidade, de porta a porta ou por entrega voluntária, leva o material para sua residência e os membros de sua fa-mília realizam a triagem. Após a etapa da triagem, observou-se o cuidado com esses materiais, sendo devidamente hi-gienizados e organizados (figura 4).

Fonte: Registro da Pesquisa.

Fonte: Registro da Pesquisa.

Figura 3 - Bens inservíveis dispostos de maneira incorreta no bairro Sá Viana, São Luís, MA

Figura 4 - Material coletado, triado e acondicionado em uma unidade familiar do bairro Sá Viana, São Luís, MA

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Outra moradora juntamente com seu esposo profissional da pesca realiza a coleta dos materiais encontrados no rio Bacanga utilizando uma canoa. O mate-rial após coletado é triado, acondiciona-do e armazenado à margem do rio para venda posterior, conforme pode ser ob-servado na figura 5.

Ambas comercializam os materiais para algumas empresas de reciclagem na capital. Está é fonte principal de renda familiar das moradoras. Segundo Siqueira (2015), tais atividades descen-tralizadas podem ser eficientes na tarefa de desviar resíduos da disposição final e têm a vantagem de mobilizar e sensi-bilizar pessoas. Isto porque se baseiam mais em mudança de paradigmas e tec-nologia social.

Uma delas relatou que sofreu pre-conceito pelos moradores e familiares,

por não aceitarem “alguém trabalhar com lixo”. Com o passar dos anos, to-dos compreenderam que seu trabalho além de ser uma fonte de renda ajuda a manter a comunidade mais limpa. Se-gundo Silva & Lima (2007) os coletores e catadores de materiais recicláveis, comumente são marginalizados, devi-do ao contato diário com vários tipos de resíduos. A moradora pondera que tais materiais coletados não podem ser considerados lixo, para ela quando es-tes materiais são descartados é como se jogassem dinheiro fora, pois acredita no valor que ainda possam ter.

Com trabalho semelhante de coleta seletiva, foi observado a presença de ou-tra moradora na comunidade. Esta por sua vez não comercializa os materiais para reciclagem. A mesma reutiliza os materiais para confeccionar peças de ar-

Fonte: Registro da Pesquisa.

Fonte: Registro da Pesquisa.

Figura 5 - Material coletado, triado e acondicionado as margens do rio Bacanga no bairro Sá Viana, São Luís, MA.

Figura 6 - Reutilização dos RSUs para o cultivo de plantas.

tesanato como: lonas, transformando-as em bolsas, peças de guarda-roupa, ca-pas de freezer e puff que podem ser co-mercializadas. Outra finalidade para os materiais coletados, em especial àqueles em formato de caixas, como partes de aparelhos de ar condicionado, geladeira entre outros são reutilizados como can-teiros de hortaliças, plantas aromáticas e condimentares (figura 6).

CONCLUSÕES

O armazenamento e o acondiciona-mento dos RSU são dispostos de forma adequada em recipientes que atendem à comunidade. Além disso, o sistema de coleta convencional ocorre de forma efetiva com regularidade, funcionalida-de e continuidade em pontos de acúmu-lo distribuídos ao longo do bairro.

De acordo com os moradores, o ma-nejo dos RSU por parte do poder pú-blico melhorou nos últimos anos. De-monstrando assim, uma adequação do município as diretrizes propostas pela PNRS. No entanto, nota-se que a dispo-sição inadequada dos RSU por parte de alguns moradores ocorre em alguns lo-cais, sendo encontrados com frequência resíduos da construção civil, resíduos domésticos e resíduos perigosos.

Por outro lado, destaca-se a presença de três moradoras que realizam a cole-ta seletiva de materiais recicláveis para comercialização e reutilização e ainda de resíduos orgânicos para a compos-tagem. Tal contribuição socioambiental minimiza os efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente decorrente dos resí-duos sólidos dispostos inadequadamen-te e ainda contribuem para a geração de renda da família.

Este estudo pretende contribuir mesmo que modestamente para uma sensibilização futura dos comunitários acerca dos problemas ambientais e sani-tários dos RSU dispostos de forma ina-dequada, tornando-os agentes ambien-

tais populares envolvidos na construção de uma sociedade local sustentável.

REFERÊNCIAS

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COSTA, H. O. S. Análise Hidrológica Aplicada à Gestão Águas – região oeste da ilha de São Luis-MA. 2003, 68f. Especialização em meio ambiente e recursos hídricos – Universidade Esta-dual do Maranhão, São Luis, 2003.

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FONSECA, J. J. S. Metodologia da pes-quisa científica. Fortaleza: UEC, p. 1-127, 2002.

FUNASA. Manual De Saneamento. Ministério da Saúde. Fundação Na-cional de Saúde. 3. ed. rev. Brasília, 2006.

GONSALVES, Pólita. A Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambien-tais, Sociais e Econômicos. Rio de Ja-neiro: D&A: Fase, 2003, 182p.

SILVA, D. B.; LIMA, S. C. Catadores de materiais recicláveis em Uberlândia - MG, Brasil: estudo e recenseamen-to. Caminhos de Geografia. v. 8, n. 21, p. 82 - 98, Junho, 2007.

SIQUEIRA, Thais Menina Oliveira de; ASSAD, Maria Leonor Ribeiro Casimiro Lopes. Compostagem De Resíduos Só-lidos Urbanos No Estado De São Paulo (Brasil). Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 243-264, 2015.

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DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DOS CASOS DE INTOXICAÇÃO EXÓGENA NO ESTADO DO MARANHÃO

Ana Emília F. Castelo Branco Mestranda em Meio Ambiente - Universidade CEUMA

E-mail: [email protected]ício B. Silva

Doutor em Sensoriamento Remoto - Universidade CEUMA E-mail: [email protected]

Jessflan Rafael N. Santos Mestrando em Meio Ambiente - Universidade CEUMA

E-mail: [email protected] de Sousa S. Carvalho

Mestranda em Meio Ambiente - Universidade CEUMA E-mail: [email protected]

RESUMO: A intoxicação trata-se de um processo patológico produzido por substâncias de origem en-dógena e exógena, caracterizando-se em um grave problema de saúde pública. Dessa forma é de suma importância conhecer a saúde da população através de seus indicadores. O presente trabalho teve como objetivo investigar a distribuição espaço - temporal dos casos de intoxicação exógena nos 217 municí-pios do Estado do Maranhão no período de 2007 a 2015. A distribuição espaço-temporal foi feita através de análise geoestatística conhecidos como agrupamentos espaciais locais ou “pontos de calor” (hot spot) onde é possível observar, se a variação espacial ocorre de forma aleatória ou se existe um padrão em torno de municípios com alta e baixa quantidade da variável em questão – no caso deste estudo, os casos de intoxicação exógena. De modo geral, os resultados evidenciaram que a região oeste do Estado houve maior concentração e predominância ao longo dos anos de casos por intoxicação exógena, sobretudo nos município de Itinga do Maranhão, Açailândia, Imperatriz, entre outros.

Palavras-chave: Geoestatística. Intoxicação. Pontos de Calor.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

Uma das preocupações globais são as taxas de intoxicações por se tratar de um problema de saúde pública. No Brasil, a dimensão da distribuição das intoxicações ainda não é plenamente conhecida, uma vez que os dados epi-demiológicos disponíveis são parciais e em sua maioria provenientes dos cen-tros de informação e assistência toxico-lógica (BRASIL, 2012).

O Estado do Maranhão ainda não dispõe de um Centro de Informação e Assistência Toxicológica. Entretanto, no Brasil existe uma rede – RENACIT- composta por 36 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATS), co-ordenada pela ANVISA, criada em 2005 pela Resolução nº 1 9.

É de suma importância conhecer a saúde da população e uma dessas for-mas é conhecendo seus indicadores. Nesta perspectiva, o presente trabalho visa investigar a distribuição espaço- temporal dos casos de intoxicação exó-gena nos 217 municípios do Estado do Maranhão, identificando a existência de prevalência espacial e de aglomerados de riscos de ocorrência.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos Secretaria do Estado de Saúde do Maranhão no período de 2007 a 2015.

Através de análise de agrupamento é possível observar se a variação espacial ocorre de forma aleatória ou se existe um padrão em torno de municípios com alta e baixa quantidade da variável em questão – no caso deste estudo, os casos de intoxicação exógena. Os aglomera-dos espaciais formados são também co-nhecidos como agrupamentos espaciais locais ou “pontos de calor” (hot spot). Para tanto, foram calculados os índices de associação espacial global e local de Moran (ANSELIN, 1995) e os índices

Getis - Ord ou estatística Gi (GETIS; ORD, 1992).

Os índices locais de Getis-Ord (Gi e Gi*) são calculados como medidas de associação espacial para cada área (município). Um nível de significância é utilizado para rejeitar ou não a hipó-tese nula (existência de auto correlação espacial), e o p -valor é comparado com o índice gerado. A análise é realizada com base no valor positivo/negativo e na significância. O valor positivo e sig-nificativo de G (d) indica aglomeração espacial de valores elevados. Em oposi-ção, valores negativos e significantes de G (d) indicam aglomeração espacial de valores pequenos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os mapas de Hot Spot, foi possível observar que, no período de 2007 (Figura 1 A) a distribuição espacial dos casos de notificações por agrotóxi-cos no Estado do Maranhão foi migran-do lentamente para a região oeste do Es-tado em 2009 (Figura 1 C), deslocando a área de influência dos municípios de Balsas e Tasso Fragoso no Sul (Figura 1 B) para os municípios de Amarante do Maranhão, Imperatriz e Açailândia, en-tre outros.

A partir do ano de 2010 (Figura 2 D), a região oeste passa por um decaimento de casos nos municípios de Amarante do Maranhão e Buritirana. No ano de 2011 (Figura 2 E) a região leste do Es-tado evidenciou que houve municípios com casos notificados, onde os municí-pios de São João do Soter e Gonçalves Dias apresentaram maiores significân-cia estatística. Já em 2012 (Figura 2 F) a região oeste volta a ser a região predo-minante no Estado de casos notificados por intoxicação exógena.

Em 2013 (Figura 3 G) a região oeste novamente passa por um decaimento nos municípios de Amarante do Mara-nhão, Senador La Rocque e começa a

Figura 2 - Mapas de casos de intoxicação por agrotóxicos nos municípios do Maranhão entre 2010 a 2012.

Figura 3 - Mapas de casos de intoxicação por agrotóxicos nos municípios do Maranhão entre 2013 a 2015.

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migrar região centro maranhense (Fi-gura 3 H), nos municípios de Grajaú, Fernando Falcão e Mirador. Já o ano de 2015 (Figura 3 I), apenas a região norte do Estado apresentou casos de notifica-ções nos munícipios de Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão.

É importante ressaltar que apesar dos últimos anos os casos de notificação por intoxicação exógena apresentarem uma diminuição nas suas concentrações, este fato não reflete a realidade uma vez que existe elevados números de subnotifi-cações segundo a Secretaria Estado de Saúde do Maranhão.

CONCLUSÕES

De modo geral, a região oeste foi pre-dominante ao longo dos anos em rela-ção aos casos de notificações por intoxi-cação exógena no Estado do Maranhão.

Os anos de 2014 e 2015 foram os que menos apresentaram casos de intoxi-cação, contudo isso pode indicar uma maior frequência de ocorrência de sub-notificações dos casos no Estado.

As subnotificações configuram um grande problema, pois não permite uma análise mais confiável sobre os eventos que exigem políticas, monitoramento e resolução.

REFERÊNCIAS

ANSELIN, L. Local Indicators of Spa-tial Association-LISA. Geographical Analysis, Columbus, v. 27, n. 2, p. 93-115.Apr. 1995.

BRASIL. Manual de Vigilância das In-toxicações. Prefeitura do Município de São Paulo, Coordenação de Vigilância em Saúde Centro de Controle de Doen-ças. Intoxicações. Manual de Vigilân-cia Programa Municipal de Prevenção e Controle das Intoxicações Setembro. São Paulo, 2012.

GETIS, A.; ORD, J. K. The Analysis of spatial association by use of distance

statistics. Geographical Analysis, Co-lumbus, v. 24, n. 3, p. 189-206, July 1992.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AGRICULTURA FAMILIAR: ESTUDO DE CASO NO POLO AGRÍCOLA DA PINDOBA,

PAÇO DO LUMIAR/MA

Jussara de Moraes Borges da CostaGraduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Levi Silva Feitosa

Graduando de Engenharia Ambiental - Faculdade PitágorasJade Camila Gomes Ramos

Graduanda de Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras Eduardo Mendonça Pinheiro

Professor Orientador

RESUMO: Com as novas perspectivas ambientais e as preocupações com o desenvolvimento susten-tável, percebe-se cada vez mais um desempenho maior da sociedade, no que tange, a busca por novas estratégias e metodologias, para que haja uma maior conscientização em relação a preservação do meio ambiente, e um dos setores que muito se tem trabalho para este fim, é o meio rural, com a produção orgânica, exploração dos recursos naturais de forma consciente e a inserção da educação ambiental. Sabendo disto, o objetivo deste trabalho foi analisar dentro da agricultura familiar, como é realizada a disseminação destas informações. Cuja metodologia baseou-se em uma pesquisa de caráter explorató-rio, por meio da investigação das principais metodologias usadas como fontes de informações. A partir da pesquisa obteve-se resultados mostraram que, mesmo havendo diversas opções para se trabalhar a educação ambiental, pouco se tem feito na prática.

Palavras-chave: Produção orgânica. Sustentabilidade. Conscientização.

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INTRODUÇÃO

A educação ambiental traz consigo uma gama de oportunidades para os desenvolvimentos social, econômico e cultural, ou seja, ela influencia o com-portamento do cidadão com a mudança de cultura, que se difunde, através da comunidade acadêmica e com ações so-ciais, nas indústrias e comércio. Atual-mente o termo “Sustentabilidade” vem ganhando espaço na mídia, inclusive na construção civil e na agropecuária, pois é sinônimo de bons negócios, devido ao consumo consciente que é capaz de pro-mover a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

É importante olhar para o campo, pois é onde a degradação é identificada por meio do desmatamento das flores-tas, assoreamento dos rios, despejo de agrotóxicos nas plantações, presença da monocultura que futuramente em-pobrecerá o solo, e, por consequência, aumenta os preços dos hortifrútis para o consumidor. Um dos principais obje-tivos que a didática ambiental promove é o aprendizado atuando como propa-gador da mudança de hábito; com base nisso, busca-se na agricultura familiar a viabilidade de inserir na cultura de extrativismo, as práticas que se podem levar a um desenvolvimento conscien-te, visando buscar meios de priorizar a construção do conhecimento, no qual o saber do produtor rural será respeitado no decorrer do processo, a troca de in-formações deve apresentar alternativas praticáveis ao agricultor, cuja comuni-cação seria um elo importante na me-diação da construção e reconstrução do conhecimento sustentável, através da educação ambiental.

Para alcançar-se o objetivo de aplicar a teoria do conhecimento sustentável na agricultura familiar, será necessário identificar as formas de agir e pensar do homem rural. Em seguida, é importan-te dialogar com o líder da comunidade/

cooperativa, apresentando uma nova técnica de manejo sustentável, para que o produtor consiga obter um melhor resultado na qualidade dos produtos, consequente aumento monetário, além da minimização de impactos ambien-tais. Portanto é importante a inserção do Programa de Educação Ambiental na Agricultura Familiar, onde estimulará a produção orgânica e agroecológica e também investimentos no uso de tecno-logias ambientais e energias renováveis, promovendo assim a formação e a ca-pacitação desses agricultores do bairro rural Pindoba no Município do Paço do Lumiar – MA, servindo de incentivo para essa atividade.

As técnicas de aprimoramento seriam a utilização de biofertilizantes, compos-tagem, matéria orgânica oriunda de es-terco animal, captação de energia solar, através de placas solar, e uso consciente da água com irrigação cronometrada. Contudo, para que se tenha afetividade nessas técnicas, elas precisam ser apli-cadas no processo do plantio de forma correta. É necessário que haja uma pro-dução sustentável voltada ao meio em que está inserido, cujos aspectos anali-sados sobre educação ambiental são de grande importância para a promoção da sustentabilidade na agricultura familiar.

Com o objetivo de aplicar e acompa-nhar os resultados, Polo Agrícola Hort-Canaã da Vila residencial Nova Canaã – Pindoba uma vez que as famílias que vivem nessa localidade, necessitam de orientação constante visto que sua fon-te de renda é retirada da agricultura fa-miliar.

METODOLOGIA

Caracterização da área de estudo

O Polo Agrícola da Vila Residencial Nova Canaã surgiu a partir do Projeto de Lei n° 011/2014, em 2009, devido à criação do programa de realocação pela

construção da Usina Termelétrica (UTE) do Porto de Itaqui, como alternativa de renda para agricultores da Vila Madu-reira, atendendo assim à necessidade das 95 famílias atingidas pela obra. Nele pratica-se a agricultura familiar orgâni-ca, associando a uma atividade econô-mica denominada Projeto HortCanaã localizado na zona rural do município de Paço do Lumiar – MA, povoado Pin-doba-MA.

O polo agrícola HortCanaã abrange uma área total de 60 hectares, sendo que 20 hectares são destinados à Área de Preservação Permanente (APP), esse projeto conta com a participação de 20 famílias as quais têm o apoio de enge-nheiros agrônomos, técnicos, assistente social, representantes da comunidade e Eneva (Usina Termoelétrica).

Dentre as principais culturas culti-vadas, destacam-se: As leguminosas, fo-lhagens, ervas medicinais; além de plan-tação de mamão, maracujá, cupuaçu, cebolinha, macaxeira, feijão e banana.

Coleta de dados

Os dados utilizados para execução deste trabalho são de origem primária, coletados a partir de visita in loco ao Polo Agrícola HortCanaã, nos períodos de agosto e setembro de 2016, ocasião em que se observaram as condições am-bientais do local e o sistema produtivo e as registrando-os em fotografias.

No ato das visitas, também foi pos-sível realizar uma entrevista com os agricultores (20 famílias), usando-se um questionário previamente estruturado com 30 questões de múltiplas escolhas, que abordavam os seguintes aspectos: identificação, situação socioeconômica, grau de escolaridade, tempo de trabalho, grau de exposição e contato com o agro-tóxico, linha de trabalho durante o plan-tio, entre outras, a fim de conhecer a re-alidade socioambiental dos agricultores. Foram assegurados o conhecimento e a

concordância dos entrevistados, assim como a confidencialidade das informa-ções cedidas pelos entrevistados.

Foi observado que, no povoado do Iguaíba em Paço do Lumiar, o cultivo da agricultura é feita de forma individu-al e não em cooperativa como no Polo HortCanaã. Em 2005, o CAF (Casa da Agricultura Familiar) juntamente com o PRONAF (Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar) ministrou um curso para esses agricul-tores do Iguaíba, os quais receberam informações sobre como classificar as hortaliças, escolha adequada do plantio, ferramentas utilizadas na plantação, as-pectos do solo, clima, controle fitossani-tários e colheita. Mas, infelizmente, não é feito um acompanhamento periódico o que resulta em maiores dificuldades e desinformação por parte do agricultor.

As perguntas tiveram como obje-tivo levantar o conhecimento e o en-tendimento sobre o Meio-Ambiente, o conceito e a importância da educação ambiental na agricultura familiar. Pos-teriormente, os dados coletados foram tabulados e analisados.

RESULTADOS

Para obtenção dos dados apresenta-dos nessa pesquisa, fez-se necessário à aplicação de um questionário estrutura-do a 12 (doze) famílias que trabalham no Polo HortCanaã, uma das observações feitas durante a pesquisa foi, que 67% dos entrevistados eram do sexo mas-culino e a maioria (62,68%) desses não concluíram nem o Ensino Fundamental, enquanto 33% dos agricultores entrevis-tados eram do sexo feminino.

Constatou-se durante a entrevista que todos os agricultores entrevista-dos, possuem moradia própria, residem a mais de 5 anos no Polo HortCanaã e estão satisfeitos com o local que vivem.

Durante a visita no Polo HortCanaã, notou-se que as principais produções

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são de: frutas, hortaliças e raízes, como pode ser observado no gráfico abaixo. Sendo que 50% da produção corresponde as hortaliças cultivadas no Polo HortCanaã, 25% da produção é de raiz e hortaliças, 17% correspondem a frutas e hortaliças e 8% corres-pondem a todas que são cultivadas.

Figura1 - Gráfico a respeito dos principais problemas da população.

Figura 2 - Gráfico representativo dos problemas enfrentados na produção

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

No Polo HortCanaã, o agricultor participa de todas as etapas da produção, ou seja, desde da capina, do plantio, da poda e até a sua colheita, desse modo, as vendas destes produtos são destinadas para as feiras, atravessadores, supermercados e PAA (Progra-ma de Aquisição de Alimentos) que visa destinar parte da produção para as escolas em parceria com a Prefeitura.

Notou-se que durante a pesquisa, toda produção realizada no Polo HortCanaã do

cultivo à colheita, os agricultores não utilizam nenhum tipo de agrotóxico, sendo uma produção 100% orgânica. É valido saber que, a produção orgânica de alimentos, favorece a fertilidade do solo e a gestão de pragas na agricultura, nota-se que o cultivo da agricultura or-gânica, poderia trazer benefícios tanto na produção de alimentos, como no uso de várias culturas, onde visa multiplicar os sistemas de cultivo e a produção (BA-DGLEY et al.,2007).

De acordo com o gráfico abaixo, figu-ra 2, a respeito dos principais problemas enfrentados pelos agricultores entre-vistados, identificou-se que 75% repre-sentamos a falta de apoio do Governo, sendo que 17% da Energia Elétrica que é vista como problema futuro e 8% por falta de apoio de entidades financeiras.

Durante as entrevistas, observou-se com os agricultores que, mesmo utili-zando uma produção limpa de agricul-tura, há uma dificuldade por falta do incentivo do Governo, o que gera des-contentamento para os mesmos, pois isto favorece na perda da produção e consequente prejuízos financeiros, ou-tra preocupação que foi observada, é que há um convênio com a empresa ENEVA, onde a mesma é encarregada de pagar a energia consumida pelo Polo, como forma de compensação mediante acordo firmado através do remanejo das famílias da Comunidade Vila Madurei-ra do Porto do Itaqui, compensação esta que irá vencer em Janeiro de 2017.

CONCLUSÕES

Mediante o quadro visualizado nos gráficos, percebe-se que a comunida-de do Polo está no caminho certo, mas necessita de uma orientação, e de acor-do com estudos, no tocante a inserção da educação ambiental na agricultura familiar, nota-se um melhor aproveita-mento, ou seja, a comunidade ou a fa-mília que a recebe, está mais consciente

de seu papel e responsabilidade com o meio ambiente, e a ideia de levar este projeto à comunidade do Polo agrícola HortCanaã, visa essa melhoria, pois, a educação ambiental tem por objetivo a transformação social, defendendo uma nova ética, construindo novos hábitos, transformando valores e conhecimentos que sensibilize e conscientize a forma-ção da relação integrada do ser huma-no, da natureza e também da sociedade, buscando assim um equilíbrio local e global, visando melhorar a qualidade de vida (CARVALHO,2006).

Mesmo diante dos problemas que fo-ram citados pelos agricultores, o Polo HortCanaã como se pode observar, tem um grande potencial de aceitação de novas ideias, portanto é viável integrar junto às famílias como a comunidade no qual se localiza, a educação ambiental, dessa forma, aliando tanto o saber do agricultor rural como o saber do edu-cando.

REFERÊNCIAS

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BERNAL, A.B. A Construção do Pro-grama Estadual de Educação Am-biental do Rio de Janeiro: disputas pela agenda pública em tempos de hegemonia neoliberal. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universida-de Federal do Rio de Janeiro, Rio de Ja-neiro, 2012.

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar. Educação Am-biental. 2016. Disponível em: http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/formacao- deeducadore/programa- de--educa%C3%A7%A3o-ambiental- e-a-gricultura- familiar-peaaf>>. Acesso em: 18 de jul. 2016.

PENTEADO, S. R. Manual Prático de Agricultura Orgânica: Fundamentos e Técnicas. Edição do autor. Campinas, SP, 2009.

SANTOS, E. T. A. dos. Educação am-biental na escola: conscientização da necessidade de proteção da cama-da de ozônio. 2007. Monografia (Pós--Graduação em Educação Ambiental) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2007.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM UMA CLÍNICA PARTICULAR E

UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DE SÃO LUÍS-MA

Suelen Cunha Ribeiro Professora de Geografia, Geógrafa - UEMA

E-mail: [email protected].ª Msc. Nádja Furtado Bessa dos Santos

Professora do Departamento de História e Geografia - UEMA Campus Paulo VI

RESUMO: A presente pesquisa teve por objetivo diagnosticar o gerenciamento dos Resíduos de Servi-ços da Saúde (RSS), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Instituto de Medicina e Diagnótico (Clínica São Matheus) no bairro da Cidade Operária, localizados em São Luís do Maranhão. Os dados foram coletados através da aplicação de questionários e entrevistas aos responsáveis pela gestão destes resíduos dos respectivos estabelecimentos. A primeira unidade de saúde revelou a existência de uma política institucional de gerenciamento de resíduos, porém seu Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) encontra-se desatualizado. Na Clínica São Matheus, há inexistência de um PGRSS. Dessa forma, esta última unidade, apresenta falhas nas etapas operacionais que envolvem problemas de gestão, estrutura física, recursos materiais e humanos. Assim, o correto gerenciamento dos resíduos apresenta relevância para os estabelecimentos de saúde, de forma a cumprir a legislação vigente, bem como, a prevenção de acidentes com os profissionais envolvidos no processo, e evitar riscos de contaminação provenientes deste setor.

Palavras-chave: Resíduos de Serviços de Saúde. Unidades de Saúde. Legislação.

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INTRODUÇÃO

Na maioria das cidades brasileiras, o destino final dos resíduos sólidos ur-banos não é direcionado para um local adequado. Em geral, a destinação final ocorre a céu aberto. Devido a essas con-dições precárias do gerenciamento dos resíduos no Brasil, decorrem vários pro-blemas que afetam a saúde da popula-ção e do meio ambiente, indo desde a contaminação da água à proliferação de vetores e, a saúde das pessoas que têm contato com esses resíduos. Os proble-mas agravam-se ainda mais, quando se constata o descaso com o gerenciamen-to dos resíduos provenientes dos servi-ços da saúde.

Diante da problemática relacionada com o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS), observa-se que a cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, tem experimentado mu-danças acerca do gerenciamento desses resíduos nos seus hospitais, favorecen-do uma visão abrangente da situação do manejo dos mesmos em nossa cidade. No bairro da Cidade Operária há um número crescente de estabelecimentos que ofertam atendimentos de serviços da saúde, consequentemente, tem-se uma maior geração de resíduos desta ordem, e maior risco a saúde pública e ao meio ambiente.

Diante do exposto, emerge uma questão: de que maneira pode-se buscar o gerenciamento adequado dos resíduos de serviços de saúde, tendo em vista o risco associado à manipulação ou expo-sição do profissional de saúde envolvido no processo? A partir desse desafio, este estudo realizou um diagnóstico sobre o gerenciamento dos RSS nas Unidades de Saúde do bairro Cidade Operária, vis-to que, o mesmo oferece uma gama de atendimento na área da saúde, sendo a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a Clínica São Matheus os locais pré--estabelecidos para o desenvolvimento

da pesquisa. É de suma importância o gerenciamento dos resíduos de serviços da saúde obedecer todas as etapas en-volvidas no processo e devem estar de acordo com as normas vigentes como a Resolução nº 283 do CONAMA (Brasil, 2001), a Resolução ANVISA RDC nº 306 (Brasil, 2004) e a Resolução nº.358 do CONAMA (2005) que trata da classifica-ção dos resíduos de serviços da saúde de acordo com o risco gerado em: Grupo A (Resíduos infectantes); Grupo B (Re-síduos contendo substâncias químicas); Grupo C (Resíduos que contenham ra-dionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não pre-vista); Grupo D (Resíduos que não apre-sentem risco biológico, químico ou ra-diológico (resíduos domiciliares); Grupo E (Materiais perfurocortantes ou esca-rificantes, tais como: lâminas de barbe-ar, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, entre outros). Além disso, é necessário sensibilizar os funcionários das unida-des de saúde sobre a importância do manejo adequado desses resíduos.

Nesta perspectiva, os objetivos do trabalho foram: identificar os pontos re-levantes no gerenciamento dos resíduos gerados na UPA e na Clínica São Ma-theus do bairro da Cidade Operária; ve-rificar as etapas do gerenciamento dos RSS das respectivas unidades de saúde; identificar os tipos de resíduos gerados nas unidades a serem estudadas, bem como, os tipos de recipientes que são utilizados como coletores desses resí-duos, se a quantidade e distribuição são compatíveis com os mesmos; listar as empresas, órgãos públicos, entidades que realizam as ações referentes às eta-pas de gerenciamento dos resíduos de serviços da saúde.

MATERIAIS E MÉTODOS

Segundo a taxionomia de Vergara (2014), esta pesquisa se classifica da se-guinte forma: quanto aos fins é descriti-va e explicativa. Descritiva porque visa descrever, observar e registrar como ocorre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde nas unidades de saú-de UPA e Clínica São Matheus no bairro cidade operária. Explicativa porque visa analisar e interpretar como ocorre o ge-renciamento de resíduos de serviços da saúde no bairro da cidade operária atu-almente. Quanto aos meios é Bibliográ-fica por apropriar-se de materiais publi-cados em livros, internet, dentre outros meios eletrônicos. Além do mais, utili-za-se uma pesquisa De Campo, por in-vestigar empiricamente a realidade das unidades de saúde ora em estudo. Tra-ta-se ainda de uma abordagem qualita-tiva, pois houve a necessidade do levan-tamento de dados para compreensão e interpretação sobre o tema em questão.

As unidades de saúde pesquisadas foram escolhidas por serem considera-das os estabelecimentos de saúde que mais atendem à população local e adja-cências.

Foram realizados trabalhos de campo como: aplicação de entrevistas e ques-tionários aos responsáveis pela gestão dos Resíduos de Serviços da Saúde das respectivas unidades, sendo que estes instrumentos serviram de subsídios para evidenciar o conteúdo teórico alia-do à prática. O roteiro das entrevistas e questionários foi elaborado buscando englobar as principais informações so-bre os procedimentos gerenciais, opera-cionais e levantamento de dados quali-tativos e quantitativos dos RSS gerados, abrangendo os aspectos relativos à se-gregação, acondicionamento, armaze-namentos interno e externo, transporte, tratamento e disposição final, adotando como referência a Resolução CONAMA nº. 358 (Brasil, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos apontaram que a UPA, atende parcialmente aos procedimentos preconizados na Reso-lução CONAMA nº. 358/2005. Apre-senta um Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), com sua referência bibliográfica desa-tualizada, uma Comissão de Resíduos de Serviços da Saúde (CRSS), com res-ponsável técnico com formação espe-cífica, um Programa de Treinamento e Capacitação dos Servidores (PTCS) ainda em fase de elaboração. As etapas do gerenciamento dos resíduos des-ta unidade compreendem: identifica-ção dos resíduos (A e D), segregação, acondicionamento, transporte interno, armazenamento temporário (Figuras 1 e 2), armazenamento externo coleta, transporte externo, tratamento e desti-no final, sendo obedecidas as etapas do gerenciamento de resíduos conforme a ANVISA nº. 306/2004. Os profissionais que desenvolvem essas etapas são pres-tadores de serviços da empresa Institu-to de Cidadania e Natureza (ICM). Eles utilizam EPI’s adequados como: luvas, botas, toucas, máscaras, uniformes e óculos (Figura 3). Diariamente a técnica responsável da Comissão de Controle e Infecção Hospitalar (CCIH) faz vistorias e orientações sobre a utilização adequa-da e compatível dos EPI’s e manejo dos resíduos de serviços de saúde. A Clínica São Matheus não atende a todos os pro-cedimentos preconizados na Resolução CONAMA nº. 358/2005, pois, de acor-do com a pesquisa foi diagnosticado a ausência de um Plano de Gerenciamen-to dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), ausência também de profis-sionais capacitados para realizar o ge-renciamento de resíduos de serviços da saúde. As etapas do gerenciamento dos resíduos desta unidade compreendem: identificação dos resíduos (A, B, D e E), segregação, acondicionamento, trans-

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porte interno, armazenamento tempo-rário, armazenamento externo coleta, transporte externo, tratamento e desti-no final, sendo obedecidas as etapas do gerenciamento de resíduos, conforme a ANVISA nº. 306/2004. Em relação ao destino final dos resíduos gerados nessa unidade de saúde, tem-se que os resídu-os das classes A, B e E são direcionados para incineradores da empresa privada responsável pela sua coleta a SERQUIP, e o classe D tem o mesmo destino que os resíduos sólidos urbanos de São Luís, o Aterro Sanitário Titara, localizado no município de Rosário.

CONCLUSÃO

O conhecimento da realidade local do bairro Cidade Operária representa a etapa inicial no que tange o geren-ciamento de Resíduos de Serviços de Saúde na capital maranhense. É impor-tante afirmar que existe uma legislação vigente e tem sido aceita pelas unidades de saúde e pelos profissionais da área em questão, porém a aplicabilidade da mesma no contexto local não é perce-bida. Em busca de colaborar para a me-lhoria desse processo nas unidades de saúde, foram elaboradas duas cartas de sugestões direcionadas para as mesmas,

Figura 1 - Armazenamento temporário de resíduos classe A e D; Figura 2. Armazenamento externo de resíduos classe A; Figura 3. Profissional utilizando EPI’s.

Fonte: RIBEIRO, 2016.

visando destacar os principais pontos impactantes no gerenciamento dos re-síduos em questão. Nas cartas podem ser encontradas sugestões para a ela-boração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), bem como, sua atualização proposta pela legislação vigente. Além disso, su-gere-se também a capacitação dos seus funcionários através de treinamentos aliado à troca diária de informações so-bre a importância da utilização de EPI’s para a realização de tal processo, repre-sentando, portanto, um avanço para a solução dos problemas identificados,

somando-se a estes, o exercício do bom senso dos profissionais de saúde e o es-clarecimento da população.

AGRADECIMENTOS

À professora e orientadora Nádja Furtado Bessa dos Santos.

À Unidade de Pronto Atendimento – UPA e o Instituto de Medicina e Diagnó-tico - Clínica São Matheus, nas pessoas da Diretora Administrativa e da técnica responsável da Comissão de Controle e Infecção Hospitalar, pelas informações prestadas para esta pesquisa.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Resolução CONAMA nº 283/2001. Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 01 out., Seção 1. Brasília, 2001.

BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº 306/2004. Dispõe sobre o Regulamen-to Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Bra-sil, 10 dez., Seção 1. Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ma-nual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

BRASIL. Resolução CONAMA nº 358/2005. Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras pro-vidências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 29 abr., Seção 1. Brasília, 2005.

VERGARA, Sylvia Constante. Projetos e Relatórios em Administração. 15 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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IMPACTO DA PRESENÇA DE MATADOUROS NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DAS AGUAS

SUPERFICIAIS DO MANANCIAL DO RIO GRANDE NA ZONA RURAL DE SÃO LUÍS-MA

Ágata Cristine Sousa Macedo Graduação em Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected]élia Castro da Silva

Graduação em Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras. E-mail: [email protected]

Debora Danna Soares da Silva Graduação em Engenharia Ambiental - Faculdade Pitágoras

E-mail: [email protected] Mendonça Pinheiro

Professor Orientador

RESUMO: O presente trabalho realizou um estudo no manancial Rio Grande a fim de analisar a sua possível contaminação biológica por agentes patogênicos, uma vez que há vários matadouros na região, atividade a qual expõe os recursos hídricos a uma carga alta de matéria orgânica, pondo em risco a saúde da população local que ainda faz uso de suas águas para recreação e dessedentação de animais. A partir dos resultados das análises, obtiveram-se dados positivos quanto à contaminação do manancial em estudo decorrente das descargas de efluentes lançadas, por pelo menos um dos matadouros, presente na comunidade, observou-se que os efluentes descarregados no Rio Grande foram capazes de modificar o ecossistema aquático desse, que é um dos vários afluentes do Rio dos Cachorros, portanto contaminar suas águas. As consequências desta atividade podem ser verificadas na atual ausência da ictiofauna do Rio Grande, que segundo os moradores, antes era bastante ativa, assim como no atual desuso do rio, que antes das instalações dos matadouros, era usado pela comunidade para diversas atividades como banho, pesca, lavagem de roupas e lazer.

Palavras-chave: Contaminação Biológica. Efluentes in natura. Recursos Hídricos.

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INTRODUÇÃO

O Rio Grande é um manancial que media a comunidade de também de-nominada Rio Grande, este manancial atualmente encontra-se em processo de deterioração, haja vista há presença de abatedouros nas suas proximidades que contribuem significativamente no seu esgotamento, devido ao lançamento dos efluentes líquidos de forma in-natura no rio, afetando a qualidade de suas águas, assim como a vida aquática, influen-ciando diretamente a vida da população e gerando impactos negativos ao meio ambiente.

Em pesquisas realizadas a comuni-dade do local, que se encontram dire-tamente prejudicados com a atividade, estes afirmam não poder mais usufruir das águas do Rio Grande como faziam no passado e que esse também contribui para a poluição do Rio dos Cachorros, prejudicando a pesca comercial e o lazer dos quais usufruíam há alguns anos.

O presente estudo visa apurar atra-vés de análises laboratoriais de alguns parâmetros de qualidade das águas, a qualidade da água superficial do Rio Grande em São Luís-MA, com o intuído de demonstrar a quem for de interesse, as condições às quais estão submetidos os recursos hídricos quando esses estão expostos à poluição industrial gerada pela destinação inadequada das águas residuárias de matadouros. Visando ainda, verificar se há a presença nas amostras a serem analisadas de bacté-rias causadoras de doenças de veicula-ção hídrica.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

O Rio Grande nasce no povoado de Rio Grande, que está localizado na par-te sudoeste da Olha do Maranhão, zona rural de São Luís, sua entrada fica no Km 10 da BR135, ao seu entorno encon-

tra-se o povoados de Rio dos Cachorros, a Vila Maranhão, o complexo da Vale, ALUMAR e diversas outras indústrias de menor porte (MARINHO et al., 2011). O povoado permeia a bacia hidrográfica do Rio dos Cachorros que possui uma área de 65 km², onde seu canal principal é o próprio rio, com uma extensão de 10,71 km. Esse possui diversos afluentes e dentre este se tem o Rio Grande, ma-nancial estudado (ARAÚJO et al., 2009).

Coleta de dados

As coletas iniciaram no dia 13 de setembro de 2016, constituindo-se de três visitas à comunidade. A cada visi-ta, foram coletadas algumas amostras de água do manancial em estudo, che-gando ao número de nove amostras para serem analisadas, após a coleta das amostras de água fez-se analises microbiológicas nessas, com finalidade de identificar as bactérias do grupo co-liforme em especial a Escherichia coli e bactérias do grupo enterococos, que são comumente encontradas em fezes dos humanos e animais de sangue quente, correlacionando-as a atividades dos ma-tadouros na região. O período em que foram coletadas as amostras o nível de precipitação estava baixo, por este mo-tivo, o rio apresentava baixa vazão e volume, em alguns pontos o rio estava apenas com o solo encharcado, dificul-tando a obtenção das amostras de água.

O processo estendeu-se por três me-ses, até que fossem obtidos os resulta-dos. Cada coleta foi realizada segundo as orientações da NBR 9.898/87 a qual dispõe sobre “as condições exigíveis para a coleta e a preservação de amos-tras e de efluentes líquidos domésticos e industriais e de amostras de água” (BRASIL, p.1, 1987) e seguiu-se o pa-drão estabelecido pelas resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), citadas a seguir: CONAMA nº: 357/2005 que, “Dispõe sobre a classi-ficação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e pa-drões de lançamento de efluentes, e dá outras providências” (BRASIL, 2005), CONAMA nº 430/2011, “Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357 (BRASIL, 2011) e Re-solução nº 274/2000 que dispõe sobre a balneabilidade e parâmetros de qualida-de de água de ambiente (BRASIL, 2000).

Além das analises da agua do rio, re-alizou-se também visitas aos moradores da, a fim de entender as condições sani-tárias a qual se encontram, bem como o tipo de uso que fazem da água do rio estudado, para tal foi aplicado um ques-tionário estruturado com seis questões, aplicados a 22 famílias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aspectos socioambientais da pes-quisa

A partir da aplicação do questioná-rio as 22 famílias, conforme demonstra a Figura 01, observa-se que os morado-res com mais tempo de residência no local puderam acompanhar de forma mais marcante a intensa degradação do Rio Grande. Os mesmos relataram que, antes, o rio era bastante usado pela po-pulação para diversos usos. Entretanto, com as instalações dos matadouros, as-sim como, de outros empreendimentos, a comunidade tem sofrido com vários impactos ambientais negativos, dentre eles a perda da utilidade que o rio tinha para a população, devido à poluição e

Figura 1 - Utilização do rio pela população, no passado e atualmente.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

contaminação deste manancial.

Entre os pesquisados, apenas 18% afirmaram terem contraído alguma do-ença de veiculação hídrica, porém acre-dita-se que esse percentual seja bem maior tendo-se em vista a proximida-de da população ao rio contaminado e

ao fato de ainda o usarem para banho e também o desconhecimento de mui-tos quando quanto aos riscos biológicos contidos em ambientes contaminados.

A grande maioria dos entrevistados afirmaram que os matadouros influen-ciam de forma negativa na qualidade

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de vida deles, apontando como maior impacto considerado, a poluição do Rio Grande. Segundo Sperling (2014), um corpo d’água receptor de efluentes in-dustriais pode ser afetado grandemente por microrganismos patogênicos incor-porando uma gama de agentes trans-missores de doenças. Os aspectos da disposição de resíduos e efluentes de abate animal de forma inadequada ge-ram impactos ao meio ambiente e a saú-de pública por se tratarem de resíduos

orgânicos com alto grau de putrefação e alta carga de poluição. Os odores vêm acompanhados de vetores de contami-nação como ratos, moscas, baratas e urubus que trazem eminente risco para a população que transita e/ou residem nas proximidades dos locais de despe-jo destes resíduos. A Figura 02 abaixo mostra o percentual daqueles que acre-ditam que os impactos negativos asso-ciados à atividade de abatimento bovino influenciam na qualidade de vida dos

Figura 2 - A influência dos matadouros na qualidade de vida das pessoas, de acordo com entrevistas realizadas.

Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

moradores da comunidade.

A maioria dos entrevistados acredi-tam sofrer com diversos tipos de pro-blemas de cunho ambiental, tais como poluição e/ou contaminação dos rios (67%), poeiras e fumaças (partículas em suspenção no ar), queimadas, falta de peixe nos rios (que antigamente era uma fonte de consumo tirados do rio) e o mau cheiro (28%) provindo dos mata-douros, entre outros.

Análise da qualidade da água atra-vés de parâmetros bacteriológicos

Baseado nas resoluções CONAMA nº 274/2000 e nº 357/2005, segue-se os re-sultados obtidos de todas as análises das amostras coletadas em cada grupo de

coletas, sendo as amostras do grupo 01 coletadas no dia 13/09/2016, as amostras do grupo 02 coletadas no dia 23/09/2016 e as amostras do grupo 03 coletadas dia 04/10/2016. O Quadro 01 explana de me-lhor forma o resultado de cada grupo. u

Especificação dos resultados

Obteve-se um resultado positivo para contaminação por bactérias do grupo coliformes termotolerantes, e entero-cocos em todas as amostras de coletas da primeira visita (13/09/2016) – Grupo 01. Entre eles a presença de Escherichia Coli. No grupo 02, da mesma forma confirmou-se a presença de coliformes e enterococos, porém, a primeira amos-tra coletada, neste dia, foi em um ponto

onde a população faz uso para banho e lazer, próximo a nascente e anterior aos matadouros. Todavia esta amostra, apesar de ter apresentado contamina-ção por coliformes, não apresentou a presença da bactéria E. Coli, tão pouco de enterococos que são indicadores de contaminação fecal. Nas análises das três amostras coletadas na terceira e úl-tima visita à comunidade (04/10/2016) – Grupo 03, obteve-se um resultado di-ferenciado apenas na amostra 01, ponto mais próximo à nascente. Neste ponto, encontrou-se aproximadamente 93 Uni-dades Formadoras de Colônias de coli-formes termotolerantes. De acordo com este resultado e com parâmetros esta-belecidos, pelas legislações vigentes, a água neste ponto, não está contaminada a ponto de afetar a saúde humana. Em contrapartida, mais uma vez, foi en-contrada contaminação total quanto às amostras coletadas na localidade do rio que perfaz os matadouros.

CONCLUSÕES

Diante o estudo apresentado vem confirmar que o Rio Grande, afluente do rio principal da bacia hidrográfica do Rio dos Cachorros, vem sofrendo inten-sa influência antrópica causada pelos matadouros localizados em seu entorno, resultando em impactos negativos como a alteração dos parâmetros de qualidade de suas águas e principalmente causan-do intensa degradação.

O grau de contaminação microbioló-gica por coliformes totais e termotole-rantes apresentado nos resultados das análises, bem como a confirmação da presença de enterococos e de bactérias de origem exclusivamente fecal, sugere uma alteração negativa dos parâmetros biológicos, ratificando que a atividade dos matadouros tem influenciado a vida da população ao agredirem, poluírem e modificarem o estado natural do ma-nancial.

Há uma necessidade de se conscien-

Quadro 1 - Grupo de Amostras.

1UFC: Unidades Formadoras de Colônias - uma unidade de medida usada para estimar o número de bactérias ou fungos viáveis. Fonte: Autores da pesquisa, 2016.

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tizar a população da comunidade de Rio Grande para o risco que correm por uti-lizarem, ainda em alguns locais, o rio para banho, como também para a desse-dentação de animais, sendo que a água, segundo a resolução CONAMA 357/274, encontra-se está impropria para este uso. Assim como serve de alerta para os atuais empreendedores da área quanto à agressão que está sendo causada ao meio ambiente, fonte de recursos valio-sos mantenedores da vida humana.

Encerra-se este estudo recorrendo para as autoridades para que sejam to-madas medidas no sentido coibir tais atividades quando estas ferem e im-pactam de forma tão agressora o meio ambiente, assim como de conscientizar a população da necessidade de se de-nunciar este tipo de infração, para que dessa forma possa-se conservar e pre-servar os recursos hídricos disponíveis e indispensáveis à vida.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-MAS TÉCNICAS. NBR 9898: Preser-vação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos recepto-res. Rio de Janeiro, 1987. 22 p. Dispo-nível em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp- content/uploads/2015/01/NBR-9.898-Coleta-de-Amostras.pdf>. Acesso em: 26 out. 2016.

ARAÚJO, E. P.; TELES, M. G. L.; LAGO, W. J. S. Delimitação das bacias hidrográ-ficas da Ilha do Maranhão a partir de da-dos SRTM. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 14. (SBSR), 2009,

Natal. Anais... São José dos Campos: INPE, 2009. p. 4631-4638.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 274/2000 - critérios de balneabilida-de em águas brasileiras. Publicada no DOU nº 018, de 08/01/2001, págs. 70-71. Disponível em: <http://www.mma.gov.

br/port/conama/legiabre.cfm?codle-gi=272>. Acesso em: 18 out 2016.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 357/2005 - classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como es-tabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá ou-tras providências. Publicada no DOU nº 053, de 18/03/2005, págs. 58- 63, alte-rada pela Resolução n° 410/2009 e pela Resolução n° 430/2011. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 04 set. 2016.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 430/2011 - condições e padrões de lançamento de efluentes, comple-menta e altera a Resolução n° 357/2005. Publicado no DOU nº 92, de 16/05/2011, pág. 89. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 04 set 2016.

MARINHO, et. al. Percepção ambiental em área de manguezal: o caso do povo-ado rio dos cachorros, são luis – mara-nhão – brasil. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 63., 2011, Florianópolis. Anais eletrônicos... São Paulo : SBPC/UFSC, 2011.

SPERLING, M. V. Princípios do tra-tamento biológico de águas residu-árias: Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgoto. Belo Horizonte: UFMG, 2014.

INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE PAULINO NEVES,

ESTADO DO MARANHÃO

Danielle de Assis Araujo Alves Graduação em Geografia - UFMA

E-mail: [email protected] Paula Santos Silva

Graduação em Geografia - UFMA E-mail: [email protected]

Antonio Cordeiro FeitosaDepartamento de Geociências - UFMA

E-mail: [email protected]

RESUMO: A qualidade ambiental é percebida pelas condições do ambiente e expressas por indicadores ou índices. No presente artigo, analisam-se os indicadores ambientais do município de Paulino Neves tendo por finalidade abordar as condições atuais do ambiente e dos moradores locais, subsidiando ações sustentáveis para o município. Para o alcance dos objetivos da pesquisa utilizou-se o método surveye a fenomenologia para a análise dos fenômenos ambientais mais recorrentes na área, registrados através da observação direta e de dados primários obtidos por meio de entrevistas. O município de Paulino Neves, situado na área de proteção do Delta do Parnaíba, nos últimos anos, as intervenções antrópicas resultaram em modificações significativas da paisagem. Essas alterações geram impactos na área afetan-do além da qualidade ambiental a qualidade de vida da população.

Palavras-chave: Impactos. Indicadores. Paulino Neves. Qualidade Ambiental.

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INTRODUÇÃO

A qualidade ambiental é percebida pelas condições do ambiente e expres-sas por indicadores ou índices, referin-do-se a características variadas como a poluição da água e do ar, acesso aos espaços abertos, os efeitos visuais das áreas construídas, e os efeitos poten-ciais que estas características podem ter na saúde física e mental dos indivíduos. Sua manutenção é de responsabilidade dos órgãos governamentais e das insti-tuições privadas, com o cumprimento da legislação ambiental e a participação da comunidade.

Os indicadores de qualidade ambien-tal são dados estatísticos que apresen-tam o estado do ambiente e as atividades humanas a ele relacionadas. Este indica-dor é definido no Decreto nº 6.101, de 26 de abril de 2007, e envolvem ques-tões sobre a preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, preservação e conservação da biodi-versidade e das florestas, instrumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentá-vel dos recursos naturais, entre outros, constituindo ferramentas para acom-panhamento e definição das políticas, ações e estratégias do governo.

Para auxiliar na conservação e pre-servação do ambiente foram criadas áre-as de proteção ambiental, preservando além do ambiente natural, as culturas e tradições locais. Tem-se como exemplo a área de proteção ambiental do Delta do Parnaíba, criada em 1996 pelo decre-to de 28 de agosto de 1996 abrangendo os estados do Piauí, Ceará e Maranhão.

Em 1998, o IBAMA elaborou um plano de gestão para a área da APA do Delta do Parnaíba, em convênio com o Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal e o Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais-IEPS da Universidade Estadual do Ceará-UECE, baseando-se nas especificidades ambien-

tais do meio e nas aspirações de desen-volvimento da população, compatibili-zando estes fatores de forma sustentada e incluindo instrumentos de gestão que envolvem aspectos sociais, culturais e ecológicos (SOAVINSKI,1998).

De acordo com o plano de gestão o município de Paulino Neves, localiza-do a nordeste do Estado do Maranhão, tem parte de seu território pertencen-te à APA do Delta do Parnaíba e outra parte pertencente à Área de Proteção Ambiental dos Pequenos Lençóis, tem seus recursos naturais protegidos por leis. Porém, nos últimos anos o muni-cípio sofreu alterações que ocasionaram impactos significativos no ambiente da área, isto ocorre com uma proposta ilu-sória de desenvolvimento para o local.

No presente artigo, diante das altera-ções antrópicas ocorridas, analisam-se os indicadores ambientais do município de Paulino Neves, tendo por finalidade abordar as condições atuais do ambien-te e dos moradores locais, subsidiando ações com vistas ao fortalecimento da consciência sobre a necessidade da mu-dança de valores e atitudes em relação ao ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi orientada para a aná-lise dos indicadores de qualidade am-biental do município com aplicação da metodologia survey que consiste no levantamento de informações de uma amostragem representativa a fim de ob-ter dados sobre as características da po-pulação que representam (NORONHA, 2007).

Para alcançar a metodologia survey, considerou-se necessária a elaboração de questionários para a análise da per-cepção ambiental dos moradores no que se refere às principais mudanças socioambientais no município, sua cola-boração para conservação da natureza, seu conhecimento sobre os projetos de

educação ambiental existente no local e impactos ambientais na área.

O questionário foi aplicado a uma amostragem da população no total de 30 indivíduos residentes na sede do muni-cípio, sendo abordadas pessoas com ida-de entre 18 e maiores de 60 anos. Além disso, alguns representantes dos mora-dores foram entrevistados para expres-sar sua percepção acerca da temática.

O método fenomenológico foi em-pregado para a observação e registro dos fatos mais significativos observados através da observação direta, análise e classificação. Para alcançar os objeti-vos estabelecidos para a pesquisa foram realizados os seguintes procedimentos metodológicos:

• Levantamento e análise da bi-bliografia documental relaciona-da com o tema e a área objeto de estudo;

• Realização de uma jornada de campo na área de estudo, com o objetivo de conhecer e levan-tar dados fotográficos da sede do município, a prefeitura, secreta-ria de cultura, secretaria de meio ambiente e secretaria de educa-ção;

• Elaboração e realização de dois tipos de entrevistas. Uma com os representantes das secretarias da cidade e outra com os moradores locais com a finalidade de com-preender a percepção ambiental dos moradores do município de paulino Neves;

• Quantificação dos resultados obtidos através das entrevistas realizadas para a análise e inter-pretação dos dados e das infor-mações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Criou-se pela Lei Estadual nº 6.185, de 10 de novembro de 1994, o municí-pio denominado Paulino Neves, com

sede no Povoado Paulino Neves, sendo desmembrado dos municípios de Tutóia e Barreirinhas. Cortado pelo rio Novo era dividido em dois povoados, um cha-mado Rio Novo, que fazia parte de Bar-reirinhas, e outro denominado Paulino Neves que pertencia a Tutóia. Teve sua ocupação associada com o povoamento das margens do lago Taboa e seu nome em homenagem a um coronel latifundi-ário do município de Tutóia.

De acordo com Farias (2016), os pri-meiros habitantes de Paulino Neves eram de famílias muito ricas, vindos de muito longe, trazendo consigo mais de cinquenta escravos, logo depois vieram cearenses fugindo da seca também ocu-pando o território do município.

Atualmente, ocorrem no município à construção da rodovia MA 315 que fa-cilitou o acesso ao município, houve o desenvolvimento do comércio e, conse-quentemente, o aumento populacional. Além da construção da estrada ocorre, paralelamente, a construção da ponte sobre o Rio Novo e a retomada da cons-trução do Parque Eólico. Entretanto, estas alterações vêm comprometendo a qualidade ambiental da área e a qualida-de de vida das populações.

Qualidade ambiental é o estado das condições do meio ambiente, expressas em termos de indicadores ou índices re-lacionados com os padrões de qualida-de ambiental. Acrescenta-se também a esse termo características variadas, tais como pureza ou poluição da água e do ar, ruído, acesso aos espaços abertos, os efeitos visuais das áreas construídas, e os efeitos potenciais que tais caracterís-ticas podem ter na saúde física e mental dos indivíduos (IBAMA, 2016).

A formulação de indicadores ao lon-go das últimas décadas vem se conso-lidando como uma importante ferra-menta para planejamento e avaliação de políticas públicas. A correta utilização e leitura de indicadores possibilitam o

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fortalecimento das decisões, facilitando, entre outras dinâmicas, a participação da sociedade (BRASIL, 2016).

De acordo com Instituto Nacional de Ecologia (1997), os indicadores am-bientais, são parâmetros estatísticos que proporcionam informações e/ou ten-dências das condições dos fenômenos ambientais. Seu significado vai além da estatística por si só, pois procura abas-tecer de informações que permitam ter uma ideia do grau de eficiência das po-líticas ambientais, ou seja, do desempe-

nho ambiental.

No município de Paulino Neves, diante das alterações ocorridas na área, este tem seu ambiente impactado. Para analisar o ambiente atual do município foram aplicados questionários na co-munidade da sede de Paulino Neves. A população entrevistada possui entre 18 até mais de 50 anos (Gráfico 01). A es-colaridade registrada foi ensino funda-mental completo e incompleto, ensino médio completo e incompleto e ensino superior completo (Gráfico 02).

Gráfico 01 - Faixa etária das pessoas entrevistadas.

Gráfico 02 - Escolaridade das pessoas entrevistadas

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

De acordo com os questionários apli-cados, foi perguntado aos moradores se eles colaboram para a preservação da natureza, 100% respondeu que sim. As maneiras com quais eles afirmam cola-

borar são as mais diversas (Gráfico 03), destacando-se aqui as opções: colocando o lixo em locais adequados, plantando árvores, não fazendo barulho excessivo e cuidando das instalações existentes.

Gráfico 03 - De que forma colabora para a presernvação da natureza?

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Apesar da informação de que colabo-ra para a preservação da natureza, colo-cando lixo em local adequado, cabe res-saltar que quando entrevistados sobre quais os principais impactos ambientais no município, 100% respondeu poluição tanto das ruas quanto do rio. Isto ocorre pela inexistência de saneamento básico no município, sendo assim, todo lixo produzido e esgoto têm destino inade-quado, quando não despejados no rio, ficam acumulados nas ruas. Durante a entrevista não teve relato de queima de lixo.

O sistema sanitário inexiste e o esgo-to doméstico é canalizado diretamente para os rios, sem receber o devido trata-mento, é um dos principais causadores da morte de peixes, do mau cheiro e do desenvolvimento de microrganismos, facilitando a proliferação de doenças em casos de enchentes.

As enchentes ocorrem nesses casos pela poluição do rio por lixo sólido, ha-vendo o acumulo deste e provocando o assoreamento, quando ocorrem chuvas de grande intensidade, a vasão do rio diminui e ocorre alagamento nas mar-

gens. As consequências da poluição afe-tam diretamente a qualidade de vida da população que utiliza a água desse rio para diversos fins, entre eles alimenta-ção e banho.

Outro fator observado em campo é a poluição do ar no município decorrente do aumento da circulação de transporte e dos veículos utilizados nas constru-ções que estão ocorrendo nos últimos anos, prejudicando a saúde e à qualida-de de vida das pessoas.

A poluição atmosférica pode ser defi-nida como qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensi-vo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e à qualidade de vida da comunidade (BRASIL, 2016).

A saúde do ser humano, por exem-plo, é a mais afetada com a poluição. Doenças respiratórias, irritação na pele, lacrimação exagerada, infecção nos olhos e ardência na garganta, são alguns problemas de saúde que podem

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ocorrer devido à poluição do ar. O clima também é afetado, aumentando a tem-peratura do local e modificando a rotina dos moradores, estes passam a sentir a necessidade de ingerir mais líquidos e evitar caminhadas em horários que a temperatura está mais elevada.

Entretanto, estes fatores ainda não afetam a população drasticamente, prin-cipalmente os povoados que se encon-tram afastados e com difícil acesso. De acordo com a população entrevistada,

quando interrogados se no ambiente que moram se sentem bem, 100% responde-ram que sim. O motivo pelo qual se sen-tem bem são os mais diversos (Gráfico 04), dentre estes se destacam: tranquili-dade, segurança e boa convivência com os outros moradores. Os moradores que responderam tranquilidade e seguran-ça, comentarem sobre o medo que isso mude devido o desenvolvimento que vem ocorrendo no município.

Gráfico 04 - Por que se sente bem morando no município?

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

CONCLUSÕES

Atualmente, mesmo diante do surgi-mento da educação ambiental com suas ferramentas para a preservação da na-tureza, as mudanças ambientais conti-nuam frequentes e acarretam notáveis alterações na biosfera. Com referência ao município de Paulino Neves, nos últimos anos, este sofreu diversas alte-rações necessárias ao crescimento eco-nômico, almejando o desenvolvimento. Estas alterações vêm comprometendo a disponibilidade de recursos naturais e as atividades produtivas da comuni-dade local, podendo futuramente gerar impactos mais graves, afetando a saúde dos moradores locais.

Apesar dos problemas enfrentados

pelo município, a comunidade se sente bem onde mora e afirma que Paulino Neves é um local tranquilo, seguro e com boa convivência entre os morado-res. Entretanto, destacam o medo que o crescimento populacional possa interfe-rir nessa tranquilidade e acarretar a fal-ta de segurança no município.

O município encontra-se em fase de desenvolvimento, o que é motivo de preocupação com a preservação e con-servação do ambiente natural. Porém, havendo o apoio dos órgãos municipais, investimento em saneamento básico, ações para a sensibilização e conscien-tização da comunidade com o ambiente natural e desenvolvimento do turismo sustentável de base comunitária, além de amenizar os impactos já existentes,

evitam se novos impactos significativos para área, auxiliando na economia dos moradores e na qualidade ambiental do município.

REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AM-BIENTE. Indicadores. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sus-tentaveis/planejamento-ambiental-ur-bano/indicadores>. Acesso em: 12 de agosto de 2016.

FARIAS, Valquíria Araújo. Rio Novo dos Lençóis. Ed. Gramma, Rio de Ja-neiro, 2008.

IBAMA- MINISTÉRIO DE MEIO AM-BIENTE. Qualidade Ambiental. Dis-ponível em: <http://www.ibama.gov.br/rqma/qualidade-ambiental>. Acesso em: 15 de agosto de 2016.

INSTITUTO NACIONAL DE ECOLO-GÍA. Programa de Meio Ambiente 1995-2000. México D. F.: Dirección General de Gestión e Información Ambiental, 1997.

NORONHA, Inês de Oliveira. Percep-ção e Comportamento Socioambiental: a problemática dos resíduos sólidos ur-banos. Revista Acadêmica - SENAC On-line, v. 3, p. 6, 2007.

SPAREMBERGUER, R. F. L., SILVA, D. A. A relação homem, meio ambiente, desenvolvimento e o papel do direito ambiental. Veredas do Direito, Belo Ho-rizonte, v. 2, n. 4, p. 81-99, julho-dezem-bro de 2005.

SOAVINSKI, Ricardo José. Plano de Gestão e Diagnóstico Geoambiental e socioeconômico da APA do Delta do Parnaíba. Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais da UECE-IEPS, 1998. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de--conservacao/biomas-brasileiros/ma-rinho/unidades-de-conservacao-mari-nho/2246-apa-delta-do-parnaiba.html

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ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA BAIXADA MARANHENSE*

Larissa Rodrigues MarquesGraduação em Geografia - UFMA

E-mail: [email protected] da Silva Bastos

Mestre em Saúde e Ambiente - UFMA E-mail: [email protected]

Zulimar Márta Ribeiro RodriguesDepartamento de Geociências - UFMA

E-mail: [email protected]*Financiado pela FAPEMA

RESUMO: No Brasil, há uma crescente demanda para monitorar os indicadores urbanos como forma de acompanhar a qualidade ambiental urbana e/ou qualidade de vida dos municípios e moradores. A pes-quisa analisou comparativamente os indicadores sociais de onze municípios da Microrregião da Baixada Maranhense. Utilizaram-se os métodos quantitativo e qualitativo. Foram selecionados três índices para avaliar comparativamente os municípios: o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e o Indica-dor Social de Desenvolvimento dos Municípios nos anos de 2000 e 2010 e o Índice Firjan de Desenvolvi-mento Municipal no ano de 2010 (não há dados disponíveis para o ano 2000). Na dimensão educação, as taxas de analfabetismo na população adulta ainda estão elevadas. Na dimensão econômica a renda per capita é baixa, com elevada concentração de renda e elevadas taxas de pobreza e extrema pobreza. Na dimensão saúde, a mortalidade infantil, diminuiu em todos os municípios. Contudo, observou-se que em sete municípios, mais de 60% das mortes, entre os menores de cinco anos, foram por doenças com causas evitáveis. O percentual de pessoas atendidas por esgotamento sanitário ainda é extremamente baixo; no período de 10 anos esses dados quase não sofreram alterações. Os municípios demonstraram pequeno incremento em seus indicadores para o período avaliado. No entanto, eles ainda são baixos, demonstran-do uma realidade social marcada por carências básicas nas áreas de educação, renda, saúde e habitação.

Palavras-chave: Educação. Indicadores. Saúde. Renda.

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INTRODUÇÃO

Cidades são objetos de estudo pe-los seus altos ou baixos indicadores e o questionamento volta-se ao desejo de saber o que provoca situações adversas de riqueza e pobreza. Busca-se entender onde estão os acertos daquelas que atin-giram altos níveis e o que as fizeram al-cançar tais resultados. O primeiro desa-fio, nesse sentido, é o de compreender o desenvolvimento humano e todos os fa-tores a ele associados, e posteriormente, como medi-lo e avaliá-lo.

No caso do Brasil, as avaliações re-alizadas através dos indicadores sociais tradicionalmente medidos como edu-cação, renda e saúde; têm como meta subsidiar as várias políticas públicas implementadas por meio de programas sociais que tem como metas reduzir o analfabetismo, a pobreza extrema e a mortalidade infantil. Mas, ainda, para monitorar a qualidade ambiental urba-na, a gestão pública e planejar o futuro.

A pesquisa teve como objetivo ava-liar os índices intermunicipais de onze municípios da Microrregião da Baixada Maranhense, tendo em vista que ela é uma região que apresenta uma realida-de social de contrastes.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida com abordagem nos métodos quantitativo e qualitativo. Uma das vantagens do mé-todo quantitativo é sua interação com o método qualitativo. Para Lakatos (2007, p. 269), esse método “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais pro-fundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece aná-lise mais detalhada sobre investigações, hábitos, atitudes, tendências de com-portamento etc.”.

Considerando os métodos de pesqui-sa adotado, têm-se a coleta de dados, a observação, a descrição, e a interpreta-ção como procedimentos metodológicos

realizados. Foram selecionados três ín-dices para avaliação do desenvolvimen-to dos municípios selecionados, a saber: o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM) para os anos de 2000 e 2010 e o Índice Firjan de Desenvolvimento Mu-nicipal (IFDM) para o ano de 2010 (não há dados disponíveis para o ano 2000).

Os indicadores foram selecionados dos sites do Atlas do Desenvolvimen-to Humano no Brasil 2014; do Sistema Firjan e da Fundação Getúlio Vargas. Os sites do IMESC, ICMBio, SEMA e IBGE foram utilizados para obtenção de maio-res informações sobre a área de estudo. Os dados estão organizados em tabelas e gráficos, e a partir da análise deles e da revisão bibliográfica levantada, foi reali-zada a avaliação dos índices e indicado-res, fazendo-se descrições, comparações e discussões dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Há vários autores que discutem so-bre desenvolvimento humano, com di-ferentes concepções ideológicas, que influenciam diretamente na forma de ver e interpretar a realidade. Amartya Sen (2010, p. 16) entende o desenvol-vimento pela ótica da liberdade e a sua ausência estaria relacionada diretamen-te com a pobreza econômica, que rou-ba das pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter uma nutrição satisfatória ou remédios para doenças tratáveis, a oportunidade de vestir-se ou morar de modo apropriado, de ter acesso a água tratada ou saneamento básico. Em ou-tros casos, a privação de liberdade vin-cula-se estreitamente à carência de ser-viços públicos e assistência social, como por exemplo a ausência de programas epidemiológicos, de um sistema bem planejado de assistência médica e edu-cação ou de instituições eficazes para a manutenção da paz e da ordem locais (SEN, 2010).

Ao verificar os indicadores dos mu-nicípios em estudo, nota-se que houve pouca evolução de 2000 para 2010, e maioria deles está na faixa de baixo de-senvolvimento, considerando os três ín-dices selecionados (Tabela 01). O ISDM foi o único índice que apresentou retro-cesso para todos os municípios em 2010 com relação a 2000.

A frequência escolar é um dos indica-dores do IDHM que em média se man-tém elevado, principalmente no ensino fundamental, onde a taxa de crianças frequentando a escola na faixa etária de 5 a 6 anos no período de 2010 é bem alta, atingindo 100% em Peri Mirim e ficando

acima de 90% nos demais municípios. Isso pode estar relacionado em grande parte aos Programas Assistencialistas do Governo Federal, como o Bolsa Fa-mília, que exige aos beneficiários a per-manência de crianças e jovens na esco-la, como uma das condicionalidades.

A taxa de analfabetismo da população adulta (mais de 25 anos), de acordo com os dados do IDHM Educação continua elevada, principalmente em alguns mu-nicípios como Presidente Sarney (41%) e Igarapé do Meio (38%). Para o ISDM a situação é similar. De acordo com Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013), esse indicador tem grande peso

Tabela 1 - Índices de Desenvolvimentos de Municípios da Baixada Maranhense. Anos 2000 e 2010.

Fonte: PNUD (2014); Sistema Firjan (2014); FGV (2016).

por conta da população mais antiga e com menos escolaridade.

Esse dado é importante porque gera implicações, dentre outras coisas, no setor econômico. Se há um grande nú-mero de pessoas analfabetas, e logo, sem nenhum tipo de escolarização, fa-vorece empregos de baixa remuneração,

geralmente no setor informal. Isso atin-ge diretamente a renda familiar – ten-do reflexos também na educação das próximas gerações –, da mesma forma, a oferta de mão de obra qualificada no mercado é baixa.

A renda tem reflexos na educação da população, principalmente das crian-

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ças. Assim, outro fator que influencia na aprendizagem do aluno é a situação de pobreza. O percentual de crianças extremamente pobres é bastante eleva-do, como em São João Batista que pos-sui 56% das crianças nessa situação. A situação dos demais municípios não é diferente. De 2000 para 2010 houve di-minuição, mas esses dados ainda são expressivos, a porcentagem nacional é de 11,45%. Atribui-se a isso a forte possibilidade de crianças que deveriam estar na escola, mas estão trabalhando em alguma atividade econômica para ajudar no sustento da família (trabalho infantil), ou ainda nas atividades da casa (MACHADO, 2005).

Para Raposo (2015), embora havendo uma redução do índice de analfabetis-mo e aumento do índice de escolaridade da população maranhense, os índices de pobreza e exclusão social permane-ceram quase inalterados ao longo das últimas décadas, significando que não se tem conseguido garantir à maioria da população maranhense as necessárias condições de sobrevivência.

Os indicadores de renda do IDHM apontam de modo geral para uma renda per capita baixa, elevada concentração

de renda - evidenciada pelo Índice de Gini, baixa dinâmica do setor econômi-co, baixa qualificação dos empregados e elevadas taxas de pobreza e extrema pobreza, incluindo crianças. Os outros índices, assim como o IDHM, apontam para condições semelhantes, todos em baixos níveis.

A pobreza e a extrema pobreza são indicadores que compõem tanto o ISDM e o IDHM, sendo esses os únicos a com-porem a dimensão renda do ISDM con-siderando as pessoas que estão abaixo da linha de pobreza e extrema pobre-za. Em ambos os índices, as taxas estão elevadas destacando-se que em 2000, o município de São João Batista que pos-suía quase 70% da sua população na fai-xa de extremamente pobres e 90% das pessoas na condição de pobreza, sendo a mais alta de todos os municípios. Mes-mo para o ano de 2010, mais de 40% das pessoas de todos os municípios ainda continuam em situação de pobreza. A situação de pobreza é um fator limita-ção que atinge uma parcela significativa da população e gera outras consequên-cias, como a alimentação inadequada ou subnutrição e as condições insalubres de moradia.

Figura1 - índice de Gini de municípios da Baixada Maranhense. 2000 e 2010.

Fonte: PNUD, 2016.

O índice de Gini – que mede a desi-gualdade de renda – teve pouquíssimas alterações. São João Batista foi o muni-cípio que mais reduziu a desigualdade, enquanto que ela aumentou em Anaja-tuba (Figura 01). Sabe-se que a dinâmica de mercado é importante para geração de empregos e consequentemente para geração de renda, e deve ser visto como uma necessidade. Ocorre que os municí-pios possuem uma economia incipiente voltada basicamente para consumo in-terno, tendo na maioria o setor primário como o mais representativo.

Dentre os indicadores de saúde des-taca-se a taxa de mortalidade infantil, a partir da qual é possível fazer um pa-norama de como se encontra a situa-ção dos municípios, haja vista que por detrás dele encontram-se necessidades básicas que deveriam ser atendidas. Se-

gundo Duarte (2007, p. 1511), ele “re-flete o estado de saúde da parcela mais vulnerável da população: os menores de um ano. [...] Em geral, são consideradas altas, taxas maiores do que 50%, médias aquelas entre 20% e 49% e baixas as me-nores do que 20%”.

Para os municípios em estudo, anali-sando os dados do IDHM, as taxas mais altas são para o ano de 2000, enquanto que para 2010 as taxas concentram-se entre 20% e 45%. O município de Anaja-tuba obteve a menor taxa, 27,2% (Figura 02). Da mesma forma, o ISDM apresen-tou taxas mais altas para o ano de 2000, em relação à 2010, cuja redução foi sig-nificativa com apenas 2 municípios com taxas acima de 20%, com destaque para Anajatuba, cuja taxa era de 100% em 2000 e caiu para 5,92% em 2010.

Figura 2 - Taxa de Mortalidade Infantil nos periodos de 2000 e 2010.

Fonte: PNUD, 2014.

Outro indicador relevante para ava-liar a saúde, consiste nas mortes por do-enças com causas evitáveis, cujas ações básicas poderiam evitar. Esses indica-dores irão refletir diretamente as ações públicas de atenção básica à saúde e ao mesmo tempo, em que condições (e qualidade) de vida está situada a reali-dade dos municípios. Se os indicadores

são muito altos, provavelmente, há defi-ciência da gestão pública em prover as condições básicas necessárias para evi-tar óbitos. Como pode ser observado no (Figura 03), 7 dos 11 municípios tiveram mais de 60% de mortes por causas evi-táveis em menores de 5 anos, dos quais 3 obtiveram 100% dos óbitos em 2010. O município de Anajatuba obteve 100%

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para os dois períodos estudados.

As mortes por causas evitáveis estão diretamente associadas à disponibilida-de e qualidade dos serviços de atenção básica à saúde prestados pelos municí-pios. Logo, altas taxas apontam para de-ficiências nesse setor.

O percentual de pessoas atendidas por esgotamento sanitário é extrema-mente baixo, dada a importância que ele possui quanto à salubridade do am-

biente para a saúde. No que se refere aos indicadores de domicílios com coleta de lixo e com água encanada eles apontam para o aumento da população atendida. Além da oferta de água encanada e co-leta de lixo, é preciso avaliar a qualida-de da água que está sendo distribuída e como é feito o descarte do lixo coletado. Na maioria dos municípios, esses servi-ços são prestados somente na área urba-na, enquanto que na área rural os mo-radores são responsáveis por realizá-lo.

Figura 3 - Morte por causas evitáveis em menores de 5 anos. Anos 2000 e 2010.

Fonte: FGV, 2016.

CONCLUSÕES

Os municípios avaliados demonstra-ram pequeno incremento nos índices para o período entre 2000 e 2010; ainda assim, eles possuem baixos indicado-res, demonstrando uma realidade social marcada por carências básicas de edu-cação e saúde e desigualdades de renda e oportunidades

Embora os índices utilizados pos-suam dimensões similares; suas con-cepções conceituais, metodológicas e a seleção dos indicadores são distintas, gerando resultados diferentes para cada índice final. O recurso metodológico de agregar indicadores e transformá-los em um único número, os índices, pode mascarar graves problemas. Para exem-plificar, observou-se como a Taxa de Mortalidade Infantil e Morte por causas

evitáveis revelam um sério problema de saúde pública nos municípios pesquisa-dos.

No geral, pode-se afirmar que para a Baixada Maranhense, possuir três ín-dices avaliados como “Baixo Desenvol-vimento”, nos interstícios considerados; significa que está ocorrendo a manuten-ção das condições que corroboram para esse quadro e a deficiência da gestão com intervenções que busquem mudar a situação.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo ao Desenvol-vimento Científico e Tecnológico do Ma-ranhão – FAPEMA, pelo financiamento do projeto de pesquisa “Observatório da Baixada Maranhense: Monitoramento de Indicadores Socioambientais”.

REFERÊNCIAS

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). Centro de Estudos em Microe-conomia Aplicada. Indicador Social de Desenvolvimento Municipal (ISDM).

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Ma-rina de Andrade. Metodologia Cientí-fica. 5. ed. – São Paulo : Atlas, 2007.

MACHADO, Danielle Caruso. Escola-ridade das Crianças no Brasil: três ensaios sobre a defasagem idade-série. Tese (doutorado) Rio de Janeiro : PUC--Rio, Departamento de Economia, 2005.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNI-DAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil 2013.

RAMOS, Paulo; RAMOS, Magda Maria; BUSNELLO, Saul José. Manual prático de metodologia da pesquisa: artigo, resenha, projeto, TCC, monografia, dissertação e tese. Blumenau: Acadê-mica, 2003.

RAPOSO, Conceição. A educação ma-ranhense no limiar do 3º milênio. Revista Políticas Públicas, v. 8, n. 1, 2015.

SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Compa-nhia das Letras, 2010.

SISTEMA FIRJAN. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM).

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MAPEAMENTO E DETERMINAÇÃO DA BIOMASSA DE MANGUEZAIS ATRAVÉS DE IMAGENS DE

SATÉLITE E DADOS DENDOMÉTRICOS NO MUNICÍPIO DE ALCÂNTARA-MA*

Alexsandro Mendonça ViegasGraduado Enfermagem pela UFMA, Graduando em Biologia IFMA

E-mail: [email protected]é Luís Silva dos Santos

Prof. Dr. IFMA E-mail: [email protected]

Bruno Cesar Pereira Costa Pesquisador Dr. UFRN

E-mail: [email protected] Eustáquio Amaro

Prof. Dr. UFRN E-mail: [email protected]

*Financiado pela Fapema

RESUMO: O presente projeto visa quantificação da biomassa total de manguezais do município de Alcântara MA através de coleta de dados in loco e de imagens orbitais a fim de subsidiar um banco de dados georreferenciado para análise de eventos climáticos como a elevação do nível do mar e seu impac-to nas alterações estruturais e suas consequências para o ambiente e os seres vivos que nidificam nessas regiões. A escolha do município de Alcântara-MA como unidade de avaliação baseia-se na possibilidade de realizar a medição da biomassa com a possibilidade de estender para toda a zona costeira do Estado. A metodologia adotada neste trabalho para a determinação da quantidade de carbono armazenado nas plantas de manguezal com a localização e estimativa das áreas de manguezal, cálculo da quantidade total da biomassa dos manguezais e cálculo da quantidade total de carbono armazenado nas árvores de man-guezal, foi baseada em estudos de impactos ambientais semelhantes no litoral de outros países e outras cidades litorâneas brasileiras, utilizando o diâmetro na altura do peito na medição da circunferência das árvores e depois aplicando cálculo em equações específicas para cada espécie de planta. Os resultados subsidiam as atividades do projeto denominado “Análise da vulnerabilidade natural e ambiental da zona costeira maranhense a impactos de eventos climáticos extremos e aumento do nível do mar na região pré-amazônica”, adicionando informações sobre a vulnerabilidade e a sensibilidade ambiental das áreas mapeadas. A análise das florestas de mangue mapeada ao longo desta pesquisa mostrou que as árvores dessa floresta crescem a uma razão de um a quatro centímetros de diâmetro a cada seis meses e acu-mulam uma quantidade de biomassa de 65,08t/ha, sendo, portanto fundamentais para o equilíbrio da biodiversidade que nele habita, bem como de grande importância para os seres humanos, em especial aqueles que vivem nessas regiões.

Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Litorais. Biodiversidade.

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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Anais do Seminário Norte e Nordeste: Saúde e Ambiente - Interdisciplinaridade em foco

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INTRODUÇÃO

O processo de aquecimento global e elevação do nível do mar vem sendo analisado com preocupação por pesqui-sadores do mundo inteiro, pois os pro-cessos de eras do gelo e aquecimento global são cíclicos e as atividades huma-nas de urbanização e ocupação do espa-ço natural vem acelerando esses proces-sos e pondo em risco a vida de milhões de pessoas que habitam zonas litorâne-as que ficam ao nível do mar ou as vezes abaixo dele (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas).

No ano de 2007 o Painel Intergo-vernamental de Mudanças Climáticas

(PIMC) divulgou um relatório no qual dizia que, no século XX, o nível do mar aumentou aproximadamente dezessete centímetros e esta taxa esta aumentan-do cada vez mais e continuaria aumen-tando mesmo se todas as emissões de carbono parassem hoje.

As modificações naturais do clima e da altura relativa do mar constituem processos que interferem na estabilida-de da linha de costa. Vale lembrar que, relativamente ao nível do mar, tem sido considerada uma elevação de pouco mais de cem metros num período de onze mil anos. (Komar, 1983)

Essa elevação resultou numa migra-ção da linha de costa a uma taxa de sete

Figura 01 - Mapa de Setorização da Zona Costeira do Estado do Maranhão (ZCEM): SETORES: 1. Gol-fão maranhense, 2. Litoral oriental, 3. Litoral ocidental, 4. Baixada maranhense, 5. Parcel Manuel Luís.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA, 1996)

a quatorze metros ao ano que corres-ponde a toda a largura da atual plata-forma continental. No caso do Brasil, a plataforma continental apresenta em geral baixa declividade, em especial nas regiões Norte e Nordeste, resultando em uma resposta à elevação do nível do mar muito maior quando comparada com as plataformas de maior declividade (Atlas do litoral brasileiro-MMA).

No que concerne ao litoral brasileiro, o Estado do Maranhão tem a segunda maior faixa litorânea com 640 km, per-dendo apenas para o estado da Bahia com 932 km. O Ministério do Meio Am-biente divide o litoral do Maranhão em setores como podemos ver na imagem abaixo (ZCEM).

No Maranhão as florestas de mangue são encontradas desde o município de Carutapera, na costa ocidental do Esta-do, estendendo-se até a costa oriental até o município de Tutóia. Os mangue-zais ocupam toda a faixa de terras abran-gidas pela foz e as margens de diversos rios, até o limite interno da influencia de maré nas reentrâncias maranhenses.

De acordo com o IBAMA/SEMATUR (2011), a área de mangues no litoral do Maranhão foi avaliada inicialmente em 602.300 hectares, incluindo os 226.600 há de mangues pertinentes ao golfão maranhense.

Manguezal é um ecossistema cos-teiro que ocorre em regiões tropicais e subtropicais do mundo ocupando as áreas entre marés. É um ambiente ca-racterizado por vegetação lenhosa tí-pica, adaptada às condições limitantes de salinidade, substrato inconsolidado e pouco oxigenado e frequente submer-são pelas marés. Uma fauna típica com-põe ainda esse ecossistema, igualmente adaptada às características peculiares do ambiente (Soares, 1997). No Brasil os manguezais ocorrem desde o extre-mo norte (Rio Oiapoque – 04º 20’ N) até Laguna, em Santa Catarina (28º 30’ S)

(Schaeffer-Novelli, 1989).

Segundo Rebelo e Medeiros (1998), as áreas abrigadas das ondas, associadas ao clima quente e úmido, constituem o paraíso desse ecossistema litorâneo, pois as águas calmas e salobras favore-cem o surgimento de sedimentos finos e favorece o ambiente como propicio aos processos reprodutivos de diversas es-pécies de seres vivos.

O Município de Alcântara está loca-lizado no litoral ocidental do Maranhão, incluso na região definida como Ama-zônia legal, tendo ao norte o limite do oceano Atlântico, ao leste o golfão ma-ranhense, a oeste a baia de Cumã.

De acordo com MOCHEL(2013), ao analisar a biomassa de mangues no li-toral do Município de Turiaçu MA, esta destaca que “os diâmetros e as áreas ba-sais das espécies de manguezal se rela-cionam positivamente e a densidade de troncos se correlacionam negativamen-te com o índice de vegetação NDVI. Es-sas correlações indicam que o índice de vegetação aumenta com o aumento do desenvolvimento do bosque”.

O fluxo de carbono estimado em estu-dos atmosféricos dependem em grande parte da estimativa da biomassa em flo-retas (Brown e Lugo, 1992), lembrando que grandes estoques de carbono estão armazenados em formações florestais de regiões tropicais (Chave et al, 2005). A FAO (Organização das Nações Uni-das para a Alimentação e Agricultura) considera que a estimativa da biomas-sa aérea das árvores representa a maior fração de biomassa das florestas.

A análise de biomassa de formações vegetais podem ser feitas por metodo-logias diretas e indiretas. As metodo-logias diretas consistem na realização da pesagem de toda a biomassa de uma planta por um processo destrutivo, uma vez que a planta deverá ser retirada do solo pra que todas as suas partes, raiz, caule e folhas sejam pesadas. Essa me-

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todologia é inviável para áreas extensas, pelo tempo e custo de execução, além de ser danosa ao ambiente se não for bem dimensionada. Já os métodos indiretos consistem no emprego de metodologia alométrica, em que se busca relacionar as variáveis biomassa ou carbono, com variáveis comumente medidas em cam-po nos trabalhos de inventário florestal (Sanquetta et al, 2014b; Schikowski et al, 2013).

Desta forma, este trabalho tem como objetivo a quantificação da biomassa to-tal de manguezais do município de Al-cântara MA através de coleta de dados in loco e de imagens orbitais a fim de subsidiar um banco de dados georrefe-renciado para análise de eventos climá-ticos extremos.

MATERIAL E MÉTODOS

A floresta de mangue escolhida foi em uma região próxima a zona urbana e a praia no município de Alcântara MA, onde foram circunscritos três quadran-tes em forma de quadrado com 30 me-tros de lado, totalizando 900m² cada um deles. Os quadrantes foram escolhidos de acordo com dois critérios, o primeiro foi a homogeneidade da floresta como forma de corroborar o aspecto de que uma mesma espécie de árvores de man-gue apresenta biomassa semelhante. O segundo critério foi a escolha de flores-tas jovens com um potencial de cresci-mento favorável.

As florestas de mangue do município de Alcântara compreendem a região en-tre o golfão maranhense a leste e a baía de Cumã a oeste, que faz limite com a cidade de Guimarães. O levantamento das espécies foi feita in loco, pois a aces-sibilidade as florestas naquela região podem ser feitas pelo continente ou por embarcações margeando as formações florestais.

Imagens de satélite daquela região foram levantadas a partir de fontes es-

pecializadas como imagens do satélite Landsat8 OLI e tratadas em programas específicos como QGIS, além de ima-gens cedidas por institutos que traba-lham na área como o NUGEO da UEMA e o INPE.

Realizou-se duas incursões a campo, em março/2016 e setembro/2016, com o objetivo de medir volume das árvores de mangue para calcular a biomassa de cada uma. Os equipamentos utilizados na pesquisa foram dois aparelhos de GPS da marca Garmin, placas de acrí-licos numeradas afixadas com fio, duas trenas de infravermelho, duas fitas mé-tricas e fio de sisal.

Em cada parcela foi catalogada cada espécie de planta, medindo o diâmetro a altura do peito (DAP) com fita métrica e medindo-se a altura das plantas com trena infravermelho.

Em cada parcela foi realizado o geor-referenciamento dos vértices com GPS. Esses vértices foram marcados com ba-lizas e circunscritos com fio de sisal, de forma que a pesquisa pudesse ser rea-lizada com a segurança de não se me-dir arvores de dentro e de fora do perí-metro. Após a delimitação das parcelas, foi catalogada cada espécie de planta, medindo o diâmetro a altura do peito (DAP) com fita métrica e medindo-se a altura das plantas com trena infraver-melho, além de sua localização (coorde-nadas x e y) obtidas.

As árvores medidas foram marcadas com uma placa de acrílico afixada no seu caule com uma numeração, de for-ma que foi possível retornar seis meses depois e repetir a medição para verificar a taxa de crescimento de cada planta. Dessa forma é possível no futuro, iden-tificando a taxa de crescimento dessas árvores, identificar o acréscimo de bio-massa a ela agregada.

Para verificar a biomassa foram uti-lizados dados referentes aos ramos, galhos principais, partes lenhosas e do

tronco. A estimativa da biomassa é feita com o uso da Equação 1, onde, para cada espécie as incógnitas possuirão um va-lor diferenciado exceto para Aviccennia schaueriana, que não tem uma equação previamente estabelecida e por isso será utilizado o valor da espécie que tiveram os dados dendométricos mais simila-res. As Equações 1, 2 e 3 são os valores de referência para algumas espécies de manguezais.

In (biomassa) = a + b In (DAP² x altu-ra) (Equação 1)

Laguncularia racemosa: a = 4,32920; b = 0,90825 (Equação 2)

Rhizophora mangle: a = 4,60574; b = 0,93137 (Equação 3)

Avicennia schaueriana: a = 4,60574; b = 0,93137 (Tukey; P = 0,994) (Equação 4)

O cálculo da quantidade total de carbono armazenado nas árvores de manguezal foi realizado a partir da con-versão do cálculo da quantidade total da biomassa dos manguezais. A quan-tidade total de carbono corresponderá a 50% do peso seco total dos manguezais (ROCHA JUNIOR, 2011 apud COGLAT-TI-CARVALHO & MATTOS FONSECA, 2004).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da pesquisa demons-traram que as florestas de mangue apre-sentam um crescimento de sua espessu-ra da ordem de um a quatro centímetros por semestre. As três parcelas escolhi-das são bem diferentes. A primeira é uma típica floresta de Rhyzophora man-gle, muito homogênea, de árvores adul-tas, em uma região de solo muito mole e de difícil acesso. As árvores dessa parce-la apresentaram a menor taxa de cresci-mento, mas ainda assim demonstraram ainda estar em crescimento.

A segunda parcela fica numa região de apicum, o solo é firme, sofre alaga-mentos periódicos nas marés de sizígia e apresenta gretas de contração periodi-

camente, lá está se desenvolvendo uma floresta de mangue heterogênea e foi a única em que se encontrou plantas da espécie Conocarpus erectus. As árvo-res são jovens e apresentaram uma taxa de crescimento de dois centímetros ou mais de diâmetro. Nessa parcela ainda foram encontradas plantas da espécie Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa.

A terceira parcela é uma floresta jo-vem, mas de porte maior que a segun-da, sendo uma floresta heterogênea, apresentando principalmente espécies de A. schaueriana e L. racemosa, raras R. mangle. Essa parcela encontrasse em uma região de terreno lodoso, com in-fluencia diária dos movimentos de maré.

Foram encontrados e medidos na primeira parcela 63 árvores, todas da espécie R. mangle, na segunda parcela foram catalogadas 44 arvores da espécie C. erectus, 38 da espécie A. schaueria-na, 48 da espécie L. racemosa e apenas 02 da espécie R. mangle, totalizando 132 plantas na segunda parcela. Na terceira parcela foram encontradas 41 plantas da espécie L. racemosa, 23 da espécie A. schaueriana e 07 da espécie R. mangle, totalizando 72 plantas na parcela.

Com base nos valores obtidos pelo DAP, foi possível calcular a biomassa de cada arvore de mangue a partir da Equa-ção 1. Calculando-se o volume a partir da fórmula V= (DAP)².π.h, pode-se con-siderar a constante de massa de carbono por unidade de volume de madeira no valor de 249 KgC/m³, multiplicando-se essa constante pelo volume de cada ár-vore, utilizando-se como parâmetro, 19,56 KgC para A. schaueriana, 12,49 KgC para L. racemosa e 11,64 KgC para R. mangle, pode-se, dessa forma calcu-lar o percentual de carbono sequestrado por planta e consequentemente pela flo-resta. Desta forma, usando a parcela 1 como exemplo, temos a tabela:

FIGURA2

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CONCLUSÃO

A partir na nossa pesquisa foi possí-vel retificar a importância das florestas de mangue, não apenas como berçários marinhos e um ecótono fundamental na proteção das áreas litorâneas, mas também como um bioma fundamental na captação de carbono atmosférico e de acumulo rápido de biomassa. Essas características nos permite concluir que as florestas de mangue também são ter-mômetros da análise da elevação do ní-vel do mar e de que forma esse fenôme-no afeta as zonas litorâneas e de forma direto diversos seres vivos além do ser humano.

É importante destacar que a análise das florestas de mangue e dos impactos ambientais afetam diretamente a quali-dade de vida do ser humano, bem como pode orientar processos de uso e ocu-pação do solo. O Brasil tem uma das zo-nas litorâneas mais extensas do mundo, sendo que grande parte dela é explora-da pela indústria imobiliária, uma par-te ocupada por grandes florestas como a Amazônia e parte dela ainda serve a pesca e sobrevivência de comunidades de pescadores.

Dessa forma, acreditamos que nossa pesquisa tem importância técnica que vai perdurar por muitos anos, uma vez que as arvores continuarão a ser moni-toradas ao longo dos anos, bem como as imagens de satélites e o georreferen-ciamento vai permitir o monitoramento de fenômenos como a elevação do nível do mar ao longo dos anos, de forma que futuras gerações poderão utilizar esses parâmetros no manejo do meio ambien-te e na preservação de espécies naturais, além de permitir ao ser humano uma

vida equilibrada com a natureza e seus fenômenos sazonais.

REFERÊNCIAS

BROWN, S., 1997. Estimating Biomass and Biomass Change of Tropical Forest: A Primer. Forestry Paper 134. Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO),Rome, 55p.

COGLIATTI-CARVALHO, L.; MAT-TOS-FONSECA, S. (2004) Quantifica-ção da biomassa e do Carbono em Rhi-zophoramangle, Avicenniashaueriana e Laguncularia racemosa no manguezal da laguna de Itaipu, Niterói – RJ. In: IV SIMPÓSIO DE ESCOSSISTEMAS BRA-SILEIROS. Programa e Resumos, Acade-mia de Ciências do Estado de São Paulo, INPA, São José dos Campos.

Komar, P.D., 1983 Handbook of coastal processes and erosion. Boca Raton, CRC Press. 305p

RODRIGUES, S.W.P.; SOUZA-FILHO, P.W.M. (2011) - Use of multi sensor data to identify and map tropical coastal wetlands in the in press Santos &Biten-court (2016) Amazon of Northern Bra-zil. Wetlands, 31(1):11-23. DOI: 10.1007/s13157-010-0135-6.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y. (Coord.). Manguezal: ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo: CaribbeanEcological-Research, 1995.

RIBEIRO, G. H. P. M. Desenvolvimento de modelos alométricos para estimar biomassa e carbono de mudas de espé-cies arbóreas, em áreas atingidas por tempestades de vento em Manaus (AM). 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Florestas Tropicais) - Instituto Nacio-

nal de Pesquisas da Amazônia, Manaus, 2010.

SANQUETTA, C. R.; BEHLING, A.; DALLA CORTE, A. P.; SIMON, A.; PS-CHEIDT H.; RUZA, M. S.; MOCHIUT-TI, S. Estoques de biomassa e carbono em povoamentos de acácia-negra em diferentes idades no Rio Grande do Sul. ScientiaForestalis, Piracicaba, v.12, n.103, p.370, 2014a.

SOUZA-FILHO, P.W.M.; PARADELLA, W.R. (2005) - Use of RADARSAT-1 fine mode and Landsat-5 TM selective prin-cipal component analysis for geomor-phological mapping in a macrotidal mangrove coast in the Amazon Region. Canadian Journal of Remote Sensing, 31(3):214-224. DOI: 10.5589/m05-009

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O CLIMA DE SÃO LUÍS-MA E SUAS RELAÇÕES COM A INCIDÊNCIA DOS CASOS DE DENGUE*

Marco Aurélio Neri TorresGraduando em Geografia pela UFMA E-mail: [email protected]

Audivan Ribeiro Garcês JuniorMestrando do PPGSA da UFMA

E-mail: [email protected] Larissa Rodrigues Marques

Graduanda em Geografia pela UFMA E-mail: [email protected]

Lucas Vinicius de Aguiar Alves Graduando em Geografia pela UFMA

E-mail: [email protected] Roberto Mendes Pereira

Mestrando em Geografia da UNESP - PP E-mail: [email protected]

José Aquino Junior Prof. Adjunto do Departamento de Geociências da UFMA

E-mail: [email protected] Márita Ribeiro Rodrigues

Prof.ª Associada do Departamento de Geociências da UFMAE-mail: [email protected]

*Financiado pelo CNPQ e FAPEMA

RESUMO: A dengue é uma das doenças, transmitidas por vetores, que está associada aos elementos climáticos. O Aedes aegypti, vetor da dengue, se favorece pelas condições ambientais propícias de tem-peraturas. Nos últimos anos é crescente o número de notificações da doença em todo Brasil, caracte-rizado por possuir condições favoráveis, com clima tropical em grande parte de seu território. Neste contexto, insere-se a proposta deste estudo que tem o objetivo de analisar as relações entre os elementos climáticos e a dengue no município de São Luís entre nos anos de 2013 e 2014. Para tanto, foi utilizando o método indutivo como também utilizada à abordagem sistêmica em climatologia. Os dados climáticos foram obtidos através do INMET e os dados de dengue através do SINAN. Como resultado, constatou-se a relação entre a incidência sazonal da precipitação em determinados meses do ano com os casos de dengue, além disso, as condições de temperatura e umidade mantiveram-se constante em quase todos os meses dos anos do período estudado, modificando um pouco no segundo semestre de todos os anos, período em que a pluviosidade diminui na região.

Palavras-chave: Clima Urbano. Clima e Saúde. Dengue. São Luís – MA.

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INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença registrada principalmente em países de clima tro-picais, onde as condições dos fatores cli-máticos como temperatura, umidade são ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypt, transmissor do vírus. No entanto, no Brasil não é somente o cli-ma responsável pela proliferação ele-vada dos casos de dengue, nas cidades situadas nas zonas tropicais, existe cer-ta deficiência nos arranjos urbanos no que tange as condições de saneamento, habitação e distribuição espacial, etc., ampliando assim o risco o desenvolvi-mento do mosquito.

O clima influi diretamente na vida da sociedade, uma vez que estabelece uma relação direta com o homem e seu meio de convívio social (cidades, áreas rurais, regiões, etc.). Pela dinâmica socioam-biental existentes nas cidades e a junção de fatores adversos vindos da urbani-zação, o estudo do clima nessas áreas encontra-se como uma vertente cres-cente dentro da climatologia brasileira, estudos fortemente influenciados por metodologias como a do Sistema Clima Urbano (S.C.U) proposto por Monteiro (1976) em sua tese de doutorado.

A cidade de São Luís, capital do Es-tado do Maranhão, segundo o IBGE (2010), possui uma população de mais de um milhão de habitantes, estando as-sim dentro do grupo de cidades que são identificadas como grandes metrópoles de caráter urbano no Brasil. Além des-ses fatores a grande aglomeração urba-na de São Luís, constituída também pe-los municípios de São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar, forma uma área contínua de grande urbanização provenientes das últimas duas décadas.

Em São Luís, vem se observando que a incidência dos casos de dengue vem aumentando consideravelmente. Obser-va-se, ainda que de forma empírica, a existência de uma variabilidade climá-

tica diferente do habitual nos últimos anos, esta influenciada por fenômenos a nível macro com o El Niño e La Niña, e também atreladas ao microclima urba-no. Esses fatores que envolvem a varia-bilidade climática de uma cidade podem estar diretamente ligados ao aumento expressivo no vetor da dengue na capi-tal maranhense.

Partindo destes pressupostos, foi uti-lizado o método indutivo para o estabe-lecimento dos objetivos almejados com a pesquisa. Nesse contexto, a proposta de pesquisa busca evidenciar a ligação entre a variabilidade climática e a in-cidência dos casos de dengues em São Luís de 2013 a 2014 anos.

MATERIAL E MÉTODOS

No que diz respeito as variáveis me-teorológicas utilizadas, foram escolhi-das a temperatura (min. máx. med.), a umidade relativa do ar, a precipitação, sendo que estes foram disponibilizados através do Instituto Nacional de Mete-orologia (INMET). Quanto aos dados dos casos notificados de dengue, estes foram coleta dados através do sistema de Notificação de Agravos (Sinan-Net) e também disponibilizados pela Secreta-ria municipal de Saúde (SEMUS).

Para as análises dessas variáveis, se baseou (ainda que não abrangesse todos os requisitos estabelecidos) na proposta metodológica da análise rítmica e na su-cessão dos tipos de tempo, partindo do pressuposto ao qual Zavantinni (2015) diz que a mesma proposta metodológica revela toda as possiblidades nos estu-dos climáticos dos anos padrão, sendo também muito importante para espaços menos abrangentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

São Luís apresenta certas particulari-dades quanto às notificações de dengue ao longo do ano, ficando claro assim que existe uma forte relação dessas notifica-

ções de casos juntamente com eventos climáticos e o clima local da cidade. Fora esses fatores, existem influências de or-dem socioambiental que tem relação direta na ecologia e desenvolvimento do mosquito nas notificações de casos, como por exemplo, as desigualdades de ordem social que podem ter relação di-reta com o número de casos notificados.

O município de São Luís possui duas estações climáticas bem distintas, isso ocorre devido a sua localização geográ-fica, estando a apenas dois graus da li-nha do equador, local em quem as altas concentrações de radiações solares são maiores. Tem como principais caracte-rísticas dois períodos bem distintos, um com médias pluviométricas mais eleva-das, que se inicia normalmente em de-zembro/janeiro, tendo seu estopim de máximas pluviométricas entre os me-ses de abril e maio, e decrescendo po-tencialmente as médias de chuvas até o mês de junho/julho, todavia, nos restan-tes dos meses é possível perceber pouca ou quase nenhuma precipitação. Isso ocorre devido à relação direta da Zona

de Convergência Intertropical (ZCIT) que possui forte atuação durante os me-ses de janeiro até meados de junho na região

No que tange a incidência dos casos notificados de dengue, podemos inferir que os mesmo tem muita relação com as características climáticas na cidade, pois se ponderamos que o perfil climático é caracterizado por um período chuvoso que se inicia por meados do final de de-zembro e vai até meados de julho, e por um período de estiagem caracterizado por baixas ou quase nenhuma precipi-tação, se relacionado com os casos de dengue pode-se constatar que a varia-bilidade climática presente na cidade e a incidência dos casos de dengue pos-suem muita relações entre si.

Outra importante questão são as médias compensadas mensais entre os anos dos estudos, pois nos mostram os principais meses em que a incidência da doença é mais presente na cidade. Ain-da para o período estudado, é possível identificar a concentração de casos nos meses de maio a setembro (gráfico 01).

Afim de que se chegasse a resulta-dos plausíveis para as referidas análises optou-se por análises de dados diários, porém, a respeito dos casos notificados de dengue, não foi possível conseguir dados diários de casos entre os anos de 2009 a 2012, só foram disponibilizados dados diários nos anos de 2013 e 2014, pela Secretaria Municipal de Saúde de

São Luís. Todavia para os anos de 2009 a 2012 os gráficos realizados foram extra-ídos do SINAN e representam a relação das variáveis climáticas com os casos de dengue (gráficos 02, 03, 04 e 05).

Gráfico 2 - Análise diária da Tempe-ratura (máx., min., média), precipitação e casos de dengue em 2013

Gráfico 1 - Acumulados mensais de entre os anos de 2013 e 2014 em São Luís - MA.

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Metrologia (INMET) e SINAN.

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Gráfico 2 - Análise diária da Temperatura (max., min., média) preciptação e casos de dengue em 2013.

Gráfico 3 - Umidade Relativa, Preciptação e Casos de dengue no ano de 2013.

Gráfico 4 - Análise diária da temperatura (max., min., média) e preciptação casos de dengue em 2014.

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Metrologia (INMET) e SINAN.

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Metrologia (INMET) e SINAN.

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Metrologia (INMET) e SINAN.

Gráfico 5 - Umidade relativa, Preciptação e Casos de dengue em 2014.

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Metrologia (INMET) e SINAN.

A partir do mês de setembro há um aumento geral das temperaturas e de-créscimo da umidade relativa, conse-quentemente ocorrem também baixas pluviométricas até o mês de dezembro. Para os casos de dengue a lógica não se difere da relação com as temperaturas, houve um decréscimo considerável do número de casos que se estendeu até de-zembro. Pode-se inferir no que diz res-peito à ecologia do vetor para o desen-volvimento do mosquito transmissor da dengue, pois nas épocas de baixas plu-viométricas, os mosquitos encontram ambientes improvisados para a ecologia do seu desenvolvimento em pontos de armazenamento de água nas casas dos moradores.

Outra importante análise a ser desta-cada é que independente de um período chuvoso acentuado em alguns meses, as médias das temperaturas e da umidade (que variam entre 60% a 80%) são extre-mamente elevadas, isso acaba por fa-vorecer ainda mais o desenvolvimento do mosquito, pois o mesmo encontra as condições perfeitas durantes os meses para a sua proliferação.

Ao analisarmos os anos de 2013 e 2014, percebe-se a relação entre o surgi-mento de casos e as precipitações onde o maior número de casos notificados acompanha o regime de chuvas na cida-

de, contudo, ao analisarmos esses anos pode-se inferir que a dengue não se ma-nifesta bem nas altas precipitações ou atreladas aos eventos extremos (chuvas acimas das medias), possivelmente por-que os eventos extremos de chuva lixi-viam os focos de reprodução do vetor da dengue, em especial porque os ovos fixados nas paredes dos depósitos são levados pelas torrentes das precipita-ções. O aumento dos casos de dengue é mais relacionado com as normais plu-viométricas, ou seja, a com precipitação intermitente constante, sem eventos ex-tremos, junto com as condições de tem-peratura e umidade elevada.

CONCLUSÃO

A pesquisa evidenciou que o clima existente em São Luís tem ralação direta com o surgimento de casos de dengue nos diferentes anos estudados, porém, necessitasse de análises estatísticas mais aprofundas para que se obtenham resultados amostrais mais relevantes sobre essa relação.

Constatou-se a relação entre a inci-dência sazonal da precipitação em de-terminados meses do ano com os casos de dengue. As condições de temperatu-ra e umidade mantiveram-se constan-te, modificando um pouco no segun-do semestre de todos os anos, período

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em que a incidência pluviométrica foi mais baixa na cidade. Contudo, apesar da grande influencia das temperaturas e da umidade que se mantem em uma constante durante o período estudado, evidencia-se a importância nos regimes pluviométricos, caracterizado pelo rit-mo intermitente de chuvas concentra-das, visto que estes possuem dentre os outros elementos meteorológicos anali-sados, maior relação com o ciclo epide-miológico da doença.

REFERÊNCIAS

MONTEIRO, C. A. F. Teoria e Clima Urbano. Série Teses e Monografias, nº25. São Paulo: Instituto de Geografia/USP, 1976.181p.

ZAVANTINI. J. A. Dinâmica Atmosfé-rica e Análise Ritimíca. In: MONTEIRO, C. A. F.; et al. A construção da Clima-tologia geográfica no Brasil. Campi-nas, SP: Editora Alínea, 2015.

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística. Síntese de Indicado-res sociais uma análise das condi-ções de vida da população brasileira. Brasília: IBGE 2010.

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE PRAIAS DO LITORAL MARANHENSE

Nágela Gardênia Rodrigues dos SantosMestrando do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente da UFMA

E-mail: [email protected] Valério Jansen Cutrim

Prof. Associado IV do Departamento de Oceanografia - DEOLI - UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: As praias do litoral maranhense, assim como as praias em geral, é frequentemente atingida por danos causados pelas ações humanas cumulativas, atreladas ao sistema de produção vigente, que não dá trégua à natureza, extraindo exaustivamente seus elementos ambientais, transformando-os em variados recursos, na busca desenfreada por maximização de lucros. Nessa perspectiva, destacam-se visíveis sinais de degradação ambiental, como é o caso de esgotos provenientes dos hotéis, prédios de escritórios e conjuntos de apartamentos de entorno, que são despejados in natura na área de praia. O presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a qualidade ambiental das praias mais frequenta-das do litoral maranhense. A área do presente estudo, localiza-se ao norte da ilha de São Luís, distribuída em seis pontos, estando compreendidas entre: 02º29’46” S e 44º18’29” W ponto 1 (praia Ponta da Areia); 02º29’14” S e 44º17’12” W ponto 2 (praia São Marcos); 02º28’57” S e 44º15’49” W ponto 3 (praia Calhau); 02º28’51” S e 44º14’51” W ponto 4 (praia Caolho); 02º28’38” S e 44º13’25” W ponto 5 (praia Olho d’água) e 02º27’20” S e 44º10’11” W ponto 6 (praia Araçagi). Algumas das principais causas dos impactos nas praias devem-se: ao acúmulo do lixo biodegradável, quando descartado na areia da praia incomoda tanto usuários, como polui as águas do mar; bares que não dispõem de banheiros adequados, corroborando com o aumento do índice de coliformes fecais na areia e na água da praia. Diante do que foi percebido, há necessidade de realizar trabalhos de Educação Ambiental com a finalidade de conscientizar a popu-lação acerca dos impactos causados pelo acúmulo de lixo, ocupação urbana desordenada, especulação imobiliária, poluição das praias por resíduos industriais e esgotos domésticos, que prejudica o desenvol-vimento natural de macro e microrganismos, bem como a qualidade das águas e do ecossistema como todo.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Impacto Ambiental. Litoral. Poluição.

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INTRODUÇÃO

A Zona costeira vem sendo palco de uma realidade de ocupação humana, que está alterando a dinâmica de fun-cionamento dos diferentes ecossistemas que a compõe. Essas modificações, de curta ou longa direção, necessitam ser estudadas e monitoradas para que se possam propor mudanças nos quadros existentes hoje, buscando equilíbrio en-tre a dualidade homem x meio ambiente (SILVA et al., 2004).

Para Sousa & Silva (2015), as ações do homem sobre a natureza causam im-pactos que muitas vezes são superiores à capacidade de suporte do meio natu-ral. Tendo como exemplo a urbanização desordenada do litoral, podendo causar descaracterização ambiental, degra-dação e desestruturações irreversíveis (CORIOLANO, 2001). Desta forma, estas ações podem provocar a poluição destes ambientes, inviabilizando o seu uso e acarretando graves problemas ambien-tais, cuja poluição representa um dos principais problemas para a maior parte das áreas costeiras em todo o mundo, podendo trazer graves consequências ambientais e econômicas (SOUSA & SILVA, 2015).

Contudo, as praias do litoral mara-nhense, assim como as praias em geral, é frequentemente atingida por danos causados pelas ações humanas cumula-tivas, atreladas ao sistema de produção vigente, que não dá trégua à natureza, extraindo exaustivamente seus elemen-tos ambientais, transformando-os em recursos, na busca desenfreada por ma-ximização de lucros. Nessa perspectiva, destacam-se visíveis sinais de degrada-ção ambiental, como é o caso de esgo-tos provenientes dos hotéis, prédios de escritórios e conjuntos de apartamentos de entorno, que são despejados in natu-ra na área de praia. Ao longo da linha de costa são encontrados vários canais de afluentes residenciais e comerciais, o

que influencia diretamente na manuten-ção das condições adequadas de sanea-mento (CORREIA et al., 2006).

Entretanto, nas últimas décadas tem aumentado bastante as preocupações relativas à presença do lixo no ambien-te marinho, além de poluir a areia e as águas costeiras, ocasionando o risco de contaminação por doenças de pele e ou-tras enfermidades, cria um desagradável efeito visual, diminuindo a beleza cêni-ca das praias e desmotivando a presen-ça dos turistas (MIDAGLIA, 2001), bem como aos diversos problemas a ele asso-ciados (ARAÚJO e COSTA, 2003; UNEP, 2009; SOUZA & SILVA, 2015).

Desta maneira, os impactos inter-ferem na qualidade da água e em sua disponibilidade. As cidades poluem os rios, e os mares são poluídos pelo me-tabolismo das cidades e pela aplicação de biocidas e fertilizantes, utilizados na agricultura (DIAS, 2004).

No Maranhão existe uma carência de trabalhos sobre a avaliação da qua-lidade de sistemas aquáticos em áreas costeiras, e que propõe ações efetivas de educação ambiental para mitigar os problemas ambientais identificados, considerando que a qualidade ambiental de uma praia representa um dos princi-pais fatores para sua atratividade para fins recreacionais. Sendo assim, devi-do a carência e a relevância do estudo, o presente trabalho tem como objetivo principal avaliar a qualidade ambiental das praias mais frequentadas do litoral maranhense.

MATERIAL E MÉTODOS

A ilha de São Luís encontra-se entre os paralelos de 2º24’ e 2º28’ de latitude S e os meridianos de 44º1’ e 44º25’ de longitude W, ocupando uma área de 905 km2. Localiza-se no centro do Golfão Maranhense, separando as baías de São José a leste e São Marcos a oeste (DA-MÁZIO, 1980). As águas são tipicamen-

Fonte: Nogueira, (2001).

Figura 1 - Localização dos pontos de coleta das praias do litoral norte, São Luís, MA.

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te estuarinas resultantes da mistura das águas doces provenientes dos rios Ita-pecuru e Mearim que deságuam respec-tivamente nas baías de São José e São Marcos (CUTRIM, 1987).

A área do presente estudo, localiza-se ao norte da ilha de São Luís, distribuída em seis pontos (Fig.1), estando compre-endidas entre:

• 02º29’46” S e 44º18’29” W ponto 1 (praia Ponta da Areia), está inseri-da na baía de São Marcos a qual é constituída por um complexo sis-tema estuarino situado na parte noroeste da Ilha de São Luís. Ao decorrer de sua orla pode-se ob-servar uma grande quantidade de bares, prédios e residências, cujos esgotos são despejados in natura na areia através de grandes bocas de esgotos (SILVA, 2006);

• 02º29’14” S e 44º17’12” W ponto 2 (praia São Marcos);

• 02º28’57” S e 44º15’49” W ponto 3 (praia Calhau);

• 02º28’51” S e 44º14’51” W ponto 4 (praia Caolho);

• 02º28’38” S e 44º13’25” W ponto 5 (praia Olho d’água); possui pró-ximo a sua orla, empreendimen-tos imobiliários que destina seu esgoto na areia da praia e no mar.

• 02º27’20” S e 44º10’11” W pon-to 6 (praia Araçagi), localizada ao norte da ilha de São Luís em uma área aberta, de frente para o Oceano Atlântico, facilitando a dispersão de resíduos; não possui um grande número de residên-cias e bares e não há existência de prédios em sua orla; os focos de esgoto in natura são poucos, e em sua maioria são despejados em fossas (SANTOS et al., 2005).

Figura 1 - Localização dos pontos de coleta das praias do litoral norte, São Luís, MA

FIGURA1

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Impactos Causados nas Praias

Para SILVA et al., (2003) algumas das principais causas dos impactos nas praias devem-se:

• ao acúmulo do lixo biodegradá-vel, quando descartado na areia da praia incomoda tanto usuá-rios, como polui as águas do mar.

• bares que não dispõem de ba-nheiros adequados, corroboran-do com o aumento do índice de coliformes fecais na areia e na água da praia.

• ocupação urbana desordenada do domínio litorâneo, através da especulação imobiliária, além de obras de contenção das praias sem um planejamento eficiente.

• poluição da água e do solo por resíduos industriais, sólidos e es-gotos domésticos.

• pela pesca predatória e pelo avanço dos empreendimentos da carcinicultura.

• por sérios prejuízos causados pela falta de coleta do lixo nas praias, que incluem: diminuição dos turistas nas praias; compro-mete a beleza das praias; atraem insetos; ratos; cachorros; deixam odores desagradáveis e podem causar doenças.

Ações para mitigar a problemática poluição nas praias

Em decorrência ao diversos impactos causados na zona costeira, precisamen-te no domínio litorâneo SILVA et al., (2003), propõem-se sugestões para solu-cionar a problemática do lixo, e outros meios poluientes, tais como:

• realizar trabalhos de maneira a conscientizar banhistas, donos de

bares, turistas sobre os impactos causados ao meio, quando joga--se lixo nas praias.

• utilização de “containers” insta-lados em pontos estratégicos da praia para coleta do lixo.

• distribuição de sacos para o acon-dicionamento do lixo gerado pe-los banhistas.

• fiscalização por agentes ambien-tais na orla marítima informan-do sobre a relevância da educa-ção ambiental para o controle da qualidade das águas e do ecossis-tema.

• sensibilizar e conscientizar as pessoas para o problema, com distribuição de folderes explicati-vos e educativos.

• responsabilizar os órgãos públi-cos responsáveis pela preserva-ção do meio.

• realizar estudos científicos que subside em políticas para obras de contenção e minimização de resíduos visando à ordenação e uma gestão costeira adequada para esse ambiente, levando em conta tanto as condições sócioe-conômicas como as ambientais.

Educação Ambiental e conscientiza-ção pública

A educação ambiental tornou-se uma ferramenta para um mundo limpo e sustentável, orientando o homem a conscientizar-se de que é preciso edu-car para preservar e com isso contribuir para a mudança de atitudes e para a adoção de práticas ambientalmente cor-retas (CASCINO, 2000).

CONCLUSÕES

Diante do que foi percebido, há ne-cessidade de realizar trabalhos de Edu-cação Ambiental com a finalidade de conscientizar a população acerca dos

impactos causados pelo acúmulo de lixo, ocupação urbana desordenada, especulação imobiliária, poluição das praias por resíduos industriais e esgotos domésticos, que prejudica o desenvolvi-mento natural de macro e microrganis-mos, bem como a qualidade das águas e do ecossistema como todo.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. C. B.; COSTA, M. F. Lixo no ambiente marinho. Ciência Hoje, Brasil, v. 32, n. 191, p. 64-67, Nov. 2003.

CASCINO, F. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 2 Ed. São Paulo. SENAC. 109p. 2000.

CORREIRA, F.P.; SILVA,L .S.; AL-VES,S.R.S.; GATINHO,M.N.; DIAS,L.J.B.S. Caracterização da Paisagem da Faixa Costeira do Norte da Ilha do Mara-nhão: O Caso da Praia da Ponta D’areia. VI Simpósio Nacional de Geomorfo-logia/Regional Conference on Geo-morphology. Goiânia-GO. 2006.

CUTRIM, M. V. J. Algas Marinhas Bentônicas e Aspectos Ambientais--Praia do Araçagy, Município de Paço do Lumiar – Estado do Mara-nhão. Monografia, UFMA, 39p. 1987.

DAMÁZIO, E. Estudos bioecológicos nos estuários dos rios Anil e Bacanga – Ilha de São Luís – Estado do Maranhão. LABOHIDRO. São Luís. Relatório par-cial II. 1980.

DIAS, G. F. Educação ambiental: prin-cípios e práticas. 9ª edição – São Paulo: Gaia. 2004.

MIDAGLIA, C. L. V. Turismo e Meio Ambiente no Litoral Paulista: Dinâmi-ca da Balneabilidade das Praias. In: LE-MOS, A. I. G. Turismo: Impactos So-cioambientais. São Paulo: HUCITEC, p. 33-56. 2001.

SANTOS, L. A., FERES, S. J. C., LOPES,

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A. T. L., TAGORI-MARTINS, R. M. C. Família Nereidae (Polychaeta) como bioindicadora de poluição orgânica em praias de São Luís, Maranhão – Brasil. Anais do Congresso Brasileiro de Ecologia, 2p. 2005.

SILVA, A. C. da.; BOUERES, C.S.; NAS-CIMENTO, E. R.; CASTRO, K. C.; SAN-TOS, V. C. A. O problema do lixo na praia do Araçagi na ilha de São Luís--MA. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. ISSN 1517-1256, volume 11, jullho a dezembro de 2003, 41-45p. 2003.

SILVA, M.R DA.; CUNHA, M DA G. G. DA S.; FEITOSA, F. A. DO N. Diversida-de e riqueza de espécies da flora planc-tônica na baía de Tamandaré, litoral Sul de Pernambuco, Brasil. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.71, (supl.), p.1-748. 2004.

SILVA, V. S. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da água das praias do município de São Luís – MA. Dissertação – UFMA. 2006.

SOUZA, Jacqueline Lopes de; SILVA, Iracema Reimão. Avaliação da qualida-de ambiental das praias da Ilha de Ita-parica, Baía de Todos os Santos, Bahia. Soc. nat., Uberlândia , v. 27, n. 3, p. 469-483, Dec. 2015 .

UNEP. Marine litter: A global challen-ge. Nairobi: UNEP, 232 p. 2009

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS DE POÇOS ARTESIANOS NO ESTADO DO MARANHÃO

Thaliane França Costa Graduada em Medicina Veterinária – UEMA

E-mail: [email protected] da Silva Bastos

Mestre em Saúde e Ambiente – UFMA E-mail: [email protected]

Eldo José Rodrigues dos SantosMestre em Ciência Animal – UEMA

Karoline Mendes MarquesLaboratório de Microbiologia de Alimentos e Água - UEMA

Mayane de Jesus GarciaLaboratório de Microbiologia de Alimentos e Água - UEMA

Maria Célia Cesar Fonseca Graduada em Farmácia-Bioquímica - UNICEUMA

Januária Ruthe Cordeiro FerreiraMédica Veterinária - UEMA

E-mail: [email protected] Francisca Neide Costa

Prof.ª Dr.ª do Departamento de Patologia – UEMA E-mail: [email protected]

RESUMO: A água e a saúde das populações são indissociáveis. A disponibilidade de água de qualidade é uma condição indispensável para a própria vida e, mais que qualquer outro fator, a qualidade da água condiciona a qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade microbiológica da água de poços artesianos que de alguns municípios do Estado do Maranhão que realizam análise no Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Água da Universidade Estadual do Maranhão. Foram selecionados 320 protocolos de recebimento de amostras de água para consumo humano de poços artesianos, datados do período de julho de 2015 a julho de 2016. A técnica adotada para as análises foi o método rápido com substrato enzimático cromogênico Colilert®, no qual é possível determinar quantitativamente co-liformes totais e termotolerantes (Escherichia coli), segundo orientação do fabricante. Do total de 320 amostras, 143 (44,6%) apresentaram-se positivas para coliformes totais e 32 (10,0%) foram positivas para coliformes termotolerantes, estando fora dos padrões de qualidade estabelecidos para água de consumo humano. A má qualidade da água está diretamente associada às doenças diarreicas de veiculação hídrica. Sugere-se maior vigilância quanto á qualidade da água e que medidas simples e de baixo custo de educa-ção sanitária e ambiental sejam adotadas com intuito de proteger a saúde da população haja vista que a má qualidade da água tem reflexos diretos no aumento das doenças de veiculação hídrica.

Palavras-chave: Água para Consumo Humano. Qualidade da Água. Abastecimento de Água. Micro--organismos.

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INTRODUÇÃO

A água e a saúde das populações são indissociáveis. A disponibilidade de água de qualidade é uma condição in-dispensável para a própria vida e, mais que qualquer outro fator, a qualidade da água condiciona a qualidade de vida (OPAS, 2004). Nesse sentido o forneci-mento da água potável, em quantidade suficiente, é essencial à população por ser um bem finito que garante saúde e qualidade de vida. Contudo, inúmeras doenças relacionadas com a contamina-ção da água de consumo humano têm sido relatadas, o que demonstra a vulne-rabilidade do sistema de abastecimento da água do país e sua importância para a saúde pública (BRASIL, 2012). Dentre as várias formas de contaminação hí-dricas temos as bactérias do grupo coli-formes totais e fecais (termotolerantes). As suas determinações de concentração assumem pronunciada importância por constituir um parâmetro indicador da presença de microrganismos entéricos patogênicos (MICHELINA et al., 2006).

Segundo a Portaria Nº. 2.914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde a água potável é a que atende ao padrão de potabilidade e que não ofere-ce riscos à saúde (BRASIL, 2011). O pa-drão de potabilidade é um conjunto de valores permitidos como parâmetros da qualidade da água para consumo huma-no (BRASIL, 2011). Portanto, para que a água subterrânea seja considerada po-tável, é necessária a realização de aná-lises microbiológicas periódicas a fim de verificar se atendem aos padrões de potabilidade para consumo humano es-tabelecidos nas normas vigentes no País (CELLIGOI, 1999).

Considerando a importância da qua-lidade da água de poços como fonte de abastecimento para o Estado do Mara-nhão e sua possível implicação na saú-de pública, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das análises

microbiológicas de água para consumo humano de poços artesianos, realizadas no Laboratório de Microbiologia de Ali-mentos e Água da Universidade Estadu-al do Maranhão, quanto à presença ou ausência de coliformes totais e termo-tolerantes.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados 320 protocolos de recebimento de amostras de água do Laboratório de Microbiologia de Ali-mentos e Água da Universidade Esta-dual do Maranhão, datados do período de julho de 2015 a julho de 2016, cujas amostras eram oriundas de água para consumo humano de poços artesianos de vários municípios do Estado do Ma-ranhão.

O método utilizado para as análises microbiológicas de água no referido la-boratório foi o método Colilert®, que quantifica coliformes totais e termoto-lerantes (Escherichia coli). O processa-mento das amostras é realizado segun-do informações do fabricante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O percentual de amostras positivas e negativas para coliformes totais e ter-motolerantes está distribuído na Tabe-la 1 abaixo, onde 143 (44,6%) amostras apresentaram-se positivas para colifor-mes totais e 32 (10,0%) amostras foram positivas para coliformes termotoleran-tes.

Segundo a Portaria 2.194 de 12 de de-zembro de 2011, do Ministério da Saú-de, as águas para consumo humano são consideradas de qualidade higiênica sa-tisfatória quando apresentarem ausên-cia (<1.0 Número Mais Provável – NMP) de coliformes totais e termotolerantes em 100 mL da amostra. Portanto, quase a metade das amostras de água de poços analisadas no período de um ano estão em desacordo com a legislação, repre-sentando um risco à saúde da popula-

ção.

A presença de coliformes totais e ter-motolerantes (Escherichia coli) ressalta a importância desse grupo de bactérias como indicador de precárias condições higiênicas e sanitárias. Apesar da exis-tência de um sistema de abastecimento de na cidade de São Luís e regiões adja-centes, a questão de saneamento bási-co em vários pontos da cidade é muito precário, o que certamente possibilita a infiltração desse conteúdo para os len-çóis freáticos, contaminando assim os poços artesianos. Além disso, é comum a construção de poços por conta própria da população que desconhece os riscos que podem causar à sua própria saúde.

Os resultados encontrados no estudo atual, são superiores aos encontrados por Oliveira et al. (2016), que obtiveram um percentual razoável de amostras contaminadas com coliformes totais e termotolerantes, 21,7% e 8,7%, respecti-vamente. Os autores relacionaram esses resultados com as práticas de lançamen-to de dejetos animais na natureza, à lo-calização do poço subterrâneo aliado ao tempo de construção e à profundidade dos poços.

Os micro-organismos indicadores são usados para sugerir a ocorrência de contaminação oral–fecal, verificar a eficiência de processos de tratamento da água, esgoto e possível deterioração ou pós-contaminação da água no siste-ma de distribuição. Tradicionalmente os indicadores são usados por limitações de ordem prática, técnica e econômica, uma vez que se torna impossível exami-

nar todos os potenciais organismos pa-togênicos presentes na água (SOUZA e DANIEL, 2008).

Em semelhança aos resultados en-contrados no presente trabalho, Costa et al. (2012) analisaram 230 amostras de águas de poços no Estado do Ceará, das quais 40% (n=92) tinham presença de coliformes totais e 12,12% (n=28) de co-liformes termotolerantes. O percentual dos resultados de Colvara et al (2009), foi superior, ao avaliar a qualidade de águas subterrâneas de poços artesia-nos no sul do Rio Grande do Sul, onde 100% das amostras estavam contami-nadas por coliformes totais e 70% delas apresentavam coliformes termotoleran-tes. Os autores ressaltaram que vários fatores podem ser responsáveis pela contaminação: falta de manutenção do reservatório; localização inadequada do poço; e falta de cuidado e higiene com a água antes do consumo.

O percentual de 10,00% de amostras contaminadas com coliformes termoto-lerantes, apesar de ser relativamente pe-queno em relação ao número amostral, alerta para a questão da saúde pública. A má qualidade da água está diretamen-te associada às doenças diarreicas de veiculação hídrica, especialmente nas periferias das cidades de países em de-senvolvimento e na zona rural (Oliveira et al., 2016).

Em estudo realizado por Nunes et al. (2010), avaliando aspectos microbioló-gicos e físico-químicos de águas de po-ços da região de Jaboticabal, São Paulo, verificaram-se que, das 35 propriedades

Tabela 1 - Distribuição de resultados das análises microbiológicas de água de poços artesianos realiza-das no Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Água da Universidade Estadual do Maranhão, no período de julho de 2015 a julho de 2016.

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rurais avaliadas abastecidas por poços, 42,8% apresentavam contaminação fe-cal decorrente da presença de Escheri-chia coli, com média igual a 2,1 x 102 NMP.100 m.L - 1. A contagem de E. coli tem sido extensivamente utilizadas nos monitoramentos da qualidade das águas, e são considerados indicadores específicos de qualidade de água des-tinadas a potabilidade e balneabilida-de (LEBARON et al., 2005).

CONCLUSÕES

Os resultados demonstraram con-taminação microbiológica em algumas análises das amostras de águas de poços artesianos coletadas em vários municí-pios do Estado do Maranhão. A conta-minação por coliformes totais e Esche-richia coli pode estar associada a fontes pontuais de poluição e/ou a falta de tra-tamento no sistema de distribuição. Su-gere-se maior vigilância á qualidade da água consumida pela população como forma de proteção á saúde da mesma e que medidas simples e de baixo custo de educação sanitária e ambiental sejam adotadas com intuito de evitar contami-nações, como a cloração do poço, com o auxílio de um técnico, o qual fará o cál-culo da quantidade de reagente neces-sária; a fervura e posterior filtração da água, como forma de minimizar os pe-rigos advindos de uma contaminação da água por microrganismos patogênicos.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Microbiologia de Água e Alimentos pela realização da pesquisa.

REFERÊNCIAS

COLVARA, J.G.; LIMA, A.S.; SILVA, W.P. Avaliação da contaminação de água subterrânea em poços artesianos no sul do Rio Grande do Sul. Brazilian Journal of Food Technology, Campi-nas, v.2, p.11-14, 2009.

COSTA, C. L.; LIMA, R. F.; PAIXÃO, G. C.; PANTOJA, L. D. M. Semina: Ciên-cias Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 33, n. 2, p. 171-180, jul./dez. 2012.

LEBARON, P., HENRY,A., LEPEUPLE, A. S., PENA, G., SERVAIS, P. An opera-tional method for the real-time monito-ring of E. coli numbers in bathing wa-ters. Marine Pollution Bulletin. v.50, p. 652-659, 2005.

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MICHELINA, A. de F.; BRONHAROA, T. M.; DARÉB, F.; PONSANOC, E. H. G. Qualidade microbiológica de águas de sistemas de abastecimento público da região de Araçatuba, SP. Revista Higie-ne Alimentar, São Paulo, v. 20, n. 147, p. 90-95, dez. 2006.

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USO DA ÁGUA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E A SEGURANÇA DOS ALIMENTOS

Ana Tereza de Sousa Nunes Mestranda em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected]ália Cristina Costa de Carvalho

Mestranda em Saúde e Ambiente - UFMA E-mail: [email protected]

Jéssica Brito RodriguesMestranda em Saúde e Ambiente - UFMA

E-mail: [email protected] Nascimento Mouchrek

Prof.ª Dr.ª Programa Pós-Graduação em Saúde e Ambiente-UFMA E-mail: [email protected]

RESUMO: Este estudo refere-se a um levantamento bibliográfico sobre segurança alimentar levando-se em consideração a preocupação com a escassez da água. Os autores citados referem-se à água como recurso natural, imprescindível para toda a humanidade, porém, diante da degradação que vem sofrendo e sua disponibilidade é um bem limitado levando-se em consideração a sua utilização para o consumo humano. Objetivou-se descrever a importância da água para a sobrevivência de todos os organismos vivos bem como para o funcionamento adequado de ecossistemas e comunidades. Foram utilizados da-dos nacionais e mundiais sobre a importância da água, qualidade e quantidade da água e destaque sobre a água utilizada na produção de alimentos. Para concluir, ressalta-se a fundamental importância, de se promover no Brasil, estudos que estimulem a criação de políticas públicas que visem a médio e longo prazo alternativas para temas tão relevantes quanto à segurança alimentar, contaminação da água doce e redução do desperdício em todos os níveis do consumo de água, que deve ser abordada de forma ho-lística onde os interesses humanos sejam eles econômicos e sociais e a proteção dos ecossistemas sejam considerados, pois devemos isso às futuras gerações.

Palavras-chave: Água Potável. Recursos Hídricos. Segurança Alimentar.

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INTRODUÇÃO

Há aproximadamente 40 anos, a dis-cussão sobre a escassez da água se tor-nou conhecida, visto que a água não é um recurso inesgotável e é essencial para a vida no planeta Terra. A água é considerada um bem de consumo, tem usos variados e já possui, muitas vezes, aspectos politicamente polêmicos em determinadas regiões apesar de pouco divulgados. Os ecossistemas da terra, assim como o ser humano necessitam da água e esta, por sua vez, faz parte de sua constituição e dos processos de ma-nutenção de sua sobrevivência. Contu-do, a água é um importante veículo de transmissão de microrganismos patogê-nicos causadores de doenças de veicula-ção hídrica. Sendo assim, deve-se consi-derar a existência de uma relação entre a qualidade da água consumida pelo ser humano e a sua saúde, com a sua ori-gem, manuseio e escassez – produtos da ação antrópica em relação aos ecossiste-mas e geossistemas. Estas ações influen-ciam na qualidade e inocuidade da água e estão diretamente relacionadas com a segurança alimentar e com a saúde e ambiente, objetiva-se, então, descrever a importância do uso da água na segu-rança dos alimentos.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão teórico-re-fexiva. Para a localização e seleção dos estudos foram considerados o estudo de publicações nacionais e internacio-nais e periódicos indexados, impressos e virtuais, específicas da área (livros, monografias, dissertações e artigos), sendo pesquisados ainda dados em base de dados eletrônica (BIREME, Scielo, Li-lacs, etc.), considerando para análise as palavras-chave: Água Potável. Recursos hídricos. Segurança Alimentar; sendo selecionadas 9 literaturas entre 20 refe-rências bibliográficas para este estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uso da água na produção de alimen-tos e a segurança dos alimentos

A partir da preocupação de estabe-lecer normas para a atividade agrária, visando à produção de alimentos, foi introduzido na Europa o conceito de se-gurança alimentar a partir da I Guerra mundial e sua positividade, em 1922, na Itália. A segurança alimentar já foi compreendida como uma política de armazenamento estratégico e de oferta segura e adequada de alimentos, e não como um direito de todo ser humano a ter acesso a uma alimentação saudável. Antes o enfoque estava no alimento e não no ser humano. No fim da década de 1970, houve aumento da produção de alimentos e constatação que a situação de fome e desnutrição eram problemas de acesso e não de produção. Após este período, o Banco Mundial definiu segu-rança alimentar como “o acesso por par-te de todos, todo o tempo, a quantidades suficientes de alimentos para levar uma vida ativa e saudável”. Constituindo um cenário de crescimento econômico, dis-tribuição de renda e redução da pobreza (MANIGLIA, 2009).

Desde 1990, a questão de sustenta-bilidade em discussão simultânea com o meio ambiente modificou o conceito de segurança alimentar, acrescenta-se: noções de alimento seguro; qualidade do alimento; balanceamento de dieta; informações sobre os alimentos; opções de hábitos alimentares em modos de vida. O direito à alimentação passou a se inserir no contexto do direito à vida, à dignidade, à autodeterminação e à sa-tisfação de outras necessidades básicas. Em 1992 a Conferência Internacional de Nutrição atribuiu uma face humana ao conceito de segurança alimentar, esti-mulando a assistência ao uso adequa-do da água, saneamento, saúde pública, aleitamento, carinho no preparo dos ali-

mentos, além da disseminação de doen-ças (MANIGLIA, 2009; CASTRO, 2008).

A partir de 1996 passa-se a conviver com o Código de Conduta sobre o direito humano à alimentação adequada, sendo necessário ressaltar que não há direitos humanos sem que os direitos econômi-cos, sociais e culturais sejam garantidos, segundo Flávia Piovezan (2007).

Em 1994, após a realização da 1ª Con-ferência Nacional de Segurança Alimen-tar, estruturou-se o conceito brasileiro de segurança alimentar como sendo a realização do direito de todos ao aces-so regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidades suficientes, sem comprometer o acesso a outras ne-cessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saú-de, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambien-talmente sustentáveis (MALUF, 2007).

Outro aspecto que deve ser observa-do além desta abordagem conceitual é a definição de prioridade do uso da água na agricultura e pecuária. Os três prin-cipais usos consuntivos da água são: uso nas moradias, uso nas indústrias e na produção de alimentos (CHRISTOFI-DIS, 2006).

Destacamos a relevância do uso da água na produção de alimentos como um bem de consumo necessário, escas-so e que deve atribuir características qualitativas dentro dos requisitos da se-gurança alimentar. Para se determinar a qualidade da água faz-se necessário co-nhecer a fonte de água e se é necessário o seu tratamento para se garantir que está apta ao consumo humano e que é segura para ser usada na produção de alimentos (EUFIC, 2016).

Os autores Tundisi et al. (2008) destacam como principais problemas e processos como causas principais da “crise da água” no século XXI:

• Intensa urbanização aumentan-do a descarga de recursos hídri-

cos contaminados e com grandes demandas de água para abasteci-mento e desenvolvimento econô-mico e social (TUCCI, 2008);

• Estresse e escassez de água em muitas regiões do planeta em ra-zão das alterações na disponibili-dade e aumento de demanda e em razão de mudanças globais com eventos hidrológicos extremos aumentando a vulnerabilidade da população humana e compro-metendo a segurança alimentar (chuvas intensas e longos perío-dos de seca);

• Infraestrutura pobre e em estado crítico, em muitas áreas urbanas com até 30% de perdas na rede após o tratamento das águas;

• Problemas na falta de articulação e de ações consistentes na gover-nabilidade de recursos hídricos e na sustentabilidade ambiental.

Ainda, segundo o entendimento des-ses autores, os problemas apontados estão relacionados à qualidade e quan-tidade da água, e, em respostas a essas causas, existem interferências na saúde individual e coletiva, com deterioração da qualidade de vida e do desenvolvi-mento econômico e social. A posição central dos recursos hídricos é estraté-gica quanto à geração de energia, pro-dução de alimentos, sustentabilidade da biodiversidade e a mudanças globais está representada na Figura 1.

Dados dos relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) constatam que o uso da água tem crescido a uma taxa duas vezes maior do que o cresci-mento da população ao longo do último século. A tendência é que o gasto seja elevado em até 50% até 2025 nos países em desenvolvimento e, em 18% nos paí-ses desenvolvidos (EBC, 2015).

De acordo com a ONU e o Programa de Avaliação Mundial da Água, a irriga-ção (70%) é a principal responsável pelo

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uso do recurso no mundo, após temos o uso na indústria (22%) e o uso domésti-co (8%). Estima-se que dois milhões de pessoas viverão em regiões de absoluta escassez de água até 2025 (EBC, 2015).

CONCLUSÕES

Diante do que foi mencionado na fundamentação teórica, percebe-se uma realidade preocupante no âmbito mun-dial. As situações de vulnerabilidade na segurança alimentar existem e precisam ser encaradas com seriedade na busca de soluções sustentáveis.

É de fundamental importância, pro-mover no Brasil, estudos que estimulem a criação de políticas públicas que visem a médio e longo prazos alternativas para temas tão relevantes quanto a segurança alimentar, contaminação da água doce e formas de redução do desperdício em todos os níveis do consumo de água.

Toda essa problemática deve ser abordada de forma holística onde os

interesses humanos sejam eles econô-micos e sociais e a proteção dos ecos-sistemas sejam considerados, afinal as futuras gerações precisam encontrar um planeta em condições propícias para a sobrevivência da espécie.

A água é um bem de consumo de grande importância para a produção e segurança dos alimentos, bem como para a manutenção e equilíbrio do orga-nismo humano e do ambiente.

REFERÊNCIAS

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CHRISTOFIDIS, D. Água na produção de alimentos: o papel da academia e da indústria no alcance do desenvolvi-

Figura 1 - A água e a sua posição estratégica em relação a processos como biodiversidade, energia e clima.

Fonte: TUNDISI et al., 2008.

mento sustentável. Rev. Ciênc. Exatas, Taubaté, v. 12, n. 1, p. 37-46, 2006.

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