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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS HENRIQUE CESAR GALLINA BARBOSA FLUXOS DE CO2 EM REGIÃO DE CERRADO NA BAIXADA CUIABANA CUIABÁ MT 2016

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU … · 2017-04-04 · FICHA CATALOGRÁFICA ... 1. Introdução. 2.Revisão de Literatura. ... Figura 4 – Média diária da temperatura

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

HENRIQUE CESAR GALLINA BARBOSA

FLUXOS DE CO2 EM REGIÃO DE CERRADO NA BAIXADA CUIABANA

CUIABÁ – MT 2016

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HENRIQUE CESAR GALLINA BARBOSA

FLUXOS DE CO2 EM REGIÃO DE CERRADO NA BAIXADA CUIABANA.

Dissertação apresentada à UNIC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientador: Prof. Dr.- OSVALDO BORGES PINTO JUNIOR

CUIABÁ – MT 2016

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FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária Elizabete Luciano / CRB1/2103

B238f Barbosa, Henrique Cesar Gallina

Fluxos de CO2 em Região de Cerrado na Baixada Cuiabana./Henrique

Cesar Gallina Barbosa./ Cuiabá-MT, 2016. 32p. Inclui Lista de Figuras e Anexos.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá-UNIC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientador : Prof. Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior

1. Introdução. 2.Revisão de Literatura. 3.Materiais e Métodos. 4.Resultados e Discussão. 5. Conclusão. 6. Referências Bibliográficas.

CDU 34:551

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, minha

esposa Milena e meu filho Igor, também para

meus Pais Julio e Alcione, que foram meu

Norte para trilhar o caminho do bem e não

pouparam esforços para me proporcionar uma

educação de qualidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o grande arquiteto do universo que nos proporcionou o dom do

pensar.

A minha família, minha esposa Milena, que é minha outra metade, sempre me

ajudando e apoiando no que preciso e meu filho Igor eles foram a razão e o motivo

pare que eu sempre queira evoluir e proporcionar uma vida melhor para eles.

Aos meus Pais, Julio e Alcione, que sempre me incentivaram a estudar e querer

evoluir com ser humano.

Aos meus queridos Orientadores, Prof. Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior e Prof. Dr.

Carlo Ralph De Musis, pela oportunidade, por toda paciência, pela dedicação, pelos

ensinamentos compartilhados e ajuda em minha dissertação.

Ao Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais e a Universidade de

Cuiabá pela oportunidade oferecida.

Aos Professores Dra. Franciele Bomfiglio, Dr. Paulo Arruda e Dr George Vourlitis,

por me darem as primeiras orientações e cederem os dados para realizar este

trabalho.

À banca examinadora, Professores Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior, Dr. Dr. Carlo

Ralph De Musis e Dr. Leone Francisco Curado, por participar e pelas contribuições

para o engrandecimento do trabalho.

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“O mundo tornou-se perigoso, porque os

homens aprenderam a dominar a natureza antes

de dominarem a si mesmos. ” (ALBERT

SCHWEITZER)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da área de estudo (Fazenda Miranda). ............................ 11

Figura 2 - Fotos da torre microclimatológica, equipamentos instalados e paisagem

do local de estudo. ................................................................................................. 13

Figura 3 – Precipitação acumulado nos anos 2011, 2012 e 2013 na área de estudo

(áreas marcadas em cinza representam a estação seca). ....................................... 17

Figura 4 – Média diária da temperatura e umidade relativa mensal. (áreas cinzas na

figura, representa a estação seca). ......................................................................... 18

Figura 5 – Troca líquida de CO2 (NEE) pelo ecossistema (os valores em cinza

representam a estação de seca, a linha é seguida pelos intervalos de confiança (5%)

superior e inferior. (n=16608). .............................................................................. 20

Figura 6 – Média diária dos anos de 2011, 2012 e 2013 da troca líquida de CO2.

............................................................................................................................... 21

Figura 7 – Comparação da troca líquida de CO2 do ecossistema dos anos de 2011,

2012 e 2013, nos períodos seco e úmido. ............................................................. 23

Figura 8 – Correlação da troca líquida de CO2 no ecossistema (NEE) com as

variáveis micrometeorológicas: Temperatura (°C), Umidade Relativa (UR %) e

Umidade do Solo (%) para os anos de 2011, 2012 e 2013. *** (p<0,001);

**(p<0,01). ............................................................................................................ 24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Medias e intervalos de confiança (95%), usando a técnica do bootstrap,

das médias diárias de troca líquida do ecossistema (NEE, μmolm-2 s-1). ............. 22

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Instrumentos utilizados, descrição e altura de instalação dos

instrumentos na torre micrometeorológica............................................................ 13

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RESUMO

Barbosa, Henrique Cesar Gallina. Fluxos de CO2 em Região de Cerrado na

Baixada Cuiabana, 2016. 45 f. (Mestrado em Ciências Ambientais), Universidade

de Cuiabá.

O cerrado brasileiro corresponde a 24% do território nacional, uma área que

corresponde a dois milhões de km2, englobando vários estados brasileiros,

compondo a maior savana da América do Sul, porém não sabemos como

ecossistemas como o cerrado equilibram o fluxo de carbono. Coletamos dados de

uma torre micrometeorológica, com um sistema de covariância de vórtices

turbulentos, localizada na Fazenda Miranda, uma fazenda experimental da UFMT,

na divisa de Cuiabá - MT com o município de Santo Antônio de Leverger, situada

a 15 km SSE Cuiabá (-15.7315° e -56.0719°) com vegetação característica de

cerrado campo sujo. O objetivo geral do trabalho foi compreender a troca de CO2

através da análise dos padrões de variabilidade dos fluxos de carbono e das

variáveis micrometeorológicas. Estes dados foram coletados mensalmente, a cada

30 minutos, durante os anos de 2011, 2012 e 2013, e submetidos a procedimento de

reamostragem estatística utilizando bootstrap para determinar os intervalos de

confiança. Os resultados obtidos mostraram que o Cerrado campo sujo daquela área

se comportou, predominantemente, no período estudado, como um sumidouro de

carbono para a atmosfera, com momentos em que foi emissor, em função do regime

hídrico anual. Suas maiores absorções de CO2 aconteceram no período úmido, com

valores semelhantes aos apresentados por florestas tropicais semidecíduas. No

período noturno o fluxo de CO2 se tornou positivo, indicando liberação de CO2 no

ecossistema e no período diurno se torna negativo indicando absorção de carbono

do ecossistema, em média nos três anos estudados, o sistema absorveu mais CO2

do que liberou tendo um saldo negativo de -1,38 μmol m-2 s-1.

Palavras-Chave: Cerrado Campo Sujo, Fluxo de Carbono, Covariância de vórtices

turbulentos, Bootstrap.

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ABSTRACT

Barbosa, Henrique Cesar Gallina. CO2 flow in Cerrado Region in Cuiabana’s

Baixada, 2016. 45 f. (Master in Environmental Sciences), University of Cuiabá.

The Brazilian savannas/cerrado corresponds to 24% of the country, an area still

corresponds to 2,000,000 km2 encompassing various Brazilian states, making up

the largest savanna in South America, but do not know how ecosystems like the

Savana balance the carbon flux. Collect data from a micrometeorological tower

with an eddy covariance system, located at Miranda’s farm, an experimental

particular farm, on the border of Cuiaba-MT with the city of Santo Antônio do

Leverger, located 15 km SSE of Cuiaba (-15.7315 ° and -56.0719°) with

characteristic vegetation of Cerrado campo sujo. The general objective of this study

was understand the exchange of CO2 through the analysis of the variability patterns

of carbon fluxes and micrometeorological variables.. These data were collected

monthly, every 30 minutes, during the years 2011, 2012 and 2013, and submitted

to a statistical resampling procedure using bootstrap to determine the confidence

intervals. The results showed that the Cerrado campo sujo of this area performed

predominantly during the period studied, as carbon sink for the atmosphere, with

moments in which it was emitter, depending on the annual water regime. Their

greatest CO2 absorption occurred in the wet period, with values similar to those

presented by deciduous tropical forests. At night the CO2 flow became positive,

indicating release of CO2 on ecosystems and the daytime becomes negative

indicating carbon absorption ecosystem, on average in the three years studied, the

system has absorbed more CO2 than released with a negative balance of -1.38 μmol

m-2 s-1.

Keywords: Cerrado campo sujo, Carbon flow, Eddy covariance, Bootstrap.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1. OBJETIVO GERAL: ....................................................................................... 2

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ......................................................................... 2

2. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 3

2.1. O CERRADO ................................................................................................... 3

2.2. FLUXOS DE ENERGIA ................................................................................. 5

2.3. FLUXO DE CO2 .............................................................................................. 6

2.4. O MÉTODO EDDY COVARIANCE ............................................................. 7

2.5. O FILTRO U* .................................................................................................. 8

2.6. TÉCNICA DO BOOTSTRAP ......................................................................... 9

3. MATERIAL E MÉTODOS: .......................................................................... 11

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ......................................... 11

3.2. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO ............................................................ 12

3.3. ANALISE DE DADOS ................................................................................. 14

3.4. DETERMINANDO OS FLUXOS DE CO2 PELO MÉTODO EDDY

COVARIANCE 15

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: ................................................................ 16

4.1. PRECIPITAÇÃO ........................................................................................... 16

4.2. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR ................................ 17

4.3. BALANÇO DE CO2 ...................................................................................... 19

5. CONCLUSÃO: .............................................................................................. 26

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ......................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

Desde 1988 vem acontecendo uma série de eventos internacionais que levantam

preocupações com a redução da emissão dos Gases de Efeito Estufa – GEE, considerados,

de acordo com diversas pesquisas científicas, como causa antropogênica do aquecimento

global. Destes eventos, podemos citar a Toronto Conference on the Changing

Atmosphere, no Canadá, o IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto

de 1990) que resultou na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança

Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) e na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil

(junho de 1992).

Em 1997 foi discutido e aberto para assinatura em Quioto, no Japão, o que ficou

conhecido como Protocolo de Quioto, onde 141 países assinaram este acordo

internacional que visava diminuir a emissão de gás carbônico para a atmosfera. Este

protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005e os países signatários deveriam reduzir

suas emissões até 2012.

Com a extinção do prazo do protocolo de Quioto em 2012, houve manifestações

da ONU em reintegrar o compromisso de alguns países para uma nova emenda no

Protocolo, estas manifestações iniciaram em 2007, onde os chefes de estado na 33ª

reunião do G8, afirmaram que as nações do G8 visam reduzir, pela metade as emissões

globais de CO2 até 2050.

A maioria dos países desenvolvidos vem dando cada vez mais importância a

questão da conservação ambiental, segundo o IPCC 2014 relatórios de cientistas

confirmam que a influência humana sobre o clima é clara, com impactos observados em

todos os continentes e oceanos.

A queima de combustíveis fósseis libera na atmosfera 5,5 bilhões de carbono/ano,

grande parte em forma de gás carbônico, mais 1,6 bilhões de toneladas de carbono que

chegam anualmente à atmosfera devido as queimadas e desmatamentos, segundo o Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Desse total de gases estufa, 3,2

bilhões de carbono/ano ficam acumulados na atmosfera e 2 bilhões são absorvidos pelo

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oceano, restando um montante de 1,9 bilhões de toneladas de carbono, que não se sabe

ao certo qual destino desse montante.

Porém, não sabemos como ecossistemas como o cerrado equilibram esse fluxo de

carbono. Através de dados de estações de coleta realizamos a análise do fluxo de carbono

em uma região de cerrado para determinar se este ecossistema se comporta como fontes

ou sumidouros de carbono.

O desenvolvimento das espécies depende do quanto entendemos dos processos

ecológicos e do conhecimento que empregamos no gerenciamento sensato dos recursos

naturais. Afinal, somos uma espécie no adaptada às condições peculiares da superfície do

planeta, e sujeita aos mesmos princípios ecológicos que todas as outras espécies.

Pesquisadores estão trabalhando com sistemas que permitem o registro do fluxo dos gases

de Gases de Efeito Estufa – GEE assim como os dados micrometeorológicos para melhor

entender o comportamento do ecossistema.

O intuito deste trabalho é compreendermos os processos relacionados ao balanço

de carbono no cerrado, através da análise dos padrões de variabilidade dos fluxos de

carbono e como as variáveis micrometeorológicas influenciam nestes fluxos.

1.1. OBJETIVO GERAL:

Compreender a troca de CO2 em um cerrado campo sujo, na baixada cuiabana.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Estabelecer um intervalo de confiança na estimativa diurna e noturna do fluxo de

CO2 no ecossistema.

Estimar o balanço de CO2 nos anos de 2011, 2012 e 2013 e sua relação com regime

hídrico anual.

Relacionar variáveis microclimatológicas com a troca líquida de CO2 no

ecossistema (NEE).

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2. REVISÃO DA LITERATURA

De acordo com Nedel (2003), a atmosfera tem um mecanismo natural de

aquecimento, o efeito estufa que é responsável por manter em níveis adequados a

temperatura média do planeta para a existência dos seres vivos. Tal efeito ocorre quando

parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por Gases de Efeito

Estufa – GEE, presentes na atmosfera. Isso faz a radiação infravermelha refletida pela

terra ficar retida na baixa atmosfera resultando no aquecimento global.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC 2007) Um

dos principais problemas ambientais atuais, é o aumento das emissões de gases de efeito

estufa (GEE). A mudança na concentração de GEE pode vir a desencadear aumento da

temperatura média no planeta, em até 5,8°C nos próximos cem anos.

Segundo Pinto Jr. (2007), a poluição atmosférica, o desmatamento da Amazônia

e o degelo das calotas polares são assuntos nos remetem à questão do aquecimento global

provocado pelo aumento do chamado efeito estufa, sendo um dos assuntos que chama

atenção da mídia. Porém, apesar desse interesse, poucos compreendem, efetivamente, o

que tudo isso significa e as consequências para nossas vidas.

2.1. O CERRADO

O cerrado brasileiro corresponde a 24% do território nacional, uma área continua

que corresponde a dois milhões de km2, englobando desde o Amapá e Roraima, em

latitude ao norte do Equador, até o Paraná, já abaixo do trópico de capricórnio. Já no

sentido longitudinal, o cerrado aparece de Pernambuco, Alagoas, Sergipe até o Pará e

Amazonas, neste último como encraves dentro da floresta Amazônica

(EMBRAPA,2013).

Quanto ao solo, no cerrado predominam os Latossolos, cobrindo 46% da área,

com coloração que varia de vermelho a amarelo, são profundos e bem drenados na maior

parte do ano. Além desse, temos solos pedregosos e raso como Neossolos Litóicos que

são geralmente encostas e os Neossolos Quartzarenicos os orgânicos, dos quais são

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descritos como supostamente pobres em nutrientes, profundos e sem minerais primários

em número significativo. Porém em detalhamentos desse ambiente ficou comprovado a

sua variabilidade química, física e mineralógica (KER & RESENDE 1996, EMBRAPA

2016).

O cerrado tem destaque tanto pela sua extensão de área, quanto pela

heterogeneidade vegetal, com áreas ainda desconhecidas. Essa diversidade toda pode ser

causada pelas variações climáticas de cada região (PIRES, 2000).

A vegetação do cerrado, sejam árvores (estrato arbóreo ou lenhoso), ou ervas

(estrato herbáceo), são heliófilas, ou seja, plantas que se desenvolvem em luminosidade

solar intensa (BOREL et. al. 2002).

De acordo com a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio

Ambiente, em conjunto ao IBAMA, foram reduzidas quase pela metade a taxa média de

desmatamento registrado no cerrado no período de 2008\2009 equivalentes a anos

anteriores onde a agricultura e a pecuária foram os principais motivadores do mesmo.

São onze os principais tipos de vegetação do bioma Cerrado, formações florestais

(mata ciliar, mata de galeria, mata seca e cerradão), savânicas (cerrado sentido restrito,

parque de cerrado, palmeiral e vereda) e campestres (campos sujo, campo limpo e campo

rupestre), contando com os subtipos temos reconhecidas 25 tipos de vegetação.

(RIBEIRO & WALTER, 2008, ALMEIDA a 2008).

Cerrado no estado é de aproximadamente 300 mil km2, equivalente 38% de todo

o território mato-grossense. (EMBRAPA 2013)

A vegetação campestre onde se localiza a torre microclimatologia instalada no

local da coleta é composta predominantemente a de campos sujo. Segundo Einten (1972)

campo sujo se caracteriza por arbustos abertos onde a cobertura arbórea\arbustiva é de

até 1%, porém maior que zero. Forma savânicas maiores e abertas com arvores esparsas.

E segundo Ribeiro e Walter (2008), campo sujo é uma estrutura herbáceo exclusivamente,

com arbustos esparsos e subarbustos, com tipos de vegetações menos desenvolvidas,

sendo sua parte lenhosa com altura média de 2 metros cobrindo menos de 5%.

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2.2. FLUXOS DE ENERGIA

Os fenômenos que ocorrem no solo sejam biológicos, físico-químicos, físicos e

químicos, estão relacionados com a quantidade de radiação solar na superfície. Sendo

importante o balanço dessa radiação, dentre elas, a incidente e refletida e o saldo de

radiação (LEITÃO et al., 2000). O estudo do balanço e fluxo de energia em uma superfície

nos permite estimar as trocas de energia e massa no sistema solo-planta-atmosfera,

(FONTANA et al., 1991).

Segundo Lewin (1995), existem quatro tipos básicos de fluxos de energia atuando sobre

uma superfície ideal (relativamente lisa, horizontal, homogênea, extensa, e opaca à

radiação), que podemos denominar de radiação líquida, para ou da superfície, que é

resultado do balanço da radiação solar sendo direcionado para a superfície durante o dia,

enquanto a noite a radiação é muito menor, se dissipando ao longo da superfície, esse

fluxo de radiação líquida se dá pelo resultado do balanço de radiação que ocorre na

superfície, durante o período diurno o fluxo é direcionado para a superfície e normalmente

é dominado pela radiação solar, e durante a noite, o fluxo se afasta da superfície e a

radiação líquida é bem menor.

Do resultado da diferença de temperatura da superfície e acima, com as camadas

superiores de ar da atmosfera, obtemos o fluxo de calor sensível. Já o fluxo de calor latente

é resultado da evaporação da água, evapotranspiração do ecossistema ou condensação de

vapor de água na superfície, sendo regulado pelo produto do calor latente de evaporação

ou condensação. Essa situação ocorre durante o dia e a noite, (LEWIS, J. M., 1995).

A camada entre o solo, água e o ar atmosférico possui uma interface muito fina,

não tendo massa o suficiente para armazenar calor, sendo que fluxos de energia fluem de

dentro para fora e de fora para dentro sem perca ou ganho da mesma. Levando isso em

conta para desenvolver uma equação para o balanço e conservação de energia em uma

superfície ideal temos a seguinte relação:

𝑅𝑛𝑒𝑡 = 𝐻 + 𝐿𝐸 + 𝐺

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Onde Rneté a radiação líquida, H é o fluxo de calor sensível, LE o fluxo de calor

latente e G é o fluxo de calor no solo. (OGÉE et al., 2001).

2.3. FLUXO DE CO2

O gás carbônico e continuamente trocado entre seres vivos e atmosfera, através da

fotossíntese, combustão, oxidação, materiais da crosta terrestre e os oceanos. Os vegetais

são formados em cerca de 90% de materiais provenientes da atmosfera através da

fotossíntese, que é o processo do dióxido de carbono (CO2) junto a radiação solar, e a

presença da água utilizada pelas plantas para sintetizarem a glicose. (BALDOCCHI,

2008).

As plantas usam como fonte de CO2 três sistemas: da atmosfera e da respiração

das raízes, do solo e da própria planta (KOCH & MOONEY, 1996), durante o dia ocorre

absorção líquida de CO2 da atmosfera pela planta e a noite ocorre a liberação em menor

quantidade (BALDOCCHI, 2003; 2008).

O balanço de carbono em um ecossistema é basicamente o processo líquido

resultante da assimilação de CO2 do processo biológico de fotossíntese e as emissões de

CO2 como produto da respiração autotrófica, tanto por respiração de crescimento quanto

respiração de manutenção. A diferença entre a fotossíntese das folhas, respiração líquida

e o carbono perdido pela respiração autotrófica é chamada de produção primária líquida

(MURTY et al. 2002).

A entrada de CO2 na folha é limitada, sobretudo pelas consequências da

diminuição do potencial hídrico. O principal fator ambiental que determina a intensidade

respiratória é a temperatura, já os processos bioquímicos tanto pela temperatura como

pela disponibilidade de minerais e água. Para absorver CO2 do meio externo, a planta

perde água no processo, e quando essa perda diminui a perda de CO2 também fica

prejudicada. (KUMAGAI et al., 2004).

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Aproximadamente 98% do dióxido de carbono do planeta se encontra na forma

de bicarbonato dissolvido na água dos oceanos, quase todo o restante está na atmosfera.

Essa concentração, pode aumentar consideravelmente em locais perto de parques

industriais e dos conglomerados urbanos maiores. Os processos do ciclo de carbono

variam de bioma para bioma, sendo que os maiores estão nas florestas tropicais que estão

entre os mais importantes e menos monitorados ecossistemas do planeta (MALHI et al.,

1998). As pesquisas do fluxo de carbono permitem que se avalie o impacto de eventuais

mudanças ambientais no mesmo, incluindo mudanças no uso do solo, na variabilidade

climática e no aumento de concentração de CO2 na atmosfera, alterando o funcionamento

total de um ecossistema natural (GALLON et al., 2006).

2.4. O MÉTODO EDDY COVARIANCE

O método Eddy Covariance (EC) ou covariância de vórtices turbulentos, é uma

técnica micrometeorológica mais recente, que serve para observação acima do dossel de

uma área vegetada que mede as trocas totais de CO2 e H2O e calor sensível no ecossistema

(FINNIGAN et al., 2003; BALDOCCHI et al., 2001, 2008). Esses métodos causam

distúrbios mínimos para o microambiente dos ecossistemas que estão sendo estudados

permitindo medidas contínuas (BALDOCHI et al., 1988).

O método de covariância de vértices turbulentos serve como base para pesquisar

se um ecossistema em particular é uma fonte ou sumidouro de carbono (GRACE,2004).

O fluxo é estimado pelas trocas turbulentas das variáveis citadas entre a superfície

e a atmosfera, envolvendo medidas dos desvios da velocidade vertical do vento, da

pressão de vapor, da temperatura, dentre outras variáveis (SAUER et al., 1998; TOL et

al., 2003, BALDOCCHI, 2008).

As condições naturais do meio ambiente são raramente ideais, tornando

necessárias correções nos modelos para minimizar alguns erros encontrados nas medidas

de fluxos turbulentos (BALDOCHI et al., 1988)

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Durante a noite verificou-se outro problema quando a produção de CO2 é maior e

os ventos fracos há um aumento da concentração deste gás no local da análise, e desníveis

no terreno causam a drenagem do CO2 para locais mais baixos (ARAÚJO et al., 2002).

Segundo (GRACE, 2004), existem importantes limitações no método de

covariância de vórtices turbulentos, erros sistemáticos e seletivos associados a medidas

de fluxos (BALDOCHI et al., 1996). Os erros associados aos instrumentos têm sido

amplamente estudados e são mais facilmente quantificados para correção (MONCRIEFF

et al., 1996). Mesmo havendo algumas perdas nos fluxos quando é utilizado o método,

uma variedade de alternativas podem ser utilizadas para corrigi-las ou minimizar as

perdas nos fluxos fazendo uso de um rigoroso modelo experimental (MASSMAN, 2000).

2.5. O FILTRO U*

Segundo Araújo, et. al. 2002 durante a noite quando a produção de CO2 é maior e

os ventos mais fracos há um aumento da concentração do gás no local da análise, já que

não são compatíveis com a hipótese de transporte turbulento o período noturno o método

de covariância de vórtices turbulentos subestima as trocas líquidas de CO2 no

ecossistema, impedindo assim uma medida correta dos fluxos noturnos calculados pelo

método (KRUIJT et al., 2004).

A velocidade de fricção do ar (* u), tem sido utilizada para minimizar as perdas

do dióxido de carbono, efetuando uma correção nos dados de troca liquida do CO2 do

ecossistema (NEE) (ARAÚJO et al., 2002, PRIANTE FILHHO et al., 2004,

VOURLITIS, et al., 2004).

GU et al. (2005) relata que o valor é visualmente analisando utilizando a regressão

dos valores noturnos de troca líquida de CO2 no ecossistema (NEE) em comparação ao

de u*, é feito então uma análise para detectar se houve uma grande redução dos valores

de NEE, em condições de baixo turbilhonamento do ar (u* baixo). Se realmente houver

a redução desses valores em condições de u* baixo, os dados são filtrados e substituídos

por alguma forma de preenchimento (GOULDEN et al., 1996)

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A concentração de CO2 no período noturno e o baixo valor de u*, irá depender da

distribuição da área foliar, da altura do dossel, das condições meteorológicas e das

características do terreno (GU et al. 2005). O valor da velocidade que produz fluxos

noturnos de CO2 satisfatórios não é universal podendo variar u* entre 0 e 0,6 m s-1 em

diferentes florestas. BALDOCCHI (2003); MASSMAN & LEE (2002).

Através de pesquisas realizadas no leste da Amazônia, por Miller et al. (2004),

ficou definido que os dados coletados de NEE durante noites calmas com u* < 0,2 m s-1

tiveram que ser corrigidas pois estavam levando a erros de conclusão devido a grande

concentração do CO2 durante este período noturno. A floresta antes da correção segundo

os pesquisadores aparentava ser um sumidouro de carbono e depois de ser feita a correção

passou a ser uma fonte carbono.

Segundo Araújo et al. (2002), a velocidade de fricção do ar acima das florestas na

Amazônia é um pouco menor na estação seca do que na estação chuvosa, e de acordo

com Saleska et al. (2003) e Kruijt et al. (2004) esta velocidade (u*) tinha uma frequência

7% menor abaixo de 0,2 m s -1 na estação chuvosa do que na estação seca.

2.6. TÉCNICA DO BOOTSTRAP

Bootstrap é uma técnica baseada em reamostragem computacional utilizada para

avaliar as distribuições de estatísticas, como cálculo de intervalo de confiança, que não

são facilmente modeladas por métodos tradicionais (DAVISON et al., 1986; KLEIJNEN;

DEFLANDRE, 2006).

O método bootstrap foi inicialmente desenvolvido por Efron (1979) e divulgado

no periódico Annals of Statistics. Onde mais tarde o mesmo Brandley Efron (1993)

introduziu a técnica de bootstrap. O bootstrap foi uma das primeiras técnicas estatísticas

a fazer uso intensivo do computador, substituindo as tradicionais derivações algébricas

por dados baseado em simulação computacional.

O sucesso do bootstrap está na simplicidade do método pois requer apenas uma

pequena parcela dos dados para produzir uma representação confiável da estatística

analisada (DAVISON et al.,2003; CHIOU et al., 2011).

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A efeciência do método de bootstrap depende criticamente da similaridade da

distribuição amostrada e da verdadeira distribuição (MUDELSSE; ALKIO, 2007).

Segundo (HENDERSON, 2005). A técnica consiste em utilizar uma

reamostragem representativa do conjunto de elementos dos dados originais, visando

deduzir sobre a distribuição aproximada da estatística em questão como: intervalo de

confiança, estudo de viés de um estimador ou a realização de testes de hipóteses.

O método bootstrap é versátil e pode ser executado tanto de forma paramétrica

quanto não paramétrica, principalmente para apoiar métodos paramétricos não

satisfatórios (HOLLANDER; WOLFE, 1999).

A diferença entre os métodos está na maneira de obter a amostragem. No caso da

paramétrica se os dados já forem conhecidos, a amostra é composta realizando

amostragens diferentes onde as mesmas serão substituídas por estatísticas paramétricas.

O teste não paramétrico, a amostra será composta retirando uma amostra com reposição,

com mesma cardinalidade da amostra original. Essa amostra é denominada amostra

bootstrap (SILVA, 1995).

Quando não for possível calcular a distribuição bootstrap ou características da

mesma, é possível obter uma aproximação de resultados utilizando os princípios de

simulações estocásticas pelo método de Monte Carlo (MMC) para gerar estimadores dos

parâmetros em questão (SILVA, 1995). E mesmo as estimativas obtidas através de

aproximação de MMC gerado pelas amostras do bootstrap podem ser utilizadas para gerar

intervalos de confiança para amostra. (CHERNICK & FRIIS ,2003).

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3. MATERIAL E MÉTODOS:

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Os dados foram coletados na Fazenda Miranda, uma fazenda experimental da

Universidade Federal de Mato grosso, localizada na divisa da capital do estado de Mato

Grosso – Brasil, Cuiabá com o município de Santo Antônio de Leverger, situada a 15 km

SSE Cuiabá (-15,7315° e -56,0719°) com altitude média de 157 m a vegetação

característica do local, transita em uma faixa entre o Cerrado e o Pantanal, com vegetação

característica de Cerrado campo sujo.

Figura 1 - Localização da área de estudo (Fazenda Miranda).

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O solo da fazenda Miranda onde os dados foram coletados é imperfeitamente

drenado e pouco espesso, concrecionário e sua superfície cascalhenta, do tipo Plintossolo

pétrico, podendo em algumas partes ter a presença do solo Litólicos distróficos

(RADAMBRASIL, 1982).

A vegetação predominante da área do estudo é composta por grande parte de

gramíneas Brachiaria humidicola sp. e arbustos fragmentados. Na área em que a torre

micrometeorológica está instalada predomina a fitofisionomia de Cerrado Campo Sujo.

E sua vegetação é composta de 64% de gramíneas e árvores como a Curatella americana

L. e Diospyros hispida Alph. D.C., e índices de área foliar (IAF) por volta de 1,5 m²

(VOURLITIS et al., 2013).

O clima do local de estudo é do tipo AW, segundo a classificação de Köppen,

também denominado Tropical semi-úmido, possui duas estações bem definidas, uma

úmida (primavera-verão) e uma seca (outono-inverno) e de quatro a cinco meses secos.

A média pluviométrica anual é de aproximadamente 1420 mm, e média térmica anual é

de aproximadamente 26,5°C (VOURLITIS & DA ROCHA, 2011).

3.2. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Os dados utilizados para realização deste estudo foram coletados por instrumentos

instalados em uma torre micrometeorológica com 20 metros de altura, sendo instalados

pelo projeto “Implantação de Postos de Observação de Gases-Traço e de Aerossóis na

Atmosfera em Mato Grosso” (MCTCNPq- CT Infra CT Energ n. 07-2006), a mesma é

dotada de equipamentos que possibilitam a coleta de dados continuamente durante o ano

todo.

Foi utilizado um datalogger modelo CR 1000 (Campbell Scientific, Inc., Logan,

UT, USA) para registrar as variáveis meteorológicas, estas medidas foram registradas

com um intervalo de amostragem de 30 segundos e médias a cada 30 minutos.

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Foi utilizada ainda, uma placa multiplexadora AM16/32A (Campbell Scientific,

Inc., Logan, UT, USA), para ampliar a quantidade de canais de entrada para o registrador.

A lista completa dos instrumentos utilizados para coleta e registro dos dados apresentados

estão na tabela abaixo (quadro 1).

Quadro 1 – Instrumentos utilizados, descrição e altura de instalação dos instrumentos na

torre micrometeorológica.

Instrumentos Descrição

Altura de

Instalação

(m)

CSAT3 (Campbell Scientific, Logan,

UT, USA)

Anemômetro sônico

tridimensional 10

LI–7500A (LICOR Inc., Lincoln, NE,

USA)

Concentração de CO2

Concentração H2O 10

Figura 2 - Fotos da torre microclimatológica, equipamentos instalados e paisagem do local de

estudo.

Fonte: ARRUDA, 2014

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Reflectômetro - CS616 Soil Misture

Sensor (Campbell Scientific, Inc.,

USA)

Umidade (URsolo) 0,2

3 Termohigrômetros HMP 45AC

(Vaisala, Inc., Helsinki, Finland)

Temperatura do ar (Tar)

Umidade relativa do ar

(URar)

5; 10; 18

2 Anemômetros de conchas- 03101-L

Wind Sentry Anemometer (RM Young,

Inc., USA)

Velocidade do vento (u) 5; 10

03002-L Wind Sentry Set (RM Young,

inc., USA) Direção do vento 18

Pluviômetro de Báscula - TR-525M

Rainfall Sensor (Texas Eletronics, Inc.,

USA)

Precipitação

pluviométrica (ppt) 5

Datalogger - CR1000 (Campbell

Scientific, Logan, UT, USA) Aquisição de dados Abrigo

Bateria de 150 A Energia – Tensão (12V) Abrigo

SP65 (Campbell Scientific, Inc., Logan,

UT, USA) Painel Solar (65 W) Abrigo

3.3. ANALISE DE DADOS

Foram coletados dados micrometeorológicos e dados de fluxos de CO2, durante

os anos de 2011, 2012 e 2013, utilizando uma torre micrometeorológica com 20 metros

de altura.

Os dados do fluxo de CO2, totalizavam 49.776 dados, estes foram filtrados

utilizando o critério de valores de u* > 0,2m/s-1, dos 18.695 dados restantes foram

retirados os outliers dos valores fisicamente impossíveis, através da padronização Z (𝑍 =

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𝑋−𝜇

𝜎), considerando valores > -1,96 e < 1,69 (95% de intervalo de confiança),

contabilizando um total de 16.608 dados.

Estes dados foram submetidos a um teste estatístico utilizando bootstrap para

determinar as medias e os intervalo de confiança superior e inferior a cada meia hora do

dia por cada mês, devido à grande quantidade de dados foram necessárias várias tentativas

para conseguirmos realizar o bootstrap, mesmo com um equipamento de Hardware

robusto tivemos que repetir diversas vezes devido a travamento do sistemas, algumas

vezes depois de dias processando, porem com persistência, após duas semanas de

tentativas tivemos sucesso no processamento destes dados.

3.4. DETERMINANDO OS FLUXOS DE CO2 PELO MÉTODO EDDY

COVARIANCE

Para determinarmos o balanço de carbono e a troca líquida de CO2 com

ecossistema (NEE), utilizamos neste trabalho o método de covariância de vórtices

turbulentos, do inglês “eddy covariance”, este método se tornou a ferramenta mais

utilizada para estudos balanço de carbono (BALDOCCHI et al., 2001)

A determinação dos fluxos de CO2 utilizando o método eddy covariance, ou

covariância de vórtices turbulentos, se baseia no movimento horizontal e turbulento do

vento, este movimenta massas de ar através de vórtices em forma de turbilhão, estes

vórtices têm componentes que se movimentam nas 3 dimensões.

Para que possamos medir seus componentes este sistema utiliza um anemômetro

sônico, instalado em torres de observação para captar a movimentação, velocidade,

direção, concentração, temperatura e humidade carregados por estes vórtices. Através da

densidade das moléculas os fluxos podem ser identificados, possibilitando a medida do

transporte turbulento dos gases presentes neste ar, podendo ainda identificar a direção dos

fluxos podendo contabilizar através do balanço se eles estão sendo absorvidos ou emitidos

para a atmosfera.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES:

O ecossistema da área de estudo se comportou durante os anos de 2011, 2012 e

2013 como um sumidouro de carbono, sua troca líquida de CO2 do ecossistema (NEE)

gerou uma média de -1,38 µmol m-2 s-1, este resultado pode ser justificado pelo fato que

está área fica em um ambiente de cerrado campo sujo, ambiente este que anos atrás passou

por desmatamentos e foi utilizado como pastagem de animais, possui ainda uma grande

área alagadiça que se forma em determinadas épocas do ano, todas estas variáveis podem

ter contribuído para o ambiente tenha gerado esta média.

Podemos comparar estas médias de NEE, com estudos realizados em outros

ecossistemas de Cerrado, os resultados obtidos foram maiores que o deste (ROCHA et

al., 2002; SANTOS et al., 2003). Essas divergências entre os resultados obtidos em nosso

estudo e os encontrados na literatura para ecossistemas de Cerrado, são reflexo da baixa

precipitação anual ocorrida no período (1115 mm), em média 385 mm menor que a média

anual em um período de 30 anos (VOURLITIS & DA ROCHA 2011) ou ainda indiquem

a pouca capacidade de reter água dos solos arenosos, típicos da Baixada Cuiabana

(RADAMBRASIL, 1982).

4.1. PRECIPITAÇÃO

A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é um dos sistemas que mais

influenciam no período de chuvas do Cerrado, este inicia no fim da primavera do

hemisfério Sul e atinge seu ápice no verão, sendo um dos principais fenômenos

responsáveis por determinar os períodos de chuva no Cerrado Mato-grossense. Tais

fenômenos juntamente com a Zona de Convergência Intertropical, vindos da Amazônia,

fornecem fatores favoráveis para a formação de uma grande faixa de nebulosidade sentido

norte-sudeste, se estendendo da região amazônica podendo chegar até o Atlântico Sul.

Decorrente disto ocorrem longos períodos com altos índices pluviométricos, sendo mais

marcantes de dezembro a fevereiro podendo chegar a março.

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Figura 3 – Precipitação acumulado nos anos 2011, 2012 e 2013 na área de estudo (áreas

marcadas em cinza representam a estação seca).

A precipitação acumulada anual média nos anos de 2011, 2012 e 2013 foi de 1115

mm/ano, aproximadamente 20% menor que a média histórica da região (VOURLITS &

ROCHA, 2011).

De acordo com a figura 3, a precipitação acumulada nos três anos de estudo, nos

meses de janeiro a abril e outubro a dezembro (úmida) tivemos índices pluviométricos

maiores do que nos meses de maio a setembro (seca). No ano de 2011 o período de

estiagem foi maior se estendendo de maio a novembro, já no ano de 2012 a estiagem foi

menor, tendo períodos chuvosos que se estenderam até maio e iniciaram em setembro. Já

em 2013 tivemos períodos com grandes índices pluviométricos no final e início do ano,

principalmente no mês de março, e um período de estiagem longo, comparado com outros

anos de estudo na região (VOURLITS & ROCHA, 2011; VOURLITIS et al.,. 2014).

Estes resultados estão de acordo com estudos realizados em regiões com

características parecidas, podendo citar dados da estação climatológica da Embrapa nos

Cerrados no Distrito Federal (SANO, 2008) e da região do Cerrado de São Paulo

(ROCHA et al. 2002).

4.2. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR

As maiores temperaturas nos três anos estudados foram encontradas no verão, a

diferença da média foi de 1,51 ºC em relação ao inverno (figura 4), que está relacionado

com os períodos chuvosos (figura 3), isso acontece por conta da maior umidade relativa

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nesta época, causando maior absorção da radiação solar pela atmosfera (SOUZA FILHO

et at. 2006).

Figura 4 – Média diária da temperatura e umidade relativa mensal. (áreas cinzas na

figura, representa a estação seca).

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As menores temperaturas nos três anos foram encontradas nos meses de julho

(figura 4), esta queda começa no início da estação seca, as variáveis que contribuem para

a grande queda da temperatura são o surgimento de frentes frias vindas do sul do

continente (GRACE et al., 1996) e a baixa umidade relativa do ar na estação seca, devido

a atmosfera local não conseguir acumular calor através do vapor d’água fazendo com que

a superfície que recebeu calor durante o dia perca rapidamente este durante a noite

diminuindo a temperatura noturna.

A média sazonal da temperatura na região para os três anos estudados foi maior

no período chuvoso (27ºC no período seco e 28,51ºC no período chuvoso), enquanto a

maior amplitude térmica foi no período seco (7,16ºC no período seco e 3,42ºC no período

chuvoso). Isso ocorre por conta da diferença no calor especifico da agua e do ar seco.

4.3. BALANÇO DE CO2

Através da estimativa da troca de CO2 entre as plantas e a atmosfera através da

medição da velocidade e direção do vento e a quantidade de moléculas de CO2 presentes

no ar (BALDOCCHI, 2003), verificou-se que as maiores absorções de CO2 aconteceram

no período úmido (de janeiro a abril e outubro a dezembro), observa-se na figura 5 que

as taxas de absorção de CO2 aumentaram a partir de novembro, mantendo-se negativa até

o mês de abril. Podemos comparar estes níveis de absorção em trabalhos similares que

ocorreram em florestas tropicais semidecíduas na região de Sinop, norte do estado de

Mato Grosso (VOURLITIS et al. 2005; 2011), indicando que com quantidades de chuvas

abundantes a relação dos dados coletados no Cerrado campo sujo comparada com

florestas semidecíduas são semelhantes.

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Figura 5 – Troca líquida de CO2 (NEE) pelo ecossistema (os valores em cinza

representam a estação de seca, a linha é seguida pelos intervalos de confiança (5%)

superior e inferior. (n=16608).

A partir do mês de março, as taxas de absorção começam a diminuir até se

tornarem emissores de carbono em abril, final da estação da chuva, mantendo uma média

de emissor durante a estação seca. Outros estudos realizados no Cerrado indicaram

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desempenho parecido (ROCHA et al. 2002), contudo, devido a menor disponibilidade

hídrica no período da seca, menor índice de área foliar (IAF) comparado ao Cerrado,

menor profundidade das raízes das árvores e uma maior cobertura de gramíneas

comparado as florestas tropicais (RATANA et al. 2004; VOURLITIS et al. 2005;

VOURLITIS & DA ROCHA 2011) e em florestas tropicais semidecíduas, as taxas de

absorção do Cerrado se tronam menores (VOURLITIS et al. 2005; 2011).

Figura 6 – Média diária dos anos de 2011, 2012 e 2013 da troca líquida de CO2.

A Figura 6 mostra a média do fluxo de CO2 para ciclos do dia médio para os três

anos (2011, 2012 e 2013), acima da torre, esta variação diurna no cerrado campo sujo

indica que este durante a noite o fluxo de CO2 se torna positivo, indicando liberação de

CO2 no ecossistema e durante o dia se torna negativo indicando absorção de carbono do

ecossistema. Em média nos três anos estudados, o sistema absorveu mais CO2 do que

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liberou tendo um saldo negativo de -1,38 μmol m-2 s-1, indicando que o ecossistema da

área de estudo foi um sorvedouro de carbono.

Tabela 1- Medias e intervalos de confiança (95%), usando a técnica do bootstrap, das

médias diárias de troca líquida do ecossistema (NEE, μmolm-2 s-1).

Ano Media Diurno Noturno Amplitude Chuva Seca

2011 -0,33 -1,20 3,02 4,22 -1,35 0,03

2012 -1,98 -3,54 4,30 7,84 -2,62 0,08

2013 -1,84 -3,55 3,97 7,52 -3,20 -0,22

Media

Total

-1,38 -2,76 3,76 6,53 -2,39 -0,04

Na Tabela 1 podemos identificar as medias da troca líquida do ecossistema (NEE,

μmol m-2 s-1), nos períodos diurnos temos maior absorção de CO2 que no período noturno,

em 2012 tivemos a maior amplitude e em 2011 a menor amplitude. Já nos meses chuvosos

foi observado uma maior absorção em 2013 no período da estiagem tivemos leve emissão

em 2012. Segundo Santana et al. (2008), no verão, ventos predominantes na região

estudada, tem origem na Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), trazendo

umidade e chuvas da região sul Amazônica para a região Centro Oeste. Vento estes que

contribuem para a região ao norte da área estudada seja a principal fonte dos fluxos de

calor latente (LE). Há ainda nesta região a influência nos dados de uma lagoa, que se

forma em parte do ano (dezembro-maio), criando uma lamina d’água com poucos

centímetros que influenciam os fluxos que vem com direção do vento entre 330º e 30º

(ARRUDA, 2014).

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Figura 7 – Comparação da troca líquida de CO2 do ecossistema dos anos de 2011, 2012

e 2013, nos períodos seco e úmido.

Na Figura 7, podemos observar ciclos do dia médio para os três anos (2011, 2012

e 2013 nas estações de seca e chuvosas), tendo como resultado a maior absorção de

carbono na estação úmida, cerca de -2,39 μmol m-2 s-1 e maior emissão na seca, por volta

de -0,04 μmol m-2 s-1. De acordo com SHUGART et al., 1986, as plantas absorvem mais

CO2 na presença de humidade, devido a menor perda de água pela planta e a redução da

transpiração. Araújo et al. (2010) afirma que nos meses chuvosos, em florestas tropicais,

a precipitação cria condições mais favoráveis a fotossíntese (com alta disponibilidade

água).

Em outros ecossistemas de Cerrado as emissões líquidas de CO2 estão de acordo

com as obtidas no local de estudo, outras pesquisas reportam ecossistemas praticamente

em equilíbrio (emissões anulando assimilações) ou como leves sumidouros de carbono

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atmosférico no total anual (MIRANDA et al. 1996; DA ROCHA et al. 2002; SANTOS et

al. 2003; VOURLITIS & DA ROCHA, 2011). Os resultados obtidos neste estudo podem

ter diferido dos outros ecossistemas de Cerrado pela baixa média de precipitação anual

(1115 mm) que ocorreu no período estudado, que foi em média 385 mm menor que a

média anual de longo prazo (30 anos; VOURLITIS & DA ROCHA 2011) ou ainda

mostram a baixa capacidade de retenção de água dos solos arenosos, típicos da Baixada

Cuiabana (RADAMBRASIL, 1982).

Figura 8 – Correlação da troca líquida de CO2 no ecossistema (NEE) com as variáveis

micrometeorológicas: Temperatura (°C), Umidade Relativa (UR %) e Umidade do Solo

(%) para os anos de 2011, 2012 e 2013. *** (p<0,001); **(p<0,01).

Podemos observar na figura 8 que a troca líquida de CO2 no ecossistema (NEE)

tem correlação significativa com a temperatura para todos os anos estudados. Verificamos

ainda que a umidade relativa também tem alta correlação com o NEE.

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Com a umidade do solo tivemos uma correlação significativa nos anos de 2012 e

2013, porem no ano de 2011 apesar do R² não indicar uma relação, tivemos uma

significância (P<0,01).

De acordo com Vourlits & Da Rocha (2011) a média acumulada da

precipitação foi 20 % menor que a média acumulada histórica da região.

Esses resultados estão de acordo com trabalhos realizados na mesma região,

segundo Arruda (2014), os valores máximos de umidade do solo, foram em torno de 8%,

considerados baixos devido a formação do solo da região de estudo, que se mostra rochosa

e arenosa. Outros estudos realizados na área, mostraram que o solo apresentava 60% de

rochas em sua totalidade em média, e era composto de 600g/kg de areia em média. Estes

solos possuem altas taxas de infiltração, tendo baixa capacidade de retenção de água

(EITEN, 1972; FURLEY & RATTER, 1988; VOURLITIS et al. 2013).

Após análise destes dados podemos verificar que o NEE se mostrou fortemente

relacionado a temperatura, umidade relativa e umidade do solo, indicando forte influência

das variáveis micrometeorológicas na troca líquida de CO2 com ecossistema para os anos

de 2011, 2012 e 2013.

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5. CONCLUSÃO:

O Cerrado campo sujo estudado apresentou, no período entre 2011 a 2013, como

um sumidouro de carbono para a atmosfera porem, podendo se comportar como um

emissor em função do regime hídrico anual.

Os valores de troca de CO2 do ecossistema com a atmosfera foram diretamente

influenciados pela alta sazonalidade do local de estudo, indicando maiores valores de

absorção de CO2 durante a estação chuvosa e emissões máximas na estação seca.

A troca líquida de CO2 com ecossistema comparando medias mensais para o

período estudado tiveram números próximos aos encontrados em outras pesquisas

realizadas no Cerrado.

O balanço de carbono encontrado durante a estação chuvosa teve valores

próximos aos encontrados em florestas tropicais semidecíduas, e compatíveis com valores

encontrados em florestas tropicais úmidas.

Através da análise dos gráficos da figura 8, concluímos que a troca líquida de CO2

no ecossistema (NEE) mostrou correlação com as variáveis microclimatológicas

(temperatura, umidade relativa e umidade do solo), mostrando que o NEE sofre influência

das mesmas.

.

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