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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU DO INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE THARCISIO GÊ DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DA RETIRADA PRECOCE DO CATETER VESICAL APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL RETROPÚBICA BELO HORIZONTE MINAS GERAIS 2013

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU DO INSTITUTO DE

ENSINO E PESQUISA DA SANTA CASA DE BELO HORIZONTE

THARCISIO GÊ DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DA RETIRADA PRECOCE DO CATETER VESICAL APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL RETROPÚBICA

BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS

2013

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II

THARCISIO GÊ DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DA RETIRADA PRECOCE DO CATETER VESICAL APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL RETROPÚBICA

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-graduação e

Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em

Medicina e Biomedicina.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti

Coorientador: Prof. Dr Denny Fabrício Magalhães Veloso

BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS

2013

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III

THARCISIO GÊ DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DA RETIRADA PRECOCE DO CATETER VESICAL APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL RETROPÚBICA

Dissertação apresentada ao Núcleo de

Pós-graduação e Pesquisa da Santa

Casa de Belo Horizonte como requisito

parcial para a obtenção do título de

Mestre em Medicina e Biomedicina.

Data da defesa: ____/____/____

Comissão Examinadora formada pelos Professores:

Dr.

Dr.

Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti – Orientador

Prof. Dr. Denny Fabrício Magalhães Veloso – Coorientador

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IV

A Deus, por permitir tantas graças e conquistas ao longo desta caminhada.

À Míriam, minha esposa, minha maior incentivadora e alicerce em todas as grandes conquistas alcançadas nos últimos anos de minha vida.

Aos meus pais, Lázaro e Francisca, pela companhia fiel e tanto carinho prestado.

Aos meus irmãos, Thales e Thomaz, meus maiores amigos e companheiros inseparáveis.

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V

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Ronaldo Alberti, um amigo, professor e

profissional de competência inquestionável, que esteve presente em toda a

elaboração deste trabalho.

Ao meu coorientador, Prof. Dr Denny Fabrício Magalhães Veloso por todo o

companheirismo e colaboração no desenvolvimento deste projeto.

Aos preceptores da residência de Urologia da Santa Casa de Belo

Horizonte, que com seus ensinamentos diários me permitiram alcançar um novo

estágio em minha carreira profissional e por participarem deste trabalho que propôs

mudar rotinas já bem estabelecidas no serviço.

Aos colegas residentes que convivi nos últimos 3 anos pela compreensão e

apoio neste período.

A todos os funcionários e professores do Centro de Pós-Graduação do

Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte (IEP), que foram

sempre solícitos durante a realização do curso.

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VI

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS............................................................................................ V

SUMÁRIO ............................................................................................................ VI

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... VIII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E GRÁFICOS ........................................................... IX

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS.......................................... X

1. RESUMO ........................................................................................................... 1

2. ABSTRACT ....................................................................................................... 3

3. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA ................................................ 5

3.1 História da prostatectomia radical ...................................................... 7

3.2 Anastomose vesico-uretral .................................................................. 8

3.3 Tempo para retirada do cateter vesical ............................................... 9

3.3.1 Revisão histórica sobre retirada precoce do cateter vesical de

demora após prostatectomia radical ............................................................... 11

4. OBJETIVOS .................................................................................................... 14

5. MÉTODO ......................................................................................................... 15

5.1 Ética ..................................................................................................... 15

5.2. Tipo de pesquisa ................................................................................ 15

5.3 Pacientes e amostragem .................................................................... 15

5.4 Coleta de dados .................................................................................. 16

5.5 Propedêutica realizada ....................................................................... 17

5.6 Técnica cirúrgica ................................................................................. 18

5.7 Critérios de exclusão .......................................................................... 24

5.8 Avaliação estatística ........................................................................... 24

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VII

6. RESULTADOS ................................................................................................ 25

7. DISCUSSÃO .................................................................................................... 34

8. CONCLUSÕES ................................................................................................ 40

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 41

10. ANEXOS ........................................................................................................ 45

10.1 Aprovação do comitê de ética em pesquisa .................................... 46

10.2 Consentimento informado - prostatectomia radical retropúbica ... 47

10.3 Consentimento informado - pesquisa clínica .................................. 48

10.4 Protocolo de coleta de dados ........................................................... 49

10.5 Classificação Tumor, Nódulo, Metástase (TNM) para câncer de

próstata - UICC (2009) ........................................................................................ 51

10.6 Classificação de risco para o câncer de próstata ........................... 52

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VIII

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Protocolos de retirada precoce do cateter vesical .................... 10

TABELA 2 - Características pré-operatórias estratificada por grupo ............ 25

TABELA 3 – Estadiamento clínico pré-operatório .......................................... 26

TABELA 4 – Classificação de de risco pré-operatório - ASA ......................... 27

TABELA 5 - Características per-operatórias estratificadas por grupo .......... 29

TABELA 6 – Análise estatística – Continência imediata e precoce ............... 31

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IX

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E GRÁFICOS

FIGURA 1 – Ilustração da parede posterior da anastomose vesicouretral ... 21

FIGURA 2 – Ilustração da parede anterior da anastomose vesicouretral ..... 23

GRÁFICO 1 – Infecção urinária e Retenção urinária por grupos (%) ............ 30

GRÁFICO 2 – Continência Imediata e Precoce por grupos(%) ...................... 32

GRÁFICO 3 – Continência Imediata e Precoce (comparação de retirada

Precoce x Tardia) ............................................................................................... 33

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X

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

PSA – Prostatic specific antigen (Antígeno prostático específico)

USTR – Ultrassonografia transretal

SCMBH – Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte

PR – Prostatectomia Radical

PRR – Prostatectomia Radical Retropúbica

PRL – Prostatectomia Radical Laparoscópica

n – Número de pacientes do estudo

Nº - Número

CAT. – Tempo em dias de permanência do cateter vesical

ANAST. – Tipo de sutura realizada na anastomose vesicouretral

CISTO. – Realização de cistografia

EST. – Estenose da anastomose vesicouretral

RUA – Retenção Urinária Aguda

CONTR. – Grupo controle

CONT. - Continência

NR – Não relatado no trabalho

DPO – Dia de Pós-Operatório

ITU – Infecção do Trato Urinário

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

UICC – Union Internacionale Contre Le Cancer

TNM – Tumor, Nódulo, Metástase

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CEM – Centro de Especialidades Médicas Metropolitano

UI – Unidades Internacionais

IMC – Índice de Massa Corpórea

ng - Nonograma

g – Grama

Kg – Quilograma

m² – Metro quadrado

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XI

mL - Mililitro

dL – Decilitro

min – Minutos

EC – Estadio Clínico

TVP – Tromobose Venosa Profunda

TEP – Tromboembolismo Pulmonar

Hb - Hemoglobina

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- 1 -

1 - RESUMO

Introdução: O tratamento do câncer de próstata através de prostatectomia radical

está associado ao uso de cateter vesical de demora por período variável. Com o

advento da cirurgia laparoscópica adquiriu-se experiência com o uso de sutura

contínua para realização da anastomose vesicouretral, permitindo menor tempo de

permanência do cateter vesical no pós-operatório. Há alguns anos esta sutura

também tem sido utilizada em prostatectomia radical retropúbica com bons

resultados.

Objetivos: Avaliar a possibilidade de retirada precoce (três e cinco dias) do cateter

vesical de demora após prostatectomia radical retropúbica com anastomose

vesicouretral por sutura contínua. Avaliar, também, se a retirada precoce do cateter

vesical tem influência nas taxas de infecção do trato urinário (ITU), estenose da

anastomose vesicouretral ou continência urinária imediata e precoce (até 30 dias

após a retirada do cateter) comparada à retirada habitual (10 a 14 dias).

Método: No estudo foram avaliados, prospectivamente, 64 pacientes submetidos à

prostatectomia radical retropúbica por câncer de próstata localizado ou localmente

avançado. Os pacientes foram divididos, aleatoriamente, em três grupos: Grupo A (n

= 24) permanência do cateter por três dias; Grupo B (n = 20) permanência do cateter

por cinco dias; Grupo C – Controle (n = 20) permanência do cateter por 10 a 14 dias.

Todos os pacientes foram submetidos ao mesmo tipo de cirurgia e anastomose

vesicouretral. Foi aplicado protocolo específico durante todo o período de

internação, sendo os pacientes avaliados, entre outros aspectos, quanto retenção

urinária, estenose da anastomose vesicouretral e incontinência urinária.

Resultados: Os pacientes foram avaliados por período de 9 a 15 meses. A média

de idade geral foi de 66,1 ± 6,8 anos e a média dos valores séricos do PSA foi de 9,2

± 6,1 ng/mL. O tempo cirúrgico médio foi de 118 ± 30,2 minutos. Não houve

necessidade de hemotransfusão e não houve óbitos relacionados à operação. Não

ocorreram casos de trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar,

abscesso pélvico ou urinoma. O tempo médio de internação foi de 3,75 dias para o

grupo A (de três a cinco dias), 4,4 dias para o grupo B (dois a oito dias) e 2,86 dias

para o grupo C (dois a quatro dias). Identificou-se ITU em 8,3% dos pacientes do

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- 2 -

grupo A, em 5% do grupo B e em 30% do grupo C (p = 0,0134). Não ocorreram

casos de estenose da anastomose vesicouretral no período de seguimento citado. A

taxa de continência imediata geral para todos os grupos (incluindo o grupo controle)

foi de 31,25%, sendo de 50% para o grupo A,de 35% para o grupo B e de 5% para o

grupo C (p = 0,0053). Somando os grupos de retirada precoce do cateter vesical

(grupos A + B), foi encontrado 43,2% de continência imediata, que quando

comparado ao grupo C mostrou significância estatística (p = 0,0023). Em relação à

continência precoce (até 30 dias após a retirada do cateter), encontrou-se um

percentual de 54,7% somando-se todos os grupos, sendo de 67% para o grupo A,

60% para o grupo B e 35% para o grupo C (p = 0,0932). Nos grupos A + B o

resultado foi de 63,6% de continência precoce. Comparando-se (A + B) x C

novamente obteve-se significância estatística (p = 0,0329).

Conclusão: É possível a retirada precoce do cateter vesical com um risco aceitável

de retenção urinária no pós-operatório. A retirada precoce do cateter vesical parece

reduzir as chances de infecção do trato urinário, mas não apresenta influência nas

taxas de esclerose de colo vesical. A continência urinária ocorreu mais

precocemente nos pacientes que permaneceram menos tempo com o cateter

vesical, porém, em longo prazo, os resultados parecem ser semelhantes.

Descritores: Próstata, câncer de próstata, prostatectomia radical retropúbica,

anastomose vesicouretral contínua, retirada precoce do cateter vesical

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- 3 -

2 - ABSTRACT

Introduction: Treatment of prostate cancer by radical prostatectomy is associated

with the use of indwelling catheters for a variable period. With the advent of

laparoscopic surgery experience is gained with the use of continuous sutures for

vesicourethral anastomosis, allowing shorter time of permanence of bladder catheter

postoperatively. For some years this suture has also been used in radical retropubic

prostatectomy with good results.

Objectives: Evaluate the possibility of early withdrawal (three and five days) of

indwelling catheters after radical retropubic prostatectomy with vesicourethral

anastomosis by continuous suture. Also assess whether early withdrawal of urinary

catheter has an influence on the rates of urinary tract infection (UTI), vesicourethral

anastomotic stricture or immediate urinary continence and early urinary continence

(within 30 days after catheter removal) compared to the usual withdrawal (10 to 14

days).

Method: The study prospectively evaluated 64 patients who underwent radical

retropubic prostatectomy for localized or locally advanced prostate cancer. The

patients were randomly divided into three groups: Group A (n = 24) catheter

permanence for three days; Group B (n = 20) catheter permanence for five days;

Group C - Control (n = 20) catheter permanence for 10 to 14 days. All patients

underwent the same surgical procedure and vesicourethral anastomosis. Specific

protocol was applied during hospitalization and patients were evaluated, among other

things, as urinary retention, vesicourethral anastomotic stricture and urinary

incontinence.

Results: Patients were evaluated for a period of 9 to 15 months. The overall mean

age was 66,1 ± 6.8 years and mean values of serum PSA was 9,2 ± 6,1 ng / mL. The

mean operative time was 118 ± 30,2 minutes, there was no need for blood

transfusion and there were no deaths related to the operation. There were no cases

of deep vein thrombosis, pulmonary embolism, pelvic abscess or urinoma. The mean

duration of hospitalization was 3,75 days for group A (three to five days), 4,4 days for

group B (two to eight days) and 2,86 days for group C (two to four days). UTI was

identified in 8,3% of patients in group A, 5% in group B and 30% in group C (p =

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- 4 -

0,0134). There were no patients with anastomotic stricture during follow-up. A overall

immediate continence rate for all groups (including the control group) was 31,25%,

being 50% for group A, 35% for group B and 5% for group C (p = 0,0053). Adding

groups of early withdrawal of the bladder catheter (groups A + B), found 43,2% of

continence shown that when compared with group C showed statistical significance

(p = 0,0023). Regarding early continence (within 30 days after catheter removal),

found a rate of 54,7% by adding up all the groups, being 67% for group A, 60% for

group B and 35 % for group C (p = 0,0932). In groups A + B the result was 63,6% for

early continence. Comparing (A + B) x C again yielded statistical significance (p =

0,0329).

Conclusion: It is possible early withdrawal of bladder catheter with an acceptable

risk of urinary retention postoperatively. The early removal of urinary catheter

appears to reduce the chances of urinary tract infection, but has no influence on

rates of bladder neck sclerosis. The urinary continence occurs earlier in patients who

spent less time with the urinary catheter, but long-term results appear to be similar.

Keywords: Prostate, prostate cancer, radical retropubic prostatectomy,

continuous vesicourethral anastomosis, early withdrawal from the bladder

catheter

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- 5 -

3. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

No Brasil o câncer de próstata é a neoplasia visceral mais prevalente em

homens após os 50 anos de idade, sendo também a segunda causa de morte nesta

faixa etária. Estima-se que mais de 60 mil casos novos tenham sido diagnosticados

no ano de 2012. Em 2010 o número de mortes por câncer de próstata foi de 12778

casos [1].

Mundialmente o câncer da próstata é o segundo tipo de câncer mais

frequente em homens, com mais de 900 mil casos diagnosticados no ano de 2008.

Aproximadamente 75% dos casos diagnosticados no mundo ocorrem em países

desenvolvidos. A incidência mundial cresceu cerca de 25 vezes nas últimas

décadas, sendo as mais altas taxas observadas na Austrália, Nova Zelândia, Europa

Ocidental e América do Norte. No Brasil o rastreamento com a dosagem dos níveis

séricos de antígeno prostático específico (PSA – prostatic specific antigen), o

aumento da expectativa de vida da população, a melhoria e evolução dos métodos

diagnósticos e da qualidade dos sistemas de informação do país podem explicar o

aumento da incidência ao longo dos anos [1].

O único fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento do câncer da

próstata é a idade. A média de idade em que mais se diagnostica o câncer de

próstata se situa em torno de 60 a 65 anos. Outros fatores como a etnia e a história

familiar da doença também são considerados fatores de risco para esse tipo de

neoplasia. O câncer da próstata é aproximadamente 1,6 vezes mais comum em

homens negros do que em homens brancos [1,2].

A análise histopatológica de fragmentos de biópsia prostática guiada por

ultrassonografia transretal (USTR) é o exame que define o diagnóstico de câncer de

próstata. A biópsia é realizada por indicação de alterações do exame digital retal ou

por aumento dos níveis séricos do PSA. Desde sua introdução em 1987 o PSA tem

sido utilizado para rastreamento do câncer de próstata em nível mundial.

Recentemente diversas publicações estão colocando em discussão o real benefício

do rastreamento desta patologia com o PSA, mas ainda hoje este é o exame

laboratorial mais utilizado para este fim [3,4,5].

Há muitos anos o padrão ouro para tratamento de câncer de próstata

localizado e localmente avançado com intenção curativa para pacientes com menos

de 75 anos e expectativa de vida superior a 10 anos é a prostatectomia radical (PR).

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- 6 -

Outras opções de tratamento incluem radioterapia externa, braquiterapia, tratamento

expectante e até mesmo o que se denomina “vigilância ativa” [3].

As vias de acesso utilizadas para PR são a perineal, a retropúbica, a

laparoscópica (intra ou extra-peritonial) e até mesmo laparoscópica assistida por

robô (a mais utilizada nos Estados Unidos na atualidade). Estas técnicas cirúrgicas

seguem padrões semelhantes, variando em alguns pontos. É importante relatar que

apesar dos avanços nas vias de acesso para a PR, diferente de outras doenças, a

via de acesso retropúbica não foi claramente suplantada pelos demais métodos à luz

dos conhecimentos atuais. Segundo Alcarraz (Hospital Clínico Provincial de

Barcelona, em 2010) “os resultados consistentes, somados a uma curva de

aprendizado aceitável e o baixo custo, fazem com que a cirurgia convencional siga,

ainda, como o procedimento de referência” [6].

Durante a operação, realiza-se a remoção completa da próstata e das

glândulas seminais. A reconstrução do trato urinário é feita neste mesmo tempo

através da anastomose entre a bexiga e uretra membranosa (anastomose

vesicouretral). Esta reconstrução pode ser feita utilizando-se sutura contínua ou

pontos separados. Historicamente realizavam-se pontos separados em todos os

casos, porém, com o advento da cirurgia laparoscópica, foi introduzida a

anastomose por sutura contínua, que em alguns poucos serviços (como o serviço de

Urologia da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - SCMBH) foi adaptada e

utilizada, também, na cirurgia aberta.

Como rotina é deixado cateter vesical de demora (Foley) por 10 a 14 dias

para evitar fístula da anastomose e reduzir a chance de retenção urinária no pós-

operatório precoce. Trabalhos recentes sugerem a retirada precoce do cateter

(período menor que sete dias) com o emprego da via laparoscópica. Na literatura os

relatos que sustentam esta retirada precoce ainda são escassos com a via

retropúbica. No serviço onde o trabalho foi realizado, há experiência de mais de

cinco anos com anastomose contínua na prostatectomia radical retropúbica (PRR).

Com a experiência adquirida nos últimos anos com essa técnica, seu resultado

consolidado no serviço somado aos dados promissores da literatura, optou-se por

realizar um estudo prospectivo comparando a retirada precoce e tardia (habitual) do

cateter vesical após PRR com anastomose contínua.

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- 7 -

REVISÃO DE LITERATURA

3.1. – História da prostatectomia radical

A primeira PR reportada foi realizada no Johns Hopkins Hospital em 1904

através do acesso perineal por Young [7]. Este mesmo autor publicou sua primeira

série de casos em 1905. Em 1947, Millin realizou a primeira PRR [8]. Entretanto, até

o início da década de 1980, a prostatectomia não tinha boa aceitação pelos

cirurgiões devido altas taxas de morbidade e mortalidade. Finalmente, durante a

década de 1980, com estudos aprofundados da anatomia cirúrgica da pelve

masculina, foi realizada a primeira PRR com preservação dos feixes

neurovasculares e mínimo sangramento operatório, em 1982, Walsh [9]. Essa

evolução técnica possibilitou uma maior preservação da função miccional e erétil.

Desde então, a prostatectomia tem sido realizada, rotineiramente, com resultados

oncológicos e funcionais cada vez melhores [10,11,12].

A primeira prostatectomia radical laparoscópica (PRL) foi realizada em 1992

por Schuessler e Clayman [13] e em 1997 Raboy publicou o primeiro caso de

prostatectomia radical laparoscópica por via extra-peritonial [14]. Mais recentemente

no ano 2000 a PRL assistida por robô foi realizada dentro de um programa

estruturado entre urologistas americanos e franceses, tornando-se a via de acesso

preferencial dos norte-americanos (na atualidade, estima-se que 64% das

prostatectomias radicais são realizadas com auxílio de robô) [6,15]. Existe uma

tendência em determinar que a via de acesso minimamente invasiva apresenta

melhores resultados do que a cirurgia aberta. Isto pode ser observado na grande

maioria dos procedimentos cirúrgicos, porém em prostatectomia radical ainda não

existem trabalhos na literatura que confirmem esta superioridade da cirurgia

laparoscópica ou por robô sobre a via retropúbica [4,16,17].

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- 8 -

3.2 – Anastomose vesicouretral

Desde a realização da primeira PRR após publicação de Walsh em 1982, a

anastomose vesicouretral foi realizada com quatro a oito pontos separados

(originalmente seis) [3]. Na cirurgia aberta o campo visual é reduzido devido ao

posicionamento do paciente e à configuração da pelve masculina (especialmente a

sínfise púbica). Além disso, o cirurgião realiza os nós das suturas apenas com a

sensação tátil e não sob visão direta das extremidades do fio e das estruturas

cooptadas [18].

Com o acesso laparoscópico para a PR, a visão do campo cirúrgico tornou-se

melhor. Em contrapartida, o tempo gasto para a realização da anastomose

vesicouretral era excessivo, já que a realização de nós intra-corpóreo era

tecnicamente difícil e por vezes demandava tempo maior do que a própria ressecção

da peça operatória [18]. Inicialmente, Hoznek e col (2000) tentaram simplificar a

técnica da anastomose vesicouretral utilizando uma sutura com 2 semicírculos e 3

nós. No entanto, a padronização da técnica da anastomose por sutura contínua

laparoscópica, foi realizada por Van Velthoven e col em 2003. Em sua descrição

inicial, eram utilizados 2 fios de ácido poliglicólico 3-0 com 15 centímetros de

comprimento unidos nas suas extremidades. A sutura era realizada a partir da linha

média posterior, continuando lateral e anteriormente de cada lado, até a linha média

anterior [18,19]. Por fim, a sutura contínua reduziu o tempo necessário para a

realização da anastomose vesicouretral pela via laparoscópica após a curva de

aprendizado ter sido superada pelos autores.

Tendo em vista a redução do tempo cirúrgico e os possíveis benefícios da

anastomose contínua, Harpster e Brien (2007) foram os primeiros autores a publicar

os resultados de uma técnica de anastomose vesicouretral por sutura contínua

através do acesso retropúbico [20], sendo acompanhado por raras publicações

como Forster e col (2009), Choichiro Ozu e col (2009) e a série apresentada neste

estudo [21,22].

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- 9 -

3.3 – Tempo para retirada do cateter vesical

Ainda não existe definição precisa na literatura sobre quantos dias o cateter

vesical deve permanecer no pós-operatório de PR. Nas descrições iniciais deste

procedimento preconizava-se a retirada entre 21 e 30 dias. Com a evolução da

técnica cirúrgica, a retirada se tornou mais precoce, sendo realizada em 14 dias na

década de 1990. Souto e col (2004) afirmaram que a retirada no 7º DPO (dia de pós-

operatório) tem a mesma taxa de complicações que a retirada no 14º DPO [23].

Estudos recentes demonstraram que a retirada ainda mais precoce estava

relacionada a taxas menores de estenose da anastomose vesicouretral, melhor

recuperação da continência urinária e taxas reduzidas de retenção urinária. A

maioria destes trabalhos foi realizada utilizando-se anastomose com pontos

separados. Muito pouco se descreveu sobre o uso da sutura contínua para

anastomose vesicouretral em PRR (Harpster, 2007; Foster, 2009; Ozu, 2009).

Na TABELA 1 apresenta-se uma análise retrospectiva de trabalhos

realizados sobre a retirada precoce do cateter vesical em PR. Nesta tabela pode-se

observar a via de acesso, o tempo de permanência do cateter, o tipo de anastomose

realizada e outras características relevantes. É possível observar a evolução

histórica de retirada precoce do cateter vesical após prostatectomia radical,

comparando várias características diferentes, e observa-se uma tendência atual em

realização da anastomose por sutura contínua após sua introdução pela via

laparoscópica. Existe discrepância na apresentação de dados em alguns dos

trabalhos mencionados, principalmente em relação ao período em que os desfechos

foram avaliados.

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3.3.1– Revisão histórica sobre retirada precoce do cateter vesical de demora

após prostatectomia radical

Dalton (1989) foi o primeiro à introduzir um protocolo para retirada precoce do

cateter vesical quando a cistografia realizada no pós-operatório não evidenciava

extravazamento através da anastomose vesicouretral (cistografia negativa). Nesta

série, 55 pacientes submetidos à PR (anastomose com quatro pontos separados)

foram avaliados com cistografia gravitacional para orientar a retirada precoce do

cateter. O primeiro exame era realizado no sétimo DPO, e caso extravazamento

moderado ou severo ocorresse, novos exames eram realizados no 11º e 14º DPO,

respectivamente. O cateter vesical era retirado caso não fosse observado

extravasamento. A taxa de sucesso na retirada do cateter vesical para os três

grupos foram de 22%, 62% e 80%, respectivamente. Após oito meses de

seguimento, 84% dos pacientes apresentavam-se continentes, 18% desenvolveram

estenose da anastomose e 9% retenção urinária aguda (RUA)[24].

Em 1995 na Universidade de Indiana, Little conduziu um estudo piloto que

permitiu a retirada do cateter vesical antes da alta hospitalar (no terceiro ou quarto

DPO), caso houvesse mínimo ou não houvesse vazamento na anastomose pela

cistografia. 82% dos 33 pacientes tiveram o cateter retirado antes da alta com uma

média de 4,2 dias. O seguimento médio foi de 8,5 meses com uma taxa de

continência de 70%, 3,7% de retenção urinária e nenhum caso de estenose da

anastomose [25]. Dois anos após, Coogan (1997) atualizou o estudo com

seguimento maior (17,4 meses) e com 43 pacientes. Neste trabalho, o tempo médio

para a retirada do cateter foi de 4,1 dias e a continência foi de 69%. Um paciente

apresentou RUA e outro teve estenose da anastomose [26].

Na literatura nacional, Souto (2000), relatou uma série de 30 casos com

retirada precoce do cateter vesical, em que 71,4% dos pacientes (30 de 42) tiveram

o cateter retirado no quarto ou quinto DPO após cistografia negativa. Apesar de não

ter sido bem esclarecido no trabalho (tempo exato), a continência precoce e tardia

foi de 46,7% e 83,3% com um tempo médio de seguimento de 13,7 meses. Nesta

série não houve diferenças significativas com o grupo controle (retirada do cateter

em 14 dias). Retenção urinária ocorreu em 6,7% e não houve estenose da

anastomose [23].

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Santis (2000), publicou 100 casos, que foram submetidos à retirada precoce

do cateter vesical com uma média de 8,5 dias. Neste trabalho, o autor realizou

cistografia somente nos primeiros pacientes. Com um tempo médio de seguimento

de 21 meses, 76% dos pacientes não precisavam utilizar mais forros de proteção,

2% apresentaram RUA e 9% estenose da anastomose [27].

Lepor (2001) descreveu seus resultados com uma série de 100 pacientes com

retirada do cateter vesical no sétimo DPO após cistografia. Em três meses de

seguimento, obteve-se uma taxa de 72% de continência urinária (até um forro por

dia). RUA ocorreu em 12% dos pacientes e estenose da anastomose em 2%. Não

houve diferença em relação ao grupo controle [28].

Albani (2001) relatou 19 pacientes que foram submetidos à retirada do cateter

em três ou quatro dias (todos antes da alta hospitalar). A média para a retirada do

cateter foi de 3,2 dias. A taxa de continência foi de 68,4% em 3 meses, não houve

RUA ou esclerose de colo. No grupo controle houve 8,9% de esclerose de colo

vesical [29].

Patel (2003) relatou 151 casos de PR onde foi possível a retirada do cateter

vesical em três ou quatro dias em 76,8% dos pacientes, verificando 75% de

continência em três meses, 19,3% de RUA e 12,1% de estenose da anastomose

[30].

Noguchi (2004) relatou 70 pacientes, tendo conseguido retirar o cateter

vesical no terceiro DPO em 97% após cistografia. O seguimento médio foi de 13,7

meses, com 89% de continência em três meses, 24% de RUA e 3% de estenose da

anastomose. O único fator que influenciou, independentemente, a retirada precoce

do cateter vesical, foi o extravazamento no teste da anastomose no per-operatório

[31].

A série de Harpster (2007), de 72 pacientes, foi o primeiro trabalho publicado

com anastomose vesicouretral por sutura contínua em PRR. Foi possível a retirada

precoce do cateter em 63 pacientes (88%). Nos primeiros 25 pacientes foi realizada

cistografia e nos demais, somente se houvesse suspeita de extravazamento no teste

per-operatório. O cateter foi retirado em uma média de 3,4 dias (um a seis dias),

tendo sido encontrado uma taxa de RUA de 19% e não houve casos de estenose da

anastomose. A continência foi de 81% com seguimento médio de 31 meses.

Notadamente, o autor observou que houve um retorno mais precoce da continência

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nestes pacientes. Relata que daqueles pacientes continentes, 42% apresentaram

continência imediata, 51% até o sétimo DPO, 81% até o 30º DPO e 100% até o 120º

DPO [21].

Ozu (2009) relatou uma casuística de 55 pacientes submetidos à cirurgia

aberta e anastomose contínua. O cateter foi retirado em três ou cinco dias, com uma

taxa de continência de 83,3% em 24h e 90,7% em 72h após a retirada do cateter.

Não houve estenose da anastomose ou RUA. O cateter somente foi retirado após

cistografia negativa [22].

Pela via laparoscópica existem três trabalhos que merecem destaque. O

primeiro foi realizado por Abbou (2000) e obteve uma média de quatro dias para a

retirada do cateter vesical em 43 pacientes, submetidos à anastomose contínua.

Não houve RUA ou estenose da anastomose, mas o tempo de seguimento médio foi

muito curto (um mês). O autor observou uma continência de 84% [32]. Nadu (2001)

descreveu 96 casos com a retirada do cateter ocorrendo entre dois e quatro dias,

anastomose contínua e com realização de cistografia. Ocorreu 10,4% de RUA, não

houve estenose da anastomose e uma taxa de continência de 93% com sete meses

de seguimento [33]. Branco (2007), apresentou uma casuística de 12 casos com

anastomose contínua com fixação posterior. Foi possível a retirada precoce do

cateter em 92% dos casos (sétimo DPO) sem cistografia, com 75% de continência e

nenhum caso de estenose da anastomose ou RUA [34].

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4.OBJETIVOS

Avaliar a possibilidade de retirada precoce (três e cinco dias) do cateter

vesical de demora após o procedimento de prostatectomia radical retropúbica com

anastomose vesicouretral por sutura contínua para tratamento de câncer de

próstata.

Avaliar também se a retirada precoce do cateter vesical tem influência nas

taxas de infecção do trato urinário (ITU), estenose da anastomose vesicouretral ou

continência urinária imediata e precoce (até 30 dias após a retirada do cateter)

comparada à retirada habitual (10 a 14 dias).

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5. MÉTODO

5.1 – Ética

Esta pesquisa foi realizada de acordo com as recomendações das normas

para pesquisa envolvendo seres humanos do Ministério da Saúde e dos principais

documentos internacionais de Ética em Pesquisa (Resolução no 196/96 do

Ministério da Saúde) tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

da SCMBH, sob o número de registro 071/2011 (ANEXO 10.1).

5.2 – Tipo de pesquisa

O estudo foi realizado no Serviço de Urologia da SCMBH, de forma

prospectiva e com distribuição aleatória dos pacientes, no período de agosto de

2011 à fevereiro de 2012.

Trabalho do tipo duplo-desconhecido, em que o paciente e cirurgião não

tinham conhecimento do grupo ao qual o paciente foi inserido.

5.3 – Pacientes

Foram estudados 64 pacientes atendidos no serviço de Urologia da SCMBH

no período de agosto de 2011 até fevereiro de 2012.

Os candidatos ao tratamento proposto foram pacientes que apresentavam,

por definição, adenocarcinoma de próstata localizado (T1 e T2) ou localmente

avançado (T3 e T4 ou alto risco pela classificação de D’Amico) sem sinais de

doença metastática, que foram encaminhados para tratamento cirúrgico no serviço

de Urologia da SCMBH.

Na seção de anexos apresenta-se a 7ª edição da “Union Internacionale

Contre le Cancer” (UICC) 2009 – classificação Tumor, Nódulo, Metástase (TNM),

que é usada para estadiamento do câncer de próstata (ANEXO 10.5) e a

classificação de D`Amico (1999) que agrupa os pacientes portadores de câncer de

próstata em grupos de risco (ANEXO 10.6).

A distribuição era realizada por sorteio logo após o ato cirúrgico. O sorteio foi

realizado após a operação para evitar qualquer viés que pudesse interferir na

realização da anastomose que seria confeccionada pelo cirurgião.

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Durante o período do estudo, foram realizadas 78 prostatectomias radicais.

Destes pacientes, 4 se recusaram a participar por motivos pessoais e outros dez

foram excluídos do estudo pelos seguintes motivos:

• Um paciente devido ao extravazamento significativo durante o teste da

anastomose no per-operatório;

• Um paciente devido a fístula urinária no pós–operatório, identificada por

dosagem de creatinina pelo dreno;

• Dois pacientes necessitaram permanecer com o cateter por período maior,

já que o cateter foi inadvertidamente fixado por ponto durante a confecção da

anastomose;

• Um paciente estava em pré-operatório para transplante renal e não

apresentava diurese habitual para ser incluído no estudo com segurança;

• Um paciente foi submetido à PRL;

• Quatro pacientes foram operados por outros cirurgiões que não aqueles

inicialmente selecionados para realizar o estudo.

Os 64 pacientes foram distribuídos, aleatoriamente, em um dos três seguintes

grupos:

Grupo A (n = 24) – Permanência do cateter vesical por três dias

Grupo B (n = 20) – Permanência do cateter vesical por cinco dias

Grupo C (n = 20) – Permanência do cateter vesical por 10 a 14 dias (Grupo

controle)

5.4 – Coleta de dados

A internação era realizada no dia anterior à operação, quando eram

preenchidos dados de anamnese, solicitada reserva de sangue e os pacientes eram

informados quanto aos riscos e benefícios da operação. Aos pacientes e

acompanhantes, eram esclarecidos todos os detalhes da pesquisa e da operação

que seria realizada, com ênfase na distribuição aleatória dos grupos e o direito à

recusa em participar do estudo sem qualquer efeito sobre seu tratamento. Após

explicação, os termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE) sobre pesquisa

clínica e PRR eram assinados. Os TCLE foram retidos pelo examinador e uma via foi

entregue ao paciente e seu acompanhante, com os termos da pesquisa e telefone

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de contato do serviço. O protocolo foi inicialmente aplicado durante a entrevista de

internação do paciente e completado durante sua permanência hospitalar. Os

protocolos iniciados foram completados no pós-operatório utilizando o sistema

ALERT que é utilizado no ambulatório da SCMBH. Todos os membros da equipe do

Serviço de Urologia se comprometeram em ajudar no preenchimento dos dados,

sendo auxiliados pelo autor principal em todas as etapas. Ligações telefônicas eram

realizadas para complementar dados pertinentes à evolução dos pacientes.

5.5 - Propedêutica realizada

As operações foram realizadas conforme padronização que existe no Serviço

(por dois cirurgiões com o mesmo treinamento). A cirurgia realizada foi a

prostatectomia radical retropúbica que consiste na exérese completa da próstata,

vesículas seminais e parte dos ductos deferentes. A preservação dos feixes

vasculonervosos e a linfadenectomia foram realizadas conforme recomendações da

literatura. A anastomose foi realizada por sutura contínua com dois fios PDS 3-0

(polidioxanona) com sutura anterior e posterior. Foi instalado cateter vesical de

demora siliconizado nº 18 de duas vias e dreno de penrose nº 3 (com bolsa coletora)

era posicionado para drenagem do espaço de Retzius (pré-peritonial). O fechamento

da aponeurose foi realizado com Vicryl 1 e sutura cutânea com Monocryl 4.0.

No 1º dia pós-operatório foi colhido eritrograma com finalidade de estimar a

perda sanguínea em todos os pacientes.

A grande maioria dos pacientes do grupo de retirada precoce do cateter (três

ou cinco dias) permaneceram internados até a retirada do mesmo. Alguns pacientes

do grupo de retirada em cinco dias que residiam em regiões próximas, receberam

alta com o cateter vesical retornando para retirada do mesmo em regime

ambulatorial. Os pacientes do grupo de retirada tardia (10-14 dias) receberam alta

conforme evolução no pós-operatório e tiveram os cateteres retirados conforme

programação de retorno ambulatorial. O dreno de Penrose era retirado quando havia

drenagem mínima (menor que 50 ml/24h) no segundo ou terceiro DPO e a

possibilidade de fístula urinária estava excluída.

Pacientes que apresentassem complicações no pós-operatório seriam

atendidos pelo plantão da Urologia na SCMBH.

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As consultas ambulatoriais pós-operatórias foram realizadas no Centro de

Especialidades Médicas Metropolitano da SCMBH (CEM) por volta do 14º DPO,

para retirada de pontos e do cateter vesical. Neste primeiro retorno eram solicitados

exames de urina. Novo retorno era marcado para aproximadamente 30 dias após a

retirada do cateter, onde os pacientes eram avaliados quanto à ocorrência de RUA,

continência urinária e sinais de ITU (avaliava-se também os resultados dos exames).

Novas revisões eram agendadas para os meses três, seis e 12 de pós-operatório

para avaliação de continência e estenose da anastomose vesicouretral. Foram

considerados continentes pacientes que não apresentavam qualquer perda

involuntária de urina ou necessidade do uso de forros/absorventes. Nas demais

situações, considerou-se que os pacientes apresentavam-se com incontinência

urinária. Estenose da anastomose foi suspeitada quando o paciente se queixava de

jato urinário fraco, esforço para iniciar a micção, micção prolongada, gotejamento

terminal ou sensação de esvaziamento vesical incompleto. Caso houvesse dúvida

era solicitada cistoscopia. Infecção urinária foi diagnosticada e tratada quando o

paciente apresentava sintomas irritativos do trato urinário e urocultura positiva.

Considerou-se recidiva bioquímica ou doença residual, a elevação do PSA no

pós-operatório a partir de 0,2 ng/mL. Neste caso, o paciente era encaminhado para

radioterapia para tratamento complementar.

5.6 – Técnica cirúrgica

No pré-operatório era exigido jejum de 8 horas. No dia anterior os pacientes

recebiam dose de heparina não fracionada profilática (5000 UI) por via subcutânea.

A anestesia realizada de rotina foi o bloqueio espinhal (anestesia raqueana).

Com raras exceções, foi necessária conversão para anestesia geral (ocorreu em

quatro dos 64 casos operados), sendo estas realizadas para melhor relaxamento e

facilitar o ato operatório. No momento da indução anestésica, uma dose de

cefalosporina de 1ª geração era administrada para profilaxia de infecção em sítio

cirúrgico. Dose de reforço era aplicada caso o tempo operatório se estendesse além

da meia vida da droga utilizada.

O paciente era posicionado em “canivete invertido” (decúbito dorsal com a

dorsoflexão da coluna toraco-lombar) para melhor exposição do campo operatório.

Preparo habitual do campo operatório era realizado com tricotomia na sala de

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operação. O material utilizado constava de caixa de laparotomia básica e afastador

abdominal auto estático tipo Balfour com válvula. O cirurgião se posicionava à

esquerda do paciente.

As operações realizadas seguiram os princípios descritos por Walsh e Partin

(2007) [9], porém com algumas modificações, como apresentadas a seguir.

Antes da incisão, posicionava-se o cateter vesical de demora nº 16.

Era realizada incisão mediana infra-umbilical de aproximadamente 8-10 cm

por planos, sendo acessado o espaço de Retzius (pré-peritonial). Prosseguia-se com

a abertura da fáscia endopélvica e dissecção do plexo venoso prostático, sendo o

mesmo ligado com ponto em “X” de fio PDS 2.0 (polidioxanona). Um outro ponto

transfixante retropúbico era realizado para manter a uretra em posição mais

anatômica possível. Realizava-se secção com tesoura do plexo venoso dorsal e dos

ligamentos pubo-prostáticos. Outro ponto com categute 2.0 era aplicado para

prevenir sangramento de retorno do plexo venoso dorsal.

O próximo passo era a dissecção cuidadosa do ápice prostático e da uretra

membranosa neste nível. Quando a preservação do feixe vásculo-nervoso era

factível, os mesmos (por vezes somente um dos lados) eram dissecados pela face

lateral da próstata até sua porção mais distal ao nível do ápice prostático e uretra

membranosa.

A uretra membranosa era dissecada em sua totalidade e colocado um reparo

sob a mesma com fita cardíaca.

Procedia-se à secção uretral com lâmina de bisturi e, posteriormente, com

tesoura, com o máximo de cuidado para evitar comprometimento das margens

cirúrgica no ápice prostático. Após a secção uretral, o cateter vesical era cortado em

sua extremidade mas mantendo o balão vesical insuflado para ser utilizado para

exposição no restante da operação.

À partir deste momento a próstata era dissecada retrogradamente com

ligaduras sucessivas de pedículo em suas faces laterais, com fios inabsorvíveis

(seda 3-0). Máximo cuidado era mantido para evitar secção inadvertida do feixe

vasculonervoso, caso este tenha sido preservado. Quando a doença se

caracterizava como localmente avançada, os feixes não eram preservados, e

inclusive, uma ressecção mais radical da próstata era realizada, com ligadura mais

lateral dos tecidos peri-prostáticos que também eram removidos.

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A dissecção retrógrada continuava também para as vesículas seminais que

eram expostas (junto aos ductos deferentes) após a abertura da fáscia de

Denonvilliers e ressecadas após a ligadura de seus pedículos vasculares. Os ductos

deferentes eram seccionados por cautério em um segmento mais proximal possível

dos mesmos. Após este tempo, as vesículas seminais e os ductos deferentes eram

tracionados superiormente para uma melhor dissecção de sua porção posterior junto

ao colo vesical, para melhor evidenciação deste último.

Neste próximo tempo realizava-se a separação da próstata junto ao colo

vesical com auxílio de tesoura de dissecção e cautério. A preservação do colo

vesical era realizada em pacientes sem doença palpável ou diagnosticada por

biópsia na base da próstata.

Inspeção era realizada neste momento para identificação dos meatos

ureterais após a exérese da próstata. Caso os mesmos estivessem posicionados

muito próximos ao colo vesical, realizava-se a cateterização dos mesmos com

cateter nº 4 ou 6, para evitar lesão inadvertida durante a realização da anastomose.

Caso houvesse indicação de linfadenectomia para estadiamento, esta era

realizada neste momento. No serviço realiza-se somente a linfadenectomia pélvica

(obturatória) de rotina em paciente com doença localmente avançada. Ligaduras

sucessivas eram realizadas com fio inabsorvível (seda 3-0) para evitar linfocele.

Muita atenção era dada ao nervo obturatório que se apresenta no campo de

dissecção desta cadeia linfonodal.

Revisão de hemostasia rigorosa era realizada neste tempo. Prosseguia-se

com a introdução do cateter vesical de nelaton nº 18 por via uretral para a confecção

da anastomose.

Neste momento iniciava-se a anastomose vesicouretral (FIGURA 1). Esta

anastomose era realizada com dois fios de PDS 3-0 (polidioxanona). O primeiro fio

(Fio A) era utilizado para construção da parede posterior desta anastomose,que era

iniciada, com ponto às três horas, na bexiga (“de fora para dentro”). O fio era

reparado e a sutura seguia em sentido inverso na uretra (“de dentro para fora”),

porém em localização contígua. O fio não era puxado totalmente e era deixado sem

tensão para permitir os próximos pontos. O auxiliar mantinha durante toda a

realização da parede posterior da anastomose uma pinça de preensão com uma

gaze montada sob os pontos e realizando leve tração no colo vesical. Com esta

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manobra, conseguia-se manter o colo vesical a uma distância de aproximadamente

5-7 cm da uretra, permitindo ao cirurgião melhor exposição para a continuação da

sutura.

A parede posterior da anastomose era então completada com chuleio simples

até a posição de nove horas, respeitando a sequência dos pontos iniciais

(“fora/dentro” na bexiga e “dentro/fora” na uretra). Habitualmente realizava-se, na

parede posterior, cinco pontos sucessivos e os mesmos ficavam posicionados um

pouco acima das posições de três e de nove horas, tendo em vista que esta etapa

da anastomose era mais fácil tecnicamente de ser realizada do que a parede

anterior. Esta é uma adaptação técnica que facilita ainda mais a conclusão da

anastomose.

FIGURA 1 – Ilustração da sutura realizada na parede posterior da anastomose

vesicouretral

Arquivo pessoal do Prof. Dr Denny Fabrício Magalhães Veloso adaptado por

Tharcisio Gê de Oliveira

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Após a conclusão desta linha de sutura, as duas extremidades do fio utilizado

eram tracionadas lateralmente e observava-se, sob visão direta, a coaptação

perfeita das bordas da parede posterior da anastomose. Atenção redobrada era

dada para evitar interposição de tecidos (especialmente tecido adiposo da região)

quando as bordas da anastomose eram aproximadas. As extremidades do fio

permaneciam reparadas.

Neste momento, trocava-se o cateter vesical de nelaton por outro siliconizado

de demora nº 18 que era posicionado na bexiga sob visualização direta. O balão era

insuflado com 10ml de água destilada.

A anastomose era concluída com a sutura da parede anterior com outro fio

PDS 3-0 (Fio B). Esta etapa era realizada em sentido inverso à primeira linha de

sutura (de nove às três horas), porém mantendo a regra inicial de passagem dos

pontos pela uretra e bexiga (“fora/dentro” na bexiga e “dentro/fora” na uretra).

Normalmente era necessária a realização de três ou quatro pontos para a conclusão

da anastomose, terminando o último ponto na uretra. As extremidades deste fio

eram, então, tracionadas e amarradas com o fio da parede posterior em cada uma

de suas extremidades (FIGURA 2). Neste momento, desfazia-se a posição de

canivete invertido com dorsoflexão da coluna toraco-lombar que o paciente tinha

sido colocado no início da operação para facilitar esta etapa.

Quando não era possível a preservação do colo vesical, evidenciava-se

desproporção entre o mesmo e a uretra (colo vesical com diâmetro maior). Nestes

casos, realizava-se a sutura em “raquete”, para melhor adaptação da anastomose.

Esta sutura era realizada deixando-se uma parte do colo para ser suturada após o

término da anastomose. Confeccionava-se a mesma em dois planos com o próprio

fio da anastomose, após os mesmos terem sido amarrados no término da

anastomose. Nesta etapa (assim como toda a sutura da parede anterior) era dada

atenção especial para evitar transfixar o cateter com ponto, o que ocorreu em dois

pacientes deste estudo, tendo sido excluídos (identificado somente no pós-

operatório quando tentou-se retirar os cateteres vesicais).

Após a conclusão da anastomose, como rotina, realizava-se o teste da

anastomose, introduzindo 120 ml de solução salina na bexiga através do cateter

vesical. Caso observado extravazamento pela anastomose, o paciente era excluído

do estudo (isto ocorreu em somente um paciente).

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FIGURA 2 – Ilustração da sutura realizada na parede anterior da anastomose

vesicouretral

Arquivo pessoal do Prof. Dr Denny Fabrício Magalhães Veloso adaptado por

Tharcisio Gê de Oliveira

Após o teste realizado, era inserido dreno de Penrose no espaço de Retzius.

O fechamento da aponeurose era feito com Vicryl 1 (poligalactina 910). A síntese

cutânea era realizada com nylon 4.0 (Mononylon) ou Monocryl 4.0 (poliglecaprone).

Uma bolsa de colostomia era posicionada sobre o dreno de penrose e era útil

para mensuração do débito de drenagem do mesmo no pós-operatório.

Liberava-se dieta branda oito horas após o ato anestésico e mantinha-se

heparina não fracionada (5000 UI) de 8/8h por via subcutânea.

Antibiótico profilático era administrado somente na indução anestésica e não

era mantido de rotina no pós-operatório.

`

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- 24 -

5.7 – Critérios de exclusão

- Pacientes submetidos à outros tratamentos prévios ou concomitantes à

cirurgia, como quimioterapia, radioterapia, RTU de próstata ou prostatectomia para

tratamento de hiperplasia;

- Extravasamento considerável pela anastomose no per-operatório após teste

com 120ml solução salina a 0,9%;

- Pacientes que necessitassem de reoperação no pós-operatório precoce

(sangramento);

- Pacientes que no pós-operatório apresentassem sinais de fístula urinária

(drenagem em excesso pelo dreno ou presença de creatinina na secreção drenada).

5.8 – Avaliação estatística

Os dados foram apresentados como média ± desvio padrão da média.

Os testes estatísticos foram realizados com o software Prism® versão 3-0.

As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste qui-quadrado. Os

dados contínuos foram verificados quanto à sua normalidade pelo teste Kolmogorov-

Smirnov e a seguir pelo teste de análise de variância (ANOVA), seguida pelo pós

teste de Tukey. Os dados não paramétricos foram comparados pelo teste de Kruskal

Wallis.

Todos os resultados foram considerados significativos para uma probabilidade

de significância inferior a 5% (p < 0,05).

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- 25 -

6. RESULTADOS

A média de idade dos pacientes foi de 66,1 ± 6,8 anos variando de 50 a 81

anos. O IMC dos pacientes variou de 16,7 a 33,3 Kg/m² com média de 25,4 ± 3,5

Kg/m².

O PSA no pré-operatório se situou entre 3,42 e 38 ng/mL com valores médios

de 9,2 ± 6,1 ng/mL. Ao USTR o peso prostático estimado foi de 42,3 ± 18,5g.

A dosagem de hemoglobina no pré-operatório foi de 14,6 ± 1,2 g/dL.

Os grupos A, B e C foram semelhantes quanto às características pré-

operatórias (TABELA 2).

TABELA 2 - Características pré-operatórias dos pacientes (estratificada por

grupo). Apresentado como média ± desvio padrão

Grupo A Grupo B Grupo C Valor de p*

Idade (anos)

65,7 ± 6,6 65,6 ± 7,4 67,4 ± 6,9 0,665

IMC (Kg/m²)

24,1 ± 3,7 25,6 ± 3,1 26,5 ± 3,3 0,067

PSA total (ng/mL)

10,1 ± 8,8 7,9 ± 4,1 9,3 ± 2,9 0,491

Peso próstata (g)

39 ± 16,8 46 ± 21,6 42,9 ± 18 0,468

Hemoglobina (g/dL)

14,5 ± 1,1 14,6 ± 1,3 14,6 ± 1,3 0,952

Teste de análise de variância – ANOVA

IMC – Índice de massa corporal; PSA – Prostatic Specific Antigen; Peso prósata

– avaliado por ultrasom transretal durante biópsia no pré-operatório;Grupo A –

cateter vesical permaneceu por 3 dias (n 24); Grupo B – cateter vesical

permaneceu por 5 dias (n 20); Grupo C – cateter vesical permaneceu por 10 a 14

dias (n 20)

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- 26 -

Foram operados pacientes com doença localizada e localmente avançada neste

estudo. Do total de pacientes operados, 75,8% se encontrava em estádio clínico

(EC) T1c, 16,7% no EC T2a, 4,5% no EC T2b e 3% eram considerados T2c. Os

pacientes classificados como sendo de alto risco foram considerados junto ao grupo

de doença localmente avançada (três por apresentarem gleason 8 na biópsia e dois

com PSA maior que 20 ng/mL). O ANEXO 10.5 apresenta o estadiamento utilizado.

TABELA 3 – Estadiamento clínico pré-operatório

Grupo A

(24)

Grupo B

(20)

Grupo C

(20)

Total

(64)

Estadio Clínico % (n)

T1c 66,6 (16) 85 (17) 85 (17) 75,8 (50)

T2a 25 (6) 15 (3) 10 (2) 16,7 (11)

T2b 4,2(1) 0 0 4,5 (1)

T2c 4,2 (1) 0 5 (1) 3 (2)

A classificação de risco pré-operatório da American Society of Anesthesiologists

(ASA) está apresentada na TABELA 4. Observa-se que os pacientes do grupo A

pertenciam mais frequentemente à classificação ASA I do que os outros grupos (p =

0,0276). É possível observar que praticamente todos os pacientes incluídos no

estudo pertenciam à classificação ASA I e II, sendo encontrado somente um

paciente ASA III no grupo B.

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- 27 -

TABELA 4 – Classificação de risco pré-operatório - ASA

p = 0,0276 Grupo A

(24)

Grupo B

(20)

Grupo C

(20)

Total

(64)

Risco ASA % (n)

I 45,8 (11) 10 (2) 15 (3) 27,3 (16)

II 54,2 (13) 85 (17) 85 (17) 71,2 (47)

III 0 5 (1) 0 1,5 (1)

Teste do Qui-quadrado: 10,9085 para 4 graus de liberdade >> p = 0,0276

Os pacientes selecionados no estudo foram operados, consecutivamente, por

somente dois cirurgiões do serviço com experiência de ao menos 50 casos operados

previamente. Não houve preferência na escolha dos pacientes, sendo os mesmos

distribuídos de forma aleatória.

A duração média dos procedimentos cirúrgicos foi de 118 minutos (± 30,2)

variando de 59 a 180 minutos (p = 0,539). No primeiro DPO foi realizado a dosagem

do eritrograma. A média da hemoglobina no pós-operatório foi de 11,4 ± 1,4 g/dL,

tendo sido registrado uma queda de 3,2 ± 1,3 g/dL pontos com relação aos valores

registrados no pré-operatório (p = 0,891).

A drenagem pelo dreno de Penrose foi mensurada nos primeiros dias do pós-

operatório ou enquanto fosse necessária. Encontraram-se os seguintes valores

médios:

1° DPO - 78 ± 53,1 mL (entre 9 – 250 mL) – p = 0,787

2° DPO - 34 ± 29,5 mL (entre 0 – 170 mL) – p = 0,702

3° DPO – 8 ± 14,6 mL (entre 0 – 70mL) – p = 0,739

Foi necessária dosagem de creatinina em cinco pacientes no pós-operatório

devido ao excesso na drenagem pelo dreno e suspeita clínica de fístula da

anastomose vesicouretral. Quatro dos exames realizados demonstraram creatinina

com valores inferiores àqueles encontrados no plasma do paciente em dosagem

realizadas no mesmo tempo de coleta. Estes valores, portanto, permitiram que o

cateter vesical fosse retirado precocemente se escolhido para os grupos A ou B. Um

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- 28 -

dos pacientes apresentou dosagem de creatinina três vezes superior ao plasma,

tendo sido diagnosticada fístula e o mesmo foi excluído do estudo.

A preservação dos feixes vasculonervosos foram realizadas de acordo com as

indicações registradas na literatura, sendo que houve preservação bilateral em

20,3% dos casos, unilateral em 37,5% e o feixe não foi preservado em 42,2%. As

recomendações para linfadenectomia também foram seguidas e nesta série foram

realizadas em 11 casos. A TABELA 5 mostra os valores de “p” quando os grupos

foram comparados.

Para as características relacionadas ao ato operatório (duração da operação,

queda de hemoglobina no pós-operatório, preservação de feixes, realização de

linfadenectomia e drenagem pelo dreno no pós-operatório) observou-se que os

grupos eram semelhantes.

Não houve necessidade de transfusão sanguínea nos pacientes operados, assim

como não houve óbito no período de acompanhamento relacionado à operação. Não

se constataram complicações, como trombose venosa profunda (TVP), trombo-

embolismo pulmonar (TEP), pneumonia, abscesso pélvico ou urinoma em paciente

algum.

O tempo médio de internação foi de 3,75 dias para o grupo A (de três a cinco

dias), 4,4 dias para o grupo B (dois a oito dias) e 2,86 dias para o grupo C (dois a

quatro dias).

Um paciente sofreu atropelamento no 79º DPO com politraumatismo tendo ficado

internado por quatro meses, mas recebeu alta com graves sequelas motoras. Estava

continente desde o quarto dia após a retirada do cateter vesical. O paciente foi à

óbito no 10º mês de pós-operatório (sete meses após o trauma), decorrente das

lesões sofridas no acidente.

Os pacientes desta série foram acompanhados (até o momento da análise dos

dados) por um período de 9 a 15 meses e continuam sendo acompanhados pelo

examinador e equipe do Serviço de Urologia.

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TABELA 5 - Características per-operatórias estratificadas por grupo.

Apresentado como média ± desvio padrão

Grupo A

(n 24)

Grupo B

(n 20)

Grupo C

(n 20) Valor p *

Duração (min) 117,5 ± 36,1 125 ± 35,1 114,3 ± 17,6 0,539

Queda de Hb (g/dL) 3,1 ± 1,2 3,2 ± 1,7 3,3 ± 1,2 0,891

Preservação de

feixes % (n)

0,1241

Unilateral 33,3 (8) 45 (9) 35 (7)

Bilateral 16,6 (4) 35 (7) 10 (2)

Linfadenec. % (n) 25 (6) 15 (3) 10 (2) 0,4021

Dreno (mL)

1º DPO 85 ± 44,4 77,6 ± 66 74 ± 62,2 0,787

2º DPO 30,7 ± 27,9 38,4 ± 37,1 34,3 ± 24,5 0,702

3º DPO 9,6 ± 19,4 6,1 ± 11 7,6 ± 11,9 0,739

Para DURAÇÃO, QUEDA DE HEMOGLOBINA e DRENO -Teste de análise de

variância – ANOVA

Para PRESERVAÇÃO DE FEIXES e LINFADENECTOMIA – Teste Qui-quadrado

Duraçao – tempo em minutos da operação; Queda de Hb – Queda de

hemoglobina no pós-operatório; Dreno – drenagem em mL pelo dreno de

Penrose no pós-operatório; DPO – dia de pós-operatório; * comparação entre os

grupos AxBxC

Neste estudo houve somente um caso de retenção urinária no pós-operatório

recente (grupo A – 4,2%). O paciente estava no 6º PO e houve necessidade de

passagem do cateter vesical novamente (sem necessidade de auxílio endoscópico).

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- 30 -

O mesmo permaneceu com o cateter por mais sete dias, quando foi retirado, e

evoluiu sem demais complicações. Não houve retenção urinária nos grupos B e C.

Foi encontrada uma alta taxa de ITU neste estudo, sendo marcante a incidência

no grupo que permaneceu mais tempo com o cateter vesical. Identificou-se ITU em

8,3% dos pacientes do grupo A (dois de 24), 5% do grupo B (um de 20) e 30% do

grupo C (seis de 20). O teste qui-quadrado comparando grupos A x B x C com dois

graus de liberdade apresentou p = 0,447. Utilizando um grau de liberdade a

comparação entre os grupos encontrou os seguintes resultados: A x C >> p =

0,0635; B x C >> p = 0,0375; A x B >> p = 0,6623 e (A+B) x C >> p = 0,0134.

Observa-se portanto diferença significativa quando comparou-se o grupo de retirada

precoce versus tardia do cateter vesical.

GRÁFICO 1 – Complicações – infecção urinária e retenção urinária

(estratificados por grupos)

Grupo A – retirada do cateter em três dias (n 24); Grupo B – retirada do cateter

em cinco dias (n 20); Grupo C – retirada do cateter em 10-14 dias (n 20)

Não foram identificados pacientes com estenose da anastomose vesicouretral no

período de seguimento citado (9-15 meses).

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Retenção Urinária Infecçao Urinária

4,2%

8,3%

0%

5%

0%

30%

Grupo A

Grupo B

Grupo C

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- 31 -

Em relação à continência urinária foram considerados dois parâmetros iniciais de

avaliação, sendo eles a continência imediata (paciente não utilizou fraldas em

momento algum após a retirada do cateter vesical) e continência precoce (paciente

que adquiriu continência completa em até 30 dias após a retirada do cateter vesical).

Como citado anteriormente, os pacientes estudados continuam sendo

acompanhados no Serviço e a continência é avaliada à cada três meses. A análise

estatística para comparação entre os grupos é apresentada na TABELA 6. Os dados

evidenciaram diferença estatística para continência imediata entre os pacientes

submetidos à retirada precoce do cateter vesical quando comparados aqueles de

retirada tardia. Não houve diferença entre os dois grupos de retirada precoce (A x

B). Em relação à continência precoce observou-se diferença estatística significativa

na comparação entre o grupo A x C e entre grupos (A+B) x C. Não houve diferença

estatística entre grupo B x C e grupo A x B..

TABELA 6 – Análise estatística – Continência Imediata e Continência Precoce

Comparação entre os

grupos Continência Imediata Continência Precoce

Grupos A x B x C 0,0053 0,0932

Grupos (A+B) x C 0,0023 0,0329

Grupo A x C 0,0011 0,0363

Grupo B x C 0,0177 0,1134

Grupo A x B 0,3172 0,6471

Apresenta-se o valor de “p” para comparação entre os grupos; x – representa os

grupos que foram comparados; A+B x C – comparou-se a retirada precoce versus

tardia do cateter vesical.

Obteve-se uma taxa de continência imediata geral de 31,25% (todos os

grupos, incluindo o grupo controle – p = 0,0053), sendo 50% para o grupo A, 35%

para o grupo B e 5% para o grupo C. Somando os grupos de retirada precoce do

cateter vesical (grupos A + B), foi encontrado 43,2% de continência imediata (p =

0,0023).

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- 32 -

Em relação à continência precoce (até 30 dias após a retirada do cateter),

encontrou-se um percentual de 54,7% somando-se todos os grupos (p = 0,0932),

sendo 67% para o grupo A, 60% para o grupo B e 35% para o grupo C. Nos grupos

A e B juntos, o resultado foi de 63,6% de continência (p = 0,0329).

GRÁFICO 2 - Continência imediata e precoce (estratificada por grupos)

Grupo A – retirada do cateter em três dias (n 24); Grupo B – retirada do cateter

em cinco dias (n 20); Grupo C – retirada do cateter em 10-14 dias (n 20)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Contnência Imediata Continência Precoce

50%

67%

35%

60%

5%

35%

Grupo A

Grupo B

Grupo C

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- 33 -

GRÁFICO 3 - Continência imediata e precoce (comparação de retirada precoce x

tardia)

Grupo A – retirada do cateter em três dias (n 24); Grupo B – retirada do cateter

em cinco dias (n 20); Grupo C – retirada do cateter em 10-14 dias (n 20);

Continência imediata – (A + B) x C (p = 0,0023)

Continência precoce – (A + B) x C (p = 0,0329)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Contnência Imediata Continência Precoce

43,2%

63,6%

5%

35%

Grupo A + B

Grupo C

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7. DISCUSSÃO

O tempo para a retirada do cateter vesical após prostatectomia radical para

tratamento do câncer de próstata vem sendo discutido há várias décadas. Desde as

modificações técnicas que padronizaram a cirurgia que hoje é realizada,

observamos que este período vem decrescendo progressivamente. Nos dias atuais

o tempo de retirada do cateter vesical se estende de sete a 14 dias, variando muito

de serviço para serviço [35].

Quando se aventou a possibilidade de retirada precoce do cateter vesical,

muito se questionou sobre a possibilidade de maior ocorrência de abscessos

pélvicos, urinoma, incontinência urinária e estenose da anastomose vesicouretral (ou

esclerose de colo vesical), já que o maior tempo de permanência do cateter reduziria

a chance destas complicações [24,25,36]. Por outro lado se esperavam evidentes

vantagens com esta conduta, como diminuição da taxa de ITU, retorno precoce às

atividades habituais e menor desconforto ao paciente [25,26,28].

O advento da cirurgia laparoscópica trouxe avanços, como a anastomose

contínua, que possibilitou tentativas mais precoces de retirada do cateter vesical

devido sua característica de maior impermeabilidade do que a anastomose de

costume que era realizada por pontos separados. Inicialmente Hoznek e col (2000)

[18] tentaram simplificar a técnica da anastomose vesicouretral utilizando uma sutura

com dois semi-círculos e três nós. Porém, a padronização técnica da anastomose

por sutura contínua laparoscópica, foi realizada por Van Velthoven e col. Em sua

descrição inicial, era utilizado dois fios de ácido poliglicólico 3-0 com 15 centímetros

de comprimento atados em uma das extremidades. A sutura era realizada desde a

posição de 05:30h e 06:30h continuando superiormente até a posição de 12h [19].

Harpster e Brien publicaram em 2007 artigo com a padronização da técnica da

anastomose por sutura contínua pela via retropúbica, sendo acompanhado por raras

publicações como por Choichiro Ozu e col em 2009 [21,22].

No Serviço de Urologia da SCMBH este tipo de anastomose na cirurgia pela

via retropúbica vem sendo realizado desde o ano de 2008 e tornou-se uma rotina.

Com o grande volume de cirurgias realizadas por este serviço e com a experiência

acumulada, observou-se que o resultado das anastomoses são cada vez melhores e

mais confiantes, permitindo o questionamento de condutas do passado que talvez

pudessem ser modificadas com esta nova experiência.

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- 35 -

Muito se discute na literatura sobre a realização da cistografia precedendo a

retirada do cateter vesical após PR. Alguns autores questionam haver aumento da

incidência de estenose da anastomose vesicouretral quando há extravazamento à

este nível no pós-operatório. Todos os trabalhos citados anteriormente não

evidenciaram aumento destes índices e como pode ser observado na TABELA 1, os

maiores índices desta complicação são encontrados em trabalhos que utilizaram

anastomose com pontos separados, sendo praticamente inexistentes naqueles

grupos de anastomose com sutura contínua.

Alguns trabalhos na literatura demostraram que a cistografia pós-operatória

não era um bom preditor de complicações e não era útil em definir sobre a retirada

precoce ou não do cateter vesical. Albani e col (2002) e Nieder e col (2005)

discutiram a necessidade de realizar a cistografia como rotina para a retirada

precoce do cateter vesical em suas publicações [29,37,38]. Harpster e Brien (2007)

utilizaram a dosagem de creatinina no primeiro DPO da secreção drenada para

avaliar a integridade da anastomose vesicouretral. Dos 72 pacientes operados, três

apresentaram aumento da creatinina na análise, que normalizou no segundo DPO.

Nos primeiros 25 pacientes foi realizada cistografia, mesmo sem suspeita clínica de

extravasamento urinário. Dois pacientes apresentaram pequeno extravazamento,

mas mesmo assim todos foram submetidos a retirada precoce do cateter vesical. Os

autores consideraram que a cistografia rotineira sem a suspeita de fístula foi inútil

para mudar a conduta na retirada precoce ou não do cateter vesical. Após estes

casos iniciais, a cistografia só era realizada com suspeita de fístula no pós-

operatório ou se houvesse extravazamento durante o teste da anastomose no per-

operatório [21]. Albani demonstrou em seu trabalho que após correlacionar os

achados per-operatórios com aqueles da cistografia, não havia motivos de realizá-la

de rotina, caso não houvesse extravazamento durante o teste da anastomose [29].

O estudo aqui descrito é o único (até a presente data) na literatura que

apresenta os resultados da retirada precoce do cateter vesical após prostatectomia

radical retropúbica utilizando anastomose contínua e sem uso de cistografia para a

retirada do cateter.

Considerando as características pré-operatórias dos pacientes inseridos em

cada grupo (idade, PSA, IMC, hemoglobina pré-operatória e peso prostático) não

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- 36 -

houve diferença estatística significativa entre os mesmos e os dados foram

compatíveis com aqueles já relatados na literatura.

Quanto ao estadiamento clínico (EC), observou-se que os pacientes do grupo

A apresentavam EC um pouco acima daqueles pacientes dos grupos B e C, porém

isto não os classificava como pacientes de pior prognóstico, já que pacientes

estadiados no pré-operatório como T1c e T2a apresentam prognósticos muito

semelhantes no longo prazo. Além disso, outras características devem ser levadas

em conta sendo de igual ou até mesmo de maior importância como o PSA e o

escore de Gleason [22,29]. Encontrou-se um maior número de pacientes ASA I no

grupo A em relação aos grupos B e C (45,8% X 10%/15%). Esta diferença foi

estatisticamente significativa (p = 0,0276), mas não influenciou os resultados obtidos

no estudo, visto que pacientes classificados como ASA II apresentam comorbidades

sistêmicas sem acometimento de órgão alvo e que controladas no pré-operatório

não interferem no desfecho dos resultados encontrados.

A curva de aprendizado em cirurgia pode ser definida como o número de

casos necessários para realizar um procedimento dentro de tempo razoável e com

índice aceitável de complicações, possibilitando evolução clínica pós-operatória

adequada e menor tempo de internação [39]. Para melhor padronização dos dados

estudados, optou-se por analisar somente as operações realizadas por dois

cirurgiões com a mesma experiência. Antes de iniciar o trabalho, cada um dos

cirurgiões que participaram do estudo havia realizado ao menos 50 PRR. Os tempos

cirúrgicos e sangramento observados foram compatíveis com as descrições

encontradas na literatura. O tempo médio foi de 118 ± 30,2 minutos, sendo menor no

grupo C (114,3 ± 17,6 minutos) e maior no grupo B (125 ± 35,1 minutos), não houve

diferença estatística sendo p = 0,539. A queda de hemoglobina média foi de 3,2 ±

1,3 g/dL variando minimamente entre os grupos (p = 0,891). Não houve necessidade

de transfusão sanguínea em qualquer um dos grupos estudados. Estes dados

demonstram ser totalmente condizentes com a literatura. Evidências já publicadas

têm demonstrado que o número de prostatectomias radicais previamente realizadas

pelo cirurgião afeta a evolução do paciente. Acredita-se que uma curva de

aprendizado de 200 casos seria necessária para atingir um status de “especialista”

[40,41]. Em princípio, o número de operações realizadas por cada cirurgião parece

baixo, mas de acordo com estudo realizado no serviço de urologia da Universidade

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- 37 -

de São Paulo publicado em 2012, à partir de 20 cirurgias realizadas o tempo

cirúrgico parece se tornar adequado (passando de 150 para 120 minutos) e após a

30ª operação a necessidade de transfusão sanguínea reduziu de 9% para 3%, se

tornando ideal [42].

A profilaxia com heparina foi realizada em todos os pacientes somente

durante o período de internação, não sendo prescritos após a alta hospitalar. Nesta

série não foram evidenciados casos TVP ou TEP. Os pacientes foram estimulados

frequentemente a deambulação precoce no pós-operatório e acredita-se que a

retirada precoce do cateter vesical tenha papel fundamental nestes resultados, já

que possibilita maior liberdade aos pacientes de se locomover. Estes dados se

revestem de grande importância, visto que o TEP é a principal causa de morte no

pós-operatório de prostatectomia radical segundo Walsh [43].

A drenagem pelo dreno de penrose no pós-operatório foi considerada fator

fundamental para a avaliação da retirada precoce do cateter vesical no pós-

operatório. Neste estudo, obteve-se a drenagem pós-operatória durante os três

primeiros dias, não sendo encontrado diferença estatística entre os grupos. Foi

considerado excesso de drenagem quando os valores drenados ultrapassavam 150-

200ml no primeiro DPO, 100ml no segundo DPO e 50ml no terceiro DPO. Cinco

pacientes necessitaram dosagem dos níveis de creatinina na secreção coletada.

Destes, somente um apresentou valores elevados sendo considerado fístula urinária

e foi excluído do estudo. Este parâmetro associado ao teste da anastomose no per-

operatório foi capaz de substituir a cistografia e predizer quais pacientes poderiam

ser submetidos à retirada precoce do cateter vesical sem acrescentar riscos.

O desconforto com o uso do cateter vesical de demora após a prostatectomia

radical foi avaliado através de questionário específico por Albani e col (2002). Após a

alta hospitalar os pacientes respondiam um questionário por telefone onde eram

perguntados sobre o que mais o incomodou no pós-operatório. O cateter vesical foi

a maior queixa dos pacientes alcançando 79%, outros 13% queixaram-se da

limitação funcional, 4% dor na cicatriz e por fim 4% do desconforto relacionado à

problemas intestinais. Quando questionados se ficariam mais um dia para ter o

cateter vesical retirado antes da alta, 100% respondeu que sim [29]. No estudo aqui

descrito, o tempo médio de internação foi de 3,75 dias para o grupo A (de três a

cinco dias), 4,4 dias para o grupo B (dois a oito dias) e 2,86 dias para o grupo C

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(dois a quatro dias). Conclui-se ser justificável o aumento da permanência hospitalar

em troca do benefício que o paciente pode obter.

No presente estudo foi encontrado somente um caso de retenção urinária,

que ocorreu no grupo A (4,2%). Este paciente apresentou drenagem aumentada

pelo dreno de penrose no pós operatório (150ml no primeiro DPO, 100ml no

segundo DPO e 70ml no terceiro DPO), mas a secreção tinha aspecto mais

sanguinolento e a dosagem de creatinina foi normal. A retenção ocorreu no terceiro

dia após a retirada do cateter vesical, que foi re-introduzido sem intercorrências e

apresentava hematúria moderada com coágulos. O paciente permaneceu com o

cateter por mais sete dias, tendo evoluído sem demais complicações. A retenção

ocorreu provavelmente por coágulos e não por edema de anastomose como é

relatado por alguns autores na literatura (geralmente ocorre nas primeiras 24 a 48

horas após a retirada do cateter). Não houve diferença estatística para este achado

entre os grupos (p = 0,4289 com 2 graus de liberdade) [17,18,20,28]

Foi encontrado uma alta taxa de infecção do trato urinário (ITU) neste estudo.

Identificou-se ITU em 8,3% dos pacientes do grupo A, 5% do grupo B e 30% do

grupo C. Observou-se diferença significativa quando comparou-se a retirada precoce

versus tardia do cateter (A+B x C >> p = 0,0134). As altas taxas encontradas podem

ser devido aos exames terem sido colhidos muito próximo ao momento da retirada

do cateter vesical, que pode determinar o aparecimento de alterações compatíveis

somente com contaminação e não ITU propriamente dita. No período recente

posterior à retirada do cateter os pacientes podem apresentar sintomas irritativos do

trato urinário, que pode confundir o examinador em sua decisão de tratar ou não

uma ITU declarada. Este dado parece ser excluído da maioria dos trabalhos que

envolvem a retirada precoce do cateter vesical de demora provavelmente por este

fator de confusão. Mesmo levando em consideração o viés que pode ocorrer na

avaliação de ITU nestes pacientes, observa-se que a retirada precoce do cateter

vesical reduz consideravelmente a incidência destes episódios.

Não foram identificados pacientes com estenose da anastomose

vesicouretral. O seguimento dos pacientes neste estudo ainda é curto, mas artigos

publicados na literatura demonstram que a estenose da anastomose ocorre em geral

até 3 meses após a operação, portanto o período de maior incidência desta

complicação foi observado em todos os pacientes avaliados [38]. Observa-se que os

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índices de estenose da anastomose pouco devem variar com a mudança do tempo

de retirada do cateter vesical, dependendo de outros fatores como o tipo de sutura

realizada na anastomose e o material utilizado como descrito por alguns autores na

literatura e observado na TABELA 1.

Neste estudo a continência foi avaliada em dois momentos. Imediatamente

após retirada do cateter vesical e 30 dias após a retirada do cateter. A análise

estatística para comparação entre os grupos mostrou diferença estatística para

continência imediata entre aqueles pacientes submetidos à retirada precoce do

cateter vesical quando comparados aqueles de retirada tardia (A + B x C >> p =

0,0023). Não houve diferença entre os dois grupos de retirada precoce (A x B >> p =

0,3172). Em relação à continência precoce (até 30 dias) observou-se diferença

estatística significativa na comparação entre o grupo A x C e entre grupos (A+B) x C.

Não houve diferença estatística entre grupo B x C e grupo A x B. Observa-se,

portanto, influência do tempo de permanência do cateter e o tempo de recuperação

da continência urinária. Com o seguimento em longo prazo destes pacientes tem-se

observado que as diferenças entre as taxas de continência observadas entre os

grupos se tornam cada vez menores, por vezes se igualando em um determinado

momento (após 12 meses). Estes dados se apresentam em acordo com aqueles

publicados na literatura, evidenciando que a continência do paciente depende mais

da técnica cirúrgica (preservação do esfíncter uretral externo e experiência do

cirurgião) e da função da musculatura vesical pré-operatória. A retirada precoce do

cateter, portanto, parece reduzir o tempo que o paciente se torna continente, mas

talvez não apresente influência na continência em longo prazo [17,26,27,44]

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8. CONCLUSÕES

O estudo realizado concluiu que em pacientes submetidos à prostatectomia

radical retropúbica com anastomose vesicouretral por sutura contínua é possível a

retirada precoce do cateter vesical com um risco aceitável de retenção urinária no

pós-operatório.

O risco de retenção urinária é maior quanto mais precoce ocorrer a retirada

do cateter (terceiro ou quinto DPO).

A retirada precoce do cateter vesical parece reduzir as chances de infecção

do trato urinário, mas não apresenta influência nas taxas de esclerose de colo

vesical.

A continência urinária ocorre mais precocemente nos pacientes que

permaneceram menos tempo com o cateter vesical, porém em longo prazo os

resultados parecem ser semelhantes.

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10.ANEXOS

10.1 - Aprovação do comitê de ética em pesquisa

10.2 - Consentimento informado – Prostatectomia radical retropúbica

10.3 - Consentimento informado – Pesquisa clínica

10.4 - Protocolo de coleta de dados

10.5 - Classificação Tumor, Nódulo, Metástase (TNM) para câncer de próstata –

UICC (2009)

10.6 – Classificação de risco para o câncer de próstata – D`Amico (1999)

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10.1 - Aprovação do comitê de ética em pesquisa

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10.2 - Consentimento informado – Prostatectomia radical retropúbica

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10.3 - Consentimento informado – Pesquisa clínica

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10.4 - Protocolo de coleta de dados

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10.5 - Classificação Tumor, Nódulo, Metástase (TNM) para câncer de próstata –

UICC (2009)

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10.6 – Classificação de risco para o câncer de próstata – D`Amico (1999)

Quando se propõe uma terapia curativa para câncer de próstata localizado ou

localmente avançado, é de grande importância selecionar adequadamente o

paciente, levando-se em consideração fatores prognósticos relevantes quanto à

evolução pós-tratamento. D'Amico et al. (1999) estratificaram os pacientes com

diagnóstico de câncer de próstata em alto risco, risco intermediário e baixo risco

quanto à possibilidade de extensão extraprostática, envolvimento linfonodal e

consequente recidiva tumoral após tratamento com intenção curativa. Os autores

levaram e consideração o nível sérico do PSA, o escore de Gleason, a percentagem

de amostras comprometidas na biópsia prostática e as características do tumor ao

exame digital da próstata [45]