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Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Biociência Animal
OLGA PEDROSO DA SILVA CAMPOS
CONTRIBUIÇÃO DO DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DE NEFROPATIA
CRÔNICA EM CÃES ADMITIDOS EM UM HOSPITAL ESCOLA VETERINÁRIO
SEM EVIDÊNCIAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS DE INSUFICIENCIA RENAL
Cuiabá 2017
OLGA PEDROSO DA SILVA CAMPOS
CONTRIBUIÇÃO DO DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DE NEFROPATIA
CRÔNICA EM CÃES ADMITIDOS EM UM HOSPITAL ESCOLA VETERINÁRIO
SEM EVIDÊNCIAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS DE INSUFICIENCIA RENAL
Dissertação apresentada à UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biociência Animal Orientador: Profa. Dra. Rosana Zanatta
Cuiabá 2017
OLGA PEDROSO DA SILVA CAMPOS
CONTRIBUIÇÃO DO DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DE
NEFROPATIA CRÔNICA EM CÃES ADMITIDOS EM UM HOSPITAL
ESCOLA VETERINÁRIO SEM EVIDÊNCIAS CLÍNICAS E
LABORATORIAIS DE INSUFICIENCIA RENAL
Dissertação apresentada à UNIC, no Mestrado em Biociência Animal, área de
concentração em Saúde Animal como requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
_________________________________________ Profª. Drª. Rosana Zanatta
UNIC
_________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Mendes Amude
UNIC
_________________________________________ Profª. Drª. Michelle Igarashi
UFMT
Cuiabá, 07 de agosto de 2017.
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a todos que de alguma forma me ajudaram a vencer esse desafio. Primeiramente, a Deus, aos meus familiares, amigos, professores, residentes, técnicos do laboratório, enfermeiros, alunos e estagiários.
CAMPOS, O. P. da S. Contribuição do diagnóstico ultrassonográfico de nefropatia
crônica em cães admitidos em um hospital escola veterinário sem evidências clínicas e
laboratoriais de insuficiência renal. 2017. 105f. Dissertação (Mestrado em Biociência
Animal) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2017.
RESUMO
Afecções renais passarem despercebidos na rotina clínica devido à característica do tecido renal de possuir uma reserva renal. Na investigação clínica, além da avaliação laboratorial, a ultrassonografia renal determina a estrutura tecidual dos rins, além de possuir diversas outras vantagens. Este estudo teve o objetivo de verificar a contribuição do ultrassom renal no diagnóstico de nefropatia em animais admitidos em uma rotina hospitalar do setor por diagnóstico por imagem onde doença renal não foi à causa da indicação da avaliação ultrassonográfica abdominal. A observação de alterações ultrassonográficas renais de nefropatia foi comparada a capacidade dos exames de bioquímica clínica renal, urinálise e UPC em diagnosticar a doença renal. Entre os 70 cães avaliados, 61,42% apresentaram alterações ultrassonográficas renais, sendo a perda de definição corticomedular a alteração mais frequente (58,13%). Entre esses pacientes, 36% apresentaram proteinúria, porém entre esses animais 88,8% a proteinúria foi classificada como não renal-fisiológica. Nesses mesmos cães com alterações ultrassonográficas de doença renal, apenas 16% tinham azotemia renal e densidade urinária diminuída. Em 84% dos pacientes com diagnóstico laboratorial de IR (azotemia renal) o exame de ultrassom renal estava normal, e isso demonstra que o exame de ultrassom renal para o diagnostico do estado de portador de DR pode ter mais valia em pacientes sem evidências laboratoriais de IR já estabelecidos pelos exames laboratoriais. Do ponto de vista clínico esses resultados são bastante promissores, pois o diagnóstico ultrassográfico renal precoce é válido para incentivar a monitorização do paciente.
Palavras-chave: Nefropatia. Ultrassom. Prevenção.
CAMPOS, O. P. da S. Contribution of the ultrasonographic diagnosis of chronic
nephropathy in dogs admitted in a school veterinary hospital without clinical
and laboratorial evidence of renal failure. 2017. 105f. Dissertation (Master in
Animal Bioscience) - Faculty of Veterinary Medicine, University of Cuiabá, Cuiabá,
2017.
ABSTRACT
Renal disorders to go undetected in the clinical routine because of the renal tissue's characteristic of having a renal reserve. In clinical investigation, besides the laboratory evaluation, renal ultrasound determines the tissue structure of the kidneys, besides having several other advantages. This study aimed to verify the contribution of renal ultrasound in the diagnosis of nephropathy in animals admitted to a hospital routine in the sector by imaging diagnosis where renal disease was not due to the indication of abdominal ultrasound evaluation. The observation of renal ultrasound alterations of nephropathy was compared to the capacity of clinical renal biochemistry, urinalysis and UPC to diagnose kidney disease. Among the 70 dogs evaluated, 61.42% had abnormal sonographic changes, and the loss of corticomedullary definition was the most frequent alteration (58.13%). Among these patients, 36% presented proteinuria, but among these animals 88.8% proteinuria was classified as non-renal-physiological. In these same dogs with sonographic alterations of renal disease, only 16% had renal azotemia and decreased urinary density. In 84% of the patients with laboratory diagnosis of IR (renal azotemia) the renal ultrasound examination was normal, and this shows that the renal ultrasound examination for the diagnosis of DR status may have value in patients without laboratory evidence of IR already established by the laboratory tests. From the clinical point of view, these results are quite promising, since early renal ultrasound diagnosis is valid to encourage patient monitoring.
Keywords: Nephopaty. Ultrasound. Prevention
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- Desenho esquemático dos planos anatômicos usados nos exames ultrassonográficos do rim ...................18 FIGURA 2- Imagem ultrassonografica em modo B de um canina, fêmea, raça Dachshund, 13 anos. Observa-se aumento da ecogenicidade da cortical do rim direito (entre os marcadores)........................................................22 FIGURA 3- Imagem ultrassonografica em modo B de canino, fêmea, sem idade conhecida, SRD. Observa-se o rim esquerdo (entre os cursores) apresentando severa perda da definição corticomedular e aumento da ecogenicidade da cor.........................................................22 FIGURA 4- Imagem ultrassonografica em modo B de cão, 12 anos, raça Pit Bull. Visualiza-se cisto na porção cortical renal do rim esquerdo (entre os cursores), medindo 1,17x0,98cm........................................................23
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1 – Contribuição do diagnóstico ultrassonográfico de
nefropatia crônica em cães admitidos em um hospital escola
veterinário sem evidências clínicas e laboratoriais de
insuficiência renal
TABELA 1- Correlação entre os achados dos exames de US
renal, presença ou não de azotemia, densidade
urinaria e presença ou não de proteinúria.
80
TABELA 2- Números de pacientes com alterações
ultrassonográficas renais e com alterações
ultrassonograficas de doença renal, distribuídos por
idade.
81
TABELA 3- Frequências absoluta e relativa de alterações
ultrassonograficas distribuídas por faixa
82
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
RPC- Relação proteína/creatinina urinária Ca- Cálcio DRC- Doença Renal Crônica EDTA- Ácido dietilnoaminotetracetico ET-1- Endotelina-1 GGT- Gama Glutamil Transferase gr- Grama HOVET- Hospital Veterinário IR- Insuficiência renal IRA- Insuficiência renal aguda IRC- Insuficiência Renal Crônica %- Por cento IRIS- International Renal Interest Society K- Potássio mg dL- Miligramas por decilitro de sangue MHz- Mega-hertz ml - Mililitros mm- Milímetros mmHg- Milímetro de mercúrio Na- Sódio NTA- Necrose Tubular Aguda P- Fósforo pH- Potencial Hidrogeniônico PTH- Paratormônio Rpm- Rotação por minuto TFG- Taxa de Filtração Glomerular TGF-β- Fator de crescimento transformador-beta. UNIC- Universidade de Cuiabá UPC- Relação proteína/creatinina urinária US- Ultrassonografia >- Maior %- Por cento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13
2.2 ANATOMIA RENAL ............................................................................................................ 13
2.3 FISIOLOGIA RENAL .......................................................................................................... 14
2.1 ULTRASSOM RENAL ........................................................................................................ 16
2.1.1Técnica do exame ultrassonográfico dos rins ................................................................. 18
2.2.2 Principais alterações ultrassonográficas dos rins ........................................................... 21
2.4 DOENÇA RENAL ............................................................................................................... 28
2.4.3 Exames complementares para o diagnóstico de afecções renais ................................. 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 55
3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 70
3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................................. 70
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 70
4. ARTIGO ............................................................................................................... 71
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 71
4.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 76
4.3 RESULTADOS ................................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 87
CONCLUSÕES ........................................................................................................ 90
APÊNDICES ............................................................................................................ 91
11
1 INTRODUÇÃO
O sistema urinário é responsável por funções essenciais à manutenção do
equilíbrio fisiológico do organismo, sendo formado por um par de rins (responsáveis
pela filtração sanguínea e formação da urina, entre outros), ureteres (responsáveis
por transportar a urina dos rins até a bexiga), bexiga (onde ocorre o
armazenamento da urina) e uretra (pela qual a urina é excretada para o meio
externo) (DYCE et al., 1997).
Este sistema pode ser acometido por uma grande variedade de afecções,
podendo estas ocorrerem em animais de todas as espécies, de ambos os sexos,
independente da idade (RUFATO, REZENDE-LAGO; MARCHI, 2011) .
Os rins, por meio das suas múltiplas funções orgânicas básicas de excreção,
metabolismo, secreção, regulação e biossintetização, tornam-se vulneráveis a uma
série de injúrias, sendo que as doenças renais estão entre as causas mais
significativas de morte e incapacidade em cães (MACIEL; THOMÉ, 2006). Na
necropsia, várias lesões renais em cães são considerados achados incidentais,
entretanto, em muitos casos essas lesões podem ser a causa da morte ou razão
para eutanásia desses animais (INKELMANN, 2012; TRAPP et al., 2010). Essas
extensas lesões renais, frequentemente, estão relacionadas com insuficiência renal
aguda e crônica (LULICH, 2008; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Os rins possuem grande capacidade de reserva funcional, não necessitando
da presença do número original de néfrons, mas sim do suficiente para conseguir
manter o seu papel. Quando sofrem algum tipo de doença, os rins podem ativar
mecanismos de hipertrofia e hiperplasia de néfrons. Dessa forma eles conseguem
manter a produção de urina e também suas demais funções, porém, isso faz com
que na maioria das vezes, os pacientes sejam submetidos à avaliação clínica
somente quando a doença renal se encontra em estágio final de evolução e a
síndrome urêmica já se encontra instalada, tendo, nessas condições, prognóstico
reservado (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Neste sentido, torna-se evidente a importância dos rins, sendo que a
progressão de doenças renais, com redução do número de néfrons funcionais e a
sobrecarga dos mesmos, leva a perda de sua função, podendo levar a falência do
organismo (BETO; BANSAL, 2004; YU et al., 2000).
12
Portanto, ao examinar os rins, o clínico deve avaliar a possibilidade de
existência de alguma doença renal em curso, mesmo que ainda possa não haver um
comprometimento importante da função renal, e a possibilidade de haver alguma
redução na sua função. A partir do momento que se inicia o déficit da função renal, o
exame do paciente deve ser conduzido de modo a elucidar a causa envolvida
(McGROTTY, 2008; POLZIN et al., 2005).
Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar a ocorrência de afecções do trato
urinário em cães que não tenham suspeita de doenças que envolvam os rins, por
meio de exames laboratoriais e ultrassonográfico.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.2 ANATOMIA RENAL
Anatomicamente, os rins são retroperitoneais, localizados na região
sublombar da cavidade abdominal, laterais à veia cava caudal, abaixo dos músculos
sublombares de cada lado das vértebras lombares. São compostos em número par,
possuem formato de feijão, são espessos dorsoventralmente, com uma superfície
ventral arredondada e uma superfície dorsal menos convexa (DYCE, 1997).
O rim esquerdo pode ter variação na sua localização, pois está frouxamente
inserido pelo peritônio e pode ser afetado pelo grau de enchimento do estômago,
sendo localizado mais caudalmente que o rim direito, abaixo à grande curvatura do
estômago e medial ao baço. Cranialmente, está em contato com o lobo esquerdo do
pâncreas e medialmente, com a adrenal esquerda (VAC, 2014).
Já o rim direito não está sujeito a muita variação na sua localização. Está
situado, normalmente, em posição oposta aos corpos das primeiras vértebras
lombares, mas pode estar tão distante cranialmente quanto a última vértebra
torácica. Sua extremidade cranial está situada na impressão renal profunda do
fígado (lobo caudado), a borda medial localizada próxima à veia cava caudal, a
borda mediocranial próxima à adrenal direita, sua parte caudal se relaciona
dorsalmente aos músculos sublombares e, ventralmente, relaciona-se com o
duodeno descendente e ramo direito do pâncreas ( VAC, 2014).
Raramente os rins direito e esquerdo são simétricos, podendo ocorrer
variação de tamanho entre eles. Porém, em um estudo dirigido por Barella et al.
(2012) não foram observadas diferenças significativas entre as dimensões dos rins
direito e esquerdo.
Nos caninos, os rins são relativamente grandes, medindo, aproximadamente,
1/150 a 1/200 do peso corporal (25 a 60g), sendo que o rim esquerdo é
normalmente mais pesado que o rim direito (ELLENPORT, 1986; GREEN, 1996;).
Nos pequenos animais, os rins são constituídos pela cápsula fibrosa, que
envolve o parênquima renal. Este é constituido pela zona cortical (córtex renal), que
preenche a zona periferica, e zona medular (medular renal), que representa a zona
central. Na margem medial do rim encontra-se o hilo renal, que dá acesso ao seio
renal. Este limita o início da dilatação do ureter e a pelve renal, alojando o tecido
14
adiposo, assim como os vasos sangüíneos e os nervos que chegam e saem do rim
(ELLENPORT, 1986; JANTHUR; LUERSSEN, 1998).
2.3 FISIOLOGIA RENAL
Os rins são responsáveis por atividades essenciais à manutenção do
equilíbrio fisiológico do organismo, por isso, são classificados como órgãos que
desempenham funções orgânicas excretória, regulatória e biossintética
imprescindíveis à vida (SENIOR, 2001).
A função regulatória dos rins se refere a manutenção e controle do meio
interno em relação ao volume e composição dos líquidos corpóreos. Para isso, é
feita a regulagem da concentração hídrica e salina do corpo, fornecendo equilíbrio
homeostático. Assim, é mantido um ambiente estável para a sobrevivência e
manutenção das atividades celulares (ELLENPORT, 1986; GUYTON; HALL, 2002).
A regulagem da concentração hídrica nos rins está relacionada de várias
maneiras ao transporte de sódio. Este processo se inicia com a reabsorção desse
eletrólito no túbulo proximal, e portanto, regula-se e mantén-se o volume sanguíneo.
Já na porção espessa ascendente da alça de Henle, a reabsorção do sódio sem
água constitui a base tanto para a excreção do excesso de água, como para a
conservação da água mediante produção de urina diluída ou concentrada
(GLEADHILL; MITCHELL, 1999).
Todo esse processo é desempenhado pela unidade funcional do rim chamada
de néfron. O néfron é composto por glomérulos, túbulos, capilares peritubulares e
tecido intersticial. Nos glomérulos ocorre a filtração sanguínea, ou seja, os produtos
que são ingeridos através da alimentação ou produzidos pelo metabolismo normal
do organismo, e também as substâncias maléficas não degradáveis do sangue são
extraidas e assim é retirado um enome volume de líquido do plasma (BACILA, 2003;
VERLANDER, 2008).
Esse ultrafiltrado, produzido através do sangue que entra no glomérulo, é
submetido a outro processamento na qual substâncias úteis são reabsorvidas pelos
túbulos, para que não sejam excretadas, devolvendo ao sangue substâncias
necessárias, deixando apenas o que é desnecessário concentrado para então ser
eliminado pela urina, que é produto final desse complexo mecanismo (PIERA, 2005).
15
Essa reabsorção tubular seletiva tem grande importância para que não ocorra
a perda total de sais, como sódio, potássio, bicarbonato e glicose. Dessa forma, o
filtrado glomerular não possui proteínas e, aproximadamente, 60 a 70% do sódio e
água, que foram filtrados são reabsorvidos, e assim, obtém-se uma urina final
concentrada (SENIOR, 2001).
O balanço do potássio depende também dos rins, pois, pelo menos 98%
deste íon é encontrado no organismo dentro das células. O potássio é filtrado pelo
glomérulo e parcialmente reabsorvido no túbulo proximal juntamente com outros
eletrólitos que participam da reabsorção isosmótica de líquido e parte deste pode ser
secretado no túbulo distal (BERLINER; GLIEBISH, 1998).
O cálcio é filtrado pelos glomérulos e amplamente reabsorvido pelos túbulos.
Em animais sadios isso resulta na recuperação de mais de 90% do cálcio filtrado
(ROSOL; CAPEN, 1996).
A urina contém a maior parte dos catabólitos do organismo, como radicais
ácidos ou básicos, sólidos orgânicos ou inorgânicos que são eliminados em
quantidades variadas juntamente com a água (BACILA, 2003).
Dentre as substâncias excretadas pela urina estão a ureia, formada através
do metabolismo dos aminoácidos, a creatinina, formada por meio da creatina dos
músculos, o ácido úrico, formado através dos ácidos nucleicos, e os produtos
decorrentes da degradação da hemoglobina, como a bilirrubina. Além disso, ainda
eliminam toxinas ingeridas pelo corpo, como fármacos e aditivos alimentares
(GUYTON; HALL, 2002).
As funções endócrinas renais incluem a produção de importantes hormônios
que desempenham papel fundamental no mecânismo e regulação de outros
sistemas. Dentre as substâncias produzidas estão a eritropoetina, envolvida na
regulação da hematopoiese, ou seja, na produção das hemácias e formação do
sangue, a renina, responsável pelo controle da pressão sanguínea, através do
complexo renina-angiotensina, mediada pela angiotensina II, produção de calcitriol,
responsável pela reabsorção de cálcio e no metabolismo ósseo, da manutenção do
sistema bradicinina-cinina, participa do processo de gliconeogênese, além de
produzir uma variedade de prostaglandinas (BETO; BANSAL, 2004; GUYTON;
HALL, 2002; SENIOR, 2001; VAC, 2014).
16
2.1 ULTRASSOM RENAL
O diagnóstico por imagem tornou-se uma importante ferramenta auxiliar na
Medicina Veterinária graças ao constante desenvolvimento tecnológico. Dentro do
diagnóstico por imagem, a ultrassonografia vem se mostrando como um dos mais
versáteis métodos devido a sua excelente relação custo-benefício, pela sua
aplicação relativamente simples, por ser um exame que possui grande viabilidade,
fidelidade e veracidade na exploração dos órgãos, além de ter grande precisão de
medidas e imagens devido à aquisição de imagens sequenciais dos vários órgãos,
em diferentes planos e de alta definição. Por isso, o ultrassom é ideal para avaliação
da morfologia de diversos órgãos, dando informações referentes ao tamanho, forma,
dimensões, ecotextura, ecogenicidade, arquitetura interna, contornos ou até mesmo
das modificações de posicionamento (CARVALHO, 2014ª; CARETEE; SELTER;
PATTON, 1980; PIERA, 2005).
O exame ultrassonográfico também ajuda a fornecer rapidamente
informações quantitativas e qualitativas determinantes para auxiliar no delineamento
e fechamento de diagnósticos clínicos complexos importantes, tornando-os mais
precisos e rápidos. Portanto, o exame ultrassonográfico contribui com informações
conclusivas e visuais, refletindo na melhora dos tratamentos e do atendimento
Medico Veterinário, principalmente ao confirmar suspeitas de uma avaliação
semiológica de palpação ou também de algumas alterações fisiológicas
(CARVALHO, 2014a; KOLBER; BORELLI, 2005; CUNHA, 2005).
O emprego desta técnica pode auxiliar no diagnóstico de enfermidades, que
foram inconclusivas ou não identificadas com o uso de outras técnicas de
diagnóstico complementar, já que as mesmas podem apresentar resultados
inespecíficos (De RYCKE; VAN BREE; SIMOENS, 1999; GRAUER, 2010).
Além disso, o ultrassom consegue evidenciar alterações que possam ter
passadas despercebidas mesmo após a consulta completa, e também pode
encontrar anormalidades que ultrapassam os motivos pelo qual o tutor encaminhou
o animal ao Hospital Veterinário. Deste modo, esse método pode ser considerado
um modelo de exame a ser utilizado como triagem na pesquisa de enfermidades que
ainda não se apresentaram clinicamente e na busca de diagnósticos precoces
(PIERA, 2005; SEOANI, 2010).
17
Mesmo que o US não consiga alcançar um diagnóstico definitivo, pois
diversas alterações se apresentam de maneira semelhante ultrassonograficamente,
este exame propicia informações suficientes para direcionar procedimentos futuros e
cria um arquivo de imagens que podem servir de referência para exames
prospectivos, não perdendo assim o seu valor (CERRI; ROCHA, 1993).
A avaliação do trato urinário (rins, ureteres, bexiga, uretra), por meio da
ultrassonografia é um procedimento rotineiro na Medicina Veterinária, sendo
considerado complementar na análise anatômica, morfológica e do fluxo sanguíneo
local (NYLAND et al., 2004; VAC, 2014).
O sonograma renal permite a caracterização da arquitetura renal interna, é
capaz de discernir entre a cápsula, córtex e medula renais, divertículos pélvicos e
seio renal, que são estruturas mais ecogênicas do rim, pois, o colágeno e gordura
proporcionam interfaces acústicas intensamente reflexivas (CHEW; DIBARTOLA,
1992).
A ultrassonografia dos rins fornece informações sobre alterações em um ou
ambos os rins, diferenciação das lesões sólidas e das ocupadas por líquido,
determina a distribuição das lesões dentro do rim (focal, multifocal, difusa),
mostrando qual área está afetada e qual a extensão, determinando a estrutura
tecidual dos rins e se há presença de metástases (CHEW; DIBARTOLA, 1992).
O exame ultrassonográfico dos rins oferece pouca ou nenhuma informação
quanto à função renal, pois é uma técnica que não depende do funcionamento renal.
A função renal deve ser investigada sempre que descobertas clínicas ou
laboratoriais indicarem insuficiência renal, ou quando o tamanho renal, forma,
contorno ou radiopacidade anormais forem encontradas por outros meios. Pode
também ser útil para diagnosticar nefropatias obstrutivas e nefrolitíase, mesmo em
casos de cálculos radiolucentes ao exame radiográfico (BROVIDA et al., 2004).
Em um estudo realizado por Carvalho, Salavessa e Silveira (2010), em que
foram feitos exames ultrassonográfico e histopatológico dos rins de cães, foi
encontrado o índice de 66% de compatibilidade entre os exames, o que permite
concluir que a avaliação ultrassonográfica é um método eficaz, não invasivo, de
detecção de alterações renais.
Segundo Borjesson (2003), cães com doenças renais apresentam, na maioria
das vezes, características ultrassonográficas semelhantes, sendo necessária a
realização de exames complementares para determinação do diagnóstico
18
diferencial. Urinálise e testes de função renal são exames laboratoriais importantes,
que devem ser analisados, pois são capazes de fornecerem informações sobre
lesão e função renal.
2.1.1Técnica do exame ultrassonográfico dos rins
Para a avaliação renal, a frequência do transdutor depende da profundidade
do rim a ser examinado, variando de 3,5 a 10 MHz. Normalmente, usa-se transdutor
com frequência de 5 MHz, para cães de grande porte, e de 7,5 MHz para cães de
pequeno porte. O uso de maiores frequência proporciona boa resolução e
visualização de detalhes do parênquima renal. O decúbito do animal para o exame
dos rins, varia entre decúbito lateral direito e esquerdo, ou dorsal, que facilita a
visibilização do rim direito. A presença de gás nas alças intestinais, dorsalmente ao
rim direito, pode dificultar sua visibilização, devendo, portanto ser observado através
de outras janelas intercostais. O rim esquerdo é analisado mais caudalmente, e tem
visibilização facilitada pela janela acústica do baço (VAC, 2014).
Para uma adequada e completa avaliação ultrassonográfica do rim de cães,
cortes sagitais, dorsal (frontal ou coronal), pelo acesso paralombar, e tranversal
devem ser realizados, como demonstrado na figura 1. No plano sagital os rins dos
cães possuem formato oval, no plano frontal têm forma de feijão, ovais no hilo renal;
já no plano transversal os rins tem forma arredondado perto dos pólos (JANTHUR;
LUERSSEN, 2001).
Figura 1- Desenho esquemático dos planos anatômicos usados no exame ultrassonográfico dos rins.
Fonte: Nautrup, 2001.
19
O exame é realizado por meio de contenção física, não sendo necessário o
uso meios químicos para a realização do exame, na grande maioria dos casos.
Quando necessário, para melhor imobilização do animal, pode-se promover sedação
ou até mesmo anestesia. Em seguida é realizada a tricotomia ampla na região do
abdome lateral e ventral e uma camada de gel acústico é aplicada sobre a pele para
aumentar o contato entre a superfície do transdutor e o local a ser examinado, e
evitar a presença de bolhas de ar (CARVALHO, 2014b).
O órgão é inspecionado e avaliado quanto a ecogenicidade da medular e da
cortical, ecotextura e contornos, que devem ser homogêneos e regulares, topografia,
forma, tamanho, dimensão, número, arquitetura interna (relação/definição
corticomedular) e também a presença ou não de dilatação do sistema coletor
(pelve), independente de sua função (NYLAND et al., 2004; SILVA et al., 2008).
Ao exame ultrassonográfico, os rins tem ecotextura levemente granular e
homogênea, sendo a cápsula renal uma fina e lisa camada hiperecóica. Enquanto a
região do córtex é hiperecogênica, pela sua composição tecidual formada pelos
glomérulos, que tem maior quantidade de células, a região medular apresenta-se
hipoecóica, por ser constituída, na sua maioria, por túbulos do sistema coletor,
possuindo maior quantidade de fluido, o que a torna hipoecogênica em relação ao
córtex. A ecogenicidade da cortical deve ser igual ou levemente menor que o fígado,
se mostrando ainda menor quando comparada ao parênquima esplênico (JARRETA;
BOMBONATO; MARTIN, 2007; NYLAND et al., 2004).
Os divertículos são identificados como linhas ecogênicas que acompanham
as artérias e veias interlobares no corte longitudinal, espaçados regularmente e
localizados na região medular, dividindo-a em segmentos ou seções (JOHNSTON;
WALTER; FEENEY, 1995; KONDE et al., 1984; LAMB, 1997; NYLAND et al., 2004).
A região mais central corresponde o seio renal, que é constituido pela pelve e
gordura pélvica e peripélvica, apresentam característica hiperecogênica, produzindo
muitos ecos e sombra acústica, chamada de complexo ecogênico central, que pode
ser interpretada erroneamente por cálculos na pelve renal. Em cães normais a urina
normalmente não é identificada na pelve ou nos divertículos, nem é visibilizada no
ureter (DYCE; SACK; WENSING, 1997; JANTHUR; LUERSSEN, 2001; NYLAND et
al., 2004; VAC, 2014).
20
Uma análise comparativa normalmente é realizada para determinar a
ecogenicidade da região cortical renal. O rim esquerdo deve possuir a
ecogenicidade da cortical bem menor que a do baço, enquanto no rim direito a
córtex deve ser isoecogênica ou ligeiramente hipoecóica em relação ao parênquima
hepático, quando comparados na mesma profundidade. Uma mudança acentuada
nessas relações sugere doença em um ou mais desses órgãos. A gordura perirenal
que envolve os rins tem ecogenicidade similar ou maior que o proeminente
complexo ecóico central do seio renal (FINN-BODNER; HUDSON, 1998; NYLAND et
al., 2004; VAC, 2014).
A área referente a cortical e medular dos rins deve possuir a mesma
espessura, na proporção de tamanho de 1:1. A base medular apresenta uma média
do diâmetro de 8 mm, podendo variar de 5 a 12 mm. Nos cães o córtex possui 2 a 5
mm de espessura e largura de 3 a 9 mm. Em animais normais, a urina não é
visibilizada na pelve e nos ureteres. Atualmente, novos aparelhos de alta resolução
são capazes de mostrar discretíssima dilatação de pelve durante a diurese, podendo
essa dilatação variar entre 3 a 4mm (FINN-BODNER, 1998; VAC, 2014).
Entre as regiões cortical e medular existe a junção corticomedular que é uma
demarcação bem evidente onde se localizam as artérias e veias arqueadas. As
linhas ecogênicas que acompanham as artérias e veias interlobares são os
divertículos dorsais e ventrais, localizados na região medular, dividindo-a em
segmentos. A medula é dividida em múltiplas secções pelos divertículos e vasos
interlobares. O rim é unipiramidal sem cálices sendo essas secções separações da
mesma crista renal (CARVALHO, 2008).
Em varredura medial para a lateral, no plano sagital, o complexo ecogênico
central desaparece e a região central hipoecogênica, que representa a crista renal
(papila renal), fica margeada por duas linhas ecogênicas paralelas. No corte coronal
ou dorsal (frontal) identifica-se a cápsula renal, região cortical, região medular e os
divertículos. No corte transversal identifica-se a região cortical, região medular,
divertículos, pelve renal e gordura perirenal (FINN-BODNER; HUDSON, 1998; VAC,
2014).
A variedade racial e amplitude de peso corporal dos cães dificultam a
determinação e o conhecimento das dimensões normais dos rins,
consequentemente, a avaliação do tamanho dos rins ainda é uma problemática
(CUNHA, 2005).
21
Portanto, pela diferença entre as raças e a morfologia canina, as dimensões
renais são julgadas por meio subjetivo, existindo uma variação no tamanho e volume
entre animais normais de peso corporal semelhante, não existindo um método
confiável para a determinação das dimensões renais em cães. Suas dimensões
podem variar de 3,0 a 9,0 cm de comprimento e 3,0 a 4,0 cm de espessura,
dependendo do tamanho do cão. As medidas feitas de ambos os rins devem ser
comparadas, devendo ser parecidas (BARR et al, 1990; BARRERA et al., 2009;
VAC, 2014).
A relação rim-aorta (a relação entre o diâmetro longitudinal do rim e o
diâmetro da aorta durante à sístole) pode ser uma ferramenta para ter acesso ao
tamanho renal normal em cães. Esta experiência indica que a relação entre 5.5 e 9.1
são indicativos de um tamanho normal do rim. Entretanto, este intervalo é bastante
amplo, e isto pode permitir a não identificação de alterações mínimas no tamanho do
rim (BARELLA et al. 2012).
Barella et al. (2012) propôs que a relação entre o comprimento dos rins para o
comprimento de L5 ou L6 pode ser considerado como um parâmetro útil para avaliar
o tamanho dos rins de cães saudáveis. Esta método deriva da técnica radiológica
descrita por Finco et al, em 1971, e nele é utilizado a ultrassonografia para medir o
comprimento, a altura e a espessura de cada rim, e estas medições são
correlacionados com os comprimentos do quinto e sexto vértebras lombares (L5 e
L6), também medido por ultrassonografia.
2.2.2 Principais alterações ultrassonográficas dos rins
No exame ultrassonográfico podem ser encontrados alterações difusas ou
focais. As alterações difusas do parênquima renal são o aumento (Figura 2) ou
diminuição da ecogenicidade do córtex renal, perda de definição corticomedular
(Figura 3), contornos irregulares, dimensões alteradas, presença de sinal da
margem, e estes sinais são indicativos de doenças renais observados na
ultrassonografia (WATER et al., 1987).
22
Figura 2 - Imagem ultrassonográfica em modo B de um canina, fêmea, raça Dachshund, de 13 anos de idade. Observa-se aumento da ecogenicidade da cortical (seta vermelha) do rim direito (entre os marcadores).
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 3 - Imagem ultrassonografica em modo B de canino, fêmea, sem idade conhecida, sem raça definida. Observa-se o rim esquerdo (entre os cursores) apresentando severa perda da definição corticomedular e aumento da ecogenicidade da cortical.
Fonte: Arquivo pessoal.
Outras alterações encontradas nos rins são os achados focais, como cistos
renais (Figura 4), pseudocistoperirenal, fluido subcapsular, massas complexas,
neoplasias, áreas hiperecogênicas na cortical. Já as alterações observadas pela
ultrassonografia na pelve renal são, dilatação da pelve (pielectasia/hidronefrose),
cálculos. Ao sonograma também se pode observar a presença do parasita
Dioctophyma renale alojado nos rins, sendo que na maioria dos casos, os animais
apresentam-se de maneira assintomática (VAC, 2014).
23
Figura 4 - Imagem ultrassonografica em modo B de cão, 12 anos, raça Pit Bull. Visualiza-se cisto na
porção cortical renal do rim esquerdo (entre os cursores), medindo 1,17x0,98cm.
Fonte: Arquivo pessoal.
As doenças renais que envolvem o rim de forma difusa podem apresentar
diversas características ultrassonográficas. Como exemplo, tem-se o aumento da
ecogenicidade cortical renal que pode ser facilmente percebido, pois, comparando-
se com a ecogenicidade do baço e do fígado, esta estará aumentada em relação a
esses órgãos (NYLAND et al., 2004).
O aumento de ecogenicidade pode ocorrer devido à fibrose ou esclerose nas
doenças renais crônicas ou doença renal em estágio terminal, presença de infiltrado
celular e de cilindros celulares ou proteináceos e debris celulares nos túbulos renais,
em casos de nefrite glomerular e intersticial aguda, necrose ou nefrose tubular
aguda, em consequência de agentes tóxicos, por exemplo. Outras causas de
aumento da ecogenicidade dos rins também são intoxicação pelo etileno glicol,
atribuída à deposição de cristais de oxalato de cálcio nos rins, por exemplo, e
também por calcificação do parênquima renal (nefrocalcinose) (CARVALHO;
SALAVESSA; SILVEIRA, 2010;; HOLLOWAY; O’BRIEN, 2007; LANGSTON;
HEUTER, 2009; NYLAND et al., 2004; ROSS, 2011).
Araújo, Rioja e Rebelo (2010) encontraram correlação entre o aumento de
ecogenicidade cortical e anormalidades túbulo intersticiais vistas no exame
histopatológico em humanos, além de alta correlação entre o grau de ecogenicidade
e a gravidade dos achados histológicos e o aumento da creatinina. Demonstrando
que a ecogenicidade cortical é útil para o diagnóstico da lesão tubular aguda e seu
acompanhamento.
24
O aumento difuso da ecogenicidade renal com perda de definição
corticomedular foi descrito em animais com displasia renal congênita, doenças
inflamatórias crônicas e rins em estágios terminais, sendo este também
caracterizado pela apresentação de rins com dimensões diminuídas, contornos
irregulares e difusamente ecogênicos, com redução da visibilização da junção
corticomedular e da arquitetura renal interna (NYLAND et al., 2004).
Os aspectos ultrassonográficos renais de cães com displasia incluem uma
diversidade de características, dependendo do grau de comprometimento renal
pelos processos inflamatório e fibrótico, que se instalam nessas estruturas em
consequência à afecção primária. Ao ultrassom são constatadas em estágio inicias
da displasia, ou seja, sem os sinais clínicos e sem o desenvolvimento de processo
fibrótico, perda de definição corticomedular e hiperecogenicidade cortical associada
a elevação generalizada da ecogenicidade medular renal ou a presença de algumas
áreas hiperecogênicas multifocais (SEILER et al., 2010).
Nos casos mais avançados onde os cães já se apresentam sintomáticos, e
que já há o desenvolvimento de fibrose, os aspectos ultrassonográficos renais
incluem irregularidade de margens e hiperecogenicidade do parênquima renal com
acentuada perda de definição corticomedular, espessamento da cortical, rins de
dimensões diminuídas, diminuição na espessura da região medular e também
mineralizações no parênquima renal. Em alguns casos pode ser observados cistos
renais, identificados ultrassonograficamente como áreas de limites definidos e
regulares, apresentando conteúdo anecogênico em seu interior com formação de
reforço acústico posterior e fluido subcapsular (ABRAHAM; BECK; SLOCOMBE,
2003; BABICSAK et al., 2012; FELKAI et al., 1997; HOPPE; KARLSTAM, 2000;
NYLAND et al., 2004).
As afecções renais parenquimatosas difusas caracterizadas pela infiltração
celular, com a preservação da arquitetura renal normal (por exemplo, nefrite
tubulointersticial crônica) podem gerar hiperecogenicidade difusa, mas
ocasionalmente se caracterizam por aspecto ultrassonográfico normal.
Consequentemente, a ultrassonografia renal normal não elimina a possibilidade de
afecção renal (CHEW; DIBARTOLA, 1992).
Na avaliação ultrassonográfica, lesões com ecogenicidade diminuída podem
ser infiltrativas e também ser resultado de edema associado a inflamação aguda,
porém esta característica é mais difícil de ser detectada, pois não há um parâmetro
25
de comparação com outros órgãos como no aumento da ecogenicidade
(BORJESSON, 2003; HOLLOWAY; O’BRIEN, 2007; LANGSTON; HEUTER, 2009;
NYLAND et al., 2004; ROSS, 2011).
Sinal de margem da medular, ou sinal da borda da medular corresponde a
uma linha/banda hiperecogênica situada na zona externa da medular renal, paralela
à junção corticomedular. Este sinal está associado com uma faixa de depósito
mineral no lúmen dos túbulos renais. Ao exame histológico é encontrada calcificação
metastática do epitélio, membrana de base dos túbulos renais e cápsula de Boman.
Este achado esta relacionado com uma variedade de doenças renais, incluindo
necrose tubular aguda devido à toxicidade por etilenoglicol, nefropatia
hipercalcêmica, intoxicação por etilenoglicol, vasculite piogranulomatosa ou nefrite
granulomatosa decorrente à peritonite infecciosa felina, nefrite intersticial crônica,
nefrite tubulointersticial crônica, nefrite infeccioda (como na leptospirose),
calcificação renal secundária à hipercalcemia e em animais com piometra, sendo
considerado um achado pouco específico (HEUTER, 2009; HOLLOWAY;
LANGSTON; LUNN, 2011; NYLAND et al., 2004; O’BRIEN, 2007)
A presença deste sinal fornece critérios ultrassonográficos adicionais
indicando doença renal primária em alguns pacientes, no entanto, ele também pode
ser encontrado em cães e gatos clinicamente normais, porém, com menor
frequência, sendo atribuído à mineralização das membranas basais tubulares sem
estar relacionada a alguma doença ou também pode significar que esses animais já
tiveram uma lesão anterior. Por isso, esse sinal pode ser considerado como uma
lesão sentinela que aparece antes dos sinais clínicos, sendo necessário uma
investigação mais completa para determinar a causa e o significado deste achado.
Esta alteração pode revelar uma correlação pobre sobre o prognóstico com toda
gama de diferenciais presentes nestes pacientes clínicos (BARR et al., 1990;
BILLER et al., 1990; BILLER, 1992; MATINS; LAMB, 2000; NYLAND et al., 2004).
Cistos renais podem aparecer isolados ou múltiplos, tendo por características
ultrassonográficas contorno circular fino e regular, com conteúdo anecóico e
formação de reforço acústico posterior. Os cistos podem deformar o contorno renal
caso sejam grandes ou se uma doença renal policística estiver presente e devem
ser diferenciados de hematomas, abscessos e tumores, sendo que frequentemente
estes apresentam paredes espessas, irregulares, conteúdo não se apresentando
26
completamente anecóico e pode ser observado septações internas (ESPADA;
NOVELLAS; GOPEGUI, 2006).
Em relação às doenças renais císticas não hereditárias nos animais
domésticos, Forrester (2003) cita a existência de: (1) doença policística familiar em
cães da raça Cairn Terrier e gatos de pêlo longo, ocorrendo nefromegalia e cistos
associados a outros tecidos (hepático e pancreático); (2) doença cística renal
adquirida, que se desenvolve em animais com insuficiência renal crônica;
Ao exame ultrassonográfico, verificam-se rins de tamanhos normais ou
diminuídos, aumento de ecogenicidade renal, presença de cistos com contorno
arredondado a ovóide, conteúdo anecóico e paredes finas (Levine et al., 1997).
As manifestações fisiopatogênicas dos cistos, em animais e seres humanos,
são lesões em túbulos distais, ruptura da membrana basal tubular, atrofia tubular
crônica envolvendo medula e córtex e fibrose intersticial (GRANTHAM, 1992;
CARONE et al., 1995; SAKURAI, NIGAM, 1998).
A maioria das doenças císticas é progressiva, e o tratamento fica limitado ao
controle clínico conservador da insuficiência renal. Muitas vezes, os animais são
assintomáticos até os cistos atingirem um tamanho que cause insuficiência renal
(DIBARTOLA, 2004).
Equipamentos modernos de ultrassom capazes de formar imagens com alta
resolução facilitam a verificação da presença de dilatações da pelve renal. O
diagnóstico diferencial para estas dilatações inclui diurese, doenças congênitas,
pielonefrite e obstrução do fluxo urinário, sendo que dilatações maiores de 3 a 4 mm
limitam a possibilidade de diurese (ESPADA; NOVELLAS; GOPEGUI, 2006).
A dilatação de pelve, chamada de pielectasia, é caracterizada pela separação
dos ecos do complexo ecogênico central por um espaço anecogênico, que pode ser
observada no corte transversal. A pielectasia pode ser observada em animais com
diurese aumentada, por exemplo, animais com terapia diurética ou insuficiência
renal, com malformações congênitas, por exemplo, ureter ectópico, pielonefrite
aguda em cadelas com piometra, em decorrência de infecção ascendente do trato
urinário inferior e obstrução do trato urinário inferior. Dilatação pélvica renal discreta
a moderada também tem sido observada em cães com leptospirose aguda e
insuficiência renal aguda devido ao aumento da produção de urina na poliúria e
obstrução parcial por debris celulares (D’ANJOU; BEVARD; DUNN, 2011;
HOLLOWAY; O’BRIEN, 2007; LUNN, 2011; SANTOS et al., 2013; VAC, 2014).
27
A pielonefrite aguda pode produzir uma dilatação pélvica de leve a moderada,
unilateral ou bilateral, com infecção crônica, podendo ser observada renomegalia,
córtex e medular hiperecogênicas e perda de definição corticomedular, contudo na
pielonefrite crônica o tamanho renal tende a estar diminuído, e também a ausência
de dilatação de pelve não exclui pielonefrite (ESPADA; NOVELLAS; GOPEGUI,
2006).
A dilatação pélvica de maior grau (hidronefrose) é causada por doença
obstrutiva do ureter e pode ser produzido por migração de urolítiase, um processo
infiltrativo envolvendo pelve, ureter e , mais comumente, a junção ureterovesical
(região da papila ureteral) causando estenose, massas murais ou extrínsecas e
neoplasias em bexiga ou na próstata. A obstrução total do ureter pode causa uma
grande dilatação da pelve, dependendo do tempo da obstrução e se a obstrução é
parcial ou completa. Nos casos crônicos, a progressiva dilatação da pelve e
divertículos causa atrofia do parênquima, e somente uma fina camada deste resta
ao redor do sistema coletor, completamente dilatado. A imagem característica são
linhas ecogênicas que se estendem da cápsula em direção ao centro do rim, que
correspondem aos septos interdiverticulares (VAC, 2014).
Cálculos renais ou uretrais produzem focos hiperecóicos intensos, com
formação de sombra acústica. É importante trabalhar com transdutores de alta
frequência, de 7 a 10 MHz, e incidir o feixe sonoro perpendicular ao cálculo, para
obtenção máxima do sombreamento. Em algumas ocasiões pode ser difícil
diferenciar cálculos de calcificações de divertículos renais, sendo nesses casos
necessário outros exames complementares tais como a urografia excretora ou a
tomografia computadorizada (ESPADA; NOVELLAS; GOPEGUI, 2006).
Infartos renais agudos possuem aspectos variáveis dependendo do tamanho,
número e duração. São encontradas ao ultrassom áreas focais ou multifocais de
ecogenicidade aumentada ou diminuída devido a hemorragia e edema,
apresentando aspecto em cunha, com base larga na superfície do rim e estreita em
direção a junção corticomedular (NYLAND et al., 2004).
As neoplasias primárias renais em cães e gatos são pouco frequentes e
correspondem a menos de 2% de todas as neoplasias, sendo a maioria de caráter
maligno. Nos cães, os tumores renais mais comuns são o carcinoma de células
renais, nefroblastoma embrionário e metástases de hemangiossarcoma, melanoma,
mastocitoma, carcinomas e linfoma. A confirmação da neoplasia é realizada pelo
28
exame histopatológico do rim afetado (TEFEKLI et al., 2006; VAIL; YONG, 2007). Na
ultrassonografia pode-se encontrar dimensão renal aumentada, ausência de
definição corticomedular e desorganização da arquitetura interna do rim, semelhante
ao descrito na literatura para processos expansivos renais (BENNETT, 2004).
2.4 DOENÇA RENAL
Os rins, para garantir a adequada filtração do plasma, recebem
aproximadamente 25% do débito cardíaco, esse fluxo de sangue é considerado
maior que nos outros órgãos, e por isso, esse órgão possui uma alta taxa
metabólica, principalmente na região dos túbulos renais, devido a sua função de
reabsorver substâncias filtradas e secretar metabólitos e substâncias exógenas que
devem ser eliminadas. Com isso, as células tubulares ficam expostas a altas
concentrações de agentes potencialmente nefrotóxicos e se tornam mais
susceptíveis a danos. Esse prejuízo nos rins é chamado de doença renal e significa
presença de lesões morfológicas ou funcionais em um ou ambos os rins,
independentemente da extensão (GRAUER, 2005; LUNN, 2011).
A doença renal ocorre com grande frequência em cães e pode se manifestar
em forma de síndromes, que dependerá da sua rapidez e da adaptação do paciente
a perda da função renal, classificada como aguda ou crônica. A doença renal aguda
(DRA) caracteriza-se pelo declínio abrupto da função dos néfrons, ou seja, perda da
função renal de forma rápida e repentina, sem que haja tempo para resposta
compensatória no paciente. Esta síndrome clínica ocorre em consequência a um
desequilíbrio hídrico, eletrolítico, ácido-básico, e inabilidade em excretar compostos
nitrogenados resultantes dos processos metabólicos orgânicos, resultando em
azotemia agudamente (FLAMENBAUM, 1973; SINGRI, AHYA; LENIN, 2003).
A ocorrência de DRA em cães e gatos tem sido relatada, principalmente, em
ambiente hospitalar devido ao tratamento com fármacos nefrotóxicas, uso de
medicamentos que reduzem o fluxo sanguíneo renal, de diuréticos e hipoperfusão
renal em cirurgias e anestesias prolongadas (LUNN, 2011).
No entanto, na maioria dos casos de DRA há um ou mais fatores
predisponentes associados, como idade avançada, doença renal pré-existente,
29
insuficiência cardíaca e desidratação, que podem agravar a lesão renal (GRAUER,
2005; RUFATO, REZENDE-LAGO; MARCHI, 2011).
Animais com lesão renal aguda possuem um prognóstico que varia,
principalmente, de acordo com o diagnóstico e o tratamento precoce, pois a
manutenção da membrana basal é essencial para a regeneração das células
tubulares e recuperação do néfron (GRAUER, 2005; LUNN, 2011; ROSS, 2011).
Porém, na maioria dos casos o diagnóstico de DRA é tardio, o que faz com
que a taxa de mortalidade e o número de pacientes que evoluem para Doença Renal
Crônica (DRC) sejam muito elevados, resultando em um prognóstico desfavorável
(COOPER; LABATO, 2011; DIEHL; SESHADRI, 2008; DORVAL; BOYSEN, 2009).
A Doença Renal Crônica (DRC) é a principal afecção renal dos cães e
caracteriza-se como uma síndrome clínica de curso progressivo que evolui por um
período extenso, geralmente, persistindo por um período mínimo de três meses,
porém, pode durar por anos, onde acontece perda gradativa dos néfrons e,
consequentemente, da função renal (POLZIN; OSBORNE, 1995; RUBIN, 1997).
Esta afecção tem se mostrado ser bastante variável, pois ambos os sexos são
igualmente acometidos, não existe predileção racial, sendo encontrada em cães de
todas as faixas etárias, ou seja, tanto na forma juvenil como na forma senil, apesar
da doença renal primária em cães, geralmente, estar associada à senilidade
(ADAMS, 2003).
A DRC é observada com mais frequência em animais idosos, e por isso, por
muito tempo, foi considerada uma afecção de cães mais idosos. Estudos realizados
em animais com IRC mostraram que a idade média do diagnóstico varia de 6,5 a 7
anos nos cães, sendo a condição mórbida observada principalmente em animais de
faixa etária superior a sete anos (DIBARTOLA et al., 1987; ELLIOT; BARBER, 1998;
LEES et al., 1997; NOTOMI et al., 2006; RUBIN, 1997).
Sabe-se também, que cães jovens podem ser acometidos pela forma juvenil,
associada a doenças renais congênitas ou hereditárias, sendo mais frequente em
cães de raça definida. A nefropatia juvenil é uma doença renal não inflamatória,
degenerativa ou do desenvolvimento, que acomete cães com idade inferior a cinco
anos (COELHO et al., 2001; LEES, 1996; DE MORAES; DIBARTOLA; CHEW, 1996;
NOTOMI, et al., 2006).
30
Porém, sabe-se que a morbidade e mortalidade na DRC são predominantes
nos cães com idade mais avançada. Dessa forma, a suspeita de tal enfermidade
nem sempre é colocada entre os primeiros diagnósticos diferenciais em cães com
pouca idade, fazendo com que outros distúrbios mais comuns para faixa etária
jovem, como hemoparasitose, devido ao quadro de anemia, sejam considerados.
Por isso, a solicitação de diferentes exames complementares, como laboratoriais e
de imagem são muito importantes (MORAIS; DIBARTOLA; CHEW, 1996; LEES,
2004; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Em animais que apresentam DRC, a perda de função ocorre mais lentamente.
Inicialmente, enquanto os rins sofrem algum tipo de doença, há perda de um
pequeno número de néfrons, e o organismo cria respostas compensatórias. Inicia-se
um processo adaptativo com a ativação de mecanismos de hipertensão glomerular
compensatória (aumento do fluxo sanguíneo), hiperperfusão renal e hiperfiltração.
Isso resulta na hipertrofia, hiperplasia e intensificação da função dos néfrons
remanescentes, além de mudanças funcionais que levam a redução da resistência
vascular, assim como uma menor reabsorção tubular. Esta é uma resposta
adaptativa à redução no número de néfrons com a progressão da doença renal, na
tentativa de manter a produção de urina e suas demais funções, compensando os
néfrons perdidos (BROWN et al., 1997; CHURCHILL et al., 1992; GRAUER, 2010).
Porém, no decorrer da evolução da doença renal, com a persistência de um
problema primário, independente, da reversão dos danos morfológicos, a
recuperação da função renal é limitada porque as alterações estruturais nem sempre
são acompanhadas por recuperação funcional. Assim, o esforço repetitivo e
excessivo no início provoca um feedback positivo sobre a disfunção renal, mantendo
a homeostase por um determinado período, mas logo esse processo se torna um
quadro vicioso e é cessado pela falta de sucesso destas respostas fazendo com que
os pacientes com doença renal não consigam melhora significativa (GREGORY,
2006).
Além disso, essas mudanças funcionais levam a lesão adicional dos néfrons
restantes, em particular nos glomérulos destes néfrons. Dessa maneira, a perda de
néfrons leva a alterações morfofuncionais irreversíveis no parênquima renal
induzindo a perda definitiva de massa funcional e/ou estrutural de um ou ambos os
rins (GONIN-JMAA; SENIOR, 1995; POLZIN; OSBORNE, 1986).
31
À medida que a quantidade de néfrons diminui, ocorre o gradual aumento da
disfunção renal e a função renal fica comprometida. Geralmente, esta alteração
funcional do rim acontece dependendo do grau de comprometimento renal,
ocorrendo quando há perda de mais de 66% a 75% dos néfrons. Nesse estágio
pode-se observar redução da taxa de filtração glomerular (TFG) de até 50% em
relação ao seu normal, comprometendo a manutenção dos equilíbrios
hidroeletrolítico e ácido-básico e da capacidade de excreção de produtos resultantes
do metabolismo, além de interferir na síntese de várias substâncias (CONFER;
PANCIERA, 1998; NICHOLS, 2001; POLZIN; OSBORNE, 1986; POLZIN;
OSBORNE, 1995; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Nessa ocasião a DRC prolongada resulta na insuficiência dos rins, conhecida
pelo nome de insuficiência renal crônica (IRC), sendo uma afecção frequentemente
diagnosticada em cães, com prevalência de 0,5 a 7%, mostrando-se como uma
importante causa de morbidade e mortalidade nesses animais (BROWN et al.,
1997).
Na insuficiência renal há uma perda considerável dos nefróns, sendo mais ou
menos, 60% do total, ou seja, redução de três quartos ou mais da capacidade
funcional de ambos os rins. Isso faz com que o animal apresente aumento dos
compostos não nitrogenados na circulação sanguínea, podendo ocorrer com a
evolução das lesões: proteinúria, esclerose glomerular e perda de mais néfrons
funcionais (GRAUER, 2010; NEWMAN, THAKKAR; GALLACHER, 2000; POLZIN;
OSBORNE; ROSS, 2008; SPARGOS; HAAS, 1994).
O aumento dos compostos nitrogenados não proteicos na circulação é
chamada de azotemia, e quando essas substâncias promovem o surgimento de
sinais clínicos é chamado de uremia. Em animais com DRC o surgimento da
azotemia levando à síndrome urêmica demora mais para ocorrer, comparado com a
DRA, pois a perda de função ocorre mais lentamente e permite alterações
metabólicas adaptativas (OSBORNE; LULICH, 2008; POLZIN, 2008; SENIOR, 2001;
SHAW; IHLE, 1999).
O estágio final da insuficiência renal é chamado de falência renal e retrata a
disfunção máxima do órgão, caracterizada morfologicamente por marcada fibrose
glomerular, intersticial e atrofia tubular (GRAUER, 2010; SPARGOS; HAAS, 1994).
32
Visando melhor o entendimento da abordagem clínica da DRC, desde 2006
foi proposta uma nova terminologia pela Sociedade Internacional de Interesse Renal
(International Renal Interest Society- IRIS), segundo os estágios de evolução, pois é
uma doença de caráter progressivo e a disfunção renal é proporcional à gravidade
da doença, assim como o seu prognóstico (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Assim, é de suma importância à diferenciação entre os estágios da DRC para
se estabelecer condutas terapêuticas, a fim de melhorar a qualidade de vida,
retardar a progressão da doença, aumentar a expectativa de vida e reduzir as
complicações inerentes a sua evolução (POLZIN et al., 2005).
A IRIS propõe um sistema de classificação composto por quatro estágios de
evolução da DRC em cães e em gatos. Esses estágios foram estabelecidos
principalmente de acordo com as concentrações séricas de creatinina, pois esse
marcador de TFG ainda é considerado a melhor variável laboratorial para emprego
na rotina da clínica (International Renal Interest Society, 2015; POLZIN et al., 2005;
SANDERSON, 2009).
O estágio I da DRC define-se por estado não azotêmico, mas há alguma
alteração renal presente, tal como inabilidade renal de concentração urinária,
proteinúria renal e alterações renais ao exame de imagem e de biopsia. O estágio II
caracteriza-se pela presença de discreta azotemia em avaliações seriadas
(creatinina sérica entre 1,4mg dL-1 e 2,0mg dL-1 para cães). Pacientes nos estágios
I e II não apresentam manifestações clínicas de disfunção renal, à exceção de
poliúria e polidipsia (POLZIN et al., 2005).
O estágio III é definido pela presença de azotemia em grau moderado
(creatinina sérica entre 2,1mg dL-1 e 5,0mg dL-1 para cães). O paciente poderá
apresentar manifestações sistêmicas da perda de função renal. A progressão da
DRC nos pacientes desse estágio geralmente está ligada aos mecanismos de
progressão espontânea da doença (autoperpetuação), mas pode também se
relacionar às causas desencadeantes. O estágio IV caracteriza-se pela presença de
intensa azotemia (creatinina sérica superior a 5,0mg dL-1 para cães). Nesse estágio,
o paciente apresenta importante perda da função renal que pode estar relacionada à
falência renal e apresentar diversas manifestações sistêmicas da uremia como, por
exemplo, alterações gastrintestinais, neuromusculares ou cardiovasculares
(International Renal Interest Society, 2015).
33
Ainda, na classificação proposta pela IRIS (2009), há os subestágios e esses
estão relacionados à proteinúria renal e à hipertensão arterial sistêmica,
consideradas como fatores independentes de progressão da DRC e que interferem
no prognóstico e requerem intervenção terapêutica específica (POLZIN; OSBORNE;
ROSS, 2008; LEES et al., 2005; GRAUER, 2007; BACILA et al., 2010).
2.4.1 Etiologia das afecções renais
A partir do momento que se inicia o déficit da função renal, o exame do
paciente deve ser conduzido de modo a elucidar a causa envolvida, porém, os
processos iniciais desencadeante das afecções que afetam os rins são de difícil
determinação e estabelecimento. Isso porque, no momento do diagnóstico da
Doença Renal, geralmente, não é possível à identificação do agente etiológico, pois
a lesão é autoprogressiva, acarretando perda de células renais funcionais, que se
alteraram devido a processos adaptativos nos néfrons remanescentes (POLZIN;
OSBORNE; ROSS, 2008; McGROTTY, 2008; POLZIN; OSBORNE, 1988; RUBIN,
1997).
Na DRA em cães a causa pode ser tanto por desordens pré-renais, renais
intrínsecas e pós-renais. Segundo Nelson e Couto (2001), toxinas tubulares renais,
são responsáveis pela maioria dos casos de DRA primária em cães e gatos,
podendo chegar a 20-25% dos casos. Essas toxinas levam a predisposição de
isquemia renal e leva a um quadro de necrose tubular aguda (NTA). Os autores
descreveram que aproximadamente um terço dos cães com DRA tenham alguma
patologia pré-existente que leva a todos esses danos renais, como nefropatia devido
à intoxicação idiossincrática dos aminoglicosídeos, por exemplo (RIVERS et al.,
1996a).
Existe uma grande variedade de doenças que podem desencadear a DRC,
com perda progressiva e irreversível de um grande número de néfrons. Dentre os
principais grupos de doenças estão distúrbios: metabólicos, congênitos,
imunológicos, vasculares, glomerulares, tubulares e interstíciais renais, do trato
urinário inferior, hipertensão e infecções (GUYTON; HALL, 2002).
34
As lesões vasculares podem levar a isquemia renal e a morte do tecido renal.
Entre as lesões vasculares mais comuns estão a arteroesclerose das artérias renais
mais calibrosas, a hiperplasia fibromuscular de grandes artérias renais e a
nefroesclerose. Nas lesões glomerulares a causa mais comum são os processos
inflamatórios nesta porção funcional do rim, como a glomerulonefrite crônica. Entre
as lesões que acometem o interstício renal, normalmente, estão associadas uma
nefrite intersticial e podem ter origem primária ou secundária. As nefropatias
decorrentes das doenças do trato urinário inferior, podem ser por processos
obstrutivos ou por nefrites ascendentes, devido a processos imunológicos, como as
glomerulonefrites, ou ainda por agentes nefrotóxicos (GRAUER, 2010; GUYTON;
HALL, 2002).
O termo glomerulonefrite é tradicionalmente empregado para descrever o
grupo de doenças em que a lesão primária consiste em algum tipo de anomalia
estrutural do glomérulo. Apesar do sufixo “ite”, pela classificação de acordo com o
padrão histológico das alterações renais na doença glomerular, a maioria dos casos
de glomerulonefrite não é caracterizada por alterações inflamatórias. O dano ao
glomérulo pode ser grave, levando a fibrose permanente com atrofia dos túbulos
associados, ou até, alternativamente, algumas condições produzem anormalidades
temporárias, e seguindo-se a resolução, há restauração da função do néfron
((GRAUER, 2001; STEVENS; LOWE, 1998).
As afecções que levam a DRC podem ter origens distintas e por isso podem
ser classificadas como forma: familiar ou congênita (característica de algumas raças)
ou adquirida. Dentre as causas congênitas o animal já nasce com perda parcial ou
total da função renal. E na classificação de causas adquiridas estão aquelas de
origem infecciosa e tóxica (toxinas endógena ou exógena), imunomediada, por
desequilíbrios eletrolíticos (hipercalcemia e hipocalemia no felino) e traumática
(BROWN et al., 1997; GOLDFARB; ADLER, 2001; LUND et al., 1999; NOTOMI et
al., 2006; POLZIN, 2007; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; WATSON, 2001).
Também existe a classificação referente às causas de afecções renais, sendo
elas classificadas em desordens: primárias ou secundárias. As causas primárias se
referem a quando os néfrons vão se degenerando com o passar do tempo, e as
causas secundárias aparecem em consequência de um agente agressor, como por
exemplo, doenças com sintomas sistêmicos, entre elas, diabetes melito, lúpus
eritematoso, erliquiose, toxemia e miopatia de esforço, dentre outras, e também
35
afecções localizadas, como a piometra. No curso de doenças sistêmicas vários
fatores podem levar a alteração de estrutura morfológica dos glomérulos, podendo
ter lesão glomerular causada pelo acúmulo de imunocomplexos ou amilóide no
glomérulo. Essas lesões podem apresentar-se de forma suficientemente grave para
causar a morte do animal (CENTER et al., 1987; MACDOUGALL et al., 1986;
SPARGOS; HAAS, 1994).
Diversos fatores predisponentes estão envolvidos na IR, são eles: idade
avançada, febre, sepse, hepatopatia e diabetes mellitus (BEHREND et al., 1996).
Citam-se ainda fatores iatrogênicos, como o uso de aminoglicosídeos (gentamicina),
anti-inflamatórios não-esteroidais, anestésicos, nefrotoxinas e metais pesados.
Muitas doenças levam à insuficiência renal e, embora a fisiopatogenia dessas
doenças seja bem distinta, o insulto renal é o ponto comum entre elas (GRAUER,
2001).
2.4.2 Sinais clínicos da doença renal
Alterações clínicas importantes são causadas por diferentes lesões nos rins, e
dependem de sua extensão. Isso porque, este órgão possui grande capacidade de
reserva funcional, não necessitando da presença do número original de néfrons,
mas sim do suficiente para conseguir manter o seu papel. Portanto, mesmo sofrendo
algum tipo de lesão os sinais de doença renal só aparecerão mais claramente à
medida que a doença progride com o passar do tempo e depois que o número de
néfrons diminuir consideravelmente (LULICH, 2008; POLZIN; OSBORNE; ROSS,
2008).
Por isso, a maioria das vezes, os pacientes caninos são submetidos à
avaliação clínica quando a doença renal se encontra em estágio final de evolução e
a síndrome urêmica já se encontra instalada. Nessas condições, o prognóstico já é
considerado reservado (NICHOLS, 2001; NOTOMI et al., 2006; POLZIN; OSBORNE,
1986).
As manifestações clínicas da DRC são diversas, e ocorre devido à perda da
capacidade concentradora dos rins, e ao comprometimento da função de excreção
dos glomérulos de substâncias tóxicas, pela redução da filtração glomerular.
Consequente, causa o aumento das concentrações plasmáticas de substâncias
36
normalmente eliminadas pelos rins, resultando no gradativo acúmulo e retenção de
componentes nitrogenados não proteicos na circulação sanguínea, como a ureia,
creatinina, fósforo, amônia, gastrina, entre outros compostos (POLZIN; OSBORNE,
1988; POLZIN et al., 2005; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; RUBIN, 1997;
SPARKES, 1998).
Essas substâncias tóxicas contribuem, significativamente, para o
comprometimento da capacidade funcional de outros sistemas orgânicos, tais como
o digestivo, cardiovascular, esquelético, neurológico e hematopoético, entre outros,
levando a diversos sinais clínicos inespecíficos. Dessa maneira, o paciente pode
apresentar sintomas indicativos de alterações em diversos órgãos e sistemas, além
daqueles especificamente relacionados ao aparelho urinário, que podem acontecer
de forma isolada ou em conjunto (CHEW; DIBARTOLA, 1992; GRAUER, 2010;
POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; McGROTTY, 2008; SPARGOS; HAAS, 1994).
Alguns exemplos de achados clínicos são: tremores musculares, anorexia,
disorexia, desidratação, emagrecimento progressivo e inapetência, havendo o
comprometimento gradativo da condição corporal, do peso, e perda da qualidade de
vida, sendo a desnutrição a maior causa de morbidade e mortalidade em cães e
gatos com DRC nos estágios mais avançados (NELSON; COUTO, 2001; POLZIN,
2007; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Muitas vezes, o desenvolvimento de anemia também favorece a manifestação
de letargia, fraqueza muscular, anorexia e perda de peso (SHAW; IHLE, 1999;
SENIOR, 1994; SPARKES, 1998).
O paciente com DRC e com aumento dos compostos nitrogenados não
proteicos na circulação leva a síndrome urêmica que é responsável pela ação de
ureases bacterianas no intestino, liberando amônia, a qual tem ação cáustica direta,
que causa úlcera oral e distúrbios gastrintestinais, como enterocolite e/ou
gastrenterite (ulcerativa ou hemorrágica), má absorção de proteínas e carboidratos,
metabolismo alterado dos sais biliares e crescimento bacteriano. A toxemia pode
levar o paciente a apresentar vômito, pela estimulação da zona quimiodeflagradora
do vômito. Também acontece a redução na excreção da gastrina que,
consequentemente, causa aumento da secreção ácida gástrica levando a irritação
gastrointestinal secundária à vasculite urêmica. Os sinais clínicos apresentados
incluem: perda de peso, letargia, anemia, depressão, inapetência, náusea, anorexia,
intolerância a carboidratos, distúrbios neurológicos, distúrbios gastrintéricos
37
(diarreia), e processos inflamatórios que predispõem fibrose e esclerose renais,
tendo características irreversíveis (FINCO, 1995).
Pacientes com DRC produzem quantidades de urina significativamente
maiores do que os cães normais, ou seja, apresentam poliúria, como consequência
da perda da capacidade de concentrar água, pois, dois terços da capacidade
funcional de ambos os rins encontra-se prejudicada levando ao alto fluxo de filtrado
nos néfrons remanescentes e a perda da hipertonicidade do interstício da medula
renal. Nesses casos a poliúria também esta correlacionada com a necessidade de
remoção de uma carga anormal de soluto na DRC (FINCO, 1995; POLZIN;
OSBORNE, 1995; RUBIN 1997).
Isso leva os receptores neurais a detectarem desidratação celular e estimula
diretamente o centro da sede, desencadeando polidipsia compensatória, mesmo
quando o animal se apresenta desidratado. O desequilíbrio hídrico em cães com a
presença de poliúria com polidipsia compensatória está entre as primeiras
manifestações clínicas de IRC. A desitradação acontece quando o animal não
consegue acompanhar as perdas por ingestão de líquidos devido à incapacidade
dos rins em reabsorver água, sendo responsável pelas manifestações clínicas, tais
como prostração, fraqueza, constipação (principalmente no felino) e
anorexia/disorexia (GONZÁLEZ; SILVA, 2003; GRAUER, 2001; MAY e LANGSTON,
2006; NOTOMI, et al., 2006; POLZIN, 2007; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008;
SENIOR, 1994).
Na maioria dos casos as alterações na urina (aumento ou diminuição) não
são observadas pelo proprietário, sendo mais frequentemente observadas as
alterações clínicas (MEAK, 2003). Porém, alguns estudos dizem que as principais e
primeiras manifestações clínicas observadas pelo proprietário de cães com DRC
estão relacionados à diminuição da capacidade de concentrar a urina (POLZIN et al.,
2005). Em outro estudo, poliúria e polidipsia compensatória, êmese, anorexia/
disorexia, foram os principais sinais observados pelos proprietários (NOTOMI, et al.,
2006; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
O quadro de acidose metabólica está relacionado com as alterações
cardiovasculares, desmineralização óssea, osteodistrofia renal, exacerbação da
azotemia, aumento do catabolismo de proteína da musculatura esquelética, com
perda de massa muscular e alterações do metabolismo intracelular, além do
38
aumento da amoniagênese renal e da consequente, lesão das células tubulares
(POLZIN, 2007; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
A acidose metabólica é um distúrbio ácido-básico frequentemente observado
na IRC, sendo resultante, em uma fase inicial, à diminuição da reabsorção renal nos
túbulos renais do bicarbonato presente no filtrado glomerular e a reduzida secreção
de íons hidrogênio pelos túbulos renais, e, em uma fase posterior, em da
incapacidade renal excreção de amônio pelos néfrons remanescentes. A diarreia
agrava a acidose pela perda de bicarbonato no intestino (GONZÁLEZ e SILVA,
2003). (CHEW; MORAIS; DIBARTOLA, 2003).
A acidose metabólica contribui para o desenvolvimento do
hiperparatireoidismo secundário renal. Na tentativa de manter o equilíbrio ácido-
básico, o organismo mobiliza ainda mais cálcio presente nos ossos, agravando o
quadro de hiperparatireoidismo secundário renal e levando a osteodistrofias. O
aumento do nível de fósforo circulante também pode levar a patologias ósseas. A
hiperfosfatemia impede que o fígado converta a vitamina D, levando a diminuição da
absorção do cálcio pelos rins, podendo causar reabsorção de cálcio da reserva
fisiológica, nos ossos, levando o animal a apresentar osteoporose (CHEW;
DIBARTOLA, 1992; SENIOR; CHURCHILL et al., 1992; POLZIN; OSBORNE, 1995;
SENIOR, 1994).
Dispnéia é um sinal clínico relevante em cães com IR e, provavelmente, seja
decorrente do aumento da permeabilidade vascular e da acidose metabólica
(CONFER e PANCIERA, 1998; HOUPT, 1993; PÖPPL, GONZÁLEZ e DA SILVA,
2004).
Em animais urêmicos observa-se diminuição na imunidade contra agentes
infecciosos, como resultado de respostas inflamatórias alteradas (depressão da
função leucocitária) e de um defeito na imunidade celular, deixando esses pacientes
em um quadro de deficiência imunológica, altamente susceptíveis a infecções
(NELSON; COUTO, 2001).
A acidose metabólica, alteração nas barreiras mucosas e a má nutrição
também podem contribuir para o enfraquecimento das defesas do animal, por esse
motivo, a prevenção de qualquer infecção é essencial (GONZALES; SILVA, 2006).
Em pacientes com IRC avançada pode ocorrer disfunção do sistema nervoso
como apatia, sonolência, letargia, tremores, desequilíbrio na ambulação, convulsões,
estupor e coma (MACIEL; THOMÉ, 2006).
39
A hipertensão arterial é outra das complicações que podem ser observadas
durante a evolução da IRC. Geralmente, a hipertensão é clinicamente assintomática
ou somente é detectada quando os pacientes exibem manifestações oculares
(POLZIN; OSBORNE, 1995; RUBIN, 1997).
A hipertensão existe quando a pressão sistólica sanguínea ultrapassa
184mmHg, ou quando a pressão diastólica sanguínea ultrapassa 130mmHg, ou
ainda quando a pressão arterial média ultrapassa 152 mmHg em cães, em três
mensurações com um intervalo mínimo de uma semana para cada mensuração
(POLZIN; OSBORNE, 1995; RUBIN, 1997).
Valores de pressão arterial sistólica acima de 150 à 160 mmHg já podem
apresentar risco para o desenvolvimento de lesões de órgãos-alvo, tais como olhos,
rins, coração e cérebro (BROWN et al., 2007).
Acredita-se que a hipertensão arterial desempenhe um papel importante na
progressão da lesão renal, na hipertrofia cardíaca e em manifestações neurológicas,
porém, ainda não existem provas conclusivas (POLZIN; OSBORNE, 1995).
Cães com injúria renal progressiva tem perda de proteína pela urina
(proteinúria), e dependendo da gravidade da perda, pode ser observado edema e/ou
ascite. Constata-se que pacientes com proteinúria e/ou hipertensão podem
apresentar manifestações clínicas relacionadas a esses aspectos já nos estágios
precoces da doença, assim como podem progredir rapidamente para maior perda de
massa renal funcional (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; POLZIN et al., 2009).
No exame físico em pacientes com afecções renais podemos encontrar
hipotermia e ulcerações em boca, mas podem variar de acordo com a causa, como
por exemplo, animal pode apresentar aumento em temperatura devido doenças
infecciosas como a leptospirose. Na palpação abdominal podem ser observadas
alterações como aumento da dor e da sensibilidade dos rins, porém, ausência de
sensibilidade dolorosa ou mesmo de alterações anatomias detectáveis durante a
palpação desse órgão não descarta a possibilidade de injurias renais (MEAK, 2003).
A desidratação pode ser identificada no exame físico pelo ressecamento das
mucosas, perda da elasticidade cutânea e enoftalmia (AIELLO, 2001; ANDRADE,
2002; BROWN et al., 1997; CHEW; DIBARTOLA, 1992; BRAUN; LEFEBVRE, 2008;
KRONFELD, 1993; NICHOLS, 2001; PONZIN; OSBORNE, 1986; SENIOR, 1994).
40
2.4.3 Exames complementares para o diagnóstico de afecções renais
O diagnóstico de doenças renais é embasado na anamnese, exame físico, na
busca de detecção de manifestações sistêmicas observadas no exame geral, e
sinais clínicos, em associação aos achados laboratoriais, como, exames de sangue
e urinálise (CHEW; MORAIS; DIBARTOLA, 2003).
A avaliação da disfunção renal é feita através de exames laboratoriais
especiais de provas da função renal que avaliam os marcadores sanguíneos e
urinários. Estes testes podem trazer subsídios para o auxílio do diagnóstico da
afecção renal com boa acuidade, sendo eles: o hemograma, na definição do tipo de
anemia, bioquímico renal que mensura a ureia e creatinina sérica, dosagem de
eletrólitos, como a determinação da concentração sérica de fósforo inorgânico, e
urinálise, que detecta proteinúria e mensura a densidade urinária (BEHREND et al.,
1996; NOTOMI et al., 2006; POLZIN et al., 2005; SANDERSON, 2009).
Estas investigações também tem por finalidade a identificação de potenciais
etiologias subjacentes da DRC (que podem necessitar de terapia específica),
identificar complicações que sejam decorrentes da DRC e identificação de doenças
concomitantes (SPARKES, et al. 2016).
Em alguns casos o diagnóstico de DRC é pautado pela aferição da pressão
arterial e pela observação de presença lesões estruturais nos rins por meio de
exames de imagem como ultrassonografia renal e exame radiográfico abdominal
simples e contrastado (urografia excretora), além de biopsia e histopatologia
(BEHREND et al., 1996; McGROTTY, 2008; POLZIN et al., 2005; SANDERSON,
2009).
A urinálise e a determinação das concentrações séricas de creatinina e ureia
são métodos convencionais utilizados para a avaliação da função renal
(STRASINGER, 2000), porém, é importante ressaltar que em certas doenças
específicas, como na DRC, os exames utilizados para a detecção de afecção renal
na rotina clinica veterinária, como os exames de hemograma e bioquímico sérico,
são considerados pouco sensíveis e tardios, pois se alteram apenas quando há
dano renal considerável, com perda de 70 a 75% dos néfrons funcionais. Por isso,
faz-se necessário o emprego de testes que auxiliem no diagnóstico precoce da
41
injúria renal crônica e que possibilitem a estabilização da doença já instalada (DIAS,
2014).
Entre os exames complementares capazes fazer a avaliação renal, fornecer
informações sobre função renal e detectar lesões renais precocemente estão os
testes laboratoriais de urinálise e a relação proteína/creatinina urinária (UPC) (DIAS,
2014).
Dentre as principais alterações laboratoriais normalmente encontradas em
cães com IRC incluem-se: aumento das concentrações séricas de ureia e creatinina,
hiperazotemia, alterações eletrolíticas, como hiperfosfatemia, aumento sérico de
paratormônio (PTH), acidose metabólica, hipoalbuminemia, hipertensão e aumento
sérico de amilase e lipase na medida em que a função renal diminui, e anemia não-
regenerativa moderada a grave (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; McGROTTY,
2008).
A avaliação clínica e laboratorial do paciente com DRC, nos diferentes
estágios da evolução da doença, pode auxiliar na melhor indicação de terapia de
prevenção e manutenção, com os objetivos de diminuir a velocidade de progressão
da doença e alcançar melhor qualidade de vida (WAKI et al., 2010).
Um biomarcador simples e preciso para avaliar a função renal não existe
atualmente. Assim, em prática clínica a combinação de azotemia e uma densidade
urinária baixa inadequada são rotineiramente utilizado para diagnosticar DRC. No
entanto, a sua interpretação nem sempre é fácil (FINCH, et al. 2014; BARAL, et al.
2015).
2.4.3.1Hemograma
O hemograma compreende o eritrograma, o leucograma e a contagem de
plaquetas. Esse exame pode auxiliar na determinação da causa da IR, apesar de
serem encontradas alterações inespecíficas (SHAW; IHLE, 1999; MEAK, 2003).
O eritrograma da grande maioria dos animais com IRC, mostra
frequentemente, anemia, classificada como normocítica, normocrômica e não-
regenerativa, que deve-se, principalmente, aos efeitos da lesão renal
comprometendo a síntese de eritropoietina renal (COWGILL, 1998; KING et al.,
1992; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; PÖPPL; GONZÁLEZ; DA SILVA, 2004;
SHAW; IHLE, 1999).
42
Outros mecanismos também podem estar envolvidos na gênese da anemia,
por exemplo, redução do tempo de vida das hemácias pelo aumento de níveis
séricos de ureia, hemorragia pelo trato gastrointestinal causada pela uremia,
tendência hemorrágica devido a disfunção plaquetária e efeito das toxinas urêmicas,
e inibição da eritropoese pela ação do hormônio paratireoidiano (PETRITES-
MURPHY et al., 1989).
O hematócrito observado pode estar mascarado pela desidratação, ou seja, o
seu valor e das proteínas plasmáticas podem estar aumentados pela própria
desidratação (GARCIA-NAVARRO; PACHALY, 1994).
No leucograma pode estar presente leucocitose, com ou sem desvio à
esquerda, e monocitose, indicando a etiologia do problema, como a presença de
infecção sistêmica ou localizada, além da toxicidade da uremia (SHAW; IHLE, 1999).
O aumento no número de monócitos circulantes observados em alguns casos
também evidencia processos inflamatórios crônicos (GARCIA-NAVARRO ;
PACHALY, 1994).
Neutrofilia com desvio à esquerda é um bom sinal de reação do organismo e
varia conforme a demanda tecidual por defesa, mostrando a gravidade do processo
inflamatório/infeccioso (GARCIA-NAVARRO e PACHALY, 1994).
O depauperamento orgânico nos casos mais avançados de IRC, a
desnutrição calórica-protéica dos pacientes com distúrbios digestivos e o estresse
crônico resultante da contínua liberação de cortisol justificam a hipoalbuminemia e o
leucograma de estresse (neutrofilia, com neutrófilos maduros e linfopenia)
encontrados em parte dos pacientes, não estando intrinsecamente relacionados à
evolução da IRC (FELDMAN, 1995).
2.4.3.2 Exame bioquímico e eletrólitos do sangue
A função renal juntamente com a filtração glomerular pode ser estimada pelo
exame bioquímico do soro sanguíneo medindo a concentração de compostos
nitrogenados séricos, principalmente a creatinina e ureia, que são resíduos
nitrogenados do catabolismo de proteínas (BEHREND et al., 1996).
A produção diária de creatinina é proporcional à massa muscular do indivíduo.
A creatinina é um indicador mais confiável que a ureia, por não sofrer excreção nem
43
reabsorção tubular e a dieta não altera a sua concentração, não sofrendo esta
influência. A reabsorção tubular passiva, estados catabólicos, hipertermia, dieta,
sangramento intestinal, uso de anabolizantes e insuficiência hepática, dentre outros
fatores, afetam os níveis circulantes de ureia, e por isso, seus níveis plasmáticos
não refletem especificamente a função glomerular, por sofrerem grande influência de
fatores não renais (DIBARTOLA, 1997).
Essas alterações bioquímicas de aumento de ureia e creatinina refletem uma
elevação gradual da disfunção renal com redução na taxa de filtração glomerular
(TFG) e função tubular, além da deficiência na filtração glomerular ou eliminação na
urina, pois a creatinina deveria ser reabsorvida por capilares venosos e linfáticos
renais. A diminuição da TFG varia inversamente proporcional a concentração sérica
de creatinina (BODEY; MITCHEL, 1996; WATSON; CHURCH; FAIRBURN, 1981).
Entretanto, a avaliação da concentração plasmática de creatinina só se eleva
quando cerca de três quartos dos néfrons estão afuncionais, não detectando
alterações tubulares com antecedência suficiente para prevenir o desenvolvimento
da necrose tubular aguda, Apesar disso, a creatinina é muito usada como indicador
renal efetivo, por sua mensuração ser barata e simples (CLEMO, 1998; GRECO et
al., 1985; GOLDFARB; ADLER, 2001; PALACIO; LISTE; GASCON, 1997).
Somados a retenção de compostos, como a creatinina e ureia, e de ácidos
metabólicos, podem ocorrer em paciente com injúrias renais, variações séricas de
cálcio (Ca) e fósforo (P). Isso acontece devido, a alterações na reabsorção tubular
de cálcio, levando a diminuição da concentração de cálcio ionizado (hipocalcemia) e
a diminuição da capacidade de excreção do íon fosfato (P), apresentando
concentrações elevadas de fósforo (hiperfosfatemia), com a redução da TFG,
progressivamente. O aumento de fósforo também resulta na diminuição da síntese
de calcitriol., dessa forma, o paciente começa a apresentar ainda mais diminuição
dos níveis séricos de cálcio (BARBER; ELLIOT, 1998; BROWN et al. 1997; POLZIN;
OSBORNE, 1995).
A mensuração de cálcio e fósforo é importante no monitoramento da doença
renal pois reflete o comprometimento da função renal em excretar e reabsorver
esses eletrólitos, e o consequente desequilíbrio, perturbações e instabilidade na
homeostase/balanço/relação cálcio/fósforo. A dosagem de fósforo no soro serve
também como uma boa ferramenta no diagnóstico de afecção renal precoce, porque
sua concentração plasmática mostra-se aumentada precocemente, antes mesmo de
44
ocorrer a perda de três quartos da capacidade funcional dos néfrons, ou seja, antes
de ocorrerem aumentos nos níveis de creatinina e ureia (POLZIN; OSBORNE;
ROSS, 2008; YAPRE; FORRESTER, 1994).
O cálcio presente no sangue encontra-se ligado a proteínas plasmáticas
(principalmente albumina), formando complexos com pequenos ânions ou sob a
forma ionizada livre. Só o componente ionizado é fisiologicamente ativo, exercendo
diferentes funções no organismo, sendo regulado pelo PTH. A concentração de
cálcio ionizado, de um modo geral, reflete a concentração sérica de cálcio total. Este
componente é filtrado pelos glomérulos e amplamente reabsorvido pelos túbulos,
recuperando mais de 90% do cálcio filtrado em animais sadios. O fósforo é o sexto
elemento mais abundante no organismo e, dentre suas inúmeras funções, pode ser
destacado o fornecimento de energia para as atividades celulares (BARBER;
ELLIOT, 1998; CHEW; NAGODE, 1990; FAVUS; LANGMAN, 1986; ROSOL et al.,
1995; ROSOL; CAPEN, 1996).
Quando há alteração no metabolismo do cálcio e fósforo e o valor das suas
concentrações séricas fica muito alta, existe o risco de haver precipitação de fosfato
de cálcio em tecidos moles, contribuindo para calcificação metastática. Essa
precipitação de cálcio distrófica pode ocorrer também no próprio tecido renal,
principalmente, nas células renais e nas membranas basais tubulares e
glomerulares, levando ao desenvolvimento de nefrocalcinose. Essa mineralização
renal desencadeia um processo inflamatório, aumentando assim a perda de células
tubulares renais funcionais, agravando ainda mais o funcionamento do órgão e o
quadro de IRC (GRAUER, 2001; ZATS, 2000).
Além da hiperfosfatemia, outros fatores, como a acidose e outros compostos
presentes em pacientes em estado urêmico, podem alterar a concentração de cálcio,
contribuindo para a formação de complexos com cálcio (KOJIKA et al., 2003).
A hiperfosfatemia pode indicar, de forma indireta, a ocorrência de
hiperparatireoidismo secundário nos cães, causado pela progressão da doença renal
(FINCO; BROWN; CROWELL, 1996; LAZARETTI et al., 2006; MEAK, 2003;
NASSAR, 2000).
Outras alterações podem ser observadas em cães com DRC, são:
hipercalemia ou hipocalemia, hipercolesterolemia e hiponatremia (DIBARTOLA et
al., 1987; ELLIOT; BARBER, 1998; KOGICA, 2003; PHILLIPS; POLZIN, 1998;
45
POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; MARKS; TABOADA, 2002; NASSAR, 2000;
WELTHON; WATSON; ROCK, 1998).
As concentrações séricas de sódio (Na) e potássio (K) são mantidas no
organismo dentro de estreita variação e para a manutenção de sua homeostase
grande parte do sódio e potássio filtrado é reabsorvida. Nos rins, o movimento de
água está relacionado, de várias maneiras, ao transporte de sódio. A reabsorção de
sódio no túbulo proximal se produz de modo isosmótico e está regulada para manter
o volume sanguíneo, enquanto que na porção espessa ascendente da alça de
Henle, a reabsorção do sódio sem água constitui a base tanto para a excreção do
excesso de água, como para a conservação da água mediante produção de urina
diluída ou concentrada (GLEADHILL; MITCHELL, 1999). (CHEW; DIBARTOLA,
1992).
Pacientes com IRC sofrem alterações importantes que comprometem a
homeostase do sódio. Animais acometidos por IRC apresentando lesão renal
caracteristicamente túbulo-intersticial crônica têm uma perda severa de sódio, mas
pacientes com lesões, predominantemente, glomerulares apresentam uma suave de
perda de sódio (TOTO; SELDIN, 1992).
A perda da capacidade de manter o balanço de sódio na IRC ocorre quando a
TFG cai para menos do que 10% do valor normal. Porém, já foram evidenciadas
concentrações séricas de sódio em animais insuficientes renais crônicos
significativamente menores em relação aos animais normais (CHEW; DIBARTOLA,
1992).
Pelo menos 98% do potássio encontrado no organismo está dentro das
células e estas têm um papel relevante nos mecanismos de regulação do íon.
Entretanto, o balanço depende dos rins. O potássio é filtrado pelo glomérulo e
parcialmente reabsorvido no túbulo proximal juntamente com outros eletrólitos que
participam da reabsorção isosmótica de líquido e parte deste pode ser secretado no
túbulo distal (BERLINER; GLIEBISH, 1998).
A avaliação da função renal pode ser feita pela dosagem das concentrações
séricas de sódio e potássio; contudo, a capacidade reguladora dos cães faz com que
as alterações séricas só ocorram tardiamente, devido ao mecanismo tubular
compensatório ser capaz de manter a homeostase de sódio e potássio até estágios
tardios de IRC (CHEW; DIBARTOLA, 1992; MARTÍNEZ; CARVALHO, 2010).
46
A hipocalemia ocorre, ocasionalmente, nos cães com IRC sendo resultado da
alteração na homeostase hídrica (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008), já nos felinos
é um achado relativamente comum, sendo responsável pelo quadro de polimiopatia
com fraqueza muscular generalizada e ventroflexão do pescoço. A hipercalemia é
consequência da alteração na excreção de eletrólitos ou da acidose (RUBIN, 1997;
SPARKES, 1998).
Os rins de cães com DRC em estágios iniciais podem manter a excreção
urinária dos eletrólitos em valores semelhantes aos dos normais, mantendo a
homeostase do Ca, Na, P e K, graças aos mecanismos compensatórios renais. O
mecanismo envolve aumento da excreção fracionada na medida em que haja
diminuição da filtração glomerular. Esse processo de compensação, entretanto,
pode perder a eficiência nos estágios mais avançados da enfermidade no que se
refere à manutenção das concentrações séricas de fósforo e sódio. Entretanto,
alguns estudos apontam que a avaliação da excreção renal de Ca, P, Na, e K pode
evidenciar déficit da função renal mesmo nos estágios iniciais da doença renal
crônica, podendo ser empregada como meio para diagnóstico precoce de
insuficiência renal (MARTÍNEZ; CARVALHO, 2010).
A caracterização da função renal nos processos de excreção de sódio,
potássio, cálcio e fósforo, de acordo com o estágio da DRC, pode trazer
fundamentação para intervenções terapêuticas mais efetivas (MARTÍNEZ;
CARVALHO, 2010).
Essa grande variabilidade na frequência e intensidade das variáveis
analisadas é devido às próprias características da IRC, de início insidioso,
lentamente progressiva e de longa duração (NOTOMI et al., 2006).
Na IRC primária, o aumento das toxinas na circulação pode levar a
pancreatite urêmica, sendo observado aumento na atividade sérica das enzimas
amilase e lipase pancreáticas (hiperamilasemia) (POLZIN; OSBORNE; ROSS,
2008).
2.4. 3. 3 Urinálise
47
A urinálise é composta de três partes: propriedades físicas, propriedades
químicas e avaliação dos sedimentos (SINF; FELDMAN, 2006; GARCIA-NAVARRO,
1996).
A urina, para a realização da urinálise, pode ser coletada durante a micção do
animal (amostra na metade da eliminação), por cateterização, ou por cistocentese.
Esta última é preferível, por evitar a contaminação da amostra pela uretra ou trato
genital. Esta é feita através da inserção de uma agulha na bexiga e aspirando-se a
urina, via seringa. Esta técnica é de simples realização quando a bexiga é palpável,
o risco existente de indução de infecção é desprezível, e é bem tolerada pelos cães
e gatos. Entretanto, em animais apresentados para a avaliação da hematúria,
poderá ter utilidade a primeira avaliação de amostra coletada durante a micção,
porque outros métodos de coletada de urina podem acrescentar eritrócitos à
amostra, em decorrência do traumatismo. A urinálise deve ser realizada em urina
fresca, sempre que possível. A urina refrigerada deve ser aquecida a temperatura
ambiente, antes de ser avaliada. Porém, isso pode dissolver alguns cristais amorfos.
Sempre deve-se levar em consideração o método de coleta da amostra, pois este
pormenor pode influenciar a interpretação (SINF; FELDMAN, 2006).
As análises físicas da urinálise incluem cor, volume, aspecto e gravidade ou
densidade específica da urina. A análise química utiliza o princípio da química
reagente seca, chamada de tiras ou fitas para mergulhar. Essas fitas são de plástico
e possuem seis a dez pequenos quadrados de papel aderidos. Os reagentes
químicos são impregnados em todos os pequenos quadrados de teste, cada um
deles é quimicamente diferente e impregnado com um indicador de cor visível. O
teste é realizado mergulhando-se a tira em uma amostra de urina e as reações
químicas são observadas pela alteração de cor em intervalos estabelecidos (SINF;
FELDMAN, 2006).
A densidade específica da urina é um teste de triagem utilizado para
avaliação da função renal, sendo considerada um dos métodos mais práticos e
sensíveis para indicar precocemente um acometimento renal, pois suas alterações
podem ocorrer antes das observadas na bioquímica sérica, podendo acontecer mais
precocemente até que a atividade da GGT urinária, segundo alguns estudos
(REYERS, 2003; SANTIN; AMARAL; TAKAHI, 2006).
Este teste indica a concentração total de solutos na urina, aumentando com o
incremento de concentração de solutos, portanto, reflete a capacidade do rim em
48
concentrar ou diluir a urina. A densidade específica corresponde a proporção do
peso de um fluido em relação a igual volume de água e pode ser determinada por
gravimetria ou refratometria (TRAHLL; BAKER; CAMPBELL, 2009).
Os solutos encontrados na urina são os íons e moléculas dissolvidas,
incluindo, em sua maioria, eletrólitos e produtos metabólicos, como ureia e
creatinina. A concentração desses solutos no filtrado é modificada pela sua
reabsorção ou secreção tubular e pela reabsorção da água do filtrado (STOCKHAM;
SCOTT, 2011).
Na avaliação da mensuração da densidade urinária, o valor normal
encontrado é de 1,015 a 1,045, para cães. Geralmente, o valor obtido da densidade
em pacientes com DRC é semelhante à do soro (isostenúria), ou seja, a densidade
está diminuída entre 1,008 a 1,012, sendo esse valor de densidade urinária baixa
uma das primeiras manifestações clínicas da DRC, principalmente em cães. Isso
reflete a inabilidade renal em concentrar a urina. A isostenúria ocorre quando há
lesão renal superior a 66% (AIELLO, 2001; McGROTTY, 2008; POLZIN; OSBORNE;
ROSS, 2008; REINE; LANGSTON, 2005).
Essa variável pode sofrer alterações devido ao peso, grau de hidratação,
ingestão hídrica, dieta, exercício, idade, condições climáticas e metabolismo do
animal. É influenciada não apenas pelo número de partículas de soluto por unidade
de volume, mas, principalmente, pelo peso de cada partícula (LOPES; VEIGA,
2003).
A presença de qualquer componente/substância na urina deve ser
interpretada juntamente com a densidade. Isto é particularmente válido,
principalmente, para proteínas e glicose, pelo potencial significado clínico
representado pela detecção destas substâncias em urinas diluídas. Assim, uma
urina com 4+ de proteína é mais grave em uma densidade de 1.010 do que em uma
densidade 1.045 (DIBARTOLA, 1997).
Urinas de cães normais, com densidade urinária acima de 1.025, apresentam
pequenas quantidades de proteínas, geralmente entre traços a 1+. Entretanto, as
concentrações urinárias com densidade abaixo do normal com perda proteica
clinicamente significativa, possivelmente indicam lesão renal (STRASINGER, 2000).
A perda de proteínas na urina pode ocorrer tanto por filtração a nível
glomerular, como pela liberação de proteínas de células do néfron ou do trato
49
urinário inferior na injúria renal (BRAUN; LEFEBVRE, 2008; PALACIO; LISTE;
GASCON, 1997).
A proteinúria a nível glomerular é consequência da passagem transglomerular
anormal de proteínas devido ao aumento da permeabilidade dos capilares
glomerulares, em reflexo a glomerulopatias. Isso resulta no sobrecarga dos
mecanismos reabsortivos das células epiteliais dos túbulos proximais. Em condições
fisiológicas, as proteínas séricas de baixo peso molecular e uma fração da albumina
passam pela barreira glomerular e são, em maior parte, reabsorvidas pelas células
tubulares renais. Quando há alterações moderadas na permeabilidade da barreira
glomerular, ocorre passagem principalmente de proteínas carregadas
negativamente, como à albumina. A presença de albumina e de frações de proteínas
de alto peso molecular no lúmen tubular intensifica a saturação das células
tubulares, induzindo à perda destas proteínas. À medida que o dano glomerular
intensifica-se, ocorre um aumento gradativo na permeabilidade da barreira
glomerular, promovendo uma maior excreção de proteínas de alto peso molecular
pela urina (D’AMICO; BAZZI, 2003).
Proteinúria não é apenas consequência de injúria renal progressiva, como
também um fator desencadeante de agressão, contribuindo diretamente para a
lesão renal e, em particular para a doença tubular e intersticial (ZANDINEJAD et al.,
2004).
Segundo Newman, Thakkar e Gallacher, (2000), existem evidências de que o
excesso de proteínas no filtrado, decorrente de lesão glomerular, possa ter
importante papel no estímulo inicial para a inflamação intersticial e suas
consequências, devendo-se, principalmente, ao tipo de proteína presente, e não
tanto pelo excesso desta substância no filtrado.
Assim, a presença de proteínas no filtrado glomerular pode alterar o
comportamento das células tubulares causando dano direto e apoptose pela
inflamação e fibrose, as quais podem ser decorrentes da síntese de matriz proteica,
de citocinas e de quimiocinas pelas células tubulares, quando expostas a proteínas
que deveriam ser filtradas (BURTON et al., 2001).
Da mesma maneira, a resposta celular ativa levaria à injúria intersticial; e por
fim, a produção aumentada de moléculas fibrogênicas, como o fator de crescimento
50
e transformação β (TGF-β) ou endotelina-1 (ET-1) promoveria a deposição de
substância mesangial e alterações hemodinâmicas (ZANDI-NEJAD et al., 2004).
A proteinúria pode estar associada a esclerose glomerular, como foi
demonstrado em um estudo morfológico dos rins de três cães de uma mesma
ninhada, sendo identificada fibrose glomerular marcada por aumento na matriz
mesangial e presença de fibras de colágeno nas regiões mesangiais e
subendoteliais (KOEMAN; BIEWENGA; GRUYS, 1994).
A quantificação da proteinúria ajuda na avaliação das lesões renais, sendo o
grau de proteinúria reflexo da severidade da doença, que juntamente com a
eletroforese das proteínas da urina e do soro é útil para o estabelecimento de um
prognóstico (BRAUN; LEFEBVRE, 2008; PALACIO; LISTE; GASCON, 1997).
Proteinúria ausente ou discreta, bem como a ausência de cilindros hialinos ou
granulosos na maioria dos casos, indicam a inexistência de doença renal ativa, ou,
se existente, de mínimo grau (CHEW; DIBARTOLA, 1992; NOTOMI et al., 2006).
A razão ou relação proteína/creatinina urinária (UPC) é considerada um teste
para detecção de lesão renal precoce, pois se altera nos períodos iniciais da DRC
(DIAS, 2014; GRAUER, 2001). A sua determinação é indicada devido à
necessidade de classificar a magnitude da proteinúria, o que não é possível com o
método de química seca, utilizado na fita reagente. A UPC é um método
considerado quantitativo, e o método padrão-ouro é determinado pela técnica em
que se utiliza o corante azul brilhante de Coomassie (BRADFORD, 1976; GRAUER,
2007; LEES et al., 2005).
Um estudo desenvolvido em cães demonstrou que valores de UPC normais
estão entre 0,2 e 0,3 ou menos (GRAUER; THOMAS; EICKER, 1985).
A classificação do paciente como proteinúrico, como também a preconização
inicial de terapia específica, deve ser realizada somente após a identificação e
exclusão de fatores pré e pós-renais de perda urinária de proteína e, ainda, a
confirmação de sua persistência pela determinação do valor da UPC em diferentes
momentos ou atendimentos clínicos (duas a três ocasiões com intervalo mínimo de
15 dias) (POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008).
Assim que a proteinúria foi identificada, é necessário determinar qual é a sua
origem. A proteinúria fisiológica ou benigna é transitória e pode ocorrer em casos de
exercícios pesados, febre, convulsões, exposição a temperaturas extremas e
51
estresse. O mecanismo pelo qual ocorre ainda não está elucidado, mas sabe-se que
envolve vasoconstrição renal transitória, isquemia e congestão (GRAUER, 2007;
GRAUER, 2011).
Quanto a proteinúria patológica, o trato urinário pode ou não estar envolvido.
Anormalidades não urinárias podem causar proteinúria. A proteinúria é então
classificada por pré-renal, e isso pode ocorrer em processos neoplásicos específicos
como mieloma múltiplo ou plasmocitoma (proteínas Bence-Jones), em casos de
hemólise intravascular (hemoglobinúria) ou em miopatias graves (mioglobinúria)
(LESS et al., 2005; SYME, 2009), e proteinúria pós-renal, estando relacionada com
inflamações no trato urinário inferior ou hemorragias. O sedimento da urina deve
sempre ser analisado, afim de certificar a presença de uma inflamação (piúria,
hematúria, bacteriúria, células epiteliais de transição) (GRAUER, 2007; GRAUER,
2011).
A proteinúria persistente de origem renal é um importante marcador de
enfermidade renal crônica em cães e gatos, sendo que o aumento do valor da UPC
pode ocorrer com a progressão da DRC, assim como diminuir em reposta à terapia
específica (GRAUER; THOMAS; EICKER,1985). Portanto, a intensidade da
proteinúria pode alterar, tanto pela existência da doença como pelo estadiamento da
DRC. Estudos em pacientes humanos com proteinúria sugestiva de enfermidade
renal sugerem que a mesma está relacionada com a progressão da doença
(GRAUER, 2007).
Proteinúria persistente com valores de UPC entre 0,4 e 0,5 em cães e gatos,
quando descartada proteinúria pré-renal ou pós-renal, é considerada como um sinal
de DRC glomerular ou túbulo-intersticial. Já UPC maiores de 2,0 são fortemente
sugestivas de enfermidade glomerular (GRAUER, 2007; NEWMAN; THAKKAR;
GALLACHER, 2000). Os pacientes classificados com proteinúria de valores
limítrofes ou suspeitos devem ser reavaliados após dois meses para sua correta
classificação (POLZIN, OSBORNE; ROSS, 2008).
O normal é não se encontre nenhum traço de glicose na urina, pois, toda
glicose é reabsorvida nos túbulos proximais por co-transporte de glicose com sódio,
a não ser que a glicemia seja superior a 180mgdl-1. A glicosúria observada nos cães
com IR refere-se à glicosúria renal primária sem hiperglicemia, ou seja,
normoglicêmica. A glicosúria ocorre por deficiência na reabsorção tubular de glicose
52
devido a presença de significativas lesões tubulares ou lesão tubular aguda
(DIBARTOLA, 1997).
Presença de pigmentos biliares (urobilinogênio e bilirrubina conjugada)
determinam a cor amarela da urina. A coloração esverdeada, observada em alguns
casos, é indicativo de pigmentos biliares aumentados na urina. Urinas claras, com
densidade específica baixa, são típicas em casos de poliúria; enquanto que
colorações amarelo-âmbar são características de oligúria com densidade elevada.
Estes casos podem apresentar urinas turvas ou translúcidas, devido à presença de
células epiteliais, eritrócitos, leucócitos, bactérias, muco e cristais provenientes dos
órgãos geniturinários (DIBARTOLA, 1997; SHAW; IHLE, 1999).
Urinas de cor avermelhada remetem à presença de sangue ou hemoglobina
(BASTOS; BICALHO, 2003). A hematúria pode ser observada sempre que houver
uma hemorragia renal ou das vias geniturinárias (que pode ser decorrente da coleta
de urina), assim como nos casos de glomerulonefrite, vasculites e infarto renal,
quando eritrócitos passam para os túbulos. A presença de sangue na urina deve ser
comparada com o exame do sedimento urinário, visto que o teste químico não
diferencia entre eritrócitos, hemoglobina e mioglobina (DIBARTOLA, 1997).
O pH urinário de cães varia entre 5 e 7,5. Dentre as causas de pH alcalino
estão a onda alcalina pós-prandial, os agentes alcalinizantes e a acidose tubular
distal renal. Já o pH urinário ácido (pH 5,5), nas análises urinárias realizadas, pode
ser observado em cães com DRC, em reflexo ao mecanismo compensatório renal,
na tentativa de manter o equilíbrio ácido-base do organismo (CHEW; DIBARTOLA,
1992).
Os nitritos, presentes em média de 0,5+, podem ser produzidos por bactérias
eventualmente presentes na urina, de forma que a presença de nitritos na urina é
indicativo de infecção urinária (GARCIA-NAVARRO, 1996).
A análise de sedimentos é feita por uma avaliação microscópica da amostra
de urina, fornecendo informações relacionadas aos elementos da urina. Estes
elementos formados são os materiais insolúveis que se acumularam na urina:
eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, organismos, cristais e cilindros. Em geral, os
cilindros indicam graus variados de alterações renais: irritação, inflamação e
degeneração. Em uma urina moderadamente concentrada podem haver alguns
cilindros, porém um número excessivo de cilindros na urina implica um processo
patológico no rim (SINF; FELDMAN, 2006).
53
Filetes de muco também podem ser encontrados no sedimento da urina, mas
em grande quantidade pode significar diversas formas de irritação (SINF; FELDMAN,
2006).
A presença de células epiteliais no sedimento urinário normalmente tem
pouco significado diagnóstico, salvo em situações de infecções, irritações ou
neoplasias do trato urinário, em que células de transição aparecem em maior
quantidade (GOLDFARB; ADLER, 2001). Os principais tipos de cilindros observados
no sedimento urinário são os hialinos, granulares e celulares. A piúria é indicativa de
inflamação do trato urinário e, a menos que coexistam cilindros leucocitários, não
localizam o processo (SHAW; IHLE, 1999).
Outras alterações podem incluir, ainda, proteinúria presente, de intensidade
discreta ou ausente, cilindrúria (presente, ausente ou em pequenas quantidades),
hematúria renal, alterações do pH urinário, como acidúria, glicosúria renal e/ou
cistinúria, e infecção do trato urinário (AIELLO, 2001; POLZIN; OSBORNE; ROSS,
2008; McGROTTY, 2008).
O ideal é solicitar urinálise sempre quando o paciente apresenta: sinais
sugestivos de doença do trato urinário (superior ou inferior), sinais de doença
sistêmica, quadro clínico de doença grave de causa desconhecida, sempre que for
examinado um paciente geriátrico e para avaliações pré-anestésicas (CARVALHO,
2008).
A urinálise é importante, pois em determinadas enfermidades, como nos
quadros de pielonefrite ou abscesso intrarrenal o hemograma completo e a
mensuração sérica de ureia e creatinina podem apresentar valores dentro da
normalidade. Dessa forma, a urinálise, consegue indicar sinais de severa infecção e
inflamação no trato urinário superior, evidenciados pela presença de bacteriúria,
leucocitúria, proteinúria e observação de cilindros, fornecendo informações
substanciais para o diagnóstico da IR, por exemplo (Da SILVA, 2011; GRAUER,
2010; PEREIRA; MOTHEO; VICENTE, 2010).
2.4.3.4 Outros testes de lesão renal precoce e diagnóstico definitivo
54
A dosagem da enzima Gama Glutamil Transferase (GGT) na urina é um teste
considerado marcador precoce de lesão renal, pois demonstra alterações
detectáveis nos períodos iniciais da DRC (DIAS, 2014; GRAUER, 2001).
Rivers et al. (1996b), apontaram que além de a GGT urinária ser um sensível
marcador da presença de lesão renal, ela também trás informações sobre a
persistência e variação da lesão, devido à variação de sua atividade no curso da
doença renal (CLEMO, 1998).
Melchert et al. (2007) complementam que a atividade da GGT urinária é o
indicador mais sensível de lesão renal induzida pela gentamicina em cães, se
comparada às determinações séricas de ureia ou creatinina, sendo útil no início da
insuficiência renal, uma vez que os compostos nitrogenados apresentam aumento
significativo apenas quando três quartos dos néfrons estão afuncionais (GRAUER,
2001).
A função glomerular pode ainda ser avaliada pela administração endovenosa
e posterior dosagem em tempos fixos de inulina (HALLER et al., 2003), enquanto
que a função secretora tubular pode ser avaliada pela administração endovenosa e
posterior dosagem em tempos fixos de fenolsulfonftaleína (NELSON; COUTO,
1994).
O dimetilarginina simétrico (SDMA) também pode ser útil no apoio ao
diagnóstico de DRC, pois, como a creatinina, seu aumento pode significar
diminuição TFG. Além de oferecer maior sensibilidade que a creatinina para a
detecção da DRC inicial, o SDMA não é afetado pela perda de massa muscular.
Este marcador pode ser usado de teste de triagem para DRC, porém não pode ser
indicado como o único teste (BRAFF, et al. 2014; HALL, et al. 2014). No entanto,
mais estudos são necessários para avaliar completamente a sua precisão em
pacientes clínicos, além de que o Dimetilarginina tem o limitante de também poder
ser afetado por fatores não-renais (KOCH, et al. 2013).
A citologia por agulha fina é uma opção para obtenção de material dos rins,
embora apresente a desvantagem de limitar a aquisição de uma adequada amostra
de celularidade renal, impossibilitando o diagnóstico na maioria das vezes
(OSBORNE et al., 1996; MELCHERT et al., 2000).
O diagnóstico definitivo das doenças renais em cães é feito por meio da
histopatologia pela demonstração histológica das alterações estruturais e funcionais
e lesões características da doença, em amostras de rim obtidas por meio de biopsia
55
renal ou de necropsia. Através da técnica de biópsia renal é possível determinar a
severidade da lesão, permitindo ao clínico formular um protocolo de tratamento
adequado (LEES, 2010; SPARGOS e HAAS, 1994).
2.4.3. 5 Achados ultrassonográficos em cães com DRC
No exame ultrassonográfico de cães com DRC as principais alterações
observadas no parênquima renal são aumento da ecogenicidade da cortical,
diminuição ou ausência da definição do limite corticomedular, assim como da
arquitetura interna, e diminuição de tamanho com contornos irregulares nos estágios
finais da doença. Essas alterações referem-se a morfologia renal, não se
correlacionando com a função do órgão (NYLAND et al., 2004; WALTER et al.,
1987).
O exame ultrassonográfico renal também pode revelar a presença de
alterações no parênquima renal, tais como agenesia unilateral, hipoplasia, cisto e
litíase que poderiam ter contribuído para o desenvolvimento da DRC. Portanto, o
sonograma renal pode trazer informações adicionais para o diagnóstico da
nefropatia crônica (BROWN et al., 1997; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; RUBIN,
1997; SPARKES, 1998; NOTOMI et al., 2006).
O ultrassom pode ser usado como guia na citologia aspirativa por agulha fina
e na biópsia dos rins, que podem ser eventualmente requeridas para determinar a
causa da doença renal e orientar o clínico no estabelecimento da seleção do
protocolo terapêutico a ser instituído nos animais enfermos (DA SILVA, MAMPRIM;
VULCANO, 2008).
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70
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a ocorrência de alterações ultrassonográficas renais em animais
submetidos à avaliação ultrassonográfica abdominal pelo setor de diagnóstico por
imagem de um hospital veterinário escola, onde a doença renal a princípio não foi à
causa da indicação do exame.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Estudar a contribuição do ultrassom dos rins no diagnóstico de nefropatia em
animais onde doença renal não foi à causa da indicação da avaliação
ultrassonográfica abdominal;
- Estudar a contribuição do diagnóstico ultrassonográfico de nefropatia crônica
frente à capacidade dos exames de bioquímica clínica renal, urinálise e UPC
em diagnosticar doença renal.
71
4. ARTIGO - Contribuição do diagnóstico ultrassonográfico de nefropatia
crônica em cães admitidos em um hospital escola veterinário sem evidências
clínicas e laboratoriais de insuficiência renal
Contribution of the ultrasonographic diagnosis of chronic nephropathy in dogs
admitted in a school veterinary hospital without clinical and laboratorial evidence of
renal failure
RESUMO
CAMPOS, O. P. da S. Contribuição do diagnóstico ultrassonográfico de nefropatia
crônica em cães admitidos em um hospital escola veterinário sem evidências clínicas e
laboratoriais de insuficiência renal. 2017. 105f. Dissertação (Mestrado em Biociência
Animal) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2017.
Afecções renais passarem despercebidos na rotina clínica devido à característica do
tecido renal de possuir uma reserva renal. Na investigação clínica, além da
avaliação laboratorial, a ultrassonografia renal determina a estrutura tecidual dos
rins, além de possuir diversas outras vantagens. Este estudo teve o objetivo de
verificar a contribuição do ultrassom renal no diagnóstico de nefropatia em animais
admitidos em uma rotina hospitalar do setor por diagnóstico por imagem onde
doença renal não foi à causa da indicação da avaliação ultrassonográfica abdominal.
A observação de alterações ultrassonográficas renais de nefropatia foi comparada a
capacidade dos exames de bioquímica clínica renal, urinálise e UPC em diagnosticar
a doença renal. Entre os 70 cães avaliados, 61,42% apresentaram alterações
ultrassonográficas renais, sendo a perda de definição corticomedular a alteração
mais frequente (58,13%). Entre esses pacientes, 36% apresentaram proteinúria,
porém entre esses animais 88,8% a proteinúria foi classificada como não renal-
fisiológica. Nesses mesmos cães com alterações ultrassonográficas de doença
renal, apenas 16% tinham azotemia renal e densidade urinária diminuída. Em 84%
dos pacientes com diagnóstico laboratorial de IR (azotemia renal) o exame de
72
ultrassom renal estava normal, e isso demonstra que o exame de ultrassom renal
para o diagnostico do estado de portador de DR pode ter mais valia em pacientes
sem evidências laboratoriais de IR já estabelecidos pelos exames laboratoriais. Do
ponto de vista clínico esses resultados são bastante promissores, pois o diagnóstico
ultrassográfico renal precoce é válido para incentivar a monitorização do paciente.
Palavras-chave: Nefropatia. Ultrassom. Prevenção.
73
CAMPOS, O. P. da S. Contribution of the ultrasonographic diagnosis of chronic nephropathy in dogs admitted in a school veterinary hospital without clinical and laboratorial evidence of renal failure. 2017. 105f.
Dissertation (Master in Animal Bioscience) - Faculty of Veterinary Medicine, University of Cuiabá, Cuiabá, 2017.
ABSTRACT
Renal disorders to go undetected in the clinical routine because of the renal tissue's characteristic of having a renal reserve. In clinical investigation, besides the laboratory evaluation, renal ultrasound determines the tissue structure of the kidneys, besides having several other advantages. This study aimed to verify the contribution of renal ultrasound in the diagnosis of nephropathy in animals admitted to a hospital routine in the sector by imaging diagnosis where renal disease was not due to the indication of abdominal ultrasound evaluation. The observation of renal ultrasound alterations of nephropathy was compared to the capacity of clinical renal biochemistry, urinalysis and UPC to diagnose kidney disease. Among the 70 dogs evaluated, 61.42% had abnormal sonographic changes, and the loss of corticomedullary definition was the most frequent alteration (58.13%). Among these patients, 36% presented proteinuria, but among these animals 88.8% proteinuria was classified as non-renal-physiological. In these same dogs with sonographic alterations of renal disease, only 16% had renal azotemia and decreased urinary density. In 84% of the patients with laboratory diagnosis of IR (renal azotemia) the renal ultrasound examination was normal, and this shows that the renal ultrasound examination for the diagnosis of DR status may have value in patients without laboratory evidence of IR already established by the laboratory tests. From the clinical point of view, these results are quite promising, since early renal ultrasound diagnosis is valid to encourage patient monitoring.
Keywords: Nephopaty. Ultrasound. Prevention.
74
4.1 INTRODUÇÃO
O sistema urinário é responsável por funções essenciais à manutenção do
equilíbrio fisiológico do organismo (DYCE, 1997). Os rins fazem parte deste sistema
e são responsáveis por desempenhar múltiplas funções orgânicas básicas de
excreção, metabolismo e biossintetização (MACIEL; THOME, 2006).
Esse órgão é vulnerável a uma série de injúrias, que podem ocorrer em
animais de todas as espécies, de ambos os sexos, e independente da idade
(MACIEL, THOME, 2006). Além de afecções especificas desse órgão, muitas
doenças sistêmicas podem causar dano renal secundário, portanto, mesmo que o
principal problema não esteja no sistema urinário, os cuidados em relação aos rins
não podem deixar de existir (POLZIN et al., 2005; POLZIN; OSBORNE; ROSS,
2008). Dessa forma, o resultado de qualquer lesão é considerado importante, sendo
que doenças renais, sejam primárias ou secundárias, estão entre as causas mais
significativas de morte e incapacidade em cães (MACIEL; THOME, 2006).
Por esses motivos comentados, quanto mais rápido for alcançado o
diagnóstico de doença renal, melhor é seu prognóstico, pois as lesões se tornam
irreversíveis com o passar o tempo (ELLIOT, 2000; LULICH, 2008; POLZIN et al.,
2005).
No entanto, infelizmente, há grande dificuldade na investigação clínica e
semiológica para o diagnóstico precoce de afecções renais; a ausência de
sensibilidade dolorosa ou mesmo de alterações anatômicas detectáveis durante a
palpação desse órgão, somadas à falta de sinais clínicos específicos e à ausência
do relato de alterações desse sistema pelo proprietário não descarta a possibilidade
de injúrias renais (POLZIN et al., 2005; LULICH, 2008; ELLIOT, 2000).
Outra dificuldade encontrada é que mesmo em casos sintomáticos, os sinais
clínicos de doença renal podem ser inespecíficos. A avaliação laboratorial de rotina
para o diagnóstico da doença renal também tem limitações na detecção precoce de
doenças renais, pois apenas quando o comprometimento renal ultrapassa três
quartos de néfrons, é que vão ficar mais claras e específicas as alterações
laboratoriais de bioquímica clínica, caracterizadas por azotemia renal (POLZIN;
OSBORNE; ROSS, 2008). Infelizmente, nesse momento o rim já encontra-se
75
insuficiente e a síndrome urêmica instalada. Nesta fase, o prognóstico é reservado,
existem limitações terapêuticas e a reversão da azotemia se tornar difícil (GRAUER,
2001; SPARGOS; HASS, 1994).
Para o diagnóstico de doença renal a creatinina sérica e a relação
proteína:creatinina urinária (UPC) são os biomarcadores tradicionalmente
recomendados pela Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) para avaliar e
monitorar danos/disfunção renal (ELLIOTT et a., 2013).
Porém, o valor de creatinina sérica só aumentará quando o número de
nefróns diminuir consideravelmente, por isso, esse marcador é considerado tardio.
Já a quantificação da proteinúria, com a UPC, é um método útil para o diagnóstico
precoce da doença renal em cães, para isso, fatores pré-renais e pós-renais de
proteinúria devem ser eliminados (LITTMAN et al., 2013).
Outro teste bastante teste muito útil na determinação precoce de uma
possível disfunção renal e que é bastante utilizado na rotina clínica é a avaliação da
densidade urinária. Com esse método verifica-se a capacidade de diluição e
concentração renal, sendo que a perda da habilidade de concentração costuma ser
o primeiro sinal de doença tubular renal, pois para conseguir fazer a diluição da
urina, os túbulos contorcidos distais do rim devem estar intactos (McGROTTY, 2008;
POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008; REINE).
O exame ultrassonográfico do trato urinário é, também, um procedimento
rotineiro na veterinária, e traz informações valiosas quanto à análise anatômica,
morfológica e do fluxo sanguíneo local, considerado um excelente exame para
avaliação das estruturas renais. Além disso, esse exame de uma forma geral
consegue evidenciar alterações que possam ter passado despercebidas mesmo
após o exame clínico completo, e também encontrar anormalidades que ultrapassam
os motivos pelo qual o tutor encaminhou o animal ao Médico Veterinário. Assim, o
ultrassom pode ser considerado um modelo de exame a ser utilizado como triagem
na pesquisa de enfermidades que ainda não se apresentaram clinicamente
contribuindo para diagnósticos precoces. Outra grande vantagem é que o ultrassom
propicia informações suficientes para direcionar procedimentos futuros e cria um
arquivo de imagens que podem servir de referência para exames prospectivos
(CERRI et al., 1993; NYLAND et al., 2004; PIERRA, 2005; SEOANI, 2010; VAC,
2014).
76
Dessa forma, esse estudo teve como objetivo verificar a contribuição do
ultrassom dos rins no diagnóstico de nefropatia em animais admitidos em uma rotina
hospitalar do setor por diagnóstico por imagem onde doença renal não foi à causa
da indicação da avaliação ultrassonográfica abdominal. Adicionalmente, o
diagnóstico ultrassonográfico de nefropatia foi comparada a capacidade dos exames
de bioquímica clínica renal, urinálise e UPC em diagnosticar a doença renal.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
de Cuiabá (UNIC), sob o número 017/2016.
Foram selecionados para o estudo, pacientes da espécie canina,
provenientes da rotina do Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade de Cuiabá
(UNIC), no período de agosto de 2015 a julho de 2016. Os critérios de inclusão
foram cães que não apresentavam sinais clínicos de insuficiência renal, e foram
encaminhados para realização de exame ultrassonográfico abdominal para
avaliação de qualquer enfermidade, com exceção de doenças renais.
Os cães foram divididos em três grupos, de acordo com a faixa etária: G1 –
animais de até um ano de idade (filhotes), G2 – animais de um a sete anos de idade
(adultos) e G3 – animais com idade acima de sete anos (idosos). Os limites de cada
faixa etária foram estipulados por uma média dos valores reconhecidos
internacionalmente para cada porte de cão (FIGHERA et al., 2008; GOLDSTON;
HOSKINS, 1999).
Foram realizados exames clínicos e complementares. Os exames
complementares foram compostos de ultrassonografia abdominal, perfil bioquímico
renal, urinálise e UPC.
O exame ultrassonográfico foi executado após tosquia da região abdominal e
inguinal, e aplicação de gel acústico de contato. Foi utilizado aparelho de ultrassom
modelo MyLab Five Vet, da marca Esaote, com transdutores linear, convexo e
microconvexo, de frequências que variavam de 5 a 12 MHz.
Os critérios de avaliação dos rins no exame ultrassonográfico foram: tamanho
(aumentado, normal, reduzido), forma (normal, alterada), contorno/superfície
(regular, irregular), ecogenicidade da cortical (aumentada, normal, reduzida),
ecotextura da cortical (homogênea, heterogênea), definição corticomedular
77
(preservada, reduzida), divertículos (mineralização, dilatação), pelve (normal,
dilatada), presença de urólitos, presença de cistos, presença de sinal da medular e
presença de banda hiperecoica na porção externa da medular.
Foram consideradas, no exame ultrassonográfico, para definir o estado do
paciente como portador de DRC: i) a visualização de definição corticomedular
reduzida, associado ou não com aumento da ecogenicidade da região cortical renal,
e/ou ii) diminuição de tamanho com contornos irregulares (NYLAND et al., 2004;
WALTER et al., 1987).
Para realização do perfil bioquímico renal (avaliação dos valores de ureia e
creatinina séricas), os animais foram submetidos a punção da veia jugular para
coleta de sangue. Para a realização de urinálise e cálculo da relação
proteína:creatinina urinária (UPC) foram coletados de 5 a 10 ml de urina, por meio
de cistocentese guiada pelo ultrassom.
Os exames bioquímicos renais foram realizados em Analisador Bioquímico
modelo Lyasis-American Medical System, Itália. Todas as determinações
bioquímicas (ureia e creatinina) foram feitas mediante espectrofotometria, utilizando
kits diagnósticos reagentes comerciais (Labtest Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG,
Brasil). Os valores de referência das concentrações sérica de creatinina seguiram as
especificações da Sociedade Internacional de Interesse Renal, que utilizam este
marcador para a fazer a classificação da doença renal segundo os estágio de
evolução, considerando como discreta azotemia o valor da creatinina sérica entre
1,4mg dL-1 e 2,0mg dL-1, azotemia em grau moderado a creatinina sérica variando
entre 2,1mg dL-1 e 5,0mg dL-1 e intensa azotemia a concentração de creatinina
sérica superior a 5,0mg dL-1, para cães (International Renal Interest Society, 2015).
As amostras de urina foram avaliadas com relação às características físicas,
químicas e do sedimento urinário. Na análise física da urina foram determinados:
cor, odor, aspecto, consistência e densidade. A densidade urinária foi determinada
com uso de refratômetro e seu valor menor que 1,008 foi classificada como
hipostenúria, indicando que a osmolalidade da urina é menor que a do plasma. A
isostenúria foi definida por uma densidade entre 1,008 a 1,012, indicando que a
osmolalidade urinária é igual à plasmática. A interpretação da densidade urinária
não deve ser interpretada isoladamente, e por isso utilizou-se outros fatores
conjuntamente para assegurar que os valores de densidade se referiam a perda da
78
função renal (AIELLO, 2001; McGROTTY, 2008; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008;
REINE; LANGSTON, 2005).
O exame químico da urina incluiu quantificação de proteínas, glicose,
acetona, sangue oculto e determinação do pH efetuados com fita reagente (Roche
Diagonóstic GmbH Sandhofer Strasse 116, Alemanha). O sedimento da urina foi
avaliada pela observação do pellet com auxílio de microscopia de luz (microscópio
óptico marca Nikon eclipse E200) após centrifugação da amostra de 10ml de urina
(1.500 rpm por 10 minutos), na qual 10 campos aleatórios foram analisados para
contagem de bactérias, células epiteliais, hemácias, cristais, cilindros e leucócitos.
Para as dosagens de proteína e creatinina urinárias utilizou-se o analisador
bioquímico semi-automático (Bio 200L®, Bioplus Produtos para Laboratório Ltda,
Estrada Dr. Cícero Borges de Moraes 1701, Vila Nova, Barueri, SP) . A dosagem de
proteína na urina foi realizada utilizando-se kit comercial (Sensiprot®, Labtest
Diagnóstica SA, Av. Paulo Ferreira da Costa 600, Lagoa Santa), que se fundamenta
no princípio do vermelho de pirogalol, em reação de ponto final e leitura em
comprimento de onda de 620nm. A dosagem de creatinina urinária foi realizada com
o princípio de Jaffé picrato alcalino, utilizando-se o kit comercial (Creatinina®, Labtest
Diagnóstica SA, Av. Paulo Ferreira da Costa 600, Lagoa Santa, MG) em reação de
ponto final e leitura em comprimento de onda de 505nm. Para essa dosagem as
amostras de urina foram diluídas na proporção de 1:20 em água destilada para
atingir a faixa de linearidade do teste e o valor final foi devidamente corrigido. A RPC
foi obtida calculando-se a razão entre o valor de proteína e o de creatinina, ambas
expressas na mesma unidade (mg/dL).
Neste estudo utilizou-se os valores de referência do UPC adotados pela IRIS -
International Renal Interest Society (2015), sendo que os cães com valores abaixo
de 0,2 foram classificados como não proteinúricos, entre 0,21 e 0,39 considerados
valores limítrofes de caráter reservado e acima de 0,4 foram classificados como
proteinúricos. Doença renal proteinúrica foi considerada quando essa foi registrada
na ausência de causas fisiológicas de proteínuria (convulsão, febre, doença
infecciosa ou inflamatória sistêmica, neoplasias, convulsões, hipertensão, diabetes e
endocrinopatias) e ausências de achados de doença inflamatória do trato urinário
(leucocitúria e hematúria) (LEES et al. 2005; POLZIN; OSBORNE; ROSS, 2008;
SYME, 2009 ; CRIVELLENTI, 2015).
79
Foram considerados insuficientes renais aqueles com aumento do nível de
creatinina e densidade urinária abaixo de 1025, simultaneamente (azotemia renal).
Aumento de creatinina na presença de densidade urinária acima de 1035 foi
considerado azotemia pré-renal (causa não renal). O animal com cilindrúria (cilindros
hemáticos, leucocitários, hialino e granuloso), mesmo na ausência de azotemia
renal, também foi considerado doente renal (ELLIOTT et a., 2013).
Os dados obtidos foram apresentados por meio de estatística descritiva.
4.3 RESULTADOS
Foram inclusos na pesquisa um total de 70 cães, de quatro meses a 16 anos
de idade, sendo que 7,14% (5/70) filhotes (G1), 42,5% (30/70) adultos (G2) e 50%
(35/70) eram cães idosos (G3). A média geral de idade encontrada foi de 6 anos e
9,6 meses, sendo 10,8 meses (0,9 anos) para o grupo de filhotes, 3 anos e 11,04
meses para os adultos e 9 anos e 11,2 meses para cães idosos.
Quanto à raça, os animais eram 32,85% (23/70) SRD (sem raça definida), e
67,14% (47/70) com raça definida, sendo eles: Pit Bull 12,85%, (9/70), Boxer
(11,42%, 8/70), Shih-Tzu (11,42%, 8/70); Pinscher (7,14%, 5/70), Dachshund
(4,28%, 3/70), Poodle (4,28%, 3/70), Maltês (2,85%, 2/70), Yorkshire (2,85%, 2/70),
Dálmata (1,42%, 1/70), Rottweiler (1,42%, 1/70), Lhasa Apso (1,42%, 1/70), Pastor
Alemão (1,42%, 1/70), Pastor Belga (1,42%, 1/70), Pastor suíço (1,42%, 1/70) e Fila
Brasileiro (1,42%, 1/70).
De acordo com a interpretação conjunta da apresentação clínica, achados de
US abdominal e dos rins, bioquímica clínica, urinálise e UPC, os pacientes foram
agrupados em 10 classes de A a J, onde: A) animais com US sugestivo de DRC,
não azotêmico, com função de concentração urinária preservada e proteinúria
fisiológica (n = 6); B) animais com US sugestivo de DRC, não azotêmico, com
função de concentração urinária preservada e não proteinúrico (n = 15); C) US
sugestivo de DRC, azotêmicos com incapacidade de concentração urinária
(azotemia renal com IR) e não proteinúrico (n = 1); D) US sugestivo de DRC,
azotêmico com incapacidade de concentração urinária (azotemia renal com IR) e
proteinúrico de causa renal (n = 1); E) US sugestivo de DRC, azotêmicos com
incapacidade de concentração urinária (azotemia renal com IR) e com proteinúria
fisiológica (n = 2); F) US renal normal, não azotêmicos, com função de concentração
80
urinária preservada e não proteinúrico (n = 29); G) US renal normal, não azotêmico,
com função de concentração urinária preservada e proteinúria de causa incerta (n =
2); H) US renal normal, não azotêmico, com função de concentração urinária
preservada e proteinúria fisiológica (n = 9); I) US renal normal, azotêmico, com
incapacidade de concentração urinária e proteinúria fisiológica (n = 4); e J) US renal
normal, azotêmico, com função de concentração urinária preservada e não
proteinúrico (n = 1) (Tabela 1).
Tabela 1: Correlação entre os achados dos exames de US renal, presença ou não de azotemia, densidade urinaria e presença ou não de proteinúria.
G1 G2 G3 TOTAL A US RENAL SUGESTIVO DRC+
NAO AZOTEMICO+ DENSIDADE URINÁRIA PRESERVADA+ PROTEINURIA FISIOLÓGICA
0 1 5 6 8,57%
B US RENAL SUGESTIVO DRC+ NAO AZOTEMICO+ DENSIDADE URINÁRIA PRESERVADA+ NAO PROTEINÚRICO
1 9 5 15 21,42%
C US RENAL SUGESTIVO DRC+ AZOTEMIA RENAL+ DENSIDADE DIMINUIDA+ NÃO PROTEINÚRICO
0 0 1 1 1,42%
D US RENAL SUGESTIVO DRC+ AZOTEMIA RENAL+ DENSIDADE DIMINUIDA+ PROTEINÚRIA CAUSA RENAL
0 0 1 1 1,42%
E US RENAL SUGESTIVO DRC+ AZOTEMIA RENAL+ PROTEIN. RENAL E FISIOLÓGICA
0 0 2 2 2,85%
F US RENAL NORMAL + NAO AZOTEMICO+ DENSIDADE URINÁRIA PRESERVADA+ NÃO PROTEINÚRICO
3 13 13 29 41,42%
G US RENAL NORMAL+ BIOQ. NORMAL+ PROTEINURIA CAUSA INDETERM.
0 2 0 2 2,85%
H US RENAL NORMAL+ NAO AZOTEMICO+ DENSIDADE URINÁRIA PRESERVADA+ PROTEINÚRIA FISIOLÓGICA
1 2 6 9 12,85%
I US RENAL NORMAL+ AZOTEMIA RENAL+
0 2 2 4 5,71%
81
PROTEIN CAUSA RENAL E FISIO.
J US RENAL NORMAL+ AZOTEMIA PRÉ-RENAL+ NÃO PROTEINÚRICO
0 1 0 1 1,42%
TOTAL 5 30 35 70
G1 – até um ano de idade; G2 –um a seis anos de idade; G3 –acima de seis anos; DRC- doença renal crônica
No total o UPC estava aumentado em 34,2% (24/70) dos cães. Destes
animais, 62,5% (15/24) tinham pelo menos um fator de proteinúria fisiológica;
apenas 4,16% (1/24) tinham causa renal de proteinúria; 25% (6/24) tinham causa
renal e fisiológica; 8,33% (2/24); e em 8,33% (2/24) não foi possível determinar a
causa da proteinúria.
Levando em consideração os resultados do ultrassom renal foi encontrado um
valor de 61,42% (43/70) dos cães com alterações ultrassonográficas renais, sendo
que dentre essas animais, 58,13% (25/43) foram visualizadas alterações sugestivas
de doença renal crônica, principalmente a redução da definição cortico medular
(DRC) (Tabela 2).
Tabela 2: Números de pacientes com alterações ultrassonográficas renais e com alterações ultrassonograficas de doença renal, distribuídos por idade.
G1 G1 Alterado DRC
G2 G2 Alterado DRC
G3 G3 Alterado DRC
Total
Ultrassom
Normal 3 9 15 27
Alterado 2 21 20 43
1 10 15 25
Total 5 30 35 70
G1 – até um ano de idade; G2 – um a seis anos de idade; G3 –acima de seis anos; DRC- doença renal crônica
Desses 58,13% (25/43) dos cães que apresentaram sinais de DRC, 36%
(9/25) tinham UPC acima de 0,5, caracterizando proteinúria. Considerando os
critérios para classificação de proteinúria fisiológica, em 88,8% (8/9) dos animais
proteinúricos e com alteração de doença renal no ultrassom, havia pelo menos uma
razão que pudesse causar proteinúria não renal-fisiológica. Desses 58,13% (25/43)
dos animais com achados ultrassonográficos de DRC, apenas 16% (4/25) tinham
azotemia renal e diminuição da capacidade de concentração urinária; os demais
84% (21/25) não estavam azotêmicos e tinham a capacidade renal de concentração
urinária preservada.
82
No total das alterações ultrassonográficas renais encontradas nos cães foram
em ordem decrescente: definição corticomedular reduzida 35,71% (25/70), banda
hiperecoica na porção externa da medular 18,57% (13/70), ecogenicidade da cortical
aumentada 14,28% (10/70), sinal da medular presente 12,85% (9/70), tamanho
reduzido 8,57% (6/70), cisto presente na cortical 7,14% (5/70), pelve dilatada
(pielectasia) 5,71% (4/70), urólito presente 2,85% (2/70), divertículos mineralizados
2,85% (2/70), forma alterada 1,42% (1/70), cortical heterogênea 1,42% (1/70),
contorno irregular 1,42% (1/70) (Tabela 3).
Tabela 3: Frequências absoluta e relativa de alterações ultrassonograficas distribuídas por faixa etárias.
Grupo Critérios US
G1 G2 G3 Total
Tamanho Aumentado 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%
Normal 5 7,14% 28 40% 31 44,28% 64 91,42%
Reduzido
0 0% 2 2,85% 4 5,71% 6 8,57%
Forma Normal 5 7,14% 29 41,42% 35 50% 69 98,57%
Alterada
0 0% 1 1,42% 0 0% 1 1,42%
Contorno Regular 5 7,14% 29 41,42% 35 50% 69 98,57%
Irregular
0 0% 1 1,42% 0 0% 1 1,42%
Ecogenicidade cortical
Aumentada 1 1,42% 2 2,85% 7 10% 10 14,28%
Normal 4 5,71% 28 40% 28 40% 60 85,71%
Reduzida
0 0% 0 0% 0 0% 0 0%
Ecotextura cortical
Homogênea 5 7,14% 29 41,42% 35 50% 69 98,57%
Heterogênea
0 0% 1 1,42% 0 0% 1 1,42%
Definição corticomedular
Preservada 4 5,71% 20 28,57% 21 30% 45 64,28%
Reduzida
1 1,42% 10 14,28% 14 20% 25 35,71%
Divertículos Mineraliza-
ção
0 0% 2 2,85% 0 0% 2 2,85%
Pelve Normal 5 7,14% 28 40% 34 48,57% 67 95,71%
Dilatada
0 1,42% 2 2,85% 1 1,42% 3 4,28%
Urólitos Presente 0 0% 1 1,42% 1 1,42% 2 2,85%
Ausente
5 7,14% 29 41,42% 34 48,57% 68 97,14%
Cistos Presente 0 0% 0 0% 5 7,14% 5 7,14 %
Ausente
5 7,14% 30 42,85% 30 42,85% 65 92,85%
83
Sinal da medular
Presente 1 1,42% 3 4,28% 5 7,14% 9 12,85%
Ausente
4 5,71% 27 38,57% 30 42,85% 61 87,14%
Banda hiperecoica da porção externa da medular
Presente 0 0% 8 11,42% 5 7,14% 13 18,57%
Ausente 5 7,14% 22 31,42% 30 42,85% 57 81,42%
Total 70 100%
G1 – até um ano de idade; G2 –um a seis anos de idade; G3 –acima de seis anos
DISCUSSÃO
Além das afecções específicas dos rins, muitas afecções sistêmicas podem
causar dano renal secundário, portanto, mesmo que o principal problema não esteja
no sistema urinário, os cuidados em relação a esse sistema não pode deixar de
existir, devendo, os Médicos veterinários, estar sempre atentos a existência de
alguma afecção renal em curso e sobre a decisão da necessidade de aprofundar a
investigação por meio de exames específicos (POLZIN et al., 2005; POLZIN;
OSBORNE; ROSS, 2008).
Em 84% (21/25) animais com diagnóstico ultrassonográfico de DRC, o
ultrassom foi imprescindível no diagnóstico do estado de portador de doença renal,
uma vez que nesses animais não foram encontrados alterações nos exames de
bioquímica e urinálise condizentes para o diagnóstico de DR. O mesmo ocorreu
quando comparado os resultados de US renal com o UPC; apenas 42,85% (9/21)
dos casos que foram encontradas alterações renais de doença renal tinham
proteinúria. No entanto a contribuição do UPC no diagnóstico de DR pode ser
questionada nesses 42,85% (9/21) de casos, uma vez que em 88,88% (8/9) desses
havia pelo menos uma razão não renal que pudesse causar proteinúria fisiológica.
Além disso, o aumento do UPC pode estar relacionado com a geriatria por doenças
não renais, além de sofrer variações pela forma de coleta da urina, sem
correlacionar com o diagnóstico de DR (LAMMEY et al., 2011; MARYNISSEN et al.,
2017).
Tradicionalmente tem-se disseminado na ambiência clínica que o exame de
US não seria uma metodologia segura para diagnosticar DR precoce, antes do
estabelecimento de uma insuficiência renal instalada. Para esse propósito tem-se
sugerido que o exame de UPC tenha grande valia para diagnóstico precoce da DR
(PRICE et al., 2005).
84
No entanto, o UPC no presente estudo não foi melhor do que o US dos rins
para diagnóstico do estado de portador de doença renal. O UPC estava aumentado
em 34,2% (24/70) dos cães. Destes animais, 62,5% (15/24) tinham pelo menos um
fator de proteinúria fisiológica; apenas 4,16% (1/24) tinham causa renal de
proteinúria; 25% (6/24) tinham causa renal e fisiológica; 8,33% (2/24); e 8,33%
(2/24) não foi possível determinar a causa da proteinúria. Diversos fatores podem
levar a proteinúria fisiológica de causa extrarrenal, como, histórico de febre,
convulsão, infecção/inflamação severa e/ou tumor, devendo o clínico sempre realizar
o diagnóstico diferencial entre proteinúria de causa renal e extrarrenal (LEES et al.
2005; SYME, 2009 ; CRIVELLENTI, 2015).
Isso não exclui a dosagem da proteína urinária como uma forma precoce de
diagnóstico da DR, uma vez que existem técnicas mais sensíveis que o UPC para
diagnóstico de proteinúria (eletroforese em gel de alta resolução e eletroforese em
gel de dodecilsulfato de sódio e agarose, por exemplo) e marcadores mais sensíveis
de lesão renal precoce (PRICE et al., 2005; GIORI et al., 2011; GARCÍA-MARTÍNEZ
et al., 2012; MARYNISSEN et al., 2016; PARDO-MARÍN et al., 2017). Porém, o
objetivo do estudo foi justamente avaliar as ferramentas que os clínicos veterinários
possuem disponíveis na rotina, além de serem essas as variáveis preconizadas pela
IRIS para diagnóstico e estadiamento da DRC (ELLIOTT et a., 2013).
Estudos em seres humanos já conseguiram correlacionar à variação da
ecogenicidade renal com padrões histopatológicos distintos de afecções renais
(esclerose glomerular, atrofia tubular, fibrose intersticial e inflamação intersticial); no
entanto, na Medicina Veterinária essa correlação não obteve bons resultados,
apesar do aumento da ecogenicidade cortical renal ser um achado comum
associado com a Insuficiência Renal (D’ANJOU et al., 2015) (ZOTTI et al., 2015;
BONZATO et al., 2017).
Vale lembrar que animais afetados por Insuficiência Renal grave também
podem apresentar rins normais durante o exame de US, ou seja, a não detecção de
alterações de US não pode ser utilizada para excluir DR (NYLAND et al., 2015). Isso
foi bem documentado pelos resultados desse trabalho, onde metade (50%/4/8) dos
pacientes com diagnóstico laboratorial de IR (azotemia renal) tiveram exames de US
de rins normais.
Apesar disso, os resultados do presente estudo foram promissores uma vez
que demonstraram que em 84% (21/25) dos animais que tinham alteração no US
85
típicas de DRC os resultados laboratoriais estavam normais. Esse resultado pode
sugerir que o exame de US para diagnóstico do estado de portador de DR pode ter
mais valia em pacientes sem evidências laboratoriais de IR do que naqueles com IR
já estabelecido pelos exames laboratoriais. Do ponto de vista clínico esse
diagnóstico já é valido para monitorização e acompanhamento do paciente.
Embora os distúrbios que causem anormalidades focais, tais como cistos
renais, litíases renais, mineralizações distróficas, infartos renais e massas sólidas,
sejam facilmente identificados por meio de US de modo bidimensional, as
modificações arquitetônicas associadas a doenças renais difundidas
parenquimatosas são mais difíceis de avaliar usando essa metodologia (ZOTTI et
al., 2015).
A ultrassonografia tridimensional (3D), disponível na rotina em medicina por
mais de 10 anos, permitiu grandes avanços na área de diagnóstico por imagem.
Esta técnica facilita o estudo volumétrico de órgãos e de suas estruturas, além disso,
fornece um terceiro plano de imagem, o plano coronal que permite mais
precisamente o cálculo volumétrico, principalmente os de formas irregulares
(MENDONÇA et al., 2012). A ultrassonografia 3D ainda é uma nova técnica em
Medicina Veterinária, e não está disponível na rotina clínica e poucos são os
trabalhos científicos que relatam seu uso experimental. No entanto, para diagnóstico
das doenças renais o exame 3D não foi superior ao 2D (DEHMIWAL et al., 2016).
Alterações de arquitetura renal, contorno renal, definição corticomedular,
relação corticomedular, calcificação de divertículos são comuns em cães de meia
idade a idosos devido às alterações de senescência e das possíveis enfermidades
que estes cães apresentaram ao longo da vida, que mesmo de origem extrarrenal,
podem cursar com danos renais, como nos casos de vômito e diarreia (LEES et al.
2005; ROSS, 2011).
Nesse contexto, nossos resultados mostraram que o US do sistema urinário
em pacientes idosos foi importante e pode diagnosticar doença renal em 42,85%
(15/35) de animais idosos admitidos sem suspeita de doença desse sistema. No
entanto, diferentemente do que acreditado, nos grupos dos cães filhotes e adultos, a
frequência de registro de alterações sugestivas de doença renal também foi
importante. Em 20% (1/5) dos filhotes haviam achados de doença renal na ausência
de manifestação clínica e laboratorial da doença renal. Isso mostra a importância do
US do sistema urinário na rotina da pediatria para diagnostico das nefropatias
86
congênitas silenciosas. Em 33,33% (10/30) da população de animais adultos, isso
também foi observado.
O US tem se tornado cada vez mais acessível e pode contribuir com exames
de triagem para abordagem do animal como um todo. Na Medicina já se deixou de
ser empregado US abdominal exploratório, onde toda a cavidade abdominal é
avaliada pormenorizada, verificando cada um dos órgão; os exames são cada vez
mais pontuais e focados de acordo com a suspeita médica. Na Medicina Veterinária,
por inúmeras particularidades, o exame de US abdominal ainda tem um caráter
exploratório e faz-se uma varredura cautelosa de cada sistema ou órgão a procura
de anormalidades, independente da suspeita clínica. Os resultados desse estudo
mostram a importância que isso tem no contexto da saúde global do paciente, e
salienta que essa varredura geral é uma metodologia que não deveria cair em
desuso, pois além de contribuir com o diagnóstico da causa ou suspeita principal do
clínico, pode ajudar no diagnóstico de doenças silenciosas que podem não ter sido
manifestada ainda ou que os métodos disponíveis na rotina da prática clínica não
consigam diagnosticar, como por exemplo, da DRC assintomática.
87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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90
CONCLUSÕES
- Não houve correlação entre o diagnostico ultrassonográfico de doença renal
com os exames laboratoriais de rotina para diagnóstico de doença renal;
- Não houve nítida predisposição por idade, raça e sexo dos cães acometidos,
embora nos filhotes a proporção de animais afetados tenha sido menor;
- Os resultados mostraram a importância do exame ultrassonográfico do trato
urinário no plano de saúde do animal idoso; no entanto, também ficou bem
demonstrado que o exame de US do trato urinário é de grande valia para ser
instituído na avaliação preventiva de animais de todas as faixas etárias;
- O exame ultrassonográfico conseguiu fazer diagnóstico de doença renal antes
que a manifestação da doença repercutisse nos achados dos exames
bioquímicos de rotina e urinálise;
- O exame ultrassonográfico deveria ser instituído como auxiliar na triagem de
pacientes com doenças do trato urinário, antes das manifestações clínicas e
repercussões laboratoriais da doença renal para otimizar as chances de
diagnóstico precoce.
91
APÊNDICES
APÊNDICE A1- Dados da resenha, histórico e exame físico referentes ao grupo de filhotes (G1).
NOME
RG IDADE DEFINI
ÇÃO
RACIAL
Queixa principal no Ultrassom
Exame fisico
I. Lili
28033 1 A
Pitt bull Aumento de volume submandibular 39,9ºC
linfoadenomegalia
II. Bob
29256 1 ano
Srd “tumor pescoço”, Carrapatos, olhos
opacos
nódulo cabeça
Dispnéia/ secreção mucupuru-lento/
hiperqueratose focinho/ aumentado
Volume nariz/
linfonodo submandibu-lar aumentado
III. Duke 29194 1 ano
Fila Anorexia/ vômito/ come objetos/
n ganha peso/carrapato/ n beba água
Olhos secreção e prurido, alopecia
periocular, us figado hipoecoico/
Baço heterogeneo, linfonodo evidente
IV. Mel
28922 1 ano
SRD Sangramento agudo pela boca e
nariz/ feridas na pele/
Carrapato/secreção ocular/papulas
crostas/feridsa/ petequias gengivais/
linfoadenomegalia
V. Leide
29035 8 meses
Boxer Bicheira/ foi diagnosticado
anteriormente com hepatopatia
Linfono submandibular aumenentado/
us figado hipoecoico, baço
hetererogeneo, pâncreas evidente
hipoecoico,
linfonodo aumentado, duodeno plissado,
suspeita linfoma
92
APÊNDICE A2- Dados do ultrassom renal e abdominal, exames bioquimicos (ureia, creatinina, densidade urinaria e UPC)
referentes ao grupo de filhotes (G1).
Ultrassom renal Ultrassom abdominal UREIA CREA
T
DENS UPC
Esquerdo Direito
I. Sem alteração Sem alteração Baço levemente heterogêneo
Cornos evidentes porem sem
conteúdo
Linfonodo ilíaco medial
direito evidente
32,0 1,3 >1040 0,5
II. Definição cortico
medular reduzida
Ecogenicidade da
cortical
aumentada
Definição cortico
medular reduzida
leve aumento
Ecogenicidade da
cortical
aumentada
Sem alteração 54,5 1,8 >1040 0,01
III. Sem alteração Sem alteração Inflamação/infecção sistêmica
Hepatopatia aguda
Linfonodos abdominais
evidentes
32,8 1,1 >1040 0,41
IV. Sem alteração Sem alteração Vários linfonodos evidentes
Baço aumentado de tamanho e
heterogêneo e fígado
levemente hipoecogenico
47,3 1,1 1024 0,21
V. Sinal da medular Sinal da medular Doença inflamatória intestinal
Processo inflamatório
sistêmico
linfoma
34,0 0,8 1020 0,02
93
APÊNDICE B1- Dados da resenha, histórico e exame físico referentes ao grupo de adultos (G2)
NOME
RG Idade Definição racial
QUEIXA PRINCIPAL EXAME FISICO
I. Belinha
29507
3A Shih-tzu Hiporexia/ usou acp Secreção olhos
II. Pity
29451
6A Pinscher Aum. Vol. mama Aumento de volume inguinal
III. Thor
25938 5A
SRD Mastigou engoliu fio de cadeira/ esforço para defecar/ apatia/ feridas na pele/ urina amarelada/ não tem um olho
Ferida membro anterior esquerdo
IV. Lady
20241 5A SRD Dificuldade de caminhar/ manca/ cansaço/ come ate vomitar/ castrada/ urina clara/ poliúria e polidipsia
Claudicação/ olhos hiperêmicos/alopecia/ ofegante/
arritmias/ 39/ofegante
V. Thor
29500 3A Shih-tzu
Aumento de volume abdominal/ não defeca há dois dias/ diminuição da quantidade de urina/ olhos vermelhos
Carrapato Arritmia
VI. Foquinha
29206 3A Shih-tzu Vomito/ anorexia/apatia/féridas pelo corpo/ n bebe água/ ofegante/ cansaço
Abd demasiado
VII. Molly
25569 2A
Maltes Diarréia amarelad/ apatia/vom/no us colecisti
VIII. Sansão
29433 6A SRD Nod test
IX. Tuca
29139 6A
SRD Aument, vol abdo Nódulo genital/ abdo abau
X. Manchinha
29273 4A
SRD Pariu a 2 mês/ secreção vaginal diária/ já teve erliquia 39,5ºC/ linf aumen/
XI. Tupã
29136 6A
Boxer Sinais neu(nistagno)/ paresia/ paralezia/ diarrreia/opistonono Musc tensa/ ectoparasita/ memb esticados/us: cistite
XII. Shakira
29106 4A
Rotweiller Mancando/ nódulo mama/ secreção ocular/ já teve herlichia Carrapato/ ulceras pele/ lfn pré escapular aumenta
XIII. Toquinho
29326 1A 5M
Pinsher Manca/ arraspta membros Olhos verm/TE ecto
XIV. July
29494 2A
Yorkshire
XV. Bilbo
29452 1A 6M
Yorkshire Automutilação na cauda Criptorquida/ ferida cauda/ 39,4°c
XVI. Bruce
26553 4A
Boxer Doador de sangue Teve giárdia
40,1ºC Fc 100 Fr 92
94
XVII. Luma
29238 4A
SRD Animal fugiu ontem/ hoje vomitou e esta em estupor, bebeu toda água do pote/ já aplicou anticoncepcional há 2 meses
Estupor/ prolapso 3 pálpebra/ fez bolus de glicose e agora fica
chorando e delirando
XVIII. Raica
29200 4A
Pastor alemão
Não pega cria Alopecia/prurido/ descamações/us:útero e ovários
evidentes
XIX. Fofa
29258 3A
Pastor Belga Hiporexia/ anorexia/urina escura coca/n defeca/mucosa ocular ictérica
39ºC/ não anda/fígado aumentado
XX. Mel
28840
3A Pitt Bul Diagnóstico de piometra/secreção vaginal/ hiporexia/ não toma muita água
TVT quimioterapia/ linfonodo submandibular esquerdo e
inguinal infartados
XXI. Serafim
30328
Adulto
SRD Atropelado não levanta abdominal tenso
Us: rins c perda de definição corticomedular,e hiperecoico,
XXII. Thor
30058
1A 2M
SRD Apatia Hematoquezia emêse
Mucosas congestas/MP flácido(já foi atropelado e fez cirurgia)
XXIII. Jolly
26285 Adulto Shih-tzu
XXIV. Nick
21081
5A
Shih-tzu Exame de rotina/ urina concentrada Us:perda definição no rim direito baço aumentado
fez urinálise
XXV. Branca
30118
5A
Boxer Nódulo mama/ ulcerado/teve febre Submandibular aumentado
XXVI. Princesa
27978
6A
Pitbull Nódulo mama/alopecia MP 39ºC/secreção olho/ nódulo em outras partes do abdominal/ já fez mastectomia parcial/laudo de neo
Úmero
XXVII. Leona
26274
6A
SRD Aumento de volume na orelha 39C/ FC108/FR108
Já teve hemometra/ carrapato/nódulo mama e tecido
subcutâneo
XXVIII. Balu 30094
6A
SRD “Nódulo mama” Aumento de volume região ventral e caudal/ hérnia inguinal
XXIX. Mel
30052
2A
Daschaund Nódulo mama
XXX. Mamona
30038
3A
Pastor suiço Sangramento vaginal, com pus e odor fétido após o cio
38,7 FC140
Ofegante Submandibular aumentado
95
APÊNDICE B2- Dados do ultrassom renal e abdominal, exames bioquimicos (ureia, creatinina, densidade urinaria e UPC) referentes ao grupo de adultos (G2).
Rins Laudo de US URE CRE DEN UPC
Direito Esquerdo
I. Piometra Ecogenicidade da cortical aumentada
Ecogenicidade da cortical aumentada
Heterogêneo baço com nódulo Piometra/ linfonodo mesentéricos evidentes
24,9 0,8 >1040 0,47
II. Eventração, hérnia
Banda hiperecoica na medular
Urolítiase Hérnia inguinal com alças no saco herniário
23,7 0,6 >1040 0,3
III. Corpo Estranho
Definição corticomedular reduzida
Definição corticomedular reduzida
Baço moradamente heterogêneo retenção fecal
31,4 0,8 >1040 0,29
IV. Hiperadreno-corticismo
Sinal da medular Sinal da medular Adrenal esquerda limítrofe 0,62cm pólo
43,1 1,0 1018 0,21
V. Corpo Estranho
Definição corticomedular reduzida
Definição corticomedular reduzida
Fígado levemente hipoecoico/ Alças intestinais com parede evidente, mucosa evidente/ outras alças conteúdo fluido
36,6 1,3 >1040 0,1
VI. úlcera gástrica/int
Sem alteração Sem alteração Fígado de ecotextura grosseira/ parede do estomago espessada
47,7 0,6 >1040 2,30
VII. A esclarecer
Sem alteração Sem alteração Fígado hipoecoico/ parede da vesícula biliar com imagem dupla e medindo 0,4cm
4,2 0,6 >1040 1,43
VIII. Nódulo testículo
Banda hiperecóica na porção externa da medular
Sem alteração Baço levemente heterogêneo Próstata levemente hiperecoica
28,6 1,1 1030 0,1
IX. Hérnia neoplasia
Sem alteração Sem alteração Acumulo de gordura no subcutâneo na região inguinal com diferencial de lipoma
19,2 1,0 >1040 0,10
X. piometra Sem alteração Sem alteração Corpo uterino 0,76cm com conteúdo hiperecoico/ metrite
49,4 1,0 >1040 0,35
XI. Meningoencefalite
Definição Corticomedular
Definição Corticomedular
Baço levemente heterogêneo Próstata levemente heterogênea
31,5 0,9 >1040 0,1
96
(paralisado)
reduzida reduzida
XII. Metástase Forma alterada Contorno irregular Cortical heterogênea
Forma alterada Contorno irregular Cortical heterogênea Definição corticomedular reduzida
Rim e linfonodos com suspeita de metástase
40,8 1,1 1034 0,37
XIII. criptorquida
Sem alteração Sem alteração Testículo ectópico na região inguinal Próstata com áreas hiperecoicas
57,6 1,1 >1040 2,03
XIV. gestação Dilataçao pélvica (pielectasia)
Sem alteração Gestação Um Feto morto
41,7 0,5 >1040 0,26
XV. Testículo ectópico
Sem alteração Sem alteração Testículo ectópico na região abdominal Estrutura com parede hiperecóica preenchida com conteúdo anecóico com pontos hiperecoicos, arredondada na região inguinal direita
49,3 1,4 1036 0,1
XVI. Metástase Definição cortico medular reduzida
Definição cortico medular reduzida
Próstata levemente aumentada de tamanho
35,3 1,2 1040 0,09
XVII. Insulinoma ok ok Fígado moderadamente aumentado de tamanho Baço de ecogenicidade aumentada e heterogêneo Pâncreas com lobos evidentes/ liquido livre em quantidade discreta/ linfonodos abdominal visível
80,6 2,4 1020 1,53
XVIII. Avaliação do trato reprodutivo
ok ok Cisto em ovário/ cornos e corpo evidentes sem conteúdo/ fígado moderadamente hipoecoico
30,3 1,1 >1040 0,2
XIX. Doença hepática,
Leve perda de definição
Ducto biliar dilatado 0,97cm Baço moderadamente
96,1 1,1 >1040 3,91
97
babesiose corticomedular heterogêneo
XX. A esclarecer
Rim direito mediu 8,48cm de comprimento
Rim esquerdo mediu 6,62cm de comprimento Diminuido de tamanho
Áreas anecóicas entremeadas na musculatura
164,4
2,4 1040 0,27
XXI. A esclarecer
Definição corticomedular reduzida
Ecogenicidade da cortical aumentada
Fígado hipoecoico Nódulo baço Testículo diminuído de tamanho Próstata diminuída de tamanho Liquido livre de alta celularidade
20 0,7 1040 0,62
XXII. Gastroenterite hemorrágica
Banda hiperecóica na porção externa da medular
Sem alteração Baço aumentado de tamanho Estômago espessado (0,54cm) Alças evidentes a parede Linfonodo periesplênico evidente
29,3 0,7 1026 0,35
XXIII. Piometra urólito
Pelves dilatadas (pielectasia), Definição corticomedular reduzida, tamanho reduzido
Sem alteração Fígado de ecogenicidade diminuída (processo inflamatório/infeccioso sistêmico) Piometra Nefropatia crônica (displasia renal)
70 1 >1040 0,1
XXIV. A esclarecer
Sem alteração Definição corticomedular reduzido
Aumento prostático com aumento da ecogenicidade
34,9 0,9 >1040 0,18
XXV. metástase Divertículos mineralizados Banda hiperecóica na porção externa da medular
Sem alteração Margens levemente arredondadas Baço heterogêneo com nódulos hipoecoicos difuso (processo infecciosos/ inflamatório sistêmico ou neoformação)
26,6 0,9 1036 0,08
XXVI. metástase Sem alteração Sem alteração Aumentado de tamanho com nódulos hipoecoicos (esplenite, processo infeccioso/inflamatório/ neoformação
47,4 0,9 >1040 0,14
XXVII. metástase Definição Sem alteração Fígado diminuído de nt 1 1034 0,1
98
corticomedular reduzida, banda hiperecoica na porção externa da medular, divertículos mineralizados
ecogenicidade
XXVIII. Hérnia inguinal
Sinal medular, linha hiperecoica na porção externa da medular
Sinal medular, linha hiperecoica na porção externa da medular
Fígado diminuído de ecogenicidade (processo inflamatório/infecciosos sistêmico) Hérnia inguinal direita com alças intestinais na bolsa herniária
nt 0,8 1040 1,4
XXIX. metástase Banda hiper na porção externa da medular
Sem alteração Hérnia inguinal direita com gordura no sue interior
32,6 0,9 >1040 0,10
XXX. Gestação/ Colecistite
Sem alteração Sinal da medular, banda hiperecoica na porção externa da medular
Cornos uterinos evidentes com conteudo hipoecoico Piometra, Vesícula biliar evivente/ nódulo baço
53,3 1,9 1015-1045
1,3
99
APÊNDICE C1- Dados da resenha, histórico e exame físico referentes ao grupo de idosos (G3).
NOME /RG
IDOSOS
RG IDA DE
DEFINIÇÃO
RACIAL
Queixa principal Exame fisico
I. Bidu
M122015
8A
SRD TVT Normal
II. Hohana
25274 9A
Pit Bull
III. Raica
16344 7A
Pit Bull Urina com sangue bebe muita água
Carrapato/ orelha avermelhada pústulas com sangue na pele regiões
alopésicas nos membros/ linfonodo submandibular aumentado
IV. Lili
28967 10A
Poodle Vômito/Diarreia, Hiporexia já teve tumor
Carrapato/ linfonodo Submandibular aumentado/
boca c odor fétido e sangue vivo
V. Bela
19696 16A
Poodle
VI. Nani
29253 9A
SRD Mamas inchadas e duras após cio Nódulos mamas
VII. Mily
29457 7A
SRD Anorexia/cruzou/ sangramento
Carrapato/secreção vaginal escura/ ultrassom tinha feto morto
VIII. Pandora
CO3980 7A
SRD
IX. Pitty
29303 11A
SRD Nódulos mamas dispneia,desmaia/ estação Secreção lacrimal/ofegante/ us:liquido tórax e mediastino/ óbito
X. Flora
29449 8A
SRD Nódulo mamas já retirou nódulo em membro
Us: útero com suspeita de cistos
XI. Menininha
28968 7A SRD Descamação seca/ anorexia/ emagreci-mento/ urina concentrada
Carrapatos/ prostada
XII. Spot
29343 10A
SRD Animal resgatado/ alopecia generalizada/ crostas corpo
Aumento de volume abdominal
XIII. Nina 29346 8A Pinscher Emergência/ comeu vem rato/3paradas Alopecia generalizada/ prurido/já abortou por
100
cardiacas/ bolus tomar anticoncepcional/ muco pela vagina/ us: metrite/corpo estranho/
XIV. Mina
28966 15A
Pinscher Diagnóstico piometra/ sangue pela vagina/ 36,1ºC/ carrapatos/ linfonodo poplítio aumentado
XV. Eros
20983 8A
Boxer Lesões de pele/ apatia/ olho avermelhado/ coça bastante orelha e membros/ urina forte
e concentrada
39,4/ ofegante/ FC124 Lesões na cabeça, membros posteriores/
prurido/ verruga na região lateral do corpo/ nódulo cutâneo ulcerado
XVI. Sadan
29155 9A
Boxer Perderam o prontuário, fez cirurgia de retalho depois de debridamento
XVII. Katy
27596 14A
dashund Há dias cadela ficou com os membros arrastando no chão , agudo, e estava com
nódulo no abdômen/ castrada
Fraqueza muscular membros posteriores, principalmente do membros posterior
esquerdo/ sem dor profunda/ presença de duas massas nos dois últimos pares de mamas/ aumento de volume no flanco/
abdômen rígido
XVIII. Belinha
20828
9A
Shih-tzu Tumor de mama/ sempre ofegante FC100, FR116, Ofegante Aumento de volume M3 e 4 e M5/ tártaro
US: fígado pouco aumentado e rins com perda de definição (DRC)/ RX não foi encontrado
metástase
XIX. Duque
M122015
9A
Shih-tzu Hepatopatia
XX. Leka
26833 14A
6M
Maltês
XXI. Bel
PO1915 8A
Lhasa apso
XXII. Belinha
28940 13A
Shih-tzu Apatia, “tontura”, urina concentrada demora responder quando
chama/ cabeça baixa
XXIII. Safira
13632 7A
Pit bull
XXIV. Tin
26852 10A
7M
Pit bull Aumento de volume abdominal/ nódulo mamas/
ulcerados/ pelos ressecados/alopecia/acredita ter
poliúria/
39ºC/lfn popl infartados/us:nod esple,reg hiper entre fig e rd,panc crônica/obito
101
XXV. Agata
29096 11A
Pit Bull Tumores no corpo/já retirou/saíram mais/feridas nas partes brancas, já teve
ehrlichia
Linfonodo submandibular aumentado
XXVI. Bebel
29467 8A
Pit Bul Anorexia, Hiporexia, Apatia Vômito, já teve ehrlichia
XXVII. Ralf
30544 13A
Pit Bull Incontinência urinaria a 2 sem/ pênis edemaciado e com vermelhidão
/cansaço com exercícios/ urina amarela clara
38,7, Carrapatos/ lesão em MPE, Poplíteo um pouco aumentados, Nódulos no escroto/
ofegante, 160 FC
XXVIII. Pingo
21409 8A
daschaund
Apatia/ anorexia/ vomito/ tristinho/ nódulo ao lado do pênis/ dificuldade de respirar as
vezes
37,9, 140 FC, Nódulo ao lado do pênis Linfonodo poplíteo aumentado/ deprimido/
Citologia deu neoplasia de células redondas/ óbito
XXIX. Mel
30272 10A
SRD
XXX. Lindinha
29911
11A
Dálmata Roubaram a cadela e estava no cio Us; gestação
XXXI. Lola
13633 10A
Pinscher Nódulo mama/ no subcutâneo/
XXXII. Negão
29902 SRD Testículo com ulceras/micose/ Laudo Linfoma na citologia/ óbito depois da quimioterapia
XXXIII. Isabela
29929 7A
SRD
XXXIV. Fiona
30218
9A
Poodle Aumento de volume na mama/ cansa ao exercitar/ catarata/
linfonodo levemente aumentado na região inguinal
XXXV. Laika
30130 9A
SRD Anorexia/feridas arredondadas dorso Aumento de volumem abdominal/ aumento do útero palpação/us: aumento baço e
heterogêneo/ cisto LD, sedimentos na vesícula, e bexiga, cornos evidentes
XXXVI. Mel
29529
10A
Boxer Nódulo MPD ulcerado
XXXVII. Nana
29879
16A
SRD Nódulo pelve, aumentou em 5 dias/catarata, alopecia/ descamação/ massa mama e
nódulos na cadeia
39,3ºC/ us:cisto rins, nódulo baço,aumento fígado/ liquido útero/linfonodo ou massa próxima aos grandes vasos cranial ao r
XXXVIII. Shitara
27472
7A
Pit Bull Diarreia com sangue, com consistência aquoso/ vomito amarelado/ animal desmaiou/ secreção mucosa com aparência de catarro
36,7, FC 130, FR 68, Ofegante Hematoquezia, Abdômen abaulado/ óbito
102
APÊNDICE C2- Dados do ultrassom renal e abdominal, exames bioquímicos (ureia, creatinina, densidade urinaria e UPC) referentes ao grupo de idosos (G3).
(genital)
XXXIX. Nega 28834 11A
Boxer - -
Ultrassom renal Laudo US UREIA
CREAT
DENS
UPC
SUSPEITA NO US
Direito Esquerdo
I. Metástase Definição corticomedular
reduzida
Definição cortico medular reduzida
Fígado levemente hipoecóico Próstata heterogênea e
aumentada
24,0 0,9 1034 0,11
II. Metástase Sinal da medular Sinal da medular esplenomegalia com nódulos hiperecoicos de contorno mal
definido e irregular de tamanhos variados
Linfonodos ilíacos evidentes
55,3 1,1 1014 1,72
III. A esclarecer Ecogenicidade da cortical aumentada,
definição corticomedular
reduzida
Ecogenicidade da cortical aumentada,
definição corticomedular
reduzida
Piometra Cistite
Doença Renal Crônica
97,7 0,8 1014 1,96
IV. Avalia abdominal
idoso/Endocrinopatia
Cistos Cistos Sem alteração 64,4 0,6 1026 0,40
V. Metástase Sem alteração Sem alteração Corpo uterino pouca qtd de conteúdo anecóico Baço heterogêneo
NT 0,8 1018 0,34
VI. Piometra Ecogenicidade da cortical aumentada,
definição corticomedular
reduzida
Ecogenicidade da cortical aumentada,
definição corticomedular
reduzida
Feto morto Corpo uterino 1,57cm
Corno uterino esquerdo 2,03
NT 0,8 >1040 2,98
VII. Piometra 8,30cm de comprimento,
definição
7,43 (tamanho reduzido), pelve
dilatada
Cornos uterinos com conteúdo hipoecoico, Corno uterino esquerdo 0,8 corno
37,4 1,8 1018 0,3
103
corticomedular reduzida
(pielectasia), cisto, definição corticomedular
reduzida
uterino direito 0,93 Linfonodo evidente (estrutura hipoecoica cística na região
mesogástrica direita
VIII. Massa, Metástase
Sem alteração Sem alteração Liquido tórax e mediastino/óbito
IX. Metástase Sem alteração Sem alteração Cornos com áreas arredondadas anecóicas na
parede
41,1 1,1 1032 0,02
X. Hepatopatia Sem alteração Sem alteração Fígado aumentado de tamanho e com nódulos
hipoecoicos/ Baço aumentado de tamanho,
heterogêneo, e com nódulos Discreta quantidade de liquido livre Linfonodo evidente periesplênico
cistite
59,7 1,2 1016 4,8
XI. neoplasia Mediu 5,00cm de comprimento/ severa perda
definição cortico medular/
ecogenicidade da cortical aumentada
Mediu 5,79cm de comprimento(tama
nho reduzido), Definição
corticomedular reduzida,
Ecogenicidade da cortical aumentada
Massa no baço, Próstata heterogênea, Testículo
direito na região inguinal
43,3 0,6 >1040 4,33
XII. Retenção placenta/ piometra/
intoxicação
Sem alteração Sem alteração Corpo estranho no estomago Cornos uterinos com conteúdo hiperecoico
38,4 1,4 1020 4,46
XIII. Piometra Sem alteração Definição corticomedular
reduzida
piometra 20,0 0,6 >1040 1,26
XIV. Metástase Sem alteração Sem alteração Baço aumentado de tamanho e heterogêneo com
nódulo hipoecóico, heterogêneo e de contorno
mal definido Próstata aumentada de
54,4 1,2 >1040 0,14
104
tamanho
XV. Metástase Mediu 8,3cm de comprimento,
Banda hiperecoica na porção externa
da medular
Mediu 7,28cm de comprimento
(tamanho reduzido),
banda hiperecóica na porção externa
da medular
Esplenomegalia e heterogêneo
Adrenal esquerda aumentada
Linfonodo evidente Massa heterogênea
hipoecóica na região cervical esquerda
100,9
2,0 1026 9,92
XVI. Metástase Sem alteração Sem alteração Sem alteração 38,4 1,2 1040 0,17
XVII. Metástase Sem alteração Sem alteração Adrenal evidente (0,78) Linfonodos ilíacos perda de
formato e contorno, heterogêneos
Vários linfonodos evidentes (metástase), Pielonefrite
26,6 0,6 >1040 0,01
XVIII. Hepatopatia avaliação abdominal
Definição corticomedular
reduzida, banda hiperecóica na porção externa
da medular
Definição corticomedular
reduzida, banda hiperecoica na porção externa
da medular
Ovário policístico 21,1 1,3 1026 0,06
XIX. Avaliação abdominal
idoso
Sem alteração Sem alteração Fígado grosseiro
32,8 0,7 1036 0,43
XX. Hepatopatia Definição corticomedular
reduzida, Ecogenicida da
cortical aumentada, cistos
Cistos Sem alteração 177,4
2,1 1012 5,0
XXI. piometra Ecogenicidade da cortical aumentada
Ecogenicidade da cortical aumentada
Fígado de ecogenicidade mista
63,1 0,9 >1040 0,15
XXII. metástase Sem alteração Sem alteração Piometra, Nódulo no baço Baço heterogêneo
42,5 1,0 1026 0,27
XXIII. Neoplasia na mama/
hipotireoidismo
Sem alteração Sem alteração Nódulo no baço hipoecoico e de contorno definido Baco heterogêneo
32,7 1,3 >1040 0,3
105
XXIV. metástase Sem alteração Cisto
Cistite Hepatomegalia
Massa pâncreas Nódulo esplênico
105,6
3,5 1022 11
XXV. piometra Sem alteração Sem alteração Sem alteração 18,5 0,9 1014 4,13
XXVI. Cálculo renal
Mediu 8,02cm de comprimento,
definição corticomedular
reduzida, sinal da medular
Mediu 7,06cm de comprimento
(tamanho reduzido), definição
corticomedular reduzida,
sinal da medular
piometra 29,5 1,0 1026 0,29
XXVII. Linfonodo/ invasão
abdominal Aumento de
volume
Cistos, definição corticomedular
reduzida, ecogenicidade
cortical aumentada, sinal da medular
Cistos, definição corticomedular
reduzida, ecogenicidade da
cortical aumentada, sinal da medular
Próstata aumentada de tamanho,
nódulo no baço
nt 3,3 1016 5,78
XXVIII. Metástase Sem alteração Sem alteração Lobo esquerdo fígado aumentado de tamanho
Adrenal direita de tamanho limítrofe (0,73 pólo caudal) Linfonodos ilíacos mediais
evidentes, heterogêneo, com contornos irregulares e áreas
hipoecóicas entremeadas Presença de massa na
região inguinal
32 0,6 1036 0,7
XXIX. metástase Sem alteração Sem alteração Fígado com diminuição de ecogenicidade/ gestação
22,4 0,8 1008 0,1
XXX. neoplasia Sem alteração Sem alteração Fígado com diferencial de processo
inflamatório/sistêmico Útero com processo
infeccioso/inflamatório inicial ou gestação inicial
nt 0,8 1040 0,1
XXXI. metástase Definição cortico medular reduzida, sinal da medular,/
Sem alteração Fígado aumentado de tamanho, com contornos abaulados, diminuído de
64,6 0,8 1040 0,1
106
banda hiperecóica na porção externa
da medular
ecogenicidade e ecotextura heterogênea
XXXII. piometra Banda hiperecóica na externa da
medular, sinal da medular, definição
corticomedular reduzida
Banda hiperecóica na externa da
medular, sinal da medular, definição
corticomedular reduzida, urolitíase
Fígado sugestivo de inflamação/infecção
sistêmica Cornos e corpo evidentes Nódulo em alvo no baço
34,4 0,7 >1040 0,2
XXXIII. Metástase Porção externa da medular
hiperecoica bilateral
Porção externa da medular
hiperecoica bilateral
Baço levemente heterogêneo/ aumentado de
tamanho/ Pouca quantidade de
conteúdo anecóico nos cornos uterinos
nt 0,7 >1040 1,04
XXXIV. Metástase Sem alteração Definição corticomedular
reduzida
Baço com neoformação / hiperplasia nodular baço
entremeado) Nefropatia crônica
nt 2,8 1012 16,2
XXXV. Diarréia com sangue,
com consistência
aquoso/ vomito
amarelado/ animal
desmaiou/ secreção
mucosa com aparência de catarro (genital)
Definição corticomedular reduzida, cisto,
pelves dilatadas, ecogenicidade da
cortical aumentada
Definição corticomedular reduzida, cisto,
pelves dilatadas, ecogenicidade da
cortical aumentada
Fígado e baço sinal de inflamação infecção
sistêmica Neoplasia baço nódulos)
DRC Piometra
pancreatite
42,4 0,6 1036 2,89
XXXVI. metástase Mediu 8,3cm de comprimento,
Banda hiperecóica na porção externa
da medular
Mediu 7,28cm de comprimento
(tamanho reduzido),
Banda hiperecóica na porção externa
da medular
Baço aumentado de tamanho e heterogêneo
AE 0,89 Linfonodo evidente Massa heterogênea
hipoecóica na região cervical esquerda
100,9
2,0 1026 9,92