Upload
dinhhuong
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica - PROVAB
Avaliação e Manejo do Declínio Cognitivo 2
APRESENTAÇÃO
Essa unidade será composta pelos seguintes temas:
Incontinência Urinária;
Doença de Parkinson e Tremor;
Osteoporose;
Avaliação e manejo do declínio cognitivo 1;
Avaliação e manejo do declínio cognitivo 2;
Depressão;
Desequilíbrio e Vertigem;
Objetivo da Unidade
Descrever os principais agravos à saúde dos idosos, visando a qualificação do cuidado aos
pacientes acometidos com essas patologias.
Agora escolha o tema a ser estudado navegando pelo menu superior. Bons Estudos!
TEMA 4 - AVALIAÇÃO E MANEJO DO DECLÍNIO COGNITIVO 2
Agora vamos dar continuidade ao tema de Avaliação e Manejo Cognitivo no intuito
demonstrar as características clínicas das demências irreversíveis, as alterações presentes
nos exames complementares, assim como sua evolução e o seu tratamento farmacológico
e não farmacológico.
Objetivo de aprendizagem desse tema
Identificar as demências irreversíveis mais prevalentes na população idosa, seus fatores de
risco, suas características clínicas, critérios diagnósticos e modalidades terapêuticas.
Demências irreversíveis
Demência Vascular (DV)
É a segunda causa de demência no idoso, sendo a primeira a Doença de Alzheimer (DA).
Pode ser o tipo puro ou mista, sendo esta associada à DA. Caracteriza-se por iniciar de
forma súbita, evoluir em degraus (alguma recuperação com piora progressiva) e por haver
flutuação do déficit cognitivo.
Possui como fatores de risco:
Idade avançada
Sexo masculino
DM
Dislipidemia
Hiper-homocisteinemia
HAS
Tabagismo
Passado de Acidente Vascular Encefálico (AVE)
Declínio cognitivo pré-AVE
Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
Fibrilação atrial
Cardiopatia isquêmica
Possui como critérios diagnósticos, segundo DSM-IV, a presença de:
1 - Alteração da memória
2 - Um ou mais distúrbios cognitivos: afasia, apraxia, agnosia,distúrbio da função
executiva. Os déficits cognitivos são responsáveis por uma alteração significativa do
funcionamento social ou profissional e representam um declínio significativo em relação ao
nível de funcionamento anterior.
3 - Doença vascular cerebral: presença de sinais neurológicos focais compatíveis com AVE (
exemplo: sinal de Babinski, distúrbios da marcha, fraqueza de uma extremidade) ou
evidência de mudanças vasculares nos exames de imagem
4 - Os déficits não surgem exclusivamente no decorrer de um delirium
Tratamento
Até o momento não há evidências científicas de que o uso de fármacos inibidores da
acetilcolinesterase ou antagonistas glutamatérgicos (NMDA) tenham benefício na demência
vascular, sendo o tratamento composto pelo controle dos seus principais fatores de risco
como: alimentação saudável, atividade física, controle da pressão arterial, cessação do
tabagismo e baixo consumo de álcool. O uso de estatina não está recomendado
exclusivamente para o tratamento da DV, assim como o controle intenso da glicemia com
níveis de hemoglobina glicada abaixo de 6%, visto aumentar a mortalidade, conforme foi
demonstrado no estudo ACCORD.
Recordando...
A escala isquêmica de Hachinski é um instrumento simples, reconhecido e largamente
utilizado na clínica e nos protocolos de pesquisa que objetiva auxiliar no diagnóstico da
Doença Vascular (DV). (Clique aqui para visualizar a tabela).
Demência frontotemporal
É composta por três tipos de demência: Demência frontal, Demência semântica, Afasia
progressiva não fluente.
Há perda neuronal cortical, mais intensa nos lobos frontais e nas porções anteriores dos
lobos temporais, com relativa preservação da formação hipocampal, resultando em um
menor comprometimento da memória. A inervação colinérgica cortical é relativamente
preservada, havendo redução significativa nas inervações dopaminérgica e serotoninérgica.
Clique e conheça as características dos tipos de Demencia Frontotemporal
DEMÊNCIA FRONTAL
Caracteriza-se por haver mudança gradativa na personalidade e no comportamento, assim
como no planejamento e na organização, denominada de função executiva. A memória
apresenta-se preservada no início.
DEMENCIA SEMÂNTICA
A memória semântica é um componente da memória de longo prazo e encontra-se
alterada. Há também perda de memória ou do significado de palavras ou conceitos (troca
de palavras por expressões vagas, dificuldade para compreender palavras de significado
menos comuns). Nas fases inicias essas alterações são sutis, havendo manutenção da
capacidade de resolver problemas e da habilidade visuoespacial.
AFASIA PROGRESSIVA NÃO FLUENTE
Caracteriza-se por anomia (dificuldade para encontrar palavras), hesitação e redução da
fluência verbal nos estágios iniciais evoluindo para discurso empobrecido e mutismo. Há
preservação da memória para fatos recentes e da independência funcional.
Demência frontotemporal
Características Teste psicológico TC/RNM cérebro
Demência Frontal
Mudanças na personalidade e comportamento, alteração função
executiva Memória preservada
no início
Alteração na função executiva, julgamento
crítico e social Memória recente
preservada inicialmente
Atrofia frontal e/ou temporal anterior
mais acentuada em relação ao restante
Demência Semântica
Perda de memória, significado de
palavras, conceitos Alterações do
comportamento leves no início
Alteração memória semântica (nomeação,
categorização), Linguagem preservada, presença de erros de
escrita e leitura
Atrofia assimétrica dos lobos temporais
Afasia progressiva não-fluente
Anomia, hesitação, redução da fluência
verbal Memória para fatos recentes preservada
Bom desempenho nas provas de memória
semântica, exceto fluência verbal, percepção e
habilidades visuoespaciais
Atrofia nas regiões perissylvianas
esquerdas mínima ou ausente nos estágios
iniciais
Tratamento
Não há estudos que indiquem o uso dos anticolinesterásicos na demência frontotemporal. O tratamento consiste no controle dos sintomas neuropsiquiátricos e depressivos, com fármacos antipsicóticos, estabilizadores de humor e antidepressivos.
Demência por Corpos de Lewy
Caracteriza-se por haver agregação anormal da proteína sináptica α sinucleína com a
formação dos corpos de Lewy nos núcleos subcorticais e em regiões corticais, levando à
morte neuronal. Apresenta sintomas cognitivos, psiquiátricos, neurológicos e clínicos.
Há flutuações do estado de alerta e de atenção. As alucinações visuais são as mais
frequentes, caracterizam-se por serem vívidas e recorrentes, podendo persistir de meses a
anos. As alucinações auditivas também ocorrem, porém com menor frequência.
O parkinsonismo acomete 3/4 dos pacientes, é de predomínio axial, causando instabilidade
postural, alteração da marcha, hipomímia facial e disartria. O tremor é pouco frequente e
de leve intensidade.
Sintomas cognitivos, psiquiátricos, neurológicos e clínicos da
Demência por Corpos de Lewy
Sintomas Cognitivos
Confusão mental; Alteração da memória, linguagem, função
executiva,visuoespacial, atenção; Redução da velocidade do
processamento cognitivo; Déficit visuoconstrutivo.
Sintomas Psiquiátricos
Alucinações; Alterações do comportamento; Depressão; Apatia;
Ansiedade.
Visuais, auditivas
Sintomas Neurológicos
Parkinsonismo; Distúrbio do sono; Falência autonômica.
Predomínio axial
Sintomas Clínicos
Síncope; Hipotensão ortostática; Quedas; Incontinência urinária;
Constipação intestinal.
Demência por Corpos de Lewy e demência associada à doença de parkinson
Recordando...
Parkinsonismo: presença de pelo menos 2 dos seguintes sintomas: tremor de repouso,
rigidez, bradicinesia.
O distúrbio do sono característico denomina-se transtorno comportamental do sono REM
que se manifesta por intensa atividade motora, movimentos repetitivos do tronco e dos
membros, vocalização e por sonhos vívidos e assustadores.
Entre as manifestações psiquiátricas destacam-se os delírios denominados de Síndrome de
Capgras os quais são delírios de falso reconhecimento. O diagnóstico é clínico, baseado na
história e no exame físico.
Você sabe como diferenciar demência por corpos de Lewy da demência
associada à Doença de Parkinson?
O início dos sintomas de demência precedem ou ocorrem simultaneamente com os sinais
de parkinsonismo, na demência por corpos de Lewy. Enquanto que na demência associada
à doença de Parkinson, os sintomas motores precedem os cognitivos em pelo menos 1
ano.
Tratamento
O tratamento deve ser individualizado, visto o tratamento de um sintoma poder agravar os
demais.
Sintomas Drogas Doses Observações
Tremor Levodopa Baixas doses e
monoterapia
Sintomas
cognitivos/comportamentais
Rivastigmina
Donepezil
Iniciar com 3,0mg/dia,
dividios em 2 tomadas e
progredir até a dose
máxima de 12mg/dia,
conforme tolerabilidade
do paciente Iniciar com
5,0mg/dia e progredir
para 10mg/dia
Podem agravar o
tremor e promover
sintomas
gastrointestinais
Sintomas neuropsiquiátricos
Quetiapina 25 a 300mg/dia
Neurolépticos
típicos estão
contra-indicados
Clozapina 6,25mg a 100mg/dia
Carbamazepina 100 a 800mg/dia
Ácido valpróico 10 a 15mg/kg/dia
Sintomas depressivos
Sertralina* 50 a 150mg/dia
Evitar Fluoxetina
Citalopram* 20 a 60mg/dia
Paroxetina* 10 a 50mg/dia
Bupropiona 150mg/dia
*Medicamentos não disponíveis na RENAME
Doença de Alzheimer
Doença de Alzheimer é a demência de maior prevalência na população idosa, apresentando
crescimento exponencial com o avançar da idade. Possui diversas alterações
neuropatológicas, tais como: placas senis; emaranhados neurofibrilares; redução do peso
do encéfalo; atrofia cortical difusa, bilateral e simétrica caracterizada por estreitamento dos
giros e alargamento dos sulcos; redução da formação hipocampal( hipocampo,córtex
entorrinal) em 60% nos estágios avançados; redução do volume da substância branca
cerebral, levando à dilatação dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo e leucoaraiose
que representa uma alterações na substância branca periventricular.
Possui diversos fatores de risco e protetores, os quais estão demonstrados a seguir:
FATORES DE RISCO
Gênero feminino
Baixo nível educacional
Síndrome de Down
DA em parente de 1º grau (risco em 3,5 vezes)
Fatores vasculares: HAS, hiperhomocisteinemia, DM, hipercolesterolemia
Alelo ε4 da apolipoproteína E
FATORES PROTETORES
Gênero masculino
Nível educacional elevado
Vida ativa, com estimulação cognitiva constante
Atividades sociais e lazer
Atividade física regular
Níveis baixos de colesterol
Presença de genótipo ApoE ε2
Consumo moderado de álcool
Diagnóstico
Critérios para Doença de Alzheimer segundo o National Institute of Neurologic and
Communicative Disorders and Stroke and Alzheimer Disease and Related Disorders
Association (NINCDS-ADRDA)
DA provável
Presença de síndrome demencial:
Déficit de 2 ou mais áreas da cognição; Piora progressiva da memória e de outra função
cognitiva; início entre 40 e 90 anos de idade e ausência de doenças
sistêmicas que possam causar a síndrome
Achados que sustentam
DA provável
Afasia, apraxia e agnosia progressivas (incluindo disfunção visuoespacial)
Atividades de vida diária (AVD’s) comprometidas e alteração comportamental
História familiar; e Achados inespecíficos (exames normais) de líquor,
eletroencefalograma(EEG) e tomografia computadorizada (TC) de crânio
Achados consistentes
com diagnóstico de DA
provável
Platô no curso da progressão da doença Sintomas psiquiátricos e vegetativos associados
(depressão, insônia, delírios, alucinações, problemas de controle comportamental, transtorno do sono e perda de peso)
Outras anormalidades neurológicas na doença avançada (aumento do tônus muscular, mioclonia, distúrbio na marcha)
Convulsões na doença avançada TC normal para idade da DA e exame neuropatológico demonstra a presença de
patologia da DA
Características que
reduzem muto a chance
de DA provável
Início súbito, apoplético; Achado neurológico focal no início da doença; ou Convulsões ou distúrbios da marcha precoces no curso
precoce da doença
Diagnóstico clínico de DA
possível
Pode ser feito com base na síndrome demencial quando as seguintes condições são preenchidas:
Ausência de outros transtornos neurológicos, psiquiátricos ou sistêmicos suficientes para causar demências; ou
Presença de achados atípicos no início, na apresentação ou no curso clínico.
Pode ser feito na presença de um segundo transtorno que possa levar à demência mas que não seja a única causa provável de demência.
Tratamento
É composto por medidas farmacológicas e não farmacológicas. O tratamento não
farmacológico inclui abordagem do paciente, da família e dos cuidadores tanto formais
quanto informais. Há o núcleo de apoio à saúde da família (NASF) que é composto por
equipe interdisciplinar o qual promove o acompanhamento integral dos pacientes e,
através do matriciamento, discussões dos casos mais complexos, possibilitando o olhar das
diversas categorias de profissionais da saúde e o bem estar dos pacientes e familiares.
Existem também os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) que são unidades
especializadas em saúde mental que oferecem atendimento de cuidados intermediários
entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar por equipe multiprofissional.
Como devo proceder?
Abordagem
do paciente
Reabilitação cognitiva: técnicas de
estimulação através da arte e de
outras terapias ocupacionais, sociais
e de recreação, dança, exercícios e
musicoterapia.
Promover otimização das funções
cognitivas remanescentes,
minimiza problemas e
comportamento e melhora o
funcionamento global, o humor e a
auto-estima
Acompanhamento nutricional Auxiliar no equilíbrio, marcha e
força
Avaliar dieta e estado nutricional Distúrbios de linguagem, disfagia
Intervenção Fonoaudiológica Uso correto das medicações,
orientação sobre rotina diária,
integridade da pele
Intervenção de Enfermagem
Atendimento
familiar
Orientação e aconselhamento dos
familiares para promover um melhor
entendimento do significado da
doença e dos seus efeitos no
contexto sociofamiliar.
Evitar desagregação e
desestruturação das relações
pessoais e sociais.
Apoio aos
cuidadores
Grupos de apoio: orientação sobre o
manejo do paciente, troca de
informações, capacitar novos
cuidadores
Promover bem-estar dos familiares
e cuidadores
Tratamento farmacológico
É composto por medidas farmacológicas e não farmacológicas. O tratamento não
farmacológico inclui abordagem do paciente, da família e dos cuidadores tanto formais
quanto informais. Há o núcleo de apoio à saúde da família (NASF) que é composto por
equipe interdisciplinar o qual promove o acompanhamento integral dos pacientes e,
através do matriciamento, discussões dos casos mais complexos, possibilitando o olhar das
diversas categorias de profissionais da saúde e o bem estar dos pacientes e familiares.
Existem também os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) que são unidades
especializadas em saúde mental que oferecem atendimento de cuidados intermediários
entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar por equipe multiprofissional.
Droga Apresentações Administração
Donepezila Comprimidos de 5 e 10mg
Iniciar com 5mg/dia, podendo aumentar para 10mg/dia em 4 a 6 semanas. Tomar com ou sem alimentos, ao deitar.
Galantamina Cápsulas de liberação prolongada de 8, 16 e 24mg
Iniciar com 8mg por 4 semanas. A dose de manutenção é de 16mg/dia, por, no mínimo, 12 meses. A dose máxima é 24mg/dia.
Rivastigmina Cápsulas de 1,5; 3,0; 4,5 e 6,0 mg
Iniciar com 3 mg/dia, aumentar para 6mg/dia, após 2 semanas e 9 e 12 mg/dia, com intervalos de 2 semanas, conforme tolerabilidade do paciente. As doses devem ser divididas em 2 administrações, junto às refeições.
Você sabe como diferenciar demência de delirium, depressão e psicose?
Características Delirium Demência Depressão Psicose
Instalação Aguda Progressiva Variável Aguda
Atenção Prejudicada Intacta, exceto avançada
Reduzida Variável
Evolução Oscilante Constante Variável Episódica
Nível de Consciência
Letargia/agitação Normal Normal Normal
Memória Alterada Alterada Normal Normal
Orientação Alterada Normal/alterada Normal Normal
Discurso Desorganizado Reduzido, afasia Normal e lento
Variável
Alucinação Visual Às vezes Raro Auditiva
Etiologia orgânica Sim Sim Não Não
Concluindo
A demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir
alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio,
concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e
habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por mudanças no
comportamento ou na personalidade.
Os prejuízos, necessariamente, interferem com a habilidade no trabalho ou nas atividades
usuais, representam declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e desempenho
e não são explicáveis por outras doenças físicas ou psiquiátricas. Muitas doenças podem
causar um quadro de demência. Entre as várias causas conhecidas, a Doença de Alzheimer
é a mais frequente.
Seu aprendizado será complementado com a resolução da atividade. Esperamos ter
contribuído com seu aprendizado. Agora, mãos a obra!!