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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR Cartilha para as Entidades Organizadoras - EOs MORADIA E TECNOLOGIA SOCIAL

Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR

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Cartilha para as Entidades Organizadoras - EOs O PNHR é estruturado em diversas etapas, muitas vezes complexas, que são realizadas, em sua maior parte, sob a coordenação, supervisão e/ou responsabilidade direta da Entidade Organizadora. Esta cartilha busca orientar as EOs sobre o passo a passo das principais ações do PNHR, bem como apresentar exemplos de Tecnologias Sociais que poderão complementar as grandes transformações trazidas pela realização do sonho da casa própria em cada família de cada comunidade do meio rural brasileiro.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 1

Cidadania e Qualidade de Vida no Campo

Programa Nacional de Habitação Rural - PNHRCartilha para as Entidades Organizadoras - EOs

MORADIAE TECNOLOGIA SOCIAL

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2 moradia e TeCnologia SoCial

ExpedienteFUNDAÇÃO BANCO DO BRASILJosé Caetano de Andrade MinchilloPresidência

Marcos Melo FradeDiretoria Executiva de Desenvolvimento Social

Vagner Lacerda RibeiroDiretoria Executiva de Gestão de Pessoas, Controladoria e Logística

Claiton MeloFrancisco Alves e SilvaRosângela D’Angelis BrandãoGEATE – Gerência de Assessoramento Técnico

Fabrício Érick de AraújoRogério MiziaraBanco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil

BANCO DO BRASILLúcio BertoniNilson Luiz da SilvaDIMOB – Diretoria de Crédito ImobiliárioGerência Executiva de Governo

REDE TERRAInstituto de Desenvolvimento Sustentável e Apoio à Agricultura Familiar

ORGANIZAÇÃOCiro CorreaCamponesa Consultoria Socioeconômica Ambiental

CONTEÚDOCiro Eduardo Correa Jalmar Mai Larissa Carneiro Valeria Bertolini Zezé Weiss

TEXTO E REVISÃO Amanda LimaLucia Resende

EDIÇÃOCiro Eduardo CorreaZezé Weiss

DESIGN GRÁFICOAnderson Blaine

PRODUÇÃO EDITORIALAmanda LimaAnderson Blaine

REVISÃO, EDIÇÃO E DESIGNXapuri Socioambiental Ltda

FOTOSAcervo Fundação Banco do Brasil

ILUSTRAÇÕESAndré AssisAnderson Blaine

IMPRESSÃONossa Gráfi ca Editora Ltda.

TIRAGEM1.000 unidades

Brasília/DF, dezembro de 2013

Este material é licenciado sob a licença Creavite Commons BY-NC-SA 3.0 BR

Para mais informações acesse:http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/

Este material não tem caráter normativo.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 3

Perguntas e RespostasPág. 06 Sobre o Programa Nacional de

Habitação Rural

O/A Beneficiário/a

Pág. 07 A Entidade Organizadora

Pág. 08 Parceria com o Banco do Brasil

Pág. 09 Regras e Documentação

Pág. 10 Projeto de Trabalho Social

Pág. 11 A Moradia

Pág. 12 Tecnologia Social

O Programa SIG Cisternas

Pág. 13 O Programa Minha Casa Melhor

Pág. 14 Requisitos Indispensáveis ao Projeto Técnico

Pág. 15 Passos para Credenciamento e Contratação de uma EO junto ao BB

Pág. 43 Modelo de Projeto de Trabalho Social

Tecnologias SociaisPág. 20 Aquecedor Solar de Baixo Custo – ASBC

Pág. 21 Fossas Sépticas Econômicas

Pág. 22 Cisternas de Placas Pré-moldadas

Pág. 23 Cisterna-Calçadão para Potencialização de Quintais Produtivos

Pág. 25 Barraginhas de Captação de Águas Superficiais de Chuvas

Pág. 27 Sistema de Descarte Automático das Primeiras Chuvas

Pág. 28 Banheiro Seco: Alternativa Ecológica no Semiárido

Pág. 30 Biofossas e Circuitos de Bananeiras: Permacultura em prol da Água do Planeta

Pág. 32 Barragem Subterrânea com Lonas Plásticas

Pág. 33 Bomba D’Água Trampolim

Pág. 34 Tanques em Lajedos de Pedra

Pág. 36 Bancos de Sementes Comunitários

Pág. 38 Quintal Maravilha

Pág. 40 Programa Habitacional Vivendo Melhor

Pág. 41 Transformando Realidades por meio da Mobilização e Organização Comunitária

Sumário

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4 moradia e TeCnologia SoCial

Boas-VindasDesde 2009, a partir da criação do Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV (Lei 11.977, de 07/07/2009), o Governo Federal vem promovendo ações efetivas para reduzir o crônico déficit habitacional enfrentado há séculos pela população brasileira.

Na primeira fase do Programa, até 2010, um milhão de moradias foram entregues. Para a segunda fase, está prevista a entrega de mais dois milhões de moradias até 2014, representando um investimento de R$125,7 bilhões. O PMCMV é composto de dois subprogramas: I – Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU; e II – Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR.

Com isso, o Governo Federal cria os mecanismos de incentivo à produ-ção e à aquisição de novas unidades habitacionais, requalifica os imóveis urbanos e, pela primeira vez, inclui os recursos e os instrumentos também para reforma, ampliação e construção das moradias das famílias economicamente menos favorecidas no meio rural brasileiro.

Para o sucesso do subprograma II, o PNHR, o Governo Federal propõe um novo e inclusivo modelo de organização, que contará com a participação de instituições públicas, de entidades do terceiro setor como sindicatos, associações, cooperativas e demais organizações parceiras das populações do campo, que assumem o papel de Entidades Organizadoras

das ações do Programa, as EOs.

O PNHR é estruturado em diversas etapas, muitas vezes complexas, que são realizadas, em sua maior parte, sob a coordenação, supervisão e/ou responsabilidade direta da Entidade Organizadora. À EO compete:

• ar ticular parcerias locais e regionais;

• mobilizar parcerias para cadastrar e/ou regularizar a documentação das comunidades;

• organizar, coordenar e/ou supervi-sionar as três fases da construção (pré-obra, obra e pós-obra);

• aprovar os projetos técnicos e os projetos sociais;

• e, durante o tempo todo, cuidar da prestação de contas dos projetos perante o Banco do Brasil.

Ao atribuir às EOs a responsabili-dade da execução e, portanto, da cogestão do Programa, o Governo Federal reconhece a importância da participação das comunidades para o sucesso do PNHR. Dessa forma, é fundamental que haja veiculação e troca de informações, além de capacitação apropriada e correta instrumentalização de cada EO.

Co m e s s e p e n s a m e n to, e m novembro de 2012, a Fundação Banco do Brasil realizou oficinas em sua sede, em Brasília, buscando articular diversos parceiros com perfis que se adequassem ao PNHR,

qualificando-os para cumprirem o papel de Entidades Organizadoras. Dentre os presentes, estavam repre-sentantes da ASA Brasil – Articulação Semiárido Brasileiro, Rede Terra

– Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Apoio à Agricultura Familiar, Cooperhaf – Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares, por exemplo.

Nos dois dias de capacitação e trocas de experiências, as entidades presentes elaboraram planejamen-to prevendo o desenvolvimento de material pedagógico e de projetos arquitetônicos agregando Tecnologias Sociais. Na ocasião, as entidades presentes indicaram a Rede Terra, ao lado da Fundação Banco do Brasil, como responsável pela elaboração e confecção desses materiais.

Como resultado desse esforço conjunto, surge esta cartilha. Ela busca orientar as EOs sobre o passo a passo das principais ações do PNHR, bem como apresentar exemplos de Tecnologias Sociais que poderão complementar as grandes trans-formações trazidas pela realização do sonho da casa própria em cada família de cada comunidade do meio rural brasileiro.

Para você, que representa uma EO do PNHR e de quem, portanto, depende o sucesso desta ação, desejamos um excelente trabalho!

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Perguntas e RespostasTUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA IMPLEMENTAR O

PROGRAMA NACIONAL DE HABITAÇÃO RURAL – PNHR

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6 moradia e TeCnologia SoCial

01 O que é o Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR?

O Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR, integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV, objetiva a produ-ção ou reforma de imóveis para os/as agricultores/as familiares e trabalhadores/as rurais, por inter-médio de operações de repasse de recursos do Orçamento Geral da União – OGU – ou de financiamen-to habitacional com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. O objetivo do PNHR é reduzir o déficit habitacional rural.

02 A quem se destina o PNHR?

O PNHR destina-se às famílias dos/as agricultores/as e trabalhadores/as rurais, assentados/as da Reforma Agrária, quilombolas, extrativistas, pescadores/as artesanais, ribei-rinhos/as, indígenas e demais comunidades tradicionais, possibi-litando a construção ou reforma de moradias rurais.

03 Como serão agrupados/as os/as beneficiários/as do PNHR?

Os/as beneficiários/as serão agru-pados/as conforme a renda bruta familiar anual. Cada grupo deverá ser constituído por modalidade de intervenção (construção ou

reforma), possuir no mínimo 4 (quatro) e no máximo 50 (cinquen-ta) proponentes/moradias.

Grupo 1 – Produtores/as e traba-lhadores/as rurais familiares cuja renda familiar anual bruta não ultrapasse R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Grupo 2 – Produtores/as e traba-lhadores/as rurais familiares cuja renda familiar anual bruta seja superior a R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e igual ou inferior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Grupo 3 – Produtores/as e traba-lhadores/as rurais familiares cuja renda familiar anual bruta seja superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) e igual ou inferior a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

No caso dos assentados do INCRA, não há limite máximo para a forma-ção dos grupos.

04 Na condição de beneficiário/a, quais os requisitos para partici-par do PNHR Grupo 1?

• Ser detentor/a de no máximo 4 (quatro) módulos fiscais;

• Não possuir restr ições no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público federal – Cadin;

• Não possuir outros imóveis rurais e/ou urbanos, exceto o objeto da construção ou da reforma ;

• Não figurar entre os inscritos no Cadastro Nacional dos Mutuários

– Cadmut, ou seja, NÃO tenha sido beneficiário/a, a qualquer

época, de subvenções habita-cionais lastreadas nos recursos orçamentários da União ou de descontos habitacionais conce-didos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

– FGTS;

• Não ser proprietário/a, cessio-nário/a ou promitente compra-dor/a de imóvel residencial em qualquer localidade do território nacional;

• Não possuir f inanciamento imobiliário ativo, no âmbito do SFH, em qualquer localidade do território nacional.

05 E quais os requisitos para os/as beneficiários/as enquadrados/as nos Grupos 2 e 3 participarem do PNHR?

Por envolver operações de financia-mento de materiais e serviços, além da necessidade de enquadramento cumulativo em todas as condições contidas no item 4, também será necessário:

• Análise e aprovação cadastral e de capacidade de pagamento;

• Não possuir quaisquer outras restrições impeditivas;

• Na contratação, o/a/os/as bene-ficiário/a/os/as deve/m enqua-drar-se na faixa de idade que, somada ao prazo do financia-mento proposto, não ultrapasse 80 (oitenta) anos, 5 (cinco) meses e 29 (vinte e nove) dias.

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06 O que é uma Entidade Organiza-dora – EO?

A Entidade Organizadora – EO – é a pessoa jurídica sem fins lucrativos, de natureza pública ou privada, res-ponsável pela mobilização das comu-nidades, pela execução de todas as ações e etapas do Programa, e pela intermediação junto ao Banco do Brasil. Podem funcionar como EOs: instituições e/ou entes públicos dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios; Companhias de Habitação; Sindicatos; Associações; Cooperati-vas de Agricultores e Agricultoras participantes do Programa Nacional de Agricultura Familiar – Pronaf; e organizações não governamentais parceiras das pessoas que vivem e trabalham no meio rural brasileiro.

07 Quais são as condições para atuar como EO, em parceria com o Banco do Brasil?

• Não possuir fins lucrativos.

• Não possuir restrições no Cadin, inclusive seus/suas dirigentes e representantes.

• Ter capacidade para operar, administrar, conduzir e gerir os empreendimentos em grupo.

• Possuir, contratar e/ou firmar parcerias para compor o quadro de profissionais técnicos, asse-gurando assessoria na elabo-ração dos projetos da moradia, execução e acompanhamento de obras, bem como elaboração do projeto de trabalho social.

• Não ter histórico de atraso supe-rior a seis meses na execução de obras contratadas, ou de parali-sação em contratos firmados no âmbito do PNHR.

• Propor a parceria e firmar termo de cooperação junto ao Banco do Brasil.

08 Quais as principais atribuições de uma EO?

• Organizar os/as beneficiários/as em grupos, formados de no míni-mo 04 (quatro) e no máximo 50 (cinquenta) famílias e indicá-los ao Banco do Brasil.

• Divulgar as informações junto aos meios de comunicação com maior inserção junto aos/às agricultores/as familiares, traba-lhadores/as rurais e assentados/as da Reforma Agrária em cada local ou região.

• Organizar e executar o processo de inscrição, seleção e classifi-cação das famílias, de acordo com as condições do Programa Nacional de Habitação Rural

– PNHR.

• Apresentar um Plano de Ação com cronograma de conclusão de obras.

• Apresentar os projetos de arquitetura e infraestrutura do empreendimento aprovados pelos órgãos competentes.

• Elaborar Projeto de Trabalho Social – PTS – em conjunto com os beneficiários, e executá-lo por meio do responsável técnico pela execução do projeto, para

cada grupo de propostas.

• Realizar assembleia para eleição da Comissão de Representantes do Empreendimento – CRE, registrada em Ata.

• Prestar assistência jurídico-ad-ministrativa aos/às beneficiários/as, com informações e esclareci-mentos necessários à obtenção de subsídio, condições e finali-dade do PNHR.

• Firmar Termo de Parceria e Cooperação com o Banco do Brasil.

• Assumir, nos contratos firmados com os/as beneficiários/as, a responsabilidade pela execução e conclusão das obras.

• Verificar e atestar o cumprimen-to das exigências técnicas para a execução das obras, visando às condições mínimas de habitabi-lidade, salubridade e segurança do imóvel.

• Coordenar a participação dos/as envolvidos/as na execução do empreendimento, de forma a assegurar s incronismo e harmonia na implementação do projeto e na disponibilização dos recursos necessários à sua execução.

• Prestar apoio técnico aos/às beneficiários/as, por meio do responsável técnico pela execu-ção das obras, na produção das unidades habitacionais, visando à execução das obras conforme o projeto, especificações, quanti-tativo e cronogramas aprovados pelo Banco do Brasil.

• S o l i c i t a r a u t o r i z a ç ã o d o Ministério das Cidades para reali-zação de eventos de assinatura de contratos, visitas a obras e

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8 moradia e TeCnologia SoCial

inaugurações de empreendi-mentos no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida.

• Cumprir o cronograma físico-financeiro global estabelecido, exceto nos casos plenamente justificados e autorizados pela área de engenharia do Banco do Brasil.

• Responder, sem reservas, pela execução, integridade e bom funcionamento do empreendi-mento e de cada uma das partes componentes, mesmo as reali-zadas sob a responsabilidade de terceiros, como no caso de adoção do regime de construção por empreitada global.

• Cumprir outras atribuições/obri-gações previstas: (i) no termo de cooperação firmado com o BB; (ii) nos contratos individuais firmados com os/as beneficiá-rios/as; e (iii) nas portarias e leis que regem o PNHR.

09 Quais as principais atribuições/responsabilidades de uma EO nas operações envolvendo assentados do Programa Nacional de Reforma Agrária – PNRA?

Neste caso, além das atribui-ções anteriores, as Entidades Organizadoras agregaram as seguintes responsabilidades:

• Buscar in for mações sobre assentamentos do PNRA nas Superintendências Regionais do Incra.

• Buscar o apoio das equipes de Assistência Técnica dos

assentamentos de reforma agrária.

• Entregar os documentos para a contratação do PNHR nos assen-tamentos do PNRA e acompa-nhar a sua tramitação no Banco do Brasil.

• Executar e entregar as operações.

No caso de operações PNRA que envolvem a construção de cister-nas, a EO deve:

• Formalizar junto ao Banco do Brasil o interesse de construir as cisternas junto às modalidades do PNHR.

• Cadastrar e manter atualizado o registro dos/das beneficiários/as no Sistema de Informações G e r e n c i a i s d o P r o g r a m a Cisternas – SIG Cisternas, dispo-nível na página da internet do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.

• Capacitar as famílias beneficiárias, segundo a metodologia apre-sentada no Termo de Referência

“Construção de Cisternas em Unidades Habitacionais do PNHR”.

• Construir as cisternas.

• Gerar o Formulário de Registro de Cisterna Construída – FRCC

– e imprimi-lo para coletar a assi-natura do/a beneficiário/a.

• Digitalizar os FRCCs com as fotos e assinaturas dos/as bene-ficiários/as e anexá-los ao SIG Cisternas.

• Entregar cópia, em mídia digital, dos FRCCs na sua agência de relacionamento do Banco do Brasil.

10 Quais os primeiros passos para a EO e seus dirigentes firmarem a parceria com o Banco do Brasil?

• Conhecer a legislação e normas do PMCMV.

• Apresentar-se à agência do Banco do Brasil de seu relacio-namento, protocolar o ofício demonstrando interesse em operar no programa, indicando a equipe técnica, a região de atuação pretendida e a expecta-tiva de famílias atendidas, assim como toda a documentação cadastral solicitada (CNPJ, sócios, dirigentes, representantes e profissionais técnicos).

• Formalizar parceria via Termo de Cooperação e Parceria, junto à agência do Banco do Brasil de sua preferência.

11 Como será realizada a operaciona-lização do PNHR em parceria com o Banco do Brasil?

A operacionalização da parceria será realizada preferencialmente por meio de sistema informatizado para a contratação das operações de PNHR, denominado Portal de Crédito Imobiliário.

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12 O que é o Portal de Crédito Imo-biliário?

O Portal de Crédito Imobiliário é uma ferramenta que permite maior segurança e agilidade no acolhi-mento e atendimento às EOs, por intermédio de ações como:

• Registro e coleta de informações cadastrais e de documentação dos/as beneficiários/as.

• Indexação da documentação dos beneficiários e do imóvel.

• Transmissão de dados e infor-mações diretamente para os sistemas do Banco do Brasil.

13 O que é necessário para iniciar o uso do Portal de Crédito Imobi-liário?

Para usar o Portal de Crédito I m o b i l i á r i o , a E n t i d a d e Organizadora deverá formalizar parceria com o Banco do Brasil e solicitar o kit de Certificação Digital. O objetivo desse kit é permitir a identificação dos usuários em níveis de autoridade e segurança das transações realizadas.

14 O que é a certificação digital?

Certificação Digital é um sistema que utiliza uma unidade eletrô-nica que permite identificar, de forma segura, o equipamento e

as pessoas, empresas no mundo digital, permitindo-lhes acessar serviços on-line com garantia de autenticidade, integridade e confir-mação de autoria.

O Certificado Digital é o documen-to eletrônico de identificação do/a usuário/a.

15 Quais os formulários e documentos que são utilizados pela EO no PNHR e disponibilizados pelo Banco do Brasil?

A Entidade Organizadora obterá a relação da documentação na agência de relacionamento do Banco do Brasil ou acessando o endereço www.bb.com.br >> Crédito >> Soluções em Imóveis >> Programa Minha Casa Minha Vida >> Programa Nacional de Habitação Rural >> Box – Saiba Mais – Documentos/Formulários >> Formulários/Declarações.

16 Sabendo que a Comissão de Re-presentantes do Empreendimento

– CRE – é eleita em assembleia, qual o papel desta Comissão?

As pr incipais atr ibuições da Comissão de Representantes do Empreendimento – CRE – são:

• Responsabilizar-se pela gestão dos recursos financeiros.

• Coordenar o conjunto da obra.

• Prestar contas aos/às benefici-ários/as ao Banco do Brasil e ao

Ministério das Cidades.

• Movimentar a conta da CRE. Toda movimentação deverá ter a assi-natura de todos os componentes da Comissão eleita.

17 Qual o papel e as principais atri-buições da equipe técnica?

A atuação dos/as técnicos/as deve ser em conjunto com a EO, na prestação de assistência técnica, assegurando o compromisso de agregar aos empreendimentos contratados parcerias e tecnologias sociais.

Engenheiros/as:

• Elaborar projeto da moradia rural das obras.

• Acompanhar a execução das obras.

Profissionais do trabalho social:

• Elaborar o Projeto de Trabalho Social em conjunto com os/as beneficiários/as.

• Levantar o perfil socioeconômico das famílias beneficiadas e dos municípios envolvidos, dentre outros.

Obs.: O/A responsável técnico/a pelo Trabalho Social terá formação

É expressamente proibida procuração pública ou parti-cular entre representantes da CRE, ou a terceiros, para a movimentação da conta do empreendimento.

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superior na área de Ciências Humanas e experiência comprova-da em trabalhos com comunidades ou grupos sociais.

18 O que é Anotação de Responsabi-lidade Técnica – ART?

Segundo a Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977, “todo contrato escrito ou verbal para desenvol-vimento de atividade técnica no âmbito das profissões fiscalizadas pelo Sistema Confea/Crea deve ser objeto de registro junto ao Crea. Este registro se dá por meio da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART

– documento que tem o objetivo de identificar o responsável técnico pela obra ou serviço, bem como docu-mentar as principais características do empreendimento.”

19 O que é o Projeto de Trabalho So-cial – PTS?

O Projeto de Trabalho Social ou PTS, como é chamado, é o conjunto de ações adequadas às diretrizes do Programa e às características do grupo de beneficiários/as.

O P T S s e r á e l a b o r a d o p o r responsável técnico/a, a partir d a f o r m a ç ã o d o g r u p o d e beneficiários/as proponentes e com a participação deles/as. Cada grupo formado terá um Projeto de Trabalho Social específico, elaborado a partir do estudo e diagnóstico das características socioeconômicas e culturais dos/

as beneficiários/as e do município.

O Projeto deve contemplar, no mínimo, ações e cronograma físico-financeiro referente aos seguintes itens:

• Educação Ambiental e para a Saúde;

• Organização Comunitária;

• Planejamento e Gestão do Orçamento Familiar;

• Educação Patrimonial;

• Geração de Trabalho e Renda.

20 Qual seria a estrutura mínima de um PTS ao ser elaborado?

Um PTS deve contemplar, no míni-mo, os seguintes aspectos:

• Identificação do empreendimen-to, da Entidade Organizadora e respectivos contatos;

• Modalidade da intervenção (se reforma ou construção) e regime de construção;

• Identificação do/a responsável técnico/a pelo PTS, incluin-do regist ro em conselhos profissionais;

• Critérios de elegibilidade dos/as beneficiários/as;

• Caracterização dos/as beneficiá-rios/as e do município (aspectos socioeconômicos e culturais, existência de organização comu-nitária, escolaridade, gênero, faixa etária, mulheres chefes de família, etc);

• C o m p o s i ç ã o d a e q u i p e técnica e da CRE – Comissão

d e R e p r e s e n t a n t e s d o Empreendimento;

• Justificativa;

• Objetivo geral e objet ivos específicos;

• Planilha e cronograma de custos;

• Cronograma físico-financeiro (estratégia de implantação do projeto em todas as suas etapas);

• Cronograma de Desembolso;

• Formas e instrumentos de acom-panhamento, e também avalia-ção e respectivos indicadores a serem utilizados ao longo da execução do Projeto.

21 Quais as Etapas do Trabalho Social previstas em Portaria?

São três as etapas previstas:

Pré-Obras: Inicia-se, preferencial-mente, em até 90 (noventa) dias antes do início da obra. Deve conter, no mínimo, as seguintes ações:

• Elaboração do Projeto de Trabalho Social;

• Cadastro, seleção e hierarquiza-ção da demanda;

• Reuniões de informações sobre o Programa, os critérios de partici-pação e as condições contratuais;

• Reuniões e assembleias para discussões sobre a concepção do Projeto;

• E l e i ç ã o d a C o m i s s ã o d e R e p r e s e n t a n t e s d o Empreendimento – CRE.

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Obras:

Esta fase se inicia após a assinatura dos contratos da operação entre o Banco do Brasil e os/as beneficiários/as do empreendimento e é executa-da durante todo o período de obras.

O prazo máximo de execução desta etapa é até 12 (doze) meses.

Esta fase deve contemplar, preferen-cialmente, as seguintes ações:

• Organização Comunitária;

• Educação Ambiental e para a Saúde;

• Planejamento e Gestão do Orçamento Familiar;

• Educação Patrimonial;

• Geração de Trabalho e Renda.

Pós-Obras: Inicia-se imediatamente após a conclusão das obras e tem duração de até 90 (noventa) dias.

Esta etapa deve contemplar, no mínimo, as seguintes ações:

• Consolidação dos processos implantados nas etapas anteriores;

• Encerramento das atividades da CRE;

• Avaliação do processo e dos produtos realizados.

22 Quando o PTS deve ser apresen-tado ao Banco do Brasil?

O PTS deve ser entregue no momen-to em que a EO apresentar ao Banco toda a documentação do empre-endimento e dos/as beneficiários/as, juntamente com os projetos da moradia rural.

23 Quais especificações devem ser observadas para a elaboração dos projetos das moradias rurais?

Devem ser observadas e aplicadas nos projetos arquitetônicos e de engenharia todas as especificações mínimas previstas para o PNHR e divulgadas pelo Ministério das Cidades, através do sítiowww.cidades.gov.br.

24 Já existem modelos de projetos contemplando as especificações exigidas pelo Ministério das Ci-dades?

Sim, a Fundação Banco do Brasil disponibiliza 5 (cinco) projetos com todas as especificações exigidas e eles estão contidos no CD que acompanha esta Cartilha.

A EO poderá apresentar esses cinco projetos a todos/as os/as bene-ficiários/s e cada um/a escolherá aquele de que mais gostar. Esses projetos precisam ser assinados por engenheiro ou outro profissional técnico da área.

25 O que diferencia os projetos dispo-nibilizados pela Fundação Banco do Brasil – FBB – dos demais?

Esses projetos têm as especificações exigidas e já contemplam 3 (três) tecnologias sociais certificadas

pela Fundação, disponíveis no Banco de Tecnologias Sociais – BTS

– da FBB. São elas: construção de cisternas, construção de fossas sépticas biodigestoras e instalação de placas solares.

26 Como adequar os projetos de am-pliação e/ou reforma?

Todos os projetos arquitetônicos sugeridos pela Fundação Banco do Brasil, incluídas as tecnologias sociais, estão em consonância com as determinações do Ministério das Cidades para o PNHR.

27 Qual a importância de agregar Tecnologia Social ao PNHR?

A i m p o r t â n c i a d e a g r e g a r Tecnologias Sociais ao PNHR é possibilitar o protagonismo social; a mitigação da pobreza; a promoção da sustentabilidade; e a inclusão socioprodutiva.

A conquista do sonho da casa própria, aliada a tais possibilidades, vivenciada coletivamente, promo-verá o desenvolvimento dos/as beneficiários/as e da comunidade.

O CD que acompanha esta carti lha contém 5 (cinco) projetos arquitetônicos com Tecnologias Sociais agregadas.

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28 Como os/as governadores/as e prefeitos/as podem integrar tec-nologias sociais às moradias, am-pliando o PNHR?

Isso pode ser feito mediante forma-lização de parceria junto ao Banco do Brasil, via agência de relaciona-mento, o que possibilitará acesso a todo o Banco de Tecnologias Sociais – BTS – da Fundação Banco do Brasil.

29 Além das três tecnologias sociais agregadas aos modelos de projetos disponibilizados pela Fundação, o/a beneficiário/a poderá integrar outras?

Sim. Todas as tecnologias sociais certificadas pela Fundação estão disponíveis no CD que acompanha esta Cartilha e no endereçowww.fbb.org.br.

30 O/A beneficiário/a que desejar in-tegrar as tecnologias sociais po-derá utilizar o recurso do PNHR (subsídio) destinado à construção?

Sim. Os recursos podem também vir de parcerias locais com o Município ou com o Estado, ou ainda, com recursos da própria família beneficiária.

31 O que é o Programa “SIG Cisternas”?

Trata-se de programa do Ministério do Desenvolvimento Social – MDS, em parceria com o Ministério das Cidades, que financia a construção de cisternas de placas de cimento e viabiliza ações para redução das deficiências hídricas em todo o país, priorizando a região do semiárido brasileiro.

As cisternas colaboram para garan-tir a segurança alimentar das famí-lias nas situações de irregularidade das chuvas e secas recorrentes. Podem ser construídas ao mesmo

tempo que as obras das moradias nas modalidades de construção ou reforma do PNHR.

32 O que é necessário para implan-tação das Cisternas?

As famílias beneficiárias devem necessariamente estar inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

Também é necessário justificar e registrar todo o processo de credenciamento no sistema de gerenciamento específico do MDS, que é chamado “SIG Cisternas”.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 13

33 Quem são os/as beneficiários/as do Programa “SIG Cisternas”?

São atendidas com a construção de cisternas as famílias enquadradas no Grupo 1 que:

• Estejam localizadas em regiões afetadas por estiagens prolon-gadas; ou

• Habitem lugares onde o abaste-cimento de água seja irregular, não garantindo a segurança alimentar.

34 Programa Minha Casa Melhor:O que é?

O M inha Casa Melhor é um Programa do Governo Federal que empresta até R$ 5 mil para comprar até 10 produtos diferentes, entre móveis e eletrodomésticos, a serem pagos em até 48 meses.

35 Quem tem direito?

Todas as famílias que conquistaram sua casa ou apartamento pelo Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal têm direito ao Minha Casa Melhor.

Importante:

Procure informações sobre o Programa Minha Casa Melhor junto à Entidade Organizadora.

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14 moradia e TeCnologia SoCial

Requisitos indispensáveis para a aprovação do Projeto Técnico e do Projeto de Trabalho Social quando apresentado pela Entidade Organizadora ao Banco do Brasil

•Aprovação cadastral, jurídica e técnica dos projetos de enge-nharia e de trabalho social.

• Adoção de um mesmo regime de construção para todas as unida-des habitacionais vinculadas ao Projeto.

• Produção de todas as unidades com as mesmas condições de

habitabilidade, segurança, salu-bridade, água potável e esgoto.

•Orientação dos/as beneficiários/as que não possuírem energia elétrica para se cadastrarem no Programa Luz Para Todos.

•Verificação das condições de acesso a água potável. Em caso de as famílias não possuírem

água potável, orientá-las a, onde per t inente, cadastrarem-se no Programa das Cisternas no Ministério do Desenvolvimento Social – MDS.

•Comprovação da origem legal das madeiras nativas utilizadas nas obras do empreendimento.

Itens essenciais em um projeto de Arquitetura e Engenharia para o PNHR, contemplados nos 5 (cinco) Projetos Técnicos disponibilizados no CD anexo a esta cartilha

Após a definição do regime de construção a ser adotado, passa-se ao projeto.

São itens indispensáveis:

•Obediência às especificações recomendadas, segundo o modelo escolhido.

• Projetos complementares de edificação, quando for o caso.

• Especificações e quantitativos, respeitadas as recomendações técnicas mínimas atribuídas ao Programa pelo Ministério das Cidades, disponível para consul-ta em www.cidades.gov.br, aba Habitação/Minha Casa, Minha Vida/Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR: http://goo.gl/U2Nyx

•Orçamento.

•Cronograma físico-financeiro.

•Croquis da moradia.

•C o m p o s i ç ã o d a e q u i p e t é c n i c a r e s p o n s á v e l p e l o empreendimento.

• Solução de abastecimento de água, esgotamento sanitário (fossa ecológica e/ou séptica) e energia elétrica e solar (banhei-ro), especificando os parâmetros de sustentabilidade ambiental contemplados.

•Compatibilidade com as caracte-rísticas regionais, locais, climáti-cas e culturais de cada localidade, apresentando breve relato com considerações e comentários

dessas características.

• Especificação dos parâmetros de acessibilidade contemplados, incluindo, mas não se limitando a: rampa de acesso para cadei-rantes e portas de 80 cm (todas), para assegurar 100% de mobi-lidade interna às pessoas com dificuldades de locomoção.

•Calçadas em torno da casa.

•Assistência técnica de profis-sionais credenciados no CREA e áreas afins ao Trabalho Social.

• Estratégia de implantação do projeto em todas as suas etapas.

• Previsão de ampl iação da residência.

•Composição de custos.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 15

Critérios e condições para uma construção sustentável

• Eficiência energética – redução do consumo de energia em todo o ciclo de vida de uma habitação; utilização de fontes alternativas.

•Uso racional da água – redu-ção do consumo e da geração d e e f l u e nte s , a s s i m co m o reutilização.

•Materiais de construção susten-táveis – redução do uso de recur-sos naturais; uso de materiais e equipamentos que causem menor impacto ambiental; reuso e reciclagem de materiais; mini-mização e redução de resíduos.

•Conforto térmico – redução da

utilização de produtos tóxicos e garantia de conforto térmico aos ocupantes da habitação; promo-ção da qualidade ambiental interna.

•Acessibilidade – utilização do conceito de desenho universal.

Passos para Credenciamento e Contratação de uma Entidade Organizadora – EO – junto ao Banco do Brasil

• Buscar o gerente de relaciona-mento onde a entidade tem conta bancária.

•Aderir às condições propostas pelo BB para atuação no PNHR.

•Apresentar os documentos de constituição da EO, com a devida identificação de seus/suas repre-sentantes, sócios /as e dirigentes.

•Assinar Termo de Parceria e Cooperação.

•Apresentar relação do corpo técnico (engenheiros/as, técni-cos/as sociais).

• Estabelecer sua área/jurisdição de atuação e sua expectativa de produção.

•Apresentar em projetos os modelos das moradias rurais e orçamentos para pré-aprovação.

• Participar dos eventos de capa-citação ofertados pelo BB, com foco nas regras e orientações do Programa.

•Habilitar-se para utilizar o Portal de Crédito do BB.

São atribuições específicas da Entidade Organizadora:

•Organizar o público beneficiário em grupos, explicando detalha-damente a funcionalidade do Programa.

•Apresentar propostas de mora-dias que assegurem as condições mínimas estabelecidas pelos normativos, compostas por projetos de arquitetura e enge-nharia, e também os orçamentos.

• Fixar e garantir a aplicação dos critérios de seleção dos/as bene-ficiários/as, com ampla divulga-ção nos meios de comunicação.

• Priorizar, nos processos de even-tual necessidade de seleção: a mulher, a pessoa idosa, a pessoa com deficiência, as famílias com maior número de crianças e os adolescentes.

•Convocar assembleia dos/as benef ic iár ios/as para a constituição da Comissão d e R e p r e s e n t a n t e s d o Empreendimento – CRE.

• Encaminhar documentos de constituição das respectivas comissões e de seus/suas repre-sentantes conjuntamente com as propostas do grupo.

•Apresentar as propostas em grupos, contendo os documen-tos e informações exigidos pelo Programa, incluindo os documentos necessários para cadastramento ou atualização cadastral.

•Gerenciar, executar e prestar serviços que assegurem o acom-panhamento e a execução de cada obra, responsabilizando-se por sua conclusão, na forma prevista no cronograma físico-financeiro do Projeto.

• Fornecer assistência técnica, prestada por profissionais capa-citados/as e credenciados/as nos respectivos órgãos de classe.

• Elaborar Projeto de Trabalho Social – PTS, conforme os requi-sitos, condições e cronograma físico-financeiro explicitados nesta Cartilha.

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16 moradia e TeCnologia SoCial

• Prestar contas periodicamente, conforme o cronograma físico-financeiro, aos/às beneficiários/as, às instituições parceiras e ao Banco do Brasil. Fornecer, sempre que solicitadas, informações sobre as ações desenvolvidas.

•Orientar e garantir que a CRE, após constituída, manterá conta

corrente não solidária junto à Agência do Banco do Brasil mais próxima do local do empreen-dimento. Informar que para a abertura da conta conjunta não solidária deverão ser apresen-tados os documentos pessoais dos/as representantes eleitos/as, acompanhados da Ata de

Constituição da Comissão.

• Receber da CRE os documentos, imagens e relatórios financeiros e de acompanhamento das ações executadas e enviá-los, periodicamente, para o Banco do Brasil.

• Executar e entregar as operações nos prazos estabelecidos.

Como apresentar os projetos ao PNHR

Os desenhos técnicos a seguir ilustram a forma como devem ser entregues os projetos das casas. As ilustrações têm o propósito de

promover a discussão e a familiari-zação do tema com os/as futuros/as moradores/as. Os projetos devem ser realizados segundo

a realidade de cada local, sob a responsabilidade de arquitetos/as e/ou engenheiros/as qualificados.

is

forro PVC

CORTE AA

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 17

PLANTA BAIXA

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PRAZOS

O prazo de construção, reforma ou ampliação de uma moradia sustentável é de no máximo 12 (doze) meses, a partir da data de assinatura do Contrato.

As plantas, com tecnologias sociais agregadas, atendendo às especificações mínimas previstas para o PNHR, divulgadas pelo Ministério das Cidades, estão disponíveis no CD que acompanha esta cartilha.

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18 moradia e TeCnologia SoCial18 moradia e TeCnologia SoCial

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 19

Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.

As Tecnologias Sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala.

Destacamos nesta cartilha três diferentes grupos de tecnologias sociais, a partir das experiências descritas no Banco de Tecnologias Sociais (BTS), que podem ser integradas de acordo com as necessidades locais e as condições vividas pelas famílias agricultoras.

O primeiro grupo de tecnologias sociais é aplicada ao contexto da agricultura familiar e trata de soluções para a garantia de condições básicas à qualidade de vida.

O segundo grupo de tecnologias sociais agrega iniciativas para melhoria da produção, com metodologias de cultivo e modelos produtivos que trazem melhorias para a agricultura familiar.

Por fim, o terceiro grupo de tecnologias sociais é composto por soluções que promovem a articulação entre os agricultores, que acreditamos ser uma outra forma de pensar habitação no PNHR.

Acesse: www.fbb.org.br/tecnologiasocial/

O CD que acompanha esta cartilha traz o Banco de Tecnologias Sociais – BTS – da Fundação Banco do Brasil.

Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 19

Tecnologia Social

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20 moradia e TeCnologia SoCial

Aquecedor Solar de Baixo Custo – ASBCInstituição: Sociedade do Sol

Endereço: Avenida Professor Lineu Prestes, 2242 – Cidade Universitária – São Paulo/SP.

Telefone: (11) 3039-8317

E-mail:[email protected]

Site:www.sociedadedosol.org.br

Resumo da Tecnologia:

Aquecedor Solar de Baixo Custo – ASBC – e com possibilidades de as pessoas criarem o seu próprio aquecedor.

Problema Solucionado:

Os sistemas de Aquecimento Solar já existem há 40 anos. Porém, são de tecnologia europeia, onde o clima exige muita eficiência do sistema, além de serem dimensionados para trabalharem a altas pressões, o que exige construção feita em metais nobres (CU e AL) e vidro. São sistemas muitos caros (entre R$ 1.000 e R$ 25.000) e que, portanto, não condizem com a realidade de grande parcela da população brasileira. O Brasil é um país com alta média de irradiação solar,

bem distribuída ao longo do ano, bem como alta temperatura média ambiente. Assim, contar com a exis-tência de caixa d’água, que permite que os sistemas trabalhem a baixa pressão, e com chuveiros elétricos, para aquecimento auxiliar, tornou possível simplificar bastante o sistema, cujo custo cai para cerca de 10% dos sistemas tradicionais.

Solução Adotada:

O ASBC apresenta um custo entre R$ 100 e R$ 250, devido às simpli-ficações embutidas. Inteiramente construído em material plástico, o sistema prescinde (não faz uso) do efeito estufa, dispensando a caixa envoltória em alumínio e vidro. A fácil montagem faz com que os/as usuários/as fiquem encorajados/as a fazê-lo no modo “faça você mesmo”. O valor de custo é de tal forma reduzido que apresenta, contando com as piores hipóteses, tempo de amortização sempre

menor que um ano, sendo que tem durabilidade mínima projetada para dez anos.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 21

Fossas Sépticas EconômicasInstituição: Prefeitura Municipal

de Caratinga – MG

Endereço: Rua Cel. Antônio da Silva nº 700 – Centro – Caratinga/MG.

E-mail:[email protected]

Telefone: (33) 3329-8123

Resumo da Tecnologia:

As fossas sépticas econômicas visam à diminuição dos custos com saneamento básico por parte

da população de Caratinga; à garantia desse direito à população e à consequente redução dos riscos de doenças ligadas à insalubridade.

Problema Solucionado:

Em 2009, fo i rea l izada pela Secretaria Municipal de Agricultura de Caratinga-MG uma pequena pesquisa com 30 produtores rurais, cuja principal pergunta era: por que não instalar uma fossa séptica em sua residência? Dos entrevis-tados, 90% responderam que era muito caro. Assim, o problema central a ser resolvido era o acesso da população de Caratinga ao saneamento adequado, o que era impedido pelo alto custo da tecno-logia convencional.

Solução Adotada:

Devido ao alto custo, sendo que uma fossa de alvenaria se faz com

cerca de R$ 1.000,00, enquanto uma fossa séptica econômica custa cerca de R$ 250,00, foi imple-mentada a produção e instalação de fossas sépticas para aqueles cidadãos que não tinham acesso ao sistema de esgotamento.

Passos para instalação das fossas sépticas econômicas:

01. Escoamento: o escoamento pode ser feito através da vala de infiltração ou do sumidouro, que permitirão o escoamento dos efluentes provenientes da fossa séptica para dentro do solo. A vala de infiltração é recomendada para locais onde o lençol freático é próxi-mo à superfície. Esse sistema consiste na escavação de uma ou mais valas, nas quais são colocados tubos de dreno com brita, permitindo escoar para dentro do solo os efluentes provenientes da fossa séptica. Orientamos o produtor a plantar (capim apropriado) em torno da vala de infiltração, que se torna, assim, um pequeno filtro por zona de raízes. O sumidouro é um poço, sem laje de fundo, que permite a pene-tração do efluente no solo. É recomendado para locais onde o lençol freático é mais profun-do. O diâmetro e a profundida-de do sumidouro dependem da quantidade de efluentes e do tipo de solo, mas não deve ter menos de 1 (um) metro de diâmetro e não mais de 3 (três) metros de profundidade, para simplificar a construção;

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22 moradia e TeCnologia SoCial

02. Montagem da Fossa Séptica Econômica: divide-se em duas partes: a) cavar o buraco da fossa; e, b) montar a fossa. Na primeira etapa, o local escolhi-do deverá ficar longe de poços, minas, cisternas ou qualquer outra fonte de captação de água, mantendo no mínimo 30 (trinta) metros de distância para evitar contaminações, no caso de eventual vazamento. O buraco deverá ser cavado no solo e deverá ter as seguintes

dimensões: 1,40 metros de profundidade, 2,50 metros de comprimento e 80 centímetros de largura. Na segunda etapa, montagem da fossa, os tambo-res deverão ficar em sequência, e os buracos deverão ser feitos com um pequeno desnível entre eles, cerca de 2 (dois) centímetros. Dessa maneira os dejetos fluirão por gravidade de um tambor para outro. A ligação entre os tambores será feita com o tubo de 100 mm, os

joelhos e o “T”. O tubo deverá ser cortado de modo que cada extremidade fique com 10 cm para dentro do tambor, que servirá para encaixe das cone-xões. Na tampa do primeiro tambor deverá ser colocada a flange, que servirá de suspiro para saída dos gases. O tubo de 40 mm deverá ser encaixado na flange para que os gases sejam liberados e dispersos no ar.

Cisternas de Placas Pré-moldadasInstituição: Programa de Apli-

cação de Tecnologia Apropriada às Comu-nidades – PATAC.

Endereço: Rua Capitão João Alves de Lira nº 1.114 – Prata – Campina Grande/PB.

E-mail:[email protected]

Telefone: (83) 3322-4975

Resumo da Tecnologia:

Reservatórios cilíndricos, construí-dos próximo à casa da família agri-cultora, que armazenam a água da chuva captada por uma estrutura com calhas de zinco e canos de

PVC. Essa tecnologia foi criada por agricultores do semiárido.

Problema Solucionado:

As cisternas de placas pré-molda-das otimizam o tempo antes gasto na busca de água, permitindo que mulheres e crianças, princi-pais responsáveis pela atividade, possam se dedicar a outros afaze-res. Além disso, a boa qualidade da água proporciona mais saúde para quem consome.

Solução Adotada:

A cisterna é construída por pedrei-ros das próprias localidades. As

famílias beneficiadas executam os serviços de escavação, aquisição e fornecimento da areia e da água. Os pedreiros são remunerados, e a contribuição das famílias nos traba-lhos de construção se caracteriza como a contrapartida no processo.

Valor para a implementação da tecnologia:

O valor estimado de uma cisterna de placa é de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais). Não está incluso neste orçamento o pagamento da equipe técnica (recursos humanos).

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 23

Cisterna-Calçadão para Potenciali-zação de Quintais ProdutivosInstituição: Associação Programa

Um Milhão de Cister-nas para o Semiárido

Endereço: Rua Nicarágua, 111 – Espinheiro – Recife/PE.

E-mail:[email protected]

Telefone: (81) 2121-7609

Resumo da Tecnologia:

A tecnologia cisterna-calçadão consiste em um espaço de 200 m2 para captação de água da chuva e reservatório com capacidade para 52 mil litros, tendo como finalidade armazenar água para a produção de alimentos, plantas medicinais e criação de pequenos animais, como forma de potencializar os quintais produtivos.

Problema Solucionado:

O principal problema solucionado é o acesso à água para produção de alimentos saudáveis, o que pode garantir a segurança alimentar e nutricional da população difusa do semiárido. A insegurança é causada por uma combinação de fatores,

dentre eles os climáticos, a concen-tração da precipitação em poucos meses do ano e o balanço hídrico negativo, ou seja, a evaporação no semiárido é três vezes maior do que a precipitação. Além disso, há fato-res políticos: governos anteriores do Estado brasileiro investiram em grandes obras, que concentraram os recursos hídricos em proprie-dades particulares, e promoveram a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. Esses fatores dificultam ou impedem a produção de alimentos pela agri-cultura familiar e a enfraquecem, causando inclusive a saída das pessoas, em especial dos jovens, do campo. A cisterna-calçadão é uma das alternativas capazes de solucionar parte dessa problemá-tica, garantindo aos agricultores e agricultoras segurança alimentar e nutricional, além da possibilidade de comercialização do excedente da produção.

Solução Adotada:

Cisterna-calçadão é uma tecnologia social com capacidade de estocar até 52 mil litros de água, ligada a um calçadão de 200 m2, que serve como área de captação da água das chuvas. Essa água escorre do calça-dão até a cisterna através de um cano que liga as duas estruturas. O tamanho do calçadão foi pensado para garantir o enchimento da cisterna mesmo em anos em que a ocorrência de chuvas seja abaixo da média, sendo possível garantir que o reservatório chegue à sua capacidade total com apenas 350 milímetros de chuva, o que pode assegurar a irrigação de salvação. Quando não está chovendo, o calçadão é utilizado também para secagem de produtos como feijão, milho, goma, e também a casca e a maniva da mandioca para passar na forrageira, que servem de alimento para os animais e para outros usos. As cisternas-calçadão instigam os/

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24 moradia e TeCnologia SoCial

as agricultores/as a implantarem os quintais produtivos, que são espa-ços ao redor da casa, em geral geri-dos pelas mulheres, possuindo alta capacidade produtiva e reproduti-va. Neles é possível produzir hortas, plantas medicinais, pomares, aves, pequenos animais, jardins e vários produtos alimentícios. Nesse senti-do, é importante a participação e o envolvimento da família na cons-trução e no manejo da cisterna-calçadão. É muito importante que as famílias que conquistam essa tecnologia se organizem, partici-pem de sua construção e aprendam novas maneiras de produzir a partir da Agroecologia e, assim, possam gerar saúde e vida digna para sua família e comunidade.

Passos para a construção da cisterna:

01. Identificar o local para a cons-trução da tecnologia (prefe-rencialmente no quintal, para facilitar o trabalho da família);

02. Escavar o buraco da cisterna: que deve ter 1,80 m de profun-didade e 7 m de diâmetro e deve ser feito, primeiramente, com máquina, e depois finali-zado manualmente;

03. Estruturar o contrapiso e o piso com uma grade de ferro;

04. Levantar a parede: uma das formas mais comuns de realizar este passo é o uso de três linhas de placas de areia e cimento, de 60x50 cm. É importante

ressaltar que a preparação da placa deve ser feita embaixo de uma lona para, ao misturar cimento, areia e água, não perder a umidade do prepara-do para o solo;

05. Cobrir a cisterna: erguida a parede, cabos de concreto e ferro devem ser posicionados nas paredes a fim de que essa estrutura melhor sustente as placas de fechamento da cobertura. Após a fixação das placas na estrutura, estas serão rebocadas e pintadas de cal branca.

Passos para a construção do calçadão:

01. Estruturar o terreno: este deve estar com um desnível suave. É importante não fazer aterra-mento, pois acarreta possíveis rachaduras;

02. Preparar o piso: após a terra-planagem do terreno, o piso será preparado com concreto e disposto em placas de um metro quadrado, com espes-sura mínima de quatro a cinco centímetros. O piso deverá ser terminado em um único dia, para evitar riscos de infiltração;

03. Fazer um pequeno muro de alvenaria para ladear o piso;

04. Colocar as juntas de dilatação: entre as placas do piso devem ser colocadas as juntas de dila-tação (podem ser de silicone, polietileno ou outro material). É

importante que elas tenham a mesma espessura que as placas e que não sejam cobertas com cimento.

Para levar água do calçadão à cisterna, é necessário construir um pequeno tanque conhecido como decantador, composto por dois canos: um de 100 mm com uma peneira em uma das suas extre-midades, para evitar entrada de sujeira, e outro de uma polegada, que funciona como sangradouro. Duas considerações importantes:

•O calçadão deve receber uma cerca, para evitar entrada de animais e pessoas, facilitar a varredura frequente e a realiza-ção de reparos periódicos;

• É recomendável não colocar água demais na preparação do cimento (a quantidade ideal é aquela que permite a pessoa conseguir misturar a massa).

Valor para a implementação da tecnologia:

O valor de uma cisterna-calçadão é de R$ 7.538,00 (sete mil, quinhentos e trinta e oito reais). Estão inclusos neste valor os custos com os mate-riais de construção, a contribuição dada à família beneficiária para o pagamento do/a pedreiro/a e os materiais para a potencialização dos quintais produtivos. Não está incluso neste orçamento o paga-mento da equipe técnica (recursos humanos).

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 25

Barraginhas de Captação de Águas Superficiais de ChuvasInstituição: Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuá-ria – Embrapa Milho e Sorgo

Endereço: Rodovia MG424 – Km 65 – Sete Lagoas/MG – Belo Horizonte/MG.

E-mail:[email protected]

Telefone: (31) 3799-1000

Resumo da Tecnologia:

As barraginhas são pequenos açudes que, além de proporcionar melhores condições para as famí-lias do meio rural, diminuem os danos ambientais, principalmente a erosão e o assoreamento. Esta TS foi desenvolvida pela Embrapa Sorgo e Milho, de Sete Lagoas/MG.

Problema Solucionado:

O desmatamento desorganizado no Brasil Central, acelerado a partir da década de 70, para a produção de carvão vegetal, e a conversão desses ecossistemas naturais em lavouras e pastagens, sem a utili-zação de tecnologias adequadas, resultaram em danos irreparáveis

ao meio ambiente, principalmen-te em relação à conservação da água e do solo, em particular na compactação do solo, causada por patas de bois e por pneus de tratores. A consequência imediata foi a redução da taxa de infiltração da água no solo, dando início ao escorrimento superficial da água de chuvas, provocando erosão, principalmente do tipo laminar, que degrada e empobrece o solo, além de carrear assoreamento e poluentes aos rios, também provo-cando enchentes e diminuindo a sustentabil idade produtiva agrícola.

Solução Adotada:

A difusão dessa tecnologia iniciou-se no ano de 1995, com a criação de uma Unidade Demonstrativa, em uma propriedade de 70 hecta-res na microbacia do Ribeirão Paiol, em Sete Lagoas/MG, onde foram construídas 30 barraginhas. O

êxito dessa Unidade Demonstrativa (veiculação na mídia, dias de campo, visitações) inspirou, depois de dois anos, a criação do Projeto Piloto I do Ribeirão Paiol, com a construção de 960 barraginhas, durante o ano de 1998, em 60 pequenas propriedades de toda a microbacia do Ribeirão Paiol, na comunidade da Estiva, em Sete Lagoas. Isso só foi possível graças à mobilização e conscientização dos/as produtores/as durante os eventos citados, com a aceitação dessa tecnologia e a geração de expectativas. Naquela ocasião, foi muito importante a parceria entre Embrapa, Secretaria Municipal de Agricultura, Emater MG, Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Associação Comunitária da Estiva. O baixo custo, a simplicidade e a eficiência dessa tecnologia, com resultados nítidos, contagiam os/as prefeitos/as, os/as técnicos/as e os/as produtores/as que

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26 moradia e TeCnologia SoCial

visitam o Projeto Piloto e passam a sonhar com sua implantação em seus municípios, comunidades e propriedades. A parceria com a Embrapa na implantação do proje-to se consolida com a execução de quatro fases: A, B, C e D.

A fase A é o primeiro contato dos/a beneficiários/as com a tecnologia, que ocorre, geralmente, através de uma reunião em que um/a técnico/a ou líder de comunidade que visitou o Projeto Piloto e foi treinado/a pela Embrapa apresen-ta, voluntariamente, os benefícios da captação de águas de chuva.

Considerando que já foram minis-trados em torno de 500 palestras sobre esse tema, apenas pela insti-tuição do projeto, estima-se que centenas de outras já ocorreram através desses multiplicadores. As comunidades rurais localizadas em áreas com estágio avançado de degradação, escassez de água e sustentabilidade agrícola compro-metida ficam sensibilizadas e motivadas a adotar a tecnologia, estimulando a visita de uma dele-gação do município ou da comuni-dade ao Projeto Piloto e à Embrapa, o que constitui a fase B.

Durante a visita à Embrapa, em Sete Lagoas, a delegação é recebida pela coordenação do projeto, assiste a

uma palestra sobre a tecnologia e visita, no campo, o Projeto Piloto do Ribeirão Paiol. É nessa fase que se percebe a motivação do grupo, o brilho nos olhos, gerando expecta-tivas de ambas as partes e também envolvimento e comprometimento para a implantação do projeto em seu município de origem. Entre 1998 e 2010, já ocorreram 130 visi-tas de delegações ao Projeto Piloto.

Retornando ao seu município, o grupo, motivado com o que viu, reúne-se e transmite aos que não participaram da visita a mensagem e os resultados observados no Projeto Piloto, e toda a comunida-de passa a sonhar com a possibili-dade de trazer aquela experiência para seu município. Nessa reunião definem-se os próximos passos para executar a fase C, que é o treinamento, feito in loco, para a construção das barraginhas.

Para o treinamento na comunida-de, é necessário o envolvimento e apoio do poder público, para disponibilizar a máquina e arcar com as despesas dos/as técnicos/as da Embrapa (hotel, combustíveis e alimentação).

Ao final do treinamento, é feito um desafio: “quando tiverem construído as primeiras 50 ou 100 barraginhas, avisem a coordenação

do projeto para que seja feito um dia de campo festivo”. Com gestão própria, as primeiras 50 barraginhas na fase D são cons-truídas. Nessa fase, a comunidade, motivada, parte para a ação e, com gestão da associação comunitária, consegue da prefeitura o apoio mais importante, a máquina para construir as primeiras barraginhas. Normalmente, os/as próprios/as beneficiários/as pagam o combus-tível da máquina. Para esses even-tos são convidados comunidades e municípios vizinhos, promovendo sua disseminação na região, gerando filhotes, além de ser uma forma de manter contato com as comunidades, mantendo viva a mobilização e possibilitando fazer correções de rumo, se for o caso.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Uma unidade composta de 100 barraginhas, incluindo processo de mobilização, custa, em média, R$20.000,00 (vinte mil reais), alugando a máquina; se a prefeitu-ra fornecer a máquina, o produtor pagará apenas o óleo, e custará 1/3 do valor, cerca de R$7.000,00 (sete mil reais) por conjunto de 100 barraginhas.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 27

Sistema de Descarte Automático das Primeiras ChuvasInstituição: Comitê da Cidadania

dos Funcionários do Banco do Brasil em PE

Endereço: Av. Rio Branco, 240 – 7º andar – Centro – Recife/PE.

E-mail:[email protected]

Telefone: (81) 3425-7212

Resumo da Tecnologia:

Filtro em cisternas rurais, com reservatório de 100 litros entre as calhas das residências e a cisterna. As águas lavam o telhado e vão para a cisterna, repletas de coli-formes fecais. Com o filtro, elas são armazenadas no depósito. As chuvas posteriores vão para a cisterna, pois o filtro está cheio.

Problema Solucionado:

As águas servidas à população do semiárido não têm nenhum tratamento. São coletadas em fontes superficiais (açudes, barrei-ros, córregos) ou em cisternas tradicionais. O sistema de descarte automático solucionou a contami-nação das água de cisternas por coliformes fecais, evitando a expo-sição dos usuários a doenças como diarreias e outras, provocadas por bactérias.

Solução Adotada:

Instalação de filtros (bombonas) com capacidade de 100 litros,

para coletar as primeiras águas de chuvas, sem interferência das pessoas. Sem o filtro, há a neces-sidade de desconectar os canos manualmente, e nem sempre isso é possível, pois o/a morador/a pode estar ausente da residência ou em seus afazeres nas roças. Como há um “corte” entre a cisterna e a calha, as primeiras águas vão obrigatoria-mente para dentro da bombona.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

O valor estimado por unidade é de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais).

“Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.”

Acesse: www.fbb.org.br/tecnologiasocial/

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28 moradia e TeCnologia SoCial

Banheiro Seco: Alternativa Ecológica no SemiáridoInstituição: Centro Diocesano de

Apoio ao Pequeno Produtor

Endereço: Rua Comendador José Didier, s/nº – Centro – Pesqueira/PE.

E-mail:[email protected]

Telefone: (87) 3835-1849

Resumo da Tecnologia:

O Banheiro Seco é uma solução simples, ecológica e economi-camente viável, já consagrada em diversos países do mundo. A tecnologia transforma o que é visto como problema – os dejetos humanos – em adubo orgânico, recurso valioso para a agricultura, e permite o uso da parte líquida como fertilizante para hortas.

Problema Solucionado:

Antes da implantação dos banhei-ros secos, os problemas detectados nos diagnósticos eram:

• Falta de água potável: o acesso à água é um direito humano básico, assim como o acesso ao

saneamento é uma garantia de melhor condição de saúde das pessoas. Embora esse direito seja reconhecido em leis e docu-mentos, existe uma distância grande entre a garantia legal e a realidade;

• Escassez de chuva e alta evapo-transpiração: na região chove em média cerca 700mm/ano, e existe uma evapotranspiração superior a 2.000mm/ano. Outra característica é a irregularidade das precipitações: a estação das “chuvas” é curta, de 4 a 7 meses, enquanto a estação seca, o “verão”, dura de 5 a 8 meses. Como resultado desses fenôme-nos e considerando as caracterís-ticas do solo, as pessoas não têm a garantia de água potável nem de saneamento;

• Significativo número de famílias rurais afetadas pela sede e por doenças intestinais pela inges-tão de águas contaminadas: verminose e diarreia, cólera e

esquistossomose fazem vítimas, por vezes fatais, sobretudo entre gestantes e crianças. São centenas de mulheres e meninas responsáveis no grupo familiar por identificar barreiros e outras fontes distantes e carregar 100% da água consumida.

Solução Adotada:

O banheiro seco é uma alternativa de baixo custo e grande alcance na redução de doenças intestinais dos grupos familiares rurais. A cada ano, existem no país cerca de 160 milhões de toneladas de dejetos humanos que são transformados em poluição e depositados junto com o lixo urbano ou despejados nos rios.

Os banheiros secos compostáveis são adaptados ao clima e relevo das residências. Os terrenos monta-nhosos são, na verdade, excelentes para a construção, porque na maioria das vezes os sanitários são construídos em dois pavimentos e,

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 29

sendo assim, o relevo acidentado exclui a necessidade de uma esca-da de acesso à cabine.

Além disso, o sanitário seco pode ser construído em regime de muti-rão, e o húmus produzido pode ser usado em minhocários comu-nitários e vendido, gerando renda para essas comunidades. Num caso como esse, a responsabilidade ambiental torna-se um fator palpá-vel para todos os participantes.

Pela natureza do projeto, a sua operacionalização requer tempo e paciência no crescimento das comunidades, para que possam assumir a gestão das unidades familiares.

Características do banheiro seco: O banheiro seco possui uma caixa superior que suporta também armazenamento água de forma oportuna e segura. É dotado de lavabo para as mãos e aprovado pela Organização Mundial da Saúde – OMS. A medida interna é de 1,50 m x 1,60 m, e a espessura de parede de 15 cm, o que corres-ponde a um tijolo simples mais rebocos. O acabamento interno é revestido com azulejo (até a altura de 1,20m) ou outro acabamento que possa ser lavado. A escada de acesso ao tampo onde fica o assento sanitário pode ser feita de alvenaria ou de madeira. O tampo (70x60cm) com o buraco é feito de madeira para a conexão da peça que o liga à chaminé e à bombona plástica. O espaço abaixo do tampo é dimensionado para uma bombo-na de 50 litros com no máximo 60 cm de altura, e a pequena porta colocada na planta no lado norte é por onde se retira a bombona.

Neste lado existe uma janela para criar iluminação e ventilação. Com relação à chaminé, o tamanho mínimo é de 2 m de tubo, mais uma curva em 90 graus e um chapéu em metal (ferro galvanizado, por exemplo), pois quando pintada de preto ela aquece mais.

Instruções de uso do Banheiro Seco: Uso do bacio normal. Após o uso adiciona-se serragem, palha ou cinza. O papel higiênico usado também pode ser jogado pelo bacio. As fezes junto com a serra-gem sofrerão decomposição pelos micro-organismos. Esse processo se chama compostagem e deve-se usar um “fermento” vindo de uma compostagem ativa para iniciá-lo. Isso evita a formação de odores desagradáveis, que também são evitados pela circulação de ar favorecida pela chaminé. Deixa-se acumular conforme o tamanho do compartimento que, depois de cheio, é substituído. Os resíduos acumulados têm que ser compos-tados totalmente, podendo depois ser usados como húmus orgânico para várias atividades.

Metodologia: São organizados grupos de famílias por comuni-dade, e essas famílias participam de formações como Curso de Convivência com o Semiárido (com conteúdos que permitem conhecer e reconhecer as formas e tecnologias para a convivência com a região) e Curso de Construção do Banheiro Seco e Compostagem. Integra a metodologia um Curso de Formação em Gerenciamento Comunitário de Recursos Hídricos, sendo um curso por comunidade. Os cursos são ministrados pela

Equipe Técnica Formativa da ação, com metodologia participativa.

Conteúdo: o uso racional e respon-sável da água no que diz respeito também a limpeza de telhados, calhas e reservatórios; preserva-ção da natureza, das nascentes e do ecossistema; continuidade na implantação das pequenas obras de infraestrutura na área de recursos hídricos, para captação e retenção de águas; ampliação das construções de banheiros secos.

Importante destacar que foi reali-zado um levantamento prévio para viabilização da instalação da Tecnologia na região.

É indiscutível que o banheiro seco tem contribuído para elevar os índices de saúde verificados pelos agentes comunitários de saúde que visitam todas as residências rurais.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Alvenaria e material hidráulico: R$1.600,00 (um mil e seiscentos reais);

Técnico: R$1.300,00 (um mil e trezentos reais) – com tributos e Encargos Sociais;

Combustível: R$400,00 (quatro-centos reais);

Alimentação: R$ 100,00 (cem reais);

Cursos de Capacitação: Informações referentes à Tecnologia, passos para construção, envolvimento das famílias no processo e de compostagem.

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30 moradia e TeCnologia SoCial

Biofossas e Circuitos de Bananeiras: Permacultura em prol da Água do Planeta Instituição: Instituto Equipe de

Educadores

Endereço: Rua Espírito Santo, 255 – Vila São João – Irati/PR.

E-mail:[email protected]

Telefone: (42) 3422-5619

Resumo da Tecnologia:

O saneamento ecológico foi fomen-tado visando evitar a contaminação de fontes de água e a proliferação de doenças, além de promover a preservação ambiental. Diversas unidades de produção ecológica receberão “Biofossas ou Fossas Vivas” e “Circuitos” para tratamento de águas negras e águas cinza produzidas.

Problema Solucionado:

A tecnologia teve como objetivo criar estruturas para fazer o trata-mento das águas utilizadas na residência, possibilitando sua reuti-lização em canteiros e jardins. Em

todas as comunidades conhecidas, havia o problema com o escoamen-to da água, principalmente daquela advinda de pias e banheiros. A utilização da permacultura, volta-da à construção das “Fossas Vivas” e dos “Circuitos de Bananeiras”, foi uma saída encontrada para essas famílias, considerando que o saneamento é quesito básico à promoção da qualidade de vida das pessoas, sendo entendido como saúde pública. O problema prin-cipal advém das águas oriundas dos vasos sanitários; entretanto, essas são muito ricas em matéria orgânica e minerais e, se tratadas de maneira adequada, podem ser úteis e não virem a agredir o meio ambiente.

Solução Adotada:

As comunidades e famílias estão

diretamente envolvidas em todo o processo. Assim, a princípio, são realizadas por técnicos/as espe-cializados/as oficinas práticas de capacitação, em que os envolvidos aprendem a construir as estruturas referentes ao saneamento e, dessa forma, a tecnologia pode ser reapli-cada e utilizada por outras famílias e/ou comunidades. A Biofossa ou Fossa Viva é responsável pelo tratamento tanto das águas negras (utilizadas na descarga dos vasos sanitários) quanto das águas cinza (advindas de pias de cozinha e banheiros, chuveiros, tanques e águas utilizadas para fins de limpeza).

A estrutura divide-se em duas partes, sendo cada qual responsá-vel pelo tratamento de um tipo de água.

cobertura vegetalmorta (palha)

troncos e galhos

CORTE

VISTA SUPERIOR

duto de entradada água cinza

duto de entradada água cinzacova para a

muda de bananeira1

m

1,4 m

2,0 m

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 31

01. Fossa de águas negras: é composta por duas caixas. A p r i m e i ra , c h a m a d a d e decanto-digestora, armazena as águas por 24 horas; nesta caixa, o tratamento da água é feito por bactérias aeróbicas. A segunda caixa, chamada de filtro anaeróbico, é cheia de tijolos de seis furos em que se encontram fixadas as colônias de bactérias anaeróbicas e por onde passa a água a ser tratada.

02. Fossa de águas cinza: essa parte da fossa é mais simples que a anterior; é uma caixa, com uma parede divisória que começa a 20 cm do fundo. A caixa tem seu tamanho calcu-lado, e a água irá permanecer ali por duas horas. Após esses processos, as águas são mistu-radas em uma pequena caixa na saída da fossa e passam para o Leito de Evapotranspiração e Infiltração (LETI), que são canteiros de drenagem e que farão a última filtragem da água, através de raízes das plantas e da decomposição da matéria orgânica restante.

Esses canteiros são feitos com duas fileiras de tijolos de seis furos e têm profundidade máxima de 1m e um declive de 5%, além de entradas de oxigênio a cada 5m.

Os circuitos de bananeiras são mais simples que as biofossas; constituem um buraco de 1m³, com profundidade de 1m a 1,2m e com as bordas salientes, imitando formigueiros. No buraco são colo-cados troncos de árvores, deixando apenas o espaço para receber a água a ser filtrada. As bananeiras são plantadas nas bordas e irão colaborar no processo de filtragem. Liga-se o esgoto da casa a essa estrutura e através dela obtem-se a matéria orgânica separada da água, que poderá ser utilizada para irrigação de jardins e canteiros.

O “Círculo de Bananeiras” é rela-tivamente simples, fazendo-se necessário o uso de algumas ferramentas como trena, enxadas, cavadeiras, pás e carrinhos de mão para retirada da terra. Além disso, há o uso de canos – a quantidade irá variar de acordo com a distância

do círculo até a residência – sendo em média 30 metros, usam-se também troncos, mudas de plantas evaporadoras e de bananeiras que fazem parte do sistema de purifica-ção da água, bem como sementes de adubação verde. As “Biofossas ou Fossas Vivas” são um pouco mais complexas. Irão fazer o tratamento tanto das águas negras quanto das águas cinza. Para sua construção, utilizaremos os seguintes materiais: cimento, areia, tubos de PVC, tijolo, arames, cal e ferramentas (enxadas, baldes, colher de pedreiro).

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Orçamento: R$1.517,20 (um mil, quinhentos e vinte e sete reais e vinte centavos). Além dos materiais citados, há a necessidade da dispo-nibilização de mão de obra, sendo necessários dois pedreiros traba-lhando por dois dias. Assim, rece-bem em média R$50,00 (cinquenta reais) por dia, contabilizando um valor total de R$ 200,00 (duzentos reais).

cobertura vegetalmorta (palha)

troncos e galhos

CORTE

VISTA SUPERIOR

duto de entradada água cinza

duto de entradada água cinzacova para a

muda de bananeira

1 m

1,4 m

2,0 m

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32 moradia e TeCnologia SoCial

Barragem Subterrânea com Lonas PlásticasInstituição: Cooperativa de Servi-

ços Técnicos do Agro-negócio (COOPAGRO)

Endereço: Rua Coronel Santos, 1 5 – L a g o a N ova ( C o n j u n t o N o v a Dimensão) – Natal/RN.

E-mail:[email protected]

Telefone: (84) 3231-5252

Resumo da Tecnologia:

A barragem permite o acúmulo de água no subsolo, durante o período chuvoso, para uso por culturas e animais no estio.

Problema Solucionado:

A área onde se realizou a ação é um Assentamento Rural do INCRA (Assentamento Uirapuru), no município de Tangará–RN, em pleno semiárido. O assentado, Severino Luiz de França, embora dispusesse de uma área de solo fértil (banhado por forte correnteza durante as chuvas), não conseguia utilizá-la racionalmente, por ficar ressequida nos meses de estio.

Nessas condições, a área se tornava inadequada para cultivos e escava-ção de fontes d’água para animais e população.

Solução Adotada:

Em abril de 2008, foi construída uma bar ragem subter rânea , com lona plástica de 200 micra e extensão de 32 metros, com profundidade variável entre 1,7 m e 1,9 m. Com a barragem, foi possível reter água no subsolo e explorar algumas culturas (milho, feijão e capim, entre outras), no início do estio de 2008. A exploração das culturas no início do período de estiagem possibilitou a colheita de feijão, milho e capim elefante em um período em que as demais famílias da região não tiveram qualquer cultivo. Além disso, o

pequeno rebanho da família do lote teve acesso à água e ao capim desenvolvido na área. A construção da barragem contou com o apoio comunitário de várias famílias (sobretudo parentes do assentado proprietário do lote) na escavação e colocação da lona.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

O valor de construção (gastos com materiais, escavação mecânica e colocação da lona) girou em torno de R$ 120 (cento e vinte reais) cada metro linear de barragem, com uma profundidade média de 4 metros. As cinco barragens, que totaliza-ram cerca de 420 metros lineares de lona (e escavação), custaram ao Projeto R$ 50 mil (cinquenta mil reais), aproximadamente.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 33

Bomba D’Água TrampolimInstituição: Centro de Educação

Popular e Formação Social (CEPFS)

Endereço: Rua Felizardo Nunes de Sousa, 7 – Centro – Teixeira/PB.

E-mail:[email protected]

Telefone: (83) 3472-2276

Resumo da Tecnologia:

A bomba tem uma estrutura fixa e maior capacidade de coleta de água das cisternas. A interação das famílias beneficiadas com a bomba d’água bola de gude, cujo custo era alto e, portanto, de difícil acesso por parte das famílias rurais, deu origem a esta tecnologia social e possibilitou a inovação.

Problema Solucionado:

As famílias do médio sertão da Paraíba, quando conquistam a cisterna de placa, precisam de orientação e ferramentas para o manejo adequado da água captada e armazenada nas cisternas. Sem as ferramentas adequadas, muitas delas usam mecanismos que conta-minam a água, deixando-a impró-pria para o consumo humano.

As primeiras orientações em relação ao tratamento e gerenciamento de água, quando do surgimento das cisternas, foram quanto à separa-ção de um único balde para coleta da água, além dos procedimentos de clorar, ferver, filtrar, etc. Em alguns casos, também se orientava que, próximo à cisterna, houvesse um local para manter o balde, de forma a deixá-lo suspenso, sem contato com o solo (ambiente de provável contaminação).

Depois de algum tempo, surgiu a bomba bola de gude, que facilitou o processo de coleta de água das cisternas, tornando-o mais eficien-te. Seu problema, porém, decorria de aspectos de fragilidade em sua estrutura e consequente uso inade-quado por parte das famílias. Havia um grave problema: por não sabe-rem usá-la, as famílias danificavam a bomba e acabavam voltando a

fazer uso do balde como forma de coleta de água das cisternas.

Solução Adotada:

A partir da experiência da bomba bola de gude e das informações sobre os seus problemas (limites e fragilidades), deu-se início a um processo de inovação que culminou com a criação de uma nova tecno-logia social, denominada bomba d’água trampolim. A nova bomba foi desenhada com uma estrutura mais adequada e tem maior capa-cidade de coleta de água do que a bomba de água de cisternas ou de poços do tipo amazonas (poços de grande diâmetro, com um metro ou mais, escavados manualmente e revestidos com tijolos ou anéis de concreto, neste caso com profun-didade de até seis metros). A nova bomba nasceu com uma estrutura mais simplificada e adequada, com capacidade semelhante às demais

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34 moradia e TeCnologia SoCial

para a coleta de água das cisternas. Seu custo é mais baixo e há maior possibilidade de ganhos de escala, uma vez que é acessível para uma amplo espectro de famílias de baixa renda.

Com essa inovação, foi possível baixar o custo do produto, manten-do sua qualidade e aspectos de relevância como a durabilidade e eficiência no manejo da água de chuva armazenada nas cisternas. Em avaliação feita pelas famílias beneficiadas, a bomba d’água trampolim tem-se revelado uma ferramenta importante que facilita a retirada de água das cisternas, sem contaminação.

No processo de implantação da

tecnologia social, as famílias que recebem apoio financeiro assu-mem o compromisso de devolver o apoio que receberam fortalecendo o Fundo Rotativo Solidário existen-te na comunidade ou, quando isso ainda não existe, são estimuladas a criar um Fundo, com a finalidade de que outras famílias possam também ter acesso à oportuni-dade de instalar em sua cisterna uma tecnologia semelhante, com custos acessíveis, para melhorar a saúde de sua família e a economia doméstica.

Essa dinâmica permite o exercício da solidariedade e a corresponsabi-lidade dos participantes no proces-so de construção do desenvolvi-mento local. A gestão participativa

permite outro olhar e construção de um novo comportamento em relação aos recursos necessários à promoção de melhor qualidade de vida. As famílias não são bene-ficiárias passivas, mas sujeitos que interagem entre si, com a comu-nidade e além, contribuindo com a reaplicação da experiência em outras comunidades, municípios, regiões, etc.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Considerando o processo de formação e implantação, a tecno-logia custa, em média, R$283,50 (duzentos e oitenta e três reais e cinquenta centavos) por família beneficiada.

Tanques em Lajedos de PedraInstituição: Centro de Educação

Popular e Formação Social (CEPFS)

Endereço: Rua Felizardo Nunes de Sousa, 7 – Centro – Teixeira/PB.

E-mail:[email protected]

Telefone: (83) 3472-2276

Resumo da Tecnologia:

Visando reduzir a vulnerabilidade de famílias rurais do semiárido frente à escassez de água e a irregularidade na distribuição de chuvas, foi resgatada e aplicada uma técnica que permite a capta-ção de água de chuva: os tanques construídos em lajedos de pedras.

Problema Solucionado:

No Semiárido brasileiro, o atendi-mento das necessidades básicas das famílias rurais é comprome-tido pela escassez de água e pela irregularidade na distribuição das chuvas. Devido a esses fatores climáticos da região, famílias de Teixeira, Cacimbas e Matureia, por não possuírem formas de armaze-nar água durante períodos de estia-gem, eram obrigadas a se deslocar,

em percursos longos, a fim de obter água. Além disso, técnicas existen-tes de coleta e armazenamento de água na região tinham custo eleva-do, requeriam trabalho excessivo e, potencialmente, impactavam o meio ambiente.

Solução Adotada:

A solução adotada foi a construção de tanques em lajedos de pedras em propriedades rurais. Construiu-se a tecnologia social – o tanque – a partir do resgate de práticas usadas pelos/as agricultores/as no passa-do, agregando inovações no que se refere ao baixo custo, ao trabalho menos excessivo e à efetividade da coleta e armazenamento da água de chuva. A construção do tanque requereu, primeira e fundamental-mente, a participação das famílias

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 35

rurais, tanto no aspecto de aprimo-ramento do conhecimento sobre os potenciais de suas propriedades quanto no processo de apropriação do processo de construção do tanque.

Passo a passo da construção:

01. Diálogo através de um proces-so participativo com os agricul-tores e agricultoras familiares sobre estratégias de constru-ção de tanques em lajedo de pedras adotadas no passado, a fim de aprimorar o conhe-cimento sobre a tecnologia e de potencializar os melhores impactos com menos trabalho. A participação das famílias no processo se deu tanto no aspecto de apropriação e apri-moramento de conhecimento sobre os potenciais que suas propriedades lhes oferecem, como também nos aspetos funcionais das estruturas que foram construídas e que lhes permitiram benefícios diretos em termos de acesso a água;

02. Estudo do potencial existente na propriedade, para planejar a necessidade do ponto de vista de material humano e em termos de infraestrutura para a operacionalização da tecnolo-gia em si;

03. Indicação do local de formação do tanque;

04. Cavação e instalação dos tanques pelas famílias conjun-tamente com alguns auxiliares (pedreiro e auxiliar).

Foram construídos vinte tanques para captação e armazenamento de água. Durante a construção e atual-mente, agricultores e agricultoras

de outras comunidades e regiões, alunos de universidades, técnicos de ONGs, passaram a visitar o projeto e os tanque

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36 moradia e TeCnologia SoCial

Bancos de Sementes ComunitáriosInstituição: Centro de Educação

Popular e Formação Social (CEPFS)

Endereço: Rua Felizardo Nunes de Sousa, 7 – Centro – Teixeira/PB.

E-mail:[email protected]

Telefone: (83) 3472-2276

Resumo da Tecnologia:

Resgate, multiplicação e preser-vação de variedades de sementes locais que estavam desaparecendo com a erosão genética. É uma TS que busca dinamizar o processo produtivo dos/as agricultores/as por meio do estoque coletivo de sementes e grãos, em bancos de sementes comunitários.

Problema Solucionado:

Os/As agricultores/as da região semiárida, ao longo dos anos, sofreram com um perigoso proces-so de erosão genética, sobretudo no que se refere às sementes agrícolas. As formas tradicionais e típicas de entrada de sementes na região não eram baseadas no âmbito local, o que ocasionou um cenário de dependência em

relação às sementes externas, que na sua grande maioria são inadequadas à realidade climática do semiárido. Com isso, os/as agri-cultores/as muitas vezes perdiam as primeiras chuvas, consideradas estratégicas para uma boa colhei-ta. Essa realidade trouxe como consequência o enfraquecimento da agricultura familiar, gerando dependência e desmotivação para os/as agricultores/as.

Nesse contexto, a tecnologia social Bancos de Sementes Comunitários se propõe a ser um espaço coleti-vo em que os/as agricultores/as familiares possam resgatar práticas antigas de preservação, multiplica-ção e seleção de sementes adapta-das à região. Serve também como espaço educativo, onde, a partir da motivação e troca de experi-ências, se constitui uma referência no âmbito do fortalecimento da

agricultura familiar e preservação da biodiversidade.

Solução Adotada:

O Banco de Sementes Comunitário se apoia na estruturação organi-zativa dos/as agricultores/as, e a iniciativa nasceu como consequên-cia do aprofundamento da impor-tância do resgate das sementes locais como forma de adaptação às adversidades climáticas (secas). Fruto de um processo de ações conjuntas entre ONGs, Sindicatos, Associações e Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, este é um trabalho desenvolvido em rede, onde as diretrizes emergem de um coletivo, a partir de um amplo processo de discussão e interação entre as organizações de assessoria e as várias comunidades que parti-cipam da experiência.

A tecnologia social tem na sua

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 37

base de estruturação a própria contribuição dos/as agricultores/as, através da doação e devolução de sementes e, também, a partir das contribuições das entidades de apoio/assessoria, principal-mente no âmbito formativo. Os Bancos de Sementes Comunitários são estruturas organizativas que possibilitam o acesso adequado a sementes de qualidade na hora certa para o plantio. Funcionam como estoques reguladores de reserva no processo contínuo de enfrentamento dos períodos de

adversidades climáticas, e também como espaço de mobilização e debate na construção de proposta para a convivência harmoniosa e sustentável com a realidade semiárida. Os bancos comunitários funcionam ainda como espaço de armazenamento de grãos estraté-gicos para a segurança alimentar e nutricional das famílias, sobretudo nos períodos de maior dificuldade alimentar, ocasionados pelo uso total dos estoques familiares. Antes, as famílias se submetiam a tomar emprestados alimentos de

particulares, tendo que devolver com acréscimo de 100%, após a colheita do ano seguinte.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

As experiências mais recentes nos mostram que um valor aproxi-mando de R$ 800,00 (oitocentos reais) é suficiente para implemen-tação de um Banco de Sementes Comunitário.

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38 moradia e TeCnologia SoCial

Quintal MaravilhaInstituição: Centro Popular de

Cultura e Desenvolvi-mento (CPCD)

Endereço: Rua Paraisópolis, 82 – Santa Tereza – Belo Horizonte/MG.

E-mail:[email protected]

Telefone: (31) 3463-6357

Resumo da Tecnologia:

Metodologia educativa para recu-peração ambiental no semiárido brasileiro, baseada em princípios da permacultura, associada a seguran-ça alimentar e hídrica, saneamento, saúde e geração de renda, com foco no empoderamento comunitário.

Problema Solucionado:

Araçuaí (MG) está localizada no Vale do Jequitinhonha, região do semiárido que protagoniza esta-tísticas internacionais de pobreza. O município abriga população de 36.083 pessoas (IBGE/2007), sendo que quase 50% vivem na zona rural. Nascentes servem como referência na sociabilidade, delimitação do território e localização; rios fornecem a maior parte da água para consumo humano, lavouras

e criações. Nascentes e ribeirões secos obrigam a população a usar a água dos caminhões-pipa das prefeituras. Em outros casos, nascentes perderam muito em volume, obrigando famílias a fazerem rodízio para coletar água. Práticas produtivas foram aban-donadas e o consumo humano, controlado. A precariedade do acesso à água torna a população vulnerável, fragilizando a saúde e inviabilizando trabalho e geração de riqueza. A consequência é o êxodo de pais de família para o corte de cana, formando um cená-rio em que a criação dos/as filhos/as fica sob responsabilidade de mães solitárias. A atividade econômica é inexpressiva e boa parte das famí-lias depende de assistência social. A superação dessa situação requer

mudanças de valores e atitudes.

Solução Adotada:

Tudo começou em uma roda de conversa com uma boa pergunta: o que podemos fazer para que as pessoas cuidem dos seus quintais? Foi daí que surgiu a ideia do Quintal Maravilha. O nome foi inspirado no Sítio Maravilha, o centro de referên-cia em permacultura, estruturado com apoio do projeto Caminho das Águas (2007-2009).

Os Quintais Maravilha são “filhotes” do Sítio Maravilha nas comunida-des, ou seja, pequenos centros de referência das práticas do projeto aplicadas ao dia a dia das famílias.

Page 39: Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR

Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 39

O projeto Caminho das Águas veio aprofundar, na dimensão ambiental, o trabalho educativo do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD, que há mais de 10 anos atua na região, em parceria com institutos de perma-cultura de diversos cantos do Brasil. O resultado dessas alianças foi um projeto diferenciado, que atua simultaneamente no nível comu-nitário e em processos ampliados de reversão do processo de erosão e desertificação.

O projeto implantou 115 kits das águas em unidades familiares, compostos por sistema de capta-ção de águas de chuvas, sistema de saneamento ecológico e práti-cas produtivas (mini viveiro, mini banco de sementes, hortas, manejo de água no terreno, cobertura do solo, entre outras). Os educadores do projeto – membros da comuni-dade – perceberam a importância de estabelecer um sistema de contrapartidas junto às famílias selecionadas para receber os Kits. Assim nasceu a proposta da “Moeda Ambiental”. Dessa maneira, para receber o Kit das Águas, as famílias têm de “pagar” com as seguintes moedas:

• Lixo Zero: redução e aprovei-tamento dos resíduos, lixeiras feitas com a fibra da bananeira e taquara;

•Queimada Zero: não queimar lixo nem matéria orgânica;

• Proteção do solo: cobertura v e g e t a l , a d u b a ç ã o v e r d e ,

cobertura de matéria orgânica, cerca viva, leira de galhos;

•Manejo das águas: canais de infiltração em nível, açudes/laguinhos, captação de água d a s c h u va s , i r r i g a ç ã o p o r gotejamento;

•Adubação: pilhas de composto, minhocários, biofertilizantes;

• Saneamento: círculo de bananei-ras, banheiro seco;

•Manejo de pragas: uso de inseti-cidas naturais, plantio de neem;

• Plantio inteligente: hortas em mandala, espirais, consórcios aproveitando melhor o espaço e a água;

• Produção de alimentos: mini viveiros, mini casas de sementes e agroflorestas;

• Kit Café: 10 árvores plantadas. Garantia do autoconsumo e geração de excedente;

•Água e saúde: filtros para cisterna e monitoramento da qualidade da água;

• Estética e valores culturais: pintura com tinta de terra;

•Autonomia e cooperação: produ-ção e troca de receitas naturais de produtos de higiene e limpeza (pasta de brilho, sabão), participação nos mutirões, reali-zação de oficinas e atividades em quintais de outros/as moradores/as;

•Cuidados com as cr ianças: garantir frequência na escola e

vacinação.

Concentrando diversas tecnologias, os Quintais Maravilha apresentam resultados visíveis em poucos meses, transformando-se em espa-ço referência para a comunidade e demonstrando de forma prática os impactos positivos dos métodos ecológicos. Para implementar as estruturas, são aproveitados resí-duos como garrafas PET e de vidro, latas de óleo, saquinhos de leite para mudas e recursos naturais como bambu, madeira e palhas. Todas as atividades são feitas em regime de mutirão, criando processos permanentes de apren-dizagem. O eixo metodológico reforça cada ação e demonstra que é possível criar soluções para um Quintal Maravilha com os recursos do próprio quintal. Incorporar e praticar esse valor é um objetivo essencial. A lógica da Moeda Ambiental amplia e consolida os benefícios, promovendo o desen-volvimento da família.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Recursos humanos:

•Um/Uma educador/a comunitá-rio/a: R$800,00 (oitocentos reais) / mês – durante um ano.

Recursos materiais para construção de 01 (um) banheiro seco:

•Aquisição de tambor de 200 litros, tubos, joelhos, porta, telhas, tampa de assento sani-tário, cimento – valor estimado: R$900,00 (novecentos reais).

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40 moradia e TeCnologia SoCial

Programa Habitacional Vivendo MelhorInstituição: Prefeitura Municipal

de Fazenda Vilanova

Endereço: Av. Rio Grande do Sul, 100 – Centro Sul – Fazenda Vilanova/RS.

E-mail:[email protected]

Telefone: (51) 3613-1116

Resumo da Tecnologia:

O Programa Habitacional Vivendo Melhor consiste em reformas nas residências da população de baixa renda, proporcionando melhores condições de moradia e seguran-ça. Promove também a inserção de seus/suas beneficiários/as em atividades comunitárias e sociais do município.

Problema Solucionado:

Verificou-se no município um grande número de famílias com um diagnóstico de vulnerabilidade social e risco habitacional.

Solução Adotada:

Implementou-se uma política pública em que se desenvolvem ações para propiciar mudanças na realidade social das famílias, levan-do em conta as condições mínimas

de habitação digna e de segurança.

As melhorias nas condições habi-tacionais contemplaram, no ano de 2010, 40 (quarenta) famílias. O primeiro contato com os/as bene-ficiários/as do Programa Vivendo Melhor se dá a partir da visita domi-ciliar com a finalidade de conhecer a realidade de cada família, quando é estabelecido o vínculo com essas famílias, e é despertada a sua vontade de participar de Projeto. As pessoas também são informa-das da importância da participação durante a reforma e ampliação de sua casa, além de serem convida-das a participar das palestras e atividades informativas/educativas do projeto social.

Para isso, realiza-se em cada even-to, em local providenciado pelo Centro de Referência de Assistência Social – Cras, uma palestra com abordagem dos temas que guiam o projeto, além de dinâmicas, reflexões e troca de experiências, tudo de forma participativa. O Cras, ao definir o local, deve observar as possibilidades de locomoção dos/as beneficiários/as e os horários, que devem ser acordados com o grupo. As etapas do programa são as seguintes:

1ª etapa: Nesta primeira etapa infor-mativa, são feitos o cadastramento das famílias e a apresentação do projeto Vivendo Melhor a poten-ciais beneficiários/as, em reuniões realizadas pelo Cras. Também nesta etapa acontece um encontro de mobilização e são feitos esclareci-mentos sobre o programa;

2ª etapa: Escolha dos/as beneficiá-rios/as através do enquadramento de renda e diretrizes do programa, por intermédio do Conselho Municipal de Habitação;

3ª etapa: Visita técnica domiciliar do/a assistente social;

4ª etapa: Registro fotográfico da situação atual, antes de receber o benefício;

5ª etapa: Apresentação de três orçamentos pelo/a beneficiário/a;

6ª etapa: São realizadas, ao final da obra, palestras com enfoque em temáticas de conservação e embe-lezamento da moradia, bem como na importância das hortas caseiras e ervas medicinais, com orientação para o plantio de árvores e flores. Também são propostas ações de incentivo ao plantio de árvores frutíferas nas propriedades, resga-tando a ideia do pomar doméstico, concomitante com uma ação de educação alimentar, ressaltando o hábito saudável de comer frutas e os tipos de árvores mais apropria-dos a cada ecossistema, tendo em conta as várias regiões e climas do Rio Grande do Sul;

7ª etapa: Registro fotográfico, como ficou a obra finalizada;

8ª etapa: Ao final do trabalho social, é realizada uma confraternização, a fim de verificar o nível de satisfação dos participantes e se os objetivos do projeto foram atingidos. Os temas a serem abordados em forma de palestras, reuniões e visitas são desenvolvidos por profissionais

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da Prefeitura de Fazenda Vilanova, bem como de entidades parceiras como a Empresa Brasileira de Extensão Rural – Emater-RS.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Em 2010, o programa teve início com uma previsão orçamentária de R$80.000,00 (oitenta mil reais) e beneficiou 37 famílias. Para 2011, foi orçado em R$100.000,00 (cem mil reais) dos recursos próprios.

E, para 2012, trabalhou-se com R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) de orçamento. É um progra-ma progressivo, que se pretende expandir até beneficiar todas as famílias em estado de vulnera-bilidade social e habitacional do município.

Transformando Realidades por meio da Mobilização e Organização ComunitáriaInstituição: Rede Internacional

de Ação Comunitária Interação

Endereço: Rua Marques de Itu, 58, 9o Andar – Vila Buarque – São Paulo/SP.

E-mail:[email protected]

Telefone: (11) 3159-2621

Resumo da Tecnologia:

Desde 2005, centenas de famílias residentes em assentamentos precários e favelas brasileiras trabalham com uma metodologia participativa de mobilização e organização comunitária para transformar suas real idades, intencionando a conquista de seus direitos de cidadania e moradia.

Problema Solucionado:

O déficit habitacional no Brasil atingiu, em 2008, 5,8 milhões de unidades, segundo dados da Fundação João Pinheiro. Este défi-cit atinge notavelmente pessoas que vivem em assentamentos precários ou favelas, comunidades caracterizadas por urbanização desordenada e de baixa qualidade, sem planejamento de infraestrutu-ra e espaços de lazer, geralmente com construções precárias e ocupando áreas com risco de erosão e desmoronamento. A maior parte dessas áreas possui um atendimento precário de serviços e equipamentos urbanos, além de contar com reduzida organização dos seus moradores e moradoras. A metodologia de mobilização e organização social do Slum Dwellers Internacional – SDI, orga-nização internacional presente em 32 países e representada no Brasil pela Rede Internacional de Ação Comunitária – Interação, faz frente a este problema ao fomentar, entre os residentes de uma área, a criação de laços de confiança e o estabele-cimento de parcerias com o poder

público e ONGs, para a realização de um trabalho conjunto, com o objetivo de melhorar a situação da localidade, a partir de uma lista de prioridades e ações baseada nas demandas dos/as próprios/as moradores/as.

Solução Adotada:

A tecnologia social adotada baseia-se na metodologia do SDI, que surgiu na Índia, em 1980, quando um grupo de mulheres indianas foram despejadas de suas moradias e decidiram unir-se para transfor-mar suas realidades. A estruturação de pensamentos e experiências desse grupo de mulheres originou a metodologia da organização constituída pelo tripé – poupança comunitária, autorrecenseamento e intercâmbio de experiências, que será detalhado a seguir. A imple-mentação da metodologia do SDI na América Latina foi iniciada na comunidade Portal do Campo em Osasco/São Paulo, no ano de 2005, pela Interação, que é constituída por um grupo multidisciplinar de profissionais atuantes na área de habitação popular. A experiência foi replicada em outras cidades

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paulistas, e também no estado de Pernambuco. Em 2008, o trabalho da Interação começou a se expan-dir pela América Latina, com a abertura de grupos de poupança em Oruro e Cochabamba, na Bolívia.

Metodologia:

01. Autorrecenseamento: é um censo feito pelos próprios habitantes de uma área. Ele inclui desde informações tradicionalmente presentes em cadastros municipais, tais como dados demográficos e perfil socioeconômico, até dados que a própria comunida-de escolhe incluir, por exemplo, a quantidade de pessoas com deficiência ou mobilidade redu-zida, idosos com dificuldade de locomoção, dentre outros. O autorrecenseamento tem se mostrado bastante eficaz como ferramenta para a mobilização comunitária, a criação de laços de confiança entre os residen-tes de uma área e a formação de conhecimento coletivo, que é essencial para o fomento de ações democráticas, tanto com o poder público como com outros agentes.

Os/As moradores/as têm, dessa forma, a oportunidade de reconhe-cer e identificar suas necessidades e prioridades, assim como utilizar a informação obtida para se apro-ximar de representantes públicos e privados para diálogos mais qualificados e negociações melhor instrumentalizadas.

02. Poupança comunitária: é a pedra fundamental da estra-tégia de mobilização do SDI e constitui um fundo formado

e mantido por moradores/as de assentamentos precários e favelas, organizados/as em grupos de poupança. Cada grupo de poupança tem um número variável de poupa-dores/as e conta com três tesoureiros/as da comunidade. Os membros dos grupos se encontram periodicamente, mas não há valores pré-esti-pulados ou frequência manda-tória para poupar, variando de grupo para grupo. Esses grupos são baseados primordialmente em relações de confiança, fomentando o fortalecimento e a criação de novos vínculos.

Na verdade, a coleta diária supera a questão financeira. Com a organiza-ção proveniente dos grupos, os/as poupadores/as passam a antecipar dificuldades e oportunidades, bem como discutir questões de gastos e gestão de recursos, que frequen-temente evoluem para assuntos como planejamento, estratégias de atuação e negociações com o poder público, assim como com possíveis parceiros. A poupança é um instrumento de fortalecimento que possibilita aos/às poupadores/as negociarem e lutarem por suas demandas.

03. Intercâmbio: o melhor veículo de disseminação das meto-dologias e práticas do SDI é o intercâmbio de comunidades, que gera troca de informações, experiências e técnicas, dire-tamente entre moradores/as de assentamentos precários. O intercâmbio pode ocorrer dentro de uma cidade, entre cidades ou mesmo entre países. A ideia básica do intercâmbio é fortalecer o conhecimento

do próprio ambiente para os membros das comunidades. Ao transmitir seus conhecimentos e experiências fora de suas comunidades, as pessoas veem a própria realidade com outro olhar e ampliam a compreen-são sobre sua própria situação. O intercâmbio também propor-ciona o reconhecimento da existência de desafios comuns entre assentamentos precários nacional e internacionalmente e promove a busca de soluções coletivas, além de possibilitar a formação de uma rede de ação, que tem um alto poder de fortalecimento das inicia-tivas particulares de cada comunidade.

Valor estimado para a implemen-tação da tecnologia:

Profissionais:

• Té c n i c o / a m e i o p e r í o d o : R$3.000,00 (três mil reais)/mês;

• Estagiário/a (4h/dia): R$R$ 800,00 (oitocentos reais)/mês.

Total Profissionais: R$3.800,00 (três mil e oitocentos reais)/mês.

Recursos Materiais:

•Comunicação: R$400,00 (quatro-centos reais)/mês;

• Locomoção: R$500,00 (quinhen-tos reais)/mês.

Total Recursos Materiais: R$900,00 (novecentos reais)/mês.

Autorrecenseamento:

• Estimativa de R$35,00 (trinta e cinco reais) para cada família. Intercâmbio (esporadicamente).

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 43

Modelo de Projeto de Trabalho Social – PTS – autorizado para uso em todas as regiões do país1. IDENTIFICAÇÃO

Nome do Projeto:Número do Contrato:Municípios de Desenvolvimento do Projeto (UFs):Quantidade de unidades habitacionais a serem construídas:Quantidade de unidades a serem reformadas:Tecnologias Sociais agregadas:Quantidade de Tecnologias Sociais agregadas:

Regime de construção:1 - ( ) autoconstrução assistida 2 - ( ) mutirão assistido ou autoajuda3 - ( ) autogestão com administração direta 4 - ( ) empreitada global

Beneficiário/a pertencente a que Grupo: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3Valor do Trabalho Social (custo de execução do trabalho social x titulares atendidos/as):Entidade ProponenteNome:CNPJ:Forma Jurídica:Endereço:CEP:DDD/Fone/Fax:E-mail:Dados Bancários da EntidadePossui cadastro no Banco do Brasil? SIM NÃOAgência/Prefixo:Respresentatne Legal da EntidadeNome:CPF: Identidade:Estado Civil: Profissão:Cargo: Mandato:DDD/Fone/Fax: DDD/Celular:E-mail:

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Responsável pelo Projeto de Trabalho SocialNome do Cargo:O/A responsável pelo projeto faz parte do quadro da Entidade? SIM NÃODDD/Fone/Fax/Celular:E-mail:Número do Registro Profissional:Conselho Profissional (região):A execução do PTS será terceirizada? SIM NÃOCaso não seja a Entidade Organizadora quem executará o PTS, informar o órgão executor:Nome:CNPJ:

2. APRESENTAÇÃO

Caracterização – Perfil socioeconômico – Informações sobre a Comunidade, o Município e a Região.Descrever o perfil socioeconômico da (por) comunidade, (por) município e região.

Descrever o perfil socioeconômico dos/as beneficiários/as (faixa etária, escolaridade, ocupação, vocação produtiva, raça/etnia) por município.

Informações sobre a Entidade ProponenteBrevíssimo relato.

O ProjetoResumo: Breve apresentação.

Informar os critérios de seleção dos/as beneficiários/as.

Obs.: Dar ampla divulgação dos critérios nos municípios.

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Cidadania e Qualidade de Vida no Campo 45

3. JUSTIFICATIVA

Justificar o projeto de maneira clara e objetiva.

4. OBJETIVO GERAL

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

6. METODOLOGIA

7. AÇÕES PLANEJADAS DO PROJETO

Etapas Descrição das Ações Indicadores Objetivo Específico vinculado à ação

Pré-Obras 1 - Elaboração do Projeto de Trabalho Social.1.11...2 - Cadastro, seleção e hierarquização da demanda.2.12...

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Etapas Descrição das Ações Indicadores Objetivo Específico vinculado à ação

Pré-Obras 3 - Reuniões de informa-ções sobre o Programa, os critérios de participação e as condições contratuais.3.13...4 - Reuniões e assembleias para discussões sobre a concepção do Projeto.4.14...5 - Eleição da CRE.5.15...

Durante as Obras 1 - Organização Comunitária.1.11...2 - Educação Ambiental e para a Saúde.2.12...3 - Planejamento e Gestão do Orçamento Familiar.3.13...4 - Educação Patrimonial.4.14...5 - Geração de Trabalho e Renda.5.15...

Pós-Ocupação 1 - Consolidação dos processos implantados nas etapas anteriores.1.11...

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Etapas Descrição das Ações Indicadores Objetivo Específico vinculado à ação

Pós-Ocupação 2 - Encerramento das atividades da CRE.2.12...3 - Avaliação do processo e dos produtos realizados.3.13...

8. PARCERIAS

Parceiros do ProjetoEntidade Parceira: CNPJ T i p o d e

Parceria:Existe documento formalizando a parceria?SIM* NÃO Responsabilidades

assumidas:

*Anexar documento.

9. TABELA DE CUSTO POR AÇÃO

Resumo do OrçamentoAção Custo da Ação Fonte de Recursos

PNHR Entidade Organizadora Parceiros12345Total das Despesas do Projeto:

R$ R$ R$ R$

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10. CRONOGRAMA GERAL ORÇAMENTÁRIO

Cronograma Financeiro de DesembolsoEntidade Organizadora:Projeto PTS:

Valor Unitário Mês 1 Mês 2 Mês 3QTD Banco Entidade QTD Banco Entidade QTD Banco Entidade

Atividade 1Item da despesa 1Item da despesa ...Atividade 2Item da despesa 1Item da despesa ...Atividade 3Item da despesa 1Item da despesa ...Total: R$

11. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS AÇÕES

Ano 1Ações Mês

1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 11o 12o

123...Ano 2Ações Mês

13o 14o 15o 16o 17o 18o 19o 20o 21o 22o 23o 24o

123...

12. EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

EspecificaçõesQTD Nome Função no

ProjetoFormação Profissional

Vínculo Carga Horária Semanal

Obs.: Os componentes da CRE devem constar do PTS.

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Reservamos um espaço para você fazer anotações:

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Com esta Cartilha, você tem informações básicas para iniciar e apoiar o PNHR em seu Município.

O CD que a acompanha traz o BTS, esta cartilha e a sugestão de modelos de moradia.

Bom uso, bom proveito e votos de imenso sucesso!

Cidadania e Qualidade de Vida no Campo

Programa Nacionalde Habitação Rural - PNHRCartilha para as Entidades Organizadoras - EOs

HABITAÇÃO E TECNOLOGIAS SOCIAIS

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