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ANO XIII • NÚMERO 38 • MAIO / AGOSTO • 2005 documentos pastorais notícias • secretariados e movimentos reflexões docu • Quatro séculos de História em livro | pág. 109 “Catedral de Leiria. História e Arte” • Homilia de D. Serafim na ordenação de D. Anacleto | pág. 145 O Bispo Hoje • Projecto Diocesano de Pastoral - 2005/2011 | pág. 79 TESTEMUNHAR CRISTO, FONTE DE ESPERANÇA

Projecto Diocesano de Pastoral - 2005/2011 | pág. 79 ... · Perante evidentes défices de clarividência e de capacidade de ... Uma missão que leva cada um dos ... João Paulo II

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ANO XIII • NÚMERO 38 • MAIO / AGOSTO • 2005

documentos pastorais • notícias • secretariados e movimentos • reflexões • docu

• Quatro séculos de História em livro | pág. 109

“Catedral de Leiria. História e Arte”

• Homilia de D. Serafim na ordenação de D. Anacleto | pág. 145

O Bispo Hoje

• Projecto Diocesano de Pastoral - 2005/2011 | pág. 79

TESTEMUNHAR CRISTO,FONTE DE ESPERANÇA

Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XIII • NÚMERO 38 • MAIO / AGOSTO • 2005

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal - 64587/93

Os textos não assinados das secções noticio-sas são elaborados pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e movimentos poderão enviar-nos ecos das suas iniciativas e programação, para os contactos indicados nesta ficha técnica.

E D I Ç Ã O G R Á F I C A

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Índice

EditorialUma sociedade que se (re)pense 77

DocumentoProjecto Diocesano de Pastoral 2005/2011TESTEMUNHAR CRISTO, FONTE DE ESPERANÇA 79

I Parte - Orientações fundamentais 80II Parte - O caminho da acção pastoral 83

1.º ano - O acolhimento como atitude fundamental 872.º ano - Desenvolver a pastoral das vocações 893.º Ano - Cuidar da formação dos cristãos 924.º ano - Promover a comunhão fraterna 945.º ano - Testemunhar o Evangelho em obras e palavras 976.º Ano - Tornar os cristãos sinais vivos de Cristo na sociedade 99

III Parte - Programa Pastoral 101APROVAÇÃO 102

Documentos PastoraisComunicado • Conselho Pastoral Diocesano 103Comunicado • Conselho Pastoral Diocesano 104Comunicado • Conselho Presbiteral 105Decreto de Criação da Paróquia da Cruz da Areia 106Nomeações episcopais 107Nota Episcopal pelas vítimas dos incêndios 108

Em Destaque“Catedral de Leiria. História e Arte” • Quatro séculos de História em livro 109Fátima Jovem 2005 112XX Jornada Mundial da Juventude 115

“Regressaram a casa por outro caminho” 115Cerca de 150 jovens de Leiria-Fátima 116Indulgência Plenária para a Jornada da Juventude 117Jovens Diocesanos peregrinaram à Holanda 117

Igreja de Nossa Senhora de Fátima - Quinta do Alçada 119Cáritas Diocesana 121

I – Férias na praia e a coragem de ser diferente 121II – Dar vida aos anos 121III – Programa Alimentar/2005 122IV - Na tragédia dos incêndios 122

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Índice

No Santuário de Fátima 124Em comunhão com o Santo Padre 124Crianças do Movimento Schoenstatt em peregrinação 126Imagem da Virgem Peregrina 127Crianças sensibilizadas para a importância da vida 127Contas do Santuário 128Pelas vítimas de Londres e de outras violências 129Peregrinação do MMF - “Eucaristia Pão da Vida” 129Papel dos avós na renovação dos laços familiares 130Biblioteca do Santuário - Mais de 60 mil volumes 131“Pelos migrantes, numa sociedade integrada e pacífica” 131Transladação do corpo da Irmã Lúcia 132

NotíciasColégio de S. Miguel aposta na inovação 133Nova igreja em Alverca dedicada aos Pastorinhos 133“Maria, única cooperadora na Redenção” 134Oração pelo Projecto Pastoral na Vigília de Pentecostes 134“A Eucaristia e a Família” em reflexão 135Irmandade de São Pedro Celestino 135Profissão religiosa da Irmã Teresa Passagem 136“Corpo de Deus” em Ano Eucarístico 136Conselho Nacional do CPM 137Pastoral nas prisões no Mês de Maria 138Apostolado da Oração 139Encerramento do ano lectivo na Escola Teológica 139Seminário sobre a Instrução Dignitas Connubii 139Colégio Conciliar de Maria Imaculada 140II Oficinas de Verão da Cáritas 140Obras do Ano Agostiniano em “CD” 140Fundação Ajuda à Igreja que Sofre 141“Projecto ASA 2005” 141Leigos Voluntários Dehoneanos 142Encontro de Pastoral Litúrgica 143Festa da Padroeira da cidade de Leiria 143Curso de Missiologia em Fátima 143“Compêndio do Catecismo da Igreja Católica” 144

ReflexõesO Bispo Hoje • Homilia na ordenação episcopal de D. Anacleto Gonçalves 145Porto de Mós – 700 anos do foral 149800 anos depois… 151

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Editorial

Uma sociedade que se (re)penseIgnorar os imensos benefícios que a sociedade hoje proporciona seria

faltar à objectividade e à justiça. Conforto, cultura, higiene, longevidade… nunca a vida humana foi tão cumulada. Nem sequer se pode dizer que a sociedade honra o seu dever apenas no tocante aos aspectos materiais e esquece os espirituais, pois que os direitos da humanidade e de cada pessoa, consignados nas Constituições nacionais, em Convenções internacionais e Declarações universais, nunca foram tão vigiados e, apesar de tudo, respeitados.

Não obstante, não é possível ficar indiferente perante os numerosos atentados à dignidade humana, em flagrante contradição com o expressamente consignado, nem perante a inépcia do olhar colectivo que assiste, acrítico, à desumanização cada vez mais exibida nas ribaltas sociais, dissimulada e, maior dos paradoxos, justificada sob a capa dos valores humanos fundamentais. E resista-se à tentação de afastar o espectro para a macro-sociedade, à escala globalizada, como se o alarme não soasse igualmente na mais curta proximidade. Não pode deixar de causar perplexidade. Uma sociedade que normaliza o anti-humanismo na sua consciência colectiva está em avançado processo de autodestruição e necessita urgentemente de se repensar.

Perante evidentes défices de clarividência e de capacidade de reacção, tanto nos cidadãos como na sociedade, não se podem ignorar os apelos que se vão multiplicando, a uma reavaliação não só dos aspectos ligados ao funcionamento social, mas também dos próprios fundamentos do pensamento “moderno” que se vem constituindo no meio de crises adiadas e não resolvidas, incessantemente obnubiladas pelas seguintes.

No âmbito individual, não obstante alguns distúrbios psico-sociológicos – envolvimento afectivo, interesses, habituação, conformismo… – a multiplicação das dissonâncias entre a diversidade de posições, por força

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Editorial

do incremento das relações e do pluralismo, propicia o aumento de conhecimentos, da objectividade e da capacidade crítica. Todavia, o equilíbrio cognitivo que deveria resultar do confronto, da complementaridade e da cooperação, é comprometido pelos referidos distúrbios que conduzem nomeadamente à obstinação e à demissão. Em especial esta, cujo móbil principal se situa na doce conformidade social conseguida à custa da redução das tensões, solda-se sempre por um prejuízo pessoal e colectivo. A cedência incoerente compromete a capacidade de discernimento. De demissão em demissão, os princípios orientadores das condutas desvanecem e cumpre-se o aforismo: quem não vive como pensa acaba pensando consoante vive.

No âmbito social, além dos prejuízos provenientes das demissões individuais, a clarividência fica abalada sempre que a sociedade “enrola”, qual estrutura avassaladora, as próprias questões em obstinada fuga para a frente. Os excessos do liberalismo comercial que, do material ao espiritual, do profano ao sagrado, tudo transformam em mercadoria, intrometem-se na busca do sentido e da coerência pessoais, impondo padrões materialistas e mercantilistas e todos subjugando sob um funcionamento social hiper-regulado pela economia e pelas “leis” do mercado.

Balanço, eis a urgência. É o que a sociedade actual melhor sabe fazer. No entanto, fascinada pela produtividade, concentrada nos ganhos e na prospecção de novos réditos, habituou-se a esquecer outras valências igualmente e mais importantes, sem as quais a vida nunca terá qualidade. O que está em causa é muito mais do que a viabilidade económica e a simples funcionalidade das instituições, muito mais do que a democracia negativa do consentir que o outro possua para que eu ainda tenha mais, que o outro viva para que eu não morra. O anti-humanismo encapotado de humanismo é a mais trágica consequência de um falso desenvolvimento que não se quis pensar nem integral nem universal. É todo o rumo cultural e mesmo civilizacional que tem que ser objecto de uma avaliação epistemológica. Esta será denunciadora, se não acusatória, de tão graves lacunas. Mas será a tábua de salvação. O verdadeiro humanismo estará de volta pois a questão fundamental da pessoa humana e da sua dignidade não pode deixar de ser recolocada.

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Documento

Projecto Diocesano de Pastoral 2005/2011

TESTEMUNHAR CRISTO,FONTE DE ESPERANÇA

1. Instrumento para a acção pastoral de todos

Toda a pessoa que experimenta o amor de Deus não pode deixar de o partilhar com os outros. Cristo confirma este dinamismo, enviando os seus discípulos a anunciar o Evangelho (cfr. Mt 28, 19-20) e a amarem-se uns aos outros como Ele os amou (cfr. Jo 13, 34-35).

Dar testemunho de Cristo a todos os homens, para neles gerar a esperança, é a missão permanente da Igreja. Uma missão que leva cada um dos fiéis, segundo a sua vocação e capacidade, a pôr ao serviço dos outros o dom que recebeu, como exorta S. Pedro (cfr. 1 Pe 4,10).

Na sequência do jubileu do ano 2000, João Paulo II convidou a Igreja a levar por diante uma eficaz programação pastoral, tendo como fundamento a meditação sobre o mistério de Cristo (cfr. NMI 15). E Bento XVI, na homilia do início do seu pontificado, declara que o seu verdadeiro programa de governo é o de não fazer a sua vontade nem seguir as suas próprias ideias, mas colocar-se, com toda a Igreja, à escuta da palavra e da vontade do Senhor e deixar-se conduzir por Ele, de tal modo que seja Ele mesmo a guiar a Igreja nesta hora da nossa história.

O Sínodo Diocesano, por seu lado, apela ao empenho na renovação eclesial e recomenda a elaboração de um plano diocesano de pastoral (cfr. OS 108).

Correspondendo aos apelos pontifícios e à orientação sinodal foi elaborado este documento, a que preferimos chamar projecto e não ‘plano’, por aquela palavra nos parecer mais indicada para um instrumento orientador da acção eclesial que promova a unidade, na diversidade das tarefas e responsabilidades. Não queremos uma lista de ordens a cumprir, mas sim uma construção dinâmica, com integração do contributo plural dos agentes da pastoral.

O PROJECTO PASTORAL constitui documento de referência para todos, embora aberto e adaptável às diferentes situações. A sua aplicação será progressiva, ao longo de seis anos, com prioridades definidas em cada ano. Este trabalho poderá dar frutos na medida em que houver nos membros da Igreja diocesana sentido de

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unidade e de comunhão, valorização da diversidade e vontade de participação corresponsável.

Seguindo as grandes metas apontadas pelo Sínodo Diocesano, este instrumento de trabalho define as orientações fundamentais, o caminho pastoral a seguir e os passos a dar para a acção de todas as paróquias, e comunidades, de todos os serviços e movimentos. (cfr. OS 108 e 67). Compõe-se de duas partes:

- As orientações fundamentais, onde se define o horizonte global (I Parte). - O caminho da acção pastoral, onde se indicam metas e passos (II Parte).O programa, a elaborar em cada ano, onde se indicam os objectivos anuais, as

iniciativas para a sua execução e os responsáveis directos, constitui como que uma terceira parte.

I Parte - Orientações fundamentais

2. Uma pastoral a partir de Cristo

Terminou o Sínodo Diocesano (1995-2002), mas não esmoreceu o empenho na permanente renovação eclesial.

Os trabalhos sinodais decorreram sob o signo da esperança, com o objectivo de a renovar ou implantar. As expectativas eram grandes, e não foram plenamente satisfeitas; nalguns corações entrou o desalento, e noutros o cansaço, que geram o desejo de parar, ou de ficar simplesmente pela rotina... Que voz ouvir para indicar o caminho a seguir?

Na sequência do Grande Jubileu, vivido na nossa Diocese em caminhada sinodal, João Paulo II retomou as palavras de Jesus a Pedro: Faz-te ao largo (Duc in altum)! Partindo do episódio da pesca milagrosa (cfr. Lc 5, 1-11), o Santo Padre convidava ao testemunho e anúncio do Evangelho no vasto oceano do nosso mundo (cfr. NMI 1; 58). Na cena evangélica, vendo os pescadores a lavar as redes, Jesus bem sabia que tinham acabado a faina. No entanto, sem olhar ao cansaço da noite, nem ao fracasso, convida-os de novo para o mar. A sua palavra é incómoda e inoportuna, põe-os à prova, a eles que tinham simpatia por Ele.

Há semelhança entre a nossa situação e a daqueles pescadores. Tem havido grande esforço para renovar e melhorar a liturgia, a catequese, a formação…, mas o êxito é modesto, ou até negativo, se olharmos a sinais como a diminuição da prática dominical e a pouca visibilidade do testemunho cristão na sociedade. No meio de todas as nossas actuais dificuldades, o Senhor, através da Igreja, convida-nos a lançar de novo as redes, como afirmou Bento XVI, na citada homilia.

Esta palavra é apelo forte para abrirmos o coração a Cristo, fonte de esperança, tornado-nos suas testemunhas com renovado ardor. Na exortação A Igreja na

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Europa (2003), o Papa João Paulo II fala da urgência do anúncio do Evangelho da Esperança, pois, como assinalou a assembleia sinodal europeia, a necessidade cada vez mais sentida de esperança atravessa todas as sociedades do velho continente (cfr. IE 5). Na Igreja não podemos viver somente da herança recebida. Precisamos de abrir caminho ao futuro. Este precisa de ser construído, sobre a herança do passado, é certo, mas sempre com criatividade e novo empenho.

A nossa esperança não reside apenas nas capacidades humanas nem na conjuntura favorável, mas em Jesus Cristo: Ele é a fonte da nossa esperança, e acreditamos que o pode ser também para muitos outros. Cristo, nosso tesouro, é o que temos para dar ao mundo. Para tanto, é preciso viver d`Ele e com Ele. Assim a nossa vida deixará transparecer o mistério que nos anima, dando testemunho do que vivemos, e não de algo exterior a nós. O nosso testemunho – escreve João Paulo II – seria excessivamente pobre, se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto (NMI 16).

Sabendo que aqui reside o segredo de qualquer programação pastoral, também nós, diocesanos de Leiria-Fátima, queremos ouvir o Mestre e aprender na sua escola (Lc 5,3), pois só Ele nos pode ensinar. De facto, como lembra o mesmo Papa, Jesus Cristo é o fundamento absoluto de toda a nossa acção pastoral (NMI 15); o nosso projecto só pode centrar-se no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para nele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até à sua plenitude na Jerusalém celeste (NMI 29). Mas, se todos nós somos levados por Cristo, também é verdade que nos levamos uns aos outros, como afirmou Bento XVI na referida homilia. Daí a necessidade da comunhão e da colaboração entre todos os membros da Igreja diocesana, para realizarmos este PROJECTO PASTORAL.

A nossa comunhão eclesial é, em primeiro lugar, com o Papa, que agora se chama Bento XVI, e que, na homilia de início de pontificado, nos aponta esta missão: A Igreja no seu conjunto e os seus Pastores, tal como Cristo, devem pôr-se ao caminho e conduzir os homens para fora do deserto em direcção ao lugar da vida, para a amizade com o Filho de Deus, para Aquele que nos dá a vida, e a vida em plenitude.

3. Opções para a nossa acção pastoral

- Porque o dizes, lançarei as redes (Lc 5,5). Como Pedro, também nós, hoje, obedecemos às palavras de Jesus e, seguindo o Sínodo Diocesano na leitura crente do momento histórico que nos é dado viver, propomos três opções fundamentais para a acção pastoral da Diocese nos próximos seis anos: A vocação pessoal é dom e missão; A vivência comunitária do Evangelho é o melhor anúncio; O serviço à pessoa é o caminho da Igreja.

Estas opções serão especialmente aprofundadas pela mesma ordem em cada um dos três biénios e estarão presentes ao longo de todo o caminho pastoral.

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3.1. A vocação pessoal é dom e missão. O seu amor, a participação na sua vida, é o grande dom que Deus oferece a todos

os homens. Jesus Cristo veio dá-lo a conhecer, como o revelou no encontro com a mulher samaritana (cf Jo 4,10). No caminho da Igreja diocesana, vamos empenhar-nos em conhecer e receber fielmente este dom divino, vivê-lo e oferecê-lo aos outros. O acolhimento às pessoas, a todas elas, especialmente quando se aproximam da Igreja, será o meio para que elas sejam tocadas pelo mesmo amor divino que arde nos nossos corações.

No acolhimento do dom divino e na sua vivência em relação ao próximo, perceberemos que só podemos decidir-nos por Cristo, quando descobrimos que foi Ele quem nos escolheu (cf Jo 15,16). A vida cristã é, na verdade, uma vocação que nos é dada gratuitamente e comporta uma missão em favor dos outros. Esta missão concretiza-se na diversidade de vocações, consoante a especificidade do dom divino: uns são chamados para serem ministros ordenados (bispo, presbíteros e diáconos), outros, religiosos ou religiosas e outros ainda para viverem como leigos comprometidos em tarefas de animação e serviço no mundo e na Igreja.

Dom divino oferecido a cada pessoa, toda a vocação requer uma resposta livre. A Igreja só tem este meio para despertar vocações: a proposta do projecto de amor de Deus. É experimentando esse amor que a pessoa pode aderir ao chamamento divino e comprometer-se na comunidade dos fiéis, servindo os irmãos. Assim participa no projecto divino para a humanidade.

Além de procurar despertar vocações, a Igreja diocesana deverá também cuidar do acompanhamento e formação das mesmas, o que nos deverá levar a repensar o Seminário e os serviços de formação teológica e apostólica dos fiéis leigos.

3.2. A vivência comunitária do Evangelho é o melhor anúncio. As circunstâncias actuais, com a oferta de tantos “bens” e experiências

gratificantes e com novas e sedutoras propostas “religiosas”, exercem forte pressão sobre os fiéis cristãos, pondo-os em risco de se perderem. Neste ambiente, é preciso ouvir, de novo, a palavra de Cristo sem Mim nada podeis fazer (Jo 15,5); urge cuidar do fortalecimento da fé dos católicos e da sua transmissão às novas gerações, bem como aos que a não conhecem ou se lhe tornaram indiferentes. Conhecer e aprofundar a relação pessoal e comunitária com Jesus Cristo é condição para atingir a maturidade cristã e dar fruto.

A formação cristã, a promoção de uma vivência profunda do Evangelho e a comunicação da fé são hoje grandes desafios à Igreja, tanto nos velhos espaços de implantação cristã, como nos novos espaços marcados pela pressa e pelo consumismo. Deveremos proporcionar acções de formação consistentes e continuadas em várias dimensões, destinadas aos fiéis nas suas diversificadas condições.

A vida cristã requer ambiente e suporte comunitários. Por isso, haveremos de procurar suscitar a comunhão e proporcionar a experiência da fraternidade

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em todas as comunidades cristãs, como nos primeiros tempos da vida da Igreja (cf Act 2,44). Na verdade, só o testemunho vivo e comunitário de Cristo poderá abrir as portas dos corações cheios de reservas contra a Igreja. Maria será modelo e ajuda para formar verdadeiros discípulos de seu Filho. A “nova evangelização” engloba todas os modos e meios de anúncio do Evangelho e de aprofundamento da vida cristã.

3.3. O serviço à pessoa é o caminho da Igreja. Jesus Cristo passou fazendo o bem, por obras e palavras (cf Act 10,38). Não pode

ser outro o modo de viver da Igreja para dar testemunho do seu Senhor, como lembra o Sínodo Diocesano: a mensagem do Evangelho é vida e transmite-se através das obras concretas das pessoas e das comunidades (OS 76). O serviço não é apenas espiritual e pela palavra, mas procura o bem integral da pessoa (OS 77) e de todas as pessoas, sem excluir ninguém. Fazer o bem torna-se um autêntico estilo de vida dos cristãos e suas comunidades, entre si e no seio da sociedade a que pertencem.

Assim, seguindo Jesus e dando testemunho d’Ele como Caminho, Verdade e Vida (cf Jo 14,6), a Igreja diocesana fará do serviço à pessoa o seu caminho. E em múltiplas vertentes: partilhando o pão e a palavra, promovendo a comunhão e a reconciliação, consolando e dando esperança, ajudando a abrir o próprio coração a Deus, assistindo os pobres e os que sofrem, e ainda contribuindo para a construção da fraternidade universal, na paz e na justiça.

As actividades profissionais, as iniciativas próprias e a cooperação com outros constituirão ocasiões para oferecer a luz e o espírito do Evangelho mediante o testemunho comprometido do amor generoso e do serviço desinteressado e aberto a todos, qualquer que seja a sua situação.

II Parte - O caminho da acção pastoral

4. Dinâmica e itinerário do projecto

Indicadas as opções fundamentais, segue-se agora a apresentação do caminho da acção pastoral e das suas grandes metas, para os próximos seis anos. Depois destes, certamente, outro projecto se seguirá, elaborado já com o saber adquirido pela experiência entretanto vivida.

Nesta parte central, após as informações sobre a dinâmica e itinerário do projecto, descreve-se, brevemente, a realidade que nos envolve (Sinais de mudança), aponta-se o caminho a percorrer (propostas para o biénio) e o âmbito da acção pastoral (três níveis), na concretização dos objectivos propostos para cada ano.

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4.1. Dinâmica:- O Projecto é para seis anos, dividido em três biénios, um para cada opção.- Cada opção terá dois temas, trabalhados em dois anos, e cada um em três

níveis:- O nível diocesano global implica toda a Diocese e, por isso, exige o

compromisso e a colaboração de todos, a começar pelos serviços centrais. - O nível diocesano sectorial, embora a favor de todos, será promovido pelos

serviços, instituições e movimentos, dentro das suas atribuições específicas. - O nível local, envolve as paróquias, vigararias e outras instituições; sendo o

lugar do acontecer de muitas das iniciativas, dele se espera não só a capacidade de adequação das mesmas como também a criatividade para o enriquecer.

- O Projecto Pastoral Diocesano implica serviços diocesanos activos e criativos. Por isso, deveremos avaliar os meios humanos e materiais disponíveis.

- Cada ano pastoral será programado com a participação e contributo dos serviços e instituições necessárias à concretização dos objectivos propostos.

- O ano pastoral será lançado em Assembleia Diocesana, convocada para o efeito, reunindo os principais responsáveis da acção pastoral nos vários níveis.

- No final de cada biénio, em todos os níveis, promover-se-á a avaliação para melhorar.

- As actividades pastorais habituais manter-se-ão, procurando inseri-las no caminho aqui proposto. É preciso, entretanto, dar prioridade em tempo e meios à concretização das opções deste Projecto, abrindo caminhos para o futuro.

4.2. Itinerário ou linha condutora: - Partimos conscientes de que o amor misericordioso de Deus Pai, expresso

no mistério de Cristo e no envio do Espírito Santo, nos acolhe e nos convida para a Sua intimidade, e ao acolhimento de todos os homens nossos irmãos; está aqui o fundamento para o despontar da vocação pessoal (1.º ano).

- Saber-nos assim amados por Deus, ao ponto de Ele nos querer como seus filhos, faz-nos cantar de alegria e descobrir que Ele tem um modo próprio para falar a cada um de nós; desperta em nós, então, o desejo de O amar também, pelo que se está mais disponível para corresponder ao seu chamamento e assumir uma vocação pessoal, acompanhados pela mediação eclesial (2.º ano).

- Todos os esforços da Diocese, quer ao nível da formação quer ao nível da vivência espiritual, hão-de contribuir para aprofundar a nossa comunhão com Deus, em ordem à vivência e testemunho feliz das razões da nossa fé (3.º ano).

- A experiência pessoal e comunitária do mistério cristão há-de levar-nos a querer pôr a vida comunitária de acordo com o que acreditamos e vivemos na nossa relação com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, para que o mundo acredite (4.º ano).

- Conhecendo a solicitude amorosa de Deus por todos os seus filhos, em especial pelos mais frágeis, havemos de nos organizar melhor para servirmos

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Cristo nos nossos irmãos mais desfavorecidos, procurando fazer-lhes o bem de que precisam (5.º ano).

- Não basta, todavia, a nossa caridade para com os mais frágeis, é preciso que ela acompanhe também aqueles que lutam, com o seu trabalho e saber, por um mundo mais justo, segundo os desígnios de amor de Deus Pai; daí o empenho em difundir e construir a fraternidade entre os homens, na justiça e na paz universais (6.º ano).

4.3. Coordenação da dinâmica pastoral: O primeiro e principal responsável pelo Projecto Pastoral é o Bispo Diocesano.

Em ordem a tornar mais eficaz a sua solicitude e a envolver toda a Igreja Particular neste caminho comum, cria-se o Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral para:

- Coordenar a implementação das iniciativas de âmbito diocesano global e integrar as que cheguem dos níveis supra-diocesanos.

- Promover a coordenação dos dinamismos diocesanos (serviços, movimentos e outros) em ordem à concretização dos objectivos específicos de cada ano.

- Suscitar, ao nível local, iniciativas que possam enriquecer o programa do ano pastoral e ser integradas no calendário diocesano.

Primeiro Biénio (2005-2007)A vocação pessoal é dom e missão

5. Sinais de mudança

5.1. Nos últimos trinta anos, após o 25 de Abril de 1974, aumentou o ritmo das mudanças na nossa sociedade. Devido à instabilidade gerada, à mobilidade social, sobretudo para os centros urbanos, e a outros factores, muitas pessoas não chegaram a encontrar-se decisivamente com a fé cristã. O aumento da escolaridade e omnipresença dos meios de comunicação, em especial da televisão, que se substituiu ao ambiente social das aldeias, aprofundaram as rupturas com o antigo mundo cristão.

5.2. Os resultados desta mudança estão patentes na nova situação religiosa: as famílias, na sua grande maioria, já não transmitem a fé nem os costumes como dantes; a prática cristã dominical, deixando de ser motivada pela pressão social, tornou-se minoritária e instável; a cultura cristã vai-se esbatendo nas memórias. Nos nossos dias, todo este processo foi acelerado pela explosão de múltiplas formas de religiosidade e crescente pluralismo cultural, pelo aumento da imigração e implantação generalizada da internet.

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5.3. Neste contexto, podemos acolher como um sinal dos tempos a sempre maior capacidade de se decidir de cada ser humano, sem dúvida querida por Deus, embora sujeita a possíveis equívocos, erros e enganos. A Igreja é convidada a fazer o anúncio do Evangelho ao «homem pós-moderno» que entende determinar-se a si próprio, assumindo mesmo o risco de se perder.

5.4. Desta mentalidade vivem as novas gerações, o que deixa sem significado modelos pastorais que só façam apelo à tradição... A comunicação da fé passa cada vez menos por automatismos do tipo “geração em geração”, e cada vez mais pela proposta do projecto do amor de Deus a cada pessoa, suscitando a sua resposta livre e muito responsável.

5.5. À Igreja não bastará, hoje, afirmar os princípios de sempre, é preciso responder a estas novas situações sócio-culturais com ousadia e criatividade, trabalhando para o advento do homem novo à medida da «estatura de Cristo», construtor da civilização do amor.

5.6 A exigência de participação é hoje muito sentida, na sociedade e na Igreja. A escassez de vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, o aparecimento de novas formas de empenhamento laical e a visão eclesiológica de comunhão e corresponsabilidade, emergente no Vaticano II, abrem caminho a uma nova configuração das vocações e das condições em que elas desabrocham e se formam. Uma pastoral das vocações verdadeiramente eclesial terá em conta estes sinais, proporcionará a descoberta do projecto amoroso de Deus para cada pessoa e a sua resposta livre, e possibilitará que cada uma se empenhe activamente na vida e missão da Igreja.

6. Proposta:o anúncio do projecto amoroso de Deus para cada pessoa.

No contexto actual, é preciso propor a Esperança que nos anima e saber falar dela nas oportunidades que a vida das pessoas nos oferece. Assim, tendo como meta chegar a compreender a vocação como dom e missão propomos que, neste primeiro biénio, se dedique toda a acção pastoral da Igreja diocesana à evangelização da condição humana pelo anúncio do projecto amoroso de Deus para cada pessoa:

6.1. Começaremos por prestar especial atenção ao acolhimento das pessoas nas etapas marcantes das suas vidas (ritos de passagem: nascimento, casamento, morte; situações de conflito e culpabilidade; aniversários, etc.).

6.2. No ano seguinte, perante a mentalidade social e cultural, numa sociedade em que se vive como «se Deus não existisse», não obstante a solidão atroz de muitos dos seus membros, importa anunciar a proposta de comunhão e intimidade que o amor de Deus nos oferece, qual boa nova libertadora e desafio a um novo estilo de vida fraterno, a experimentar em comunidades cristãs renovadas, onde brotam novas vocações segundo a diversidade dos chamamentos divinos.

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1.º ano - O acolhimento como atitude fundamental “Se conhecesses o dom que Deus tem para dar...” (Jo 4,10)

7. Objectivos e motivação

7.1. Tomamos como ponto de referência para este ano as palavras de Jesus à Samaritana, junto ao poço de Jacob (Jo 4,1-42). Como a ela, Jesus revela e comunica-nos o dom do amor de Deus. Empenhar-nos-emos, na Igreja diocesana, em acolher e viver tão precioso dom divino.

7.2. Sabemos e repetimos que Deus não faz acepção de pessoas (Act 10,34)! Com o Mestre no encontro com a Samaritana, aprenderemos a acolher cada ser humano, não segundo as aparências e preconceitos, mas segundo o olhar e o coração misericordioso do nosso Deus (Lc 1,78).

7.3. Assim, todo e qualquer encontro (diálogo, pedido, sugestão), seja entendido como uma oportunidade que Deus nos oferece para sermos sinal do seu Amor, ou seja, para anunciarmos a Boa Nova do Reino, segundo as circunstâncias do momento.

7.4. Especial atenção deverá dar-se ao acolhimento em todas as instituições da Igreja diocesana, tanto nos serviços e espaços paroquiais como nos diocesanos; há que superar o “funcionalismo” e, na medida do possível, evitar conflitos, para que o essencial, o amor de Deus, toque a pessoa, e se lhe dê a possibilidade de descoberta ou reencontro com o mistério da Igreja.

7.5. As aparições e a mensagem de Fátima constituem dons divinos também para a Igreja Diocesana. Ocorrendo em 2006-2007 o 90º aniversário de tão feliz acontecimento, procuraremos conhecer e experimentar mais profundamente estes dons recebidos pelas mãos de Maria e dos Pastorinhos.

8. A acção pastoral

8.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Criar cartaz: Se conhecesses o dom que Deus tem para dar (Jo 4,10)b) Preparar folheto sobre o acolhimento. Formarc) Impulsionar a reflexão sobre a pastoral do acolhimento e o espírito de serviço.d) Promover a formação para o acolhimento, especialmente para quem assume

tarefas de atendimento nos serviços e instituições da Igreja.Organizare) Coordenar as iniciativas diocesanas para não haver sobreposições.f) Definir a coordenação diocesana.

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g) Estabelecer o organigrama da Diocese.h) Rever os espaços de acolhimento em todas as instituições da Diocese.i) Incentivar o voluntariado para o acolhimento nas paróquias e outras

instituições.j) Elaborar programa em sintonia com o Santuário de Fátima para celebrar os 90

anos das Aparições de Fátima.k) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.l) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do

Mundo.

8.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioridadea) Promover a formação dos agentes de pastoral na área do acolhimento.b) Dotar cada serviço diocesano de condições para acolher dignamente.c) Preparar o edifício do Seminário para receber adequadamente o Centro

Pastoral Diocesano, onde os serviços pastorais (secretariados e comissões, administração e justiça, associações e movimentos, obras...) possam ser adequadamente instalados.

Especializard) Desenvolver a espiritualidade e pedagogia do acolhimento e do serviço.e) Estudar o tema do amor misericordioso de Deus Pai na Bíblia, na tradição da

Igreja e na Mensagem de Fátima.Dinamizarf) Identificar necessidades e, em parceria, promover soluções.g) Valorizar o que de melhor se está a fazer na Diocese.h) Promover o acolhimento nos principais centros urbanos da Diocese.i) Estimular o diálogo institucional para melhor atender as pessoas.

8.3. Nível local

a) Estudar as necessidades do acolhimento nas paróquias e instituições da Igreja.

b) Analisar a situação dos novos residentes (imigrantes, ...), recém-chegados.c) Criar, onde for necessário, um serviço de atendimento permanente com uma

pessoa preparada.d) Rever as condições de acolhimento nos espaços eclesiais. e) Melhorar e garantir condições de acesso aos edifícios para as pessoas com

deficiência.

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2.º ano - Desenvolver a pastoral das vocações“Não fostes vós que me escolhestes...” (Jo 15,16)

9. Objectivo e motivação

9.1. Saber que somos amados por Deus e que Ele pensa em nós desde toda a eternidade para nos convidar à Sua intimidade e partilhar connosco os Seus segredos, faz-nos cantar de alegria! No nosso tempo, muitos dos nossos contemporâneos não o sabem! Nós temos de anunciar esta Boa Nova!

9.2. Descobrir que somos puro dom do amor de Deus leva-nos a uma abertura confiante ao Seu Mistério, e levanta a questão: que mais terá Ele para nos dizer e nos dar?

9.3. Deste modo se começa a ensaiar a resposta ao dom amoroso do Pai e com ela se vai delineando o jeito de viver de cada um; começam assim a perceber-se os sinais do convite do Senhor a cada pessoa, para que assuma um estilo de vida concreto, que uma Pastoral vocacional activa e atenta, deverá desenvolver.

10. A acção pastoral

10.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Criar cartaz: Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi (Jo

15,16).b) Publicar guião temático sobre o chamamento de Deus.Formarc) Incentivar a reflexão sobre a pastoral vocacional.d) Promover a formação de animadores vocacionais.Organizare) Restaurar o Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional.f) Criar um projecto que envolva toda a Diocese na Pastoral Vocacional.g) Promover a reflexão sobre o Seminário Diocesano, tendo em conta as novas

coordenadas sociais e eclesiais, para que seja criada uma nova relação com a Diocese, se integre adequadamente o pré-seminário e se reactive o Seminário Menor (do 10º ao 12º ano).

h) Apoiar a instituição do diaconado permanente na Diocese.i) Definir o enquadramento das celebrações dominicais sem padre.j) Envolver a Diocese nas celebrações dos 90 anos das Aparições de Fátima.k) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.l) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do

Mundo.

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10.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioridadea) Colaborar na formação dos padres e dos leigos na área da pastoral

vocacional.b) Promover a oração pelas vocações e o empenho em as despertar nas

comunidades.Especializar c) Aprofundar a dignidade da nossa condição baptismal.d) Descobrir a alegria de tomar parte na vida e missão da Igreja.e) Celebrar a graça de ser discípulo do Senhor.Dinamizarf) Valorizar o que de melhor se está a fazer na Diocese.g) Trabalhar o tema da Vocação na pastoral familiar e juvenil. h) Envolver as paróquias, os institutos de vida consagrada, movimentos

juvenis...i) Definir a participação do Seminário nas iniciativas a desenvolver.j) Promover o conhecimento do itinerário espiritual de Santo Agostinho

(Confissões).

10.3. Nível local

a) Dar conhecimento das diversas vocações. b) Escolher um animador ou equipa paroquial das vocações.c) Criar tempos de oração pelas vocações.d) Lançar iniciativas junto de adolescentes e jovens sobre as vocações.e) Oferecer espaços para escuta e partilha da Palavra de Deus.

Segundo biénio (2007-2009)A vivência comunitária do Evangelho é o melhor anúncio

11. Sinais de mudança

11.1. Os últimos dois censos em Portugal revelaram que a prática dominical cristã diminuiu considerável e rapidamente: 16,8 % em 25 anos. Pese embora a tendência para idealizar o passado, importa perguntar também se em relação ao núcleo fervoroso e consciente de cristãos se deu a mesma diminuição. Talvez a resposta não seja tão óbvia. De facto, diminuíram aqueles que por conformismo social se

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deixaram afastar, e cresceu o número dos que já não tiveram qualquer contacto directo com a fé. Assim, os que praticam são cada vez menos «consumidores» do religioso, para assumirem a vida cristã como «opção pessoal».

11.2. Por outro lado, cresceu a oferta de novas propostas religiosas, que exercem grande fascínio sobre muitos, e de novas espiritualidades, bem ao estilo do «consumidor religioso pós-moderno»; importa discernir os apelos à renovação inscritos no coração destes novos fenómenos e procurar no tesouro da Igreja coisas novas e coisas velhas, que sejam resposta a estes desafios.

11.3. Por isso, é preciso trabalhar para oferecer aos que fizeram a opção pela vida cristã os apoios necessários para resistirem não só à indiferença e cepticismo da sociedade ou à oposição activa e organizada ao Evangelho, como também ajudar a ler as propostas religiosas que se apresentam sedutoramente como alternativas. A Igreja diocesana deve pois proporcionar os meios espirituais, intelectuais, morais, sacramentais e eclesiais de que os seus membros necessitam para viverem, conscientemente, a sua condição de baptizados.

11.4. Neste contexto, a comunidade cristã deverá assumir-se como o ponto de encontro, onde se reúnem os discípulos do Senhor Ressuscitado para escutar a sua Palavra, e espaço de comunhão e de fraternidade em Cristo, onde cada um encontra o seu lugar, independentemente da sua condição social.

11.5. A fundar este encontro está a celebração do Mistério Cristão, mormente da Eucaristia, pois esta é o sacramento da comunhão e a fonte da nossa alegria. Outros dois sacramentos imprimem ritmo à comunidade cristã: o novo nascimento pelo Baptismo e o renascimento pelo Sacramento do Perdão.

11.6. Assim sendo, as comunidades eclesiais, em especial a paróquia, devem ser vistas como pólos de iniciativas que visem o anúncio e a partilha do amor de Cristo. Não se deixará também de reconhecer o devido valor a novas e antigas comunidades surgidas na Igreja.

12. Proposta:formação dos cristãos e renovação das suas comunidades

Dado que as marcas cristãs mais simples se apagam pouco a pouco da memória colectiva – a sociedade já não é portadora –, somos convidados a confessar Cristo como Senhor e a estar sempre dispostos a dar a razão da nossa esperança a todo aquele que no-la peça (1 Pe 3,15). Assim, sabendo que a vivência comunitária do Evangelho é o melhor anúncio, propomos que, neste segundo biénio, a Igreja diocesana se dedique à evangelização dos cristãos pela formação e renovação das nossas comunidades.

12.1. Começaremos por sublinhar a formação como meio imprescindível de aprofundamento da fé, não apenas como ocasião para saber mais, mas sobretudo para ser mais; de um modo integrado e vital, procuraremos oferecer, a quantos o

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desejem, significativas experiências de fé que os preparem para viver e testemunhar a sua esperança.

12.2. No ano seguinte, pretendemos conjugar esforços na renovação da vida comunitária – pela contemplação do rosto do Senhor, pela celebração viva dos mistérios da fé, pelo exercício activo da caridade e por uma organização mais adaptada aos nossos tempos – para que um novo estilo de relação entre as pessoas possa surgir e assim as comunidades cristãs se tornem fermento de uma nova arte de viver.

3.º Ano - Cuidar da formação dos cristãos“Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5)

13. Objectivo e motivação

13.1. Somos contemporâneos das mudanças de um certo Portugal cristão, essencialmente rural. Podemos e devemos perguntar-nos porquê, mas não entrar em soluções que mais não seriam do que medidas de sobrevivência, porque a questão não está nos meios – ainda que se devam escolher sempre os mais adequados –, mas no seu fundamento, e esse é Cristo. É pois n’Ele, com Ele e através d`Ele que devemos procurar a solução, sabendo que ela brotará da contemplação do Seu Rosto.

13.2. Assumindo o desafio lançado por João Paulo II, na sua Carta para o Terceiro Milénio, importa partir novamente de Cristo: trabalhar para O conhecer e amar mais, esforçar-se para O imitar e viver n’Ele a vida trinitária, e dispor-se a transformar com Ele a História, para que se realize o desígnio do Pai.

13.3. É da nossa intimidade com o Pai, o Filho e o Espírito Santo que brotarão os modos e os meios mais adequados para realizar a missão da Igreja, hoje.

14. A acção pastoral

14.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Cartaz: A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu…(Mt 13, 11).b) Publicar guião sobre o crescimento na formação cristã e na vivência

espiritual.Formarc) Apostar na formação cristã permanente, através do Centro de Formação e

Cultura (CFC)/Escola Teológica e outros Serviços.d) Propor tempos fortes de oração, meditação e contemplação (retiros,

encontros...).Organizare) Formar formadores (padres e leigos).

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f) Apoiar Serviços na aquisição de competências específicas dos seus membros.g) Procurar no edifício do Seminário condições para a formação durante o Inverno.h) Instalar adequadamente no edifício do Seminário uma Casa de Retiros.i) Propor a criação de um Centro Diocesano de Espiritualidade na Quinta da

Várzea, pertencente ao Seminário.j) Promover a participação activa da Diocese no dinamismo missionário da Igreja,

através de um Secretariado Diocesano da Animação Missionária.k) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.l) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do Mundo.

14.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioriadadea) Propor um itinerário para a iniciação cristã de Jovens e Adultos na Diocese.b) Promover a reflexão sobre a educação cristã das crianças e adolescentes.c) Cuidar a formação permanente ou catequese de Adultos.Especializar d) Estruturar a formação bíblica, teológica, pastoral, espiritual dos agentes da

acção eclesial.e) Propor a distinção entre a formação comum, da responsabilidade do CFC/

Escola Teológica, e a formação específica, da responsabilidade de cada Serviço diocesano.

Dinamizarf) Animar a colaboração da Escola Teológica e do CFC com os Serviços

diocesanos, para as acções de formação especializadas.g) Continuar a descentralizar as iniciativas da Escola de Formação Teológica.h) Partilhar experiências espirituais significativas.i) Divulgar o conhecimento e a vivência das experiências espirituais dos beatos

Francisco e Jacinta Marto.j) Organizar diferentes níveis de formação: permanente (paroquial) e sistemática,

oferecida pela Escola Teológica (1º nível: Curso Pensar a Fé, nas cidades; 2º nível: Curso Geral de Teologia e Formação Específica, no Seminário);

k) Divulgar as experiências espirituais que se realizam na Diocese. 14.3. Nível local

a) Instituir em cada Vigararia um serviço de formação que estude as suas necessidades e programe as acções necessárias.

b) Criar em cada paróquia um serviço que cuide da formação permanente dos seus membros na áreas consideradas necessárias.

c) Promover a criação de Grupos Bíblicos e Grupos de Oração.

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4.º ano - Promover a comunhão fraterna“Viviam unidos e punham tudo em comum” (cfr. Act 2,44)

15. Objectivo e motivação

15.1. A presença de Cristo Ressuscitado no meio de nós constitui-nos em comunidade. Ele é a razão da nossa alegria e a fonte da nossa esperança, como o foi para os primeiros discípulos (Act 2,42-27).

15.2. A certeza de que Ele está no meio de nós, quando nos reunimos, dá-nos a força necessária não só para sairmos dos nossos cómodos refúgios e servirmos a comunidade, como também para acolhermos todos os que desejam aproximar-se do Senhor; e igualmente para partilharmos os nossos bens espirituais e materiais, enriquecendo-nos uns aos outros, e ajudando quem passa necessidades.

15.3. É assim nosso objectivo principal neste ano trabalhar para que as comunidades cristãs sejam a família dos discípulos e amigos de Jesus, onde os seus membros se sintam felizes e o espírito de comunhão entre eles seja pólo de atracção para todos os indiferentes e desiludidos da sociedade.

16. A acção pastoral

16.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Criar cartaz: Viviam unidos e punham tudo em comum (cfr. Act 2,44).b) Preparar e publicar um guião sobre a vida de comunhão fraterna na

comunidade cristã.Formarc) Desenvolver a teologia e a espiritualidade de comunhão.d) Promover a formação sobre a Igreja, Mistério de Comunhão.e) Aprofundar o conhecimento da obra De Trinitate de Santo Agostinho.f) Apoiar formação sobre os instrumentos de comunhão (Conselhos, Comissões...).Organizarg) Identificar os serviços necessários às exigências actuais da Diocese.h) Adequar os serviços e as estruturas pastorais para melhorar a resposta pastoral.i) Promover a reflexão sobre as zonas urbanas da Diocese.j) Projectar a criação de novas unidades pastorais, onde o bem dos fiéis o

recomende.k) Colaborar para a correcta gestão dos bens da Igreja, mediante a formação de

pessoas e a criação de instrumentos adequados.l) Estimular comunidades sacerdotais e preparar, em cada Vigararia, pelo menos

uma casa paroquial para o efeito.

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m) Incentivar a integração de todos os padres nessas comunidades sacerdotais.n) Rever as duas vigararias do centro da Diocese (Leiria e Milagres) de modo a

responder melhor às necessidades pastorais.o) Incrementar a solidariedade entre as instituições diocesanas na tomada de

decisões.p) Estudar e formar um projecto integrado para os meios de comunicação social

da Diocese (internet, jornais, rádios).q) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.r) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do

Mundo.

16.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioridadea) Favorecer a activação de todos os serviços diocesanos.b) Salientar a formação adequada dos seus responsáveis bem como o

conhecimento da realidade diocesana.c) Promover a formação sistemática dos agentes de pastoral litúrgica, através da

criação de uma Escola dos Ministérios em articulação com a Escola Teológica/CFC.

Especializard) Apoiar a formação de formadores para o nível local ou outros.e) Formar para a participação e corresponsabilidade laicais na missão da Igreja.f) Contribuir para a gestão dos bens da Igreja segundo o RABI e a nova Concordata.Dinamizarg) Zelar pelo funcionamento adequado dos dinamismos diocesanos.h) Cuidar da formação das pessoas e serviços que promovem a comunhão (Ponselhos

Pastorais e Económicos, Comissões de Igrejas e de Festas...).i) Provocar experiências de comunhão e fraternidade em grupos, comunidades...j) Rever o funcionamento de cada Comissão e Serviço diocesano.k) Melhorar o trabalho de equipa nas diversas dimensões da pastoral.

16.3. Nível local

a) Atender à reorganização de equipas litúrgicas por cada centro de culto.b) Promover a criação ou renovação de equipas para a preparação dos

sacramentos.c) Rever o funcionamento dos Conselhos Pastorais e Económicos paroquiais.d) Analisar e insistir na aplicação do RABI e no espírito que o anima em todas

as paróquias.e) Organizar a animação pastoral em cada comunidade das paróquias (centros de

culto dominical).

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Terceiro biénio (2009-2011)O Serviço à pessoa é o caminho da Igreja

17. Sinais de mudança

17.1. O cuidado de Deus por todos os seus filhos é o horizonte maior do cristão e da acção da Igreja. Os 270 mil habitantes da Diocese são os destinatários da nossa acção, em especial aqueles que mais necessitam da nossa presença amiga.

17.2. Olhar para todo o campo de missão desta “porção do Povo de Deus”, que é a Diocese de Leiria- Fátima, implica reconhecer que esta multidão, no meio da qual vivem as suas comunidades e os seus membros, está marcada pela indiferença e pela negação de qualquer fé religiosa, sem contudo deixar de dar sinais de procura do transcendente, do religioso e do espiritual, muitas vezes escondidos nas inquietações relativas a valores humanos e éticos, culturais e ambientais, e ao sentido da próprio vida.

17.3. Se, por um lado, para muitos concidadãos nossos, parece dificultado o diálogo e a leitura crente da vida, por outro, permanece bem viva a sensibilidade aos valores humanistas e o serviço solidário dos irmãos nas mais diferentes situações; abrem-se, por isso, às nossas comunidades grandes campos de acção, em parceria com todas as pessoas de boa vontade.

17.4. Sair de si, para se abrir ao tempo que nos foi dado viver e à sociedade a que temos a graça de pertencer, foi a intenção fundamental do II Concílio do Vaticano (cfr. GS 1) que orientou a Igreja para os caminhos dos homens nossos irmãos.

17.5. Na viragem para os outros, inspira-nos o exemplo do bom samaritano (Lc 10,29-37) que se fez “próximo” de quem dele precisava e que bem traduz os sentimentos de Cristo a nosso favor; anima-nos sobretudo o exemplo do Senhor, que, na tarde da Ressurreição, se fez companheiro de viagem de dois homens desolados a caminho de Emaús para fazer renascer a esperança nos seus corações (Lc 24,3-35).

17.6. Importa valorizar o sentimento cristão de vida e cultura, de pertença e tradição familiar existentes. As estatísticas mostram que, de algum modo, cerca de 90 % da população portuguesa se identifica com a Igreja Católica.

17.7. A multidão dos nossos contemporâneos, de estilo de vida urbano, embora não habite toda em cidades, caracteriza a maioria da população da Diocese; é para ela e com ela que somos convidados a interpretar os sentimentos de Deus, a favor de todos os seus filhos.

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18. Proposta:fermentar a sociedade com o espírito do Evangelho

Procurando seguir o exemplo que o Senhor nos deixou, revelando-nos o amor misericordioso de Deus Pai, assumimos que «o serviço à pessoa é o caminho da Igreja», e propomo-nos dedicar o terceiro biénio à evangelização das multidões, o que significa fermentar a sociedade com o espírito do Evangelho.

18.1. Começamos por prestar especial atenção ao serviço sócio-caritativo. Servir o próximo, como no-lo dá a entender a parábola do bom samaritano, não se escolhe, acontece ou não, na nossa vida de todos os dias. Mas, enquanto comunidade que se quer pronta para servir, devemos organizar-nos e dispor o melhor possível dos nossos meios humanos e materiais.

18.2. No segundo ano do biénio, procuraremos acompanhar e apoiar, com o espírito do Evangelho, aqueles que pelo seu trabalho e criatividade servem a sociedade e alargam os horizontes do bem comum, lutando todos os dias por «soluções plenamente humanas» (GS 11); se o serviço sócio-caritativo tem na Igreja um espaço próprio, este, por seu lado, precisa de se tornar cada vez mais visível, para que a Boa Nova do Reino chegue a toda a parte, e se sintam apoiados os fiéis que todos os dias procuram cumprir as exigências do seu Baptismo.

5.º ano - Testemunhar o Evangelho em obras e palavras“Jesus passou fazendo o bem” (cfr Act 10,38)

19. Objectivo e motivação

19.1. Jesus cumpriu a sua missão fazendo o bem a quem encontrava no seu caminho. Assim, para nós, seus discípulos de hoje, fazer o bem não é algo secundário na perspectiva da fé; antes, como lhe chama João Paulo II, é algo essencial (NMI 42;49); sem a sua prática, os cristãos e suas comunidades põem em causa a própria identidade e perdem densidade e eficácia no testemunho. Por outro lado, sabendo que o sentido do bem fazer está inscrito no coração do homem e são muitos os que, generosamente, se dedicam ao serviço do próximo, os cristãos têm aí um campo propício para tomar iniciativas próprias, ou participar em projectos comuns a favor dos mais frágeis.

19.2. Neste campo, muito se faz na nossa Diocese, mas mais e melhor há a fazer. Dois desafios parecem colocar-se diante de nós: por um lado, realizar com competência e dedicação o que nos propomos fazer, ao nível dos melhores; por outro lado, devemos perguntar-nos se ainda somos necessários em todos os campos de acção em que trabalhamos e/ou se não há novos campos a precisar mais de nós.

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19.3. E talvez esteja a chegar o momento em que é preciso dar novo passo: mais do que ser a Igreja a assumir a propriedade e a direcção dos projectos e instituições, não será melhor que os cristãos se associem a outras pessoas de boa vontade, para encontrarem as soluções que a leitura da realidade lhes inspira?

20. A acção pastoral

20.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Criar cartaz: Quem é o meu próximo? (Lc 10,29).b) Publicar um guião para reflexão sobre a acção sócio-caritativa da Igreja. Formarc) Motivar para a leitura da realidade social.d) Promover o conhecimento das implicações sociais do Evangelho e da

Doutrina da Igreja.Organizare) Estimular a organização de todo o sector sócio-caritativo da Diocese.f) Constituir o serviço de dinamização e de coordenação da pastoral sócio-caritativa.g) Promover a reflexão sobre a Cáritas Diocesana, definir as suas competências e

proporcionar-lhe meios adequados para o desempenho da sua missão.h) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.i) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do Mundo.

20.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioridadea) Identificar e atender às novas formas de pobreza.b) Apelar ao compromisso solidário dos cristãos e suas comunidades.c) Privilegiar a intervenção em áreas de novas rupturas sociais.d) Promover o associativismo dos cristãos para a resolução dos problemas.Especializare) Aprofundar as exigências da dignidade humana.f) Formar para a competência e exigência nos serviços prestados.g) Aproveitar o voluntariado para os diversos campos de acção.Dinamizarh) Criar ou apoiar uma estrutura de suporte para as grávidas e mães sem ajuda. i) Apoiar a criação de serviços e espaços onde se possa apoiar as pessoas mais

fragilizadas e carenciadas, em especial, nos centros urbanos da Diocese e em parceria com outras instituições e pessoas de boa vontade.

j) Promover serviços para responder às novas necessidades.

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20.3. Nível local

a) Cuidar da formação pessoal para a prestação de serviços de qualidade.b) Promover a constituição de grupos de acção social e reorganizar o serviço

sócio-caritativo em cada paróquia.c) Estudar as situações mais graves nas paróquias e envolver a respectiva

comunidade na sua solução.

6.º Ano - Tornar os cristãos sinais vivos de Cristona sociedade

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6)

21. Objectivo e motivação

21.1. Não é surpresa dizer que, se no passado a paisagem rural tinha como centro, bem visível, a torre da igreja local, sinal de uma comunidade congregada pela fé cristã, hoje, ainda que ela se continue a ver, a multidão dos nossos contemporâneos já não a tem por guia, pois se orienta por outras referências, servidas à sua mesa pelos meios de comunicação social, sem esforço nem incómodos.

21.2. Importa ganhar consciência de que o sinal emitido pela torre da igreja é um entre muitos outros. Esta fragilidade confunde-nos, mas poderá ser também um tempo de revisão e de reunião à volta do que é essencial, para «partir de novo» com mais humildade, e centrados em Cristo.

21.3. Mas a confusão não atinge só os crentes. A multidão que vive sob a influência da cultura urbana também não compreende por que é que, com tantos meios técnicos e científicos ao seu dispor e respectivas facilidades, continua a haver tanta infelicidade...

21.4. Por outro lado, esta multidão, embora sem disso se aperceber, conserva maneiras de pensar modeladas pelo cristianismo: o respeito pela dignidade humana, a compaixão pelos infelizes, o desejo da solidariedade e da paz, a exigência da justiça, o sonho do amor ideal...

21.5. No contexto referido, propomo-nos como objectivo tornar os cristãos sinais vivos de Cristo, promovendo neles o sentido do serviço aos outros, à luz do Evangelho, tanto nas actividades profissionais como na vida da sociedade, sempre que possível em cooperação.

Pelo seu modo de vida, pela acção generosa e pelo testemunho, os fiéis católicos deverão ser “presença” de Cristo no meio dos outros homens e mulheres. No

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Projecto Pastoral 2005/2011

serviço a esta multidão, a Igreja e todos nós cristãos somos convidados a oferecer o contributo de uma fé viva e esclarecida para que os homens e mulheres possam reencontrar-se com o Pastor (Mc 6,34).

22. A acção pastoral

22.1. Nível diocesano global

Sensibilizara) Elaborar cartaz: Vós sois o sal da terra… (Mt 5,13). b) Criar um guião sobre a participação dos cristãos na sociedade.Formarc) Promover a leitura crente das realidades terrestres (discernir a cultura

vivida).d) Divulgar o conhecimento da doutrina social da Igreja.e) Formar animadores para a constituição de grupos de revisão de vida.Organizar f) Promover, nos centros urbanos e em especial nas cidades, espaços abertos aos

principais dinamismos sociais e culturais.g) Apoiar a construção de Centros Pastorais nas cidades (Leiria, Marinha

Grande, Ourém...).h) Acompanhar as novas realidades sociais, profissionais e culturais que vão

emergindo nos principais centros urbanos e nas sedes de concelho: Leiria (Ensino Superior, Serviços...); Marinha Grande (Operariado, Indústria, Ensino...); Fátima (Hotelaria, Comércio…), Batalha e Porto de Mós (Turismo, etc.).

i) Valorizar a igreja de São Pedro, em Leiria, como espaço de exposições.j) Propor à Santa Casa a recuperação da igreja da Misericórdia para eventos

culturais.k) Não esquecer o museu de Arte Sacra.l) Integrar o contributo das comunidades de vida consagrada.m) Acolher e discernir os carismas, dons de Deus para bem da Igreja e do

Mundo.

22.2. Nível diocesano sectorial

Dar prioridadea) Exigir os direitos fundamentais da pessoa humana.b) Promover a justiça e a paz sociais.c) Acompanhar os meios sócio-profissionais.d) Incrementar o diálogo com a cultura.

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e) Desenvolver o diálogo ecuménico e inter-religioso.f) Cuidar do património artístico diocesano.Especializarg) Promover a formação estética e cultural dos agentes de pastoral.h) Cuidar da defesa e salvaguarda do património da Diocese.i) Zelar a formação sobre os métodos de leitura da realidade.j) Esmerar da qualidade de construção dos novos espaços eclesiais.Dinamizark) Realizar exposições de Arte Sacra como caminho de abertura aos valores

espirituais e encontro com o Mistério Cristão.l) Interessar os artistas pelo Mistério Cristão, pois a beleza evoca o Mistério de

Deus.m) Propor e participar em iniciativas de âmbito cultural.n) Provocar tempos de reflexão e partilha sobre a realidade que nos envolve.o) Criar gestos que promovam o bem comum e a relação entre as pessoas.p) Estudar e dar a conhecer a obra Cidade de Deus de Santo Agostinho.

22.3. Nível local

a) Promover a constituição de grupos de revisão de vida.b) Dar a conhecer o pensamento da Igreja sobre as grandes questões sociais.c) Participar em acções que dignifiquem a condição humana.d) Actualizar o inventário do património cultural da Paróquia.

III Parte - Programa Pastoral

Em cada um ano, será elaborado o programa com a indicação dos objectivos anuais e as iniciativas para a sua execução. Nele constarão as actividades a realizar durante o ano, tanto a nível diocesano global como sectorial e mesmo algumas a nível local (vicarial e paroquial), que em devido tempo forem apresentadas pelos seus responsáveis pastorais, em ligação com o Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral (cfr.4.3).

Tal programa é parte complementar do Projecto Pastoral, embora seja publicado separadamente por ser um elemento a renovar em cada ano.

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APROVAÇÃO

Aprovamos e promulgamos o PROJECTO PASTORAL para a nossa Diocese de Leiria-Fátima no sexénio 2005-2011.

Fruto do Sínodo Diocesano, elaborado cuidadosamente por uma comissão especial e com a colaboração de grupos de base, o PROJECTO PASTORAL que agora se publica foi revisto e reconhecido em reunião conjunta do Conselho Presbiteral e do Conselho Pastoral Diocesano. Diz respeito a toda a Diocese, em permanente caminhada sinodal.

O presente PROJECTO PASTORAL, depois de uma breve introdução doutrinal ou principial, apresenta uma segunda parte com opções prioritárias e linhas gerais de caminhada em três biénios; está previsto e é indispensável que em cada ano pastoral seja atempadamente publicado um programa mais concreto das actividades pastorais, nos diversos sectores.

Criamos o SECRETARIADO DIOCESANO DE COORDENAÇÃO PASTORAL previsto no número 4.3 da segunda parte, e nomeamos seu moderador o Vigário Geral pro tempore.

O PROJECTO PASTORAL entra em vigor nesta data, e o Secretariado Diocesano, em exercício a partir desta mesma data, prepara quanto antes o programa para o ano pastoral 2005-2006 e projecta, melhorando, os seguintes anos pastorais, ao ritmo da sempre nova evangelização, e na celebração da mesma Fé.

Confiamos o nosso PROJECTO PASTORAL ao Senhor Jesus Cristo, na Sua Igreja hierárquica e universal, e pedimos ajuda a Nossa Senhora de Fátima e a Santo Agostinho, Padroeiros da Diocese de Leiria-Fátima.

Leiria, 26 de Maio de 2005Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.

† Serafim de Sousa Ferreira e SilvaBispo da Diocese

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ComunicadoNa reunião do Conselho Pastoral Diocesano de dia 18 de Junho de 2005 o

tema central analisado foi a situação das Pessoas Consagradas na Igreja e na Sociedade, em concreto na Diocese Leiria-Fátima.

O desafio proposto pelo Sínodo Diocesano, de maior inserção de Consagrados nos vários sectores da pastoral, foi considerado actual.

Este desafio exige envolvimento dos Consagrados e da Comunidade Diocesana de forma a articular esforços e pastoral de conjunto com maior inserção dos Consagrados em toda a Diocese, em benefício recíproco das comunidades cristãs e de todos os agentes de pastoral interagindo em Comunhão.

A Irmã Vitória informou que no próximo dia 17 de Setembro, ir-se-á realizar em Fátima um encontro de Religiosas e Religiosos naturais da Diocese, sob o tema “A Eucaristia na vida e missão das religiosas e dos religiosos, naturais da diocese Leiria-Fátima”. Este encontro é uma oportunidade para todos os diocesanos testemunharem uma experiência de opção de Vida Consagrada.

Como previsto na ordem de trabalhos foi ainda ponderada a alteração da data da Peregrinação Diocesana a Fátima.

Como nota final, o Conselho Pastoral Diocesano convida todos os diocesanos a participarem no próximo dia 2 de Outubro de 2005, no dia da Igreja Diocesana, momento importante no início da caminhada de mais um ano pastoral, onde será apresentado o Projecto Pastoral Diocesano 2005-2011 e realizada uma Assembleia Geral Diocesana.

Conselho Pastoral Diocesano

Documentos Pastorais

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Documentos Pastorais

ComunicadoA evolução dos meios de transporte e das vias de comunicação não

extinguiram o fenómeno da peregrinação a pé de natureza religiosa. Pelo contrário, assistimos quer em Portugal quer noutros países, a uma manutenção e nalguns casos a um crescimento dessa realidade. Mas a circunstância de circular a pé em estradas que não foram preparadas para esse fim coloca vários problemas aos peregrinos. Em primeiro lugar, é permanentemente colocada em causa a sua integridade física, dada a sua proximidade dos veículos automóveis num mesmo espaço que não foi preparado para a circulação de peões, pela ausência de passeios ou pela existência de buracos e outros obstáculos nesses passeios ou no espaço destinado aos passeios.

Sabemos também que os peregrinos a pé pretendem dar uma dimensão espiritual à sua caminhada. Ora toda a agressão rodoviária a que são sujeitos ao longo da sua peregrinação e os cuidados permanentes a que têm que dedicar atenção não lhes permitem alcançar esse fim.

Em Portugal, o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima é um destino muito importante de peregrinos que para aí se deslocam a pé, oriundos de todas as regiões do país. Nos acessos a pé a Fátima já foram criadas algumas alternativas específicas (Caminho do Tejo) e outras estão a ser preparadas (Caminho do Norte). Apesar da evolução a que assistimos, ainda são insuficientes os esforços efectivados, pois sabemos que a maioria dos trajectos dos peregrinos continuam a ser as bermas das estradas.

Igualmente preocupante é a situação dentro do perímetro urbano de Fátima, essencialmente provocada pelas obras que estão a decorrer. Uma pessoa que se queira deslocar a pé do Santuário para Aljustrel, ou para os Valinhos, encontra muitas dificuldades para efectuar esse trajecto em condições ideais para um peregrino a pé. Desde a ausência de passeios destinados a peões ou de reduzida dimensão, a passeios obstruídos com veículos automóveis, ou esburacados, ou enlameados, são vários os obstáculos.

Com o objectivo de contribuir para uma melhoria quer das condições de segurança, quer das condições de meditação e de paz que devem ser proporcionadas aos peregrinos a pé, alertamos as várias autoridades competentes nesta matéria para a necessidade de uma actuação concertada neste domínio de modo a resolver este problema e permitir aos peregrinos a pé viver em toda a plenitude a sua peregrinação.

O Conselho Pastoral Diocesano

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Documentos Pastorais

Comunicado O Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima, presidido pelo bispo

diocesano, reuniu-se no passado dia 20 de Junho, no Seminário Diocesano de Leiria.

Depois do momento de oração inicial, foi apresentada a publicação final do Projecto Pastoral Diocesano, para o período 2005-2011, intitulado “Testemunhar Cristo, fonte de esperança”. Trata-se do documento base donde deverá brotar a vida da Diocese nos próximos seis anos. O primeiro biénio (2005-2007) tem como tema a vocação cristã como dom e missão; o segundo (2007-2009), apresentará e aprofundará a vivência comunitária como o melhor anúncio; o terceiro (2009-2011), centrar-se-á no serviço à pessoa como caminho da Igreja. Integra três níveis de acção: diocesano, sectorial e local.

Já foi, entretanto, constituído o Secretariado Diocesano da Pastoral com a missão de dinamizar toda a Diocese para acolher este Projecto Pastoral e o pôr em prática na vida das comunidades cristãs.

Está previsto também um encontro com o Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais e com alguns órgãos de comunicação para apresentar e divulgar o documento.

Ainda relacionado com este tema, falou-se do Dia da Igreja Diocesana, marcado para o primeiro Domingo de Outubro. Da parte da tarde, haverá uma assembleia diocesana, onde será apresentado o programa das acções a desenvolver durante o ano pastoral de 2005-2006.

Um outro assunto da agenda da reunião foi a consulta ao Conselho acerca do pedido dirigido ao Sr. Bispo pela Quase Paróquia da Cruz da Areia para que possa ser erecta canonicamente como paróquia. Depois de ouvido o sacerdote responsável pela comunidade cristã em causa, o Conselho discutiu o assunto e pronunciou-se favoravelmente.

O Ecónomo diocesano apresentou ao Conselho as contas do Fundo Diocesano do Clero e do Fundo Económico Diocesano referentes ao ano de 2004.

Houve ainda tempo para se fazer uma avaliação da última celebração do Corpo de Deus. No geral foi positiva, destacando-se a qualidade e ritmo da celebração eucarística e o novo percurso adoptado para a procissão.

Conselho Presbiteral Diocesano

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Documentos Pastorais

Decreto de Criação daParóquia da Cruz da Areia

Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, fazemos saber quanto segue:

1. Com data de 26/12/2000 erigimos como quase paróquia a comunidade da Cruz da Areia, com todas as consequências previstas no Código de Direito Canónico. Ficaram estabelecidos os limites provisórios e fazíamos votos que a quase paróquia “possa ser uma paróquia dinâmica e exemplar na nossa Diocese de Leiria-Fátima”.

2. Com data de 5/5/2005 recebemos do Responsável Paroquial uma petição em que se diz:

Decorridos quase cinco anos e considerando:- Que as estruturas pastorais evoluíram num sentido de maior

participação e melhor formação dos diversos agentes da acção pastoral (catequistas, acólitos, leitores, grupo coral, grupo sócio-caritativo, grupo de jovens, conselho pastoral e conselho económico);

- Que a situação económica tem evoluído muito favoravelmente:a) Neste espaço de tempo conseguiu-se pagar cerca de 150.000 € da dívida

então existente, restando ainda uma dívida aproximada de 140.000€;b) O Fundo Paroquial foi implementado para fazer face à devida

remuneração do sacerdote ao serviço da comunidade, sendo presentemente cerca de 190 as famílias que contribuem com donativo fixo, mensal ou anual. Assim, o fundo paroquial poderá, na actual situação do Responsável Pastoral, assumir a sua remuneração;

- Que foi amadurecendo a consciência dos limites geográficos que melhor definem a identidade desta comunidade paroquial e que propomos como limites definitivos da paróquia. A saber:

A Norte - Rotunda das Descobertas, Avenida das Comunidades Europeias, Rotunda da Cruz da Areia, continuação da Avenida das Comunidades Europeias até à ponte que a atravessa com o nome de Rua Inácio Aires Azevedo;

A Leste - Rua Poetisa Natália Correia até ao início da Rua da Alegria; daqui traça-se uma linha recta até ao futuro “Nó das Cortes” do IC 36, já

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Documentos Pastorais

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Documentos Pastorais

projectado, e que passará a sul do RA 4;A Sul - IC 36 até à Ribeira do Rego Travesso;A Oeste - Ribeira do Rego Travesso até ao Rio Lena e, deste, até à

Rotunda de D. Dinis.Face ao exposto, vimos, muito respeitosamente, requerer junto de Vossa

Excelência Reverendíssima se digne erigir canonicamente a Paróquia Rainha Santa Isabel - Cruz da Areia, Leiria.

3. Na reunião do Conselho Presbiteral de 20/6/2005, ouvimos o parecer previsto no cânone 515 § 2.

4. Em consequência, achamos por bem erigir canonicamente a paróquia da Cruz da Areia, Leiria, com a designação de paróquia de Santa Isabel de Portugal, tendo como limites geográficos os indicados supra.

5. Confirmamos como Pároco o Reverendo P. Cristiano João Rodrigues Saraiva e renovamos os votos que seja uma comunidade paroquial dinâmica e exemplar, com todas as estruturas pastorais de Serviço, Evangelização e Celebração da Fé.

Leiria, 4 de Julho 2005, MO de Santa Isabel de Portugal† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Cónego Américo Ferreira, Chanceler

Nomeações episcopaisHavemos por bem comunicar quanto segue:1. Nomeamos membro do Corpo de Capelães ou Equipa Sacerdotal do

Santuário de Fátima o Rev.do P. Dr. Virgílio do Nascimento Antunes. Igualmente nomeamos o mesmo P. Dr. Virgílio do Nascimento Antunes Promotor do Diaconado Permanente na Diocese.

2. Nomeamos Reitor do Seminário Diocesano, com todas as suas valências, o Rev.do P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro.

3. Nomeamos membro do Corpo de Capelães ou Equipa Sacerdotal do Santuário de Fátima o Rev. do P. Dr. Manuel dos Santos José.

Agradecemos todos os bons serviços prestados, e fazemos votos que as novas nomeações correspondam à vontade de Deus, para bem da Igreja.

Leiria, 13 de Julho 2005, Aniversário da Dedicação da Catedral† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

Cónego Américo Ferreira, Chanceler

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Nota Episcopalpelas vítimas dos incêndios

Ouvida a Cáritas Diocesana, e tendo em conta a dimensão da tragédia dos incêndios que atingiu vastas zonas do País, e deixou um doloroso rasto de destruição e sofrimento na nossa Diocese de Leiria-Fátima, apelamos às comunidades cristãs e a outras pessoas de boa vontade, a mais um esforço de mobilização e generosidade, de modo a ajudarmos os que foram mais gravemente atingidos a refazerem as suas vidas com renovada esperança.

A ajuda às vítimas será coordenada pela Cáritas Diocesana, para a qual deverão ser dirigidos os donativos recolhidos.

Leiria, 9 de Agosto de 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima

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“Catedral de Leiria. História e Arte” Quatro séculos de História em livro

Apresentado no passado 22 de Maio, dia em que se assinala a Criação da Diocese de Leiria, no espaço privilegiado da Sé, o livro “Catedral de Leiria. História e Arte” tem como tema a emble-mática igreja-mãe da Diocese de Leiria-Fátima, dando a conhecer a sua história e a arte que define a sua arquitectura e simbologia. Uma obra que ganhou vida pela mão de quatro especialistas de reconhecido valor: Saul António Gomes, Luciano Coelho Cris-tino, Virgolino Ferreira Jorge e Vítor Serrão.

A ideia de uma publicação que oferecesse a toda a diocese de Leiria-Fátima e outros interessados, o que de mais importante se sabe sobre a Sé ou Catedral de Leiria, não é de agora, segundo a Comissão de Arte e Património da Diocese, mentora do projecto. Contudo, só no ano em que a Diocese celebrou os 1650 anos do nascimento de Santo Agostinho, seu Padroeiro, e o duplo aniversário (bodas de ouro sa-cerdotais e de prata episcopais) do seu bispo, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, foi possível caminhar decisivamente para a sua concretização.

As duas comemorações concorrem intimamente para a percepção da iden-tidade eclesial de Leiria. A celebração do Padroeiro evoca a presença dos seus filhos espirituais na região através do Priorado Crúzio de Santa Maria de Lei-ria; e os aniversários episcopais ajudam a aprofundar o significado do ministé-rio episcopal nesta porção do Povo de Deus que é a diocese de Leiria-Fátima, simbolizado na cadeira (sedes, cathedra) que dá nome à Sé Catedral.

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Em “Catedral de Leiria. História e Arte”, os autores prestam um precioso contributo. Saul António Gomes apresenta “O Priorado Crúzio de Santa Ma-ria de Leiria do Século XII à criação da Diocese”; Luciano Coelho Cristino discorre sobre “A Diocese de Leiria-Fátima”; Virgolino Ferreira Jorge dá a conhecer “A Catedral de Leiria. Contexto Histórico-Arquitectónico”; Vítor Serrão passeia-se por “A pintura antiga na Sé: retábulos e outros acervos”. Os textos são acompanhados por um conjunto de fotos artísticas de elevada qualidade, da autoria de Cláudio Pinto. A mão do designer Paulo Adriano deu o toque final nesta obra de duas centenas de belas páginas coloridas que nos ajudam a ler e contemplar a beleza austera e tranquila da Catedral de Leiria.

Os interessados poderão encontrar esta publicação em Leiria e Fátima e, proximamente, nas livrarias da especialidade. Poderão também fazer a sua encomenda directamente à Comissão de Arte e Património da diocese de Leiria-Fátima (tel. 244 832 760).

A Catedral de LeiriaPela bula Pro excellenti, de 22 de Maio de 1545, o papa Paulo III criava

a Diocese de Leiria, separando-a da de Coimbra e do prior-mor do mosteiro de Santa Cruz da mesma cidade; erigia a igreja de Santa Maria da Pena, até então sede do priorado crúzio, em Catedral; e nomeava D. Frei Brás de Bar-ros seu primeiro bispo.

A construção de uma catedral para a nova Diocese foi uma das principais preocupações de D. Frei Brás de Barros. Contudo, só em 1574 o Cabido se mudou para a nova Catedral, dando ali início ao culto. Nestas quase três décadas, a cadeira episcopal, para maior comodidade dos fiéis, foi deslocada da igreja da Pena, no castelo, para a de São Pedro, na base do monte, a meio caminho entre a actual catedral e o castelo.

A autoria de projecto da Catedral leiriense é atribuída, de modo ainda um tanto incerto, ao arquitecto-régio Afonso Álvares. As suas características são comuns às outras catedrais quinhentistas do Reino, criadas estrategicamente pelo Rei D. João III (Mirando do Douro, iniciada em 1552, e Portalegre, iniciada em 1556): traçado cruciforme; cabeceira com três capelas; transepto de braços salientes; corpo longitudinal tripartido; pilares toscanos; cobertura das naves e transepto abobadados. A primeira pedra foi colocada em 11 de Agosto de 1559.

A sucessão dos seus bispos está intimamente ligada ao edifício da Cate-dral: com acrescentos, enriquecimentos e alterações, sobretudo da fachada

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principal, danificada com o terramoto de 1755. A torre sineira, curiosamente, encontra-se separada do templo e está implantada sobre uma das antigas portas do castelo.

Na capela-mor, além do cadeiral de pau-santo e duas tribunas do século XVII, destaca-se o retábulo do altar-mor, um dos grandes conjuntos de talha, escultura e pintura maneirista que subsistem em Portugal, não obstante as alterações sofridas pelo saque e vandalismo das tropas napoleónicas, nos iní-cios do século XIX. O seu autor foi o pintor Simão Rodrigues (XVI-XVII). Composto por três grandes painéis, tem no superior a representação da Coro-ação de Nossa Senhora e nos colaterais a este, os apóstolos São Pedro e São Paulo. O painel central representa a Assunção de Nossa Senhora, padroeira da Catedral. O painel inferior, provavelmente alusivo ao nascimento de Je-sus, tendo em conta a legenda “natalícia” existente, foi destruído aquando das invasões francesas. No seu lugar está hoje um crucifixo do século XVIII. No conjunto do retábulo figuram ainda quatro esculturas de madeira pintada, do século XVIII, dos evangelistas São Mateus, São Marcos, São João e São Lucas, e respectivos símbolos apostos na parte inferior.

O Claustro, por detrás da capela-mor, é constituído por três galerias e piso superior com janelas de sacada entre contrafortes, um pátio interior e o tradicional poço.

A Sacristia, do lado direito do claustro, está decorada com painéis de azu-lejo do século XVII. Há nela um fontanário renascentista em que estão re-presentados vários mármores da região e um arcaz de pau-santo. O tecto, de abóbadas nervadas e decoradas, foi recentemente restaurado. Do conjunto de pinturas ali existentes, importa destacar o quadro “Adoração dos Pastores”, desconhecido até ao presente e agora identificado como sendo da autoria de Amaro do Vale, pintor-régio, dos inícios do século XVII.

Pe. Manuel Armindo P. Janeiro(Comissão de Arte e Património)

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Fátima Jovem 2005

Desabafo de quem esteve Caros amigos, lá “fomos adorá-l´O” no Fátima Jovem que congregou

tantos jovens dos quatro cantos do país num um fim-de-semana diferente. Com encontro marcado no início da tarde de sábado, reunimo-nos to-

dos. Quando digo todos, refiro-me a cerca de 4 mil jovens. Havia grupos gigantescos onde o ambiente de rivalidade (saudável) se fez ouvir. Eram de Braga, do Porto, de Aveiro, de Coimbra, do Algarve, de Lamego, de Lisboa, de Viseu, de Santarém e… de Leiria (fora aqueles de que não me recordo). Conclusão: hoje estou afónico!

Quanto aos de Leiria-Fátima, tenho de expressar o meu desalento. Des-culpem, mas tem de ser! Onde andam os jovens da diocese de Leiria-Fátima? Como se explica que a diocese anfitriã tivesse apenas 25 jovens presentes? Onde está a Pastoral da Juventude? O que é que se passa em Leiria-Fátima? Não há jovens? Como é possível dioceses tão longe de Fátima trazerem mais de cem jovens e nós, “a jogar em casa”, quase ninguém? De quem é a res-ponsabilidade? Como é possível que um dos pioneiros desta iniciativa que é de Leiria (refiro-me ao Sr. Padre Augusto), que deu o seu testemunho como tudo isto começou há 20 anos atrás, não veja agora ninguém que o substitua de forma séria e dedicada? Como é possível que um dos padres associados à Pastoral da Juventude acumule funções com o movimento dos escuteiros e que este movimento tenha realizado o seu encontro nacional no mesmo dia do Fátima Jovem? Meus amigos, desculpem-me, mas algo não está correcto nas estruturas organizacionais de Leiria-Fátima!

Mas quem sou eu para criticar? Pretendo com este desabafo tentar abanar alguma coisa. Já o fiz pessoalmente com o Sr. Padre Augusto, mas, sincera-mente, penso que a Pastoral da Juventude em Leiria está muito mal! Temos de apostar nos jovens. Estivemos toda a tarde de sábado a prestar homena-gem ao Papa João Paulo II pela valorização que ele deu aos jovens e nós, por Leiria, não temos este sector a funcionar?

Sabem, é que estou preocupado (cansado), porque penso que em Leiria-Fátima os jovens foram um pouco abandonados e passados para segundo plano. Provavelmente, por culpa de todos nós, animadores, que acumulamos

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mil e uma funções. Provavelmente, por culpa dos pastores que são poucos e estão velhos e cansados. Provavelmente, por culpa das famílias que não cultivam o espírito de comunidade em casa. Provavelmente, por culpa da sociedade que desvaloriza o espírito comunitário cristão. Mas tem de se fazer algo, já!

Mas o importante é que foi bom e com “ braços no ar, para gritar / braços a abrir, para acolher / braços em cruz, para dizer / aqui está Jesus!”.

(in lacosazuis.blogs.sapo.pt/)

João Paulo II e o Fátima Jovem - saudade e compromissoNo Fátima Jovem deste ano, a juventude presente sentiu “muito saudo-

sismo de João Paulo II” – disse à Agência ECCLESIA Manuel Oliveira de Sousa, coordenador do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. “Cada vez que aparecia uma imagem de João Paulo II nos espaços multimédia que oferecemos aos mais de 4 mil participantes, havia uma aclamação ou um ar de nostalgia” – referiu.

Com vários ateliers (Os jovens; A pastoral Juvenil; A Igreja; Nossa Se-nhora, Mãe dos Jovens e Os Jovens e o Papa) o Fátima Jovem, realizado dias 7 e 8 de Maio, mostrou “que João Paulo II está no coração dos jovens”. Será que os jovens seguiam João Paulo II ou a Igreja? Manuel Oliveira de Sousa acentua que o antecessor de Bento XVI foi “um líder carismático que sedu-ziu os jovens”. O desafio “coloca-se ao sucessor; se é capaz de manter essa chama”. A próxima Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Colónia, “será uma resposta” a esse desafio. Em relação a João Paulo II, os jovens aceitavam a interpelação deste mas a “sua forma de estar e de agir como Igre-ja não mudou muito” – realça o coordenador do DNPJ. “Uma dissonância em relação à exigência que o Papa pedia e a vivência do dia à dia”.

Os apelos da Igreja têm um “efeito de fermento”. Um desafio actual por-que “nós perdemos esse líder carismático”. O fermento tem de continuar a actuar “apesar de perdermos uma grande referência”. Aos responsáveis deste sector da Pastoral compete “motivar os jovens” porque “o Fátima Jovem não é nenhuma peregrinação para o folclore”. E finaliza: “O Fátima Jovem é uma peregrinação de compromisso”.

Luís Filipe Santos - Agência Ecclesia

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Mensagem do Bispo aos jovensda Diocese peregrinos das JMJ

Ide em paz

e vinde com mais força

Não poderei ir convosco a Co-lónia, mas rezo por vós e sei que ides gostar. No vosso regresso, quero também saborear os frutos. Recordo, com agrado, a viagem que fiz com cerca de 300 jovens da Diocese de Leiria-Fátima à jornada mundial em Roma! Com votos de que tudo corra bem, ape-

nas vos digo: ide em paz, e vinde com mais força. Todos, sobretudo os mais novos, precisam de vós. Testemunhai a Pessoa e a Mensagem de Cristo, o único Salvador.

Se permitis, acrescento uma recomendação amiga do pai/pastor: tende sempre convosco a dignidade e a alegria, e quando voltardes trazei-as reforçadas. Deixai-me dizer ainda que faz hoje 51 anos que sou sacerdote, ao vosso serviço; não precisais de agradecer; eu é que desejo dizer a cada um de vós: bem-haja!

No próximo dia 21, o Papa Bento XVI, continuador da mesma mis-são de João Paulo II, presidirá à Missa solene da XX Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Estarão presentes mais de um milhão de jovens de todas as culturas, e muitos milhões participarão em todo o mundo! O altar da Eucaristia foi construído ao cimo de uma colina com terra de todos os continentes, simbolizando a convergência para a unidade. Nessa manhã de festa, celebrarei a mesma Eucaristia, no “altar do mundo”, também por vós; para além da distância e da pluralidade de diferenças, somos a mesma Igreja, sem fronteiras. Na capelinha das aparições de Fátima rezarei para que a JMJ seja uma bênção para a reconciliação e a paz de todas as pessoas e nações.

Leiria, 1 de Agosto de 2005; 51 anos da ordenação sacerdotal† Serafim de Sousa Ferreira e Silva,

Bispo de Leiria-Fátima

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XX Jornada Mundial da Juventude

“Regressaram a casa por outro caminho”Foi este o convite que o Papa Bento XVI dirigiu aos cerca de um milhão

de jovens dos cinco continentes, que peregrinaram, de 12 a 26 de Agosto, à cidade alemã de Colónia.

Vinte anos após o arranque destes encontros mundiais inspirados por João Paulo II, a jornada de Colónia tinha como tema “viemos adorá-lO (Mt. 2, 2)”. Sempre firme nas suas intervenções, Bento XVI não se deixou intimidar pelo peso do seu antecessor, João Paulo II, junto da juventude e defendeu os valores da Igreja que representa. Sinónimo de irreverência e radicalidade, os jovens foram desafiados pelo Papa a tornarem-se santos, reconhecendo Cristo como o único que dá a vida, a alegria e a felicidade que, por vezes, procuram em caminhos que levam à perdição. Esta foi, aliás, a postura dos Reis Magos, cujas relíquias se encontram na catedral de Colónia, perante o Deus Menino.

“Os santos são os verdadeiros reformadores. Agora gostaria de o expres-sar de modo mais radical: só dos Santos, só de Deus provém a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo. No século que há pouco termi-nou vivemos as revoluções, cujo programa comum era não aguardar mais a intervenção de Deus, mas assumir totalmente nas próprias mãos o destino

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do mundo. Com isto, vimos que era sempre um ponto de vista humano e parcial a ser tomado como medida absoluta da orientação. A absolutização do que não é absoluto mas relativo chama-se totalitarismo. Não liberta o homem, mas priva-o da sua dignidade e escraviza-o. Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente dirigir-se ao Deus vivo, que é o nosso criador, a garantia da nossa liberdade, a garantia do que é deveras bom e verdadeiro. A verdadeira revolução consiste unicamente em dirigir-se sem reservas a Deus, que é a medida do que é justo e ao mesmo tempo é o amor eterno”, afirmou o Sumo Pontífice.

Como qualquer bom soldado precisa de efectuar exercícios militares que o preparem para a batalha, assim também o Papa Bento XVI indicou, em Marienfeld (local do encontro com os jovens), a localização do “centro de treinos”: a Eucaristia. Ali, celebra-se e vive-se a vitória da vida sobre a mor-te, com o memorial da morte e ressurreição de Cristo, espírito fundamental para os “incendiários do terceiro milénio” (assim designados por João Paulo II em Roma – 2000). “A morte está, por assim dizer, ferida intimamente, de modo que jamais poderá ser ela a última palavra. Esta é, querendo usar uma imagem que conhecemos muito bem, a cisão nuclear que o ser leva no seu íntimo, a vitória do amor sobre o ódio, a vitória do amor sobre a morte. Só esta íntima explosão do bem que vence o mal pode suscitar depois a cor-rente de transformações que, pouco a pouco, mudarão o mundo. Todas as outras mudanças permanecem superficiais e não salvam. Por isso, falamos de redenção: aquilo que do mais íntimo era necessário concretizou-se, e nós podemos entrar neste dinamismo”, referiu Bento XVI.

Cerca de 150 jovens de Leiria-FátimaRepartidos por dois grupos, cerca de 120 inscritos no Secretariado Dio-

cesano da Pastoral Juvenil, e 30 do Caminho Neocatecumenal, a diocese de Leiria-Fátima esteve representada na XX Jornada Mundial da Juventude. O primeiro grupo peregrinou de 12 a 23 de Agosto, o segundo de 14 a 26 de Agosto, de modo a aproveitar a jornada para um encontro com o iniciador do carisma, Kiko Arguello. Neste encontro, que teve lugar no dia 22, em Bona, estiveram cerca de 100 mil jovens de 80 países, dos quais 1000 raparigas e 2000 rapazes responderam à chamada vocacional para a vida consagrada. Um desses jovens é da paróquia do Alqueidão da Serra e confirmou mais uma vez a sua vontade de seguir a Cristo como presbítero.

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Indulgência Plenária para a Jornada da JuventudeBento XVI decidiu conceder Indulgência Plenária aos participantes na

XX Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que a cidade alemã de Colónia acolhe entre 16 e 21 de Agosto. A Santa Sé publicou, na passada segunda-feira, dia 8, um Decreto que dá conta desta decisão e fala das condições em que a Indulgência pode ser obtida. Para além das condições habituais (Confissão sacramental, Comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre), os jovens terão de participar “com a alma limpa de qualquer pecado, com atenção e devoção” em algumas celebrações da XX JMJ e na sua “solene conclusão”.

Uma indulgência parcial é concedida a todos os fiéis que, em qualquer parte do mundo, rezem “com alma contrita” pelos jovens cristãos que parti-cipam nesta iniciativa, para que os mesmos “reforcem a sua profissão de fé, sejam confirmados no amor e no respeito pelos progenitores e se compro-metam firmemente a modelar, segundo as normas do Evangelho e da Mãe Igreja, a nova família que eles mesmos formam ou hão-de formar”.

O Decreto é assinado pelo Penitenciário-Mor, Cardeal James Francis Stafford.

Jovens Diocesanos peregrinaram à HolandaUm grupo de 17 jovens da diocese Leiria-Fátima, incluindo um membro do

presbitério Diocesano, integrou uma das comitivas portuguesas que peregrina-ram, de 28 de Abril a 2 de Maio, a Amesterdão (Holanda) onde se reuniram num encontro de preparação para a Jornada Mundial da Juventude. Pelo ca-minho, e à semelhança dos restantes (jovens) peregrinos europeus, anun-ciaram publicamente, em Bordéus (França), a acção que Deus e a Igreja têm realizado nas suas vidas.

De vários pontos da Europa, cer-ca de 35 mil jovens deslocaram-se à capital do país das tulipas, tendo como missão o principal funda-mento da Igreja – a Evangelização. Igualmente conhecida como uma

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das “capitais” do liberalismo europeu, onde a prostituição e o consumo de drogas são práticas correntes, visíveis e legalmente permitidas, Amesterdão foi o local escolhido pelos iniciadores do Caminho Neocatecumenal para realizarem igualmente um encontro preparativo para a XX Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Colónia (Alemanha), em Agosto próximo.

Numa altura em que se põe em causa as raízes cristãs do velho continen-te, nomeadamente na Constituição Europeia, e na sequência de um pedido efectuado pelo bispo de Colónia, Cardeal Meisner, aos responsáveis deste carisma pós-conciliar, jovens de toda a Europa convergiram para a capital holandesa. Pelo caminho, e na linha do que o antecessor de Bento XVI tinha preconizado: “é preciso anunciar Cristo até de cima dos telhados” (Denver 1993), já que “sois os incendiários do terceiro milénio” (Roma 2000), reali-zaram-se varias acções de evangelização nas principais cidades europeias.

Uma dessas missões populares teve lugar em Bordéus (França), e contou com a presença do referido grupo Diocesano, bem como das restantes dio-ceses do Continente e Ilhas. Após um período de oração matinal na catedral daquela cidade, o grupo luso saiu para as ruas, em procissão, onde efectuou varias acções de evangelização, por intermédio de leituras, cânticos e sobre-tudo pelo anúncio/testemunho de alguns dos jovens presentes.

Já no Estádio Arena de Amesterdão, local escolhido para o encontro, os 35 mil peregrinos puderam escutar algumas experiências, das quais se destacam as dos jovens polacos em Berlim (Alemanha), que tiveram como “resposta” ao anúncio do Kerigma – Boa Nova – o arremesso de ovos e cer-veja por parte de um grupo de jovens germânicos. À imagem de Cristo não abriram a boca aos insultos e aos escarros.

De regresso ao país, e na mesma cidade francesa (Bordéus), os jovens portugueses celebraram a missa dominical em campo, numa estação de serviço, na qual participaram alguns motoristas portugueses, brasileiros e croatas que ali se encontravam. Após cinco dias em que a precariedade foi evidente, já que as noites foram passadas nos autocarros, a alegria era visível no rosto deste grupo de jovens diocesanos.

Numa altura em que a Europa está a atravessar uma crise de identidade e de Fé, este tipo de manifestações torna presente não só o papel fundamental da Igreja no mundo, bem como a necessidade urgente de reevangelizar o velho continente.

Pedro Jerónimo

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Igreja de Nossa Senhora de Fátima- Quinta do Alçada

A “Senhora mais brilhante que o sol”, que os pastorinhos viram a 13 de Maio de 1917, em Fátima, dá o nome à igreja que começou a nascer, na Quinta do Alçada, paroquia dos Marrazes. Depois do santuário mariano, si-tuado no referido local de peregrinação, é agora a vez de Leiria receber, pela primeira vez, uma igreja em honra de Nossa Senhora de Fátima.

Numerosa assistência, incluindo entidades civis e religiosas, participou, no passado dia 10 de Julho, na cerimónia da bênção da primeira pedra. “Há cerca de quinze anos, no princípio dos anos 90, começou a sonhar-se com esta obra, iniciando-se o processo da construção da igreja. Foi um sonho pro-longado, mas agora já estamos acordados e começamos a viver a realidade” lembrou o pároco daquela freguesia, Pe. Augusto Gonçalves, sem esquecer o importante papel do seu antecessor, Pe. António das Neves Gameiro.

A celebração, presidida pelo bispo Diocesano, D. Serafim de Sousa Fer-

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reira e Silva, contou ainda com a presença, do reitor do Santuário de Fátima, Pe. Luciano Guerra, da presidente da Câmara Municipal de Leiria, Isabel Damasceno, do representante do Governador Civil, Adelino Mendes, da presidente da Junta de Freguesia dos Marrazes, Sofia Carreira, e de alguns vereadores e autarcas. Todos foram unânimes em considerar a construção do novo templo, como “essencial para o desenvolvimento da freguesia”, tendo em conta o importante papel da “formação espiritual”.

Quanto ao nome escolhido para a nova igreja, ele deve-se à devoção do povo crente à Virgem de Fátima que é a Padroeira da capela que tem servido a localidade há cerca de 50 anos. O pároco manifestou ainda o desejo de fazer da nova igreja um ponto de divulgação da Mensagem de Fátima, tendo como objectivo apostar “cada vez mais na nova evangelização”.

Já no final da cerimónia, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva expressou a vontade de presidir à primeira eucaristia da Igreja Nossa Senhora de Fátima, “nem que venha de bengala”, concluiu.

1,7 milhões de euros é o custo finalA obra, cujo projecto é da autoria da arquitecta Alexandra Cantante, co-

meçou a erguer-se há cerca de um mês, num terreno cedido gratuitamente pela Câmara Municipal de Leiria. A nova igreja da Quinta do Alçada será construída por fases, consoante as verbas disponíveis, já que “os quantitati-vos necessários são muitos, e os existentes, poucos”, lembra o Pe. Augusto Gonçalves.

A primeira fase, a decorrer nos próximos oito meses, inclui a estrutura, placas e telhado, envolvendo cerca de 311 mil euros. Além da igreja, o novo edifício contará com um salão, aberto às áreas da pastoral, da cultura e da formação, salas de catequese, casa mortuária, cartório e sala de atendimento. Este novo espaço, que terá capacidade para cerca de 600 pessoas (igreja e salão), está orçado em cerca de 1.750 mil euros.

A construção da igreja Nossa Senhora de Fátima dá resposta ao aumento demográfico que se tem verificado nos últimos anos, sobretudo em localida-des como os Marrazes, Quinta do Alçada e Nova Leiria.

Pedro Jerónimo

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Cáritas DiocesanaI – Férias na praia e a coragem de ser diferenteAs colónias de férias da Cáritas, no Pedrógão, deitam por terra as análises

derrotistas que medem os outros pela mediocridade dos seus sonhos. Todos os anos, por esta altura, dezenas de jovens monitores e monitoras, sob a con-dução de Paulo Adriano, são testemunho de gratuidade, de imensa dedica-ção, entusiasmo, simpatia e carinho com que fazem as colónias de férias para as crianças. Um dar-se todos os dias, até à exaustão. A recompensa? Ficar de bem consigo e com os outros, por ter cada um dado o seu melhor, para ajudar 300 crianças a crescerem e a serem felizes. Uma pedrada no charco da mediocridade, mas, sobretudo, uma experiência de quem assume a coragem de ser diferente e acredita num mundo novo, repassado de esperança.

As primeiras crianças chegaram no dia 19 de Julho e as últimas regressa-rão a casa pouco antes do recomeço das aulas. É um tempo de lazer e de brin-cadeira. Mas também um espaço para o desenvolvimento de capacidades, para a experiência de vida em grupo e para o conhecimento de si próprios. Um tempo de crescer e de ser feliz.

II – Dar vida aos anosPara 265 pessoas idosas, de 18 de Maio a 14 de Julho, decorreram felizes

os dias passados na Casa da Cáritas, no Pedrógão, podendo desfrutar dum ambiente acolhedor, de repouso e de animado convívio. Findas as colónias das crianças, outros grupos estão já previstos para o mês de Setembro.

Vieram por iniciativa das instituições que lhes prestam apoio (lares, cen-tros de dia, apoios domiciliário), com excepção do grupo da freguesia do Arrabal. As férias proporcionadas a este último grupo partiram da iniciativa do Apostolado da Oração, a que se associaram outras pessoas e organizações daquela freguesia. Pelo terceiro ano consecutivo, dinamizaram-se vontades e reuniram-se meios, para proporcionar alguns dias de saudável convívio num espaço diferente e agradável, às pessoas daquela comunidade que, por si sós, não têm possibilidade de quebrar a monotonia dos dias e anos penosa-mente iguais, amarrados a um quotidiano invariavelmente estreito e muitas vezes sofrido. Os dias vividos naquele espaço constituem para muitos idosos tempo de bem-estar e de intensa satisfação, oásis retemperador de energias físicas e espirituais, ocasião para o reencontro com a alegria de viver.

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A Casa do Pedrógão constitui, assim, um serviço também disponível para as pessoas idosas e um instrumento, ainda que modesto, com que a Cáritas participa no desenvolvimento duma consciência social que tenha em conta os problemas dos nossos seniores, e o reconhecimento efectivo dos direitos que lhes assistem.

III – Programa Alimentar/2005Acaba de se concluir a primeira fase do Programa Comunitário de Ajuda

Alimentar a Carenciados/2005, no qual a Cáritas Diocesana participa como distribuidor para o concelho de Leiria, por delegação da Segurança Social. Através deste programa, puderam ser contempladas 39 instituições, 1093 famílias e cerca de 3300 pessoas, a quem foram distribuídos bens alimen-tares essenciais, que, no seu conjunto, ascenderam a aproximadamente 44 toneladas. Este é, para a Cáritas, um trabalho feito com recursos materiais modestos, sobretudo com os braços e o coração dos seus dirigentes e volun-tários e sem quaisquer contrapartidas. Mas a grata satisfação de levar algum apoio a muitas famílias, de modo a que não sintam tão pesada a subsistência de cada dia, constitui para todos os intervenientes, sejam da Cáritas ou dos grupos paroquiais distribuidores, a melhor recompensa.

IV - Na tragédia dos incêndiosDezenas de habitações destruídasOs concelhos de Leiria, Ourém e Pombal, da nossa diocese de Leiria-

Fátima, foram severamente fustigados pela tragédia do fogo que, desde os primeiros dias deste mês de Agosto, reduziu a cinzas grandes áreas de flores-ta e numerosas habitações, deixando um rasto de destruição e de sofrimento raramente experimentado por tantos portugueses.

A Cáritas de Leiria tem acompanhado no terreno esta situação, com o propósito de prestar as ajudas de emergência que se revelem necessárias, mas também para se inteirar, sobretudo, dos danos em casas de habitação. Esteve presente com meios materiais e com voluntários, em acções de apoio logístico, nomeadamente alimentares, no âmbito do accionamento do Plano Municipal de Emergência, em Leiria, estabeleceu inúmeros contactos telefó-nicos e visitas pessoais a párocos e grupos sócio-caritativos das zonas mais afectadas, participou em reuniões alargadas para apreciação comum das

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situações mais difíceis.Representantes da Cáritas Diocesana têm percorrido também as zonas

mais afectadas, contactando e ouvindo as populações, com o propósito de exprimir solidariedade para com as vítimas e para com os soldados da paz, e manifestar disponibilidade para uma colaboração activa no esforço de re-construção, sobretudo das habitações das pessoas de menores recursos, e em parceria com outras instituições. Nestas visitas foi mesmo possível, nalguns casos, assumir compromissos, mesmo de natureza financeira, para resolução das situações mais prementes.

A Cáritas Portuguesa está a proceder ao apuramento, a nível nacional, dos casos que requerem intervenção de ajuda na reconstrução de habitações, em modos semelhantes aos verificados em 2003.

Apelo à solidariedadePalavras, não são precisas mais. O grau e âmbito da actuação da Caritas

nas situações de emergência e na recuperação das casas ardidas das famílias mais pobres dependem da colaboração dos portugueses em geral, mas, de modo especial, das comunidades cristãs. A retórica, os lamentos e as críti-cas, essas vêm de todas as cores. Mas são sempre as comunidades cristãs e outras pessoas de boa vontade as que vivem com mais preocupação a situ-ação dramática dos seus irmãos. São elas a dar as mãos no esforço comum de gerar uma imensa rede de partilha de bens, para fazer face às situações mais graves. É um testemunho evangélico que lhes é próprio e sumamente as enobrece.

Apesar de conscientes de não podermos apelar constantemente à ge-nerosidade dos mesmos, conhecedores também das muitas iniciativas que mobilizam cada comunidade em torno de projectos locais de indiscutível nobreza, não pode a Caritas Diocesana deixar de se fazer eco das palavras do nosso Bispo (ver Nota episcopal pelas vítimas dos incêndios, na página 40), apelando às comunidades cristãs para mais este esforço de mobilização e de generosidade.

Será o testemunho desta solidariedade comum que levará a muitas fa-mílias o conforto necessário e a ajuda de que precisam, para refazer as suas vidas com renovada esperança. Quem o desejar, deverá contactar a Caritas, no edifício do Seminário Diocesano, ou os respectivos párocos, em cada comunidade.c As vítimas agradecem!

Adaptado de textos de Ambrósio Santos e Carlos H. G. Jorge, Caritas de Leiria

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No Santuário de Fátima

Em comunhão com o Santo Padre88 anos após a primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima a Lúcia,

Francisco e Jacinta, e sob o tema pastoral “Não Matarás” (5º Mandamento da Lei de Deus), a peregrinação de Maio juntou na Cova da Iria milhares de peregrinos dos quatro cantos do mundo e foi presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo.

Estima-se que tenham participado na eucaristia internacional do dia 13, mais de duzentos mil fiéis, dos quais mais de trinta mil chegaram a pé. Foi uma das maiores manifestações de amor e comunhão com a figura do Santo Padre. João Paulo II foi muito recordado e os peregrinos sublinharam a liga-ção com o novo Papa da Igreja Católica, Bento XVI.

D. José da Cruz Policarpo cumpriu o prometido a Bento XVI entregando o seu pontificado nas mãos de Maria. “Hoje estou aqui a cumprir uma pro-messa que fiz a Sua Santidade Bento XVI. Quando, no final do Conclave, chegou a minha vez de o cumprimentar e jurar-lhe comunhão e obediência, o Santo Padre agarrou-me as mãos e falou-me de Fátima. E eu prometi-lhe, e ele agradeceu-me, que no próximo dia 13 de Maio viria pôr aos pés de Nossa Senhora o seu Pontificado. Aqui estou a cumprir a promessa, não apenas por devoção, mas com grande realismo pastoral, da visão da missão da Igreja no mundo contemporâneo, e peço-vos a todos vós que me acompanheis com fé e amor, neste consagrar a Maria o Pontificado que agora começa. Claro que o nosso coração exultará de alegria, se um dia pudermos renovar esta consagração com a presença física do Santo Padre neste Santuário. Mas não faremos depender disso a nossa oração contínua e a nossa comunhão com ele”, afirmou D. José durante a homilia.

Em mensagem enviada a Bento XVI, o Bispo da Diocese de Leiria-Fáti-ma, D. Serafim Ferreira e Silva, e em nome dos participantes na peregrina-ção, convidou o Sumo Pontífice a visitar Fátima. “Nós cremos e queremos que abundantes graças sejam derramadas sobre todo o mundo, para que haja paz. Neste ano da Eucaristia, rezamos e empenhamo-nos para que a riqueza do Grande Mistério fortaleça a conversão e a mudança para uma vida me-lhor. E esperamos ver e ouvir Vossa Santidade, muito em breve, aqui neste

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Santuário Mariano de Fátima, altar do mundo, a proclamar que a vontade salvífica de Deus, com a sua força abundante, vai encaminhando tudo e to-dos para o triunfo do Coração Imaculado de Maria, Mãe do único Salvador, Jesus Cristo.

Santo Padre, temos saudades do Papa João Paulo II, que peregrinou três vezes a este Santuário e beatificou os Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Mas também temos a grande alegria de receber o novo Papa, Bento XVI, que o Espírito Santo nos oferece”, afirmou D. Serafim.

No encerramento da Peregrinação, o Cardeal Patriarca de Lisboa renovou o compromisso dos cristãos “na promoção e defesa do dom, sem preço, que é a vida”: “Não se canse a Igreja de confessar diante do mundo a sua esperan-ça na vida eterna, que nos foi merecida pela Morte e Ressurreição de vosso Filho Jesus Cristo! Saiba cada um de nós promover, respeitar e defender, em todas as circunstâncias, a integridade, a dignidade e os direitos do ser huma-no – desejado ou imprevisto, são ou enfermo, escorreito ou deficiente, desde o momento da sua concepção, em todas as etapas da sua existência, até à morte natural. Mãe do divino Amor, livrai-nos do egoísmo e da insensibilida-de diante das graves carências de tantos irmãos nossos, sem pão, sem água, sem saúde, sem escola, sem liberdade, sem família, sem alegria”, foram as palavras do compromisso com o Imaculado Coração de Maria.

Os milhares de peregrinos receberam com alegria, bem audível numa grande salva de palmas, a informação, transmitida pelo Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, que, na manhã do dia 13 de Maio, o Papa Bento XVI, em Roma, anunciara a abertura do processo de beatificação e canonização de João Paulo II, falecido a 2 de Abril de 2005.

Bento XVI agradece a mensagem dos peregrinosO Papa Bento XVI enviou, depois, uma carta ao Bispo da Diocese de

Leiria-Fátima, com o propósito de agradecer a mensagem que lhe foi enviada por ocasião da Peregrinação Aniversária de Maio, em nome de todos os peregrinos presentes no Santuário de Fátima. A carta, com a data de 25 de Maio e assinada por D. Leonardo Sandri, foi lida na Peregrinação de Junho, no domingo, 12 de Junho, na Capelinha das Aparições:

Senhor D. Serafim,O Sumo Pontífice acolheu com íntima complacência as filiais saudações

e ardentes votos que Lhe fez chegar em nome dos milhares de participantes na primeira peregrinação internacional a Fátima deste ano 2005.

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Deseja o Santo Padre que transmita, a todos os Seus caríssimos Filhos representados no reverente acto de presença, a Sua viva gratidão pelos sentimentos de adesão e devotamento testemunhados a esta Sé Apostólica, que frutificaram em orações e sacrifícios generosamente oferecidos para sustentar o ministério petrino do Seu novo Pastor, o qual sente uma espe-cial predilecção por esta máxima de São Bento aos seus monges: “Nada, absolutamente nada, anteponham a Cristo” (Regra, 72, 11; cf. 4, 21), pois chama-nos a manter a centralidade de Cristo na própria vida. Enquanto implora sobre a amada Diocese de Leiria-Fátima as graças necessárias, para reservar sempre ao seu adorado Esposo divino o primeiro lugar nos respectivos pensamentos e em cada uma das suas actividades, Sua Santidade o Papa Bento XVI concede a Vossa Excelência Reverendíssima e a quantos beneficiam dos seus cuidados pastorais a Sua Bênção Apostólica.

Aproveito o ensejo para exprimir-lhe sentimentos de fraterna estima em Cristo Senhor.

Vaticano, 25 de Maio de 2005Junto com a carta, o Santo Padre enviou duas fotografias, uma dele pró-

prio, com a sua assinatura por detrás, e uma outra do seu antecessor, João Paulo II. Esta última tem no verso duas frases do testamento de João Paulo II: “A todos quero dizer apenas uma coisa “Que Deus vos pague” e “In ma-nus Tuas, Domine, commendo spiritum meum” (Nas Tuas mãos entrego o meu espírito).

Crianças do Movimento Schoenstatt em peregrinaçãoCerca de quatrocentas crianças de vários colégios e escolas do país esti-

veram em Fátima, no passado dia 20 de Maio, na “4.ª Peregrinação de Acção de Graças pela visita da Mãe Peregrina”, organizada pelo Movimento Apos-tólico de Schoenstatt.

Durante a Eucaristia, na Capelinha das Aparições, as crianças ofereceram alguns trabalhos que fizeram durante a permanência da imagem da Virgem Peregrina de Schoenstatt nas suas casas, escolas e catequeses. “É com muita alegria que vimos hoje aqui, ao teu Santuário de Fátima, para agradecer a visita que fizeste às nossas casas, às nossas escolas e às nossas paróquias, através da imagem de Graças da Mãe Peregrina de Schoenstatt. Estamos aqui porque aprendemos a rezar com os Pastorinhos de Fátima. (…) E agora que já chamaste para junto de ti a pastorinha Lúcia e o Papa amigo de Fátima,

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sabemos que cada vez mais temos amigos no céu a ajudar-te a olhar por nós”, referiram as crianças, pela voz de uma educadora.

Os cerca de 400 miúdos, dos 3 e os 11 anos, vieram de estabelecimentos de ensino, entre eles, o Centro Infantil de São Gerardo, Creche de Santa Maria de Belém, Colégio Bom Sucesso, Colégio Santa Maria, Escola Luís Madureira e a Escola S. Francisco de Assis. Associaram-se ainda à celebra-ção quarenta crianças do Colégio de S. Teotónio, de Coimbra. À tarde, as crianças assistiram à peça de teatro “O Exército da Paz”, no Centro Pastoral Paulo VI, representada pelo Clube de Teatro da Escola Luís Madureira.

Schoenstatt é um movimento da Igreja para a renovação cristã do mundo, com uma finalidade pedagógica e apostólica: a formação de um homem novo, construtor de uma nova sociedade.

Imagem da Virgem PeregrinaA imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima esteve na Basílica do

Vaticano, no passado dia 4 de Junho, no âmbito da Festa do Coração Imacu-lado de Maria. Presidiu às habituais celebrações litúrgicas deste dia o Car-deal Camillo Ruini, Vigário do Santo Padre para a Diocese de Roma e Pre-sidente da Conferência Episcopal Italiana. No final da eucaristia, a imagem seguiu em procissão até à Praça de São Pedro, onde teve lugar a consagração a Nossa Senhora. A Virgem Peregrina de Fátima regressou depois à diocese de Firenze, para continuar o seu périplo por terras italianas.

A presença da imagem no Vaticano integra-se na peregrinação mariana “Peregrinatio Mariae 2005”, organizada pelo Apostolado Mundial de Fátima em Itália, que teve início em Abril e percorreu, até 18 de Agosto, as comuni-dades diocesanas das regiões italianas de Campania, Lazio, Toscana, Liguria, Lombardia e Trentino Alto Adige. Neste percurso, a 14 de Agosto, esteve na Basílica de São João de Latrão, a Catedral da Diocese de Roma, igreja-mãe de todas as igrejas católicas. O pedido da presença da imagem foi feito expres-samente por Monsenhor Mauro Parmeggiani, Secretário-geral da Vigaria de Roma e Director do Serviço de Pastoral Juvenil da Diocese de Roma.

Crianças sensibilizadas para a importância da vidaEntre as maiores e mais representativas do ano, a Peregrinação Nacional

das Crianças a Fátima juntou, no dia 10 de Junho, mais de 20 mil crianças de todo o país, num total de participantes estimado em 90 mil.

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As celebrações religiosas decorreram no recinto do Santuário, em volta de um altar erguido entre a estátua do Sagrado Coração de Jesus e o altar-mor. Um conjunto de três cartazes contextualizava o tema da peregrinação: “Não matarás – A vida é dom do Senhor”. No momento da oração dos fiéis, foram penduradas nos braços de uma grande cruz de madeira, faixas com os símbolos e os nomes de algumas instituições também representadas, que têm a defesa e promoção da vida como objectivo principal. Entre elas, o Centro de Apoio a Deficientes Profundos João Paulo II, Associação “Mãos Unidas”, Associação de Defesa e Apoio da Vida, Casa de Protecção e Amparo de San-to António, Centro de Recuperação Infantil de Fátima, Unicef, Cáritas, Cruz Vermelha, Bombeiros Voluntários e Corpo Nacional de Escutas.

No final das celebrações, que puderam contar com a participação de 45 militares das academias dos três ramos das forças armadas e de segurança - Escola Naval, Academia Militar e Academia da Força Área -, a descida sucessiva de seis paraquedistas em pleno Recinto foi saudada com palmas e ao som dos cânticos “O Senhor é bom” e “Não matarás”.

Durante vários anos ligado à organização da Peregrinação das Crianças, D. Anacleto de Oliveira, bispo-auxiliar de Lisboa, presidiu às celebrações. No momento da homília, convidou um grupo de crianças a subirem ao altar e a apresentarem-se a toda a assembleia. Depois, com ajuda das crianças e num discurso espontâneo, dirigido essencialmente aos mais novos, sensibili-zou para o facto da “vida ser um dom do Senhor”, pediu para que rezassem por todas as pessoas que deram a vida pelos outros, à semelhança de Jesus Cristo, e explicou a importância de dar graças a Deus pelo dom da vida.

No final, cada criança recebeu, num pequeno saco, uma cruz de madeira na qual se lia o tema da peregrinação.

Na véspera, dia 9, a recitação do Rosário, na Capelinha, integrara-se já no espírito da peregrinação. Em cada mistério, imagens de atentados à vida – maus-tratos, acidentes de viação, toxicodependência, guerra e fome –, em dois ecrãs gigantes, motivavam a oração das crianças, sensibilizadas por tão grande contraste com a oferta incessante de vida da parte de Deus. As suas súplicas, por Maria, Mãe de Jesus, fonte da Vida, eram actos em favor da vida.

Contas do SantuárioO Santuário de Fátima teve um saldo positivo de 726 mil euros no exer-

cício de 2004, segundo as contas apresentadas pela Administração aos pere-grinos, a 13 de Junho. O aumento das ofertas dos peregrinos, a atingirem 9,2

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milhões de euros (mais meio milhão que no ano anterior), parece comprovar expectativas recentes do Reitor do Santuário no sentido de um “aumento global” de visitantes, dentro de uma tendência de diminuição nos dias 13, de Maio a Outubro, e de aumento nos fins-de-semana e feriados.

Os quase 10 milhões de euros investidos nas obras da nova Igreja da San-tíssima Trindade reduziram o saldo de 8,43 milhões de euros, em 2003, para 726 mil euros, em 2004. Aliás, ter-se-ia registado um novo aumento para 11,6 milhões de euros.

Os diversos Serviços do Santuário gastaram 7,4 milhões de euros, com destaque para os Serviços de Alojamento aos peregrinos (1,47 milhões) e Administração (3,75 milhões de entre os quais 987 mil Euros em ofertas concedidas). A manutenção do Santuário custou quase um milhão de euros.

Pelas vítimas de Londres e de outras violências No decurso da Eucaristia internacional do domingo, 10 de Julho, no Re-

cinto do Santuário, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Fer-reira e Silva, milhares de pessoas fizeram meio minuto de silêncio e oração pelas vítimas dos recentes atentados em Londres.

“Não apenas para o espírito ficar em paz, mas também o coração em meditação e em solidariedade”, o prelado pediu que se rezasse também pelas vítimas dos acidentes rodoviários em Portugal.

Ao recordar a Peregrinação Nacional das Crianças, no passado 10 de Junho, D. Serafim reformulou e respondeu de novo à questão colocada às crianças: “O que dizer aos terroristas, o que dizer àqueles que têm pouco cuidado na auto-estrada, (…) àqueles que andam no mundo da droga e do álcool, àqueles que matam a inocência, que matam a alegria? Não matarás!”. “O mandamento «Não matarás» é bom fermento para a paz”, acrescentou ainda o bispo da Diocese de Leiria-Fátima, salientando que este 5.º Manda-mento do Decálogo “não é um conselho mas uma ordem, seja no princípio, no meio ou no fim da vida!”.

Peregrinação do MMF - “Eucaristia Pão da Vida”A Peregrinação Nacional do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF),

sábado e domingo, 16 e 17 de Julho, congregou mais de dez mil de pessoas liga-das aquela associação canónica, em torno do tema “Eucaristia Pão da Vida”.

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Na tarde de sábado, cerca de três mil pessoas participaram na Assembleia-geral do MMF, e, à noite, a Procissão das Velas e a Vigília Nocturna foram um momento alto de oração, recolhimento e reflexão sobre os problemas da humanidade, da nação, da família e de cada um. Na Eucaristia de domingo participaram muitos outros peregrinos, nomeadamente e referindo apenas inscritos no Serviço de Peregrinos (SEPE), sete grupos nacionais e quinze estrangeiros. A todos o bispo da Diocese de Leiria-Fátima, assistente nacional do MMF, convidou a “pautarem a vida pela rectidão de espírito”, a “pensa-rem bem, a saberem actuar, ajudar e praticar o bem”. “Também devemos ser clementes, tolerantes, indulgentes, compassivos e com compaixão, no sentido de solidariedade”, “A sociedade precisa da Igreja e a Igreja precisa de vós”, referiu o prelado, acrescentando que “a Mãe do Salvador quer colaborar con-nosco para a paz” e que essa paz é “ordem, harmonia e felicidade”.

Papel dos avós na renovação dos laços familiaresNa peregrinação nacional dos Avós a Fátima, em 25 e 26 de Julho, com

mais de quinhentos avós de todo o país, alguns com os filhos e netos, Monse-nhor Luciano Guerra sublinhou na sua homilia a importância do restabeleci-mento dos laços familiares como forma de inversão do estado de infelicidade que as famílias, espelho da sociedade, vivem actualmente. “Um dos sinais mais tristes é o isolamento e a solidão da Terceira Idade. (…) Todos temos pena das coisas que estão a acontecer. Há dramas muito grandes”, afirmou, acrescentando que “não estamos a culpar ninguém, estamos a ver os pro-blemas que existem”. “Se a união europeia continuar sem poder resolver o problema da família, não se vai conseguir unir”, isto porque, considera o sacerdote, “Quando o amor familiar está em crise toda a solidariedade (fami-liar e social) está em crise” e “é com o amor da família que se conseguem resolver os problemas urgentes”. Falando da vocação dos avós e dos netos, o Reitor referiu “o momento de crise de amor familiar” salientado quanto “Os avós sofrem com os problemas dos netos e com a solidão. (...) “Pedimos a Jesus que nos ajude, a nós cristãos, a procurar encontrar a solução para este cancro, este mal (a solidão) que mina as nossas famílias”, concluiu.

Ao organizar pelo quinto ano consecutivo, a Peregrinação Nacional do Avós, o Santuário de Fátima pretende homenagear os idosos e apelar à reno-vação e respeito dos laços familiares. Os avós participaram durante os dois dias em vários momentos de reflexão, oração e de convívio.

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Biblioteca do Santuário - Mais de 60 mil volumes A Biblioteca do Santuário de Fátima completa 50 anos de existência no

dia 13 de Agosto. Apesar de o Santuário já antes guardar livros e publicações periódicas que lhe eram entregues, foi criada, oficialmente, apenas em 13 de Agosto de 1955, pela provisão “Museu-Biblioteca do Santuário de Fátima”, de D. José Alves Correia da Silva, primeiro bispo da Dioceses restaurada de Leiria. A partir de então, houve um trabalho sistemático de inventariação e registo de objectos, livros e outros documentos. Especializada em obras e volumes de carácter mariano, a Biblioteca está actualmente dividida em três secções principais: Geral, Mariologia e Fátima, e compreende mais de 60 mil volumes e centenas de publicações periódicas. Um número que continua a crescer, fruto de ofertas de doadores, permutas e aquisições.

“Pelos migrantes, numa sociedade integrada e pacífica”Os portugueses emigrantes e os imigrantes que fizeram de Portugal acor-

reram a Fátima pela ocasião da Peregrinação Internacional de 13 de Agosto. D. Laurindo Guizzardi, bispo de Foz de Iguaçu, Brasil, responsável pela Pastoral dos Brasileiros no Exterior e membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil presidiu à Peregrinação de mais de 90 mil pessoas. E a Obra Católica Portuguesa de Migrações, com o propósito de sublinhar a importân-cia do diálogo inter-cultural, em nome da igualdade e da justiça, escolheu o tema “O diálogo inter-cultural fecunda uma sociedade integrada”, inspirado na mensagem deixada por João Paulo II “ir além da tolerância, pelo diferen-te, o outro, o estrangeiro, o imigrante, o refugiado”.

Na homilia da Eucaristia do dia 13, D. Laurindo Guizzardi referiu dados estatísticos que comprovam o crescimento do fenómeno migratório e pediu a Deus “pela intercessão da Virgem de Fátima, que proteja os migrantes e suas famílias e ajude nossos países (Brasil e Portugal) a trabalhar pela unidade harmónica dos povos, a fim que o mundo possa realmente constituir uma cidade integrada e pacífica, em volta de um único Deus e Senhor”.

Com a sua terceira vinda a Fátima, depois de 1999 e 2002, D. Laurindo Guizzardi pretendeu “estreitar os laços de amizade e de colaboração entre a Igreja no Brasil e a Igreja em Portugal” e “manifestar afeição apostólica para com os migrantes e um sentimento de gratidão para com a Hierarquia e a Na-ção portuguesa pela contribuição que deram ao desenvolvimento religioso e

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social de minha terra”. E, em conferência de imprensa, apontou o dedo aos grupos exploradores que iludem os brasileiros, principalmente as mulheres, com aliciantes propostas de emprego no exterior do país, encaminhando-os depois para os caminhos da ilegalidade, que tantas vezes são os da prosti-tuição, entre outros tipos de exploração. D. Guizzardi reconheceu mesmo ser esse o facto, a somar ao grande número de ilegais, que faz com que os imigrantes oriundos do Brasil tenham má fama fora do seu país.

Transladação do corpo da Irmã LúciaNo final da Eucaristia da Peregrinação Nacional de 13 de Agosto, D. Se-

rafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, anunciou que a transladação do corpo da vidente de Fátima, Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, para a Basílica do Santuário de Fátima, terá lugar a 19 de Fevereiro de 2006, um ano e seis dias após o seu falecimento, e um dia an-tes da Festa Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, 20 de Fevereiro, aniversário da morte da Beata Jacinta Marto.

Recorde-se que, no dia 15 de Fevereiro deste ano, terminadas as ceri-mónias fúnebres na Sé Catedral de Coimbra, iniciou-se o cortejo até ao Convento de Santa Teresa, onde foi sepultada a Irmã Lúcia. De acordo com as normas da Família Carmelita, a Irmã Lúcia foi sepultada da forma como viveu, em clausura, e no cumprimento do seu desejo comunicado pessoal-mente ao Bispo de Coimbra: “Sem contradizer o que já tinha escrito, para dar este gosto às Irmãs, já que manifestaram este desejo, gostava que após a minha morte, o meu corpo ficasse sepultado no claustro deste Mosteiro (de Santa Teresa – Coimbra), pelo menos um ano, antes de ser levado para a Basílica de Fátima”.

A transladação para o Santuário de Fátima que tem o acordo das Dioceses de Leiria-Fátima e de Coimbra, foi aceite pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, e autorizada pela Câmara Municipal de Ourém em 17 de Outubro do ano 2000, de acordo com o decreto lei que permite a “sepultura em locais especiais” “a pessoas de determinada catego-ria”.

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Colégio de S. Miguel aposta na inovaçãoEnquadrado no novo Ensino Secundário, o Colégio de S. Miguel, em Fátima,

continua a apostar em propostas de formação que respondem à realidade portuguesa e a proporcionar percursos de formação que se antevêem aliciantes. Assim, a par dos cursos com currículo estabelecido a nível nacional (Cursos Científico - Humanísticos de Ciências e Tecnologias, Ciências Sociais e Humanas, Línguas e Literaturas e Curso Tecnológico de Informática), oferece, devidamente ajustados à nova realidade do Ensino Secundário, os Cursos Tecnológicos que têm vindo a proporcionar aos nossos jovens interessantes saídas profissionais e académicas (Contabilidade/Administração e Design, Cerâmica e Escultura, este último com um currículo único no nosso país e a proporcionar uma formação polivalente nas diversas áreas das Artes Plásticas).

Garante-se, assim, aos jovens que frequentam estes cursos, uma formação actualizada que permite a entrada no mercado de trabalho, com Certificação Profissional de Nível III, e o prosseguimento de estudos no Ensino Superior. Além disso, desde o passado ano lectivo, o Colégio tem vindo a oferecer duas novas áreas de formação (Ensino Tecnológico), preparadas com o apoio científico de especialistas da Universidade de Aveiro, da Escola Superior de Enfermagem de Leiria e de outras instituições:

- Um curso tecnológico orientado para a prestação de cuidados à 3.ª idade, criando assim uma oferta de formação de nível III (12.º ano) com excelentes perspectivas de empregabilidade e continuação de estudos a nível superior.

- O curso tecnológico de Acção Educativa, também de nível III, que, tal com o anterior, foi construído a partir do Curso Tecnológico de Acção Social e oferece uma forte preparação a nível pedagógico destinada a proporcionar as competências para apoio, orientação e ocupação de crianças, adolescentes e jovens em contexto escolar, tempos livres, estudo, etc.

Nova igreja em Alverca dedicada aos PastorinhosNo passado dia 1 de Maio, foi inaugurada, na paróquia de Alverca, a Igreja

dos Pastorinhos de Fátima Francisco e Jacinta Marto. Um dos momentos altos da cerimónia de inauguração foi a celebração da primeira missa do novo templo pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo.

As três principais imagens para a nova igreja de Alverca saíram de Fátima neste mesmo dia. Uma imagem de Nossa Senhora, oferecida pelo Santuário de Fátima, e duas imagens, uma de Francisco e outra de Jacinta, oferecidas pela Postulação para a Canonização de Francisco e Jacinta Marto, seguiram rumo a Alverca,

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num helicóptero da Força Aérea Portuguesa. Em representação do Santuário e acompanhando as imagens, esteve Monsenhor Luciano Guerra, Reitor do Santuário de Fátima. O Grupo Coral Adulto do Santuário também marcou presença em Alverca. Neste domingo especial, houve lugar ainda para a inauguração do carrilhão do novo templo, o Carrilhão dos Pastorinhos.

“Maria, única cooperadora na Redenção”Decorreu, de 3 a 7 de Maio, em Fátima, o simpósio internacional “Maria, única

cooperadora na Redenção”, que reuniu, na Casa de Nossa Senhora do Carmo, 70 pessoas vindas dos cinco continentes.

O grupo de participantes integrou cinco cardeais – os cardeais Telesphore Toppo e Varkey Vithayathil, vindos da Índia; o Cardeal Corripio Ahumada, do México; o Cardeal Ricardo Vidal, das Filipinas; e o Cardeal Aponte Martínez, de Porto Rico –, nove arcebispos e vinte bispos.

O encontro incluiu vários momentos de reflexão mariológica, subdivididos pelos temas “Maria Co-Redentora”, “Maria Mediadora” e “Maria Advogada”. Destaque também para os muitos momentos de meditação e oração, entre os quais vários de adoração eucarística. A encerrar as actividades deste primeiro “Fatima Symposium”, foi celebrada, na Capelinha das Aparições, a Eucaristia, presidida pelo Cardeal Telesphore Toppo, arcebispo de Ranchi e presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Índia.

“Tal como temos necessidade de uma mãe terrena, também necessitamos de uma mãe no Céu. A mãe celeste é Maria, foi Deus que, na cruz, nos ofereceu Maria”, referiu D. Telesphore Toppo em entrevista, acrescentando que “Maria é Co-Redentora, não igual mas como Jesus, é Mediadora junto de Deus e nossa defensora e advogada”. De acordo com o mesmo responsável, a escolha de Fátima para a realização deste primeiro simpósio foi porque “Deus mandou-nos aqui e nós temos que agradecer-Lhe. Deus chamou-nos a este lugar para receber a nossa mãe espiritual, mãe que não deve ser uma opção nas nossas vidas, mas uma necessidade”. D. Telesphore Toppo, com a vinda a este simpósio, fez a sua segunda visita a Fátima. A primeira foi há quinze anos, como bispo. “Isto está tão diferente! Fátima mudou, mas o essencial, a nossa Mãe celeste, mantém-se”, disse.

Oração pelo Projecto Pastoral na Vigília de PentecostesA Igreja diocesana de Leiria-Fátima celebrou, de forma especial, a vigília

da solenidade de Pentecostes com uma liturgia eucarística na Sé, no sábado, dia 14 de Maio. Foi organizada em conjunto pelo Centro de Formação e Cultura, o Renovamento Carismático, o Caminho Neo-catecumenal e o Movimento dos Cursos

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de Cristandade. A presidir esteve o bispo diocesano, D. Serafim.A celebração teve um ritmo especial, próprio da vigília, com leituras bíblicas

sobre a promessa e o envio do dom do Espírito Santo, e integrou elementos da riqueza dos movimentos e obras que a organizaram. Nela deu-se igualmente relevo à apresentação do Projecto Diocesano de Pastoral, em fase de apreciação final para ser aprovado pelo Bispo diocesano. Este instrumento de orientação e dinamização pastoral foi motivo e conteúdo para a oração da Diocese, para que seja acolhido por todos e concretizado sob a inspiração e impulso do Espírito Santo.

Esta celebração comum, além de mais, evidenciou que, enquanto Igreja local, somos um só e único corpo, constituído na diversidade de carismas, vocações e ministérios. Experimentando a comunhão com Cristo e entre nós, pela graça do Espírito, estamos mais preparados para a colaboração e corresponsabilidade na missão de testemunhar, com obras e palavras, a esperança que brota do Evangelho, oferecendo-a a todas as pessoas das nossas cidades, vilas e aldeias.

“A Eucaristia e a Família” em reflexãoO Secretariado Diocesano da Pastoral da Família, em ligação com os movimentos

e serviços diocesanos da família, organizou o Dia Diocesano da Família, no passado 14 de Maio, véspera do Dia Internacional da Família e do início da Semana da Vida. Procurando um programa abrangente, mas viável para apenas uma tarde, privilegiou-se o tema “A Eucaristia e a Família”, reservando espaço para uma apresentação da Semana da Vida e um balanço da pastoral familiar.

No âmbito do Ano da Eucaristia que estamos a celebrar, foi também feita uma proposta “pedagógica” de vivência em família da Eucaristia dominical de 8 de Maio, dia da Ascensão do Senhor. Para isso, foram enviados dois esquemas de oração familiar, em casa: um de preparação, para a semana anterior, outro de continuidade, para a semana seguinte. O objectivo é promover a “descoberta de uma forma de oração familiar centrada na Eucaristia dominical”.

A Semana da Vida foi também apresentada neste encontro, seguindo-se o balanço e perspectivas da pastoral familiar paroquial e diocesana e a apresentação dos “primeiros passos” do Conselho Diocesano da Família (CDF). Pretende-se reorganizar este sector “com a participação e protagonismo das famílias, incentivando as equipas paroquiais e constituindo o CDF com efectiva cooperação entre o Secretariado e os representantes dos movimentos e das estruturas paroquiais”.

Irmandade de São Pedro CelestinoEsta veneranda e antiga irmandade sacerdotal é também conhecida na gíria

eclesiástica por “irmandade da borracha” (recipiente em pele ou couro utilizado

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para transportar o vinho para o farnel dos caçadores, etc., levado a tiracolo). Por esta razão, também se chamam aos seus membros “padres borrachos”… sem qualquer ofensa. Esta associação eclesiástica realizou a sua reunião anual no passado dia 19 de Maio, por força dos seus estatutos, na qual se deu a providencial circunstância de ficar completo o quadro de irmãos que é de 32. Quatro novas entradas vieram colmatar uma incómoda brecha que se arrastava há vários anos.

Profissão religiosa da Irmã Teresa Passagem22 de Maio foi um domingo especial para a paróquia de Amor. A irmã Teresa

Margarida Gregório Passagem, natural desta comunidade, fez a sua profissão religiosa por toda a vida na Congregação das Irmãs Missionárias Combonianas, perante a irmã Maria José, superiora delegada da congregação.

O acto teve lugar no decurso de uma Eucaristia presidida pelo padre José Vieira, representante do superior provincial dos Combonianos, e concelebrada, por dez padres, missionários e diocesanos. Entre a numerosa assembleia contavam várias irmãs da mesma Congregação.

Na homilia, o presidente da celebração sublinhou que a opção pela vida religiosa não é uma fuga ao mundo ou solução para desgostos amorosos, mas a resposta livre a um chamamento de Deus para uma missão específica no mundo, que só pode ser entendida à luz da fé. Destacou ainda o valor dos votos religiosos – pobreza, castidade e obediência – como atitudes de vida que permitem uma adesão cabal à missão que é confiada.

No fim da celebração e para completar a festa, houve um lanche de convívio no salão paroquial para o qual foram convidadas todas as pessoas.

A irmã Teresa Passagem nasceu a 25 de Março de 1969 e é a quarta de seis filhos (quatro rapazes e duas meninas) de Eduardo Duarte Passagem e de Albina Gregório Custódio. Entrou para a vida religiosa aos 23 anos. Já na Congregação, além do tempo em que esteve em Portugal, viveu três anos na Itália e três e meio no Congo, onde fez uma experiência bastante forte de missão.

Em fins de Junho partiu para a diocese de Nacala, Moçambique, onde trabalhará nos próximos quatro anos.

“Corpo de Deus” em Ano EucarísticoNo dia 26 de Maio, os católicos da Diocese acorreram a Leiria, como é tradição,

para a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. As celebrações centraram-se no tema, profundamente eucarístico, que orienta

também todo o ano pastoral: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4).

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À Eucaristia, presidida por D. Serafim Ferreira e Silva, às 16 horas, no adro da Sé, seguiu-se a procissão, não pelo centro histórico, como era habitual, mas por um novo itinerário: Largo Cónego Maia, Av. Heróis de Angola, Rua de S. Francisco, Rua Mouzinho de Albuquerque e Largo da Sé.

Na semana anterior, houve preparação, tanto nas paróquias, como em Leiria. Na igreja do Espírito Santo, na cidade, de 19 (quinta-feira) a 25 de Maio (quarta-feira), das 21h00 às 23h00, celebrou-se a Eucaristia seguida de adoração, e, no domingo, 22 de Maio, houve um tempo especialmente dedicado às crianças, às 18h00, e outro aos jovens, às 19h30.

No seu programa de pontificado, o Papa Bento XVI recomendou que, em ano eucarístico, esta solenidade fosse celebrada com particular relevo. E lembrou: “A Eucaristia torna constantemente presente o Cristo ressuscitado, que continua a dar-se a nós, chamando-nos a participar na mesa do seu Corpo e do seu Sangue. Da plena comunhão com Ele nascem todos os outros elementos da vida da Igreja, em primeiro lugar a comunhão entre todos os fiéis, o compromisso de anunciar e de testemunhar o Evangelho, o ardor da caridade para com todos, especialmente os mais pobres e pequenos”. E João Paulo II, na sua encíclica “A Igreja Vive da Eucaristia”, sublinhara o fruto que advém da procissão: “A devota participação dos fiéis na procissão eucarística da solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é uma graça do Senhor que amavelmente enche de alegria quantos nela participam”.

Conselho Nacional do CPMO Centro Pastoral e Social de Ferragudo, Algarve, recebeu a 28 e 29 de Maio,

o Conselho Nacional da Primavera da Associação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM–Portugal). Além da Equipa Responsável Nacional e o seu assistente, marcaram presença casais e assistentes vindos das dioceses do Algarve, Angra, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Leiria-Fátima, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu.

D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve, deixou palavras de apreço pelo serviço prestado pelo CPM, manifestou a sua alegria e gratidão por o evento decorrer pela primeira vez na sua diocese e desejou os melhores frutos ao Conselho.

O momento de informação-formação subordinado ao 5º Tema CPM – “Nova situação-Novas exigências”, começou com a participação de um par de noivos, pais de uma menina de 6 anos, que frequentaram um CPM para preparação do seu casamento a realizar, dentro em breve, de forma católica, prosseguiu com o testemunho de um casal empenhado no CPM e na Pastoral familiar, no Algarve, e a intervenção do assistente do CPM da mesma diocese. No conjunto, reafirmou-se o casamento como espaço permanente de novidade e de novas exigências que requerem do casal abertura e capacidade de resposta, e de crescimento na complementaridade.

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Depois de um momento em que as 14 dioceses presentes partilharam as acções levadas a efeito ao longo do ano pastoral e os seus maiores anseios e esperanças para o futuro, a Equipa Responsável Nacional, deu algumas informações de âmbito nacional e internacional, e referiu a justificada necessidade de o Conselho proceder a uma alteração dos Estatutos, na busca de maior sintonia com os Códigos Civil e Canónico, de modo que o CPM venha a ser considerado associação representativa das famílias com todos os direitos e obrigações legais. De seguida, apresentou dois opúsculos recém-editados – “CPM-Preparação para o matrimónio”e “CPM-Estrutura, organização e dinâmica”, o primeiro com a função de dar a conhecer ao exterior a metodologia CPM e o segundo virado para os seus agentes com vista a uma informação detalhada que leve a maior unidade na acção.

Houve ainda tempo para falar do site CPM – sua actualização e vida – com o pedido às dioceses para enviarem notícias das suas acções, de modo que todos e nomeadamente os noivos possam ter uma informação exacta e actualizada.

O último dia foi dedicado à eleição do casal Maria de Lurdes e Aires Pereira Barata, da diocese de Lisboa, para presidente nacional no triénio de 2005/2008.

O Conselho veio a encerrar com a Eucarística, culminando dois dias de trabalho, oração e partilha.

Pastoral nas prisões no Mês de MariaMaio foi um mês diferente para os reclusos dos estabelecimentos prisionais de

Leiria. Logo no primeiro domingo, Dia da Mãe, a Eucaristia foi celebrada em honra de Maria e de todas as mães dos reclusos, que foram lembradas e pelas quais se fizeram algumas preces.

Durante o resto do mês, a figura de Maria foi destacada através de algumas dinâmicas promovidas pelo grupo de visitadores dos estabelecimentos prisionais de Leiria – “Os Samaritanos”. Assim, o padre Rui Acácio terços de madeira e dezenas feitas de cordão aos reclusos que participaram na Eucaristia. Além disto, desenvolveu-se uma dinâmica sobre os Mistérios Gozosos do Rosário, com o objectivo de ajudar na descoberta do papel de Maria como mãe de Jesus, na compreensão das respectivas passagens bíblicas e na iniciação à prática da oração através da fórmula simples da Ave-Maria e da recitação do Rosário. Através de uma pedagogia predominantemente testemunhal, “Os Samaritanos” quiseram dar a conhecer que quem encontra Maria está no caminho do seu Filho Jesus Cristo.

Ao longo do mês, os reclusos foram participando com interesse crescente, bem visível através de atitudes e pequenos gestos como a aprendizagem e execução sentida de cânticos marianos. Na última Eucaristia, em forma de encerramento do mês de Maria, todos acolheram com especial apreço um desdobrável ilustrado com as passagens bíblicas dos Mistérios Gozosos, no qual se estabelece uma ponte com a condição humana e a vida quotidiana.

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Apostolado da OraçãoA paróquia dos Pousos, em Leiria, acolheu, no passado dia 11 de Junho, uma

palestra dedicada à história, orgânica e actualidade do Apostolado da Oração (AO), que teve como orador convidado o padre Dário Pedroso. Seis dezenas de pessoas, maioritariamente zeladoras no activo, ficaram mais informadas sobre um movimento laical que tem um historial riquíssimo em Portugal e no mundo, ainda hoje bem vivo em muitas paróquias, mas, infelizmente, adormecido noutras.

O padre Dário Pedroso lembrou que todos os cristãos podem fazer parte do AO e evocou o específico da sua espiritualidade: oferecimento do dia – “vida oferecida com Jesus no altar…” como a gota de água no cálice. Falou igualmente sobre a necessidade da reunião mensal onde se reza, se estudam as intenções do papa e se fala dos assuntos próprios da terra.

O encontro revelou-se enriquecedor e constituirá certamente um valioso contributo para a renovação paroquial e diocesana do movimento do AO.

Encerramento do ano lectivo na Escola Teológica No passado dia 18 de Junho, na Aula Magna do Seminário Diocesano de Leiria,

a Escola Teológica promoveu uma manhã de reflexão sobre temas da actualidade, no contexto do encerramento das actividades do ano. Aberto a todos interessados e no seguimento do instrumento de trabalho, A vida em Cristo, elaborado para os grupos de formação permanente, o encontro foi espaço de reflexão sobre questões concretas que desafiam a compreensão cristã da vida humana (aborto...), da solidariedade social (impostos...) e do amor conjugal (nível físico da relação sexuada...).

Seminário sobre a Instrução Dignitas ConnubiiOrganizado pelo Instituto Superior de Direito Canónico, teve lugar, no Centro

Catequético de Fátima, nos dias 24 e 25 de Junho, um Seminário sobre a Instrução Dignitas Connubii, publicada pelo Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, que contém num só volume todas as normas a observar nos Tribunais Diocesanos e Inter-diocesanos nas causas de nulidade do matrimónio. Tomaram parte cerca de 60 pessoas. Entre juristas e simplesmente interessados, destacava-se uma maioria de advogados e advogadas leigos e um razoável grupo de sacerdotes. Foram oradores convidados os professores Saturino Gomes, director do Instituto Superior de Direito Canónico, José António Gomes Silva Marques e J. J. García Faílde. A iniciativa constituiu uma valiosa divulgação do conteúdo e da importância da Dignitas Connubii, que, mesmo com algumas limitações destacadas por J.J. García Faílde, constitui um precioso Vade Mecum para quem trabalha nos tribunais eclesiásticos.

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Colégio Conciliar de Maria ImaculadaO Colégio Conciliar de Maria Imaculada, de Leiria, foi o vencedor do projecto

PT Escolas, que teve a sua final no recente dia 2 de Julho. Lançado em Abril passado, com a colaboração da RTP, o projecto incluiu um portal on-line e um concurso nacional televisivo destinado a premiar quem pesquisa bem e depressa na Internet. Tendo como destinatários alunos entre os 12 e os 18 anos, envolveu cerca de 1700 escolas de todo o país. O colégio vencedor foi representado por uma equipa designada por Alfa e constituída por cinco estudantes (dois rapazes e três raparigas), entre os 14 e os 16 anos de idade.

A PT investiu cerca de 1,5 milhões de euros no projecto, o que permitiu transformar a escola vencedora em “Escola do Futuro”, ou seja, com equipamento tecnológico de informação: computadores e acesso à banda larga em todas as salas de aula, contas de e-mail e serviço messenger para professores e alunos, em domínio da escola, um portal e uma intranet do estabelecimento de ensino, quadros electrónicos inteligentes, equipamentos para utilização do serviço SMS para contacto entre a escola e os educadores, e quiosques multimédia espalhados pela instituição para consulta. O prémio inclui ainda a instalação gratuita do serviço de acesso à Internet por banda larga em casa dos alunos e dos docentes do Colégio Conciliar de Maria Imaculada.

II Oficinas de Verão da CáritasAs Oficinas de Verão, organizadas pela Cáritas Portuguesa, tiveram a sua

segunda edição em Fátima, entre 4 e 9 de Julho. “Mulher: família e trabalho” e “Doutrina Social da Igreja, hoje” foram os módulos seleccionados que integraram uma vasta área de temáticas co-relacionadas. O primeiro módulo decorreu entre 4 e 6 de Julho e foi orientadora Deolinda Machado que falou da situação da mulher, ontem e hoje, e da família à luz das realidades do nosso tempo, e levou à mesa dos debates questões como a igualdade, discriminação, vida pessoal e familiar, direitos, justiça, entre outros temas relacionados com o mundo do trabalho. António Jorge foi o orientador do segundo módulo que teve lugar de 7 e 9 de Julho. À luz da Doutrina Social da Igreja, abordou variados assuntos, como o trabalho e o desemprego, o fosso norte/sul, ecologia, direitos humanos, globalização e desenvolvimento. A iniciativa, realizada pelo segundo ano consecutivo, revelou-se uma oportunidade privilegiada de formação para uma intervenção social mais eficaz e esclarecida.

Obras do Ano Agostiniano em “CD”No passado dia 12 de Julho, véspera do dia da dedicação da Sé de Leiria, foi

apresentado, nos seus claustros, o CD duplo – Santo Agostinho: O Cantor da sede de Deus – com as obras musicais originais do Ano Agostiniano.

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Com as comemorações que encerraram em finais do ano passado, a diocese de Leiria-Fátima celebrou os 1650 anos do nascimento de Santo Agostinho, seu padroeiro – Bispo e Doutor da Igreja, figura ímpar da cultura ocidental –, de quem João Paulo II dizia que todos, na Igreja e no Ocidente, nos sentimos um pouco discípulos e filhos. Numerosas individualidades de várias áreas (música, teatro, pintura, escultura...) puderam exprimir, na diversidade das suas linguagens e sensibilidades, que “regressar a Santo Agostinho significa sempre peregrinar pelo mistério do homem”.

No campo da música, criaram-se várias obras musicais que agora se apresentam num CD duplo, gravado e produzido pelas edições Paulinas. Um com a cantata “Santo Agostinho - o cantor da sede de Deus”, de António Cartageno. O outro, com três obras diferentes: Summa Augustiniana, de João Santos; Servus Tuus Humilis, de Alberto Roque; e Fecisti nos ad Te, o Deus, de Joaquim Narciso.

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre Ao completar dez anos de presença em Portugal, a Fundação Ajuda à Igreja

que Sofre, inaugurou, no passado dia 13 de Julho, o seu novo espaço em Fátima. Em homenagem ao seu fundador, padre Werenfried van Straaten, e em união com a Igreja do Silêncio, a nova casa, situada na rua Francisco Marto, nº 205, tem por nome “Domus Pater Werenfried”.

No âmbito das comemorações do seu 10º aniversário no nosso país, A Fundação promoveu, também em Fátima, no Centro Catequético das Irmãs Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, um retiro-peregrinação destinado a benfeitores, colaboradores e amigos, orientado por D. Francisco de Mata Mourisca, Bispo de Uije, Angola, sobre os Mártires do Século XX e a Igreja Perseguida.

Criada em 1947 pelo padre Werenfried van Straaten, inspirado na mensagem de Fátima, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre é uma organização universal, dependente da Santa Sé, que apoia projectos pastorais em cerca de 130 países onde a Igreja conhece maiores dificuldades. A defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa, a denúncia dos totalitarismos e do fanatismo religioso, a multiplicação das seitas, e a falta de sacerdotes são, actualmente, as principais áreas da sua acção.

“Projecto ASA 2005”O Grupo Missionário Diocesano de Leiria-Fátima Ondjoyetu realiza a 6ª edição

do “Projecto ASA – Acção Solidária com Angola”, entre 17 de Julho e 14 de Setembro. O mesmo grupo realizou também uma semana de animação missionária na paróquia de Cabeço de Vide, Alto Alentejo, entre 6 e 15 de Agosto. Sobre a acção em Angola, faremos um resumo na próxima edição da revista. Sobre a acção no Alentejo, a voluntária Carla Neves conta-nos na primeira pessoa:

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Sexta-feira, 12 de Agosto. Passava das onze da noite quando chegámos a Cabeço de Vide. À nossa espera estavam os amigos do Ondjoyetu e os colegas de Missão que já tinham ido a seis de Agosto.

A Irmã Nancy tinha anunciado a chegada de quatro novos colegas. A simpatia das gentes desta vila, ao receberem-nos, foi marcante. Nunca esquecerei o carinho e a generosidade das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus que nos alojaram. Enfim, senti-me em casa.

Durante os dias em que lá ficámos, várias foram as actividades que realizámos, desde visitas aos doentes da Santa Casa da Misericórdia, à animação nas Termas, onde falámos da nossa Missão, distribuímos revistas, jornais e terços. Devo referir que, inicialmente, temi a reacção das pessoas mas, surpreenderam-me pela positiva. Queriam saber a origem do grupo e o que nos levou a seguir este caminho!

Inicialmente, os habitantes da terra pareciam ter dificuldades em expressar a sua fé, mas no dia do terço, à noite, seguido de procissão, fiquei maravilhada ao reparar como todos queriam enfeitar a imagem da Nossa Senhora de Fátima que o nosso grupo levou e com o respeito e serenidade com que toda a celebração decorreu.

O largo da vila, em frente à casa das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, foi o local escolhido para a animação nocturna. Lá, dançámos e cantámos, acompanhados da viola, do órgão e do jambé (instrumentos tocados pelos elementos do grupo), e, no último dia, projectámos as fotos que tirámos ao longo da Missão.

Trouxe Cabeço de Vide na memória e no coração. Esta curta Missão ensinou-me que: Não adianta possuir o sol, se não somos capazes de o dar; e os melhores momentos, são aqueles em que fazemos felizes os outros.

Leigos Voluntários Dehoneanos No passado dia 19 de Julho, partiu para Moçambique, por um período de

um ano, João José Pereira da Silva Antunes, residente na Gândara dos Olivais, paróquia dos Marrazes, inscrito na Associação de Leigos Voluntários Dehoneanos (ALVD), dos Sacerdotes do Coração de Jesus, também conhecidos por Missionários Dehoneanos.

A ALVD desenvolve actualmente um projecto de apoio ao Centro Polivalente Leão Dehon – Fundador dos Dehoneanos – e à Escola Básica Industrial do Guruè. Está em causa uma série de pequenos projectos que se vêm desenvolvendo nos últimos cinco anos, entre os quais a criação da Biblioteca e dos Laboratórios de Electricidade e de Físico-Química para apoio das aulas teóricas e práticas da Escola Básica Industrial do Gurúè, nos cursos de Electricidade Geral, Serralharia-Mecânica e Mecânica-Auto. O principal objectivo é garantir a continuidade da formação dos alunos consolidando o ensino na Escola, nomeadamente através da preparação de funcionários do Centro que, no próximo ano, já possam trabalhar autonomamente, e do melhoramento da qualidade da Biblioteca da Escola e sua potenciação com

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a presença de um professor que acompanhe os alunos nas consultas. O projecto compreende ainda um curso de informática para os funcionários do armazém, acções de formação ao nível da educação, higiene e segurança, e promoção da dignidade humana, assim como o impulso ao conhecimento e valorização dos recursos locais.

Encontro de Pastoral LitúrgicaO Secretariado Nacional de Liturgia realizou o 31º Encontro Nacional de Pastoral

Litúrgica, nos dias 25 a 29 de Julho, em Fátima, dedicado ao tema “A Eucaristia, vida da Igreja”. A consideração de que “a Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja”, foi motivo para o aprofundamento deste Sacramento como centro da vida cristã. As celebrações são a maior revelação do Mistério escondido e a Liturgia, primeiro ministério da Igreja e seu rosto mais visível, é linguagem e arte que se aprende e entende na escola da Igreja em oração. Assim, a formação teórica e prática dos agentes da pastoral litúrgica foi o grande objectivo deste Encontro Nacional, que não descurou alguns sectores – Escola de Ministérios – destinados a presidentes, acólitos, leitores, ministros extraordinários da comunhão e cantores.

Festa da Padroeira da cidade de Leiria15 de Agosto, solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria,

associada definitivamente, em corpo e alma à glória do seu Filho. A Confraria de Nossa Senhora da Encarnação convidou todos os devotos a subirem ao Santuário desta invocação, para celebrar o triunfo de Maria. Celebrada solenemente em todo o mundo católico, esta é a festa da Cidade de Leiria à sua Padroeira. Ao termo de um tríduo preparatório, os festejos anunciaram-se na manhã do dia 15 com o desfile da Filarmónica dos Pousos. Durante a tarde, às 15h00, na igreja de Nossa Senhora da Encarnação, teve lugar a solene celebração Eucarística. Pelas 16h30, a mesma Filarmónica, em concerto, animou o convívio de quantos haviam rumado ao monte. Ao terminar o dia, às 21h00, na Igreja de Santo Agostinho, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo da Diocese, presidia à Eucaristia e à procissão de velas que depois se encaminhou para o Santuário onde teve lugar o acto final de Consagração dos presentes e da Cidade a Nossa Senhora.

Curso de Missiologia em FátimaDe 22 e 27 de Agosto, no Centro Missionário Allamano (Missionários da

Consolata), em Fátima, decorreu um Curso de Missiologia promovido pelos Institutos Missionários ad gentes (IMAG) em Portugal e com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias (OMP). Trata-se de ma formação estruturada, com temas

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básicos da Missiologia, como Bíblia, História, Espiritualidade e Metodologia, endereçada a todos os que se interessam pela Missão, e que pretende ajudar a colmatar a manifesta falta de espaço nos centros de estudo da Igreja para a missão ad gentes. Irá prosseguir sob a forma de curso de dois anos, em sistema cíclico que permitira o ingresso dos alunos em qualquer início lectivo. Foram tratados os temas correspondentes ao 2.º ano do ciclo bienal: “São Paulo como modelo missionário”; “Repensamento pós-conciliar da missão”; “A Evangelização e as religiões - ecumenismo e o diálogo inter-religioso”; “A Mulher discípula e apóstola (figuras de missionárias)”.

“Compêndio do Catecismo da Igreja Católica”Editado pela Gráfica de Coimbra, está disponível, desde Agosto, a edição

portuguesa do “Compêndio do Catecismo da Igreja Católica”. Aprovada pelo Papa Bento XVI, esta síntese oficial do “Catecismo da Igreja Católica”, com os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, destina-se a crentes e não crentes, para que tenham acesso mais fácil ao inteiro panorama da fé católica. A versão portuguesa conta também com um formato de bolso, mais cómodo e económico, que não altera a disposição gráfica.

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O Bispo HojeHomilia na ordenação episcopal de D. Anacleto Gonçalves

Recordo que em 1954 o cardeal Spellman foi a Roma fazer uma conferência. Eu estava lá. Falou cinco minutos, e mandou distribuir um texto em diversas línguas.

Em dia festivo de ordenação episcopal, com tanta gente mal acomodada, entendi escrever um apontamento, que cada um poderá ler oportunamente, com mais atenção. É rica a história e é basta a bibliografia sobre a missão dos Bispos, “Sucessores dos Apóstolos”. Porque os Destinatários desta nota não são os Bispos, limito-me a transcrever um simples parágrafo do Directório do Ministério Pastoral dos Bispos (DMPB, 22-02-2004).

O Directório tem 246 números e a primeira parte do número dois diz o seguinte: “Algumas imagens vivas do Bispo, tiradas da Escritura e da Tradição da Igreja, a saber, de pastor, pescador, pai, irmão, amigo, portador de conforto, servidor, mestre, homem forte e sacramento de bondade, apontam para Jesus Cristo, e mostram o Bispo como homem de fé e de discernimento, de esperança e de empenho real, de indulgência (mitezza) e de comunhão. Tais imagens indicam que entrar na sucessão apostólica significa entrar no combate pelo Evangelho”.

Este breve e belo texto condensa e determina as coordenadas vitais da identidade e da missão do Bispo.

Ao assinalar os traços bíblicos e eclesiológicos, não se aborda, nem desconhece, as diversas figuras do Bispo na arte e na literatura, nem são inventariados os reflexos, com luzes e sombras, que vai projectando historicamente na opinião pública, e menos ainda o uso da palavra, porventura abusivo, que aparece na linguagem corrente, por exemplo a propósito do esturro ou do jogo do xadrez…

O breve texto do Directório, acima transcrito, pressupõe o “conhecimento” do mistério de Cristo na Sua Igreja. De facto, é à luz do mistério de Cristo, Pastor e Bispo das almas (cfr. 1 Pe 2, 25) que o Bispo compreenderá sempre mais profundamente o mistério da Igreja” (DMPB, l).

O Bispo é, pois, o “Vigário” (LG 27) d’Aquele que é o grande e único “Pastor das ovelhas” (Hb 13, 20). E assim a sua identidade e a sua missão é consagrar-se e assemelhar-se, na vida e no ministério, a Cristo, “que veio para dar a vida e fazer de todos os homens uma só família, reconciliada no amor do Pai” (DMPB, 1).

“Sucessor dos Apóstolos”, o Bispo de hoje continua a ser o elo sacramental da grande Família cristã e o porta-voz do Salvador, também para os gentios.

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Considerando, apenas, as dez características do Bispo; que se encontram na Bíblia e na Tradição, poderemos sumariar assim:

1. No nosso tempo de grandes cidades e auto-estradas, quase não vemos, ao vivo, os pastores e os rebanhos, nos campos e nos montes. Teremos imagens de pinturas e da televisão, que nos dão a ideia de um conjunto de seres e de alguém que conduz. O pastor é dirigente ou condutor. Por exemplo, Ezequiel “profetiza contra os pastores de Israel” (34). Em todo o médio oriente usava-se a palavra “pastor” para significar também o chefe de um povo ou de um grupo. Por sua vez, o próprio Cristo apresentou-se como o “bom Pastor” (Mt 9, 36), e constituiu Pedro e os outros Apóstolos pastores da Sua “Ecclesia” (cfr. Jo 21, 15-18). O Papa e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, têm colaboradores ordenados sacramentalmente. Por isso, dizemos que são pastores de pastores e ao mesmo tempo servos de servos...

Neste grande dia de nova ordenação episcopal, recordamos com saudade João Paulo II, rezamos pelo novo Papa, e eu próprio presto homenagem aos meus predecessores nesta Igreja particular, porção da Igreja universal, agradeço a todos os Sacerdotes que exercem o ministério pastoral nesta Diocese, e todos fazemos votos e empenho para que haja, quanto antes, “um só rebanho e um só Pastor” (Jo 10, 16).

2. Pescador. Cristo, chamando Pedro, mudou-lhe o nome (Jo 1, 42) e anunciou que de futuro seria “pescador de homens” (Lc 5, 11), como já lhe tinha dito e ao seu irmão André: “Eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4, 20). Trata-se, é óbvio, de uma tarefa mais difícil, que é lidar com homens, um a um, olhos nos olhos, na convergência para a unidade incorrupta, de uma rede que não se rompe.

O pastor de ovelhas que se tresmalham é também “pescador” de pecadores que recalcitram. Nos muitos rios e diversos mares da vida, todos pensamos, em voz alta, nas obrigações de testemunhar e de evangelizar, em sentido missionário e ecuménico. Todos os cristãos, no mesmo Barco, devem fazer comunhão. O Bispo é pescador e timoneiro.

3. Pai. Todo o sacerdote, esteja na aldeia ou na cadeira de S. Pedro, é Padre. Poderemos acrescentar que o Bispo é Pai e Mãe. Tendo renunciado à paternidade biológica, é Pai de milhares de filhos na Igreja particular e muitos milhões na Igreja sem fronteiras e sem barreiras. Constatamos que muitos desses filhos são rebeldes e pródigos, ou de outros redis e casas. Mas a paciente esperança e a diligente benignidade pastorais e paternais saberão procurar tresmalhados e chamar quantos noutro redil buscam o verdadeiro Pastor (Jo 10, 16).

Cristo é o farol e o caminho. Logo depois de ressuscitado diz à Madalena: “Vai dizer aos meus irmãos que eu vou subir para o meu Pai e vosso Pai” (Jo 20,17). Fazendo-se irmão, deseja que os Seus ministros sejam também Pais e Irmãos, na caminhada permanente para a casa do Pai comum.

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4. Irmão. É bom repetir que o Bispo tem muitos filhos, que também são seus irmãos, qualquer que seja a idade. Se “todo aquele que faz a vontade do Pai, é irmão e irmã” (Mt 12, 50), o pecador ou inimigo não deixa de ser irmão e requer atenção especial. Todos formamos uma grande família plural, em que Cristo é “o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29). Todos compreenderão, e todos desejam, que o Bispo, não fazendo acepção de pessoas, priorize os mais afastados e lubrifique o vínculo especial com o colégio episcopal e com a sua família sacerdotal.

5. Amigo. Ninguém duvide que o Bispo será motor e modelo de amizade. Não uma amizade de ocasião ou de passagem, mas, como se diz, do peito ou do coração. O Bispo sabe que não é chefe de empresa ou funcionário. E os outros? O Bispo mostrará que tudo quanto faz é iluminado pelo amor e motivado pelo zelo apostólico. A amizade episcopal será sacramento de perdão e de paz.

6. Consolador. Aliviar a dor e a esperança é missão do Bispo. Consolar o triste e aflito e consolidar a fé do dubitativo ou errante está na linha da frente do plano do Pastor, que tem muitas solicitações e oportunidades em geral, e especialmente, sem esquecer a família de sangue, com os colaboradores mais próximos que são sacerdotes e diáconos... O DMPB fala de “portador de conforto” para sublinhar a imperecível solicitude do Pai que ama os seus filhos e irmãos.

7. Servidor. Diz a sabedoria que quem não vive para servir quase não serve para viver... Esta regra geral, que é um imperativo ou súmula de todos os mandamentos, ganha mais força na pessoa/missão do Bispo, que se consagrou ao serviço de Cristo e da Sua Igreja (Mt 20, 27).

Para quê exemplos? Bastará pensar no “lava-pés”, como sinal, e escutar bem a recomendação de “não servir a dois senhores” (Mt 6, 24), o que exige verdade e manifesta alegria. Em consequência, a recompensa é iluminada, com valor acrescentado, pelas palavras do próprio Cristo, que nos manda concluir: “Somos servos inúteis, pois só fizemos o que devíamos” (Lc 17, 10).

8. Mestre. Sabemos e dizemos que só Cristo é Mestre e Senhor. Mas também podemos e devemos dizer que o Bispo, Seu Ministro, está investido num poder de agir “in persona Christi” e mandatado para exercer um ministério que é também magistério. A missão profética, em todo o tempo e lugar, é prioritária, por palavras e por obras (verba et opera, como diz o lema do bispo de Leiria-Fátima)...

Serão diferentes os meios (electrónicos ou de cultura), porém a mensagem é sempre a mesma, e a prevenção de não ser “frei Tomás” fala porventura mais alto.

9. Forte. O DMPB diz que o Bispo é, ou deve ser, “homem forte”. A fortaleza, dom do Espírito e virtude cardeal, marca e sustém o ministro de Cristo, em qualquer

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dos três graus do sacramento da Ordem, mas terá o reforço da graça de estado para o Bispo. É S. Paulo quem lembra que Cristo “é a força e a sabedoria” (1 Cor 1, 24), e por isso o mesmo Bispo “tudo pode n’Aquele que dá força” (Fil 4, 13). A conjugação da mansidão e da fortaleza dá luz e paz.

10. Bom. Finalmente o DMPB diz que uma das dez imagens do Bispo é ser “sacramentum bonitatis”, ou sinal que manifesta e comunica a bondade, que é dom e fruto do Espírito Santo. Assim enumera S. Paulo: “É este o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio; contra tais coisas não há lei” (Gal 5, 22-23).

Terminarei esta série de traços para o “perfil episcopal”, lembrando que na minha ordenação recebi um belo poster que diz: se é bom ser importante, é mais importante ser bom!

Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira (17-07-1946), ordenado presbítero em 15-08-1970 na igreja catedral de Leiria, doutorado em Sagrada Escritura, exerceu diversas funções pastorais na diocese de Leiria-Fátima e foi nomeado (4-02-2005) Bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa com o título de Acquae Flaviae, Chaves, diocese extinta no século V e que foi título do seu antecessor imediato nas terras do Oeste no Patriarcado de Lisboa. O Sr. D. Anacleto escolheu como lema do seu episcopado uma frase extraída do diálogo de Cristo com os seus Apóstolos, em Cafarnaúm: “Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o servo de todos” (Mc 9, 35).

Servo de todos ou “escravo de todos” foi a tradução que D. Anacleto preferiu para as suas “armas”. Na Nova Vulgata diz-se “omnium minister”, que significa “servidor de todos”.

É uma grande promessa. É uma mensagem evangélica. É um programa de vida.Se Maria disse “Eis a escrava do Senhor”, rezo para que cada Bispo possa dizer,

por palavras e por obras, a toda a gente: estou verdadeiramente ao vosso serviço. Concluindo, poderemos ainda observar que as palavras servo, servente, servidor e escravo são afins, mas não rigorosamente sinónimas; de qualquer modo, todas elas contêm três letras do verbo e do substantivo SER.

Irmão Anacleto, que continues a ser, cada vez mais e melhor, servo e ministro de Cristo, ao serviço do povo de Deus.

Em comunhão com o Papa Bento XVI, com a Conferência Episcopal Portuguesa e com toda a Igreja, que sejas uma bênção de graça para o mundo. Que Nossa Senhora de, Fátima e Santo Agostinho te protejam. Amen!

Fátima, 24 de Abril de 2005.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva,

Bispo de Leiria-Fátima

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Porto de Mós – 700 anos do foralExortação de S. Pedro aos cristãos, aos seus devotos e aos cidadãos do concelho

de Porto de Mós, na festa do Padroeiro e na celebração dos 700 anos do Foral:

Caríssimos, Sei que estais a celebrar uma festa em minha honra e a comemorar um aniversário

muito significativo da história do vosso Concelho: 700 anos da concessão do foral, no longínquo ano de 1305. Parabéns por estas ocorrências felizes! Da glória celeste, junto de Deus, também eu me associo a vós para partilhar da vossa alegria nesta solene ocasião. Possa esta celebração encher a vossa alma com o dom de Cristo e coroar a vossa satisfação!

Durante esta quadra festiva, durante vários dias, quisestes levar a minha imagem de igreja em igreja, paróquia a paróquia, por todo o Concelho, honrando-me com os vossos actos de homenagem e invocando a minha intercessão, para obter do Pai Santo, de seu Filho Jesus e do Espírito Santo as bênçãos divinas sobre vós, as vossas famílias, as autoridades, as instituições e todo o nobre Concelho da Vila Forte. Podeis estar certos da minha benevolência para convosco e de que esta iniciativa contribuiu para unir mais todas as freguesias do concelho!

Agora, escutai algumas palavras que escrevi aos cristãos da primeira geração, na minha primeira carta (cf. 1 Pe 2, 11-17; 3,8-17; 4,8-11; 5,14), e que hoje actualizo para vós, nesta celebração festiva:

- Exorto-vos, como estrangeiros e peregrinos sobre a terra, a abster-vos dos desejos carnais desordenados, que combatem contra a alma, a esvaziam e vos conduzem à degradação da vossa grande dignidade de pessoas humanas e filhos de Deus; vós, cristãos mais convictos e também os outros mais alheios da vivência fé, tende um bom comportamento no meio dos outros homens, de modo que, quando alguns vos acusarem de malfeitores e hipócritas, devido à vossa fidelidade aos princípios morais cristãos e à defesa intransigente do respeito por toda a vida humana desde a sua origem, observando melhor as vossas boas obras, eles venham a dar glória a Deus no dia da Sua visita às suas vidas, isto é, quando conhecerem a Verdade.

Sede cooperadores com todas as legítimas autoridades do Estado, da Igreja e das Autarquias e obedecei-lhe, por amor do Senhor. Reconhecei a nobreza do serviço que prestam ao bem comum dos cidadãos, promovendo e honrando o bem e punindo os malfeitores. É esta a vontade de Deus: que fazendo o bem, façais calar a ignorância dos insensatos, daqueles que se limitam a criticar e a dizer mal, mas nada fazem pelo bem de todos, dos que sabem sempre como se devia fazer, mas nunca põem as mãos ao trabalho para construir qualquer coisa de útil para todos. Actuai como homens livres, não como aqueles que fazem da liberdade um pretexto para

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a maldade, mas como servos de Deus. Respeitai a todos, amai os irmãos, confiai em Deus, reconhecei as vossas autoridades e obedecei às leis justas, criticando e promovendo a mudança das que o não são.

Comunicai uns aos outros os vossos pensamentos, procurando a concórdia e a convergência em projectos para o bem de todos. Tende entre vós o mesmo sentimento, o amor de irmãos, a misericórdia e a humildade. Afastai toda a arrogância em relação aos vossos próximos. Não pagueis o mal com o mal, nem o insulto com o insulto; pelo contrário, respondei com palavras de bênção, pois a isto fostes chamados, a herdar uma bênção, isto é, a fazerdes parte do Reino eterno. Na verdade, quem quer amar a vida e ver dias felizes, refreie a sua língua do mal e os seus lábios de palavras enganosas; afaste-se do mal e faça o bem, procure a paz e siga-a, porque os olhos do Senhor fixam-se nos justos e os ouvidos do Senhor estão atentos às suas súplicas; mas o seu rosto volta-se contra os que fazem o mal.

E quem vos poderá fazer mal, se fordes zelosos em praticar o bem? Mas, se tiverdes de sofrer por causa da justiça, felizes de vós! Não temais as ameaças dos que não suportam a vossa vida honesta, fiel e solidária nem vos perturbeis, mas, no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito, mantende limpa a consciência, de modo que os que caluniam a vossa boa conduta em Cristo sejam confundidos, naquilo mesmo em que dizem mal de vós. Melhor é sofrer por fazer o bem, se é essa a vontade de Deus, do que por fazer o mal.

Acima de tudo, mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor evangélico cobre a multidão de pecados. Exercei a hospitalidade uns com os outros, sem queixas. Acolhei também quem vos visita, por motivos de amizade ou de turismo, e os que desejam trabalhar nas vossas empresas ou onde há necessidade. Como bons administradores das várias graças de Deus, cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu. Se alguém fala, sejam as suas palavras como sabedoria que vem de Deus; se alguém desempenha um serviço de autoridade (política, administrativa, judicial, de segurança, pastoral ou outra) seja pela virtude e sentido de serviço que Deus lhe concede; para que em todas as coisas seja Deus glorificado, por Jesus Cristo, e, com o contributo de cada cidadão, seja edificada, neste Concelho e em todo o país, uma sociedade desenvolvida, justa e fraterna, para bem e alegria de todos os seus membros.

Caríssimos fiéis cristãos e meus amados devotos, é esta a mensagem que vos deixo nesta ocasião solene. Acolhei-a nos corações e ponde-a em prática nas vossas vidas. Desta forma, sereis seguramente mais felizes e Porto de Mós terá um futuro longo e admirável. Paz a todos vós que estás em Cristo e a cada um dos cidadãos deste Concelho. Ámen.

Porto de Mós, 3 de Julho de 2005P. Jorge Manuel Faria Guarda

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800 anos depois…

Em 17 de Novembro de 1206, em S. João de Latrão, Inocêncio III, ordenava a Raul de Fontfroide, seu legado, que fizesse aprovar os pregadores apostólicos, incumbindo-os da pregação, em especial, na Província de Narbonne, região povoada de heréticos que faziam periclitar o modelo espiritual e apostólico da Igreja romana.

Entre esses pregadores, agigantou-se a figura de Domingos de Caleruega, incumbido de pregar o Evangelho vivendo-o, anunciando-o, imitando a Cristo na sua pobreza, procurando sarar as feridas que os movimentos heréticos, em especial os albingenses, que então proliferavam um pouco por toda a Europa, mas mais em especial nas regiões das actuais do Sul da França e do Norte de Itália, tinham aberto na Cristandade ocidental. A missão era muito espinhosa e vira já soçobrarem as tentativas protagonizadas por alguns abades cistercienses. Mas Domingos, cónego da Sé de Osma, verdadeiramente inspirado e possuidor de uma sólida formação teológico-evangélica, pela palavra e pelo exemplo, soube ser semente de conversão e instrumento fecundo e eficaz dessa recondução dos Povos ao Evangelho.

Descobrindo-se como pregador itinerante e mendicante, o futuro S. Domingos dá início, em 1206, a uma obra apostólica de profundo impacto em toda a Igreja. Prosseguindo, quase sozinho, no ofício da pregação mendicante junto dos heréticos, virá a instituir uma casa conventual feminina em Prouille, em 1207, passando depois a Toulouse, onde trabalha intensamente na missão de conversão dos hereges, entre 1209 e 1211. Em Toulouse, Domingos funda uma comunidade de irmãos a ele ligados por profissão, caracterizados pelo objectivo de pregarem por toda a parte, a pé e como pobres entre os pobres, a palavra e a verdade evangélicas.

O ano de 1206 tem, como vemos, um significado relevante naquela que viria a ser a Ordem dos Pregadores. 1206 marca, verdadeiramente, o início inspirado de uma história de homens de pregação e de Fé que completará, em 2006, venerandos oitocentos anos. Posto que esta Ordem dos Pregadores tenha recebido aprovação canónica somente em 1215, e, depois, viesse a obter o privilégio pontifício de confirmação em 22 de Dezembro de 1216, bem assim a confirmação no nome e no ofício em 21 de Janeiro de 1217, a verdade é que o ano de 1206 marca a puerícia daquela que viria a ser, com os Franciscanos, uma das Ordens religiosas mais profundamente motivadoras e animadoras da Cristandade, em geral, e da Igreja Católica, em particular.

É bem conhecido o impacto desta Ordem na História de Portugal, nem sempre olhado, facto de onde derivam algumas ideias erróneas, com a absoluta verdade e objectividade que o estudo do passado exige. Ao seu conhecimento científico dedicaram as suas vidas de estudiosos homens de profunda cultura, recentemente

Reflexões

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falecidos, como o foram Fr. Raul Rolo e Fr. António do Rosário, cuja memória não será nunca excessivo enaltecer.

A Diocese de Leiria-Fátima conta hoje com um dos mais belos mosteiros góticos de toda a Europa, a Batalha, berço de muitos Dominicanos ilustres e escola de grandes vultos na teologia portuguesa moderna. Nela cursou, aliás, o poeta Francisco Rodrigues Lobo e outros nomes menos conhecidos da ribalta dos grandes da História. No desaparecido Convento de Santa Ana de Leiria, fundado em 1494, viveram muitas gerações de monjas contemplativas e fidalgas, marcando profundamente a história da cidade do Lis. Foram esses Dominicanos que introduziram, entre nós, a devoção do Sagrado Rosário, fundando e acompanhando, por toda a parte confrarias e irmandades dedicadas a tal mistério. Já no século XX, são várias as casas do hábito de S. Domingos que se estabeleceram na Diocese, devendo destacar-se as seguidoras da Venerável Teresa de Saldanha, debaixo da invocação de Santa Catarina de Sena, e o Convento dos Padres Dominicanos de Fátima, entre outras fundações.

Em 1994, a Câmara Municipal de Leiria inaugurou um pequeno memorial no sítio onde, outrora, ficava a igreja do Convento de Santa Ana da cidade. Retirado recentemente, aguarda-se a sua recolocação condigna, a qual contribuirá para uma Leiria com mais memória e identidade tanto espiritual como histórica.

Finalmente, formulamos votos em ordem a que a data centenária que motiva este artigo, não passe em branco e mereça, especialmente por parte daqueles que são os mais directos e próximos herdeiros do espírito de S. Domingos, a devida comemoração.

Saul António Gomes