21
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | …alma/gefac/50anos/2005_ADN/02..pdf · Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra NIF 501 507 914 ... Serralharia Carlos

Embed Size (px)

Citation preview

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

ENTIDADE PROPONENTEGrupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra

NIF 501 507 914

MORADAPaços da Academia, 3000-115 Coimbra

TEL/ FAX+351 239 826094

E [email protected]

DIRECÇÃO

Presidente Filipe Alexandre Ferreira Balão

Vice- Presidente Sílvia Miguel Franklin Marques

1º TesoureiroCatarina de Almeida Gouveia Oliveira Alves

2º TesoureiroJoão Carmelo Geraldes

SecretárioTiago Daniel Costa Pina

SecretárioJoana Pereira Félix Dourado

SecretárioVasco Miguel Mendonça Nogueira

CONSELHO ARTÌSTICO

Adérito Martins AraújoCarlos Fernando Almeida GriloJoão Francisco Aguiar da Costa FongVera Maria Martins Felício

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

O Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) é fundado

como Organismo Autónomo da Associação Académica de Coimbra, em

1966, com o propósito de recolher, analisar e interpretar as manifestações

culturais, individuais e colectivas, das populações rurais nas suas diversas

vertentes: cantares, música instrumental, danças, teatro, usos e costumes,

tendo desenvolvido, desde a sua fundação, um exaustivo trabalho de

recolha, tratamento e divulgação das manifestações tradicionais portuguesas.

O GEFAC utiliza as manifestações populares numa perspectiva criativa,

principalmente, nos ajustamentos aos aspectos cénicos, que permitem produzir um

espectáculo globalizante, não tanto empenhado em demarcar regiões, mas sim em

acentuar o sentir que provocou o aparecimento das manifestações. Os espectáculos

gerais realizados pelo grupo, como o último A Água Dorme de Noite, são exemplo

do tipo de espectáculos que se têm vindo a fazer ao longo de 40 anos de actividade.

Realmente, neste esforço de divulgação, o GEFAC já apresentou cerca de

800 espectáculos, quer no país quer no estrangeiro, bem como, realizou

várias gravações para algumas televisões europeias. De salientar, no seu

percurso criativo, a institucionalização, há 28 anos, das Jornadas de Cultura

Popular - uma reacultura popular, quer através de colóquios e mesas--

redondas, como também pela realização de exposições, de espectáculos

de grupos portugueses e estrangeiros, manifestações de rua, etc.

Apresentação GEFAC

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFACPROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Enquadramento do projecto

O Espectáculo "Água Dorme de Noite" procura trabalhar as manifestações da

cultura popular numa perspectiva criativa, conjugando dança, música, teatro e

vídeo; explorando o imaginário subjacente à cultura popular como as crenças,

rituais e superstições que estão na origem dessas manifestações. Deste modo,

a opção por colocar em palco simultaneamente as várias componentes deste

espectáculo transforma-o numa experiência multi-sensorial; conjugando

a dinâmica visual e expressiva das danças populares com um "mise en

scene" teatral que visita os lugares e ritos populares, integrando também a

dimensão da dramatização sonora através da interpretação musical in loco.

O projecto do dvd surge, pois, pela necessidade de adquirir um registo visual do

espectáculo que julgamos ser o meio adequado, por um lado, para o preservar como

espólio artístico e humano do Gefac e, por outro lado, permitir a divulgação ao público

em geral promovendo e enriquecendo a cultura etnográfica portuguesa. Assim, para

além da gravação do espectáculo ao vivo propõe-se também a inclusão de conteúdos

adicionais relacionados, não só com a concepção do espectáculo, mas também com

o contexto e campos de investigação onde o GEFAC tem desenvolvido o seu trabalho.

OBJECTIVOS

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

ÁGUA DORME DE NOITE ADN

O projecto de dvd contemplará os seguintes trabalhos:

1- Gravação vídeo integral do espectáculo "Água Dorme de Noite", mantendo a

estrutura do espectáculo ao vivo, devendo o trabalho de edição salvaguardar a

sequência cénica do guião e opções técnicas de encenação

2- Gravação vídeo de entrevistas e filmagens variadas que se encontrem adequadas,

direccionadas aos conteúdos adicionais do dvd

3- Gravação audio da trilha sonora do espectáculo

4- Edição dos conteúdos registados e produção dos menus do dvd

O projecto do dvd contemplará os seguintes conteúdos:

1- Espectáculo "Água Dorme de Noite"

1.1- O ADN por capítulos

2- Menu opções

2.1- Entrevistas com os criadores do ADN; testemunhos explicativos dos conteúdos

do espectáculo acompanhados por filmagens de bastidores e apresentação das

actividades desenvolvidas pelo Gefac.

2.2- Playlist das músicas utilizadas no espectáculo

DESCRIÇÂO DE TAREFAS

Caracterização do Projecto

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFACPROPROPROPROPROPROP JECJECJECJECJECECCJ TO TO TO TO TO TOTO DVDDVDDVDDVDVDDVDDVDVDV | | | | | | EspEspEspEspEspE pspectectectectectecte te tácuácuácuácuácuácucuácuáácuulo lo lo lo loloolo ÁGUÁGUÁGUÁGUÁGUÁGUÁGUÁGUUÁGUÁGÁGUUÁ UÁ A DA DA DA DA DA DA DA DDDDA DA DDDDA DA OOORMORMORMORMORMORMOORMORMRMORMOOROROOOOOOO E DE DE DE DE DE DEE DE NE NE NE NE NNNEE NNOITOITOITOITOITOITOO E |E |E |E |E |E | GE GE GE GE GE GEGEGEFACFACFACFACFACFACC

FICHA TÉCNICA

Textos Tradição popular e Raul Brandão | Concepção Artística GEFAC | Concepção Musical GEFAC e Quine | Vídeo Nuno Patinho | Imagens O Povo que Canta | Desenho de Luz GEFAC e Gilberto Pereira | Cabeçudos GEFAC e Delphim Miranda |

Carpintaria Laurindo Fonseca | Serralharia Carlos BatistaConfecção Celeste Marques | Produção GEFAC

As noites de S. João Baptista estão envoltas em rituais, crenças e superstições,

momentos em que o religioso e o pagão se cruzam numa entidade popular indefinível.

O mote foi a água. A partir dessa ideia voltámos atrás, tentámos reencontrar

os segredos, as histórias que emanam da fonte e que correm até ao mar.

Este é um espectáculo circular, como a água e a história de todos nós.

Uma noite de S. João Baptista permaneceu na memória de um rapaz como um sonho.

A passagem da idade adolescente para a idade adulta é motivo de festa comunitária.

Assim se cumpre a passagem de testemunho, as esperanças comuns, os direitos

e os deveres, a herança e o devir dessa comunidade. Ele será a personificação

do novo homem: sujeito ao tempo, reflexo do passado. Mas este novo homem

é também o espelho de um novo ciclo, com os seus medos, os seus caprichos,

as suas próprias esperanças, que passam muitas vezes pelo ficar ou pelo partir.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Aos poucos... aos goles.

Contar histórias à volta de uma mesa é um hábito que permanece até aos nossos dias.

Histórias do dia, histórias dos outros, histórias que são verdade e histórias que de

verdade têm pouco. Os serões parecem mais pequenos quando a língua de alguém

se transforma em livro ou anedotário ambulante. Ouvir e saber ouvir é a preservação

de um ancestral conhecimento humano, que permite a continuidade da cultura oral.

Uma noite de S. João Baptista permaneceu na memória como um sonho. A história é

um ciclo. E esta começa no seio de uma comunidade que se encarrega de administrar

o baptismo pagão a um rapaz, através do divino vinho, marcando a transição da idade

adolescente para a idade adulta. Assim, cumpre-se a passagem de testemunho, as

esperanças comuns, os direitos e os deveres, a herança e o devir dessa comunidade.

O rapaz recebe a água do povo, da cor do sangue, o sangue do vinho, tornando-se

o novo homem. Estatelado entre o que os olhos deixam ver e o que os sentidos

deixam sentir, o ritual de iniciação culmina com dionísiacas músicas, numa festa em

que todos participam. São corpos, mãos, braços, frenéticos corrupios, turbulentos

passos, cores garridas de trajes que desmaiam na retina, gritos e risos, aquele rosto

e aqueles olhares que se transformam, de repente, em silêncio, sonho e pesadelo.

Nestas noites de S. João Baptista, esses medos adquirem várias formas, revelam-

se tanto interior, como exteriormente: a natureza fixa o olhar em nós, abafando

a nossa sobranceria, testando-nos. É o oculto que nos turva os olhos sempre

que tentamos desvendá-lo: a própria aldeia, vila, lugarejo ou cidade cosmopolita

mantêm esses medos no dobrar de uma esquina, num candeeiro público apagado,

na casa abandonada, na árvore, no adro da igreja ou na praça silenciosa.

O feminino rosto, que nos acorda na noite, mesmo que fisicamente atraente, o

sussurrar cândido das mouras encantadas ou os cheiros fortes dos caldeirões

das bruxas desgrenhadas provocam o arrepio da morte. Os medos de uma

escuridão interior habitam em nós. É isso que nos faz sentir homens, num ciclo

ancestral ligado ao céu e à terra. Se podem, efectivamente, cair do céu os bens

de que o homem necessita, também a ausência deles provoca iras e contendas

humanas. Da terra nasce o trabalho, condição necessária para criar alguma coisa.

O calor do pico do sol, sobre um corpo teso, transformado num estilizado arado,

rasga o solo, revolvendo as suas entranhas, consumindo a sua força primordial.

Nessa jornada de suor e cansaço há, no entanto, a alegria de ser

Processo criativo

ÁGUA DORME DE NOITE ADN

Apresentação do Espectáculo

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

mais do que se é, desejo íntimo de se ser um deus na terra. O que

é que pode nascer de uma terra seca, semeada por um corpo seco?

O valor da água no contexto agrícola é fundamental. Sem ela a aridez

impregna-se na pele, roendo a fome e a má sorte. Sozinhos, de pé, a manga

de camisa limpando o horizonte que se fecha a cada ardente pingo de

suor, ressuscitamos a música do alento, do eterno continuar, do peso da

esperança de que a terra não seja tão caprichosa e aleatória como o céu.

Mas nem só do céu ou da terra o Homem se pode queixar. Há ainda os

caprichos de cada um: a ideia de posse, o orgulho, a raiva e a necessidade

de respeito pelos valores comunitários. E, quando alguém pisa o risco

da ordem natural das coisas, é a própria comunidade que o restabelece.

Segue-se a calma no lavar dos rostos, o cansaço dos braços reflectidos na

água, o olhar a perscrutar no fundo do rio, o corpo da moça que se viu na

festa. Na água o seu rosto, naquela árvore o seu corpo, nesta pedra, redonda

e negra, os seus olhos. A felicidade de pousar os dedos na terra escaldante é

proporcional ao deslize trémulo de uma mão sobre o corpo de uma mulher.

Também a paixão tem um ritmo próprio: mergulhar um corpo sobre o outro,

fixar o norte, demorar um segundo e voltar ao quotidiano. A esta rotina de

corpos e ritmos prendem-se os gestos, como que fossilizados pelo tempo,

seixos cristalizados na hora em que caíram no chão, náufragos na praia

do esquecimento. São coisas do vento, sobras do Diabo que trazemos nos

bolsos, uma côdea de esperança na hora da fome para matar a saudade.

Assim como a vida tem os seus ciclos, também este espectáculo é composto

por esse eterno retorno, onde tudo começa e tudo acaba, partindo

da terra que nos olha e mergulhando no mar que nos fecha os olhos.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Sinopse

Como diz o povo «a água dorme de noite, não sendo bom bebê-

la a não ser na noite de S.João». E é numa noite de S. João que

tudo começa. Como o ciclo da água. Como o ciclo de uma estória.

Num palco recheado de cores e gentes, o ambiente é de festa, banhada a gargalhadas

e rodopios frenéticos. Um rapaz recebe as graças do baptismo pagão, enquanto

cruza a fronteira entre o ser adolescente e a idade adulta. O divino vinho banha os

corpos e as goelas sedentas, e a Cantiga dos bebedores embriaga os corações vadios.

É uma autêntica farra dionisíaca do GEFAC – Grupo de Etnografia e Folclore

da Academia de Coimbra - que incendeia todo o Teatro da Politécnica.

Empoleirados do lado direito do palco estão, de baixo para cima: uma violinista,

quatro guitarristas, um acordeão, dois tambores e quatro cantoras. Todos rigorosa

e coloridamente trajados como manda o folclórico figurino bem português, bem

nosso. Elas: saias rodadas bordadas a flores, lencinhos na cabeça e socas por fora das

meias rendadas. Eles: calça negra e camisa branca, colete preto e lenço ao pescoço.

Mas os intrumentos, esses, vão variando numa miscelânea de sons bem

familiares como o cavaquinho, a gaita de foles, o pandeiro, e mesmo aqueles que

reproduzem a natureza como as conchas, a chuva, o chilrear dos pássaros. Ao

lado, estende-se uma rede branca desde o tecto até ao chão, em jeito de tela, onde

vão surgindo imagens de vídeo. Também é lá a divisória entre um plano frontal do

representado e um outro imaginado, um véu fronteiriço entre a realidade e o sonho.

Uma enorme variedade de elementos num espectáculo globalizante, que assenta

não só na encenação da música popular portuguesa, mas no próprio sentimento

e manifestações que provocaram o seu aparecimento, de Norte a Sul do país.

Mas voltemos à estória de A água dorme de noite. Depois do baptismo e de

dançarem o Chote e cantarem Ó meu São João Baptista, o jovem delira nas

angústias da vida. Minhas mãos molho, Minha cara lavo, Para fazer serviço a

Deus, E arrenegar o Diabo… Minhas mãos molho, Minha cara lavo, Para fazer

serviço a Deus e arrenegar o Diabo. Seres mascarados impulsionam o momento

de divagação da noite. Mentes convulsas sofrem com o pesar do passado,

as tentações do presente e as angústias do futuro. São João adormeceu.

Mas o espectáculo decorre num ritmo circular e contínuo de alegria e tristeza, euforia

e amargura, dia e noite, luz e treva. As estórias jorram, como a água, como a música.

Depois da noite vem o dia, e com o dia a labuta. Num momento extremamente

bem conseguido, a tela exibe em “pormaior” uma senhora que caminha sobre uma

grande roda de água. Com os pés duros, calejados, e uma doce face cansada de

rugas. Minha roda está parada, e Ai ajuda-me, ó camarada. Sofremos. Penamos

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

com ela. No campo, debaixo do sol ardente que queima os corpos trabalhadores,

quais arados humanos, entre os homens acende-se o fogo da contrariedade.

Porque o Homem é também capricho, orgulho, rivalidade, e das lutas da terra nascem

as pequenas batalhas. Armados de chapéus floridos que as moçoilas criaram junto

ao rio, os rapazes armam-se de paus e dançam as danças de Paulitos como Padre

António e Sr.Mio. Clac! Clac! Clac! Clac!, é um ritmo frenético numa dança que

parece mentira de tão coordenada.Clac! Clac! Clac! e o pés saltitam ao compasso

dos tambores que rufam. E no meio da guerra que se tornou galhofa através da

música, segue-se a calma, o cansaço… e o amor. Ele que chega intruso, não fosse

ele o amor. Atrás do véu a sedução, e a preparação para o tão esperado encontro.

Entre os pares que já bailam, o rapaz encontra a sua amada

e oferece-lhe uma tímida flor. Ai que me dobraste o encanto!

E todos dançavam, quando subitamente a música pára e os corpos unidos

descendem, rendendo-se ao fogo da paixão. Rebolando (literalmente) sincronizados

pelo chão, de súbito tudo o que se vê são Saias e uma Chula Passada bem ao

sabor minhoto. A noite começa então a suspirar ao sabor da chuva. E como eles

a elas, o mar invade a terra, para do seu ventre brotarem novos frutos. Um véu

branco desliza sobre os corpos que simulam as ondas. Na tela lê-se: «Tudo

dura o que duram os reflexos agitados. Só este rio imenso segue o seu curso

inalterável e incessante para aquele mar profundo» (Raul Brandão, Os Pescadores)

É de noite. E como o terminar de um ciclo não o seria sem ela,

chega a insustentável Saudade. E a água, finalmente, adormeceu.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

ÁGUA DORME DE NOITE ADNGUIÃO

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

1ª cena

2ª cena

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Resumo: Uma noite de S. João. Festa. Um rapaz é iniciado no baile, copos

e moças. Fica sozinho e é confrontado com os seus medos. Ao amanhecer

tudo fica mais claro. A vida regressa com o trabalho, as disputas. A chuva

redentora/fertilizante apazigua o ódio e desperta a sexualidade. A seara

reaparece como o mar onde se pode ver o passado e projectar o futuro. A cena

inicial repete-se como metáfora do ciclo da água e o mito do eterno retorno.

Prólogo: Blues Man Entra no palco às escuras um velho com uma viola e acende a luz que está

por cima da mesa. As pessoas que estão sentadas na mesa começam a falar

alegremente e o velho interrompe-as para contar/cantar a sua história, os

seus feitos engrandecidos. Ao mesmo tempo, é projectada numa tela um

velho de uma gravação do Povo que canta, também a contar a sua história.

1ª cena: Baptismo/Ritual/Festa Após a história, um da mesa diz que a história estava boa, mas é altura de vir

“vinho para os nossos copos". Todos começam a cantar "ora venha vinho para os

nossos copos". Já no final da música, surge a correr um rapaz a ser perseguido

por outro, atravessando o palco e outros rapazes e raparigas que entram também

para o apanhar. Nessa altura começa-se a cantar o "Bumbabá". Esse rapaz, o

"iniciado", é apanhado por um conjunto de rapazes e raparigas que o colocam em

cima da mesa. Na altura do "Que beba" levantam-no e fazem-no beber o vinho.

Uma rapariga esfrega-se no rapaz, deitado sobre a mesa, e dá uma gargalhada.

Durante a cantiga a mesa é transportada para fora do centro do palco e vai compor

a estrutura da Tocata. No centro do palco, a cena evolui para uma dança (o Chote)

que é iniciada de forma mais ou menos caótica, com conversa e a entrada informal

e descompassada dos pares na roda. Logo de seguida dança-se a Quadrilha. Essa

dança é dançada por 6 pares e termina com uma coreografia tipo "serpente",

em que as raparigas vão saindo de cena e há cinco rapazes que se dirigem

para o centro, que, perfilados, caem no chão como bêbados e ficam deitados.

2ª cena: Poço/Misticismo/Oculto/Mouras

O rapaz é confrontado com os seus medos. Deitados no chão os cinco rapazes

começam a dizer, em cânone, "Minhas mãos molho, minha cara lavo, para fazer

serviço a Deus e arrenegar o Diabo". O rapaz levanta-se, espantado, e diz “O

Diabo??”, e começa a rir-se, como que alucinado com a bebedeira. Os rapazes

a seu lado entretanto erguem-se com máscaras postas. O primeiro bater rápido

da caixa indica o começo da música do S. João Baptista. Enquanto na tela, há

projecção de sombras de pontes, coisas difusas, os rapazes fazem uma espécie

de coreografia sincronizada. A mudança de ritmo é marcada com o começo

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

4ª cena

5ª cena

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

do “Romance”. Surgem atrás da tela as Mouras encantadas. A cena termina

com projecção de "flashes" de imagens (ponte, "marafona", galinha, fogo, etc),

terminando com a imagem de um cruzeiro. No final, começa a tocar o sino.

3ª cena: Velas/ChapéusÀs escuras, ouve-se o badalar de um sino. Lentamente, entram em cena seis

vultos que se perfilam ao fundo do palco, de costas. Na ponta, acende-se uma

vela cuja chama/luz é passada, de mão em mão, para as restantes cinco velas.

Lentamente começa a haver movimentação e os vultos alumiados pela luz das

velas formam uma cruz. A cruz desfaz-se para uma roda e depois quatro das

figuras chegam, uma de cada vez, à boca de cena e ficam de frente para o público.

Com o começo de uma nova música, as raparigas descem as velas, despem

as capas e mostram os chapéus pretos que traziam escondidos, começando a

enfeitá-los com flores. Orgulhosas, experimentam os seus chapéus e vão saindo,

uma a uma, deixando-os discretamente em cada um dos dois lados do palco.

4ª cena: Nascente/Trabalho/Disputa Projecta-se na tela a imagem de uma velha de cima de uma roda de tirar água. Entra por

detrás da tela uma roda real com uma rapariga em cima. A velha/rapariga, ao andar em

cima da roda, produz o Nhec que substitui o sino. Entretanto, canta-se uma cantiga,

a cantiga da Roda. A velha aparece aqui como a entidade que dá a água ao homem.

Depois disso, haverá a cena de trabalho ligada à rega e uma disputa entre dois

homens pela posse da água enquanto se toca e canta o "Ajuda-me ó camarada".

Começando com um conjunto de movimentos ritmados e sincronizados de dois

homens que se preparam para lutar, a cena evolui para a dança dos pauliteiros (2

músicas). Enquanto disputam (dançam), começa a cair chuva (papéis prateados).

5ª cena: Chuva/Fertilidade/Sexualidade Enquanto chove, aparecem as moças com fatos muito coloridos ao som de

uma lengalenga que introduzirá o jogo, a brincadeira. Depois do momento de

muita confusão e alegria, rapazes e raparigas juntam-se em pares e dançam

as Saias: “Já chove já está chovendo". Atrás do ciclorama, vêem-se um rapaz e

uma rapariga a vestirem-se para a festa, ajudados pelos respectivos padrinhos.

No fim das Saias, estes que estavam atrás da tela entram em palco, chamando

a atenção dos presentes e acabando com a dança. Os rapazes procuram as

respectivas raparigas, estas colocam-lhes as faixas vermelhas, e começa a dançar-

se a Chula. No final da dança, os pares juntam-se, abraçados no centro da roda

e ao som calmo da concertina (Rosinha), escorregam para o chão. Rebolam-se,

abraçados, representando as orvalhadas, a fertilidade. Depois, cada par se coloca,

deitado, numa zona do palco. O rapaz inicial persegue a sua rapariga e acaba por

apanhá-la, descendo de novo para o chão. É nesta altura que entram, detrás dos

cicloramas, os cabeçudos, enquanto os casais, à frente se rebolam como seixos.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Danças

Tocata

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Quando o cabeçudo marinheiro entrega o seu filho, o mar, entram em cena

quatro velhas vestidas de preto, com guarda-chuvas pretos, a espreitarem

e a comentarem os casais que se rebolam no chão. Um pano branco entra

pelo chão, do fundo do palco, cobrindo os amantes e expulsando as

velhas de cena. Apenas duas velhas ficam, à frente do palco, viradas para

a tela e para o pano branco, que entretanto já se vê que representa o mar.

6ª cena: Mar/Esperança/Eterno retorno/Ciclo da água A seara, que era dourada, passará a prateada. Os som do fole

da concertina da lugar à peneira. Começa a melodia triste da

"Saudade" enquanto se projectam frases do Raul Brandão.

«Tudo dura o que duram os reflexos agitados. Só este rio imenso segue o seu curso

inalterável e incessante para aquele mar profundo» (Raul Brandão, Os Pescadores)

O espectáculo acaba com o rapaz, já homem, a entrar em cena junto à

estrutura e a contar que quem cantava aquela saudade era o avô dele. Dá-

se a ideia que esta cena repete a cena inicial mas não no mesmo contexto.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

ÁGUA DORME DE NOITE ADNANEXO

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Condições Gerais de Espectáculo

Especificações de Palco

Medidas Regular Mínimo

Largura (à boca de cena) 13 m 10m

Altura (à boca de cena) 6 m 5m

Profundidade 10 m 8m

Bastidores à volta do palco;

Corrente trifásica (próxima do palco);

Possibilidade de escurecer a sala;

Teia (grelha) sobre o palco, para material de luzes e adereços;

Bambolinas e pernas de palco.

Especificações de Som

1 - O sistema de som deverá ter qualidade profissional com, pelo menos, 3 vias acti-

vas e estar adequado ao espaço de espectáculos onde será utilizado. Deve ser esté-

reo, com fase coerente, com capacidade de reproduzir de maneira uniforme e sem

distorção cerca de 90 dB SPL, num espectro de frequências de 20 Hz a 20.000 Hz.

2 - Todo o sistema de som, como colunas e equipamentos, estarão a trabalhar correcta-

mente e na sua máxima capacidade, devendo estar livres de humidades e ruídos exteriores.

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC

Especificações Luminotécnicas