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PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
ENTIDADE PROPONENTEGrupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra
NIF 501 507 914
MORADAPaços da Academia, 3000-115 Coimbra
TEL/ FAX+351 239 826094
DIRECÇÃO
Presidente Filipe Alexandre Ferreira Balão
Vice- Presidente Sílvia Miguel Franklin Marques
1º TesoureiroCatarina de Almeida Gouveia Oliveira Alves
2º TesoureiroJoão Carmelo Geraldes
SecretárioTiago Daniel Costa Pina
SecretárioJoana Pereira Félix Dourado
SecretárioVasco Miguel Mendonça Nogueira
CONSELHO ARTÌSTICO
Adérito Martins AraújoCarlos Fernando Almeida GriloJoão Francisco Aguiar da Costa FongVera Maria Martins Felício
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
O Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) é fundado
como Organismo Autónomo da Associação Académica de Coimbra, em
1966, com o propósito de recolher, analisar e interpretar as manifestações
culturais, individuais e colectivas, das populações rurais nas suas diversas
vertentes: cantares, música instrumental, danças, teatro, usos e costumes,
tendo desenvolvido, desde a sua fundação, um exaustivo trabalho de
recolha, tratamento e divulgação das manifestações tradicionais portuguesas.
O GEFAC utiliza as manifestações populares numa perspectiva criativa,
principalmente, nos ajustamentos aos aspectos cénicos, que permitem produzir um
espectáculo globalizante, não tanto empenhado em demarcar regiões, mas sim em
acentuar o sentir que provocou o aparecimento das manifestações. Os espectáculos
gerais realizados pelo grupo, como o último A Água Dorme de Noite, são exemplo
do tipo de espectáculos que se têm vindo a fazer ao longo de 40 anos de actividade.
Realmente, neste esforço de divulgação, o GEFAC já apresentou cerca de
800 espectáculos, quer no país quer no estrangeiro, bem como, realizou
várias gravações para algumas televisões europeias. De salientar, no seu
percurso criativo, a institucionalização, há 28 anos, das Jornadas de Cultura
Popular - uma reacultura popular, quer através de colóquios e mesas--
redondas, como também pela realização de exposições, de espectáculos
de grupos portugueses e estrangeiros, manifestações de rua, etc.
Apresentação GEFAC
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFACPROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
Enquadramento do projecto
O Espectáculo "Água Dorme de Noite" procura trabalhar as manifestações da
cultura popular numa perspectiva criativa, conjugando dança, música, teatro e
vídeo; explorando o imaginário subjacente à cultura popular como as crenças,
rituais e superstições que estão na origem dessas manifestações. Deste modo,
a opção por colocar em palco simultaneamente as várias componentes deste
espectáculo transforma-o numa experiência multi-sensorial; conjugando
a dinâmica visual e expressiva das danças populares com um "mise en
scene" teatral que visita os lugares e ritos populares, integrando também a
dimensão da dramatização sonora através da interpretação musical in loco.
O projecto do dvd surge, pois, pela necessidade de adquirir um registo visual do
espectáculo que julgamos ser o meio adequado, por um lado, para o preservar como
espólio artístico e humano do Gefac e, por outro lado, permitir a divulgação ao público
em geral promovendo e enriquecendo a cultura etnográfica portuguesa. Assim, para
além da gravação do espectáculo ao vivo propõe-se também a inclusão de conteúdos
adicionais relacionados, não só com a concepção do espectáculo, mas também com
o contexto e campos de investigação onde o GEFAC tem desenvolvido o seu trabalho.
OBJECTIVOS
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
ÁGUA DORME DE NOITE ADN
O projecto de dvd contemplará os seguintes trabalhos:
1- Gravação vídeo integral do espectáculo "Água Dorme de Noite", mantendo a
estrutura do espectáculo ao vivo, devendo o trabalho de edição salvaguardar a
sequência cénica do guião e opções técnicas de encenação
2- Gravação vídeo de entrevistas e filmagens variadas que se encontrem adequadas,
direccionadas aos conteúdos adicionais do dvd
3- Gravação audio da trilha sonora do espectáculo
4- Edição dos conteúdos registados e produção dos menus do dvd
O projecto do dvd contemplará os seguintes conteúdos:
1- Espectáculo "Água Dorme de Noite"
1.1- O ADN por capítulos
2- Menu opções
2.1- Entrevistas com os criadores do ADN; testemunhos explicativos dos conteúdos
do espectáculo acompanhados por filmagens de bastidores e apresentação das
actividades desenvolvidas pelo Gefac.
2.2- Playlist das músicas utilizadas no espectáculo
DESCRIÇÂO DE TAREFAS
Caracterização do Projecto
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FICHA TÉCNICA
Textos Tradição popular e Raul Brandão | Concepção Artística GEFAC | Concepção Musical GEFAC e Quine | Vídeo Nuno Patinho | Imagens O Povo que Canta | Desenho de Luz GEFAC e Gilberto Pereira | Cabeçudos GEFAC e Delphim Miranda |
Carpintaria Laurindo Fonseca | Serralharia Carlos BatistaConfecção Celeste Marques | Produção GEFAC
As noites de S. João Baptista estão envoltas em rituais, crenças e superstições,
momentos em que o religioso e o pagão se cruzam numa entidade popular indefinível.
O mote foi a água. A partir dessa ideia voltámos atrás, tentámos reencontrar
os segredos, as histórias que emanam da fonte e que correm até ao mar.
Este é um espectáculo circular, como a água e a história de todos nós.
Uma noite de S. João Baptista permaneceu na memória de um rapaz como um sonho.
A passagem da idade adolescente para a idade adulta é motivo de festa comunitária.
Assim se cumpre a passagem de testemunho, as esperanças comuns, os direitos
e os deveres, a herança e o devir dessa comunidade. Ele será a personificação
do novo homem: sujeito ao tempo, reflexo do passado. Mas este novo homem
é também o espelho de um novo ciclo, com os seus medos, os seus caprichos,
as suas próprias esperanças, que passam muitas vezes pelo ficar ou pelo partir.
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
Aos poucos... aos goles.
Contar histórias à volta de uma mesa é um hábito que permanece até aos nossos dias.
Histórias do dia, histórias dos outros, histórias que são verdade e histórias que de
verdade têm pouco. Os serões parecem mais pequenos quando a língua de alguém
se transforma em livro ou anedotário ambulante. Ouvir e saber ouvir é a preservação
de um ancestral conhecimento humano, que permite a continuidade da cultura oral.
Uma noite de S. João Baptista permaneceu na memória como um sonho. A história é
um ciclo. E esta começa no seio de uma comunidade que se encarrega de administrar
o baptismo pagão a um rapaz, através do divino vinho, marcando a transição da idade
adolescente para a idade adulta. Assim, cumpre-se a passagem de testemunho, as
esperanças comuns, os direitos e os deveres, a herança e o devir dessa comunidade.
O rapaz recebe a água do povo, da cor do sangue, o sangue do vinho, tornando-se
o novo homem. Estatelado entre o que os olhos deixam ver e o que os sentidos
deixam sentir, o ritual de iniciação culmina com dionísiacas músicas, numa festa em
que todos participam. São corpos, mãos, braços, frenéticos corrupios, turbulentos
passos, cores garridas de trajes que desmaiam na retina, gritos e risos, aquele rosto
e aqueles olhares que se transformam, de repente, em silêncio, sonho e pesadelo.
Nestas noites de S. João Baptista, esses medos adquirem várias formas, revelam-
se tanto interior, como exteriormente: a natureza fixa o olhar em nós, abafando
a nossa sobranceria, testando-nos. É o oculto que nos turva os olhos sempre
que tentamos desvendá-lo: a própria aldeia, vila, lugarejo ou cidade cosmopolita
mantêm esses medos no dobrar de uma esquina, num candeeiro público apagado,
na casa abandonada, na árvore, no adro da igreja ou na praça silenciosa.
O feminino rosto, que nos acorda na noite, mesmo que fisicamente atraente, o
sussurrar cândido das mouras encantadas ou os cheiros fortes dos caldeirões
das bruxas desgrenhadas provocam o arrepio da morte. Os medos de uma
escuridão interior habitam em nós. É isso que nos faz sentir homens, num ciclo
ancestral ligado ao céu e à terra. Se podem, efectivamente, cair do céu os bens
de que o homem necessita, também a ausência deles provoca iras e contendas
humanas. Da terra nasce o trabalho, condição necessária para criar alguma coisa.
O calor do pico do sol, sobre um corpo teso, transformado num estilizado arado,
rasga o solo, revolvendo as suas entranhas, consumindo a sua força primordial.
Nessa jornada de suor e cansaço há, no entanto, a alegria de ser
Processo criativo
ÁGUA DORME DE NOITE ADN
Apresentação do Espectáculo
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
mais do que se é, desejo íntimo de se ser um deus na terra. O que
é que pode nascer de uma terra seca, semeada por um corpo seco?
O valor da água no contexto agrícola é fundamental. Sem ela a aridez
impregna-se na pele, roendo a fome e a má sorte. Sozinhos, de pé, a manga
de camisa limpando o horizonte que se fecha a cada ardente pingo de
suor, ressuscitamos a música do alento, do eterno continuar, do peso da
esperança de que a terra não seja tão caprichosa e aleatória como o céu.
Mas nem só do céu ou da terra o Homem se pode queixar. Há ainda os
caprichos de cada um: a ideia de posse, o orgulho, a raiva e a necessidade
de respeito pelos valores comunitários. E, quando alguém pisa o risco
da ordem natural das coisas, é a própria comunidade que o restabelece.
Segue-se a calma no lavar dos rostos, o cansaço dos braços reflectidos na
água, o olhar a perscrutar no fundo do rio, o corpo da moça que se viu na
festa. Na água o seu rosto, naquela árvore o seu corpo, nesta pedra, redonda
e negra, os seus olhos. A felicidade de pousar os dedos na terra escaldante é
proporcional ao deslize trémulo de uma mão sobre o corpo de uma mulher.
Também a paixão tem um ritmo próprio: mergulhar um corpo sobre o outro,
fixar o norte, demorar um segundo e voltar ao quotidiano. A esta rotina de
corpos e ritmos prendem-se os gestos, como que fossilizados pelo tempo,
seixos cristalizados na hora em que caíram no chão, náufragos na praia
do esquecimento. São coisas do vento, sobras do Diabo que trazemos nos
bolsos, uma côdea de esperança na hora da fome para matar a saudade.
Assim como a vida tem os seus ciclos, também este espectáculo é composto
por esse eterno retorno, onde tudo começa e tudo acaba, partindo
da terra que nos olha e mergulhando no mar que nos fecha os olhos.
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
Sinopse
Como diz o povo «a água dorme de noite, não sendo bom bebê-
la a não ser na noite de S.João». E é numa noite de S. João que
tudo começa. Como o ciclo da água. Como o ciclo de uma estória.
Num palco recheado de cores e gentes, o ambiente é de festa, banhada a gargalhadas
e rodopios frenéticos. Um rapaz recebe as graças do baptismo pagão, enquanto
cruza a fronteira entre o ser adolescente e a idade adulta. O divino vinho banha os
corpos e as goelas sedentas, e a Cantiga dos bebedores embriaga os corações vadios.
É uma autêntica farra dionisíaca do GEFAC – Grupo de Etnografia e Folclore
da Academia de Coimbra - que incendeia todo o Teatro da Politécnica.
Empoleirados do lado direito do palco estão, de baixo para cima: uma violinista,
quatro guitarristas, um acordeão, dois tambores e quatro cantoras. Todos rigorosa
e coloridamente trajados como manda o folclórico figurino bem português, bem
nosso. Elas: saias rodadas bordadas a flores, lencinhos na cabeça e socas por fora das
meias rendadas. Eles: calça negra e camisa branca, colete preto e lenço ao pescoço.
Mas os intrumentos, esses, vão variando numa miscelânea de sons bem
familiares como o cavaquinho, a gaita de foles, o pandeiro, e mesmo aqueles que
reproduzem a natureza como as conchas, a chuva, o chilrear dos pássaros. Ao
lado, estende-se uma rede branca desde o tecto até ao chão, em jeito de tela, onde
vão surgindo imagens de vídeo. Também é lá a divisória entre um plano frontal do
representado e um outro imaginado, um véu fronteiriço entre a realidade e o sonho.
Uma enorme variedade de elementos num espectáculo globalizante, que assenta
não só na encenação da música popular portuguesa, mas no próprio sentimento
e manifestações que provocaram o seu aparecimento, de Norte a Sul do país.
Mas voltemos à estória de A água dorme de noite. Depois do baptismo e de
dançarem o Chote e cantarem Ó meu São João Baptista, o jovem delira nas
angústias da vida. Minhas mãos molho, Minha cara lavo, Para fazer serviço a
Deus, E arrenegar o Diabo… Minhas mãos molho, Minha cara lavo, Para fazer
serviço a Deus e arrenegar o Diabo. Seres mascarados impulsionam o momento
de divagação da noite. Mentes convulsas sofrem com o pesar do passado,
as tentações do presente e as angústias do futuro. São João adormeceu.
Mas o espectáculo decorre num ritmo circular e contínuo de alegria e tristeza, euforia
e amargura, dia e noite, luz e treva. As estórias jorram, como a água, como a música.
Depois da noite vem o dia, e com o dia a labuta. Num momento extremamente
bem conseguido, a tela exibe em “pormaior” uma senhora que caminha sobre uma
grande roda de água. Com os pés duros, calejados, e uma doce face cansada de
rugas. Minha roda está parada, e Ai ajuda-me, ó camarada. Sofremos. Penamos
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com ela. No campo, debaixo do sol ardente que queima os corpos trabalhadores,
quais arados humanos, entre os homens acende-se o fogo da contrariedade.
Porque o Homem é também capricho, orgulho, rivalidade, e das lutas da terra nascem
as pequenas batalhas. Armados de chapéus floridos que as moçoilas criaram junto
ao rio, os rapazes armam-se de paus e dançam as danças de Paulitos como Padre
António e Sr.Mio. Clac! Clac! Clac! Clac!, é um ritmo frenético numa dança que
parece mentira de tão coordenada.Clac! Clac! Clac! e o pés saltitam ao compasso
dos tambores que rufam. E no meio da guerra que se tornou galhofa através da
música, segue-se a calma, o cansaço… e o amor. Ele que chega intruso, não fosse
ele o amor. Atrás do véu a sedução, e a preparação para o tão esperado encontro.
Entre os pares que já bailam, o rapaz encontra a sua amada
e oferece-lhe uma tímida flor. Ai que me dobraste o encanto!
E todos dançavam, quando subitamente a música pára e os corpos unidos
descendem, rendendo-se ao fogo da paixão. Rebolando (literalmente) sincronizados
pelo chão, de súbito tudo o que se vê são Saias e uma Chula Passada bem ao
sabor minhoto. A noite começa então a suspirar ao sabor da chuva. E como eles
a elas, o mar invade a terra, para do seu ventre brotarem novos frutos. Um véu
branco desliza sobre os corpos que simulam as ondas. Na tela lê-se: «Tudo
dura o que duram os reflexos agitados. Só este rio imenso segue o seu curso
inalterável e incessante para aquele mar profundo» (Raul Brandão, Os Pescadores)
É de noite. E como o terminar de um ciclo não o seria sem ela,
chega a insustentável Saudade. E a água, finalmente, adormeceu.
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
Resumo: Uma noite de S. João. Festa. Um rapaz é iniciado no baile, copos
e moças. Fica sozinho e é confrontado com os seus medos. Ao amanhecer
tudo fica mais claro. A vida regressa com o trabalho, as disputas. A chuva
redentora/fertilizante apazigua o ódio e desperta a sexualidade. A seara
reaparece como o mar onde se pode ver o passado e projectar o futuro. A cena
inicial repete-se como metáfora do ciclo da água e o mito do eterno retorno.
Prólogo: Blues Man Entra no palco às escuras um velho com uma viola e acende a luz que está
por cima da mesa. As pessoas que estão sentadas na mesa começam a falar
alegremente e o velho interrompe-as para contar/cantar a sua história, os
seus feitos engrandecidos. Ao mesmo tempo, é projectada numa tela um
velho de uma gravação do Povo que canta, também a contar a sua história.
1ª cena: Baptismo/Ritual/Festa Após a história, um da mesa diz que a história estava boa, mas é altura de vir
“vinho para os nossos copos". Todos começam a cantar "ora venha vinho para os
nossos copos". Já no final da música, surge a correr um rapaz a ser perseguido
por outro, atravessando o palco e outros rapazes e raparigas que entram também
para o apanhar. Nessa altura começa-se a cantar o "Bumbabá". Esse rapaz, o
"iniciado", é apanhado por um conjunto de rapazes e raparigas que o colocam em
cima da mesa. Na altura do "Que beba" levantam-no e fazem-no beber o vinho.
Uma rapariga esfrega-se no rapaz, deitado sobre a mesa, e dá uma gargalhada.
Durante a cantiga a mesa é transportada para fora do centro do palco e vai compor
a estrutura da Tocata. No centro do palco, a cena evolui para uma dança (o Chote)
que é iniciada de forma mais ou menos caótica, com conversa e a entrada informal
e descompassada dos pares na roda. Logo de seguida dança-se a Quadrilha. Essa
dança é dançada por 6 pares e termina com uma coreografia tipo "serpente",
em que as raparigas vão saindo de cena e há cinco rapazes que se dirigem
para o centro, que, perfilados, caem no chão como bêbados e ficam deitados.
2ª cena: Poço/Misticismo/Oculto/Mouras
O rapaz é confrontado com os seus medos. Deitados no chão os cinco rapazes
começam a dizer, em cânone, "Minhas mãos molho, minha cara lavo, para fazer
serviço a Deus e arrenegar o Diabo". O rapaz levanta-se, espantado, e diz “O
Diabo??”, e começa a rir-se, como que alucinado com a bebedeira. Os rapazes
a seu lado entretanto erguem-se com máscaras postas. O primeiro bater rápido
da caixa indica o começo da música do S. João Baptista. Enquanto na tela, há
projecção de sombras de pontes, coisas difusas, os rapazes fazem uma espécie
de coreografia sincronizada. A mudança de ritmo é marcada com o começo
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
do “Romance”. Surgem atrás da tela as Mouras encantadas. A cena termina
com projecção de "flashes" de imagens (ponte, "marafona", galinha, fogo, etc),
terminando com a imagem de um cruzeiro. No final, começa a tocar o sino.
3ª cena: Velas/ChapéusÀs escuras, ouve-se o badalar de um sino. Lentamente, entram em cena seis
vultos que se perfilam ao fundo do palco, de costas. Na ponta, acende-se uma
vela cuja chama/luz é passada, de mão em mão, para as restantes cinco velas.
Lentamente começa a haver movimentação e os vultos alumiados pela luz das
velas formam uma cruz. A cruz desfaz-se para uma roda e depois quatro das
figuras chegam, uma de cada vez, à boca de cena e ficam de frente para o público.
Com o começo de uma nova música, as raparigas descem as velas, despem
as capas e mostram os chapéus pretos que traziam escondidos, começando a
enfeitá-los com flores. Orgulhosas, experimentam os seus chapéus e vão saindo,
uma a uma, deixando-os discretamente em cada um dos dois lados do palco.
4ª cena: Nascente/Trabalho/Disputa Projecta-se na tela a imagem de uma velha de cima de uma roda de tirar água. Entra por
detrás da tela uma roda real com uma rapariga em cima. A velha/rapariga, ao andar em
cima da roda, produz o Nhec que substitui o sino. Entretanto, canta-se uma cantiga,
a cantiga da Roda. A velha aparece aqui como a entidade que dá a água ao homem.
Depois disso, haverá a cena de trabalho ligada à rega e uma disputa entre dois
homens pela posse da água enquanto se toca e canta o "Ajuda-me ó camarada".
Começando com um conjunto de movimentos ritmados e sincronizados de dois
homens que se preparam para lutar, a cena evolui para a dança dos pauliteiros (2
músicas). Enquanto disputam (dançam), começa a cair chuva (papéis prateados).
5ª cena: Chuva/Fertilidade/Sexualidade Enquanto chove, aparecem as moças com fatos muito coloridos ao som de
uma lengalenga que introduzirá o jogo, a brincadeira. Depois do momento de
muita confusão e alegria, rapazes e raparigas juntam-se em pares e dançam
as Saias: “Já chove já está chovendo". Atrás do ciclorama, vêem-se um rapaz e
uma rapariga a vestirem-se para a festa, ajudados pelos respectivos padrinhos.
No fim das Saias, estes que estavam atrás da tela entram em palco, chamando
a atenção dos presentes e acabando com a dança. Os rapazes procuram as
respectivas raparigas, estas colocam-lhes as faixas vermelhas, e começa a dançar-
se a Chula. No final da dança, os pares juntam-se, abraçados no centro da roda
e ao som calmo da concertina (Rosinha), escorregam para o chão. Rebolam-se,
abraçados, representando as orvalhadas, a fertilidade. Depois, cada par se coloca,
deitado, numa zona do palco. O rapaz inicial persegue a sua rapariga e acaba por
apanhá-la, descendo de novo para o chão. É nesta altura que entram, detrás dos
cicloramas, os cabeçudos, enquanto os casais, à frente se rebolam como seixos.
PROJECTO DVD | Espectáculo ÁGUA DORME DE NOITE | GEFAC
Quando o cabeçudo marinheiro entrega o seu filho, o mar, entram em cena
quatro velhas vestidas de preto, com guarda-chuvas pretos, a espreitarem
e a comentarem os casais que se rebolam no chão. Um pano branco entra
pelo chão, do fundo do palco, cobrindo os amantes e expulsando as
velhas de cena. Apenas duas velhas ficam, à frente do palco, viradas para
a tela e para o pano branco, que entretanto já se vê que representa o mar.
6ª cena: Mar/Esperança/Eterno retorno/Ciclo da água A seara, que era dourada, passará a prateada. Os som do fole
da concertina da lugar à peneira. Começa a melodia triste da
"Saudade" enquanto se projectam frases do Raul Brandão.
«Tudo dura o que duram os reflexos agitados. Só este rio imenso segue o seu curso
inalterável e incessante para aquele mar profundo» (Raul Brandão, Os Pescadores)
O espectáculo acaba com o rapaz, já homem, a entrar em cena junto à
estrutura e a contar que quem cantava aquela saudade era o avô dele. Dá-
se a ideia que esta cena repete a cena inicial mas não no mesmo contexto.
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Condições Gerais de Espectáculo
Especificações de Palco
Medidas Regular Mínimo
Largura (à boca de cena) 13 m 10m
Altura (à boca de cena) 6 m 5m
Profundidade 10 m 8m
Bastidores à volta do palco;
Corrente trifásica (próxima do palco);
Possibilidade de escurecer a sala;
Teia (grelha) sobre o palco, para material de luzes e adereços;
Bambolinas e pernas de palco.
Especificações de Som
1 - O sistema de som deverá ter qualidade profissional com, pelo menos, 3 vias acti-
vas e estar adequado ao espaço de espectáculos onde será utilizado. Deve ser esté-
reo, com fase coerente, com capacidade de reproduzir de maneira uniforme e sem
distorção cerca de 90 dB SPL, num espectro de frequências de 20 Hz a 20.000 Hz.
2 - Todo o sistema de som, como colunas e equipamentos, estarão a trabalhar correcta-
mente e na sua máxima capacidade, devendo estar livres de humidades e ruídos exteriores.