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FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Projeto aut* - Fundamentação teórica

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Todo o projeto foi baseado em extenuante pesquisa sobre a temática do autismo, sua situação na sociedade e como o design pode contribuir para essa causa. Esse livro traz o registro de todo o material coletado em pesquisa teórica, de campo, como também o planejamento inicial do projeto.

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FUNDAMENTAÇÃO

TEORICA

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TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISTMO PARTICU-LARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESEN-VOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICUL-DADE DIFERENTE TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISTMO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILI-DADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APREN-DIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGA-NIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISMO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECI-AIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO AUTISMO GLOBAL DE DE-SENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NE-CESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO AUTISM

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TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISTMO PARTICU-LARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESEN-VOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICUL-DADE DIFERENTE TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISTMO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILI-DADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APREN-DIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGA-NIZAÇÃO EXCLUSÃO AUTISMO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NECESSIDADES ESPECI-AIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO AUTISMO GLOBAL DE DE-SENVOLVIMENTO SOLIDÃO ORGANIZAÇÃO EXCLUSÃO PARTICULARIDADE ISOLAMENTO INDIVIDUALIDADE PENA ISOLAMENTO SUPERAÇÃO HABILIDADE SEM CONTROLE CONVIVÊNCIA ESPECIAL PESSOA COM NE-CESSIDADES ESPECIAIS SOZINHO APRENDIZADO AÉREO DESENVOLVIMENTO BANALIZAÇÃO MATEMÁTICA DIFICULDADE DE EXPRESSÃO SILÊNCIO PERSISTÊNCIA DIFICULDADE DIFERENTE TRANSTORNO AUTISM

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Seres humanos não são máquinas de fios soltos ou válvulas queimadas, que um cirurgião ideal pode tocar e consertar ou ajustar, retirar ou reconectar. Somos organismos interativos experienciais.

Eugéne T. Gendlin

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Agradecimentos

A produção desse projeto foi satisfatória, aprendemos bastante e temos muito a agradecer pelas escolhas que fizemos.

Aos nossos orientadores, Alessandro Câmara e Henrique Sobral, gostariamos de agradecer a orientação, a todas as dicas, criticas e sugestões.

Gostariamos de agradecer a empresa em que trabalhamos, com elas crescemos muito profissionalmente e pessoalmente e, não fosse isso, não teriamos chego a tal excelência nesse projeto.

A realização deste trabalho não seria tão prazerosa se não fossem as amizades que construimos dentro da faculdade, por isso, queremos agradecer a esses amigos que contribuiram com opniões, ajuda, dicas e sugestões. Não fossem eles, não teriamos tido tantas idéias e arriscado tanto. Aos amigos fora do circulo acadêmico, gostariamos de agradecer também pelo apoio, pelas distrações e principalmente, por estarem por perto.

Às organizações AMA e APAE temos muito a agradecer, por nos concederem as visitas para podermos entendermos com exatidão o que queriamos para o projeto. Também devemos agradecer por elas serem tão dedicadas em seus âmbitos ajudando, assim, milhares de pessoas portadores de necessidades especiais (PNE). A eles, e aos pais desses PNEs, muito obrigado por se entregarem a essa causa e se esforçarem tanto para mudar o cenário dessas pessoas. Essa prova de amor é comovente e foi isso que nos motivou na realização do projeto.

A Deus pela vida e a oportunidade de, com nossa dedicação e criatividade, fazer o bem.

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Por ultimo, mas tão importante quanto, gostaríamos de agradecer a nossa família, que nos deram a base fundamental em nossos estudos e nos apoiaram tanto em nossas falhas quanto em nas nossas conquistas. Essa base construída é essencial para todo caminho, projeto e meta que traçamos.

Muito obrigado a todos.

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Resumo

Este trabalho pretende abordar como o autista percebe e reage ao mundo. Após esse estudo percebemos a falta de informações e divulgação sobre o transtorno e como esse conhecimento é fundamental para o diagnóstico antecipado aumentando as chances do progresso em aprendizagem. Analisamos a problemática recorrente e propomos a produção de uma ação de mobilização onde trabalharemos com a vontade das pessoas de ajudarem e mudarem a situação desse espectro.

Palavras-Chave: autismo, TGD, transtorno global do desenvolvimento, campanha, sensibilização, design, distúrbio, transtorno, integração.

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Abstract

This paper aims to approach how the autistic perceives and reacts to the world. After this study we noticed the lack of information and disclosure about the disorder and how this knowledge is essential to early diagnosis increasing the chances of progress in learning. We analyze the recurrent problem and propose the production of a mobilization, where we will work with the will of the people to help change the situation of this spectrum.

Keywords: autism, ASD, autism spectrum disorder, campaign, awareness, design, disorder, integration

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Introdução

O papel do designer é de agente transformador. Para isso aprendemos a manipular imagens, conceitos, idéias e percepções. O design pode alavancar o entendimento do espectro autista, sensibilizando mais as pessoas sobre o assunto e despertando o interesse naqueles que convivem com um e talvez não percebam.

“Design é uma linguagem. (...) Como toda linguagem, o design possui, basicamente, duas possibilidades de articulação: uma que se realiza no sentido vertical, em profundidade, e que tem propriedades associativas. As relações combinatórias determinam os aspectos formais do produto; as relações associativas, seus aspectos simbólicos. O significado do produto, como um todo, resulta da soma desses dois aspectos ou eixos de significação. (Escorel, 2000, p. 64)

A comunicação trabalha com a percepção e, para tanto, tem o poder de significar ou re-significar algo. Visamos com esse projeto, portanto, uma sensibilização acerca do assunto autismo, afim de que mais pessoas entrem em contato com informações, fazendo com que, a longo prazo, ele seja identificado, compreendido e aceito, contribuindo dessa forma para uma equidade social.

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No primeiro capítulo desenvolvemos o tema autismo, apresentando um panorama do distúrbio na área da saúde, aspectos associados ao cognitismo do autista, sua linguagem, métodos usados na educação e o convívio relacional dele na comunidade.

No segundo capítulo abordamos como o design agrega ao universo do TGD, as soluções escolhidas foram detalhadas e especificadas na maneira como pretendemos usá-las para a construção de uma ação de mobilização com materiais que sensibilizem e atraiam a atenção.

No terceiro capítulo encontra-se o briefing, com todas as informações coletadas sobre o tema, as dificuldades encontradas e as soluções e ferramentas escolhidas para o desenvolvimento do projeto.

A maior dificuldade no decorrer no trabalho foi encontrar informações com fontes sólidas em língua portuguesa. Existem alguns livros retratando a temática porém são difíceis de encontrar ou específicos da área médica. Nossa maior fonte de informações provêm de ONGs e blogs de pais de autistas. A troca de informação entre as pessoas inseridas na rotina de um autista é grande por ser essa a melhor forma de estudo.

O designer tem muito o que explorar nesse campo e contribuir para melhorar a comunicação e disseminação de informações.

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Uma realidade ocultaO transtorno no processo cognitivoA comunicação do autistaOs métodos de tratamentoO desconhecido no dia-a-dia

AUTISMO

30323438

Uma solução evidenteIdentidade de marcaConscientizando a sociedadeMobilização

DESIGN

4446485052

Contexto, justificativa e oportunidadeProdutoPúblico-alvoMercadoReferências

BRIEFING

04060708

AgradecimentosResumoAbstractIntrodução

506066

Considerações FinaisReferências Apêndice

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AUTISMO

Todas as cores do arco-íris sobrepostas formam o branco:

só a inclusão de todos com suas diferenças é que pode

criar harmonia.

Rose Marie Muraro

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Uma realidade oculta

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano, mais conhecido como Transtorno Invasivo de Desenvolvimento (TID) ou Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD), e mais comum do que muitos pensam.

De acordo com a estatística do Center of Deseases Control and Prevention (CDC)*¹ uma a cada 110 crianças apresentam espectros autistas e a incidência em meninos é quatro vezes mais frequente do que em meninas.

O diagnóstico precoce é de suma importância para que a criança seja adequadamente acompanhada desde cedo e aumentam-se as chances do progresso no aprendizado. Todavia, pela falta de informações, muitas crianças são diagnosticadas tardiamente. Além disso, muitas mães têm de passar por diversos médicos, grande maioria com desconhecimento aprofundado do distúrbio, que diagnosticam erroneamente.

A falta de informação sobre o distúrbio é explicada de duas formas: a primeira é pela demora do reconhecimento da sua existência, apenas em 1993 foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID10) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A segunda é pela fraca divulgação do distúrbio e das ONGs que tratam desse assunto. Desde 2008 o dia 02 de Abril é o dia em homenagem ao autismo, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e o dia em que alguns pontos principais de cidades de todo o mundo se iluminam de azul. De acordo com a

*1 Center of Deseases Control and Prevention (CDC) é órgão de saúde do governo dos Estados Unidos extremamente confiável e respeitado.

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jornalista do G1, Tatiana Maria Dourado (2011), “a iniciativa partiu da constatação de que o autismo nas crianças é mais comum que câncer, diabetes e AIDS juntos. No mundo, estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas possuem o autismo, sendo 2 milhões do Brasil.”

Essa situação afeta diretamente no reconhecido dos sintomas, que se manifestam antes dos dois anos de idade. Segundo a jornalista Rafaela Fusieger (2010) de 10 a 15% dos indivíduos têm inteligência normal ou acima do normal; 25 a 35% estão na faixa de um leve retardo mental, enquanto os outros possuem retardo mental de moderado a profundo.

O atraso de desenvolvimento presente no autismo dificulta a aquisição de habilidades, diferentemente de pessoas com desenvolvimento típico, que a medida que crescem desenvolvem maior independência de modo gradual e progressivo. Com isto, é necessário que seja ensinado às pessoas com autismo tudo, até mesmo o que parece uma habilidade simples que ao longo da vida aprende-se de forma espontânea, para eles tem que ser ensinada. (Ramos, 2010)

O autismo não tem cura, mas tem tratamento. De acordo com Nancy Shute (2010) alguns estudos mostram que 75% das crianças autistas recebem tratamentos “alternativos”, as maiorias deles não produzem resultados significativos trazendo apenas mais frustração para quem

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está na busca de uma solução, demonstrando mais a falta de orientação.

Para entender melhor o espectro autista pode-se resumir as características principais em três categorias: desvio qualitativo de comunicação, desvio qualitativo na socialização e desvio qualitativo nos interesses. Aqui iremos explicar de forma simplória, falando do funcionamento do cognitismo no autista, as formas de comunicar, métodos existentes utilizados e a convivência dele na sociedade.

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O transtorno no processo cognitivo

O cérebro de toda criança desenvolve-se até os cinco anos. Um bebê típico prefere olhar para rostos, ao invés de objetos, e aprende através dessa observação. Enquanto isso, o bebê desafiado pelo desenvolvimento não percebe a diferença entre objetos e pessoas e, com isso, não aprende instintivamente atrasando consequentemente, seu desenvolvimento.

Essa não percepção acontece, pois o transtorno forma uma obstrução entre o cérebro e os sentidos, impedindo o primeiro de coletar informações e absorvê-las corretamente, assim, as poucas informações que são processadas serão claras, precisas e detalhadas ao extremo. De acordo com o site “Autismo Nossa História”, os sentidos são prejudicados visto que seu sistema nervoso imaturo não está apto a processar em simultâneo. Isso faz com que algumas pessoas autistas sejam monocanais, ou seja, se houver diversos estímulos acontece uma preferência de um canal e apenas um tipo de captação.

Logo, a grande diferença entre o autista e a pessoa típica está na captação de informações. A pessoa típica recebe diversas informações advindas de diversos canais que são processadas e arquivadas. Já o autista recebe poucas informações captadas, geralmente por apenas um canal, que podem ser processadas mais detalhadamente antes do arquivamento.

Um dos resultados disso é que o mundo a volta da criança com TID

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pareça um borrão. O que é adquirido se limita a sua rotina, o que explica sua obsessão pelo controle e sua fascinação por objetos que chamam atenção, algumas vezes por girar muito, outras por balançar ou acender. Muitas crianças têm fixação não só por objetos, mas também em determinado assunto, às vezes inusitado como mapas ou dinossauros, e isso deve ser aproveitado no aprendizado.

A obsessão pelo controle, explicado anteriormente, faz da rotina de uma TID assinalado por métodos e rituais. A falta de noção e organização temporal faz com que elas se fixem e tenha dificuldades com mudanças, o que é muitas vezes interpretado erroneamente por pais mal orientados. Deve-se adequar a rotina da criança para que ela não se sinta desestabilizada tantas vezes, evitando assim transtornos desnecessários.

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A comunicação do autista

A imagem é, para muitos autistas, a linguagem principal. Substantivos e verbos são fáceis de aprender, em especial o primeiro, pois é possível formar uma imagem para a fixação do código. Enquanto isso, expressões como “atrás” e “em frente” devem ser demonstradas, teatralmente, para ajudar na simbolização.

Temple Gardin* relata que seu pensamento é visual, sendo preciso usar do simbolismo para produção de um mapa visual (Attwood, 1999). A dificuldade está em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal. É através do desenho que se traduz esses espectros abstratos.

Por causa desse pensamento visual deve-se aproveitar ao máximo dos métodos visuais concretos no ensino de número e conceitos, relata a Associação de Amigos do Autista (AMA). De acordo com Tito* “as formas vêem primeiro e depois vêem as cores. Se a coisa se move tenho de começar tudo de novo” (Langer, 2010). Isso exemplifica a dificuldade na captação de informações por autistas monocanais. Tito escolheu a audição tendo, como consequência, uma visão custosa. Esses impulsos sensoriais conflitantes perturbam o autista que, como foi relatado, reagem desligando um ou outro sentido.

*2 Temple é autista, escreveu dois livros sobre o autismo: Emergende: Labeled Austistic (Emergência: Autismo registrado) e Thinking in Pictures (Pensando em figuras).*3 Tito é um autista que publicou o livro Beyond the Silence (Através do silencio), a compilação de seus escritos dos oito aos onze anos.

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De acordo com o neurologista Yorram S. Bonneh, do Weizmann Institute of Science de Rehovot, Israel, a impossibilidade de utilizar mais de um sentido por vez traz uma hierarquização e leva a um “mundo fragmentado percebido através de órgãos de sentidos isolados”. (Mukerjee, 2004)

A dificuldade não está só na captação exterior, existe também uma dificuldade no compreendimento de si próprio. Os cientistas dizem que o autista tem dificuldade em desenvolver um mapa do corpo, por causa disso todo movimento é uma prova de existência.

A dificuldade na coordenação motora traz, ao comportamento da criança autista, movimentos repetitivos como a rotação, o balanço do corpo e o agito das mãos, que não são compreendidos por quem vê, mas ajudam o autista na conscientização das sensações do seu corpo.

Vimos que o cérebro da criança com TGD capta menos informação, que a linguagem principal é imagética e muitos não têm consciência do próprio corpo. Com isso, como uma criança aprende a ler? Dados de Autism Spectrum Disorders in Children indicam que 40% das crianças autistas não falam nada, outras 25 a 30% falam algumas palavras aos 12 a 18 meses e as perdem depois. O que é comum é a criança balbuciar ou apenas repetir o que se ouviu. Essa repetição é um fenômeno conhecido como ecolalia imediata, quando feito no momento; ou tardiamente, quando a frase foi ouvida há horas ou dias antes.

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É possível sim ensinar alguem com problema no desenvolvimento a ler. Para isso, existe o método fônico e a memorização das palavras. Também existem algumas interações que melhoram o contato visual e a fala, porém devem ser feitos em forma de brincadeira, naturalmente, jamais forçado.

Outro fator que dificulta a aprendizagem, presente na maioria das crianças, é a hipersensibilidade, tornando-as distraídas e, por muitas vezes, incomodadas com o ambiente. Dessa maneira, a criança se torna mais distraída, fantasiosa, usando disso como forma de minimizar o próprio stress. Essa fuga é a diversão deles construída com a própria imaginação, o que muitos pais e orientadores se aproveitam dessa vantagem sobre a atenção deles para educar, utilizando na forma de recompensação quando se comportam.

O obstáculo em comunicar como se sente faz da criança ser mais histérica, por ser essa a forma de comunicar que está incomodada, com fome, cansada, com calor ou entediada. Saber conversar com a criança com TID da forma que ela conversa é fundamental para o diálogo.

Enquanto os pais e orientadores não entenderem o universo do autista e como ela consegue interagir irão apenas enxergar uma criança irritada e indisposta, e não uma criança com dificuldade de entender e expressar o que sente.

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Os métodos de tratamento

Existem alguns métodos utilizados para o tratamento do autista com o objetivo de integrá-lo na sociedade. O tratamento é realizado por equipes multidisciplinares, incluindo psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, etc. O trabalho é personalizado e individual, sendo adaptado para as dificuldades específicas de cada um.

Abaixo seguem alguns exemplos de estudos e métodos conhecido:

- Estudo ABA (Applied Behavior Analysis - Análise Aplicada do Comportamento): estudo científico do comportamento para aumentar, diminuir, criar, eliminar ou melhorar comportamentos.

- Estudo de Maria Montessori: propõem que seja desenvolvido todo o potencial da criança autista através dos sentidos, em um ambiente preparado, utilizando a observação científica de um professor treinado.

- Método TEACCH (Treatment and Education of Autism and Related Communication Handicapped Children): é o ensino estruturado, que adapta o ambiente de forma a organizar as tarefas da rotina e desenvolver a independência.

- Método PECs (Picture Exchange Communication System): é um sistema de comunicação por troca de cartões com figuras, em que não há a

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necessidade de dicas verbais, apenas imagéticas. O uso do simbolismo facilita a comunicação e estimula o ensino.

- Método de Sugestão Rápida: é a comunicação utilizando apenas um canal sensorial, com a resposta feita por apontamento de letras ou figuras. Esse método ainda não foi validado mas já obteve bons resultados.

- Método Luiden: acontece pela associação de certos objetos a determinadas rotinas. Caso a criança receba um cartão verde, ele vai até uma determinada gaveta e ao abri-la encontrará outro objeto que dirá qual a atividade do momento.

- Programa Son-Rise®: abordagem dinâmica, lúdica, que da ênfase na diversão e na aprendizagem estimulante.

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O desconhecido no dia-a-dia

Após ler sobre o mundo autista, será que realmente é possível haver interação social com todos esses obstáculos e limitações? Afinal, a inteligência social é uma das características mais pessoais dos seres-humanos. O êxito no convívio em comunidades, a comunicação, a conservação e a transmissão do conhecimento nos possibilitaram uma série de conquistas que facilitam nosso cotidiano. Essa inteligência social, aparentemente tão inerente a cada um de nós, não é própria de todos.

Segundo Simon Baron-Cohen, as habilidades sociais podem:

er como a altura: algumas pessoas são mais baixas que outras, mas a partir de um ponto começamos a chamar de nanismo. Talvez aconteça o mesmo no autismo. (Bueno, 2010)

Essa condição de indiferença ao meio social, dificuldade de comunicação e isolamento das experiências de sociabilização é contrária ao protocolo comportamental de nossa sociedade de maneira que o relacionamento com essas pessoas, seja ocasional ou regular, gera certa estranheza. Todavia, embora freqüentemente se alienem do mundo ao seu redor, esses sujeitos podem ser educados de maneira a aperfeiçoar seu potencial social.

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A atuação do sujeito com o meio depende do grau de vínculos que consegue formar. Toda inteligência tem base biológica e é valorizada no ambiente cultural. Por isso podemos afirmar que a educação é o ato mais profundo de transformação que existe, porque, nesta interação de sistemas endógenos e exógenos, parâmetros sociais, culturais e grupais se ressignificam. (Escorel, 2000, p. 95)

Esse processo educacional através dos tratamentos e acompanhamentos tem produzidos resultados significativos, não de superação da condição, mas de convivência com a dificuldade e facilitação do cotidiano.

É possível ser minimizada a estranheza da sociedade quanto ao autista. No começo do descobrimento da AIDS muitas pessoas não sabiam como agir e, na dúvida, evitavam qualquer contato ou aproximação. Hoje em dia, com o crescimento das pesquisas, descobertas, ONGs com campanhas notórias e diversas organizações apoiadoras, diminuiu-se drasticamente o pré-conceito perante a essa porcentagem da população afetada pelo vírus HIV.

Perante o esse case as diversas campanhas bem feitas e a mudança que a sociedade atingiu ao ter acesso a mais informação e atendimento, visamos coletar essas informações sobre o mundo autista e transformá-las em materiais de conscientização.

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DESIGN

“A imagem e a percepção ajudam a criar valor; sem uma imagem, não existe percepção”

Scott M. Davis

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Uma solução evidente

O design gráfico é um tipo de linguagem usado para comunicar através de elementos visuais. Seu objetivo é solucionar uma problemática, aplicando a metodologia adequada por meio do uso da criatividade e do repertório cultural. O desenvolvimento é extremamente útil no processo de aquisição de conhecimento e persuasão do cliente, pois facilita as tarefas simples e complexas do cotidiano, além de enriquecer a vida com pequenos detalhes estéticos.

Conforme Ikko Tanaka, design é:

a capacidade de criar algo enxuto a partir de várias considerações e habilidade para tirar o excedente e filtrar o essencial, alcançando a satisfação quando consegue traduzir o desejo do cliente e atingir interação completa com o receptor. (cf Hernandes, p. 22-27)

Dessa maneira, o design gráfico permeia o receptor, que percebe e recolhe a informação, e o emissor, que produz e emite a mesma. Isso faz do design mais do que aparência. Steve Jobs, disse em 1995 para a BusinessWeek que o design “não é o que achamos que seja design. Não é

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só o que aparece e sente. Design é como funciona” (cf Boer).

Numa era onde as informações estão por toda a parte e de todas as formas, o design auxilia na compreensão dos dados e orientação do indivíduo, seja como informações nutricionais na embalagem de um produto ou através de um projeto de sinalização que orienta em um ambiente desconhecido.

Serve para ajudar as pessoas a orientarem-se e a compreenderem dados, mas também para as ajudar a perderem-se em ideias novas, narrativas fantásticas ou paisagens e para questionar e contestar as informações que são apresentadas. O design gráfico está enredado em todos os aspectos da vida social. (Twemlow, 2007, p. 10)

Esse poder transformador e transmissor de informações é de grande importância quando um assunto tem pouca divulgação precisa ser publicamente reconhecido. Certamente, o design gráfico tem muito a acrescentar se aplicado à temática autismo. Por ser um assunto pouco explorado nacionalmente têm-se poucas referências de grande impacto, apenas algumas tentativas simbólicas de ONGs formadas por pais buscando auxílio.

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Identidade de Marca

Para todo material gráfico é necessário um propósito claro e uma unidade visual que de ênfase a mensagem visual a ser passada. Ela é importante pois promove a consistência nos canais de comunicação, conecta a empresa com sua imagem e suas idéias, garante ao público a veracidade do que se expressa e serve como fio condutor ao longo dos anos.

Alina Wheeler afirma que:

A identidade visual é a expressão visual e verbal de uma marca. A identidade da apoio, expressão, comunicação, sintetiza e visualiza a marca.(...) Ela começa com um nome e um simbolo e evolui para tornar-se uma matriz de instrumentos e de comunicação. A identidade de marca aumenta a conscientização e constrói empresas. (Alina Wheeler, pag.14)

De acordo com a ciência da percepção, o primeiro reconhecimento do cérebro é pela forma, depois pela cor e por ultimo pela linguagem. Dito isso, é necessário desenvolver uma identidade sólida e expressiva a fim de se tornar marcante na mente do sujeito que entre em contato. Essa mensagem tem que ser reforçada e alimentada até tornar-se facilmente reconhecida.

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O presente trabalho teve como tarefas estudar naming, criando um nome autêntico; criar um logo, que resumisse toda a essência e pensamento do espectro; e por fim um tagline, que se trata de um mantra, uma afirmação, responsavel por capturar o posicionamento da marca de forma curta e memorável.

Após o desenvolvimento dos elementos que compõem a identidade de marca, é necessário trabalhar o contato do publico-alvo com a mesma. É atraves desses contatos que se constroi uma conexão emocional e um comprometimento pessoal.

Foi partindo desse pensamento que elaboramos uma ação de mobilização, tendo um kit de sensibilização composto por um livro, cartões pessoais, adesivos e uma carta de apresentação do projeto. Visamos com esse kit levantar a questão da falta de divulgação do espectro autista e sensibilizar as pessoas que o receberem a ajudarem a causa.

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Conscientizando a sociedade

Uma campanha pode ser definida como o conjunto de diversos anúncios e materiais que, com o mesmo conceito e de maneira unitária, agem com maior força e eficácia. Os meios de comunicação podem ser tanto os de massa, como rádio, televisão, jornais, revistas, internet; os segmentados, como mala direta e telemarketing; ou promocionais, como brindes, shows promocionais, desfiles de moda, eventos no geral.

A característica marcante de uma campanha é a unidade entre as peças, independente do meio ou ação explorada. Assim, a identidade visual é fundamental no posicionamento de uma peça gráfica, e na diferenciação dos concorrentes. Devem-se abranger termos tanto como uniformidade da linguagem textual quanto da visual. Quanto melhor a congruência, melhor são as chances da campanha ter pregnância e marcar.

De acordo com Moira Cullen, diretora de design da Coca Cola, o design “desempenha um papel essencial na criação e construção de marcas. Ele diferencia e incorpora os elementos intangíveis - emoção, contexto e essência, que mais importam para os consumidores” (cf Wheeler, 2008, pag.20). Incorporando esses elementos intangíveis citados é possível chamar a atenção do leigo e fazê-lo interessar-se ou, de certa forma, criar empatia.

É fundamental compreender a sequencialidade da percepção e a

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consciência visual para o entendimento do que vai funcionar melhor. Conforme comentado anteriormente, o cérebro primeiramente reconhece e memoriza a forma, que pode ser lembrada e reconhecida rapidamente. A cor vem em segundo instante, incitando emoções e provocando associações. A linguagem demora mais tempo para processar, fazendo o conteúdo vir em terceiro lugar. Tudo isso é captado pelo consumidor e arquivado na sua memória. Quanto mais forte e constante for essa captação, melhor será a lembrança dela.

Para conseguir apoios e investimentos às campanhas destinadas a organizações sem fins lucrativos devem comunicar suas ideias e valores emocionais com ética, transparência e segurança. As ONGs podem se beneficiar ao utilizarem o design gráfico a seu favor.

Quem atua neste segmento se depara com a necessidade de comunicar segurança e confiança para os diversos públicos com os quais deseja se relacionar, pois além de angariar voluntários, associados, colaboradores e beneficiados, o terceiro setor compete também pela destinação de fundos e auxílios (governamentais ou privados), bem como apoios, parcerias e espaços na mídia. (Sebastiany, 2011)

Existem diversos exemplos de campanhas ou projetos que deram bom resultados, a ABRA Gagueira, por exemplo, possui um Grupo de Apoio que

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consiste num espaço de troca de informações e vivências pessoais para pessoas que gaguejam. A organização estimula a criação desses grupos e oferece suporte, porém não é possivel ela monitorar e a responsabilidade do grupo é de quem o fundou. No site é disponibilizado um Regulamento a ser seguido, Sugestões de Roteiro e lista de grupos existentes.

Outro exemplo é a Campanha do Agasalho, uma campanha de doação de roupas e cobertores para ajudar milhares de famílias carentes a enfrentar o inverno. As doações são encaminhadas às entidades assistenciais, hospitais, albergues da Capital e de todos os Municípios do Estado de São Paulo. O planejamento e a coordenação é realizado peloFundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (FUSSESP), tendo como parceiros todas as Secretarias de Estado, empresários e a sociedade civil.

A campanha Cancer de Mama no Alvo da Moda é um ótimo exemplo de bons resultados de conscientização e patrocinio. Tudo começou com o estilista Ralph Lauren, que acompanhou uma amiga na luta contra o câncer e teve um insight, resolvendo usar a moda para falar com as mulheres sobre este assunto. No Brasil ela é adotada pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC). Tem-se o apoio de diversas celebridades, empresas, imprensa e a sociedade como um todo e, em 2000, a Campanha virou parceira da São Paulo Fashion Week.

Diversos estilistas já assinaram coleções exclusivas para essa causa. A Campanha trouxe a conscientização e a desmitificação do tema. Seu simbolo, o alvo azul, ja vestiu milhões de pessoas e arrecadou 57,5

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milhões. Essa arrecadação custeou parte dos tratamentos dos pacientes do IBSS e contribuiu com as obras de ampliação do hospital.

No âmbito político, surgiu uma movimentação de cidadões bem interessante de se estudar, foi o Movimento Marina Silva, que começou com uma mobilização voluntária e em um ano evoluiu para uma mobilização via internet com site, carta-convite, entre outros. A visibilidade aumentou e várias iniciativas começaram a surgir no âmbito do movimento, como encontros locais, grupos, videos, criações gráficas, ideias-força do movimento, etc. Foi também elaborado um guia de mobilização, com uma proposta de mobilização nacional, surgindo assim as Casas de Marina.

Essa estratégia consistia primeiramente no cadastramento da sua casa no Mapa do Movimento e na inserção da placa. Após isso a sua participação era livre, de forma espontânea, com algumas sugestão eram desde distribuir o material da campanha até realizar encontros e debates com pessoas da vizinhança. Isso tudo partia de uma iniciativa pessoal e a pessoa encontrava todo o apoio possivel dentro do site. A unica coisa pedida era que a pessoa registra-se sempre e compartilhasse no site. Os elementos principais que compunham a campanha eram a imagem ‘Marina, a cara do Brasil’, o slogan ‘Eu sou +1’ e o catavento, que era a marca que simbolizava os novos ventos que movem o Brasil.

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Mobilização

O termo “mobilização” inicialmente foi usada no contexto militar para descrever a preparação do exército prussiano durante os anos 1850 e 1860; essa preparação incluía a junta das tropas, dos armamentos e provisões tornando o exercito pronto para a guerra.Em nosso pais a mobilização teve grande importância cívica e histórica no séc. XX, foi através delas que conquistamos o voto direto em 1984 e realizemos um impeachment em 1992.

Atualmente, as ações de mobilização vem ganhando cada vez mais força e espaço na sociedade, devido a facilidade da transmissão de informações e o desejo voluntário de muitos de se unir a uma causa. Temos como exemplo uma campanha promovida em Outubro de 2011 pelo Blog “Insoonia” em parceria com a agência de marketing “O Melhor da Vida” que mobilizou no Facebook mais de 100 mil pessoas a trocarem a foto de seu perfil por uma de um personagem de desenho animado contra o abuso infantil.

O educador colombiano Bernardo Toro costuma dizer que mobilizar é “convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum” (2011) e segundo Paulo Freire, homem tem a “capacidade de transformar a realidade agindo nela” (1970, p. 27). O que pretendemos fazer através dessa ação de mobilização e apelar a solidariedade e ao altruísmo de stakeholders, convocá-los a se aliar a causa do autismo para que

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trabalhem essa questão em suas esferas de ação, e assim, transformem realidade atual dessa minoria.

Antonio Lino, co-fundador e atual diretor da ARACATI – Agência de Mobilização Social, sobre a definição de mobilização social e seu processo metodológico diz:

“A Mobilização Social é um processo educativo que promove a participação (empoderamento) de muitas e diferentes pessoas (irradiação) em torno de um propósito comum (convergência).” (Lino, 2011)

O primeiro elemento identificado por Lino como fundamental para o movimento social e o enpoderamento. Nessa fase a causa precisa ser identificada e delimitada pois ela será a base de todo o processo. Nesse momento é preciso identificar como a problemática afeta diretamente a vida do público-alvo, como ele pode ser atingido, e então divulgar a ideia de que esse público será capaz de resolver o problema.

O segundo elemento e a irradiação, esse e o momento onde a conscientização ao redor do tema deve ser expandida e fortemente divulgada a fim de conquistar adeptos tanto de maneira quantitativa, como na pluralidade social. Vale ressaltar que embora a mobilização

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exija comunicação e divulgação em seu sentido mais amplo através de vários meios ela é mais do que isso, ela é uma ligação interpessoal ideológica e não apenas comunicativa.

O terceiro elemento e a convergência, a convergência e a união de esforços para um proposito comum, e quando os objetivos e ideias que são partilhados pelo grupo e se tornam comum a todos, inclusive os alheios a situação.

Nosso plano de ação é baseado na criação de uma marca que visa fortalecer as entidades que tratam da questão do autismo, unificando seus projetos e ampliando sua abrangência. Uma vez consolidada essa marca e delimitada a falta de informação sobre o tema como problemática, partiremos para o processo de irradiação.

Nesse segundo momento identificaremos os lideres em suas áreas de atuação e através do material produzido explicaremos a importância do projeto e os convidaremos a se juntarem a nós. Com essa rede estabelecida iniciamos a primeira ação pontual e popular.

E nesse momento, o da convergência, onde com grande impacto uniremos o apoio das diversas organizações e dos lideres de todos os segmentos para comover a sociedade para essa causa, agregar novos voluntários e disseminar através dos materiais disponíveis as informações sobre o transtorno.

Embora essa primeira ação pontual seja fundamental, ela não sustenta um processo de mudança efetivo. E por isso que estipulamos também

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metas de expansão geográfica a médio e longo prazo a fim de estabelecer um projeto estável, fixo e que tenha condições de participar da construção de um futuro melhor.

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BRIEFING

A solução de fato está no problema (...), temos de nos dispor a penetrar as camadas do briefing, usando um

bisturi chamado ‘pergunta certa’.

Stalimir Vieira

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Contexto, justificativa e oportunidade

- Razões que motivaram o projeto;A criança com transtorno global de desenvolvimento (TGD) tem uma maneira particular de perceber o mundo e interpretá-lo. O mundo do autista é peculiar e pouco compreendido pela sociedade devido à falta de informações do distúrbio e interações com esses indivíduos. A dificuldade em diagnosticar também atrapalha o processo de entendimento e inclusão dos mesmos.

O design pode alavancar o entendimento do espectro autista, sensibilizando mais as pessoas sobre o assunto e despertando o interesse naqueles que convivem com um e talvez não percebam. Nosso maior intuito com o projeto é atingir os formadores de opinião para que em sua esfera de influência tirem o autismo do desconhecido.

- Objetivo;Estudar o mundo do autista, suas desvantagens, características e como isso os afeta em sua própria rotina e na de seus pais.

Determinar as principais dificuldades enfrentadas pelas organizações, relacionando, dessa forma, o que adquirimos em campo com as iniciativas existentes.

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Propor soluções gráficas eficientes que promovam o suporte necessário pra que as organizações independentes angariem recursos e ganhem espaço na sociedade para a causa do autismo.

- Principais diferenciais a serem explorados;O diferencial da nossa proposta é ser uma aliada das ONGs que já trabalham com o autismo, criando assim, um alicerce que auxilie a causa.

- Oportunidades, condições e restrições;O assunto Autismo é pouco esmiuçado diante da sociedade, nosso trabalho é uma oportunidade de disseminar esse conhecimento favorecendo a integração social.

- Contribuições para a imagem do cliente;Desmistificar o autismo diante da população leiga, fomentando a mobilização e a discussão sobre o assunto. Além disso, essa visibilidade criará oportunidades de um novo mercado.

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Produto

- Nome;Projeto aut*

- Descrição e atributos;Percebeu-se, pelos relatos e depoimentos encontrados no meio eletrônico e recebidos em campo, que a falta de informações e instruções quanto o assunto ainda é muito presente. A demora no diagnóstico é crucial para ajudar a criança a desenvolver as suas habilidades dentro da sua limitada possibilidade. O pré-conceito que é criado mediante ao tema atrapalha o convívio. Se ela faz algo considerado ‘errado’ muitas vezes, a culpa é do responsável que não orientou direito, ou por não saber como orientar, ou por falta de atenção.

Portanto, assim que as pessoas entenderem, se empatizarem e lidarem de forma adequada poderão, então, gerar grandes mudanças culturais e sociais.

Para melhor atingir o público leigo foi pensada em uma ação de mobilização, com produção de uma caixa personalizada guardando um livro, cartões pessoais, adesivos e uma carta; a ser entregue ao nosso público-alvo, os formadores de opinião. Esses materiais permitirão ao expectador um questionamento sobre a relação da sociedade com os TGDs

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que conscientizará sobre as peculiaridades, provocará dessa maneira uma reflexão sobre como os TGDs vivem, percebem e se relacionam. Nosso maior intuito é que o formador de opinião abrace essa causa.

- Categoria;Identidade Visual, Comunicação, Campanha, Sensibilização.

- Peças gráficas necessárias;Identidade da marca, carta, livro, adesivo, caixa e cartão pessoal.

- Conteúdo das peças;Ressaltaremos a transparência da informação, aparecendo de forma direta, objetiva e consisa. Deve-se evitar a poluição visual e a falta de identidade entre as peças.

- Meios recomendados;Serão utilizados dois meios, o marketing viral e o de endereçamento postal.

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Público-Alvo

- A quem se destina o produto/serviço;O público-alvo foi refinado para adultos com poder de decisão, que seriam os formadores de opinião, ou seja, pessoas vinculadas a ONGs, empresários, ativistas, professores universitários, na faixa de 35 a 45 anos.

O perfil do público alvo são pessoas com visão humanitária, pró-ativos, atualizados e níveis médio e alto de cultura. Eles se sensibilizarão com a causa e ajudarão com sua influência em seu convívio pessoal, seja envolvendo mais pessoas, seja ajudando financeiramente.

- Benifícios racionais, emocionais e de auto-expressão;Melhor compreensão sobre o assunto, reconhecimento sobre sua importância à sociedade e satisfação pela ação de ajudar.

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Mercado

- Volume de produção / distribuição;Serão distribuidas, inicialmente, 200 caixas. Após a análise de impacto, poderão ser produzidas mais delas para aumentar o número de atingidos.

- Principais mercados;Pretendemos atingir o sudeste brasileiro, contemplando inicialmente o estado de São Paulo. Vale à pena ressaltar o interesse de em médio prazo expandir as fronteiras geográficas até desenvolvermos uma ação de mobilização de nível nacional.

- Evolução e tendências de mercado;Atualmente, devido à facilidade e velocidade das informações e o ritmo alucinante da vida urbana, as pessoas tem cada vez mais se entediado com longas explicações e se interessado mais pela assertividade. Entendendo essa tendência de mercado, pretendemos produzir um material de fácil compreensão em rápida exposição atraindo o interesse do público-alvo.

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- Sazonalidade do produto;Produziremos materiais para uma grande ação de mobilização de caráter permanente.

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Referências

- Referências DiretasReferências diretas são as campanhas nacionais, como o “Projeto Informar” da APAE e “Dia Mundial de Conscientização do Autismo” trabalhado no Brasil pelo AMA.

O Projeto Informar (Figura 1. Projeto Informar) divulga sobre a deficiência intelectual, ela trata dos direitos e das características. Houve o desenvolvimento de personagens ilustrados e aplicações em peças como banners impressos e de internet, folders explicativos, cartazes e uma cartilha explicativa que "orienta os médicos e profissionais da saúde a reconhecer e tratar uma pessoa com tais deficiências.” (Interage, 2010)

Figura 1. Projeto Informar

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Desde 2008 a ONU (Organização das Nações Unidas) decretou todo 2 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day).

"Este é o quarto ano do evento mundial, que pede mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome oficial do autismo), que é mais comum em crianças que AIDs, câncer e diabetes juntos.” (Revista Autismo, 2011)

Figura 2. Cartaz do Dia Mundial da Conscientização do Autismo.

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- Referências IndiretasReferências Indiretas seriam as campanhas internacionais como as dos orgãos “Center for Autism” (dos EUA), “Talk About Autism” (de Londres) e “Autism Speaks” (dos EUA).

No dia 06 de agosto a TreeHouse lançou uma campanha de sensibilização. Essa campanha trata sobre a importância da intervenção precoce nas crianças com autismo e diz aos pais e responsáveis sobre o trabalho do Center for Autism.

Figura 3. Campanha da Center for Autism no quarto.

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Figura 4. Campanha da Center for Autism no jantar.

Nas propagandas é dito que quanto mais tempo uma criança com autismo fica sem ajuda, mais dificil fica de alcançá-los. "Esta é uma campanha muito excitante para a TreeHouse, esperamos ajudar muitas famílias que atualmente não tem acesso a nenhuma assistência e poderiam se beneficiar." (Elena, 2009)

'Walk Now for Autism Speaks' é uma caminhada familiar. O voluntário não só ajuda a angariar fundos, mas também se torna parte de uma comunidade divertida e focada na família. "O autismo é o distúrbio de desenvolvimento que mais cresce nos Estados Unidos" (Autism Speaks, 2011)

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No texto diz “Derek Paravicini. O homem com autismo. / Derek Paravicini. O talentoso pianista. / O autismo tem duas faces.”

"Com suporte educacional, pessoas com autismo podem se tornar verdadeiros gênios." (Talk about autism, 2011).

Figura 5. Austim has two faces

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A organização convidou Derek Paravicini, um inglês cego, autista, e muito talentoso, para se apresentar na Eslovênia. Um fotógrafo, também autista, fotografou as duas faces opostas de Derek e aplicaram em painéis luminosos e folhetos impressos. Os ingressos se esgotaram em 5 dias.

-Pontos positivos e negativos levantadosMercado Brasileiro: O Brasil não tem um estudo exato de quantos brasileiros são afetados pelo transtorno, portanto, grande parte das informações acerca do assunto é advinda de fontes internacionais, assim, quem conhece da lingua inglesa tem mais acesso a informações do que quem desconhece. Com isso, muitos materiais são feitos por pais de autistas, que entendem quais as maiores duvidas e necessidades dos que não conhecem do assunto e precisam de ajuda. Dessa forma, resultam-se materiais que não possuem apelo visual, apenas ótimas informações, e que apenas um pai preocupado se sente atraído a ler.

Mercado Internacional: O mercado estrangeiro tem mais informações sobre o assunto e os sites e os materiais são melhor trabalhados graficamente. Além disso, possuem maior apoio e melhor infra-estrutura.

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Considerações finais

O presente trabalho teve como objetivo abordar o espectro autista, explicando suas características e como isso afeta o dia-a-dia. A principal problematização destacada é a falta de informação e divulgação sobre esse transtorno, causando ainda muita estranheza e falta de compreensão.

O design pode colaborar para solucionar essa falta de comunicação. Propomos a construção de uma ação de mobilização, que sensibilizará um número considerável de pessoas que darão suporte à divulgação.

Focamos em facilitar o trabalho das ONGs que tratam dessa causa, fazendo um banco de pessoas interessadas em disseminar materiais. Toda vez que uma organização produzir uma campanha, tiver algum evento ou feira, poderá se utilizar desses contatos para divulgar com maior agilidade.

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Apêndices

Considerando a realidade explorada em nosso trabalho e visando o contato com os autistas, pais e educadores, escolhemos analisar o cotidiano dos mesmos no ambiente escolar. As instituições visitadas foram a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional) e AMA (Associação de Amigos do Autista), ambas especializadas no tratamento, educação e acompanhamento de indivíduos com deficiência intelectual. Seguem abaixo os relatórios de cada visita.

APAE

No dia 29 de março de 2011 foi visitada a Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE) da Loefgreen, de São Paulo. A APAE foi fundada em 1961 e é uma Organização sem fins lucrativos que se tornou referência nacional. Ela atende pessoas portadoras de deficiência intelectual, do nascimento ao envelhecimento, que segundo o Censo Demográfico de 2000, somam-se 2,9 milhões de pessoas.

Atualmente as APAES estão se descentralizando e cada município tem a sua, cada uma com sua característica e especialização, unidas pela mesma federação.

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A infra-estrutura da APAE é grande, possui serviços de prevenção, práticas de inclusão, produção e difusão de conhecimento para toda a sociedade. De todos esses serviços os que mais interessam ao trabalho são:

- Serviços Educacionais para crianças de 7 a 15 anos

- Estimulação e Habilitação para crianças de 0 a 7 anos

- Instituto APAE DE SÃO PAULO

- Laboratório APAE DE SÃO PAULO

Para conhecer melhor esses serviços e tirar duvidas é preciso marcar uma visita técnica, porém a APAE está em reestruturação e não está disponibilizando temporariamente.

AMA I

A Associação de Amigos do Autista (AMA), na Rua dos Lavapés, foi visitada no dia 20 de abril de 2011. A Magali, que entrou na Associação em 1995, conduziu a visita. Ela é mãe da Débora, que tem mais de 30 anos e possui autismo.

A AMA tem cinco instituições e o local que foi visitado é o que trata de criança de 0 a 12 anos. Informaram que o mais novo que já receberam foi crianças de 3 anos, pela dificuldade e demora do diagnóstico.

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As três principais dificuldades do Autista são: Comunicação, Interação e Imaginação. A comunicação é uma grande barreira pois a criança geralmente apenas balbucia e sem lógica ou razão. Esse Déficit de Comunicação pode comprometer toda a aprendizagem em 75%. Na interação, pode-se dizer que o autista pode ter uma ótima memória, mas não pode entender o que memorizou. Sua memória é meramente sequencial. Ás vezes essa sequencialidade se confundi com genialidade.

A coordenação motora é um fator preocupante, pois muitos têm dificuldade nesse requisito. O comportamento também é preocupante pois se deve condicioná-lo. A criança autista se distrai rápido, por isso deve-se graduar o tempo de atividade e chega-se a poucos minutos de atenção delas. O condicionamento deve ser imposto e treinado até virar automático e ser da rotina. Se algum hábito não saudável for incentivado, virará rotina e depois de um tempo será impossível de remover do comportamento do individuo.

Esse ensino é difícil e requer muita atenção e paciência. Muitas vezes é preciso achar algum gancho, algo que essa criança goste, para incentivá-la a aprender. Outro ponto importante é que muita informação verbal prejudica o ensino pois eles não são seres verbais. Verbos e substantivos que são os elementos fáceis e chaves da comunicação.

Todos nós somos condicionados, porem aprendemos a escolher. O Autista não consegue fazer essa escolha.

O que trabalha a imaginação nos autistas é a brincadeira, o que deve ser explorado devidamente. O AMA trabalha com PECs e TEACCH. O foco

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das atividades é individual, mas a atividade é em grupo. A Equipe deve ser multidisciplinar, formada por fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, educadores físicos e terapeutas ocupacionais. As salas são divididas por perfil e idade após a avaliação, que seria o diagnóstico do laudo médico, e entrar na fila de espera.

Comentou-se da Síndrome de Asperger, um autismo leve sem comprometimento cognitivo, que pode ter comprometimento motor.

A Magali é educadora e dava aula em escola com programação Montessoriana onde a organização da rotina, cada um tem a programação e escolhe o que fará. Ela não é a favor da inclusão, pois para uma criança ser inclusa ela precisa estar preparada para o que a escola esta oferecendo. As escolas não têm esse preparo e não conseguem lidar com a criança que não tem possibilidade de se comunicar. Deve-se ser a favor da integração, e não da inclusão.

O treinamento estratégico, feito na AMA, é feito em quatro dias de duas horas, as quartas, e 7 dias de observação (com horários de manhã e de tarde para escolha)

É necessário que o mundo entenda os autistas para ajudá-los.

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AMA II

A AMA (Associação dos Amigos do Autista) – Unidade Lavapés, foi visitada pela segunda vez no dia 18 de maio de 2011 no período da manhã. A apresentação da entidade ficou a encargo da educadora Marly, uma das fundadoras da associação. Marly começou a visita contando a sua história, ela é mãe da autista Débora de 36 anos.

Quando criança, Débora visivelmente era uma criança incomum, a mãe assustada e preocupada procurou a ajuda médica onde por 8 vezes Débora foi diagnosticada como surda. Marly tinha certeza que a filha não era surda porque percebia que sempre que abria uma bala que a criança gostava, ela olhava. Somente com 1 ano e 8 meses a criança foi diagnosticada corretamente como Autista e Deficiente Mental.

Diagnosticar uma criança cedo, antes dos dois anos, é decisivo para um tratamento eficiente e o processo de educação e formação. A educação em autistas não ocorre da maneira tradicional, uma vez que instintivamente as crianças normais tendem a observar outros humanos e imitá-los. Os Autistas reagem de maneira diferente se atentando mais para os objetos e as figuras.

Segundo a orientadora da visita, a dificuldade de aprendizagem dos Autistas está relacionada a uma tríade comum entre os elementos de: Comunicação (uso de objetos e imagens), Interação (com outros indivíduos) e o uso da imaginação (onde as percepções são relacionadas e armazenadas).

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Embora a maioria das crianças autistas tenham algum retardo mental, as que são consideradas autistas leves ou as que possuem Síndrome de Asperger apresentam com alguma freqüência a hiperlexia, capacidade de aprender a ler sozinho. Porém na maioria desses casos, embora leia com facilidade o indivíduo tem dificuldades com em escrever.

O método utilizado nos AMAs é o TEACCH. Um método desenvolvido pelo departamento de psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte.

Quando questionada sobre os instintos sexuais dos autistas, Marly esclareceu que em muitas vezes esses instintos não se desenvolvem. Porem, quando a o desenvolvimento ou interesse deve-se auxiliar o individuo pra que ele se estimule sexualmente de maneira segura e sem causar riscos ao próprio corpo.

Estavam presente na visita dois casais de pais, um com uma filha autista leve de 33 anos que vem apresentando melhoras e outro com um filho bebê ainda não diagnosticado mas com sérias suspeitas de autismo. Esse segundo casal chorou em alguns momentos ao receber informações sobre o caso e observar crianças autistas em seu cotidiano.

A visita terminou com a apresentação estrutural da AMA e seus alunos e com a exibição de um vídeo sobre o trabalho da instituição. A orientadora ainda recomendou os filmes: Adam, Código do Inferno, Rain Men, Um certo olhar, Mary and Max, Enigma das Cartas, Testemunha do Silêncio, Eu sei que vou te amar e Muito além do jardim; E entregou alguns materiais relacionados ao autismo.

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Todo o projeto foi baseado em extenuante pesquisa sobre a temática do autismo, sua situação na sociedade e como o design pode contribuir para essa causa. Esse livro traz o registro de todo o material coletado em pesquisa teórica, de campo, como também o planejamento inicial do projeto.