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COMISSÃO EDITAL AUXÍLIO FORMAÇÃO
Portaria nº 52/GAB-LIM/DG-LIM/LIMOEIRO, de 15 de abril de 2019
PROJETO AUXILIO FORMAÇÃO
(Máximo 6 páginas. Fonte: Calibri, tamanho 12)
1 – IDENTIFICAÇÃO (Somente um projeto para cada proponente)
Nome do proponente: Jossefrania Vieira Martins Fone: (88) 998350871
Área do projeto: Produção artísitca e cultural
Duração do projeto: 12 meses
E-mail: [email protected]
2 – TÍTULO DO PROJETO
Sabores sagrados: usos e sentidos da comida nas religiões de matriz africana, afro-brasileira e
indígena.
3 – RESUMO (máximo 250 palavras)
Partindo da relação entre alimentação e cultura, este projeto de pesquisa pretende identificar os
usos e sentidos da comida nos rituais das religiões de matriz africana, afro-brasileira e indígena.
Para isso, com base nas interações teórico-metodológicas entre a história e a antropologia,
buscamos analisar o alimento/a alimentação à luz da cultura salientando sua construção histórica
buscando entender como um conjunto de conhecimentos partilhados pelos praticantes dessas
religiões orienta a escolha, o preparo e o processo de significação dos alimentos e da comida na
“cozinha de terreiro”. Considerando estas singularidades da relação entre alimentação e religião,
utilizaremos a história oral e a pesquisa etnográfica como estratégias metodológicas para, numa
perspectiva dialógica, salientá-las enquanto artes de crer, artes de fazer, artes de ofertar e artes
de comer. Por fim, esta pesquisa pretende incentivar no/a bolsista partícipe à atitudes de
tolerância religiosa através da produção de conhecimento científico que fundamente e esclareça
as várias nuances da diversidade cultural que nos constitui como nação.
4 – INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Dois horizontes principais fundamentam e articulam esta proposta de pesquisa. Em primeiro
lugar, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará disponibiliza hoje, dentre
outras, a oferta de cursos superiores voltados à questão alimentar em seus diferentes segmentos.
Em nosso campus, por exemplo, ofertamos os cursos superiores de Tecnologia em Alimentos e
Nutrição bem como o Técnico Subsequente em Panificação. Nesse contexto, cada vez mais tem se
tornando importante chamar atenção também para os aspectos sociais, políticos, econômicos,
culturais e ambientais que entremeiam tanto as estratégias de produção como as de consumo de
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alimentos. Diante disso, entendemos que a iniciação científica pode oportunizar condições e
meios para o pesquisador em formação “ler o mundo” no qual está inserido. Tal mundo é
composto por sistemas culturais e sociais distintos que interferem diretamente na maneira como
os sujeitos se relacionam com a alimentação – ou em muitos casos, a falta dela.
Em segundo lugar, através da política institucional que prevê e incentiva a implantação dos
NEABI’s (Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas), o IFCE participa também de um processo
de transformação social demasiado importante em nosso país: a adoção de estratégias para a
promoção de saberes, direitos e reconhecimento às culturas africana, afro-brasileira e indígena na
construção de nossa identidade. Sabemos que o Brasil resulta historicamente das trocas, mas
também dos choques culturais entre os diferentes povos que lhe constituem, porém pela força da
conquista e colonização, a ação etnocêntrica dos portugueses impôs um lugar de subalternidade
aos indígenas, africanos e afro-brasileiros.
Diante disso, propomos através dos estudos histórico-antropológicos desvendar os usos e os
sentidos da alimentação/dos alimentos no âmbito das práticas religiosas de matriz africana, afro-
brasileira e indígena, bem como abordá-los como alguns dos elementos que constituem e
permitem uma leitura de nossa diversidade étnico-cultural. Quando falamos em religiões de
matriz africana e/ou afro-brasileira logo nos vêm à mente o candomblé e a umbanda. Esta última
é, inclusive, considerada a primeira religião, de fato, originária do Brasil. Nascida nos morros
cariocas pós-abolição, a umbanda é uma marcada pelo hibridismo entre as matrizes católica,
kardecista, indígena e africana. No Brasil, a predominância de uma ou outra tradição varia
conforme a região e suas referências. No Nordeste a umbanda tem forte influência indígena com
o culto a várias entidades oriundas das florestas e referências às pajelanças. A Jurema Sagrada,
mais conhecida como catimbó, por exemplo, é uma religião de matriz indígena cujo culto
reverencia a planta homônima considerada sagrada e com capacidade mágica e medicinal.
Considerando esta premissa, faremos um mapeamento dos terreiros de Limoeiro do Norte e
adjacências com o intuito de identificar as matrizes predominantes assim como o conjunto de
conhecimentos partilhados pelos praticantes dessas religiões que orienta a escolha, o preparo e o
processo de significação dos alimentos e da comida. Por conseguinte, este procedimento acabará
por revelar os diferentes sentidos e usos que os sujeitos que vivenciam a religião atribuem a estes
alimentos, com ênfase nas artes de crer (a visão religiosa, a concepção de sagrado), artes de fazer
(as preparações às quais são submetidas, os alimentos escolhidos, os tipos de misturas, o
significado de cada item, a relação com o meio ambiente e o contexto local), artes de ofertar
(quando a comida se torna uma oferenda, a chamada comida de santo, as relação entre tipos de
comidas e as preferências das divindades) e artes de comer (a relação entre alimentação e
hierarquia, o seu aspecto simbólico nos rituais, a relação entre comida e possessão).
Como descrito acima, nossa intenção é desvendar as várias camadas de sentido que a comida
possui nessas religiões e suas matrizes culturais. Desse modo, conectando ciência e cultura, este
projeto de pesquisa pretende ser um instrumento de formação que integre os aspectos cidadãos à
produção do conhecimento científico e que contribua para questionar mitos como a “democracia
racial” explorando a diversidade étnico-cultural brasileira de um ponto de vista crítico e
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propositivo. Em sintonia com o esforço e compromisso firmado pelo IFCE com a instituição dos
NEABI’s, esta pesquisa busca ainda ser um espaço de (re)conhecimento da influência africana e
indígena em nossa visão de mundo no modo como se instaura em nossa cultura cotidiana.
5 – OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS
Considerando, pois as relações história e antropologia, o objetivo geral desta pesquisa é:
Investigar os usos e sentidos da comida nas religiões de matriz africana, afro-brasileira e
indígena a partir de uma investigação de suas práticas nos terreiros de Limoeiro do Norte e
adjacências.
Por conseguinte, os objetivos específicos são:
Mapear e os terreiros de matriz africana, afro-brasileira e indígena em nossa região;
Identificar as tradições religiosas predominantes nos mesmos; selecionar os terreiros e
tradições religiosas que serão campo de pesquisa;
Detectar os alimentos mais utilizados bem como os seus significados nas e para as
preparações;
Analisar a relação entre a comida e o sagrado;
6 – RELEVÂNCIA PARA FORMAÇÃO DO DISCENTE
O/A bolsista-formação que vier a atuar neste projeto, principalmente se for discente do curso de bacharelado em Nutrição, terá uma experiência de iniciação científica interdisciplinar, criativa e propositiva, ampliando o campo de percepção de sua própria área. Assim, valorizará os aspectos culturais que envolvem a alimentação com enfoque em questões como rituais e pertencimento. Ao mesmo tempo, investindo na criticidade e em temas e demandas atuais como são as questões étnicas enfatizadas aqui pela relação entre alimentação e religiões de matrizes africanas, afro-brasileiras e indígenas, esta pesquisa tem um perfil educacional e científico voltado também para a formação cidadã do/a discente nela envolvido/a, ao oportunizá-lo/a meios e condições de reconhecer a diversidade cultural que nos é tão característica através do objeto de estudo de seu próprio curso: a alimentação.
Além disso, como descrito anteriormente, esta proposta de pesquisa também busca estabelecer uma ponte com os estudos e atividades desenvolvidas pelo NEABI de nosso campus, fortalecendo o debate étnico através da pesquisa de cunho científico que desvende e valorize o hibridismo cultural que nos é característico. Visamos, portanto oferecer condições ao/a bolsista de ampliar seus horizontes cidadãos e científicos, combatendo o preconceito e a intolerância religiosa que estão no cerne de nossa formação nacional, desmistificando saberes e práticas acerca das religiões africanas, afro-brasileiras e indígenas tão presentes, porém estigmatizadas em nosso país. Por fim, a prática etnográfica (pesquisa de campo de cunho antropológico) e a utilização da história oral (entrevistas) subsidiarão ao/a bolsista diferentes recursos metodológicos que se adequam à investigação histórica-antropológica.
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7 –METODOLOGIA
Para o alcance de nossos objetivos, utilizaremos uma metodologia de cunho investigativo problematizando os aspectos que permitem identificar os usos e sentidos da alimentação nas religiões de matrizes africana, afro-brasileira e indígena atentando para o caráter construído que define esta relação. Nesse sentido, lançaremos mão de uma perspectiva interdisciplinar, mas o que isso significa? Segundo Hilton Japiassu (2006, p. 5), a pesquisa interdisciplinar “é a que se realiza nas fronteiras e pontos de contato entre diversas ciências”. Em nosso caso, a interdisciplinaridade da história com a antropologia dá-se em face da abordagem da cultura, considerando seu caráter discursivo e prático. Além disso representa um esforço de cruzar práticas e saberes diversos com o objetivo de desessencializar as noções de alimentação, cultura e religião.
De certo modo isso corrobora com a relação entre metodologia e criatividade salientada por Maria Cecília de Souza Minayo (2000, p.16) que define a primeira como sendo um “caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. A pesquisa é, portanto, um labor artesanal onde se articulam métodos, técnicas, proposições e uma linguagem. Sendo assim, esta proposta é composta de três horizontes metodológicos: a pesquisa bibliográfica, etnográfica e a utilização da história oral.
8 – ETAPAS / ATIVIDADES
Considerando as premissas anteriores, empreenderemos consultas e análises de fontes bibliográficas que tratem da história da alimentação no Brasil, história das religiões, história e cultura africana, afro-brasileira e indígena aprofundando-nos em torno de conceitos como sagrado, profano, ritual, sacrifício, comida, oferenda, mito, apropriação, representação, simbolismo dentre outros.
Em posse dessa fundamentação necessária, entraremos na fase da pesquisa de campo mapeando, contatando e visitando os terreiros de nossa localidade com objetivo de selecionar aqueles que servirão de campo de pesquisa. Ainda no plano empírico, através dos métodos e técnicas da história oral (entrevistas) abordaremos os sujeitos que praticam essas religiões e frequentam os terreiros, assim como aqueles que são responsáveis pelos mesmos com vistas a identificar suas visões de mundo e suas experiências religiosa envolvendo os alimentos.
Com base na concepção de Michel de Certeau (1994) acerca da cultura cotidiana e do consumo
também faremos uso da pesquisa etnográfica, “indo a campo”, ou seja, vivenciando os momentos
pré-ritualísticos e ritualísticos dos terreiros com o objetivo de identificar as chamadas artes de
fazer, de crer, de ofertar e de comer que envolve desde a escolha dos alimentos até a sua
preparação, as receitas, misturas e usos nos rituais. Ir aos terreiros será, portanto, uma ação
fundamental para a pesquisa.
9 – CRONOGRAMA DE TRABALHO DO BOLSISTA (pelo período de 6 até 12 meses)
Agosto/2019 - Apresentação e estudo da proposta de pesquisa aos bolsistas e elaboração do plano de ação. Setembro/2019 - Estudos/instrumentação teórica e orientações gerais para a pesquisa.
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Outubro/2019 - Estudos/instrumentação teórica e orientações gerais para a pesquisa. Novembro/2019 - Estudos/instrumentação teórica e orientações gerais para a pesquisa/
Atividades de pesquisa: mapeamento e contato com os terreiros da região/localidade. Dezembro/2019 - Atividades de pesquisa: mapeamento e contato com os terreiros de Limoeiro do norte e adjacências/Seleção dos terreiros que serão campo de pesquisa./Elaboração e entrega do relatório semestral. Janeiro/2020 – Recesso discente/docente. Fevereiro/2020 - Atividades de pesquisa: pesquisa de campo nos terreiros/Seleção dos sujeitos que serão entrevistados/ Diário de campo (anotações). Março/2020 - Atividades de pesquisa: pesquisa de campo nos terreiros/Seleção dos sujeitos que serão entrevistados/ Diário de campo (anotações). Abril/2020 - Transcrição e análise das entrevistas com os sujeitos envolvidos nas atividades dos terreiros/ Análise e seleção das anotações do Diário de campo Maio/2020 - Orientações e encaminhamentos gerais para a produção de artigo científico/Elaboração do artigo científico. Junho/2020 - Ajustes e Conclusão do artigo científico. Julho/2020 - Recesso discente/docente. Agosto/2020 - Elaboração e entrega do relatório final de pesquisa.
10 – REFERÊNCIAS
CERTEAU. A invenção do cotidiano: 1, Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
JUPIASSU, H. O espírito interdisciplinar. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 4, n. 3, Oct. 2006. .
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1679-39512006000300006
Acesso em: 20 dez. 2018.
MARTINS, L. C.; SILVA, J. O. da. Comida de santo: Cosmologia, identidade e simbolismo em
cozinhas afrodescendentes. Amazôn: Rev. Antropol. (Online) 8 (1): 244 - 250, 2016.
MINAYO, M.C.S. “O Conceito de Metodologia de Pesquisa”. In:______. (org.). Pesquisa social:
teoria, método e criatividade. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
MONTANARI, M. Comida como cultura. São Paulo: Ed. Senac, 2008.
INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO
Salvar, exportar, imprimir ou escanear este projeto como arquivo PDF.
Salvar, exportar, imprimir ou escanear o termo de responsabilidade como arquivo PDF.
Criar um processo no SEI, tipo: “Projetos de Extensão: Proposição”.
o Especificação: “Proposta de projeto para bolsa de auxílio formação.”
o Interessados: “COMISSAO-PORTARIA052/2019-LIM”
o Nível de Acesso: “Restrito”. Hipótese Legal: “Controle Interno”
Gerar Documento: “Ofício”, com destinatário para: “COMISSAO-PORTARIA052/2019-LIM”
o Informar no ofício que está submetendo um projeto para o edital 01/2019 de auxílio formação, o título do projeto, área de atuação e
tempo de duração da bolsa.
Gerar Documento: “Externo”, tipo do Documento: “Projeto”
o Interessados: “COMISSAO-PORTARIA052/2019-LIM”
o Nível de Acesso: “Restrito”. Hipótese Legal: “Controle Interno”
o Escolher e anexar o arquivo PDF deste projeto previamente criado.
Gerar Documento: “Externo”, tipo do Documento: “Termo de Compromisso e Responsabilidade”
o Interessados: “COMISSAO-PORTARIA052/2019-LIM”
o Nível de Acesso: “Restrito”. Hipótese Legal: “Controle Interno”
o Escolher e anexar o arquivo PDF do termo de responsabilidade previamente criado.
Enviar Processo para Unidades: “COMISSAO-PORTARIA052/2019-LIM”.
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SERViÇO PÚBLICO FEI;>ERALINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCI~ E TECNOLOGIA DO CEARÁ
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Eu YOS%6FBAN IA \I 16 iR.A *RrlrvsSIAPE 1,9.g ~6J-J , assumo a responsabilidade de segurr as
regras devidamente estabelecidas no Regulamento de Auxílios Estudantis do IFCE
(RAE), dentre as quais situam-se:
1) O comprometimento no processo. de supervisão contínua do estudante no
espaço de formação;
2) O estabelecimento de carga horária não superior a 12 horas semanais aos
discentes envolvidos bem como, respeito ao período de férias e recesso escolar
conforme calendário acadêmico;
3) Participar de encontros sobre o auxílio formação promovidos pelo Serviço
Social do campus.
Declaro, finalmente, estar ciente de que o descumprimento das normas
estabelecidas poderá acarretar o cancelamento oususpensão do auxílio.
Limoeiro do Norte, cJ.8 de M~l & de .20/9
r JAssinatura
Termo de Compromisso e Responsabilidade (0744072) SEI 23260.004267/2019-29 / pg. 6