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Projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana Bernadete Bittencourt Rodrigues * Apresentação O Projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana visa promover ações de Educação Patrimonial, usando como primeira referência o espaço aqui definido como Eixo-Cultural da Rua da Bahia, espaço emblemático da evolução urbanística e cultural de Belo Horizonte. Institucionalmente é um projeto financiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, em parceria com a Escola Superior de Turismo da PUC-Minas e o Núcleo Cidade e Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. Quando se fala em espaço público, quase sempre se esquece da importância da observação e reconhecimento dos aspectos arquitetônicos para o exercício da apropriação do mesmo. Para esta observação, precisamos de hábito e exercício de sensibilidade. Conforme o planejamento de Aarão Reis, aprovado em 1895, cada região da cidade seria ocupada por moradores e usos específicos. A Rua da Bahia é uma via de destaque desde os primeiros anos da capital. Pensada para ser um dos principais eixos de expansão urbana, ligando a estação ferroviária - então principal porta de entrada da cidade - ao centro cívico, passando por todo o centro comercial, foi ocupada desde os primórdios. A Rua da Bahia possui exemplares de diversos estilos arquitetônicos que retratam evoluções e (des)construções urbanísticas presentes em toda Belo Horizonte, possuindo também mais de 40 espaços de uso cultural localizados nela ou em seu entorno. Também foi o primeiro espaço de vida urbana na cidade, chegando a superar o centro linear projetado por Aarão Reis, a Avenida Afonso Pena. Além da ligação entre a Estação e o Governo, o local “costurava” os principais espaços culturais dos primeiros anos da capital, tais como o Bar do Ponto, Cine Metrópole, comércio de luxo, dentre outros. A importância artístico-cultural da ação apresentada neste projeto consiste efetivamente na proposta de interpretação do patrimônio histórico-cultural através da realização de visitas guiadas. Com intuito de criar espaços onde os jovens possam preparar-se para uma observação crítica e construtiva do patrimônio comum, em especial ao que se refere a seu patrimônio cultural material, imaterial e ambiental, apresenta-se como oportunidade para destacar elementos da identidade sociocultural dos belo-horizontinos. Assim, o projeto busca mostrar como a observação é importante no reconhecimento do patrimônio material e imaterial e como este é um passo importante e significativo no exercício da cidadania. Num país que aplica poucos recursos em ações patrimoniais, este projeto propõe-se a contribuir para que mais pessoas possam iniciar (ou ampliar, em alguns casos) a concepção do que seja a história, processo contínuo que tem ligação conosco no momento presente, a partir das percepções do que nos aconteceu no passado e que ficou marcado em nós (individualmente e coletivamente) se projetando no futuro. 1

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Projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana

Bernadete Bittencourt Rodrigues *

ApresentaçãoO Projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana visa promover ações de Educação Patrimonial, usando como primeira referência o espaço aqui definido como Eixo-Cultural da Rua da Bahia, espaço emblemático da evolução urbanística e cultural de Belo Horizonte. Institucionalmente é um projeto financiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, em parceria com a Escola Superior de Turismo da PUC-Minas e o Núcleo Cidade e Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. Quando se fala em espaço público, quase sempre se esquece da importância da observação e reconhecimento dos aspectos arquitetônicos para o exercício da apropriação do mesmo. Para esta observação, precisamos de hábito e exercício de sensibilidade.

Conforme o planejamento de Aarão Reis, aprovado em 1895, cada região da cidade seria ocupada por moradores e usos específicos. A Rua da Bahia é uma via de destaque desde os primeiros anos da capital. Pensada para ser um dos principais eixos de expansão urbana, ligando a estação ferroviária - então principal porta de entrada da cidade - ao centro cívico, passando por todo o centro comercial, foi ocupada desde os primórdios.

A Rua da Bahia possui exemplares de diversos estilos arquitetônicos que retratam evoluções e (des)construções urbanísticas presentes em toda Belo Horizonte, possuindo também mais de 40 espaços de uso cultural localizados nela ou em seu entorno. Também foi o primeiro espaço de vida urbana na cidade, chegando a superar o centro linear projetado por Aarão Reis, a Avenida Afonso Pena. Além da ligação entre a Estação e o Governo, o local “costurava” os principais espaços culturais dos primeiros anos da capital, tais como o Bar do Ponto, Cine Metrópole, comércio de luxo, dentre outros.

A importância artístico-cultural da ação apresentada neste projeto consiste efetivamente na proposta de interpretação do patrimônio histórico-cultural através da realização de visitas guiadas. Com intuito de criar espaços onde os jovens possam preparar-se para uma observação crítica e construtiva do patrimônio comum, em especial ao que se refere a seu patrimônio cultural material, imaterial e ambiental, apresenta-se como oportunidade para destacar elementos da identidade sociocultural dos belo-horizontinos.

Assim, o projeto busca mostrar como a observação é importante no reconhecimento do patrimônio material e imaterial e como este é um passo importante e significativo no exercício da cidadania. Num país que aplica poucos recursos em ações patrimoniais, este projeto propõe-se a contribuir para que mais pessoas possam iniciar (ou ampliar, em alguns casos) a concepção do que seja a história, processo contínuo que tem ligação conosco no momento presente, a partir das percepções do que nos aconteceu no passado e que ficou marcado em nós (individualmente e coletivamente) se projetando no futuro.

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PS: Os textos aqui transcritos são de inteira responsabilidade de seus autores. Cópias são autorizadas desde que citadas as fontes.

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*Pós-Graduanda em Elaboração, Gestão e Avaliação de Projetos Sociais em Áreas Urbanas pela UFMG, Bacharel em Turismo pela PUC Minas, Gestora Cultural, Empreendedora e responsável pelo projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana.

Cidade: Lugar de trânsito da Memória

Denísia Martins Borba*

“(...) Cidades vão sendo descritas através da memória, dos

desejos, dos símbolos, das trocas, dos nomes... num jogo de

substituições infinitas. De início, por objetos – prédios, ruas,

cúpulas, muralhas, torres..., - e por lendas, conversas, falas...

que vão formando uma espécie de catálogo de coisas vistas ou

ouvidas: um catálogo de emblemas”.

Atualmente, estamos vivendo o apogeu da globalização. As facilidades no campo da

informática cada vez mais aproximam os mais diversos países, línguas e culturas.

Com a popularização da Rede Mundial de Computadores podemos visitar museus,

monumentos, exposições e até cidades sem nunca termos de fato estado nesses

lugares. Todavia em muitas dessas viagens virtuais pelo mundo, que vem

consolidando uma unificação global podemos estar nos distanciando a cada dia da

nossa identidade. O fato de pertencermos a um mundo globalizado talvez seja um

dos motivos que nos levam a perceber, cada vez mais, a necessidade de nos auto

afirmarmos, valorizarmos nossos espaços, nossas raízes, nossas tradições, nossa

cultura, nos apropriando de nossa cidade. São nas nossas práticas cotidianas, na

vivência dos espaços da nossa cidade que conseguimos assegurar essa inclusão.

Segundo Luiz Roberto do Nascimento e Silva, “no fundo todos vivemos nas cidades.

Ninguém vive no Estado. Ninguém vive na Federação”. É na cidade que

encontramos fortemente o sentimento de familiaridade e de “pertencimento”. As

diversas formas de viver a cidade por seus habitantes é que nos faz construirmos os

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ambientes, as ruas, as praças, as igrejas, as casas, os símbolos. Sentir-se parte da

cidade é reconhecer nela uma identidade, necessidade histórica do homem.

As cidades nunca são iguais, suas diferenças são estabelecidas pelas relações

específicas de cada uma com a história e a cultura com quais foram formadas e

consolidadas. O caminhar pelas ruas, os lugares de encontro, de trabalho, as festas,

vão sendo escritas pelos habitantes ao longo do tempo. Mas a cidade, como requer

Renato Cordeiro Gomes, nunca pode ser confundida com o discurso que a

descreve, pois, toda a leitura que se faz dela também é histórica e assim está sujeita

a várias interpretações. A cidade é um campo fértil para o desenvolvimento das

diferenças. Cada um de nós guarda fragmentos da vida na cidade a partir de

percepções e sentimentos diferentes. As diversas possibilidades de leitura é que

constroem a nossa memória. De acordo com J. Le Goff, “A memória nasce, onde

cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o

presente e o futuro”. (LE GOFF,1984)

A memória e o tempo

“Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da

mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas...” (Ítalo Calvino

p. 14).

“Recuperar o passado significa: construir o sentido e o presente”.(W. Bolle).

Ao realizar um trabalho de (re) descobrir, a Rua da Bahia, nos vemos diante de uma

tarefa delicada: fazer uma leitura baseada em uma das várias representações da

memória construídas e vivenciadas por literatos, pesquisadores, artistas e seus

moradores nos seus espaços. O desafio está em como ligar, o novo e o antigo,

entendendo o processo de continuidade histórica.

Trabalhar com a memória é apreender a cidade para além de suas edificações,

praças, ruas, becos, viadutos, enfim, perceber aquilo que está contido na memória

de cada um de seus usuários. Muitas vezes os compromissos da vida cotidiana nos

fazem passar pelas ruas, entrar e sair de edifícios sem perceber seu significado, o

que pode estar contido em cada parede, a importância de cada célula que compõe a

cidade. A memória da Rua da Bahia não está representada unicamente em seus

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marcos físicos e sim no significado que nós habitantes atribuímos a eles. Conforme

acrescenta W. Bolle, a arma da resistência das cidades está no fio do tempo que liga

passado e presente está na memória afetiva, nas sensações vividas e ecoadas pela

memória oral, escrita e edificada.

“A partir da memória dos sentidos e da tradição, e não apenas da memória da história,

poder-se-ia retomar a legitimidade desse processo, não copiando ou refazendo os

objetos do passado, mas continuando a inventá-los”. (CAMPELLO,1994)

Quando olhamos para nossa cidade podemos observar edificações que são

testemunhas de séculos de história e a memória não é um simples relembrar do

passado. Viajar pelo tempo na história da cidade estabelecendo os vínculos entre o

passado e o presente é possível se não nos esquecermos do fio condutor que nos

permite caminhar nos labirintos da memória. O trabalho com a cidade e a memória

tem sido alvo de várias comparações. Uma delas é a “metáfora da arqueologia” em

que, Walter Benjamin associa a cidade e a memória com o trabalho arqueológico:

“(...) a memória não é o instrumento para a espoliação do passado, mas, antes, o meio, o

palco, onde se deu a vivência, assim como o solo é o meio no qual as antigas cidades

estão soterradas. Agindo como um homem que escava, aquele que recorda aproxima-se

do passado, não só para elaborar o inventário dos achados, mas, sobretudo para

assinalar no terreno de hoje o lugar no qual é conservado o velho”. (GOMES,1994)

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Esse trabalho da memória, de estabelecer vínculos entre o passado e o presente é

que possibilita o belorizontino sentir-se parte da cidade em especial da Rua da

Bahia. Reconhecer-se nas ruas, nas edificações, nos objetos, documentos, jornais,

mapas, trilhos, e todas as celebrações que fazem parte de nossa história é que nos

permite viver a cidade estabelecendo laços de afetividade com ela. São essas

relações que formam a nossa identidade e tornam possível a ligação entre o seu

passado e o seu presente.

“Se o passado se congela, se torna um ramo seco, sem possibilidade de

germinação, está destinado ao esquecimento (...)Viajar, portanto, no

passado, na tradição, é transformá-lo, salvando-o do esquecimento,

tornando-o produtivo: ramos viçosos”. (Gomes,1994)

Preservação do Patrimônio Cultural__________________________________________________________________________________________

“Se a cidade vive pela rememoração, é também verdade o seu

contrário, a cidade morre pelo esquecimento”. (GOMES,1994)

As idéias em torno da preservação do patrimônio cultural estiveram durante muito

tempo relacionadas com a idade cronológica, ou antigüidade das edificações, de seu

valor enquanto obra arquitetônica e artística ou de fatos considerados importantes

pela história oficial. Ainda podemos ouvir a utilização do termo cidades históricas em

cidades como Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei, Serro, Sabará, Mariana,

dentre outras. E é claro que, sem dúvida elas são cidades históricas como são

também Belo Horizonte, Lagoa Santa, Betim. Toda cidade tem memória e identidade

e, portanto têm história, logo são históricas. Cada vez mais a idéia de preservação

está ligada a outros valores como de memória, identidade, cidadania, celebrações,

formas de expressão, ofícios ou modos de fazer. O que deve ser lembrado ou

esquecido, preservado ou não, já não é mais estabelecido por determinantes da

história oficial a partir de acontecimentos e pessoas consideradas notáveis. Como

esclarece Maria Beatriz Silva,

“tanto o exercício da memória, quanto à formação da identidade são, ao nível individual,

capacidades humanas, como andar, comer, dormir; porém, quando tomadas

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coletivamente, passam à categoria de direitos a conquistar, aos quais o maior obstáculo

parece ser o interesse individual ou corporativo”. (SILVA,1996)

Assim, o patrimônio que deve ser preservado, a memória que deve ser lembrada ou

esquecida, não pode estar apenas relacionada com as fachadas de seus edifícios e

seus aspectos formais, mas com o processo por que passaram como imagens de

uma cidade vivida quotidianamente e nesse sentido a perda e/ou destruição de

marcos importantes de nossas cidades significa apagar fortes traços de nossa

história.

O trabalho de identificar, documentar, proteger e promover o patrimônio cultural de

uma cidade deve acompanhar o conteúdo das vivências e experiências da

população e ligá-las à qualidade de vida e a cidadania, criando vínculos de

aproximação não apenas físicos, mas também com as possíveis funções sociais que

os bens culturais podem adquirir.

A Rua da Bahia veio passando por alterações na sua paisagem urbana, algumas

delas certamente necessárias outras nem tanto. Elas nos mostram que a cidade é

um ser vivo em constante transformação e que segue a dinâmica de seu tempo de

sua gente. Mas não podemos nos esquecer que exatamente por não ser estática,

parada no tempo, a cidade com casas, ruas e praças têm aura própria.

Muitas vezes as transformações pelas quais as cidade passam são dirigidas por um

entendimento equivocado da palavra progresso. Muitas edificações são demolidas,

praças são alteradas, ruas são alargadas, linhas férreas são desativadas, rios são

poluídos, sem se levar em conta às ligações afetivas da memória desses lugares

com a população das cidades, ou seja, sua identidade. Os conceitos de destruir o

antigo para construir o moderno pode trazer conseqüências irreparáveis para o

organismo vivo da cidade, a população local.

“(...) demolir é índice do apagamento do passado, da memória, da cidade compartilhada,

da cartografia afetiva. Aqui, construir o povo é apagar o velho, não deixar marcas: tudo

vai sendo sucessivamente substituído”. (GOMES,1994)

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O direito à cidade, à qualidade de vida, não pode estar apenas ligado às

necessidades estruturais, mas também às necessidades culturais da coletividade.

Assim, a preservação do patrimônio cultural não está envolvida em um saudosismo,

muito menos tem a intenção de impedir o desenvolvimento da cidade, ao contrário,

esta ação vai ao sentido de garantir que a população por meio de seus símbolos

possa continuar ligando seu passado a seu presente exercendo seu direito à

memória, à identidade, à cidadania.

Política de Preservação do Patrimônio Cultural de BH___________________________________________________________________

“A vida é descer a Rua da Bahia que tinha dois ou três quarteirões de

cidade grande, de prazer” Paulo Mendes Campos

O Município de Belo Horizonte antecipou à própria promulgação da Constituição

Federal de 1988, quando criou em 1984 o Conselho Deliberativo do Patrimônio do

Município por meio da Lei N. 3.802.

Em 1989 o Decreto 6441 dispõe que o Conselho seria composto por representantes

do poder público Municipal executivo e legislativo; poder público, executivo estadual

e federal, da Universidade Federal de Minas Gerais, da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (Departamento de

Minas Gerais), da Associação Nacional dos Professores Universitários de História

(Núcleo Regional de Minas Gerais), da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente,

Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural, Estético e Paisagístico da Procuradoria

Geral de Justiça do estado de Minas Gerais, por três membros escolhidos pelo

Prefeito dentre profissionais de notório conhecimento da matéria, nas áreas de

antropologia ou arqueologia ou arquitetura e urbanismo ou artes plásticas ou direito

ou história.. Em 21 de dezembro deste mesmo ano foram designados os membros

do conselho, que então passou a funcionar.

O grande objetivo do CDPCM-BH é assegurar a preservação do patrimônio histórico

e cultural da cidade de Belo Horizonte, para que as gerações futuras desenvolvam o

sentimento de pertencimento a uma história que também é sua, o lugar onde se

constrói a identidade comum. Mesmo que as cidades tenham deixado de se

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constituir como “espaço de realização de um projeto de vida coletiva para serem, ao

contrário, o loteamento onde colidem as esferas do interesse ‘privado’ de destino

público”. (Brandão,s/d)

Todos queremos viver em uma cidade onde o espaço, a história e tempos vividos

comunguem entre si sem entregar desmedidamente ao futuro a sua história.

Queremos sentir ligados a uma origem comum. E não queremos a privatização do

espaço público junto com a privatização super valorizando “o valor de troca, de

compra e venda, (...) em detrimento do seu valor de uso”. (Brandão,s/d)

Acredita-se que o sucesso da preservação do patrimônio cultural das cidades só

será possível via,

“uma demanda social, da demanda de usuários, moradores e das comunidades locais.

Só essa demanda tornará efetiva e possível à aplicação da difícil medida de limitação do

direito de proprietários particulares diante do interesse coletivo, necessário à

preservação de espaços urbanos”. (MOTTA,s/d)

Vivemos em um momento em que a propriedade privada atinge 70% da área

urbana.

“O contraponto para as terras de uso particular e controlado são as terras de uso público

onde todos possam estar e circular sem permissão especial. São os espaços e

logradouros públicos, principalmente as ruas que servem de circulação de pedestres e

veículos e para muitas coisas mais”. (SANTOS,1998)

O tempo decorrido entre a criação do Conselho, por Lei Municipal, e seu efetivo

funcionamento mostra a dificuldade para se efetivar no município uma entidade

deliberativa com representação do poder público e da sociedade civil para

estabelecer a política de preservação do patrimônio. Em 1998 a composição do

Conselho sofreu novo acréscimo passando a incluir um representante da Secretaria

Municipal de Atividades Urbanas e um do Sindicato da Indústria da Construção Civil

do Estado de Minas Gerais.

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Durante uma década o Conselho funcionou assessorado pelo Serviço de Bens

Culturais da Secretaria de Cultura. A transformação deste Serviço em

Departamento, dando-lhe maior poder e autonomia, só aconteceu em 1999.

Compete ao conselho Deliberativo aplicar e deliberar sobre o instituto do

tombamento e seus perímetros de proteção, estimular o seu uso combinado a outros

mecanismos de ordem urbanística e tributária, sugerir e participar da política cultural,

propor formas de incentivo à conservação de bens protegidos, conceder autorização

prévia, estipulando as condições, para intervenções em bens tombados e em sua

vizinhança e exercer vigilância permanente sobre os bens tombados.

A dinâmica de atuação do CDPCM-BH compreende reuniões mensais onde são

discutidos e deliberados os temas referentes a propostas de intervenções em

perímetros protegidos por tombamento e/ou áreas em estudo, que geralmente são

remetidos para prévia análise por um relator designado pelo Presidente.

A Gerência do Patrimônio Histórico e Urbano / GEPH e o Conselho Deliberativo do

Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte / CDPCM-BH da Secretaria

Municipal de Regulação Urbana / SMRU tem como função principal: identificar,

documentar, proteger e promover a memória social e o patrimônio cultural de Belo

Horizonte, em termos materiais e simbólicos.

Compete à Gerência do Patrimônio Histórico e ao Conselho Deliberativo do

Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte:

• Identificar: reconhecer, descobrir um bem cultural de interesse coletivo por

seu valor arquitetônico ou relevância para a memória social da cidade de Belo

Horizonte;

• Documentar: buscar dados sobre o bem de interesse cultural; elaborar um

dossiê, que é constituído de síntese histórica, análise sócio-cultural, descrição

arquitetônica e urbanística, fotos, bem como outros documentos relativos ao

bem em questão;

• Proteger: abrigar, resguardar, não deixar que o bem cultural seja demolido.

• Promover: trabalhar a favor da preservação do bem tombado buscando o

reconhecimento da população, por meio de ações de educação patrimonial.

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A política de proteção da memória e do patrimônio cultural busca estabelecer uma

sintonia com o planejamento urbano e a qualidade de vida buscando a preservação

do passado com a construção do presente e do futuro. A memória e o patrimônio

cultural incorporam:

• Edificações de valor histórico;

• Várias dimensões (bens imateriais) que constroem a identidade e a cultura de

uma cidade e seus habitantes.

Instrumentos de Preservação___________________________________________________________________

1. O TombamentoDentre os instrumentos utilizados, o tombamento é um dos que possibilita a adoção

de medidas restritivas que visam à proteção de bens culturais isolados ou em

conjunto. O tombamento municipal é regulamentado pela Lei 3802/84 e pelo Decreto

5531/86, acompanhando a legislação Federal e Estadual. O tombamento representa

o reconhecimento por parte da sociedade do valor de determinado bem para a

cultura local, sob aspectos que vão do arqueológico ao imaterial ressaltando o

interesse coletivo.

Para o patrimônio edificado foram definidas categorias diferenciadas de tombamento

que refletem a importância atribuída ao bem naquele momento e as características

de cada imóvel:

• Declaração de interesse cultural – determina a obrigatoriedade de

elaboração do Registro Documental, dossiê com documentação iconográfica

e descritiva que pode eventualmente levar à conclusão pela aplicabilidade do

tombamento ou, em caso contrário, constituir instrumento de pesquisa futura.

• Tombamento parcial – incide sobre aspectos isolados do imóvel, podendo

se limitar à fachada frontal e/ou outras, volumetria ou altimetria, sendo que

neste último caso a limitação se restringe à altura que poderá atingir uma

nova edificação no local.

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• Tombamento integral – inclui os planos externos e o interior da edificação,

geralmente quando possuidores de elementos ou soluções valiosas ou

indissociáveis do imóvel.

Rememorando Histórias da Rua da Bahia___________________________________________________________________

“Eu conheci a Rua da Bahia Quanto era feliz. Era feliz e tinha um ar de importância que irritava as outras ruas da Cidade.” Carlos Drumond de Andrade

O Conjunto Urbano Rua da Bahia, “define o Corredor Cultural Rua da Bahia”, compreendendo um perímetro, que é o resultado de um processo histórico de construções, destruições e reconstruções. Conseqüência de contribuições sucessivas, não somente de um momento. Esse corredor conta várias histórias sobre o desenvolvimento de Belo Horizonte. Conta um pouco da história da arquitetura, da evolução urbana, da ocupação da cidade, do comércio, das pessoas, mas principalmente da cultura de nossa cidade.

Segundo os critérios da Comissão Construtora da Nova Capital, a Rua da Bahia seria o eixo de ligação ente o setor administrativo, localizado na Praça da Liberdade e o centro comercial, que se desenvolveu aos arredores da Praça da Estação, avenida do Comércio, atual Santos Dumont, onde havia o comércio do tipo atacadista, formado pela proximidade com a Estação Central, por onde chegava todos os suprimentos para a Capital, e avenida Afonso Pena.

O Conjunto Urbano Rua da Bahia faz justaposição com vários outros conjuntos ao logo de seu eixo: Conjunto Urbano Praça Rui Barbosa (Praça da Estação): a Estação foi projetada por José de Magalhães, que teve como auxiliar o arquiteto, Edgard Nascentes Coelho e o desenhista José Verdussem, em 1920 foi substituído pelo prédio hoje existente projetado por Luiz Olivieri. O prédio há muito é conhecido como Estação Central e é referência cultural pelas proporções e linhas elegantes do estilo neoclássico, consagrado na Capital do início do século XX.

Esse Conjunto Urbano é, em sua maior parte, interceptado por outros Conjuntos Urbanos - Rua dos Caetés, Avenida Afonso Pena, Praça Afonso Arinos e Praça da Liberdade-Avenida João Pinheiro era um Conjunto Urbano praticamente consolidado, com poucos terrenos vazios. Do ponto de vista histórico observa-se sua diversidade e riqueza. A definição do perímetro de proteção do referido Conjunto Urbano busca dar notoriedade para o eixo da Rua da Bahia, devido à importância dessa rua na história de Belo Horizonte. Observa-se que a Rua da Bahia, apesar de sua importância como eixo cultural, pela sua história de ocupação e de apropriação, ela também é um eixo polarizador de referência, um marco urbano importante na cidade, e as diretrizes de proteção são importantes definidoras desse marco.

Quem atravessava Bahia na altura de Goiás ia dar direto na esquina de Goitacazes onde ficava a Casa Narciso. (...) Por cima do térreo de Seu Narciso ficava a residência da família Rocha Melo. (...) Seguiam-se os prédios de um andar onde ficavam no 936 a Papelaria e Tipografia Brasil do

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Silva Veloso, no 928 a Farmácia Americana. (...) Ainda descendo era a Casa Decat. (...) Em cima dessa loja morava o Comendador Avelino Fernandes, Cônsul de Portugal, nosso amigo. (...) Depois era o segundo Parc Royal (...). Encostado era a Charutaria Flor de Minas e nos seus altos vivia a família de outro comendador, o Seu Fonseca. (...) Seguia-se o prédio fabuloso cujo andar térreo era o Cinema Odeon que tinha a glória de ser sobrepujado pelo piso do Clube Belo Horizonte. (Pedro Nava – Beira-Mar pp 11-12)

Os cafés foram os principais testemunhos da efervescência cultural de Belo Horizonte, desde sua inauguração. Café foi um termo muito difundido em Belo Horizonte, para designar “bares mais sofisticados”, na verdade o que eles menos serviam eram cafés, suas especialidades era um bom chope gelado ou uma cerveja de qualidade.

O Café Paris, talvez tenha sido o primeiro ponto de encontro entre os poetas de Belo Horizonte, ainda por volta de 1908. Nesse período lá já era possível se encontrar cerveja, poesia e música americana tocada ao piano. Era um local essencialmente masculino. A Rua da Bahia era o seu endereço.

O Café Estrela, localizado na esquina de Bahia com Goitacazes, foi um dos marcos da Rua da Bahia, na década de 1920. Serviu como ponto de encontro ente os intelectuais ligados ao movimento modernista mineiro, como Carlos Drumond de Andrade, Emílio Moura, Abgard Renault, Milton Campos, Pedra Nava entre outros. A sede desse café era na Rua da Bahia ente Goitacazes e Augusto de Lima, um pouco abaixo de onde recentemente funcionou o Bahia Shopping. Esse estabelecimento era mais que um simples café chegou a ser classificado por seus freqüentadores como uma confraria.

Nossa roda no Café Estrela, da Rua da Bahia, era tão literária quanto política, e reunia estudantes destacados na Faculdade, a gente que vagamente estudava ou simplesmente vadiava, como o cronista. Mas se alguns comentavam a realidade nacional, outros queriam transformá-lo. Gabriel Passos era um desses últimos (DIAS, 1971).

A Rua Bahia apresenta marcos da arquitetura de diferentes épocas e estilos é referência obrigatória na literatura modernista com destaque especial na obra do memorialista Pedro Nava, bem como do poeta Carlos Drumond de Andrade.

De todas as ruas da cidade é a da Bahia que assume a função de elo com o cosmopolitismo. Lá era possível encontrar um comércio de qualidade, o cinema, a aglomeração humana e o melhor bar/café da cidade, o do Ponto. Foi planejada como uma artéria e era nela que transitava os habitantes mais elegantes, os automóveis e o bonde. Em alguns momentos chegou a ser comparada a uma vitrine humana, onde todos que seguiam Bahia acima ou Bahia abaixo estavam em evidência.Era a rua da Bahia que servia de palco para as paqueras, os namoros e os encontros de boêmios e intelectuais, conforme observações de Abílio Barreto:

A mim pergunto de novo, espicaçado pelo desejo latente, irresistível, de andar. ‘Onde vou agora?’ Outras ruas me attrahem, mas há sempre uma que mais se impõe, que me chama, que me arrasta. Sigo, então, para ella, procurando... o que? Não sei... (VITA, 1914)

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A Rua da Bahia era considerada por todos como artéria sanguínea da capital mineira. Todas as atividades culturais aconteciam em casas dessa Rua. Era uma Rua com poucas residências o que consentia aos transeuntes um sentimento de liberdade, que embebiam do ambiente plural que lhes era proporcionado. Os bares e os cafés foram sendo ocupados como ponto de encontro, onde se era possível à troca de informações, a leitura do jornal e discussões acerca da literatura atual, a situação política, os filmes em cartaz, e a vida cotidiana da capital.

Pensando em Rua da Bahia, não podemos deixar de ressaltar algumas edificações que conferiram e/ou ainda conferem destaque especial na paisagem urbana da Capital.

O Café e Bar do Ponto, lugar de encontro dos boêmios da Capital. Situava-se na esquina de Afonso Pena, entre Rua da Bahia e Tupis, onde hoje se encontra o hotel Othon Palace. Esse nome foi devido à sua localização, pois logo à sua frente, no centro da Avenida Afonso Pena ficava o abrigo de bondes, era o ponto final e inicial daqueles que se dirigiam às regiões sul e leste de Belo Horizonte. Esse estabelecimento comercial, marco referencial de Belo Horizonte foi fundado por Felipe Longo, em 1906, a edificação que abrigava esse estabelecimento era um sobrado que se estendia por todo o cruzamento.

O Bar do Ponto, tudo sabia e informava. Era um jornal vivo. (...) Dali os fatos eram irradiados (...). Ao recolher-se a casa, à noite, cada belo-horizontino conhecia tudo o que ocorrera no dia, porque ouvira no Bar do Ponto. (...) E no Bar do Ponto punha-se pikets nos fatos (...) Cada habitante lá chegava, parava, ficava informado do que ignorava e informava o que sabia (ANDRADE, 1982).

O Bar do Ponto não era tão luxuoso como o Café Estrela, contudo serviu não só como o mais famoso ponto etílico das primeiras décadas da Capital, mas também de local para exposições de pintores em início de carreira, como Renato de Lima. Até para homenagens a figuras ilustres do cenário mineiro, o Bar do Ponto era local ideal. No segundo pavimento do edifício encontra-se o Palácio Hotel, que tinha entrada pela Rua Tupis.

Marco referencial da cidade por trinta e quatro anos, o Bar do ponto ajudou a construir a história de Belo Horizonte, passou por vários proprietários, “mas conservando-se sempre, acima de tudo, uma instituição essencialmente popular, quase propriedade do público” (CHACHAN, 1994).

O encerramento das atividades do Bar do Ponto foi motivo de comoção popular repercutindo em toda a imprensa da Capital, que expressa o sentimento de melancolia. “Raros estabelecimentos de reunião pública desempenharam tão importante e insistente papel na história de uma cidade, como o Bar do Ponto, na crônica de Belo Horizonte” (A CIDADE, 1940).

O Bar do Ponto foi fechado em 1940 e demolido em 1959. No local foi edificado o hotel Othon Palace. Carlos Drummond de Andrade referiu-se à demolição do prédio afirmando que não era apenas uma referência perdida, mas também um processo de “liquidação de imagens”, mostrando que a cidade que nasce sob a égide da modernidade carrega consigo: a incansável busca do novo.

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A Casa Giácomo compunha o cenário da Rua da Bahia, a casa lotérica da época, à sua frente os engraxates trabalhavam embelezando os pés dos homens ilustres da capital mineira.

Continuando subindo logo depois da Casa Giácomo se encontrava a Joalheria Pádua, que vendia jóias de fabricação diamantinense, ao lado a Charutaria Flor de Minas. No segundo pavimento funcionava o Jornal “Folha de Minas”, importante veículo de informação da época fundado por Afonso Arinos, na década de 1930, para o qual Drumond e Nava contribuíram com suas palavras encantadas.

Em frente a essa edificação existiu uma loja de tecidos (com duração efêmera) e depois foi ocupada pela loja de discos “Lucerna” de propriedade de Waldomiro Lobo, que mais tarde tornou-se deputado e desistiu do negócio.

A Bombonière Suíssa, servia os melhores doces e confeitos da cidade e não pode ser esquecida no cenário da Rua da Bahia, considerando, que era lá que a tradicional família mineira levava suas filhas para passear.

A Livraria Itatiaia funcionava no prédio nomeado Parc Royal e era freqüentada pela alta inteligência mineira, de propriedade dos irmãos Vivaldi, Pedro Paulo e Edison, toda Moreira. Ao 2º andar só tinha acesso os amigos íntimos, pois era a residência de Edison Moreira. Era lá que se discutia literatura e pensavam sobre as sucessões da Academia Mineira de Letras.

Outras livrarias também já compuseram parte importante desse corredor cultural chamado de Rua da Bahia, tais como a Francisco Alves, freqüentada pelos jovens revolucionários da década de 1920; a Livraria Morais, que funcionou na esquina de Bahia com Goitacazes, onde posteriormente cedeu lugar à Livraria Civilização Brasileira, mais acima se encontrava a Livraria Alemã, que fora destruída ao final da Segunda Guerra Mundial.

O Trianon fez parte dos mais célebres cafés da Capital, no princípio do século XX. Era de propriedade de Otaviano Soares. Na edificação de dois pavimentos encontrava-se a seguinte disposição: no andar inferior do bar ficavam as mesas e cadeiras, local onde eram servidos doces, sorvetes e outras guloseimas; no andar superior as bebidas alcoólicas eram servidas no balcão, onde se podia saborear a melhor empada da cidade. Era freqüentado pela boemia mais refinada de Belo Horizonte.

Havia a hora cheia do aperitivo da manhã tomado em pé (...). Depois morria o movimento e todo o dia era de freguesia familiar escassa (...). Às quatro da tarde (...) começava o movimento mais firme dos aperitivos e da cerveja (...) Outra hora oca, correspondendo à da janta da Família Mineira. Nova enchente à noite (NAVA, 1985, p. 9-10).

Em frente ao Trianon funcionou a Confeitaria Pappi, que antecedeu a Confeitaria Elite, era mais requintada casa de chá, que recebia a fina flor da sociedade belorizontina. Foi bastante freqüentada pela da época, principalmente as moças, que começavam a ter uma vida social. A confeitaria Elite substituiu a Pappi e passou a

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centralizar a vida social da cidade, era o ponto de encontro das moças, após a matinê no Cine Metrópole. Com o passar do tempo a Confeitaria Elite também se rendeu aos apelos boêmios da juventude e passou a servir cerveja.

Na esquina de Bahia e Augusto de Lima encontrava-se o Grande Hotel, o melhor de Belo Horizonte, por longos anos. Contava com serviço de bar nos andares térreo e sacada do 2º. Era o local privilegiado para se discutir política. Em 1918 foi adquirido pelo italiano Arcângelo Maletta, que promoveu ampla reforma imediatamente, logo depois construiu o 3º pavimento. Era o mais moderno edifício destinado ao ramo hoteleiro, hospedou figuras ilustres como Santos Dumont, Rui Barbosa e Getúlio Vargas, antes desse tornar-se Presidente da República. Juscelino Kubitschek foi um dos grandes freqüentadores do bar do Grande Hotel.

Em 1956 o prédio foi adquirido pela Cia. De Empreendimentos Gerais, que o demoliu e no ano seguinte construiu o Edifício Arcângelo Maletta, com 20 pavimentos, de uso misto (residencial e serviços) inaugurado em 1961 e até hoje importante referência na paisagem urbana da Capital. No andar térreo abriga bares famosos até os dias atuais, como o Pelicano – com frente para a Avenida Augusto de Lima e na parte interna a Cantina do Lucas, tombada como patrimônio cultural de Belo Horizonte, e o Lua Nova, todos movimentados pontos de encontro de intelectuais, jornalistas e artistas.

O prédio onde hoje se encontra instalado o Centro de Cultura de Belo Horizonte, é um belo exemplar da arquitetura manuelina. No princípio do século XX, no andar térreo funcionou a Biblioteca Pública Estadual, no 2º pavimento funcionou a Câmara Municipal. O prédio já abrigou também uma rádio, o Museu da Força Expedicionária Brasileira e o Museu de Mineralogia.

Na esquina de Bahia com Goiás já existiu o prédio que abrigou, o Teatro Municipal¹ vendido por Juscelino Kubitschek para construção do Cine Metrópole. O cinema foi inaugurado em 07 de maio de 1942, e foi um grande acontecimento social na cidade, com a presença do Governador Benedito Valadares. A festa de inauguração exigiu traje a rigor. O filem exibido foi “Tudo isso e o céu também” com os atores Charles Boyer e Bette Davis (a musa dos anos de 1940). Posteriormente o Cine Metrópole teve o mesmo destino do Teatro Municipal e cedeu lugar a um prédio de gosto arquitetônico duvidoso, sede do Banco Bradesco. A demolição do Cine Metrópole serviu como mola propulsora para a política de proteção ao patrimônio cultural em Belo Horizonte.

O Gruta Metrópole, situado à Rua da Bahia, 1052, na década de 1950, foi o último reduto de vida boêmia dessa Rua. Foi o estabelecimento herdeiro do Bar do Ponto e do Trianon. Lá se reuniam, jornalistas, intelectuais, empresários, banqueiros de estabelecimentos bancários e bancários, banqueiros do jogo de bicho e trabalhadores em geral. Lá também era possível discutir política, esporte, negócios, artes, jornalismo, literatura, ciências em geral e até segredos de família. Lá já estiveram trocando conhecimentos Tancredo Neves e Hélio Garcia; os artistas plásticos Di Cavalcanti e Mário Silésio; os atores Carlos Kroeber e Jota D’Ângelo e muitos outros. Hoje o bar ainda existe, o que faz parte da memória é charme de outrora.

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Os bondes são parte integrante da memória de todos os autores que escrevem sobre a Rua da Bahia. Eles iam e vinham por esta Rua levando passageiros ao Bairro Serra, à atual Praça Diogo Vasconcelos, na Savassi, onde outrora existia o abrigo Pernambuco e mais tarde aos bairros Carmo e Sion. Todos os moradores da Capital usavam o bonde como sistema de transporte, todas as classes sociais se serviam dele. Era considerado por todos como um espaço democrático, diferente do transporte coletivo existente atualmente, em que apenas as classes menos abastadas se utilizam dele.

Fazem justaposição com o Conjunto Urbano Rua da Bahia os seguintes Conjuntos:A Praça Afonso Arinos foi nomeada pela Comissão Construtora como Praça da República. No decorrer desses 109 anos foi bastante alterada. Seu traçado original criava uma perspectiva para a antiga Avenida Liberdade, atual João Pinheiro. Em 1996, o CDPCM-BH, aprovou o tombamento de árvores na malha urbana, com destaque para o Jequitibá e o Pau-Brasil plantados nessa praça.

A Avenida João Pinheiro foi originalmente batizada de Avenida Liberdade. Projetada como rampa de acesso à esplanada artificial terraplenada pela CCNC. Os trabalhos de arborização da Capital foram iniciados nessa avenida, Da ocupação original, destinada às residências de altos funcionários públicos restaram apenas alguns palacetes, hoje ocupados pelo Museu Mineiro, Arquivo Público Mineiro e pela Escola Estadual Afonso Pena, protegidos por tombamento municipal e estadual.

A Praça da Estação foi projetado pela CCNC, implantada em 1895 e recebeu o nome de Praça Cristiano Otoni. A partir de 1924, passou a ser denominada Praça Rui Barbosa, período em que teve o seu paisagismo reformulado. É espaço consagrado de manifestações coletivas, políticas e culturais. Esse Conjunto Urbano é patrimônio cultural protegido pelo município e pelo Estado, com elementos que se ligam a diversos períodos da evolução urbana de BH.

O Conjunto Urbano Avenida Afonso Pena, o principal eixo projetado pela CCNC, no sentido norte-sul, a partir da Serra do Curral até o Ribeirão Arrudas. Ao longo de seu percurso, destacam-se importantes referências culturais, arquitetônicas e urbanísticas, como a Praça Sete de Setembro e o Pirulito – Monumento ao Centenário da Independência -, o edifício Sulacap/ Sulamérica, o Mercado das Flores e o extinto Bar do Ponto fazem parte da memória desse cruzamento.

O Parque Municipal Américo René Giannetti, não pode perder o lugar de destaque desse Conjunto. Foi inicialmente o quartel general da Comissão Construtora da Nova Capital. Serviu também como o local de cultivo de sementes para todo paisagismo executado na época da construção da cidade. Após a inauguração foi estruturado para servir de Parque, hoje, o grande respiradouro do hiper-centro de Belo Horizonte. Segundo a Comissão Construtora da Nova Capital – CCNC -, o Parque Municipal cumpriria a seguinte função: “Será o parque mais importante e grandioso de quantos há na América, e por si só, merecerá a visita de nacionais e estrangeiros e levará a nova Cidade acima de quantos ora atraem no Brasil”. (CCNC – 1894)

No princípio do século ele incentivou e cultivou o hábito do passeio público, o local onde as pessoas se reuniam longe do trânsito das ruas. Todavia, assim como nas

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outras vias públicas em especial a Rua da Bahia, servir como lugar de encontro dos enamorados, dos amigos, para conversas rápidas ou apenas apreciação da paisagem. O paisagista Paul Villon, produziu naquela localidade um verdadeiro “museu da natureza”, conseguindo criar a sensação de aproximação entre o ambiente bucólico de Ouro Preto e o modernismo de Belo Horizonte.

Logo após a transferência da capital mineira, de Ouro Preto símbolo do sistema colonial, para Belo Horizonte o marco da república, do modernismo e do futuro, a Rua da Bahia, o Parque Municipal e os cinemas assumem o papel de civilidade.

Praça da Liberdade – Encontra-se implantada no alto da Boa Vista do Curral Del Rei, foi projetada pela CCNC, seus jardins originais em estilo inglês forma remodelados em 1920, sob inspiração francesa. O coreto foi projetado por Edgard Nascentes Coelho com denominação de Pavilhão da Música. Em 1992, foi concluído o projeto de restauração da Praça de autoria da Arquiteta Jô Vasconcelos. No período da ocupação da capital, a Praça da Liberdade não era um local de grande circulação, a imprensa da época atribuía tal fato à concorrência da Rua da Bahia e dos cinemas:

Mais uma noite triste para a praça da Liberdade foi a do último domingo. A falta de música, concorrência dos collegas da Rua da Bahia (os cinematographos), os circos, - tudo conspira contra ella, que se viu despovoada do encanto seductor e mágico das senhoritas formosas que costumam florir de graça e de alegria (O BINÓCULO, 1908).

A Praça da Liberdade foi primeiramente reconhecida como poder público e não como espaço público, que encontrava na Rua da Bahia seu lócus preferencial. A maioria da população a percebia como uma ilha do poder, bastante distanciada da vida cotidiana da capital.

___________________________

¹ O Teatro Municipal era um dos mais belos exemplares que remetia a belle époque, que foi inuagurado pela Cia. Nina Sanzi e continuou sendo placo de brilhantes apresentações de conjunto e artistas nacionais e internacionais.

Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial / Manifestações Culturais___________________________________________________________________

Em tempos que o patrimônio soma a seus aspectos históricos bem como os

saberes, fazeres, formas de expressão e celebrações de um povo, como

manifestações artísticas e culturais representadas, pelas festas religiosas, produção

artesanal também são passíveis de atenção, proteção e motivação de interesse

turístico.

A Rua da Bahia é considerada tanto pela população local como por visitantes o mais

importante eixo cultural da capital. Menos glamorosa, mas não menos intensa é a

programação desse corredor cultural com exposições, espetáculos teatrais e

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musicais, roda de samba, vídeos e filmes, toda essa efervescência pode ser

conferida nos bares, teatros, cinemas e clubes.

A Rua da Bahia presenciou e registrou o nascimento, apogeu e decadência do

carnaval em nossa cidade. Entre as décadas de 1930 e 1940, a Rua da Bahia, em

frente ao bar Trianon, onde só entrava homens e a Confeitaria Elite, onde as

mulheres também podiam entrar, servia de ponto de concentração para os foliões.

Anos mais tarde o encerramento das atividades dos dois estabelecimentos

comerciais coincidiram com a decadência do carnaval na Rua da Bahia. A Gruta

Metrópole serviu de ponto de encontro, por um curto período. Salles fala com

melancolia da situação presente desse marco da Rua da Bahia: “Desfazia-se, pouco

a pouco, toda a estrutura humana de sustentação daquela tradicional casa. (...),

impiedosamente lanchonetizada pelo mau gosto dos homens, e lá permaneceu, sem

quê nem pra quê. Era o fim”. (SALLES,2005)

Os benefícios da preservação do patrimônio

Incentivos à preservação dos imóveis

1. Isenção de Imposto Predial Territorial Urbano / IPTU, para os imóveis em bom

estado de conservação;

2. Transferência do Direito de Construir Potencial construtivo do lote que pode

ser vendido a áreas onde é permitido o adensamento;

3. Lei de incentivo à Cultura / LIMIC verba para realizar restaurações;

4. Ateliê de Acompanhamento do GEPH/SMRU faz projetos de restauração dos

bens tombados e auxilia os proprietários empreendedores.

A Redistribuição do ICMSA Lei Estadual 12.040/95, conhecida como Lei Robin Hood, estabeleceu parâmetros

para redistribuir o ICMS segundo as políticas implantadas pelos municípios. No

Anexo III está fixado o Índice do Patrimônio Cultural/IPC, que leva em conta:

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I - a existência de planejamento e política de proteção do patrimônio cultural: a)

possuir legislação municipal que disponha sobre a política cultural do município, em

especial sobre proteção e a conservação de seus bens culturais tombados ou de

interesse de preservação; b) dispor, em sua estrutura administrativa, de equipe

técnica especificamente designada para responsabilizar-se pela política de

preservação do município, com atuação efetiva comprovada;

II – apresentação (para cada bem tombado de a) planta em escala contendo o

perímetro de tombamento, para o caso de cidade ou núcleo histórico e de conjuntos

urbanos, arquitetônicos e paisagísticos; b) número de domicílios englobados pelo

perímetro de tombamento, para o caso de cidades ou núcleo histórico; c) área e

número de unidades envolvidas pelo perímetro de tombamento, para o caso de

conjuntos urbanos, arquitetônicos e paisagísticos; d) endereço completo do bem

imóvel tombado isoladamente e de bens móveis; e) elementos artísticos integrados

e informe histórico; f) descrição geral das características do bem, justificando seu

valor cultural para o município; g) responsabilidade técnica pelas informações; h)

natureza jurídica do ato de tombamento; i) data do tombamento;

III – Lei de criação de Conselho Municipal de Cultura ou afim, com seus respectivos

instrumentos de regulamentação contemplando as seguintes características e

atribuições: a) atribuição em caráter preferencialmente deliberativo, de proceder ao

tombamento ou outras formas de proteção de bens de interesse cultural do

município; b) atribuição de controle e fiscalização pelo município sobre intervenções

em bens tombados ou de interesse cultural; c) representação equilibrada do poder

público e de entidades e instituições representativas da sociedade civil; d) formas de

convocação, deliberação e periodicidade das reuniões; e) comprovação do

funcionamento regular do Conselho através de cópias de atas aprovadas e

assinadas pelos conselheiros;

IV – Apresentação de: a) inventário de bens culturais; b) dossiê de tombamento; c)

inscrição nos Livros de Tombo; d) laudos técnicos que comprovem o bom estado de

conservação do bem cultural tombado; e) investimentos em bens culturais realizados

diretamente pelo município ou através de parcerias e convênios.

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Referências Bibliográficas

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SILVA, Maria Beatriz Setúbal de Rezende. Preservação na Gestão das Cidades. In.: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Cidadania. Rio de Janeiro: IPHAN, 1996. N. º 24.

¹ Bacharel em História pela UFMG, coordenadora do Pontão de Cultura da UFMG.

Relatório de Arquitetura Daniel Medeiros de Freitas*

O relatório parcial de arquitetura faz parte dos estudos técnicos integrantes do projeto Corredor Cultural Rua da Bahia: Educação Patrimonial e Memória Urbana, financiado por Recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte. O conteúdo do relatório é dividido em duas partes. A primeira apresenta os objetivos, metodologia, fontes bibliográficas do estudo e caracterização geral do acervo arquitetônico e urbano da rua da Bahia. A segunda parte apresenta o inventário e a caracterização das edificações da rua, destacando os edifícios ou conjuntos urbanos considerados relevantes em relação ao tema e natureza do projeto.

Objetivo, metodologia e fonte___________________________________________________________________

O trabalho procurou adequar a necessidade de elaboração de inventário próprio do espaço construído com a evolução urbana da rua Bahia. Nesse sentido, é importante considerar que o inventário proposto tem por objetivo primeiro subsidiar trabalhos de elaboração de eixos turístico-pedagógicos, não visando diretamente

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subsidiar a preservação ou intervenção física nas edificações. No entanto, para possibilitar a correta identificação das edificações suprimidas, o estudo opta por um levantamento de todas as edificações, identificando lote a lote a evolução do espaço e variação de uso e estrutura construída. Com base neste inventário detalhado e nas diretrizes do projeto proposto, foram destacadas as edificações com maior relevância para o patrimônio histórico arquitetônico e urbano, a fim de se aprofundar em sua caracterização.

Sobre a análise dos dados e definição de critérios de seleção de edificações notáveis, o trabalho opta por priorizar a relação que os edifícios estabelecem com o espaço urbano e história da cidade, oferecendo dados para o mapeamento, identificação e caracterização da relação das edificações relevantes do ponto de vista arquitetônico, construtivo e referencial com a cidade. Neste sentido, o conceito de patrimônio adotado é o que trabalha com a associação de valores ao objeto (CHOAY, 2001), buscando identificar valores para a história, história da arte, singularidade artística ou de uso, atual ou passado.

Sobre a delimitação da área de estudo, foi adotado o eixo formado pela rua da Bahia em toda sua extensão, com alargamento em trechos de maior concentração de edificações, estruturas ou atividade urbanas relevantes.

Sobre a apresentação dos dados o estudo define uma lista de edificações relevantes para, em seguida elaborar um pequeno parágrafo introdutório sobre a caracterização do edifício, história de seu projeto, ocupação e modificação de uso, descrição da importância para a arquitetura, para a história e para a cidade e, finalmente, foto ou figura disponível em acervo. Sobre o último aspecto, o estudo opta por não produzir levantamento fotográfico específico para cada edificação caracterizada. A opção se justifica pela existência de amplo material gráfico relativamente atualizado do local e pela pouca relevância de fotografias atualizadas no produto final do projeto, que da maior peso à identificação da edificação do que o diagnóstico de sua situação atual. Caso a coordenação do projeto opte por produção de registro fotográfico e vinculação deste em produto final (cartilha, palestras, etc) recomenda-se elaboração de critérios com o responsável pela diagramação final do material.

Arquitetura e urbanismo na Rua da Bahia

A Rua da Bahia, do ponto de vista histórico-arquitetônico, é a rua mais importante de Belo Horizonte. Essa importância se deve ao acúmulo de edificações consideradas patrimônio histórico que vinculam valores de identidade local, referência histórica, inovação estética ou tecnológica, símbolos da vida urbana, dentre outros. Por outro lado, associada à importância histórica dos edifícios, tem-se, desde as primeiras décadas, um processo contínuo de demolição e substituição de edificações, relacionado à ação do mercado imobiliário e à reinvenção contínua do modelo arquitetônico e urbano do Hipercentro de Belo Horizonte.

A importância da rua pode ser reconhecida já nos primeiros anos da capital, momento em que no trecho próximo à esquina da Rua da Bahia com Afonso Pena se consolida a primeira centralidade de comércio e serviços da cidade planejada. Essa centralidade desbanca o próprio projeto original de Aarão Reis e sua intenção de criação de um grande centro linear ao longo da Afonso Pena. Nos primeiros

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anos, a Rua da Bahia representava a elite republicana que encontrava em seus cafés, tabacarias e lojas de luxo a urbanidade próxima à das metrópoles européias, sobretudo a Paris das intervenções de Haussmann² . Deste último Aarão Reis herda grande parte do vocabulário espacial que combina com a opção malha regular, geométrica e fechada.

Neste momento, a arquitetura neoclássica de inspiração européia combina regras de composição e técnicas construtivas com a utilização de símbolos republicanos. O partido arquitetônico e a relação com cidade têm como objetivo a contextualização e reforço dos eixos e perspectivas visuais do projeto urbano, efeito obtido pelo alinhamento do edifício com o passeio e adoção de gabarito de altura.

Nos anos 30 o modelo urbano adotado até então sofre as primeiras críticas e um novo vocabulário formal passa a nortear as intervenções no tecido existente. Belo Horizonte na época possuía diversos vazios na área central, o que possibilitou a reinvenção do espaço de acordo com as novas referências. Data dessa época o viaduto Santa Tereza, maior vão de concreto da América Latina e as primeiras edificações em estilo art-deco, os dois principais símbolos dessa nova estética urbana.

Na década de 40 o processo de substituição de edificações na área central se consolida, atingindo mesmo edificações de grande porte e referência, como o antigo edifício sede dos correios. No lugar, foi construído o conjunto do edifício Sulacap Sudameris, ainda hoje o melhor exemplo de inserção urbana de arquitetura vertical no Hipercentro, devido à apropriação e valorização do eixo criado pelo viaduto Santa Tereza. No entanto, na década de 70 essa estratégia de implantação é completamente subvertida pela construção de anexo sobre o vão central.

Na década de 50 um novo modelo urbano é imposto à capital, caracterizado pela abertura de vias e zoneamento de usos. Surge no período o privilégio ao tráfego de veículos, embora a frota menor conseguisse se harmonizar com os usos da rua, equilíbrio que irá se romper de forma definitiva a partir da década de 60. Por outro lado, a arquitetura modernista chega na rua da Bahia presa ao gabarito de altura e alinhamento frontal, incapaz de promover a subversão do tecido neoclássico através da criação de grandes pilotis como aconteceu em diversos pontos da cidade.

Nas décadas de 60 e 70 a inserção da arquitetura vertical prioriza a ocupação total do lote e do coeficiente permitido pela legislação, fruto direto da ação do mercado imobiliário e do isolamento funcional do edifício. No final da década de 70, teve início a demolição de diversas residências no trecho final da rua da Bahia. De 1980 a 1990 foram demolidas 3 casas entre a Álvares Cabral e a Timbiras; 3 casas entre Aimorés e Bernardo Guimarães; 6 casas entre Bernardo Guimarães e Gonçalves Dias e 2 casas entre Gonçalves Dias e Bias Fortes.

No entanto, também foi na rua da Bahia que foram implantadas as primeiras ações de preservação do patrimônio histórico. As ações e discussões se concentraram primeiramente no conjunto da Praça da Estação para, em seguida, subir a rua da Bahia, propondo dentre outras ações a instalação de um eixo comercial 24 horas, nunca viabilizado. A maior importância dessas ações foram inaugurar a discussão e

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definir grande parte dos atuais modelos e critérios de intervenção no patrimônio histórico de áreas centrais.

Atualmente o espaço construído da rua da Bahia convive com graves problemas de tráfego de veículos e poluição sonora e visual. O uso dos espaços, apesar disso, ainda sugere potencialidades para apropriação do eixo e resgate da importância da rua para a memória e vida social da capital. A maior parte das edificações relevantes para o projeto estão bem conservadas, com poucas descaracterizações, sendo o maior prejuízo a demolição de maior parte do acervo ao longo dos anos.

Inventário Completo de Edificações

***Maior Relevância **Média relevância *Pouca relevância

Entre Contorno e Guaicurus

***Companhia Industrial de Belo Horizonte – Edifício 104 tecidos - FourteenInaugurado em 1908, o edifício foi construído para sediar a fábrica de tecidos da Companhia Industrial de Belo Horizonte, primeira grade indústria de tecidos a se estabelecer na Nova Capital de Minas. O projeto original da edificação foi elaborado, em 1906, pelo arquiteto Edgar Nascente Coelho. A partir do final da década de 40 o edifício passa a abrigar a União Brasileira de Tecidos, popularmente conhecido como 104 Tecidos. Atualmente, parte do galpão é ocupada pela fábrica da fourteen. O prédio sofreu, ao longo dos anos, inúmeras intervenções que, além de descaracterizarem seu interior, contribuíram para o desaparecimento quase completo das linhas arquitetônicas originais de suas fachadas.

***Prédio da Escola de Engenharia - Construído em estilo modernista em 1965, se destaca pelo uso de estrutura independente, parede de vidro e pilotis sob o auditório, voltado para a rua Espírito Santo.

***Instituto de Química da Escola de Engenharia da UFMG – Laboratório da Escola de Engenharia da UFMG - Edificação construída em 1911 em estilo neoclássico. Possui importância arquitetônica devido ao porte e caráter referencial para o entorno. Está mal conservado e começa a apresentar descaracterizações.

Entre Guaicurus e Santos Dumond

***Praça Rui Barbosa - Principal porta de entrada da capital, construída para ser o cartão postal da cidade planejada. No início da década de 40 passa a ter sua importância diminuída, situação que se agrava nas décadas de 50 e 60 com a chegada do tráfego de veículos e desativação das indústrias do entorno. Após passar por período de degradação, serviu de bandeira para a preservação do patrimônio no Hipercentro. Na década de 80 tem seu processo de requalificação iniciado com a instalação do centro cultural da UFMG. No final da década de 90 o edifício e o espaço urbano passa por uma série de intervenções que recuperam a condição de cartão postal da cidade.

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***Biblioteca da Escola de Engenharia - Edificação do conjunto neoclássico próximo à Praça da Estação.

***Segundo Batalhão da Brigada Policial – Escola Livre de Engenharia – Centro Cultural da UFMG - O prédio foi originalmente concebido para sediar o Hotel Antunes. Entretanto, concluídas suas obras, em 1906, destinou-se ao Quartel do Segundo Batalhão da Brigada Policial, que permaneceu nesse endereço por cinco anos. A partir de 1911, a Escola Livre de Engenharia passou a funcionar no local. Nos anos 80, a edificação foi restaura da e passou a sediar o Centro Cultural da UFMG. O prédio foi construído em estilo eclético com predominância de elementos neoclássicos, é exemplar das construções de médio porte do início do século.

Entre Santos Dumond e Caetés

***Hotel Internacional – Hotel Itatiaia - Em 1912 havia no local e imediações um pequeno conjunto de estabelecimentos comerciais e de serviços: a Empresa Progresso (serviços de mensageiros, transportes e despachos), a Confeitaria Americana, a Farmácia e Drogaria Comércio, a Empresa Minerva (papelaria e tipografia), duas firmas de bilhar e uma loja de loterias. O Hotel Itatiaia ou Internacional foi construído em 1951, projeto dos arquitetos Raffaello Berti e Shakeaspeare Gomes. Atualmente abriga diversos serviços.

Entre Caetés e Tupinambás

**Hotel Macedo - Na década de 1940 a rede hoteleira ganhou impulso. Entre os principais estabelecimentos da época estava o Hotel Macedo, edifício art-déco de 3 pavimentos com entrada pela Praça Rui Barbosa.

**Edifício Aurélio Lobo - Edificação localizada na Amazonas, recentemente restaurada.

**Edifício Marena - Residencial vertical. Construído em 1959 com projeto de Euípedes Santos.

**Condomínio Edifício Rio Tapajós: Edifício residencial vertical. Construído em 1958 com projeto de Tarcisio Silva. *Edificação de 1 pavimento atual

*Prédio sem nome entre condomínio e estacionamento - Dois pavimentos em estilo moderno.

**Edifício Farinha - residencial verticalConstruído em 1962 com projeto de Hilmar Toscano Rios

*Estacionamento

**Edifício Mantiqueira - residencial verticalConstruído em 1962 com projeto de Antônio Botelho Pereira e Jéferson Lodi.

Entre Tupinambás e Carijós

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*Posto de Gasolina

***Prédio Neoclássico Azul – 4 pavimentos

*Prédio 3 andares novo (451) - Paulistão dos Retalhos, construído em 1983 por Yokio Sato Eng. Civil.

*Frigorífico – 2 pavimentos

*Prédio 3 andares - novo (487)

**Edifício Satélite (nº 478) - moderno - Construído em 1958 com projeto de Paulo Mourão Monteiro.

*Prédio Garagem - Sua construção tem início em 1998

***Mecânica Purri / Edifício Victor Purri/Cine Regina - Funcionava no número 508 a “Mecânica de Minas”, oficina de fundição, fundada em 1903, de Victor Purri. No número 304 está a oficina de mármores e ladrilhos de “José Scartelli e Filhos”. Estes dois estabelecimentos, junto com a oficina de cerâmica de João Pinheiro, que em 1912 já não existia, foram pioneiros na construção da cidade, localizando-se na Rua da Bahia, estrategicamente perto da Estação Ferroviária. Na década de 50 as edificações são demolidas para construção do edifício atual. O Edifício Victor Purri foi construído em 1964 com autoria de Victor Purri e Paulo Mourão Monteiro.

Entorno: Viaduto Santa Tereza

**Edifício Amália Taboada - (504) moderno - Construído em 1962 com projeto de Gibrtto C. Andrade

**Prédio neoclássico

Entre Carijós e Tamoios

**Edificação Edifício Alcazar - (570) Prédio (década de 40). Com 11 pavimentos foi construído em 1944 e seu autor foi Raffaello Berti.

*Edificação 581 - moderno

*Estacionamento

* Edifício Elepebê

**Edifício Lisboa - Construído em 1962 com projeto de Paulo Zukim Figueiredo Neves

*Edifício São Lucas - Construído em 1958. Autoria de Geraldo Ferreira Lima.

*Edifício novo sobre reforma que descaracterizou edificação anterior.

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*Edifício Duque de Caxias - Construído em 1957. Autoria de U Muniz.

Entre Tamoios e Afonso Pena

***Parque municipal - Estação Bondes – Mercado das Flores - O parque foi Inaugurado em 26 de setembro de 1897. Na década de 10 começou a perder partes de sua área para a cidade. Em 1925/26, ele ganhou seus portões principais e a cerca de arame foi trocada por um belo gradil de ferro. O coreto, inicialmente montado na praça do mercado, foi transferido para o cruzamento da avenida Afonso Pena com rua da Bahia. No mesmo local, foi construída a estação de bondes. Em 1937, perdeu grande área para o prolongamento da rua Pernambuco.

A Agência de Bondes “Viação Elétrica” foi instalada já nos primeiros anos da capital, sendo o principal ponto o da esquina da Afonso Pena com rua da Bahia em edificação eclética já demolida. O prédio existente próximo ao parque data de 1946 . Na década de 60 a edificação virou Mercado das Flores.

**Prédio dos Correios – Sulacap Sudameris - O prédio dos correios foi construído em 1904. O edifício era róseo, de arestas pintadas de branco, alternando largos janelões com elegantes janelas finas. Tinha porão habitável, dois pisos e seu maior requinte estava no vestíbulo cuja altura era a dos seus dois andares, juntos. Foi inaugurada em 1906 e se destacava no centro de Belo Horizonte. O prédio manteve o padrão da arquitetura eclética utilizado nos prédios construídos na inauguração da Capital. Em 1933, o prédios dos Correios é colocado à venda. No terreno foi construído em 1941 o edifício Sulacap-Sudameris em composição com o viaduto Santa Tereza, onde o arquiteto Roberto Capello constrói integração simétrica entre os dois blocos no edifício e dois arcos no viaduto. No centro um vão permitia a visão da Afonso Pena, perspectiva perdida com a construção de um anexo entre os dois prédios na década de 70.

Entre Afonso Pena e Goiás – Goitacazes

***Casa Arthur Haas – Ediício Haas - Desde 1901 a casa Arthur Haas era uma casa de concessionária de automóveis situado na esquina da rua da Bahia com Afonso Pena em frente ao Bar do Ponto. Em 1934 foi demolida para construção do edifício Haas de 4 pavimentos.

**Edifício Itamaraty - Construído em 1960 com projeto original de A. Remy

***Trianon – Ed. Trainon - Bingo: Misto de restaurante e confeitaria que surge em meados dos anos 20. Próximo ao local haviam a Confeitaria Suissa e a loja do alfaiate João Batista Coscarelli. O conjunto foi demolido para construção do Ed. Trianon (em 1960) e do Bingo (1987).

***Bar do Ponto - Hotel Globo - Othon Palace Hotel - O Café e Bar do Ponto era o mais famoso de Belo Horizonte, instalado à esquina das ruas Bahia e Tupis, num grande sobrado que abrigava, no primeiro andar, o Hotel Globo. O espaço inferior era dividido com a elegantíssima Sapataria Central, a Papelaria e Livraria Oliveira e Costa, o Restaurante Acre Moderno e o Teatrinho Paris, mais tarde convertido em cinema.

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Em 1969 a edificação ou conjunto de edificações foi demolido para construção do Othon Palace Hotel

***Teatro Soucasaux – Teatro Municipal – Cine Metrópole - Francisco Soucasaux construiu seu teatro adaptando o galpão de madeira e zinco existente no local desde os primeiros anos da capital. Inaugurado em 20 de dezembro de 1899, o teatro ficava no fundo do jardim onde havia um coreto e substituiu o Teatro Provisário. A edificação foi demolida no dia 26 de abril de 1906 para construção do teatro municipal, inaugurado em 21 de outubro de 1909. O prédio, de requintada arquitetura eclética, com a predominância do estilo neoclássico, sofreu alterações ao longo dos anos e chegou a ser chamado de pardieiro na década de 30. Na década de 40, passou por reforma de fachada para abrigar o cine metrópole. O cinema, símbolo da cultura da capital, foi vendido em 1983 e demolido para construção do edifício que atualmente abriga o Banco Bradesco.

***Cine Odeon – Clube BH – Itaú - Inaugurado em fevereiro de 1912 o cine Odeon ficou na rua da Bahia até o final dos anos 20. Instalado luxuosamente no sobrado de Mendes Pimentel, cujo andar superior servirá de sede para o famoso Clube Belo Horizonte, entre 1913 e 1915. Em 1978 foi demolido para construção do edifício do Itaú.

***Parc Royal - Casa projetada pelo engenheiro Luiz Mourão Júnior e inaugurada em 13 de janeiro de 1921 para abrigar a casa de moda mais sofisticada de Belo Horizonte. A edificação ainda conserva a sua fachada de arquitetura eclética, marcada por características clássicas com elementos do art-noveau. Nos detalhes, linhas verticais nos frisos e relevos, além da platibanda típica das construções de época. No conjunto destacam-se as sacadas, as luminárias art-noveau e as colunas e capitéis estilizados. Em 1939, abrigou a casa das lentes. Depois o segundo andar foi alugado pela Singer, e no primeiro, instalada a confeitaria elite. No terceiro funcionavam consultórios de médicos famosos como o de Juscelino Kubitschek. Foi ocupado pela Livraria Oliveira e Costa e pela Itatiaia Editora. Atualmente, serve a uma agência bancária. Interior descaracterizado.

**Charutaria Flor de Minas - no local onde foi construído o Ed. Mercantil em 1969. **Casa Decat – Farmácia Americana no local onde foi construído em 1969 o edifício que abriga o HSBC

**Sobrado do Comendador Avelino - Papelaria e tipografia Brasil no local do Edifício Bom Destino construído em 1954, projeto de Raul de Lagos e Luciano Alfredo Santiago.

Entre Goiás-Goitacazes e Augusto de Lima

***Hotel – Leiteira Celeste – Lanchonete Nacional: local privilegiado situado a pequena distância de três redações de jornais, o Estado de Minas, O Diário e a Folha de Minas. Atualmente no local esta o Hotel Metrópole, de seis pavimentos, projeto de Raffaello Berti e Romeo di Paoli.

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***Região onde havia a loja de Alfredo Coscarelli, a Gruta Metrópole - Desde 1946 existe no local um edifício de 15 pavimentos de autoria de Raffaello Berti.

**Ed. Minas Oeste - de 1966, projeto de Álvaro Benício de Paiva.

**Edifício Fátima - construído em 1954.

**Restaurante Colosso – Andrade e Campos - Local onde em 1945 foi construído o edifício projetado por Tarcísio Silva e Oswaldo de Andrade.

**Confeitaria Estrela – Edifício Ipê- Também chamado café estrela a confeitaria marcou época nas décadas de 10 e 20, instalada em um sobrado de cinco portas. Deu lugar ao edifício Ipê de 1958, projeto de Tarcísio Silva.

**Farmácia Abreu – Ed. Argélia - Farmácia muito antiga desativada em meados da década de 50. Construção do Ed. Argélia data 1957, também projeto de Tarcísio Silva.

**Edifício Santa Maria e Shopping Metrópole - construído em 1957.

**Hotel Sol BH - de 1990, projeto de Henrique Campos e Sidney Portela **Confeitaria High Life - Também era restaurante e possuía grande salão de bilhar confirmar localização. Atualmente vê-se a casa antiga com 1º pavimento descaracterizado

**Livraria Francisco Alves – Colégio Minas Gerais

Entre Augusto de Lima e Guajajaras

***Conselho Deliberativo - biblioteca pública - Museu de Mineralogia - Centro de Cultura de Belo Horizonte - O prédio em estilo neogótico manuelino – o único do estado – foi construído entre 1910 e 1914, para abrigar o Conselho Deliberativo de Belo Horizonte. Projetado por Francisco Isidro Monteiro, foi inaugurado em setembro de 1914. Em 1930, abrigou a Câmara Municipal. Entre 1931 e 1944, abrigou a primeira estação de rádio de Belo Horizonte (antiga “Rádio Mineira”) no porão do Conselho Deliberativo. Nos anos 40 era a biblioteca pública da cidade. Depois de um período desocupado, foi transformado, em 1974, no Museu de Mineralogia Djalma Guimarães, que deixou o lugar para que o prédio fosse restaurado para abrigar um novo espaço cultural.

***Grande Hotel - Edifício Malleta - Inaugurado em agosto de 1897, com 52 quartos e vastas salas para refeições e festas. Em 05/11/1908 o prédio é totalmente destruído por um incêndio. É totalmente reconstruído em 01/04/1909, agora com três andares. Foi demolido em 1957 e em seu terreno foi construído o edifício Maleta em 1958, que causou grande impacto junto à população. Possuía linhas arrojadas e proporções espetaculares para a época.

***Edificação que abriga Agência de Correios - Não foi possível confirmar seu uso anterior

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**Edifício San Remo - construído em 1955 com autoria de Angilberto Sabino Santos.

***Clube B.H. - Polícia Militar - Em 27/11/1926 foi lançada a pedra fundamental da nova sede do Clube Belo Horizonte. Foi construído em 1927 com 5 pavtos. O autor foi Luiz Signorelli. Em 23/04/1929, passou a denominar-se “Jockey Club de Belo Horizonte”.

**Prédio Chromos / La Grépia - descaracterizado. Apenas valor referencial.

**Ed 227 - residencial vertical.

**Edifício Rotary - construído em 1965, projeto de Luiz Pinto Coelho e Arturo Garcia

Entre Guajajaras e Timbiras

**Edifício Capri - Residencial vertical da década de 50.

**Edifício Bernardo Monteiro

**Edifício Teixeira Rocha - antigo +ou- 3 andares, nº 1295

*Estacionamento

**Academia / Estacionamento - nº 313

**Edifício Augusto Costa – nº1320. +ou - 15andares até 1972

**Edifício G. Couto e Silva - teatro da cidade, +ou- 18 andares, nº1345

**Edifício Adriana – nº1354. +ou- 16 andares

**Edifício Bahia – antigo, 3 andares, nº1365

*Estacionamento / Casa 2 andares – nº1360

Entre Timbiras e Aimorés

*Restaurante / Lanchonete / Estacionamento

**Net

*Edifício Quartzo nº1443, novo +ou- 9andares

**Casa antiga 2 andares nº1432

**Edifício Baia Blanca novo +ou-14 andares (Banco do Brasil térreo)

***Associação Mineira de Imprensa

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**Prédio abandonado - +ou-3andares

***Consultório e Residência de Eduardo Borges Ribeiro da Costa - Academia Mineira de Letras

**Casa antiga 2 andares nº 1491

***Anexo da Academia Mineira de LetrasEntre o velho e o novo, outro marco do início dos anos 90 foi a conclusão do anexo da Academia Mineira de Letras. No projeto, Gustavo Penna propõe um diálogo entre sua arquitetura contemporânea e as linhas neoclássicas do antigo palacete dos Borges da Costa, sede da academia.

**Casa antiga 2 andares - CCAA nº 1499

**Colégio Imaculada

Entre Aimorés e Bernardo Guimarães

*Construção nova de 2 pavimentos

***Igreja de Lourdes - Em 3 de junho de 1900 foi lançada a pedra fundamental. Foi inaugurada em 4 de maio de 1902.Seu padrão arquitetônico, a princípio gótico puro, sofreu adaptações durante as obras, mantendo sempre a predominância do estilo.

**Arquidiocese Igreja de Lourdes

**Prédio novo - +ou-10andares

***O Departamento de Saúde - funcionou por décadas onde é hoje o BDMG. O prédio atual é de 1962.

***Prédio antigo 2 andares em restauração esquina Bernardo Guimarães - Em 1898 acontece a Instalação da Faculdade Livre de Direito, a primeira da Capital. Funcionava inicialmente na esquina das ruas da Bahia e Bernardo Guimarães, onde está atualmente o Colégio Ordem e Progresso.

Entre Bernardo Guimarães e Gonçalves Dias

*Posto de Gasolina Rua da Bahia

*Edifício residence St. Raphael - +ou-16 andares entrada Bernardo Guimarães

*Construção 1 andar - clínica escola Izabela Hendrix

*Colégio Imaculada Jardim Azul - 2 andares

*ICBEU / UNA 4 andares

*UNA 2 andares

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*Edifício Rômulo Paes - novo +ou- 14 andares nº 1759

Entre Gonçalves Dias e Alvarenga Peixoto

***Imprensa Oficial - Ginásio Mineiro - Anexo II Secretaria da Fazenda - Anexo da Biblioteca Pública

*Primeiro prédio destinado à Imprensa Oficial - prédio onde funcionou o primeiro Ginásio Mineiro, depois o Arquivo Público Mineiro e a Juta Comercial, e por fim, uma repartição pública). Atrás das secretarias.

*Prédio da Secretaria do Estado da Fazenda - com aproximadamente 9 pavimentos

*Prédio novo - 16 pavimentos

**Casa antiga - 1 andar

Entre Alvarenga Peixoto e Antônio de Albuquerque

***Filial Instituto Oswaldo Cruz - Biblioteca Pública Estadual Professor Luís de Bessa - As instalações do Instituto Oswaldo Cruz ocupavam todo o terreno e ainda poderão ser vistas na década de 40, porém já transformadas no “Centro de Saúde da Capital” . Em 1957 foi construída a Biblioteca Pública. Seu projeto original, de autoria de Oscar Niemayer e datado de 1955, foi modificado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto, a pedido de Juscelino Kubitschek. Sua construção foi concluída em 1961, após sucessivas paralisações em sua obra.

***Prédio Izabela Hendrix - Art Déco de 1938

*Edificação vertical recente

**Capela Izabela Hendrix

***Praça da Liberdade

***5 casas - 2 andares, antiga

*Secretaria de Estado de Governo 4 andares

***Casa antiga - 2 andares onde funciona a faculdade coorporativa da Prodemge

**Prédio de 3 andares

*Edifício vertical residencial Parque da Liberdade

**Prédio 3 andares antigo

*Prédio antigo de 4 andares

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**Prédio +ou-9andares CAADE MG

**Edifício Dona Clara

***Minas Tênis Clube - O terreno na planta original era destinado ao Jardim Zoológico e só na década de 30 será ocupado pelo Minas Tênis Clube.Nos anos 30 acontece a inauguração da praça de esportes do clube. As obras começaram em 1936, logo após a entrega do projeto, feito pela construtora Romeo di Paoli.

***Casa antiga 1 andar

***Casa antiga 2 andares onde foi Casa Cor

*Edifício Itapuã +ou- 11 andares

Entre Antônio de Albuquerque e Feranades Tourinho

**Prédio - +ou- 4 andares

**Prédio +ou-11andares - Banco do Brasil Térreo

**Bar

**Casa antiga 2 andares

**Bar

**Edifício Maria Helena - 4 andares

**Casa antiga 1 andar moderna

**Casa 2 andares

*Estacionamento

**Prédio 3 andares

**Edifício porto seguro novo +ou-17andares

**2 construções de 1 andar

**construção de 2 andares

Entre Antônio de Albuquerque e Contorno

**Casa 2 andares

**Casa 1 andar Eddie’s Burger

**Casa 1 andar

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**Casa antiga 1 andar

**Prédio 7 andares

**Casa 1 andar

**Prédio novo +ou-9 andares

**Casa 2 andares

**Prédio urbel +ou-11 andares

**Casa 1 andar

**Prédio 2 andares

**Prédio 2 andares

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¹ Mestre em arquitetura e especialista em revitalização urbana e arquitetônica ambos pela UFMG, bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela PUC Minas. Consultor na área ambinetal inclusive com projetos de patrimônio histórico e edificado.

² Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) nasceu e morreu em Paris, advogado, funcionário público, político, administrador francês, nomeado prefeito por Napoleão III. Cuidou do planejamento da capital francesa durante 17 anos.

Referências Bibliográficas

BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Projeto Rua da Bahia. Belo Horizonte:PBH,1993

CHOAY, Françoise.Alegoria do Patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade: Ed.UNESPE,2001

ESTADO DE MINAS. BH 100 anos nossa história. Belo Horizonte: Estado de Minas,1997. 1 CD ROM

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Anexos

Denísia Martins Borba

Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacência

Endereço: Avenida Augusto de Lima, 104 / Rua da Bahia, 1070 (Colégio Minas Gerais)Uso Atual: Institucional (pavimento superior) e comercial (térreo)Proprietário Atual: Academia Brasileira de LetrasUso Original: MistoArquiteto: Não identificadoConstrutor: Não identificadoAno da Construção: Não identificadoPrimeiro Proprietário: Não identificado

Dados HistóricosConforme o planejamento de Aarão Reis, aprovado em 1895, cada região da cidade Seria ocupada por usos e moradores específicos - o que, porém, não ocorreu imediatamente. Em seus primeiros anos, Belo Horizonte contava com pequena parte de seu espaço urbano ocupada, sendo a área central privilegiada. A Rua da Bahia também já se destacava. Pensando para ser um dos principais eixos De expansão urbana, ligando a estação ferroviária - então principal, foi ocupada desde os primórdios. O bem cultural ora analisado, situado na esquina entre Augusto de Lima e Bahia.

Vale salientar que este trecho da rua da Bahia foi, até a década de 1920, e centro do comércio, bares e cafés sofisticados, além do uso cultural garantido pelos cinemas e teatro, tão mencionados "em verso e prosa" pelos literatos Belo-horizontinos de então, que muito frequentavam estes estabelecimentos. Apesar de não termos acesso ao projeto original da edificação, sabemos que é contemporânea a legendárias edificações como o Grande Hotel e o Teatro Municipal. Segundo as linhas do Ecletismo - estilo arquitetônico adotado pela Comissão Construtora - já recebida projeto de aumento em 1905. Originalmente projetada para o uso misto - comércio no primeiro pavimento e residência no segundo pavimento - tal edificação sediou, ao longo dos anos várias instituições, dentre as quais podemos citar a Academia Brasileira de Letras e o Colégio Minas Gerais, que a ocupa até hoje. É importante ressaltar que, na década de1990, o bem foi parcialmente restaurado (fachadas do segundo pavimento, o que a destacou ainda mais em nosso contexto urbano.

Intervenções1905 - projeto de aumento ao prédio já construído - proprietário: Cel. Emygdio R. Germano1923 - projeto de um arco e parede divisória, segundo pavimento - proprietário: Academia Brasileira de letra - arquiteto: João Morandi.

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1939 - Projeto de modificação - proprietário: Faculdade de comércio de Minas Gerais - construtor: Francisco José Pinto1993 - Licença para reforma

Restaurações1993 - Licença para reforma restauação da fachada do prédio, somente no segundo pavimento - proprietário: Colégio Minas Gerais

Características ArquitetônicasEdificação construída na primeira década do século XX, de tipologia de uso misto, com implantação de esquina, representa o ecletismo de inspiração neoclássica, gosto arquitetônico predominante em Belo Horizonte neste período. A fachada de esquina destaca-se das demais, que são simétricas. O telhado é dissimulado por rica platibanda conformada por balaustrada, frontão e acrotérios. Os ornamentos do pavimento superior apresentam-se em motivos florais, sobretudo na altura das sobrevergas em arco abatido das janelas que marcam a esquina e que, por isso, receberam tratamento diferenciado das demais. Ainda na fachada de esquina, observa-se frontão decorado com guirlandas e outros elementos neo-barrocos, ostentando as iniciais P.J. que, provavelmente, referem-se às letras do nome do antigo proprietário.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Avenida Cristóvão Colombo, 290, (Edifício Solar Narbona)Uso Atual: Institucional (Secretaria Estadual de Cultura)Proprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisUso Original: Residencial UnifamiliarArquiteto: Não constaConstrutor: Francisco NarbonaAno da Construção: 1911Primeiro Proprietário: Francisco Narbona

Dados Históricos Inserido ao perímetro de proteção do Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Av. João Pinheiro e Adjacências, nos entornos da Praça, integrando sua grandiosa e imponente paisagem arquitetônica, está o bem cultural da Av. Cristóvão Colombo, 290. A edificação foi construída por volta de 1911, por arquiteto desconhecido. Seu construtor, Francisco Narbona, foi também seu primeiro proprietário e residente. Narbona, aliás, foi um dos importantes construtores da nova capital, destacando-se na construção de vias públicas. O Solar Narbona é hoje, importante testemunho histórico cultural da cidade de Belo Horizonte, abrigando em seu interior instalações da Secretaria de Estado de Cultura.

Características ArquitetônicasEdificação eclética, seguindo as características estilísticas da maioria dos prédios da Praça da Liberdade. Com 2 pavimentos e porão, acompanha a volumetria do Palacete Dantas, situado à sua esquerda. As divisões dos pavimentos são marcados

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por frisos ( no 1 º pavimento) e cimalha ( no 2 º pavimento), que arrematam também a platibanda. As fachadas são marcadas pelo ritmo simétrico dos vãos, em grandes janelas de madeira e vidro. A entrada principal é marcada por grande porta de madeira e vidro. A entrada principal é marcada por grande porta de madeira, no 1º pavimento, e balcão com grande porta e guarda corpo em gradil de ferro fundido trabalhado. Sobre o balcão, a cimalha é arrematada em arco pleno, conferindo tratamento diferenciado da entrada principal. O mesmo ocorre na esquina, que também recebe tratamento diferenciado, marcando a implantação do edifício. A platibanda, nesses locais, eleva-se em arco abatido, arrematada por compoteira ao centro. Todos os vãos são guarnecidos com ornamentos em motivos florais e molduras em baixo relevo. Os vãos da entrada e da esquina são ladeados por colunas colossais coríntias, de pé direito duplo, que conferem importância aos mesmos. A fachada posterior apresenta-se mais simplificada em ornamentos, mantendo os vãos em verga reta e esquadrias de madeira e vidro.

Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua da Bahia, 112 (Pavilhão Mário Werneck)Uso Atual: Institucional - Biblioteca da Escola de Engenharia da UFMGProprietário Atual: Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de EngenhariaUso Original: InstitucionalArquiteto: Não identificadoConstrutor: Não identificadoPeríodo da Construção: 1948-1950Primeiro Proprietário: Universidade de Minas Gerais

Dados Históricos Em seus primeiros anos, Belo Horizonte contava com pequena parte de seu espaço urbano ocupada. Na região da Estação Ferroviária - então porta de entrada da cidade - mesclavam-se dois usos, prioritariamente: prestação de serviços e comercial. Tais usos, acrescidos do residencial e institucional, espalharam-se por toda a região.

A partir dos últimos anos da década de 1930, a paisagem urbana da capital mineira se modificou, uma cidade construída para ser moderna não poderia se apegar a épocas passadas e seus respectivos estilos que, com o passar do tempo, tornam-se ultrapassados. Nesse momento a cidade experimentou um processo de "renovação", que destruiu seu perfil original, delineado desde fins do século XIX. O bem cultural em questão foi construído entre os anos 1948 e 1950 como propriedade da Universidade Federal de Minas Gerais. Rompe com o Ecletismo - estilo predominante na cidade desde sua criação - e apresenta linhas arquitetônicas mais modernas. Foi originalmente projetada para sediar o Departamento de Física da já citada instituição. Hoje, mantém o uso institucional, é sede da biblioteca da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, recebendo o nome de Pavilhão Mário Werneck - em homenagem ao professor e diretor Mário Werneck de Alencar Lima.

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Características Arquitetônicas Edificação de três pavimentos, de tipologia institucional, apresenta características estilísticas ecléticas seguindo padrões da Comissão Construtora da Nova Capital. De composição arquitetônica ritmada pela distribuição de seus vãos sempre em vergas retas (com exceção dos pórticos de entrada, em arco pleno), conferindo ao edifício caráter simétrico, apresenta ornamentos em massa em relevo definindo as cimalhas, os falsos pilares, as aduelas e o peitoril das janelas. A platibanda que dissimula o telhado, intercalada na sua fachada da rua da Bahia por frontão neoclássico, apresenta recortes em forma de ameias. Os frisos em relevo caracterizam um falso rusticado no revestimento do edifício, conferindo-lhe textura regular e ritmada. Constitui rico conjunto arquitetônico com a edificação vizinha - o Centro Cultural da UFMG - possuindo o mesmo estilo, a mesma volumetria e seguindo, portanto, a mesma linguagem plástica.

Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências

Endereço: Rua da Bahia, 1060 (antiga Livraria Francisco Alves).Primeiro Proprietário: Francisco Alves de OliveiraProprietário Atual: Academia Brasileira de LetrasUso Original: Misto (residencial no pavimento superior - sobrado - e comercia no térreo)Uso Atual: Comercial – Livraria Leitura/ BahiaArquiteto: Não identificadoConstrutor: Não identificadoAno da Construção: 1909

Dados Históricos O bem cultural em questão localiza-se no trecho da rua da Bahia que foi, até a década de 1920, o centro do comércio, bares e cafés sofisticados, além da efervescência cultural garantida pelos cinemas e o teatro. A edificação era de propriedade do Sr. Francisco Alves de Oliveira foi, durante as primeiras décadas do século XX, sede da conhecida e concorrida Livraria Francisco Alves. Este estabelecimento é uma página importante na história da rua da Bahia. Foi este, durante anos, o principal reduto dos intelectuais belo-horizontinos, onde se encontravam quase que diariamente para se inteirarem das novidades editoriais e discutirem literatura e política. Ao longo dos anos, o bem passou por algumas alterações, a maioria internas, para melhor se adequar aos novos usos. Tais alterações, no entanto, não comprometeram o estilo original da edificação.

Principais Intervenções1938 - projeto de acréscimo, construção de marquise e alterações - construtor: Romeo de Paoli1944 - construção de uma bancada – projeto de José Castro

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Características ArquitetônicasEdificação apresenta tipologia de uso misto, constitui conjunto arquitetônico com a edificação vizinha, pertencente à Academia Brasileira de letras, uma vez que também representa o ecletismo de inspiração neoclássica, gosto arquitetônico predominante em Belo Horizonte neste período. O telhado é dissimulado por rica platibanda conformada por balaustrada e frontão arrematado em sua parte superior central, por destacada rocalha. Os ornamentos do pavimento superior apresentam-se, sobretudo, entre a parte superior dos vãos e a cimalha de transição à platibanda. Tais ornamentos, de característica bastante requintada e de inspiração neobarroca, representam delicados motivos florais e guirlandas. O acesso à fachada lateral direita apresenta-se marcado por pequeno frontão e marquise ornamentados com elementos de inspiração art-nouveau

Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências

Endereço: Rua da Bahia, 1149Primeiro Proprietário: Conselho Deliberativo de Belo Horizonte.Proprietário Atual: Prefeitura Municipal de Belo HorizonteUso Original: InstitucionalUso Atual: Institucional - Centro de Cultura de Belo HorizonteArquiteto: Francisco Izidoro MonteiroConstrutor: José VerdussemPeríodo da Construção: 1911/1914

Dados Históricos Construído em 1911 e 1914, o bem cultural ora analisado foi, originalmente, sede do Conselho Deliberativo de Belo Horizonte Seguindo as tendências do estilo Neo-gótico, tal edificação rompeu com o Ecletismo, estilo arquitetônico adotado pela Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC) e que predominou até a década de 1920.

Vale salientar que seu projeto e sua construção estiveram ligados a nomes de importantes e conhecidos profissionais da época, dentre os quais se destacam: Francisco Isidoro Monteiro - desenhista, engenheiro e projetista que integrou a CCNC, como autor do projeto; Agostinho de Castro Porto - um dos fundadores da Escola de Engenharia da Universidade de Minas Gerais, como engenheiro; José Verdussem - construtor, desenhista e projetista de origem belga, que também integrou a CCNC, como construtor responsável pelas obras; Jõao Morandi - arquiteto, construtor e escultor suíço, ex-integrante da CCNC, como responsável pelo torreão e pela decoração interna e externa da edificação. Ao longo dos anos, o bem passou por algumas alterações. É sabido que, durante alguns anos, seu porão foi ocupado pela primeira emissora de rádio da cidade e, posteriormente, pela Biblioteca Pública Estadual. Num período adiante, a edificação foi sede do Museu da Força Expedicionária Brasileira e o Museu de Mineralogia, que o ocupou por muitos anos.

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Em 1994, toda a edificação foi restaurada, externa e internamente, passando a ser sede do Centro de Cultura Belo Horizonte, vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte. Tal intervenção veio a destacá-la ainda mais em nosso contexto urbano. O projeto de restauração esteve sob a coordenação do escritório Tecne Projetos e Consultorias – tendo como responsável técnico o arquiteto Flávio Lemos Carsalade.

Características ArquitetônicasDe arquitetura e implantação singulares na cidade, esse edifício apresenta características estilísticas ecléticas de inspiração neo-gótica, o que o torna similar, em termos plásticos, a um templo religioso. O destaque se dá por sua torre proporcionalmente alta, de seção variada e desenvolvendo-se a partir de planta sextavada. Elementos tais como vãos das janelas e portas em arco ogival, com triglifos, tímpanos e esquadrias de madeira conciliadas com vitral colorido acentuam a inspiração gótica. Um falso rusticado proporciona certa texturização às fachadas. A fachada da Rua da Bahia apresenta, na altura do segundo pavimento, um extenso balcão com guarda-corpo rendilhado. No terceiro pavimento pode-se observar platibanda em ameias, arrematadas por torreões e pináculos.

Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências

Endereço: Rua da Bahia, 1155 Primeiro Proprietário: Não identificadoProprietário Atual: Sérgio Sigaud Machado CoelhoUso Original: MistoUso Atual: ServiçoArquiteto: Não identificadoConstrutor: Não identificadoAno da Construção: 1910

Dados Históricos A construção é contemporânea à do Grande Hotel e o Teatro Municipal. Seu estilo arquitetônico segue as tendências do Ecletismo, adotado pela Comissão Construtora da Nova Capital. Sua tipologia também não foge ao que foi amplamente utilizado neste trecho da rua da Bahia, onde edificações sediavam o uso comercial em seu primeiro pavimento e residencial, no segundo. Ao longo dos anos, a edificação passou por algumas alterações, principalmente internas, melhor adequando-o aos novos usos que veio a ter.

Características ArquitetônicasEdificação de tipologia de uso misto (residência no sobrado e comércio no térreo), representa o estilo eclético empregado com bastante profusão na época da construção da cidade. De fachada principal movimentada por ornamentos harmonicamente trabalhados, podemos observar, na parte térrea, cinco portas de acesso às lojas, correspondendo simetricamente aos cinco vãos do pavimento superior. As portas são todas em verga reta, as três centrais dão acesso a uma só loja, e encontram-se separadas entre si por pilares frisados e ornados, na altura das bandeiras, com falsos capitéis com alusão à ordem coríntia. As portas das extremidades acessam às duas outras lojas, e encontram-se ornadas por delicado

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friso em alto relevo, que circundam todo o vão. A transição entre os dois pavimentos é feita por cornijas e ornamentos em massa, em alto relevo, com motivos florais e gamelas. O segundo pavimento é mais decorado, apresentando, no seu eixo central, balcão com base ornada em forma de semi-bacia, guarda-corpo em ferro delicadamente trabalhado e cobertura metálica fixada sobre a bandeira do vão correspondente. As janelas de ambas as extremidades apresentam verga em arco pleno e estão ladeadas por motivos decorativos em massa em alto relevo. Como coroamento, observa-se platibanda também bastante decorada, embasada por cimalhas com aduelas e frisos e composta por três frontões, o central apresenta ornamentos, delicadamente trabalhado em motivos florais e guirlandas.

Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências

Endereço: Rua da Bahia, 1201 - Clube de Belo Horizonte Primeiro Proprietário: Jockey Clube de Belo HorizonteProprietário Atual: Caixa Econômica do Estado de Minas GeraisUso Original: InstitucionalUso Atual: Serviços - Amadeu Assoc. Com. PCM Dirceu e ADJ, Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais, Casa Borborema, Minas CaixaArquiteto: Luiz SignorelliConstrutor: Não identificadoPeríodo da Construção: 1926-1930

Dados HistóricosConstruído entre os anos de 1926 e 1930 e então de propriedade de Jockey Clube da cidade, seria a nova sede do já tradicional "Clube Belo Horizonte" que, fundado ainda no início do século XX, funcionou durante anos em um sobrado na mesma rua da Bahia, alguns quarteirões abaixo. Seu projeto foi elaborado por Luiz Signorelli, e apresenta fachadas mais simples que as do Ecletismo, mais limpas de adornos e com linhas mais retas. Premiado arquiteto e pintor mineiro, Signorelli formou-se pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Na capital mineira, foi responsável pelo projeto de várias edificações, dentre as quais devemos destacar: Automóvel Clube (1927-1929); residência situada na avenida Bias Fortes, 197 (1929-1930); e Hotel Sul Americano (1928) - todas protegidas pelo tombamento municipal. Além disso, foi um dos fundadores da Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais. Ao longo dos anos, o bem sofreu algumas alterações, melhor adequando-o aos novos usos que veio a ter. Tais intervenções, por terem sido em sua maioria intervensões internas, não chegaram a comprometer seu estilo original. Hoje é ocupada pela 4ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar.

Intervenções1943 - Aumento do 1º, 2º e 3º pavimentoArquiteto: Raphael Hardy FilhoConstrutor: Wady Simão1944 - Adaptação do porão para auditório de projeçõesArquiteto: Raphael Hardy FilhoConstrutor: Wady Simão1946 - Construção da entrada para o buffet

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Arquiteto: Marcílio C.1962 - Modificação e acréscimo1965 - Modificações internasArquiteto: Pedro Paulo Brant Drummond

Características ArquitetônicasEdifício no estilo art-déco, manifestação cubista na arquitetura, retratando o racionalismo pretendido nos espaços construidos a partir de então. De tipologia de serviço, e construído em um período em que o panorama externo passa a ser marcado pela verticalização, o edifício se desenvolve em quatro pavimentos mais sótão que faz destacar a esquina onde encontra-se implantado. Traduzindo a busca de formas elementares em sua composição plástica, tais como linhas em frisos destacados e superfícies reentrantes e salientes, apresenta fachada elegantemente curva. Os pilares em relevo e com frisos escalonados nas suas extremidades ressaltam um acentuado movimento vertical. A platibanda de coroamento, bastante recortada, eleva-se na porção da esquina, devido ao sótão, contribuindo dessa forma para enfatizar a verticalidade.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua da Bahia, 1466Uso Original: Institucional - Academia Mineira de LetrasUso Original: Residencial unifamiliarPrimeiro Proprietário: Dr. Eduardo Borges Ribeiro da CostaProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisArquiteto: Antônio da Costa ChristinoConstrutor: Não identificadoAno Da Construção: 1915

Dados HistóricosO bem cultural em questão localiza-se em um trecho da rua da Bahia onde mesclam-se os usos comercial, residencial e de prestação de serviços. É um espaço de características transitórias, entre o centro da cidade e o tradicional bairro de Lourdes. Apresentou originalmente uso unifamiliar, teve sua construção iniciada em 1915, para servir de residência. de Eduardo Borges da Costa, conhecido médico da capital mineira.

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Seu projeto é de autoria de Antônio da costa Christino, arquiteto, construtor e desenhista português, que teve sua matrícula registrada como desenhista na diretoria de obras públicas da prefeitura de Belo Horizonte em 1912. A partir desse período, foi responsável por vários projetos na cidade, dentre os quais podemos citar: sacristia da Igreja da Boa Viagem (1916/17); condomínio Álvaro José dos Santos, mais conhecido como Castelinho (esquina de avenida Afonso Pena e Espírito Santo - 1920) – ambos bens tombados pelo município. Apesar da edificação ter passado por algumas modificações em 1926 - seguindo projeto do arquiteto Luiz Signorelli -, as características de seu estilo original não foram comprometidas. Seu uso primeiro, no entanto, foi alterado, sendo hoje sede da Academia Mineira de Letras -, uso este bastante pertinente ao espaço urbano ao qual se insere, uma vez que a rua da Bahia é hoje considerada o eixo cultural de Belo Horizonte.

Características ArquitetônicasA edificação apresenta características ecléticas, de tipologia residencial, desenvolve-se em 2 pavimentos. Implantado com afastamentos frontal, laterais e de fundo, apresenta um jogo imponente de volumes e elementos de inspiração clássica. A escadaria de acesso alcança um alpendre cuja laje de forro, sustentada por colunas com capitéis, constitui um terraço em formato geométrico na altura do 2º pavimento. No alpendre, observa-se ainda guarda-corpo em balaustrada, que se estende sob ampla janela em madeira e vidro. Destacam-se também frisos horizontais e cornijas com dentículos e falsa cachorrada, que embasam platibanda sugerindo um ático, assim como o guarda-corpo do terraço, em ferro fundido bem trabalhado, além de compridos vitrais coloridos, suportados por esquadria de ferro.

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Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua da Bahia, 1596 - Basílica de Nossa Senhora de LourdesUso Atual: Religioso - Igreja de LourdesProprietário Atual: Cúria MetropolitanaUso Original: InstitucionalArquiteto: Não identificadoConstrutor: Não identificado Não há projeto original.Período da Construção: 1916-192Primeiro Proprietário: Cúria Metropolitana

Dados HistóricosEm 1900 foi lançada a pedra fundamental da Capela de Nossa Senhora de Lourdes - localizada à rua dos Aimorés, ao lado do Colégio Imaculada. A capela foi inaugurada em 4 de maio de 1902, ainda inacabada. A partir de 1911, a capela passa aos cuidados e responsabilidade dos missionários clarentinos que, com a ajuda dos fiéis, terminam a sua construção. Foram eles os fundadores do Instituto Claret - internato para moços - em 1905, quando adquiriram o Palacete Olyntho, localizado na esquina entre rua dos Aimorés e Bahia. Vale aqui ressaltar que um dos motivos da aquisição desta casa e de seu grande lote contíguo era a intenção de se construir uma nova e bem mais ampla igreja, que substituísse a antiga e modesta

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capela. A pedra fundamental do novo templo foi lançada em 3 de maio de 1916, sendo celebrado com grande festa. No natal de 1920, a obra foi entregue ao público para a realização de cultos, porém a sua inauguração oficial só aconteceu em 14 de outubro de 1923. Vale aqui salientar que o seu projeto foi elaborado para a construção de um templo na cidade de Córboda, mas acabou sendo executado pelos clarentinos de Belo Horizonte. Desde então a Basílica de Lourdes é um referencial para os belorizontinos. Seu valor cultural, portanto, prevalece, uma vez que o bem cultural faz parte da memória histórica e arquitetônica de nossa cidade.

Restaurações1990/1992 - restauração geral da edificação.

Características ArquitetônicasFoi projetado conforme características neogóticas, em que se destaca a verticalidade. Observa-se o predomínio de linhas e elementos delicados e verticais, trabalhados em relevo, assim como os vãos e vergas em arco ogival, vitrais coloridos intercalados por finas colunas e tímpanos rendilhados, pináculos e nichos abrigam as imagens sacras. Trata-se de importante referencial na cidade e nos conjuntos urbanos nos quais encontra-se inserido, constituindo-se em um marco urbano por excelência.

Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua da Bahia, 52 (Instituto de Química da UFMG)Uso Atual: Não identificadoPrimeiro Proprietário: Universidade de Minas GeraisProprietário Atual: Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de EngenhariaUso Original: InstitucionalArquiteto: Damis Nascimento CoelhoConstrutor: não identificadoPeríodo da Construção: 1920-1921

Dados HistóricosO bem cultural ora analisado foi construído entre 1920 e 1921 sendo, já neste período, de propriedade da Universidade de Minas Gerais. Sede do curso de Química Industrial seguia as linhas do Ecletismo - estilo adotado pela Comissão Construtora da Nova Capital e que prevaleceu até a década de 1920 - sendo seu projeto elaborado pelo arquiteto Damis Nascimento Coelho. Seu uso institucional se mantém até hoje, fazendo parte do complexo da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais.

Características ArquitetônicasEdificação construída em dois pavimentos, de tipologia institucional, apresenta características estilísticas ecléticas seguindo padrões da Comissão Construtora da Nova Capital. De composição arquitetônica ritmada pela distribuição de seus vãos,

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em vergas retas, apresenta ornamentos em massa em tanto em baixo quanto em alto relevo, definindo as cimalhas, os falsos pilares, as aduelas e o peitoril das janelas. A platibanda que dissimula o telhado, intercalada na sua fachada da rua da Bahia por frontão neoclássico, apresenta recortes em forma de ameias. Os frisos em baixo relevo caracterizam um falso rusticado no revestimento do edifício, conferindo-lhe textura regular e ritmada. Constitui rico conjunto arquitetônico com a edificação vizinha como o Centro Cultural da UFMG que, possui o mesmo estilo, a mesma volumetria e seguindo, portanto, a mesma linguagem plástica.

Conjunto Urbano Avenida Afonso Pena e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacência

Endereço:Rua da Bahia, 902 (Edifício Parc Royal)Uso Atual: Serviços BancáriosProprietário Atual: Pedro Paulo MoreiraUso Original: ComercialArquiteto: Luiz de Morais JuniorConstrutor: não identificadoAno da Construção:1920Primeiro Proprietário: José Vasco R. Ortigão Theodorico C.

Dados HistóricosConforme o planejamento de Aarão Reis, aprovado em 1895, cada região da cidade seria ocupada por moradores e usos específicos - o que não ocorreu imediatamente. A rua da Bahia também é uma via de destaque desde os primeiros anos da capital. Pensada para ser um dos principais eixos de expansão urbana, ligando a estação ferroviária - então principal porta de entrada da cidade - ao centro cívico, passando por todo o centro comercial, foi ocupada desde os primórdios. O bem cultural em questão localiza-se no trecho da rua da Bahia, que até a década de 1920, o centro do comércio, bares e cafés sofisticados, além da efervescência cultural garantida pelos cinemas e teatro. Todos estes estabelecimentos foram mencionados "em verso e prosa" pelos literatos belo-horizontinos de então, que muito os frequentavam. Construído em 1920, seguiu as linhas do ecletismo, estilo arquitetônico adotado pela Comissão Construtora da Nova Capital e que prevaleceu até a década de1920. Seu projeto foi elaborado por Luiz Morais Júnior - arquiteto que, no Rio de Janeiro, foi responsável pelo projeto do Instituto Manguinhos - apesar de ter sido assinado por Antônio da Costa Christino. A edificação era de propriedade do Sr. José Vasco Theodorico C., e recebeu o nome de "Parc Royal". Foi recebida como uma grande novidade, pelos moradores da capital mineira, devido a sua grandiosidade e à nova dinâmica comercial empregada, tratando-se do primeiro prédio de lojas e salas comerciais da cidade. Ao longo dos anos, o bem passou por algumas alterações que, no entanto, não comprometeram seu estilo original. Entre os anos de 1998 e 1999, teve suas fachadas restauradas, passando a ser sede de uma agência bancária.

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Intervenções1934 - projeto de acréscimo à dependência e acréscimo de 5 m2 ao prédio, para inst. sanitárias.1937 - projeto de remodelação da fachada, pelo arquiteto Caetano de Franco,prevendo a colocação de marquise e projeto de acréscimo de 37m2 no 1º e 2º pavimentos.1945 - projeto de modificação nas plantas do 2º e 3º pavimentos (arquiteto João Porto de M.).1949 - projeto de acréscimo para o prédio (arquiteto João Porto de M.).1960 - projeto de acréscimo para o prédio (arquiteto Francisco Farinelli)1998/1999 - realizou-se obras de restauração de toda a parte externa do edifício.

Características ArquitetônicasEdificação de três pavimentos, de tipologia institucional, apresenta características estilísticas vinculadas ao eclétismo seguindo padrões da Comissão Construtora da Nova Capital. Possui composição arquitetônica ritmada pela distribuição de seus vãos, sempre em vergas retas e arrematados por bandeiras fixas com vitral colorido, separadas dos vãos na altura do primeiro e do segundo pavimento por vigotas em alvenaria. Apresenta ainda ornamentos em massa em relevo que definem as cimalhas, os falsos pilares (arrematados sob a platibanda por brasões e marcados por frisos também em relevo que lhe conferem tratamento texturizado em falso rusticado). Apresenta platibanda e frontão e ornamentos geométricos em massa em relevo. O frontão traz o nome da edificação.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências Endereço: Rua Bernardo Guimarães, 1478 /1500Primeiro Proprietário: Carlos Antonini Uso Original: MistoUso Atual: Escola Estadual Ordem e ProgressoProprietário Atual: Estado de Minas GeraisArquiteto: José FornaciariConstrutor: Carlos AntoniniAno da Construção:1898

Dados HistóricosNo ano de inauguração da cidade de Belo Horizonte (1897) poucos eram os espaços urbanos já efetivamente ocupados. No bairro dos Funcionários foram surgindo as casas destinadas à residência dos funcionários públicos que se transfeririam de Ouro Preto. Na rua da Bahia, entre as avenidas Afonso Pena e Augusto de Lima, residências e casas comerciais já haviam sido construídas, assim como em alguns trechos da avenida da Liberdade (atual João Pinheiro), também ocupada por palacetes que serviram de residência aos secretários de Estado. Além da praça da Liberdade, que contava com a construção, já em fase final, do Palácio Presidencial e das Secretarias de Estado, o que atraía para as suas redondezas abastadas famílias, que queriam construir suas casas na região mais nobre da

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cidade. O bem cultural em questão teve seu projeto elaborado pelo arquiteto italiano José Fornaciari, aprovado em 1898. Sua construção ficou sob a responsabilidade do proprietário. Construtor, projetista e industrial, Carlos Antonini - oficial do exército italiano e com o título de comendador - que tranferiu-se para a capital mineira na época de sua construção, quando executou os serviços de terraplanagem da praça da Liberdade, trabalhando também na construção do Palácio e das Secretarias. Tal edificação apresentava, originalmente, uso misto, uma vez que o primeiro pavimento abrigava o escritório do construtor e; o segundo, a residência do mesmo. Este uso, porém, foi alterado quando a Guarda Civil do Estado passou a ocupar a casa ao lado. Nesta ocasião o prédio passou a ser Sede da Cooperativa da Polícia Militar. Em 1960 o uso da edificação foi novamente alterado, passando a ser ocupado pela Escola Ordem e Progresso, escola administrada pela Polícia Militar de Minas Gerais. Este uso é mantido até os dias atuais. Tantas mudanças de uso, no entanto, acabaram promovendo uma série de intervenções na edificação, o que não chegou a comprometer o seu estilo arquitetônico original.

Características ArquitetônicasEdificação no alinhamento da rua, desenvolvendo-se em 2 pavimentos. Representativa do estilo eclético, esse sobrado possui coroamento em platibanda ornamentada por cornija saliente, pináculos, frontões com alusivos à república e motivos florais. Em sua fachada voltada para a rua Bernardo Guimarães, mais ornamentada, percebe-se vergas em arco pleno marcadas por folhas de acanto nos vãos do pavimento térreo, e vergas retas com frisos horizontais nos vãos do pavimento superior. Na fachada voltada para a rua da Bahia, observa-se, no pavimento térreo, uma intercalação de vãos com vergas retas e em arco pleno.

O edifício anexo, apresenta fachada principal voltada para a rua da Bahia, seguindo o mesmo estilo eclético, porém em pavimento único com porão alteado. A platibanda é ornamentada por pináculos e alusivos à república. Observa-se ainda ornamentos em argamassa em alto relevo, com motivos geométricos

Conjunto Urbano Conjunto Urbano Praça Da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Avenida Bias Fortes, 21 - Biblioteca do Estado Professor Luiz de Bessa Uso Original: InstitucionalUso Atual: Institucional - Biblioteca Pública do Estado Professor Luiz de Bessa Primeiro Proprietário: Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisARQUITETO: Oscar NiemeyerAno da Construção:1961

Dados HistóricosInserida no entorno imediato da Praça da Liberdade, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, seu projeto original foi assinado, em 1954, por Oscar Niemeyer. A edificação foi uma encomenda feita pelo então governador Juscelino Kubitschek, que tinha como uma de suas principais metas de governo modernizar Minas Gerais.

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Seu projeto original não chegou a ser inteiramente concluído. Dos seis andares propostos, apenas três foram construídos, não havendo também a efetivação dos projetos para salas de teatro, cinema e exposições. Vale ainda salientar que trabalharam em sua edificação (processo este que durou por volta de sete anos) presidiários da penitenciária de Neves. Desde sua inauguração, em 1961, até os dias de hoje, a Biblioteca é importante referencial para estudantes e pesquisadores, devido a seu grande e variado acervo, além de se destacar como mais um marco da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer na capital mineira.

Características ArquitetônicasA edificação apresenta tipologia institucional, de características da vanguarda modernista. O seu partido coincide com a forma do terreno, o que confere movimentação à edificação de volumes geométricos. Explorando ao máximo o potencial plástico do concreto armado, o edifício desenvolve-se em três pavimentos. É possível observar a presença dos brises horizontais em argamassa armada acompanhando toda a extensão do volume cilíndrico. O volume que abriga a circulação vertical é vedado por cobogós, o mais alongado traduz a intenção da arquitetura moderna de representar clareza por meio da presença de grandes panos de vidro, mostrando a resolução estrutural e o uso do edifício. No pano cego da fachada na esquina da Rua da Bahia com Avenida Bias Fortes, observa-se painel artístico de características cubistas, assinados por Amílcar de Castro. A variação no tratamento das fachadas de cada volume apresenta diferentes texturas que marcam cada bloco, valorizando assim a pureza geométrica pretendida pelos arquitetos vinculados ao movimento modernista.

A volumetria do imóvel não corresponde àquela prevista no projeto de O. Niemeyer, que projetou um edifício de 7 pavimentos.

Entende-se como fachada frontal da edificação, aquela voltada para a Praça da Liberdade/ Av. Bias Fortes.

CONJUNTO URBANO Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Palácio dos DespachosUso Original: InstitucionalUso Atual: Institucional - Palácio dos DespachosConstrutor: Não identificado Ano da Construção: 1975Primeiro Proprietário: Governo do Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Governo do Estado de Minas Gerais

Dados HistóricosEm 1966 durante o governo de Israel Pinheiro, que se decidiu construir o Palácio dos Despachos, justificado pela inadequação do Palácio da Liberdade para abrigar as funções oficiais do governo, já que várias de suas salas passaram a sediar a Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerais. Seu projeto é de autoria do arquiteto Luciano Amedée Péret que, naquela época ocupava o cargo de diretor executivo do

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Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais( IEPHA/MG), valendo salientar que tal edificação mutilou boa parte dos jardins do Palácio. Sua inauguração aconteceu em outubro de 1975, pelo então presidente da república, Marechal Costa e Silva. Não se pode deixar de destacar que, no vestíbulo do edifício, foi colocado um painel de autoria de Cândido Portinari, atado de 1959, alusivo à Inconfidência Mineira, proveniente do Banco do estado de Minas Gerais.

Características ArquitetônicasEdifício com linguagem arquitetônica vinculada ao modernismo apresenta partido retangular horizontal, desenvolvendo-se em 4 pavimentos. Apresenta no 1º pavimento, grandes panos de vidro com esquadrias de alumínio, marcando o acesso principal. Nos demais pavimentos, as grandes esquadrias de alumínio e vidro são protegidas por brises metálicos verticais móveis, que dão tratamento peculiar à fachada, acentuando a horizontalidade do edifício. Destaca-se no vestíbulo, um painel de Cândido Portinari, alusivo à Inconfidência Mineira. Nota-se uma exposição clara do sistema estrutural do edifício, que pode ser imediatamente compreendido através de sua observação. A simplificação de ornamentos também traduz o seu caráter modernista.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Avenida Cristóvão Colombo, 317 Palacete DantasUso Atual: Secretaria de Estado da CulturaProprietário Atual: Estado de Minas GeraisUso Original: Residêncial UnifamiliarArquiteto: Luiz OlivieriConstrutor: José Dantas Ano da Construção: 1915

Dados Históricos O bem cultural ora analisado localiza-se na vizinhança imediata da Praça da Liberdade e acompanha, com seu estilo arquitetônico, o Ecletismo das Secretarias de Estado e do Palácio. Prevendo o uso residencial na mais nobre região da cidade, seu projeto assinado, em 1915, por Luiz Olivieri, ficando sua construção a cargo do engenheiro José Dantas. O arquiteto, desenhista, escultor e pintor italiano, Luiz Olivieri formou-se em Florença, transferindo-se para Belo Horizonte para participar de sua construção, integrando a Comissão Construtora da Nova Capital como desenhista da 7ª Divisão, responsável pelas edificações públicas. Já em 1897, abriu o primeiro escritório de desenho e arquitetura da cidade, passando a projetar para particulares. A edificação em questão, conhecida por Palacete Dantas, conservou seu uso original (residencial unifamiliar) durante muitos anos. Em 1931, a casa foi cedida ao governo estadual, que nela hospedou o então Presidente da República, Getúlio Vargas e sua comitiva. Nos anos seguintes o imóvel foi vendido, passando a ser alugado sucessivamente para várias instituições, em geral educativas, dentre as quais podemos citar o Colégio Sion, o Colégio Helena Guerra, a Faculdade Católica (1958 a 1963) e FUMEC. Entre 1972 e 1978, o bem foi ocupado pela 1ª Delegação Regional de Ensino, unidade da Secretaria de Educação. Hoje, o bem cultural abriga a Secretaria de Cultura do Estado.

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Características ArquitetônicasO edifício construído em dois pavimentos, com implantação de esquina. Neste vértice, ambos os pisos apresentam varanda movimentada por recortes, sendo que no 1º pavimento, estão as varandas que dão acesso ao imóvel. Estas varandas são sustentadas por colunas ecléticas, de inspiração dórica no 1º pavimento e compósita no 2º pavimento, sendo fechadas por guarda - corpo em balaustrada em massa. A fachada da avenida Cristóvão Colombo apresenta um volume que se destaca ligeiramente do restante. Este volume é marcado pela presença de um frontão em arco abatido, na altura da platibanda decorada, que acompanha o beiral em cimalha com falsa cachorrada. Neste mesmo ponto, sobre a platibanda, eleva-se uma cúpula facetada, sobre base ortogonal em caixote adornado com frisos, consoles e guirlandas. A fachada é ritmada pelos vãos das janelas, em verga reta, em arco pleno, em arco abatido. Esse ritmo é quebrado, às vezes, por balcões nas janelas, tendo como fechamento guarda-corpo em balaustrada, ornamentado com volutas. A fachada como um todo é ornamentada com frisos, faixas, cartelas, escudos, guirlandas, cornijas, colunas ecléticas e sobre-vergas em forma de mini frontões.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1400 / 1434 (Edifício-sede do IPSEMG) Uso Original: serviço / institucionalUso Atual: IPSEMG - Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Estado de Minas GeraisPrimeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais Arquiteto: Raphael Hardy Filho Construtor: Não Identificado Ano Da Construção: 1960

Dados Históricos Em seus primeiros anos, Belo Horizonte contava com pequena parte de seu espaço urbano ocupado; a Praça da Liberdade, por exemplo , fora ocupada pelo Palácio Presidencial e pelas Secretarias de Estado, além de uma série de instituições e residências que foram construídas em suas redondezas.

Tal paisagem urbana começou a ser alterada a partir de meados da década de 1950, quando algumas edificações da primeira fase de ocupação da região começaram a ser substituídas. Tudo começou pelo Palacete Dolabela (também conhecido por "castelinho"), que deu lugar ao moderno edifício Niemeyer. Nas décadas seguintes, outras modificações ocorreram no cenário da Praça; como exemplos podemos citar a construção da Capela de Sant'Ana, nos jardins do Palácio, da sede do IPSEMG (1961), do anexo da Secretaria de Educação (1962-1963), do edifício Campos Elíseos (1965), do anexo da Secretaria da Fazenda (1972-1973) e do Palácio dos Despachos (1975). O bem cultural em questão,

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edifício sede do IPSEMG, foi construído, portanto, nesse processo de "renovação" da Praça da Liberdade. Vale salientar que , antes de sua construção, a esquina ente a rua Gonçalves Dias e a avenida João Pinheiro era ocupada pela residência do Sr. Irineu Ribeiro, Projetada em 1898 pelo arquiteto Edgard Nascentes Coelho. A atual edificação foi projetada, no início da década de 1960, pelo arquiteto Raphael Hardy Filho. Seu estilo apresenta linguagem arquitetura arquitetônica vinculada ao modernismo, inaugurada na capital mineira, durante a década de 1940, quando foi inaugurado o conjunto arquitetônico da Pampulha. Seu uso institucional permanece até os nossos dias, e não ter sofrido grandes alterações (em sua maioria internas) ao longo dos anos.

Características ArquitetônicasEdificação de tipologia institucional, com características modernistas, possui implantação recuada e desenvolve-se em três blocos de partido retangular, de alturas diferentes, provocando uma movimentação volumétrica do conjunto. De fachadas transparentes pelo uso de grandes panos de vidro com caixilharia metálica, possui marcação dos pavimentos através de marquises em concreto armado, em extensão às lajes de piso. No bloco mais elevado observa-se marquise vazada por círculos. Trata-se de edifício que marca, por sua arquitetura, o período em que foi construído, no contexto da Praça da Liberdade, assim como o Ed. Niemeyer, o Ed. Xodó e a Biblioteca Pública Estadual

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1581 (Edifício-sede do Diretório Central dos Estudantes da UFMG - Cinema Belas Artes Liberdade) Uso Original: Institucional (DCE-UFMG)Uso Atual: Cultural (Espaço Cultural Unibanco Belas Artes) e Comercial(Acústica CD Shop, livraria e cafeteria)Primeiro Proprietário: Diretório Central dos Estudantes (UFMG)Proprietário Atual: Diretório Central dos Estudantes da UFMG

Dados HistóricosEdificação construída no ano de 1953 foi, originalmente, sede do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais, uso este que persistiu até meados da década 60. Neste período, seu amplo espaço foi utilizado para as tradicionais horas dançantes e para atividades de cunho político, além de servir como moradia estudantil. Após algum tempo em desuso, o espaço foi reaberto em 1992, transformado em Espaço Cultural Belas Artes Liberdade (hoje Espaço Cultural Unibanco Belas Artes Liberdade). Cabe salientar que tal espaço, juntamente com o "Teatro do ICBEU" e o teatro do Izabela Hendrix, forma um interessante conjunto de uso cultural na região.

Seu projeto arquitetônico é de Sylvio Vasconcellos, renomado arquiteto mineiro, autor de várias construções modernistas na cidade.

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Características ArquitetônicasA edificação se desenvolve em 2 pavimentos, com a parte térrea recuada em relação ao alinhamento com a via pública. O pavimento superior avança em relação ao térreo, apoiando-se nas paredes laterais e nas colunas de sessão circular.O espaço interno expressa a intenção modernista de amplidão e de integração de ambientes. Para isso, recorreu-se a sistemas estruturais que possibilitam a criação de grandes vãos livres (o concreto armado). A fachada frontal é caracterizada pela presença de grandes aberturas c/ vedação em panos de vidro e caixilhos metálicos em modulação regular.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Avenida João Pinheiro, 372 Uso Original: Residencial unifamiliarUso Atual: Edifício-sede do Arquivo Público Mineiro Primeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais Proprietário Atual: Estado de Minas GeraisArquiteto: Projeto coletivoConstrutor: Comissão Construtora da Nova CapitalAno da Construção: 1897Primeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais

Dados HistóricosA história da avenida João Pinheiro, antiga avenida da Liberdade - monumental eixo de acesso ao centro cívico da nova capital mineira - confunde-se com a própria história de Belo Horizonte. No mesmo período da implantação do palácio de governo e das secretarias estaduais - na Praça da Liberdade - a avenida também é ocupada com a construção de palacetes destinados à residência dos Secretários de Governo e de algumas edificações particulares. Algumas destas edificações encontram-se ainda hoje preservadas como, por exemplo, o bem cultural ora analisado. Ainda no final do século XIX, tal palacete foi construído, pela Comissão Construtora da Nova Capital, seguindo as linhas do Ecletismo, utilizado nas Secretarias, Palácio e nas casas para os funcionários públicos que se mudavam de Ouro Preto. Projetada pela Seção de Arquitetura da já referida Comissão, chefiada pelo arquiteto pernambucano José de Magalhães, manteve seu uso original(residencial unifamiliar) até o ano de 1910, quando passou por grande reforma, que a adequava para melhor sediar a Prefeitura Municipal. Tal uso se manteve até 1938. Nesse mesmo ano, a edificação foi ocupada pelo Arquivo Público Mineiro - instituição criada em Ouro Preto no ano de 1896, mudando-se definitivamente para Belo Horizonte em 1901. Em 1975, no entanto, o Arquivo foi transferido para a edificação vizinha(rua dos Aimorés), devido ao arruinamento do prédio, que fica abandonado até meados da década de 1990.

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Devido a sua beleza e imponência, tal edificação foi escolhida, em 1995, para sediar a Casa Cor Minas-95, evento este que deu início a seu processo de restauração e revitalização. Já em 1996, seu projeto de restauração foi aprovado, o que propiciou a volta do Arquivo Público Mineiro.

Intervenções1905: ornamentação feita por Frederico Antônio Steckel;1910: acréscimo de dependências e garagem e melhorias hidráulicas e elétricas;1925: remodelação interna do edifício principal e pintura da fachada, sob responsabilidade da construtora Carneiro de Rezende e Cia;1995: intervenções feitas para a realização da Casa Cor Minas-95;1996: aprovação do projeto de restauração, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais;1998: Execução da obra de restauro da edificação (monitorada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais).

Características ArquitetônicasEdificação do ano de 1897, construída pela Comissão Construtora da Nova Capital, em estilo eclético para sediar a residência do secretário de finanças. Desenvolve-se elevada do solo sobre porão habitável, com recuos laterais, frontais e de fundo apresentando jardim jardim frontal. A fachada principal possui ornamentação seguindo os princípios do ecletismo. Os vãos são em arco pleno, emoldurados por frisos e decoração com motivos florais, e se desenvolvem simetricamente em relação ao vão maior, central, ladeado por colunas coríntias adossadas na parede. Além disso, esse vão apresenta varanda com guarda-corpo em balaustrada, arrematado nas duas extremidades por pilaretes adornados com compoteiras. É coroado com frontão clássico, que recebe arremate em cimalha e ornamentação central bem delicada e ricamente trabalhada. Essas compoteiras se repetem no acabamento da cimalha. Os vãos das fachadas laterais são em verga reta, lisa, assim como os vãos do porão, na fachada principal. O revestimento das fachadas é feito em argamassa com acabamento rusticado. Outro elemento importante é a varanda lateral no 2º pavimento, que apresenta estrutura da cobertura em ferro e arremate em lambrequim trabalhado também em ferro. O fechamento do lote se faz em gradil de ferro intercalado por pilares de alvenaria, que recebeu o mesmo tratamento das fachadas.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Avenida João Pinheiro, 417Uso Atual: Institucional - Departamento de Trânsito de Minas GeraisProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisUso Original: InstitucionalArquiteto: José Ferreira PintoConstrutor: não IdentificadoPeríodo da Construção: 1956-1959Primeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais

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Dados HistóricosA edificação encontra-se inserida em uma das mais nobres áreas da cidade - conforme o planejamento de Aarão Reis - e localizada na antiga avenida da Liberdade - monumental eixo de acesso ao centro cívico da nova capital mineira. Seu projeto mostra um importante exemplar da arquitetura moderna, foi assinado pelo arquiteto José Ferreira Pinto, no final da década de 1950. Devemos salientar que esse é um período de grandes modificações nesta região. A Avenida João Pinheiro, que até então mantinha um conjunto de edificações harmonioso, apresentando as proporções de sua primeira fase de ocupação - da qual mantinha ainda um número significativo de exemplares - passa por um processo de substituição. Com a demolição de muitas de suas edificações originais, surgiram prédios modernos - como o DETRAN, a Faculdade de Direito e o Condomínio Solar - que muito destoavam da vizinhança. Tal processo, no entanto, torna-se mais agressivo na década de 1970, quando são construídos vários edifícios residenciais multifamiliares, promovendo a verticalização de boa parte da avenida. O bem cultural em questão, exímio representante da arquitetura moderna, inaugurada em Belo Horizonte na década de 1940 - com a construção da Pampulha - marca, portanto, uma fase de mudanças em nosso espaço urbano.

Características ArquitetônicasEdifício modernista apresenta partido retangular horizontal composto por dois volumes paralelos entre si. Apresenta no 1º pavimento panos de vidro com esquadrias de alumínio, onde se destaca um painel de azulejos coloridos, marcando o seu acesso principal. Nos demais pavimentos, as grandes esquadrias de alumínio e vidro são protegidas por brises metálicos verticais móveis, que dão tratamento diferenciado à fachada, acentuando a horizontalidade do edifício. A simplificação de ornamentos traduz o seu caráter modernista. Pode-se observar um outro edifício bastante similar a este, também nas proximidades da Praça da Liberdade: trata-se do Palácio dos Despachos, na avenida Brasil. Na cidade de Belo Horizonte, existem outras edificações do mesmo arquiteto, e também com a mesma linguagem plástica do DETRAN. Dentre eles, o prédio do DEOESP, localizado na avenida Afonso Pena, 2351.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Avenida João Pinheiro, 450Uso Original: Residencial UnifamiliarUso Atual: Escola Estadual Afonso Pena Primeiro Proprietário: Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Estado de Minas GeraisArquiteto: não identificadoConstrutor: Comissão Construtora da Nova CapitalAno da Construção: 1897

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Dados Históricos A edificação em questão foi construída em 1897, para servir de residência do Secretário de Interior. Sua pintura e ornamentação original ficaram a cargo do pintor e estucador alemão Frederico Steckel.

Em 1906 no prédio teve seu uso alterado sendo ali instalado o primeiro grupo escolar da cidade, que passou a se chamar, a partir de 1914, Barão do Rio Branco, quando este foi transferido para outra sede. A casa passa então a ser ocupada pelo segundo grupo escolar da capital, com a denominação de Afonso Pena.

Em 1926, a edificação da esquina, era de propriedade da família do Conselheiro Afonso Pena. Essa edificação foi utilizada para ampliação do grupo, que já não atendia à demanda de estudantes. Com as obras de adaptações e melhoramentos então executadas, a escola adquiriu a estrutura mantida até hoje.

A construção é do final do século XIX, fazendo parte dos edifícios erguidos pela Comissão Construtora da Nova Capital. Foi projetada inicialmente como tipologia residencial unifamiliar, mas teve seu uso logo alterado para abrigar uma escola. O prédio ocupa dois grandes blocos implantados paralelamente e ligados entre si por um anexo. Originalmente, esses blocos constituíam-se em duas residências distintas, destinadas a altos funcionários do Governo.

Construído em linguagem arquitetônica vinculada ao eclético, apresenta afastamentos frontais e laterais. Desenvolve-se em porão elevado do solo com mais um pavimento sobre este. O edifício do lado direito possui vão em verga reta, com sobreverga em arco pleno saliente e escalonado, ornado com motivos fitomórfos e compoteira ao centro. Os vãos são emoldurados por falsas colunas arrematadas por volutas em massa e base com balaustradas adossadas, de acabamento em falso rusticado. Já o edifício da esquerda, possui vãos em arco abatido, emoldurados com cercadura trabalhada em massa, em delicada ornamentação em motivos fitomórfos. Apresenta ainda revestimento em argamassa com acabamento rusticado no porão e pintura lisa no 1º pavimento. Ambos os edifícios possuem largo beiral em cachorrada metálica decorada. O bloco da direita possui ainda varanda lateral em estrutura metálica.

As intervenções executadas1906: alterações internas para acomodação do primeiro grupo escolar da cidade;1909: construção de um anexo na edificação da esquina;1926: junção das duas edificações;1958: o prédio foi incluído na campanha de recuperação dos prédios escolares, promovida pela Secretaria de Estado da Educação.

Após esse período o prédio passou por várias obras no sentido de garantir sua integridade e o bom estado de conservação.

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Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Praça da Liberdade, 153 (Edifício Niemeyer) Uso Original Residencial: MultifamiliarUso Atual: Residencial Multifamiliar Primeiro Proprietário: Lúcia Monteiro Machado AlmeidaProprietário Atual: DiversosArquiteto: Oscar NiemeyerConstrutor: Waldemar PolizziAno da Construção: 1955

Dados HistóricosA paisagem urbana da região da Praça da Liberdade, só foi alterada a partir de meados da década de 1950, quando algumas das edificações da primeira fase de ocupação da região foram substituídas. O Palacete Dolabela (também conhecido por "Castelinho") foi demolido em fevereiro de 1955 para dar lugar ao moderno Edifício Niemeyer.

O projeto do edifício é de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer e teve aprovação na Prefeitura de Belo Horizonte em 20 de novembro de 1954 com o primeiro alvará concedido no mesmo ano.

O alvará foi renovado por duas vezes, em 14 de outubro de 1958 e em 23 de abril de 1962, e a conclusão das obras provavelmente se deu neste mesmo ano quando foi concedida a “baixa e habite-se” em 14 de novembro de 1962. O construtor responsável pela obra foi o engenheiro Waldemar Polizzi.

Essa edificação marca a volta do arquiteto Oscar Niemeyer à capital mineira, após ter inaugurado seu estilo modernista projetando o conjunto arquitetônico da Pampulha.

O edifício com suas linhas sinuosas é um marco para os belorizontinos, seja por sua imponência na paisagem urbana ou por sua excelência arquitetônica. Vale salientar que este bem inaugurou o uso residencial multifamiliar, no entorno imediato da Praça da Liberdade.

Características ArquitetônicasA edificação de uso residencial multifamiliar apresenta características da vanguarda moderna, apresenta rico partido arquitetônico, com representação criativa da forma do terreno, o que confere à obra movimentação volumétrica.

Explorando ao máximo a potencialidade plástica do concreto armado, o edifício apresenta caráter extremamente harmônico para a sua imagem vertical. Observa-se a presença dos brises horizontais em argamassa armada acompanhando toda a extensão do volume com forma orgânica. A obra traduz ainda a intenção moderna de representar a clareza arquitetônica pelo uso de grandes panos de vidro, mostrando a resolução estrutural e o uso do edifício. Observa-se ainda revestimento em azulejos com beleza plástica apurada.

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Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

ENDEREÇO: Praça da Liberdade, s/n (Edifício do Palácio da Liberdade) Primeiro Proprietário: Estado de Minas GeraisUso Atual: Edifício do Palácio da LiberdadeProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisUso Original: Sede do Governo do Estado de Minas GeraisArquiteto: José de MagalhãesConstrutor: Comissão Construtora da Nova CapitalPERÍODO da Construção: 1895 - 1897

Dados HistóricosQuando Aarão Reis projetou a cidade de Belo Horizonte, em 1895, reservou um local privilegiado para o centro cívico da nova capital mineira. Um platô foi artificialmente construído em lugar de destaque e ao redor de uma grande praça, Palácio de Governo e Secretarias de Estado seriam construídos. Ainda em 1895 os projetos dessas edificações estavam prontos, sendo autoria de José de Magalhães. Engenheiro pernambucano formado pela Escola Central do Rio de Janeiro, Magalhães foi, posteriormente, para Paris, onde estudou arquitetura na Escola de Belas Artes. Em Belo Horizonte, foi diretor da seção de Arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital, sendo responsável pelo projeto dos principais prédios públicos construídos na primeira fase de ocupação da cidade, tendo oportunidade, portanto, de exercer toda a influência que teve do Ecletismo francês. Projetado originalmente para ser local de despachos e residência dos, então, Presidentes de Estado(e respectivas famílias) foi inaugurado, ainda em obras, em 12 de dezembro de 1897, simultaneamente à cidade. Sua decoração ficou sob responsabilidade do pintor e estucador alemão Frederico Steckel - formado pela Escola de Belas Artes de Berlim - que utilizou essencialmente material importando da Europa(ornamentação em "papier-maché", tintas, vigas de aço, folhas de zinco, fusis, parafusos, obras de ferro, painéis, calhas, mármore, pinho de riga e o mobiliário), com exceção de parte do mármore e granito, obtidos na região. Com o passar dos anos, a edificação passou inúmeros intervenções que, por terem sido principalmente internas, não chegaram a comprometer seu estilo original. Seu uso original, no entanto, foi alterado, deixando de ser a residência oficial dos governadores. A grande movimentação provocada pelas atividades administrativas também diminuiu após a construção do Palácio dos Despachos, que acaba concentrado grande parte destas atividades. Seu valor cultural é inquestionável, uma vez que conta muito da história de Belo Horizonte e de sua própria razão de ser. trata-se, portanto, de importante referencial de nossa memória histórica e arquitetônica.

Intervenções1920: reforma na decoração -responsáveis: Enoch Lima, Elisário Bahiana1925: nova decoração(renovação da pintura do teto do salão nobre) - responsável: Antônio Diogo da Silva Parreiras1956: notícias de nova ornamentação - responsável: Ladislaw Prokot1968: colocação de grades(frente e laterais) e holofotes nos jardins; derrubada de árvores; mudança na distribuição dos cômodos; construção de novos apartamentos

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no segundo pavimento - responsável: José Maciel de Paiva(engenheiro - construtor).

Restaurações1948: pintura e restauração dos salões1980-1983: execução de estacas-raiz pré-consolidação do terreno; reforço da estrutura de fundação(responsável Fondedile - firma italiana); recuperação da cobertura (responsável: Empresa Coscarelli).

Características ArquitetônicasTratando-se do principal elemento do conjunto arquitetônico da Praça, esse edifício apresenta tipologia institucional, com traço arquitetônico eclético, de inspiração neoclássica. A fachada principal é marcada por um escalonamento de planos em planta, conferindo à edificação um caráter bastante monumental. Dessa maneira, o plano central encontra-se mais saliente em relação aos demais, e à medida que se afasta do eixo central do edifício, os planos, trabalhados sempre de forma simétrica, tornam-se mais afastados do alinhamento frontal do terreno. Desenvolvendo-se em dois pavimentos mais sótão com pé-direito habitável e cobertura sobre estrutura em ferro, com acesso para um terraço, apresenta volume bem movimentado e de proporções harmônicas. Nas duas extremidades frontais, observa-se dois corpos de planta circular, que se constituem em torreões que abrigam varandas de vãos arqueados. Aliás, a maior parte dos vãos da fachada frontal possuem verga em arco pleno; somente as duas janelas, localizadas no segundo pavimento, ladeando o corpo central do edifício, apresentam verga reta com pequeno frontão ornado em motivos republicanos. Um frontão maior pode ser observado no eixo central do prédio, na altura do seu coroamento. Esse frontão abriga um busto que representa a República.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Praça da Liberdade, s/n (Edifício da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas) Uso Original: InstitucionalUso Atual: an1 Secretaria de Estado da Fazenda - Superintendência Central do Tesouro, an2 Superintendência do Planejamento e Comunicação - SPC, an4 Gov. Estadual de MG Palácio dos Despachos do Gabinete Militar, an4 e an5 IEPHA-MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais Primeiro Proprietário: Governo do Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisArquiteto: José de MagalhãesConstrutor: Comissão Construtora da Nova Capital Ano da Construção:1895-1897

Dados HistóricosAs pedras fundamentais das Secretarias de Estado de Finanças, de Interior e Agricultura foram lançadas em 07 de setembro de 1895. O bem cultural supra citado analisado, originalmente sede da Secretaria de Estado da Agricultura, teve suas obras iniciadas em maio de 1896 e, apesar de terem transcorrido com rapidez, a edificação ainda não estava em fase de acabamento quando do inauguração da

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cidade, em 12 de dezembro de 1897. Vale aqui salientar que o primeiro de seus três pavimentos originais abrigou, por um curto período, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Com o passar dos anos a edificação sofreu várias intervenções, inclusive o acréscimo do quarto pavimento. No entanto, tais modificações não comprometeram o projeto original do imóvel. O prédio foi considerado, no início do século XX, o mais belo da recém-inaugurada capital mineira. Seu uso original também se mantém, sendo sede da Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais(IEPHA-MG).

Intervenções1903 - Construção de muros, gradil e reparos em geral.1924 - Acréscimos em geral1926 - Reparos em geral1927 - Instalação elétrica

Características ArquitetônicasEdifício de inspiração neoclássica, desenvolve-se em quatro pavimentos sobre porão alteado. De tipologia institucional, apresenta implantação no alinhamento com a via pública. Possui planta definida por dois blocos ortogonais. A fachada principal apresenta pano central recuado, ladeado por dois outros ressaltados. Todos os pavimentos, apresenta revestimento em argamassa texturizada, observa-se marcação por cornijas. A cornija localizada entre o 2º e 3º pavimentos é conjugada com frontões interrompidos por volutas. Os vãos do 2º pavimento possuem ombreiras em colunas de capitel coríntio, apoiados sobre o guarda-corpo em balaustrada. Sobre esses vãos, observa-se bandeiras fixas bipartidas, ladeadas por volutas em argamassa. No pavimento térreo, os vãos apresentam vergas em arco pleno com bandeira fixa. A escadaria em formato piramidal, assim como a sacada curva no segundo pavimento, marcam o acesso à entrada principal. O coroamento se dá por platibanda lisa, embasada por cornija saliente apoiada em falsa cachorrada.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Praça da Liberdade, s/nº - Edifício da Secretaria de Estado da FazendaPrimeiro Proprietário: Estado de Minas GeraisProprietário Atual: Governo do Estado de Minas GeraisUso Original: Institucional (antiga Secretaria das Finanças)Uso Atual: Institucional - Secretaria de Estado da FazendaArquiteto: José de MagalhãesConstrutor: Comissão Construtora da Nova CapitalContratados da Comissão Construtora: José Tricoli e Caetano Tricoli.Período da Construção: 1895/1897

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Dados HistóricosEm Belo Horizonte, O arquiteto, José de Magalhães foi diretor da seção de arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital, sendo responsável pelos principais prédios públicos construídos na primeira fase de ocupação da cidade, tendo oportunidade, portanto, de exercer toda a influência que teve do Ecletismo francês. As pedras fundamentais do Palácio Presidencial e das Secretarias de Estado de Finanças, Interior e Agricultura foram lançadas em 07 de setembro de 1895. O bem cultural em questão teve suas obras iniciadas em novembro do mesmo ano, já apresentando toda a cobertura definitiva finalizada em março de 1897. Quando da inauguração da cidade, a obra já se encontrava em fase de acabamentos. Entre os anos de 1905 e 1971, a edificação passou por inúmeras intervenções e ampliações, que não comprometeram seu estilo original, apesar de seu interior se encontrar bastante descaracterizado. Um projeto de restauração de seus elementos artísticos foi proposto em 1984, mas não chegou a ser executado. Seu uso original, no entanto, permanece, sendo até hoje sede da Secretaria da Fazenda do Estado.

Intervenções1905 - reparos no telhado1908 - acréscimos no fundo e em toda altura do edifício1926/1927 - acréscimos gerais e obras na área externa (canteiros, calçamentos, etc.).Após 1930 - outras reformas, mas sem identificação de datas.1971- grande reforma, promovida pela Secretaria de Viação e Obras Públicas.

Características ArquitetônicasEdifício de tipologia institucional apresenta características ecléticas de inspiração neoclássica. Desenvolve-se em três pavimentos sobre porão alteado, com implantação no alinhamento com a via pública. A fachada frontal apresenta-se modulada por um plano central mais largo e recuado, ladeado por dois outros com coroamento em prisma. O coroamento do plano central é diferenciado, composto por platibanda em balaustrada e frontão imponente ornado com florões e brasão alusivo à república. As cornijas se sobressaem no prolongamento das falsas colunas ora lisas, ora ornadas com elementos fitomórfos e volutas, com capitéis compósitos. Na altura do segundo pavimento, observa-se nos planos salientes vãos em verga reta sobrepostos por falsos frontões e embasados por pequenas sacadas com balaústres contrapondo-se aos vãos do pavimento inferior, de verga em arco pleno. Esses planos apresentam revestimento em pedra no porão. O acesso é marcado por escadaria piramidal. Sobre a porta observa-se brasão envolvido por ornamentos florais, volutas e conchóides, que também servem de apoio para o mastro da bandeira.

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Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Praça da Liberdade, s/nº (Edifício da Secretaria de Estado da Educação)Uso Atual: Edifício da Secretaria de Estado da EducaçãoProprietário Atual: Estado de Minas GeraisUso Original: InstitucionalArquiteto: José de MagalhãesConstrutor: Comissão Construtora da Nova CapitalAno da Construção:1895/1897Primeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais

Dados HistóricosQuando Aarão Reis projetou a cidade de Belo Horizonte, em 1895, reservou um local privilegiado para o centro cívico da nova capital mineira. Um platô foi artificialmente construído, onde antes havia uma via crucis campal, utilizado pelos moradores do Arraial de Curral D'el Rei por ocasião da Semana Santa. Neste lugar de destaque e ao redor de uma grande praça, foi construído o Palácio de Governo e as Secretarias de Estado. Ainda em 1895 os projetos dessas edificações estavam prontos. Os projetos são de autoria de José de Magalhães, engenheiro pernambucano formado pela Escola Central do Rio de Janeiro, Magalhães foi, posteriormente, para Paris, onde estudou arquitetura na Escola de Belas Artes. Em Belo Horizonte, foi diretor da seção de Arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital, sendo responsável pelo projeto dos principais prédios públicos construídos na primeira fase de ocupação da cidade, tendo oportunidade, portanto, de exercer toda a influência que teve do Ecletismo francês. As pedras fundamentais do Palácio Presidencial e das Secretarias de Estado de Finanças, Interior e Agricultura foram lançadas em 07 de setembro de 1895. O bem cultural em questão - foi originalmente sede da Secretaria de Estado do Interior - teve seus trabalhos de construção iniciados em 22 de outubro do mesmo ano e, no dia da inauguração da cidade (12 de dezembro de 1897), já se encontrava em fase de acabamento. A decoração e a pintura foram trabalhos executados por Frederico Steckel, pintor e estucador alemão, formado pela Escola de Belas Artes de Berlim.

Em 1930, o edifício passou a sediar a Secretaria de Estado da Educação - uso que apresenta até os dias atuais. EM 1982, o prédio foi interditado, passando por obras de reconstituição das estruturas e restauração, só finalizadas em 1988 - mantendo-se em bom estado de conservação até hoje.

Características Arquitetônicas Edificação de características ecléticas, apresenta implantação no alinhamento com a via pública. Desenvolve-se em três pavimentos sobre porão alto, a volumetria é constituída por blocos dispostos de forma escalonada, sendo que o 3º pavimento constitui um átrio. Apresenta platibanda que intercala panos cheios e vazados por balaustrada, observadas tanto acima do 2º pavimento - servindo de guarda-corpo para o terraço ao redor do átrio - sobre o 3º andar, esconde a cobertura em telha francesa. Marcando o corpo central, observa-se coroamento em meia-cúpula,

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abrigando, em nicho, brasão e símbolo da República. Observa-se ainda volume saliente que marca a entrada do edifício e conforma varanda com pórtico em arco, no térreo, e varanda sustentadas por colunas de fuste liso, com capitéis compósitos e apoiadas sobre balaustrada. Nos planos salientes de ambas as extremidades da fachada frontal, observa-se na altura do 2º andar vãos em verga reta, ladeados por falsas colunas e coroados por falsos frontões, e que dão acesso a pequenas sacadas com guarda-corpo em serralheria. A escada de acesso principal, em pedra, possui bocel abaulado.

Conjunto Urbano Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e AdjacênciaEndereço: Praça da Liberdade, s/nº (Edifício da Secretaria de Estado da Segurança PúblicaUso Atual: Edifício da Secretaria de Estado da Segurança PúblicaProprietário Atual: Governo do Estado de Minas Gerais Uso Original: InstitucionalArquiteto: Luiz SignorelliConstrutor: Construtora Carneiro de RezendePeríodo da Construção: 1926-1930Primeiro Proprietário: Estado de Minas Gerais

Dados HistóricosAinda em 1895, os projetos do Palácio Presidencial e das Secretarias de Estado de Finanças, Interior e Agricultura foram aprovados, estando suas obras concluídas em fins do século XIX. O bem cultural ora analisado, no entanto, não é contemporâneo às demais Secretarias. A Secretaria de Estado de Segurança Pública teve sua obra iniciada em fins da década de 1920, na administração do presidente Antônio Carlos. Seu projeto é de autoria de Luiz Signorelli. Arquiteto e pintor, Signorelli diplomou-se pela Escola de Belas Artes do Rio de janeiro em 1925, mudando-se para a capital mineira em 1926. Porém, mesmo antes desta data já projetava edificações para Belo Horizonte. Dentre tais projetos podemos citar: o abrigo de bondes; o prédio da Alfândega; o Clube Belo Horizonte; a sede do Automóvel Clube; o Hotel Sul Americano; e edificação residencial situada na Avenida Bias Fortes, 197 - todos tombados pelo município. Além disso, foi também fundador e organizador da Escola de Arquitetura de Minas Gerais, sendo seu primeiro diretor. Essa construção só foi concluída em 1930 e ficou sob responsabilidade da tradicional Construtora Carneiro de Rezende e Cia, também responsável pela edificação de importantes edificações, públicas e particulares, da capital mineira, entre 1926 e meados da década de 1940. Apesar do intervalo temporal entre a construção desta e das demais Secretarias, seus estilos dialogam, uma vez que o ecletismo predominou até a década de 1930. Com o passar do tempo, a edificação sofreu algumas intervenções, que não chegaram a comprometer seu estilo original, vale salientar que seu uso primeiro também se mantém.

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Características Arquitetônicas Edifício eclético de inspiração neoclássica que se desenvolve em 5 pavimentos sobre porão alteado, além de acréscimos sobre o último andar. De tipologia institucional, apresenta fachada frontal dividida basicamente em 3 módulos horizontais: um primeiro, constituído pelo porão alto e térreo, apresenta vãos com verga em arco pleno e revestimento texturizado por granito e falso rusticado. O módulo intermediário é marcado pelos três pavimentos seguintes e apresenta colunas da ordem compósita que sustentam a projeção do entablamento que se apóiam em base saliente constituindo um terraço na altura do segundo pavimento. Ambos os terraços, assim como todos os demais vãos do segundo pavimento, possuem guarda-corpo em balaustrada e verga reta. Os vãos do 3º pavimento possuem verga em arco pleno e guarda-corpo em ferro fundido, ladeados por outros em verga reta. Esse segundo módulo é arrematado por cornija trabalhada por frisos e apoiada em falsa cachorrada. O terceiro módulo, correspondente ao ático, possui vãos de mesma forma e dimensão daqueles observados no 4º pavimento. Observa-se volumes salientes, com ornamentos, em continuidade ao corpo sustentado pelas colunas. O ático apresenta-se arrematado por platibanda com frisos horizontais, entretanto, esse coroamento encontra-se descaracterizado por acréscimos desordenados sobre o próprio ático, que interferem negativamente no estado de conservação do prédio e na imagem imponente do conjunto edificado ao redor da Praça da Liberdade.

Endereço: Rua Santa Rita Durão, 1263Uso Atual: InstitucionalProprietário Atual: Polícia Militar do Estado de Minas GeraisUso Original: ResidencialArquiteto: José LapertosaConstrutor: Não identificadoAno da Construção:1912Primeiro Proprietário: Márcio Alves Ferreira

Dados HistóricosConstruído em 1912, o bem cultural em questão apresentava, originalmente, o uso residencial unifamiliar, de propriedade do Sr. Guilherme Leite. Seu projeto é de autoria de Edgard Nascentes Coelho. Arquiteto e desenheista, formado pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Após trabalhar no Exército e no prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil, transferiu-se para Belo Horizonte em 1894, ocupando o cargo de primeiro desenhista da seção de Arquitetura da Comissão Construtora da Nova Capital. Participou da execução e elaboração de plantas e projetos de vários edifícios públicos da capital, dentre os quais podemos citar: Instituto de Educação; Igreja de Santa Efigênia (1900); Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1900); Igreja São José (1901-1904).

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Além destes, foi responsável também pelo projeto de várias edificações particulares como, por exemplo: Companhia Industrial Belo Horizonte (1906); residência na rua Espiríto Santo, 1502 (1914); residência na rua dos Timbiras, 1697 (1899); residência na rua dos Guaicurus, 471; e o "Solar Viváqua' (1909) - todos esses bens são protegidos por tombamento pelo município. Por muitos anos essa edificação conservou seu uso original. o que propiciou a preservação de grande parte de seus elementos e características arquitetônicas originais. Hoje, o bem faz parte do complexo da Secretaria de Estado da Cultura, tendo passado por algumas intervenções internas, que melhor o adequou ao novo uso.

Características ArquitetônicasDe uso residencial, caracteriza o estilo arquitetônico vinculado ao ecletismo, próprio da primeira fase de ocupação da Nova Capital. Apresenta partido retangular composto de 2 pavimentos dispostos no alinhamento das vias públicas e afastamentos laterais, por onde se tem acessos principais e secundários ao imóvel. No pavimento superior, observa-se a presença típica da varanda lateral. As fachadas das vias recebem tratamento expressivo com decoração característica do ecletismo: relevos em massa, sobrevergas ornadas, cimalhas alternando segmentos retos e curvos, platibandas enriquecidas com frontões, pináculos e conchóides. Alguns dos vãos do pavimento superior caracterizam-se por porta-janela, com guarda-corpo em balaústres de argamassa. Apresenta bom estado de conservação, mantendo todas as suas características originais.

Conjunto Urbano Conjunto Urbano Praça Da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências

Endereço: Rua Santa Rita Durão, 1275Primeiro Proprietário: Mário Alves FerreiraProprietário Atual: Governo Do Estado De Minas GeraisUso Original: Residencial Unifamiliar Uso Atual: Anexo Da Secretaria De Estado Da CulturaArquiteto: José LapertosaAno da Construção: 1912

Dados HistóricosPlanejada em 1895, pelo engenheiro Aarão Reis, a cidade de Belo Horizonte foi sendo ocupada lentamente. Nos primeiros anos, apenas uma pequena parte de seu espaço urbano havia sido ocupada. No bairro dos Funcionários foram construídas as casas destinadas à residência dos funcionários públicos, que se transferiam de Ouro Preto, além de algumas residências particulares. A Praça da liberdade fora ocupada pelo Palácio Presidencial e pelas Secretárias de Estado, além de uma série de instituições e residências que foram construídas em seu entorno. A edificação em questão encontra-se localizada no bairro dos Funcionários - na área de entorno da Praça da Liberdade. O projeto arquitetônico da edificação em questão - segue linguagem arquitetônica vinculada ao ecletismo e a tipologia adotada pela Comissão Construtora da Nova Capital para as residências dos funcionários públicos e enquadra-se tipologicamente no padrão B das casas-tipo funcionais da época de mudança da capital do Estado. Seu projeto é de autoria de José Lapertosa. Esse arquiteto/ desenhista italiano teve matrícula como desenhista

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registrada na diretoria de Obras Públicas da Prefeitura de Belo Horizonte em 1911. Ao longo dos anos, a edificação sofreu algumas alterações, buscando adequá-la aos novos usos que passou a ter. Tais modificações, no entanto, não comprometeram seu estilo original. Atualmente apresenta uso institucional - sede da Ação Feminina de Assistência Social, da Política Militar de Minas Gerais.

Características ArquitetônicasImplantada sobre o alinhamento, sendo o acesso feito através de varanda lateral, que se abre para um pequeno jardim. A planta desenvolve-se em dois blocos que se constituem em volumes diferenciados. A fachada principal repete os esquemas então em voga, dividindo-se em dois painéis onde o arranjo dos vãos e o tratamento decorativo são variados. Os apliques florais dão delicadeza à composição. As fachadas laterais são despojadas de ornamentação, sendo marcadas apenas pelo ritmo dos vãos e pela cimalha contínua.

Conjunto Urbano Rua dos Caetés e Adjacências (Sobreposição com Conjunto Urbano Rua da Bahia e Adjacências)

Endereço: Avenida Santos Dumont, 174 (Centro Cultural da UFMG) Primeiro Proprietário: Não identificado Proprietário Atual: UFMGUso Original: ServiçoUso Atual: InstitucionalArquiteto: Silas RaposoConstrutor: Não identificado Ano da Construção:1906

Dados HistóricosEm seus primeiros anos, Belo Horizonte contava com pequena parte de seu espaço urbano ocupada, sendo a área central privilegiada. Na região da estação ferroviária - então principal porta de entrada da cidade - mesclavam-se dois usos, prioritariamente: a prestação de serviços, devido ao grande número de pensões, e hotéis; e o comercial, uma vez que a Avenida do Comércio (atual Santos Dumont), tem seu início bem em frente à Praça Rui Barbosa. Tais usos, acrescidos pelo residencial, se espalharam por toda a região, caracterizando-a até os dias de hoje. O bem cultural em questão foi construído em 1906. Seguindo as linhas do Ecletismo - estilo arquitetônico adotado pela Comissão Construtora da Nova Capital - e prevendo ser ocupada por um hotel, teve projeto elaborado pelo arquiteto Silas Raposo. Seu uso primeiro, porém, permaneceu por pouco tempo e, ainda em 1906, a edificação passou a sediar o Quartel do 2º Batalhão da Brigada Policial, que a ocupou até 1911. Neste ano o bem passou por grandes reformas internas e, mais uma vez, teve seu uso alterado. A partir daí foi sede da Escola Livre de Engenharia, do Instituto de Eletrotécnica, da Escola de Engenharia da Universidade de Minas Gerais e, enfim, do Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais. Vale ainda ressaltar que, antes de sediar o já citado Centro Cultural, o bem foi restaurado, o que ocorreu entre os anos de 1988 e 1989. Tal intervenção destacou ainda mais o bem cultural no contexto urbano.

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Características ArquitetônicasEdificação de dois pavimentos, de tipologia institucional, apresenta características estilísticas ecléticas seguindo padrões da Comissão Construtora da Nova Capital. De composição arquitetônica ritmada pela distribuição de seus vãos, sempre em vergas de arco pleno, apresenta ornamentos em massa em relevo que definem as cimalhas, os falsos pilares (arrematados acima da platibanda por esferas ou frontões), as aduelas e o contorno das janelas. A platibanda que dissimula o telhado, assim como os frontões, também apresentam ornamentos em massa em alto relevo, representando guirlandas e motivos florais. Trata-se de referencial importante na conformação do rico ambiente arquitetônico da Praça da Estação.

Em 1988/1989, passou por uma restauração de fachadas e parte do interior. Em 2003/2005, teve o auditório reformado com substituição das cadeiras.

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Anexo – Fotos

Detalhe escadaria da Academia Mineira de Letras Academia Mineira de Letras

Rua da Bahia com Ed. Sulacap ao fundo Viaduto Santa Teresa

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Centro de Cultura de Belo Horizonte Exemplo de construção eclética

Detalhe do Edifício Niemeyer Detalhe do Edifício Parc Royal

Detalhe do Edifício Parc Royal Praça da Liberdade

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