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ANEXO JOSÉ MARIA DOS MARES GUIA Projeto de Intervenção apresentado pelas alun as Márcia Aparecida Gomes e Ilka Michelline Dias Amin ao curso do campo de Arte no Currículo da Educação Infantil, oferecido pela Secretaria Municipal de Educação de Contagem/MG e ministrado pela professora Sandra Duarte.

Projeto de Arte

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Page 1: Projeto de Arte

ANEXO JOSÉ MARIA DOS MARES GUIA

Projeto de Intervenção apresentado pelas

alunas Márcia Aparecida Gomes e Ilka

Michelline Dias Amin ao curso do campo

de Arte no Currículo da Educação Infantil,

oferecido pela Secretaria Municipal de

Educação de Contagem/MG e ministrado

pela professora Sandra Duarte.

Contagem, setembro de 2010

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“A VERDADEIRA VIAGEM DO DESCOBRIMENTO NÃO CONSISTE EM

BUSCAR NOVAS PAISAGENS, MAS NOVOS OLHARES”

Marcel Proust

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PROBLEMATIZAÇÃO

SOMOS ARTISTAS, SIM SENHOR!!!!!!!!!!!!!

A valorização das produções das crianças da educação infantil do Anexo José

Maria dos Mares Guia por adultos e pelas próprias crianças através da leitura

de obra de arte de artistas escolhido por elas.

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JUSTIFICATIVA

No começo do ano letivo, durante atividades de desenho livre, percebemos que

um número significativo de crianças se pronunciavam quanto ao não querer

desenhar, demonstrando resistência e dificuldade nos momentos em que esta

atividade era proposta, pois a concepção do “traço perfeito” exigido pela nossa

sociedade já está presente na vivência destas crianças.

A proposta pedagógica do Anexo José Maria dos Mares Guia valoriza e

incentiva a produção das crianças, dentre elas o desenho livre, pois é uma

atividade que permite à criança a livre expressão de suas idéias, sentimentos e

emoções, valoriza sua criação, propicia a recriação e permite a comparação

entre o real e o imaginário e o uso de sua autonomia e criatividade.

Na educação infantil a linguagem da Arte deve propiciar à criança a

oportunidade de criar, produzir, apreciar suas produções e as produções dos

diversos artistas, pensar sobre elas e desenvolver idéias próprias, utilizando

diversos materiais; representando um importante momento de criação sem

interesse de utilidade imediatista.

Visando buscar fazer com que as crianças valorizassem suas criações foi

proposto um Projeto de Intervenção intitulado – SOMOS ARTISTAS, SIM

SENHOR, onde seria realizada a leitura de algumas obras de artistas que

seriam escolhidos por cada uma das cinco turmas do Anexo, pois na

valorização do trabalho do outro e na leitura dessas imagens, utilizando

diversas técnicas, buscamos a valorização da produção das crianças. E nesta

leitura estaremos também estudando um pouco da história de cada pintor, pois:

“A história da arte ajuda a criança a entender algo do lugar e do

tempo nos quais as obras são situadas. Nenhuma forma de arte

existe no vácuo; parte do significado de qualquer obra depende

do entendimento do seu contexto.”

(Ana Mae Barbosa)

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Assim como há diversas interpretações para um texto, há diferentes

possibilidades de leitura de uma obra de arte, que será coerente com a

compreensão das crianças e da sua vivência no mundo que a cerca, devendo o

professor realizar intervenções propiciando a ampliação de seu repertório

cultural e para que se aprenda a ler a imagem e avaliá-la (e segundo Mae a

livre expressão sem capacidade de avaliação critica não produz um apreciador

de artes), sendo enriquecido pelo seu aspecto histórico e culminando no fazer

artístico.

Salientamos que a linguagem da arte tem um papel fundamental na Educação

Infantil, envolvendo vários aspectos, dentre eles, o desenvolvimento da

imaginação criadora, da expressão, da criatividade, da sensibilidade, e das

capacidades estéticas, permitindo a criança a possibilidade de ampliar seus

conhecimentos e aprender a ver o mundo através da arte.

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OBJETIVOS

Utilizar diferentes materiais, meios e suportes nos momentos de

produção;

Explorar as diversas linguagens em artes através da leitura das obras de

artistas escolhidos;

Participar de forma autônoma das atividades de arte, ampliando suas

capacidades e habilidades;

Sentir prazer ao constatar os efeitos visuais que sua ação produziu,

percebendo suas marcas e representações, reconhecendo e valorizando

seus registros e produções;

Ter interesse pelas próprias produções, a produção de outras crianças e

pelas diversas obras artísticas com as quais entrem em contato;

Cumprir com os combinados construídos no grupo para utilização e

circulação dos materiais, meios e suporte.

Ampliar o repertório no que se refere às obras utilizadas, a história da

arte contida nestas obras e suas características;

Diversificar a ação das crianças através de experimentações realizadas

com materiais diversificados;

Possibilitar a exploração, expressão e comunicação de sentimentos,

desejos, vivências através de práticas de arte;

Analisar o fazer artístico e sua apreciação através do contato com suas

próprias produções, a produção de outras crianças e dos artistas

escolhidos.

Promover acesso às produções artísticas de diferentes artistas, que

estão inseridos em diferentes culturas, espaços, tempo e grupos sociais,

enriquecendo o conhecimento sobre a arte.

METODOLOGIA

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“O mundo não é de uma cor só, o mundo é de todas as cores”

Nicoly, turma de 5 anos.

O projeto está sendo desenvolvido com as quatro turmas da educação

infantil, idades de 4 e 5 anos, do Anexo José Maria dos Mares Guia, durante

período de Abril a dezembro de 2010, nas aulas de Arte do turno da tarde.

A primeira etapa do projeto consistiu em solicitar às crianças que

fizessem uma pintura livre que seria apresentada para os outros colegas,

momento que nem todos se disponibilizaram em participar e que não foi

obrigatório, pois a crianças deve sentir prazer em mostrar suas produções e

não realizar algo de forma imposta. Todas as crianças demonstraram prazer no

manuseio de tintas, pincéis e até mesmo ao usar os dedos e as mãos, mas

muitas ficaram tímidas em expor para a turma sua produção. Cada criança

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deveria falar sobre o que pintou, que cores usou, por que pintou aquela obra e

o que achou do seu trabalho. As outras crianças podiam fazer perguntas, mas

poucas se pronunciaram.

Uma das pinturas realizadas pelas crianças pode ser observada no anexo 01

deste trabalho e a foto abaixo mostra a atividade realizada na turma da

professora Ilka Michelline, 5 anos.

Após esta atividade as crianças foram até a biblioteca para que pudessem

entrar em contato com livros sobre os pintores que tínhamos disponíveis na

escola. As obras tinham títulos que falavam de pintores como Van Gogh,

Romero Brito, Tarsila do Amaral, Picasso, Volppi, Gustavo Rosa, Picasso, que

foram folheadas e observadas pelas crianças durante duas aulas, uma que

consistia em folhear e observar e outra para que pudessem fazer uma votação

para escolher qual pintor a turma tinha preferência em estudar. Essa atividade

foi realizada em grupo, com os títulos sendo passados de mão em mão e cada

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grupo escolheu um titulo que foi levado para votação juntamente com os outros

títulos escolhidos pelos outros grupos. O título mais votado foi escolhido para

trabalhar com a turma.

As crianças demonstraram grande prazer em observar as gravuras, mostrá-las

para os colegas, expor sua opinião e o que achava que o pintor queria retratar.

Além do espaço diferente, pois toda a etapa foi realizada na biblioteca,

tínhamos em mão um grande acervo com obras de vários pintores e

percebemos que as cores mais vibrantes chamavam mais atenção e por isso

foram escolhidas.

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A escolha das obras ficou assim distribuída por turma:

Turma da professora Cleomar (Os Espertinhos) – 5 anos – Van

Gogh

Turma da professora Michelline (Turma do Dragão) – 5 anos –

Tarsila do Amaral

Turma da professora Kênia (Estrelinhas) – 4 anos – Tarsila do

Amaral

Turma da professora Lilian (Pica-Pau) – 4 anos – Romero Britto

Começamos o trabalho de leitura das obras. Levamos o livro ou livros, caso

houvesse mais de um, para a sala e escolhemos a primeira obra. A turma da

professora Cleomar preferiu fazer o trabalho de leitura da tela Iris, pintada por

Van Gogh em 1890, já no final da vida. Observamos a tela, as cores usadas, o

que Van Gogh poderia querer estar expondo com esta obra e trabalhamos com

cópia da tela, pintura em cima de uma cópia da tela em preto e branco usando

guache e até mesmo dobradura (anexo 2). Usamos este momento para estudar

um pouco de como foi o fim da vida de Van Gogh, lendo trecho do livro Van

Gogh, Um toque de amarelo de Jacqueline Loumaye, que foi usado em todos

os momentos, pois em cada obra estudada, buscamos um trecho do livro que

narrava um pouco da vida do pintor.

A segunda obra analisada com a turma da professora Cleomar foi o quarto,

trabalho este está sendo finalizado no momento da escrita deste projeto e que

terá continuidade com os auto retratos que o pintor fez. Nesta obra, foi

solicitado na rodinha que cada aluno descrevesse como era o lugar onde

dormiam, logo depois pedimos que desenhassem o espaço descrito e

pintassem. Solicitamos, através de bilhetes escritos com turma, que os pais,

mães ou responsáveis construíssem com seus filhos a maquete do seu quarto.

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A cada maquete que chegava, as crianças expunham na rodinha como foi o

processo de construção, o que estava representado ali e como se sentiram ao

realizar o trabalho juntamente com o responsável. Falamos um pouco sobre o

período em que Van Gogh pintou esta tela, onde morava e como vivia.

Começamos a confeccionar, em paralelo com o estudo das obras, um livro da

biografia do autor, onde as crianças iam elaborando como seriam cada página,

conceituando o que era biografia, como seria a capa de nosso livro e a sua

estrutura. O livro está em processo de construção.

As próximas obras a serem trabalhadas com esta turma serão os auto retratos

do pintor e Noite estrelada. No auto retrato, pretendemos solicitar às crianças

que observem as diversas pinturas que Van Gogh fez de si mesmo.

Conversaremos sobre o que é um auto retrato e o inicio do desenho do auto

retrato de cada criança. Para finalizar com esta obra vamos pedir que eles

desenhem um colega.

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Em Noite Estrelada vamos observar os elementos que compõem o quadro, se

existem pessoas, se há luz elétrica, qual o horário que foi representado o

quadro, como estava o céu e o que podemos ver nele. Depois vamos observar

o céu de nossa casa durante uma semana e devemos representá-lo de forma

livre. No momento de apresentar os desenhos cada um vai escolher um e falar

o que representou. No último momento vamos pintar o nosso céu estrelado.

Na turma da professora Lilian, onde os alunos escolheram Romero Britto,

fizemos um bilhete com as crianças, como fizemos com as outras turmas,

tendo a professora como escriba, solicitando o envio de material sobre o pintor.

Tivemos o retorno bem positivo, com envio de fotos, matérias de jornal e

revista, material baixado da internet, etc.

Com o material colhido em mãos, conversamos com as crianças sobre quem

era Romero Britto e colocamos algumas obras do artista no data show para

que as crianças escolhessem as que mais se identificaram.

A primeira tela que as crianças quiseram trabalhar foi Cachorro Azul, acrílica

sobre tela, 2002, onde foi observado as cores e as formas que Britto usou para

realizar o trabalho. As crianças fizeram dobraduras de cão e ilustraram como

na obra de Britto, que usa de formas geométricas e traçados com cores fortes

nos suas diversas obras. Juntamente com este trabalho conceituamos com as

crianças, de forma oral, a pop art, e que Romero Britto pertence a este

movimento. Trabalhamos cópia da obra em preto e branco, solicitando à

crianças que observassem as cores e as formas usadas pelo pintor. (anexo 4)

A próxima tela trabalhada com as crianças foi Flower Power I, onde

observamos como Britto preencheu a pintura com formas diferentes e o

contorno em preto, cada criança expressou sua opinião da forma que a obra foi

elaborada e fez sua própria flor, usando um molde de uma flor previamente

desenhada, fazendo detalhes para seu preenchimento. Buscamos no entorno

da escola outros tipos de flores para que as crianças pudessem comparar uma

flor real com a flor executada por Britto.

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Neste momento estamos iniciando o trabalho com Borboleta, onde trabalhamos

as semelhanças e diferenças com as outras obras e pedimos que as crianças

fizessem um desenho espontâneo. Nas obras de Britto, exploramos as cores e

formas usadas, o que as crianças acharam da obra, o que eles achavam que o

artista queria expressar, quais as figuras usadas.

Na obra BORBOLETAS, pretendemos ainda realizar colagens e dobraduras e

brincar um pouco com o poema AS BORBOLETAS de Vinícius de Morais, além

de fazer bastante pintura com guache.

Paralelo ao trabalho com as obras, estamos construindo com a turma o livro da

biografia do pintor, buscando retratar um pouco da sua história e da história

das obras que pinta, além de pesquisar o que é Pop Art. O livro tem sido

confeccionado usando material colhido pelas crianças e cada página é

montada com a turma, que deve decidir como será a organização e o conteúdo

da mesma, não esquecendo do papel do professor como orientador desse

processo.

Com a turma Pica Pau estaremos fechando o trabalho neste ponto, devido ao

tempo necessário para execução de cada etapa/atividade.

Nas turmas Estrelinhas e Dragão, que escolheram trabalhar Tarsila do Amaral,

as crianças viram vários slides de obras no data show e decidiram começar

com Abaporu. Nesta obra definimos o significado de Abaporu e o motivo de ter

executado esta obra, que era um presente para seu marido da época, Oswald

de Andrade.

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As crianças analisaram as cores e formas que a artista usou, tentamos produzir

a cor da obra, copiamos livremente e fizemos escultura do Abaporu em argila.

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Montamos corpo de pessoas, com partes exageradas, utilizando recorte de

revista, pois as crianças observaram que as formas utilizadas na obra são fora

do padrão. (anexo nº 5)

A obra O VENDEDOR DE FRUTAS foi analisada quanto às cores e a imagem

que representa, conversamos sobre onde as frutas são vendidas, quem as

vende e como ficam guardadas em sua casa. Pedimos às crianças que

observassem uma cesta de fruta e tentassem copiá-la. Fizemos também

pintura a dedo com cópia da tela em preto e branco. (anexo nº 6)

No momento estamos trabalhando a obra OS OPERÁRIOS, com uma breve

conversa sobre o que é um operário, o lugar representado na tela e o lugar

onde eles já viram torres como a da tela, que a turma identificou como as

chaminés do Itaú Power Shopping, um estabelecimento que foi construído

utilizando os espaços de uma antiga fábrica e que conservou as suas

chaminés. Tiramos fotos de cada criança e reproduzimos em para que as

crianças tentassem fazer sua obra, como fez a artista. Primeiro fizemos um

esboço no papel ofício para que depois passássemos para o papel 60 kilo,

usando tinta guache para a pintura. Hiarlo, da turma Dragões, levantou a

seguinte questão:

“Na tela alguns usam óculos, outros tem chapéu, então temos que fazer isso.”

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Colocamos a questão levantada pela criança na rodinha para discussão e as

crianças preferiram ficar como elas são, pois a Tarsila retratou as pessoas

como elas realmente eram, com suas diferenças. (anexo 07)

Como já foi citado anteriormente, junto ao trabalho com as imagens foi sendo

construído a história da artista, fazendo um paralelo entre sua obras, sua

biografia e a história da arte. Íamos produzindo textos coletivos para a

produção dos livros, tendo a professora como escriba e as crianças definiam

como seria a ilustração da página, disposição do texto e outras questões

relacionadas a cada página construída.

A última etapa com este grupo foi observar todas as obras de auto retrato que

Tarsila pintou e compara-las. Depois montamos um auto retrato de cada aluno,

sendo que a princípio propiciamos que cada criança explorasse sua face,

definimos o que era um auto retrato e realizamos observação da face de cada

um e do outro utilizando espelhos. Fizemos a brincadeira do espelho com o

grupo e partimos para a elaboração do auto retrato. (anexo 8)

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RECURSOS

Gravuras,

Livros variados

Tintas

Pincéis

Papéis variados

Lápis

Data show

Figuras/cópias das telas

Cola

Caixas

Isopor

Argila

Tecido

Durex colorido

Máquina fotográfica e foto das crianças

Revistas para recorte

Computador

Page 19: Projeto de Arte

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam, a leitura de imagem e o ensino

da arte. Cortez editora, 2003

HERNANDEZ, Fernando. Cultura visual, Mudança educativa e Projeto de

Trabalho. Artmed.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte, cap. III, p. 28-82